Violão Pro #4

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VIOLÃO PRO AGOSTO | 2006

ACÚSTICO, ELÉTRICO E EQUIPAMENTOS Luthier

•Brasileirinho (João Pernambuco) por Alessandro Penezzi

MARCO PEREIRA

•Dicas na condução do samba por Eduardo Hooper •Técnicas de pentatônicas por Rudy Arnaut

ANTÔNIO TESSARIN

•O Vôo da Mosca por Maurício Marques

“O som do violão deve ter corpo e não ser ardido”

•Técnicas de trêmolo por Paulo Inda •Andantino por Fábio Zanon

JOÃO CASTILHO

19 PÁGINAS

DE TÉCNICA TRANSCRIÇÕ E ES

Um grande na MPB

TESTAMOS!

MARCO PEREIRA

EUCLIDES MARQUES & LUIZINHO 7 CORDAS

Entrevista imperdível, equipamentos e curiosidades

Remexendo o violão brasileiro

Violão PRO•2006•Nº 4•R$ 8,50

•Michael VM32 •Violão Fox V3 Clássico •Captador Malagoli Sound 2D •Cordas D’Addario Pro Arté

WWW.VIOLAOPRO.COM.BR

FLAMENCO! 10 EXERCÍCIOS MATADORES para aprimorar

sua técnica e uma entrevista com Zezo Ribeiro Erudito

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Mestre fala sobre rotina, início e seus conselhos para estudar mais e melhor 4/8/2006 19:02:24


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Editorial Um universo em construção

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er violonista não é uma tarefa fácil. Não estou dizendo que tocar bem violão seja algo menos simples do que tocar outros instrumentos. Meu pensamento engloba o mercado como um todo, muito em função dos outros títulos dessa editora, que me fazem pensar em um Brasil onde o músico seja mais valorizado, como ocorre em países mais desenvolvidos. Ao longo dos anos, houve uma marginalização muito grande do violão e da carreira de músico em geral. Para mudar esse cenário, é preciso recomendar o instrumento, ser militante do violão, dar aulas e incentivar a compra de CDs de violonistas que fazem um bom trabalho. A Violão PRO é uma revista que busca trabalhar seriamente este segmento. Gostou do nosso trabalho? Então ajude-nos a fazer um mercado mais profissional. Na capa desta edição temos Marco Pereira, talvez o mais completo e brilhante violonista brasileiro da atualidade. Dono de uma formação invejável – estudou com Isaías Sávio e é mestre em musicologia pela Sorbonne, de Paris – Pereira passeia com naturalidade pelo erudito e pelo popular e sintetiza como ninguém a rica escola do violão brasileiro. Em entrevista exclusiva, Pereira falou a Violão PRO sobre sua carreira, sua técnica, seus violões e do seu novo CD com o gaitista Gabriel Grossi. Falamos também com o violonista Zezo Ribeiro que, após uma longa temporada na Espanha, está de volta ao Brasil com um CD saindo do forno. Zezo preparou uma lição especial com as principais técnicas de violão flamenco como o rasgueo, a alzapúa e o picado, com exercícios comentados, ilustrados e de fácil aplicação no instrumento. Você não tem desculpa para não estudá-los! No erudito, conversamos com Edelton Gloeden, um dos fundadores do Quarteto Brasileiro de Violões, e que, há 20 anos, vem formando grandes violonistas pela Universidade de São Paulo. Em outra direção, falamos com o violonista e guitarrista João Castilho, que já trabalhou com grandes nomes da música brasileira como Maria Bethânia, Djavan e Nana Caymmi. Na nossa já tradicional conversa com os luthiers, convidamos Antonio Tessarin e ele deu uma verdadeira aula de construção de violões. Na seção de lições e transcrições, continuamos com uma equipe de colaboradores de primeira, reforçada agora pelo gaúcho Paulo Inda, pelo jovem Eduardo Hopper e pelo genial Fábio Zanon, que nos presenteou com uma transcrição exclusiva. No mais, testes, lançamentos e novidades do grande mundo do violão. Boa leitura e até o mês que vem.

Edição3: BadenPowell, Dino 7 Cordas, Marcus Tardelli,Fábio Zanon.Testes e muitomais!

Daniel A Neves

Editor / Diretor Daniel A. Neves S. Lima EditorTécnico FábioCarrilho Redação Regina Valente - MTB 36.640

Testes Cristiano Petagna, Miguel De Laet e Rudy Arnaut GerenteComercial MarinaMarkoff

AssistenteComercial EduardaLopes Reportagens / Financeiro Cristiano Petagna, Gilson Antunes, Administrativo Carla Anne Roberta Cunha Valente e Vinícius Gomes Direção de Arte Lições Dawis Roos AlessandroPenezzi,EduardoHopper, Fábio Zanon, Maurício Marques, PauloImpressãoe Acabamento Inda,RudyArnaute ZezoRibeiro GráficaPROL Edição de Partituras Rudy Arnaut

Fotode Capa Divulgação(MarcoPereira)

Fotos DanielNevese FábioCarrilho

Publicidade Anuncie na Violão PRO comercial@musicamercado.com.br Tel./Fax: (11) 5103-0361 www.violaopro.com.br e-mail ajuda@musicamercado.com.br

Distribuiçãoexclusiva paratodoo Brasil Fernando Chinaglia Distribuidora S/A • Rua Teodoroda Silva,907 - Grajaú • CEP: 20563-900 - Rio de Janeiro / RJ Tel.: (21) 2195-3200 Assessoria:Edicase Soluções para Editores

ViolãoPRO(ISSN1809-5380)é umapublicaçãoda Música& Mercado Editorial. Redação, Administração e Publicidade: Rua Guaraiúva, 644 - BrooklinNovo- São Paulo/ SP. e-mail:violaopro@musicamercado.com.br

Estarevistaapóia

O que ouvimos na redação Artista: Marco Pereira e Gabriel Grossi Título: Afinidade Comentário: Diálogo perfeito entre o violão de Marco Pereira e a gaita do jovem Gabriel Grossi. Não deixe de ouvir!

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Artista: Ivan Vilela / Título: Paisagens Comentário: O violeiro apresenta clássicos da música caipira e composições próprias neste belo CD de 1998. Trem bão, sô!

Artista: Duo Assad Título: Alma Brasileira Comentário: Um clássico dos irmãos Assad. Altamente recomendado!

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Indice ACÚSTICO, ELÉTRICO E EQUIPAMENTOS Procure este selo Ele é a garantia de que o produto foi testado pelos mais competentes profissionais do mercado.

MATÉRIAS

26 Marco Pereira

Genuinamente brasileiro, ele consegue trafegar pela música popular e erudita com maestria e fica difícil categorizá-lo dentro de algum estilo.

16 Edelton Gloeden A enciclopédia do violão

SEÇÕES 4 Editorial

19 Vintage Giannini modelo 522 (1960)

8 Cartas

20 Zezo Ribeiro Aflamencando tudo!

10 Strings

38 Euclides Marques & Luizinho 7 Cordas Remexendo o violão brasileiro

36 Na Estrada

32 Testes 66 Classificados 66 Índice de

42 Antônio Tessarin Luthier: a arte do fazer

Publicidade

45 João Castilho O polivalente das seis cordas 48 Lançamentos CDs, Livros...

TESTES

LIÇÕES E TRANSCRIÇÕES

32 Michael VM 32 Uma boa opção para iniciantes

23 Zezo Ribeiro Técnicas de Flamenco

33 Captador Malagoli Sound 2D A captação para quem começa

49 Maurício Marques O Vôo da Mosca

55 Rudy Arnaut

D’Addario Pro Arté 34 Bons timbres e intensidade sonora

Técnica com Pentatônica

58 Fábio Zanon

Fox V3 Clássico Havana 35 Maciço excelente para palco

Andantino

60 Eduardo Hopper A Nobre Malandragem

Na Estrada 36 Luthier Saraiva nº 39 Di Giorgio Signorina 16

62 Paulo Inda Técnicas de Trêmolo

64 Alessandro Penezzi 16 Zezo Ribeiro

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Um Brasileirinho Diferente

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Cartas

Na Alemanha

Rua Guaraiúva , 644 CEP: 04569001 - Brookli n Novo São Paulo / SP e-mail: ajuda@ violaopro.com .br ajuda@music amercado.co m.br

Parabéns pela revista! É bem antenada com o interesse dos violonistas – artistas, matérias e transcrições. É muito bom ver o violão ser encarado com profissionalismo como vocês fazem! Sou violonista e talvez possa contribuir com a revista. Vou para a Alemanha em outubro e entrarei em contato com alguns violonistas brasileiros que trocaram de país. Podem surgir entrevistas ou matérias daí. Daniel Tschick, por e-mail

estávamos defasados em relação ao mundo musical por não termos um veículo ou material que estivesse sempre atualizado e trazendo coisas novas para aumentar nossos conhecimentos e experiências. A revista é ótima. Pena que perdi as duas primeiras edições, mas me informarei como faço pra consegui-las. Lucas Bernhardt da Cruz, por e-mail

No fim do mundo

A bossa dos mineiros

Venha aprender a incrível arte de construir instrumentos acústicos com o luthier Régis Bonilha. Violões: nylon, aço, 6, 7 e 12 cordas; viola, bandolim e outros.

Valeu pela revista, adorei! É um belo trabalho e, além da cultura que estava faltando ao violonista, uma revista dedicada ao violão em português é uma raridade. Qual será a próxima? Já estou de olho. Moro no Paraná, em Ibaiti, fim do mundo, a Violão PRO chegou aqui! Maravilha, né?

Tel.: (11) 5083.1560 • Visite nosso site: www.superguitarra.com.br/bh

Comprei a revista e gostaria de parabenizálos. Sei que devem ouvir isso a toda hora, mas a iniciativa foi muito boa, e nós, fãs do violão,

Comprei a edição número 2 da Violão PRO e gostaria de adquirir a primeira. Como faço? Transcrevam músicas dos mineiros, principalmente do Lô Borges, que foge do pop rock nacional e do tonalismo da MPB pós bossa nova. Adoro a MPB e o pop, mas o Lô eu vejo pouco. Sou poeta e compositor, tenho músicas com Ian Guest, Luis Capucho e também sozinho. Vivo de dar aulas de violão e canto. Mais uma vez, parabéns! Léo Ferreira, Rio de Janeiro, RJ

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EQUIPAMENTOS, MÚSICOS, ENQUETES, SHOWS E NOVIDADES DO GRANDE MUNDO DOS VIOLÕES!

CHICO BUARQUE de volta aos palcos

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pós sete anos, o cantor e compositor Chico Buarque está de volta aos palcos. Ele estréia no dia 30 de agosto, em São Paulo, a turnê que promove seu novo disco, Carioca. Após os shows em São Paulo, o cantor passará por Campinas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador. A turnê está programada para seguir até junho do ano que vem. Lançado em maio, Carioca já é disco duplo de ouro pelas mais de cem mil cópias vendidas. O álbum é o primeiro de Chico Buarque desde 1998, quando lançou As Cidades, e marca a estréia do cantor na gravadora Biscoito Fino. Os arranjos e a direção musical são do violonista e maestro Luiz Cláudio Ramos, presença constante nos trabalhos do compositor.

QUARTETO MAOGANI turnê americana e novo CD

pós 11 anos de existência, três CDs lançados e admiradores espalhados pelos quatro cantos do Brasil, o Quarteto Maogani fez em junho sua primeira turnê pelos Estados Unidos. “Abrimos o show do Sérgio Mendes no Hollywood Bowl, em Los Angeles, e fizemos uma série de apresentações por lá”, disse Paulo Aragão, um dos fundadores do grupo. Um novo CD já está sendo preparado pelo Maogani e se chamará Impressões de Choro. “Será um CD de choro com metade das músicas de compositores antigos como Ernesto Nazareth, Pixinguinha e Anacleto de Medeiros, e a outra metade de compositores contemporâneos como Hermeto Pascoal, Guinga e Maurício Carrilho”, acrescenta Aragão. Enquanto o CD não vem, o Maogani apresenta um belíssimo show com a cantora Mônica Salmaso e o cantor Renato Braz. Vale a pena conferir!

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Fotos: divulgação

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PAULO INDA modernidade em CD autoral

O que eles tocam

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BIRÉLI LAGRÈNE

Fotos: divulgação

ão é fácil gravar um CD de violão com faixas totalmente inéditas, ainda mais de compositores novos ou então pouco conhecidos do público de violão em geral. No seu CD de estréia, intitulado apenas por I, o violonista gaúcho Paulo Inda superou com maestria todas as dificuldades de um trabalho desse tipo. Apostando em compositores contemporâneos como Leonardo Boccia, Mark Delpriora, Fernando Matos, Celso Chaves, Antonio Cunha e Yanto Laitano, Inda conseguiu unir sonoridades de vanguarda com interpretações impecáveis ao violão. O resultado final é um recital primoroso de música moderna ao violão.

De leitor para leitor

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Qual o exercício que mais ajudou no seu desenvolvimento técnico?

“N

o momento,estouestudando e apanhandobastante no estudo nº 6 do Leo Brower, mas sinto que chegolá. Estudotambém os 30 arpejosdo Abel Carlevaroe o livro nº 1 do Arenas.” Renato Torres São Gonçalo, RJ

“P

araos principiantes, aconselho os estudosde Tárrega,porque elesensinambema usaros dedosp, i, m e a (damãodireita)e 1, 2, 3 e 4 (da mão esquerda).Esses estudosestão no livro Escola de Tárrega, que foi editado por Oswaldo Soares. Senti que com eles me adianteimuito na parte técnica - músicasque eu levaria um ano paratocar,conseguiem 6 meses.” Charles Michel Nunes Felix Macaparana, PE

“O

queme ajudoufoi fazeras escalas com a mão direita apoiandona corda de cima. Por exemplo,você toca a corda Mi e deixa o dedo apoiandocom

a pontinhana corda Si. A mão deve ficar completamente relaxada, mesmo você tocando forte. Os exercícios de arpejo, inclusiveos bemsimples,tambémajudaram para o posicionamentocorreto da minha mão. A partir disso, eu mesmodesenvolvi exercícios que trabalhassem alguma dificuldademinha,semprebuscandodeixar a mão relaxada, mesmo tocando forte.” Marcio Bonefón São Paulo, SP

Participe desta seção. Escreva para contato@violaopro.com.br e responda: “Qual sua rotina de estudo?”

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tire a primeira pedra quem nunca se surpreendeu com os riffs e improvisos do fenômeno do jazz francês Biréli Lagrène. Tamanho virtuosismo e sonoridade cigana só poderiam encontrar respaldo em um instrumento à altura. Pois bem, Lagrène vem usando um violão de cordas de aço Hahl Gitano D e palhetas Dunlop de 1,5 mm. Nada melhor para tirar timbres inspirados em Django Reinhardt, não é mesmo?

HÉLIO DELMIRO

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xistem músicos que precisam apenas de alguns compassos – ou até mesmo algumas notas – para serem reconhecidos à primeira audição. Hélio Delmiro é um deles. Dono de um toque extremamente pessoal, ele já emprestou seu talento para todos os grandes nomes da MPB, de Elis Regina e Clara Nunes a Tom Jobim e João Bosco. Delmiro tem usado um violão Hernandes e um alemão Frameworks, com captação RMC. Para timbres elétricos, ele não dispensa a sua guitarra Ibanez GB com cordas 0,09 mm.

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Strings CHORO ENSEMBLE

fazendo bonito em Nova York

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Fotos: divulgação

ocê sabia que, há uns oito anos, não existia um único grupo de choro em Nova York? Quando chegou à cidade para terminar a faculdade, o cavaquinhista paulistano Pedro Ramos não queria deixar de tocar o gênero de que mais gostava. Ele é um dos fundadores do Choro Ensemble, primeiro e único grupo de choro nova-iorquino, acompanhado dos violonistas Carlos Almeida e Gustavo Dantas, do percussionista Zé Maurício e da excepcional clarinetista israelense Anat Cohen. Eles conquistaram um público cativo e o respeito de músicos como Wynton Marsalis. Se você estiver de passagem pela Big Apple, não deixe de assisti-los - eles tocam todas as segundas, no Jules Bistro.

DISCOS DO BRASIL pesquisando fácil na web

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uer saber o nome de quem tocou aquele violão de sete cordas na música Meu Guri, no álbum Almanaque, de Chico Buarque, lançado em 1981? Visitando o ótimo site Discos do Brasil (www.discosdobrasil. com.br), você saberá que aquelas baixarias foram executadas pelo genial Raphael Rabello. Organizado pela jornalista e pesquisadora Maria Luiza Kfouri, o site possui um catálogo gigantesco de discos, intérpretes, músicas, músicos, arranjadores e compositores, com base na sua rica coleção particular de discos de música brasileira. A navegação é simples e rápida e você ainda pode escutar trechos de algumas faixas e conferir as capas originais dos discos. Visitar Discos do Brasil é diversão na certa!

QUATERNAGLIA estreando em DVD

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ótimo quarteto de violões Quaternaglia, formado por Fernando Lima, João Luiz, Fabio Ramazzina e Sidney Molina, acaba de lançar o seu primeiro DVD. A gravação traz o espetáculo de lançamento do CD Presença e faz parte da série Toca Brasil, que documenta o trabalho de artistas que passaram pela Sala Itaú Cultural, em São Paulo, em 2004. O DVD é muito bem produzido, com imagens de bastidores e depoimentos dos integrantes do grupo e dos músicos Egberto Gismonti e Paulo Bellinati, dois grandes admiradores do quarteto. A apresentação é impecável e o repertório contém músicas de Tom Jobim, Radamés Gnatalli, Milton Nascimento, Paulo Tiné e, claro, de Gismonti e Bellinati. O lançamento é da gravadora Eldorado.

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Strings RICARDO SILVEIRA

guitarrista comanda programa de música instrumental

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Fotos: divulgação

guitarrista Ricardo Silveira é conhecido pelo seu ótimo trabalho solo e por ter acompanhado grandes nomes da música brasileira como Elis Regina, Milton Nascimento, Dorival Caymmi e Gilberto Gil. Agora, ele mostra sua mais nova faceta: a de apresentador do programa Estúdio 66, que vai ao ar todas as quintas, às 21h45, no Canal Brasil. Um brevíssimo bate-papo entre Silveira e seus convidados antecede a ‘jam session’ promovida entre eles. A produção é de primeira, com todos os movimentos dos músicos e de seus instrumentos sendo registrados em plano-seqüência pelas câmeras, com uma ótima qualidade de áudio. Por lá já passaram Yamandu Costa, Hamilton de Hollanda, Wagner Tiso e Jaques Morelenbaum, entre outras feras. Vale a pena assistir!

PAULO FREIRE

violeiro em intensa atividade

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violeiro Paulo Freire sempre esteve envolvido em vários projetos bacanas. Ele acabou de produzir o CD Urubu Urucuia, do violeiro Manoel de Oliveira, seu grande mestre no instrumento. “Urubu Urucuia é o nome da região no noroeste de Minas Gerais que inspirou Guimarães Rosa a escrever Grandes Sertões: Veredas e é onde mora Manoel”, diz Paulo Freire. “Morei lá de 1977 a 1979 e aprendi os fundamentos da viola e até o lado espiritual do instrumento com o Manoel. Ele nunca tinha entrado em estúdio. O CD sairá em setembro, pelo meu selo Vai Ouvindo”, acrescenta. Freire também está preparando seu próximo CD solo, ainda sem nome e que terá a participação de vários músicos, entre eles o violonista Swammy Jr. Vamos aguardar esses dois lançamentos!

ADALBERTO, O PROFESSOR DE VIOLÃO. SERÁ QUE ELE TEM JEITO PRA ‘COISA’?

escalofanarios.zip.net

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Abril / 2006 •

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Erudito

A enciclopédia do violão Por Gilson Antunes

m dos principais nomes do violão erudito brasileiro da atualidade, o paulistano Edelton Gloeden, tem atuado intensamente como solista e camerista, seja com a soprano Adélia Issa, com o flautista José Ananias ou à frente de orquestras por todo o Brasil, Estados Unidos e Europa. Ele participou da primeira formação do genial Quarteto Brasileiro de Violões, com quem gravou três CDs pelo selo norte-americano Delos International, e também foi requisitado inúmeras vezes para executar estréias mundiais de obras de compositores brasileiros. Aos 51 anos, com 35 deles dedicados ao violão, Gloeden também é professor da Universidade de São Paulo (USP) – já foi mestre de nomes como Fábio Zanon e Camilo Carrara – e apresenta o conhecido programa Violão em Tempo de Concerto, da Rádio USP FM (93,7 MHz, na cidade de São Paulo, e também no site www.radio.usp.br). Nesta conversa com Violão PRO, Edelton fala sobre sua carreira, instrumentos, compositores, o futuro do violão e ainda dá conselhos valiosos para violonistas.

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“Com eles (Andrés Segóvia, Julian Bream e irmãos Abreu) tenho sempre a sensação da novidade de uma audição viva, instigante, inteligente, criativa e mágica.” > Violão PRO: Como foi o seu início no violão? Comecei a estudar violão e teoria aos 11 anos de idade, por sugestão de meus pais, de quem sempre tive total apoio. Pela minha própria índole, nunca tive muita disciplina. Aos 15 anos ingressei no Instituto Normal de Música, onde dei continuidade aos meus estudos com o Henrique Pinto. Ouvia bastante música popular em casa, vinda do rádio, da televisão e da pequena discoteca de meu pai. Num determinado momento, comecei a colecionar uma série de LPs e fascículos de música de concerto publicados

pela Abril Cultural e passei a acompanhar os programas da Rádio Eldorado. Os primeiros contatos com a música para violão aconteceram por meio do programa Recitais Di Giorgio, transmitido pela Rádio Bandeirantes, e por audições informais de alunos e de gravações, na casa do Henrique Pinto. Naquela época, as gravações que mais me chamaram a atenção foram a da Chaconne da Partita II para Violino Solo, de J. S. Bach, interpretada por Andrés Segovia; do LP The Guitars of Sérgio and Eduardo Abreu e do Concierto de Aranjuez, executado por John Williams e membros da Orquestra da Filadélfia. Até

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hoje, sinto com elas o encantamento inicial. Aos 15 anos, tinha toda a certeza de que seria músico. Então vieram os cursos de Porto Alegre, os mestres Zarate, Santórsola e Carlevaro, as primeiras apresentações públicas... > Você fez inúmeras primeiras audições no Brasil de grandes obras do repertório violonístico e também de compositores brasileiros. Atualmente, o que te chama a atenção em relação aos novos compositores? Creio que hoje temos certa dificuldade em acompanhar as novas obras e os novos compositores, tamanha é a quantidade de informações em decorrência da internacionalização do instrumento e da Internet. Não podemos deixar de registrar que muita coisa vem sendo descoberta em repertórios antigos. Temos uma quantidade expressiva de obras a serem exploradas, do repertório do século IX até a primeira metade do século XX. Coloco-me hoje numa posição de resguardo, um pouco mais ‘conservadora’ em relação às novas criações. Por um lado, há o questionamento do que realmente representa o ‘novo’ hoje em dia e, por outro, a intenção de apresentar e divulgar a música de alta qualidade e sentir-me realizado com isso. Houve um tempo em que cheguei a tocar obras assim que as partituras chegavam às minhas mãos mas, hoje, é muito difícil dominar até mesmo uma pequena parcela das novas obras, pela quantidade e pela dificuldade para estudá-las e mantê-las e, também, pela limitação dos espaços para apresentações e gravações. Em certos momentos,

O que Gloeden usa Violões – “Tenho utilizado basicamente três instrumentos: um Giussani, de 1997, um Hirschy/Abreu, de 1979/99, e um Martin Woodhouse* de 2003. Tenho também duas cópias de guitarras românticas, feitas por Roberto Gomes - uma delas é um violão terço - e um instrumento de 10 cordas pensado para as obras de Maurice Ohana.” Cordas – “Uso com maior freqüência a Augustine Regal e a Hannabach vermelha, dependendo do instrumento e do repertório.”

temos de restringir o campo de ação para que certas obras consagradas do nosso repertório pessoal possam ter mais presença em nossos programas, principalmente aquelas que executamos com menor freqüência. No entanto, esse posicionamento não é radical. Minhas preferências, no momento, estão voltadas a obras e autores consagrados que fazem parte do meu universo de atuação. Vou citar então alguns autores vivos e outros falecidos há pouco mais de 20 anos, ciente de que, eventualmente, possam faltar referências importantes. São eles: Denis Apivor, Richard Rodney Bennett, Luciano Berio, Leo Brouwer, Abel Carlevaro, Elliot Carter, Nuccio D’Angelo, Stephen Dodgson, Peter Eben, Gottfried von Einem, Lukas Foss, Peter Racine Fricker, Alberto Ginastera, Carlos Guastavino, Ernesto Halffter, Hans Werner

Acessórios – “Utilizo um pequeno pé de apoio, com pouco menos da metade da altura-padrão, e um suporte para melhor posicionamento da coluna.” Unhas – “Basicamente, uso o lado mais fino de uma boa lixa d’água para tirar os excessos e dar forma. Faço o polimento com uma boa lixa importada de três faces. A freqüência de lixamento depende do tempo de estudo e da sensibilidade às rebarbas. O formato das unhas deve seguir o formato de cada dedo.” *Veja o site:http://homepage.ntlworld. com/james.woodhouse1

Henze, Jacques Hetú, Ernst Krenek, Fernando Lopes-Graça, Peter Maxwell Davies, Federico Mompou, Tristan Murail, Maurice Ohana, Goffredo Petrassi, Joaquín Rodrigo, Henri Saughet, Peter Sculthorpe, Reginald Smith Brindle, Toru Takemitzu e Thomas Wilson. Entre os brasileiros: José Antonio de Almeida Prado, Aylton Escobar, Radamés Gnattali, Camargo Guarnieri, César Guerra-Peixe, Arthur Kampela, José Alberto Kaplan, Edino Krieger, Osvaldo Lacerda, Paulo Costa Lima, Francisco Mignone, Ronaldo Miranda, Marlos Nobre, Claudio Santoro e Ricardo Tacuchian. > Você produz e apresenta um dos mais duradouros programas de rádio voltados ao violão. Como está o seu programa semanal na Rádio USP?

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Erudito Violão em Tempo de Concerto completará 12 anos em agosto. Temos procurado divulgar o que há de mais substancioso em matéria de gravações históricas e de novos lançamentos, mantendo um formato de séries específicas e visando não apenas o público ligado ao violão. Nossa intenção é mostrar um amplo repertório cobrindo cinco séculos de música, envolvendo os instrumentos predecessores do violão moderno e o alaúde, Gloeden com o compositor Camargo Guarnieri, em 1992 com os mais importantes intérpretes. A música de câmara com violão e as obras para violão e orquestra e Tennant. O próximo passo é a leitura, a ditambém ocupam lugar de destaque em nossa gitação e a prática, em andamento lento, de programação. Nesse período, ainda tivemos um trecho de Bach ou de estudos clássico-roo privilégio de entrevistar personalidades im- mânticos, principalmente Sor e Giuliani. Depois desse trabalho, que não precisa ter mais portantes do violão brasileiro e internacional. de uma hora, mergulho no repertório. Sempre > Como está a sua carreira de intérprete obtenho os melhores resultados quando a progressividade das dificuldades é seguida à risca. hoje em dia? Como intérprete, tenho procurado mostrar um repertório solo variado, com ênfase na > Você leciona em uma das mais prestigiamúsica do século XX. Venho realizando pro- das instituições de ensino do Brasil e sabe gramas de música de câmara com a soprano que o violão continua sendo o instrumento Adélia Issa e, especialmente neste ano do cen- mais procurado nos vestibulares de músitenário de Radamés Gnattali, com o violo- ca. A que você atribui isso? nista Paulo Porto Alegre. Tanto no repertório Posso citar três fatores: em primeiro lugar, solista quanto no de música de câmara tenho a identidade cultural - o violão, bem como nossa viola sertaneja, é um dos instrumentos dado especial atenção à música brasileira. de cordas mais enraizados na nossa cultura, > Como é a sua rotina de estudo? Inicia com não importando a classe social; em segundo, a facilidade de compra, mesmo para os metécnica pura ou músicas do repertório? Gosto de iniciar meu estudo fazendo uns 10 nos privilegiados e, por fim, o fator custo/ minutos de alongamento e massagens nos benefício - com alguns poucos acordes assidedos, mãos e braços. Em seguida, faço um milados, pode se divertir muito. pouco de técnica por meio da leitura de vários tratados, como os de Tárrega/Scheit, Pujol, > Você ainda escuta e admira Julian BreCarlevaro, Shearer, Iznaola, Dodgson/Quine am, Andrés Segóvia e os irmãos Sérgio e

Discografia Marília de Dirceu, Akron Viagem pelo Brasil, Akron Uma Festa Brasileira - com o flautista José Ananias, Paulus Os Anos 20, EGTA Lina Pires de Campos - música de câmara, Régia Música Essência do Brasil – com o Quarteto Brasileiro de Violões, Delos International Four Bach Suites for Orchestra – com o Quarteto Brasileiro de Violões, Delos International Encantamento – com o Quarteto Brasileiro de Violões, Delos International

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Estude melhor! • Quatro horas diárias, concentradas e honestas, de estudo de instrumento, com descansos e alongamentos. • Fazer sempre música de câmara. • Nunca parar de estudar, de forma profunda e reflexiva, todos os aspectos da teoria da música, da história da música (incluindo música brasileira), da história do seu instrumento e os assuntos ligados aos mais variados aspectos da profissão - tudo isso, embasado num bom treinamento auditivo. • Ouvir música sempre, de todo tipo, em casa e em concertos públicos. • Aconselhar-se com os mais experientes e procurar seu próprio estilo sem perder sua espontaneidade. • Procurar, cada vez mais, usar seus conhecimentos e sua experiência para arquitetar de maneira plena sua forma de pensar, fazer e sentir a música.

Eduardo Abreu? Quais outros violonistas continuam chamando a sua atenção? Com eles tenho sempre a sensação da novidade de uma audição viva, instigante, inteligente, criativa e mágica. Sinto aqui o ápice de uma grande tradição de intérpretes, iniciada a partir da virada para o século XIX, quando o violão passou a ter seis cordas simples. Junto com eles, devo mencionar as ilustres senhoras Ida Presti, Monina Távora e Maria Luisa Anido. Aprecio muitíssimo a plenitude de John Williams, principalmente as gravações feitas até meados dos anos 1970. Destaco também a musicalidade e a generosidade de Alírio Díaz, a excelência do duo Ida Presti e Alexandre Lagoya, a maestria de Manuel Barrueco e de David Russel, o brilho de Sérgio e Odair Assad, e o senso cartesiano de Abel Carlevaro. Nesse percurso, destaco a memória de uma tradição que se consolidou com Miguel Llobet, Emilio Pujol, Agustin Barrios e Segóvia, o resgate da grande tradição por Stefano Grondona e o rompimento desta tradição sem perda da memória por Paul Galbraith.

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Vintage

Giannini modeelo 522 mod (1960)

Foto: Christian Bernard

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ste violão, modelo 522 da Giannini, foi fabricado no começo da década de 1960. Sua história é curiosa. O instrumento foi achado, quebrado e rachado, num quarto de empregada da tia do atual proprietário, que o levou para casa. “Percebi que, mesmo todo quebrado, tinha um som bacana. Pedi para reformarem o violão e fizeram um serviço primoroso. Depois pedi para um outro luthier regulálo. Ele está com um som inacreditável”, explica Christian Bernand que, atualmente, trabalha no marketing da Giannini.

A composição é: • Tampo de sitka (alaranjada de velhice) • Faixa e fundo de jacarandá da Bahia (amarelada de velhice) • Escala de jacarandá da Bahia • Braço de cedro

Envie seu violão antigo para nós. Mande foto em alta resolução para ajuda@violaopro.com.br com um pequeno texto sobre seu violão e apareça aqui.

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Tecnica

Aflamencando tudo! Após dez anos na Espanha para aprofundar seus conhecimentos no violão flamenco, Zezo Ribeiro está de volta ao Brasil Por Fábio Carrilho

o anos 90, Zezo ficou conhecido por seus trabalhos instrumentais com o guitarrista Olmir Stocker, o Alemão. Seu interesse pelo violão flamenco o levou à Espanha em 1996, onde estudou com o mestre cigano El Entri e lançou cinco CDs, entre eles o belo Flamencando (Nube Negra), um álbum repleto de participações especiais, de Dori Caymmi a Elba Ramalho, em que Zezo apresentou pela primeira vez seu lado de compositor de canções. A experiência com o flamenco levou Zezo a adquirir uma linguagem melódica e rítmica bem particular, unindo com maestria o vigor e a força desse estilo ao toque do violão brasileiro, sem descaracterizá-lo. A Violão PRO entrevistou Zezo, que falou da sua experiência na Espanha, sobre violão flamenco e seu novo CD. Zezo elaborou para nós uma lição especial com 10 exercícios comentados e ilustrados abordando as principais técnicas de flamenco. Você não tem desculpa para não estudá-los!

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“Para mim, essa mudança de tocar próximo ao cavalete foi difícil. Hoje em dia eu toco mais leve, mas faço aquilo que eu quero no violão. Tive que passar por esse processo de me machucar, ficar dois anos só fazendo ioga e meditando”.

> Violão PRO - Que balanço você faz desses 10 anos morando na Espanha? Depois de ter acompanhado por muito tempo um dos maiores guitarristas de jazz do Brasil, o Alemão, eu cheguei em um ponto em que sentia a necessidade de encontrar a minha linguagem melódica. Eu já tinho ido tocar com o Alemão na Espanha várias vezes. Eu conheci uma moçada da nova geração dos violonistas flamencos, como o Vicente Amigo e o Gerardo Nuñes, e fiquei fascinado com o toque desses caras. Um tempo depois eu fiquei sabendo da bolsa de estudos Virtuose Bolsa Cultura, do Ministério da Cultura, e apresentei um projeto de misturar os

elementos do violão flamenco com a música instrumental brasileira. Eu acabei conseguindo a bolsa e fiquei dois anos e meio na Espanha subvencionado pelo governo brasileiro. Eu tive aulas com um cigano chamado El Entri, que é um cara que ensinou todas as grandes feras do flamenco. A partir daí eu entrei em um processo de me transformar em um violonista com atitude flamenca e me dediquei profundamente ao estudo da técnica do violão flamenco. Agora eu estou condensando e filtrando toda essa informação, não só nos aspectos de força e vigor, mas também na parte técnica, como o trêmolo, o picado e os arpejos, transformando tudo

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isso em música brasileira. Esses dez anos de Espanha me deram uma linguagem que eu posso usar onde eu quiser. > Como eram as aulas com o mestre cigano El Entri? Ele era um cara meio misterioso. Tinha uma pinta de filósofo ou guru e trabalhava muito com o instinto do músico. Ele olha nos olhos e sabe tirar o verdadeiro potencial da pessoa. Ele me dizia frases maravilhosas como: “Da carícia é que vem a potência”. Você saía da aula e ficava pensando durante meses! Ele queria dizer que quanto mais suave e lentamente você fizesse os exercícios, conseguiria atingir a perfeição e a potência de maneira mais eficaz. Ele era interessadíssimo em música brasileira, gostava muito do Guinga e me adotou, orgulhoso por eu escolher a escola do violão flamenco. Ele não era tão rígido, mais dizia que você tinha que estudar, no mínimo, quatro horas de técnica por dia. Depois você podia tocar mais umas três horas de repertório. O importante era ficar sempre com o violão na mão. > Como foram seus trabalhos na Espanha? Na Espanha fiz uma média de 40 shows por ano em casas de jazz, centros culturais e festivais de violão e flamenco – toquei duas vezes no Festival de Flamenco de Córdoba. Eu sempre tocava com um percussionista brasileiro chamado Rodney D’Assis. > O que faz um bom violonista flamenco na sua opinião? Eu aprendi que ele tem que começar a estudar muito cedo, deve ter talento e prédisposição à música – tem muita gente preguiçosa que toca muito e tem talento, mas não consegue manter a forma no instrumento. Por outro lado, existem pessoas que nem têm tanto talento mas possuem uma pré-disposição anímica muito grande, de estudar dez horas por dia, e daí as coisas acontecem mesmo, não tem como falhar. Também é preciso ter força, porque a técnica de flamenco é uma coisa masoquista. > O que você admira em um violonista flamenco? O flamenco é a Fórmula 1 do violão. O nível técnico dos caras é absurdo. Aqui no Brasil nós temos uma moçada mandando

muito bem no choro, mas acho que não dá para comparar, são coisas diferentes. No flamenco o cara investe muito tempo para amadurecer a técnica. Não existe uma Garota de Ipanema, ou seja, não existem standards de flamenco. Em uma reunião de flamenco, você terá 10 violonistas e o legal vai ser cada um mostrar o que acabou de compor, o que eles chamam de ‘falseta’. Na verdade, uma ‘falseta’ é um movimento musical, um trecho de um minuto, um minuto e meio. Costumo dizer que um brasileiro com dez ‘falsetas’ faz um disco e um violonista flamenco com dez ‘falsetas’ faz uma música! Então, o camarada estuda e trabalha com humildade de artesão e se transforma no compositor de sua própria obra, como se fosse um compositor erudito. Dizem que a harmonia do flamenco é pobre, comparada com a do jazz, por exemplo. Mas a informação e o nível técnico do flamenco são os mais altos do mundo.

te. A partir daí, eu passei a compor temas. Pode ser até um lamento sertanejo, que é uma coisa marásmica, para baixo, mas se você colocar o valor e a dinâmica emocional que o violão flamenco possibilita, fica legal e eu estou adorando fazer isso. Foi a porta de entrada que eu encontrei. Eu componho uma música e depois eu a ‘aflamenco’, usando os elementos que eu quiser. > Como foi a sua adaptação ao instrumento violão flamenco? Sabemos que a ação das cordas é mais baixa do que a do violão clássico.

> Como você fez para fundir o flamenco com a música brasileira? Eu encontrei um ponto de conexão com a música nordestina. Não encontrei esse ponto no samba nem no choro, mas no Nordes-

Violão J.Ramirez Flamenco

O que Zezo usa J.Ramirez Flamenco – “Ele possui captação RMC Polydrive 4” Viola Caipira Gianinni – “Ela foi feita à mão pelos melhores luthiers da Gianinni. Tem captação Fishman.” Octavino Juan Alvarez – “É um violão soprano. Como o próprio nome diz, sua afinação começa a partir do 12º traste de um violão normal.” Gianinni C-6 – “É um violão que a Gianinni fez para mim com o cavalete adaptado para o violão flamenco.” Unhas – “As unhas arredondadas nunca funcionaram para mim, eu busco trabalhar com elas mais retas. A única que eu faço é passar uma colinha japonesa na unha do polegar, porque eu trabalho bastante com ele”. Efeitos - “Uso um emulador VG88V2 da Roland.”

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Tecnica “Encontrei um ponto de conexão do flamenco com a música nordestina. Pode ser até um lamento sertanejo, mas se você colocar o valor e a dinâmica emocional do violão flamenco, fica legal e estou adorando fazer isso”.

O cavalete que o pessoal está acostumado a tocar no Brasil, do violão clássico, é muito alto. No flamenco, como toca-se muito próximo ao cavalete, ele deve ser bem baixo. A primeira coisa que eu fiz foi comprar um violão novo, com as cordas bem baixinhas. De tanto estudar para conseguir essa adaptação (cerca de 10 horas por dia), eu tive um problema chamado distonia focal, em que meu dedo médio da mão direita não respondia ao meu comando cerebral. Isso mudou a minha vida em todos os sentidos, porque eu fiquei dois anos sem trabalhar. Nesse período, eu repensei tudo o que eu estava fazendo. Não dá para achar que você vai tocar na onda dos

Discografia Solo Gandaia – solo, Nube Negra (Espanha), 1998 Flamencando – solo, Nube Negra (Espanha), 2001 Brincadeira – com Chico César, Nube Negra (Espanha), 2003 Turbilhão – com Vanessa Boraghian, Nube Megra (Espanha), 2005 Casa Verde – com Vanessa Boraghian, Nube Megra (Espanha), 2005

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caras só com força de vontade. Você tem que trabalhar aos poucos. Para mim, essa mudança de tocar próximo ao cavalete foi difícil. Hoje em dia eu toco mais leve e faço o que eu quero no violão, mas tive que passar por este processo de me machucar, ficar dois anos só fazendo ioga e meditando. > Você pensa em reativar a parceria com o guitarrista Alemão? O Alemão é um cara a quem eu devo tudo como músico. Nessa minha volta, o meu sonho era improvisar ao lado dele. Se eu conseguir acompanhar e improvisar ao lado dele, acho que poderei me considerar um bom músico. Estamos em um momento interessante porque estamos nos divertindo com alguns temas, algumas fórmulas, e ele percebe que eu adquiri essa linguagem do flamenco sem descaracterizar o meu jeito de tocar música brasileira. É uma coisa de irmão mesmo, de eu ir na casa dele nos finais de semana para assistir futebol, e até algo espiritual. Pretendo reativar o duo porque o Alemão tem muita coisa ainda para mostrar. > Queria que você falasse da sua experiência de ter tocado ao lado do Raphael

Rabello. Ele tinha um pouco de influência flameca na sua pegada. Você acha que isso acabou o influenciando? Minha convivência com ele foi de uns quatro anos, no projeto Banco do Brasil Musical. Além do Raphael, tinha o Paulinho Nogueira, o Ulisses Rocha e o Daniel Sá. Não acho que meu interesse pelo flamenco surgiu de ver o Raphael. Ele é de uma escola maravilhosa do violão brasileiro, do choro, e teve a oportunidade de conviver com o Paco de Lucia. A história dele é completamente diferente da minha. A minha forma de usar o flamenco não tem nada a ver com a do Raphael - eu não toco chorinho, não faço ‘gigs’, sou um compositor e intérprete. > Como será seu novo CD? Meu novo CD deve sair em agosto e se chamará Zezo Ribeiro Solo e Muito bem Acompanhado. São composições extremamente elaboradas, com um fio melódico brasileiro que, em determinados momentos, passam por uma ‘falseta’ flamenca em 6/8 ou 3/4 e que, em outras horas, têm uma característica totalmente jazzística, de improvisação. Neste CD, eu me volto para o violão solo. Não tem nenhuma participação especial, por isso eu fiz a brincadeira com o nome.

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Tecnicas de Flamenco Ex. 1 – Rasgueo: É um aspecto rítmico bastante utilizado no violão flamenco. Consiste em subir o polegar, descer o dedo médio e novamente descer o polegar, rapidamente. Sugiro estudar lentamente e com o metrônomo sugerindo tercinas.

Ex. 2 – Trêmolo Flamenco: Diferentemente do trêmolo do violão erudito, que tem 4 notas, o trêmolo do violão flamenco possui 5 notas, acrescentando o indica-

dor (i) antes de tocar os dedos anular (a), médio (m) e indicador (i). É importante não acentuar nenhuma nota, para que ele soe redondo e cíclico.

Ex. 3 – Arpejo Picado Apoiado: É um exercício simples e de uso funcional quando se pretende obter maior pressão de cada nota do arpejo.

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Tecnica Ex. 4 – Alzapúa: A alzapúa é uma técnica de polegar percussiva que consiste em tocar a 6ª corda para baixo, apoiar na 5ª e tocar todas as demais cordas para baixo. Depois, você deve subir com o polegar da 1ª até a 6ª. É uma técnica fundamental de violão flamenco que propicia um aparato enriquecedor de interpretação em qualquer música.

Ex. 5 – Polegar Apoiado: Ao contrário do polegar da escola de choro, o polegar do violão flamenco é fortemente integrado à exe-

cução do discurso melódico. Mesmo na subida, o polegar continua atacando para baixo e apoiando na corda de baixo.

Ex. 6 – Picado Apoiado: O picado é uma técnica que alterna os dedos i e m apoiando na corda de cima. Ele é fortemente vinculado à expressão do violonista, como caráter, velocidade e ímpeto direcionado melodicamente e sublimado a esses aspectos.

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Ex. 7 – Arpejo Pulsado: Esse é um exercício para ajudar o equilíbrio de posicionamento da mão direita. É fundamental manter o polegar apoiado na 5ª corda enquanto se executa os movimentos com os dedos a e m.

Ex. 8 e 9 – Picado Pulsado Combinado e Picado Apoiado : É um exercício de difícil execução, mas que, se trabalhado corretamente, trará excelentes resultados. Quando

se toca uma nota em cada corda, está se trabalhando fortemente a alternância dos dedos i e m, o que trará muita facilidade quando você também for tocar com esses movimen-

Ex. 10 – Arpejo : É um exercício fundamental para equilibrar os dedos p e a e centrar a mão. Os dedos serão atacados

simultaneamente e isso exigirá muita concentração para a sua execução. Toque pulsado e apoiado.

tos na mesma corda. Tocar pulsado é ‘tirar’ da corda e deixá-la soar livremente, ao contrário do apoiado, que é tocar apoiando-se na corda superior.

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Marco Pereira M Por Vinícius Gomes Colaborou: Fábio Carrilho

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Genuinamente brasileiro

arco Pereira é um dos maiores violonistas brasileiros da atualidade. Ele consegue trafegar pela música popular e erudita com maestria e fica difícil categorizá-lo dentro de algum estilo. Talvez a definição ideal seja: ele é a melhor representação do violão brasileiro. Com técnica e apresentação impecáveis, muito suingue e domínio total sobre o instrumento, Marco Pereira produziu trabalhos solo que têm encantado amantes do violão pelos quatro cantos do mundo. Recentemente, ele uniu-se ao jovem gaitista Gabriel Grossi e lançou o ótimo CD Afinidade (Biscoito Fino). Com muito entrosamento, eles presenteiam o ouvinte com um diálogo perfeito de violão e gaita em um repertório essencialmente brasileiro. Entre uma apresentação e outra da sua recente turnê solo pela Itália, Marco Pereira bateu um papo com a Violão PRO e falou sobre sua carreira, sua técnica ao violão, sua concepção músical, seus intrumentos e também sobre seu novo CD. Confira essa entevista a seguir. > Com quantos anos você começou a estudar violão? Comecei a tocar violão com 14 anos e a estudar mais seriamente com 17.

Discografia

> Como foi esse início de aprendizado? Foi anárquico. Eu toquei de ouvido durante uns três anos. Só depois é que fui aprender teoria músical. Toquei contrabaixo durante um tempo até me definir completamente com o violão. Eu estudei num conservatorio na Lapa, bairro paulistano onde morava. Meu professor de violão era também pianista e foi gracas a ele que eu fiz meu primeiro contato com a música erudita. Sempre depois das aulas de violão ele tocava um pouco de piano para mim. Foi assim que eu conheci Bach, Beethoven, Brahms e Mozart, entre outros. Naquela época, a biblioteca de música e a discoteca pública eram na Lapa, a uns 500 metros de onde eu morava. Eu não saía de lá. Ouvia música e fuçava aquelas partituras o dia inteiro. Foi muito bom para a minha formação. > Qual foi o ponto em que você percebeu que sua relação com a música era séria a ponto de fazer disso sua profissão? Acho que foi quando descobri a música clássica. Era um universo tão profundo e intenso que não dava mais para escapar dele.

Afinidade – Marco Pereira e Gabriel Grossi, Biscoito Fino, 2006 O Samba da Minha Terra – Marco Pereira, Independente, 2004 Original – Marco Pereira, GSP (EUA), 2003 Luz das Cordas – Marco Pereira e Hamilton de Hollanda, Núcleo Contemporâneo, 2000 Valsas Brasileiras – Marco Pereira, Núcleo Contemporâneo, 1999 Instrumental no CCBB - Marco Pereira e Ulisses Rocha, Tom Brasil, 1995 Dança dos Quatro Ventos - Marco Pereira, GHA (Bélgica), 1994 Brasil Musical - Marco Pereira e Ulisses Rocha, Tom Brasil, 1996 Bons Encontros - Marco Pereira e Cristóvão Bastos, Caju Music,1992 Elegia - Marco Pereira , Channel Classics (Holanda), 1990 Círculo das Cordas - Marco Pereira, Som da Gente, 1988 Violão Popular Brasileiro Contemporâneo - Marco Pereira, Som da Gente, 1985

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> Como eram os primeiros trabalhos com música? Os primeiros trabalhos foram os bailinhos de final de semana que eu fazia com um quarteto, na época tocando guitarra elétrica e cantando! Depois, com o contrabaixo, toquei na Orquestra Sinfonica Jovem de São Paulo e fazia muita ‘boate’ em trio, com

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Foto: divulgação

Domínio do instrumento e musicalidade: ponto forte de Marco Pereira

piano e bateria. Quando fui estudar violão com o Isaías Sávio, decidi parar com o resto e me dedicar somente ao violão. > Em que momento de sua carreira você começou a sentir o reconhecimento de seu trabalho por um público mais abrangente? Acho que foi com a gravação dos meus dois discos para a extinta gravadora Som da Gente, de São Paulo. O processo de lançar um disco naquela época era bem mais difícil e complicado do que é hoje em dia. O trabalho fonográfico, nos dias de hoje, tornou-se uma coisa quase vulgar. Qualquer um pode gravar o seu CD. Nos anos 80, era bem mais difícil e, quando você chegava ao disco, muitas vezes, você já estava maduro o suficiente para chegar com uma proposta sólida. > Como conheceu o Gabriel Grossi? Conheci o Gabriel pessoalmente quando ele me

convidou para participar do seu primeiro disco, chamado Diz Que Fui Por Aí. Acabei compondo uma música para ele e nos conhecemos já no estúdio, gravando em duo. > Como surgiu a idéia do CD Afinidade? A idéia do CD Afinidade nasceu desse sentimento que tive em relação a ele: nós dois juntos dávamos uma liga boa! Depois, foi só amadurecer. > Qual o critério para a escolha do repertório? Nós passamos dezenas de músicas até chegar ao repertório do disco. A escolha foi sempre pelo resultado dos arranjos, somado ao prazer que a execução dos temas nos proporcionava. > Você parece confortável com a formação de duo. Qual sua concepção de arranjo para tal formação? Por sua natureza sonora, o violão fica ‘tímido’ em grandes formações. É nas pequenas combi-

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nações - como duos ou trios - que o violão se engrandece, soando por inteiro. O violão é perfeito para se misturar com a voz humana ou com um instrumento melódico. > Por que você prefere usar microfones para apresentações ao vivo em vez de sistemas como o RMC? O sistema de amplificação do meu violão é a combinação de um Transducer Fishman com um microfone AKG414. Ela me dá mais tranquilidade no palco e é o que mantém o timbre mais puro e próximo do som acústico natural do instrumento. > Por que utilizar os violões de sete e oito cordas? Tenho usado bastante o violão de oito cordas. O meu sete-cordas é um violão requinto (esse instrumento está gravado no CD da Luciana Souza chamado Brazilian Duos II). Pra mim, esses dois instrumentos devem ser utilizados nessas pequenas formações, como duos ou trios. Eles são perfeitos para isso. Nas apresentações solo, uso sempre o de seis cordas.

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Foto: Roberto Cifarelli

“Gosto de ouvir de tudo. Não tenho muitas restrições, desde que a música tenha qualidade. Pode ser desde uma manifestação folclórica bem rústica até um jazz superelaborado, uma ópera ou até mesmo um hip-hop. Gosto de digerir essa confusão toda. Ultimamente ando bastante fascinado pelo universo sinfônico em especial.” > Como é a afinação do violão de oito? O oito cordas é um violão normal de seis, com mais dois baixos: Si e Fá#. > Como você se adaptou a esse instrumento? Quando pedi ao Sugiyama que fizesse esse instrumento para mim, a idéia era ampliar a tessitura do violão normal e chegar mais perto do piano. Sempre achei que os violonistas são, de certa forma, pianistas frustrados. O piano é um instrumento muito poderoso quando o raciocínio é mais orquestral e o violão, às vezes, torna-se uma verdadeira camisa de força. No início eu usava uma corda mais aguda e uma mais grave (um Lá e um Si). Com o tempo, acabei optando pelos dois baixos. > O que você ouve hoje? Gosto de ouvir de tudo. Não tenho muitas restrições, desde que a música tenha qualidade. Pode ser desde uma manifestação folclórica bem rústica até um jazz superelaborado, uma ópera ou até mesmo um hip-hop. Gosto de digerir essa

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Foto: Emir Penna

confusão toda. Ultimamente ando bastante fascinado pelo universo sinfônico em especial. > Quais são suas principais influências? No violão acredito serem duas, muito fortes: Baden Powell e Cacho Tirao. Na música em geral, são centenas... > O que você está estudando agora? Agora eu estou bastante envolvido com o processo de finalização do meu novo CD: Camerístico. Basicamente, é um trabalho de violão e orquestra. No repertório há composições minhas e também alguns arranjos. É um trabalho independente e já está me dando muito orgulho em vê-lo ficar pronto. > Uma vez eu vi algumas declarações suas sobre a utilização de ‘slaps’ no violão. Você pode falar um pouco sobre esta técnica? Acho que fui o primeiro a fazer isso. A idéia de usar o ‘slap’ no violão nasceu com a composição de um tema para violão solo chamado Num Pagode em Planaltina. Eu comecei a desenvolver o tema no violão e, de repente, me vi ‘estalando’ as cordas contra o braço do instrumento. Nesse processo, acabei fazendo um furo no tampo. > Como você vê o mercado para violonistas no Brasil? Acho que sempre há lugar para quem tem talento, disciplina e determinação. O violão é um instrumento apreciado no mundo todo e fica ainda mais atrativo com o tempero brasileiro. > E o mercado editorial direcionado à música no Brasil? Sempre fui muito desleixado com relação à música escrita. De uns tempos para cá, tenho estado mais atento a isso. Não posso dizer muito sobre o mercado brasileiro porque praticamente não tenho nada editado aqui. Minhas músicas têm saido pela GSP (Guitar Solo Publications, editora norte-americana) e pela Éditions Lémoine (editora francesa). > Qual a importância da formação acadêmica? Acredito que, atualmente, a formação acadêmica não é necessária ou importante. Pode parecer escontinua na página 73

“Quando a gente está começando, a música tem que ser uma grande brincadeira! Só alegria! Se for diferente, tem alguma coisa errada.”

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Os violoes de Marco Pereira Violão Walter Vogt 1975 “Walter Vogt é um luthier alemão já falecido que morava em Horb am Neckar (perto de Stuttgart, na entrada da Floresta Negra). Esse violão tem uma história. O Vogt havia feito um primeiro violão para mim, que eu havia encomendado ainda do Brasil. Esse instrumento tinha um problema raro e misterioso: apesar de ser um instrumento muito sonoro, rico em harmônicos, as notas tocadas na quinta e na sexta cordas, depois do sétimo traste, tinham o som opaco e reduzido à metade! Eu fiquei desesperado com aquela situação porque, afinal, tinha juntado todas as minhas parcas economias no Brasil para poder comprar aquele violão. O Vogt foi muito gente boa comigo e, depois de constatar o problema, ele me disse: ‘Olha, eu tenho uma encomenda de um violonista amador aqui da Floresta Negra que nunca toca além da quinta casa. Ele vai ficar feliz com esse instrumento. Para você eu vou fazer um novo’. A gente foi ficando amigo e eu fiquei hospedado na casa dele por mais de um mês, acompanhando a fabricação do meu instrumento. Ele escolheu as melhores madeiras que ele tinha e fez o violão no maior capricho”.

Sugiyama de Oito Cordas “Esse violão encomendei ao Sugiyama para ter uma corda aguda e uma grave a mais em relação ao violão de seis cordas. Era uma tentativa de ampliar a tessitura do instrumento. Com o tempo fui percebendo que o instrumento funcionava melhor com dois baixos. Tentei várias afinações até que o meu amigo, o produtor Swami Jr., sugeriu manter a afinação na lógica das quartas, o que daria um Si na sétima corda e um Fá# na oitava. Esse Fá# é uma nota estranha para se ‘afinar’ um instrumento, mas foi incrível como funcionou bem e é assim que eu tenho mantido a afinação”.

Fotos dos violões: Marta Metzler

Sugiyama Requinto de Sete Cordas “Esse é um instumento raro. Tinha pedido ao Sugiyama que fizesse um requinto para mim (o requinto é, normalmente, um violão menor afinado uma quarta acima do violão normal). Ele acabou por fazer um de sete, o que deu um resultado inusitado: o violão tem o timbre do requinto mas tem um grave que pode ser mais grave do que o do violão de seis cordas. Uso pouco esse instrumento, mas sua sonoridade pode ser ouvida no disco Luz das Cordas, no solo melódico do meio da faixa Brasileiro, ou no disco Brazilian Duos II, da cantora Luciana Souza.

Acima, violão Frameworks sete cordas. à dir., Sugiwama de oito cordas

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Frameworks de Sete Cordas “Esse é um violão muito prático feito por um luthier alemão chamado Frank Krooker. O Frank era luthier de violões acústicos antes de inventar o Frameworks e por esse motivo o braço é feito para violonistas e não para guitarristas. A vantagem desse instrumento é que ele jamais dá microfonia, que é tão comum para o violão acustico amplificado”.

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continuação da página 71

tranho, já que sou professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas o abandono em que se encontram as universidades no Brasil me faz dizer isso. Os recursos tecnológicos que as universidades oferecem estão muito aquém da necessidade real dos alunos e o conteúdo programático no ensino de música carece muito de modernização. > Estudar no Brasil ou fora do país? Acho que, se possível, os dois. > Qual o papel da música erudita na sua formação? Acho que a música erudita é fundamental para a formação de um músico, que precisa conhecer profundamente os grandes compositores europeus (Bach, Mozart, Beethoven, Brahms, Wagner, Mahler, Strauss, Boulez e Varèse, entre outros) como também todos os que fizeram as histórias do jazz e da música brasileira.

Foto: Emir Penna

> Você tem conselhos para os novos violonistas? Quando a gente está começando, a música tem que ser uma grande brincadeira! Só alegria! Se for diferente, tem alguma coisa errada.

Saiba mais • Marco Pereira é natural de São Paulo; • Fez fez seus estudos de violão sob a orientação do mestre uruguaio Isaías Sávio no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo; • Viveu na França por cinco anos, onde recebeu o título de mestre em violão pela Université Musicale Internationale de Paris e defendeu tese sobre a música de Heitor Villa-Lobos no Departamento de Musicologia da Universidade de Paris-Sorbonne; • Em Paris, recebeu forte influência jazzística e também de música latino-americana, o que caracteriza, especialmente, o seu trabalho de composição. • Na Espanha, obteve dois prêmios em importantes concursos internacionais: Concurso Andrés Segóvia (Palma de Mallorca) e Concurso Francisco Tárrega (Valência). • Participou da criação do curso superior de Violão e de Harmonia Funcional da UnB (Universidade de Brasília),

• A partir de 1990, passou a morar no Rio de Janeiro; • Participou, em quatro oportunidades diferentes, do Free Jazz Festival: com o Trio D’Alma, em 1989; com seu trabalho solo, em 1991; com Wagner Tiso, em 1992; e com Edu Lobo, em 1996; • Gravou com grandes nomes da MPB, como Zélia Duncan, Edu Lobo, Cássia Eller, Tom Jobim, Gilberto Gil, Gal Costa, Wagner Tiso, Daniela Mercury, Zizi Possi, Rildo Hora, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Leila Pinheiro, Zé Renato, Fátima Guedes e Nélson Gonçalves, entre outros. • Recebeu, em 1994, o Prêmio Sharp (categoria instrumental) de Melhor Solista e de Melhor Disco Instrumental do ano, pelo CD Bons Encontros; • Atualmente é professor adjunto no Departamento de Composição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); • Suas composições foram editadas pela editora francesa Lémoine e pela americana GSP (Guitar Solo Publications).

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Testes

Michael VM32 Uma boa opcao para iniciantes

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ão é fácil se tornar um bom músico. Dedicação nos estudos e investimento financeiro em aulas, livros e métodos fazem parte da vida do aspirante a violonista. Talvez, a tarefa de escolher um bom instrumento com preço adequado ao bolso seja a mais delicada e determinante para a continuidade dos estudos. O mercado brasileiro possui uma infinidade de produtos destinados a iniciantes. Desde os chineses, que chegaram no final dos anos 90, até os clássicos modelos ‘estudante’ fabricados pelas marcas tradicionais brasileiras. O instrumento testado foi um Michael, modelo VM32, de cordas de náilon. Sua principal qualidade é o preço,

Ficha Tecnica Modelo: VM32

Fabricante: Michael Instr. Musicais Indicado: Iniciantes, estudantes de música e/ou violonistas amadores Pró: Oferece boa tocabilidade e um excelente preço Contra: Sonoridade sem muito volume Preço sugerido: R$ 260,00

bastante competitivo, e o seu bom acabamento, comparado a outros instrumentos da mesma faixa de preço. Esse Michael possui uma pintura preta brilhante com acabamento lateral filetado. O tampo é de spruce laminado (madeira leve com veio ‘apertado’, muito escolhida para a confecção de tampos por vibrar como um cone de alto-falante, quando bem cortada) e a faixa e o fundo laminado é de linden (tília ou pinho flandres, madeira clara que propaga o som de forma rápida e contínua). A escala é de rosewood, madeira porosa e densa de coloração marrom-terra que oferece, além de boa tocabilidade e resistência, um timbre aveludado e um visual bonito. O seu braço – com tensor - é bem macio, qualidade importantíssima para um instrumento destinado a iniciantes. A sonoridade é boa, sem impressionar. O instrumento não possui muito volume, mas agrada um leigo, sem esforço, em apresentações para um grupo de

Por Miguel De Laet amigos na praia, no churrasco ou numa roda de chimarrão. Como o tampo não é maciço, não se pode exigir muito de sua sonoridade, mas o violão possui um timbre com muito brilho. Para estudantes de violão erudito, pode ser uma alternativa quando ainda não se tem condições de se investir em um instrumento melhor. Como o som embola um pouco, esse modelo é mais indicado para violonistas amadores e/ou estudantes de música popular. A sua tocabilidade é muito boa e as cordas com ação baixa podem agradar desde aqueles que nunca tocaram ao mais exigente violonista, com a vantagem de manter a afinação – o que costuma ser difícil em modelos populares. O tensor no braço também transmite segurança para o comprador que se preocupa com a regulagem. Para aqueles que adoram a idéia de tocar com o instrumento plugado, nada impede a instalação de um circuito de captação passivo ou ativo, mesmo o Michael sendo um modelo acústico. Uma bela capa com o logo Michael bordado acompanha o violão.

Garantia: 3 meses As notas dos testes são compatíveis com instrumentos da mesma categoria e faixa de preço Sonoridade ........... Desempenho ........ Acabamento .......... Extras.................... Custo-benefício ....

6,5 7,5 8,0 8,0 8,0

Procure este selo Ele é a garantia de que o produto foi testado pelos mais competentes profissionais do mercado.

Tire sua dúvida com o fornecedor: Michael - www.michael.com.br e-mail: marketing@michael.com.br * Preço sugerido é o valor indicado pelo fornecedor ao varejo, podendo ou não ser seguido pelos lojistas

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Foto: divulgação

Quer falar com o autor da matéria? Miguel De Laet: migueldelaet@msn.com

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Captador Malagoli Sound 2D A captacao para quem comeca

Por Cristiano Petagna

T

Fotos: divulgação

odo o estudante de violão, principalmente o iniciante, tem vontade de sentir o som de seu instrumento emitido por um amplificador. Porém, os violões eletroacústicos estão em uma faixa de preço mais alta e nem sempre se deseja, logo de início, fazer um investimento dessa ordem. A opção mais em conta é comprar o captador separadamente. Existe uma grande variedade de modelos, como os captadores de contato, de rastilho, passivos, ativos com pré-amplificador, equalizador gráfico e MIDI. Os preços também variam muito de acordo com os recursos e a qualidade do som. A Sound é uma marca da empresa paulista Malagoli. Tradicional no segmento, durante muitos anos a fábrica atuou com produtos de classificação econômica. No final de 2004 surgiu a idéia de tornar a qualidade dos produtos, digamos, ‘mais avançada’. E o processo foi feito. Atualmente a empresa produz captadores de guitarra para iniciantes e profissionais. Conversamos com Érico Malagoli,

Ficha Tecnica Modelo: 2D

Procure este selo. Ele é a garantia de que o produto foi testado pelos mais competentes profissionais do mercado.

Fabricante: Malagoli Indicado: Violonistas iniciantes Pró: Fácil de instalar Contra: Timbre muito agudo Preço sugerido: R$ 23,00 Garantia: 3 meses As notas dos testes são compatíveis com instrumentos da mesma categoria e faixa de preço

diretor da empresa, para que ele enviasse um modelo popular nomeado de 2D. O 2D é um captador básico, de contato, que tem por objetivo iniciar o músico no mundo eletrificado. O modelo testado é um captador piezo de contato, passivo, que vem com um fio de 3 metros. A vantagem é a facilidade de instalação. É só retirar a fita adesiva e grudar o captador na posição que o fabricante indica. Este tipo de captador tem um bom equilíbrio de intensidade, porque ele cap-

ta a vibração do tampo, diferentemente do captador de rastilho, que capta a vibração de cada corda. O timbre é predominantemente médio/agudo e, para manter uma sonoridade mais próxima da real do instrumento, é preciso equalizá-lo na mesa ou amplificador, adicionando graves e tirando médios e agudos. A resposta é imediata e tem uma boa definição das notas, mesmo nos acordes. Tem uma boa relação custo-benefício e é indicado como experiência inicial.

Timbre .................. Qualidade do som . Definição .............. Desempenho ........ Custo-benefício .... Quer falar com o autor da matéria? Cristiano Petagna: cpetagna@gmail.com Tire sua dúvida com o fornecedor: Malagoli - www.malagoli.com.br e-mail: erico@malagoli.com.br

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Testes

D’Addario Pro Arte Bons timbres e instensidade sonora

N

ão é novidade para ninguém a competência e o sucesso dos encordoamentos da marca D’Addario, que possui uma variedade imensa de modelos para instrumentos desde o ukelele até o contrabaixo. A escolha do tipo de encordoamento é muito pessoal, variando de

acordo com as necessidades e características de cada instrumentista. Por exemplo, se o músico é erudito ou popular, se o instrumento possui captação ou não e se ele será usado para gravações, shows ou apenas para estudo. Por esse motivo, é muito importante pesquisar a maior variedade possível de encordoamentos, pois só assim você encontrará a melhor opção para o seu estilo. Testei o encordoamento de náilon D’Addario Pro Arté, tensões média e alta, com os seguintes diâmetros, em milímetros: Tensão média - 0.711 (1.E), 0.818 (2.B), 1.024 (3G), 0.74 (4D), 0.89 (5.A) e 1.09 (6.E). Tensão alta - 0.724 (1.E), 0.831 (2.B), 1.041 (3G), 0.76 (4D), 0.91 (5.A) e 1.12 (6.E).

Ficha Tecnica

Modelo: Pro Arté Tensão Média Fabricante: D’Addario Pró: equilíbrio Contra: não encontrei Preço sugerido: R$ 35,00 Garantia: 3 meses As notas dos testes são compatíveis com instrumentos da mesma categoria e faixa de preço Timbre .................. Brilho ................... Sustentação .......... Qualidade do som . Volume ................. Definição .............. Durabilidade ......... Custo-benefício ....

9,0 9,0 9,5 9,5 9,0 9,0 9,0 8,0

Tire sua dúvida com o fornecedor: D’Addario - www.daddario.com.br e-mail: marketing@musical-express.com.br * Preço sugerido é o valor indicado pelo fornecedor ao varejo, podendo ou não ser seguido pelos lojistas

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Por Cristiano Petagna

O encordoamento de tensão média me agradou bastante, principalmente no quesito equilíbrio. O timbre e a intensidade se mantiveram homogêneos em todas as cordas. Outro ponto positivo é a sustentação do som, que favorece também a execução de ligados. O timbre é firme e com boa projeção de harmônicos, obviamente dentro dos limites de um encordoamento de tensão média. De um modo geral, não encontrei pontos negativos nesse produto, que considero uma ótima opção de compra. O encordoamento de tensão alta também correspondeu às minhas expectativas. Possui ótimo volume sonoro, digno de uma corda de alta tensão, e um brilho especial nos agudos. Apenas a terceira corda (Sol) é um pouco menos brilhante do que as demais. Entretanto, isso não altera o equilíbrio da intensidade sonora. A sustentação também é um de seus pontos fortes, o que beneficia a interpretação das músicas, dando maior segurança. Os bordões são potentes, bem definidos e plenos em harmônicos, proporcionando boas variações timbrísticas. Os dois encordoamentos têm uma boa relação custo-benefício e, na minha opinião, para quem nunca experimentou, vale a pena fazer o teste.

Procure este selo Ele é a garantia de que o produto foi testado pelos mais competentes profissionais do mercado.

Ficha Tecnica

Modelo: Pro Arté Tensão Alta Fabricante: D’Addario Pró: volume sonoro Contra: terceira corda levemente menos brilhante do que as demais Preço sugerido: R$ 35,00 Garantia: 3 meses As notas dos testes são compatíveis com instrumentos da mesma categoria e faixa de preço Timbre .................. Brilho ................... Sustentação .......... Qualidade do som . Volume ................. Definição .............. Durabilidade ......... Custo-benefício ....

9,0 8,5 9,0 9,0 9,5 9,0 9,0 8,5

Quer falar com o autor da matéria? Cristiano Petagna: cpetagna@gmail.com Tire sua dúvida com o fornecedor: Giannini - www.giannini.com.br e-mail: marketing@giannini.com.br * Preço sugerido é o valor indicado pelo fornecedor ao varejo, podendo ou não ser seguido pelos lojistas

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Fox V3 Classico Havana Macico excelente para palco

O

Fox V3 Clássico Havana é um violão de cordas de náilon e corpo maciço. Seu tampo é feito em amapá laminado e o seu braço e sua escala são de cedro. A sua ponte é de uma madeira chamada braúna. Ele vem equipado com um captador fabricado pela Shadow, modelo P3B, que tem regulagens de grave, agudo e volume e um botão de fase. Esse sistema de captação tem um bom timbre, mas o equilíbrio de volume entre as cordas não é perfeito. Neste violão que analisamos, a primeira corda apresentou seu volume um pouco mais baixo em relação às demais. Conhecendo já há algum tempo o sistema de captação da Shadow, eu acredito que o desnível de volume desse violão pode ser resolvido com uma regulagem do captador, que pode estar fora de posição e gerando

essa diferença de volume entre a corda Mi e as demais. É um instrumento bonito, com acabamento simples e bem feito. Pelo fato de ser maciço, é excelente para performances ao vivo. Como ele não tem caixa de ressonância, você não corre o risco de ‘feedbacks’, que é algo comum nos violões tradicionais. Outra característica desse instrumento é que ele vem com tensor, que ajuda muito numa regulagem de braço. O V3 possui boa relação custobenefício entre os violões da mesma categoria. Experimentei o violão em duas circunstâncias diferentes: tocando ao vivo (ligado diretamente na mesa e em um amplificador) e estudando em casa. No palco, ele é confortável e

Por Rudy Arnaut

responde melhor quando ligado em linha (direto em uma mesa de som), apesar de ser um pouco pesado para tocar em pé, devido ao seu corpo, que é maciço. Estudando em casa, consegui notar melhor o seu timbre, que é muito bom. Nesse caso, o peso do instrumento não faz muita diferença porque, normalmente as pessoas estudam sentadas. É importante observar que a sua anatomia é ótima, tanto quando tocamos com ele em pé ou sentados. O Fox V3 é um bom instrumento. Minha única dica é, ao adquirir qualquer instrumento, leve-o diretamente a um luthier para regular o braço e a captação, caso ele apresente desnível de volume entre as cordas. Se essa diferença persistir, o defeito pode ser da própria captação, algo difícil de ocorrer com os captadores da Shadow.

Ficha Tecnica

Modelo: V3 Clássico Havana Fabricante: Fox Pró: bom custo-benefício Contra: desequilíbrio de volume entre a primeira corda e as demais Preço sugerido: R$ 689,00 Garantia: 3 meses As notas dos testes são compatíveis com instrumentos da mesma categoria e faixa de preço

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Captador ............... Desempenho ........ Definição do som .. Acabamento .......... Custo-benefício ....

7,0 8,0 8,0 8,0 8,0

Quer falar com o autor da matéria? Rudy Arnaut: rudyarnaut@gmail.com Tire sua dúvida com o fornecedor: Fox Guitars - www.foxguitars.com.br e-mail: leo@foxguitars.com.br * Preço sugerido é o valor indicado pelo fornecedor ao varejo, podendo ou não ser seguido pelos lojistas

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Testes

Na Estrada

Para fazer a seção Teste na Estrada, a Violão PRO optou por publicar análises de músicos que vivem e trabalham diariamente com o instrumento aqui mostrado. Analise seu violão e envie para nós. Se sua análise for publicada, você ganha uma assinatura trimestral da Violão PRO. Os critérios para publicação serão: qualidade das informações, clareza da análise e senso crítico.

LUTHIER SARAIVA Nº 39

U

m amigo meu viu este violão em uma loja de instrumentos e, como eu estava precisando de um, ele me deu o toque. Para o meu espanto, o seu valor estava muito abaixo do esperado e, por se tratar de um violão de luthier, comprei logo, mesmo sem testá-lo direito. Compensou muito, porque ele é um violão com um ótimo acabamento (comprei usado, é de 1992) e é muito bonito. O que mais me chamou a atenção foi o seu ‘headstock’ (no detalhe). Ele não possui captadores e o seu som, levemente adocicado, é bastante equilibrado e bem indicado para música popular. O ponto fraco é o seu volume, um pouco baixo, e a sua pouca projeção sonora. No entanto, é um violão muito versátil e com um som bem maduro. A única adaptação que eu faria nele seria colocar um captador. Meu professor falou que eu tive muita sorte: ele é ótimo para estudar e posso fazer apresentações sem problemas. Marca: Luthier Saraiva Modelo: Nº 39, ano 1992 Músico: André Luiz Manzo andremanzo@gmail.com Informações: Luthier Saraiva (11) 3916.6573 / 38323687

DI GIORGIO SIGNORINA 16

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Marca: Di Giorgio Modelo: Signorina 16 Músico: Marcelo Kurchal marcelokurchal@yahoo.com.br Informações: www.digiorgio.com.br e-mail: vera@digiorgio.com.br

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sse violão era de um tio meu e ficou encostado por muitos anos. Ele é da década de 1960 e eu passei a usá-lo quando comecei a estudar violão. Ele é um pouco menor e tem o tampo em pinho e as laterais e o fundo laminado em jacarandá. Sua escala é de jacarandá paulista e o seu braço é em cedro. Por ter um tamanho um pouco menor, é muito confortável de se tocar. A ação dele, depois de 40 anos de estrada, acabou assentando - está baixinha e gostosa de tocar. Hoje eu utilizo encordoamentos de tensão alta para conseguir uma sonoridade mais pesada, por ele ser um violão menor e ter menos volume, e também para não trastejar. Visualmente, ele já passou por algumas reformas – olhando, parece um instrumento novo. Hoje eu o utilizo para gravações. Uma vez eu estava gravando e peguei um violão artesanal de outro luthier bem famoso. Depois de dois takes, percebi que meu violão tinha uma sonoridade mais legal do que aquele do luthier e o técnico de gravação confirmou isso. Coloquei uma captação MG para palco e o utilizo com meu trio de violões Cordame. Em uma das reformas, coloquei tarraxas Schaller, que garantem uma boa afinação.

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Choro

Euclides Marques & Luizinho 7 Cordas Remexendo o violão brasileiro Por Cristiano Petagna

Apontados por muitos como sucessores de Raphael Rabello e Dino 7 Cordas, Euclides Marques e Luizinho 7 Cordas acabam de lançar pela gravadora Kuarup o ótimo CD Remexendo, em que recriam obras-primas de Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Radamés Gnattali, Tom Jobim e de mestres do violão brasileiro, como Canhoto, Dilermando Reis, Garoto e Baden Powell. Nesta entrevista exclusiva para Violã l o PRO, a dupla fala de suas carreiras, o choro, o violão e, claro, sobre o disco novo.

> Violão PRO - Como vocês começaram a tocar? Euclides - Quando eu tinha uns 4 anos de idade, ganhei de meu avô de Natal uma sanfoninha de oito baixos. Como eu tinha facilidade de tirar melodias e os acordes básicos da sanfona, meu pai, que também toca, foi me dando outras sanfonas até meus 9 anos, quando passei para o violão. Comecei a fazer aulas com alguns professores da região de Penápolis (SP), minha cidade natal. Mas, antes

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disso, eu também já tocava cavaquinho e acompanhava meu pai no pandeiro. Cantava com ele todo aquele repertório regional, caipira mesmo. Depois eu comecei a tocar choro e música popular. Lembro de quando aprendi a tocar Tardes em Itapuã e O bêbado e o equilibrista. Fiquei fascinado por aquelas harmonias, para mim então bem diferentes. > E você, Luizinho? Luizinho – Nasci em Marília (SP), mas fui

criado em Santos (SP). Meu pai era chorão e eu tive contato, desde muito cedo, com vários músicos também amadores. Sempre assistia aos ensaios de chorões e seresteiros em minha casa. Meu pai resolveu me ensinar cavaquinho e violão, uns acordes simples, sem muita teoria, pois naquela época era aquela história de primeira de Dó, segunda de Ré, preparação para a terceira... A gente chegava com o instrumento numa roda e o solista falava: ‘Fá maior’ e pronto, se vira! Ou nem fala-

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va nada, já saía tocando e, muitas vezes, querendo derrubar o acompanhante. Com 10 anos, tive aulas de violão erudito com o Carvalinho, meu primeiro professor, com quem estudei quatro anos. Adorava as músicas que tocavam em casa e, quando ouvi pela primeira vez o sete-cordas do grande Maurício Moura, que acompanhava todos os grandes cantores que se apresentavam em Santos, peguei umas dicas com ele e comecei a estudar esse instrumento. > Como vocês se conheceram? Euclides – Em Campinas (SP), eu tocava nos bares com o Adriano, filho do Luizinho, que toca bandolim muito bem. Numa noite apareceu o Luizinho para assistir e até deu uma canja. Eu fiquei encantado de vê-lo ao vivo, pois só o conhecia pela televisão. Foi aí que arrumei um sete-cordas e comecei a praticar. Até então eu só tocava o violão de seis. Ao mudar

para São Paulo, logo procurei o Luizinho para fazer aulas. Cheguei a sua casa na hora marcada, encontrei um violãozinho velhinho (acho que Del Vecchio) e comecei a solar alguns choros. Então o Luizinho chegou e ficou me acompanhando. Passou-se uma hora de som e, ao final, o Luizinho me convidou para tocar com ele num show que já estava marcado para a semana seguinte. A partir daí começamos a tocar juntos e as aulas, na verdade, nunca aconteceram. Mas cada show nosso não deixa de ser uma aula pra mim... > Como surgiu a idéia de gravar um CD em dupla? Euclides - Logo que começamos a tocar, nos apresentamos num bar aqui em São Paulo, onde a Beth Carvalho nos ouviu. Ela ficou deslumbrada com o duo e nos convidou para fazer uma participação especial num show dela com o Martinho da Vila,

“Este é primeiro disco que leva o nome do Luizinho na capa, depois de centenas de participações em discos dos maiores nomes da nossa música.” — Euclides Marques

que aconteceria na noite seguinte. A partir daí, o duo começou a ficar mais conhecido, culminando com a nossa classificação no Prêmio Visa – Edição Instrumental, em 2004, entre mais de 500 concorrentes. O registro do nosso trabalho em disco passou a ser decorrência natural de tudo isso. > Como foram criados os arranjos? Euclides - Sempre penso em um arranjo para o meu violão que seja auto-suficiente, ou seja, que soe bem com ou sem o acompanhamento. Isso já deixa o Luizinho mais à vontade para poder improvisar as baixarias, pois a harmonia já vem com o solo. O nosso duo se diferencia tanto do formato tradicional clássico, de timbragem camerística, quanto daqueles mais calcados na improvisação jazzística. O que temos é, basicamente, um violão de seis cordas, de náilon, solista, e outro de sete, com cordas de aço tocadas com dedeira, acompanhante. É o que chamo de duo de violões tipicamente brasileiro. Nos arranjos que assino no disco, escrevo introduções, finais, harmonias, formas e convenções. O resto é por conta do Luizinho, que improvisa as baixarias, aberturas de acordes e divisões rítmicas dele, na linguagem do samba e do choro. Aliás, quem sou eu pra dizer a ele como fazer isso! > Luizinho, fale da sua experiência como um dos pioneiros em levar o samba e o choro para o Japão. Luizinho - Fui ao Japão com o Evandro do Bandolim pela primeira vez em 1992, indicado pelo Dino 7 Cordas, depois voltei mais três vezes, até 1997. Fazíamos grandes temporadas de mais de um mês, com shows todos os dias e, nos intervalos, sempre dava umas dicas para eles sobre como tocar o sete-cordas. Gravei por lá vários discos com o próprio Evandro, com o Deo Rian, o Nelson Sargento e a Vilma de Oliveira. Também participei do Festival Internacional de Violão, no Palácio da Guitarra, ao lado do Astor Piazzolla, do Leo Brouwer, do Paco de Lucia e do Eduardo Falú, entre outros. Ensinamos ótimos músicos japoneses a tocar música brasileira e hoje eles

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C Choro são os grandes chorões de lá, como o Mitsuru do cavaquinho, o Tachima do violão e o Kuriyama do pandeiro. Continuo a receber, todos os anos, alunos japoneses que vem ao Brasil e ficam por aqui vários meses tendo aulas comigo. Principalmente na época do Carnaval. > Luizinho, conte alguma história curiosa de suas turnês com quem você já trabalhou.

Luizinho - Teve uma história engraçada com o Waldir Azevedo, na época em que eu tocava em um show com os Demônios da Garoa, o Altamiro Carrilho e ele, no início dos anos 80. Nós viajávamos pelo Brasil inteiro, todo fim-de-semana e, nos hotéis, eram sempre duas ou mais pessoas no mesmo quarto. Só o Waldir nunca dividia o quarto com ninguém. Uma vez o Waldir teve de dividir o quarto e falou que podia ser comigo. De noi-

te, depois de ensaiarmos o dia todo, eu me deitei supercansado e me aparece, de repente, um sujeito careca no quarto. Eu perguntei, meio assustado: — Pois não, o senhor deseja falar com alguém, com o Waldir? E ele: — Luizinho, eu sou o Waldir! Acabei pedindo desculpas, porque eu não tinha reparado que ele usava peruca! O Waldir, supervaidoso, demonstrou essa confiança em relação a mim. > E essa história meio polêmica de que o Dino 7 Cordas o elegeu como sucessor, é verdade? Luizinho - Uma vez, um grande amigo, o Ernesto Aun, me ligou emocionado dizendo que tinha acabado de ouvir no rádio uma entrevista com Dino, na qual ele tinha me considerado o seu sucessor. Depois, em uma das apresentações do conjunto Época de Ouro aqui no Sesc Pompéia, o Ernesto, que também estava conosco, me disse que ia falar com o Dino sobre aquilo. Aí eu disse: — Não, não faça isso! Mas, contra a minha vontade, ele acabou perguntando na frente do grupo todo. E o Dino confirmou o que havia dito antes. Eu fiquei muito sem jeito, contente por dentro, mas percebendo a cara de irritação dos outros violonistas! (Risos)

“Tenho um ‘acervo’ de mais de mil partituras, com arranjos meus para sete-cordas de choro e samba, que já circulam por décadas por todo o Brasil e até no exterior. Costumam dizer que minha caligrafia musical é mais conhecida que eu mesmo!” — Luizinho 7 Cordas

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> Como você conheceu o Raphael Rabello? Luizinho - Conheci o Raphael no Festival de Choro de 1977, da TV Bandeirantes. Ele devia ter uns 14 ou 15 anos e veio tocar, acho que com o Copinha e a Luciana Rabello. Quando eu cheguei ao teatro, percebi que havia um garoto, com um violão na mão, que ficava me olhando. Perguntei aos meus amigos quem era, e disseram que era o Raphael Rabello, sobre quem eu já tinha ouvido falar. Fui lá conversar com ele e ele disse que era meu fã, que gostava do meu jeito de tocar e tudo mais. Daí pra frente foi uma grande amizade e eu pude acompanhar o Raphael se tornando o mito que foi. Sempre que vinha a São Paulo ele me procurava. Uma vez me telefonou da Paraíba dizendo que eu tinha acabado de

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O que Luizinho usa Violões: Do Souto, Manoel Andrade e João Batista. Cordas: Pyramid Gold de aço, da terceira à sexta, e na sétima corda usa a quar ta corda (Dó) do violoncelo, da mesma marca. Captação: Fishman Prefix Premium Blend.

O que Euclides usa Violões: João Batista com captação Fishman - Acustic Blend; Antonio Tessarin de Sete Cordas com captação RMC. Cordas: Hannabach.

‘salvar a vida’ dele. Estava ensaiando com o Canhoto da Paraíba aquelas suas músicas com harmonias complicadas, quase se matando para aprender aquilo tudo, quando de repente o Canhoto lembrou das partituras que eu havia escrito, harmonizando todo aquele repertório dele. Aí o Raphael ficou feliz da vida, deitou e rolou em cima das minhas partituras! > Euclides, qual a importância para você de gravar com o Luizinho? Euclides - Para mim, foi e está sendo uma das experiências mais intensas da minha vida. Ao mesmo tempo é uma grande responsabilidade, pois este também é um CD comemorativo dos 60 anos do Luizinho e 40 de carreira. O primeiro que leva o nome dele na capa, depois de centenas de participações em discos dos maiores nomes da nossa música! Tenho plena consciência que neste disco ele está

deixando um legado para a posteridade, uma verdadeira escola do sete-cordas, um ‘tratado’ sobre esse nosso instrumento, do qual ele é um mestre maior. > Luizinho, você tem algum material editado? Luizinho – Tenho um ‘acervo’ de mais de mil partituras, com arranjos meus para setecordas de choro e samba, que já circulam por décadas por todo o Brasil e até exterior. Costumam dizer que minha caligrafia musical é mais conhecida que eu mesmo! Mas ainda não editei nada comercialmente. > Quais dicas você daria para quem quer começar a tocar choro? Luizinho - Em primeiro lugar, gostar muito de choro. Segundo, procurar um professor adequado, que seja chorão. E terceiro, freqüentar o meio musical, ir a lugares onde o choro acontece, para ouvir e tocar.

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L Luthier

Antônio Tessarin é um luthier que prima pelo que faz. E faz bem. Por Fábio Carrilho

interessante notar como, desde muito cedo, algumas pessoas já dão indícios das carreiras que irão seguir na vida adulta. Em brincadeiras ou passatempos, surge o gosto por certas atividades e habilidades e o caminho para transformá-las na sua atividade principal no futuro acaba sendo definido de maneira bem natural. Com os músicos é assim. O paulistano Antonio Tessarin, um dos principais luthiers brasileiros da atualidade, também se encaixa nesse perfil. Fã da obra de Bach e de Segóvia, desde criança ele produzia com muita habilidade objetos e esculturas em madeira e metal. Mas não vamos falar disso agora. Vamos deixar que o próprio Tessarin conte a Violã l o PRO a história da sua carreira e de seus violões e dê algumas dicas importantes para violonistas. 42 ViolaoPro 4.indd 42

Fotos: Cesar Tessarin

É

> Violão PRO - Como surgiu o seu interesse em fabricar violões? Antonio Tessarin - Eu mexia com madeiras como hobby e gostava muito. Antes disso eu trabalhava com metal e também estudei desenho publicitário. Virei os olhos para o violão porque, em casa, meu pai e meu irmão são violonistas. O meu irmão era aluno do Henrique Pinto e pediu para ele me indicar algum construtor, já que ele conhecia vários. Ele acabou indicando o Laurentino Pollis para me dar aulas de lutheria. Ele tinha sido um dos grandes luthiers da Giannini, fazia os violões ‘top’ de linha deles. Isso foi em 1986. Eu ia à oficina dele aos sábados, tomava aulas e ele me dava alguns jogos de madeira para trabalhar. Aprendi muito com ele.

se deformando com o passar dos anos. Ele também deve ter um som que agrade bastante. Isso é difícil de conseguir porque cada violonista tem uma preferência de som diferente. Mas, em geral, quando o som do violão é bom, ele acaba agradando a maioria. O som do violão deve ter corpo, não ser ardido, ser aveludado e ter um timbre redondo. É uma coisa de instrumento velho. O ideal é que o instrumento novo tenha um som doce. O volume do instrumento deve ser razoável. Se o violão tem muito volume, às vezes você perde a qualidade de timbre. Os violões legais não têm tanto volume. O único violão que conheço com volume extraordinário e timbre maravilhoso é o Dominique Field, que possui uma construção diferenciada.

> Em sua opinião, o que deve ter um bom violão? Em primeiro lugar, o instrumento deve ter uma boa construção para ter uma vida útil longa e não alterar suas características físicas com o tempo – muitos violões acabam

> Como deve ser a ação das cordas? A mais baixa possível. As cordas devem vibrar paralelamente à escala e não de forma perpendicular. Baixando a ação, vira um outro instrumento. O violonista deve ter conforto ao tocar. Eu lembro sempre do Belli-

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nati. Ele diz que, se fosse para ele tocar na altura-padrão das cordas do violão clássico (de 4,5 mm no bordão e 3,0 mm na prima), ele não conseguiria. Para ele, o violão deve ter 3 mm no bordão e 2 mm na prima. > Como você chegou ao desenho final de seus instrumentos? Fui aprimorando a forma de meus violões ao longo dos anos e acabei desenvolvendo o meu próprio sistema de construção. Não consegui me adaptar ao sistema do

“O som do violão deve ter corpo, não ser ardido, ser aveludado e ter um timbre redondo. É uma coisa de instrumento velho.”

Quem e Antonio Tessarin luthier Antonio Tessarin nasceu na cidade de São Paulo, em 1960. Com muita habilidade manual, desde criança não ficava sem produzir objetos e esculturas em metal e madeira. Também gostava de desenhar, o que acabou virando sua profissão: virou ilustrador, atuando em agências de propaganda. Mas com a música sempre presente em casa pelo pai e pelo irmão, ambos violonistas, a velha habilidade com madeira falou mais alto. Em 1986 ele conheceu o luthier Laurentino Pollis e seis meses depois já estava finalizando o seu primeiro violão. Os primeiros instrumentos produzidos por Tessarin despertaram o interesse de professores que o levaram a contatar o luthier Sérgio Abreu, que muito o influenciou com uma nova visão do instrumento. Tessarin usa um método de construção diferente do tradicional, além de desenvolver ferramentas, máquinas e criar a conhecida cabine de desumidificação adotada por muitos luthiers. Vários violonistas conhecidos constam na sua lista de clientes: Camilo Carrara, Paulo Bellinati, Swami Jr., Celso Fonseca, Chico César, Chico Pinheiro, Conrado Paulino, Lula Galvão, Paulinho Moska, Gilson Antunes, Paulo de Tarso Sales, Ricardo Silveira, Henrique Pinto, Breno Chaves, Edson José Alves e Ricardo Teperman, só para citar alguns. No ano de 2000, Tessarin preferiu uma cidade menor, Cerquilho, no interior de São Paulo, para morar e produzir seus violões clássicos de seis, sete cordas e ‘cut-away’. Contatos: atessarin@uol.com.br ou (15) 3284-2546.

O

Laurentino, que ele aprendeu na fábrica. Nunca consegui colocar o braço depois de a caixa estar pronta, pelas dificuldades de alinhamento, e acabei desenvolvendo meu próprio método, que é o braço com encaixes para as laterais, mas que não é o sistema espanhol. Fui adaptando a curva da faixa quando ela chega ao braço e também aprimorei o visual, as espessuras, a curva do fundo e a cintura, o que acabou resultando no desenho final dos meus instrumentos. > Como é o trabalho na sua oficina? Você cuida de todas as etapas da construção? Sempre trabalhei sozinho. Gosto de organizar minhas ferramentas - cada uma tem o seu lugarzinho - e saber onde está cada umas delas. Cuido de todas as etapas. Fazer um violão é um trabalho tão artístico que não dá para ter outra pessoa. A mesma pessoa deve fazê-lo do começo ao fim. Esse é um grande

problema que as fábricas enfrentam. O instrumento passa na mão de tanta gente, por economia e mão-de-obra barata, que a qualidade final acaba não sendo muito boa. > Como escolher corretamente um violão? A pessoa tem de se sentir bem tocando o instrumento. Quando ela já experimentou violões meus de amigos ou conhecidos e chega para fazer o pedido com a certeza do que quer, é ótimo. Quando ela ainda está em dúvida, deve experimentar vários instrumentos, até encontrar aquele que lhe agrade. O ideal seria que eu tivesse vários instrumentos disponíveis para o violonista escolher e levar, mas não é possível. Sempre tem um aqui para as pessoas experimentarem. > Até que ponto as madeiras influenciam na sonoridade do instrumento? Não considero que as madeiras do fundo in-

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Luthier fluenciem tanto assim. O tampo é que deve ter uma madeira boa. Recentemente fiz a experiência de usar no fundo e na lateral papelão em vez de madeira, e o resultado foi surpreendente. Apenas perdemos um pouco de harmônicos e o som ficou mais seco, como os violões flamencos. Agora, a madeira do tampo faz toda a diferença. Ela, sim, deve ter boa qualidade, ou seja, resistência e leveza.

“Fazer um violão é um trabalho tão artístico que não dá para ter outra pessoa. A mesma pessoa deve fazê-lo do começo ao fim.”

> Você já teve algum pedido difícil? O mais diferente que tive foi o de um violão de 11 cordas, com a primeira e a última corda em Lá. Foi o que me deu mais trabalho. Fora isso, fiz a caixa de ressonância do Paul Galbraith. > Qual foi o melhor violão que você já fez? Já fiz vários violões que me agradaram, mas acho que os meus melhores foram os produzidos mais recentemente.

Violão Clássico Tessarin

Saiba suas medidas: “Todas as pessoas sabem o número do sapato que usam, mas poucos violonistas sabem quais são as suas medidas de violão. Saber as suas medidas facilita muito quando for adquirir um instrumento e você vai conseguir um resultado melhor nos estudos. Medidas erradas prejudicam sua performance. Se você ainda não as conhece, você pode tirá-las, é bem simples. Experimente vários violões e sempre meça as distâncias da primeira à sexta corda, na pestana e no rastilho. Isso deve dar algo por volta de 43 e 58 mm, respectivamente. Se você tem dedos finos, talvez 41 ou 42 mm fique legal na pestana e de 55 a 60 mm no cavalete, experimente. A divisão dos espaços entre elas fica por conta do luthier, não se preocupe. Também saiba o comprimento de corda que melhor casa com sua mão esquerda, pela dificuldade de abertura. Podemos variar à vontade, já se usa desde 620 mm até 665 mm. Tenha em mente que, quanto mais curto o comprimento, mais mole fica a corda, e quanto maior, maior a tensão. Esse é o

A menina dos olhos Violão Clássico Tessarin • Caixa em jacarandá da Índia • Tampo de abeto alemão ou cedro canadense • Escala de ébano • Tarraxas Schaller alemãs • Acabamento em verniz poliuretano catalizado • Trastes holandeses em alpaca • Mosaico alemão • Cordas Hannabach

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comprimento de corda livre, ou seja, da quina da pestana à quina do rastilho, que é o pedaço de corda que está no ar.” Conservar o violão: “As pessoas confundem umidade e temperatura. Uma coisa não está necessariamente ligada à outra. Por exemplo, no litoral é quente e úmido, e no interior também é quente, mas seco. Os instrumentos de madeira maciça, que é usada na maioria dos trabalhos dos luthiers, variam bastante de tamanho com a mudança de umidade. Em um ambiente úmido, a água dilata as paredes das células da madeira, enquanto em um ambiente seco, a água evapora e a dilatação diminui. Precisamos construir de uma forma que esses movimentos sejam absorvidos pelo instrumento. Esse é o motivo pelo qual as pontas das travessas do fundo são rebaixadas. Isso faz com que elas enverguem quando o fundo em um ambiente úmido ficar mais barrigudo. Devemos observar a variação de umidade no local em que estamos com o violão porque ele corre o risco de rachar. Uma boa idéia é ter um higrômetro sempre junto de seu violão. Em geral os instrumentos de luthier são montados em ambientes com 50% de umidade. Não o deixe em locais com umidade abaixo de 35% sem umidificar seu interior. Existem acessórios para esse fim, mas você pode improvisar usando um bobe de cabelo com uma esponja úmida dentro.” Colocar as cordas: “Uma coisa que tenho observado nos violonistas é que muitos não sabem colocar as cordas no instrumento corretamente. A sexta corda (bordão), por exemplo, quase sempre é colocada do lado contrário. Aquela ponta mais flexível deve ser usada no lado do cavalete e não nas tarraxas, pois ali é mais difícil amarrar. No lado das tarraxas, basta passar a corda uma vez no furo do eixo e voltá-la laçando em volta da que entrou no furo, como se fosse a letra ‘e’ manuscrita.”

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Entrevista

Joao Castilho O polivalente das seis cordas

Por Fábio Carrilho

carreira de músico acompanhante proporciona momentos que geralmente não dão espaço para hesitações. O lado técnico deve estar sempre em dia, assim como o ouvido, que deve estar ligado a tudo que acontece não só no placo ou estúdio, mas também no mundo da música em geral. Já imaginou não conseguir atender àquele pedido do diretor musical por um timbre mais aveludado ou obscuro? Ou, então, não conseguir ‘encaixar’ o violão naquela música complicada com outros instrumentos harmônicos, como o piano? Seria demissão na certa. O violonista e guitarrista carioca João Castilho conhece bem as agruras e o lado bom da vida de músico acompanhante. Com um currículo invejável, ele já acompanhou grandes nomes da MPB como Maria Bethânia, Roberto Carlos, Ed Motta, Djavan e Nana Caymmi. Nos seus trabalhos solo ou com o grupo instrumental Foco - ao lado de André Rodrigues (contrabaixo), Marcelo Martins (saxofones e flauta) e Renato Massa (bateria) - Castilho vem apresentando o seu lado jazzista. Em um festival de música na cidade capixaba de Domingos Martins, Castilho concedeu esta entrevista para a Violão PRO.

A

> Violão PRO - Como foi o seu contato inicial com a música, mais especificamente com o violão e com a guitarra? João Castilho - Comecei tocando cavaquinho na fazenda de meu avô aos 8 anos. Um ou dois anos depois ganhei meu primeiro violão de náilon. Já a minha primeira guitarra veio quando tinha 11 anos, pois comecei a me interessar pelo rock. > Você estudou música formalmente? Aos 15 anos comecei a estudar na escola de

música Pro-Arte, no Rio de Janeiro. Lá tive aulas com Flávio Medeiros que, após um ano, decidiu que aulas particulares seriam o melhor para mim. Isso durou uns quatro anos e logo em seguida tive alguns meses de aula com Alexandre Carvalho. Desde então tenho estudado por conta própria. > E o jazz? Como foi esse contato? Meu pai toca trompete e é um grande fã do Miles e de Chet Baker (Castilho é filho do trompetista Alberto Castilho).

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E trevista Ent s Ouço jazz desde pequeno. Na primeira edição do Free Jazz Festival fui levado por meu pai, meio a contragosto, para ver o show do flautista americano Hubert Laws. No dia seguinte, já havia decidido mergulhar fundo no universo do jazz. Hoje sou um apaixonado pela improvisação. > Quando começou a trabalhar como ‘sideman’? Foi em 1991, com o Ed Motta. > Como deve ser o trabalho de um bom ‘sideman’ em sua opinião? Em minha opinião um bom sideman é aquele que, além de estar apto a suprir as necessidades musicais do artista principal, o faz com orgulho e dedicação. > Você já tocou com Roberto Carlos, Nana Caymmi, Djavan e Maria Bethânia, entre outros nomes. Como faz para se adaptar a estilos de trabalhos tão diferentes entre si? Ouço de tudo. Não tenho preconceitos com relação a nenhum estilo musical. Existem músicas ruins e boas dentro de qualquer gênero. Isso certamente me trouxe um vocabulário musical bastante flexível.

O que Castilho usa Instrumentos • J. Cassio modelo JC-01 • Archtop Alexander Tomaz • Godin ST-1 Signature • Fender Strato ‘79 • Gibson ES-335 ‘81 • Violão Alexander Tomaz (Náilon) • Violão Takamine EC 132 SC (Náilon) • Violão Norman B20CWHG (Aço) • Violão Washburn Fretless (Aço) • Cavaquinho Alexander Tomaz • Viola Caipira Alexander Tomaz • Fender Squier Jazz Bass

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Amplificadores • Warm Music GTV 212 • Warm Music GTV 112 • Fender ‘59 Bassman Reissue • Tech 21 Trademark 60 Cordas e Palhetas • Cordas SG Strigs .011 para as guitarras sólidas e para os violões de aço • D’addario flat wound .012 para a archtop • Cordas D’addario Pro Arte Extra Hard Tension para violão de náilon • Palhetas SG Heavy *Castilho é desenvolvedor das SG Strings (Sound Generation), da Musical Izzo

> Como foi trabalhar com a Maria Bethânia? Dizem que ela é muito rigorosa com seus músicos. Aprendi muito durante todo o tempo que fiz parte de sua banda. Ela realmente é muito exigente, o que, particularmente, eu gostava bastante. Minha relação com ela sempre foi muito bacana. Tenho por ela muito carinho e admiração. Não posso deixar de falar de seu maestro Jayme Além, que é um grande instrumentista e arranjador e dirigia a banda de maneira exemplar. Tenho muito orgulho de ter trabalhado com ela. > Como você avalia o seu trabalho com o violonista João Lyra? Que lições você tirou dessa parceria? O João Lyra foi o primeiro a me dar chance como violonista quando me chamou para tocar ao seu lado junto com a Tânia Alves. Isso foi há 9 anos. Sua sonoridade foi e continua sendo uma grande inspiração para mim. O que toco hoje de violão devo muito a ele.

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> E com o Djavan? Como foi? Os três anos e meio que fiz parte da banda do Djavan foram muito especiais pra mim. Sempre fui fã de sua música. Ele tem um suingue muito particular tocando violão, o que claramente influenciou minha forma de tocar. Ter participado ao seu lado de um momento tão importante de sua carreira foi um presente na minha vida. > Como você avalia a sua linguagem musical? Você consegue se encaixar em algum estilo? Não me vejo atrelado a nenhum estilo musical específico. Hoje me vejo simplesmente como um artista que, por meio da música, se expressa usando um violão e uma guitarra.

Com quem João Castilho já se apresentou • Roberto Carlos • Maria Bethânia • Nana Caymmi • Djavan • Ed Motta • Daniela Mercury • Tânia Alves • Miúcha • Simone • Sandra de Sá • Orquestra de Víttor Santos • Zé Renato • Baby do Brasil

> O que gosta de ouvir atualmente? Como disse, ouço de tudo. Tenho ouvido muitas coisas antigas e coisas bastante atuais. Sempre estou pesquisando novidades. Para os violonistas e guitarristas vai aí uma dica: ouçam um violonista francês chamado Sylvain Luc. > Que balanço você faz do seu CD de estréia Equilibrium? Quando lancei o Equilibrium minha intenção era simplesmente ‘botar pra fora’ algumas composições que tinha. Ele me abriu portas muito importantes. Aprendi muito produzindo esse disco. Apesar de não ter aproveitado tudo que esse CD poderia ter me proporcionado, foi uma grande vitória para mim. > E o grupo Foco? Como anda? Este ano o grupo Foco está mais firme do que nunca. Temos feito muitas apresentações em várias casas noturnas e festivais. Acabamos de mixar nosso segundo disco. Neste disco também gravei algumas faixas com o violão de náilon. Estou muito feliz com o resultado. Eu, André Rodrigues, Marcelo Martins e Renato ‘Massa’ Calmon estamos muito entusiasmados com este novo projeto.

> Quais são seus trabalhos atuais? No início do ano gravei um disco de músicas brasileiras com uma cantora sueca chamada Lisa Nilsson e, em breve, estarei acompanhando-a em uma turnê pela Europa. Já tenho meu novo disco solo todo composto e arranjado. Ainda neste ano, pretendo entrar em estúdio para gravá-lo. Outro projeto do qual

acabei de participar foi um disco com o cantor Zé Renato. Neste momento estou fazendo esta entrevista direto do Festival de Música de Domingos Martins, no Espírito Santo, onde estou dando aulas durante 10 dias.

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Conrado Paulino

Conrado Paulino Quarteto (Independente) Durante muito tempo, o violonista argentino Conrado Paulino ficou conhecido em São Paulo por seus trabalhos com nomes como Alaíde Costa, Johnny Alf e Rosa Passos e por ter sido professor de vários músicos consagrados como Nuno Mindelis, Tomati, Chico César e Camilo Carrara. De uns oito anos para cá, Conrado começou a apostar firme na sua carreira solo, trabalhando arranjos e a concepção de seu som. O resultado desse trabalho pode ser conferido no primeiro CD do violonista, o belíssimo Conrado Paulino Quarteto (Independente). Com muita sofisticação, Paulino une suas três grandes influências: o jazz, o erudito e o violão brasileiro. É como se Joe Pass encontrasse Baden Powell. Ele se revela um ótimo compositor em temas como Samba da Catalina, Saraus de Americana, Fefêê e na

sua intrincada Salada Nordestina. Suas releituras de Samba da Minha Terra e Doralice, de Dorival Caymmi, possuem antecipações e deslocamentos rítmicos que lembram os de João Gilberto. O músicos que acompanham Paulino são a pianista Débora Gurgel, o contrabaixista Marinho Andreotti e o baterista Celso de Almeida. Com Conrado, eles formam um quarteto para ninguém botar defeito. Vale a pena ir atrás desse CD! Fábio Carrilho

Brazilian Play-Along (Free Note)

Até um tempo atrás, para estudar improvisação, muitos músicos brasileiros recorriam à velha fórmula de tocar com playbacks importados, como os da série do saxofonista Jamey Abeersold. Nos últimos anos, várias editoras brasileiras começaram a apostar em playbacks produzidos por aqui. A Free Note é uma delas. Ela

lançou no mês passado o primeiro volume da série Brazilian Play-Along, com músicas de João Donato, João Gilberto, Toninho Horta, Ivan Lins, Roberto Menescal, Dori Caymmi, Djavan, Mauricio Einhorn e Baden Powell. O CD traz as músicas em versão completa (com a melodia) e em formato play-along (sem a melodia). O contrabaixo e o acompanhamento do violão estão em canais separados e podem ser eliminados, para que os baixistas criem novas conduções e os violonistas toquem novas harmonias. Um trio de músicos de primeira, formado por Fernando Corrêa, no violão, Edu Ribeiro, na bateria, e Marinho Andreotti, no contrabaixo, participou das gravações. Belo material de estudo! Fábio Carrilho

nunca gravadas. Tudo isso permeado por performances extraordinárias e improvisações. Essa reedição conta também com um livreto de 30 páginas com a biografia de Bonfá e notas assinadas pelo violonista, escritor e jornalista americano Anthony Weller, adaptadas para o português com a supervisão de Luizinho Bonfá, filho do violonista. Solo in Rio 1959 é um CD obrigatório na coleção de todo violonista. Roberta Cunha Valente

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Transcricao

Foto: divulgação

O Voo da Mosca Jacob do Bandolim

Composta inicialmente para bandolim, é uma das valsas mais desafiadoras

O

lá, pessoal. Vou falar de O Vôo da Mos-

partes mais críticas e nos momentos em que o

ca, música composta originalmente

dedo anular é utilizado para resolver os arpejos.

para bandolim em 1962 por Jacob

Onde não há indicação, entende-se que sugiro

Bittencourt, o Jacob do Bandolim. É uma valsa

i-m ou m-i, de acordo com a situação. Para a

descritiva, tocada em pulso rápido (semínima

mão esquerda, a letra ‘C’ indica onde deve ser

a 220). Digo que é descritiva porque seu título

usada a pestana e os números das cordas estão

e seus desenhos realmente nos remetem a uma

indicados dentro de círculos. Os números dos

mosca chata voando sobre nossas cabeças!

dedos da mão esquerda estão fora dos círculos.

Fiz uma versão para violão solo e incluí

Note que a utilização do polegar é bastante

alguns baixos para dar a sensação harmônica

freqüente. Gosto de usá-lo porque marca me-

da música. Sugiro que, a princípio, você não

lhor o fraseado e, acima de tudo, tem a ver com

toque muito rápido, porque isso dificulta o

a sonoridade do choro e lembra bastante a téc-

entendimento das frases. É melhor começar o

nica dos violonistas seresteiros.

estudo com uma leitura lenta e, só depois de

Então é isso aí! Mão na massa e muita cal-

estar mais seguro, usar o metrônomo mais ou

ma para não se aborrecer com a música. Um

menos na metade do andamento sugerido.

abraço a todos e coloco-me mais uma vez à dis-

Escrevi as digitações de mão direita das

220

Maurício Marques é violonista formado pela UFPEL (Universidade Federal de Pelotas), do Rio Grande do Sul. Lançou em 2003 o disco Cordas ao Sul, em que desenvolveu trabalho no violão de oito cordas. Sua música é voltada ao folclore gaúcho e traz ritmos como milonga, chamamé e xote, além de choros e sambas. Trabalha atualmente em seu novo disco, Violão de Fole, e toca com o Quarteto Maogani. Visite o site www. mauriciomarques.com.

posição para eventuais dúvidas.

O Voo da Mosca

Arranjo: Maurício Marques

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, - Musicais SI-mbolos e Notacoes

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Tecnica

Tecnica com pentatonicas

Encontradas na música africana, na asiática e também no jazz, as pentatônicas podem servir como um bom exercício técnico no violão

A

s escalas pentatônicas são formadas por cinco notas quaisquer e são normalmente encontradas nas músicas africana e asiática, geralmente de origem folclórica. No século XX, no entanto, jazzistas como Wayne Shorter e John Coltrane incorporaram escalas pentatônicas de outras culturas em seus trabalhos, principalmente na improvisação. As escalas pentatônicas mais usadas no jazz são as pentatônicas maior e menor. A escala pentatônica maior, também conhecida como escala pentatônica diatônica, possui o seguinte padrão ascendente: fundamental, 2M, 3M, 5J e 6M. A pentatônica menor possui as mesmas notas da pentatônica maior uma 3m abaixo – é a relativa menor da pentatônica maior. Você pode

É importante que o violonista conheça todas as possibilidades de digitação da escala pentatônica maior, nos cinco modos e nos 12 tons. A minha sugestão é procurar praticá-la como um

pensar a pentatônica maior como sendo a escala maior com o 4º e o 7º graus omitidos. Ela é usada para improvisar sobre acordes maiores, maiores com 7ª maior e dominantes (maiores com 7ª menor). A pentatônica maior gera outras quatro escalas, normalmente chamadas de modo II, III, IV e V. É a mesma escala pentatônica maior, só que começando na 2M, 3M, 5J e 6M. Por exemplo, em um acorde de C, se a pentatônica começar na 5J, tocaremos as notas Sol, Lá, Si, Ré e Mi, que incluem a 7M, 9M e #11 do acorde, criando o mesmo efeito do modo lídio. Experimente tocar todos os modos da pentatônica maior sobre esse mesmo acorde de C e verifique, em cada um deles, quais notas você está tocando e que graus elas representam em relação ao acorde.

exercício técnico, por meio de padrões. Pensando nisso, desenvolvi alguns exercícios para essa escala. Procure estudar com um metrônomo, aumentando o andamento gradativamente e buscando

Rudy Arnaut é guitarrista, violonista, arranjador e compositor. Atualmente ele tem o seu projeto musical solo e outro com o quarteto instrumental Luz de Emergência. É supervisor do Departamento de Cordas do CLAM – escola de música do Zimbo Trio. É autor de diversos métodos para guitarra e violão. rudyarnaut@gmail.com

sempre a clareza do som. Utilize a digitação de mão direita que lhe for mais confortável e experimente tocar com palheta, se você também toca guitarra. Bom estudo e um abraço!

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Transcricao

Andantino Franz Liszt

Criando um ambiente de devoção e êxtase com poucas notas e um virtuosismo

F

ranz Liszt foi um dos maiores pianistas de todos os tempos e é mais conhecido por obras arrojadas, que dificilmente seriam adequadas para o violão. Ele foi uma grande celebridade, cortejado por reis e multidões até sua aposentadoria precoce, aos 37 anos, quando passou a se dedicar à composição sinfônica. Na maturidade, seguiu sua segunda vocação e tomou ordens menores na Igreja Católica, passando longas temporadas em Roma. As obras desse período parecem escritas por outra pessoa. Têm um caráter contemplativo e severo e já anunciam a música do século XX com seus experimentos em forma, harmonia e atmosfera. Este Andantino deve ter sido escrito em uma pequena anotação em 1876, sem intenção de divulgação pública, e só foi publicado no século XX. Ele consegue criar um ambiente de devoção e êxtase com pouquíssimas notas e nenhum virtuosismo. A transcrição apresenta alguma dificuldade para a mão esquerda, mas cria opor-

A Bruce Holzman 52

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tunidades para explorar a ressonância da região aguda do violão. Se você buscar uma sonoridade radiante e uma execução cristalina, ela soará como se tivesse sido ditada pelos anjos.

Algumas notas sobre a digitacao • As pestanas estão indicadas por números romanos. • Não há ligados na peça. As ligaduras são do compositor e só indicam fraseado. • Há duas notas em harmônicos naturais, representadas por losangos e um número romano que indica a casa. • Em alguns casos, não será possível segurar todas as notas por toda a duração indicada, o que se pode deduzir pelo contexto da digitação. Notas sobre as indicações de caráter, em italiano: • Semplice (espressivo a piacere): simples (expressivo, à vontade) • Un poco ritenuto: retendo as notas um pouco • Piú ritenuto e dim.: mais devagar e diminuindo • Smorz. (smorzando): extinguindo.

Andantino

Fábio Zanon é um dos grandes nomes do cenário internacional de violão clássico. Com vários CDs gravados, ele tem feito regularmente concertos na Europa, nas Américas do Norte e do Sul, na Austrália e no Oriente Médio. Ele apresenta todas as quartas-feiras, às 13h, pela Rádio Cultura de São Paulo (103,3 MHz, ou pela internet, www. tvcultura.com.br/radiofm), o excelente programa Violão. Visite os sites http://vcfz.blogspot. com e http://aadv.home. comcast.net/bio.

Arranjo: Fábio Zanon

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Levada

Foto: divulgação

A nobre malandragem Dicas de condução do samba ‘teleco-teco’ no violão

O

samba ‘teleco-teco’ é uma levada acéfala (começa depois do primeiro tempo) e sincopada. As origens de seu nome são misteriosas, mas ele deve ter sido dado para designar a articulação desse tipo de samba. Para deslocar ritmicamente e com suingue os acordes dentro dessa levada de samba, procurei desenvolver uma maneira de me fixar em uma região do instrumento e manipular os acentos e as tensões dos acordes. Nos exemplos a seguir, utilizei uma progressão dentro do campo harmônico de Am: Am7 – D9 – Fmaj9 – E+7(#9). A nomenclatura dos dedos da mão direita que deverão atacar ou bater nas cordas é a seguinte: p:polegar , i:indicador, m:médio, a:anular e c: mínimo. No Ex.1, imaginei o surdo (6ª corda), o repique de anel (4ª corda), o tamborim (blocos de acordes) e a ‘pele de resposta’ do tamborim (batendo com as unhas nas cordas) na condução. Procure articulá-la bem com os acentos. No Ex.2, imaginei apenas o repique de anel, utilizando somente a 4ª, a 3ª e a 2ª cordas. Uma

pestana na casa 5 nos três primeiros acordes (com o dedo 3) facilita para ‘secar’ os acordes. Com os mesmos padrões das conduções anteriores, no Ex.3 eu pensei uma condução com o surdo (6ª corda) mais longo e, no último compasso, mais deslocado. Exercitando bem esses três exercícios e respeitando a articulação aqui sugerida, novas possibilidades rítmicas surgirão naturalmente. Quatro dicas importantes: • Evidencie o ritmo e não os acordes. • Ouça sambas com Filó Machado, Clara Nunes, Fundo de Quintal (nos primeiros discos), Roberto Ribeiro, Djavan, Elis Regina, Zeca Pagodinho, Cyro Monteiro e outras referências que possam ajudá-lo a entender a nobre malandragem de Noel Rosa, Aniceto do Império, Candeia e muitos outros. • Estude sempre com metrônomo e aumente a velocidade dos exercícios gradativamente, sem pressa. • Divirta-se, tomando cuidado com os excessos. Um abraço!

Eduardo Hopper é violonista e guitarrista. Estudou na Fundação das Artes de São Caetano do Sul (SP), Conservatório de Tatuí (SP) e ULM (Universidade Livre de Música). Atualmente toca na Orquestra Jovem Tom Jobim e produz trilhas para novelas da Rede Record, jingles e vinhetas para televisão. Também acompanha o cantor Paulo de Tarso e pretende lançar em breve um trabalho de música brasileira com temas de sua autoria.

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Tecnica

Tecnicas de Tremolo

O

trêmolo é uma técnica e um belíssimo efeito sonoro que vem sendo utilizado por violonistas há quase dois séculos. Muitos são os exemplos na literatura do violão: Reverie, de Giulio Regondi (1822-1872); Recuerdos de Alhambra, de Francisco Tárrega (1852-1909); Un Sueño en la Floresta, de Agustin Bárrios Mangoré (1885-1944); e Invocacion y Danza, de Joaquim Rodrigo (1901-1997), entre tantos outros. Todo violonista erudito que se preze, assim como muitos dos dedicados à música popular e ao jazz, deve dominar essa técnica, que tem por finalidade simular um som contínuo e ininterrupto, muito próximo daquele produzido com freqüência pelo bandolim e pela guitarra portuguesa. Diversas são as possibilidades de digitação de mão direita, com ou sem utilização da palheta. Para mim, a fórmula p-a-m-i é a mais indicada, porque utiliza ‘democraticamente’ todos os dedos, evitando uma maior fadiga da mão direita. Ela também deixa o polegar livre para ocupar-se dos baixos, uma

situação difícil de ser tocada com palheta. A seguir, proponho três exercícios que irão ajudá-lo a aprimorar essa técnica. No Ex.1, o dedo p se encarrega dos baixos, enquanto os dedos a, m e i se ocupam com o trêmolo propriamente dito. No Ex.2, apresento um pequeno e eficiente exercício para o desenvolvimento dessa técnica. É importante que ele seja praticado bem lentamente no início e, só depois, seja acelerado para se obter o efeito desejado (que só funciona quando tocamos bem rápido). Praticar bem lentamente possibilita um total controle da uniformidade rítmica, um dos aspectos mais importantes para a clareza do efeito. Toque cada módulo (compasso) várias vezes no mesmo andamento, antes de seguir para o próximo e acelerar um pouco mais. No Ex.3, experimente ‘saltear’ as cordas do polegar, conforme o modelo apresentado. É isso aí. Pratique por alguns dias seguidos que os resultados serão evidentes. Um abraço e boa sorte!

Foto: divulgação

Esse belíssimo efeito sonoro vem sendo usado por violonistas há quase dois séculos

Paulo Inda é violonista erudito. Formado pela Manhattan School of Music, de Nova York, é professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e dedica-se à pesquisa e à execução de repertório contemporâneo.

Tecnicas de Tremolo Ex. 1

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Ex. 2

Ex. 3

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Transcricao

Um Brasileirinho diferente

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lá, pessoal. Nesta edição tocaremos uma composição do grande violonista João Pernambuco: o choro Brasileirinho. Tratase de uma peça pouco divulgada por ter o mesmo nome daquele que talvez seja o mais famoso choro de todos os tempos: Brasileirinho, de Waldir Azevedo. Contudo, não menos importante do que aquele, o Brasileirinho de João Pernambuco, além de ser um bom exemplo do gênero choro, também é de grande utilidade técnica para o violão. É praticamente um estudo, no qual são encontrados arpejos de mão direita, ligados, ‘campanellas’, escalas feitas com os dedos i-m e com o polegar. Tudo isso de forma sucessiva, em semicolcheias e sem pausas!

Brasileirinho

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Alguns detalhes técnicos: • Quanto aos arpejos, há predominância da seqüência p-i-a-m, exceto no compasso 24, quando a seqüência muda para p-i-m-a. • Nos compassos 6 e 14, sugeri uma digitação de escala com ligados na nota que antecede a corta solta. • No compasso 15 a frase é toda feita com o polegar (escala com ligados). Atente para o ligado do 2º tempo: o polegar deve tocar o Si da 5ª corda e o Ré da 4ª corda com um só impulso. O mesmo acontece no 1º tempo do compasso 31. • Note os acordes diminutos que descem de ½ em ½ tom acrescidos da 2ª corda solta (Si), nos compassos: 3, 4, 11, 12, 18, 19, 20, 24, 26, 27 e 28.

Foto: divulgação

Peça de João Pernambuco é um verdadeiro estudo de arpejos, ligados, ‘campanellas’ e escalas

Alessandro Penezzi é violonista e toca no grupo Choro Rasgado. Graduado em violão popular pela Unicamp (Universidade de Campinas), de São Paulo, já tocou com Yamandu Costa, Guinga, Hamilton de Hollanda, Beth Carvalho e Dona Inah. Visite o site www. alessandropenezzi.com.br.

João Pernambuco Arranjo: Alessandro Penezzi

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