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notícias medievais n.º 9 | 2019
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apas que concederam Bulas à Ordem de Avis Papa Bonifácio IX 1391-03-06- Bula “Magne devotionis” do Papa Bonifácio IX, encarregando o bispo de Évora e o deão da igreja de Coimbra de incorporarem na Ordem de Avis as igrejas do padroado do rei D. João I, que perfizessem a soma de 4.000 dobras de ouro, e concedendo ao mestre da Ordem de Avis, que pudesse para elas nomear frades idóneos com rendimento conveniente1. Papa Inocêncio VII 1404-11-11- Bula “Rationi Congruit” do Papa Inocêncio VII, concedendo aos freires da Ordem de Avis que usassem uma cruz verde, em vez do escapulário2. Papa Gregório XII 1408-02-01- Bula “Eximie devotionis” do Papa Gregório XII, concedendo ao mestre da Ordem de Avis, D. Fernando Rodrigues [de Sequeira], que pudesse dar bens da Ordem a seus parentes, escudeiros e criados, se o bispo de Badajoz verificasse que assim era o costume3. 1411-20-03- Bulla “Eximie devotionis” do Papa João XXIII, que associava a D. João I e as Ordens Militares na Guerra, justa contra cristãos ou sarracenos, inimigos do reino cristão. Antipapa João XXIII 1413-09- Bula “Dilectis Filiis” do Antipapa João XXIII, autorizando os freires da Ordem de Avis a rezarem os sete salmos e outras orações da sua devoção, em vez das orações a que eram obrigados pelos estatutos4. 1413-09-15- Bula “Illis que pro Subsistentia” do Antipapa João XXIII confirmando o estatuto feito pela Ordem de Avis em capítulo, para que os freires pudessem, à hora da morte, doar metade de seus bens5. 1428-02-27- Bula “Nuper pro Causa” do Papa Martinho V, dirigida ao mestre da Ordem de Avis, Fernando Rodrigues de Sequeira, para que, nas terras da mesma Ordem, coadjuvasse os seus emissários na coleta da décima destinada à guerra contra os “boémios heréticos”6.
1 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis 1215/1837, Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 1, PT/TT/OACSB/001/0001/00021 2 IANTT, Fundo Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 1, Bula “Rationi congruit” do Papa Inocêncio VII (…) PT/TT/OACSB/001/0001/00022 3 IANTT, Fundo Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 1, PT/ TT/OACSB/001/0001/00023 4 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis 1215/1837, Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 1, Bula “Dilectis filiis” do Antipapa João XXIII, Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis, mç. 1, n.º 25, PT/TT/OACSB/001/0001/00025. 5 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis 1215/1837, Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 1, PT/TT/OACSB/001/0001/00026. 6 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis, mç. 1, n.º 28, PT/TT/OACSB/001/0001/00028.
ronologia 1383- Notícia da designação de “D. João, como Mestre de Avis, Regedor e Defensor do Reino” (16 de dezembro de 1383 a 6 de abril de 1385). 1384-02-21- Carta do concelho da vila de Montemor-o-Novo pela qual se obrigava a dar a D. João, Mestre de Avis, a sisa do vinho e carnes, enquanto durasse a guerra com Castela. 1383-1385- Crise. 1384- Nuno Álvares Pereira vence Castelhanos na Batalha de Atoleiros. 1385- Batalha de Trancoso; Batalha de Aljubarrota. 1387- Casamento de D. João I com Filipa de Lencastre, no Porto. 1390-1391- Nasce em Santarém, D. Afonso. Cortes de Évora para prestar «menagem e juramento» ao infante D. Afonso como herdeiro da coroa. 1391-01-27- Confirmação da Atribuição da Bula “Divina Disponente Clementia “ do Papa Bonifácio IX, pela qual habilita o rei D. João I para ser rei de Portugal. 1391- D. João publica Pragramática, que regula o uso do vestuário e tecidos pelos diversos estratos sociais. 1392- Nasce em Lisboa D. Pedro e, em 1393, nasce no Porto, D. Henrique, filhos de D. João I e D. Filipa Lencastre. 1396-12-05- Tomada de Badajoz com o apoio de Martim Afonso de Melo e o conluio com o escudeiro português homiziado na cidade, Gonçalo Anes.
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1397- Nasce em Évora D. Isabel, filha de D. João I e D. Filipa Lencastre. 1398- D. João I cerca e toma Salvatierra de Minõ, Sotomayor e Tui. O Condestável faz uma incursão pela Extremadura castelhana, atacando Badajoz, Villalva e Zafra, entre Maio e Julho. A 26 de Julho de 1398, D. João hasteia a bandeira em Tui e arma cavaleiro o seu filho natural D. Afonso, oferecendo a Lopo Vasques e a todos os restantes que ajudaram a guardar a cidade, os bens recolhidos. 1400-01-13- Anúncio do nascimento, em Santarém, do filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre, D. João. 1400-12-22- Morre o filho de D. João I e D. Filipa Lencastre, D. Afonso. 1402- Acordo de Tréguas de Segóvia entre Portugal e Castela. 1405-11-26- Casamento de D. Beatriz, filha ilegítima de D. João I, com o conde de Arundel. 1408- Corte de Évora, onde se reclamou ajuda financeira para o estabelecimento das casas dos infantes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. 1411-10-31- Tratado de Paz de Ayllon-Segóvia, entre Portugal e Castela. D. João reúne conselho e apoio financeiro junto dos mercadores do reino para a demanda de Ceuta, considerada «serviço de Deus». 1412-1413- D. João I integra gradualmente D. Duarte no governo. 1415-06-18- D. Filipa de Lencastre, moribunda, manda chamar os filhos para os armar cavaleiros de Cristo, partindo os braços de uma cruz de pau
4 e entregando um pedaço a cada um. Manda fazer três espadas em ouro, cravejadas com pedras preciosas, que distribui pelos três (Espada da Defesa dos Povos - D. Duarte; Espada das Donas e Donzelas -D. Pedro; Espada da Nobreza a D. Henrique). Morte de D. Filipa de Lencastre, devido à peste, no Mosteiro de Odivelas – exéquias fúnebres. Sai do Restelo a Armada destinada a Ceuta.
1415-08-21- Desembarque em Ceuta e tomada da praça. Sagração da Mesquita de Ceuta, onde D. João armará cavaleiros os Infantes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. 1416- Anúncio das Cortes de Estremoz. 1416-02-18- Carta de mandado de D. João I a todos os oficiais régios, para entregarem ao infante D. Henrique os dinheiros necessários para o provimento e a fortificação da cidade de Ceuta.
C argos e Representantes ao tempo de D. João I Oficiais do Desembargo- Auxiliam na preparação de cortes, constituídos por dois clérigos e vedor da fazenda (Pero Gonçalves Malafaia) conselheiro régio e representante do monarca na assinatura dos Tratados de paz com Castela. Juiz dos Feitos Del-Rei- Diogo Afonso- Escolar de Leis-interfere no contencioso sobre bens e direitos do monarca. Desembargadores- Fernando Afonso da Silveira, doutor em Leis, esteve em diversas embaixadas e acordos diplomáticos; Rui Fernande, Escolar em Leis e, depois Doutor, Chanceler, e mais tarde negociador e testemunha de acordos de matrimónio e de paz. Elementos de itinerância da Corte D. João I promulga lei que isentava do pagamento das sisas, total ou parcial os produtos alimentares essenciais – carne, caças, vinho, frutas – destinados à manutenção da corte; sempre que era
anunciado o novo local de estada da corte, partia de avanço para a localidade o aposentador real e pessoal da estrebaria da casa real, com vista a tratar dos preparativos para instalar a corte7; A aposentadoria- Era a obrigação de acoitar os cortesãos; recorria-se aos espaços públicos como estalagens mas também à mobilização de casas religiosas e de senhores; árdua tarefa de instalar e alimentar as bestas e os problemas acrescidos no aumento dos preços e produtos, com constantes tentativas de fraudes na quantidade e qualidade dos produtos, que o almotacé procura acautelar e fiscalizar. Em 1405, a Carta de mandado de D. João I, dirigida aos juízes de Coruche, para que respeitassem os privilégios concedidos ao comendador de Coruche, Diogo Lopes de Brito, e sua estalagem, no tocante à aquisição de vinho, carnes e pescado, comprova as preocupações inerentes às deslocações da corte e à manutenção destes espaços de apoio8. 7 Cfr. COELHO, M., D. João I, (…), pp.215-223. 8 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis, mç. 8, n.º 739,PT/TT/OACSB/001/0008/00739.
Ouvidores da Casa do Cível- acompanhavam o monarca nas suas deslocações- com alçada até cinco léguas do local de estada do rei. Estes oficiais eram responsáveis pela resolução de muitos dos desacatos, puniam crimes mas também sobrecarregavam os governantes concelhios com as suas constantes exigências.
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Cartas de Doação, Arrendamento, Sentença e Privilégio… 1264-03- Carta de Doação que o (…) Convento da Ordem de Avis fez a D. Afonso III da fortaleza de Alcácer-o-Novo, em Évora, e pela qual lhes deu 1000 libras9. 1289-10-23- Contrato de Arrendamento por dez anos, feito por Fr. Gonçalo Rodrigues, Comendador da Ordem de Avis, em Santarém, a Martinho Eanes de Rubeo, morador em Bouça, e à sua mulher, e o respetivo traslado, pedido pelo mosteiro de Santa Clara, de Santarém10. 1304-01-23- Carta de Doação feita por D. Dinis ao frei D. Lourenço Afonso, mestre da Ordem de Avis, do herdamento junto da torre de Lavar11. 1384-02-21- Carta do Concelho da vila de Montemor-o-Novo pela qual se obrigava a dar a D. João, Mestre de Avis, a sisa do vinho e carnes, enquanto durasse a guerra com Castela. 1384-09-02- Carta de Doação de D. João, Mestre da Ordem de Avis, ao Mosteiro de Alcobaça do Casal de Valverde, do termo de Torres Vedras, para que dele tome posse. 1384-10-10- Carta de Doação de D. João, Mestre da Ordem de Avis, a Vasco Martins de Melo, de todos os bens de Violante Afonso, aia da rainha de Castela, que possuía em Santarém e seu termo. 1391- D. João publica Pragramática, que regula o uso do vestuário e os tecidos pelos diversos estratos sociais. 1396-12-05- Tomada de Badajoz, com o apoio de Martim Afonso de Melo, e conluio com o escu9 IANTT, Leitura Nova, liv. 39 (Livro 2 de Reis), f. 34 v., coluna 2. PT/TT/ GAV/14/4/6. 10 Arrendamento por dez anos feito por Fr. Gonçalo Rodrigues, comendador da Ordem de Avis em Santarém, a Martinho Eanes de Rubeo, morador em Bouça, e à sua mulher, de todas as vinhas, herdades e foros que a dita Ordem tem em Montejunto, que foram de Gonçalo Eanes, freire da Ordem. Junto, traslado passado a pedido do mosteiro de Santa Clara de Santarém e capa com sumário, não datado. PT/TT/CSCS/010/0005/00172. 11 IANTT, Fundo Convento de Avis, (em vestígio de selo pendente …apenas a perfuração do suporte). Transcrito sumariamente em Portugal, Torre do Tombo, Reforma das Gavetas, liv. 19, f. 416. PT/TT/GAV/11/11/7.
deiro português homiziado na cidade, Gonçalo Anes. 1398- D. João I cerca e toma Salvatierra de Minõ, Sotomayor e Tui. O Condestável, entre Maio e Julho, faz uma incursão pela Extremadura castelhana, atacando Badajoz, Villalva e Zafra. A 26 de Julho de 1398, D. João hasteia a bandeira em Tui, armando cavaleiro D. Afonso o seu filho natural12. É neste momento que terá oferecido a Lopo Vasques e a todos os restantes que ajudaram a guardar a cidade, os bens recolhidos. Os homens em Serpa fazem incursão de ataque à localidade de Cortegana, mas são intercetados no regresso por força castelhana que é rapidamente vencida a janeiro de 1399. 1400-05- Cerco a Valença de Alcântara pelo Exército real composto pelos mestres de Santiago, Cristo e contingente do Condestável, mas rapidamente retornam ao reino e levantam o arraial por dificuldades no terreno. 1401-07-11- Carta de arrendamento de D. Fernão Rodrigues, mestre da Ordem de Avis, representado por João Afonso, a João Pires, cónego da igreja de Santa Maria da alcáçova de Santarém, da porta da mesma igreja e do pé de altar, durante um ano, tendo o referido cónego que prover tudo, exceto ouro, prata, cálices, vestimentas e panos de altar, pelo preço de 1450 libras, a pagar em três prestações. 1402-08-19- Carta de Mandado de D. João I, rei de Portugal, a Gil Martins, corregedor de Entre Tejo e Odiana, para que deixasse a Ordem de Avis e seu mestre usar a sua jurisdição como antes o faziam13.
12 Cfr. COELHO, Maria Helena, D. João I, Reis de Portugal, Temas e Debates,p.146. 13 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis 1215/1837, Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 8, Carta de mandado de D. João I, rei de Portugal, a Gil Martins, corregedor de Entre Tejo e Odiana, para que deixasse a Ordem de Avis e seu mestre usar a sua jurisdição como antes o faziam 1402-08-19,PP/TT/
6 1403-06-22- Sentença e Carta de Publicação da mesma, de Gonçalo Anes, vigário-geral do arcebispo de Lisboa, na apelação do processo ordenado perante Luís Gonçalves, vigário-geral do bispo de Évora, entre o prior e raçoeiros da igreja de Santa Maria de Beja, e, da outra parte, o prior e raçoeiros da igreja de São João da mesma vila, em litígio pelos dízimos dos reguengos d’el-rei, que trazia Martim Afonso de Melo14. OACB/001/0008/000708. 14 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis 1215/1837, Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 8, Sentença e carta de publicação da mesma, de Gonçalo (…) PT/TT/ OACSB/001.
Mancebias e outras fidalguias
1402-06-22- Carta de Privilégio ao mestre da Ordem de Avis, D. Fernão Rodrigues, para que os seus privilégios fossem respeitados pela justiça régia15. 1402-08-19- Carta de Mandado de D. João I, rei de Portugal, a Gil Martins, corregedor de Entre Tejo e Odiana, para que deixasse a Ordem de Avis e seu mestre usar a sua jurisdição como antes o faziam16. 1402-09-07- Carta de Mandado de D. João I, rei de Portugal a Gil Martins, corregedor entre Tejo e Odiana e Além de Odiana, para que executasse a sentença dada em apelação do litígio entre Fr. Fernão Rodrigues, mestre da Ordem de Avis, e Teresa Anes, manceba que fora de Vasco Afonso, comendador de Juromenha e alcaide de Elvas, por bens desviados por este17.
15 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis 1215/1837, Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 8 , Carta de privilégio ao mestre da Ordem de Avis, D. Fernão Rodrigues, para que os seus privilégios fossem respeitados pela justiça régia 1402-06-22, PT/TT/OACSB/001/0008. 16 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis 1215/1837, Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 8, Carta de mandado de D. João I, rei de Portugal, a Gil Martins, corregedor 1402-08-19 PT/TT/OACSB/001/0008/00708. 17 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis 1215/1837, (…)PT/TT/OACSB/001/0008.
1402-12-20- Carta de Privilégio de D. João I, que manda a Gonçalo Anes Carvalho, corregedor na comarca de entre Douro e Minho, que não consinta que os alcaides ou outras quaisquer pessoas entrem de noite nas casas dos cónegos, com o pretexto de procurarem mancebas. 1405-01-08- Carta de Aforamento, por Pedro Lourenço, criado e procurador do mestre de Avis, a Domingos Pires, dito Gozo, de um figueiral situado no Val de Custas, termo de Albufeira, pelo foro anual de 2 quintais e meio de figos em dia de São Sebastião18.
18 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis 1215/1837, Documentos relativos a administração patrimonial, instituição de capelas, igrejas, visitações e concessões individuais várias, Maço 8, Carta de aforamento, por Pedro Lourenço, criado (…) PT/TT/ OACSB/001/0008/00709.
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Reparações, doações e outras determinações
1401- Carta de Mandado de D. Fr Fernão Rodrigues, mestre da Ordem de Avis, para que fossem retiradas certas choças e fechado um portal no quintal do paço da ordem, em Vila Viçosa, junto ao poço do concelho19. 1408-05-07- Carta Executória de D. Pedro, Bispo de Badajoz, da Bula “Eximie Devotionis”, do Papa Gregório XII, concedendo ao mestre da Ordem de Avis, D. Fernando Rodrigues (de Sequeira), para que pudesse dar bens da ordem a seus parentes, escudeiros e criados20. 1408-05-19- Carta de Mandado de D. João I, Rei de Portugal, às justiças de Avis, Alandroal, Veiros, Fronteira, Cabeço de Vide, Cano, Figueira, Coruche, Benavente, Alcanede, Alpedriz, São Vicente da Beira, Seixo e Albufeira, vilas e lugares do mestrado de Avis, que fizessem o que o mestre da mesma ordem lhes ordenasse para a cobrança, em dinheiro, de aduas a aplicar na reparação da cerca do castelo de Noudar21.
19 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis, mç. 8, n.º 782, PT/TT/OACSB/001/0008/00782. 20 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis, mç. 8, n.º 750, PT/TT/OACSB /001/0008/00750. 21 IANTT, Fundo Ordem de Avis e Convento de São Bento de Avis, mç. 8, n.º 786, PT/TT/OACSB/001/0008/00786.
udeus, Mouros e outros plebeus 1404- Carta de Quitação de João do Rego, escudeiro, a Jossepe Sosser e Samuel Pulgão, judeus, moradores em Lisboa, da importância das custas a que foi condenado o Mestre de Avis, credor de ambos, no feito de apelação em que foram partes o mestre e o dito João do Rego, por motivo de colocação de marcos delimitando uma herdade de pão e vinho, situada no termo de Lisboa, entre o Paço e o Lumiar. 1405-02-04/1405-03-11- Sentença de D. João I, rei de Portugal, no litígio que opunha o mestre da Ordem de Avis, D. Fernão Rodrigues, a Rodrigo Anes, pela posse de umas casas no adro de Avis e alguma terra, que haviam sido do mouro “Azmede” e, aquando da sua passagem para
Castela, dados a D. Vasco Porcalho, professo na ordem do primeiro e sogro do segundo; e auto de posse dos mesmos bens. 1410-12-29- Carta de Emprazamento de D. Fernão Rodrigues, mestre da Ordem de Avis a Necim, judeu, sapateiro, a sua mulher e mais uma pessoa depois deles, de uma vinha da mesma Ordem, situada em Valada, termo de Santarém, pelo quarto da produção anual de vinho, com dispensa de pagamento no primeiro ano. 1420- Confirmação da Carta de Mercê de D. João I, rei de Portugal, à Ordem de Avis, para que aqueles que tinham bens em Juromenha e Cabeção e se tinham ausentado das terras por causa da guerra, voltassem e se ocupassem de seus bens e, se não o fizessem em 4 meses, a Ordem poderia dá-los em sesmaria a quem os pedisse.
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Ervas e Especiarias na alimentação e na saúde Angélica (Latim: Angelica archangelica; família: Umbeliferas; Origem: Europa, Ásia Ocidental). Deve a sua designação a uma presumida interferência celestial. Reza a lenda que teria sido o Arcanjo Rafael que teria dado esta planta a um sábio ermita para que ele a oferecesse aos homens, que na Idade Média muito padeciam com a peste. Foi por isso uma planta de eleição nos jardins dos mosteiros da Europa. Usam-se
as folhas frescas, os rizomas, os grãos, as flores e os frutos. Era muito utilizada pelos caçadores e pescadores para iscar os gamos e os peixes. Na cosmética, as suas propriedades foram muito apreciadas na Idade Média, servindo para fazer unguentos, loções e poções. Acreditava-se que aumentava a longevidade e era também utilizada para combater as enxaquecas, asma, depressão e como purgante e digestivo22.
22 Cfr. STUCKEY, Elizabeth, Tratar-se pelos Aromas, Ervas e Especiarias, Arte de Viver, Europa América, Mem Martins, 2008, pp.60-61.
Relembrando a Iconografia: os Símbolos e Divisas D. João- atributo: Pilriteiro D. Pedro- listel divisa: “desir” D. Henrique- atributo: ramos de carrasqueiro; divisa: “talant de bien faire” D. Fernando- atributo: ramos de roseira; divisa “le bien me plet” D. Isabel- figura estacada circular com uma porta; divisa: “tant que se vivre”.
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Pero Garcia de Ambroa
Cantiga de Escárnio e maldizer
Sabedes vós: meestre Nicolao, (o que antano mi nom guareceu, aquel que dizedes meestre mao) vedes que fez, per ervas que colheu: 5
E outra rem te direi, meu irmão: 20
ou se quiseres que em ti meta mão,
do vivo mort'e do cordo sandeu,
dá-me quant'hás e poderes haver;
e faz o ceg'adestrar pelo pao.
ca, des que eu em ti mão meter,
serás guarido, quando fores são.
E direi-vos eu doutra maestria que aprendeu ogan'em Mompiler: nom vem a el home com maloutia 10
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que tam bem leve seu preç'adeante,
E diz: - Amigo, esto t'é mester:
per maestrias grandes que usou:
vem a dar-mi algo d'ôi a tercer dia. Ca bem vi eu ena ta catadura que és doent'e quer[es] já guarir; 15
e aqueste mal, que te tanto dura, ora to quero eu mui bem departir: se dest'enverno mi hás a sair, já nom guarrás meos da caentura.
E nom sabemos, dê'los tempos d'ante, tam bom meestre, pois aqui chegou,
de que nom leve o mais que poder.
se meu conselho quiseres creer,
faz que nom fal'o que nunca falou 30
e faz do manco que se nom levante.
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astronomia: Doçaria Conventual de Odivelas Biscoitos de La Reina23 Batem-se 15 gemas com 10 claras e 480 g de açúcar. Depois deita-se-lhe a farinha necessária e mexe-se até ficar tudo bem incorporado. Cortam-se os biscoitos do comprimento de 10 cm, indo de seguida ao forno e, assim que estiverem meio cozidos, desliga-se o forno, ficando lá dentro até os mesmos estarem corados e duros como biscoitos. Pudim de Pão24 1 litro de leite, a que se junta uma colher de chá de nós moscada, 60 g de canela em pó, 480 g de açúcar e água de flor de laranjeira q.b., manteiga 120 g, pão 480 g, 12 gemas e 1 colher de sopa de queijo flamengo. Mexe-se tudo e deita-se numa forma previamente untada de manteiga, que seguidamente vai ao forno até cozer e alourar. 23 Cfr. CABRAL, Maria Isabel de Vasconcelos, O Livro de Receitas da última Freira de Odivelas, 1999, Editorial Verbo, p.95. 24 Idem, ibidem p. 188.
Glossário
Medieval caber
ficar bem
cada que
cada vez que
cabo
junto a, ao pé de
cada u
em cada lugar onde
cabo
ao fim de
cadal negócio
cabedal, o capital empregado no
cadarço
seda grosseira
cacefetom cacófato, jogo com dois ou mais sons desagradáveis, que oferecem sentido obsceno cachaça
cabeça de porco salgada
cadarrom aumentativo de catarro
cachado
escachado, partido
caentar
esquentar, aquecer
caçorria
zombaria
caente
quente
caçurro
manhoso, escoicinhador
caentura
quentura, calor
11
caer
proceder
cho
to
caer
cair
chufa
escárnio, piada
cajom
desastre, desgraça
chufador
brincalhão, zombeteiro
caldeira
insígnia do rico-homem
chufar
escarnecer, zombar
calvareça calva, careca
chus
mais
camanho
tamanho, quão grande
ciada
cilada
cambiar
trocar
cinger
cingir
câmbio
troca, negócio
cinta
cinto, faixa
candeas
velas
cítola
cordofone dedilhado com plectro
canelho
pedaço de ferro
citolar
tocar a cítola
canos
com cãs, brancos
confonder/cofonder castigar, fulminar
canterlada desconjuntada, rota
confonder-se desgraçar-se
cãos
conhocença entendimento, saber
cãs, cabelos brancos
capelania ou capela, os rendimentos de uma paróquia
conquerer conquistar
capelo
espécie de capuz
capom
galo capão
conselhar aconselhar
cara (prep.) em direção a cárcel
cárcere
cárdeo
arroxeado (encardido)
carnaçal
uma das espécies de corvo
carreira
caminho
carreirões aumentativo de carreiras, alas militares catadura
aspeto
catar-se (de alguém) acautelar-se, prevenir-se cavalgar
montar, subir para o cavalo
cavidar-se acautelar-se
conselhador conselheiro conselhar-se tomar razão, encontrar solução conselho
remédio, solução, razão
contanger bater contecer
acontecer
contenente compostura contia quantia pré-estipulada paga aos funcionários nobres contra
para, em direção a
coraçom
coragem
cordo
cordato, sensato
cordovea
veia grossa (pénis)
cordura
sensatez, bom juizo
cedo
em breve, rapidamente
cendal
tecido fino de seda
coteifa mulher do povo (mulher do coteife, cavaleiro vilão)
cerame
capa larga
coteife
cercear
cortar rente
cervo
veado
cousecer comentar considerar, observar
cevado
gordo (que se fez engordar)
ceveira
cereal miúdo
cha
ta
chagar
ferir, golpear
chanto
pranto, choro
che
te
peão ou cavaleiro vilão negativamente,
cousido
sensato
cousidor
falador, maldizente
cousimento ponderação, discernimento, procedimento criterioso, ponderado cousir
observar, considerar
critica,
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Ficha Técnica
Edição 9 | 2019 - Município de Avis | Diretor: Nuno Silva - Presidente da Câmara | Textos: Marta Alexandre, AHMA - CIOA Divisão de Desenvolvimento Sócio Cultural e Turismo | Design e Paginação: Tânia Deus Martins | Impressão: Gabinete de Informação e Comunicação | 150 exemplares ISSN 2184 - 3724 Distribuição gratuita
Créditos de Imagem: in Apocalipse do Lorvão, Cancioneiro da Ajuda, fólios 4, 51v, 21, 33, 55v, 15 Grandes Crônicas da França. La vision de l’archevêque Turpin. Iluminura. Anterior a 1380. Biblioteca Nacional de Paris. CODEX MANESSE. Die Miniaturen der Großen Heidelberger. Liederhandschrift Insel. Herausgegeben und erläutert von INGO F. WALTHER unter Mitarbeit von GISELA SIEBERT. Frankfurt am Main, Insel Verlag, 1988 Psaltério de Macclesfield. Animais tocando órgão. 1330.