Sax & Metais #19

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A REVISTA PARA QUEM TOCA E AMA INSTRUMENTOS DE SOPRO

REVELAMOS

Como estudar com seu metrônomo

TOCA SAX E FLAUTA?

Exercícios sobre a diferença nas digitações para não deixar você na mão

GAITA

Melhore a sua embocadura

S TESTenEor

Sax T TSM 55 Michael W sversal n Flauta Tra 01N L F le g Ea

NIVALDO ORNELAS

Referência na música instrumental brasileira, o músico explica como consegue ser ótimo saxofonista, compositor e arranjador

PALHETAS Fabricação e anatomia; 13 modelos e 85 medidas; 15 dicas para compra, uso e conservação; profissionais revelam como tratam suas palhetas

SAX&METAIS•2008•Nº 19•R$ 8,90

COMO ESCOLHER E CUIDAR DAS

ESPECIAL! JUNIOR GALANTE, JOSEC NETO E MARCELO RIBEIRO




índice edição 19

CAPA

24 Nivaldo Ornelas

36

Vitr in

20 Josec Neto

18 Junior Galante

e

SEÇÕES 6 EDITORIAL 8 CARTAS 10 LIVE! 16 VIDA DE MÚSICO Marcelo Ribeiro (saxofone)

30 Técnica

36 VITRINE 38 ANÁLISES Sax Tenor Michael WTSM 55 Flauta Transversal Eagle FL 01N 40 TESTE VOCÊ MESMO 41 REVIEWS – CDs e DVDs

MATÉRIAS 5 MINUTOS COM

18

Junior Galante Ele tem formação sólida, já gravou com diversos artistas e hoje é dos trompetistas mais importantes em grandes bandas e orquestras 5 MINUTOS COM

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Josec Neto

O músico multiinstrumentista é incansável em suas pesquisas sobre música étnica e na busca por sonoridades diversas 4

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CAPA

24 Nivaldo Ornelas O saxofonista, flautista, compositor e arranjador é referência na música instrumental brasileira contemporânea

Técnica 30 Confira as dicas para escolher sua palheta na hora da compra, as principais marcas no mercado e uma tabela de comparação entre as diversas numerações

WORKSHOPS 43 Débora de Aquino SAXOFONE E FLAUTA Observando as diferenças de digitações

46 Paulo Oliveira SAXOFONE Ferramentas de estudo: O metrônomo

48 Ale Ravanello GAITA Melhore a embocadura de solo por cobertura



ed it oria l

Revista de cara nova

N

esta edição, a Sax & Metais está de cara nova, com um novo projeto gráfico. Tudo para deixá-la mais atraente e facilitar ainda mais a leitura do conteúdo que preparamos com todo o carinho a cada mês. A capa traz o multiinstrumentista e compositor Nivaldo Ornelas, um dos músicos que integrou um importante movimento musical, o Clube da Esquina, encabeçado por Milton Nascimento. Também conhecido como a música mineira, até então tinha uma proposta diferente de toda música que estava sendo produzida no Brasil até o início da década de 1970. Ornelas conta alguns segredos dessa época e revela outros sobre sua carreira. Em nossa sempre aguardada matéria técnica, o assunto escolhido é palheta. É fatal que em uma rodinha de saxofonistas surja esse assunto e sempre queremos saber quais são a melhor marca e modelo para obter uma boa sonoridade. Trazemos dicas de como escolher sua palheta na hora da compra, quais as principais marcas no mercado e uma tabela de comparação entre as diversas numerações, de acordo com as marcas e modelos. Nivaldo Ornelas: merecida Em Cinco Minutos, finalmente você matéria de capa irá conhecer um pouco mais sobre dois de nossos ativos colaboradores, o trompetista integrante da Sound Scape Big Band, Junior Galante, e o saxofonista Josec Neto. Em workshops, aprenda a estudar com o metrônomo em uma aula do saxofonista Paulo Oliveira, gaita com Ale Ravanello e, para aqueles que tocam saxofone e flauta, preparei para vocês algumas dicas de digitação e cuidados que devem ser observados nas diferenças entre esses instrumentos. No mais, confira as novidades em lançamentos de CDs e DVDs na seção Reviews e de instrumentos e acessórios em Vitrine, além das novidades no mundo dos sopros em Live! Aprecie o novo visual da nossa revista. Boa leitura e até a próxima!

Esta revista apóia EDITOR / DIRETOR Daniel A. Neves S. Lima EDITOR-CHEFE Helder Capuzzo MTB: 53.293 SP EDITORA TÉCNICA Débora de Aquino REVISÃO Hebe Ester Lucas GERENTE COMERCIAL Eduarda Lopes ADMINISTRATIVO / FINANCEIRO Carla Anne DIREÇÃO DE ARTE Alexandre Braga alexandre@lupecomunicacao.com.br IMPRESSÃO E ACABAMENTO Vox Editora FOTOS Arquivo pessoal, Beto Figueiroa/MIMO, Divulgação, Johan Blomé e Leandro Marins COLABORADORES Ale Ravanello, Carlos Malta, Carolina Estrela da Costa, Denisson Souza Rodrigues, Domingos Mariotti, Goio Lima, Marcelo Coelho, Marcelo Monteiro, Mauro Senise, Paulo Oliveira DISTRIBUIÇÃO NACIONAL PARA TODO O BRASIL Fernando Chinaglia Distribuidora S/A Rua Teodoro da Silva, 907 • Grajaú CEP 20563-900 • Rio de Janeiro • RJ Tel.: (21) 2195-3200 ASSESSORIA Edicase Soluções para Editores SAX & METAIS (ISSN 1809-5410) é uma publicação da Música & Mercado Editorial. Administração, Redação e Publicidade: Caixa Postal 21262 • CEP 04602-970 São Paulo • SP • Brasil Todos os direitos reservados. PUBLICIDADE Anuncie na Sax & Metais saxemetais@musicamercado.com.br Tel./Fax: (11) 3567-3022 www.saxemetais.com.br e-mail: ajuda@saxemetais.com.br editorial@saxemetais.com.br

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Fale com a Sax & Metais: envie suas dúvidas e sugestões para: editorial@saxemetais.com.br ou escreva para: Rua Alvorada, 700 Vila Olímpia • CEP 04550-003 • São Paulo • SP • Brasil

cartas ‘Estou na revista’

5 minutos

Quando fui à banca comprar minha Sax & Metais, fiquei muito satisfeito em me ver nas páginas da melhor revista de sopros do País! Mandei para a Débora a análise do meu sax e ela publicou! Show de bola! Valeu, Débora, valeu, Sax & Metais! Germano Neres dos Santos Bagé, RS

Uma das coisas mais interessantes na revista são as entrevistas com músicos dos mais talentosos do Brasil, que muitas vezes não encontram espaço com o grande público. Fiquei muito feliz ao ver músicos como Sintia Piccin, Domingos Elias e Marcelo Naves. Um abraço a todos! Guilherme Almeira São Paulo, SP

Olá, Débora! Também gostei muito da minha matéria, valeu! E parabéns, Germano, gostei bastante da sua opinião a respeito do sax. A revista está de parabéns! Um abraço! Marcelo Leite Fortaleza, CE

Edição anterior

Sugestão Gostaria de ver uma matéria sobre as boquilhas Guardala. Assim como o Selmer Mark VI, há uma mistificação sobre elas. Vocês poderiam também fazer uma reportagem sobre o saxofonista Nelson Rangell e sobre palhetas acrílicas. Gabriel Monteiro Piracicaba, SP

A edição nº 18 está ótima! Principalmente a matéria informando sobre posicionamento da ‘pegada’ dos instrumentos, assim como a entrevista de capa com o grande Zé. Cada vez melhor a Sax & Metais. Fica uma dica: as marcas

SAX & METAIS NO ORKUT

anunciantes poderiam fazer mais promoções ligadas aos leitores da publicação, assim como a própria S&M fazer promoções e também organizar ou apoiar com seu selo workshops, oferecendo assinaturas etc. Antonio Ribeiro Teresópolis, RJ

Edição anterior 2 Gostei bastante da entrevista com o Zé Canuto, que rendeu boas dicas aos leitores, assim como a reportagem sobre ergonomia. Essas sugestões de postura são fundamentais para o aprendizado dos iniciantes. Lívia Costa Curitiba, PR

Para saber informações da revista e trocar idéias com outros músicos de sopro, participe da comunidade da Sax & Metais no Orkut - http://www.orkut.com/ Community.aspx?cmm=12315174. Já são mais de 2.100 integrantes que enviam comentários sobre instrumentos, músicas, críticas e sugestões para fazer a revista cada vez melhor.



LIVE!

Aqui você confere a agenda de shows e encontros de músicos em todo o Brasil e fica antenado com as novidades do mundo do sopro

‘Sopro Novo’ em livro

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Yamaha Musical, por meio de seu projeto de musicalização Sopro Novo Bandas, lançou o Caderno de Saxofone, em parceria com a editora Irmãos Vitale, durante a 20ª Bienal do Livro, em São Paulo. O livro, de autoria do saxofonista e clinician da Yamaha Erik Heimann Pais (foto), é um guia para quem quer tocar ou já toca o instrumento. “O Sopro Novo Bandas é uma ação que oferece workshops e recitais de instrumento de sopro aos músicos de bandas de todo o País. O livro é resultado desse trabalho”, afirmou o autor. Dividido em sete capítulos que abordam desde as noções básicas e detalhes do saxofone até assuntos técnicos, como articulação e embocadura, o livro vem acompanhado de 14 partituras e um CD. Todas as músicas estão gravadas em duas maneiras: uma com o arranjo completo e outra sem o solo de saxofone, para o leitor tocar com o playback. Além do saxofone, o Projeto Sopro Novo Bandas oferece workshops e recitais com Fernando Dissenha. Nos próximos meses haverá o lançamento do Caderno de Trompete.

Publicação é guia para quem quer tocar ou já toca o instrumento

Feras do jazz

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O destaque da programação, que privilegiou o ‘jazz de raiz’ das décadas de 1920 a 1950, ficou para o trompetista norte-americano Leroy Jones (foto), à frente da banda Leroy Jones Quintet. O quinteto reúne músicos de Nova Orleans, nos Estados Unidos, e Helsinque, na Finlândia. Quem também animou muito o público foi a multiinstrumentista sueca Gunhild Carling (foto), à frente de sua banda. Carling já se apresentou pelo mundo ao lado de nomes como Count Basie Orchestra, Harlem Jazz & Blues Band, Toots Thielemans e Papa Bue and his Viking Jazzband. O festival trouxe ainda atrações como Irakli and the Louis Ambassadors, Judy Carmichael Septet e David Braid Sextet. Foto: Johan Blomé

urante o mês de setembro, as capitais Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Aracajú, Recife e Belém se renderam ao balanço do jazz. A 6ª edição do Jazz Festival Brasil trouxe nomes consagrados para uma série de shows.

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Jazz festival Brasil percorreu sete cidades brasileiras em setembro


Expomusic 2008

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25ª Expomusic, o evento mais importante da música da América Latina, é palco de grandes lançamentos nacionais e internacionais de instrumentos musicais, equipamentos de som, iluminação e acessórios, no Expo Center Norte, em São Paulo. Michael, Bends Harmônicas, Suzuki, Condor, Musical Express, Musical Izzo, Planeta Júpiter e Weril são as empresas que tradicionalmente levam novidades na área de sopros e metais. Além do espaço reservado para os expositores de produtos ligados ao universo musical, a feira oferece workshops, tardes de autógrafos e o Expomusic Fest, que na sua 6ª edição reúne novos talentos de músicos e bandas de estilos variados. A Expomusic é uma

parceria entre a Associação Brasileira da Música (Abemúsica) e a Francal Feiras e Empreendimentos.

Música no papel

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oa notícia: o Conservatório Souza Lima fundou a Editora Souza Lima com o lançamento de livros de cunho didático musical. Elaboradas por músicos e professores renomados, as publicações incluem conteúdo e exemplos teóricos e práticos, todos em português. Além disso, acompanham CD de áudio com exercícios e temas musicais.

Os três primeiros títulos a serem lançados são: Improvisação moderna – Volume I, de Lupa Santiago, Técnicas para baixo elétrico na música brasileira, de Gilberto de Syllos, e Interpretação melódica para bateria, de Carlos Ezequiel. Em breve, os saxofonistas poderão conferir o livro, ainda em fase de elaboração, Aplicação da linha rítmica para composição e improvisação, do saxofonista Marcelo Coelho.

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LIVE!

POR JASMIN HERNANDES

O pai do samba-jazz, por sua filha

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m relação ao instrumento, meu pai era muito cuidadoso e metódico, sempre praticava. Como arranjador, o piano era seu companheiro do dia-a-dia. Criava músicas ligadas sempre a pessoas ou fatos da vida dele. Assim como Tânia, minha mãe, ou o Beco do Gusmão, e por aí vai. Como instrumentista, era autodidata e, por isso, dizia não poder me ensinar a tocar, pois não seria a melhor maneira (pode?). Enfim, comecei a estudar flauta transversal com um amigo e, quando meu pai começou a dar sinais de que a saúde fraquejava, há uns três anos, se animou a me ensinar e infelizmente aproveitei pouco, por falta de disciplina minha mesmo. A música faz parte da minha vida, mas não como instrumentista e sim por convivência e muitos bons momentos! J.T. Meirelles era uma pessoa muito exigente musicalmente, muito crítico. Dizia que o músico, de uma maneira geral, em vez de se interessar em saber de onde as coisas vêm para então decidir para onde elas vão, só se interessa em ganhar algum dinheiro e, por isso, não cria nada ou muito pouco. Da mesma forma que para ser um escritor não basta aprender a ler e escrever, para ser músico não basta aprender a ler e escrever mú-

“Como instrumentista, J.T. era autodidata”

sica. Esse é apenas o primeiro passo de uma longa caminhada, que vai muito além de depender do “Real book” para trabalhar. Afinal, como dizia Noel Rosa: “Samba não se aprende na escola!”. Retirei um trecho sobre o processo de criação do livro que ele escreveu, mas não pôde lançar: “[...] Entretanto, uma vez no plano da imaginação, o artista entra em uma espécie de transe, semelhante ao que acontece com as crianças, deixando assim o plano da realidade. Num segundo momento, porém, uma vez completada a fase da criação, o artista, já de novo no plano da realidade, utiliza o seu conhecimento e raciocínio para melhor organizar o material resultante da sua criação, repetindo assim este ciclo até o término do trabalho. Esse procedimento é válido somente em situações como a escrita de uma obra musical, literária, a pintura de um quadro ou a feitura de uma escultura, pois elas permitem períodos de observação da obra realizada. Entretanto, quando a criação ocorre numa situação de improvisação, como na música, por exemplo, o artista não tem disponível esse período de observação, pois o tempo entre intenção e gesto é de apenas uma fração de segundo! Portanto, o melhor improvisador é aquele que consegue reduzir a zero o espaço entre intenção e gesto, sem que haja qualquer erro ou dúvida, não havendo então a necessidade de qualquer correção (Charlie Parker, o grande saxofonista de jazz, era chamado de “o compositor instantâneo”).”

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LIVE! Música francesa em duo

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flautista Sergio Barrenechea divulga o CD Momentos em Paris, elaborado em parceria com sua esposa, a pianista Lucia Barrenechea. O disco contém seis músicas do repertório francês, com composições de Claude Debussy, Gabriel Fauré, Camille Saint-Saëns e outros. O CD é um lançamento da gravadora Ethos Brasil. Mais informações no site http://www.duobarrenechea.mus.br/. CD contém músicas de Debussy e Fauré

Workshop em São José

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Spalla Instrumentos Musicais, de São José dos Campos (SP), promoveu na última semana de agosto um workshop de sax e flauta ministrado pelo saxofonista Silvio Depieri (foto). Cerca de 50 pessoas, entre estudantes, músicos profissionais e amadores, compartilharam conhecimentos e ficaram por dentro das linhas Sax Supremo, da Weril, e Flautas Amabile. A Spalla está há 12 anos no mercado e atende principalmente o público do Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo.

Capital da flauta

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e 9 a 14 de setembro, a cidade de Maringá, no Paraná, sediou o VIII Festival Internacional de Flautistas. O evento reuniu mais de 200 músicos, de acordo com a organização. Nomes importantes da flauta, como Michel Bellavance, professor do Conservatório de Genebra e La Chaux-de-Fonds, na Suíça, e

os brasileiros Rogério Wolf, presidente da Abraf e Celso Woltzenlogel estiveram presentes. Os concertos e apresentações musicais, sempre gratuitos, aconteceram no Teatro Marista e Fundação Cultural Luzamor. As atividades, como workshops, na Universidade Estadual de Maringá (UEM).

TIRE SUAS DÚVIDAS Já ouvi falar em um saxofone que não precisa de transposição, o sax melody. Que sax é esse? Michael Soares – Limeira, SP O sax melody é um tipo de saxofone afinado em Dó que foi mais utilizado nas décadas de 1920 e 1930. Trata-se de um modelo intermediário entre o sax tenor em Si bemol e o sax alto em Mi bemol, mais agudo que o tenor e mais grave que o alto. Hoje esse instrumento caiu em desuso por não ter havido uma boa aceitação entre os saxofonistas, mas ainda é procurado por alguns instrumentistas que desejam conhecê-lo. Um grande músico que utilizou esse instrumento foi Pixinguinha. Como seu primeiro instrumento foi a flauta, ao passar para o saxofone ele optou pelo sax melody para evitar a transposição e poder continuar tocando seus choros com as mesmas digitações.

Quero começar a tocar flauta transversal, mas estou em dúvida quanto ao modelo. Qual a diferença entre as flautas in-line G e offset G? Isabeli Carvalho – Belo Horizonte, MG Se você puder observar esses dois modelos de flautas, poderá notar uma ligeira diferença entre elas quanto ao alinhamento de suas chaves. As flautas in-line G possuem todas as chaves alinhadas em relação à primeira chave superior do instrumento, e as offset G têm duas chaves ligeiramente desalinhadas em relação a todas as outras. As chaves desalinhadas são aquelas que serão acionadas pelos dedos médio e anular da mão esquerda, que são responsáveis pelas notas Lá e Sol (G), por isso os nomes in-line G e offset G. As flautas offset são as mais indicadas para quem está começando a tocar o instrumento por facilitar a digitação, deixando a mão em posição mais confortável e anatômica.

IPE! A Sax & Metais abre um espaço para você ter suas dúvidas respondidas por profissionais especializados.

C PARTI

Encaminhe suas perguntas pelo correio para Rua Alvorada, 700, Vila Olímpia, São Paulo (SP), CEP 04550-003 ou escreva um e-mail para editoriatecnica@saxemetais.com.br. A revista se reserva o direito de resumir o conteúdo das dúvidas recebidas.

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POR HELDER CAPUZZO

MARCELO RIBEIRO Saxofonista comemora 20 anos de carreira com lançamento de CD

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história da música na família do saxofonista Marcelo Ribeiro, nascido em Porto Alegre, começou há três gerações, em Lages (SC). A primeira orquestra do município foi fundada por seu bisavô, o maestro Ademar Ponce, e tinha como tubista a avó de Ribeiro. “Assim, a música foi passando por gerações de minha família até chegar a mim.” Hoje, aos 36 anos, o instrumentista e professor, apreciador da música de Raul Mascarenhas, Arturo Sandoval e Michael Brecker, comemora 20 anos de saxofone com o lançamento do seu primeiro CD-solo, Ao teu Lado, que reúne dez canções, sendo nove de autoria própria. A primeira apresentação desse trabalho aconteceu em agosto na casa de shows Sgt. Peppers, na capital gaúcha. CARREIRA-SOLO “Durante esses 20 anos com o sax, sempre fui um intérprete de solos e temas instrumentais. Em determinado momento percebi que seria importante compor e ter um trabalho próprio e inédito, para que eu pudesse ir mais longe no cenário musical. Com o nascimento da minha Yasmin, veio a inspiração para a primeira composição. A partir daí, resolvi compor e gravar o meu CD-solo.” PRODUÇÃO DO DISCO “Compus as melodias e levei para o talentoso pianista New (Delicatessen), para que fizesse a harmonia e os arranjos. Em novembro de 2006 entramos em estúdio, e finalizamos em abril deste ano. O CD possui nove canções próprias e mais a música Paixão,

de Kleiton Ramil. Escolhi essa música da dupla Kleiton e Kledir para homenagear o compositor gaúcho e por ficar linda no instrumento. As gravações tiveram a participação de músicos de peso: Fernando do Ó (percussão), Luke Faro, da Hard Working Band (bateria), Edilson Ávila (guitarra), Jefferson Marx (guitarra), Carlos Ribeiro (baixo elétrico e acústico) e New (piano, arranjos e direção musical).” COMPOSIÇÃO “Meu processo de composição começa com a criação da melodia. Uso um gravador de voz simples para gravar, depois transcrevo as melhores idéias no Encore (software de edição de partituras). Depois vêm a harmonia e os arranjos. Gosto de trabalhar com o Sound Forge para tirar solos e o Band-in-a-Box para desenvolver a improvisação. A tecnologia tem um papel facilitador e indispensável para o músico moderno.” ESTUDO DIÁRIO “Pratico diariamente escalas com diferentes articulações, inclusive na região dos agudíssimos, importantes principalmente na linguagem do pop e no jazz contemporâneo e que fazem parte do meu vocabulário. Tenho me dedicado à evolução na improvisação. Levam-se anos para chegar à maturidade durante os improvisos! Gosto de praticá-los com o Band-in-a-Box. Faço também transcrições de solos dos grandes jazzistas utili-

“A tecnologia tem um papel facilitador e indispensável para o músico moderno”

O que Marcelo Ribeiro usa Saxofone • Sax alto Yamaha 275 Established • Sax tenor Galasso Vintage de 1960 • Sax soprano Eagle Palhetas • Em todos os saxofones, La Voz Medium Microfone • Sem fio Shure

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Boquilhas • Sax alto: Dukoff D7 – Super Power Chamber • Sax tenor: Dukoff D7 – Super Power Chamber • Sax soprano: Bari Massa 64 Gaita • Cromática Hohner CX 12

zando o Sound Forge, pois possibilita diminuir a velocidade e isolar trechos, facilitando assim o entendimento melódico e harmônico.” ATIVIDADES “Trabalho como professor de saxofone, gaita de boca e improvisação. Tenho uma turma grande de alunos que considero parte de minha família, realizo com eles recitais semestrais em que são acompanhados por uma banda de apoio. Essa apresentação é chamada ‘Todos os Ventos’ e está na 11ª edição. Além disso, apresento-me na casa de show Sgt. Pepper’s há seis anos com a banda Corações Solitários e realizo gravações com diversos artistas e estilos.”

Foto: Divulgação

vida d e mú s i co

v ida d e m ú s i c o



5 MINUTOS COM

5Junior m in u t o s c o m

POR DÉBORA DE AQUINO

Galante

Os caminhos para grandes formações

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unior Galante é integrante de dois dos principais grupos instrumentais do Brasil, Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo e Big Band Soundscape. Na infância, Galante ouviu muita música em casa. Os discos mais tocados eram das grandes orquestras, e vem daí seu fascínio pela música. “Influência dos long-plays, em especial um do trompetista norte-americano Billy Butterfield, que foi o primeiro passo”, lembra. Mas a influência não foi somente esta. Havia em sua escola uma grande banda, uniformizada, que tocava marchas militares e desfilava em datas comemorativas. Ela foi um fator decisivo para a sua escolha pelo trompete e pela música. “Nessa época, tocava numa rádio todos os dias uma música intitulada Give it One, com o trompetista Maynard Ferguson, que era sucesso absoluto em casa. Com total apoio do maestro da banda Irineu Negri, de meus pais e do meu primeiro grande amigo, o trombonista Bocato, segui em frente.” Quando chegou a hora de levar os estudos mais a sério, Galante foi estudar na Fundação das Artes de São Caetano do Sul. Nessa época, a escola atingiu o seu ápice em matéria de professores – estavam lá Hector Costita, Nelson Ayres, João Godoy (tio do pianista Amilton Godoy) e tantos outros. Foi lá que viu pela primeira vez uma apresentação de uma big band profissional com grandes músicos do cenário paulista sob a condução de Nelson Ayres. Também teve contato com Hermeto Pascoal e o Zimbo Trio. Tudo isso serviu de experiência, além da Banda 150 do Hotel Maksoud Plaza, de shows e gravações com diversos artistas, até o ingresso na Orquestra Jazz Sinfônica, em 1990 e na Big Band Soundscape. É o que conta Junior Galante nesta entrevista exclusiva à Sax & Metais.

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» Você já gravou com diversos artistas. Você teve uma carreira como músico de estúdio? Há alguns anos, o trabalho de gravação com artistas renomados era parte do cotidiano. Dos trabalhos que fiz, tem um em especial que reuniu Ivan Lins, César Camargo Mariano, Jane Duboc e Filó Machado, entre outros. Hoje, quando o ouço, gosto muito. Foi de bom nível, com ótimos arranjos de metais. Isso foi em 1981, ainda nos meus 16 anos. Mas não considero ter tido uma carreira de estúdio. > A Banda 150 foi muito importante em sua formação. Como era este trabalho? Na época, a banda era conduzida por Antonio Duran, um argentino supertranqüilo e excelente orquestrador. Duran convidoume e disse que precisava de um primeiro trompete. Eu tinha acabado de completar 21 anos e tratava-se de um grupo experiente que acompanhou ótimos músicos, principalmente os do ambiente jazzista, como Michel Legrand, Toshiko Akioshi, Lew Tabackin, Joe Williams. O meu primeiro ensaio já era para uma temporada com o grande pianista Luiz Eça, compositor do memorável tema The Dolphin. Nas semanas seguintes, novas temporadas com Billy Eckstine, com seu inseparável maestro Bob Tucker, e daí em diante foram quatro anos bem bacanas com Lionel Hampton, George Shearing, Cab Callaway, Bob Crosby, para citar alguns. Ouvi músicos lendários como Major Lee Holley e Benny Carter e Maynard Ferguson por várias vezes! » Como foi a sua entrada na Orquestra Jazz Sinfônica? Quando terminou a Banda 150, houve dias de vacas magras, e a única coisa boa foram

O que Junior Galante usa • Trompete Zimant Kanstul, calibre largo e campana de cobre e bocal Stork Custom-Vacchiano 3E. • Flugelhorn Vincent Bach 183 e bocal 10½.


alguns shows com a cantora Cláudia, numa temporada que se encerrou em Miami. Um dia, li no jornal que havia um projeto de uma nova grande orquestra em São Paulo, com repertório de música popular e acabamento sinfônico arranjados pelos maestros Cyro Pereira e Luiz Arruda Paes. Fiz os testes e estou lá até hoje. » Que trabalhos memoráveis você poderia destacar nessa orquestra? Temos uma rotina saudável de três ensaios semanais, sempre com novidades e solistas convidados. A orquestra propicia especializações no exterior e turnês internacionais.

nhos de se tornar compositor ou arranjador. Estou me preparando, embora no passado já tenha feito isso, mas nada substancial. » Falando em arranjo, você teve a oportunidade de participar do Festival de Ouro Preto junto à grande Maria Schneider. Como foi essa experiência? Sou fã incondicional da obra da Maria Schneider. Quanto ao festival de jazz, foi um daqueles momentos que gostaríamos de vivenciar todos os dias. Músicos como Wallace Roney, Bud Shank e Joshua Redman estiveram por lá, foi ótimo! Quanto a Maria Schneider, o trompetis-

“Temos uma rotina de três ensaios semanais, com novidades e solistas convidados”

» Como surgiu a Big Band Soundscape? Em 1999 surgiu a idéia de uma nova big band na cidade para se apresentar às segundas-feiras em algum bar que tivesse um ambiente de jazz, parecido com o do Village Vanguard, em Nova York. Eu tocava no Rebop Nonet, do baterista Bob Wyatt, e juntamente com o saxofonista Maurício de Souza, somamos forças para montar essa banda. Nos primeiros ensaios com a Soundscape, Alex Mihanovich trouxe arranjos seus para uma big band e foi assim que tudo começou. À medida que a banda adquiria consistência como um grupo de fato, o repertório crescia e acabamos gravando dois álbuns e duas faixas num DVD, também com composições dos demais integrantes da banda. » Você desenvolve outra atividade dentro da música, além de instrumentista? Tenho me dedicado a novos estudos e aulas só eventualmente. Todo músico tem so-

ta Daniel Alcântara foi convidado como um dos solistas e por intermédio dele fui convidado como primeiro trompete. Aceitei, mas confesso que fiquei muito preocupado, porque a linguagem era muito diferente da que estava acostumado. Estudei muito para tocar nessas apresentações. Maria Schneider é o exemplo mais impressionante em minha vida. Como compositora todos conhecem, mas no dia-a-dia, com absoluta competência na direção de uma big band e principalmente como ser humano, é incrível. O melhor dessa história é que há novas possibilidades futuras. Hoje somos colegas e mantemos contato.

DISCOGRAFIA • Maybe September – Soundscape Big Band Jazz • Uncle Charles – Soundscape Big Band Jazz • Banda Mantiqueira com Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (2004) • Live Session at Trama Studios – Wilson Simoninha • The Frog, Live Sinfônica Orquestra – João Donato • Amigo (ao Vivo) – Milton Nascimento • Bissamblazz & Ensemble Brasileiro • Intuição – Pedro Mariano • Simoninha MTV (DVD) • Ao Vivo – Pedro Mariano (DVD)

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Foto: Divulgação

Aconteceram, com certeza, muitos trabalhos memoráveis. O mais importante foi uma série de concertos com Tom Jobim. De qualquer forma, existiram outros trabalhos com Joe Zawinul, Turtle Island Quartet, Egberto Gismonti, John McLaughlin, Hermeto Pascoal, David Liebman e NY Jazz Composer Collective, que, em minha opinião, fizeram a diferença!


POR DÉBORA DE AQUINO

Josec Neto

Diversidade e independência na pesquisa por novas sonoridades

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eu pai viveu a geração bossa nova e participou da era dos festivais. Já sua mãe ouvia bandas como Elvis Presley e Beatles. Aos 10 anos, iniciou seus estudos no órgão eletrônico e só mais tarde vieram os sopros. Hoje o multiinstrumentista Josec Neto dedica-se à new age, world music, composição de trilhas e jingles em seu próprio estúdio, além de trabalhos com computer music, síntese sonora e buscas por novas sonoridades.

O PRIMEIRO INSTRUMENTO DE SOPRO “Foi um saxofone alto. Confesso que quando o retirei da caixa nem sabia como produzir som. Inscrevi-me para participar do projeto Unibanda da Unicamp, mas todas as vagas para sax já estavam preenchidas. Como o meu pai havia comprado um clarinete, peguei-o emprestado para aprender e fui procurar um professor para sax. Encontrei o Flávio Corilow, que além de ótimo instrumentista é um grande professor. Aprendi muito com ele.”

“Aprendi os dois simultaneamente, mas não recomendo isso a ninguém, pois o estilo de aprendizado e, principalmente, a embocadura são diferentes. Você pode deixar o sax encostado uma semana e não perde a embocadura. O clarinete não lhe permite isso. Se ficar uma semana sem tocá-lo, os seus agudos vão para o es-

Foto: Studio Itália

CLARINETE E SAXOFONE

Fotos: Divulgação

5 MINUTOS

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O que Josec Neto usa paço. Mas adoro o timbre de ambos e suas particularidades de articulação. Aos poucos, peguei o sax soprano, o tenor, a flauta transversal, os worldwinds e o windcontroller, e vamos ver o que ainda virá por aí.”

INTERESSE PELA MÚSICA ÉTNICA “A música faz parte da história de todos os povos do planeta. Acho incrível a diversidade de sons, ritmos e articulações existentes. É difícil para um músico da escola ocidental se acostumar com estilos que remontam a milhares de anos, mas é uma experiência fantástica. Temos também o que chamamos hoje de world music, que é filha direta da globalização de costumes e culturas. Hoje o músico tem acesso a muitas sonoridades diferentes e isso conduz a idéias musicais diversificadas.”

COMPUTER MUSIC “Não sou do tipo que compra um teclado com 500 sons diferentes e acaba utilizando sempre os mesmos dez. As ferramentas de computer music são grandes auxiliares do músico. Não vieram para acabar com empregos, mas fornecem alternativas. Isso sem contar a possibilidade de criação de timbres diferenciados.”

SÍNTESE SONORA “Uma boa definição de síntese sonora é a capacidade de simular instrumentos acústicos ou criar novas sonoridades com ins-

• Sax: tenor Yamaha YTS-25, alto Conn Shooting Stars, soprano Michael WMS35. • Flauta: Yamaha YFL-211. • Clarinete: Selmer Centered Tone. • Windcontroller: WX5 Yamaha • Instrumentos étnicos variados, entre eles bansuri, dizi, kaval, pennywhistles e outros.

trumentos eletrônicos. A combinação dos diferentes tipos de síntese faz com que o músico aumente sua paleta de sons, criando timbres exclusivos e únicos.”

HOME STUDIO “Tenho um estúdio em casa equipado com as ferramentas que utilizo para minhas gravações, edições etc. Não tenho uma sala para gravação de instrumentos acústicos, quando preciso vou a outros estúdios maiores para gravar sax e flautas. Mas toda a parte de pré e pós-produção é feita no meu estúdio, assim como a gravação dos teclados e do windcontroller. O estúdio é utilizado 90% do tempo para meus trabalhos-solo, arranjos para eventos que eu faço, e os outros 10% utilizo para fazer alguns trabalhos a terceiros, como trilhas, vinhetas, áudio para sites e alguns arranjos.”

ESTILO “Gosto de trabalhar com duas vertentes: a primeira, mais new age, voltada para temas mais contemplativos, atmosféricos, que induzem a alma a um estado de elevação; a segunda, misturando elementos sonoros de diversas culturas com os avanços da tecnologia, com seus sons que só podem ser produzidos artificialmente”.

DISCOGRAFIA “Preparei um novo trabalho com um conceito diferente. O recém-lançado CD Songs of the Temple, que já está no mercado, possui temas de diversos estilos e influências que não são necessariamente complementares. Porém, eles giram em torno de um tema único: os cavaleiros Templários. Procurei fazer um CD com um estilo que lembra as trilhas sonoras, com temas que se correlacionam e contam uma história.”

SAX & METAIS

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CAPA

c ap a

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SAX & METAIS

POR DÉBORA DE AQUINO


Os caminhos do saxofonista O músico falou

Nivaldo Ornelas

à Sax & Metais sobre os desafios de sua extensa trajetória musical

para ser compositor e arranjador

Fotos: Leandro Marins

P

ara falar de Nivaldo Ornelas, temos de citar Milton Nascimento e o Clube da Esquina, mas a carreira desse saxofonista, compositor e arranjador começou muito antes. Nascido em uma família de músicos em Belo Horizonte, os estudos musicais começaram cedo. Aos 12 anos teve as primeiras aulas com o acordeom. Fascinado pelo instrumento, ouvia Luiz Gonzaga e começou a tocar em festas juninas e quadrilhas. “Tirava as músicas que ouvia e transformava-as para esse estilo de dança”, lembra o músico. Os estudos continuaram e Ornelas entrou na Escola de Música da Polícia Militar de Minas Gerais. Aprendeu toda a base musical, teoria e solfejo. Mais tarde viria o seu primeiro instrumento de sopro, o clarinete, escolhido sem muita convicção. Até esse momento, toda a sua formação estava baseada na música erudita e sua idéia era seguir por esse caminho, mas os seus planos mudaram de rumo alguns anos depois, quando Ornelas escutou John Coltrane e começou a se interessar pelo saxofone tenor. Entrou em bandas de baile, formou e ingressou em grupos de música instrumental que tocavam de standards de jazz a bossa nova. Começou a fazer arranjos para cantigas de roda e temas tradicionais e deu seus primeiros passos na arte da composição.

Em 1971, apareceu no Rio de Janeiro convidado a tocar na Banda Jovem de Paulo Moura. Em 1973 foi para São Paulo, onde tocou por alguns meses na banda de Hermeto Pascoal. Por volta dessa época, surgiu o que se tornaria mais tarde o Clube da Esquina. Esse movimento era uma reunião de músicos mineiros, encabeçada por Milton Nascimento. Nivaldo, que pertencia à turma do jazz, não chegou a participar das reuniões, mas era muito amigo de Milton. O primeiro trabalho que fez com o compositor foi o LP Milagre dos Peixes, de 1973. Daí para a frente foram participações em dez discos. “Praticamente o único cantor com quem toquei em minha vida, nós tínhamos muita afinidade.” Seu primeiro disco-solo, Portal dos Anjos, foi lançado em 1978 e já arrebatou o primeiro prêmio de sua carreira, o Troféu Villa-Lobos. Depois desse vieram mais 12. Fez participações em discos do que há de melhor na música brasileira: Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Flora Purim, Wagner Tiso, Túlio Mourão, Egberto Gismonti e Toninho Horta, dentre outros. Como compositor, possui músicas feitas para as mais diversas formações, desde duos e música de câmara até orquestra, além de compor para cinema, teatro e dança. SAX & METAIS

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CAPA

c ap a » Sax&Metais – Por que você diz que escolheu o clarinete sem muita convicção? Nivaldo Ornelas Eu via os meninos tocando e o clarinete me parecia o mais fácil, o mais leve, depois acabei gostando, tive bons professores e minha idéia era fazer música erudita tocando clarinete. Eu vivia no mundo da música erudita. » Quando passou a tocar saxofone? Bem mais tarde, no período pré-Clube da Esquina, em Belo Horizonte. Os músicos se reuniam num lugar chamado Berimbau, eu já tinha ouvido John Coltrane e a partir daí comecei a tocar saxofone tenor, gostei muito do som. Até então achava o saxofone um instrumento da noite e isso não me atraía nem um pouco. A partir de um disco do Coltrane com o Thelonius Monk, chamado

ainda toco. O próprio Coltrane tocava clarinete, Paulo Moura também, além de outros grandes saxofonistas. O clarinete é um instrumento nobre, quem o toca faz com que tudo fique mais fácil na transição para outro instrumento, principalmente em se tratando de palhetas. O clarinete é a base de tudo. Toco toda a família de clarinetes, de flautas e de saxofones. » A flauta é bem diferente, não? Apesar de a flauta ter uma embocadura diferente, existem excelentes flautistas que tocam muito bem saxofone. Joe Farrell é um deles. O Eddie Daniels, excelente clarinetista, tem um disco que eu estava escutando outro dia, em que toca flauta maravilhosamente, música erudita. Quando o estudante aprende o clarinete ainda bem jovem, adolescente, como foi o meu caso, acaba abrindo um

O princípio da respiração para qualquer instrumento de sopro é o mesmo, isso torna mais fácil a passagem de um para outro. Se você aprendeu a respirar, a controlar o diafragma direitinho, tudo fica fácil. Eddie Daniels, Joe Farrel e Jerome Richardson tocam todos os clarinetes, todas as flautas, todos os saxofones e ainda tocam oboé bem, muito bem. Um instrumento ajuda o outro, é tudo a mesma coisa, instrumentos de vento, de soprar, o princípio é o mesmo. Comecei a estudar flauta quando entrei para a banda do Hermeto Pascoal, na banda dele todo mundo tocava flauta. Peguei o instrumento e saí tocando, mas depois fui ter aulas com a Odete Ernest Dias. Tive 15 dias só de aulas de respiração com ela. O que eu já sabia ficou mais sedimentado, mais fortalecido. Aprendi a respirar melhor, sem fazer barulho, e isso me ajudou no saxofone.

“Quando o estudante aprende o clarinete ainda bem jovem, adolescente, como foi o meu caso, acaba abrindo um caminho para tocar qualquer instrumento de sopro bem, inclusive a flauta.”

The Prophet, comecei a pensar diferente. Tinha por volta de 22 anos. » Você sentiu muita diferença entre o clarinete e o saxofone? Não vejo grande diferença entre esses instrumentos. Os melhores saxofonistas que conheci foram e são ótimos clarinetistas. Hoje não me dedico tanto ao clarinete, mas

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caminho para tocar qualquer instrumento de sopro bem, inclusive a flauta. Todos os instrumentos de palhetas citados aqui e as flautas são da família das madeiras. Os saxofones, por conta das palhetas e as flautas, porque antigamente eram feitas de madeira. » Como é a questão da respiração nos diversos instrumentos de sopro?

» Você faz algum tipo de exercício de respiração? No começo tinha muita dificuldade de respiração, um problema que as pessoas chamam de ar preso, respiração entrecortada. Para trabalhar isso, pratiquei yoga e aprendi aquela respiração pausada. Em seguida, fui estudar com o cantor lírico Roberto Fabel, que me ensinou o segredo de respirar realmente bem.


Uma vez apareceu em Belo Horizonte, onde eu morava, um saxofonista norte-americano. ‘Colei’ nele, aprendi mais algumas técnicas de respiração, inclusive o exercício da vela. » Como é esse exercício? Você sopra na vela bem de pertinho e não pode apagá-la. O grande exercício é soprar, fazer a chama deitar mas não apagar. Você respira com aquele ar quente, com o bafo, não com o sopro, o ar que vem lá de dentro, da parte de baixo do tórax. É um bom exercício. Essas coisas devem ser aprendidas cedo, no início dos estudos. Já fiz muito.

Na Europa e nos EUA, aprende-se a base na escola básica, naquelas big bands. Toda essa base é muito praticada, os problemas técnicos são resolvidos e quando o músico começa a tocar pra valer, aos 20 anos, já está tocando e lendo bem. Aqui, a leitura é um problema porque faltam escolas. Na minha época eram melhores, estudei em uma escola fundada por Villa-Lobos. Somente ser talentoso não resolve a vida de ninguém, é preciso um trabalho coletivo.

» Como você foi da música erudita para o jazz? Qual a diferença entre os dois tipos de formação? No Brasil, todo mundo é muito talentoso, principalmente no jazz e na música brasilei-

» Trabalho coletivo? Fale um pouco sobre isso. Os músicos americanos aprendem a estudar uns com os outros. Formam, por exemplo, um quarteto de saxofones para estudar música clássica, vão uns nas casas dos outros e trocam idéias, informações, não escondem o jogo. O resultado é que

ra, mas alguns do tipo ‘eu me garanto’ saem tirando todos aqueles solos dos discos do Charlie Parker e do Coltrane e acham que já estão tocando muito. Até que depois de um tempo cai a ficha e o cara descobre que não toca nada. Perdeu um tempão e tem de voltar para trás, para os exercícios de notas longas, escalas, sonoridade, respiração, embocadura, mas até aí ele perdeu muito tempo.

todo mundo sai ganhando. Aqui não, o cara fica preso no quarto falando para si: ‘Eles que me aguardem’. Mas isso é perda de tempo, um aperfeiçoamento dos erros. A parede não tem ouvido, o cara toca, toca e não resolve, a não ser que tenha muito talento, mas em cada dez, talvez três consigam. É preciso ter muito cuidado com a forma de estudar.

“No começo, fui muito influenciado pelos compositores com os quais convivi. Hoje, a composição virou trabalho para mim. Componho todo dia, para diversas formações.”

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CAPA

c ap a Acho que perdi muito tempo por causa do individualismo. Ficar em casa achando que é um gênio, tirando frases do Michael Brecker, do Coltrane, só vai fazer você passar a vida copiando os outros. E o seu próprio universo, onde fica? » Então, como estudar? Como desenvolver o próprio universo? Uma coisa é ser bom saxofonista, outra é pensar na música como uma forma mais ampla. É o seu enfoque, parar de olhar para fora e começar a olhar para dentro. Tenho um disco que pode ilustrar um pouco isso, o Viagem em Direção ao Oco do Toco (2005). Não posso dizer que seja um superdisco, mas é absolutamente verdadeiro. Esse trabalho foi feito em apenas uma noite, tudo improvisado, nada prévio. O jazz é a maior expressão artística dos últimos tempos. Não o jazz música americana, mas o jazz conceito, liberdade de expressão. Ele é tão forte que influenciou a dança, a pintura, as artes plásticas, a literatura, tudo. É liberdade de expressão artística. O músico, para encontrar o próprio caminho, tem de pensar nisso. Existe o período em que você copia, tira as frases, isso é necessário para a evolução técnica, ouvir de tudo. Teve uma época em que eu só ouvia Ravel, Debussy e Richard Strauss, à exaustão, porque gostava do som. É como se você pegasse tudo isso e colocasse no liquidificador. Dessa forma você começa a idealizar o seu próprio som e ele começa a aparecer, vai se construindo a partir de várias informações. Até que chega o momento em que você pára de tocar as coisas dos outros e começa a tocar as suas próprias, você vai formando sua própria identidade. » Qual é o seu caminho de composição? No começo, fui muito influenciado pelos compositores com os quais convivi. Hoje, a composição virou trabalho para mim, tenho muitas composições de música de câmara voltadas para o erudito. Componho todo dia. Tenho músicas para diversas formações. Apesar de dizer que é trabalho, não é nada forçado. No momento, estou escrevendo uma peça para violoncelo e piano, cada dia faço um pedaço. Ela fica tão viva na minha cabeça, que às vezes mesmo na

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cama levanto e coloco uma nota. É aquela coisa de aprender a ouvir, vivenciar, saber trabalhar. No meu caso, quanto mais longe fico da música, menos faço. Quanto mais trabalho, mais inspiração. É como a pessoa que está em uma mina. Se não começar a bater, não vai achar o ouro. Quando escrevo, penso horizontalmente, com técnicas de contraponto e fuga, porque tenho o lado melódico mais desenvolvido. Quem toca instrumento de sopro desenvolve melodia. Normalmente quem toca instrumento de harmonia pensa verticalmente, acorde por acorde. São duas formas e uma não é melhor que a outra. Se pegarmos as Invenções a Duas Vozes, de Bach, veremos que a harmonia está toda ali e o pensamento é horizontal. Os grandes compositores partem desse princípio básico de fuga e contraponto. Nós, que tocamos instrumento de sopro, ao desenvolvermos um pouco de harmonia, tudo fica mais fácil. » Você tem muitas músicas para cinema, teatro. Como é compor para essas finalidades? Normalmente assisto ao filme, leio o roteiro, converso com o diretor, é preciso entrar no ambiente. Quando faço dança, vou aos ensaios. É uma delícia, fico no meio deles. Faço aquelas técnicas de aquecimento, respiração, literalmente respiro o ambiente. Dessa forma, você começa a fazer parte daquilo, tudo fica mais fácil.

conjunto. Eu componho no lápis e papel, depois passo para o computador. Há quem considere o computador útil para a composição. Em minha opinião, não serve, acho cerebral demais.

» Você utiliza algum meio tecnológico para composição? Uso o programa de edição de partituras Finale, mas confesso que sou muito lento nisso. Trabalho com o Marco Túlio, saxofonista do Rio de Janeiro. Um arranjo que eu levaria um mês para colocar no computador, ele vem e faz em três, quatro dias. Em seguida, fazemos uma revisão e pronto, trabalho em

» Quanto às formações com as quais você trabalha uma composição, é você quem escolhe os instrumentos que deseja utilizar? Às vezes são coisas encomendadas, mas tenho, por exemplo, muitas coisas escritas para sax e orquestra, coisas que faço para tocar. Vou desenvolvendo a sonoridade, já conheço a altura, a região do instrumento. É

O que Nivaldo Ornelas usa • Tenor Mark VI com boquilha Otto Link 7 de massa e Otto Link 7* de metal. Palhetas Rico (caixa laranja) e Rico Jazz. “Tenho dois tudéis, o original e um série 80, dessa forma posso mudar o timbre.” • Soprano Yamaha 62 com boquilha Selmer D e Selmer E. Palhetas Brancher, Rico Jazz e La Voz • Flauta Transversal Yamaha • Flauta em Sol Gemeihardt


fundamental conhecer o instrumento para o qual você está escrevendo. Quando faço uma peça para violoncelo, vou lá conferir. Outro dia fui ver o Antônio Menezes tocar, conversei com ele, perguntei coisas, cheguei e mudei diversas partes do meu trabalho. Com esse conhecimento, a possibilidade de dar certo é muito maior. É preciso conhecer os recursos dos instrumentos. » Os músicos que o influenciaram são os mesmos que você ouve hoje? Engraçado que eu só ouço música erudita, meu ambiente é esse. Ouço jazz ocasionalmente. Na verdade, não fico influenciado por nada, mas quem me influenciou muito foi Luiz Gonzaga, lá atrás, quando comecei a estudar acordeom. Quando passei para o clarinete, comecei a ouvir música erudita e, com o saxofone, entrei no mundo do jazz, o que ouço até hoje – Miles Davis, Thelonius Monk, John Coltrane, Bill Evans com Claus Ogerman. Convivi muito com o folclore mineiro, a congada, folia de reis, música religiosa, Cesar Franck, Gabriel Fauré, cantatas

de Bach. A minha infância, em Minas Gerais era povoada de conventos. No meu bairro havia uma ordem alemã, com órgão, coral e tudo. Sem dúvida essa música me influenciou bastante. » O que você está fazendo atualmente? Estou pegando tudo o que tenho na gaveta. É como se eu fosse um pintor que pinta seus próprios quadros. Ele vai fazendo e deixando por ali no atelier. Faz porque faz. Tenho muitas composições nas gavetas. Fui guardando esses ‘quadros’ e agora percebi que esse material guardado não resolve nada. Tenho 15 CDs e mais uns oito ou dez que não foram lançados, entre balés, música de cinema, improvisações. Estou colocando isso para fora. Sou arranjador do Armandinho, faço os arranjos do material que ele toca com orquestra e no momento estou trabalhando com isso. Faço muitos trabalhos para orquestra. Já toquei duas vezes com a Jazz Sinfônica e pretendo fazer uma turnê tocando as minhas composições com orquestra.

“Tenho muitas composições nas gavetas. Fui guardando esses ‘quadros’ e agora percebi que esse material guardado não resolve nada.”

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TÉCNICA

técn ic a

Por Débora de Aquino

Aprenda a escolher e cuidar das

palhetas O pequeno pedaço de madeira é item fundamental para a qualidade de seu som e influencia sua maneira de tocar

U

m dos assuntos mais recorrentes em rodinhas de saxofonistas são as boquilhas e palhetas. De nada adianta um bom instrumento sem uma boquilha e uma palheta que façam jus a ele. Existem no mercado diversas marcas e modelos, de naturais a sintéticas, com diferentes formas de numeração dependendo da marca escolhida. Nesta matéria, você vai entender um pouco mais sobre as palhetas, suas diversas classificações e, claro, maneiras de conservá-las e prepará-las para que fiquem ao seu gosto e durem mais tempo.

ENTENDENDO AS PALHETAS As palhetas são feitas de madeira, ou melhor, de cana ou bambu. Mas não é qualquer bambu. Normalmente, os melhores são aqueles que crescem em regiões mais quentes e uma das marcas mais conhecidas cultiva essa cana no sul da França. A qualidade da palheta, sua densidade, absorção de umidade, resistência e som dependem da parte da cana da qual ela é retirada. A numeração varia de acordo com a marca e com o corte da palheta (confira na tabela de equivalência). Quanto mais dura, maior será o seu número, assim como o esforço para tocar. Por exemplo, uma palheta número 2 é mais macia que uma número 2½.

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Mas por que tanta discussão em cima de uma questão aparentemente tão simples? A palheta é uma das partes mais delicadas da embocadura, e dela depende o som do instrumento. Quanto melhor ela for, melhor será o seu som. Por mais refinado que seja o processo de fabricação das palhetas, sempre pode haver alguma que não ficará boa. Portanto, além de escolher uma boa marca desse acessório, é importante que o músico saiba trabalhá-la um pouco. Dessa forma, ele poderá ajustar uma palheta de acordo com suas necessidades. É importante saber que cada palheta tem uma ‘personalidade’. Há aquelas que no primeiro sopro já dá para perceber que estão um horror. Umas são boas para graves, outras boas para agudos. Se você é iniciante no saxofone, não se preocupe tanto com isso. Esteja certo de adquirir uma boa marca e toque bastante. Com o tempo você irá sentir as diferenças de uma palheta para outra e será capaz de ajustá-las ao seu gosto. Além das palhetas de cana, existem ainda as sintéticas. Há algumas que visualmente são bem parecidas com as naturais, outras parecem de plástico, transparentes, foscas, de fibras sintéticas. Os músicos mais conservadores passam longe dessas palhetas e afirmam que sua sonoridade soa um tanto artificial. Outros gostam do som e ainda têm a seu favor o fato de essas palhetas terem uma durabilidade muito superior às feitas de cana, mas tudo isso é questão de gosto e adaptação.


ANATOMIA DAS PALHETAS Para saber trabalhar suas palhetas corretamente, é preciso que você entenda o que significa cada ‘parte’ delas. A área plana da palheta é conhecida por mesa. É ela que deve ficar em contato com a mesa da boquilha. Já a área arredondada é constituída por talão, laterais, bisel, coração e ponta.

2. Observe o corte da palheta, ele deve ser o mais simétrico possível.

Mesa

Ponta

Coração Biesel

Laterais

Área de Raspagem Observe o corte assimétrico da primeira e segunda palhetas.

Talão

COMO ESCOLHER SUAS PALHETAS Aqui vão algumas dicas simples para ajudá-lo na hora de comprar palhetas de cana. Elas não servem para as sintéticas ou palhetas com revestimento preto. São sugestões visuais, já que não podemos tocar com as palhetas antes de levá-las para casa. 1. Observe o arco do corte da palheta, ele não deve ser nem muito aberto nem muito fechado.

3. Para saber qual o grau de amadurecimento da palheta, aperte a parte superior com a unha. Se ficar marcada facilmente, não amadureceu o suficiente. Se estiver muito dura, amadureceu demais e pode estar até ressecada. O ideal é que fique uma marca leve e que quase desaparece quando é retirada a pressão da unha. 4. Muitas vezes as palhetas ficam mal acondicionadas nas lojas, sujeitas a variações de temperatura e umidade. Observe principalmente se elas não apresentam mofo. 5. Observe as fibras da cana. Elas devem estar paralelas em toda a sua extensão.

Da esquerda para a direita: Arco muito fechado, arco bom, arco muito aberto

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TÉCNICA

técn ic a

APRENDA

A ESCOLHER E CUIDAR DAS PALHETAS

6. É comum vermos saxofonistas e clarinetistas escolhendo suas palhetas, olhando-as contra a luz. Eles estão observando se o corte está uniforme. A palheta deve apresentar a imagem de um ‘U’ invertido e uniforme, bem centralizado a ela.

Palheta observada contra a luz

DIFERENTES MARCAS E MEDIDAS

COMO USAR E CONSERVAR SUAS PALHETAS

Esta matéria não tem a missão de indicar nenhuma marca ou modelo específico, mesmo porque cada saxofonista tem seu gosto e estilo musical, o que ajuda a escolher o tipo de palheta desejado. Para quem está começando, as palhetas 1½ e 2 são as mais recomendadas. Aos poucos, com a formação da embocadura, o número pode aumentar. O ideal é experimentar algumas de marcas e numerações diferentes. A seguir, algumas sugestões e suas respectivas medidas. Marca

Modelo

Saber cuidar de suas palhetas é tarefa fundamental: • Após tocar, retire a palheta da boquilha, seque com uma flanela ou perfex e guarde. Algumas marcas de palhetas vêm em um estojo plástico que protege e conserva melhor o acessório. • Existem estojos apropriados para guardar as palhetas, em que elas ficam presas e suas pontas pressionadas. Assim, esse tipo de estojo evita que a ponta da palheta empene e fique com aquelas ‘ondinhas’. • Guarde suas palhetas em local seco e arejado, isso evita que elas mofem e permite que sequem melhor depois de tocadas. • Há alguns lançamentos de estojos no mercado que prometem manter o controle de umidade de suas palhetas. Aí vai mais uma idéia para quem quer manter suas palhetas o mais perfeitas possível.

Medida

Rico International Rico Royal 1, 1½, 2, 2½, 3, 3½, 4 e 5 La Voz

Soft, Medium Soft, Medium, Medium Hard e Hard

R. Reserve

2, 2½, 3, 3½, 4 e 4½

Select Jazz 2S, 2M, 2H, 3S, 3M, 3H, 4S, 4M, 4H Plasticover 1, 1½, 2, 2½, 3, 3½, 4 e 5 Vandoren

Fibracell

Bari

Tradicional 1, 1½, 2, 2½, 3, 3½, 4 e 5 Java

1, 1½, 2, 2½, 3, 3½, 4

V16

1, 1½, 2, 2½, 3, 3½, 4 e 5

ZZ

1, 1½, 2, 2½, 3, 3½, 4

Fibracell

Soft, Medium Soft, Medium, Medium Hard e Hard

F. Premier

1, 1½, 2, 2½, 3, 3½, 4, 4½, 5 e 5½

Bari

Soft, Medium, Hard

Bari Star

Soft, Medium, Hard

Apesar de alguns modelos possuírem medidas semelhantes, nem sempre uma número 2 de determinado tipo é igual a número 2 de outro. Veja abaixo a tabela de equivalência entre os modelos citados na tabela anterior. Marca Rico Royal La Voz R. Reserve Select Jazz Plasticover Vandoren Java V16 ZZ Fibracell F. Premier Bari Bari Star

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Numeração 1

1,5

2 S

2,5 MS

3 M 2

2S 1

1,5 1 1,5

2 1,5 2 1,5

1,5

S

2M 2,5

2H 3 2 2,5

2 2 S 1 S

3,5 MH 2,5 3S

1,5 M

3

3,5 3H 4

3 3,5 3

3 MS 2 M

2,5

5 H

3M 3,5

2,5 3 2,5

2,5

4

3,5 4 3,5

3,5 M 3

4 4S 5

3,5

4,5 4M

4

4,5

4 4 MH 4 H

4,5 H

4H

5 H 5

5,5

5


Uma prática bastante comum entre os saxofonistas é o ‘rodízio’ das palhetas. Normalmente os músicos compram caixas fechadas e escolhem dali as melhores: • Toque todas as palhetas da caixa e separe as melhores. • Se conseguir, por exemplo, quatro boas, numere cada uma delas (1, 2, 3 e 4) e vá usando-as alternadamente, cada dia toque com uma. Dessa forma, você terá sempre boas palhetas e a probabilidade de ficar na mão é menor.

• Particularmente, separo a melhor de todas e deixo fora do rodízio. Só uso esta em ocasiões especiais, em que preciso de uma palheta 100%. • Não descarte as palhetas que a princípio pareceram ruins, você poderá usá-las meses depois. As palhetas, mesmo depois de prontas, continuam amadurecendo. Uma palheta que estava ruim em um primeiro momento pode surpreender mais tarde.

Como os profissionais tratam suas palhetas “Quando pego uma caixa penso: hoje é dia de experimentar palhetas. Faço esse trabalho mesmo. Coloco todas na água e vou experimentando uma por uma. Separo as boas e guardo as outras. As realmente boas deixo para tocar, as ‘mais ou menos’ para estudar. Quando consigo quatro boas classifico em A, B, C e D. Passo uns quatro meses com elas. Separo a melhor, tiro do circuito, só uso em uma ocasião especial. As ‘mais ou menos’ são usadas para as práticas em casa. É bom dizer que palheta ruim desafina o instrumento. Às vezes, achamos que o instrumento está vazando, desafinado, mas esquecemos de verificar se não é a palheta que está atrapalhando. Não jogo fora as palhetas ruins. Estou com uma caixa de cinco anos atrás. Pego essas palhetas e coloco por 15 minutos no sol, elas

secam, aí molho-as, experimento de novo e acabo conseguindo outras boas. Depois de um tempo elas curtem, provavelmente estavam verdes na época. Não costumo mexer na palheta, não raspo, não faço nada disso. Tem gente que é ‘expert’, eu não sei fazer. Procuro a palheta que tem som. Não deixo a palheta no instrumento, tiro da boquilha, seco e coloco no estojo. Isso é fundamental e a palheta dura mais.”

Nivaldo Ornelas

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“Não tenho nenhum cuidado especial com minhas palhetas, guardo no estojo plástico em que vêm. Antes de tocar, coloco na boca por algum tempo para deixá-las úmidas e boas de tocar. Não gosto das palhetas sintéticas, o som não me agrada em nada. Quanto a ajustes, no começo eu raspava e lixava minhas palhetas. Hoje, quando sinto que estão fracas, dou para saxofonistas carentes de uma banda do interior. Sou endorsee da Rico e recebo caixas dessa marca. Em um primeiro momento, escolho as palhetas boas Mauro Senise e coloco notas em vermelho, tipo 8, 9, 10. Assim, numa emergência durante um show já sei em que nível a palheta está sem precisar ficar experimentando.”

“Depois de tocar, guardo a palheta em seu próprio estojo plástico. Dali ela vai para a boquilha todos os dias. Costumo lavá-las de vez em quando, acho esse processo no mínimo higiênico. Usei as palhetas Bari Hard durante muitos anos nos quatro saxofones. Hoje em dia diversifico de acordo com o timbre que desejo. Também uso a Fibracell. Como uso e gosto das palhetas Bari, preparo-as com lixa d’água bem fina: 400 para tirar o grosso e 600 para fazer ajustes mais finos. Lixo, molho, seco e toco. Vou repetindo esse processo até os ajustes finais. A palheta é como um pincel, ela determina o traço, a força do sopro, a quantidade de ar e de notas, os tons e subtons. Se conseguirmos isso tudo numa só palheta, é essa! A palheta só toca aquilo que você está produzindo com sua forma de soprar. Relaxe e toque!” Carlos Malta

Cuidado com palhetas: ‘preocupação constante’ » Sax&Metais – Como você cuida de suas palhetas? Goio Lima O cuidado com as palhetas deve ser uma preocupação constante de todo saxofonista. Infelizmente nem todas as palhetas estão prontas para o uso quando compradas, e devido ao grande aumento de praticantes do instrumento, sua qualidade tem caído ao longo dos anos, principalmente a partir de meados da década de 1980. Recomendo que se procure comprar as mais maduras, palhetas verdes costumam apresentar mais problemas. Uma maneira de reconhecer as maduras é pela coloração da parte mais grossa da palheta: quanto mais escura, mais madura. Deve-se também observar se todos os veios chegam até a extremidade da palheta, e se o corte está centralizado. Costumo fechar os poros da palheta antes de tocá-la. Você pode umedecer a parte de cima e soprar pela parte traseira, criando algumas bolhas que demonstram onde estão abertos os poros entre os veios. Segurando a palheta firmemente com as mãos, passe a unha do polegar sobre essas bolhas de modo a fechá-las. Com isso, você pode aumentar a eficiência e a duração da palheta. Para guardá-las, uso protetor da marca Vandoren, mas não acredito que esse tipo de equipamento deixe as palhetas realmente livres de umidade. O melhor é sempre secá-las após o uso e mantê-las em lugar seco e arejado. » Você hidrata as suas palhetas antes de tocar? Há muita lenda em torno da hidratação da palheta e cada um tem seu método baseado em sua experiência. Costumo colocá-la na

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boca antes de tocar por alguns segundos, pois acredito que dessa maneira ela fica mais balanceada e pronta para o uso. » O que acha das palhetas sintéticas? Já usei algumas palhetas sintéticas, desde as Plasticover até a Bari e Fibracell. A frustração de ficar dependente de boas palhetas e a dificuldade de encontrar bons modelos acabaram me levando a experimentálas, mas confesso que prefiro as de bambu, pois consigo uma gama maior de harmônicos com elas. Conheço gente que toca muito bem com as sintéticas, mas para mim, o som das de bambu ainda é o mais agradável, a despeito de saber dos riscos que elas representam, pois podem tocar bem em casa, no estudo e simplesmente não tocar quando chegar a hora de uma gravação ou de outro trabalho importante. » Você faz algum tipo de ajuste em suas palhetas? Quando mais jovem, fiz muitos ajustes nas palhetas, mas hoje em dia procuro apenas tapar os poros, como já expliquei. Há pessoas que raspam os lados da palheta para equilibrar sua dureza, cortam as pontas para restabelecer sua vibração. O que faço às vezes é usar uma folha de papel como lixa e esfregar a palheta sobre ela. Desse modo você pode devolver um pouco do brilho dos agudos a uma palheta cansada, mas é apenas um paliativo. Quando ela está assim, já é hora de trocar por outra. » Você faz rodízio das palhetas em uso? Geralmente classifico as palhetas simplesmente tocando-as e checando quais as que estão apresentando melhor sonoridade. Então numero cada uma delas, guardo as melhores para os trabalhos mais importantes e estudo com as de menor qualidade, até que elas toquem como eu quero. É claro que existem aquelas que simplesmente se recusam a tocar. Aí procuro trabalhar (lixando, por exemplo) um pouco para ver se consigo salvá-las. Não conseguindo, simplesmente deixo-as num arquivo morto. Às vezes, depois de muitos meses ou até alguns anos, mais secas e maduras, elas podem até resolver tocar. Nunca se deve jogar fora as palhetas e sim guardá-las com esse propósito.

Foto: Beto Figueiroa/MIMO

TÉCNICA

técn ic a



v it rin e S a x

& Metais recomenda

Confira sugestões de instrumentos e acessórios que estão chegando às lojas e prometem fazer sucesso entre os músicos Trompete Piccolo Condor CPTR90 A Condor lança este instrumento com acabamento laqueado, com partes cobreadas e niqueladas. Possui campana de 143 mm, calibre de 11,7 mm, acompanha estojo de luxo e desumidificador. INFORMAÇÕES:

VITRINE

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Bocal Yamaha Clarinete Andino Lançamento da Weril, este instrumento de madeira tem procedência norte-americana e foi desenvolvido pelo clarinetista chileno Luis Rossi. INFORMAÇÕES:

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O bocal é muito mais do que apenas um acessório, é uma parte vital do instrumento. A Yamaha tem um sistema computadorizado que produz bocais precisos e consistentes. INFORMAÇÕES:

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Palhetas Rico Select Jazz As palhetas Rico Select Jazz, utilizadas por artistas como Vitor Alcântara e Mauro Senise, proporcionam som consistente, com projeção e limpeza. Disponíveis com corte francês ou convencional (arredondado), em caixas com cinco ou dez palhetas para saxofone alto, soprano, tenor e barítono. INFORMAÇÕES:

Flugelhorn Condor CFH190 Este flugelhorn possui campana de 155 mm, calibre de 11,7 mm, acompanha estojo revestido em couro sintético, desumidificador e guia plástica modelada. INFORMAÇÕES:

www.condormusic.com.br www.condormusic

www.musical-express.com.br Informações cedidas pelas empresas. A revista Sax & Metais não se responsabiliza por qualquer alteração nos produtos apresentados pelos fabricantes e/ou distribuidores.

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SAX & METAIS



ANÁLISES

an á lis e s CHAVES

BEM ALINHADAS E MOLAS IMPECÁVEIS

SAX TENOR MICHAEL O

sax tenor Michael WTSM55 vem em um lindo estojo preto, resistente e com excelente acabamento. Possui compartimentos para a boquilha e tudel separados, além de um compartimento para acessórios (correia, palhetas etc.). Vem acompanhado por uma correia de náilon e mosquetão de ferro com uma camada de plástico para não arranhar a alça do instrumento, um par de luvas brancas, boquilha de massa, uma palheta e um pad saver para o corpo do instrumento. Esteticamente, é um lindo instrumento. Sua anatomia é muito boa, o que torna confortável tocar o Michael WTSM55. A única ressalva são as chaves de agudos da mão esquerda, que senti um pouco curtas. Para pressioná-las, é necessário maior movimento da mão esquerda. No caso da execução de notas rápidas, pode até ser um pequeno empecilho, mas esse problema pode ser resolvido com uma espécie de borrachinha que se coloca nessas chaves, justamente para facilitar a pegada e o manuseio. Esse instrumento apresenta ainda a chave de Fá sustenido aguda.

SAX TENOR MICHAEL WTSM55 Fabricante: Michael Prós: Afinação e custo-benefício. Contra: Posição das chaves agudas e da ‘mesa’. Preço médio: R$ 1.744,00 Garantia: 3 meses. Afinação........................... Sonoridade.......... ............. Mecânica.......................... Custo-benefício.................. Utilização recomendada ❏ Estudo ❏ Apresentações ao vivo ❏ Gravação em estúdio

Está tudo em ordem, as chaves bem alinhadas e as molas impecáveis. Não observei nenhum tipo de vazamento. Sapatilhas com refletores de metal e vedando perfeitamente as chaminés – nesse critério, está perfeito.

SONORIDADE, MECÂNICA E AFINAÇÃO Ao tocar esse sax tenor da Michael pela primeira vez, utilizei a boquilha e a palheta originais. Logo de cara constatei que existe certa facilidade em tirar o som. A boquilha é um pouco fechada e a palheta, branda, como de costume em instrumentos novos, características que beneficiam o estudante que está começando, pois não necessita de esforço para tirar o som. Com a combinação ‘boquilha– palheta’ original, percebi que o som se torna um pouco apagado, sem muito corpo, principalmente na região médio-aguda. Mas isso certamente é causado pela abertura da boquilha e a numeração da palheta. A seguir, experimentei com uma boquilha Otto Link 7* e palheta Vandoren Java 2½ e houve uma enorme diferença na qualidade do som, com mais volume e corpo, tanto nos graves como nos agudos. Não notei problemas com a afinação, e a mecânica é boa. As molas funcionam muito bem em toda a extensão do instrumento, sem problemas. Quanto à sonoridade, usando a boquilha Otto Link, o timbre ficou bem brilhante, sobretudo nos agudos. É um instrumento que responde bem tocando notas rápidas.

ESTUDO, AO VIVO E GRAVAÇÕES O Michael WTSM55 é ótimo para estudar, pois responde bem em toda a sua extensão e não é difícil de tirar som. Para ser usado em shows, pode se encaixar muito bem em naipes de metais. Em solo, senti falta de volume e corpo, mas uma boa microfonação e equalização podem resolver. Em gravações, pode ser um pouco mais complicado, pois essa pequena falta de som influencia o resultado final. Em gravações, o timbre de um instrumento é o principal e mais exigido elemento. Quanto mais encorpada a sonoridade, melhor será a ressonância de harmônicos e melhor será o resultado da gravação. Já em apresentações ao vivo, e até mesmo em gravação em naipe de metais, a soma com os outros instrumentos pode dar um belo resultado. Em minha opinião, o sax tenor Michael WTSM55 pode ser considerado um instrumento bom para estudar e para alguns trabalhos ao vivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Se fosse possível alguma mudança, a sugestão seria subir um pouco as chaves de agudo da mão esquerda. A ‘mesa’ (onde ficam as chaves de Sol sustenido, Dó sustenido, Si e Si bemol graves, na mão esquerda) poderia ficar um pouco mais para cima, para dar mais conforto. São detalhes que não irão influenciar muito na decisão de comprar o instrumento, pois tudo é questão de costume e adaptação.

Tire suas dúvidas com o fabricante: (31) 3306-9393. Quer falar com o autor dessa matéria? Marcelo Monteiro, saxofonista e flautista, integrante do Projeto Cru, Luz de Caroline, Freegideira, Donazica e Comadre Fulozinha. Contato: marcelomonteirosax@gmail.com.

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SAX & METAIS


INSTRUMENTO

BEM CONSTRUÍDO

FLAUTA TRANSVERSAL EAGLE

ara esta edição da Sax & Metais, recebi a missão de analisar a flauta transversal Eagle FL 01N e realmente gostei. Posso afirmar que as flautas Eagle estão cada vez mais bonitas e bemacabadas, e as chaves ajustadas manualmente dão maior conforto e segurança ao instrumentista. O instrumento em questão possui acabamento em níquel, por isso o ‘N’ na identificação de seu modelo, mas essa mesma flauta também pode ser adquirida com acabamento em prata (silver), então o modelo passa a ser identificado por FL 01S. Vale ressaltar que o acabamento do instrumento influencia diretamente sua sonoridade, mas isso é assunto para ser tratado em outra análise.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES A Eagle FL 01N apresenta um bom acabamento niquelado e vem em um estojo superluxo de fibra com alças de borracha, fechaduras de metal

prateado de boa qualidade e bom encaixe do instrumento em seu interior, conferindo beleza e segurança a esse acessório. A flauta possui parafusos em aço inoxidável, portanto mais resistentes e não sujeitos à ferrugem, que invariavelmente ataca instrumentos com qualidade inferior, prejudicando principalmente a resposta mecânica e necessitando de manutenção.

ACESSÓRIOS Em todas as flautas transversais encontramos a vareta de limpeza e afinação, portanto fique atento a esse acessório quando for adquirir sua flauta. A Eagle FL 01N vem com essa vareta, lubrificante stick (batom) para facilitar o encaixe de suas partes e ainda uma chave de fenda pequena para eventuais ajustes. Para não danificar a flauta, é importante frisar que essa chave de fenda só deve ser utilizada por quem tem experiência com o instrumento e sabe perfeitamente o que está fazendo.

MECÂNICA E ACABAMENTO Ao começar a montagem, fiz o encaixe das partes da flauta com facilidade, não foi preciso nem usar o lubrificante. Chegada a hora de tocar, fiquei muito satisfeito com sua mecânica. É realmente boa, as molas estão bem ajustadas, as chaves estão leves, sua resposta é rápida em exercícios de velocidade. Por toda a sua extensão, notei uma maciez na digitação, o que proporciona menos esforço ao estudante. Não apresenta nenhum tipo de ruído excessivo em suas chaves. A FL 01N possui um bom sapatilhamento, não apresentando nenhum vazamento. Está bem ajustada. Levei a flauta a algumas apresentações e, depois de algum tempo tocando, minhas mãos perderam um pouco da aderência nas chaves; os dedos passaram a deslizar facilmente devido

ao contato com o suor, o que me fez perder um pouco do movimento, nada que pudesse atrapalhar a performance. É uma questão de adaptação, pois, em minha opinião, o instrumento niquelado desliza mais facilmente.

SONORIDADE E AFINAÇÃO A Eagle FL 01N apresenta um bonito timbre. Toquei em vários lugares, em ambientes diferentes, e tive boa resposta de sua sonoridade. Quanto ao volume, observei pouco ganho na região grave, primeira oitava da flauta. Isso acaba exigindo mais da embocadura e da quantidade de ar do executante. Por conse-qüência, sua afinação não fica tão regular. Mas esse também não é um fator que desabone as qualidades desse instrumento, já que é comum as flautas transversais apresentarem um fraco desempenho no volume em sua região grave. Partindo para a região média em diante, há mais tranqüilidade no equilíbrio da sonoridade e a afinação ficou bem constante.

CONCLUSÃO Hoje, por haver bastante concorrência entre as diversas empresas de instrumentos musicais, temos a oportunidade de ter em mãos instrumentos de boa qualidade e por um valor que cabe no bolso. Há poucos anos, era impossível adquirir uma flauta transversal por menos de R$ 1.300,00, o que fazia muitas pessoas desistirem de iniciar no mundo da música por falta de condições ou até mesmo por causa da dúvida quanto à escolha do instrumento. As flautas inferiores não tinham a qualidade que vemos hoje em instrumentos de baixo custo, o que fazia com que o investimento não valesse a pena. A flauta transversal Eagle FL 01N atende aos requisitos básicos para um iniciante por ter boa afinação, bom timbre e mecânica apropriada para um ótimo desenvolvimento, além de seu custo-benefício.

FLAUTA TRANSVERSAL EAGLE FL 01N Fabricante: Eagle Prós: Mecânica e timbre. Contra: Acabamento niquelado tem pouca aderência às mãos. Preço médio: R$ 460,00 Garantia: 3 meses. Afinação........................... Sonoridade........................ Mecânica .......................... Custo-benefício.................. Utilização recomendada ❏ Estudo ❏ Apresentações ao vivo ❏ Gravação em estúdio

Tire suas dúvidas com o importador: (11) 2931-9130 ou eagle@eagleinstrumentos.com.br. Quer falar com o autor desta matéria? Denisson de Souza Rodrigues, flautista. Contato: dsranjos@yahoo.com.br. SAX & METAIS

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ANÁLISES

P


TESTE VOCÊ MESMO

tes te v o c ê m e s mo

ANAL IS POR ADO VOCÊ !

Saxofone tenor Jupiter JTS 585 GL

H

á pouco mais de um ano, decidi comprar um novo sax tenor de modelo intermediário por influência de colegas e professores da faculdade. Na dúvida entre duas marcas, ambas na mesma faixa de preço, acabei optando pelo JTS 585, já que muitos conhecidos tinham o mesmo modelo e estavam satisfeitos. Usei a boquilha original apenas por curiosidade. Ela tem uma boa sonoridade para quem está aprendendo. Uso esse instrumento na faculdade, para estudo e música de câmara com diversos acompanhamentos e formações, além de tocar em shows com a Big Band Palácio das Artes, em Minas Gerais, em teatros e ao ar livre, e em eventos diversos. Até então tem me atendido bem, com um timbre sempre encorpado, mais brilhante do que aveludado. Não apresenta desníveis de afinação entre os registros – exceto pelo Lá e Dó # médios, que precisam de uma ligeira correção – e o equilíbrio de intensidade sonora e dos timbres é satisfatório,

principalmente se comparados a outros modelos e marcas de nível intermediário. Os harmônicos saem com certa facilidade. O instrumento em si não é pesado, e a digitação também é simples: não precisei fazer nenhuma adaptação, mesmo tendo mãos bem pequenas. Durante o tempo de uso tive dois pequenos problemas fáceis de contornar: a cortiça do tudel, em poucas semanas de uso, precisou ser substituída, por ser muito fina e mal fixada, desmanchando-se com facilidade. O acabamento do sax inicialmente é bonito, mas a pintura mudou de cor em pouquíssimas semanas de uso, principalmente no tudel. Isso pode ser um ponto desfavorável para quem se incomoda com a aparência, mas não tem importância para quem se preocupa mais com o timbre e a mecânica, que, no modelo avaliado, correspondem à proposta.

Marca: Jupiter Modelo: JTS 585 GL Músico: Carolina Estrela da Costa Belo Horizonte, MG Contato: estrela@gmail.com

Flauta transversal Yamaha YFL 211S

E

sta flauta caiu no meu colo há 14 anos, quando o conhecido flautista José Simonian, de Santos (SP), me ofereceu o instrumento novo que uma aluna havia com-

prado e ao qual não se adaptou. Como forma de pagamento, ele aceitou a minha antiga, de níquel, a YFL211N, que eu havia adquirido nova na própria Yamaha, em 1972. Então lá se vão 36 anos de flauta transversal, somados a mais quatro de flauta doce, também Yamaha. Posso dizer, orgulhoso, que já passei por 40 anos de muitos ventos e ventanias. Uma grande diferença que notei entre a 211N e a 211S foi o peso. A flauta de prata apresenta graves mais encorpados e brilhantes e um volume geral mais acentuado. Este modelo não apresenta a chave de Mi mecânico, mas nunca Marca: Yamaha Modelo: YFL 211S Músico: Domingos Mariotti Santos Santos, SP Contato: domingosmariotti@hotmail.com

tive a menor dificuldade em obtê-lo. A afinação dessa flauta sempre foi impecável e nunca precisei afastar nem um milímetro a cabeça do corpo do instrumento para soar pelo diapasão. A intimidade com o instrumento possibilita uma integração muito importante para obter certos efeitos de sonoridade, que só podem ser alcançados quando conhecemos a fundo suas particularidades e possibilidades. Nesse aspecto, minha ‘Frederica’, como a chamo, apresenta uma execução muito fácil e confortável. Considero a flauta Yamaha o ‘Volkswagen’ das flautas. Agüenta bem o tranco das loucuras características da vida de um músico. Não sou de fazer constantes manutenções em meus instrumentos, mas mesmo assim nunca tive qualquer problema com quebras ou desajustes. Utilizo muito a minha YFL 211S em estúdios de gravação, e sempre tenho bons resultados com vários tipos de microfones, sem necessidade de muitos efeitos, além de uma boa equalização nos timbres.

A seção Teste você mesmo traz análises de músicos que vivem e trabalham diariamente com o instrumento aqui mostrado. Os critérios para publicação são: qualidade das informações, clareza da análise e senso crítico. A revista Sax & Metais se reserva o direito de editar as informações de acordo com o espaço disponível. Envie a análise de seu instrumento, com dados completos, para editoriatecnica@saxemetais.com.br.

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SAX & METAIS



rev iews CDs e DVDs Música instrumental sem bandeira CD

REVIEWS

Artista: Bob Kaufman Título: Words Together Selo: Independente Distribuidora: Tratore www.tratore.com.br

A máxima de que ‘nada é por acaso’ é o argumento que podemos usar para justificar o título Worlds Together (Mundos Juntos) do CD do baterista americano Bob Kaufman. Para este CD, Kauffman contou com um time de músicos da pesada, representantes de dois grandes mundos da música instrumental: Estados Unidos e Brasil. Ele convidou os dois maiores nomes do saxofone de Boston, Bill Pierce e Jerry Bergonzi, e dois expoentes brasileiros, Lupa Santiago (guitarra) e Sizão Machado (baixo acústico). Atualmente, Pierce é chefe do departamento de instrumentos de sopro da Berklee College of Music. Bergonzi é chefe do departamento de saxofone do New England Conservatory of Music. Para aqueles que ainda insistiam na rivalidade entre os saxofonistas, esse trabalho mostra muito respeito, admiração, personalidade e competência mútuos.

POR DÉBORA DE AQUINO E MARCELO COELHO

O CD tem oito faixas, todas originais, sendo uma faixa de autoria de Lupa Santiago e as outras sete de Jerry Bergonzi. As músicas apresentam diferentes procedimentos composicionais, nos quais é possível perceber variações na forma, melodias angulares e deslocamentos rítmicos, além de passagens que remetem o ouvinte às composições de Thelonious Monk e Charles Mingus. As improvisações também apresentam diferentes abordagens, não apenas se compararmos um solista em relação ao outro, mas também pelo mesmo solista, dependendo do contexto da composição. Apesar disso, o CD tem uma unidade estilística capaz de manter o ouvinte atento todo o tempo. É um disco indispensável na prateleira por se tratar de uma obra de muita qualidade artística e musical, deixando claro que não há fronteira que não possa ser ultrapassada quando há vontade, disposição e muita competência por parte dos músicos. (Marcelo Coelho)

DVD

A Alma de uma Orquestra

Artista: Rio Jazz Orchestra Gravadora: Visom Digital www.visomdigital.com.br Distribuidora: Rob Digital www.robdigital.com.br

A Rio Jazz Orchestra começou a despontar quando um grupo de amigos, músicos amadores, resolveu se juntar para tocar – entre eles estava o hoje maestro Marcos Szpilman. Atualmente com mais de 30 anos de existência, a Rio Jazz Orchestra já passou por diversas renovações em seu quadro de músicos, participou de numerosos festivais nacionais e internacionais e é freqüentemente citada em revistas especializadas em jazz, como Down Beat, Jazziz, Latin Beats, entre outras. Durante os anos de 2001 a 2005 a orquestra firmou uma parceria com a Universidade Estácio de Sá e realizou uma série de pesquisas musicais sobre jazz, MPB e música latina. Dessa parceria surgiu esse DVD, A Alma de uma Orquestra, que conta um pouco sobre os bastidores das grandes orquestras e, é claro, da própria Rio Jazz Orchestra. No repertório estão arranjos originais dos mais renomados líderes de big bands de todos os tempos, como Thad Jones, Oliver Nelson, Quincy Jones, Duke Ellington, Count Basie, Tommy Dorsey, Glenn Miller e temas como Moonglow, Georgia on My Mind, Blue Moon, As Times Goes By, Night and Day, All of Me. (Débora de Aquino)

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SAX & METAIS

CD

Bom Todo

Artista: Zabé da Loca Selo: Crioula Records Distribuidora: Rob Digital www.robdigital.com.br

Ela nasceu Isabel Marques da Silva, na região de Monteiro, Paraíba. Hoje é a Zabé da Loca e o apelido vem do tempo em que morou em uma caverna ou ‘loca’, no sertão de Pernambuco. O CD Bom Todo é o registro mais puro da criatividade e espontaneidade dessa artista tipicamente brasileira. É uma realização da produtora Lú Araujo com direção musical de Carlos Malta. Nesse disco há espaço para algumas participações especiais — Maciel Salú na rabeca, na faixa Pifada da Loca e Cacau Arcoverde na zabumba e triângulo. Carlos Malta também toca, pega a flauta baixo na faixa Santa Catarina e a flauta em Dó em Balaio da Onça, em que improvisa um baião sobre a melodia principal. “Minha contribuição a este trabalho é mostrar uma qualidade sonora trabalhada desde a direção dos músicos na gravação, na mixagem e na masterização, com o trabalho genial do engenheiro de som Fabrizio De Franceso, e revelar detalhes que muitas vezes passam despercebidos”, conta Malta. Há ainda uma interessante releitura do Hino Nacional Brasileiro, inacreditável, indescritível, tem de ouvir para crer. (Débora de Aquino)


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E FLAUTA

Por Débora de Aquino

Observando as diferenças

É

muito comum que flautistas e saxofonistas resolvam em determinado momento tocar os dois instrumentos. Porém, é necessário observar as diferenças que existem entre eles. Além dos problemas de embocadura, que são bem distintas, um importante ponto a ser observado é a questão da digitação que, embora seja muito semelhante entre os dois instrumentos e facilite a adaptação mecânica na passagem de um para outro, possui algumas sutis diferenças que devem ser analisadas com cuidado. É muito comum vermos saxofonista utilizando algumas digitações do sax na flauta e vice-versa. A princípio, pode parecer que não há problema

2. A SEGUNDA OITAVA Para a flauta, quase nada muda na digitação da primeira para a segunda oitava, com exceção das notas Ré e Ré sustenido, em que o dedo indicador da mão direita deixa de pressionar sua respectiva chave. No saxofone, tem-se a facilidade do porta-voz, aquela chave do polegar da mão esquerda, responsável pela mudança de oitava.

3. DIGITAÇÃO DO FÁ SUSTENIDO

A digitação do Fá sustenido é um dos principais enganos que observo em meus alunos, tanto flautistas que decidem passar para o sax quanto o inverso. Na flauta, o Fá sustenido é feito com os dedos indicador, médio e anular da mão esquerda pressionados, mais as chaves dos dedos anular e mínimo da mão direita. Já no saxofone, as chaves dos dedos indicador, médio e anular da mão esquerda são pressionadas, e na direita apenas o dedo médio pressiona sua respectiva

algum nisso, mas ao observar com mais cuidado, principalmente a afinação, você sentirá a diferença. Algumas digitações, se feitas corretamente em cada instrumento, irão facilitar determinadas passagens de trechos musicais. Então, vamos às diferenças e erros mais comuns.

1. DÓ E DÓ SUSTENIDO DA PRIMEIRA OITAVA A posição das mãos é muito semelhante, mas na flauta existe uma chave a mais na mão direita para o Dó, e no saxofone uma chave na mão esquerda para o Dó sustenido.

Figura 1

Dó Dó # Dó

Dó #

Figura 2

Ré # Ré Ré #

chave. Essa posição serve como digitação alternativa para a flauta em algumas passagens, porém soa levemente desafinada. Se usarmos a digitação da flauta no sa-

xofone, ela também servirá de posição alternativa, soando levemente desafinada. Portanto, é importante observar a posição correta para cada instrumento.

Figura 3

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WORKSHOP

de digitações


4. O TRABALHO DOS DEDOS MÍNIMOS DAS MÃOS DIREITA E ESQUERDA Mão esquerda: é comum que flautistas sofram um pouco com a quantidade de chaves com que o dedo mínimo da mão esquerda precisa trabalhar no saxofone. Na flauta, esse dedo está acostumado a usar apenas uma chave, a do Sol sustenido. No saxofone, ele passa a trabalhar com quatro: a do Sol sustenido, Dó sustenido, Si e Si bemol. Para os flautistas, além de ter de trabalhar com todas essas chaves, ainda existe o contratempo do ‘peso’ delas, muito diferente no instrumento. Mão direita: se o saxofonista resolve passar para a flauta, uma das coisas ‘cha-

5. DÓ DA SEGUNDA E TERCEIRA OITAVAS

E FLAUTA

tas’ com que tem de se adaptar é o dedo mínimo da mão direita na chave de Ré sustenido. Na flauta, essa chave deve ser pressionada em todas as notas, menos no Ré natural. Se não pressionada, gera leve desafinação, além de não proporcionar um apoio correto do instrumento, já que o dedo mínimo apoiado nessa chave, junta-

mente com o polegar, fazem o apoio certo da mão direita. Os flautistas que passam a tocar saxofone invariavelmente cometem o engano de deixar o dedo mínimo pressionando a chave do Ré sustenido do saxofone. É importante que isso seja observado no início para não causar esforço desnecessário na mão direita.

Figura 4 Sol Sustenido

Dó Sustenido Ré Sustenido

Sol Sustenido Dó Sustenido Si Si Bemol Ré Sustenido

Figura 5

Essa é uma das grandes diferenças entre sax e flauta. No saxofone, a digitação do Dó da segunda oitava faz-se pressionando somente o dedo médio da mão esquerda, e na terceira oitava os dedos médio e polegar no porta-voz. Na flauta, essa digitação, tanto na segunda quanto na terceira oitavas, fazse pressionando apenas o dedo indicador da mão esquerda.

6. DIGITAÇÃO DE SI BEMOL Para ambos os instrumentos, existe mais de uma digitação para o Si bemol. Na flauta são duas posições e no saxofone são três, sendo que a terceira do exemplo ao lado é a menos utilizada e causa uma leve desafinação. Pode ser usada em determinadas passagens como posição alternativa, mas não deve ser utilizada habitualmente. É comum que os flautistas utilizem a terceira posição do saxofone, já que ela coincide com a primeira da flauta.

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SAX & METAIS

Figura 6

Primeira Posição

Terceira Posição Segunda Posição

Segunda Posição Primeira Posição

WORKSHOP

wo rk s ho p S A X


Já que você decidiu acrescentar a flauta ou o saxofone ao seu setup, é muito importante que observe essas pequenas diferenças entre as digitações e procure se adaptar a elas. A seguir, apresento alguns estudos técnicos com utilização da Escala Cromática,

Escala de Sol Maior e Escala de Fá Maior. Para os exercícios sobre a Escala de Fá Maior, repita-os duas vezes para a flauta e três vezes para o sax. Dessa forma você utilizará as duas digitações da flauta e as três do sax, uma de cada vez. Comece estudando com metrônomo em um andamento

lento e vá aumentando a velocidade gradativamente, sempre preocupando-se em deixar a digitação o mais ‘limpa’ possível. Na próxima edição continuarei falando nesse assunto, com mais uma seqüência de estudos específicos sobre digitação. Até lá e bons estudos!

1. Exercício sobre a Escala Cromática

2. Exercícios sobre a Escala de Sol Maior

3. Exercícios sobre a Escala de Fá Maior

autor

ouça a lição no site www.

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Débora de Aquino é flautista e saxofonista, editora técnica da revista Sax & Metais e coordenadora do departamento de sopros do Clam

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Por Paulo Oliveira

Ferramentas de estudo:

D

o metrônomo

esde que foi inventado, em 1812, pelo relojoeiro holandês Dietrich Nikolaus Winkel, o metrônomo tornou-se uma ferramenta de grande funcionalidade no mundo da música. A princípio era um aparelho mecânico a corda. Posteriormente surgiram modelos eletrônicos capazes de marcarem, com sons diferentes, os compassos compostos mais complexos. Os tamanhos se reduziram e pode-se, com facilidade, levar um metrônomo no estojo do sax. Mas para quê? O objetivo mais simples do metrônomo é determinar o andamento de uma peça musical. Com alguma criatividade, pode ser utilizado de

outras formas, possibilitando, principalmente, um aprimoramento técnico mais controlado. Algumas sugestões de como utilizar o metrônomo no seu estudo:

Tomaremos como exemplo o estudo de mecanismo de H. Klosé (Ex. 1). Para conseguir rapidez, uma regra é básica: nunca sacrifique a limpeza de execução em prol da velocidade. Determine um andamento inicial extremamente confortável em que a média de repetições corretas seja 100%, pode ser colcheia

= 108. Repita muitas vezes e então vá aumentando o andamento até colcheia = 208. Desde que a correção seja de 100%, passe a marcar a semínima = 104 e continue o processo de aumento de andamento até chegar à semínima = 208, quando então se pode passar a marcar a mínima = 104, aumentando gradativamente o andamento, como foi feito antes. Não é um processo que se faça em um único dia. É interessante fazer anotações dos melhores tempos atingidos e, na sessão de estudos seguinte, retomar o exercício um pouco mais lento em relação à melhor marca, e aí aumentar o tempo.

neste estudo de Joe Viola (Ex. 2). Em vez de tocar por ‘aproximação’, podemos estreitar as linhas do nosso ‘gráfico rítmico’ subdividindo a marcação. Em vez de tocar muitas notas ‘no ar’, ao passarmos a marcar a colcheia, teremos oito ‘cabeças de tempo’ contra as quatro anteriores. O que era contratempo passa a ser

batida de tempo e a execução fica mais precisa. O tempo original deste trecho é semínima = 80. Comece estudando com colcheia = 88, vá aumentando gradativamente o andamento até atingir colcheia = 160 e depois de algum tempo simplesmente passe a tocar com a marcação original: semínima = 80.

dar mais precisão à execução musical, especialmente em andamentos mais rápidos. Este exemplo é de uma composição do pianista Mário Carvalho, Toque o Samba, música que

está no repertório do próximo CD do Grupo Zarabatana (Ex. 3). Tocar com a marcação desdobrada em 2/2 dá mais fluidez à melodia neste andamento.

1º PARA DESENVOLVER A VELOCIDADE

Ex. 1 – H. Klosé

2º REFINAR E DAR PRECISÃO À LEITURA DE DIVISÕES MAIS COMPLEXAS

Em determinadas situações em um compasso, aparecem muitas notas dentro de um mesmo tempo, formando antecipações e ritmos que não possuem apoio de marcação, como Ex. 2 – Joe Viola

3º DESDOBRAMENTO DO ANDAMENTO

Desdobrar o andamento em figuras que se estendem pelos tempos é outra alternativa para Ex. 3 – Toque o Samba (Mário Carvalho)

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SAX & METAIS

WORKSHOP

wo rk s ho p S A X O F O N E


Ex. 3 – continuação...

4º DESENVOLVIMENTO DE PULSAÇÃO NA IMPROVISAÇÃO

O metrônomo pode e deve ser utilizado para desenvolver senso de pulsação na improvisação. Em situação de performance, muitas vezes um improvisador iniciante acaba sendo conduzido pela ‘cozinha’, intera-

gindo com um pequeno atraso nas mudanças de acordes. Buscar improvisar tendo apenas o metrônomo como ‘partner’ é um belo desafio para desenvolver idéias mais amarradas ritmicamente e obter uma consciência mais apurada da harmonia subjacente ao solo.

Mais uma vez se aplica a tática de começar com andamentos lentos e aumentá-los gradativamente, à medida que se vai obtendo mais domínio. Como exemplo, veja esta seqüência harmônica do samba Se é Tarde me Perdoa, de Carlos Lyra (Ex. 4). Experimente um andamento de semínima = 100.

Se é tarde me perdoa Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli

CONCLUSÃO Ao trabalharmos com o metrônomo, é importante que estejamos muito sincronizados com o andamento, e não flutuando em torno dele. Para isso, também é uma boa idéia avaliar o volume que o aparelho produz. Às vezes, metrônomos eletrônicos muito pequenos têm também um som pequeno que fica inaudível

quando se toca junto. Escolha um aparelho que tenha um bom som – alguns inclusive possuem saída para fones de ouvido que podem ser ligados a sistemas de som por meio de um cabo. Hoje em dia, com a proliferação dos meios eletrônicos, a demanda pela precisão de andamento é muito maior do que já foi poucas dé-

cadas atrás. Vivemos a tirania do ‘click’, tanto nos ambientes de gravação como nos shows ao vivo. Portanto, o desenvolvimento da precisão rítmica na execução dos instrumentos de sopro passou de desejável a imprescindível. Tenha o metrônomo como seu amigo, não brigue com ele. Grande abraço! autor

ouça a lição no site www.

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Paulo Oliveira é saxofonista e integrante do grupo Zarabatana. Contato: virtwind@uol.com.br

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Por Ale Ravanello

Melhore a embocadura de solo por cobertura

N

a edição n° 13 da Sax & Metais, abordei a técnica de embocadura de solo por cobertura com a execução de oitavas e movimentos de língua para a execução alternada de acordes e notas simples. Agora, trago algumas dicas para a execução das bend notes com a utilização da embocadura de solo por cobertura e alguns exercícios para o aprimoramento desta técnica. A física da técnica é a mesma da embocadura de bico. Devemos aumentar a pressão de ar exercida na palheta da nota executada para diminuir a sua freqüência/tonalidade. Esse aumento de pressão não significa aumento de força na asEx.1 Ex.1 Ex.1 Exercício 1 Nota: 4A = bend de um semiton Nota: 4A = bend de um semiton

Nota: 4A Nota: 4A==bend bendde deum umsemitom semiton 1 1 1 4 œ & 4 œœ & & 44

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Para saber se o objetivo está sendo atingido e se a técnica está sendo corretamente executada, é fundamental que se use um afinador eletrônico cromático. Só assim é possível saber se a Ex.2 freqüência da nota está realmente diminuindo e Ex.2 Ex.2 Exercício 2 1 1 1 4 44 œ & & & 44 œœ

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o quão próximo se está da nota desejada. Assim como o orifício nº 4, no orifício nº 6 aspirado também teremos a bend note apenas um semitom abaixo da nota pura da respectiva palheta. Neste orifício, pelo fato de a palheta ser menor

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O próximo orifício a ser estudado será o nº 3 aspirado, em que teremos até três semitons abaixo da nota pura

48

piração, mas sim o aumento da cavidade interna da boca, como se estivéssemos pronunciando a vogal ‘U’ durante a execução da bend note e a vogal ‘I’ na execução da nota pura. Na embocadura de solo por cobertura, temos de fazer o mesmo, mas com a língua exercendo a tarefa de cobrir dois dos orifícios da harmônica, deixando que o ar passe pelo canto direito dos lábios (para quem toca a harmônica com as notas graves viradas para o lado esquerdo). O aumento de pressão necessário para o acionamento das bend notes deve se dar com a parte intermediária da língua, que se projetará para baixo formando uma ‘câmara’ de pressão

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entre a parte média da língua e o céu da boca. Como disse anteriormente, o ideal é que o gaitista domine a técnica de bend primeiro com a embocadura de bico, para depois tentá-la com a embocadura de solo por cobertura. Em minha opinião, a mais fácil das bend notes a ser praticada com a embocadura de solo por cobertura é a do orifício n° 4 aspirado, em que a nota a ser buscada é um semitom abaixo da nota ‘pura’. A seguir, três exercícios que nos ajudarão a aprimorar a técnica em pauta em que, como referência, utilizaremos o padrão de uma harmônica diatônica afinada em Dó:

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executada. Primeiro, aconselho que o estudo seja feito visando as notas extremas, ou seja, a nota pura e a nota mais

4A 4A 4A

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4A 4A 4A

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4A 4A 4A

que a palheta do orifício nº 4, será necessária uma diferença menor de pressão para que a freqüência natural da nota seja alterada. A seguir, mais três exercícios para a prática dos bends no orifício nº 6 aspirado:

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6A 6A 6A

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6A 6A 6A

grave do respectivo bend. Se tomarmos como referência o padrão da harmônica afinada em Dó, teremos como nota

WORKSHOP

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pura a nota Si e como nota extrema do bend a nota Lá bemol. Conseguindo a execução do Lá bemol, basta graduar a Ex.3 Ex.3 Exercício 3

articulação dos bends para que se consiga atingir os semitons intermediários Si bemol e Lá.

A seguir, proponho alguns exercícios específicos para a prática das bend notes no orifício nº 3.

Nota 3A ___ Nota ___ 3A = = bend bend de de 3 3 semitons semitons

___= bend de 3 semitons Nota: 3A

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3A 3A

3A ___ 3A ___ ___

3A 3A

3A 3A

3A ___ 3A ___

3A 3A

No orifício nº 2, teremos até dois semitons abaixo da sua nota pura. Assim como disse no caso do orifício nº 3, comecemos pelas notas extremas, em que, no caso de uma harmônica afinada em Dó, teremos a

Por fim, vamos ao orifício nº 2, a última das bend notes, em que aplicaremos a técnica de embocadura de solo por cobertura, já que no orifício nº 1 não existem notas mais graves Ex.4a serem cobertas com a língua.

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3A ___ 3A ___ ___

3A 3A

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3A ___ ___ 3A ___

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3A 3A

3A ___ 3A ___

nota pura Sol e o bend extremo Fá. Conseguindo a execução do bend Fá, com a consulta do afinador, educamos gradativamente nossa musculatura a buscar o semitom intermediário Fá sustenido.

Exercício 4

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2A

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2A

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2A

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2A

2A

2A ___ ___

2A

com a execução isolada das bend notes, o próximo passo é a execução destas seguidas e antecedidas de acordes, possibilitando o

A seguir, um exercício específico para o estudo das bend notes do orifício nº 2: Assim que o gaitista se sentir confortável Ex.5

2A

2A

2A 1A

2A

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2A 1A

2A

2A 1A

2A

Por fim, trago uma progressão básica de Ex.6 boogie Ex.6 woogie em 12 compassos com o uso Ex.6 1 Exercício 6

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2A 1A

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2A 1A

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3A 2A

3A

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3A 2A

dessa técnica, agregada à técnica de autoacompanhamento com a embocadura de

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2A

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auto-acompanhamento. O próximo exercício alterna notas simples, acordes e bend notes, a saber:

Exercício 5

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4A

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solo por cobertura. É isso aí, pessoal, bons estudos e até a próxima!

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ouça a lição no site www.

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Ale Ravanello é gaitista e vocalista das bandas Caravan, The Jets e do dueto Duo Blues Site: www.aleravanello.com

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