Todas as cores de Madri

Muito além de sua história, cultura e gastronomia, a capital da Espanha recebe todos os anos o maior festival do Orgulho LGBT do país com coração aberto. Vem conferir dicas preciosas para curtir o evento e a cidade!

Por DANIEL LENHARDT, da ESPANHA

Minha primeira viagem para a Europa não poderia ter sido mais especial e marcante. Tive a oportunidade de vivenciar a semana do Orgulho LGBT em Madri, capital do país. Levei comigo a minha grande amiga e atriz Kéfera Buchmann, que também é bissexual.

Todos os anos, no final do mês de junho, a cidade recebe milhares de pessoas que vão festejar o Orgulho LGBT de Madri (MADO), que é o maior festival do Orgulho LGBT da Espanha. As festividades duram uma semana inteira e incluem eventos lúdicos, culturais e esportivos –como a clássica Carrera de Tacones (Corrida de Salto Alto) –, shows e outros espetáculos, além da Conferência de Direitos Humanos LGBTQIA+ Madrid Summit. O ponto alto da celebração é a grande manifestação estadual do Orgulho, que acontece no primeiro sábado de julho e conta com desfiles e carros alegóricos que percorrem o Paseo del Prado.

A cidade é encantadora por si só, vibrante e muito acolhedora. Mas o que mais me surpreendeu foi o respeito dos espanhóis em relação às causas LGBT. Eu nunca vi isso no Brasil! Foi lindo e me emocionei, porque todo mundo lá veste a camisa, desde crianças e adultos até idosos. As bandeiras LGBTQIA+ estavam por toda parte e não havia briga, confusão e preconceito. É claro que o preconceito também existe, mas quase não presenciei. O respeito e o amor ao próximo predominam, independente do sexo. Por isso a festa, especialmente a marcha, foi tão mágica e inesquecível.

Ficamos hospedados no Radisson Blu, que é bem antigo, mas muito bonito. E a localização é perfeita para explorar a cultura e história local: no distrito El Barrio de las Letras, no centro do “Triângulo Dourado da Arte”, cercado por bares, restaurantes e charmosas ruazinhas, e próximo aos museus do Prado, Thyssen-Bornemisza e Reina Sofía, do Jardim Botânico Real e do Parque do Retiro.

E por falar em gastronomia, não faltam excelentes opções. A Casa Lhardy existe desde 1839 e é considerada o primeiro restaurante de luxo de Madri, localizada na Carrera de San Jerónimo. É simplesmente maravilhosa e diferente de tudo o que eu já conheci, desde a estrutura até a variedade de comidas. Também gostei muito do Dani Brasserie, do famoso chef Dani García, que serve a típica gastronomia de Andaluzia. Fica bem no centro da cidade, em um rooftop com vista espetacular.

Para ter uma autêntica experiência espanhola, não deixe de assistir a um show de flamenco, que é a música e a dança típica do país. Sugiro o Corral de la Morería, que ganhou o prêmio de melhor tablao de flamenco do mundo. E não é para menos: é realmente um espetáculo inesquecível! A comida servida é igualmente especial e tem como grandes destaques os caldos e molhos elaborados com produtos naturais de alta qualidade.

A vida noturna de Madri é incrível. No verão, escurece dez horas da noite, então dá para aproveitar muito. O que dizem por lá é que a cidade nunca dorme. Parecia que havia mais gente na rua de madrugada do que no carnaval no Rio de Janeiro – surreal mesmo! Todo mundo caminhando tranquilamente, sem perigo, sem briga. Adorei o Lula Club, um local super descolado, perfeito para dançar e com foco na diversidade.