AULAS DE CURSO MÉDIO E SUPERIOR / Ric08a

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Corpus Internacional da Língua Portuguesa 1. Modalidade: Língua falada 2. Tipo de texto: Aulas de curso médio e superior. Código: CILP2BCW530 3. Assunto: Revolução Francesa 4. Autor: Anônimo 5. Qualificação do autor: Mulher/Professora Universitária/Carioca 6. Data do documento: 1970-1974 7. Local de origem do documento / Dados de imprenta: Rio de Janeiro-Brasil 8. Local de depósito do documento: Arquivo Privado: Projeto Norma Urbana Culta (NURC) – Universidade Federal do Rio de Janeiro 9. Editor do documento: Urbana Culta (NURC).

CALLOU, Dinah (coord.). Projeto Norma

10. Data de inserção no CILP: novembro de 2005 11. Número de palavras: 740


Inf.: nós vimos aqui ah:... o pro/ o:... o novo ponto do nosso programa... eu comecei aqui... Revolução Francesa... e dando a Revolução Francesa... eu indiquei a vocês uma bibliografia... BÁSICA... a bibliografia BÁSICA... sobre a Revolução Francesa... que nós vimos... eu botei... primeiro... o livro do Burnes... todo mundo conhece... o livro do Burnes... "Revolução... Francesa"... está muito interessante o modo como o Burnes coloca a Revolução... vocês já estudaram... já viram pelo Burnes... a Revolução Industrial... que foi assunto da prova... agora nós entramos na outra aula... na Revolução Francesa... o Burnes... se não me engano... é o capítulo... vinte e dois... vinte e três é a Revolução Industrial... nós voltamos atrás... é o capítulo vinte e dois... "Revolução... Francesa de mil setecentos e oitenta e nove"... além do Burnes... que é o livro... de textos de vocês... básico... nós temos... outras obras... que o aluno... que vai estudar a Revolução Francesa... não pode deixar de lado... é... o livro do Sobul... "Revolução Frencesa"... Sobul... era professor da Sourbonne... é quem nos dá... uma colocação... mais moderna... mais atual da Revolução Francesa... além de Sobul... vocês têm também... sobre Revolução Frencesa... a obra de... Alberto Mathiers... Mathiers... ((ruído))... Mathiers... Alberto sobul... e Alberto Mathiers... sobre a Revolução Frencesa... ah:... do Sobul... eu pediria a vocês que comprassem... é barato... "Revolução Francesa"... Sobul... professor da Sourbonne... vocês leiam... a orelha do livro... que está excelente... e... é da Coleção Saber Atual... e é da Difel... em qualquer livraria vocês encontram... nós vimos aqui... na outra aula eu perguntei a vocês... vimos aqui... as CAUSAS da Revolução Francesa... naturalmente... sabemos que a Revolução Frencesa (é muito) grande... há um complexo de causas que nós estudamos aqui... vimos as causas... políticas... econômicas... sociais e intelectuais da Revolução... naturalmente... ninguém... pode... naturalmente... ninguém pode separar essas causas... nós vimos que as causas políticas... econômicas... e sociais... elas estão pro-fun-da-men-te... entrelaçadas... você não pode separar uma causa da outra... a causa política... por exemplo... quando você vê uma das causas apontadas para a Revolução... causa política... você pode... colocar... a política despótica dos Bourbon... da casa reinante... da França... mas você não pode... separar... essa causa política... das causas sociais e das causas econômicas... nós vimos que tudo isso se entrelaça... nós vamos ver hoje... aqui... quem já falou... já viu alguma coisa sobre o Sobul... nós vamos ver... o que a Revolução Francesa... o que a caracteriza... FALA GILDA... que que você... que que caracteriza a Revolução? nós falávamos na outra aula sobre isso... Gilda... então... aí... vamos lá... AL: não estava na outra aula... Inf.: não estava? ( ) mas você já viu alguma coisa e pode dizer o que que caracteriza a Revolução Francesa? ... ((vozes)) quem substitui? Grasiela... também faltou à outra aula... quem disse... aqui? Gelson... AL: estava... Inf.: que que caracteriza a Revolução Francesa? AL: eles fizeram a Assembléia Nacional...


Inf.: eles fizeram a Assembléia Nacional... mas isso não é a característica... uma revolução... que é uma revolução? AL: ( ) Inf.: ah... muito bem... AL: ( ) Inf.: muito bem... AL: ( ) Inf.: muito bem... olha o Michel tá ficando... tá ficando um "expert" em História... começou... no princípio foi ótimo... não ter ido muito bem na primeira prova... não foi? foi ótimo foi ótimo porque ele se interessou de tal maneira... que agora dá aula... nós vimos que ela assinala... como disse o colega aí... a elevação da sociedade burguesa... e capitalista... à História da França... ou melhor... ah:... assinala a subida... ao poder... da sociedade burguesa... e capitalista... ora... pode-se já ver nisso... o que é uma revolução... uma revolução significa o que? uma mudança... de classe... em assumindo o poder... você vê por exemplo... a Revolução Francesa... o que que ela significa? nós vimos... você tem uma classe que sobe... e outra classe que desce... não é isso? a burguesia cresceu...ela ti/ a burguesia possuía... o poder... econômico... mas ela não tem prestígio social... nem poder político... então... através desse poder econômico da burguesia... que controlava o comércio... que tinha nas mãos... a economia da França... tava nas mãos da classe burguesa... que crescera... desde o século quinze... com a Revolução Comercial... nós temos o crescimento da burguesia... essa burguesia quer... quer... o poder... ela quer o poder político... e o prestígio social... ela quer entrar em Versalhes... então nós vamos ver que através... de uma Revolução... ela vai... de forma violenta... ela vai conseguir o poder... isso é uma revolução porque significa a ascensão de uma classe e a queda de outra... mas qual é a classe que cai? é a aristocracia... tanto que... o Rei teve a cabeça cortada... não é isso? caiu... o poder das classes privilegiadas e uma nova classe subiu ao poder... você diz... por exemplo... que a Revolução RUSSA de dezessete... é uma verdadeira revolução... por que? porque significa... a ascensão duma classe nova... que tem o poder... ou melhor... que assume o poder... o proletariado... e a queda... das outras classes... não é isso? o poder decisório... o poder de dirigir... vai caber a essa classe que emerge... e as outras classes decrescem... PERdem o poder... é a mudança do poder... uma classe que sobe e a outra que cai... isso é que é o que mostra... o que é uma revolução... a Revolução Burguesa então... como nós vimos... nesse ( ) aqui... ela assinala... a subida ao poder da cla/ da burguesia... essa burguesia que se enriqueceu com o comércio... e queria O QUE... essa burguesia? o abandono da política mercantilista... essa burguesia capitalista... liberal... ela quer o que? o abandono da política mercantilista... essa política mercantilista... que fortaleCERA... o Estado forte absolutista... o Rei e o burguês... que formavam um binômio... que você não separava... um se apoiando no outro... agora... nós vemos o seguinte... que essa burguesia... ela não precisa mais da realeza... ela cresceu... nós vimos... em número... em força... ela tem o comércio nas mãos... ela controla as finanças... ela tem o poder... agora... ela não tem o pre/ ela não tem... o prestígio social e o poder político... que ela quer atingir a esse


poder... e para atingir esse poder o que? ela quer... ela quer o que? o abando:no da política mercantilista... que... fortalecia o Estado absolutista... além disso ela quer também... o que? a liberdade do comércio... dentro da política mercantilista... dentro do governo absolutista... era... essa... -- um momentinho meu filho -- essa política... essa liberdade de comércio era limitada o que? pelas Corporações de Ofício... pelas Manufaturas Reais... que estabeleciam os preços... a burguesia... ela quer o que? o abandono da política mercantilista... ela quer o livre comércio... ela quer o que? a concorrência... ela quer o lucro... são as ca/ as características do sistema capitalista... a liberdade de comerciar... o lucro e a iniciativa privada... ela não quer mais que o governo... que o estado mercantilista... controle... os preços... as Corporações de Ofício... e ela vai conseguir isso... o que? através de uma revolução... é preciso que fique claro o seguinte... a situação da França... às vésperas da Revolução... não era uma situação de miséria... não era uma situação de fome... a Revolução... Francesa de mil oitocentos e oitenta e nove não é uma revolução do POvo... de forma nenhuma... não é o povo... é a burguesia... hoje... os historiadores ligados à economia... como Labruce... eles mostram que... o que fez a Revolução... foi muito menos a miséria... do que o preço dos tri/ o preço do trigo... não é isso... era a subida dos preços... se você analisar... a situação do camponês francês... às vésperas da revolução... você vê que esse camponês... francês... ele tinha uma situação... relativamente boa... quando eu digo... boa... era de forma relativa... se você comparar... com os outros camponeses do continente... não em relação à Inglaterra.... porque na... em relação à Inglaterra... nós vimos que o nível de vida era mais alto... uma vez que a renda... nós vimos na Revolução Industrial... estava mais uniformemente dividida... na Inglaterra do que na França... a França... vocês viram... ela teve TOdas as condições pra Revolução Industrial eclodir nela por uma série de razões... fala... Gelson... AL: ( ) Inf.: com a liberdade... AL: de comércio... Inf.: a liberdade de comércio... porque a ca/ a Inglaterra muito cedo adotou medidas PROtecionistas no comércio... nós vimos que há uma tese... em relação à Revolução Industrial dizendo que... foram capita:is acumula:dos pelo comércio exTERNO... que possibilitaram a eclosão da Revolução Industrial na Inglaterra... não é isso? agora... nós vemos então... o seguinte... que essa revolução... então... que assinalou... a elevação da sociedade burguesa capitalista liberal... ao poder e que deu acesso à burguesia... ela... se caracteriza também... porque no momento que essa burguesia sobe... ascende... ela vai o que? destruir... ela vai aniquilar... ela vai apagar... aquelas reminiscências feudais... e nós vemos... que... no momento que essa burguesia... sobe... ao poder... toda a Europa... sentiu... as cabeças coroadas da Europa toda... os outros monarcas absolutos da Europa... sentiram... que tinha soado sua hora... que uma força nova se levantava... e que o poder absoluto... dos reis estava em perigo... nós vimos aqui... quando vimos as fases da Revolução... nós vimos que a primeira fase da Revolução... foi a fase da Assembléia Nacional... reunida na França... vai elaborar... a primeira constituição do mundo... do mundo moder/ constituição... no sentido


moderno da palavra... limitando o poder absoluto... dos governantes... por meio... da vontade expressa pelo povo... não é isso? pelos representantes dessa burguesia... nós vimos... então... que esse exemplo... é seguido de pronto... por todos os outros países... você vê... na Espanha... nós vamos ter a limitação do governo absoluto de Fernando sétimo por uma carta constitucional... em Portugal... vocês lembram... temos a Revolução Constitucionalista de mil oitocentos e vinte... na América Latina... todos os países se tornando independentes... da América latina... quando os vice-reinos espanhóis se desagregaram... todos eles vão entrar o que? num regime constitucional... não é isso? as constituições... limitando o poder... dos governantes... certo? mas... a primeira Constituição Francesa... que surge nessa fase... nós vemos que ela é elaborada pelos representantes da burguesia... mas a segunda fase da Revolução... vocês viram... foi a fase da Convenção... essa fase foi uma fase inteiramente... diferente da primeira... nós vimos que ela... é diferente por que? nós vimos isso na outra aula... fala Feliciana... AL: ( ) Inf.: por que... Feliciana? AL: eu estou chegando agora... Inf.: está chegando agora? quem é que me diz... quem é capaz de caracterizar a fase da Convenção? ((vozes)) AL: ascensão da burguesia tentando evitar... Inf.: ascensão da burguesia na Convenção? AL:(...) tentando... tentando evitar o movimento proletário? Inf.: ao contrário... ao contrário... a fase da Convenção o que foi? a primeira fase... é a fase... uma fase moderada... em que o poder é limitado... o Rei continua... Luis dezesseis continua como Rei... mas não é mais o soberano absolutista... isso vocês vejam o imPACto que isso causou na Europa... um soberano tendo o seu poder limitado... a Europa toda se liga... contra a França... a Rainha... Maria Antonieta... era austríaca... nós vemos que... Locutor acidental: Roberta... Inf.: pois não... o que é? Roberto? Loc. ac.: ROBERTA... Inf.: Roberta... é aqui da sala? o colega está perguntando... Loc. ac.: obrigado... Inf.: nós vemos... então... o seguinte... que... a Europa toda se coliga contra a França... quer dizer... colocaram... destruíram essa força nova que surgiu... não conseguem... mas dentro da França... começa a haver antagonismo... porque no fim... nós vimos... de quase três anos de Revolução... em que a burguesia assume o poder e está... com as


rédeas do governo na mão... no fim de quase três anos de governo... o povo francês... principalmente o proletado... plo/ o proletariado de Paris... o homem da cidade... ele viu que a sua situação não tinha melhorado em coisa nenhuma... pelo contrário... tinha até piorado... os preços subiram... o contrabando... a inflação... e ele viu que não decidia coisa nenhuma... ele chega à conclusão... que ele tinha mudado de senhor... do Rei tinha passado pra esse outro grupo... então essa segunda fase... foi a fase mais violenta e mais radical da Revolução... é a época em que... liderado... liderados por Danton... por Marah... por Robespierre... nós vamos ver que o proletariado de Paris assume o poder... é a época em que o Rei vai preso... quando tentava fugir... é julgado... é decapitado... é a época radical... que é a época chamada "época do terror"... é a época duma verdadeira revolução... em que o proletariado de Paris... assume o poder e quer tomar medidas em seu benefício... Diante dessa atitude... dessa tomada do poder pelo proletariado... a burguesia se assusta... a burguesia não queria isso... ela não queria que o proletariado emergisse... porque ela... assim... naturalmente ela caía... nós vamos ver... então... que as forças burguesas se coordenam... e conseguem... destruir... colocar de lado... por abaixo... a força desse proletariado que ascendera... com Marah... com Danton... com Robespierre... promovendo mesmo a discórdia entre os dirigentes... as cabeças desses líderes rolaram... uma após outra e nós temos... então... em noventa e cinco... a fase da Revolução que é a fase do Diretório... esta fase é em que... novamente... a burguesia toma as rédias do poder e a França... passa a ser governada por um Diretório de quatro... de cinco líderes... este Diretório vai... então... rever... vai se precaver... revendo... a Constituição... elaborando uma NOVA Constituição... essa Constituição estabelece... então... ela vai tomar medidas para que na/ não haja uma avanço... dessas classe que poderiam prejudicá-la... e nós vemos... então... que é estabelecido o que? a Constituição estabelece o direito do voto... o "sufrágio universal"... mas agora... este direito... de votar... va/ todos têm direito a votar... todos os cidadãos são iguais perante a lei... não é isso? o direito de VOTO... era... pertencia a todo cidadão... mas... agora... nessas terceira fase... só vão poder ter o direito a votar... só vai ter dieito a votar... os indivíduos que tivessem uma determinada renda... isso vai mostrar o que? que o poder vai ficar nas mãos do que? da burguesia... o poder deciSÓRIO...cabe àquele que tem uma determinada renda... então... as classe privilegiadas não teriam nunca o poder decisório... estabelece... também nessa fase... que a propriedade é sagrada... inviolável... quer dizer... estabelece o... as garantias... os direitos... da burguesia... os direitos do cidadão são limitados agora pelos deveres do cidadão... nós vimos que essa fase foi uma fase difícil... da história da Revolução... foi uma fase... em que a França... teve que sustentar as guerras externas... teve que... enfrentar conflitos... antagonismos internos... e também... nós vamos ver... foi marcado de grande corrupção... uma fase da grande desvalorização da moeda... os ( ) perderam inteiramente o valor... uma gran/ época de contrabando... de falcra/ falcatruas... uma época extremamente difícil... nós vemos então... que essa própria burguesia que ascendera... ela sente que está em perigo... e... no momento que a burguesia se sente em perigo... -- vou mudar agora a questão -- no momento que essa burguesia se sente em perigo... ela vai se voltar ... para o exército... o exército... tinha grande prestígio... que estava vencendo as guerras no exterior... que vai se voltar... então para o... vai procurar dar o poder... ao homem de prestígio... que iria consolidar as vitórias da Revolução Francesa... esse homem de prestígio... que vai consolidar... a Revolução Francesa... nós podemos dizer que ele foi o "consolidador da Revo/ da Revolução"... é Napoleão... Bonaparte... que já tivera grandes vitórias fora da


França... no Egito... na Itália... um homem... de uma visão extraordinária... de GRANde prestígio militar e:... grande prestígio dentro da França... e o próprio Diretório... colabora... para que ele assumisse o poder... membros do Diretório mesmo... vão procurar dar o poder a ele... e nós vemos que... em mil setecentos e noventa e nove... dezoito brumário... brumário porque a Revolução Francesa mudou... o nome dos meses do ano... brumário é o mês de novembro... mês das brumas... do inverno que tá chegando... nós vemos... então... que pelo dezoito brumário... cai o Diretório e Napoleão Bonaparte assume o poder... instituindo o Consulado... Napoleão... ele é o verdadei/ é o "consolidador da Revolução"... ele vai manter as conquistas da Revolução... como um representante... das forças burguesas que assumira/ que assumiram o poder... o poder na França... ora... nós vemos... então... que vamos ter agora... de mil setecentos e noventa e nove... o penúltimo ano do século... até a queda de Napoleão... em Waterloo... nós vamos ter... a chamada "era napoleônica"... na França... o que que caracteriza este período... napoleônico na França... é o que nós vamos ver... e quais foram ... vamos ligar ... os resultados da política napoleônica e... naturalmente... da política comercial inglesa ao Brasil... eu disse aqui... já numa das nossas primeiras aulas... que nós não somos produtores de História... que nós somos consultores da História... nós não podemos fazer uma História do Brasil... independente da História Geral... a França... teve um grande crescimento... com Napoleão Bonaparte... aliás... vamos ver um pouquinho... quem já ouviu falar e sabe alguma coisa de Napoleão? fala Bragança... que que você sabe de Napoleão? AL: ué, um general... Inf.: general... claro... imperador... AL: imperador... saiu de baixo... veio de baixo... Inf.: quem mais diga... AL: se coroou... Inf.: se coroou... ele mesmo se coroou... AL: (...) só na guerra... AL: ganhou conflitos... Inf.: ganhou guerras e per/ perdeu a guerra a guerra sem querer... ah... e aí... quem mais? ((vozes)) quem mais diz alguma coisa de Napoleão? AL: ele se apoderou do governo da França... Inf.: se apoderou do governo da França... Napoleão é um dos personagens da História... que tem uma bibliografia enorme sobre ele... nunca se tem falado tanto bem e tanto mal de napoleão... quem... já viveu na França... algum tempo... vê que o francês... ele tem... assim... uma verdadeira idolatria por Napoleão... e eu... estive na França algum tempo...


e... minha irmã tava na França... e tinha uma sobrinha pequenininha de três anos... que tava na França... ela no jardim de infância... um dia ela chega pra mim... e diz... "tia... você que gosta da França..." -- ( ) nacionalismo... assim... quase radical que veio com Napoleão -- "você que gosta... olha aqui... caixa de fósforo com Napoleão... pra você"... quer dizer... ela já se sentiu imbuída... por aquele espírito... e agora... então... vamos ver quem era Napoleão Bonaparte... naturalmente... os biógrafos de Napoleão e os críticos dizem... que ele não teria passado de um brilhante oficial do exército francês... um briLHANte oficial do exército... se... não fosse a Revolução Francesa... a Revolução é que deu... oportunidade... a Napoleão de... de crescer e se tornar Napoleão... claro... a Revolução deu a oportunidade a ele de ascender... se não tivesse havido Revolução... ele jamais... teria chegado ao... poder de dirigir... a França... mas ( ) Napoleão... ele não era... vamos dizer assim... francês... praticamente... ele nasceu na...? onde é? Napoleão nasceu aonde? AL: na Córsega? Inf.: na Córsega... e a Córsega tinha pertencido... até poucos anos antes da... do nascimento de Napoleão... à Itália... a Itália vendeu a ilha de Córsega à ::... França... Napoleão era corso... e... durante o início... da sua vida... quando ele entrou... rapazinho... se não me engano de quatorze ou quinze anos... pra Escola Militar de Zurieri... a grande... o grande sonho de Napoleão era libertar a Córsega da França... ele pertencia a uma pequena burguesia... muitos irmãos... tanto que no... Napoleão nunca falou bem o francês... cometia mesmo muito erro... muitos erros de grafia... eu visitei em sessenta e nove... na França... a exposição... do "Grand Ballet"... sobre: Napoleão Bonaparte... foi uma das maiORES exposições que a França já cultuou... você levava seis horas... quase percorrendo a exposição... a exposição começava... com a certiDÃO de batismo de Napoleão... que é interessante observar... escrita em italiano... Napuolione Buonaparte... era em italiano... e aí... partindo dessa certidão de batismo... a mãe dele era uma italiana... dona Letícia Bonaparte... todo um temperamento... do sul da Itália mesmo... quando napoleão deu a mão pra ela beijar... depois de coroado... que que ela fez? deu-lhe uma mordida na mão... onde já se viu filho... a:... mãe... o filho... a mãe... quer dizer... beijar o f/ ela deu... ele deu... a mão à... à dona Letícia... deu e fez dona Letícia... levar a mão para ele beijar... não é? ela aí... dona Letícia resistiu ao poder... ela não ia beijar a mão do filho... porque o filho é que beija a mão da mãe... deu- lhe uma mordida na mão... e ela era italiana temperamental... quando ela via Napoleão subindo... Napoleão dando títulos de nobreza a todo mundo... aquela grandeza toda... que que ela dizia?... ((vozes)) "contanto que isso dure"... pensativa... "contanto que isso dure"... bom... nós vemos então... há um historiador... -- um instantinho só -- há um historiador... argentino... Carlos Perera... que ele tem um trabalho muito interessante... sobre o estudo do homem... e a obra que esse homem realiza... ele classifica o homem de acordo com a obra... ele... por exemplo... diz que há homens... que são maiores do que a obra... homens que são menores do que a obra... e homens que são iguais à obra... por exemplo... pra exemplificar aqui... Carlos Perera diz... que Colombo... quando você compara Colombo... com a obra que ele realizou... o homem é muito menor do que a obra... ele descobriu a América por um acaso... agora... a obra é muito maior do que ele... não é? a descoberta da América é o maior acontecimento ocorrido no planeta... vamos dizer assim... depois do nascimento de Cristo... depois da


Revolução Russa... quer dizer... o::... a obra... o homem... e a obra... não é isso? você vê então... que:... grandes homens... obras (que são) maiores... (do que os homens) inclusive... você vê... então... que ah... voltando aqui a:... descoberta da América foi de muito maiores... de conseqüências... muito maiores do que... do que Colombo... já o homem se igualando à obra... ele coloca... por exemplo... o César... e o homem maior do que a obra é Napoleão... Napoleão... ele queria realizar uma obra... extraordinária... que que Napoleão queria... quando ele conquista a Europa toda? ele queria formar... os Estados Unidos da Europa... com a França no centro... e por que que ele queria unir a Europa toda? pra fazer frente à Inglaterra... ele queria... criar os Estados Unidos da Europa... unindo o continente todo contra... a Inglaterra... nós vemos... então... que você tem aí uma concorrência... que ele sente... entre a França e a Inglaterra... a França tinha perdido a Guerra:... dos Sete Anos para a Inglaterra... tinha perdido... o seu comércio exterior... o comércio colonial... que a Inglaterra com a Guerra dos Sete Anos... tinha ficado com as colônias francesas... nós vemos então... que Napoleão ele sente... que o continente tem que crescer... mas como é que ele ia diminuir o poderio inglês? qual é a medida que ele toma... para diminuir o poderio inglês? para diminuir o poderio inglês... nós vemos que Napoleão... quando ele entra em Berlim... em mil oitocentos e sete... depo/ vai conquistando a Europa Central todos os países da Europa Central... a Prússia... a Áustria... quando ele entra em Berlim... em mil oitocentos e sete... que que ele declara...com todos os estados? Bloqueio Continental... o que foi o Bloqueio Continental quando Napoleão entra em Berlim em mil oitocentos e sete... ele declara o Bloqueio Continental... vocês conhecem isso desde os bancos do ginásio... o que foi... Gelson... o Blo/ Bloqueio Continental? ((vozes)) ninguém me diz? AL: éh... eu sei... é a parada da... Inf.: a parada... AL: ( ) do comércio... do... da Inglaterra... Inf.: a parada do comércio da Inglaterra... Napoleão dizia que ele ia... vencer a Inglaterra pela força... o Bloqueio Continental... -- vamos falar nisso numa linguagem mais universitária -- é uma medida PROTECIONISTA... que Napoleão ADOTA... para as indústrias dos franceses... quando ele proíbe todos os países do continente... de comerciarem com a Inglaterra... o nome já tá dizendo... Bloqueio Continental... ele per:mite os países que tavam no seu domínio... o continente todo... de negociar com Inglaterra... porque ele visava com essa medida... enfraquecer o comércio... enfraquecer o comércio... inglês... ele visa enfraquecer o comércio inglês... como? que a Inglaterra... vivendo a Revolução Industrial... já nos fins... quase... da primeira... então... a Inglaterra já na primeira fase avançada da Revolução Industrial... ela quer colocar os pro/ produtos manufaturados no mercado... e isso... naturalmente... causava prejuízos à França... que estava também desenvolvendo... as indústrias... a medida... então... é protecionista... como? pras indústrias francesas... PROIBINDO a... o continente de comerciar com a Inglaterra... ele ado/ adotando uma medida protecionista ... para os produtos franceses... e... naturalmente... nós vemos que os países dominados por Napoleão cortaram... aderiram... ao Bloqueio Continental...Mais dois países... furaram o Bloqueio... e aí nós vamos entrar na História do Brasil... quais foram os dois


países que furaram o Bloqueio Continental? que não aceitaram o Bloqueio... por trás continuaram a negociar com a Inglaterra? um deles... foi Portugal... a política... adoTADA... pelo príncipe regente Dom João... qual foi? Portugal... era aliado da Inglaterra desde tempos... muito antigos... desde a dinastia de Borgonha... Portugal tava ligado por tratados de aliança... de comércio... à Inglaterra... então... Portugal não podia romper com a Inglaterra... além disso... os mi/ os ministros de Dom João... você tinha uma grande maioria de ministros que eram anglófilos... quer dizer... que defendiam a política... ligada à Inglaterra... havia também os francófilos... mas a maioria era anglófila... então... Napo/ Dom... Dom João teve que dar uma satisfação a Napoleão... ele... disse que adere ao Bloqueio Continental... mas... por trás... continuou... a negociar com a Inglaterra... confiscou grandes empresas... devolveu por trás... etc... Napoleão... então... vendo que ele estava... que ele estava sendo ludibriado... pelo Rei de Portugal... pelo Regente de Portugal... o que ele fez? preparou tropas para invadir Portugal... (todo mundo leu que) o General Onofre Girau... invade Portugal... diante da invasão francesa... de Portugal... que que Napole/ que que o Príncipe Regente teve que fazer? ele veio para o Brasil... mas ele veio para o Brasil atendendo aos imperativos da política comercial inglesa... Lord Straintford... Ministro inglês de Portugal... dá um ultimato a ele... ele vinha pro Brasil nem que fosse à força... a medida que ele vai tomar em chegando ao Brasil... o que é? Abertura dos Portos? por que? Abertura dos Portos ao comércio inglês... com a... então... AL: por que antes não era aberto... é? Inf.: não... só... era o regime do monopólio... Portugal só comerciava com o Brasil... tudo era o Brasil... era o regime do monopólio... era o pacto colonial... AL: mas o Brasil mandava pra Portugal... Portugal distribuía pelo Brasil... Inf.: Portugal distribuía... não é? AL: mas Portugal... Portugal... Inf.: você o nosso... próprio algodão... o algodão brasileiro... ele ia... nós tínhamos a matéria-prima... ele ia em fardos daqui pra Portugal... Portugal mandava esse algodão pra Inglaterra... o algodão era transformado em panos... voltava pra Lisboa... os panos ingleses... o dobro ou o triplo... e depois vinha pro Brasil... o Brasil... o Brasil comprava seu próprio algodão umas cinco ou seis vezes mais... com o preço mais alto... certo? é o regime do monopólio... quer dizer... a colônia... só podia comerciar com a metrópole... AL: se o Brasil tivesse um desenvolvimento grande seria a tomada de Napoleão... do poder real... né? Inf.: ah... sim... a política inglesa... e a política francesa... a política Napoleônica... e a política inglesa... trouxeram o Príncipe... Regente... para... para o Brasil e naturalmente houve o que o historiador... o historiador Oliveira Lima diz... a inversão brasileira... por que a inversão brasileira? o Brasil ficou na posição de metrópole... e Portugal ficou numa situação de dependência... agora a verdadeira independência... é feita por Dom João... no momento que ele vem... abre os portos... com aquele jeito bonacheirão...


parecendo que era um príncipe meio tolo... Dom João era um político habilíssimo... Dom João era... tinha um senso político muito grande... a nossa independência foi feita por Dom João... todas as medidas de Dom João visavam à independência (do Brasil)... eu acabei de ler agora... um livro muito interessante... que:... "As Quatro Coroas de Pedro Primeiro"... em que ele transcreve a série de documentos... que mostra essa política de Dom João... Dom João... ele pensava até... em fazer a união... do Brasil com Portugal... fazer uma coisa só sendo que Dom Pedro... seria o Pedro Primeiro do Brasil e o Pedro Quarto de Portugal... ia ser o mesmo Rei dos dois... dos dois impérios... das duas... dos dois... da Colônia... que não era mais Colônia... e do... e de Portugal e da Metrópole... tanto que ele elevava o Brasil à categoria de Reino... Unido... quer dizer... não existe mais a Colônia nem a Metrópole... ele queria fazer uma coisa só... AL: Silvia... e os russos... que que tem a ver? Inf.: ah... os russos... teria a ver? eu disse aqui... que dois países... AL: é... Inf.: (...) furaram a política protecionista de Napoleão... não aceitaram o Bloqueio Continental... AL: qual é o segundo? Inf.: um... desses países... AL: por favor... podia repetir o Bloqueio Continental? Inf.: Bloqueio Continental? Napoleão... tomando aqueles países da Europa Central... sucessivamente todos eles... a Prússia... a Áustria... a Polônia... ele entra em Berlim... e quando ele chega em Berlim... mil oitocentos e sete... ele declara... o Bloqueio Continental... o que era o Bloqueio? o Bloqueio era um cerco... um cerco do continente...quer dizer... proíbe o continente de negociar com a Inglaterra... que medida é essa? enfraquecer a Inglaterra... a Inglaterra não tinha compradores... ele enfraquecia o mercado inglês... entendeu? todos os produtos industrializados entravam no continente... que entravam no continente... eram produtos ingleses... então... no momento que ele declara o Bloqueio Continental... ele... AL: ele tira o dinheiro da Inglaterra... Inf.: ah... o grande... é a rivalidade da Inglaterra... quando eu disse que Napoleão visava fazer os Estados Unidos da Europa... o que era? era unir o continente contra a Inglaterra... era con/ o problema da concorrência... da França com a Inglaterra... certo? e então... nós vamos ver ele proíbe todos de comerciarem com a Inglaterra... mas Portugal... Dom João começou a negociar por trás com a Inglaterra... de maneira que Napoleão viu a questão... mandou invadir Portugal... Portugal foi invadido pelos franceses até a França... até... até os franceses... AL: e a Espanha nessa história?


Inf.: a Espanha nessa história... eu vou te dizer... a Espanha... Napoleão... prendeu aprisionou o:... o Rei... o Carlos... Carlos quarto... eu acho... e o filho... Fernando sétimo... recebeu a coroa... a coroa... que era irmão de Carlota Joaquina... Carlota Joaquina era mulher de Dom João... princesa espanhola... nós vemos... então... que o Carlos... o Fernando sétimo... eu disse Carlos... era o pai... Fernando sétimo... então... tem a coroa da Espanha... na entrevista de Baioneni... Napoleão TOMOU a coroa de Fernando sétimo e deu a seu irmão... José Bonaparte... no momento... que...José Bonaparte se torna Rei... da ESPANHA... muitos historiadores vêem aí... o início da queda... de Napoleão... porque o espanhol... guerrilheiro... o espanhol nunca aceitou... José Bonaparte... começaram as lutas... as guerrilhas... José Bonaparte nunca dominou... a Espanha... e isso... esse Rei estrangeiro... francês... na Espanha... fêz com que? que as Colônias... Americanas... da Espanha... os Vice- Reinos Espanhóis se tornassem... o que? independentes... porque ficaram acéfalos... sem governo... não aceitaram o Rei espanhol... não aceitaram o Rei francês... na Espanha... e... os Vice-Reinos... todos eles... vão se tornando independentes... é a época da emancipação dos países da América... Latina... da América Espanhola... da América Hispânica... AL: Napoleão mudou as histórias... né? reconhece... Inf.: ah ele reco/ ele mudou... evidentemente... então... você vê o seguinte... mas outro país não aceitou também o Bloqueio Continental... foi a Rússia... a Rússia... um país agrícola... o Czar Alexandre... terceiro não aceita... o Bloqueio Continental... também quis enganar Napoleão... porque a Rússia agrícola... ela abastecia de trigo... e outros produtos agrícolas a Europa toda... comerciava com a Inglaterra... e Napoleão... AL: chega... Inf.: quando viu a Inglaterra...


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