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menor de todos os felinos é uma obra de arte.” Leonardo da Vinci
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ANIMAIS NO G
Elefantes, búf várias aves e Google Earth
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FÓSSEIS VIVO
O que são fós estes e outros sidades sobre
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A HISTÓRIA D
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Fotografia de capa: «My Wife’s Lovers» por Carl Kahler, 1893
Todas as ediçõe www.mundodos
GOOGLE EARTH
falos, focas, hipopótamos, camelos, e outros animais podem ser vistos no h. Desfrute desta viagem!
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sseis vivos? Qual a diferença entre s animais? Descubra factos e curioe estas espécies.
DO GATO
meiros indícios de domesticação até no animal de estimação mais popular undo.
es disponíveis gratuitamente em: sanimais.pt/revista
BEM-VINDO(A) Vamos regressar no tempo. Há 12 mil anos atrás, no Crescente Fértil do Médio Oriente – região que compreende os atuais Israel, Jordânia, Líbano e partes da Síria, Iraque, Egito, Turquia e Irão – dá-se a expansão das primeiras sociedades agrícolas. O ser humano deixa de ser predominantemente caçador e fixa-se para cultivar terras. A produção agrícola é um chamariz para ratos, que se começam a concentrar e reproduzir nessas regiões. Mas não viriam sozinhos. Atraídos pela quantidade de presas disponíveis, os gatos selvagens do Médio Oriente tomaram a iniciativa de se aproximar dos agricultores e criou-se de imediato uma situação vantajosa para ambos: os gatos beneficiaram do alimento disponível e os seres humanos beneficiaram da proteção das suas plantações (com a eliminação dos ratos por parte dos gatos). E assim começou uma fantástica história, que melhora a cada dia em cada uma das nossas casas. Carlos Gandra
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EDIÇÃO Nº 30
Um tucano antes e depois de receber um novo bico em 3D. A ave foi agredida por um grupo de adolescentes na Costa Rica, tendo perdido uma parte significativa do bico e deixando de se conseguir alimentar sem ajuda. Acolhido pela ZooAve e com a ajuda preciosa de donativos, foi possível salvar o tucano e financiar esta prótese, que custou cerca de 7.400 euros (26.366 reais). Hoje é um dos símbolos contra os maus-tratos a animais da Costa Rica. Fotografias: DR
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Mohammad Alaa Aljaleel, também conhecido como “homem dos gatos”, é o herói que salva os gatos de Aleppo, uma cidade em ruínas em plena guerra civil na Síria. Anteriormente eletricista, Mohammad criou um santuário para os gatos em 2011 e desde então tem acolhido os animais que muitos donos deixam para trás quando fogem da guerra. Fotografia: Mohammad Alaa Aljaleel / Facebook
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Corinna Esterer rodeada de íbis-eremitas, a espécie que, juntamente com Anne-Gabriela Schmalstieg, está a tentar salvar da extinção através da criação em cativeiro (e posterior libertação na natureza). O íbis-eremita (Geronticus eremita) é o íbis mais ameaçado da Europa, tendo sido já extinto na Europa Central há mais de três séculos. Corinna e Anne-Gabriela dedicam seis meses por ano a estas aves, a quem inclusive ensinam a rota de migração sobre os Alpes. Fotografia: Esther Horvath / Audubon
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Uma borboleta interrompeu uma sessão de fotografia e filmagem com a koala Willow, no Symbio Wildlife Park na Nova Gales do Sul, Austrália. Os realizadores do vídeo sobre as iniciativas sustentáveis daquele parque tiveram de esperar; já a koala não pareceu ficar nada incomodada com a visita do inseto. Fotografia: Symbio Wildlife Park / via Facebook
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O controverso artista gaulês Rémi Gaillard, enjaulou-se num canil de Montepellier no passado dia 11 de Novembro, prometendo sair apenas quando 300 animais fossem adotados ou 50 mil euros (cerca de 180 mil reais) fossem angariados. Com transmissão ao vivo pelo Facebook durante a sua estadia, a iniciativa terminou no passado dia 15 de Novembro, com mais de 200 mil euros (cerca de 710 mil reais) arrecadados para os animais da associação. Fotografia: Rémi Gaillard / via Facebook
Cerca de duzentas pessoas juntaram-se na praia de Porth Beach, em Cornwall, para participar no último passeio do cão Walnut, de 18 anos, com uma doença terminal. Devido ao seu estado débil, o dono de Walnut, Mark Woods, levou o cão ao colo durante a caminhada, onde também participaram vários outros cães, numa homenagem emocionante. Fotografias: Neil Hope
Os residentes de um lar no Arizona estão a ajudar a associação Pima Animal Care Center (PACC) a lidar com o crescente número de gatinhos órfãos que precisam de ajuda. Os idosos alimentam os bebés, dão-lhe atenção e carinho, partilhando do amor que têm para dar e recebendo de volta a companhia impagável dos pequenos felinos. Os gatos serão posteriormente esterilizados e disponibilizados para adoção. Fotografias: Pima Animal Care
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Pocket, uma cabra bebé que nasceu sem cascos nas patas traseiras, ao cuidado da associação Goats of Anarchy (GOA), que faz precisamente a reabilitação de cabras com deficiências físicas. Pocket tem agora próteses para a ajudar a andar e equilibrar-se, embora ainda não se tenha adaptado totalmente ás mesmas. Fotografia: Goats of Anarchy / Facebook
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Uma águia-real fotografada no Parque Nacional de Cairngorms, na Escócia. A população de águias-reais no Reino Unido tem crescido e já superou o nível considerado viável para a sobrevivência da espécie a longo prazo. Apesar de continuar ausente de um terço do seu território original, existem agora 508 pares reprodutores, todos na Escócia, uma subida em relação aos 442 pares encontrados em 2003 e 422 pares em 1992. Em Inglaterra, a última águia-real deixou de ser vista este ano e teme-se que tenha morrido. Fotografia: Peter Cairns / RSPB
Veja mais fotos no Mundo dos Animais: www.mundodosanimais.pt/fotos
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Animais no Google Earth
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Google Earth é uma caixinha de tesouros que vai muito além de observarmos o telhado da nossa casa. É provável que já tenha passado algumas horas a navegar pelo nosso mundo através deste programa, mas já o utilizou para explorar a fauna do planeta? Apesar de muitos animais não terem tamanho suficiente para serem perceptíveis via satélite, a verdade é que existem dezenas de locais nos mapas onde é possível observar animais selvagens, com grande destaque para o continente africano. Elefantes, búfalos, focas, hipopótamos, camelos, várias aves e outros animais podem ser vistos no seu habitat natural, seja a correr em manadas, a descansar na praia ou em “deliciosos” banhos de lama. Descubra as melhores fotos de animais, acompanhadas das respetivas coordenadas, que pode encontrar no Google Earth na galeria de fotos que selecionamos para si.
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Búfalos Latitude: 14° 4’11.36”S Longitude: 25°38’46.87”E
Camelos Latitude: 15°17’40.35”N Longitude: 20°28’47.61”E
Búfalos Latitude: 4°17’21.37”S Longitude: 31°23’46.88”E
Gado Latitude: 8°23’3.25”S Longitude: 34°25’54.32”E
Garças e Búfalos Latitude: 18°43’41.38”S Longitude: 35°55’58.44”E
Flamingos Latitude: 21°50’35.78”S Longitude: 35°27’0.91”E
Elefantes Latitude: 10°54’13.88”N Longitude: 19°56’6.18”E
Gazelas-dorcas Latitude: 16°24’15.94”N Longitude: 19°54’50.00”E
Hipopótamos Latitude: 6°37’45.86”S Longitude: 31° 8’13.09”E
Órixes Latitude: 24°57’18.88”S Longitude: 15°51’30.79”E
Cobos-leche Latitude: 15°50’20.50”S Longitude: 27°11’50.34”E
Focas Latitude: 18°26’45.68”S Longitude: 12° 0’44.33”E
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Elefantes adultos e juvenis Latitude: 10°54’13.16”N Longitude: 19°55’59.67”E
Ligações úteis: Instalar o Google Earth (computadores e dispositivos móveis): https://www.google.com/earth/ explore/products/ Placemarks de animais (para aceder diretamente aos locais onde se encontram os animais dentro do Google Earth): https://goo.gl/HxARO6 Artigo na National Geographic sobre animais no Google Earth (em inglês): http://voices.nationalgeographic.com/2009/05/27/african_ wildlife_safari_in_goo/
Descubra mais sobre animais selvagens em: www.mundodosanimais.pt/animais-selvagens
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O celacanto é um peixe que se julgava extinto há cerca de 66 milhões de anos, no mesmo evento que também extinguiu os dinossauros e muitos outros animais. Em 1938 foi pescado acidentalmente na África do Sul. Fotografia: Laurent Ballesta /andromede-ocean.com / blancpainocean-commitment.com
A TELEPATIA CANINA
Fósseis Vivos Os animais que permaneceram inalterados (ou quase) desde os tempos primitivos, incluindo alguns que conhecíamos apenas do registo fóssil. Até nos aparecerem à frente. Vivos.
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óssil vivo é uma expressão informal, uma designação atribuída a animais conhecidos através do registo fóssil de há vários milhões de anos e que, portanto, sobreviveram aos eventos de extinção em massa ocorridos na pré-história. Estes animais chamados fósseis vivos, são animais muito semelhantes aos seus ancestrais. No entanto, convém salientar que apesar das poucas ou nenhumas diferenças visíveis, a nível molecular as coisas são diferentes e um fóssil vivo, é tão evoluído geneticamente como qualquer outro animal.
A dificuldade na compreensão desta diferença, entre o que se vê (anatómico) e o que “não se vê” (molecular), é o principal fator que leva os defensores das teorias criacionistas, a usar as espécimes de animais fósseis vivos como uma “prova” contra a teoria da evolução. Segundo os criacionistas, o facto de animais existentes há milhões de anos continuarem vivos e inalterados hoje em dia, é uma negação da evolução.
Contudo e como se pode ver num exemplo mais à frente – a tuatara (na foto) – todos os animais evoluem e até bastante rápido, mesmo que não “não pareça”. Entre os fósseis vivos, encontramos criaturas bizarras, excêntricas ou simplesmente únicas, com um aspeto muitas vezes primitivo (como o tubarão-cobra) ou até alienígena (como os caranguejos-ferradura). Em principio, a sobrevivência tão duradoura destes animais poderia significar um grande sucesso biológico dos mesmos, no entanto, muitos dos animais fósseis vivos, chegaram até nós porque os seus habitats foram sujeitos a poucas alterações ao longo dos milhões de anos, bem como a competição com outras espécies não os levou à extinção. No mesmo sentido, são também alguns dos animais mais vulneráveis e ameaçados pela ação humana. Independentemente da sua so-
Fotografia: Sid Mosdell / via Flickr
brevivência e da “saga” percorrida durante tantos milhões de anos, os fósseis vivos são, sobretudo, a visão mais realista que podemos ter de como era o mundo há muito, muito tempo atrás. Ideias-chave sobre fósseis vivos: 1) Poucas ou nenhumas alterações anatómicas desde os tempos primitivos; 2) Baixa diversidade genética; 3) Muitas vezes descobertos
depois de já serem conhecidos no registo fóssil e considerados extintos; 4) O fóssil vivo mais conhecido em todo o mundo é o Celacanto, cujos fósseis datam de há 400 milhões de anos atrás; 5) Existem outros fósseis vivos que não são animais, tais como bactérias e plantas (a Ginkgo biloba já existe há 50 milhões de anos). De seguida, apresentamos-lhe alguns animais fósseis vivos, que talvez o surpreendam.
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Fotografia: Wikimedia Commons
Mixinas As mixinas, também conhecidas como peixes-bruxa ou enguias-de-casulo (classe Agnatha ou Myxini) são os únicos animais vivos de crânio sem coluna vertebral, o que leva alguns taxonomistas a hesitar em classificá-las como animais vertebrados. Têm um aspeto e características tão primitivas quanto os seus ancestrais, gravados no registo fóssil desde há 550 milhões de anos. As mixinas possuem glândulas segregadoras de muco em toda a pele, que usam para se defenderem e escapar de predadores, e são consideradas uma ligação evolutiva crucial entre animais vertebrados e invertebrados. “Os
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Fotografia: Wikimedia Commons
Nautilus Com as suas conchas únicas, que serviram de inspiração a muitos artistas ao longo dos últimos séculos e que representam um dos melhores exemplos naturais de uma espiral logarítmica, estes cefalópodes – parentes das lulas, dos polvos e dos chocos – já “vagueiam” pelos oceanos desde há 500 milhões de anos atrás, tendo “convivido” com inúmeros animais pré-históricos como as trilobites ou os dinossauros. Atualmente, os nautilus podem ser encontrados nas águas do Indo-Pacífico.ães estão recetivos à
Caranguejo ferradura O caranguejo-ferradura, ou límulo (Limulus polyphemus), além de ser um fóssil vivo – está no registo fóssil do período Ordoviciano, há cerca de 450 milhões de anos – é um animal fascinante em muitos aspetos. A sua aparência meio alienígena e meio pré-histórica, esconde um sangue azul, literalmente azul, considerado muito valioso na medicina humana para o combate a infeções bacterianas, uma extração onde os animais não são sacrificados e são posteriormente libertados. Estes caranguejos são também capazes de regenerar membros perdidos, tal como uma estrela do mar. Apesar do nome, estão mais próximos das aranhas e dos escorpiões do que dos caranguejos. Na verdade, é o animal vivo mais próximo das primitivas trilobites que podemos observar.
Fotografia: Wikimedia Commons
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Fotografia: Project Gombessa
Celacanto O celacanto (Latimeria chalumnae e Latimeria menadoensis) é provavelmente o fóssil vivo mais conhecido em todo o mundo. Durante bastante tempo pensou-se que estes peixes, com origem há cerca de 400 milhões de anos, tinha sido extinto juntamente com os dinossauros no final do período Cretácico, há 66 milhões de anos. Até que em 1938 foi descoberto, junto com outros peixes, apanhados por um pescador local na África do Sul. Desde então, já foram observados celacantos no Quénia, Tanzânia, Moçambique e Madagáscar. Curiosamente, os animais mais próximos taxonómicamente do celacanto, são os tetrápodes (vertebrados de quatro patas) e os peixes pulmonados. Os celacantos conseguem viver por mais de 100 anos.
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Barata As baratas são insetos popularmente conhecidos – não popularmente amados digamos assim – que já se encontram no registo fóssil datado de há cerca de 400 milhões de anos, no período Siluriano. Desde então, as mudanças são realmente poucas. A barata na foto está preservada em âmbar e viveu há 40 – 50 milhões de anos atrás.“Os cães estão recetivos à
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Fotografia: Wikimedia Commons
Esturjão Outro animal também popularmente conhecido, o esturjão, é encontrado no registo fóssil datado de há 200 – 230 milhões de anos. Tal como é “normal” nos chamados fósseis vivos, o esturjão também pouco ou nada mudou desde o seu aparecimento – juntamente com o aparecimento dos primeiros dinossauros – até ás nossas águas atuais. “Os
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Fotografia: Wikimedia Commons
Triops Semelhantes a caranguejos-ferradura, mas em miniatura, os triops (Triops longicaudatus) são bem conhecidos dos aquariofilistas que apreciam ter um autêntico fóssil vivo nos seus aquários. Originários no período Triássico, há cerca de 220-230 milhões de anos, os triops respiram pelas patas e pertencem à família dos caranguejos e dos camarões. O nome triops refere-se aos três olhos que possuem. Os triops atuais são praticamente iguais aos que habitaram as águas do nosso planeta há 70 milhões de anos, ainda no tempo dos dinossauros.“Os cães estão recetivos à
Crocodilo Provenientes de há cerca de 230 milhões de anos, juntamente com os esturjões e os dinossauros, os crocodilos são também os animais com aparência mais… dinossauresca. Por esse motivo, muitas vezes os crocodilos não são apelidados de fósseis vivos mas sim de dinossauros vivos, um nome que lhes assenta bem. Os crocodilos atuais evoluíram há cerca de 84 milhões de anos, no período Cretácico, tendo sobrevivido à extinção que aniquilou os dinossauros, à semelhança das tartarugas e outros animais. Apesar da aparência, são os parentes vivos mais próximos das aves, representando uma ligação entre répteis e aves que divergiu há muitos milhões de anos. A aparência dos crocodilos praticamente não se alterou desde o tempo dos dinossauros, embora tenha havido evolução notória no esqueleto que os torna, hoje, mais fortes e mais ágeis do que no passado remoto.
Fotografia: Wikimedia Commons
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Tartaruga As tartarugas que tão bem conhecemos, inclusive como animais de estimação nas nossas casas, fazem parte de um dos grupos de répteis mais antigos do planeta. As primeiras tartarugas, chamadas proto-tartarugas, viveram há cerca de 220 milhões de anos, no período Triássico. Estas proto-tartarugas tinham a carapaça incompleta, como se nunca tivessem passado do estado embrionário, e tinham dentes. À medida que foram evoluindo, as carapaças tornaram-se mais completas, e as espécies datadas de há cerca de 160 milhões de anos, no período Jurássico, já eram muito semelhantes às tartarugas que conhecemos hoje em dia.
Fotografia: Wikimedia Commons
Fotografia: Wikimedia Commons
Tuatara Um dos fósseis vivos mais conhecidos em todo o mundo, as tuataras, animais “genuinamente” pré-históricos, tiveram origem no nosso planeta há cerca de 200 milhões de anos, tendo sobrevivido até hoje apenas duas espécies, a Sphenodon guntheri e a Sphenodon punctatus. Embora as tuataras se assemelhem a lagartos, pertencem a uma família com características absolutamente únicas entre os répteis. Apesar de consideradas fósseis vivos, pelas muito poucas diferenças anatómicas com os fósseis do período Triássico, estudos moleculares recentes demonstraram que estes animais não estão parados na evolução: pelo contrário, a evolução molecular das tuataras é mais rápida do que a de qualquer outro animal até hoje analisado.
Fotografia: Autor Desconhecido
Tubarão-cobra Não obstante o seu aspecto claramente primitivo e “desenquadrado”, o tubarão-cobra vem de uma linhagem que terá surgido há mais de 90 milhões de anos, provavelmente mesmo há 150 milhões de anos. Habita águas profundas, como 1.500 metros de profundidade, e tem um corpo parecido com as enguias. O espécime capturado nas águas superficiais do Japão e logo transportado para um parque aquático, morreu poucas horas depois, por doença – provavelmente a mesma doença que o levaria a subir das profundezas à superfície. A observação foi contudo valiosa, dado tratar-se de um animal tão raro e primitivo.“Os cães estão recetivos à
Ornitorrinco Apesar de não ter um aspeto típico primitivo, os ornitorrincos (Ornithorhynchus anatinus) também não se parecem com mais nenhum outro animal. Os ornitorrincos são mamíferos que põem ovos e possuem veneno, além de terem o conhecido bico de pato, de segregarem o leite através de poros na pele e de terem 10 cromossomas sexuais – ao contrário da maioria dos mamíferos que possuem 2, o X e o Y. A singularidade dos ornitorrincos já levou mesmo os cientistas a classificarem-nos erradamente como répteis. A presença dos ornitorrincos na pré-história ficou comprovada pela existência de um fóssil com cerca de 110 milhões de anos, pertencente a um Sterophodon, parente do ornitorrinco de aspeto muito similar e que viveu no período Cretácico. A origem mais ancestral parece remontar, contudo, a cerca de 167 milhões de anos, no período Jurássico.
Fotografia: Wikimedia Commons
Fotografia: Domínio Público
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abia que os koalas, pandas-vermelhos e musaranhos-elefantes também são considerados fósseis vivos? Os primeiros ancestrais dos pandas (quer dos pandas-vermelhos como dos pandas-gigantes) habitaram o planeta no início do período Terciário, há cerca de 65 milhões de anos atrás, logo após a extinção que eliminou os dinossauros. O panda-vermelho propriamente dito, está no registo fóssil desde há 5-7 milhões de anos. Já sobre os koalas, os registos fósseis ascendem a 20 milhões de anos, quando os seus ancestrais evoluíram no sentido de habitarem as florestas tropicais, ao contrário dos eucaliptos que hoje lhes servem de casa. Os musaranhos-elefantes atuais (que apesar do nome, não são parentes nem dos musaranhos, nem dos elefantes, nem de “coisa nenhuma” pois a sua classificação ainda é muito debatida) são praticamente idênticos aos seus ancestrais que floresceram no continente africano há cerca de 30 milhões
de anos atrás. Tal como estes ancestrais, são animais insetívoros. Mais antigas são as aranhas-de-alçapão (família Ctenizidae), cuja existência já remonta há 85 milhões de anos. Outro animal bem conhecido é o dragão-de-komodo, um lagarto da Indonésia que partilha com os crocodilos um aspeto dinossauresco. Podendo atingir 3 metros de comprimento e 70 quilos de peso, este género de lagartos (Varanus) surgiu na Ásia há cerca de 40 milhões de anos, tendo depois migrado para a Austrália. A colisão entre a Austrália e o Sudoeste Asiático, ocorrida há uns 15 milhões de anos, permitiu que os dragões-de-komodo se deslocassem para aquele que é, hoje, o arquipélago indonésio. Os dragões-de-komodo atuais diferenciaram-se dos ancestrais há cerca de 4 milhões de anos. Há 23 milhões de anos, apareceram os primeiros aardvarks (Orycteropus afer), um mamífero noctívago africano, parente
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dos elefantes, que tende a aparecer em primeiro lugar em todas as listas alfabéticas de animais (porque será?). No caso do aardvark, não só a aparência mais também os seus cromossomas têm-se mantidos idênticos ao longo de milhões de anos. Antes deles, há 46 milhões de anos, divergiram dos marsupiais australianos os monitos-del-monte (Dromiciops gliroides), pequenos marsupiais da América do Sul e únicos membros vivos da sua ordem. Medem apenas 13 centímetros e pesam cerca de 30 gramas. Para último mas nada menos interessante, os okapis (Okapia johnstoni). É uma das duas espécies remanescentes da família Giraffidae – sendo que a outra espécie, é a própria girafa.
Os okapis (na foto) foram considerados animais extintos por se conhecerem apenas através do registo fóssil. Depois, foram considerados animais críptidos, pois apenas existiam relatos da sua existência entre os habitantes locais da República Democrática do Congo. Por fim, este fóssil vivo foi encontrado… vivo. Os okapis têm um pescoço muito mais curto que as girafas atuais e são animais por norma solitários. Tiveram origem há cerca de 15 milhões de anos e estão, de momento, em perigo de extinção. São o exemplo vivo mais próximo das girafas mais primitivas.
Fotografia: Wikimedia Commons
Descubra mais sobre animais selvagens em: www.mundodosanimais.pt/animais-selvagens
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Os primeiros sin Egito, a persegu do animal de es
STÓRIA DO GATO
nais de domesticação, a ascenção divina no antigo uição religiosa na Idade Média. O percurso histórico stimação mais popular em todo o mundo.
“The Apotheosis of the Cats” Theophile-Alexandre Steinlen, 1885
O sarcófago do gato do príncipe Tutmés, filho mais velho do Faraó Amenófis III e da Rainha Tiye. Os gatos foram venerados como divindades no antigo Egito, tendo recebido templos em sua honra e aplicada neles a prática da mumificação, que estava reservada ás pessoas mais importantes, como o próprio Faraó. Fotografia: Lazaroni / via Flickr
Mosaico de Pompeia, soterrado pela erupção do Vesúvio em 79 d.C. Na Roma antiga, os gatos eram importantes animais caçadores e de companhia, bem como um símbolo de independência. Fotografia: Ancient History Encyclopedia
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história do gato doméstico tem despoletado, em particular nos últimos anos, estudos que se debruçaram sobre o tema e nos permitiram conhecer melhor a origem destes pequenos felinos, bem como a sua história desde os primeiros passos junto aos seres humanos até ao domínio (propositadamente sem aspas) das nossas casas. Uma das primeiras questões que nos surgem quando pensamos na domesticação do gato é: porque motivo os domesticamos? Aparentemente, os gatos são os únicos animais que domesticamos sem termos uma razão explicita para o fazermos. Se verificarmos a história da nossa civilização, vemos que o ser humano domesticou vários animais para deles retirar benefícios essenciais à sua sobrevivência, fosse através do trabalho, da carne, do leite ou da lã. E fê-lo com animais que, em modo selvagem, já viviam em grupos com hierarquias bem definidas, uma estrutura que o ser humano aproveitou para
chamar a si o estatuto de indivíduo alfa e controlar esses grupos. Ora, os gatos não contribuem para a sobrevivência do ser humano de nenhuma dessas formas e, exceptuando os leões, os felinos selvagens também não vivem em grupos hierárquicos nem respondem perante qualquer alfa – na verdade, os gatos não são propensos a obedecer ou a seguir ordens. Então, qual foi o nosso interesse inicial em domesticar os gatos? E será que nós realmente os domesticamos? Vamos explorar como tudo começou e perceber porque motivo se formou esta longa, bonita mas também atribulada, história entre seres humanos e gatos. Anteriormente acreditava-se que a origem dos nossos gatos seria africana, como uma adaptação evolutiva do gato selvagem africano (Felis silvestris cafra) e que o povo egípcio teria sido o primeiro a domesticá-lo.
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Porém e como vamos ver de seguida, vestígios da presença de gatos noutras partes do globo e em datas anteriores aos achados egípcios (cerca de 4 mil anos atrás) vieram “reescrever a história”. Em 1983, no Chipre, arqueólogos descobriram uma mandíbula de gato datada de há 8 mil anos atrás. Dadas as incríveis semelhanças entre os esqueletos dos gatos domesticados e dos gatos selvagens, era difícil afirmar se os achados arqueológicos diziam respeito a um ou a outro.
No entanto, também é pouco provável que alguém tivesse decidido levar gatos selvagens para a ilha, como referiu Desmond Morris no seu livro Catwatching: “um felino selvagem em pânico, a bufar e a arranhar seria o último companheiro de viagem que a tripulação quereria ter a bordo”. Então, é plausível que esses gatos já estivessem de alguma forma domesticados e habituados à presença humana. A prova de domesticação mais convincente seria descoberta em 2004, também no Chipre.
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Créditos: “Early Taming of the Cat in Cyprus”, J.D.Vigne, J.Guilaine, K.Debue, K.Haye E P.Gérard, em Science, Vol.304; Abril, 2004
Jean-Denis Vigne, do Museu Nacional de História Natural de Paris, e a sua equipa, desenterraram um túmulo onde estavam sepultados, lado a lado, um ser humano de sexo desconhecido e um gato de cerca de 8 meses (imagem em cima). Ambos os corpos se encontravam sepul-
tados na mesma direção (oeste). Mais surpreendente foi a datação desses restos mortais: 9.500 anos, ainda mais antigo do que a descoberta de 1983. Uma vez que os gatos não são nativos das ilhas Mediterrâneas e portanto tiveram mesmo de
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ser transportados de barco, bem como o enterro de um ser humano e um gato lado a lado no mesmo túmulo, forneceram fortes evidências em como nessa altura as pessoas já tinham alguma relação especial e/ou intencional com os gatos. Em Junho de 2007, num estudo baseado em análises genéticas e publicado na revista Science, os autores do mesmo afirmaram que os gatos domésticos tiveram todos origem nos gatos selvagens do Médio Oriente (Felis silvestris lybica), num processo que especulam ter começado há 12 mil anos atrás – quase 3 mil anos antes da datação do gato encontrado sepultado com o “dono” no Chipre. A data coincide com o a expansão das primeiras sociedades agrícolas no Crescente Fértil do Médio Oriente, o que nos leva ao (provável) motivo pelo qual seres humanos e gatos deram início a esta jornada juntos. “O que nós achamos que aconteceu foi que os gatos se domesticaram a si próprios” afirmou Carlos Driscoll, um dos
autores deste estudo, ao Washington Post. Quanto os seres humanos eram predominantemente caçadores, os cães eram os melhores companheiros possíveis e assim se deu origem à domesticação do cão, muito antes da domesticação do gato. Quando nos começamos a fixar e a cultivar as terras, abriu-se uma janela de oportunidade para os gatos. Com a produção agrícola começaram a surgir ratos – que ameaçavam essa mesma produção – e os gatos terão basicamente ficado fascinados com a quantidade de presas (ratos) que haviam junto daquelas criaturas gigantes de aspeto estanho (humanos). Por consequência, os seres humanos da altura também terão ficado encantados com a capacidade de eliminação dos ratos por parte daqueles felinos em miniatura. Uma relação simbiótica com tudo para dar certo. Os gatos fizeram-se convidados e nós aceitamos de bom grado.
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Naturalmente, é de supor que as pessoas terão dado preferência aos gatos mais mansos e sociáveis, procurando afastar das suas casas e propriedades aqueles que se revelassem mais agressivos, dando assim origem a criações seletivas de gatos cada vez mais afetuosos. Contudo, enquanto os restantes animais domésticos eram sustentados inteiramente pelo ser humano, os gatos continuaram a ter de se desenrascar sozinhos para sobreviver – na caça aos ratos e na procura de restos de comida – motivo pelo qual a sua independência e apurado instinto de caça permanece praticamente inalterado até aos dias de hoje. Não é por acaso que, regra geral, um gato na rua se parece conseguir desenrascar melhor do que um cão na mesma situação (sendo evidentemente uma situação indesejável para qualquer animal doméstico e que deve ser evitada a todo o custo). Os cães foram sujeitos a uma criação seletiva muito
ativa e são hoje bastante diferentes dos seus ancestrais selvagens, enquanto que o gato mantém intactas praticamente todas as características dos gatos selvagens, incluindo uma morfologia praticamente indistinguível.
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O apurado instinto de caça dos gatos, em particular de ratos (na imagem trata-se de um brinquedo) ajudaram a aproximar gatos e seres humanos. As plantações agrícolas eram uma fonte de ratos para os gatos, que os apanhavam e assim evitavam a destruição das plantações. Fotografia: Ian Barbour / via Flickr
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“The Gods and Their Makers� de Edwin Longsden Long, 1898. Os gatos foram venerados como entidades divinas no antigo Egito
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convivência entre seres humanos e gatos nem sempre foi pacífica. A personalidade independente, a elegância os hábitos mais noturnos e solitários dos gatos despoletaram sentimentos mistos nas diversas culturas e épocas pelas quais passaram. É bem conhecida a reverência e fascínio do povo do antigo Egito pelos gatos. Apesar de não terem sido os primeiros a “domesticar” os gatos como anteriormente se pensava, certamente tiveram um papel histórico fundamental na forma como os apreciamos e nos relacionamos com eles, tendo chegado a considerá-lo um animal divino. A deusa egípcia Bastet era representada com a forma de um gato, à qual era atribuída uma personalidade afável e forte. Diversos templos foram construídos em sua honra e milhares de gatos foram mumificados, uma prática reservada às pessoas mais importantes, como por exemplo o próprio Faraó. Os arqueólogos descobriram um cemitério em Beni-Hassan que continha nada menos do que
300 mil gatos mumificados, o que significa que o povo egípcio fazia criação ativa de gatos domésticos. Os egípcios puniam com a pena de morte qualquer pessoa que ousasse matar um gato. Para protegerem os seus preciosos felinos, impuseram também leis que proibiam a exportação dos gatos para outros países. No entanto, esta proibição só tornou os gatos ainda mais valiosos, o que deu origem ao transporte clandestino das “raridades” para outros países, onde eram vendidos por um preço elevado. O assunto era tido como tão sério que foram criadas “delegações governamentais” cujo único propósito era encontrar os locais para onde os gatos tinham sido clandestinamente enviados e trazê-los de volta para o interior do Egito. Os destinatários eram os países banhados pelo Mar Mediterrâneo, que receberam os gatos provavelmente transportados em barcos fenícios. Na Pérsia, também começaram
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“Cats in the Garden” por Mao Yi, séc. XII | Imagem: Wikimedia Commons
a ser venerados. Havia a crença de que quem matasse um gato preto, estaria a matar um espírito amigo, criado especificamente para fazer companhia ao Homem na sua passagem pela Terra. Na Grécia, os gatos não tiveram a mesma facilidade em ganhar o seu espaço junto das pessoas, pois os gregos já tinham o seu próprio controlador de roedores: as doninhas. Na Roma antiga, os gatos tiveram um papel importante como
animais caçadores e animais de companhia, embora fossem considerados mais um símbolo de independência do que um animal de utilidade – uma situação que se agravou depois de o Imperador Teodósio banir os cultos pagãos: a deusa Diana tinha a imagem de um gato e rituais ligados à lua, algo que começou a não ser bem visto. Ainda assim o Império Romano contribuiu para que os gatos formassem colónias em várias partes da Europa, pois viajavam com eles nos barcos
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Xilogravura do artista japonês Tachibana Morikuni, de 1720
enquanto os romanos expandiam o seu império. Na China, o gato era visto essencialmente como um animal de companhia para as mulheres. O brilho dos olhos dos gatos durante a noite passou a ser interpretado como um poder especial para afastar demónios. No Japão, o gato foi oficialmente introduzido no ano 999 d.C, oferecido ao imperador Ichijo como presente de aniversário. O gato foi muito bem aceite na sociedade japonesa e os gatos
tricolores passaram a ser os favoritos, símbolos de sorte e prosperidade. Era proibido por lei meter um gato dentro de uma jaula ou vendê-lo. O gato doméstico terá chegado à América a bordo dos navios de Cristóvão Colombo e outros navegadores, chegando mais tarde (por volta do séc. XVII) à Austrália ao viajarem junto dos colonizadores europeus.
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Ilustração do séc. XVII que associa os gatos à prática de bruxaria. A Idade Média foi um ponto de viragem drástico na popularidade dos gatos, que começaram a ser perseguidos pela Igreja.
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estatuto que os gatos tinham conquistado junto das pessoas, mudou drasticamente na Europa Medieval. Os seus hábitos noturnos, personalidade enigmática, olhos brilhantes e caminhar silencioso diferenciavam o gato de qualquer outro animal e, numa Europa dominada pela Igreja Católica e assustada pelo aparecimento da peste negra (que se acreditava ter sido um castigo enviado por Deus) fizeram com que as pessoas começassem a associar os gatos a espíritos malignos, bruxaria e cultos satânicos. O Papa Gregório IX, no séc. XIII, deu início a uma perseguição aos gatos que perduraria durante séculos. Numa Bula Papal de 1233, condenou o gato preto como criatura diabólica dando a sua bênção à tortura e à morte dos felinos. Os Papas Inocêncio VII (13391406) e VIII (1432-1492) continuaram a incentivar ativamente a perseguição aos gatos e a instruir os inquisidores a queimarem sempre os gatos vivos
juntamente com as alegadas bruxas, nas fogueiras do Santo Ofício. Aparentemente, a única coisa que podia salvar um gato preto da fogueira naquela altura, era possuir uma mancha de pêlo branco, independentemente do tamanho ou do lugar no corpo em que se encontrasse. Era considerada uma marca dos anjos e um sinal de que aquele gato, em particular, não deveria ser sacrificado. Sobre esta época tormentosa, Desmond Morris escreveu: “Como os gatos eram vistos como maléficos, todos os tipos de poderes assustadores lhes foram atribuídos pelos escritores da época. Diziam que os seus dentes eram venenosos, a sua carne tóxica, o seu pêlo letal (causaria asfixia se acidentalmente engolido) e o seu hálito infecioso, destruindo os pulmões e provocando consumo (NR: um dos nomes dados naquele tempo à tuberculose, devido à abrupta perda de peso dos infetados).” A “paranóia” com os gatos foi
Ilustração de uma bruxa e o seu gato, na revista Weird Tales (Setembro de 1941)
tão longe que nem as publicações supostamente credíveis melhoravam a situação, bem pelo contrário, como continua a descrever Desmond Morris: “Até mesmo em 1658, Edward Topsel, num trabalho sério de história natural [escreveu]: os familiares das bruxas aparecem geralmente na forma de gatos, o que atesta em como esta besta é perigosa para o corpo e a alma.”
Ironicamente, o massacre dos gatos nos rituais cristãos parece ter contribuído largamente para a disseminação da peste negra, transportada pelos ratos que ficaram praticamente sem inimigos naturais. A peste negra acabou por matar cerca de 75 milhões de pessoas, um terço de toda a população da época. A perseguição aos gatos só teve fim no reinado de Luís XIV (1643-1715), Rei de França.
Winston Churchill acaricia Blackie, o gato oficial do navio HMS Prince of Wales. Os gatos começaram a recuperar a sua reputação pela utilidade que demonstravam enquanto “gatos de navio”, ajudando a manter a alimentação dos marinheiros a salvo dos roedores.
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Gato persa azul apresentado à Rainha Vitória de Inglaterra
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O
s gatos vieram a recuperar a sua reputação quando começaram a acompanhar as tripulações nos navios, ajudando a manter os alimentos dos marinheiros a salvo dos roedores. Mais tarde, devido ao seu tamanho pequeno, hábitos de higiene, beleza, agilidade e afetuosidade, começaram a ser vistos como animais finos e a oferecerem uma boa reputação social aos seus donos. A Rainha Vitória de Inglaterra (1819-1901) começou a interessar-se por gatos à medida que iam sendo divulgadas as descobertas arqueológicas no Egito sobre a adoração que aquele povo tinha pelos pequenos felinos. Por esta altura estavam a ser publicadas e catalogadas todas as gravuras e estátuas da deusa Bastet recuperadas pelos arqueólogos e a consequente associação do gato a reinados e divindades. A Rainha decidiu então adotar dois persas azuis, que tratou como elementos da sua corte. Sendo uma Rainha popular, a adoção dos gatos rapidamente
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virou moda e chegou ao Estados Unidos através da revista mais popular da época, Godey’s Lady’s Book (1830-1878). Num artigo da revista publicado em 1860, era afirmado que os gatos não se destinavam apenas ás pessoas mais idosas ou a monarcas, mas que toda a gente se deveria sentir confortável em abraçar o “amor e a virtude” do gato. Pouco depois, em 1871 realizou-se a primeira exposição de gatos, no Crystal Palace em Londres. Em 1895, toda a avenida de Madison Square Garden, em Manhattan, recebia com grande entusiasmo e popularidade a primeira exposição de gatos nos EUA. Hoje em dia, os gatos são presença assídua nas nossas casas e companheiros inseparáveis das nossas vidas. Existem mais de 600 milhões de gatos a viver connosco, o que fazem deste o animal de estimação mais popular em todo o mundo.
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Produção e conteúdos: Carlos Gandra Data de edição: Novembro de 2016 Contacto geral geral@mundodosanimais.pt Colaboração editor@mundodosanimais.pt A Revista Mundo dos Animais é uma publicação gratuita. Sinta-se livre para a distribuir por email, twitter, blog ou qualquer outro meio, desde que nenhum dos conteúdos seja de alguma forma alterado. Todas as edições podem ser acedidas gratuitamente em: www.mundodosanimais.pt/revista Visite-nos em: www.mundodosanimais.pt /mundodosanimais @mundodosanimais +MundodosanimaisPt © 2016 Mundo dos Animais