Pintura de Rogério Ribeiro

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EXPOSIÇÃO

ROGÉRIO RIBEIRO

PINTURA GALERIA NOVA OGIVA | ÓBIDOS


Capa: Pormenor da série “Do Quotidiano” Óleo sobre tela 80 x 70 cm 2005


EXPOSIÇÃO

ROGÉRIO RIBEIRO

PINTURA GALERIA NOVA OGIVA | ÓBIDOS

EXPOSIÇÃO ROGÉRIO RIBEIRO |




ROGÉRIO RIBEIRO Coordenação Joana Aurélio | Rogério Ribeiro Textos Ana Isabel Ribeiro | Lígia Afonso Fotografia José Luís Braga | Rosa Reis Design gráfico Costa Valença Impressão e acabamento GTO 2000, Bombarral Tiragem 1000 exemplares Data Março 2007 Agradecimentos À Galeria Cordeiros e aos colecionadores privados que com a sua colaboração permitiram a realização da exposição e deste catálogo, a nossa maior gratidão.

Pagina 4 | Pormenor de “Campo de papoilas para Puig” Óleo sobre tela 114 x 146 cm 1973

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Pagina 5 | Pormenor de “Dor III” Óleo sobre tela 97 x 170 cm 1973


EXPOSIÇÃO

ROGÉRIO RIBEIRO

PINTURA GALERIA NOVA OGIVA | ÓBIDOS 10 de Março a 25 de Abril

TEXTOS SER AQUILO QUE REALMENTE É ANA ISABEL RIBEIRO ROGÉRIO RIBEIRO, O PINTOR DE PAISAGENS LÍGIA AFONSO

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Óbidos, 25 de Fevereiro de 2007 A escolha de Rogério Ribeiro para a quarta exposição desta novaOgiva vem ao encontro de um dos objectivos que temos para o espaço. Voltar a trazer à galeria quem por cá passou noutros tempos. E trazer a excelência. Quem melhor representa as Artes Plásticas. Quem, é hoje, uma referência indiscutível. Morou em Óbidos, na minha casa da Travessa de Santa Maria. Em família. Os filhos, a Ana, a Teresa e o João, partilharam os mesmos espaços que são hoje partilhados pelos meus. O Rogério, como eu, andou tantas e tantas vezes por todos os desníveis daquela casa. Desta casa. E é aqui, neste ponto, que quase desisto de escrever este texto. O ponto em que mais uma vez esbarro nas minhas memórias. As memórias que tenho de Óbidos, da galeria Ogiva. Memórias que não são verdadeiramente minhas porque são de tempos que não vivi. ‘Memórias’ foi o que chamei ao que escrevi no primeiro catálogo da novaOgiva. Por tudo isto. Pelos tempos e pelas memórias que fazem parte de mim, de que me orgulho, mas que não me largam e não me deixam seguir. Seguir sozinha. Achei que me ia repetir e não acrescentar nada. Mas ontem, sábado à tarde, no fim daquela que foi, espero!, a última revisão deste catálogo, percebi que

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alguma coisa tinha mudado. E que o texto que teimava em não sair ir fluir com uma enorme generosidade. Porque só com generosidade posso responder ao que recebi durante estes meses de trabalho. A generosidade com que fui acolhida, sempre sem fôlego, depois de subir ao quarto andar. Quarto andar do atelier do Rogério onde foi construída a exposição. Onde, generosamente, tudo foi pensado e planeado. Onde embarquei numa viagem pela diversidade da sua obra. Pela riquesa dos seus tarbalhos. Pela intensidade dos seus valores. Pela força da sua estética. E foi ontem, só ontem, depois de descer o último degrau e sair, que percebi que tinha dado a volta. O que vivi para fazer esta exposição já não estava no nível da memória. O que tive a sorte e o privilégio de viver para que esta exposição e este catálogo fossem possíveis fará parte das minhas memórias, mas agora representa a minha liberdade. Liberto-me, hoje, das memórias do passado, das memórias que não vivi, para começar a construir as memórias do meu futuro. As minhas memórias. Obrigada Rogério. Joana Aurélio Rede de Museus e Galerias C.M. Óbidos


Esta fotografia, que voltou ao meu encontro, por lembrança de Alberto Carneiro, acendeu recordações bem gratas que confortam e aquecem o coração. Quatro jovens artistas (Eurico Gonçalves, José Aurélio, Alberto Carneiro e Rogério Ribeiro), constituem a Mesa duma assembleia, do Movimento Democrático dos Artistas Plásticos, realizada na Ogiva no venturoso ano de 1974, local que vinha sendo berço de muita inquietação acontecida, de utopias acarinhadas, de muita força e vontade de viver. Voltar a expor nesta “casa”, tantos anos depois, com a inquietação, as utopias e a força já caldeadas pelo tempo, mas numa teimosia de continuar a viver, somos confrontados com outros “desafios”, que ao tempo da “assembleia” pareciam irremediavelmente arredados do nosso caminho. Há nos momentos de desesperança um grito que vem da rua, para que a maré não nos afogue e a esperança se mantenha na linha do horizonte. A luta continua!...como a vida, acrescento…

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Ser aquilo que realmente é Ana Isabel Ribeiro

“Escrever sobre o que é de «ver» obriga-nos a outro aparo, a ordenar de outro modo a atitude de pensar, a desenhar rabiscos curtos e caprichosos que quando tentam desmontar as imagens chamam a si o seu próprio gosto de significar.” - Rogério Ribeiro In Rogério Ribeiro. Pintura 1957-1987. Almada, Galeria Municipal de Arte, 1988. Dos anos 50 aos anos 70 – breves notas de um percurso Parte-se dos anos 70, década que, logo no seu início, é marcada pelo regresso do pintor Rogério Ribeiro ao ensino, agora na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa como assistente da cadeira de Pintura. É também nesta década que continua a aprofundar um campo de investigação e experimentação, iniciada nos anos 60, em torno do Design gráfico e de interiores e, de objectos. Realiza duas exposições individuais de pintura – uma na Galeria Ogiva (Óbidos, 1972) e uma outra na Galeria Judite da Cruz (Lisboa, 1973). Ambas dão visibilidade à sua breve incursão na arte abstracta e integram já obras que pré-anunciam o seu regresso ao figurativo. Outro momento importante nestes anos 70, é a exposição individual que o pintor realiza na Galeria Prisma (Lisboa), que termina oito dias antes da Revolução do 25 de Abril de 1974. Vigiada muito de perto pela PIDE, nela eram apresentadas pinturas cujas temáticas e práticas pictóricas, em continuidade com as duas mostras

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anteriores, confirmam a coexistência do abstracto e do figurativo e, reforçavam um sentido de denúncia e protesto contra a situação política então vigente. Será, exactamente a partir de Abril de 1974, que a sua pintura se reformula em novas e fundamentadas alegrias, expectativas e dúvidas, numa coerência lógica com a prática anterior. Para trás ficavam já cerca de duas décadas de trabalho, com visibilidade pública desde 1955, ano em que Rogério Ribeiro realiza a sua primeira exposição individual com as ilustrações para o romance Casa da Malta, de Fernando Namora que completa com desenhos e gravuras e que teve lugar em Lisboa, no espaço da Guimarães Editora. Em 1960 expõe na Galeria Gravura (Lisboa), seis pinturas e quatro gravuras. Só oito anos mais tarde realizará nova exposição individual (Galeria Divulgação, Lisboa). Paralelamente, está presente num número significativo de exposições colectivas, nomeadamente nas Exposições Gerais de Artes Plásticas (SNBA, 1954; 1955; 1956). Nestes anos desenvolve intenso trabalho como gravador, sendo sócio fundador da Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses – Gravura (1956), realiza experiências no domínio de painéis cerâmicos (1), a par de tapeçarias de grandes dimensões (2), desenvolve trabalhos nos ateliers dos arquitectos Falcão e Cunha e Sommer Ribeiro (1964) no domínio da arquitectura de interiores, integrando também a equipa do Serviço de Projectos e Obras para o estudo, preparação e mon-


tagem do Museu da Fundação Calouste Gulbenkian (1964). Já em 1970, como director do sector de interiores do gabinete de projectos Multiplano, trabalha com os arquitectos Carlos Roxo, Manuel Moreira e Carlos Tojal, no domínio da integração de obras artísticas, de materiais e estudos de cor. Dos anos 50 aos anos 70 – breves notas sobre o “fazer do artista” “Le dessin est témoignage de l’acte de dessiner comme le rêve de celui de rêver: (…).” MICHAUD, Philippe-Alain – Comme le rêve le dessin. Paris, Ed. du Centre Pompidou / Ed. du Louvre, 2005, p. 15 (3). Rogério Ribeiro desenha desde sempre, poder-se-á afirmar. Desenha, primeiro, como quem poderia escrever, porque apenas quer fixar. Isto, aquilo, qualquer coisa que o toca – como forma, como movimento, como cor ou, apenas como vida que acontece à sua volta. O desenho é um precioso auxiliar que o ajuda a situar-se a si próprio e que, neste sentido, começa desde logo a mediar a sua relação com o mundo. É através do desenho que descobre o real, que inventa as suas circunstâncias. Se inicialmente os seus desenhos, sobretudo os realizados no princípio dos anos 50, se ligam à sua geografia de vida – o Alentejo onde nasceu e que cedo deixa mas ao qual regressa com frequência e, a recolha do sargaço e os pescadores porque foi na Póvoa do Varzim que cumpriu o serviço militar – pouco depois, perdem esse sentido de registo, de diário desenhado, corporizando já o domínio do invisível que o próprio desenho em si convoca, criando códigos de representação autónomos. Os traços do desenho superam a sua instância de método de auscultação do real e dão início à pertinência de uma estrutura, de uma construção que cedo contamina a pintura. É a partir do desenho que toda a obra plástica de Rogério Ribeiro se urde, como se o desenho constituísse a tecitura de um texto em aberto que, sucessivamente, se

enriquece. É também através de e com o desenho que os conteúdos se estabelecem para depois se ampliarem nas suas formas de representação – surgem com nitidez os argumentos maiores e pertinentes do seu fazer, são eleitas as experiências vividas que importam sublinhar na sua descoberta do real, as personagens (figuras) ganham contornos, significados e sentimentos, diferentes espessuras. Ou seja: “O pintor pinta o que conhece e, nestes anos que são também de formação, não foge a um registo voluntariamente limitado de temas que sistematicamente vai explorando, mostrando figuras exemplares, mais fortes que sofredoras, participando numa «guerra à tristeza e à miséria» pela força da sua presença e da sua estrutura física.” (4) Situando-se num universo próprio, raramente urbano, que permanece ao longo dos anos 50 e onde predominam as representações individuais, verifica-se, depois, uma passagem para as representações de grupos. Nelas pode-se observar uma certa geometrização da composição que, gradualmente, leva Rogério Ribeiro a distanciar-se do seu referente real mais imediato. O traço do desenho (que, como referido está também e sempre presente na pintura), afasta-se cada vez mais do seu referente, emergindo então como que uma libertação do real que até então fora tão aturadamente descoberto. Ao longo dos anos 60, início dos anos 70, emerge um novo sentido de interpretação da(s) “coisa(s)” representada(s), ainda que o real permaneça como referente subjacente. Tal facto é em si revelador de uma reflexão outra (5), sendo evidente um sentido de distanciamento do representado em relação à forma como se representa, conducente a uma autonomização de uma percepção mais imediata e nítida do conteúdo da obra. O texto, nela implícito, necessita de uma outra mediação, já não e apenas uma apreensão directa com base na intuição. Vejam-se, por exemplo, as pinturas Página de Neruda (1974) e Proposta para um relato - I, II, III e IV (1974), expostos pela primeira vez na Galeria Prisma

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(antes do 25 de Abril) e presentes nesta exposição, que ilustram mais claramente tal constatação. Esta passagem é evidente na forma como o conteúdo se inscreve no suporte – o espaço passa a ter uma organização claramente geométrica. Este recurso permite a criação de planos distintos dentro da mesma composição enquanto partes integrantes de um todo, gerando tensões e distorções que a dinamizam. Amplas manchas cromáticas, lisas e intensas, servem os planos de fixação de elementos “onde a abstracção assume, pelo trabalho da cor e do movimento, valores significativos” (6), em consonância com a prática artística do seu próprio tempo. Nesta (quase) desestruturação do real vivenciado e visível, o pintor Rogério Ribeiro vai operando sempre uma narrativa das suas inquietações. A sua pintura denota uma consciência física e moral, logo ética, da presença das “coisas” do mundo, espaço nobre e contentor dos seus motivos de pintura. Vejam-se mais de perto as obras Um campo de papoilas para Puig (7) e Paisagem com interior, ambas de 1973 e presentes nesta exposição. Se, por um lado, os títulos situam o observador na objectividade dos acontecimentos e da sua representação, por outro, essa mesma representação dissimula e perturba uma objectividade mais imediata. É neste aparente distanciamento da representação para o representado que a pintura acontece, livre, mimando-se a si própria, como no segundo caso, onde duas pinturas coexistem no mesmo quadro, sendo a da parte inferior quase uma repetição da Proposta para um relato – III, antes referida. Deformar, distorcer, criar dinâmicas internas na tela apoiado na invenção da geometria dos planos onde se inscrevem os objectos e os pretextos de representação, não saindo nunca da Pintura, foi um caminho, breve, que serviu ao pintor para encontrar um novo devir pictórico. E ainda, “olhando o seu percurso a partir de hoje, vemos como as experiências de tipo abstracto, no exac-

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to contraponto formal com a década neo-realista que os antecedeu, são também um exercício de autoformação do pintor na evolução da sua pintura, onde nos encontramos primeiro com a terra neo-realista, depois com a semente abstracta e, finalmente, com uma multiplicidade dos dizeres.” (8) Depois dos anos 70 e antes de 2000 – breves notas Dos anos 70 (finais) aos anos 2000, ficam muitos quadros por referir, muita pintura, muitos desenhos, muitos painéis cerâmicos para ver. Por comodidade descritiva e economia do presente texto, refiram-se os diferentes momentos assinalados por José Luís Porfírio na sua monografia sobre o pintor Rogério Ribeiro e aqui já por várias vezes citada: - ilustrações para o livro de Manuel Tiago, Até amanhã, camaradas, realizadas entre 1975-1976. Este conjunto de cerca de 50 ilustrações veio a revelar-se de uma importância crucial no percurso artístico de Rogério Ribeiro, já que constituem como que um ponto de partida que sintetiza, simultaneamente, dúvidas e respostas que o artista se colocava face ao modo de dar continuidade ao seu trabalho, como que numa demanda em torno da utilidade e sentido do seu ofício no contexto específico do Portugal de então, um país que vivia a intensidade da liberdade reencontrada e que procurava ainda os seus próprios e novos caminhos; - a Revolução de 1383-1385. Também em torno deste tema, tal como na situação anterior, o pintor Rogério Ribeiro realizou um conjunto de ilustrações, agora a partir da crónica de Fernão Lopes, que deu origem a cerca de duas dezenas de exposições de norte a sul do país. Posteriormente foram editadas num álbum de litografias, prefaciado por António Borges Coelho. Esta temática, que se reflectiu na pintura, recentra novamente as preocupações sociais do artista, enfatizando um momento


histórico que teve o povo e o poder popular como principais protagonistas; - as temáticas do “Teatro” (início dos anos 80), dos pátios – cordas e sacos e, depois, o “Atelier” (já na segunda metade dos anos 80). Nas exposições individuais que o pintor realiza neste período é visível, mais na pintura do que no desenho, o acentuar de uma dimensão onírica na qual as personagens incorporam e personificam o colectivo, agora mais subjacente e indirecto na representação. A pintura encena-se a si própria, interroga-se em teatros inventados, a realidade é constrangida e suspensa por cordas, em sacos. O todo, agora reduzido, alcança maior intensidade dramática. - a Revolução Francesa (finais dos anos 80) e a “Leitura” (início dos anos 90). Este período pode ser polarizado em torno de quatro exposições individuais (Porto, Cooperativa Árvore e Lisboa, Galeria Nasoni, em 1990; Lisboa, Galeria Triângulo 48, duas mostras em 1991) nas quais a pintura de Rogério Ribeiro, de apelo fortemente histórico (“J’ecris ton nom…”, “Do Atelier do Pintor” e ciclo Leitura), a par dos desenhos (“Caderno de Abril”, “Desenhos de Primavera” e “Em Abril Flores Mil”), tem um carácter evocativo e celebrativo, porém contaminado por um certo desalento e desentendimento do artista com o seu próprio tempo e contexto histórico mais recente. Surgem coroas de flores, quase ou mesmo funerárias, a paleta escurece, nas cenas de interior em atelier aprofunda-se a meditação do ofício através da homenagem a outros pintores clássicos. O silêncio impera – “Os mais poderosos elementos numa obra de arte são, muitas vezes, os seus silêncios.” (9) –, a par da quietude inquietante da representação pictórica. - o Carnaval do Mindelo. Uma viagem a Cabo Verde em 1991, a convite da Associação de Amizade PortugalCabo Verde, com vista à realização de um projecto de reaproveitamento do campo de concentração do Tarrafal e sua transformação em Memorial (projecto não execu-

tado), veio a revelar-se fundamental, logo no ano seguinte. A exposição “Carnaval no Mindelo” (Porto, Galeria Nasoni), indicia o reencontro do pintor não só com a cor, agora festiva, mas também com a dimensão lúdica da representação na pintura. Plenas de movimento, estas obras contrariam o estaticismo patente nos seus trabalhos em anos imediatamente anteriores. - os painéis cerâmicos. 1996 assinala o regresso do pintor Rogério Ribeiro a um intenso trabalho no domínio da azulejaria, correspondendo a uma série de encomendas públicas de painéis de grandes dimensões, no país e no estrangeiro: “Azulejosparasantiago” (Estação de Metro de Santa Lúcia, Metro de Santiago do Chile, 1996); “Mestre Andarilho” (Fórum Municipal Romeu Correia, Almada, 1997); Estação dos Caminhos de Ferro de Sete Rios (Lisboa, 1999) e “Azulejosparausuqui” (Arquivo Histórico Nambam, Usuki, Japão, 1999). Em síntese, e recorrendo novamente à monografia antes mencionada, poder-se-á afirmar que “Entre 83 e 95 a pintura de Rogério Ribeiro vive um ritmo sincopado, de cheios e de vazios, povoada, despovoada, povoada de novo; é, mais explicitamente que nunca, meditação sobre si própria e modo de ir olhando o mundo, com o seu presente e o seu passado juntos, num gesto que se constrói quadro a quadro, também como testemunha, como solidão ou companhia, como experiência, sempre.” (10) Em 2000, abre-se um outro caminho na obra de Rogério Ribeiro que denota uma nova reflexão sobre os conteúdos da pintura (11). As obras que integram a exposição Ícaro (realizada em Lisboa, no Palácio Galveias em 2000 e, no ano seguinte no Porto, na Cordeiros Galeria), alcançam novas dimensões cenográficas de quietude e isolamento, discorrem metaforicamente em torno da mitologia clássica. Ícaro assume nestes quadros uma dupla acepção simbólica – ele é, simultaneamente, um mito e um paradigma do sonho

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de impossibilidade, pagando com a sua própria vida o preço da sua ousadia. “Ensaiar voar”, “Ousar a viagem” e “Labirinto” (convocando o Minotauro na sua incessante busca da possibilidade da saída) são os três grupos que estruturam esta temática e que, de algum modo simbolizam, também em jeito de metáfora, um ritual de passagem que se opera na produção do pintor cujo percurso artístico se construiu em ensaios sucessivos, em ousadias de partidas e de falsas partidas e que, por tantas vezes se viu enredado em (im)possibilidades de caminhos. A dinâmica da partida implicada na viagem, o sentido de mudança (da deslocação de um para outro lugar), é mais implícita do que explicita dando conta de um qualquer movimento, protagonizado pelo próprio pintor, numa tentativa de se superar a si próprio. Como quem tinha um encontro marcado, porém, novamente e sempre, com a Pintura. Ao acolher Ícaro nas suas telas e conferindo-lhe um rosto, uma identidade, implicando os outros que lhe vieram em auxílio, como quem se voluntariza para viver um sonho emprestado, Rogério Ribeiro sublinha uma necessidade de acção gregária tantas vezes sufocada na sua pintura. Como já foi afirmado por Eduardo Paz Barroso, “a fantasia, a pintura como cena aberta, o atelier como lugar fundador de possibilidades, conjugação da materialidade e do ficcional numa realidade outra, que a si própria se encena e depois se desmultiplica em alusões literárias” (12), atinge nesta série de pinturas expressão maior. Dos anos 2000 – breves notas sobre o “fazer do artista” “Uma obra de arte vista como obra de arte é uma experiência, não é uma declaração nem a resposta a uma pergunta. A arte não é apenas sobre qualquer coisa; é qualquer coisa. Uma obra de arte é uma coisa no

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mundo, não apenas um texto ou comentário sobre o mundo.” SONTAG, Susan – Contra a interpretação e outros ensaios. Lisboa, Gótica, 2004, p. 41. O desenho e a pintura foram sempre para Rogério Ribeiro uma declaração de inconformismo redigida numa gramática pessoal, servida, ao longo dos anos, por uma caligrafia mutável, porém, coerente. É um inconformismo aberto e estabelecido em relação a todas as “coisas” do mundo, a todas as “coisas” da vida do mundo. Neste sentido, a pintura surge no pintor como uma necessidade vital, como uma espécie de manual de sobrevivência e entendimento do mundo, onde balança o real e o onírico, o espanto e a resignação, mas também a raiva, a revolta e a impotência de poder agir directamente sobre a dor e a amargura. Talvez por isso, “a essência humana, com as suas contradições, confronta-se com uma ânsia de infinito” (13), evidenciada nos traços da representação, mas contida nas dimensões dos papéis e das telas onde esta se plasma sem geografia definida e, incomoda. São muitas as imagens das vozes, dos sons da dor e da morte que diariamente assaltam o nosso quotidiano e que, apenas com um gesto, podem ser interrompidas. Hoje, pode-se escolher entre o ver e o não ver, o que não é o mesmo que ignorar. E porque quem vê tem a consciência do “outro” como um igual a si, só que teve a pouca sorte de nascer num outro lugar, muitas vezes há a uma recusa ou, talvez apenas, pudor, de emprestar ou partilhar as nossas lágrimas, de chorar os filhos dos outros, porque isso seria uma forma de chorarmos a morte dos nossos próprios filhos. Como resposta e, simultaneamente, como forma de questionar os absurdos do mundo, “movido pelo assombro violento que carrega, o pintor apresenta cenas


e indícios do nosso tempo numa prática que não é vulgar na pintura contemporânea, particularmente em Portugal”, transformando-os “num projecto criativo, emotivo e dramático” (14). Porém, destas suas representações desprende-se uma visão poética intensa, o lápis ou o pincel adoçam os contornos das figuras que se amparam, suspensas num qualquer tempo e num qualquer lugar, sem ambição de fuga, como que pousando no seu desespero, alheias à presença do pintor. A citação e o recurso ao modelo clássico da pièta é, nestas composições, “transformado e readaptado até perder a conotação meramente religiosa e abarcar um conjunto de valores sintomáticos de uma dor civilizacional, (…)” (15), onde a morte está, apenas, ao alcance da mão. Outras pinturas e desenhos destes anos 2000, numa diferente formulação mas servidas pelo mesmo pano de fundo, apresentam grupos de figuras em movimento (da direita para a esquerda) que protagonizam a cegueira, uma cegueira (in)voluntária, já que as suas mãos estão livres para tatear o caminho. Vejam-se as obras patentes nesta exposição, O pão nosso de cada dia e A Porta da Noite, de 2005. Guiados por um guia ausente, ou talvez omnipresente, respondendo a um qualquer chamamento, todos seguem na mesma direcção, como autómatos desprovidos de vontade própria, de força anímica que os obrigue à inflexão do sentido do caminho. Já anteriormente, Rogério Ribeiro tinha sujeitado as suas personagens a diferentes cegueiras, como por exemplo, recorrendo a máscaras que, ocultando os rostos, privando-os da sua identidade, como que “massificavam” e universalizavam os corpos representados, escondendo emoções, ficando apenas em aberto a possibilidade de as intuir. Elegendo o mundo como o lugar e o pretexto maior, Rogério Ribeiro transmuta na sua pintura a realidade tangível criando um reportório sígnico próprio que vem,

sucessivamente, enriquecendo e reformulando. Estas obras, tendo o real como referente, apelam ao conhecimento, à experiência e aos valores (incluindo os éticos e os morais) de quem as vê, não dando grande margem à indiferença. É por isso que a obra deste pintor se alicerça na autenticidade do seu ser e do seu fazer, movendo-se nas contingências da alegoria e da metáfora, sem fazer de conta que não quer ser aquilo que realmente é.

Notas (1) É em 1956 que, por encomenda da Câmara Municipal de Lisboa, realiza o seu primeiro painel cerâmico para a Escola Primária do Alto dos Moinhos (Lisboa). Executa depois mais dois painéis: um para a Fábrica de Fermentos Holandeses (Porto, 1959) e outro para a Estação Avenida do Metropolitano de Lisboa (1960). (2) Executa na Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, em 1961, a sua primeira tapeçaria para o edifício da Reitoria da Universidade de Lisboa. Seguem-se outras encomendas: Sociedade de Tapeçarias, 1962; Banco Pinto & Sotto Mayor, 1964; Galeria InteriorCOSEC, 1964; Banco Fonsecas & Burnay, Porto, 1967; Instituto Luso-Fármaco, 1967, Hotel Balaia e Palácio da Justiça, Oeiras, ambas em 1967; e, Departamento da Universidade de Coimbra, 1968. (3) MICHAUD, Philippe-Alain – Comme le rêve le dessin. In catálogo da exposição “Comme le rêve le dessin. Dessins italiens des XVIe et XVIIe siècles du Musée du Louvre. Dessins contemporains du Centre Pompidou”. Paris, Ed. du Centre Pompidou / Ed. du Louvre, 2005, p. 15. (4) PORFÍRIO, José Luís – Rogério Ribeiro. Porto, Campo das Letras Editores, 2003, p. 56.

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(5) “A reflexão, de facto, não produz uma cópia neutra da realidade, mas define e focaliza os acontecimentos da realidade em função de uma nova compreensão, diferente dos modelos do naturalismo e dos de postura idealista.” In CARCHIA, Gianni; D’Angelo Paolo – Dicionário de Estética. Lisboa, Ed. 70, 2003, p. 303 (6) Ou seja: “Não se radicando a nada, essas abstracções são destituídas de referente imediato, mas não deixam, ao compartimentarem e instituírem uma hierarquia de espaços dentro do espaço da tela, de se assumir como fragmentos de paisagens que, desrealizadas na quadratura da tela, convocam, mesmo assim, a presença de lugares caros ao pintor, nomeadamente as searas alentejanas.” ROSENDO, Catarina – Descobrir, confrontar e libertar-se do real (ou a revelação do pintor pelos caminhos de uma “estética do sentimento”). In catálogo da exposição “Rogério Ribeiro. Desenho – Primeiro Inventário e Desenhos Recentes”, Almada, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, 2003, p. 25.

(11) “O objectivo da reflexão é a descrição do homem na plenitude do seu ser e do seu mundo social. Por isso, a reflexão privilegia o ideal do realismo e associa-se preferencialmente a poéticas de inspiração clássica, ou seja, poéticas que defendem o valor estético da forma.” In CARCHIA, Gianni; D’Angelo Paolo – Dicionário de Estética. Lisboa, Ed. 70, 2003, p. 303 (12) BARROSO, Eduardo Paz – Rogério Ribeiro e a necessidade da história. In “Rogério Ribeiro. Uma monografia”. Porto, Ed. Cordeiros Galeria, 2006, p. 141. (13) Idem, p. 73. (14) CASTRO, Laura – Leitura do nosso tempo. In “Exposição – Rogério Ribeiro, desenho”. Porto, Árvore, 2004, p. 7. (15) Idem.

(7) “(…). O campo de papoilas é uma paisagem reconstruída num espaço, o quadro, que, todo ele, é também, metaforicamente, uma prisão de onde saem gritos transformados na própria pintura. Não se trata de testemunhar o que não se via directamente, embora tudo se passasse aqui mesmo ao lado nas prisões franquistas, mas de o dizer em pintura a partir de uma linguagem reelaborada onde a ausência do ícone se transforma ela própria em iconografia.” In PORFÍRIO, José Luís – Rogério Ribeiro. Porto, Campo das Letras Editores, 2003, p. 186. (8) Idem, p. 73. (9) SONTAG, Susan – Contra a interpretação e outros ensaios. Lisboa, Gótica, 2004, p. 60. (10) PORFÍRIO, José Luís – ob.cit., p. 95.

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Alvo Óleo sobre tela 130 x 95 cm 1972


A agressão Óleo sobre tela 81 x 100 1972

Emblema Serigrafia 1972

Desenho Tinta da china sobre papel 40 x 50 cm 1972

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Paisagem Óleo sobre tela 140 x 116 cm 1972

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Assalto Óleo sobre tela 160 x 130 cm 1972

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Proposta para um relato (I, II, III, IV) Óleo sobre tela 140 x 116 cm 1972

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Paisagem com interior Óleo sobre tela 140 x 116 cm 1972

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Campo de papoilas para Puig Óleo sobre tela 114 x 146 cm 1973

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Casa clandestina Óleo sobre tela 163 x 130 cm 1975

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Página de Neruda Óleo sobre tela 114 x 146 cm 1974

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Pintor de paisagens óleo sobre tela 100 x 100 cm 1998 | 2000

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Rogério Ribeiro, o pintor de paisagens A determinação do lugar é profundamente evidente nos trabalhos de Rogério Ribeiro. Há um comprometimento simultaneamente antropológico, político e especulativo/ contemplativo com o território, resultado de uma inquietação permanente que se funda numa sóbria consciência da condição humana, que se traduz na necessidade do seu conhecimento analítico e posterior representação imagética. É em poesia pintada que essa presença do espaço se materializa. Foi assim, primeiro, em Estremoz, onde nasceu e para onde voltou para trabalhar num atelier situado na antiga prisão, com um terraço que se estendia, sobranceiro, sobre a paisagem. Da revelação do Alentejo inicial, de amplas searas povoadas de históricos camponeses, ficou, para sempre, a amplitude do horizonte cuja linha o calor do meio-dia esbate e torna manchas ambos, céu e campo. Há, porém, uma profundidade ascensional

em cada um desses registos, uma sobreposição vertical de planos horizontalmente compartimentados, degraus que distinguem com rigor geométrico a qualidade cromática das futuras colheitas, marcadas em gesto pintado pela força do vento que as dobra. São pedaços da própria terra, na sua infinita variabilidade tonal, tornada matéria pictórica (“Paisagem”, 1978 |1).

lugar ao modelo que pousa serenamente frente à tela. A inversão permite a dupla entrada do primeiro dentro da obra, passando a povoar, ele próprio, a paisagem já pintada e cuja perspectiva aérea é a representação metafórica do seu fluir sensível naquele espaço que é o seu. A paisagem representada em janela é afinal a geografia emocional que justamente determina o pintor.

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Ficou também a necessidade da paisagem enquanto género e assumido o lugar inequívoco da sua presença no quadro. A paisagem é-lhe, aliás, pretexto maior, entendida como ilimitado cenário de vida. Em “O retrato” (1988 |2) o pintor cede

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O pintor de paisagens cerra os olhos e transforma a Natureza, feita planície, em poema atmosférico.

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Adormecido no terraço, parece deixar assim dominar-se por esse horizonte desmesuradamente extensível (“Paisagem”, 1984 |3 |4), mais tarde verticalizado, abstractizado e tornado fundo.

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O pintor de paisagens viaja com a comoção que define o seu pensamento plástico. São muitas as que escolhe para olhar, o que para ele é viver, mais demoradamente: de Estremoz a Lisboa, Lagoa e Rymättyla. Em cada novo ambiente o atelier é endereço principal, laboratório alquímico para a convocação do espaço mnemónico do qual o remapeamento sistemático é elaboração sintética. Recoloca-se, em permanência, no mundo e faz-se outro. O pintor de paisagens conhe-

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ce-as bem e pinta-as de dentro de si para o quadro e daí para o quadro outro. Ladeia-as de pincéis, modelos, objectos-indício de naturezas-mortas, cavaletes com telas, cavaletes sem telas, telas sem cavaletes encostadas no chão e na parede onde habitam já, ou não ainda, personagens de pintura sonhada ou vivida. Porque é lado a lado que ficam na lição de pintura. A mesa dos materiais e fragmentos tem um quadro de Watteau (“A mesa dos materiais e fragmentos com quadro de Watteau”, 1989 |5) onde as figuras festivas se deixam olhar por entre a frondosidade barroca do arvoredo do parque ou do jardim que os esmaga, frívolos e magnânimes.

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Assim se pinta o pintor de paisagens, pintando sob essa massa verde cuja escala desmesurada o engole mas não lhe retira a luz. Recoloca-se, mais uma vez, no mundo, e sai para a rua com o atelier que Courbet quis inspirador, povoando-o (“O Pintor de Paisagens”, 1998/2000).

Em “Quadros para uma exposição” (2001 |6) estão também já presentes elementos estruturantes das duas séries que constituem o núcleo que aqui se apresenta.

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Num plano avançado da composição ilusionista, há um quadro em que uma figura feminina parece querer sair dele. Está deitada num chão de pedra, frente a um arbusto que é desenvolvimento cenográfico da planta que em cima do plinto se revela num vaso. O chão é simultaneamente a toalha de repouso da mulher que podia ser modelo tridimensional da sesta a representar. Não dorme, porém, ao contrário do artista que, apesar de em pé, com ela assim se misceniza. As séries Sesta (2000/2001) e As jardineiras (2001/2002) são temáticas projectivas da experiência sensível do pintor, em partilha com os outros e medido com a Natureza.

As sestas não são registo etnográfico (ou até bruegeliano) dos costumes sulistas mas devem-lhe a lentidão das tardes, a sonolência das horas, o descanso como contraponto desapressado ao trabalho e as ceifeiras adormecidas do Pavia. São elogios à paz e à tranquilidade onde personagens genéricas e seriais, geralmente femininas, habitam solitárias, por vezes acompanhadas mas em restrita comunicação corporal, cenários de uma natureza domesticada. Coreográficas, escultóricas e mais ou menos desnudadas, são dramáticas figurantes de corpo dourado actuando, inertes, em profundos silêncios de sol e sonho. Vénus adormecidas em conforto fetal, inata liberdade ou abraços piedosos, parecem ter brotado ali, em comunhão com as paredes de folhagem estival que as circundam. Estão, no entanto, deliberadamente em cena e o seu palco é o atelier, de cujos vestígios construtivos, cuidadosamente ocultados ou desocultados, a estrutura concebida na preponderância dos pés e mãos beneficia. |6 Em Lagoa, onde desenvolve esta série, o atelier assume, novamente, lugar principal, estendendo-se à natureza que serve a descodificação


do universo. “Como é que se pinta uma folha?” No espaço terra anteriormente vazio, montava, arquitectava e deixava-o depois construirse, em verdes e em majestade. A densidade cromática e lumínica impressiona, seduz e estimula. “A qualquer hora tudo aquilo muda, tudo aquilo roda, tudo aquilo é outra coisa”. Pinceladas luz projectam-se, experimentais, em matéria orgânica e resultam folhas em ramos de arbustos frondosos, transportados por negros de sombra que são o seu suporte expressivo. Em quebra horizontal encontramse os corpos cuja indumentária reflecte temporariamente a luz, constrangida apenas nas suas pregas naturais. Ocres, brancos e vermelhos jogam em rigorosos equilíbrios compositivos nestas pinturas onde o comportamento vegetal parece mimar, protegendo e consentindo, a presença humana. |6

Os “Campos [de batatas] de Rymättyla” (1989 |7) reafirmam a importância da região e da paisagem enquanto possibilidades infinitas de assimilação poética dos valores mais profundos da Natureza. É na Finlândia que Rogério Ribeiro descobre, algures entre o mar e a floresta, o seu lugar de refúgio e a sua vontade interior

de espaço imensurável. São horizontes a perder de vista, árvores monumentais em sabedoria arcaica, choques profundos entre as diferentes estações.

nórdico feito luz é transformada em tela. Os rios e lagos congelados, tornados caminhos virgens, redimensionam o espaço físico reivindicando a dinâmica universal das forças naturais. |6

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“Vês nascer a primavera ali contigo, e dá-te uma alegria sair do frio, começar a tirar camisolas e respirar fundo o ar já transparente. O gelo desaparece e começa o mundo a rebentar por tudo quanto é canto…e isto é apenas numa semana. No Outono começa tudo a ficar amarelo, depois quase vermelho e, logo a seguir, vês as folhas todas no chão. No Inverno não encontras nada, é tudo branco, não sabes onde é que o lago começa ou acaba nem onde há casas, é apenas uma coisa branca, a estrada está limpa mas de resto não temos referências. Essa perda de referências baralha, não tens onde te agarrar. As casas estão dentro da floresta, está tudo guardado e, de repente, estás em Helsínquia”. A novidade dos valores do branco

De uma pureza quase infantil, estas pinturas são demoradas e sonolentas. O pintor olha-as muitas vezes. “Estes são quadros lentos, nenhum deles se constrói rapidamente, são coisas de depósito, que vais visitando, vais fazendo, apetece…vais deixando ficar, vais fazendo, e vais deixando andar, vais controlando…”. Pinta vários em simultâneo, de uns para os outros, até encontrar-lhes o seu alfabeto particular, porque “às vezes tens uma cor ali que é a cor que é a que estás à procura noutro sítio, e então é melhor colar já”. São espectáculos de flores, plantas, frutos, árvores, perfumes, jardins, matas, hortos, estufas, floristas em praças e mercados que sublimam a harmonia da natureza, quando assim observados em detalhe Bonnardiano. O “Jardim das macieiras” (2003) parte desse fascínio, desse desejo de ser novo ali, em profunda comunhão com o mundo. No pomar das macieiras uma criança subia, de quando a quando, um frágil escado-

te encostado a uma das árvores gulosas de maçãs. Detinha-se a apreciar quais, de entre todos os vermelhos, se permitiam desejar agora e toldava-lhes o brilho numa cesta. O pintor deixava-se maravilhar com o espectáculo da cor e questionava, também menino, os limites dos espaços, construídos em escada, para se lançar em voo numa fuga ascensional. Conquistava, qual Ícaro, de novo o universo e passava a contê-lo em si e a sê-lo em sonho. As Jardineiras focalizam esses momentos em que a magia é sentida em luz e explodida em cor. As figuras fundem-se em linhas, como o pintor, no lugar edénico onde se arborizam, “são modelos como as rosas”. A geometria ortogonalmente encenada é progressivamente ocultada e são redistribuídos os papéis. Tu és folha e tu és água, fresca. “Porque quando podemos olhar para uma árvore também já não é mau…”

Lígia Afonso

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Sesta I Acrílico sobre tela 100 x 100 cm 2000 | 2001

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Sesta V Acrílico sobre tela 100 x 100 cm 2000 | 2001

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Sesta IV Acrílico sobre tela 100 x 100 cm 2000 | 2001

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Jardineiras II Óleo sobre tela 110 x 140 cm 2001 | 2002

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Jardineiras Óleo sobre tela 110 x 140 cm 2001 | 2002

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Jardineiras Óleo sobre tela 81 x 100 cm 2003

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Jardineiras III Óleo sobre tela 110 x 140 cm 2001 | 2002

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Jardim das macieiras Óleo sobre tela 110 x 140 cm 2003

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A porta da noite Óleo sobre tela 150 x 150 cm 2005

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Do Quotidiano Óleo sobre tela 80 x 70 cm 2005

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Do Quotidiano Óleo sobre tela 80 x 70 cm 2005

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Dor II Óleo sobre tela 97 x 70 cm 2000 | 2002

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Dor III Óleo sobre tela 97 x 70 cm 2000 | 2002

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Tanta voz rasgada Tinta da china sobre papel 38 x 38 cm 2004

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Tanta voz rasgada Tinta da china sobre papel 38 x 38 cm 2004

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Da esperança que se afunda Tinta da china sobre papel 27 x 40 cm 2004

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Da esperança que se afunda Tinta da china sobre papel 27 x 40 cm 2004

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Da esperança que se afunda Tinta da china sobre papel 27 x 40 cm 2004

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Da esperança que se afunda Tinta da china sobre papel 27 x 40 cm 2004

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Fotografia de Rosa Reis

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ROGÉRIO RIBEIRO | Dados biográficos Natural de Estremoz (1930). Faz a sua formação académica em Pintura, na ESBAL (1963). Expõe individualmente desde 1954, tendo participado, a partir de 1950, nas Exposições Gerais de Artes Plásticas e em várias mostras colectivas nacionais e internacionais. Desde 1954 tem efectuado trabalhos de ilustração para os livros de Fernando Namora, Casa da Malta (1954) e Minas de S. Francisco, Lisboa, Guimarães Editores (1955), para Alves Redol, A Vida Mágica da Sementinha - Uma Breve História do Trigo, Lisboa, Publicações Europa-América (1956), para Manuel Tiago, Até Amanhã, Camaradas, Lisboa (1976 e 2000), para António Borges Coelho, A Revolução de 1383, Lisboa, Editorial Caminho (1981) e para Manuel Alegre, Praça da Canção, Porto, Campo das Letras (1998), e ainda as realizadas para as obras A Flor da Utopia, de Urbano Tavares Rodrigues (2003) e o Triunfo do Amor Português, de Mário Cláudio (2004), entre outros. Trabalha em cerâmica por encomenda de particulares, empresas e organismos oficiais, realizando painéis, nomeadamente para: Banco Português do Atlântico, Lisboa, Escola Primária do Alto dos Moinhos, Lisboa (1956), Fábrica Petroquímica, Porto (1959), Estação Avenida, Metropolitano de Lisboa (1960), Casa de Portugal da Cidade Universitária de Paris e Banco Fonsecas e Burnay, Porto (1967), Centro Cultural de Mora (1987), Centro de Trabalho do PCP, Barreiro (1992), Estação Santa Lucia, Metropolitano de Santiago do Chile (1996), Forum Municipal Romeu Correia, Almada (1997), Estação de Caminhos de Ferro de Sete Rios, Lisboa, Arquivo Histórico Nambam, Uzuki, Japão (1999), Cine-Teatro de Lagoa, São Miguel (2001), Igreja de Ramalde, Porto (2002) e, em 2004, O Lugar da Água, painel de azulejos colocado no exterior do Museu dos Banhos Romanos (Beja). Sócio fundador da Gravura-Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses (1958), desenvolve intensa actividade como gravador, especialmente nos primeiros anos da sua carreira. Professor na ESBAL desde 1971 (-2000), lecciona as disciplinas de Desenho, Tecnologia da Gravura, Pintura, Design Industrial de Equipamento, Teoria e História do Design e Projecto e Orçamento.

Desenvolve trabalhos no âmbito do Design de Equipamento e Gráfico (1964) e colaborou com vários arquitectos nos estudos de cor e integração de materiais e trabalhos artísticos. Em 1971 realiza o primeiro cartão para a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre (Edifício da Reitoria da Cidade Universitária de Lisboa), tendo-se seguido trabalhos para: Banco Português do Atlântico, Sociedade de Tapeçarias (1962), Banco Pinto & Sotto Mayor, Portalegre e Galeria Interior / COSEC (1964), Banco Fonsecas & Burnay, Porto, Instituto Luso-Fármaco, Lisboa, Hotel da Balaia e Palácio da Justiça, Oeiras (1967), Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra (1968) e Fórum Municipal Romeu Correia, Almada (1997). Dirige, entre 1988-2002, a Galeria Municipal de Arte de Almada e, entre 1993-2002, a Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea, para a qual realizou o design de equipamento e concebeu o projecto museológico e tendo sido responsável, em ambas as instituições, pelos projectos de exposição e design de catálogo. No ano 2000, a Câmara Municipal de Almada atribuiu-lhe a “Medalha da Cidade de Almada”. Em 2002, concebe e executa um apinel cerâmico para o exterior da igreja de Ramalde, Porto (projecto do Arq. Moraes Soares). No ano seguinte, realiza ilustrações para o livro A Flor da Utopia, de Urbano Tavares Rodrigues. Em 2004, cria as ilustrações para os livros Triunfo do Amor Português, de Mário Cláudio e O Claro Interior, de Amadeu Baptisto. Memorial Tributo a José Afonso, na Associação Recreativa onde foi cantada pela primeira vez Grândola, Vila Morena, Grândola. Ainda nesse ano, desenha e executa o painel de azulejos O Lugar da Água, no Museu dos Banhos Romanos, Beja (projecto do Arq. Sequeira Mendes). Em 2005, cria o Memorial ao Poder Local Democrático, Museu da Cidade, Almada. Concebe também o painel de azulejo para o município de Alfândega da Fé, realizado em colaboração com Alberto Péssimo, Américo Moura e Pedro Rocha. Comissaria a exposição Um tempo e um lugar – Dos anos 40 aos anos 60 – Dez Exposições Gerais de Artes Plásticas, Vila Franca de Xira, Celeiro da Patriarcal.

Em 2006, recebe a Medalha de Ouro da Cidade de Estremoz. Apresentação pública na Cordeiros Galeria, do livro Rogério Ribeiro, Uma Monografia, da autoria de Eduardo Paz Barroso, com intervenção de José Saramago. Está representado em diversas colecções públicas nomeadamente: Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian; Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes, Mirandela; Museu Grão Vasco, Viseu; Museu do Desenho, Estremoz; Reitoria da Universidade de Lisboa; Câmara Municipal de Almada; Instituto Luso-Fármaco, Lisboa; Banco Fonsecas & Burnay, Porto; Banco Português do Atlântico, Lisboa, Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta, Gouveia. Exposições individuais (selecção) 1954 Lisboa, Livraria Guimarães 1958 Madrid, Galeria Abril Lisboa, Galeria Gravura SCGP 1972 Óbidos, Galeria Ogiva – Pintura (Abr.) 1973 Lisboa, Galeria Judite Dacruz 1974 Lisboa, Galeria Prisma 73 – Pintura, Desenho e Serigrafia (3-16 Abr.) 1977 Lisboa – 1ª Bienal da Festa do Avante: 50 Ilustrações para o livro “Até Amanhã, camaradas” de Manuel Tiago 1979 Sofia, Galeria Nacional de Arte 1981 Lisboa, Casa do Alentejo – Pintura 1974 – 1980 (Mar.) Estremoz, Biblioteca da Câmara Municipal de Estremoz – Pintura . Desenho . Ilustração (Out.) Torres Vedras, Museu Municipal de Torres Vedras – Desenho e Gravura (10-17 Nov.)

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1982 Porto, Cooperativa Árvore – Pintura e Desenho (30 Abr.-16 Maio) 1983 Setúbal, Museu de Setúbal – Desenho / Pintura (Abr.-Maio) Cascais, Galeria Diagonal – Jornal de Atelier (4-24 Nov.) 1983-1985 Setúbal | Venteira | Barreiro | Chamusca | Évora | Estremoz | Marinha Grande | Lisboa | Almada | Amadora | C. Branco | Lisboa | Fronteira | Sesimbra | Alvito | Viana do Castelo | Figueira da Foz – Exposição Itinerante: Ilustração da Revolução de 1383-1385 1984 Lisboa, Galeria Ana Isabel – Desenho . Pintura (Nov.) 1985 Lisboa, Fonte Nova Galeria de Arte – Pintura e Desenho (Abr. ) 1986 Porto, Galeria Nasoni 1988 Guimarães, Galeria de Arte da Pousada de Santa Marinha – Rogério Ribeiro (Fev.-Mar.) Lisboa, Galeria Triângulo 48 (5-28 Abr.) Almada, Galeria Municipal de Arte – Pintura 1957-1987 (Jun.) 1989 Porto (Galeria Nasoni) – O Atelier, a Paleta, os Anjos e o Pintor em exposição (Jan.- Fev.) Lisboa, Galeria João Hogan – Caderno de Abril, Desenhos da Primavera e afins 1990 Porto, Cooperativa Árvore – Caderno de Abril, Desenhos da Primavera e afins Lisboa, Galeria Nasoni – J’écris ton nom.../ Do Atelier do Pintor / Em Abril flores mil (Jun.) 1991 Lisboa, Galeria Triângulo 48 – Pintura (24 Out.23 Nov.) 1992 Porto, Galeria Nasoni – Carnaval no Mindelo (Mar.) Paris, Galerie Magellan – Rogério Ribeiro (Nov.) 1994

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Montemor-o-Novo, Galeria Municipal | Amadora, Galeria Municipal – Um Quadrado Azul, Uma Ilha, Um Pôtro, Sete Bruxas, Sete Medos, Alguns Valentes e um Pintor. 23 Abr.-Maio | Set. Estoril, Galeria Arcada – Pintura (27 Maio-30 Jul.) 1995 Vila Franca de Xira, Galeria Municipal de Vila Franca de Xira – Um Quadrado Azul, Uma Ilha, Um Pôtro, Sete Bruxas, Sete Medos, Alguns Valentes e um Pintor (Abr.) Évora, Palácio D. Manuel I (Jun. - Jul.) 1996 Porto, Cooperativa Árvore) | Almada, Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea – AzulejosparaSantiago 12 Abr. - 8 Maio / 1 - 30 Jun.) Sines, Centro Cultural Emmerico Nunes – Rogério Ribeiro - Exposição e Gravura (9 Ago. - 8 Set.) 1997 Lisboa, Gal. Triângulo 48 – 10º Aniversário. Rogério Ribeiro. Exposição de Pintura (8 Abr. - 10 Mai.) Mora, Casa da Cultrura – Exposição de Gravura de Rogério Ribeiro (7 - 24 Nov.) Porto, Cordeiros Galeria – Rogério Ribeiro, Pintura (Dez.) 1998 Lisboa, Enes Galeria d’Arte – As Rainhas da República (22 Out. - 2 Dez.) 1999 Lisboa, Galeria Municipal Gymnásio – Rogério Ribeiro. Desenho (desenhos para o livro Praça da Canção de Manuel Alegre; 23 Mar.-5 Maio) 2000 Silves, Centro Cultural Emmerico Nunes – Rogério Ribeiro (25 Abr.-21 Maio) Lisboa, Palácio Galveias – Ícaro (15 Jun.-30Set.) Amadora, Galeria Municipal – Rogério Ribeiro. Ilustrações do livro “A Praça da Canção”, Out. 2001 Porto, Cordeiros Galeria – Ícaro (11 Jan. – 3 Fev.) Santiago do Cacém, Municipal – Em Abril Flores Mil (12 Abr. – 13 Maio) Coimbra, Clínica Psiquiátrica dos HUC – Rogério Ribeiro (21 Nov. – 9 Dez.) 2002 Beja, Museu Jorge Vieira – Casa das Artes;

Escudeiros – Galeria Municipal – Rogério Ribeiro. Pintura, Desenho (25 Maio – 15 Jul.). 2003 Ponte de Sor, Biblioteca Municipal de Ponte de Sor - Fundação Casas de Fronteira e Alorna Rogério Ribeiro – Desenho. Almada, Casa da Cerca, Centro de Arte Contemporânea - Rogério Ribeiro, Primeiro Inventário, Desenhos Recentes (Nov. - 29 Fev. 2004) 2004 Almada, Forum Municipal Romeu Correia – O Pintor e a Leitura. Porto, Árvore – Rogério Ribeiro. Desenho Barreiro, Auditório Municipal Augusto Cabrita – Rogério Ribeiro. Desenho 2005 Estremoz, Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho – Rogério Ribeiro, «Mudam-se os Tempos, Ficam as Vontades». Pintura, Desenho Montemor-o-Novo, Galeria Municipal – Convento S. João de Deus – Desenho Lisboa, ArteDoze Galeria de Arte – Rogério Ribeiro 2006 Porto, Cordeiros Galeria – Exposição de Pintura Exposições colectivas (selecção) 1950-1956 Lisboa, SNBA – 5ª, 6ª, 7ª, 8ª, 9ª e 10ª Exposição Geral de Artes Plásticas 1955 Lisboa, Galeria Pórtico – III Exposição Colectiva de Artistas Plásticos (Nov.) 1956 Lisboa, SNBA – Primeiro Salão dos Artistas de Hoje (18-29 Fev.) Lisboa, Galeria Pórtico – Gravura Contemporânea (Abr.) Lisboa, SNBA – X Exposição Geral de Artes Plásticas (Jun.) 1957 Lisboa, Galeria Pórtico – Gravura Portuguesa Contemporânea (Jun.) 1958 Paris – Salão Jovem Gravura Lisboa, SNBA – Artistas de Hoje Göteborg, Göteborgs Konstmuseum – Portugiesisk Grafik (26 Jun.-27 Jul.)


1959 Madrid, Galeria Abril – Exposicion de Grabados Portugueses Contemporaneos (Jan.) Lisboa, SNBA – 50 Artistas Independentes em 1959 (1-12 Jun.) Roma, Calcografia Nazionale – L’incisione Contemporanea in Portogallo Lisboa, Gravura – III Exposição de Gravura Portuguesa Contemporânea 1960 Porto, Galeria Divulgação – Gravura Portuguesa Contemporânea (Out.) 1961 Lausanne – 1ª Bienal Internacional de Tapeçaria Lisboa, FCG – II Exposição de Artes Plásticas Lisboa, Clube Mobil – Exposição de Gravura Portuguesa Contemporânea Nápoles, Galleria Guida – La Nuova Grafica Portoghese 1969 Paris, FCG-Centre Culturel Portugais – Gravure Portugaise Contemporaine (25 Nov.-20 Dez.) 1970 Óbidos, Galeria Ogiva – Exposição 35 - Exposição Inaugural da Galeria 1971 Óbidos, Galeria Ogiva – Homenagem a Josefa d’Óbidos (27 Nov.-22 Jan.) Lisboa, Feira Internacional de Lisboa – 1ª Exposição de Design Português (20-29 Mar.) 1972 Porto, Galeria de Arte Abel Salazar – Imagens do Neo-Realismo em Portugal (30 Nov.-10 Dez.) 1973 Lisboa, Galeria Prisma 73 – Colectiva 1” (5-23 Abr.) Óbidos, Galeria Ogiva – Exposição 9 x 5 (Jun.) Lisboa, Galeria Judite Dacruz – Tapeçarias Kröner 1974 Lisboa, Galeria Gordillo – Gravura Portuguesa de Hoje (Nov.) Lisboa (SNBA – Exposição de Gravura (Jul.) 1975 Guimarães, Edifício dos Antigos Paços do Concelho | Braga, Salão medieval – Exposição de Gravura Portuguesa Contemporânea (3-19

Jul.) Paris, FCG-Centre Culturel Portugais – Gravure Portugaise Contemporaine 1970 - 1975 1976 Roma, Istituto di Sant’antonio dei Portoghesi – Incisione Portoghese Contemporanea (23 Jun.-17 Jul.) Lisboa, FCG – 20 Anos da Gravura (17 Maio12 Jul.) Paris, Museu de Arte Moderna – Art Portugais Contemporain (Out.-Nov.) 1977 Berlim – Portugiesische Realisten [Realistas Portugueses] (Jan.-Fev.) Bolonha, Galleria di Palazzo d’Accursio | Veneza, Galleria dell’Opera Bevilacqua La Massa – Incisione Contemporanea Portoghese (26 Fev.-18 Mar. | 26 Mar.-18 Abr.) Madrid, Palacio de Congresos – Cultura Portuguesa en Madrid: Exposición de Pintura y Escultura Contemporáneas (Nov.-Dez.) 1978 Madrid | Brasil – Arte Portuguesa Londres, Kensington Palace – Portuguese Tapestries (Nov.)

Modern

1979 Lisboa – II Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante (Set.) 1980 Lisboa, SNBA – Convenções do Dizer (Abr.Maio) 1981 Lisboa, Galeria Gravura – Imagens e Letras acerca dos Pioneiros da Gravura 1956 –1981 (Dez.) Estónia, Museu Tallin – Arte Portuguesa Lisboa – III Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante (Set.) 1982 Torres Vedras, Galeria Nova – Exposição Inaugural 1983 Lisboa, Casa do Alentejo – Exposição de Artes Plásticas - Jornadas de Divulgação da Arte em Portugal (18-29 Jan.) Figueira da Foz, Museu da Figueira da Foz – O Neo-realismo e as suas margens: descoberta e afirmação. Exposição Documental (Jan.-Fev.) Almada, Oficina da Cultura – Uma Gaivota no Vento (22 Abr.-29 Maio) Estremoz, Museu Municipal – Inauguração da

Galeria de Desenho (Maio) Lisboa – IV Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante (Set.) 1984 Lisboa, Sociedade Nacional de Belas Artes – Exposição dedicada às Comemorações do Décimo Ano do 25 de Abril (25 Abr.-14 Maio) Lagos, Galeria Mercado de Escravos – 25 de Abril - 10 Anos de Liberdade 1985 Santarém, Centro Cultural Regional – Exposição com o escultor José Aurélio (18 Maio-10 Jun.) Baden-Baden – 4 Biennale der Europäischen Grafik (5 Maio-30 Jun.) Setúbal, Museu de Setúbal – 1º Encontro de Artes - Exposição de Artes Plásticas (23 Fev.-7 Mar.) Lisboa – V Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante (Set.) 1986 Lisboa, Galeria Príncipe Real – Exposição a/86 (5 Fev.-5 Mar.) Bruxelas, Centre Albert Borschette – Le XXème au Portugal (28 Abr.-29 Jun. ) Lisboa, Cooperativa de Gravadores Portugueses, Gravura – Inauguração da Galeria (Maio) Évora, Museu de Évora – Alentejo na Arte Portuguesa Contemporânea (7-30 Jun.) Lisboa, FCG – III Exposição de Artes Plásticas (20 Jul.-31 Ago.) 1987 Madrid – Arco [Galeria Nasoni; 12-17 Fev.] Torres Vedras, Galeria Nova – 6 Professores da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1428 Fev.) Macau – Arte Portuguesa Porto, Mercado Ferreira Borges – III Bienal Nacional de Desenho (4-27 Jul.) Lisboa, Instituto Alemão – Desenhos Realistas - Oito Artistas Portugueses (Out.-Nov.) 1988 Vila do Conde, Convento do Carmo – Mom’Arte - 1º Momento Bienal de Arte (8-24 Jul.) Vila Franca de Xira, Galeria Municipal de Exposições – Exposição de Arte Portuguesa Contemporânea (1 Jul.-21 Ago.) Lisboa, Mosteiro dos Jerónimos – 1ª Artejo 88 (14-31 Jul.) Amadora, Galeria Municipal e Recreios Desportivos – I Bienal de Gravura ‘88 (Set.-Nov.) 1989 Lisboa, Galeria de São Bento – Oitenta Anos de

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Arte Moderna Portuguesa (26 Jan.-14 Fev.) Montemor-o-Novo, C.M. Montemor-o-Novo – Colectiva de Artes Plásticas Montemor-o-Novo Cidade (11 Mar.-19 Abr.) Mónaco – Bienal de Mónaco Estoril, Galeria do Casino Estoril – Homenagem a Fernando Namora Almada, Galeria Municipal de Arte – 3: Ver Desenho Hoje - “As irresoluções resolvidas” (Jun.) 1990 Estoril, Galeria do Casino Estoril – Homenagem a Luís Dourdil (9 Mar.-2 Abr.) Amarante, Museu Souza Cardoso – Arte Contemporânea Portuguesa (Jun.) 1991 Lisboa, Galeria São Bento – Noventa Anos de Arte Moderna Portuguesa (Fev.) Guarda, Museu da Guarda – Arte Moderna... um olhar, um sentido do seu percurso. Colecção de António Piné (Maio-Ago.) Lisboa, Palácio Galveias – Lisboa: Século XX nas Artes Plásticas (Jul.) Lisboa, Festa do Avante – VII Bienal de Artes Plásticas (Set.) 1992 Almada, Galeria Municipal de Arte – Conflito e Unidade da Arte Contemporânea (Maio-Jun.) Beja, Biblioteca Municipal de Beja – Arte Portuguesa nos Anos 50 (Out.-Nov.) 1993 Lisboa, SNBA – Arte Portuguesa nos Anos 50 (Jan.-Fev.) Madrid – Arco [Galeria Nasoni; 12-17 Fev.] Seixal, Forum Cultural do Seixal – Desenho I - Jorge Pinheiro, José Rodrigues, Manuel Cargaleiro, Rogério Ribeiro e Sá Nogueira (Nov.Dez.) 1994 Seixal, Festa do Avante – Exposição Internacional de Artes Plásticas: “Que Viva Abril - 20 Anos” (Set.) Caldas da Rainha, Museu de José Malhoa – Imagens da Família: Arte Portuguesa, 18011992 1995 Porto, Galeria da Praça – “Justiça” Pinturas e Esculturas (20 Abr.-24 Jun.) Vila Franca de Xira, Galeria Municipal – O NeoRealismo em Gravura (20 Jul.-3 Set.) Lisboa, Mosteiro dos Jerónimos – A Arte que Lisboa Não Viu (6 Dez.-21 Fev.)

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Almada, Casa da Cerca-Centro de Arte Contemporânea – O Desejo do Desenho (Dez.Fev.) 1996 Matosinhos, Galeria Municipal Arménio Losa) | Almada, Casa da Cerca-Centro de Arte Contemporânea – Neo-Realismo / NeoRealismos (10 Fev.-30 Mar. | 20 Abr.-26 Maio) Lisboa, CAM-FCG – 50 Anos de Tapeçaria em Portugal (26 Set. -15 Dez.) Porto, Cordeiros Galeria – Mestres da Pintura (Nov.-Dez.) Sakai | Tóquio | Seul – Encontro (exposição itinerante de Arte Portuguesa org. pela Galeria Municipal Gymnásio; Nov. - Dez.) 1997 Lisboa, Galeria Triângulo 48 – Colectiva (14 Jan. - 20 Fev.) Macau, Galeria do Forum – Encontro em Macau. Artistas Portugueses Contemporâneos no Oriente (18 Jul. – 10 Ago.) Seixal – Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante (Set. ) Vila Franca de Xira, Museu Municipal Celeiro da Patriarcal – 250 Obras de Arte Contemporânea - Colecção da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira 1920 - 1997 1998 Loures, Centro Cultural da Malaposta – Artistas de Abril (3 – 26 Abr.) Niteroi, Museu do Ingá – Mostra do Acervo da Casa da Cerca (5 – 30 Abr.) Porto, Cordeiros Galeria – Mestres da Pintura (7 – 17 Maio) Lisboa, Galeria de São Bento – Colectiva Pintura e Escultura (26 Set. - 18 Out.) 1999 Porto, Cordeiros Galeria – Mestres da Pintura (6 – 16 Maio) 2000 Lisboa, Galeria Triângulo 48 – Colectiva (? – 5 Fev.) Porto, Cordeiros Galeria – Colectiva de Pintura ( 1 Abr. – 29 Abr.) Rio de Janeiro, Museu Histórico Nacional – O Azulejo em Portugal no Século XX (24 Abr. - 9 Jul.) Porto, Cordeiros Galeria – Mestres da Pintura (18 - 28 Mai.) Porto, Cordeiros Galeria – Mestres da Pintura (16 – 26 Nov.)

2001 Porto, Cordeiros Galeria – Mestres da Pintura (17 – 27 Mai.) Penamacor, Átrio dos Paços do Concelho – Colectiva de Artes Plásticas (14 – 30 Jun.) 2002 Lisboa, Galeria d’Arte – 4º Aniversário. Galeria d’Arte. Direcção geral da Administração da Justiça (5 Jun. – 12 Jul.) Lisboa, SNBA – 100 Anos, 100 Artistas. Porto, Cordeiros Galeria – Cordeiros 2002 Arte Contemporânea Porto, Cordeiros Galeria – Mestres da Pintura Almada, Oficina da Cultura – V Bienal de Artes Plásticas 2003 Tavira, Palácio da Galeria – Artistas Portugueses Contemporâneos da Colecção da Casa da Cerca. Lisboa, Galeria das Tapeçarias de Portalegre – Colectiva de Tapeçaria Porto, Cordeiros Galeria – Mestres da Pintura Almada, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea – Desenho: 1993-2003 2004 Almada, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea – Dramaturgias do Desenho Estremoz, Galeria Municipal – Ilustrações e Ilustradores da Colecção da Galeria de Desenho Porto, Cordeiros Galeria – Mestres da Pintura Beja, Museu Jorge Vieira – Casa das Artes/ Galeria Municipal Escudeiros | Estremoz, Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho – Intervenção de Artistas Plásticos na obra do atelier de Nuno Teotónio Pereira 2005 Lisboa, Cordoaria Nacional – Arte para Carlos Paredes Setúbal, Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal – Artistas Portugueses Contemporâneos na Colecção da Casa da Cerca Montemor-o-Novo, Galeria Municipal | Lisboa, SNBA – Inervenção de Artistas Plásticos na obra do Atelier de Nuno Teotónio Pereira Beja, Museu Jorge Vieira – Casa das Artes – Reencontros. 2007 Porto, Cordeiros Galeria – Arte Moderna e Contemporânea



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