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m 2021 ressurgimos. É o quinto ano em que, de mãos dadas com o Município de Óbidos, fazemos acontecer o Festival Internacional de Literatura de Óbidos, o Folio. Este ano tem um sabor especial, depois de uma paragem forçada, mas necessária, voltamos, debatendo um tema que é tão importante hoje, o Outro. Este debate que é também transversal na FOLIA, urge para que não se perca a coletividade, a afetividade e a partilha que é no fundo o que nos caracteriza na nossa essência. No que respeita à FOLIA, a Fundação INATEL programou-a desafiando mais uma vez músicos portugueses e da Lusofonia, que transmitem através da palavra cantada novos mundos, novas rotas, novas interpretações. Estas modernidades assentam em velhas histórias e velhos caminhos, agora calcorreados por outros sapatos, que nos mostram outras formas de estar e ser, tendo sempre presente um lugar comum, que é a Raiz, a Origem, ou melhor, o que quem vive identifica como seu, sempre no respeito pelo Outro e pela sua forma de estar e ser. São já 86 anos desta missão, em que a Fundação INATEL promove em todo o território nacional abordagens que difundem a tradição cultural popular portuguesa e a que procuram preservar em toda a sua autenticidade conferindo-lhe, sem pudor, laivos de contemporaneidade. Este compromisso da Fundação INATEL com os seus associados e a sua rede associativa, da qual faz parte a Sociedade Vila Literária de Óbidos - Associação Cultural, permitiu desenvolver uma relação de confiança com a sociedade portuguesa. É na senda deste devir que o Programa da FOLIA compreende vários géneros musicais, diversas linguagens e paisagens sonoras. O Palco INATEL abre no dia 14 de outubro com Ana Lains, uma voz que facilmente identificamos com o Fado, mas que vai muito para além disso, a cantora apresenta um espetáculo que é uma homenagem à língua portuguesa e à portugalidade. A 15 de outubro, Galandum Galundaina, um grupo que faz parte da genealogia de uma região, o Nordeste Transmontano, com um património musical e etnográfico único. No Palco INATEL os quatro elementos da Banda apresentam um repertório vocal e instrumental da herança do cancioneiro das Terras de Miranda. Da sanfona à gaita de foles mirandesa, da flauta pastoril ao Rabel, do Pandeiro Mirandês à Caixa de Guerra, a tradição não se inventa, reencontra-se e renova-se. No dia 16 de outubro, um concerto muito especial, os Dead Combo sobem ao Palco INATEL. Este concerto da dupla Tó Trips e Pedro Gonçalves integra a digressão “Tour Fim” e promete ser um passeio pela história de uma carreira com mais de 18 anos, seis álbuns originais e centenas de concertos, na verdade há Fins que não encerram ciclos. A 17 de outubro, as Maria Monda que nos apresentam um projeto que é em si uma lufada de ar fresco. Este trio quebra barreiras, nomeadamente a escolha de repertório com poemas de Almada Negreiros ou Fernando Pessoa, mas também pelo uso de percussões variadas que acompanham harmonias construídas apenas a três vozes.