Sobre Vitória

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s o b r e vUsina i tArte ó rContemporânea ia . 25 anos depois

Museu de Arte do Espírito Santo • Dionísio Del Santo 25 de maio a 24 de julho de 2011



O

MAES , Museu de Arte do Espírito Santo –

Dionísio Del Santo recebe a exposição inédita Sobrevitória, constituída com base no conjunto de obras de arte pertencentes ao colecionador Marcio Espíndula. A curadoria, realizada por Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos, selecionou cem obras de arte adquiridas, em sua maioria, entre 1986 e 1989, período no qual o colecionador manteve em funcionamento, em Vitória, a galeria Usina Arte Contemporânea. Participam da mostra, entre grandes nomes da arte no Brasil, Amilcar de Castro, Iberê Camargo e Franz Weissmann, merecendo destaque a presença dos artistas Dionísio Del Santo, Hilal Sami Hilal, Regina Chulam e César Cola, que são do Estado do Espírito Santo. Ressaltando a qualidade plástica das obras, a exposição evidencia dois momentos: o primeiro, pontual, abarca a produção artística anterior à década de 1980, enquanto o segundo reúne obras que passaram a integrar a coleção a partir das exposições realizadas na galeria Usina. A oportunidade de recebermos no MAES a exposição Sobrevitória contribui para que o Espírito Santo figure como propulsor do diá­logo com a arte contemporânea no Brasil, afirmando-se o papel sociocultural da nova mu­seo­­logia, no qual se prevê o caráter democrático e formador de público do espaço museal. José Paulo Viçosi

Secretário de Estado da Cultura

Leila Horta

Diretora do MAES


iberê camargo • sem título [série ecológica], 1985, guache sobre papel, 55 x 75 cm

ivan serpa • sem título, 1972, nanquim sobre papel, 50 x 60 cm

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cem obras . Assim se contará a história de uma coleção. Bem nascida, mas de filiação fortuita, a coleção de obras de arte constituída por Marcio Espíndula é relevante marco seja para a cidade de Vitória e suas instituições culturais, seja para a história da arte brasileira das últimas três décadas. Em 1986, ano em que fundou a Usina Arte Contemporânea numa casa habitada por memórias de sua infância, havia apenas aragem sem destino, vento brando impulsionado pelo afeto, intento a ser vertido num itinerário exitoso que soube se valer do momento histórico no qual surgiu. Reúne-se nesta mostra parte de um conjunto que só se define pela sequência das 25 exposições realizadas em menos de três anos na galeria do hoje colecionador e, sobretudo, pelo surpreendente elenco de artistas que delas participou. O abrigo de obras desses artistas numa galeria ou mesmo instituição cultural no Rio de Janeiro e em São Paulo, os centros pelos quais a arte brasileira então se movimentava, era e se tornou ainda mais improvável. Em face das poucas alternativas então existentes em terras capixabas, o destemor do marchand e as afinidades eletivas de amigos e dos próprios artistas levaram o empreendimento a abrir caminhos que pouco a pouco redefiniriam o contexto das manifestações artísticas e em defesa da arte na capital do Espírito Santo. Encerradas as atividades comerciais da Usina Arte Contemporânea no início de 1989, decantou-se um patrimônio que passou a ser não só conservado, como também acrescido de obras que saldam oportunidades aproveitadas ou perdidas, abrem novas frentes ou mantêm ativo o interesse pela trajetória de certos artistas. O acervo expressa, cabe dizê-lo, uma sobrevitória, palavra forjada com o intuito de avivar a imaginação sobre o que se mantém, de maneira diversa, há um quarto de século. Como uma sobrecarta, que segue outra da qual decorre, ou uma sobredeterminação, na qual se agregam fatores heterogêneos, passíveis de interpretações diferentes e simultaneamente verdadeiras, sobrepõe-se, sobrevém e sobreleva algo que se deve ter em conta para compreender que coleções sempre são repositórios de interesses, cuja qualificação apressada tende a perder de vista o que mais as anima. Entre as oportunidades aproveitadas, encontram-se seis obras de quatro artistas que já não viviam quando ela se iniciou: Alberto da Veiga Guignard, Vicente do Rego Monteiro, Ismael Nery e Ivan Serpa. Cinco delas foram dispostas no

térreo do museu e a sexta à direita da entrada da área de circulação do primeiro andar, caminho pelo qual se deve passar para chegar a boa parte do que permanece da história que aqui se conta, uma vez que aludem a um contexto prévio da arte brasileira e exemplificam vertentes eventualmente apropriadas por alguns daqueles que expuseram na Usina.



Sob a influência da redemocratização do país e pouco mais de um mês e meio após a promulgação do Plano Cruzado, primeira das malsucedidas tentativas feitas durante a Nova República para debelar a persistente inflação econômica, a galeria Usina Arte Contemporânea foi inaugurada no dia 17 de abril de 1986 com uma exposição coletiva – apenas esta não seria individual – composta de obras de Adriano de Aquino, Amilcar de Castro, Dionísio Del Santo, Gonçalo Ivo, Hilal Sami Hilal, Hilton Berredo, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Ivald Granato, Jorge Guinle, Loio-Pérsio, Milton Machado, Paulo Laport e Roberto Magalhães. O desenho de Iberê Camargo, reproduzido na página 4, participou dessa exposição e foi o primeiro trabalho a ser comercializado pela galeria, tendo sido recomprado por Marcio Espíndula anos depois. Se não o tivesse sido, Iberê seria o único artista a ter exposto na Usina não representado em sua coleção, uma vez

que a série de 13 trabalhos de sua mostra alguns meses depois, baseada na peça As criadas, de Jean Genet, foi integralmente adquirida por um comprador antes de sua abertura. Seguiram-se à coletiva de inauguração, ainda em 1986, exposições de pinturas de Adriano de Aquino, de Jorge Guinle, de Ivald Granato e de Milton Machado, a já citada exposição de Iberê Camargo, e duas outras mostras de pinturas, de Gonçalo Ivo e de Hilal Sami Hilal. Em 1987, houve dez exposições: pinturas e obras sobre papel de Leonilson; obras em papel de Antonio Dias e, em seguida, de Ione Saldanha; esculturas e obras sobre papel de Amilcar de Castro; uma nova exposição de Hilal Sami Hilal, desta vez de obras em pequenos formatos; pinturas sobre borracha e desenhos de Hilton Berredo; obras sobre papel de Mira Schendel; pinturas de Loio-Pérsio; esculturas para interiores de Franz Weissmann; e pinturas de Regina Chulam. Por fim, em 1988, realizaram-se sete mostras: pinturas de Daniel Senise; duas de esculturas e objetos, de Carlos Fajardo e de Marcia Ramos; desenhos de Ester Grinspum; esculturas e relevos de Frans Krajcberg; e mais duas de pinturas, de César Cola e de Karin Lambrecht. Na área de circulação que leva às quatro salas do museu e em três delas, buscou-se divisar linhas de força passíveis de serem apreendidas na coleção. Na parte posterior do corredor e na sala à esquerda da escada, veem-se pinturas e esculturas que se constroem pelo gesto e a expressão, ou que se servem de suportes e materiais não tradicionais. Na parte anterior do corredor e na primeira sala à direita da escada, à exceção do nanquim de Ivan Serpa, dialogam obras de matriz racional, geométrica ou construtiva, cujas diferenças e variações se inscrevem, desde meados do século XX, num dos campos de maior vigor da arte brasileira, a despeito da suposta distância do que seriam os trópicos e de um

gonçalo ivo

sem título, 1986 acrílica sobre tela, 200 x 150 cm


exotismo cultivado por intenções colonizadoras. A terceira dessas salas, por sua vez, reúne pinturas e desenhos sobre papel, cujo acento sugere uma perspectiva mais íntima, em que o olhar pode se deixar levar serena e pausadamente. O bambu de Ione Saldanha e a esfera de Carlos Fajardo, obras que não se incluem em tal conjunto, sugerem uma oposição entre leve e pesado, ou para cima e para baixo, passível de ser divisada em várias dessas obras em papel, bem como demarcam uma modulação entre as obras de Gonçalo Ivo e da própria Ione Saldanha, as de Antonio Dias e de Mira Schendel, e as de Leonilson. A quarta e última sala que compõe a exposição abriga as quatro obras de Jorge Guinle que são o marco inicial da coleção, pois foram compradas antes de a galeria ser aberta; obras de Regina Chulam e Hilal Sami Hilal, artistas capixabas que o colecionador continuou a acompanhar; dez dos trabalhos de mesmo for-

mato que foram ofertados pelos artistas à galeria; e, nas vitrines, parte do material impresso então produzido para divulgar as exposições realizadas. Passados 25 anos, é gratificante e animador que a Coleção Marcio Espíndula seja exibida pela primeira vez, e assim conhecida inclusive por aquele que a formou, no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo, instituição que abriga o patrimônio familiar de um dos mais importantes artistas espírito-santenses. Numa sorte de retorno a um ponto de partida, tem-se a chance, inaugural, de repassar para um público mais amplo a singularidade de um modo imprevisto de colecionar, à espera de que seus acertos (achados, ajustes e acasos) se deixem rever e interroguem o atual panorama de expansão e celebração de domínios que se advogam artísticos, em detrimento do que, em obras de arte, insiste em não arrefecer e se deixar assimilar. A prevalência de processos e dispositivos inconclusos que se mostram cada vez mais insubmissos à crítica e buscam se disseminar por inúmeros contextos culturais, embora aparente tornar o mundo da arte um pouco mais humano e democrático, ainda não se provou capaz de resistir às intempéries trazidas pela passagem, mais ou menos implacável, do tempo, razão pela qual conhecer as cem obras desta mostra e avaliar sua força conjunta em face das condições em que foram reunidas e abrigadas dá o que muito pensar no que sobrerresta e, portanto, não sobrestá ao que surge de supostamente novo. Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos

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loio - pérsio

Flor noturna, 1987 acrílica sobre tela, 93 x 100 cm


karin lambrecht

sem título, 1988 acrílica sobre tela e madeira, 160 x 165 cm frans krajcberg

sem título, 1988 pigmento sobre madeira, 280 x 70 x 70 cm

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milton machado

V-7 (Suíte Khomeini), 1986 acrílica sobre tela, 120 x 160 cm jorge guinle

A salvadora Mariuska, 1986 óleo sobre tela, 190 x 250 cm

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dionísio del santo

Duas máscaras, 1985 óleo sobre tela, 60 x 60 cm adriano de aquino

sem título, 1987 acrílica sobre tela, 80 x 100 cm

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amilcar de castro

sem título, década de 1980 aço corten, 30 x 30 x 7,5 cm franz weissmann

seis múltiplos, 1986–7 acrílica sobre duralumínio, 25 x 25 x 25 cm tiragem: 20 exemplares [cada]

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ione saldanha

sem título, 1967 acrílica sobre papel, 16 x 19 cm sem título, 1966 guache sobre papel, 25 x 31 cm sem título, s/d acrílica sobre bambu, 160 x 20 x 20 cm

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ester grinspum

O arco e a caverna, 1988 acrílica sobre papel, 50 x 75 cm antonio dias

sem título, 1986 técnica mista sobre papel, 33 x 34 cm

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leonilson

sem título, 1986 acrílica sobre tecido, 200 x 100 cm

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leonilson

leonilson

Rapaz na fogueira, 1985 técnica mista sobre papel, 33 x 24 cm

sem título, 1986 técnica mista sobre papel, 33 x 24 cm

sem título, 1986 técnica mista sobre papel, 33 x 24 cm

sem título, 1986 técnica mista sobre papel, 33 x 24 cm


hilal sami hilal

sem título, 2004 cobre [corrosão], 90 x 70 cm sem título, 1986 folhas de ouro sobre papel artesanal, 115 x 87 cm

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regina chulam

sem título, 1983 acrílica sobre tela, 110 x 70 cm ivald granato

Browme, 1986 acrílica sobre tela, 130 x 100 cm

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paulo laport

Eu não amo ela, 1986 pastel sobre papel, 33 x 21 cm hilton berredo

sem título, 1987 acrílica e grafite sobre papel, 33 x 21 cm daniel senise

sem título, 1988 carvão sobre papel, 21 x 33 cm sem título, 1988 carvão sobre papel, 21 x 33 cm

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karin lambrecht

carlos fajardo

jorge guinle

ivald granato

césar cola

marcia ramos

sem título, 1988 pastel sobre papel, 21 x 33 cm Baigneuse, 1986 pastel sobre papel, 21 x 33 cm Homenagem a Loio-Pérsio, 1988 acrílica sobre papel, 21 x 33 cm

sem título, 1987 pigmento sobre lixa, 21 x 33 cm sem título, 1986 lápis de cor sobre papel, 21 x 33 cm sem título, 1988 pastel sobre espuma, 21 x 33 cm

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Exposições realizadas pela Usina Arte Contemporânea

1986 17 de abril a 3 de maio Coletiva de inauguração com obras de Adriano de Aquino, Amilcar de Castro, Dionísio Del Santo, Gonçalo Ivo, Hilal Sami Hilal, Hilton Berredo, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Ivald Granato, Jorge Guinle, Loio-Pérsio, Milton Machado, Paulo Laport e Roberto Magalhães. 15 de maio a 4 de junho Adriano de Aquino 11 a 30 de junho Jorge Guinle 3 a 26 de julho Ivald Granato 14 de agosto a 6 de setembro Milton Machado 17 de setembro a 6 de outubro Iberê Camargo 10 a 31 de outubro Gonçalo Ivo 7 a 29 de novembro Hilal Sami Hilal

1987 26 de março a 16 de abril Leonilson 23 de abril a 14 de maio Antonio Dias 28 de maio a 18 de junho Ione Saldanha 28 de junho a 18 de julho Amilcar de Castro

30 de julho a 10 de agosto Hilal Sami Hilal 18 de agosto a 8 setembro Hilton Berredo 19 de setembro a 5 de outubro Mira Schendel 15 de outubro a 11 de novembro Loio-Pérsio 12 a 30 de novembro Franz Weissmann 4 a 24 de dezembro Regina Chulam

1988 28 de abril a 21 de maio Daniel Senise 9 de junho a 2 de julho Carlos Fajardo 14 de julho a 6 de agosto Marcia Ramos 18 de agosto a 10 de setembro Ester Grinspum 29 de setembro a 28 de outubro Frans Krajcberg 10 de novembro a 3 de dezembro César Cola 8 a 29 de dezembro Karin Lambrecht


Exposição

Governo do Estado do Espírito Santo Governador do Estado Renato Casagrande

Arte Educação Melina Almada Sarnaglia

Curadoria Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos

Vice-Governador do Estado Givaldo Vieira

Estagiários – Mediadores Anderson Soares Nepomuceno Áquila Araujo Polonine Ednara Costa Trancoso Lara Carpanedo Carlini

Coordenação Geral Angela Buaiz

Apoio Técnico Edson da Silva Ilda Chagas Cardoso

Projeto Expositivo Contra Capa Ronald Cavaliere

Setor de Documentação e Referência Estagiárias – Biblioteca Fernanda de Souza Jessica Evangelista Rodrigues

Projeto Gráfico Contra Capa

Secretário de Estado da Cultura José Paulo Viçosi Subsecretário de Estado da Cultura Erlon José Paschoal Subsecretária de Estado de Patrimônio Cultural Joelma Consuêlo Fonseca e Silva Gerente de Ação Cultural Maurício José da Silva

Setor de Difusão e Marketing Social Ariny Bianchi Yury Aires Hollanda

Assessora de Comunicação Larissa Ventorim

Estagiária Pollyanna Latorre

Instituto Sincades

Receptivo Carlos Henrique de Jesus Fabrício Silva Pinto Jose Luis Coelho de Macedo José Renato Carneiro José Waldyr de Almeida Gomes Wanderson Pereira Melo

Presidente Idalberto Luiz Moro Gerente Executivo Dorval Uliana Coordenadora de Projetos Denise Modolo de Assunção Assistente de Projetos Livia Brunoro Assessoria de Comunicação Aldeia Comunicação – Álvaro Vargas

Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo Diretora Leila Horta Assessora Especial Rosane Baptista

Apoio Segurança Arquiles dos Santos Alves Antônio Marcos Correa da Silva Antônio de Pádua Monteiro Diego Araujo Rodrigues Erasmo Vasconcelos Viana Pablo dos Santos Pinto Robson de Assis Vilmar Borges Alvim

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Supervisor de Espaço Joaquim Galdino de Oliveira

Iluminação Ronald Cavaliere Fotografia Antonio Cuzzuol Museologia Rachel Diniz Ferreira Assessoria Jurídica Flávia Dalla Bernardina Montagem e Molduras Equipe Tuca Sarmento Preparação do Espaço (Assessoria) Fabrício Coradello Ana Capucho Vinil sobre Parede Impressa Transporte Atlantis Internacional Seguro ACE Seguros Impressão Gráfica e Editora GSA Agradecimentos Aos artistas presentes na exposição, bem como a seus familiares e herdeiros

MAES Av. Jerônimo Monteiro, 631 Centro, Vitória • es Tel. [27] 3132. 8390

Curadoria Ana Luiza Bringuente

terça a sexta-feira [10h – 18h] sábados, domingos e feriados [12h – 18h]

Estagiário Renan Andrade

produção

Apoio Andrea de Mellos Bianca da Conceição Sonia Maria Silva George da Conceição

Produção Executiva Analú Lisbôa

apoio

parceria

realização



alberto da veiga guignard sem título, 1944 aquarela sobre papel, 13 x 18 cm A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de se trabalhar com fabricação de tinta com materiais acessíveis ao professor e ao aluno, e suas possibilidades de aplicação em papel. Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-las aos alunos, a fim de que eles possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Sugerimos que você, professor, faça primeiro uma leitura de imagem. O que podemos ver nesta imagem? Que tipo de material ele utilizou? Existe leveza nas cores da pintura de Guignard?

Propostas práticas para o trabalho com os alunos Fabricação de tintas como têmpera alho, que se aproxima do efeito de aquarela e pode ser produzida na escola pelos alunos. Ingredientes: alho, água e pigmento líquido. Modo de fazer: faça o suco de alho e misture gotas do pigmento na cor que desejar. Para cada cor, será necessário um recipiente diferente.

Prancha 1

Ver mais em: http://www.youtube.com/watch?v=ffgw7J1wWQU A palavra têmpera é de origem italiana e significa “misturar”. Sugerimos ainda que faça um paralelo desde a Préhistória até o início do Renascimento acerca da prática de se fabricar tintas, com o objetivo de mostrar aos alunos o prazer de produzirem seus próprios materiais artísticos. Por meio desse trabalho, busca-se criar um diálogo sobre as possibilidades e sobre os diferentes resultados que o material fabricado nos proporciona. Para alunos do Ensino Médio, o filme Moça do brinco de pérola conta a história do pintor Jan Vermeer e as cenas passadas em seu ateliê ilustram a busca pelos pigmentos e a fabricação de tintas.

Na aplicação da técnica sobre o papel, a fim de se criarem diferentes efeitos, podem ser usados outros elementos, como o sal grosso (este deve ser utilizado depois

que a tinta for aplicada no papel com pincel), o giz de cera branco e a vela (primeiro faça um desenho sobre o papel, depois aplique a tinta sobre o desenho para que possa causar efeito), a esponja e o pincel de barbante, que poderá ser confeccionado pelo próprio aluno e utilizado diretamente na tinta no lugar do pincel fabricado. Outro exemplo de tinta fácil de ser manuseada e fabricada pelos alunos é a vinílica (tinta produzida a partir da mistura de cola branca e corante em pó).

Esta obra fez parte da exposição Sobrevitória. Usina Arte Contemporânea, 25 anos depois, realizada de 24 de maio a 24 de julho de 2011 no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. Foto: Antonio Cuzzuol



gianguido bonfanti Autorretrato 6 XI 2008 óleo sobre tela, 85 x 80 cm A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de trabalhar com discussões acerca da construção de identidades e as possibilidades de desconstrução. Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-las aos alunos, a fim de que possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Sugerimos que você, professor, faça primeiro uma leitura de imagem com seus alunos. O que podemos ver nesta imagem? As cores têm leveza? Qual cor predomina? Que sentimento esta pintura nos remete? A partir das conversas dos alunos, sugerimos que refaça a leitura da imagem, evidenciando o título Autorretrato. O que está de fato sendo mostrado? Existe relação entre o título e a imagem projetada? O professor deve apresentar autorretratos de outros artistas, como Rembrandt, Gustave Courbet, Van Gogh, Andy Warhol. Surgirão vários comentários sobre a diferença do autorretrato expressivo de Bonfanti em relação a outros artistas que também trabalharam o tema Criar um paralelo dessas imagens com a do artista proposto. Trabalhar as obras de Bonfanti, focando a densidade de sua pintura e sua composição não usual. Pensar na possibilidade de uma parceria com o professor de Sociologia, em que se pode discutir a construção de identidades. A partir dessa discussão, elaborar um exercício de colagem onde o aluno monte uma imagem com detalhes de outras imagens: corpo de um, olho de outro, assim por diante. Se for possível, providenciar uma exposição na escola, onde os próprios alunos serão os curadores e escolherão as melhores montagens.

Prancha 2

Nesta obra, há a possibilidade de se trabalhar a partir da ideia de construção de identidades a aceitação das diferenças. Propostas práticas para o trabalho com alunos com limitações intelectuais, visuais e/ou comprometimento de apreensão de conteúdos. Objetivos: construção de um autorretrato em dupla, evidenciando as aproximações e as diferenças entre os sujeitos. Proponha a seus alunos que se juntem em duplas – privilegie as duplas com um aluno com limitação e o outro sem, peça que eles toquem o rosto do colega – de olhos fechados – e o seu. A proposta é que eles consigam estabelecer as diferenças e igualdades dos rostos. Em seguida, peça-lhes que elejam as características de cada um que entrarão no autorretrato e que o façam por meio de colagem. Para os alunos com limitações é importante trabalhar com materiais sensíveis e expressivos, como a areia, o papel picado, o EVA etc. Para alunos do Ensino Médio, proponha, a partir das questões de retrato e autorretrato, a apreciação do trabalho do francês Marcel Duchamp Autorretrato como Rrose Sélavy. Peça aos alunos que reflitam sobre as condições do sujeito e que pensem, por exemplo, na figura do ator, que incorpora personagens diferentes e que devem conviver com a sua própria. Mostre-lhes também a seção da Revista Bravo!, em que uma personagem do ator é entrevistada pela revista. Proponha – se a escola dispuser de uma câmera digital – que os alunos incorporem diferentes personagens e produzam “Autorretrato como...”. Imprima as imagens e monte na própria escola, junto com os alunos, uma exposição desses materiais. Mais informações sobre o artista Gianguido Bonfanti: http://www.gianguidobonfanti.com Revista Bravo! http://bravonline.abril.com.br Marcel Duchamp http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcel_Duchamp

Esta obra fez parte da exposição Sobrevitória. Usina Arte Contemporânea, 25 anos depois, realizada de 24 de maio a 24 de julho de 2011 no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. Foto: Antonio Cuzzuol



jorge guinle Night Club, 1982 óleo sobre tela, 130 x 90 cm A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de se trabalhar com o reaproveitamento de fôlderes descartados por empresas, escolas e bancos, e que podem ser utilizados facilmente para a criação de novas imagens. Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-las aos alunos, a fim de que possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Jorge Guinle se entregou à pintura de forma expressiva. Cavava suas telas numa busca incessante de novas imagens. Sugerimos que você, professor, faça primeiro uma leitura de imagem. O que podemos ver nessa imagem? Que tipo de material ele utilizou? Podemos pensar em alternativas de material, que outro material poderia substituir pela tela? (Surgirão outros materiais diferentes do fôlder e pensar em usar materiais citados pelos alunos é mais uma possibilidade) Qual cor é predominante?

Prancha 3

preencher espaços provocados e outras vezes descascar a tinta do próprio fôlder, descobrindo outras imagens. O uso de colagem também se torna interessante para completar a composição. Esse trabalho é interessante para poder praticar a autonomia dos alunos na execução de suas obras e nas escolhas provocadas e decididas em grupo, pois quando o aluno faz suas escolhas com liberdade e discernimento, é influenciado a não só fazer, mas interpretar, refletir e contextualizar a arte como produção social e histórica. Essa aprendizagem deixará no aluno marcas positivas e um sentimento de competência para criar e aprender a lidar com situações novas e conseguir expor suas produções com autonomia e confiança. Palimpsesto: significa “riscar de novo”. Técnica muito utilizada na Idade Média para reaproveitamento de papiros ou de pergaminhos.

Propostas práticas para o trabalho com os alunos Peça aos alunos para buscarem fôlderes em empresas perto de suas casas como bancos, escolas, lojas ou mesmo os distribuídos nas ruas. Faça uma proposta de trabalho em grupo para que possam escolher o que trabalhar na imagem do fôlder escolhido. A partir das escolhas realizadas, pensar na possibilidade de mudança da imagem já existente e no reaproveitamento dos espaços obtidos. Transmitir a ideia de curadoria, pois precisarão ter ciência de como fazer seleções do criar e fazer e desfazer imagens já propostas no fôlder e outras criadas pelos alunos. Podem-se usar materiais como tinta guache e pincéis atômicos, para

Esta obra fez parte da exposição Sobrevitória. Usina Arte Contemporânea, 25 anos depois, realizada de 24 de maio a 24 de julho de 2011 no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. Foto: Antonio Cuzzuol



angelo de aquino A Terra é azul, n. 12, 1978 acrílica sobre tela, 120 x 120 cm

Prancha 4

leonilson sem título, 1986 diversas técnicas sobre papel, 33 x 24 cm Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-las aos alunos, a fim de que eles possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Sugerimos que você, professor, faça primeiro uma leitura das imagens. O que podemos ver nestas imagens? Qual a relação que a pintura de Aquino tem com a de Leonilson? Que sentimento estas pinturas nos remetem?

Neste caso, são duas pinturas que esteticamente são bem diferentes, mas podemos criar facilmente um diálogo entre elas. O aluno questionará sobre a imagem de Aquino, abstrata aos olhos com um título figurativo, e a de Leonilson, figurativa aos olhos e com um título abstrato. A partir desses questionamentos, trabalhe o confronto à estética e à narrativa do título que essas imagens estimulam. A grande maioria das obras de arte não recebia um título formal do artista até meados do século XVII. Portanto, os historiadores que encontravam obras sem títulos se baseavam em determinadas características apresentadas pela obra para intitulá-las. O que percebemos nas obras de Aquino e Leonilson é que, se elas fossem encontradas sem título e tivessem que recebê-lo, provavelmente seus nomes seriam invertidos. Leve para seus alunos uma série de obras de arte de diferentes períodos – se a escola dispuser de um laboratório, produza um powerpoint com as imagens. Peça-lhes que observem as obras e lhes deem os títulos que julgarem cabíveis. Depois, mostre aos alunos os tí-

tulos verdadeiros/convencionados das obras, pedindo que reflitam sobre quais os caminhos que utilizaram para nomeá-las, e quais foram os possíveis caminhos que os artistas ou historiadores utilizaram para chegar àquele título. Uma proposta interessante é não se deter somente em obras de pintura, mas utilizar obras dadaístas, de Marcel Duchamp e contemporâneas, que lidam também com uma diferenciação entre imagem e título, além de utilizarem principalmente uma ironia entre a imagem e o título. Propostas práticas para o trabalho com alunos com limitações visuais. Em duplas – um aluno vidente e outro com limitações visuais – peça ao aluno vidente que descreva minuciosamente a imagem que vê para seu colega. Juntos, eles devem executar o mesmo exercício anterior, em relação à proposição do título.

Esta obra fez parte da exposição Sobrevitória. Usina Arte Contemporânea, 25 anos depois, realizada de 24 de maio a 24 de julho de 2011 no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. Foto: Antonio Cuzzuol



Prancha 5

frans krajcberg sem título, 1988 pigmento sobre madeira, 280 x 70 x 70 cm A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de se trabalhar com materiais encontrados facilmente na natureza e suas possibilidades de elaborar obras tridimensionais. Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-las aos alunos, a fim de que possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Sugerimos que você, professor, faça primeiro uma leitura da obra. O que podemos ver nesta obra? Que tipo de material ele utilizou? Quais os materiais clássicos da escultura? Que diferenças há no que Krajcberg propõe? Que outros materiais podem compor obras tridimensionais?

A partir da leitura de imagem e do reconhecimento do tipo de material utilizado por Krajcberg, pode-se traçar uma parceria com o professor de Biologia para serem discutidas questões ambientais. Krajcberg utiliza raízes, árvores, pedras e os mais diferentes materiais de origem mineral e vegetal. Partindo desse dado, incentive uma visita pelo entorno da escola em busca de materiais que podem ser utilizados como matéria-prima para a construção da obra. Trabalhe a ideia de transformação de um objeto que a princípio tinha uma função e passa a ter outra ou que, a partir do momento em que é retirado do seu “ambiente” e passa a ocupar outro espaço, ganha uma forma poética. Trabalhar no aluno a ideia de ressignificar os objetos, isto é, criar uma nova interpretação para o objeto escolhido. A partir da obra que desenvolverem, invente uma nova história que passe uma mensagem e faça com que o espectador consiga também extrair essa nova interpretação e o significado que lhe é dado.

Propostas práticas para o trabalho com alunos com limitações intelectuais, visuais e/ou com comprometimento de apreensão de conteúdos. Aproveite a volta no pátio da escola para procurar alguma árvore ou mesmo outros elementos que tenham diferentes texturas. Peça que os alunos – todos – toquem e sintam essas texturas. O que parecem esses objetos? O que eles são de verdade? Que outras fun-

ções/utilidades/poéticas poderiam oferecer a estes objetos/elementos? Peça-lhes que recolham partes ou, se os objetos forem pequenos e transportáveis, que levem o próprio objeto para a sala de aula. Só com este transporte, pergunte aos alunos: e agora, que outros sentidos esse objeto tem? Para enriquecer a aula e fazer paralelos com outros artistas que também utilizam materiais alternativos para produzirem suas obras, faça uso dos artistas Ângelo Venosa, Andy Goldsworthy e Victor Monteiro [vide prancha da exposição Edital 11]. Ver mais em: Ângelo Venosa http://www.angelovenosa.com Andy Goldsworthy http://www.youtube.com/watch?v=3TWBSMc47bw

Esta obra fez parte da exposição Sobrevitória. Usina Arte Contemporânea, 25 anos depois, realizada de 24 de maio a 24 de julho de 2011 no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. Foto: Antonio Cuzzuol



Prancha 6

franz weissmann múltiplo, 1987 acrílica sobre ferro, 25 x 25 x 25 cm tiragem: 10 exemplares A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de se trabalhar com materiais acessíveis ao professor e ao aluno, além da exploração do tridimensional. Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-las aos alunos, a fim de que possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Figuras geométricas, como quadrados e cubos, são fortemente trabalhadas nas obras de Franz Weissmann. Sugerimos que você, professor, faça primeiro uma leitura de imagem. Que linguagem foi escolhida pelo artista? (pintura, escultura, gravura) Que tipo de objeto consta nesta imagem? Esta imagem é figurativa ou abstrata? Que sentimento este objeto nos remete? Que tipo de material se pode usar para realizar um objeto tridimensional? (Surgirão vários comentários acerca de materiais. Cabe ao professor direcionar e explicar qual material seria mais bem utilizado).

Propostas práticas para o trabalho com os alunos Aproveite a discussão sobre os materiais que o artista utiliza em suas obras e proponha um exercício de corte e dobra com papel cartão, papelão ou chapa de ofsete (este material é utilizado para impressão em ofsete em gráficas; se o seu bairro possuir alguma gráfica, peça o refugo deste material*). Propor ao aluno pensar no plano, na superfície e nas estruturas espaciais, por meio da análise das obras de Weissmann, criando um paralelo com as obras de Amilcar de Castro. Ver mais em: http://www.amilcardecastro.com.br

* Esse material é cortante. Por isso, deve-se tomar extremo cuidado e, de preferência, eliminar suas pontas.

Podem-se apresentar os movimentos Concretista

e Neoconcretista, para que o aluno reconheça na composição das obras de Weissmann a influência desses movimentos. Abrir uma discussão sobre as esculturas realizadas desde a Grécia até o Modernismo. Mostrar a inovação da linguagem proposta por Weissmann, que discute a composição do espaço por meio da escultura abstrata.

Esta obra fez parte da exposição Sobrevitória. Usina Arte Contemporânea, 25 anos depois, realizada de 24 de maio a 24 de julho de 2011 no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. Foto: Antonio Cuzzuol



regina chulam Vale o que está escrito [ó pátria amada], 2006–7 técnica mista sobre tela, 150 x 200 cm Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-las aos alunos, a fim de que possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Sugerimos que você, professor, faça primeiro uma leitura de imagem. O que podemos ver nesta imagem? Que tipo de material a artista utilizou? Por que ela utilizou esses animais e que relação eles têm com a colagem no fundo da pintura? Por que ela utilizou a bandeira do Brasil como plano de fundo? O que significa o escrito na faixa ocupando o lugar dos dizeres “Ordem e Progresso”?

Prancha 7

Propostas práticas para o trabalho com os alunos Propor que os alunos elaborem um trabalho utilizando carimbo de batata. Os desenhos podem ser alternativos e não precisamente de animais. O suporte pode ser feito com papelão, bilhetes que são descartados pelos jogos de bicho ou pelas loterias, além de tinta guache. Criar uma composição utilizando esses elementos. Para saber mais sobre a obra de Ivo Godoy, ver: http://axidioma.com/

A obra de Regina dialoga com a questão textual e imagética ao utilizar o papel reaproveitado do jogo do bicho e travar um diálogo entre o lícito (são os jogos que dependem da pessoalidade do jogador, como, por exemplo, o xadrez, o handebol, o futebol) e o ilícito (dependem exclusivamente da sorte, como, por exemplo, o jogo do bicho, a roleta e o jogo de dados). Os jogos ilícitos são discriminados pela Lei de Contravenções Penais. Já os jogos da Sena e da Mega Sena são institucionalizados, ou seja, não são considerados ilegais. Essas questões podem e devem ser discutidas em sala de aula a fim de que os alunos possam refletir sobre posturas éticas. Poderão ser enriquecidas com a leitura de imagem da obra de Regina Chulam em diálogo com a obra Quem valida a arte?, do artista capixaba Ivo Godoy.

Esta obra fez parte da exposição Sobrevitória. Usina Arte Contemporânea, 25 anos depois, realizada de 24 de maio a 24 de julho de 2011 no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. Foto: Antonio Cuzzuol



Prancha 8

dionisio del santo sem título, 1970 serigrafia sobre papel A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado a questões relacionadas à arte, mais especificamente, à dimensão de sua reprodutibilidade técnica. Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-las aos alunos, a fim de que eles possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Sugerimos que você, professor, comece com uma leitura de imagem: O que podemos ver nesta imagem? As linhas expostas neste trabalho seguem uma mesma direção? As linhas desta imagem produzem algum movimento? Esse movimento é causado por que motivo? (Nesse caso, os alunos precisam identificar o motivo do movimento causado pelas linhas, que se deve à forma pela qual Del Santo as expôs na obra seguindo direções diferentes) Propostas práticas para os alunos Com a caneta hidrográfica, fazer linhas sinuosas ininterruptas de ponta a ponta no papel sulfite (horizontal ou vertical). Continuar traçando outras linhas, repetindo esse mesmo movimento, até preencher toda a folha. Esse trabalho pode ser feito com outros tipos de material, como lápis preto, giz de cera, nanquim e bico de pena, tinta guache e aquarela. O uso de cada material trará um resultado diferente. Pode-se até misturar materiais, como lápis preto e caneta hidrográfica, pois criará movimentos e relevos por meio de luz e de sombra. Pode-se realizar o mesmo exercício feito anteriormente. Só que, a esta altura, com linhas retas “quebradas”, que mudam de direção formando ângulos. Sem haver cruzamentos e as linhas devem começar e terminar nas extremidades da folha.

O aluno perceberá o desenho se estruturando através da linha sensível e do gestual feitos à mão, trazendo para o trabalho certa beleza na “imperfeição”. O objetivo é que ele perceba a estrutura do papel [plano] e como as diferentes maneiras de composição da linha [sua direção, sua espessura e sua cor] trazem uma modificação na percepção desse plano. Proposta para salas inclusivas – alunos como limitações visuais Estabeleça o mesmo exercício, mas com barbante e cola. Faça-o com toda a turma, organizando-a por meio de duplas formadas, de preferência, por um aluno vidente e um não-vidente. Peça-lhes que, de olhos fechados, sintam a superfície do papel, estabelecendo com ele a relação espacial e de superfície, e que colem o barbante constituindo as mesmas regras do exercício com o lápis. Os alunos podem utilizar os dedos e o próprio antebraço, como medidas para o tamanho do barbante e da distância entre as linhas. Para saber mais sobre Dionísio Del Santo, acesse o blog do Maes: http://museudeartes.wordpress.com/

Esta obra faz parte do Acervo do Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. e está em exposição desde 1º de junho de 2010. Foto: Yury Aires



Prancha 9

dionisio del santo Fragmentos 1/1, 1970 serigrafia sobre papel A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões relativas à arte, mais especificamente, à dimensão de sua reprodutibilidade técnica. Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-los aos alunos, a fim de que possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Sugerimos que você, professor, comece com uma leitura de imagem: O que podemos ver nesta imagem? Existem formas nesta obra. Quais são? (Trabalhar com o aluno a questão de planos, pois nesta obra ficam em perspectiva o primeiro, o segundo e o terceiro planos). Há um preenchimento nessas formas, Ele segue no mesmo sentido? (Instigue o aluno a pensar nesse preen­chimento, por qual motivo Del Santo os colocaria em sentido diferente? Seria para dar movimento na obra?)

elaboração. Por isso, volte com o mesmo trabalho na aula seguinte para que o próprio aluno perceba a necessidade de concluir seu trabalho de maneira mais lenta e reflexiva. Essa atitude é muito importante para criar-lhes senso crítico. Dessa forma, poderão resolver qual rumo tomará seu trabalho. Para saber mais sobre Dionísio Del Santo, acesse o blog do Maes: http://museudeartes.wordpress.com/

Propostas práticas para os alunos Utilizar papéis com fundos coloridos, canetas hidrográficas de várias cores. Propor aos alunos que se apropriem de formas (não necessariamente das geométricas, como a obra oferece) e pensem num preenchimento que dialogue com o restante da obra. Esse tipo de trabalho requer muita paciência e os alunos geralmente são imediatistas; produzem com rapidez para conhecer logo o resultado. Nesse sentido, trabalhar com eles a questão da construção; como é importante para os artistas que eles pensem e reflitam antes de finalizarem suas produções. Espera-se que em uma única aula não haja tempo suficiente para serem finalizados os trabalhos que necessitam de mais

Esta obra faz parte do Acervo do Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. e está em exposição desde 1º de junho de 2010. Foto: Yury Aires



Prancha 10

dionisio del santo Fragmentos lineares – Permuta XLVI, 1975 serigrafia sobre papel A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões relativas à arte, mais especificamente, à dimensão de sua reprodutibilidade técnica. Lembramos que as informações contidas neste encarte são voltadas aos professores; por isso, deve-se evitar expô-las aos alunos, a fim qde que possam apreciar a imagem, estabelecer uma relação direta com ela e interpretá-la sem interferências prévias. Sugerimos que você, professor, comece com uma leitura de imagem: O que podemos ver nesta imagem? Quais formas aparecem? Essas formas produzem algum movimento? Como se deu o preenchimento dessas formas? (Trabalhar o plano de fundo, mostrar como Del Santo resolveu essa questão e mostrar como ele utilizou o mesmo gráfico para preencher todas as formasm além de brincar com esses preenchimentos)

Uma alternativa é trabalhar o espelhamento com colagem. Escolher duas formas iguais: círculo, quadrado, triângulo ou retângulo, por exemplo. Colar sobre a folha A4, ou cartolina, de forma espelhada. Preencha estas formas com texturas (pode-se usar lixa, algodão, areia, barbante etc.). É pertinente que o aluno escolha o material a ser utilizado para que entenda qual o mais adequado à técnica proposta.

Para saber mais sobre Dionísio Del Santo, acesse o blog do Maes: http://museudeartes.wordpress.com/

O objetivo dessa proposta é proporcionar ao aluno as noções de forma, de cor, de textura e de proporção. Propostas práticas para o trabalho com os alunos Impressão com papel dobrado e tinta guache. Dobrase o papel A4, ou cartolina, ao meio. Fazer um desenho em uma das partes. Dobra-se novamente. Passar a mão no verso enquanto a tinta estiver fresca. A imagem aparecerá na outra metade. Trabalhar imagens figurativas ou manchas. A imagem sairá espelhada. Deixar o aluno experimentar o exercício com liberdade para que perceba a quantidade necessária de tinta que deva ser colocada no trabalho.

Esta obra faz parte do Acervo do Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – Maes. e está em exposição desde 1º de junho de 2010. Foto: Yury Aires


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