A VACINA CHEGOU! ASAS AO VENTO NO CEARÁ
NOVO HOTEL DA ILHA: WK DESIGN HOTEL COSTÃO DO SANTINHO, O MAIS PREMIADO RESORT DO BRASIL FAZ 30 ANOS
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foto THIAGO NESI
EDITORIAL
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TEMPORADA DE VACINAÇÃO
H
á mais ou menos 35 anos os cuidados com a minha visão estão sob a responsabilidade dos oftalmologistas da família Nesi... No início, confiança total na competência do amigo Otávio Nesi, que me acompanhou anos a fio. Eu frequentava a casa da família, e lá conheci um garoto gente boa desde pequeno – o Thiago – que foi super bem-educado pelo pai e pela mãe, Ana Luiza, e que aprendeu comigo muito do prazer de ser moleque. Ensinei aquele menino a rodar pião, brincar com estilingue, soltar pipa... carinho demais por um “filho emprestado”. Os anos foram passando, e aquele moleque assumiu o lugar do pai e passou a cuidar dos olhinhos deste que vos fala. Assim como a irmã, Carolina, Thiago seguiu a profissão do pai. E é dele a foto que ilustra este editorial, e simboliza que sempre podemos ver – e bem – as coisas a partir de um ângulo diferente. Orgulho define o que sinto! E orgulho também é o que sinto por esta outra “filha”, a Revista Mural, que chega ao seu número 83 desafiando dificuldades e trazendo sempre e cada vez mais diferentes olhares e impressões sobre o cotidiano, as pessoas, a nossa cidade... sobre o que nos interessa e nos faz viver. Saudando as vacinas que chegam para combater a Covid-19, Fernando Bond faz um resgate histórico, e nos conta que a “guerra da vacina” não é uma exclusividade deste tempo pandêmico. Começamos bem? Então foca na revista e se prepara para conhecer um pouco mais e relembrar a história do Costão do Santinho Resort Golf e Spa, o mais premiado resort de praia do Brasil, que em 2021 completa 30 anos. A matéria de capa conta um pouquinho da história do Ateliê Nínevi, das irmãs estilistas Nilma e Neli Vieira, que tem como grande diferencial as confecções autorais, e há 37 anos encanta clientes de Santa Catarina e de todo o Brasil. E para desfilar modelos criados pela marca, um lindo ensaio com a modelo Mariana Peres, que traz na bagagem, entre muitas outras coisas, os títulos de Miss Biguaçu e Miss Florianópolis. Você pode também “passear” pelos ambientes do WK Design Hotel, empreendimento construído pela WKoerich, que abriu as portas na primeira quinzena de dezembro e surge como uma nova opção para o trade de turismo. E dando espaço para nossos artistas, trazemos uma matéria sobre o trabalho do pintor, cronista, bancário e embaixador de Marte, Meyer Filho. Ao longo de sua vida desenhou milhares de lindos e coloridos galos, mas deixou um legado que vai muito além disso. Confira lá! Com um lindo e sensível texto, Carlos Stegemann homenageia o jornalista, escritor, historiador e fotógrafo Celso Martins, que era apaixonado por livros e orquídeas. E é também do Carlão uma outra matéria que nos apresenta o livro que marca os 40 anos da Associação Catarinense das Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert).
E que tal conhecer um pouco sobre o projeto que vai modernizar, recuperar e dar acessibilidade à Casa d’Itália, um lindo e histórico sobrado localizado bem no Centro de Floripa, onde funciona a sede do Círculo Ítalo Brasileiro? Vale a pena! Nesta edição, o parceiro Dario Lins nos apresenta o Campo dos Padres – a última e intocada fronteira localizada na Serra Catarinense. As imagens são de cair o queixo. E se o assunto é lugar bonito, nosso repórter radical o Luís Roberto Formiga, nos leva em um voo singular, lá pelas bandas do Ceará. É lindo esse Brasil! Urbano Salles, que não é assim tão radical, mas encara desafios com a maior competência, apresenta nas páginas da Mural o jovem surfista australiano/brasileiro Sol Gruendling, que desponta na nova geração do surfe mundial e enche de orgulho os familiares aqui no Estado. Carlinha Lins foi conversar com a advogada e professora Renata Raupp Gomes. Doutora e Mestre em Direito, ela é a nova sócia da Menezes Niebuhr Sociedade de Advogados, listado como um dos melhores lugares para trabalhar em Santa Catarina, pelo ranking Great Place to Work. Daniele Maia, nossa colunista de luxo, passeou por Mônaco, um pequeno país que chama a atenção pela organização, glamour e beleza, mas também pelas políticas verdes inovadoras. Mas ela não parou por aí, e trouxe para as páginas da Mural, também, uma entrevista com Stephane Rolland, o mais parisiense dos estilistas da “Haute Couture”. A intensa vida social do argentino Daniel Mirkin chamou a atenção de Pedro Mox, e suas impressões estão em uma matéria muito legal, onde não esqueceu de registrar o amor que a figura tem pela nossa Ilha. Sempre presentes na Mural, nossas colunistas Ana Carolina Abreu, Laura Sacchetti, Mariana Tremel Barbatto e Roberta Ruiz, nos colocam a par das novidades em cuidados com o corpo e a saúde. E Juliana Wosgraus relata como foram as festas de dezembro para um seleto – e muito divertido – grupo de pessoas da Ilha. Enquanto isso, Leo Comin escreveu nesta edição sobre o Dj Cia, falando sobre a trajetória e os projetos futuros do profissional. Ele bateu um papo musical com o cara, e fez as perguntas que a gente gostaria de ter feito. Então vamos aproveitar e conferir as respostas. E tem fotos, muitas fotos de gente junta, sem máscara e com a felicidade estampada no rosto. Mas é só para matar a saudade de um estilo de vida que a gente quer – e espera – que volte logo. E Salve a vacina! Boa leitura, e seguimos juntos em 2021!
EXPEDIENTE
8 DIREÇÃO MARCO CEZAR EDITOR-CHEFE MARCO CEZAR JORNALISTA RESPONSÁVEL MARCOS HEISE (MTb-SC 0932 JP) PLANEJAMENTO GRÁFICO AYRTON CRUZ LU ZUÊ COLABORARAM NESTA EDIÇÃO ADRIEL DOUGLAS ALEXANDRE SOCCI ANA CAROLINA ABREU CAIO CEZAR CHICO SANTOS BEATRIZ MOMM CARLOS BORTOLOTTI CAROL ROSA DANIELE MAIA DARIO LINS EDUARDO VALENTE/ISHOOT FERNANDO BOND FERNANDO WILARDINO PHILLIP GRAIG GKA/ROMANTSOVAPHOTO JULIANA WOSGRAUS LARISSA TRENTINI LAURA SACCHETTI LEO COMIN LU ZUÊ LUCAS MORAES LUÍS ROBERTO FORMIGA MARCELO RUDUIT MARCUS QUINT MARIANA TREMEL BARBATO MURILO JANUÁRIO NUNES MURILO RAFAEL DE SOUZA PEDRO ALIPIO NUNES PEDRO MOX RICARDO WOLFFENBUTTEL ROBERTA RUIZ SÉRGIO VIGNES TARCÍSIO MATTTOS TIM BOWMAN THIAGO NESI
ÉS VACINAÇÃO! VACINA ‘CATARINA’
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30 ANOS DO COSTÃO UMA PÉROLA NA PRAIA DO SANTINHO
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FAMÍLIA E SUCESSÕES SENSIBILIDADE NAS CAUSAS DE FAMÍLIA E SUCESSÕES
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EMPREENDIMENTO 38 UM UP NO MERCADO DE TURISMO E EVENTOS DA CAPITAL
38
FORMIGA RADICAL ASAS AO VENTO NO CEARÁ
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JOVENS PROMESSAS O SOL QUE BRILHA NA AUSTRÁLIA
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IN MEMORIAM QUANDO O OFÍCIO ERA DIGNO DO ESFORÇO
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MEMÓRIA JORNALÍSTICA0 AS ÚLTIMAS QUATRO DÉCADAS DE SC CONTADAS NO RÁDIO E NA TV
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PATRIMÔNIO HISTÓRICO CÍRCULO ITALIANO
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ECO TRILHAS CAMPO DOS PADRES – SERRA CATARINENSE
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ARTES PLÁSTICAS TODAS AS CORES (E GALOS) DE MEYER FILHO
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PELO MUNDO GREEN IS THE NEW GLAM!
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IMPRESSÃO Maxigráfica | Curitiba/PR As opiniões expressas pelos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, o posicionamento da Revista Mural.
5 muralmarcocezar.com.br 0 contato@muralmarcocezar.com.br 1 48 3025-1551
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MODA ENCONTRO COM STEPHANE ROLLAND
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PERSONAGEM VIVENDO A VIDA QUE SONHAVA
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NUTRIÇÃO QUAL SEU CHÁ?
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SAÚDE BUCAL QUEBROU, E AGORA?
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SAÚDE TRATAMENTO CORPORAL
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FISIOTERAPIA SAÚDE MASCULINA
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JULIANA WOSGRAUS FINAL DE ANO E VERÃO INÉDITOS
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OCULTO DJ CIA
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MURAL DA MORAL SAUDADES DA RAÇA!
ÍNDICE
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CAPA MARIANA PERES LOCAÇÃO NÍNEVI ATELIER
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MURAL GNB PRAIA, GASTRONOMIA E BONS MOMENTOS
MAKEUP E CABELOS NÉIA KELM FOTOS MARCO CEZAR
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MURAL DA TOCA TOCA PRA TOCA
ASSISTENTE LAURA SACCHETTI ROUPAS DO ENSAIO
122
NÍNEVI ATELIER
LEILÃO BENEFICENTE FESTA DO BEM
JOIAS DO ENSAIO NILMA VIEIRA | NÍNEVI SEMI JOIAS I @NINEVI_NILMAVIEIRA
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ÉS VACINAÇÃO!
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VACINA ‘CATARINA’ Vitória da ciência sobre a ignorância
texto FERNANDO BOND fotos EDUARDO VALENTE/ISHOOT e MARCO CEZAR
S
CHARGE DO MÉDICO E SANITARISTA OSWALDO CRUZ COMBATENDO A FEBRE AMARELA E A PESTE BUBÔNICA. PUBLICADA NA REVISTA FRANCESA CHANTECLAIR (1911), POR FRANTZ. ACERVO CASA DE OSWALDO CRUZ/FIOCRUZ
e você acha que ‘guerra da vacina’ é uma exclusividade deste tempo pandêmico, pode ir tirando seu vírus da chuva. Toda vacina deste planeta deu em conflito, o mesmo sempre: ignorância versus ciência. E a ciência sempre venceu. No Brasil, a mãe dessas batalhas deu-se em 1904, quando a varíola grassava no Rio de Janeiro e o povo não queria tomar um imunizante feito do líquido de pústula de vacas doentes – foi a famosa “revolta da vacina”. Para piorar, ainda corria um boato – a fake news da época – de que quem tomava a vacina ficava com cara de boi. Qualquer coincidência com a fábula de quem toma vacina para Covid fica com cara de jacaré não é mera coincidência – é só a ignorância tentando vencer ‘no grito’. O herói dessa história é um dos maiores cientistas de todos os tempos, Oswaldo Cruz, esse mesmo que hoje dá sobrenome à Fiocruz, a fundação referência planetária que tem sede num exótico palácio de estilo mourisco construído pelo não menos exótico Oswaldo na fazenda Manguinhos, então zona rural carioca. E se você acha que hoje, aqui nestas terras de Anita (a heroína de dois mundos, não a cantora), está tão distante das mais recentes guerras das vacinas, uma surpresa:
ela se deu a partir de Santa Catarina, em 1980. Pois aqui veio parar outro dos maiores cientistas de todos os tempos, Albert Sabin, o inventor da vacina em gotinhas para a poliomielite, quando um surto dessa doença se abateu sobre nossa população. Hoje pouco se conhece a pólio, mas para gerações de brasileiros ela foi um terror: paralisava os membros inferiores de crianças e adultos. Só tem um remédio: vacina Sabin, em gotinhas. Pois o Dr. Sabin veio para cá e aplicou seu plano de vacinação em massa, imunizando nosso abençoado povo catarina. Só por isso já mereceria uma estátua na cabeceira da Ponte Hercílio Luz. Mas qual o quê. Sabin resolveu organizar um painel com 25 mil crianças brasileiras para confirmar a informação do governo militar de que em 1973 o Brasil havia diminuído em 86% a incidência da pólio – e descobriu, sete anos depois, que isso era nada mais do que fake news. Minha mãe, a pediatra Emília Arzua (1921/2016), que trabalhou em Saúde Pública por mais de 60 anos, discípula de Sabin, confirmava isso lá em casa todo dia. Escreveu então Albert Sabin ao presidente da República, o ditador de plantão em 1980 e, como você já deve imaginar, o cientista acabou deixando o Brasil, onde àquela altura da repressão o mantra era “ame-o ou deixe-o”. Tal ditador se denominava João Baptista de Oliveira Figueiredo que, sob a alcunha marqueteira de “João do Povo” (o jornalista global Alexandre Garcia era seu porta-voz à época), abancou-se na sacada do Palácio Cruz e Sousa em 30 de novembro de 1979 – data da histórica ‘Novembrada’, que abriu o caminho popular para a redemocratização do país, anos depois. (Aliás, adivinhe onde eu estava nesse dia? Acertou. Lá na sacada do Cruz e Sousa, repórter de O Estado, cobrindo a história).
foto REPRODUÇÃO
ÉS VACINAÇÃO!
foto DIVULGAÇÃO
foto DIVULGAÇÃO
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ALBERT SABIN, O INVENTOR DA VACINA EM GOTINHAS PARA A POLIOMIELITE
fotos EDUARDO VALENTE/ISHOOT
ÉS VACINAÇÃO!
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fotos EDUARDO VALENTE/ISHOOT
Sabin saiu do Brasil pela porta dos fundos. Acabou voltando pela da frente, pelo menos simbolicamente. Na segunda metade dos anos 80, graças ao “Dia Nacional de Vacinação” (sempre um sábado), o Brasil começou a apresentar bons índices de erradicação da doença –, mas era necessário acabar de vez com a pólio. E aí eu, graças a Deus, volto a ser um figurante da história. Em 1988, então assessor de comunicação do ministro da Saúde Borges da Silveira, fiz parte do grupo de jornalistas e publicitários comandado por Nunzio Briguglio que ajudou a dar um nocaute na poliomielite – mérito integral, é claro, dos nossos cientistas, epidemiologistas e das gotinhas científicas do Dr. Sabin. Assim como hoje acontece com as vacinas para a Covid-19 e ocorreu com as vacinas da varíola em 1904, faltando poucos anos para o fim do Século 20 ainda havia resistências à vacinação das crianças de zero a 5 anos por ignorância, crendices ou mesmo por falta da presença do poder público. Foi aí que a Comunicação Social fez seu papel: havia no Ministério da Saúde um rapaz chamado Darlan Rosa, que há anos encarnava pelas cidades-satélites de Brasília o Zé Gotinha, um personagem que encantava e atraía as crianças aos postos de vacinação. Mas o grupo de Comunicação achava que era necessário “nacionalizar” a campanha e foi aí que entrou outra personagem, pelo menos para mim surpreendente e inusitada (confesso que não era muito fã): Xuxa, a rainha dos baixinhos. Foi convidada para estrelar a campanha voluntariamente e nem vacilou em responder “sim”. Xuxa e Zé Gotinha viraram sucesso nacional, não havia criança que não quisesse ir ao posto no Dia Nacional de Vacinação. No fim de 88 fui enviado ao Nordeste pelo ministro para ajudar a fazer a “revacinação” dos estados que não tinham atingido 90% de cobertura: as mensagens da Xuxa e do Zé Gotinha nos alto-falantes das camionetes e paróquias do sertão venceram a ignorância. O último caso de poliomielite no país foi registrado em 1989 no interior da Paraíba. Em 1994, a OMS certificou a erradicação da poliomielite no país. Vitória da ciência, vitória dos brasileiros, vitória da Fiocruz e do Butantan – duas instituições centenárias que orgulham o brasileiro tanto quanto a Bandeira Nacional, porque são referências no planeta de toda nossa competência, capacidade e garra. E aqui termina esse longo flashback. Voltamos aos dias de hoje.
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ACIMA, O ENFERMEIRO JÚLIO CÉSAR VASCONCELLOS DE AZEVEDO, 55 ANOS, FOI O PRIMEIRO A SER VACINADO NO ESTADO PELA ENFERMEIRA IULA LUANA BASTOS. EM SEGUIDA, JOÃO DE JESUS CARDOSO, 81 ANOS, REPRESENTOU OS IDOSOS QUE RESIDEM EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA, E KEREXU YXAPYRY, GESTORA AMBIENTAL E LIDERANÇA DA TERRA INDÍGENA MORRO DOS CAVALOS, EM PALHOÇA, REPRESENTOU A POPULAÇÃO INDÍGENA TAMBÉM RECEBERAM A PRIMEIRA DOSE DA VACINA CONTRA A COVID-19
fotos MARCO CEZAR
ÉS VACINAÇÃO!
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CERTIFICADO EM HOMENAGEM AO SECRETÁRIO VINÍCIUS LUMMERTZ (E), AO LADO DO EX-PRESIDENTE DA FECAM, PAULO ROBERTO WEISS (C), E O NOVO PRESIDENTE, CLENILTON CARLOS PEREIRA
Dias atrás o ex-ministro e atual secretário Turismo do estado de São Paulo, o catarinense Vinícius Lummertz, foi homenageado pela Federação Catarinense de Municípios (Fecam) porque intermediou as negociações entre a entidade e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas (também homenageado), para trazer para nossas cidades o que a ignorância chamava de ‘vachina’, mas hoje felizmente chamada pelo presidente Jair Bolsonaro de “vacina do Brasil”. Numa nova vitória da ciência – a ciência e a racionalidade sempre vencem – a Fecam foi a entidade pioneira no Brasil a buscar um protocolo para obtenção da Vacina do Butantan. E depois dela vieram dezenas de prefeitos e governadores fazendo o mesmo. O movimento foi tão forte que levou o Governo Federal a
ASSINATURA DO CONVÊNIO DE COOPERAÇÃO ENTRE A FECAM E A ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MUNICÍPIOS
ceder e incorporar a ex-vachina ao Plano Nacional de Imunização. Hoje é a única vacina contra Covid que temos no país – e que venham muitas outras. Com esse episódio, Santa Catarina entra de novo para a história das vacinas no país, num quadro que vai ficar para sempre pendurado na parede da memória nacional – e que poderia ganhar o nome de vacina ‘catarina’. Na história do planeta e do Brasil os defensores da ciência, das vacinas e da racionalidade invariavelmente mereceram dos déspotas, ditadores e de parte de seus contemporâneos, o escárnio, o negacionismo e as acusações mais descabidas. Porém, a vitória sobre as doenças e enfermidades acaba mostrando que sempre, e para sempre, razão e ciência são absolutas e aniquilam ignorância, preconceito e intransigência.
30 ANOS DO COSTÃO
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UMA PÉROLA NA PRAIA DO SANTINHO
Com 30 anos de atuação, o Costão do Santinho comemora a posição de mais premiado resort de praia do Brasil texto LU ZUÊ fotos MARCO CEZAR, MARCUS QUINT, MURILO RAFAEL DE SOUZA E ARQUIVO COSTÃO DO SANTINHO
H
á, com certeza, grandes expectativas em relação a 2021. Especialmente para o Costão do Santinho Resort Golf e Spa, este será um ano muito importante, uma vez que o resort chega aos 30 anos de atuação, período em que vem frequentando as listas nacionais e internacionais dos resorts all-inclusive – ou “vip-inclusive” – mais procurados do Brasil, e por oito vezes foi considerado o melhor resort de praia do Brasil. São Bodas de Pérola, e até essa denominação vem repleta de significado. As pérolas são formadas dentro das ostras, resultado de um sistema de defesa dos moluscos, que envolve qualquer “organismo invasor” em sucessivas camadas de madrepérola, transformando-as em uma joia. O sentido é metafórico, mas corresponde às diversas ações que agregam valor a algo originalmente “bruto”. Inaugurado em 13 de dezembro de 1991 (data que coincide com o aniversário do empresário Fernando Marcondes de Mattos, que idealizou o resort com a esposa, Iolanda, a “alma” do empreendimento), o Costão sempre teve como um dos pontos marcantes a localização ímpar – uma praia linda e limpa, com dois quilômetros de extensão de mar aberto e águas cristalinas –,
e o vizinho costão com inscrições rupestres que datam de cinco mil anos. Só – e este “só” deve estar mesmo entra aspas – isso já seria fantástico, mas junte-se a essas características as muitas camadas de madrepérola que se materializam na forma de uma estrutura diferenciada em constante evolução, e de um imenso e variado conjunto de atrações disponibilizadas aos proprietários de apartamentos e hóspedes do resort. A verdade é que nestes 30 anos a lista de atributos do Costão do Santinho só vem sendo ampliada – e consideravelmente! E os prêmios recebidos pelo resort só reforçam e valorizam a imagem de “Santa Catarina receber muito bem”. O Costão se firmou como referência, e sua infraestrutura, aliada à qualidade nos serviços, acaba elevando a qualidade do setor hoteleiro local e nacional.
30 ANOS DO COSTÃO
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O MAIS PREMIADO RESORT DE PRAIA DO BRASIL
O DESIGNER “GLOBAL” HANS DONNER
A MODELO E APRESENTADORA ANA HICKMANN
FERNANDO E IOLANDA NO ENCONTRO DOS COLABORADORES
TÂNIA PARISOTTO E VERA FISCHER
O GOVERNADOR LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA E A ESPOSA, IVETE APPEL DA SILVEIRA
INAUGURAÇÃO DO HOTEL INTERNACIONAL
O CANTOR SERTANEJO DANIEL E A ESPOSA, ALINE DE PÁDUA
CESAR GOMES, LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA E RAIMUNDO COLOMBO
FAMÍLIA MARCONDES
CASAL MARCONDES
Lembranças
CASAL MARCONDES
PIANISTA ARTHUR MOREIRA LIMA, MORADOR DO COSTÃO DO SANTINHO
Muito embora a empresária Iolanda Abraham Marcondes tenha partido em dezembro de 2020, sua presença continua viva em cada cantinho do resort que fundou ao lado do marido, Fernando. O sorriso aberto e cativante, a disposição, a simpatia, e a energia que emanava sem fazer força, foram fundamentais para que o Costão do Santinho se consolidasse como o mais premiado resort de praia do Brasil. As lindas e boas lembranças que “D. Iolanda” deixou, ajudarão a transformar a falta que faz em inspiração, e a eterna Diretora Presidente do empreendimento, certamente, iria querer que fosse assim.
30 ANOS DO COSTÃO
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O Costão do Santinho foi um dos primeiros empreendi-
mentos a atrair turistas de alto poder aquisitivo, personalidades e artistas, atores, atrizes, cantores e esportistas famosos à Capital. Quando esteve na Ilha para participar de uma prova de kart, foi no resort que o heptacampeão de Fórmula 1, Michael Schumacher, ficou hospedado.
Em dezembro de 2000, o Hotel Internacional recebeu, simultaneamente, presidentes de países do Mercosul e da África do Sul, que participaram da XIX Reunião do Conselho do Mercado Comum.
Inovar, dia após dia Dedicar atenção aos pequenos detalhes, passando pelos incrementos na infraestrutura e chegando aos grandes eventos. Foi assim que o Costão atraiu os primeiros proprietários de apartamentos – há quase 30 anos –, e é dessa mesma forma que se mantém como um dos destinos preferidos de celebridades que visitam Florianópolis. A megaestrutura física e o atendimento extremamente qualificado são fundamentais, mas o que garante sua permanência no primeiro time de resorts brasileiros é aliar isso tudo a uma ampla visão empreendedora, com melhorias constantes na estrutura e uma programação de eventos ao longo do ano, definida e organizada com o maior cuidado, sempre em sintonia e conformidade com as demandas.
REUNIÃO DOS DIRIGENTES DOS PAÍSES PARA A COPA DO MUNDO 2014
Por três vezes, o manezinho mais famoso do mundo – Guga
Kuerten – esteve literalmente “em casa”, disputando a Copa Davis no Costão do Santinho. Em 1997, a equipe brasileira aplicou 5 x 0 sobre a Nova Zelândia. No ano seguinte foi a vez da Romênia ser massacrada novamente por 5 x 0. Em 2007, a Copa Davis voltou para Costão do Santinho, quando o Brasil venceu o Canadá.
EQUIPE BRASILEIRA DA COPA DAVIS EM 2007: GUGA KUERTEN, FLÁVIO SARETTA, ANDRÉ SÁ E O CAPITÃO CHICO COSTA
30 ANOS DO COSTÃO
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Infraestrutura em constante evolução Chegando a três décadas de atuação, o Costão do Santinho Resort Golf e Spa prima na realização de ações que transformam estadias em boas experiências. Em junho de 2017, por exemplo, o Costão do Santinho inaugurou um novo espaço no resort: o Solarium Sete Chakras, que
conta com três hidromassagens e um ofurô ao ar livre. O ambiente, com águas quentes, abre a possibilidade de uso do espaço até durante os dias frios do ano. Nesse mesmo ano, um público encantado acompanhou a inauguração da piscina semi-olímpica aquecida na área externa. Afinal, o foco é inovar todos os anos.
Em 2018 aconteceu a inauguração da piscina de borda infinita para o mar, um “novo lugar preferido” para muitos
frequentadores. É um paraíso, independente do momento do dia.
30 ANOS DO COSTÃO
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Espaço para tudo e para todos O Costão do Santinho é um local com opções de lazer e diversão para a família toda. Localizado ao limite norte do Morro das Aranhas e em frente à praia do Santinho, sua estrutura foi pensada para acolher e garantir aos hóspedes e moradores uma experiência mágica, permeando todas as idades. Os hóspedes têm à disposição acomodações que tanto podem ficar em uma das 14 vilas (com apartamentos) ou no hotel internacional. Os espaços gastronômicos compostos por bares e seis restaurantes oferecem cardápios adaptados às estações, com pratos da culinária açoriana à francesa, isso graças à vinda de grandes chefes de cozinha, barmen e outros profissionais.
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IOLANDA RECEBENDO GOLFISTAS DE TODO O BRASIL
Costão Golf: um diferencial Inaugurado em 2007, o Costão Golfe colocou Florianópolis na rota internacional do turismo de golfe, e trouxe para a Capital o charme, a elegância e o potencial turístico de um esporte que não é sazonal. Os campeonatos promovidos trouxeram para a cidade golfistas de diversas procedências, geraram empregos e ajudaram a disseminar o esporte tanto local quanto nacionalmente.
30 ANOS DO COSTÃO
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Respeito ao meio ambiente, à comunidade e aos colaboradores O resort está inserido num paraíso ecológico de 800 mil m², dos quais 600 mil m² estão preservados, formando um dos mais importantes parques urbanos privados do Brasil. No parque habitam cerca de 400 mil árvores de mata atlântica, 160 espécies de pássaros catalogados, 20 espécies de bromélias, 75 espécies de orquídeas e diversos indivíduos da fauna silvestre. Além disso, o Costão apoia a pesca artesanal, que é muito forte em Florianópolis, e cede seus ranchos e infraestrutura para viabilizar essa tradição.
Desde o início de sua implantação, o resort vem colocando em prática ações para valorizar os funcionários, manter a integração com a comunidade e preservar o meio ambiente. A responsabilidade social está no DNA do Costão do Santinho. Além de reutilizar a água tratada em moderna estação própria para irrigação dos campos de golfe e jardins, abastecimento dos lagos artificiais e lavagem das áreas abertas, o resort mantém uma estação de triagem, tratamento e disposição ecologicamente correta dos resíduos sólidos.
30 ANOS DO COSTÃO
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MICHEL TELÓ
A extensa e variada programação de shows musicais confirma que o Costão do Santinho é um dos resorts mais culturais do Brasil, e que tem o ecletismo como proposta. Anualmente acontecem dezenas de shows de cantores e bandas nacionais e locais, com estilos diferentes para agradar públicos de gostos variados.
E, é claro, os muitos eventos e opções de lazer E é assim se chega aos 30, com cara e vigor de adolescente. Dos esportes radicais aos programas mais tranquilos; das atrações para crianças e adolescentes com energia de sobra ou para pais que simplesmente precisam relaxar e recuperar energia; para pessoas solitárias ou alegres grupos de amigos e famílias... Lá está o Costão do Santinho, pronto e apto a promover experiências! A programação recreativa e esportiva apresenta alternativas diferenciadas – como o sandboard, slackline, paintball, arvorismo,
ESCOLA DE SURFE DO COSTÃO
escalada e mergulho –, que dividem espaço com esportes tradicionais, como futebol, tênis e caminhada, todos com a orientação de monitores. Chegando às três décadas de atuação, o Costão do Santinho segue transformando estadias em boas experiências. E há sempre novidades. Com isso, o resort pulsa de janeiro a janeiro, e é um destino ideal em qualquer estação!
MUSEU ARQUEOLÓGICO AO AR LIVRE, PROJETADO PELO IPHAN E CONSTRUÍDO PELO COSTÃO DO SANTINHO
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texto LU ZUÊ fotos MARCO CEZAR
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strela da capa de nossa edição 83 e do ensaio com as roupas do Atelier Nínevi, a modelo Mariana Peres tem na bagagem os títulos de Miss Biguaçu 2017 e Miss Florianópolis 2019. Mas eles são apenas um porém na vida e na carreira desta catarinense, que se divide entre as duas cidades das quais foi o símbolo máximo de beleza. Ora morando aqui, ora lá, por conta dos estudos e da convivência familiar, esse detalhe permitiu que concorresse ao título tanto em uma quanto na outra. Ao contrário do que se possa imaginar, ser miss não foi, na realidade, um sonho de criança de Mariana, mas ela tem consciência e demonstra gratidão ao reconhecer que vencer os concursos foi muito importante. “Cresci bastante com essas duas experiências que me ensinaram muito e, sem dúvidas, me abriram portas na carreira de modelo”, conta. Com 23 anos, 1,80 de altura, 62 kg e literalmente um “corpo de miss”, Mariana passou boa parte da infância e da adolescência acima do peso, e chegar à forma atual é um exemplo a mais da determinação que ela aplica para alcançar as metas que traça para sua vida. “Eu já estive 20 kg acima do peso, e com 15 anos decidi que queria emagrecer. Isso aconteceu porque tive uma experiência muito ruim em uma festa, onde todas as meninas estavam com roupas justinhas, e eu ali, com um vestido lindo, mas todo folgado. Em pouco mais de dois meses alcancei meu objetivo. Joguei o vestido fora e com ele todas as impressões ruins que tive daquele momento. Foi sempre assim quando decidi algo”, afirma.
Antes ainda de ser Miss Biguaçu, Mariana já havia se lançado como modelo. “Esse sim, era um sonho de infância, e por conta disso eu tinha uma visão muito romantizada da profissão, e ficava fascinada com o glamour que cerca a carreira. Mas depois, comecei a perceber tudo como um trabalho mesmo, mas um trabalho do qual gosto muito”, explica. Se no início da carreira tentava se ajustar aos padrões, fosse perdendo peso ou mudando o estilo, hoje, muito mais segura, ela afirma que coloca a saúde e o bem-estar acima de qualquer padrão de moda. Fã de marcas catarinenses – entre as quais cita a Nínevi e Labellamafia – Mariana diz que no dia a dia não segue um estilo único, e que tanto pode usar o “pijama de cada dia” quanto decidir por uma super produção, nem que seja para “ir logo ali”. Ama maquiagem (faz a sua própria!), mas salto, nem pensar. “Só para trabalho mesmo!”, conta. E nem precisa. Antes do início da pandemia a modelo/miss ainda colhia os frutos do título de miss Florianópolis, mas viu diminuírem os trabalhos em eventos e festas e aproveitou o tempo de maior reclusão para se dedicar às aulas on-line – está cursando a oitava fase de Psicologia – e às atividades de lazer em casa. “Desde março aprendi a jogar xadrez, que aliás passei a amar, tenho visto muitas séries na TV e lido livros”. E, claro, para passar mais tempo em família. É a irmã mais velha de Carlos César, de 12 anos, e Amábile, de 13, que se inspira na trajetória da irmã e também quer seguir a carreira de modelo. “Mas ela ainda tem aquela imagem mais romantizada da profissão, e por experiência própria sei que é mesmo assim”, diz. Realizada com este ensaio, Mariana, ficou feliz que fosse justamente um ensaio da Nínevi a lhe render a primeira capa da carreira. Esse também, aliás, era um sonho que trazia desde que começou a modelar. “Ser capa de uma revista era uma coisa que queria muito. E fiquei ainda mais feliz por estar apresentando trajes da Nínevi, uma marca que amo e acho incrível. Além disso, a Nilma me patrocinou na época do concurso, tanto com consultoria de estilo quanto com as roupas e joias que usei nas diferentes fases e eventos dos quais participei”, lembra. Salve Mariana e Salve Ateliê Nínevi pelo ensaio. As páginas da Mural agradecem pelo estilo e beleza em dose dupla!
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QUAN DO VO CÊ SUB ST ITUI “P O R QU E I S S O EST Á A CO NT ECENDO ? ” P OR “O QU E I S S O E S T Á T ENTA NDO ME ENSINA R? ”, TUDO MUDA !
R u a E s t e v e s J ú n i o r, 5 6 7 – C e n t r o – F l o r i a n ó p o l i s N(48) 3222-9940 W(48) 99999-9411 FI b e y o n d f l o r i p a
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Seja nas criações autorais ou nas peças multimarca, o Ateliê Nínevi completa 37 anos ofertando de forma personalizada qualidade em alfaiataria, roupas casuais, trajes de festa e de noivas texto LU ZUÊ fotos MARCO CEZAR
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esde pequenas, as irmãs Nilma e Neli Vieira alimentavam o sonho de trabalhar com moda, confecção e criação de roupas. Criatividade e estilo cuidadoso e inovador sempre foram a tônica das propostas de ambas, até que, há 36 anos, numa decisão que pareceu seguir o caminho natural, criaram o Ateliê Nínevi. “Nínevi é a aglutinação das sílabas iniciais de nossos nomes e do sobrenome que assinamos. Aprendemos de forma autodidata, a partir de gosto, observação e pesquisa. A loja tem nosso DNA, nossa assinatura, nossa marca”, explica Nilma. A história do Ateliê começou em 1984, quando as irmãs deram início a uma produção que se destacava pelas peças modeladas e estruturadas – o que era raro na época – especialmente utilizando materiais como couro, pelicas e camurça como grande diferencial. Era um “novo estilo” de criar trajes únicos e autorais, que impulsionou o rápido crescimento – e sucesso – da marca, que sempre teve um estilo próprio, distinguindo-se com facilidade de tudo mais que era produzido aqui. O Ateliê trabalhava com uma gama enorme de materiais e cores, mas também a exclusividade das roupas acabou chamando atenção de clientes já habituadas a roupas feitas sob medidas, que passaram a demonstrar predileção pelo trabalho da dupla. “Eu acredito que um dos mais fortes motivos do sucesso que alcançamos de forma tão rápida, tenha sido a modelagem. Nós entramos no mercado com roupas modeladas mais espartilhadas, e apresentamos também este efeito nas pelicas, couros e camurças. Isso nos trouxe visibilidade e, por consequência, clientes de todas as regiões de Santa Catarina e também de outros estados do Brasil”, avalia a estilista.
Audaciosas e criativas, as irmãs passaram a utilizar detalhes em couro também em vestidos de noiva, e a produzir até o traje completo em camurças e pelicas, o que exigia cuidados redobrados na costura. As peças de couros eram cortadas uma a uma, e o encaixe é um processo bem mais difícil do que acontece com os tecidos. E havia também a dificuldade quanto ao maquinário e insumos específicos para trabalhar com os materiais, problemas driblados com muita criatividade. “Até então, a produção em couro e pelica se limitava a saias, calças e jaquetas, mas vestidos de noiva demandam mais detalhamento no acabamento. Tínhamos que envolver os trajes em tecidos porque uma vez suja, a camurça não pode ser limpa. Principalmente o branco. E são materiais que não ‘deslizam’ na máquina, então, para facilitar o processo da costura do couro usávamos talco, e no caso das pelicas era o papel de seda que protegia o material. Enfim, nós utilizávamos o que tínhamos em mãos, até ter acesso a soluções para nossas demandas”, explica Nilma. Desde o início, um dos diferenciais da loja e ateliê, sem dúvidas, foi o fato de produzirem sob medida tanto a alfaiataria, as roupas casuais e os trajes de festa (incluindo vestidos de noiva), sempre com opções de acessórios específicos para cada ocasião. Nilma conta que naquela época aconteciam muitos coquetéis, bailes e eventos pontuais, o que acabava gerando uma necessidade grande de novidades. “E por ser uma novidade naquele momento, tanto o couro quanto todos os diferenciais que vínhamos apresentando, fizeram com que rapidamente conquistássemos muitas e fiéis clientes”, relembra. Segundo ela, por existir há 36 anos, sempre se destacando pelo estilo e qualidade, o Ateliê teve a oportunidade de vestir diferentes gerações de uma mesma família, criando vestidos de noiva, e depois de batizado, debut e formatura dos filhos. “É uma honra poder fazer parte dessas histórias”, afirma.
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Trajetória de sucesso com qualidade e estilo
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fotos CAIO CEZAR
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Foco na exclusividade e no atendimento A característica principal do Ateliê Nínevi são as confecções autorais e exclusivas, mas o olhar atento às demandas e necessidades das clientes guia as escolhas da marca. Nilma lembra, por exemplo, que aos poucos o uso do couro tornou-se acessível, e deixou de ser o principal material na produção do Ateliê. “Percebemos isso e fomos migrando para os tecidos, mudando de forma gradativa nossas criações passando a trabalhar cada vez mais com tecidos nobres e sofisticados, como a seda, a zibeline, as rendas, gazares, organzas e o linho, que correspondem à moda luxo sob medida... enfim, tecidos que utilizamos até hoje”, explica. Trabalhando também com o “day-use” – ou roupas de locação, a marca escreve também nesse setor uma história onde a personalização fala mais alto. Nessa modalidade os trajes podem ser feitos sob medida para primeira locação, com a escolha do modelo, tecido e acabamentos que a cliente deseja usar. Depois de usado, o traje é devolvido e passa a integrar o acervo disponível para a locação, onde as clientes contam com uma assessoria completa para que as roupas estejam totalmente adequadas ao corpo e às necessidades de quem as procuram. “Fazemos questão que nossas roupas para locação pareçam ter sido feitas sob medida, porque isso corresponde ao cuidado que sempre tivemos com nossa produção e com a satisfação de nossas clientes. Esse é o padrão Nínevi”, reforça Nilma Vieira.
Estilista por dom e escolha, Nilma é formada em Ciências Contábeis pela UFSC e pós-graduada em Gestão da Moda pela Estácio de Sá, e defende que embora atualmente a moda seja muito mais aberta e aceite variações, existem códigos ou padrões que precisam ser mantidos para preservar a elegância, e muitas vezes a consultoria de estilo especializada se faz necessária para dar suporte às escolhas das clientes. “Nesse sentido nos consideramos um dos mais completos ateliers, pois oferecemos orientação completa sobre a roupa e acessórios corretos para eventos determinados. Esse comportamento norteou nossa trajetória”, afirma. Para que aquele sonho de criança alimentado por duas irmãs se tornasse realidade e alcançasse o sucesso que a marca tem hoje, foi necessário muito trabalho e horas de dedicação. “E além de constante pesquisa, investimos muito em nossa equipe de colaboradores, trazendo sempre capacitações e inovações para que estejam atualizados quanto a estilos, acabamentos, costura e atendimento”, justifica a empresária. O resultado? Reconhecimento por parte do público. “Nossas clientes percebem a nossa busca constante por produtos de qualidade para elaborar as criações próprias, num cuidado que se inicia nas linhas, aviamentos, tecidos, rendas... tudo o que tanto o ateliê quanto a loja precisam para oferecer os melhores produtos possíveis. “E é a partir dessa busca que nos manteremos como um dos melhores e mais requisitados ateliers do Estado e do País”, conclui Nilma Vieira.
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Doutora e Mestre em Direito, a advogada e professora Renata Raupp Gomes é a nova sócia da Menezes Niebuhr Sociedade de Advogados fotos MARCO CEZAR
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que vem à sua mente quando o assunto é Direito de Família e das Sucessões? Talvez seja difícil imaginar se você nunca passou por uma situação dessas, por outro lado, pode ser traumático caso você tenha passado por uma experiência não satisfatória. Assuntos familiares, na maioria das vezes, delicados e cheios de sentimentos, precisam ser tratados com empatia e por pessoas extremamente profissionais e competentes. Referência no Direito de Família e das Sucessões, a advogada Renata Raupp Gomes é a nova sócia da Menezes Niebuhr Advogados Associados, escritório que, no fim de 2020, foi eleito um dos mais admirados do Brasil pela publicação Análise Advocacia 500, considerada o mais importante levantamento do mercado jurídico nacional, e listado como um dos melhores lugares para trabalhar em Santa Catarina, pelo ranking Great Place to Work. Doutora e Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Renata coordenará o Núcleo de Direito da Família e Sucessões do escritório com uma equipe atualizada e qualificada, priorizando a empatia para entender e acolher os clientes com foco no melhor resultado. “O profissional que atua tanto no Direito de Família quanto no Direito Sucessório deve ser dotado de sensibilidade suficiente
para saber que estará privando da intimidade de seus clientes, quase sempre em momentos de fragilidade extrema, de modo que sua abordagem deve partir de um sentimento de empatia e de humanidade”, destaca. Há 20 anos atuando na área de família e sucessões, a profissional tem carreira consolidada, tanto como advogada quanto como professora da UFSC. Foi quando entrou para o magistério, em 1994, que o amor pelo Direito de Família e das Sucessões nasceu. “Apaixonei-me por essa disciplina e pela vivência com os alunos. Ensino e aprendo muito a cada semestre. Como diz um colega, também professor: ‘O magistério não deixa a alma da gente envelhecer, não deixa o cérebro endurecer’. E essa é a mais pura verdade”, comenta parafraseando o amigo docente. Entre as principais satisfações da docência, a professora explica que é poder compartilhar conhecimento e debater os casos hipotéticos trazidos pelos discentes, bem como auxiliar na resolução dos casos mais complexos vivenciados pelos alunos do Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) – Escritório Modelo de Assistência Jurídica da UFSC, com objetivo de qualificar os futuros profissionais do Curso de Direito durante a formação acadêmica. “O magistério faz com que a gente se mantenha curiosa e atualizada. Conviver com os jovens e ser constantemente questionada é maravilhoso para sair frequentemente da zona de conforto. Questionar sempre o que supostamente já se sabe é uma excelente maneira de não parar no tempo, de estar sempre em movimento, acompanhando o dinamismo do Direito de Família e das Sucessões. E isso, é lógico, acaba se refletindo na atuação profissional como advogada, sobretudo porque nenhuma tese é de plano rechaçada, por mais diferente que possa parecer a demanda do cliente”, garante. Da mesma forma que no magistério, na advocacia são os desafios da profissão que a tornam interessante e fazem com que a advogada queira sempre progredir mais, estudar com mais afinco e ir um pouco além.
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SENSIBILIDADE NAS CAUSAS DE FAMÍLIA E SUCESSÕES
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Solução de casos Reconhecida como uma das mais renomadas profissionais de Direito de Família e Sucessório do Brasil, Renata diz que a advocacia sempre se mostrou incitante. “Na advocacia familiarista e sucessória toda causa tem o seu grau de complexidade. Mas são precisamente tais desafios que fazem essa atividade tão especial.” Entre os casos sem precedentes em Santa Catarina, a advogada relata um que conquistou recentemente, com sentença já transitada em julgado. “Conseguimos fixar uma guarda compartilhada entre pai, mãe e um casal não aparentado da criança, mas que, na prática, já vinha auxiliando a mãe biológica nos cuidados com a filha pequena. Embora não seja comumente visto esse tipo de caso, os pais biológicos entenderam que era uma proposta no sentido de somar amor, atenção e responsabilidades para com a criança. Não houve objeções. Os pais nunca foram casados e o casal que solicitou o compartilhamento da guarda tinha uma história afetiva com a criança e a mãe biológica. O Poder Judiciário catarinense estava plenamente preparado para receber e acolher uma novidade como essa e já em primeiro grau a guarda foi compartilhada nos termos requeridos”, comemora a advogada. Renata reforça que a resolução de conflitos familiares, muitas vezes, é feita de maneira integrada com outras áreas do Direito e a Menezes Niebuhr, escritório completo e especializado, que opera em todo o estado, oferece o trabalho conjugado com outros núcleos como o de Direito Empresarial e Societário ou o de Negócios Imobiliários ou, ainda, qualquer outro pertinente à demanda específica, com foco no melhor resultado para o cliente. Já no que tange ao Direito Sucessório, Renata explica que o principal foco do escritório atualmente vem sendo trabalhar de forma
integrada e global o planejamento sucessório tanto para os clientes antigos, notadamente os que atuam no ramo empresarial, quanto para a nova clientela, bastante preocupada em organizar em todos os níveis e planos jurídicos a sucessão empresarial e familiar. “Um bom planejamento sucessório pode assegurar a continuidade da empresa, a preservação do patrimônio da pessoa jurídica e sua administração, a despeito da morte do sócio e de sua sucessão, bem como pode prevenir dissensos familiares e até rupturas facilmente evitáveis”, afirma com convicção a advogada. Sob essa perspectiva, reforça que sua atuação conta com o trabalho conjugado dos núcleos de Direito Tributário, Direito Societário e Direito Imobiliário, além do Sucessório e Familiarista. “Isso porque, ao contrário do que muitos pensam, um bom planejamento sucessório leva em consideração aspectos envolvendo o direito de família, como o regime de bens de casamento ou da união estável de cada sócio ou dos membros da família em questão, aspectos envolvendo o Direito Societário, como as técnicas e instrumentos societários para a melhor gestão empresarial do patrimônio, questões envolvendo uma menor carga tributária, dentre outras, exigindo, dessa forma, um trabalho multifacetado.” Somente assim, conjugando esforços e conhecimentos teóricos e práticos especializados é possível atender às demandas específicas dos clientes, oferecendo a melhor opção em todos os aspectos e termos jurídicos para o seu planejamento sucessório. Questionada acerca do tema, Renata esclarece que qualquer pessoa pode e deve planejar sua sucessão, sempre que tiver uma vontade específica que não se coaduna com a previsão genérica da lei. São inúmeros os mecanismos que nos permitem exercer a nossa autonomia patrimonial antes da morte ou para depois dela. A exemplo da assertiva, a advogada registra que o contexto pandêmico de 2020 proporcionou um interesse renovado em relação ao testamento, seus limites e possibilidades. “Muitas reflexões foram feitas sobre esse antigo mecanismo de disposição de última vontade que, agora, se firma com força total, ensejando discussões importantíssimas e inspiradoras como a do testamento ético. Cada vez mais os testadores procuram transmitir aos seus entes queridos e pessoas beneficiadas com suas disposições testamentárias mais do que simplesmente bens materiais e, assim, valendo-se de princípios éticos e de preocupações de cunho existenciais com seus sucessores, registram verdadeiras visões de mundo e histórias de vida às gerações vindouras, muitas vezes até direcionam o dinheiro ou parte dele para ser gasto com determinado tipo de experiência educacional ou determinada forma de lazer. O mais importante para o advogado é ter a ciência de que cada testamento e cada testador é único e especial, devendo sempre honrar a confiança nele depositada de minutar a expressão das últimas vontades do seu cliente”, explica. Renata representa clientes em processos judiciais de divórcio, reconhecimento e dissolução de união estável, união homoafetiva, pensão alimentícia (pedido inicial, revisão, execução e exoneração), alimentos gravídicos, investigação de paternidade consanguínea e socioafetiva, multiparentalidade, guarda, regulamentação do direito de convivência, inventário, anulação de testamento, anulação de partilha, sobrepartilha e sonegação de bens, entre outros. Também oferece assessoria consultiva na antecipação e prevenção do conflito e, por isso, orienta no planejamento sucessório, escolha do regime de bens, elaboração de pactos antenupciais, contratos de união estável, alteração de regime de bens, elaboração de testamentos, contratos de doação com ou sem reserva de usufruto, partilha em vida, ou seja, todos os instrumentos necessários à prevenção de litígios e preservação do patrimônio pessoal e familiar.
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As relações familiares na pandemia A pandemia mexeu com todas as relações sociais, desde as de trabalho, de estudo, de lazer e, sobretudo, as relações de família. A conjugalidade foi extremamente afetada com a quarentena ocasionada pela pandemia de Covid-19. Os casais se viram obrigados a um convívio familiar muito mais intenso do que habitualmente tinham, na medida em que o lar passa a ser o centro da vida de todos da família, concentrando ao mesmo tempo o local de home office, de homeschooling e de descanso. Essa hiperconvivência acabou precipitando o fim de diversas relações conjugais que provavelmente sobreviveriam por muitos anos mais caso a rotina casa/trabalho não houvesse sido drasticamente interrompida. De acordo com Renata, o crescimento nos números de dissoluções conjugais nesse período pandêmico também pode ser explicado pelo fato de que a inusitada circunstância de confinamento fez com que a introspecção pessoal evidenciasse todos os problemas nos relacionamentos afetivos, ao mesmo tempo em que a doença que ameaça seriamente a vida humana trouxe um senso de urgência de ser feliz no “aqui e agora”. Paralelamente à procura por divórcios e dissoluções de uniões estáveis, a pandemia e o isolamento social são responsáveis por fenômeno absolutamente oposto: as inúmeras relações de convivência que não aconteceriam em um cenário de normalidade. “Casais de namorados se viram forçados pelas circunstâncias a dividir uma mesma casa para evitar idas e vindas em lares diversos, muitas vezes habitados por parentes idosos ou do grupo de risco por alguma comorbidade, e com isso o maior risco de contaminação por Covid-19. Essas situações, no meu ponto de
vista, não necessariamente evidenciam novas uniões estáveis, mas sim namoros qualificados, uma vez que inexiste o objetivo de constituir família nessas convivências, mas sim o de tão somente continuar o namoro sem os riscos para si ou seus familiares de contágio pela alternância de domicílios”, explica a advogada. A profissional comenta que chegou a redigir contrato de namoro qualificado explicando que a convivência sob o mesmo teto durante a pandemia resultava de medida de segurança e não da intenção de constituir família, elemento imprescindível para a caracterização da união estável. O compartilhamento da guarda entre genitores também sofreu alterações em muitos casos, sendo que tanto as partes (na hipótese de consenso) como o Poder Judiciário buscaram minimizar o trânsito desnecessário da criança, colocando em prática o sistema de férias previsto no acordo ou na decisão judicial de guarda compartilhada, ou simplesmente encontrando mecanismos de assegurar um tempo mais longo com um e com o outro guardião para evitar a exposição da criança ou adolescente ao vírus e por consequência a disseminação da doença nas respectivas famílias, muitas vezes compostas por pessoas do grupo de risco. “Esses são apenas alguns exemplos de como a pandemia interferiu nas relações familiares, há, ainda, muitos outros também dignos de menção. A verdade é que ainda não temos o saldo completo dessa experiência, individualmente ou como sociedade, mas acredito que muitas das reflexões e das mudanças que fomos forçados a fazer, notadamente no ramo do Direito de Família e das Sucessões, marcarão a construção de novos caminhos, que já se avizinham no horizonte”, finaliza a advogada.
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UM NO MERCADO DE TURISMO E EVENTOS DA CAPITAL
Construído pela WKoerich e administrado pela Atrio Hotel Management, o WK Design Hotel abriu as portas em dezembro e surge como uma nova opção para o trade de turismo
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texto LU ZUÊ fotos FERNANDO WILARDINO
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ano de 2020 conseguiu chegar ao fim de forma diferente. Há no ar uma sensação estranha de que ele passou sem ter passado, e no final de ano, ao contrário dos encontros e celebrações, continuamos convivendo com restrições para a aglomeração de pessoas em festas, no comércio e nas praias. Em Florianópolis, a avenida Beira-Mar Norte – um dos mais conhecidos e valorizados endereços do Sul do Brasil – não teve a tradicional queima de fogos que ilumina o céu e marca a virada do ano na Capital, mas em uma esquina especial, novas luzes passaram a brilhar, dando mais vida e beleza ao endereço. É ali que, desde o dia 14 de dezembro, está em pleno funcionamento o WK Design Hotel, empreendimento com a assinatura da WKoerich, uma das mais conceituadas construtoras de Santa Catarina, que será administrado pela Atrio Hotel Management, empresa também catarinense, reconhecida como uma das maiores administradoras hoteleiras do Brasil. Ou seja, o endereço – de frente para o mar, com a deslumbrante vista que bem conhecemos – foi escolhido a dedo, e o DNA do negócio é genuinamente catarinense. Um negócio, aliás, que nasceu a partir de um sonho de Walter Osli Koerich, empresário reconhecido como um dos grandes visionários do mercado da construção civil do Estado. Foram quase 40 anos entre a aquisição do terreno e a entrega à cidade um hotel upscale, que muito além de agregar luxo e apresentar tendências do segmento, surge como uma nova opção para o trade de turismo, com destaque para o mercado de eventos corporativos na região da Grande Florianópolis. Afinal, são 170 quartos – divididos nas categorias superior, luxo, suíte júnior e suítes WK – e seis espaços
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para eventos corporativos que comportam até 330 pessoas, características que qualificam o WK Design Hotel para se firmar como um espaço diferenciado para a realização de eventos. “O turismo de eventos é a indústria sem chaminé na cidade. A região central da Capital tinha uma escassez por espaços que comportassem acontecimentos deste porte, com total infraestrutura, e temos certeza de que em pouco tempo iremos figurar como um dos mais requisitados espaços da cidade para essa finalidade”, explicou o gerente comercial do hotel, Tiago Sagás.
E tudo foi pensado buscando equilíbrio entre o requinte que o endereço inspira, o estilo e a qualidade diferenciados da construtora e, é claro, aquilo que os hóspedes precisam e buscam, seja em viagens de férias ou a negócios: a arquitetura cosmopolita e arrojada, mescla madeira e vidro; os quartos seguem um padrão de qualidade superior com mobiliário moderno e serviços especializados (que se traduzem na forma de bem-estar e conforto, 24 horas por dia); as camas são king-size, e entre os diversos itens encontrados no quarto do hotel executivo estão tevês com LED equipados com TV a cabo, workstation com acesso à internet, USB e banda larga. Isso sem contar com os benefícios em áreas de uso comum, como piscina, academia, restaurante e bar localizados no hall do hotel.
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Escolha certeira para a gestão do hotel Perto de completar 30 anos de atuação no setor da construção civil, a WKoerich é uma empresa consagrada, de experiência reconhecida na região da Grande Florianópolis, com destaque para o segmento de imóveis de alto padrão, nos quais a sofisticação é uma premissa básica. Nesse período, já entregou para a cidade mais de 30 empreendimentos entre residenciais e comerciais, com cuidadosa escolha de endereços, processos construtivos sempre atualizados e acabamento de qualidade. Todo essa experiência e know how foram empregados também na escolha da parceria para administrar o WK Design Hotel, e buscando o que há de melhor no mercado a escolha pela Atrio Hotel Management foi “natural”. “Depois de uma cuidadosa avaliação optamos pela Atrio por seu modelo arrojado de negócios, que associa uma marca hoteleira internacional a um sistema de gestão focado no retorno para o investidor, com qualidade de serviços e transparência na gestão a curto e a longo prazo”, explica Walter Silva Koerich, diretor da WKoerich, que em conjunto com a as irmãs – Marize, Rozane, Márcia, Eliane e Joyce – definiu o nome do empreendimento utilizando das iniciais do patriarca, Walter Koerich. A Atrio Hotel Management está no mercado desde 1998, e figura como uma das maiores administradoras hoteleiras do Brasil. Com matriz em Joinville e filial em São Paulo, a empresa está presente em 13 estados e 46 cidades. Atualmente, são mais de oito mil quartos sob a gestão da empresa, e em 2020, mesmo no cenário de retração econômica provocado pela pandemia, a
empresa apresentou grande crescimento e passou de 55 para 62 hotéis administrados. “As nossas expectativas são muito positivas. Apesar do cenário provocado pela pandemia e com base em toda a rede hoteleira que administramos, estamos tendo um acréscimo expressivo. Ampliamos nossa administração na cadeia em 12% e, com certeza, os resultados serão impulsionados pelo mercado da capital catarinense”, reforçou o diretor de marketing e vendas da Atrio, César Nunes.
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Impulso para o segmento turístico e de eventos e geração de empregos A necessidade de um empreendimento hoteleiro desse porte em uma das regiões mais nobres da cidade era uma necessidade premente, e a abertura do WK Design Hotel vem atender essa demanda com maestria. “A comodidade e o conforto que os hóspedes precisam e buscam ao realizarem viagens de férias ou a negócios podem ser encontrados, agora, em um quarto de hotel executivo, que oferece a sofisticação e a qualidade desejada em Florianópolis”, acrescenta César Nunes. E outro ponto positivo, especialmente no que diz respeito à geração de oportunidades de emprego e renda: além de fomentar o trade de turismo e eventos, o novo empreendimento chegou aquecendo o mercado da região. De acordo com Miler Bairros, gerente geral do WK Design Hotel, foram gerados, inicialmente, 75 empregos diretos e mais de 300 empregos indiretos. Mas, segundo ele, isso não será tudo. “Teremos um grande potencial de serviços que irão movimentar também toda a cadeia produtiva e, com certeza, novos postos de trabalho. Estamos estrategicamente localizados e com produtos e serviços que irão beneficiar moradores e turistas”, conclui Bairros.
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ASAS AO VENTO NO CEARÁ
Em plena pandemia, seguindo os protocolos, Do mar ao sertão as asas não param de voar
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texto LUÍS ROBERTO FORMIGA fotos C HICO SANTOS, GKA/ROMANTSOVAPHOTO e FORMIGA
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s ventos alísios sopram fortes e constantes no litoral mais emblemático do nordeste brasileiro. Praias paradisíacas, o calor, uma rede à sombra de um coqueiro com uma água de coco são convites para que milhares de turistas e esportistas cheguem à capital Fortaleza atrás de paz, descontração, descanso ou emoção e muita atividade, principalmente, esportes ao vento.
No final dos anos 90, o vento vira dinheiro no litoral cearense A propaganda do cigarro Hollywood e a abertura da novela Água Viva, com a música de Caetano Veloso interpretada por Baby Consuelo, foram grandes divulgadores do windsurfe, esporte de elite nos anos 80. Foram os windsurfistas que descobriram o Brasil dos esportes aos ventos, nos 573 km de extensão desse litoral com dunas, lagoas, mar e ventos quentes, mas no final dos anos 90 surge um esporte mais prático, com equipamentos mais leves e baratos, o kitesurf. Depois de ter feito uma expedição nesse litoral com windsurfe, contatei a secretaria de turismo do Ceará, logo depois de conhecer esse novo esporte, sobre o qual tínhamos poucas referências de praticantes no Brasil. Foi na Ilha Bela, litoral de São Paulo, que encontrei dois feras e dois dos pioneiros desse novo esporte, Dudu Mazzocato e Luís Pascoal, e junto com o cearense Teka Lens, refizemos a rota do windsurfe, adaptando-a para o kitesurf. Até helicóptero usamos para captar imagens para meu antigo programa de televisão o XtremeTV/Canais ESPN, na primeira expedição de kite no país.
De lá para cá, o kitesurf dominou o litoral cearense e lugares como a Lagoa do Cauipe, que se tornou a meca desse esporte no mundo. A inclusão social foi marcante. Os caiçaras aproveitaram a oportunidade que os ventos lhes trouxeram e se adaptaram a uma nova realidade: transportar, hospedar, receber, cozinhar e faturar um bom dinheiro com esse novo esporte. Naturalmente, as crianças foram crescendo, ajudando os turistas a montar equipamentos e logo se tornaram praticantes. Hoje, grandes nomes da elite do kitesurf mundial são caiçaras, filhos de pescadores e gente simples que viaja o mundo competindo, representando o Brasil e ganhando dinheiro.
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A evolução continua no esporte No final dos anos 90 surge um novo equipamento aquático de alta performance – a Revista Mural número 78 abordou essa pauta –, no qual o californiano Laird Hamilton adapta uma asa de um equipamento chamado air chair sobre a prancha de wakeboard e voa na água em Maui, Havaí. O wingfoil é a sensação do momento, uma pequena asa, leve e inflável, garante energia para movimentar as pranchas – no início desse esporte ele foi utilizado com pranchas grandes como a de SUP (standup paddle). Com o passar do tempo, os esportistas mais ousados começaram a usar esse equipamento com o foilboard, que com menos arrasto na água tem muito mais performance. Essa asa é simplesmente segurada com as mãos do praticante, diferente do kitesurf que é preso em um cinto chamado trapézio na cintura do praticante. Unindo esses equipamentos, novas modalidades estão movimentando o mundo dos esportes aquáticos: o kitefoil e o wingfoil.
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O Ceará exportando competência na realização de eventos
ANDREA REIS E CHICO SANTOS, DOIS GIGANTES NA ORGANIZAÇÃO DE VÁRIOS CAMPEONATOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE ESPORTE
Não é de hoje que esse estado do nordeste brasileiro é respeitado em nível internacional quando o assunto é campeonatos que reúnem os maiores nomes do mundo dos esportes. Especialmente, um nome concentra tanta competência: Andrea Reis, que trabalha com a realização de eventos internacionais há mais de 20 anos e traz para o Ceará etapas de campeonatos mundiais de windsurfe, kitesurfe, skate, motocross freestyle. E agora, em plena pandemia do coronavírus, realizou o primeiro evento internacional no mundo de kitefoil e wingfoil. O desafio foi gigantesco, assim como o tamanho do evento. Apesar de ter sido restrito aos competidores, a estrutura foi perfeita e os resultados também. A Global Kite Association (GKA) e a Global Wingfoil Association (GWA), que concentram a responsabilidade em produzir e organizar o ranking mundial desses esportes, foram parceiros, oficializando como um evento inédito com os melhores competidores do planeta dessas novas modalidades. O resultado foi surpreendente em todos os sentidos, tanto no kitefoil freestyle, onde o que vale são as manobras realizadas, como no wingfoil, onde a pontuação também vem das manobras em ondas surfadas ou corridas em forma de regatas. O Brasil entrou para história desses esportes com muita competência e seriedade. O Ceará deu um show!
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Ilha do Guajiru, mais um paraíso cearense Uma grande ilha de areia é formada quando a maré está baixa, um pequeno canal de água salgada e um infinito de nuances de cores impressionam na paisagem desse lugar. À medida em que a maré começa a encher, centenas de kitesurfs colorem esse lugar, que se tornou mais um super pico para os esportes da água e do vento. Como em outros lugares do Nordeste, os europeus chegaram e montaram pousadas e hotéis sempre com estilo arquitetônico integrado com a natureza e de muito bom gosto. A ilha do Guajiru recebeu os melhores competidores do kitesurf freesyle, modalidade consagrada que apesar de não ser novidades, também surpreende pela beleza e alto nível das manobras de velocidade, técnica e impacto. O Superkite mais uma vez é referência internacional, como evento prime, de mais esse esporte que conecta a asa, que é o kite, a prancha e o vento. Mais referência ainda são os competidores brasileiros, como a jovem Mika Sol, campeã mundial, e os meninos do Cauipe, turma que “incomoda geral” nos eventos internacionais desse esporte. É muito bacana ver os atletas se superando para disputar um prêmio de 20 mil euros pago ao primeiro lugar da competição. Fazendo o câmbio, mais de R$ 120 mil foram pagos para o suíço Maxime Chabloz nessa disputa, que fez a história como a única etapa do campeonato mundial em plena pandemia. Com todos os competidores sendo testados para o coronavírus e seguindo o protocolo de saúde pública, mais um evento sem acúmulo de pessoas, mas com muita competência na realização.
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Do mar ao sertão Agora com o mestre de cerimônia do maior evento de distância livre em voo livre do mundo, sigo para Quixadá, a 250 km de distância de Fortaleza. Chico Santos além de experiente piloto de asa delta é conhecido mundialmente por organizar os campeonatos mais desafiadores do planeta, quando se fala em voo livre, asa-delta e parapente. Nesses dias pude conversar mais profundamente com esse cara que montou três empresas, todas bem-sucedidas, com o know-how adquirido no voo de asa delta. Quem não se recorda da tirolesa do Rock’n’Rio, com o vocalista do The Black Eyed Peas cantando e voando por cima de milhares de pessoas? Pois é, Chico, desenvolveu essa empresa que usa técnicas verticais para grandes eventos e é líder de mercado no Brasil. A primeira empresa foi criada para produzir eventos esportivos de voo livre, identificando que as pessoas que vão atrás de curtir as cores e os voos das asas e paragliders na verdade ficavam sem entretenimento após as decolagens. Foi aí que surgiu uma boa ideia. Chico Santos resolveu fazer uma mini asa delta para as crianças simularem os voos, aí foi diversão garantida. Se não bastasse, esse empresário carioca ainda incluiu atividades sociais nos eventos, fornecendo cestas básicas e
presentes diversos, como roupas e brinquedos para as pessoas carentes por onde passa. Nessa edição de número 18, o XCeará completa sua maturidade como o único evento do mundo sem perder um dia sequer de provas por condições meteorológicas. Fica claro o potencial do sertão para essas modalidades, asa delta e parapente. Mas voltando ao empreendedorismo do nosso amigo Chico, sua terceira empresa é uma casa de festas no Rio de Janeiro, que também explora as técnicas verticais e a aventura. Essa casa temática atende às festas de filhos de artistas e personalidades do “jet set”, principalmente cariocas.
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Voando no sertão Ventos fortes, calor, longas distâncias, muitas horas de voos e diversão entre amigos, são os atrativos para os pilotos que chegam a Quixadá, vindos de diferentes lugares do Brasil e do mundo. Essa cidade é um grande centro regional e também conhecida pela magnitude dos monólitos, pedras únicas gigantes de beleza avassaladora, entre elas a da Galinha Choca, onde se encontra um açude que foi construído no tempo do Império por Pedro II. Toda história de Quixadá no voo livre mundial começou em 1991, quando participei do primeiro campeonato de asa delta no sertão. Por acaso bati o primeiro recorde internacional de distância nesse evento, saindo de Serra da Meruoca em Sobral e pousando em Luzilândia no Piaui. Para época, os 216 km foram muito significativos, estabelecendo o recorde sul-americano. Com essa marca, o empresário e piloto local, Almeida visualizou o potencial da região para o esporte aéreo e logo inaugurou uma nova rampa na cidade de Quixadá. Com o fundamental apoio do Governo do Estado do Ceará, os eventos não pararam mais, assim como a sucessiva quebra de recordes mundiais de distância livre, tanto de asa-delta como de parapente. Depois de 28 anos voltei a esse lugar maravilhoso que é o sertão para voar. Logo no primeiro voo bati meu recorde pessoal, depois de 6h15min de voo, atravessando 264 km do sertão. Pousar exausto e ser recebido pelo sertanejo, extremamente simples, super educados e receptivos foi espetacular. Francisco, como era chamado a pessoa que veio de moto para ver a asa delta que tinha pousado no meio do nada, olhou para mim e disse: – O senhor precisa de um banho! Me levou para sua casa, depois de me ajudar a desmontar a asa, e me emprestou uma toalha. Depois de tirar o cansaço e o
suor do corpo, sua esposa me preparou uma comida, peixe fresco frito, arroz, feijão e salada de tomate com cebola e uma jarra de suco de caju. E ainda o anfitrião me ofereceu uma cama ou uma rede para descansar, agora com a barriga cheia, com alimentos que ele plantou, criou ou pescou. O que ele fez por mim, provavelmente eu não teria feito por ele. Ficou uma inesquecível lição de vida. A beleza na simplicidade de um povo que muitas vezes nem dinheiro usa no dia a dia, nos mostra de uma forma serena, natural e tranquila que a arte de bem viver e da felicidade não depende só de dinheiro. Mais um ano que tenho a oportunidade de viajar para esse estado tão bacana. Do mar ao sertão as asas não param de voar. Viva o Ceará!
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O jovem surfista australiano/brasileiro Sol Gruendling desponta como um dos campeões da nova geração do surfe mundial e empolga os familiares em SC
O SOL QUE BRILHA NA AUSTRÁLIA
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texto URBANO SALLES fotos TIM BOWMAN, PHILLIP GRAIG e ARQUIVO DA FAMÍLIA
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le tem nome de estrela e nasceu com vocação para ser campeão. Aos 13 anos completados em 21 de outubro, Sol Gruendling já é um colecionador de vitórias, a mais importante e recente delas o state title que o credenciou a disputar o campeonato nacional da Austrália, pátria do surfe moderno, em competições internacionais. “Uns anos atrás me perguntaram: o que você quer ser quando crescer? Respondi: surfista profissional. Um dia vou ser campeão mundial!”, projeta o garoto, mais novo descendente de uma linhagem de amantes do surfe que passa pelo pais, por tios, primos e começa no avô materno, Paulinho Correa, pioneiro nas ondas de Florianópolis e principal fonte de inspiração esportiva da família. Sol mora com os pais, Julio e Catarina Correa Gruendling, a duas quadras do mar em Freshwater Beach, no Norte de Sydney, um lugar muito popular entre surfistas. O casal se conheceu em San Diego (EUA) e de lá se mudou para a Austrália, em 2000. Desde 2007, ano do nascimento de Sol, tem cidadania australiana. O garoto é registrado também em Florianópolis. Ser campeão exige disciplina. Ele acorda cedo, por volta das 5 horas, todos os dias em que o mar está bom. “Ele começou a surfar com quatro anos, mas já fazia natação desde os quatro meses”, conta Catarina, mãe de outros dois filhos com nomes ligados à água: Mar, de cinco anos, e Rio, de seis meses. “Meu pai é um dos primeiros surfistas da Ilha, minha família foi pioneira no esporte em Santa Catarina. Nosso estilo de vida é muito praia. Aqui na Austrália, a gente sempre passa muito tempo na praia e era natural que o Sol fosse desenvolvendo familiaridade com a água desde bem pequeno. No surfe, amizades contam muito também. Teve um coleguinha que impulsionou muito a carreira do meu filho”, relembra a mãe do atleta.
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Duas vezes por semana, seu técnico vai buscá-lo às 5h45min, rotina quebrada somente pelo mau tempo ou por algum campeonato para o qual ele queira guardar energia. Após o treino, se for época de aula, vai para a escola e depois, para finalizar o dia com chave de ouro, volta para o mar. Se não tiver onda, pega uma prancha de wakeboard e vai remando de uma praia para outra. Sol pratica jiu-jitsu uma vez por semana. Quinzenalmente consulta um mental coach, de Porto Alegre, com um resultado “tremendo”, garante Catarina. Skate, ele também gosta, mas os pais não se animam muito por causa dos riscos de acidentes mais graves. Sol traz características típicas de um campeão, a mais importante delas: “ser determinado”, como define a mãe. “Às vezes, quando ele não vai bem num campeonato, a gente acha que vai desanimar. Nada disso! Ele volta, analisa o resultado, procura onde falhou e o que precisa melhorar. Ele é muito claro, objetivo, sabe o que quer. Consegue reverter uma perda em uma autoanálise e melhorar. Só tem preguiça de fazer exercícios em casa para o joelho para prevenir problemas no futuro”, relata. Já na pré-adolescência, o surfista campeão e seus cabelos loiros são motivo de disputa entre as meninas desde a primeira namoradinha, aos nove anos. Sobre as redes sociais, os pais alertam para que seja educado, mas sem dar corda a todas as gatinhas que procuram por ele. Para evitar excessos nos chats, o celular tem horário de uso fixado pelos pais. Depois das 22 horas, não pode mais usar. Videogames e celulares na mesa durante o jantar são proibidos na casa dos Gruendling, numa opção por uma vida menos intoxicada pela tecnologia. Por conta da paixão da família pelo esporte e o mar, Sol já teve a oportunidade de surfar em points exóticos como o Taiti, o Havaí, Pipeline e as Ilhas Mentawai, na Indonésia.
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JULIO E CATARINA GUENDLING COM O FILHO CAMPEÃO NAS ONDAS AUSTRALIANAS
Pioneiro nas ondas Treze horas de fuso separam Sol dos avós maternos, Rosinha, ex-galerista de arte e há mais de 20 anos designer de interiores, e o arquiteto Paulo Cesar Correa, em Florianópolis. Os dois estavam na Austrália na virada de 2019 para 2020, e desde então só falam com os parentes por videochamadas por causa da pandemia. “Nós costumávamos passar todos os finais de ano lá com eles. Este ano voltaremos se tudo estiver normalizado. Aos poucos, vamos nos preparando para irmos em definitivo para a Austrália viver junto com nossa filha única e netos.” A história do avô Paulinho se confunde com os primórdios do surfe na Ilha, no final dos anos 1960. Era membro da equipe de natação do Lira Tênis Clube, onde muitos também faziam mergulho e pesca submarina. Quando começaram a receber as primeiras notícias sobre o esporte, logo se interessaram por comprar pranchas trazidas do Rio e do Havaí. Aos poucos, começaram a ser feitas pranchas em Florianópolis. “No início era uma ou duas pranchas para todo mundo – iam cinco num carro com uma prancha, cada um tinha sua vez. O carro tinha que ir cheio para ter gente para empurrar nos atoleiros das dunas da estrada da Joaquina, Barra, Mole e na praia mesmo – para chegar nos picos e sair sempre tinha algum atoleiro (areia fofa). Roupa de borracha não existia – inverno ou verão era no pelo – não podia ficar muito na água senão congelava – e dá-lhe cachaça para reesquentar. Quando o pessoal do Rio e Sampa vinha pra Imbituba a gente se abastecia e se informava com eles”, relembra Paulinho. O garoto com o nome do astro-rei, como observa o avô, nasceu com o surfe no sangue e é superdedicado como atleta. “Na verdade, eu apenas estive entre os primeiros que se aventuraram no que na época era novidade e meio que loucura. Ver no que se transformou o esporte em sua evolução é muito emocionante. Acompanhar o Sol nas competições (que hoje a internet possibilita) e mesmo ao vivo quando estamos por lá, é muito legal, e ele a cada momento cresce no esporte, com desempenho surpreendente. Ter um descendente destaque no segmento é sem dúvida, motivo de muito orgulho, uma baita satisfação, uma bênção.”
AVÓS PAULINHO E ROSINHA COSTUMAM PASSAR O RÉVEILLON COM A FAMÍLIA NA AUSTRÁLIA, COMO FIZERAM NO FINAL DE 2019
NA NEVE, COM QUATRO ANOS
MESMO NO FRIO, O NEGÓCIO DO GAROTO JÁ ERA DENTRO DA ÁGUA, SE ESQUENTANDO NO SOL
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QUANDO O OFÍCIO ERA DIGNO DO ESFORÇO
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Uma homenagem a Celso Martins, jornalista, escritor, fotógrafo, historiador e apaixonado por livros texto CARLOS STEGEMANN fotos MARCO CEZAR, TARCÍSIO MATTOS, AYRTON CRUZ E ARQUIVO DA FAMÍLIA
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m 40 anos de exercício do jornalismo, vi poucos repórteres que vibrassem tanto na busca da informação quanto Celso Martins – e pouca diferença fazia se a matéria não emplacasse mais do que a metade da página. Para ele, tudo o que envolvia o ofício era digno do esforço e da paixão. Comecei a conviver com Celso Martins na metade dos anos 1980, ele morava em Joinville e trabalhava no jornal Extra, mantido por um grupo de empresários do antigo PMDB. Em 1985 veio a ser meu repórter na editoria de Esportes de O Estado, foi setorista do Figueirense [mas era torcedor do Avaí] e depois subeditor. Sua passagem pretérita pela editoria de Polícia rendera-lhe o apelido de Delegado. Celso era uma combinação incomum de características – dono de um humor mordaz, provocativo, crítico e durão, e, em paralelo, sensível, inquieto, acolhedor e, sobretudo, muito inteligente e articulado. Lembro de quando contou de sua passagem pelo serviço militar, no 63o BI, no Estreito, em plena ditadura. Primeiro, descobriu que o Batalhão tinha uma biblioteca, abandonada, e que havia um tenente que valorizava a leitura. Disposto a fugir da rotina mais dura imposta aos recrutas, propôs ao oficial que colocasse o recinto em ordem, o que foi aceito com entusiasmo. Estava livre dos exercícios físicos, mas, nos primeiros dias, constatou que a tarefa era árdua, diante da desordem e da sujeira do local. Convenceu o mesmo oficial de que demoraria mais de um ano para executar a tarefa, se não tivesse a companhia de outro soldado. Ganhou o apoio de um praça, com quem se revezava no serviço, dedicando o restante do tempo à leitura, um de seus mais arraigados hábitos. Acabou homenageado quando o espaço foi reinaugurado.
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Celso Martins era um repórter, na essência. Minha memória registra grandes reportagens à época que integrou a equipe da sucursal do jornal A Notícia em Florianópolis e da versão local – o lendário caderno AN Capital. Quando praticava o jornalismo, expressava duas virtudes fundamentais para tal ofício: conhecia Florianópolis e Santa Catarina em seus pormenores e tinha um olhar atento para os personagens – fosse Anita Garibaldi, um empresário ou um ‘tarrafeiro’ do Sambaqui. Celso era plural. Suas (sólidas) convicções políticas agregavam, mesmo quando divergentes do interlocutor. Em razão disso, trafegou com a mesma intimidade por ambientes tão distintos como a bucólica vida comunitária de Santo Antonio de Lisboa, a Assembleia Legislativa, as academias e entidades empresariais – o que lhe rendeu inúmeros reconhecimentos institucionais. Graduado em História pela Udesc (2007), Celso também exerceu o olhar apurado de repórter como prolífero escritor, na produção de memórias, ensaios, documentos e biografias, dispondo, contudo, da licença literária, em textos mais fluentes e menos embretados do que os produzidos nas redações.
Deixou 13 títulos, entre eles poesias e infantojuvenil – e contribuições de expressivo valor, como “Tabuleiro das águas – Resgate histórico e cultural de Santo Amaro da Imperatriz” (Editora Recriar, 2001), “Anita Garibaldi – A vida de uma heroína” (Editora Anita Garibaldi, 2004), “O mato do tigre e o campo do gato – José Fabrício e o combate do Irani” (Editora Insular, 2007) e “Memórias das Fortalezas – Ilha de Santa Catarina – No meio do caminho havia um Armando” (Bernúncia Editora, 2017). Fotografar era outra ardorosa paixão, mantida com frequência e capricho, inclusive e especialmente no trabalho dedicado ao portal de notícias Daqui na Rede e o Daqui Jornal, focados ao distrito de Santo Antônio de Lisboa (Florianópolis-SC), com meticulosa cobertura da vida social, religiosa, associativa, cultural, esportiva e econômica dos bairros de Santo Antônio de Lisboa, Sambaqui, Barra do Sambaqui e Cacupé.
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Foi, igualmente, um homem de família – casado por 38 anos com Margaret Grando, graduada em Farmácia e servidora do Estado aposentada. A filha, Anita, hoje com 38 anos, é mãe de Clara, de 15 meses, que o avô, infelizmente, não teve tempo de conhecer. Celso era lagunense de nascimento, porém crescido no coração do bairro Trindade, junto a uma irmã (Áurea) e três irmãos (Marcos, Sergio e Roberto), à mãe Dircéa e o pai Celso (falecido em 1980), e reivindicava, sem ressalvas, a condição de ilhéu. Essa digna e contributiva trajetória de vida proporcionou muitos prêmios e títulos a Celso Martins, mas duvido que ele valorizasse tanto quanto o carinho que recebia das pessoas, as mesmas que se surpreenderam e sofreram com sua morte prematura, aos 63 anos.
MEMÓRIA JORNALÍSTICA
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1983 – ENCHENTE EM BLUMENAU. FOTO JOSÉ FERREIRA DA SILVA, ACERVO FUNDAÇÃO CULTURAL DE BLUMENAU
1983 – INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO RESSACADA. FOTO ACERVO PESSOAL POLIDORO JR
2013 – NEVE NO CAMBIRELA. FOTO DANIEL QUEIROZ/ND
1984 – TRAGÉDIA SANTANA III, RECOLHIMENTO DOS CORPOS DOS MINEIROS MORTOS. FOTO EZEQUIEL PASSOS
texto CARLOS STEGEMANN
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Associação Catarinense das Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert) lançou a obra “Acaert 40 anos – A memória de quem viveu a história”, de autoria do jornalista Carlos Stegemann (Carbo Editora), com os principais fatos das últimas quatro décadas no Estado, exibidos em uma grande linha do tempo, com depoimentos dos profissionais das emissoras de rádio e TV envolvidos diretamente nas respectivas coberturas. “A proposta foi valorizar a atuação de quem registra a história no exercício diário da profissão”, explica Silvano Silva, presidente da entidade. A obra revisita 59 fatos do período, como a queda do avião da Transbrasil em Florianópolis, em 1981, as cheias do Vale do Itajaí em 1983 e 2008, a criação da Oktoberfest (1984) e do Festival de Dança de Joinville (1983), além da conquista da Copa do Brasil pelo Criciúma, em 1991, e do torneio Roland Garros por Guga Kuerten, em 1997 – com o relato personalizado de repórteres, locutores e apresentadores de TV e rádio, em 69 entrevistas e 25 imagens. “Quando relembraram essas experiências, após alguns anos do ocorrido, os profissionais tiveram percepções muito especiais, que demonstram a carga emocional que enfrentaram à época da cobertura”, revela Carlos Stegemann. O resgate histórico também reforça o mérito da mídia regional diante de grandes acontecimentos. “Momentos de superlativa importância teriam uma cobertura precária caso Santa Catarina não tivesse uma presença tão capilar (e de tamanha qualidade) de emissoras de rádio e TVs”, acrescenta Stegemann. O livro inclui o rol de conquistas e contribuições da Acaert para o setor em seus 40 anos de atividades, em texto de autoria do jornalista Marco Aurélio Gomes. “Desde 1980 atuamos em defesa da radiodifusão, valorizando a mídia regional e a profissionalização do mercado de comunicação. A Acaert é uma referência nacional de sucesso e modelo associativista”, destacou o presidente Silvano Silva.
2000 – INAUGURAÇÃO DA ESCOLA BOLSHOI, VLADIMIR VASILIEV COM ALUNAS. FOTO ALCEU BETT
Representatividade em prol da informação Fundada em 22/11/1980, a Acaert trabalha em prol da profissionalização e do fortalecimento das emissoras de rádio e televisão de Santa Catarina, a partir da valorização da programação regional, profissionalização do radiodifusor, fortalecimento dos seus associados, incentivo ao crescimento do mercado, valorização das pequenas emissoras, além de envolvimento com os problemas comunitários. A entidade atua em frentes políticas e institucionais, presta serviços de assistência jurídica e técnica aos associados, promove capacitação e realiza eventos – caso do Prêmio ACAERT. O livro está disponível para download gratuito no portal da ACAERT: https://www.acaert.com.br/
MEMÓRIA JORNALÍSTICA
AS ÚLTIMAS QUATRO DÉCADAS DE SC CONTADAS NO RÁDIO E NA TV Livro marca os 40 anos da Acaert
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PATRIMÔNIO HISTÓRICO
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Bem no coração da cidade, na rua dos Ilhéus
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
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ALESSANDRA CARIONI E FABIANA AUDINO
texto LU ZUÊ fotos MARCO CEZAR
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reservar o patrimônio histórico é uma forma de fortalecer nossa identidade, e nos permite viver o presente sem perder o contato com o passado, com nossa história e com tudo o que nos trouxe até aqui. Florianópolis é repleta de edificações antigas e históricas, verdadeiras joias arquitetônicas que precisam ser preservadas, bem cuidadas e, sempre que possível, estarem acessíveis à população. Esse é o futuro da Casa d’Itália, uma construção antiga, localizada na Rua dos Ilhéus, bem no coração da Capital, e que abriga a sede do Círculo Ítalo Brasileiro de Santa Catarina (CIB/SC), uma entidade que congrega italianos, descendentes e simpatizantes da cultura italiana. A casa será reformada e modernizada, e a diretoria do CIB entra em 2021 com energia redobrada – e boas perspectivas – para viabilizar a conclusão da primeira das duas etapas do Projeto Arquitetônico de Conservação, Modernização e Acessibilidade da construção. “É correto dizer que nesse primeiro momento falamos apenas de ‘papel’, ou seja, do desenvolvimento dos projetos arquitetônico e complementares, necessários para a viabilização das obras”, explica Alessandra Carioni, vice-presidente da associação. A ideia começou a ser ‘desenhada’ em 2014, em um momento de mudanças na diretoria do CIB, mas só em 2018 tomou realmente corpo. Coordenado pela arquiteta Vanessa
Pereira, o projeto foi inscrito na Lei Nacional de Incentivo à Cultura e foi autorizado a captar recursos para custear esta etapa. Paralelamente, concorreu também ao Prêmio Elisabete Anderle, que é promovido pelo governo Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura, com o objetivo de selecionar propostas culturais nos campos das artes, artes populares e patrimônio cultural. “Fomos contemplados e com esse prêmio pudemos custear o projeto arquitetônico, que já está pronto. Mas ainda temos que contratar os complementares – projetos estrutural, luminotécnico, de instalações elétricas e eletrônicas de climatização, de preservação e combate a incêndio e de instalações hidrossanitárias, além do orçamento global da obra e o processo de compatibilização desses projetos com o arquitetônico. Depois disso é que iremos entrar em mais uma etapa de captação de recursos, aí sim para realizar a obra”, conta Alessandra. Segundo ela, a partir do projeto arquitetônico já se tem uma ideia de orçamento, que corresponde a um valor bastante elevado. “Se não pudéssemos contar com esses mecanismos de incentivo e financiamento não seria possível viabilizarmos esse projeto”, acrescenta. Por meio da Lei Nacional de Incentivo à Cultura – que permite a destinação de um percentual do Imposto de Renda devido para propostas aprovadas –, além de empresas, também associados e pessoas que reconhecem a importância da iniciativa vêm se manifestando para patrocinar o projeto da Casa d’Itália.
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Projeto para modernizar, adaptar e preservar O sobrado integra um dos primeiros conjuntos de edificações tombados em Florianópolis. As feições são do início do século XX, mas se trata de uma edificação muito mais antiga. Sua importância arquitetônica e histórica para a cidade vai além do âmbito do CIB. “Ela é realmente patrimônio da cidade, e o que queremos é deixá-la aberta para todas as pessoas, bem utilizada e bem preservada”, conta Fabiana Audino, segunda tesoureira da Associação. Alessandra e Fabiana reforçam que este projeto não contempla restauração, uma vez que isso foi feito em 1997, quando o imóvel foi concedido pelo Estado ao CiB. “De lá para cá ela recebeu manutenção, dentro das nossas possibilidades. O trabalho agora é de modernização, conservação e acessibilidade. E vale lembrar que naquela época não havia ainda a Lei de Acessibilidade”, explica Fabiana. “Agora, estamos prevendo rampas, elevador, banheiros adaptados e, em termos de estrutura, climatização além da utilização de recursos de sustentabilidade que viabilizem o bom uso dos recursos que a casa já oferece”, complementa Alessandra. O projeto arquitetônico foi desenvolvido pela arquiteta Lilian Mendonça, e estabelece um novo layout – mais adequado ao uso educacional –, modernização das instalações sanitárias e novas instalações de serviço, incluindo um bicicletário nos fundos do terreno, onde, aliás, uma parreira não se cansa de dar frutos. Além da manutenção da fachada, serão preservados detalhes originais da pintura interna ainda presentes na sala frontal do segundo pavimento. A ideia é que, reformada, a casa seja aberta à comunidade para a realização de diferentes eventos culturais e artísticos, o que já acontece, mas com limitações. “Queremos dar novos usos ao espaço, e que a casa tenha realmente o valor que ela merece”, conclui Alessandra.
Atividades do CIB Entre os objetivos do Círculo Ítalo Brasileiro está a preservação e difusão da língua e cultura italianas. As aulas movimentavam o casarão antes da pandemia, e devem ser retomadas este ano, seguindo os protocolos determinados pelo governo. Mas durante todo o ano de 2020, foi com as aulas online que o CIB se manteve ativo. Alessandra e Fabiana (que também são professoras) contam que foi muito produtivo e que se trata de um caminho sem volta. A partir de agora, as duas modalidades devem ser adotadas. A equipe é composta por sete professoras e três funcionários, que atendem uma média de 270 a 300 alunos por semestre. “Temos uma equipe muito qualificada, com professores que além da formação universitária possuem convivência com o País, com o que a Itália hoje tem para oferecer, e também todas fazem parte de um grupo de pessoas que têm a história da origem”, conta Alessandra. E isso, segundo explica, é muito importante, porque a proposta do Círculo vai além de ensinar a língua. “Até porque é impossível ensinar italiano sem falar da história, da cultura, da arquitetura e dos costumes do país. É apaixonante, e toda a equipe faz isso com muito amor”, finaliza Fabiana.
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CAMPO DOS PADRES – SERRA CATARINENSE
Imagine caminhar num lugar completamente selvagem... Na imensidão dos campos naturais, rios serpenteiam entre coxilhas e formam cachoeiras com mais de 200 metros de queda. Como magia, surgem brumas que se dissipam revelando magníficos cânions escarpados com imponentes monumentos geológicos
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texto e fotos DARIO LINS
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sse lugar existe aqui em Santa Catarina! Denominado como Campo dos Padres, é a última fronteira intocada e está localizado na Serra Catarinense. Tem sua maior extensão dentro do território dos municípios de Bom Retiro, Urubici, Alfredo Wagner e Anitápolis. É neste local inóspito e de difícil acesso que estão localizadas as maiores elevações do Estado, que tem o ponto culminante, o Morro da Boa Vista (Bela Vista do Ghizoni), com 1.827 metros de altitude, seguido pelo Morro do Chapéu com 1.823,49 metros e o Morro do Campo dos Padres com 1.798 metros. A nomenclatura da região é uma alusão à passagem dos padres jesuítas, que no século XVIII, em fuga das missões espanholas por ocasião da perseguição incitada pelo Marquês de Pombal, se refugiaram no local. Desde então, o Campo dos Padres guarda muitas histórias permeadas de lendas de tesouros que teriam sido escondidos pelos jesuítas.
Lenda ou não, a verdade é que o lugar guarda tesouros naturais inestimáveis, paisagens deslumbrantes e a marca da presença, há seis mil anos, de antigos povos indígenas da tradição Umbu, ancestrais das etnias Xokleng e Kaingang. Seus vestígios são fortes! Oficinas líticas de polimento de seixos para fabricação de artefatos de caça (pontas de flecha) ferramentas de corte, socadores etc. O Campo dos Padres é um imenso mosaico, a caixa d’água de Santa Catarina. É cercado por montanhas, escarpas e cânions, nos quais surgem as mais belas cachoeiras nascentes dos rios Canoas e Itajaí-Açu, que formam as principais bacias hidrográficas do Estado de Santa Catarina. Para compreender a história geológica da região é preciso voltar milhões de anos de linha do tempo. A formação do Campo dos Padres, bem como a da Serra Geral, está ligada ao maior evento de derramamento de lava do nosso planeta e aos movimentos de separação do antigo supercontinente Gondwana, ocorrido há mais de 200 milhões de anos.
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CÂNION DO ESPRAIADO
No que se refere à vegetação, estima-se que os campos tenham sido o primeiro bioma a existir no Planalto Catarinense. Com as variações de temperatura e umidade nos milhões de anos subsequentes a região constitui-se um ecótono, ou seja uma área de transição dentro do bioma Mata Atlântica. Os campos naturais de altitude, campos turfosos e matinhas nebulares predominam em toda sua extensão, nas encostas e contrafortes da Serra Geral estão as matas ombrófila mista e ombrófila densa. Todos os anos essa paisagem se transforma no inverno, pois com a altitude o Campo dos Padres constitui-se a região mais fria do Brasil. A paisagem torna-se branca pela precipitação de neve, com formação de geada nos campos e ocorrência do sincelo nos arbustos, encostas e cachoeiras, fenômeno meteorológico que ocorre em situações de nevoeiro aliado a uma temperatura de -2ºC a -8ºC.
CÂNION DO CANOAS
BASE 1 – CABANA BÚFALO DA NEVE
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CACHOEIRA DO CANOAS
Essa aventura pode ser vivenciada na travessia de quase 60 km realizada em três dias, a qual é organizada pela empresa Eco Trilhas Serra Catarinense – que tem autorização dos proprietários e registro junto ao Ministério do Turismo – com guias de turismo e condutores nativos, assegurando assim uma experiência segura. Durante o trajeto são utilizadas como base de apoio uma antiga casa de 1940 e uma cabana de montanha, as quais são usadas como albergue e refúgio. O percurso se inicia em Urubici, na Pedra da Águia, indo até o mirante do Cânion do Espraiado e seguindo em direção ao Cânion do Canoas até chegar na base 1 – Cabana Búfalo da Neve, onde se tem acesso à belíssima Cachoeira do Canoas. Desse ponto, no segundo dia seguimos até o Cemitério Jesuíta. Cercado de taipas, é um local de respeito pela história e presença desses pioneiros, que pela
passagem deram nome à região. Segue então até a Trilha do Índio, local histórico por onde os indígenas caçadores e coletores subiam e desciam a serra. Da Trilha do Índio seguimos pelas bordas da Serra Geral, passando pelo Campo Comprido, vamos até o Morro da Boa Vista, o ponto mais alto de Santa Catarina, e descemos até a base 2 – casa antiga de 1940. Nesse local temos a opção de camping às margens do Cânion do Tesouro Guardado, onde acordamos na madrugada para contemplar o espetáculo do nascer do Sol acima das montanhas. Estamos no terceiro dia e está na hora de finalizar a travessia. Seguimos então até o cume do Morro do Chapéu com seus 1.823,49 metros de altitude. Numa visão de 360º contemplamos toda a extensão do Campo dos Padres e avistamos até onde o olho alcança. Assim compreendemos a grandiosidade e sentimos toda a energia deste lugar místico. Após recobrar as energias, começamos
CEMITÉRIO JESUÍTA
TRAVESSIA NO CAMPO DOS PADRES
ECO TRILHAS
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BASE 2 – CASA ANTIGA DE 1940
Interessados em participar dessa aventura podem contatar a Eco Trilhas serra Catarinense:
SAIBA MAIS
a descer a montanha em direção ao vale do Paraíso da Serra, outro local cheio de encantos de natureza exuberante que o faz merecer este nome. E então, finalizamos em Bom Retiro a expedição que nos levou a conquistar os pontos culminantes deste local, que, certamente, é um dos mais belos de Santa Catarina e por que não dizer do mundo?! Para a realização desta travessia existe toda uma logística que envolve veículos para levar o grupo até o início da trilha e fazer o resgate ao final, bem como o apoio de cavalos com cargueiros para transportar a alimentação que é preparada durante os dias da travessia.
ECO TRILHAS SERRA CATARINENSE I @eco_trilhas_serra_catarinense D www.ecotrilhasserracatarinense.com
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TODAS AS CORES (E GALOS) DE MEYER FILHO 101 anos de um artista sempre moderno e atual
foto TARCÍSIO MATTOS
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texto LU ZUÊ fotos e reproduções PEDRO ALIPIO NUNES
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ríticos conservadores perdem a oportunidade de ver além de seu tempo. Talvez isto ocorra porque acreditam que a arte de vanguarda vem apenas para refutar a tradição. Entretanto, os artistas que abriram novas perspectivas para seus ofícios são herdeiros da história consolidada e atentos aos movimentos da sociedade. Unem, a partir disso, passado e presente numa perfeita simbiose, tal qual aconteceu com Meyer Filho quando, em meados dos anos de 1940, visitou uma exposição impressionista na cidade de Curitiba e entendeu, naquele instante, que poderia criar sua própria maneira de se expressar artisticamente. Assim, percorreu uma trajetória singular no ambiente cultural catarinense e brasileiro. Ligado inicialmente ao modernismo de Santa Catarina, ao lado de figuras como Salim Miguel, Eglê Malheiros, Anibal Nunes Pires, Armando Carreirão, entre outros, Ernesto Meyer Filho (1919-1991) foi um artista multidisciplinar. Nasceu em Itajaí, mas flanou sobretudo por Florianópolis, cidade onde viveu a maior parte de sua vida. Ainda assim, quase sem deixar a cidade e o estado natal, seus trabalhos o levaram para galerias profissionais e museus do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, o que lhe garantiu reconhecimento nacional. Inquieto e experimentalista,
também participou da imprensa local escrevendo crônicas ou desenhando charges, abordando temas políticos e sociais. Presidente do Instituto Meyer Filho, Sandra Meyer, uma dos três filhos do artista, explica o quão desafiador foi para ele divulgar seu trabalho numa época em que a capital catarinense ficava à margem da cena cultural do país. “Mesmo dentro da cidade a ideia que as pessoas tinham sobre arte era bastante provinciana. Muita gente não entendia o trabalho dele, e apesar disso, ele criou uma obra vasta. Principalmente a partir de sua aposentadoria no início dos anos setenta”, recorda. Segundo o próprio Meyer Filho, o dia 22/07/1971 se tornou uma data histórica para si após trabalhar por 30 anos e 61 dias no Banco do Brasil, quando pôde, enfim, se dedicar exclusivamente à pintura. “Não recebi um único centavo extra por não ter optado pelo fundo de garantia!”, escreveu o artista em tom de deboche num manuscrito sem data presente no livro Meyer Filho (Exercício de imaginação), editado em 2011. O humor, por sinal, se apresenta como uma característica constante em seus trabalhos. “Ora diabólico, ora angelical, Meyer Filho oscila entre estes extremos opostos. Ingenuidade espantosa e uma leve dose de ironia e humor”, pontuou o poeta Theon Spanudis na Revista Habitat, de 1965. Spanudis se referia às exposições dos anos 1963 e 1964. Nesta última, Meyer apresentou uma grande série de galos fantásticos, que viriam a ser identificados como a parte de sua obra mais facilmente reconhecida pelo grande público. “A série dos galos e pássaros fantásticos marcam um decisivo passo para frente, um verdadeiro
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pulo qualitativo. O seu desenho até então era essencialmente narrativo. Puro, ingênuo, simples e gostoso, mas essencialmente narrativo, contando os acontecimentos da fantasia. Mas, de repente o seu desenho vira plástico, e essencialmente plástico. Esse é o pulo qualitativo”, afirmou Spanudis no mesmo texto. Os galos de cores intensas e expressões humanizadas viraram sinônimo do artista, a ponto de servirem, eles próprios, como uma forma de assinatura de Meyer Filho – que o diga Beto Barreiro, proprietário do icônico Box 32 no Mercado Público da Capital (veja matéria na página ao lado). Entretanto, sensível às impressões que suas obras provocavam, ele percebeu a limitação das análises a partir deste único tema e atuou no sentido de abrir outras perspectivas. Sandra ressalta que “quando essa imagem monotemática se voltou contra ele mesmo, houve uma mudança. A partir dos anos 1980, seu trabalho toma caminhos diferentes, com pinturas eróticas e viagens pelo cosmos”, conta. Meyer Filho, aliás, se considerava uma espécie de embaixador no Planeta Marte “de todo o território brasileiro, do Rio Oiapoque ao Arroio Chuí”. Após a morte do artista em 1991, muitos foram os anos de maturação para o surgimento da associação que leva seu nome. O Instituto Meyer Filho foi criado em 5 de maio de 2004 com o intuito de promover ações de valorização das artes como expressão da cultura. Ainda entre as atividades desenvolvidas
pela entidade está a organização e divulgação do acervo e legado de Meyer Filho. Em 2019, o instituto iniciou a organização de uma exposição para celebrar o centenário de nascimento do artista, prevista inicialmente para ser realizada em 2020. Mas a pandemia do novo coronavírus (mais uma vez, ela!) alterou os planos originais. O evento deve ocorrer somente no segundo semestre de 2021. Paralelamente aos preparativos da exposição, o Instituto pretende digitalizar todo o acervo em papel produzido e/ou guardado pelo artista ao longo de sua vida. São milhares de materiais, como recortes de revistas, esboços de desenhos e “croniquetas ilustradas”. Eis aí os “Arquivos Implacáveis”, como o próprio Meyer se referia aos documentos que guardava. Em 1974, o multifacetado artista propôs uma pequena definição de si: “Na qualidade de modesto participante deste louco, inquietante, maravilhoso e muitas vezes medíocre mundo em que vivemos, entre outras coisas casei, tenho três filhos, fiz bodas de prata e milhares de desenhos e muitas pinturas, e li muitas páginas de livros de arte, história natural e outros assuntos não menos interessantes”. Evidentemente, ele foi muito além. A história de Meyer Filho é um convite à revisitação. Com um legado deste porte, hoje, os críticos conservadores já sabem o que estarão perdendo caso fechem os olhos para as inúmeras e variadas perspectivas materializadas pelo artista em seus ofícios. Nunca foi assim, e que desta forma continue!
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No lugar mais democrático da cidade, a liberdade de criar e viajar para Marte Era lá, no balcão do antigo Box 32 (antes da reforma do Mercado Público), que Ernesto Meyer Filho batia ponto para beber uma cervejinha gelada nos finais da tarde. De lá, também, zarpava para as muitas viagens que fazia para Marte. Quem conta essa história é o próprio Beto Barreiros, proprietário do Box 32, um dos muitos que teve o prazer de conviver com o artista, e a sorte de ver a porta branca de um freezer do bar ser transformada em “tela” por Meyer Filho. Segundo Beto, é importante lembrar que os mercados são as salas de visitas das cidades, e neles convivem harmonicamente pescadores, senadores, policiais, vendedores de loteria, e esse mix de pessoas é também uma fonte de expressão para os artistas. “Quando chegam às cidades, as pessoas ‘viajadas’ não deixam de ir aos mercados, porque neles você encontra representantes de todos os segmentos da sociedade, além de manifestações da cultura local. São locais despojados e dotados de grande conteúdo, e isso propicia uma tempestade de ideias”, explica. Pelo relato de Beto, com Meyer Filho era exatamente assim. Todo final de tarde ele chegava, pedia uma cervejinha e ali ficava quietinho. Raramente conversava com alguém e às vezes recomendava ao amigo Beto: “Diz para ninguém me incomodar agora porque vou dar uma viajada até Marte”. Aí, abaixava a cabeça sobre o balcão e assim ficava por um tempão. Quando retornava, pedia outra cerveja e começava a conversar. “Dizia sempre: ‘Viagem maravilhosa, revi amigos e voltei mais inspirado’. Era um momento muito dele, bonito de se observar. Ele ficava quietinho, e sempre que levantava a cabeça estava mais feliz do que quando abaixava”, lembra Barreiros, que fala do artista com muito carinho. “Como todos nós, ele tinha seus momentos de maior fertilidade de imaginação. A própria maneira dele sorrir, que era peculiar, era de uma pessoa muito boa, A presença dele trazia muita generosidade ao espaço. Era uma pessoa receptiva a quem
chegasse”, afirma. E sempre, depois da segunda cerveja, pedia ao amigo que ligasse para seu filho (Paulinho) para ir buscá-lo. Meyer era especial, assim como cada artista o é em sua particularidade. Os galos não eram sua única forma de expressão, mas eram provavelmente a mais marcante, e entre os milhares que desenhou, nenhum era igual ao outro e cada galo representava uma coisa diferente. “Só por aí você já consegue perceber o tamanho da criatividade e talento dele. E ele transformou os galos em um símbolo artístico, sob todos os aspectos. Eles estavam nas paredes de casas, no hall do aeroporto e até na assinatura dele”, conta Beto, explicando que o artista preenchia cheques e no lugar da assinatura, desenhava galos. Um desses cheques está lá, pendurado na parede do Box 32, de forma discreta e quase anônima. Não chama tanta atenção quanto a porta do freezer – sim, ela também foi parar na parede! –, mas tem a mesma importância e significado: Meyer Filho, o artista – não apenas – dos galos passou por ali. E sentia-se em casa!
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“É um trabalho desafiador manter o acervo desse tamanho e dessa importância” Entrevista com Sandra Meyer, filha do artista e presidente do Instituto Meyer Filho Revista Mural | Os galos fantásticos ficaram muito associados à obra do seu pai. Como ele percebia essa relação que o público fazia e até que ponto isso o incomodava? Sandra Meyer | Sim, os galos são uma marca dele, uma figura icônica. Talvez não a mais importante, mas certamente a mais forte. E ele conquistou essa marca. Quando percebeu esse interesse mais restrito à temática dos galos, foi como se tivesse dito: “Esperem um pouco. Isso faz parte do meu trabalho, mas não me limita. Minha obra é muito mais vasta”. Com o Instituto, também fazemos este trabalho para desmontar a ideia de tema único. O acervo dele é imenso e bastante diversificado. RM | Para além das artes plásticas, que outro destaque podemos encontrar neste acervo? SM | Ele escrevia muito. Há um depoimento muito interessante do Salim Miguel elogiando o meu pai como escritor. Ele escreveu crônicas para o jornal O Estado e para o Jornal de Santa Catarina. Ele era um cronista de sua época. Um observador da cidade, do cotidiano. Colocava no papel suas percepções sobre arte, comportamento, éti-
ca, governo, conflitos humanos. Ele era uma pessoa muito atenta ao mundo e à cultura e consumia bastante informação. RM | Como Meyer Filho era na vida pessoal? SM | Ele era um pai muito carinhoso, divertido e engraçado. Mas também bastante obcecado pela própria arte. Eu fiquei muito amiga e passei a entendê-lo melhor depois dos meus 15 anos. Meu pai era aquela figura que se diferenciava dos outros pais, falando de coisas não tão comuns. Mais tarde, quando me assumi como artista, foi mais fácil me ligar a ele. Participei ativamente da sua vida cultural. Sempre estudei dança, mas também desenhava e pintava. Tinha um estilo parecido com o dele. Eu cheguei a começar uma carreira de artista visual, mas a dança falou mais forte. Mesmo assim, meu pai, eu e meus irmãos até chegamos a expor em conjunto. RM | Ele trabalhou por três décadas como funcionário público no Banco do Brasil e, assim mesmo, nunca parou de pintar. Como era essa rotina? SM | É realmente incrível que ele tenha levado essa carreira brilhante nas artes e cumprindo oito horas de trabalho dentro de um banco! E este era um esforço que tirava muito a paz dele; esse conflito de interesses entre ter um emprego que lhe garantisse os recursos para cuidar da família e, também, se dedicar às atividades artísticas. Por isso, ele trabalhava de noite, nas madrugadas ou nos finais de semana. Ele não quis fazer carreira no banco. Era um artista travestido de bancário. Esse foco na arte sempre foi muito forte na vida dele e,
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77 claro, adentrou no ambiente familiar. Eu o vi várias vezes angustiado e chateado porque as pessoas não reconheciam a obra dele, o conceito por trás de seus trabalhos. Os anos 1960 e 1970 foram bem desafiadores neste sentido de consolidar sua carreira nos grandes centro, como São Paulo e Rio de Janeiro. RM | Como ele começou a pintar? SM | Ele desenhava desde pequeno. No Instituto, temos o primeiro desenho guardado pela mãe dele, datado de 1928. Numa das transferências que o Banco do Brasil realizou, ele acabou morando por um curto período em Curitiba. Foi quando ele viu uma exposição de arte impressionista e ficou muito impactado. Talvez aquilo tenha sido um gatilho para levar a arte a sério. Ele começou a investir em materiais de boa qualidade, como tintas e pincéis, quase todos importados de outros países. Comprou livros e praticou cada vez mais. Com o tempo, notou que seu trabalho tinha qualidades. RM | E o envolvimento dele com o modernismo catarinense pode ser considerado um divisor de águas? SM | Certamente foi muito importante para a carreira dele. Com os artistas do Grupo Sul, ele entrou nesse circuito de arte moderna que enfim chegara ao Estado. Inclusive, ele foi o ilustrador da Revista Sul, integrada pelo Salim Miguel e outros escritores, cineastas e artistas diversos. Na segunda metade dos anos 1950, ele fez suas primeiras exposições. Uma bem emblemática foi com o Hassis, abordando a cultura local. RM | Como surgiu o Instituto Meyer Filho? SM | Meu pai sempre guardou muito material, tanto daquilo que produzia quanto daquilo que recortava de publicações alheias. Ele chamava esse material de Arquivos Implacáveis. Ele tinha uma noção histórica muito boa, por isso preservou bastante coisa. Por exemplo, ele tinha a ata original do grupo de artistas plásticos de Florianópolis criado em 1950. Na ata, estão alguns dos nomes mais importantes
da região como Martinho de Haro e Franklin Cascaes. E justamente por ele ter deixado esse material, veio a ideia do Instituto, que foi concretizada em 2004. Um dos nossos trabalhos mais importantes atualmente é digitalizar todo este material acumulado e colocá-lo de forma organizada num site próprio. Assim, pesquisadores e o público em geral terão um acesso muito mais imediato à produção dele. Atualmente, o acervo está na reserva técnica do Instituto, numa construção ao lado da minha residência em Florianópolis. No futuro, eu gostaria de doar parte deste acervo para o MASC (Museu de Arte de Santa Catarina), principalmente os documentos que se relacionam com a história do museu. É um trabalho desafiador manter um acervo desse tamanho e dessa importância. RM | Além do Instituto, há também o Memorial Meyer Filho. Como estão as atividades por lá? SM | O Memorial, que fica na Praça XV de Novembro, no Centro de Florianópolis, está fechado desde março por causa da pandemia. Começamos sendo um espaço apenas para divulgar as obras do Meyer Filho, mas uma outra percepção da cena cultural mudou as diretrizes. Assim, passamos a ser um catalisador no sentido de apoiar e valorizar os trabalhos de outros artistas. Se tornou um ambiente muito mais amplo, inclusive realizando parcerias com outras instituições. Assim que for possível e seguro, esperamos retomar as atividades. RM | E, para finalizar, quais os projetos futuros do Instituto? SM | Temos o projeto do site, de um novo livro, de cursos, de visitas às escolas num projeto amplo de arte e educação, além da exposição homenageando o centenário de nascimento do artista. Boa parte deles dependem dos desdobramentos da pandemia e de como e quando poderemos ter este contato mais próximo com o público. De toda a maneira, é fundamental manter o legado do Meyer Filho cada vez mais vivo e acessível.
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GREEN IS THE NEW GLAM! Mônaco, luxo e consciência juntos
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texto DANIELE MAIA @DMHLUXURY fotos DIVULGAÇÃO SBM
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omo falar de Mônaco sem citar Monte-Carlo, a área mais luxuosa deste pequeno país, que além da sua organização, segurança e beleza, zela pela sustentabilidade com políticas verdes totalmente inovadoras, onde luxo e consciência andam juntos na prática. O Principado de Mônaco tem como slogan “Green is the new Glam”, ou seja, ser consciente e sustentável é o novo glamour! Um slogan atual, que faz parte da filosofia de vida e maneira de pensar e agir dos monegascos. Políticas verdes são implantadas constantemente no grupo mais antigo do país, o gigante do luxo Monte-Carlo Société des Bains de Mer. Fundado há 150 anos, possui cinco hotéis, o famoso Casino de Monte-Carlo, 30 restaurantes, sendo quatro com estrelas Michelin, night clubs e o spa luxuoso Thermes Marins Monte-Carlo. Podemos observar na gastronomia que praticamente quase todos os restaurantes de Mônaco oferecem uma comida orgânica, fresca, sem agrotóxicos e sazonal. Os veggie gardens (hortinhas comunitárias) asseguram uma colheita orgânica do –. Um dos famosos chefs do grupo, chef Benoît Witz, não põe somente a mão na massa, mas literalmente a mão na terra para cultivar seus alimentos orgânicos e da estação. Este incentivo de consciência vem diretamente do príncipe Albert, que é um defensor dos oceanos com vários projetos e causas em torno deste universo tão importante para a humanidade. Um lugar que não podemos deixar de citar é o Museu Oceanográfico, com pesquisas que ajudam a proteger os oceanos e diversas espécies, além de um recém inaugurado centro de ajuda às tartarugas marinhas. O explorador francês Jacques Cousteau foi diretor do museu por mais de 30 anos, e um submarino amarelo de 1966 usado por ele está exposto na entrada do museu.
Hôtel de Paris Monte-Carlo Fundado em 1864, o renomado Hôtel de Paris Monte-Carlo recebe hóspedes de toda parte do mundo há mais de 150 anos, e depois de passar por quatro anos de reformas, o hotel reaparece em alto estilo, com toques de modernidade e muito glamour. Com uma história de 155 anos, esse palácio e ícone da hotelaria monegasca, passou por algumas mudanças para oferecer ainda mais aos seus clientes o melhor do luxo da hotelaria. A transformação teve assinatura dos arquitetos Richard Martinet e Gabriel Viora. Por trás da linda fachada de alma da “Belle Époque”, encontra-se o sublime lobby em tons branco, bege e dourado, com um grande buquê de flores no centro para acolher os hóspedes e visitantes neste ambiente de alto requinte, sem ostentação.
Suítes de excelência A total reforma do Hôtel de Paris Monte-Carlo foi executada minuciosamente para receber todos os hóspedes em altíssimo estilo. A categoria mais simples dispõe de 34 m². No total, são 209 chaves de ouro para recepcionar todos os hóspedes no mais alto conforto, serviço de excelência e luxo. Uma outra realização exclusiva durante essa reforma foi a idealização de duas suítes excepcionais – a suíte Princesa Grace de Mônaco e a suíte Príncipe Ranier III –, as mais exclusivas de toda Riviera Francesa! A suíte Princesa Grace de Mônaco é uma suíte duplex totalmente inspirada no gosto da saudosa princesa, lembrando sua elegância atemporal. Alguns objetos pessoais da princesa, como livros e quadros, foram doados pelo principado e dão um toque todo especial na decoração e no ambiente, de 910m² no seu total. A suíte Príncipe Ranier III foi inaugurada na presença de seus filhos. É praticamente uma villa (mansão), localizada no último pavimento do hotel palácio. É a maior suíte: são 830 m² e 350 m² de terraço com uma piscina aquecida e borda infinita, com uma vista de tirar o fôlego para o Casino de Monte-Carlo. A suíte ainda oferece um serviço exclusivo de mordomo, concierge e motorista. O Hôtel de Paris Monte-Carlo carrega uma história única com o Principado de Mônaco, pois em 1956 foi celebrado o casamento do príncipe Ranier III com a princesa Grace de Mônaco, num jantar de núpcias neste hotel. O spa do hotel é interligado diretamente com a Thermes Marins Monte-Carlo, oferecendo os mais modernos tratamentos, como por exemplo a “cryoterapia”, terapia onde se passa 10 segundos num ambiente de -60°, e depois, dois a três minutos num outro espaço de -110°. Essa terapia tem como benefícios a melhora de problemas relacionados ao sono, principalmente para quem viaja muito, e é excelente também para dores musculares e recuperação mais rápida de problemas inflamatórios. A Thermes Marins MonteCarlo recebe grandes equipes profissionais de futebol, de tênis e pilotos de Fórmula 1, entre outros. O spa possui a maior piscina de Mônaco com água do mar, uma jacuzzi exterior com uma vista linda para o oceano e para o principado, além de um espaço fitness e restaurante natural. Ao todo são 6.600 m² de área.
fotos DANIELE MAIA
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PISCINA TERMES MARINS MONTE-CARLO
RECEPÇÃO PERSONALIZADA PARA A REVISTA MURAL
Um templo de sabores e atmosfera única
RESTAURANTE LE GRILL
No oitavo andar do hotel, o restaurante Le Grill é sem dúvida um endereço gastronômico de prestígio, com uma estrela no Guia Michelin. A experiência é extraordinária: o menu é assinado pelo chef Frank Cerutti (conta com especialidades direto da Riviera), e há uma vista deslumbrante para o mar e para o principado. O ambiente é requintado e nos dias mais quentes pode ser acionado um teto retrátil, que permite saborear o menu em pleno céu azul ou debaixo de um céu estrelado. Nesse restaurante – onde também é servido o café da manhã em forma de brunch –, você encontra desde pães sem glúten e sucos detox, até o melhor da patisserie, num ambiente regado de champagne.
O famoso Casino de Monte-Carlo e sua história O Casino de Monte-Carlo atrai uma clientela internacional que é seduzida pelo seu glamour e sua decoração mítica. O cassino faz parte diretamente da história de Mônaco e de sua glória. Mônaco era uma província de agricultores e totalmente isolada da Riviera até a metade do século XIX. Em 1856, o príncipe Charles III inaugurou uma colina com seu próprio nome em italiano, “MonteCarlo”, e autorizou a abertura de um cassino para atrair novos fundos e tirar o principado do isolamento. Num primeiro momento não houve muito retorno. Com isso, o príncipe decidiu solicitar a ajuda do francês François Blanc, expert em cassinos. A partir daí foi fundada a famosa empresa Societé des Bains de Mer de Monaco (SBM), onde François se associou com Charles III. A inauguração do cassino se deu em 1865, passando a ser uma referência mundial. Aos poucos, outros monumentos foram sendo construídos próximo ao badalado cassino, como o Hôtel de Paris Monte-Carlo, mansões, jardins etc., transformando assim a província de Mônaco numa verdadeira cidade, e possibilitando a construção de uma estrada de ferro para receber os numerosos visitantes. Em 1877, François Blanc faleceu e sua esposa, Marie, viu-se sozinha na direção da empresa. Em 1878, o cassino teve partes destruídas e necessitava de algumas reformas. O projeto, então, foi confiado ao conhecido arquiteto francês Charles Garnier, pela sua famosa realização da época, a Ópera de Paris. Charles Garnier transformou o cassino e acrescentou mais dois salões de altíssimo luxo, um sucesso extraordinário. Surge, então, uma nova cidade de Mônaco, reputada internacionalmente por esse exclusivo cassino. Hoje, Mônaco atrai milhões de visitantes todos os anos pelo seu glamour, luxo em todos os segmentos e diversos eventos internacionalmente famosos. O conhecido Circuito de Mônaco, onde ocorre o Grande Prêmio de Fórmula 1, acontece no meio das ruas de Monte-Carlo, um dos mais belos da categoria. Ayrton Senna é muito reconhecido pelos monegascos, pois foi o maior vencedor da história do GP de Mônaco, seis vitórias.
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TURISMO
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Le Vistamar: restaurante estrelado que faz homenagem a Riviera O restaurante Le Vistamar, com uma estrela Michelin, tem como chef Jean Philippe Borroque, que assina seu menu com sabores refinados e uma ligação especial entre gourmet e bemestar. A cozinha mediterrânea e o sabor de bons produtos escolhidos podem ser compartilhados durante um almoço no Bistro Chic, ou um jantar romântico no Gastro Chic. O Le Vistamar é o restaurante gourmet do Hôtel Hermitage Monte-Carlo, e cada produto é meticulosamente selecionado entre os produtores e parceiros locais de confiança da Riviera. Nos dias mais quentes, os hóspedes podem saborear seu menu num dos mais lindos terraços de Monte-Carlo. Banhado em luz natural, o restaurante Le Vistamar acolhe os hóspedes para um almoço ou um jantar chique e moderno. A vista sobre o porto é de tirar o fôlego, num espaço aberto para o Mediterrâneo. Toda a equipe acompanha este momento especial para fazer do Le Vistamar um restaurante elegante e com convivialidade. Monte-Carlo, sem dúvida, é o bairro mais famoso e chique de Mônaco. No coração do principado, palácios de renome e boutiques de luxo também ajudaram a tornar este bairro um dos mais procurados do mundo para se divertir e curtir o alto padrão de requinte dos hotéis, restaurantes e serviços de absoluta excelência. Passear no porto também é uma experiência “must do” em Monte-Carlo. Neste porto encontramos, na maioria das vezes, os iates mais luxuosos do mundo. A caminhada é agradabilíssima e, com tempo, você pode explorar outros bairros até chegar ao palácio, que fica no alto de uma colina.
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MUSEU OCEANOGRÁFICO
Mônaco Ville O Mônaco Ville é mais conhecido pelos visitantes como “o Rochedo”, pois fica no alto de uma colina. É o bairro histórico do Principado de Mônaco, e a visita é imperdível. O bairro tem um estilo um tanto medieval com o famoso Palácio do Príncipe, mas também conta com a sede do governo, a catedral, um lindo jardim e o famoso Museu Oceanográfico. O bairro possui uma atmosfera única em Mônaco, especialmente quando você anda pelas ruas estreitas, repletas de casas antigas e coloridas, lojas de souvenires e restaurantes. Mônaco é um dos lugares mais seguros do planeta, tudo funciona e leis são aplicadas com seriedade. Como Mônaco possui colinas, sua arquitetura foi muito bem pensada, e encontramos elevadores públicos, assim como passagens subterrâneas por toda parte. Vale ressaltar, a limpeza e o bom estado de tudo que é público! Mônaco é um pequeno país, bastante rico e desenvolvido, mas seu maior luxo é ter cidadãos conscientes e uma qualidade de vida voltada para a segurança e o meio ambiente. Green is the new Glam!
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ENCONTRO COM
STEPHANE ROLLAND texto DANIELE MAIA fotos MARCELO RUDUIT
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alvez você ainda não conheça este nome, mas com certeza seu “bird dress” chamou a sua atenção na série Emily in Paris, da Netflix, que há semanas está no topo do ranking das mais assistidas no planeta. A série foi produzida por Darren Star, o mesmo autor de Sex and the City”, e tem como atriz principal Lily Collins, que faz o papel de Emily, uma jovem americana que descobre o estilo de vida do francês. O ponto alto da série é um vestido branco escultural, que chama a atenção em vários episódios. A magnífica peça tem a assinatura do estilista francês de alta costura Stephane Rolland, que possui sua maison de couture no coração de Paris. O mais incrível é que seu atelier foi reproduzido para as fabulosas cenas. Uma delas é quando a protagonista visita o salão do estilista Pierre Cadault. Todas as roupas e acessórios icônicos que vemos na tela são das coleções de Stephane Rolland, uma bela homenagem ao mais parisiense dos estilistas da “Haute Couture”.
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Stephane Rolland é um estilista reconhecido por suas inspirações ligadas à arte e arquitetura modernas, um profissional com sensibilidade exponencial para capturar as nuances do espaço e da luz, criando obras de arte exclusivas que resultam em peças de luxo contemporâneo. É importante dizer que a cada coleção, Stephane Rolland expande sua criatividade conferindo vida à criações com movimento e pureza em incríveis collabs com os mais renomados artesãos de Paris e artistas franceses.
Confira a entrevista exclusiva para Daniele Maia com Stephene Rolland DANIELE MAIA | Como foi sua colaboração com a série Emily in Paris? STEPHENE ROLLAND | A produção da série estava procurando uma maison de couture e me contataram. Já possuo uma ligação sólida com o cinema. Eles vieram aqui na minha maison, fizeram um estudo do meu universo, códigos, desenhos e reproduziram um atelier para o personagem Pierre Cadault. DANIELE | O que você pode nos falar sobre este personagem, o estilista Pierre Cadault? STEPHENE | Sem dúvida é um personagem caricato, excêntrico e com bastante exagero. Não é a realidade dos estilistas da nossa atualidade. Este personagem foi criado para cenas de humor, para o público realmente se divertir. DANIELE | Você poderia nos contar mais sobre o vestido branco de Emily? Sua criação foi feita exclusivamente para a série? STEPHENE | A Emily precisava de um vestido glamuroso que combinasse com sua personalidade e morfologia. Lily Collins é mignon,
O estilista trabalha com novos materiais combinando sofisticação, arte e artesanato, representando um novo ideal estético, silhuetas complexas, gráficas e esculturais. Stephane Rolland veste celebridades, como Celine Dion, Rita Ora, Beyoncé, Lady Gaga e Cindy Bruna. Stephane me recebeu pessoalmente em sua maison de couture em Paris para uma entrevista informal, durante a qual conversamos sobre sua carreira, série Emily in Paris e sobre o famoso vestido “the bird”. Na oportunidade, esse magnífico expoente da moda parisiense me apresentou com exclusividade e em avant-premeière sua nova coleção de prêt-à-porter, sua primeira coleção de bolsas e também parte do seu arquivo de alta costura. com características da atriz Audrey Hepburn e muito jovial, então busquei nos meus arquivos um vestido curto. A escolha foi o “the bird dress” que remete a liberdade, combinando perfeitamente com a personagem e com a morfologia de Lily Collins. Para a cena da tinta no vestido reproduzi três cópias, porém, apenas um vestido foi usado, pois a primeira gravação saiu perfeita e não foram necessárias repetições. O vestido original continua intacto e de volta aos meus arquivos. DANIELE | Na sua opinião qual o motivo desse sucesso mundial de “Emily in Paris”? STEPHENE | Além do produtor ser o “fera” Darren Star, da série Sex and the City, na minha opinião, com tudo o que estamos passando, o telespectador estava realmente precisando de uma série exatamente assim. Algo que o fizesse sonhar e ao mesmo tempo rir, parar de pensar em problemas e mergulhar nesse universo da Emily in Paris e do seu elenco maravilhoso! Um momento de puro “relax”.
MODA
86 DANIELE | Por falar nesse momento difícil que todos nós estamos passando, como você vê a moda caminhando daqui para frente? Será uma jornada digital? STEPHENE | Acredito que chegou o tempo para uma consciência urgente em relação ao planeta. Sem dúvida precisamos frear o ritmo que havíamos nos colocado. Porém, infelizmente o ser humano tem a tendência de esquecer rapidamente dos problemas quando existe uma solução. Estamos vivenciando um alerta do planeta e mudanças são necessárias. Em relação ao digital, é uma ferramenta indispensável na vida contemporânea, entretanto jamais substituirá as experiências presenciais, principalmente no universo da moda. O “ao vivo” é fundamental. Tocar um tecido faz toda a diferença e visualizar de perto os detalhes de uma coleção é poder compreender o trabalho da criação. Todos esses pormenores se perdem no digital, pois o show tem que continuar, mas de uma maneira mais desacelerada e, talvez, com coleções menores. DANIELE | A pergunta que não quer calar: em que momento da sua vida você descobriu seu talento? STEPHENE | Tive a sorte de ter pais artistas que desde muito cedo perceberam minha sensibilidade estética e encorajaram a minha criatividade. Pela profissão do meu pai, eu tive uma vida de nômade, mudando com frequência e sem poder fazer laços sólidos de amizade. Para compensar essa falta, mergulhei no meu próprio mundo, um mix de moda, cinema, música e arte. Foi isso que construiu o meu DNA. Já os processos de criação, desenvolvo ao longo do meu percurso.
DANIELE | Nos anos 80 você se tornou o diretor artístico mais jovem deste segmento. Como você lidava com isso na época? STEPHENE | Com apenas 21 anos me tornei o diretor artístico da coleção masculina de Balenciaga. Com essa idade não tinha muitas questões ou perguntas a fazer, simplesmente me dediquei totalmente ao trabalho, com verdadeiras maratonas diárias. Era um universo completamente novo para mim, pois nunca havia criado moda masculina. O meu objetivo era criar, não havia espaço para medo ou insegurança. Sempre encarei meus desafios assim, aprendendo com muito comprometimento e na certeza de que tudo iria dar certo. DANIELE | Estou bastante surpresa por saber de suas diversas viagens ao Brasil. Qual a razão para o meu país constar na sua rota de férias? E como você vê a moda brasileira? STEPHENE | A minha paixão pelo Brasil já vem de algum tempo. Todos os anos, eu passo parte das minhas férias no Rio de Janeiro e também em Brasília. Sou um admirador das obras de Oscar Niemeyer, e muitas das minhas criações são inspiradas na geometria de curvas de suas obras. A moda brasileira é extremamente diversificada e isso me inspira. O Brasil é um dos países em que mais gosto de sair para fazer compras e adoro o dinamismo e a criatividade dos brasileiros. A mulher brasileira, na minha visão, é a mais feminina do planeta; ela possui um charme todo especial, referências dos anos 70 com o nosso mundo contemporâneo. Adoro esse mix que não encontramos em outros lugares. Quando tudo isso passar, só tenho uma certeza: meu primeiro destino será o Brasil!
ENCOMENDAS W +55 48 99936-2122 Rua Professsor Clementino de Brito, 104 – Capoeiras Florianópolis – Santa Catarina SEGUNDA A SEXTA • 9 ÀS 17 HORAS
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A intensa vida social do argentino Daniel Mirkin pelo mundo
VIVENDO A VIDA QUE SONHAVA
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texto PEDRO MOX fotos MARCO CEZAR E ARQUIVO PESSOAL
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aniel Mirkin viveu em Florianópolis por quase duas décadas. Chegou na cidade no começo dos anos 2000, e na realidade por um acaso – acaso esse que converteu a capital catarinense em uma cidade de especial importância na vida do argentino. Considera-se um manezinho da Ilha, e o carinho com o qual fala da Ilha é perceptível em cada palavra sua. Da Argentina, Daniel foi para os Estados Unidos, onde vivia com a esposa em Fisher Island, uma ilha na costa de Miami. A localidade foi definida pela emissora Bloomberg como America’s Richest Zip Code, “o CEP mais rico dos EUA”. Após se divorciar voltou para Buenos Aires, e durante um verão em Punta del Este decidiu ir passar um tempo em Angra, que conhecia por conta de amigos que tinham ilhas no arquipélago fluminense. “Estávamos indo para Angra, porém era mais distante do que imaginávamos. No caminho vimos algumas luzes, a placa ‘Florianópolis’ e paramos para passar a noite. No dia seguinte perguntei pela melhor praia dali. Assim cheguei a Jurerê Internacional e ali acabei ficando por 18 anos”, conta. Dono de uma vida social intensa, em Floripa estava sempre rodeado de amigos na praia ou nos beach clubs. E o carinho recebido na cidade foi outro fator fundamental para ali ficar tanto tempo. “Sempre fui uma pessoa muito querida, eu como argentino
no Brasil, as pessoas sempre foram muito cordiais. Fiz amizades e acabei me tornando uma pessoa conhecida na cidade.” Daniel é formado em Direito, todavia nunca exerceu tal ofício. Profissionalmente dedicou-se à atividade de empresário, e hoje vive a vida que sonhava quando garoto: viajar pelo mundo afora, desfrutar, guiar os melhores carros, frequentar as festas mais badaladas e exclusivas. Há três anos mudou-se para Barcelona, para ter a experiência de viver no Velho Mundo. E também porque as constantes viagens cruzando o Atlântico começaram a cansar um pouco. “As festas mais importantes acontecem na Europa. Eu sempre sou convidado e compareço, e vivendo no Brasil havia sempre ter que estar movendo até aqui.” Nesse ínterim não retornou à Ilha da Magia, mas ali mantém sua casa, seus carros e sim pensa em um dia regressar. Além da capital catalã ser um ponto mais cêntrico, a cidade abriga outra das paixões de Daniel: o Futbol Club Barcelona. Inclusive a escolha da cidade foi causada pelo time. Tem seu assento no Camp Nou e frequenta sempre as partidas da equipe Culé. Na sua terra natal é hincha do Newell’s Old Boys, equipe na qual Lionel Messi começou nas categorias de base. Na partida contra o Osasuna, Messi vestia a 10 do clube de Rosário por baixo do uniforme azul-grená, homenageando o craque, gênio, inigualável dentro e fora das quatro linhas, Diego Armando Maradona, cuja perda foi motivo de tristeza e de lembrança de Daniel em seu Instagram.
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Quando conversamos, Daniel programava uma viagem a Dubai. A privação de estar correndo o mundo por conta da pandemia tornou seu 2020 un aburrimiento. Daniel vive em um hotel, que fechou durante o período. Dessa forma permitiram que seguisse em sua suíte e alguns funcionários trabalhando – por 95 dias não colocou os pés na rua nem teve contato algum com qualquer pessoa. O que mais gosta da cidade é o Barça, mas também destaca a gastronomia e a vida cosmopolita da capital catalã, bem como sair e encontrar os amigos e amigas. E o fato de sua localização estar “perto de tudo”. Conhecedor de uma infinidade de lugares, não há uma viagem que tenha especialmente marcado ou um local que Daniel mais goste. Entretanto frisa que uma coisa é passar uma semana em qualquer lugar, outra completamente diferente é de fato viver ali. Para outra de suas paixões, os carros, dentre Ferrari ou Rolls Royce, também não tem um preferido. O mais recente, todavia, é especial: Daniel está fechando a compra de um Hispano Suiza elétrico com personalização Christian Dior.
Dono de um estilo único, a moda também sempre encantou Daniel, desde garoto. Sempre comparece aos eventos, em especial a semana de moda de Paris. Em palavras não tem uma definição para seu estilo, porém comenta que se veste como quer no momento que quer, sem entretanto cair no ridículo. O vestir-se é um dos pontos que atraem os seus mais de 400 mil seguidores no Instagram. Através da rede compartilha um pouco de seu cotidiano, as viagens, os eventos de moda. Tal qual o amarelo que salta da Senyera (a bandeira da Catalunha), o Sol permeia o perfil de Daniel. O fato de sempre viver perto do mar não é um acaso: “O mar me encanta, bem como viver em ilhas. O Sol é minha energia, é o que preciso para viver.” Sente saudades da Ilha, sua casa, os amigos, e suas praias – “ainda que vivendo sempre em locais com praia as de Florianópolis são mágicas, são incríveis”. O local que mais sente falta são os beach clubs: “é incomparável, não há nada igual no mundo”. Ao falar de Florianópolis, Daniel transmite suas boas recordações: perguntado se a cidade é única, ele responde: “sim, e não é apenas para mim, mas para qualquer pessoa que conhece o mundo”.
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QUAL SEU CHÁ? Os inúmeros benefícios para a saúde do queridinho do momento textos ANA CAROLINA ABREU fotos DIVULGAÇÃO
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á quem ainda não goste ou não tenha o hábito, mas que o chá já virou queridinho de muita gente e se popularizou por aqui, isso é fato. E posso dizer que são vários os motivos: diminuir o consumo de refrigerantes, evitar o excesso de café, buscar os inúmeros benefícios que cada erva possui e que são evidenciados em estudos, e também porque cada vez mais temos boas opções de chá para provar ao nosso redor. Então, se você ainda não faz parte dos tea lovers, ainda está em tempo. Por onde começar? Uma das coisas que mais digo aos meus pacientes: quem não gosta de chá é porque não provou um bom! Concordo que quando só tínhamos opções de baixa qualidade em saquinho e todos pareciam ter o mesmo gosto, era impossível agradar. Portanto eu diria: comece com uma boa planta, ou com um blend de qualidade, e o que não falta são opções no mercado. Ervas frescas, secas, flores, folhas, frutas, raízes, são muitas as bases para se fazer uma boa infusão, chá ou decocção. E se você acha que precisa entender de todas elas, está enganado. O importante é provar. E qual a finalidade do seu chá? Foi-se o tempo onde era só o chazinho da vó que servia para dormir ou acalmar. Sim, temos chá para acordar, chá para ansiedade, chá para amamentar, chá para emagrecer, chá para dormir e mais uma infinidade de finalidades. Não que eles não sirvam para isso, mas quanto mais os estudos são publicados, mais temos a certeza de que o potencial das ervas é incrível e deveria ser utilizado como parte da rotina alimentar.
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Os chás e infusões são ricos em substâncias conhecidas como fitoquímicos, compostos capazes de atuar no nosso corpo protegendo contra agentes agressores à saúde. Ao incluirmos os chás no nosso dia a dia, tornamos o consumo de vários compostos ativos, como os compostos fenólicos, flavonóides, a cafeína, teobromina, taninos, parte da nossa rotina, auxiliando nosso organismo em um processo de detox e reequilíbrio, mantendo nosso corpo protegido constantemente. Minha intenção é mostrar que podemos aproveitar não só nossos momentos de lazer, mas também os de correria, para bombardear as nossas células com pequenos toques de funcionalidade! Aliar o prazer à saúde. Toda vez que você quiser comer aquele bolo ou doce no meio da tarde, troque o café com leite ou refrigerante zero e aproveite para acompanhar com um chá branco ou até mesmo uma mistura com hibiscos, laranja e canela. Alimentos com açúcar e farinhas refinadas liberam citocinas que favorecem o processo inflamatório, e os fitoquímicos presentes ajudam a combater este processo. E quem pensa que as ervas são todas iguais e fazem bem para todo mundo está enganado. Mesmo as ervas tradicionais podem ter efeitos colaterais se utilizarmos em excesso ou da forma errada.
Quer uma ajudinha? Seguem algumas opções: • Para antes do exercício: canela + gengibre + chá branco. • Para melhorar o sono: melissa + folhas de maracujá + mulungu. • Para diminuir o inchaço ou retenção hídrica: cavalinha + dente de leão + hibiscos. • Para aumentar o foco e a concentração: chá branco + alecrim. • Para melhorar a digestão: boldo + espinheira santa + limão. • Para modular o estresse: moringa + alcaçuz + tulsi. • Para diminuir gases e distensão abdominal: camomila + erva doce. • Para diminuir dor e inflamação: cúrcuma + gengibre. • Para aumentar a imunidade: echinacea + limão + gengibre + cúrcuma.
E o chá pode ser de saquinho? Pode sim! Melhor do que muita bebida industrializada. Opte por marcas confiáveis, de preferência orgânicas e se for o caso, utilize mais de um sachê (para obter mais dos benefícios dos compostos) ou prepare com mais de um ingrediente. Por exemplo: canela em pau em um saquinho de chá de frutas vermelhas, gengibre em um chá branco ou de hibiscos. Evite misturas com muitas ervas em saquinhos, especialmente as que prometem milagres. As chances de você se frustrar ou ter um efeito colateral são bem maiores. E o principal, varie sempre! Não utilize por muito tempo em grande quantidade as mesmas ervas. Como atendo muitas tentantes e gravidinhas não posso deixar de falar: na gestação os chás estão proibidos e para quem está tentando engravidar, hibisco nem pensar! E para quem faz cara feia ao pensar no gosto de um chá verde pelo seu sabor amargo, opte por beber nos extremos de temperatura, bem quente ou bem gelado. Isso ameniza a sensação. E nada de adoçar os chás. Para aproveitar todo o potencial da bebida, ela deve ser consumida pura. E você, já elegeu seu chá?
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texto ANA CAROLINA ABREU fotos CARLOS BORTOLOTTI
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posto que você começou seu ano fazendo planos sobre o que mudaria em 2020, fazer mais exercícios, organizar as finanças, entrar na dieta etc. E aí o ano nem bem começou (afinal ele oficialmente inicia depois do Carnaval), e as notícias de que tudo mudaria começaram a chegar. Precisamos ficar em casa, deixamos de abraçar e beijar e a “quarentena”, que era pra durar 15 dias, se transformou em meses. Confesso que também fiquei muito preocupada no início sobre o que iria fazer, como seria trabalhar, como faria as rotinas básicas, fazer as compras, me exercitar e até como seria o consultório dali pra frente. Tinha começado uma obra na clínica que planejamos ampliar, muitas contas pra pagar e ainda ter que ficar longe de todo mundo que poderia me confortar sem poder receber um colo ou abraço. Sempre tivemos a autonomia para poder planejar a data de uma viagem, tínhamos a liberdade para escolher onde ir e, de repente, tudo isso nos foi tirado. Será que foi mesmo? Ou nunca tivemos? Passado o susto inicial, e a fase em que todos comeram e beberam como se não houvesse amanhã, surgiu o momento em que nos deparamos com uma realidade que tinha deixado de ser momentânea e que veio para ficar mais do que umas férias. A sensação de impotência foi um tapa na cara que precisou de muitos adaptógenos para dar conta. Nunca se falou tanto em vitamina D e em como melhorar a imunidade. E não temos como falar disso sem falar de nutrição e alimentação. Sim, os remédios muitas vezes são necessários, mas o foco sobre a prevenção aumentou. Aquilo que já falamos há anos, sobre como os níveis de micronutrientes influenciam na saúde hormonal, produção de neurotransmissores e longevidade, ganhou destaque. E apesar de muitos terem buscado a solução rápida, comprando a vitamina da farmácia, vários outros entenderam o aviso e foram buscar qualidade de vida e saúde. E por que eu como nutricionista vim falar sobre isso? Porque sempre defendi a nutrição do corpo, mente e espírito como um estilo
de vida. E mais do que nunca houve a necessidade de nos nutrirmos de bons sentimentos, pensamentos e alimentos. Algumas das minhas singelas conclusões: – Tivemos um ano em que todas as emoções ficaram com lente de aumento. As pessoas não mudaram, só ficou mais evidente aquilo que já sentimos ou vivemos. – Diminuir o ritmo e estar mais em casa trouxe qualidade de vida pra muita gente. – Ter a obrigação de cozinhar trouxe muito mais consciência para as escolhas feitas, tanto no supermercado quanto nas preparações. – As horas perdidas no trânsito foram substituídas por tempo para cuidar de si ou da casa. – Quem soube fazer do limão uma limonada, conseguiu melhorar tanto a dieta quanto a rotina de exercícios e a qualidade de vida. – Passamos por fases e, compreendendo isso, fica mais fácil ser tolerante consigo mesmo e com os outros. – Muitas pessoas, incluindo meus pacientes, que já tinham uma noção de alimentação saudável, só colocaram mais em prática o que já sabiam e não tinham tempo para executar. – Muitas pessoas, que nunca buscaram cuidar da saúde, resolveram começar. – Sim, foi possível perder peso e melhorar o organismo mesmo com home office, filhos em casa e exercícios on-line. Vi muitos pacientes e pessoas próximas sofrendo de ansiedade ou depressão por conta da situação, também perdi pessoas próximas. E de repente, por verem aumentado o risco da morte, a vulnerabilidade e a falta de controle, muitos resolveram fazer diferente. E foi por isso que resolvi compartilhar com vocês. E de lá pra cá, analisando este ano que foi muito difícil, percebi que na verdade, nunca é fácil, nunca é previsível ou está sob o nosso controle. Apenas temos a ilusão de que isso acontece. Quis falar um pouquinho sobre a loucura que foi este ano, pois acho que foi um ano de testes para todos nós. E como todo teste, nem todos passaram, mas ainda temos tempo de entender o que precisamos aprender com tudo isso e o que escolheremos levar para o próximo ano. E o seu ano, como foi?
SAÚDE BUCAL
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QUEBROU, E AGORA?
Fratura de dente em tempos de pandemia texto LAURA SACCHETTI (CRO-SC 12391) fotos BANCO DE IMAGENS
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osso dizer que essa foi uma das principais queixas no consultório durante a pandemia: dentes fraturados. E conversando com colegas e até mesmo lendo artigos sobre o assunto, pude observar que isso tem sido uma busca frequente entre os pacientes. Mas por que os pacientes estão “quebrando” os dentes? Um dos motivos está relacionado ao estresse, ansiedade que a pandemia gerou em várias pessoas, para não dizer em todas, e com isso o apertamento dental. Algumas pessoas quando estão com nível de estresse elevado podem desenvolver bruxismo (ato de apertar ou ranger os dentes). Isso pode ocorrer durante o sono ou até mesmo em vigília. E quando ocorre a fratura o tratamento vai depender de quanto atingiu o dente. Alguns casos podem ser resolvidos com restaurações, outros com próteses dentais, e na pior situação a extração do dente, necessitando de implante para repor o elemento perdido. Muitos pacientes não sabem que apertam os dentes, principalmente aqueles que só o fazem quando estão dormindo.
Então, é preciso observar se ao acordar estão sentido dificuldade em abrir a boca, dores na ATM, zumbido no ouvido, e até vale pedir para o parceiro observar seu sono, e essas dores podem irradiar para outras partes do corpo. Uma das opções de tratamento para amenizar os sintomas é a placa de bruxismo, que vai proteger a estrutura dental, porém outras especialidades podem ser associadas, como fisioterapia e psicologia. LAURA SACCHETTI
Centro Executivo Maxim’s, Av. Rio Branco, 354, 6.o andar, sala 602 – Centro – Florianópolis/SC. 1 (48) 3225-1082 / 99130-2077 0 laurasacchetti.implante@gmail.com
SAÚDE
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TRATAMENTO CORPORAL O uso de tecnologias associando o tratamento muscular para melhores resultados
texto DR.A MARIANA TREMEL BARBATO (CRM/SC: 10877/RQE: 6741) fotos BANCO DE IMAGENS
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hegou a estação do ano em que o corpo está mais exposto e merece cuidados. Gordura, flacidez e celulite são queixas muito frequentes, principalmente neste ano de pandemia, quando o #fiqueemcasa aumentou o sedentarismo. Com certeza, frequentar a academia ou criar uma rotina de exercícios prazerosa traz grande benefícios para o corpo. Mas se você precisar de uma forcinha para resultados rápidos e cada vez melhores, a associação de procedimentos e aparelhos é ainda mais interessante. A avaliação corporal é fundamental para saber qual o tratamento escolher. O aspecto da pele, o acúmulo de gordura e a flacidez cutânea e até muscular podem ser tratadas com o uso de tecnologias. Com o passar dos anos, nosso corpo passa a produzir menos colágeno e isso prejudica a sustentação da pele que se torna mais flácida. O emagrecimento também aumenta a flacidez corporal, portanto, é bastante comum os pacientes iniciarem seus planos tratando a gordura e depois, cuidamos da pele, estimulando a produção de novo colágeno.
Tesla Former (tratamento do músculo) Esta é a grande novidade em tratamento corporal. Academia na clínica? Isso mesmo! As ondas eletromagnéticas da FMS (Estimulação Magnética Funcional) presentes no aparelho, induzem a contração involuntária dos músculos, agindo como um exercício de alta intensidade. Os protocolos duram em média oito sessões, duas vezes por semana. Após esse período, recomenda-se uma manutenção do tratamento. Além do abdome, glúteos, coxas, panturrilhas, quadríceps e bíceps são algumas das regiões em que o resultado é muito eficaz. A maior indicação para o uso da estimulação magnética funcional é para pessoas que não conseguem treinar regularmente ou para regiões em que o músculo é menos desenvolvido. Outra indicação muito interessante dessa tecnologia é para pacientes no pós parto com diástase do músculo reto abdominal, que ficam com abdome flácido e distendido. O aparelho promove hipertrofia e fortalecimento muscular e pode ser associado a tratamentos de flacidez de pele e redução de gordura, permitindo assim um tratamento 3D completo.
101 SAÚDE
Coolsculpting (Criolipólise) Reduz de forma segura e eficaz a gordura persistente e localizada utilizando a tecnologia de resfriamento controlado. Abdômen, flancos, gordura nas costas que podem ser pinçadas e puxadas para o aplicador são congeladas pelo aparelho e o resultado é a redução de 25% da gordura que foi tratada em apenas uma sessão.
Ultrassom macrofocado As ondas do ultrassom conseguem atingir e aquecer as camadas mais profundas da pele até a fáscia muscular, gerando pontos de coagulação térmica, desnaturação e posterior contração das fibras colágenas com um pouco de quebra de gordura. Ideal para flacidez dos braços, região ao redor do umbigo.
Venus Legacy (radiofrequência) O aquecimento da pele e gordura melhora a firmeza e o vácuo presente no aparelho aprofunda ainda mais a radiofrequência promovendo perda de gordura. O aparelho combina a radiofrequência multipolar com pulsos magnéticos, resultando na proliferação de fibroblastos e aumento da síntese de colágeno e elastina. Como há aquecimento do tecido gorduroso, podemos observar também redução de medidas.
Z wave (ondas de choque) É o “martelinho de ouro” que melhora a fibrose e celulite permitindo a melhora dos furinhos e do aspecto “casca de laranja”. O estresse mecânico também estimula a remodelagem destas fibras colágenas, o aumento da circulação sanguínea local e a ativação do sistema linfático, gerando um efeito semelhante a uma drenagem linfática.
Sempre, é importante ressaltar, que para resultados mais satisfatórios o tratamento deve ser combinado a uma rotina alimentar equilibrada e exercícios físicos. Com isso, conseguimos uma melhora da autoestima e o tão almejado corpo saudável. MARIANA TREMEL BARBATO Rua Ferreira Lima, 238, 6.o andar, Florianópolis Z (48) 3223-6891 e 99933-7000 I dramarianabarbato
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NOVEMBRO AZUL Fisioterapia pélvica e a saúde masculina
texto ROBERTA RUIZ foto DIVULGAÇÃO
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uito se escuta falar em assoalho pélvico no universo feminino, mas ainda é um desconhecido entre os homens. Hoje, com o diagnóstico precoce do câncer de próstata, o aumento de cirurgias, e o aumento da incidência de incontinência urinária, ficou mais evidente a atuação da fisioterapia pélvica masculina. Porém, não é só em pacientes com câncer de próstata que a fisioterapia pode ajudar. Nos dias atuais usamos o termo reabilitação peniana integrada onde ocorre uma ação conjunta de vários profissionais como, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista, médico e educador físico, para restabelecer a função. A fisioterapia pélvica hoje tem importante atuação, pois trabalha com a parte cinético-funcional deste complexo sistema de funcionamento e para isto lançamos mão de várias técnicas, algumas delas já conhecidas, como a vacuoterapia (bomba peniana) porém, usada erroneamente e sem supervisão pode agravar os sintomas. Aqui trago para vocês técnicas utilizadas pela fisioterapia e que podem tornar o novembro um pouco mais azul, trazendo conforto e qualidade de vida para muitos homens. Cinesioterapia: são os exercícios para a musculatura do assoalho pélvico, personalizados para cada paciente, conforme avaliação. Além de exercícios específicos de assoalho pélvico, realizamos exercícios globais, pois não podemos esquecer que o corpo é uma unidade e assim deve ser abordado. Eletroterapia: um dos recursos amplamente utilizado pela fisioterapia no tratamento parcial ou temporário dos músculos estriados desnervados, para prevenir ou tratar a atrofia muscular é usada a estimulação elétrica transcutânea (EET) de baixa frequência. A estimulação elétrica tem a capacidade regenerativa sobre as células musculares lisas, ou seja, o crescimento da musculatura lisa é facilmente induzível pelo seu uso. A microscopia eletrônica mostra que a disfunção erétil é frequentemente causada por degeneração dos músculos lisos cavernosos. Stief et al. demonstraram que o uso da estimulação elétrica funcional em 21 pacientes com disfunção erétil crônica (20/21 não responsivos vasoativos), nos músculos lisos cavernosos é viável e resulta em uma melhora da disfunção erétil em um número significativo de 33% dos pacientes. Vacuoterapia: mais conhecido como bomba peniana já é utilizada há muito tempo e é indicada, principalmente, para pacientes pós-
prostatectomia, pois ocorre neuropraxia induzida pelo tratamento cirúrgico do câncer de próstata e prejudica o mecanismo neurovascular reflexo da atividade erétil. Isto, por sua vez, pode levar à hipoperfusão sinusoidal cavernosa (diminuição da vascularização local), persistente com consequente hipóxia e formação de áreas de fibrose nos corpos cavernosos. A hipótese subjacente é de que a indução artificial de ereções em curto prazo após a cirurgia venha a facilitar a oxigenação tecidual, reduzindo a fibrose dos corpos cavernosos na ausência das ereções noturnas e potencialmente aumente a probabilidade de preservação da função erétil. Mas aqui vale um alerta, o uso da bomba é individualizado e existem protocolos para sua utilização, pois a mesma se for usada erroneamente pode causar lesões penianas irreversíveis. Vibroterapia: a primeira estimulação vibratória peniana relatada (PVS) foi utilizada em homens, em 1965, com o objetivo de estimular a ejaculação. Posteriormente, em 1970, o PVS foi utilizado em homens com lesão medular com o objetivo de ativar o reflexo ejaculatório. De lá para cá a técnica foi sendo aprimorada e é usada para estimulação externa das fibras nervosas cavernosas, a partir da glande, o que induz a liberação de óxido nítrico nas ramificações nervosas terminais dos corpos cavernosos. Além de trabalhar com as informações nervosas, a vibroterapia trabalha com o tecido propriamente dito, melhorando sua mobilidade e facilitando a ereção. Aproveite o Novembro Azul e cuide-se, e nós da fisioterapia, estamos engajados e estudando sempre e com o objetivo de reabilitar e consequentemente devolver a qualidade de vida que é extremamente afetada nestes casos. Não existe passe de mágica e a resposta terapêutica irá depender de vários fatores, mas as pesquisas vêm nos trazendo resultados promissores em um universo de poucas opções de tratamento. ROBERTA RUIZ Fisioterapeuta – Crefito 38.482. Pós-graduada pela USP em Fisioterapia Respiratória. Instrutora de Pilates pela Physio Pilates Polestar (USA). Pós-graduada em Fisioterapia Pélvica – Uroginecológica Funcional (Inspirar). Formação em RPG e Terapias Manuais-Maitland (AUS). Formação em podoposturologia (palmilhas posturais). Proprietária do Espaço Integrata – www.integratafisio.com.br. Integrata Pilates e Fisioterapia Pélvica F Rua Gravata, 75 – Campeche – Florianópolis/SC C @integratafisio 1 (48) 99140-1810 0 roruizfisio@gmail.com
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FINAL DE ANO E VERÃO INÉDITOS U
m ano difícil para todo mundo, em maior ou menor grau, todos lembrarão de 2020 como nenhum desde que nascemos, independente da idade de quem está lendo. Mas 2020 também trouxe algumas coisas boas, e ainda novos hábitos. Só que muita gente reunida no mesmo lugar agora é arriscado para a saúde coletiva. E assim a pandemia da Covid-19 modificou antecipadamente as festas de final de ano no planeta todo. Seguimos vivendo, trabalhando, estudando, produzindo o que nos alimenta o corpo e a alma, mais afastados fisicamente, mas talvez mais próximos uns dos outros seja pela empatia, seja pela tecnologia e as diversas maneiras de conversar e se ver de longe, ajudando a fortalecer os laços de sentir-se perto. 2020 acabou. Como foram as festas de final de ano deste inédito ano de pandemia? E o verão, agora com vacina contra a Covid-19? Os entrevistados da coluna são de profissões variadas e campeões na vida. Eles contam aqui como foram suas festas deste final de ano, o verão, e também deixaram uma mensagem especial para todos.
Confira aqui o que fez uma turma de sucesso pessoal e profissional neste Natal, réveillon e também no verão de 2021, além das suas mensagens foto CAIO CEZAR
JULIANA WOSGRAUS
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Alice Kuerten Empresária, presidente do IGK (Instituto Guga Kuerten), criado por ela e os filhos Guga – atleta legendário –, e Rafael: notável pelo voluntariado em várias frentes, com atuação intensa há décadas, a partir de 2021 ela irá presidir a Federação das Apaes de Santa Catarina Esse ano não fiz nada na minha casa. Não tive festas, nada disso. Não dá, estou respeitando bastante a pandemia. E o verão também, a gente está trabalhando igual. Estou desde abril atendendo as famílias e os nossos alunos (do IGK), e não tenho nada previsto a não ser continuar as atividades. Até, talvez, reiniciem as aulas, não sabemos, estamos no aguardo de um posicionamento. Acho que a gente tem que respeitar, tudo que puder ajudar os outros, a gente vai fazer. Transformar o que temos e, talvez, o que gastasse com festas, transformar em doações, né? O IGK está doando cestas básicas desde o final de abril, são 150 a 200 por semana e continuamos. E a mensagem que eu deixaria é que as pessoas tirassem algum proveito desse momento, um momento de reclusão, momento de
olhar para o próximo, momento de sentir falta das pessoas. Ver o quanto a gente é igual, o quanto a gente precisa um do outro, e o quanto a gente pode ser útil um para o outro neste momento. Eu acho que depois, passando tudo isso, um sorriso, um abraço já será uma coisa muito importante. Então é isso que eu digo, que neste ano a gente reconheça o outro como indivíduo, como pessoa, e faça a ele tudo que gostaria de fazer para si. Olhar para o outro. E que a gente tenha muita saúde, muita paz e muito amor.
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Edson Spinello Diretor-geral de novelas da Record TV, antes desta foi também diretor-geral de novelas da Globo e é um dos nomes mais respeitados na área do Brasil e fora. Seu trabalho como diretor de Rei Davi, na Record, também fez sucesso na Fox Mundo dos EUA. Mais um talento de Floripa para o mundo No Natal e réveillon passei em família na cidade maravilhosa que se tornou minha segunda casa. Celebrei a saúde em um ano tão difícil, onde muitas pessoas queridas partiram, familiares e colegas de profissão. Torcendo por uma vacina segura e eficaz. Este verão estou passando em Angra com amigos, aproveitando o mar e o sol. E lógico, na torcida para que possamos neste ano de 2021 voltar a produzir novelas como antes da pandemia. Minha mensagem para 2021 é que em tempos de conflitos de ideologias devemos nos posicionar como: Gênero: Ser humano. Cor: Todos da raça humana. Credo: Fé na humanidade Que sejamos todos enfim uma só raça, simples assim.
Marize Koerich Empresária e artista plástica Como foi meu final de ano? Nossa mãe, Linda (Koerich), preparou com todo carinho a festa de Natal. Somos muitos! O réveillon foi no Costão do Santinho, em espaço restrito, com algumas pessoas da família. Meu verão está sossegado, pelo Santinho, e esta parte não mudou. Ali me dedico à criação, arte MAK, esta parte também não mudou, já estava fazendo isso ali. Sou refém da arte, ela é minha irmã gêmea. Feliz tudo a todos!
Fábio Queiroz Empresário do ramo de entretenimento, dono da Alameda Casa Rosa e presidente da da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) em Santa Catarina Depois de um ano tão diferente, e de certa forma muito difícil, passamos as festas de final de ano com quem amamos. Este é o verão que mais vamos aproveitar Floripa, pois não planejamos nenhuma viagem. Não deixarmos de tirar aprendizado e ou jogarmos fora o que aprendemos com tudo que vivemos durante o ano tão diferente como o ano passado, e para grande maioria, muito difícil.
JULIANA WOSGRAUS
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Tina Bauer Administradora, empresária Eu estou respeitando o confinamento. Fiquei em casa no Natal e réveillon. Penso que teremos que ter prudência, vejo que esta é a forma de sermos solidários. Temos de ter paciência para superar esta crise sanitária. Levo muito a sério este momento. Este é um momento ímpar onde temos que ter a consciência de ser solidários e proteger nossos familiares. E foi um desafio para estarmos com nós mesmos. 2020 passou rápido, e que fique bem longe, bem para trás, pois sem querer tive momentos de ansiedade. Como sou otimista, vejo que valeu como aprendizado para este ano, para evoluirmos e nos adaptarmos a esta crise sanitária.
Larissa Vasconcellos da Silva Advogada Desde sempre minhas comemorações de fim de ano foram intimistas, com a família e para a família. Ano passado não foi diferente. Celebramos o amor de Deus, expresso no nascimento de Cristo como sempre fizemos, entre nós. Assim também foi a nossa virada de ano, em casa com a família reunida e o coração cheio de gratidão pelo ano vivido, contemplando as bênçãos e também as adversidades vividas. Foi um ano difícil para todos nós. Em pleno século 21, um vírus torna-se o inimigo mais perigoso do mundo, toma conta de tudo e todos, atrapalha os avanços que a raça humana tinha plena capacidade de realizar. O medo foi a palavra de ordem e o foco de 2020 foi um só: sobreviver. Porém, quanta lição tivemos em menos de um ano! Quantas prioridades, antes ignoradas, foram resgatadas. A mensagem que eu deixo diante do caos pelo qual estamos passando é que podemos transformar toda a crise em desafio, oportunidade de amadurecimento e crescimento espiritual. Assim é a vida, composta de luzes e de sombras. Que mesmo diante do insuportável, possamos permanecer íntegros e perseverantes na fé.
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Lúcia Prazeres Produtora de eventos Grande pergunta. Não sei responder, vejo o quanto estamos precisando sair para encontrar pessoas, beijar, abraçar e contar como estão nossos dias nestes meses de solidão que tomou conta de todos. Acho que as famílias estiveram juntas no Natal e no Ano Novo. Com bom senso podemos nos divertir. Tenho feito festas pequenas, muitas entregando nossa caixa surpresa que é um sucesso. E as grandes sendo transferidas. Mas o futuro a Deus pertence, tenho muita fé em dias melhores. Minha mensagem é de esperança e fé. Sempre pensando que não existe amanhã, então vamos amar agora, viver e dar o melhor de nós. Assim fica mais leve e fácil.
Joana Coutinho e Jeferson Caldart
Casal de fotógrafos, donos da agência Mini Model Este final de ano não foi muito diferente para nós, por mais tristeza e preocupação que tivemos por conta da pandemia. Ficamos por aqui, junto da família. Fomos abençoados por morar numa cidade onde todos sonham em passar as férias, e como recebemos a família, desaceleramos no trabalho e encontros para não comprometer essas datas. Acreditamos que estarmos passando por uma fase muito complicada, tanto de viver, quanto de entender. Com muitos problemas reais, muitas vezes menosprezados pela falta de paciência de alguns que colocam o seu bem estar acima da saúde e a vida de outros. Esta pandemia que separou muitas pessoas, também fez muitas outras se reencontrarem. E se reinventarem, através da dor ou do amor. Nestas horas é preciso ser otimista e não deixar a peteca cair, reinventar e crescer com todos esses problemas. A virada do ano para nós é um símbolo. É como começar a dieta na segunda-feira, então vamos fazer o certo a cada dia para realmente termos um feliz ano novo!
Shirley Albuquerque da Silva Figura pública Foi um ano de superação, de conhecimento, aprendizado e muitos, mas muitos desafios. Desafios que vieram para nos tornar ainda mais fortes e preparados para enfrentarmos quaisquer que sejam os obstáculos colocados na nossa jornada. Meu desejo para o novo ano é que este seja um ano que possamos coletar os frutos da nossa evolução como seres humanos, que possamos ser felizes e que seja uma felicidade leve, daquela que nos arranca suspiros e sorrisos o tempo todo. Para isso vamos todos fazendo nossa parte na sociedade, vamos cuidar e amar ao próximo como a si próprio. Um maravilhoso, lindo, alegre e incrível 2021 para todos vocês!
110 JULIANA WOSGRAUS
Lurdinha e Amauri Silva Empresários Podemos dizer que nosso final de ano foi o melhor de todos os tempos e agradecemos por termos conseguido atravessá-lo. Tivemos que nos reinventar de forma que pudéssemos, pelo menos, saudar nossos amigos e familiares. Quanto ao verão, está sendo atípico, onde vimos muitas pessoas sem pensar no amor ao próximo, até mesmo desrespeitando as regras vigentes! Está uma loucura! A pandemia foi e será um grande aprendizado para toda humanidade.
Beth Minsk e Xandi Fontes Ela corretora, ele empresário Nosso Natal foi em casa com uma ceia para a família, filhos, noras e netinhas. No réveillon fomos para Ibiraquera, na nossa casinha de praia com Mário (filho do primeiro casamento dela) e André (filho do casal), e as namoradas, Mariana e Camila. Os filhos do Xandi (Xandinho e Mariana) não passaram com a gente este ano. 2020 foi um ano de muito aprendizado, muita perseverança, muita dedicação. E aprendizado especialmente para os casais, eu acho, porque com todo mundo dentro de casa, filhos... é isso. Seguimos aprendendo em 2021!
Paulo Scarduelli Jornalista e empresário na área de comunicação e autor do livro “Mais Aprendi que Ensinei” (Chiado Books) recémlançado. O livro conta a história deste pai solteiro da Sara (19), Davi (17) e Catarina (15), namorado da professora Rosana Raulino
Primeiro gostaria de afirmar que teve Natal, sim! E réveillon, também. E tanto um quanto o outro foram diferentes dos anos anteriores, pois temos algo novo mudando tudo: a Covid-19, que nos obrigou a ter muitos cuidados e distanciamentos. Passamos muito tempo dentro de casa. Como moramos juntos, eu e meus três filhos, ficamos bem grudados o tempo todo. Com minha namorada Rosana, com quem passei oito festejos de final de ano bem grudados, encontramos um jeito de estar junto de novo e em sintonia. Acredito que o amor falou mais alto neste fim de ano. Amor pelos mais próximos, pela família. Houve Natal, sim! E o grande presente foi a preservação da vida. Eu gostaria de acreditar que as pessoas respeitaram as regras do distanciamento, mas temo que nem todos conseguiram. Aqui em casa, meus filhos têm sido muito rígidos com a questão da segurança. Me cobram o tempo todo para usar máscara, não tocar em qualquer lugar, usar álcool. E durante este verão eles não estão sendo diferentes. Estão indo para a praia, sim. Mas em horários e lugares para ficarem mais isolados e protegidos, com a minha presença, claro. Natal e Ano Novo são períodos maravilhosos para renascermos. São grandes oportunidades. Por isso, espero que as pessoas acordem e deem cada vez mais valor às coisas simples e se preocupem com o que realmente importa: a família e os bons amigos. E continuem se cuidando. Afinal, como canta Lenine, “a vida é tão rara”.
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A trajetória, projetos futuros e um papo musical durante a pandemia fotos MARCO CEZAR E ÁLBUM DE FAMÍLIA
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Salve, Família Oculto! Por onde anda o DJ Cia nesta pandemia? Fomos buscar algumas informações do mesmo em São Paulo. DJ residente da Família Oculto por anos, nos acompanha desde o surgimento desta label. O pai de Jeferson dos Santos Vieira, conhecido como DJ Alemão tocava em bailes e festas, o qual integrava o grupo “Transa Som”. Este foi um dos principais motivos para Jeferson ingressar no rap e na música. Aos dezesseis anos começou a abrir bailes onde seu pai discotecava, e aos dezoito começou a integrar a equipe da Zona Oeste de São Paulo “Hot Gang” e comandou um programa na 105 FM por dois anos. Após, fez parte de outras equipes de rádio até ingressar na “Flash Rap Gang”, onde venceu um concurso “Chic Show”. Começou com um programa chamado “Cia DJ”, o qual resultou em um sucesso para o DJ, tendo ingressado em um campeonato de hip hop no ano de 1996. Neste concurso idealizado por KL Jay e Xis, Cia DJ teve seu nome artístico alterado texto LEO COMIN para “DJ Cia” por um organizador do evento. Conquistou o prêmio na categoria da Zona
Oeste e ficou em segundo na fase final. Neste campeonato, ele encontrou a Nill, integrante do grupo MRN, o qual o convidou para realizar shows pelo Brasil. Começava ali a carreira profissional do DJ. Teve seu auge no RZO, onde ganhou uma música em sua homenagem, homônima ao seu pseudônimo. Em sua carreira internacional, ele foi convidado pelo consagrado rapper estadunidense Jay-Z a fazer parte da sua gravadora Roc-A-Fella Records, em fevereiro de 2005, e gravar músicas com artistas como Melissa Johnson e Will Millions. Além disso, a gravadora Dash Music Group também se interessou pelo seu trabalho. DJ Cia já tocou ou abriu shows com os artistas Snoop Dogg, 50 CENT, Soulja Boy, Lost Boys, Naught by Nature, Ja Rule, Dax Efx, Killarmy, Public Enemy, DJ Logic, DJ Mr Chuck (Beat Junkies), Afrika Bambaataa, entre outros. Apresentou o Video Music Brasil 2004 para cerca de 3 mil pessoas, tendo se apresentado ao vivo, após conquistar a categoria de DJ de rap. Segundo estimativas, DJ Cia é quem mais toca no Brasil. Trabalha também como produtor musical dos rappers Sandrão e Helião, que integraram junto com ele o RZO, grupo esse que retornou há anos atrás com força total. Foi um dos destaques dos scratches do Rio Music Conference. Atualmente está na produção de sua primeira mixtape, intitulada Mixtape Vol. 1, a qual contará com a participação especial de diversos artistas.
OCULTO
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Fiz algumas pergunta ao DJ produtor Cia, como: Por onde andou na pandemia? Novidades para 2021? Produções com artistas? E quais? Como você se manteve com a pandemia e como se manteve sem se apresentar? Esse novo tempo, o que você tira de aprendizado? Abaixo, um resumo rápido das suas perguntas: “DJ Cia: Bom, primeiro quero deixar um grande abraço a todos que leem a Revista Mural e os amigos que conquistei nesses anos na Ilha. Durante a pandemia fui basicamente de um lado para outro no meu estúdio, produzindo meu álbum que se chama “Por onde andei”, e não foi por conta da pandemia e sim por uma forma de contar musicalmente minha trajetória, nessa pandemia fiquei focado no álbum e nos artistas do meu selo Beatloko, onde tenho artistas que vou lançar e dar oportunidade para eles, já que hoje tenho um estúdio de nível internacional de qualidade. É muito trabalho criar beats, mixar e masterizar, então, toma-se um grande tempo e preenche a cabeça, ainda mais para mim que gosto de estar tocando e vendo os amigos da música, essa criação no estúdio é uma terapia. Em 2021 pretendo lançar todas as músicas que tenho prontas e montar meu novo show, já que ano que vem solto meu álbum e terei a oportunidade de trazer artistas para fazer uma discotecagem mais avançada, um show, lógico que de acordo com o contratante e se a casa tiver a estrutura. Em 2020 acabei soltando algumas músicas que fiz em parceria com Edi Rock (Racionais), no álbum dele fiz a música Liberdade, convidei a cantora carioca Lourena e também o Morcego para a faixa, na sequência soltei a música Divida para o álbum da Chynthia Luz e convidei o Ice Blue para o track. Hehehe, lembrei que tem até mais músicas que soltei esse ano. Soltei a música Cacau com a banda Alma Djem e chamei a Vih Mendes para cantar. Nossa, não vai caber tantas músicas que fiz, vou deixar para quem quiser me seguir no Spotify e ir à sessão “últimos lançamentos”, mais fácil, certo? Acabei adiantando a próxima resposta, mas sobre a produção com grandes artistas, sim, continuo fazendo não somente com artistas nacionais, mas também com internacionais. Um deles todos já conhecem, Seu Jorge, meu parceiro. Estou também fazendo o álbum do Mano Brown e da modelo internacional Barbara Fialho. Falcão também esta nas minhas produções, entre outras... Sobre me manter na pandemia sem tocar, como eu tenho meu álbum pra soltar, uma empresa internacional chamada Believe, que distribui as músicas para o mundo inteiro e para todas as
plataformas digitais, me convidou para soltar meu álbum com eles. Fizemos um negócio muito bom, com um resultado financeiro interessante pelo meu álbum. Parte desse dinheiro investi e estou curtindo os rendimentos, resultado de um trabalho de mais de um ano, desde setembro de 2019. Além disso, tenho músicas que recebo pelos streams, recebi convite para tocar em festas clandestinas, mas não aceitei, acho falta de respeito com pessoas que perderam algum amigo ou familiar pelo covid-19, então estou aguardando tudo normalizar e voltar a tocar, enquanto isso vou continuar produzindo música no meu estúdio. Sobre o aprendizado algumas perceberá, que somos todos iguais e serviu também para mostrar que outras pessoas não estão nem aí pra você, nem com o próximo, então é bom sempre ficar esperto e ficar próximo de quem realmente pensam igual ou parecido a você e está querendo um mundo melhor. Decepcionei-me com várias pessoas, vi políticos e pessoas famosas mostrarem quem realmente são e no que acreditam. Aprendi o quanto é ter pessoas que te amam por perto e quanto é importante estar perto delas também, ninguém sabe nada da vida. Estamos sendo comandados por políticos, governantes e não existe em nenhuma história da Bíblia que algum governante ou político quis o bem para seu povo, a não ser a si próprio, então por enquanto precisamos ser mais unidos e não sermos comandados.”
Até breve, esperamos que essa pandemia acabe logo e poderemos voltar à rotina normal, inclusive com o lançamento da festa da Revista Mural, onde todas as tribos se encontram. Um brinde a vida! Leo Aurora
MURAL DA MORAL
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ROBERTA FERREIRRA, SARAH OLIVO, LAURA SACCHETTI E DANIELLE COSTA
TURMA DA FÉFI
TURMA DO ZAMBON
SAUDADES DA RAÇA! TURMA DA GIOVANA
CRISITINHA, LUCINHA, TUTU, JÚLIA, BETINA E CINARA
BALDICERO, ÂNGELA, KARIN E RICARDINHO
Uma seleção de momentos especiais fotos MARCO CEZAR
E
nquanto os dias passam e aguardamos com ansiedade o momento em que a vida voltará ao normal, nos vemos repetindo com cada vez mais frequência uma expressão que se encaixa perfeitamente nesse momento: “Saudades da raça!”... dá saudade da cervejinha no final de tarde, de abraçar amigos e até de apertar as mãos de desconhecidos. E das festas e baladas, então? A Mural 83 chegou às mãos de nossos leitores com o mesmo carinho e capricho, mas sem a tradicional festa. Nós acreditamos que é apenas uma fase, e queremos mostrar a vocês que as coisas vão ficar bem e que estaremos sempre juntos. Para isso, nada como uma seleção de momentos especiais, que mostram quanta felicidade já compartilhamos ao longo de mais de 80 edições. Elas servem como estímulo e aviso: agora com a vacina, logo tudo volta ao normal, e sempre com a Mural!
CAROL E LUIZ FORMIGA
LÚCIA E RENATO PRAZERES
SHIRLEI ALBUQUERQUE
GABRIELA HUMERES
LARISSA VASCONCELOS JULIANA E EVELYNDIPIETRO VASCONCELOS
AMAURI JUNIOR E MARCO BIANCHINI
LORRAINE MEDEIROS
CLÁUDIA E FERNANDA RIFFIL
JULIANA AUDREY DIPIETRO BÚRIGO
MARIA CLÁUDIA
JULIANA JULIANADIPIETRO DRENTO
MURAL DA MORAL
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LU SCHIMIT, RENATA SOUZA E DANI SANTOS
MARTA BRANCHER
SANDRA E RENATO NEGÃO
MIRIAM ÁVILA E TCHELLO BRANDÃO
ELIANE KOERICH, CINTHIA MEDEIROS E MÁRCIA KOERICH
THAUANY BRANDÃO
JÚLIA ULISSER
MARCELO GOMES E MARINA
BRUNA, JÉSSICA E FLÁVIA
KARIN MEDEIROS
GIOVANA, CAIO E VANESSA
JUNINHO E JOÃO PEDRO
RODRIGO, ALOÍSIO, JOÃO, TONIOLO E CLAUDINHO SABONETE
MARCO MEDEIROS
SERGINHO KOERICH E ISABEL CAMPOS
SIMONE DE BEM
TURMA DO DOUGLAS
TERO CAVALLAZZI E MARISTELA AMORIM JULIANA DIPIETRO
ISADORA ROCHA GIBÃO
DAY HOFFEMANN
SAVIANE, LIA E PATY
MURAL GNB
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PRAIA, GASTRONOMIA E BONS MOMENTOS
fotos LARISSA TRENTINI, MURILO JANUÁRIO NUNES, LUCAS MORAES e BEATRIZ MOMM
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s casas do Grupo Novo Brasil trazem todo sabor da gastronomia exclusiva para Jurerê Internacional com o P12, Acqua, Ammo Beach e Donna, além de uma nova estrutura na areia da praia para atendimento à beiramar, e no centro da Capital com o Art’s Gastronomia e Música. A culinária descomplicada e sofisticada aguça os mais requintados paladares e abraça muitos sabores e culturas. Os restaurantes estão recebendo o público seguindo todas as recomendações obrigatórias para oferecer uma experiência gastronômica com todo conforto e segurança, permitindo aproveitar todos os momentos em família e com os amigos.
MURAL GNB
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2021, ano que está começando. Venha para uma experiência única em gastronomia, onde o sabor marcará sua vida fotos DIVULGAÇÃO
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os últimos meses tivemos o prazer de receber personalidades da Ilha, da música, do esporte e da cultura brasileira. Venha você também conferir as delícias da Toca da Garoupa. Com uma cozinha especializada em frutos do mar, com ingredientes frescos e de qualidade para você sentir um sabor inesquecível. Confira as fotos na Mural.
MURAL DA TOCA
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FESTA DO BEM Apoiado por empresas locais, leilão ajuda Hospital Infantil fotos MARCO CEZAR
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médico Dr. Alexandre Buffon comemora o sucesso da V Festa Beneficente em prol do Hospital Infantil Joana de Gusmão de Florianópolis, da qual foi anfitrião, juntamente com as embaixadoras do evento. Aconteceu no dia 27 de novembro no Donna Dining Club, em Jurerê Internacional. A festa, que foi animada pelo Dj Henrique Fernandes e teve jantar para quase 200 convidados, foi apoiada por dez empresas locais. As mais de 20 peças e obras de arte doadas para o leilão por colecionadores particulares, galeristas e artistas somaram com os convites aproximadamente R$ 135 mil, que serão destinados à compra de equipamentos e manutenção do hospital.
AS MADRINHAS E O ANFRITIÃO: VANUSA VARELLA, FERNANA GIUSTI, CAROLINE BUFFON, ALEXANDRE BUFON, ROSANA CUNHA, TEREZA PRAZERES, ROSE MARTORANO, INEZITA SCHLICHMANN E CRIS CRUZ LIMA
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