ENTREVISTA COM UM LOCUTOR / Cilp2bcpp0port20popsalvador

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Corpus Internacional da Língua Portuguesa

1. Modalidade: Língua falada 2. Tipo de texto: Conversação natural, assimétrica, tematicamente orientada. Código: CILP2BCPP02 3. Assunto: Transcrição de entrevista oral do tipo Documentador e Informante sobre diversos temas, incluindo a infância, a adolescência, os relacionamentos pessoais e educação 4. Autor: Anônimo 5. Qualificação do autor: Mulher / 19 anos / Escolaridade média 6. Data do documento: 12 de maio de 1999 7. Local de origem do documento / Dados de imprenta: Salvador, Bahia - Brasil 8. Local de depósito do documento: Arquivo Privado: Programa de Estudos do Português Popular de Salvador – PEPP - Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

9. Editor do documento: LOPES, Norma da Silva (Universidade do Estado da Bahia); SOUZA, Constância Maria Borges de (Universidade do Estado da Bahia); SOUZA, Emília Helena Portella Monteiro de (Universidade Federal da Bahia). Orientadora: Myrian Barbosa da Silva (Universidade Federal da Bahia) 10. Data de inserção no CILP: outubro de 2005 11. Número de palavras: 6.628


PROGRAMA DE ESTUDOS DO PORTUGUÊS POPULAR DE SALVADOR – PEPP INQ Nº 02 – Mulher – idade: 19 anos – Escolaridade: 2º Grau DOCUMENTADOR: Constância Souza DATA: 12/05/1999 TRANSCRIÇÃO: Alessandra Fontoura 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

DOC : Nós já podemos começar, e nós vamos iniciar pela infância, pela vida, eu queria saber você pequenininha como era. 02: Eh, quer dizer em modo geral. DOC : Sim, de modo geral, o que é que você lembra de sua infância, o que é que falaram pra você? 02: Eh, eu, eu era muito pimentinha, mas não tive muitos problemas em relação assim ser pequena ser.... DOC : Buliçosa? 02: Buliçosa, sabe? Agora era muito dengosa, muito chorona, eh... DOC : É filha única? 02: Não, não sou filha única, eh, sou eu e mais quatro pessoas, quer dizer quatro irmãos... DOC : Hum. 02: Hum, eu acho que eu não tenho muito assim o que falar da minha infância, foi uma infância que eu gostei muito apesar de não ter muitas condições de vida assim em relação a financeira, mas não, não tive muitos problemas assim, quer dizer pelo que a minha mãe fala comigo né, que eu nunca tive assim dado muitos problemas, foi uma infância que eu gostei, eh, quer dizer, eu lembro assim de algumas partes assim de minha infância. DOC : Por exemplo? 02: Eh, eu adorava esperar meu pai chegar do trabalho, aí o meu pai, “é o que que você quer”, eu dizia, “ah, eu quero picolé”, todo dia de noite era sabe, mas não tenho muito o que falar assim, foi, foi bom a minha infância, gostei. DOC : E as brincadeiras? 02: Eh, eu era mais assim, eu brincava mais com primos meus, assim eu, eu fui criada assim com os meus avós, assim porque era a família tudo junta assim, eu morava com os meus pais, agora tendo a minha avó por perto, então como meus, a maioria dos meus tios morava tudo junto eu brincava muito com os meus primos, e tem uma prima minha que eu adoro mesmo, J... e a gente criou tudo pequenininha assim, foi criado tudo assim junto, eu brincava muito assim com ela sabe, a gente brincava de um bocado de coisas (risos), coisa de criança mesmo. DOC : Lembra de alguma brincadeira assim interessante? 02: Hum, eh, de casinha, ela adorava fazer comida de folha, (risos), de, eh, mato esses negócios assim. DOC : Bonecas?


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Também, bonecas, eh, é muitas, muitas brincadeiras assim sabe? Porque a gente, eu era muito chegada assim aos meus primos. DOC : A rua, o local onde você morava permitia que você ficasse mais livremente? Como era isso? 02: Eu, eu não saía assim, eu ficava assim porque tinha quintal, então eu ficava assim no quintal, ficava dentro de casa, não tinha assim amigos fora, eu brincava com os meus primos, era primos, era amigos, sabe, era uma coisa assim... DOC : E os irmãos? 02: Irmãos, quer dizer, apesar de ser mais velhos do que eu mas eu sempre assim fui mais brincar de, com os meus primos, assim meus amigos eram os meus primos, eu brincava assim, não saía assim pra brincar com colegas, e sim dentro da minha própria casa assim no quintal, porque tinha quintal onde eu morava. DOC : Frutas, animais? Tinha assim nesse quintal? Dava, dava espaço pra isso? 02: Tinha, tinha não, tem. DOC : Tem. 02: Tem araçá, pé de goiaba né, tem bananeira, tem pé de jaca, adorava no pé de, de araçá, minha avó, “desce daí”, eu, “ah”, aí pegava e ficava brincando, mas eh... DOC : Alguma quede? 02: Ah (risos), eu só andava ralada. DOC : Conte aí alguma coisa. 02: Eh, teve uma vez que a minha mãe pegou e disse assim, porque quando, como eu estou lhe dizendo, eu andava muito no quintal, então quintal sempre tem esse negócio de caco de vidro, esses negócios assim, aí minha mãe, “não desce com os pés descalços”, e, e criança você sabe né, eh, anda muito descalço, eu andava muito descalça, aí minha mãe fez assim, “vai calçar o chinelo L..., se você calçar o chinelo você...”, aí eu desci, aí eu tinha, teima, teimava muito, e, e andava descalça direto, aí uma vez eu desci descalça, aí a minha mãe, “você vai furar esse pé”, oxe eu furei com um, um prego enferrujado, rapaz, aí a minha mãe, “e agora?”, eu, “e agora?”, eu, e eu ficava com medo de ela tirar o prego, aí depois a minha tia pegou, colocou o toucinho quente, eu fui no céu e voltei, eu pequena chorava, era muito dengosa, “ai, aí, aí”, e tudo que acontecia comigo eu corria pra perto de meu pai porque meu pai fazia muito dengo, meu pai era mais assim chamego comigo do que a minha mãe, minha mãe era mais... DOC : Mais dura. 02: É, mais dura, aí tudo que acontecia comigo eu ia correndo pra o meu pai. DOC : Mas essa história aí o que foi mesmo que a sua tia colocou em seu pé? 02: Toucinho quente, eh, eu furei... DOC : Pra que? 02: Disse que é ótimo, eh, eu furei o, o pé com prego enferrujado, aí a minha tia pegou, e minha avó, juntou todo mundo colocou toucinho quente, eu sei que foi o maior auê, minha mãe querendo... DOC : Pra facilitar o prego sair é? 02: Não, disse que é bom pra não, eu acho que não, não inflamar. DOC : Não sabia não. 02:


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Não sabia não? Aí eu sei que foi uma agonia danada porque eu ficava com medo de queimar o meu pé, aí eu gritava, gritava, “não meu pé não, meu pé”, todo mundo me agarrando, pra colocar o toucinho quente, mas foi legal não, não... DOC : E brigas com os irmãos? 02: (risos) Eu brigava muito era com a minha prima J..., que eu brincava e terminava brigando, a gente brigava mas depois continuava tudo normal. DOC : Você lembra de alguma briga especial? 02: Deixa eu ver, briga especial. DOC : Ou não tão especial, uma que você lembre. 02: Hum, não lembro assim não, era assim briga besta assim, brigava, “estou de mal, não fale mais comigo, tchau, estou de mal”, e depois voltava a falar, normal. DOC : E com os irmãos? 02: Na minha infância? DOC : Sim. 02: Não, nunca tive problemas. DOC : Briga assim de tapa. 02: Não, eu acho mais fácil eu brigar agora. DOC : Agora você briga mais? 02: Eh, brigar não, eh, eu acho que eu não gosto de ver nada errado, aí eu pego e falo. DOC : É mais discussão. 02: É, mais discussão. DOC : E surra? 02: (risos). DOC : Já tomou alguma? 02: E como (risos). DOC : Por que? 02: Uma vez eu (...inint...), eu estava na casa de uma vizinha aí minha vizinha tinha uma hora, foi logo recente quando eu me mudei pra Plataforma porque eu morava na Terezinha, aí minha mãe pegou... DOC : Onde é? 02: É em Plataforma mesmo, só é, só troca mesmo de, de rua, aí eu peguei, aí me mudei, aí a minha mãe fez assim, aí, quando está em período de, de mudança a gente conhece os vizinhos pronto, começa a pegar amizade, aí a minha mãe fez assim, “é melhor você ficar dentro de casa”, aí eu, “não, é que nada minha mãe, conhecido das meninas”, isso eu estava com os meus tios, (...inint...), aí eu peguei, eu gostava, eu gostava de pegar nas coisas né, aí eu peguei num alicate de uma colega minha, que ela estava fazendo a unha, aí peguei o alicate, ela pegou e fez assim, ela, “pode ficar na mão mas não pode quebrar”, eu, “tá bom, eu não vou quebrar não”, aí pegou o alicate e quebrei, eu acho que eu, dizendo que estava fazendo a unha e quebrei, aí peguei o alicate e guardei, quer dizer, quebrei e guardei como se ninguém ia ver que foi eu, aí a minha colega, “cadê o meu alicate?”, o alicate sumiu, “cadê o meu alicate, cadê o meu alicate”, eu disse, “ah, eu peguei e guardei, eu nem lembro onde foi que eu coloquei”, aí minha colega, “L... cadê o meu alicate?”, eu, “eu deixei ali”, aí quando ela pegou o alicate, o alicate quebrado, ela, “você que estava com o 02:


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alicate na mão”, eu disse, “mas não foi eu que quebrei”, na maior cara de pau, eu, “mas não foi eu que quebrei não”, aí, “tá eu vou falar com a sua mãe”, aí a minha mãe, “oh, L...”, aí lá vai eu pra casa, minha mãe, aí a minha colega fez o maior inferno, aí eu apanhei de cipó de araçá (risos), eu nunca esqueço dessa surra minha, eu sei que, aí eu peguei e apanhei aí... DOC : Dói bastante né? 02: Dói, aí eu dizia assim, eu gritava, “eu não mainha, nas pernas não, nas pernas não, nas pernas não”, aí ela, “e você quer que eu bata aonde?”, eu digo, “eu qualquer lugar menos nas pernas”, porque achava que nas pernas ficava mais as manchas, aí ela pegou, aí me bateu, me bateu, aí eu fiquei com uma raiva dessa minha colega, mas hoje em dia somos assim colegas, nunca teve problema depois desse dia. DOC : Já voltaram a conversar sobre isso depois? 02: Ah, sempre, sempre, sempre a gente fala, e o pior é que a gente se acaba de rir, sempre, sempre, eu acho que a gente nunca coisa esquece, (risos), principalmente eu que apanhei. DOC : Isso você tinha quantos anos? 02: Eu acho que eu tinha uns dez, onze anos mais ou menos. DOC : Agora em relação a ser desobediente em casa, alguma coisa assim, você já foi castigada por causa disso? 02: Não, nunca, nunca, eh, sinceramente não, eu não sou, quando o meu pai chega pra mim e fala assim alguma coisa, “você não pode fazer isso, você não deve fazer isso” sabe, eu tendo sempre seguir o que ele fala, a mesma coisa é minha mãe, eu, eu acho, pelo menos é o que eu acho assim que eu sou, eu nunca fui desobediente não. DOC : Dos filhos, dos seus, seus irmão são todos irmãos, só você, você falou que eram quatro. 02: Quatro, duas mulheres e dois homens. DOC : E com essa outra filha você, como é o seu relacionamento? 02: É, é bom, ou melhor, ótimo sabe. DOC : Ela é mais velha ou mais nova? 02: Mais velha. DOC : Mais velha. 02: Eu não tenho muito assim liberdade assim de conversar assim com ela sabe. DOC : Mas é muito mais velha do que você? 02: Hum, muito não, ela tem vinte e quatro anos, eu nunca tive assim liberdade de conversar assim, sempre pai conversar com ela, não sei porque sabe, mas a gente se dá bem, eu acho que como todo irmão tem a sua implicânciazinha, a gente briga lógico, mas depois volta ao normal, uma que o meu pai nunca gostou de assim na família um irmão ficar de mal com outro, quer dizer fica assim um dia, dois dias e acabou, agora não que fica assim meses, e... DOC : Brigados... 02: Brigados. DOC : Ou até convivendo sem se falar. 02: É, isso não, porque eu conheço uma certa família assim, quer dizer, até colegas minhas mesmo que acontece isso, eu acho um absurdo, imagina o clima como não


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deve ficar em casa, então lá em casa não, briga assim normal, briga mas conti, continua a mesma coisa, eu nunca fiquei... DOC : E, e essas brigas assim tipo na mesa, eh, brigar por causa de comida, ou então não querer almoçar na hora exata. 02: Não, assim na hora exata como assim? DOC : Na hora que a mãe está chamando, não quero, quero depois. 02: Ah, é uma coisa que lá em casa nunca teve isso, eh, todo mundo sentar pra almoçar junto, sabe, eu acho que só acontece isso lá em casa mesmo eu acho que é Semana Santa, só por incrível que pareça, assim porque, eu trabalho, minha irmã trabalha, meu irmão trabalha, eh, eu tenho um irmão paralítico, ele não anda, então minha passa praticamente o dia todo em casa. DOC : Cuidando dele. 02: É, a vida toda cuidando dele, eh, meu pai só anda na rua, não tem horário pra almoçar assim sabe, sempre está comendo alguma coisa, merendando entendeu, não tem isso não, quando um sente fome vai lá e come, “minha mãe eu quero comer”, se não vai lá e bota a comida sabe, não tem isso não. DOC : São mais independentes em relação a esse aspecto né? 02: É, é. DOC : Agora então eu queria, ainda nessa parte de você pequena mas lembrar outra coisa, a questão da escola. 02: Da escola. DOC : Quando, quando você começou a ir pra escola? O que é que você se lembra das primeiras escolas por exemplo? 02: Eu era muito rebelde na escola, quer dizer rebelde assim não, eu era relaxada, minha mãe me matriculou numa escola lá perto mesmo lá em Plataforma, e meu irmão me chamava pra ficar rodando na escola assim, rodando a escola, brincando, se divertindo sem ir pra escola, aí durante o ano eu fiquei fazendo isso né, sem aparecer na escola, assim acho que só ia mesmo pra fazer prova, tirava zero e... DOC : Mas isso quando começou logo? 02: Não, quando começou não, eh.... DOC : Isso foi uma escola depois, um momento depois que você se lembra né? 02: É, eu não... DOC : Está bem, converse sobre isso aí. 02: Sim eu vou começar mais ou menos isso daí, eu não, olhe, deixa eu começar logo do início assim, quando eu era pequena, eu não, não lembro de muita coisa assim, assim de escola, eu lembro assim que eu estudei assim em várias escolas, mas não tenho muita lembrança assim não. DOC : Você gostava de ir pra escola? 02: Eu acho que sim, quer dizer pelo menos quando eu era pequena eu acho que eu gostava, agora eu acho que depois que eu fui crescendo eu fui relaxando, depois chegou ao limite que eu disse não, está na hora de, de estudar mesmo, parar com o relaxamento foi daí que eu, eu fiquei um ano sem ir pra escola, só brincando, só brincando... DOC : Foi nesse período?


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02: Foi. DOC : Que o seu irmão lhe chamou né? 02: Que ficava me chamando, aí eu peguei, eu eh, quando chegava no fim do ano, “sua filha não passou de ano”, “como não passou de ano se ela vem todo o dia pra escola?”, aí a moça, “não mas ela não vem aqui assim todos os dias”, “mas ela sai todo o dia de casa dizendo que vem pra escola”, aí eu brigava, “é minha mãe, eu venho pra escola mesmo, ela está dizendo que é mentira, mas não é não”, aí a minha mãe, “mas não é possível ela mora ne, ne, lá em baixo, como é que não pode, como ela perdeu de ano?”, “mas ela não vem minha senhora”, aí sentava, conversava aí pronto, aí pronto, relaxei, aí depois eu fui, meu pai, isso era um colégio do governo, meu pai depois me colocou em um colégio particular, eu acho que foi a partir de minha terceira série, eu acho que foi mais ou menos a partir de minha terceira série que, eu acho que eu já ficando uma mocinha e fui parando pra pensar, eu disse, “olhe, meu pai está pagando escola pra mim pra eu perder de ano? Não”, aí estudei a minha terceira série num colégio particular, estudei a quarta num do governo, estudei a quinta e a sexta em um particular que era através de bolsa, meu pai tra, nessa época trabalhava, e eu estudei de bolsa, aí depois eu acho que a partir de minha terceira série eu não perdi, a partir não, eu acho não, eu tenho certeza que quando eu comecei a minha terceira série, que eu acho que eu já estava ficando mocinha eu não perdi... DOC : Você ficou, sentiu mais a preocupação né? 02: É, eu não perdi mais de ano, sentei assim pra estudar, comecei a estudar fora do bairro, que eu comecei a estudar na Ribeira, eh, tenho cinco anos que eu estudo na Ribeira, comecei a trabalhar... DOC : É melhor... 02: Eh, estudar assim fora do... DOC : Sim. 02: É, é e ao mesmo tempo não, eh, eu acho que enjoa assim, eu mesmo já estou enjoada, graças a Deus é o meu último ano, mas eu acho que chega um período assim que você enjoa assim de todo o dia pegar o mesmo ônibus, todo o dia ver as mesmas assim, quer dizer pessoas que são os seus colegas. DOC : Mas é uma escola maior né? 02: É, é você tem mais assim amizade, você conhece mais gente, então a partir do momento que eu, eu fui crescendo assim, tomando maturidade eh, comecei a trabalhar, comecei a pagar meu transporte, e vi que era com muito sacrifício, e disse, “ah, não dá pra perder de ano não, não pode”, então pronto, até hoje graças a Deus, o ano passado que eu relaxei um pouquinho, mas graças a Deus desde a minha terceira série eu não perco de ano, fiz sim recuperação que eu acho que é uma coisa normal, tem pessoas que fazem recuperação. DOC : Deixa eu perguntar uma coisa a você, você falou dessa escola particular, e escola do governo, qual a diferença básica de uma pra outra? O que é que você viu? Que a gente sabe que, uma série de coisas são faladas de uma e de outra... 02: Com certeza.


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DOC : Mas você pessoalmente o que é que você percebeu? 02: Eh, sinceramente, há muita diferença principalmente em relação ao ensino, eh, o ensino do particular é bem melhor do que o do governo, em relação assim, teve coisas que eu dei na, ne, ne uma escola particular ne, na quinta série que eu, eu dei na quin, na oitava no do governo, que eu estudei minha quinta num particular e fui pra oitava pra um colégio do governo, então quer dizer, eu acho assim que é, há diferença em relação a ensino, assim é bem melhor, o ensino é mais elevado assim, é melhor. DOC : E o interesse dos professores, você viu assim alguma coisa assim diferente? 02: Eu acho que... DOC : A responsabilidade? 02: É bem melhor, eh, eu acho que eles se dedicam mais assim, eu não sei, eu não sei se é uma discriminação sabe, eu não sei se é uma discriminação... DOC : Você acha que eles se interessam mais, ou são mais bem preparados? O que é que existe realmente? 02: É, como você acabou de falar, eu não sei se é esse, entre ser mais preparado, é uma coisa assim sabe, eu acho que é, é completamente diferente, com certeza, sem sombra de dúvidas, é sim, é mais, é como você disse, é mais preparado mesmo. DOC : Como é que são exigidas as, fardamentos por exemplo em um e outro, exigem isso? Como é que você vê, qual é o perfil de um colégio em relação a outro? 02: Eh, no colégio que eu estudei do governo, assim em relação ao governo e particular. DOC : É, como é esses, os meninos iam, como vão pra escola? 02: No do governo era exigente a farda, quer dizer a camisa sabe, exige, normal, calça e no do governo exige, eu acho que no do governo exigia bem mais em relação a farda, eh, você tem que ir com a farda normal, a calça, a calça poderia ser qualquer cor e sapato fechado, eu acho que já exigia mais o do governo, pelo menos o Costa e Silva onde eu estudo, no Heloísa já é do governo também, o colégio que eu estudei, não exigia tanto, eu não sei... DOC : E no particular? 02: O do particular exigia assim a farda, exigia completamente farda, o do, é uma, é, eu acho que varia de escola, é com certeza, varia sim de escola, porque eu estudei em dois, quer dizer, da minha terceira série pra cá eu estudei dois, em dois particular, que foi o Carvalho Tenório e o Comendador, entre esses dois permitia com certeza a farda. DOC : Eu falo assim em relação as pessoas quererem fazer moda na escola, o que é que você percebia dos seus colegas, suas colegas? 02: Pelo menos quando eu, eu comecei a estudar assim, eu não reparava muito com esse negócio não, pelo menos na minha... DOC : Vocês ficavam preocupadas com exibição? 02: É, não, não, não ficava preocupada não, eu, pelo menos na minha terceira série a oitava eu não lembro muito. DOC : As mochilas, os livros, como é que eram? 02: Eu, eu gostava muito de andar de mochila né, eu via muitas colegas minhas com mochila, muitas com classificadores, sabe, essas coisas assim. DOC : Exigiam livro? Em que colégio exigiam mais?


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Eh, no, em um que eu estudei, em um particular, foi no Comendador, exigiam todos os livros, exigia muito, e meu pai foi obrigado a comprar todos né, era com sacrifício mas exigia mesmo. DOC : Então a escola pública ela não exige livros? 02: Não exige, tanto que não exige pelo menos no segundo grau não dá livro, e já ginásio eles dão o livro né, eles dão o livro e quando chega no final eles tomam. DOC : Ah, é fornecido o livro? 02: É, é fornecido o livro. DOC : E agora vocês estudam como, no segundo grau vocês como é que estuda se não tem livro? 02: No segundo grau você tem que se virar, eh, fazer o possível pra procurar livro, pra achar, pra ir pra biblioteca, não tem livro, eles não dão livro, quer dizer, pelo menos tem biblioteca, se você quiser pesquisar, agora quem não tiver tempo de ir pra biblioteca tem que ver, achar qualquer livro. DOC : E como, e como são as aulas? Os professores dão apostilas? Como é que é a aula em si, o material que eles passam pro aluno? Como é que é feito isso? 02: É, você quer dizer assim agora que eu estou estudando. DOC : Agora sim. 02: Eles passam muitas apostilas, apostilas, teve professores que tão passando livros... DOC : É dada, a apostila é dada ou comprada? 02: Não, a gente tem que comprar. DOC : Comprar. 02: Eh, inclusive a minha apostila de história pra estudar pra (...inint...) foi seis reais. DOC : Fica mais caro do que comprar livro. 02: Comprar livro, e, tem professores que passa livro, como meu professor mesmo de história ele passou livro e passou apostila. É, varia, depende mesmo, tem muitos professores, eu acho que a maioria passa apostila, digamos assim, a maioria passa apostila. DOC : Ainda dentro dessa questão da escola, você se lembra de alguma situação em que você tenha sido injustiçada? Alguma coisa que você não fez o professor achou que você fez, ou resultado de prova... 02: Não, não, eu, eu, eu tive um probleminha o ano passado assim, mas eu acho que não chega a ser isso, é que eu perdi em matemática então eu tinha, realmente eu perdi porque eu relaxei, assumo, sabe, que eu relaxei mesmo e perdi e pronto, aí marcou a data da recuperação, eu tinha estudado assim um absurdo mesmo pra passar, e saí da sala assim feliz da vida, que eu tinha, eu tinha certeza que eu tinha conseguido fazer a prova boa, a recuperação, e depois eh, eu recebo o resultado que eu tinha perdido, então eu, era o meu direito eu procurar, eh, fazer revisão de prova, que eu tenho o meu direito, e não tive tempo de ir procurar os meus direitos, e perdi, então eu quero dizer que, eu não sei se foi exatamente isso mas eu fiquei muito chateada sinceramente pelo o que aconteceu, porque eu saí assim da sala radiante. DOC : Confiante. 02: É, “professor, até paro ano eu espero que você seja o meu professor, e que não sei o que”, brincando com ele, ele, “é, parabéns”, mas depois eu recebi assim e fiquei 02:


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arrasada, não sei, eu sempre me dei de bem assim com professores sabe, nunca tive implicância nenhuma com professor, nunca tive problema algum, sempre fui uma, eh, digo assim boa aluna assim porque estive sempre comportamento bom na escola, nunca fui uma menina rebelde na escola não, brinco, tenho as minhas amizades, mas nunca tive problema com professor, quer dizer em relação ao ano passado até agora nada mas esse ano até que está tendo alguns probleminhas lá, não só comigo mas com a sala inteira com o professor... DOC : Em que disciplina? 02: Física, o professor, ele, eu não sei quais as intenções dele, mas ele pretende prejudicar não só um como a sala inteira, eu acho que é chato né mas... DOC : Agora aí você disse que depois que perdeu você teve os estudos... 02: Aí eu fiz o curso de férias. DOC : O curso de férias, aí foi tudo bem. 02: Fiz, aí fiz tudo bem, engraçado que teve pessoas que falou assim, “olhe, curso de férias é passa burro, passa burro, porque você foi, você estudou o ano todo e você não aprendeu nada, quando chega no curso de férias você aprende”, não é bem assim não sabe porque? Porque a gente só deve ter certeza de uma coisa quando a gente faz mesmo. DOC : Lógico. 02: E eu pensava que era assim, eu, meu Deus eh, “pronto que eu vou passar completamente arrastada assim olhe”, eu digo não, eu vou, vou fazer, eu poderia ter feito o que, ah perdi de ano, amanhã, paro ano recupera, eu disse não, eu vou tentar, aí tentei o curso de férias, não é bem assim como as pessoas falam assim, que é você passar arrastada, que você não aprendeu em um, em um ano e você aprender em um mês, negativo, eu, eu aprendi... DOC : Você acha que teve oportunidade pra rever... 02: Com certeza, aprendi, relaxei, quer dizer, os assuntos realmente que eu não aprendi na, na sala de aula com ele porque eu relaxei, eu aprendi no curso de férias, e se ele me desse uma prova assim oh, eu fazia todinha, assim em relação as pessoas dizendo, “ah, você não aprendeu durante o ano, pior agora no curso de férias, em um mês você vai aprender”, negativo, você tendo força de vontade, você tendo boa vontade assim, você aprende sim, e eu aprendi, aprendi, não foi assim como todo mundo falou que era passar, eh, passa burro, não, aprendi, aprendi outras coisas também, não só o assunto que ele deu que eu perdi, como outros assuntos também que eu tinha dado ne quinta série, e foi bom, não tenho vergonha de dizer que passei pelo curso de férias, eh, que teve pessoas que falam, “ah, você passou pelo curso de férias, arrastadona”, eu digo, “arrasta, passei arrastada mas passei, e ainda sabendo as coisas”, não, não abro a boca pra dizer assim, “eu passei e não sei nada”, passei e aprendi. DOC : Quer dizer que ajudou você a refletir um pouco mais né? 02: Ah, com certeza, com certeza. DOC : E até orientar outra pessoa que precise passar um curso desse. 02: Ah, com certeza, a minha irmã mesmo perdeu o ano passado, e perdeu não fez o curso de férias, aí quando foi esse ano eu passei, aí ela fez assim, “aí meu Deus”, ela


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se arrependeu, ela, “olhe, está vendo, era pra eu ter feito”, eu digo, “não, você querendo, você tendo força de vontade, estudando...”, agora que é um castigo é, você passar o dia todo na escola é, mas... DOC : Por isso que valeu também né? 02: Valeu com certeza, com certeza, valeu mesmo. DOC : Mas ainda nessa questão de escola, relacionamento entre meninos e meninas, como é que são essas coisas lá? Vocês se dão bem? Os colegas, entre vocês colegas, rapazes e moças, como é que vocês se relacionam? 02: Eu pelo menos, eh, na minha sala eu me dou bem com todo mundo, assim com outras pessoas de salas também eu me dou com todo mundo sabe assim, com as pessoas que eu falo, eu não falo com todo mundo porque são muita gente mas... DOC : Quantos são? 02: Quantas pessoas são na escola? Ah... DOC : Na sala. 02: Na sala é, tem cinqüenta, acho que é cinqüenta e quatro alunos, alguma coisa assim, cinqüenta e alguma coisa... DOC : Tem cadeira pra todo mundo? 02: Eh, tem, tem, e, eu acho que, pelo menos é o que eu sei dizer assim sobre a minha pessoa assim, meu relacionamento assim com as pessoas, e o que eu vejo assim em relação a, a minha escola, homens e mulheres assim eu acho que é normal, não tem nada de mais não. DOC : Sobre essa questão de violência que hoje se coloca tanto na, nas escolas, como é lá? É tudo calmo? Tem algum problema de violência? 02: Lá teve um problema gravíssimo o ano passado contra esse professor de física, eh, teve um, um aluno que agrediu ele, ele deu queixa e ele disse que o processo está rolando, que não vai ficar por isso, que ele ensinava de noite, que ele gostava, que não ia ficar com medo e que não ia parar de ensinar sabe, em relação a violência é um pouco assim... DOC : Brigas? 02: Não é violento lá pelo menos eu nunca vi briga, eu já vi esse problema, já teve esse problema que foi o ano passado, mas briga lá eu nunca vi não, sinceramente eu nunca vi. DOC : A escola é bem cuidada ou chegam a destruir alguma coisa assim da escola? 02: Ah lógico, eu acho que em toda escola tem um capetinha, tem muitos que picham a sala, tem muitos que brincando, brincando vai destruindo assim sabe? DOC : Os professores comentam essas coisas? 02: Comentam, quer dizer ele comentam assim conversando com a gente sabe, de uma forma assim que eles sintam o que ele está fazendo assim, que ele está vendo que é pro bem deles assim, se tem uma cadeira aqui porque ele vai destruir se é pra eles próprios sabe, eh... DOC : Tentam conscientizar... 02: É, mas não tem problema nenhum não, pelo menos eu não tenho com ninguém. DOC : Faltou energia? 02: Não eu acho que apagou a luz.


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DOC : Está tudo bem, então a gente continua. 02: Hum, hum. DOC : Eh, mas nessa parte de, a escola, e falava desse comportamento, essas coisas atuais, tem alguma disciplina que você goste mais e por isso você se saia melhor, e outras que você não goste tanto. O que é que você me diz dessa área? 02: (risos) Eu, eu gosto de matemática, não sou ótima em matemática mas eu gosto de matemática, eu tenho uma certa implicânciazinha com história assim do ano passado pra cá, é implicância assim boba. DOC : Acha chata? 02: Não é chato porque se você, se a gente parar pra pensar a gente vai ver que história é história, são coisas da vida que a gente hoje está aqui e amanhã pode ser uma história sabe? É história mesmo, é vida cotidiana, e, mas eu tenho uma certa assim, dificuldade em história, não sei porque né, porque é uma matéria assim digamos decorativa, que se você sentar pra ler e você estudar eu acho que você aprende mas desde o ano passado que eu tenho uma certa implicância com história, mas não tenho nada contra não. DOC : Mas será que não é pelo fato de cobrarem só mais essa parte decorativa? Se fosse mais discutida, se fosse mais comentada será que não seria melhor? O que é que você acha? Já parou pra pensar sobre isso? 02: Sinceramente não, eu não sei. DOC : Então está bom, agora você, a escola, e cresceu, está crescendo que você é muito novinha, eh, essa questão de orientação em casa sobre estudos e namoros por exemplo também, o que é que seus pais tem feito nisso aí, reclamam dos estudos por causa de namoro, não reclamam, ou isso não atrapalha? 02: Ah o ano passado quando eu perdi que eu fui pro curso de férias meu pai fez assim justamente como eu lhe falei anteriormente, que desde a minha terceira série que eu não perco de ano, e realmente nunca perdi, já fiz recuperação, como eu perdi de ano e eu comecei a namorar na porta o ano passado, meu pai fez assim, “eu não sei o que aconteceu com L..., eu tenho pra mim que é por causa de namorado”, aí eu peguei e falei, sentei e conversei com ele, porque eu acho que quando você tem uma dúvida principalmente em casa eu acho que não tem nada melhor do que você sentar e conversar, porque se você não sentar e conversar e tentar dialogar assim com seus pais você não vai tirar as dúvidas, e nem vai tirar as dúvidas que ele tem, aí ele pensou que eu tinha perdido do ano porque de namorado, aí eu peguei e sentei, “não, eu vou assumir o que aconteceu, simplesmente eu relaxei, brinquei demais na escola, e assumo não foi por causa de namorado”, aí acho que ele sabe, como a gente conversava muito eu acho que ele acreditou em mim e não foi, eu acho que eu nunca misturei namoro com escola, se eu estou no trabalho eu estou no trabalho, se eu estou na escola, estou na escola, se eu estou namorando eu estou namorando e acabou, nunca juntei nada assim que essas frescuras não, eu acho que eu, eu sei separar. DOC : E, mas essas discussão sobre, orientar comportamento, você tem conversa com os seus pais sobre isso? Mais com o seu pai ou mais com a sua mãe, ou com a sua irmã? 02: Assim em orientar em relação a ...


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A comportamento seus fora de casa, eh, em relacionamentos com namorados né. Ah, meu pai fala, ele senta e conversa sim, fala dos meus... Alerta pra os perigos, cuidados. Ah, com certeza, eu, eu fui pra ilha né em carnaval e meu pai... Com namorado. É, com namorado, então ele, não e o pior é que eu nunca dormi fora, piorou com o meu namorado, aí o meu namorado fez assim, “L... você, vumbora pra ilha”, eu peguei e falei assim, “quem vai?”, primeira coisa, ele, “ah, vai eu e uns colegas”, eu digo olhe, “nem vem que o meu pai não vai deixar, principalmente se você dizer que só vai eu, você e seus colegas”, aí ele pegou depois e sentou e conversou comigo, “não, vai eu, os colegas, uma senhora que é a dona da casa”, eu, “aí já muda”, aí ele pegou, eu, eu, “e pra pedir ao meu pai?”, aí fiquei com medo porque eu, eu nunca pedi ao meu pai pra sair principalmente pra dormir fora né, aí ele, “ah você fala”, eu digo, “não você fala”, aí terminou a gente pegou e sentou e conversou com o meu pai né, e pediu... DOC : E ele deixou? 02: Aí o meu pai pegou, primeiro lugar, “com quem vocês vão?”, a gente pegou e sentou, conversou com ele, ele pegou e deixou, ele deixou eu ir, agora antes de eu ir eu ouvi muita coisa, principalmente conselhos, sabe, que eu me comportasse bem, que eu não bebesse em primeiro lugar, se eu, eu bebo agora que eu controlasse sabe, e conselho de pai, mãe e pai... DOC : Você achou, você achou isso acho? 02: Negativo. DOC : Como é que você viu isso? 02: Ah, adorei, é lógico que um pai e a mãe só dá conselho pro bem né, então eu prestei atenção, ouvi, analisei e vi que ele estava falando pro meu bem, e ele deixou eu ir, no dia certo eu cheguei em casa, pronto e eu acho que isso vai também na confiança em meu pai, mas minha mãe... DOC : Já ganhou confiança pra uma outra saída né? 02: Com certeza, eh, é o tipo da coisa assim que meu pai e minha mãe me dá muita confiança, eu tenho muito medo de decepcionar eles, espero não decepcioná-los. DOC : O que é que você acha, mais adiante quando você tiver os seus filhos, o que é que você acha que você deve fazer? 02: Eu acho que aconselhar da mesma forma, da mesma forma que eu escuto o meu pai me dar conselho. DOC : Alguma coisa você faria diferente? 02: Eu acho que, eu não sei, eu não sei sabe, quem sabe daqui pra em diante mas, não, meu pai é liberal assim até um certo ponto, “você vai pra onde, com quem, volta quando, volta que horas?”, sabe? DOC : Você acha que é liberal com alguns limites né? 02: Exatamente, eh, é o tipo da coisa assim, eu não tenho nada do que me queixar dos meus pais não. DOC : Conversando assim com alguma colega você, vocês sentem diferença de tratamento de uma, de pais de uma casa pra pais de outra casa?


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Com certeza, assim, como tem muitos colegas assim que acha assim, “ah, seu pai é cafona, não deixou você sair, não deixa, você fica presa, foi por isso que tem muitos que quando sai faz besteira”. DOC : Hum, hum. 02: Existe sim, eu conheço assim colegas minhas que são muito presas... DOC : E quando sai faz besteira. 02: E quando sai faz besteira, e é uma coisa assim que, “meu pai vou pra tal lugar, volto tal hora”, assim, eu acho que é uma confiança assim sabe, eu tenho muita, ele me dá muita confiança. DOC : É bom né? 02: É ótimo, sinceramente é muito bom, eh, você dar e receber confiança, muito bom. DOC : Então você está satisfeita com os seus pais. 02: Ah, não tenho do que me queixar. DOC : Quais são seus planos assim pra o futuro? 02: Primeiro lugar me formar, primeiro lugar, segundo eu, eu não sei o que é, mas eu penso logo em ter a minha casa, assim sabe, é, eu acho que eu, quando eu... DOC : Dá uma tranqüilidade né? 02: É, quando eu começar assim a trabalhar assim num lugar assim certo como eu presto serviço aqui, eu estagio aqui, assim num lugar fixo, é começar assim e fazer a minha casa e... DOC : Você acha que esse seu namorado de agora é o que vai casar? 02: Infelizmente não porque a gente terminou. DOC : Não, ah perdão. Então foi apenas um somatório... 02: É. DOC : Ele vai servir pra acrescentar aí na sua, na sua vida. 02: É, com certeza e eh, foi mais uma experiência em minha vida assim, porque eu nunca namorei com ninguém na porta, ele foi o meu primeiro namorado, foi bom, gostei assim, apesar de ficar um ano, fiquei um ano e um mês e uma semana... DOC : Já é um tempinho. 02: Ë, já é um tempinho, e.... DOC : É esperar... 02: Porque terminou... DOC : Esperar agora e ver o que acontece de novo né? Está certo. 02:


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