Revista Arquitetura e Aço - 21

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ARQUITETURA AÇO Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 21 março de 2010

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& ARQUITETURA AÇO

Aeroportos


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ARQUITETURA&AÇO


Para alçar

novos voos Mais do que portas de entrada, os aeroportos são hoje os grandes organizadores do fluxo de pessoas. Nunca antes se viajou tanto de avião. E este não é o único, mas um dos principais motivos da grande necessidade de expansão em que se encontram os aeroportos do mundo todo. No Brasil, nos vemos agora diante de dois outros – e potentes – motivadores para a ampliação da nossa malha aeroportuária: Copa do Mundo, em 2014, e Olimpíadas, em 2016. Muitos planos já estão em andamento. Até 2014, a Infraero tem como missão ampliar pelo menos 16 aeroportos, aumentando em mais de 66% a capacidade dos terminais de cargas e passageiros, em obras que começam agora. É a esta tipologia que se dedica a presente edição de Arquitetura&Aço, que amplia seu escopo editorial, trazendo, entre outras novidades, depoimentos exclusivos de arquitetos conhecedores da área, como Sérgio Parada e Sergio Jardim, além de uma matéria técnica que radiografa a construção de edifícios-garagem para aeroportos. O aeroporto Santos-Dumont, cartão-postal do Rio – epicentro dos eventos que colocarão o Brasil na pauta internacional –, é mais um dos destaques dessa edição. Dono de um dos terminais mais modernos do país, o Aeroporto Internacional de Brasília é outro destaque. Do outro lado do planeta, A&A traz o recordista em números: o Aeroporto Internacional de Pequim, cujos grandes vãos de seu terminal mais novo – estruturado e coberto em aço – alcançam uma área de 1,3 milhão de m2. A revista apresenta, ainda, os projetos universitários selecionados para o concurso internacional organizado pelo Ilafa (Instituto Latinoamericano de Ferro e Aço), em 2009. Em todos estes projetos o aço se apresenta como um material de excepcional versatilidade e capacidade estrutural.

Nigel Young / Foster + Partners

Boa leitura.

ARQUITETURA&AÇO

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Arquitetura & Aço nº 21 março 2010

Haruo Mikami

sumário Foto de capa: o Aeroporto JK, de Brasília

04.

08.

10.

14.

17.

20.

24.

32.


ENDEREÇOS

04.

34

O aço no aeroporto JK, de Brasília, permitiu uma transformação radical que priorizou a dinâmica de um

dos terminais mais movimentados do país.

08.

Sérgio Parada fala sobre os desafios no trabalho com arquitetura

10. Em Maceió, o aço viabilizou referências à cultura local na construção de um terminal mais sustentável e inovador. 14. A recuperação e a ampliação do Santos-Dumont, aeroporto que emoldura um dos mais belos cartões-postais do país. 17. Sergio Jardim comenta sua experiência nas reformas de alguns dos maiores aeroportos brasileiros. 20. Pequim: o maior terminal de passageiros do mundo é uma expressão da grandeza da China e das potencialidades do aço. 24. Concurso do Ilafa e a missão de aproximar estudantes de arquitetura da América Latina da construção industrializada e mais racional. 32. Matéria técnica detalha as peculiaridades da aeroportuária no Brasil.

construção de edifícios-garagem de aeroportos.


Eficiência

a toda a prova O projeto arquitetônico do Aeroporto Internacional de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek resiste ao

Haruo Mikami

tempo e prova a racionalidade da opção pelo aço

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Foi apenas em 1990 que o Aeroporto Internacional de Brasília –

interrupção das operações aéreas. Do

Presidente Juscelino Kubitschek começou a ganhar a forma atual,

projeto atual falta ainda construir o

concebida pelo arquiteto Sérgio Roberto Parada: um corpo central e

Satélite Sul, que irá permitir atender

dois satélites para embarque e desembarque de passageiros, estrutu-

à demanda de cerca de 20 milhões de

rados a partir de uma grande cobertura de aço em treliça espacial.

passageiros ao ano.

A partir da utilização do aço, o projeto de reforma, ampliação e

A primeira etapa foi inaugurada em

modernização do antigo plano de 1956 otimizou a infraestrutura

1992 e incluiu a construção do viaduto

existente e viabilizou a construção em três etapas, sem provocar a

de acesso ao terminal de passageiros

ARQUITETURA&AÇO


O terraço panorâmico foi ampliado em 2004 para se adequar ao conceito de Aeroshopping. O projeto levou em consideração o máximo aproveitamento da luz e ventilação naturais

e a cobertura de aço. Dois anos depois,

que e desembarque internacional, um terraço panorâmico e uma

foi inaugurado o Satélite Norte. Nessa

praça de alimentação 24 horas. Com a instalação de uma galeria

segunda etapa da obra também foram entregues a reforma do corpo central

com espelhos d’água, jardins e espaço para exposições, a reforma alcançou os atuais 17.285 m2. Em 2004, foi concluída a quarta

do terminal de passageiros e nove

etapa com a finalização da construção e a reforma da área sul do

pontes de embarque.

corpo central do terminal. Neste momento também foi concluída

A conclusão da terceira fase da obra acrescentou uma nova área de embar-

a expansão do terraço panorâmico para adaptação ao conceito de Aeroshopping. ARQUITETURA&AÇO

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Juan Pratginestos

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ARQUITETURA&AÇO

Haruo Mikami

A opção pelo aço no Aeroporto de Brasília foi determinante para minimizar os impactos negativos da obra na operação aeroportuária. Na praça de desembarque, acima, se destaca a leveza das estruturas espaciais em aço da cobertura. Abaixo, o pátio de manobras do aeroporto, onde é feito o manuseio das bagagens, e, à direita, vista da praça de alimentação


Haruo Mikami

De linhas modernas, o projeto, que originalmente utilizaria o concreto como sistema estrutural, foi alterado para o aço como consequência das condicionantes da obra: o curto prazo para sua conclusão e a necessidade de manter o fluxo aéreo e de passageiros. A tecnologia do aço foi a escolha natural. No caso da grande cobertura do acesso ao terminal, que protege a praça de desembarque, foi usada uma estrutura espacial. Por esta ser leve e de fácil construção, foi erguida sobre uma área em operação. “Com esta tecnologia foi possível minimizar os impactos negativos da obra na operação aeroportuária”, explica Parada. “Quanto à cobertura do terraço panorâmico, em 2004, também propus essa tecnologia porque tínhamos de construir a grande cobertura sobre estruturas existentes, e as cargas deveriam ser reduzidas para viabilizar o projeto.” A cobertura do terraço panorâmico, onde funciona o Aeroshopping, foi desenhada com grandes planos curvos e soltos, recebeu telhas metálicas zipadas e forro em chapa de aço corrugado, desenvolvido especificamente para a obra. Composta por vigas planas e perfis I soldados com seção variável, a estrutura metálica está apoiada em perfis tubulares de aço que convergem para os pilares de concreto. Para completar, o fechamento do terraço em vidro laminado permite uma visão panorâmica de 360 graus do pátio de aeronaves, das pistas de pouso e decolagem e da área frontal de recepção e desembarque de passageiros, além dos usuários poderem desfrutar do pôr-do-sol de Brasília. (D.P.) M

> Projeto

arquitetônico: Sérgio Roberto Parada

> Volume

> Colaboradores:

> Projeto

arq. Antônio Henrique Sottovia, José Mauro de Barros Gabriel, Fabiana Torres Mendonça, Eni de Barros Gabriel, Rodrigo Marar, Suyene Arakaki, Marcelo Sávio, Igor Campos, Gustavo Costa, Carlos Weidler, Marcelo Gama, Débora Barros e Ailton Moraes

> Área > Aço

de projeto: 100.000,00 m²

empregado: aço patinável de alta resistência mecânica e maior resistência à corrosão atmosférica

do aço: 2.200 toneladas da estrutura metálica: eng. Welder Silva de Miranda

> Fornecimento,

fabricação e montagem da estrutura metálica: CPC Estruturas Metálicas

> Execução

da obra: Camargo Correa (1ª, 2ª e 3ª etapas) e Beter (4ª etapa)

> Local: > Data

Brasília, DF

do projeto: 1990 – 2003

> Conclusão

da obra: (4º etapa): 2004

ARQUITETURA&AÇO

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Integração e versatilidade 8

Além da necessidade física (a estabilidade da edificação),o aço otimiza o tempo e amplia o emprego do processo industrializado

ARQUITETURA&AÇO

Em seu currículo, Sérgio Roberto Parada tem cerca de 15 projetos aeoroportuários, entre terminais de passageiros e de carga. Ele também é vencedor do concurso do Aeroporto Internacional de Wuxi Shuofang, na China


Com mais de três décadas de

AA – Quais os principais princípios que nortearam o projeto do aero-

profissão, o arquiteto Sérgio Roberto

porto de Brasília?

Parada tem em seu currículo diversos

SP – Desde os primeiros esboços que elaborei sempre tinha em

prêmios e homenagens, consequên-

mente a concepção de um edifício que pudesse aproveitar ao máxi-

cia das inúmeras obras projetadas nas

mo tudo o que a natureza nos oferece, como luz e ventilação natu-

mais diversas tipologias, que vão de

rais. Também quis integrar, com generosidade, o espaço externo e

edifícios comerciais a terminais de

o interno do edifício, criando uma praça coberta que estabelecesse

passageiros. Dentre suas obras mais

um ponto de encontro entre pessoas que chegam e que partem.

recentes, a sede do Iphan, em Brasília, e o Aeroporto Internacional de Wuxi

AA – Quais foram as maiores dificuldades da obra?

Shuofang, na China, são atestados

SP – A complexidade do projeto era muito grande e o plano diretor

de sua versatilidade. Curitibano de

tinha muitas restrições. A principal era o terminal existente, que

nascimento, considera-se brasiliense

deveria continuar operando enquanto as obras de ampliação se

de coração desde 1997, quando mon-

desenvolvessem. Hoje, quando vemos a obra parcialmente pronta,

tou seu escritório na capital federal.

não imaginamos a complexidade em se resolver um projeto de um

Parada fala nesta entrevista de seu

terminal de passageiros e, principalmente, sendo construído sobre

processo de criação e da construção do

outro existente, com todas as interferências operacionais e constru-

Aeroporto Internacional de Brasília.

tivas. Mas vencemos as dificuldades e, sem dúvida nenhuma, foi com o espírito de união e de realização de todas as equipes de trabalho.

AA – Além de aeroportos, a Copa e os Jogos Olímpicos tornaram eviden-

AA – E como a reforma otimizou as possibilidades da infraestrutura

tes a necessidade de uma gama de

existente e viabilizou a construção em etapas?

obras de infraestrutura. Como o sr. vê

SP – Este projeto/obra me proporcionou um grande aprendizado, e

a participação da construção em aço

acredito que para toda a equipe técnica. Desde o início do projeto, em

diante dos desafios que o país tem

1990, tínhamos uma vontade de realizar um trabalho e qualidade de

pela frente?

obra muito grandes. Tínhamos que tomar por base que o aproveita-

SP – A tecnologia do aço se torna

mento máximo da infraestrutura existente era fundamental, princi-

cada vez mais evidente e necessária.

palmente na questão do pátio de aeronaves, cuja construção é muito

Dificilmente vemos, nos dias de hoje,

cara. Depois, o edifício sofreria uma metamorfose, ou seja, se transfor-

edifícios com grandes vãos ou grande

maria num terminal moderno e adequado às necessidades, com pon-

altura que não sejam pensados com

tes de embarque/desembarque, utilização de sistemas de controle do

a técnica do aço. Isso, porque além da

edifício de última geração, enfim, uma aposta na modernização.

tecnologia que atenderá a uma necessidade física (a estabilidade da edi-

AA – E o aço foi elemento definidor nesse processo?

ficação), temos o tempo como fator

SP – Para que tudo isso fosse realizado, a tecnologia de constru-

primordial, e a possibilidade de uma

ção deveria atender às exigências de segurança, tempo adequa-

maior industrialização do processo

do, adaptações de operações etc. Sem dúvida, a técnica do uso do

de construção.

aço foi fundamental.

ARQUITETURA&AÇO

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Cultura e sustentabilidade Projeto

do

Aeroporto

de

Maceió

incorporou elementos regionais

ao seu desenho de acentuada plasticidade

A marquise do aeroporto de Maceió tem estrutura metálica e fechamento em lona e é um dos marcos do projeto arquitetônico

10 ARQUITETURA&AÇO


Corte longitudinal

A linguagem contemporânea e a

geiros por ano, expansível para 2,5 milhões até 2014.

acentuada plasticidade são duas mar-

Dentre suas inovações, destaca-se o sistema de cogeração de

cas importantes do projeto arquitetô-

energia ambientalmente limpa a partir da utilização de gás natu-

nico do Aeroporto Internacional Zumbi

ral. Este sistema foi projetado com dois grupos de geradores movi-

dos Palmares, em Maceió (AL). Assinado

dos a gás natural, que abastecem todo o aeroporto. Por meio desse

por Mário Aloísio Barreto Melo, o aero-

processo, a água quente, utilizada para o arrefecimento dos gera-

porto da capital alagoana é uma das

dores, é reaproveitada e vertida em água gelada por meio de um

mais modernas obras aeroportuárias

chiller de absorção. Implantado sobre um planalto, o novo terminal do Aeroporto

mesmo sistema regula desde a intensi-

Internacional Zumbi dos Palmares é um edifício de três pavimen-

dade da iluminação e do ar refrigerado

tos principais e dois andares técnicos, formado por dois blocos

até a velocidade das escadas rolantes.

curvos. Na cobertura, em sistema metálico, destacam-se a grande

Em operação desde 2005, tem capaci-

abertura zenital em vidro, e as telhas em tom de verde, que busca

dade para receber 1,2 milhão de passa-

reproduzir a cor do mar.

Fotos Luis Eduardo Vaz

brasileiras. Além da climatização, um

O amplo hall de entrada, com pé-direito triplo, abriga um jardim sob uma grande claraboia. Localizada na cobertura central, a abertura proporciona iluminação ao ambiente interno. A estrutura de sustentação principal é aparente, marcando o rasgo longitudinal como uma espinha dorsal ARQUITETURA&AÇO

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> Projeto

arquitetônico: Mário Aloísio Barreto Melo

> Colaboradores:

arq. Tiago Amaral e Henrique Gennari; Mariana Estay, André Venceslau, André Coelho e Bruno Damasceno

> Área:

22.423,62 m²

> Aço

empregado: aço patinável de alta resistência mecânica e maior resistência à corrosão atmosférica

> Volume

do aço: 580 t

> Projeto

Como em toda a obra do arquiteto, a cultura alagoana está presente em diversos detalhes, como nas coberturas tensionadas e no desenho dos postes de iluminação do pátio, que lembram as velas e os mastros das jangadas. E é neste contraste entre revestimentos metálicos e artesanais que encontramos a marca dessa interação entre o aeroporto, equipamento contemporâneo e funcional, e os valores locais simbolizados por cores e texturas.

estrutural: Technica Consultoria e Projetos Industriais, Pengec Engenharia Consultoria, Consep Consultoria Engenharia e Projetos

> Fornecimento,

fabricação e montagem da estrutura metálica: Hispano

> Execução > Local: > Data

da obra: OAS

Maceió, AL

do projeto: 2001

> Conclusão

da obra: 2005

O grande átrio central do terminal, com o pé-direito de 13 m de altura, é formado por dois arcos locados nas extremidades laterais. No centro, o conjunto das circulações verticais concentra os fluxos e leva os passageiros diretamente ao embarque ou à praça de alimentação. Um vazio de contorno elíptico abre a praça de alimentação, estabelecendo contato visual e integração entre o nível das lojas e o fluxo dos passageiros que lá desembarcam. A intenção, de acordo com a equipe de arquitetos, foi criar impacto visual para E completando o impacto perseguido pelo projeto de arquitetura apresenta-se a marquise, com estrutura metálica e fechamento em lona que marca a face frontal do prédio, voltada para o norte. (D.P.) M

12 ARQUITETURA&AÇO

Ao alto, vista aérea do complexo do Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares. Os detalhes do projeto homenageiam a cultura local. A cobertura metálica reproduz um escudo africano. Abaixo, ponte de embarque e desembarque

Luis Eduardo Vaz

quem chega à cidade.


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ARQUITETURA&AÇO

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Planorcon Arquitetura

Respeito à paisagem Reforma

de

Sergio Jardim

preservou a leveza e atualizou a funcionalidade

do projeto histórico dos irmãos

14 ARQUITETURA&AÇO

Roberto


Com cobertura em telha metálica tipo sanduíche e claraboias de vidro que permitem a entrada de luz natural no interior de pé-direito triplo, a reforma racionalizou o consumo de energia elétrica

Foi de dentro de uma precária

ra e se destaca pela relação com a cidade. O hall transparente, em

cabana de madeira no canteiro de

vidro, “aproxima” a Baía de Guanabara, as pistas e os aviões.

obras que os arquitetos Marcelo e

Com o tempo, o projeto foi sofrendo reformas e adaptações até

Milton Roberto acompanharam, nos

que, em 1998, foi parcialmente destruído por um incêndio. O projeto

anos 1930, a construção do Aeroporto

de recuperação foi feito por Sergio Jardim, especialista em obras aero-

Santos-Dumont, no Rio de Janeiro. O

portuárias, e o Santos-Dumont foi tombado pelo Instituto Estadual

pequeno e elegante projeto dos irmãos

do Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac). Em 2004, quando sua

Roberto é considerado um dos símbo-

capacidade de 1,8 milhão de viajantes por ano já excedia 3 milhões,

los da arquitetura modernista brasilei-

ele foi novamente ampliado com projeto de Sergio Jardim. ARQUITETURA&AÇO

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Sidnei Palatnik

Planorcon Arquitetura

O aeroporto foi construído em um O embarque foi transferido para o novo terminal, com três pavimentos e um subsolo, onde um túnel envidraçado abriga as salas de embarque e corredores de ligação. As pontes de embarque e desembarque de passageiros organizam, hoje, o trânsito de 8 milhões de passageiros por ano

espaço tão representativo quanto o próprio terminal: a praça em frente ao aeroporto e o Aterro do Flamengo são projetos assinados pelo paisa-

> Projeto

arquitetônico: Sergio

Jardim > Área

construída: 33 mil m²

>A ço

empregado: aço patinável de alta resistência mecânica e maior resistência à corrosão atmosférica; lajes tipo steel deck; tubos estruturais de aço sem costura

>V olume >P rojeto

de aço: 340 t

estrutural: Figueiredo Ferraz (projeto 2007)

gista Burle Marx; o Museu de Arte

>F ornecimento

e montagem da estrutura metálica: CPC Estruturas Forte Metal e Sanebras Estruturas; coberturas: Perfilor e Dânica; conectores e stud-bolts: Ciser – Crescenza

Moderna, de Afonso Eduardo Reidy, e o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, projeto arquitetônico de Marcos Konder Netto e Hélio

> Execução

da obra: Consórcio Odebrecht/Carioca/Construcap

> Local: > Data

As estruturas em aço foram a solução para preservar a leveza e a trans-

Rio de Janeiro, RJ

do projeto: 1996

> Conclusão

Ribas Marinho.

parência do projeto original. Por sua

da obra: 2007

facilidade de se agregar a estruturas existentes, a reforma teve o cronograma acelerado e sem nenhum contratempo. O prédio original concentrou a função de desembarque, enquanto um novo edifício ficou com a função de embarque dos passageiros. Ligando os dois espaços, está uma edificação elíptica com 287,5 m de comprimento, construída em tubos de aço e vidro, onde se concentram as salas de

Planorcon Arquitetura

embarque e as pontes metálicas (fin-

16 ARQUITETURA&AÇO

gers), que hoje dividem os fluxos de embarque e desembarque. O novo terminal funciona somente para embarque, deixando o anterior com a função de desembarque. (F.L.) M


Arquitetura com asas Calé

Além do Santos-Dumont, no Rio, e Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, Sergio Jardim é autor dos projetos do Aeroporto de Macapá, de Salvador e de Palmas

Formado pela Faculdade de

de Congonhas (SP), o Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) e

Arquitetura da Universidade Federal

o Aeroporto Santos-Dumont (RJ). Na entrevista que se segue, Sergio

do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1976, Sergio

Jardim comenta os desafios de sua obra mais famosa e reflete sobre

Jardim é um especialista em obras

o trabalho com arquitetura aeroportuária no Brasil.

aeroportuárias. Ao longo de mais de três décadas, o arquiteto e diretor do

AA – Quais os principais desafios em projetar aeroportos no Brasil?

escritório Planorcon realizou projetos

SJ – Por força justamente das dimensões continentais do país, o

de reformas e ampliações de alguns

desafio está na identificação das características regionais de onde se

dos mais importantes aeroportos do

encontra o aeroporto e na elaboração de um projeto em obediência

país, como o Aeroporto Internacional

a essas características, principalmente no que se refere ao clima.

ARQUITETURA&AÇO

17


Planorcon Arquitetura

A utilização das estruturas em aço passou a permitir ousadias estruturais, estéticas e operacionais, o que representou uma mudança fundamental para a arquitetura aeroportuária

AA – Os projetos para aeroportos sofreram muitas mudanças ao

Passageiros –, o aeroporto estava com-

longo das últimas décadas?

pletamente descaracterizado, com inter-

SJ – Sem dúvida. A utilização das estruturas em aço passou a permi-

ferências desastrosas levadas a cabo ao

tir ousadias estruturais, estéticas e operacionais, o que representou

longo dos anos. Resgatada a volumetria

uma mudança fundamental para a arquitetura aeroportuária. Um

original, o prédio foi finalmente protegi-

exemplo é a marquise do Terminal de Passageiros do Aeroporto

do pelo Inepac. Cumprida essa etapa, nos

de Palmas (Tocantins), com um vão livre de 23 m, permitindo a

coube, anos depois, projetar a ampliação

circulação de veículos, passageiros e transeuntes, protegidos e sem

do Terminal de Passageiros com o míni-

qualquer obstáculo.

mo possível de intervenções no prédio existente, mantendo o máximo da trans-

AA – Quais os desafios de reestruturar um conjunto complexo como

parência do projeto original. Esse foi o

o aeroporto Santos-Dumont?

maior desafio.

SJ – Até 1998 - quando um incêndio quase destruiu o Terminal de Calé

AA – O projeto investe na “convivência” de construções com cerca de 70 anos de diferença. O sr. enxerga essa consciência nas gerações de profissionais que devem assumir nos próximos anos a mais importante leva de reformas na infraestrutura pela qual o Brasil já passou? SJ – Somos um país novo e os jovens arquitetos estão cada vez mais preocupados com a preservação da memória arquitetônica e em encontrar destinações, utilidades e funções contemporâSergio Jardim sonha com a possibilidade de aeroportos sustentáveis, inseridos dentro de uma malha urbana igualmente consciente. "Assim, chegaríamos à condição de intermodalidade, apontando para um futuro economicamente equilibrado, em que todos pudessem ser atendidos e transportados com conforto e segurança, transitando por espaços harmônicos, belos e funcionais"

18 ARQUITETURA&AÇO

neas para as edificações. Isso demanda intervenções, e o aço, por suas inúmeras possibilidades de aplicação, vem a ser um excepcional facilitador. (F.L.) M


O aço Usiminas estará presente na Copa de 2014. Nos estádios e em qualquer outro projeto que precise de soluções completas em aço.

Uma equipe de profissionais jogando juntos para oferecer soluções completas e sob medida para construções em aço. É com esse time que a Usiminas está preparada para executar, do começo ao fim e em todas as etapas, os projetos que irão preparar o Brasil para a Copa de 2014. Unindo alta capacidade técnica e tecnologia de ponta, a Usiminas transforma cada obra em uma referência de agilidade, qualidade e sustentabilidade. Afinal, o aço Usiminas significa baixo desperdício, potencial de reciclabilidade acima de 90% e flexibilidade para se adaptar com facilidade a outros materiais, permitindo sua utilização no fechamento, cobertura e acabamento da obra. Usiminas. Fazendo a diferença nos estádios e onde quer que você precise.

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Sensibilidade para evoluir. Um jeito novo de ser Usiminas.

ARQUITETURA&AÇO

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O dragão de aço

Dennis Gilbert

Concluído em 2008, o Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pequim é, com seus 1,3 milhão m², um símbolo da robustez e ambição chinesas. O maior aeroporto do mundo congrega passageiros sob uma cobertura de aço que se espraia em uma área de 360 mil m ²

20 ARQUITETURA&AÇO


O maior aeroporto do mundo tinha mesmo de ser construído no país mais populoso. Em março de 2008, a China viu a área total do Aeroporto Internacional de Pequim chegar a 4,7 mil hectares. O Terminal 3 havia sido concluído – e em menos de quatro anos. Juntamente com o Centro de Transportes Terrestres (CTT), o T3 ocupa uma área de 1,3 milhão m2. A construção do novo terminal foi acelerada pela admissão da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001, acontecimento que lhe abriu os mercados internacionais, e pelos Jogos Olímpicos de 2008, que atraíram os

do país sintetizassem as ideias de inovação e grandeza que a China queria transmitir ao mundo. Como nos aeroportos de Stansted, em Londres, e de Chek Lap Kok, em Hong Kong, o projeto do escritório Foster and Partners, do arquiteto inglês Norman Foster, seguiu alguns princí-

Na página ao lado e acima, as ripas de aço que separam a cobertura, cujo revestimento externo alcança 275 mil m2 do T3 do Aeroporto de Pequim. Abaixo, passageiros após o desembarque em um dos mais modernos controles de bagagem do mundo Dennis Gilbert

preciso que as portas de entrada e saída

Fu Xing

olhos do mundo para a sua capital. Era

pios construtivos eficientes: uma cobertura grande e unificadora; simplicidade de organização para o fluxo de passageiros; luz natural abundante e um sistema de transporte terrestre integrado. Alguns pontos importantes do projeto de Pequim, entretanto, diferem dos de Londres e Hong Kong. Os vários andares que abrigam as instalações aeroportuárias em Chek Lap Kok deram lugar a uma distribuição horizontal e mais equilibrada em ambas as asas em “Y” do T3 – as suas duas estruturas triangulares, conectadas por um setor satélite que é a espinha dorsal do terminal. Esse arranjo aproveita melhor o ARQUITETURA&AÇO

21


Nigel Young/Foster+Partners

Dividido em três áreas, o T3 está anexo ao Centro de Transportes Terrestres (acima), com uma cobertura de vidro de mais de 27 mil m 2. Abaixo, a perspectiva renderizada do T3. A ligação do desembarque internacional com o CTT é feita por um trem que chega a 80 km/h

espaço e aumenta o número de plataformas dos aviões, com vagas para 126 aeronaves.

o centro urbano da cidade. A cobertura do T3 foi criada de

Outra mudança foi concentrar os voos domésticos ao longo da

modo a permitir que a luz do dia entre

asa norte, onde está localizado o CTT, e da área satélite. A medida

continuamente no edifício. Ela consis-

reduz o taxiamento dos aviões, que ficam abrigados próximos aos

te numa construção em aço feita com

prédios determinados. O desembarque dos viajantes internacionais

módulos triangulares soldados ou apa-

também é diferente do que se vê em outros aeroportos. Em vez

rafusados, que produzem as diferen-

de atravessar um sem-fim de corredores e escadas rolantes, quem

tes curvaturas do teto. A estrutura é

aporta em Pequim desce no andar superior da extremidade norte e

revestida internamente com tiras de

é recebido em um oceânico teto de aço.

aço pintadas de branco, mantidas a

O Automated People Mover, trem que liga as duas pontas do

uma distância suficiente para que a

aeroporto, leva o viajante, em menos de dois minutos, pelos 3,25 km

luz externa que trespassa as claraboias

que separam o desembarque do CTT, de onde ele pode seguir para

chegue ao interior do aeroporto. Essa superfície contínua parece

Nigel Young/Foster+Partners

aumentar ainda mais a extensão da enorme cobertura. Sua estrutura é sustentada por colunas tubulares de aço, de comprimentos variáveis. O ponto mais alto é o centro das duas estruturas triangulares; a partir dali, a cobertura cai suavemente em direção às paredes côncavas e à espinha do terminal. A impressão de andar por um espaço interminável é reforçada pelas fileiras das gigantescas colunas brancas, 22 ARQUITETURA&AÇO


Fu Xing

As paredes côncavas, escoltadas por colunas de aço, definem o corpo do T3, com capacidade para receber até 14 mil passageiros de voos domésticos e internacionais a cada hora

Nas imagens abaixo, a vasta cobertura do T3. O primeiro terminal do aeroporto de Pequim foi construído em 1959, numa área de 78 mil m2. O T2 foi concluído depois de 40 anos e se estende por 326 mil m2. A construção do T3 – com seus 10,6 milhões de m3 de terraplenagem – foi realizada inteiramente por companhias chinesas

Durante o dia, a luz entra no terminal através das altas paredes de vidro, com suas robustas colunas treliçadas

Dennis Gilbert

separadas por uma distância de 36 m.

de aço – inclinadas para fora para reduzir o reflexo –, e das claraboias, visíveis pelo teto ripado. A luz natural destaca as cores intensas da estrutura, pintada em 16 variações de tons valorizados na cultura chinesa: do vermelho imperial dos balcões de check-in às sombras em laranja e amarelo no fim do terminal Os dados da construção do T3 são tão impressionantes como ele próprio. No pico das obras, mais de 50 mil pessoas trabalharam simultaneamente naquele terreno. A estrutura da cobertura é feita de 18.950 toneladas de aço;

Nigel Young/Foster+Partners

internacional.

as colunas que a sustentam exigiram 26.850 toneladas do mesmo material. Números condizentes com um terminal cujas estatísticas mostram que receberá 50 milhões de passageiros por ano até 2020. (F.A.) M ARQUITETURA&AÇO

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A educação

para o aço

O Ilafa – Instituto Latinoamericano

Aço – é uma instituição não governamental sem fins lucrativos sediada no C hile que , entre diversas outras ações , e de forma similar ao CBCA, amplia seu apoio à cadeia do aço . A instituição realiza de

Ferro

e

anualmente um concurso de arquitetura entre as universidades latinoamericanas

A primeira edição do Concurso Ilafa de Desenho em Aço para

Como parte deste esforço de apro-

Estudantes de Arquitetura, ocorrida em 2008, teve como tema pavi-

ximar o Brasil de uma construção mais

lhões de exposições e convenções, na qual a equipe do Peru sagrou-se

industrializada, e menos artesanal, o CBCA

campeã. Em 2009, sob o tema aeroportos, conferiu o primeiro lugar

promoveu, em 2008 e 2009, um concurso

ao projeto da equipe da Universidad Mayor de Santiago e reafirmou

nacional em que os vencedores foram os

o objetivo de incentivar o desenvolvimento do ensino e a ampliação

representantes brasileiros no concurso do

do conhecimento do uso do aço entre os estudantes de arquitetura

Ilafa. Nesta edição, apresentamos seis dos

e engenharia da América Latina. Além do projeto chileno, que ficou

sete projetos finalistas da edição 2009 do

com o primeiro lugar, foram classificadas propostas de universidades

concurso do Ilafa, escolhidos por um júri

do Brasil, Argentina, Peru, Venezuela, México e Equador. A premiação

composto por representantes dos países

deste ano propõe os centros públicos como objeto do projeto.

participantes. (A.W. e F.A.)

24 ARQUITETURA&AÇO


Imagens divulgação

Corte A

1º lugar: Aeroporto sem Vento País: Chile/Universidad Mayor de Santiago Autores: Luis Haro, Markos Huincahue, José Ripeti e Luciano Valdivia Profs. Orientadores: Cristian Winckler e Pablo Sari A escolha de Punta Arenas, com as baixas temperaturas e os ventos intensos da região, levaram os estudantes a projetar um aeroporto sob o lema “sem vento”. A proposta dos vencedores do concurso do Ilafa consiste em escavar 2,5 m do solo, criando-se um abrigo do vento. Devido ao rigor do clima local, o projeto prevê o controle da entrada de ar e de luz. Uma cobertura é proposta sobre a área escavada. Essa estrutura metálica projeta-se a partir do nível original do terreno e ganha altura, num plano inclinado até o final do edifício e os hangares dos aviões.

Nas duas páginas, a proposta dos alunos da Universidad Mayor de Santiago, do Chile, que levou em consideração a configuração atual do aeroporto de Punta Arenas, e propõe a incorporação das três pistas existentes ao projeto vencedor do concurso de 2009

Estendendo-se para fora da cobertura e atravessando-a terminal adentro estão dois tipos de claraboias. A primeira tem as extremidades abertas, o que permite a entrada do ar externo no aeroporto. A segunda cria ambientes dentro do terminal. Sobre a cobertura foi proposto um green roof, ou teto verde, composto de vegetação baixa,e que ajuda na absorção da chuva e na climatização do aeroporto. ARQUITETURA&AÇO

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País: Argentina/Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Desenho da Universidad Nacional de Córdoba

Imagens divulgação

2º lugar: Coluna de Aço

Autores: Ramiro Veiga e Federico Urfer Profs. Orientadores: Celina Caporossi, María del Carmen e Fernández Saiz

O projeto argentino para o aeroporto de Córdoba aproveita o terreno e as pistas da Escola de Aviação Militar da cidade e traça uma seção transversal, em aço, semelhante a uma coluna. Ela funciona como um eixo do qual saem as “costelas” – vigas de diferentes formas e tamanhos que sustentam a cobertura. Cada um destes conjuntos constitui um módulo independente, que é ligado ao outro pelas pontas das vigas. Uma malha de aço é colocada sobre as vigas, sustentando a cobertura do aeroporto. O eixo central orienta espacialmente os usuários, que podem atravessar diretamente as duas pontas do terminal, reduzindo a aglomeração de pessoas. Aliado ao aço, este sistema modular torna possível uma expansão mais simples do aeroporto: basta criar novos módulos e acomodá-los ao lado dos anteriores.

O desenho do aeroporto de Córdoba baseia-se na fuselagem dos aviões, e o vidro na cobertura e paredes destaca o aço das vigas transversais

Corte transversal

26 ARQUITETURA&AÇO


Acima, visão transversal dos três níveis da proposta para o aeroporto de Ribeirão Preto, com seus pórticos de aço distantes 12,5 m entre si. Ao lado, a área de desembarque, o espelho d’água – que reduz a temperatura interna do edifício – e a esplanada de acesso ao terminal

Imagens divulgação

Corte transversal

Aeroporto de Ribeirão Preto País: Brasil/Universidade São Judas Tadeu Autores: Anderson Carneiro Noris, Elis Mariam Duarte David de Souza, Fernanda Ferreira da Silva, Gislaine Moura do Nascimento, Rafael Gustavo Rodrigues e Wellington Tohoru Nagano Consultor de cálculo estrutural: eng. Arquimedes Costa Prof. Orientador: Leonardo Shieh Os alunos da Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo, criaram um projeto que ultrapassa a proposta do concurso. Além do terminal de passageiros para o Aeroporto Estadual Dr. Leite Lopes, em Ribeirão Preto, eles sugerem também hangares e um terminal de cargas. O terminal brasileiro é construído em estruturas modulares em perfis de aço, que podem ser reproduzidas e adicionadas à construção. Um espelho d'água ao seu redor esfria o ar que chega às paredes de vidro duplo – que, por sua vez, criam um “colchão”, fazendo o ar mais quente subir e se dissipar no alto do edifício. Estas medidas ajudam a reduzir a necessidade de climatização no terminal. Os pórticos em aço vencem vãos de 42 m. Eles saem da área de desembarque, no térreo do aeroporto, cobrem o terraço atirantado do terceiro pavimento e se debruçam sobre o espaço de embarque, no segundo andar. ARQUITETURA&AÇO

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Gravidade Zero País: Peru/Universidad Ricardo Palma Autores: Luis Enrique Cueva Collantes, Paolo Díaz Santisteban e Willinson Maita Mesías Profs. Orientadores: Félix Mayorca e Walter León

Imagens divulgação

Abaixo, planta do terminal peruano, desenho inspirado nas asas do condor. A torre de controle, como todo o aeroporto, é suspensa por um sistema eletromagnético

Construída sobre uma área de intensa atividade tectônica, a cidade de Arequipa foi escolhida pelos alunos peruanos para receber este ambicioso projeto. Eles se valeram de princípios de eletromagnetismo para tensionar o terminal de passageiros e fazê-lo, literalmente, flutuar. Um conjunto de anéis de aço imantados, de polaridades opostas, é o elemento central da proposta. Cabos fixados ao chão são estendidos até as vigas curvas, que formam a estrutura do terminal. Na ponta de cada um dos cabos há um anel de carga elétrica inversa à de seu respectivo anel na viga. Polaridades diferentes atraem-se continuamente e tensionam-se mutuamente: os cabos, assim, tracionam as vigas sem que haja nenhum contato entre as estruturas. O mesmo princípio físico é aplicado à sustentação das vigas. Duas âncoras cravadas ao chão são magnetizadas e, atraindo as pontas das vigas para direções opostas, mantêm a estrutura “presa” à terra. Como o terminal não toca o solo, o aeroporto seria menos impactado em caso de terremotos.

Planta geral

Elevação frontal 28 ARQUITETURA&AÇO


Imagens divulgação

Pachuca, devido aos fortes ventos que sopram na cidade, é conhecida como “Bella Airosa”. Lá, os estudantes mexicanos decidiram instalar o segundo aeroporto para atender a região da Cidade do México. Para amenizar os ventos foi pensado o desenho em elipse: o formato aerodinâmico do edifício ajuda a reduzir o impacto do vento sobre a construção. Pequenas perfurações na cobertura e nas paredes do aeroporto, auxiliado por uma película de vidro, ajudam a absorver o ruído dos aviões, diminuindo o desconforto sonoro dos usuários e a vibração no prédio. Colunas de aço sustentam a estrutura tubular da cobertura. Os tubos estão unidos de modo a permitir uma ligeira movimentação da estrutura, de acordo com os ventos e com a dilatação do aço. Dobradiças instaladas nestas junções fazem com que a cobertura e as paredes se movimentem juntas, sem comprometer a integridade da estrutura ou a dos usuários, já que o piso permanece imóvel.

Aeroporto de Pachuca País: México/Escola Superior de Engenharia e Arquitetura IPN Autores: Eduardo Benitez Chavira, Rodolfo Franco Zamudio, Xavier Ivan Garcia Allende, Luis Nemorio Gress Luna e Alfonso Edén Gutiérrez Vásquez Prof. Orientador: Mario Martinez Valadez

Acima, os módulos triangulares do projeto para o aeroporto mexicano, cuja estrutura tubular de aço, em forma de elipse, abriga seus três pavimentos

ARQUITETURA&AÇO

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Aerosombras País: Venezuela/Universidad Central de Venezuela Autores: Karla Montauti e Yamandú Meléndez Prof. Orientador: Juan Castillo y Edwing Otero Os ventos de Porto Cabello, cidade localizada à beira do mar do Caribe, também foram determinantes para o projeto dos alunos venezuelanos. O sol intenso da região foi igualmente importante para definir a disposição do aeroporto.

Imagens divulgação

Para evitar a incidência direta do sol sobre as estruturas, a cobertura do terminal tem uma superfície “dobrada”. A maleabilidade do aço permite que se crie uma estrutura que, não sendo atingida perpendicularmente pelos raios, absorve menos o calor externo, amenizando a temperatura dentro do edifício.

A localização do terminal em relação ao oceano também foi considerada para reduzir o desconforto térmico dos usuários. Os ventos do mar e do continente entram no aeroporto pelo piso térreo, onde estão as áreas de acesso e check-in, e pelo primeiro pavimento, que abriga o embarque e desembarque. O ar mais frio retira calor do ambiente e sobe, dispersando-se acima da cobertura. Segundo os alunos, a ventilação cruzada e o aproveitamento da luz natural são inspirados nos preceitos do arquiteto venezuelano Carlos Raúl Villanueva, que projetou a Universidade Central da Venezuela, frequentada por eles.

Corte transversal

Corte longitudinal 30 ARQUITETURA&AÇO


ARQUITETURA&AÇO

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Edifícios-garagem estruturados em aço Por Rosane Bevilaqua

Além das estruturas para terminais de passageiros e cargas,

pilares, facilitando o layout e diminuindo

os aeroportos demandam uma intensa rede de infraestrutura para

o número de manobras que os motoristas

seu funcionamento. Atualmente, há uma grande preocupação com

necessitam executar. Fatores como segu-

a ampliação do número de vagas para estacionamento de veículos

rança para os usuários e redução do custo

nos aeroportos, que hoje já não dispõem de grandes áreas para tal

das fundações também são vantagens

finalidade. Assim, a construção de edifícios-garagem é uma solução

deste tipo de construção.

para aumentar o número de vagas sem a necessidade do aumento da área projetada de terreno.

A escolha do tipo de rampa de acesso (retas entre dois pavimentos, retas entre

Os edifícios-garagem estruturados em aço são uma alternativa que

meio-pisos alternados ou helicoidais)

permite um menor prazo de obra, já que o processo de fabricação das

deve ser feita de acordo com as caracte-

peças metálicas ocorre paralelamente à execução das fundações da

rísticas do terreno. A declividade máxi-

obra. Além disso, uma obra em aço permite um melhor aproveitamen-

ma não deverá ultrapassar 20%. Para

to das áreas de estacionamento, já que com este tipo de construção é

uma operação mais segura, as rampas de

possível aumentar o espaçamento entre colunas e reduzir a seção dos

subida e descida devem ser separadas.

Rampa reta entre meio-pisos alternados

Rampa helicoidal 32 ARQUITETURA&AÇO

Rampa reta entre dois pavimentos


A estrutura de um edifício-garagem é bastante simples, composta de vigas, pilares, lajes e fachadas. O correto posicionamento de vigas e colunas tem influência direta no número de vagas e na quantidade de manobras para o arquitetos e projetistas devem avaliar cuidadosamente as possibilidades e optar por aquela que ofereça a melhor relação custo/benefício.

Sidnei Palatnik

estacionamento dos veículos. Assim,

Vigas secundárias Lajes

O estacionamento criado no projeto de expansão do Shopping Center Flamboyant foi concebido por Bernardo Figueiredo, em 2006, e teve a utilização do aço como principal diretriz arquitetônica

Viga principal Pilar metálico

Pilar metálico

Rampa

Fechamento lateral

Pilar metálico

As lajes, juntamente com as vigas metálicas, compõem o sistema de piso da garagem. Existem vários tipos de lajes, que se adaptam às diferentes necessidades de cada projeto, podendo configurar um sistema estrutural misto ou isolado. Qualquer tipo de laje utilizada na obra fica exposta a intempéries, já que as fachadas precisam de uma grande área aberta: • O caimento do piso evita o empoçamento da água, que deve ser encaminhada à rede pluvial por canaletas; • A impermeabilização de todos os pavimentos é essencial.

As fachadas ou fechamentos laterais deverão possuir 2/3 de sua área aberta, de forma a permitir a ventilação e dissipação de gases tóxicos em caso de incêndios. Com esta consideração, não se faz necessário o uso de proteção contra fogo na estrutura em aço. O artigo “edifícios-garagem estruturados em aço” (disponível para download no site do CBCA) fornece as principais informações sobre tipologias dos edifícios, componentes estruturais, exigências dos órgãos públicos e taxas de consumo de aço para empreendimentos destinados ao estacionamento de veículos. M Rosane Bevilaqua, engenheira civil, mestre em estruturas metálicas pela Universidade Federal de Minas Gerais, MBA em gerenciamento de projetos pela FGV, trabalha na área de estruturas metálicas desde 2003, em empresas como Medabil e Roll-on. Atua como engenheira consultora da Gerdau desde 2008. E-mail rosane.bevilaqua@gerdau.com.br

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Endereços Pengec - Engenharia e Consultoria Av. Prof. Magalhães Neto, n° 1.856 - Ed. TK Tower, sl. 1.401 - Salvador (BA) Tel.: (71) 3342-0123/3342-2900 E-mail: pengec@ pengec.com.br www.pengec.com.br

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Universidad Ricardo Palma Av. Benavides, n° 5.440 Lima (Peru) Tel.: +(51) 1708-0000 www.urp.edu.pe Universidade São Judas Tadeu Rua Taquari, n° 546 São Paulo (SP) Tel.: (11) 2799-1677 www.usjt.br


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expediente Revista Arquitetura & Aço Uma publi­ca­ção tri­mes­tral da Roma Editora para o CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) CBCA: Av. Rio Branco, 181 – 28º andar 20040-007 – Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br www.cbca-iabr.org.br

Números ante­rio­res: Os núme­ros ante­rio­res da revista Arquitetura & Aço estão dis­po­ní­veis para down­load na área de biblio­te­ca do site: www.cbca-iabr.org.br próximas edições: Copa do Mundo de 2010 – junho de 2010 Habitação de Interesse Social – setembro de 2010 Obras Metroviárias – dezembro de 2010

Material para publi­ca­ção: Contribuições para as próximas edições podem ser enviadas para o CBCA e serão avaliadas pelo Conselho Editorial de Arquitetura & Aço. Entretanto, não nos comprometemos com a sua publicação. O material enviado deverá ser acompanhado de uma autorização para a sua publicação nesta revista ou no site do CBCA, em versão eletrônica. Todo o material recebido será arquivado e não será devolvido. Caso seja possível publicá-lo, o autor será comunicado. É necessário o envio das seguintes informações em mídia digital: desenhos técnicos do projeto, fotos da obra, dados do projeto (local, cliente, data do projeto e da construção, autor do projeto, projetista estrutural e construtor) e dados do arquiteto (endereço, telefone de contato e e-mail).

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Conselho Editorial Catia Mac Cord Simões Coelho – CBCA/IABr Marcelo Micali – CSN Paulo César Arcoverde Lellis – Grupo Usiminas Roberto Inaba – Grupo Usiminas Ronaldo do Carmo Soares – Gerdau Açominas Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão Supervisão Técnica Sidnei Palatnik Publicidade Ricardo Werneck tel: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br Roma Editora Rua Lisboa, 493 – 05413-000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 2808-6000 cbca@arcdesign.com.br Direção Cristiano S. Barata Coordenação Editorial Ana Weiss Redação Ana Weiss, Deborah Peleias, Fabrício Andrade e Fernanda Lopes Revisão Deborah Peleias Editoração Cibele Cipola (edição de arte), Mariana Zanarelli e Phillipe Guedes (estagiários) Pré-impres­são e Impres­são Cantadori / Ibep Endereço para envio de material: Revista Arquitetura & Aço – CBCA Av. Rio Branco, 181 – 28º andar 20040-007 – Rio de Janeiro/RJ cbca@quadried.com.br É per­mi­ti­da a repro­du­ção total dos tex­tos, desde que men­cio­na­da a fonte. É proi­bi­da a repro­du­ção das fotos e dese­nhos, exce­to median­te auto­ri­za­ ção ex­pres­­sa do autor.


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