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POESIA DA LINHA E DO CORTE Exposição Itinerante GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA O MEDIADOR SESC | Serviço Social do Comércio Departamento Nacional Rio de Janeiro 2a edição – Maio de 2012

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Serviço Social do Comércio Presidência do Conselho Nacional Antonio Oliveira Santos Departamento Nacional

Direção-Geral Maron Emile Abi-Abib Divisão Administrativa e Financeira João Carlos Gomes Roldão Divisão de Planejamento e Desenvolvimento Álvaro de Melo Salmito Divisão de Programas Sociais Nivaldo da Costa Pereira Consultoria da Direção-Geral Juvenal Ferreira Fortes Filho Projeto e Publicação Gerência de Cultura Márcia Leite | DPS

Produção Editorial Assessoria de Divulgação e Promoção | DG Gerência Christiane Caetano Supervisão Editorial Jane Muniz Programação Visual Ronan Pereira Produção Gráfica Celso Mendonça Editoração Ingrafoto Produções Gráficas Ltda Estagiário de Produção Editorial Adonis Nóbrega

©SESC Departamento Nacional Av. Ayrton Senna, 5.555 – Jacarepaguá – Rio de Janeiro/RJ – CEP: 22775-004 Telefone: (21) 2136-5555 – site: www.sesc.com.br

Equipe de Artes Visuais Caroline Soares de Souza Leidiane Alves de Carvalho Lúcia Helena Cardoso de Mattos

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem autorização prévia por escrito do SESC Departamento Nacional, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

Consultoria para as atividades Sabrina Rosas

Impresso em abril de 2012

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POESIA DA LINHA E DO CORTE Exposição Itinerante GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA O MEDIADOR

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ste guia de orientação é um referencial para os mediadores das visitas à mostra A gravura de Lasar Segall: poesia da linha e do corte.

Uma visita mediada não deve ser muito extensa e nem sobrecarregar os visitantes com muitas informações. Para um melhor aproveitamento, é importante que seja feita uma seleção de no máximo cinco obras para análise mais detalhada em cada visita, o que não impede que os visitantes percorram todo o espaço expositivo para olhar todas as gravuras livremente.

Para este guia foram selecionadas cinco obras da mostra, que estão apresentadas em sequência cronológica. No entanto, não é necessário que o roteiro seja executado nesta ordem, nem que todas as imagens sejam trabalhadas em uma mesma visita.

Além dessas imagens sugeridas, o mediador poderá trabalhar com outras gravuras da mostra. As ideias aqui apresentadas poderão ser alteradas, suplementadas e ampliadas de acordo

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com a natureza dos grupos que estiverem visitando a exposição, considerando faixa etária, interesses, habilidades e conhecimentos prévios.

Sugerimos que as visitas mediadas sejam iniciadas com uma reunião do grupo em torno do mediador que introduzirá os dados biográficos do artista e uma breve explicação sobre as características desta exposição. Essas informações estão contidas no folheto. Em seguida, é recomendado que haja uma visita geral na exposição para apreciação livre das obras em que questões esporádicas do público deverão ser respondidas, seguindo-se à análise mais detida das obras escolhidas.

Para cada imagem sugerida é apresentada uma série de perguntas que visam propiciar aos visitantes a ampliação da capacidade de descrever, analisar, interpretar e julgar imagens em diversos contextos. Por isso, o mediador deve utilizar as perguntas como um referencial e não como uma “camisa de força”. Mesmo porque a interação com as respostas dos visitantes é fundamental para que as perguntas seguintes sejam significativas. Isto permitirá que este roteiro possa ser abandonado por completo à medida em que novas questões forem surgindo, seja por parte do mediador quanto do próprio público, o que é mais que bem-vindo.

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I N D I C A Ç Ã O D E G R A V U R A S

1.

Mendigo, 1913 – xilogravura – 30 x 23 cm

Peça aos visitantes que olhem atentamente para esta gravura e pergunte: O que vocês estão vendo? O que essa figura está fazendo? Em que posição ela está? Que partes de seu corpo pode-se identificar? Qual é a “cor” do corpo da figura? Aponte para o fundo, que ocupa o espaço em torno da figura. Que áreas são completamente chapadas (pretas)? Quais são tracejadas? Onde aparecem linha brancas? E pretas? Aponte para as faixas inclinadas ao fundo, especialmente a que se localiza logo acima do joelho da figura. Pergunte com o que isso se parece. Deixe que cada um fale o que está vendo e como interpreta esta gravura.

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Discuta com o grupo o que eles imaginam a respeito dessa gravura. Faça perguntas do tipo: Por que a figura estaria sentada aí? Que sentimentos ela transmite? O que as áreas vazias poderiam significar? Discuta a relação cheio / vazio? O que poderia simbolizar as áreas brancas e vazias? Qual a relação dessas áreas com abundância / escassez?

Contextualização Uma das características básicas da gravura é a possibilidade de se obter inúmeras imagens impressas, praticamente idênticas, a partir de uma mesma matriz. No caso da xilogravura, o desenho é feito com o auxílio de um objeto cortante (a goiva, formão, buril) sobre uma placa de madeira (a matriz); o artista tem que “cavar a madeira nas áreas onde ele quer manter o branco do papel e não cavar nas áreas que ele quer o preto. A explicação dos procedimentos técnicos da xilogravura deverá ser feita pelo mediador com as pranchas que se encontram no final do caderno, que devem ser apresentadas ao público como material de apoio à visita. Os artistas expressionistas achavam que a gravura era uma forma de democratizar o acesso à arte, pois divulgava a obra para maior número de pessoas e podia facilmente ser reproduzida em jornais, revistas e livros, por processos tipográficos. Além disso, era também uma técnica muito barata comparada com a pintura, que requer tintas sofisticadas e caras. Esta gravura é de 1913, período em que Segall vivia em Dresden e estava envolvido com o Movimento Expressionista. Dentre os temas de trabalho, nessa época, surgiram retratos de mendigos, velhos, músicos ambulantes e mães com criança. Discuta com os visitantes como o tema está relacionado à técnica, à economia de linhas, à grandes áreas vazadas e à dureza da incisão do corte.

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2.

Retrato de T, 1920 – ponta-seca – 21,5 x 17,5 cm

Peça aos visitantes que olhem atentamente para esta gravura e pergunte: O que vocês estão vendo? O que essa figura está fazendo? Em que posição ela se encontra? Que partes de seu corpo é possível identificar? Como são seus olhos, nariz e boca? Para onde ela dirige seu olhar?

Chame a atenção para os olhos. Como são as linhas? Retas ou curvas? Curtas ou longas? São todas da mesma intensidade? Como é o formato de seu rosto? Como são as linhas de contorno da face? E do ombro? Como é o cabelo? Como é a linha de contorno?

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Discuta com o grupo o que eles imaginam a respeito dessa gravura. Faça perguntas do tipo: Quem seria essa pessoa? Que sentimentos transmite? Que idade teria? Comparando a gravura anterior com esta quais são as grandes diferenças de formas, cores e linhas? Apresente os processos da gravura em metal para que essas diferenças sejam bem compreendidas.

Contextualização Na gravura em metal a matriz é uma placa de cobre, latão ou zinco, onde se desenha com instrumentos pontudos ou com a ajuda de ácidos corrosivos que criam sulcos em sua superfície. Depois de receber uma camada de tinta, a placa é limpa para a retirada do excesso e a tinta só fica em sua parte mais baixa. Para imprimir, é necessário utilizar uma prensa que exerça uma pressão muito grande para que o papel incorpore a tinta que está dentro dos sulcos da placa. A imagem sai invertida. A explicação dos procedimentos técnicos da gravura em metal deverá ser feita pelo mediador com as pranchas que se encontram no final do caderno, que devem ser apresentadas ao público como material de apoio à visita.

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3.

Casal do Mangue, 1929 – xilogravura – 24 x 18 cm

Peça aos visitantes que olhem atentamente para esta gravura e pergunte: Quantas pessoas você vê? Como são seus rostos? Em que posição estão? Parecem estar próximas uma da outra? O que estão fazendo? Para onde estão olhando? Parecem estar em lugar fechado ou aberto? Que áreas são totalmente escuras? Onde Segall usou linhas pretas? E linhas brancas?

Contextualização Esta gravura integra a série sobre o Mangue, (antigo bairro de prostituição do Rio de Janeiro), iniciada por Segall na época que estava morando em Paris. As possibilidades de contrastes entre o preto e branco, oferecidas pela xilogravura, foram aqui bastante exploradas por Segall que utilizou linhas precisas somente para declinar as figuras de frente e costas.

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Discuta com os visitantes os contrastes que se pode conseguir em um trabalho feito em preto e branco. Contrastes técnicos: Linhas finas / Linhas grossas Áreas escuras / Áreas claras Contrastes temáticos: Homem / Mulher Guerra / Paz Fim / Começo Macho / Fêmea Nascimento / Morte Anonimato/Exposição Que contrastes técnicos aparecem nessa obra? E que contrastes temáticos? Pergunte ao grupo se a presença de contrastes aumenta a dramaticidade da obra? Por quê?

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4.

Mulheres do Mangue com fonógrafo, 1929 – ponta-seca – 28 x 21,5 cm

Peça aos visitantes que olhem atentamente para esta gravura e pergunte: O que vocês estão vendo? Quantas pessoas aparecem aqui? O que elas estão fazendo? Quais delas estão nuas? Quais estão vestidas? Qual seria a temperatura do ambiente?

Aponte para a mulher sentada no canto esquerdo da gravura. Pergunte sobre suas características físicas, sua postura e sua posição. Faça o mesmo com as outras duas figuras de pé. Depois chame a atenção para a figura no fundo sentada olhando através de uma veneziana. Compare esta figura com a gravura Casal do Mangue com persiana, que se encontra nessa exposição. Aponte para a mesa no canto inferior direito. Pergunte o que é o objeto sobre ela. Qual seria a função deste objeto? Que música elas estariam ouvindo?

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Solicite que o grupo discuta se um artista pode representar em uma obra visual (gravura, pintura, desenho, escultura) a temperatura, os sons ou cheiros de um ambiente? Que sensações desse ambiente Segall teria captado?

Contextualização Esta gravura também integra a série sobre o Mangue. Peça aos visitantes que comparem esta com a anterior (Casal do Mangue), discutindo a questão social da prostituição levantada pelo artista na série.

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5. Cabeça de Marinheiro e chaminés, 1930 – ponta-seca – 22 x 28 cm

Peça aos visitantes que olhem atentamente para esta gravura e pergunte: O que vocês estão vendo? Quantas pessoas aparecem aqui? O que elas estão fazendo? Que partes do corpo aparecem? Aponte para as chaminés e pergunte o que são essas coisas? O que indica que elas sejam chaminés? Aponte a fumaça e peça que descrevam como é sua textura, os tons de cinza, o volume. Aponte para as linhas que sustentam as chaminés e pergunte o porquê delas estarem aí. Aponte para a primeira chaminé à direita. Compare o formato dela com o formato da cabeça do marinheiro. Chame atenção para a composição da imagem. A inclinação e o tamanho da grande chaminé, que quase tange o limite do papel, a direção da fumaça, a posição da chaminé menor, das linhas de sustentação são contrabalanceadas pelas figuras do primeiro plano (respiradouro, cabeça de marinheiro, chaminé e formas retangulares e

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pequeno triângulo à esquerda). Lembre que o equilíbrio é fundamental para a navegação.

Contextualização Esta gravura faz parte da série da Emigração. Após produzir muitas fotos e desenhos de anotação nas várias viagens que realizou, Segall elaborou essa série na mesma época em que produziu a série do Mangue, quando vivia em Paris. Praticamente dez anos após, realizou a grande pintura Navio de emigrantes (óleo sobre tela, 1939 -41), cuja prancha encontra-se no final do caderno. Compare essa gravura com outras do mesmo tema que se encontram na exposição. Pergunte aos visitantes por que Segall teria se interessado tanto por esse tema.

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Este guia foi elaborado especialmente para acompanhar a exposição itinerante A gravura de Lasar Segall: poesia da linha e do corte, organizada pelo Museu Lasar Segall – IPHAN, MinC, em 1998, para o SESC – Departamento Nacional, atualizado em 2012 pela equipe de Artes Visuais. Museu Lasar Segall – IPHAN, MinC DIRETORES Carlos Wendell Magalhães Marcelo Mattos Araújo CONCEPÇÃO E TEXTO Denise Grinspum SUPERVISÃO Rosa Esteves Marcelo Mattos Araújo REPRODUÇÕES DAS OBRAS Luiz Hossaka FOTOGRAFIA Amauri Botelho

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