Projeto Parque Linear Curuay

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Parque linear CURUAY

Uma proposta de requalificação da Lagoa Curuay

Uma proposta de requalificação da Lagoa Curuay

Parque linear CURUAY

Uma proposta de requalificação da Lagoa Curuay

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA UFV - CAMPUS VIÇOSA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 2 (TCC2)

Marcelo Felipe Silva

Orientadora: Josarlete Magalhães Soares

Este trabalho é resultante do processo de pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso 1 realizado para a fundamentação das propostas do Trabalho de Conclusão de Curso 2 como parte do processo para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista pela Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 2021.

Este estudo consiste na proposta de projeto urbano para a Cidade de Montes Claros, Minas Gerais, através da requalificação, readequação, revitalização e proposta de um Parque Linear Urbano na orla da Lagoa Curuay ou “Lagoa da Pampulha”, localizada no bairro Esplanada.

Agradecimentos

É com muita felicidade que finalizo o processo de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo. Foram muitos aprendizados ao longo desses seis anos que contribuíram para o que sou hoje.

Gostaria de agradecer a Universidade Federal de Viçosa por proporcionar através dos seus programas de assistência estudantil, que eu tivesse um local digno e que dispunha de toda infraestrutura necessária para que pudesse cursar o meu curso com qualidade.

Aos meus pais, Dona Sônia e Seu José, pelo apoio, por acreditarem no meu potencial e por serem o motivo de todo o meu trabalho e dedicação. Às minhas irmãs, Anne e Priscila e aos meus cunhados, Ronerson e João, pelo apoio e por sempre estarem à disposição em todos os momentos que eu precisei deles.

Agradeço a todos os meus amigos e amigas, Hugo, Talia, Gabriela, Letícia, Jessika, Vanessa, Laís, Amanda, Marcos Paulo, Ted e Russo que ajudaram diretamente no processo de elaboração deste caderno. Aos professores que fizeram parte do processo de formação do profissional que venho me tornando. A todos os amigos que fiz durante a graduação e que de alguma forma foram importantes para que eu pudesse chegar a este momento.

Agradeço aos professores que estiveram diretamente ligados à elaboração desse projeto, Roberto Goulart , Carolina Margarido e Teresa Faria pelas contribuições e orientações realizadas.

Por fim agradeço à minha orientadora Josarlete Soares, por toda dedicação, orientação, aprendizado e engajamento durante todo o processo.

Sumário Introdução Justificativa Objetivos Metodologia História Referências bibliográficas Contexto Diretrizes e programa de necessidades Proposta 5 6 7 7 8 47 14 22 24

Introdução

As cidades brasileiras contemporâneas necessitam cada vez mais de novas áreas verdes e de novos parques. Estes geralmente tendem a ter dimensões reduzidas em relação ao que comumente entendemos como parques, devido à escassez e ao alto custo da terra (MACEDO, et. al., 2010).

Portanto, é necessário que haja um controle no crescimento vertiginoso das cidades e dos centros urbanos, principalmente no que diz respeito à escala urbana do carro e de seu uso, uma vez que este processo resulta em cidades sem vida, inseguras e esvaziadas de pessoas. É possível destacar, ainda, a importância do planejamento urbano para o zelo de áreas de uso coletivo, uma vez que a ocupação dos mesmos pode contribuir para o afastamento de problemas indesejáveis como a violência e a poluição, citados anteriormente, contribuindo para o bem-estar de seus moradores e o resgate da dimensão humana para a “saúde” da cidade (JACOBS, 2000; GEHL, 2013).

Deste modo, faz-se necessário o planejamento urbano para este resgate, sobretudo em locais que já possuem áreas de uso coletivo, mas que não se encontram em um bom estado. Principalmente em um momento pós pandemia, onde houve um grande apelo ao distanciamento social, mas que, perto de chegar ao fim, faz da sociedade suscetível a frequentar parques e áreas de uso coletivo em busca de lazer e da retomada do contato social. Isso sugere um aumento desta demanda, tornando o momento ideal para propostas de requalificação de áreas verdes e parques.

Por este motivo, evidencia-se a grande relevância da orla da Lagoa Curuay ou “Lagoa da Pampulha”, na cidade de Montes Claros, Minas Gerais, por se tratar de cerca de 50ha de área adequada para a construção de um parque linear (COPASA, 1993, apud BORTOLO, et.al., 2017). Por fim, este trabalho visa a requalificação de uma área verde que foi engolida e esquecida pelo processo de urbanização sem planejamento, que invisibiliza este tipo de espaço por não representar uma forma de “progresso” e mercantilização da terra.

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Justif cativa I

A orla da Pampulha abrigou durante todos esses anos, vários eventos socioculturais e socioeconômicos municipais, como barraquinhas, feiras de artesanato e comidas típicas, caminhadas ecológicas, blocos de Carnaval e o tradicional Réveillon da Pampulha.

Ela tem um importante papel para a celebração da cultura e do lazer montes-clarense, e mesmo assim não tem todo o seu potencial socioeconômico e sociocultural explorado.

Com sua revitalização, readequação e transformação em um Parque Linear Urbano seria possível torná-la um abrigo, ponto de encontro e convergência para diversos outros eventos e movimentos culturais da cidade, como as tradicionais festas de agosto, os Catopês, a festa do pequi e muitos outros eventos e atividades física e de lazer, além de proporcionar um impacto positivo na economia local.

Porém, com todo esse potencial não utilizado, com o passar do tempo, devido a má gestão dos governantes da cidade e o afastamento da população, a orla da lagoa foi se degradando, caindo no esquecimento e perdendo o local de pertencimento no imaginário do montes-clarense.

Sendo assim, faz-se necessária a retomada deste local de celebração e do sentimento de pertencimento por parte dos habitantes da região, da população da cidade e dos moradores locais, através da proposta de um Parque Linear Urbano que resgate a sensação de fazer parte novamente. Sendo possível atingir esses objetivos através da adequação deste espaço para receber eventos, atividades de lazer, atividades econômicas, grande fluxo de pessoas da região Norte de Minas, da cidade e dos bairros próximos, trazendo a população para atuar em conjunto no processo de projeto, levando em consideração suas necessidades, sobretudo as necessidades dos moradores locais e daqueles que a frequentam com bastante recorrência o local.

Por fim, é de extrema importância a realização da recuperação da qualidade da água e das áreas verdes que envolvem a lagoa, a fim de devolver sua qualidade natural e o seu princípio de proporcionar um paisagismo hídrico, qualidade do ar e contribuir para o lazer ecológico da cidade, além dessas intervenções proporcionarem um grande potencial para a atração dos moradores novamente.

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Objetivos e Metodologia

GERAL

Produzir a fundamentação teórica necessária para o desenvolvimento do projeto arquitetônico e urbanístico de um Parque Linear Urbano na orla da Lagoa da Pampulha em Montes Claros, Minas Gerais.

ESPECÍFICOS

Estudar e analisar o tema parques urbanos;

Estudar estrategias projetuais sobre o tema;

Investigar os aspectos legais relacionados à intervenção na área da lagoa;

Produzir um diagnóstico sócio-físico-territorial da área no entorno da lagoa;

Entender o contexto social, histórico, econômico e cultural da região;

Definir princípios, conceitos, partido arquitetônico, diagramas e setorização.

Objetivos Específicos Etapa Metodologia

Estudar e analisar o tema parques urbanos;

Fundamentação teórica

Pesquisas bibliográficas para embasamento teórico: Textos sobre arquitetura de par ques urbanos, paisagismo, requalificação de lagoas e drenagem urbana;

Estudar estrategias projetuais sobre o tema;

Estudos de caso

Estudo de caso: Apresentar estudos de casos que serão referências para a criação do projeto do parque urbano;

Investigar os aspectos legais relacionados à intervenção na área da lagoa;

Fundamentação legal

Estudo das Legislações: Pesquisa bibliográfica sobre a legislação incidente na área de estudo;

Visitas técnicas para levantamento sócio-físico-territorial da área da lagoa;

Produzir um diagnóstico sócio-físico-territorial da área no entorno da lagoa;

Diagnóstico

Entrevista: Desenvolver uma entrevista que sirva de base colaborativa da população para levantamento das necessidades do projeto;

Entender o contexto social, histórico, econômico e cultural da região;

Diagnóstico

Revisão de Literatura; Análise de dados oriundos de bases consolidadas: IBGE e órgãos municipais; Construção de mapas; Análise espacial qualitativa;

Definir princípios, conceitos, partido arquitetônico, diagramas e setorização.

Exercício de projeto

Estabelecer as diretrizes peojetuais e programa de necessidades.

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histórIa da região

O estado de Minas Gerais possui área total de cerca de 586.513 km² e aproximadamente 21.411.923 habitantes, o estado ocupa a 4ª posição em extensão territorial do Brasil, correspondendo a cerca de 6,9% do território nacional e possui 10,2% da população brasileira (IBGE, 2021). Minas Gerais se divide em 12 mesorregiões e este trabalho focará na mesorregião do Norte de Minas, mais precisamente na microrregião e na cidade de Montes Claros.

A mesorregião Norte de Minas tem uma população de cerca de 1.610.587 habitantes, correspondendo a 7,48% da população total de Minas Gerais, que se dividem entre os 89 municípios que compõem a mesorregião, em uma área total de cerca de 128.602 km² (IBGE, 2010)

Amazônas Pará Mato Grosso Minas Gerais 1.559.167 1.245.870 903.207 586.521 São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro Bahia 46.649.132 21.411.923 17.463.349 14.985.284
Mapa do Brasil com destaque para o estado de Minas Gerais Mapa de Minas Gerais com destaque para a Mesorregião do Norte de Minas
Áreas por estado em KM Número de habitantes 2 Norte de Minas
MApa das mesorregiões Norte de Minas e Vale do jequitinhonha e mUCURI
Vale do Jequitinhonha e Mucuri
Mapa do Brasil Mapa de Minas Gerais
Número de habitantes (Fonte: IBGE,2010) 8
Áreas por estado (Fonte: IBGE, 2010) ) )

O Norte de Minas juntamente com o Vale do Jequitinhonha e do Mucuri, estão classificados entre as regiões que apresentam os piores índices sociais e econômicos do estado. Se a pobreza no Brasil é um grande problema a se resolver, a do Norte de Minas pode ser considerada maior ainda. No Brasil cerca de 16,5 milhões de pessoas viviam na extrema pobreza, destas 909 mil vivem em minas gerais e 300 mil se encontram localizadas no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha e Mucuri (IBGE, 2010)

A distribuição de renda é um outro problema da região, assim como na perspectiva brasileira, a participação dos municípios na riqueza da região acontece de forma desigual e mal distribuída. De todos os municípios da região, cinco deles concentram aproximadamente 54,7% do seu PIB. Que são eles: Montes Claros (33,65%), Pirapora (8,3%), Várzea da Palma (5,3%), Janaúba (4,5%) e Bocaiúva (3,1%). Por outro lado, dos dez municípios com menor renda per capita do estado, cinco deles estão na região do Norte de Minas (ADENOR, 2010).

A economia da região pode ser dividida em Setor primário, secundário e terciário. A partir dos anos 1970 com a modernização do campo e com a agricultura irrigada o setor primário ganhou força, se tornando a principal atividade econômica da região. O setor secundário teve grande crescimento após os investimentos realizados pela Companhia Energética de Minas Gerais, a CEMIG e a expansão da malha viária, sobretudo na região de Montes Claros em 1960, promovendo grande expansão de diversas atividades nos três setores da economia (CARDOSO, 2000). Já o terceiro setor a partir do desenvolvimento dos demais setores se tornou promissor para novos investimentos e geração de novos empregos (REIS, 2000).

MApa das mesorregiões Norte de Minas e Vale do jequitinhonha e MUCURI Percentual da pobreza em Minas Gerais Percenrcentual da pobreza no Brasil Brasil 25 50 75 100 0 Minas
Outros estados 92,7 % Norte de Minas 33 % Demais Regiões 67 % Minas Gerais 5,5 % Norte de Minas 1,8 % (Fonte:IBGE,
(Fonte:
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Gerais Montes Claros
2010) IBGE, 2010)
(Fonte:IBGE,
2010)

histórIa de Montes Claros

Montes Claros está localizada em uma posição geográfica mais central da região Norte de Minas e foi o ponto de partida da colonização local em 1707 com a construção da fazenda de Montes Claros, pelo bandeirante Antônio Gonçalves Figueira. Em 1831, o povoado de Montes Claros passou a vila e em 1857, a cidade.

Montes Claros é o sexto maior município do Estado de Minas Gerais em número de habitantes, com uma população de aproximadamente 417.478 pessoas, uma extensão territorial de 3.589 km² e densidade demográfica de 101 hab/ km². (IBGE, 2021). O Produto Interno Bruto (PIB) per capita da cidade estimado em 2018, era de R$ 23.323,68. Adotando esse valor para a população estimada em 2021, é possível concluir que o PIB a preços correntes do município corresponde a mais de R$ 9 bilhões.

A cidade é palco de grandes manifestações culturais e desempenha um importante papel como centro urbano, comercial, industrial, educacional, de prestação de serviços e entre outros fatores que a torna capital norte-mineira. Montes Claros desempenha um papel importante na mesorregião por ocupar um local referência cultural sendo conhecida como “A cidade da arte e da cultura” (REIS, 2011).

Com localização geográfica privilegiada, a cidade possui uma grande malha ferroviária e um dos maiores entroncamentos rodoviários nacionais, que viabiliza o escoamento de produção, através das rodovias BRs 135, 365, 251 e 122. Além disso, o aeroporto Mário Ribeiro suporta infraestrutura capaz de operar aeronaves de grande porte e atualmente conta com uma média de cinco voos diários.

Extensão territorial Densidade demográfica Número de habitantes PIB per capita PIB a preços corrente 417.478 mil 101 hab/Km 3.589 Km R$ 23.323,68 R$ 9 bilhões
Mapa do Brasil DAdos socioeconômicos de montes claros rodovias 1 2 4 Km N
Mapa de Minas Gerais com destaque para Montes Claros na região Norte de Minas
Mapa dE MONTES CLAROS N Avenida MG - 308 BR - 135 BR - 250 Rodovias Perímetro urbano 0 2 4 Km (
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Mapa da malha urbana de Montes Claros Fonte: IBGE, 2010)

ECONOMIA

A cidade teve inicialmente a origem de suas atividades econômicas na agricultura e pecuária e a partir de incentivos fiscais e financeiros concedidos pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e implementação da CEMIG, a cidade sofreu transformações que tornaram viáveis a instalação de várias indústrias de relevância nacional e internacional como: Coteminas, Elster Medição de Água S.A, Lafarge, Nestlé, Novo Nordisk, Vallée S.A., Alpargatas e Petrobras. Hoje em dia a economia da cidade é dividida entre o setor primário, secundário e terciário, sendo a prestação de serviços a principal atividade econômica desenvolvida na cidade (PORTAL MONTES CLAROS, 2018). (Gráfico do print no início da página)

EDUCAÇÃO

Estão instalados na cidade importantes centros universitários como: o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), a sede da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e várias outras universidades da rede privada de ensino, o que torna Montes Claros um pólo educacional da região. Com todo esse aparato educacional, de ensino técnico e superior, a cidade pode contar com mão-de-obra especializada e de qualidade, o que afeta positivamente o desempenho do município nos indicadores relacionados à educação e trabalho (PORTAL MONTES CLAROS, 2018).

ESPORTE

Em Montes Claros os esportes que se destacam são, o futebol e o voleibol. No cenário do futebol a cidade possui diversos clubes, destacando-se o Funorte Esporte Clube que no ano que 2011 subiu para a primeira divisão do campeonato mineiro, chegando a disputar uma partida contra o Atlético mineiro no estádio José Maria Melo em Montes Claros (PORTAL MONTES CLAROS, 2021). Já no cenário do voleibol a torcida montes-clarense é conhecida por ser a mais apaixonada torcida do Brasil quando o assunto é voleibol, nos anos de 2014 e 2015 o clube foi detentor do maior público já registrado em Superligas, com cerca de 9.045 torcedores (AMERICA

VÔLEI,

2021). Sendo assim, a cidade desempenha um importante papel na região, sendo palco de grandes eventos esportivos que levam lazer e entretenimento para a população.

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O povo montes-clarense carrega consigo muita cultura e tradições da cidade, Montes Claros é um lugar onde as manifestações culturais, culinárias e folclóricas estão muito presentes no cotidiano e nas celebrações ao longo do ano. Com origens portuguesas, africanas e indígenas, os reinados, reisados, congados, macumbas, candomblé, as cantigas de rodas, as lendas, bem como as comidas típicas fazem parte da cultura popular, e são transmitidas oralmente através dos anos e das gerações (PORTAL MONTES CLAROS, 2021).

Os Catopês, os Reinados e as Marujadas que são celebrados durante a Semana do Folclore no mês de agosto, são consideradas as maiores celebrações culturais da cidade e estão presentes desde a fundação da Vila de Formigas, possuindo origem católica e com influência de diferentes etnias (PORTAL MONTES CLAROS, 2021).

Já a festa do Pequi celebra um importante alimento da região, fruta que possui diversos nutrientes e é rica em proteínas, desempenhando um importante papel na alimentação das famílias mais carentes, podendo até substituir a carne da refeição (PORTAL MONTES CLAROS, 2021).

O Psiu Poético é um evento cultural de arte contemporânea celebrado no mês de de outubro que tem na literatura e na poesia, além de outras expressões artísticas, como a música, o cinema e as artes plásticas, pilares centrais para democratização cultural da população montes-clarense (PSIU POÉTICO, 2021).

A cidade conta ainda com diversas manifestações culturais como os blocos de carnaval de rua no mês de fevereiro, a festa de Réveillon no mês de dezembro, a exposição agropecuária, que conta com shows de música e exposições de animais no mês de junho, além de uma diversidade de outros eventos culturais e religiosos.

CULTURA
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Contexto

CURUAY

Localização Geográf ca

Legenda:

Centro

Área de intervenção

Áreas verdes

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i

Vias e Acessos

A área de estudo é bem servida de vias, tendo a BR - 250 passando pela orla, vias arteriais, coletoras e locais que facilitam e diversificam o acesso a Lagoa estando entre essas vias as: Avenida Francisco Péres, Rua lagoa do Jatobá, Rua Jorge Corrêa Brito, Rua Lago do Tucuruí e Rua Piracicaba

N 6 5 4 3 2 1
Vias locais Vias arteriais
Vias coletoras BR - 250 Rodovias
1 3 4 5 6 2 BR - 251 R. Jorge Corrêa Brito R. Piracicaba R. Lagoa do Jatobá R. Lago do Tucuruí Avenida Francisco Péres
Córrego
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Equipamentos Urbanos

Há uma grande quantidade de vazios urbanos que serão aproveitados nas propostas para o Parque Linear Urbano. Há também uma diversidade interessante de equipamentos urbanos como, pronto socorro, escola, quadra de futsal, supermercado, hotel e o aeroporto da cidade.

N
Saúde Esporte Escola Supermercado Hotel Aeroporto
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Uso e ocupação do solo

Uso e ocupação do solo

Residencial

Comercial

Lazer

Escolar

Saúde

Estacionamento

Borracharias

Vazios urbanos

Área verde

Córrego

Foi possível perceber um padrão de ocupação comercial no entorno imediato da lagoa, apresentando restaurantes, pizzaria, churrascaria, supermercado, cervejaria, floricultura, casa de festa, borracharias e academia. Conforme se afasta da orla da lagoa os uso começa a se tornar mais residencial e com pequenos comércios.

N
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Gabarito

Mapa de gabarito

1 Pavimento

2 Pavimentos

3 Pavimentos

Estacionamento e quadra Córrego

Os gabaritos apresentam um padrão em que a grande maioria dos lotes não passam de dois pavimentos, o que indica que a região é menos adensada e mais residencial.

N
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Diagnóstico Físico e Ambiental

A Lagoa da Pampulha se trata de uma lagoa antrópica, formada pelo barramento do córrego Melancias e que flui para o córrego do Cintra, ambos encontram-se degradados e necessitando de infraestrutura adequada. O projeto teve seu represamento e conclusão em 1970 e tinha como objetivo criar um ambiente paisagístico hídrico que contribuísse para a melhoria da qualidade do ar e para a criação de espaços de lazer, tornando-se um ponto de referência postal para a cidade de Montes Claros, nutrindo assim, na população, um sentimento de pertencimento (BORTOLO, et. al., 2017).

Entretanto, atualmente a lagoa encontra-se em um estado de abandono, com muito mato, lixo e algas em sua água, além do assoreamento e mau cheiro, que possivelmente são provocados por chuvas intensas que carregaram elementos sólidos para o leito da lagoa e pela destinação inadequada dos efluentes. Além disso, ela possui um sistema de vazão, que dependendo do volume da chuva, não é suficiente para escoar todo o volume de água e consequentemente alaga parte da avenida que tem em seu entorno.

A sua orla apresenta diversos problemas estruturais e de projeto, como por exemplo, a má iluminação, a falta de mobiliário urbano, as calçadas que não possuem dimensão suficiente para abrigar a faixa serviço, os canteiros e a passagem de pedestres, que além de estarem em mau estado de conservação e ausentes em alguns pontos, estão fora dos padrões de acessibilidade e têm obstáculos, como postes e árvores.

Sua vida aquática é composta por uma variedade de peixes como: traíra, piau, curimba, tambaqui, bague africano e piranha, além de patos que também vivem na lagoa.

A vegetação da orla é predominantemente composta com 6 espécies de árvores, que são elas: ficus, aroeira-salsa, palmeira, leucenas, ipês e oiti, além da taboa que é uma planta aquática.

Figura 54 Piranha e traíra (Fonte: autor) Figura 55 Pato (Fonte: autor) Figura 56 Lixo (Fonte: autor)
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Figura 57 Lixo e algas (Fonte: autor)

Legenda

Árvore

Área assoreada e com taboa

Presença de algas

Calçadas

Calçadas com largura maior que 70cm

Calçadas com largura menor que 70cm

Calçadas danificadas

Falta calçada

Ponte

Córregos

N 21

Diretrizes e Programa de Necessidades

CURUAY

Através das análises realizadas nas esferas local, municipal e regional, e atendendo às legislações correlativas e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, foram propostas as diretrizes projetuais e o programa de necessidades a seguir. Espera-se que o projeto do Parque Linear Urbano na orla da Lagoa Curuay atenda às demandas socioculturais, econômicas e ambientais.

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Proposta

CURUAY

Conceito e partido

O projeto tem a proposição de ser um lugar acolhedor e atrativo, tornando-se um ponto de convergência entre pessoas de diferentes lugares, com diferentes bagagens e diferentes culturas. É a compreensão da diversidade da comunidade que utiliza o espaço e suas diferentes necessidades que tornam o projeto singular: a ideia é que cada praça pudesse receber usuários de diferentes faixas etárias simultaneamente, permitindo o contato e também a união das famílias. Para permitir a apropriação dos espaços de diferentes formas, além do mobiliário básico e específico de cada praça, algumas áreas foram projetadas para serem mais abertas, podendo abranger usos itinerantes e flexíveis, como aulas, feiras, palestras e encontros.

O parque linear ao redor da Lagoa Curuay conecta espaços de permanência com diferentes atmosferas, de acordo com seu entorno e variando assim em seus usos. As praças principais são:

- Aquática, com cascatas, fonte, e local alagável no extravasor existente;

- Esportiva, com pistas de skate e bike, quadra poliesportiva, quadra de areia, academia ao ar livre, play ground, mesas de dama e xadrez;

- Contemplativa, com pontes, área de pesca, área verde para piquenique e mesinhas;

- E o setor de eventos, espaço amplo destinado a shows, feiras, exposições;

Todas as praças contam com decks de madeira que avançam sobre a lagoa, buscando aproximá-la de seus usuários e proporcionar a criação de um vínculo com o lugar. Alguns vazios urbanos ao longo da lagoa foram utilizados como apoio para as praças, contando com estacionamentos, depósitos, banheiros e bebedouro, DML, ponto de coleta de logística reversa, ponto de informação e um espaço de exposição de menor escala. Os demais terrenos disponíveis foram destinados ao uso de interesse comercial e de interesse social para conter a gentrificação da região.

Os espaços de permanência são conectados por meio das faixas de trânsito de pedestres, ciclistas e corredores, que seguem o formato da lagoa e adentram organicamente as praças que a circundam. Elas são relativamente estreitas para menor impermeabilização, mas tem um tamanho ideal para realização de cada atividade, além de serem próximas umas às outras, permitindo a conexão visual entre usuários. As faixas curvas foram adotadas também para remeter às fitas do Catopê, que são coloridas e adornam a cidade e as vestimentas típicas durante a festividade, que estão sempre em movimento.

Pista de corrida

Pista de Caminhada ciclovia

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Implantação geral

N 26

Praça esportiva

A praça esportiva foi implantada nesse local por ser um grande platô pré existente nessa região da lagoa e por abrigar atividades que demandam dinamicidade e que podem gerar ruídos, estando assim próximo de uma via movimentada e de fácil acesso.

N 27
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Corte aa

Vista da praça esportiva

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Vista da praça esportiva

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Praça Contemplativa

A praça contemplativa foi implantada nesse local por ser um grande platô pré existente na orla, por estar mais próximo de onde o córrego desagua na lagoa e por estar em um ponto mais residencial, com vias locais e menos barulhentas.

N 31

Corte BB

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Vista da praça contemplativa

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Vista da praça contemplativa

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Setor de eventos e praça aquática

A praça de eventos foi implantada nesse local por já abrigar os eventos que aconteciam na cidade e por estar em um local de facil acesso, sendo margeada pela BR 251 que liga o centro da cidade à orla.

Já a praça aquática foi implantada nesse local pois é onde fica localizado o vertedouro da lagoa, facilitando as atividades que envolvem água no local .

N 35
cc 36
Corte
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Vista da praça de eventos

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Vista da praça de eventos

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c calming i N 40
traff

Corte esquemático dd

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Corte esquemático ee

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Estratégias de traff c calming i

Em alguns trechos foram implantados platôs, seções elevadas das vias da mesma altura da calçada, associados a mudança no material do piso. Essa estratégia promove uma melhoria significativa na segurança de pedestres por meio da redução da velocidade dos automóveis, além de melhorar a facilidade de travessia dos pedestres. Os platôs se localizam no trecho de mão dupla, próximo à praça de contemplação, para redução do ruído. Também foram implementados platôs em outros trechos para conectar o parque linear aos vazios urbanos de apoio.

Os pontos de acesso das vias adjacentes de maior fluxo de automóveis foram estreitados também para limitar sua velocidade, além de evitar ultrapassagens. O estreitamento foi feito de ambos os lados, com o intuito de manter a centralidade da via, por meio da implantação de canteiros, que contribuem também para redução da largura ótica e aumento da sensação de segurança por parte dos pedestres. Os transeuntes também são priorizados pela redução da distância de travessia e pelas faixas elevadas, adotadas ao redor de todo o projeto da Lagoa Curuay.

Detalhe 1 Faixa elevada, canteiro e ciclovia Detalhe 2 Platô elevado e estreitamento vertical
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N 44

Quadro de fenologia

O paisagismo foi idealizado para melhorar o impacto visual e ao mesmo tempo reestruturar a paisagem e o microclima da Lagoa, priorizando o conforto dos usuários. Foram escolhidas diversas espécies nativas para regeneração da fauna e da flora locais, algumas delas sendo árvores frutíferas nativas e não convencionais, como o Buritizeiro, para promover o contato da população com a natureza emblemática da região.

As fIorações das espécies foram selecionadas para que remetessem às cores do Catopê durante a época das festividades, que acontecem em agosto. As árvores também foram agrupadas de forma que as cores das fIorações correspondessem às mesmas das faixas que adentram cada praça, proporcionando uma identificação dos setores. A mata ciliar da lagoa e alguns dos vazios urbanos do contexto imediato foram refIorestados, também com espécies nativas. Jardins de chuva também foram implantados ao longo das ciclofaixas e em algumas vias perpendiculares à via de mão dupla para conter o escoamento da água.

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Quadro de espécies

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Referências Bibliográficas

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