+ Museus e patrimônio
Curso Ações multiplicadoras 2012
O museu e a inclusão sociocultural Pinacoteca do Estado de SP Luciana Conrado Martins lucianamartins@percebeeduca.com.br
Objeto museológico – conceitos básicos • Cultura material e imaterial
a cultura do homem compreende suas idéias, valores e imaginário, que podem resultar em criações intelectuais e/ou criações materiais, como produtos e objetos.
Objeto museológico – conceitos básicos • Artefatos
objetos feitos pelo homem por meio da aplicação de processos tecnológicos. Isso inclui desde utensílios até estruturas de todo o tipo e, inclusive as paisagens, na medida em que elas são modificadas pela ação humana e apropriadas culturamente.
Objeto museológico – significados
Objeto no contexto de uso: os objetos possuem valor por meio de seu efeito no mundo, ele são avaliados por sua capacidade de fazer coisas.
Objeto museológico – significados Objeto
material
como
documento: •Documento como suporte físico
de informação •Todo suporte físico pode ser considerado documento?
Objeto museológico – significados
Objeto material como documento: •Documento voluntário e documento involuntário •Critério de relevância “Documento é apenas o que me permite chegar em informações relevantes acerca dos mecanismos por intermédio dos quais uma sociedade se organiza a si própria, age e, sobretudo, se transforma” MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. O objeto material como documento. Aula ministrada no curso
“Patrimônio cultural: políticas e perspectivas”. IAB/CONDEPHAAT, 1980.
Objeto museológico – significados Os objetos como produto das relações sociais
“Os artefatos – dos objetos móveis, passando pelas estruturas, até as paisagens e das ferramentas às “obras de arte” – são todos, em últimas instância, produtos e vetores de relações sociais.” MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Debate: O discurso museológico: um desafio para os museus. “A exposição museológica: reflexões sobre pontos críticos na prática contemporânea”. Ciência em Museus (1992) , 4.
Objeto museológico – significados O objeto como intermediador entre o observador e outras realidades
“Os objetos considerados documentos por excelência, os objetos ‘antigos’, ‘históricos’,
são dotados de uma significação especial, que faz com que eles representem o invisível. É por isso que eles não são mais
manipuláveis, esvaziados das suas funções utilitárias. E é por isso que eles são, prioritariamente, expostos ao olhar.”
Objeto museológico – significados Existem 3 categorias de significados para os objetos: 1) Funcional, material ou utilitária: os objetos possuem valor por meio de seu efeito no mundo, ele são avaliados por sua capacidade de fazer coisas. 2) Histórica: os objetos possuem interesse por meio de suas associações com o passado.
3) Simbólica: os objetos possuem significados estruturais ou codificados, que podem comunicar. Hodder, Ian. “The contextual analysis of symbolic meanings”. In: PEARCE, Susan M. (ed.) Interpreting objects and collections. Londres e Nova York: Routledge, 1999.
Estudos de artefatos e educação patrimonial O objetivo principal dos estudos da cultura material é contribuir para a nossa compreensão do homem na sociedade.
Os modelos ou esquemas de estudos de artefatos devem permitir que se responda às seguintes perguntas sobre os objetos: como, o quê, quando, onde, por quem, por quê. Tais modelos consideram aspectos da materialidade, história, ambiente e significado dos objetos. Pearce, Susan M. “Thinking about things”. In: PEARCE, Susan M. (ed.) Interpreting objects and collections. Londres e Nova York: Routledge, 1999, pg. 131.
Estudos de artefatos e educação patrimonial 1. Aspectos materiais: construção, design, sua forma e função;
2. Aspectos históricos: sua história de origem, sua história posterior; 3. Aspectos ambientais: contexto de produção, ambiente de origem;
4. Aspectos interpretativos: papel do artefato na organização social. Esta fase deve nos permitir perceber os significados do objeto em sua sociedade por meio da soma dos estudos anteriores.
Conceitos preservacionistas Coleção:
“Qualquer conjunto de objetos naturais e/ou artificiais, mantidos fora do circuito das atividades econômicas, sujeitos a uma proteção especial e expostos ao olhar.” K. Pomian, 1984 Patrimônio: “Conjunto de bens, fruto das relações do homem com o meio ambiente e com os demais homens, assim como as interpretações dessas relações.” Cristina Bruno, 1998
Conceitos preservacionistas
Museu: Os estatutos do Conselho Internacional de Museus, ICOM, definem museu como uma “instituição sem fins lucrativos, permanente, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, e aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, divulga e expõe, para fins de estudo, educação e divertimento, testemunhos materiais do povo e de seu ambiente.”
Conceitos preservacionistas cenário = museu
objeto = coleções
homem = público
cenário = território
objeto = patrimônio integral
homem = comunidade
Conceitos preservacionistas
Preservação: É uma ação que objetiva manter a integridade física e informacional de um bem. É sempre fruto de uma seleção e é realizada, no âmbito Museologia por intermédio de uma cadeia operatória que combina SALVAGUARDA e COMUNICAÇÃO patrimoniais.
Cadeia Operatória da Museologia
pesquisa
documentação
SALVAGUARDA conservação
restauro
ação educativa COMUNICAÇÃO exposições difusão cultural
O que se musealiza? Por quê?
O que se recolhe aos museus para estudo, documentação e comunicação?
Os museus não recolhem todos os testemunhos do homem e de seu meio, mas aqueles traços, vestígios ou resíduos que tenham significação.
É por meio da musealização de objetos que constituam sinais, imagens e símbolos que o museu permite ao homem a leitura do mundo.
“A grande tarefa do museu contemporâneo é, pois, a de permitir esta clara leitura de modo a aguçar e possibilitar a emergência de uma consciência crítica, de tal sorte que a informação passada pelo museu facilite a ação transformadora do homem.”
Waldisa Russio, “Conceito de cultura e sua inter-relação com o patrimônio cultural e a preservação.”
Museus devem ser:
Espaços referenciais da memória dos grupos;
Agentes catalisadores e socializadores do conhecimento;
Locais onde o passado e a história podem funcionar como suporte para o debate das questões cruciais das comunidades, instrumentalizando-as para o exercício de um senso crítico da realidade contemporânea;
Espaços que promovam a multiplicidade de visões de mundo estimulando com isto o espírito crítico dos indivíduos e comunidades.
I Encontro Nacional do ICOM Brasil, “Museus e comunidades no Brasil – realidade e perspectivas.”