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ANO III, JULHO 2022
© André Macedo
museu do douro
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índice Editorial Faz falta saber Exposições Coleção Museu do Douro Biblioteca Museu do Douro Serviço Educativo Património RDD Museu de Território: colaborar e partilhar Rede de Museus do Douro Loja do Museu Restaurante Prisma do visitante
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editorial Comemorações dos 20 anos da inscrição do Alto Douro Vinhateiro na lista do Património Mundial. Os 20 anos de inscrição do Alto Douro Vinhateiro (ADV) na lista do Património Mundial – dia 14 de dezembro - ficaram marcadas pela publicação dos resultados provisórios do Recenseamento Geral da População que revelavam a continuada desertificação da região. A perda de capital humano no ADV e na RDD põe em causa a paisagem vitícola e a atividade que a gerou e que representa um enorme valor económico, totalmente dependente do trabalho manual. A notoriedade alcançada e os compromissos decorrente da classificação do ADV como Património Mundial, não tendo alterado esta tendência negativa, exige dos operadores económicos e a administração pública – local e nacional – uma reflexão e uma ação rápida e concertada. Há, no entanto, reflexos muito positivos que não podemos deixar de realçar e felicitar nesta data comemorativa! Senão vejamos: Um facto, não tangível, foi a exaltação feita ao trabalho dos viticultores durienses que construíram e mantêm esta paisagem considerada “excecional e de valor universal” pela UNESCO. Todos aqueles que a visitam o confirmam, apesar de muitos dos que a trabalham não terem a perceção real do seu importante
contributo. Podem e devem ter orgulho em ser os atores principais deste património de autor anónimo, como dizíamos no documento de candidatura. Um progresso do ADV e da RDD, que a candidatura exigiu e que a aplicação do plano de gestão ajuda a promover, foi o olhar supramunicipal concretizado nas Comunidades Intermunicipais, entretanto constituídas. O problema da manutenção da paisagem de montanha e de minifúndio em sério risco de abandono, só poderá ser mitigado com uma adequada infraestruturação do território. Essa tarefa, tecnicamente complexa e dispendiosa, só é possível com uma empenhada e concertada contribuição das autarquias locais. Neste tema concreto, destaca-se o interesse em conhecer as experiências de outras regiões vitícolas classificadas pela UNESCO, que viveram no passado este sério problema e o souberam ultrapassar com projetos de reestruturação fundiária. Uma parte importante dos fundos necessários terão de ter origem externa à atividade vitícola, como por exemplo do turismo, considerando que é também um beneficiário direto deste património construído, elemento central do enoturismo. Uma taxa aplicada aos turistas que visitam a região, seria uma das origens para constituir e alimentar um fundo a aplicar nesse investimento e noutros objetivos estratégicos de preser-
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vação. Outras fontes externas se poderiam e deveriam juntar para fazer face às desvantagens estruturais permanentes, como por exemplo, indemnizações compensatórias (Directiva 268/75/CEE). A renovação desta difícil viticultura de encostas íngremes e pedregosas tem prosseguido desde o PDRITM – anos 80 do século passado - possibilitando a indispensável modernização da atividade com a introdução de soluções mecanizáveis. A preocupação com o seu impacto na excelência da paisagem esteve bem presente no quadro regulatório aplicável a essas intervenções. A notável interiorização da maioria dos viticultores e técnicos é digna de destaque pela sua boa aplicação e o contínuo aperfeiçoamento das técnicas de implantação da armação do terreno, monitorizada pela ação indispensável do Gabinete Técnico Missão Douro, inserido na Estrutura sub-regional de Vila Real da CCDR-Norte, e que constituiu um reforço institucional resultante dos compromissos assumidos perante a UNESCO. Para terminar, uma palavra sobre a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, lembrando o seu papel inicial, juntamente com as Universidades do Porto e Aveiro, determinante na elaboração da candidatura com uma intervenção matricial eficaz, contribuindo para o sucesso da candidatura. Sucederam-se um con-
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junto de projetos, que visaram a sensibilização das populações para a limpeza e preservação do território, numa fase pós classificação muito ativa. Seria excelente ver essa dinâmica continuada e ampliada em colaboração com o Museu do Douro, mantendo o foco nas ações de sensibilização, a começar pelos viticultores, escolas locais desde o 1.º ciclo e população em geral, contribuindo para a compreensão do seu papel como atores centrais na preservação e valorização do ADV. Fernando Bianchi de Aguiar, coordenador da candidatura.
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©2022, Natália Fauvrelle/MD
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faz falta saber COLEÇÃO DE ZINCOGRAVURAS
Durante as décadas de 1940 e 1950 o Instituto do Vinho do Porto manteve uma forte atividade editorial. Promovendo o vinho e a região do Douro, as publicações divulgavam aspectos técnicos da vitivinicultura tendo igualmente um lado pedagógico. Estimulavam o conhecimento da história da região, matéria que suportava a forte comunicação do vinho do Porto, um produto muito importante para a economia nacional. As edições eram profusamente ilustradas com fotografias e desenhos, cujas chapas de impressão (zincogravuras) integram a coleção incorporada no Museu do Douro. Estas peças permitem reconstituir obras como as Demarcações Pombalinas no Douro Vinhateiro ou a série de Cadernos do IVP. A organização destes objetos para catalogação deve-se à generosa colaboração dos senhores Camilo Joaquim e Rui Joaquim, voluntários do Museu que trabalharam toda a sua vida na área da impressão.
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©2022, Umbelina Silva/MD
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REDE DE ARQUIVOS VITIVINÍCOLAS “PORTO E DOURO"
Numa iniciativa do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP), que conta com o Museu do Douro (MD) como parceiro privilegiado, está em curso um projeto para a criação de uma “Rede de Arquivos Vitivinícolas do Porto e do Douro” (Rede). Esta Rede de arquivos permitirá ampliar o conhecimento sobre a Região Demarcada do Douro, dos seus vinhos e das suas gentes. Nesta fase desenrola-se a discussão sobre a sua exequibilidade, procurando conhecer-se o universo de interessados em participar nesta Rede, pelo que será da maior utilidade a resposta a este breve questionário (AQUI). O questionário procura identificar arquivos com espólio anterior a 1986, data de adesão de Portugal à CEE.
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©2022, Susana Marques/MD
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ACONTECEU NA MUD
Na sequência da apresentação da candidatura do Museu Diocesano de Lamego, o Grupo de Trabalho da MuD visitou este espaço cultural no passado dia 14 de junho. A visita teve por objetivo aferir as condições técnicas e humanas deste candidato para adesão à Rede de Museus do Douro.
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©2022, Susana Marques/MD
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VISITA CULTURAL DA MUD
No dia 30 de maio realizou-se a primeira visita cultural da MuD de 2022. O programa, organizado pelo Núcleo Museológico Favaios – Pão e Vinho, constou de: Manhã: - Visita a uma padaria tradicional de Favaios e prova de pão; - Visita guiada ao Núcleo Museológico Favaios – Pão e Vinho; - Visita à Adega Cooperativa de Favaios com prova de moscatel. Tarde: - Visita guiada à exposição “4 paredes caiadas” de Joana Vasconcelos patente na Casa dos Noura, Alijó; - Visita ao Miradouro do Ujo em S. Mamede de Ribatua Estas visitas, destinadas aos técnicos da Rede de Museus do Douro, pretendem fomentar a ligação entre os membros, promover a discussão de soluções e o conhecimento da região entre os aderentes à Rede.
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exposição permanente Douro: Matéria e Espírito Douro: Matéria e Espírito foi concebida como uma síntese temporal e geográfica da Região Demarcada do Douro (RDD). Estruturada como a grande porta de entrada no Douro, apresenta as singulares características da geomorfologia da região, determinantes fatores históricos e o engenho do Homem que fundaram os alicerces da especialização deste território na produção vinícola. É a combinação de fatores naturais e humanos que Douro: Matéria e Espírito expõe. Todos os dias: das 10:00 às 18:00
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exposições
exposição temporária Práticas Cinegéticas no Douro Exposição comissariada pelo Museu do Douro onde se dão a conhecer as práticas cinegéticas no território duriense. Presente no território desde a Pré-história, a caça é parte integrante da identidade, estando presente quer na paisagem quer nas práticas das comunidades, cuja atuação contribui para a conservação da biodiversidade e o equilíbrio do ecossistema. Estes costumes constituem também o suporte de uma tradição gastronómica própria, muito característica da Região. Patente até ao dia 11 de setembro de 2022.
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exposições itinerantes
Rui Pires na coleção Museu do Douro Exposição Exterior | Jardim Macedo Pinto | Tabuaço » Até 24 de julho
Concurso Internacional de Fotografia 2018 “Douro Património Contemporâneo” – Arquitetura, Arte e Imagem Núcleo Museológico Favaios, Pão e Vinho | Alijó
Exposição Exterior | Espaço Público | Santa Marta de Penaguião » De 29 de julho a 13 de outubro
» Até 15 de julho Auditório Municipal | Santa Marta de Penaguião » De 29 de julho a 13 de outubro
Rui Pires na coleção Museu do Douro Exposição Interior | AUDIR | Peso da Régua » Até 22 de agosto
exposições
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CoaDouro | Exposição de fotografia com enfoque na paisagem e património dos territórios património mundial da Região Demarcada do Douro, Douro e Vale do Côa
Concurso Internacional de Fotografia 2020 | "Douro Património Contemporâneo” – Memória com Futuro
Posto de Turismo| São João da Pesqueira
Museu do Ferro e da Região de Moncorvo | Torre de Moncorvo
» De 15 de julho a 28 de setembro
» Até dia 9 de outubro
Percursos pela Arquitetura Popular no Douro, de António Menéres Museu do Imaginário Duriense | Tabuaço » Até dia 11 de setembro
*As datas apresentadas poderão sofrer alterações de acordo com a agenda do Museu do Douro e/ou dos locais mencionados.
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Caçador da família Viana Pinto. Presegueda, c. anos 1930. ©Col. Museu do Douro, Legado Irene Viana Pinto, MD/M-875
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coleção Museu do Douro A Cinegética na coleção Museu do Douro Dos objetos da coleção do Museu que integram a exposição temporária Práticas Cinegéticas no Douro destacamos o núcleo associado ao legado Irene Viana Pinto, em particular a caçadeira, cartucheira de cinto e cartucheira que pertenceram ao pai da legatária, o médico caçador Egídio Pinto. Outro artefacto de destaque é o retrato de meados do século de um membro da família Pinto, possivelmente o tio Miguel. Estes objetos evidenciam a presença e importância da caça na cultura da região, onde os terrenos florestais eram explorados nas suas mais variadas dimensões, contribuindo para enriquecer a mesa das famílias durienses, ao mesmo tempo que constituíam uma forma de relação entre os membros da comunidade e o seu território.
coleção Museu do Douro
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biblioteca Museu do Douro
biblioteca Museu do Douro A cinegética dá o mote para muitas histórias, contos e receitas, que chegam aos livros. Na Biblioteca do Museu do Douro encontramos alguns títulos que podem interessar a quem desejar descobrir um pouco mais sobre este tema e o habitat duriense.
» RIBEIRO, Aquilino [et. al.] – Guia das
» FAUSTO, José – É El-Rey que vai à
»
Aves de Aquilino Ribeiro. Lisboa: Bocage Ciência e Arte, 2012. » CABRAL, António Manuel Pires; [et.
al.] – Páginas de caça na literatura de Trás-os-Montes. Lisboa: âncora Editora, 2009.
caça. 2ª Edição. Peso da Régua: Museu do Douro, 2022.
BEÇA, Agostinho – A Perdiz. Mirandela: João Azevedo Editor, 2005.
» FAUVRELLE, Natália, [et. al.] – Prati-
» CRESPI, António Luis – Flora da Região
cas Cinegéticas no Douro. Catálogo da Exposição. Peso da Régua: Museu do Douro, 2022.
Demarcada do Douro (3 Vol.). Mirandela: João Azevedo Editor, 2005.
» MONTEIRO, António Manuel – Comi-
do Porto. Porto: IVP, 2000.
das Conversadas: memórias de herança transmontana. Lisboa: Âncora Editora, 2014.
» TORGA, Miguel – Novos contos da
» AGAREZ, Maria Hercília – Dois Homens
num só rosto. Carviçais: Lema D’Origem, 2013.
» LOUREIRO, Hélio – Receitas para Vinho
montanha. 15ª Edição. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1991.
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serviço educativo eusoupaisagem – educação e território A base da ação assenta na pesquisa de relações de experiência entre as pessoas e as paisagens. Aposta-se na criação de contextos de experimentação, com caráter de continuidade, para a presença de crianças, adolescentes, jovens, adultos e seniores em atividades de experiência e conhecimento. Pesquisa-se com o território e a paisagem, com o corpo e o lugar, em diálogo e tensão com diferentes linguagens e falas. Interpelam-se as paisagens e as pessoas com o teatro, com a dança, com o vídeo, com a imagem animada, com a escrita, a geografia, a antropologia e a literatura, com a arquitetura paisagista e o cinema, com o desenho, com a fotografia e com o som. eu sou paisagem é, desde 2006, um convite, uma convicção e uma vontade para atuar e refletir sobre a educação neste território e nestas paisagens.
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Presença do Serviço educativo no International Heritage Summer School 2022 (IHSS 2022) » Oficina Paisajar, no dia 20 de julho, pelas 11:30
International Heritage Summer School 2022 (IHSS 2022) apresenta-se como uma experiência laboratorial de aprendizagem, procurando associar aportações teóricas à aplicação metodológica de observação, registo e interpretação. Justifica-se a escolha do Douro, enquanto território marcado por múltiplas problemáticas que permitem intersecções entre assuntos interdisciplinares. Iniciativa do DCTP - Departamento de Ciências e Técnicas do Património e do CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória» da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, esta Escola de Verão pretende-se promover um espaço de diálogo e promoção de conhecimento sobre as temáticas do Património Cultural e da Paisagem no contexto dos desafios do século XXI, nomeadamente questões de bem-estar social, leituras e interpretação da paisagem e salvaguarda e promoção do património cultural. Esta Escola de Verão pretende promover o encontro entre estudantes e profissionais das Ciên-
cias do Património e não só, reforçando os laços de cooperação interuniversitária e, através das parcerias estabelecidas, associar-se à crescente internacionalização da Universidade do Porto. O programa da IHSS 2022 apresenta-se, assim, como um projeto aberto à comunidade e à sociedade, promovendo a colaboração interinstitucional nomeadamente entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, a Fundação Côa Parque, F.P., e o Museu da Casa Grande, como entidades coorganizadoras, e outros municípios e instituições da região. A Paisagem é, portanto, um espaço percecionado pelos indivíduos e, antes de ser um espaço contemplativo é, também, um espaço vivo. Esta é pertença das comunidades e as transformações e alterações nela desenvolvem-se mediante as necessidades e a relação dos seres humanos com este espaço.
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Café Central 2022 Santa Marta de Penaguião | Tabuaço | Alfandega de Fé | Carrazeda de Ansiães | Sabrosa Todas as terras têm um (ou mais) Café Central No Douro, pesquisamos e procuramos os cafés que são centrais para a vida dos lugares onde existem. Os cafés são lugares de socialização e da vida quotidiana a que os museus são muitas vezes alheios. Este é um programa para estar presente, com as pessoas que nele estão em temporadas nos cafés do Douro. Trata-se de um programa na área da fotografia, geografia e vídeo por Paula Preto com Marisa Adegas realizado com o apoio da equipa de educadoras e educadores do serviço educativo do Museu do Douro. De cada estadia da fotógrafa e videasta Paula Preto nos cafés centrais dos 5 concelhos indicados são realizados registos dos acontecimentos em suporte áudio, visual e audiovisual.
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ViViFICAR OFICINAS DE FOTOGRAFIA E VÍDEO | ateliês vivos É possível ensinar-se a ver? “Aprendizagem do olhar faz-se só” pelo que propomos ações gatilho que possibilitem o exercício do olhar, respeitando a diversidade de pontos de vista e na redescoberta do lugar que habitam. No decorrer da ação pretende-se que o processo esteja em partilha com os habitantes do lugar enquanto ficamos perguntamos? o que há neste lugar. A implementação desta ação será consequência de uma escuta ativa dos acontecimentos, da diversidade do grupo e das características do lugar, pelo que o plano apresentado a seguir será adaptado ao longo da ação com os participantes sempre que necessário. Partilhamos cartas, postais entregues de porta a porta com ideias, perguntas, reflexões sobre viver e ficar.
Estas oficinas estão divididas em 8 sessões e terminarão com uma exposição na qual existe uma identidade da ação [estrutura] que vive em comunicação com a criação de cada grupo e lugar [escuta]. Decorrem aos sábados no Núcleo Arqueológico Porta dos Figos, em Lamego, têm a orientação da arte educadora Paula Preto com a colaboração da equipa de educação do Museu do Douro.
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Dizer ALTO
Com uma taça de vinho na mão Estava a beber e nem me dei conta de que entretanto a lua apareceu no céu Ela no seu curso não para de nos seguir mas nós mesmo que quiséssemos não a conseguiríamos agarrar Lua resplandece como um espelho suspenso de uma janela com cortina cor-de-rosa As nuvens azuis acabam por se desvanecer mas ela conserva sempre o seu brilho Nós não podemos contemplar a lua de antigamente mas a lua iluminou todos os homens – os de hoje e os de outrora Gerações e gerações arrastadas pela corrente Todas elas se renderam de igual modo à sua beleza Neste momento em que se canta e se bebe o que o meu coração anseia é que no fundo da minha taça de oiro se reflita a lua cheia O Vinho e as Rosas: antologia de poemas sobre a embriaguez. Organizado por Jorge Sousa Braga. Lisboa: Assírio & Alvim, 1995, p. 14
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desafio // serviço educativo
desafio
Ler de baixo de uma árvore. Plátano . Alijó . Grupo dos ateliês vivos, Alijó. SE 2022
LER DE BAIXO DE UMA ÁRVORE O programa propõe um mergulho na leitura (sempre que a meteorologia o permitir) em árvores importantes no caminho, nos lugares e para as pessoas. Que árvores existem no lugar onde vivemos, onde passamos, onde passeamos, onde estamos de férias? Habitualmente não reparamos nos lugares que ocupam os nossos dias, as árvores são um elemento constante nas nossas paisagens. - Que árvore está junto de casa? - Que árvores ladeiam as estradas, avenidas, rios, caminhos? - Que árvores vivem nas praças e parques das cidades?
- Que árvores fazem sombra? Parar! Dar Tempo... Escolher uma árvore, reparar nos seus pormenores, na sua dimensão, como é a sua forma e a sua textura, a que cheira. Deixar nela indicações: nome científico; registo da sombra a horas diferentes; nome comum; tipo de folha; curiosidades mais ou menos pessoais, algo que pode ter acontecido... Registar em fotografia, em vídeo, em palavras, em desenho... aproveitar para ler, dormir, ‘piquenicar’, abraçar...
Se nos quiser fazer chegar as árvores dos seus lugares, envie para: educativo@museudodouro.pt.
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Casebre em Arícera
Pormenor da inscrição
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património RDD
património RDD UM TERMINVS AVGVSTALIS EM ARMAMAR Mui discreta e sem que ninguém, até agora, lhe tenha dado atenção, a pedra epigrafada que serve de padieira num casebre, no Largo do Forno de Arícera, povoação da União de Freguesias de Arícera e Goujoim, concelho de Armamar, veio a revelar-se importante documento sobre a organização territorial daquela região ao tempo dos Romanos. De facto, o letreiro desse bloco paralelepipédico de granito amarelo, resultava, à primeira vista, deveras enigmático. Dizia assim: […] [O] · CAE[S(are)] […] / […] · GER · […] / · MAX […] / […] ES · T [?] […] [?] / 5 […] COS · / […]VG
O que quer dizer: Sendo Tibério Cláudio César Augusto Germânico, pontífice máximo, no 2º poder tribunício, imperador por duas vezes, Pai da Pátria, cônsul pela 3ª vez – término augustal entre […] entre […] Ou seja, no ano 43 da nossa era, no âmbito da organização geral que o imperador romano Cláudio fez da Lusitânia, este marco delimitava o território de dois povos. Falta-nos saber quais e, para isso, se se retirar o bloco, pode ser que numa das faces esteja o nome de um e, se se encontrar o outro fragmento, teremos a identificação do segundo.
Era o que restava dum texto maior, que – comparando-o com dois letreiros idênticos achados nas proximidades, um encastrado na capela de S. Pedro de Balsemão e outro em Goujoim – foi possível reconstituir na sua quase totalidade:
Trata-se, pois, de uma descoberta relevante e a preservação do bloco epigrafado é indispensável.
TI(berio) · CLAVDIO · CAE/SARE · AVG(usto) · GER/MAN(ico) PONT(ifice) · MAX(imo) / TRIB(unicia) · POTEST(ate) · II (secunda) / 5 IMP(eratore) · II (bis) · P(atre) · P(atriae) · CO(n)S(ule) · / III (tertium) · TERM(inus) · AVG(ustalis) // IN[TER] [...] // [INTER] [...]
Para saber mais:
JOSÉ D’ENCARNAÇÃO JOSÉ CARLOS SANTOS
ENCARNAÇÃO (José d’) e SANTOS (José Carlos), «Um terminus augustalis em Armamar», Ficheiro Epigráfico 233 2022 inscrição nº 808 (p. 3-14). http://hdl.handle.net/10316/100307
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museu de território colaborar e partilhar Neste separador da Newsletter do Museu do Douro queremos dar a conhecer a nossa partilha e colaboração com e na Região Demarcada do Douro. Encontre, aqui, as datas, locais e ações em colaboração e partilha. Todas as saídas previstas poderão ser alteradas de acordo com a agenda e necessidade dos serviços do Museu e dos equipamentos/instituições que nos recebem e ou solicitam.
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» 1 de julho | LAMEGO, Núcleo Arqueológico, Porta dos Figos. [19h00 – 22h00] | ViViFICAR. Oficinas sobre fotografia e vídeo. » 2 de julho | LAMEGO, Núcleo Arqueológico, Porta dos Figos [10h00 – 13h00] | ViViFICAR. Oficinas sobre fotografia e vídeo. » 12 de julho | PESO DA RÉGUA Biblioteca e, Escola Secundária João de Araújo Correia | Falar. » 20 de julho | VILA NOVA DE FOZ CÔA | Oficina Paisajar. International Heritage Summer School 2022. » 26 e 27 de julho | TABUAÇO | Café Central.
território // colaborar e partilhar
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rede de museus do douro A Rede de Museus do Douro, ao unir diferentes tipos de espaços museológicos, pretende também contribuir para a sua divulgação junto das comunidades de visitantes. Seja aproximando a comunidade local dos seus espaços, seja divulgando estas estruturas a quem nos visita, esta publicação é também um incentivo para partir à descoberta do território duriense. Através de diferentes coleções, os espaços aderentes permitem conhecer outras facetas do Douro, um território cuja paisagem é património Mundial! Todos os meses divulgaremos neste espaço as atividades/ações que nos forem enviadas pelos núcleos aderentes e, de modo aleatório, será apresentado um núcleo museológico.
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em destaque Julho CENTRO INTERPRETATIVO DO BARCO RABELO
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Nascido da vontade da Autarquia em preservar a memória das gentes ribeirinhas do concelho de Mesão Frio, o Centro Interpretativo do Barco Rabelo, foi instalado na antiga Escola Primária da Rede, Vila Marim, lugar que em tempos foi de aprendizagem e que agora volta a servir a comunidade local e os seus visitantes, partilhando as memórias das gentes que viveram do rio e para o rio durante séculos. O Centro Interpretativo do Barco Rabelo apresenta-se como espaço que reúne a História e a Memória dos Homens do Rio Douro, homenageando a sua coragem e luta num tempo em que a vida dependia de “um rio sinistro de cor e trágico de loucura” nas palavras de Alves Redol (Porto Manso, 1946). Num único e amplo espaço, perante uma estrutura central que se inspira num Barco Rabelo, pode-se descobrir como este era construído, assim como a vida e o quotidiano de arrais e marinheiros, através de imagens e filmes de arquivo ou ainda poder ouvir algumas das músicas tradicionais da aldeia de Barqueiros.
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Programa museológico A intervenção museológica procura evocar, na sua formalização, a estrutura de um Barco Rabelo sem, no entanto querer seguir uma linguagem visual de cariz etnográfico, dando preferência a uma abordagem simbólica. A exposição organiza-se sobre uma plataforma central composta por diferentes níveis que permitem planos expositivos distintos. Esta plataforma reúne caixas vitrine a par de planos verticais ou oblíquos, patamares acessíveis ao visitante por meio de degraus e aberturas para visualizar o interior, qual metáfora do espaço de um barco. A exposição procura dar uma leitura antropológica das gentes do rio valorizando a memória coletiva da comunidade. Para tal recorre-se à apresentação de objetos de uso quotidiano pertencentes às comunidades ribeirinhas, documentos históricos e fotografias de arquivo, assim como textos de enquadramento e legendas explicativas. A maquete representando o Barco Rabelo é o destaque da exposição, que tem ainda equipamento multimédia contendo filmes de arquivo e entrevistas que registam a vida dos arrais, dos mareantes e dos barqueiros, assim como os seus costumes, a sua tradição oral e a sua música. Para tornar mais intensa a experiência da visita, propõe-se uma interação de caráter lúdico-pedagógico que permite percecionar o esforço e a perícia necessários para puxar uma corda e experimentar “levar” um barco à sirga.
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Arrais e Marinheiros O Barco Rabelo simboliza a força e o sacrifício dos homens do Douro, quando a navegação por este rio constituía uma verdadeira odisseia repleta de secos (passagens assoreadas) e galeiras (rápidos com ressaltos e fundo de rocha). Para saber manobrar o Rabelo era necessária uma grande perícia, coragem e experiência. A viagem que se fazia ao longo do Rio Douro até Vila Nova de Gaia durava dois a três dias, em que a tripulação composta pelo arrais, mestre, marinheiros e moço, fazia toda a sua vida a bordo do barco.
Dava-se o nome de barqueiros aos tripulantes do Barco Rabelo, mas Barqueiros é também o topónimo de uma freguesia de Mesão Frio que, desde tempos imemoriais, encontra na sua gente a vocação para arrais, barqueiros e mareantes.
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//INFORMAÇÕES ÚTEIS: Horário de Verão (Junho-Setembro):
Horário de Inverno (Outubro-Maio):
» Segunda a Sexta-Feira: 09h00 às
» Segunda a Sexta-Feira: 09h00 às
13h00 | 14h00 às 17h00
13h00 | 14h00 às 17h00
» Sábados: 10h00 às 13h00 |
14h00 às 18h00 » Domingos: 10h00 às 13h00 » Feriados: 10h00 às 13h00 |
14h00 às 18h00
Encerra aos sábados, domingos e feriados.
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MUSEU DA SEDA E DO TERRITÓRIO DE FREIXO DE ESPADA Á CINTA Durante o mês de julho continuam as visitas guiadas, com marcação, a todo o processo de criação do bicho-da-seda e extração de seda.
//INFORMAÇÕES ÚTEIS: Horário de funcionamento: » de terça a domigo: 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h30 » Encerra às Segundas-feiras; Sexta-feira Santa; Dia de Ano Novo Contactos: Email: museu.seda@cm-fec.pt Tel.: 279 658 163 Bilhete: Gratuito Morada: Largo do Outeiro n.º 13 | 5180 – 188 Freixo de Espada Cinta
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MUSEU DO IMAGINÁRIO DURIENSE (MIDU) Exposição de Percursos pela Arquitetura Popular no Douro, de António Menéres Patente no Museu do Imaginário Duriense (MIDU) até 11 de setembro.
//INFORMAÇÕES ÚTEIS: Horário de funcionamento: » segunda a sexta: das 09:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:30 » sábados, domingos e feriados: das 10:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:00 Contactos: Email: museum@cm-tabuaco.pt Tel.: 254 787 019 Bilhete: Gratuito Morada: Rua Macedo Pinto, 5120 Tabuaço
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ESPAÇO MIGUEL TORGA
//INFORMAÇÕES ÚTEIS:
Em julho, no Espaço Miguel Torga, poderá contar com:
Horário de funcionamento: » 1 de abril a 31 de outubro | terça a sexta: 9:00 às 12:30 | 14:00 às 17:30
» 9 de julho, às 18h00 | Uma tarde com Nadir | Apresentação de livros
» Sábados e domingos: 10:00 às 12:30 | 14:00 às 18:30 » 1 de novembro a 31 de março | terça a domingo: 9:00 às 12:30 | 14:00 às 17:30 Encerrado às segundas e feriados. Contactos: Email: geral@espacomigueltorga.pt Tel.: 259 938 017 Bilhete: Gratuito Morada: Rua Miguel Torga | 5060 – 449 S. Martinho de Anta
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ses, essa invulgar representação, meio homem, meio animal, tornar-se-ia personagem de um dos monumentais cenários que realiza, em 1993, para a peça Os Biombos, de *Jean Genet, levada à cena pelo Teatro Experimental de Cascais. Não é, por isso, raro que esta *iconografia, especialmente as figurações de animais ou de figuras femininas como a *Vénus de Willendorf, habitem, como protagonistas, os seus desenhos e pinturas. Os exemplos são inúmeros, sobretudo nos trabalhos que realiza nas décadas de 1980 e 1990, particularmente das séries Mapas e o Espírito da Oliveira ou os Vieiros, que apresentara, em 1983, na XVII Bienal Internacional de Arte de São Paulo, no Brasil, e, posteriormente, nos Museus de Arte Moderna de S. Paulo e do Rio de Janeiro. MUSEU DO CÔA E PARQUE ARQUEOLÓGICO DO VALE DO CÔA GRAÇA MORAIS MAPAS DA TERRA E DO TEMPO A relação com a mais primitiva forma de arte, desconhecida ainda da menina que então rabiscava sobre as fragas do Vieiro, não só não é novidade no modo de desenhar e de pintar de Graça Morais, como tem sido, ao longo de mais cinquenta anos de vida artística, fonte geradora das mais diversas pesquisas formais e pictóricas. Com mais de 14 mil anos, a enigmática figura, conhecida pelo “homem-bisonte”, encontrada na caverna de Les Trois-Frères, em França, é uma das muitas referências da arte do *Paleolítico que Graça Morais transfere para sua pintura. Como tantas das suas geniais *metamorfo-
Os colossais *telões que concebe, em 1995, para a cenografia da peça Ricardo II, de *William Shakespeare, para o Teatro Nacional D. Maria II (que pela escala foi impossível apresentar nesta exposição), são também sucedâneos das múltiplas leituras tomadas à arte ancestral. Não apenas pela forma como cita e se apropria de cores e texturas, mas sobretudo pelo modo como transfigura os animais que ressaltam das paredes das famosas cavernas de *Chauvet ou de *Altamira. No entanto, esta sintonia com arte do *Paleolítico sobressai sobretudo no seu virtuoso desenho, visível na sobreposição de linhas e formas, na interrupção abrupta do traço ou a aglomeração dos elementos, onde a relação com as gravuras do Côa, não só salta à vista, como é transversal ao conjunto de trabalhos, alguns deles inéditos, criteriosamente reunidos para esta exposição.
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Curadoria: Jorge da Costa
//INFORMAÇÕES ÚTEIS:
*Paleolítico: primeiro período da História da Humanidade *metamorfose: processo de transformação para que alguns animais passem à fase adulta *Jean Genet: escritor e dramaturgo francês (1910-1986) *iconografia: linguagem que usa imagens para apresentar um tema *Vénus de Willendorf: estátua de calcário de uma mulher com características físicas exageradas para representar a fertilidade; tem 11 cm *telões: tela grande que serve de cenário *William Shakespeare: escritor britânico (1564-1616) considerado o poeta nacional; conhecido, por exemplo, pelas peças Hamlet, Macbeth e Romeu e Julieta *Caverna de Chauvet: localizada no sul de França, tem as paredes decoradas com cerca de 435 pinturas de animais *Caverna de Altamira: situada na Cantábria, em Espanha, tem pinturas de diversas cores que representam animais, figuras humanas e desenhos abstratos.
Horário de funcionamento: » todos os dias: das 09:00 às 17:30
Esta exposição ficará patente até ao dia 25 de setembro de 2022.
Contactos: Email: museugeral@arte-coa.pt Tel.: 279 768 260 Bilhete: 6€ Passaporte Mud: 20% desconto Morada: Rua do Museu | 5150 – 620 Vila Nova de Foz Côa
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Fotografia: © Filipe Braga, Fundação de Serralves, Porto
MUSEU MUNICIPAL ARMINDO TEIXEIRA LOPES Imagem: Helena Almeida, Pintura Habitada, 1975. Col. Banco Privado Português, S.A. – Em Liquidação, em depósito na Fundação de Serralves – Museu de Arte contemporânea, Porto. Durante o mês de julho e até 28 de agosto, estará patente neste espaço a exposição temporária de Helena Almeida, "Habitar a obra".
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Além desta exposição poderá contar com as seguintes ações de formação: » Ação de Formação para técnicos e professores, no MATL, dia 8 de julho das 10h30 às 17h30; » Oficina para famílias, serviço Educativo de Serralves, dia 23 de julho, das 10h30 às 12h30; » Visita orientada, serviço Educativo de Serralves, dia 23 de julho, das 15h00 às 16h00.
//INFORMAÇÕES ÚTEIS: Horário de funcionamento: » segunda a sexta: das 9:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:30 » sábados: das 14:30 às 18:00 » domingos e feriados: marcação prévia. Contactos: Email: museu@cm-mirandela.pt Tel.: 278 201 590 Bilhete: Gratuito Morada: Rua João Maria Sarmento Pimentel, n.º 161 | 5370 – 326 Mirandela
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NÚCLEO MUSEOLÓGICO DE FAVAIOS PÃO E VINHO
Durante o mês de julho além da exposição permanente, sobre o Moscatel de Favaios e o afamado Trigo de quatro cantos, também estará patente ao público a exposição Concurso Internacional de Fotografia, Douro Património Contemporâneo, Arquitetura | Arte | Imagem 2018. Este conjunto de fotografias tem como tema as Barragens do Douro e pretende evidenciar e relação existente entre a arquitetura e o seu contexto, materializado também naquilo que é a sua implantação. Aqui poderá ver o resultado de “três olhares” que revelam um outro modo de interpretar o património.
A exposição estará patente neste espaço até 15 de julho de 2022.
//INFORMAÇÕES ÚTEIS: Horário de funcionamento: » De segunda a domingo: inverno: das 10:00 às 17:00 verão: das 10:00 às 18:00 Bilhete: 2€ Passaporte Mud: 20% Contactos: Email: museu.favaios@cm-alijo.pt Tel.: 259 950 073 Morada: Rua Direita, 21, 5070 – 272 Favaios
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Foto de João Galamba de Oliveira | Conjunto: Linhas do Douro (imagem “linhas do douro 11”). // Concurso Internacional de Fotografia 2020 “Douro Património Mundial” – Memória com Futuro.
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loja museu do douro Novidades de julho na Loja do Museu do Douro. http://loja.museudodouro.pt/
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restaurante a companhia //MAIS INFORMAÇÕES:
» Facebook: www.facebook.com/ acompanhia.pt » Através do e-mail: info.acompanhia@gmail.com
» Contacto: 93 215 01 01
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geral: (+351) 254 310 190 | loja: (+351) 254 310 193 e-mail: geral@museudodouro.pt website: www.museudodouro.pt
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