“O Fado no Cinema”, exposição da maior relevância desenvolvida e realizada pela EGEAC/ Museu do Fado, neste ano de orgulhosa consagração da Canção de Lisboa como Património Imaterial da Humanidade, vem dar continuidade a uma série de grandes exposições temáticas, iniciadas o ano passado, com grande sucesso, pela exposição “Ecos do Fado na Arte Portuguesa”. Ao visitarmos esta nova proposta será, em nosso entender interessante exercício - tanto quanto a memória nos permita - o estabelecimento de uma reflexão, sobre os modos de apropriação do Fado por estas duas formas de expressão artística. A este respeito será, desde logo, relevante constatar até que ponto o carácter tão particular, específico e único destas duas linguagens logrou, ao longo do séc. XX, apoderar-se da Cultura Fadista sob formas tão distintas, tanto ao nível de todos os significantes quanto ao nível de todos os significados. Não deixa de ser surpreendente todavia, ao olharmos o extenso conjunto de obras cinematográficas que compõem a presente exposição, a real atração que o Fado exerceu sobre a criação cinematográfica desde os seus alvores. Arriscaria mesmo afirmar que esta expressão musical será, ao longo do séc. XX, uma das presenças artísticas / temáticas mais recorrentes da cinematografia portuguesa, com naturais incursões de realizadores estrangeiros cuja obra mais de perto se acercou do universo cultural nacional. Eis portanto um testemunho que prova, decerto, a importância do Fado como dimensão seminal do desenvolvimento cultural português e expressão incontornável da nossa identidade. Contudo ouso ir porventura mais longe ao afirmar que aquele revelou desde sempre características intrínsecas que, suponho, muito interessaram aos realizadores de várias épocas. Seguramente que a sua contenção anímica e dramatismo não foram - bem pelo contrário - indiferentes à abordagem expressionista procurada pelo mudo, e, bem entendido, o seu lirismo e particularíssima musicalidade o converteram em presença muito apetecida no sonoro. Por último, a prodigalidade da relação entre Fado e Cinema leva-nos à evocação daquilo a que podemos chamar, à falta de expressão mais rigorosa, “a catarse do sentir coletivo”. Neste pressuposto convirá relembrar Walter Benjamin e as suas fundamentais reflexões sobre o cinema como veículo preponderante de construção de uma consciência coletiva ao longo do séc. XX; poderoso demiurgo de uma nova estética encantatória das massas e, obsessivo relator, perante o olhar do mais anónimo dos cidadãos, dos seus distintos e infinitos matizes. Aqui chegados, não será difícil, portanto, intuir o justo ponto de intersecção entre tal demanda de coletivo e uma arte musical que é antes de tudo produto da perturbadora e transcendente elevação do quotidiano e do comum. Miguel Honrado Presidente do Conselho e Administração da EGEAC Maio 2012
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Falamos de Fado e logo o nome maior de Amália Rodrigues nos embala o coração. Se ao Fado juntarmos Cinema, lembramo-nos de inúmeros filmes que retratam, abordam ou têm cenas onde o Fado surge como presença que, mesmo se pontual, é em nosso entender sempre expressiva. Se nos detivermos nos títulos mais evidentes, nem todos à época sucessos de bilheteira, mas hoje considerados testemunhos representativos do Fado, cremos, sem grande margem de erro, que muitos se lembrarão de filmes, como A Severa (1931), de Leitão de Barros (primeiro filme foto-sonoro português), Capas Negras (1947), Fado – História D’Uma Cantadeira (1949), ambos de Perdigão Queiroga, sem esquecer obras mais antigas como O Fado (1923), de Maurice Mariaud ou O Diabo em Lisboa (1927), de Rino Lupo. Recordamos ainda outros filmes onde, apesar do Fado não ser o centro das atenções, está neles espelhado em algumas cenas inesquecíveis como Lisboa, Crónica Anedótica (1930), de Leitão de Barros, A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo, Aldeia da Roupa Branca (1939), de Chianca de Garcia, O Pátio das Cantigas (1942), de Francisco Ribeiro, O Costa do Castelo (1943), de Arthur Duarte, só para citar exemplos referentes ao período frequentemente denominado, considerando-se a popularidade alcançada por alguns destes títulos, por “anos de ouro do cinema nacional”. Parece-nos também indispensável mencionar obras muito mais recentes, de jovens realizadores cativados por este Património que o Fado é, como The Art of Amália (2000), de Bruno de Almeida ou Amália – O Filme (2008), de Carlos Coelho da Silva. Correspondendo ao convite dirigido à Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema pelo Museu do Fado para colaborar nesta Exposição, alguns meses após a consagração pela UNESCO do Fado como Património Imaterial da Humanidade, a Cinemateca selecionou, para evidenciar a relação do Fado com o Cinema, algumas imagens em movimento dos muitos cineastas portugueses que, nas suas obras, exaltaram o Fado, fazendo dele o tema central dos seus filmes ou incluindo-o ad latere como mero apontamento. Esta relação ganha outro fulgor através de fotografias, cartazes, cartonados, partituras e outros documentos originais. Num espírito de celebração do justo estatuto alcançado, e do diálogo entre o Fado e o Cinema, acompanhámos com entusiasmo a iniciativa de sublinhar a importância do Fado na criação cinematográfica, disponibilizando imagens, conservadas e preservadas no nosso Arquivo, bem como iconografia variada do nosso acervo. Este desafio foi, para a Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, uma oportunidade estimulante para evocar uma memória fundamental para o conhecimento e reconhecimento da herança histórica e cultural que o Fado representa. Maria João Seixas Diretora da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema Maio 2012
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Hoje Estreia. Assim se intitulava a curta-metragem que Fernando Lopes consagrou em 1967 à memória viva do cinema Condes, intrinsecamente ligada à história da cidade de Lisboa1. Socorremo-nos das palavras de um nome Maior do cinema português para apresentar a exposição aqui anunciada por Manuel Vieira na fachada de um Condes imaginário que António Viana desenhou. Esta estreia propõe-nos uma viagem pelas imagens que pontuaram o diálogo entre o Fado e o Cinema ao longo dos séculos XX e XXI, desde a época matricial do cinema mudo, à produção da cinematografia contemporânea. Intimamente ligado à história do cinema português, com protagonismo central ou em simples apontamentos musicais, o Fado foi sucessivamente convocado por cineastas portugueses e estrangeiros, que recorreram à sua riqueza melódica e narrativa. Neste diálogo antigo e cúmplice, sempre renovado e redescoberto, entre o Fado e as imagens em movimento que o evocam e celebram, redescobrimos também muito do nosso olhar sobre nós próprios. As primeiras aparições do fado no cinema remontam à época do cinema mudo, consubstanciando-se em cinco aparições, entre o início da década de 1920 e os alvores da década seguinte, quer com absoluto protagonismo - O Fado (1923) de Maurice Mariaud e O Diabo em Lisboa (1927) de Rino Lupo, quer como apontamento secundário: Tragédia d’Amor (1924) de António Pinheiro, Fátima Milagrosa (1928) de Rino Lupo, e Lisboa Crónica Anedótica (1930) de Leitão de Barros. A produção cinematográfica deste período corresponde ao tempo dos “filmes portugueses feitos por estrangeiros” que, como salientou João Benard da Costa, apontava já para “direcções que, no futuro, o cinema português não mais deixaria de trilhar.”2 Com produção maioritariamente centrada na actividade da Invicta Film (1918-1924), o “cinema português feito por estrangeiros” foi largamente debatido na nossa historiografia do cinema, que questionou, por sucessivas vezes, a nacionalidade destes filmes.3 Espelhando bem a linha de “reportuguesamento” onde se inscreviam as actividades intelectuais em Portugal desde o século XIX, a fórmula deste “cinema português feito por estrangeiros” da década de 1920 propunha “uma comunhão entre criadores e audiências”, interpretando “o acto criativo como um
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- Agradeço a Maria João Seixas a partilha deste documentário.
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- COSTA, João Benard da, Histórias do Cinema, Lisboa, Imprensa Nacional, p.24.
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- Veja-se, a este respeito, o fundamental estudo dirigido por BAPTISTA, Tiago, Lion, Mariaud, Pallu, Franceses Tipicamente Portugueses, Lisboa, Cinemateca Portuguesa Museu do Cinema, 2003.
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ritual destinado a reactivar a autoconsciência da nação e a sua projecção no exterior.” 4 Como bem sublinhou Tiago Baptista, a produção desta época estruturou-se em torno da necessidade de criação de filmes genuinamente portugueses procurando “devolver-nos uma imagem do país e dos seus habitantes que, mais do que genuinamente nacional, deveríamos caracterizar como laboriosamente genuína.” 5 Seguindo movimentos análogos em Inglaterra, França ou Alemanha, num processo que Eric Hobsbawm caracterizou como o da Invenção da Tradição6 o “reportuguesamento” estendia-se às artes plásticas, à literatura, à arquitectura, às artes tradicionais, aos costumes populares, num programa preconizado por Ramalho Ortigão, Jaime Magalhães Lima, Alberto Oliveira e Afonso Lopes Vieira, que angariava adeptos nos opositores à I República (1910-1926) mas também entre a esquerda republicana, na Renascença Portuguesa, liderada por Teixeira de Pascoaes. De facto, para a Geração de 1890 - de onde sairiam os líderes da República - as “ideias modernas” faziam-se acompanhar do pressuposto da existência de uma “realidade portuguesa”, uma forma de vida que correspondia exactamente ao modo de ser dos portugueses e que se perdera quando estes começaram a imitar os outros burgueses europeus.7 Espelho deste posicionamento é o repto lançado aos artistas por Alberto Oliveira em 1894: ”Amanhã, de aqui a dez ou cinquenta anos, talvez já as serranias da Beira estejam povoadas de hotéis ingleses e as altivas florestas portuguesas cheias de árvores veneradas como velhos frades, se achem terraplanados e penteados bosques de chaminés e fábricas” 8 Esta busca da identidade cultural nacional vinha ganhando consistência desde as últimas décadas do século XIX com a emergência, nas artes plásticas e na literatura, do naturalismo. Rompendo definitivamente com a simbólica convencional de inspiração greco-latina, promovia-se uma arte para a classe média, facultando, no contexto da sua recepção crítica, uma identificação imediata do significado intrínseco de cada obra. 4
- RAMOS, Rui, in Lion, Mariaud, Pallu, Franceses Tipicamente Portugueses, (Dir. Tiago Baptista), Lisboa, Cinemateca Portuguesa Museu do Cinema, 2003, p. 101. Sobre o “reportuguesamento” veja-se também RAMOS, Rui, “A Segunda Fundação (1890-1926)”, História de Portugal (Direcção de José Mattoso), Volume VI, Círculo de Leitores, 1994, Lisboa, pp. 574 e seguintes.
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- BAPTISTA, Tiago, Lion, Mariaud, Pallu, Franceses Tipicamente Portugueses, Lisboa, Cinemateca Portuguesa Museu do Cinema, 2003, p.39. 6
- Veja-se o capítulo “Inventing Tradition” em HOBSBAWM, Eric e RANGER, Terence, The Invention of Tradition, Cambridge University Press, 1992, pp. 1-14.
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-Cfr. RAMOS, Rui, “A Segunda Fundação (1890-1926)”, História de Portugal (Direcção de José Mattoso), Volume VI, Círculo de Leitores, 1994, Lisboa, pp. 574 e seguintes.
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- OLIVEIRA, Alberto, Palavras Loucas, França Amado Editor, 1894, p.214.
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Foto de cena do filme Fado de Maurice Mariaud, 1923 Colecção Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
Cartonado do filme Fado de Maurice Mariaud, 1923 Colecção Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
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Postal do filme A Severa de Leitão de Barros, 1931 Colecção Nuno Siqueira
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O enfoque nas artes e costumes tipicamente portugueses espelhava-se, desde a década de 1880, na atenção consagrada aos Museus Nacionais: o Museu de Belas-Artes e Arqueologia, actual Museu de Arte Antiga, abria portas em 18849, o Museu Etnográfico em 1893, o Museu Militar em 1895, o Museu de Arte Sacra de S. Roque e o Museu dos Coches Reais em 1905. Anos mais tarde, seria a República a multiplicar os Museus pelo País, ciente do papel central da arte na educação dos meios populares. Nas artes plásticas, por influência de Silva Porto, crescia o gosto pela pintura paisagística de Norte a Sul do País, que constituía motivo de procura crescente entre a Família Real e a burguesia de Lisboa e do Porto: “Em 1893 Silva Porto vende uma grande tela por 700 mil reis. Para o público com menos posses trabalhava formatos médios (35 a 70 mil réis) e pequenos (15 a 30 mil reis) Era uma pequena indústria. Porto repetia as telas mais procuradas, consagradas e celebrizadas pelas reproduções em jornais e revistas.”10 A partir da figura tutelar de Silva Porto, impunha-se, então, uma nova ortodoxia pictórica, através de instituições como o Grémio Artístico (1891) ou a Sociedade Nacional de Belas Artes (1901). O entendimento imediato das obras, ao nível da sua recepção crítica, proporcionado pelos novos programas artísticos – despojados das referências eruditas da pintura clássica – ditou o seu consumo alargado por toda uma classe média e também pelo universo de amadores que a podiam praticar sobretudo através da aguarela, um meio técnica e financeiramente mais acessível do que o óleo. Esta nova gramática plástica seria ainda largamente propagada, nas décadas seguintes, pelos discípulos de Porto, Reis e Malhoa, agrupados em 1911 no Grupo Ar Livre e em 1927 no Grupo Silva Porto. É neste contexto que o fado irrompe na pintura portuguesa pela mão de José Malhoa, em 1910, fixando um modelo iconográfico popular, urbano e marialva que, consolidando a via mais naturalista de tratamento do tema, desde logo assumiu um lugar de absoluta centralidade na iconografia do género. A extensa fortuna crítica de José Malhoa tornou sobejamente conhecidas as peripécias que pontuaram a produção da obra O Fado, que envolveu a colaboração de modelos reais - o fadista Amâncio e a Adelaide da Facada – com quem Malhoa terá discutido “particularidades iconográficas e consentimentos de poses”11- e que acabariam, ainda que fortuitamente, por participar, com mestre Malhoa, pintor fino e consagrado, na fundação de uma identidade imagética do fado. No ano da conclusão do emblemático Fado de Malhoa era fundado, no Porto, o principal estúdio 9
- Depois de alterações estruturais profundas.
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- Cfr. RAMOS, Rui, “A Segunda Fundação (1890-1926)”, História de Portugal (Direcção de José Mattoso), Volume VI, Círculo de Leitores, 1994, Lisboa, pp. 574 e seguintes. 11
- SILVA, Raquel Henriques, “O Fado em Pintura”, Lion, Mariaud, Pallu, Franceses tipicamente Portugueses, Lisboa, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, 2003, pp. 145-162.
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cinematográfico do cinema mudo, a Invicta Film, com extensa produção de documentários de grande sucesso comercial. Reformulada em 1917, através de uma sociedade que incluía Nunes de Matos, José Augusto Dias e Henrique Alegria12, a Invicta conhecia então um período de expansão, através da aquisição de material cinematográfico, da contratação de técnicos estrangeiros especializados e da construção de estúdios próprios numa área de 500.000 m2.13 No cinema, os preceitos do “reportuguesamento” ecoavam nos periódicos da especialidade, na narrativa do jornalismo cinematográfico que apregoava os ingredientes próprios para a produção de um filme genuinamente português: paisagens, monumentos e costumes populares portugueses.14 Nas páginas da Animatógrafo, Porto Cinematográfico, Cine-Revista, Invicta-Cine, Cinéfilo e outras revistas da especialidade15 - que proliferavam no contexto do crescimento da produção de filmes mudos – veiculavam-se os pressupostos de uma cinematografia genuinamente portuguesa que pudesse mostrar-se no exterior, num entendimento do cinema como instrumento de propaganda. Forjada oficiosamente na criação, em 1906, da Sociedade de Propaganda de Portugal, o turismo era o grande propósito desta campanha. Logo em 1911 organizava-se o I Congresso Internacional de Turismo de Lisboa, promovendo-se a fotografia, o cinema, bilhetes-postais ilustrados, guias e itinerários turísticos como instrumentos de divulgação da cultura nacional. Para o êxito desta acção de propaganda concorria também o caminho-de-ferro e o automóvel particular, cujo nº de registos, como indica Rui Ramos16 passou de 3.211 em 1916 para 22.460 em 1929. Entre nós, o crescimento da indústria do cinema durante os anos da Grande Guerra (1914-1918) foi coadjuvado por um ambiente de “atmosfera de estufa” para os empresários locais, como salientou Rui Ramos17. De facto, quer a dificuldade, a nível europeu, de realização de transacções comerciais, quer
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- Proprietário do Cinema Olímpia no Porto, que aqui assumia as funções de director artístico.
13
- A contratação de técnicos estrangeiros para os quadros da empresa concorreu, aliás, para a caracterização da sua produção como “cinema português feito por estrangeiros”. 14
- Veja-se a este respeito o estudo fundamental de Tiago Baptista, op. cit., pp 37-96.
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- Até ao ano de 1931 começaram a publicar-se 71 revistas de cinema. Veja-se, a este respeito, PELAYO, Jorge, Bibliografia Portuguesa de Cinema. Uma visão cronológica e analítica, 2ª ed., Cinemateca Portuguesa, Lisboa, 1998. 16
- RAMOS, Rui, in Lion, Mariaud, Pallu, Franceses Tipicamente Portugueses, (Dir. Tiago Baptista), Lisboa, Cinemateca Portuguesa Museu do Cinema, 2003, p. 104.
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- RAMOS, Rui, in op. cit., p. 102.
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Cartaz do filme A Canção de Lisboa de Cottinelli Telmo, 1933 Almada Negreiros Colecção Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
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a desvalorização cambial da moeda portuguesa, aliviavam a produção nacional da concorrência das indústrias estrangeiras, mais desenvolvidas. “Entre 1917 e 1919 meio mundo em Portugal andou com ideias de montar empresas. O número de estabelecimentos fabris por exemplo triplicou entre 1917 e 1924, enquanto o número de bancos passava de 23 em 1919 a 31 em 1922.”18 A indústria cinematográfica conhecia, nesta época, um período de franca expansão, constituindo-se várias produtoras de cinema. Activa até cerca de 1925, a Invicta-Film surgia integrada nesta ideia de ”patrioticamente criar no estrangeiro uma larga propaganda de Portugal pela cinematografia, tratando no ecrã assuntos nacionais, extraídos de romances portugueses ou da história da pátria.” 19 A 1 de Junho de 1917, com 21 anos, António Ferro participava na primeira conferência sobre o animatógrafo organizada em Portugal, no Salão Olympia, onde apresentava a conferência As Grandes Trágicas do Silêncio - Francesca Bertini, Pina Menichelli, Lydia Borelli. Aqui deixava antever o seu entendimento do cinema como aproximação a um universo civilizacional de referência, espaço por excelência de projecção e identificação mimética, instrumento formativo do gosto, veículo do sonho e do imaginário, forma de arte autónoma. Para Ferro, o cinema espelhava o Portugal imaginado e nesta obsessão pelo imaginário se fundaria a sua acção cultural. “Não haja, portanto, o escrúpulo de mentir. Afastemo-nos o mais possível da verdade da Vida, porque é justamente ela que nos amargura a Vida… E deixemos que a frase iluda, que a frase engane, que a frase minta como qualquer mulher… façamos frases, muitas frases… E para aqueles que as acusam de ser mentiras, eu tenho este derradeiro paradoxo: a mentira é a única verdade dos artistas (...).”20 O cinema “tem a vantagem de apurar, notavelmente, o sentido estético, de ser uma escola de bom gosto, como conheço poucas. Ensina-nos a pôr uma gravata e a pôr um bibelot. Mas principalmente ensina-nos essa dificílima arte do lar que, numa simples disposição de móveis, consegue pôr carinho, severidade ou volúpia (...) Mas maior do que todas as vantagens que acabo de mencionar, mais bela do que todas, é esse poder quase divino que a máquina operadora tem de registar a vida, de a recortar em longas fitas que a nossa saudade pode um dia desdobrar. A própria morte passa a ser desmentida pelo animatógrafo. Porque ele não se limita a fixar o corpo, como a fotografia, fixa também a alma.” 21 Esta consciência das possibilidades de participação mimética que se plasmavam na tela do cinema, acompanharia toda a acção cultural de António Ferro, forjada no Portugal imaginário, enfim, no 18
- Idem, ibidem; p.102.
19
- RAMOS, Rui, op. cit., citando o artigo “Expansão nacional” in Cine Revista, 15 de Janeiro de 1918, p.5.
20
- RODRIGUES, António, António Ferro na Idade do Jazz Band, Lisboa, Livros Horizonte, 1995, p.23.
21
- Idem, ibidem; p.23.
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Vasco Santana e Beatriz Costa Revista Cinéfilo, nº 260, 1933 Colecção Biblioteca Nacional de Portugal
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Cartaz do filme Aldeia da Roupa Branca de Chianca de Garcia, 1939 Hernâni Colecção Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
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delicado convívio entre o espectador rendido à ficção e o crítico que procura ver no cinema um instrumento formativo e pedagógico22. Como salienta António Rodrigues o Star System de Edgar Morin ilustrou bem o quanto a relação entre espectador e ecrã se estrutura num processo de projecção e identificação, específicos da arte cinematográfica, numa comunhão a que a sala obscura convida, integrando-nos, enquanto espectadores, na acção e nas personagens.23 A 9 de Abril de 1923 estreava no Salão Central em Lisboa, o filme mudo O Fado, dirigido por Maurice Mariaud. A primeira produção da Pátria Film – que contava com a direcção artística de Henrique Alegria – centrava-se num tema bem lisboeta, já levado à cena no teatro São Carlos a 15 de Março de 1915, numa pequena peça de um acto, da autoria de Bento Mântua. Centrando-se na festejada tela de José Malhoa e operando um mimetismo de todos os detalhes iconográficos da composição, desde os adereços decorativos à caracterização das personagens, O Fado, de Mariaud, filme em quatro actos, reunia a participação de actores como Ema de Oliveira, Eduardo Brasão, José Soveral, Sarah Cunha, Raul de Carvalho, Castro Neves, Botelho do Amaral, Duarte Silva e Henrique Roldão. Com um custo que ascendeu a 67.534$00, O Fado foi exibido no Salão Central, no Olympia – com acompanhamento à guitarra por António Mouzon e Ernesto Lima - e no Royal Cine, a 5 de Setembro de 1932. Muitas foram as vozes críticas da selecção de um realizador estrangeiro para um tema “tão genuinamente português” e, no seguimento da sua estreia, em 1923 - numa época em que os periódicos de fado assumiam já uma intenção reiterada de legitimação do género face à propagação dos discursos de distanciamento crítico que se propagavam desde o último quartel do Século XIX - o jornal A Guitarra de Portugal publica um testemunho censório do filme de Mariaud - extensível ainda a Malhoa – numa resposta do universo fadista àquilo que entende serem retratos pouco edificantes do fado: “…Foi em uma visita a casa do pintor Malhôa que o Sr. Maurice ante o quadro “O Fado” pensou na execução do seu filme (…) O Sr. Mariaud é francês. Tem centenas de peças suas em cinema, interpretadas por artistas franceses. Em Portugal também já muito lhe deve a “arte do silêncio”. Todavia, a arte que defendemos e propagamos é imprecisamente tratada. O Sr. Mariaud enfermou tal como enfermam todos os que não vivem nos meios onde mais tarde buscam motivos para as suas obras d’arte… O distinto técnico foi vagamente informado sobre o que se passa com o fado. Esta canção do povo, Sr. Mariaud, não vive só nos meios devassos e taciturnos da nossa gente; é verdade que o dedilhar do fado na rua do capelão é lúgubre e marca a distância que vai da virtude ao vício (…)O Sr. Mariaud em nada dignificou a canção, toada embaladora dos nossos navegantes, a mais embaladora que conhecemos… Na sua película só se
22
- RODRIGUES, António, António Ferro na Idade do Jazz Band, Lisboa, Livros Horizonte, 1995,p. 24.
23
- Veja-se MORIN, Edgar, As Estrelas de Cinema, Lisboa, Horizonte, 1980 e RODRIGUES, António, op. cit.
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Caricaturas de Vasco Santana Amarelhe, 1938 Colecção Maria Vasco Santana
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escuta o fado canção no bordel lamacento cantado por faquistas e rameiras, atraindo simplesmente gente de baixa moral e na vida portuguesa que o Sr. Mariaud conhece tão vagamente ele atrai desde a costureirita simples e modesta, ao operário honrado e digno à escritora Maria de Carvalho e ao ilustre clínico Dr. Borges de Sousa. Fere-nos o vermos a guitarra pegada por mãos de crime (…) Como a nossa canção é comprometida!”24 No ano seguinte, o fado faz nova aparição no cinema mudo. Tragédia de Amor, filme dirigido por António Pinheiro, retratava a luta da mulher na grande cidade, num drama protagonizado pela actriz Alda de Azevedo. Adelina Fernandes, 25 um dos nomes da plêiade de fadistas que assumia, por esta época, um papel cada vez mais relevante nos palcos do teatro – juntamente com Ercília Costa, Berta Cardoso, Maria Albertina, Maria Alice e, depois, Hermínia Silva - com alguma experiência de cinema cumpria aqui “uma interpretação assaz correcta”.26 Em 1927, um dos anos mais produtivos do cinema mudo, o filme O Diabo em Lisboa, de Rino Lupo, voltava a apropriar-se do universo fadista como tema central. Com argumento de Lupo, O Diabo em Lisboa propunha a recriação da mítica figura da Severa. Filmado na Mouraria, onde grande parte da acção decorria, o filme integrou as gentes locais ao lado de artistas contratados. Maria Emília Castelo Branco interpretando a Severa, Carlos Viana no papel de Conde de Vimioso, António Lyra, no papel do Custódia e Beatriz Costa – na sua primeira aparição no cinema - interpretando uma “frequentadora de cabaret”27 num décor assumidamente cubista. Com produção de Artur Costa Macedo, O Diabo em Lisboa, filme em seis actos – do qual infelizmente não restam cópias nos arquivos nacionais - foi exclusivamente apresentado numa sessão para a imprensa e convidados, não conhecendo distribuição comercial. Produzido no mesmo ano, o filme Fátima Milagrosa de Rino Lupo, estreava-se em Maio de 1928 no Politeama, trazendo o fado de volta ao ecrã, ainda que como apontamento secundário, na actuação de Margarida Ferreira como Cantadeira de Fados. A publicação do Decreto nº 13. 564 de 6 de Maio de 1927 afectaria profundamente as artes em geral e o mundo cinematográfico português, particularmente no seu artigo 136 que lhe daria o nome de “Lei dos Cem Metros Nacionais”: “Torna-se obrigatória em todos os espectáculos cinematográficos a exibição 24
- Guitarra de Portugal, 23 de Junho de 1923, p. 6.
25
- Participara no filme Fidalgos da Casa Mourisca de George Pallu, em 1921.
26
- RIBEIRO, Felix, Filmes, Figuras e Factos da História do Cinema Português, 1896-1949,Lisboa, Cinemateca Portuguesa, 1983, p. 135.
27
- Idem, ibidem, p.229.
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de uma película de indústria portuguesa com o mínimo de 100 metros, que deverá ser mudada todas as semanas e, sempre que seja possível, apresentada alternadamente, de paisagem e de argumento e interpretação portugueses”. Ao longo do extenso clausulado disposto em 200 artigos, impunha-se ainda a “Fiscalização superior de todas as casas e recintos de espectáculos ou divertimentos públicos (…) exercida pelo Ministério da Instrução Pública, por intermédio da Inspecção Geral dos Teatros e seus delegados”. Neste contexto, o fado sofreria, inevitavelmente, profundas mutações, sendo regulado ao nível da concessão de licenças a empresas promotoras de espectáculos, dos direitos de autor, da obrigatoriedade de visionamento prévio de programas e repertórios cantados, da regulamentação específica para a atribuição da carteira profissional, da realização de contratos, deslocações em tournées, entre inúmeros outros aspectos. Impunham-se significativas mutações no âmbito dos espaços performativos, no modo de apresentação dos intérpretes, nos repertórios cantados – despidos de qualquer carácter de improviso – consolidando-se um processo de profissionalização de uma plêiade de intérpretes, instrumentistas, letristas e compositores que passava a actuar em recintos diversificados para um público cada vez mais alargado. Gradualmente, tenderia a ritualizar -se a audição de fados numa casa de fados, locais que iriam sobretudo concentrar-se nos bairros históricos da cidade, com maior incidência no Bairro Alto, sobretudo a partir da década de 1930. Em 1930 Leitão de Barros volta a integrar o fado na sua Lisboa, Crónica Anedótica, estreada no São Luiz e no Tivoli em Abril desse mesmo ano. Com argumento de Leitão de Barros e produção do próprio e de Salm Levy Jr,. o filme traduziu-se num estrondoso sucesso comercial. Apresentando a cidade de Lisboa como uma personagem e mais uma vez misturando actores contratados com as gentes que se passeiam na rua, o filme aborda diferentes cenas do quotidiano da cidade, consubstanciando-se como o maior sucesso de bilheteira de toda a cinematografia muda portuguesa, facto ao qual não terá sido alheia a participação das grandes vedetas da ribalta portuguesa da década de 1930: Adelina Abranches, Chaby Pinheiro, Salvador, Beatriz Costa, Nascimento Fernandes, Ester Leão, Alves da Cunha, Estevão Amarante, Vasco Santana, Maria Lalande, Teresa Gomes, Augusto de Mello, Aura Abranches, Augusto Costa, Erico Braga, Josefina Silva, Alfredo Ruas, Irene Isidro e Adelina Fernandes que aqui surgia novamente como cantadeira de fados. Em 1931 dissolvia-se a Invicta Film, fruto das dificuldades sentidas na distribuição e exibição dos filmes, agravadas ainda pelo fluxo de filmes estrangeiros e por uma aparente falta de mercado para a produção nacional. O encerramento da produção de filmes pela Invicta e o consequente esvaziamento da produção de filmes na cidade do Porto coincidiu com a génese da produção de filmes sonoros, que se centrava em Lisboa. Por meados de 1930 os “talkies” chegavam finalmente a Lisboa, espalhando-se gradualmente por todo
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Partitura Fado Triste do filme O Pátio das Cantigas de António Lopes Ribeiro, 1942 Colecção Nuno Siqueira
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o país, onde houvesse salas equipadas para os receber. Embora levantando certa polémica, rapidamente conquistaram audiência “e o certo é que, passado muito pouco tempo, os filmes mudos já apreciam uma antiguidade insuportável.”28 Numa operação dirigida aos espectadores franceses, italianos e espanhóis, a Paramount, uma das mais importantes produtoras de Hollywood, montava em Paris o estúdio de Joinville, destinado à produção de diferentes versões do mesmo filme. Utilizando um cenário comum e recorrendo a elencos contratados em vários países, produzia novas versões para Espanha, Itália ou França, de filmes que já tinham provado agradar na sua versão original americana. Como experiência no mercado português, três filmes são produzidos, estreando entre o final de 1930 e os alvores de 1931, no Tivoli: A Dama que Ri (a partir de The Laughing Day), A Canção do Berço (versão de Sarah and Son) e A Minha Noite de Núpcias (versão de Her Wedding Night).29 Apesar de anunciados como os primeiros filmes portugueses, o público não aderiu a estes produtos híbridos. De facto, à semelhança do que sucedera com os primeiros filmes mudos, também os “talkies” se queriam genuinamente portugueses, falados em português com temas portugueses. Leitão de Barros deu então início às filmagens do tão esperado primeiro fonofilme português que consagrou à mítica figura da fundação do fado, Maria Severa Onofriana. Estruturada a partir de uma adaptação do romance de Júlio Dantas, publicado em 1901 e levado à cena com estrondoso êxito, A Severa foi produzida pela Sociedade Universal de Superfilmes, e a sua rodagem foi acompanhada de ampla divulgação, deslocando multidões nas várias cenas de exterior e, em particular, na cena da tourada. Filmada na Praça de Touros de Algés majestosamente engalanada, no dia 9 de Novembro de 1930, integrou “centenas e centenas de figurantes, de ambos os sexos, deslocando-se da Baixa até ao velho tauródromo de Algés uma multidão de pessoas. Fidalgos envergando trajos à moda dos começos do século XIX, encimados por cartolas reluzentes, ou figurantes embaixadores de chapéu armado e carregados de condecorações, umas mais falsas que outras, mas todas da mais alta fantasia.”30 Pelo seu aparato, a cena da tourada constitui, à época, uma acontecimento, registado na imprensa pela pena de Stuart Carvalhais ou Bernardo Marques, entre outros. Mais tarde, recriar-se-ia a Mouraria nos arredores de Paris, em Epinay-sur-Seine, onde se filmavam as cenas faladas suprindo as lacunas técnicas que ainda se faziam sentir em Portugal. A escolha do elenco foi feita no teatro, depois de uma minuciosa escolha dos principais intérpretes e em particular da protagonista “cuja descoberta foi tentada por todos os processos, desde os já cansados mas quase inevitáveis concursos para selecção de intérpretes, até às pesquisas efectuadas nos diversos
28 - SANTOS, Vitor Pavão dos, in O Cinema Vai ao Teatro, Lisboa, Cinemateca Portuguesa e Museu Nacional do Teatro, 1996-1997, p.18. 29
- Veja-se SANTOS, Vitor Pavão dos, in O Cinema Vai ao Teatro, Lisboa, Cinemateca Portuguesa e Museu Nacional do Teatro, 1996-1997, pp.18-19. 30
- RIBEIRO, Felix, op. cit. p.284.
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sectores da vida lisboeta, dos teatros às casas de fados e outros locais”. Uma actriz secundária de revista, Dina Moreira, transmutar-se-ia na estrela de cinema Dina Tereza, conseguindo grande sucesso ao protagonizar A Severa. Do elenco faziam parte outros nomes do teatro, Maria Sampaio como marquesa de Seide, Ribeiro Lopes no papel de Custódia, Silvestre Alegrim interpretando o Timpanas, António Fagim como Romão Alquilador, D. António Lavradio no papel do fidalgo D. José, Augusto Costa no papel do marquês de Seide, Mariana Alves, Patrício Álvares, Regina Montenegro, Paradela de Oliveira - que aqui emprestava a sua voz de tenor - o popular bailarino Francis, dançando um fandango e um vira e o cavaleiro tauromáquico António Luís Lopes como Conde de Marialva. Muito do sucesso da estreia assentou nos ingredientes teatrais do filme. Um dos mais decisivos era a música de Frederico de Freitas para os temas Fado da Espera de Toiros, Novo Fado da Severa, Fado da Taberna, Velho Fado da Severa, temas que se inscreveram na história do fado e cuja audiência extravasou em muito a já larguíssima audiência do filme, à época. Se a ligação entre música e imagem fílmica é tão antiga quanto o cinema sonoro31, ao fado coube inaugurar o sonoro em Portugal. E se o cinema musical se exaltava, entre um 1927 e 1930, nos Estados Unidos da América, entre nós o primeiro fonofilme seria praticamente contemporâneo dos musicais americanos ou europeus, surgidos com o cinema sonoro. Em 1932 era constituída a Tobis portuguesa que, juntamente com a Lisboa Filmes, seria o principal baluarte do cinema português. Favorecida pelo Decreto-Lei nº 22966 de 14 de Agosto ficava isenta durante cinco anos do pagamento de impostos predial e industrial, com vantagens de aquisição de material importado para a fabricação dos seus filmes. O ano de 1932 seria também o último ano dos filmes mudos portugueses que acabaram por não ser sonorizados quer por razões técnicas, quer por razões financeiras. Ainda assim, os últimos passos do cinema mudo não deixaram de integrar o fado. A atestá-lo a curta-metragem Amor de Mãe, de Carlos Ferreira, que se estreava em 1932 no Ódeon e no Palácio, com Ercília Costa no papel de protagonista, interpretando o tema homónimo da autoria de Amadeu do Vale e Raúl Ferrão, num testemunho precursor dos filmes que Amália Rodrigues protagonizaria mais tarde, com direcção de Augusto Fraga. Figura central dos primórdios da internacionalização do fado, Ercília Costa, integrou o núcleo de artistas que, através das companhias de fadistas profissionais criadas a partir da década de 1930, promoviam espectáculos, com elencos de grande nomeada, circulando pelos teatros de norte a sul do País, ou mesmo em digressões internacionais.32 Em 1939, a convite de António 31
- Cfr. AREAL, Leonor, Cinema Português - Um País Imaginado - Vol. I Antes de 1974, ed. 70, Lisboa, 2011, p.132.
32 - Tal foram os casos do “Grupo Artístico de Fados” com Berta Cardoso (1911-1997), Madalena de Melo (1903-1970), Armando Augusto Freire, (1891-1946) Martinho d’Assunção (1914-1992) e João da Mata; do “Grupo Artístico Propaganda do Fado” com Deonilde Gouveia (1900-1946), Júlio Proença (1901-1970) e Joaquim Campos (1899-1978) ou da “Troupe Guitarra de Portugal”, integrada, entre outros, por Ercília Costa (1902-1985) e Alfredo Marceneiro (1891-1982).
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Cartaz do filme Capas Negras de Armando de Miranda, 1947 Colecção Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
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Ferro, Ercília Costa integrava a representação portuguesa à Exposição Universal de Nova Iorque. A 7 de Novembro de 1933 estreava-se no Teatro Municipal São Luiz o primeiro fonofilme inteiramente produzido em Portugal: A Canção de Lisboa de Cotinelli Telmo, a primeira produção da Tobis protuguesa. Uma comédia musical ligeira, assente na popularidade e no talento de actores da revista portuguesa de então, era recebido pela crítica como um filme que “vai directo à alma popular, porque muitas vezes a retrata, transparece na expressão das coisas, na sua maneira característica inconfundível”33 e muitos outros filmes que tomam a canção como elemento incontornável e dão forma ao género musical português. A produção d’ A Canção de Lisboa beneficiava à partida de circunstâncias excepcionais: a adesão, entre nós, ao cinema sonoro, bem como o facto de se tratar de uma produção integralmente portuguesa que despertava um “irresistível orgulho que é muito nosso”,34 ou ainda da ampla divulgação que conheceu na imprensa que noticiava, a par e passo, a evolução da produção e da rodagem do filme. Na base do estrondoso êxito do filme encontravam-se três populares actores: Vasco Santana, Beatriz Costa e António Silva, que estabeleceram com o público do cinema uma forte e rápida comunicação como conseguiram, aliás, com o público do teatro. Paralelamente, a iniciativa de um concurso em busca de futuros artistas de cinema mobilizou grande curiosidade e interesse junto do público, que, avidamente, consumia a publicidade nas revistas especializadas da época. A inspiração no universo do teatro era aqui tão determinante que a personagem representada por António Silva se chamava Caetano Costa, numa alusão à peça Desculpa ò Caetano que o actor representara em 1932, durante muitos meses, ao lado de Vasco Santana.35 A ligação ao teatro sentia-se ainda no conjunto de actores secundários (Teresa Gomes, Sofia Santos, Silvestre Alegrim, Manuel Santos Carvalho) ou nos diálogos criados por José Galhardo, um dos mais populares autores teatrais que aqui deixou diálogos repletos de trocadilhos, dando a sensação de uma quase constante improvisação. A arte de José Galhardo fixava-se ainda nos versos das cantigas, com composições de Raul Portela e Raul Ferrão, entretanto consagrados no teatro36. A promoção do filme contava ainda com o talento de artistas como Botelho e Almada Negreiros, que desenhou os cartazes. Com A Canção de Lisboa inaugurava-se uma fórmula – de sucesso comercial garantido - insistentemente 33
- RIBEIRO, Felix, op. cit. P. 321.
34
- RIBEIRO, Felix, op. cit. P. 312.
35
- Veja-se SANTOS, Vitor Pavão dos, in O Cinema Vai ao Teatro, Lisboa, Cinemateca Portuguesa e Museu Nacional do Teatro, 1996-1997, pp.11-33. 36
- Como refere SANTOS, Vitor Pavão dos, in O Cinema Vai ao Teatro: “Até o delirante dueto A Agulha e o Dedal interpretado por Beatriz Costa e António Silva era aqui anunciado como pertencendo à imaginária revista O Pastel de Bacalhau.”, p.18.
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utilizada pela cinematografia portuguesa das décadas seguintes: actores, autores e músicos, figuras da ribalta do teatro, dotados de diálogos imaginativos, pontuados de humor e trocadilhos. Servida por actores cómicos de enorme popularidade, aos quais o público aderia incondicionalmente, esta fórmula perpassou boa parte dos filmes musicais portugueses. “E nem a crítica, tornada comezinha, de que o cinema português se habituou a meter canções a martelo, pode pôr em dúvida este facto fundamental e incontroverso: a qualidade, o impacto, o poder de atracção de boa parte dos nossos filmes, vem de uma hábil mistura narrativa com os números musicais, às vezes sublinhada por uma partitura que complementa perfeitamente essa harmonia”.37 Apesar da dominação estrangeira e da censura acirrada pelo Estado Novo o cinema português conheceria, entre 1933 e 1949, uma época áurea conquistando audiências e gerando uma ilusão de progresso da indústria nacional. De facto, o sucesso de público nos primeiros anos da década de 1930 gerava um clima de euforia na nossa indústria cinematográfica, uma espécie de “ilusão de progresso” que persistiria até final da década de 1940. Neste período, a produção cinematográfica atingia um número máximo de 59 películas de enredo, com características assentes no entendimento do cinema como veículo de cultura popular com o objectivo de divertir, formar política e historicamente, de que são exemplo as comédias, os – escassos - filmes políticos e os filmes históricos. De facto, a cinematografia deste período preferiu realizar filmes históricos ou comédias apelativas de gosto popular incluindo uma ou mais canções, com predomínio do fado. Numa época de acirrada censura, a cinematografia deste período fomentou a desmobilização política, involuntariamente contribuindo para a imagem que o Estado Novo queria imprimir ao/do povo português como bem salientou Alves Costa: “pobrete mas alegrete, sentimental e marialva, com oito séculos de história e um império (a respeitar), conformado e feliz com a sua simplicidade, a sua ração diária de alpista, a fresta brava, o fado e o sol sobre o Tejo. E se não dança o vira, vai nas marchas de Santo António, sem complexos, sem inquietações ou angústias, sem interrogações ou revoltas, sem outros problemas senão os que resolvem uma conciliação, uma conversão ou um casamento”.38 Em 1933 António Ferro era nomeado director do recém-formado Secretariado da Propaganda Nacional. Em entrevista ao Diário de Lisboa de 11 de Outubro de 1933, Ferro esclarece sobre a verdadeira finalidade do Secretariado: “No título do organismo está a sua síntese. Valorizar, dinamizar, multiplicar, se possível for, todas as actividades nacionais é um dos nossos principais objectivos. Simplesmente
37
- PINA, Luís de “A Música era Outra”, in O Musical, vol. I, Lisboa, Cinemateca, 1987,p. 147.
38
- COSTA, Alves, op. cit. p.83.
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esse trabalho, de pura propaganda nacional, identifica-se perfeitamente com o momento político que estamos vivendo”. Em entrevista ao Diário de Notícias39, no ano anterior, confessava: “Mas é necessário que as imagens de Portugal, que atraem os estrangeiros, não sejam apenas imagens paradas, imagens de lanterna mágica… Há que movimentar essas imagens, há que fazer cinema!.. Muito belo, sem dúvida, cada vez mais necessário, criar uma vida exterior, uma vida representativa das nossas tradições e das nossas possibilidades. Mas é necessário, também, criar uma vida que dispense os artifícios, as improvisações, quando for preciso mostrar Portugal aos estrangeiros.” O Secretariado, através de António Ferro, definia os argumentos de algumas produções cinematográficas40. Paralelamente e contrariando a política que o cinema português seguiria ao longo das décadas de 1930 e 1940, os filmes produzidos pelo Secretariado de Propaganda Nacional41 não tinham como finalidade o simples entretenimento. De facto, os vários documentários - muitos deles realizados por António Lopes Ribeiro – tinham um carácter globalmente formativo, que não esquecia um discurso totalitário, “orientador das massas”. Filmes como A Revolução de Maio (1937), A Exposição do Mundo Português (1941), Viagem de Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa (1944) ou 14 Anos de Política do Espírito, entre outros, socorriam-se da mais actual e eficaz forma de comunicação para veicular a mensagem política42. Mas António Ferro era igualmente defensor do filme histórico e da história quotidiana como salvaguarda de uma indústria cada vez mais imobilizada na comédia. A criação de prémios cinematográficos instituídos pelo Secretariado Nacional de Informação em 1944 e a criação do Fundo de Cinema Nacional43 visavam a protecção do produtor português e o estímulo e a renovação da filmografia. Tal não se verificaria e, exceptuando o patrocínio aos filmes Ala Arriba e Camões, todos os filmes promovidos pelo Secretariado seriam marcadamente propagandísticos.
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- Diário de Notícias, 7 de Maio de 1932.
40
- Por exemplo o filme Revolução de Maio produzido pelo Secretariado de Propaganda Nacional em conjunto com António Lopes Ribeiro. Com argumento da autoria de António Ferro, o filme consistia numa autêntica propaganda do novo regime implantado pelo Estado Novo, em 1932,com a ascensão de Salazar a Primeiro-Ministro. 41
- Em Abril de 1944 substituído pelo Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI) com a continuidade da direcção de António Ferro. 42
- SILVA, Raquel Henriques, António Ferro, Estudo e Antologia, Lisboa, Edições Alfa, 1990, p. 62.
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- Em 1948, dentro do espírito da Lei de Protecção ao Cinema Nacional. A Lei nº 2027 de 18 de Fevereiro criava o Fundo do Cinema Nacional que promovia a realização de filmes regionais, folclóricos, históricos, policiais, que promovessem o país e os seus monumentos e paisagens. Segundo António Ferro, director do SNI: “Não serão filmes de êxito comercial garantido, mas foi para eles que se criou o Fundo Cinematográfico Nacional, que os ajudará a travar a batalha necessária, indispensável para reabilitar o cinema português e elevar o gosto do público”.
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Em 1934, a única película de enredo produzida entre nós foi Gado Bravo, de António Lopes Ribeiro, realizada com artistas e técnicos portugueses, coadjuvados por técnicos oriundos da Alemanha, da Áustria e do leste europeu, foragidos do nazismo nascente. Centrado na moral de costumes num enredo que tem o Ribatejo por pano de fundo, o filme integra o fado com temas de António Botto e Luís de Freitas Branco. A partir da produção do filme de propaganda Revolução de Maio (1937) António Lopes Ribeiro receberia subsídio do estado para a realização de filmes de enredo, sendo frequentemente chamado a elaborar filmes educativos e documentários políticos que “servissem para entreter o povo do interior do País” através dos cinemas ambulantes criados pelo SPN em 1938. Indicado como Chefe de Missão às colónias em 1938, ali recolheria imagens para inúmeros documentários e para o seu próprio filme, Feitiço do Império (1940), película de exaltação patriótica que sublimava a riqueza do império português em África. Também aqui o fado marcaria presença através das interpretações de Alfredo Marceneiro e Berta Cardoso em cenas filmadas no Retiro do Colete Encarnado e no Teatro Variedades. Também em Bocage (1936) de Leitão de Barros, uma produção da Sociedade Universal de Superfilmes, o fado pontuará o enredo com interpretações de Maria Albertina e Tomás de Alcaide. Assim como sucederá no ano seguinte, ano em que Leitão de Barros estreia o filme Maria Papoila, a 15 de Agosto de 1937 no Teatro São Luiz. Com música de Frederico de Freitas, os temas cantados são assinados por Raul Portela, Raul Ferrão e Fernando de Carvalho com poemas de José Galhardo, Alberto Barbosa e Vasco Santana. Deste filme ficariam célebres A Canção da Papoila – Adeus aldeia/ Que eu levo na ideia/ Não mais cá voltar – e o Fado do Zé Ninguém, este último popularizado por Estevão Amarante. Nas décadas de 1930 e 1940, Hermínia Silva consagrava-se como a grande intérprete do Fado no Teatro de Revista. Era nos palcos teatrais que estreavam aqueles que seriam os seus maiores sucessos, como a Velha Tendinha (na revista Zé dos Pacatos, em 1934), ou Rosa Enjeitada (em Arre Burro!, em 1936), ou Mãos Sujas (em Chuva de Mulheres, de 1937). A sua relação com o Teatro de Revista será uma constante, sucedendo-se as produções em que participa, entre 1932 e 1958, data em que inaugura o seu Solar da Hermínia. Em 1938, apresentava-se pela primeira vez no grande ecrã, no filme Aldeia da Roupa Branca, realizado por Chianca de Garcia. Interpretando Maria da Luz, a fadista que dava voz aos temas Fado da Fadista e Fado do Retiro, Hermínia contracenava com Beatriz Costa, Óscar de Lemos e José Amaro, num filme coroado de êxito. Para Augusto Fraga no filme Aldeia da Roupa Branca “sente-se o olhar irónico de Chianca de Garcia sempre irónico, conservador, atento ao mais pequeno pormenor da vida que o rodeia. Toda a beleza e o pitoresco do ambiente saloio agitam, enchem de contraste e de alegria castiça o filme inteiro (…) É a
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Foto promocional de seis curtas-metragens de Augusto Fraga, 1947 Colecção Museu Nacional do Teatro
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primeira e a mais positiva afirmação da independência e do progresso do cinema nacional.”44 Com composições dos reputados compositores Raul Portela – autor da Canção da Roupa Lavada, Canção Saloia e Canção das Sombras - e Raul Ferrão – Fado do Retiro e Fado da Fadista – os poemas cantados eram da autoria de José Galhardo. No elenco, a grande vedeta Beatriz Costa no papel de Gracinda era chamariz garantido de público. Com produção da Espectáculos de Arte, a rodagem implicou a recriação, ao lado do estúdio de um ambiente de uma aldeia saloia, sob projecto do arquitecto Arcindo Madeira. Sobre os propósitos que nortearam a produção do filme, Chianca Garcia explicaria: “Não se deve procurar no cinema aquilo que existe no cinema estrangeiro, isto é, os seus processos, os seus recursos, a sua expressão. Não! No cinema nacional procure-se aquilo que tiver carácter e realidade nacional. Só isso interessa. O cinema português deve contar-nos histórias que o povo sinta, compreenda e viva. É assim que eu penso.”45 Cinco anos depois, em 1943, Hermínia Silva voltará à grande tela no filme O Costa do Castelo, de Artur Duarte, interpretando novamente uma fadista, Rosa Maria, que dá voz aos temas Fado da Saudade e Fado Rosa Maria, para além dos ensaios com António Silva que aqui interpreta um professor de guitarra. Nesta comédia de intriga amorosa, outros momentos musicais são protagonizados por Loubet Bravo (Do Castelo à Madragoa), Teresa Casal (Intriga da Lua) e Milú com os populares temas Cantiga da Rua e Minha Casinha. Mais tarde, Hermínia Silva participaria ainda nos filmes Um Homem do Ribatejo em 1946, e na sua continuação, Ribatejo, de 1949, ambos realizados por Henrique de Campos, interpretando, respectivamente, o Fado da Sina e o Fado da Cigana. Uma última aparição de Hermínia no cinema tem lugar em 1969, no filme O Diabo Era Outro de Constantino Esteves, filme protagonizado por António Calvário, integrando duas cenas filmadas no Solar da Hermínia. Em 1940, o filme João Ratão, uma produção da Tobis, com realização de Jorge Brum do Canto fixava, ao estilo de uma opereta, as aventuras de um soldado português nos cenários da primeira Grande Guerra. De entre os temas musicais do filme, o célebre Fado das Trincheiras, interpretado por Óscar de Lemos, preconizava uma apologia ao soldado português, inscrevendo-se no conjunto de temas então dominantes nos repertórios de fado, mais de dez anos corridos de depuração censória, textos onde proliferavam temas como: actos de heroísmo, desastres naturais, traições amorosas, ou seja, traços emblemáticos idealizados de um duro quotidiano de pobreza. “Os protagonistas destes fados são, sem 44
- Augusto Fraga citado por RIBEIRO, Felix, op. cit., p.398.
45
- RIBEIRO, Felix, op. cit., p.396.
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excepção, modelos de supostas virtudes morais do conformismo corporativista: gratos e obedientes à entidade patronal, pontuais e diligentes no seu emprego, pobres mas de uma honestidade intelectual a toda a prova, felizes na sua entrega confiante à sabedoria dos poderes vigentes e na sua resignação tranquila ao seu destino, por mais cruel que este possa parecer.”46 O ano de 1942 marcava a estreia de Manoel de Oliveira em filmes de enredo com Aniki-Bobó, premiado no II Encontro do Cinema para a Juventude no Festival de Cannes de 1961. Baseado num conto de Rodrigues de Freitas e produzido por António Lopes Ribeiro, o filme, tal como explicaria Manoel de Oliveira em 1954, pretendia “espelhar nos garotos os problemas do homem, ainda em estado embrionário: pôr em oposição concepções do bem e do mal, o ódio e o amor, a amizade e a ingratidão; sugerir o medo da noite e do desconhecido; reflectir a atracção da vida que palpita em todas as coisas à nossa volta, contrastando com a monotonia do que é fechado, limitado por paredes, pela força ou pelo convencionalismo.”47 A cinematografia da década de 1940 seria, em número de produções, a década mais frutífera do cinema português, mas também o período em que a indústria do cinema mais insistiu nos filmes de gosto popular, sobretudo com Armando de Miranda e Arthur Duarte. Entre 1943 e 1947 o cinema português florescia, fruto do envolvimento na Grande Guerra de países como os Estados Unidos, a França ou a Itália onde a indústria cinematográfica estagnava. Apesar do avultado número de produções, seria uma época dominada pelo folclore, pelo fado - mesmo quando a música não era o tema central do filme - pela história moralizante, pelo espectáculo de reconstituição histórica. Uma década onde “se foi inventando uma sociedade de gente simples, sã, alegre e trabalhadora, onde as únicas nuvens eram as inevitáveis paixões humanas”48 e ao longo da qual se presenciaram os dois maiores sucessos de bilheteira do cinema português, ambos ligados à figura de Amália Rodrigues. Como salientou Leonor Areal, o fado foi tema preponderante na produção cinematográfica nacional. De facto, o corpus de filmes em que os protagonistas são cantores, fadistas, cantadeiras e afins, tem volume superior no conjunto da cinematografia portuguesa. Numa fórmula destinada ao êxito comercial, os nomes consagrados da canção nacional, a par de actores de nomeada, ambos com um mediatismo anterior ao cinema, ditaram a continuidade de um tipo de filme de entretenimento através do qual “poucos conteúdos passam para além dos que reforçam conteúdos ideológicos e sociais
46
- NERY, Rui Vieira, Para Uma História do Fado, Lisboa, PÚBLICO e Corda Seca, p. 192.
47
- NEVES, Mauro, O Cinema Português Anterior a 1974, Bulletin of the Faculty of Foreign Studies, Sophia University, N.33 (1988), p. 193. 48
- NEVES, Mauro, O Cinema Português Anterior a 1974, Bulletin of the Faculty of Foreign Studies, Sophia University, N.33 (1988), p.22.
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dominantes.”49 De facto, o género musical autóctone, em geral vilipendiado pela crítica, integrava o receituário que garantia o sucesso de bilheteira. Ainda em 1942, O Pátio das Cantigas, produzido por António Lopes Ribeiro e dirigido por seu irmão, o actor Francisco Ribeiro, consubstanciava-se numa comédia de costumes com elenco muito semelhante a O Costa do Castelo, de Arthur Duarte, estreado no ano seguinte, no São Luiz, a 15 de Março de 1943. Alguns autores viram na personagem de Amália, d’O Pátio das Cantigas - interpretada por Maria Paula - a possibilidade de ter-se equacionado o papel de protagonista para Amália Rodrigues. Desenrolando-se o enredo num típico pátio alfacinha, por altura dos Santos Populares, o filme recria o quotidiano da comunidade, pontuado por momentos musicais, entre sambas, fados e canções. Em 1943, O Costa do Castelo produzido pela Tobis trazia-nos outra comédia de costumes, a primeira dirigida por Arthur Duarte, que se tornaria o seu representante mais eminente durante as décadas de 1940 e 1950. Para Manuel Cintra Ferreira esta é “uma das mais perfeitas comédias que se fizeram entre nós”. Comédia de intrigas amorosas, O Costa do Castelo inscreve-se na génese das comédias musicais que permeiam o cinema português até à revolução de 1974, em versões pequeno-burguesas do quotidiano, fundamentadas sobretudo no talento dos seus intérpretes, já consagrados no teatro. Hermínia interpreta aqui a cantadeira Rosa Maria que aprende com o seu mestre António Silva, aqui incorporando um professor de guitarra portuguesa, na linha do tipo “bem-disposto, vagamente trapalhão, homem de brios e bairrista. É a faceta de António Silva que se inicia com A Canção de Lisboa e termina no Leão da Estrela com alguns ressaibos ainda em Fado. E nem a passagem de um estatuto social a outro altera o comportamento. O Simplício Costa que vive no castelo é o mesmo que passa a viver no palacete de Mafalda” interpretada por Maria Matos. ”Sem ele e sem Maria Matos dois polos de um planeta chamado Lisboa em 1943, num mundo mergulhado na guerra e na crise”50 dificilmente se distraíam os lisboetas da angústia quotidiana. Em 1944 eram lançados os Prémios de Cinema através do Decreto nº 34134 de 24 de Novembro51: o Grande Prémio SNI para o melhor filme de longa-metragem, produzido em Portugal em estúdios portugueses e dirigido por realizadores portugueses, estreado entre 16 de Janeiro e 31 de Dezembro de cada ano; o Prémio Paz dos Reis para o melhor filme português de curta-metragem; o Prémio de Melhor Interpretação Feminina e o Prémio de Melhor Interpretação Masculina. A estes, em 1963 o Secretariado Nacional de Informação acrescentaria o Prémio de Melhor Fotografia e o Prémio de Melhor Adaptação Cinematográfica. 49
- AREAL, Leonor, op. cit., p. 129.
50
- FERREIRA, Manuel Cintra, Cinemateca Portuguesa, Tempo do Mundo Português - O Costa do Castelo (1943), 24 de Julho de 1990. 51 - O mesmo que transformava o Secretariado de Propaganda Nacional em Secretariado Nacional de Informação, também com direcção de António Ferro.
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Cartaz do filme Fado, História d’uma Cantadeira, 1948 Colecção Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
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Ainda em 1944, A Menina da Rádio, de Arthur Duarte, primeira produção da Companhia Portuguesa de Filmes (antiga T0bis portuguesa) consubstanciava uma comédia de costumes arrebatando para António Silva o prémio de Melhor Interpretação Masculina. Ilustrando a efervescência da rádio na Emissora Nacional e nos postos emissores que proliferavam por toda a Lisboa, A Menina da Rádio ilustrava a atmosfera de backstage no universo radiofónico, onde um cada vez maior número de jovens procurava fixar-se profissionalmente. Ilustrando a vivência de um universo fundamental à promoção da nossa música ligeira, esta comédia traduziu-se em mais um êxito de bilheteira, para o qual concorriam as figuras de António Silva, Maria Matos, Curado Ribeiro, Óscar de Lemos, a par da estreante Maria Eugénia. Retratando um contexto fundamental à mediatização do fado, A Menina da Rádio dava continuidade à linha de produção de filmes de temática musical, com o enfoque nas peripécias da vida das protagonistas, à medida que construíam carreira e singravam profissionalmente. Também consagrado ao backstage, o filme Um Marido Solteiro de Fernando Garcia, (1952) dava nota das actividades de composição, ensaio e gravação em estúdio de rádio com orquestra, bem como de aspectos técnicos e de contratações, de modo bastante detalhado. A ligação entre as estrelas do cinema e o mundo do espectáculo de palco - teatro ou canção – será uma constante da cinematografia portuguesa. A insistência na descrição e problematização da vida das estrelas, no território de backstage conduzirá ainda a uma reflexão sobre a vida das vedetas. Artistas e fadistas defrontam-se com obstáculos dramáticos que provêm dos preconceitos moralistas existentes. Como salientou Leonor Areal52, este tipo de filme “constrói-se sobre o estereótipo da estrela ofuscando as outras classes profissionais (bailarinos, coristas, músicos, actores, ajudantes)”. De facto, nesta visão simplista desprovida de quaisquer preocupações realistas, o sistema do nacional-cançonetismo aproxima-se do Star System de Hollywood que Edgar Morin ilustrou: “A estrela de cinema é a deusa. O público assim a faz, mas é o star system que a prepara, aponta, modela, propõe e fabrica. A estrela responde a uma necessidade afectiva ou mítica que não é criada pelo star system. No entanto, sem o star system, esta necessidade não encontraria as suas formas, os seus suportes, e os seus afrodisíacos.”53 A par da estrela emerge, neste tipo de filmes, a figura do empresário endinheirado, alimentando a mitologia do mundo do espectáculo como o do sucesso a todo o custo. Segundo Leonor Areal, três vectores fundamentais convergem nos filmes portugueses de artistas: a estrela propriamente dita, o fascínio pela vida de artista e a sanção moral dos devaneios eróticos
52
- AREAL, Leonor, op. cit., p. 130.
53
- MORIN, Edgar, As Estrelas de Cinema, Lisboa, Horizonte, 1980, p. 79.
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que este padrão de consumo e cultura propiciava.54 Neste sentido, a cinematografia portuguesa foi, também, um veículo de legitimação do fado, a par da publicação de periódicos da especialidade e de toda uma literatura apologética do género. No cinema, espelhava-se a rectificação moral da vida das vedetas, que se opunha às influências do star system americano. O debate moralizador em torno da vida das estrelas decorria, naturalmente, no contexto da associação entre a profissão de cantora e a promiscuidade das relações amorosas, em alusões subentendidas, tirando partido dos tabus existentes, forjados no século XIX, ao tempo da conotação do género com as franjas mais marginais da população de Lisboa, e que se perpetuavam durante toda a primeira metade do século XX. Como ilustra Leonor Areal “os filmes, para poderem apresentar bons exemplos morais, defendem a pureza, a sinceridade e a honestidade das suas heroínas. Ou, quando não é possível conceder-lhes essa presunção de virgindade, elas redimem-se pelo auto-sacrifício.”55 Vários autores lamentam um desencontro do cinema português com uma figura tão marcante como Amália Rodrigues. De facto, se para alguns “é triste mas absolutamente justo constatar que nenhum dos trabalhos cinematográficos de Amália merece ser olhado duas vezes enquanto cinema (…) outra luz se acende, porém, se os olharmos enquanto documentos de Amália a cantar”.56 Não sendo uma filmografia muito abundante, encontramos outras grandes cantoras em situação semelhante: Billie Holiday numa única aparição como actriz num papel secundário ou Oum Khalsoum que, tendo participado em alguns filmes, cedo se retirou ciente de que não tinha uma presença forte no cinema. Corpus ilustrativo de interpretações de Amália, a sua filmografia concorreu amplamente para a mitologia da artista. Como sublinhou Emília Tavares, “Amália inscreve-se em muitos dos sinónimos que a cultura moderna e capitalista desenvolveu, no seu Star System, como os de diva, estrela, aura, ícone”57. A produção da sua imagem, a construção do mito e da diva, ocorreu em grande parte num contexto internacional, num distanciamento evidente dos modelos retrógrados do Salazarismo. António Ferro reparava em Amália como sempre reparara na excelência artística, convocando artistas plásticos, teatrais e cineastas, na fase inicial da sua “política do espírito”.
54
- AREAL, Leonor, op. cit.,p. 131.
55
- AREAL, Leonor, op. cit.,p. 249.
56
- RAMOS, Jorge Leitão, Expresso, 11 de Novembro de 1989.
57
- TAVARES, Emília in “A Imagem da Voz” in Amália Coração Independente, Lisboa, Museu Colecção Berardo, 2009, p. 195.
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Programa do filme Fado, História d’uma Cantadeira, 1948 Colecção Museu Nacional do Teatro
Amália irrompe no cinema numa fase negra da cinematografia lusa. Em 1949, António Ferro abandonava o Secretariado Nacional de Informação para assumir as funções de ministro plenipotenciário de Portugal em Berna. O seu afastamento do Secretariado tornava visíveis as oposições internas que se lhe dirigiam. Promulgada em 1948, a Lei Protectora do Cinema Português conduzi-lo-ia a um pendor estatizante. Pese embora o alegado “desencontro” de Amália com o cinema, os realizadores que a dirigiram perceberam nela as qualidades dramáticas, reconheceram-lhe uma intuição de actriz, uma expressão e um rosto capazes de subjugar toda a tela. A sua filmografia regista-a interpretando, ao longo de quase vinte anos, muitos dos fados que pontificam no seu repertório. Como salientou Rui Vieira Nery, o sucesso de Amália a nível internacional foi, sobretudo, “um triunfo pessoal do génio de Amália mais do que directamente uma vitória do fado, por si mesmo.”58 Ao longo de uma extensa carreira, a imagem de Amália apresentou-se em permanente renovação e actualização. Convivendo, no início da década de 1950, com o ambiente efervescente de Hollywood, também a projecção da imagem e da carreira de Amália se estruturava a partir de alguns dos paradigmas do Star System. Fotografada por Bruno Bernard em Hollywood em retratos de meio corpo e rosto sempre em diagonal, a pose, como salienta Emília Tavares59, é já de cinema e não de fado: “O modelo feminino que Amália então incorpora usa o exotismo do seu rosto, das suas jóias e da sua expressividade, sobretudo gestual, adaptando-o às poses diagonais de cabeça inclinada e corpo projectado com que Hollywood construíra o modelo das suas estrelas de cinema.” O ano de 1947 seria o ano mais produtivo do cinema português - com oito filmes produzidos num só ano - destacando-se os dois filmes protagonizados por Amália Rodrigues e que se viriam a constituir no primeiro e segundo maiores sucessos de toda a história do cinema português, Capas Negras e Fado, História de uma Cantadeira. Estes dois êxitos de bilheteira protagonizados por Amália Rodrigues espelham, em diferentes aproximações, alguns contextos do debate em torno da moral da figura da cantora. Capas Negras de Armando de Miranda, produzido pela Produtores Associados, foi o primeiro filme português a retratar o mundo académico típico de Coimbra e dos seus grémios, chegando mesmo a ser atacado por representantes da afamada universidade. Estreando-se em 1947 no cinema Condes, o filme assinalava a primeira aparição de Amália Rodrigues no cinema. Ilustrando a boémia da vida académica
58
- NERY, Rui Vieira, Amália, “O Fado no Mundo e o Mundo no Fado” in Amália no Mundo, o Mundo de Amália, Igespar, Panteão Nacional, Lisboa, 2009, p. 27. 59
- TAVARES, Emília, op.cit., p. 200.
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em Coimbra, o primeiro filme do nacional-cançonetismo propunha uma intriga simplista como pretexto para a execução do fado com protagonismo de Alberto Ribeiro e Amália Rodrigues - representando o fado de Coimbra e de Lisboa e incluindo uma cena à desgarrada. O sucesso estrondoso de bilheteira, prolongando-se a sua exibição no Cinema Condes por 22 semanas, deixava-se adivinhar pelo sucesso das tournées de Alberto Ribeiro, a par da franca consagração de Amália nas artes de espectáculo portuguesas. Interpretando Maria de Lisboa, Amália dava voz aos temas Não Sei Porque te Foste Embora (José Galhardo e Frederico Valério) e O Fado da Sombra (Ai, Mouraria) de José Galhardo e Frederico Valério, a par da Desgarrada (José Galhardo e Raul Ferrão) com Alberto Ribeiro. O tema Coimbra é uma Lição (José Galhardo e Raul Ferrão) aqui interpretado por Alberto Ribeiro, haveria, de ser imortalizado por Amália no filme April in Portugal, de Evan Lloyd, em 1955. Também aqui a moral acerca da vida das cantoras é alvo de debate até revelar uma personalidade muito honesta, injustamente acusada de traição, vítima de um destino inelutável que, por sorte, se transmuta num final feliz. Parodiando o êxito do filme, o Sempre Fixe gracejava: “No meio de grande alegria/E de cores bem catitas/Foi ontem o grande dia/Da Briosa Academia/Que queima as suas fitas/A cidade está inçada/Há um cheiro que tresanda/É que também foi queimada/A fita realizada/ pelo Armando Miranda”.60 O filme que melhor traçaria a mitologia de Amália no cinema seria Fado, História de uma Cantadeira pela intrincada relação entre a personalidade pública de Amália Rodrigues e todo o enredo que envolve Ana Maria, a sua personagem no filme. Inaugurando uma linhagem de filmes que evoca os dilemas morais associados à vida artística e aos riscos de perda de inocência atribuídos ao mundo do espectáculo, Fado, História de uma Cantadeira, promove a redenção da protagonista pelo fado, a reintegração na comunidade, a reaproximação ao ser amado, num inevitável Happy End. Produzido pela Lisboa Filme e dirigido por Perdigão Queiroga foi considerado o melhor filme português consagrado ao mundo lisboeta do fado e foi enorme sucesso de público e junto da crítica que o considerou “Afora o caso excepcional de Camões a mais alta realização saída dos estúdios nacionais. A mais certa e a de maior classe cinematográfica e neste campo, nem Camões se lhe sobrepõe. “E se o filme conquistou o Grande Prémio do Secretariado Nacional de Informação, também deu a Amália Rodrigues o prémio de Melhor Interpretação Feminina do ano. Na cinematografia do musical, a mulher encontra-se no centro dos conflitos dramáticos. A possibilidade de seguir o modelo de esposa é comprometida pela sua profissão de fadista. Este conflito moral, como 60
- RAMOS, Jorge Leitão, Expresso, 11 de Novembro de 1989.
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Cartaz do filme Vendaval Maravilhoso de Leitão de Barros, 1949 Hernâni e Rui Colecção Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
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bem salienta Leonor Areal,61 forjava-se na própria contradição da indústria do cinema – dividido entre uma norma familiar que a moral oficial impunha e a moral do mercado que explorava o sistema de estrelato musical. Procurando conciliar as duas morais aparentemente contraditórias, estes filmes problematizam o estigma social da mulher artista e a necessidade de provar a sua honradez. Os filmes onde essa incompatibilidade é mais flagrante são ambos protagonizados por Amália: O Fado, História de uma Cantadeira (1947) e Sangue Toureiro (1958) embora neste último a figura da cantora não seja resgatável para a vida familiar. Ainda em 1947, Amália filmava em Madrid uma série de curtas-metragens com Augusto Fraga: Fado da Rua do Sol, Fado Malhoa, Fado Amália, Fado Lamentos, O Meu Amor na Vida, Só à Noitinha, Eu Disse Adeus à Casinha, Fado Mouraria, Fado Lisboa, Fado do Emigrante, Ronda dos Bairros e Rua do Sol. Protagonizando os dois maiores sucessos de público do cinema português em toda a sua história, Amália Rodrigues era também o alvo favorito do sarcasmo de Botelho que registava nos Ecos da Semana:62 “Ao levantar o fado da Amália por patroas e sopeiras (será o do Valério?); No teatro a Amália no fado Mouraria (contanto que não seja o do Valério); No café Chave d’Ouro – a Amália no fado da China (160 paus) olhó Valério! No cinema tudo às escuras, menos a brilhante Amália, num fado Valério; Ao deitar – Amália no fado Sonho (do Valério ou talvez não); Socorro! Tragam-nos uma vacina urgente contra a Amália…” Em 1948 surgia o Movimento Cineclubista em Portugal, sempre reprimido pela polícia do regime e que formaria uma nova geração de cineastas que criariam o Novo Cinema Português da década de 1960. No ano seguinte, encerrava-se a carreira cinematográfica de Leitão de Barros, um dos expoentes da cinematografia oficiosa. Em 1949, Amália participava em Vendaval Maravilhoso, de Leitão de Barros, estreado em São Paulo, Lisboa e Porto, com um monumental fracasso de bilheteira. Interpretando o papel da actriz portuguesa Eugénia Câmara por quem o poeta Castro Alves se apaixonaria, Amália canta um poema de Pereira Coelho, com música de João Nobre e o Fado Eugénia Câmara de Pereira Coelho e Raúl Ferrão. Amália surge na película, trinta minutos corridos sobre o início do filme, como uma vedeta convidada. “Em Vendaval Maravilhoso, tudo nela é contido”63. A sua capacidade de captar a atenção do espectador forjava-se na fotogenia própria da sua star quality. De modo surpreendente saía
61
- AREAL, Leonor, op. cit., p. 131.
62
- “Ecos da Semana” de 18 de Março de 1948.
63 -
RODRIGUES, António, Amália Coração Independente, Lisboa, Museu Colecção Berardo, 2009, p.154.
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do filme numa cena de ruptura, com uma tirada feminista: “sou alguém, não sou a tua sombra, volto à minha independência.” 64 Ainda em 1949, o filme Sol e Toiros, de José Buchs, retomava a associação do fado ao universo tauromáquico, inaugurada com A Severa de Leitão de Barros. Amália Rodrigues tinha aqui uma breve aparição interpretando o Fado Silêncio (Amadeu do Vale e Raul Ferrão) e, com autoria da mesma dupla, o Fado Toureiro seria interpretado por Fernanda Baptista. Como salienta José Navarro de Andrade, a participação de Amália era um tanto forçada “nos seus trêsminutos-três de presença, funcionando como um chamariz de cartaz que não corresponde a qualquer função significativa no andamento do filme.”65 Em 1955, no filme Les Amants du Tage de Henri Verneuil – que estreava em Lisboa e em Paris, nos meses de Janeiro e Fevereiro, respectivamente - Amália surgia na sua própria pele, interpretando Barco Negro, a partir da melodia brasileira Mãe Preta, de Caco Velho, com um inspirado poema de David Mourão-Ferreira e Solidão de Ferrer Trindade e David Mourão-Ferreira. O filme passaria em todo o mundo e o Barco Negro transformar-se-ia num objecto de fascínio do público francês. Todos querem conhecer a dona daquela voz fabulosa. Como a própria confessaria, em entrevista a Vítor Pavão dos Santos: “Foi assim que comecei a minha carreira internacional. O filme deu-me o pontapé de saída para França e a França deu-me o pontapé de saída para o mundo”. A projecção internacional de Amália aconteceria a partir daqui. No mesmo ano, Amália participaria em Música de Sempre, uma sucessão de quadros musicais interpretados por alguns dos expoentes da música internacional, como Edith Piaf ou Yma Sumac. Com direcção de Tito Davison Amália interpretaria aqui o tema Lisboa Não Sejas Francesa de José Galhardo e Raul Ferrão. Na curta-metragem de Evan Lloyd, April in Portugal que se estreava nas salas londrinas em 1955 e no ano seguinte, em Portugal, Amália surgiria acompanhada por Domingos Camarinha e Santos Moreira, interpretando os temas Coimbra de Raúl Ferrão e José Galhardo e Canção do Mar de Ferrer Trindade e Frederico de Brito. Retomando um tema que Alberto Ribeiro cantara em Capas Negras – Coimbra - o sucesso da interpretação de Amália acabaria por popularizar o tema de Raúl Ferrão como Abril em Portugal.
64
- RODRIGUES, António, Amália Coração Independente, Lisboa, Museu Colecção Berardo, 2009, p.154.
65
- ANDRADE, José Navarro em Sol e Toiros, Cinemateca Tempo do Mundo Português, 28 de Julho de 1989.
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Postal do filme Cantiga da Rua de Henrique Campos, 1950 Colecção Nuno Siqueira
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O ano de 1955 foi considerado o ano zero do cinema nacional: nenhum filme de longa-metragem foi produzido em Portugal. Por outro lado, a criação da radiotelevisão portuguesa em 1957, protegida pelo Estado e acarinhada pelo público, vincava esta lenta agonia do cinema português. Em 1956 seria a partir da produção hollywoodesca Lisbon, de Ray Milland, que surgiam no ecrã as primeiras imagens coloridas de Lisboa, num filme que contava com a participação de Anita Guerreiro. Dois anos depois, Augusto Fraga que preconizava o primeiro filme colorido da produção nacional, com Sangue Toureiro protagonizado por Amália Rodrigues e Diamantino Viseu. Retomando a fórmula do cruzamento das temáticas do universo tauromáquico e do fado - na senda de filmes como A Severa ou Sol e Toiros – o receituário tradicional era agora coadjuvado pela novidade da cor. Centrando-se também no velho debate em torno da moral subjacente à carreira artística, a personagem interpretada por Amália, a fadista Maria da Graça que atinge sucesso em tournées internacionais, seria dos poucos exemplos - no quadro do debate de pendor moralizante que se vai eternizando na nossa cinematografia - a não conhecer a possibilidade do resgate para a vida familiar. Diamantino Viseu personificava aqui a figura do jovem lavrador, dividido entre o amor da fadista e o amor da terra, dilema melodramático que se resolvia nos braços da sua amiga de infância, símbolo da virtude e discrição que o conduziria ao altar, esquecida a paixão pela artista. Em 1959 era inaugurado o Arquivo Nacional de Filmes - posteriormente Cinemateca Nacional - e tinham início as actividades do Centro Experimental de Cinema da Universidade Central de Lisboa. Paralelamente, era criado o Conselho de Cinema que forneceria bolsas de estudo para novos cineastas, verbas destinadas à publicação de revistas culturais ou à produção de documentários. A próxima aparição de Amália no grande ecrã sucederia em Las Canciones Unidas, filme estreado no México em Setembro de 1960, que chegaria a Lisboa no Verão de 1963. Com realização de Chano Urueta, Julio Bracho, Afonso Patiño Gomez e Tito Davison, Las Canciones Unidas propunha uma selecção de vários expoentes da música internacional, para ilustrar a sua cultura local. Dirigida por Tito Davison, Amália interpretou o tema Uma Casa Portuguesa. Partindo do conto Agora o Fado Corrido de David Mourão-Ferreira66 o filme de Jorge Brum do Canto estreava-se em Outubro de 1964 em Lisboa. Fado Corrido, contava com a participação de David Mourão-Ferreira na adaptação do argumento, a par do protagonismo do próprio realizador, que aqui personificava a figura do marialva D. Luís, perdido de amores pela fadista Maria do Amparo, interpretada por Amália. Toda a acção se vinculava ao fado enquanto destino marcado, no quadro de um debate já antigo na nossa cinematografia que evocava um conflito de moralidade que associava à 66
- Da obra Gaivotas em Terra.
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vida artística, as ameaças ao casamento e o adultério. Aqui o fantasma da traição (não existente) faz o protagonista perseguir a amante que o rejeitou. Estamos já longe da imagem da resignação feminina, desvendando-se aqui uma protagonista voluntariosa. Amália interpretaria aqui os temas Cantiga da Boa Gente (Jorge Brum do Canto), Gaivota (Alexandre O’Neill e Alain Oulman), Madrugada de Alfama (David Mourão-Ferreira e Alain Oulman) Estranha Forma de Vida, (Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro). Participação curiosa é ainda a de Carlos Ramos interpretando Atrás de um Sonho (Frederico de Brito e Shegundo Galarza), numa das suas várias aparições no cinema.67 A participação de Amália no filme As Ilhas Encantadas, de Carlos Villardebó, valer-lhe-ia o segundo Prémio de Melhor Interpretação Feminina em 1965. Já dentro do espírito do Novo Cinema esta coproduçao luso-francesa, totalmente filmada em Porto Santo, partia de um conto de Herman Melville. Com produção de António da Cunha Teles e Les Films Number One, o filme despiu Amália de todo o mito conferindo-lhe um dos melhores papéis no cinema, na interpretação da mulher oprimida pela solidão do mar e o domínio da sociedade pelos homens. Explorando a intensidade do rosto de Amália, que o silêncio da tela amplifica, Villardebó apresenta-nos vários planos do seu rosto em que a expressão facial, de tão intensa e interiorizada, parece poder contar a história do seu passado. Com fotografia de Augusto Cabrita e Jean Rabier, são vários os momentos em que de um plano geral de paisagem a câmara se foca no rosto de Amália, opondo a sua imagem de corpo inteiro e a presença do seu corpo – a andar e a trabalhar - à aridez da paisagem e ao oceano. Tratava-se de uma nova proposta de cinema que resolvia o “dilema Amália-Amália em Amália-actriz. Amália não só não canta como fala muito pouco, vinda de um tempo de solidão absoluta, também radical. Toda ela se transforma, espécie de Mãe-Terra, condenada a viver entre a natureza, quase a fundir-se com ela. Um dos mais belos e perturbadores planos do filme mostra Amália sentada na terra pedregosa da ilha e plenamente, mimeticamente confundida com ela.”68 Director de fotografia de As Ilhas Encantadas, Augusto Cabrita haveria de filmar Amália numa interpretação de Oiça Lá ó Senhor Vinho, em 1971. Também em Via Macau de Jean Leduc, (1966), Amália teria uma breve aparição interpretando Le Premier Jour du Monde, logo editado pela EMI/ Columbia. Uma última aparição de Amália no cinema sucederia ainda em 1991, pela mão de Wim Wenders no filme Até ao Fim do Mundo, onde surge em cena num eléctrico, mantendo um breve diálogo com os protagonistas, Sam Farber e Claire Tourner, representados por William Hurt e Solveig Dommartin. Em 1960, António Lopes Ribeiro produz o seu último filme de enredo, O Primo Basílio, a partir de 67
- Vejam-se as suas participações em Cais do Sodré, de Alejandro Perla em 1946 e As Lavadeiras de Portugal de Pierre Gaspard-Huit em 1957.
68
- PINA, Luís de, Amália no Cinema, Lisboa, Cinemateca Portuguesa, 1989, p. 13.
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Amália Rodrigues e Santos Moreira Foto de cena do filme April in Portugal de Evan Lloyd, 1955 Colecção Museu do Fado
Amália Rodrigues Foto de cena do filme Les Amants du Tage de Henri Verneuil, 1955 Colecção Museu do Fado
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uma adaptação do romance de Eça de Queiroz. O fim da sua carreira coincidiu com o arranque de um conjunto de tentativas de produção de um cinema independente dos ciclos oficiais que, gradualmente, contestava o regime salazarista. Logo em 1961 era criado o primeiro curso de cinema na Universidade Central de Lisboa que funcionaria até 1964 dirigido por Fernando Garcia e António da Cunha Teles. Novos cineastas batiam-se por um cinema português mais interveniente, tanto cultural quanto politicamente, forjando uma resistência cada vez mais acirrada à censura imposta pelo regime e ao primado no mercado do cinema americano. Como modelo tinham o veterano Manoel de Oliveira. A fundação da Produções Cunha Teles, por António da Cunha Teles, seria o definitivo marco para o nascimento do Novo Cinema Português. Como salienta Alves Costa “se o cinema dos anos 40 a 60 foi nas suas variantes, alegremente descuidado, histórico, melodramático, cor-de-rosa, toureiro ou fadista (com as excepções confirmadoras da regra) o cinema digno de tal nome que, felizmente, passamos a ter, seria triste, introvertido, angustiado, mais pessoal na procura da expressão real da nossa realidade contemporânea. Esqueceram-se os novos cineastas que estavam a falar para alguém e que era preciso que alguém viesse escutá-los. Não veio. Mas talvez viesse se eles tivessem sabido vergastar pela ironia, pela troça, demolir divertindo. Como o público, com hábitos adquiridos e gostos estereotipados, ia mais em historietas e em cantigas do que naquilo que lhe avivava as próprias angústias, também esse novo cinema não teve audiência que se visse, tornando difícil, deficitária e marginalizada a vida de cada filme que se propunha reflectir situações reais num momento concreto do mundo e do tempo.”69 Em 1963 Verdes Anos de Paulo Rocha inaugurava a produção da Cunha Telles, com banda sonora de Carlos Paredes, numa crónica do fracasso de adaptação de um jovem provinciano à capital. Para Eduardo Prado Coelho “todo o filme desenvolve este tema das barreiras invisíveis. A cidade é perversa porque propõe os objectos desejáveis ao mesmo tempo em que institui entre nós e estes objectos uma distância intransponível.”70 Desde então e até 1974 a cinematografia nacional iria dividir-se entre uma vocação para a realidade portuguesa, em filmes independentes intelectualizados, com preocupações formais e de enredo centrados, em boa parte nas Produções Cunha Teles - e um conservadorismo ainda preso ao gosto fácil do público, em filmes melodramáticos, apolíticos e resignados, escassos de ideias, produção que se centrava na Cinedex. Em 1967, no espírito do Novo Cinema, Paulo Rocha apresentava Mudar de Vida de Paulo Rocha, 69 - COSTA, Alves, Breve História do Cinema Português, 1896-1962), Lisboa, Instituto de Cultura Portuguesa, 1978, p. 135. 70
- COELHO, Eduardo Prado, Vinte anos de cinema português, Lisboa, Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1983.
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uma produção da Cunha Telles, protagonizado pelo actor brasileiro Geraldo Del Rey. Filmado no Furadouro e ilustrando o drama dos pescadores na sua luta diária contra o mar, com banda sonora de Carlos Paredes. Firmando acordo com o Centro Português de Cinema em 1968, a Fundação Calouste Gulbenkian dava início, no ano seguinte à produção dos filmes de Oliveira, Rocha, Fernando Lopes e António de Macedo, promovendo novos talentos com documentários e curtas-metragens e, mais tarde, produzindo também longas-metragens. Este fundamental patrocínio da Fundação Gulbenkian à nossa produção cinematográfica persistiria até 1974, consubstanciando-se na orientação estratégica do seu Sector de Cinema do Serviço de Belas Artes. Entre 1933 e 1974, o cinema português foi sobretudo praticado em três modalidades: uma vertente oficial e fiel ao regime com o seu expoente na figura de António Lopes Ribeiro; uma tendência para o entretenimento puro e simples, sem qualquer compromisso em comédias de costumes, comédias musicais, filmes históricos, filmes de touradas, adaptações literárias, e filmes de fado e uma terceira inclinação que se definiu pela oposição ténue ao regime, que se agravaria com o advento do Novo Cinema. A este respeito, informa Mauro Neves “o nosso cinema alijou-se da sociedade portuguesa e da sua representação, excluídos raríssimos exemplos, por pelo menos quarenta anos.” 71 A presença do universo do Fado na cinematografia portuguesa encontra-se amplamente documentada num vasto corpus de filmes, desde o cinema mudo da década de 1920 até à produção contemporânea. Documentando esta relação de estreita proximidade, encontramos mais de uma centena de filmes nos quais – ao longo das diferentes narrativas da ficção, da comédia musical, do documentário, em registo de curtas ou longas-metragens, sem excluir o cinema de animação – o fado marcou presença incontestável quer como tema central, quer como apontamento secundário. Atentando no conjunto dos filmes que representam o género, importa reflectir, ainda que sumariamente, sobre alguns dos temas que perpassam as diferentes narrativas, forjados em fórmulas de êxito comercial garantido e que na história da nossa cinematografia, tal como na história do fado, se inscrevem num plano trans-memorial. A ligação ao universo teatral foi um dos receituários de sucesso mais constantes da nossa indústria do cinema. A incorporação de actores, autores e artistas com ligação aos públicos da revista, garantia uma comunicação directa com as novas audiências do cinema, para a qual concorria o mediatismo por estes artistas já angariado a partir dos palcos do teatro. António Silva, Vasco Santana e Beatriz Costa são os expoentes máximos desta relação privilegiada do cinema com o universo do teatro e a sua participação 71
- NEVES, Mauro, op. cit., p. 217.
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Amália Rodrigues e Diamantino Viseu Revista Cinema Nº 8 – 13º Série Novelização de Mário Costa do filme Sangue Toureiro de Augusto Fraga, 1958 Colecção José Pracana
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em comédias musicais, bem ao gosto popular constituía, por si só, garantia de estrondoso êxito comercial. Recrutando os seus elencos e os seus autores no teatro, o cinema português estruturava-se, assim, na genealogia primitiva de uma cultura de massas72 cujo paradigma, à época, se encontrava sobretudo no universo da revista. Também nos diálogos - construídos por autores consagrados da revista - se erguia parte da fórmula de sucesso destas narrativas, num esquema que Luís de Pina definiu de normalidade/surpresa/problema/ superação.73 Pontuados de um humor imediato, pulverizado de trocadilhos e de referências aos êxitos da revista da actualidade, a alegroterapia defendida por Vasco Santana na Canção de Lisboa, estenderse-ia a filmes como a Aldeia da Roupa Branca, Pátio das Cantigas, O Costa do Castelo, Cantiga da Rua, O Grande Elias, O Noivo das Caldas, Rapazes de Táxis, entre outros registos de comédia musicada, independentemente do êxito alcançado. No corpus dos filmes que integraram o fado, a ligação aos palcos do teatro conhece os seus expoentes máximos com A Costureirinha da Sé (1959) e O Passarinho da Ribeira (1960), ambos resultantes de uma adaptação de operetas então popularizadas. Paralelamente, as novidades das canções, os fados e as estrelas consagradas das artes do espectáculo, traziam também à indústria do cinema a promessa de sucesso comercial, estruturada na consagração do fado numa rede cada vez mais ampla de recintos que desde a década de 1920 se estendia por cafés e cervejarias, dancings e salões de baile, salas de teatro e cinema, que incluíam o fado na sua programação, consagração a que não foi alheio o apogeu do disco e a eclosão da emissão radiofónica.74 Construindo-se a partir do estereótipo da estrela - que naturalmente ofuscava todo o restante elenco de bailarinos, coristas, músicos, actores ou ajudantes – era a partir da estrela que se dimensionavam os conflitos morais centrados no delicado convívio entre a vida artística e o recato da vida familiar que a doutrina dominante defendia. Esta tendência de pendor moralizante perpassa grande parte da nossa cinematografia que representou o fado, desde as primeiras aparições no cinema mudo, com O Fado e O Diabo Mora em Lisboa. Nestes casos, sugere-se o distanciamento crítico de uma marginalidade incómoda que uma certa moral burguesa preferia ignorar e que ditara, desde os finais do século XIX, com a Geração de 70, uma postura generalizada de franca rejeição crítica do género. Com o advento do sonoro, o debate em torno da vida da estrela será sobretudo dominado pelas
72
- AREAL, Leonor, op. cit., p. 129.
73
- PINA, Luís, “A Canção de Lisboa” in Cinemateca Portuguesa, Filmes de Luís de Pina, 13 de Julho de 1991.
74
- NERY, Rui Vieira, op. cit., p. 185.
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questões de classe (A Severa, Maria Papoila, Os Vizinhos do Rés do Chão, Madragoa) pelo registo melodramático dos afectos, do triângulo amoroso, do ciúme e do adultério (Uma Vida para Dois, Fogo!, Sangue Toureiro, A Garça e a Serpente, Fado Corrido, Estrada da Vida, O Destino Marca a Hora) pela ameaça da perdição (Rosa de Alfama) pelo ambiente de backstage que acompanha e sustenta a construção da carreira (A Menina da Rádio, Fado, História de uma Cantadeira ou O Costa do Castelo) pelo dilema da escolha entre a carreira profissional e o recato familiar (Sol e Toiros, Cantiga da Rua e Sangue Toureiro75). De salientar ainda as narrativas ficcionadas que se centraram na vida das estrelas e concorrem directamente para a sua mitologia como Fado, História de uma Cantadeira ou o Miúdo da Bica, centrado na figura de Fernando Farinha. Paralelamente o fado surge associado ao universo tauromáquico, fórmula de sucesso exaustivamente evocada pela indústria do cinema, desde a década de 1930 até aos alvores da década de 1970 com Os Toiros de Mary Foster, de Henrique Campos, filme que contou com a participação de Lenita Gentil. Engendrada no primeiro fonofilme português A Severa o receituário repetir-se-ia em Gado Bravo, Homem do Ribatejo, Sol e Toiros, Ribatejo, Sangue Toureiro, ou A Última Pega. Encerrando-se gradualmente o debate ideológico em torno do fado, será sobretudo a partir da década de 1980 que terá lugar o reconhecimento do lugar central do fado no património musical português, assistindo-se a um renovado interesse do mercado pela canção urbana de Lisboa, como o atestam a atenção crescente da indústria discográfica, através, nomeadamente de reedições de registos gravados, a gradual integração do fado nos circuitos dos festejos populares, à escala regional, o aparecimento progressivo de uma nova geração de intérpretes, ou ainda a aproximação ao fado de cantores de outras áreas como José Mário Branco, Sérgio Godinho, António Variações ou Paulo de Carvalho. Emergindo, no plano internacional um renovado interesse pelas culturas locais musicais, através dos seus expoentes mais reconhecidos, nos circuitos do disco, dos media e dos espectáculos ao vivo, Amália Rodrigues e Carlos do Carmo assumem destaque absoluto. Em 1979 Joaquim Pais de Brito lançava, na academia, os primeiros estudos sobre o fado. Nas artes plásticas, na década de 1980, Júlio Pomar apresentava a sua Lusitânia no Bairro Latino e Graça Morais prestava-lhe homenagem em Mouraria. Em 1996, no filme A Raíz do Medo, Richard Gere escutava embevecido A Canção do Mar (Frederico de Brito e Ferrer Trindade) na voz de Dulce Pontes, facto que resultaria numa inequívoca projecção internacional da criadora do disco Lágrimas (1993). Pertencem a José Fonseca e Costa três interessantes obras que referenciam o fado: Kilas o Mau da Fita (1981) – com a participação especial de Sérgio Godinho na composição do Fado do Kilas – e Sem
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- Este último em registo dissonante uma vez que a protagonista não cumprirá a “redenção” da vida familiar.
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Sombra de Pecado (1983) a partir de uma fado original de Carlos do Carmo. Mais tarde, Fonseca e Costa voltará a integrar o fado em Os Mistérios de Lisboa, What the Tourist Shoud See (2009) com a participação de Duarte na banda sonora do filme. Um outro registo, fixado pela câmara de Fonseca e Costa deve referir-se aqui pelo seu elevado valor documental: a gravação do ensaio entre Amália Rodrigues e Alain Oulman, em 1989, numa sessão onde trabalham o tema Soledad de Cecília Meirelles. Este foi o único documento audiovisual que nos chegou para ilustrar a cumplicidade criativa desta parceria fundamental na história do fado. Ainda sobre o impulso criativo de Alain Oulman refira-se Com que Voz, de Nicholas Oulman, documentário apresentado ao público em Outubro de 2009 e que justamente angariou o prémio Melhor Primeira Obra na edição desse ano do Festival DocLisboa. Nos alvores do século XXI multiplicam-se as narrativas que o cinema consagra ao fado: Bruno de Almeida criou um exaustivo documentário audiovisual sobre Amália Rodrigues. The Art of Amália é o mais completo testemunho audiovisual produzido sobre Amália Rodrigues, documentando um percurso profissional de várias décadas, com imagens colhidas em diferentes arquivos, e uma longa entrevista à artista. Ainda de Bruno de Almeida merece referência o documentário Camané, As Gravações de Sempre de Mim editado em 2008. Em 2001, no filme Ganhar a Vida de João Canijo – interpretação que lhe valeu o Globo de Ouro de Melhor Actriz - Rita Blanco interpretava o fado Com que Voz (Luís de Camões e Alain Oulman). No mesmo ano, Edgar Pêra apresentava A Janela (Maryalva Mix) centrada no percurso de um fadista do bairro da Bica. Seguir-se-iam outras interessantes evocações do fado e da guitarra portuguesa, pelo mesmo autor: Guitarra com Gente lá Dentro (2003), Movimentos Perpétuos – Cine Tributo a Carlos Paredes (2003) e Rio Turvo (2007). Em Xavier de Manuel Mozos (2003) o fado acompanha a narrativa no tema A Rua do Capelão, interpretado por Aldina Duarte. Digna de nota é ainda a participação de Celeste Rodrigues. Em 2009 Mozos realizaria o documentário Aldina Duarte, Princesa Prometida, estruturado a partir de uma entrevista conduzida por Maria João Seixas, a que se somam vários depoimentos e imagens de um concerto no Palácio Fronteira. Aldina Duarte e Camané integram ainda o elenco de A Religiosa Portuguesa de Eugène Green, interpretando vários temas ao som dos instrumentos de José Manuel Neto, Carlos Manuel Proença e Paulo Paz. No filme José e Pilar, de Miguel Gonçalves Mendes, Camané regressaria ao cinema para interpretar o tema Já Não Estar (Manuela de Freitas e José Mário Branco) nomeado para o oscar de Melhor Canção Original. Em 2007 Carlos Saura encerrava um ciclo dedicado ao universo musical que incluíra o Flamenco (1995) e o Tango (1998). Fados traduz a homenagem de Carlos Saura ao fado, a sua visão do género, desde os seus
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Cartaz do filme Fado Corrido de Jorge Brum do Canto, 1964 Helder Colecção Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
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antecedentes musicais aos intérpretes contemporâneos. Promovendo um tributo às figuras de Amália Rodrigues, Lucília do Carmo e Alfredo Marceneiro Carlos Saura junta-lhes a arte e o talento de vários intérpretes e criadores de distintas origens e influências musicais. Conquistando várias nomeações e prémios internacionais, o filme foi ainda galardoado pela Academia com o Goya Awards para a melhor Canção Original com o Fado da Saudade, interpretado por Carlos do Carmo. Entre nós merecem referência os documentários realizados nos últimos anos por Diogo Varela Silva - Fado Celeste, (2010), Fernando Maurício, O Rei Sem Coroa, (2011) e O Fado da Bia (2012) – e por Ivan Dias, produtor do filme Fados de Calos Saura e autor de Mariza no Palco do Mundo (2011), Argentina Santos, Não Sei se Canto se Rezo (2011) e Guitarra Portuguesa (2012). Hoje estreia. Regressemos às palavras de Fernando Lopes para referir uma outra estreia, que sucede por ocasião desta exposição: o documentário Fado de Aurélio Vasques e Sofia de Portugal. Com produção da Zulfilmes Fado propõe-se desvendar o lado interior do fado, explicar o inexplicável, captar o invisível. Do intérprete ao poeta, do compositor ao guitarrista, e ao estudioso, Fado é um testemunho falado. Na voz dos seus expoentes conhecemos o lado interior do fado. Carlos do Carmo, Mariza, Beatriz da Conceição, Camané, Carminho, José Pracana, José Manuel Neto, Maria do Rosário Pedreira, Joel Pina e Rui Vieira Nery são aqui convocados a desvendar a essência do fado, neste contínuo diálogo, de interrogações feito, ao longo do qual o fado e as suas imagens em movimento nos ajudam a redescobrir e a compreender o nosso olhar sobre nós próprios. Sara Pereira Directora do Museu do Fado Maio 2012
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Foto da fachada do Eden Cinema (Lisboa) Anúncio do filme O Miúdo da Bica de Constatino Esteves, 1963 Colecção Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
Fernando Farinha e Vicente da Câmara Foto de cena do filme A Última Pega de Constantino Esteves, 1964 Colecção Museu do Fado
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Os Filmes
Fado
Drama mudo, preto e branco
Sinopse: Em Alfama, João, o ferreiro, Toino, o fadista, e Ana, a prostituta, protagonizam um drama bairrista onde o fado é sinónimo de destino trágico e condição marginal.
Realização Produção Argumento Fotografia Intérpretes
Duração Estreia
Maurice Mariaud (1875-1958) Pátria Film Bento Mântua Artur Costa Macedo Ema de Oliveira, Eduardo Brasão, José Soveral, Sarah Cunha, Raul de Carvalho, Castro Neves, Botelho do Amaral, Duarte Silva, Henrique Roldão
Um filme em quatro actos inspirado no mencionado quadro de José Malhoa, tendo por base a peça, de mesmo título, de Bento Mântua. É a primeira abordagem cinematográfica ao tema do fado, contextualizando-o num ambiente marginal e boémio de um típico bairro lisboeta. Nesta primeira ligação do fado ao grande ecrã do cinema realça-se a consideração do crítico Alberto Armando Pereira para a capacidade técnica do realizador que deveria “servir de base para novos trabalhos, pela variedade de processos adoptados e efeitos obtidos, muitos dos quais de alto valor “(Porto Cinematográfico, Julho de 1923).
29 minutos 9 de Abril de 1923, Salão Central (Lisboa)
Maurice Mariaud iniciou a sua carreira como actor, em 1908, em França. Posteriormente, assumiu-se como realizador e dirigiu inúmeras curtas-metragens para a produtora francesa, Gaumont. Dois anos depois de apresentar em França a sua obra Tristan et Yseult (Tristão e Isolda, 1920), é contratado para a Caldevilla Film, para a qual realizou Os Faroleiros (1922), com filmagens no Farol do Bugio e onde o próprio Maurice é protagonista, e As Pupilas do Senhor Reitor (1924). Ao mesmo tempo, para a produtora Pátria Film, Maurice Mariaud dirige, em 1923, O Fado. De regresso a França continuará a sua carreira cinematográfica e apenas regressará a Portugal para realizar o filme Nua, uma produção da Tágide Film.
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Tragédia de Amor Drama mudo, preto e branco
Sinopse: A película Tragédia de Amor é a segunda abordagem à realização do actor e encenador António Pinheiro. Anunciado como um “emocionante e misterioso drama, o doloroso calvário da vida num enredo superiormente humano”, o filme relata a história de sofrimento de uma mulher sozinha e marginalizada.
Realização Produção
António Pinheiro (1867-1943) Invicta Film
Argumento
António Pinheiro
Fotografia
Maurice Laumann
Intérpretes
Duração Estreia
Adelina Fernandes foi uma das protagonistas deste filme. A fadista acumulava vários anos de experiência na representação de peças e operetas, nos palcos do teatro, e havia participado no filme Os Fidalgos da Casa Mourisca, realizado por Georges Pallu em 1921, no qual António Pinheiro integrava, também, o elenco de actores.
Alda de Azevedo, António Pinheiro, Adelina Fernandes, Emília de Oliveira, Bettencourt Atayde, Júlio Cunha, Duarte Silva 54 minutos 4 de Fevereiro de 1924
António Pinheiro, actor e encenador, ensaiou por duas vezes a realização cinematográfica, com os filmes Tinoco em Bolandas (1922) e Tragédia de Amor (1924). A sua primeira aparição no grande ecrã foi como actor no filme Os Milagres de Nossa Senhora da Penha (1910), a que se seguiram inúmeras outras, com destaque para os filmes Os Fidalgos da Casa Mourisca (1921), Amor de Perdição (1921), Primo Basílio (1923), A Tormenta (1925) e A Portuguesa de Nápoles (1931).
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O Diabo em Lisboa Drama mudo, preto e branco
Sinopse: A história do filme relata a visita de Lúcifer ao bairro da Mouraria para observar e conhecer os seus modos de vida. O interesse do diabo num bairro onde convivem lado a lado as figuras mais marginais e a aristocracia frequentadora destes espaços de boémia nos inícios do século XIX.
Realização
Rino Lupo (1888-1934)
Produção
Artur Costa de Macedo
Argumento Fotografia Intérpretes
Duração Estreia
Rino Lupo
O bairro da Mouraria, as suas gentes e ambientes, e, em particular, a fadista Severa são pela primeira vez tema de filme. As imagens mostram-nos o fado e seus intépretes como protagonistas de vivências associadas à imoralidade e marginalidade. Lamentavelmente perdeu-se a película deste filme.
Artur Costa de Macedo Maria Emília Castelo Branco, Carlos Viana, Luís de Magalhães, António Lyra, Beatriz Costa, Aida Lupo, Maria Sampaio, Amélia Martins, Joaquim avelar, Manuel Baptista, Carlos Arbués, Amílcar de Sousa, Emília Amaral, Branca de Oliveira, Beatriz Belmar, Eurico Amaral, Valentim da Cunha. c. 58 minutos 1927 - Não teve estreia comercial, foi apresentado numa sessão para imprensa e convidados
Cesare Rino Lupo trabalhou como actor e assistente de Léonce Perret na produtora de filmes francesa Gaumont. A influência desse realizador é notória na sua preferência em realizar filmagens de exteriores. Rino Lupo veio para Portugal em 1921, onde trabalhou para a Invicta Film, sediada no Porto. Dirigiu, em Portugal, as películas Mulheres da Beira (1923), Os Lobos (1923), O Diabo em Lisboa (1927), Fátima Milagrosa (1928) e José do Telhado (1929). Rino Lupo deixou marcas na história do cinema mudo em Portugal, com filmes de grande sucesso comercial mas, após a introdução do cinema sonoro, o realizador italiano acabou por sair do país e fixar-se na Alemanha.
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Fátima Milagrosa Drama mudo, preto e branco
Sinopse: Filme que aborda a temática religiosa e as peregrinações a Fátima através de um enredo dramático. A protagonista, Maria Helena, vai servir para uma casa em Lisboa, após a morte do seu pai e, afeiçoando-se à filha do mordomo José, procura um milagre em Fátima, para a curar da paralisia.
Realização Produção Argumento Fotografia Intérpretes
Duração Estreia
Rino Lupo (1888-1934) Mello, Castelo Branco, Lda. Rino Lupo
No decorrer da acção a fadista Margarida Ferreira aparece numa actuação num clube lisboeta, onde algumas das cenas se passam, e Dina Tereza, antevendo o seu papel no primeiro filme sonoro português, surge vestida de Severa (Luís de Pina, História do Cinema Português, Ed. Europa-América, 1986).
Maurice Laumann Maria Júdice da Costa, Francisco Sena, Rafael Alves, Lea Niako, Beatriz Costa, Alice Ogando, Margarida Ferreira, Ida Kruger, Aida Lupo, Fernando Simões, Natércia Silva, Antero Faro, Dina Tereza 159 minutos Estreia: 12 de Maio de 1928, Politeama (Lisboa)
Rino Lupo, realizador de O Diabo em Lisboa (1927).
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Lisboa, Crónica Anedótica Documentário mudo, preto e branco
Sinopse: O filme teve como título apenas Lisboa, mas pelo facto de logo na introdução o autor referir a apresentação de uma crónica anedótica, acabou por ser sempre referido como Lisboa, Crónica Anedótica. Em jeito de documentário são apresentadas diversas cenas do quotidiano da cidade, filmadas nas ruas de Lisboa e interpretadas por numerosos artistas. Realização
Leitão de Barros (1896–1967)
Produção
Leitão de Barros, Salm Levy Jr.
Argumento Fotografia Intérpretes
Duração Estreia
Leitão de Barros
Leitão de Barros, nesta sua crónica da cidade inclui uma cena ilustrativa de fado, onde vemos a fadista Adelina Fernandes encostada na ombreira de uma porta, num dos típicos becos dos bairros populares, a tocar guitarra portuguesa.
Manuel Luís Vieira, Salazar Diniz, Paul Martilliéri Adelina Abranches, Chaby Pinheiro, Salvador, Beatriz Costa, Nascimento Fernandes, Ester Leão, Alves da Cunha, Estevão Amarante, Maria Lalande, Vasco Santana, Teresa Gomes, Augusto de Mello, Aura Abranches, Augusto Costa (Costinha), Erico Braga, Josefina Silva, Alfredo Ruas, Adelina Fernandes, Irene Isidro, Oliveira Martins, Rosa Maria 85 minutos 1 de Abril de 1930, São Luiz e Tivoli (Lisboa)
José Júlio Leitão de Barros foi professor, pintor, jornalista, escritor e cineasta. Estreou-se na realização com o documentário Sidónio Pais (1918), a que se seguiram títulos como Malmequer (1918), Mal de Espanha (1918) e grandes sucessos como Maria do Mar (1930) e Lisboa, Crónica Anedótica (1930), todos eles registos de cinema mudo. Após a introdução da sonorização nos filmes realizou, para além de A Severa (1931), As Pupilas do Senhor Reitor (1935), Bocage (1936), Maria Papoila (1937), Varanda dos Rouxinóis (1939), Camões (1946) ou Vendaval Maravilhoso (1949).
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A Severa
Drama, preto e branco
Sinopse: Leitão de Barros realiza o primeiro filme sonoro português e, numa adaptação da obra homónima de Júlio Dantas, apresenta um retrato da vida da fadista Maria Severa Onofriana.
Realização Produção
Leitão de Barros (1896–1967) Produção: SUS (Sociedade Universal de Superfilmes)
Argumento
Leitão de Barros, Júlio Dantas
Fotografia:
Salazar Diniz
Música Intérpretes
Duração Estreia
Frederico de Freitas Dina Tereza, António Luís Lopes, Maria Sampaio, Ribeiro Lopes, Maria Isabel, Silvestre Alegrim, António Fagim, António Lavradio, Augusto Costa (Costinha), Oliveira Martins, Mariana Alves, Patrício Álvares, Regina Montenegro, Paradela de Oliveira 105 minutos
A película apresenta a história da famosa Severa de forma dramática, centrando-se no seu romance com o aristocrata Conde de Marialva que mantém uma relação com outra mulher da sua classe social, a Marquesa de Seide. A interpretação musical é fundamental a todo o filme, caracterizando as paisagens onde se desenrola a acção, quer seja em ambiente tauromáquico, caso do Fado da Espera de Toiros, quer seja nos ambientes de fado e dos bairros lisboetas, como o Fado da Taberna ou o Arraial de Santo António. Todos os fados e canções do filme conjugam os versos de Júlio Dantas com as composições de Frederico de Freitas e são várias as personagens que os interpretam. Dina Tereza, no papel de Severa dá voz aos temas Fado da Espera de Toiros, Fado da Taberna, Velho Fado da Severa e Novo Fado da Severa, Maria Isabel canta a Canção da Chica, o Arraial de Santo António tem a voz de Mariana Alves, a Canção do Romão é cantada por António Fagim, o Solidó dos Bolieiros surge na voz de Silvestre Alecrim e Paradela d’Oliveira interpreta o Vira.
18 de Junho de 1931, São Luiz (Lisboa)
Leitão de Barros, realizador de Lisboa, Crónica Anedótica (1930), Bocage (1936), Maria Papoila (1937), Camões (1946) e Vendaval Maravilhoso (1949).
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Amor de Mãe
Curta-metragem, mudo, preto e branco
Sinopse: Carlos Ferreira dirigiu Ercília Costa na filmagem de um dos seus temas mais populares - Amor de Mãe (Amadeu do Vale – Raul Ferrão). Ercília Costa protagoniza esta curta-metragem musical, numa encenação do poema interpretado pela fadista.
Realização
Carlos Ferreira
Produção
Águia Filme
Fotografia
César de Sá
Intérpretes
Ercília Costa
Duração Estreia
c. 3’30 minutos 1932, Ódeon e Palácio (Lisboa)
Carlos Ferreira foi crítico de cinema no jornal República. Não se conhecem mais películas da autoria deste realizador.
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A Canção de Lisboa Comédia, preto e branco
Sinopse: Nesta comédia lisboeta acompanhamos o personagem Vasco Leitão, estudante de medicina, numa vivência de boémia desregrada. Engana as tias de Trás-os-Montes que o sustentam e o consideram um aluno cumpridor, e procura os amores de Alice, uma costureira de bairro. No desenrolar da história Vasco vê-se em apuros quando reprova no exame e as suas tias vêm visitá-lo a Lisboa. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Cottinelli Telmo (1897-1948) Tobis Cottinelli Telmo César de Sá, Henri Barreyre, Octávio Bobone Raul Portela, Raul Ferrão, René Bohet, Jaime Silva Beatriz Costa, Vasco Santana, António Silva, Teresa Gomes, Sofia Santos, Alfredo Silva, Manuel de Oliveira, Eduardo Fernandes, José Victor, Manuel Santos Carvalho, Silvestre Alegrim, Ana Maria, Álvaro de Almeida, Carlos Deus, Francisco Santos, Guimarães Frazão, Malveira, José Santos, Henrique Alves
Toda a película é acompanhada por momentos musicais integrados na história dos seus personagens, momentos memoráveis na história do cinema português. José Galhardo escreveu os poemas, musicados por Raul Portela e Raul Ferrão, para os temas Canção de Lisboa, A Agulha e o Dedal, Castelos no Ar, O Balãozinho e o Fado do Estudante. Vasco Santana acompanha-se a si próprio na guitarra portuguesa, numa cena filmada na esplanada do último piso da Cervejaria Portugália, na Avenida Almirante Reis, onde se recria o ambiente fadista e o actor, com profundo sentimento, faz o relato da sua personagem no famoso tema Fado do Estudante.
92 minutos 7 de Novembro de 1933, São Luiz (Lisboa)
José Ângelo Cottinelli Telmo estudou arquitectura na Escola de Belas Artes de Lisboa. Apesar de ser o realizador do primeiro filme sonoro inteiramente produzido em Portugal, A Canção de Lisboa, e deste ser um estrondoso sucesso e um modelo de comédia seguido nas décadas seguintes da cinematografia portuguesa, optou por centrar-se na carreira de arquitecto, edificando grandes obras e projectos arquitectónicos, de que é exemplo o plano da Praça do Império e da sua Fonte Monumental em Belém.
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Gado Bravo
Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção
António Lopes Ribeiro (1908-1995) Bloco H. da Costa
Argumento
R. Erich Philippi
Fotografia
Heinrich Gärtner
Música Intérpretes
Duração Estreia
Luís de Freitas Branco, Hans May Nita Brandão, Raul de Carvalho, Olly Gebauer, Arthur Duarte, Mariana Alves, Siegfried Armo, Alberto Reis, Armando Machado, José Santos, Ruy da Silveira
Um enredo de drama amoroso onde o protagonista, Manuel Garrido, um proprietário rural da zona do Ribatejo, também cavaleiro tauromáquico, tem o seu coração dividido entre a irmã do seu melhor amigo, rapariga portuguesa, virtuosa e sensível, e uma célebre cantora estrangeira. O filme tem como tema de fundo os touros mas centra-se, particularmente, na evocação moral de princípios e virtudes, essencialmente femininos, num modelo directamente relacionado com a época de realização do filme. Alberto Reis interpreta O Fado do Pascoal, um tema que relata a vida tauromáquica através de um poema de António Botto. As outras cinco canções do filme: Anda o Sol no Ribatejo, Canção das Lavadeiras, Serenata, Na Taberna e Tango de Amor, todas elas com música de autoria de Luís de Freitas Branco, são, também, interpretações de poemas de António Botto.
Duração: 108 minutos 8 de Agosto de 1934, Tivoli (Lisboa)
António Lopes Ribeiro estreou-se como realizador com o documentário Bailando ao Sol (1928). Realizou, escreveu e produziu películas consideradas grandes marcos da cinematografia portuguesa, filmes de grande popularidade como O Pai Tirano (1941) e O Pátio das Cantigas (1942), mas a sua grande ligação ao regime do Estado Novo, com a realização de obras de propaganda como A Revolução de Maio (1937), O Feitiço do Império (1940), Manifestação Nacional a Salazar (1941) ou A Exposição do Mundo Português (1942), entre muitos outros, fizeram com que fosse considerado “cineasta do regime”. Mostrando grande vanguardismo, ao realizar o filme Gado Bravo roda em simultâneo o documentário A Preparação do Filme “Gado Bravo”. A sua última longa-metragem é O Primo Basílio (1959), uma adaptação do romance de Eça de Queiroz e, nas décadas seguintes, continua a realizar inúmeros documentários. Torna-se bastante popular ao apresentar na RTP o programa Museu do Cinema, na década de 60 e novamente em 1982.
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Bocage
Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização
Leitão de Barros (1896–1967)
Produção
SUS (Sociedade Universal de Superfilmes)
Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Rocha Martins Aquilino Mendes, Salazar Diniz, Joseph Barth
Leitão de Barros, através de uma obra de reconstituição histórica, traz para o grande ecrã episódios da vida boémia do poeta Bocage. O argumento não se debruça sobre o relato biográfico do poeta mas sim na história da sua chegada a Lisboa, onde é recebido em casa de um companheiro de armas e, num excesso de atracção por parte de todos os elementos femininos do filme, acabará por receber o amor das duas irmãs da casa. Seguem-se as alegrias, sofrimentos e dramas morais em consequência da vida amorosa do poeta. Os momentos musicais do filme são de autoria de Carlos Calderon, Armando Rodrigues e Raul Portela. A fadista Maria Albertina interpreta o tema Bailarico Saloio e o cantor lírico, Tomás Alcaide, dá voz à canção O Amor É Cego e Vê, numa cena filmada no Palácio de Queluz.
Afonso Correia Leite Raul de Carvalho, Tarquínio Vieira, Maria Castelar, Maria Helena Matos, Celita Bastos, Maria Valdez, Araújo Pereira, António Silva, Lino Ferreira, João Villaret, Joaquim Pratas, Perpétua dos Santos, Berta Monteiro, Aurélio Ribeiro, Regina Montenegro, João Lopes, Tomás Alcaide 124 minutos Estreia: 1 de Dezembro de 1936, São Luiz (Lisboa)
Leitão de Barros, realizador de Lisboa, Crónica Anedótica (1930), A Severa (1931), Maria Papoila (1937), Camões (1946) e Vendaval Maravilhoso (1949).
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Maria Papoila
Comédia / Drama, preto e branco
Sinopse: Numa combinação de melodrama e comédia conta-se a história de uma rapariga que deixa a zona da Beira para vir trabalhar para Lisboa e a sua paixão por um soldado que, apesar da baixa patente militar, é um jovem rico com uma namorada da sua classe social. A componente dramática intensifica-se quando a protagonista, Maria Papoila, se dispõe a sacrificar a sua honra para salvar o seu apaixonado, acusado de roubo. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Leitão de Barros (1896–1967) Filmes Lumiar José Galhardo, Alberto Barbosa, Vasco Santana Isy Goldberger, Manuel Luís Vieira, Octávio Bobone Frederico de Freitas Mirita Casimiro, António Silva, Emília de Oliveira, Eduardo Fernandes, Estevão Amarante, Maria Cristina, António Gomes, Alves da Costa, Joaquim Pinheiro, Virgínia Soler, Amélia Pereira, Perpétua dos Santos, Beatriz Belmar, Barroso Lopes, Joaquim de Oliveira, João Lopes, Armando Machado, Vital do Santos, Pereira Saraiva, Regina Montenegro
Todos os temas musicais do filme são de autoria de Raul Portela, Raul Ferrão e Fernando de Carvalho, com poemas de José Galhardo, Alberto Barbosa e Vasco Santana. Salientamos o tema título do filme, Canção da Papoila, que surge logo no início do filme e apresenta a viagem da protagonista para Lisboa e cujos versos Adeus, aldeia / que eu levo na ideia / não mais cá voltar, se popularizaram, e o Fado do Zé Ninguém, um fado patriótico sobre o soldado português, interpretado por Estevão Amarante numa cena no quartel. Foi realizado um documentário sobre a rodagem do filme.
98 minutos 15 de Agosto de 1937, São Luiz (Lisboa)
Leitão de Barros, realizador de Lisboa, Crónica Anedótica (1930), A Severa (1931), Bocage (1936), Camões (1946) e Vendaval Maravilhoso (1949).
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Aldeia da Roupa Branca Comédia, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Chianca de Garcia (1898–1983) Espectáculos de Arte Chianca de Garcia, José Gomes Ferreira, Ramada Curto Aquilino Mendes Raul Ferrão, Raul Portela, Jaime Silva Filho Beatriz Costa, Óscar de Lemos, José Amaro, Manuel Santos Carvalho, Elvira Velez, Hermínia Silva, Armando Machado, Octávio de Matos, Jorge Gentil, Mário Santos, Maria Salomé, Aida Ultz, Aurora Celeste, Sofia Santos, João Silva, Joaquim Manique
Apresenta-se o quotidiano dos “saloios”, nos arredores de Lisboa, com as actividades de cultivo, para alimento da cidade, e de lavagem de roupa. A acção do filme centra-se na luta de duas famílias pelo monopólio do transporte das lavadeiras, para recolha e entrega da roupa aos lisboetas, pormenorizando-se com a história de Chico, o filho de uma destas famílias e natural herdeiro do negócio, que prefere ir para Lisboa trabalhar, personificando a divisão entre a terra e a cidade, nos amores da sua prima Gracinda e da fadista Maria da Luz. Aldeia da Roupa Branca marca a estreia cinematográfica de Hermínia Silva no papel da cantadeira Maria da Luz e mostra-nos o ambiente das casas de fado da época, numa cena em que a fadista canta o Fado do Retiro. Todos os temas musicais do filme têm versos de José Galhardo. As músicas Canção da Roupa Lavada, Canção Saloia e Canção das Sombras são composições de Raul Portela, ao passo que os fados interpretados por Hermínia Silva – Fado do Retiro e Fado da Fadista, são de autoria de Raul Ferrão.
92 minutos 2 de Janeiro de 1939, Tivoli (Lisboa)
O primeiro filme de Chianca de Garcia foi Ver e Amar (1930). Para além da realização de filmes o seu papel na história do cinema em Portugal é também marcado por pertencer ao núcleo de fundadores da Tobis Portuguesa, em 1933. Destacamos os seus filmes, O Trevo de Quatro Folhas (1936), A Rosa do Adro (1938) e Aldeia da Roupa Branca (1938). Em 1940 Chianca de Garcia radica-se no Brasil onde realiza alguns filmes mas, optará por dedicar-se à direcção artística da emblemática sala de espectáculos Casino da Urca. A sua ligação a Portugal sobressai nas décadas de 1960 e 70, altura em que escreveu algumas crónicas para o jornal Diário de Lisboa.
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João Ratão
Comédia, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia
Jorge Brum do Canto (1910-1994) Tobis Portuguesa Jorge Brum do Canto, Fernando Fragoso Aquilino Mendes
Música
Jaime Silva Filho, António Melo, Manuel Figueiredo
Intérpretes
Óscar de Lemos, Maria Domingas, António Silva, Manuel Santos Carvalho, Teresa Casal, Augusto Costa (Costinha), Álvaro de Almeida, Filomena Lima, António Maia, Aida Ultz, Fernanda de Sousa, Maria Emília Vilas, Silva Araújo, Artur Rodrigues, José Malveira, Jorge Gentil, Rafael Marques, José Alves, Fernando Garcia, Perdigão Queiroga, João Tavares
Duração Estreia
Adaptação de uma opereta com o mesmo nome, onde se conta a história de um soldado português que regressa da frente de batalha, após o final da Primeira Grande Guerra e vai ao encontro da rapariga que namorou através de cartas, escritas por um amigo seu, durante a guerra. Para as cenas sobre a guerra, o realizador utilizou imagens reais, retiradas de documentários da época, embora seja evidente a sua distinção de todo o restante cenário do filme. Os temas musicais do filme – Ao Desafio, Canção dos Madeireiros, Cantiga da Primavera, Fado das Trincheiras, Não Tem Nada Que Saber e Rancho das Rosas, são composições de António Melo com versos de Félix Bermudes e João Bastos, exceptuando-se a Canção de Mariette, de autoria de Manuel Figueiredo, composta para a opereta teatral. O Fado das Trincheiras, um fado patriótico que ressalta orgulhosamente o soldado português, é interpretado por Óscar de Lemos numa cena de convívio dos soldados na caserna.
103 minutos Estreia: 29 de Abril de 1940, São Luiz (Lisboa)
Jorge Brum do Canto iniou a sua carreira cinematográfica em 1925, como actor do filme O Desconhecido, realizado por Rino Lupo. Como realizador a sua primeira obra data de 1929, sob o título A Dança dos Paroxismos. Na década seguinte, para além de fazer documentários e colaborar com as revistas de cinema Cinéfilo, Kino e Imagem, realiza, em 1938, a sua primeira longa-metragem, A Canção da Terra, a que se seguem João Ratão (1940), Lobos da Serra (1942), Fátima, Terra de Fé (1943), Um Homem às Direitas (1944), Ladrão, precisa-se! (1946), Chaimite (1953), Retalhos da Vida dum Médico (1962), Fado Corrido (1964), A Cruz de Ferro (1967) e, o seu último filme, O Crime de Simão Bolandas (1984).
70
Feitiço do Império Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização
António Lopes Ribeiro (1908-1995)
Produção
Agência Geral das Colónias, Missão Cinegráfica às Colónias de África
Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Joaquim Mota Junior Manuel Luís Vieira, Isy Goldberger Jaime Silva Filho, Venceslau Pinto
Um filme de exaltação patriótica, cuja história procura exibir e salientar a riqueza do império português em África. O argumento acompanha um descendente português a viver nos Estados Unidos, noivo de uma americana, que tem intenção de trocar de nacionalidade. O pai, no intuito de o demover, convence-o a realizar uma viagem para conhecer Lisboa, Guiné, São Tomé, Angola e Moçambique. O protagonista viverá também um amor com a filha de um comerciante. Para além das imagens deslumbrantes de paisagens grandiosas, o realizador integra na apresentação de Lisboa duas cena de fado: Alfredo Marceneiro, a actuar no Retiro do Colete Encarnado, e a dar voz ao poema Remorso, de João Linhares Barbosa e, outro grande nome do fado - Berta Cardoso, numa cena filmada no Teatro Variedades.
Luís de Campos, Isabela Tovar, Alves da Cunha, Estevão Amarante, António Silva, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Emília de Oliveira, Alfredo Ruas, Amélia Pereira, Madalena Sotto, Teodósio Cabral, António Martínez, António Vilar, Celestino Soares, Francisco Pinto 121 Minutos 23 de Maio de 1940, Eden (Lisboa)
António Lopes Ribeiro, realizador de Gado Bravo (1934).
71
Pão Nosso
Drama, preto e branco
Sinopse: Na sua estreia como realizador, Armando de Miranda apresenta uma história passada no Alentejo, centrada no conflito entre os donos de uma herdade, um casal urbano e viajado que adquiriu a quinta para aí viver, e os trabalhadores camponeses.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Armando de Miranda (1904-1975) Bloco H. da Costa Gentil Marques, Leão Penedo César de Sá
Os temas musicais do filme são composições de autoria de Jaime Mendes, Nóbrega e Sousa e João Nobre, João Camilo e Carlos Flores, para versos de Mário Roque, Armando de Miranda e João Nobre. Para dar voz aos cerca de 10 temas musicais do filme, incluindo um fadomarcha, surgem ao longo da história os intérpretes Mariana Alves, Paradela de Oliveira, Luís Piçarra, António Vilar, Laura Puchol e, como cantadeira de fados, Susana de Carvalho.
Jaime Mendes, Nóbrega e Sousa, João Nobre, João Camilo, Carlos Flores Leonor d’Eça, Paiva Raposo, António de Sousa, Luisa Melanie, Selénio Calheiros, Emília de Oliveira, Silvestre Alegrim, Amélia Ribeiro, Lolita Torres, Ricardo Malheiros, Serécia Gonçalves, António Góis, Luís Piçarra, Carlos Darbini, José Malveira, Visconde de Vila Nova de Ourém, Maria de Lourdes Albuquerque 94 minutos Estreia: 12 de Junho de 1940, Eden (Lisboa)
Armando de Miranda realizou cerca de trinta filmes, entre documentários, curtas e longas metragens. Estreou-se nas longas-metragens com o filme Pão Nosso (1940), abandonando a sua carreira no ramo bancário e dedicando-se exclusivamente à profissão de cineasta. Realizou diversos filmes na década de 40, como Ave de Arribação (1943), José do Telhado (1945), Capas Negras (1947), Aqui Portugal (1947), ou Uma Vida Para Dois (1949). Em 1951 emigrou para o Brasil onde continuou a realizar filmes nas décadas seguintes. A sua última obra – O Diabo de Vila Velha, data de 1966.
72
Pátio das Cantigas Comédia, preto e branco
Sinopse: Este filme apresenta um cruzamento de histórias de personagens que vivem num típico pátio de Lisboa. O quotidiano dos moradores desta pequena comunidade é apresentado em histórias de amor e ciúme, alegrias e tristezas, sonhos e desilusões, num conjunto em que vários casais são protagonistas de uma acção que se desenrola na altura das celebrações dos Santos Populares em Lisboa. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Francisco Ribeiro (Ribeirinho) (1911-1984) Produção: António Lopes Ribeiro António Lopes Ribeiro, Vasco Santana, Francisco Ribeiro (Ribeirinho) César de Sá Frederico de Freitas, Carlos Flores, Eliezer Kamenescky António Vilar, Maria das Neves, Maria Paula, Laura Alves, Vasco Santana, António Silva, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Barroso Lopes, Carlos Otero, Graça Maria, Carlos Alves, João Silva, Regina Montenegro, Armando Machado, Armando Pedro, Pereira Saraiva, Reginaldo Duarte, Casimiro Rodrigues, Artur Rodrigues, Maria da Graça, João Guerra, Joaquim Amarante, Eliezer Kamenesky
O próprio título do filme indica a importância dos muitos momentos musicais no filme, que incluem três sambas e uma canção de autoria do compositor argentino Carlos Flores. A personagem Amália teria sido pensada para a estreia cinematográfiaca de Amália Rodrigues, mas foi Maria Paula a representar este papel e a interpretar os dois fados do filme. Em curiosas interpretações às janelas do pátio, surgem o conhecido tema Primeiro Fado, com poema de António Lopes Ribeiro e música de Frederico de Freitas, numa cena onde os intérpretes, voz, viola e guitarra, estão cada um em sua janela, e o segundo fado surge, também na voz de Maria Paula, acompanhada pela instrumentação que Vasco Santana e Ribeirinho fazem, num outro andar, para a rádio Pátio das Cantigas.
105 minutos 23 de Janeiro de 1942, Eden (Lisboa)
Francisco Ribeiro teve uma longa carreira como actor e pontualmente como realizador. Estreou-se no teatro com a peça A Maluquinha de Arroios, em 1929, e seguiram-se diversos êxitos nos palcos e inúmeras participações no cinema. Em 1941 realizou uma das comédias mais populares do cinema português, O Pátio das Cantigas, onde foi, também, protagonista. As suas últimas aparições no cinema foram nas películas Aqui há Fantasmas (1959), realizada por Pedro Martins e O Diabo Desceu à Vila (1979), de Teixeira da Fonseca.
73
O Costa do Castelo Comédia, preto e branco
Sinopse: Uma comédia de intrigas amorosas, cuja história se inicia quando o jovem Daniel aluga um quarto, na zona lisboeta da Costa do Castelo, para estar perto de Luisinha, a rapariga por quem está apaixonado. Depois de descoberta a sua verdadeira posição social sucedem-se as cómicas confusões e diálogos cheios de humor que têm como resultado todos passarem a morar no sumptuoso palacete de sua mãe. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Arthur Duarte (1895–1982) Tobis Portuguesa João Bastos, Fernando Fragoso Aquilino Mendes Jaime Mendes, António Melo António Silva, Maria Matos, Milú, Fernando Curado Ribeiro, Teresa Casal, Manuel Santos Carvalho, João Silva, Maria Olguim, Luís de Campos, Hermínia Silva, António Sacramento, Isabel de Carvalho, Mendonça de Carvalho, Dina Salazar, Vital dos Santos, Virgínia Noronha, Loubet Bravo
A presença do fado neste filme é protagonizada por Hermínia Silva, no papel da cantadeira Rosa Maria que, para além dos cómicos ensaios com António Silva, aqui professor de guitarra portuguesa, interpreta os temas Fado da Saudade e Fado Rosa Maria. Todas as músicas do filme conjugam poemas de João Bastos com composições de António Melo. Para além dos fados mencionados integram o filme interpretações musicais de Milú (Cantiga da Rua e Minha Casinha), Loubet Bravo (Do Castelo à Madragoa) e Teresa Casal (Intriga da Lua).
125 minutos 15 de Março de 1943, São Luiz (Lisboa)
Arthur Duarte iniciou a sua carreira como actor e fez a sua estreia, em 1921, na peça A Morgadinha de Val-Flor. Dois anos depois dirigiu Castelo de Chocolate, um filme promocional para a Fábrica de Chocolates Suíça. A sua primeira longa-metragem, Os Fidalgos da Casa Mourisca (1938) é uma adaptação do livro de Júlio Dinis. Os seus maiores sucessos cinematográficos serão obtidos na realização das comédias O Costa do Castelo (1943) e O Leão da Estrela (1947) ou, ainda, nos filmes A Menina da Rádio (1944) e O Grande Elias (1950). Da sua vasta obra salientamos ainda os filmes Fogo! (1949), A Garça e a Serpente (1952), O Noivo das Caldas (1956) e o seu último filme, Recompensa (1977).
74
Doze Luas de Mel Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Ladislao Vajda (1906-1965) Hispania Artis Films Luisa Maria de Linares, José Santugini
Um filme que teve duas versões, em português e espanhol, e cujo enredo se centra na vontade de uma viúva muito rica em contribuir para a felicidade de jovens casais, fazendo doações monetárias para ajudar ao seu matrimónio. Os protagonistas, Jaime e Julieta nem se conhecem mas fazem-se passar por um destes casais, para receber o dinheiro, seguindo cada um a sua vida. No desenrolar da trama Jaime responde a um anúncio e acabar por ir trabalhar para a casa de Julieta. Dos dois momentos musicais da película salientamos um fado de autoria, versos e música, de João Nobre. A protagonista do filme, Milú, dá voz a este fado-marcha de título Lisboa é Assim.
Mariano Ruiz Capillas Fernando Moraleda, João Nobre Milú, Antonio Casal, María Bru, Ana María Campoy, Raúl Cancio, Ramón Elias, Vicenta Ruiz, Carmen Sanz 94 minutos 2 de Junho de 1944, Eden (Lisboa)
Ladislao Vajda iniciou a sua carreira de realizador ainda na Hungria, seu país de origem. Durante a década de 1940 realizou filmes em Portugal como Doze Luas de Mel (1944) e Três Espelhos (1947) e Inglaterra e, especialmente, em Espanha. As suas obras mais conceituadas são da década de 50. Com os filmes Marcelino, Pan y Vino (1955) e My Tío Jacinto (1956) foi premiado nos Festivais de Cinema de Cannes e Berlim. Com a película Tarde de Toros (1956) foi nomeado para a Palma de Ouro, também de Cannes, e com o filme Es Geschah am Hellichten Tag (1958) foi nomeado para o Urso de Ouro de Berlim.
75
A Menina da Rádio Comédia, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Arthur Duarte (1895–1982) Companhia Portuguesa de Filmes Arthur Duarte Aquilino Mendes Fernando de Carvalho, António Melo, Jaime Mendes Maria Eugénia, António Silva, Maria Matos, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Óscar de Lemos, Fernando Curado Ribeiro, Teresa Casal, Maria Olguim, Vital dos Santos, Ema de Oliveira, Silvestre Alegrim, Regina Montenegro, Mendonça de Carvalho, Aida Ultz, Gabriel Lopes, Jorge Alves, Mário Pedro, Letícia Brazão, Maria Gabriela
Centrado no mundo da rádio, um assunto muito popular na época, em especial com a revelação de jovens talentos através da Emissora Nacional, o filme retrata esse universo de conquista do sucesso nas interpretações em directo para as emissões radiofónicas. O mote do enredo é a história de Geninha e Óscar e dos seus talentos musicais, apresentados em primeira mão no Rádio Clube da Estrela, uma rádio amadora criada pelo pai da protagonista. Assim que as composições e interpretações se transformam em sucesso, o drama intensifica-se de invejas e ciúmes. O filme apresenta muitos momentos musicais, com versos de João Bastos e também o tema mais famoso do filme – Sonho de Amor, com versos de Silva Tavares. Apesar de as composições não serem de fado este filme retrata a importância da rádio na divulgação de novos e antigos talentos musicais, época que foi também fundamental para a divulgação do fado e dos seus intérpretes.
106 minutos 3 de Julho de 1944, São Luiz (Lisboa)
Arthur Duarte,realizador de O Costa do Castelo (1943), Fogo! (1949), O Grande Elias (1950), A Garça e a Serpente (1952) e O Noivo das Caldas (1956).
76
A Noiva do Brasil Policial, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção Argumento
Realização: Santos Mendes Produção: Atlante Films Santos Mendes, Fonseca Mendes
Fotografia
Aquilino Mendes
Música
Jaime Silva Filho
Intérpretes
Duração Estreia
Na sua única obra como cineasta, Santos Mendes filma uma história policial com base em duas personagens femininas, idênticas em termos físicos, mas muito diferentes em comportamento, que se encontram a viajar no mesmo barco, com destino a Portugal. Num enredo algo complexo assitimos às perseguições à jovem herdeira brasileira, com património de terrenos em Portugal, às confusões com a passageira estrangeira que é idêntica fisicamente, passando por ataques ao barco, pela perda dos documentos da herança e, ainda, a sua posterior recuperação pelo detective de bordo. Salientamos, de entre os temas musicais do filme, uma desgarrada por Mimi Estremadouro, Graciete de Melo e Pompeu Faria, e as canções Vá Lá Mais Um, interpretada por Óscar de Lemos e Meu Amor Foi Para a Europa, cantada pela fadista Maria Sidónio.
Patrícia de Lencastre, Virgílio Teixeira, Óscar de Lemos, Virgílio Macieira, Erico Braga, Humilta de Macedo, Barroso Lopes, ventrículo Marius, Ricardo Malheiro, Virgínia de Vilhena, Fernando Maynard, Alfredo Alves, Júlio Pereira, Patrício Álvares, Fernando Silva, Ermelinda Marques, Stelio Gil, Elisa Cardoso, Verónica Gil, Serrano Silva, J. Ramos Amorim, Fernanda Nogueira 98 minutos 14 de Maio de 1945, Tivoli (Lisboa)
Santos Mendes realizou apenas o filme A Noiva do Brasil. A sua ligação ao cinema provinha da crítica jornalística e das suas colaborações com diversas revistas da especialidade. Após o fracasso do filme acabou por radicar-se no Brasil, onde desenvolveu carreira nos meios radiofónicos de São Paulo.
77
Cais do Sodré Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção
Alejandro Perla (1911-1973) Artistas Unidos, 1946
Argumento
João Moreira
Fotografia
Quirino Maia
Música
Jaime Mendes
Intérpretes
Duração Estreia
Co-produção luso-espanhola que relata o quotidiano da vida de varinas, pescadores, estivadores e armadores, no Cais da Ribeira em Lisboa. A acção desenrola-se em torno do amor do pescador Toino pela filha do taberneiro, Manuela Maria, que necessita de uma grande quantia de dinheiro para realizar um tratamento. O pescador parte para a Terra Nova para trabalhar arduamente e, durante a sua ausência, o dinheiro necessário à viagem e tratamento da jovem desaparece. No decorrer do filme Carlos Ramos interpreta um fado. As músicas são integradas no ambiente de taberna e de quotidiano de trabalho das gentes do Cais do Sodré, num retrato que se pretende natural.
Ana Maria Campoy, Barreto Poeira, Virgílio Teixeira, Julieta Castelo, Carlos Otero, Eugénio Salvador, Óscar Acúrcio, Augusto Costa (Costinha), Alda de Aguiar, Vital dos Santos, Fernando Silva, Mário Santos, Carlos de Sousa, Silva Araújo, Tarquínio Vieira, Emílio Correia, João Guerra, António Camoezas 72 minutos 30 de Maio de 1946, Trindade e Capitólio (Lisboa)
Alejandro Perla trabalhou como assistente de realização do filme Doze Luas de Mel, de Ladislao Vajda, onde tomou contacto com o cinema português. Como cineasta o seu primeiro filme foi precisamente em Portugal – a película Cais do Sodré (1946) a que se segue, logo no ano seguinte o filme Os Vizinhos do Rés-do-Chão. Posteriormente prossegue a sua carreira em Espanha como cineasta, argumentista e produtor cinematográfico.
78
Camões
Drama, preto e branco
Sinopse: Uma adaptação da vida do poeta Luís Vaz de Camões ao grande ecrã, com a acção a iniciar-se nos seus tempos de estudante, em Coimbra, e a prolongar-se com as passagens por Lisboa, Ceuta e Goa.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Leitão de Barros (1896–1967) António Lopes Ribeiro António Lopes Ribeiro Leitão de Barros Francesco Izzarelli, Manuel Luís Vieira Ruy Coelho
Apesar de os momentos musicais do filme, composições de Ruy Coelho, não serem músicas de fado devem assinalar-se as interpretações do protagonista executando um instrumento cordofone. O filme recebeu o apoio estatal pela importância patriótica da personagem, considerada de “interesse nacional” e foi distinguido com o Grande Prémio do SNI. António Vilar e Eunice Muñoz receberam, respectivamente, os prémios de Melhor Actor e Melhor Actriz. Foi a primeira película portuguesa a estar presente no Festival de Cannes.
António Vilar, José Amaro, Igrejas Caeiro, Paiva Raposo, Manuel Lereno, Júlio Pereira, Carlos Moutinho, Edmundo Machado, João Amado, Baltazar de Azevedo, Carlos Velosa, Idalina Guimarães, Leonor Maia, Vasco Santana, Eunice Muñoz, José Victor, Carmen Dolores, João Villaret, Julieta Castelo, Assis Pacheco, António Silva, Augusto Costa (Costinha), Dina Salazar, António Góis, Josefina Silva, Regina Montenegro 115 minutos 23 de Setembro de 1946, São Luiz (Lisboa)
Leitão de Barros, realizador de Lisboa, Crónica Anedótica (1930), A Severa (1931), Bocage (1936), Maria Papoila (1937) e Vendaval Maravilhoso (1949).
79
Um Homem do Ribatejo Drama, preto e branco
Sinopse: Na sua estreia como realizador, Henrique Campos apresenta um filme passado na sua terra natal. No ambiente ribatejano, centrado no quotidiano de campinos e touros, conta-se a história de um campino considerado injustamente cobarde. O personagem acaba por provar a sua coragem salvando, num acto heróico, a mesma mulher que o despediu. Realização
Henrique Campos (1903-1983)
Produção
Filmes Albuquerque
Argumento
Cardoso dos Santos
Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Hermínia Silva dá voz ao Fado da Sina, uma composição de Jaime Mendes para esta película. O poema, de Amadeu do Vale, relata um percurso de destino “traçado” que em tudo se relaciona com a história do próprio filme.
Aquilino Mendes Jaime Mendes Barreto Poeira, Eunice Muñoz, Julieta Castelo, Assis Pacheco, Maria Olguim, Linda Miranda, António Palma, Augusto Costa (Costinha), Hermínia Silva, Assis Pacheco, Maria Olguim, Luísa Durão, Armando Machado, Regina Montenegro, Augusto Gomes 106 minutos 27 de Setembro de 1946, Politeama (Lisboa)
Henrique Campos começa a sua carreira como actor de teatro. Colabora como assistente de realização em vários filmes em Espanha e, de regresso a Portugal, realiza o seu primeiro filme - Um Homem do Ribatejo (1946). Posteriormente ilustrou alguns temas musicais muito populares, em algumas curtas-metragens, como A Canção do Cigano (1949), Canção Fadista (1949), Fado Hilário (1949), Rainha Santa (1949), Santa Luzia (1949), Canção Serrana (1950), Candeeiro da Esquina (1950) ou Catraia do Porto (1950). Teve grandes êxitos de bilheteira com filmes como Cantiga da Rua (1949), Rosa de Alfama (1953) e O Destino Marca a Hora (1970). Pela sua relação com o fado são, ainda, de destacar os filmes Ribatejo (1949), Canção da Saudade (1964), Estrada da Vida (1968) e Os Toiros de Mary Foster (1972). Henrique Campos radicou-se nos Estados Unidos, após a revolução de Abril de 1974..
80
Os Vizinhos do Rés-do-Chão Comédia, preto e branco
Sinopse: Três famílias de estratos sociais diferentes (aristocrata, burguesa e de operários) residem no mesmo prédio de Lisboa. O argumento do filme centra-se no cruzamento das suas histórias, apresentando de forma cómica e caricatural os conflitos de classes. Às cenas de quotidiano familiar e lisboeta somam-se os temas de preconceito e tradição, de cada classe social, que serão superados pelo amor dos filhos. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Alejandro Perla (1911-1973) Produtores Associados Almeida Amaral, Fernando Santos
Assistimos à interpretação de um fado por Cidália Meireles numa cena em que os personagens vão assistir a um espectáculo. A participação das célebres irmãs Meireles ressalta, ainda, com Milita Meireles num dos papéis principais do filme.
Francesco Izzarelli, João Macedo Jaime Mendes António Silva, Teresa Gomes, Milita Meireles, Vital dos Santos, Maria Benard, Fernando Curado Ribeiro, Augusto Costa (Costinha), Luisa Durão, Eunice Muñoz, Hortense Luz, Carlos Otero, Óscar Acúrcio, Maria Olguim, Sales Ribeiro, Cidália Meireles, Joana Tavares Melo 84 minutos 15 de Maio de 1947, Politeama (Lisboa)
Alejandro Perla, realizador de Cais do Sodré (1946).
81
Capas Negras Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música
Intérpretes
Duração Estreia
Armando de Miranda (1904-1975) Produtores Associados Alberto Barbosa, José Galhardo, Luís Galhardo Octávio Bobone Jaime Mendes, Raul Ferrão, Frederico Valério, Alberto Ribeiro, Ângelo Araújo, Santos Moreira Amália Rodrigues, Alberto Ribeiro, Graziela Mendes, Artur Agostinho, Vasco Morgado, Joaquim Miranda, Fernando Silva, Génia Silva, Barroso Lopes, António Sacramento, Humberto Madeira, Maria Emília Vilas, Manuela Bonito, Carlos Veloso, Regina Montenegro, Abel Passos, Cremilda de Sousa, António Gonçalves, Domingos Marques
O argumento deste filme desenrola-se nas cidades de Coimbra e Porto. A película centra-se nos personagens de José Duarte, um finalista do curso de Direito, em Coimbra, interpretado por Alberto Ribeiro e a sua namorada, Maria de Lisboa, interpretada por Amália Rodrigues. O protagonista julga-se traído e, finalizado o curso, parte para o Porto, onde ignora todas as cartas de Maria. Ela desloca-se ao Porto mas acaba por ser presa, acusada de abandonar o filho. O advogado que a defende é precisamente José Duarte que, ao mesmo tempo, reconhece ser o pai da criança. A estrondosa popularidade do filme, exibido na sala do cinema Condes durante um longo período, é amplamente justificada pelo protagonismo de Alberto Ribeiro e Amália Rodrigues. Temas de grande sucesso como Coimbra É Uma Lição de Amor (José Galhardo – Raul Ferrão) ou Feiticeira (Ângelo Araújo), surgem na voz de Alberto Ribeiro, enquanto os temas Desgarrada (José Galhardo - Raul Ferrão), Não Sei Porque Te Foste Embora (José Galhardo – Frederico Valério), ou o Fado da Sombra (Ai, Mouraria) (José Galhardo – Frederico Valério), são interpretados por Amália Rodrigues.
103 minutos 16 de Maio de 1947, Condes (Lisboa)
Armando de Miranda, realizador de Pão Nosso (1940), Aqui Portugal (1947) e Uma Vida Para Dois (1949).
82
Aqui, Portugal
Documentário, preto e branco
Sinopse: Um documentário encenado onde o realizador procura fazer um desfile folclórico e musical das várias províncias de Portugal. Armando de Miranda utiliza a imagem de um mapa de Portugal para apresentar 8 quadros musicais representativos de Trás-os Montes, Minho, Douro, Beira, Estremadura, Ribatejo, Alentejo e Algarve. Realização Produção Argumento Fotografia Música
Intérpretes
Duração Estreia
Armando de Miranda (1904-1975) Produtores Associados
Na apresentação da Estremadura Maria Clara interpreta o Fado de Lisboa, um poema do próprio realizador, Armando de Miranda, musicado por Frederico Valério.
Armando de Miranda, Patrício Álvares Alfredo Gomes Jaime Mendes, Frederico Valério, Belo Marques, Tavares Belo, Silva Marques, Casimiro Pinto Bárbara Virgínia, Maria Clara, Arminda Vidal, Cidália Meireles, Milita Meireles, Ester de Abreu, Maria Barroso, Maria Helder, Manuela Couto Viana, Paiva Raposo, Curado Ribeiro, Rui Viana, José António, Fátima Álvares, Artur Agostinho, Humberto Magalhães, Orlando Setimelli, Casimiro Silva, Rui Santos, António Emílio 84 minutos 27 de Junho de 1947, Eden (Lisboa)
Armando de Miranda, realizador de Pão Nosso (1940), Capas Negras (1947) e Uma Vida Para Dois (1949).
83
Três Espelhos
Policial, preto e branco
Sinopse: Nesta obra de Ladislao Vajda seguimos João Villaret, na interpretação do Inspector Moisés, procurando resolver o mistério e a origem criminosa da morte de um rico empresário. Recheado de suspense, o argumento mostra-nos a investigação minuciosa e, através dos interrogatórios e da revelação de momentos da vida do falecido, o imprevísivel deslindar do caso. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Ladislao Vajda (1906-1965) Lisboa Filme Natividad Zaro, Alfredo Echegaray, Armando Vieira Pinto Heinrich Gärtner Jesus Leoz, Jaime Mendes João Villaret, Raul de Carvalho, Rafael Durán, Igrejas Caeiro, Madalena Sotto, Carmen Dolores, Paola Barbara, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Virgílio Teixeira, Luís de Campos, Óscar Acúrcio, António Silva, Maria Clara, Armando Ferreira, José Amaro, Mário Santana, Virgínia Montenegro, Reginaldo Duarte, Sales Ribeiro 79 Minutos 1 de Outubro de 1947, Trindade (Lisboa)
Ladislao Vajda, realizador de Doze Luas de Mel (1944).
84
Maria Clara interpreta um fado de autoria de Jaime Mendes, numa casa de fado.
Fado Malhoa
Musical, curta-metragem, preto e branco
Sinopse: Este pequeno filme é o único que resta de uma série de 12 encenações de temas de Amália Rodrigues, dirigidos por Augusto Fraga e filmados em Madrid. Para além deste Fado Malhoa, integravam o conjunto as seguintes curtas-metragens: Fado da Rua do Sol , Fado Amália, Fado Lamentos, O Meu Amor na Vida, Só à Noitinha, Eu Disse Adeus à Casinha, Fado Mouraria, Fado Lisboa, Fado do Emigrante, Ronda dos Bairros e Rua do Sol. Realização
Augusto Fraga (1920–2000)
Produção
Joaquim Ribeiro Belga, Estúdios Roptense (Madrid)
Fotografia
Cecílio Paniagua
Intérpretes Duração Estreia
Amália Rodrigues interpreta o tema Fado Malhoa, um poema de José Galhardo com música de Frederico Valério, participando, com Jaime Santos, na própria recriação do quadro O Fado, de José Malhoa, que dá título ao tema musical e ao filme.
Amália Rodrigues, Jaime Santos 6 minutos 1947
A relação de Augusto Fraga com o cinema começou na revista Cinéfilo, onde trabalhou como jornalista e da qual chegou a ser director. Foi assistente de montagem nas décadas de 1930 e 40. Em 1940 iniciou a sua obra de cineasta com o documentário Portugal, Oito Séculos de História. No que diz respeito a filmes de ficção realizou o primeiro filme a cores de produção portuguesa, - Sangue Toureiro (1958), a que se seguiram títulos como O Tarzan do 5º Esquerdo (1958), O Passarinho da Ribeira (1960) ou Uma Hora de Amor (1964). Paralelamente prosseguiu a actividade de jornalismo e, a partir da década de 70, foi co-autor de várias peças de revista para o teatro Maria Vitória.
85
Fado, História de uma Cantadeira Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Perdigão Queiroga (1916-1980) Lisboa Filme Armando Vieira Pinto Francesco Izzarelli Jaime Mendes, Frederico de Freitas Amália Rodrigues, Virgílio Teixeira, Vasco Santana, António Silva, Tony d’Algy, Raul de Carvalho, Eugénio Salvador, José Vítor, Maria Emília Vilas, Alda de Aguiar, Alda Queiroga, Armando Ferrreira, António Palma, Henrique Santana, Luís Filipe, Emílio Correia, Reginaldo Duarte, Jaime Zenóglio, Pestana de Amorim, Carlos Veloso, João Nazaré
A história deste filme relata o percuso de carreira de uma fadista, Ana Maria, desde que começa a cantar publicamente, num retiro do bairro de Alfama. O sucesso que alcança, com muitas actuações no teatro, faz lançar no enredo a inevitabilidade de uma moralidade duvidosa, de traição ao seu namorado do bairro, o guitarrista Júlio, e opção por uma vida boémia junto de classes mais abastadas. Num desenlace pleno de integridade moral a protagonista irá, apesar dos obstáculos, demonstrar que todo o seu sucesso no mundo do espectáculo não a tornou noutra pessoa. O fado é o tema central do filme. A primeira imagem desta película é precisamente uma guitarra portuguesa, e assistimos à interpretação dos vários momentos musicais, quase na sua totalidade. No papel da protagonista, Amália Rodrigues dá voz aos temas O Fado Não Sei Quem É (José Galhardo – Frederico de Freitas), És Tudo Para Mim (Silva Tavares – Frederico de Freitas), Fado da Saudade (José Galhardo – Frederico de Freitas) e O Fado de Cada Um (Silva Tavares – Frederico de Freitas). Carlos Ramos faz também uma curta aparição, interpretando um fado. O filme recebeu o Grande Prémio do SNI e Amália o Prémio para a Melhor Interpretação Feminina.
110 minutos 16 de Fevereiro de 1948, Trindade (Lisboa)
Perdigão Queiroga iniciou a sua ligação ao cinema pelas áreas de fotografia e montagem. Na década de 40 trabalhou nos Estados Unidos, nos estúdios da Paramount. De regresso a Portugal, realizou a sua primeira longa-metragem - Fado História de uma Cantadeira (1948). Na sua obra de cineasta seguem-se títulos como Sonhar é Fácil (1951), Madragoa (1952), Os Três da Vida Airada (1952), Planície Heróica (1953), As Pupilas do Senhor Reitor (1961), O Milionário (1962) e Parque das Ilusões (1963), para além de uma intensa realização de documentários.
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Uma Vida Para Dois Drama, preto e branco
Sinopse: O filme narra a história de dois amigos inseparáveis que desde muito novos ficaram orfãos. Ajudam-se mutuamente e partilham todo o género de dificuldades até que a vida se complica quando estes jovens, um escritor e outro compositor, se apaixonam pela mesma rapariga, também ela orfã e desamparada.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Armando de Miranda (1904-1975)
Luis Piçarra e Maria Clara interpretam os dois momentos musicais do filme, cabendo-lhe a ela a vocalização de um fado.
Armando de Miranda Armando de Miranda, Cristiano Lima Alfredo Gomes, Edoardo Lamberti Jaime Mendes Virgílio Teixeira, Leonor Maia, Almeida Araújo, Raul de Carvalho, Augusto Costa (Costinha), Maria Olguim, Assis Pacheco, Emílio Correia, Fernando Garcia, Maria Clara, Luís Piçarra 97 minutos 12 de Janeiro de 1949, Politeama (Lisboa)
Armando de Miranda, realizador de Pão Nosso (1940), Capas Negras (1947) e Aqui Portugal (1947).
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Heróis do Mar Drama, preto e branco
Sinopse: Filme inspirado na obra Os Grandes Trabalhadores do Mar de Jorge Simões, que se centra na vida de um grupo de homens que trabalham na faina perigosa e insegura da pesca do bacalhau, no mar da Terra Nova e da Gronelândia.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Fernando Garcia (1917-2008)
O filme inclui dois temas musicais, um fado interpretado por João Aleixo e a Canção dos Pescadores, cantada por Domingos Marques.
Cineditora, Lda Jorge Simões João Macedo, Aurélio Rodrigues, Mário Moreira Jaime Mendes Virgílio Teixeira, Isabel de Castro, António Silva, Raul de Carvalho, Barreto Poeira, Maria Matos, Assis Pacheco, Maria Olguim, Óscar Acúrcio, Vasco Morgado, Patrício Álvares, Silva Araújo, Carlos de Sousa, António Rosa, Raquel Bastos, Pedro Moutinho, Tina Coelho, Jorge Guerrreiro, Jorge Moreira, Egas Miranda 118 minutos 14 de Março de 1949, São Luiz (Lisboa)
Fernando Garcia começou por ser crítico de cinema, passou por assistente de realização e, em 1949, filmou a sua primeira longa-metragem – Heróis do Mar, que recebeu o prémio SNI para o melhor filme. Realizou vários filmes e documentários, sendo a sua última obra de ficção O Cerro dos Enforcados (1954), adaptação do livro O Defunto, de Eça de Queiroz. Fernando Garcia foi também apresentador de um programa sobre cinema na RTP, na década de 1960 e, posteriormente, leccionou e foi director do IADE (Instituto de Arte e Design).
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Fogo!
Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Arthur Duarte (1895–1982) Talma Filmes Eugene Deslaw, Alfredo Echegaray, E. Manzares, Francisco Mata Heinrich Gartner
Um filme com argumento centrado nas vidas dos elementos de uma corporação de bombeiros. O drama centra-se no equívoco de que a esposa do protagonista, Maria do Amparo, trai o seu marido, Miguel, com o seu irmão mais novo, João. As dúvidas suscitadas por maldade criam um clima de ciúme e de discussão que só será esclarecido e perdoado quando ambos, com a sua corporação de bombeiros, lutam contra um trágico incêndio. No decorrer do filme Maria Clara interpreta um fado. O filme teve uma versão espanhola produzida pela Faro Producciones Cinematográficas e realizado por Alfredo Echegaray, com um elenco onde apenas se mantém a actriz Teresa Casal.
Jaime Mendes, Juan Muñoz Molleda Raul de Carvalho, Carlos Otero, Isabel de Castro, Manuel dos Santos Carvalho, Aida Baptista, Ema de Oliveira, Óscar Acúrcio, Teresa Casal, Eduardo Marcial, Amadeu Martins, Santos Beirão 104 minutos 5 de Julho de 1949, São Luiz (Lisboa)
Arthur Duarte, realizador de O Costa do Castelo (1943), A Menina da Rádio (1944), O Grande Elias (1950), A Garça e a Serpente (1952) e O Noivo das Caldas (1956).
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Sol e Touros
Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização
José Buchs (1896-1973)
Produção
Produtores Associados
Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Edmundo Ferreira de Almeida Octávio Bobone, Francesco Izzarelli Jaime Mendes, Raul Ferrão, Leonor de Sousa Bastos Manuel dos Santos, Ana Paula, Erico Braga, Leonor Maia, Eulália del Pino, Pedro Navarro, Emílio Correia, Eugénio Salvador, Amália Rodrigues, Fernanda Baptista, Maria Olguim, Silva Araújo, Idalina Guimarães, Artur Semedo, Manuel Correia, Júlio Martins, Alfredo Pereira, Pestana de Amorim
Manuel dos Santos, grande nome da tourada em Portugal, interpreta o papel de um jovem que se evidencia nesta arte, apaixonado por uma costureira, que canta maravilhosamente e sonha em actuar nos palcos do teatro. No filme acompanhamos o crescimento de ambas as carreiras, de toureiro e fadista, as suas aproximações e afastamentos, até ao desenlace final em que o amor que sentem um pelo outro será o vencedor. A protagonista, Ana Paula, interpreta os temas Um, Dois, Três e A Alegria Já Me Disse, com versos e música de Leonor de Sousa Bastos e Sonhar, Sonhar..., com versos de Armando de Miranda e música de Raul Ferrão. Amália Rodrigues surge numa cena de homenagem ao toureiro e interpreta o fado Silêncio, uma música de Raul Ferrão com versos de Amadeu do Vale. Num outro espectáculo do personagem, em Sevilha, surge Fernanda Baptista, na sua primeira aparição no grande ecrã, a cantar o Fado Toureiro, também um poema de Amadeu do Vale musicado por Raul Ferrão.
90 minutos 27 de Julho de 1949, Condes (Lisboa)
José Buchs foi um realizador espanhol que nos deixou uma vasta obra cinematográfica. Pela sua reputação na filmagem da temática tauromáquica foi contratado pela empresa Produtores Associados para realizar, em Portugal, o filme Sol e Touros. Continuou a dirigir filmes em Espanha até à decada de 60.
90
Ribatejo
Drama, preto e branco
Sinopse: Henrique Campos retoma a temática do seu filme de estreia e volta a filmar o ambiente ribatejano. Neste filme a protagonista herda a quinta de seu pai e fica a gerir um negócio de touros. A história intensifica-se quando a herdeira nomeia um novo maioral e o ambicioso administrador discorda, também por perceber que ele será um obstáculo à conquista amorosa da proprietária. Realização Produção
Henrique Campos (1909-1983) Filmes Albuquerque
Argumento
Henrique Campos
Fotografia:
César de Sá
Música Intérpretes
Duração Estreia
Todos os temas musicais têm versos de José Galhardo e música de Jaime Mendes. Para além da Canção da Despedida e da Canção dos Pescadores, salientamos a repetição da escolha do realizador para Hermínia Silva, que nesta película interpreta o Fado da Cigana.
Jaime Mendes Virgílio Teixeira, Eunice Muñoz, Vasco Santana, Alves da Costa, José Gamboa, Maria de Lourdes, Hermínia Silva, Brunilde Júdice, Julieta Castelo, Virgílio Macieira, Carlos Veloso, Fernanda de Sousa, Alfredo Pereira 115 minutos 13 de Setembro de 1949, São Luiz (Lisboa)
Henrique Campos, realizador de Um Homem do Ribatejo (1946), A Canção do Cigano (1949), Canção Fadista (1949), Fado Hilário (1949), Rainha Santa (1949), Santa Luzia (1949), Canção Serrana (1950), Candeeiro da Esquina (1950), Catraia do Porto (1950), Cantiga da Rua (1950), Rosa de Alfama (1953), Canção da Saudade (1964), Estrada da Vida (1968), O Destino Marca a Hora (1970) e Os Toiros de Mary Foster (1972).
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Vendaval Maravilhoso Drama, preto e branco
Sinopse: Um filme de época que tem lugar no Brasil do século XIX e cujo argumento se centra na figura do poeta Castro Alves, um dos grandes impulsionadores do fim da escravatura. Acompanhamos o seu percurso de vida com destaque para o seu romance com Eugénia da Câmara, uma actriz de teatro portuguesa com grande sucesso no Brasil. Realização Produção
Leitão de Barros (1896 – 1967) Produções Atlântico
Argumento
Joracy Camargo, José Osório de Oliveira, Leitão de Barros
Fotografia
Francesco Izzarelli, Aquilino Mendes, João Macedo, João Silva, Jorge Fanto, Henry Harris
Música Intérpretes
Duração Estreia
Amália Rodrigues é a protagonista deste filme, precisamente no papel de Eugénia da Câmara. No decorrer da acção a fadista interpreta dois temas, ambos com poemas de Pereira Coelho, um musicado por João Nobre e o outro, de título Fado Eugénia da Câmara, com música de Raul Ferrão.
Luís de Freitas Branco, Lourenço Fernandes, João Nobre Paulo Maurício, Amália Rodrigues, Barreto Poeira, Manuel Santos Carvalho, Edmundo Lopes, Barroso Lopes, Maria Albertina, Isa lobato, Sales Ribeiro, Licínio Sena, Eduardo Lopes, Artur Costa, filho, Armando Rosas, Armando Braga 140 minutos 5 de Dezembro de 1949, Art-São Paulo (Brasil) / 21 de Dezembro de 1949, Batalha (Porto, Portugal)
Leitão de Barros, realizador de Lisboa, Crónica Anedótica (1930), A Severa (1931), Bocage (1936), Maria Papoila (1937) e Camões (1946).
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A Canção do Cigano / Canção Fadista / Fado Hilário / Rainha Santa / Santa Luzia / Canção Serrana / Candeeiro de Esquina / Catraia do Porto Curtas-metragens, preto e branco
Sinopse: Realização Produção Intérpretes Duração
Estreia
Henrique Campos (1903-1983) Filmes Albuquerque Alberto Ribeiro, Deolinda Rodrigues, Aura Ribeiro c. 4 minutos / c. 4’30 minutos / c. 5 minutos / c. 5 minutos / c. 4 minutos / c. 4 minutos / c. 5’30 minutos / c. 5 minutos
Henrique Campos realizou um conjunto de curtas-metragens musicais com cantores de grande popularidade, para exibição nos cinemas antes da apresentação das películas de longa-metragem. Os temas A Canção do Cigano,Canção Fadista, Fado Hilário, Rainha Santa, Candeeiro de Esquina e Catraia do Porto foram interpretados por Alberto Ribeiro, a canção Santa Luzia foi protagonizada por Deolinda Rodrigues e a Canção Serrana por Aura Ribeiro.
1949 - A Canção do Cigano, Canção Fadista, Fado Hilário, Rainha Santa e Santa Luzia 1950 - Canção Serrana, Candeeiro de Esquina e Catraia do Porto
Henrique Campos, realizador de Um Homem do Ribatejo (1946), Ribatejo (1949),Cantiga da Rua (1950), Rosa de Alfama (1953), Canção da Saudade (1964), Estrada da Vida (1968), O Destino Marca a Hora (1970) e Os Toiros de Mary Foster (1972).
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Cantiga da Rua Comédia, preto e branco
Sinopse: Alberto Ribeiro é o protagonista do filme, no papel de um jovem talentoso que deseja ser cantor. O seu pai pretende que trabalhe na sua sapataria e esqueça esses sonhos. Acompanhamos o seu percurso até à concretização das suas ambições, tornando-se um célebre cantor lírico.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Henrique Campos (1903-1983) Filmes Albuquerque Amadeu do Vale, Henrique Campos, Alberto Ribeiro Aquilino Mendes, João Silva Jaime Mendes, Fernando de Carvalho, Alberto Ribeiro, Martinho d’ Assunção Alberto Ribeiro, Deolinda Rodrigues, Manuel Santos Carvalho, Luisa Durão, Maria Olguim, Augusto Costa (Costinha), Augusto Fraga, Alves da Costa, Álvaro Pereira, Joaqui, Prata, António Palma, Eunice Muñoz, Artur Agostinho, Aura Ribeiro, Lena Maria, Maria de Lurdes, Rui Ferrão, Hernâni Muñoz, Franklin Eloy, Pestana de Amorim, Rafael Vieitos, Constantino de Carvalho, Armando Machado
Uma comédia musical muito relacionada com a temática do fado quer através das interpretações dos protagonistas, ao longo do filme, da presença da fadista Deolinda Rodrigues, que integra o par romântico do filme, ou da aparição de uma das casas de fado mais populares da época - a Adega Machado. De entre as 12 canções do filme destacamos alguns dos temas interpretados pelos protagonistas. Alberto Ribeiro canta O Meu Fado (Amadeu do Vale Martinho d’Assunção) e o popular tema Adeus Lisboa, com poema de Amadeu do Vale e música do próprio Alberto Ribeiro. O Fado da Saudade (Amadeu do Vale - Fernando Carvalho) e o Fado da Carta (Amadeu do Vale – Alberto Ribeiro) são interpretados por Deolinda Rodrigues e o Fado da Amargura (Amadeu do Vale – Alberto Ribeiro) surge na voz de Aura Ribeiro.
118 minutos 24 de Fevereiro de 1950, Trindade e Condes (Lisboa)
Henrique Campos, realizador de Um Homem do Ribatejo (1946), Ribatejo (1949), A Canção do Cigano (1949), Canção Fadista (1949), Fado Hilário (1949), Rainha Santa (1949), Santa Luzia (1949), Canção Serrana (1950), Candeeiro da Esquina (1950), Catraia do Porto (1950), Rosa de Alfama (1953), Canção da Saudade (1964), Estrada da Vida (1968), O Destino Marca a Hora (1970) e Os Toiros de Mary Foster (1972).
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O Grande Elias Comédia, preto e branco
Sinopse: Arthur Duarte adapta ao cinema uma peça de teatro de Jacques Campanez, onde se dá a conhecer uma família em decadência, que recebe grandes quantias de dinheiro de uma tia, que vive no Brasil. A comédia intensifica-se com a visita da tia à família em Lisboa e a consequente sucessão de engenhosas artimanhas para disfarçar a sua real falta de posses. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Arthur Duarte (1895–1982) Tobis Portuguesa
É precisamente numa situação encenada para enganar a tia e protagonizada pelo actor Ribeirinho, que assistimos ao seu personagem a fingir-se bêbado numa taberna, onde uma fadista canta e toca guitarra portuguesa.
Fernando Fragoso, Jacques Campanez Aquilino Mendes Jaime Mendes, Alberto Amaral António Silva, Milú, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Cremilda de Oliveira, Maria Olguim, Estevão Amarante, Mercês de Olival, Barroso Lopes, Zeca Fonseca, Izabel Maria, Lucília de Sousa, Pereira Saraiva, Tina Coelho, Wanda Marina, José Pallos, Humberto Madeira, Casimiro Rodrigues, António Rosa, Pestana de Amorim, João Guerra, Celestino Ribeiro, Licínio Sena, Jaime Santos, António Cruz, Salles Ribeiro, Celestino Soares, Carlos Moutinho 107 minutos 12 de Dezembro de 1950, São Luiz (Lisboa)
Arthur Duarte, realizador de O Costa do Castelo (1943), A Menina da Rádio (1944), Fogo! (1949), A Garça e a Serpente (1952) e O Noivo das Caldas (1956).
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Madragoa
Drama, preto e branco
Sinopse: No típico bairro lisboeta da Madragoa seguimos a história de Zé Luís e das suas dificuldades no plano amoroso, por gostar de Clara mas sentir-se obrigado a casar com Margarida, e no plano financeiro, por ser despedido pelo pai de Clara e ter de ir trabalhar na dura vida do cais. No desenrolar do drama o protagonista irá ajudar o pai de Clara, salvando-o da falência, e finalmente ficar com a rapariga de quem gosta. Realização
Perdigão Queiroga (1916-1980)
Produção
Lisboa Filme
Argumento
Gualdim Pais
Fotografia
Mário Moreira
Música
Fernando de Carvalho, Frederico Valério
Intérpretes
Deolinda Rodrigues, Ercília Costa, Helga Liné, Barroso Lopes, Manuel Santos Carvalho, Augusto Costa (Costinha), Estevão Amarante, Assis Pacheco, Maria Olguim, Eugénio Salvador, Silva Araújo, Carlos José Teixeira
Duração Estreia
Logo a iniciar a película, Perdigão Queiroga, filma as ruas do bairro que dá título ao filme, para se centrar em Ercília Costa, numa interpretação de fado. A fadista desempenha neste filme uma personagem apelidada de “Rouxinol da Madragoa”, uma intérprete de sucesso agora retirada. No decorre do filme Ercília Costa canta, ainda, um comovente fado sobre o sofrimento de mãe. No papel de Margarida, uma rapariga doente que está apaixonada pelo protagonista, surge uma outra fadista – Deolinda Rodrigues – que neste filme interpreta o Fado Corrido e o tema Madragoa, com versos de João Bastos e música de Frederico Valério.
108 minutos 12 de Janeiro de 1952, Monumental (Lisboa)
Perdigão Queiroga, realizador de Fado História de uma Cantadeira (1948).
96
Eram Duzentos Irmãos Drama, preto e branco
Sinopse: Um filme que se debruça sobre as histórias de coragem, honra e solidariedade entre os oficiais da marinha. A acção tem por base a fragilidade do protagonista Rui, para quem os outros cadetes “arranjam” uma demonstração de amor da bela Joaninha, no intuito de lhe dar ânimo para superar os seus complexos.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Armando Vieira Pinto (1906-1964) Tobis Portuguesa
O fado está neste filme representado por Fernanda Peres que assume o papel da protagonista Joaninha. A fadista interpreta os temas Eu Gosto de um Marinheiro e Eu Gosto de Ti, ambos com versos de José Galhardo para músicas de Frederico Valério.
Armando Vieira Pinto Aurélio Rodrigues, Salazar Diniz, João Moreira Jaime Silva, filho, Frederico Valério Lucília Simões, Fernanda Peres, Abílio Herlander, Rui de Carvalho, Carlos José Teixeira, Elmer Ascensão, Alda de Aguiar, Manuela Arriegas, Alves da Costa, Alberto Reis, Eugénio Salvador, Silva Araújo, José Pallos, Armando Ferreira, Fernando Muñoz, Humberto Madeira, Vasco Santana 94 minutos 20 de Março de 1952, Politeama (Lisboa)
Armando Vieira Pinto foi jornalista e autor dramático, tendo realizado apenas o filme Eram Duzentos Irmãos, para o qual escreveu também o argumento. A sua carreira centrou-se na autoria de muitas peças teatrais e na actividade de jornalista, tendo publicado inúmeras reportagens no jornal Diário Popular. Para o cinema escreveu o argumento do grande sucesso Fado, História de Uma Cantadeira (1947), do filme Não Há Rapazes Maus (1948) e, ainda, os diálogos para a película Três Espelhos (1947).
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A Garça e a Serpente Drama, preto e branco
Sinopse: Arthur Duarte apresenta uma adaptação da obra A Garça e a Serpente, de Francisco Costa e realiza uma obra de cariz dramático, em nada semelhante às suas anteriores abordagens no grande ecrã. A história centra-se na personagem de Manuel e no relato das suas vivências amorosas até à descoberta da fé e consequente dedicação ao serviço religioso. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Arthur Duarte (1895–1982) Ibéria Filmes Fernando Fragoso, Francisco Costa Salazar Diniz, João Moreira Ruy Coelho
Numa cena passada numa casa de fados, Aura Ribeiro interpretava um fado, acompanhada por Armando Machado na viola. Esta cena foi cortada da versão final do filme para que a película não fizesse “concessões ao chamado gosto do grande público” (Augusto Fraga, Diário de Lisboa, 27 de Abril de 1952), considerando-se, desta forma, que uma adaptação de uma obra de elite não poderia conter elementos tão populares e comerciais como o fado.
Rogério Paulo, Carmen Dolores, Teresa Casal, Alves da Cunha, João Villaret, Cremilda de Oliveira, Raul de Carvalho, Erico Braga, Alda de Aguiar, Luís de Campos, Hanita Hallan, Sarah Castilho, Raul Solnado, Samuel Dinis, António Sacramento, Mário Santos, Álvaro Benamor, Sales Ribeiro 129 minutos 27 de Maio de 1952, São Luiz (Lisboa)
Arthur Duarte, realizador de O Costa do Castelo (1943), A Menina da Rádio (1944), Fogo! (1949), O Grande Elias (1950) e O Noivo das Caldas (1956).
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Rosa de Alfama Drama, preto e branco
Sinopse: A história de Rosa de Alfama apresenta o drama de Rosa Maria que, por ter sucumbido ao seu amor por Renato, pode tornar-se mãe solteira. Alberto, irmão de Renato, dispõe-se a casar com ela, livrando-a da desonra, mas Renato acabará por assumir as suas responsabilidades.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Henrique Campos (1903-1983) Lisboa Filme Henrique Campos João Moreira Tavares Bello, António Bello, Alberto Ribeiro, Raul Ferrão
A acção do filme tem lugar no bairro de Alfama e é nas tabernas e casas de fados que assistimos à má conduta de Renato, a vaguear nestes ambientes considerados e apresentados como de perdição. Dos momentos musicais do filme destacam-se as interpretações do protagonista Alberto Ribeiro, no tema que dá título ao filme e em Guitarras de Marinheiros, este cantado no ambiente da casa de fados. Nesse mesmo espaço, a fadista Gina Esteves dá voz ao fado O Filho Que Deus Me Deu.
Alberto Ribeiro, Mariana Villar, Aura Abranches, Hani Hallan, Gina Esteves, Augusto Costa (Costinha), Barroso Lopes, Alves da Costa, Raul de Carvalho, Henrique Campos, Rosa Silvestre, Celestino Ribeiro, Fernando Gusmão, Henrique Pereira, Alves da Cunha 86 minutos 24 de Março de 1953, Trindade (Porto)
Henrique Campos, realizador de Um Homem do Ribatejo (1946), Ribatejo (1949), A Canção do Cigano (1949), Canção Fadista (1949), Fado Hilário (1949), Rainha Santa (1949), Santa Luzia (1949), Canção Serrana (1950), Candeeiro da Esquina (1950), Catraia do Porto (1950), Cantiga da Rua (1950), Canção da Saudade (1964), Estrada da Vida (1968), O Destino Marca a Hora (1970) e Os Toiros de Mary Foster (1972).
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Os Amantes do Tejo (Les Amants du Tage) Drama, preto e branco Sinopse: Filme de produção francesa filmado em Lisboa e na Nazaré. O argumento relata a história de um taxista francês que vem para Lisboa, depois de ter sido traído pela sua mulher, e se apaixona por uma viúva francesa.
Realização
Henri Verneuil (1920-2002)
Produção
Jacques Gautier, Ray Ventura
Argumento
Jacques Companéez, Joseph Kessel, Marcel Rivet
Fotografia
Robert Hubert
Música
Lucien Legrand
Intérpretes
Duração Estreia
Amália interpreta dois poemas de David Mourão-Ferreira, nos temas Barco Negro, com música de Caco Velho e Piratini e Solidão, com música de Ferrer Trindade. No acompanhamento dos fados surgem Jaime Santos e Santos Moreira que, para este filme, também tocam uma guitarrada. A versão original tinha 123 minutos mas para a exibição em Portugal a Censura cortou cerca de 15 minutos.
Daniel Gélin, Françoise Arnoul, Trevor Howard, Marcel Dalio, Amália Rodrigues, Jacques Moulières, Ginette Leclerc, Georges Chamarat, Betty Stockfeld, Jaime Santos, Santos Moreira, Aram Stephan, Artur Ramos, Françoise Alban, Huguette Montréal, Reggie Nalder, Jean Ozenne, Albert Préjean, Carlos José Teixeira 109 minutos 18 de Janeiro de 1955, São Luiz e Monumental (Lisboa)
Henri Verneuil nasceu na Turquia e foi para França com apenas 4 anos. Encontramos relatos da sua infância nos seus filmes Mayrig (1991) e 588 Rue Paraidis (1992). Cineasta e argumentista com grande destaque, dirigiu quase todos os grandes nomes do cinema francês, desde o final da década de 1940.
100
Música de Sempre (Música de Siempre) Musical, cor Sinopse: Numa sucessão de quadros musicais filmados em cenários de estúdio, Tito Davison filma interpretações de nomes incontornáveis da música internacional, como Edith Piaf ou Yma Sumac, entre muitos outros.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Tito Davison (1912-1985)
Amália Rodrigues interpreta o tema Lisboa Não Sejas Francesa (José Galhardo – Raul Ferrão), acompanhada por Domingos Camarinha e Santos Moreira.
Filmex Francisco Alcayde, José B. Carlos Ezequiel Carrasco, Alex Phillips, Jack Draper Federico Ruiz Edith Piaf, Libertad Lamarque, Agustin Lara, Amália Rodrigues, Yma Sumac, Katina Ranieri, Miguel Aceves Mejía, Tona la Negra, Ernesto Hill Olivera, Tin Tan 80 minutos 12 de Outubro de 1955 (México) / 9 de Setembro de 1959, Odeon e Palácio (Portugal)
Tito Davison iniciou o seu percurso cinematográfico em Hollywood, como actor cómico espanhol. Como realizador, estreou-se com o filme Las de Barranco (1938), na Argentina e, a partir daí, realizou inúmeros filmes no México e em Espanha. Em 1957 esteve em Portugal para filmar o excerto de Amália Rodrigues para o filme Canções Unidas.
101
Primavera em Portugal (April in Portugal) Documentário, curta-metragem, cor
Sinopse: Uma curta-metragem de viagem onde António dos Santos acompanha a actriz inglesa Jackie Lane num roteiro turístico de Lisboa. As paisagens portuguesas são apresentadas com a narração do actor Trevor Howard. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Realização: Evan Lloyd (1923) Warwick Film Productions Maurice Kirsch Ted Moore e John Wilcox George Melachrino Jackie Lane, António dos Santos, Amália Rodrigues, Domingos Camarinha, Santos Moreira
Narração
Trevor Howard
Duração
18 minutos
Estreia
Amália Rodrigues surge no bairro de Alfama a cantar o tema Coimbra (José Galhardo – Raul Ferrão), que Alberto Ribeiro havia interpretado no filme Capas Negras (1947). Esta interpretação teve tal sucesso que o fado de Raul Ferrão passou a ser conhecido pelo título Abril em Portugal. Amália canta, também, a Canção do Mar, dando voz a um poema de Frederico de Brito sobre a mesma música de Ferrer Trindade que interpretou no filme Os Amantes do Tejo. April in Portugal foi premiado nos festivais de Berlim e Mar del Plata.
1955 (Inglaterra) / 17 de Abril de 1956, São Luiz e Alvalade (Portugal)
Evan Lloyd realizou algumas curtas-metragens de documentário de viagem, sendo a primeira precisamente April in Portugal. De salientar que a sua actividade profissional se centrou principalmente no trabalho de produção cinematográfica.
102
Lisboa (Lisbon) Policial, cor
Sinopse: Ray Milland realiza e protagoniza um filme policial centrado na história de uma mulher que contrata um capitão, de um barco de contrabando, para resgatar o seu marido.
Realização Produção Argumento
Ray Milland (1905-1986) Ray Milland John Tucker Battle, Martin Rackin
Fotografia
Jack A. Marta
Música
Nelson Riddle
Intérpretes
Duração Estreia
O filme foi inteiramente rodado em Lisboa e seus arredores, apresentando imagens de marca da cidade como a Torre de Belém, o Castelo de São Jorge e o Mosteiro dos Jerónimos, bem como imagens de Cascais e do Palácio dos Seteais, em Sintra. O fado surge pela voz de Anita Guerreiro que interpreta o tema Lisboa Antiga, com versos de Amadeu do Vale e José Galhardo e música de Raul Portela, numa cena em que os protagonistas vão a um restaurante de Lisboa.
Ray Milland, Maureen O’Hara, Claude Rains, Yvonne Furneaux, Francis Lederer, Percy Marmont, Jay Novello, Edward Chapman, Harold Jamieson, Humberto Madeira, Duarte de Almeida, Anita Guerreiro 90 Minutos 17 de Agosto de 1956 (Estados Unidos da América) / 1 de Janeiro de 1957 (Portugal)
Apesar da sua obra como cineasta, Ray Milland ficou mais conhecido pela sua carreira de actor, especialmente bem sucedida em Hollywood, desde a década de 1930. Em 1946 recebeu um Óscar e o Prémio de Melhor Actor do Festival de Cannes, pelo seu desempenho no filme de Billy Wilder - Farrapo Humano (The Lost Weekend).
103
O Noivo das Caldas Comédia, preto e branco
Sinopse: Arthur Duarte realiza uma comédia passada numa estância balnear, muito frequentada pela alta sociedade, onde o protagonista vai trabalhar. A história centra-se na sua paixão por uma jovem que julga ser rica e na sucessão de cómicos equívocos daí resultantes.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Arthur Duarte (1895–1982)
Numa pequena cena do filme, Deolinda Rodrigues canta um fado com poema de Silva Tavares e música de Jaime Mendes.
Lisboa Filme João Bastos João Moreira Jaime Mendes António Silva, Ana Paula, Curado Ribeiro, Josefina Silva, Manuel Santos Carvalho, Maria Olguim, Erico Braga, Luisa Durão, Augusto Costa (Costinha), Carmen Mendes, Humberto Madeira, Raul Solnado, António Palma, Deolinda Rodrigues, Yola, Florbela Queirós, Sales Ribeiro 100 minutos 25 de Setembro de 1956, São Luiz e Alvalade (Lisboa)
Arthur Duarte, realizador de O Costa do Castelo (1943), A Menina da Rádio (1944), Fogo! (1949) O Grande Elias (1950) e A Garça e a Serpente (1952).
104
As Lavadeiras de Portugal Comédia, cor
Sinopse: Nesta obra de Pierre Gaspard-Huit seguimos a história de competição entre duas agências publicitárias que, no intuito de fazerem um contrato para publicitar uma máquina de lavar, se deslocam a Portugal para procurar uma lavadeira que participe no anúncio.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Pierre Gaspard-Huit (1917) Films Univers, Societé Pathé Cinéma, Suevia Films, Aníbal Contreiras
No decorrer da acção Carlos Ramos interpreta o fado O Teu Olhar, uma música do próprio fadista, com letra de Fernando Farinha. José Nunes foi o guitarrista escolhido para acompanhar Carlos Ramos e Paquita Rico nos momentos musicais do filme.
Pierre Gaspard-Huit, Pierre Lary, Jean Marsan Roger Fellous André Popp Jean-Claude Pascal, Anne Vernon, Paquita Rico, Darry Cowl, Karine Jansen, Jean-Marie Proslier, André Randall, Tony Morena, Erico Braga, Albert Michel, Yvonne Monlaur, Patrício Álvares 95 minutos 23 de Outubro de 1957 (França) / 13 de Fevereiro de 1958 (Portugal)
Pierre Gaspard-Huit, cineasta e argumentista francês, iniciou a sua carreira cinematográfica no final da década de 1940. Entre a sua vasta obra destacam-se os títulos La Fugue de Monsieur Perle (1952), Shéhérazade (1963), Gibraltar (1964) ou Ultimul Mohican (1968). Pierre Gaspard-Huit foi também argumentista e realizador de séries para televisão.
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Sangue Toureiro Drama, cor
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Augusto Fraga (1920-2000) Produtores Associados Patrício Álvares Francesco Izzarelli Fernando de Carvalho, Frederico Valério Amália Rodrigues, Diamantino Viseu, Erico Braga, Carmen Mendes, Josefina Silva, Paulo Renato, Raul Solnado, Fernanda Borsatti, Alina Vaz, Ruth Carvalho, João Manuel, A. Tavares da Silva
Sangue Toureiro é a primeira longa-metragem de ficção portuguesa a cores. Amália Rodrigues e o toureiro Diamantino Viseu são os protagonistas. O argumento centra-se na personagem de Eduardo, que não corresponde à vontade do seu pai de administrar as propriedades e touros no Ribatejo e prefere partir para Lisboa, na companhia da fadista Maria da Graça, e ser toureiro. A fadista acabará por partir para o Brasil e Eduardo encontrará o seu caminho, junto da namorada ribatejana. Amália Rodrigues surge no papel de uma fadista de grande sucesso, com uma tournée de espectáculos no Brasil e em Nova Iorque, mas que fruto da sua condição de artista não está apta a casar e construir família. É na fadista que se centram os temas musicais do filme, de que destacamos os fados compostos propositadamente por Frederico Valério, para poemas de Guilherme Pereira da Rosa – Sangue Toureiro, Um Só Amor, É Pecado e Amor Sou Tua.
93 minutos 7 de Março de 1958, Condes (Lisboa)
Augusto Fraga, realizador de Fado Malhoa, Fado da Rua do Sol, Fado Amália, Fado Lamentos, O Meu Amor na Vida, Só à Noitinha, Eu Disse Adeus à Casinha, Fado Mouraria, Fado Lisboa, Fado do Emigrante, Ronda dos Bairros e Rua do Sol (1947) e O Passarinho da Ribeira (1960).
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A Costureirinha da Sé Comédia / Drama, preto e branco
Sinopse: Manuel Guimarães adapta ao grande ecrã a opereta de mesmo título, de autoria de Arnaldo Leite e Heitor Campos Monteiro, cuja acção se situa no Porto. A jovem Aurora é uma costureira de bairro que, após a participação no Concurso do Vestido de Chita, se envolve com um atelier de alta-costura.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Manuel Guimarães (1915-1975) Manuel Guimarães
Para além das canções interpretadas por Maria de Fátima Bravo, destaca-se o fado Para Pedirem Namoro, um poema de Heitor Campos Monteiro com música de Jaime Mendes, cantado por Helena Tavares.
Arnaldo Leite, Heitor Campos Monteiro Perdigão Queiroga Jaime Mendes, Fernando de Carvalho Jacinto Ramos, Emílio Correia, Carlos José Teixeira, Maria de Fátima Bravo, Alina Vaz, Baptista Fernandes, Augusto Costa (Costinha), Luísa Durão, Maria Olguim, Alda Rodrigues, Alma Flora, José Silva, Álvaro Pereira, Santos Neves, Emílio Loubet, Almeida Santos, António Carmona, H. Costa Cabral, Alceu Leal, Júlio Pereira, Fernanda Guimarães, Maria da Luz, Gilda Azevedo, Ester Santos, Irma Cordeiro 100 minutos 11 de Fevereiro de 1959, Batalha (Porto)
Pintor, caricaturista, ilustrador e cenógrafo, Manuel Guimarães estudou na Faculdade de Belas Artes do Porto. Estreou-se no cinema como assistente de realização e, em 1949, fez a sua primeira curta-metragem – O Desterrado – Vida e Obra de Soares dos Reis. Com Saltimbancos (1951) iniciou-se nas longas-metragens. Seguiram-se títulos como Nazaré (1952), A Costureirinha da Sé (1959), O Crime da Aldeia Velha (1964), O Trigo e o Joio (1965), Lotação Esgotada (1972) e Cântico Final (1974-75).
107
O Passarinho da Ribeira Comédia, cor
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Augusto Fraga (1920–2000) Augusto Fraga, Manuel Queiroz Amadeu do Vale, Alfredo Hurtado, Miguel Orrisco João Moreira Carlos Dias, Jaime Mendes
Augusto Fraga apresenta uma adaptação de O Passarinho da Ribeira, uma opereta de Amadeu do Vale e Miguel Orrisco. A acção desta comédia decorre no Porto e centra-se na personagem de Madalena, que trabalha no cais da Ribeira. O namoro da protagonista com Carlos, um jovem de uma classe social mais elevada, é contrariado pelo pai dele mas após o regresso do pai de Madalena que entretanto enriqueceu no Brasil, a situação modifica-se. Augusto Fraga escolheu Deolinda Rodrigues para o papel de protagonista. A fadista dá mostras da sua voz de “passarinho” na interpretação de quatro canções, todas de autoria de Carlos Dias e Jaime Mendes. O filme recebeu o Prémio do SNI para Melhor Fotografia.
Deolinda Rodrigues, António Silva, Maria Cristina, Manuel Santos Carvalho, Paiva Raposo, Pedro Bandeira, Leónia Mendes, António Spina, Humberto Madeira, Almeidinha, Fernando Isidro, Maria Leonardo, Suzana Prado, Hermínio Simões, Fernando Ávila 84 minutos 12 de Fevereiro de 1960, Condes (Lisboa)
Augusto Fraga, realizador de Fado Malhoa, Fado da Rua do Sol, Fado Amália, Fado Lamentos, O Meu Amor na Vida, Só à Noitinha, Eu Disse Adeus à Casinha, Fado Mouraria, Fado Lisboa, Fado do Emigrante, Ronda dos Bairros e Rua do Sol (1947) e Sangue Toureiro (1958).
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Canções Unidas (Las Canciones Unidas) Musical, preto e branco, cor
Sinopse: Quatro realizadores assinam esta obra que exibe no grande ecrã uma selecção de grandes nomes da música de todo o mundo, como Miguel Aceves Mejía, Lola Beltrán, Amália Rodrigues, Elvira Quintana, Yma Sumac, Xiomara Alfaro, El Chucaro e Juan León Destine, entre muitos outros. Realização
Chano Urueta (1904-1979), Tito Davison (1912-1985), Julio Bracho (1909-1978), Alfonso Patiño Gómez (1910-1977)
Produção
Fimex S.A., Producciones Corsa S.A.
Argumento
Alfonso Patiño Gómez, Rafael Solana
Música Intérpretes
Duração Estreia
Federico Ruiz Miguel Aceves Mejía, Lola Beltrán, Elvira Quintana, Yma Sumac, Amália Rodrigues, Xiomara Alfaro, El Chucaro, Juan León Destine, Casandra Damirón, Yolanda Moreno, Myrta Silva, Irmãs Marinho, Orquestra de Bersagliere, Jacqueline François, Ruth Malmon, Pedro Vargas, Lucho Gatica, Carlos Cores, Wolf Rubinsky, César del Campo, Raul Luzardo, Judith Marsh, Roxana Bellini, Wilson Viana, Arturo Correa, Julián de Meriche, Antonio Raxel, Enrique Diaz Indiano, Florencio castelló, León Escobar
À semelhança de uma reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) surge o encontro das Canções Unidas, onde cada país mostra a sua cultura com a encenação de um número musical. Na intervenção sobre Portugal apresenta-se o fado e Amália Rodrigues como “rainha da música portuguesa”. Filmada por Tito Davison num cenário alusivo ao nosso país, intercalado com imagens de Lisboa, a fadista interpreta o tema Uma Casa Portuguesa.
65 minutos 15 de Setembro de 1960 (México)
Tito Davison, realizador de Música de Sempre (1955).
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Um Fado e Três Canções
Documentário, curta-metragem, preto e branco
Sinopse: Américo Rosa Leite realizou uma curta-metragem com quatro temas musicais, interpretados por Maria Pereira. No fado Se Amar é Pecado a voz da fadista é acompanhada por Jorge Fernandes, na guitarra, e Francisco Perez Andion, na viola. Maria Pereira interpreta, também, as canções Noites do Mês de Junho, A Música Me Diz e Vira das Desfolhadas. Realização Produção Música Intérprete Duração Estreia
Américo Leite Rosa (1917-1998) Sonoro Filme Eduardo Loureiro Maria Pereira 11 minutos 1962
O percurso profissional de Américo Leite Rosa abarca as actividades de edição, decoração e cenários, produção e realização de filmes. Trabalhou na criação dos cenários dos filmes O Pai Tirano (1941), O Pátio das Cantigas (1942), Amor de Perdição (1943), Um Marido Solteiro (1952) ou O Homem do Dia (1958). Em 1961 estreia-se como cineasta na curta-metragem Dedicação e, no ano seguinte, realiza este Um Fado e Três Canções. A sua longa-metragem Passagem de Nível, com Madalena Iglésias e Virgílio Teixeira, data de 1965.
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O Miúdo da Bica Drama, preto e branco
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia
Constantino Esteves (1914-1985) Cinedex Luís Sttau Monteiro, Constantino Esteves Abel Escoto
Música
Artur Ribeiro, Casimiro Ramos, Alfredo Marceneiro
Intérpretes
Ruy Furtado, Artur Ribeiro, Fernando Farinha, Leónia Mendes, Rudolfo Neves, Cunha Marques, Júlia Buisel, Sidónio Gonçalves, Dina Marques, Maria João, José Andrade, Júlio Cleto, Tina Coelho, Ângela Ribeiro
Duração Estreia
Com base na biografia do fadista Fernando Farinha, conhecido desde criança como “Miúdo da Bica”, o filme traça a sua vivência e percurso profissional. Partindo da infância, em que falta à escola para cantar o fado junto dos pescadores, percorre momentos como a morte do pai e a consequente necessidade de ter um emprego para ajudar no sustento da família, bem como o sucesso como cantor de fado e, ainda, o regresso e reconciliação com as suas origens familiares. O Miúdo da Bica exibe o percurso profissional do fadista de forma muito aproximada à realidade da época – um talento reconhecido desde a juventude, as actuações de sucesso em casas de fado (neste caso na Adega Mesquita) e o consequente convite à profissionalização feito por um empresário. Depois o drama moraliza-se com a apresentação dos vícios decorrentes da carreira artística - exploração de um empresário, vida de boémia e problemas de saúde. Nesta película de temática fadista os momentos musicais são integrados naturalmente e surgem, na sua maioria, pela voz do próprio Fernando Farinha.
84 minutos 26 de Julho de 1963, Eden (Lisboa)
Constantino Esteves frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa, antes de enveredar por uma carreira ligada ao cinema. Em 1952 realizou a sua primeira longa-metragem - O Comissário da Polícia, a que se seguiram diversos documentários e, com O Miúdo da Bica (1963), o regresso às longas-metragens. Posteriormente sugiram as obras Nove Rapazes e um Cão (1963), A Última Pega (1964) Rapazes de Táxis (1965), Sarilho de Fraldas (1966),O Diabo Era Outro (1969) e Derrapagem (1974), onde o autor incluiu, por diversas vezes, figuras de nomeada da música nacional.
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Os Verdes Anos Drama, preto e branco
Sinopse: Num argumento de intenso conflito dramático revela-se a história de Júlio, um jovem que vem trabalhar para Lisboa como sapateiro. Apaixona-se por Ilda mas, inquieto e desconfiado, termina o namoro e, num impulso, acaba por matá-la.
Realização Produção
Paulo Rocha (1935) Produções Cunha Telles
Argumento
Paulo Rocha, Nuno Bragança
Fotografia:
Luc Mirot
Música Intérpretes
Duração Estreia
Nas composições de Carlos Paredes, no som da sua guitarra portuguesa, acompanhada da viola de Fernando Alvim, sentimos uma força emocional que em tudo contribui para o cariz dramático do filme. O filme foi distinguido com os prémios Vela de Prata/ Opera Prima do Festival de Cinema Locarno, Cabeza de Palenque do Festival de Acapulco e recebeu, ainda, uma Menção Honrosa no Festival de Cinema de Valladolid.
Carlos Paredes Isabel Ruth, Rui Gomes, Paulo Renato, Cândida Lacerda, Carlos José Teixeira, Alberto Ghira, Cândida Lacerda, Carlos José Teixeira, Harry Wheeland, Irene Dyne, Júlio Cleto, Manuel de Oliveira, Óscar Acúrcio, Ruy Furtado 91 minutos 29 de Novembro de 1963, São Luiz e Alvalade (Lisboa)
Paulo Rocha dedicou a sua carreira ao cinema após abandonar os estudos de Direito. Estudou no Institut des Hautes Etudes Cinématographiques, em França e, em 1963, realizou o seu primeiro filme – Os Verdes Anos, um marco na história do cinema português. Da sua vasta obra sobressaem os títulos Mudar de Vida (1967), o Desejado (1987), O Rio do Ouro (1998) e, o seu mais recente filme, Olhos Vermelhos (2011).
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A Última Pega Drama, preto e branco
Sinopse: Num filme com paisagem ribatejana, Constantino Esteves volta a unir a temática dos touros com a interpretação de fado. O drama centra-se na promessa de Toino a sua mãe de que não fará pegas de touros. Com maldade alguns consideram-no cobarde, mas o protagonista irá salvar uma criança e, sem quebrar a promessa, demonstrar a sua coragem. Realização Produção
Constantino Esteves (1914-1985) Manuel Queiroz/ Cinedex
Argumento
Jorge Gonçalves, Mota da Costa
Fotografia
Abel Escoto, Ferreira dos Santos
Música Intérpretes
Duração Estreia
Para o papel de Toino foi escolhido Fernando Farinha que é, também, o intérprete de quase todos os fados cantados no filme. De entre os temas musicais, salienta-se a inclusão de uma desgarrada com Fernando Farinha e Vicente da Câmara.
Carlos Dias, Joaquim Luís Gomes Leónia Mendes, Joaquim Ganhão, Fernando Farinha, Júlia Buisel, Cunha Marques, Pereira Neto, Vicente da Câmara, Carlos de Oliveira, José Lupi, Pedro Louceiro, José Júlio, Rhodes Sérgio, Luís de Mascarenhas, José Carradinha, João Belo, Osvaldo Falcão, Rui Alvarez, Mário Agostinho, João Gaspar, Carlos Aniceto, Sousa Franco, Sequeira Nunes, António Bustorff, Ferreira do Amaral, Manuel Ponte 91 minutos 31 de Julho de 1964, Eden (Lisboa)
Constantino Esteves, realizador de O Miúdo da Bica (1963), Rapazes de Táxis (1965), O Diabo Era Outro (1969) e Derrapagem (1974).
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A Canção da Saudade Musical, preto e branco
Sinopse: Esta obra de Henrique de Campos faz uma síntese dos géneros musicais mais populares na época, integrando no seu elenco alguns dos seus intérpretes de maior sucesso.
Realização Produção Argumento Fotografia Intérpretes
Duração Estreia
Henrique Campos (1903-1983) Francisco de Castro Cecília Delgado José Manuel Caixeiro, Alfonso Nieva Florbela Queiroz, Américo Coimbra, Soledad Miranda, Victor Gomes, José Manuel Simões, Nicolau Breyner, Alberto Ghira, Fernando Frias, Clara Rocha, Carlos Queiroz, Luís Cerqueira, Ruy Furtado, José Manuel Simões, Lúcia Martos, Aníbal Tapadinhas, Lídia Franco, José Orjas, Carlos Rodrigues, Jorge Alves, Alberto Ribeiro, Alice Amaro, Tony de Matos, Simone de Oliveira, Madalena Iglésias, Mara Abrantes, Saudade dos Santos, Rosário San Martin, Jorge Fontes
A apresentação musical subordina-se a um enredo de conflito geracional que, num desfecho feliz, conjuga todos géneros musicais (e sociais) em convívio pacífico na mesma casa de espectáculos. Dos momentos de fado do filme salientamos a primeira interpretação numa cena inicial do filme. Vemos o conjunto de rock’n’roll Gatos Negros a cantar pelas ruas até que o protagonista é parado por Saudade dos Santos que lhe diz que a “canção da saudade também é bonita”, a fadista convida-o a entrar numa casa de fados, onde interpreta um fado.
95 minutos 18 de Setembro de 1964
Henrique Campos, realizador de Um Homem do Ribatejo (1946), Ribatejo (1949), A Canção do Cigano (1949), Canção Fadista (1949), Fado Hilário (1949), Rainha Santa (1949), Santa Luzia (1949), Canção Serrana (1950), Candeeiro da Esquina (1950), Catraia do Porto (1950), Cantiga da Rua (1950), Rosa de Alfama (1953), Estrada da Vida (1968), O Destino Marca a Hora (1970) e Os Toiros de Mary Foster (1972).
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Fado Corrido Drama, Preto e Branco
Sinopse: Uma história baseada no conto “Agora, Fado Corrido”, do livro Gaivotas em Terra de David Mourão-Ferreira, que decorre em Lisboa no período de apenas um dia. D. Luís, um marialva que tem uma relação com a fadista Maria do Amparo, face ao desinteresse dela, experimenta sentimentos impulsivos, de ciúme e insegurança, até perceber e aceitar que a fadista o trocou por um amor de juventude. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Jorge Brum do Canto (1910-1994) Felipe de Solms David Mourão-Ferreira, Jorge Brum do Canto João Moreira Shegundo Galarza Amália Rodrigues, Jorge Brum do Canto, Maria Adelina, João Guedes, Rolando Alves, Isabel de Castro, Florbela Queirós, Irene Cruz, Álvaro Pereira, Silva Araújo, João Mota, Fernanda Figueiredo, Judite Dorsini, Carlos Ramos, Cunha Marques, Mário Sargedas, Cremilde Gil, Luís Santos, Maria do Espírito Santo, César Viana, Ana Sofia, Leonor Cavalleri, António Gouveia, Joaquim Rosa, Armando Santos
Os protagonistas do filme são o próprio realizador e Amália Rodrigues que, no papel da fadista, interpreta os temas: Cantiga da Boa Gente (poema de Jorge Brum do Canto), Gaivota (Alexandre O’Neill – Alain Oulman), Madrugada em Alfama (David Mourão-Ferreira – Alain Oulman), Estranha Forma de Vida (Amália Rodrigues – Alfredo Marceneiro) e Fado Corrido. O fado surge também na voz de Carlos Ramos que canta o fado Atrás de um Sonho (Frederico de Brito – Shegundo Galarza). O sucesso do filme levaria à edição de um EP de Amália, sob o título Trechos do Filme Fado Corrido.
110 minutos 16 de Outubro de 1964, Condes e Roma (Lisboa)
Jorge Brum do Canto, realizador de João Ratão (1940).
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As Ilhas Encantadas Drama, cor
Sinopse: Uma adaptação ao grande ecrã dum conto de Herman Melville, filmado na ilha de Porto Santo. O argumento dramático centra-se na relação entre um pescador francês que desembarca numa ilha deserta e a mulher que ele encontra a viver sozinha, depois do seu marido e filho terem falecido. Realização
Carlos Villardebó (1926)
Produção
António da Cunha Telles / Les Films Number One
Argumento
Herman Melville, Carlos Villardebó, Jeanne Villardebó, Raymond Bellour
Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Amália Rodrigues é a protagonista deste filme e, numa representação sem qualquer interpretação musical, demonstra todo o seu potencial como actriz.
Augusto Cabrita, Jean Rabier Sonata de J. S. Bach, tocada por Vasco Barbosa Amália Rodrigues, Pierre Clémenti, Pierre Vaneck, João Guedes, Jorge de Sousa, João Florença, António Polónio, Guy Jacquet, Belarmino Fragoso, Cunha Marques, José de Castro 98 minutos 15 de Março de 1965, Tivoli (Lisboa)
Carlos Villardebó desenvolveu o seu percurso cinematográfico como argumentista e realizador de curtas-metragens. Em 1961 foi distinguido com a Palma de Ouro de Cannes, com a sua curta-metragem A Colher Egípcia. A sua única longa-metragem é precisamente o filme As Ilhas Encantadas, de 1965.
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Rapazes de Táxis
Comédia/Musical, preto e branco
Sinopse: Constantino Esteves apresenta um filme musical em tom de comédia, protagonizado por Tony de Matos e António Calvário.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Constantino Esteves (1914-1985)
Centrado na história de dois taxistas, nos seus muitos amores e num conflito gerado na empresa onde trabalham, com um empregado a ser acusado injustamente de roubo, o filme integra vários momentos musicais cantados pelos dois protagonistas.
Manuel Queiroz/ Cinedex Rogério Bracinha, Paulo da Fonseca, José Ramos Abel Escoto, Ferreira dos Santos João Nobre, Nóbrega e Sousa Tony de Matos, António Calvário, Clara Joana, Ângela Ribeiro, Leónia Mendes, Miguel Nunes, Salomé Guerreiro, Cunha Marques, Ruy Furtado, Rudolfo Neves, Carlos Nascimento, Bento Ferreira, Ruy Castelar, Carlos Santos 100 minutos 18 de Agosto de 1965, Odeon (Lisboa)
Constantino Esteves, realizador de O Miúdo da Bica (1963), A Última Pega (1964), O Diabo Era Outro (1969) e Derrapagem (1974).
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Via Macau (Via Macao) Suspense, Cor
Sinopse: Uma história de suspense que tem início em Portugal, quando uma organização de tráfico de armas interfere com a realização de uma conferência internacional. A acção passa depois para Macau, onde um diplomata francês procura encontrar uma espia que também tinha estado em Lisboa.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Jean Leduc (1922–1996)
Numa cena do filme Amália Rodrigues interpreta o tema Le Premier Jour du Monde que posteriormente gravou em disco.
Filipe de Solms Jean Leduc, Jacques Tournier Jacques Lang, João Moreira Dino Castro Anna Gaël, Françoise Prévost, Roger Hanin, Varela Silva, Paiva Raposo, Baptista Fernandes, Ruy Furtado, Pedro Navarro, Julio Cleto, Licínio Sena, Cremilda Gil, Mário Sargedas, Amália Rodrigues, Luís Santos 95 minutos 22 de Julho de 1966
A carreira cinematográfica de Jean Leduc desenvolveu-se na realização de curtas-metragens e docuemntários de notícias. Durante a década de 60, dirigiu os filmes Via Macau (1966) e Capitaine Singrid (1967).
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Mudar de Vida Drama, preto e branco
Sinopse: Paulo Rocha filma na zona de Ovar uma história dramática de regresso à terra natal, depois de cumprido o serviço militar em África. Adelino, o protagonista, tenta sobreviver nesta terra junto ao mar, cheia de tradições e, ainda, superar o facto da sua noiva não ter esperado pelo seu regresso e ter casado com o seu irmão.
Realização Produção
Paulo Rocha (1935) Produções Cunha Telles
Argumento
Paulo Rocha
Fotografia
Elso Roque
Música Intérpretes
Duração Estreia
A música criada por Carlos Paredes acompanha e intensifica a carga emotiva do enredo. Mudar de Vida integrou a selecção de filmes do Festival de Veneza e foi distinguido com o prémio Melhor Filme da Casa da Imprensa e o 2º prémio João Ortigão Ramos.
Carlos Paredes Geraldo d’El Rey, Isabel Ruth, Maria Barroso, João Guedes, Constança Navarro 94 minutos 20 de Abril de 1967, Cinema Estúdio (Porto)
Paulo Rocha, realizador de Os Verdes Anos (1963).
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Fado-Lisboa 68
Documentário, curta-metragem, cor
Sinopse: Documentário centrado no fado e nos espaços de actuação, amadores e profissionais, de Lisboa. Conjuga dois dos intérpretes mais consagrados do género – Alfredo Marceneiro e Hermínia Silva, com dois fadistas emergentes e já bastante populares – Teresa Tarouca e Francisco Pessoa. De destacar ainda a presença de músicos de nomeada como Carlos Paredes, Fernando Alvim e Jorge Fontes. Realização Produção
António de Macedo (1931) António da Cunha Telles
Argumento
Acácio de Almeida
Caricaturas
Stuart Carvalhais
Poema Intérpretes
Duração Estreia
José Régio Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva, Francisco Pessoa, Teresa Tarouca, Carlos Paredes, Fernando Alvim, Jorge Fontes 16 minutos 1968
António de Macedo iniciou a sua actividade de cineasta na década de 1960 com a realização de curtas-metragens e documentários. Depois da sua primeira longa-metragem, Domingo à Tarde (1965), dirigiu uma vasta gama de filmes, incluindo curtas e longas-metragens, documentários e séries, trabalhando simultaneamente para cinema e televisão.
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Estrada da Vida Drama, preto e branco
Sinopse: Parcialmente rodado em Angola, Estrada da Vida centra-se numa história dramática de triângulo amoroso. Um casal a viver em Angola separa-se quando a mulher descobre que o marido tem uma amante e um filho com ela.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Henrique Campos (1903-1983) Estudio 8 / Jorge Gonçalves Jorge Gonçalves
Numa cena do filme, Maria Tereza Quinta interpreta o tema Sem Rumo, um fado com letra e música de João Nobre, acompanhada pela guitarra de Francisco Carvalhinho e a viola de Martinho d’Assunção. Na sua estreia cinematográfica, Laura Soveral recebeu o Prémio SNI para Melhor Actriz.
João Moreira João Nobre Paulo Renato, Laura Soveral, Célia de Sousa, Leonor Poeira, José Carlos, Varela Silva, Paulo Marques, Ivone Silva, Luís Santos, Luís Filipe Monteiro, Júlia Ramos, Manuela Cassola, Delfina Cruz 90 minutos 25 de Setembro de 1968, Odeon (Lisboa)
Henrique Campos, realizador de Um Homem do Ribatejo (1946), Ribatejo (1949), A Canção do Cigano (1949), Canção Fadista (1949), Fado Hilário (1949), Rainha Santa (1949), Santa Luzia (1949), Canção Serrana (1950), Candeeiro da Esquina (1950), Catraia do Porto (1950), Cantiga da Rua (1950), Rosa de Alfama (1953), Canção da Saudade (1964), O Destino Marca a Hora (1970) e Os Toiros de Mary Foster (1972).
121
O Diabo Era Outro Comédia, cor
Sinopse: António Calvário interpreta a figura principal desta comédia, centrada na história de um professor de canto, da sua namorada (Milú) e dos sonhos de ambos em se tornarem cantores. Ao enredo amoroso junta-se uma intriga sobre traficantes de diamantes.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Constantino Esteves (1914-1985) António Calvário
No filme O Diabo Era Outro, Hermínia Silva aparece pela última vez em películas de cinema, em duas cenas filmadas na sua casa de fados – Solar da Hermínia. Num desses momentos Hermínia e António Calvário interpretam uma desgarrada.
Augusto Andrade, Manuel Vieira João Moreira João Nobre António Calvário, Milú, Brunilde Júdice, Leonor Poeira, Julieta Castelo, Adelaide João, Hermínia Silva, Nicolau Breyner, Alves da Costa, Luís Cerqueira, Armando Cortez, Fernanda Borsatti, Adelina Campos, Helder Carlos, Teresa Esteves, Serge Farkas, João Manuel, Cunha Marques, Mizé, Jacqueline Nauroy, Carlos Radine, Alberto Ramos, Álvaro Rosa, Fernando Ruas, Juan Soutullo 98 minutos 5 de Novembro de 1969
Constantino Esteves, realizador de O Miúdo da Bica (1963), A Última Pega (1964), Rapazes de Táxis (1965) e Derrapagem (1974).
122
O Destino Marca a Hora Drama, preto e branco
Sinopse: Tony de Matos protagoniza um cantor famoso e mulherengo que engravida, quase ao mesmo tempo, a esposa e a secretária. Depois da morte da esposa abandona a vida artística e acabará por se cruzar com a mãe e o filho ilegítimo, que desconhecia existir.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Henrique Campos (1903-1983)
Neste filme Tony de Matos interpreta os temas O Destino Marca a Hora, Não Digas Que Me Conheces, Digo Adeus à Saudade e Viver Sem Ter Amor.
Internacional Filmes Rogério Bracinha, Paulo da Fonseca, César de Oliveira José Pereira, Aurélio Rodrigues João Nobre Tony de Matos, Anabela, Nicolau Breyner, Isabel de Castro, Alberto Pimenta, Eugénio Salvador, Ivone Silva, Jorge Manuel Torres 102 minutos 11 de Fevereiro de 1970
Henrique Campos, realizador de Um Homem do Ribatejo (1946), Ribatejo (1949), A Canção do Cigano (1949), Canção Fadista (1949), Fado Hilário (1949), Rainha Santa (1949), Santa Luzia (1949), Canção Serrana (1950), Candeeiro da Esquina (1950), Catraia do Porto (1950), Cantiga da Rua (1950), Rosa de Alfama (1953), Canção da Saudade (1964), Estrada da Vida (1968) e Os Toiros de Mary Foster (1972).
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Oiça lá ó Senhor Vinho Musical, Curta-metragem, cor
Sinopse: Augusto Cabrita filmou Amália Rodrigues na interpretação de um dos seus temas – Oiça Lá Ó Senhor Vinho, uma música de autoria de Alberto Janes. Esta curta-metragem foi muito recentemente recuperada pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema. Realização
Augusto Cabrita (1923-1993)
Fotografia
Augusto Cabrita
Música Intérprete Duração Estreia
Alberto Janes Amália Rodrigues 3 minutos 1971
Augusto Cabrita trabalhou como fotógrafo e realizador. Para além da sua colaboração com inúmeras publicações, como fotojornalista, dirigiu a fotografia de vários filmes portugueses, com destaque para Belarmino (1964) e As Ilhas Encantadas (1965). Como cineasta a sua obra inclui sobretudo curtas-metragens documentais.
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Os Toiros de Mary Foster Drama, cor
Sinopse: Henrique Campos apresenta mais um filme centrado na paisagem ribatejana. Desta vez a história centra-se numa luso-americana que vem para o Ribatejo tomar posse das terras que herdou, por morte do pai. Entre ideias de vender a propriedade, triângulos amorosos e histórias de incesto, a tradição ribatejana acaba por triunfar e a luso-americana parte de avião. Realização
Henrique Campos (1903-1983)
Produção
General Filmes
Argumento
Frank Prinsloo
Fotografia
Abel Escoto
Música
João Nobre
Intérpretes
Duração Estreia
Lenita Gentil participa neste filme na representação de um pequeno papel como cantora.
Anne Butler, António Montez, Helena Félix, Helena Isabel, Amílcar Botica, Catarina Avelar, Josefina Silva, Pedro Lemos, José Capela, Lenita Gentil 110 minutos 11 de Novembro de 1972
Henrique Campos, realizador de Um Homem do Ribatejo (1946), Ribatejo (1949), A Canção do Cigano (1949), Canção Fadista (1949), Fado Hilário (1949), Rainha Santa (1949), Santa Luzia (1949), Canção Serrana (1950), Candeeiro da Esquina (1950), Catraia do Porto (1950), Cantiga da Rua (1950), Rosa de Alfama (1953), Canção da Saudade (1964), Estrada da Vida (1968) e O Destino Marca a Hora (1970).
125
Derrapagem
Drama, Preto e Branco
Sinopse: A participação de Tony de Matos neste filme faz-se como produtor e protagonista da história. O cantor assume o papel de José Carlos, um mecânico de automóveis que ambiciona seguir a carreira de piloto, num enredo centrado no drama de instabilidade do seu casamento.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Constantino Esteves (1914-1985)
Tony de Matos é também o intérprete da música da banda sonora do filme, um poema de Francisco Nicholson com música de Nóbrega e Sousa.
Tony de Matos Júlio de Sousa Martins João Moreira Nóbrega e Sousa Tony de Matos, Io Apolloni, Maria Adelina, Julieta Castelo, Anabela, Helena Isabel, Delfina Cruz, Nicolau Breyner, Óscar Acúrcio, Carlos José Teixeira, Rudolfo Neves, Lili Neves 121 minutos 27 de Fevereiro de 1974
Constantino Esteves, realizador de O Miúdo da Bica (1963), A Última Pega (1964), Rapazes de Táxis (1965) e O Diabo Era Outro (1969).
126
Kilas, O Mau da Fita Comédia /Suspense, cor
Sinopse: Com traços de humor negro, espelha-se neste filme o submundo e o quotidiano da pequena marginalidade lisboeta, em plena década de 70. Mário Viegas protagoniza a personagem de Rui Tadeu ou Kilas, o carismático líder de um grupo de delinquentes, amante e proxeneta de Pepsi-Rita (Lia Gama).
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
José Fonseca e Costa (1933)
Fundamental para a confirmação do êxito deste filme é a banda sonora assinada por Sérgio Godinho, na qual destacamos o tema Fado do Kilas.
Filmform (Portugal) / Penta Filmes (Brasil) José Fonseca e Costa, Sérgio Godinho, Tabajara Ruas Mário Barroso, António Escudeiro Sérgio Godinho Mário Viegas, Lia Gama, José Eduardo, Pedro Efe, Lima Duarte, Paula Guedes, Milú, Fernando Barradas, Carlos Gonçalves, Luís Barradas, José Gomes, Francisco Pestana, Luís Lello, Natália do Vale, Vasconcelos Viana, Manuel Marcelino, Adelaide Ferreira, Pedro Lopes, Tony Morgon, João Francisco Sousa 124 minutos 27 de Fevereiro de 1981, Eden e Quarteto (Lisboa)
Após desistência do curso da Faculdade de Direito de Lisboa José Fonseca e Costa dedica-se à actividade cinematográfica. No período que passa em Itália colabora como assistente-estagiário do realizador Michelangelo Antonioni. Retorna a Portugal e a sua estreia, como realizador de ficção, acontece em 1971 com O Recado. Outros títulos se sucedem com particular destaque para Kilas, O Mau da Fita (1981), Sem Sombra de Pecado (1983), A Balada da Praia dos Cães (1986), Cinco Dias, Cinco Noites (1996) e mais recentemente Os Mistérios de Lisboa or What the Tourist Should See (2009).
127
Sem Sombra de Pecado Drama, cor
Sinopse: Sem Sombra de Pecado é uma adaptação da novela de David Mourão-Ferreira intitulada Aos Costumes Disse Nada. Agraciado com inúmeros prémios, com destaque para o Grande Prémio do IPC e o Gran Giallo Cattolica para Melhor Argumento, ambos em 1983, este filme centra-se na complexa ligação que envolve as personagens Maria da Luz/Lucília, uma enigmática figura feminina que seduz o jovem Henrique Andrade. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
José Fonseca e Costa (1933) Tobis Portuguesa / Filmform José Fonseca e Costa, David Mourão-Ferreira
No decorrer da acção, surge em actuação o fadista Carlos do Carmo acompanhado pelos músicos António Chaínho (guitarra portuguesa) e José Maria Nóbrega (viola).
Eduardo Serra Joni Galvão Victória Abril, Saul Santos, Armando Cortez, João Perry, Mário Viegas, Inês de Medeiros, Luisa Roubaud, Maria Otília, Isabel de Castro, Ana Maria Pereira, António Cara d´Anjo, Lia Gama, António Chaínho, José Maria Nóbrega, Rogério Paulo, João Soromenho, Henrique Viana, José Gomes, Adelaide João, Elisa de Guisette, Lena d´Água, Carlos do Carmo 104 minutos 11 de Fevereiro de 1983
José Fonseca e Costa, realizador de Kilas o Mau da Fita (1981) e Os Mistérios de Lisboa or What the Tourist Should See (2009)
128
To Catch a King Thriller/Drama, cor
Sinopse: Baseado no romance de Harry Patterson (pseudónimo de Jack Higgins) e rodado em Portugal, este filme remete-nos para o período da Segunda Guerra Mundial e para as movimentações nazis de tentativa de sequestro dos Duques de Windsor. Está nas mãos de dois americanos, a cantora Hannah Winter e Joe Jackson, o proprietário de um bar, impedir a concretização deste sequestro. Realização Produção
Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Clive Donner (1926-2010) António Cunha Telles, Robert E. Fuisz, Animatógrafo (Portugal), HBO Films (E.U.A.)
No decorrer da acção a fadista Maria da Fé interpreta dois temas, com poemas de José Luís Gordo musicados por José Fontes Rocha: Até Que a Voz Me Doa e Meu Portugal, Meu Amor.
Robert O. Hirson, Harry Patterson Dennis C. Lewiston Nick Bicât Robert Wagner, Teri Garr, Horst Janson, John Standing, Barbara Parkins, Marcel Bozzuffi, Jane Lapotaire, Barry Foster, Peter Egan, John Patrick, Constantine Gregory, John Barron, Edmund Kente, Peter Woodthorpe, Lex van Delden, Nicholas Courtney, Maria da Fé 115 minutos 12 de Fevereiro de 1984 (E.U.A.)
Clive Donner inicia a carreira cinematográfica nos Estúdios Denham, com apenas 17 anos. Realiza o primeiro filme The Secret Place em 1957 mas é na televisão, nas décadas de 70 e 80, que desenvolve a maior parte do seu trabalho, assinando a realização e produção de inúmeros títulos. Clive Donner recebeu um Urso de Prata no Festival de Berlim, em 1963, com o filme The Guest.
129
O Querido Lilás Comédia, cor
Sinopse: Num tom de comédia, O Querido Lilás remete-nos para a experiência perturbadora do envolvimento incestuoso entre Beladona, uma exuberante actriz e Lilás o seu filho desaparecido. No cenário de uma casa de fados, espaço onde também encontramos a fadista Madalena, recria-se o fatalismo e a tragédia que envolvem a relação de Beladona e Lilás. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Artur Semedo (1924-2001) DoperFilme Artur Semedo, Herman José, João Lopes Mário de Carvalho Pedro Correia Martins Herman José, Rita Ribeiro, Artur Semedo, Lina Morgado, Fernanda Borsatti, Henrique Viana, Victor de Sousa, Natalina José, Filipe Ferrer, Couto Viana, Rui Luís, Benjamim Falcão, Baptista Fernandes, Graça Bráz, Jorge Listopad, Durval Lucena, Ângela Pinto. 104 min. Lisboa, 13 de Novembro de 1987
Artur Semedo faz a sua estreia como realizador em 1956, no filme O Dinheiro dos Pobres. Passa pelo teatro, televisão e rádio até assumir em definitivo a sua paixão pela arte cinematográfica, onde desenvolve simultaneamente as actividades de realizador, argumentista, produtor e actor. Com a realização do filme O Querido Lilás é-lhe atribuído o grande Prémio do Instituto Português de Cinema.
130
Até ao Fim do Mundo (Bis ans Ende Der Welt / Until the End of The World) Drama / Ficção, cor
Sinopse: A ameaça nuclear é iminente e a humanidade vive momentos dramáticos. Claire Tourner e Sam Farber cruzam os seus destinos dando início a uma aventura que os levará a percorrer algumas cidades mundiais: Lisboa, Moscovo, Pequim, S. Francisco, Tóquio e Sidney. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Wim Wenders (1945) Road Movies Filmproduktion, Berlin Argos Films / Paris
Em Lisboa, Amália Rodrigues surge em cena, num eléctrico, mantendo um breve diálogo com os dois protagonistas.
Wim Wenders, Peter Carey Robby Muller Graeme Revell William Hurt, Solveig Dommartin, Sam Neill, Pietro Falcone, Enzo Turrin, Eddy Mitchell, Adelle Lutz, JeanCharles Dumay, Ernest Berk, Christine Oesterlein, Yelena Prudnikova, Jinzhan Zhang, Max von Sydow, Jeanne Moreau, Rüdiger Vogler, Ernie Dingo, Chick Ortega, Diogo Dória, Amália Rodrigues 179 minutos Estreia: 12 de Setembro de 1991 (Alemanha) / 1 de Maio de 1992 (Portugal)
Wim Wenders estudou filosofia e medicina antes de integrar a Hochshule für Film und Fernsehen (Escola Superior de Cinema e Televisão), em Munique. Conhecerá o sucesso e a projecção mundial através dos filmes Paris, Texas (1984) e Asas do Desejo (1987). Premiado inúmeras vezes, Wim Wenders figura hoje entre os mais representativos cineastas mundiais.
131
Fado Lusitano
Animação, curta-metragem
Sinopse: Num “auto-retrato” de Portugal, conta-se a história do país desde a génese da nação onde o fado, naturalmente, tem também lugar. A partir do sentimento da saudade surgem ilustrações dos elementos que melhor definem este “Fado Lusitano”, onde assinalamos a presença da guitarra e de uma personagem fadista.
Realização Produção
Abi Feijó (1956) Filmógrafo, Halas & Batchelor
Design
Abi Feijó, Regina Pessoa, Graça Gomes
Animação e Artes Finais
Abi Feijó, Regina Pessoa, Graça Gomes, Filipe Moreira da Silva, João Carlos Freitas, José Carlos Pinto
Fotografia Música
Abi Feijó Manuel Tentúgal
Narração
Mário Viegas
Duração
6 minutos
Estreia
1995
No decorrer da licenciatura em Arte Gráfica e Design pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, Abi Feijó descobre o Cinema de Animação. Oh que Calma (1985) é o título do seu primeiro filme. Em 1987 funda o Filmógrafo - Estúdio de Cinema de Animação do Porto, onde se destaca como produtor. Abi Feijó recebeu vários prémios, com destaque para os atribuídos às suas curtas Os Salteadores (1993) e Clandestino (2000).
132
A Raíz do Medo (Primal Fear) Drama, cor
Sinopse: A partir do livro de William J. Diehl, esta história de suspense segue o ambicioso advogado Martin Vail que, na procura de mais protagonismo para a sua carreira, decide defender Aaron, um rapaz acusado de ter assassinado o arcebispo local.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Gregory Hoblit (1944) Paramount Pictures / Rysher Entertainment Steve Shagan, Ann Biderman, William J. Diehl
No decorrer da acção, numa cena no interior de um bar, o protagonista, interpretado por Richard Gere, tece elogios à música ambiente que se ouve - a voz de Dulce Pontes em A Canção do Mar (Frederico de Brito – Ferrer Trindade). No final desta cena o dono do bar oferece-lhe o CD Lágrimas, que Dulce Pontes lançou em 1993.
Michael Chapman Música: James Newton Howard Intérpretes: Richard Gere, Laura Linney, John Mahoney, Alfre Woodard, Frances McDormand, Edward Norton, Terry O’Quinn, Andre Braugher, Steven Bauer, Joe Spano, Tony Plana, Stanley Anderson, Maura Tierney, Jon Seda, Reg Rogers, Kenneth Tigar, Brian Reddy, Christopher Carroll, Wendy Cutler, Ron O.J. Parson
Duração Estreia
129 minutos Estreia: 3 de Abril de 1996 (Estados Unidos da América) / 24 de Maio de 1996 (Portugal)
Realizador e produtor americano, Gregory Hoblit destaca-se, desde a década de 80, pela abordagem ao género policial. Nas séries televisas Hill Street Blues, L.A. Law e NYPD Blue, Gregory Hoblit assina a direcção e produção de alguns dos episódios. Primal Fear é a sua estreia cinematográfica.
133
Morte Macaca Curta-metragem, cor
Sinopse: No seio de uma comunidade rural e junto de uma população envelhecida a morte de um homem irá revelar secretos sentimentos. Esta curta-metragem é protagonizada pela fadista Anita Guerreiro que interpreta a personagem Morte Macaca, que dá título ao filme.
Realização Produção Argumento Fotografia Intérpretes
Duração Estreia
Jeanne Waltz (1962) Rosi Burguete /Off Série Jeanne Waltz, Luisa Costa Gomes Octávio Espírito Santo Anita Guerreiro, Fernanda Alves, Glicínia Quartin, José Viana, Orlando Sérgio, Rafaela Santos, Thierry Simões, Rui Fernandes, Vladimiro Franklim. 12 minutos 1997, Locarno Film Festival (Suiça)
É em Portugal, onde chega na década de 80, que Jeanne Waltz consolida a sua carreira como realizadora. Assistente de decoração e posteriormente assistente de realização trabalhou junto de grandes nomes da cinematografia portuguesa até enveredar pela direcção dos seus filmes e, mais recentemente, pela escrita do argumento de todos os seus trabalhos.
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The Art of Amália Documentário, cor
Sinopse: Documentário sobre a vida da fadista Amália Rodrigues. Realizado com base no percurso de mais de 6 décadas e documentado com excertos de imagens de vários arquivos, dos mais distintos momentos da fadista. Bruno de Almeida conjuga imagens inéditas com uma entrevista sobre a vida desta figura incontornável da História do Fado. Realização Produção Argumento Música
Bruno de Almeida (1965) Arco Films, Valentim de Carvalho Bruno de Almeida Raul Ferrão, Alberto Janes, Alfredo Marceneiro, Alain Oulman, Frederico Valério
Narração
Joaquim de Almeida (versão portuguesa)
Duração
90 minutos
Estreia
2000
Bruno de Almeida inicia, na década de 80, o seu percurso artístico na cidade de Nova Iorque, como realizador e produtor cinematográfico. A criação, em 1990, da produtora ArcoFilms representa um marco significativo na sua trajetória. Admirador confesso de Amália Rodrigues, assina quatro produções sobre a fadista: Amália, Live in New York City (1990), Amália, Uma Estranha Forma de Vida (1995), Amália-Expo´98 (1998) e The Art of Amália (2000). Bruno de Almeida é também responsável pelo documentário Camané – As gravações de Sempre de Mim (2008), por várias curtas e longas-metragens de ficção e, mais recentemente, pelo documentário Bob Cassidy (2009).
135
Ganhar a Vida Drama, cor
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
João Canijo (1957) Madragoa Films Pierre Hodgson, João Canijo, Celine Pouillion
A partir de um original de Pierre Hodgson surge o retrato de uma comunidade de imigrantes dos subúrbios de Paris. Rita Blanco protagoniza Cidália, uma mulher que subitamente se vê confrontada com a morte de Álvaro, o seu filho mais velho. Este filme descreve a viagem emocional desta mãe e os reflexos desta tragédia na sua vida. No decorrer desta acção e, num sentimento de indignação e revolta, Cidália interpreta o fado popularizado por Amália Rodrigues - Com que Voz (Luiz de Camões - Alain Oulman). Esta personagem valeu a Rita Blanco a atribuição de um Globo de Ouro na categoria de Melhor Actriz.
Mário Castanheira Alexandre Soares Rita Blanco, Adriano Luz, Teresa Madruga, Alda Gomes, Olivier Leite, Maria David, Yvette Caldas, Jinie Raínho, Adélia Baltazar, Luís Rego, António Ferreira, Tiago Manaia, José Raposo, Teresa Roby 115 minutos 4 de Maio de 2001 (Lisboa)
Tradutor, encenador, docente e realizador, João Canijo formou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Estreou-se na década de 80 como assistente de realização ao lado de Manuel de Oliveira e Wim Wenders. Em 1984 dirige a curta-metragem A Meio-Amor. A partir de 1988 assina títulos de longas-metragens como Três Menos Eu (1988), A Filha da Mãe (1990), Sapatos Pretos (1998), Noite Escura (2004), e o mais recente Sangue do Meu Sangue (2011).
136
A Janela (Maryalva Mix) Ficção, cor
Sinopse: Apelidado como um dos mais originais filmes portugueses, A Janela (Maryalva Mix) é um retrato imaginário e caótico do quotidiano bairrista lisboeta. No típico bairro da Bica acompanhamos o percurso de António, fadista e marialva, na perspectiva e descrição das suas sete amantes.
Realização Produção Argumento Fotografia
Edgar Pêra (1960) Madragoa Filmes, Edgar Pêra Edgar Pêra, Lúcia Sigalho, Manuel João Vieira Luís Branquinho
Música
Tiago Alves, Artur Cyanetto, Paulo Pedro Gonçalves, Pedro Ayres Magalhães
Intérpretes
Lúcia Sigalho, Manuel João Vieira, Nuno Melo, Miguel Borges, João Didelet, José Wallenstein, Nuno Bizarro, Edgar Pêra
Duração Estreia
104 minutos 12 de Outubro de 2001
Na Escola de Cinema do Conservatório Nacional, Edgar Pêra especializa-se na área de montagem, curso que conclui em 1984. Decorrerão 7 anos para assistirmos à estreia no Festival Fantasporto de Reproduta Interdita, a sua primeira curta-metragem. Edgar Pêra posiciona-se na esfera dos mais inovadores realizadores da arte cinematográfica portuguesa. Das suas obras destacamos, para além de A Janela (Maryalva Mix) (2001), a curta-metragem Guitarra Com Gente Lá Dentro (2003), Movimentos Perpétuos – Cine-Tributo a Carlos Paredes (2006) e Rio Turvo (2007).
137
Xavier Drama, cor
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Manuel Mozos (1959)
Carregando as inquietações e a mágoa de uma infância traumática, Xavier caminha para a fase adulta buscando, incessantemente, a sua identidade. Nesta narrativa, a cidade de Lisboa é um dos palcos para conhecermos o percurso de Xavier e daqueles que o rodeiam. Um dos retratos desta Lisboa é o bairro da Mouraria, local onde Aldina Duarte interpreta o fado A Rua do Capelão. Também marca presença neste filme a fadista Celeste Rodrigues que, na sua estreia em cinema, interpreta a personagem Fernanda.
Paulo Rocha, João Pedro Bénard Manuel Mozos, Jorge Silva Melo e Manuela Viegas José António Loureiro Mariana Ricardo Pedro Hestnes, Isabel de Castro, Isabel Ruth, Cristina Carvalhal, Rogério Samora, Sandra Faleiro, Alexandra Lencastre, José Pedro Gomes, José Meireles, Canto e Castro, David Coter, Celeste Rodrigues, Manuela de Freitas, José Mora Ramos, João Vaz, Aldina Duarte 91 minutos 17 de Outubro de 2003
Manuel Mozos iniciou o curso de História na Faculdade de Letras mas não o finalizou, optando pelo curso de Cinema, vertente Montagem, na Escola Superior de Teatro e Cinema. Estreia-se como realizador em Um passo, outro passo e depois… (1989). Inicia em 1992 as filmagens da sua primeira longa-metragem Xavier que só estreará em 2003. No seu percurso como realizador constam filmes de ficção, documentários e filmes institucionais, dos quais destacamos 4 Copas (2008) e Aldina Duarte: Princesa Prometida (2009).
138
Os Imortais Policial, cor
Sinopse: Num argumento adaptado do romance Os Lobos Não Usam Coleira, de Carlos Matos Gomes, relata-se a história de um grupo de ex-combatentes da guerra colonial, com vidas algo desadaptadas e que se encontram anualmente. Através da narrativa de um dos elementos do grupo recuamos ao verão de 1985, altura em que o grupo decide assaltar um banco. Realização
António-Pedro Vasconcelos (1939)
Produção
Animatógrafo 2, Samsa film - António da Cunha Telles, Jani Thiltges
Argumento
António-Pedro Vasconcelos; António Tavares Teles, Vicente Alves do Ó, Clare Down
Fotografia
Barry Ackroyd
Música
Gast Waltzing
Intérpretes
Duração Estreia
O fado surge neste filme através do personagem interpretado por Nicolau Breyner, um inspector da Polícia Judiciária que toca guitarra portuguesa e, ainda, pela faixa Pode Lá Ser (Mafalda Arnauth – Luís Oliveira), do disco Encantamento de Mafalda Arnauth, escolhida para integrar a banda sonora.
Joaquim de Almeida, Emmanuelle Seigner, Nicolau Breyner, Rogério Samora, Rui Unas, Filipe Duarte, Joaquim Nicolau, Paula Mora, Ana Padrão, Alexandra Lencastre, Maria Rueff, José Mora Ramos, Carla Salgueiro, São José Correia, André Jung, Rui Luís Brás, Sofia Grilo, João D’Ávila, José Topa, Carlos Areia, Carla Lupi, Natalina José 128 minutos 7 de Novembro de 2003
António-Pedro Vasconcelos frequentou o curso de Filmologia na Universidade de Sorbonne, em Paris. Em 1967 realizou a sua primeira curta-metragem, Tapeçaria-Tradição que Revive e, cinco anos depois, a sua primeira longa-metragem – Perdido por Cem. Realizador e argumentista, António-Pedro Vasconcelos é autor de uma vasta obra cinematográfica, da qual salientamos os títulos O Lugar do Morto (1984), Jaime (1999), Os Imortais (2003) e o seu mais recente filme A Bela e o Paparazzo (2010).
139
Guitarra Com Gente Lá Dentro Documentário, cor
Sinopse:
Realização Produção
Edgar Pêra (1960) Kino-Komix
Argumento
Edgar Pêra
Fotografia
Edgar Pêra
Música Intérpretes
Duração Estreia
Esta curta-metragem insere-se num projecto desenvolvido por Edgar Pêra denominado Sudwestern Saga, um modelo que se inspira na mistura da cultura do fado e do género western. Guitarra Com Gente Lá Dentro foi idealizado para homenagear a vida e obra musical de Carlos Paredes. Combinando imagens e testemunhos do guitarrista – a partir de dois concertos realizados em 1984 e 1991 - com o som dos Dead Combo, Edgar Pêra realiza pequenos episódios de cenas quotidianas (lutas, ciúmes e rivalidades) que reflectem essa visão de “fado-western”. Por ocasião do 4º Festival de Vídeo de Lisboa, Guitarra Com Gente Lá Dentro foi distinguido com o Prémio de Melhor Vídeo Nacional.
Dead Combo António Antunes, Carla Bolito, Miguel Borges, Johnny Gomez, Marina Albuquerque, Lavínia Moreira, António Alcântara, João Dias, Teresa Meireles, Tó Trips, S. Peterson, Rafaela Macedo, Dani, João Garcia Miguel 13 minutos 2003
Edgar Pêra, realizador de A Janela (Maryalva Mix) (2001), Movimentos Perpétuos – Cine-Tributo a Carlos Paredes (2006) e Rio Turvo (2007).
140
Fado – sange fra Lissabons hjerte Documentário, cor, preto e branco
Sinopse: Documentário que nos conduz por Alfama e pelas planícies do Alentejo. Relatos e revelações sobre o quotidiano de três personagens: Zé António, Gonçalo da Câmara Pereira e Suzete, cujos percursos de vida, tão distintos, se encontram e se revelam intensamente num elemento comum: o fado.
Realização Produção ArranjoMusical Intérpretes
Duração Estreia
Anders Leifer (1968) Fenris Film & Multimedia APS Gonçalo da Câmara Pereira António da Silva Garcia, Gonçalo da Câmara Pereira, Suzete Carvalho, Ana Amaral da Câmara Pereira, Albertina Sequeira 59 minutos 2003, Copenhaga
Anders Leifer é um realizador dinamarquês. Formou-se na Universidade de Copenhaga em Cinema e em 1997 realiza o seu primeiro documentário De Trofaste Døde (The Faithful Death). Fado – sange fra Lissabons hjerte é, também, uma demosntração do seu fascínio por Portugal e por Lisboa.
141
Tudo Isto É Fado Comédia, cor
Sinopse: Rodado entre a cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, e Lisboa, este filme descreve o percurso de dois amigos, Amadeu e Leonardo, que vivem vidas marginais. Entre os seus pequenos roubos e as fugas às perseguições policiais, uma bela e misteriosa mulher cruza-se no seu caminho e o roubo de um valioso quadro passa a ser um objectivo comum a todos. Realização Produção
Luís Galvão Teles (1945) Fado Filmes (Portugal) / Samsa Film (Luxemburgo) / Videofilmes (Brasil)
Argumento
Suzanne Nagle
Fotografia
Jako Raybaut
Música Intérpretes
Duração Estreia
A ligação deste filme com o fado está referenciada apenas no seu título, usado pelo realizador como uma forma de destino e realidade. Quando lemos Tudo Isto É Fado, conhecemos toda a mensagem implícita, que antecede esta frase no poema: Tudo isto existe / Tudo isto é triste / Tudo isto é Fado.
Nuno Maló Ângelo Torres, Danton Mello, Ana Cristina Oliveira, João Lagarto, Carlos Santos, Marcantonio Del Carlo, Deborah Secco, António Melo, Artur Agostinho, Félix Lozano, Luís Galvão Telles 102 minutos 1 de Abril de 2004
Realizador, jurista e fundador da produtora Fado Filmes, Luís Galvão Teles licenciou-se em Direito. Na década de 60 começa por trabalhar como assistente de realização na Rádio Televisão Portuguesa. Em 1968 complementa a formação na área do cinema no Institut de Formation Cinématographique, em Paris. Realiza em 1970 o primeiro filme - Bestiaire, a que se seguiram outros títulos com destaque para A Confederação: O Povo é que faz a História (1978), A Vida é bela?! (1982), Retrato de Família (1992) e Dot.com (2007).
142
Isabella (Yi sa bui la) Drama, cor
Sinopse: Este filme é um reflexo de Macau, dos seus habitantes, e do quotidiano de administração portuguesa. É neste contexto que conhecemos a relação e o envolvimento entre Shing, um polícia corrupto e Bik-Yan, a filha que ele não conhece. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Ho-Cheung Pang (1973) Ho-Cheung Pang Ho-Cheung Pang, Kearen Pang, Kwok Cheung Tsang Charlie Lam
Identificam-se várias abordagens a Portugal – em alguns dos diálogos, na visão de uma bandeira nacional e na particularidade de, na banda sonora do filme, se fazer ouvir o tema Ó Gente da Minha Terra (Amália Rodrigues – Tiago Machado) interpretado por Mariza. No âmbito do Festival de Berlim foi atribuído o Urso de Prata à banda sonora deste filme.
Peter Kam Chapman To, Isabella Leong, Josie Ho, Kwok Cheung Tsang, Anthony Wong Chau-Sang, Sui-man Chim, Louise Hodgson, Steven Cheung, J.J. Jia, Meme Tian, Yeung Ming Wan, Shawn Yue 91 minutos 16 de Fevereiro 2006, Festival Internacional de Cinema de Berlim
Ho-Cheung Pang é um nome cada vez mais recorrente na cinematografia asiática. Tem vindo a desenvolver, desde a década de 90, um extenso trabalho na escrita de argumentos, produção e realização de filmes, dos quais destacamos Summer Exercise (1999) e o mais recente Men Suddenly in Black (2003).
143
Movimentos Perpétuos – Cine-Tributo a Carlos Paredes Documentário musical, cor
Sinopse:
Realização Produção Argumento Música Duração Estreia
Edgar Pêra (1960) Corda Seca Argumento: Edgar Pêra Carlos Paredes, Fernando Alvim 70 minutos
Documentário dividido em 17 “movimentos” que nos revela, através de testemunhos e de música, uma homenagem à vida e obra do músico Carlos Paredes. Edgar Pêra conjuga a recolha de vários testemunhos com imagens de arquivo e utiliza a própria “narração” do guitarrista – a partir de outras entrevistas e da gravação de um concerto em 1984 na cidade do Porto – para construir e expor visualmente o talento, a simplicidade e o virtuosismo que definiram todo o trajecto pessoal e musical de Carlos Paredes. Com a obra Movimentos Perpétuos, Edgar Pêra recebeu os prémios para Melhor Longa-Metragem, Melhor Fotografia para Longa-Metragem Portuguesa e Prémio do Público, no Festival Indie Lisboa de 2006.
4 Maio 2006
Edgar Pêra, realizador de A Janela (Maryalva Mix) (2001), Guitarra Com Gente Lá Dentro (2003) e Rio Turvo (2007).
144
Rio Turvo Drama, cor
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música
Intérpretes
Duração Estreia
Edgar Pêra (1960) Corda Seca Edgar Pêra, Branquinho da Fonseca Luís Branquinho Dead Combo, J.P. Simões, José Pracana, Manuel João Vieira, Ricardo Ribeiro, Teresa Salgueiro, Vítor Rua
Foi a leitura do conto de Branquinho da Fonseca, Rio Turvo, que inspirou Edgar Pêra a adaptar e a realizar o filme com o mesmo título. A partir da narrativa literária, acompanhamos o duelo entre Homem e Natureza e a actividade que rodeia a construção de um aeroporto junto a uma zona remota e pantanosa. Neste cenário, conhecemos também a história de amor vivida entre um topógrafo e Leonor, interpretados por Nuno Melo e Teresa Salgueiro. Em Rio Turvo a música assume um especial destaque no enquadramento da narração, com temas tocados e cantados pelas personagens. O fado surge a partir do som das guitarradas de José Pracana e na interpretação de dois fados pela voz de Ricardo Ribeiro. Somos do Mar e do Vinho, com letra e música de Fernando Girão é uma das interpretações do fadista.
Nuno Melo, Teresa Salgueiro, David Almeida, José Ananias, Vítor Correia, Sérgio Grilo, Pedro Hestnes, Paula Só, José Wallenstein, António Évora 77 minutos 28 de Abril de 2007
Edgar Pêra, realizador de A Janela (Maryalva Mix) (2001), Guitarra Com Gente Lá Dentro (2003) e Movimentos Perpétuos – Cine-Tributo a Carlos Paredes (2006).
145
Mariza and the Story of Fado Documentário, cor/preto e branco
Sinopse: Documentário que retrata todo o percurso de sucesso protagonizado por Mariza, registado no seu próprio discurso e nos testemunhos de familiares e amigos próximos. Tendo Lisboa como pano de fundo, e a partir das intervenções de Rui Vieira Nery e Salwa Castelo Branco, o realizador apresenta, também, a vertente histórica e evolutiva do fado na cidade. Realização Produção Argumento Duração Estreia
Simon Broughton (1958) Songlines/MWTV Simon Broughton 60 minutos Julho de 2007 (Inglaterra)
Mariza dá-nos a conhecer algumas das figuras que a inspiram enquanto artista – com particular destaque para as fadistas Amália Rodrigues e Maria Amélia Proença, que aparece em actuação numa casa de fado. Também as actuações de Mariza complementam o documentário, com imagens recolhidas tanto em casas de fado como nas mais importantes salas de espectáculos do mundo. Estreado na série European Roots, este documentário é narrado e legendado em língua inglesa.
Simon Broughton, de nacionalidade inglesa, redactor-chefe da revista Songlines e editor do Rough Guide to World Music, tem vindo a explorar vários universos musicais, alguns dos quais tem apresentado nos documentários que realizou para os canais televisivos BBC e Channel 4.
146
Fados
Documentário, cor
Sinopse: Neste documentário Carlos Saura apresenta a sua visão de homenagem ao Fado, conduzindo-nos desde as suas origens até às novas gerações de intérpretes.
Realização Produção Argumento Fotografia Intérpretes
Duração Estreia
Carlos Saura (1932) Fado Filmes, Duvideo, Zebra Producciones Carlos Saura José Luis López Linares (A.E.C.), Eduardo Serra Mariza, Camané, Carlos do Carmo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Lila Downs, Toni Garrido, Lura, Miguel Poveda, Catarina Moura, Argentina Santos, Cuca Roseta, NBC, Sp & Wilson, Vicente da Câmara, Maria da Nazaré, Pedro Moutinho, Ana Sofia Varela, Carminho, Ricardo Ribeiro, Ricardo Rocha, Jaime Santos, Brigada Victor Jara, Kola San Jon, Pedro Castro, José Luís Nobre Costa, Jaime Santos, Joel Pina, Júlio Pereira, Diogo Clemente
O realizador reinventa e explora a riqueza histórica que distingue o fado, referenciando três figuras, já desaparecidas: Alfredo Marceneiro, Lucília do Carmo e Amália Rodrigues, reunindo um vasto número de intérpretes de diferentes origens e influências musicais, e combinando o fado com outras sonoridades, como a morna e o hip hop, por exemplo. Resultado da projeção internacional nos festivais de cinema em que participou, Fados conquistou várias nomeações e prémios de que se destacamos o Prémio Goya para Melhor Canção Original (Espanha, 2008). Este reconhecimento foi atribuído ao tema Fado da Saudade, um poema de Fernando Pinto do Amaral interpretado por Carlos do Carmo.
85 minutos 6 de Setembro, Festival Internacional de Cinema de Toronto (Canadá) / 4 de Outubro de 2007 (Portugal)
Realizador, argumentista e produtor espanhol Carlos Saura cedo manifestou interesse pelo cinema. Concluiu os estudos nesta área em 1957, ano em que realizou a sua primeira obra, a curta-metragem La tarde del Domingo. Posteriormente prossegue a realização e a produção de inúmeros títulos com particular destaque para La Caza (1965), Ana y los Lobos (1972), Bodas de Sangre (1981) ou Sevillanas (1992). Com Fados (2007) Carlos Saura concluiu um ciclo dedicado ao universo musical que inclui Flamenco (1995) e Tango (1998). Um dos nomes de maior prestígio do cinema mundial, cuja obra foi distinguida várias vezes em Festivais Internacionais de Cinema.
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4 Copas Drama, cor
Sinopse: Uma história dramática centrada numa família de Lisboa e nas vivências emotivas de traição, amor e cumplicidade. Ao descobrir que a sua madrasta tem um amante, Diana elabora um plano para acabar com essa relação e salvar o casamento do pai. O desenrolar da história revelará outro desfecho para o seu plano.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Manuel Mozos (1959) Maria João Sigalho, Rosa Filmes
O fado toma parte nesta narrativa através de Gabriel, o pai de Diana, que toca viola de fado e surge em cena numa casa de fados a acompanhar a fadista Cacilda, protagonizada por Maria Dilar.
Manuel Mozos, Claúdia Sampaio, Octávio Rosado José António Loureiro António Lopes Cristina Alfaiate, Nuno Beijoca, Nuno Bernardo, Sofia Cabrita, Jorge Completo, Luís Correia, Vítor Correia, Diana Costa e Silva, Carloto Cotta, José Maria da Fonseca, Duarte de Almeida, Silvestre Domingos, Filipe Duarte, Elídio Dâmaso, Pedro Efe, Luís Elgris, Marta Feiteiro, Cristiano Ferreira, Miguel Fonseca, João Gaspar, João Lagarto 106 minutos 16 de Novembro de 2008, Estoril Film Festival
Manuel Mozos, realizador de Xavier (2003) e Aldina Duarte – Princesa Prometida (2009).
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Amália - O Filme Drama, cor
Sinopse: Filme biográfico sobre Amália Rodrigues que traça o percurso pessoal e artístico de uma das mais singulares figuras da História do Fado. Neste enredo partimos do ano de 1984, na cidade de Nova Iorque, e acompanhamos a leitura individual que Amália faz da sua vida: a infância e história familiar, as paixões e amores que vive, a consagração nos palcos nacionais e internacionais. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Carlos Coelho da Silva VC Filmes Pedro Marta Santos, João Tordo
Nuno Maló assina a banda sonora deste filme, tenho sido agraciado com o prémio Compositor Revelação do Ano, atribuído pela International Film Music Critics Association.
Carlos Santana Nuno Maló Sandra Barata Belo, Carla Chambel, Ricardo Carriço, Ricardo Pereira, António Pedro Cerdeira, Ana Padrão, Susana Mendes, Maria Emília Correia, Mário Redondo, Ana Contente, José Fidalgo, Eurico Lopes, António Montez, Leonor Seixas, Beatriz Costa, Pedro Pinheiro, Sofia Grillo, Susana Cacela, Janita Salomé, Andre Maia, José Boavida, Carla Salgueiro, Philippe Leroux, Luísa Rocha, Mariana Monteiro, Carla de Sá, João Didelet 120 minutos 4 de Dezembro 2008
Carlos Coelho da Silva faz os seus estudos nos Estados Unidos da América regressando a Portugal no final de década de 80, onde dirige vários programas televisivos. Em 2005 Carlos Coelho da Silva realiza o filme O Crime do Padre Amaro, um enorme sucesso de bilheteira. O realizador voltará a testemunhar esse êxito com o filme biográfico Amália - O Filme.
149
Camané, As Gravações de Sempre de Mim Documentário, preto e branco
Sinopse: Nos estúdios da Valentim de Carvalho, em Fevereiro de 2008, Bruno de Almeida dirige um inovador registo em imagem de todo o trabalho e processo criativo que antecede a edição de um disco, no caso, o quinto álbum de Camané intitulado Sempre de Mim. Realização Produção Intérpretes
Duração Estreia
Bruno de Almeida (1965) BA Filmes Camané, José Mário Branco, Manuela de Freitas, José Manuel Neto, Carlos Manuel Proença, Carlos Bica, António Pinheiro da Silva, João Bonifácio 30 minutos 2008
Bruno de Almeida, realizador de The Art of Amália (2000).
150
Este documentário permite visualizar vários excertos das gravações dos 16 temas, uma entrevista feita ao fadista por João Bonifácio, os diálogos mantidos com Manuela de Freitas - que assina 3 dos poemas, e o testemunho, através da narração de Camané, das escolhas de repertório, da procura do registo emocional necessário para cada interpretação e, fundamentalmente, a cumplicidade entre o fadista e José Mário Branco.
Fado Triste
Curta-metragem, cor
Sinopse: Nesta curta-metragem seguimos a história e o drama pessoal de Vicente, um homem atormentado e perseguido por não conseguir liquidar uma dívida financeira. Na banda sonora deste enredo, destacamos o fado interpretado por Amália Rodrigues Não digas mal dele, com letra de Linhares Barbosa e música de Armandinho. Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes Duração Estreia
Diogo M. Borges (1988) Diogo M. Borges, Henrique Oliveira Diogo M. Borges Tito Serra Kevin MacLeod Zeca Folhadela, Francisco Fragateiro e Luis Lencastre 13 minutos 16 Março 2009
Fado Triste é a estreia de Diogo M. Borges na produção, realização e argumento cinematográficos, findo um percurso na publicidade. No ano de 2011 destacam-se a produção e realização das seguintes curtas-metragens: Right Place, Right Time, The Best Things in Life e o mais recente Mercy.
151
Aldina Duarte - Princesa Prometida Documentário, cor
Sinopse:
Realização Produção
Manuel Mozos (1959) Pedro Borges, Midas Filmes
Argumento
Maria João Seixas
Fotografia
Ricardo Rezende
Música Testemunhos
Duração Estreia
Com base numa actuação ao vivo na Sala das Batalhas do Palácio Fronteira, Manuel Mozos traça o perfil pessoal e artístico de Aldina Duarte. Uma entrevista conduzida por Maria João Seixas, num percurso feito por espaços emblemáticos de Lisboa, que se cruza com as imagens do concerto e a recolha de vários depoimentos, com destaque para o testemunho da mãe da fadista e de Jorge Silva Melo. O documentário teve a sua estreia internacional em Biarritz, no FIPA – Festival International des Programmes Audiovisuels, no ano de 2010.
José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Nuno Miguel Ramos (viola) Aldina Duarte, Jorge Silva Melo, Maria de Lurdes Dias, Maria do Rosário Pedreira 60 minutos 30 de Abril de 2009, Festival Indie Lisboa
Manuel Mozos, realizador de Xavier (2003) e 4 Copas (2008).
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Os Mistérios de Lisboa or What the Tourist Should See Documentário, cor
Sinopse:
Realização Produção Argumento Música
José Fonseca e Costa (1933) JFC Filmes José Fonseca e Costa Joly Braga Santos
Narração
Paulo Pires (português), Peter Coyote (inglês), Imanol Arias (espanhol), Thérése Crémieux (francês), Gabriela Marília (brasileiro), Riccardo Scafati (italiano) e Guilherme Durschke (alemão)
Duração
82 minutos
Estreia
José Fonseca e Costa adaptou ao cinema a obra que Fernando Pessoa escreveu em 1925, em língua inglesa, um guia sobre a cidade de Lisboa intitulado What the Tourist Should See. Partindo de uma vasta selecção de imagens que caracterizam a cidade – monumentos, edifícios, pessoas, José Fonseca e Costa quis, antes de mais, prestar um tributo à obra do poeta Fernando Pessoa. Elemento representativo desta cidade, o fado ganha destaque neste filme através do fadista Duarte que interpreta Mistérios de Lisboa, com letra de Teresa Fonte e música de Duarte.
13 de Junho de 2009, Cinema São Jorge (Lisboa)
José Fonseca e Costa, realizador de Kilas, O Mau da Fita (1981 e Sem Sombra de Pecado (1983).
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A Religiosa Portuguesa Drama, cor
Sinopse: A história segue a chegada a Lisboa da jovem actriz francesa, Julie de Hauranne, que integrará as filmagens de um novo filme. Nas deambulações pela cidade Julie conhece personagens que a irão marcar profundamente: Vasco uma criança desprotegida pela família e a Irmã Joana, uma freira que todas as noites reza numa capela.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Eugène Green (1947) O Som e a Fúria e MACT Productions Eugène Green
Estes momentos são conjugados com várias interpretações de fado, com especial destaque para as cenas que decorrem no ambiente de uma casa de fados (Mesa de Frades). Os fadistas Camané e Aldina Duarte protagonizam neste filme apontamentos de fado, acompanhados à guitarra, viola e contrabaixo por José Manuel Neto, Carlos Manuel Proença e Paulo Paz.
Raphael O´Byrne Júlio de Sousa, João Fezas Vital Leonor Baldaque, Francisco Mozos, Diogo Dória, Ana Moreira, Eugène Green, Adrien Michaux, Beatriz Batarda, Carloto Cotta, Camané, Aldina Duarte, José Manuel Neto, Carlos Manuel Proença, Miguel Ramos, Paulo Paz, Manuel Mozos 127 minutos Agosto 2009 (Canadá), 27 de Abril de 2010, Festival IndieLisboa (Portugal)
De origem americana Eugène Green vive em Paris, para onde se mudou no final da década de 60. Neste período funda a companhia de teatro Théàtre de la Sapience. O premiado Toutes les Nuits (2001) é a sua estreia cinematográfica, mas outros títulos lhe sucedem: Le Monde Vivant (2003), Le Pont des Arts (2004), Memories (2007), entre outros. À sua actividade cinematográfica soma o gosto pela escrita e, em 2008, publica o seu primeiro romance La Reconstruction.
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Com Que Voz Documentário, cor
Sinopse: Com que Voz é o retrato fiel que homenageia a vida e obra do compositor, encenador e editor Alain Oulman. Figura indissociável da fadista Amália Rodrigues, para quem musicou inúmeros autores da poesia clássica e erudita, Alain viria a operar transformações decisivas no universo fadista.
Realização Produção Argumento Fotografia Música Testemunhos
Duração Estreia
Nicholas Oulman (1967) Glimpse / Dragocom Nicholas Oulman Miguel Sales Lopes Alain Oulman
A personalidade e talento de Alain Oulman são revelados através dos vários testemunhos de quem se cruzou com ele e com a sua obra, familiares, amigos e colaboradores mais próximos. Memórias que se conjugam com as imagens de arquivo, algumas inéditas, ilustrando o seu percurso. O festival DocLisboa 2009 atribuiu a este documentário o Prémio Melhor Primeira Obra, na Competição Portuguesa.
Manuel Alegre, Maria Barroso, Camané, Carminho, Catherine Clément, Jean Etienne Cohen-Seat, Nuno Vieira de Almeida, David Ferreira, Lilli, Fernando Lopes, Eunice Muñoz, Rui Vieira Nery, Olivier Nora, France Hidalgo Oulman, Hélène Mesquitela Oulman, José Carp Oulman, Amos Oz, João Perry, Hugo Ribeiro, Fontes Rocha, Celeste Rodrigues, Jorge Sampaio, Zita Seabra, Felicity Calleia Serra, Mário Soares, Raul Solnado 108 minutos 16 de Outubro de 2009, DocLisboa 2009
Filho de Alain Oulman, Nicholas Oulman inicia a carreira cinematográfica como assistente de maquinista. Em 1991 colabora como assistente do realizador António de Macedo, no filme A Maldição do Marialva e, no ano seguinte, com António-Pedro Vasconcelos, no telefilme Aqui d’el Rey. Estreia-se na realização com as curtas-metragens Stolen Happiness (1993) e A Little Tenderness (1995). Com que Voz (2009) é o seu primeiro documentário.
155
Fado Celeste Documentário, cor
Sinopse: Com mais de 65 anos dedicados ao fado, Celeste Rodrigues destaca-se como uma das mais emblemáticas figuras do actual panorama do fado. Neste documentário seguimos a sua carreira artística, documentada com imagens de vários arquivos e uma entrevista à fadista conduzida pelo realizador, também seu neto, Diogo Varela Silva. Realização Produção Argumento Fotografia Duração Estreia
Diogo Varela Silva (1971) Diogo Varela Silva, EGEAC Diogo Varela Silva Fábio Ribeiro, Diogo Varela Silva 61 minutos 07 de Junho 2010, Cinema S. Jorge (Lisboa)
Este documento biográfico revela ainda os testemunhos de quem se cruzou com a carreira de Celeste Rodrigues, confessando o seu fascínio e admiração pela fadista. Diogo Varela Silva reuniu nomes representativos de todo o universo do fado com destaque para Argentina Santos, Jorge Fernando, Camané, Tiago Torres da Silva e Ricardo Pais. Na data da estreia deste documentário, que se juntou à celebração dos 65 anos de carreira da fadista, a Câmara Municipal de Lisboa atribui a Celeste Rodrigues a Medalha de Mérito, Grau Ouro.
Diogo Varela Silva estreia-se na área cinematográfica com o documentário Fado Celeste (2010). Ainda nesse ano dirige e produz A Minha Rua, nomeado para Melhor Documentário na 2ª Edição Prémios Shortcutz Lisboa 2011. Dirigiu o documentário Fernando Maurício – o Rei Sem Coroa com estreia em 2011 e prepara a edição de um novo documento biográfico relativo à fadista Beatriz da Conceição.
156
Fado Vadio
Documentário, curta-metragem, cor
Sinopse: Pedro Abib procura nos principais bairros históricos de Lisboa exmplos do chamado “Fado Vadio”. O documentário apresenta a contextualização histórica do fado através dos testemunhos de Rui Vieira Nery e Sara Pereira e regista actuações em espaços “amadores”, com particular destaque para o fadista Fernando Silva. Realização
Pedro Abib (1962)
Produção
Pedro Abib
Argumento
Pedro Abib
Fotografia
Joana N´Gela
Música
Alfredo Marceneiro, Isabel Vieira, Adelina Fernandes, Maria do Carmo, Fernando Silva
Intérpretes
Fernando Silva, Rui Vieira Nery, Sara Pereira
Duração Estreia
18 minutos Junho de 2010
De nacionalidade brasileira e com actividade na área do ensino e da música, Pedro Abib, tem desenvolvido um extenso trabalho na divulgação de diferentes manifestações da cultura popular brasileira. Autor de várias publicações, Pedro Abib assina também a realização de vários documentários com destaque para O Velho Capoeirista (1999) e o mais recente Fado Vadio (2010).
157
Alfama
Drama, curta-metragem, preto e branco
Sinopse: Escrito e dirigido por João Viana, Alfama é uma curta-metragem que conta a história de um peculiar amor vivido no interior de um alfa pendular. A traição, o castiço e o final trágico pontuam este enredo que contou com a participação especial de Carminho interpretando o fado Escrevi Teu Nome no Vento (Jorge Rosa – Raul Ferrão). Realização Produção
João Viana (1966) Papaveronoir
Argumento
João Viana
Fotografia
Sarah Blum
Música Intérpretes
Duração Estreia
Christian Ferras João Baptista, Gil Carlos, Carminho, Duarte de Almeida, Inês Fouto, Paulo Herbert, Marta Mateus. 15 minutos Julho de 2010, 18º Festival de Curtas de Vila do Conde
Argumentista, produtor e realizador João Viana tem colaborado com vários realizadores portugueses e estrangeiros. Com Iana Ferreira estreou-se na realização da premiada curta-metragem A Piscina (2004). Em 2009 fundou a sua própria produtora, a Papaveronoir, para realização de filmes de autor.
158
O Fado é Bom Demais Documentário, cor
Sinopse: Com base em depoimentos e actuações, José Machado Pais realiza o documentário O Fado é Bom Demais, que nos dá a conhecer o fado de Quissamâ, no Estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Um registo documental para estudo e preservação de um fenómeno que corre o risco de extinção.
Realização Produção Argumento
José Machado Pais (1953) Paulo Carrano José Machado Pais
Fotografia
Luciano Dayrell, Sarah Esteves, Eduardo Mendes, Paulo Carrano
Intérpretes
Valdemiro Santana, Maria Nadir, António Morin, Guilhermina Rodrigues
Duração Estreia
Apesar de ser uma música com componentes de canto e dança, acompanhada por violas e adufes ou pandeiretas, no fado de Quissamã José Machado Pais identifica possíveis semelhanças com o fado de Lisboa, nomeadamente nos temas retratados, que remetem para a saudade e para a vida quotidiana.
33 minutos 6 de Julho de 2010, Museu do Fado
Licenciado em economia e doutorado em sociologia, José Machado Pais é Investigador Coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Em 2003 foi distinguido com o Prémio Gulbenkian de Ciência. Admirador confesso de fado é o autor de livros como A Prostituição e a Lisboa Boémia (1985), onde aborda a temática do fado.
159
Filme do Desassossego Drama, cor
Sinopse:
Realização
João Botelho (1949)
Produção
Ar de Filmes
Argumento
João Botelho
Fotografia
João Ribeiro
Música Intérpretes
Duração Estreia
O enredo parte da leitura que João Botelho fez da obra de Bernardo Soares - o Livro do Desassossego. Claúdio Silva é protagonista deste filme assumindo a personagem de Bernardo Soares, um ajudante de guarda-livros que solitariamente vive ansiedades e receios, que liberta através da escrita. Lisboa, a partir das suas ruas e gentes, é o palco para esta viagem introspectiva que resulta num apelo ao sonho e à fantasia. Num dos momentos musicais desta viagem surge a fadista Carminho, que interpreta à capela frases do Livro do Desassossego. Também Ricardo Ribeiro surge em cena interpretando dois temas.
Caetano Veloso, Carminho, Lula Pena, Ricardo Ribeiro, NBC Cláudio da Silva, Alexandra Lencastre, Ana Moreira, André Gomes, António Pedro Cerdeira, Carlos Costa, Catarina Wallenstein, Dinis Gomes, Filipe Vargas, José Eduardo, Luís Cruz, Manuel João Vieira, Marcello Urgeghe, Margarida Vila-Nova, Miguel Guilherme, Miguel Moreira, Mónica Calle, Paulo Filipe, Pedro Lamares, Ricardo Aibéo, Rita Blanco, Rui Morisson, Sofia Leite, Suzana Borges 90 minutos 29 Setembro de 2010
Docente, ilustrador, crítico de cinema e realizador, João Botelho tem vindo a desenvolver um extenso trabalho cinematográfico com destaque para os filmes Um Adeus Português (1985), Aqui na Terra (1993), A Luz na Ria Formosa (2005). Com inúmeras participações em festivais de cinema e vencedor de vários prémios, foi distinguido, em 2005, com a Comenda da Ordem do Infante.
160
José e Pilar Documentário, cor
Sinopse: Um registo documental elaborado entre os anos de 2006 e 2009 revela-nos a vida e a obra do Nobel José Saramago. José Saramago e Pilar del Rio são os protagonistas deste documento biográfico que nos apresenta a vida em comum e a realidade quotidiana: os momentos de pausa e diversão, as viagens pelo mundo e os seus compromissos profissionais. Realização Produção Argumento Fotografia Música
Intérpretes
Duração Estreia
Miguel Gonçalves Mendes (1978) JumpCut, El Deseo S.A., O2 Filmes Miguel Gonçalves Mendes
Camané integra a banda sonora deste filme com a interpretação do fado Já não estar, poema de Manuela de Freitas musicado por José Mário Branco. Este tema integrou a lista de nomeações para o Óscar de Melhor Canção Original.
Daniel Neves Adriana Calcanhoto, Bruno Palazzo, Camané, Luís Cília, Noiserv, Pedro Gonçalves, Pedro Granato e Filipe Pinheiro João Afonso, Àngels Barceló, Pilar del Rio, Juan Echanove, Gael García Bernal, Gabriel Garcia Márquez, Tarja Halonen, Paco Ibáñez, Tomás Eloy Martínez, Fernando Meirelles, César António Molina, María Pagés, Luis Pastor, Miguel Ríos, José Saramago, José Sócrates, Pasión Vega 117 minutos Outubro de 2010, Portimão International Film Festival
Autor premiado em vários festivais, Miguel Gonçalves Mendes é licenciado em Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Em 2002 inaugura a produtora de teatro e cinema JumpCut. Como cineasta tem no documentário D. Nieves (2002) a sua estreia. Como realizador assina os seguintes títulos: Autografia (2004), A Batalha dos Três Reis (2005), Floripes (2005) e o mais recente José e Pilar (2010).
161
Fado Tonight Curta-metragem, cor
Sinopse: Uma história de amor que percorre os ambientes castiços e populares dos bairros de Alfama e Graça. Com Manuel, um jovem cantoneiro que vive de amores por Maria, conhecemos a tragédia da traição mas também o destino de um final feliz. Esta narrativa é pautada por vários momentos de fado, nomeadamente na Tasca do Jaime, local emblemático do bairro da Graça. Realização
Henrique Barroso (1978)
Produção
Henrique Barroso
Argumento
Henrique Barroso
Fotografia Intérpretes Duração Estreia
Andreia Saraiva Santos Henrique Martins, Sofia Dinger, Rita do Vale Capela, Daniel Ruivo, Joaninha 30 minutos 30 de Abril 2011, Festin, Cinema São Jorge (Lisboa)
Henrique Barroso teve formação em cinema pela ESTC e em edição pela ETIC. Na sua primeira curta-metragem, Fado Tonight, foi responsável pelo argumento, produção, realização e montagem.
162
Fernando Maurício – O Rei Sem Coroa Documentário, cor
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Testemunhos
Duração Estreia
Diogo Varela da Silva (1971) Diogo Varela da Silva, EGEAC Diogo Varela da Silva
Documentário que descreve o percurso do fadista Fernando Maurício na Mouraria, bairro onde nasceu e viveu. Várias figuras do universo do fado falam sobre a sua herança para as várias gerações fadistas. Nomes como Mário Raínho, Raquel Tavares, Ricardo Ribeiro, Pedro Galveias e Ana Maurício, revelam a saudade mas acima de tudo o respeito e a admiração pelo fadista. Complementam este documento biográfico os registos de fado, pela voz do próprio Fernando Maurício, a utilização de imagens de diferentes arquivos e, ainda, uma entrevista do fadista no programa A Minha Amiga Rádio, da autoria de Luís Garlito.
Diogo Varela Silva, Ricardo Almeida Carlos Miguel, Carlos Leitão, José Maurício, Baguinho, Pedro Garcia, Boaventura Francisco, Rui Vieira Nery, Mário Rainho, Sara Pereira, Toni Carolas, António Piedade, Ana Maurício, César Martinho, Raquel Tavares, Ricardo Ribeiro, Jesusa Maurício, Cláudia Maurício, Jorge Fernando, Pedro Galveias, Luís Matos, Camané, Júlia Lopes 60 minutos 2 de Junho 2011, Cinema S. Jorge (Lisboa)
Diogo Varela Silva, realizador de Fado Celeste (2010).
163
O Cônsul de Bordéus Drama, cor
Sinopse:
Realização Produção Argumento Fotografia Música Intérpretes
Duração Estreia
Francisco Manso (1949), João Correa (1943) Take 2000
Aristides de Sousa Mendes, protagonizado por Vitor Norte, é a figura central deste filme que relata a história do cônsul de Portugal em Bordéus no período da Segunda Guerra Mundial. A jornalista Alexandra Schmidt entrevista o maestro Aaron Apelman que revive o trágico ano de 1940. Nesta etapa da sua vida e, com apenas 10 anos, Aaron Apelman foi salvo da perseguição nazi, num acto de extrema coragem e humanidade do diplomata português. Integra a banda sonora deste filme a fadista Lina Rodrigues que dá a voz a três temas musicados por Henri Seroka para a Orquestra de Viana do Castelo.
António Torrado, João Nunes José António Loureiro Henri Seroka Vítor Norte, Miguel Borines, João Cabral, António Capelo, São José Correia, Pedro Cunha, Manuel de Blas, Joaquim Nicolau, Carlos Paulo, Leonor Seixas, Laura Soveral 90 minutos 12 de Setembro de 2011 (Israel), 24 de Maio de 2012 (Portugal)
Com formação em Cinema e Audiovisuais, pela ARCO, e em Áudio e Assistência à Realização pela RTP, Francisco Manso desenvolve a sua actividade na televisão como operador de som e assistente de realização. Em 1983 escreve as séries A Epopeia do Bacalhau e Terra Nova, Mar Velho. Entre os títulos da sua obra destacamos O Testamento do Sr. Napumoceno (1997), A Ilha dos Escravos (2008) e o recente Assalto ao Santa Maria (2010). Natural de Leiria João Correa encontra-se actualmente a residir em Bruxelas desenvolvendo uma intensa actividade cinematográfica. Produziu e dirigiu títulos como Féminim-Féminin (1973), o documentário Les Territoires de la Défonce (1986) e o seu mais recente filme O Cônsul de Bordéus (2011). Paralelamente a esta actividade João Correa exerce funções de secretário-geral no Word Cinema Alliance.
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Mariza no Palco do Mundo Documentário Musical, cor
Sinopse: Documentário onde Mariza partilha os seus dias e as suas noites de glória. O mítico The Town Hall em Nova Iorque, o Walt Disney Concert Hall em Los Angeles, o Adrienne Arsht Center Knight Concert Hall em Miami ou o Palau de La Musica em Barcelona, são alguns dos grandes palcos que Mariza percorre ao longo deste documentário. Realização
Ivan Dias
Produção
Duvideo
Argumento Fotografia Duração Estreia
Célia Alves Carlos Mendes Pereira Dividido em 4 partes de c. 55 minutos cada 21 de Novembro de 2011, RTP / Edição em DVD no prelo
São 4 episódios que começam com duetos inesperados em que Mariza deixa por instantes a língua portuguesa. São também muitas histórias e muitos amigos. Frank Gehry no seu atelier, Jason Fine na revista Rolling Stone, Gustavo Santollalla no seu estúdio em Los Angeles, o realizador Carlos Saura em Madrid, um encontro com Buika... Entre surpresas, momentos íntimos e confissões encontramos Mariza.
Produtor artístico e guionista do filme Fados de Carlos Saura, Ivan Dias é também produtor executivo e realizador de trabalho para televisão, destacam-se recentemente uma série documental sobre a digressão da Mariza nos EUA, os documentários Apanhei-te Cavaquinho, Bola Quadrada, ou o showcase de Cuca Roseta. Anteriormente produziu e realizou concertos de Rui Veloso e Mariza, videoclips e outros DVDs de música.
165
Argentina Santos: Não sei se canto se rezo Documentário, cor
Sinopse:
Realização
Ivan Dias
Produção
Duvideo
Argumento Fotografia Duração Estreia
Célia Alves Carlos Mendes Pereira 56 minutos 16 Novembro 2011
Ivan Dias, realizador de Mariza no Palco do Mundo (2011).
166
Documentário biográfico sobre a fadista Argentina Santos. A diva do fado castiço tem 87 anos e conta, na primeira pessoa, a descoberta tardia e envergonhada do fado, porque o marido não a deixava cantar. Por isso, foi também tarde que descobriu a sensação agradável de cantar nos grandes palcos portugueses e em algumas salas internacionais. No seu relato descobrimos o percurso, na Parreirinha de Alfama (a sua casa de fados), de uma vida vivida e, talvez por ser verdade, esta é a canção que todos associam à sua voz.
Os Fadistas Documentário, cor
Sinopse: A partir de várias entrevistas, este documentário vai ao encontro do percurso de seis pessoas que cantam e vivem o Fado de uma forma muito particular. Rodado em Lisboa, este registo é também uma viagem aos mais característicos bairros da cidade.
Realização Produção Intérpretes Duração Estreia
David Dhert e Noud Wynants Watch More Television Jaime, António “Toni” Banza, Ana Maria, Brita, Vânia e Nuno 42 minutos 2011
David Dhert, nasceu na Bélgica e actualmente vive no Rio de Janeiro. Estudou na Ghent University. Realizador de cinema independente, já assinou, entre outros registos, a realização de documentários no Brasil e em Portugal. Noud Wynants de origem belga concluíu em 2000 a formação académica na Artesis Hogeschool de Antuérpia, na Bélgica. Leeg (2008) e Writer´s Block (2009) são títulos que integram a sua filmografia.
167
Fado do Homem Crescido Animação, curta-metragem, cor
Sinopse: Numa animação da autoria de Osvaldo Medina conta-se a história de um homem que no cenário de um café relembra as memórias da sua infância. O fado de António Zambujo, também intitulado Fado do Homem Crescido, com letra de João Paulo Cotrim e música de João Lucas acompanha toda a história.
Realização Produção Argumento
Pedro Brito (1975) Animanostra, Cinema, Audiovisual e Multimédia João Paulo Cotrim
Música
João Lucas
Duração
8 minutos
Estreia
2011
Licenciado em Design de Comunicação pelo IADE, Pedro Brito lança-se profissionalmente na área da banda desenhada e ilustração. Com vários títulos publicados recebe em 2001 o Prémio Melhor Álbum Português de Banda Desenhada atribuído pelo Festival de Banda Desenhada da Amadora. Com a produtora Animanostra, assinou a realização de várias curtas-metragens como Sem Respirar (2004) e Sem Dúvida, Amanhã (2006).
168
Fado
Documentário, cor
Sinopse: Projecto documental que pretende captar o incaptável. Explicar o que não se explica. Decifrar o fado – Como nasce. Documentário onde se tenta explicar o que é o fado, para quem o conhece e para quem não o conhece, do ponto de vista interior do “fazedor” do fado.
Realização Produção Argumento Fotografia Testemunhos
Duração Estreia
Sofia de Portugal (1971) e Aurélio Vasques (1976)
Do compositor ao guitarrista, passando obrigatoriamente por quem o canta mas também por quem o estuda. E assim, através destes testemunhos, conseguir explicar o invisível. O lado interior do Fado.
Fernando Centeio, Zulfilmes e Museu do Fado Sofia de Portugal e Aurélio Vasques Aurélio Vasques Carlos do Carmo, Beatriz da Conceição, Camané, Mariza, Carminho, Ricardo Ribeiro, Joel Pina, José Manuel Neto, José Pracana, Rui Vieira Nery, Maria do Rosário Pedreira 60 minutos 2012
Sofia de Portugal completou o curso de formação de actores da Escola Superior de Teatro. Estreou-se profissionalmente em 1992 em “A Ópera de Três Vinténs”, no Teatro Aberto. Desde 1992 é uma presença constante nas produções televisivas nacionais. Recentemente tem desenvolvido trabalho como directora de actores. Como criadora destacamse as encenações de: Stabat Mater Furiosa de Jean Pierr Siméon, Tu e Eu de Friedrich Karl Waechter ou Demónios de Macbeth, a partir de excertos de Shakespeare. Aurélio Vasques tem o Curso de Vídeo e Som na Escola Profissional de Imagem. Como 1º assistente de imagem desenvolveu trabalhos entre 1999 e 2004, em publicidade, telefilmes e longas-metragens. Em 2006 junta a realização à sua experiência de direcção de fotografia e começa a realizar e fotografar projectos dentro da área da música, de entre os quais se destacam nomes como Mafalda Arnauth, Armando Teixeira, Tim, Sérgio Godinho, Maria João, Pedro Abrunhosa, Aldina Duarte, Diana Krall, Virgem Suta, Raquel Tavares, Mesa, Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti, entre outros. Em 2007 realiza duas curtas-metragens: Beija-me e Silêncio de um Olhar.
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Bibliografia: AREAL, Leonor (2011), Cinema Português - Um País Imaginado - Vol. I Antes de 1974, Lisboa: Edições 70; BAPTISTA, Tiago (2003), Lion, Mariaud, Pallu, FrancesesTipicamente Portugueses, Lisboa: Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema; COELHO, Eduardo Prado (1983), Vinte anos de Cinema Português, Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa; COSTA, Alves (1978), Breve História do Cinema Português, 1896-1962, Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa; COSTA, João Benard da (1991), Histórias do Cinema, Lisboa: Imprensa Nacional; HOBSBAWM, Eric e RANGER, Terence (1992), The Invention of Tradition, Cambridge University Press; MORIN, Edgar (1980), As Estrelas de Cinema, Lisboa: Horizonte; NERY, Rui Vieira (2004), Para Uma História do Fado, Lisboa: PÚBLICO e Corda Seca; NERY, Rui Vieira (2009), Amália, “O Fado no Mundo e o Mundo no Fado” in Amália no Mundo, o Mundo de Amália, Lisboa: IGESPAR, Panteão Nacional; NEVES, Mauro (1988), O Cinema Português Anterior a 1974, Bulletin of the Faculty of Foreign Studies, Sophia University, N.33 ; OLIVEIRA, Alberto (1894), Palavras Loucas, França Amado Editor; PELAYO, Jorge (1998), Bibliografia Portuguesa de Cinema. Uma visão cronológica e analítica, 2ª ed., Cinemateca Portuguesa; PINA, Luís de (1987), “A Música era Outra”, in O Musical, vol. I, Lisboa: Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema; PINA, Luís de (1989), Amália no Cinema, Lisboa: Cinemateca Portuguesa; RAMOS, Rui (1994), “A Segunda Fundação (1890-1926)”, História de Portugal (Direcção de José Mattoso), Volume VI, Lisboa: Círculo de Leitores; RIBEIRO, Felix (1983), Filmes, Figuras e Factos da História do Cinema Português, 1896-1949, Lisboa: Cinemateca Portuguesa; RODRIGUES, António (1995), António Ferro na Idade do Jazz Band, Lisboa: Livros Horizonte; RODRIGUES, António (2009), Amália Coração Independente, Lisboa: Museu Colecção Berardo; SANTOS, Vitor Pavão dos (1996-1997), in O Cinema Vai ao Teatro, Lisboa: Cinemateca Portuguesa e Museu Nacional do Teatro; SILVA, Raquel Henriques (1990), António Ferro, Estudo e Antologia, Lisboa: Edições Alfa; SILVA, Raquel Henriques (2003), “O Fado em Pintura”, in Lion, Mariaud, Pallu, Franceses tipicamente Portugueses, Lisboa: Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema; TAVARES, Emília (2009), “A Imagem da Voz”, in Amália Coração Independente, Lisboa: Museu Colecção Berardo;
Sítios de pesquisa:
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Imagens:
Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema Museu do Fado Museu Nacional do Teatro
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Participação Especial
Condes, 2012 RogĂŠrio Silva Grafite sobre papel, 128 x 90 cm
Canção de Lisboa (estudo), 2012 Manuel Vieira 200 x 300 cm
Projecto Museogrรกfico Antรณnio Viana
O Fado no Cinema Co-Produção: Museu do Fado e Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema Coordenação: Sara Pereira (Museu do Fado) Maria João Seixas (Cinemateca Portuguesa) Fontes e Documentação: Sofia Bicho (Museu do Fado) Teresa Borges, Sara Moreira (Cinemateca Portuguesa) Concepção Plástica e Realização: António Viana Assistente de Realização: Miguel Costa Produção Executiva: Cristina Almeida (Museu do Fado) Lucia Guedes Vaz (Cinemateca Portuguesa) Catalogação: Ana Gonçalves, Susana Costa Textos: Maria João Seixas, Miguel Honrado, Sara Pereira, Sofia Bicho, Susana Costa Videogramas: Luís de Sousa Uva Comunicação: Rita Oliveira Projecto Luminotecnia: Vítor Vajão Construção e Montagem: F. Costa, Oficina de Museus Transporte: FEIREXPO Seguros: Hiscox Design Catálogo: Luís Carvalhal Capa Catálogo: António Viana e Rita Neves ISBN: 978-989-96629-5-7 Depósito Legal: 345169/12 Agradecimentos: Beatriz da Conceição, Camané, Carlos do Carmo, Carminho, Cristina Andrade, Ivan Dias, Emília Vieira de Melo, Fernando Bicho, Fernando Centeio, Fernando Centeno Amaro, João Lima, Joel Pina, José Manuel Neto, José Marquitos, José Pedro Ribeiro, José Pracana, Manuel Vieira, Maria do Rosário Pedreira, Maria José Machado Santos, Maria Vasco Santana, Mariza, Nuno Siqueira, Paula Oliveira, Ricardo Ribeiro, Rita Candeias, Rita Neves, Rogério Silva, Rui Vieira Nery, Tomás Correia, Vítor Costa. BIBLIOTECA NACIONAL - Pedro Dias, Maria Inês Cordeiro, Joaquina Belo, Joaquina Feijão FUNDAÇÃO AMÁLIA RODRIGUES - João Aguiar MUSEU NACIONAL DO TEATRO - José Carlos Alvarez MUSEU SANTOS ROCHA - Ana Margarida Perrolas, Ana Paula Cardoso RTP – COLECÇÃO MUSEOLÓGICA - Pedro Braumann, Manuel Lopes, Paulo Figueiredo, Vanda Cristino TOBIS – Filomena Serras Pereira, Jorge Teixeira, Maria José Ribeiro