Revista Arquitetura e Aço - 30

Page 1

& ARQUITETURA AÇO

ARQUITETURA AÇO

9 7 7 1 6 7 8 1 1 2 0 6 7 30

Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 30 junho de 2012

Construção sustentável


conecte-se ao grupodânica

Você procura por soluções do projeto à montagem para grandes obras.

Nós mostramos. Do projeto à montagem, a máxima confiabilidade Dânica para Construção Civil de grande porte.

90% PUR até 2015.

Hyundai - Piracicaba, SP.

Telhas e fachadas térmicas Dânica. Solução Turn-Key, que otimiza tempo em construção de grandes obras. Opções de Cobertura: • ZipDânica Contínua - Lã de Rocha ou Lã de Vidro; • TermoZip - PUR ou PIR; • TermoRoof - PUR ou PIR.

Opções de Fechamento: • TermoWall - Vertical ou Horizontal PUR ou PIR; • Fechamento simples sem isolamento.

Produção com máquinas contínuas de alta qualidade, produtividade e com sustentabilidade. SUDESTE: São Paulo, SP: 11 3043-7872 Jundiaí, SP: 11 2448-3700 Rio de Janeiro, RJ: 21 2498-0498 Betim, MG: 31 3593-5003

47 3461 5300 |

NORTE: Belem, PA: 91 3255-7555

• ECONOMIA DE ENERGIA. • ECONOMIA NA ESTRUTURA.

• REDUÇÃO EM ATÉ 40% NO SEGURO.

SUL: Joinville, SC: 47 3461-5300 Porto Alegre, RS: 51 3302-7308

CENTRO-OESTE: Lucas do Rio Verde, MT: NORDESTE: vendas@danica.com.br | www.danica.com.br 65 3549-8200 Recife, PE: 81 2125-1900 Goiania, GO : 62 3582-9001

vendas@danica.com.br | www.danica.com.br


Uma edição inteiramente dedicada à construção sustentável! Para este número de Arquitetura & Aço, selecionamos, como sempre, obras nas quais o sistema construtivo em aço se mostrou a solução mais apropriada devido a características como flexibilidade, compatibilidade com outros materiais, alívio de carga nas fundações ou menor prazo de execução. Mas também, e principalmente, por incorporar diversas questões que contribuem para maior sustentabilidade na construção, tais como a redução de desperdício de material, redução de ruído e pó durante a obra, menor produção de entulho e necessidade de transporte. Sem contar que ao final do ciclo de vida destas edificações o aço será totalmente recuperado e reciclado. Um bom exemplo é a reformulação da sede do Escritório Zanettini, em São Paulo, com a desmontagem e reaproveitamento da estrutura do antigo prédio, para implantação em outro endereço. Buscamos apresentar obras de tipologias variadas, como o Centro de Distribuição da Avon, no interior de São Paulo, projeto de Roberto Loeb e Associados que, além da plasticidade e elegância, incorpora diversas soluções que lhe valeram o selo Leed Gold, do Green Building Council (GBC). Trazemos, ainda, o Edifício Nações Unidas, em São Paulo, que também recebeu certificação pelo GBC e o cuidadoso projeto da nova sede corporativa da Teckma. Outra obra significativa é a Praça Victor Civita, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. O projeto pioneiro de revitalização de uma área degradada tornou o espaço público uma referência em sustentabilidade no Brasil. Já a Casa Natura se destaca como obra certificada pelo processo Alta Qualidade Ambiental (AQUA), concedido pela Fundação Vanzolini, que propõe uma abordagem ampla e integrada da construção sustentável. Com os postos ecoeficientes da rede Ipiranga, mostramos a versatilidade e benefícios da construção com o sistema light steel framing. Apresentamos também uma entrevista com a professora Danielly Borges Garcia, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unileste (MG) e pesquisadora dos impactos ambientais gerados na construção civil.

Divulgação/Tom Fox, SWA Group

Para completar este número, a Academia de Ciências da Califórnia, totalmente reformulada pelo arquiteto Renzo Piano, mostra, na prática, uma visão integral de sustentabilidade aplicada a um museu e incorporada em seu dia a dia. Boa leitura!

ARQUITETURA&AÇO

1


Divulgação/Griffith Tim

Arquitetura & Aço nº 30 junho 2012

Foto da capa: Academia de Ciências da Califórnia – São Francisco (USA)

sumário 04.

06.

10.

14.

18.

22.

26.

28.

32.

34.


04.

Características que elevam o aço

acontece

36

ENDEREÇOS

38

à categoria de material sustentável.

06. Maior Centro de

10. Defensor incansável das construções ecoeficientes, Siegbert Zanettini fala sobre a reestruturação de sua sede. 14. Com a Praça Victor Civita, a Levisky Arquitetos recupera terreno contaminado e revitaliza espaço público. 18. Conforto ambiental e menores custos operacionais na nova sede da Teckma, na capital paulista. 22. Em Santo André (SP), Casa Natura foi construída em sintonia com os ideais da marca. 26. Em entrevista, a professora Danielly Borges Garcia, da Unileste (MG), fala sobre aço e sustentabilidade. 28. Distribuidora de combustível Ipiranga utiliza sistemas industrializados para a implantação de conceitos sustentáveis. 32. Edifício Nações Unidas integra rol de edifícios corporativos com certificação Leed Silver. 34. Reformulada por Renzo Piano, Academia Distribuição da Avon

tem certificado Leed.

de Ciências da Califórnia é o primeiro museu do mundo a receber o Leed Platinum Duplo.


O aço na construção da sustentabilidade Na

busca pela sustentabilidade na construção civil, é

essencial considerarmos todo o ciclo de vida da edificação, desde a concepção, até o final de sua vida útil. lidar com todas as etapas já na elaboração

É preciso do projeto,

trazendo soluções para responder de forma adequada aos importantes desafios ambientais, sociais e econômicos relacionados ao empreendimento.

São

questões amplas, que envolvem decisões desde a

escolha da implantação às condições e custos de operação; a seleção dos materiais utilizados, a avaliação do impacto da obra em seu entorno e definições do conforto térmico, acústico e visual proporcionado aos usuários.

Além

disso, há a atenção com os aspectos sociais relacionados aos trabalhadores envolvidos ou à comunidade.

É

neste

contexto que o aço revela todo o seu potencial para contribuir com o avanço da construção sustentável, apresentando vantagens como:

>N ão Polui o meio ambiente: o aço é obtido a partir do minério de

ferro, que é um dos elementos mais abundantes no planeta. Do processo de produção resulta um material homogêneo, que não libera substâncias que agridem o meio ambiente; >U so de coprodutos: os coprodutos resultantes da produção do

aço também podem ser utilizados na construção civil. Os agregados siderúrgicos são usados na produção de cimento e podem ser empregados na pavimentação de vias e como lastro em ferrovias; >E conomia de tempo na execução: o aço permite maior veloci-

dade da construção, visto que os componentes, na sua maioria, são produzidos fora do canteiro de obra. O tempo de construção é mais Fotos Acervo CBCA

curto, minimizando os incômodos causados à vizinhança;

4

ARQUITETURA&AÇO

>E conomiza materiais e diminui os impactos: o menor peso da

estrutura em aço reduz as fundações e escavações, gerando menor retirada de terra que, consequentemente, diminui as viagens de caminhões para sua remoção e a necessidade de áreas para descarte;


1 Usuário

Descarte

2

Consumo Sucata

Produção de bens intensivos em aço Reciclagem

>M aximiza a iluminação natural com economia de energia:

a alta resistência do aço permite estruturas com vãos mais amplos.

3

Telhados e fachadas leves e transparentes favorecem a iluminação natural e, consequentemente, a economia de energia elétrica; >D urabilidade: existem diversas maneiras de proteção efetiva

do aço contra corrosão, seja por meio de revestimento metálico ou pintura, ou ambos, que são cada vez mais aplicados diretamente às chapas ou à estrutura durante o processo de fabricação; >F lexibilidade: edificações com estrutura em aço oferecem máxi-

ma liberdade ao empreendimento, tanto na fase de operação como em futuras adaptações. As construções podem ser facilmente modificadas ou ampliadas para se adaptarem a novos usos; >O aço é infinitamente reciclável: o aço pode ser reciclado em

sua totalidade sem perder nenhuma de suas qualidades. Devido a suas propriedades magnéticas, que não são encontradas em nenhum outro material, o aço é facilmente separado de outros materiais, possibilitando elevados índices de reciclagem.

Na página anterior, separação magnética de sucata de aço, que é incorporada à fabricação de um novo aço (foto 1). Este aço é solidificado em placas (foto2), e posteriormente conformado em produtos, como perfis estruturais (foto 3) ARQUITETURA&AÇO

5


Hélvio Romero

Na entrada do Centro de Distribuição, um grande espelho d'água separa os ambientes e ajuda a melhorar o conforto térmico. A ponte em rampa e sua cobertura, projetadas em estrutura de aço, conectam a área de acesso e a de armazenamento

Leveza, flexibilidade, rapidez e precisão. Estas são as carac-

ce soluções de alto desempenho tanto

terísticas do aço apontadas pelo arquiteto Roberto Loeb para justi-

para isolamento térmico quanto para

ficar o uso do material em diversos elementos da obra do Centro de

isolamento acústico, gerando econo-

Distribuição (CD) da Avon, inaugurado em 2011 em Cabreúva, interior

mia de energia, entre outros fatores.

de São Paulo. “Em construções com grandes áreas e vãos e que usam

Como resultado, a obra recebeu o

em sua estrutura um misto de aço e concreto, o aço, especialmente

certificado Leadership in Energy and

por sua resistência, tem se mostrado muito adequado”, afirma.

Environmental Design (Leed Gold),

Outra opção pela utilização do material foi o conceito de sustentabilidade que envolve o projeto. Tudo foi pensado para garan-

Building Council (USGBC).

tir o máximo de eficiência energética, gestão e economia de água,

Considerado muito mais do que um

de resíduos, conforto termoacústico, entre outros aspectos que

galpão, o CD segue o conceito de uma

envolvem uma obra sustentável. Para Loeb, o aço entra neste

minivila. Localizado num terreno de 270 mil m2, são 94 mil m2 de área construída,

contexto porque tem longa vida útil, não produz resíduos, ofere6

concedido pelo United States Green

ARQUITETURA&AÇO


Exemplo de valor Além de atender à função operacional, maior Centro de Distribuição da A von no mundo , é o único com certificação L eed G old

sendo que só o CD, instalado num volume metálico, ocupa quase 60 mil m2.

forto térmico do ambiente. Uma rampa construída com estrutura

O restante são áreas de apoio, como

galpão. No seu interior, a passarela de 3 m de largura por 400 m de

escritórios, vestiários, refeitório, esta-

comprimento, feita com vigas metálicas e pilares e lajes de concre-

cionamento e até creche para os filhos

to, garante a interligação de todos os ambientes.

metálica, coberta por telha de aço e com forro em madeira, leva ao

dos funcionários. No total, a empre-

Atendendo a uma necessidade do cliente, uma parede corta-

sa anunciou investimentos de R$ 150

-fogo divide o espaço do galpão em dois setores: um para o estoque

milhões no projeto – o maior Centro

e outro para a expedição das encomendas. O local também conta com um mezanino metálico de aproximadamente 7 mil m2 e uma

de Distribuição da Avon no mundo e o único com certificado Leed.

área para operações de embalagem, com esteiras, de 42 mil m2.

Logo na entrada, após o estaciona-

Com área de cobertura e fechamento lateral estrutu-

mento, fica a recepção, sobre um espe-

rados em aço, o galpão principal conta com isolamento

lho d’água, que ajuda a garantir o con-

termoacústico, tanto nas laterais como na cobertura. Para um ARQUITETURA&AÇO

7


melhor condicionamento, as laterais são compostas de telhas onduladas metálicas em sanduíche, com interstício preenchido por lã de rocha. Na cobertura, também com telhas ondu-

Fotos Hélvio Romero

ladas, o isolamento é feito com lã de vidro e revestidas na face inferior com laminado plástico, que fica aparente. Aberturas zenitais e brises na parte inferior das paredes garantem iluminação e ventilação naturais. Entretanto, para que sejam obtidos os resultados positivos de um projeto sustentável, são necessárias ações de grande complexidade, tais como: elaboração de estudos sobre impactos ambientais da construção, enquadramento e cumprimento da legislação ambiental e dos requisitos da certificação, estão entre os principais itens que precisam ser levados em conta. No CD da Avon, a interação com a comunidade local resultou em mais de 3,5 mil funcionários contratados. Já a adoção de um plano de gestão de resíduos desviou dos aterros sanitários locais Localizados em blocos diferentes, restaurante e escritórios conectam-se por rampas e passarelas. No bloco administrativo, os brises inclinados de madeira são apoiados por vigas metálicas. Abaixo, destaque para a passarela metálica no galpão principal. Ao lado, parede corta-fogo se sobressai na fachada

quase 100% dos resíduos gerados pela obra. Somam-se a estas estratégias outras como o controle de erosão e estudos de desempenho energético e análise do entorno. A própria escolha da cidade de Cabreúva foi feita por proporcionar facilidade de logística – o município está localizado próximo a quatro importantes mercados para a Avon: São Paulo, Campinas, Jundiaí e Sorocaba. (C.E.) M

8

ARQUITETURA&AÇO


> Projeto

arquitetônico: Roberto Loeb e Luis Capote

> Área

do terreno: 270 mil m²

> Área

construída: 94 mil m²

>A ço

empregado: ASTM A572 GR42

> Volume >P rojeto

do aço: 2.600 t

estrutural: MHA Engenharia

>F ornecimento

da estrutura metálica: Codeme Engenharia

>E xecução

da obra: Serpal Engenharia e Construtora

> Local: > Data

Cabreúva, SP

do projeto: 2009

> Conclusão

da obra: 2011

Hélvio Romero

Corte

ARQUITETURA&AÇO

9


A boa arquitetura Incansável defensor das construções ecoeficientes, para arquiteto S iegbert Z anettini a sustentabilidade é inerente

o a

bons projetos em qualquer época

Filho de marceneiro, desde cedo

Siegbert Zanettini faz parte da primeira geração de professores

teve contato com a matéria e entendi-

doutores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

mento da necessidade do conhecimen-

São Paulo (FAU-USP) que soube, desde sua formação, no final da

to dos materiais, seja a madeira, o aço

década de 1950, aliar conhecimento teórico à prática profissional.

ou o concreto. Para ele, a arquitetura é o

Autor de projetos como a Escola Panamericana de Arte, o Hospital

equilíbrio e a harmonia entre o mundo

Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e o Fórum Verde, em Brasília,

racional e a sensibilidade. Justamente

entre muitos outros, tem no Centro de Pesquisas da Petrobras

o que ele conseguiu colocar em práti-

(Cenpes), no Rio de Janeiro, o projeto que sintetiza os conceitos

ca no Cenpes: “Não fazemos arquite-

arquitetônicos aplicados no exercício da profissão. No Cenpes, o

tura independente das demais ciên-

arquiteto novamente explorou diversas possibilidades no uso do

cias, pois, se observadas globalmente,

aço, ao mesmo tempo investindo em inovação e sustentabilidade.

conferem visão sistêmica importante, Fotos Acervo Zanettini

Um dos Pioneiros no uso do aço no Brasil, o arquiteto

No Cenpes, vista interna do piso de ligação entre os blocos de laboratórios. No projeto ecoeficiente, o arquiteto explorou todas as possibilidades do aço

10 ARQUITETURA&AÇO


Redução de tempo e custos se somam à leveza da sede do escritório Siegbert Zanettini, construída em 1987, onde a opção pelo sistema industrial em aço respondeu à necessidade de projetar um espaço mutante

afinal uma obra não se resolve no can-

Apesar de essas discussões não serem novidade entre os pro-

teiro, é pré-resolvida, planejada e proje-

fissionais ou no próprio meio acadêmico, Zanettini continua sendo

tada”. Por outro lado, entende que não é

um incansável defensor da boa arquitetura que, a seu ver, é sempre

possível pensar a arquitetura sem sen-

sustentável. A plasticidade de um projeto, a maneira como se inte-

sibilidade. “A arquitetura precisa cau-

gra à paisagem, o contexto histórico e cultural no qual se insere,

sar encantamento, sonho. É necessário

bem como as possibilidades de reciclagem estão sempre presentes

estar além do tempo para pensar em

em suas obras e são a prova de que, quando bem-aplicados, os

sustentabilidade, em ecoeficiência.”

processos industrializados podem favorecer a sustentabilidade de

Quem conhece um pouco de sua

uma construção. “Além dos dados de implantação, relevo e clima,

obra sabe que os princípios fundamen-

é fundamental pensar que edifícios são feitos para pessoas, pois

tais que, hoje, são amplamente divul-

algumas vezes esquece-se disso”, conclui.

gados para as construções ecossustentáveis sempre nortearam todas as suas

Laboratório de inovações

criações. Em primeiro lugar, o projeto

A construção da sede do escritório Zanettini em São Paulo, edifi-

arquitetônico está inserido em um con-

cação erguida em 1987, a partir de um sistema industrializado em

texto urbano, que é único e específico.

aço, rápido, econômico e vantajoso, principalmente em função

“Além disso, cada projeto requer uma

da inflação galopante daquele período, foi considerada uma das

solução própria. Edifícios construídos

obras mais inovadoras da época. Para se ter ideia, foram necessá-

com grandes panos de vidro e que rece-

rios pouco mais de 20 dias para a montagem das estruturas, que

bem sol em todas as faces não são sus-

chegaram ao canteiro de obras com pintura final de fábrica.

tentáveis e são incompatíveis com as condições climáticas brasileiras”, diz.

O edifício foi composto por duas grandes treliças laterais contraventadas na horizontal pelas lajes. Zanettini destaca que tal ARQUITETURA&AÇO

11


Fotos Acervo Zanettini

Estruturalmente, o edifício foi montado a partir de duas grandes treliças laterais, enquanto as lajes, feitas em duas etapas, ofereciam contraventamento e amarração à edificação. Abaixo, a sequência de imagens da desmontagem e, ao final, o armazenamento dos perfis para a nova obra

modulação criou a possibilidade de um espaço altamente flexível. E foi a partir desta obra, utilizada quase como um laboratório, que a avaliação do desempenho de diversos sistemas permitiu o aperfeiçoamento dos novos projetos, e também inovações, tais como o uso de elementos telescópios em esquadrias e painéis de fechamento para absorver sem patologias as dilatações e contrações da estrutura.

Montagem e desmontagem Após quase 25 anos, quando o arquiteto decidiu mudar de endereço, graças à racionalidade do projeto, 100% da estrutura metálica existente foi desmontada em apenas dez dias. Todos os componentes metálicos foram preservados para demonstrar, na prática, a sustentabilidade de toda a construção. Devido às mudanças na legislação e diversas exigências por parte da Prefeitura de São Paulo, de acordo com o arquiteto, o projeto para a reconstrução do edifício deverá ter algumas modificações. “Serão necessários recuos maiores, o que impede a montagem integral das duas grandes treliças que sustentam todo o edifício”, afirma. Em função do sistema estrutural em aço, as modificações necessárias poderão ser feitas com facilidade e a obra será concluída até 2013. (N.F.) M

12 ARQUITETURA&AÇO


Estádio Independência - MG

TUBOS ESTRUTURAIS V & M DO BRASIL. A SEGURANÇA QUE SEU PROJETO PEDE, COM A BELEZA QUE VOCÊ BUSCA. A V & M do BRASIL, empresa do grupo francês Vallourec, é líder na produção de tubos de aço sem costura no país. Seus produtos atendem aos setores de energia, indústria petrolífera, automotivo e construção civil. As estruturas tubulares proporcionam amplitude de vãos, o que reduz o número de pilares e permite um projeto mais arrojado. Fabricados com soluções customizadas, você ganha a liberdade para diversas aplicações. A V & M do BRASIL oferece assessoria técnica feita por profissionais que estudam a melhor utilização da tecnologia de estruturas de aço em cada projeto. Para a V & M do BRASIL, tão importante quanto fabricar produtos de qualidade, é fazer isso de maneira autossustentável, utilizando o carvão vegetal, fonte renovável de energia, proveniente de florestas plantadas de eucalipto da própria empresa.

Grupo Vallourec

|

www.vmtubes.com.br

estrutural@vmtubes.com.br

|

(31) 3328 2874

V & M do BRASIL. Aprimorando a qualidade e valorizando a vida. ARQUITETURA&AÇO

13


Espaço aberto

da sustentabilidade Com

a

Praça Victor Civita,

terreno contaminado

Divulgação

é recuperado e revitaliza espaço público

Um grande deque sustentado por estrutura metálica impede o contato com o solo contaminado. A Praça possui uma área verde com cerca de 80 árvores; um palco para espetáculos com arquibancada coberta para 300 pessoas; equipamentos de ginástica ao ar livre; pista de caminhada e centro de convivência para a terceira idade

14 ARQUITETURA&AÇO


> Projeto

arquitetônico: Levisky Arquitetos | Estratégia Urbana

> Área

construída: 2.650 m²

> Área

do terreno: 13.648 m²

> Aço

empregado: ASTM A572 GR50

> Volume

do aço: 135 t

> Projeto

estrutural: Heloisa Maringoni / Companhia de Projetos

> Fornecimento

da estrutura metálica: Jodi Estruturas Metálicas

> Local:

São Paulo, SP

do projeto: 2006/2007 da obra: 2008

Fotos Sidnei Palatnik

> Conclusão

Resgatar um terreno degradado pela atividade industrial no bairro paulistano de Pinheiros e devolvê-lo como área de lazer pública foi o objetivo do projeto da Praça Victor Civita, viabilizado por meio de uma parceria entre o Grupo Abril e a Prefeitura de São Paulo. Responsável pelo projeto, o Escritório Levisky Arquitetos utilizou o aço de forma intensiva para criar uma estrutura suspensa sobre o terreno contaminado pela incineração de medicamentos e pelo armazenamento de lixo. “O aço fez parte de todas as edificações, desde a fundação e estruturação do piso da Praça, passando pelas novas instalações e até as intervenções nos elementos estruturais existentes”, destaca a arquiteta Adriana Levisky. A Praça Victor Civita está instalada em uma área com mais de 13,6 mil m2, no qual um deque de 1.800 m2 dá acesso a várias edificações: uma arena coberta para eventos, ao Museu da Reabilitação, implantado no edifício do antigo incinerador, ao Centro da Terceira Idade, à Oficina de Educação Ambiental, ao Núcleo de Investigação de Águas e Solos subterrâneos e à Praça de Paralelepípedos. As atividades realizadas nestes equipamentos contribuem para a diversificação do uso público do espaço e para a disseminação de conhecimentos ligados à sustentabilidade.

Divulgação

> Data

da obra: Even Construtora

Sidnei Palatnik

> Execução

Praça-barco De acordo com a arquiteta, devido ao uso anterior do local e pelo fato de cinzas contaminadas do incinerador terem sido ali enterradas, não era possível remover os materiais e o contato com o solo deveria ser mínimo. Na verdade, foi preciso isolar o solo contaminado com uma nova camada posta sobre a anterior. A área também

ARQUITETURA&AÇO

15


Detalhe 1 - corte tipo Deck 1

contava com árvores de raízes espalhadas e um solo característico

1 Entrada principal

da várzea do Rio Pinheiros. Devido a estas circunstâncias, a Praça

2 Equipamentos para ginástica

teve uma característica única: configura uma plataforma elevada flutuando sobre o solo, sem no entanto tocá-lo. Para isso, foram

3 Deque

utilizadas estacas e vigas metálicas.

4 Arquibancada e banheiros

“Os caminhos do deque de madeira se conectam ao piso elevado

5 Arena coberta

de concreto, também sobre estrutura metálica, e no mesmo nível,

6 Centro da 3ª Idade

levando às demais edificações e complementando o programa de

7 Antigo incinerador – Museu da Reabilitação

atividades da Praça”, explica Adriana Levisky. Segundo ela, a estrutura em aço facilitou tanto a modulação do projeto, quanto o apoio do deque de madeira, material escolhido para a maior parte do piso.

8 Praça de Paralelepípedos

Para os elementos arquitetônicos sobre a Praça, a arquiteta destaca

9 Oficina das Crianças

a obtenção de grandes vãos e formas arquitetônicas diferenciadas com o uso do aço.

9

5

4

7 3 6

2

1

16 ARQUITETURA&AÇO

Divulgação

8


A cobertura do auditório tem vão livre de 10,5 m e balanço frontal de 6,3 m. Já a arquibancada tem cobertura com vão livre de 20 m e 6,5 m de balanço frontal. Em ambas foram utilizadas treliças compostas por perfis tubulares, com diâmetros de 168 mm e 88 mm, e perfis de chapa dobrada. Na estrutura do deque foram utilizados perfis laminados com alturas de 150 mm e 250 mm. Por fim, os abrigos têm balanços de 3,3 m, compostos por perfis de altura variável e perfis de chapa dobrada. Além destes, os demais edifícios receberam reforços e complementos, tais como escadas e mezaninos em aço.

Paisagismo Além de todas as interferências do ponto de vista técnico para a recuperação do terreno e instalação de um espaço público sustentável, o projeto paisagístico também foi elaborado de acordo com princípios rigorosos. Assinado pelo arquiteto paisagista Benedito Abbud, baseia-se no Termo de Referência para desenvolvido pelos órgãos ambientais da Prefeitura de São Paulo. Em toda a Praça foram plantadas diferentes espécies originais da flora paulista. O local dispõe, ainda, de espaço para compostagem e uma horta circular, atividades que integram o

O projeto foi elaborado a partir de premissas sustentáveis visando a redução de entulho, baixo consumo de energia, utilização de materiais reciclados, legalizados e certificados, reuso de água, aquecimento solar e manutenção da permeabilidade do solo. Abaixo, imagem do deque que se estende na diagonal do terreno, propondo um percurso que enfatiza a perspectiva natural do espaço e convida o usuário a percorrer os caminhos da Praça Fotos Sidnei Palatnik

a recuperação de áreas degradadas,

programa de educação ambiental realizado com crianças e exibido ao público. Também integra o programa o plantio de culturas, a exemplo do algodão e do milho, acrescido de outras questões como as relativas à eficiência energética. (E.C.) M ARQUITETURA&AÇO

17


Em benefício de todos industrializado , flexibilidade , conforto ambiental

e menores custos operacionais na nova sede da

A estrutura em aço conferiu esbeltez à fachada, que recebeu grandes panos de vidro em seu fechamento. Ao lado, o contraventamento em V e as instalações aparentes tornaram-se elementos de destaque na sala de reuniões, conferindo contemporaneidade ao espaço, bem como a todo o projeto

18 ARQUITETURA&AÇO

Teckma

Fotos Divulgação

Sistema


Depois de operar em diversas sedes

superiores. A área de atendimento a clientes e funcionários concen-

por ela reformadas, a Teckma, empresa

tra-se no térreo e no mezanino. No primeiro piso estão os departa-

de montagens eletromecânicas e ins-

mentos administrativos e no segundo, a equipe de engenharia.

talações industriais, resolveu investir em uma nova sede. A premissa era a

Instalações à mostra

de que o edifício, localizado na Mooca,

Segundo a arquiteta, o layout atendeu integralmente às necessida-

zona leste de São Paulo, deveria abri-

des da empresa, pois além de acomodar todos os departamentos

gar todas as necessidades da empre-

possibilita a realização de ampliações no número de pavimentos,

sa, ser sustentável e deixar o máximo

por exemplo, se houver aumento no número de funcionários. Esta

de instalações aparentes, reforçando

flexibilidade se deve à adoção do sistema estrutural em aço, a partir

a imagem corporativa da Teckma no

do térreo e com apenas os subsolos em concreto. Andrea afirma

mercado. O desafio foi assumido pela

que a estrutura em aço, além de mais rápida na execução, conferiu

arquiteta Andréa Gonzaga, que privi-

valor estético ao edifício e permitiu que as instalações hidráulicas,

legiou a criação de um edifício com

elétricas e de ar-condicionado ficassem aparentes. “Tivemos o cui-

um sistema estrutural em aço, além

dado para que estas instalações ficassem organizadas e estetica-

de diversos outros sistemas comple-

mente agradáveis nos ambientes”, destaca a profissional.

mentares industrializados, que garan-

Com o objetivo de tornar a estrutura ainda mais marcante,

tiram a redução do impacto ambiental

aplicou-se tinta intumescente na cor marrom, solução que conferiu

da construção.

ao aço cor e proteção ao fogo, simultaneamente. Os contraventa-

Em um terreno de 900 m2, a edifi-

mentos aparentes da estrutura, posicionados na caixa envidraçada

cação é composta por dois subsolos, tér-

dos elevadores e na sala de reuniões, também deram um aspecto

reo, mezanino e mais dois pavimentos

contemporâneo e arrojado à construção.

ARQUITETURA&AÇO

19


Estrutura ideal O aço permitiu uma estrutura mais esbelta e, consequentemente, panos de vidro maiores e generosa entrada de luz natural. Dentro do edifício, os grandes vãos facilitam a circulação do ar, contribuindo para o conforto térmico. A busca por eficiência energética e conforto ambiental foi uma meta importante em todo o projeto. “Utilizamos vidros com proteção solar que reduzem em até 40% o custo de energia com ar-condicionado e 20% com iluminação”, ressalta a arquiteta. Ao todo, a economia de energia é da ordem de 1.200 kw/h por ano. Este tipo de revestimento, que bloqueia até 65% do calor externo, sem perda de qualidade óptica, assegurou a integração visual com o entorno e acesso à vista privilegiada do Parque da Mooca, vizinho à edificação. Brises foram instalados na face norte do edifício, diminuindo a incidência direta de raios solares e contribuindo na otimização dos sistemas de iluminação artificial e de ar-condicionado. Estes sistemas são automatizados, e, por isso, mais eficientes e econômicos. As informações de consumo são registradas e monitoradas com o intuito de promover o acompanhamento e a melhoria constante dos resultados. Outra premissa é o reaproveitamento de água pluvial, por meio de

cargas dos banheiros, irrigação e serviços de limpeza e jardinagem. O posicionamento estratégico das escadas visa privilegiar este meio de circulação em relação aos elevadores, economizando, assim, energia elétrica. A face sul do edifício recebeu dois terraços,

Divulgação

um sistema de captação e filtragem que conta com um reservatório de 50 m3 instalado no subsolo. A água é reaproveitada para as des-

O térreo tem pé-direito duplo e grande integração visual com o exterior

que ampliam a área de sombreamento e trazem mais conforto aos usuários. A cobertura conta com placas de poliuretano expandido, que impedem a transmissão do calor da laje do último piso para o interior do prédio. Figuram, ainda, no projeto paisagístico do edifício espécies típicas da flora brasileira, muitas vezes raras em grandes centros como São Paulo. De modo geral, pode-se dizer que o emprego de sistemas construtivos industrializados reduziu significativamente a produção de entulho. A solução, além de trazer menor impacto à vizinhança durante a fase de execução, reduzindo ruído, poeira e a movimentação de caminhões, tornou a construção mais rápida e econômica. Mesmo sem buscar certificação pelos selos conhecidos no mercado, a nova sede da Teckma incorpora os modernos conceitos da construção sustentável, desde a seleção dos materiais e métodos construtivos, até a busca por menores custos de operação. (E.C.) M 20 ARQUITETURA&AÇO

> Projeto

arquitetônico: Andréa Gonzaga

> Área

construída: 2.322,45 m²

> Área

do terreno: 900 m²

> Aço

empregado: ASTM A572

> Volume

do aço: 200 t

> Projeto

estrutural: Kurkdjian e Fruchtengarten Eng. Associados

> Fornecimento

da estrutura metálica: Engemetal

> Execução > Local: > Data

da obra: SM3 Engenharia

São Paulo,SP

do projeto: 2007

> Conclusão

da obra: 2009



In natura A

edificação foi construída em

Santo André

sob conceitos

sustentáveis e em sintonia com os ideais da marca

Um bom exemplo de aplicação dos princípios da construção

tura e sustentabilidade, que incluiu o

sustentável é encontrado na cidade de Santo André (SP), onde, em

uso do aço. Optar por soluções deste

agosto de 2010, foi inaugurada a Casa Natura, a sexta aberta pela

tipo também significou uma redução

companhia e a primeira a receber o selo Alta Qualidade Ambiental

do desperdício de material em relação

(AQUA). As demais provêm de obras preexistentes, reformadas para

à construção tradicional.

também serem dedicadas ao treinamento de quase 1 milhão de con-

“Trata-se de um dos sistemas estru-

sultoras que têm fortalecido a imagem da marca nos últimos anos. Com 250 m2, a unidade do ABC foi projetada pelo escritório

turais de grande porte com mais carac-

Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz (FGMF Arquitetos). Os profissio-

arquitetos, pois além de 100% reciclá-

nais explicam que substituíram as reformas por construções indus-

veis, as estruturas em aço proporcio-

trializadas, concebidas de acordo com os preceitos da boa arquite-

nam significativa redução de resíduos

Além das funções estruturais, as vigas metálicas aparentes se destacam como os primeiros elementos arquitetônicos no generoso recuo que separa as áreas pública e privada

22 ARQUITETURA&AÇO

terísticas sustentáveis”, afirmam os


na obra, além de serem produzidas de

dos, que inclui: auditórios para atividades de treinamento; área de

maneira exata e controlada.

exposição e experimentação dos produtos; área de convívio e área

A intenção era reforçar, por meio da

administrativa.

construção, os conceitos de sustentabi-

De acordo com os arquitetos, o emprego do aço nesta unidade

lidade, tão defendidos pela empresa.

foi associado a outros sistemas construtivos industrializados, que,

O mesmo projeto serve de modelo a

além de tornarem a obra mais rápida, econômica e menos traumá-

outras construções, e pode ser adaptado

tica para a vizinhança, tanto em relação ao nível de ruído da obra

e reproduzido. No caso de Santo André,

quanto da geração de pó, contribuiu com a criação de um canteiro

os arquitetos informam que por ser um

de obra limpo e com quase nenhuma geração de entulho.

lote alugado, a solução adotada foi a mais

No projeto, além das funções estruturais, as vigas metálicas

apropriada, uma vez que permite que o

aparentes se destacam como os primeiros elementos arquitetôni-

imóvel seja desmontado e reciclado.

cos no generoso recuo que separa as áreas pública e privada.

Sistema único

Certificação AQUA

A Casa Natura foi construída com estru-

A Casa Natura de Santo André foi a primeira construção comer-

tura em aço, sobre a qual os arquitetos

cial a receber o certificado de Alta Qualidade Ambiental (AQUA).

aplicaram de forma livre os fechamen-

Para merecer o selo, adaptado pela Fundação Vanzolini a partir da

tos, bem como brises-soleil e pergolados,

metodologia francesa Démarche Haute Qualité Environnementale

para configurar os ambientes, segundo

(HQE), a construção precisa receber boas notas numa avaliação que

um programa e linguagem padroniza-

observa nada menos que 14 quesitos: relação com o entorno; escolha

Fotos Fran Parente

Acesso ao segundo pavimento feito por escada e demais elementos metálicos

ARQUITETURA&AÇO

23


de produtos, sistemas e processo; canteiro de obras; gestão de ener-

adicional e novas obras de infraestru-

gia; gestão da água; gestão dos resíduos; manutenção; confortos

tura. Além disso, antes de escolher o

higrotérmico, acústico e olfativo; bem como qualidade sanitária dos

local de implantação, foi realizada aná-

ambientes, ar e água.

lise da região, considerando-se também

De acordo com a equipe, trata-se de um processo inteligente

a maneira como os usuários chegariam

de avaliação, uma vez que considera uma ampla gama de fatores

ao show-room e, principalmente, a dis-

relevantes à certificação. Para isso, foram realizados processos de

ponibilidade de transporte público, fator

auditorias presenciais, realizadas em todas as fases do projeto, em

que representa economia e uma opção

que todos os itens foram avaliados, segundo os níveis bom, supe-

menos poluente de mobilidade. (F.R.) M

rior e excelente. Os arquitetos lembram que nesta avaliação nada pode estar abaixo da categoria "bom".

Respeito à natureza A construção também presta atenção especial à orientação do sol e às condições de ventilação, a fim de favorecer a entrada de luz natural nos ambientes, ao mesmo tempo em que minimiza o uso do ar-condicionado. Os jardins foram compostos com espécies locais, melhor adaptadas ao ciclo pluviométrico da região, reduzindo a necessidade de regas. Outro cuidado em relação à escolha da vegetação foi que servisse à subsistência dos pássaros originários da fauna local. Do ponto de vista da sustentabilidade, a Casa Natura atendeu, de fato, a todas as solicitações. O projeto foi erguido em um terreno bem-estruturado, com disponibilidade de energia elétrica e saneamento básico. Os arquitetos lembram que este também é um quesito fundamental, pois solicitar estes serviços demanda tempo 24 ARQUITETURA&AÇO

> Projeto

arquitetônico: FGMF Arquitetos e Epigram Group

> Área

construída: 250 m2

> Aço

empregado: aço de maior resistência à corrosão

> Volume

do aço: 14 t

> Projeto

estrutural: Oppea Engenharia

> Fornecimento

da estrutura metálica: Grupo Imesul

> Execução

da obra: BR Construções

> Local: > Data

Santo André, SP

do projeto: 2009

> Conclusão

da obra: 2010


ARQUITETURA&AÇO

25


A verdadeira sustentabilidade

a professora Danielly Borges Garcia, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unileste (MG), defendeu, em 2011, sua tese de doutorado denominada "Metodologia de Avaliação de Sistemas Construtivos a partir da Avaliação de Ciclo de Vida – aplicação de um sistema estrutural em aço". Nesta entrevista, ela fala sobre o conceito de sustentabilidade aplicado ao uso do aço enquanto sistema construtivo. “O aço é um material reciclável podendo, uma vez esgotada a vida útil da edificação, retornar sob forma de sucata ao forno das usinas.” Neste contexto, para ela, o conceito deve ser entendido no seu sentido amplo, amplo, uma vez que engloba todas as atividades do ser humano e concilia aspectos ambientais, econômicos, sociais e culturais. AA – Em sua opinião, as empresas brasileiras estão de fato preocupadas com a sustentabilidade dos empreendimentos, ou apenas embarcam na causa como mera ferramenta de marketing? DG – A banalização do conceito de sustentabilidade é evidente, bem como os interesses mercadológicos que estão por trás do uso da “quali-

edifício deve ser observado com des-

dade dos edifícios”. Em primeiro lugar, deve-se identificar a qual aspec-

confiança, pois ainda não existe uma

to da sustentabilidade está se referindo. Erroneamente, o conceito está

regra para definir o grau de sustenta-

sendo ligado apenas ao aspecto ambiental, enquanto as dimensões

bilidade dos edifícios ou de produtos. O

sociais, econômicas e culturais são igualmente importantes dentro do

que existe são edifícios e produtos com

conceito. Mesmo considerando o aspecto ambiental, exaltar apenas

menores “impactos ambientais”.

características ou sistemas isolados nos empreendimentos é incorrer em “verniz verde”, ou greenwashing. A sustentabilidade ambiental

AA – O termo edifícios sustentáveis tal

passa por aspectos mais abrangentes, tais como uma implantação

como é aplicado no Brasil correspon-

com o mínimo de impacto para o entorno, seleção de materiais de

de aos edifícios verdes ou ecológicos. O

menor impacto no meio ambiente e formas alternativas de energia,

aspecto sustentabilidade nestes locais

só para citar alguns. Indiscutivelmente, o uso de aquecedores solares

é, na maioria das vezes, tratado como

e sistemas de utilização de água de chuva são benéficos, mas não são

nos países desenvolvidos?

suficientes para caracterizar um empreendimento como sustentável,

DG – Uma das principais atribuições

como em geral o mercado costuma classificar as edificações quando

destacadas nestes edifícios são as estra-

fazem uso de algum destes sistemas.

tégias para geração de energia e diminuição do gasto energético com cale-

AA – Até que ponto pode-se afirmar que um produto ou edifício é

fação. No Brasil, as preocupações são

sustentável e quando dizer que se trata de greenwash?

outras. A nossa matriz energética é de

DG – O greenwash está relacionado ao uso indevido ou exagerado

fonte renovável. E predomina a deman-

de uma característica de menor impacto ambiental de um produ-

da para refrigeração. Além disso, o alto

to, sem esclarecimentos e com a omissão de outras características

grau de industrialização da construção

que seriam importantes para o entendimento do grau ecológico do

civil nos países desenvolvidos traz can-

empreendimento. O uso do termo “sustentável” para um produto ou

teiros de obra mais limpos e com menor

26 ARQUITETURA&AÇO


desperdício. Esta deve ser considerada

demais componentes. O desmonte das estruturas em aço também é

a questão principal da construção civil

uma grande vantagem à medida que diminuiu a geração de resíduos.

brasileira, e que gera a maior mudança de pensamento em termos de projeto e

AA – Quer dizer, desta maneira é possível reduzir até a demanda pelo

de processos construtivos.

próprio material utilizado? DG – Sim. Em um futuro não muito distante, edifícios inteiros pode-

AA – Quais critérios devem ser consi-

rão ser desmontados e darão origem a novas construções. Mesmo ao

derados na especificação de materiais?

fim da vida útil do edifício, o aço é um dos materiais de mais fácil

DG – A especificação de materiais geral-

separação no montante de uma demolição. A utilização de sucata

mente tem sido baseada em algumas

na fabricação do material reduz significativamente a quantidade de

características ecológicas, definindo-se

minério de ferro extraído da natureza, por exemplo, e isso sem dúvida

materiais preferenciais, que produzam

traz vantagens ao meio ambiente.

menor impacto no meio ambiente. Os quesitos abordados pelos fabricantes

AA – É correto dizer que materiais com melhor desempenho são

estão relacionados à proximidade entre

mais caros? Como garantir o desempenho, por exemplo, em habita-

a fabricação dos materiais e a obra. Estes

ção de interesse social?

critérios podem ser úteis na ausência

DG – Os materiais por si só não garantem uma obra sustentável,

de informações mais precisas acerca do

mas sua utilização bem-concebida em um projeto pode assegurar

desempenho dos materiais, mas podem

desempenhos de segurança, habitabilidade e adequação ambiental.

gerar erros, ou descartar materiais que

Neste caso, é muito importante a compatibilização entre os materiais

sejam mais vantajosos, como no caso

e processos construtivos. Os materiais, por sua vez, devem passar pela

dos industrializados. O correto é avaliar

conformidade, mas atender ao desempenho estabelecido só quan-

ou obter informações sobre o impacto

do fazem parte de um sistema construtivo. O que é inaceitável é a

ambiental dos materiais ao longo do seu

economia feita com a falta de qualidade dos produtos. A garantia da

ciclo de vida, por meio da metodologia

qualidade deve vir antes mesmo da discussão sobre sustentabilidade

de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV).

e o simples atendimento às normalizações já representa um grande passo em direção à sustentabilidade na construção.

AA – Como o aço pode contribuir na construção sustentável?

AA – Como a Sra. avalia os sistemas de certificação da construção

DG – O detalhamento da estrutura valo-

sustentável no país?

riza a etapa de projeto e favorece a coor-

DG – Os sistemas de certificação, ou indicadores de sustentabilida-

denação modular, reduzindo desperdí-

de, são importantes para a difusão de parâmetros ecoeficientes nos

cios na obra. Mesmo quando há perda

empreendimentos. Entretanto, seu uso abarca uma parcela mínima

de material, este volta para o início do

da construção civil brasileira. O foco dos indicadores de sustentabili-

ciclo por meio de sucata, que abastece

dade são edifícios de alto padrão, a maioria comercial, cuja certifica-

os fornos elétricos. Além disso, o uso das

ção alia uma imagem ecoeficiente à empresa. Além disso, muito deve

estruturas metálicas cria demanda por

ser feito para adequar ou criar critérios que correspondam à realidade

sistemas construtivos compatíveis. Desta

brasileira. Uma iniciativa recente e importante é o selo Casa Azul

forma, são desenvolvidos e compatibi-

elaborado pela Caixa Econômica Federal para habitação popular. A

lizados novos sistemas pré-fabricados,

adesão ao selo é voluntária, e não está vinculada aos financiamentos

que acarretam na industrialização dos

dos empreendimentos. (N.F.) M ARQUITETURA&AÇO

27


Acervo Ipiranga

Ecoeficiência nos postos A

fim de reduzir os impactos ambientais , I piranga utiliza

sistemas industrializados na construção de novas unidades

O primeiro posto 100% ecoeficiente no Brasil foi construído em

da Flasan, empresa responsável pelo

Porto Alegre (RS) pela Ipiranga, uma das maiores distribuidoras de

fornecimento do steel framing, todos

combustível do país. De acordo com a companhia, mudanças nos

os perfis empregados são do tipo U

conceitos operacionais visaram aspectos ambientais e econômicos,

nas dimensões 90 x 40 x 12,5 mm, com

uma vez que é parte da estratégia da empresa buscar soluções para

espessuras de 0,80 mm e 0,95 mm e

melhorar o desenvolvimento sustentável da marca. A eficiência na

conformados a frio. Estes perfis, por

utilização de recursos naturais e o reaproveitamento de resíduos, por

sua vez, formam quadros estruturais

exemplo, são ações cada vez mais colocadas em prática pela Ipiranga.

contraventados, utilizados como pare-

As soluções para as obras civis que, a partir de então, formaram

des autoportantes, que sustentam

um novo conceito para este tipo de instalação, privilegiou o uso de

toda a construção.

sistemas pré-fabricados, como estruturas steel framing nas lojas e

Segundo a Ipiranga, além do ganho

instalações de apoio e coberturas single deck para a área de abas-

de tempo, visto que para a constru-

tecimento. Na unidade de Dourados (MS), entregue em 2010, e com 2 mil m2 de área, sendo 280 m2 destinados à loja, a pré-montagem

ção dos postos o sistema está sendo

das estruturas na fábrica levou cerca de dez dias e a montagem em

cional em alvenaria, um dos objetivos

canteiro foi feita em 12 dias, com equipe de apenas cinco homens.

no uso do steel framing foi minimizar

três vezes mais rápido que o conven-

Em todas as obras são utilizadas treliças, tesouras e lajes

os impactos da construção ao gerar

estruturais, montadas com os mesmos perfis leves. Segundo o

menos resíduos, aproveitando-se as

arquiteto Alexandre Santiago, gestor do departamento técnico

vantagens de uma obra a seco.

28 ARQUITETURA&AÇO


As unidades da Ipiranga ainda contam com sistemas de controle inteligente de iluminação, dispositivos de sombreamento de vitrines, ar-condicionado ecológico, domus de iluminação natural e aproveitamento de água da chuva, aquecimento solar de águas, venezianas de ventilação natural e exaustão no entreforro, coleta seletiva de resíduos,

Fotos Divulgação

no interior da loja, sistema de captação

coleta e destinação correta de resíduos de lubrificação, entre outros sistemas. A empresa está adaptando todos os seus postos de serviço aos conceitos de sustentabilidade. Para os 150 postos construídos recentemente, já foram adotados os novos padrões, e a expectativa é chegar, ainda em 2012, a 300 novos postos em todo o Brasil. (N.F.) M

Na página ao lado, loja em funcionamento em Maringá (PR), com recursos como controle de iluminação, ar-condicionado ecológico, sistema de captação de água da chuva, entre outros. Ao lado, etapa de montagem das estruturas da loja de Dourados (MS), em steel framing

> Projeto

arquitetônico: Ipiranga Petróleo

> Área

construída: 280 m² (loja)

>A ço

empregado: ZAR350 Z275 (aço galvanizado de alta resistência)

> Volume

do aço: 8,5 t

>P rojeto

estrutural: Francisco Carlos Rodrigues

>F ornecimento

da estrutura metálica: Flasan

> Execução > Local: >

da obra: 3R Engenharia

Dourados, MS

Data do projeto: abril de 2010

> Conclusão

da obra: julho de 2010

ARQUITETURA&AÇO

29


Carlos Guiller

Edifício

Nações Unidas Alto

desempenho do empreendimento garantiu certificação

Leed

na categoria

Silver

Localizado na Marginal Pinheiros, em São Paulo, o Edifício

conforto para os usuários e preocupa-

Nações Unidas é formado por duas torres (a Torre 1 com 16 pavimen-

ção com o meio ambiente. De acordo com o arquiteto respon-

tos e a Torre 2 com 14 pavimentos), além de quatro subsolos destinados a vagas de garagem, totalizando 64 mil m2 de área construída.

sável pela obra, Mauro Halluli, geren-

Em 2010, o empreendimento obteve a certificação Leadership In

te de projetos da Edo Rocha Espaços

Energy and Environonmental Design (Leed) na categoria Silver, con-

Corporativos, devido à localização do

cedido pelo United States Green Building Council (USGBC).

terreno – em via de tráfego intenso,

O selo foi concedido com base no desempenho obtido nas fases

com restrições físicas para a entrega de

de projeto e obra, cuja avaliação reconheceu soluções e tecnolo-

suprimentos devido à falta de espaço no

gias sustentáveis capazes de reduzir o impacto ambiental, con-

canteiro – e levando-se em considera-

siderando-se as áreas internas, comuns e fachadas de ambos os

ção os aspectos sustentáveis, a solução

edifícios. Projetado para ser um moderno conjunto comercial, o

estrutural mais apropriada foi a adoção

empreendimento cumpre os critérios que definem edifícios cor-

de estrutura mista em aço e concreto. “A

porativos com padrão internacional: materiais de alta qualidade,

velocidade de execução foi excepcional,

30 ARQUITETURA&AÇO


> Projeto

arquitetônico: Edo Rocha Espaços Corporativos

> Área

construída: 64 mil m²

> Aço

empregado: aço de maior resistência à corrosão; ASTM A572 G50

> Volume

>

formas utilizadas para os pilares eram de aço e não de madeira. “Basicamente, tentamos utilizar ao máximo o conceito de uma obra seca: divisórias em dry wall ou painéis de concreto celular, lajes tipo steel deck, fachada industrializada, com elementos prontos para montagem e caixilharia unitizada”, destaca.

do aço: 2.200 t (estrutura metálica) e 1.000 t (armaduras)

Outros aspectos sustentáveis

rojeto estrutural: Codeme P (estrutura metálica) e Engeserj (estrutura de concreto)

sos para economia energética e também hídrica. A cobertura vegetal

> Fornencimento

da estrutura metálica: Codeme

> Execução > Local: > Data

da obra: WTorre

São Paulo, SP

do projeto: 2007

> Conclusão

da obra: 2009

Para obter a certificação, a obra teve de dispor ainda de alguns recurexecutada sobre o telhado foi mais uma das soluções. Denominada green roof, ou telhado verde, auxilia na diminuição do calor e também tem a função de absorver o escoamento das águas pluviais. A vantagem é que, depois de armazenada, a água é tratada e utilizada para outras funções, como irrigação do jardim e lavagem de áreas comuns. Outro cuidado foi com o ar-condicionado, insuflado pelos pisos elevados dos andares. O arquiteto explica que na sequência o ar é

pois em cada andar as estruturas foram

retirado pelas luminárias e encaminhado aos fan coils, de onde é

montadas em quatro dias, sendo auto-

reciclado e reutilizado. Quanto aos fechamentos, nas fachadas, os

portantes até três pavimentos”, diz.

vidros adotados são reflexivos e não absorvem calor excessivo, pois,

Além disso, o sistema construtivo misto foi muito positivo em relação

apesar de permitirem a passagem da luz, bloqueiam a entrada do sol, que é responsável pelo aquecimento do ambiente.

à redução significativa de materiais

Para obter a certificação, o empreendimento teve de atender a

como madeira e concreto, quesito fun-

diversos requisitos de desempenho ambiental, tanto na fase de pro-

damental e indispensável aos precei-

jeto quanto na construção. Os mesmos devem ser mantidos durante

tos sustentáveis. Halluli explica, ainda,

toda a operação.

que, em função disso, a quantidade de

De um modo geral, pode-se dizer que a localização privilegiada do

resíduos gerados foi baixa. O uso de for-

empreendimento, somada à qualidade da concepção arquitetônica e

mas e cimbramentos também foram

dos materiais empregados conferiu ao conjunto posição de destaque

menores, sem contar que a maioria das

no cenário paulistano. (N.F.) M

Fotos Mauro Halluli

Abaixo, da esquerda para direita, estrutura mista em aço e concreto garantiu rapidez de execução, economia e proteção ao fogo nos pilares; detalhe da ponte de ligação entre os blocos em treliça de aço e laje steel deck; a estrutura de aço suporta a carga de montagem e depois, associada ao concreto, a carga de trabalho

ARQUITETURA&AÇO

31


Divulgação

Natureza protegida Reforma assinada por Renzo Piano transforma Academia de Ciências da Califórnia

Fotos Divulgação

em uma das obras mais sustentáveis do mundo

32 ARQUITETURA&AÇO


“Explorar, explicar e proteger o mundo natural.” O lema

Planetário Morrison, a Biosfera da

da Academia de Ciências da Califórnia, fundada em 1853, em São

Floresta Tropical do Museu de História

Francisco, e a primeira instituição científica no oeste dos Estados

Natural Kimball e o acesso ao Aquário

Unidos, nunca foi tão atual. Após a reformulação de suas insta-

Steinhart, que fica no subsolo. Juntos,

lações, comandada pelo arquiteto genovês Renzo Piano, o local é,

representam o espaço, a terra e o oceano.

hoje, símbolo máximo de construção sustentável e ostenta o título

O conjunto é unificado pela cobertura,

de primeiro museu do mundo que, em 2008, recebeu o certificado

onde estes espaços circulares produ-

Leadership In Energy and Environonmental Design (Leed) na cate-

zem como correspondência ondulações

goria Platinum, do United States Green Building Council (USGBC).

semiesféricas em sua superfície. Uma

Em 2011, após receber mais de 5 milhões de visitantes, tornou-se a

série de claraboias nas ondulações per-

primeira com um duplo certificado Leed Platinum. Localizada em uma área de 4 km2, no Parque Golden Gate, a obra tem 38 mil m2 de área construída e significou a demolição da

mite tanto a entrada de luz quanto a

maioria dos 11 prédios originais da Academia, erguidos entre 1916 e

telhado “verde”, composto de espécies

1976, que abrigavam aquário, planetário, museu de história natural,

resistentes à seca, que reduzem a rega, e

um habitat de florestas tropicais, além de ambientes administrati-

que utiliza como substrato bandejas de

vos, de serviços, áreas de exposição, entre outros – e sua aglutina-

fibra de coco, preenchidas com solo fértil.

ção em um único bloco, cujas funções são organizadas em volta de

Estruturado principalmente com

uma praça central, com a mesma orientação do conjunto original.

natural. A cobertura conta com um

pilares de aço de seção circular, elementos esbeltos que pouco interferem

Divulgação

Próximos a esta praça, em espaços circulares, ficam o Domo do

criação de um sistema de ventilação

Divulgação/ Mc Neal Jon

A cobertura viva ondulada serve de isolamento térmico, além de absorver 98% da chuva que cai sobre ela. Em todo o perímetro da cobertura, foram incorporadas 60 mil células fotovoltaicas que produzem 10% da energia consumida pela edificação

ARQUITETURA&AÇO

33


Divulgação/Ishida Shunji

Vista da fachada principal da edificação

no espaço interno, o museu tem uma forte integração com o exte-

tentável e do design inovador, estamos

rior por meio de grandes painéis de vidro transparente. A estrutura

adicionando um novo e vital elemento

em aço da cobertura acompanha a ondulação do teto.

ao Golden Gate Park e expressando

De acordo com a equipe de desenvolvimento do projeto, esta

a dedicação da Academia para com a

cobertura proporciona excelente isolamento ao manter a tempera-

responsabilidade ambiental”, comple-

tura interior cerca de 10 graus mais frio do que um telhado-padrão.

ta o arquiteto.

Além disso, outra função é a redução do efeito urbano de ilha de calor, permanecendo cerca de 40 graus mais frio do que um telhado normal.

Reaproveitamento do aço

Com esta abordagem, o edifício deverá consumir de 30% a 35%

Com base na premissa de reaproveita-

menos energia que o exigido pelo órgão certificador. Soma-se aos

mento, do total de aço utilizado, 12 mil

benefícios citados a absorção de 98% de todas as águas pluviais,

toneladas vieram da reciclagem da anti-

fato que impede o escoamento de poluentes no ecossistema. Outro

ga estrutura da Academia. Já o concreto

recurso interessante foi o uso de produtos à base de tecido tipo

– tanto o utilizado na obra quanto nas

"jeans" como isolamento de todas as paredes do edifício. O produto é

9 mil toneladas retiradas dos prédios

composto de 85% de conteúdo reciclado pós-industrial e usa algodão,

demolidos e destinadas à construção de

um recurso renovável, como um dos seus principais ingredientes.

uma estrada na cidade Richmond (oeste

“Com a nova Academia, estamos criando um museu que é

da Califórnia) – foi incrementado com

visualmente e funcionalmente conectado ao seu entorno, meta-

20% de agregado siderúrgico (coproduto

foricamente levantando um pedaço do parque e inserindo um

obtido do processo de produção do aço).

prédio por baixo”, diz Renzo Piano. “Por meio da arquitetura sus-

No total, mais de 90% dos resíduos de

34 ARQUITETURA&AÇO


Divulgação/Justin Lee

A fim de incentivar a criação de uma cultura sustentável, a Academia dispõe de outros recursos que vão além dos referentes à construção, arquitetura e design local. Ao chegar ao museu, por exemplo, o visitante encontra bicicletários e postos de abastecimento para veículos elétricos. Além disso, uma série de posturas, tais como reciclagem de materiais, reuso de água, sistemas de controle de energia e água, e mesmo o uso de transporte público ou bicicletas por parte de 70% dos funcionários, bem como um plano contínuo de ações sustentáveis asseguram que esta cultura veio para ficar.

Acima, a praça onde foram instalados dois domos. Um abriga o planetário em que são projetadas imagens fornecidas pela NASA; o outro é transparente e expõe ecossistemas de quatro diferentes florestas equatoriais e tropicais. A sustentabilidade foi uma das preocupações do arquiteto ao promover a reforma dos espaços

Divulgação/Rpbw

Para a geração de energia elétrica, em volta de toda a cobertura foi instalada uma faixa com 60.000 células fotovoltaicas. Estes painéis solares vão gerar cerca de 213.000 kw/h de energia por ano, o que significa o fornecimento de até 10% da eletricidade necessária. A utilização da energia solar evita também a emissão de gases geradores do efeito estufa para a atmosfera.

Divulgação/Griffith Tim

Divulgação/Mc Neal Jon

Cultura sustentável

demolição da antiga Academia foram reaproveitados. Sobre o espaço, o uso do aço se destaca por permitir sua produção fora do local da obra, o que ajudou a garantir velocidade, limpeza no canteiro de obra e redução da capacidade de armazenamento de materiais. A Academia de Ciências da Califórnia é um dos dez projetos-piloto do tipo "green building" desenvolvidos pela Secretaria do Meio Ambiente de São Francisco como modelos funcionais de arquitetura pública sustentável. “Ao aproveitarmos o uso dos recursos, reduzindo o impacto ambiental, nosso espaço serve como um modelo educacional e demonstra como os seres humanos podem viver e trabalhar em formas ambientalmente responsáveis”, afirma o diretor executivo da Academia, Gregory Farrington. Segundo ele, a nova unidade integra arquitetura e paisagem e ajuda a definir novos padrões de eficiência energética e de sistemas de engenharia ambientalmente responsáveis, em um prédio público. (C.E. e S.P.) M ARQUITETURA&AÇO

35


Divulgação

ACONTECE

Escola Superior de Conservação e Sustentabilidade (ESCAS) A primeira no Brasil a obter a certificação Alta Qualidade Ambiental (AQUA) na etapa de concepção, a futura Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (Escas), projeto dos arquitetos Newton Massafumi e Tânia Regina Parma, é uma iniciativa de uma indústria fabricante de

cosméticos em parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE). Inserida dentro de uma área de preservação ambiental, em Nazaré Paulista (SP), a edificação prioriza estratégias de arquitetura bioclimática e relacionamento com o seu entorno. Contudo, o desnível acentuado do lote se apresentou como

um desafio na implantação do programa. Para tanto, a partir do prolongamento dos terraços existentes e de um eixo estruturador no sentido transversal ao declive, foram dispostos os blocos edificados que se interligam por meio de duas transposições verticais, que dão acesso a todos os pavimentos.

captação da energia solar. Trata-se de um espaço dedicado às ciências, porém com formato diferenciado dos museus de história natural ou de ciência e tecnologia já conhecidos, que lidam com os vestígios do passado ou com as evidências do presente. Ao contrário, será um ambiente de experiências, com um percurso de visitação que permite vislumbrar possibilidades do futuro, perceber como será a vida dos seres humanos e a do planeta nos próximos 50 anos. O objetivo é a criação de um museu para que o homem possa trilhar o caminho do imaginário e realizar, de forma mais consciente e ética, suas escolhas para o amanhã.

Em seu entorno também será implantada uma grande área verde, com paisagismo desenvolvido pelo escritório carioca Burle Marx e Cia. Com cerca de 30 mil m2, o espaço terá, ainda, área de lazer, ciclovia e um espelho d’água, que envolverá todo o prédio. O Museu do Amanhã é uma iniciativa do Projeto Porto Maravilha da Prefeitura do Rio de Janeiro, com realização da Fundação Roberto Marinho, por meio de uma parceria do Governo do Estado e da Finep, apoio da Rede Globo e da Secretaria Especial de Portos. As obras foram iniciadas no final de 2011 e a inauguração está prevista para 1º semestre de 2014.

museu do amanhã Uma das âncoras do plano de revitalização da região portuária do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã está sendo construído no Píer Mauá, ocupando uma área de 12,5 mil m2. O projeto concebido pelo renomado arquiteto espanhol Santiago Calatrava será uma construção sustentável, por isso a utilização de recursos naturais do local – a água da Baía de Guanabara, que será utilizada na climatização do interior do museu – e a captação de energia solar. O prédio terá, em sua parte superior externa, grandes estruturas em aço que se movimentam como asas contínuas e sequenciais, servindo ainda como base para placas fotovoltaicas, que farão a 36


Segundo os arquitetos, o efeito sinergético alcançado pela composição adequada de materiais resulta em ganhos, onde surgem soluções estruturais mais leves e econômicas, entre as quais o aço e a madeira. O sistema estrutural parte de poucos pontos de apoio no solo que se decompõem em ramos, que se abrem em direção às coberturas, formando unidades estruturais, semelhantemente à estrutura das árvores. “Toda a parte estrutural é composta por peças pré-fabricadas e montadas no local, gerando menor desperdício e maior controle técnico”, explicam

os profissionais. O emprego de uma única solução de estrutura, fechamento e cobertura, e que se repete em todas as edificações, representa maior economia no processo. Outros aspectos Ao longo das curvas de nível serão instalados reservatórios horizontais para captação e armazenamento da água da chuva, a fim de prover o solo da umidade necessária. O programa arquitetônico está distribuído em quatro blocos: administrativo, pedagógico, habitacional, lazer e serviços, além

das torres de transposição vertical. O conjunto das edificações está disposto no terreno de forma a tocar minimamente o solo. A orientação das edificações, sobretudo para as áreas de permanência prolongada, permite o aproveitamento da iluminação natural no interior dos ambientes, que também contarão com sistemas de ventilação permanente e controlada. Os vedos externos, a maioria com venezianas, deverão proporcionar a filtragem da incidência direta da luz, favorecendo, ao mesmo tempo, a circulação do ar nos ambientes internos.

Divulgação

Elevação longitudinal

37


Endereços > Escritórios de Arquitetura Andréa Gonzaga End.: Alameda dos Jurupis, nº 1.005, cj 32, São Paulo (SP) Tel.: (11) 5533-5171 www.andreagonzaga.com.br

> SISTEMAS DE FECHAMENTO LATERAL, COBERTURAS E STEEL DECK Flasan End.: Av. Barão Homem de Melo, nº 2.400, Belo Horizonte (MG) Tel.: (31) 3078-2400 www.flasan.com.br

Edo Rocha Espaços Corporativos End.: Avenida das Nações Unidas, nº 11.857, 8º andar, São Paulo (SP) Tel.: (11) 5505-1255 www.edorocha.com.br

> PROJETO ESTRUTURAL Companhia de Projetos Ltda. End.: Rua Mourato Coelho, nº 69, 06, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3061-2603

FGMF Arquitetos End.: Rua Mourato Coelho, nº 923, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3032-2826 Ipiranga Petróleo www.ipiranga.com.br Levisky Arquitetos | Estratégia Urbana End.: Rua Luís Alberto Martins, nº 90, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3721-3296 www.leviskyarquitetos.com.br Renzo Piano End.: Via Rubens 29, 16158, Genova Italy Tel.: +39 010 61 711 E-mail: italy@rpbw.com www.rpbw.com Roberto Loeb e Associados End.: Rua José Maria Lisboa, nº 1.077, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3081-6344 E-mail: loeb@loebarquitetura. com.br www.loebarquitetura.com.br Zanettini Arquitetura Planejamento e Consultoria Ltda. End.: Rua Chilon, nº 310, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3849-0394 E-mail: zanettini@zanettini.com.br www.zanettini.com.br

38 ARQUITETURA&AÇO

Francisco Carlos Rodrigues Tel.: (31) 3409-1044 Kurkdjian e Fruchtengarten Eng. Associados End.: Rua George Eastman, nº 160, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3758-8416 Oppea Engenharia End.: Av. Santo Amaro, nº 1.932, São Paulo (SP) Tel.: (11) 2589-1990 > ESTRUTURA METÁLICA Codeme Engenharia End.: BR 381, Km 421, Distrito Industrial Paulo Camilo, Betim (MG) Tel.: (31) 3303-9000 E-mail: codeme@codeme.com.br www.codeme.com.br Engemetal End.: Rua Pedro Paulo Celestino, nº 150, Diadema (SP) Tel.: (11) 4070-7070 www.engemetal.com.br Grupo Imesul Tel.: (67) 3411-5700 www.grupoimesul.com.br

Jodi Estruturas Metálicas End.: Rua Pedro Cubas, nº 86, Piqueri, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3991-0110 E-mail: jodi@jodi.com.br www.jodi.com.br > CONSTRUTORAS 3R Engenharia End.: Rua Lucídio Lago, nº 96, Rio de Janeiro (RJ) Tel.: (21) 2218-6090 BR Construções End.: Rua Dr. Eduardo Amaro, nº 239, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3254-8439 www.br-construcoes.com.br Even Construtora End.: Rua Hungria, nº 1.400, 3º andar, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3466-3836 www.even.com.br MHA Engenharia End.: Av. Maria Coelho Aguiar, nº 215, Bloco F, 8º andar, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3747-7711 E-mail: mha@mha.com.br www.mha.com.br Serpal Engenharia e Construtora End.: Av. Ibirapuera, nº 2.332, Torre 1, 9º andar, São Paulo (SP) Tel.: (11) 5087-6550 www.grupoadvento.com/serpal SM3 Engenharia End.: Rua Bernardino de Campos, nº 318, cj. 23/24, São Paulo (SP) Tel.: (11) 5533-3920 www.sm3engenharia.com.br WTorre S.A. End.: Rua George Eastman, nº 280, São Paulo (SP) Tel.: (11) 3759-3300 www.wtorre.com.br


CATEGORIAS: - Engradamento metálico - Painéis - Materiais de proteção térmica - Tintas - Distribuição e Centros de Serviço - Parafusos e elementos de fixação - Fabricantes de estruturas em aço

- Projetos e detalhamentos (engenharia/arquitetura) - Galvanização - Software - Telhas (coberturas/fechamentos) - Montagem

Se sua empresa atua na cadeia produtiva da construção em aço e ainda não faz parte do Guia, participe e divulgue sua marca, produtos e serviços.

www.cbca-acobrasil.org.br


expediente

Material para publi­ca­ção: Contribuições para as próximas edições podem ser enviadas para o CBCA e serão avaliadas pelo Conselho Editorial de Arquitetura & Aço. É desejável o envio das seguintes informações, em mídia digital: desenhos técnicos do projeto, fotos da obra, dados do projeto (local, cliente, data do projeto e da construção, autor do projeto, projetista estrutural e construtor) e referências do arquiteto (telefone, endereço e e-mail).

Números ante­rio­res: Os números anteriores da revista Arquitetura & Aço estão disponíveis para download na área de biblioteca do site: www.cbca-acobrasil.org.br A&A nº 01 - Edifícios Educacionais A&A nº 02 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 03 - Terminais de Passageiros A&A nº 04 - Shopping Centers e Centros Comerciais A&A nº 05 - Pontes e Passarelas A&A nº 06 - Residências A&A nº 07 - Hospitais e Clínicas A&A nº 08 - Indústrias A&A nº 09 - Edificações para o Esporte A&A nº 10 - Instalações Comerciais A&A nº 11 - Retrofit e Outras Intervenções A&A nº 12 - Lazer e Cultura A&A nº 13 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 14 - Equipamentos Urbanos A&A nº 15 - Marquises e Escadas A&A nº 16 - Coberturas A&A nº 17 - Instituições de Ensino II A&A nº 18 - Envelope A&A nº 19 - Residências II A&A nº 20 - Indústrias II A&A Especial – Copa do Mundo 2014 A&A nº 21 - Aeroportos A&A nº 22 - Copa 2010 A&A nº 23 - Habitações de Interesse Social A&A nº 24 - Metrô A&A nº 25 - Instituições de Ensino III A&A nº 26 - Mobilidade Urbana A&A nº 27 - Soluções Rápidas A&A nº 28 - Edifícios Corporativos A&A Especial – Estação Intermodal de Transporte Terrestre de Passageiros A&A nº 29 - Lazer e Cultura

PróximaS EdiçÕES: - Construções para Olimpíadas - Instalações Comerciais 40 ARQUITETURA&AÇO

Revista Arquitetura & Aço é uma publicação trimestral do CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) produzida pela Roma Editora. CBCA: Av. Rio Branco, 181 – 28º andar 20040-007 – Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br www.cbca-acobrasil.org.br Conselho Editorial Catia Mac Cord Simões Coelho – Aço Brasil Roberto Inaba – Usiminas Ronaldo do Carmo Soares – Gerdau Açominas Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão Supervisão Técnica Sidnei Palatnik Publicidade Ricardo Werneck tel: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br Roma Editora Rua Lisboa, 493 – 05413-000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 2808-6000 cbca@arcdesign.com.br Direção Cristiano S. Barata Coordenação Editorial Nádia Fischer Redação Camila Escudero, Evelyn Carvalho, Fábio Rodrigues, Nádia Fischer e Sidnei Palatnik Revisão Deborah Peleias Editoração Cibele Cipola (edição de arte), Luiz Marques e Emílio Fim Neto (estagiários) Pré-impres­são e Impres­são www.graficamundo.com.br Endereço para envio de material: Revista Arquitetura & Aço – CBCA Av. Rio Branco, 181 – 28º andar 20040-007 – Rio de Janeiro/RJ cbca@quadried.com.br

É per­mi­ti­da a repro­du­ção total dos tex­tos, desde que men­cio­na­da a fonte. É proi­bi­da a repro­du­ção das fotos e dese­nhos, exce­to median­te auto­ri­za­ ção ex­pres­­sa do autor.


Tecnologia do Nióbio: Reduzindo emissão de CO 2 O uso do nióbio como microligante aumenta a resistência e a tenacidade dos aços simultaneamente, permitindo o uso de estruturas com menores espessuras. Estruturas mais leves resultam no uso mais eficiente e racional de recursos; menor custo final e menor emissão de CO 2.

www.cbmm.com.br


Perfis Estruturais Gerdau. Fundamentais para as melhores obras. Da fundação à estrutura, os perfis estruturais Gerdau proporcionam racionalidade, eficiência e rapidez ao processo construtivo. Produzidos em aço de alta resistência, em ampla variedade de bitolas, oferecem flexibilidade aos projetos e permitem ganhos no custo geral da obra. Um compromisso da Gerdau com a qualidade e a rentabilidade na hora de construir.

Para informações: 11 3094 6550 ou perfis@gerdau.com


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.