Noções Básicas para Assistência em CC, SR e CME- Série Melhores Práticas

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Os autores e a editora se empenharam para dar os devidos créditos e citar adequadamente a todos os detentores de direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos posteriores caso, involuntariamente e inadvertidamente, a identiicação de algum deles, tenha sido omitida. Todas as fotos que ilustram o livro foram autorizadas para publicação e uso cientíico pelos pacientes e/ou familiares na forma de consentimento livre e informado, seguindo as normas preconizadas pela resolução 196 / 96, do Conselho Nacional de Saúde.

Diagramação/Capa: Felipe Nunes - Publikmais Revisão de Português: Suliani Editograia 1ª Edição / 2012

Todos os direitos de reprodução reservados para MORIÁ EDITORA LTDA. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, em quaisquer formas ou por quaisquer meios (mecânico, eletrônico, fotocópia, gravação, distribuição pela internet ou outros), sem permissão, por escrito, da MORIÁ EDITORA LTDA. Rua: Aracy Fróes, 258 / 902 Bloco XI - Jardim Itu Sabará Porto Alegre /RS - CEP: 91.210-230 Tel./Fax 51.3351.2361 moriaeditora@gmail.com www.moriaeditora.com.br

DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) O48n

Oliveira Junior, Nery José de Noções básicas para assistência de enfermagem em centro cirúrgico, sala de recuperação e centro de material e esterilização / Nery José de Oliveira Junior. Porto Alegre: Moriá, 2012. 174 p.: il. – (Melhores Práticas de Enfermagem) Bibliograia ISBN: 978-85-99238-06-6 1. Enfermagem de centro cirúrgico 2. Cuidados de enfermagem 3. Enfermagem perioperatória I. Título II. Série NLM WY161


Colaboradores CLAYTON DOS SANTOS MORAES Mestrando em Enfermagem - UNISINOS MBA em Gestão em Saúde – IAHCS Graduado em Enfermagem – UFRGS Atua como cheia de enfermagem de pacientes cirúrgicos do Hospital Mãe de Deus clayton.enfermagem@maededeus.com.br

DEISE SIMÃO ARREGINO

Acadêmica de Enfermagem do 8º semestre – ULBRA deise.arregino@hotmail.com

FLÁVIA SOARES BATISTA

Mestre e Especialista em Saúde Coletiva – ULBRA/Canoas Pós-graduanda do curso de especialização em Atenção Geriátrica Integrada – IGG/PUCRS Graduada em Nutrição – UNIFRA/Santa Maria la_65@hotmail.com

ISELDE BUCHNER

Mestranda em Biociências e Reabilitação – Centro Metodista do Sul/IPA MBA em Auditoria em Saúde – IAHCS Graduada em Enfermagem – FEEVALE Atua no Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia de Porto Alegre Professora da Escola Proissional da Fundação Universitária de Cardiologia iseldeb@ig.com.br

JULIANA PESSIN Especialista em Terapia Intensiva – UNISINOS Graduada em Enfermagem – UNISINOS Atua como enfermeira assistencial na sala de recuperação pósanestésica do Hospital Mãe de Deus julianapessin.enfermagem@maededeus.com.br JULIANA PRATES MBA em Gestão em Saúde - IAHCS Graduada em Enfermagem – UNISINOS Atua como enfermeira do serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital Mãe de Deus ju.scih@maededeus.com.br

KATIA BOTTEGA MORAES

Graduada em Enfermagem – UFRGS Atua como enfermeira assistencial na sala de recuperação pós-anestésica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre kbottega@hcpa.ufrgs.br

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MÁRCIA OTERO SANCHES

Mestre em Enfermagem – UFRGS Especialista em Administração dos Serviços de Enfermagem – IAHCS/PUC Graduada em Enfermagem – UNISINOS Pesquisadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Enfermagem, Educação e Tecnologia (GEPEETec) – UFRGS m.os@terra.com.br

NERY JOSÉ DE OLIVEIRA JUNIOR

Especialista em Terapia Intensiva – UNISINOS Aluno do MBA em Gestão em Saúde – IAHCS Graduado em Enfermagem – FEEVALE Atua como enfermeiro na área cirúrgica (CC,CME e SRPA) do Hospital Mãe de Deus nery.oliveirajr@gmail.com

SOLANGE MACHADO GUIMARÃES

Doutora em Program in Education Administration – Concordia USA – ULBRA Mestre em Educação – PUCRS Especialista em Metodologia do Ensino Superior – Instituto IPA da Igreja Metodista. Professora do curso de graduação e pós-graduação em Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil Preceptora da Residência de Enfermagem Saúde do Adulto e Idoso no Programa de Residência Integrada Multiproissional em Saúde – ULBRA solangemachado.guimaraes@gmail.com

SUSAN MARI BARROSO CARBONELL

Especialista em Administração em Enfermagem – IACHS Graduada em Enfermagem – UNIFRA/Santa Maria Atua na sala de recuperação de pacientes internados do Hospital Mãe de Deus susan.enfermagem@maededeus.com

VERA MARIA NEHME

Mestranda em Docência Universitária – Universidade Tecnológica de Buenos Aires Pós-graduada em Educação – Habilitação em Metodologia do Ensino – UCPEL Pós-graduada em Centro Cirúrgico: Bloco Cirúrgico, Sala de Recuperação e Central de Material Esterilizado – ULBRA Especialista em Docência Universitária – Universidade Tecnológica de Buenos Aires Especialista em Administração dos Serviços de Saúde: Saúde Pública e Administração Hospitalar – Universidade de Ribeirão Preto vera.enfermagem@maededeus.com.br

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Prefácio A atuação da enfermagem em centro cirúrgico está fundamentada em publicações nacionais e internacionais que buscam disseminar as melhores práticas de enfermagem perioperatória. O objetivo da assistência ao paciente no serviço de centro cirúrgico nada mais é do que o cuidado seguro e otimizado, baseado em princípios éticos e sociais. O desenvolvimento tecnológico, a alta demanda de procedimentos e a crescente complexidade dos clientes exigem da equipe atualização constante, conhecimentos sólidos e habilidades técnicas. No Brasil, temos produção de literatura especializada de qualidade relativa ao tema, a começar pela publicação da SOBECC – Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização. As Práticas recomendadas, já em sua 5ª edição, estabelecem os padrões para o exercício da proissão e fornecem auxílio para solução de muitas das dúvidas que surgem ao longo do exercício diário. A promoção da excelência no cuidado, no entanto, necessita também de materiais didáticos, fundamentados nos princípios da proissão e adaptados às necessidades locais e regionais. Eis aqui um verdadeiro manual, uma orientação precisa e cuidadosa, elaborada pelo enfermeiro Nery Oliveira Júnior. Um recurso de utilização prática para técnicos, auxiliares, estudantes e também enfermeiros de centro cirúrgico, sala de recuperação e centro de material e esterilização. Muito me orgulha o fato de esta publicação, Noções Básicas de em CC, SR e CME, ter sido elaborada por um exaluno, o enfermeiro Nery. 5


Alunos são, de certa forma, como ilhos. Os professores, na graduação, especialmente em cursos como o de Enfermagem, têm preocupação constante com seu aprendizado e desenvolvimento técnico, pois lidamos, muitas vezes, com o ser humano em uma fase de fragilidade, medo e dor. Todos os alunos são especiais. Alguns, no entanto, são tão especiais que se tornam únicos, por sua dedicação, esforço e luta contra as adversidades. O enfermeiro Nery, por seu destaque em pesquisa, ao publicar este livro, tornou-se único para mim. Tenho certeza de que este livro se tornará também único ao leitor. Este não é somente um livro; é um presente para a área da saúde. Enfª. Ane Isabel Linden

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SUMÁRIO Capítulo 1 – Aspectos Organizacionais do Centro Cirúrgico ... 9 Nery José de Oliveira Junior Deise Simão Arregino

Capítulo 2 – Sistematização da Assistência de Enfermagem em Centro Cirúrgico ...................................... 21 Katia Bottega Moraes Clayton dos Santos Moraes

Capítulo 3 – Cuidado Nutricional do Paciente Cirúrgico ...... 29 Flávia Soares Batista

Capítulo 4 – Cirurgia Segura ............................................. 35 Clayton dos Santos Moraes

Capítulo 5 – Ética e Bioética em Centro Cirúrgico ............ 43 Márcia Otero Sanches

Capítulo 6 – Terminologia Cirúrgica ................................... 49 Nery José de Oliveira Junior Deise Simão Arregino

Capítulo 7 – Tipos e Riscos Anestésicos ........................... 61 Nery José de Oliveira Junior

Capítulo 8 – Posicionamento Cirúrgico ............................. 73 Clayton dos Santos Moraes Katia Bottega Moraes

Capítulo 9 – Paramentação da Equipe Cirúrgica e Tempos Cirúrgicos ............................................................. 83 Deise Simão Arregino Nery José de Oliveira Junior

Capítulo 10 – Cateteres, Drenos e Fios Cirúrgicos ........... 97 Márcia Otero Sanches Nery José de Oliveira Junior Iselde Buchner

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Capítulo 11 – Prevenção e Controle de Infecções em Centro Cirúrgico ............................................................... 113 Juliana Prates

Capítulo 12 – Humanização em Centro Cirúrgico ............ 131 Nery José de Oliveira Junior

Capítulo 13 – Aspectos Organizacionais de uma Sala de Recuperação Pós-Anestésica ..................................... 139 Juliana Pessin Susan Mari B. Carbonell

Capítulo 14 – Aspectos Organizacionais na Central de Material Esterilizado ......................................................... 157 Vera Maria Nehme Solange M. Guimarães

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CAPÍTULO 1

Aspectos Organizacionais do Centro Cirúrgico Nery José de Oliveira Junior Deise Simão Arregino

História da cirurgia Desde a Antiguidade, quando teve início a prática cirúrgica, a enfermagem, sempre relacionada ao cuidado, vem evoluindo. Sabe-se que ela já era praticada por grupos nômades, conceituados como cuidadores mágico-sacerdotais1. A palavra cirurgia originou-se do grego kheirourgia, que signiica “trabalho manual”, vindo ao encontro dos procedimentos atuais, por meio de métodos manuais e do auxílio de instrumentais, cujos primeiros desenvolvimentos cientíicos ocorreram no século XVI1,2. Cirurgia é, então, o ramo da 9


Aspectos Organizacionais do Centro Cirúrgico

medicina que lida com a manipulação física de uma estrutura corporal para diagnosticar, prevenir ou curar uma doença3. O centro cirúrgico (CC), local destinado à recuperação do paciente, não teve seu desenvolvimento histórico escrito de forma linear em todos os lugares do planeta e não deixou de lado a realidade de cada nação. As diiculdades foram muitas desde os tempos remotos. Na Idade Média, por exemplo, os procedimentos cirúrgicos eram executados em campos de batalha, nas residências dos cirurgiões ou até mesmo nos porões dos navios de guerra, de forma grosseira, restringindo-se a amputações de membros feridos, a drenagem de abscessos e, em algumas situações, a retiradas de tumores utilizando apenas as mãos e instrumentais disponíveis. Dessa forma, deixava-se de lado a dor, pois os pacientes tinham de superá-la, assim como hemorragias e infecções causadas pela precariedade da época3,4. A cirurgia começou a evoluir por volta de 1846, quando surgiu a anestesia. O éter, que até então era foco de pesquisas, foi utilizado pela primeira vez para administração de uma anestesia em um paciente submetido a uma ressecção cirúrgica, tornando possível efetuar um procedimento cirúrgico sem dor, a qual, até o momento, fora suprida por meio de compressão ou gelo5. Visão arquitetônica A unidade de centro cirúrgico (CC) é destinada a atividades cirúrgicas e à recuperação pós-anestésica e pós-operatória imediata, sendo, portanto, o local onde o paciente é recebido para realizar um procedimento cirúrgico eletivo, de emergência ou de urgência6,7,8. As atividades desenvolvidas no centro cirúrgico devem ocorrer de forma harmoniosa, sincronizada e eiciente, visando à segurança do paciente. Ele ocupa uma área restrita e independente da circulação geral, primando pelo fácil acesso aos pacientes. Nesse sentido, é importante não haver ruídos. Na unidade de centro cirúrgico, efetuam-se modalidades terapêuticas para diagnosticar ou tratar patologias, tendo por 10


CAPÍTULO 4

Cirurgia Segura Clayton dos Santos Moraes

A segurança do paciente é uma preocupação constante dos proissionais de saúde em todos os níveis de atendimento. Áreas complexas e em constante mudança como centros cirúrgicos são ainda mais atingidas por essa questão. No centro cirúrgico, a margem aceitável de erro torna-se ainda menor, não sendo admitida qualquer falha, pois pode ter como consequência o possível óbito do paciente ou ainda diversas complicações graves e irreversíveis1. Atualmente, em grande parte dos serviços de saúde, contase apenas com a atenção, dedicação e experiência dos proissionais e com processos nem sempre bem-estruturados 35


Cirurgia Segura

para garantirem a segurança dos pacientes submetidos a procedimentos invasivos dentro de centros cirúrgicos. Assim sendo, não é comum a utilização de ferramenta que garanta e permita registro apropriado dos processos de admissão, cuidados de enfermagem, anestesia, cirurgia e alta do centro cirúrgico2. Cerca de 234 milhões de procedimentos são realizados anualmente no mundo. Diante de tão grande número, efeitos adversos são comuns, mas muitas vezes evitáveis. Os efeitos adversos, entendidos por todo erro ou descuido no processo de esterilização, utilização errada de antimicrobianos, quedas, queimaduras, erros no processo de medicação, desde a dispensação até a administração, falta ou defeito em equipamentos, ausência de suporte de terapia intensiva, ausência de qualquer condição adequada para atendimento e, ainda, a inexistência de processos e práticas de segurança, ocorrem em cerca de 10% dessas intervenções cirúrgicas, ou seja, 23,4 milhões de casos3. Os erros cometidos por proissionais da área da saúde acarretam cerca de 150.000 óbitos por ano nos Estados Unidos e 80.000 por ano na Inglaterra, atingindo o patamar de terceira maior causa de morte neste país, onde câncer e cardiopatias ocupam o primeiro e o segundo lugar, respectivamente1. Diante do problema, em 2002, a 55ª Assembleia Mundial de Saúde atribuiu à Organização Mundial da Saúde (World Health Organization) a responsabilidade de estabelecer normas e dar suporte aos países para o desenvolvimento de políticas e práticas voltadas à segurança do paciente. Cumprindo essa atribuição, em 2004, a Organização Mundial da Saúde lançou o projeto Aliança Mundial para a Segurança do Paciente (World Alliance for Patient Safety). A Aliança lançou, no biênio 2005/2006, a campanha Cuidado limpo é cuidado seguro (Clean Care is Safe Care), por meio da qual divulgou as práticas recomendadas para a redução das infecções relacionadas à assistência em saúde. No biênio 2007/2008, foi lançada mundialmente a campanha Cirurgia segura salva vidas (Safe Surgery Saves Lives), que disponibilizou um check-list visan36


CAPÍTULO 8

Posicionamento Cirúrgico Clayton dos Santos Moraes Katia Bottega Moraes

O posicionamento cirúrgico caracteriza-se pelo ato de colocar o paciente na mesa de cirurgia em uma posição segura que permita ao médico a abordagem cirúrgica da estrutura, órgão, tecido ou membro a ser operado. Nessa fase, a enfermagem tem papel fundamental na atenção e nos cuidados dispensados ao paciente, uma vez que o posicionamento cirúrgico adequado depende de grande conhecimento, experiência e dedicação1. Existem diversos posicionamentos cirúrgicos que buscam atender a diferentes tipos de cirurgias, cada um com suas características principais, cuidados, aplicações e riscos potenciais, 73


Posicionamento Cirúrgico

cabendo à equipe de enfermagem conhecer e desenvolver técnicas seguras1. A equipe multiproissional do centro cirúrgico precisa enxergar o paciente como um todo, buscando conciliar o conhecimento e os limites da anatomia humana às necessidades de posicionamento e acesso exigidos para o ato cirúrgico2. A seguir, os principais posicionamentos cirúrgicos existentes. 1. Decúbito dorsal ou supino Nesse posicionamento, o paciente permanece com a coluna vertebral e dorso repousados sobre o colchão da mesa de cirurgia. Indica-se o apoio da cabeça do paciente em travesseiro, assim como a colocação de uma faixa para segurá-lo sobre a mesa, devendo ser posicionada cinco centímetros acima do joelho ou sobre o tórax, na linha mamilar, para não impedir a abordagem cirúrgica. Os braços do paciente podem sofrer variações na posição conforme o procedimento, podendo icar aduzidos ou abduzidos, uni ou bilateralmente. Essa posição é indicada para cirurgias da cabeça e pescoço, de obesidade (bariátricas), da mão, otorrinolaringológicas, oftálmicas, plásticas, cardiovasculares, pélvicas, abdominais, transplantes e neurocirurgias1. Embora seja a posição mais comum para procedimentos cirúrgicos, diversos riscos estão associados. São eles: a) Desenvolvimento de úlceras de decúbito: ocasionadas pela pressão do corpo sobre a mesa de cirurgia, gerando áreas de isquemia principalmente nas proeminências ósseas, tais como calcanhar, cotovelos e regiões occipital e sacra. Para a prevenção desse tipo de lesão, indica-se o uso de coxins de espuma ou gelatina nessas regiões3; b) Estiramento e lesão do plexo cervical, lesão medular e/ ou lesão vertebral: gerados pela hiperextensão da cabeça. Essa lesão pode ser evitada com a utilização de travesseiro de espuma ou gel sobre a cabeça, associada à extensão anatômica do pescoço1; c) Lesão de manquito e plexo axilar: produzida pela abdução acentuada do membro superior. Para preveni-la, realizar 74


Posicionamento Cirúrgico

b) Lesão cervical: causada pela lexão, extensão ou rotação inadequada da região cervical. É indicado o uso de travesseiros e/ou coxins para o correto alinhamento cervical4; c) Lesão do feixe neurovascular do ombro: gerada pela compressão desse feixe associada ao peso corporal sobre a região do ombro. Indica-se a utilização de tala de braço adequada, em linha reta ao ombro na posição anterior, e veriicação da liberação de compressão dessa articulação1; d) Lesão isquêmica ocular: produzida pela compressão do globo ocular. A utilização de lubriicante ocular e a ausência de pressão sobre essa região inibem a ocorrência dessa lesão3; e) Lesão do nervo ibular: ocasionada pela compressão desse nervo (situado na região do joelho, lateralmente ao côndilo da fíbula) à mesa, em virtude do peso da perna. A utilização de coxim de espuma sobre essa região reduz a probabilidade dessa ocorrência4; f) Isquemia de fêmur: causada pela compressão da cabeça do fêmur no acetábulo, podendo ser causada tanto pelo peso do corpo sobre o fêmur inferior quanto pela utilização de faixa posicionadora sobre o fêmur superior. A utilização de faixa liberando o colo do fêmur reduz essa incidência4.

Figura 2: Posição de decúbito lateral Fonte: Aula de Anatomia**

** Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com/generalidades/posicaoanatomica.htm>. Acesso em: 1º jul. 2011.

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CAPÍTULO 10

Cateteres, Drenos e Fios Cirúrgicos Márcia Otero Sanches Nery José de Oliveira Junior Iselde Buchner

Tipos de acesso vascular Os acessos vasculares podem ser categorizados de acordo com o tempo de permanência e com o tipo de vaso inserido (periférico ou central). Para tanto, descrevemos a seguir cada uma dessas classiicações.

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Cateteres, Drenos e Fios Cirúrgicos

Acessos vasculares e sua relação com o tempo de permanência Acesso vascular de curta permanência Esse tipo de dispositivo de acesso vascular foi criado para ser mantido por curto espaço de tempo. São dispositivos usados para infusões endovenosas em curto período, medicações em bolus, soroterapia para hidratação e medicações de uso único1. Incluem-se nesse tipo os cateteres periféricos curtos de qualquer tipo, os cateteres de linha média e os cateteres centrais semi-implantáveis. Acesso vascular de longa permanência Esse tipo de dispositivo de acesso vascular é destinado a situações em que o paciente precisa do acesso venoso durante um período de tempo prolongado. Normalmente, os cateteres de longa permanência são centrais, pois há certa correlação entre o tempo de tratamento e as características das drogas a serem usadas. Ainda, os tratamentos mais prolongados estão relacionados à infusão de drogas irritantes, vesicantes, quimioterápicos, antineoplásicos, ou seja, medicações que, por suas características próprias, não são recomendadas para utilização por acesso periférico devido aos riscos oferecidos2. Entre os dispositivos de longa permanência, citamos os cateteres totalmente implantáveis e os centrais inseridos perifericamente, chamados PICC ou CCIP. Acessos vasculares e sua relação com o tipo de vaso inserido Cateteres venosos periféricos Os cateteres periféricos são curtos e empregados para o acesso à circulação periférica dos pacientes. Existem vários tipos disponíveis no mercado, que se dividem em duas categorias: cateteres agulhados e cateteres sobre agulha. A seguir, cada um deles. 98


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