São João del-Rei como Patrimônio Nacional
A
paisagem do Centro de São João del-Rei permanece quase imutável desde a década de 1930. Naquela época, com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), a cidade ganhou o status de patrimônio nacional e passou a ser protegida por leis federais de preservação. Desde então, com exceção de algumas intervenções pontuais, o conjunto arquitetônico da cidade ainda preserva seus casarios coloniais, templos e monumentos históricos. Caminhar pelas ruas resguardadas, em muitos aspectos, é como voltar cem ou duzentos anos no tempo.
A História da Cidade Com mais de três séculos de idade, São João del-Rei passou por diversos períodos e marcou presença em muitos momentos importantes da história do país. As primeiras povoações portuguesas surgiram nesta região em 1702, no Porto Real da Passagem, às margens do Rio das Mortes. Naquele período, exploradores encontraram ouro no Córrego do Lenheiro e nos montes mais ao norte (hoje conhecidos como os bairros Alto das Mercês e Senhor
dos Montes). A descoberta do metal precioso logo trouxe ainda mais europeus para a região e as primeiras casas surgiram. Ao longo de todo o século XVIII, o povoado se expandiu ao redor da exploração aurífera. Inicialmente chamado de Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar (devido à capela ali construída, dedicada à esta santa), ainda em 1713 ganharia o nome de São João del-Rei, em homenagem ao rei D. João V. O local era a porta de entrada para as minas e entroncamento de estradas para diversas regiões do interior: caminho obrigatório para comerciantes tropeiros e bandeirantes. Se tornou sede da Comarca do Rio das Mortes, foi palco da Guerra dos Emboabas e, ainda naquele século, da Inconfidência Mineira. O ouro atraiu comerciantes e, no período oitocentista, a cidade prosperou, mesmo com o declínio da exploração mineral. Foi cogitada para ser a capital do Estado, teve a primeira biblioteca, o primeiro banco e o primeiro jornal das Minas Gerais. Substituiu a renda do metal precioso pela produção de bens industriais e, mesmo com todo o espírito progressista, adentrou ao século XX com muito de sua arquitetura colonial ainda preservada.
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