Mural 70

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ESTILO EGiDIO MARTORANO FESTA DOS MASCARADOS EM NOVA VENEZA GUGA ARRUDA, O SURFISTA EMPRESÁRIO TORO, A NOVIDADE GASTRONÔMICA DA CIDADE






6 editorial

foto Pedro Mox

gente que acontece

S

eguindo firme em seu propósito de trazer informação relevante sobre a cidade e seus encantos, nossa Mural chega à edição 70 recheada de assuntos legais e de gente que torna Floripa um pedacinho tão especial no planeta. Discípulo do mestre da cirurgia plástica Ivo Pitanguy, o catarinense Egidio Martorano completa 25 anos de carreira na medicina estampando nossa capa e mais nove páginas repletas de informações sobre o sucesso incontestável da sua vida pessoal e profissional. Entre motos potentes, charutos, tatames e bisturis, Egidio conseguiu uma brecha em sua concorrida agenda e conversou com nosso repórter Urbano Salles, que conta tudo sobre esse craque a partir da página 10. Estreando na Mural, o repórter Pedro Mox foi conhecer Nova Veneza, reduto de imigrantes italianos que mantiveram a tradição veneziana e produzem anualmente um majestoso baile de máscaras, repleto de música e cor. Juliana Wosgraus, em nova fase na vida, é outra estreia que orgulha a Mural. Juliana entrevista a empresária Soraia Zonta, que aposta nos cosméticos orgânicos como forma de cuidar da beleza sem causar danos à natureza. Estreando também como colunista, a dentista Laura Sacchetti passa a integrar o time que fala sobre saúde em nossas páginas e mostra nesta edição os benefícios do implante dentário. Antes abandonado aos finais de semana, o centro de Florianópolis vive um novo momento aos sábados, graças à abertura de bares, restaurantes, antiquários e galerias de arte, movimentando a vida econômica e cultural da Ilha. Monique Vandresen foi conhecer a iniciativa de empresários, artistas e produtores culturais e conta o que está rolando nas ruas históricas da capital. Monique também traz a deliciosa história da Lanamodinha, boutique que revolucionou a moda e o comportamento da juventude florianopolitana nos loucos anos 80. Olavo Moraes bateu um papo com Guga Arruda, importante surfista que se reinventou como empresário e vem influenciando decisivamente, como técnico, a nova geração de atletas da ondas, utilizando o skate nos treinamentos. Revelamos tudo sobre o restaurante Toro Steak House, a novidade que promete sacudir o circuito gastronômico e cultural de Santa Catarina, com um cardápio inovador, bebida de primeira e ambiente requintado. E como sempre em nossas páginas, as fotos das festas nos lugares mais legais da Ilha: Donna, P12, Winter Play e Milk. Entre e fique à vontade, que a cidade é nossa. Um beijo e um abraço,



expediente

8 DIREÇÃO MARCO CEZAR marcocezar@marcocezar.com.br

empreendimento Toro Steak House

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festa A NOITE DOS MASCARADOS

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novo centro o centro é nosso

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PERSONAGEM Alma de surfista

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moda Angela Filomeno, um ícone cultural e da moda

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saúde bucal Sorria

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PHYSIO PILATES DTM: o que é e como tratar

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saúde pele renovada

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beleza beleza natural

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nutrição abaixo as dietas

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EDITOR CHEFE MARCO CEZAR EDITOR assistente CAIO CEZAR JORNALISTA RESPONSÁVEL marcos heise (MTb-SC 0932 JP) PLANEJAMENTO GRÁFICO ayrton cruz COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Adriel Douglas Ana Carolina Abreu Angelo Santos caio graça Caroline Brasil cassiano de souza cesar carnero DANIEL OLIVEIRA DANIEL SILVA darline Rodrigues santos David Collaço eloy figueiredo Flávia Bortolotto james thisted juliana wosgraus jUSTIN BUOLO laura sacchetti LARISSA TRENTINI Leo Comin Marcos Heise mariana TREMEL Barbatto Milene arruda Monique Vandresen Olavo Moraes Pedro Mox RAFAEL ROMANO Raquel Pelizzonni ROBERTA RUIZ sergio vignes urbano salles COMERCIAL Bramídia bramidia@marcocezar.com.br impressão Maxigráfica | Curitiba/PR marco@marcocezar.com.br www.marcocezar.com.br www.revistamural.com.br 48 3025-1551


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hora da feira cenoura rabanete

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comer & beber LONGE DO FOGO

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oculto GORDÃO CHEFE

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floripa é show os melhores momentos do inverno

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mural da mural a noite da mural

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mural Donna PARADA CERTA

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mural Winter Play O QUENTE DO INVERNO

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mural p12 O PARADOR DE TODOS

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mural Milk TIPO A

índice

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10 capa Egidio Martorano Filho Foto caio cezar assistente pedro mox

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comemorações CASAMENTO DOS SONHOS


perfil

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Cirurgião plástico catarinense que trabalhou com Ivo Pitanguy celebra 25 anos de carreira

texto Urbano Salles fotos marco cezar

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á pelo começo dos anos 1980, ele viu uma entrevista do professor Ivo Pitanguy na TV. Ficou fascinado com o que considerou um “homem iluminado”, com suas técnicas e conceitos nobres sobre a cirurgia plástica. O impacto daquela primeira impressão marcaria para sempre a vida do joaquinense radicado em Florianópolis Egidio Martorano Filho, 50 anos. “O professor Pitanguy me levou à escolha pela cirurgia plástica. Desde o primeiro momento decidi que um dia iria trabalhar com ele”, relembra, deixando transparecer logo no início da entrevista uma característica da sua personalidade: a determinação para conquistar os objetivos.

Egidio despertou a atenção do mestre quando ainda dava os primeiros passos no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro, cidade para onde tinha se mudado em busca do sonho. Foi aprovado em provas extremamente difíceis, concorrendo com candidatos portando cartas de recomendação até de reis e rainhas. “Após poucos meses no hospital logo fui chamado para trabalhar dentro da Clínica Ivo Pitanguy, como residente. Quando aconteceu, não acreditei. Estava operando lado a lado com o mestre!” Passados oito anos no Rio, ele concluiu que era hora de retornar para sua terra. “Eu já era assistente do doutor Pitanguy, só que vi que o meu caminho era outro, era Santa Catarina. Minha família, meus pais (Leda e o médico-cirurgião e político Egidio Martorano Neto, ex-prefeito de São Joaquim e ex-deputado) são daqui”, explica.

Egidio sendo recebido pelo mestre ivo Pitanguy em sua ilha particular, localizada em Angra dos Reis, litoral do rio de janeiro

perfil

De discípulo a mestre

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perfil

12 De volta a Florianópolis, já com a “grife” Pitanguy estampada no currículo, Martorano Filho implantou o primeiro serviço em Santa Catarina de cirurgia a laser na cirurgia plástica. O prestígio profissional só cresceu desde então. “Uma vez eu perguntei ao professor Pitanguy qual o segredo do sucesso. Ele respondeu franca e simplesmente que é tratar seu paciente como se fosse o único. Aquilo ficou na minha cabeça. Tratando o paciente, fazendo um bom trabalho, você consegue chegar lá. Tratar bem é ser atencioso, delicado, entender as razões, inclusive as psicológicas, porque a cirurgia plástica mexe muito com a autoestima, você tem que entender que a paciente está indo ali em busca de um sonho”, ensina. Em 25 anos de trabalho, Egidio já realizou mais de 15 mil cirurgias. Em média, faz três por dia. “Por onde passo, quase sempre encontro alguém que já operei. No shopping, num restaurante, na praia...”, confirma. Ele acorda com o despertador tocando às 6 horas, às vezes, às 5 horas.Trabalha normalmente 14 horas por dia, inclusive aos sábados até o meio-dia. De manhã, atende os pacientes, e à tarde, opera no centro cirúrgico. Na clínica comanda uma equipe de 15 colaboradores diretos. Viaja ao exterior a trabalho com frequência. “Agora, por exemplo, fui convidado a ir a Dallas para conhecer a Mentor (fabricante americana de próteses de silicone). Recentemente fui visitar o colega Enrique Steiger na Suíça, onde, como no Brasil, se pratica uma cirurgia de alto padrão.” Há 18 anos viaja a bordo de uma pequena aeronave ao Oeste catarinense. “É uma região onde há muita demanda.”


Duas décadas e meia depois, o que mudou? Florianópolis, antes, era uma sociedade fechada. Os pacientes eram só moradores locais. A cidade hoje, segundo ele, está “globalizada”. Prova disso é que sua clínica recebe em grande número pacientes de lugares distantes como Israel, Inglaterra e Alemanha. “A cirurgia plástica brasileira hoje é a mais respeitada no mundo”, garante. Embora o número de homens que buscam a cirurgia plástica venha aumentando, a maioria dos pacientes — cerca de 70% — continua sendo mulheres. E elas são exigentes, mais que em outros países. Chegam, na maioria das vezes, indicadas por alguma amiga que já operou e conta que Egidio “mudou sua vida”. A cirurgia que ele mais faz é a de rosto, especialmente o minilifting, um dos procedimentos classificados como minimamente invasivos. “O objetivo é agredir cada vez menos o rosto da paciente. A mulher hoje está diferente, é autossuficiente, e não pode ficar muito tempo afastada das suas atividades se recuperando. Aquelas cirurgias maiores, a tendência é desaparecer”, profetiza. Outra mudança em curso na cirurgia plástica no Brasil é que as mulheres que há poucos anos optaram por grandes próteses de silicone estão voltando às clínicas para diminuí-las. “As que tinham de médio para grande agora estão pedindo para trocar por próteses de médio para pequeno. Deve ser efeito do fenômeno das mulheres-fruta, mulher isso, mulher aquilo... Banalizou demais o negócio! Americano é que gosta desse padrão de mama grande. A brasileira começou a voltar atrás, não imita mais o americano nesse quesito”. Quanto ao derriére, nada mudou. A brasileira, confirma Egidio, continua desejando um bumbum maior, e isso não deve mudar nos próximos anos. “Não me refiro àquelas aberrações e exageros, com o uso indiscriminado de hormônios que provocam, por exemplo, mudança na voz”, observa.

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A cirurgia do momento é a bichectomia, que ganhou fama depois que celebridades como Madonna e Angelina Jolie aderiram. “Sabe aquele rosto mais gordinho? Quer ter uma definição? É para isso que ela serve”, explica. Seguindo a sazonalidade natural da cirurgia plástica brasileira, o inverno é a temporada “oficial” das cirurgias de rosto. Entre setembro e novembro, aumenta exponencialmente a procura pelas lipos. “Nesse período, quando começa a esquentar, elas lembram do biquíni e querem se preparar para o verão. Hoje dispomos de equipamentos como o lipovibroaspirador e o aspirador ultrassônico que causam menos trauma. A recuperação é muito mais rápida, dá tempo de fazer a cirurgia e não perder a praia no verão.” Nem todas têm seu pedido aceito pelo médico. “Recuso pacientes que querem fazer cirurgia de rosto e parecer que estão operadas. O americano faz isso, acha status. Houve nos EUA o caso de uma paciente que processou o médico porque ela não ficou com cara de operada, com aquela boca de peixe, estigmatizante”, relata, logo emendando: “Prefiro a mulher mais refinada”. Exemplo? Lourdes Catão, empresária carioca que mora em Nova York e visita Egidio em Florianópolis a cada década.


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O catarinense conta que, enquanto está operando, o mundo externo parece desaparecer. A família, os prazeres... Egidio diz que não pensa em nada, só no procedimento cirúrgico em si. E aí vem a pergunta: como ter esse alto grau de concentração, esse foco? Ele tem duas maneiras favoritas para isso. Uma delas é o taekwondo, arte marcial coreana que treina há cerca de 10 anos com o professor Eduardo Ferrari Bigolin, nove vezes consecutivas campeão pan-americano. O aluno cirurgião plástico é faixa preta 2.o Dan. “A arte marcial ajuda muito porque aumenta a resistência física necessária para ficar horas em pé operando”, justifica, observando que nunca usou as técnicas fora da academia. “Sou muito tranquilo. Um tempo atrás fui ao Santuário de Madre Paulina, sozinho, pedir a bênção do padre. É importante de vez em quando olhar para dentro de si mesmo, voltar-se para o interior. É esse mesmo enriquecimento como ser humano que procuro quando leio meus livros maçônicos (ele é “mestre instalado” da Maçonaria).”


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Egidio pratica outro esporte que exercita a concentração: o trap americano (tiro ao prato). O cenário é o clube que funciona numa área doada pelo empresário José Nitro. “Cada um leva a sua arma. Minha predileta é a espingarda Beretta que meu pai trouxe da Itália em 1960, quando ainda era usada nas olimpíadas no tiro ao pombo. É uma arma maravilhosa e atemporal, que você passa para os seus filhos.”


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As motocicletas são uma paixão do cirurgião plástico desde bem jovem, contrariando a vontade do pai, que, como médico, acompanhava os acidentes e sempre teve receio do perigo sob duas rodas. Hoje, o catarinense aproveita os dias de folga para pilotar uma inglesa Triumph Rocket III, de 2.300 cilindradas — a mais potente hoje fabricada no mundo. Costuma ir de moto tomar café em Jurerê ou na Lagoa com a mulher, a arquiteta Rose Campos, de Criciúma. Além de compromissos sociais, os dois adoram ir, entre outros lugares, à Marisqueira Sintra, em Santo Antônio de Lisboa. Eles irão oficializar o casamento em 2017. Falta decidir se a festa será no Brasil ou no exterior. “Luxo mesmo é ter tempo para a família”, comenta.


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Egidio também aprecia charutos. O favorito é o Montecristo número 3. “Cai bem quando você está sozinho, refletindo, ou compartilhando com amigos. Nós temos uma confraria do charuto que é forte, com acesso às melhores marcas cubanas. Leio, pesquiso muito sobre charutos. Quando eu gosto de uma coisa, eu me aprofundo.”


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18 Além do sucesso como médico, o maior orgulho de Egidio são os dois filhos, frutos do relacionamento anterior. Thainá, de 28 anos, está terminando Dermatologia na UFRJ e no final do ano estreia nos bancos escolares de Harvard, em Boston. Por sua vez, o caçula, Pedro Egídio, de 16, está estudando em Nova York num dos mais respeitados colégios do país. “Você só tem sucesso se seus filhos são um sucesso. No meu caso, só tenho motivos para me alegrar. O Pedro inclusive já decidiu que também quer ser cirurgião plástico.” O catarinense aponta caminhos ainda mais promissores para a cirurgia plástica. “Ela deixou de ser futilidade, esse paradigma caiu. Seremos muito beneficiados pelo avanço da engenharia genética. Uma possibilidade, por exemplo, é uma pessoa poder bloquear o gene da calvície que herdou do pai. Nossos filhos vão passar

dos 100 anos e a nossa geração vai chegar muito bem aos 90, porque a medicina interna evoluiu muito. Nossos avós morriam com 50 e se aposentavam com 40. Hoje, as mulheres com 50 estão começando a vida, estão viajando, saindo, fazendo plástica. Até pouco tempo uma pessoa de 40 era considerada idosa.” O que Egidio Martorano Filho ainda não fez e gostaria de fazer? “Tenho muito prazer em ajudar os outros. Já faço cirurgias para pessoas carentes. Quero fazer uma fundação na minha velhice para ajudar esse tipo de gente”, revela. Outro plano, esse já em andamento, é abrir uma clínica-spa, com centro cirúrgico, numa grande área no interior da Ilha. “A paciente vai descer do aeroporto, pegar um helicóptero e descer direto no local. É um projeto para um futuro próximo”, antecipa.



empreendimento

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Novo restaurante inova com degustação de carnes e clássicos executados com capricho

Toro Steak House


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texto Monique Vandresen

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ra o que faltava para que o Grupo Novo Brasil (GNB) completasse o seu rol de opções gastronômicas para a cidade: aberto no início de agosto, o “Toro” é uma steak house desenhada para quem gosta de carnes, mas prefere um espaço menor e mais acolhedor que os tradicionais rodízios. O Toro Steak House é o novo inquilino de uma das mais importantes edificações arquitetônicas da cidade, e traz diferenças que saltam à vista. A pertinência na escolha do cardápio, que além das carnes traz uma bela seleção de acompanhamentos à la carte, é uma delas. A formação da equipe, com profissionais escolhidos entre os que de melhor há no mercado, é outro ponto forte. Quem cuida das carnes é Edson Krafchuk, que traz o expertise do NB Steak e da Fogo de Chão. A cozinha, à la carte com característica italiana, fica sob a responsabilidade do chef Ronaldo Veríssimo, que tem uma história de 18 anos na cozinha do paulistano Gero. Wesley Morais, chef confeiteiro, traz do mesmo endereço da Haddock Lobo delícias como o Petit Gateau Siciliano e a Tarte Tatin. No comando da casa estão Samuel Rodrigues de Melo e Jonas Corrêa de Lima, que somam juntos quase 20 anos nas casas da Família Fasano. Marinho Ribeiro de Araújo, que arremata o time, é o maitre executivo. Eles passaram quase três meses pesquisando o

mercado de carnes na capital catarinense e contratando um staff de mais de 60 profissionais para garantir que o conceito, inédito no país, fosse implementado. Com a expertise da equipe, as carnes são bem elaboradas e especiais, como a paleta de cordeiro. No menu, há também várias opções de massas e risotos e uma opção de peixe. A capacidade de conferir charme ao ambiente, que já foi endereço de restaurantes e casas noturnas, ficou sob a responsabilidade da arquiteta Taty Iriê. Em comparação com as propostas anteriores, há mais integração com a rua, mais luz natural e uma revitalização da estrutura do prédio construído em 1897, quando o mar alcançava a sua estrutura. A familiaridade do Toro Steak House também está em retomar um traço que a cidade vem buscando: “é um lugar para as pessoas da cidade”, explica a arquiteta Taty Iriê. Com um bar de entrada, um piano bar, uma boutique de carnes, o restaurante e o deck, o local permite tanto um almoço com a família quanto uma paradinha apenas para um drinque ou um café, que no entanto será abastecido por receitas para lá de especiais, como a caipirinha de abacaxi com rúcula e as tiras de picanha black angus com mandioca frita.


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Uma nova forma de servir O Toro Steak House chega com três diferentes propostas dentro de um mesmo ambiente: Restaurante, Boutique de Carnes e Bar. O cardápio de guarnições, elaborado pelo chef Ronaldo Veríssimo, é ilimitado e abundante. As carnes são oferecidas em menu degustação, em travessas de cerâmica, e o cliente experimenta pedaços de cada um dos nove tipos de carne. Além do menu degustação, há o serviço à la carte, com massas, risotos, uma opção de peixe e saladas. Os chefs de cozinha, e a equipe de frente trazem a expertise do Gero, Fasano, Fogo de Chão e NB Steak. A loja, que deve ser inaugurada em agosto, venderá carnes de altíssima qualidade, temperos e demais produtos oferecidos no restaurante. O bar oferecerá petiscos e uma extensa e caprichada carta de drinques e vinhos. Destaque para o menu de caipirinhas tropicais, elaborado pelo sub gerente Jonas Correa de Lima, que inclui, por exemplo, caipirinha de morango com tomate cereja e manjericão. A adega será um dos pontos altos do espaço. O local reinventa a maneira de servir carne grelhada na cidade. Abolido o festival interminável de espetos rodando pelo salão — só seguem nas varetas dois cortes — as carnes de gado australiano circulam apenas em travessas de louça sempre no ponto pedido. Outra novidade é que os antepastos passam a ser oferecidos na mesa. O bufê fica reservado para os almoços de sábado, a partir de setembro, com a feijoada. As saladas, que podem ser servidas ad infinitum, vêm direto da cozinha montadas no prato, entre elas uma variante da clássica caprese.

1997

• Inaugura o Café Cancun.

2004

• Café Cancun vira El Divino Lounge e Xis vira El Divino Club. • Inaugura o El Divino Beach • Festival Hip Hop Manifesta, com show do Ja Rule e do Snoop Dogg.

2007

• Show do Ben Harper no El Divino Club. • Na noite de réveillon inaugura o P12.

2010

• Show do Black Eyed Peas no estádio Orlando Scarpelli.

2012

• Grupo Novo Brasil comemora 15 anos. • Prêmio advb Top de Marketing.

Edson Krafchuk, Ronaldo Oliveira e Wesle Moraes

2014

• El Divino Lounge passa a se chamar Red, Sete e Cash. • Inaugura em dezembro a Milk Club e o Le Barbaron.

2016

Jonas Corrêa, Samuel Mello e Marinho Araújo

• Mudança de endereço do escritório central. • Inauguração do Toro Steak House. • 10.a edição do Réveillon Spettacolo.


linha do tempo

1998

• Inaugura a Xis Music Hall.

2006

• Show internacional do Black Eyed Peas.

2008

• El Divino Club passa a se chamar Pacha.

2011

• El Divino Beach vira Donna Dinning Club. • Show da Amy Winehouse.

Reforma recupera elementos do prédio O casarão que abriga o Toro Steak House é uma das mais importantes edificações arquitetônicas da cidade. Construído em 1897, para abrigar a Inspetoria de Rios e Portos, quando o mar alcançava a sua estrutura, a casa passa a se parecer mais com a original a partir da reforma capitaneada pela arquiteta Taty Iriê. O prédio foi tombado no final dos anos 90, e com sua arquitetura neoclássica, preserva até hoje os dois blocos, que antes abrigavam de um lado as antigas oficinas de navio, o armazém e a casa do vigia, e do outro a administração e o setor de comunicação, que na época se dava através de rádios. A Inspetoria regulava o corte de madeira na Ilha e em toda a região, controlava o porto e o suprimento dos navios, fiscalizava a construção de pontes e atracadouros, coordenava a vistoria da navegação costeira, fazia observações meteorológicas e o levantamento marítimo da costa e dos rios catarinenses e ainda desenvolvia projetos topográficos e de engenharia. Com a inauguração do novo restaurante do GNB o espaço volta a mostrar suas janelas abertas para receber luz natural: “a reforma valoriza o espaço deste prédio que é patrimônio da cidade”, explica Taty: “revitalizamos as esquadrias em madeira e o prédio vai ter mais contato com a rua”. O GNB comemora 20 anos este ano. A primeira casa do grupo, no mesmo local, foi o Café Cancun, inaugurado em 1997. Para receber o café o casarão, que estava quase destruído, foi minuciosamente reformado — conservando suas características. Entre as comemorações dos 20 anos do Grupo Novo Brasil, que coordena também o P12, a Devassa e o Le BarBaron, estão a vinda do DJ greco-sueco Steve Angello e um show do DJ e produtor francês David Guetta.

2013

• Inaugura a Cervejaria Devassa.

2015

• Grupo constrói o palco itinerante Arena One, onde realiza as apresentações de David Guetta e Hardwell (DJ número 1 do mundo) nos primeiros dias de janeiro.

Casarão construído em 1897 abriga as instalações do toro steak house

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Endereço

Vinhos

• Avenida Beira-mar Norte, em frente ao trapiche.

• Bom custo-benefício, a carta tem ótimas opções de

Estacionamento • Na Almirante Lamego e na Beira-mar.

harmonização com carne.

Cartões • A, D, M e V.

Funcionamento • Terça-feira a sexta, das 12 às 16h e das 18 às 23h30; sábados, das 12 às 23h30; domingos, das 12 às 22h.

Ambiente • Salão aconchegante com muita madeira e tijolos à mostra

Cozinha • Grill e italiana.

Serviço • Competente e atencioso.

em prédio histórico. Piano bar, deck com cobertura, espaço

Reservas

kids e lounge.

• (48) 3225-5881.






festa

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Baile de Gala abre mĂŞs de festas em Nova Veneza texto PEDRO MOX fotos Marco cezar e FlĂĄvia Bortolotto


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F

inal do século passado. Sonhando com uma nova vida, italianos emigravam ao novo mundo sob a promessa de melhores condições — algo que nem sempre mostrava-se realidade. Mais precisamente em 1891, após cerca de três meses em alto mar, alguns migrantes vindos da região de Veneza deram origem à primeira colônia do Brasil República: Nova Veneza. O hoje município do sul de Santa Catarina (emancipado de Criciúma em 1958) não tem 409 pontes, nem o odor por vezes desagradável da capital do Vêneto. Mas carrega com orgulho através dos anos a história e os costumes de seus antepassados, algo facilmente visto nas ruas. Na no portal de entrada da cidade o visitante já depara-se com o Leão de São Marcos — símbolo da Veneza Italiana — além da bandeira Tricolore. Tal qual sua coirmã, Nova Veneza também tem um carnaval. Se lá a festa ocorre em fevereiro, inverno europeu, aqui a edição 2016 aconteceu em junho, parte da Festa da Gastronomia Italiana. O Baile de Gala acontece no Palazzo Delle Acque, e teve nesta edição

o tema “Uma noite em Venezia”, contando com cerca de 300 mascarados. A presidente da Associação Neoveneziana de Turismo, Larissa Bortolotto, vê na festa uma ocasião para manter a vocação turística do município. “Celebraremos o mistério e o glamour dos antigos bailes em uma noite temática preparada para transportar os convidados para aquele período. A procura de turistas de fora aumenta a cada ano e queremos sempre melhorar e atrair mais pessoas”, explica. Já o desfile parte da frente da Igreja. Moradores e visitantes que quiserem desfilar podem locar trajes e máscaras no Museu do Imigrante, explica Edilene Waterkemper, enquanto providencia os últimos detalhes para saída do desfile. — Os mascarados não falam, para que sua identidade não seja descoberta, aumentando o mistério sobre quem é quem — completa. O esmero com que máscaras e fantasias são feitos é evidente, e torna ainda mais bela a festa. Apenas os belos olhos das neovenezianas são vistos sob o rosto coberto, trazendo um misterioso charme.


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Edilene conta ainda que os carnavais são temáticos, com fantasias específicas. Na edição deste ano, foi feita uma retrospectiva, levando às ruas vestes de diversas edições. Existem também blocos “independentes”; caso do Tutti Insieme, cujos integrantes destacam-se de alguma forma — esse ano todos levavam balões dourados. A guia de turismo Tânia Maria Hach, de Porto Alegre, participa pela primeira vez do carnaval, com um grupo de 35 pessoas. “Todos estão adorando a festa, até já me programei para vir ano que vem” diz ela. Logo após a missa começa a concentração, em frente ao Museu do Imigrante. Sob o canto do Lira Circolo Italiano, de Blumenau, aos poucos as roupas elegantes e coloridas começam a aparecer. Evandro Gava, prefeito da cidade, desfila acompanhado da família, e ressalta a festa como um espetáculo


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da gastronomia e cultura, lembrado o grande número de visitantes recebidos durante o evento. “Faz com que mais pessoas conheçam e venham a Nova Veneza, além de ser um resgate da cultura” completa, antes de iniciar o percurso. As bandeiras, o clima, a arquitetura fazem o visitante facilmente sentir-se na Itália. Pontualmente oito da noite começa a descida em direção à praça, com calçadas lotadas de pessoas portando celulares para fotografas ou filmar a passagem. Elton Nuernberg nasceu no município e trabalha na decoração da festa desde sua origem. Ele relembra o início com barraquinhas simples, e é assertivo ao comentar o presente: “a festa está glamourosa, reconhecida internacionalmente”. O frio de 5º não incomoda. Ao chegar no coreto, mascarados misturam-se aos populares, transformando a praça num grande salão a céu aberto. Animada, a banda toca músicas carnavalescas tradicionais, em italiano e português. O casal Jânio e Adriana Nunes, moradores, aprovam a festa, destacando que manteve o nível da edição passada. “Além disso, é bom para a economia da cidade e fomenta o turismo” destaca Jânio. A festa segue madrugada afora, com apresentações tanto no coreto quanto no palco montado na Praça da Chaminé. Na manhã de domingo as caixas de som tocam animadamente músicas italianas, enquanto turistas e moradores aos poucos tomam novamente a rua Cônego Miguel Giacca. 9h30 acontece o desfile da Colônia Nuova Venezia, celebrando os 125 da colonização. Desfilam membros de famílias dos pioneiros, carregando placas com seus sobrenomes e fotos dos que já se foram — um grupo usa camiseta com a frase “não estou gritando, apenas sou italiano”. Nova Veneza respira sua história e suas raízas, mantendo a tradição de geração a geração. Além, desfilam autoridades locais, colégios, o Grupo Folclórico de Ítalo-Brasileiro de Nova Veneza e municípios convidados — com destaque para Maracajá, que apresenta sua fanfarra. Independentemente da idade, é evidente o orgulho com o qual os neovenezianos celebram sua origem e seus antepassados.


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Centro O centrinho de Nova Veneza, tal qual muitas cidades italianas, é aconchegante, rodeado por casario histórico. Cercam a praça Humberto Bortoluzzi diversos restaurantes, oferecendo as maravilhas da culinária italiana. O cardápio pode quiçá ser um pouco pesado, mas deixa o comensal ir embora feliz: macarrão, nhoque, o tradicionalíssimo frango com polenta... Sou apresentado à fortaia, creme feito com ovos, leite e queijo. Delicioso. Adiante está o Museu do Imigrante, no qual é possível conhecer um pouco mais da história neoveneziana, inaugurado em 1991. O antigo prédio já funcionou também como prefeitura, câmara de vereadores, casa paroquaial. Ao lado está a Igreja Matriz de São Marcos, padroeiro do município, e à frente o Instituto Sagrada Família. Este é uma ótima opção de hospedagem, onde o visitante é recebido por simpáticas irmãs Beneditinas e pode degustar o delicioso chá por elas preparado. Aliás, é recomendado reservar leitos com antecedência, pois a rede hoteleira fica simplesmente lotada. Mas não é para menos: a cidade de pouco mais de 14 mil habitantes registrou na última edição público visitante superior a 80 mil pessoas. Completando 12 anos, em 2016, a estrutura é montada na praça Humberto Bortoluzzi e na praça da Chaminé — onde funcionava a firma Bortoluzzi, da qual resta a chaminé que dá nome ao local. No pavilhão há barraquinhas com comidas típicas, crepes, chope e — claro — vinho. Ali também está o Palazzo Delle Acque, espaço para eventos inaugurado em 2011 com arquitetura inspirada na Itália. É possível adquirir as tradicionais máscaras de carnaval — para uso ou recordação — na Arte Veneza, ao lado da Praça da Chaminé. Os preços variam entre 15 e 120 reais. Isabel Gava de Borba, uma das responsáveis pela manufatura dos acessórios, conta que no evento foram vendidas cerca de 1.000 máscaras. Ao visitante que desejar uma foto passeando de gôndola, nenhum problema: uma espécie de lago artificial abriga a embarcação — com direito a algumas moedas à Fontana di Trevi. Presenteada pela província de Veneza em 2006, tem 11 metros e pesa 650 quilos, sendo umas das quatro genuínas gôndolas venezianas espalhadas mundo afora — única na América Latina. Igor da Silva Velho trabalha e estuda durante a semana, e há três anos seus finais de semana tem programação definida: veste o traje típico — com chapéu e blusa listrada — e assume o posto de gondoleiro, atendendo com simpatia os turistas enquanto posa para fotos.


Casas de Pedra Distante pouco mais de dois quilômetros do centro da cidade, estão algumas das primeiras construções do povoado — não é possível precisar se é de fato a primeira, mas o ano de início da construção é igualmente 1891. As Casas de Pedra são um conjunto de três peças: cozinha, quartos e estrebaria. Foram construídos por Luigi Bratti, que emigrou de Vêneto, nordeste da Itália. “Luigi era um exímio construtor; para realizar o pagamento das terras em solo brasileiro, trabalhava erguendo casas para outros migrantes” explica Renato Cavalheiro, que orienta os visitantes no local. “Como trabalhava para os outros imigrantes, só tinha tempo para construir sua própria casa à noite ou nos finais de semana, levando entre 10 e 15 anos para concluir o projeto”, completa. Luigi Bratti foi casado com Joana Quequeto, com quem teve 10 filhos — cinco mulheres e cinco homens. Após o falecimento de Joana, casa com Irene Crema, com quem não teve filhos. Constituída unicamente de pedra, barro e madeira, foi construída com uma técnica trazida pelos primeiros imigrantes, de construção em pedras de basalto. Foi reformada antes de ser tombada como patrimônio histórico estadual em 2002. Em 2011 foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mesmo ano em que passou a ser aberta para visitação, sempre aos finais de semana e feriados. Renato conta que na alta temporada — inverno — as casas recebem em média 220 visitantes por mês.

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Carnaval de Veneza

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O carnaval de Veneza tem suas origens no século XVIII, mas o primeiro documento oficial reconhecendo-o data de 1296. Numa sociedade marcada pela separação de classes, apenas membros da aristocracia participavam da festa. Com o passar do tempo, os nobres passam a festejar junto ao povo, utilizando máscaras de que cobriam apenas parte do rosto nos bailes e o rosto inteiro nas ruas, a fim de não serem reconhecidos. Em 1797, sob ocupação francesa e austríaca, a festa é proibida — entretanto a tradição é preservada em localidades mais afastadas como Burano e Murano. Apenas em 1979, quase duzentos anos depois, o carnaval volta a ser realizado. E a edição 2017 já tem data marcada: entre 11 e 28 de fevereiro.

Onde ficar • Instituto Sagrada Família — Rua Cônego Miguel Giacca, 153 • Hotel Bormon — Rua José Bortolotto, Rod. SC 447 — Km 42,8, 270 • Hotel Veneza — Rua Cônego Miguel Giacca, 51 • Hotel Germânia — Rua João Bortoluzi, 170

Onde Comer • Gheppo Gelateria & Caffè — Rua Nicolau Pederneiras, 2 • Restaurante Veneza — Rua Cônego Miguel Giacca, 51 • Casa do Chico Galeteria & Pizzaria — Rua Nicolau Pederneiras, 65 • Divina Armida — Rua Nicolau Pederneiras, 42 • La Burgheria — Rua dos Imigrantes, 828



foto ayrton cruz

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texto Monique Vandresen fotos sergio vignes e Ayrton Cruz


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Alexandre Freitas (E), um dos pais do Varal da Trajano, no Bob’s

Eventos culturais promovem processo de revalorização da região que vai da Trajano à Travessa Ratcliff, do outro lado da Praça XV. Para muita gente que não ia mais a este pedaço da cidade, feiras de arte, exposições e eventos gastronômicos passaram a ser uma oportunidade de voltar e se apropriar do espaço

A retomada do centro de Florianópolis já começou com uma mudança emblemática: a mudança do “centro do poder” do Senadinho, esquina da Trajano com a Felipe Schmidt, para o Bob’s, quase na esquina da mesma Trajano com a Tenente Silveira. A geração que movimentou Florianópolis nas décadas de 60 e 70 escolheu o lugar há mais de uma década para homenagear o chargista e artista plástico Sérgio Bonson. A homenagem acontece todo mês de dezembro, mas os encontros acontecem todas as manhãs de sábado e hoje reúnem artistas, fotógrafos e jornalistas de todas as idades. Além de pretexto para a reunião dos amigos, o encontro é uma forma de resgate dos pontos de encontro da cidade: “É um marco para nós, pois os espaços de convivência desapareceram e o Centro virou um lugar de passagem”, explica o jornalista Sérgio Murillo de Andrade. Foi em um destes encontros que os fotógrafos Milton Ostetto, Kleber Steinbach e Alexandre Freitas deram a luz ao projeto Varal da Trajano. A ideia inicial era fazer uma exposição, mas o primeiro Varal foi tão bem recebido que hoje projeto, que tem como objetivo levar a arte para as ruas permitindo o acesso de todos os públicos a trabalhos individuais e coletivos de fotógrafos da cidade, agora faz parte do calendário cultural da cidade. Com apoio da Multicor, da Hahnemühle e da Fundação Franklin Cascaes, as exposições acontecem sempre no último fim de semana do mês. A travessa Ratcliff, entre a rua João Pinto e a Tiradentes, também passou por uma revitalização espontânea. Ali acontece tradicionalmente o samba e feijoada no bar Canto do Noel, onde convidados como Tunico da Vila, filho de Martinho da Vila, já vieram tocar.

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o conto “Mistério no Miramar”, Salim Miguel conta a história de um cadáver que é encontrado batendo contra o Miramar e para a cidade. Em um trabalho sobre o desenvolvimento da capital catarinense, o historiador Daniel Lunardelli usa a história de Salim Miguel como metáfora da cidade e das transformações urbanas que iriam se materializar a partir da década de 1970. O corpo seria um marco das mudanças que começavam a aparecer, e coube ao fim do Miramar o início do processo de mudança, analisa Lunardelli. Construído em 1928 e destruído em 1974, acolheu por muito tempo jornalistas, intelectuais, boêmios, escritores, artistas. Quando a cidade acordou sem o Miramar, o jornalista Adolfo Ziguelli disse em seu programa que o trapiche tinha sido “morto pelo Progresso, sem um gemido e sem um protesto”. Para o Miramar, espaço central na ligação entre a cidade, o mar e o ilhéu, não há mais volta. Mas há um burburinho ao redor da Praça XV nas manhãs de sábado. O centro, invisível para uma geração de nascidos na Carmela Dutra, está sendo retomado. O colecionador Guto Lima, o ator Luiz Henrique Cudo, o jornalista Fifo Lima e o fotógrafo Alexandre Freitas capitaneiam as iniciativas culturais que iniciaram este movimento.

foto sergio vignes

Miramar, espaço central na ligação entre a cidade, o mar e o ilhéu, destruído em 1974

Os fotógrafos Cláudio Brandão (D) e Walmor de Oliveira (E), com o jornalista Sérgio Murilo: espaço de convivência


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foto sergio vignes

nas manhãs de sábado é realizada a feira do projeto “Viva a Cidade”

jornalista Fifo Lima, idealizador da Feira de Arte de Florianópolis (FAF)

Mais perto da Praça, na rua Fernando Machado, também tem coisa acontecendo: há um ano o jornalista Fifo Lima realiza aos sábados na Casa do Teatro Armação, na Praça XV de Novembro, a Feira de Arte de Florianópolis, que ficou conhecida por FAF. No segundo semestre a feira, que nasceu da ideia de testar o mercado popular de arte, vai ter algumas novidades, inclusive no espaço físico. Mas o resultado, comenta a coordenadora de Captação de Recursos da Fundação Franklin Cascaes, Jaqueline Gonçalves: “a iniciativa maravilhou o público já na primeira edição. Hoje a “FAF do Fifo” é parada obrigatória neste roteiro de retomada do centro, e aglutina artistas e público interessado em conversar sobre arte e em adquirir obras”. “Acho que a cidade queria um ponto de encontro, um mercado livre, só que nós não sabíamos ainda”, explica Fifo: “o que ajudou também foi a localização da feira na Praça XV em seu primeiro ano, a beleza e o charme do prédio, seu pequeno tamanho e o perfil cultural por abrigar um grupo de teatro. Mas é preciso dizer que isso só foi possível porque a diretoria da Casa do Teatro Armação abriu as portas para a proposta. A FAF não tem vínculo com nenhum edital ou lei de incentivo à cultura, tampouco qualquer patrocínio. Semanal em 2015, a feira agora é mensal. A movimentação cultural das manhãs de sábado inclui ainda a feira do projeto “Viva a Cidade”, que movimenta as ruas Saldanha Marinho, Nunes Machado, Travessa Ratcliff, Antônio Luz, João Pinto, Tiradentes, Victor Meirelles e arredores com food trucks e feirinhas de antiguidades. O projeto foi criado pela Prefeitura de Florianópolis, em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).


foto sergio vignes

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foto ayrton cruz

Domingos, renata, Cissa, Guto e cudo comandam o tralharia

Cheio de personalidade, o Tralharia, na rua Nunes Machado, 104, é um pouco galeria, um pouco bar e um pouco antiquário

feiras acontecem no museu da escola foto ayrton cruz

Depois de experimentar a gastronomia itinerante ou caçar uma edição especial de Machado de Assis na feirinha, a manhã termina no Tralharia, um misto de antiquário, café e bar. Criado pelo colecionador Guto Lima e pelo ator Luiz Henrique Cudo, o local abriu mais um espaço para exposições, geralmente de Fotografia. No roteiro ainda estão eventos sazonais como o Parque Gráfico, que teve sua primeira edição em maio. A ideia é juntar pessoas ligadas ao universo das artes gráficas que tenham trabalhos interessantes neste sentido em Florianópolis. A iniciativa é de Camila Petersen e Thiago Bazinga Vieira e tem sua identidade visual criada pela designer Tina Merz e é um dos projetos vencedores do Prêmio Catarinense de Apoio a Eventos Artísticos e Culturais do Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, Fundação Catarinense de Cultura e FUNCULTURAL por meio do Edital Elisabete Anderle. Mas ainda há muito a fazer. Para o arquiteto, figurinista e pesquisador José Alfredo Beirão Filho, a região do Museu da Escola da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), na Saldanha Marinho, é uma área que poderia ser mais valorizada: “com a reforma do Museu Victor Meirelles, a região poderia ser transformada em um circuito cultural, com a Escola Antonieta de Barros transformada em um Museu de Moda e Artes Decorativas”. A área inclui ainda a centenária Kibelândia, na rua Vitor Meirelles, a Travessa e a Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti, na Praça XV. Há várias experiências interessantes neste sentido, explica o arquiteto: “a revitalização da histórica Lyon, segunda maior cidade da França, por exemplo. O la Sucrière é um antigo galpão da indústria açucareira que hoje oferece espaços para escritórios, exposições, e eventos”.

Taliesyn, na Victor Meirelles, também movimenta o centro com shows ao ar livre e feiras


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foto sergio vignes

O museu e a galeria vão para as ruas O grande desafio, agora, é fomentar a reflexão e o diálogo entre os diversos públicos que contribuem para este movimento, atuando na área ou se interessando pelos vários temas que circulam pelo centro: a arte, a fotografia, a cidade, a gastronomia, a moda. Para o criador da FAF, Fifo Lima, é hora de se reinventar: “o resultado primordial da feira e de toda esta movimentação é a comprovação de que a cidade tem artistas em quantidade e qualidade para o desenvolvimento de um mercado de arte”. foto sergio vignes

Idealizada pelo jornalista Fifo Lima, a Feira de Arte de Florianópois, a FAF, acontece um sábado por mês, das 10 às 17 horas, valorizando o processo de ocupação cultural da região central da Ilha de Santa Catarina durante os fins de semana. “A feira desencadeou um processo fascinante”, explica o jornalista: “primeiro porque estimulou na cidade um olhar para os artistas e para a obra que eles estão produzindo atualmente. Há uma nova geração de artistas, proporcionada principalmente pelo curso de artes da Udesc e pelas oficinas do Centro Integrado de Cultura. São dois espaços fundamentais para o cenário que temos hoje”. Fifo salienta também o fato de que a feira estimulou a venda, “uma etapa pouco desenvolvida no mercado de arte. A produção artística da cidade merece o olhar do público, e muitos artistas têm vendido seus trabalhos pela primeira vez na feira”. Nas manhãs de sábado também é mais comum se deparar com pessoas caminhando pelas ruas com suas máquinas fotográficas. Além do Varal da Trajano, uma série de outros eventos movimenta o campo da Fotografia: exposições, criação de grupos e coletivos, além do festival Floripa na Foto, que acontece em novembro. O “Varal da Trajano” é um deles. O evento criado pelos fotógrafos Milton Ostetto, Kleber Steinbach e Alexandre Freitas organiza e mantém um calendário de exposições —14 varais até o fechamento desta edição. “É um espaço de encontro que propicia a discussão sobre o papel da imagem e tem incentivado muito a produção, tanto profissional como amadora”, festeja o fotógrafo Guilherme Dimatos. Além disso, completa, “a iniciativa tem levado a fotografia para a rua, dando oportunidade a todos de apreciá-la — muitos que raramente frequentariam um espaço habitual de exposições, como galerias ou museus”.

Agora batizada de “FAFERIA — DNA de Arte”, o espaço idealizado pelo jornalista Fifo Lima passa a funcionar na Fernando Machado, 261. O local é um mix de loja e galeria, com obras de arte em papel, esculturas, acessórios, decorações, design e móveis, além de serviços molduraria, tipografia, serigrafia e cursos de arte





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Alma de surfista

TODOS OS ANOS GUGA FAZ UMA TRIP NAS ILHAS DA INDONÉSIA


foto jUSTIN BUOLO

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Guga Arruda exibe devoção, talento e carisma de quem incorporou a cultura do mar ao cotidiano

foto james thisted

textos olavo moraes fotos marco cezar e arquivo pessoal

Guga Arruda e tuco na pista do Condomínio Kasting arruda

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ropar as melhores ondas do planeta, projetar e fabricar pranchas, ensinar a arte do surfe, treinar atletas e desenvolver potencialidades, repassar os segredos do competidor profissional bem-sucedido. Amar a família e acompanhar o desenvolvimento do filho nas linhas verticais do skate e sobre as ondas. O momento de Guga Arruda exibe a mais bela face da devoção, talento e carisma de quem nasceu soul surfer e incorporou o mar ao cotidiano. É a alma de surfista que alimenta o designer, professor, pai e marido. Guga vive do surfe. Criou a Powerlight, fábrica de pranchas com tecnologia de ponta, onde desenvolve modelos de alta performance, mais resistentes e leves. Tem uma longa e bem-sucedida história no esporte. Natural de Florianópolis, é especialista em ondas grandes. Tem 11 temporadas Havaianas. Foi o primeiro surfista a encarar a Pororoca, na Bacia Amazônica, e está no Guiness Book of Records. No surfe de competição, esteve entre os 16 melhores do Brasil por sete anos, fez finais de mundiais WQS, participou dos WCT 2006 e 2007, superando adversários como o campeão mundial Mark Occhilupo e Bruce Irons. É bicampeão Catarinense Profissional. Professor de surfe, treina equipe de atletas. Também se desenvolve na mídia. Foi surfe-repórter, escreveu colunas, além de produzir e dirigir vídeos. Faz palestras, e, agora, no meio do ano, realizou uma trip nas ilhas da Indonésia. Casado com Milene, Guga tem dois filhos: Artur, o Tuco, de 12 anos, e Marina, de 15. Em uma tarde de inverno, o soul surfer conversou com a Mural e falou sobre o seu momento.


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revista mural | Como você administra as atividades diárias? GUGA ARRUDA | Desde que parei de competir comecei a me dedicar

a lecionar surfe e fabricar pranchas — que começou ainda durante a carreira de competidor e motivado por isso. Tenho bastante demanda nas duas atividades. Praticamente todos os dias eu entro no mar para lecionar, tanto para iniciantes quanto treinamento de surfistas avançados. E sempre dou uma passada na fábrica no mesmo dia. O que me beneficia é que é tudo no Rio Tavares. Dou aula na frente de casa, no Pico da Cruz, no meio da Joaca, no Campeche e na Joaquina, todas as praias do lado de onde moro. Praticamente não saio do bairro, mas corro o dia todo. revista mural | Você é um surfista de alma. Como é ser um

soul

surfer? GUGA ARRUDA | Entendo esse termo como alguém que ama o esporte, até mais do que a competição. Que faz parte da minha vida até mais do que o patrocínio, ou do que a remuneração. É o surfe de alma, que te faz emocionar, que te faz ser feliz, que te faz ser saudável, que te faz passar a cultura surfe como um legado para os filhos, para as novas gerações, para os alunos.

revista mural | Como começou a produção de pranchas? GUGA ARRUDA | Eu tive o Avelino Bastos, que fez as minhas

pranchas. Muitos outros shapers me ajudaram. Mas, por paixão e desejo, voltei lá na raiz e comecei a fazer as minhas próprias pranchas. E comecei a surfar com elas ainda como competidor. Tive a oportunidade de ganhar duas etapas do Circuito Brasileiro usando pranchas que eu mesmo tinha feito. Competi etapas do WCT com campeões mundiais, como Mik Fanning, usando uma prancha que havia feito. Foi muito mágico na minha carreira, e acabou me chamando para esta outra profissão, umas das minhas principais atividades econômicas, a fabricação de pranchas. Estudei profundamente a hidrodinâmica, as construções e materiais, tecnologias. Porque queria surfar bem. Porque queria ganhar o campeonato fazendo uma prancha mais leve. Melhor do que as outras, e, por isso, me desse a performance.

revista mural | Após parar de competir profissionalmente, ainda

existe a busca pela performance?

revista mural | E o processo de fabricação? GUGA ARRUDA | Nesse processo, eu tive grandes

principal durante mais de 20 anos, sempre em busca da performance. Como soul surfer, não estou isento disto por ter parado de competir. Mas hoje direcionei a alta performance na busca por ondas grandes, tubos profundos, manobras radicais, ondas com fundo de coral. Hoje não preciso fazer três manobras rapidinho para ganhar uma nota. Posso curtir a onda do meu jeito. Posso pegar ondas grandes, posso me desafiar dentro do meu psicológico, do quanto de coragem tenho para me jogar na onda, do desprendimento para realizar um aéreo rodando, uma manobra acrobática. Dessa forma, cada vez mais me sinto um soul surfer. Porque estou menos impulsionado por finança, prêmio e status. Estou mais impulsionado pela verdade do meu coração, que quer surfar bem.

professores que eu gosto de citar. Avelino Bastos especialmente na área do design; Jair Fernandes, o Maxuxo, que me ensinou a termomoldagem, um método muito diferenciado e que nós temos patenteado, eu e ele, em parceria de 50% para cada; Paulo Araújo e outros, que me apresentaram materiais diferenciados, como o kevlar, o carbono e a madeira, materiais hoje comuns na fabricação de prancha, mas que na época não eram usados. Assim, conseguimos ser pioneiros na utilização de materiais nobres e de tecnologias diferenciadas na fabricação de pranchas, já há quase dez anos a minha marca Power Light existe com muito diferencial. Que é o que a gente buscou: tecnologia, materiais diferenciados, a leveza, e o estudo das quilhas (hidrodinâmica).

revista mural | Quais são as tuas motivações? GUGA ARRUDA | Eu fui um moleque que queria ser

revista mural | E a trip na GUGA ARRUDA | A Indonésia

GUGA ARRUDA | Eu tive na minha carreira a competição como atividade

bom de surfe. O mais importante para mim nunca foi ser campeão disso ou daquilo, mas ser bom no que faço. Continuo nesta busca, e ela não tem fim. Acredito que vou envelhecer buscando uma onda grande, um tubo, um estilo, uma postura do meu corpo na prancha para realizar o meu melhor. Eu tenho toda a motivação na minha busca pessoal por performance, tenho toda a motivação pelo papel que ocupo de professor e treinador. De mentor, de facilitador das gerações que vem depois da minha. Desde os tempos de surfista profissional você faz a sua própria prancha. Qual é o sentimento? GUGA ARRUDA | É uma magia muito grande. Isto é o que o surfista de raiz faz. Lá atrás, nos tempos idos quando o surfe começou no Havaí, se você não fizesse a sua prancha você não surfava. Porque não tinha uma loja para vender. Grandes surfistas, como Pat Curren, pai do Tom Curren, como Reno Abelira, enfim, como tantos nomes do surfe mundial, eles se tornaram shapers, porque, se eles não fizessem a prancha, eles não surfavam. revista mural |

Indonésia? tem as melhores ondas do mundo. São mais de 17 mil ilhas, com formação vulcânica e corais ao redor. As ondas estão lá. Tenho mais de dez temporadas e bastante experiência com aquelas ondas, tenho muito carinho pelo povo e pela cultura. Aprendi demais. Hoje eu vivo este projeto pessoal, que envolve ir para a Indonésia todo o ano. Tornou-se possível graças a uma parceria com o capitão Cadu e com o Bruno Veiga, que tem o barco Moon Palikir, nas Ilhas Mentawai. Vou como treinador.

revista mural | Como surgiu esse projeto? GUGA ARRUDA | Consegui transformar o meu desejo

de surfar na Indonésia em um trabalho. Isso viabilizou o meu projeto de todo o ano juntar um grupo para encontrar as melhores ondas e para ter um treinamento de desenvolvimento técnico. Sejam os alunos atletas de alta performance, os que só querem curtir uma viagem legal, ou os mais iniciantes, mas que estão querendo ver uma água azul e uma onda perfeita, sejam os amigos, então, nessas pessoas, encontrei o público que me apóia e investe em mim para, juntos, realizarmos o sonho de surfar as melhores ondas do mundo.


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Integração do surfe com skate ma das grandes sacadas de Guga Arruda é a integração do surfe com o skate. Ele agrega a expertise de duas décadas de competidor de alta performance, ao profundo conhecimento do esporte das rodinhas. Inova ao levar técnicas e fundamentos de uma modalidade a outra, nas aulas e treinamentos, e no aprimoramento dos atletas. Bem como no desenvolvimento de produtos da Power Light. Professor de surfe, dá aulas desde a base até o treinamento avançado. É técnico de equipe, design e fabricante de pranchas. A seguir conheça algumas de suas ideias em relação ao casamento dos dois esportes, e saiba como o skate começou a fazer parte da vida do soul surfer.

DA PISTA PARA O MAR

“No surfe avançado aprendi a combinar surfe e skate. E fazer desta mistura um benefício para ambos os esportes. No meu caso o foco é o surfe, e dos meus alunos também. Mas a gente usa a pista de skate. Trabalha postura de corpo, de braço, posicionamento de perna, para onde movimentamos a cabeça e direcionamos nossos olhos. Tudo é levado para dentro da água na hora do surfe. No mar é muito difícil a proximidade com o aluno, a comunicação, a facilidade de ele te ouvir. Lá no fundo, no meio das ondas, fica muito difícil. No skate é fácil. A gente está ao lado, encosta. Pega o braço e muda a posição, literalmente. É possível ter contato físico para alterar a postura, mostrar um movimento repetidas vezes.” foto justin buolo

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surfando em Nias, na indonésia


“É mais fácil fazer o entendimento acontecer no skate e depois treinar na água para conseguir transferir para o surfe. Utilizo a modalidade do skate para trazer a consciência da postura e do direcionamento do olhar, fundamentais tanto na técnica de surfar quanto na de andar de skate. São bastante semelhantes. Os alunos também treinam por conta própria. Nas suas casas, calçadas, garagens, porque o skate está sempre disponível. O surfe não. Tem que ir na praia, tem que ter carona, passar a arrebentação. O surfe é menos disponível do que o skate.”

foto Milene arruda

DISPONIBILIDADE EM TERRA

REPRODUZINDO NA ÁGUA “O skate nasceu do surfe. Significa que o surfe ofereceu muito quando o skate estava nascendo. E, em nível técnico, em se falando em radicalidade, variação de manobras, o skate passou o surfe. Por razões óbvias. A pista é fixa, e o skatista consegue executar muitas vezes o mesmo movimento. O skatista também não precisa remar para entrar na onda. Por isso o skate pode ser muito pequeno, facilita a radicalidade das manobras. O surfista não pode usar uma prancha tão pequena, porque precisa da flutuação para remar e entrar na onda. Por essas razões, o skate disparou na frente do surfe e se tornou um esporte muito mais radical. Muito mais acrobático, com muito mais giro, com muito mais variação de manobras. Depois disso, o surfista começou a copiar o skatista e conseguiu reproduzir algumas manobras do skate na água.”

guga arruda com filhos e amigos, em Trestles, Califórnia

INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA BARROS “O skate entrou na minha vida quando vim morar no Rio Tavares. Sempre tive um grande amigo, que foi patrocinador em um momento superdecisivo da minha carreira: André Barros, pai do Pedro, que era moleque e já andava de skate muito bem. O André e o Pedro foram uma grande influência na minha vida, na vida dos meus filhos, e, acredito, na vida de muita gente no mundo.”

MIGRANDO PARA AS ONDAS

ANDANDO COM O CAMPEÃO MUNDIAL

“Algumas variações de manobras, inclusive alguns nomes, migraram do skate para o surfe. As manobras que vieram do skate para o surfe são mais modernas, mais difíceis, mais acrobáticas, e mais elaboradas. O alley oop, o 540, que os surfistas chamam de full rotation — rotação completa voltando de frente. As variações e contorcidas durante um aéreo. Quando contorce com a rabeta para cima chama tail bone, quando contorce com o bico para cima chama nose bone, quando ‘cata’ com a mão por trás chama tail fish. Cada ‘catada’ (pegada de mão na prancha) tem um nome. Mas todas essas variações nasceram primeiro no skate, e depois migraram para o surfe. Foi a hora em que o skate devolveu para o surfe muito do que o surfe deu para o skate.”

“Começamos a andar de skate nas pistas do Pedro, na pista da Hi-Adventure. O André e o Pedro sempre dando um presente, uma rodinha, um shape, tanto para mim, quanto para os meus filhos, o Tuco, a Marina. Foi um grande estímulo, um grande incentivo. E não deixa de ser uma enorme emoção e privilégio poder andar de skate, brincando com teu vizinho, e ele ser um pentacampeão mundial e o maior skatista de bowl da história. Essa foi a grande alavanca que nos impulsionou em direção ao skate, e eu sou muito grato à família Barros por isso.”

Guga em Ocean Side na Califórnia foto Milene arruda

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REVOLUÇÃO NO RIO TAVARES “Há alguns anos o skate no Brasil era mais São Paulo, Curitiba, grandes cidades. Os skatistas não eram surfistas e os surfistas não eram skatistas. Essas duas tribos não andavam juntos. Havia diferenças significativas. E foi aqui no Rio Tavares, em Florianópolis, que, por meio dessa galera e do movimento RTMF (Rio Tavares Mother Fucker), que o surfe e o skate se casaram no Brasil. Na Califórnia já eram casados, mas no Brasil não. E hoje estes esportes estão muito unidos, muito integrados. É bonito ver essas tribos muito unidas e os surfistas andando de skate cada vez melhor e os skatistas surfando cada vez melhor.”


foto arquivo pessoal

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Tuco andando de skate na Califórnia

MANOBRAS COMPARTILHADAS

PRANCHAS SK8 E SK9

“Meu trabalho na Power Light está de vento em popa, agora influenciado pelo skate. Não acho que seja só eu que tive essa sacada. Mas compreendi que os esportes estão cada vez mais próximos, o surfe e o skate — não deixo de fora o snowboard, kite, wakesurf e outros esportes de prancha. As manobras estão se tornando parecidas e compartilhadas. Há muito em comum entre os dois esportes.”

“Tenho duas pranchas que tem nomes relacionados ao skate. A primeira desenvolvi pensando em fazê-la para o Pedro Barros surfar, e chamei de Sk8 — sigla para skate. Ela ficou boa para caramba, foi superlegal. Deu certo, fiquei muito animado. Continuei desenhando e dela nasceu uma outra, que chamei de Sk9.”

RELAÇÃO TAMANHO X PESO X OUTLINES “Percebi que, se as pranchas diminuíssem de tamanho, teriam mais possibilidades de proporcionar manobras radicais como o skate faz. E não somente diminuir de tamanho, mas diminuir de peso. Alguma alterações específicas de design, como, por exemplo, outlines (linhas externas que definem a prancha) mais paralelos, e fundos com menos curva, trariam adicional de velocidade e permitiriam manobras aéreas com maior facilidade. Venho misturando o que aprendo nos shapes de skate. Estou introduzindo no desenvolvimento de design na fabricação de pranchas. Estou curtindo muito esse momento.”


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Skate nasceu do surfe O skate nasceu na Califórnia, por volta do ano de 1950. Os surfistas queriam se divertir quando o mar estava sem ondas, de onde surgiu a ideia de pegar pranchas de madeira e colocar rodinhas de patins embaixo. No início, o esporte era chamado de surfe de calçada e, em muito pouco tempo, se espalhou pelos Estados Unidos. O primeiro skate fabricado e comercializado em série foi o Roller Derby, em 1959. Até então o skate era apenas visto como uma coisa divertida para se fazer depois de surfar. No ano de 1963, além da oficialização do esporte como skateboarding, aconteceu a primeira competição da modalidade em Hermosa Beach, na Califórnia. Depois desse campeonato foram

vendidos mais de 50 milhões de carrinhos em todo o mundo. As modalidades eram basicamente o downhill, o slalom e o freestyle. No começo dos anos 1970 uma grande seca atingiu a Califórnia, quando surgiu o skate Vertical. Piscinas foram esvaziadas e os skatistas descobriram que as paredes lembravam as transições das ondas. Foi também nessa década que o skate começou a evoluir. Larry Stevenson inventou o tail, o que ajudou a melhorar o equilíbrio e as manobras. Em 1972, o surfista Frank Nashworthy criou as rodinhas de uretano, tornando o skate muito mais veloz. Antes, as rodas eram feitas de ferro ou de plástico duro, escorregadias e inseguras.



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Tuco Arruda, prodígio nas pranchas

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alento nato, aprimorado pela experiência e o conhecimento do pai, Artur Arruda, de 12 anos, se desenvolve com naturalidade sobre as pranchas. Por hora, Tuco demonstra melhor desempenho no skate, onde é terceiro colocado no Brasileiro de Bowl, categoria mirim. No surfe, busca performance com seriedade e considera a possibilidade de se tornar profissional nas duas modalidades. “Skatista competidor, Tuco demonstra talento evidente no surfe. É patrocinado (Mormaii/Power Light) e está indo para a Indonésia, para as Ilhas Mentawai pegar as melhores ondas do mundo”, destaca Guga Arruda. Nascido no Rio Tavares, berço da união do surfe e o skate no Brasil, Tuco tem a infraestrutura ideal para alcançar seus objetivos. Praticamente no quintal. Tem pistas modernas próximas para treinar, incluindo o bowl do condomínio onde mora, e o Pico da Cruz, no Campeche, uma das melhores ondas de Floripa, na frente de casa. De quebra, tem todo o apoio do pai, top 16 do Brasil por sete anos, shaper, design de pranchas e professor de surfe. E de Guga Arruda vem todo o apoio necessário para a evolução de Tuco. Sem pressão. “De boa”, como define o garoto-prodígio de 12 anos, no intervalo de uma sessão de treinos na pista da Pousada Hi-Adventure.



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Em entrevista exclusiva à Mural, a empresária que trouxe para Florianópolis nova maneira de olhar e pensar a moda fala da carreira, de amor, do sossego e da vida além das vitrines texto Monique Vandresen fotos Marco cezar e arquivo pessoal

Monica Meyer: rosto marcante

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ngela Filomeno ainda era Angela Maes Varela naquelas primeiras férias no Rio, no início da década de 70. Até gostava de moda, mas a ideia de fazer disto uma carreira nem passava por aquela cabecinha. Em um shopping na rua Siqueira Campos, em Copacabana, topou com O Lixo, uma loja que vendia jeans, camisetas, chapéus de aba mole e uniformes militares usados. Não há um personagem que eu tenha entrevistado —para esta matéria e para algumas outras relacionadas à década que começava com o fim dos Beatles — que não guarde com carinho, na memória a primeira peça de roupa comprada por lá. No caso de Angela, foi uma jaqueta de escoteiro norte americana, surrada e muito charmosa. Daquelas férias no Rio, além da jaqueta, vieram na bagagem camisetas, jeans, vestidos e batinhas, do Lixo e de outros endereços cariocas. Foi só mostrar para as amigas para que as peças virassem objeto de desejo e fossem parar, revendidas, nos guarda-roupas mais descolados da cidade. Começava ali um período que iria mudar para sempre a cara da moda em Santa Catarina. Lanamodinha, desfiles espetaculares, coquetéis inusitados e uma loja que reunia gente que queria mais do que comprar, mas de romper com padrões e ideias e festejar a juventude. “A década de 70 foi uma época de grandes rupturas, e a Florianópolis reunia uma turma antenada”, conta Baldicero Filomeno, o grande companheiro e incentivador de Angela desde 1969, quando se conheceram na Lagoa da Conceição e começaram a namorar. Casados desde 1975, Baldicero e Angela representam bem a geração que deixou uma marca de irreverência e contestação na história da cidade. Ele foi um dos responsáveis, ao lado de Jacob Silveira e Edgar Scheid, pelo Palhostock, um festival nos moldes de Woodstock que movimentou a região. Era 1974. Angela sonhava com um espaço para a moda que trazia do Rio já com assiduidade e uma clientela seleta. “Baldicero foi um grande incentivador. Me deu todo suporte que eu precisava quando eu vi a loja à venda na Deodoro, e continua me apoiando até hoje”. A Lanamodinha abriu em julho daquele ano e o Palhostock aconteceu em outubro, e o apoio foi mútuo. Em uma das viagens ao Rio para abastecer a loja de novidades, Angela procurou Nelson Motta, que divulgou o festival para o resto do país. No Brasil, o tropicalismo integrado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa, entre outros artistas, ditava uma

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Angela Filomeno, um ícone cultural e da moda

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Angela Orle: até hoje presente nos eventos de moda Monica Meyer

nova onda cultural. Era um período de contestação. “Estávamos à frente do nosso tempo e sabíamos disso. Queríamos viver aquela época da forma mais moderna possível. O que nos movia era a atitude e toda a movimentação cultural”, conta Angela. Com Angela Filomeno e a Lanamodinha Florianópolis conhecia a moda revolucionária, com muita experimentação de materiais, cores, formas e texturas. Ela trouxe a estética hippie, que ganhou espaço com a psicodelia e vestiu a turma do Kioski e do Estúdio A2. O hippie-chic ganhava a turma que frequentava o largo Benjamin Constant, uma geração que ficou conhecida como a turma do Kioski. O grupo agregava gente que estava chegando perto dos 15 anos e gente que já estava perto dos 30. As estampas eram multicoloridas, estilo Pucci, e muitas traziam o estilo das roupas indianas. As calças boca-de-sino com sapatos plataforma instituíram o unissex, e meninos e meninas usavam camisetas baby look. Mais tarde, quando os filhos desta geração começavam a frequentar as festinhas de 15 anos, Angela trouxe as propostas do New Romantic. O estilo abusava das estampas florais sobre volumes de muitos tecidos, especialmente nas saias. Os acabamentos eram de renda, e o look ainda incluía chapéus de palha e acessórios com ares românticos. A Lanamodinha fechou as portas em 1993, com a chegada do Shopping Beiramar. Hoje o casal passa a maior parte do tempo na paradisíaca Guarda do Embaú, no Litoral Sul de Santa Catarina. A casa é a cara dos donos. Como na Lanamodinha, é só entrar para se sentir à vontade. Cada objeto da decoração parece ter sido escolhido a dedo, e foi: quase tudo é garimpado como as peças da boutique que movimentou Florianópolis nos anos 70, nos lugares mais descolados do planeta, que podem ser a areia da praia em que Angela caminha quase todos os dias ou em um brechó londrino. Em Londres, aliás, a maior atração, agora, não é mais a Biba, primeira butique do planeta a funcionar com rock’n roll e pop britânico tocando sem parar, mas o netinho Kai Filomeno, que festeja seu primeiro aninho em novembro com uma visita aos avós paternos.

Jackie Sperandio: Modelo da Lanamodinha, capa de inúmeras revistas nacionais e atriz, Jackie Sperandio também passou pelo departamento de figurino da Rede Globo


moda

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Simone Keller: Hoje com mestrado e doutorado na área de tecnologia, também fez carreira de modelo no Brasil e no exterior

Angela Orle

Uma referência não só de moda, mas de atitude A moda jovem catarinense começou com a Angela, observa Cristina Siqueira, restauradora de arte que faz parte da primeira geração de modelos profissionais do Estado. “Era uma moda colorida, alegre, despojada. Tinha o colorido da discoteca, seus blazers com ombreiras, calças “bag”, camisas em tons pastéis”. A professora e consultora com Doutorado em Tecnologia da Informação, Simone Keller, também começou a carreira de modelo com a Lanamodinha. “A loja sempre foi uma referência para nós, não somente de moda, mas de atitude. A Angela sempre trouxe para nossa cidade um estilo descolado, jovial, remetendo a ideia de que se vestir é um modo de se expressar e isso sempre tinha um lindo resultado de cores, texturas e estilos”, lembra: “e é sempre um prazer falar da Angela e da Lanamodinha”. Uma aposta que Lanamodinha sempre trouxe foram seus desfiles diferenciados, explica Simone: “era uma forma de se relacionar com o público de um jeito descontraído, apontando tendências e mostrando peças que viravam objetos de desejo. Angela, com seu estilo marcante, personalidade cativante, trouxe sua identidade em coleções atraentes, charmosas, que sempre encantou a todos. A Lanamodinha trouxe para Florianópolis o biquíni de lacinho, a moda new wave, que surge no final dos anos 70 e se constituiria na representação visual dos anos 80, as calças a base de lycra, as meias-calças combinando com saias, a calça cocota, as batinhas. “Tudo o que a Angela trazia, com aquele bom gosto, aquele jeito antenado, era maravilhoso”, ressalta Jeanne Vieira, modelo que também fixou raízes na área da moda e hoje está em um intervalo entre uma empreitada fashion e outra. Além disso, as modelos da época eram menos presas a um modelo determinado de beleza: “uma tinha muito peito, outra pouco, uma era mais magra, outra


moda

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Audrey Búrigo: sempre na moda, no Rio, São Paulo e Nova Iorque

gostosona. Os desfiles refletiam aquelas referências de moda todas de um jeito bem natural”. Para quem quer fazer uma pesquisa ou produção de época, a dona da Lanamodinha também é uma fonte obrigatória: ela guarda até hoje uma meia de lurex à lá novela “Dancin’ Days”, de Gilberto Braga, veiculada pela Rede Globo em 1978, que ajudou a popularizar o vestuário da onda disco. O último desfile da Lanamodinha aconteceu em 1982. Marcas como Yes Brazil, Blue Man e Dimpus, além de muitos pioneiros da moda mineira chegaram a Florianópolis através de Angela Filomeno. Os desfiles e os editoriais de moda- fotografados principalmente por Marco Cézar e Walmor de Oliveira — também marcaram época. Eles aconteciam na rua, nas casas noturnas e nos clubes, e lançaram várias gerações de modelos, entre as quais, além de Simone, Jeanne e Cristina, Jackie Sperandio e Audrey Búrigo, que logo sairiam para fazer carreira nacional. “Depois trabalhei no Rio e em São Paulo, e em Nova Iorque cursei o Fashion Institute of Technology, o FIT, e trabalhei como compradora de várias lojas de departamento, conta Audrey: “sempre na área de moda”. Cristina Siqueira lembra com carinho da época. As fotos começaram para a revista A Verdade, de Manoel de Menezes, para editoriais e anúncios. Antes dos desfiles da Lanamodinha, as passarelas eram bem tradicionais, nas casas das famílias mais importantes da cidade, em chás e reuniões do gênero. “O desfile da Lanamodinha no LIC foi um grande divisor de águas. Angela foi uma pioneira. O desfile era coreografado, colorido, cheio de acessórios”, recorda. Angela Orle e Monica Meyer também desfilaram para uma clientela antenada que incluída Dulcinha e Celeste Pirajá, Clice Ramos, Luciana Bastos, Lena Costa e as irmãs Lobato. As novidades calçavam tanto frisson que uma vez Xande Fontes e Bita Pereira, na época com mais ou menos 20 anos, chegaram a brigar por uma calça jeans. “O Rio não lançava apenas modismos e tendência, mas também atitudes e comportamentos”, lembra Jeanne Vieira. “A moda carioca tem muito a ver com Florianópolis, com esta coisa de ter um pé no cosmopolita e, ao mesmo tempo, manter coisas de

CRISTINA SIQUEIRA

PATRICIA GRILLO

cidade pequena e esta originalidade no jeito de se vestir”, completa Angela Filomeno. A papisa da moda dos modernos da ilha esteve nas primeiras fileiras de desfiles como os das da Blu Blu, de Marília Valls, com gente como Monique Evans, Xuxa, Luiza Brunet e Beth Lago no casting. O circuito fashion carioca tinha ainda gente como Cristina Franco, Mara MacDowell, Ricardo Dias da Cruz, o Charuto, da Richard’s, Frankie Amaury, Alice Tapajós, Simon Azulay e Maria Cândida Sarmento. Os desfiles e o dia a dia na loja deixaram saudade. Angela diz sentir falta da criação que envolvia os desfiles: “a coreografia, o casting, o cenário. Mas não me arrependo de ter parado, e olha que fiz muitos desfiles memoráveis”.

Angela e Baldicero: Os dois apostaram tudo nos sonhos um do outro e, com coragem e determinação, resolveram se tornar parceiros de uma vida

Monique Vandresen é jornalista, quase ilhôa e professora da UDESC.



saúde bucal

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Sorria Odontologia preventiva garante saúde bucal plena texto Laura Sacchetti – CRO-SC 12391 fotos banco de imagens/RM

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eu cartão de visita. Você já ouviu falar que a saúde começa pela boca? Além de manter a boa aparência — um belo sorriso é o melhor cartão de visita — ter dentes saudáveis contribuem para uma boa mastigação e, consequentemente numa melhor digestão e absorção dos nutrientes. Segundo Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), o Brasil tem 11% da sua população sem nenhum dente, o que corresponde a um montante de 16 milhões de pessoas. Em pleno 2016 ainda somos considerados um país de desdentados. A odontologia atual consiste em ser preventiva, e não somente curativa. A população em geral só procura o dentista quando está com dor, sinal de que o problema já é bastante grave. Se a população brasileira tivesse o hábito de visitar o dentista para consultas frequentes, o índice de desdentados seria bem menor. Hoje temos diversas formas para reabilitar os pacientes que tiveram perda de um ou todos os elementos dentais. Um dos tratamentos para reabilitação oral são os implantes dentais. O implante dentário é um pino de titânio que substitui a raiz do dente perdido. Essa substituição pode ser unitária, parcial ou total. Por ser fixo, o implante devolve a segurança, autoestima e confiança para o paciente mastigar, conversar e sorrir. Laura Sacchetti laurasacchetti.implante@gmail.com Fones: 49 9966-2077, 48 9914-9720 e 48 3024-1791 Avenida Rio Branco, Centro, 691, 8.o andar, Florianópolis

saiba mais PROTOCOLO — Quando há perda de todos os elementos e é fixada uma prótese total sobre 4 a 8 implantes.

PARCIAL — Quando há perda de alguns elementos, podendo fixa-los em prótese parcial.

UNITÁRIO — Quando há perda de um elemento, prótese é fixada sobre um implante.

OVERDENTURE — Quando há perda de todos os elementos, a prótese total é encaixada sobre dois implantes, podendo removêla para higienização.



PHYSIO PILATES

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Disfunções Temporomandibulares podem causar dores de cabeça e outros incômodos

DTM: o que é e como tratar texto ROBERTA RUIZ fotos banco de imagens/RM

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s disfunções temporomandibulares (DTM) ocorrem em uma das articulações mais complexas do corpo humano, que é responsável por mover a mandíbula. Qualquer problema que impeça a função ou o adequado funcionamento deste complexo sistema de músculos, ligamentos, discos e ossos é chamado de DTM. Para tratar esta disfunção deve ser traçado um tratamento individualizado e multidisciplinar entre dentista, fisioterapeuta, médico e psicólogo, onde o paciente é analisado de forma global. Placas miorrelaxantes, medicações, fisioterapia da ATM, reeducação postural, análise da base e pisada e controle da ansiedade são alguns dos tratamentos que visam um atendimento global e eficiente no tratamento da DTM.

Sintomas mais comuns w Dor de cabeça de um ou ambos os lados da cabeça mais de dois dias por semana. w Um clique ou sensação de desencaixe ao abrir ou fechar a boca. w Boca fica presa, trava ou sai do lugar. w Cansaço na face ou ao mastigar. w Alteração de mordida. w Ranger ou apertar os dentes diurno/noturno. w Zumbido nos ouvidos. w Dor ou tensão no pescoço referindo dor para face ou cabeça.



PHYSIO PILATES

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Existe também a relação destes sintomas com o sistema tônico postural, onde ajustando a base através do uso de palmilhas e reajustando a postura do paciente o funcionamento desta articulação é reestabelecido. O paciente com DTM geralmente é um doente crônico que demora anos para buscar tratamento, ja que os sintomas são muito subjetivos e podem estar ligados a outros problemas médicos como depressão, problemas ontológicos, reumatológicos e posturais. deixando para último lugar o diagnóstico de DTM.

Roberta Ruiz é fisioterapeuta, com pós-graduação pela USP, e instrutora de pilates pela Physio Pilates — Polestar (USA). E-mail ropidias@gmail.com Acesse o blog e veja notícias e artigos sobre pilates, http://robertaruizstudiodepilates.blogspot.com/

Tratamento fisioterapêutico Em conjunto com tratamento multidisciplinar, o tratamento fisioterapêutico em proporciona um alívio da sintomatologia do paciente, buscando restabelecer a função normal do aparelho mastigatório, reorganizar o sistema postural e educar o paciente nas atividades de vida diária. As técnicas usadas pela fisioterapia são: w Terapia manual. w Exercícios com hipérbolóides. w Recursos eletro-foto-térmico. w Recurso de eletroestimulação (TENS). w Uso de palmilhas posturais. w Pilates.



saúde

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Skinboosters aumentam brilho e melhoram textura texto dr.a mariana TREMEL Barbatto (CRMSC: 10877 / RQE: 6741) foto banco de imagens/RM

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omo o nome em inglês sugere, skinboosters seria um “intensificador” de pele, uma substância que injetada na pele seria capaz de aumentar seu brilho, maciez e textura. Conseguimos isso através da injeção, em vários pontos da pele, de ácido hialurônico mais fluido que aquele utilizado em preenchimentos. O ácido hialurônico possui a propriedade de atrair água e quando injetado na pele a deixa lisa e com brilho. Ao contrário do que muitos pensam, o ácido hialurônico não é utilizado apenas para dar volume (efeito preenchedor). Quando aplicadas na pele em formulações mais fluidas apenas hidratam, melhorando rugas finas e estimulando a formação de colágeno. Encontramos facilmente nas farmácias cremes com ácido hialurônico, mas a injeção deste produto dentro da pele é bem mais eficiente. A aplicação de skinbooster se faz em diversos pontos da pele, abrangendo uma área maior para garantir uma hidratação mais uniforme, tratando a região globalmente. Esta técnica é muito utilizada para rejuvenescimento das mãos, pescoço e colo, bem como para rejuvenescimento da face. Na face, a melhor indicação é para quem quer uma pele viçosa sem aumentar o volume. É muito interessante para as primeiras rugas: rugas em torno do lábio, rugas nas bochechas e rugas abaixo dos olhos. Também utilizamos a hidratação injetável em pacientes com muitas rugas, em peles maduras, justamente

para quem quer ter a pele bonita e tratada sem descaracterizar seu rosto. Os resultados das aplicações de skinboosters em pacientes com cicatrizes de acne são fantásticos, já que com o passar dos anos a pele flácida vai evidenciando ainda mais as cicatrizes. Logo quando injetamos o produto, além de melhora da firmeza dessa pele, temos um alisamento de toda a região onde o produto é injetado, melhorando consideravelmente as depressões e irregularidades do rosto. O modo de aplicação é simples, com anestesia tópica (em creme). A pele é marcada nas áreas mais comprometidas e o produto é injetado em vários pontos. Recomenda-se três sessões (uma por mês) e a durabilidade é de seis meses a um ano. Para manutenção recomenda-se uma aplicação semestral ou anual. Após a aplicação podem aparecer hematomas no local da injeção que regridem em alguns dias. Além disso, podem ser sentidos pequenos grumos na pele, que logo vão se tornando homogêneos já que a substância se acomoda na derme e em pouco tempo já não é mais palpável. O resultado é observado nos primeiros 20 dias após a primeira aplicação, quando se inicia a formação de colágeno. Os resultados ficam mais visíveis após a segunda ou terceira sessão. O ácido hialurônico já era a primeira escolha dos dermatologistas quando o assunto era preenchimento, agora com as novas aplicações e as novas apresentações do produto, os skinboosters, não resta dúvidas que é uma substância que ainda tem muito a contribuir na manutenção da beleza da pele. mariana TREMEL Barbatto

contato@marianabarbato.com.br fones (48) 3223-6891 e 9933-7000 Rua Ferreira Lima, 238, 6.o andar


Aberto de terça a sábado.

Avenida dos Búzios . 1136 . Jurerê Internacional . Florianópolis . SC 48 3364.5997 . jaybistro@hotmail.com . www.jaybistro.com.br


beleza

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Empresa catarinense aposta nos cosméticos orgânicos texto juliana wosgraus fotos Raquel Pelizzonni

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ão é moda. É necessidade. Tudo tudo cada vez mais autossustentável daqui em diante para que tenhamos um futuro. E isso também passa pela indústria de cosméticos que além de evoluir na utilização de substâncias naturais, igualmente se conscientiza para reduzir, até eliminar, os testes feitos em animais. Nesta linha, a marca catarinense Bioart, criada por Soraia Zonta, é pioneira na fabricação de uma linha de cosméticos naturais orgânicos no Brasil todo. E já exporta para Miami (EUA), e Holanda, e no Brasil atua fortemente em vendas pela web.

MADE IN SC Soraia Zonta, 33 anos, natural de Canelinha e moradora de Floripa estreou a Bioart em julho de 2010 e montou a fábrica dois anos depois. Começou por necessidade dela própria. As substâncias sintéticas utilizadas por inúmeras marcas, algumas bem famosas, lhe renderam alergia à maquiagem. “Faz parte da minha missão informar e conscientizar as pessoas em relação aos malefícios que as químicas sintéticas causam aos organismo. Saber ler os componentes dos rótulos e a verdade por trás das marcas é muito importante”, ensina a empresária.

TAPIOCA E ARGILA “Em 2012, quando percebemos que a maquiagem seria o DNA mais forte (a marca nasceu como franquia de Spa) investimos em nova produção e começamos a atuar com força na área. A primeira maquiagem ecológica no Brasil foi feita pela Bioart, a base de argila, tapioca e outros ingredientes interessantes.”


beleza

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AÇAÍ, ANDIROBA, CASTANHA “A gente pesquisa a cadeia de fornecedores de produto natural e orgânico, o selo dele é a nossa garantia também, até porque o fato de um produto estar na natureza não quer dizer que ele está bom, que está preparado e que não vá destruir a própria natureza”, explica Soraia dando a receita: “Eu procuro buscar muitos ingredientes da brasilidade E a biodiversidade de nosso país como a tapioca, a argila de fonte sustentável, muito açaí orgânico, andiroba orgânica, castanha.” Essas são algumas das matérias primas para sombras, pó, iluminador e gloss que a Bioart fabrica.

LAVANDA, BAUNILHA e GENGIBRE O que não encontra no Brasil traz de fora. Uma vez por ano pesquisa e traz ingredientes da Europa. Da França, os conservantes. Só trabalha com extratos aromáticos sem perfume artificial. “Os nossos cheiros vêm de óleos essenciais puros orgânicos, desde a lavanda que eu trago da França a extratos aromáticos extraídos de plantas como a baunilha e gengibre”. Também utilizam óleos com extração ecologicamente correta do interior catarinense. “Um litro de perfume sintético pode custar barato, extratos aromáticos naturais custam muito mais. Por isso as empresas ainda não usam, mas o perfume pode causar danos e alergia à pele”, explica.

BLEND DE ÔMEGAS E MINERAIS “Cada ingrediente tem um tratamento específico. A argila remineraliza, repõe os minerais e promove a firmeza da pele; o açaí orgânico tem todos os ômegas necessários, o 6, o 3, o 9, pra poder regenerar a pele e também usam óleos de procedência orgânica aqui de Santa Catarina, que são regeneradores.

INÉDITOS E PREFERIDOS O que Soraia mais gosta entre o que fabrica? “Eu consumo todos os produtos da marca até porque a maior parte deles no início foram idealizados para o meu consumo próprio (risos) e para as minhas amigas.” “Os meus preferidos que não podem faltar na necessarie são: o primer, o pó, que também é filtro solar para o dia a dia; realiza a barreira de proteção solar física.” “E uso as máscaras dia sim dia não, além das maquiagens que tratam, e vou revezando todas elas. Peeling de cristais uma vez por semana, toda semana máscara de argila com açaí e outras que me garantem uma pele firme e saudável.”

SEM TESTES DE MALDADE Além das formulações naturais, orgânicas e vegânicas, existe a preocupação com os testes em animais. “A Bioart não compra nenhum produto que seja de origem animal, verificamos toda a cadeia de ingredientes. Muitas empresas ainda usam substâncias muito tóxicas, então têm de testar em animais e eles são sacrificados para uma empresa vender um produto de beleza. Não existe lógica no animal sofrer por causa da beleza.” “Com ingredientes seguros, naturais e orgânicos não precisa fazer testes em animais, os testes são feitos em vivo — pessoas voluntárias —, ou em vítro, células que se pode investir.” E assim, pensando na beleza e saúde das pessoas, na natureza e no futuro do planeta, Soraia Zonta vive literalmente de cosméticos, sem qualquer traço de futilidade, muito pelo contrário. Ela é mais um belo exemplo de empreendedora catarinense dona também de faro fino para os negócios. JULIANA WOSGRAUS é jornalista, blogueira, artista plástica, poeta e compositora. E-mail: julianaw@floripa.com.br


nutrição

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Confissões de uma nutricionista texto Ana Carolina Abreu foto banco de imagens/RM

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os últimos tempos venho me questionando cada vez mais a respeito das dietas e restrições alimentares. Quanto mais estudo, mais tenho a confirmação de que as dietas estão fadadas ao fracasso.

Como assim? Uma nutricionista dizendo que dieta não funciona? Antes de falar sobre isso, queria falar um pouquinho sobre mim e sobre a forma como percebo a alimentação. Durante toda minha infância fui uma criança extremamente seletiva e “chata” pra comer. Chocolates, bolachas e salgadinhos eram minhas preferências. Lembro de todos os malabarismos feitos pelos meus pais para me fazerem “engordar e crescer”. Apesar de nunca ter sido “gordinha”, a primeira vez que fui em uma nutricionista estava fazendo cursinho, queria emagrecer e perder medidas (quem nunca?). A partir de então me esforcei para comer coisas que não gostava e nem estava acostumada e, apesar de não ter nenhum prazer, consegui atingir o peso que desejava. Até entrar na faculdade, a única fruta que comia era maçã. Vegetais passavam bem longe, mas aos poucos as coisas foram mudando. Quanto mais estudava sobre os benefícios dos alimentos, mais entendia o quanto era importante melhorar a minha alimentação. Mas como fazer para ser saudável, se não sentia prazer em comer nenhuma fruta ou verdura? Contar calorias seria uma opção, compensar o chocolate com exercício poderia ser uma alternativa. Mas não. Até porque nunca me conformei com o fato de que a regra calórica era a ideal e matemática nunca foi meu forte.

No meio da faculdade morei por quase um ano nos EUA. Em dois meses lá aumentei 12 quilos na balança, sim, 12 quilos! Morava num local muito frio e me abastecia de muito chocolate quente, cookies, massas e batatas fritas. E minha ideia de que não tinha facilidade para engordar foi por água abaixo junto com as minhas roupas, que já não entravam. Passei o restante dos meses tentando manter o peso, porque perder estava quase impossível. E foi então que tentei minha segunda dieta, ainda sem noção do que realmente era “saudável”, passei a consumir salada (alface e tomate) com molhos industrializados, kani kama, peito de peru e mais uma infinidade de produtos light e pouco calóricos, como toda boa dieta recomenda. Até agora falei apenas de peso, não falei aqui das amigdalites de repetição, anemia, bronquites, alergias e gastrites que me acompanharam durante todo este tempo. À medida que fui incluindo uma variedade maior de alimentos na minha rotina, fui percebendo que precisava de algo mais, continuava doente e não estava convencida de que era só isso. Sentir prazer em comer sempre foi algo intrínseco pra mim. Como nunca tive muita “tendência” a engordar, minha relação com o ato de comer sempre foi prazerosa, sem culpa. E quando comecei a estudar mais sobre dietas, mais entendi que mudar a forma como as pessoas se alimentam é muito difícil, pois a comida carrega muitas emoções, experiências e lembranças. Comer não se resume a sobreviver, mesmo que muitas pessoas pensem assim.


Do ponto de vista financeiro, posso dizer que recomendar dieta seria um negócio excelente para mim. Do ponto de vista profissional e da saúde, acho a maior furada.

O que fazer então? A primeira regra é autoconhecimento. Quanto mais nos conhecemos e nos observamos, mais entendemos a forma como nosso corpo funciona e como reage às emoções e pressões da rotina diária. Ao perceber que quando estou ansiosa compenso na comida, posso tentar reverter isto e procurar outra forma de compensar minha ansiedade. Buscar o equilíbrio. E quando falo em equilíbrio, gosto de frisar que uma pizza com as amigas e até aquela coxinha que tanto amo, tem vez na minha vida, mas não fazem parte da rotina diária. Até porque equilibrar o corpo e a mente vão muito além dos nutrientes que ingerimos e dos exercícios que fazemos. Conviver socialmente, rir, viajar, meditar são algumas das formas de atingir a harmonia. Esquecer o imediatismo. Temos a tendência a querer tudo pra ontem, e na hora de perder peso também é assim. Quem nunca procurou um milagre ou “veneninho de rato” pra emagrecer mais rápido? Queremos eliminar os excessos e vícios de uma vida em um mês, esquecendo que o corpo não se adapta na mesma velocidade. O cérebro e o corpo precisam estar em sintonia, do contrário pagaremos o preço. Fugir das toxinas. Um dos itens mais difíceis, já que não nos damos conta na correria diária de tudo que pode estar influenciando nosso comportamento e nosso organismo. Aqui se encaixam os relacionamentos tóxicos, as poucas horas de sono, o excesso de trabalho ou um trabalho sem prazer, o estresse, as comidas sem calorias e cheias de aditivos, o trânsito e tantas outras coisas. Um estilo de vida tóxico faz com que você sinta mais vontade de sair da “dieta”. Investir em nutrientes. Agora é a hora de voltar lá na bioquímica e fisiologia e entender que nosso corpo é formado por células e para atingir uma vitalidade positiva precisamos nutrir nossas células. Para que cada parte do corpo funcione em sintonia precisamos de vitaminas, minerais, fitoquímicos e fibras. É aqui que também conseguimos driblar a genética e inativar gatilhos que podem

desencadear doenças e até comportamentos sabotadores. Consumir alimentos processados e sem calorias serve apenas para encher a barriga. Dar o devido valor ao intestino. Tratar o intestino é o primeiro passo de qualquer tratamento no meu consultório. O intestino possui uma rede de neurônios independentes que coordenam o processamento da comida, mas vai muito além disso, estes milhares de neurônios são responsáveis pela forma como lidamos com os alimentos e como processamos os nutrientes. Não é à toa que é considerado nosso segundo cérebro. Um intestino mais saudável nos mantém mais estáveis, com menos fome e menos ansiedade. Fazer as pazes com a COMIDA. Uma das tarefas mais difíceis. Quem nunca ouviu a frase: não coma algo que sua avó não reconheceria como comida. E se pararmos para refletir, o verdadeiro sentido está em comer comida, nosso corpo, assim como nossa avó, não reconhece o que é sintético. Na preocupação em manter o corpo estamos cada vez menos mantendo a saúde. Busque o prazer. “Agora a nutricionista ficou louca de vez!”, você deve estar pensando. Como buscar prazer e manter a saúde? Quando falo de prazer, falo em apreciar tudo o que comemos, valorizar a origem, o tempo de preparo e a dedicação de quem o fez. Tudo isso com certeza tem um sabor a mais. E muitas vezes este sabor foi feito com manteiga ou banha de porco, mas nem por isso vai deixar de ser saudável. O que mais esquecemos é que ao comermos bem, comemos menos. A “fome” interna, na maior parte das vezes é gerada pelo excesso de açúcar e farinha e pela falta de sabor. O prazer da qualidade compensa mais do que a tentação da quantidade ilimitada. E, para finalizar as minhas impressões como nutricionista e amante da comida, quero dizer que tudo isso levou tempo. Aqueles 12 quilos levaram 2 anos para desaparecer. Hoje são poucos os alimentos que não como. Aprendi que provar primeiro e mais de uma vez é fundamental. O tempo também foi responsável pela minha mudança de hábitos e melhor qualidade de vida. Para mim, cozinhar e descobrir o potencial de cada ingrediente foi uma das formas de comer com prazer e aproveitar ao máximo até os alimentos que me desagradavam. O que sempre peço aos meus pacientes é que entendam que a mudança é lenta e progressiva, que no meio do caminho tropeçamos várias vezes, e que a evolução é mais importante do que a perfeição. Cada um deve buscar a sua melhor versão, em todos os sentidos.

Ana Carolina Abreu, CRN 1453, é graduada em nutrição pela UFSC e pós-graduada em nutrição clínica funcional pela CVPE/ Unisul. Pós-graduanda em Nutrição Funcional Esportiva, pós-graduanda em Fitoterapia e membro do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional. Centro Médico Florianópolis — Fones (48) 3371-0711/ 9155-0711 — E-mail: anacarolinaabreu@clinicanut.com.br — Instagram: @anabreu11

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Cenoura Rica em betacaroteno, raiz inibe formação de radicais livres textos Ana Carolina Abreu foto banco de imagens/RM

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ocê sabia que a cenoura originalmente era roxa? Com o tempo as variedades foram surgindo e só na época de 1800, na Europa, é que a cenoura, da forma como a conhecemos, se popularizou. Hoje existem mais de uma centena de tipos de cenoura. Ela pertence à mesma família do salsão, salsinha, coentro, batata salsa e aipo. De fácil cultivo, conseguimos encontrá-la durante todo o ano, mas aqui pelo sul do Brasil sua época mais favorável é de julho a dezembro. E já que a cenoura é de fácil cultivo e sempre encontrada, opte pelas versões orgânicas, pois se você pensa que este seria um motivo para comprar cenouras com baixos teores de agrotóxicos, saiba que em 2009 uma pesquisa realizada pela Anvisa demostrou que quase 30% das amostras de cenoura apresentavam resíduos de agrotóxicos, especialmente os não autorizados para as culturas. Se há seis anos estava assim, imaginem agora. As cenouras são verdadeiras fontes de antioxidantes. Sua maior estrela é o betacaroteno, conhecido principalmente pela sua atuação na proteção da visão, prevenindo a degeneração macular e catarata. Seu teor de vitamina A contribui para uma pele saudável, além de turbinar a imunidade. Ainda tem bons teores de vitamina C, fibras e vitaminas do complexo B. Seu teor de fitoquímicos atua inibindo a formação de radicais livres e melhorando a comunicação entre células, potencialmente prevenindo alguns tipos de câncer. Estudos recentes relatam que o consumo de cenoura diário podem reduzir em até 1/3 o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Como elas retém bastante água, sua validade é maior que a maioria dos vegetais. Para mantê-las frescas por mais tempo mantenha na geladeira, na parte mais fria enrolada em papel toalha ou em um plástico com pequenos furos, elas duram até duas semanas assim. É importante lembrar que o armazenamento das cenouras deve ser feitos longe de frutas e vegetais que liberam etileno (maçã, abacate, pêra, tomate, são alguns — veja nota no final do artigo), pois ele atua acelerando o processo de amadurecimento e deixam seu sabor amargo. Seu teor de vitaminas é maior quando as cenouras são cozidas, mas o importante é consumir de várias formas, para obtermos todos os nutrientes. Nota: O gás etileno é emitido por algumas frutas e legumes, fazendo com que outras frutas e legumes sensíveis ao gás fiquem manchados, moles ou maduros mais rapidamente. A melhor forma é armazenar em potes de vidro ou sacos plásticos para evitar o contato direto.

Chips de cenoura Ingredientes w 3 cenouras com casca cortadas em tiras finas w 1 colher de sopa de azeite de oliva w Sal, pimenta e páprica picante Modo de preparo w Pré aqueça o forno a 180°C por 10 minutos. Em um tigela, tempere as cenouras com o azeite, sal, pimenta e a páprica. Forre a forma com papel manteiga e disponha as cenouras sem encostar uma na outra. Após 20 minutos de forno vire as cenouras e deixe por mais 20 minutos. Sirva com salsinha picada.



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Rabanete Parente do brócolis e da couve tem ação anti-inflamatória

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rabanete pertence à família das brássicas, assim como o brócolis, a couve, a rúcula e o nabo. Comparado aos outros vegetais da mesma família, o rabanete não é tão famoso nem tem seu valor tão reconhecido por aqui. Nas culturas orientais o rabanete é muito difundido e apreciado, com relatos sobre sua utilização há 3000 a.C. Seu uso pelos japoneses e coreanos se dá principalmente pelo seu valor medicinal. Como as outras brássicas, tem ação importante na prevenção de alguns tipos de câncer e excelente ação detoxificante e diurética. São fontes de antocianinas, fitoquímicos com ação anti-inflamatória que diminuem o risco de doenças cardiovasculares. Por ser rico em fibras e com baixo índice glicêmico, dá saciedade, melhora a função intestinal, previne o diabetes e ajuda no emagrecimento. Também é fonte de vitaminas do complexo B com B2 e ácido fólico. Mas apesar de tanto benefícios não abuse da quantidade, ele pode causar irritação no estômago, se consumido em excesso. O tipo mais comum é redondo e vermelho. Quando comprar com as folhas, lembre de retirar antes de guardar na geladeira, isto evita um amadurecimento precoce. Podemos encontrá-lo durante todo o ano, mas épocas mais frias são mais favoráveis. De sabor levemente picante e textura crocante, ele pode ser utilizado em diversas receitas. Podem ser consumidos crus, cozidos ou em conservas.

Pad thai Ingredientes w 2 colheres de sopa de óleo de gergelim w 1 cebola grande picada w 3 dentes de alho picados w 1 colher de chá de gengibre ralado w 200g de massa de arroz thai w 4 cenouras picadas em tiras bem finas w 1 xícara de rabanete picado w 1/3 xícara de castanha de caju picada w 1/4 xícara de leite de coco w 1 colher de sopa de vinagre de maçã w 1/2 colher de chá de sal marinho w 1 colher de sopa de pasta de tamarindo w 2 peitos de frango cortados em cubos pequenos w Coentro picado Modo de preparo w Cozinhe a massa de arroz e reserve. Em uma panela grande (tipo wok) coloque o óleo e a cebola. Em seguida acrescente o gengibre e o alho. Coloque o frango e depois de cozido adicione as cenouras, o rabanete e as castanhas. Quando os vegetais estiverem macios acrescente o vinagre de maçã, a pasta de tamarindo, o leite de coco e o sal. Misture com a massa já cozida e sirva com o coentro picado. Ana Carolina Abreu, CRN 1453, é graduada em nutrição pela UFSC e pós-graduada em nutrição clínica funcional pela CVPE/Unisul. Pós-graduanda em Nutrição Funcional Esportiva, pós-graduanda em Fitoterapia e membro do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional. Clínica Nut – Centro Médico Florianópolis. Fones (48) 3371-0711/ 9155-0711 – E-mail: anacarolinaabreu@ clinicanut.com.br – Instagram: @anabreu11



comer & beber

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LONGE DO FOGO Quatro entradas deliciosas preparadas com carne crua texto e foto Marcos Heise

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arnes cruas são a matéria prima de quatro entradas clássicas muito apreciadas em nossas mesas, bares e festas. Vamos a um pequeno descritivo de cada uma destas preparações, todas muito saborosas.

Carpaccio Diz a versão mais aceita da história que o carpaccio foi inventado no Harry’s Bar, em Veneza, em 1950. O prato foi montado com o que se tinha ali à mão, finas fatias de carne crua, temperadas com molho de mostarda, molho inglês, suco de limão, leite, sal e pimenta-do-reino branca. O prato foi nomeado carpaccio por Giuseppe Cipriani, o fundador e dono do bar, em referência ao pintor italiano Vittore Carpaccio. Nossas versões de carpaccio acrescentam queijo tipo parmesão ou grana padano ralado na hora por cima da carne, com alcaparras e bastante azeite de oliva. A carne mais usada é o corte redondo do tatu, semicongelado e fatiado na máquina de frios. Conheci o Harry’s bar numa passagem meteórica. Fiquei no seu interior uns 40 segundos, o tempo suficiente para um dos garçons amavelmente me convidar para deixar o ambiente, pois eu vestia bermuda e isso não era aceito. Lá fora ardia um sol de 30 graus. Fui para o chope à beira do mar e tive que abrir mão do famoso Bellini, drinque-símbolo do lugar.

Beef tartar O bife tártaro, também chamado de tartare, é um prato de carne de vaca crua misturada com vários condimentos e servida com uma gema de ovo crua. A carne deve macia, de preferência filé mignon, e cortada apenas com uma faca, não moída na máquina. Mistura-se com alcaparras e cebola finamente cortada, temperase com molho inglês, tabasco, sal, pimenta-do-reino, mostarda, conhaque, salsinha e páprica. Servir com torradas de pão de centeio e pepinos em conserva.


comer & beber

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Hackepeter A grande diferença do Hackepeter para o beef tartar é o modo de preparo da carne. Na preparação alemã, a carne é super limpa e moída duas vezes. No Paraná o prato é chamado de carne de onça. Receita tradicional leva carne moída, azeite, sal, pimenta, alcaparras, páprica picante, conhaque ou uísque, molho inglês e pepino cornichon, com o detalhe de uma gema crua de ovo no topo da preparação. Come-se com pão preto ou no tipo pumpernickel. Faço esse prato, mas de um jeito diferente e com uma torrada levíssima para não provocar o efeito “estufa” na barriga do comensal por conta de uso de pães mais elaborados. O detalhe mais curioso desta preparação é que na Alemanha eles usam carne de porco crua.

Quibe Consta que o quibe teve suas origens durante o Império Otomano. O nome deriva de kubbeh que em árabe significa bola. É um prato muito popular e considerado o prato nacional no Líbano, Síria e Iraque. Imigrantes dessas regiões difundiram a receita para outras partes do mundo. Aqui suas receitas também estão muito ligadas a azeite de oliva, cebola crua, a clássica farinha de trigo especial para este preparo e o uso de pimentas sírias de potência alta. Os acompanhamentos indicados são o creme tipo tahine e a coalhada. Hortelã fresca em folhas também é considerado ingrediente fundamental.

Marcos Heise é jornalista metido a cozinheiro e vice-versa. Autodidata na cozinha, faz atendimentos gastronômicos nos finais de semana em festas e espaços gourmet de condomínios. Suas especialidades são receitas exclusivas e pratos nada ortodoxos como o alemão hackepeter, o lusitano arroz de pato, a mediterrânea caponata e novidades como o bolinho de marreco, sua última criação.




oculto

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GORDÃO CHEFE Leo Oculto bate um papo com o rapper DBS

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x-bancário, o rapper DBS é uma das crias da Família RZO, coletivo criado pelo lendário grupo RZO que revelou Sabotage e Negra Li, entre outros nomes. Depois de gravar algumas faixas de sucesso no coletivo, onde ficou de 1999 a 2001, DBS lançou em 2003 seu primeiro álbum solo, “O Clã da Vila”, que vendeu mais de 45 mil cópias e trouxe sucessos como “Vai Na Fé”, com participação do Império ZO. Em 2007 lança o disco “O Clã Prossegue”, que em época de grande pirataria no país vendeu mais de 25 mil cópias, com as faixas “Sem Bilhete Nêgo”, “Pra Registrar” e “Qui Nem Judeu”, cujo clipe alcançou mais de um milhão de acessos no You Tube. Com um estilo inconfundível entre as estrelas do rap nacional, DBS respondeu nossas perguntas sobre carreira, parcerias e o futuro do estilo no Brasil.

texto Leo Comin fotos divulgação


oculto

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nasceram em um país de muita desigualdade e poucas oportunidades e que encontrou na música um caminho. Desde então tem se dedicado a se manter vivo e relevante. Minha mensagem é superação, sou um menino negro de família pobre vindo de periferia onde existe tráfico e violência. Tenho dois irmãos que foram presos por tráfico, se for focar minha vida só no problema estaria nele até hoje. Existem pessoas boas, sonhadores e trabalhadores que estudam por dias melhores. Então minha mensagem traz isso: temos problema sim, mas prefiro focar na superação, em como se manter vivo, caminhando e evoluindo no meio de tudo isso.

revista mural | Quais são suas DBS | Minha influência vem dos

influências e parcerias? anos 80 e 90. Além do samba e forró que ouvia dentro de casa, comecei ouvindo rap nesse período, Pepeu, os Metralha do mano Lino Krizz, NDee Naldinho, Thaíde e Racionais, lógico. Mas o que me fez despertar como rapper e querer fazer parte desse movimento foi o álbum do grupo X do Câmbio Negro, de Brasília. Mudou minha vida. Já como rapper minhas grandes influências foram Notorious Big, JAY Z, Wu Tang, Busta Rymes Das EFX. Também Too Short, Snoop Dogg, toda banca ouvia isso. Depois minha referência foi mais pra fora mesmo, porque queria criar um estilo próprio de fazer rap, isso que hoje chamam de estilo DBS. Minhas parcerias são diversas, sou um privilegiado nisso. Tenho trabalho com Racionais, RZO, Sabotagem, APC 16, Planet Hemp, Black Alien e B Negão, Flora Matos, Emicida, Projota, Rael. Do samba já trabalhei com Arlindo Cruz, do reggae como Tribo de Jah. Sou realmente um privilegiado.

Você se lembra de alguma apresentação que foi mais marcante? DBS | Sim, o aniversário do Programa Espaço Rap da Rádio 105 FM em São Paulo. Eu estava com RZO, mais de 45 mil pessoas, mas o que marcou foi que rolou uma troca de horário com o Wu Tang Clan, que era a atração principal. Daí eu, que já estava no palco fiquei lado a lado com todo mundo do Wu Tang, principalmente do (letrista e cantor do grupo) Raekwon, de quem eu sou o maior fã. Foi inesquecível. revista mural |

revista mural | Como vc vê o cenário atual do rap brasileiro? DBS | Nunca se viu tanta opção como se vê hoje. O que mais me

incomodava no passado era o padrão único. Hoje tem desde os gângster, os mais românticos, os que falam mais de grana ou rolê e os mais políticos, e todos tem seu espaço. Eu acredito que qualquer lugar sem diversidade tá fadado ao fracasso. Hoje temos gays assumidos fazendo rap, e isso é ótimo. revista mural | Algum clipe ou álbum a caminho? DBS | Nesse momento estamos finalizando o vídeo clipe do primeiro

single desse novo trabalho. O nome do som é “#OsMonstros”, mas o nome do álbum ainda não foi definido. Estamos trabalhando pra produzir um álbum especial, diferente de tudo que já fiz.

Saiba mais

revista mural | Quem é DBS? DBS | DBS é um entre milhões que

dbs na rede • YOUTUBE: dbsgordaochefe • TWITTER: dbsgordaochefe • INSTAGRAM: @dbsgordaochefe • SNAPCHAT: dbsgordaochefe • SITE: dbsgordaochefe.com.br/




floripa é show

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floripa é show

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Os melhores momentos do inverno 2016 fotos ADRIEL DOUGLAS, DANIEL SILVA, DANIEL OLIVEIRA, LARISSA TRENTINI, RAFAEL ROMANO e CAIO GRAÇA

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estino escolhido por quem quer diversão de primeira em cenários paradisíacos, Floripa se firma como a cidade das grandes festas, atraindo um público variado do Brasil e do exterior. E a Mural, como sempre, acompanhou de perto e publica nas próximas páginas as imagens do que rolou de melhor nos últimos meses, nas pistas, palcos e paradouros da Ilha da Magia.


mural da mural

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a noite da mural

TURMA DA NAYARA

Lançamento da edição 69 reuniu no Donna a raça da cidade fotos Marco Cezar

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om o campeão Mundial de Surfe Adriano de Souza, o Mineirinho, na capa, a Mural 69 foi lançada em alto estilo no Donna. O lugar onde o primeiro time de Floripa bate ponto. Regada com boa bebida e lotada de gente animada, a festa rolou até 4 da manhã, com os dj’s Henrique Fernandes e Rodrigo de Lucca no comando das pick-ups.

ALICE MATOS e GIULINO PULGA

ANDRé e FERNANDA RIFFEL

CLAUDINHO e SHIRLEI

TURMA DO MáRIO CESAR

TURMA DO CESINHA

CAROL e TARCíSIO LIMA

ELIZA ONORATO


mural da mural

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ANDREA e ANDERSON SILVA

família cacau

ANGELA ZILL

AROLDO CRUZ LIMA

TURMA DO VITINHO E SILVINHA

DANIELE e GUILHERME

CAMILE MACHADO

RODRIGO, JéSSICA, MARCEL, BEATRIZ, GABRIELA e GUSTAVO

Flavisa Riguer e Mohamed

LUIZA ROSA

TURMA DA MARIANA

DANIELLA Sá

Alice Harger


mural da mural

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GABRIELA FLORIANI

ANA SILOCHI, LAURA SACCHETTI e SARAH OLIVO

JAQUELINE e FRANCIELE

leo oculto

ROBERTA e FéFI

ROTTA e LORRAINE MUNIZ

VANESSA ANDRADE

BEATRIZ, MONIQUE e PATRíCIA

FERNANDA GUEDES

LUIZA, LEILA e IRIA

juliana policastro

SARA e RODRIGO PIRES

henrique fernandes

NAYARA WERLICH e THIAGO



mural Donna

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PARADA CERTA

Aline Nau

Diana Dias

Despedida de solteira

Donna une gastronomia e balada fotos DARLINE SANTOS e Caroline Brasil

Alexia e Caio

GUSTAVO AMARAL E BIA VEIT

MARIA EUGÊNIA AMARAL

EDUARDA SCHWERDT

Geysa Evaristo e Franciele Puchivaile

Carol Bchini e Flávia Wippelia

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a estação mais chique, não há palco mais propício para a festa que o badalado Donna Dinning Club. O restaurante, que tem o cardápio assinado pelos chefes peruanos Hugo Olaechea e Sara Sanchez, transforma-se em balada ao som de Djs e conta com uma carta de drinks aprovada pelos clientes mais exigentes.

Monique Natividade

Vanessa YHasminie

Roberta Kuvolitz

Fran Slavieiro

Thayná Alegreti, Daniana Zanetti e Cynthia Bolzan



mural Winter Play

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O QUENTE DO INVERNO

Jurerê acolhe a 12.a edição do Winter Play

fotos Angelo santos, caio graça e cassiano de souza

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onsiderada uma das principais festas de música eletrônica do Brasil, o Winter Play segue o conceito de club house, com hospedagem de luxo, serviços diferenciados e lazer de alto padrão. Reunindo uma multidão em sua 12.a edição, o festival teve como atração da festa principal o grupo esloveno Tron Dance.

Leo Ribeiro, Eduardo Gutierrez, André Sada e Pedro Freitas

Andre Sada e Neymar

Leidyane Vasconcelos

Mariana Vieira

Cinthia Heinzen



mural Winter Play

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gil coelho

Carolina Andrade

Leo Coelho e Kisy Coelho

João Souza Feijão e Pedro Sirotsky

Felipe Paganini

Catharina Choi

Louis Blanchard

Laura Kubrusly

Marguit Roffmann

Isabele Tandini

falcão

Raíra Cendi

Marguit Roffmann

Ligiah Saporski e Leo Ribeiro

Edo Krause e Mariana Krause

Vitoria Felix

renata sena

Stephany Pim

Otávio Bittencourt e Vanessa Lemos

Ana Sofia Vieira e Rafaela Mercaldo



mural p12

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BARBARA CAVALAZZI, GABRIELA REMOR E LILI CARIONI

O PARADOR DE TODOS

ANITTA E DU OLIVEIRA

cinthia medeiros

MANOELA SIQUEIRA E GUILHERME SIQUEIRA

P12 reúne o público mais diversificado da cidade fotos Adriel Douglas e Daniel Silva

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eduto do shows nacionais que passam por Floripa, o P12 é diversão garantida na beira do mar. E tem para todos os gostos, com apresentações de Anitta, Nego do Borel, Ludmilla, Dinho Ouro Preto do Capital, Falcão do Rappa, Michel Teló, Bruninho e Davi, Turma do Pagode, Dj Solomun e muitos outros.

CYNTHIA BOLZAN

Thayse Santos

BRUNA KRAUTZYSYN

THIAGO GOEDERT, LEANDRO DE BEM E GUSTAVO WERNER

Eduarda Lohn

Joice Soares

ANDRÉ SANTOS

marcello natale e christina melo


Ano 16

Inovando sempre!

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48.

3334-3459 3024-3459


mural p12

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bernardo amorim, nicole librizi e tabata durieux

FERNANDA HEIDERSCHEIDT E PATY

FALCAO E ERNANE

Julia Ulyssea

ELISA HONORATO

PETERSON UNGARETTII E RENATA SHWERS

GIOVANA RAUPP

CINTHIA HEINZEN E LETÍCIA BECKER

PIERRE GOES

BARBARA AMIN

Orlando Becker e Clovis Sever

MARCELO DIAS E RITA CRUZ LIMA

Rayza Ramalho e Ketlin Machado

Pinho Menezes e Nanda Camacho

MAIARA LEITE

JUAN DE LEON E EMI DI DOMENICO DE LEON



mural Milk

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Marina Hartz e Juliani Schutz

TIPO A

Duo Constantinne e Pimpo Gama

Milk é pista de alto nível na noite de Jurerê Internacional

Angela ZIll

bernardo amorim e amanda sayuri

fotos Caroline Brasil e Daniel Silva

M

ostrando que veio pra ficar, a Milk traz o alto padrão para a noite de Jurerê Internacional. Reduto do primeiro time da cidade, promove festas lendárias que vão até o amanhecer, embaladas por nomes como o duo Elekfantz — que atingiu fama mundial — e o Dj Kolombo, entre outras atrações estreladas.

Tabata Buex, Laura Azevedo e Isadora Rupp

cecília boabaid Fran Slavieiro

NANI MACHADO

Larissa e Bruna Shimitd

Júlia Manies e Natália Bertoli

CRISTIANO CARDOSO E MARIA EDUARDA SARAIVA

Bianca Medeiros, Flávia Medeiros e Gisela Medeiros



mural Milk

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Marina Machado e Sara Humeres

GRAZIELA SIELSKY

Vanessa Lemos

BRUNO SALADINI

Lavinia Calumby

Flavia Tirloni

patrĂ­cia lima

Isabela Nogueira

Tony Mendes

Sabrina Louise Sonda

Elekfantz

Nicolle Librizzi

Haline e Amanda Batisti

Nivea Rezende

bruna

Caroline Von Borstel





comemorações

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CASAMENTO DOS SONHOS Karla Silva narra a experiência de casar na Ilha do Papagaio

fotos Darline Rodrigues Santos e Angelo Santos

T

FAMíLIA DOS NOIVOS

FAMíLIA BRASIL ROCHA

Ficha técnica

ive o privilégio de casar na Ilha do Papagaio, pequena porção de terra cercada pelo mar da Praia do Sonho, onde há uma linda pousada de charme cercada por uma paisagem deslumbrante, cujo acesso só se dá por barco ou helicóptero. Nesse cenário incrível, resolvi usar o mínimo de elementos na decoração do casamento e deixar a natureza exuberante aparecer em todo seu esplendor. Como a família do Tiago, o noivo, é praticamente dividida entre São Paulo e Fortaleza, eles não conheciam o local e nem nossas famílias se conheciam, achamos bacana transformar o casamento em um Destination Wedding e fazer da cerimônia um final de semana de festas. Na sexta-feira bolamos um luau na praia. Os cafés das manhãs de todos os dias foram substituídos por brunchs. Ao longo de todo o final de semana a bebida estava mais do que liberada e o cleriquot foi o carro chefe, mantendo o alto astral dos convidados até a cerimônia, que rolou sob a luz do pôr do sol de sábado. Para mim, que sou decoradora de profissão, achava estranho contratar uma decoradora para o meu casamento, era algo que me incomodava. Acontece que o casamento era meu e não queria cuidar de tudo sozinha, então fui em busca de alguém. A primeira decoradora de casamento que chamei, por motivos pessoais, me indicou a florista, uma menina simples e de bom gosto que captou o meu estilo em uma única conversa. Eu procurava algo romântico, simples, chique e praiano. E fui atendida em todos os detalhes: a decoração da elogiadíssima mesa, em estilo comunitário, os doces e bem casados que foram inseridos na natureza e os arranjos florais delicados e marcantes, tudo contribuiu para tornar esse dia o mais lindo e feliz da minha vida.

O Dia do Sim • Q uando: 16 de abril de 2016 • Onde: Ilha do Papagaio • F otos: Darline Rodrigues Santos e Angelo Santos • D ecoração: Juliana Hames • C erimonial: Fê Vargas • DJ: Jeferson Veit


comemorações

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DOIS DE NOSSOS MELHORES AMIGOS E PADRINHOS, MARINA GONZAGA E ROMEU SCHNEIDER

DANI E REINALDO CLEMES, NOSSOS PADRINHOS

ENTREI COM MINHA MÃE, QUEBRANDO PROTOCOLOS

as madrinhas

Também NOSSOS MELHORES AMIGOS E PADRINHOS, BETINA BURIGO E LUPéRCIO TORRES

Valmor de Oliveira e Maria Eduarda Cabral

os padrinhos

MINHA IRMÃ BIANKA E SEU NAMORADO gEORGE MAZUREK

JOÃO E MARTA AYRES TOROSSIAN

MEUS SOGROS, GERôNCIO E AMIRIA ROCHA

MUITAS AULAS DE DANÇA COM A EQUIPE DA ALINE MOMBELLI

NOSSOS MEHORES AMiGOS E PADRINHOS, MECENAS PEDROSO E UERICA NUNES, ESPERANDO DUDU NA BARRIGA DE 5 MESES







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