Catálgo Museu Abílio Mattos e Silva

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VOLUME I


Índice INDEX

Apresentação | Presentation Telmo Henrique Correia Daniel Faria

> 05

Abílio Maria José Salavisa

> 07

O Museu | Museum Ana Maria Calçada

> 11

Abílio, o Desenhador Teatral das “Cores Limpas” Abílio, Theatre Designer of “Clean Colours” Vitor Pavão dos Santos

> 13

Teatro | Theatre

> 21

Bailado | Ballet

> 57

Ópera | Opera

> 71

Pintura | Painting

> 83

Pintura . Cenografia . Figurinismo . Design Painting . Sceneography . Wardrobe . Design Fernando de Azevedo

> 85

Artes Gráficas | Graphic Arts

> 111

Nota Biográfica | Biographical Note

> 125

Cronologia | Chronology

> 126

English

> 129

Ficha Técnica | Technical File

> 144




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Concretiza-se, hoje, dia 14 de Junho de 2008, um projecto há muito desejado e que, apesar do tempo que passou, nunca deixou de ser considerado essencial para o enriquecimento social e cultural do Município de Óbidos. O valor do legado cultural e artístico e a ligação de Abílio de Mattos e Silva a Óbidos, só por si, justificam a criação deste Museu, dedicado à sua vida e obra e vêm aumentar a oferta da rede museológica que iniciámos em 2002. O modo como pretendemos apresentar este registo “biográfico” procura, sobretudo, estabelecer novos pontos de partida para um conhecimento mais aprofundado de um dos artistas plásticos mais interessantes do nosso século XX. É também uma expressão de luta e contributo contra o esquecimento de quem, entre tanto talento manifestado nas mais diversas linguagens e actividades artísticas, das artes plásticas às artes performativas, soube, de modo memorável, traçar e pintar Óbidos como ninguém. Em Óbidos entendemos que o conhecimento é essencial no nosso processo de desenvolvimento. Criar um forte ambiente cultural de modo duradouro e não transitório, inovador e não repetitivo, integrador e amplo, como o promover importantes acervos e legados patrimoniais, fazem parte da nossa estratégia global, enquanto comunidade. O Concelho ganha, assim, mais um centro de novas dinâmicas culturais e reforça a matriz que pretende consolidar de futuro enquanto economia criativa. Os fundos comunitários, nomeadamente o FEDER, as parcerias criadas, como a que fomos desenvolvendo com o Museu Nacional do Teatro, na pessoa do seu director, Dr. José Alvarez, foram preciosas na passagem de um velho sonho a uma realidade disponível a todos. Mas foi o papel, mais uma vez de Maria José Salavisa, que nos arrebatou. De uma promessa anterior do meu antecessor, Pereira Júnior, refundámos o projecto e trouxémo-lo para a Praça de Santa Maria, para junto da célebre “Casa do Arco”, no coração da Vila. O trabalho intenso que se produziu e que se expressa na adaptação do edifício tem a marca da Maria José Salavisa. Foi ela que o preparou para receber a obra de Abílio de Mattos e Silva numa homenagem que nos envolve e que fazemos nossa ao abrir a porta do Museu “Abílio”.

Óbidos, 14 de Junho de 2008 Telmo Henrique Correia Daniel Faria Presidente da Câmara Municipal de Óbidos


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Abílio Tenho a ideia que, desde pequena, seria eu uma excepção numa família mais inclinada para as chamadas «artes úteis» do que para as Belas-Artes. Tive sorte no ambiente que encontrei no meu casamento. A música e as artes visuais eram o envolvimento natural do Abílio; o teatro era o seu fascínio e eu a espectadora atenta e emocionada de toda a sua intensa produção destinada ao teatro declamado, ópera, bailado e teatro ligeiro. Na década de 40 o Abílio é chamado para director de cena do Teatro S. Carlos. Durante vinte e cinco anos assisti ao nascimento e evolução do bailado em Portugal e ao impulso que o Abílio lhe dedicou. Foi a época de inesquecíveis espectáculos de ópera e teatro – e não quero deixar de lembrar o Teatro do Povo, dirigido por Francisco Ribeiro (Ribeirinho) que, com o Abílio, formava um duo inseparável. Eu assistia à pesquisa calma e conscenciosa para cada figurino, cada cenário. Aprendendo. Não sei se, para o Abílio, era esta actividade a sua opção ou a resposta a solicitações constantes, que incluíam também as artes gráficas, o projecto de stands de exposições, etc. – e aqui quero referir a condecoração atribuída pelo Ministério da Agricultura e um 1.º prémio internacional referente a um selo para os CTT. Porquê a «fuga» do Abílio para estes campos de criação e o abandono temporário da pintura? Penso que tudo corresponde à sua forma discreta de ser. Como se não quisesse envolver-se com o mundo nem expor-se à crítica e ao público. Ou, ainda, talvez porque esta ter sido a forma de encontrar segurança material depois de ver o património da sua família desmoronar-se. Um tanto inesperadamente, o Abílio regressa à pintura. No seu atelier do Teatro S. Carlos, no intervalo das suas funções, fixa lembranças de Óbidos, onde viveu. Óbidos, volta a ser protagonista. Era o regresso à actividade de pintor dos anos trinta. Durante a sua época de homem do teatro fui eu depositária e guardiã das suas obras dessa época recuada. Era o meu «tesouro» esquecido por todos e marginalizado pelo próprio Abílio. Nele se incluíam, além das pinturas de Óbidos, as pinturas da Nazaré, onde viveu muito jovem. Foi na Nazaré que marcou a entrada do Abílio para o teatro. Alfredo Cortez encomenda-lhe os cenários e figurinos da sua peça «Tá-Mar» para o Teatro D. Maria II, dirigido por Amélia Rey Colaço. A partir daí nunca mais abandonou o teatro. Todo este ambiente que me rodeou – onde a arte era sempre a protagonista – fez despertar os meus anseios, traduzidos pela escolha da arquitectura de interiores como profissão. Sem nunca esquecer os conselhos do Abílio e a sua certeza no saber, a sua procura da verdade em cada coisa a realizar. Nos últimos anos da sua vida, fragilizado pela doença, o Abílio começa novamente a recordar pormenores do passado. Percorre os esboços de Óbidos no refúgio da Casa do Arco e produz novas pinturas a óleo e guache. Mas volta ainda ao teatro com seu «irmão» Francisco Ribeiro, pondo em cena o «Auto da Geração Humana» de Gil Vicente, para a inauguração do Teatro D. Maria II, após o seu restauro. «O Príncipe Disfarçado» em 1979 seria a despedida.


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Alguém o esquecerá; mas o Teatro tem a sua história e essa não o esquece. Abílio encontra-se ligado à inauguração do Teatro Monumental (hoje destruído) e a tantas outras participações, cuja enumeração seria longa. A obra de Abílio falará por si. Pintura? Teatro? Novamente pintura? Da Nazaré fica-me a recordação da homenagem póstuma no museu da vila, em 1986, e os comentários emocionados de quem passou pela exposição e reviu as fainas do mar, o vestuário dos pescadores, os barcos… De Óbidos, não só deixa o levantamento de cada canto, de cada rua, mas também pequenas alusões escritas como se escrevesse a uma namorada - «À volta desta Óbidos, a abraçá-la, a aconchegá-la como uma mãe que defende uma filha (…) a velha muralha negra, em contraste com o branco casario…» Abílio amou a vida com a alegria calma de que traz a paz consigo para estar em paz com os outros. E despede-se com tristeza: «eis o Outono a findar…»

Junho de 1993 Maria José Salavisa

Maria José Salavisa de Mattos e Silva (1925-2006) - Arquitecta de Interiores, professora


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O Museu Abílio de Mattos e Silva dá o nome ao Museu Abílio onde um variado espólio, resultante da doação por parte da esposa, Maria José Salavisa, nos mostra o labor criativo e produtivo do artista, ligado à Vila de Óbidos em diferentes etapas da sua vida. Museu “Abílio”, espaço de homenagem à obra e pensamento de Abílio, pretende ser motivador de pesquisa, investigação e divulgação das artes cénicas, fora do contexto da representação, onde a arte é sempre protagonista. Trabalho vasto, distribuído por diferentes artes como Pintura, Desenho, Ilustração, Obra Gráfica, Cenografia e Figurinos, é apresentado no espaço do Museu de forma organizada e coerente. Algumas das obras apresentadas são parte integrante da história da cultura portuguesa, em associação com artes como o Teatro, a Dança e a Ópera, a que não falta a ligação de trabalho a autores de outros sectores criativos. Explanada por três pisos do Museu, esta mostra é enriquecida com apresentações e comentários escritos por figuras marcantes da arte e cultura portuguesas em diferentes momentos da vida criativa do artista; estes textos pontuam o espaço físico do museu, acompanhando a obra e valorizando a sua apresentação, pela oportunidade que dão ao visitante de melhor ficar a conhecer o autor e a sua obra. Criador em diferentes áreas das artes-plásticas, proporciona, através das diferentes obras que são apresentadas, um explanar pela arte portuguesa ao longo de várias décadas e em que a sua produção ligada ao teatro é, talvez, uma das mais valiosas da produzida em Portugal no decorrer do século XX. O conceito e a estrutura da exposição que inaugura o espaço do Museu resultam da vontade expressa da autora do projecto do Museu, Maria José Salavisa, bem como da interpretação dos documentos a que tivemos acesso. Dos documentos analisados, que constam do projecto de arquitectura e instalação do museu, podemos concluir da vontade de realizar uma mostra da obra do autor nas suas múltiplas facetas. Este catálogo integra o programa definido para a exposição de abertura, a que acresce documentação iconográfica que permita ao leitor perspectivar e avaliar a criatividade, definição do gesto, leveza do desenho e incorporação de conceitos. Contributo para a história do teatro e da pintura em Portugal, e em particular para a história da cenografia, desenho e figurinismo, é intenção deste documento, volume I, a que esperamos que muitos outros se associem. Junho de 2008 Ana Maria Calçada Rede de Museus e Galerias, Óbidos


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Abílio, o Desenhador Teatral das “Cores Limpas” Em 1953, num figurino para a revista “Viva o Luxo!”, Abílio escreveu esta indicação para Alberto Anahory, o seu constante colaborador na transformação dos figurinos em trajes: “Anahory!: Holiday On Ice! Azul – verde + rosa = cores limpas!”. A indicação, que demonstra a cumplicidade dos dois homens de Teatro, que devem ter admirado e trocado impressões sobre o espectáculo “Holiday On Ice”, no Campo Pequeno, que entusiasmou Lisboa, não pode ser mais explícita do modo de Abílio compreender o desenho teatral, já que “cores limpas” foram sempre as suas, que nunca se misturavam, que definiam cada personagem, cada personagem vestindo cada uma cor mais do que com uma forma. Basta, para tal, compreender, observar os magníficos vestidos vermelhos que Abílio espalhou na sua obra teatral tão vasta, onde as suas cores preferidas: o roxo, a cor de vinho, o verde-escuro, o castanho, algum resplandecente amarelo e o vermelho vivo são magistralmente orquestradas, mas nunca se contaminam, tendo cada uma sua vida intensa. Abílio de Mattos e Silva começou a sua carreira de desenhador teatral em 1936, quando Alfredo Cortez, talvez o maior dramaturgo português do século XX , o indicou a Amélia Rey Colaço para desenhar os dois cenários e figurinos da sua peça “Tá Mar,” obra situada entre a gente da Nazaré, mas cujo conteúdo transcende a mera imagem regionalista. Assim foi a peça levada à cena, pela Companhia Rey Colaço Robles Monteiro, com enorme êxito no Teatro Nacional, então Almeida Garrett. E foi tão vasta e diversificada a carreira de Abílio no teatro, e muito mais ainda em outras artes, que, em 1963, desenhou, para o Teatro Nacional de S. Carlos, “Tá Mar”, a ópera que Ruy Coelho baseou na obra de Cortez. Como fica bem documentado no que se segue, Abílio era um homem de afectos, como o demonstra no bailado a sua longa e estreita colaboração com Margarida de Abreu e depois, também, com Fernando Lima e, no teatro, a sua colaboração de três décadas com Fernando Ribeiro. E interessava-se por todas as artes do espectáculo: drama, comédia, ópera, bailado, opereta, revista e também cinema, tendo concebido um vasto guarda-roupa de tecido puro e grosseiro, em cuja confecção se empenhou pessoalmente, para o filme “A Cruz de Ferro“ (1967), de Jorge Brum do Canto. Abílio foi, portanto, artista de muitas artes, a todas trazendo graça, novidade, beleza, muito profissionalismo e uma grande competência.

ABÍLIO E O BAILADO Em 1946, Margarida de Abreu, professora de Bailado no Conservatória Nacional, e com numerosos alunos particulares, procurou reformar a dança em Portugal, fundando o Círculo de Iniciação Coreográfica (CIC), publicando o seu Manifesto e promovendo um espectáculo com os seus alunos em que se destacavam as suas coreografias para “O Pássaro de Fogo”, de Igor Stravinsky, com o cenário de Abílio e figurinos de Tomás da Costa, e “Arraial na Ribeira”, com música de Ruy Coelho e cenários e figurinos de Abílio. E tão boa conta Abílio deu desse seu trabalho para o ballet, tão bem compreendeu aquilo que era necessário para tão exigente género de espectáculo, que passou a ser considerado, incontestavelmente, o grande desenhador de bailado em Portugal. Tudo isto comprovando, quando Margarida de Abreu no ano seguinte, 1947, apresentou “Quadros de Uma Exposição”, de Mussorgsky, o trabalho de Abílio é notável, como o atestam as maquetas que sobreviveram, num desenho enviesado a lembrar os melhores preceitos do surrealismo, com uma cena do Mercado com toldos rosa, azul e amarelo, o Baba Yaga com um pássaro e um gato ameaçadoramente recortados,


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assustador nas catacumbas, amável nos Jardins das Tulherias, soberbo na Grande Porta de Kiev, com as suas cúpulas em cebola muito fortemente coloridas. E também um conjunto lindo de figurinos em que predominam o amarelo escuro, o castanho e o lilás. Depois, a cada espectáculo de Margarida de Abreu e do seu CIC correspondem, fielmente, novos trabalhos de Abílio, como em 1949, quando se apresentaram em S. Carlos, com um reportório variado, onde ao colorido dos ballets anteriores, havia a mais austera “Nova Chopiniana”, ou o “Concerto de Schumann”, com uma profunda compreensão de ballets mais arrojados como “Ab Initio” (1953), com música de Dvorak. Nesta primeira fase da sua actividade, Margarida de Abreu criou mais de vinte bailados, quase sempre em colaboração com as cores e as formas de Abílio. Entre os alunos de Margarida de Abreu destacou-se o jovem Fernando Lima, que depois estudou no estrangeiro e quis ser coreógrafo e ter a sua companhia, assim surgindo, em 1955, no Teatro Monumental, o Ballet Concerto de Fernando Lima, aparecendo Abílio de Mattos e Silva como “decorador principal e director de cena“. Desse trabalho de Abílio para Fernando Lima destaca-se, pela sua beleza depurada, “Galaaz”, com música de Rachmaninov, e um lírico cenário constituído por uma estrutura de arcos em ogiva, e o bonito traje branco e prata de Fernando Lima, no protagonista. Este rigor medieval tinha o seu contraponto clássico na “Delphiada”, com música de Debussy, e uma alegria fervilhantemente colorida em “Piquenique”, com música de Darius Milhaud. A estreita relação de Abílio e o bailado, a sua surpreendente vastidão, está por estudar e é um tema aliciante, tanto mais que muitos dos seus trabalhos se incorporam em espectáculos de ópera quando, durante muitos anos, é director de cena do Teatro Nacional de S. Carlos, colaborando estreitamente com o cenógrafo residente, o Italiano Alfredo Furiga. São de evidenciar, no entanto, obras como “Carmina Burana” (1954), de Carl Orff, ou o Jogo de Cartas da Oratória “Jeanne d´Arc Au Bûcher” (1964), de Arthur Honegger, assim como o desenho de capas de programa, em que era exímio, com realce para a bela capa do programa da récita de gala em honra da Rainha Isabel II (1957), que constitui uma peça guardada religiosamente pelos fanáticos do teatro, podendo mesmo considerar-se o melhor dessa récita, que foi artisticamente desastrosa. Estranhamente, Abílio nunca fez parte do óptimo conjunto de colaboradores plásticos que animou o Grupo de Bailados Portugueses Verde Gaio, na sua primeira grande fase, dirigida por Francis Graça (1940-1950), mas, em 1961, quando a direcção da companhia foi entregue a Margarida de Abreu e Fernando Lima, eilo logo desenhando cenários algo expressivos e um muito vasto conjunto de figurinos medievais para “O Condestável. A Espada e a Cruz”. Com música de Luís de Freitas Branco, coreografia assinada pelos novos directores da companhia, continuando a colaborar com Anahory para confeccionar os trajes por ele imaginados. Em 1965, no estilo folclórico que fizera, e muito justamente, a glória do antigo Verde Gaio, parecem inserir-se os seus cenários e figurinos para “Festa Na Aldeia”, música de Ruy Coelho, numa algo inesperada coreografia de Margarida de Abreu. Mas Abílio e o Bailado, como Abílio e a Ópera, é tema a pedir estudo prolongado que nunca fiz, pelo que nele não me posso aventurar.

ABILIO E O TEATRO MUSICADO No dia 9 de Outubro de 1949, deu-se um acontecimento da maior importância no teatro musicado português, porque terminou a sua carreira a revista “Feira Na Avenida”, no Teatro Variedades, de que eram vedetas Irene Isidro e António Silva e o super empresário italiano Piero Bénardon, que há décadas enchia os palcos de luxo e bom gosto, abriu uma falência ruidosa e fugiu de Portugal, acompanhado do seu colaborador mais directo, o desenhador teatral António Pinto de Campos, o maior desenhador do teatro musicado português do século XX.


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O teatro dito comercial, já que Piero se abalançava a todos os géneros, ficou um tanto à deriva. Foi esta causa verdadeira por que cinco artistas, daqueles de maior nome – Irene Isidro, Laura Alves, António Silva, Carlos Alves e Francisco Ribeiro, o popular Ribeirinho – se reuniram numa Sociedade Teatral Limitada, da qual também fazia parte Vasco Morgado, marido de Laura Alves e futuro super empresário, apresentando, com grande sucesso, em 17 de Novembro de 1950, no antiquíssimo Teatro Apolo, na Velha Rua da Palma, a revista “Enquanto Houver Santo António”, de autores pouco conhecidos. A direcção artística da Sociedade era de Francisco Ribeiro, director de companhia mais que consumado, que de 1944 a 1950 revolucionara o teatro declamado com os seus Comediantes de Lisboa, que não se intimidando com a ausência de Pinto de Campos nem recorrendo ao seu dilecto desenhador, o grande José Barbosa, resolveu chamar para desenhar os figurinos da revista, que eram lindos, Pedro Dorloff, o consagrado escultor, pintor e desenhador Júlio de Sousa e o já conhecido desenhador de Bailado Abílio de Mattos e Silva, que se deve ter encarregado da maior parte do extenso guarda-roupa, executado por Alberto Anahory, outro colaborador dilecto de Ribeiro. O espectáculo tinha uma grande frescura e alguma novidade, como a abertura com toda a companhia em cena, figurando os bairros típicos de Lisboa, já que o título da revista era aquele da Grande Marcha de Lisboa desse ano, com um colorido onde dominava uma grande flor vermelha na cabeça de Irene Isidro a cheirar a Abílio. E Abílio era de certeza o bonito traje de veludo grenat com mangas recortadas que a grande Irene vestia, com a sua elegância consumada, na sua figura do Hamlet, um traje a lembrar o que de mais bonito fazia, por esse tempo, Oliver Messel no futuro Royal Ballet. Consagrada com este êxito, a Sociedade Teatral, com a mesma composição tal qual, levou à cena, sempre no tradicional Teatro Apolo, em plena Mouraria, em 24 de Março de 1951, a revista “Aguenta-te Zé”, que ficou em cena até Julho. Desta vez, embora partilhando a autoria dos figurinos com Manuel Lima, o trabalho de Abílio começou a dar que falar, aparecendo destacado em revistas como “O Século Ilustrado”. Lembrome da sensação de novidade, algo balética, da abertura, uma luta entre a Lisboa Antiga e a Lisboa Moderna, com cores muito contrastadas, encarnado e preto; a beleza do número A Cor de Lisboa, uma cantiga com música de Fernando Carvalho que foi o sucesso da revista, cantada por Irene Isidro, com o seu tom meio falado meio cantado, num vestido sumptuoso de saia enorme e pequeno toucado, em cores de roxo, rosa e vermelho, sendo o cenário um grande vitral que se ia colorindo conforme a canção progredia. Triunfando por completo no difícil género que é o teatro de revista, que exige um conjunto pleno de imaginação e gosto apurado, Abílio tinha duas apoteoses completamente diferentes, ambas marcantes, o final do primeiro acto, S. João em Viana, muito colorido, e o final do segundo acto, Plumas, todo a preto e branco, com uma escadaria em que mulheres emplumadas se contrastavam, tendo na frente as primeiras figuras, Laura Alves de branco, Irene Isidro de preto, a mocidade e a sofisticação, num conjunto de beleza a mais subtil. Na temporada seguinte houve várias novidades, Laura Alves saiu da Sociedade Teatral rumo àquele que seria para sempre o seu Teatro, o Monumental, entrando como sócio Barroso Lopes e também animando o elenco a comicidade muito imaginativa da jovem Léonia Mendes. Optaram por uma comédia musical original, “A Grande Mina”, estreada em 5 de Outubro de 1951, que foi de pouco sucesso, apenas um mês em cena, mas onde o nome de Abílio aparecia sozinho pela primeira vez a assinar os figurinos, sempre executados por Anahory. E nessa fantasia havia cenas com um guarda-roupa muito vistoso, como o final, vermelho, preto e dourado, e uma canção de sucesso, Mariana, na voz muito bonita de Mimi Gaspar, vestia apenas um casaco de smoking branco, enquanto coristas à sua volta envergavam estilizações das províncias portuguesas, num conjunto de grande efeito. Mas se a comédia musical não pegou, a Sociedade fez a revista voltar rapidamente ao palco do Apolo, logo a 13 de Dezembro, reforçada com o transbordante Costinha no compére, e “Agora É Que Ela Vai Boa!”. Foi outro êxito, com figurinos inteiramente desenhados por Abílio, cujo nome também figurava


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entre o conjunto de Artistas que desenhavam os cenários, que eram muitos e bons: Manuel Lapa, Bernardo Marques, Carlos Botelho, Frederico George, Francisco Valença, Fernando Bento, Carlos Ribeiro. Assim atingindo uma totalidade criativa, Abílio era agora um nome importante no teatro musicado, com quadros de grande beleza, com Cantora do Saloon, onde Irene Isidro evocava uma cena dramática do típico western de Hollywood, envolta nas cores macias do veludo roxo do pintor, as pernas elegantíssimas moldadas pela meia de rede, ou refulgindo em tons de vermelho quando a grande actriz que era Irene Isidro, a única chic e popular que o teatro de revista conheceu, interpretava Capitão Morgan, ou declamava num quadro patriótico tão ao seu estilo, Soldados de África, que fechava o primeiro acto, sendo o final do segundo, O Jogo de Cartas, magnífica estilização com todo um baralho com grandes trajes coloridos e sugerindo o século XVI, num efeito inesperado pela intromissão do best, que dançava desenfreado, saudando a loucura que era nestes anos o jogo da canasta. Entretanto, a 8 de Novembro, dera-se a inauguração sensacional, um novo teatro, espaçoso e com certo luxo de decoração e equipamento, o Cine-Teatro Monumental, num local de Lisboa onde não era costume chegar o teatro, as Avenidas Novas. O jovem Vasco Morgado era o empresário, no início de uma carreira fulgurante, e Laura Alves, a grande actriz versátil, que se revelaria um verdadeiro fenómeno de popularidade, era a grande vedeta. Para a estreia escolheram “As Três Valsas”, uma opereta vienense e parisiense, com música de Johann Strauss e Oscar Straus, em que cada acto decorre numa época diferente, e diferente geração do mesmo par romântico, que era Laura Alves e o tenor Tomás Alcaide, com a figura do empresário que atravessa os três tempos magnificamente interpretado por João Villaret, à frente de um elenco de Cómicos fabuloso. O primeiro acto situa-se no Paris do II Império, com as suas crinolines, e a protagonista é uma bailarina clássica, com a sensação de ver Laura Alves dançando em pontas, enquanto no segundo é uma cantora do Paris de 1900 e no terceiro uma actriz de cinema que vai interpretar o papel da avó bailarina, sendo que só nesse acto triunfa o amor do par. Pois para o segundo acto de “As Três Valsas”, o mais espectacular, com Maxim’s e Moulin de la Galette a brilhar, foi chamado a desenhar os figurinos Gico (Eduardo Galhardo), um desenhador teatral de grande talento e injustamente esquecido, e para o primeiro e terceiro actos a escolha foi Abílio, uma escolha que não podia ser mais acertada, já que ele envolvia o primeiro acto em tons de rosa, verde-claro e lilás, incluindo até um quadro de ballet, coreografado por Margarida de Abreu, enquanto no terceiro acto, passado num estúdio de cinema dos anos 20, Laura Alves muito desenvolta em calças de cetim preto, dominava também em vestidos fulgurantes fumando por comprida boquilha, culminando num enorme vestido 1850, vasta crinoline em drapeado de tons prata sublinhado por grandes rosas vermelhas, que era quando interpretava a avó. Entretanto no Teatro Apolo, a Sociedade Teatral termina a sua actividade, em Abril de 1952, com uma opereta de características bairristas lisboetas, “Rosa Brava”, com o guarda-roupa todo desenhado por Abílio, que também se encarregou de alguns dos típicos cenários. Mas esse ano de 1952 seria assinalado na temporada de Verão do Monumental, quando Laura Alves, ao lado de Raul de Carvalho, se abalançou, com sucesso, a interpretar a Catarina de “ A Fera Amansada”, a maravilhosa comédia de William Shakespeare, com Abílio, bem no seu elemento, desenhando um vasto e admirável guarda-roupa, cheio de invenção e bom gosto nesse século XVI reinventado em tons de castanho, mas também verde e rosa com azul, exibindo Laura Alves um belo vestido vermelho vivo, que se tornará na assinatura de Abílio, aparecendo sempre nos seus trabalhos mais importantes. Na primavera de 1953, Vasco Morgado decide apresentar uma grande revista, “Viva O Luxo!”, com direcção artística de Francisco Ribeiro, revista que se dizia ter custado a soma astronómica de oitocentos contos, Laura Alves, Irene Isidro e António Silva comandando o elenco. Ora Vasco Morgado, tal como antes Piero,


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tinha a ambição de ter Pinto de Campos como o seu desenhador principal, conseguindo que este, ainda a viver no Cairo, lhe mandasse maquetas de cenários e figurinos para a sua grande revista, que misturou com quadros desenhados por Abílio, num conjunto de facto muito bonito. Pelo fim desse ano, Pinto de Campos voltaria definitivamente a Portugal, desenhando para Laura e Morgado a belissíma opereta “Maria da Fonte”, passando a colaborar activamente na vasta produção dos muitos teatros do empresário. Para “Viva O Luxo!”, a sua última incursão na revista, Abílio desenhou alguns números de grande beleza, com destaque para “O Fado na Broadway”, com Aida Baptista vestida de rosa e roxo, e o final do primeiro acto, “Pregões de Lisboa”, um alarde de fantasia com as suas cores preferidas: verde e rosa para as Flores, verde e vermelho muito escuro para os Morangos, verde e azul para o Peixe, verde e roxo para as Uvas, com grandes cachos caindo nas saias, tudo altamente contrastado num conjunto de grande beleza e forte cunho pessoal.

ABILIO E FRANCISCO RIBEIRO Em 1936, António Ferro criou o Teatro do Povo, no âmbito do seu Secretariado da Propaganda Nacional, para levar teatro no Verão a todo o País, chamando para seu director Francisco Ribeiro, que com apenas vinte e quatro anos era já o popular Ribeirinho e um conceituado e sabedor homem de teatro. Boa fora a iniciativa não tivesse marcados intuitos de propaganda do Estado Novo e dos seus apregoados valores, embora com bons colaboradores plásticos, como Carlos Botelho, e revelando alguns jovens talentos, como Laura Alves. Apesar de Ribeiro se mostrar eficaz director de companhia, a tarefa era pouco compensadora, pelo que, em 1941, aborrecido foi-se embora, ficando o Teatro do Povo a definhar, sob direcções várias, por mais alguns anos. Entretanto, Francisco Ribeiro fundou com o seu irmão, o cineasta António Lopes Ribeiro, os comediantes de Lisboa, cobrindo-se de glória entre 1944 e 1950, ensaiando também autores clássicos com o teatro universitário. Fazendo as suas actuações, sempre actuantes, no teatro de revista que já foram faladas, Ribeiro foi chamado a dirigir, em 1952, o renascido Teatro do Povo, agora integrado no Secretariado Nacional da Informação, o SNI, e, usando nova estratégia, só levou à cena autores clássicos, percorrendo todo o País, erguendo o seu palco em adros, praças ou terreiros, e fez espectáculos belíssimos, apoiado no bom gosto e muito saber de José Barbosa e Abílio, por quem distribuiu a tarefa de criar os trajes dessa notável iniciativa, que eram decisivos, já que o cenário era praticamente inexistente. Logo em 1952, Abílio desenhou a “Tragicomédia de Dom Duardos”, de Gil Vicente, do qual o Museu Nacional do Teatro guarda figurinos e quase todos os trajes, podendo assim ter-se uma ideia do espectáculo que o tempo consumiu, como é sina do teatro. Procurando criar sobretudo um ambiente fantástico, sumptuoso e abertamente teatral, nunca imitando a realidade nem recriando qualquer época definida, Abílio consegue esse efeito cruzando “citações” de várias épocas, desde uma convencional medievalidade e um decorativismo barroco, passando pela estilização bizantina do par imperial, recorrendo até às referências populares, como as flores de papel. A sumptuosidade é sempre conseguida através do mais puro fingimento teatral, com tecidos pintados a dourado, imitando bordados, misturados com verdadeiros tecidos dourados, bordados a pérola e pedras, tudo isto realçado pelas cores, algumas muito vivas, mas rigorosamente contrastadas, num conjunto que evoca as ilustrações dos contos de fadas. E como era indispensável com Abílio, a misteriosa infanta Olimba usa um flamejante vestido de veludo vermelho, realçado a dourado. O resto são verde seco, cor de vinho, rosa velho, amarelo esplendoroso, algum azulescuro com vermelho vivo.


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Em 1953, Abílio desenhou “Auto de Santo António”, de Gustavo de Matos Sequeira, imitação do antigo, onde surgia um fantástico Diabo, e uma Lisboa do prólogo em verde de branco, e, em 1954, “O Alfageme de Santarém”, de Garrett, numa versão muito redutora de Ribeiro, usando muitos tons de castanho. De ambos não sobreviveu o guarda-roupa. Mas de 1955 sobreviveram figurinos e trajes de uma nova maravilha, “Rei Lear”, de William Shakespeare, em que Abílio sugere um ambiente primitivo e sombrio, um medievalismo distante mas sempre puramente teatral, vestindo as personagens masculinas da tragédia com trajes e capas de fazenda, em que dominam as suas cores preferidas: verde seco, lilás, cinza, cor de vinho, azul, tudo decorado com pinturas, criando um conjunto absolutamente artificial, quase sem relevo, como uma ilustração, ou seja, puramente teatral. Num outro registo, os trajes das três filhas de Lear, tal qual como as suas capas, são absolutamente iguais, de uma simplicidade rigorosa, sem qualquer decoração, apenas as cores definindo, de modo certeiro, as psicologias das personagens: as terríveis Goneril e Regan, uma de vermelho muito vivo (o tal vestido vermelho) e capa preta, outra de cor de vinho e verde, enquanto a doce Cordélia veste de cinza e rosa. Infelizmente o traje de Lear não sobreviveu, enquanto o seu inseparável Bobo veste de cores vibrantes: verde garrafa e laranja. Um conjunto que marca uma época de estilização teatral, em que cores e formas são brilhantemente orquestradas. Entretanto, Abílio desenhara alguns cenários para a Companhia que Maria Lalande manteve uma temporada no Teatro Maria Vitória, cenários para comédias que pouco pediam à sua imaginação, sendo o mais interessante ”Milagre da Rua”, peça populista de Costa Ferreira que, em Outubro de 1952, inaugurou este empreendimento de muito êxito. Em 1957, Francisco Ribeiro aceitou medir-se com o seu próprio passado, voltando ao Teatro da Trindade criando o Teatro Nacional Popular, com Eunice Muñoz e Maria Lalande como primeiros nomes, e artistas experimentados como Curado Ribeiro e Isabel de Castro, Costa Ferreira ou Ruy de Carvalho, misturados com alguns dos jovens artistas alguns do teatro do Povo, como Armando Cortez, Maria José, Lígia Telles, conjugando José Barbosa e Abílio, para desenhar os espectáculos. A estreia foi muito boa, com “Noite de Reis” (Twelfth Night), de William Shakespeare, uma encenação muito imaginativa, com cenário de José Barbosa, bonito e funcional, e figurinos de Abílio, com certa sumptuosidade de sedas e bordados, brocados e pérolas, embora com menor invenção, mas de cores numa perfeita paleta, onde os pretos, brancos e cinzentos contrastavam com tons de castanho, que vestia uma Eunice esplendorosa na Viola, quase sempre em traje masculino, mas de grande feminilidade. No ano seguinte outro sucesso, com “Um Serão Nas Laranjeiras”, peça de Júlio Dantas desde há muito proibida, com José Barbosa desenhando o vasto conjunto de trajes e Abílio os bonitos cenários muito estilizados. Em 1959, José Barbosa e Abílio conjugaram-se para desenhar as várias cenas do melodrama boulevardier “Lucy Crown”, enquanto Abílio se ocupou do engenhoso living-room em que decorre a peça “Os Pássaros de Asas Cortadas”, de Luiz Francisco Rebello, tendo desenhado também com emoção e engenho o belo lírico acto único de Frederico Garcia Lorca, “Amor de Dom Perliplim Com Belisa Em Seu Jardim”, com Carmen Dolores e Francisco Ribeiro. E este TNP acabou em 1960, com uma desenfreada encenação de Ribeiro de uma peça do irmão António Lopes Ribeiro, com 38 personagens, “Leonor Teles”, com cenário móvel de José Barbosa e figurinos de Abílio executados por Anahory, com Eunice Muñoz na protagonista mudando quinze vezes de vestido, qual deles o mais bonito, em tons de roxo, laranja, rosa, castanho, e o indispensável encarnado, e também Carmen Dolores e Rogério Paulo, num nunca mais acabar de trajes como se um exame de vestir na Idade Média se tratasse, mas sob a clara limpidez de Abíllio, em muitos tons de castanho e roxo, com Francisco Ribeiro dizendo o prólogo em castanho e laranja. Um conjunto maravilhoso servindo um texto muito fraco, que pouco mais de duas semanas esteve em cena.


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Comemorando o duvidoso V Centenário de Gil Vicente em 1965, Francisco Ribeiro fez um grande e longo espectáculo itinerante, com a “Comédia da Rubena” e uma “Silva Vicentina”, amálgama de cenas soltas, que contou com a colaboração de Abílio, mas não conseguiu interessar o público. Em 1967, Francisco Ribeiro, já no seu anunciado declínio, retomou o TNP na Trindade, e Abílio desenhou os figurinos do espectáculo inaugural, “A Esposa Trocada” (The Changelling), dos elisabetinos Thomas Middleton e William Rowley, mas apesar das cores outonais dos trajes serem adequadas ao drama, o espectáculo não resultou. Nas escassas duas temporadas que este segundo TNP durou, quem mais desenhou foi José Barbosa. Passaram-se anos, Abílio continuou activo mais na ópera e bailado, até que o Teatro Nacional de D. Maria II reabriu em 1978, fazendo Francisco Ribeiro parte da direcção tripartida, com o actor Costa Ferreira e o pintor Lima de Freitas. O espectáculo inaugural, “Auto da Geração Humana”, um duvidoso Gil Vicente, e um “Alfageme de Santarém”, com Garrett demasiado abreviado, foi desenhado por Abílio em colaboração com Manuel Lapa. Desse espectáculo verdadeiramente decepcionante ficou um lindíssimo vestido encarnado que Abílio desenhou para Eunice Muñoz usar no mistério vicentino. Seguiram-se, 1979, colaborações várias com Ribeiro, que nada adiantaram à glória de Abílio: um cenário de tarlatanas lilases para a reposição de “A Bisbilhoteira”, de Eduardo Schwalbach, que era Irene Isidro, uns figurinos adequados para “O Lodo”, a obra admirável de Alfredo Cortez, um vasto conjunto de trajes bem ritmados para “As Alegres Comadres de Windsor”, William Shakespeare numa versão de Francisco Ribeiro, terminando esta colaboração que já fora grandiosa com uns bonitos figurinos para “O Traído Imaginário”, de Molière, e “O Príncipe Disfarçado”, de Marivaux, um espectáculo clássico que agradou muito pouco, com duas peças que Ribeiro já encenara no Teatro do Povo, com figurinos de José Barbosa. Foi a despedida da cena de Abíllio, que ao teatro deu tantas horas de beleza, sempre fiel ao prodígio das suas “cores limpas”.

Maio de 2008 Vítor Pavão dos Santos


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Teatro

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Don Duardos, de Gil Vicente

Teatro do Povo, 1952 Colecção Museu Nacional do Teatro Don Duardos, by Gil Vicente

Teatro do Povo, 1952, National Theatre Museum Collection


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Auto da Barca do Purgatรณrio e da Barca da Glรณria, de Gil Vicente 1970

Auto da Barca do Purgatรณrio and Auto da Barca da Glรณria, by Gil Vicente 1970


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Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente 1970

Auto da Barca do Inferno, by Gil Vicente 1970


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A Fera Amansada, de William Shakespeare Teatro Monumental, 1952 Colecção Museu Nacional do Teatro

The Taming of the Shrew, by William Shakespeare Monumental Theatre, 1952 National Theatre Museum Collection


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Noite de Reis, de W. Shakespeare Teatro Nacional Popular, 1957 Colecção Museu Nacional do Teatro

The Twelfth Night, by William Shakespeare Teatro Nacional Popular, 1957 National Theatre Museum Collection


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Rei Lear, de William Shakespeare

Teatro do Povo, de Francisco Lage e Francisco Ribeiro, 1956 Colecção Museu Nacional do Teatro King Lear, by William Shakespeare

Teatro do Povo, by Francisco Lage e Francisco Ribeiro, 1956 National Thatre Museum Collection


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Leonor Teles, de António Lopes Ribeiro Teatro Nacional Popular, 1960

Leonor Teles, by António Lopes Ribeiro Teatro Nacional Popular, 1960


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Alfageme de Santarém, de Almeida Garrett Teatro do Povo, 1954

Alfageme de Santarém, by Almeida Garrett Teatro do Povo, 1954


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Bailado

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Pássaro de Fogo, de Strawinsky

Círculo de Iniciação Coregráfica de Margarida de Abreu, 1946 The Firebird, by Strawinsky

Círculo de Iniciação Coreográfica from Margarida de Abreu, 1946


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Bailado Heróico, de Luís de Freitas Branco Verde Gaio - SNI Teatro Nacional de S. Carlos, 1961 Heroic Ballet, by Luís Freitas Branco

Verde Gaio Group - SNI (National Information Office) S. Carlos National Theatre, 1961


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“Jeanne d’Arc au Bûcher” - Jogo de Cartas Encenação de Doublier Teatro Nacional de S. Carlos, 1964 Joan of Arc at the Stake - Card Game Directed by Doublier S. Carlos National Theatre, 1964


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Ab Initio

Sobre música de Chopin, 1953 Ab Initio

Based on music by Chopin, 1953


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Ópera

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Orfeu, de Gluck

Teatro Nacional de S. Carlos, 1950 Orpheus, by Gluck

S. Carlos National Theatre, 1950


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Carmina Burana, de Carl Orff Baile da Ópera Teatro Nacional de S. Carlos, 1953 Carmina Burana, by Carl Orff Opera-Ballet S. Carlos National Theatre, 1953


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Auto da Barca do Purgatório e da Barca da Glória Ópera de Ruy Coelho Teatro Nacional de S. Carlos, 1956

Auto da Barca do Purgatório and Auto da Barca da Glória Opera by Ruy Coelho S. Carlos National Theatre, 1956


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Boris Godunov, de Mussorgsky n/ datado

Boris Godunov, by Mussorgsky undated


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Penélope, de Sousa Carvalho Teatro Nacional de S. Carlos, 1955 Penelope, by Sousa Carvalho S. Carlos National Theatre, 1955


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PAINTING

Pintura


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Casa do Arco, 1935

Óleo 71 x 58,5 cm Colecção José Luís Tinoco Casa do Arco, 1935

Oil Painting 71 x 58,5 cm José Luís Tinoco Collection


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Pintura. Cenografia. Figurinismo. Design Recordo bem Abílio de Mattos e Silva. Distinto, amável, discreto no grande atelier da Av. da Liberdade, onde com Carlos Ribeiro (o excelente e pouco lembrado designer Carlos Ribeiro, designer de tudo como naqueles anos quarenta se era e não se sendo então design de nada) preparava stands, montras de Natal, cartazes, coisas dos CTT, eu sei lá! O que todos fazíamos na época e era profissionalmente feito. Recordo-o distantemente assistindo sem escândalo, ao início e também ao fim das invenções e das loucuras dos seus vizinhos surrealistas. Alexandre O’Neil e Fernando Lemos ali tiveram atelier e poiso de criação. Os outros do grupo, ou passavam por lá ou ali trabalhavam também alguns deles. Não creio que tais turbulências e tão vizinhas, ainda por cima, perturbassem a visão calma e contemplativa que Abílio tinha da pintura ou influenciassem sequer o resto. O resto, que refiro, era imenso: cartazes, exposições oficiais, montras, stands de feiras, ilustrações, selos, anúncios e, sobretudo, para gosto verdadeiro e de entrega sua, o trabalho para o teatro, ópera e ballet (neste último haverá um décor e figurinos dos começos dos anos 50, «Ab Initio», feito para o Círculo de Iniciação Coreográfica, anos portanto próximos da convivência deste período, em que na estranheza da composição da cena talvez se encontrem alusões a um outro mundo de assombração onírica). Houve nesta sua predilecção pelo teatro ou do que, como espectáculo, nele se passa, sem dúvida, uma paixão, profissionalmente acompanhada, ou mesmo, o que é raro, assim realizada. Este artista, sem excesso, de uma modéstia elegante, procurando não falar de si ou que de si falassem, vivia afinal de paixões, de enternecimentos, de dedicações profundas. Duas teve, (não cito aquelas outras que o envolvem ou o caracterizam pela transparência humana do seu comportamento) e que também o desenho e a pintura perfilhavam: a Nazaré e Óbidos. E, bem cedo, a primeira destas. Em princípio dos anos 30 do século, e dos seus vinte de vida, até meados da década, pinta e desenha, sobretudo, a vila mística do pescador português, entretanto descoberta e paixão ainda e leit motiv doutros artistas também e não só portugueses. Antes do terrível estrago que foi o posterior e absurdo desenvolvimento turístico da vila, quando a praia da Nazaré era um mito ainda vivível, uma aldeia sacral, pura, de mar salgado e trágico, e gente sofredora e real a ele entregue; nesses anos vinte e trinta principalmente, todos os artistas amaram o seu sortilégio, e quer o paisagismo, quer a sua figuração, vindas dos modernistas (como de resto, também os passadistas) se banharam naquelas águas, naquela luz, e se encenaram naquele teatro de cerimonial e de rua, de actores e de oficiantes. Não será de esquecer Abílio, ao lado de Lino António ou Guilherme Filipe, nessa tradução épocal e única do fascínio da Nazaré. Os seus quadros e desenhos, e talvez melhor estes, ganham como que uma espécie de expressão e de traço ritualizado de geração, traço ritmado e quase ingénuo, por vezes, onde um país ainda por encontrar, se descobre, belo, admirável e antiquíssimo. Onde alguma teatralidade é possível, miticamente desejável mesmo. A exploração de tudo isso é que veio estiolar a paisagem e a gente. Mas estes primeiros artistas eram descobridores. Esta época, para Abílio, terá sido a mais produtiva, a mais prometedora no encantamento da pintura. E, depois da Nazaré, cena aberta, vem Óbidos, o cenário fechado. Para o pintor, a definitiva paixão de um sítio. Óbidos foi também lugar de artistas, e com mais sorte do que a Nazaré, e mais inteligência, tem sido, felizmente poupada e conservada. A casa que Abílio quis e teve, ali axial no volumétrico e branco percurso da vila antiga, foi como que um ancoradouro seco depois da sagração do mar. Terra luminosa também, mas onde a pedra gasta lhe assume a idade e a história, e com o sossego, a melancolia. Todas estas nuances, do branco


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de cal reverberante, ao certo endurecido da pedra, e à macieza da sombra, ocuparam-lhe anos de vida calma e de pintura, a que pôde fazer, perdido e achado que foi por outros palcos, outros enredos, outros cenários. Mas sempre ali repousou, um tanto imerso no tempo. Como se fosse um cenário, de resto, me parece ter ele visto a vila de Óbidos, conjunto arquitectonicamente composto com a nitidez de um telão, prestes a receber o drama ou a comédia. Menos, porém, por hábito de decorador de teatro, do que por verdadeiro preceito deste: criar ou dar-se conta, de que um espaço deve ser construído para que nele se desenrole uma acção. Até que ela exista, existe, mas é, sobretudo, um vazio. Perto de uma centena de participações no teatro, entre cenografias e figurinos, repartidas pelo teatro declamado, a ópera, o bailado, a revista e a opereta. Desde 1936, com a peça «Tá-mar» de Alfredo Cortez, no Teatro Nacional de D. Maria II. Não espanta, assim, a sua relação com o espaço teatral que oferece à pintura, embora não espectacular aí, mas, pelo contrário, dialogal, entre si próprio e uma vivida ambiência paisagística e arquitectónica. Enquanto que no palco, as experiências são tantas, tão diversas, do trágico ao drama e à comédia, do teatro clássico ao moderno, da ópera portuguesa a Honneger e Lopes Graça. E, no bailado, a sua colaboração com Margarida de Abreu e Fernando Lima, e ainda com a fase final do Verde Gaio, traz ao de cima uma época em que, apesar dos particularismos, e porque não, das dificuldades, se preencheu alguma coisa de imperecível da vontade da dança em Portugal. Hoje, que a dança é outra realidade entre nós, evocar tais começos ou permanências, quando o foram, não pode fazer-se sem encarar a obra, o trabalho de Abílio de Mattos e Silva, dispersa por tantos palcos: o que foi do Teatro do Povo, e do Teatro Nacional Popular, o D. Maria II e S. Carlos (onde o Abílio foi director de cena largos anos), tantos outros, alguns recentemente desaparecidos já, como o teatro Apolo e o Monumental. Ao longo da carreira de decorador de teatro e de figurinista, Abílio terá desenhado, certamente, algumas centenas de figurinos e boas dezenas de cenas. É uma obra enorme, feita de imenso trabalho, de transposições epocais diversíssimas, de entendimentos de textos, de situações e ambiências e, inclusive, de funções diferentes. Um trabalho portanto inventivo, adaptável e plasticamente exigente. Os seus desenhos não são vagos, têm rigor daquilo que é concebido para ser realizado, são, mais do que um guião, um modelo para o artífice. Se sacrificou, porém, alguma coisa de si, a algum gosto ou tradição do palco nacional, ou a modos de ser, que foram e são por vezes, ainda, pecados da cena portuguesa, também deu ao teatro muito, em seriedade e conhecimentos de arte. Quase nada se sabendo dele, eis que verdadeiramente muito dele afinal se viu. E é preciso pensar, voltando a ver-lhe a obra, que esta é, embora próxima de nós ainda, um inigualável testemunho.

Abril, 1990 Fernando de Azevedo

Fernando de Azevedo (1923-2002) - Pintor, professor, crítico de arte, co-fundador do Grupo Surrealista de Lisboa, presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes (1979-2002)


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Nazareth, 1933

Óleo 49,5 x 69 cm Colecção de José Luís Tinoco Nazareth, 1933

Oil Painting 49,5 x 69 cm José Luís Tinoco Collection


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S/ Título, 1935 Óleo 68 x 49,5 cm Untitled, 1935 Oil Painting 68 x 49,5 cm


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S/ Título, 1934 Óleo 100 x 66,5 cm Untitled, 1934 Oil Painting 100 x 66,5 cm


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S/ Título, 1945 Óleo 41 x 33,5 cm Untitled, 1945 Oil Painting 41 x 33,5 cm


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S/ Título, 1938 Óleo 55 x 46 cm

Untitled, 1938 Oil Painting 55 x 46 cm


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S/ Título, 1945 Óleo 52 x 40 cm

Untitled, 1945 Oil Painting 52 x 40 cm


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S/ Título, Óbidos, 1952 Óleo 60 x 45 cm

Untitled, Óbidos, 1952 Oil Painting 60 x 45 cm


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Nazareth, 1933 Óleo 67,5 x 50 cm

Nazareth, 1933 Oil Painting 67,5 x 50 cm


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S/ Título, Nazareth, 1941 Óleo 50 x 63 cm

Untitled, Nazareth, 1941 Oil Painting 50 x 63 cm


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S/ Título, 1964 Guache 31 x 22 cm

Untitled, 1964 Gouache 31 x 22 cm


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S/ Título, 1964 Guache 31 x 22 cm

Untitled, 1964 Gouache 31 x 22 cm


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S/ Título, 1978 Guache 30 x 20,5 cm Untitled, 1978 Gouache 30 x 20,5 cm


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S/ Título, 1978 Guache 33 x 26 cm

Untitled, 1978 Gouache 33 x 26 cm


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S/ Título, 1947

Tinta da China e Aguarela 25 x 18 cm Untitled, 1947

Indian Ink and Watercolour 25 x 18 cm


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S/ Título, 1947

Tinta da China e Aguarela 25 x 18 cm Untitled, 1947

Indian Ink and Watercolour 25 x 18 cm


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S/ Título, 1947

Tinta da China e Aguarela 24 x 18 cm Untitled, 1947

Indian Ink and Watercolour 24 x 18 cm


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S/ Título, 1947

Tinta da China e Aguarela 23 x 17 cm Untitled, 1947

Indian Ink and Watercolour 23 x 18 cm


104 MUSEUABÍLIO

S/ Título, 1947

Tinta da China e Aguarela 24 x 18 cm Untitled, 1947

Indian Ink and Watercolour 24 x 18 cm


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S/ Título, 1947

Tinta da China e Aguarela 25 x 18 cm Untitled, 1947

Indian Ink and Watercolour 25 x 18 cm


106 MUSEUABÍLIO

S/ Título, 1941 Tinta da China 31 x 24 cm

Untitled, 1941 Indian Ink 31 x 24 cm


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108 MUSEUABÍLIO

S/ Título, 1941 Tinta da China 31 x 24 cm

Untitled, 1941 Indian Ink 31 x 24 cm


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S/ Título, 1941 Tinta da China 26,5 x 21,5 cm Untitled, 1941 Indian Ink 26,5 x 21,5 cm


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GRAPHIC ARTS

Artes Grรกficas


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Ministério da Economia Campanha da Produção Agrícola Prova de Ozalide e Cartaz 1943

Ministry of Economy Agricultural Production Campaign Ozalid and Poster 1943


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114 MUSEUABĂ?LIO

Campanhas do MinistĂŠrio da Economia Cartazes

n/ datados Ministry of Economy Campaigns Posters Undated

Fruta de Portugal Cartaz 1937

Fruta de Portugal - Portuguese Fruit Poster 1937


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116 MUSEUABÍLIO

Campanhas do Ministério da Economia n/ datados

Ministry of Economy Campaigns Undated


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“Gran Ballet du Marquis de Cuevas” Teatro Nacional de S. Carlos Brochura, Maio 1953

The Grand Ballet du Marquis de Cuevas S. Carlos National Theatre Pamphlet, 1953


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“Ballet Theatre” Teatro Nacional de S. Carlos Brochura, n/ datado

“Balley Theatre” S. Carlos National Theatre Pamphlet, undated


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Museu de Portugal - Óbidos Cartaz, 1931

Museum of Portugal - Óbidos Poster, 1931


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Museu de Portugal - Óbidos Cartaz, 1931

Museum of Portugal - Óbidos Poster, 1931


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Nota biográfica Abílio Leal de Mattos e Silva nasceu no Sardoal em 1 de Abril de 1908. Concluídos os estudos liceais em Coimbra, iniciou, em Lisboa, o curso de Direito que viria a abandonar para ingressar na Função Pública. É no período vivido na Nazaré, de 1931 a 1936, que a sua actividade de pintor se manifesta de forma mais assídua – e ao facto não será estranho o estimulante convívio com pintores portugueses e estrangeiros (entre estes John Barber, Barry Green e Hagedorn) que com ele partilhavam a forte sedução ambiental da vila. Nazaré terá sido o começo, Óbidos a continuação. Com afeito a actividade de Abílio prolonga-se, durante as férias, no velho burgo, cuja paisagem desenha e pinta durante muitos anos – mesmo depois de se ter fixado em Lisboa em 1961; desse tema, incansavelmente repetido até aos últimos dias, deixou-nos uma vasta e significativa produção. Da participação de Abílio em exposições, são escassos e, por vezes, contraditórios os elementos ao nosso alcance. Embora existam referências relativas ao I Salão dos Independentes (1930), o seu nome não figura no catálogo. A primeira participação em mostras colectivas de que temos conhecimento reporta-nos à exposição de Arte Moderna na casa Quintão no Chiado, em 1935, onde se faz representar com cinco trabalhos. Outras exposições se sucederiam, nomeadamente o Salão «Momento» no Grémio Alentejano (1935) e vários Salões do SNI. Esta actividade de pintor viria a tornar-se mais espaçada – à medida que Abílio ia sendo cada vez mais solicitado para outras áreas de criação artística. Colaborador da revista Presença (ao tempo em que esta era dirigida por José Régio) foi, como grafista e ilustrador, autor de numerosos trabalhos para revistas e publicações oficiais. Com a peça «Tá-Mar» de Alfredo Cortez inicia, em 1936, uma longa e notável carreira de cenógrafo e figurinista, traduzida em numerosas realizações no domínio do teatro, da ópera e do bailado. Como funcionário do Ministério da Economia, associa à actividade de ilustrador, a de designer, tendo nessa qualidade, sido condecorado pela acção desenvolvida em exposições realizadas no estrangeiro. É, comulativamente, director de cena do Teatro Nacional de S. Carlos, onde leva a efeito algumas das suas mais importantes realizações cénicas. Será neste imenso labor que teremos de descortinar algumas das razões que levaram Abílio a um progressivo afastamento das exposições de pintura. Não deixou, no entanto, de pintar – desligado, embora, dos circuitos públicos normais. Dessa actividade solitária nos deu conta uma retrospectiva levada a efeito em Óbidos, em 1984 – um ano antes da sua morte.

J. L. Tinoco


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Cronologia*

CENOGRAFIA E FIGURINISMO 1936 Cenários e figurinos para a peça “Tá-Mar” de Alfredo Cortez, dirigida por Amélia Rey Colaço, para o Teatro Nacional D. Maria II.

1953 Cenários e figurinos para o bailado “Concerto de Schumann” para o CIC.

Figurinos e maquetas do 1.º e 2.º actos para o bailado “Pássaro de Fogo” de Kotscheyo para o CIC.

1946 Cenário para o 1º acto do bailado “Pássaro de Fogo” para o Círculo de Iniciação Coreográfica.

Cenário e figurinos do bailado “Arraial da Ribeira” de Rui Coelho.

Argumento, cenário e figurinos para o bailado “Ab Initio” baseado na música de Chopin.

1947

Executa figurinos e cenários para o bailado “Quadros de uma Exposição” de Mussorgky (1839-1881), famoso compositor russo, para o Círculo de Iniciação Coreográfica, de que temos ainda exemplos, Catacumbas, Jardim da Tulheiras, Gromos, Mercado, Baba – Yaga.

Figurinos e maquetas de cenário para a peça “Viva ao luxo!” para a Companhia Vasco Morgado, Teatro Monumental.

Cenários e figurinos para a peça infantil de Aníbal Nazaré, “Não vale a pena ser mau”.

Cenários para o “Carta Anónima” de Muñoz Seca para o Teatro D. Maria II.

Figurinos para a peça “Ce soir à Samarcande” de Jaques Téval.

Figurinos para as peças infantis de Adolfo Simões Muller, “Natal dos Animais” e “Aventura numa Loja de Brinquedos”.

Adereços e cenários para a peça “Uma Dança em Casa do Diabo” de Tono e Manzano.

Argumento, cenários e figurinos para “Naquele Largo Cor-de-Rosa” para a companhia de bailado de Fernando Lima. Cenários do bailado “Nova Chopiniana” (possível ser de 1948).

1948 Cenários e figurinos do bailado “Polaca Heroica” para o CIC. 1950 Figurinos para a Ópera “Orfeu” de Gluck, no Teatro Nacional S. Carlos. 1951

Figurinos para a peça “A grande mina” da companhia do Teatro Apolo.

1954 Cenários e figurinos para a peça “O Alfageme de Santarém” ou “A espada do Condestável” (1842) de Almeida Garrett.

Figurinos para a peça “Agora é que ela vai boa!” da Companhia do Teatro Apolo.

Cenários e figurinos para a peça “Auto de Santo António” de Gustavo de Matos Sequeira.

Figurinos para o 1º e 3º actos de uma opereta “As três valsas”, para a Companhia do Vasco Morgado, para o Teatro Monumental.

Cenários e figurinos para a ópera “Rosas de todo o ano” – de Ruy Coelho.

Figurinos do baile da ópera “Aida”.

Figurinos do baile da ópera “Carmina Burana”.

Figurinos para o ballet “Piquenine” – de Darius Milhaud.

1952 Cenários e figurinos de “Don Duardos” de Gil Vicente, versão de António Lopes Ribeiro, encenação de Francisco Ribeiro.

Figurinos de “A Fera Amansada” de William Shakespeare, versão/adaptação de Gino Saviotti, para a Empresa Vasco Morgado.

Maqueta da peça “Milagre da rua” de Costa Ferreira, para a companhia Maria Lalande.

Cenários da peça “Já Daqui não Saio - J’y suis, j’y reste” de Raymond Vincy e Jean Valmy, para a companhia Maria Lalande.

Figurinos para o bailado “Cais do Sodré”.

Cenários e figurinos para Concerto de Bach do CIC.

Figurinos de “Clair de Lune” do CIC.

Maqueta do bailado “Grazioso” do CIC.

Figurinos para a Ópera “Carmina Burana”.

1955 Cenários e figurinos para o ballet-concerto “Galaaz” de Fernando Lima.

Cenários e figurinos da Ópera “Penélope” de Sousa Carvalho (duas versões).

Figurinos e cenários para “Em vossas Torres de Marfim”, ballet-concerto de Fernando Lima.

Cenários e figurinos para o bailado “Delphiade” ballet-concerto de Fernando Lima.

Executa figurinos e cenários para o ballet-concerto de Fernando Lima “Más Linguas”.

Executa figurinos e cenários para o ballet-concerto de Fernando Lima “L’Aprés-Midi d’un Faune” de Debussy.


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1956 Cenário para a Ópera “Crisfal” de Rui Coelho (1889-1986).

Cenário para a Ópera “Auto da Barca do Inferno”.

Figurinos para a peça “Rei Lear” de William Shakespeare, versão de Francisco Lage, para o Teatro do Povo.

1957 Figurinos para a peça “Noite de Reis” de William Shakespeare, com tradução de Francisco Lage e Francisco Ribeiro, para a companhia do Teatro Nacional Popular.

Cenários e figurinos para o bailado “Passeio Público” de Elvira de Freitas para o CIC.

1958 Figurinos para Companhia de Bailados Portugueses , de Fernando Lima (Nazaré, Alentejo, Algarve e Ribatejo), exibidos no Casino do Estoril.

Cenários para a peça “Um serão nas Laranjeiras” de Júlio Dantas, encenado por Francisco Ribeiro e coreografia de Margarida de Abreu.

1959 Cenários para a peça “Os pássaros de asas cortadas” de Luiz Francisco Rebello, para o Teatro Nacional Popular.

Cenários para a peça “Lucy Crown (de Irwin Shaw)”, para o Teatro Nacional Popular.

Cenários para a peça “Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu jardim” de Federico García Lorca, para o Teatro Nacional Popular.

Cenários para a peça “Doze homens fechados” de Reginald Rose para o Teatro Nacional Popular.

Cenários e figurinos para Bailado Alfama e Bailado Coimbra.

1960 Figurinos para a peça “Leonor Telles” de António Lopes Ribeiro. 1961 Figurinos e cenários para o “Bailado Heróico” de Luís de Freitas Branco para a Companhia Verde Gaio.

1965 Cenários para a “Silva Vicentina” e “Comédia de Rubena”, integrado no centenário de Gil Vicente, com encenação de Francisco Ribeiro.

Figurinos para o bailado “Festa na Aldeia” para a Companhia Verde Gaio.

1966 Figurinos para a ópera “Fausto” para o Teatro Nacional São Carlos.

Figurinos e cenários para a ópera “Werther” para o Teatro Nacional São Carlos.

1967 Figurinos para “A esposa trocada” de Thomas Middleton, tradução de Carlos Corrêa, encenação de Francisco Ribeiro, da Companhia do Teatro Nacional Popular.

Cenários para a peça “A Torre e o Galinheiro” de Vittorio Calvino, para o Teatro Nacional Popular.

Cenários e figurinos para a peça “Trilogia das Barcas” de Gil Vicente, para o Teatro Nacional Popular.

1969 Argumento, cenários e figurinos para o bailado “Inêz”. 1970 Figurinos para a cantata “D. Duardos e Flérida” de Fernando Lopes Graça.

Cenário e figurinos para a ópera “Auto da Barca do Inferno” de Rui Coelho.

1972 Figurinos para a ópera “A Flauta Mágica”. 1973 Figurinos para o bailado “Quatro Estações” para a Companhia Verde Gaio, representando o Alentejo, Minho, Ribatejo e Trás-os-Montes. 1974

Figurinos e maquetas para a peça “Os porquinhos da Índia” para a companhia Metrul.

1978 Figurinos e maquetas da peça “Auto da geração humana” para companhia do Teatro Nacional D. Maria II.

1962 Cenários e figurinos para o bailado “Passeio Público” de Elvira de Freitas para o CIC.

Figurinos da peça “As alegres comadres de Windsor”de William Shakespeare, tradução de Francisco Ribeiro, para a companhia do Teatro Nacional D. Maria II.

1963 Figurinos para o bailado “O Douro fugiu para o Mar” para a Companhia Verde Gaio.

1979 Cenário para a peça “A bisbilhoteira” para a companhia do Teatro Nacional D. Maria II.

1964 Figurinos para o bailado “D. Quixote” e “Divertimento” da Companhia Verde Gaio.

Figurinos para as peças “O lodo”, de Alfredo Cortez, direcção de Francisco Ribeiro, para a companhia do Teatro Nacional D. Maria II.

Figurinos das peças “O traído imaginário + O príncipe disfarçado”, peças de Molière e Marivaux, para a companhia do Teatro Nacional D. Maria II.

Figurinos para o bailado “Jogo de Cartas” de Jeanne D’Arcau Bucher, encenação de Doublier, para o CIC do Teatro Nacional S. Carlos. Figurinos para o bailado “Giselle” do CIC para o Teatro Nacional de S. Carlos.


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EXPOSIÇÕES 1931 Salão dos Independentes na Sociedade Nacional de Belas-Artes.

1943 Salão de Pintura organizado pelo Secretariado de Propaganda Nacional.

1933 Exposição de Pintura, Escultura e Arquitectura, sob o patrocínio da Sociedade Nacional de Belas-Artes, organizada pelo SNI, onde Abílio de Mattos e Silva tem uma pintura “Rua do Arco da Cadeia – Óbidos” – 3.500$00, dando como sua residência ou atelier, Avenida Visconde Valmor, 55, 4º D. – Lisboa.

1946 Salão de Pintura organizado pelo Secretariado de Propaganda Nacional.

1934 Exposição de Arte Moderna, organizada pelo Secretariado de Propaganda Nacional, Sociedade Nacional de Belas-Artes.

1956 Salão da Primavera, organizado pela Sociedade Nacional de Belas Artes.

1935 Exposição de Arte Moderna, organizada pelo Secretariado de Propaganda Nacional, em 1935, Sociedade Nacional de Belas-Artes, onde aparece com três óleos, a 3.000$00 cada um, representando uma rua na Nazaré, uma em Óbidos e outra com uma casa, descrito com pintor da Nazareth.

1947 Exposição de figurinos e cenários na livraria Ática, na rua Garrett. 1949 Salão Nacional de Artes Decorativas no Palácio Foz, organizado pelo Secretariado Nacional de Informação.

1971

Exposição “30 Anos de Teatro”, no átrio do Teatro Nacional S.Carlos.

1984 Exposição retrospectiva em Óbidos. 1986 Exposição de Pinturas e Desenhos da Nazaré no Museu Joaquim Manso. 1990 Exposição retrospectiva na Fundação Calouste Gulbenkian.

Exposição Momento, organizada pela revista “Momento” na Casa do Alentejo, 1935.

Exposição de figurinos e cenários no Teatro da Trindade (data não determinada).

Salão dos Antigos Estudantes de Coimbra na Casa das Beiras.

Exposição na Sociedade de Autores (data não determinada).

PUBLICAÇÕES 1938 Óbidos, vila antiga de Portugal, pelas oficinas da Imprensa Portuguesa, no Porto, contendo 10 desenhos de Abílio de diferentes locais da vila de Óbidos. 1971

Catálogo da exposição “30 Anos de Teatro”.

O Traje da Nazaré (desenhos).

* Contributo para a produção de uma biografia


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Presentation Today, the 14th of June, 2008, a museum that has been desired for a long time is finally seeing daylight. Even though much time has passed, this project has always been considered fundamental for the social and cultural enrichment of Óbidos. The value of the cultural and artistic legacy left to us by Abílio de Mattos e Silva further justifies the creation of a Museum dedicated to this artist’s life work. It is also an addition to the network of Museums and Galleries of Óbidos, inaugurated in 2002. The way we present this biographical register aims essentially to be a starting point in the research and promotion of one of the most fascinating plastic artists of the 20th century. It is results in the express will of wanting to keep this artist’s memory alive, someone who was so talented in many arts and artistic activities, namely in Plastic and Performing Arts. Abílio also knew, like no other, how to memorably draw and paint this historic town. In Óbidos we concentrate on the role that knowledge plays in the development process as individual. It is our goal to create a strong cultural lasting (and not transitional) environment, one that is innovative, but not repetitive, integrating and vast. Promoting significant collec-

tions and historical legacies is part of our global strategy while community. As a result, Óbidos gains a new cultural dynamic reinforcing the matrix that this town intends to consolidate in the future as a creative economy. Community Funds, namely FEDER, the partnerships developed, especially with the National Theatre Museum, in the name of the director, José Alvarez, were crucial in making an old dream a reality for all of us. However, it was the persistence of Maria José Salavisa that made this possible. Initially a endeavour promised by the former mayor, Pereira Júnior, we reorganized its concept and transferred it to Saint Mary’s Square, close to the Casa do Arco, in the heart of the town. The intense labour and the adaptation of the building are signature works by Maria José Salavisa. She prepared this space to receive her husband’s heritage in a remarkable homage that we have made our own, especially now when we finally open the doors of the Museum: “Abílio”. Óbidos, June 14, 2008 Telmo Faria Mayor of Óbidos


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Abílio Coming from a family that preferred the “useful arts” to the fine arts, I have always had the idea that, ever since I was a little girl, I would be the exception. I was lucky in the environment that I found in my marriage. Music and visual arts came naturally to Abílio. Theatre was his fascination and I was an attentive observer of all his artistic production created for the theatre, opera, and ballet. During the 1940’s, Abílio is invited to be scene director at the São Carlos Theatre in Lisbon (Lisbon’s Opera House). During twenty five years I observed the birth and evolution of ballet in Portugal, as well as Abílio’s dedication to this art form. It was a time of memorable performances in Opera and in Theatre. I must recall, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), director of the Teatro do Povo, who, with Abílio, formed an inseparable duo. I witnessed the calm and conscientious research of each prop, each scene. Learning. I don’t know if, to Abílio, this was the career of his choice or the answer to constant requests, which included graphic arts, exhibitions, among others. I must refer the distinction given to him by the Ministry of Agriculture and the 1st international prize for a stamp created for the CTT (Post Office Company). Why did Abílio “escape” to other areas and temporarily abandon painting? I think it had to do with his discreet demeanour or, possibly, because this was a way of securing his financial situation after having seen his family’s heritage disappear. A bit unexpectedly, Abílio returns to painting. In his atelier at the São Carlos Theatre, during the intervals in his functions, he creates memories of Óbidos, a place where he once lived. Óbidos plays, once again, a leading role in his life. It is the revival of his activity as a painter of the 1930’s. During the time he was working in theatre, I was guardian and protector of his works from that distant time. It was my “treasure”, forgotten by everyone and marginalized by Abílio. In this collection, along with paintings of Óbidos, we also find paintings of Nazaré, a town where he lived as a young man. In Nazaré Abílio entered the world of theatre when Alfredo Cortez commissioned him the scenes and wardrobe for the play “Tá-Mar” staged at the Queen Maria II Theatre

and directed by Amélia Rey Colaço. After this moment, he would never abandon the theatre. The environment that surrounded me – where art was always a key player– awakened my calling, leading me to pursue interior design as a profession. I never forgot Abílio´s advice and knowledge. He was always someone who was searching for the truth all that he did. In his final years, weakened by disease, Abílio begins to remember details from the past. He looks at some drawings of Óbidos in his Casa do Arco and produces new oil and gouache paintings. He does, however, return to theatre with his “brother” Francisco Ribeiro, staging the play “Auto da Geração Humana” by Gil Vicente, on the occasion of the reopening of the Queen Maria II Theatre, after its restoration. “Le Prince Travesti”, in 1979, would be his farewell. People will forget him; but theatre has him as part of its history and will keep him alive. Abílio is linked to the inauguration of the Monumental Theatre (today destroyed) and to so many other numerous endeavours. Will Abílio’s speak for itself? Painting? Theatre? Painting once again? I remember the homage paid to him in Nazaré, at the Town Museum, in 1986, as well as the warm remarks of those who passed by this exhibition and relived the sea fauna, the fisherman’s clothing, the boats… From Óbidos, he not only leaves us works with details from each corner, each street, but also small written allusions as if writing to a girlfriend – “Surrounding this Óbidos, hugging it, embracing it like a mother who defends a beloved daughter (…) we find an old dark wall, contrasting with the whitewashed houses…” Abílio lived life with a calm joy that brought peace to him and to others. He leaves us with sadness: «the autumn is coming to an end”. June, 1993 Maria José Salavisa


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Museum Abílio Mattos e Silva gives name to this Museum. A vast collection, resulting from a donation by the artist’s widow, Maria José Salavisa, shows us his inspired and productive side, related to the town of Óbidos, in the different stages of his life. This Museum pays homage to the artist’s work and aims to encourage research, investigation and promotion of the Scenic Arts, outside the context of representation, where Art is always protagonist. With an intense production, divided among diverse areas such as Painting, Design, Illustration, Graphics, Theatrical Design and Figurines, here represented in a logical and organized manner, the visitor observes Abílio’s multidimensional creativity. Some of the exhibited works are part of Portuguese Cultural History, namely in Theatre, Dance and Opera, in which we count with contributions of artists from other artistic areas. This collection spans the three floors of the Museum building. Different quotes and comments by renowned Portuguese Art and Culture personalities appear in the different moments of the artist’s creative life. These passages call attention to the museum’s physical space and complement the works, therefore allowing visitors to get better acquainted with the artist and his life’s work.

Having adventured himself in different forms of Plastic Arts, Abílio offers us a sample of Portuguese Art produced throughout his career. His works are considered to be one of the most valuable 20th century theatre productions in Portugal. The model and structure of the exhibition and its Museum is a concept by Maria José Salavisa, the project’s mentor, and in accordance with other consulted documentation. From the analysed information, namely the Museum’s architecture project, it is clear that it was the intention of this interior designer to share with the public her husband’s different facets. To this catalogue, dedicated to the Museum’s opening exhibition, we show you the iconographical documentation present in this exhibition, which give visitors the opportunity to critically evaluate his creativity, his trace and visual lightness in his design, as well as the application of different concepts. This catalogue, and hopefully future ones, aims to be a contribution to Portuguese Theatre History and in particular to Wardrobe, Design and Scenographic History. June, 2008 Ana Maria Calçada Rede de Museus e Galerias, Óbidoa


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Abílio, Theatre Designer of “Clean Colours” In 1953, while sketching a costume for the musical revue “Viva o Luxo”, Abílio wrote his permanent collaborator, Alberto Anahory, the following: “Anahory! Holiday on Ice! Blue – Green + pink = Clean Colours!” This note was written about the musical “Holiday on Ice”, showing at the Campo Pequeno, and demonstrates the complicity of these two Theatre men. This expression could not be more precise about how Abílio understood theatrical design, always applying his “clean colours” to define each character, colours which he would never mix. For example, let’s observe the signature red dresses that Abílio uses throughout his entire theatrical career, as well as his favourite colours (purple, Bordeaux, dark-green, brown, a shiny yellow and a lively red), which are magisterially coordinated, but are never contaminated, as each individual colour presents its own intense life. Abílio de Mattos e Silva began his career as a scenic designer in 1936 when Alfredo Cortez, possibly the greatest Portuguese playwright from the 20th century, referred him to Amélia Rey Colaço to design two scenes and wardrobe for “Tá-Mar”. This play portrayed local people from Nazaré, although its content transcended to a more regionalist image. It was successfully staged by the Rey Colaço Robles Monteiro Company at the National Theatre, at the time known as the Almeida Garrett Theatre. Abilio’s career is immense and diversified, not only in theatre, but also in other Performing Arts. In 1963, he designed for the São Carlos National Theatre, the opera, “Tá Mar”, which Ruy Coelho based on Cortez’s work. Abílio was above all a man of affections. For example, take his long collaboration with Margarida de Abreu, in ballet, and later with Fernando Lima, as well as the three decade long partnership with Fernando Ribeiro (theatre). He was interested in all genres of Performing Arts: drama, comedy, opera, ballet, operettas, musical theatre, and cinema. Concerning the latter, he participated in the film “The Iron Cross” (1967) by Jorge Brum do Canto, having created a vast wardrobe of clean and coarse fabrics, personally overseeing its confection. Abílio was, therefore, a creator in many different Arts, giving them grace, novelty, magnificence, and much professionalism and skill.

ABÍLIO AND THE BALLET In 1946, Margarida de Abreu, a ballet teacher at the National Conservatory, sought to reform dance in Portugal.

She created the Círculo de Iniciação Coreográfica (CIC), and promoted two shows with her students and choreography: “The Fire Bird” by Igor Stravinski (scenic design by Abílio and wardrobe by Tomás de Costa); and “Arraial na Ribeira” (music by Ruy Coelho and set design by Abílio). Abílio was very skilled in his work for the ballet as he understood the many demands required for these types of undertakings. He was unquestionably considered one of the great ballet scenographers in Portugal. In 1947 Margarida de Abreu in the following year, presented “Pictures at an Exhibition” by Mussorgsky. Abílio’s work was remarkable as the surviving models come to show, namely a Marketplace scene with pink, blue and yellow shop sun blinds. Also, the scenes of Baba Yaga with bird and a cat, the catacombs, the Garden of the Tuileries, and the Great Gates of Kiev, are tremendously well orchestrated. Dark yellow, brown and lilac are the predominant colours in this ballet. New works by Abílio appear alongside Margarida de Abreu and her CIC (Circulo de Iniciação Coreográfica), in 1949, at the São Carlos Theatre, presenting a varied repertoire. Different from the colours of the earlier ballets, it now offered more austere tones, namely in the “New Chopinian” or the “Schumann Concert”, and demonstrated a profound knowledge of the most gallant of ballets, such as “Ab Initio” (1953), with music by Dvorak. In this first phase of Margarida de Abreu’s career, she would create 20 more ballets, almost always in collaboration with Abílio’s colours and forms. Among Margarida de Abreu’s students, we find the young Fernando Lima, who later studied abroad. He wanted to become a choreographer and establish his own company. As a result, in 1955, at the Monumental Theatre, the Ballet Concerto de Fernando Lima was created. Abílio de Mattos e Silva was his main sceneographer and scene director. From this work, the following stands out: the purifying beauty of “Galaaz” with music by Rachmaninov; a set made up by an ogive arch structure; and an elegant silver and white costume for the protagonist, Fernando Lima. This medieval rigour had its classical counterpoint in “Delphiada” with music by Debussy and the colourful “Piquenique” with music by Darius Malhaud. Abílio’s career in the different arts as well as his surprising versatility is an interesting subject to be studied, especially his work in opera as he was scene director at the São Carlos National Theatre for many years, having closely collaborated with the resident sceneographer, the Italian, Alfredo Furiga. Worth mentioning are works such as “Carmina Burana” (1954) by Carl Orff, or the card game “Jeanne D’Arc Au Bûcher” (1964) by Arthur Honegger, as well as designs for the programme covers for the Gala in honour of Queen Elizabeth II (1957), a piece religiously


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collected by theatre fanatics, and considered the best part of the recital, artistically considered a disaster. Oddly enough, Abílio was not one of collaborators that were part of the Portuguese Ballet Group Verde Gaio, in its first phase, directed by Francis Graça (1940-1950). However, in 1961, when the Company’s management was trusted to Margarida de Abreu and Fernando Lima, he immediately started creating rather expressive scenes and a considerable collection of medieval costumes for the “O Condestável. A Espada e a Cruz”. With music by Luis de Freitas Branco, and the choreography by the new company directors, Abílio continued to collaborate with Anahory to construct the costumes he designed. In 1965, the folk style, which in earlier days would justly bring glory to the Verde Gaio Group, are now part of the theatre set and wardrobe of “Festa na Aldeia”, with music by Ruy Coelho, and a somewhat unexpected choreography by Margarida de Abreu. Abílio’s work in Ballet and in Opera requires an extensive analytical study that I have never done nor can I adventure myself in doing.

ABÍLIO AND MUSICAL THEATRE On October 9 1949, an important event in Portuguese Musical theatre occurred. The life of musical Revue ended with “Feira na Avenida” at the Vasconcelos Theatre, in which Irene Isidro and António Silva were the stars of the show. Piero Bénardon, the super entrepreneur, who for decades adorned stages with luxurious and exquisite taste, went bankrupt and ran away from Portugal along with his direct assistant, the theatrical designer António Pinto de Campos, possibly the greatest Portuguese musical theatre set designer in the 20th century. Piero was able to competently work in all types of theatre and after his disappearance, Portuguese theatre was a bit lost. This was the reason why five artists: Irene Isidro, Laura Alves, António Silva, Carlos Alves and Francisco Ribeiro (also known as Ribeirinho) came together and created the Sociedade Teatral Limitada. Vasco Morgado (Laura Alves’s husband and future super entrepreneur) successfully presented on November 17, 1950, at the old Apolo Theatre, the Musical Revue “Enquanto Houver Santo António”, by unknown authors. This artistic direction, lead by Francisco Ribeiro, an almost consummated director, who from 1944 and 1950 revolutionized recited theatre with his Comediantes de Lisboa (Lisbon Players), was not intimidated by the absence of Pinto de Campos nor did he resort to his designer, José Barbosa. They decided to call for the costume designs of Pedro Dorloff, along with the renowned sculptor, painter and designer, Júlio de Sousa, and the already notorious

Abílio de Mattos e Silva. The latter may have been responsible for great part of the wardrobe, executed by Anahory (another one of Ribeiro’s direct collaborators). The Revue, “Grande Marcha de Lisboa” was fresh and brought some innovation, namely in the overture, presenting the entire company on stage, representing the traditional suburbs of Lisbon. It revealed intense colours and a large red flower placed on Irene Isidoro’s head, possibly by Abílio. But indisputably, by Abílio, we have the blue velvet costume with cut sleeves that Irene Isidro elegantly wore, in her character from Hamlet, a costume, of the most beautiful that was made at the time. Consecrated with this success, the Sociedade Teatral, still with the same Managing directors, staged at the Apolo Theatre on March 24, 1951, the play “Aguenta-te Zé”, which ran until July. This time the wardrobe was designed by Abílio in partnership with Manuel Lima, however Abílio’s work started to become noticed, having appeared in magazines such as “O Século Ilustrado”. I remember the sensation of novelty, somewhat balletic, of the opening number. It was a rivalry between the Old and New Lisbon, presenting contrasting colours, employing the black; the song “A Cor de Lisboa”, written by Fernando Carvalho was the hit of the show and performed by Irene Isidro, half spoken and half sung. She wore an extravagant gown, in purple, pink and red, with an enormous skirt and a small headdress. The set had a large stained-glass that increased in colour as the song progressed. Being successful in musical theatre, which demanded much imagination and refined taste, Abílio had two completely different noteworthy apotheoses in this play. The first occurred at the end of the first act: São Joao in Viana, which was very colourful; and the second was at the end of the second act; women and black and white plumes, and a staircase which contrasted with the first characters. In this scene, Irene Isidro was dressed in black, being her outfit the most subtle. In the following season there were some changes. Laura Alves left the Sociedade Teatral for the Monumental Theatre. As a new partner, Barroso Lopes would join the society, along with the young and creative Leónia Mendes. They opted for an original musical comedy, “A Grande Mina”, opening on October 5th, 1951. It was not very successful and only stayed one month on stage. However, Abílio’s name would appear by itself for the first time, always assisted by Anahory. In this fantasy, there were scenes with ostentatious wardrobes. The final part of the play presented red, black and gold colours along with a successful song, “Mariana”, sung by the beautiful voice of Mimi Gaspar. She wore a simple white tuxedo, while the choir surrounding her dressed in traditional Portuguese styles creating an impressive scenic effect. Because musical comedy was not very successful, the


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Society quickly made musical Revues return to the Apolo Theatre. This happened on December 13th, with the play “Agora é que Ela Vai Boa!” now with a new cast member, Costinha. It was another hit, with wardrobe entirely designed by Abílio. He was also one of the many artists who created the different scenes, among them: Manuel Lapa, Berbardo Marques, Carlos Botelho, Frederico George, Francisco Valença, Fernando Bento, Carlos Ribeiro. Being able to obtain total creativity, Abílio was now an important personality in musical theatre, creating beautiful sets, especially with “Cantora de Saloon”. Here, Irene Isidro evokes a typical of Hollywood Westerns, surrounded by soft colours: purple velvet, red tones and the elegant legs moulded by green pantyhose. This extraordinary actress, Irene Isidro, the only popular and chic woman that musical theatre ever knew, interpreted Captain Morgan and recited a patriotic scene, Soldiers of Africa, ending the first act. The second act, O Jogo das Cartas (Card Game), offered a magnificent stylization showing an entire deck of cards with colourful 16th century costumes. Meanwhile, the Cine-Theatre Monumental opened on November 8, a new theatre, spacious, and revealed a certain luxury in the decoration and equipment, located in the new Avenues, a place where theatre was not common. The young Vasco Morgado was an entrepreneur at the beginning of a prominent career and Laura Alves, a wonderful versatile actress, who became extremely popular. For the opening show they chose “The Three Waltzes”, a Viennese and Parisian operetta with music by Johann Strauss and Oscar Strauss. Each act takes place in a different period and a different generation portraying the life of the romantic couple: Laura Alves and the tenor Tomás Alcaide. The character present in the three different periods is the entrepreneur played by João Villaret, leading a cast of versatile comedians. The first act takes place in Paris during the II Empire with crinolines, and the star is a classical ballerina. In the second moment she is a singer from Paris from 1900; and the third act a movie actress that will interpret the role of the ballerina’s grandmother. It is in this final act that the romantic couple finally end up together. For the second act of “As Três Valsas”, the most spectacular act, with Maxim and Moulin de la Gallette shining, Gico (Eduardo Galhardo, a talented and unjustly forgotten theatrical designer) was called to design the wardrobe. Abílio was chosen to collaborate for the first and third acts. The first act exuberated tones of pink, light green and lilac, including a ballet scene choreographed by Margarida de Abreu. In the third act, which takes place in a studio from the 1920’s, Laura Alves was wearing black satin pants and a tuxedo shirt, while holding a long cigarette holder. She finishes in an large dress from 1850, when playing the grandmother.

Meanwhile at the Apolo Theatre, the Theatrical Society ends its activity on April 1952 with an operetta showing the different suburbs from Lisbon, “Rosa Brava” (Wild Rose). Abílio designed the entire wardrobe and was also in charge of some of the theatrical designs. But the year of 1952 was marked with the Summer Season at the Monumental Theatre, when Laura Alves, alongside Raul de Carvalho, successfully interpreted Katherine in “The Taming of the Shrew”, a delightful comedy by William Shakespeare. Abílio designed great part of the 16th century wardrobe, original and elegant, reinventing brown tones, but also greens and pinks. These colours are Abílio’s signature and are always present in his more significant works. In Spring of 1953, Vasco Morgado decides to produce the show “Viva o Luxo!”, with artistic direction by Francisco Ribeiro, a play that cost an astronomic 800 thousand escudos. Laura Alves, Irene Isidro and António Silva directed the cast. Vasco Morgado, similarly to Piero, wanted Pinto de Campos as his main designer. Still living in Cairo, he would send him models of the sets and wardrobes for this exuberant show, conjugating other sets designed by Abílio. At the end of the year, Pinto de Campos returned to Portugal and designed for Laura and Morgado the operetta “Maria da Fonte”, having actively collaborated in the many productions. For “Viva o Luxo!”, his last experience in musical theatre, Abílio sketched some stunning pieces, especially for the song “Fado on Broadway” with Aida Baptista, dressed in purple and pink. The last part of the 1st act, “Pregões de Lisboa”, showed a dazzling parade of colours: green and pink for the flowers; green and dark red for the strawberries; green and blue for the fish; and green and purple for the Grapes. All these props contrasted in a beautiful scenery always with Abílio’s personal touch. ABÍLIO AND FRANCISCO RIBEIRO In 1936, António Ferro creates the Teatro do Povo, as part of his Secretariado da Propaganda Nacional (National Propaganda Office) so that he could bring theatre to the country’s general population during the summer months. He would hire as the Company director Francisco Ribeiro who, although only 24 years old, was well-known in theatre. It was a fine initiative except for that fact this it aimed essentially to propagate the Estado Novo regime ideals. Nevertheless, it counted with: Carlos Botelho and revealed some younger talents, such as Laura Alves. Even though Ribeiro was a competent theatre director, the task was not very rewarding to him and in 1941, bored, he left the Teatro do Povo. This theatre slowly declined under different managements for a few years more.


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Meanwhile Francisco Ribeiro founded with his brother, António Lopes Ribeiro, the Comediantes de Lisboa (Lisbon Players). It became successful, especially from 1944 to 1950, where they rehearsed some classical authors with the University Theatre. Always making his performances in musical theatre captivating, Ribeiro, in 1952, was called to direct the revived group Teatro do Povo, now integrated in the Secreatriado Nacional da Informação (National Information Office). Using a different strategy, he only staged classical authors, bringing their shows to churchyards, squares or terraces, always with the support and superb taste of Barbosa and Abílio. The latter designed the wardrobe of this noble initiative, which was of crucial importance, since the sets were practically inexistent. In 1952, Abílio designed the “Tragicomedia de Dom Duardos”, by Gil Vicente. Nowadays, the National Theatre Museum holds all its props and almost all the costumes, giving us an idea of the duration of the actual show. Searching to conquer an extraordinary environment, sumptuous and openly theatrical, never imitating reality or recreating any defined period, Abílio is hired to achieve that effect, crossing references from different periods, from the conventional medieval times to Baroque décor, Byzantine style, as well as to popular references. Extravagance is always attained through the pure theatrical fantasy, with fabrics painted in gold, imitating embroideries, mixed with golden fabrics, embroidered with pearls and stones, and by different colours, some very lively, but rigorously contrasted, in an ensemble that reminds us of a fairy tale. And as it was essential with Abílio, the mysterious Infant, Olimba, uses a bright red velvet dress, enhanced in gold. The rest of the colours used are: green or Bordeaux, dark pink, yellow, dark blue with a vibrant red. In 1953, Abílio designed the play “Auto de Santo António”, by Gustavo de Matos Sequeira, imitating the old, where a fantastic Devil would appear and Lisbon is portrayed in light green. In 1954, “The Alfageme de Santarém” by Garrett, a reductive version by Ribeiro, uses tones of brown. From 1955 part of the wardrobe for the play, “King Lear” by William Shakespeare still remains. Here, Abílio suggests a primitive and sombre environment, a bit distant from medievalism, but always purely theatrical. The male characters of this tragedy wore cloth costumes and cloaks of wool, where his favourite colours are dominant: olive green, lilac, grey, wine red, blue, all decorated with paintings, creating an absolutely artificial ensemble, almost without relief, as if an illustration. In another note, the outfits of Lear’s three daughters, as well as their capes, are identical. They are simple, without any decoration, only the colours that define the psychology of the characters: the terrible Goneril and Regan, one in bright red (just as in the dress) and a black cape; the other would wear dark red and green, while sweet Cordélia wears gray and pink.

Unfortunately, Lear’s clothes did not withstand the test of time, however the costume of his inseparable Fool did. He wore vibrant colours: green and orange. This collection marks an era of theatrical stylization, in which the colours and shapes are brilliantly coordinated. Meanwhile, Abílio designed some scenes for the Company of Maria Lalande that stayed one season at the Maria Vitória Theatre. These were scenes for comedies and did not demand much imagination. The most interesting was, “Milagre da Rua” (Street Miracle), a popular play by Costa Ferreira that successfully opened in October of 1952. In 1957, Francisco Ribeiro accepted to return to the Trindade Theatre creating the Teatro Nacional Popular, with Eunice Muñoz and Maria Lalande, as the stars, and other experienced artists such as Curado Ribeiro, Isabel de Castro, Costa Ferreira and Rui de Carvalho, along with some young artists of the Teatro do Povo, such as Armando Cortez, Maria José, Lígia Telles, José Barbosa and Abílio (as a theatrical designer). The first show, “The Twelfth Night” by William Shakespeare presented an imaginative staging, with scenes by José Barbosa, beautiful and functional, and wardrobe by Abílio. These costumes were particularly lavish: silks and embroideries, brocades and pearls. Even though less inventive, the colours present a perfect pallet, where blacks, whites and greys contrast with tones of brown. Eunice’s character, Viola, was almost always wearing a male outfit, but was at the same time quite feminine. The following year another success was staged, “Um Serão nas Larangeiras”, by Júlio Dantas, a play that had been forbidden for a long time. José Barbosa created part of the wardrobe, whereas Abílio designed the scenes. In 1959, José Barbosa and Abílio got together to sketch various scenes of the boulevardier melodrama “Lucy Crown”. Abílio also worked on the ingenious living room in which the play “Os Pássaros de Asas Cortadas” by Luiz Francisco Rebello takes place. He brilliantly drew the beautiful lyrical act by Frederico Garcia Lorca, “Amor de Dom Perliplim com Belisa em Seu Jardim”, interpreted by Carmen Dolores and Francisco Ribeiro. This time, the Teatro Nacional do Povo closed in 1960, with a play by Ribeiro’s brother, António Lopes Ribeiro, with 38 characters, “Leonor Teles”, with a set by José Barbosa and wardrobe by Abílio, executed by Anahory. Eunice Muñoz had the leading role and changed her dress fifteen times, one more beautiful than the other, in tones of purple, orange, pink, brown and, of course, the mandatory red. This play also counted with Carmen Dolores and Rogério Paulo, wearing a large number of garments, as if undergoing a scholarly exam on medieval costumes, but with Abílio’s simplicity, in many tones of brown and purple. Francisco Ribeiro recited the prologue wearing brown and orange colours. It was a wonderful ensemble supporting a very week script that only stayed on stage for two weeks.


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Commemorating the Gil Vicente’s 5th centenary, in 1965, Francisco Ribeiro staged the “Comédia de Rubena” and “Silva Vicentina”, made up of loose scenes, and counted with Abílio’s cooperation. However this play was not of much interest to the public. In 1967, Fracisco Ribeiro, already in his pronounced decline, took over the Teatro do Povo at the Trindade Theatre once again. Abílio designed the wardrobe for the first show, “The Challeging” by the Elizabethans Thomas Middleton and William Rowley. However, besides the adequate fall colours that Abílio used, the play did not do well. In these two seasons of the second TNP, José Barbosa was the main scenographer. Years passed by and Abílio continued active in opera and ballet, until the National Theatre Queen Mary II reopened in 1978. Francisco Ribeiro was part of the administration, along with Costa Ferreira and Lima de Freitas. The first show “Auto da Geração Humana” by Gil Vicente and “Alf-

ageme de Santarem”, barely portraying a Garrett script, was designed by Abílio in collaboration with Manuel Lapa. From this show, considered a deception, remains a beautiful red dress that Abílio created for Eunice Muñoz to use in the Vicentine mystery. In 1979, the various collaborations with Ribeiro did not augment Abílio’s glory: scenes of purple tarlatans for the play “A Bisbilhoteira”, by Eduardo Schwalbach, interpreted by Irene Isidoro; a few costumes for “The Wolf”, an admirable work by Alfredo Cortez; a number of costumes for the “Merry Wives of Windsor” by William Shakespear in a version by Francisco Ribeiro; and finally the wardrobe for “The Imaginary Invalid” by Molière and “Le Prince Travesti” by Marivaux. The latter did not attain much success. It was Abílio’s goodbye. He gave many hours to creating different kinds of beauty, always faithful to his prodigal “clean colours”. May, 2008 Vítor Pavão dos Santos


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Painting. Sceneography. Wardrobe. Design I remember quite well Abílio de Mattos e Silva. He was distinct, cordial, and discreet. In his large Avenida da Liberdade atelier, he would create with Carlos Ribeiro (the outstanding and almost forgotten designer Carlos Ribeiro, designer of everything, as was usual in the 1940’s, and at the same time designer of nothing) exhibition stands, Christmas shop-windows, posters, material for the Post Office Company… I don’t know! Everything that we created at the time was professionally done. I remember him when he silently witnessed the beginning and the end of some interventions and insanities of his surrealist colleagues. Alexandre O’Neil and Fernando Lemos shared the same atelier. Others either passed by this place or worked there. I don’t think that with such agitation so close by, this would disturb the calm and contemplative vision that Abílio had of painting or even the rest. This “rest” that I am referring to was the immense work that he developed: posters, official exhibitions, window displays, fair stands, illustrations, stamps, advertisements and his passionate dedication to his work in theatre, opera and ballet (in the latter we have the décor and props from the beginning of the 1950’s, “Ab Initio”, prepared for the Círculo de Iniciação Coreográfica, in which the peculiarity of the scene composition reminds us of a world). In his preference for the theatre, we come across a rare passion that is accompanied by professionalism. After all, this artist of modest elegance, who did not talk about himself nor wanted people talking about him, lived of passions, of compassion and of a profound dedication. Two of these passions (I am not referring those that involve or characterize the human transparency of his behaviour) are Nazaré and Óbidos….and, very early on, the former. In the beginning of the 30’s, when Abílio was in his twenties, and until the middle of the decade, he mainly paints and sketches the mystical town of Portuguese fisherman, meanwhile discovered by other artists, both Portuguese and foreign. Before the destruction of Nazaré with the development of tourism, this town was bestowed to Abílio. It was a time when Nazaré was still “livable”, a sacral town, pure, complete with salt water and tragedy, harbouring a genuine population. Generally, during the twenties and the thirties, all artists loved its sortilege, landscape and figuration. These modernists swam in its waters, bathed in its light and were part of this ceremonial street theatre of actors and craftsmen. We should not forget Abílio, Lino António or Guilherme

Filipe, in a unique time where Nazaré possessed a particular charm. His paintings and drawings gain a sort of expression and a ritualized trace of a generation, rhythmic and almost naïve, painted in a country that it is yet to find itself and that is suddenly discovered, beautiful, admirable and antique. Here some theatrics is possible, mythically desirable even. The exploration of all these elements came to fade the landscape and its peoples, but these first artists were the true discoverers. This moment in time for Abílio would have been the most productive and promising in his painting career. Following Nazaré, which is an open scene, he encounters Óbidos, a closed scene and for this painter… an intense passion for a place. Óbidos was also place of artists, and more fortunate than Nazaré. It was a town that had been luckily spared and well preserved. The house that Abílio wanted and owned, is located in the old historic town, and was like a dry anchor after having been at sea. It is a luminous town where worn out stones give it age and history, but also peacefulness and melancholy. All these nuances, from the reverberating whitewash, to the hardness of the stone, and the softness of the shadows made him dedicate many calm years of his life in this town and to the art of painting. This occurred when he had the opportunity which was not often, for he spent much time and energy engaged in creating other plots, other scenarios. But there he stayed, a bit immersed in time. As if a stage, I think that he saw in Óbidos, a place that was architecturally designed as a theatre set, staged to receive a drama or a comedy. Abílio were engaged in nearly one hundred theatre participations having produced theatre sets, props and wardrobe for opera, ballet, musical comedies and operettas. This activity began in 1936 with the play “Tá-Mar”, by Alfredo Cortez, staged at the Queen Maria II Theatre. So, it is no wonder, the theatrical space that he gives to his paintings, even though not spectacular, is, on the contrary, dialogistical, among itself, and depicts a live landscape atmosphere. While on stage, the experiences he organized are countless and varied. The themes portrayed report to tragedies, dramas, comedies, from classical to modern theatre, from Portuguese opera to Honegger and Lopes Graça. Also, in ballet, Abílio worked with Margarida de Abreu and Fernando Lima. Aside from its particularities and of course difficulties, there was an enormous will to reorganize dancing in Portugal. Today, dance is a different reality among us. When evoking such beginnings or permanencies, it is important to analyse the work of Abílio Mattos e Silva, disseminated throughout so many different stages: Teatro do Povo, Teatro Nacional Popular, D. Maria II, São Carlos (where Abílio was scene director for many years) and so many others,


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some recently extinct, such as the Apolo and Monumental Theatres. Throughout his career as a theatrical and wardrobe designer, Abílio sketched, undoubtedly, hundreds of costumes and dozens of scenes. This was an enormous undertaking, only possible with a great deal work, created in the midst of different artistic tendencies, where he had to interpret texts, adapt to different situations and ambiences, as well as perform other tasks. It was therefore an inventive work, adaptable, and plastically demanding. His drawings are not vague; they are rigorous depictions of

what needed to be created. They are more than an outline; they are a model for the craftsman. If he sacrificed, however, something of himself for national taste and tradition, many times sins of the Portuguese panorama, he also gave a lot to theatre in seriousness and in Art knowledge. Almost nothing is known about him, but, here, much of Abílio is revealed. When we revisit his work, still very close to us, we must acknowledge that it represents an important heritage. April, 1990 Fernando Azevedo

Biographical Note Abílio Leal de Mattos e Silva was born in Sardoal on April 1, 1908. He finished his secondary school education in Coimbra, enrolling in a University in Lisbon. He majored in law, but abandoned the course in order to become a government worker.

Grémio Alentejano (1935) and different initiatives sponsored by SNI (National Information Office).

It is during the period he lives in Nazaré that his activity as a painter becomes more regular. He socialized with Portuguese and foreign artists (among them John Barber, Barry Green and Hagedorn), with whom he shared a strong admiration for the town. Nazaré would be the beginning and Óbidos the continuation. As a result, Abílio’s painting occupation would carry on, even throughout his holiday periods. He sketched and painted this historic town’s landscape for many years, even after he moved to Lisbon in 1961, having left us with a vast and considerable production.

Collaborator of the Magazine Presença (at the time directed by José Régio), Abílio was a graphic artist, illustrator and author of numerous works for magazines and official publications. With the play “Tá-Mar” by Alfredo Cortez, he begins, in 1931, a long and successful career as a theatrical and wardrobe designer, undertaking many projects in theatre, opera and ballet.

Abílio’s participations in exhibitions become rare and sometimes contradictory to the elements in our possession. While there are references concerning his participation in the I Salão dos Independentes (1930), his name does not appear in its respective catalogue. The first participation in collective exhibitions of which we are aware of reports us to the Exhibition of Modern Art in the House Quintão do Chiado, in 1935, where he is represented with 5 different works. Other exhibitions followed, namely “Momento” at the

He becomes less active as a painter as he was called to other areas of artistic creation.

To a government job for the Ministry of Economy, he added the activity of illustrator and designer. He was honoured for the work he developed in exhibitions organized in foreign countries. At the same time, he was scene director at the São Carlos Theatre, where he developed some of his most significant theatrical design works. All these activities might have been part of the reason why Abílio progressively stopped painting. He did not, however, stop completely but, was now distant from the normal public circles. His paintings would later be part of an exhibition dedicated to Abílio, which took place in Óbidos, in 1984, one year before his death. June, 2008 J.L. Tinoco


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Wardrobe and Set Design Chronology

1936 Sets and Wardrobe for the play “Tá-Mar”, by Alfredo Cortez, directed by Amélia Rey Colaço, for the Queen Maria II National Theatre. 1946 Set Design for the 1st Act of the Ballet “The Fire Bird” for the Círculo de Iniciação Coreográfica (CIC). Wardrobe and set design for the ballet “Arraial da Ribeira” by Rui Coelho. 1947 Wardrobe and set designer for the ballet “Pictures at an Exhibition by Mussorgsky (18391881), a renowned Russian composer, for the Círculo de Iniciação Coreográfica. Other examples of work performed by Abílio for this ballet, of which we have examples of, are: Catacombs, Garden of Tuileries, Gnomus , Market and Baba – Yaga. Playwright, Sets and Wardrobe for “Naquele Largo Cor-de-rosa” for the Ballet Company of Fernando Lima. Set Design for the Ballet “Nova Chopiniana” (possibly in 1948). 1948 Wardrobe and Set Design for the ballet “Polaca Heroica” for the CIC. 1950 Wardrobe design for the Opera “Orpheus” by Gluck, São Carlos National Theatre. 1951 Wardrobe design for the Play “A grande mina” of the Apolo Theatre Company. Wardrobe design for the Play “Agora é que ela vai boa !” for the Apolo Theatre Company. Wardrobe design for the 1st and 3rd Acts of the Operetta “The Three Waltzes”, for the Company of Vasco Morgado, Monumental Theatre. 1952 Set and Wardrobe Design for Don Duardos” by Gil Vicente, in a version by António Lopes Ribeiro, directed by Francisco Ribeiro. Wardrobe design of the “Taming of the Shrew” by William Shakespeare, adapted by Gino Saviotti, for the Company of Vasco Morgado. Model design for the play, “Milagre da rua” by Costa Ferreira, for the Company of Maria Lalande. Set Design for the Play “Já Daqui não Saio - J’y suis, j’y reste” by Raymond Vincy e Jean Valmy, for the Maria Lalande Company. Wardrobe design for the ballet “Cais do Sodré”. Wardrobe and set design for the Bach Concert, Circúlo de Iniciação Coreográfica. Wardrobe design for “Clair de Lune”, Circúlo de Iniciação Coreográfica. Model for the Ballet “Grazioso”, Circúlo de Iniciação Coreográfica.

1953

1954

1955

1956

Wardrobe design for the Opera: “Carmina Burana” Wardrobe and Set Design for the ballet “Schumann Concert”, Círculo de Iniciação Coreográfica. Wardrobe and models for the 1st and 2nd Acts for the ballet, “The Fire Bird” by Kotscheyo, Circúlo de Iniciação Coreográfica. Playwright, set and wardrobe for the ballet “Ab Initio”, based on music by Chopin. Wardrobe and Set Design for the Play “Viva ao luxo!” for the Company of Vasco Morgado, Monumental Theatre. Wardrobe and Set Design for the children’s Play by Anibal Nazaré, “Não vale a pena ser mau” (It doesn’t pay to be bad). Set design for “Carta Anónima” by Muñoz Seca Queen Maria II National Theatre. Wardrobe design for the Play “Ce soir à Samarcande” by Jaques Téval. Wardrobe design for the children’s Play by Adolfo Simões Muller, “Natal dos Animais” (Animal Christmas) e “Aventura numa Loja de Brinquedos” (Adventure in a Toy Store). Prop and Set Design for the Play “Uma Dança em Casa do Diabo” by Tono and Manzano. Set and Wardrobe Design for the Play “O alfageme de Santarém” and “A espada do Condestável” (1842) by Almeida Garrett. Set and Wardrobe Design for the Play “Auto de Santo António” by Gustavo de Matos Sequeira. Set and Wardrobe Design for the Opera “Rosas de todo o ano” – by Ruy Coelho Wardrobe for the ball scene of the opera “Aida”. Wardrobe for the ball scene of the opera “Carmina Burana” Wardrobe for the ballet “Piquenine”, by Darius Milhaud Set and Wardrobe Design for the Concert Ballet “Galaaz” by Fernando Lima. Set and Wardrobe Design for the Opera “Penélope” by Sousa Carvalho (two versions) Set and Wardrobe Design for the Concert Ballet “Em vossas Torres de Marfim” by Fernando Lima. Set and Wardrobe Design for the Concert Ballet “Delphiade” by Fernando Lima. Set and Wardrobe Design for the Concert Ballet by Fernando Lima, “Más Linguas” Set and Wardrobe Design for the Concert Ballet by Fernando Lima “L’Aprés-Midi d’un Faune” by Debussy. Set Design for the Opera “Crisfal” by Rui Coelho (1889-1986) Set Design for the Opera “Auto da Barca do Inferno”.


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1957

1958

1959

1960 1961

1962 1963 1964

1965

1966

Wardrobe Design for the Opera “King Lear” by William Shakespeare, version by Francisco Lage, for the Teatro do Povo. Wardrobe Design for the play “The Twelfth Night” by William Shakespeare, with translation by Francisco Lage and Francisco Ribeiro, for the Teatro Nacional Popular Company. Wardrobe and Set Design for the ballet “Passeio Público” by Elvira de Freitas for the C.I.C. Wardrobe Design for the Companhia de Bailados Portugueses, by Fernando Lima (Nazaré, Alentejo, Algarve e Ribatejo), shown at the Estoril Casino. Wardrobe Design for the Play “Um serão nas Laranjeiras” by Júlio Dantas, directed by and choreography by Margarida de Abreu. Set Design for the play “Os pássaros de asas cortadas” by Luiz Francisco Rebello, for the Teatro Nacional Popular. Set Design for the play “Lucy Crown (de Irwin Shaw)”, for the Teatro Nacional Popular. Set Design for the play “Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu jardim” by Federico García Lorca, for the Teatro Nacional Popular. Set Design for the play “Doze homens fechados” by Reginald Rose for the Teatro Nacional Popular. Set and Wardrobe Design for the Ballet “Alfama e Bailado”, Coimbra. Wardrobe Design for the play “Leonor Telles” de António Lopes Ribeiro. Wardrobe and Set Design for the ballet “Bailado Heróico” by Luís de Freitas Branco for the Verde Gaio Group. Wardrobe and Set Design for the ballet “Passeio Público” by Elvira de Freitas for C.I.C. Wardrobe Design for the ballet “O Douro fugiu para o Mar” for the Verde Gaio Group. Wardrobe Design for the ballet “D. Quixote” e “Divertimento” for the Verde Gaio Group. Wardrobe for the ballet “Jogo de Cartas” de Jeanne D’Arcau Bucher, by C.I.C., for the São Carlos National Theatre. Wardrobe Design for the ballet “Giselle”, C.I.C. for the São Carlos National Theatre. Set Design for “Silva Vicentina” and “Comédia de Rubena”, in commemoration of the 5th centenary of birth of Gil Vicente, directed by Francisco Ribeiro. Wardrobe Design for the ballet “Festa na Aldeia” for the Verde Gaio Group. Wardrobe Design for the Opera “Faust” for the São Carlos National Theatre. Wardrobe and Set Design for the Opera “Werther” ” for the São Carlos National Theatre.

1967 Wardrobe design for “the Challenging” by Thomas Middleton, translation by Carlos Corrêa, directed by Francisco Ribeiro, for the Teatro Nacional Popular Company. Set Design for the Play “A Torre e o Galinheiro” by Vittorio Calvino, for Teatro Nacional Popular Company. Wardrobe and Set Design for the play “Trilogia das Barcas” by Gil Vicente, for the Teatro Nacional Popular Company. 1969 Playwright, Set and Wardrobe for the ballet “Inêz”. 1970 Wardrobe design for the cantata “D. Duardos e Flérida” by Fernando Lopes Graça. Set and Wardrobe Design for the Opera “Auto da Barca do Inferno” by Rui Coelho. 1972 Wardrobe for the Opera “The Magic Flute”. 1973 Wardrobe for the ballet “The Four Seasons” for the Verde Gaio Group, representing the Alentejo, Minho, Ribatejo e Trás-os-Montes. 1974 Wardrobe and set design for the “Os porquinhos da Índia” for the Metrul Company. 1978 Wardrobe and set design for the “Auto da geração humana” for the Queen Mary II National Theatre. Wardrobe design for the Play “The Merry Wives of Windsor” by William Shakespeare, translation by Francisco Ribeiro, for the Queen Maria II National Theatre. 1979 Set design for the play “A bisbilhoteira” for the Queen Maria II National Theatre. Wardrobe and Set Design for the Play “O lodo”, by Alfredo Cortez, directed by Francisco Ribeiro, for the Queen Maria II National Theatre. 1979 Wardrobe design for the play “The Imaginary Invalid and Le Prince Travesti”, plays Molière e Marivaux, for the Queen Maria II National Theatre.

Exhibitions Chronology 1931 Salão dos Independentes (Independents Salon) at the National Society for Fine Arts. 1933 Exhibition and Painting, Sculpture and Architecture, promoted by the National Society for Fine Arts, and organized by the National Information Office. In this exhibit, Abílio de Mattos e Silva shows the painting of the “Rua do Arco da Cadeia – Óbidos”, priced at 3.500$00, having given as residence or atelier, the following address: Visconde Valmor Avenue, 55, 4º D. – Lisbon. 1934 Modern Art Exhibition, organized by the National Propaganda Office and the National Society for Fine Arts.


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1935 Modern Art Exhibition, organized by the National Propaganda Office, in 1935, and the National Society for Fine Arts. Abílio participates with oil paintings, priced at 3.000$00, each. They depict a street in Nazaré, a street in Óbidos and a house. He is regarded as being a painter from Nazaré. Exhibition Momento, organized by the Magazine “Momento”. Casa do Alentejo, 1935. Former Students of Coimbra Salon, Casa das Beiras. 1943 Painting Exhibit organized by the National Propaganda Office. 1946 Painting Exhibit organized by the National Propaganda Office. 1947 Exhibition: Theatrical Wardrobe and Sets, Ática Bookstore, Garrett Street. 1949 National Salon of the Decorative Arts. Foz Palace. Promoted by the National Information Office 1956 Spring Salon, promoted by the National Society for Fine Arts. 1971 Exhibition: “30 Anos de Teatro” (Thirty Years of Theatre), Lobby of the São Carlos National Theatre. 1984 Retrospective Exhibition in Óbidos. 1986 Painting and Drawing Exhibition of Nazaré, Joaquim Manso Museum. 1990 Retrospective Exhibition. Calouste Gulbenkian Foundation. Theatre Wardrobe and Set Exhibition. Trindade Theatre (date unknown) Exhibition at the Portuguese Authors Society (date unknown)

Publication Chronology 1938 Óbidos, vila antiga de Portugal, printed by the Oficina Imprensa Portuguesa, Oporto. Includes ten different drawings of Óbidos by Abílio. 1971 Exhibition Catalogue “30 Anos de Teatro” (30 Years of Theatre) O Trajo da Nazaré – Nazaré Traditional Costume (drawings)


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Ficha Técnica TECHNICAL FILE

Museu e Exposição Museum and Exhibition

Catálogo Catalogue

Produção | Production Óbidos Patrimonium, E.M. e Município de Óbidos

Produção | Production Óbidos Patrimonium, E.M. e Município de Óbidos

Arquitectura de Interiores | Interior Design Maria José Salavisa

Tradução | Translation Paula Ganhão

Colaboração | Collaboration Bárbara Moser João Taborda Maria Guerra Raquel Ribeiro

Fotografia | Photography António Campos Leal Edgar Libório Mega Estúdio

Logótipo | Graphic Design João Tinoco Produção e Montagem | Production and Installation Óbidos Patrimonium, E.M. Embalagens e Transporte | Packages and Transportation FeiraExpo - Transportes Internacionais

Design Gráfico | Graphic Design Susana Santos - Óbidos Patrimonium, E.M. Impressão | Printed by Printmor - Impressores, Lda. 1500 exemplares ISBN:

Agradecimentos | Acknowledgments Bárbara Moser, Jorge Salavisa, Isabel Cartaxo - Museu Nacional do Teatro, Bruno Silva, Catarina Machado, David Vieira, Mafalda Sousa, Miguel Silvestre, Pedro Costa Pinto e a todos os funcionários da Câmara Municipal de Óbidos e da Empresa Municipal Óbidos Patrimonium que tornaram este projecto uma realidade. Agradecimento especial pela informação, partilha de conhecimento e apoio na selecção, implementação e produção do Museu Abílio de Mattos e Silva: Vítor Pavão dos Santos, José Luís Tinoco e José Alvarez.


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