A História do Casarão do Comendador
O
sobrado do Museu Regional de São João del-Rei terminou de ser construído em 1859. Considerado um marco da resistência de preservação do patrimônio arquitetônico da cidade, a construção passou por momentos conturbados ao longo da história. Após servir de comércio e residência familiar, o casarão se tornou motivo de embate político, cultural e econômico. Construído a pedido do Comendador João Antônio da Silva Mourão, comerciante são-joanense, o sobrado passou pelas mãos de duas famílias, até ser vendido para uma empreiteira. Foi parcialmente demolido, desapropriado e restaurado. Das ruínas veio a se tornar museu e guardião da memória e cultura de São João del-Rei.
O Comendador João Antônio da Silva Mourão nasceu em São João del-Rei em 1806. Filho de mãe solteira, se tornou um próspero homem de negócios na cidade. Atuou como comerciante, negociando bens e serviços e emprestando dinheiro a juros. Sua fortuna também foi enriquecida com heranças conjugais e materna. No inven-
tário da mãe de Mourão, Ana Joaquiana Albino de Azevedo Lemos, estão descritos equipamentos de mineração, imóveis e escravos. É possível especular, a partir deste documento, que ela administrava os negócios da família. Além das posses que herdou da mãe, Mourão se casou três vezes, o que fortalecia sua posição social. Seu prestígio e influência na comunidade foram confirmados com duas importantes condecorações da época. Mourão recebeu a Comenda da Ordem de Cristo e a Comenda da Ordem da Rosa – insígnias concedidas durante o Império e que serviam para distinguir aqueles que propagassem a fé, o culto cristão e dedicassem fidelidade ao Imperador. Acredita-se que as comendas lhe tenham sido concedidas por seus serviços prestados à Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em São João del-Rei, da qual era membro. O prestígio de Mourão ficou ainda mais evidente após a construção do imóvel localizado em um espaço privilegiado da cidade. O sobrado com três pavimentos se destacava à beira do Córrego do Lenheiro, em um local considerado a entrada da cidade, caminho para as tropas de comerciantes
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