A REVISTA PARA QUEM TOCA E AMA INSTRUMENTOS DE SOPRO
MAIS QUE BLUES!
Rodrigo Eisenger mostra que a gaita é para todos
FÁBRICA DE BOQUILHAS A trajetória da loja que virou indústria
SAX TÉCNICO E ADEQUADO PARA TODOS OS ESTILOS? Marcelus Leone revela como ser um músico versátil
PAULO SÉRGIO SANTOS Conheça o clarinetista indicado como substituto do grande Abel Ferreira
S TESTEalto
Saxofone 013 R2 Arena PA nsversal Flauta tra t 2SP ard Gemeinh
l i c á f GRAVE
EM CASA
Aprenda rápido a fazer acompanhamentos e músicas com este poderoso software
SAX&METAIS•2008•Nº 20•R$ 8,90
BAND IN A BOX
CONFIRA: 4 AULAS ADITIVADAS PARA MELHORAR SUA TÉCNICA
índice edição 20 20 Rodrigo Eisinger
30 CAPA
Paulo Sérgio Santos
cnica
24 Té
SEÇÕES 6 EDITORIAL 8 CARTAS
22 Marcelus Leone
16 Entrevista
10 LIVE!
MATÉRIAS ENTREVISTA
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Free Sax
Uma conversa com o presidente da mais tradicional fábrica brasileira 5 MINUTOS COM
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Rodrigo Eisinger O gaitista conta como é a gaita fora do blues 5 MINUTOS COM
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Marcelus Leone Nos grupos de axé ou solo, o saxofonista mostra seu trabalho
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SAX & METAIS
TÉCNICA
24 Construa
seus próprios playbacks em minutos Saiba como utilizar o software e gravar seus próprios acompanhamentos em minutos
CAPA
30 Paulo Sérgio Santos Confira em entrevista exclusiva detalhes de sua carreira e planos futuros
18 VIDA DE MÚSICO Antônio Ribeiro (saxofonista) 36 VITRINE 38 ANÁLISES Flauta Transversal Gemeinhardt 2SP Sax alto Arena PAR 2013 40 REVIEWS – CDs e Livros
WORKSHOPS 42 Rodrigo Bento SAXOFONE Erudito x Popular Como transitar nos dois estilos
44 Junior Galante TROMPETE Rotina de estudo do trompete
46 Manu Falleiros SAXOFONE Timbre mais encorpado: dominando os harmônicos do sax
48 Alef Mansur TEORIA E APLICAÇÃO Entendendo os sons Os primeiros a serem estudados
c a rt a a o l e i t o r Esta revista apóia
Tecnologia a serviço
da música C ada vez mais a tecnologia faz parte de nossas vidas, e com a música não poderia ser diferente. Atualmente, existem diversos programas que prometem facilitar a vida de músicos estudantes, amadores e profissionais. Desde softwares editores de partituras até sofisticados programas de gravação de áudio e MIDI. Nós, da Sax & Metais, não poderíamos ficar de fora desse meio. Portanto, para esta edição, preparamos uma matéria especial sobre um software capaz de gerar playbacks em minutos, o que com certeza irá facilitar nossos trabalhos de estudo e torná-los mais interessantes e divertidos. Trata-se do Band In A Box, um programa que evoluiu muito desde as suas primeiras versões, com suporte a áudio, instrumentos DXI, bom editor de partituras e muito mais. Confira e faça seus próprios playbacks. Para nossa matéria de capa, recebemos a colaboração do clarinetista MiPaulo Sérgio Santos: chel Moraes, integrante do quinteto de um dos melhores do mundo clarinetes Madeira de Vento, que fez uma entrevista exclusiva com o também clarinetista Paulo Sérgio Santos, um dos mais completos músicos de todos os tempos. Santos é solista de música erudita, popular e improvisador, a quem Abel Ferreira indicou como seu substituto. Que responsabilidade, hein? Durante o mês de outubro, muita coisa aconteceu no mundo dos sopros. Uma que merece destaque é a vinda do saxofonista Sony Rollins ao TIM Festival. O músico tocou nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro. Confira em Live! Após ter colaborado em algumas edições, o saxofonista Manu Falleiros volta às nossas páginas, desta vez com um workshop sobre harmônicos no saxofone. Aprenda a dominálos nessa aula. Rodrigo Bento dá dicas de como transitar livremente pelo saxofone erudito e popular. O trompetista Junior Galante apresenta um workshop sobre rotinas de estudo e o colaborador estreante Alef Mansur, criador do site www.sacse.wordpress.com, escreveu para os iniciantes. Entenda os primeiros sons a serem estudados. Aproveite a nova edição da nossa revista e até a próxima!
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SAX & METAIS
EDITOR / DIRETOR Daniel A. Neves S. Lima EDITOR-CHEFE Rogério Nogueira MTB: 43.362 SP EDITORA TÉCNICA Débora de Aquino DIREÇÃO DE ARTE Alexandre Braga alexandre@lupecomunicacao.com.br REVISÃO Hebe Ester Lucas DEPARTAMENTO COMERCIAL Carina Nascimento e Eduarda Lopes ADMINISTRATIVO / FINANCEIRO Carla Anne ASSINATURAS Barbara Tavares assinaturas@musicaemercado.com.br Tel.: (11) 3567-3022 IMPRESSÃO E ACABAMENTO Vox Editora FOTOS Silvana Marques (capa), Ana Luisa Marinho, Eduardo Mancini, Helder Capuzzo, Wendell Colavolpe e Divulgação COLABORADORES Alef Mansur, Denisson de Souza Rodrigues, Junior Galante, Manu Falleiros, Michel Moraes e Rodrigo Bento DISTRIBUIÇÃO NACIONAL PARA TODO O BRASIL Fernando Chinaglia Distribuidora S/A Rua Teodoro da Silva, 907 • Grajaú CEP 20563-900 • Rio de Janeiro • RJ Tel.: (21) 2195-3200 ASSESSORIA Edicase Soluções para Editores SAX & METAIS (ISSN 1809-5410) é uma publicação da Música & Mercado Editorial. Administração, Redação e Publicidade: Caixa Postal 21262 • CEP 04602-970 São Paulo • SP • Brasil Todos os direitos reservados. PUBLICIDADE Anuncie na Sax & Metais comercial@musicaemercado.com.br Tel./Fax: (11) 3567-3022 www.saxemetais.com.br e-mail: ajuda@saxemetais.com.br editorial@saxemetais.com.br
cartas Sugestões Antes de qualquer coisa, gostaria de parabenizar a revista pelo excelente trabalho realizado. Além de entrevistas com os melhores músicos da atualidade, as matérias técnicas dão um show! Queria apenas sugerir mais matérias com músicos de blues e big bands, meus estilos preferidos. Abração! Carlos Monteiro Campinas, SP
Elogios A Sax & Metais é a melhor revista sobre o assunto que já li. Acompanho desde a número 11 e já não consigo me imaginar sem lê-la. Obrigado a todos da revista pelo ótimo trabalho e muito sucesso para vocês. Sofia Ribeiro de Melo São Paulo, SP
Edição anterior Adorei a última Sax & Metais, principalmente a justa homenagem a Nivaldo Ornelas, um dos músicos que mais admiro. Os
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SAX & METAIS
workshops também estão excelentes, mais uma vez, assim como as análises. Parabéns a todos pela belíssima edição. Josias Martins Porto Alegre, RS Gostaria de agradecer a toda a equipe da Sax & Metais por mais uma sensacional edição. Imperdíveis as matérias com Nivaldo Ornelas e Vida de Músico, com Marcelo Ribeiro. Mas a minha preferida foi a matéria especial sobre palhetas. Vocês não fazem idéia de como me ajudaram. Parabéns e muito obrigado. Maria Cláudia Silveira Salvador, BA
SAX & METAIS NO ORKUT Para saber informações da revista e trocar idéias com outros músicos de sopro, participe da comunidade da Sax & Metais no Orkut – http://www.orkut.com/ Community.aspx?cmm=12315174. Já são mais de 2.100 integrantes que enviam comentários sobre instrumentos, músicas, críticas e sugestões para fazer a revista cada vez melhor.
Fale com a Sax & Metais: envie suas dúvidas e sugestões para editorial@saxemetais.com.br ou escreva para Rua Alvorada, 700 Vila Olímpia • CEP 04550-003 • São Paulo • SP • Brasil
Congratulações à Sax & Metais pela edição número 19, especialmente pela matéria sobre cuidado e manutenção de palhetas e o workshop de sax e flauta da Débora de Aquino. Show de bola! Moisés de Paula São José dos Campos, SP
Workshops Mesmo gostando de todas as seções da revista, não poderia deixar de parabenizar a Sax & Metais pelos workshops. Todos de grande utilidade e didáticas muito boas. Continuem assim. Osvaldo Filho Belo Horizonte, MG
LIVE!
Aqui você confere a agenda de shows e encontros de músicos em todo o Brasil e fica antenado com as novidades do mundo do sopro
Sonny Rollins: Lenda do jazz no Tim Festival 2008
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ma das atrações mais esperadas do Tim Festival deste ano foi o saxofonista norte-americano Sonny Rollins. Aos 78 anos, o contemporâneo de nomes como John Coltrane, Charlie Parker e Miles Davis é considerado uma das últimas lendas vivas do gênero. Os shows, que ocorreram nos dias 21 e 25 de outubro, em São Paulo, e no dia 23 no Rio de Janeiro, contou com grandes sucessos de Rollins e mostrou toda a sua técnica e musicalidade. O Festival teve mais nomes de peso do estilo, como o trompetista Tomazs Stanko, entre outros.
Os três shows do saxofonista foram os pontos altos do evento
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Camerata de flautas e violões Futurong realizou show no Sesc Interlagos, em São Paulo, no dia 8 de novembro, em homenagem aos 50 anos da bossa nova. A Camerata é um projeto de música da ONG Futurong ação sociocultural, que atua em diversas áreas, como formação profissional, educação de jovens e adultos, educação complementar, formação em música instrumental e erudita, visando à inserção social, entre outros. Formada por quatro flautistas, cinco violonistas, um contrabaixista e um percussionista, a Camerata preparou um set list especial com diversos clássicos do gênero.
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SAX & METAIS
Mauro Senise lança o disco Caixa de Música
Foto: Ana Luiza Marinho
Camerata Futurong homenageia bossa nova
Senise mostra veia criativa em novo trabalho
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saxofonista e flautista Mauro Senise, um dos mais respeitados do mundo, acaba de lançar o CD Caixa de Música,, junto do guitarrista Leonardo Amuedo e do pianista Kiko Continentino. Gravado sem baixo e bateria, o álbum contém clássicos da música brasileira, como Andorinha e Esperança Perdida, de Tom Jobim, Valsa Brasileira,, de Edu Lobo, e Dom de Iludir,, de Caetano Veloso. Há ainda a inédita de Antônio Adolfo, Quase Tudo em Menor, Tenho Tudo que Preciso, de Gilson Peranzzetta, Sexta-Feira, 20 de Setembro,, de Hermeto Pascoal, além de composições de Continentino. O CD foi lançado pela Delira Música.
Jazz festival Brasil percorreu sete cidades brasileiras em setembro
Proveta homenageia Velha Guarda
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saxofonista e clarinetista Nailor Proveta realizou nos dias 8 e 9 de novembro, no teatro Fecap, em São Paulo, shows em homenagem aos grandes mestres do choro. No set list, arranjos para canções de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, K-Ximbinho, Radamés Gnattali, Garoto e Sivuca. Para isso, contou com uma formação inusitada em se tratando do gênero, com Léa Freire (flauta), Odésio Jericó (trompete e flugelhorn), Josué dos Santos (sax-tenor), Carlos Roberto Oliveira (piano), Edson Alves (violão de seis cordas), Edmílson Capelupi (violão de sete cordas), Izaías (bandolim), Pedro Ivo (contrabaixo), Edu Ribeiro (bateria), Roberta Valente (pandeiro), além do próprio no sax alto e no clarinete. Destaque para Gostosinho, de Jacob do Bandolim, em arranjo de Edson Alves, Baboseira, também de Jacob, em arranjo de Edmílson Capelupi, e a famosa Homenagem à Velha Guarda, de Sivica, em arranjo do próprio Proveta. O repertório inclui ainda as músicas Velhos Companheiros, Tô Sempre Aí, Meiguice e Ternura (todas de K-Ximbinho), Cochichando (Pixinguinha), Remexendo (Radamés Gnattali), Eponina (Ernesto Nazareth), Vibrações (Jacob do Bandolim) e Puxa-Puxa (Garoto).
Nailor Proveta caprichou no repertório e fez jus aos homenageados
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LIVE! O
correu no dia 1º de novembro o mais recente workshop realizado pela Bends Harmônicas. O evento, realizado no Conservatório Beethoven, em São Paulo, contou este ano com a presença especial do gaitista californiano Lynwood Slim. O norteamericano mostrou sua técnica apurada em empolgantes solos de gaita, além de debater sobre técnicas de bends e tongue block, gaita cromática no blues, elementos de jazz e swing no blues tradicional, o blues da Califórnia e a história do blues e da gaita. Outro destaque foi Thiago Cerveira, endorser da marca, que discutiu sobre técnicas mais modernas de overbends e as aplicações no blues, posições, afinações nos bends e overbends, noções básicas de harmonia e progressões alternativas, além dos lançamentos dos modelos Bends Croma e Prima.
Caruwa: Show de lançamento do primeiro CD
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sexteto campineiro Caruwa, que conta em sua formação com o saxofonista e flautista Rafael de Lima, acaba de lançar seu primeiro CD. Fazendo um misto inusitado de música popular e erudita, o álbum, auto-intitulado, teve show de lançamento no dia 21 de outubro. No repertório, o grupo apresentou canções próprias e releituras de nomes do cancioneiro popular, como Luís Gonzaga, Edu Lobo, Humberto Teixeira e Capinan. O trabalho pode ser conferido no www.myspace.com/caruwa
Foto: Eduardo Mancini
Bends Harmônicas realiza terceiro workshop
Barack Obama usou jazz/swing para fazer campanha
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iversificando sua campanha como candidato à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama resolveu inovar. Para isso, o democrata criou um vídeo para uma música eleitoral em estilo swing, com a presença da The Will Galison Orchestra. Intitulado Takin’ It Back With Barack, Jack!, o vídeo tem como
pano de fundo um típico bar de jazz, com a banda em ternos smoking e animado naipe de metais. Com uma letra criticando alguns atos da administração Bush e enaltecendo o candidato Obama, a música pode ser conferida pelo site YouTube – basta digitar o nome da canção na parte de busca do endereço eletrônico.
Bends Croma versão limitada
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O gaitista Lynwood Slim mostrou toda a sua técnica
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SAX & METAIS
Bends Harmônicas, fabricante de gaitas, teve seu estande na Expomusic 2008. A novidade foi a versão limitada da diatônica Bends Croma. Cravejada de cristais Swarovski, com revestimento de platina, a harmônica é direcionada ao público feminino. Com desenhos inspirados na gárgula e na lira, com elementos de art nouveau e art déco, a decoração da Bends Croma foi criação da designer de jóias Bialice Duarte.
LIVE! A
Apple disponibilizou no mercado uma novidade exclusiva para os gaitistas. Agora você poderá tocar harmônica pelo seu iPhone. Para isso, basta fazer o download do aplicativo pelo valor de U$ 0,99 por meio de seu iTunes. Depois de instalado, tudo o que você precisará fazer é encostar seus lábios (ou dedos) no iPhone e começar a tocar. Não é necessário soprar. Ele executa notas simples e acordes, além das sonoridades de puxar o ar ou assoprar. A única coisa que faltou foi a possibilidade de fazer bends. É compatível com iPhone e iPod Touch. Necessário o iPhone 2.0 Software Update.
Hering: 85 anos em evento comemorativo
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primeiro show comemorativo dos 85 anos da Hering Harmônicas, empresa fundada pelo imigrante alemão Alfred Hering em 1923, na cidade de Blumenau, Santa Catarina, ocorreu no dia 20 de setembro, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Apresentado pelo grupo Big Chico Blues Band, contou com convidados de peso, como Robson Fernandes, Márcio Scialis e Luciano Boca, entre outros. O grupo, capitaneado pelo gaitista Big Chico, aproveitou para promover seu mais recente álbum, Blue Dream.
Foto: Helder Carpuzzo
Gaita virtual para iPhones
6º Congresso Mundial de Salsa do Brasil
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os dias 13 a 16 de novembro ocorre o 6º Congresso Mundial de Salsa do Brasil, no Club Homs, na cidade de São Paulo. O show de abertura ficará a cargo do grupo nacional Azúkar, um dos mais conhecidos do estilo no País. No momento, a banda prepara
seu segundo álbum, desta vez com composições de própria autoria. O evento oferecerá quatro congressos sobre salsa, samba, zouk e tango. A expectativa dos organizadores é superar o número de 10 mil pessoas que o evento reuniu no ano passado.
TIRE SUAS DÚVIDAS Recentemente, resolvi mudar a boquilha do meu sax. A nova está frouxa e só fica boa quando está bem para dentro no tudel. Isso é normal? Maurício Nóbrega – Belo Horizonte, MG
Depois de algumas horas de estudo de sax tenor, tenho muita dor no polegar esquerdo, que fica na chave de oitava. O que estou fazendo de errado? Maria Marques – Porto Alegre, RS
Provavelmente colocando a boquilha muito para dentro a afinação ficará prejudicada, ou seja, mais alta do que precisa ser. Você pode resolver isso usando aquelas fitas de encanador, tipo ‘veda rosca’. Coloque algumas camadas no tudel até conseguir que a boquilha fique firme nele e com a afinação correta. Pode também trocar a cortiça. Nesse caso, o problema estará resolvido definitivamente. Nunca guarde o seu saxofone com a boquilha no tudel, pois a cortiça se deforma. Ela tem uma boa capacidade de compactação e expansão, que se perde se ficar pressionada por um longo período, como quando guardamos a boquilha no tudel.
A primeira coisa a ser observada é a altura da chave de oitava. Deve estar alinhada, ou quase, com o apoio do polegar. Se estiver muito para cima ou para baixo, você acabará fazendo um esforço desnecessário que pode causar as dores que está sentindo. Se a chave estiver com a regulagem correta, então você precisa melhorar a postura da sua mão. Na edição 18 da Sax & Metais, fizemos uma matéria especial sobre postura. Tire o máximo de peso do seu polegar esquerdo. Esse dedo tem somente a função de apoio, sem tensão. Deve simplesmente ser flexionado para que a chave de oitava seja acionada.
IPE! A Sax & Metais abre um espaço para você ter suas dúvidas respondidas por profissionais especializados.
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Encaminhe suas perguntas pelo correio para Rua Alvorada, 700, Vila Olímpia, São Paulo (SP), CEP 04550-003 ou escreva um e-mail para editoriatecnica@saxemetais.com.br. A revista se reserva o direito de resumir o conteúdo das dúvidas recebidas.
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en t r e v i s t a
Free Sax
POR ROGÉRIO NOGUEIRA
Começando pela necessidade de uma loja especializada em instrumentros de sopro no mercado, a marca se tornou uma das mais respeitadas fabricantes do Brasil
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té o final da década de 1980, antes da globalização e com o mercado internacional ainda muito fechado, os músicos brasileiros podiam optar por duas alternativas: comprar instrumentos e acessórios importados com preços elevados e de difícil acesso, ou optar por marcas nacionais ainda buscando a melhor qualidade. Isso quando existe essa opção. Idesbaldo Coimbra montou a Free Sax, especializada em instrumentos de sopro, por não encontrar uma loja em Itapecerica da Serra, em São Paulo, que atendesse às suas necessidades. Por essa razão também, começou a fabricar os adicionais para os instrumentos. Hoje, mais de 20 anos depois, a Free Sax carrega o título de uma das principais fabricantes de acessórios para instrumentos de sopro de São Paulo, além de sua loja especializada. Confira a seguir entrevista exclusiva com Coimbra, presidente da Free Sax, que conta mais sobre a empresa, seus produtos e o mercado atual:
›› Quais foram as principais dificuldades que vocês enfrentaram no começo? No começo, tudo é difícil. Encontramos muitos obstáculos para entrar no mercado. Nossos acessórios não eram conhecidos, os lojistas não acreditavam que aquilo iria vender e tivemos de desenvolver um marketing em cima dos nossos produtos. Apostamos
todas as nossas fichas nos produtos Free Sax. Por fim, graças a Deus, depois de muito trabalho, tudo progrediu de forma positiva. Os produtos começaram a ficar conhecidos e aos poucos foram tendo boa aceitação no mercado. Hoje fabricamos, além dos vários tipos de correias para saxofone, escovas secadoras, abraçadeiras de couro para boqui-
›› Sax & Metais – Como surgiu a idéia de montar uma loja especializada em instrumentos de sopro? Idesbaldo Coimbra Tivemos a idéia de montar uma loja porque na região de Itapecerica da Serra não havia nenhum comércio especializado antes. ›› A Free Sax atua há mais de 20 anos. Como o senhor avalia o mercado de instrumentos de sopro? Vejo que o mercado vem crescendo a cada ano. Digo isso porque nosso volume de vendas aumenta a cada dia. Mais pessoas estão se interessando pelos instrumentos de sopro, sejam aquelas que pretendem seguir carreira como músico profissional ou que querem tocar um somente por hobby.
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SAX & METAIS
Foto Divulgação
ENTREVISTA
Fábrica 100% nacional
lhas, cobre-boquilhas, varetas para afinação de flautas, estantes para saxofone, flauta e clarinete. Temos também uma linha completa de lubrificantes, abafadores para pratos e bateria. ›› Qual é o diferencial que o músico encontra em uma loja especializada? Quais são os tipos de produtos para instrumentos de sopro que as lojas normais de instrumentos não oferecem? Na loja especializada, o cliente sempre encontra o que procura. Temos acessórios que não são muito comuns de encontrar em qualquer loja. Molas, parafusos especiais, cortiças, lubrificantes especiais para madeira, graxas para cortiças, madrepérolas, sapatilhas para todos os tipos de saxofones, flautas e clarinetes, entre outros. Temos também conhecimento técnico, que nos permite orientar o cliente, por exemplo, sobre como usar corretamente determinado
tipo de acessório, para prolongar a vida útil do instrumento e evitar manutenções desnecessárias. ›› De onde surgiu a idéia de fabricar os acessórios? Surgiu da minha decepção. Necessitava de determinado acessório e, após consultar as melhores casas do ramo, não encontrei o que precisava. Foi então que resolvi fabricar correias para meu próprio uso. Aproveitando a oportunidade, comprei um pouco a mais de material e fiz algumas peças e ofereci para amigos saxofonistas. Resolvi também mostrar e oferecer para o luthier Bove José, de muito renome e hoje já falecido. ‘Seu Bove’ gostou muito e comprou todas as peças. Encomendou mais algumas e orientou mudanças a serem feitas para melhorar o produto. ›› Quais músicos de renome costumam adquirir os acessórios da Free Sax? Raul de Souza (trombonista), Paulinho Oliveira (saxofonista), Chiquinho de Almeida (saxofonista), Vinícius Dorin (saxofone), Zé Roberto (saxofonista), entre outros. ›› Hoje a Free Sax está mais voltada para a fabricação das peças ou para a loja? As duas atividades estão trabalhando a pleno vapor. O mercado absorve todos os produtos que fabricamos e, com a loja, oferecemos na região venda de instrumentos, acessórios e serviços especializados e também escola de música.
Na loja, vasta quantidade de acessórios e instrumentos
›› Vocês também oferecem serviços de regulagem e conserto. Como é o mercado para esse tipo de serviço? Há muitos profissionais especializados? Por enquanto acho que ainda são poucos os profissionais dessa área no mercado. Muitos músicos precisam desse tipo de trabalho e, às vezes, por existirem poucos luthiers especializados, há demora na entrega do serviço, devido à pequena oferta e à grande procura. No meu ponto de vista, este mercado está crescendo. Digo isso porque viajo muito para o interior de São Paulo, Paraná e sul de Minas, e vejo cada vez mais pessoas procurando se especializar nessa área. Acho isso bom, já que assim o consumidor que procura esse serviço não vai ficar muito tempo na fila para ser atendido.
“Mais pessoas estão se interessando pelos instrumentos de sopro, sejam profissionais ou não”
Contato Site: www.freesax.com.br Tel.: (11) 4165-4343 e-mail: freesax@superig.com.br MSN: freesaxs@hotmail.com
SAX & METAIS
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POR ROGÉRIO NOGUEIRA
Antônio Ribeiro Saxofone diversificado do jazz
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esmo tendo descoberto sua paixão há pouco mais de cinco anos, o saxofonista Antônio Ribeiro, integrante da banda de jazz Caixa Acústica, teve um começo precoce. Apenas um ano após dar suas primeiras sopradas no instrumento, o músico já se apresentava ao vivo, em shows próprios ou jams com outros instrumentistas. Esse fator impulsionou Ribeiro a se dedicar com mais afinco aos estudos, na mesma proporção em que crescia seu interesse pelo jazz. “O que mais despertou meu interesse pelo sax usado no jazz foi a diversidade de linhas que um saxofonista pode adotar. Por exemplo, temos desde John Coltrane e Michael Brecker até Eric Marienthal e Kirk Whalum. As linhas são diversificadas e adotar o estilo de outro músico é quase impossível em sua totalidade”, revela.
Carreira O grupo Caixa Acústica foi formado a partir de ensaios descompromissados entre quatro amigos. “Como todos estávamos estudando música na época, começou a aparecer a necessidade de estudarmos juntos, tocar standards de jazz e também criar nossas próprias músicas. Como morávamos todos em Teresópolis, cidade serrana a 90 km do Rio de Janeiro, queríamos gravar algumas dessas composições, que resultou em um CD demo com cinco músicas”, conta. Mesmo com a inexperiência, Ribeiro considera essa passagem importante para a carreira do grupo.
possam perceber as inúmeras possibilidades de interpretação e usos que o instrumento oferece. Agora estou pesquisando o uso do sax na música eletrônica, como faz o Rick, do grupo paulistano de música eletrônica Spyzer Project. Acho que é uma nova possibilidade musical e um trabalho interessantíssimo”, finaliza.
“Adotar o estilo de outro músico [no sax do jazz] é quase impossível”
Sax e flauta Entretanto, Ribeiro também pegou apreço pela flauta, paixão que veio antes mesmo do sax. “Comecei a tocar a flauta doce de ouvido e estudando teoria musical por meio de livros. Com isso aprendi a ler partituras simples e a praticar nas flautas doces que tinha. Quando parti para a flauta transversal, tive aulas com Lena Horta (irmã do violonista Toninho Horta), que me ensinou os primeiros passos. Fui passando por diversos métodos. Com o sax, peguei dicas com amigos e estudei o método Amadeu Russo. Basicamente foi isso”, explica.
O que Marcelo Ribeiro usa Saxofone
Sax alto Selmer Masspacher Boquilha Vandoren Jumbo Java A95 Palheta Rico Royal 2, Rico 2 ½ Flauta Yamaha 211 Microfone AMT Wi5
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O saxofonista diz que “foi um passo importante e nos deu muita maturidade dentro do estúdio”. Após uma pequena parada nas atividades, a banda retomou a carreira para tocar um “jazz para cima, animado e próximo ao fusion”, como descreve o instrumentista, que também toca flauta no conjunto. “Essa sonoridade tem agradado ao público e muitas pessoas que tinham certo preconceito em relação ao gênero instrumental se demonstraram bastante receptivas em nossos shows. Essa característica é resultado de influências de músicos como Nestor Torres, Eric Marienthal, Kirk Whalum, David Sanborn, Chick Corea, Art Blakey, Bud Rich e Lee Rittenour”, confessa. Diversidade Mas o jazz não é o úni-
co estilo que Ribeiro aprecia. Procurando manter-se informado sobre o que acontece no mundo da música, o instrumentista já vislumbra uma mistura do sax com a música eletrônica. “Acho que a utilização do sax no smooth-jazz e também na música pop permite que mesmo leigos em música
Foto Divulgação
VIDA DE MÚSICO
v ida d e m ús i c o
5Rodrigo
POR DÉBORA DE AQUINO
Eisinger O instrumental brasileiro na gaita cromática
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fato que para muita gente a gaita é sinônimo de blues. Porém, esse quadro vem mudando a cada dia no Brasil. É crescente o número de jovens gaitistas que estão se dedicando à nossa música instrumental e Rodrigo Eisinger faz parte dessa nova geração. “Acho interessante pensar que vivemos um momento de retorno às origens da gaita brasileira. Historicamente, o instrumento no Brasil não vem de uma cultura do blues, mas da influência direta de nomes como Edu da Gaita, Mauricio Einhorn, entre outros, que construíram suas carreiras em torno da música brasileira”, lembra Eisinger. Apesar de afirmar o gosto pelo blues e de ter passado por uma formação centrada na gaita do estilo, Eisinger nunca fez parte de uma banda do gênero. Dava canjas em grupos de rock e blues, mas sempre cercado de amigos que tocavam MPB, e acabava tentando inserir de alguma forma a gaita neste estilo. “No começo sempre acompanhei cantores. Só segui por um caminho direcionado à música instrumental depois que entrei na Unicamp. A partir daí, vi a possibilidade de montar um repertório instrumental.” Hoje Rodrigo faz parte de quatro projetos instrumentais, em que cada um tem uma abordagem e formações distintas – 3emtrio, Soprando Fole, Fantástica Orquestra em Miniatura e Os Harmônicos. Alguns projetos mais ativos do que outros, porém, todos em atividade regular, além de seu mais recente trabalho, Walterama, em parceria com Bruno Buzzo e Fernando Xavier. Em 2005, teve a oportunidade de participar do World Harmonica Festival, um dos maiores festivais do mundo da gaita. Acontece a cada quatro anos em Trossingen, Alemanha, cidade que é considerada a ‘Meca’ da harmônica. Lá reúnem-se gaitistas profissionais e entusiastas do mundo inteiro, em um período de
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sete dias, com diversos shows, desde artistas-solo e orquestras de gaita até workshops e competições divididas em diversos estilos musicais. Confira esse e outros detalhes da carreira de Rodrigo Eisinger nesta entrevista à Sax & Metais. ›› Sax & Metais – Como foi participar de um evento tão importante como o World Harmonica Festival 2005? Rodrigo Eisinger Recebi um convite da Federation Internationale de l’Harmonica para participar do festival e fiquei muito empolgado. Tive grande apoio do Fernando Bresslau (gaitista), que na época trabalhava como consultor de desenvolvimento de produtos na Hohner Harmônicas. Concorri em duas competições. A Open Category é aberta a qualquer formação e estilo musical. Como não tinha acompanhamento, toquei um arranjo-solo da música Bebê, de Hermeto Pascoal e fui classificado em 9º lugar. Já na Chromatic Jazz, o foco da competição é o repertório de música popular. Toquei Bole-Bole, de Jacob do Bandolim. O pianista Hans Gunther Kolls se ofereceu para tocar essa música comigo e me classifiquei em 4º lugar. Fui muito elogiado pelos jurados, principalmente pela escolha do repertório. Um dos pontos fortes do evento está na competição de música erudita, muito disputada e que dá grande destaque ao vencedor. Também tive a oportunidade de conhecer nomes de importância no cenário da harmônica, como Joe Filisko, Steve Baker e Hermine Deurloo.
Foto Karlis Smith
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MINUTOS COM
min u t o s c o m
›› Como veio o interesse pela gaita? Foi por acaso. Lembro que um primo comentou sobre o instrumento e achei bem legal a idéia de aprender música. Fui até uma loja e comprei uma gaita diatônica, que logo encostei, por não conseguir tocar. Um amigo que tocava gaita, Zé Gualberto, me deu as primeiras dicas de embocadura e passou algumas músicas simples por tablatura. Nesse mesmo período fui estudar física na UFSCar e continuei estudando a gaita sozinho. O que me ajudou bastante neste início foi a internet, que estava se popularizando. Era possível encontrar informações sobre gaita e blues, minha primeira influência associada ao instrumento. Entrei em um fórum de discussões chamado Gaita-L, que era um terreno fértil em informações sobre gaita e música. Contava com a presença de nomes como Rodrigo Eberienos, Benevides Jr., Ulysses Cazalas e Leonardo Kenji. Eles sempre ajudavam iniciantes e discutiam assuntos mais avançados. Dentro desse grupo, conheci Gaspar Vianna, que considero meu professor virtual. Notando meu interesse, ele me deu o primeiro método de gaita, Harmônica Blues, do Benevides Jr., com o qual estudei bastante. ›› Você começou na gaita cromática, mas depois passou para a diatônica, certo? Todo gaitista que inicia na diatônica sente curiosidade em relação à gaita cromática, em algum momento. Comigo não foi diferente. Resolvi comprar uma e, junto com um grande amigo e gaitista, Cristian Ferreira, começamos a estudar e descobrir mais sobre o instrumento, pesquisando material fonográfico e métodos.
O que Rodrigo Eisinger usa Gaitas
Cromáticas Bends Tônica 56 e 48 vozes, diatônicas Anima e Croma Microfone Shure SM58
Estudávamos juntos o método do Ronald Silva e, depois, fui incentivado pelo professor de música Sérgio Freitas, juntamente com a regente Ilza Joly, a entrar na Orquestra Experimental da UFSCar. Formamos um naipe de gaitas cromáticas. Lembro que não sabia ler partituras, então tirava as músicas de ouvido e não comentava com ninguém. Fingia que lia os arranjos. Isso me atrapalhou muito, pois meu ouvido me deixava preguiçoso com a leitura, algo que não aconselho a ninguém. Acho que os estudos de leitura e de ouvido devem ser uma prática conjunta, sem contar que, para o músico profissional, a leitura é um ponto muito importante.
›› Você estudou gaita na Unicamp? Como é esse curso? Na verdade, não existe um curso de gaita na Unicamp, mas sim a possibilidade de entrar no curso de bacharelado em música popular com instrumentos para os quais não há professor. Fiz aulas com o professor Celso Veagnoli, que leciona saxofone. Ia às aulas com a gaita e ele me passava estudos de improvisação, escalas, arpejos e temas que, mesmo baseados no saxofone, serviam diretamente para o meu aprendizado. O curso sempre aceitou músicos de outros instrumentos, mas a baixa procura acaba não tornando isso muito divulgado.
“Todo gaitista que inicia na diatônica sente curiosidade em relação à gaita cromática, em algum momento. Comigo não foi diferente.” Mesmo tocando a cromática, seguia na diatônica, ainda mais quando descobri a discografia de Howard Levy, que me impressionou muito pela capacidade de tocar jazz, entre outros estilos, nesse instrumento. Com isso, fui me interessando cada vez mais pelo repertório instrumental. ›› Você desenvolve um trabalho de mestrado sobre a cromatização da gaita diatônica. Já falamos algumas vezes na S&M sobre esse assunto. É possível ter com a gaita diatônica os mesmos recursos que se tem com a cromática? Acredito que a diatônica e a cromática são instrumentos diferentes em muitos aspectos e assemelham-se pelo princípio de funcionamento. Mas exigem abordagens distintas para que se possa obter o melhor delas. Dessa forma, a diatônica tem uma linguagem própria. Isso a torna especial quando se pensa nela como um instrumento cromático. Dentro desse universo, temos a possibilidade de tocar cromaticamente utilizando outras afinações. É o caso de Howard Levy, que trabalha a sonoridade do tom da gaita associada à tonalidade da música, mas com domínio pleno do cromatismo. Aqui no Brasil, temos o Otávio Castro, que utiliza a diatônica em Dó (C) para tocar em todas as tonalidades. Isso exige um estudo do som de cada uma das notas e articulações possíveis.
›› Conte sobre o seu mais recente trabalho, Walterama. A idéia surgiu de Bruno Buzzo e Fernando Xavier. A gravação do CD era para o FICC (Fundo de Investimento da Cultura de Campinas), a fim de homenagear o grande gênio da gaita blues, Little Walter, com uma proposta autoral e instrumental. Com a idéia de uma homenagem diferente, as composições do Walterama carregam elementos das músicas de Little Walter, como frases, riffs e levadas, que mostram, inclusive, sonoridades bem modernas. O Paulo Gazela é um gaitista com uma base bem direcionada ao blues e ao rock, seguindo os elementos tradicionais. Fernando Xavier trabalha a fusão entre o blues e a música instrumental, utilizando apenas a gaita diatônica em Dó (C), com a técnica de cromatismo. Bruno Buzzo, além de tocar baixo e cuidar dos arranjos e composições, trouxe a influência de trabalhos do jazz contemporâneo. Igor Brasil é um guitarrista com muita influência de rock e funk. Sua sonoridade se assemelha a John Scofield. Raphael Gonçalves trabalha a energia musical que transita entre o jazz moderno e a música brasileira, como frevo e maracatu. Toquei gaita cromática, numa volta às minhas origens de blues e rock, mas com minhas influências musicais atuais. O CD está em fase de prensagem e deve sair em novembro.
SAX & METAIS
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5 Marcelus M
arcelus Leone é o atual saxofonista da Banda Eva. Tem como principal foco de sua carreira as bandas de axé music, ou nova música da Bahia. Já gravou como arranjador e músico com artistas de grande expressão: Ivete Sangalo, Netinho, Cheiro de Amor, Banda Beijo, Luiz Caldas, entre outros. A posição de destaque em que está hoje não é mero acaso. É resultado de muito trabalho e estudo, que começou ainda criança e dentro de casa. “Como minha mãe é educadora musical e multiinstrumentista, para ela era natural que eu iniciasse na música aos 5 anos”, explica. Como para grande parte dos músicos, seu início foi com a flauta doce, por ser um instrumento simples e indicado para crianças. Após as primeiras aulas em casa, foi estudar o instrumento na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Nos corredores dessa escola, outro som o seduziu. “Ouvi um som que achei maravilhoso. Peguei minha mãe pelo braço e fui atrás. Cheguei a uma sala que estava com a porta aberta e lá um rapaz tinha aula de flauta transversal. Nem sabia o nome do instrumento. Apontei para ele e disse: ‘Mãe, quero aprender a tocar isso’. Como tinha a mão muito pequena, só iniciei os estudos aos 9 anos”, lembra o músico. Os estudos foram evoluindo e logo incorporou o saxofone e o teclado em seu aprendizado. Ingressou na Universidade Federal da Bahia, onde se formou em Composição e Regência. Hoje, além de todo o trabalho como sideman nas principais bandas do Estado, desenvolve importante trabalho também na música instrumental. Os destaques são as participações nas orquestras Rumpilezz e Charanga, com os guitarristas Munir Hossn
POR DÉBORA DE AQUINO
e Jurandir Santana, o baterista Tito Oliveira, os percussionistas Gilmar Gomes e Emerson Taquari, e o baixista Arturzinho Aguiar. Prepara-se também para o lançamento do seu primeiro CD instrumental, em fase de gravação, e que pode ser ouvido em primeira mão em www.myspace.com/marcelusleone.
›› Sax & Metais – Seu primeiro instrumento foi a flauta. Como foi a passagem para o saxofone e como escolheu o instrumento? Marcelus Leone Lá em casa sempre se ouviu muita música. Meu pai gosta muito de saxofone e ouvia discos desse instrumento. Um dia comprou o CD Solar, do Leo Gandelman, e me apaixonei pelo sax. Na época, já com 15 anos, corri atrás de um professor. Tive apenas oito aulas com Geová Nascimento, que viajou para estudar na Europa. A partir daí, continuei estudando sozinho e, meses depois, já me apresentava em público. Com minha mãe, comecei a tocar piano e a me familiarizar com harmonias e progressões, pois é importante para um músico saber tocar um instrumento harmônico. ›› Em sua opinião, quais os prós e contras de aprender sozinho um instrumento? Com uma professora em casa, fui orientado no sentido de prestar atenção à técnica de cada
Flauta
Transversal Sankyo Prima, com bocal Tudrey e Yamaha 271SII Sax • Tenor Selmer Super Action II série 8 com boquilha Dave Guardala e palhetas Rico Plasticover 3 • Alto Yamaha 62 com boquilha Claude Lakey Jazz 7*3 e palhetas La Voz Medium • Soprano Yanagisawa curvo com boquilha B&N 10 e palhetas La Voz Medium Soft • Midi EWI 4000S
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instrumento e a ter disciplina. Para mim, o fator positivo foi que determinei meu tempo de estudo e o nível de dificuldade. O lado negativo é não ter um professor especialista para ajudar nos detalhes. Mas, como sempre toquei com outras pessoas, fui aprendendo a corrigir minhas deficiências.
“Um bom instrumentista deve ter percepção e conhecimento técnico suficientes para obter um som de acordo com a necessidade de cada música”
O que Marcelus Leone usa
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›› Quando decidiu seguir na carreira de músico profissional e prestar vestibular para Composição e Regência? Quando estava na sétima série, pensei em parar de estudar música, mas continuei estudando a flauta transversal, teoria e percepção, mesmo já tocando outros instrumentos. Contudo, precisei esperar até o fim do ano para trancar a matrícula na escola de música. Quando chegou o período de trancamento, já tinha decidido que ia ser músico profissional e não parei mais. ›› Como você vê a importância de um curso superior para a carreira do músico, já que, tradicionalmente, boa parte dos músicos em atividade não tem formação acadêmica? O fato de a pessoa ter um diploma não significa que é melhor músico. Na verdade, acredito que um músico completo deve saber mais do que simplesmente tocar um instrumento. É importante conhecer a História da Música, tanto erudita como popular, de seu país e do mundo, ter conhecimentos de leitura e escrita musical, experimentar estilos e gêneros musicais diferentes para ampliar seu repertório de vida e de conhecimento. Esse caminho pode ser trilhado por meio de estudos formais em escolas e universidades ou por buscas pessoais. ›› Como você foi para a Banda Eva e qual a rotina de trabalho do grupo? Sempre fui amigo dos meninos, desde que eram da Banda Chica-Fé. Quando o vocalis-
Foto Wendell Colavolpe
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MINUTOS COM
min u t o s c o m
Leone ta Saulo Fernandes foi chamado para o Eva, me convidou e, depois de um ano, ingressei no conjunto. Nossa rotina de trabalho não é muito definida. Fazemos shows praticamente todos os fins de semana. Existem também os programas de TV e rádio entre as apresentações. Nossos ensaios ocorrem mais quando estamos para gravar, no início das turnês e no período de carnaval. ›› Qual é a principal característica que um sideman precisa ter? Primeiro, compreender o que cada artista propõe, pois é preciso entender as características de cada um. É preciso também ser versátil, saber como se expressar musicalmente, já que cada trabalho exige um tipo de som, de linha melódica e de dinâmica.
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›› Quais diferenças, em termos de sonoridade, são mais perceptíveis de acordo com os diversos estilos de música? Não importa muito o estilo musical, mas sim a proposta de cada música. Um bom instrumentista deve ter percepção e conhecimento técnico suficientes para obter um som mais suave ou agressivo, utilizar efeitos sonoros ou não, mais ou menos notas, de acordo com a necessidade de cada música. ›› O que acha de tantas novas tecnologias aplicadas à música? Quais ferramentas são indispensáveis para você? A tecnologia é uma excelente ferramenta no auxílio à produção musical, pois com ela podemos expressar nossa criatividade de forma mais completa na hora de fazer um arranjo. Utilizo muito os programas de computador Reason, para programação Midi, o Pro Tools, para gravação e edição de áudio, e o Sibelius, para notação musical. Porém, acredito que nada substitui o sentimento do ser humano na hora de gravar uma música. Utilizo um Imac de 20”, placa de som Mbox 2, plataforma Pro Tools, monitores Behringer B2030A, microfones AKG 414, Studio Projects B3, Rode NTK valvulado e teclados Ozone, Alesis Qs6 e Miditech.
O sax da Bahia mostra seu valor
›› Agora você está preparando seu primeiro CD-solo. Como está a produção desse trabalho? Sempre gostei de música instrumental e costumava tocar em casa. O convívio com um grupo de amigos, aos poucos, foi me motivando a compor. Toquei na Orkestra Rumpilezz (www.myspace.com/ letieresleiteamporkestrarumpilezz), do saxofonista Letieres Leite, e na Charanga Latin Jazz Band (www. myspace.com/charangajazz), do saxofonista Reudes Nogueira. Agora preparo meu primeiro CD instrumental. Busquei inspiração em ritmos brasileiros, nas músicas africana e baiana, que utilizam muitos elementos percussivos. Gosto muito de percussão e ela é a base do CD. Serão dez músicas, com composições próprias e de alguns amigos. Dentre elas, tem um forró que se chama No Mato com Net 2, que está concorrendo no VI Festival de Música da Rádio Educadora FM, aqui em Salvador. O CD tem, até agora, a participação de Tito Oliveira (bateria), Lucas Occilupo (bateria), Munir Hossn (baixo e guitarra), Gigi (baixo), Ronaldo Cavalcante (guitarra), Adriano Gaiarsa (teclado), Zito Moura (piano), Alcione Rocha (trompete) e Gilmar Gomes (percussão). Há também a participação de Fabrício Scaldaferri (Fafá) na percussão, um dos grandes amigos e incentivadores desse projeto, que deixou seu som gravado antes de falecer, em julho do ano passado.
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t écni c a
POR DÉBORA DE AQUINO
Guia rápido de TÉCNICA
Band In a Box Construa seus próprios playbacks em minutos
Imagem StockXpert
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oje é cada vez mais comum a utilização do computador como ferramenta de trabalho e estudo musical. Existem diversos softwares para edição de partituras, seqüenciamento e gravação de áudio, além de muitas outras atividades relacionadas. Nesta edição, vamos apresentar um tutorial de um software gerador de playbacks, o Band In a Box. A versão do programa que iremos utilizar para esse tutorial é o Band In a Box 2007 for Windows. Se você já o tem instalado em seu computador, mãos à obra. Caso não tenha, poderá baixar uma versão demo no site da P.G. Music Inc. (www.pgmusic.com), válida até o dia 01/01/2009. Por ser uma versão demo, algumas funções estão desabilitadas, tais como: salvar, escrever partituras (notação) e geração de solista. A quantidade de estilos musicais também não é muito grande. A versão completa possui mais de cinco mil estilos. Música não se faz sozinho, certo? Poder praticar com uma banda é algo muito importante para nós, instrumentistas de sopro. Afinal de contas, somos o instrumento solista. O pianista pode ao mesmo tempo tocar melodia e harmonia. Nós, não. Fazemos somente a melodia e, às vezes, o estudo pode ficar chato. Falta
Figura 1
um acompanhamento ou uma base para que possamos estudar desde uma simples melodia até improvisação, já em um estágio mais avançado. Existem no mercado diversos livros com CDs playback de muito boa qualidade. Porém, há uma infinidade de músicas que gostamos de tocar e não temos um playback. Aí é que entra o Band In a Box. O programa é um gerador de acompanhamento automático e inteligente. Para isso, basta escrever os acordes de qualquer música, escolher o estilo (jazz, blues, bossa nova, samba, etc.), apertar o PLAY e sair tocando. Ele pode gerar acompanhamentos com no mínimo três e no máximo cinco instrumentos, que podem ser piano, baixo, bateria, guitarra ou violão, e cordas de orquestra, tudo isso em questão de minutos. Não procure aqui explicações detalhadas sobre todas as ferramentas do programa, pois para isso existe o manual. A idéia é ser um tutorial de referência rápida e direta, apresentando o mínimo necessário para que você possa destrinchar o aplicativo e superar a fase inicial de aprendizado e conhecimento. Então, vamos lá!
CONFIGURANDO O BAND IN A BOX Durante o processo de instalação, você precisará fazer as configurações de midi corretas para que o programa toque. Ao rodar pela primeira vez, irá aparecer uma janela mostrando todos os controladores midi disponíveis em seu computador. O Band In a Box irá escolher automaticamente seu controlador midi inicial. Apenas observe a janela e clique em OK. Na seqüência, irá surgir a janela mostrando todos os controladores midi (figura 1). Se a opção dada pelo programa não for boa, você poderá escolher a melhor. Selecione o seu controlador midi de saída, pois é por onde suas músicas serão reproduzidas. O controlador midi de entrada é opcional. Se você possuir um teclado midi ou uma guitarra midi ligados ao computador, poderá selecioná-los para, por exemplo, gravar melodias.
CONHECENDO A INTERFACE PRINCIPAL Ao abrir o Band In a Box, nos deparamos com a interface principal (figura 2). Vamos conhecer nossa área de trabalho e cada uma das ferramentas.
Novo: Limpa a Área de Trabalho, criando uma nova música Abre: Carrega música do arquivo. Salva: Funciona como o comando “Salvar música como....” Salvar Como: Permite salvar escolhendo o local do arquivo .MID: Salva o arquivo como MIDI .WAV: Salva o arquivo como Wave Toca: Reproduz ou interrompe uma música Loop: Toca uma seção selecionada na área de trabalho repetidamente Repetir: Toca a música novamente sem gerar um novo arranjo Parar: Interrompe uma reprodução Pausa: Pausa uma reprodução De: Inicia a música a partir de um ponto específico
Escreva o seu Título
Melodista: Permite que você gere uma música completa a partir do nada Solista: Permite a geração de solos sobre os acordes da música Jukebox: Abre a janela do jukebox. As flechas funcionam para abrir a próxima música ou a anterior Gravar: Abre a janela de gravação de melodias a partir de um instrumento MIDI externo Grv.Aud: Abre a janela de gravação de áudio em tempo real Harm. A.: Grava a sua voz e adiciona uma harmonização de até 5 vozes Plugins: Permite a configuração de sintetizadores DXI Pânico: Manda mensagens para zerar todos os parâmetros de som. GM: Reinicia os dispositivos de General Midi
Figura 2
O primeiro botão mostra as últimas pastas usadas para a escolha das músicas. Segure SHIFT para escolhê-las DM: Abre um arquivo de áudio (wav, wma, mp3) que será interpretado pelo Interpretador de Acordes Prática Musical: Diversas funções que ajudam no aprendizado musical Real Drums: Gravações de bateria real para substituir sons da bateria MIDI. Guitarra: Abre janela permitindo ver as notas no braço de uma guitarra Intro: Gera uma introdução automaticamente Piano: Abre janela com um piano mostrando as notas de qualquer pista, menos bateria Mixer: Use esse mixer para fazer ajustes em sua placa de som Ear Trainning: Ferramenta para treinamento auditivo Trilha: Permite que você crie música para fundos de vídeos, jingles, apresentações Rearmonizador: Rearmoniza progressões ou cria uma progressão baseada na melodia Embelezador de melodia: Abre uma janela de opções Repetição: Permite criar ‘casas’ de repetição, DS, DC, coda, etc. Wizard Vocal: Seleciona e transporta uma música para a tonalidade mais compatível com sua voz Solo de Guitara: Abre a janela de criação de solos Acorde: Abre janela de personalização de acordes Gravação de CDs: Permite transformar sua música em áudio e gravar em CD pelo próprio programa PG: Conecta diretamente ao site da PG Music Volume: Abre o mixer da sua placa de som
Clique para escolher o estilo desejado Os acordes escritos na Área de Trabalho serão visualizados primeiro aqui Mostra o estilo escolhido Defina a tonalidade clicando na setinha Defina o andamento clicando nas setinhas Define início e final de um ‘chorus’ e quantidade de repetições Configurações da música e CODA Área de Trabalho: Aqui você visualizará toda a harmonia da música, casas de repetição, coda, DS, DC e todos os parâmetros necessários para a execução correta do playback
Notação: Abre a janela de edição de notas, letra, etc. (essa função é desabilitada no software demo) Notação de Página Inteira: Janela de notação em página inteira. Boa para treinameno de leitura à primeira vista Edição Gráfica: Edição de pistas do Solista e do Melodista Edição de Áudio: Mostra o áudio em forma de onda e permite sua edição (desabilitada no software demo) Impressão: Abre uma janela de personalização de impressão e permite imprimir sua música Bateria: Abre a janela de visualização da bateria e dos instrumentos de percussão Title: Gera um título para a sua música automaticamente L: Abre uma janela com letras grandes para que o software funcione como um karaokê Seq: Seqüenciador para controles das pistas multicanais da melodia e do solista Conductor: Permite controlar a música durante sua reprodução através do teclado QWERT ou MIDI externo Mixer: Janela de indicadores de volume e áudio da gravação e reprodução Letra: Permite que você edite letras de músicas STY: Abre o estilo atual e permite que você o edite STY Híbrido: Permite que você crie seus próprios estilos STY Wizard: Assistente de criação de estilos. Você poderá converter seus estilos MIDI em estilos BB Construção de Acordes: Você poderá ouvir e inserir os acordes desejados MIDI: Visualiza todas as mensagens MIDI enviadas e recebidas pelo BB
SAX & METAIS
Ao clicar nas setinhas você poderá personalizar sua barra de ferramentas
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t écni c a CRIANDO UM PLAYBACK Agora que já nos familiarizamos com a interface, vamos montar nosso primeiro playback. Se você já estiver com algum playback na tela, escolha o menu ‘Arquivo’ e ‘Novo’ para limpar a ‘Área de Trabalho’, ou simplesmente clique em ‘Novo’ na barra de ferramentas. Para começar, vamos fazer um playback simples. Um blues em Fá maior (F). Primeiro vamos nomear a música dentro do quadro ‘Música sem título’. Clique com o mouse e escreva o nome da sua música: ‘Blues Sax & Metais’. Escolha o tom da música no quadro apropriado. No nosso exemplo, F. Uma janela se abre pedindo confirmação da mudança de tom. Clique ‘Sim’. Ao lado, escolha o andamento. Clicando com o botão direito do mouse sobre as flechinhas, o andamento aumenta ou diminui de cinco em cinco pontos. Se clicar com o botão esquerdo, o andamento é alterado de um em um ponto. Vamos escolher 90. Em seguida, selecione o estilo. Clique na ferramenta ‘Estilo’. Uma janela de opções será aberta. Vamos escolher ‘*DRJONSHF’, que está dentro do estilo ‘Jazz’, como na figura 3. Se quiser ouvir previamente o estilo para ter certeza do que está escolhendo, clique em ‘Ouvir’. Para parar, clique em ‘Parar’. O andamento também pode ser mudado alterando o número no quadrinho ao lado. Depois de escolher o estilo apropriado, clique em ‘OK’ na parte inferior direita da janela. Agora vamos escrever uma seqüência de 12 compassos, com a harmonia do nosso blues. Iremos ‘entrar’ com os acordes na ‘Área de trabalho’. Cada número dessa janela é um compasso. Observe que, no primeiro compasso, há um retângulo mais claro. Ali irá aparecer o primeiro acorde que escrevermos. Se em seu arquivo o retângulo não estiver no primeiro compasso, clique nele com o mouse. Vamos escrever esta seqüência de acordes, sendo um por compasso: F7 – F7 – F7 – F7 – Bb7 – Bb7 – F7 – F7 – F7 – C7 – Bb7 Ab7 – Gb7 Para escrever o primeiro compasso, digite ‘f7’. Observe que ele aparecerá na janelinha logo abaixo de ‘Estilo’. Escreva o acorde e tecle ‘Enter’. O retângulo de edição passa para a segunda metade do compasso. Clique ‘Enter’ novamente para passar para o compasso 2 e escreva o próximo acorde
TÉCNICA
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(‘f7’) e ‘Enter’ duas vezes para seguir para o compasso 3 e assim sucessivamente. Observações
Para escrever acorde com alteração (bemol ou sustenido), digite bb (para, por exemplo, Bb) e f# (para F#). Consulte outras alterações de acordes no box ‘Lista de Acordes’. ✓ Não se preocupe com letras maiúsculas ou minúsculas. O próprio programa fará o ajuste para você. ✓
Figura 3
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Ao terminar de escrever os 12 acordes, ficaremos com a seguinte janela:
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SAX & METAIS
Agora vamos ajustar o tamanho da música. Se deixarmos tocar dessa forma, como está escrito, o playback irá seguir até o compasso 32, tocando o último acorde escrito (Gb), e retornará ao início. Precisamos então fazer o ajuste necessário na caixa de ferramenta (veja figura 2). Para ajustar o nosso playback, vamos alterar o número ‘32’ para ‘12’, clicando com o mouse sobre o quadradinho. Uma janela abrirá per-
Figura 4
guntando quantos compassos você deseja. Nessa etapa, temos duas opções: escrever o número ‘12’ dentro da janela ou simplesmente clicar no
compasso 12, com essa janela aberta, e ‘OK’. Nossa música está ajustada, porém sobrando dois compassos no final.
Lista de acordes Acordes maiores
C, Cmaj, C6, Cmaj7, Cmaj9, Cmaj13, C69, Cmaj7#5, C5b, Caug, C+, Cmaj9#11, Cmaj13#11 Acordes menores Cm, Cm6, Cm7, Cm9, Cm11, Cm13, Cmaug, Cm#5, CmMAJ7 Acorde meio diminuto Cm7b5 Acorde diminuto Cdim Acordes dominantes C7, 7+, C9+, C13, C7b13, C7#11, C13#11, C7#11b13, C9, C9b13, C9#11, C13#11, com 7ª C9#11b13, C7b9, C13b9, C7b9b13, C7b9#11, C13b9#11, C7b9#11b13, C7#9, C13#9, C7#9b13, C9#11, C13#9#11, C7#9#11b13, C7b5, C13b5, C7b5b13, C9b5, C9b5b13, C7b5b9, C13b5b9, C7b5b9b13, C7b5#9, C13b5#9, C7b5#9b13, C7#5, C13#5, C7#5#11, C13#5#11, C9#5, C9#5#11, C7#5b9, C13#5b9, C7#5b9#11, C13#5b9#11, C7#5#9, C13#5#9#11, C7#5#9#11, C13#5#9#11 Acordes SUS com 4ª Csus, C7sus, C9sus, C13sus, C7susb13, C7sus#11, C13sus#11, C7sus#11b13, C9susb13, C9sus#11, C13sus#11, C9sus#11b13, C7susb9, C13susb9, C7susb9b13, C7susb9#11, C13susb9#11, C7susb9#11b13, C7sus#9, C13sus#9, C7sus#9b13, C9sus#11, C13sus#9#11, C7sus#9#11b13, C7susb5, C13susb5, C7susb5b13, C9susb5, C9susb5b13, C7susb5b9, C13susb5b9, C7susb5b9b13, C7susb5#9, C13susb5#9, C7susb5#9b13, C7sus#5, C13sus#5, C7sus#5#11, C13sus#5#11, C9sus#5, C9sus#5#11, C7sus#5b9, C13sus#5b9, C7sus#5b9#11, C13sus#5b9#11, C7sus#5#9, C13sus#5#9#11, C7sus#5#9#11, C13sus#5#9#11
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t écni c a Figura 5
corretos. Se quiser usar um baixo pedal, poderá defini-lo também. Temos ainda a opção de usar acordes com 6ª, em substituição de acordes com 7ª. Tudo definido, clique em ‘(Re)-Gerar Acordes da Intro’ e pronto! Se você não gostou da introdução sugerida, clique novamente no botão ‘INTRO’ e uma nova introdução será gerada. Os acordes serão diferentes a cada vez que pressionar o botão, até que uma seqüência o satisfaça. Para excluir uma introdução, clique em ‘INTRO’ e, na janela que abrir, clique em ‘Remover Intro’.
Por padrão, o Band In a Box gera dois compassos de finalização, que são os que sobraram (compassos 13 e 14). Para ajustar o final da música, clique no botão ‘C’, para abrir a janela ‘Outros Ajustes da Música’ (figura 5). Para excluir os dois compassos finais, desmarque a opção ‘Gerar dois compassos de finalização’ e, em seguida, ‘OK’. Voltando ao nosso blues, que já está escrito, vamos reproduzi-lo utilizando o ‘Player’. Pronto. Nosso primeiro playback está concluído!
TÉCNICA
6
Figura 6
GERANDO INTRODUÇÕES AUTOMATICAMENTE O Band in A Box é capaz de gerar automaticamente introduções para qualquer playback que desejarmos. Você poderá escolher o número de compassos (2, 4 ou 8). A introdução gerada é uma progressão de acordes inteligentes e pode ser com estilos de acordes Jazz ou Pop. Também há a opção de pedais no baixo. Ela sempre irá preparar sua música corretamente. Para isso, basta clicar no botão ‘INTRO’ da barra de ferramentas para abrir uma janela (figura 6). Escolha o estilo de acordes e o número de compassos. Veja se o acorde inicial mostrado e a tonalidade estão
EDITANDO REPETIÇÕES E FINALIZAÇÕES Agora que já aprendemos o básico, vamos fazer um playback um pouco mais elaborado, com casas 1 e 2 de repetição e coda. Faremos o playback da partitura a seguir:
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Œ Figura 7
1 Nomeie a música: ‘Você’. 2 Defina a tonalidade: ‘C’. 3 Acerte o andamento: 140. 4 Escolha o estilo: ‘Latinos’ e ‘ZZBOSSA’. 5 Agora vamos começar a escrever os acor-
des. Para fazer as casas 1 e 2 corretamente, primeiro é necessário copiar a música como se ela fosse seguir reto, sem as repetições. Para isso, os quatro acordes (destacados em preto) iniciais devem ser copiados novamente (figura 7). 6 Clique na ferramenta ‘Repetições e 1ª/2ª Casas’. 7 De acordo com a nossa partitura, a 1ª casa começa no sexto compasso e dura por 11 compassos. Dessa forma, vamos preencher a caixa de diálogo que abriu de acordo com a figura 8 e ‘OK’. Observe que, ao fazer isso, o playback se ajusta excluindo os compassos que destacamos na figura 7. 8 Vamos ajustar o número de compassos e a quantidade de repetições na caixa apropriada (figura 9). Para Figura 9 executar o playback corretamente, de acordo com a partitura, precisamos apenas alterar o número de repetições de ‘3’ para ‘2’. 9 Para finalizar, vamos fazer a Coda. Clique na ferramenta ‘Configurações da Música’, o ícone ‘C’ da figura 9, para abrir a caixa de diálogo. Agora vamos preenchê-la. Em nosso exemplo, iremos assinalar o item ‘Existe Coda?’ e, em seguida, completaremos de acordo com a figura 10. Lembre-se de desmarcar a opção ‘Gerar 2 compassos de finalização’ e clique ‘OK’. 10 Nosso playback está terminado, com todos os sinais de repetição, 1ª e 2ª casas e sinais de Coda. Agora é só aproveitar!
ATENÇÃO O playback que acabamos de construir está na tonalidade de Dó maior (C). Se você é saxofonista, trompetista ou clarinetista, será necessário fazer a transposição correta
Figura 8
Figura 10
para poder utilizar o playback e a partitura. Nesse caso, se preferir manter a partitura em Dó maior, deverá transportar o playback de acordo com o seu instrumento: Sax soprano, tenor e clarinete:
Mude o playback para Si bemol (Bb). Sax alto: Mude o playback para Mi bemol (Eb). Se preferir deixar o playback no tom original (Dó maior), reescreva a partitura com a seguinte tonalidade: Sax soprano, tenor e clarinete:
Partitura em Ré maior (D). Sax alto: Partitura em Lá maior (A).
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Indo do erudito ao popular, o estilo particular do clarinetista é fruto de sua vasta experiência em diversos estilos musicais e formas de aprendizado. Confira na entrevista a seguir como o músico entrou no mundo do choro e da música de câmara, passando de autodidata a aluno aplicado de dois professores simultâneos, além de sua experiência no exterior
Diferentes visões em
estilo único 30
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Paulo Sérgio Santos
C A PA
ca p a
Por Michel Moraes Edição Débora de Aquino e Rogério Nogueira Fotos Silvana Marques
P
aulo Sérgio Santos é, sem dúvida, o mais completo clarinetista brasileiro dos últimos tempos. Solista de música erudita e popular, improvisador e camerista. Quem já o ouviu ao vivo certamente se impressiona com seu virtuosismo e maneira descontraída de tocar, seja em uma roda de choro ou em um concerto para uma platéia internacional. Apesar de parecer que o músico já nasceu com o instrumento nas mãos, não foi bem assim. Seu primeiro instrumento foi uma harmônica de boca, que seu pai havia comprado para estudar, e que Paulo Sérgio descobriu um dia, sobre o sofá de casa. O primeiro passo, evidentemente, foi tocar de ouvido. Porém, a brincadeira de criança durou pouco, logo largando o instrumento e desinteressando-se por música. Mais tarde, por volta dos 11 anos, por incentivo de sua mãe, entrou para a banda de música da igreja. Após escolher alguns instrumentos, dentre eles o saxhorn e a flauta, acabou parando no clarinete por indicação do professor Moisés Gomes, regente da banda. “Eu não conhecia muitos instrumentos e, na verdade, qualquer um estava bom. Ele me deu uma clarineta de 13 chaves, bastante ruim, e disse apenas onde era a nota Dó. Assim comecei a tocar e fui descobrindo como ela funcionava.” Atualmente, Paulo Sérgio é integrante de alguns dos melhores grupos de música instrumental do País, como o Quinteto VillaLobos, no qual atua desde 1975. Além de tudo, tem em sua carreira importantes prêmios: com O Trio, formado por Pedro Amorim e Maurício Carrilho, conquistou em 1995 os prêmios Sharp de Melhor Grupo Instrumental e Melhor Álbum. No mesmo ano, arrematou também o Prêmio Sharp Revelação, com seu primeiro discosolo, Segura Ele,, e não parou por aí. Em 2001, com o segundo disco-solo, Gargalhada, amealhou mais prêmios na categoria de melhor instrumentista. Já tocou e gravou com grandes músicos, como Guinga, Hermeto Pascoal e Paquito d’Rivera. Nada mais a dizer de um músico afilhado de Abel Ferreira, que o viu tocar e o considerou seu sucessor. Como se vê, Abel tinha razão. Confira nesta entrevista à Sax & Metais.
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ca p a » Sax&Metais – Como foi essa história do Abel Ferreira te indicar como sucessor? Paulo Sérgio Santos Eu não sei como o Abel achou que eu ia tocar choro. Ele me viu tocando em um concurso, no qual conquistei o primeiro lugar. Foi o Jovens Instrumentistas, da TV Globo. Era uma série chamada Concertos para a Juventude. Talvez Abel tenha me visto tocar um concerto de Weber e algumas das peças de Stravinsky. Ele tinha muita afinidade com a música de concerto, pois acabei recebendo um material que foi dele e havia concertos, métodos tradicionais e muita coisa relacionada à música de câmara e de concerto. Não tenho certeza se realmente me interessei pelo universo do choro a partir de então. Na verdade, já tocava choro, mas não profissionalmente. » Pode-se dizer que você foi um tanto autodidata no começo. Quando decidiu estudar seriamente o instrumento? Foi quando conheci um clarinetista chamado José da Silva Freitas, uma referência como instrumentista. Ele foi meu ídolo por alguns anos. Perturbei-o bastante durante os cultos, quando já tocava na banda da igreja. Ele era um dos melhores músicos de lá. Fazia muitas perguntas técnicas e me respondia tudo o que sabia, pacientemente. Por sugestão dele, fui estudar com outro clarinetista maravilhoso, o José Botelho. Na primeira aula que tive, Botelho me arrasou. Disse que o meu instrumento era inviável, que eu tinha talento, mas teria de estudar muito. Assim eu fiz. Lembro-me de uma aula em que ele estava estudando para tocar as três peças de Stravinsky para clarineta-solo. Cheguei e me deparei com aquela estranha partitura. Fiquei encantado com a idéia dos compassos alternados e ele me perguntou: “Gostou?” Eu disse que sim e ele me respondeu: “Então pode levar e estudar para a próxima aula”. Pouco tempo depois, Botelho me indicou para integrar o Quinteto Villa-Lobos, onde toco até hoje. Posteriormente, passei a estudar com Jayoleno dos Santos. Tinha dois professores simultaneamente.
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» Esse tipo de estudo não prejudica o andamento do aprendizado? Aprendi que tinha de ter partituras diferentes, para cada professor, porque eles pensavam de formas absolutamente opostas. Eram totalmente seguros em seus pontos de vista. Os dois eram ótimos. Com Jayoleno, trabalhei a questão musical de um ponto de vista bastante racional. Ele não me falava muito sobre questões técnicas e somente musicais. Não gostava de música popular. Dispunha de muitos conhecimentos teóricos. Era compositor e conhecia bastante harmonia, contraponto e fuga. Porém, não tocava mais. Já o professor Botelho estava, acredito, no auge de sua forma técnica e com uma grande reputação de excelente instrumentista. Ele toca até hoje e muito bem. Jayoleno faleceu há alguns anos. » Tendo visões diferentes de música, fica mais fácil compor seu próprio estilo? Certamente. Comecei a procurar uma forma mais pessoal de tocar, ou seja, de
certa maneira, voltei a ser autodidata. Isso me trouxe muitos aborrecimentos, decepções e frustrações. Talvez algumas descobertas tenham me feito tocar de uma forma diferente. Rapidamente me profissionalizei, ganhei muitos concursos e entrei para a Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro como primeiro clarinetista. Tinha 18 anos e foi quando o Paulo Moura saiu dela e não tocava mais o Botelho, que trabalhou lá durante muitos anos. Permaneci nessa orquestra por 18 anos. » Como é que entrou o choro nessa história? Quando fui para a banda de música da igreja, conheci um senhor bem idoso, o sr. Luiz, que tocava clarineta e fazia umas variações interessantes. Eram uns arpejos e ele ficava como que improvisando nos hinos. Conversando, me contou que tinha sido um ‘chorão’ e tocado com Pixinguinha e outros músicos famosos de choro. Tinha histórias pitorescas e, dessa forma, tive o primeiro contato com o universo do estilo. Depois,
quando ingressei no Quinteto Villa-Lobos, havia uma proposta de trabalho em cima da música brasileira. O Airton Barbosa, fagotista e fundador do quinteto, era muito bem relacionado com os artistas de música popular. Assim fui conhecendo as pessoas até encontrar com Joel Nascimento e o pessoal da Excamerata Carioca, que eram Maurício Carrilho, Henrique Cazes e Beto Cazes, entre outros. Então comecei a trabalhar com choro também. Mas a grande mola que me impulsionou para essa música foi Abel Ferreira. Dessa forma, as oportunidades foram surgindo e eu continuei a exercer as atividades paralelamente. » O Quinteto Villa-Lobos (QVLB) é um dos mais importantes grupos musicais do Brasil e você é o integrante mais antigo. Como foi sua entrada no grupo? Entrei para o grupo em 1975, após uma discussão com o trompista Carlos Gomes de Oliveira, no Festival de Música que ocorreu em Curitiba, naquele ano. Nem me lembro o assunto dessa discussão. O
Botelho estava tocando no quinteto, mas fazia parte do Sexteto do Rio e do Quinteto da Radio Mec, e entrei para substituí-lo. Os integrantes do QVL eram Carlos Rato, Brás Limonge, Airton Barbosa e Carlos Gomes. Eu era muito jovem, tinha uns 16 anos, e não possuía muita experiência com música de câmara. » Pelo visto, a experiência foi boa. Para mim, a música de câmara é a forma mais requintada e talvez a mais complexa linguagem musical. É disparada a melhor escola. Também tocava choro com alguns amigos, mas não compunha e não me interessava por outros ramos da música que não fosse tocar. Performance era o que me encantava. No quinteto, tive contato com compositores nacionais e estrangeiros muito importantes. » Hoje quem são os integrantes do QVL e o que o grupo anda fazendo? Além de mim, no clarinete, tem o Toninho Carrasqueira na flauta, Luiz Carlos Justi no oboé, Aloísio Fagerlande no fa-
“O Guinga é um dos maiores compositores de música popular do Brasil de todos os tempos.”
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ca p a gote e Philip Doyle na trompa. Temos trabalhado muito em apresentações e gravações de CDs. Talvez sejamos um dos grupos brasileiros que mais toca e grava música brasileira. Gravamos um CD com toda a obra para sopros de Villa-Lobos. Fizemos um outro com compositores jovens, e o último com compositores brasileiros veteranos e consagrados. O Brasil é muito conhecido e respeitado no exterior por sua música popular, mas temos uma quantidade muito grande de excelentes compositores eruditos. Para não excluir ninguém, não vou citar nomes, mas acho que a música erudita brasileira ainda não foi descoberta no Brasil. O que se ouve nas rádios é uma parcela ínfima do que é produzido. O que determina que se toque nas rádios são interesses muito diferentes daqueles que visam possibilitar ao maior número de pessoas o acesso à música de qualidade. » Atualmente você desenvolve diversos trabalhos e estilos diferentes. É possível conciliar todos eles? Na verdade, não sei se dá. Fico pensando se a qualidade não seria maior se eu tivesse menos projetos. Tenho tocado bastante com o QVL, onde preservo uma relação com a música de câmara, que é o pilar mais consistente da minha formação musical. Conviver com Carrasqueira, Justi, Fagerlande e Philip Doyle é um privilégio. Se nas orquestras pudéssemos trabalhar como trabalhamos no quinteto, talvez eu ainda tocasse em alguma. Fui alijado do meio dos chorões com os quais convivi durante muito tempo. Não sei por quê. Isso foi muito bom para mim, pois pude entrar em contato com outras correntes igualmente importantes da música brasileira. Para mim, o mundo musical é como um bolo e o choro é uma das maiores fatias, mas jamais o bolo inteiro. É um estilo de música que impõe uma dose muito alta de virtuosismo e domínio dos recursos de expressividade que o instrumento pode oferecer. Mas, por exemplo, tocar no QVL exige certo tipo de conhecimento que você não vai encontrar no choro e vice-versa. Cada trabalho é como um idioma e tem suas peculiaridades.
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» Você atuou por 18 anos na Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Como foi essa experiência? Passei bons e maus momentos na OSTM. Em minha opinião, não compensa tocar em orquestras, é um trabalho mal remunerado e extremamente desgastante. Quando entrei nessa orquestra, já tinha bastante experiência com música de câmara. Nunca fiz um trabalho direcionado para essa atividade, ou seja, não preparei nada que realmente não fosse tocar e a orquestra tocava bem pouco o repertório sinfônico, pois fazíamos mais balé e ópera. O grupo era completamente heterogêneo, com músicos espetaculares e alguns fracos, mas o salário era igual para todos. Esse foi um dos motivos que me impulsionou a sair. Também pesou o fato de ter muito trabalho fora da orquestra e comecei a ser pressionado por músicos, diretores, administradores, etc. O funcionamento de uma orquestra sinfônica é algo muito complexo. O trabalho tem muitas características que exigem do músico não só conhecimentos inerentes à sua atividade como instrumentista, mas também muitas outras qualidades e características necessárias para uma atividade coletiva produtiva. Falar desse assunto é algo que não me faz bem. Não tenho saudade nenhuma desses 18 anos e, às vezes, tenho a impressão de que não os vivi.
gravadora Biscoito Fino. Esse trabalho conta com a participação de Jurim Moreira na bateria e do Lenine. Priorizamos ao máximo a música genial de Guinga. É uma forma meio camerística de tocar. Toquei apenas clarineta e não houve a busca por efeitos espetaculares ou recursos que pudessem ofuscar a verdadeira essência do trabalho, que é a inspiração.
» Então falaremos de sua parceria com Guinga. Quando começou? Há uns 15 anos, quando substituí o saxofonista Zé Nogueira em um espetáculo na Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Para mim, o Guinga é um dos maiores compositores de música popular do Brasil de todos os tempos. Acabamos de realizar um trabalho que poderia ter sido feito há uns 12 anos. É a gravação de um CD e de um DVD pela
res de música erudita que são pouco conhecidos no exterior, mas aqui também. Acho que VillaLobos é o nosso representante máximo e um dos melhores compositores que já conheci. Lembro-me de tocar nos Estados Unidos e a primeira música cau-
» Você tem uma larga experiência internacional. Como é fazer música brasileira no exterior? Sempre, em qualquer lugar onde vou tocar, existe um respeito muito grande pela música brasileira. Fiquei surpreso nos Estados Unidos quando me deparei com álbuns do Hermeto Pascoal, que nunca vi por aqui. Há também uma legião de seguidores de artistas brasileiros, como o próprio Hermeto, o Guinga, o Egberto Gismonti, o Pixinguinha, o Jacob do Bandolim, dentre muitos outros. O que sinto é que o Brasil tem grandes composito-
O que Paulo Sérgio Santos usa • Clarinete Buffet Crampon Tosca Bb • Boquilha Lomax RM • Palhetas Vandoren • Abraçadeiras Vandoren Optimum
sar tanto impacto que parecia a última. Até hoje, por exemplo, fala-se de uma apresentação que fiz com Ricardo Freire e o Sujeito a Guincho, em Lubock, nos EUA, há uns dez anos. Após a primeira música, a sala inteira ficou de pé e pedindo bis. Foi um verdadeiro escândalo! Outra experiência foi uma apresentação em Oklahoma, ao lado do meu filho Caio Marcio e do Murilo no Pandeiro, com uma participação inusitada do Paquito d’Rivera. Também causamos um grande impacto na platéia. Estava lotada e com a presença de alguns dos maiores clarinetistas que conheço. Ano passado, Caio, Bolão e eu tocamos em um dos mais importantes festivais de jazz do mundo, em San Sebastian, na Espanha. Foi muito impactante ver as pessoas enlouquecidas em um circo onde não se tocou nenhuma música conhecida, mas conquistando um altíssimo nível de interesse musical e estético.
“A música de câmara é a forma mais requintada e talvez a mais complexa linguagem musical.”
» Qual foi sua experiência musical mais marcante? Uma das mais especiais foi quando conheci o Hermeto Pascoal. Alguns momentos mágicos aconteceram nesse dia. É um músico extraordinário. » O que você ainda não fez e gostaria de fazer? Meu sonho é poder destinar um grande tempo ao meu instrumento e à música, sem perder tanto tempo com burocracia. Adoro a idéia de compor e estou me dedicando ao estudo de harmonia, arranjos e matérias correlatas com o grande músico Vittor Santos. Sou muito agradecido também a outras pessoas, dentre elas, meus professores Moisés Gomes, José Botelho, Jayoleno dos Santos, José Carlos de Castro, Flávio Goulart, Hudson Nogueira, Chiquinho de Morais, Madeira de Vento, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Guinga e uma infinidade de artistas geniais que, graças a Deus, tive a oportunidade de conhecer e tocar. Gostaria de poder investir mais tempo no trabalho com o meu filho Caio e o Bolão, músicos que tocam no meu trio. SAX & METAIS
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v it rin e S a x
& Metais recomenda
Confira sugestões de instrumentos e acessórios que estão chegando às lojas e prometem fazer sucesso entre os músicos
Flauta Eagle FL 03 S
VITRINE
A FL 03 S é uma flauta em Dó com mecanismo de Mi, acabamento prateado, parafusos de aço inoxidável e sistema Boehn. Possui chaves ergonômicas ajustadas manualmente. Acompanha estojo Superluxo. INFORMAÇÕES:
www.eagleinstrumentos.com.br
Bocal Bari Espirit As boquilhas são produzidas com material rígido e durável, o que proporciona um tom mais vibrante. De fácil resposta para embocaduras iniciantes, é indicado para conservatórios, estudantes e amadores. Disponível com ou sem braçadeira e cobre-boquilha. Para clarinete, sax soprano, sax alto, sax tenor e sax barítono. INFORMAÇÕES:
www.arwel.com.br
Palheta Rico Reserve As palhetas Rico Reserve, para saxofone soprano, são executadas em corte francês, com lâminas de diamante. Esse diferencial permite que centenas de milhares de palhetas possam ser cortadas com um INFORMAÇÕES: www.musical-express.com.br único conjunto de lâminas.
Clarinete Júpiter TJS 6402 Possui afinação Bb, 17 chaves niqueladas, seis anéis e corpo ABS. Acompanha estojo e boquilha. INFORMAÇÕES:
www.habro.com.br
Clarineta em Sib modelo CCL32 A nova clarineta da Condor possui corpo ABS, sistema Boehn, juntas em cortiça, 17 chaves com acabamento niquelado, um barrilete, seis anéis, boquilha em ebonite com abraçadeira niquelada. Acompanha estojo revestido em couro sintético e kit de limpeza. INFORMAÇÕES:
www.condortech.com.br
Informações cedidas pelas empresas. A revista Sax & Metais não se responsabiliza por qualquer alteração nos produtos apresentados pelos fabricantes e/ou distribuidores.
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SAX & METAIS
análises EQUILÍBRIO
POR DENISSON DE SOUZA RODRIGUES
DE VOLUME, TIMBRE E AFINAÇÃO
FLAUTA TRANSVERSAL GEMEINHARDT 2SP ANÁLISES
E
sse é um dos instrumentos mais conceituados e indicados por grande parte dos professores aos seus alunos iniciantes, tanto quanto os modelos de base da Yamaha e da Armstrong. Sem dúvida é um instrumento confiável e escolha de diversos músicos iniciantes por décadas. A Gemeinhardt 2SP possui acabamento prateado, chaves fechadas, chave de Sol fora de linha (Offset G) e molas em aço inoxidável. Vem em um bonito estojo de
ESTUDO E AO VIVO
fibra com alça, muito bem acomodada e protegida, com vareta de limpeza e afinação, acessório indispensável em qualquer flauta transversal.
Com relação ao timbre, a flauta se saiu muito bem, pois manteve o som nítido nas regiões média e grave, apesar da perda de volume nos graves, característica comum nas flautas transversais. Entretanto, isso não ocasionou perda de consistência ao tocar.
FLAUTA TRANSVERSAL GEMEINHARDT 2SP Importador: Weril Fabricante: Gemeinhardt Prós: Timbre e afinação. Contras: Acabamento com pouca aderência às mãos. Preço médio: R$ 1.500,00 Garantia: 1 ano. Afinação........................ Sonoridade.................... Mecânica....................... Custo-benefício............... Utilização recomendada ❏ Estudo ❏ Apresentações ao vivo ❏ Gravação em estúdio
Levei a Gemeihardt 2SP a alguns ensaios e apresentações e, depois de algum tempo tocando, minhas mãos perderam um pouco da aderência nas chaves. Os dedos deslizavam facilmente devido ao contato com o suor, me fazendo perder movimentos necessários para as execuções com maior exigência de velocidade. Uma dica interessante é ter uma flanela para secar as mãos e o instrumento nos intervalos.
SONORIDADE, MECÂNICA E AFINAÇÃO Quanto à sonoridade, possui um excelente equilíbrio de volume, timbre e afinação em toda a sua extensão. Fiz a primeira montagem desse instrumento de forma muito suave, não sendo necessária a utilização de lubrificantes. Iniciei tocando a primeira oitava da flauta e senti os graves bem encorpados, com um timbre muito bom. Na segunda oitava, também senti um som suave e bonito. Já na terceira, o timbre torna-se mais estridente, perdendo um pouco da suavidade e destoando das duas primeiras. A mecânica da flauta 2SP é muito boa. Possui molas e sapatilhamentos ajustados, sem vazamentos, com chaves leves, o que proporciona um bom desenvolvimento em passagens rápidas e boa resposta em articulações mais velozes.
A afinação desse instrumento está muito boa em toda a extensão, confirmando por que é um dos instrumentos mais indicados por professores aos alunos iniciantes.
CONCLUSÃO Ultimamente, tenho ficado surpreso com a quantidade de instrumentos que chega ao mercado. A Gemeihardt é uma marca já conceituada e que, agora, com a importa-
“A flauta possui atributos que irão agradar a professores e alunos” ção da Weril, talvez se torne mais conhecida e utilizada por aqui. Um instrumento de boa qualidade e preço atraente, o que pode despertar o interesse de muitos apaixonados pela flauta transversal. Devido às muitas marcas que aparecem, é importante ter um espaço como este, dado pela Sax & Metais, em que músicos experientes têm a oportunidade de fazer esclarecimentos que se tornam de grande valia na hora da escolha, principalmente em termos de qualidade e custo-benefício. A flauta Gemeinhardt 2SP vem com muitos atributos que, com certeza, irão agradar ao estudante e ao professor, já que um instrumento de qualidade faz com que determinados estudos tornem-se mais fáceis. No mais, a flauta em questão não deixou nada a desejar em apresentações ao vivo também.
Tire suas dúvidas com o importador: www.weril.com.br. Quer falar com o autor desta matéria? Denisson de Souza Rodrigues, flautista. Contato: dsranjos@yahoo.com.br.
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SAX & METAIS
POR DÉBORA DE AQUINO
SEMELHANÇA
COM A MODERNA MECÂNICA JAPONESA
SAX ALTO ARENA PAR 2013 A
o receber este sax alto da Arena, achei interessante a referência que a empresa RMV Instrumentos fez: Sax Alto Modern Japanese aparece como um primeiro nome. Somente depois vem a referência PAR 2013. Logo entendi o porquê dessa história. Esteticamente, o Arena é uma cópia do sax alto da Yanagisawa, instrumento tido como um dos melhores na atualidade, do qual inclusive possuo um exemplar. Coloquei um ao lado do outro e pude perceber com riqueza de detalhes a semelhança entre eles, a começar pelo tudel, que é idêntico. Outras semelhanças são os apoios de polegar em metal, o desenho das chaves, barra de reforço das chaves de Dó sustenido e Si graves e chave de Fá frontal. Entretanto, as semelhanças ficam por aí. O Arena Par 2013 é um instrumento muito bonito, com acabamento em dourado-escuro e chaves de digitação em madrepérola. Como acessórios, encontramos um par de luvas brancas (normalmente utilizado para tocar em bandas), graxa lubrificante de cortiças (cork grease), ), escova secadora interna, correia, boquilha e palheta.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES Ao colocar palheta e boquilha originais e tocar as primeiras notas, gostei do que ouvi. É um instrumento equilibrado e de sonoridade aberta, mais próxima dos saxofones da Yamaha. A boquilha é fechada e a palheta macia (branda), ideal para quem vai iniciar no instrumento. Ambas não têm marca nem numeração, mas consegui uma boa projeção com esse conjunto. Um acessório bastante criticado na maioria dos instrumentos novos é a correia. Normalmente são feitas em náilon duro e muito estreitas. Então, logo de cara recomendo que se adquira uma correia melhor e mais confortável.
MECÂNICA A ergonomia do Arena PAR 2013 é muito boa. Afinal, é cópia de uma marca renomada. A única diferença em relação a tal marca é a posição das chaves de agudos da mão esquerda, que são mais baixas e exigem um movimento da mão diferente do que estou acostumada. Isso não é problema, somente uma questão de adaptação de postura. Se for difícil acostumar, recomendo o uso daquelas borrachinhas que encapam essas chaves e melhoram a pegada. Nesse instrumento em especial, senti uma desregulagem na chave de Dó (mão esquerda). A mola está um pouco fraca, o que dificulta a volta da chave, prejudicando passagens rápidas e comprometendo a afinação da nota, que teve de ser compensada na boca. Isso somente reforça o que sempre falamos em nossa revista: instrumentos novos precisam, sim, de uma boa regulagem do seu luthier de confiança. Probleminha muito simples e fácil de resolver dessa forma. No geral, o saxofone apresentou boa regulagem, sem folgas ou vazamentos.
SONORIDADE E AFINAÇÃO O Arena PAR 2013 é um instrumento que possui um timbre mais para aberto. Na minha avaliação, se encaixa muito bem com o estilo mais pop, em que essa característica pode sobressair. O instrumento possui uma boa projeção de som com a boquilha original. Porém, pude testá-lo com dois outros conjuntos. Primeiro coloquei uma boquilha Meyer 6, com palheta 2 ½, e consegui ‘fechar’
um pouco a sonoridade, mas não muito, pois percebi que não é característica desse saxofone. Em seguida, coloquei uma Norberto 7 de metal com a mesma palheta 2 ½. Ele ‘falou’ alto, e ensaiei com uma banda de piano, baixo e bateria um repertório funk na linha Yellow Jackets. Não usei microfone e o instrumento respondeu muito bem. Quanto à afinação, trata-se de um instrumento equilibrado, com exceções. O Dó da segunda e terceira oitavas, que, como citei, apresenta pressão fraca da mola, é levemente desafinado. Também senti um desequilíbrio nas notas Ré, Dó e Si graves, que consegui contornar melhor quando utilizei minhas boquilhas.
CONCLUSÃO No geral, o sax alto Arena PAR 2013 é um bom instrumento para quem quer iniciar nos estudos do saxofone. Bons acabamento, mecânica e afinação. A dica de sempre é adquirir uma boa boquilha e estudar muito. Não se esqueça de que os instrumentos novos também precisam de uma boa revisão.
SAXOFONE ALTO ARENA PAR 2013 Importador: RMV Fabricante: Musical Arena – RMV Prós: Ergonomia e projeção sonora. Contras: Chaves de terceira oitava baixas. Preço médio: R$ 1.450,00 Garantia: 3 meses. Afinação........................ Sonoridade.................... Mecânica....................... Custo-benefício............... Utilização recomendada ❏ Estudo ❏ Apresentações ao vivo ❏ Gravação em estúdio
Tire suas dúvidas com o importador: www.rmv.com.br. Quer falar com o autor dessa matéria? Débora de Aquino, saxofonista e flautista. Contato: deborasax@gmail.com. SAX & METAIS
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r e v i e w s CDs e livros Música Brasileira em Nova York CD
ANÁLISES
Artista: Felipe Salles Título: South American Suite Selo: Curare Records
Este é o terceiro álbum do multiinstrumentista Felipe Salles. O músico está radicado em Nova York há 12 anos e certamente é mais conhecido por lá do que por aqui. Mas nem por isso abandonou suas raízes e South American Suite é, sem dúvida, uma prova disso. O novo álbum é o que os americanos chamam de Latin Jazz. Felipe Salles realmente é a fusão de dois dos melhores gêneros mundiais: jazz e música brasileira. Particularmente não gosto de rotular música, mas se assim tem de ser, em minha opinião o latin jazz é a música brasileira improvisada, como Salles mostra neste trabalho. Além de desfilar todos os instrumentos de sopro, que claramente o músico domina, é uma verdadeira aula no que diz respeito aos ritmos brasileiros, que o próprio Felipe faz questão de dizer quais
POR DÉBORA DE AQUINO E ROGÉRIO NOGUEIRA
são no encarte do CD: baião, maracatu, afoxé, choro, frevo, xote e, por fim, um samba em três. Bom de ouvir e, para quem sabe o que é tocar um samba em três, de dar água na boca. Posso até arriscar que as composições de Salles às vezes lembram o mestre Moacir Santos. Talvez em parte pela formação ‘orquestral’ que, em algumas ocasiões, me remetem à Orquestra Ouro Negro, principalmente em Crayon, Crayon composição dedicada a seu pai. Felipe Salles faz overdub em todas as faixas, mas sempre escolhe um instrumento solista. Toca os saxes soprano, alto, tenor, barítono, flauta, flauta em Sol, clarinete e clarinete baixo. Vem acompanhado dos músicos Nando Michelin (piano), Fernando Huergo (baixo), Bertram Lehmann (bateria), Rogério Boccato (percussão), Laura Arpiainen (violino) e Jacom Manrick, também multiinstrumentista que alterna entre flauta, piccolo e sax alto. Para conhecer mais sobre o trabalho de Felipe Salles, acesse www.sallesjazz.com. (Débora de Aquino)
CD
LI VRO
Editora: Choro Music
Artista: Ricardo Serpa Título: Aquariando Selo: Ethos Brasil
Severino Araújo 1 CLÁSSICOS DO CHORO BRASILEIRO
Música suave e repertório forte
A Choro Music traz mais um volume da série Clássicos do Choro – Você é o solista, e o homenageado da vez é o compositor, arranjador e clarinetista Severino Araújo, uma das figuras centrais da música brasileira. O livro apresenta as principais composições do mestre do choro nesse belo songbook, em edição bilíngüe. Dentre elas, podemos destacar Espinha de Bacalhau, Além do Horizonte, Gafanhoto Manco e Mumbaba. Mais um belo material dedicado a músicos e estudantes de música de nível médio a avançado. O songbook vem acompanhado de um CD playback executado pelo regional Noites Cariocas, formado por André Bellieny (violão de sete cordas), Darly do Pandeiro, Márcio Almeida (violão) e Ubyratan de Oliveira (cavaquinho). Os solistas são Mané Silveira (sax), Daniel Dalarosa (flauta), Franklin da Flauta, Daniela Spielmann (sax), Hudson Nogueira (clarinete e sax), Izaías do Bandolim, Michel Moraes e Otinilo Pacheco (clarinetes), Julie Koidin (flauta) e Mário Seve (sax). Só por esse elenco de músicos já dá para sentir a qualidade do material. E tem mais: além de todas as partituras em concert key (instrumentos em Dó), no mesmo songbook encontramos todas elas transpostas para instrumentos em Si bemol e em Mi bemol. (Débora de Aquino)
Ricardo Serpa é um saxofonista, flautista, compositor e arranjador que prioriza o lado suave e elegante de seus instrumentos. Sua maneira de tocar cativa pela elegância ao executar temas e harmonias que enfatizam as qualidades da música brasileira, como o ritmo cheio de suingue e belas melodias. Com a experiência de ter gravado com diversos artistas do cenário brasileiro e mundial, como o grupo Cidade Negra e os músicos Guto Goffi (Barão Vermelho) e Raul de Souza, entre outros, Serpa resolveu investir em sua carreira-solo. Desse esforço resultou o lançamento de seu primeiro álbum, Aquariando. Contando no repertório com músicas de compositores do naipe de Dori Caymmi (Porto), Milton Nascimento (Vera Cruz), Toninho Horta (Aquelas Coisas Todas) e Nivaldo Ornelas (Nova Granada e Em Caso de Dúvida), além de duas de sua própria autoria, Serpa esteve muito bem acompanhado no álbum. Nomes como os dos saxofonistas Daniel Garcia, Carlos Malta e do próprio Nivaldo Ornelas, além do trombonista Aldivas Ayres e do trompetista Altair Martins, entre outros, enriquecem de maneira vital as faixas de Aquariando. (Rogério Nogueira)
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SAX & METAIS
workshop
SAXOFONE
POR RODRIGO BENTO
Erudito x Popular
WORKSHOP
Q
Como transitar nos dois estilos
ue o saxofone é um dos instrumentos mais utilizados na música popular (jazz, blues, pop, bossa nova, etc.) é de conhecimento geral. Porém, mesmo entre os saxofonistas, há quem nunca tenha ouvido falar na existência de uma vertente erudita do instrumento. Nem que há, também, repertório dessa natureza composto especialmente para o sax. Mas ele existe e é extremamente complexo tecnicamente. Exige do instrumentista um preparo avançado, que inclui destreza em exercícios para o mecanismo e uma embocadura específica, que, se bem adaptada, pode servir muito para quem atua como saxofonista popular. Temos no Brasil um grande especialista na área, o professor Dílson Florêncio, da Universidade Federal de Minas Gerais. Florêncio Exemplo 1 é vencedor do prêmio do Conservatório NaExemplo 1 Música de Paris, na França, cional Superior de Exercícios Exemplo 1 de Intervalos Exemplo de Intervalos a Exercícios mais prestigiosa1 de ensino do saExemplo 1 instituição 1 Exercícios de Intervalos Exercícios de Intervalos 1 Exemplo Exercícios &1 c 1 œde Intervalos œ
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faço o intervalo sem movimento, até sentir que não há esforço. Depois repito o salto, fazendo subtone e movimentando a embocadura. Utilizo sempre um afinador de campana, próprio para sopros, além do metrônomo em velocidade baixa (semínima = 60, por exemplo), para ter garantia de que o exercício está ‘limpo’, com execução segura e sem falhas. Dessa forma, conseguimos aumentar a velo-
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SAX & METAIS
xofone erudito no mundo. Além dele, há o saxofonista e professor Rodrigo Capistrano, além de instrumentistas populares, como o francês Idriss Bodrioua e o baiano Rowney Scott, que conhecem e praticam a escola erudita do saxofone. Sempre fui um admirador dos dois estilos e procuro adaptar as linguagens de ambos ao meu estudo. A embocadura talvez seja o principal deles. No estilo erudito, procuramos não mexer o lábio inferior, assim como o maxilar, conseguindo emitir qualquer nota em diferentes registros de maneira uniforme. Ou seja, tanto faz tocar uma nota muito aguda como outra no registro grave. Os saltos entre elas serão realizados sem a necessidade de movimento. Fora isso, o lábio inferior é, geralmente, mais voltado para dentro do que quando tocamos popular, fazendo com que o timbre seja mais ‘fechado’ e ‘escuro’. Uma adaptação dessa forma de embocadura, na qual consigo tocar sem praticamen-
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conforto e executando todas as notas. Como não existe movimento de lábio inferior e maxilar (no caso de embocadura, seguindo o padrão erudito), o que vai fazer com que a afinação se mantenha estável é o caminho que o ar percorre desde o diafragma até a sua saída, no contato com a boquilha e a palheta. Na região da garganta é que está toda a diferença para a execução afinada de qualquer
te mexer o lábio inferior (exceto para emitir o chamado subtone), é posicionando-o mais para fora em relação aos dentes, o que produz um timbre bem mais ‘claro’ e ‘aberto’. Temos de levar em conta que as boquilhas utilizadas para música erudita são sempre de numeração mais baixa (ou fechada) e com câmara interna menor, sem a chamada ‘rampa’. São encontradas em alguns modelos de marcas tradicionais de boquilhas para música popular, o que torna mais difícil (no caso de boquilhas abertas de popular), porém mais interessante, a prática dessa variante de emissão de som. Como sempre utilizamos esse tipo de boquilha para tocar popular, o ideal é fazer os exercícios com o equipamento ao qual estamos acostumados e que nos acompanha sempre. Um bom treinamento para a embocadura erudita, adaptando-a ao estilo popular, é praticar saltos, tentando não mexer o lábio e o maxilar inferiores, como no exemplo a seguir.
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direção da coluna de ar. Basicamente, utilizo duas: ‘Ô’ e ‘I’. Quando há uma tendência de afinação alta, utilizo o ‘Ô’. Ou seja, imagino que estarei pronunciando o som do ‘Ô’, fazendo com que a garganta se ‘abra’, produzindo um caminho mais ‘largo’ para a coluna de ar. O inverso ocorre quando a tendência é
Exemplo 2 deExercício afinação baixa. Penso na pronúncia do ‘I’ fonemas mais ‘estreita’. Esse pensamento funciona em de embocadura com Exemplo para causar um2efeito, deixando a passagem qualquer tipo de embocadura, pois afeta diExercício de embocadura Ô (para bixar a afinação) com fonemas Exemplo 2
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retamente a coluna de ar, seja no estilo erudito ou popular.
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Obs: Tocar as notas imaginado o posicionamento da garganta ao tentar pronunciar os fonemas
Pode-se estudar o efeito exagerado das vo- gerada de exemplificar. Porém, podemos ima- tensidade de volume baixa (dinâmica piano). gais com o auxílio do afinador. Tocamos uma ginar os efeitos dessa prática em situação real, Notamos que a coluna de ar sofre uma tenObs: Tocar as notas imaginado o posicionamento da garganta ao tentar pronunciar os fonemas nota qualquer e observamos a afinação. Uma pois cada saxofone é único e apresenta varia- dência em aumentar a afinação, proporcional vez conferida a estabilidade da nota, aplicamos ções de afinação em diferentes regiões, o que à diminuição no volume de som. Pensamos ‘Ô’Exemplo ou ‘I’, observando o movimento no pon- se pode considerar natural. Essa técnica aju- na pronúncia do ‘Ô’ e sentimos o resultado 3 teiro do afi nador. Você vai notar uma variação da a neutralizar as possíveis variações. Outra em seguida. O ponteiro do afinador começa a Exemplo Fonemas3para compensar a afinação coisa interessante é praticar o controle em in- voltar para a posição central. imensa. Claro que se trata de uma forma exaExemplo Fonemas3para compensar a afinação w 1 Exemplo 3 Fonemas para compensar a afinação w Exemplo 3 1 w w &Fonemas para compensar a afinação w
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Obs: Tocar com e o "I" afinador ligadode utilizando "Ô" aounecessidade "I" para compensar a afinação "Ô" para baixar para subir, acordo com trumental, "Ô" comoou Frevo, de Egberto Gismon- rença é o timbre (a ‘assinatura’), que é pessoal Além Tocar da partecom técnica, há o repertório. Obs: o "I" afinador ligadode utilizando "I" para compensar a afinação "Ô" para baixar e para subir, acordo com a necessidade e característico nas duas vertentes. Devemos ti, e Chorinho pra Ele, de Hermeto Pascoal, a afinação Considero interessantes duas peças compostas Obs: Tocar com e o "I" afinador ligadode utilizando "Ô" aounecessidade "I" para compensar "Ô" para baixar para subir, acordo com saber que um timbre puro de erudito realpossuem saltos com intervalos difíceis de exepara"Ô" saxofone que fazem uma ótima ‘mistura’ para baixar e "I" para subir, de acordo com a necessidade
dos dois estilos. As peças Concertante com Espírito de Jazz, de Paul Bonneau, e Sonata para Sax Alto e Piano, de Phill Woods, são composições de grau avançado, que exigem do instrumentista grande preparo técnico, além de familiaridade com o estilo popular, apesar de fazerem parte do repertório erudito. Na sonata de Woods, há longos trechos de improvisação jazzística, com leitura de cifras simulando a parte de improvisação, como em um tema do famoso Real Book, por exemplo. Música brasileira ins-
cução. Nesse caso, quanto menor for o movimento do lábio inferior e do maxilar, melhor será o resultado final na interpretação. Muitos saxofonistas têm dúvidas a respeito do equipamento (boquilhas e palhetas, principalmente), sem saber se devem fazer uma variação para tocar os dois estilos, entre outras. Tratando-se de um instrumentista que toca muito mais popular do que erudito, essa troca tornaria mais cansativa a prática diária. É possível estudar com a mesma boquilha e palheta os dois estilos. O que vai fazer dife-
mente é difícil de produzir em uma boquilha de popular, e vice-versa. A adaptação entre as escolas é o mais importante, sempre tendo em vista nosso campo de atuação. O instrumentista brasileiro precisa trabalhar nas mais variadas situações, desde uma cerimônia de casamento, passando por um baile, concerto, show instrumental, show popular e jam sessions, com a parte técnica em dia. Por isso, aproveitar os ensinamentos dos dois estilos é fundamental para se sair bem nessa difícil arte que é viver de música no Brasil. autor
Rodrigo Bento é saxofonista, bacharel pela Universidade Federal de Minas Gerais e professor da escola Class. Contato: magichorns@gmail.com
SAX & METAIS
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workshop
TROMPETE
POR JUNIOR GALANTE
Rotina de estudo N WORKSHOP
“
ão sei o que devo nem quanto estudar. Qual é a sua rotina de estudo?”, “Estudar sozinho é fogo! Foi-se o tempo em que eu conseguia e até preferia fazer isso. Hoje tento, mas logo perco o foco. O que fazer?”. Dúvidas como essas são as mais freqüentes quando um estudante está ‘perdido’. Estabelecer uma rotina de estudo torna-se mais difícil na ausência de um instrutor, que o coloca em xequemate diante de um assunto abrangente. Diante de tantas incertezas, compartilhe suas questões com estudantes avançados ou músicos experientes que estejam comprometidos de fato. Isso pode ser um bom passo, mas nunca se sinta seguro de que isso é suficiente. Saber organizar bem o conteúdo é fundamental. Além disso, tentar fazer associações com elementos do cotidiano e outros temas também são importantes possibilidades para conseguir enfrentar algumas das dificuldades. Estabelecer metas nem sempre lhe assegura ‘sucesso’ nos resultados. Esteja atento se de fato sua rotina preestabelecida funciona. Cada estudante de música deve identificar de que forma assimila melhor as informações e
SUGESTÃO
aplicar isso ao seu dia-a-dia. Afinal, não há uma fórmula mágica para a prática. É importante, na fase de aprendizado, que todos os fundamentos sejam coordenados por um professor. Isso precisa ser praticado diariamente como manutenção e aprimoramento, que por si só consomem um bom tempo da rotina de estudos. Entretanto, fundamentos e métodos mais adotados podem ser insuficientes no universo da música. Para isso, você dependerá muito dos referenciais que esteja disposto a aprender. Ouça diferentes músicos e combinações instrumentais. Conheça mais a respeito daqueles que construíram a história da música. Tudo isso poderá ajudar a associar e incentivar o que deseja para passar de uma rotina ‘básica’ a uma nova. Ouvir diferentes fases de um único músico pode ser um bom exemplo de que devemos estar atentos às inúmeras possibilidades, independentemente da sua aprovação quanto às alternativas. Um excelente exemplo é Miles Davis, que tocou ao lado do criador do bebop, Charlie Parker. O mesmo Davis criou o cool jazz e mais tarde participou da criação do fusion jazz.
Selecione uma pequena discografia que faça com que se entretenha cada vez mais no mundo musical e aprimore o gosto ao seu ouvido. Considere dois critérios: gravações imprescindíveis ou gravações que, embora possam ser consideradas mais ‘fáceis de ser compreendidas’, constituam boas indicações no imenso mundo da música, mesmo que possa parecer controverso. Enfim, determinar a abrangência de sua rotina de estudos é muito mais profundo. Aumente seus conhecimentos como músico e assim poderá defini-la melhor.
PONTO DE VISTA “Quando ingressamos no mercado como profissionais, muitas vezes exigidos demais, essa demanda nos consome muito, psicológica e fisicamente. Quando temos uma seqüência de compromissos, devemos estudar somente o necessário para a manutenção da sonoridade, flexibilidade e articulação. Aconselho a procurar alguém mais experiente para lhe orientar sobre uma rotina de estudos. Lembre-se sempre de descansar o corpo e a mente para mantê-los saudáveis.” João Luiz Lenhari, trompetista da Soundscape Big Band
Exercício 1
Passo a passo Exercício 1 1 1 1
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“Acredito que uma boa forma de desenvolver uma rotina de estudos é saber combinar os três pilares fundamentais para a técnica do trompete: controle do ar, flexibilidade e articulação. Esses três itens podem fazer parte do seu aquecimento. Outra parte do estudo pode ser dedicada ao desenvolvimento mental, ou seja, do reflexo ao combinar estudos de intervalos, escalas, acordes, ciclos e padrões melódicos, entre outros. Para finalizar, procure estudar a parte da interpretação, como estudos característicos, peças, repertório do jazz, standards, bossa, etc. Costumo praticar em todas as tonalidades. Isso faz com que você ache a melhor maneira de explorar toda a tessitura de seu instrumento, abrindo os ouvidos e a mente para novos rumos e possibilitando que seus dedos obedeçam ao seu raciocínio.” Daniel D’Alcantara, trompetista da Soundscape Big Band
EXERCÍCIOS Dentre as rotinas de estudo, costumo sugerir que, em determinadas situações, o estudante faça a prática ‘passo a passo’. Dessa maneira, pode-se enfrentar os exercícios com menos dificuldades e de modo mais estimulante.
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autor
Junior Galante é trompete-líder da Soundscape Big Band Jazz e músico da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo. Contato: galantejunior@yahoo.com.br
SAX & METAIS
45
workshop
SAXOFONE
POR MANU FALLEIROS
Timbre mais encorpado: dominando os harmônicos do sax I
O
WORKSHOP
saxofone é um instrumento em constante evolução na sua técnica. Um dos aspectos pelo qual se tornou tão importante foi por sua capacidade expressiva. Segundo Daniel Kientz, um dos maiores especialistas e inventor de inovadoras técnicas sonoras no instrumento, o conceito de sonoridade herdado das escolas mais conservadoras é limitante e medíocre se comparado com as enormes possibilidades de timbre que o saxofone pode proporcionar. Vamos apresentar neste artigo alguns exercícios e conceitos sobre este assunto, algo incomum em métodos de sax, e que, geralmente, causam confusão nos alunos. Com a preocupação de desenvolver uma aplicação didática adequada, clara e acessível tanto ao profissional quanto ao amador, desenvolvemos uma série de exercícios inéditos após uma pesquisa com as mais importantes fontes sobre o assunto. Se você quer ter um timbre vibrante e encorpado e uma sonoridade rica e plena, faça os exercícios a seguir. Praticar os harmônicos é fundamental, não só para o timbre como também para o equilíbrio da sonoridade, o controle das passagens e o ajuste da afinação. Antes de tudo, seu instrumento e sua boquilha devem estar perfeitamente regulados. Exis-
tem luthiers especializados e muito habilidosos. Procure-os para que possam lhe dar uma orientação especializada e corrigir os defeitos de seu sax e boquilha. O mesmo se aplica à sua abraçadeira e palheta. A abraçadeira serve para manter a palheta em contato com a base da boquilha sem abafar suas vibrações. Procure também uma boa palheta antes de iniciar. Além disso, para obter êxito nos exercícios a seguir, é necessário que o conceito de embocadura esteja claro. A boa embocadura é aquela na qual:
Dica importante: seu lábio superior não deve ‘prensar’ a parte superior da boquilha. Deve estar totalmente sem tensão. Toque uma nota e tente levantar o lábio superior sem parar o som. Você não consegue? Então está pressionando demais! A respiração é muito importante, mas preste atenção: 1 Deve ser feita pela boca e nunca pelo nariz. 2 Deve ser feita utilizando-se as musculaturas abdominal e peitoral.
Lembre-se: você não é uma chapa, use também as laterais do corpo para respirar.
1 O dentes superiores se fixam sobre a boquilha. 2 Os lábios envolvem a boquilha igualmente por todos os lados. 3 O lábio inferior fica em contato com a palheta.
EXERCÍCIOS 1 Melhorando o fluxo de ar Para entender a função de sua glote (garganta) e de seu palato mole (céu da boca) na produção de um som harmonioso e rico, sugerimos o exercício abaixo. Para cada nota, mude sutilmente a posição da garganta e do céu da boca, conforme indicam as sílabas abaixo de cada nota. Não fale as sílabas, apenas assuma a posição muscular delas. Depois de praticar esse exercício, irá notar que a sonoridade que vai obter nas diferentes regiões do sax ficará bem mais equilibrada e cheia.
Preste atenção em deixar a boquilha por volta de 1 cm dentro da boca. Não coloque todo o lábio inferior atrás dos dentes, escondendo o lábio. Faça uma ‘almofadinha’ para a palheta sem deixar a parte interna do lábio, mais vermelha, escapar. Não faça um ‘sorriso’. Mantenha os lábios na posição da sílaba ‘vu’. Deixe a mandíbula (queixo) fixa, mas sem pressionar a palheta contra a boquilha.
Exercício 1 1: Exercício Posicione aa língua seguindo as sílabas abaixo Exercício 1: Posicione seguindo as sílabas abaixo Exercício 1: Posicione aa língua língua seguindo as sílabas abaixo Exercício 1: Posicione língua seguindo as sílabas abaixo Posicione a língua seguindo as sílabas abaixo
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2 Comparações Esta é uma iniciação aos harmônicos no sax. O exercício abaixo é chamado de ‘comparação’. Nele, deve-se comparar a nota na posição natural com seu respectivo harmônico. O harmônico apresenta uma sonoridade mais rica, portanto, deve-se procurar manter
que continue soando o Si bemol médio. Respire a cada compasso e faça bem lento, sem contar o tempo. Esse exercício serve para decorar a posição certa da garganta e do fluxo de ar para fazer os harmônicos, além de encorpar muito mais a sonoridade dos agudos.
essa qualidade na nota de posição natural. O pequeno círculo acima da nota serve para indicar que ela deve ser obtida por meio de um harmônico. A nota mais grave, entre parênteses, indica a digitação que deve ser feita. Em suma, no primeiro exercício você deve digitar o Si bemol grave, mas fazendo com
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3 Escalas com harmônicos Este exercício é uma introdução aos harmônicos por meio de uma sonoridade mais musical que todos conhecem: as escalas. Para este exercí-
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cio você já deve conseguir tocar com facilidade os harmônicos da 1ª e da 2ª oitava do sax. Começamos com a escala de Dó maior, mas com o Si e o Dó médios feitos com harmônicos.
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Use o metrônomo, faça com articulação e toque de maneira bem musical.
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autor
Manu Falleiros é saxofonista, mestre em Música pela Unicamp e professor de saxofone da Escola Livre da Unicamp. Contato: manuel.falleiros@gmail.com
SAX & METAIS
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workshop
TEORIA E APLICAÇÃO
POR ALEF MANSUR
Entendendo os sons
WORKSHOP
A
os primeiros a serem estudados
prender a tocar um instrumento de sopro significa, mecanicamente, aprender a dosar a quantidade de ar emitido a uma determinada velocidade. Assim, se tratarmos desse assunto do ponto de vista científico, a física nos ajudará a compreender o mecanismo de produção, propagação e desdobramento dos sons desde a sua epigênese. Um som produzido, tendo-se como agente excitador ou fonte geradora o vento, e como meio propagador ou amplificador um tubo como uma câmara de ressonância, terá sua entoação alterada para o agudo na medida em que diminuirmos o comprimento desse tubo, ou mesmo se aumentarmos proporcionalmente a velocidade da coluna de ar que o per-
corre. Se obtivermos o A440 (Lá 440) para um comprimento x, sua oitava acima terá o dobro dessas vibrações (A880); o segundo harmônico será a nota Mi, uma quinta acima, com (440
Ocasionalmente, se aumentarmos o comprimento do tubo ou o seu raio interno, a entoação obtida será mais grave. Podemos notar então que os sons de uma escala temperada são obtidos a partir dessa premissa. Serão determinantes para o fluxo equilibrado da coluna de ar e para a afinação o diâmetro e a localização de cada furo na extensão do tubo (isso se pensarmos numa flauta, num clarinete, num oboé, num saxofone ou num fagote). Os instrumentos da família dos metais, trombones, trompetes, trompas e saxhorns, dependem de forma mais literal dos harmônicos, pois o tubo é aberto apenas nas extremidades e as combinações entre os pistos é que determinarão o seu comprimento. Todo instrumento de sopro parte do princípio de construção de uma forma tubular ou cônica, e devemos entender que o nosso resultado sonoro (volume, afinação, timbre e projeção) está diretamente relacionado ao comportamento do fluxo de ar (volume e velocidade) dentro desse tubo (considerando-se plano o seu corte interno). Quando sopramos nos instrumentos, genericamente denominados ‘Piccolo’,
sejam flautas ou trompetes, devemos observar a susceptível dificuldade na própria emissão do som, que comprometerá, evidentemente, a afinação. Isso acontece porque nesses instrumentos o volume quantitativo de ar é pequeno, se relacionado com um clarinete, por exemplo, mas deverá ser muito maior à velocidade ou à pressão de uma coluna constante, homogênea e ininterrupta de ar. Quando conseguimos emitir uma nota Dó, numa determinada oitava, em qualquer instrumento, sua correspondente uma oitava acima terá duas vezes a sua velocidade (o que denota o aumento da pressão exercida). No caso inverso, sua velocidade cairá pela metade e, dessa forma, obteremos o Dó da oitava anterior (mais grave). A relação entre os diversos instrumentos de sopro baseia-se na premissa de quanto maior, mais grave. Assim, exige maior quantidade de ar e menor pressão. Quanto menor, mais agudo. Necessita então de menor volume de ar, com mais velocidade, mantendo-se sempre o fluxo estável. Quando falo de pressão, estou também me referindo a outro ponto de equilíbrio: entre a força com a qual sopramos (o que implica
x 1,5) uma vez e meia o número de vibrações da nota de partida; o terceiro harmônico será o próprio Lá duas oitavas acima do primeiro. Entenda melhor essa relação:
Nota
N° Vibrações
Relação 1
Correspondente
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
264 297 330 352 396 440 495 528
1,000 1,125 1,250 1,333 1,500 1,667 1,875 2,000
1 9/8 5/4 4/3 3/2 5/3 15/8 2
Assim: Lá = (n° vib. de Dó) x 5/3 Ou seja, o Lá = 264 x 1,667 Então Lá = 440
maior ou menor velocidade na passagem da coluna de ar) e o quanto apertamos a palheta contra a boquilha, ou o bocal, contra nossos lábios. Ou seja, o som virá com a mesma proporção de qualidade da nossa tão necessária embocadura. Devemos então nos preocupar primeiro com a embocadura. Isso é resultado de horas de estudo de notas longas, adaptando nossa musculatura oromandibular aos bocais e boquilhas. Os objetivos são, claramente, fortalecer os músculos da face, acondicionando-os a esta nova tarefa, e estudar sua relação com o próprio instrumento. Isso proporciona um entendimento do que é necessário fazer para obter o resultado esperado. O que o fará descobrir, pelo uso diário e constante, qual é a melhor posição para tocar, como emitir o sopro, além de refinar seu controle do instrumento em um todo.
MAS QUAIS DEVEM SER ESSES PRIMEIROS SONS? O poder de controle do aprendiz será maior se estiver ‘longe’ das áreas extremas dos registros graves e agudos. Dessa forma, resta-lhe a região central da tessitura de cada instrumento.
Exercício 1 Exercício 1
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SAX & METAIS
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Exercício 2
w &w w &w w &w Exercício 2 w &w w &w w &w w &w w &w w &w w &w &w w &w w &w w Exercício 3 &w w Depois, aplique de forma análoga, na orExercício 3 & w a partir da nota com maiorwfludem inversa, Exercício & ência adquirida. w & w 3 Você consegue um som fiwrme & Exercício w Exercício & ww 33 w &w w & &w w &w w &w w & w &w w &w w &w w & &w w &w w w orientação importante é o relato &Outra w da& forma w como devemos soprar. O famoso Exercício 2
Exercício Este é o 2ponto em que seus esforços serão mais rapidamente recompensados e ponExercício 2 to de partida para a formação do seu som, Exercício 2
método para saxofone H. Klosè, em sua versão em português e espanhol, diz que cada nota tocada deve ser emitida a partir de um golpe de língua seco, como se pronunciássemos a sílaba ‘TU’. A veracidade ou a aplicabilidade dessa informação justifica-se por atender aos imediatos anseios dos aprendizes. Mas a devida forma deve partir do princípio de que a
w w w w w w w w w w w w ww w por exemplo? e afinado a partir da nota w Mi3, Então toque: ww ww ww w w w w w w w w w coluna de ar é oriunda e deve ser sustentada pela função diafragmática.w
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expandindo-o comedidamente para a região grave, por graus conjuntos descendentes:
Para conduzir com maior fluência o início desses estudos, sugiro que seus exercícios sejam preenchidos com notas longas, executadas em graus conjuntos e com sons ligados, não se esquecendo de emitir sons firmes, sons reais (não utilize subtones), com intensidade moderada. Se puder, faça isso em frente a um espelho. Isso ajudará
a corrigir sua postura, assim você poderá monitorar sua respiração e ajustar a altura dos dedos em relação às chaves ou pistos de seu instrumento, deixando-os mais rentes aos mecanismos. O som é o nosso único objetivo. A ele dedicamos uma vida de estudos práticos, teóricos e rítmicos. Portanto, tenha sempre como objetivo incondicional a busca pela melhora do seu som. autor
Alef Mansur é saxofonista do Octeto JaZzporOito e criador do site especializado em sopro www.sacse.wordpress.com. Contato: sacseonline@gmail.com
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