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Esta é uma publicação editada pela área de Comunicação Corporativa do MercadoLivre. Os editores não são responsáveis pelas opiniões passadas pelos entrevistados e nem pelas mensagens publicadas. Coordenação Editorial: Adriana Lutfi e agência Porta-Voz Comunicação | Produção: Janaína Wichmann e Juliana Garcia | Escritor: Felipe Machado | Direção de Arte: Ignacio Veiga, agência Muchnik, Argentina | Fotografia: Thays Bittar.
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Histórias que inspiram Os 15 Anos do MercadoLivre
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Índice 11
Prefácio
15
Introdução
Michael Spence
Inspiração para empreender
36
American Dream
40
Da Praça Clóvis Beviláqua para o Mundo
Lucas Vicari Boroske e Jean Simsen
Fábio Asdurian
19
Os 15 anos do MercadoLibre
31
Protagonistas
32
Filho de vendedor, vendedor é
Marcos Galperin
Paulo Biancalana
44
Sete homens e um destino
48
Cleiton Mãos de Tesoura
52
Dois gêmeos e 260 padrinhos
Gustavo Almeida
Juliana Piria e Cleiton Vitor Pereira
Leonardo Simão e Juliana Della Nina Simão
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56
Depois da tempestade, um mar de almirante
76
Um negócio de filho para pai
80
Se essa rua fosse minha
84
Os gibis saíram do armário
88
De grão em grão, o Dourivan enche o bolso
Eduardo Fábio de Oliveira
Patrícia Barreto Bastos e Rogério Wagner
60
Futebol 4 x 4
64
Voando alto
68
Das pistas de dança ao escritório
Antonio Carlos Zanqueta
Caran Nassif
Acelerando no mercado automotivo
Adriano Rainho
Dourivan Ribeiro de Almeida
Carlos Eduardo Alves
72
Paulo Rogério Benini
93
Chaves para empreender Fundação Endeavor
Ednilson Brandão
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Prefácio
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Prefácio Uma grande combinação que ultrapassa fronteiras Por Michael Spence* Os empreendedores são pessoas muito especiais. Têm geralmente uma grande confiança em seu trabalho e ideais que os levam a sonhar alto. Se imaginarmos uma “escala de risco”, são, sem dúvida alguma, os mais valentes. Eles tendem a ser jovens, o que lhes permite animar-se a experimentar sem tantos “mas” nem reservas, e são fundamentais para o desenvolvimento dos países: geram empregos, criam valor e impulsionam o progresso e a mudança nas sociedades. E frequentemente não apenas têm a visão para criar algo novo. Em muitos casos, eles querem mudar o mundo. Muitas pessoas podem ser empreendedoras se estiverem em um meio ambiente que estimule sua criatividade e gere as condições necessárias para a incubação de suas ideias. No meu trabalho como professor e decano na Stanford, já vi como foram “criados” bons empreendedores por apenas colocá-los para trabalhar para aprender por alguns meses junto a grandes empreendedores. No entanto também acredito que o empreendedorismo não é para todos. É necessário ter uma série de características para transitar pelo caminho do próprio projeto. Muitos dos empreendedores que conheci, principalmente no Vale do Silício, tinham a tecnologia em seu DNA, e isso é, sem dúvida, uma vantagem. Porque não são apenas empreendedores, mas tecnólogos com um entendimento perfeito do funcionamento dos sistemas, de como criar ou dar forma a uma ideia que lhes confira uma vantagem a mais sobre os outros. Entre eles, conheci Marcos Galperin, uma combinação singular de líder e visionário nos negócios. Tive a sorte de acompanhá-lo desde o início da ideia do que hoje é o MercadoLivre, e fui testemunha de cada etapa desse processo e de sua determinação, com o resultado final de poder comemorar estes primeiros bem sucedidos 15 anos da empresa.
Marcos é um líder natural que gera respeito e que soube atrair gente tremendamente talentosa a quem deu espaço para expressar seu talento. O que o diferencia de outros líderes é a forma consistente na qual ele se focou nas diferentes etapas que demandam o crescimento retumbante obtido por MercadoLivre. Marcos triunfou no que poderíamos chamar de implementação, ou seja, na tarefa de combinar uma visão de negócios com a realidade do desenvolvimento de uma empresa. Eu o vi lutando em todas as batalhas: avançar com a tecnologia; mudar quando foi necessário; defender firmemente uma decisão com um olhar constante para fazer a experiência do cliente (e dos funcionários) cada vez melhor. Quando uma empresa cresce como aconteceu com o MercadoLivre, é comum ver seus fundadores e CEOs ficarem de um lado em um determinado momento e dizer: “Pronto, é isso aí, que outro comande este barco”. Mas esse não é o estilo de Marcos. Não conheço muitas pessoas que tenham aberto uma empresa e tenham sabido se transformar com ela. Marcos se atreveu a comandar as transições. Hoje vejo o MercadoLivre como parte de um seleto grupo de empresas importantes em todo o mundo que está mudando a forma como as pessoas realizam transações entre si. Sua característica mais singular, que marca a diferença e explica em grande parte seu crescimento, é a adaptabilidade às necessidades de cada um dos países da America Latina onde a empresa opera. Essa é sua marca. Sua expansão se produz adaptando o modelo para cada um dos mercados, aos gostos e costumes de cada país e de cada pessoa, e as regras que cada economia, em particular, impõe. Isso inclui a capilaridade da internet, as regulamentações, o estágio de desenvolvimento de sistemas de pagamento
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online, comércio eletrônico, logística etc. Há muitas empresas que, mesmo tendo triunfado em um mercado, simplesmente tentaram “se transplantar” para outro mercado e fracassaram. O MercadoLivre levou e leva em conta o fator cultural, talvez o mais importante no momento de pensar em crescimento. Creio que nos próximos anos veremos uma evolução para um sistema mais complexo, no qual o MercadoLivre continuará a se desenvolver como um grande arquiteto de serviços por meio dos quais as pessoas poderão simplificar muitas de suas necessidades da vida cotidiana. Sem dúvida, os empreendedores latino-americanos vão experimentar um crescimento exponencial nos próximos dez anos, ligado ao grande talento das pessoas da região e ao crescimento da infraestrutura necessária para decolar. O MercadoLivre se apresenta como um grande aliado desse crescimento. Para todos aqueles que estão pensando em tentar empreender, permito-me dar-lhes apenas um conselho: trabalhem duro no desenvolvimento de uma ideia, procurem seu diferencial e depois saiam para experimentar. Falem com seus amigos, pessoas de confiança, façam a experiência de todas as formas possíveis. Repassar a história do MercadoLivre pode ser uma grande fonte de inspiração. Como admirador de Marcos e do MercadoLivre, comemoro estes primeiros 15 anos e por tudo que está por vir.
*Economista e professor canadense. Recebeu o prêmio Nobel de Economia em 2001 por seus trabalhos sobre mercados com gaps e assimetrias de informação. www.mercadolivre.com.br
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Introdução
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Inspiração para empreender Apesar de não ter atingido a maioridade, o MercadoLivre tem muita história para contar e compartilhar. Com apenas 15 anos de vida, trata-se da empresa de internet mais importante da América Latina e a única da região que faz parte da Nasdaq, a Bolsa de Valores norte-americana do mercado de tecnologia.
Talvez fosse o caso de ler aqui a história de Marcos Galperin, incluindo um perfil com seus destaques, histórias e transformações deste grande projeto. No entanto reescrever o passado não é suficiente para homenagear uma empresa que, na verdade, conseguiu triunfar graças à contribuição de milhões de usuários e parceiros em mais de 13 países. A essência deste livro está nos desejos e aspirações de empreendedores que se desenvolveram através da plataforma MercadoLivre e que, hoje, podem ser considerados modelos de inspiração para outros empreendedores. Com os depoimentos e as imagens aqui reunidos, esta publicação reflete o que a companhia representa nos dias de hoje. Trata-se de uma viagem por meio de histórias, acertos, fracassos, descobrimentos e grandes apostas. É, definitivamente, uma homenagem às pessoas que fazem do MercadoLivre sua forma de vida, e suas histórias estão aqui retratadas para transcender. O Brasil, em especial, e a América Latina, em geral, demonstraram a potencialidade dos empreendedores e seu impacto na economia.
Por essa razão, sob a ideia de Inspiração para empreender, estas 15 histórias procuram motivar e mobilizar aqueles que veem a tecnologia como um aliado para conquistar o seu sonho. Na liderança do negócio digital, o MercadoLivre e seu fundador Marcos Galperin parecem estar muito próximos da imagem do faro que guia toda uma geração de jovens e adultos que fazem do trabalho não apenas um emprego, mas uma forma de ver o mundo. Cada um dos protagonistas deste livro foi eleito por representar histórias locais, porém com relevância regional e até global. Seus progressos no comércio são de alto impacto e merecem ser retratados. Há também neste livro uma busca para conhecer seus rostos, com suas alegrias e preocupações, assim como seu local de trabalho. Imersa no mundo digital, a empresa deixa um rastro no universo analógico com uma publicação para contar as histórias de seus protagonistas, aquelas pessoas que empreendem junto ao MercadoLivre e que dão vida ao comércio eletrônico todos os dias.
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Os 15 anos do MercadoLivre
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Os 15 anos do MercadoLivre
Marcos Galperin Fundador e CEO do MercadoLivre, a maior empresa de tecnologia da Am茅rica Latina
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“Quanto mais paixão você tem pelo que empreende, melhor será o resultado” Quando Marcos Galperin pegou o avião em 1999 com destino aos Estados Unidos, pensou no que o esperava em um curso de MBA. Não sabia que na Universidade de Stanford começaria a escrever a história do MercadoLivre. Tinha algo de rebelde ao matar as aulas programadas para escutar as palestras de empreendedores. Uma expressão de desejo, um lampejo de curiosidade. Havia algo sim, que foi incentivado por professores e colegas e que, em agosto desse mesmo ano, fez com que Marcos fundasse uma empresa com visão (e muita fé) na internet. Anos antes, em meados da década de 1990, Marcos havia se graduado em Warthon, na faculdade de Administração da Universidade da Pensilvânia, também nos Estados Unidos. Naqueles tempos, quase ninguém tinha endereço de email, e Marcos era um dos poucos estudantes que navegavam pela internet, curioso por explorar esse mundo novo atrás da tela do computador.
“Empreender é aprender a lidar com a pressão e fazer as coisas bem feitas mesmo quando der errado”
“Na universidade a gente aprende a aprender, e isso é valioso, mas não muito mais do que isso, porque o conhecimento técnico se transforma rapidamente em algo obsoleto ou acaba virando um commodity. Porém aprender a gerenciar conflitos, a resistir à pressão, a atuar em momentos de crise, isso se aprende lá fora”, destaca Galperin disposto a compartilhar experiências e aprendizagens. A Universidade de Stanford lhe deu a pausa mental que, às vezes, é necessária para respirar e animar-se para tomar decisões. No entanto houve outro fato crucial para o lançamento do MercadoLivre: a venda da petroleira argentina YPF para a empresa espanhola Repsol, onde Marcos dirigia uma área que deixou de existir. Muito perto do Vale do Silício – berço dos grandes empreendi-
mentos tecnológicos dos últimos 30 anos –, Marcos encontrou sua fonte de inspiração. Escutou incansavelmente histórias bem sucedidas sobre criações de empresas e empreendimentos com base tecnológica. O que era uma pergunta converteu-se rapidamente em uma suave afirmação: “Talvez eu também possa criar meu projeto”. Hoje, após 15 anos desse primeiro passo, MercadoLivre é considerada a maior empresa de internet da América Latina, e seu criador está na liderança desde então. Por esse motivo, quando alguém lhe pede uma definição de “empreendedor”, ele responde sem titubear: “É uma pessoa que não aceita as regras tais como elas são. Ou, pelo menos, não está disposto a segui-las se for possível mudá-las para fazer com que a vida seja melhor”. Para quem o conhece ou leu sua história, essa frase é a melhor descrição de seu perfil de homem de negócios. “O bom empresário é um empreendedor. E você consegue o melhor resultado quando há paixão pelo seu empreendimento”, diz hoje Galperin. Sentado em uma sala do nono andar do edifício onde funciona o MercadoLivre, em Buenos Aires, ele é visto como em sua casa, à vontade e entre colegas. No início, foi bem difícil conseguir financiamento, mas pouco a pouco e timidamente apareceram os investidores que confiaram no projeto. A plataforma começou com leilões e continuou com vendas de produtos novos e usados. Nos dias de hoje realiza transações de comércio eletrônico em valores de mais de 7 bilhões de dólares ao ano e conseguiu expandir-se por toda a região em poucos anos. Um dos primeiros dilemas empresariais de Marcos aconteceu quando a empresa quase foi parar nas mãos da eBay, uma das maiores www.mercadolivre.com.br
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plataformas do mundo de leilão e comércio eletrônico, que tinha a intenção de comprála e rapidamente desistiu. Hoje isso faz parte da história, mas naquele momento significava abrir mão do projeto. Em 2007 a estratégia de expansão do MercadoLivre conquistou um marco: fazer parte da Nasdaq, a Bolsa de Valores de empresas de tecnologia nos Estados Unidos. Em pouco tempo, o negócio ganhou espaço, os consumidores começaram a comprar pela web, a confiar na tecnologia e a receber produtos nos rincões mais remotos de vários países da América Latina. Deu-se início a uma concorrência horizontal e democrática entre os vendedores que se encontraram mais visíveis entre si e que perceberam que o mais importante é a boa reputação, um intangível que, sem dúvidas, transforma-se em vendas. Ao jogar rugby, Marcos descobriu que se aprende mais no campo do que em uma aula de Cálculo na universidade. “Quando você tem que jogar no campo do adversário, é de noite e a torcida está toda contra você, é aí que se tem de provar a capacidade para resistir à pressão e resolver conflitos. No campo, você vê como os homens são de fato; se são capazes de sustentar um comportamento ético e de cavalheiros”, destaca Galperin, que provou na própria carne as lealdades e os desencontros comerciais. Em seu discurso, há uma máxima que se repete na vida de qualquer empreendedor: “A chave está em fazer o certo, por mais que o caminho do errado se apresente como o mais curto e simples: empreender é aprender a lidar com a pressão e fazer as coisas bem feitas mesmo quando elas derem errado”, pontua Galperin. Na opinião do Galperin, não há receitas para o sucesso. Mas, se alguém as escrevesse, sem dúvida, deveria se deter nisso que habitualmente engloba os termos da “intuição” ou do “olfato”. Marcos assinala que, para afiar a intuição, é preciso ter muita formação, ser bem informado, entender o que acontece e desenvolver uma percepção, baseada na análise empírica, do que as pessoas querem. Para ele, a famosa frase “acho que isso não vai dar certo” tem muito pouco a ver com sorte e muito com esforço. Quinze anos se passaram, e Marcos Galperin continua sendo um empresário com visão a longo prazo. A experiência lhe permite olhar para o futuro com curiosidade e sen-
sações positivas. O mundo, diz, vai mudar de verdade. Revela-se otimista. “Talvez os países não se organizem mais como hoje, com as mesmas fronteiras geográficas, porque o conceito de estado-nação, onde se vota a cada quatro anos, está unido a algumas possibilidades de expressão horizontal limitada que a web, as redes sociais e os celulares mudaram. A democratização que chegou com a internet acontece com o acesso à informação, com a possibilidade de se juntar e fazer um ato político sem ser convocado pelos partidos tradicionais ou os candidatos, que antes eram os únicos com capacidade de mobilização”. Ao longo dos anos de vida da empresa, a Argentina mudou de presidentes e política de Estado, e a América Latina viveu seus melhores momentos de recuperação econômica. Entre outras mudanças, a sociedade convive com quatro telas: a da TV, do computador, do tablet e do celular, que em conjunto estão mais para modificar os hábitos e consumo. Por esse motivo, é preciso começar a interpretar o conceito de “internet for things” (internet para as coisas), onde tudo unido e interconectado fará com que a vida em cada casa seja mais eficiente. “Tudo estará computadorizado e será inteligente. Por exemplo, a geladeira saberá que falta leite e enviará um pedido para o supermercado”, reflete. O cérebro de Marcos não para. Mais próximo de um estadista do que de um empresário, está seguro do que virá. “A revolução da qual somos protagonistas começou em 1995, quando nasceu o primeiro computador de venda massiva com um sistema operacional muito simples e que durará 100 anos, nos quais os avanços tecnológicos terão um impacto gigante em nossas vidas e na medicina, por exemplo, que seguramente poderá fazer ossos na medida do nosso DNA”. Em conversas, ele se aventura com uma frase sobre o futuro próximo: “O carro movido a gasolina vai desaparecer”. Em seguida avança sobre essa premissa para pensar como empresário e apela para as próximas gerações: “Teremos de deixar de ser ineficientes com o uso da água, da energia e dos recursos disponíveis”. Neste jogo de prever o futuro próximo, também o entusiasmam as dúvidas a respeito da distribuição do poder no mundo, ”porque a China quer aproveitar todas as vantagens que a tecnologia oferece, que é democrático por definição, mas, por sua vez, quer controlá-la.
“A chave está em fazer o certo, por mais que o caminho do errado se apresente como o mais curto e simples”
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Como isso vai funcionar?”, indaga-se. O fundador do MercadoLivre não imagina proposta melhor de trabalho do que continuar na sua empresa – que, para ele, ainda é vista como uma criança com potencial gigante. Esperam por Marcos desafios como as transações através de dispositivos móveis, a expansão territorial e as melhoras nos envios e na logística. Também afirma que continuará com seu ecossistema aberto, para que novos empreendedores possam transformar seus projetos em realidade. Marcos viaja para a Universidade de Stanford regularmente para contar sua história aos estudantes. Muitos alunos matam outras aulas para escutá-lo no auditório da universidade. Para o CEO do MercadoLivre, estar do outro lado significa confirmar que funciona a pleno vapor o círculo virtuoso em que o empreendedor inspira os outros; por isso, para ele, a história não para.
“O bom empresário é um empreendedor. E você consegue o melhor resultado quando há paixão pelo seu empreendimento”
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Linha do tempo
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155.000 pessoas viv Desde o início das operações do
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por um valor aproximado de
U$S 30 bilhões. O volume total histórico de pagamentos foi de
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vem de vender no MercadoLivre.
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U$S 10M em startups. para investir
Fonte: Dados da companhia e da The Nielsen Company Ecossistema MercadoLivre
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Protagonistas
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Protagonistas
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Filho de vendedor, vendedor é Paulo Biancalana Connect Parts
Quando um filho de vendedor herda o dom de realizar negociações, não há como fugir do comércio. Esta vocação, no entanto, já foi motivo de discussão na família de Paulo Biancalana. Apaixonado por carros desde sempre, aprendeu a dirigir quando tinha apenas 12 anos. Mas não foi o talento precoce para o volante que gerou o debate nessa família de São Paulo. Aos 17 anos, Paulo chegou para o pai e disse: “vou parar de estudar”. Proprietários de um posto de gasolina, inicialmente os pais foram todos contra. Mas os argumentos de vendedor de Paulo falaram mais alto, e ele conseguiu convencer até o pai, que reconheceu ali a mesma vocação que o levara para o comércio décadas antes. “Mas vai fazer o quê da vida, meu filho?”, perguntou o pai, preocupado com a educação do filho, que ainda estava no primeiro colegial. O garoto não titubeou: “vou trabalhar, ser empresário, ganhar dinheiro”. Se o jovem de 17 anos não estivesse tão decidido, o pai acharia graça. Logo viu, no entanto, que o filho estava falando sério. Passou a operar parte do posto de gasolina, para ver se o filho tinha jeito. “Então não vai trabalhar para ninguém, vem trabalhar comigo.” Paulo foi.
A parceria deu certo, o posto de gasolina prosperou. Dez anos depois, já com 27 anos de idade, Paulo decidiu seguir o próprio caminho: montou a loja de peças automotivas Dakota. Bom de negócio e de papo, Paulo transformou a Dakota rapidamente em uma das maiores lojas da região. Com esse destaque todo, começou a atrair clientes de outras cidades: Campinas, Bauru, Ribeirão Preto. Os clientes gostavam da loja, achavam que os produtos tinham qualidade. Isso levou Paulo a outro raciocínio, típico de quem é bom vendedor: “Se estão vindo de outras cidades para buscar, é porque não encontram produtos assim lá.” O pensamento ficou em sua cabeça até meados de 2005, quando conheceu o MercadoLivre ainda como internauta, pesquisando as ofertas da concorrência. Conversou sobre o site com o Vinicius, garoto esforçado e decidido, hoje um de seus gerentes. Experimentaram anunciar um dos produtos da loja no site e o resultado foi impressionante: em uma semana, venderam no MercadoLivre a mesma quantidade que vendiam na loja física. Foi o suficiente para Paulo perceber que ali tinha negócio. Abriu o e-commerce da Dakota Parts, de peças automotivas, no ano seguinte, em 2006.
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Em 2011, o sucesso da parceria com o MercadoLivre levou Paulo a receber um aporte financeiro do grupo Atomico
Além de Vinicius, Paulo começou a operação de comércio eletrônico com uma equipe reduzida, com calma. Contou principalmente com a ajuda de uma pessoa muito importante em sua vida: a esposa Rosana, que largou a profissão de dentista para ajudá-lo a administrar as vendas pela internet. Com o crescimento do negócio, Rosana passou a responder pela área financeira da loja. Alguns anos depois, em 2011, mudaram o nome da operação de comércio eletrônico para ConnectParts, justamente para diferenciar a loja física da loja virtual. Isso foi necessário porque a operação cresceu demais e chamou a atenção de um investidor estrangeiro. Em 2011, o sucesso na parceria com o MercadoLivre levou Paulo a receber um aporte financeiro do grupo Atomico, dos fundadores dos serviços de voz Skype e outras empresas de tecnologia de destaque em todo o planeta. Paulo, hoje com 43 anos, tem orgulho de nunca ter tido um registro na carteira de trabalho. Nunca foi empregado de ninguém, a não ser do pai no início da carreira. O único arrependimento foi ter parado de
estudar tão cedo. “Devia ter pelo menos terminado o colegial”, reconhece, preocupado com o exemplo que dará para os filhos Paula, Guilherme e Carolina. Sofre no dia a dia do trabalho com o peso da decisão tomada de forma tão impulsiva. Sente tanto que voltou a estudar e frequenta com disciplina espartana um curso intensivo de inglês. Paulo ainda tem carinho especial pela loja física Dakota Parts, que continua fazendo sucesso entre os clientes de Marília e região. Mas fica feliz por ter apostado na operação de comércio eletrônico, que ele sempre acreditou ser o futuro. Para dar uma ideia da visão deste empreendedor, a Dakota mantém os 35 profissionais do seu quadro de funcionários há alguns anos. Já a Connect Parts, a loja na internet, tem mais de 300. Hoje o pai de Paulo não tem mais receio sobre o futuro profissional do filho. A maior garantia não é apenas o número de funcionários de suas empresas ou o relatório financeiro cheio de zeros. A grande prova é a carteira de trabalho intacta, novinha, como se tivesse sido tirada hoje. Sem nenhum carimbo.
— 35 Enquanto a Dakota mantÊm 35 profissionais, a Connect Parts, a loja na internet, tem mais de 300
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American Dream Lucas Vicari Boroske e Jean Simsen
Estrela 10
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Como tudo o que acontece na precoce vida de Lucas Boroske, a admiração pelo American Dream também veio cedo. Ainda criança, o garoto nascido na pequena cidade de Marechal Cândido Rondon, no Paraná, já era fissurado na ideia do “sonho americano” e desejava viver nos Estados Unidos, terra da oportunidade. Aos dez anos, enquanto seus amigos queriam ser craques do futebol ou astros de Hollywood, Lucas dedicava as leituras a um ídolo bastante improvável para a sua idade: o presidente Abraham Lincoln. Seu encantamento pelos Estados Unidos foi tão prematuro quanto a vocação para o comércio. Tudo começou aos 15 anos, quando Lucas acessou o MercadoLivre para comprar um tênis famoso entre os adolescentes dos anos 2000. Ao ver a diferença entre os preços do modelo na internet e nas lojas de sua cidade, Lucas aproveitou uma viagem de seu pai para a China e pediu, como encomenda, alguns pares de tênis.
Lucas e Jean se tornaram sócios de uma loja de departamentos grande demais para os 50 mil habitantes da cidade de Marechal Cândido Rondon
No dia seguinte, espalhou pela escola a notícia de que estava vendendo os modelos que o pai tinha trazido da Ásia. Foi criticado pelos colegas, que o acusavam de querer levar vantagem, mas o espírito de empreendedor prevaleceu. Lucas voltou ao MercadoLivre e, poucos dias depois, tinha vendido todos os tênis trazidos pelo pai. Lucas percebeu que ali havia uma boa oportunidade de negócios. A ideia de dar sequência a isso, no entanto, teve de ser adiada, pois o sonho de criança estava pronto para virar realidade: aos 18 anos, Lucas viajou para participar de um programa de intercâmbio nos Estados Unidos. A primeira coisa que descobriu ao chegar lá foi que os americanos
eram bem mais simpáticos do que ele pensava e bem menos arrogantes do que ele ouvia falar. No entanto, a temporada de um ano que Lucas passou em Fort Lauderdale, pertinho de Miami, não foi moleza. Em vez de curtir o tempo livre nas belas praias da Flórida, como muitos de seus colegas de intercâmbio, Lucas arranjou não um, mas três empregos. O primeiro foi na cozinha de uma franquia de fast food. Depois disso, trabalhou como vendedor numa loja de doces, onde a extenuante carga horária ultrapassava as oito horas diárias. O terceiro – e mais divertido – emprego foi na American Airlines Arena, ginásio onde Lucas vendia sorvetes durante os jogos do time de basquete Miami Heat. A experiência nos Estados Unidos incentivou o lado empreendedor de Lucas. Voltou ao Brasil com dólares no bolso e uma ideia fixa: abrir uma loja no MercadoLivre para se dedicar com profissionalismo ao comércio eletrônico. Chamou o amigo de escola Jean Simsen e juntos abriram a Miami Center, e-commerce batizado em homenagem à experiência que havia acabado de viver na América. A ideia de Lucas era oferecer produtos variados desde o início. A Miami Center, que começou com apenas 35 produtos, logo mudaria de nome para alcançar um público maior e deixar para trás a ideia de ser apenas uma importadora de produtos americanos. A Miami Center virou Estrela 10; Lucas e Jean se tornaram sócios de uma promissora loja de departamentos grande demais para os 50 mil habitantes da pequena Marechal Cândido Rondon. Inicialmente montada em casa, a Estrela 10 logo foi obrigada a se profissionalizar. Montaram o es-
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A Estrela 10 conta com 600 fornecedores e mais de 6 mil itens à disposição de seus clientes
critório no quarto de visitas e o “almoxarifado” no lavabo. Pouco depois o estoque cresceu tanto que teve de ser transferido para a sala de estar. A sala de jantar também foi invadida e acabou virando o local onde os irmãos de Lucas empacotavam os produtos vendidos. Quando a família já não sabia mais o que era casa e o que empresa, Lucas alugou uma sala em um prédio comercial no centro da cidade, depois outra. Mais tarde, um barracão, que deu lugar a um barracão maior... Em pouco tempo, com mais de 60 funcionários, a Estrela 10 já era uma das maiores empresas da região e uma das lojas mais bem sucedidas do MercadoLivre. Uma parte da operação, inclusive, acabou sendo transferida para Curitiba, a 600 quilômetros de distância. Lá, onze funcionários passaram a cuidar exclusivamente do estoque do e-commerce. Hoje, aos 26 anos, Lucas tem orgulho de sua trajetória. Comanda uma
bem sucedida loja de departamentos na internet com 600 fornecedores e mais de 6 mil itens à disposição de seus clientes. De instrumentos musicais a panelas, de acessórios eletrônicos aos famosos pares de tênis que Lucas tanto curtia quando era adolescente, a Estrela 10 é um caso de sucesso. Não apenas pela variedade de produtos vendidos, mas pelas modernas técnicas administração e gestão das equipes de trabalho que seus jovens e antenados sócios têm aplicado no dia a dia do negócio. Como sempre teve o tempo ao seu lado, onde será que esse ambicioso jovem imagina estar daqui a alguns anos? Em Miami, ao lado da turma e da família. Desta vez, no entanto, ele quer viver a parte real do American Dream: em vez de acumular empregos e trabalhar à exaustão, Lucas pretende aproveitar o lado bom da terra da oportunidade, acompanhando o sucesso da Estrela 10 e curtindo, finalmente, as belas praias da Flórida.
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Da Praça Clóvis Beviláqua para o Mundo Fábio Asdurian Clóvis Calçados Quando o primeiro par de sapatos foi comprado na Clóvis Calçados, a internet ainda nem existia. Para falar a verdade, em 1969 os computadores ainda eram algo de outro mundo, máquinas gigantescas que serviam apenas para desafiar seres humanos em jogos de xadrez.
A lojinha da praça do centro se tornou uma das maiores atacadistas do país, com mais de 35 lojas espalhadas por São Paulo
O incrível avanço da tecnologia não foi a única coisa que mudou desde então. A vida era bem diferente no final dos anos 1960, principalmente para os comerciantes da região da Praça Clóvis Beviláqua, pertinho da Praça da Sé. Naquela época, a tecnologia não fazia a menor falta na hora de disputar os clientes que já lotavam o centro de São Paulo: o importante para os vendedores da Clóvis Calçados, loja fundada por filhos de imigrantes armênios que chegaram ao Brasil na década de 1920, era a confiança que inspiravam em seus clientes, a garantia na qualidade dos produtos, a facilidade nas condições de pagamento. A Clóvis Calçados há muito tempo também já não é a mesma: a lojinha da praça do centro se tornou uma das maiores atacadistas do país, com mais de 35 lojas espalhadas por toda a cidade de São Paulo. Só para se ter
uma ideia, tem rua que chega a contar com três lojas – unidades onde milhares de clientes satisfeitos entram e saem todos os dias. Muitas outras coisas mudaram desde o longínquo ano de 1969. O homem pisou na lua, o Brasil virou uma democracia, o Muro de Berlim caiu. E o tal avanço da tecnologia acabou mudando a maneira como as pessoas compram e vendem. A popularização do comércio eletrônico foi mais uma revolução provocada pela internet. A Clóvis Calçados demorou um pouco para entender isso. Como muitos grupos focados na operação de lojas físicas, acabou insistindo no modo tradicional de vender sapatos até o passado recente. Em 2009, no entanto, a empresa percebeu que a internet não precisava necessariamente ser um inimigo. Podia, pelo contrário, ser uma ferramenta complementar, ajudando a empresa a expandir o seu mercado, reduzir custos e crescer para além das fronteiras da cidade de São Paulo. O investimento começou tímido, sem muito alarde, com um pequeno site próprio. Mas, exatamente como nas ruas de uma metrópole,
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a disputa pelo cliente na internet também é dura, árdua, exige tempo e dedicação. A concorrência no setor de e-commerce de calçados começava a se consolidar, principalmente graças a aportes pesados de fundos de investimentos nacionais e internacionais. Era preciso realizar uma verdadeira mudança interna de paradigmas para entrar com os dois pés direitos no mercado online. No início de 2014, o gerente de e-commerce Fábio Asdurian resolveu apostar em uma estratégia online mais agressiva: além do site próprio, passou a vender seus produtos no MercadoLivre. O resultado impressionou a todos: em poucos meses, seu volume de vendas pela internet passou a crescer cerca de 80% por mês.
Fábio acredita que o e-commerce tem potencial para chegar a 15% do volume total da Clóvis nos próximos seis meses de 2014
Fábio percebeu o potencial de crescimento e resolveu ampliar a parceria, integrando o site da Clóvis Calçados à plataforma de e-commerce do MercadoLivre por meio da API, que permite que os dois sistemas ‘conversem’ entre si. Em menos de um ano, o e-commerce quintuplicou de tamanho. Agora Fábio acha pouco: se pudesse voltar atrás e corrigir algum erro de percurso, teria fechado a parceria com o MercadoLivre há mais tempo ainda. Comparando loja a loja, a operação de comércio eletrônico, que faturava aproximadamente a metade da menor loja do grupo há um ano, hoje está entre as primeiras em volume de calçados comercializados. A meta de Fábio, no entanto, é ambiciosa:
Clóvis Calçados
ele acredita que o e-commerce tem potencial para chegar a 15% do volume total da Clóvis nos próximos seis meses – e em três anos quer ser responsável pela metade de todas as vendas da empresa. Há muitas diferenças entre as vendas no comércio tradicional e a venda online. Loja física tem o contato com o cliente, e o atendimento presencial permite que o vendedor estabeleça uma relação muito próxima com o comprador. Por outro lado, a loja exige espaço físico, maior número de funcionários e custos como aluguel e estoque. Na internet, esses custos desapareceram. Mas, como é possível pesquisar preços em poucos segundos, é preciso ter preços competitivos, uma grande variedade de produtos e uma reputação a zelar, é claro. Apesar do carinho pela região central de São Paulo, a internet também acaba com as restrições geográficas: a Clóvis Calçados hoje é uma referência nacional. Apesar do crescimento vertiginoso, a ‘versão analógica’ da Clóvis Calçados traz consigo uma bela tradição, nome forte, público fiel. Mas ele confessa que fica feliz ao ver que profissionais que consideravam a operação na internet ‘uma brincadeira’ agora ficam interessados em saber mais como funciona essa relativa novidade. Hoje, os 20 ‘vendedores’ da área de e-commerce conquistaram o mesmo respeito e confiança que seus colegas da velha Praça Clóvis Bevilaqua inspiravam em seus clientes naquele longínquo ano de 1969.
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Sete homens e um destino Gustavo Almeida Virtual Joias Era uma vez uma turma de sete garotos que vivia em Formiga, Minas Gerais, a 200 quilômetros de Belo Horizonte por uma estrada reta e sem curvas. Cidade pequena, 70 mil habitantes, hábitos e costumes de épocas que nem existem mais. Se hoje em dia Formiga ainda não oferece muitas opções de lazer para as crianças, imagine 18 anos atrás, quando essa turma tinha em média 12 anos de idade.
A Virtual Joias vende cerca de 150 produtos por dia para todo o Brasil, e tem 35 funcionários
Os meninos tinham um histórico familiar mais ou menos semelhante, filhos de trabalhadores de classe média que faziam o diabo para que não lhes faltasse nada. Um empresário da região, Ricardo Gonçalves, conhecia a família dos sete garotos e se dispôs a ajudá-los no que fosse necessário. Conversou com os pais e, após receber a autorização, chamou os sete para uma conversa de homem para homem, mas, nesse caso, de homem para garotos. Olho no olho, fez o convite: ‘quem quer trabalhar comigo?’ A família do Seu Gonçalves era dona de uma das empresas mais prósperas da região, uma fábrica de joias que atendia todo o estado de Minas Gerais e até ‘uns endinheirados de
São Paulo’, gabava-se o dono, ourives há mais de 50 anos. Os sete garotos, num misto de brincadeira e coisa séria, aceitaram. Cada um passou a ter uma função na fábrica. Um deles, Gustavo Almeida, deu a sorte de cair numa atividade pela qual se apaixonou, o tradicional e belo ofício de ourives. O pequeno artesão aprendeu a fazer alianças; no início, imperfeitas, cheias de pequenos defeitos que depois eram remediados pelos ourives profissionais. Pouco depois, os círculos cheios de calombos deram lugar a auréolas certinhas, brilhantes como os corações que as recebiam na hora de selar o compromisso. Uns dez anos se passaram. A turma de sete garotos se desfez, cada um foi para um lado. Um se alistou no Exército, outro viajou com a família para Fortaleza. Um virou funcionário de estatal em Belo Horizonte, outro foi tentar a vida em São Paulo. Um virou médico, do outro ninguém soube mais. O único que seguiu fazendo anéis foi Gustavo Almeida, fiel ao destino de quem sabia que seria ourives desde que viu a primeira barra de ouro bruto se transformar em joia.
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Um dia o Seu Gonçalves morreu: foi uma tragédia em Formiga. Gustavo, vinte e poucos anos, mudou-se para Belo Horizonte e foi fazer faculdade de Direito na PUC. A cabeça e o coração, no entanto, continuavam nas joias. Como entendia do assunto, arranjou emprego numa joalheria. A situação financeira não era muito boa e precisava de dinheiro para pagar a faculdade. Comprou um computador para navegar nas horas vagas e, numa dessas ocasiões, pesquisou na internet por curiosidade o preço de uma aliança.
Gustavo testou algumas ferramentas de cobrança, mas todas apresentavam problemas. Até que testou o MercadoPago e não mudou mais
Ficou surpreso com o preço e com a simplicidade da peça, menos caprichada e mais cara do que na época do Seu Gonçalves. E pensou: posso fazer mais bonita e mais barata. Um amigo da faculdade havia lhe falado sobre o MercadoLivre, “uma espécie de shopping virtual onde as pessoas compram e vendem tudo que você pode imaginar”. Se compram e vendem tudo que a gente pode imaginar, devem comprar e vender joias também, pensou Gustavo. Cadastrou-se no site e colocou à venda um par de alianças que havia feito na antiga fábrica do Seu Gonçalves e que estava guardada na gaveta. No dia seguinte, uma mulher chamada Carolina, de Fortaleza, comprou as alianças. Gustavo não soube o que Carolina fez com elas, mas soube que ali havia potencial e uma grande oportunidade de negócios. Começou a viver uma vida dupla: de dia, trabalhava na joalheria; à noite, fabricava suas próprias joias na pequena fábrica que montara na sala de casa.
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O negócio foi crescendo. Um pedido por dia virou dois, dois viraram cinco. Convidou o irmão, Álvaro, que estava sem trabalhar, para ajudá-lo a dar conta das encomendas. Quando as vendas começaram a valer a pena, largou o emprego. E concentrou-se nas melhores técnicas para alavancar o business. Testou algumas ferramentas de cobrança, mas todas apresentavam problemas. Uma dava muitos erros, outra não era tão confiável. Até que testou o MercadoPago e não mudou mais. ‘É a melhor que eu já vi’, garante, com a experiência de quem experimentou de tudo. Como começou cedo, Gustavo já é um empresário experiente aos 30 anos de idade. Sua empresa, a Virtual Joias, vende cerca de 150 produtos por dia para todo o Brasil e tem 35 funcionários. Abriu um escritório em Belo Horizonte e pretende abrir outro em São Paulo. Em seus planos está até montar uma loja física, apenas como referência e para fazer um pouco de ‘branding’. Com a empresa indo tão bem, Gustavo não tem do que se queixar. A única coisa que o deixa triste é passar pelo velho endereço da fábrica do Seu Gonçalves e ver que a casa não existe mais: subiram um prédio ali. A tristeza, no entanto, dura pouco: a poucas quadras dali, Gustavo constrói o que será a prova física da realização de seu sonho: a sede própria da Virtual Joias, prédio de cinco andares no melhor bairro de Formiga. Seu Gonçalves ficaria orgulhoso.
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Cleiton Mãos de Tesoura Juliana Piria e Cleiton Vitor Pereira SuperBonita Cosméticos Nos início dos anos 2000, o bairro de Pirituba, na Zona Norte de São Paulo, tinha dois pontos bem conhecidos: o salão de cabeleireiro do Cleiton e o Pico do Jaraguá. A montanha sempre esteve lá, atraindo turistas de todos os lugares, inclusive a própria família de Cleiton de vez em quando. Já o salão passou por uma transformação: virou um dos empreendimentos de e-commerce de cosméticos mais bem sucedidos do país. A história teve início quando Juliana começou a frequentar o salão. Tímida e vaidosa, a garota chamou a atenção do cabeleireiro não apenas pela frequência cada vez mais assídua, nem pelos elogios que ela contava ter recebido após o corte e a escova feita por Cleiton. O cabeleireiro, que seduzia a mulherada com seu jeito caladão e suas talentosas mãos de tesoura, achou a garota ‘super bonita’. E ficou com o adjetivo na cabeça.
A SuperBonita Cosméticos virou o grupo GVS, com uma distribuidora e até uma marca própria de cosméticos
Juliana Piria e Cleiton Vitor Pereira começaram a namorar pelo Orkut (quem se lembra?). Por uma daquelas ironias do destino que insistem em influenciar as nossas vidas, a internet não serviu apenas para aproximar os dois corações, mas para viabilizar uma oportunidade de negócios que selaria a união do casal também na vida profissional. Na felicidade e na tristeza, na saúde e na doença...no trabalho e no e-commerce. Aos 29 anos, analista de marketing de uma empresa de material de construção, não passava pela cabeça
de Juliana deixar o trabalho. Até o dia em que ela ficou sabendo que o namorado estava pensando em começar a vender os produtos que faziam o maior sucesso no salão. Um xampu para uma cliente aqui, um creme para uma cliente ali... até que o sobradinho em Pirituba começou a ficar mais famoso como loja de cosméticos do que salão de beleza. Para aumentar as vendas, Cleiton pensou em começar a vender os produtos online. Mas ele não conhecida muito do assunto, nunca tinha negociado nada pela internet. Já a vaidosa Juliana havia comprado (adivinha?) produtos de beleza, exatamente como aqueles que Cleiton queria vender. Foi aí que ele veio com a ideia: “Por que a gente não começa a vender esses produtos no Mercado Livre?” Juliana teve dúvidas: “Será que funciona direito? Será que pagam de verdade?” As dúvidas fizeram com que o casal saísse em busca das respostas – que foram chegando pouco a pouco. Os produtos começaram a vender? Sim. Funcionou direito? Melhor do que o esperado. Pagaram de verdade? Certamente. E as respostas para as dúvidas, produto após produto, acabaram se transformando em certezas. Inclusive a de que o MercadoLivre os acompanharia por muitos anos. Como ainda estava empregada, Juliana ajudava como podia. Trabalhava à noite, em casa, anotando os pedidos. Na manhã seguinte, deixava a lista embaixo da porta do salão para Cleiton fazer os pacotes e enviar pelo correio.
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No início, eram poucos: dois, três, quatro por semana. Quando o número começou a crescer, Juliana se empolgou e percebeu que era hora de deixar o emprego. Após oito anos de dedicação ao sonho dos outros, era a hora de apostar no seu. E no de Cleiton, claro. Nascia ali uma empresa batizada com um certo adjetivo que ainda estava na cabeça de Cleiton: a SuperBonita Cosméticos. Foi como se uma ‘filha’ houvesse nascido. Seria, no entanto, a primogênita. Dois anos depois, em 2011, Juliana deu à luz o garoto Eric, e Cleiton a pediu em casamento.
O salão de cabeleireiro de Cleiton hoje abriga uma das muitas salas de estoque da SuperBonita Cosméticos
Agora que as coisas vão de vento em popa, Cleiton lembra com bom humor as dificuldades do começo, quando chegaram a vender até para os concorrentes. Dá para imaginar Juliana atendendo um cliente em plena noite de Natal? Quem compra xampu na noite de Natal? Não importa: lá estava ela, educada como sempre, preocupada com o atendimento nota 1.000 que ela sempre se esforçou para ter. Hoje a divisão de tarefas obedece aos perfis de Juliana e Cleiton. “E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa, que nem feijão com arroz”,
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como diz a canção do Legião Urbana. Cleiton gosta de negociar, comprar, sair atrás das novidades; Juliana gosta de administrar, gerenciar, traçar metas. E agora eles não estão sozinhos: o negócio foi ficando tão bom que houve necessidade de contratar mais gente. Chamaram o irmão de Juliana, depois um amigo, aí outro. Hoje são quinze funcionários. E a SuperBonita Cosméticos virou o grupo GVS, com uma distribuidora e até uma marca própria de cosméticos. O nome também foi um sonho que Cleiton teve, desta vez literalmente: ele acordou um dia dizendo que havia sonhado com uma linha de xampus chamada Felps Profissional. Antes do café da manhã a marca já estava registrada. E logo depois estaria à venda no MercadoLivre, claro. A vida mudou muito em Pirituba. O Cleiton não corta mais cabelo, a Juliana nem lembra mais do velho emprego. As tesouras dele estão em algum canto, enferrujando. E o salão de cabeleireiro, que já foi tão bem frequentado, hoje abriga uma das muitas salas de estoque da SuperBonita Cosméticos. No entanto, nem tudo mudou no bairro da Zona Norte: Cleiton continua caladão, Juliana ainda é super bonita e o Pico do Jaraguá, pelo que se sabe, continua no mesmo lugar.
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Dois gêmeos e 260 padrinhos Leonardo Simão e Juliana Della Nina Simão
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Sob o signo de Sagitário, no dia 5 de dezembro de 2009, nasceu a Bebê Store. Fruto da união de Juliana Della Nina e Leonardo Simão, a loja de comércio eletrônico voltada para as mães e seus bebês começou engatinhando, mas logo deu seus primeiros passos e hoje é um business de gente grande. A história da família começou alguns anos antes. Leonardo, o pai da Bebê Store, havia saído de Uberlândia, Minas Gerais, para cursar Engenharia de Produção em São Carlos, interior de São Paulo. Depois de formado, veio para a capital para fazer Direito, no Mackenzie. Juliana, a mãe da Bebê Store, morava em São Paulo e fazia faculdade de Arquitetura. Em 2001, numa bela noite de verão, o destino levou os dois para uma casa noturna no bairro do Itaim. Bateram papo, dançaram um pouco de música cubana... o amor à primeira vista levou rapidamente ao namoro. Dois anos depois embarcavam para a primeira grande aventura juntos: foram tentar a vida em Milão, na Itália.
Em apenas um ano, a venda de produtos oferecidos no MercadoLivre mais que dobrou
Juliana arranjou emprego numa loja e Leonardo começou o primeiro dos vários negócios que tentaria antes do nascimento da Bebê Store: uma operação de exportação de biquínis para a Europa. Com a alta do euro e saudades de casa, o casal voltou para o Brasil. Em 2007, decidiram se casar. Na volta da lua-de-mel já começavam a pesquisar em qual mercado poderiam investir. A gestação foi relativamente rápida: dois anos depois, nascia a Bebê Store. Juliana já havia trabalhado em grandes lojas virtuais e supermercados, por isso conhecia muito bem a área comercial. Leonardo ficou animado
após uma experiência bem sucedida na internet, como sócio de uma casa lotérica virtual. Na teoria, os dois estavam bem preparados para abrir um e-commerce. Na prática, faltava conhecimento sobre um tema que seria crucial para o negócio: os bebês. Isso fez com que a família iniciasse o negócio em ritmo lento, com o casal e apenas dois funcionários. O negócio teve sua grande virada em 2011, quando vieram os ‘irmãos’ da Bebê Store. Sob o signo de Aquário, no dia 28 de janeiro, nasceram os gêmeos Theo e Lucca. De Diretora Comercial, Juliana passou a cliente do seu próprio site. E passou a ver as coisas com outros olhos: como responsável pela área, ela já buscava os melhores produtos, as melhores marcas. Mas quando veio a maternidade, Juliana sentiu na pele quais eram os interesses e necessidades reais de uma mãe. A chegada dos filhos transformou a empresária em mãe, mas também transformou a mãe em uma empresária melhor. E Juliana começou a entender por que alguns produtos vendiam bem e outros não, por que algumas marcas eram mais caras que outras, por que as clientes aproveitavam certas promoções e não davam a menor bola para outras. Com Leonardo foi a mesma coisa: quando o empreendedor virou pai, aprendeu coisas que iam muito além do lado empresarial no negócio. Tratados inicialmente como clientes, as mães e os pais que acessavam o site passaram a ser tratados como colegas na experiência mágica que é ter filhos. Além de seguir oferecendo uma enorme variedade de produtos, Leonardo entendeu a importância de atender aos pais e mães de todas as faixas etárias e classes sociais.
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“A Bebê Store é como outro filho: eu e o Leo cuidamos dela com amor e carinho todos os dias”
Não foi apenas a chegada dos filhos que trouxe um novo olhar ao casal de empreendedores. Seguindo uma estratégia de expansão do mercado, a Bebê Store fechou uma parceria com o MercadoLivre e passou a promover uma série de ofertas exclusivas. A integração total do site bebestore.com.br com a plataforma do MercadoLivre, por meio das famosas APIs, ajudou a empresa a alcançar o objetivo rapidamente: em apenas um ano, a venda de produtos oferecidos no MercadoLivre mais que dobrou e já corresponde a uma parcela significativa do volume total de negócios realizados pela Bebê Store. A própria marca, quem diria, também já tem suas próprias crias. Juliana e Leonardo lançaram a Mommy Store, com foco nas mães e nas roupas para antes, durante e após a gravidez; a Toy Store, com brinquedos variados; a Kid Store, para crianças como Theo e Lucca, hoje com mais de três anos. E os bebês ganharam mais um site: o Clube da Fralda, onde as mães se cadastram
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e podem receber os indispensáveis pacotinhos sem sair de casa. Ao todo, os sites de Juliana e Leo oferecem mais de 55 mil itens para toda a família. E como não há ninguém melhor do que a mãe para conhecer sua própria família, é Juliana quem define a empresa: “A Bebê Store é como outro filho: eu e o Leo cuidamos com amor e carinho todos os dias. Acreditamos que o amor pelo trabalho é fundamental para chegar ao sucesso, não apenas para obter retorno nos negócios, mas para transmitir a mesma paixão para os funcionários, que hoje consideramos como parte da nossa família”. Além de empresária e empreendedora, dá para dizer que Juliana é uma bela mãe coruja. Deve ser por isso que sua família não para de crescer: aqueles quatro funcionários que trabalhavam no início da empresa hoje ganharam companhia e já são 260. Se vier mais um bebê por aí, Juliana e Leo terão dificuldade para escolher entre tantos padrinhos.
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Depois da tempestade, um mar de almirante Patrícia Barreto Bastos e Rogério Wagner Best Shop Brasil Histórias de superação são sempre fascinantes porque envolvem a capacidade que cada um tem de se reinventar. O MercadoLivre, nesses 15 anos, vem representando um papel de agente transformador na vida de pessoas como Patrícia Barreto Bastos e Rogério Wagner. Patrícia ainda era uma adolescente quando entrou para a faculdade de Direito. Ficou difícil conciliar os estudos e a vida pessoal quando engravidou do namorado tão jovem, aos dezessete anos. Teve dois filhos em um intervalo de três anos, e começou a ajudar o marido na loja de informática. Mas aos 21, Patrícia e sua família foram abaladas por uma tragédia: a morte do marido em um acidente de moto. Rogério também tinha uma loja de informática, e era fornecedor do marido de Patrícia. Comovido com a morte do amigo, passou a ajudar Patrícia, que não tinha muita experiência para tocar o negócio. Os dois se aproximaram e dessa amizade nasceu um grande amor.
Patrícia e Rogério se casaram, e ela foi trabalhar na loja de informática dele no centro elétrico de São Paulo, a conhecida Rua Santa Ifigênia. Pouco depois, tiveram o filho Felipe. Mas, devido a mudanças estruturais no mercado da tecnologia e a chegada de grandes empresas concorrentes, Rogério enfrentou problemas financeiros e foi obrigado a fechar a loja. Ficou à deriva, para usar um termo náutico de que Rogério tanto gostava. Mais uma vez, o casal precisava buscar forças para superar as adversidades. Foi aí que Rogério teve a ideia de trocar o comércio físico pelo virtual. Lembrou imediatamente do MercadoLivre, site que ele já conhecia bem desde 1999. Rogério havia comprado e vendido diversos objetos pessoais por meio da plataforma, principalmente cabos de amarra e outros acessórios para o seu barco, sua grande paixão na época. No início, Patrícia e Rogério começaram com apenas dez produtos. Aos poucos, descobriam quais eram mais
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rentáveis e quais não vendiam tão bem. E foram se adaptando. Ao descrever sua experiência com o site desde o primeiro dia, Rogério não tem dúvidas: “aprendizado”, afirma, sem pensar duas vezes. No começo da Best Shop Brasil, eram só os dois: ela atendia os pedidos pelo telefone, ele visitava os fornecedores e fazia as embalagens. Foi após dois ou três anos de muito trabalho e correria que eles começaram “a navegar em um mar de almirante”, para usar um outro termo náutico. encontraram bons fornecedores, apostaram em produtos de qualidade. E o negócio começou a dar certo. Trabalhavam tanto que um dia, perto de um ataque de estresse, Patrícia decidiu constituir uma empresa de fato. Alugaram uma sala e começaram a contratar funcionários. Hoje, além do casal, a empresa tem mais quatro pessoas trabalhando em tempo integral. Os dez produtos que a Best Shop Brasil vendia em 2007 se transformaram em mais de trezentos, entre celulares, eletrônicos, câmeras digitais e equipamentos de áudio e vídeo, entre outros. Certos de que os problemas ficaram para trás, o hoje otimista casal garante que é só o começo: esperam triplicar os produtos nos próximos 15 anos. Como explicar esse sucesso em apenas sete anos? Patrícia e Rogério contam que, além do próprio empenho, ganharam grande apoio do MercadoLivre. Não ape-
nas no atendimento e na logística, mas principalmente graças a um serviço que mudou a forma como operavam: o MercadoEnvios. Com isso, passaram a investir na empresa o tempo que antes era gasto com milhares de cálculos de frete por semana; idas e vindas às agências do Correios sofrendo com filas; negociações com outros fornecedores para entregas. Enquanto MercadoEnvios cuidava da logística, o casal podia se dedicar a criação de mecânicas de promoção e estudo das métricas de vendas dos produtos mais acessados.
Com MercadoEnvios, Patrícia e Rogério passaram a investir na empresa o tempo que antes era gasto com milhares de cálculos de frete e idas aos Correios
Hoje, o primeiro filho de Patrícia, Leandro, tem 20 anos e cursa a Escola Politécnica da USP. Ygor, o segundo, com 18, quer seguir os passos do irmão e ser Engenheiro. E aos 14, ainda na escola, Felipe gasta seu tempo livre nos treinos fazendo o que mais gosta: jogando Rugby. Patrícia e Rogério ainda trabalham muito, mas graças ao sucesso da loja hoje aproveitam um pouco o tempo livre. O barco de Rogério foi trocado por um carro off-road usado para sair em comboios pelo país com a turma de amigos. Há poucos meses, foram dirigindo até Natal, no Rio Grande do Norte. Patrícia diz que agora é a hora de curtir a vida. A prole está criada; o casamento vai muito bem, obrigado. E os negócios..., graças à dedicação, perseverança e ao MercadoLivre e , estão indo de vento em popa – para usar um termo náutico de que Rogério tanto gostava.
Enquanto MercadoEnvios cuida da logística, o casal pode se dedicar à criação de mecânicas de promoção e às métricas de vendas
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Futebol 4 x 4 Antonio Carlos Zanqueta Zanqueta Veículos Dizem que todo garoto nasce sonhando ser bombeiro ou astronauta. Isso pode acontecer em qualquer lugar do mundo, mas quando a gente pensa no Brasil, não importa se o menino nasceu em Manaus ou em Porto Alegre: o sonho dele é ser mesmo jogador de futebol. Foi assim com Antonio Carlos Zanqueta. Desde criança, sua maior felicidade era disputar peladas na rua e nos campos de várzea do seu bairro, a Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo. Como a vida real tem que seguir em paralelo com o sonho, pelo menos no início da carreira, Carlos deixou a bola para as horas vagas e arranjou emprego para ajudar a família. Aos 14, foi trabalhar como office boy na Editora Abril. Quando sobrava tempo, aproveitava para ler sua revista favorita: a Placar. Muitas páginas depois, decidiu pedir demissão e lutar para ser jogador de futebol. Fez vários testes e recebeu sinal verde para jogar como lateral esquerdo no futebol amador da Portuguesa de Desportos. Tudo estava indo muito
bem. Até que um dia, em uma das partidas, Carlos sofreu uma lesão séria no menisco - cartilagem que funciona como uma espécie de ‘amortecedor’ do joelho. Um amigo de longa data, Humberto Basile - espécie de irmão mais velho que o protegia dos valentões que gostavam de arranjar confusão – o levou para o hospital mas já era tarde: após passar por uma operação, o médico decretou o fim precoce da carreira do jovem promissor jogador profissional. Sonho engavetado, hora de voltar à realidade. Usou o conhecimento e a experiência no futebol para arranjar um emprego na Duratex, onde organizava as atividades do grêmio esportivo da empresa. Mais tarde foi convidado para trabalhar na SB Automóveis, famosa loja de carros da Freguesia do Ó. Pegou experiência, virou bom vendedor. Passou a ficar conhecido como ‘Zanqueta’, seu sobrenome. Enquanto isso, quem também abriu uma loja de carros? Pois é. O Humberto. A Basile Center Car cresceu rapidamente e logo precisou aumentar sua equipe de vendedores. Basile conversou com Carlos,
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fez uma boa proposta para o amigo e tudo foi resolvido numa boa: Humberto ofereceu um contrato e Carlos virou vendedor da Basile Center Car. Na loja, Carlos ajudava Humberto em tudo. Como pessoa física, porém, passou a se interessar – e a se especializar – nos modelos de que mais gostava, os veículos utilitários e as caminhonetes 4x4. Foi quando descobriu algo que mudaria sua vida: o poder da internet e os Classificados de um site chamado MercadoLivre. Na época, Carlos começou a participar de trilhas e passeios off road. Ficou conhecido e virou referência entre os ‘jipeiros’, como eles carinhosamente se chamavam. Como sabia tudo sobre o comércio de carros, Carlos ajudava os amigos que queriam comprar e vender: anunciava as ofertas nos Classificados do MercadoLivre e ganhava uma comissão. Para ele, não havia nada mais prático e eficiente. Devido à liderança da audiência na internet, anunciar nos classificados do
MercadoLivre era retorno certo. No máximo em algumas semanas Carlos concluía qualquer negociação. Os amigos passaram a deixar os automóveis com ele para serem vendidos. Em pouco tempo, o quintal e a garagem de sua casa estavam lotados de carros da “turma”. Carlos pediu ajuda dos vizinhos e eles começaram a guardar os veículos que não cabiam na sua casa. Foi quando viu que seria inevitável ter uma conversa de irmão mais novo para irmão mais velho com Humberto. Com tanto movimento e tantos clientes próprios, Carlos queria abrir sua própria loja. Ao contrário do que muitos imaginavam, Humberto ficou muito feliz. Afinal, Carlos trabalhou por quinze anos na Basile Center Car, era o braço direito de Humberto e havia ajudado o amigo no crescimento e popularização da loja. Era a hora de Humberto retribuir: ajudou o camarada com a parte burocrática e, em 2006, Carlos orgulhosamente abria a Zanqueta Veículos.
Anunciar nos classificados do MercadoLivre era retorno certo. No máximo em algumas semanas Carlos concluía qualquer negociação
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Carlos hoje é um empresário bem sucedido; sua Zanqueta Veículos é uma das lojas mais conhecidas da Freguesia do Ó
Carlos hoje é um empresário bem sucedido, sua Zanqueta Veículos é uma das lojas mais conhecidas da Freguesia do Ó, principalmente para carros grandes e 4x4. No MercadoLivre Classificados, Carlos anuncia uma média de 30 veículos por mês. Está com 47 anos e, assim como Humberto, também tem um braço direito de confiança. Só que desta vez não é um amigo de infância: é a esposa Shirlei, com quem vive há 21 anos. Em vez de se aventurar pelos campos de futebol, Carlos prefere levar Shirlei para viagens de jipe, como fizeram recentemente em Ilhabela e na Serra da Jureia, litoral norte de São Paulo. Nas horas vagas, ele curte as viagens com Shirlei e as duas filhas, Natália e Rafaela, mas não abandona de jeito nenhum o futebol com os grandes amigos Humberto e Toninho. No fundo, mas bem lá no fundo, ele tem saudade daqueles velhos tempos em que sonhava ser jogador de futebol.
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Voando alto Caran Nassif CorujaMix Se Caran Nassif pudesse ser um animal, ele seria uma coruja. O paulistano do Tatuapé, zona leste de São Paulo, não sabe dizer por que, mas é apaixonado por corujas desde criança. Embora só tivesse visto uma pessoalmente aos 14 anos, em um passeio ao zoológico, adorava o jeitão misterioso do bicho, aquele olhar profundo de quem parece conhecer todos os segredos da natureza. Para Caran, corujas sempre foram sinônimos de tranquilidade, paz, inteligência – mas ele nunca imaginaria que elas também poderiam significar sucesso profissional.
Caran criou seu site próprio com a plataforma MercadoShops, totalmente integrado ao marketplace MercadoLivre.com
Essa história ‘corujeira’ começou em 2003, quando Caran era representante comercial de uma fábrica de amplificadores de som. Neto de libaneses, herdou do pai o sangue de comerciante e o talento para vender. Percorria o Brasil inteiro vendendo amplificadores para todo o tipo de clientes, de igrejas evangélicas a trios elétricos. Lojas de música, bandas, casas noturnas, não fazia diferença: se alguém precisava de um amplificador, Caran estava lá pessoalmente para oferecer o produto da marca para a qual trabalhava. Como testemunha do desgaste físico causado por essas viagens, Caran se dedicou a estudar a internet como recurso revolucionário para encurtar distâncias. Quando pensava no esforço que fazia para estar frente a frente com seu cliente, lembrava que o comércio eletrônico crescia no Brasil justamente porque o país era
grande demais para quem vendia de porta em porta. Aquilo ficou martelando na cabeça dele, martelando, até que sua esposa Sirley teve uma ideia simples e eficiente. Sirley sugeriu que Caran comprasse um dos amplificadores com o próprio dinheiro e colocasse para vender no MercadoLivre, site que ela mesma já havia usado para vender alguns produtos pessoais. Caran duvidou do negócio. “Como assim, alguém vai comprar um amplificador sem ver, sem tocar, sem saber como era o som? Impossível.” Mas sua esposa insistiu. Falou tanto que convenceu o marido. Dois dias depois, o amplificador havia sido vendido para um cliente de Salvador, Bahia. Sem que Caran precisasse estar lá, pessoalmente. Venderam mais dois, mais cinco, mais dez amplificadores. Vendo o sucesso da ideia, quiseram mais. Se era possível vender amplificadores, por que não oferecer outros produtos no MercadoLivre? Caran perguntou a um amigo atacadista: ‘o que está vendendo bem?’ O amigo mostrou uma série de objetos, mas Caran escolheu uma novidade que, ironicamente, guardava relação com os hábitos noturnos de suas amadas corujas: uma lanterna. Mas não uma lanterna qualquer: uma lanterna com potência de dois milhões de velas, 20 lâmpadas de LED e bateria recarregável. Sirley colocou o produto para ven-
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der no MercadoLivre. Vendeu dois. No dia seguinte vendeu cinco. Dez. Trinta. Nascia uma loja de eletrônicos: a NCN Mix. A criação da NCN Mix foi em 2005, pouco depois de Caran pedir demissão da empresa de amplificadores para se atuar exclusivamente no comércio eletrônico. Dois anos depois, em um bate papo informal, um amigo reclamou que o nome ‘NCN Mix’ era meio difícil de falar. Sugeriu um nome fácil que internautas de todas as idades pudessem lembrar com facilidade. Como Caran sempre gostou muito de corujas, naquele momento surgiu então o nome “CorujaMix”.
Sirley colocou o produto para vender no MercadoLivre. Vendeu dois. No dia seguinte vendeu cinco. Dez. Trinta...
Coincidência ou não, as vendas começaram a voar mais alto. Caran passou a vender produtos de várias categorias, como os de casa, camping, eletro portáteis, eletrônicos, de petshops e muito mais. Criou métricas internas para avaliar os itens mais procurados e oferecê-los com destaque, e passou a criar campanhas de e-mail marketing mais arrojadas e mais criativas. Começou a criar promoções inspiradas em outras operações de e-commerce bem sucedidas. E também criou seu site próprio com a plataforma MercadoShops, totalmente integrado ao marketplace MercadoLivre.com. Para montar a equipe, além de Sirley, que virou Diretora Financeira, o ‘pai
CorujaMix
coruja’ chamou o filho Gabriel, hoje com 22 anos. Apesar da pouca idade, o jovem se tornou figura importante na estratégia do atual e do próximo projeto da empresa: uma operação de importação planejada para meados de 2015. Hoje com 28 funcionários e mais de 500 tipos de produtos anunciados no MercadoLivre, a equipe já começou um projeto de abertura de mais duas lojas: uma voltada para o mercado de perfumaria e cosméticos e outra para o setor automotivo. Ele detectou que essas duas áreas têm grande potencial de crescimento de vendas no comércio eletrônico e quer fortalecer sua posição. Além das lojas, em 2015 quer realizar seu projeto mais arrojado: viajar para conhecer a China, dando início ao seu projeto de importação. Quando mudou o nome da loja para CorujaMix, Caran ganhou de presente de Sirley um pequeno amuleto: uma coruja de madeira para decorar a mesa. Foi o pontapé inicial para a sua coleção: hoje a sala de Caran, na sede da empresa, no Tatuapé, tem mais de 70. Presentes de amigos, parentes e fornecedores. Sempre que viaja, não deixa de trazer um novo exemplar para incrementar a sua coleção. Ele tem certeza de que, além de inteligente e misteriosa, as corujas trazem muita sorte.
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Das pistas de dança ao escritório Carlos Eduardo Alves Kadusom Enquanto as novas bandas de rock brasileiro como Paralamas e Barão Vermelho faziam sucesso no palco do primeiro Rock in Rio, em 1985, uma geração de adolescentes que não estava muito preocupada em aprender a tocar guitarra se divertia com outra espécie de atividade: colocar os outros para dançar. Os anos 1980 continuam marcados na cabeça de muita gente pelo sucesso dos fliperamas, da novela Vale Tudo ou dos divertidos bonecos Playmobil. Mas muita gente esquece que foi nessa década que surgiu uma figura que hoje é presença constante nas pistas de dança do mundo inteiro: o DJ. É claro que nunca foi novidade convidar alguém para escolher o som de uma festa. A partir dos anos 1980, no entanto, houve uma popularização da música eletrônica, o que provocou uma corrida de jovens às lojas em busca de acessórios mais tecnológicos como sintetizadores e toca-discos de última geração. Carlos Eduardo Alves, o Kadu, era um desses jovens. Kadu começou a trabalhar com música bem cedo. Aos 14 anos, organizava festinhas que começavam a ficar famosas na região de Uberaba, Minas Gerais. Enquanto os outros DJs in-
sistiam no repertório dos tempos da discoteca, Kadu já tocava artistas que ainda emocionam plateias em todo o mundo como New Order, Depeche Mode e U2. Havia outra grande diferença em relação à concorrência: Kadu gostava não apenas das músicas e das festas, mas da parte técnica do negócio. Desmontava rádios, TVs, amplificadores e caixas de som. Achava divertido entender a diferença entre os equipamentos, descobrir por que um era bom e o outro nem tanto, saber por que um era tão caro e o outro, uma pechincha. Começou a mexer nos aparelhos para deixá-los ‘envenenados’, com mais potência e qualidade no som. Investiu também em refletores de luz e máquinas de fumaça, o que transformava qualquer salão de prédio em danceteria. Foi quando alguns amigos perguntaram: ‘se você transforma salões de festa em danceterias... por que não tocar direto nas danceterias?’ Foi aí que a carreira do “DJ Kadoo” deslanchou. Começou tocando nas boates mais famosas de Uberaba, mas logo surgiram convites para casamentos e apresentações em casas noturnas da região, em cidades como Unaí e Uberlândia. Kadu ficou tão
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O volume de neg贸cios aumentou tanto que Kadu foi obrigado a fazer uma escolha definitiva entre a vida de comerciante virtual e a de DJ
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A experiência de gestão com MercadoShops gerou retorno rápido: as vendas da Kadusom dobraram em pouco mais de um mês
famoso que acabou até virando sócio das danceterias onde tocava. Mas em 2002, Kadu começou a ficar cansado do estilo de vida de DJ, que o fazia trocar o dia pela noite e passar as madrugadas trabalhando. Com vários contatos na área de venda e aluguel de equipamentos, decidiu montar o próprio negócio e deixar a carreira de DJ como hobby. Mudou-se para a cidade de Patos de Minas, onde já era conhecido, e abriu uma loja de instrumentos e aparelhos de som. Apesar de ser a terceira maior cidade do Triângulo Mineiro – atrás apenas de Uberlândia e Uberaba –, Patos de Minas tinha um mercado limitado para as ambições do ex-DJ – e agora empresário – Kadu. Ele já costumava vender um ou outro equipamento pela internet, mas, em 2011, a Kadusom ganhou uma versão virtual mais profissional dentro do MercadoLivre. A mudança possibilitou a ampliação da clientela e um enorme crescimento nas vendas, o que deixou Kadu animado e disposto a investir ainda mais na parceria com o MercadoLivre. Foi quando adotou a plataforma MercadoShops, que permite a criação e a gestão de uma loja online, além de uma integração total com o marketplace do MercadoLivre. Kadu investiu na divulgação da loja e integração maior com as campanhas publicitárias dentro do próprio MercadoLivre. Em vez de escolher as melhores músicas para tocar nas boates em que se apresentava, como fazia quando era DJ, desta vez o agora empresário Kadu começou a se espe-
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cializar em escolher os produtos que atraiam mais cliques e, por consequência, mais clientes. Tanto as campanhas publicitárias no MercadoLivre quanto a experiência de gestão com o MercadoShops geraram retorno rápido: as vendas da Kadusom dobraram em pouco mais de um mês. O volume de negócios aumentou tanto que Kadu foi obrigado a fazer uma escolha definitiva entre a vida de comerciante virtual e a de DJ. O toca-discos foi deixado de lado, a máquina de fumaça e os refletores de luz foram vendidos. Kadu confessa que sente falta de vários aspectos da vida de DJ, mas não vê muita opção. Para compensar, pensa nos músicos e DJs que brilham hoje nos palcos graças às boas ofertas de violões, guitarras e microfones encontradas na Kadusom – tanto em seu site MercadoShops quanto nas ofertas espelhadas no MercadoLivre. Apesar do seu amor pela música, nenhuma banda ou artista mudou tanto a sua vida quanto a loja criada com MercadoShops. Sim, a saudade dos velhos tempos bate mais forte no coração de Kadu toda vez que ele ouve New Order ou Depeche Mode no rádio. Mas quando isso acontece, o empresário vai até o estúdio que montou em casa e liga o som no último volume. De vez em quando, um amigo convida Kadu para dar uma canja sem compromisso em uma festa, só por diversão. Ele aceita, feliz como uma criança em um parque de diversões. Para Kadu, o velho toca-discos é uma espécie de máquina do tempo, que o leva de volta aos anos 1980. Nem que seja apenas por uma noite.
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Acelerando no mercado automotivo Ednilson Brandão QualitySP
Como todo torcedor são-paulino que viveu o auge da adolescência nos anos 1980, Ednilson tinha Serginho Chulapa como grande ídolo. O polêmico centroavante não era o único craque que o entusiasmava. Fanático por futebol, o garoto também admirava Zico, Sócrates e Falcão. No entanto, o grande ícone esportivo que marcaria sua vida chegaria um pouco mais tarde e vestiria um outro tipo de uniforme, um capacete e um macacão cheio de logotipos: Ayrton Senna. Para o jovem fã, Senna não era só um esportista, mas um herói brasileiro que representava com talento e coragem um país carente de exemplos mundiais. A morte do ídolo, em 1994, fez com que parte de sua felicidade chegasse ao fim. E foi então que, aos 27 anos, o abalado Ednilson deixou de ter ídolos para se concentrar na sua própria vida.
A paixão de Ednilson por corridas e carros transformou-se em trabalho bem cedo, quando ele começou a bater de porta em porta nas empresas de som e acessórios automotivos para trabalhar como representante comercial. Conheceu pessoas, fechou negócios, começou a fazer o nome. Em 1996, conseguiu abrir uma loja própria na zona Leste, em São Paulo. A dificuldade foi enorme no início, pois Ednilson percebeu que havia entrado num mercado duplamente competitivo. Além da concorrência normal, havia a desleal, praticada pelos informais que traziam produtos do exterior, principalmente do Paraguai. Mas a briga não o desanimou, ao contrário. Usou a loja para ganhar experiência e entrou num circuito novo, um caminho que ele apostava e sabia que os rivais ainda ousavam com tanta força: a internet. Passou a loja física para frente em
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1999 e começou a vender seus produtos apenas na internet, no recém-aberto site do MercadoLivre. Passou o ano de 2000 em casa, na frente do computador, solitário como um piloto no cockpit do carro antes de uma corrida. Ednilson garante que manteve a frieza e acelerou nos negócios mesmo nos momentos mais arriscados. Por uma única razão: acreditava que sua visão e paciência seriam recompensadas. Em primeiro lugar, definiu bem a estratégia. Como sabia das dificuldades de um representante comercial para atingir as regiões mais distantes do país, concentrou os esforços nesses locais. Sempre enxergou a internet como uma grande vitrine de varejo, ferramenta perfeita para vencer a distância entre o fabricante do produto e o consumidor final.
A estratégia acabou se mostrando impecável e, alguns meses depois, Ednilson já estava contratando profissionais para ajudá-lo. Em menos de cinco anos, tinha 32 funcionários, alguns deles já haviam inclusive trabalhado na velha loja de rua na zona leste. Ednilson não economizou esforços para treinar sua equipe e explicar as diferenças entre o comércio de rua e a internet. Ensinou, entre outras coisas, que o atendimento na internet precisa ser muito mais cuidadoso, já que o vendedor não tem a simpatia ou o ‘olho no olho’ para convencer o cliente. O serviço na internet, teoricamente ‘mais frio’, deve ser compensado com a criação de uma sólida relação de confiança entre quem compra e quem vende.
Para Ednilson, o atendimento do comércio na internet deve criar uma sólida relação de confiança entre quem compra e quem vende
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Na opinião de Ednilson, algo fundamental para estabelecer essa confiança e dar um empurrão à sua loja foi a criação de um sistema dentro do próprio MercadoLivre em 2004: o facilitador de pagamentos MercadoPago. O recurso trouxe credibilidade e segurança para quem vendia no MercadoLivre. E permitiu ao comprador saber que o MercadoPago só passaria o pagamento ao vendedor depois da confirmação da entrega. Para Ednilson, isso desarmou todos os críticos do e-commerce, pois reforçou a premissa mais importante para quem está comprando online: a segurança. Na internet, segurança e confiança não são apenas uma rima, mas uma solução. Mesmo com o sucesso das vendas no MercadoLivre, Ednilson deci-
diu também voltar a ter lojas físicas da QualitySP - para prestar o serviço de instalação dos itens que vende tanto online e off-line. Hoje tem duas no Shopping Aricanduva, também na zona leste paulistana. O sonho de Ednilson é ver os filhos bem formados e encaminhados na vida. Mas esse é, digamos, o sonho ‘racional’. O empresário apaixonado por carros tem outro desejo mais lúdico, que alimenta desde criança: comprar uma Ferrari conversível e colocar o carro na estrada. Só assim, mesmo que durante algumas horas, poderá sentir um pouco o que seu ídolo sentia quando acelerava nas pistas naquelas inesquecíveis manhãs de domingo.
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MercadoPago foi fundamental para estabelecer a confiança e dar um empurrão à sua loja, em 2004: trouxe credibilidade e segurança
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Um negócio de filho para pai Eduardo Fábio de Oliveira Terra Preta Imóveis Ibiúna é uma cidade no interior de São Paulo famosa por suas belas cachoeiras, represas cheias de peixes e viajantes apaixonados pelo ecoturismo. A origem da palavra ‘Ibiúna’ é indígena, vem do tupi-guarani. Para os nativos, ‘Ybi’ quer dizer ‘Terra’ e ‘Una’ significa ‘Preta’. Nada mais adequado, portanto, que batizar uma imobiliária em Ibiúna de Terra Preta Imóveis. Foi exatamente isso que Eduardo de Oliveira pensou quando chegou a hora de dar nome ao seu próprio negócio, intermediando aluguéis e venda de casas. Depois de se dedicar durante anos a empresas dos outros, Edu realizou seu sonho com muito trabalho, apoio da família e bom empurrão do MercadoLivre. Dizer que Edu dava o sangue para fazer crescer as ‘empresas dos outros’ talvez não seja uma afirmação tão precisa. Há uma pegada familiar na história, que passa pela namorada de Edu, Mirella, filha de Roosevelt Braga, big boss do setor imobiliário local. Um dia, durante um almoço dominical, Braga o convidou para ser estagiário na sua empresa, a Indiana Imóveis. O pai de Edu, Iraci Oliveira, conhecido em Ibiúna como ‘Mita’, já trabalhava como corretor há mais de trinta anos. No Natal de 2007, uma grande festa com as duas famílias reunidas, Eduardo apresentou o
pai ao Braga. Os dois bateram papo e surgiu o convite para o próprio Mita trabalhar na Indiana. Em poucos dias, pai, filho e sogro dividiam o escritório. Edu nunca chegou a ter privilégios no trabalho por ser o namorado da filha do dono. Responsável pelos anúncios da Indiana Imóveis nos classificados de jornais, Edu começou pouco a pouco a descobrir quais eram as mensagens que funcionavam melhor, as frases que atraíam um número maior de clientes, as palavras que mais chamavam a atenção. E virou um especialista em anúncios curtos, diretos, sem rodeios. Fora do trabalho, Edu gostava de passar o tempo namorando, batendo papo com os amigos e jogando videogame. O problema é que ele só podia jogar na casa dos outros, já que não tinha um videogame para chamar de seu. Com o dinheiro do estágio, decidiu comprar um: como já tinha ouvido falar do MercadoLivre, entrou no site para fazer uma pesquisa e acabou comprando um console por um ótimo preço. Enquanto fazia a pesquisa, o curioso estagiário percebeu que havia no MercadoLivre uma área destinada a classificados, mais ou menos no mesmo formato que ele usava para anunciar suas ofertas nos jornais. Mas com várias vantagens em rela-
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Para Eduardo, os classificados do MercadoLivre têm várias vantagens: além dos textos, é possível publicar fotos, vídeos, conteúdo multimídia
ção a um meio estático e tradicional: além dos textos, era possível publicar fotos, vídeos, conteúdo multimídia. Levou a sugestão para Braga e Mita. Os dois torceram o nariz, mas como não entendiam nada de internet, deixaram Edu seguir em frente e colocar a ideia em prática. Ele anunciou dez imóveis nos Classificados do MercadoLivre – um mês depois havia vendido todos. Edu ficou empolgado com o potencial da internet, mas sabia que precisava aprender mais sobre o lado teórico do mercado de imóveis antes de alçar voos mais altos. Inscreveuse em um curso de Técnico em Transação Imobiliária (TTI) e em 2009 obteve o diploma de corretor credenciado pelo Creci. Canudo na mão, Edu ganhou confiança para declarar sua própria independência. Chamou o Braga para uma conversa de homem para homem e pediu duas coisas: a demissão do emprego e a mão de Mirella em casamento. Braga concordou com os dois.
Hoje, Edu e seu sócio Douglas anunciam uma média de 150 imóveis, a maioria sítios e chácaras em Ibiúna
Com um amigo de longa data Douglas Paulino, que decidiu ser seu sócio - Edu realizou seu sonho: abriu a Terra Preta Imóveis. Para Edu, era claro que as imobiliárias da “old school” estariam com os dias contados, já que o número de pessoas que procuravam imóveis nos classificados dos jornais era cada vez menor. Decidiu investir exclusivamente nos classificados do MercadoLivre. A estratégia deu certo: pouco tempo
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depois fechou o primeiro negócio. O segundo. O terceiro. E não parou mais. Hoje, possui uma média de 150 imóveis anunciados, a maioria sítios e chácaras em Ibiúna. O sucesso com a Terra Preta Imóveis inspirou um corretor bem conhecido de Eduardo a partir para um negócio próprio: Iraci Oliveira, o Mita. Seguindo os passos do filho, Mita também abriu sua própria corretora, a Alpes Imobiliária. Ao ver o sucesso do filho, Mita também quis aprender a anunciar nos Classificados do MercadoLivre. Hoje, a Alpes Imobiliária vai muito bem, obrigado. Com as operações virtuais das imobiliárias, o MercadoLivre mudou a vida não apenas de uma, mas de três empresas. Edu, Mita e Braga, cada um agora tem a sua própria corretora. São concorrentes, mas continuam amigos e um ajuda o outro quando pode. Trocam informações, dicas, oportunidades. Se o cliente da Alpes aparece na Indiana querendo um terreno da Terra Preta, Edu, Mita e Braga negociam a comissão. O importante é manter o negócio em família e deixar a disputa para o terreno virtual: a única briga é para saber quem vai anunciar primeiro nos Classificados do MercadoLivre. Um velho ditado diz que em Ibiúna ‘o que se planta, se colhe’. Sempre que ouve isso, Eduardo gosta de completar: ‘Inclusive bons negócios’. Os amigos brincam que ele herdou o espírito de empreendedor do sogro... e passou para o pai.
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Se essa rua fosse minha Paulo Rogério Benini Vendas Rápidas
Paulo Rogério Benini diz que nasceu na rua Santa Ifigênia - lugar sagrado para os comerciantes do centro de São Paulo. ‘Nasceu’, no entanto, é modo de dizer, licença poética. É que o paulistano de 38 anos tem pela rua um carinho enorme, a fascinação de quem passou a infância entrando e saindo das lojas, curioso para saber como funcionava aquele mundo de compras e vendas. Como toda criança, ingenuamente egoísta, Paulo queria que a Rua Santa Ifigênia fosse dele.
As campanhas feitas com MercadoLivre Publicidade têm como objetivo vender, divulgar a marca e até as lojas físicas da rede
Aos 17, Paulo conseguiu emprego como vendedor em uma loja de aparelhos eletrônicos. Ficou muito feliz em ‘passar para o lado de lá do balcão’, como ele mesmo define. Transformou-se em mais um dos personagens daquela rua meio caótica, meio divina. Uma rua que assusta quem chega pela primeira vez, mas que depois conquista pela variedade de produtos e histórias que existem dentro de cada loja.
Paulo começou a se especializar em equipamentos de som. Entendia tudo de alto-falantes, mesas de mixagem, sistemas de sonorização. Além de vender, seu trabalho exigia o acompanhamento na instalação de equipamentos em casas noturnas, bares e restaurantes. Uma das visitas de Paulo foi à casa noturna Chaplin, em Santo André. Ao acompanhar a instalação do sistema de som da balada, conheceu quem se tornaria seu grande amigo: Nelson Florio, ex-engenheiro eletrônico e dono da Chaplin. Algum tempo depois, em 2007, Nelson abriu outra casa noturna, o Único Bar, no centro da cidade. Paulo foi chamado para acompanhar a instalação do equipamento de som da casa. Ao encontrar Nelson, no entanto, ouviu do amigo uma reclamação sobre o estilo de vida de empresário da noite. “É muito desgastante”, desabafou.
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Paulo planejava montar uma loja própria, mas não tinha condições de fazer isso sozinho. Nelson, que já era cliente do MercadoLivre, sugeriu a ele uma parceria para a criação de uma loja virtual focada em equipamentos de som. Paulo gostou da ideia: nasceu a Vendas Rápidas, hoje uma das principais lojas do segmento dentro do MercadoLivre. No início, apenas Paulo e Nelson trabalhavam na operação. Mas a loja começou a crescer e logo surgiu a necessidade de mudança para um escritório. Qual o endereço escolhido por Paulo? A Rua Santa Ifigênia, claro. Com o espírito de vendedor de Paulo e a experiência para os negócios de Nelson, a loja Vendas Rápidas cresceu rapidamente. Para isso, aplicaram à empresa o velho conceito de que ‘a propaganda é a alma do negócio’. E investiram grande parte da verba para divulgar a loja para a audiência do MercadoLivre, por meio da ferramenta MercadoLivre Publicidade. Além de utilizarem o MercadoLivre como plataforma de vendas, ainda
usam o site como mídia para veicular suas ofertas e conquistar ainda mais clientes. “Ninguém compra nada sem consultar o MercadoLivre. O site é uma referência para qualquer tipo de comércio”, conta Paulo. Além do escritório na Santa Ifigênia, a empresa Vendas Rápidas também se expandiu e abriu lojas físicas. Hoje são quatro, todas naquela região central de S. Paulo. E a empresa não para de crescer: já há mais de mil produtos oferecidos no site - grande motivo de orgulho para o vendedor que virou empresário. De acordo com sua estratégia, as campanhas no MercadoLivre Publicidade têm como objetivo vender, mas também divulgar a marca e até as lojas físicas da rede. Paulo não sabe se os 50 funcionários que trabalham atualmente na empresa têm pela Santa Ifigênia o mesmo amor que ele tinha quando era garoto. Para ele, no entanto, manter a empresa na região é uma forma de se manter conectado ao futuro sem esquecer a tradição. “Vou ficar para sempre aqui”, diz, orgulhoso de sua origem. Para Paulo, Santa Ifigênia é a padroeira da oportunidade.
A empresa Vendas Rápidas se expandiu e abriu lojas físicas. Hoje são quatro, todas na Santa Ifigênia, em São Paulo
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Os gibis saíram do armário Adriano Rainho Gibiteca2004 Hoje em dia os jovens passam o tempo adicionando amigos nas redes sociais e trocando mensagens no celular, mas nos anos 70 e 80 o passatempo favorito dos adolescentes era colecionar revistas de histórias em quadrinhos – também chamados de “gibis”. Na época, a realidade não era nem um pouco digital: não havia nada melhor do que esperar a nova edição sair nas bancas para comprá-la e devorá-la mais tarde, no quarto, de preferência comendo um saco de biscoitos de polvilho. Adriano nasceu em Santo André, pertinho de São Paulo, em 1965. Aos dez anos, começou a colecionar gibis de todos os estilos, dos super-heróis Marvel aos personagens Disney como Tio Patinhas, Pato Donald, Mickey e Zé Carioca, passando por tipos urbanos como O Espírito e divertidos como Brucutu e Mortadelo & Salaminho. Quando conheceu os gibis em preto e branco do cowboy
Tex Willer, no entanto, ele se apaixonou e passou a levar o assunto a sério: hoje é o maior colecionador do título no Brasil. Adriano cresceu e a vida se impôs: se esforçou para terminar a faculdade e passou por diversos empregos até conseguir abrir, com muito sacrifício, uma escola de informática no final dos anos 90. Suas verdadeiras paixões, os gibis, ficaram esse tempo todo no armário, esperando. Como sempre gostou da vida ao ar livre, conseguiu construir, devagarzinho, uma chácara em Capão Bonito, na região de Sorocaba, a uma hora e meia de São Paulo. Estressado com a vida na cidade, seu sonho era se mudar algum dia para lá, arranjar algum trabalho que pudesse fazer sem sair da chácara. Conversava sobre isso com a mulher, Élguima, discutiam como seria possível colocar esse ideal em prática. Mas a escola de infor-
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mática exigia a presença dos dois em tempo integral, não tinha jeito. O sonho teria que ser adiado. Em 2003, Adriano e Élguima finalmente resolveram tirar férias e foram passar um mês inteiro na chácara. Como era um bom tempo, ele apelou para a nostalgia: após 20 anos sem mexer nos gibis, abriu o armário e escolheu alguns exemplares para levar na viagem. No primeiro dia, deitou na rede e começou a ler um gibi do seu personagem favorito, o cowboy Tex. Devorou a primeira revistinha e engatou a segunda. O tempo voou e pouco depois ele já estava na terceira. Alguma coisa mágica aconteceu, pois o tempo voltava um pouquinho a cada virada de página. A cada balãozinho de diálogo de Tex, Adriano ouvia a voz do garoto que passava as tardes no quarto, em Santo André, comendo biscoito de polvilho. Mergulhou de cabeça nas histórias como se a leitura o transportasse de
volta a uma folha descolada há muito tempo do calendário. Deu conta dos gibis que havia levado, e não resistiu: entrou no carro e voltou para Santo André. Abriu o armário, pegou todas as revistas e colocou numa mala. Voltou correndo para a chácara, onde Élguima o esperava sem entender nada. Adriano voltou para a rede, sua máquina do tempo feita de tecido velho e rendas mal cortadas. Adormeceu com um sorriso nos lábios, com aquela expressão de quem redescobre tardiamente o que era ser feliz. O hobby de criança foi retomado, agora com o profissionalismo e a dedicação do adulto. Passou a frequentar eventos e feiras de quadrinhos; conheceu os grandes colecionadores do país. Fez contatos, visitou sebos, vendeu e comprou exemplares raros. Até que um de seus novos amigos deu a dica: ‘por que você não anuncia na internet?’
Adriano entrou no site do MercadoLivre e viu que ali havia um mundo a ser explorado
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Adriano entrou no site do MercadoLivre e viu que ali havia um mundo a ser explorado. Mesmo que a maioria dos anúncios já fosse de produtos novos e de lojas profissionais, começou a pesquisar as edições que faltavam para completar suas coleções e a oferecer livros, gibis e outras raridades que não queria mais. Participou de leilões, montou um belo estoque. Começou a ganhar dinheiro, percebeu que havia um negócio ali. Investiu em novas coleções, em campanhas na internet, anúncios focados nos colegas colecionadores. Quando o movimento financeiro começou a ficar bom, decidiu: ia largar tudo e viver do comércio de gibis no MercadoLivre. O que parecia uma loucura foi o que salvou a vida de Adriano: ele garante que teria tido um enfarto se continuasse com a vida estressante da cidade grande. Montou a loja virtual Gibiteca2004 dentro do MercadoLivre, mudou-se para a chácara em Capão Bonito com a mu-
lher e passou a viver exclusivamente da venda de gibis. Hoje Adriano tem um acervo respeitável e é reconhecido como um dos grandes colecionadores do país. Além da série completa do cowboy Tex, seu maior orgulho é o acervo de gibis das décadas de 30 e 40, época considerada a ‘Era de Ouro’ das HQs. Além de Élguima e de seus cinco cães, Adriano passa as tardes ao lado de grandes amigos como Tex, O Espírito, Batman, Superman, Brucutu, Tocha Humana, Fantasma, Pato Donald, Mickey... São cerca de 40 mil itens à venda no MercadoLivre.
Além da série completa do cowboy Tex, seu maior orgulho é o acervo de gibis das décadas de 30 e 40, a ‘Era de Ouro’ das HQs
Há algo, no entanto, que Adriano prefere ainda mais do que passar as tardes na chácara que é sua terra da fantasia, ao lado de seus heróis. O que ele ama mesmo é esperar na banca pela chegada do exemplar mais recente do seu personagem favorito. Daí ele volta feliz para o seu refúgio, deita na rede e volta a ser criança.
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De grão em grão, o Dourivan enche o bolso Dourivan Ribeiro de Almeida Eclopinto Chocadeiras Abrir uma empresa de comércio eletrônico não é tarefa simples para ninguém, mas certamente é bem mais complicado para quem está distante dos grandes centros urbanos. Mas isso não impediu Dourivan Ribeiro de Almeida de realizar seu sonho: vender chocadeiras para todo o Brasil sem sair de Conceição de Coité, interior da Bahia.
Dourivan resolveu criar sua própria loja virtual com a plataforma MercadoShops, do MercadoLivre, além de usar a ferramenta MercadoPago
A história começa anos antes, ainda na infância de Dourivan. Seus amigos mais velhos cultivavam um hábito que hoje pode soar estranho aos moradores das grandes metrópoles: criavam galos e galinhas de combate. Dourivan também queria fazer isso, mas os pais, seu Dourivaldo e dona Maria Regilene, eram religiosos demais para deixar o filho participar de atividades de natureza agressiva. Mesmo contrariado, o garoto obedecia. Isso não o impedia de alimentar o sonho de ter uma chocadeira. Não para criar galinhas de briga, mas para acompanhar o nascimento dos pintinhos. O garoto Dourivan achava fascinante assistir aos pequenos seres amarelos brotando de dentro das cascas dos ovos, ouvir o barulhinho dos seus pios, ver a essência da vida surgindo.
Um dia, ainda criança, pegou uma caixa de papelão e tentou montar uma chocadeira nos fundos da chácara onde moravam, mas não deu muito certo. Incubadeira boa é incubadeira de madeira, disse seu Dourivaldo. E Dourivan ficou com aquilo na cabeça. O garoto cresceu, fez 18 anos, e mudou-se para o povoado da cidade. As contas e o custo de vida na época cresciam rapidamente, assim como Dourivan e seus irmãos. Seu Dourivaldo e dona Maria Reginele tinham ainda os jovens Melksione e Diorgenes. Para ajudar a família, Dourivan fez de tudo um pouco: trabalhou em uma loja de materiais de construção, foi professor de Matemática e Informática em escolas municipais e estaduais após passar nos concursos públicos, e chegou a ter uma fábrica de roupas íntimas junto com sua mãe. Mas teve um dia que ele teve uma ideia que começaria a mudar a sua vida: fabricar mesas de sinuca para vender ou alugar para os bares e restaurantes da região. O negócio deu certo: havia poucas opções de lazer em Conceição de Coité, pequena cidade a 200 quilômetros de Salvador e a 100 qui-
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lômetros de Feira de Santana. Um dia, com madeira e tempo de sobra, resolveu voltar ao antigo sonho: construir uma chocadeira. Desta vez, com o material ideal. E deu certo: fez a primeira incubadora automática de ovos no quintal da fábrica de mesas de sinuca e ficou muito boa, fez sucesso na vizinhança. Algumas chocadeiras depois, resolveu que ganharia dinheiro vendendo aquilo para outras pessoas como ele e para profissionais e fazendeiros que queriam lucrar com o comércio de ovos e galinhas. Entrou no MercadoLivre e anunciou a primeira chocadeira. Ficou surpreso com a rapidez da resposta. Foi correndo aos Correios entregar o produto no prazo prometido e deu tudo certo: o cliente aprovou, Dourivan recebeu qualificação positiva. Ganhou reputação. Além de vender para a sua própria região, carente de chocadeiras automáticas, Dourivan acabou criando um sistema de transporte para entregar seus produtos via correio em qualquer lugar do Brasil. Adquiriu o respeito e a confiança dos clientes produzindo itens de qualidade e entregando a mercadoria no prazo. Resolveu criar sua própria loja virtual com a plataforma MercadoShops, do MercadoLivre, além de usar o sistema de pagamento MercadoPago. E como suas chocadeiras tinham um alto índice de eclosão – o número de nascimentos de pintinhos –, batizou a empresa como ‘Eclopinto Chocadeiras’. A fábrica de mesas de sinuca não era muito grande, mas tinha um bom quintal no fundos, onde Dourivan criava galinhas. Todo o espaço do quintal foi utilizado para aumentar a fábrica, mas em pouco tem-
po Dourivan precisou de mais. Comprou um terreno ao lado e montou uma linha de montagem digna de empresa grande. Em pouco tempo já estava produzindo 500 chocadeiras por mês de quatro modelos diferentes: para 90, 120, 240 e 500 ovos. Investiu em tecnologia, comprou aparelhos mais modernos, passou a oferecer dois anos de garantia. Em uma palavra: profissionalizou-se. Para orgulho de seu Dourivaldo e dona Maria Regilene, Dourivan hoje é um dos maiores empresários da cidade. Aquele garotinho cresceu; hoje tem 34 anos. E acabou contratando os dois irmãos: Melksione, de 33, como gerente comercial; Diorgenes, hoje com 31, virou gerente de produção. O terreno ao lado já ficou pequeno, e Dourivan teve de comprar uma área de 2 mil metros quadrados para fazer uma fábrica ainda maior a um quilômetro de distância da chácara. É muito provável que você já tenha comido um frango nascido de um ovo chocado por uma incubadora da Eclopinto, já que Dourivan tem hoje uma das maiores fábricas do país. Seu Dourivaldo e dona Maria Regilene fizeram muito bem ao impedir que o garoto Dourivan criasse galinhas de combate (“aquilo não era coisa de garoto evangélico”). Esse ensinamento alimentou seu sonho e o ajudou a alimentar muito mais gente. Ainda hoje, quando não tem ninguém olhando, Dourivan gosta de ir até as chocadeiras e assistir ao nascimento dos pintinhos, ouvir o barulhinho que fazem quando as vidas surgem quebrando dezenas, centenas de ovos. Nesse momento, ele volta a ser o garoto sonhador que brincava nas ruas sem asfalto de Conceição de Coité.
Acabou contratando os dois irmãos: Melksione, de 31, como gerente comercial; e Diorgenes, gerente de produção. E comprou uma área de 2 mil metros quadrados para fazer uma fábrica maior
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Chaves para empreender
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Cinco passos para uma empresa bem sucedida Por Fundação Endeavor 1. Da ideia ao negócio Uma boa ideia não vale por si própria. Todo o mundo tem ideias, e a maioria poderia ser viável e dar bons resultados. O que não há são muitas pessoas dispostas a fazer o enorme esforço que supõe passar do papel para o mundo real. O que temos que fazer para que uma ideia se materialize, para que passe do papel para o mundo real? A chave está nestes cinco fatores que são necessários para conjugar como ponto de partida: • Definir um plano de negócios, quantificando investimentos e custos; • Analisar a cadeia de valor do negócio; • Cumprir com as regulamentações; • Formar uma equipe; • Conseguir capital Além disso, é preciso afirmar-se em seis passos: 1) Perceber a oportunidade Não é necessário que o empreendedor invente algo novo para conquistar um nicho de mercado. Muitas vezes basta dar a resposta a uma necessidade em um tema já explorado de forma inadequada ou lançar um produto que complemente outro já imposto. 2) Questionar a ideia A ideia bruta deve superar uma série de filtros que permitam determinar se realmente existe um fator chave. Esse processo deve incluir o questionamento da oportunidade para estabelecer se o projeto pode satisfazer uma necessidade do mercado e se é rentável.
3) Fazer uma análise econômica e financeira Por meio de uma análise econômica, será possível identificar o faturamento e os custos para obter a rentabilidade do projeto. E, por meio de uma análise financeira, será possível determinar as necessidades de investimento de capital e o tempo que se espera para recuperá-lo. 4) Definir estratégias Trata-se do processo mediante o qual se define um plano de ação. São necessárias estratégias para posicionar o empreendimento, satisfazer os clientes, competir com sucesso e conseguir uma dinâmica no funcionamento que garanta a rentabilidade. 5) Planejar e implementar Para assegurar a continuidade do projeto, é preciso ter um plano de negócios realista que neutralize os concorrentes atuais e futuros. Esse plano é na verdade um “mapa” para orientar o empreendedor para que ele saiba como chegar ao objetivo definido. 6) Avaliar permanentemente Ser bom empreendedor significa, além disso, saber retirar-se a tempo. Isso implica ter a capacidade de determinar quando o negócio deixou de ser uma oportunidade. Para os verdadeiros empreendedores, o fracasso é como um lugar de descanso para analisar o que aconteceu, processar a experiência e juntar forças para encarar um novo desenvolvimento.
Um espírito empreendedor constrói o caminho e busca como atravessálo. Além de vontade, é preciso planejamento
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2. Montar o plano de negócios O plano de negócios é um documento fundamental que estabelece no que consiste, como será implementado e qual será a rentabilidade do empreendimento. É uma ferramenta tão útil para a organização quanto para atrair possíveis investidores
Trata-se de um documento para identificar, descrever e analisar a oportunidade de um empreendimento – futuro ou em andamento – através de uma exigência detalhada de sua viabilidade técnica, econômica e financeira. Esta ferramenta reúne informação crucial: no que consiste o projeto, como será a gestão e qual será sua rentabilidade. Não importa o quão pequeno ou grande seja a escassa ou intensa trajetória de seus empregadores: este documento é uma ferramenta imprescindível para viabilizar um projeto empresarial e também enquanto se desenvolve.
a definir estratégias); bancos (para decidir o financiamento da maquinaria, capital de trabalho, imóveis etc.); investidores (de familiares a pessoas jurídicas, amigos ou fundos de investimento, quem avalia se convém investir no projeto); provedores (negociam, sobre a base do plano de negócios, a venda da mercadoria, matérias primas, formas de pagamento); sócios potenciais (decidem se vão se juntar ao projeto ou não); e a empresa (pode recorrer ao plano de negócios para que a comunicação entre seus integrantes seja mais clara e eficiente).
Para que serve? O objetivo principal de um plano de negócios é realizar uma análise exaustiva para avaliar a viabilidade técnica, econômica e financeira do projeto; e, ao mesmo tempo, descrevê-la e expô-la diante do olhar de terceiros. Como ferramenta, tem três funções básicas: análise e planejamento; gestão; e comunicação e apresentação.
Esse documento funciona quando é dinâmico: é analisado e atualizado de forma constante. Não é uma tarefa que se realiza uma vez e se congela durante o percurso do projeto.
A quem se dirige? Muitos caem no erro de pensar que um plano de negócios está destinado a investidores ou sociedades financeiras e que o objetivo é mostrar o projeto para decidir um investimento ou empréstimo. A experiência demonstra que, desde que surge a ideia até seu desenvolvimento, são muitos os que avaliam o projeto e tomam decisões a partir de sua leitura: sócios (para ajudar
Passo a passo O plano se estrutura em uma série de capítulos inter-relacionados. Além da forma de escolher para concebê-los, há um conteúdo que garante ótimas qualidade e utilidade. 1) Resumo executivo; 2) Análise de mercado; 3) Modelos de negócio; 4) Estratégia comercial e plano de marketing; 5) Organização e recursos; 6) Análise de risco; 7) Análise econômica e financeira; 8) Anexos
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3. As bases de uma empresa rentável Antes de decolar, o empreendedor precisa ter uma ideia de quanto dinheiro é necessário. Um passo fundamental no momento de realizar um empreendimento é analisar sua viabilidade, tanto do ponto de vista econômico quanto do financeiro. Quando estamos para começar um negócio, há várias demandas: maquinaria, pagar salários (segundo o tipo de negócio) e, portanto, dinheiro - que nos permita fazer frente a essas necessidades. Mas como saber quanto precisamos e quando? Como saberemos se a empresa poderá ser rentável? Uma análise econômica e financeira servirá de grande ajuda e proporcionará dados que melhorem a gestão. A análise econômica permite valorizar as necessidades do projeto e revela sua viabilidade através da análise do faturamento e dos custos. A análise financeira, por outro lado, informa a situação dos fundos que a empresa utiliza para o desenvolvimento da atividade econômica ao longo do tempo. Através desta análise, determinam-se os benefícios ou as perdas nos quais pode-se incorrer no financiamento do negócio. É fundamental para: • Fazer as estimativas das necessidades de capital e a busca de fontes ou alternativas de financiamento. • Conhecer as possibilidades da empresa para obter créditos e sua capacidade de devolução no prazo.
Os números permitem ancorar o empreendimento na realidade. Asseguram o cálculo preciso das necessidades para o início da empresa
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4. O pontapé inicial
Como fazer funcionar a empresa com os pés no chão
Após montarmos um plano de negócio e sabermos também quanto dinheiro precisamos para começar e onde obtê-lo, é hora de se perguntar que forma jurídica vamos escolher: com que nome vão nos conhecer e quais são os trâmites e processos legais para criar e proteger a empresa. É o momento de começar a pensar quem será nosso provedor e que acordos conseguiremos com eles. Se a racionalidade intervinha nos números, agora é hora de aplicar a criatividade. Com audácia, imaginação e ideias renovadas, é possível transcender as limitações orçamentárias que um empreendimento que acaba de começar supõe. Ainda que pareça prematuro, também é hora de decidir com que critério vamos selecionar os funcionários que farão parte vital do empreendimento. Estamos a caminho para materializar nossa presença no mercado. A empresa já existe como tal e deixou de pertencer ao mundo das ideias: precisa de um nome, uma organização e alianças estratégicas. Exige, também, esboço e encadeamento de uma série de estratégias que fazem parte do plano de marketing.
• Marca: quando uma nova empresa entra no mercado, deve pensar num nome que lhe assegure um certo posicionamento, que lhe permita ser localizada e identificada pelos consumidores. • Registros contábeis: são um requisito legal e permitem organizar os movimentos da empresa. Oferecem, além disso, um panorama econômico e financeiro permanente. • Encontrar uma boa equipe: a seleção correta do grupo que vai levar adiante o negócio é uma das decisões mais valiosas que o empreendedor precisa tomar. • Buscar provedores: conseguir os que oferecem alta qualidade a baixo custo é parte da prosperidade do negócio. • Alianças estratégicas: estabelecer uma relação de cooperação com outra empresa pode ser a chave do sucesso ou da sobrevivência de um empreendimento.
Eis um resumo dos pontos que um empreendedor precisa prestar atenção na hora de colocar sua empresa em andamento:
• Plano de marketing: seu esboço inclui o planejamento de estratégias de produto, de preços, de promoção de vendas, de distribuição e serviço ao cliente.
• Organização jurídica: conhecer as formas legais disponíveis para dar estrutura à empresa antes de lançá-la no mercado.
• Tirar vantagem da tecnologia: os sistemas digitais e a presença na internet beneficiam as diferentes áreas do empreendimento.
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5. Crescimento e expansão O crescimento traz implícitos alguns problemas. A responsabilidade costuma ser maior e, portanto, as habilidades exigidas para levar a empresa adiante tornam-se mais complexas. A coesão do grupo e o espírito de equipe podem deteriorar-se com o aumento do pessoal, e é mais difícil obter motivação se não houver um bom plano de comunicação. No entanto, a partir de outro ponto de vista, a expansão do negócio é uma das estratégias mais eficazes para assegurar a sobrevivência a longo prazo. As vantagens são inúmeras: ter acesso com mais facilidade à tecnologia, ao crédito e ao financiamento, alcançar a economia de escala e incrementar a capacidade de reter os melhores profissionais da empresa. Decidir o momento adequado é crucial: dele
depende, em boa medida, alcançar o crescimento desejado. Se o mercado passar por uma fase de downsizing, é oportuno pensar em expansão? Não. De forma que a oportunidade deve ser estudada a fundo e em relação à conjuntura. Existem diferentes alternativas de expansão: ampliação da linha de produtos, desenvolvimento de um sistema de franquias, ou exportação. Cada uma apresenta prós e contras. Portanto, quando se trata de tomar a decisão para expandir-se, convém estudar o momento, os mecanismos adequados que melhor se adaptem a nossos objetivos, e devemos estar capacitados para enfrentar negociações, de tal forma que se minimizem os riscos que implicam dar esse salto.
Se o mercado ficou pequeno para o seu empreendimento ou se a demanda exige maior produção, talvez tenha chegado a hora de buscar novos horizontes
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