Enfermagem no Trauma : atendimento pré e e intra-hospitalar

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ENFERMAGEM NO TRAUMA ATENDIMENTO PRÉ E INTRA-HOSPITALAR

Márrcio NNeres Márcio erress ddos os Sant Santos toss Wesley Wesley PPinto into da Silva Organizadores Organizaadores

1ª edição edi d çã ção 2019 2019 Porto Alegre – RS


Os autores e a editora se empenharam para dar os devidos créditos e citar adequadamente a todos os detentores de direitos autorais de qualquer material u lizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos posteriores, caso, involuntária e inadver damente, a iden ficação de algum deles tenha sido omi da. Todas as fotos que ilustram o livro foram autorizadas para publicação e uso cien fico pelos pacientes e/ou familiares na forma de consen mento livre e informado, seguindo as normas preconizadas pela resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde. Diagramação: Formato Artes Gráficas Revisão de Português: Annelise Silva da Rocha - annelisesr@gmail.com Capa: Alvaro Lopes Designer - www.alvarolopes.com.br 1ª Edição – 2019 Todos os direitos de reprodução reservados para

MORIÁ EDITORA LTDA. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, em quaisquer formas ou por quaisquer meios (mecânico, eletrônico, fotocópia, gravação, distribuição pela internet ou outros), sem permissão, por escrito, da MORIÁ EDITORA LTDA. Endereço para correspondência: Av do Forte, 1573 Caixa Postal 21603 Vila Ipiranga – Porto Alegre /RS CEP: 91.360-970 – Tel:51.98604.3597 moriaeditora@gmail.com www.moriaeditora.com.br E56

Enfermagem no trauma: atendimento pré e intra-hospitalar / Organizadores: Márcio Neres dos Santos, Wesley Pinto da Silva. - Porto Alegre: Moriá, 2019. 839 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-99238-40-0 1. Ferimentos e lesões 2. Cuidados de enfermagem 3. Assistência ao paciente 4. Gestão em saúde 5. Hospitalização I. Santos, Márcio Neres dos II. Silva, Wesley Pinto da NLM WY100 Catalogação na fonte: Rubens da Costa Silva Filho CRB10/1761


A ESCOLA DE SAÚDE DA CRUZ VERMELHA ADOTA ESSE LIVRO COM REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA EM SEUS CURSOS


Organizadores

Márcio Neres dos Santos – Enfermeiro. Doutor em Biologia Celular e Molecular. Mestre em Educação. Especialista em Recursos Físicos e Tecnológicos em Saúde. Especialista em Auditoria em Saúde. Docente da Escola de Ciências da Saúde da Pon cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Orientador do Programa de Residência Mul profissional em Saúde – Ênfase Atenção ao Paciente Crí co do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Instrutor do Advanced Trauma Care for Nurses (ATCN). Enfermeiro do Serviço de Emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC/GHC/MS). Presidente Nacional do Departamento de Enfermagem da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) na gestão 2018-2019. Presidente do Departamento de Enfermagem da ABRAMEDE da Regional Rio Grande do Sul na gestão 2018-2019. Wesley Pinto da Silva - Enfermeiro. Mestrando em Ensino em Ciências da Saúde e Meio Ambiente. Especialista em Enfermagem em Urgência e Emergência. Especialista em Auditoria em Serviços de Saúde. Docente no IESPE em cursos de pós-graduação Lato sensu e extensão. Coordenador da Pós-graduação de Enfermagem em Urgência e Emergência na Universidade Candido Mendes. Indicado à instrutor nos cursos Basic Life Support (BLS), Advanced Cardiologic Life Support (ACLS), Pediatric Advanced Life Support (PALS), InternaƟonal Trauma Life Support (ITLS), ITLS Military, Pre Hospital Trauma Life Support (PHTLS) e Advanced Medical Life Support (AMLS). Oficial Enfermeiro do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro – CBMERJ. Sócio efe vo da Associação Brasileira de Enfermagem em Terapia Intensiva (ABENTI). Segundo Secretário Nacional do Departamento de Enfermagem e membro do Comissão de Atendimento Pré-hospitalar da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) na gestão 2018-2019.


Sumário

Apresentação ..................................................................................

27

Márcio Neres dos Santos e Wesley Pinto da Silva

Prefácio I .........................................................................................

29

Profa. Dra. CrisƟane de Alencar Domingues

Prefácio II ........................................................................................

31

Newton Camargo Cunha

SEÇÃO 1 – GESTÃO DOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO AO TRAUMA

1

Polí cas públicas e a rede de atenção às urgências ................

37

Marisa Amaro MalvesƟo, Wender Antônio de Oliveira, Rodrigo Madril Medeiros e Márcio Neres dos Santos

2

O enfermeiro nos sistemas de regulação para atendimento no trauma ...................................................

53

Andréa CrisƟane da Silva Pinheiro, Silvana Tozzo RiƩa, Márcio Neres dos Santos e Rodrigo Madril Medeiros

3

Gestão do serviço de emergência no trauma ..........................

69

Márcio Neres dos Santos, Marisa Amaro MalvesƟo, Luiz Fernando Soares Varela, Wesley Pinto da Silva e Rodrigo Madril Medeiros

4

Planejamento e organização do serviço de trauma no pré-hospitalar ......................................................... Marisa Amaro MalvesƟo e Lucileide Pereira de Sousa

91


24 Sumário

5

Planejamento e organização dos serviços de trauma no intra hospitalar .................................................................... 115 Elvis da Silva Silveira

6

Protocolos de classificação do risco clínico.............................. 129 CinƟa Alcantara de Carvalho, Gabriela Fontoura Lana Nascimento, Maria do Carmo Paixão Rausch, Paula Tássia Barbosa Rocha e Welfane Cordeiro Júnior

7

É ca e bioé ca no atendimento do trauma ............................ 153 Adilson Pereira, Gisele Aparecida Fófano e Ilda Cecília Moreira da Silva

8

Sistema zação da assistência de enfermagem (SAE) em pacientes de trauma ................................................. 167 Allan Peixoto de Assis, Gustavo Lessa Silveira e Vitor Ferreira Gomes

9

Inovações tecnológicas na emergência traumá ca ................. 191 Wesley Pinto da Silva, Luciano Silveira Eifler, Rodrigo Caselli Belem e André Luiz da Silva Farias

SEÇÃO 2 – ASSISTÊNCIA AO PACIENTE TRAUMATIZADO

10

Epidemiologia do trauma e prevenção .................................. 209 Fabiano Julio Delesposte Silva e Wender Antônio de Oliveira

11

Biomecânica do trauma.......................................................... 223 Anderson BaƟsta Cavalcante, Denison Pereira da Silva, Yasmim Anayr Costa Ferrari e Sonia Oliveira Lima

12

Avaliação inicial das ví mas de trauma no ambiente pré e intra-hospitalar ............................................. 241 Allan Peixoto de Assis, José Marcio da Silva Silveira, Robson Esteves Gomes e Wesley Pinto da Silva

13

Imobilização e extricação do paciente politrauma zado ...... 283 Alexander da Silva Borges, André Rodrigues de Andrade, Marco Antonio Plautz Chocron e José Henriques Marques Neto

14

Abordagem das vias aéreas e ven lação no trauma ............. 299 Alex de Souza Lopes, Marco Antonio Plautz Chocron e Renato Dias Barreiro Filho


25 Sumário

15

Trauma torácico ...................................................................... 331 Fernanda Salazar Meira , Patricia Kleinowski Pereira e Marcos Alexandre Balieiro

16

Choque circulatório ................................................................ 353 Eric Rosa Pereira, Bruno Leal Barbosa, Bruno Sant`Anna Sabino da Rocha, Maria da Soledade Simeão dos Santos e Fábio José de Almeida Guilherme

17

Trauma abdominal e pélvico .................................................. 371 Taisa Diva Gomes Felippe, Eric Rosa Pereira e Fábio José de Almeida Guilherme

18

Trauma crânioencefálico ........................................................ 389 Juliana Gibbon Neves, Thamires de Souza Hilário, Sue Helen Barreto Marques Wainberg e Bianca Aparecida de Oliveira

19

Trauma vertebromedular ....................................................... 413 Bianca Aparecida de Oliveira, Sue Hellen Barreto Marques Wainberg, Juliana Gibbon Neves, Thamires de Souza Hilário e Gustavo Jun Osugue

20

Trauma musculoesquelé co .................................................. 441 André Herácleo de Azevedo, Jaqueline Valescan, Yuri MarƟns Cunha, Anderson BaƟsta Cavalcante e Denison Pereira da Silva

21

Lesões térmicas ...................................................................... 465 Andrea da Silva Gomes Ludovico, Bruno Leandro da Silva Ribeiro Elson Santos de Oliveira, Marglory Fraga de Carvalho e Marcelo da Silva Dehoul

22

Emergências obstétricas – trauma na gestante ..................... 521 Vivianne Mendes Araújo Silva e Liana Viana Ribeiro

23

Trauma geriátrico ................................................................... 549 James Francisco Pedro dos Santos, Marcos Paulo Schilinz e Silva e Roberta Teixeira Prado

24

Trauma pediátrico .................................................................. 565 James Francisco Pedro dos Santos e Danieli Bello Chimer da Silva

25

Ressuscitação cardiopulmonar no trauma............................. 591 Wesley Pinto da Silva, Grazielli Fabiana Gava, Weidisson Marcos de Oliveira e Jonas Allyson Mendes de Araujo


26 Sumário

26

Afogamento ............................................................................ 607 David Szpilman, José Márcio da Silva Silveira e Carlos Eduardo Sá Ferreira

27

Parto em via pública ............................................................... 643 Vivianne Mendes Araújo Silva, Liana Viana Ribeiro, Lucia Helena Garcia Penna e Michele Barbosa Moratório de Paula

28

Cuidados com a pele no paciente politrauma zado ............. 655 Ilva Inês Rigo, Tiago da Silva Fontana, Fernanda Silva dos Santos, Patrícia de Mello Jorge e Eduardo Oliveira Salines Duarte

SEÇÃO 3 – TÓPICOS ESPECIAIS

29

Transporte aéreo do paciente trauma zado ......................... 695 Roges Alvim de Oliveira

30

Transporte pré e intra-hospitalar ........................................... 717 Odon Melo Soares, Rogério Daroncho

31

Gestão em desastres e atendimento à múl plas ví mas...... 759 Carlos Gustavo Louzada Medeiros, Katherine Deonn Rosa Santos Michel Cadenas Prado e Wender Antonio de Oliveira

32

Produtos perigosos e emergências radiológicas .................... 781 Wellington Vasconcelos dos Santos, Alexandre Mesquita Maurmo e Fernando Coelho

33

Trauma em ambientes colapsados: síndrome compar mental aguda e esmagamento ................................ 801 João Paulo Hawreilouck Cavalheiro e Onório Rodrigo de Souza

34

Processo de doação de órgãos e tecidos................................ 821 Dagoberto França da Rocha


1 Políticas públicas e a rede de atenção às urgências Marisa Amaro Malvestio, Wender Antônio de Oliveira, Rodrigo Madril Medeiros e Márcio Neres dos Santo

O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma polí ca pública acolhida pela Cons tuição de 1988, construída a par r do debate com a sociedade e es mulada pelo movimento sanitário da época. Hoje, seus avanços são inques onáveis, porém seus desafios são ainda maiores. Mesmo que o subfinanciamento seja uma das causas da agenda reduzida do SUS, experiências internacionais têm demonstrado que apenas “financiar mais” não é suficiente para a resolução dos problemas. Os desafios serão enfrentados de melhor forma com financiamento adequado e reformas profundas que permitam alinhamento com as necessidades de saúde e consequentemente com os obje vos sanitários.1 Assim como outros países em desenvolvimento, o Brasil acumula uma tripla carga de doenças formada pelas causas infecciosas (ainda não superadas), externas e a forte presença das doenças crônicas que sofrerão um prospec vo incremento em função da transição demográfica acelerada, caracterizada pela queda da fecundidade e pelo aumento na expecta va de vida, elevando o percentual de idosos na população. Um modelo de saúde fragmentado, rea vo às condições agudas ou à agudização das crônicas e que financia a saúde por procedimento, não responderá adequadamente às necessidades de saúde.1,2


325 Enfermagem no Trauma – Atendimento pré e intra-hospitalar

Iremos demonstrar neste capítulo apenas abordagem da ví ma em decúbito dorsal, pois nesta posição no ambiente pré-hospitalar há maior possibilidade de obstrução de vias aéreas por queda de língua do que outras posições. O socorrista poderá apoiar os cotovelos no chão, conforme foto 17. Existem situações em que o socorrista deverá estar deitado para estabilizar a cervical, como exemplo uma ví ma em baixo de um veículo.

Figura 17. Estabilização com cotovelo do socorrista no chão; estabilização com socorrista deitado ao solo. Fonte: Arquivo pessoal dos autores.

As técnicas descritas aqui são: hiperextensão da cabeça, tração da mandíbula e elevação do ângulo da mandíbula.


15 Trauma torácico Fernanda Salazar Meira, Patricia Kleinowski Pereira e Marcos Alexandre Balieiro

O trauma torácico é uma importante causa de morte em paciente trauma zados sendo que a grande parte das lesões é tratada de forma não cirúrgica e através de procedimentos simples e menos de 10% dos traumas fechados do tórax e somente 15 a 30% das lesões penetrantes necessitam de tratamento cirúrgico.1

ANATOMIA O tórax é a parte do tronco entre o pescoço e o abdômen. A cavidade torácica e sua parede tem um formato de um cone e a porção superior é mais estreitada, enquanto que a circunferência aumenta inferiormente e alcança seu diâmetro máximo na junção com o abdômen. A caixa torácica que é formada pelas costelas e car lagens costais; é sustentada pelo esterno, que é ver cal e passa pelas vértebras torácicas. Além disso, ela apresenta uma invaginação inferior causada pelas vísceras da cavidade abdominal, assim ela circunda e protege as vísceras abdominais. O tórax contém os órgãos do sistema respiratório e circulatório e a cavidade torácica é dividida em três espaços principais: o medias no que aloja


365 Enfermagem no Trauma – Atendimento pré e intra-hospitalar

Figura 2. Aquecedora de fluidos – 3M Ranger Pressure Infusor Model 14500® Fonte: imagem disponível no site da 3M, disponível em: h ps://www.3m. com/3M/en_US/company-us/all-3m-products/?N=5002385+8707795+871 0775+8711017+8711100+3294857497&rt=r3

A dose usual para reposição volêmica no adulto é de 1 litro de cristaloide e de 20mL/Kg em pacientes pediátricos que pesem menos de 40Kg, notando que esses valores devem levar em conta os volumes administrados até mesmo no atendimento pré-hospitalar. Devemos lembrar sempre que a infusão persistente de fluídos e sangue a fim de se obter uma pressão arterial normal, não subs tui o controle defini vo do sangramento.2 A perfusão tecidual adequada deve ser observada pela melhora dos sinais que antes indicavam hipoperfusão tecidual. O esperado é que após a estabilização de possíveis fraturas ou correções de locais de sangramento, a reposição volêmica possa normalizar a pressão sanguínea, a frequência cardíaca, o que é indica vo de me-


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Márcio Neres dos Santos e Wesley Pinto da SIlva (Orgs)

diagnós cos de enfermagem (DE) prioritários para cada caso, levando em consideração as par cularidades e necessidades de cada paciente. A seguir serão elencados os principais DE aplicados a pacientes com TCE e/ou HIC, seja no ambiente de terapia intensiva/emergência, seja na unidade de internação, pensando também em possíveis déficits que o indivíduo pode apresentar. Quadro 5. Principais diagnós cos de enfermagem para pacientes com TCE Sinais e sintomas

DiagnósƟco de enfermagem

Fatores relacionados / Fatores de risco

• Aumento da PIC • Alteração nível consciência, • Mudança na reação pupilar • Alteração força/mobilidade/ sensibilidade

• Aumento sustentado da PIC de 10-15mmHg Capacidade adaptaƟva • Hipotensão sistêmica com HIC intracraniana diminuída • Lesão cerebral (TCE) • Redução da perfusão cerebral 50-60mmHg

• Não se iden ficam sinais e sintomas, mas sim fatores de risco

Risco de perfusão Ɵssular cerebral ineficaz

• Lesão cerebral (TCE) • Agente farmacológico • Alterações na pressão arterial

• Alterações padrão respiratório • Cianose Desobstrução ineficaz • Tosse ineficaz / ausente de vias aéreas • Escarro em excesso • Ruídos adven cios respiratórios

• Prejuízo neuromuscular • Muco excessivo • Secreções re das • Infecção

• Não se iden ficam sinais e sintomas, mas sim fatores de risco

Risco de aspiração

• Capacidade de deglu ção prejudicada • Nível de consciência reduzido • Sonda oral/nasal (ex. para alimentação) • Tosse ineficaz

• Desorientação quanto as pessoas, ao tempo e ao espaço • Afasia, disfasia, apraxia, dislexia • Incapacidade em usar expressões corporais/ faciais

Comunicação verbal prejudicada

• Prejuízo no sistema nervoso central • Alteração nível de consciência

Mobilidade İsica prejudicada

• Alteração função cogni va e prejuízos neuromusculares (déficits pós TCE), massa muscular diminuída (tempo de internação) • Agente farmacológico

• Alteração marcha • Redução da amplitude dos movimentos • Alteração em habilidades motoras finas ou grossas

Fonte: NANDA, 2016;14 Piazenski I, Severo IM, Ruschel KB, et al..15


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Márcio Neres dos Santos e Wesley Pinto da SIlva (Orgs)

ço, início ou aumento de déficit neurológico (p. ex., dormência, formigamento, ou perda de capacidade motora), comprome mento da via aérea ou ven lação. Nesses casos, realizar a imobilização da cabeça na posição encontrada; • Proceder à avaliação primária, buscando iden ficar riscos imediatos a vida e realizando as intervenções necessárias, e realizar a avaliação secundária; • Se a condição do paciente permi r, avaliar a capacidade motora, resposta sensorial e circulação nas quatro extremidades,1,13 • Inspecionar e palpar o pescoço do paciente e depois de medir, aplicar o colar cervical de tamanho adequado e eficaz; • Colocar o paciente em uma prancha curta ou do po colete (a depender da situação e da gravidade do doente) ou usar uma manobra de re rada rápida, se o paciente for encontrado em veículo automotor. U lizar prancha longa ou outro disposi vo de imobilização apropriado caso o paciente seja encontrado no chão; • Observar a necessidade de acolchoar (com material que não se comprima com facilidade) a área atrás da cabeça nos pacientes adultos (Figura 7), ou no tórax dos pacientes pediátricos (Figura 8);1,13 A

B

Figura 7: A. Em alguns pacientes a curvatura da coluna quando imobilizada na prancharesulta em grave hiperextensão cervical. B. Para evitar hiperextensão, a u lização de coxinsna região posterior da cabeça promove o posicionamento correto. Fonte: PHTLS 2016.1


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Márcio Neres dos Santos e Wesley Pinto da SIlva (Orgs)

tram mais profundamente. É essencial remover o produto químico e cuidar imediatamente da ferida. As lesões químicas são influenciadas pela duração do contato, pela concentração e pela quan dade do agente químico. Se o pó seco ainda es ver presente na pele, remova-o com uma escova antes de fazer irrigação com água. Se esse não for o caso, remova imediatamente o produto químico com grande quan dade de água, usando uma ducha ou uma mangueira, se disponíveis, por, no mínimo, 20 a 30 minutos (Figura 12). Lesões por álcalis necessitam de irrigação mais prolongada. Agentes neutralizantes não têm vantagem sobre a lavagem com água, pois a reação com esses produtos, por si só, produz calor e causa maior lesão tecidual. As lesões dos olhos por álcalis exigem irrigação con nua durante as primeiras 8 horas após a queimadura. Para facilitar essa irrigação, podese fixar uma cânula de pequeno calibre no sulco palpebral.23

Figura 12. Queimaduras Químicas. Remova imediatamente o produto químico u lizando grande quan dade de água, durante pelo menos 20 a 30 minutos. Fonte: Adaptado de ATLS, 2012.23

Lesões provocadas por eletricidade As lesões elétricas resultam do contato de uma fonte de energia elétrica com o corpo do doente. O corpo pode servir como condutor da energia elétrica e o calor gerado resulta em lesão térmica dos tecidos. Diferentes velocidades de perda de calor por parte de tecidos superfi-


23 Trauma geriátrico James Francisco Pedro dos Santos, Marcos Paulo Schilinz e Silva e Roberta Teixeira Prado

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o aumento da expecta va de vida em âmbito global tem aumentado significa vamente desde o ano 2000, entretanto grandes desigualdades persistem intra e interpaíses, segundo o relatório "World Health Sta s cs: Monitoring Health for the SDGs", de 2017. Entre 2000 e 2015 a expecta va de vida aumentou em cinco anos, evolução mais rápida desde a década de 1960. Já para o Brasil, o Ins tuto Brasileiro de Geografia e Esta s ca (IBGE) prevê que, entre 2010 e 2050, o grupo populacional de 60 anos de idade ou mais triplique em termos absolutos, passando de 19,6 milhões para 66,5 milhões. Neste ano, os idosos já representam 29,4% no total da população.1 CENÁRIO Independente da faixa etária da ví ma, criança, adulto e idoso as prioridades a para o atendimento serão sempre as mesmas. A aplicação do ABCDE do trauma é o fator norteador para as condutas tomadas frente às lesões que estão colocando em risco a vida da ví ma.

Com o aumento da população idosa e a maior prevalência e incidência da doença trauma, essa faixa etária torna-se mais susce-


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SISTEMATIZANDO A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRAUMA GERIÁTRICO No atendimento ao paciente críƟco traumaƟzado, onde cada minuto será importante no desfecho do seu caso, a complexidade dos cuidados de enfermagem é fundamental beira leito, pois existe uma demanda de gravidade individualizada que exige da equipe toda experiência e conhecimento para pronto uso. Os profissionais de Enfermagem são os que permanecem a maior parte do tempo à beira do leito, por isso devem estar aptos a idenƟficar os sinais e sintomas e planejar a assistência de Enfermagem, de acordo com as necessidades de cada paciente. Nesse cenário, a atualização e a competência do enfermeiro tornam-se obrigatórias quando a finalidade é garanƟr um cuidado de Enfermagem de qualidade.25 O quadro 4 apresenta um guia para a sistemaƟzação da assistência de enfermagem baseada nos momentos da avaliação primária e secundária ao traumaƟzado geriátrico. A conƟnuidade da assistência seguirá com cuidados relacionados as lesões encontradas e o tratamento definiƟvo necessário a este paciente. Quadro 4. SistemaƟzação da assistência de enfermagem ao traumaƟzado idoso durante a avaliação primária e secundária.26-29 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM 1. Risco para aspiração relacionado ao nível de consciência reduzido, presença de disposiƟvos traqueal, resíduo gástrico aumentado, esvaziamento gástrico retardado 2. Risco de falência respiratória por resposta deficiente à hipoxemia e hipercapnia 3. Risco para relação ven lação/perfusão 4. Risco aumentado de lesão pulmonar aguda e síndrome da angús a respiratória do adulto 5. Risco de dependência crônica de ven lação mecânica 6. Aumento da sensibilidade aos narcó cos 7. Troca de gases prejudicada 8. Padrão respiratório ineficaz relacionado à venƟlação minuto inadequada

INTERVENÇÃO • • • • • • • • • • • •

Controlar a ocorrência de eventos de êmese; Manter medidas de precaução para aspiração; Manter decúbito elevado no mínimo a 30°; Monitorar o nível de consciência, durante o uso de analgésicos potentes, depressores do SNC; Aspirar vias aéreas; Realizar higiene brônquica e oral vigorosa; Controlar exames laboratoriais relevantes, incluindo gasometria; GaranƟr controle adequado da dor. Atentar-se para sinais de complicação associado ao uso de narcóƟcos Monitorar a frequência respiratória e expansibilidade torácica; Observar sinais de desequilíbrio ácido-base; Manter disposiƟvos de Oxigenoterapia; Manter oxigênio por disposiƟvos conforme necessidade da paciente.

conƟnua


27 Parto em via pública Vivianne Mendes Araújo Silva, Liana Viana Ribeiro, Lucia Helena Garcia Penna e Michele Barbosa Moratório de Paula

O parto e nascimento de uma criança, mesmo em circunstancias de baixo risco, sempre cons tui um evento de grandes emoções, expecta vas e mesmo receios. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o parto normal de baixo risco, tem início espontâneo; normalmente entre a 37ª semana e a 40ª semana gestacional, e a apresentação da primeira parte do feto é na sua grande maioria o polo cefálico do bebê (apresentação cefálica). O parto normal é um processo natural, fisiológico, e que consequentemente não deve sofrer intercorrências no seu curso.1;2 Cabe destacar que o momento do nascimento é ímpar para cada mulher e sua família. Logo, o profissional que a assiste nesse momento especial deve estar atento às possíveis intercorrências e às suas necessidades, valorizando sua cultura, sua condição clínica e obstétrica. O obje vo da assistência ao parto normal é auxiliar a mulher parturiente e seu filho, condições de um parto/nascimento com qualidade. O suporte a mulher que se encontra em trabalho de parto deve ser con nuo, independentemente do local em que se encontre, até a sua chegada na maternidade. Os profissionais que a abordam neste momento devem possuir a tude vigilante, visando a pro-


711 Enfermagem no Trauma – Atendimento pré e intra-hospitalar

coletores de urina; protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas; eletrodos descartáveis; equipos para drogas fotossensíveis; equipos para bombas de infusão; circuito de respirador estéril de reserva; cobertor ou filme metálico para conservação do calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado; almotolias com an ssép co; conjunto de colares cervicais; equipamentos de proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras, luvas. Medicamentos obrigatórios: Lidocaína sem vasoconstritor, adrenalina, epinefrina, atropina, dopamina, aminofilina, dobutamina, hidrocor sona, glicose 50%, Soros: glicosado 5%, fisiológico 0,9%, ringer lactato; Psicotrópicos: hidantoína, meperidina, diazepan, midazolan; Medicamentos para analgesia e anestesia: fentanil, ketalar, quelecin; Outros: água des lada, metoclopramida, dipirona, hioscina, dinitrato de isossorbitol, furosemide, amiodarona, lanatosideo C. IMPORTANTE! Em locais de clima quente, quando não es verem sendo empregadas no transporte de pacientes, as medições devem ser guardadas em ambiente com temperatura controlada, devido instabilidades da medicação que podem surgir quando acondicionadas em temperatura ambiente.11,49 Essa degradação não foi relacionada à vibração em voo, sendo a temperatura o principal agente causador.49

A a vidade aérea no transporte de pacientes politrauma zados é extremamente importante e apresenta bons resultados quando dirigida de maneira criteriosa. A preocupação com a segurança da operação deve ser constante e os profissionais de saúde devem ser treinados, como determina a legislação, e incen vados na busca do conhecimento teórico e na troca de saberes prá cos com os diferentes serviços aeromédicos ao redor do mundo. Esse documento serve de referência, porém não esgota a diversidade de documentos e evidências que permeiam esta a vidade, servindo como incenvo de atualização e busca frequente de conhecimento pelos profissionais que atuam neste meio.


761 Enfermagem no Trauma – Atendimento pré e intra-hospitalar

um sinergismo entre o esforço e a comunidade afetada, proporcionando um maior beneİcio das ações em menor tempo possível. Vide relato de Caso I, o qual exemplifica a importância de entender, considerar e respeitar a cultura e os hábitos de vida da comunidade afetada nas ações de planejamento e resposta em desastres.

PRINCIPAIS CONCEITOS DA GESTÃO EM DESASTRES Para compreender o processo de Gestão de Risco é preciso dominar conceitos básicos que eventualmente apresentam pequenas modificações de acordo com cada região. Evento adverso: Fenômeno que causa alterações na roƟna das pessoas, da economia, dos sistemas sociais, e ao meio ambiente, provocado pela natureza e/ou pela aƟvidade humana. Emergência: Evento adverso que gera demanda imediata de ações de respostas dos recursos locais. Desastres: Evento adverso que demanda ações de resposta que superam a capacidade dos aparelhos da comunidade afetada. Ameaça: Fator Externo de Risco que representa um potencial fenômeno adverso e que pode gerar danos ao pessoal e seu entorno. De acordo com sua origem, podem ser: Natural: Aqueles que não precisam da parƟcipação humana para ocorrerem, em geral são os que mais danos ocasionam, por exemplo: Erupções vulcânicas, terremotos, tornados, deslizamentos e inundações. Humano ou Tecnológico: Aqueles provocados pela manipulação do meio ambiente pelo homem, por exemplo: urbanização, meio ambiente e manejo dos recursos naturais, seja por negligência, imprudência ou imperícia, essa categoria inclui colapso de obras civis, guerras, contaminação ambiental, incêndios florestais, etc. Conjugados ou Mistos: Aqueles provocados pela interação entre a natureza e o homem. Exemplo: enchentes urbanas. Vulnerabilidade: É um nível de susceƟbilidade própria de um sistema afetado por um determinado fator. Oriunda da aƟvidade humana, está inƟmamente relacionada com um Ɵpo de ameaça específica. Em geral estão envolvidos falta de desenvolvimento, recursos e condições ambientais desfavoráveis, por exemplo construções das casas em encostas que potencialmente poderão causar deslizamentos, desrespeito às normas de construções de edificações em locais com potencial para terremotos.


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