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APAE DE CACHOEIRA PAULISTA REVITALIZA ESPAÇO COMPARTILHADO DA INSTITUIÇÃO VIA FUNDO DE PROJETOS

Recursos do Vale Cap financiaram a troca do forro, uma nova pintura para o espaço e a instalação de ventiladores e de um portão

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Um ambiente conservado, bem estruturado limpo e organizado favorece o desenvolvimento, o aprendizado e a interação social. Por isso, é fundamental que os ambientes das APAES estejam sempre adequados, pois são espaços que visam promover mais qualidade de vida para as pessoas com deficiência.

O desgaste temporal da infraestrutura é inevitável e os custos para a manutenção são altos. Para isso, uma das possibilidades de financiamento do Fundo de Projetos, plataforma de financiamento da Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) de iniciativas das APAES paulistas, é a reforma e/ou construção de espaços na instituição para ofertar um atendimento de excelência.

Pensando no bem-estar dos usuários, famílias e colaboradores, a APAE de Cachoeira Paulista solicitou a reforma do espaço compartilhado da instituição, área na qual exposição de trabalhos, apresentações artísticas, capacitações, eventos sociais, reuniões com as famílias e campanhas de conscientização são realizados. Segundo a assistente social da APAE de Cachoeira Paulista, Fátima de Almeida Ribeiro, a situação do espaço inviabilizava a realização dessas ações.

“Nosso objetivo está sendo fazer reformas na APAE, pois por muito tempo, cerca de 30 anos desde sua fundação, não conseguimos recursos para realizarmos as reformas para adequar o ambiente, o mais urgente foi o pátio, onde as atividades, físicas, brincadeiras e reunião de pais são realizadas. O espaço era chão em contrapiso irregular, telhas Eternit, muito quente, enfim, estavam precárias. Hoje, podemos realizar as atividades propostas com mais dignidade aos usuários e familiares. Nós, funcionários, com satisfação agradecemos”, afirma Fátima.

Foram solicitadas a troca do forro, uma nova pintura e a instalação de ventiladores e de um novo portão, com objetivo de oferecer a todos os usuários e familiares um ambiente de qualidade, prazeroso e com dignidade.

O projeto foi posto em prática e, em março de 2020, foi finalizado. Desde então, o espaço está sendo muito utilizado. Neste ano foram realizadas as comemorações de Dia das Mães e a tradicional Festa Junina.

“OS DIREITOS DAS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA, SE BEM ANALISADOS, SÃO EXATAMENTE OS MESMOS

DAS PESSOAS SEM DEFICIÊNCIA”,

DIZ FERNANDO GABURRI

Segundo Gaburri, as instituições que atendem as pessoas com deficiência devem compreender e potencializar as habilidades das pessoas que eles assistem, para que se tornem pessoas que no futuro também possam influenciar na vontade política

Mesmo antes da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e da Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência, a Constituição Federal de 1988 já abordava muitos desses direitos que defendem as duas normativas mais recentes. Passados mais de 35 anos, a inclusão social, de fato, não foi completamente concretizada e tirada do papel. É o que afirma Fernando Gaburri, pessoa com deficiência visual e que tem um longo currículo na área jurídica e acadêmica.

Fernando Gaburri é graduado em Direito pelo Instituto Vianna Junior, mestre em Direito Civil Comparado pela PUC-SP (2008), doutor em Direitos Humanos pela USP (2015), especialista em Direito Previdenciário pela UERN (2019), promotor de justiça do Ministério Público da Bahia, professor de Direito Civil da UERN e professor convidado em cursos de pós-graduação, 2º vice-diretor da Comissão da Pessoa com Deficiência do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), diretor da região nordeste da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência (AMPID) e ex-procurador do Município de Natal.

Leia a entrevista.

Dr., nos explique primeiramente o que são os direitos das pessoas com deficiência e qual a importância desses direitos?

Os direitos das pessoas com deficiência, se bem analisados, são exatamente os mesmos das pessoas sem deficiência. Hoje, nós temos uma gama de leis que visam fazer com que haja uma maior conscientização e concretização desses mesmos direitos, que são os direitos da igualdade, o direito a ter uma família, o direito a ter um trabalho, a uma educação de qualidade, a uma previdência em uma idade mais avançada, etc.

O Brasil tem uma legislação muito rica de defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Contudo, o senhor acredita que ainda falta tirá-las do papel?

Muitas das leis que nós temos hoje já dão uma concretude maior em comparação ao que tínhamos antes, eu posso citar a Lei Brasileira de Inclusão e a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Mas, antes dessas leis já tínhamos outras várias que na sua dicção, no seu texto, no papel já concretizavam muitos desses direitos que estão hoje na Lei Brasileira de Inclusão e na Convenção da ONU. Mas, essas duas, que nós chamamos de “Leis que pegaram”, têm sua importância como fonte de conscientização das pessoas e que têm avançado, sim, na concretização dos direitos das pessoas com deficiência, embora ainda haja muito a se avançar.

Dr., na sua opinião, a inclusão social ainda é um desafio na atualidade?

Penso que sim. É um caminho que estamos seguindo, mas ainda é um desafio a ser superado, porque incluir não é trazer a pessoa com deficiência para próximo das outras pessoas, é dar a ela oportunidade de também fazer as mesmas atividades, participar dos mesmos momentos de lazer, dos momentos de educação ou de reflexão, enfim, é muito mais do que chamar para a festa, é possibilitar que ela possa dançar com os demais convidados.

A inclusão social precisa acontecer em todos os espaços, seja na educação, no mercado de trabalho, no acesso à cultura, entre outros. Onde a inclusão encontra mais resistência?

Acredito que nesses três aspectos da vida social a inclusão encontra dificuldade. Encontra dificuldade na educação, devido ao despreparo dos profissionais de educação e, até mesmo, do ambiente escolar, da estrutura do prédio; no trabalho, muitas vezes, os empregadores não conseguem compreender a potencialidade da pessoa com deficiência; e também, muitas vezes, o lazer não proporciona à pessoa com deficiência o mínimo de acessibilidade, seja do ponto de vista arquitetônico, do prédio em si, ou até mesmo do conteúdo do entretenimento que está sendo disponibilizado para as pessoas com e sem deficiência.

A acessibilidade nas cidades brasileiras ainda deixa a desejar. Qual o olhar que as autoridades devem ter para esse problema?

Pergunta importante! A Constituição de 1988 disse que todos os logradouros públicos e prédios públicos ou privados de utilização pública, bem como os transportes públicos, deveriam se adequar à acessibilidade das pessoas com deficiência. Depois disso, nós tivemos algumas leis em 2000 (10.048 e

“INCLUIR NÃO É TRAZER A PESSOA COM DEFICIÊNCIA PARA PRÓXIMO

DAS OUTRAS PESSOAS, É DAR A ELA OPORTUNIDADE DE TAMBÉM

FAZER AS MESMAS ATIVIDADES, PARTICIPAR DOS MESMOS MOMENTOS DE LAZER, DOS MOMENTOS DE EDUCAÇÃO OU DE REFLEXÃO, ENFIM, É MUITO MAIS DO QUE CHAMAR PARA A FESTA, É POSSIBILITAR QUE ELA

POSSA DANÇAR COM OS DEMAIS CONVIDADOS.”

10.098), que versavam sobre o mesmo tema; hoje, já se passaram quase três décadas e meia de vigência da Constituição e nós percebemos que muitas dessas promessas que estão na Constituição desde o seu início, em 5 de outubro de 88, ainda não foram concretizadas. Então, é preciso que o poder público, os representantes do povo que estão no poder, se conscientizem e busquem ouvir as pessoas com deficiência, para mudar essa realidade.

Hoje, qual a sua maior dificuldade enquanto pessoa com deficiência?

Talvez a minha maior dificuldade seja convencer as pessoas sem deficiência de que posso fazer, com qualidade e eficiência, aquilo que me proponho a fazer.

Qual mensagem o senhor deixaria para os dirigentes das organizações que trabalham na defesa das pessoas com deficiência, assim como as APAES?

A mensagem que eu deixo é que cada uma dessas instituições, cada um desses dirigentes, deve compreender e potencializar as habilidades das pessoas que eles assistem, das pessoas que procuram pelos seus serviços, para que elas possam, no futuro, se tornar cidadãos de bem, pessoas que possam influenciar na vontade política do país, seja como servidor público, seja como titular de mandato eletivo.

E, para finalizar, qual mensagem deixaria para as pessoas com deficiência?

A mensagem que eu sempre deixo é que as pessoas devem acreditar nos seus sonhos e buscar a sua concretização! Dificuldades haverá para todos, sejam pessoas com ou sem deficiência. Diante das dificuldades, poucos são os que persistem. Mas, a maioria dos que persistem alcança.

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