Ir e Vir, movidos pela inquietude

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vir movidos pela inquietude

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viajar e explorar viajar e explorar

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ir e vir movidos pela inquietude

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viajar e explorar viajar e explorar viajar e descobrir sair e chegar sair e cheg

sair e chegar sair e chegar sair mo ec sair e chegar voltar ir e vir

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Viagens

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bem-vindo a bordo

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ir

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VIR

O mundo é um livro, e quem não viaja lê só a primeira página. Santo Agostinho

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Para viajar basta existir

sair e chegar sair e chegar

Vou de dia para dia,

sairsair e chegar sair e chegar e chegar

Como de estação para estação,

sair e chegar sair e c

No comboio do meu corpo, ou do meu destino, Debruçado sobre as ruas e as praças, Sobre os gestos e os rostos, Sempre iguais e sempre diferentes, Como afinal, as paisagens são. A vida é o que fazemos dela As viagens são os viajantes O que vemos não é o que vemos Será o que somos.

viage planejar

sair e chegar sair e chegar

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sair e chegar sair e cheg sair e chegar sair e chegar sair e chegar sair e chegar

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Fernando Pessoa

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Vanessa Vitral

Valéria Brito

Simone Cavadas

Renata Costa

Renata Araújo

Nadir Bastos

Nadia joão

Mariana Abreu

Maria Paula Gomes

Marcelo Terraza

Lúcia Borba

Kátia Rocha

João Rabelo

Gláucia Veloso

Flavio Macedo

Elizabeth Carneiro

Cristiano Bernardes

Claudia Silva

Cesar Baiocchi

Carlos Heitor Chaves

Bete Bhering

Aparecida Vieira

Ana Cristina Campos

Alice Watson

Alexandre Frensch

Adriano Machado

thank you

Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso lhe abrir

outro mundo de imagens além daquele que há em sua própria alma.

Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o

ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo. Hermann Hesse Hermann Hesse

Hermann Hesse


agradecimentos

m e g a s s pa na

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p m a C Alice a n i t s i r C a ra i n e A i V rooming list a d i c e Apar g n i r s grazie, thanks, merci.... e e h v B obrigado, gracias, a h C r Bete Adriano Macha o t i do e H s A l e x a Carlo aiocchi Alice WndartseoFnrensch B Ana Cristina C r a ampos s e a C A p a r v e c id a Vieira il S s a e i B e te d B d hering r a n r Clau C a rlos Heitor Ch e B aves o n o a C e s i a r Baiocchi eir Crist th CarCn laudia Silva e Cristiano Bern b a ardes z i l o E d E l iz a b e e th c Flavio Carneiro a M o Macedo o s Flavi G o l l áucia Veloso e V a i João Rabelo c u á l G Kátia Rocha o l e b a Lúcia Borba R o ã o J M arcelo Terraz a h a c o R M a r ia P aula Gomes Kátia M a ariana Abreu b r o B Nadia João a a i z c a ú r L Nae d rBastos ir T o l e Renata ArGaúojomes c r a M Renl ata aCosta u a P Simone Cavada a i s r a u e M Valérb iar Brito A a n Vanessa Vitral a i r a M o ã o J dia i r e v i r | mov i dos pel a i nqu i et u de

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ir

tripulação comissários comandante SENAC • Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial-DF

Presidente do Conselho Regional | Senador Adelmir Santana Diretor Regional | Luiz Otávio da Justa Neves

Editora Senac Distrito Federal

Coordenador | Luiz Otávio da Justa Neves Editora Chefe | Bete Bhering • mariabh@senacdf.com.br Coordenação Comercial | Antonio Marcos Bernardes Neto

Conselho Editorial Membros Titulares

Antonio Marcos Bernardes Neto, Flávia Furtado Silveira, Kátia Christina S. de Morais Corrêa, Tomasina Canabrava, Lindomar Aparecida da Silva Membros Colaboradores Ana Paula Gontijo, Elidiani Domingues Bassan de Lima, Helena Souza de Oliveira, José Olímpio Melo Rufino de Sousa, Noeli Trindade Daisson Santos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) I65

Bastos, Nei Carlos Moreira

Ir e Vir: movidos pela inquietude / Nei Carlos Moreira Bastos. -- Brasília: Senac DF, 2009. 152 p.: il.

Projeto e Coordenação Editorial Assessoria de Projeto e Texto Pesquisa Iconográfica Revisão Capa e Projeto Gráfico Lei de Incentivo à Cultura Equipe da Editora Senac-DF

Inclui bibliografia. ISBN 978-85-98694-61-0 1. História do turismo 2. Cultura 3. Viagens I. Título CDU 379.85

tripulação 6

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| Nei Bastos • Ludika Consultoria e Produções | Ana Cristina Campos • Clã Projetos Culturais | Maria Elizabeth Carneiro e Gláucia Veloso | Yana Palankof | Marcelo Terraza • Artwork Design Gráfico | 2009 | Arte em Marketing Projetos e Eventos | Bete Bhering e Cesar Baiocchi Editora Senac Distrito Federal SIA Trecho 3, Lotes 625/695, Shopping SIA Center Mall, Loja 10 Telefone: (61) 3313-8789 | 71200-030 Guará, DF e-mail: editora@senacdf.com.br | site: www.editora.senacdf.com.br Copyright © by Nei Carlos Moreira Bastos Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac-DF Editora Senac Distrito Federal, 2009


08 10 12 18 44 68 94 118 142

itineráriorota

cartão de embarque diário de bordo partida primeira escala segunda escala terceira escala chegada

itinerário roteiro

itinerário

balcão de informações conexões

rota

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cartãocard deboard embarque

ticket

cartão de embarque D

entre os fatores que contribuem para a formação da boa imagem de uma cidade (expectativas, experiência in loco e recordações), podemos destacar a importância das edições referentes ao setor de viagens, como livros, revistas, DVDs, etc., na formação do desejo do leitor em querer conhecer as atrações que poderá encontrar em uma localidade turística. A primeira impressão que temos ao ver um livro sobre turismo é que nele encontraremos dicas sobre os melhores locais para fazer uma viagem inesquecível. Porém, o livro Ir e vir, movidos pela inquietude, de Nei Bastos, surpreende o leitor ao fazer uma viagem pela evolução histórica dos deslocamentos humanos até chegarmos à ideia de turismo. Da sociedade primitiva à sociedade do conhecimento e da emoção, viaja-se no livro inspirado pela genuína vocação e inquietação do homem no sentido de deslocar-se, peregrinar, conhecer, vencer distâncias, cruzar fronteiras, enfim, vencer limites, expandir seu universo, vivenciar o novo e o desconhecido. Além de substanciosa narrativa histórica, o leitor é agraciado com uma espécie de up grade editorial, convidado a embarcar em citações, frases e poemas referentes ao universo das viagens, cercado de uma bela paisagem de fotografias, ilustrações, símbolos, pictogramas e outros suportes iconográficos que compõem todo um repertório de imagens associado ao tema. Por isso, a Editora Senac-DF sente-se orgulhosa de lançar no mercado editorial brasileiro um livro de turismo, de caráter inédito, com tratamento estético e artístico de primeira qualidade, como requer e possibilita uma publicação desse setor pelo seu valor e interesse universal. De fato, uma obra cativante, de intensa identidade com o leitor, proporcionando a ele uma visão abrangente da atividade turística. Adelmir Santana Presidente do senac-df

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Localizador Z5BVWZ | 16jun09


Bagagem cultural – o melhor do ir e vir por aí

S

enhores passageiros, dirijam-se ao portão de embarque. Boa viagem para uma nova era de conhecimento e de emoção! Deixamos para trás, na era industrial, o papel de ser apenas uma peça na grande engrenagem do sistema de produção. A importância de ser, conhecer, fazer e, principalmente, sentir tornou-se parâmetro de avaliação de emprego, desempenho, renda e sucesso no mundo moderno. Nesse novo contexto de responsabilidade social e sustentabilidade, a palavra “desenvolvimento”, que induz ao não envolvimento, passa a ser conjugada de forma mais eficaz: “envolvimento político”, “envolvimento social”, “envolvimento econômico”, ou seja, é cada vez mais impossível crescer sem envolver, sem se aproximar, sem fazer turismo. Nesse ambiente, turistas passam a se autodenominar “visitantes”, querem viver experiências inesquecíveis, desejam conhecer pessoas, hábitos, costumes, culturas – descobrir coisas que não existem nos seus locais de origem. Esse novo turista busca o encontro com as partes de si mesmo em outros lugares, para se sentir mais completo e universal. A cultura tem dezenas de definições, mas uma delas é clara: cultura é viajar. Esta é a viagem que Nei Bastos nos propõe a fazer neste livro: mostrar que o turismo é sempre cultural quando se tem informação e consciência do significado de se deslocar para se ver de fora, com outros olhos, lucidez. E, justamente por ser cultural, a atividade turística já merecia ser contemplada com este tipo de edição, capaz de retratar, de forma artística e incomum, suas raízes, sua história e sua evolução. Malas prontas! Na bagagem: nossa vida. Vamos lá! Ao visitar cada página deste livro a cabeça se abre, os sentimentos afloram, viajando pela anatomia da inquietude humana, percorrendo os caminhos das histórias dos deslocamentos até aportar na atividade turística moderna. Ao vir para casa e abrir as malas, centenas de outras bagagens saem dela, esparramam-se para sempre em nossas vidas, em lembranças, fotos, pessoas fantásticas, saudades, paixões, lugares inesquecíveis, felicidade, razão de viver... Não seremos nunca mais os mesmos. Fernando Portella

Diretor do Instituto Cultural Cidade Viva

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diary

diário de bordo

card board

on board

C

omo uma miragem, a ideia surgiu inicialmente turva. Imagens caóticas como peças de um quebra-cabeça embaralhadas se configuravam. Aos poucos, as peças começaram a se revelar em imagens ligadas a diversos lugares, diferentes modos de comunicação, variadas formas de arte e diversidades culturais. Num insight, as peças começaram a se encaixar, revelando um mapa para novos projetos, novas viagens e desafios, unir num mesmo espaço diferentes experiências de escalas e conexões profissionais e pessoais. Elaborar produtos artístico-culturais cujas bagagens se destinem a trazer uma visão mais lúdica e poética do mundo das viagens e do turismo. Como uma espécie de voo inaugural, dentre outras rotas pensadas, surgiu a idealização desta obra: Ir e vir – movidos pela inquietude.

Longa é a viagem rumo a si próprio, inesperada é sua descoberta. Thomas Mann

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vir

sair chegar Convidados a participar desta primeira viagem, talentosos e competentes tripulantes embarcaram comigo em um inédito roteiro: percorrer os caminhos das histórias dos deslocamentos humanos até desembarcarmos na atividade denominada de turismo, visitando textos históricos, literários e seus repertórios de imagens, símbolos e expressões iconográficas. Assim surgiu a edição deste livro. O embarque inicial do nosso percurso é realizado na Antiguidade, época dos primeiros deslocamentos humanos, continuando pelas viagens na Idade Média e no Renascimento. Seguindo destino, veremos a importância da Revolução Industrial para a formação do turismo, o surgimento do turismo de massa, os segmentos e os personagens

do turismo contemporâneo, até desembarcarmos no turismo do novo milênio, da era do conhecimento e da emoção, rumo ao turismo sideral. Em síntese, esperamos que leitores dos mais diversos matizes embarquem conosco nessa viagem histórica, artística, dinâmica e interessante, criada pelo desejo e pela vocação do homem de conhecer o mundo e, principalmente, de se conhecer. Tenhamos todos uma boa viagem! Nei Bastos

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introdução partida

partida

partir. Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de

partida

Manuel Bandeira

... estado de integração prazerosa com a natureza física do meio ambiente e com os desejos lúdicos da natureza humana


parti

partida viagem

check in para o paraíso

A

história do turismo se confunde com a própria história da espécie humana. Os deslocamentos e as viagens sempre acompanharam o desenvolvimento humano e foram pavimentando o solo onde se ergueram as mais diversas civilizações.

Muito antes, porém, que o turismo se tornasse uma atividade com as características que hoje conhecemos, incontáveis gerações, desde o surgimento dos primeiros seres humanos sobre a Terra, viveram a experiência dos deslocamentos geográficos, cujas origens remontam ao próprio mito da expulsão de Adão e Eva do Paraíso.

A narrativa sobre a criação do mundo, segundo a tradição judaico-cristã, tal como aparece no Gênesis, revela as determinações divinas a serem seguidas pelos humanos: imperar sobre todos os animais viventes na terra, no mar e no ar, destacando-se no reino animal; crescer e se multiplicar, expandindo, assim, a espécie; e não provar, sob pena de morte, da árvore do conhecimento do bem e do mal, que Deus havia plantado no meio do Jardim do Éden: o Paraíso. O Jardim do Éden era um lugar delicioso, que Deus havia reservado ao primeiro humano, onde todo tipo de fruto vingava das árvores, cujas sementes as reproduziam espontaneamente. Havia rios que banhavam o homem, saciavam sua sede e fertilizavam a terra. O homem, Adão, deveria hortá-la e guardá-la sem sofrimento. E Deus criou a mulher, Eva, para sua companhia e ajuda. Quando Eva, animada pela serpente que também vivia no Paraíso, decidiu provar do fruto da árvore proibida, não suspeitava que estivesse dando início à longa história dos deslocamentos humanos sobre a Terra. Por terem desobedecido à determinação divina, Adão e Eva são condenados a viver fora do Paraíso. A partir de então, homens e mulheres irão peregrinar e trabalhar para

sobreviver. Precisarão caçar, coletar, abrigar-se; enfrentar a natureza para conhecêla e dominá-la e afastar de si os perigos, inclusive as disputas com outros homens. O destino do homem e da mulher estará marcado pela necessidade de contornarem as doenças, retardando a fatalidade de sua nova condição de mortais. Em sua peregrinação pelo mundo, construirão culturas diferenciadas, segundo a geografia vária da Terra, o que virá a constituir relevante patrimônio da espécie humana. Voltar a viver no Paraíso, movendo-se na esperança de reencontrá-lo, será um desejo que irá manifestar-se de diversas formas e em diversas culturas ao longo da história. Uma das maneiras de voltar a vivenciá-lo seria depois da morte, após uma vida em virtude, quando se congraçariam as “boas almas”. Ao longo do tempo, no entanto, ocorrerá o processo de sedimentação da ideia do paraíso terreal, que poderia ser encontrado ainda em vida, ideia que certamente se originou do fato de que dois dos rios mencionados nas Escrituras como constituintes do Jardim do Éden – o Tigre e o Eufrates – se localizam exatamente na região da antiga Mesopotâmia, onde hoje se situa o Iraque. Mais tarde, o mito do paraíso terreal se deslocará do Oriente para a América recém-descoberta e expandir-se-á na ideia de paraíso tropical. Contemporaneamente, a noção de paraíso pulverizou-se, adquirindo significados e materializações diversas, naturais e artificiais.

Anatomia da inquietude A ideia de turismo, de uma viagem voluntária por puro prazer e deleite, estaria associada ao desejo primordial do reencontro com o paraíso ou, ao menos, com o que se imagina ser o paradisíaco: um estado de integração prazerosa com a natureza física do meio ambiente e com os desejos lúdicos da natureza humana. Ela se opõe justamente ao mundo do trabalho e seu fruto obtido com o suor do rosto. Aproxima-se do estado de suspensão de rotinas, de cotidianos

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Se nossa vida fosse dominada por uma busca de felicidade, talvez poucas atividades fossem tão reveladoras da dinâmica dessa demanda – em todo o seu ardor e seus paradoxos – como nossas viagens. Elas expressam – por mais que não falem – uma compreensão de como poderia ser a vida fora das restrições do trabalho e da luta pela sobrevivência. Alain de Botton

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tediosos, do espírito de curiosidade, da fruição do prazer e mesmo do pecado. Aproxima-se, também, da ideia de liberdade, inclusive política, de autonomia, status e distinção. Há, porém, além dessa busca imemorial pelo paraíso perdido e dos deslocamentos compulsórios, quando as condições de sobrevivência coletiva se achavam ameaçadas por fatores incontornáveis para os integrantes do grupo, aquilo que o escritor e pesquisador inglês Bruce Chatwin denomina de “anatomia da inquietude”. Desse modo – observa o historiador Henrique Carneiro –, para Chatwin não é apenas a necessidade de sobrevivência que motiva esses deslocamentos humanos. Ao analisar suas motivações nas diferentes fases da história, Chatwin identifica – de acordo com o historiador – o que seria o impulso atávico à viagem que faria parte de uma tendência da humanidade, inscrita como uma característica de errância e migração: A postura sedentária seria o resultado de uma deformação nessa tendência histórica de amor pela mudança e compulsão pela andança. Invertendo de forma poética e irônica a ideia da civilização como sendo a herança da sociedade urbana, berço clássico da pólis grega e da cultura política, Chatwin identifica na sedentariedade a decadência, repetindo a tradição que critica a vida nas cidades como sinal de perda de fibra, autonomia e contato com a natureza. Ambientes monótonos e atividades tediosas e regulares produziriam fadiga e desordens nervosas [....] que indicariam que os viajantes têm estímulos cerebrais particulares causados pela mudança de situação (Carneiro, 2001, p. 233). O quadro dos deslocamentos e das viagens empreendidos por homens e mulheres através dos tempos mostra-nos que os avanços técnicos e científicos criados e incorporados ao processo de luta pela sobrevivência foram naturalmente levando o homem a ampliar seu campo de ação, a alargar seus horizontes geográficos e culturais, na medida em que essa técnica e ciência o auxiliavam a cada vez mais dominar a natureza. Quanto mais o homem se assenhora do domínio da natureza, esta deixa de ser para ele um obstáculo, tornando-se, então, um elemento lúdico com o qual quer passar a interagir. As viagens e, portanto, o turismo não se casam com conjunturas políticas belicosas, crises de fornecimento de energia, combustível e desastres econômicos mundiais, o que iremos demonstrar quando apontarmos a interrupção de fluxos de viagem por motivos de guerra e crises econômicas em diferentes conjunturas históricas. Também a democracia como valor, ou seja, o respeito aos direitos civis individuais e coletivos, uma conquista recente da humanidade, não inteiramente assegurada, como demonstra a história contemporânea, deverá constituir-se como um dos pilares sobre o qual deve repousar a chamada “indústria do turismo” e mesmo uma “educação para o turismo”.


As viagens de gregos e, posteriormente, romanos aos locais representativos das grandes civilizações da Antiguidade; o Grand Tour, em que aristocratas do norte da Europa partem para o Mediterrâneo, principalmente para a Itália, motivados pela busca do conhecimento daquelas mesmas antigas civilizações evidenciam a interligação entre viagem e turismo, cultura e educação. Tais motivações persistirão até os dias de hoje, sinalizando uma curiosidade permanente dos seres humanos em relação às diferentes culturas que construíram ao longo da história e o ímpeto pelo cultivo emocional da memória. No século XIX, a literatura romântica estimulará o desejo de conhecimento por meio da viagem, baseada no relato dos escritores. A partir dessa época, os meios de transporte e os hotéis aprimoram-se, otimizando a atividade, cujas características irão modificar-se: da estagnação provocada pelas guerras mundiais no século XX até a intensificação do fluxo turístico no pós-guerra ocorrerá a predominância do modelo de turismo de massa que a partir dos anos 1980 sofrerá um processo de declínio com a nova realidade competitiva do mercado e as novas preferências dos viajantes (Turismo Cultural, 2007, p. 9).

Viagem interior É importante assinalar, nessa jornada, o legado dos movimentos de contracultura representados por beatniks, hippies e os jovens rebeldes de 1968 para uma revolução não só nas motivações das viagens, como na forma de viajar. Se hoje estamos familiarizados com as práticas corporais e medicinais orientais como ayurvédica, acupuntura e yoga; lutas como kung fu e tae kwon do; alimentação orgânica; ambientalismo; novas práticas espirituais, pousadas rústicas, e mesmo sofisticadas, com arquiteturas inspiradas nos modelos de etnias dos diversos continentes, não há dúvidas de que seu reconhecimento e disseminação só foram possíveis como resultado da fermentação político-


cultural daquele período. Tais eventos transformarão a forma de hospedagem, os serviços oferecidos, os destinos turísticos, o novo olhar sobre a alimentação/ gastronomia e os eventos de arte e entretenimento para grandes massas. Enfim, toda a contestação do período pôde ser lentamente assimilada e, em muitos casos, finalmente reconhecida como um lucro para a sociedade. A história do turismo – um ir e vir que nos seduz, transforma e ensina – revela o quanto ela própria se formou como afluente do desenvolvimento de atividades e invenções, quando não vitais, pelo menos de grande importância para a sobrevivência e o progresso humanos. É isso que comprovam as histórias da ciência e da tecnologia, do comércio, das guerras, dos hábitos e costumes das diversas culturas, suas religiões, arte, formas de organização social, econômica e política. É a convergência desses campos do conhecimento que orienta para o entendimento de como o ato de viajar se tornou um novo produto de massa a partir da Revolução Industrial. De acordo com dados disponibilizados pela Organização Mundial do turismo (OMT), durante o ano de 2007 a indústria do turismo registrou 903 milhões de chegadas internacionais, movimentando, em todo o mundo, valores da ordem de mais de US$ 856 bilhões. As mesmas fontes informam que, naquele ano, 170 milhões de postos de trabalho foram criados nesse setor, o que representa um em cada nove empregos criados nos cinco continentes. Na aurora do século XXI, em que a condição urbana e de concentração de riqueza no mundo impõe a homens e mulheres cotidianos estressantes, o turismo sustentável, abrangendo seus aspectos sociais, culturais, ambientais e econômicos, pode-se consolidar como uma atividade capaz de promover de fato o restabelecimento psicológico, emocional, físico e espiritual, tão necessário aos seus praticantes, em busca de descanso e férias de suas rotinas.


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primeira escala O movimento é natural no homem. O mais além das colinas para o aldeão, o mais além do horizonte para o marinheiro. A sede de conhecer leva o homem a inventar, e mais tarde a deslocar-se. No mais além as coisas não podem ser senão melhores... Porque contentar-se com a mediocridade dos espaços reconhecidos? Jean Favier

Deslocamentos e viagens - sobrevivência, domínio, prazer e fé

ade Mé dia i r e v i r | mov i dos pel a i nqu i et u de

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A roda: uma invenção suméria | O mundo começa a girar Entre as grandes invenções e descobertas da humanidade estão as técnicas e os saberes que resultaram em crescentes apefeiçoamentos dos meios de transporte e das rotas/estradas utilizadas por grupos ou indivíduos em seus deslocamentos geográficos desde a Antiguidade: os caminhos da sobrevivência. Egípcios, sumérios, fenícios, persas, gregos e romanos: essas foram as civilizações que se destacaram na Antiguidade e representaram de forma significativa a inquietude do espírito humano e seus movimentos. Habitantes das férteis margens do Rio Nilo, no Egito, ou entre os Rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, esses povos tiveram sua sobrevivência ligada à própria história das relações entre o Ocidente e o Oriente. Um elo geográfico comum os ligou, para sempre, aos atuais continentes asiático, africano, europeu e americano: o Mar Mediterrâneo, uma estrada de água responsável, em grande medida, pelas intensas trocas culturais que deram origem às civilizações contemporâneas. A princípio isolados entre si, posteriormente esses povos irão se aproximar para, em seguida, confrontar-se, vindo inclusive a guerrear, não obstante se terem beneficiado dos conhecimentos uns dos outros. O uso da escrita e da moeda, o desenvolvimento de meios de transporte terrestres e aquáticos, os instrumentos de navegação e as diversas formas de divertimento, de ligação com o divino e o sobrenatural – todos esses recursos culturais que integram a base tecnológica e simbólica sobre a qual se ergueu o mundo moderno – foram, então, objeto de magnífico intercâmbio, troca de conhecimento. Não se pode precisar a data em que uma grande invenção acontece na história. Em geral, os inventos importantes resultam de longos processos de acumulação de conhecimento e de troca de experiências. Mas atribui-se aos sumérios a invenção da roda, atestada pela descoberta arqueológica datada de aproximadamente 3500 a. C. As terras dos sumérios localizavam-se ao sul da Mesopotâmia e ao norte do Golfo Pérsico, na embocadura dos Rios Tigre e Eufrates. Tendo vivido em meados do quarto milênio a.C., estabeleceram relações comerciais com vários povos da costa do Mediterrâneo e do Vale do Rio Indo. Evidências arqueológicas sugerem uma rede consideravelmente extensa de comércio antigo centrado nos limites do Golfo Pérsico. Além da roda, usada para o tráfego por terra, esse povo possuía também meios de transporte aquáticos, que eram de três tipos: os barcos de pele, feitos de cana e peles de animais; os barcos à vela, feitos com betume e à prova d’água; e os barcos a remo, com remos feitos de madeira, às vezes usados para subir a correnteza. Estes eram por vezes puxados por pessoas e animais, a partir de ambas as margens do rio.


O uso da roda alastrou-se por outros povos e, como se sabe, virá a ter papel central no desenvolvimento não apenas do processo dos deslocamentos e das viagens. Para se ter uma ideia da importância dessa invenção, basta observar que a roda é a base técnica das mais elementares formas de produção de energia – hidráulica, elétrica, eólica e animal1 –, hoje utilizadas cotidianamente e consideradas, inclusive, vitais para o funcionamento adequado da indústria contemporânea das viagens e do turismo.

Navegadores fenícios | Novo movimento na maré das viagens Os fenícios, povo semítico cujo reino se situava no atual Líbano, estavam entre as antigas civilizações que se desenvolveram nos séculos X e V a. C., estabelecendo colônias em todo o norte da África e sul da Europa. Dessas colônias originaram-se as atuais cidades de Cádis, na Espanha, e Marselha, na França. Homens práticos e grandes comerciantes, os fenícios inventaram um novo sistema de escrita: simplificaram algumas das figuras cuneiformes dos sumérios e tomaram emprestadas outras dos egípcios, reduzindo milhares de imagens a um alfabeto curto e prático, composto de 22 letras. Foi esse alfabeto que acabou chegando ao Ocidente atual após ter penetrado na Grécia e depois em Roma, sempre sofrendo modificações, no encontro com cada uma dessas civilizações.2 Com relação especificamente à história das viagens, a grande contribuição dos fenícios se deu na arte da navegação: a marinha fenícia era uma das mais poderosas do mundo antigo. [...] Suas embarcações, dotadas de aríetes de proa, quilha estreita e vela retangular, eram velozes e mais fáceis de manobrar. Com isso, os fenícios mantiveram sua superioridade naval por séculos (Wikipédia).

Um fenômeno que reforça essa superioridade é lembrado pelo escritor alemão Max Georg Schmidt, que atribui aos fenícios a criação do mito dos monstros mais ou menos humanos e homens mais ou menos monstruosos, os quais habitariam certas regiões do Oriente. Essa lenda seria, segundo Schmidt, uma astúcia mercantil desse povo, que já estabelecera um tráfico internacional regular entre a Ásia e os povos mediterrâneos para troca de mercadorias. [...] era indispensável aos fenícios preservarem a hegemonia mercantil que só tinham obtido à custa de qualidades pessoais de arrojo e habilidade. [Era preciso evitar que ] os consumidores da Europa procurassem contato direto com os produtores do Oriente. [...] Convinha que as terras mágicas e distantes da Ásia, de onde vinham as mercadorias tão requisitadas, fossem transformadas em países lendários, terríveis, habitados por entes prodigiosos. Na execução desse plano criaram os fenícios as figuras das sereias e dos ciclopes. As primeiras, tentadoras e pérfidas, armavam ciladas fatais aos nautas ingênuos e confiantes. Os segundos, os terríveis gigantes com um olho só no meio da testa, liquidariam, inevitavelmente, nas terras que possuíam e governavam os navegantes inexperientes que tivessem escapado à crueldade fria e enganosa das musas do mar (Melo Franco, s.d., p. 30). Esses mitos permanecerão até a Idade Média e se estenderão ao período da Renascença, com algumas variações. Somente um evento dissipará, definitivamente, a crença nessas criaturas: a expansão marítima, liderada pelos ibéricos, no século XVI, que veremos mais adiante.

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Arte, comércio, esporte e saúde | Objetos de desejo de viajantes e negociantes

Flanando

P

osto o Sol e sobrevindas as trevas, os meus homens foram dormir junto das amarras; mas Circe, tomando-me pela mão, obrigou-

me a sentar-me longe deles, deitou-se a meu lado e interrogou-me sobre todos os pontos. Eu contei-lhe tudo, como devia. E a augusta Circe dirigiu-me então estas palavras [...]. Tu, escuta tudo o que te vou dizer; aliás, um deus em pessoa te fará recordá-lo. Chegarás primeiro à terra das sereias, cuja voz seduz qualquer homem que caminhe para elas. Se algum se aproxima sem estar prevenido e as ouve, jamais a sua mulher e os seus filhos pequerruchos se reúnem em torno dele e festejam o seu regresso; o canto harmonioso das sereias cativa-o. Elas habitam num prado, e a toda a volta a margem está cheia das ossadas de corpos que se decompõem; sobre os ossos desseca-se a pele. Passa sem te deteres; amassa cera doce com mel e tapas as orelhas dos teus companheiros para que nenhum deles as possa escutar. Quanto a ti, ouve se quiseres; mas que sobre a tua rápida nau te atem as mãos e os pés, erguido junto ao mastro, e a ele te prendam por meio de cordas a fim de que gozes o prazer de ouvires a voz das sereias. E se tu suplicares e instares a tua gente para que te soltem, que eles dêem nós ainda mais numerosos. Depois, quando eles tiverem ultrapassado as sereias, já te não direi com precisão qual das duas rotas deverás seguir; cabe-te a ti deliberar em teu coração (Homero, s/d, p. 133/134).

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A Grécia Antiga deixou algumas das mais magníficas obras de arte e monumentos literários já transmitidos por uma civilização a outra. Mas não é principalmente por isso que o legado da Grécia é grande. É antes pelo espírito evocado por essas obras, um espírito baseado na convicção de que o homem é um ser livre e mesmo sublime. Durante milênios, civilizações mais antigas – a persa, a egípicia, a assíria, a babilônia – consideraram o homem um ente menosprezado que rastejava diante dos deuses e dos déspotas. Os gregos fizeram o homem levantar-se e puseram-no de pé. “O mundo é cheio de maravilhas”, cantava Sóflocles, “mas nada é mais maravilhoso do que o homem”. (Bowra, 1969, p. 20). Esta maneira nova e confiante de ver o homem – um diferencial marcante entre os gregos e as civilizações anteriores – decerto terá contribuído para torná-lo autoconfiante, dotando-o de um espírito mais apropriado para os desafios e as aventuras dos deslocamentos que, efetivamente, passou a realizar motivado por interesses comerciais, bélicos ou culturais. Em meio aos constantes conflitos entre as civilizações mediterrâneas por ampliação de domínios terrestres e comerciais, a tribo dos helenos – que muito se beneficiou dos ensinamentos dos fenícios e dos povos da região do Mar Egeu – foi ocupando o lugar de seus mestres e, lentamente, estabelecendo colônias por todo o Mediterrâneo e o Mar Negro, dando origem à civilização que veio a se constituir na antiga Grécia. Ali desenvolveram uma potente infraestrutura portuária, assim como armazéns para guarda de mercadorias, tornando-se também grandes comerciantes. Negociavam seus produtos (vinho, azeite de oliveira e lã), além de cerâmicas e joias produzidas em suas cidades.

Deve-se a Heródoto (século V a. C.) muito do que se sabe hoje sobre o povo grego. Pioneiro não só quanto à ideia de gravar o passado mas também por considerá-lo capaz de trazer esclarecimentos sobre o comportamento humano,3 Heródoto escreveu História, uma obra que mais tarde foi dividida em nove volumes pelos alexandrinos. 4 Nela, narra os dois séculos que precederam as guerras greco-pérsicas. Exilado por motivos políticos em Halicarnasso, Heródoto realizou viagens que acrescentaram muitas informações sobre a história antiga do Egito, da Babilônia, da Península Itálica, de Esparta e Atenas. Consta que produziu roteiros das grandes cidades gregas e dos seus festivais atléticos e religiosos. À época de Heródoto, existiam duas espécies de guias: os periegetai, que orientavam os viajantes ao redor dos sítios visitados (como os atuais guias de city tour), e os exegetai, especialistas e conselheiros em assuntos religiosos e rituais para os visitantes.5 As grandes motivações para as viagens no mundo grego guardavam sempre uma relação com sua religiosidade particular, com a saúde, a arte e o esporte. Esculápio, deus grego da cura, guardava a cidade de Epidauro, sobre o Golfo de Egina. Em direção a seu templo, rumavam doentes que ali permaneciam ao longo da noite a fim de obter o tratamento que os sacerdotes médicos lhes aplicavam segundo indicação dos deuses. Ao redor do templo existiam facilidades para pernoite; diversões para o público, como teatro; e espécies de estádios para a realização de eventos esportivos. Ou seja, as viagens a Epidauro eram uma mescla de busca de cura, ato de devoção e fé e oportunidade de recreação e lazer, algo comparável, nos dias de hoje, a uma visita à Basílica de Aparecida do Norte, em São Paulo.


Flanando

Heródoto, o papa-léguas [...] Como em 445 a.C Heródoto já estava em Atenas, onde teria lido em público sua obra (ou parte dela), as viagens durante as quais ele recolheu o abundante material para a sua História, ou seja, o período de suas investigações deve datar dessa fase de sua vida. Suas viagens na direção leste se estenderam à Ásia Menor – às cidades costeiras colonizadas pelos gregos, à Lídia (inclusive Sárdis, sua capital), ao interior da Anatólia (atual Turquia, pelo menos até Tauros) – à Babilônia, à Assíria e à Pérsia (até Susa e talvez a Ecbátana). Na direção sul ele foi por mar a Tiro e ao Egito, onde subiu o Nilo ao longo de cerca de mil quilômetros até Elefantina. Na costa da África ao longo do Mediterrâneo na direção oeste ele visitou Cirene. Na direção norte, Heródoto percorreu o Mar Negro e visitou algumas das regiões adjacentes a ele – a Colquis, no leste; a atual Ucraína (em linhas gerais a antiga Cítia), para o norte; e para o oeste os territórios dos trácios e dos getas. Ele conheceu a bacia oriental do Mediterrâneo – as ilhas do Mar Egeu, a costa da Trácia e da Macedônia e as cidades da Grécia continental e do Peloponeso –; na bacia ocidental, a Sicília e a Magna Grécia parecem ter sido os limites de sua viagem (mais tarde ele chegaria a Túrioi – a atual Torre Brodognato) (Kury, 1985, p. 7)


Os eventos de caráter lúdico tinham também motivações religiosas, como os Jogos Pan-Helênicos, em que se destacaram os Jogos Olímpicos, iniciados em 776 a. C. Estes se realizavam de quatro em quatro anos, em honra de Zeus,6 e esse período era adotado pelos gregos para a contagem do tempo: Os atletas das cidades-estado e milhares de gregos se reuniam na cidade de Olímpia para disputar e assistir a diversas modalidades esportivas. Os vencedores eram recebidos como heróis em suas cidades e ganhavam uma coroa de louro (www.suapesquisa.com). Como nos relatam Yasoshima e Oliveira: Somente homens livres podiam competir. Os atletas ficavam concentrados num alojamento conhecido como Leonidaion, homenagem a um de seus patrocinadores, Leônidas. Os mais ricos e os membros das delegações oficiais erigiam tendas e pavilhões para se abrigar. A maioria das pessoas que ia assistir aos jogos dormia ao relento. Mercadores, artesãos e vendedores de comida acorriam para comercializar seus produtos. A programação incluía cerimônias religiosas, sacrifícios, discursos feitos por filósofos, recitais de poesia, paradas, banquetes e celebrações pelas vitórias conquistadas (Yasoshima e Oliveira apud Rejowski, 2002, p. 21). Como se vê, não era apenas a competição por superação física que animava os jogos, mas também motivações intelectuais e artísticas. Estes eram uma forma de demonstrar aos deuses toda a capacidade de sua cultura. Os gregos também buscavam, por meio dos jogos, despertar o sentimento de paz e harmonia entre as cidades que compunham seus domínios. Talvez os jogos possuíssem, sobretudo, a função de permitir, ao menos simbolicamente, a superação das constantes guerras entre as cidades-estado.

Contudo, essa paz desejada, como veremos, jamais acontecerá. No ano de 392 a. C., os Jogos Olímpicos e quaisquer manifestações religiosas de politeísmo grego foram proibidos pelo imperador Teodósio I, após este se ter convertido ao cristianismo. O espírito olímpico só será ressuscitado em 1896 pelo pedagogo e historiador francês Pierre de Frédy (o Barão de Coubertain), retomando, na cidade de Atenas, a antiga tradição, agora totalmente voltada ao esporte e ao atletismo. Outros três jogos pan-helênicos também atraíam os viajantes gregos: os Jogos Píticos, realizados no Santuário de Apolo, em Delfos, de perfil mais artístico (música e poesia) do que atlético; os Jogos Ístmicos, realizados a cada dois anos em honra de Posêidon, em Corinto; e os Jogos Nemeus, também bianuais, que ocorriam no Santuário de Zeus, em Neméia, no Vale da Argólida. As viagens dos gregos eram também motivadas pelos banhos. Acreditando no poder de cura das águas, eles viajavam à Tessália, à Ásia e a outros destinos à procura de águas minerais curativas. Hipócrates, conhecido como “o pai da medicina”, escreveu no século V a. C.: “Para se gozar de boa saúde é preciso tomar um banho perfumado e fazer uma massagem com óleos todos os dias”. As diversas civilizações antigas, do Oriente e do Ocidente, consideravam os banhos uma prática relevante em seus modos de vida, e cada uma desenvolveu seus próprios rituais em torno deles. No caso dos cidadãos gregos, o banho não era apenas motivado por necessidades espirituais e de higiene, era utilizado também como forma de desenvolvimento de suas potencialidades corporais. Daí que, entre os anos 800 e 400 a. C., a natação, em particular, era um dos pilares da educação juvenil, ao lado das letras e da música.

τουρισμός Grego

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Bagagem extra

U

ma breve história de Zeus nos diz que durante muito tempo quem governou a Terra foi Urano (o Céu), até que

foi destronado por Cronos, seu pai. Então Urano profetizou que Cronos também seria destronado por um de seus filhos. Cronos era casado com Réia, e quando seus filhos nasciam, ele os devorava. Assim aconteceu que Gaia (a Terra), que desgostava de Cronos porque ele aprisionou Hecatônquiros no Tártaro, temendo seu poder, já que esses gigantes possuíam cem braços e cinquenta cabeças, leva Réia para parir secretamente seu sexto filho em Creta. Lá, Réia deixa seu filho, que se chama Zeus (tesouro que reluz), aos cuidados de Gaia e das Ninfas da Floresta. Logo Réia retorna ao Palácio de Cronos e enrola em panos uma pedra e começa a fingir um parto, depois dá ao seu marido esse embrulho e ele o engole achando ser o sexto filho. Quando chegou à idade adulta, Zeus enfrentou o pai. Disfarçou-se de viajante dando a Cronos uma bebida que o fez vomitar todos os filhos que tinha devorado, agora adultos. Após libertar os irmãos, iniciou a guerra Titanomaquia. Cronos procurou seus irmãos para enfrentar os rebeldes que se reuniram no Olimpo. A guerra duraria cem anos, até que, seguindo um conselho de Gaia, Zeus liberta os Hecatônquiros. Então os deuses olímpicos venceram e aprisionaram os Titãs no Tártaro. Aí o universo foi partilhado de outra forma: Zeus ficou com o Céu e a Terra, Posêidon ficou com os oceanos, e Hades, com o mundo dos mortos (Wikipédia).



Além do mais, os gregos, com sua estética apurada, gostavam de andar limpos e bem arrumados, com cabelos e barbas aparados e o corpo fortalecido por exercícios. O banho, assim, compunha um sofisticado ritual de cuidados corporais, que compreendia exercícios físicos, massagens com óleos especiais, imersões em águas de diferentes temperaturas, limpeza consciente da pele, sobre a qual, finalmente, se aplicavam cremes e adereços. As esculturas gregas nos dão testemunhos variados desse valor cultural. Atribui-se, ainda, aos gregos a origem da prática de banhos públicos no Ocidente. Hoje, inspirados nessa antiga motivação e desejo por banhos, foram criadas as modalidades de turismo de saúde e de cura, tendo como destinos diversas cidades estruturadas em torno da oferta dessa milenar atração.

As sete maravilhas do mundo antigo Os diversos viajantes da Antiguidade, inclusive gregos, tinham por hábito visitar as atrações que ficaram conhecidas como as sete maravilhas do mundo antigo. Essas viagens eram motivadas pela curiosidade em relação à memória simbólica e material da suas próprias civilizações, bem como dos demais povos. Integravam esse conjunto de maravilhas:

I

A Estátua de Zeus, em Olímpia. Entre os gregos, considerava-se desafortunado aquele que não a tivesse visitado. Esculpida por Fídias, o mais célebre escultor da Antiguidade, em ébano e marfim, entre 456 e 447 a. C., tinha 15 metros de altura e era toda incrustada de ouro e pedras preciosas. Um terremoto a destruiu, possivelmente em 1215. O magnífico Templo de Zeus foi desenhado pelo arquiteto Libon e construído no mesmo período da estátua.

II

Era comum também a visita ao Colosso de Rodes, a gigantesca estátua de Hélio, deus do sol, localizada na entrada do Golfo de Rodes, uma ilha do Mar Egeu. Feita em bronze, media 46 metros de altura e pesava setenta toneladas. Levou 12 anos para ser construída (292 a 280 a. C.) e acabou destruída por um terremoto em 224 a. C. Seus restos foram vendidos a um comerciante, que encheu novecentas cargas de camelo.

III

O Templo de Ártemis, em Éfeso, na atual Turquia. Levou quase duzentos anos para ficar pronto (450 a. C.) e tinha 141 metros de comprimento e 73 metros de largura. Suas 127 colunas de mármore atingiam 19 metros de altura. Depois de ter sido incendiado em 356 a. C. por Eróstrato, foi reconstruído, desta vez em vinte anos, e destruído novamente em 262 pelos Godos.7

IV

O Mausoléu de Halicarnasso, também localizado na região da atual Turquia. Construído por ordem de Artemisa II, irmã e esposa do Rei Mausolo (de onde surgiu o termo “mausoléu”), foi o maior e mais suntuoso túmulo de todas as épocas. Sua base era de mármore e bronze, com revestimento de ouro. Trabalharam ali 30 mil homens,

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durante dez anos. A obra ficou pronta em 352 a. C. No seu topo, a cinquenta metros do solo, viam-se as estátuas do rei e da rainha. Artemisa morreu antes de ver o mausoléu terminado. Fragmentos desse monumento são hoje encontrados no Museu Britânico, em Londres, e em Bodrum, na Turquia.

V

O Farol de Alexandria. Erguido pelos faraós egípcios Pitolomeu I e Pitolomeu II e inaugurado em 270 a. C., numa das ilhas de Faros, este farol possuía uma torre de mármore branco de 135 metros de altura e era iluminado pelo fogo, proveniente de lenha ou carvão. Foi destruído por um terremoto em 1375. Diz-se que seu espelho refletivo tinha um alcance de mais de 50 km.

VI

As Pirâmides do Egito. Das sete maravilhas do mundo antigo, a Pirâmide de Quéops é a única sobrevivente. Foi construída por volta de 2052 a. C. e tem 148 metros de altura. Construída por Quéops, o mais rico dos faraós, foi erguida com aproximadamente 2,3 milhões de blocos de pedra, a maioria deles pesando duas toneladas e meia. Cerca de 100 mil escravos trabalharam durante aproximadamente vinte anos.

VII

Os Jardins Suspensos da Babilônia. Localizados na região onde hoje se encontra o Iraque, estes jardins foram construídos por ordem de Nabucodonosor II em homenagem a uma de suas mulheres, Semíramis, que sentia saudade das montanhas de sua terra. Consistiam de seis montanhas artificiais, apoiadas em colunas de 25 a 100 metros de altura, ao sul do Rio Eufrates. Ficavam a duzentos metros do palácio real. Conta-se que Nabucodonosor enlouqueceu ao contemplar essa obra. Alguns historiadores, no entanto, atribuem o trabalho à rainha Semíramis. Tudo foi destruído em data desconhecida. Alguns autores mencionam que as principais razões que explicariam o desenvolvimento das viagens no mundo grego seriam primeiramente seu sistema de trocas, baseado em moedas das cidades-estado, aceitas correntemente entre os diversos povos (cartagineses, celtas, hindus, sicilianos, macedônios, entre outros). A palavra moeda refere-se à


aparição de pedaços de metal estilizados e cunhados por uma instância governativa com função de facilitar as trocas comerciais. Outra razão seria a ampla difusão da língua grega, que era conhecida em toda a região mediterrânea. Porém, eram persistentes as rivalidades entre as cidades-estado, principalmente entre Esparta e Atenas, o que foi lentamente minando a força do mundo grego e permitindo que outros povos dominassem seus territórios, inicialmente os macedônios e depois os romanos.

Um império | Estradas rumo ao turismo contemporâneo A partir do século II a. C., os gregos sucumbem ao domínio romano. Contudo, o respeito, a admiração e o reconhecimento da cultura grega pelos romanos fizeram com que boa parte de seus hábitos e traços culturais fossem por eles adotados, ainda que com adaptações. Por volta do século I a. C., um acontecimento notável entre os romanos marcou a história das viagens. Marco Vipsânio Agripa (63-12 a. C.), político, general de várias vitórias, pró-cônsul romano e homem forte do imperador Otávio Augusto, comandou exaustivas pesquisas para a elaboração de um mapa que compreendesse todo o Império: Para medir as dimensões do mundo, Agripa havia convocado os mais eminentes cientistas a Roma e lhes fornecido arquivos cheios de coordenadas acumuladas pelo Exército Imperial. [...] todos esses novos dados geográficos foram aplicados ao modelo mitológico da Terra (os geógrafos da Antiguidade sabiam que o mundo era redondo, mas acreditavam que a terra firme ocupava apenas o hemisfério norte e era cercada pelo intransponível Rio Oceano). O grande triunfo da engenhosidade foi a imagem monolítica erguida na Colunata Vipsânia, construída especialmente como uma espécie de galeria de arte ao ar livre para apreciação pública [do mapa de Agripa] [...] os romanos

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descobriram que, juntas, as massas de terra do mundo tinham um formato oval. Os três continentes, Europa, Ásia e África, aglomeravam-se ao redor do Mediterrâneo, que na época era conhecido como Mare Nostrum.[...] O glorioso sistema de estradas do Império – a menina dos olhos de Roma – estava esculpido em toda a superfície. As estradas se estendendo como artérias até os cantos mais remotos da civilização.[...] Uma compilação de fatos e cifras estava agora à disposição dos cidadãos: informações úteis como a extensão de rios importantes, as dimensões físicas de províncias, a circunferência de ilhas proeminentes e as distâncias entre cidades. Pela primeira vez na história uma população tinha o mundo exposto diante de si (Perrottet, 2005, p. 18-19). Outra iniciativa de Agripa foi a construção de instalações termais no Campo de Março, em 25 a. C., introduzindo novos interesses para os viajantes romanos. Estes retomaram, então, o hábito grego dos banhos e transformaram as termas em centros de atrações, espalhados por todo o território imperial, que compreendia, naquele momento, as atuais Itália, Espanha, Portugal, Inglaterra, Romênia, o norte da África e a Ásia Menor.8 As termas se tornaram lugar de conversas, da prática de esportes e de realização de negócios. Em geral, possuíam um pátio central para exercícios, rodeado por um pórtico, com salas de banho e vestiário. Após exercícios na piscina, os banhistas alternavam banhos no tepidarium (piscina de águas tépidas), no caldarium (piscina quente) e no frigidarium (tanques de águas frias). Podiam usar a sauna (sudatorium) e receber massagens dos criados, que lhes raspavam a pele com o strigil, instrumento próprio para esta finalidade. Três elementos de caráter político-econômico possibilitavam não apenas as viagens, mas o desfrute desses momentos de prazer: a Pax Romana, o Exército Romano e o desenvolvimento de uma rede de estradas ligando todo o Império. Yasoshima e Oliveira sintetizam bem as motivações, a organização e a construção dessa eficiente rede de comunicação de todo o Império: Os romanos começaram a abrir estradas em 150 a. C. e se esmeraram na arte da construção. As estradas romanas eram antes de tudo feitas com base em um estratégico conceito militar para facilitar o deslocamento rápido das legiões. A necessidade de se controlar o Império, além de exigir viagens constantes de funcionários governamentais, tropas e comerciantes, obrigava o governo a propiciar as condições básicas de infraestrutura para possibilitar os deslocamentos. Existiam dois tipos de estrada, que por sua vez se subdividiam: as estradas pretorianas, feitas com propósitos militares e controladas por pretores (chefes militares), e as estradas consulares, destinadas ao uso geral. De caráter comercial, [estas] ficavam sob a responsabilidade dos cônsules, que as construíam e mantinham.9


A Pax Romana (paz romana), que vai de 20 a. C., com o imperador Augusto César, a 180 d. C, sob o Império de Marco Aurélio, representou o apogeu de Roma e de todo seu domínio. A paz foi obtida graças à ocupação das províncias por exércitos permanentes, o que inibiu qualquer tentativa de revolta e invasão territorial, principalmente dos povos bárbaros. Foi esta paz armada que permitiu, durante anos, a realização de viagens pelos romanos. Mas o que este povo gostava de admirar? Os que pertenciam às elites viajavam por prazer, para a Grécia e o Egito, e se utilizavam de guias manuscritos, conhecidos como periegeses. Um dos mais famosos, entre eles, era o Periegesis Hellados, escrito pelo geógrafo e viajante Pausânias (115-180 a. C.). Com dez volumes, nele estão descritas as regiões da Grécia Antiga: a Ática, a Argólia, a Lacônia, a Messênia, a Élida, a Acaia, a Arcádia, a Beócia e a Fócida.

Atenas, Delfos, Olímpia, Esparta e Epidauro eram os principais destinos desses viajantes, já que os romanos cultos reconheciam que os gregos, exímios navegadores, haviam exportado a Roma, através da Sicília e do sul da Itália, os princípios básicos da civilização ocidental, por meio de sua filosofia, teatro, ciência, medicina, direito, política, história escrita, arquitetura e demais artes. Mas a Pax Romana não se manteve eternamente. Questões de ordem econômica, a vastidão territorial, a multiplicidade de culturas do Império, as exigências de seu grande exército, a tentativa de invasão e mesmo migração de povos estrangeiros e a ascensão paulatina do cristianismo formaram um conjunto de fatores que, primeiramente, levaram à divisão do Império entre o Oriente e o Ocidente. Sua capital foi transferida para Constantinopla, cidade que ficava a meio caminho de cada uma dessas partes.


Bagagem extra

O

banquete romano incluía todas as iguarias, desde peixe e crustáceos crus às exóticas especialidades mencionadas no cardápio abaixo, sátira do famoso livro de cozinha de Apício.10 O banquete durava a noite toda. O entretenimento ficava a cargo de dançarinas, músicos, acrobatas e poetas. Aperitivos •Á gua-viva e ovos. •T etas de porca recheadas de ouriço do mar salgado. •T igelas de miolos cozidos com leite e ovos. • F ungos cozidos com molho de gordura de peixe apimentado. •O uriço do mar com molho de especiarias, mel, óleo e ovos. Pratos principais •G anso assado com molho de cebola e arruda. •T âmaras de Jericó, passas, óleo e mel. •A vestruz cozido com molho doce. •R ola cozida com penas. •P apagaio assado. •A rganazes recheados com carne de porco e pinhões. •P ernil cozido com figo e folhas de louro passado no mel, coberto com massa e assado ao forno. • F lamingo cozido com tâmaras. Sobremesa •G uisado de rosas com pastéis folheados. •T âmaras recheadas com nozes e pinhões fritos no mel. •B olos de vinho. •D oce africano com mel. (Hadas, 1969. p. 91).

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ban quete r omano


Sob a influência desses fatos, Roma não resistiu às crises internas, às invasões e aos saques. A parte ocidental do Império vai se desintegrando e adquirindo uma nova ordenação geopolítica, que ficou conhecida como feudalismo: um conjunto de territórios mais ou menos autônomos (feudos) baseados numa economia agrária, de escassa circulação monetária e autossuficiente. Esses territórios eram liderados por nobres que detinham a propriedade da terra e o poder militar, mantendo, a seu serviço, uma população de servos que também lhes pagava tributos em troca de proteção. O grande fator de agregação entre as unidades feudais foi o cristianismo e a instituição da Igreja Católica Apostólica Romana.

Pontes imateriais entre Ocidente e Oriente Conhecida como a Idade das Trevas, pela sua cultura de brutalidade, fé cega e imensas dificuldades de sobrevivência, a Idade Média ficou marcada pelos contínuos conflitos entre povos de etnia distinta que disputavam a ocupação dos antigos territórios romanos, suas relíquias e heranças materiais. O clima frágil e ameaçador vivido pelos povos sobreviventes do antigo Império Romano do Ocidente motivará o surgimento de dois grandes movimentos de deslocamento no período medieval: um, de natureza eminentemente religiosa: as Peregrinações; e outro, que mesclava fé e política: as Cruzadas. As peregrinações eram motivadas pela expectativa de obtenção de indulgências11 e de graças espirituais: Durante a Idade Média, as peregrinações se tornaram como que uma metáfora relacionando a jornada humana à salvação, por um lado, e, por outro, à busca de Deus e da vida eterna. Assim, enquanto percorria caminhos inóspitos por esse mundo, a pessoa em peregrinação acreditava que também diminuía a distância que a separava de Deus. Concomitantemente, para a cristandade medieval, as peregrinações eram peças importantes de união social, pois, de tão frequentes, davam uma espécie

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de sentido de universalidade à sociedade religiosa da época (Mcgonigle, 1998, p. 149. Disponível em medievalismo.wordpress.com). Fortemente incentivadas pela Igreja, as abadias e os mosteiros acolhiam e alimentavam os peregrinos. Havia, inclusive, guias de viagens com a localização desses abrigos da fé. Os principais e mais famosos destinos da Peregrinação religiosa foram:  J erusalém, onde se visitava a Igreja do Santo Sepulcro, construída em 326 d. C. por Constantino,12 O Grande. Ali, os peregrinos eram chamados de palmeiros.  Roma, por ser sede da Igreja Católica. A partir do século VI d. C., os peregrinos cristãos que para lá afluíam eram chamados de romeiros. S antiago de Compostela, que passou a ser visitada a partir do século IX d. C, quando a tumba deste santo foi descoberta.13 N o Oriente, de importância fundamental para o culto islâmico era – e permanece sendo – a peregrinação a Meca, cidade sagrada. Os muçulmanos se voltam nas suas orações a Caaba, mesquita sagrada para onde se dirigem na Haji, peregrinação obrigatória pelo menos uma vez na vida de qualquer muçulmano. Atribuise sua construção a Set, filho de Adão. Mais tarde, a Caaba foi reconstruída por outras personalidades da fé islâmica. Paralelamente a essa movimentação, a Europa será forçada a empreender uma outra, desta vez guerreira e por motivações não só religiosas, mas também político-econômicas. No século XI, os turcos tomam toda a Ásia Menor dos imperadores romanos do Ocidente, inclusive Jerusalém, interrompendo os fluxos comerciais com o Oriente. Além disso, as notícias sobre as atrocidades cometidas pelos turcos – intolerantes com a fé cristã e suas peregrinações à Cidade Santa – ensejaram que, no Concílio de Clermont, realizado em 1095, o papa Urbano II exortasse todos os cavaleiros e a comunidade cristã a lutar contra os turcos e pela conversão dos povos não cristãos: eram as Cruzadas, movimento que, com poucas tréguas, ocupou grande parte da história da Idade Média, do século XI ao XVI. Urbano II concederia indulgência plena aos que partissem na santa missão, mantendo sob proteção da Igreja suas propriedades.

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Bagagem extra

A primeira Cruzada – conhecida como a Cruzada dos Mendigos – teve como principal característica a desorganização. Integrada por cristãos fervorosos, mas miseráveis, deficientes e todo o tipo de deslocados sociais, foi um retumbante fracasso. A Igreja Católica resolveu, então, treinar e equipar um exército de 200 mil homens, que chegou a ocupar Jerusalém, mas foi novamente derrotado pelos turcos.

T

iago, um dos apóstolos de Jesus, teria ido à Ibéria fazer a sua pregação em nome da evangelização dos povos. No ano de 42,

Herodes Agripa I (10 a.C. - 44 d.C.), rei da Judéia, neto de Herodes, o

Houve oito Cruzadas organizadas pela Igreja e incontáveis Cruzadas populares. Os cruzados aos poucos aprenderam a técnica das viagens, e as regiões por onde passavam lucraram imensamente com esse tráfego intenso de pessoas e suas necessidades diversas. Passados os primeiros impulsos radicais, o próprio movimento foi tomando novos rumos. Apesar das motivações guerreiras e de fé, as Cruzadas acabaram por cruzar culturas, povos e hábitos, servindo como uma ponte imaterial entre Oriente e Ocidente:

foi levado por seus discípulos para a Espanha e enterrado em Iría Flávia, região da atual Galícia. Lendas relatam que no século IX o eremita Pelágio estava no campo e teve a visão de uma chuva de estrelas, ouvindo uma mensagem que mandava ali cavar. O bispo da localidade ordenou a escavação, e foram encontrados os presumíveis restos mortais do apóstolo. Logo no local foi erguido um edifício de culto para guardar as relíquias. Esse lugar passou a ser conhecido como “Compostela” – “campo de estrelas”. As peregrinações ao túmulo de Tiago iniciam-se quase imediatamente e persistem até os dias de hoje. As peregrinações podem ser feitas pelos caminhos francês, aragonês, do norte e português (Gomes, 2002, p. 12).

esperanto

A Idade das Trevas revelou que as relações, mesmo conflitantes, entre Oriente e Ocidente jamais cessaram e que, apesar dos choques culturais e religiosos, intensas trocas continuaram existindo. Por volta do século XII ocorre uma revolução que combinou renascimento urbano e comercial, ampliação de culturas e fronteiras agrícolas, crescimento econômico, desenvolvimento intelectual e grandes evoluções tecnológicas. Por volta de 1200 são fundadas as primeiras universidades – Paris, Coimbra, Bolonha e Oxford. Tem início um forte movimento de tradução de documentos em língua árabe e grega que torna o conhecimento do mundo antigo novamente disponível para os eruditos europeus. Tudo isso possibilitou um grande progresso em conhecimentos na astronomia, na matemática, na biologia e na medicina.

do apóstolo Tiago e a prisão de Pedro, outro apóstolo. O corpo de Tiago

kampadismo

[...] o cruzado trouxe consigo vários alimentos novos, como o pêssego e o espinafre, que plantava em sua horta para seu consumo próprio. Abandonou o costume de usar uma pesada armadura e passou a envergar túnicas leves de seda e algodão que constituíam a vestimenta tradicional dos seguidores do profeta, usadas originalmente pelos turcos. Com efeito, as Cruzadas, que começaram como uma expedição feita para castigar os pagãos, tornaram-se um curso de instrução geral em civilização para milhões de jovens europeus. Do ponto de vista militar e político, as Cruzadas foram um fracasso. [...] A Europa, porém, sofreu uma grande mudança. O povo do Ocidente pôde então vislumbrar um pouco de luz, da beleza e do sol do Oriente. Seus escuros castelos já não os satisfaziam. Os ocidentais queriam uma vida mais ampla, maior, que nem a Igreja nem o Estado lhes podiam dar. Encontraram essa vida nas cidades (uma forma de organização das comunidades humanas que já havia sido experimentada por egípcios, babilônios, assírios, gregos e romanos) (Van Loon, 2004, p. 174-179).

Grande, manda perseguir os cristãos em Jerusalém e ordena a morte


Flanando

B

agdá é um lugar enorme, antigamente a residência do

califa de todos os sarracenos, assim como o papa é para os cristãos. Um grande rio, o Tigre, corre nela e é usado pelos negociantes para transportar mercadorias para o interior do Mar da Índia, também conhecido como Golfo Pérsico. A viagem pode demorar até 17 dias, pois o rio é muito tempestuoso. Eles cultivam as melhores tâmaras por aqui. Bagdá é famosa por suas sedas trabalhadas com ouro, damasco e carpetes ornamentados com figuras de pássaros e animais. Quase todas as pérolas que conseguimos na Europa foram

É importante ressaltar ainda, na história dos deslocamentos e das viagens no mundo medieval, o papel dos vikings, oriundos da atual Península da Escandinávia, que entre os séculos VIII e XI começaram a fazer incursões no continente europeu. Exímios navegadores, com suas embarcações nomeadas de drakar, navegaram até a América do Norte no século XI. Deve-se salientar também a experiência, mesmo que individual, de Marco Polo, no século XIII, responsável pela introdução de vários elementos da cultura oriental no Ocidente. Explorou a Rota da Seda, uma série de rotas interconectadas usadas no comércio entre Oriente e Ocidente, possuindo uma rota continental e outra marítima. Elas eram transpostas por caravanas e embarcações oceânicas.14 Todos esses fatos indicam que os medievos, pouco a pouco, lutaram para afastar de si os sinais das trevas que a Igreja Católica Romana lhes impunha e, contrariando a alcunha que os historiadores lhes aplicariam, provaram que as comunidades humanas conseguem gestar, em todos os tempos, mesmo nos sombrios, motivos e obras de glória.

trazidas primeiro para cá para o processo de perfuração. Também é um centro para o estudo da lei islâmica, magia, física, astronomia, geomancia e fisionomia. Esta é com certeza a maior e mais nobre cidade nesta parte do mundo (Marco POlo, Livro I, p. 41).

O Novo Mundo | Novas rotas O que se conhece por Renascimento é um acontecimento de rebeldia generalizada na Europa iniciado no século XIV, em que são colocados em questão os frutos do longo processo de lutas ocorridas após a queda de Roma. Período este no qual a Igreja Católica se sobressaiu como fonte de agregação dos diversos povos, terminando por estender sua influência para além da dimensão espiritual e moral da vida social, abarcando os campos político, econômico e intelectual. Guardiã que foi do legado greco-romano, principalmente por meio das bibliotecas e dos acervos dos mosteiros e dos conventos, a Igreja impediu, durante longo tempo, o livre acesso dos leigos ao significativo patrimônio cultural deixado pelos povos da Antiguidade Clássica. Trata-se de processo

que marca o início daquilo que a historiografia ocidental chamou de transição do Feudalismo para a Idade Moderna. As ideias de busca, pesquisa, investigação e experimento começam a se insinuar e a se disseminar, como prática, entre nobres, intelectuais, artistas, comerciantes e navegadores. Em todos os setores do conhecimento há uma verdadeira revolução. No pensamento político sobressai Maquiavel. Nas ciências, Leonardo da Vinci, uma mistura de cientista, arquiteto e artista; Copérnico e sua teoria heliocêntrica; Galileu e seu estudo da queda dos corpos a da gravitação universal. Na literatura, Camões, Cervantes e Shakespeare tornar-se-ão clássicos. Paralelamente a toda essa efervescência, é na Península Ibérica que se prepara o fermento que produzirá o grande acontecimento que, a partir dos séculos XV e XVI, transformará a vida no planeta àquela época. As experiências regulares de navegação pelo Oceano Atlântico irão revelar, para a antiga Europa, um Novo Mundo: o continente americano e o caminho marítimo para o Oriente. A partir daí o mundo não será mais o mesmo.



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Para enfrentar a navegação, é preciso que haja interesses poderosos. Ora, os verdadeiros interesses poderosos são os interesses quiméricos, são os interesses que sonhamos, e não os que calculamos. São os interesses fabulosos. O herói do mar é um herói da morte. Gaston Bachelard


Flanando

Os historiadores Francisco Carlos e Maria Yeda Linhares assim descrevem este processo importante de conquista do Atlântico: O primeiro grande feito português no Atlântico dá-se quando Gil Eanes, escudeiro de D. Henrique, o Navegador, atinge o Cabo do Bojador, no litoral africano, em 1433. Ao provar a navegabilidade do Mar Oceano (o Atlântico) para o Sul, bem como a inexistência de um clima insuportável à vida humana e de monstros capazes de devorar os navios (uma herança fenícia), a náutica portuguesa não só superava uma série de dificuldades técnicas como também punha em causa velhos conhecimentos geográficos herdados de Aristóteles, Estrabão e Plínio e ousava, em nome da experiência, criticar velhos sábios, como Ptolomeu15 (Teixeira e Linhares, 2000, p. 18). Posteriormente, outras incursões em direção ao Atlântico aconteceram, com o objetivo de atingir as Índias, no Oriente: com Diogo Gomes, em 1444, chega-se ao sul do Cabo Verde; Cristóvão Colombo, em 1492, atinge o continente batizado, posteriormente, de América; em 1498, Vasco da Gama finalmente aporta em Calicute, na Índia, e, para ampliar as conquistas de Gama, D. Manuel, o Venturoso, envia, em 1500, a poderosa frota de Pedro Álvares Cabral, que acaba por revelar o Brasil à Europa.

Segundo Sabáh Aoun Nesse dia o grito de “terra à vista” desembarcou o paraíso na América. Reconhecido pelos olhos do descobridor como o lugar primordial, o Éden, o tão sonhado e desejado jardim que havia sido, finalmente, localizado no além-Atlântico (Aoun, 2001, p. 63). Inicia-se, aí, uma série de relatos sobre a Terra dos Papagaios, que fala de sua natureza física e humana exuberante e sui generis. Tais relatos vão consolidando a ideia deste Novo Mundo como uma mescla de paraíso terreal e selvageria, ao lado do mito das mulheres luxuriosas e do Bom Selvagem. Entre os mais famosos destes textos estão: o relato das viagens de Cadamosto, veneziano que esteve a serviço de D. Henrique explorando a costa ocidental da África a partir de 1455, cujo relato de viagem é editado em Frankfurt apenas em 1567; a carta de Pero Vaz Caminha de 1º de maio de 1500; as cartas de Américo Vespúcio, Mundus Novus, escritas aproximadamente em 1502; Antônio Pigafetta, que passara em 1519 pelo Rio de Janeiro em sua viagem ao redor do mundo; Hans Staden, que teve sua primeira edição em 1557; os relatos de Pero Lopes de Souza escritos entre 1530 e 1532; André Thevet, frade franciscano que atacou a colonização francesa no Brasil, sob o comando de Villegagnon, e publicou Les singularités de la France Antartique, autrement nomée Amerique, em 1558; e, por fim, as obras de Jean de Léry, seminarista protestante que parte em 1566 para a França Antártica, colônia francesa situada no Rio de Janeiro, sob o comando de Villegagnon, e publica em 1578 sua Histoire d’um Voyage faict em la terre du Brésil. A expansão espanhola na América revelará a existência de outras civilizações altamente complexas, nas partes central e sul do novo continente: os incas, os astecas e os maias. No continente africano começam a ser conhecidas novas regiões ainda não atingidas pela civilização europeia.

Um turista casual

Q

uando Mama Occllo – irmã/esposa de Manco Capac, o primeiro imperador Inca – deixou cair

sua cunha ao solo e o objeto enterrou-se sem esforço na terra, os primeiros incas souberam que este era o lugar que Viracocha – Deus/Criador Inca – havia escolhido como lar permanente para seu povo. Gente que abandonou a existência nômade para chegar, como conquistadores, à terra prometida. Com as narinas dilatadas em seu entusiasmo por novos horizontes, os incas viram seu formidável império crescer e seus olhos miraram além da frágil barreira das montanhas que circundam sua cidade inicial. Enquanto os antigos nômades expandiam os limites de Tahuantinsuyu – palavra que significa quatro esquinas –, fortificaram o centro das terras por eles conquistadas, o centro do mundo – Cuzco. Para defender seu centro, eles construíram o maciço forte de Sacsahuamán, que guarda a cidade das alturas, protegendo seu palácios e templos da fúria dos inimigos do império. Esta é Cuzco, cuja voz queixosa pode ser ouvida na fortaleza destruída pela estupidez dos iletrados conquistadores espanhóis. Mas existe outra Cuzco, que pode ser vista de cima, no lugar da fortaleza arruinada: a Cuzco dos telhados vermelhos, com sua harmonia delicada quebrada pela cúpula de uma igreja; a Cuzco vista nas ruas estreitas pelas quais você passa, com os nativos vestidos em suas roupas tradicionais, com todas as cores locais.Esta Cuzco convida-o a tornar-se um turista um tanto relutante, a admirar as coisas superficialmente e a se divertir sob a beleza do céu cinza do inverno (Che Guevara, 2001, p. 108/110).

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Flanando

P

or conclusão deste livro, e descrição do Brasil, em que

temos escrito as qualidades da terra, o temperamento do clima, a frescura dos arvoredos, a variedade de plantas e abundância de frutos, as ervas medicinais, a diversidade de viventes, assim nas águas como na terra, e as aves tão peregrinas, e mais prodígios da natureza, com que o autor dela enriqueceu este novo mundo: poderíamos fazer comparação, ou semelhança, de alguma parte sua, com aquele paraíso da terra, em que Deus Nosso Senhor, como em jardim, pôs a nosso primeiro pai Adão (Vasconcelos, 1977, p. 165).

Ao final do século XVI, os deslocamentos e as viagens expandem-se de forma até então impensável. Uma verdadeira revolução geopolítica, e das mentalidades, instaura-se no Ocidente, tornando a vida social cada vez mais complexa. Novos destinos começam a ser explorados, e novas civilizações entram nas rotas comerciais e no confronto cultural com a velha Europa e o velho Oriente. A reflexão sobre tantas novidades e transformações está presente nas obras de importantes autores, como François Rabelais (Gargântua e Pantagruel); Thomas Morus (A utopia); Michel Montaigne (Ensaios) e Miguel Cervantes (Novelas exemplares), entre outros. Finalmente, o mundo que Agripa mostrara com glória aos romanos no século I a. C. se ampliara e começaria a demolir uma série de mitos acerca da vida na Terra, ao mesmo tempo em que outros seriam construídos e ressignificados. Novas formas de organização das sociedades humanas surgirão, novas relações políticas e econômicas terão lugar a partir da revelação deste Novo Mundo aos europeus. Séculos mais tarde, o grande poeta português nos narra os frutos da espetacular expansão ibérica, agora devidamente acomodada numa espécie de museu lisboeta: a Sociedade de Geografia:

Seguindo ao longo da Rua Eugênio dos Santos, poderemos ver, um pouco mais adiante, sempre à nossa direita, o suntuoso edifício onde está instalada dede 1897 a Sociedade de Geografia, fundada em 1875. [...] Encontramos aí um interessante museu colonial e etnológico, que compreende recordações navais, modelos de galeões e de barcos portugueses e africanos, bustos e outras esculturas, couraças, flechas e outras armas nativas, estandartes e bandeiras de expedições militares, pinturas a óleo de artistas famosos, manuscritos, gravuras, móveis indianos, mobiliário histórico, peles de animais selvagens, espécimes de fibras têxteis e de outras coisas do mesmo gênero, produtos de Angola, de Moçambique, de Macau, de Timor, etc., tais como café, borracha, madeiras, etc., ídolos nativos, dentes de animais, caveiras, pássaros, modelos de trajes típicos das províncias portuguesas, globos, sarcófagos e mil outras coisas curiosas que enchem o vestíbulo, as escadarias dos três andares, três salas maiores e quatro mais pequenas e duas ordens de galerias que circundam a Sala Portugal, que é a maior de todas, com uma área de 790 metros quadrados (Pessoa, 1925, p. 93).

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e chegar sair e chegar

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Thomas Co ok

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a l a c s e a d n

... sua agĂŞn do mun do, ccia era a mais importa agĂŞncias emom 8 4 escritĂłrios e 8 nte 5 vĂĄrios paĂ­se s ...

tempo

viagem


m

segunda escala Toda viagem destina-se a ultrapassar fronteiras, tanto dissolvendo-as como recriando-as. Ao mesmo tempo que demarca diferenças, singularidades ou alteridades, demarca semelhanças, continuidades, ressonâncias. Tanto singulariza como universaliza. Projeta no espaço e no tempo um eu nômade, reconhecendo as diversidades e tecendo as continuidades. Otavio Ianni


Petit tour, grand tour, turismo Dois séculos após a expansão marítima, liderada por portugueses e espanhóis, o mundo havia-se transformado bastante. A Europa registrava um expressivo enriquecimento, graças à exploração das novas colônias americanas, de seus nativos e seus metais (ouro e prata), bem como do comércio direto com o Oriente e o tráfico de negros africanos, que eram utilizados como escravos em suas colônias. A organização da vida nas cidades era um fenômeno em ampla consolidação, o que, pouco a pouco, promoveria grandes mudanças nos costumes, antes pautados por um cotidiano camponês. As comunidades que até então se dedicavam a atividades agropastoris e ao artesanato agora se ocupavam também do comércio e da pequena manufatura. O paraíso na Terra – o famoso Éden – transformara-se nos grandes e belos jardins incorporados pela arquitetura dos castelos e palácios dos senhores mais ricos e nos passeios públicos, que começavam a ornamentar os principais centros urbanos. A economia capitalista encontrava-se em processo de ascensão. Em meio a tantas mudanças, atenua-se significativamente a severa hegemonia espiritual que a Igreja exercera por toda a Idade Média. Estava em marcha o que filósofos e historiadores denominariam de “tempos modernos” [...] uma transição que se consome sempre na expectativa do que é novo, do que está por vir. É precisamente nesse compulsivo e contínuo processo de renovação que se encontra a cisão dos “novos tempos” com o tempo passado (PAULANI, 2005, p. 25). No século XVIII, a Inglaterra ultrapassara Portugal como nação imperialista e iniciara um processo de industrialização, que se expandiria por todo o Ocidente. Novas máquinas foram inventadas, a princípio para dar maior produtividade ao setor têxtil. A fabricação de metais, como o ferro, ganhou grande impulso a partir da substituição do carvão vegetal pelo mineral. Todas essas inovações arruinariam as pequenas oficinas artesanais, dando início à mecanização

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Bagagem extra

N

Frutos do grand tour

ão era difícil que os caravaneiros encontrassem

A

em Glehue (ou Porto de Ajuda,

dam Smith, filósofo e

no Golfo do Benin) patrícios ali

economista escocês, aos 36

vivendo. À sombra de uma árvore, a

anos, chamou a atenção do Duque

qualquer hora do dia, duas ou mais

de Buccleuch pela sua inteligência.

pessoas podiam estar conversando

O duque convidou-o para ser o

na língua da terra, ou em outro dos

tutor de seu filho numa viagem

vários falares gbe, ou em aça, ou

do grand tour pela Europa. Nessa

numa das variantes do iorubano,

viagem, Smith encontrou-se com

ou em português, ou em francês,

outros eminentes pensadores

ou em edo, ou em inglês, ou em

da época, como Voltaire e

hauçá, ou em flamengo, ou passar

Rousseau, e, no seu regresso à

sem dificuldade de um idioma a

Inglaterra, escreveu o clássico A

outro. Gleuhe tornara-se, assim, tal

riqueza das nações (Wikipédia).

qual sucederia com outras cidades da Costa dos Escravos, um centro cosmopolita onde se encontravam, mercadejavam e se casavam entre si pessoas das mais distintas origens (Silva, 2004, p. 46).

do campo, e os artesãos e camponeses começaram a formar os primeiros contingentes de operários (SCHNEEBERGER, 2003, p. 97). O enriquecimento europeu já havia criado, desde o século XVII, uma burguesia que, ao lado da tradicional nobreza, gozava de tempo livre suficiente para usufruílo de formas variadas. Os franceses, por exemplo, por volta de 1672, já haviam organizado seu “guia fiel” para estrangeiros que se dirigiam ao seu país – alemães, poloneses, dinamarqueses, holandeses e ingleses:

O “guia fiel” lhes fornecia os rudimentos da língua, a descrição de rotas que conduziam às cidades e os lugares mais famosos. Eram propostos dois circuitos: o petit tour, Paris e o sudoeste da França, e o grand tour, que compreendia também o sul, o sudeste e a Borgonha. Daí surgiu a expressão fazer o grand tour, que começou a ser utilizada na Inglaterra nos séculos XVII e XVIII. O conceito de grand tour foi incentivado por Elizabeth I, rainha da Inglaterra, no século XVI, como uma forma de desenvolver, por meio de uma educação acurada, uma nova classe de estadistas profissionais e embaixadores.

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Para completar sua educação, jovens ingleses viajavam por toda a Europa em companhia de seus tutores (de um a três anos). A prática continuou a se desenvolver nos séculos XVII e XVIII até se tornar uma moda entre as ricas famílias inglesas (YASOSHIMA;OLIVEIRA, 2002, p. 36). Ainda segundo Yasoshima e Oliveira, o perfil do viajante na época elizabetana era o de um homem solteiro, na faixa etária dos 20 anos, recém-formado nas tradicionais Universidades de Oxford ou Cambridge. O ponto alto da viagem era conhecer as riquezas culturais de Roma, Florença, Nápoles e Veneza. John Urry chama atenção para a transformação do grand tour, outrora motivado pela busca de conhecimento da arte e da cultura dos diversos povos, para o “grand tour romântico”, que presenciou a emergência do “turismo voltado para a paisagem” e de uma experiência muito mais particular e apaixonada da beleza e do sublime” (Urry, 2001, p. 20). Chegou-se mesmo a filosofar sobre o ato de passear, sobre o qual o filósofo alemão Karl Schelle dedicou um livro – A arte de passear –, no qual afirma: Para ser tocado pelos encantos do passeio e sentir sua necessidade intelectual, é necessário ter certo nível de cultura, uma bagagem intelectual que nem todo mundo possui.

touristelezh Bretão

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No prefácio à edição de 2001, Pierre Deshusses sintetiza as principais ideias do filósofo, as quais, a rigor, são parte das ideias de uma época: O que Schelle quer, numa época moldada pelas luzes e pelo desejo pedagógico, é justamente permitir aos leitores diferenciarem a natureza dos passeios para que deles usufruam plenamente. O prazer é o desfecho. O passeio se inscreve numa arte de viver. [...] o passeio num parque não implica a mesma disposição de espírito que os passeios na montanha, por exemplo; da mesma forma, não se vagueia pela floresta como se passeia à margem de um rio. Pois, afinal, o que é passear? É ser receptivo às coisas que nos rodeiam sem, no entanto, ter por elas um interesse por demais intenso, é deixar-se levar pelas impressões da natureza sem nela mergulhar, é olhar sem observar, andar sem se cansar, deixar-se distrair sem sonhar, afastar-se do mundo sem dele fugir, ter contato com a natureza evitando seus aspectos demasiado selvagens [...]. (Deshusses, 2001, p. VI/XII). A Revolução Francesa de 1789, seguida pelas guerras napoleônicas, interrompeu o grand tour. Por volta de 1814, quando as principais potências europeias da época estão negociando entre si a divisão da África e da Ásia no Congresso de Viena, as viagens pelo continente europeu praticamente cessaram.

Paralelamente ao grand tour, que momentaneamente entra em recesso, outro movimento de viajantes se insinuava desde o século XVII, tendo ganhado bastante força no século XVIII e se consolidado no XIX: a busca de espaços para banhos. Procurados inicialmente em estâncias hidrominerais, estes passam depois a ser realizados em águas salgadas, obtendo importância entre os cuidados com a saúde: Reis e rainhas, chefes de Estado, cardeais e a alta nobreza passaram a frequentar as estâncias hidrominerais para o tratamento de enfermidades aliados, em alguns casos, ao sentimento religioso e, posteriormente, aos prazeres. Os banhos nas estações termais eram recomendados para combate à esterilidade feminina, tratamento de reumatismo, artrite, gota, etc. (YASOSHIMA e Oliveira, 2002, p. 45). Essas práticas acabam por converterem-se em atividades de descanso, lazer e festa. Como observa Myerscough: O aparato da vida em um balneário, com seus bailes, passeios, bibliotecas, mestres-de-cerimônia, tinha por objetivo proporcionar uma experiência urbana concentrada, de uma sociabilidade frenética, a uma elite rural dispersa (apud Urry, 2001, p. 20). Dentre as estâncias termais mais famosas e frequentadas da Europa estavam: Bath (banho, em inglês), cidade da Cornuália, na Inglaterra, que alcançou seu esplendor no século XVIII, sendo das mais visitadas; Spa, na Bélgica, tornou-se sinônimo de lugar saudável e fazia sucesso inicialmente entre os ingleses no final do século XVIII. Diz-se que a palavra “spa” vem das iniciais da expressão latina salute per acqua; e Baden Baden, na Alemanha, que ganhou grande reputação, chegando a rivalizar com Bath. No século XIX, dizia-se que a Europa tinha duas capitais: Paris, no inverno, e Baden Baden, no verão (Yasoshima e Oliveira, 2002, p. 45/47).


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Bagagem extra

Tempero e melodia

S

egundo John Urry, ao que parece, o primeiro balneário marítimo

da Inglaterra foi Scaborough, criado em 1626 quando uma certa sra. Farrow notou uma fonte na praia. O músico brasileiro Sérgio Mendes, radicado nos Estados Unidos, e também os compositores Paul Simon e Art Garfunkel imortalizaram a música Scarborough Fair principalmente na versão para o filme A primeira noite de um homem (The graduate). De origem folk medieval inglesa, a canção refere-se a uma feira tradicional que ocorria na cidade de Scarborough, fundada há mais de mil anos por Skartha, um viking que se estabeleceu na região batizada com o nome de Skarthaborg. A canção surgiu numa época em que o porto de Scarborough era uma importante via de comércio inglesa. A letra fala do amor de um homem que foi abandonado por uma mulher e das tarefas que ele deve realizar, já que o amor, às vezes, requer sacrifícios para que seja entendido como verdadeiro. As palavras parsley, sage, rosemary e thyme, repetidas em todas as estrofes da música, referem-se a ervas que tinham grande significado no mundo medieval. Parsley (salsa) levava embora a amargura e trazia paz de espírito; sage (sálvia) simboliza a força por mil anos; rosemary (alecrim) representa a fidelidade e o amor, e thyme (tomilho) simboliza a coragem.

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A moda do banho chegou ao mar com a difusão da talassoterapia, um tratamento com águas salgadas e geladas. Segundo Urry, receitados e realizados com acompanhamento médico, os banhos no mar ocorriam frequentemente no inverno e envolviam basicamente a “imersão”, diferentemente da prática contemporânea da natação. Normalmente o banhista entrava na água inteiramente nu: A exposição ao sol não era elegante, e o bronzeamento geralmente denunciava pessoas de condição social inferior, já que eram obrigadas a trabalhar ao ar livre [...], o rosto e os braços com a cor natural da pele eram tanto garantia de pertencer à classe ociosa como a prova de ser do mundo ocidental, no momento em que as potências europeias começavam sua expansão colonial (Yasoshima e OLIVEIRA, p. 48). Brighton, na Inglaterra, foi o mais famoso balneário marítimo do século XIX. No entanto, outros surgiram na costa mediterrânea, beneficiando-se da superlotação de Brighton, como San Sebastian, na costa basca (Espanha), que começou a receber no verão a Corte, o governo e a nobreza da Espanha. O sucesso dessas iniciativas expandiu-se, e a ideia materializouse, acessoriamente, em Biarritz (Côte d’Argent, na França) e nas cidades de Cascais e Estoril, próximas a Lisboa. Os “jogos de azar” desenvolvem-se nos balneários com o surgimento dos cassinos. A elegante Spa, na Bélgica, tornou-se a capital do jogo, e no final do século XIX os cassinos farão a fortuna de Monte Carlo e Mônaco, conhecidas como cidades voláteis e sofisticadas.


Scarborough Fair

Scarborough Fair | tradução Você está indo à Feira de Scarborough?

Are you going to Scarborough Fair? Parsley, sage, rosemary and thyme Remember me to one who lives there For once she was a true love of mine Have her make me a cambric shirt Parsley, sage, rosemary and thyme

Salsa, sálvia, alecrim e tomilho. Lembre de mim a alguém que vive lá, Ela já foi meu grande amor. Diga a ela para me fazer uma camisa de cambraia, Salsa, sálvia, alecrim e tomilho. Sem nenhuma costura ou trabalho de agulha, Então ela será meu verdadeiro amor.

Without no seam nor fine needle work

Diga a ela para me encontrar um acre de terra

And then she’ll be a true love of mine

Entre a água salgada e a praia,

Have her find me an acre of land Parsley, sage, rosemary and thyme Between the sea foam and over the sand And then she’ll be a true love of mine Tell her to weave it in a sycamore wood lane Parsley, sage, rosemary and thyme And gather it all with a basket of flowers And then she’ll be a true love of mine

Salsa, sálvia, alecrim e tomilho. E então ela será meu verdadeiro amor. Diga a ela para colher com uma foice de couro, Salsa, sálvia, alecrim e tomilho. E juntar tudo em um maço de urze, Então ela será meu verdadeiro amor.


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Flanando

A roleta da vida

N

a sua primeira viagem à Europa, no verão de 1862, Dostoiévski visitou Berlim, Dresden e Colônia, de passagem, Paris durante dez dias, Londres,

Genebra, Turim, Gênova e Florença. Suas impressões desta primeira viagem ficaram registradas num pequeno escrito intitulado “Memórias de verão sobre impressões de inverno” [...] A segunda viagem já não a faz só, vai na companhia de uma amante. Quem é essa mulher? Aliás, não é ainda uma mulher, mas uma moça, uma jovem estudante entusiasmada com as ideias niilistas e progressistas, a literatura e a política, o feminismo, e com pretensões à escritora [...] Paulina – assim se chama a moça – tem 16 anos, e Fiódor, o dobro da idade. Não partiram os dois juntos para sua viagem de lua- de- mel. Ela partiu primeiro e ele depois, com o dinheiro emprestado pela Caixa de Socorros a Escritores Necessitados. Mas ambos se atraiçoaram mutuamente, antes de se reunirem em Paris. Dostoiévski atraiçoa-la-á com sua paixão mais funda pelo jogo: antes de chegar a Paris, detém-se em Wiesbaden e joga furiosamente na roleta, onde ganha e perde sucessivamente avultadas quantias [...] Restam-lhe apenas 130 francos, e é com esssa quantia que os dois partem afinal para a Itália, “como amigos” (Nunes Natália, 1963, p. 43-44).

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Segundo Urry, os balneários conseguiram permanecer relativamente restritos ao plano social. O acesso era facultado apenas àqueles que tinham condições de adquirir ou alugar acomodações em determinada cidade (Urry, 2001, p. 35). No entanto, em contraponto a esses privilégios da vida aristocrática, havia naquele momento de Revolução Industrial uma crescente classe operária, cujas condições de vida e trabalho eram desumanas. Esses trabalhadores vãose envolver em diversas lutas, ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX, que demandavam a redução de sua exploração pelo capital. Até meados do século XIX não havia legislação trabalhista nem qualquer proteção do Estado à classe trabalhadora. Uma de suas importantes exigências então – e que se liga diretamente à história do turismo – é a do direito à pausa do

trabalho: dias parados e remunerados; tempo livre, numa jornada que poderia chegar a 16 horas por dia, seis dias por semana, incluindo o trabalho de crianças menores de 10 anos e de mulheres. Na chamada 2ª Revolução Industrial, durante o século XIX, importantes tecnologias se desenvolvem, vindo a favorecer o deslocamento de grandes massas, não apenas na Inglaterra. Entre elas, a máquina a vapor, inventada por James Watt e aperfeiçoada por Richard Trevithick, que criou um modelo de máquina a vapor sobre rodas, tendo sido apelidada de “locomotora”. Em 1824, pelas mãos e ciência de George Stephenson, essa máquina sofre outra inovação, que resulta na invenção do trem, que, ao lado da implantação das linhas férreas a partir de 1825, significa um importante salto para a sociedade ocidental em direção à conquista de maior velocidade,

comodidade e espaço para o transporte de viajantes e mercadorias (Rejowski et al. 2002, p. 42-43). Neste cenário, ao mesmo tempo revolucionário e penoso, do processo de industrialização do Ocidente, liderado pelos ingleses, Tomas Cook, um jovem pregador batista da cidade de Loughborough, teve a ideia de transportar 570 fiéis de sua igreja, no verão de 1841, de Leicester a Loughborough, para assistirem a um Congresso da Temperança: uma das quatro virtudes cardinais para o cristianismo, ao lado da prudência, da fortaleza e da justiça. Era, na verdade, um congresso antialcoólico direcionado à classe trabalhadora, pois a ingestão da bebida se tornava naquele momento um problema social e econômico, apesar de representar um paraíso artificial na vida daqueles operários, cuja labuta diária se dava em condições tão penosas.


Cook convenceu os donos da Midland Counties Railway (empresa ferroviária inglesa) a alugar-lhe um trem com vagões descobertos a preços módicos: A viagem de ida e volta custou um xelim por pessoa, incluía um lanche composto de chá e sanduíche de presunto, a possibilidade de participar de um jogo de críquete e a oportunidade de dançar ao som da música da banda que acompanhou os viajantes (Rejowski et al. 2002, p. 53-4). Era o embrião da ideia de pacote de viagens. Não se sabe se os viajantes voltaram mais temperados, nem se o índice de alcoolismo veio a declinar, mas a iniciativa rendeu grandes frutos para Cook e seus futuros clientes.

Viagens programadas Alguns dos desdobramentos daquela primeira iniciativa evidenciam que as viagens com objetivos de lazer começaram a tornar-se um negócio bastante rentável na economia capitalista, que então se desenvolvia: Em 1845, Cook lançou o Handbook of the Trip, primeiro itinerário descritivo de viagem, preparado de forma profissional para uso de turistas, por ocasião da excursão de Leicester a Liverpool; em 1846, realizou um tour com a participação de guias de turismo, o primeiro com essas características, chegando a levar 350 pessoas à Escócia; em 1850, formalizou contrato com a Great Easter Railway para a venda de bilhetes de trem por ano, que vendeu em um mês; no ano de 1851, levou cerca de 165 mil pessoas à Primeira Exposição Mundial realizada em Londres, oferecendo transporte e alojamento; introduziu o Individual Inclusive Tour (ITT), em 1862; realizou a primeira excursão à Suíça,

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“Continue! Vapor ou gás ou carruagem Mantenha a cabine, pequena gaiola dirigível Passeio, jornada, viagem, ócio, corrida, caminho, Planar, projetar, excursionar, Mover-se, você deve! Esse é o desejo de hoje, Lei e moda atual. (Colleridge, Samuel Taylor, 1826. In: BRIGGS e BURKE, 2004, p. 114).


em 1863, popularizando esse país como destino turístico de inverno; e a primeira excursão para os EUA, em 1865; criou, em 1867, o primeiro cupom de hotel (voucher), documento que permitia sua utilização em hotéis para o pagamento dos serviços contratados em sua agência; realizou o primeiro tour ao Oriente Médio em 1869; inaugurou, em 1872, a primeira agência de viagens no continente americano, em Nova York; em 1873/1874, criou a circular note (antecessora do traveller check), que era aceita por bancos, hotéis, restaurantes e casa comerciais em várias partes do mundo [...]. Morreu em 1892, no momento em que sua agência era a mais importante do mundo, com 84 escritórios e 85 agências em vários países, empregando mais de 1.700 pessoas (Rejowski et al. 2002, p. 55). Thomas Cook teve inteligência e sensibilidade para acreditar e investir no lazer dos setores assalariados, mesmo que por motivações de ordem moral, no momento em que a luta pelo tempo livre, pelas férias remuneradas e pelo ideal de democracia, travada por trabalhadores ingleses, franceses e europeus, de forma geral, constituía-se na materialização das utopias de autonomia e liberdade projetadas desde o século XVIII. Em 1844, o ato ferroviário de Gladstone16 obrigava as companhias ferroviárias a dar atendimento às “classes trabalhadoras”. Aos poucos, os próprios empresários capitalistas começam a reconhecer os benefícios do tempo livre para os assalariados: [...] a obtenção de intervalos mais prolongados, de férias com duração de uma semana, foi uma iniciativa pioneira no norte da Inglaterra [...] alguns patrões começaram a encarar as férias regulares como algo que contribuía para a eficiência (Urry, 2001, p. 38). Mas a luta de classes se dava também no campo do lazer. Urry nos lembra que:

Houve fortes campanhas na maior parte dos lugares que se tornaram balneários da classe trabalhadora, tais como Blackpool ou Morecambe, no sentido de impedir que as companhias ferroviárias locais realizassem viagens dominicais de um só dia, pois julgava-se corretamente que os viajantes espantariam os visitantes mais ricos, que os balneários tinham possibilidade de atrair (Ibidem, 2001, p. 41). No entanto, desafinando o coro dos contentes, o desenvolvimento das viagens de lazer da classe trabalhadora continuava a se expandir e a encontrar novas formas de organização, por meio de excursões promovidas por pubs, igrejas e clubes. O desenvolvimento acelerado das ferrovias, principalmente na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, associado ao desenvolvimento da indústria da navegação a vapor, vão pavimentando a possibilidade da viagem em torno de todo o mundo. Em 1860, nos EUA, George Mortimer Pullman teve a ideia de criar o vagão-dormitório e o vagão-salão nos trens. Em 1883, entra em operação o Orient Express, unindo Londres e Paris a Viena, Atenas e Istambul, por diversas rotas através da Europa central e oriental. Logo se estabeleceram combinações com o Expresso Transiberiano, em 1898, e com o Expresso Cairo-Luxor, em 1902 (Rejowski et al. 2002, p. 57). A navegação a vapor desenvolve-se paralelamente e acompanha o cada vez mais intenso tráfego entre a Europa, a América e o Extremo Oriente. A América do Norte vai receber um significativo contingente de migrantes europeus que resultará num desenvolvimento capitalista acelerado. Datam de 1838 as primeiras atividades da Peninsular & Oriental Steam Navigation, realizando viagens para a Índia e o Extremo Oriente. Em 1840, a Cunard Steamship Company inicia rotas para a América, ambas companhias inglesas.

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A abertura do Japão para o comércio exterior, a partir de 1867, facilitaria a realização de viagens mensais de São Francisco (EUA) para Yokohama, via Oceano Pacífico, e a abertura do Canal de Suez, em 1869, as viagens entre Europa e Ásia. Neste mesmo ano foi completada a ligação ferroviária transcontinental nos Estados Unidos, tornando possível a viagem ao redor do mundo com os transportes regulares a vapor (Ibidem, p. 59). Segundo o poeta Walt Whitman, um ícone da alma americana, era o casamento de continentes, climas e oceanos. Em 1872, novamente Tomas Cook volta à cena, promovendo a primeira viagem de “volta ao mundo” em 222 dias, conduzindo nove pessoas: Cook escolheu a rota oeste-leste pelo Atlântico e Estados Unidos, com paradas nas atrações turísticas americanas, incluindo Niagara Falls, Chicago, Salt Lake City e São Francisco; pelo Pacífico atingia Yokohama, seguida de um tour pelas maiores cidades japonesas; a escala seguinte era Shangai, Hong Kong, Cingapura, Penang, Ceilão, Madras e Calcutá. Em Calcutá, Cook e seu grupo deixavam o navio para empreender uma viagem terrestre, via estrada de ferro, para Benares, Agra, Kanpur, Lucknow, Déli, Allahbad e Bombaim, onde embarcavam em outro navio com destino ao Egito, sua maior escala antes do retorno para a Inglaterra, com uma viagem de navio pelo Mediterrâneo e de trem pela Europa (Ibidem,2002, p. 60).

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Aventuras de Ernest Hemmingway

A

cordávamos bem cedo e, logo depois do café da manhã, botávamos às costas nossas mochilas e começávamos a escalada ainda antes de o sol

raiar, sob as mesmas estrelas, levando nos ombros nossos esquis.[...] Durante as temporadas de inverno em Schruns, eu sempre deixava crescer a barba para me proteger da intensa reverberação do sol na neve das montanhas e não me dava ao trabalho de cortar os cabelos.[...] Lembro-me do cheiro bom dos pinheirais, das noites que passamos em cabanas de lenhadores, dormindo em colchões de folhas de faia; lembro-me de como esquiávamos pelos bosques, seguindo as pegadas das lebres ou de raposas.[...] Lembro-me bem de vários tipos de neve que o vento podia produzir e do comportamento traiçoeiro de cada um deles sob nossos esquis. E também das violentas nevadas que às vezes nos apanhavam nas cabanas do Clube Alpino, mudando de tal maneira o aspecto da região que devíamos procurar as trilhas com o maior cuidado, como se nunca tivéssemos estado por ali antes disso. E era, de fato, como se fosse a descoberta de um novo mundo (HEMINGWAY, 1985, p. 198-200).

Naquele momento – fins do século XIX –, o mundo romano que Agripa vislumbrara no ano I a. C. e que fora ampliado a partir das grandes navegações do século XVI se tornava passível de ser inteiramente percorrido. À medida que o desenvolvimento técnico se vai expandindo, a natureza, que no passado despertava pânico nos seres humanos, torna-se uma aliada e um elemento lúdico da vida, favorecendo a exploração das montanhas pelo alpinismo; a prática do esqui, que transforma paisagens geladas num brinquedo com vocação de esporte; e o próprio mar vai-se tornando não somente uma estrada e um meio de cura, como na Antiguidade, mas um entretenimento.

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Paulatinamente, os serviços de turismo e hotelaria se aperfeiçoariam com a criação dos hotéis-ferrovia, situados próximo a terminais ferroviários; a iluminação a gás e a luz elétrica estimulam a criação de cabarés de luxo, em que se destacaram o Folies Bergère e o Moulin Rouge, em Paris. O hábito de “comer fora”, em razão da crescente urbanização, incentivou a criação de restaurantes econômicos; a hotelaria de luxo desenvolveu-se a partir das experiências de César Ritz, inaugurando uma nova forma de gerência e sofisticação dos serviços; os guias impressos de turismo começam a ser publicados, inicialmente por Karl Baedecker (Rheilande, sobre o Reno), que introduziu o sistema de estrelas para categorizar locais de interesse e hotéis confiáveis: um bom hotel é um hotel cinco estrelas. Posteriormente, os guias Michelin, editados na França, democratizam as informações sobre destinos diversos.

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O Mediterrâneo começou a ser explorado nas cidades litorâneas de praias quentes: Côte d’Azur, na França; Brione Maggiore e Riviera Italiana, na Itália; e Ilhas Canárias, pertencentes à Espanha. Outros destinos insinuam-se no continente americano: Atlantic City e Flórida, nos EUA; Mar del Plata, na Argentina; e Viña del Mar, no Chile. Por fim, a produção de grandes eventos, como as Exposições Universais, promovidas durante toda a segunda metade do século XIX por diversos países, mas especialmente em Londres e Paris, tornaram-se, além de oportunidades de lazer, oportuna forma de apologia do progresso industrial, indícios da superioridade, da lucidez e da eficiência europeias.


Flanando

Suave era a noite da Belle Époque

N

a agradável costa da Riviera Francesa, mais ou menos a meio caminho entre Marselha e a fronteira italiana, ergue-se um

hotel grande, altivo, cor-de-rosa. Amáveis palmeiras refrescam o tom quente da fachada, e diante do prédio se estende uma praia pequena e luminosa. Ultimamente tornou-se lugar de veraneio para pessoas importantes e em moda na sociedade; há dez anos ficava quase deserta depois que a clientela inglesa partia para o norte, em abril [...] O hotel e a praia, que parecia um tapete bronzeado e luzidio, formavam um todo [...] Dalí a uma hora, buzinas de automóveis começariam a soar na estrada sinuosa, ao longo da área baixa dos Maures que separa o litoral da frança verdadeiramente provençal (Scott Fitzgerald, s.d., p. 7).

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Bagagem extra

Um passado recente

O

historiador paulista Nicolau Sevcenko mostra-nos como as invenções ocorridas na passagem do século XIX ao XX irão alterar profundamente o modo de vida de homens e mulheres:

No curso dos desdobramentos [da revolução científico-tecnológica] surgirão apenas para se ter uma breve ideia, os veículos automotores, os transatlânticos, os aviões, o telégrafo, o telefone, a iluminação elétrica e a ampla gama de utensílios eletrodomésticos, a fotografia, o cinema, a televisão, os arranha-céus e seus elevadores, as escadas rolantes e os sistemas metroviários, os parques de diversões, as rodas-gigantes, as montanhas-russas, a seringa hipodérmica, a anestesia, a penicilina, o estetoscópio, o medidor de pressão arterial, os processos de pasteurização e esterilização, os adubos artificiais, os vasos sanitários com descarga automática, o papel higiênico, a escova de dentes e o dentifrício, o sabão em pó, os refrigerantes gasosos, o fogão a gás, o aquecedor elétrico, o refrigerador e os sorvetes, as comidas enlatadas, as cervejas engarrafadas, a Coca-Cola, a aspirina, o Sonrisal e, mencionada por último mas não menos importante, a caixa registradora (Sevcenko, 1998, p. 9-11).

inve nções 66

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Terão ainda grande repercussão em todo o século XX as ideias de um pensador surgido no revolucionário século XIX, cujas teorias influenciarão as estratégias de desenvolvimento da atividade turística, embora de forma subliminar. Trata-se do pai da psicanálise, Sigmund Freud, que nos revelará o inconsciente como um novo continente subjetivo: matéria e dimensão do ser humano, da qual o turismo também será amplamente nutrido, no século XX, ao trabalhar, em associação com a publicidade, a propaganda, a mídia impressa e audiovisual, promovendo a identificação e mesmo a invenção do desejo, consciente ou não, de segmentos diversos de viajantes pelo mundo afora. Vivia-se então a Belle Époque, tão bem representada nas artes, principalmente na pintura e na literatura, com suas explosões de cores, movimento, luz, alegria, estranhamento e vertigem.

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e chegar sair e chegar

1 4 bis

sair e chegar sair e chegar e chegar sair e chegar

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Demoiselle

sair e chegar sair e chegar e chegar sair e chegar

ar sair e chegar

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sair e chegar sair e chegar e chegar

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a l a c s e a r ei


terceira escala Desde as navegações, que fundaram o sistema mundial e a era moderna, passando pelas viagens científicas corográficas, ampliando-se nas viagens ilustradas do século XIX, até se chegar à época dos transportes de massa do século XX, que os esquadrinhamentos, os périplos e os trânsitos se multiplicaram, sulcando rotas, abrindo estradas, invadindo países e miscigenando culturas. O apelo insaciável da partida continua animando as âncoras a se levantarem, os aviões a decolarem e os caminhantes a trilharem seus destinos. Henrique Soares Carneiro

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A busca de novos paraísos No início do século XX, os céus transformam-se em estradas. As viagens começam a ser feitas também pelo ar, com os dirigíveis criados pelos alemães, entre os quais o mais famoso foi o Zepellin, desenvolvido pelo Conde Ferdinand Von Zepellin. Mais tarde, por volta de 1936, os alemães projetariam o Hindenberg, que conduzia cinquenta passageiros e sessenta tripulantes, além de carga, correio e combustível para os motores. Nos mares, o luxo era cada vez maior nas instalações da primeira classe dos grandes transatlânticos, como o Olimpic e o Titanic, que, apesar de seu destino trágico – com o surpreendente naufrágio em 1912 –, demonstrou, por meio da engenharia náutica, da sofisticação do seu acabamento e de seus serviços, o enorme potencial comercial que as viagens transatlânticas poderiam adquirir no futuro. Entre outros luxos, o Titanic possuía a bordo uma piscina, um ginásio, banho turco, bibliotecas, dois telégrafos e um rádio de 1.500 watts, permitindo o contato e a transmissão de mensagens de muitos passageiros.

Guerras | Hostilidades e benefícios para o turismo mundial As pessoas comuns – contemporâneas, espectadoras e usuárias desses novos meios de transporte, que viveram entre encantadas e atônitas a vertigem da Belle Époque, onde as noções de velocidade e distância se transformaram completamente, modificando a vida nas sociedades ocidentais – não suspeitavam das consequências dessas transformações nas relações entre os países. As disputas entre as nações da Europa central por ampliação do mercado para seus produtos industrializados, pela ocupação de novos territórios, e pela busca de matéria-prima acirram-se violentamente no início do século XX. Com o envolvimento de 37 países, a 1ª Guerra Mundial enfraquece o fluxo turístico, sinalizando que a beleza de uma época se desmanchava, à revelia de

seus admiradores e espectadores: hotéis luxuosos foram utilizados para hospedar tropas militares ou para abrigar quartéis generais e hospitais. Não era exatamente o cenário que um turista gostaria de apreciar no Velho Continente. Em meio à guerra, no ano de 1917, a luta de classes que Karl Marx propugnava como motor da história instaura o comunismo na Rússia, por meio da Revolução Bolchevique. Tem início uma nova era na ordem econômica e política mundial, impulsionada pela criação da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Até o final do século XX, este novo bloco disputará a hegemonia do poder mundial com os países capitalistas, liderados pelos norte-americanos. A guerra propiciou modificações importantes nos meios de transporte, as quais favorecerão as viagens e o turismo, apesar dos traumas, que não encontram bálsamo algum. Os veículos excedentes da guerra começam a destinarse a uso civil. A fabricação em série do automóvel, com o pioneirismo da Ford Company americana, difunde-se nos EUA e na Europa. O surgimento, a partir de 1921, dos primeiros ônibus sugere que o transporte coletivo irá modificar-se, beneficiando o turismo. A construção de dirigíveis é retomada. A motocicleta é incorporada como esporte inicialmente. Fundam-se as primeiras companhias aéreas a partir de 1920, sendo a KLM holandesa (Koninklijke Luchtvaart Maatschappij – Companhia Real de Aviação) a primeira a operar voos comerciais, com a linha AmsterdãLondres. Em relação ao transporte rodoviário, foram apresentadas ao mercado, em 1929, “casas sobre rodas”, que ficaram conhecidas como trailers e introduziram uma modalidade de turismo bastante difundida nos EUA. O fortalecimento da economia americana no pós-guerra, com o deslocamento do centro do capitalismo financeiro de Londres para Nova York, e a destruição de importantes países europeus favorecem o desenvolvimento de novos destinos turísticos nas Américas: Miami Beach, nos EUA; Acapulco, no México; Bariloche e Mar del Plata, na Argentina; Punta del Este, no Uruguai; o Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, no Brasil (REJOWSKI; SOLHA, 2002, p. 76).


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Bagagem extra Santos-Dumont e o 14-bis*

A

lberto Santos-Dumont (1873-1932) era descendente de imigrantes, como grande parte do povo do

Brasil. Um brasileiro típico. Era neto de franceses, por

parte de pai, e bisneto de portugueses, por parte de mãe. Sempre evidenciou seu orgulho de ser brasileiro e sempre externou serem um sucesso brasileiro suas conquistas ímpares para a humanidade. A principal conquista de Santos-Dumont foi ser o primeiro homem no mundo a voar em um aparelho mais pesado que o ar, utilizando, unicamente, os recursos do próprio aparelho. O voo histórico aconteceu há cem anos, na França, em 23 de outubro de 1906, com o “14-bis”. Naquele dia, Santos-Dumont voou a distância de 60 m, à altura de 2 a 3 m, em 7 segundos. O feito surpreendente ocorreu com o testemunho de uma multidão, da imprensa, de filmagem de companhia cinematográfica, de comissão oficial previamente convocada. Sua vitória teve grande repercussão em todo o planeta. Após os voos históricos do “14-bis”, Santos-Dumont continuou apresentando ao mundo novos inventos geniais. Um ano depois, em novembro de 1907, fazia o voo inaugural do seu revolucionário Demoiselle, minúsculo, simples, leve e muito veloz. Santos-Dumont, como já fizera com todos os seus inventos, colocou aquele aparelho à disposição pública para livre reprodução, sem nenhum direito comercial para seu inventor. O Demoiselle foi o primeiro avião fabricado em série no mundo. Santos-Dumont foi um grande benfeitor para a humanidade e um ser humano extraordinário. É o símbolo maior, brasileiro, de criatividade, de inovação tecnológica e de persistência no objetivo. Neste ano do centenário do voo do 14-bis, devolvese a Santos-Dumont o seu lugar ímpar de primazia e de destaque na aviação mundial. *Comissão Interministerial do Centenário do Voo do 14-bis

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Porém, a economia mundial sofre novo golpe, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, que provoca grande impacto no fluxo turístico mundial. As grandes companhias marítimas de navegação europeias decidem adaptar-se, dedicando-se inteiramente ao lazer das classes mais ricas por meio de viagens em grandes transatlânticos: o Bremen alemão, em operação desde 1928; o Normandie francês, de 1932; o Queen Mary, de 1934, e o Queen Elizabeth, de 1938, ambos ingleses. Uma conquista importante no entreguerras, que terá repercussões decisivas na história do turismo, aconteceu no ano de 1936: um acordo entre a Confederação do Patronato e a Confederação Geral do Trabalho, da França, consagra o direito aos trabalhadores de 15 dias de férias remuneradas por ano e a diminuição da jornada de trabalho para quarenta horas semanais. Abre-se à classe trabalhadora de todo o mundo uma perspectiva de luta justa e necessária. Ao mesmo tempo, as grandes turbulências sofridas naquele momento pela economia capitalista teriam fortes

impactos sociais, os quais dariam margem ao surgimento, nos anos 1930, de ideologias políticas nacionalistas, centralizadoras e totalitárias na Alemanha (o nazismo) e na Itália (o fascismo), países duramente atingidos pelas perdas da 1ª Guerra. O choque entre as correntes em disputa por hegemonia político-econômica no mundo – liberais capitalistas, comunistas e nazifascistas totalitários – desemboca no fenômeno atroz da 2ª Guerra Mundial. O mundo tornou-se perigoso, violento e xenófobo, o que possibilitou, em ambas as partes do conflito, experiências requintadas de crueldade que envolveram a época num clima de desconfiança – solo infértil para o turismo. Internamente, Alemanha, Itália e França cuidavam de promover – cada uma à sua maneira, e com objetivos de cooptação política e econômica – o lazer das classes assalariadas por intermédio de organizações específicas: A Opera Nazionale Dopolavoro (ODN), criada em 1925, durante a ascensão do fascismo, promovia,

especialmente, o excursionismo em cooperação com a Federação Italiana Excursionista, organizando saídas a pé ou de bicicleta. Dispunha de 150 estabelecimentos em praias, 130 campos de verão e 91 de inverno, além de organizar cruzeiros marítimos pelo Mediterrâneo. A Krapfdurch Freude (Força da Alegria), uma das sessões da Frente Alemã do Trabalho, foi fundada em 1933 com o objetivo de constituir uma comunidade de trabalho em escala nacional na qual o bem-estar físico e espiritual favoreceria ao máximo o rendimento no trabalho. A KdF tinha adesão maciça dos trabalhadores. Oferecia viagens e excursões na própria Alemanha e em outros países, inclusive marítimas, pelo Mediterrâneo, visitando de Capri à Riviera e Veneza, esporadicamente o norte da África. Na França, essas organizações tomaram caráter diferenciado. Estimulou-se a criação de albergues da juventude, colônias de férias, casas de cultura, bibliotecas circulantes, teatro do povo, etc. (KHATCHIKIAN, 2000, p. 225-226 apud REJOWSKI E SOLHA, 2002, p. 81-82).

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Contudo, e por motivos óbvios, a 2ª Guerra paralisa mais uma vez o fluxo turístico. Com a derrota nazifascista, a Conferência de Yalta, na Criméia (URSS), em fevereiro de 1945, determina o futuro dos países derrotados e a fixação de fronteiras no pós-guerra. Naquele momento, os representantes dos vencedores – Franklin Roosevelt, dos EUA; Winston Churchil, da Inglaterra; e Joseph Stalin, da Rússia – estabelecem a nova divisão do mundo. O pós-guerra viu surgir não apenas a ideia do Estado de Bem-Estar Social e suas políticas voltadas para a garantia dos direitos civis básicos dos cidadãos, como um desenvolvimento econômico espetacular graças, entre outros fatores, à expansão da experiência de Henry Ford na gestão da produção de veículos em massa (fordismo), iniciativa que se espalhou rapidamente para todos os tipos de indústria, inclusive de habitação, construção civil e alimentação, não apenas nos EUA, como no Velho Continente. Houve um fortalecimento do consumo nas classes trabalhadoras, criando o consumo de massas e trazendo novo fôlego ao capitalismo mundial: eram os Anos Dourados. O historiador britânico Eric Hobsbawm nos chama a atenção para o fato de que por trás desse desempenho de sucesso estava o preço baixíssimo do petróleo, que permitiu uma revolução nos meios de transporte e das comunicações, trazendo um alto impacto para o turismo do ponto de vista do aumento sem precedentes do fluxo de viajantes. Somente a partir do ano de 1973 haverá uma reversão desse processo, quando se constitui a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) e se decide, então, cobrar o que o mercado podia pagar: Bens e serviços antes restritos a minorias eram agora produzidos para um mercado de massa, como no setor de viagens a praias ensolaradas. Antes da Guerra, não mais de 150 mil norte-americanos viajaram para a América Central ou o Caribe em um ano, mas entre 1950 e 1970 esse número cresceu de 300 mil para 7 milhões (US HISTORICAL STATISTICS, vol. I, p. 403). Os números para a Europa foram, sem surpresa, ainda mais espetaculares.

A Espanha, que praticamente não tinha turismo de massa até a década de 1950, recebia mais de 44 milhões de estrangeiros por ano em fins da década de 1980, um número ligeiramente superado apenas pelos 45 milhões da Itália (HOBSBAWM, 1995, p. 259).

Boom turístico | A vitória das viagens Esta foi a conjuntura histórica que pavimentou o efervescente boom turístico das décadas de 1950 a 1970, que testemunhou uma acelerada transformação nas formas de hospedagem e meios de transporte. A substituição dos trens por automóveis e ônibus, em decorrência da massiva produção da indústria automobilística, ocasiona mudanças expressivas no turismo doméstico que, segundo Rejowski e Solha, “tornou-se mais individualizado, mais frequente e para destinos próximos ao local de origem”. Como reflexo desse novo comportamento, desenvolveram-se e ampliaramse “outras modalidades de alojamento, como os motéis, os campings, os alojamentos tipo albergues e as pousadas, as residências secundárias e o aluguel de casas de veraneio” (REJOWSKI; SOLHA, 2002, p. 91). Nos transportes aéreos, o aumento da velocidade e da capacidade de carga é a grande novidade, com a introdução dos aviões a jato. As condições de voo sofrem também melhorias, com a incorporação de radares e outros instrumentos de navegação. Voos noturnos já podem ser realizados. No início dos anos 1970, entram em linha aviões de grande capacidade: o Boeing 747 (chamado Jumbo) e o DC-10, da Mac Dowell-Douglas, com as aeronaves chegando a oferecer cerca de quinhentos lugares. Os aeroportos ganham mais comodidade, os serviços aéreos se aperfeiçoam, facilitando e barateando, cada vez mais, o deslocamento do viajante: em 1964 surge o primeiro sistema de reservas de passagens aéreas da American Airlines – o Sabre (REJOWSKI; SOLHA, 2002, p. 91).

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Do mesmo modo, dá-se o aprimoramento da organização gerencial da cadeia do turismo. O turismo de massa consolida-se em função da organização de viagens econômicas, com todos os serviços incluídos, por agências e operadoras de turismo – os pacotes turísticos –, com base no fretamento de veículos coletivos: voos charters, ônibus com serviço reservado, cruzeiros, etc. (REJOWSKI; SOLHA, 2002). Era a vitória do pioneirismo de Tomas Cook.

R e de s h o t e l e i r a s

Redes hoteleiras instalam-se por todo o mundo, estabelecendo um padrão de hospedagem para as classes médias e comprovando que o negócio do turismo estava em franca ascensão no início dos anos 1970.

Holiday Inns Inc

Estados Unidos

Best Western Motels Inc.

Estados Unidos

ITT Sheraton Corp.

Estados Unidos

Hilton Hotels Corp.

Estados Unidos

Mater Hosts Ins Red Carpet Inns Grand Metropolitan Hotels Group Novotel

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Bulgária Grã Bretanha França


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Entre as décadas de 1950 e 1970, os grandes projetos de desenvolvimento turístico ocorrem em novas áreas da Europa ocidental, assim como no leste Europeu, ao norte da África, no Caribe e no Brasil. Na Espanha, o afluxo de viajantes para a Costa Brava chega a superar o da Côte d’Azur, na França. Em 1961 foi a vez da expansão do turismo na Costa do Sol espanhola, com a inauguração do aeroporto de Málaga. A França implanta, na mesma época, o complexo turístico de Languedoc-Roussillon, que engloba 180 km de costa mediterrânea entre o Rio Ródano e a fronteira da Espanha. Na região do Caribe, a ilha de Cuba chega ao máximo esplendor em 1957, com 272.200 turistas. Novos centros turísticos latino-americanos começam a despontar: Ilhas San Andrés e Providencia, no Caribe; Torres e Guarujá, no Brasil; Santa Martha e Cartagena, na Colômbia. Nesse boom dos anos 1950/1970, uma iniciativa excepcional destacou-se: em 1955, um empreendimento norteamericano alia o turismo à ideia de parque de diversões quando o diretor de desenhos animados Walt Disney inaugura no estado americano da Califórnia a Disneylândia – um mundo de fantasias que oferece divertimento para toda a família, com foco no universo infantil: [...] a Disney é a infância com excessos: de jogo, de imaginação, do universo em que Mikeys e Cinderelas ganham vida concreta e onde todo visitante é, ele também, esta criança forever young. (GASTAL; CATROGIOVANNI, 2003, p. 57). Tal foi o sucesso da fórmula que, em 1971, o mesmo grupo inaugura a Disneyworld, também nos Estados Unidos, no estado da Flórida. Em 1983 é a vez da Tókio Disneylândia, e em 1992 a Europa ganha sua EuroDisney. Estava lançada a ideia dos parques temáticos.

peregrinationes latim

Revolução Cultural É importante ressaltar que a conjuntura histórica em que se insere o boom turístico do pós-guerra que acabamos de registrar assiste à emergência de um processo de transformações culturais que terão importantes desdobramentos até os nossos dias, inclusive nas novas motivações de viajantes na virada do século XX para o XXI. O clima de medo e insegurança promovido pela Guerra Fria ao lado da supervalorização do consumo e da padronização da vida social, estimulados pela afluência do capitalismo, ensejaram a fermentação de uma juventude altamente contestadora. Desiludida com os valores capitalistas e também com os comunistas – que, em sua permanente disputa por hegemonia, colocavam em risco a própria sobrevivência do planeta –, essa nova população jovem entendia que tudo, absolutamente tudo, tinha de ser mudado. E foi nos Estados Unidos que o mundo viu explodir a primeira expressão contundente desse movimento contestatório: a geração beat. Oriundos das Universidades de Colúmbia e Harward, seus principais expoentes disseminaram suas ideias impactantes por meio da literatura: Jack Kerouac (On the Road, de 1957), o poeta Allen Ginsberg (Uivo, Kaddish, Canção) e William Burroughs (Junky e Naked Lunch). O lançar-se na estrada, para esses autores, ultrapassava a mera inspiração literária. Representava o desenraizamento, um exercício de desapego, a possibilidade de experimentar as surpresas da vida – em alguns casos por necessidade de sobrevivência – e expandir a sensibilidade num fluxo desconectado de uma vivência burguesa previsível. A estrada era a saída.

Flanando

P

or volta das três da tarde, depois de uma torta de maçã e um sorvete num bar de beira de estrada, uma

mulher parou seu pequeno cupê para mim. Corri atrás do carro num arrepio de satisfação. Mas era apenas uma mulher de meia idade que até poderia ser minha mãe, e tudo o que queria era alguém para ajudá-la a dirigir até Iowa. Iowa! Era uma boa! Não ficava muito longe de Denver e assim que eu chegasse a Denver poderia descansar. Ela dirigiu as primeiras e poucas horas, chegando ao ponto de parar sei lá onde para visitarmos uma velha igreja qualquer como se fôssemos turistas, e só depois eu peguei a direção, e mesmo não sendo um grande motorista, dirigi numa ótima cruzando o restante do Illinois até Davenport, Iowa, via Rock Island. E foi então que vislumbrei pela primeira vez meu querido Rio Mississipi, raso sob a bruma do verão, quase seco, exalando o odor de sua fertilidade, que cheira como o próprio corpo vivo da América, por ele levada (KEROUAC, 1984, p. 17).


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Nos anos 1960, as ideias dos beatniks – como ficaram conhecidos esses escritores – foram determinantes para o surgimento de um outro movimento que influenciou a mentalidade de amplas camadas jovens mundo afora: o movimento hippie. Instigado, sobretudo, pela resistência dos jovens americanos à sua convocação para a Guerra do Vietnã, este movimento desencadeou uma verdadeira revolução cultural no mundo capitalista, logo fecundando também a juventude europeia e a latino-americana.

Em estreita sintonia com essas contestações, os Estados Unidos viam emergir, nos mesmos anos 1960, uma intensa luta dos seus afro-descendentes por direitos civis, até então sistematicamente violados, principalmente nas antigas colônias escravistas do sul do país, bem como o movimento feminista, que, auxiliado pela invenção da pílula anticoncepcional, poria em xeque a longa tradição de submissão das mulheres ao poder masculino e o próprio formato de família ocidental.

O movimento hippie propunha mudanças radicais em hábitos e valores que até então se constituíam em alguns dos pilares básicos do modo de vida capitalista: o consumo em massa; a acumulação de bens e riquezas; o desperdício; a poluição ambiental; a ética do trabalho; o casamento “até que a morte os separe”; a violência; a obediência civil; os meios de comunicação, especialmente a televisão.

A revolução socialista cubana, com Fidel Castro e Che Guevara à frente, também marcaria fortemente esta geração, pelo perfil intrépido de seus protagonistas e pela ousadia de suas ações práticas.

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A corrida armamentista, deflagrada com a Guerra Fria, leva soviéticos e americanos à busca do controle do espaço sideral. Em 1957, a URSS lança o Sputnik, primeiro satélite artificial, transformando Yuri Gagarin no primeiro ser humano a sair da órbita da Terra. Em 1969, os EUA promovem a primeira missão de exploração da lua: Neil Armstrong torna-se o primeiro homem a pisar em solo lunar. Isso significava que depois do Grand Tour e da viagem de Volta ao Mundo o homem estava prestes a poder fazer turismo no espaço. A romântica lua, endeusada e reverenciada por várias civilizações ao longo da história, era o novo, o curioso e quase inacreditável destino, tão longe, tão perto agora.

Flanando

“La poderosa” nas estradas

E

stávamos então sob as parreiras da casa de Alberto Granado, tomando nosso chimarrão, conversando sobre os últimos

acontecimentos em nossas “vidas miseráveis” e mexendo no motor de “La Poderosa”(uma motocicleta Norton 500) de Alberto. [...] Nossas fantasias nos levavam a lugares distantes, a mares tropicais, a viagens através da Ásia. E, de repente, escorregando como se fizesse parte de uma dessas fantasias, veio a pergunta: “Por que nós não vamos para a América do Norte”? “América do Norte? Como assim?” “Com La Poderosa, cara”. E foi assim que surgiu a ideia da viagem [...] Depois veio o cansativo trabalho de correr atrás dos vistos, certificados e documentos necessários e de saltar todos os obstáculos com os quais as nações modernas tentam impedir a passagem de pretensos viajantes. [...] olhávamos para o futuro com uma alegria impaciente. Parecíamos respirar mais livremente, um ar mais leve, um ar de aventura. Países distantes, feitos heróicos e belas mulheres davam voltas e voltas em nossas imaginações turbulentas. Esse vagar sem rumo pelos caminhos de nossa Maiúscula América me transformou mais do que me dei conta (CHE GUEVARA, 1952, p. 14-16).



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No Brasil, a iniciativa receberia algumas respostas poéticas que acabaram por revelar como a alma brasileira responde a certos dados da realidade. Uma marchinha de carnaval decretava: Todos eles estão errados A lua é dos namorados. Lua ó lua Querem te passar pra trás. Lua ó lua Querem te roubar a paz. Lua que no céu flutua Lua que nos dá luar. Lua ó lua Não deixe ninguém te pisar (A lua é dos namorados. Armando Cavalcanti, Klécius Caldas e Braguinha). Outro compositor brasileiro, Gilberto Gil, também se posicionaria a respeito do ousado acontecimento: Lá se foi o homem conquistar o espaço, lá se foi. Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi. Nos jornais manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão: A lua foi alcançada afinal, muito bem, confesso estou contente também. A mim me resta disso tudo uma tristeza só, talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção. O que será do verso sem luar? O que será do mar, da flor, do violão? Poetas, seresteiros, namorados, correi. É chegada a hora de escrever e cantar Talvez as derradeiras noites de luar (Lunik 9, Gilberto Gil).

De carona com a contracultura Assim, depois dos anos 1960, a sociedade ocidental não seria mais a mesma. Em maio de 1968, eclode na França o movimento estudantil, que, a propósito de questionar as estruturas do sistema universitário francês, ampliava suas pretensões rebeldes anunciando que “É proibido proibir”; “O poder está nas ruas”; “A imaginação está no poder”. Foi o impulso que bastou para deflagrar uma série de revoltas latentes e por motivações diferenciadas da sociedade contra o Estado em diversos países, marcando irreversivelmente a cultura sociopolítica em todo o Ocidente. Nos Estados Unidos, ao som do rock and roll, de Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix e Janis Joplin; e das “músicas de protesto” de Bob Dylan e Joan Baez, o “flower power” ganha as ruas pregando uma nova ética nas relações entre as pessoas e os povos: paz e amor. A “resistência pacífica” de Mahatma Gandhi contra o domínio colonial inglês na Índia inspira essa nova ética. A juventude ocidental inaugura um novo tipo de turismo, mais barato e mais modesto, viajando de carona, dormindo em acampamentos, cozinhando sua própria comida, e procura novos destinos, agora no Oriente, especialmente a Índia. A partir daí, o “Oriente invade o Ocidente” – segundo as palavras do escritor Luís Carlos Maciel.17 São introduzidos no lado de cá do globo, de forma consistente, valores e práticas tradicionais da Índia, da China e do Japão, tais como o budismo, a alimentação macrobiótica e vegetariana, a ioga, a meditação transcendental, além de experiências esotéricas até então pouco conhecidas por aqui – a astrologia, o tarô, o I ching.

Bagagem extra

Turismo espacial

E

nquanto a Nasa depara com a perspectiva de ficar cinco anos sem voos de astronautas... o programa

espacial russo já achou uma solução para seu problema de financiamento. A ex-União Soviética vem mostrando como liderar o caminho capitalista do turismo espacial. Quando a nave Soyu levar dois tripulantes para a Estação Espacial Internacional hoje, ele terá um passageiro pagante a bordo. Richard Garriot, um bem-sucedido criador de videogames, cujo pai, Owen Garriot, voou em duas missões da Nasa nos anos 1970, vai levar experimentos científicos ao espaço e documentar sua viagem na internet. Tudo isso pela quantia de US$30 milhões. Garriot detesta o termo “turista espacial” e disse: “Isso é muito mais que uma mera escapada”. A Rússia, entretanto, não deverá ter o monopólio do turismo espacial para sempre. Uma empresa privada, a Virgin Galactic, planeja começar a atrair clientes para irem ao espaço nos próximos anos. A companhia terá uma espaçonave desenhada por Burt Rutan, baseada na SpaceShipOne, que ganhou o Prêmio X Ansari em 2004. Mais de 250 pessoas já desembolsaram a quantia de US$200 mil – R$460 mil – para garantir a participação neste primeiro voo suborbital (extraído de artigo de John Schwartz do New York Times para a Folha de S. Paulo, 12 de outubro de 2008).

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O uso de drogas ganha adeptos entre esses jovens, interessados em conhecer novos níveis de consciência. A liberdade sexual impõe-se como ícone do desprendimento das novas gerações em relação ao modelo de família sob a autoridade do homem, legado pela tradição judaico-cristã. Instaura-se assim a chamada “contracultura”, que viria a lançar as bases de uma “Nova Era”, a Era de Aquarius. Em 1969, num descampado próximo a Nova York, acontece um grande festival de música, reunindo cerca de 450 mil pessoas: o Festival de Woodstock (Woodstock Music and Art Fair), que permitiria a experimentação prática – mesmo que por apenas uma semana – dos valores e das utopias que aquela juventude reivindicava. O paraíso é aqui e agora. O festival foi o embrião dos megashows e megaeventos de pop stars e de arte e cultura, de forma geral, das futuras raves e, mesmo, dos videoclips, que forjam as novas marcas da cultura audiovisual tecnológica na virada do século XX para o XXI.

O impacto desses acontecimentos não seria desprezível nas décadas seguintes. A crise econômica, detonada com os choques do petróleo na década de 1970, traria sérias restrições ao consumo de massa e grandes revisões teóricas e políticas do modelo de desenvolvimento capitalista então em voga. Esses fatos, ao mesmo tempo em que reduzem significativamente a movimentação turística mundial, empurram para o centro do debate público ocidental a reconsideração de alguns dos valores disseminados pela contracultura: a preservação da natureza, a alimentação natural e o resgate da vida comunitária; a defesa da paz; o respeito às minorias raciais. O mundo de desperdícios não era mais possível, e o turismo precisaria ajustar-se para manter-se vivo.

Assim, a partir dos anos 1980, novos padrões de demanda começam a gerar viagens com finalidades específicas, como o ecoturismo, o turismo de aventura, o agroturismo, o turismo gastronômico e as viagens com fins esportivos, culturais, de saúde, de hobbie, etc.

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ir e chegar sair e chegar e chegar egar e chegar sairsair e chegar e chegar sair e chegar

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chega da oltar bem-vindo

sair e chegar sair e chegar e chegar sair e chegar

bien venido

e chegar sair e chegar

a arrog ess r bra que a par e hec con n達o que s are lug a par jar via Um homem precisa

sair e chegar e chegar sair e chegar

e chegar sair e chegar eirchegar sair e chegar


chegada Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver. Amyr Klink

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Tecnologia e democracia | Fortes impulsos para o turismo As cadeias produtivas do setor aperfeiçoam-se e expandem-se, incorporando a alta tecnologia aos transportes e demais serviços: O lançamento de aviões supersônicos como o Concorde anglo-francês com a rota Paris-Nova York em 1975 e o Tupolev Soviético; a recuperação da malha ferroviária dos países ricos e o lançamento de trens superrápidos como o Tokaido (trem- bala) no Japão, década de 1970, e o TGV (Três Grand Vitesse) na França, década de 1980, e sua expansão na Europa durante os anos 1990; a consolidação do segmento rent a car; o crescimento dos cruzeiros marítimos e fluviais, sendo os primeiros convertidos em resorts e condomínios flutuantes, tornando-se um dos segmentos mais promissores. Com a expansão e a consolidação da informática, o Sistema de Reserva Computadorizado (CRS) criado na década de 1960 pela American Air Lines, mais tarde transformados em Sistemas Globais de Distribuição (GDS), criados para melhorar gerenciamento de voos e das reservas aéreas, foram aos poucos incorporando outros serviços importantes para o agente de viagem, como reservas de hotéis, aluguel de carros, ingressos para eventos e espetáculos, informações sobre destinos turísticos, vistos, etc. Tornaram-se propriedade de uma ou mais companhias aéreas, a partir dos últimos anos da década de 1990 (REJOWSKI; SOLHA, 2002, p. 98/99).

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Em 1989, um acontecimento materializa uma nova grande transformação na geopolítica mundial com consequências para o turismo: a queda do muro de Berlim. Símbolo da separação entre o mundo capitalista e o mundo comunista, a queda do muro resulta de vários processos, tais como a distensão entre russos e norte-americanos em sua corrida armamentista (as duas superpotências possuíam na época um estoque de bombas atômicas superior a 23 mil unidades, suficiente para destruir o mundo várias vezes); e as reformas políticas e econômicas do presidente soviético Mikhail Gorbachev (perestroika e glasnost), que acabaram por resultar no fim do regime comunista e na reordenação das várias nações que compunham a URSS, colaborando para sua desintegração como bloco de poder. Em janeiro de 1993, a Europa formaliza sua rendição à paz consolidando a União Europeia, que introduz o conceito de cidadania europeia e prevê a livre circulação de pessoas, mercadorias e capitais. Esses fatos provocam a abertura do Leste Europeu e da ex-União Soviética para o turismo, e não se tem ainda como medir as dimensões do impacto da União Europeia para o setor. Outras mudanças se fizeram notar no fluxo turístico no final do século XX: O aumento do fluxo de turistas europeus aos EUA; o Japão, a Ásia e o Extremo Oriente tornaram-se grandes mercados internacionais de viagem para o exterior e a região com crescimento mais rápido no mercado mundial em expansão; o Mediterrâneo consolidou-se como a primeira área turística do mundo com uma incipiente concorrência: os países árabes do norte da África versus os países do sul da Europa; o Caribe, Ilhas do Índico e do Pacífico, e o sul e o sudeste asiático desenvolveramse turisticamente; houve um pequeno incremento de destinações da África, das Américas, do Oriente Médio e da Ásia Meridional (REJOWSKI; e SOLHA, 2002, p. 105).



Paris

Principais Destinos do Mundo

Os principais países receptores do turismo internacional dividiram-se em três continentes – Europa, EUA e Ásia. Os números de viajantes em 2007 para os destinos mencionados a seguir confirmam a concentração de poder pelos pioneiros do setor e a divisão global do turismo internacional:

França 2008 > 79,3 milhões de turistas Um gaúcho em Paris

C

omecemos por onde Paris também começou, a Île de La Cité. Estamos na frente da Catedral de

Notre-Dame. Do alto dessas torres sete séculos nos contemplam. E, se você aguçar os olhos e a imaginação, também poderá ver o corcunda Quasímodo nos espiando de dentro de um nicho lá em cima. Se você não entender como Quasímodo, um personagem fictício de Victor Hugo, pode estar vivo e nos olhando, não se preocupe. Ele também acompanha o movimento de ônibus e turistas em frente à sua catedral sem acreditar no que vê. [...] Não é uma necessidade ir ao Louvre, mas podemos fazer o seguinte: entrar pela nova pirâmide (que também tem gente que adora e gente que odeia), correr até a Mona Lisa, afastando japoneses do caminho a

cotoveladas, prestar 20 segundos de homenagem a Leonardo da Vinci e, por seu intermédio, a toda a moçada da Renascença, e depois sair correndo do museu, sem se esquecer de abanar para a Vênus de Milo, que não poderá responder ao abano. E, portanto, estamos de volta ao sol... (VERÍSSIMO, 2006, p. 13-16)


sevilha

EUA 2008 > 58,0 milhões de turistas

Espanha 2008 > 57,3 milhões de turistas

New York, New York

Cidade de nervos

G

Q

inevitável. Depois, há a Nova York dos que apenas trabalham nela e

que se reacende a qualquer tempo.

rosso modo, há três Nova Yorks. A primeira é a Nova York dos homens e mulheres que nasceram nela e que dão à cidade de

barato, aceitando seu gigantismo e turbulência como natural e

ual o segredo de Sevilha? Sabe existir nos extremos

como levando dentro a brasa

moram nos arredores – a cidade que os gafanhotos devoram durante o dia e cospem fora a cada noite. Por fim, há a Nova York das pessoas

Tem a tessitura da carne

que nasceram em outro lugar e que vieram para cá em busca de

na matéria de suas paredes,

alguma coisa. Dessas três trepidantes cidades, a maior é a última – a

boa ao corpo que a acaricia:

cidade do destino final, a cidade que é uma meta. É esta terceira

que é feminina sua epiderme.

cidade que responde pela tensa postura de Nova York, por sua conduta poética, sua dedicação às artes e suas incomparáveis realizações.

E tem o esqueleto essencial

Os que apenas trabalham aqui e pegam o trem no fim da tarde dão

a um poema ou um corpo elegante,

à cidade seu movimento de maré. Os nativos lhe emprestam solidez e

sem o qual sempre se deforma

continuidade. Mas são os desbravadores que lhe conferem paixão.

tudo o que é só de carne e sangue.

(White, 2002, p. 26)

Mas o esqueleto não pode, ele que é rígido e de gesso, reacender a brasa que tem dentro: Sevilha é mais que tudo, nervo. (Melo Neto, 1994, p. 638)

new

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China 2008 > 53,0 milhões de turistas De repente, a China

Pequim

V

iajar à China é para nós ocidentais um desafio em todos os sentidos. É muito longe, são horas e horas em aviões e aeroportos e é impossível sair sozinho

naquela megalópole regida pelo incompreensível mandarim como língua e com indecifráveis sinais e ideogramas escritos indicando o nome de ruas e avenidas. Que adjetivos usar para a culinária chinesa? Admirável? Diversa? Temperada? Artística? Sim, é tudo isso e principalmente exótica. Mil sabores diferentes, temperos que vão do doce ao apimentado, do gelatinoso ao consistente, um deleite para todos os sentidos. Estive desde nos sofisticados restaurantes de Nouvelle Cuisine Chinoise aos tradicionais restaurantes regionais. Comi o pato laqueado de Pequim, que exige 24 horas de preparação e um chefe que corta a ave em 120 pedaços distintos e até comi nos mercados de rua onde se degusta de tudo: escorpiões, centopéias, ninhos de borboletas, estrelas do mar, até cobras e lagartos. O trânsito de Pequim não é muito pior do que o das grandes cidades do mundo. Mas o que é particular em Pequim é a existência de 8 milhões de bicicletas que disputam palmo a palmo as ruas e avenidas com uma moderna frota de 2 milhões de automóveis. Apesar de haver vias especiais só para duas rodas, os cruzamentos são uma eterna disputa do mais forte com o mais fraco. Incrivelmente, não vi nenhum acidente na semana que por lá passei... Pequim está sendo reconstruída. Milhares de obras espalham-se pela cidade. Constroem-se grandes edifícios em estilos que combinam a arquitetura ocidental com temas tipicamente orientais. Muitas vezes o resultado tem uma aparência estranha. Mas assim é a China. Vê-se de tudo. Templos e pagodes no meio da cidade, shoppings moderníssimos, edifícios residenciais comunitários da época de Mao, onde cada família tinha direito a um quarto e o banheiro era coletivo [...] Os hutongs, onde por séculos moravam os habitantes locais, estão desaparecendo em consequência da febre construtiva que assola a China. Os hutongs são pequenas vilas de ruas estreitas onde cada família tinha um pequeno quarto/cozinha. Caminhei horas por esses hutongs, fotografando casas antigas quase sempre com uma bicicleta à porta e roupas penduradas nos varais. Os hutongs me lembraram muito as nossas favelas, com suas vielas sinuosas, mas estranhamente se veem poucas crianças brincando em suas ruas e calçadas. (Lorenzomadrid.spaces.live.com)

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Itália 2008 > 42,7 milhões de turistas Parlando, parlando...

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uase todos os relatos modernos sobre a Itália se enquadram em duas categorias: ou são crônicas de um caso de amor ou diários de

uma decepção. Os primeiros têm um complexo de inferioridade diante da vida familiar italiana e geralmente trazem um capítulo sobre a importância da família e outro sobre as maravilhas da cozinha italiana. Os diários assumem uma atitude de desdém pela vida pública italiana. Inevitavelmente, há uma crítica à corrupção e uma seção sobre a Máfia. [...] Mas a Itália está longe de ser infernal. É gentil demais para isso. Também não é um céu, claro, porque é indisciplinada demais. Digamos que a Itália é um purgatório excêntrico, cheio de almas orgulhosas, atormentadas, cada uma convencida de que tem acesso direto ao chefe. É o tipo de lugar que, no espaço de cem metros ou no período de dez minutos, pode deixálo fumegando de raiva e extasiado. A Itália é a única oficina do mundo que pode produzir ao mesmo tempo Botticellis e Berlusconis. Quem mora na Itália vive dizendo que quer sair, mas quem sai só pensa em voltar. (Severgnini, 2008, p. 17)


Além dos destinos mais visitados do mundo, vamos ver também como se comporta o Reino Unido, berço da ideia de turismo como serviço voltado para grandes públicos, capitaneado pelo pioneiro Tomas Cook.

Reino Unido 2008 > 30,2 milhões de turistas

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sso só podia ter acontecido mesmo na Inglaterra, onde os homens e o mar se interpenetram, por assim dizer – o mar entra na vida da

maioria dos homens e os homens conhecem alguma coisa ou todas as coisas do mar, seja como divertimento, como viagem, como ganha-pão. Estávamos sentados em volta da mesa de mogno que refletia a garrafa, os copos de clarete e os nossos rostos, quando nos apoiávamos sobre os cotovelos. Éramos um diretor de companhias, um guarda-livros, o advogado Marlow e eu. O diretor tinha sido grumete do Conway, o guarda-livros servira quatro anos no mar, o advogado – um delicado Tory, homem da alta igreja, o melhor dos companheiros, a alma da honra – fora primeiro-oficial dos Correios e Telégrafos nos bons tempos antigos, quando os navios-correio eram de velame quadrado, com pelo menos dois mastros, e costumavam descer o Mar da China, sob leve monção, os cutelos e as varreduras enfunados. Todos tínhamos começado a vida no serviço mercante. Entre nós havia o forte laço do mar e a camaradagem do navio, que nenhum entusiasmo por yatching e pelas viagens de cruzeiro pode dar, pois uma coisa é a distração da vida e outra é a própria vida. (Conrad, 2004).

londres

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É importante lembrar que no pós-boom turístico do Ocidente o Japão criou uma das mais notáveis redes hoteleiras e de serviços turísticos mundiais, investindo maciçamente no setor desde a década de 1970, ao lado de outros parceiros da região. O país cria a Rota Polar Ártica e lança o pacote Vá à Europa via Japão e aproveite para conhecer o sudeste asiático, tudo isso pagando apenas 25% a mais da tarifa normal da Europa, via Atlântico Norte. A Rota Polar hoje é usada por empresas aéreas americanas e europeias (BENI, 1993, p. 98 apud REJOWSKI; SOLHA, 2002, p.108). Por fim, ocorre, ainda na virada do século XX para o XXI, um incremento do turismo nas cidades, aproveitando o potencial de expansão de conferências, eventos científicos, culturais, artísticos e esportivos e o fluxo de viajantes de negócios em grandes centros financeiros, industriais e comerciais (Ibidem, 2002, p. 99).

Preparando aterrissagem Ao findar o século XX, o movimento constante encerra o espírito de nosso tempo. É o que indica o panorama que vimos narrando até aqui. Viajar tornou-se um direito, uma necessidade, desejo de consumo, símbolo de status e bons hábitos. Essa história revela-nos também algumas reincidências em relação ao modo como os seres humanos gostam de gozar a vida e de aproximarse de uma aura paradisíaca como parte significativa de seus desejos: integrar-se ludicamente com a natureza e com outros humanos de diferentes origens; conhecer e experimentar novas e diferentes paisagens, culturas, línguas, sabores; desafiar a natureza, integrando-se ou duelando com ela na prática de esportes radicais; confraternizar-se, em suas peregrinações religiosas, esotéricas e memorialistas; conhecer as obras de arte e ciência das culturas do mundo; e entregar-se aos prazeres da água e do sol, de preferência com tempero de amor.

Tudo isso só é possível em clima de paz e respeito à natureza física da Terra e a de todos os seres humanos, que foram construindo suas culturas miticamente, desde a queda do paraíso primordial. É preciso respeitar esse árduo e longo trabalho. E admirá-lo. O turismo tem um papel importante nessa motivação, desde que o negócio dos deslocamentos e das viagens não destrua as obras da história e da natureza desavisada e impunemente. É importante lembrar que no alvorecer do século XXI, ao menos para as classes médias, o prazer tornou-se mais do que um direito, um dever, como lembra Pierre Bourdier: “O prazer não só é permitido como exigido, com base não só na ética, como também na ciência. O temor de não se obter prazer suficiente[...] combina- se com uma busca de autoexpressão, de expressão do corpo e de comunicação com os outros” (BOURDIER apud URRY, 2001, p. 127). O turismo é um dos veículos principais a proporcionar essa condição desejável de prazer. Ora, se esse prazer se realiza entre outras formas, na curiosidade em relação a novas paisagens, novas culturas, outros povos, é preciso que haja respeito ao patrimônio cultural e socioambiental dessas mesmas culturas, o que não se verifica, de maneira geral, na forma como se estrutura a cadeia produtiva do turismo em todo o mundo. Lembremos que o boom turístico ocorrido entre 1950 e 1973 caracterizou-se por uma exploração voraz e imprudente da sua própria “matéria-prima”, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, estabelecendo-se como um padrão não desejável a partir de então. Sabemos que o problema não pertence somente ao setor turístico, que apenas repete os abusos de outras indústrias predatórias mundo afora.

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Mudança de estação O turismo assumiu caminhos massivos e segmentados ao findar o século XX. A prevalência do sentido de distração em contraposição à contemplação; a dissolução das fronteiras entre o artístico e o comercial; a exacerbação do caráter espetacular do turismo; a constatação de que quase todos os lugares se tornaram, ao menos potencialmente, centros de espetáculo e de exibição, todos esses fatores ao lado da segmentação do setor e seus novos turistas que viajam sozinhos ou com a família, por motivos de férias e lazer, de estudo, saúde, para congressos e feiras, por motivos religiosos ou de esporte, tudo leva a crer que sem planejamento, gerência, estudos específicos, controle de carga, enfim, ou o planeta ou o turismo, ou ambos, entrarão em colapso. Felizmente, atentos a esses indicadores, os organismos voltados para a organização dos negócios turísticos bem como os próprios turistas começam a alterar suas perspectivas com atenção às novas preferências e motivações das viagens. Nesse sentido, o economista João Martins Vieira aponta para o fato de que [...] perante as alterações num quadro tão complexo, a principal preocupação dos responsáveis pelo turismo não poderá continuar a ser a gestão e o estudo da sua logística e dos meios físicos da oferta, sobretudo da hotelaria, mas antes e cada vez mais, o planejamento estratégico do desenvolvimento turístico, o estudo do comportamento dos turistas, a gestão da ocupação turística do território e a antropologia e sociologia do turismo (VIEIRA, 2004, p. 137).

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As novas tendências do turismo apontam para uma procura frontalmente antimassificação: Por isso, a segmentação do mercado tende a ser quase infinita, o que obrigará ao recurso a novas formas de contato entre os prestadores de serviços e seus clientes, como é o caso do e-marketing, que levou essa atomização ao extremo com o cliente a construir em casa ou no escritório sua própria viagem... Os fatores de diferenciação que consubstanciam a competitividade devem ser procurados na excelência e variedade da oferta e dos recursos e na qualidade e organização dos serviços coletivos e das empresas turísticas (VIEIRA, 2004, p. 137). Ao mesmo tempo em que as tendências apontam para um turismo menos massificado e mais segmentado, as novas tecnologias criadas pelo homem vão aos poucos ganhando espaço e adeptos do mundo das viagens e do turismo, atendendo à demanda dos viajantes contemporâneos por acessibilidade, mobilidade e comodidade. Internet, sites, blogs, comunidades virtuais, GPS, celular, tecnologias wireless, dentre outros meios, vão se tornando dispositivos cada vez menores e mais potentes, com a função de facilitar o trabalho tanto dos prestadores de serviços e de produtos turísticos como o de quem se desloca de uma localidade para outra, cada dia mais conectado às facilidades e às conveniências da modernidade. O negócio é facilitar ao máximo a vida dos viajantes na busca, no encontro e no desfrute dos novos paraísos.

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Check-out A imagem usada na apresentação deste livro como uma alegoria da condenação dos seres humanos aos deslocamentos na Terra – a expulsão do primeiro homem e da primeira mulher, Adão e Eva, do Paraíso – na verdade acabou por lhes ofertar uma dádiva e uma oportunidade: a de ter a consciência do bem e do mal, inoculando em nossa espécie a capacidade de discernimento e a de se lançar na aventura do conhecimento, da invenção e da criatividade. Aí está o pulo do gato. O precioso sabor de viver em movimento, e a vida é movimento. Sendo assim, o evento da Queda do paraíso ultrapassou o aspecto de um castigo para se tornar uma construção e uma utopia. A construção das diversas culturas e seus confrontos e encontros, por meio do trabalho intelectual, físico e espiritual; e a utopia de almejar e conquistar os lugares de descanso, prazer, relaxamento, brincadeira, invenção e satisfação da curiosidade em relação ao outro. Um paraíso ativo. Um paraíso plural. Um paraíso conquistado.

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Um paraĂ­so ativo. Um paraĂ­so 116

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plural. Um paraĂ­so conquistado. i r e v i r | mov i dos pel a i nqu i et u de

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balcão de informações tourist A verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas em ter olhos novos. Marcel Proust

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Breve viagem pela atividade turística Após realizarmos o passeio pela crônica da evolução histórica dos deslocamentos, das viagens e do turismo, da Antiguidade aos dias de hoje, vamos desembarcar agora em uma outra escala da atividade turística para conhecer um pouco mais a respeito do funcionamento desse setor no que diz respeito à linguagem usual, aos principais termos do dia a dia e a algumas curiosidades.

Origens da palavra turismo

TOURISM

Ainda mais longe nessa viagem etimológica foi o suíço Arthur Haulot, ao buscar as origens do termo tour, chegando a levantar suas raízes no hebreu antigo. Segundo ele, tur (em hebraico antigo) quer dizer “viagem de descoberta, de exploração, de reconhecimento”. Também o termo “hospitalidade” teve origem no império romano (Wikipédia).

TORNUS 120

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tourisme

A palavra francesa tour, raiz do atual conceito de turismo, provém do substantivo latino tornus (“volta”) ou do verbo tornare (“voltar”). Inicialmente significava “movimento circular”, e com o tempo passou a designar também “viagem de recreio, excursão”. O termo francês tourisme (1643) disseminou-se nos mais diversos idiomas, como se vê no vocábulo inglês tourism (1811). Na própria etimologia da palavra “turismo” está refletida a evolução da atividade. Seu primeiro registro em português, no século XX, já designava bem mais do que “uma viagem de ida e volta”.


Turista Turista é um visitante que se desloca voluntariamente por período de tempo igual ou superior a 24 horas para local diferente de sua residência e de seu trabalho sem ter por motivação a obtenção de lucro (Wikipédia).

Turismologia Turismologia é a ciência centralizada no estudo e no conhecimento do turismo em sua totalidade. Relacionase com as ciências sociais e as econômicas e surgiu para que os componentes do turismo não fossem estudados isoladamente. O termo “turismologia” surgiu nos anos 1960, mas foi Zivadin Jovicic, o cientista considerado o “pai da turismologia”, que o popularizou, quando fundou a revista do mesmo nome em 1972 (Wikipédia).

Desenvolvimento turístico* O desenvolvimento turístico tem como objetivo criar e definir produtos com base nos recursos existentes, para os quais haverá de se definir o que se pode realizar, propondo um conjunto de atividades: visitar, assistir, participar, estudar, comprar, comer, dormir, etc., formulando uma proposta de acessibilidade, que são os horários de funcionamento, as formas de chegar e os preços por parte de um público específico.

* Plano Aquarela – Embratur – Instituto Brasileiro de Turismo

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Componentes do produto turístico*

Dia Mundial do Turismo | 27 de setembro

a > I nventário dos recursos existentes no local, que são

Estabelecido pela Terceira Conferência da Assembléia Geral da OMT (Organização Mundial do Turismo), em Torremolinos (Espanha), o Dia Mundial do Turismo foi instituído em 27 de setembro de 1980.

o conjunto de atrativos culturais e naturais criados e conservados por seu povo ao longo da história.

b > L evantamento completo da infraestrutura geral: transporte, comunicações, saneamento, saúde, comércio, etc.

c > I nventário dos equipamentos próprios do setor

Possua apenas o que você pode carregar. Conheça as línguas, conheça os países, conheça as pessoas. Deixe a sua memória ser a sua mala de viagem. Alexander Solzhenitsyn

turístico, tais como hotéis, pousadas, restaurantes, agências de viagens, empresas de aluguel de veículos, serviços de guias, etc., que constituem os elementos sobre os quais atua a chamada indústria turística.

d>A s características gerais e a capacidade dos prestadores dos diferentes serviços gerais e específicos do turismo. Sua qualificação e formação profissional são pontos-chave para o desenvolvimento turístico.

e > P or fim, quando todos esses recursos se estruturam para

seu uso e aproveitamento, convertem-se em produto. Um produto turístico é uma proposta de viagem fora do lugar de residência habitual, estruturada por meio dos recursos, à qual se incorporam serviços turísticos: transporte, alojamento, guias de viagem, serviços de alimentação, etc.

* Plano Aquarela – Embratur – Instituto Brasileiro de Turismo

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A finalidade do Dia Mundial do Turismo é dar a conhecer à comunidade internacional a importância do turismo e seus valores sociais, culturais, econômicos e políticos, bem como os impactos causados pela atividade e sua importância na resolução dos problemas relacionados à igualdade social.

Organização Mundial do Turismo | OMT A Organização Mundial do Turismo (OMT) é uma agência especializada das Nações Unidas e a principal organização internacional no campo do turismo. Funciona como um fórum global para questões de políticas turísticas e como fonte de conhecimento prático sobre o turismo. Sua sede é em Madri, Espanha. Em 2008, a OMT conta com membros de 154 países, sete territórios e mais de trezentos membros afiliados, representando o setor privado, instituições educacionais, associações e autoridades locais de turismo (Wikipédia, OMT - Organização Mundial do Turismo, http://www.world-tourism.org).


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O alfabeto fonético do turismo “O alfabeto fonético é usado internacionalmente para a comunicação de palavras diferentes ou complicadas, evitando-se erros. Como usar: substitui-se a letra pelas palavras, por exemplo, no lugar de falar A, fala-se alfa. Digamos que o sobrenome de um turista seja difícil de escrever, é nessa hora que você usa o alfabeto para soletrar para a outra pessoa o sobrenome complicado: Hoffmann, soletrando seria: hotel / Oscar / fox / fox / mike / alfa / november / november. Existem: Hofman, Hoffman, Hofmann e Hoffmann” (Vera Rolim – www.etur.com.br). Quem usa o alfabeto fonético: hotéis, agências de viagem, companhias aéreas, polícia militar, radioamadores, pilotos de avião, marinha, exército, força aérea, taxistas, turistas experientes, etc.

Fique por dentro!

A B C D E F G H I J K L M

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> Alfa > Bravo > Charlie > Delta > Eco > Fox > Golf > Hotel > Índia > Juliete > Kilômetro (Kilo) > Lima > Mike

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N > November O > Oscar P > Papa Q > Quebec R > Romeo S > Sierra T > Tango U > Uniforme V > Victor X > X-Ray /Xadrez no Brasil Y > Yankee W > Wisky Z > Zulu


“Turismês” Fale a língua do seu agente de viagens, por Carlos A. Tomelin “Preparei um forfait para você. Não esqueça o voucher e faça check-in com antecedência no aeroporto. Procure deixar o boarding pass em lugar seguro, mas de fácil localização. Passe no duty-free shop na ida, mas deixe para comprar na volta. Você não está stand-by, mas, por favor, não dê no-show. Vamos torcer para não haver overbooking e, se for possível, que haja upgrade. Ao chegar no hotel, faça novo check-in e, nesse momento, explique que você é um pax-single que não aceita compartilhar apartamento ou qualquer tipo de habitação. Ainda no hotel, observe se você terá late check-out. Seu primeiro programa, em cada cidade, será um sightseeing. E, como última recomendação, tome cuidado com o efeito jet-lag. Se você pretende viajar e não entende o texto acima, não se preocupe. Com um glossário especial você vai ficar por dentro de todas essas expressões. Os agentes de viagens, com certeza, irão utilizá-las para explicar sua viagem dos sonhos. E, é claro, você não vai querer passar por marinheiro de primeira viagem. No entanto, muitas das informações que serão passadas poderão deixá-lo completamente perdido e até pensar que já está em outro país.”

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Glossário turístico Agência de viagens é o local onde se compram serviços e produtos de viagem: pode ser pacote, passagem aérea, aluguel de carro, reserva de hotel, tanto nacional quanto internacional.

Late check-out os hotéis possuem um horário limite para se fazer o check-out – horário em que se encerra uma diária e começa a outra. Mas, em alguns casos, é possível pedir uma extensão desse horário para que o hóspede saia mais tarde do hotel sem pagar taxa adicional.

Alfândega é o local onde é feito o controle pela Polícia Federal das mercadorias que entram no país.

City tour passeio pela cidade para conhecer os pontos turísticos. Normalmente é acompanhado de um guia local.

All inclusive tudo incluído, hotel que inclui tudo na diária: todos os tipos de bebidas, refeições, entretenimento e gorjetas.

Charter voo em aeronave fretada, normalmente por um grupo de operadoras turísticas.

By night é o city tour noturno, que geralmente inclui jantar num restaurante típico e ingresso para casa de shows.

Classes as aeronaves podem oferecer três classes de poltronas:  primeira classe (ou first class) – melhores lugares e os mais exclusivos do avião;  classe executiva (ou business class) – classe voltada para os executivos que viajam a trabalho. Tem um valor intermediário entre a primeira classe e a econômica;  classe econômica – é a maior parte do avião, com os assentos mais acessíveis.

Cartão de embarque é um documento entregue pela companhia aérea quando é efetuado o check-in. Check-in registrar-se (num hotel ou albergue); apresentarse à companhia aérea no aeroporto. Early check-in entrada de hóspede no hotel em horário anterior ao regular (12h). É uma tolerância concedida ao hóspede quando há disponibilidade. Check-out rotina de saída dos hotéis. É realizado no balcão no momento em que o hóspede entrega as chaves do quarto.

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Conexão quando um voo tem conexão, significa que há troca de aeronave para continuar um trajeto. A diferença entre escala e conexão é que na escala o passageiro fica no mesmo avião até seu destino final, mesmo que ele pouse em outras cidades. Na conexão, o passageiro é obrigado a desembarcar, trocar de avião e, em alguns casos, de aeroporto. Concierge no hotel, a concierge, localizada ao lado da recepção, é o local para onde o hóspede se dirige para solicitar quaisquer informações que não sejam sobre hospedagem e serviço de quarto.


Couchette cama de um trem.

Guest é você, o hóspede.

Diária preço cobrado por dia (ou pernoite) nas hospedagens.

Hostel albergue (da juventude).

Day use é a utilização parcial de uma estada hoteleira, que pode ser durante o dia ou período a combinar. É muito utilizado em hotéis próximos a aeroportos para passageiros em trânsito.

Jet-lag desajuste no relógio biológico que atinge quem troca de fuso horário.

Duty-free shop lojas nas quais não é cobrado o imposto governamental nas mercadorias. Em praticamente todos os aeroportos internacionais há essas lojas. Gateway porta de entrada utilizada em aeroportos. Day trip viagens de um dia. Doubles quarto duplo, com uma cama de casal ou duas de solteiro. Forfait roteiro de viagem feito a pedido do cliente. O sinônimo é taylor made, ou feito sob medida. Finger túnel que leva os passageiros do gate (portão de embarque) à porta da aeronave. Funicular veículo que sobe montanhas, normalmente puxado por cabos de aço. Gare estação de trem.

Localizador código alfanumérico pelo qual se identifica toda a reserva. Lounge no exterior é o que chamamos de sala vip nos aeroportos brasileiros. Nos hotéis, pode ser sala de estar e o bar. Luggage room sala ou quarto para guardar bagagem. Meia pensão (half board) Diária de hotel que inclui duas refeições (café, almoço ou jantar). No-show não comparecimento de hóspede ou passageiro com reserva confirmada e não cancelada dentro do prazo estipulado. Overbooking venda de um número de assentos superior ao número de assentos disponíveis no voo. Pax código internacional para designar passageiro. Pensão completa (full board) diária de hotel em que estão incluídas no preço três refeições.

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Quarto duplo quarto para duas pessoas, com uma cama de casal ou duas de solteiro. Recepção ou front desk balcão de recepção do hotel onde se faz o check-in, recebe-se a chave do apartamento e são dadas todas as informações sobre as facilidades oferecidas pelo hotel. Receptivo as agências que fazem o receptivo são especializadas em receber os turistas/executivos nos aeroportos, providenciar traslados, city-tours, reservas, etc. Resort estação de veraneio, geralmente com algum luxo e conforto. Rooming list lista de hóspedes por apartamento enviada previamente ao hotel mencionando o nome dos hóspedes e a forma de acomodação destes (single, double). Room service setor responsável pelos alimentos e pelas bebidas servidos nos apartamentos. Single room apartamento para uma pessoa. Sightseeing tour passeio, geralmente de ônibus, no qual se vêem todas as atrações em um único dia. Sleeping bag saco de dormir. Stand by adquirir uma passagem de stand by significa que você só irá voar se sobrar algum lugar.

Smoking seat assento para fumantes (em extinção). Taxa de embarque taxa para pagar as despesas aeroviárias. Ticket passagem, bilhete. Timetable tabela ou livro que contém os horários e a frequência de voos em todas as localidades que opera determinada companhia. Tip gorjeta.

Valet mordomo que atende a andares executivos (hotelaria); funcionário que atende aos quartos. Vip – very important person pessoa muito importante. Visa ou visto de entrada para os países nos quais o passageiro brasileiro necessita de visto de entrada, este será concedido no consulado representante de cada país. Lembramos que o visto é de entrada no país, portanto deve estar válido na data de entrada.

Tour conductor (TC) pessoa responsável que acompanhará grupos (no mínimo 15 pessoas) em alguma viagem ou serviço.

Voucher é o comprovante, o contrato no qual está mencionado o serviço a ser executado e os dados do estabelecimento contratado, como endereço, telefone, tarifa tratada, o localizador e o nome do titular do voucher.

Tourist information centro de informações turísticas.

Welcome drink bebida de boas-vindas.

Traslado em inglês, transfer: é o transporte terrestre entre aeroporto/hotel/aeroporto (mais comum) do hotel a algum ponto da cidade. Transfer in traslado de ida. Normalmente se refere ao transporte do aeroporto do voo de chegada ao hotel. Transfer out traslado de volta. Neste caso, seria do hotel ao aeroporto. Up grade ser agraciado com uma classe superior àquela originalmente reservada.

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Siglas e nomes de aeroportos | IATA

A AAR > Aarhus, Denmark | Tirstrup ABJ > Abidjan, Cote D`Ivoire | Port Bouet ACA > Acapulco, Guerrero, México | Alvarez International ALY > Alexandria, Egypt | Alexandria AMM > Amman, Jordan | Queen Alia International b BAH > Bahrain, Bahrain | Bahrain Intl BAK > Baku, Azerbaijan | Baku BBU > Bucharest, Romania | Baneasa BCN > Barcelona, Spain | Barcelona BEG > Belgrade, Yugoslavia | Belgrade

f FCO FLL FNC FOR FPO FRA FUK

> Rome, Italy | Leonardo Da Vinci/Fiumicino > Ft Lauderdale, FL, USA | F. Laud. Hollywood Intl > Funchal, Madeira | Portugal > Fortaleza, CE | Brasil > Freeport, Bahamas | Intl > Frankfurt, Germany | International > Fukuoka, Japan | Itazuke

j JAI JFK JIB JMK JUL

> Jaipur, India | Sanganeer > New York, USA | John F Kennedy Intl > Djibouti, Djibouti | Ambouli > Mikonos, Greece | Mikonos > Juliaca, Peru | Juliaca

k KBP KHI KIN KUL KWI

> Kiev, Ukraine | Borispol > Karachi, Pakistan > Kingston, Jamaica > Kuala Lumpur, Malaysia | Subang > Kuwait, | International

l LAD LDE LHR LPB LXR

> Luanda, Angola > Lourdes/Tarbes | France > London, England, UK | Heathrow > La Paz, Bolivia | El Alto > Luxor, Egypt

c CBB > Cochabamba, Bolívia | S. J. De La Banda CCS > Caracas, Venezuela | Simon Bolivar Intl CCU > Calcutta, Índia | Calcutta CDG > Paris, France | Charles De Gaulle CKS > Carajás, Pará | Brasil

g GBE > Gaborone, Botswana GCM > Grand Cayman | Owen Roberts GDN > Gdansk, Poland | Rebiechowo GIB > Gibraltar GIG > Rio de Janeiro, Brasil | Tom Jobim Intl GLA > Glasgow, Scotland | UK GRU > São Paulo, Brasil | Guarulhos / F. Montoro GUA > Guatemala City, Guatemala | La Aurora GVA > Geneva, Switzerland GXQ > Coyhaique, Chile | Teniente Vidal GYE > Guayaquil, Ecuador | Simon Bolivar

d DAC > Dhaka, Bangladesh | Zia Inl DAD > Da Nang, Vietnam | Da Nang DAM > Damascus, Syria | Damascus Intl DAR > Dar Es Salaam, Tanzania | Intl DBV > Dubrovnik, Croatia | Hrvatska

h HAV > Havana, Cuba | Jose Marti HEL > Helsinki, Finland | Helsinki HIJ > Hiroshima, Japan HKG > Hong Kong, Hong Kong HRK > Kharkov, Ukraine

m MAD > Madrid, Spain | Barajas MES > Medan, Indonesia MGQ > Mogadishu, Somalia MPM > Maputo, Mozambique | International MSY > New Orleans, LA, USA | Moisant Intl

e EDI EIN ELP ESB ETH

i IBZ IEV IPC IST ITM

n NAS > Nassau, Bahamas | International NBO > Nairobi, Kenya | Jomo Kenyatta NKC > Nouakchott, Mauritania NRT > Tokyo, Japan | Narita NVT > Navegantes, Santa Catarina | Brasil

> Edinburgh, Scotland, UK | Turnhouse > Eindhoven, Netherlands | Welschap > El Paso, TX, USA | El Paso Intl > Ankara, Turkey | Esenboga > Elat, Israel |

> Ibiza, Spain | Ibiza > Kiev, Ukraine | Zhulhany > Ilha da Páscoa, Chile | Mataveri > Istanbul, Turkey | Ataturk > Osaka, Japan | Itami International

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O OAX ORL ORY OTP OXB p PFO PIK POG PPG PTY

> Oaxaca, Oaxaca, Mexico | Xoxocotlan > Orlando, FL, USA | Herndon > Paris, France | Orly > Bucharest, Romania | Otopeni > Bissau, Guinea-Bissau | Osvaldo Vieira

s SAH SHJ SJJ SJO SVU

> Paphos, Cyprus | International > Glasgow, Scotland, UK | Prestwick > Port Gentil, Gabon > Pago Pago, American Samoa > Panama City, Panama | Tocumen Intl

t TAB TIQ TNR TSS TZA

> Sanaa, Yemen | International > Sharjah, United Arab Emirates > Sarajevo, Bosnia Herzegowina | Butmir > San Jose, Costa Rica | Juan Santamaria International > Savusavu, Fiji | Savusavu

w WAT > Waterford | Ireland WAW > Warsaw, Poland | Okecie WDH > Windhoek, Namibia | Jg Strijdom WIL > Nairobi, Kenya | Wilson Arpt WLG > Wellington | New Zealand

> Tobago, Trinidad & Tobago | Crown Point > Tinian, Northern Mariana Islands > Antananarivo, Madagascar | Ivato > New York, NY, USA | East 34Th Street Heliport > Belize City | Belize

y YAP YEC YEG YKS YMX

> Yap, Caroline Islands | Micronesia > Yechon | South Korea > Edmonton, Alberta, Canadá | Intl > Yakutsk | Russia > Montreal, Quebec | Canada

z ZAG ZAH ZAZ ZNZ ZRH

> Zagreb, Croatia (Hrvatska) | Zagreb > Zahedan, Iran | Zahedan > Zaragoza, Spain | Zaragoza > Zanzibar, Tanzania | Kisauni > Zurich, Switzerland | Zurich

q QDU > Duesseldorf, Germany | Train Station QKB > Breckenridge, CO, USA QKL > Cologne, Germany | Train Station QRO > Queretaro, Queretaro | México QSY > Sydney, NSW | Austrália

u UAK > Narsarsuaq | Greenland UIO > Quito, Ecuador | Mariscal ULN > Ulan Bator, Mongolia | Ulan Bator URT > Surat Thani | Thailand UVF > St Lucia, Saint Lucia | Hewanorra

r RAB > Rabaul, Papua New Guinea | Lakunai RAK > Marrakech, Morocco | Menara RGN > Yangon, Myanmar | Mingaladon RIX > Riga, Latvia | Riga RUH > Riyadh, Saudi Arabia | King Khaled Intl

v VCE VLI VNO VNS VRA

> Venice, Italy | Marco Polo > Port Vila, Vanuatu | Bauerfield > Vilnius, Lithuania | Vilnius Airport > Varanasi, India | Babatpur > Varadero, Cuba | Juan Gualberto Gomez

O novo turista é o que sente, pensa, participa e compartilha responsabilidades 136

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transformando o turismo num impulso para uma sociedade mais humana. Jost Krippendorf i r e v i r | mov i dos pel a i nqu i et u de

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Instituições e entidades de turismo | nacional MIT | Ministério do Turismo http://www.turismo.gov.br Embratur | Instituto Brasileiro de Turismo http://www.turismo.gov.br ABAV | Associação Brasileira de Agências de Viagem http://www.abav.com.br ABBTUR | Associação Brasileira dos Bacharéis em Turismo http://www.abbtur.org.br/ ABEOC | Associação Brasileira de Empresas de Eventos http://www.abeoc.org.br/ ABIH | Associação Brasileira da Indústria de Hotéis http://www.abih.com.br/ ABLA | Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis http://www.abla.com.br/ ABOTTC | Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos Culturais http://www.abottc.com.br/ ABRACCEF | Associação Brasileira dos Centros de Convenções e Feiras http://www.abraccef.org.br/ ABRAJET | Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo http://www.abrajet.com.br/ ABRASEL | Associação Brasileira de Restaurantes e Empresas de Entretenimento http://www.abrasel.com.br/ ABRATURR | Associação Brasileira de Turismo Rural http://www.turismorural.org.br/ ABREDI | Associação Brasileira de Restaurantes Diferenciados http://www.abredi.org.br/

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ABREMAR | Associação Brasileira das Empresas Marítimas http://www.abremar.com.br ABRESI | Associação Brasileira de Gastronomia, Hospitalidade e Turismo http://www.abresi.com.br/ AVIESP | Associação das Agências de Viagens Independentes do Interior de São Paulo http://www.aviesp.org.br/ BITO | Brazilian Incoming Tour Operators http://bito.com.br/ BRAZTOA | Associação Brasileira de Operadoras de Turismo http://www.braztoa.com.br/ CONTRATUH | Confederação Nacional de Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade http://www.contratuh.org.br/ FAVECC | Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais http://www.favecc.com.br/ FBAJ | Federação Brasileira de Albergues da Juventude http://www.hostel.org.br/ FBC&VB | Federação Brasileira de Conventions & Visitors Bureaux http://www.fbcevb.org.br/ FENACTUR | Federação Nacional de Turismo http://www.fenactur.com.br/ FNRHBS | Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares http://www.fnrhbs.com.br/ FOHB | Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil http://www.fohb.com.br/ SNEA | Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias http://www.snea.com.br/ UBRAFE | União Brasileira dos Promotores de Feiras http://www.ubrafe.com.br/

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“Em vez de se fechar na sua cultura, os povos são convidados, hoje mais do que nunca, a abrirem-se a outros povos, confrontando-se com os diferentes modos de pensar e de viver. O turismo constitui uma ocasião favorável para este diálogo entre as civilizações, porque promove o inventário das riquezas específicas que distinguem uma civilização da outra; favorece a recor dação de uma memória viva da história e das suas tradições sociais, religiosas, espirituais e um aprofundamento recíproco das riquezas da humanidade.”

João Paulo II, durante as comemorações do XXII Dia Mundial do Turismo, 2001.

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bibliografia

ias

cone ibliografia

referĂŞn

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conexões notas

1 Revista Eletrônica de Ciência, n.. 19. maio/jun. 2003. 2 Van Loon, 2004, p. 42. 3 Rejowski, 2002, p. 19. 4 Localizada no Egito, a Biblioteca de Alexandria foi uma das maiores bibliotecas do mundo. Continha livros que foram levados de Atenas. Importantes obras sobre geometria, trigonometria e astronomia, bem como sobre idiomas, literatura e medicina, são creditadas a eruditos de Alexandria. A lista dos grandes pensadores que frequentaram a Biblioteca e o Museu de Alexandria inclui grandes nomes, como Arquimedes, matemático e inventor; Calímaco, poeta e bibliotecário grego; Ptolomeu, astrônomo (Wikipédia). 5 Plentz, 2007. 6 Uma breve história de Zeus nos diz que durante muito tempo quem governou a Terra foi Urano (o Céu), até que foi destronado por Cronos, seu pai. Então Urano profetizou que Cronos também seria destronado por um de seus filhos. Cronos era casado com Réia, e quando seus filhos nasciam, ele os devorava. Assim aconteceu que, com a ajuda de Gaia (a Terra), que desgostava de

Cronos porque ele aprisionou Hecatônquiros no Tártaro, temendo seu poder, já que esses gigantes possuíam cem braços e cinquenta cabeças, Gaia leva Réia para parir secretamente seu sexto filho em Creta. Lá, Réia dá seu filho, que se chama Zeus (tesouro que reluz), aos cuidados de Gaia e das Ninfas da Floresta. Logo Réia retorna ao Palácio de Cronos e enrola em panos uma pedra e começa a fingir um parto, depois dá ao seu marido esse embrulho e ele o engole achando ser o sexto filho. Quando chegou à idade adulta, Zeus enfrentou o pai. Disfarçou-se de viajante, dando a Cronos uma bebida que o fez vomitar todos os filhos que tinha devorado, agora adultos. Após libertar os irmãos, iniciou a guerra Titanomaquia. Cronos procurou seus irmãos para enfrentar os rebeldes que se reuniram no Olimpo. A guerra duraria cem anos, até que, seguindo um conselho de Gaia, Zeus liberta os Hecatônquiros, então os deuses olímpicos venceram e aprisionaram os titãs no Tártaro. Aí o universo foi partilhado de outra forma: Zeus ficou com o céu e a terra, Poseidon ficou com os oceanos, e Hades, com o mundo dos mortos (Wikipédia). 7 Originários das regiões meridionais da Escandinávia,

os godos eram um povo germânico que se distinguiu pela fidelidade ao seu rei e comandantes. Deixaram a região do Rio Vistula (atual Polônia) em meados do século II e alcançaram o Mar Negro. Com a presença goda, os outros povos germânicos passaram a pressionar o Império Romano de Marco Aurélio através do Danúbio. No século seguinte, foram várias incursões, ataques e saques às províncias de Anatólia e toda a península balcânica. A costa asiática e o templo de Éfeso foram vítimas da fúria dos godos. Já sob o reinado de Aureliano (270-275), Atenas foi invadida e seguiramse as tomadas de Rodes e Creta. Os romanos foram expulsos da Dácia, e os godos se instalaram definitivamente na região do Danúbio. Assim, de acordo com a região ocupada, os godos foram denominados também de ostrogodos (godos do leste) e visigodos (godos do Oeste). A partir deste momento, a cultura e a política dos godos passaram a influenciar gradativamente a Europa por intermédio do Império Romano (Wikipédia). 8 Rejowski, 2002, p. 26. 9 Yasoshima e Oliveira, 2002. 10 O romano Marco Gavio Apício viveu no século I d. C. e deixou o mais importante receituário

escrito no Império Romano chamado De re coquinaria. 11 Na teologia católica é o perdão ao cristão das penas temporais devidas a Deus pelos pecados. 12 Embora haja controvérsias, Constantino é apontado como o primeiro imperador romano a professar o cristianismo. Legalizou e apoiou fortemente a cristandade, mas também não tornou o paganismo ilegal ou fez do cristianismo a religião estatal. Educou seus filhos no cristianismo, associou a sua dinastia a esta religião. Constantino reconstruiu a antiga cidade grega de Bizâncio em 330 d. C., chamando-a de Nova Roma. Após sua morte, Bizâncio foi renomeada Constantinopla, tendo se tornado a capital permanente do Império. 13 Tiago, um dos apóstolos de Jesus, teria ido à Ibéria fazer a sua pregação em nome da evangelização dos povos. No ano de 42, Herodes Agripa I (10 a. C. - 44 d. C.), rei da Judéia, neto de Herodes, o Grande, manda perseguir os cristãos em Jerusalém e ordena a morte do apóstolo Tiago e a prisão de Pedro, outro apóstolo. O corpo de Tiago foi levado por seus discípulos para a Espanha e enterrado em Iría Flávia, região da atual Galícia.

Lendas relatam que no século IX o eremita Pelágio estava no campo e teve a visão de uma chuva de estrelas, ouvindo uma mensagem que mandava ali cavar. O bispo da localidade ordenou a escavação e foram encontrados os presumíveis restos mortais do apóstolo. Logo no local foi erguido um edifício de culto para guardar as relíquias. Esse lugar passou a ser conhecido como “Compostela” – “campo de estrelas”. As peregrinações ao túmulo de Tiago iniciamse quase imediatamente e persistem até os dias de hoje. As peregrinações podem ser feitas pelos caminhos francês, aragonês, do norte e português (Gomes, 2002, p. 12). 14 Yasoshima e Oliveira, 2002, p. 35. 15 Em sua obra A grande síntese, Ptolomeu adota a teoria geocêntrica, em que afirma ser a Terra o centro do universo. 16 Oriundo da aristocracia escocesa, William Ewart Gladstone (1809-1898) foi um político liberal britânico, primeiro-ministro do Reino Unido por quatro vezes. Levou a cabo uma reforma do ensino, impôs a lei do voto secreto e a separação da Igreja do Estado na Irlanda. 17 MACIEL, L. C. “A morte organizada”. Global, 1978.

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Aragonês

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turistika tcheco


iconografia

capa | foto 1 | Avião - capa. STOCK XPERT p. 02 | foto 1 | Rio de Janeiro/RJ - Brasil. LATINSTOCK p. 04 | foto 1 | Rodovia sem fim, Highway 89, North Arizona, EUA. LATINSTOCK p. 14 | foto 1 | Dentro do Coliseu. STOCK XPERT | foto 2 | Mapa da América do Norte e moedas antigas. LATINSTOCK | foto 3 | Trem bala. STOCK XPERT p. 15 | foto 1 | A criação de Adão. Michelângelo. GOOGLE p. 17 | foto 2 | Aquileia, Basílica, detalhe do mosaico de um piso. LATINSTOCK p. 19 | foto 1 | Poster da I Guerra Mundial, de Fritz Boehle, que mostra a influência de esculturas da Renascença e da tradição religiosa medieval alemãs. LATINSTOCK p. 21 | foto 1 | Roda de pedra - Suméria. ISTOCKPHOTO p. 23 | foto 1 | Cidade dos deuses. Viagem de um dia a Atenas. STOCK XCHANGE | foto 2 | Parthenon na Acrópole, Atenas, Grécia. STOCK XCHANGE p. 24 | foto 1 | Zeus e crianças. Zeus tem de cuidar de todos os seus filhos? Do Museu do Vaticano. STOCK XCHANGE p. 25 | foto 1 | Colunas do Templo de Artemis em Jerash. LATINSTOCK p. 26 | foto 1 | Capacete grego. STOCK XCHANGE p. 27 | foto 1 | Roma, Fontana de Netuno, Netuno. LATINSTOCK | foto 2 | Esfinge. Egito, 2007. STOCK XCHANGE | foto 3 | Detalhe de uma réplica de Michelângelo fora do Palazzo Vecchio. LATINSTOCK

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p. 28 | foto 1 | Machu Picchu, Peru. LATINSTOCK | foto 2 | Roma, Itália. Piazza Navona. STOCK XCHANGE | foto 3 | O Olimpo à noite. LATINSTOCK p. 29

| foto 1 | Templo de Kom Ombo. LATINSTOCK | foto 2 | Templo de Luxor. LATINSTOCK | foto 3 | Ruínas do Templo de Zeus e Nemea. LATINSTOCK | foto 4 | Sem descrição/homem caminhando - Egito - Sítio Arqueológico. LATINSTOCK | foto 5 | Moedas gregas. STOCK XCHANGE

p. 30 | foto 1 | Pessoas sentadas num café à beira do Rio Alster com vista para a prefeitura, Hamburgo, Alemanha. LATINSTOCK p. 31 | foto 1 | Cabeças colossais no Hierothesion de Antiochus I. LATINSTOCK | foto 2 | Buda sentado tailandês em Sukhothai. LATINSTOCK | foto 3 | Vendedor com mercadoria em loja. LATINSTOCK p. 32 | foto 1 | Detalhe de réplica de Michelângelo fora do Palazzo Vecchio. LATINSTOCK p. 33 | foto 1 | Coliseu. STOCK XCHANGE | foto 2 | Éfeso uma capital coríntia do 7° Milênio a. C. na Turquia, Efes. STOCK XCHANGE | foto 3 | Cabeça de um dragão, carranca, Estocolmo, Suécia. LATINSTOCK p. 34 | foto 1 | Jangada de bambu no Rio Li, China. LATINSTOCK p. 35 | foto 1 | Catedral de Santiago de Compostela. STOCK XCHANGE p. 36 | foto 1 | Bagdá. GOOGLE p. 37 | foto 1 | Mapa múndi antigo. LATINSTOCK p. 38 | foto 1 | Homem caminhando no deserto da Líbia. LATINSTOCK p. 40 | foto 1 | Barco Junk Hong Kong. LATINSTOCK

p. 42 | foto 1 | Vista aérea do Rio Amazonas. LATINSTOCK | foto 2 | Vitória-régia com flor cor-de-rosa, Pantanal, Brasil (próximo ao Rio Paraguai). LATINSTOCK | foto 3 | Farol da Barra, Salvador/BA, Brasil. STOCK XPERT | foto 4 | Rio de Janeiro/RJ, Brasil. LATINSTOCK | foto 5 | Mico. STOCK XCHANGE p. 43 | foto 1 | Jovem africana pintada segundo técnica tradicional. STOCK XCHANGE | foto 2 | Mercado de tapetes no norte da África. STOCK XCHANGE | foto 3 | Máscara tradicional africana, feita à mão, com madeira, chifres, série de design africano antigo. STOCK XCHANGE | foto 4 | Castelo de pedra em Uchisar, Capadócia, Turquia. STOCK XCHANGE p. 46 | foto 1 | Trem. LATINSTOCK p. 47 | foto 1 | Multidão sob a torre Eiffel durante a Exposição Paris 1889. LATINSTOCK | foto 2 | Salão de chá no Hotel Ritz. LATINSTOCK | foto 3 | Passageiros de um navio na Acrópole, em Atenas, durante um passeio em terra. LATINSTOCK p. 49 | foto 1 | Termas romanas em Kourion, Chipre. LATINSTOCK | foto 2 | Praia, Fishhoek, Cidade do Cabo, África do Sul. LATINSTOCK | foto 3 | Construções com madeirame à vista em cidade na Floresta Negra. LATINSTOCK | foto 4 | Beco no Ribeirão da Ilha em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. STOCK XCHANGE p. 50 | foto 1 | Pier de Brighton e diversões. STOCK XCHANGE | foto 2 | Vapor levanta da superfície da água no Banho do Rei (King’s Bath). Os banhos vêm dos romanos. LATINSTOCK p. 52 | foto 1 | Praia de Serrambi, em Pernambuco. MARCELO TERRAZA


p. 55 | foto 1 | Retrato do autor Thomas Cook. LATINSTOCK | foto 2 | Ticket ferroviário, cartões postais e um grande mapa. LATINSTOCK | foto 3 | Trem a vapor Outeniqua Choo-Tjoe atravessando uma ponte no Dolphin Point, próximo a Wilderness na Garden Route. LATINSTOCK p. 56 | foto 2 | Barco Cassino Mississippi no entardecer. LATINSTOCK p. 57 | foto 1 | Templo de Sri Mariamman, Cingapura, Chinatown. LATINSTOCK p. 58 | foto 1 | Croácia à noite. Ilha Ciovo. STOCK XCHANGE | foto 2 | Vista panorâmica de Lisboa do Castelo de São Jorge. STOCK XCHANGE p. 59 | foto 1 | Conjunto de edifícios de Mt Fuji e Minato Mirai 21, Yokohama-Shi, Prefeitura de Kanagawa. LATINSTOCK | foto 2 | Salzburg. STOCK XCHANGE | foto 3 | Escada em espiral, Hong Kong. STOCK XCHANGE | foto 4 | Tigelas em um mercado antigo em Hong Kong, Cat street. STOCK XCHANGE p. 60 | foto 1 | Detalhe do Templo de Sri Mariamman. LATINSTOCK p. 61 | foto 1 | Foto grafei esta árvore de um funicular durante minhas férias na França - La Plagne. STOCK XCHANGE | foto 2 | Alpinismo na Montanha Vardousia (Grécia). STOCK XCHANGE | foto 3 | Raposa à solta no arquipélago. STOCK XCHANGE p. 62 | foto 1 | Decoração. Casablanca. STOCK XCHANGE

p. 63 | foto 1 | Vendedor de água. Foto grafia tirada em Casablanca. STOCK XCHANGE | foto 2 | Mesquista de Hassan II. Casablanca, Marrocos. STOCK XCHANGE | foto 3 | Detalhe de portão antigo. STOCK XCHANGE | foto 4 | Sorriso de Casablanca. Jovens vestidos com roupas tradicionais em Casablanca, Marrocos. STOCK XCHANGE | foto 5 | O rapaz da água. Este homem oferece água para pedestres perto de uma feira em Casablanca, Marrocos. STOCK XCHANGE p. 64 | foto 1 | Letreiro do Moulin Rouge à noite. Paris, França. LATINSTOCK | foto 4 | Turistas a bordo do Barco Discovery II no rio Chena em Fairbanks. LATINSTOCK p. 65 | foto 1 | Mesas de Vinte e Um no Cassino da cidade de Sam. LATINSTOCK | foto 2 | Entrada do Hotel Ritz na Praça Vendôme. STOCK XCHANGE | foto 3 | Riviera italiana de Portofino. STOCK XCHANGE | foto 4 | Verão na praia de Nice próximo ao Hotel Negresco. LATINSTOCK p. 66 | foto 1 | Locomotiva a vapor. LATINSTOCK | foto 2 | Proa de navio atracado na Baía de Narragansett, Ilha de Rhodes. LATINSTOCK | foto 3 | Edifício Empire State. STOCK XCHANGE p. 67 | foto 1 | Nice, sul da França. STOCK XCHANGE | foto 2 | Mulher sentada em conversível com estrada livre à frente. LATINSTOCK p. 68 | foto 1 | 14 BIS. GOOGLE

p. 71 | foto 1 | Penhasco em Acapulco. STOCK XPERT | foto 2 | Navio Queen Elizabeth chegando no Porto de Nova Iorque. LATINSTOCK | foto 3 | Torre do Kremlin em Moscou com cores do crepúsculo. STOCK XCHANGE | foto 4 | La Pataia em Punta del Este. STOCK XCHANGE p. 72 | foto 1 | Vista do Rio de Janeiro em Niterói. MARCELO TERRAZA p. 75 | foto 1 | Esconde-esconde num vilarejo de Himba - África. STOCK XCHANGE | foto 2 | São Paulo/SP, Brasil. STOCK XCHANGE | foto 3 | Girafa – África. STOCK XCHANGE p. 76 | foto 1 | Azulejos de Gaudi. STOCK XCHANGE p. 78 | foto 2 | Piscina. Nossa piscina na França. STOCK XCHANGE | foto 3 | Algéria, Argel, Viagem, Turismo, Hotel Hinton, Business Center. LATINSTOCK p. 79 | foto 4 | Piscina de Mazatlan. A menor piscina em nosso hotel em Mazatlan, México. O tempo estava lindo todos os dias, tanto que a piscina era um lugar legal para se refrescar, com uma vista adorável do oceano. STOCK XCHANGE p. 80 | foto 1 | Carro clássico com trailer. LATINSTOCK p. 82 | foto 1 | Porta na Igreja de Santa María la Mayor em Ronda, Málaga, Espanha. STOCK XCHANGE | foto 2 | Foto noturna, em cores, da colina do castelo em Praga. STOCK XCHANGE | foto 3 | Ponte do Gard, França, Nîmes. STOCK XCHANGE | foto 4 | Rei da mágica. A maravilha de Disney. LATINSTOCK p. 83 | foto 1 | Neblina. STOCK XPERT

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p. 84 | foto 1 | Che Guevara. GOOGLE | foto 2 | Fidel Castro e Che Guevara. GOOGLE | foto 3 | Moto “La Poderosa”. GOOGLE

p. 97 | foto 1 | Muro de Berlim, 10/11/1989, Berlim, Alemanha. LATINSTOCK | foto 2 | Trens Eurostar na estação de Waterloo. LATINSTOCK

p. 85 | foto 1 | Carro clássico dos anos 1960 na costa da praia de Varadero, Cuba. STOCK XPERT | foto 2 | Mulata. Foto tirada em Havana. STOCK XCHANGE | foto 3 | Posto de abastecimento em Cuba. Detalhe do calibrador, dos anos 1950 ou 1960. STOCK XCHANGE | foto 4 | Coquetéis variados num bar na praia. STOCK XCHANGE | foto 5 | Cidade antiga, Havana, Cuba. LATINSTOCK

p. 98 | foto 1 | Horário local. LATINSTOCK | foto 2 | Grade de ferro, em Paris. STOCK XCHANGE | foto 3 | Jardim do Luxemburgo, Paris. STOCK XCHANGE

p. 86 | foto 1 | Parque SP. STOCK XCHANGE p. 87 | foto 1 | Vista aérea de Zacatecas e Basílica Cátedra. LATINSTOCK p. 88 | foto 1 | Horizonte invernal, foto tirada em Warsaw, Polônia. STOCK XCHANGE | foto 3 | Acampamento durante o festival Glastonbury. LATINSTOCK p. 90 | foto 1 | Multidão no Festival Popular de Miami. LATINSTOCK | foto 2 | Ponte para arvorismo na Reserva Ecológica do Vaga Fogo, Pirenópolis, Goiás. STOCK XCHANGE | foto 3 | Um divertido ônibus VW, foto tirada no sul da França. STOCK XCHANGE | foto 4 | Kombi hippie na praia de Daytona. LATINSTOCK p. 92 | foto 1 | Geleira Perito Moreno e icebergs na Patagônia. STOCK XPERT p. 94 | foto 1 | Noivas da guerra acenam durante desembarque de avião. LATINSTOCK

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p. 99 | foto 1 | Sevilha. Foto da maior catedral do mundo. LATINSTOCK p. 100 | foto 1 | Cavalos Dala, souvenir sueco, Estocolmo, Suécia. LATINSTOCK p. 101 | foto 1 | Sapatos. LATINSTOCK p. 102 | foto 1 | Gôndolas em Veneza, Itália. STOCK XPERT | foto 2 | Cidade Proibida, Beijing. Foto tirada em 1995. LATINSTOCK p. 103 | foto 1 | Big Ben, Ícone do horizonte londrino. STOCK XCHANGE | foto 2 | Origami. STOCK XCHANGE p. 104 | foto 1 | Avião pousando, passando pelas luzes da pista de aterrissagem. LATINSTOCK p. 105 | foto 1 | Grande muralha, China, Grande muralha em Mutianyu. STOCK XPERT p. 106 | foto 1 | Um solitário andando na base de uma colina de arenito, desenho forte de linhas onduladas em dunas petrificadas expostas pela erosão, Planalto do Colorado, Utah. LATINSTOCK p. 107 | foto 1 | Porteiro no Hotel Salamlek. LATINSTOCK | foto 2 | Cidade Proibida, China. STOCK XCHANGE

p. 112 | foto 1 | Catedral de Nossa Senhora Aparecida. Brasília C&VB. Rui Faquini | foto 2 | Sino em igreja de Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Marcelo Terraza p. 113 | foto 1 | Artesanato da Oficina de Agosto em Bichinho, Minas Gerais. Marcelo Terraza | foto 2 | Detalhes das janelas, Diamantina, MG. Marcelo Terraza | foto 3 | Detalhe do chão de pedras, Diamantina, MG. Marcelo Terraza | foto 4 | Detalhe da porta de igreja, Diamantina, MG. Marcelo Terraza p. 114 | foto 1 | Chapada dos Veadeiros na Cachoeira Morada do Sol, Goiás, Brasil. Marcelo Terraza p. 115 | foto 1 | Grand Canyon do ponto Toroweap. LATINSTOCK p. 116 | foto 1 | Mergulhadora foto grafando tartaruga marinha. LATINSTOCK p. 123 | foto 5 | Homem marroquino vendendo roupas em uma feira. STOCK XPERT p. 125 | foto 1 | Os famosos marcos de Londres: o Parlamento, o Big Ben e o Tâmisa com luzes ao entardecer. STOCK XPERT | foto 2 | Gárgula na Notre Dame, Paris. STOCK XCHANGE | foto 3 | Detalhe da torre de Belém em Lisboa à noite. STOCK XCHANGE | foto 4 | Paisagem subaquática com antias douradas e peixescirurgiões. Mar Vermelho. STOCK XPERT | foto 5 | Ponto de aluguel de bicicleta, Paris. STOCK XPERT

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p. 110 | foto 1 | Montanhas em Pirenópolis, Goiás. Marcelo Terraza


p. 126 | foto 1 | “Farol da Velha” em Pointe-duRaz (França). STOCK XCHANGE p. 127 | foto 1 | Carnaval do Rio de Janeiro, desfile no Sambódromo, Rio de Janeiro, Brasil. STOCK XPERT | foto 2 | Sinal famoso em Land’s End, Cornwall, Inglaterra. STOCK XCHANGE | foto 3 | Vista do Castelo de Praga no início da noite, vista da torre da ponte da cidade velha. STOCK XPERT p. 128 | foto 1 | A bagagem é de alguém? Eis o que podem fazer com sua bagagem extraviada no aeroporto. STOCK XCHANGE p. 132 | foto 1 | San Francisco ao entardecer, foto panorâmica de San Francisco tirada da Ilha do Tesouro. STOCK XPERT p. 139 | foto 1 | Locação do filme Babel no Marrocos. STOCK XCHANGE p. 149 | foto 1 | Ponte JK. Brasília C&VB. Rui Faquini p. 150 | foto 1 | Ilha de Páscoa, uma plataforma com estátuas na Ilha de Páscoa. STOCK XPERT p. 154 | foto 1 | Trem bala, contracapa. STOCK XPERT

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Movidos pela cidadania

Pelo direito das crianças e dos adolescentes, nós da equipe de edição e produção do livro Ir e Vir – movidos pela inquietude também ajudamos a prevenir a exploração sexual de crianças e adolescentes no turismo. Entendemos que todos devem colaborar para que turistas, internacionais e nacionais, em visita às cidades brasileiras, compreendam que em nosso país as crianças e os adolescentes são como passageiros VIPs – pessoas muito importantes –, portanto merecedoras de um tratamento de primeira classe, traduzido em respeito, proteção e segurança. Assim, colocamos nossa obra a serviço da campanha brasileira para que os leitores saibam como participar.

Turismo Sustentável e Infância

“A exploração dos seres humanos sob todas as suas formas, principalmente sexual e, especialmente, no caso das crianças, vai contra os objetivos fundamentais do turismo e constitui a sua própria negação” (OMT – Organização Mundial do Turismo).

Saiba como ajudar

O Brasil cuida e protege suas crianças e não deve ser visto pelos turistas estrangeiros como destino para a exploração sexual infanto-juvenil. O enfrentamento ao turismo com motivação sexual infanto-juvenil não exige apenas fiscalização e repressão policial. É preciso o envolvimento da sociedade civil, ONGs, das empresas da indústria do turismo e dos próprios viajantes, que também não podem se eximir desse papel.

Faça a sua parte

• Dê preferência a fornecedores e parceiros signatários do Código de Conduta para a proteção das crianças e adolescentes ante a exploração sexual na indústria de turismo e viagens – The Code. • Se seu agente de viagens ou operadora turística não possuir uma política de combate, encoraje-os a criá-la. • P rocure inserir-se nas redes locais de atenção às crianças de sua região. • Divulgue as formas de combater esse crime com seus familiares, amigos e na sua comunidade. • Apóie as ações governamentais e contribua com as organizações que trabalham com o tema. • Seja no seu trabalho, seja viajando ou na rua, não hesite em denunciar o crime. Turismo Sustentável e Infância no Brasil www.turismoeinfancia.com.br www.turismo.gov.br

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