Metaamano finalizado pdf

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Amano Rassé

“Metafísica do Ócio”

Primeira Edição ( Revisada) Rio de Janeiro 2003/2014


Copyright © 2003/2014 Paulo Nagao

Coordenadores: Lurdinha Varela & Vanusa de Melo Preparação: Luiz Paulo Nascimento e Eduardo Stein Diagramação: Rafael Goss Ilustração da capa: Paulo Nagao & Nando Costa Designer Gráfico: Nando Costa Revisão: Leonardo Martinelli Impressão e acabamento: Rodrigo Moura ____________________________________________________________________ R179m Rassé, Amano.

Metafísica do ócio / Amano Rassé. - 1 edição - Rio deJaneiro : A. Rassé, 2003. 165p. ; 21cm. ISBN 85-90362-61-21.Gentiliza, 1917- 1996. 2. Poesia. 3. Arte. I. Título CDD-920.71

__________________________________________________ Todos os direitos desta edição reservados a PAULO NAGAO Rua Almirante Alexandrino, 54A – Casa 12 Santa Teresa – Rio de Janeiro - RJ CEP 20.241-269 Tel. (21) 98765-9530 paulonagao@gmail.com

“ Dedicado ao meu irmão Isamu e pai Yukinobo”.


“Quando a vontade fala, a inteligência cala” ( Arthur Schopenhauer 14)

Sim, sei bem que nunca serei alguém Sei de sobra, que nunca terei uma obra Sei,enfim, que nunca saberei de mim... Sim, mas agora enquanto dura esta hora este luar, estes ramos esta paz em que estamos deixe-me crer o que nunca poderei ser.

(Fernando Pessoa 19 )

_______________ “A glória sempre chega tarde para as cinzas” (Marcial 24)

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SUMÁRIO

Introdução..............................................10

Prólogo....................................................11

Gentileza: Uma pequena biografia...........13

Capitulo I: Por Gentileza...........................16

Canto de Rassé........................................17 Asas.........................................................18 O vento e a maré.....................................19 No limite..................................................20 A indelével magnitude do céu.................21 Adúltera castidade..................................22 Immortalidade........................................23 A desmesura da heteronomia................24 Ausência de espírito................................25 Entrando pelo cano................................26 Orgulho divino........................................27 Sonho de um fóssil..................................28 Abdução..................................................29 Deus.........................................................30 Páthos Aeternum....................................31

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Venturas.................................................32 Indie gentes............................................33 Os assombrados.....................................34 Outros nós..............................................35 Conformação Confirmada....................36 Metempsicose........................................37 O canto...................................................38 Lutas......................................................39 Alegoria.................................................40 Antônimo a paz.....................................41 Ubiquidade incognoscível.....................42 Plágio II.................................................43 A montanha..........................................45 - Capítulo II...............................................46

(rainhas & feiticeiras) À rainha do (mar) deserto ou ao canto melancólico da sereia...........46 Canção para Priscila...........................47 Bluff......................................................48 Something in the Box (Armário de Freud)...49 Orgulho................................................51 Só no verbo..........................................52

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Confissão..............................................53 Desencanto...........................................54 Sementimento......................................55 Pompoarista.........................................56 À costela...............................................57 Metrômana..........................................58 Nós II...................................................59 Eros, Blue na hedonismolândia.........60 A verdade que cai...............................61 - Fotos by Paulo Nagao.........62 à 71

Capítulo III (Recado do mal)....72 tratado sobre o mal...........................72 Recado do mal...................................74 Recado do mal...................................75 Homeóstase em curto.......................76 Perdendo a fé....................................77 Maldição (In articulo mortis).........78 Queda...............................................79 Relutâncias......................................80 A sinfonia........................................81 ?.......................................................82

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Ouro contra a alma..........................83 A teimosia da hora que dói..............84 Drácula.............................................85 Quinhão quimérico..........................86 Pesar hipostático.............................87 Hipocondria.....................................88 Sayonara Kamikaze........................89 7........................................................90 Devir metálico.................................91 Tentação danada.............................92 Peça mal encaixada.........................93 Matador de pistoleiros....................94 Serial killer......................................95 Kamikaze desertor..........................96 Fuga ?..............................................97 Medo................................................98 Sangue, suor & lágrimas................99 Doce de ilusão.................................100 Mal morto.......................................101 A três graus da realidade..............102 Estrela D’alva.................................103 Má semente....................................104 A balada do ímpio.........................105 Euthanasia....................................106

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Ô atúdi....................................................107 Linha partida........................................108

Capítulo IV (Triste é o infinito) - 109 Mascote de Netuno................................1o9 Um som no silêncio...............................110 O sal do mar...........................................111 A tela......................................................112 Sonho numinoso....................................113 Eterno retorno.......................................114 Absinthium............................................115 Invisível sensação..................................116 Outro ócio..............................................117 Dia feliz..................................................118 O retorno do eterno desejo ...................119 A tela II..................................................120 Porta/retrato........................................121 8 (Infinito)............................................122 Kurdt Cobain........................................123 O melhor de mim.................................124 Calango................................................125 Clone d’eu.............................................126

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My own land.........................................127 Refém da cultura..................................128 Tipo de câncer.......................................129 Atalho ( do Gênesis ao apocalipse)......130 Pedra.....................................................131 À sabedoria dos mortos.......................132 Bala perdida.........................................133 Buraco negro........................................134 Satisfação ( a assassina do desejo )....135 Um nome de obra................................136 Aos dragões.........................................137 O homem atemporal.................138 Epílogo......................................140 Glossário...................................141 Notas.........................................150

- Outra vez (por toda eternidade) By Friedrich (Zaratustra) Nietzsche.

Pág - 153

Acréscimos de última hora..................154 Anzol pág-154- Pedestal vazio pág.155 – Tanathos pág.156 Quiromaníaco pág.157 - Rua sem saída pág.158 - Avarento, caloteiro pág. 159 Adeus Mundo cruel pág.160 - Old Blue pág.161 - Mythos pág. 162 - Plágio III pág.163 Sonho atávico pág.164 - À brisa da eternidade pág. 165

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Metafísica do ócio

Introdução Para entender a “Metafísica do Ócio”. O livro “ Metafísica do Ócio – Amano ( Paulo Nagao) Rassé – foi concebido `a partir das experiências subjetivas percebidas através dos resultados da combinação e da síntese das informações armazenadas no subconsciente, ou seja, nasceu da necessidade de se expressar o que intuitivamente apresentou-se ao autor em seu íntimo. Também chamada de Intuição Heurística – pois trata de assuntos que se desenvolveram no indivíduo através da sensibilidade e da lógica,- criando circunstâncias de aspectos psicológicos e que o autor defende como pseudo ficção – e também por considerar a poesia um campo onde não há uma definição concreta ou objetiva da realidade. Tentando simplificar: A intuição Heurística capta aquele algo mais que nem os sentidos por si só e nem a razão podem captar, pois enquanto o conhecimento sensível e racional trabalham com dados conscientes ou perceptíveis, a intuição trabalha com dados subconscientes, subliminares, imperceptíveis, ou quase, aos sentidos da razão lógica, pois toda sua atividade se passa na região do subconsciente, por isso a intuição aparece para os sentidos e para a razão como algo misterioso ou fora do comum – místico, sobrenatural, etc.. o que na verdade é uma grande bobagem, pois a intuição nada mais é que a soma de todas as experiências guardadas e tidas como esquecidas em nosso subconsciente, que, quando nos encontramos em uma situação de dificuldade para criar algo novo ou rememorar algum dado que acreditamos não conhecer, apelamos para o subconsciente para, cedo ou tarde, como que milagrosamente, obtermos a resposta que buscávamos tão ávidamente. Tentando ser ainda mais claro: Para tentar concluir o raciocínio da explicação anterior sobre a intuição, ela não é nem independente nem superior aos conhecimentos sensíveis ou racionais, apenas diferente e complementar. Por exemplo: Quando conhecemos uma pessoa totalmente desconhecida para nós e pela qual nos interessamos, entram em ação todas as nossas faculdades de conhecimentos. Os sentidos buscam qualificar dados como: Altura, cor, sexo, peso, idade etc...A razão busca dotes intelectuais, religioso, artístico, filosófico, político etc...Já a intuição procura adivinhar as qualidades ocultas como: O verdadeiro caráter, personalidade íntima, princípios morais ou intenções secretas que procuramos esconder dos outros. Assim sendo, o Metafísica do ócio – Amano Rassé – busca apenas efetivar um registro simplório de caráter intuitivo/divagatório e despretensioso, em que o autor manifesta seu ponto de vista com relação ao mundo que o cerca somado as suas próprias experiências pessoais. O conselho é: Aproveitar a leitura e não levar a sério, pois como já dizia a galera do Sequelândia :“Pra que levar a vida tão à sério se nascemos de uma gozada ?”

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Metafísica do ócio

Prólogo “A fuga do tédio é a mãe das artes”

(F. Nietzsche 15 )

Como mudar o curso nocivo para onde o mundo segue, é uma pergunta de difícil resposta ? Os homens sempre ávidos por ilusões que deturpam a humildade e a sabedoria, convocando a vontade para eivar o espírito. Burgueses buscando se fazerem de vítimas em sua superestimada zona de conforto enquanto na intolerância reina vossa indiferença (ninguém quer perder ou dividir, somente ganhar). Perdem tempo tentando - através de atos cínicos de suposta solidariedade - mostrarem suas boas ações oferecendo esmolas com intenções dúbias e comoção conveniente (dizem estarem fazendo sua parte, há, há, há! Perdoem minha inapetência, não me cabe criticá-los, existem os bons no meio dos lobos ). Oh! Como são guerreiros eficazes, sabem de pronto contra-atacarem qualquer ameaça ao seu império que segue, à risca, normas ou mandamentos do “Capetalismo”. A última moda frívola disfarçada em algum tipo de design que se encaixa perfeitamente em suas necessidades desnecessárias por serem de ordem idiossincrática, cultuadas e se promovendo como antídoto eficaz para a monotonia tediosa que é o vosso viver egoísta. Sinceramente não os culpo, pois a natureza humana é indômita e se faz notório que a cultura e os meios de comunicação se encarregam de envenenarem nossa predisposição biológica para a auto destruição em massa com seus vários signos e sinais que absorvemos no quotidiano, uma semiologia da destruição. Toda forma de manifestação pacífica que insinue alguma ameaça ao crescimento econômico / industrial, mesmo que contenha alguma conotação benéfica em seu significado e ajude milhares de pessoas abaixo da linha de pobreza, são interpretados como atos quixotescos, banalizando o bem estar social, impondo uma ditadura disfarçada em democracia, legando milhões ao desespero e incredulidade na vida presente e futura, e viabilizando o retorno da barbárie com suas “pedras”(milhões de anos de evolução para isso ?). Onde está a tecnologia para a fome? Não há. A tecnologia avança com maior intensidade e intenção para a guerra, para a destruição dos inimigos invisíveis que criamos à partir de nosso embrutecimento sentimental e intelectual. Na atual globalização, onde esbarra o censo comum? Será que na imposição da cultura mais poderosa e influente? Quem mediará o entendimento necessário ao bom convívio mundial ? A ONU ou algum líder extraterrestre que se apresentará assim que o descontrole no planeta ameaçar extinguir a vida na terra ? “Uma grande perda para um grande ganho”, assim definem a situação os que são favoráveis a guerra. Sinto muito por “nós” todos. Só nos resta a teima na esperança de se suavizar o mal desmedido que nos acomete e direciona para a grande náusea do viver. (......)

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(.....) abrindo meu peito à todos, sem modéstias, pilantragem ou pretensões literárias maiores, venho por meio deste apenas tentar satisfazer o meu pequeno desejo de poder deixar minhas vãs divagações como impressões à amigos (as). Impressões inocentes sobre o que chamamos “vida”. O óbvio de que já não há mais novidades no campo literário é um clichê que não mais me diz respeito (deixemos esta séria impressão para os acadêmicos). Meu único compromisso é com meu direito a liberdade de poder me expressar, então não vejo porquê me anular se não tenho nenhum compromisso com verdades absolutas, pois o absoluto é algo muito pessoal para se dividir com estranhos à nossa realidade íntima. Autodidata, sou préia fácil, passível de críticas e comparações, mas reconheço minhas limitações e agradeço as intenções (sejam quais forem). Recentemente minha maior preocupação tem sido tentar achar uma maneira descomplicada de gozar uns momentos com fulana que me encantou -entre beijos e vulva- afinal, não sou santo, apenas mais um filho bastardo de Deus. Na minha natural inapetência com relação à vida, já não me satisfaz ficar resmungando ladainhas, apontando dedos ou levantando bandeiras, não que esteja me omitindo, cagando e andando para os problemas que não criei, mas não tenho fórmulas mágicas para apresentar; o exemplo deveria vir na verdade dos vampiros que elegemos como salvadores da pátria, à quem doamos o “sangue nosso de cada dia” - esses impostos e taxas, puta merda, nos roubam com uma facilidade... -Pô, acabei fazendo um mini discurso sem querer. Sério para mim é o sorriso do neném, o resto são: vaidades, frivolidades e curiosidades de quem busca a celebridade e o poder, flutuando no vento da falsidade. Um desejo seria a paz utópica que todos buscamos, e se o pessimismo se apresentar em algumas passagens, tentem entendê-lo como reflexo intuitivo da natureza mais selvagem que temos, a que percebe que estamos errando além da medida, negligenciando sentimentos nobres. O limite nos limita ao medíocre, pois abandonamos espontaneamente o sacrifício quando este chega a linha tênue do insuportável (O que há atrás da porta ?) No geral ”We can get no satisfaction”mas pelo menos tentamos. O mundo do olhar pode ser mágico e poético, pois em alguns pequenos detalhes estão grandes questionamentos, captar estes momentos é pura arte. Para finalizar este papo furado, minha grande estima e agradecimentos aos rabiscadores de palavras e ideias: John Fante 17 , F.Nietzsche & August Strindberg 1 e no campo da fotografia H.C.Bresson 20 , Robert Capa 21 & Robert Doisneau 22 , entre outros charlatões que clicaram por aí. Amigos, irmãos, inimigos, indiferentes, vivamos a grande fantasia de Deus. Amano Rassé

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Um ícone da cultura urbana carioca (uma pequena biografia de José Datrino, o profeta Gentileza.)

-“A loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus, mais forte que os mesmos.”

(I Cor.-1-25)

Nascido em Cafelândia, município de Mirandópolis (interior de São Paulo) em 11 de abril de 1917, José Datrino foi um dos exemplos de como o diferente pode ter várias interpretações, boas ou ruins. Julgado como um tipo esquisito desde a primeira infância, José sempre foi visto pela vizinhança como um garoto biruta “menino artes do diabo”, como ele próprio se definia. José teve uma infância pobre, porém muito digna. Aos 12 anos começa a trabalhar como carroceiro, profissão que herdou do pai; tinha um bom coração e era extremamente amável com os animais, sendo muitas vezes solicitado para amansar equinos mais alterados (cavalos, jumentos...) por vizinhos que sabiam de seu jeito manso ao lidar com os bichos; ele sempre foi bem sucedido em suas intervenções quando era esta a finalidade. Mas o tempo passou e José começou a sentir a necessidade de ampliar seus horizontes pois Mirandópolis já não comportava a dimensão que ele buscava em seu íntimo, e, aos 18 anos, trata de juntar o que pode carregar e parte de encontro ao desconhecido, destino final: Rio de Janeiro. Cidade nova, vida nova. José tratou logo de providenciar sua subsistência na então capital do Brasil. Com alguma sorte e muita determinação ele obteve grandes conquistas, talvez até mais do que o próprio esperava. José casou-se com a senhora Emi Camono, com quem teve 5 filhos, construiu um razoável patrimônio que na época eram: Casa própria, 2 terrenos e uma pequena frota com 3 caminhões que faziam entregas em distribuidoras de bebidas. Será que apesar de tudo que tinha, ele estava satisfeito com a vida em si, com a situação que o rodeava no quotidiano?

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Como saber? Foi então que certo dia um fato mudou completamente sua vida; algo que aconteceu quando se dirigia para uma entrega em Nova Iguaçú (município da baixada fluminense). José deveria fazer uma entrega na fábrica de bebidas Ibéria (na rua 13 de maio) quando repentinamente- durante o percurso - sentiu um poderoso sentimento invadir-lhe o âmago. Em seu relato, ele descreve o acontecimento da seguinte forma: “Senti, de forma instantânea, uma calma quase delirante me invadindo, como que dialogando com o todo não com palavras, mas com o pensamento; senti uma alegria indescritível, conseguia, de alguma forma, ver e sentir tudo ao mesmo tempo, inexplicavelmente (Epifânia?) e à partir daquele momento senti que o que me movia, movia para o bem, me sentia bom; então só restou-me despojar-se de todo bem material que havia adquirido, deixando que minha família se encarrega-se de fazer o que bem entendesse com aquilo tudo.” Isto aconteceu em 23/12/1957. “O senhor é quem dirige os passos do homem, como poderá o homem compreender seu caminho ?”

(Prov. 20-24)

Seus familiares acharam aquilo tudo muito estranho e logo se encarregaram de interná-lo, como se José estivesse acometido de algum surto psicótico ou algo semelhante. Encaminharam-no então para a clínica psiquiátrica do Dr. Eiras. Durante sua estadia na clínica ele afirma que levou até choque elétrico para que parasse de fazer suas profecias, mas o psiquiatra que cuidava de José acabou convocando a família do profeta para comunicar-lhes que o que José apresentava nada tinha a ver com loucura, na verdade ele parecia mais lúcido que a maioria das pessoas que se acham “normais”. Liberado da clínica, José então começa sua peregrinação de profeta urbano à partir da praça XV(centro do Rio), onde pregava nas barcas e entorno. Teve vários codinomes antes de se tornar definitivamente o Gentileza como ficou conhecido. Foi chamado, logo no início de sua peregrinação como “Jozzé Agradecido,“Profeta das estrelas”, “Pregador da lancha”e “Gentileza das flores”. Gentileza tinha a simpatia de muitos e quando não dava para voltar para casa (No bairro suburbano de Guadalupe, zona norte do Rio de janeiro) eventualmente dormia na subsistência do exército, em niterói; e sempre encontrava uma boa alma para lhe dar de comer, as vezes um proprietário de algum estabelecimento comercial, no mercado das flores, outras um camelô. José só não aceitava esmola em dinheiro, pois acreditava que o mesmo destrói o amor e cega as pessoas. Outro fato marcante na história do profeta foi a tragédia que ocorreu em niterói em 17/12/1961, um incêndio destruiu o Gran circo norte-americano, vitimando fatalmente quase 500 pessoas.

http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=6385

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Este acidente gerou boatos que ficaram no imaginário popular, o de que sua família teria morrido no acidente, boato sempre desmentido pelo próprio profeta. Porém, José ficou profundamente triste com este episódio; ele permaneceu no local do acidente por um longo período, cercando-o com arame farpado, plantando e ali vivendo durante longo tempo à meditar e chegou a comparar o acidente do circo com o mundo, dizendo que:- “A derrota de um circo queimado é o mundo representado, porque o mundo é redondo e o circo arredondado”.(Será que ele suspeitava literalmente que o mundo caminha para a hecatombe nuclear, assim como outro profeta chegou a afirmar logo após o dilúvio bíblico, de que o mundo já acabou em água e o próximo fim acontecerá de chamas que cairão do céu ? “A desgraça não deixará a casa daquele que retribuir o mal pelo bem” (Prov-17-13)

Gentileza era um defensor incondicional da moral e dos bons costumes, ele se irritava com alguns hábitos que lhe pareciam demasiado liberais, criticava severamente as mulheres que se exibiam com modismos da época (mini saia, maquiagem excessiva ou qualquer outro ato que representasse despudor exagerado). Pregava a gentileza entre as pessoas e não concordava com as frases: “Obrigado ou por favor, preferindo respectivamente Agradecido ou por gentileza”, em sua opinião, esta era a forma que tinha de não achar que estava humilhando, de alguma forma, o próximo. Gentileza percorreu vários estados brasileiros levando sua mensagem; sofreu com alguns mal entendidos em seu percurso de pregador, como por exemplo o episódio acontecido no município Aquidauana (Mato Grosso) o então prefeito da época, Sr. João Portocarrero ordenou que aparassem a barba e os cabelos do profeta e em seguida o colocassem no cárcere. Gentileza ficou 2 dias preso por, supostamente, “vadiagem”; como se o profeta fosse um hippie ou um vagabundo. Mas, mesmo depois de toda humilhação, ao ser libertado, ele fez questão de frisar o acontecimento da seguinte maneira:- “O prefeito tinha óculos escuros e parecia o demônio, mas não fiquei com raiva dele; sou louco sim, mas louco por salvar e doido por amar”. Em outro episódio foi mais feliz, pois, ao passar por João Pessoa (Paraíba) admitiu que foi muito bem recebido; comentou que muitas pessoas caminhava de 15 à 20 léguas para vê-lo e acompanhá-lo, alguns até lhe pediam benção. O profeta chegou a estender sua peregrinação a países vizinhos como Peru e Bolívia. Gentileza tinha em sua caligrafia uma simbologia oculta que ele definiu da seguinte forma:- “Quando escrevo Univvverrsso, por exemplo, as letras dobradas significam “o filho” e as triplicadas “a santíssima trindade”. Em amor (outro exemplo), quando uso somente um R, quero dizer amor carnal ou material; quando uso 3 R's, represento o amorrr universal. Seu sobrenome, Datrino, quer dizer de três ou enviado pelo trino em italiano. Para Gentileza, o capitalismo é um dos principais males da humanidade e denominava esse mal de “Capetalismo”; e comentava: -“O diabo é o capital. Se o homem quer mais dinheiro, consequentemente quer mais diabo”. Mas infelizmente, Gentileza como todos nós, simples mortais, também tinha suas dificuldades básicas. Partindo deste princípio sua família conseguiu aposentá-lo como mentalmente insano pelo INSS e Gentileza passou à receber um benefício todo mês para custos pessoais. Quando o assunto era religião ele disparava:- “Não se pode pronunciar o nome de Jesus como salvação cobrando dinheiro e nem se deve usar a bíblia debaixo do braço como se fosse desodorante. Há crentes que confiam na bíblia e desconfiam de seus

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semelhantes; Jesus não andava com a bíblia debaixo do braço e confiou em todos. O corpo do homem é o templo de Deus; os templos de pedras e ostentações devem ser destruídos assim como seus símbolos figurativos. Um Papa que vive em um templo de ostentação e seus mensageiros que andam de cadilaque não podem nem devem ter autorização para transmitirem mensagem divina para ninguém. Que caiam os templos e eleve-se o espírito do homem. A bíblia engana e explora, pois seus criadores omitiram muitas verdades, deixando o conteúdo que lhes convém. Espírito Santo são todas as criaturas que respeitam seus semelhantes, os que não respeitam tem “espírito de porco”. Gentileza também tinha suas máximas, em uma delas, ele comenta: - “Em um cemitério havia uma caveira; certo dia alguém se aproximou dela e lhe perguntou:- “Hei, caveira, quem te matou ? E ela respondeu:- “Foi a língua ferina..” Em seguida ele adverte:-“Cuidado cabecinhas da humanidade, cuidado linguinhas...” Gentileza tinha profunda admiração pelo mártir inconfidente “Tiradentes”, e todos os anos, no dia 21 de abril, ele fazia questão de marchar ao lado da polícia militar em comemoração e respeito ao ídolo. À partir dos anos 80, Gentileza inicia sua mais significativa obra; a inscrição dos 55 painéis – nas pilastras do viaduto da perimetral e ponte Rio niterói - que transmitem seu pensamento à todos. Começa a trabalhar os escritos em frente a rodoviária Novo Rio, no viaduto do gasômetro (entre as avenidas Francisco Bicalho e Rodrigues Alves) que estende-se até o início do viaduto na avenida Brasil(altura do cemitério do cajú). A obra é, de certo modo, um patrimônio do cenário urbano carioca e foi salva graças a sensibilidade carismática de pessoas como o professor Leonardo Guelman, mestre do departamento de artes da UFF, que viabilizou a restauração dos escritos além de prestar várias homenagens ao profeta em 1999. Gentileza acabou conquistando a empatia de celebridades artísticas e intelectuais dos mais diversos ramos, tendo inclusive participado de um longa metragem italiano chamado “Uma rosa para todos” onde contracenou com a atriz Claudia Cardinale. Também foi fonte de inspiração para um vídeo documentário em que foi biografado por Luis Eduardo Amaral e Vinícius Reis, apresentado no Rio cine de 1995 no CCBB. Neste mesmo ano nosso querido profeta sofre um acidente que lhe fratura uma perna (dizem que caiu quando pintava uma pilastra), então retorna para Mirandópolis e é hospitalizado, aproveita para tentar tratar também problemas com varizes, mas sua fratura era grave e necessitava de cirurgia para colocação de pinos. Sendo cardíaco, os médicos perceberam que Gentileza não resistiria a cirurgia, mas a essa altura pouco se podia fazer, pois o quadro se agravou e Gentileza acabou falecendo por insuficiência cardíaca no dia 29 de maio de 1996.

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Capitulo 1

“ Por Gentileza” “ A gentileza é uma moeda falsa, só os tolos a economizam. fazer inimigos por falta de gentileza é uma verdadeira loucura, é como atear fogo em sua própria casa”

(A.Schopenhauer 14 )

Canto de Rassé Sinceridade que fere No corpo, mil abandonos; por não ser como eles querem mas por ser o ser que somos Tentamos somar em igual e inverteram-se os valores; mas, senhoras e senhores, não se percam da moral. Nada paga nossa fome ou apaga nosso facho. O que esperar do homem a não ser um golpe baixo ? Há um som no inaudito que não cabe na razão. Não há deus, feio ou bonito, que resista a solidão. Dê adeus ao que não sabe como sendo “natureza;” há um canto de beleza onde toda vida cabe. 17


Metafísica do ócio Por Gentileza

Asas Inominável desejo Pesadelo dos que o negam para construírem ruínas em onírico surrealismo. Aquarela que fere à luz aos que repugnam-se sob cores fortes e atrevidas. Caverna de Platão 27: são dela sombras. Com asas, vou à luz. Sou a luz Degustou ? Lembre ao paladar a iguaria que nutre os sentidos; convença ao “eu” inimigo enquanto o céu chora.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

O Vento e a maré Copos dançam...,(correta fotometria) Dezoito B, fumaça preta, e, na ponta da caneta, consumou-se a profecia. Maré morta, é lua nova Fragor da imensidão Abissal escuridão Repouso de caravelas Cada dia, sol ou chuva Cada noite, par ou impar Cada estrela ou ardentia Tem cheiro de maresia Ouço a prosa dos coqueiros (um singular dialeto). É vento sul marinheiros Mar: jazigo perpétuo ? À tarde de um dia quente visto daquela falésia trás perguntas que embriagam ao mais sábio pescador O mundo está ocupado Trabalhando o existir Não existe eternidade Tampouco felicidade A inocência que era doce Amargou quando cresceu Já raiou a madrugada Mais cedo a tarde morreu.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

No limite Saber ? Eterno mistério do aprender e esquecer Mas quando o intelecto é uma grande construção inacabada pelo desgoverno da razão; fica um sabor Que não se consegue classificar. Fica a dúvida que não quer se dissipar. Fica a não satisfação do paladar. E esvai-se a vontade de prosseguir Fincando-se o desejo de estacionar. Mas o querer é um aríete Na porta do futuro.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

A indelével magnitude do Céu Origem, dê-me a mediocridade, para que eu possa destruir o mito do instante eterno. Elétrico e pulsante desterro, distante da curva do tempo; maior que o momento da ordem sagrada da desgraça divina e do eu descarnado; semeando o caminho, iluminado pelo sol da alma. A mediocridade do não ser para destruir o que é. Penso, logo: inexisto Existir requer não querer. Como não ? Você pensa ? A mediocridade é o ponto no meio do nó que remenda o existir, mediando o divino niilismo selvagem da liberdade do azul.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

Adúltera castidade(À dúvida das crianças) Sons que, se pesam vazios, outrora ubiquidade, pesam o que fostes: Fósseis do amanhã. Abduzindo a estrela interior (a um estado apático ?); de singular necessidade a desejo trivial: O sangue negado à maçã Epifania sob intemperança ? Vaga e vã lembrança... A noite admoesta Pelo saber de uma criança, vivendo a vida dos adul(têros)tos, A mímica é o que nos resta.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

.....fim de festa -é como me sinto agoracomo a aranha que fixou teia onde nada resta; tipo no 30 o andar de um apê dedetizado, o que se pode esperar neste quadro abandonado ? o inferno está nu ante meus olhos vazados, que não vê a forma da nuvem noturna; a lua é nova,a noite nublada,a luz em black out. Espero impassível noticias suas, mesmo que as folhas me venham em branco; mas, se no envelope me vem o seu nome, respiro a vida. Como brinquedo de, outrora infância, que num estalo ficou para trás, o que venero procede-me à tolo, de tão comum, nos tornam iguais. Canto o que nunca vão esquecer, pois como se esquece o que nunca se ouviu ? A morte é o fim ? O que é morrer ? Um novo espaço ? Cheio ou vazio ? Fidelidade ? Só à solidão que sempre me acolhe sem reclamar; me ouve o lamento,e por um momento, a salgada lágrima é gota do mar.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

Immortalidade Escrevo para ninguém o que nunca será lido. Soldado raso se afogando com o chá da academia. Como a nota solta que sobrepõe-se ao tom vigente, ou chave perdida na calçada que abre a porta da noite Onde a luz é artificial e a conduta automática. Tenha pena e papel, um dicionário exibido; feridas, remédios e sonhos esquecidos E poderá ter O melhor de si.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

A desmesura da heteronomia Vejo, no infinito que não alcançam, toda esperança encarcerada. Um mal insinuando-se atávico enquanto me torno inviável. Profanando a terra sagrada, sem compromisso, confesso: Ser honesto não está sendo escudo para o mal esparso. Vejo claramente onde não alcançam... Ao que não compreendem chamam (low cura?) inaudito. Descobri que muitos sóis queimaram minhas peles. Eu, no Egito onde pisou Davi, ou nas planícies a observar mastodontes. Eu, que não me atrevo a falar dos outros mundos que minha visão não pôde dividir, debati com Friedrich 15 e discordei de Sigmund 25, usei e abusei do Deus e do diabo... Ilumino-me com a unidade ou enlouqueço na cidade ?

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Metafísica do ócio

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Ausência de espírito Onde o ímpio toma posse o bruxismo dá o tom. Minha sede, que era grande, afogou-se na injustiça. E a melhora esperada no além ou no espaço dança valsa em descompasso para nosso desconforto. Minha nobre servidão quer, se o título couber, o de um não cobrador mas o de um equilibrista. Um pensar que era certeza e em um tronco rabiscou-se não passou para o papel, não vingou na celulose. Vejo um trem que vem sem sono ao me equilibrar na linha; na real, não tenho medo, entre os tantos que não tenho. Não enxergo mais o som nem consigo ouvir as cores vivo ilhado quão coqueiro das tirinhas do jornal; nem o náufrago me ouve se o espírito anda mal.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

Entrando pelo cano Eu, arquétipo do instinto universal, morri nascendo em um sítio ancestral e quando dei por mim, quem disse que era eu ? E a saudade do nada de onde vim bateu-me como sinergia. Na ginga, o que eu sentia era um lapidar sem fim. Hoje, nada sei do que aprendi. Do que era belo ? Esqueci...... às margens do rio Lete Com a marca do desengano cruzei o caminho do cano, Sob epitáfio me encontro, inerte.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

O orgulho divino Fui dormir com os pingos da chuva que molharam a mimosa vila pois, barrado ao ir visitá-la, percebi vencendo o banditismo Acordei como um velho da cama 2 por 4, selvagem e livre; quero dicas de filosofia e bem menos que um prato com carne. Mary Jane soprou-me na alma : O que podes querer dessa vida ? O que não me parece tão doce..... (O que sim é o amor que não posso ?) O messias me disse em silêncio: “- filho, não leves a culpa tão longe... “- Deus ancestral, onde posso me esconder ?” “- No que se quer bom, no que lhe faz bem.” “-Origem, minha escola não sabe do amor, dizem que o livre-arbítrio é a senha da maldade, o maniqueísmo não me convenceu, cansei das falsas verdades. Mary Jane me faz murmurinhos, prometendo-me mundos e fundos se não faço questão dessa merda que sentido a razão quer seguir ? O profeta deixou seu legado de beleza teórico utópica, sempre teimam em (vão) imitá-lo, não adianta tentar enganá-lo Toda luz tem sua intensidade, Iluminam ou queimam o filme. Imploramos nossa liberdade pela perpetuação da espécie.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

Sonho de um fóssil Adormeci...... abriu-se a janela, e perante o tudo, viável vazão; Visava de perto minhas vitórias, Castelos & rainhas como galardão Vivia uma estória que desconhecia (Tão surrealista, de um fértil artista ?) Se vidas passadas, não sei explicar nem sei se de fato queria voltar ao mundo real, que nos tornam iguais aos incompreendidos, aos que sentem dor, aos que não tem asas, aos que não tem casa, e morrem sozinhos na sombra da dúvida.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

Abdução Eu vi o fim do mundo.... Ele vinha com cores e luzes piscando, Acelerado e pelo caminho mais improvável Quis esconder-me, mas não havia um porto seguro. Tão sem motivo como a ubiquidade, tão sem charme quanto a infelicidade, tão assustador quanto o desconhecido, tão sem valor como o fodido Mas, se divago, e isto vale tanto quanto um prato vazio na mesa de um faminto; apelo pela virtude na caixa de Pandora para desconforto do infinito.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

Deus Dá e não cobra Pede, não rouba Nunca vai sem voltar Difícil de se derrotar É a nudez da roupa A perdiz e a cobra.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

Pathos aeternum Vês através do meu olhar... O que subjetivamente captou-se Numa fração de segundo É eternizado momento. Vês através do meu olhar O desejo oculto De parar-se a vida Na coesão do tempo Vês através de meu mundo De alegria, desalento Contentamento, pesar Você sabe como me sinto ? Então tente, experimente Através do meu olhar

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

VENTURAS ....como se jogasse sal no mar almejando torná-lo mais salgado ela, em desespero, subjugava-se sem perceber entregando-se à paixão que é vaidade foi vencida. Que seja o vosso desprezo Pelas coisas vãs, por fúteis Vossa nutrição sobre-humana Pois convém estar atento ao meio Para não serdes afetados pelas veleidades.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

INDIE GENTES Bebo comigo mesmo Apenas eu e eu Como é boa a vida Quando a névoa De uma agradável embriagues Baixa seu véu Sobre as misérias da existência E aquele que contra mim se dirige Não percebe a contramão Entrementes, o amor nega-se em habitar Onde o ódio já morou O ódio arranhou o que era liso E para nossa tristeza Nossa alegria é dor alheia Lá vem as pedras em vôo rasante.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

OS ASSOMBRADOS Comigo, em meu íntimo, Deus sabe O tempo corre, a alma cobra O corpo entende, a persona disfarça EU não sei, o tempo passa TU não vens, me sinto caça ELE(s) não te quer (em) de volta NÓS estamos sem direção VÓS entendeis o que digo ? ELES têm medo de assombração

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

Aos outros nós Seguidores da invenção A pele da culpa são suas vestes Que desculpa vai querer Vosso deus se é criação ? Downtown 12:34(a.m.) wednesday O centro está para o silêncio Como o surdo para a floresta noturna.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

CONFORMAÇÃO CONFIRMADA Adoro as disparidades do sentimento Amo as adversidades do quotidiano, Não seria eu, sem os opostos. O que viveria se mesmice a vida fosse ? O que sobraria do pluralismo Que se quer a vida Se o igual fosse ubíquo ? Entre os dias, nada de novo E o déjà-vu só confirma A teoria do eterno retorno Como também a saudade se esconde Para pregar sustos. A distância entre nós Não é medida por tempo ou metros Mas por tombos e mordidas Decerto, nada acadêmica é a vida. Então, deixe-me acordar em seu coração Pois no ontem que não me lembro Sonhei com você Coberta de sangue e pétalas de rosa.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

METEMPSICOSE Aspecto: obra mal construída ? Não, manutenção equivocada. Necessidades pedantes Ou regras a se contestar ? Na metempsicose adquiriu-se dívidas pendentes ? Crônica hipocondria... Corpo e alma apresentam Diagnóstico apoquentador Um mal atávico Nos faz atécnicos sociais. Sorte perdida de um grande e vil desejo.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

O CANTO Se não consigo ignorar minhas fraquezas Atrasado para a festa estou Onde as virtudes se elevam Para além de um céu que manifesta O que alguém jamais cantou.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

LUTAS Na fome do alto mar Se chove – e o barco ébrio Com garfo e desesperança Fito a sopa derramar Menino não vá lá fora, Não leve bala nas costas Os ômi não receberam Se vai, buscou sua hora Regue a santa planta paz Que um profeta nos legou Poesia iluminada a esperança creditada. Não devolva mal com mal a prefeito ou general Seu silencio será manto Enquanto a guerra não vem Não atice seu demônio Para não cansar o santo.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

ALEGORIA Ficou um pouco e acariciou a alma Custou o sacrifício do abandono Deixou um sabor que alimenta um retorno Quis-se, em infinitivo impessoal Fazer a festa.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

Antônimo a paz Amantes se deitam E órfãos acordarão O interruptor se desliga Tudo é silêncio O descaso persiste... Segue-se à escuridão.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

UBIQUIDADE INCOGNOSCÍVEL Um pouco para dormir outro pouco para dormitar e a indigência cairá sobre ti Um pouco para sorrir e muito por se chorar pelo tanto que não te deixa mais sentir Que a vida não precisa do tanto que o tanto promete a vida se repete ao tanto que não se quer Mas, até quando não quero estou te querendo pelo que ficou entre nós dor, se lembrando, dor, se esquecendo.

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

PLÁGIO II Meu caminho parece vazio... Sei que o usarei até o fim ? Percebo: ele jamais será preenchido. Gostaria de vê-los com melhor intenção... De me conhecer então !... Talvez quando esquecer o “mais”. Em um canto não se fala (melodia) Recatado e selvagem (liberdade ?) Gastando a imunidade (insegurança) Impondo uma situação (arrogância ?) Deixando a liderança (despreparo ?) Falando à ignorância (confusão ?) Falsa beleza discute brincando (fato)

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Metafísica do ócio

Por Gentileza

A MONTANHA As circunstâncias evaporam minha face E o capetalismo se apresenta Com doses tão maciças de enganos Que raptam, saturam sentimentos Luxúria disfarçada em descrição Conveniência adora insinuar-se Imaginando o topo do vazio O empírico mastiga na epiderme A lei de incentivo à cultura Flutua na matéria escura De um sonho que se sonha só E a rigidez muscular Baixando, faz relembrar: Retornaremos ao pó.

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Metafísica do ócio

Rainhas e Feiticeiras

Capítulo II

++++Rainhas & feiticeiras+++++ À RAINHA DO (MAR) DESERTO OU AO CANTO MELANCÓLICO DA SEREIA A alma da mágoa vai pelo se dorso(1) Se profanei a terra sagrada Pelo artifício da eternidade(2) Tudo que creio lá ter ocorrido foi uma visão.(3) Mas, nosso momento, se dispersou-se, Dali de trás há de voltar,(4) Pois já estou farto de ficar Onde se está sempre só.(5) Agora, acariciando sua foto desfocada - com uma frágil graça de menino – (6), sinto por nós dois.... valeu a pena ? (7) Do grande que queria para ti, o pequeno que te leguei é só uma gota no oceano.(8) e por todos os erros, por não merecer sua canção que minha quilha estale (9) e que eu jaza no mar (10) (1)-{Pelo mar}-Augusto dos Anjos. 13 (2)-{“Into the artífice of eternity”-Sailing to Bizantium =velejando para Bizâncio}W.B.Yeats 10 (3)-{“All I believe that happened there was vision”-The disappearing island=A ilha esvanecente} Seamus Heaney 4 (4)-{Und kehrt von hienten zuruck”- Das fraulein stand am meere = Um jovem a beira mar}Heinrich Heine 12 (5)-{“On y est toujours tuot seul”-Les isles=as ilhas} Boris Vian 16 (6)-{tarde no mar} Florbela Espanca 7 (7)-{Mar português}-Fernando Pessoa 19 (8)-{“”-balada da gota no oceano} Bertolt Brecht 5 (9)-{“Ô que ma quille éclale”-Le bateau ivre = O barco ébrio} Arthur Rimbaud 2 (10)-{Ô que j’aille à la mer” Le Bateau ivre = O barco ébrio} Arthur Rimbaud 2

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Metafísica do ócio

Rainhas e feiticeiras

CANÇÃO PARA PRISCÍLA Leve, o vestido te envolve calado Lábios me secam por todos os lados Lento desejo galopa meu plexo Louco tic tac frenético ardente Num silencioso olhar te desenho Em silhuetas que escondem-se às vestes Cheiros, sabores, tão perto/distantes Ruínas sérias na vã castidade. Apelo aos céus por este segredo Devido ao difícil contato direto Como a insegurança encontrou o caminho ? Sua indiferença: Um espinho em meu flanco. Dei tudo de mim em meu pensamento Voei ao destino de sua janela Nunca imaginei o quanto era bela minha humildade chamando seu corpo Chorei mentirinhas de olhos contritos Querendo seu beijo num átimo instante Mesmo que não caiba em mim seu amante Espero seguro uma segunda chance Seus olhos, meus olhos: conversa bonita Será ? já brigaram por mútua atenção ? Dou-te meu afeto em ato contínuo Querendo ninar-te com minha canção.

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Rainhas e Feiticeiras

BLUFF Meu sangue evaporou pela chaminé do crematório E respirado foi pelo colibri; o ente alado Das cinzas? nem alma, tampouco escritório, mas da língua na flor, ali me tens estacionado Vertido e calado o desejo está Transborda ao além dessa vida que, ao se entrar não se vê saída, como espero em outra te achar ? Curvei-me ao som das estrelas flores que brilham no tempo e contemplam-me a escravidão Mas se tudo parece perdido encontro saída fingindo. Um blefe: minha salvação.

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Rainhas e feiticeiras

“Something in the Box” Yes, indeed, i’m alone again & here come emptiness crashing in It’s either: love or hate What can i find between ? Cause i’ve given to witches What i would like to given to an queen

“Armário de Freud” Sim, de fato, estou só novamente É, lá vem a solidão me arrebentar Está entre ambos : amor & ódio. O que posso no meio achar ? Pois tenho dado para bruxas o que para uma rainha gostaria de dar

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Rainhas e Feiticeiras

Orgulho O orgulho ferido de uma mulher Seta com veneno, mal me quer O raro que em mim habita abstrai-se a relações. Tantas soluções e quero o deserto. Amante da solidão me tornei E nem o sonho de quem não sei Vai trazer a diferença Quero a paz como consequência enquanto a guerra não vem.

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Rainhas e feiticeiras

Só no verbo Solidão, mal para quem pensa Pensar, mal para quem sente Sentir, mal para quem vive Viver, mal para quem espera Esperar, mal para quem ama Amar, mal para quem é só.

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Rainhas e Feiticeiras

Confissão Amor de minha carne em pedaços Meu espírito desconhece em ti necessidade Se sua ausência me causa tormento Sei que ignoras meu lamento Dissimulando o que é verdade: Para além da vontade não me prende seus laços.

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Rainhas e feiticeiras

Desencanto Chamei seu nome ao acordar senti sua ausência ancorar e sua falta vestiu-me de dor meu orgulho virou seu tapete Meu encanto cantou em falsete Esqueci como te conquistar ? Queria esquecer que te vi Pois vejo meu pranto rolar Quando lembro que me és querida Me fere ainda saber como és má.

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Rainhas e Feiticeiras

Sementimento Minha chama que te quer Quer inundar-te com fluido semeador Quero te molhar fazendo amor Derramar-te todo meu sementimento Jorrar no seu jardim O todo que há em mim. Sussurrando em seu ouvido, Num ensejo imortal de êxtase, Volúpia e contentamento. Ouvir-te chorar sorrindo, Som de inimitável momento Pois nada é melhor que o ato, Nenhuma comida, nenhuma bebida. O ato é pedra fundamental. Gozar, de fato - no ato - , procede à vida

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Rainhas e feiticeiras

Pompoarista Forma, na função que escondia ao tamanho de um homem ou mulher aperto, um golpe na falocracia só brinca-se quando ela quer.

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Rainhas e Feiticeiras

À costela ( com educação) Luz e sombra te qualificam. Tu, por quem a terra tornei maldita Pela sedução de seus encantos Tornei-me um santo desfaçado Por um momento não sou Pois meus sentidos falam por nós Tens umidade tão relativa a ereção do meu desejo Posso então, em um ensejo, Penetrar-lhe o jardim encantado ?

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Rainhas e feiticeiras

Metr么mana O leite de um escravizado derramei em ti ofegante dentro de um amor distante gozo desafogado

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Rainhas e Feiticeiras

N贸s II Leve nossa mistura a nona lua escorrida e, quando o nascente for vida que seja de n贸s, criatura

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Rainhas e feiticeiras

Eros, blue na Hedonismolandia Se o todo a descobrir-se fosse o querer de tudo que se quis, quis esquecer pois, toda dor se quer distante ? eternidade se quer prazer. Há cor de céu na minha pele e cor de mar ao meu redor mas sua cor, tão desbotada... porquê nunca arrisca nada ? Guardei o ontem para você.... ontem te vi ! amanhã o quê ? Se dúbio é por não saber me ganhe, perca para ti multipliquemo-nos ao devir.

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Rainhas e Feiticeiras

A verdade que cai Deitada e despida de alento Com sonhos rugosos ao vento em largo e imoral pensamento Seu pétreo ânimo se esvai centelha do arquétipo uno ( costela e constelação ) abuso no espesso vermelho infâmia à minha noção Jocosa artimanha da falta quão corda poida à sonata desfecha-se, errante a visão Nem todo desejo é amor cuspindo, vi o meu, impostor na gosma que ficou na mão.

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Metaf铆sica do 贸cio

Fotografias By Paulo Nagao

Fotografias By Paulo Nagao

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Metafísica do ócio

Fotos by Paulo Nagao

Casa Mágica

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Fotos by Paulo Nagao

Rua de areia, Lua cheia

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Metafísica do ócio

Fotos By Paulo Nagao

Falocracia em evidência

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Metaf铆sica do 贸cio

Fotos By Paulo Nagao

O caminho do Bonde

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Metaf铆sica do 贸cio

Fotos By Paulo Nagao

Light your Zippo & smoke your dead

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Metaf铆sica do 贸cio

Fotos By Paulo Nagao

Velho Depoimento

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Metaf铆sica do 贸cio

Fotos By Paulo Nagao

King of Blues

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Metafísica do ócio

Fotos By Paulo Nagao

Adultério

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Fotos By Paulo Nagao

Solidão perfeita

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Fotos By Paulo Nagao

Velho mar

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Recado do Mal

Capítulo III

Recado do Mal “ Peregrinos, viajantes, se me queres seguir, respirarás mais livremente, pois no meu universo reina a desordem, e isso é que é liberdade.”

( August Strindberg 1)

“Tratado sobre o mal” Todos os dias as paixões vestem-se de 360 tipos de vestes “divinas”convidando o caminhante a tomar o rumo errado, mas, a menos que as paixões para o pecado se manifestem numa delas, satanás não conseguirá penetrar no coração e no ser interior do caminhante. Quando surge a pré disposição para a paixão, satanás se aproveita dela e a promove projetando-a no coração; isto é o que se conhece por tentação. Algumas mentiras que são motivo de queda: O imaginário que criamos para nós pensando ser esse o verdadeiro “Eu”e a de que nosso pequeno “ego”, nossa coleção de desejos e medos mutáveis todos ativados por acontecimentos externos é o soberano de todo o nosso ser, sendo permanentemente livre. Destruição do ego (pelo poeta persa Farid Ud Din) -A conferência dos pássaros: -“Ah, tolo convencido, espírito do demônio !-exclamou a polpa - Tu te afogaste totalmente no egoísmo. O diabo entrou na tua cabeça, toda a tua perfeição e virtudes nada mais são que produtos da tua imaginação. Enquanto te deixares assombrar por ideias tão diabólicas, permanecerás distante da verdade. -”ouve esta estória: - “Um dia Deus todo poderoso mandou que Moisés fosse aprender alguns segredos de Éblis. Moisés foi ter com Éblis e pediu que lhe ensinasse um segredo.“Lembre-se desta única lição:-disse Éblis - Nunca deves dizer “eu”; caso contrário te acharás na mesma condição que estou”. Satan só invade se houver uma brecha aberta pelas fraquezas, se houver um manifesto de submissão voluntária, e os inimigos involuntários da psique humana são: A vaidade e o amor pelo ego; assim sendo, dominar as paixões é dominar o mal. Orgulho e ilusão:as duas armas particulares do diabo. Os caminhos da tentação são: A faculdade dos sentidos, da imaginação e da memória sensitiva. -A principal função do diabo com relação a religiosidade pessoal é alimentar a pessoa que busca a paz espiritual com ilusões que possam minar sua fé, enganando-as com visões imaginárias e colocando uma máscara diante de suas próprias características verdadeiras, mas o pior que o diabo pode fazer é manter a alma no relativo quando ela é chamada para o absoluto. Satan = Eu adversário de mim mesmo. Diabo = Auto vontade caluniadora que atrapalha a busca pelo caminho das virtudes.

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Recado do mal

Friedrich Nietzsche

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Recado do Mal

Refugos da civilização..., ela é a única ocorrência recente. Vivemos sob o signo da velocidade, na era das coisas efêmeras, das coisas que não foram feitas para durar; e, neste sentido não me cabe explicar o mundo ou atribuir-lhe valores morais ou imorais. As conclusões cada um deve tirá-las à partir de uma reflexão pessoal e de uma consideração sobre o seu papel na cena do mundo. Refuses from civilization..., this is the only recente occurence. We live under the sign of speed, in the age of ephemera and of things that are made not to last. And this sense it is not up to me to explain the world or assign it moral or imoral values. Conclusions are made for each to draw out of their own personal reflection and from consideration of their role in the world.

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Recado do mal Eu quis, e tudo por tal, fiz Fiz tudo que pude para ser Isoédrico a face do bem Mas, a minha maneira Ignorei a face cruel do mundo E ao cruel, acrescento meu intento pérfido Jurei mentiras com sabor pesado Indigestas ao paladar refinado Concebo que caí na armadilha Que, reconheço, ajudei a montar Cheguei onde quis E o deserto é o meu lar Um vazio, um silêncio, uma dor indivisível Manisfesta-se sem pressa Sou préia da cobiça que encanta quão serpente Rinha : passado x futuro = Recado do mal presente Imprevisível como a luta Da morte com o que é vida, Duas senhoras desiludidas Com a inércia que infectou o tempo. Veda-se o ciclo e desnuda-se a questão: Onde queremos chegar com essa evolução ?

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Recado do Mal

Homeóstase em curto No dicionário do próximo tempo, Talvez encontre as palavras Para as imperfeições do sentimento Meu futuro apresenta-se perdido Assim como minha fé Sinto-me tão imaturamente jovem Tão lascíviamente* velho, tão inútil Andando no pensamento do demo ( o que devo ?) Nada peço... Senhor do meu tempo não sou De nada sou dono Nem do abandono, nem da dor Nem da chuva e nem do meu cetro. Uma molécula inerte no corpo do mundo ? Sigo, sugado pela violação dos direitos humanos, Negado pela sabedoria adquirida Esculhambado pela ideia de Deus Ou a porra que for Ainda não sinto a superação pela transcendência.

76 *http://www.esbocandoideias.com/2011/07/o-que-significa-lascivia-lasciva.html


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Recado do mal

Perdendo a fé Sinto-me findando em um grande mal que 7 demônios planejaram para mim percebo, na verdade, em estado epifânico um grande que é o não, num pequeno fim Deus se fez orgulho onde esperava-se misericórdia ? É dúbio, por incompreensível nas veleidades que a vida entorna ? A fé é tudo para quem nada quer e eu que tudo quero, nada tenho como consolo a não ser esse grande embolo que me faz perdê-la.

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Recado do Mal

Maldição ( In articulo mortis ) Os acidentes do desejo empírico Causas que refutam mananciais a malandança fere o espírito malambeiro das queixas fatais Homeóstase contra o inaudito malandéu, que posto buscas ? O de servo dos aflitos ? Quem suga a seiva à suas custas ? uma semente febril vaga vã ? Ardente : lucífluo inconstante lucífugo adivinhando a manhã Na crença da tônica dominante Lá vem a noite disparada faço uma prece e puxo a tomada?

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Recado do mal

Queda Que paira por onde não se quer Já vindo ao encontro. Com a mão desdenhosa de Deus Levando a palavra certa. Quando se acredita no D( eu )S, Certa é a consequência : Do vasto caminho rumo a dispersão Onde habita o sem fim. O branco imaculado agoniza Perante o incerto que enlaça a noite faz-se a devassa Para não passar-se por branco. Por motivo de força maior : A eminência Pelo “Plainte D’automne” de Mallarmé 11 Sem falocracia ou misantropia ? Para honrar na decadência Tudo o que fizemos pela mulher E só receber na carne, covardia.

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Recado do Mal

Relutâncias Não adianta bater na porta da casa do surdo Pois mesmo que ele te atenda não compreenderá suas palavras de estrangeiro Que expressam rancor e desorientação Cintilar de um abismo. Mas..... Como se oferece o que não se tem ? Como se acredita no que não se entende ? Como não beber do mal se secou o bem ? Minhas lágrimas misturam-se ao leite derramado E é isto que me deixa bolado.

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Recado do mal

A sinfonia Sincretizada, a razão esmaecia mas não deixei o poeta na solitária Nelson Rodrigues, de fato, coraria com o caráter da dúvida de Cristo Passou rente a pele, e, por alguns instantes, iguais Buddha, Gandhi, Sidarta; Síntese ao conjunto da obra Que belo design Na sala de estar Do apocalipse Sei que antes do fim Tocarão por mim 4 cavaleiros.

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Recado do Mal

“?” Aquiloquenuncasaberemosexplicarexatamentecomo deveriamosmasoinversoseriacertezadaquiloquenãogeariaoqueé

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Recado do mal

Ouro contra a alma Não há direção que não leve ao brilho Moscas ociosas voam na penumbra Erguendo e derrubando civilizações Pelo mais vil dos sentimentos. Dividido, entre dentes ciganos Na ascensão e queda babilônica Mostra a ilusória direção Que leva às asas da mosca azul Preâmbulo nono do tolo Estulto por natureza Atávica sede branca Fadado ao concreto Por tombo fatídico Em troco de tiros.

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Recado do Mal

A teimosia da hora que dói Lá vem mais um dia com chagas abertas a alma esvazia ( promessas incertas ) sou só rebeldia na certeza concreta De que o certo errou Me sinto uma peça num jogo de sombras sou luz que findou...,bem que te queria. lá vem mais um dia.

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Recado do mal

Drácula Sozinho em mim, divago, em meio a escuridão Por tanto desencanto, atento à tentação Dominus, alcateias, ao som do anoitecer Não temo mais a morte, o que é mesmo viver ? À noite aliado, na sombra derramado Com a febre de um sol, da terra sou o sal Um cio, um desejo, meu fio condutor Ainda que tardio e laborioso; amor... Quando tudo acabado à luz de um dia eterno Num raro Déjàvu retorno ao passado Bebo da tempestade, me justifica a cruz ? Confinado nas trevas, ex condutor da luz.

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Recado do Mal

Quinhão quimérico Matuto com minha razão, A bola só bate na trave, Desclassificou-se a paixão Meu tempo me morde sem pena Fazendo da vida promessa pequena Fingindo, rejeito o tesouro Findando, nem o bronze opaco Recados de um fel paraíso Pelo apreço ao inferno do mel Não penses o saber de um sorriso Não penses o que não é preciso*

(*sinonímia: exato )

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Pesar hipostático Desgraçado e sem luz eu, música melancólica e noturna, com amarguras atemporais, Escarnado pelos hipócritas e vampirizado no bem estar pelos camaradas do interesse, jamais serei exceção. somente alvo de chacotas Se me pesar a insegurança. No auto caminho a direção é indefinida. mas não se preocupem, não quero vosso sangue Nem involuntariamente. Sintam-se super seres Enquanto o peso da gravidade faz-se indiferente Exijam, corram, galopem Enquanto o sangue está quente.

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

Hipocondria Queria submergir do sumo de ti Um desejo confesso, por breve Aflorando em candura. E, solto no mundo Um coração vagabundo Que no ócio quebranta E banaliza a imensidão Quando a luz matinal Ilumina sonhos vazios Toda classe de angustias Adoece o sorriso Romântico estado, Comensurável pelos destroços E apelos invisíveis, Santos que nunca serão canonizados arquétipos atemporais Da desgraça divina, Que se perdem Para se encontrarem Onde o nada é começo e fim. Espíritos comprimidos, Quase esmagados, Reclamam ao corpo um pouco de espaço. Compêndio do que somos, Desde sempre; amém.

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Sayonara kamikaze Deus; quem criou não foi você ! Auto ajuda : Quem vai querer ? Força de Deus é o amor ? Ódio de Deus é opressor ! Não sei de Deus ! Sabe de mim ? Acho que sim ! dias que não ? como saber quem foi Adão ? sabes Walt-Chaplin ? Não sei de mim ! sabeis vós ? ontem acordei....não sei quem ! fui ! Fim.

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

“7” A calúnia do “eu” adversário Que mora a oeste do éden Enfraquece a corrente 7 cadeados nunca serão Pois o oitavo é o primeiro e saem ficam Vênus e marte Nas mãos da origem.

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Devir metálico O coração do cérebro Perpetua a indiferença No peito, descrença Temor de um novo cálice ? Tecnoluminosidades Cibermodernidades Mitos e crenças Escorrem pelo ralo. Não vou de salvador Gabar-me ao mundo inteiro Apenas vagabundo Em cárcere no mundo Sou mais um prisioneiro Que se desencantou

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

Tentação danada O egoísmo diz que não acredita para usufruir no oculto o desespero diz que ainda é cedo mas a pressa já passou a caneta é encantada pelo movimento ascendente o sorriso de uma ladra É o que a vida mostra, com dentes A saúde não é pública e a privada entupiu puta que o pariu !!!!! A paciência dormiu ?

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Peça mal encaixada Para que tudo funcione É necessário que o que não presta participe Ao quotidiano se antecipe E dos enganos se apodere Para que tudo funcione Os opostos devem olhar-se E comerem juntos o mesmo menu : Sonhos cozidos no destino cru. E, quando avistarem o abismo Sem desculpas ou cinismo Ambos se surpreenderão Um velho sentimento novo Brilhará aos olhos de ambos : A luz e a escuridão.

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

Matador de pistoleiros Se vossa pena, em hipótese, é ausente E, se a presente não escreve Nem da dor eleva ou ferve Adeus à sua alma e sangue quente No crepúsculo vermelho Há um frio que não tem charme Um fogo-fátuo que deixa a carne E o vazio que ficou no espelho A música : meu algoz agonizando A minha nem sabe, a dele chorando O mesmo fim que é fim sem fim Barriga pra cima, o chão toca as costas Pra superstição ? Não tenho respostas Mas sei : minha vida dependeu de mim.

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Serial Killer No ponteiro dos segundos igualam-se segredos ouvindo a hora morta prostrado atrás da porta Decerto, choverá novamente onde é desnecessário enquanto a garganta não alcança o da cigarra A língua, ensebada, jaze silenciosa na rigidez cadavérica De um corpo mutilado. O sangue pisado Lembra o fígado bovino; Molemente. A astúcia nos esfriou Adeus sensibilidade Bem-vindo estado decadente

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

Kamikaze desertor Não, não sou fruto bendito De um ventre imaculado No livro do céu não estou inscrito Resta-me o inferno como legado Acordados p’ra real Estão todos os sentidos Se algum ainda sobrou Nesse novo inferno astral Na dúvida, Deus faz castelo Na certeza, esconde-esconde Até onde a brincadeira Faz questão de machucar ? Onde atua o positivo Toda porta se destranca Toda força se reúne E recebe o de costume.

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Fuga O tempo te consome lento Tecido orgânico morto Barquinho que balança ao vento No mar do mundo, sem porto Crias do inconsciente Forjando um momento feliz Quem diz que sabe, esse mente Quem sabe espera, não diz Que recompensa um pobre Na morte de um rico terá Se a ambos é o mesmo quinhão ? Morre o plebeu e o nobre Alguém sabe como será ? Não há para onde escapar...

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

Medo Encontrei-me novamente com o que nunca se perdeu Medo : agora é da graça que se tem Dívida que além do além se faz Manter é que são elas : a fé Belzebu mais que se engana Satanás chora sozinho Nome ruim não falta a falta Nem o sol abre o caminho Covardia vem cantando Madrugada se queixando Credo em cruz, Ave-Maria Deus mergulha no inaudito Na garganta, um mudo grito É o velório da alegria.

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Sangue, suor & lágrimas De humilde com peça não vale não existe bandido no céu socialmente do lado de fora a revolta ameaça invadir Nós, omissos e silenciosos coniventes, seguimos com medo dos que dormem sem culpa ou remorsos tão imunes estão no governo. O volume de suas piscinas faz corar de inveja a Patinhas Nos gozam & gozam Com nosso sangue suor e lágrimas

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

Doce de ilusão No fruto da dúvida o mal se faz presente Bate à porta, invade o recinto de penetra Para desequilibrar a balança da razão Quem esqueceu a porta aberta ? Qual motivo para estar contente ?

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Mal morto Mande-me um veneno e cuspa nele Mate-me um segundo e ressuscite-me Fique um instante e desapareça para sempre Levando o ódio sobre mim e minha alma juntos O peso do tempo É inquilino do céu que tange a aurora Uma incógnita corta o ar Passando-se por lira 7 sinos sinistros escarram na vaidade à esquerda do bem mora algo perverso reprimido na negação outro dia vazio pela inércia infrutífera ecoa vozes desinspiradas, cochicho faltoso miro ao devir crendo que há de chegar o que espero do bem à vir ? -” A morte de beira-mar”.

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

A três graus da realidade Visagem que nunca vi a não ser pela imagem que criei No âmago, mesmo sem ver, senti Impalpável dissociação que inventei.

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Metafísica do ócio

Recado do mal

Estrela D’alva No mal que, se vive e não quer se acabar espera acordar num planeta livre ? Já tive demais me fez vomitar talvez retornar alguns ancestrais À luz do farol quem quer carregar o que não se quer ? Se o céu não fechar pré e pós ver sol brilhará Cifér.

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

Má semente Antes de dormir o dia martelei sobre os enganos voluntariosos danos que fulminam a empatia Eloquência em exaspero ecoava o mal estar sem controle, sem virtudes O que mais a se esperar ? E o cocô do urubu complementa meu shampoo antes fosse só crendice Torço para o sol concordar com o pedido do luar Só na próxima Eclipse ?

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Metafísica do ócio

Recado do mal

A Balada do ímpio Nada vem mais fácil que o querer Pois não pensar já o é Quero tanto o que não quero Que quero desaprendê-lo; Desconstruir e reformar, Ser novo nome e lugar, Inspirar cuidado e zelo Quero tanto o que não quero, Que nem pensei como é Ganhar e depois perder.

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Metaf铆sica do 贸cio

Recado do Mal

Euthan谩sia morrer d贸i menos que viver ?

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Metafísica do ócio

Recado do mal

“O ATÚDI” Parcelo o existir em dívidas eternas até onde nos cabe viver essa engrenagem ? Quanto mais se tira maior fica que grande buraco... De mim sou coveiro ? nunca vejo o desejo empatar quero a chance de me derrotar revelar-me nova direção. Aprender e guardar o que presta. em verdade, tudo que me resta é : “- jogar fora a imaginação”.

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Metafísica do ócio

Recado do Mal

Linha partida Lá, onde pisei Ficou um sentimento Que desatou-se de mim. Estado espirito emocional Irresgatável ao devir. Passou como areia Na ampulheta de Kronos Que sorri com ironia e indiferença. Serei preparado pelo acaso E separado pelo infinito Para a luta eterna e vã ? Achei e perdi um sabor; Inclassificável é o amor.

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

Capitulo iv : Triste é o infinito “A poesia é uma exigência devastadora do absoluto” (Charles Baudelaire 8 )

Mascote de Netuno ( vem sob que nome ? ) Autômanos sob influência De espírito rebelado Arbítrio liberado Avulso à contingência Paixão a Sanshin O pai me deu o acorde E, até que se acorde Ainda sou ninguém Tudo que não sei Sabeis tu Hemingway 23 ? “ belo dragão do mar” e o que não sabia, nem o toureiro, um dia, poderá derrotar:

( Tsunami ).

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

Um som no silêncio Eu canto calado... há um mar no silêncio não penso e amanso extasiado. No entanto, há quem pense num sonho acordado : o vento ameno que me sopra de lado também me pertence ? Um canto calado, uma prece mental; e no espelho padeço em reflexo; enfim... terá validade essa minha canção ? por dúbia veemência canto mesmo assim. Se luz pequenina a fé derradeira me descontamina Se o sol me abraça Na há nuvem negra Que me tire a graça.

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Metafisica do ócio

Triste é o Infinito

O sal do mar Berrante assombro... Híbrido de paúra com gosto salobre Literal afogar no desejo de ser anfíbio Mas o sal... Se pelo menos os brônquios fossem guelras.... Onde a vida começa, deve terminar ? Mas o sal...

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MetafĂ­sica do Ăłcio

Triste ĂŠ o infinito

A tela A pintura, silenciosa, conjura. cilada grave ? cores gritam dissimulando.

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Sonho numinoso Amar Basta ? Conservando o Desejo Empenado à Felicidade, Ganharemos ? Hoje, Invejam-se aos justos, kantismo 26 ? Lua Minguante Nasceu Orgíaca Para Que Rodeiem Suas Tentações. Uma Vontade Weak, Xilolatria ? ... Youth Zaori.

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

Eterno retorno Na simulação dúbia Um perigoso insinuar Meu sorriso, ao partir Vacilou, pôs-se a chorar Só mesmo dona alegria Outono de primavera Para iluminar a sombra Que na dúvida descansa Déjà vu denunciou ? R.E.M. faz retornar ? Sem lembranças da infância ? Bem que se desconfiou... Tente na boa levar Só não mate a esperança.

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Absinthium Abdico por ser pérfido abismado com a chaga que me causou o amor que não salvei para nós, abismou. desvio então intenção e amargura para o doce torpor bucólico da artemísia Absinto-me, perene que seja Enquanto o tudo faz sentido para o nada colher o tudo ficou no pretérito, Morreu antes de nascer.

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

Invisível sensação, sensível visão Bebo o fim do dia Em uma cama cheia de espaço Por vazia Nos braços, amarras e nós Que, atamo-nos sós Ao ermo sem par Cria de um cheiro invisível Orgíaco, perene Pois teima em durar Resgate e conserte esse meu coração Que insiste em cantar No tom : Em

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Outro ócio Água sagrada cai do céu molhando a nuvem e a águia batizando o mal preságio e Levando um dessossego. Ninguém sabe o que quebrei construíram o que não sei No silêncio que é distante canta o Buffalo outro blue Choveu noites sobre o sol Tipo Slide, sound steel sobrou todo desperdício que o tempo me legou O que faço agora então Com todo esse tempo vão ? Acho que vou descansar No descanso, vou pensar.

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

Dia feliz Sereno como o sereno... Grato como um gato Durante o sono tranquilo em uma manhã de outono Satisfeito com a vida E indiferente à quantas mortes me esperam. Meu corpo tem prazo de validade Relativo ao tempo que inventamos E minha alma medita conclusões À respeito do (estado) conforto. O conforto está onde não imaginamos E o encontramos ao acaso De uma realidade idealizada. É desconfortável amar durante uma cavalgada ? ou pior seria estar-se morto ? É, a vida é engraçada Uns com tanto E outros sem nada E eu com isso ?

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

O retorno do eterno desejo O sábio sabe se ouvir para além do yellow gold. Sabe se aquietar para além do pale blue sea conforta-se no Prussian blue sky E se desculpa ao objeto da cultura sabe-se além da criatura ?!?! antena psicoemocional... tem espírito insaciável em carne comedida Que nega-se à presa da hora última e aos desejos de espíritos outros que se alimentam do mesmo prazer primeiro O gozo dos deuses Nada mais belo que a morte do desejo desejo pela beleza que mata E, das cinzas, o querer : Fênix O próximo desejo O eterno retorno.

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

A tela II Terracota que me espera O que te envolve no oculto É signo erudito elevando-se à mistico Na solidão do conteúdo um tormento se propaga ao revés definitivo : Amuleto atemporal. dor de cor conveniente lapso com landscape oliva frio, coral quente Canção bela e silenciosa Preenchendo a noésis Com luz tênue e ociosa.

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Porta/retrato Pícaro na quinta... O rendez vouz de sempre Um desabar na frente convexa Anexa-se banalmente. Córtex vilanesco, No ato de libertação condescendente procurando imitar a matéria inorgânica santa é a misericórdia da cólera ausente carne cortada Num instantâneo eterno Sangue gelado, Inverno. Correção humanetária incorrigível Lascívia dúbia ao imediato Um orgasmo inerte ao infinito Um momento eterno no porta retrato.

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

“8” hoje apareço cego. Amanhã se desculparão : “-Até ontem não sabia !” Infinito.

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Kurdt Cobain 6 Deu-se cabelo de anjo Hálito de bebê Curva na asa do tempo, Quão perene é a temperança ? Número total de mortes De 3 gatos ingleses Soma de acesso Ao clube dos estúpidos Nenhum liquido o liquidaria Somente o insólito sólido Da idiossincrasia Predestinado a imortalidade Por transpirar sensibilidade morreu deixando empatia.

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Metafísica do ócio

triste é o infinito

O melhor de mim Tenho uma insistente impressão De que estou com uma má expressão refletindo de graça o que o mundo quer ver “-mas o pior de mim, não.” E tenho reparado neles também tantas obras frívolas Que me consomem o que tenho de bom “-O pior de mim então....” Como se um mal partido, muita moça não me quer quero da moça, calor Tara, tarada, mulher “-Com o pior de mim, não. Deixe a ilusão ficar mais um pouco Me enfeitiçando em estado de graça, Atentando e tentando O melhor de mim.

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Calango O vento soprava quente No brilho de um rio invisível Com a valentia risível ( por inocente ) De um copo de aguardente Lá ia o calango ébrio Com sede de mais viver E larga impaciência Sem medo de se perder A caatinga chora em silêncio A lágrima que não tem Achada à perdição ? A chuva é sonho perdido Não vem, é canto esquecido Cobrindo a desolação.

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

Clone D’eu Eu me toquei !!!!!! me vendo como era quando com 7 anos; sem psico sequelas Qual a mim se igualará em processo natural ? qual de mim responderá por um crime a um tribunal ? cada um com minha face cada qual com sua persona confusão sentimental um, de olhar leve, sereno outro grave, com veneno Clones gêmeos : bem e mal ?

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

My own land Descendente de um falóforo grego Levo o meu em procissão triste Pois, bípede, que mal anda ou faz segredo Quer correr mais rápido que a luz que existe. Caminhando como um lobo Chapeuzinho me quer na posição de riste Pois, se a roda parar O quanto adiantará empurrar ? O amanhã é eterno Pelo coração que a tudo assiste Eros e Vênus, filhos do sol Perto do céu, longe do inferno.

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Metafísica do ócio

Triste e o infinito

Refém da cultura Não tenho armas para escrever apenas coração e vontade pequena a academia nunca me recrutará Pois a liberdade é um saber selvagem Os acessos da ocasião fazem a fama ou o ladrão. Os excessos na informação só sabem fazer confusão há um ponto na velocidade onde a segunda sílaba é a quarta. onde a vontade é morta, É aí que a coragem é viva. O desprezo é a arma do sábio ? Mas o orgulho não sabe tocar sem ferir Tenho, em mentira, desejado a mediocridade admirando a beleza e temendo o espírito Não se pode conceber Se não há como entender.

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Tipo de câncer* Todo excesso leva ao infortúnio. Amar demais não deveria ser diferente ? * Tipo : sujeito indeterminado de câncer : do signo de.

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Metafísica do ócio

Triste é infinito

Atalho ( do Gênesis ao apocalipse ) Fomos o que somos o que seremos o que fomos ? +

+

#”

+

#”

+ : começo / # : fim /“ : ?

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Pedra Vi com olhos de poeta o que não soube escrever confirmando a ignorância conturbando o entender; sinestesia analfabeta.

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

À sabedoria dos mortos Palavras são cinzas de uma chama morta Pegadas na areia lambidas pelo mar Força motriz; conserta ou entorta Impele o sofista a se embaralhar. Pensar não é nada mais que desejar E o não desejar é o mesmo pensar Desejo se quero, se não, é desejo Procuro a medida em receita própria Verdades, mentiras, inquilinas, inquinas Parecendo totens para convencer Que a única porta é a da conversão Amo a eloquência da suavidade Mas sou conivente com a gravidade Em busca inconstante pela perfeição.

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Bala perdida Do ontem voltei ( que corpo é este ? ) O espelho nos engana ao simularmos isenção ? hoje sorri para mim e para todos os “eus” Tentarei não me odiar quando a nuvem me alcançar E o céu tornar-se juiz Aos amigos e às amigas sobram-me dedos pelos que não fiz do orgulho à inércia, quem escolhe o que não quis ? Dos “Ismos”, capetalismo, difusor de um caminho Onde é fácil se distrair, tropeçar e cair sozinho. O messias salvador quer ser clonado ? Que belo céu depois da chuva... matizes de azul com lágrimas para sudário. O senhor dos exércitos esqueceu de avisar que a guerra acabou isto tornou as virtudes pretensões cínicas e As cobranças necessidades fisiológicas Nos tornamos famintos de atenção, Assombrados por opção Abandonados à sorte de uma “bala perdida”

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

Buraco negro Com olhos e olhos Não via a energia Matéria do nada Que engole o tudo A luz que fugiu Formas forjou De certa fôrma O nós/ser surgiu Passou pelo Vênus Com o cheiro primeiro Da natureza Dissimular a beleza É tudo que temos Por um dia inteiro.

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Satisfação ( A assassina do desejo ) vejo grande arte em desnudar-te, com olhos famintos, buscando alimento em detalhes ocultos. Tudo é útil no nosso canto do cisne brilhamos no fosco ( satisfação ?) Sigo agora com a calma dos que já não tem mais desejos. Que mal faria se fizemos bem ? Um novo desejo ? Insaciável verdade ! Um novo dia ? a velha e constante vontade.

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Metafísica do ócio

Triste é o infinito

Um nome de obra Toda minha cautela entregou-se a lassidão Conforme informações invisíveis, foi-se Confirmou-se a aventura impotente, deu-se Como criança que mistura à inversão. Tanta decadência na cadência Santa paz é inocência... Canta a insone presença O que só o poema apresenta Nem todo show é só bom Nem todo céu é só blue Nem toda chuva, esperança. Esqueça, ó Deus, a vingança Na terracota há um tom De cor para o pontal do sul.

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Metafísica do ócio

Triste é o Infinito

Aos dragões Me desculpe, pai, se sua ausência me tornou independente e, se lhe mostro os dentes espero não rosnar Perdão, ó senhor já pai pelo piano desafinado entre nós Pela falta de girassóis Pela pena última que cai Sigo rumo ao desconhecido Sinto não ter lhe convencido E por tirar de seu bolso uma moeda Mas, como sou frágil dragão Meu vôo, se vai sem direção Espera seus braços, na hora da queda.

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Metafísica do ócio

“O Homem Atemporal”. ...a interrogação faz eco nos neurônios enquanto o espelho ri dos destroços pela última noite. É, acordei com gosto de farra na boca e dor de briga pelo corpo; cansado, como se estivesse desnudo de nutrição e hidratação; ... “ressacado”. O mormaço do corpo da indecisa já não me aquece faz tempo; gaguejei-lhe uma mensagem enquanto esforçava-me em pensamento para tentar eu mesmo entender tal mensagem (precisamos de ajuda para nos auto entender ou de auto ajuda para nos consertar?) Será que o ócio é minha bola de ferro a se carregar, que bate e volta na barreira do limite ? Todos apontam para o céu- como merecê-lo se não temos asas ? - ; quem disse que os anjos nos invejam? Deve no mínimo ser louco, como todos somos; insetos buscando a luz na loucura da vida pública, pois privada é onde depositamos excrementos puros ou impuros do nosso “eu”, que, entrementes, regozija-se na dor alheia ou em ser devotado. Deus não é opressão, mas humildade, devoção e dever para com a criatura que é (segundo nossa cultura) sua imagem e semelhança, que é sua representação fiel, se essa mesma fidelidade nos for retribuída em forma de entendimento, cognoscivelmente falando (Mas as coisas representam o papel dos homens e os homens o das coisas, formando assim a raiz de todo mal - Simone Weil 18 ). Mr. Franklin 3 comentou: - “A profundidade do abismo marca a necessidade da dor profunda por meio da qual ele será transposto”. Simulamos necessidades e alimentamos clichês que teimam em círculos viciosos, dando a velha impressão de dèja-vú (tipo, já vi este filme), e aí me vem novamente como se martelando a cuca a ideia de que só há um verdadeiro caminho: Amor sem paixão. Esculhambei a ordem universal com um sorriso irônico e sentido, forjando a divindade nos moldes da razão em que o onírico arte finaliza (sem cobranças?). Organicamente respondendo, o corpo fala, pedindo aquela moça de cabelos negros, pele queimada pelo sol do extremo sul, com vestido de renda, silhueta de violão, sorriso maroto, seios fartos e firmes, lábios grossos, baixa estatura e pimenta, muita pimenta; se isto é coisa da maçã, não fui eu que inventou, mas me é funcional, de resto, a natureza e a gravidade se encarregam de cumprirem suas funções... Faço questão de deixar o posto de “Deus” à quem interessar (ninguém merece...) por desprezar as tentações. Meu orgulho que não existe me faz indefesso e temerário, e, no risco de demonstrar tal fraqueza percebo: Ansiedade, minha tênue tristeza. Captando no ar, me indago: Como ter certeza de que não sei o que não aprendi ? (você acredita no agora?). A eternidade é minha descendência, ou seja; um eco no pensamento de meu filho, meu neto ou quem quer que pense e mim quando já não estiver mais neste plano nada divino. Imaginei a transcendência: manifesto interior da luz mais forte que pode ser vista à luz do sol, que é a fonte de vida mais clara que existe (acabei caindo em paródia...) Eu que penso o que ninguém quer saber, penso no vazio onde a paz é eterna (e que quer paz eterna?). Como é entediante e cruel concordar com Nietzsche, um profeta da estagnação e da desesperança, potencializando o niilismo e a banalização da cultura vigente. A nitidez da grade me desaquece enquanto se reflete em minha cortina, pestanas e retina sem sono. Não consigo calar a desordem de mim mesmo, enquanto mais do “apogeu vivant”, que mendiga barato o que não tem preço e que só não mata dentro de si o que quer, o que não quer, lança ao acaso da imensidão; mas vê-se uma luz, sempre pertence à outrem essa luz, pelos dogmas reluzentes que guardamos no inconsciente, pelo santo nome de papai noel e por Alice no país dos inocentes. Bom, como tudo no inferno é de graça... (quem disse!?!) talvez quem nos cochichou à respeito foi o homem atemporal, homem comum de uma origem que quer-se natural, por um Deus predecessor, inconcebível e uno. A razão não nos

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pertence, adquirimos a mesma como bônus em um jogo onde a regra mor é o querer. O querer precede a razão? Sim e não, pois os sentidos enganam-se até aprenderem o mecanismo de defesa adequado ao desempenho no jogo da vida, onde se percebe o reclamar-se de mais e o agir-se de menos. Existência, teu conforto é a supressão da vontade frívola; mas onde buscar uma existência feliz que não se apresente como sendo um anacronismo? Onde existo? Posso na minha imaginação? Estultice sofista.., mas é onde me querem louco que me bate o excesso de lucidez. Uma ligeira epifania se insinuou e afirmou que o mundo supra sensível está enfraquecido, a filosofia ocidental está à beira do abismo com relação à essência do homem - e a cultura está fadada em um grande embuste, remontando carcaças ao invés de investir em algo realmente novo, útil e funcionalmente significativo. Sigo, apreendendo possibilidades de captar poesia das circunstâncias e deixando o resto para depois do ócio. Minha homeóstase precisa do conserto emocional do bom humor (ou seria bom senso?), mas a existência insiste em tragédia ! Positivistas de plantão acham que sempre sabem a fórmula da felicidade (qual seria?), não, não há garantias. Chamei então para (tentar) responder a esta questão o Sr. Bhatahhari e juntos chegamos à seguinte conclusão: Plágio:ao fim do mundo,com carinho O que buscas dúbio coração ? O descanso de um deus cansado de brincar de amar e odiar ? O que vai ser à não ser do jeito que deve ser e não do jeito que o querer pensa a via governar ? Não faças do passado feu nem do futuro aflição a vida é inconsistente goze o instante de alegria que chega sem avisar e parte, igualmente.

No meu silêncio imaginário, ouço o toque de um berimbau mandingueiro enquanto tento esquecer o quão dura é a luta de mim contra eu mesmo, mas um pequeno conforto me afaga, o exemplo da velha guarda, dos que tardaram mas não falharam. Em uma hora que não vibrava, busquei uma forma de se descobrir o quão fundo é o poço. Eblis bem que confessou seu segredo pessoal à Moisés, mas como sou tinhoso... entrego então à divindade suprema todo o sumo de minha nada humilde existência.

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Epílogo. Não custa nada ser gentil, a não ser ao orgulho (mas este não é motivo de queda?). Para onde se vai quando caímos ? (o céu é o limite, m as a realidade da queda é o chão.) Entre os passos que aprendemos sozinhos, obedecemos a norma do passível e sob controle é o caminho, sob o controle do estado (manda quem pode, obedece quem te juízo) O espírito de porco em homens de profissão federal, estadual ou municipal (políticos e seus comandados) tem feito o povo gemer, com atos falhos que são semelhantes ou piores que cuspir no rosto de idosos ou martirizar criancinhas. A intolerância é abafada por medo de uma execução sumária pela velocidade do chumbo. A fragmentação dos ideais é fraqueza, união pelo bem comum, poder (Quem se manifesta ?). Construímos uma visão tão particular do mundo, onde cedemos facilmente ao desejo de se querer o que não necessitamos como básico e funcional, mas sim como artifício de uma aquisição paradoxal, que desconfia de sua real função e finalidade. À aproximadamente 7 dias passados, foi-nos apresentada a decodificação total do genoma humano enquanto ao mesmo tempo uma pneumonia atípica (asiática) multiplicava rapidamente suas vítimas (uma grande perda para um grande ganho?). A simplicidade perdeu lugar para a modernidade dos atos fúteis, onde se busca o vazio disfarçado de utopias e utopias e... O amor, por mais que se conteste ou questione, tornou-se subjetivo e caiu em descrédito, se transformando no sentimento mais bonito que “não” existe (quem se habilita a amar incondicionalmente ?) O que é verdade? Difícil pergunta? Desconfio de uma pequena verdade, a de que abandonamos Deus nos pequenos detalhes e sentimentos que nos viciamos em ignorar, ou por não querer dividir (ególatras ?), não me apraz apontar dedos, mas é muito fácil se omitir e lograr à distância dos problemas (porquê e por quem esquentar a cabeça se este papo de salvar a humanidade é coisa de maluco ?) Será então que Jesus era um hippie louco à divagar a salvação? Sempre haverá algum louco, uns simples outros cínicos, sempre haverão ... como sempre haverão incapazes que, ao manifestarem suas capacidades auto anulativas dirão:- “Esse papo de salvação e amor ao próximo é coisa de pederasta”. Pobres incautos, incultos. Não trago nenhuma boa nova, mas amar é sempre uma grande novidade, pena que essa novidade seja mais real no roteiro da novela das 8:00, amor ficção. Como voltar no “tempo/entendimento” para se poder dar crédito às boas intenções, se o que mais se ouve é que o inferno está cheio delas. Nossa capacidade de ceder à cultura que absorvemos é letal para o espírito livre, então chora-se e rangem os dentes pelo óbvio, o de aceitarmos o está imposto. Não se muda nada se o pagamento não for feito com sangue, a seiva da vida. Que Deus nos permita ser sinceros e que esta sinceridade se transforme em força e seja a base de uma fé inabalável na vida, pois à morte todos estamos confinados. Deus é o único que nos sabe no fim. Que a paz de Gentileza esteja conosco.

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Glossário A Abdução – Afastamento de membro de sua fonte de origem. Abissal – Diz-se de região correspondente às grandes profundidades dos oceanos e lagos ou do que é formado à grandes profundidades na terra.

Academia – Academia Brasileira de Letras (ABL). Aeternum – Eterno, sem fim. Âmago – A parte que fica no centro de qualquer coisa ou pessoa, parte central, essência. Apoquentador – Aborrecedor, impertinente. Ardentia – Brilho, cintilação de cores, fosforescência do mar visível à noite independente de luz direta.

Aríete – Máquina de guerra com que se derrubava as muralhas ou porta das cidades sitiadas.

Arquétipo – Modelo ou exemplar originário, de natureza transcendente, que funciona como essência e princípio explicativo para todos os objetos da realidade material, imagem primordial.

Atavismo – Hereditariedade biológica com características psicológicas, intelectuais e comportamentais.

Atécnico – Que não tem técnica, ciência ou arte, inapto. Atemporal – Em que não há tempo, fora do domínio do tempo. Autômano – Característica comportamental espontânea inerente a todos por reação automática dos sentidos devido a estímulos volitivos, provocando atos automático. Ação neurológica encadeada por estes estímulos nos tornam seres automáticos .

B B-18 – Barco de pesca de médio porte que comporta motor com essa classificação de potência. Bruxismo – Transtorno do sono em que a pessoa range os dentes

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C Calango – Nome dado a pequenos iguanídeos (lagartos) que vivem em lugares áridos. Apelido de homem do sertão (Caatinga).

Canonizado – Que se canonizou; declarado santo, glorificado. Caixa de Pandora (mit. Grega) – Pandora, primeira mulher, foi enviada à Terra por

deuses gregos com uma caixa que continha um arsenal de desgraças (discórdia, guerras, doenças do corpo e da mente) para o homem, como vingança ao titã Prometeu por ter presenteado os homens com o fogo sem ser autorizado. Ela foi aconselhada a nunca abrir a caixa, mas sua curiosidade foi maior que seu temor e ao abrir a caixa liberou todos os males. Mas havia um único dom na caixa: a esperança. E antes que este dom também se libertasse, Pandora fechou a caixa. Esta metáfora é usada pelos gregos para explicar conceitos da natureza feminina como beleza, sensualidade o poder da dissimulação e destruição.

Ciber modernidade – Novidade no campo da ciência cibernética que modifica o cotidiano antropológico comportamental de uma época ou cultura.

Clichê – Lugar comum, chavão, algo que por se repetir em demasia perde a graça. Coesão – Unidade lógica, coerência de um pensamento, de uma obra. Comensurável – Que tem ou admite medida comum, que se pode medir. Compêndio – Pessoa ou coisa que resume ou simboliza em si um período histórico, uma teoria ou doutrina, uma ou diversas qualidades etc.

Condescendente – Transigente, tolerante, compreensível. Conjurar – Tramar ou intentar em comum acordo para efetuar ação contrária a interesse de alguém ou algo.

Convexo – Que tem relevo exterior curvo. Córtex – Camada periférica dos hemisférios cerebrais, formada de substância cinzenta. Sede de funções nervosas elaboradas com os movimentos voluntários. D Déjà vu – Forma de imaginação que leva o indivíduo a achar que já viu algo, alguém ou já passou por situação presente em passado recente ou remoto.

Desfaçado – Descarado, imoral, impudico. Desmesura – Indelicadeza , descortesia, falta de comportamento moral ou ético.

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Devir – Vir-a-ser, tornar-se; começar a ser o que não era antes; fluxo permanente que transforma todas as realidades existentes.

Divagação – Pensamento ou raciocínio caótico, delírio, distúrbio. Dragão do mar – Peixe teleósteo perciforme da famílias dos traquinídeos - cavalo marinho - (Trachinus dracu) com nadadeiras dorsal e pélvicas estendendo-se pelo corpo alongado.

E Éblis – Nome de Satanás, citado no Alcorão (livro sagrado Árabe), sinônimo de Diabo. Efêmero – Que apresenta ciclo de vida curto, que dura pouco.

Empírico – Baseado em experiência prática. Entrementes – Neste ou naquele intervalo de tempo; neste meio tempo. Epifania – Revelação de natureza divina. Epitáfio – Placa escrita sobre o túmulo em homenagem ao morto Espirito emocional – Estado de inspiração artística que tende a se perder ou sofrer esquecimento súbito caso não se registre ou se grave.

Estulto – Insensato, néscio, estúpido, que não apresenta discernimento. Eterno retorno – Segundo Nietzsche a vida é um fluxo contínuo e eterno onde tudo já foi visto, vivido ou sentido, e a realidade corresponde à repetição infinita dessa vivência.

F Falésia – Encosta alta e barrenta que sofre erosão marinha. Falocracia – Dominação social, cultural, simbólica exercida pelos homens sobre as mulheres.

Falóforo - (Grécia antiga) o que carregava o falo nas procissões Fogo-fátuo – Luz ou chama azulada atribuída à combustão dos gases metano e fosfina

que quando entram em contato com o oxigênio do ar produzem o fenômeno. Esses gases são provenientes da decomposição de matérias orgânicas e são comuns em sepulturas ou áreas pantanosas.

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Fóssil – Diz-se do que se extrai do seio da terra (animal, vegetal, mineral) que foi enterrado e transformado pelo tempo.

Fotometria – Campo da óptica que trata da medição das propriedades da luz e sua intensidade, usada na leitura de luz para fotografar.

Fragor – Ruído, estrondo, estampido, estalo que se dá quando algo se parte. G Guelra- Branquio, órgão respiratório de algumas espécies aquáticas. H Heteronomia- sujeição a uma lei exterior ou a vontade de outrem. Ausência de autonomia.

Híbrido - Que ou o que é composto de elementos diferentes. Mistura. Hipocondria- Preocupação excessiva e compulsiva com estado de saúde acompanhada de sintomas que não podem ser atribuídas a nenhuma doença orgânica.

Hipostático – União mistica, dupla natureza, dotado de duas substâncias, uma natural e outra divina. Ex: Jesus Cristo, por ser homem e Deus.

Homeóstase - Processo de regulação pelo qual um organismo mantém constante o seu equilíbrio. Estado de equilíbrio das diversas funções e composições químicas do corpo.

Humanetária- Metáfora correlativa entre humanidade e preocupação monetária. Diz-se de quem tem capitalista compulsivo.

I idiossincrasia – Característica comportamental de uma pessoa ou grupo de pessoas Inaudito- De que não há memória, de que não há exemplo, novo, desconhecido. Incógnita- Aquilo que se desconhece e se busca saber. Enigma, mistério. Incognoscível- Que não se pode conhecer pela razão ou inteligência. Indelével – Que Não pode ser apagado, indestrutível, inesquecível Inércia- Falta de ação, imobilismo,estagnação,prostração.

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Inquinar- Tornar-se sujo, manchar-se, poluir-se. Isoédrico – Cujas faces são iguais ou semelhantes, diz se do cristal. K Kamikaze- (Japão = Vento divino) Designação dada aos soldados da força aérea japonesa que, durante a segunda grande guerra, suicidavam-se atirando seus aviões carregados de bombas contra os navios da esquadra Norte-americana no oceano pacífico.

L Landscape- (Inglês = Paisagem) Lascivo- Dado a sensualidade, aos prazeres do sexo, libidinoso. Lucífluo- De que deriva a luz, de que sai a luz (da verdade). Lucífugo- Que foge, evita ou receia a luz, inimigo da luz. M Malambeiro- Que ou aquele que vive se queixando. Malandança- desgraça, infortúnio, desventura, má sorte. Malandéu- Malandro que age de má-fé. Manancial- O que é considerado princípio ou fonte abundante de algo. Mandigueiro - Difícil de ser capturado ou derrotado em qualquer plano. Mary Jane-(marijuana) Canabbis Sativa, Maconha. Maniqueísmo- Dualismo religioso sincretista cuja doutrina consistia basicamente em afirmar a existência de um conflito entre o bem e o mal.

Metafísica- Lógica do inaudito, fonte de princípios gerais para o conhecimento empírico, ou seja: o sentir natural em seu estado mais bruto e selvagem, independente da razão lógica da cultura e suas definições cientificas. Saber instintivo sentido pelo espírito em sua mais profunda percepção.

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Metempsicose- Reencarnação, passagem da alma de um corpo para outro(animal ou humana).

Metromania- Ninfomania, desejo sexual anormalmente forte nas mulheres. Furor uterino.

Misantropia- Ódio pela humanidade. Falta de sociabilidade, aversão ao homem e suas convenções.

N Niilismo- Rejeição radical às leis e as instituições formais, em função de sua comprovada falência ao serem aplicadas como soluções, mas, mostram-se tão somente paliativas e retrogradas. Aversão a conceitos ultrapassados que ainda perduram.

Noésis- Pensamento, inteligência, exercício da razão. Numinoso- Influenciado, inspirado pelas qualidades transcendentais da divindade. O Ócio- Antonímia de negócio. O ócio na verdade deriva de uma denominação que os antigos tinham de seu tempo livre para criar e desfrutar de conceitos relacionados a arte; momentos de inspiração que eram aproveitados com prazer e tinha um significado quase religioso e de valor inestimável,já o “negócio” era como se fosse tipo “ a negação do ócio”, pois o negócio era feito com intenções dúbias, maliciosas e com fins puramente lucrativos e sem o mínimo de prazer.

Onírico- Relativo a sonho,que diz respeito ou tem o caráter, a natureza de sonho. P Pathos - Qualidade do que é transiente ou emocional. Poder de trocar o sentimento de piedade,tristeza ou ternura através de obra intelectual ( Texto, representação, música, etc...)

Paúra- Muito medo, grande pavor. Pérfido – Que falta a fé jurada, desleal. Traidor. Plágio- Apresentação feita por alguém, como de sua autoria, de trabalho, obra intelectual ou etc..Produzida por outrem.

Psicoemocional – Dotado de sensibilidade acima da média para captar inspirações flutuantes, o que a maioria deixa de perceber.

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Pompoarista- Que pratica ou exerce o pompoarismo, que é a técnica que consiste em contrair o canal da vagina com força excessiva no que quer que lhe penetre, expelindo ou não o objeto ou órgão.

Preâmbulo- palavreado vago que não vai diretamente ao fato. Préia- Pressa, como um animal caçado. Psico sequela- Metáfora para comportamento anormal (T.O.C. - transtorno obsessivo

compulsivo, neurose, paranoias, etc.) adqueridas após experiência dramática vivida por qualquer indivíduo.

R R.E.M.- (inglês = rapid eyes moviment) movimento rápido dos olhos. Quando estamos em sono profundo, há um estágio em que os olhos vibram intensamente e é onde os sonhos são mais abundantes.

Rendez-vouz- Ponto de encontro, local escolhido para entrevista, conversa ou etc..na gíria pop. Casa de libertinagem, sacanagem, bagunça.

Ressacado- Metáfora para desidratação por ressaca de bebida que contém alcool. Rinha- local onde se realiza briga de animais(galos, pássaros, cães etc..) rixa, disputa. S Salobre- Que tem sabor salgado. Sayonará- (Japonês = Adeus) Sementimento- Metáfora para ejaculação sentimental voluntária; mesmo que essência da criação e perpetuação da espécie.

Serial killer- Assassino que mata em série. Sanshin- Instrumento japonês de três cordas, originário da ilha de Okinawa (extremo sul do Japão), tocado com paleta de marfim, tendo sua caixa de ressonância coberta por pele de gato ou cobra.

Sincretismo – Ato ou fato de se ligarem partes inimigas, conciliação, fusão de diferentes cultos religiosos com reinterpretação de seus elementos.

Sinergia- Ação associada de dois ou mais órgãos cujo resultado seja a execução de um movimento ou a realização de uma função orgânica.

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Sinestesia- Cruzamento de sensações,associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de sensações diferentes numa só impressão(ex. um som evoca uma imagem,uma cor evoca um sabor..)

Slide- (E.U.A.)= Deslizar, escorregar sobre algo. Acessório cilíndrico de vidro ou metal usado para tirar efeito sonoro das cordas de aço de violão ou guitarra . Steel- (E.U.A.) Aço. Instrumento de cordas que tem afinação própria e que é tocado com slide.

Surreal- O que resulta da interpretação da realidade à luz do sonho e dos processos psíquicos do inconsciente.

T Tecno luminosidades - Efeitos de luzes que tem propriedades alucinógenas em alguns indivíduos sensíveis a sua intencidade, alguns desenhos japoneses(Pokémon)apresentam características dessa natureza.

Totem- Animal, planta ou objeto que serve como símbolo sagrado de um grupo social(tribo,clã)e é considerado como seu ancestral ou divindade protetora.

Transcendência- Caráter inerente a um princípio ou ser divino que ultrapassa radicalmente a realidade sensível,e com a qual mantém, em decorrência de sua perfeição e superioridade absolutas, uma relação de soberania de distância.

Tsunami- Vaga marinha volumosa, provocada por movimento de terra submarino ou erupção vulcânica e que cria ondas de até 35 metros e que arrasa tudo o que estiver num raio de 2 km da costa.

U Ubiquidade – Faculdade divina de estar concomitantemente em toda parte. V Ventura – Sorte (boa ou má), fortuna, destino, acaso. Vila Mimosa – Zona de baixo meretrício no centro do Rio de Janeiro (Pça da Bandeira). Vilanesco – Relativo a ou próprio de vilão, mal caráter.

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Visagem - Aparição sobrenatural, assombração, fantasma. W Weak – Fraco em inglês. X Xilolatria – Adoração por ídolo de madeira. Y Youth – Jovem em inglês. Z Zaori – Jovens que têm o dom premonitório de descobrirmtesouros (na semana santa?)

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NOTAS : 1 - AUGUST STRINDBERG- (1894-1912)- Dramaturgo sueco, entusiasta do expressionismo e autor de vasta obra dramático-literária. Episódios de sua vida privada revelam uma personalidade de inquietude vertiginosa que quase o leva a loucura (Tinha séria mania de perseguição espiritual ). Livro: Inferno – Editora 34

2 - ARTHUR RIMBAUD- (1854-1891)- Poeta francês que aos 16 anos já era considerado um virtuoso das letras(época em que lançou “Uma temporada no inferno”) Desiludiu-se com as letras e acabou se envolvendo com o comércio clandestino de armas, partindo para a África e para o oriente, onde contraiu, devido as más condições e esforços contínuos, sérios problemas com varizes que, ao agravarem-se, acabaram por fazê-lo abduzir uma perna e, em conseqüência de descuido, acabou vindo à falecer logo em seguida. Poesia completa – TopBooks 1994

3 - FRANKLIN LEOPOLDO E SILVA- Professor do departamento de filosofia da U.S.P., autor do livro “ A metafísica da modernidade”.

Revista Cult Núm.64 – Edit- 17

4 - SEAMUS HEANEY-(1939-2013)-Poeta da Irlanda do Norte. Um dos maiores poetas vivos, ganhador do Nobel e vários outros prêmios literários.

Poemas – Companhia das letras 1987

5 - BERTOLT BRECHT-( 1898-1956 )- Poeta, crítico e dramaturgo alemão que, em 1919 escreveu “Tambores na noite,” sua primeira peça, que estrearia em Munique em 1922, recebendo o prêmio Kleist. Poemas ( 1913-1956) Edt- 34 2001

6 - KURDT COBAIN-( 1967-1994 )- Cantor, compositor e guitarrista americano. Liderou o grupo de Rock alternativo “Nirvana”, grupo ícone do chamado movimento “grunge”de Seattle (Washingto) Teve uma infâcia trágica devido a separação dos pais, fato que o marcou profundamente por toda vida, vindo talvez a ser uma agravante em sua dependência pela heroína. Suicidou-se com um tiro de fuzil em casa.

Mais pesado que o céu(Uma biografia) – Edt. Globo 2001 CD Principal – Nevermind – Geffen Records 1991

7 - FLORBELA ESPANCA-( 1894-1930 ) Poetisa lusitana precoce. Aos 9 anos escreve o que talvez seja sua primeira peça, intitulada “A vida e a morte”. Em 1915 lança “Trocando olhares”, que abre Caminho para rica obra literária, sempre custeada pela mesma. Teve uma vida de angustias e sofrimentos, sendo inclusive rejeitada pela crítica de sua época. Fazia uso de drogas para dormir e sua morte é relacionada a dose exagerada de “Veronal.” Poemas – Martins Fontes Edt. 1999

8 - CHARLES BAUDELAIRE-(1821-1867)- Poeta Francês- Autor de “Paraísos artificiais,”que narra a experiência e consequências de um usuário de ópio e de haxixe. “Flores do mal,”outro título que lançou, foi proibido mas vendeu consideravelmente bem na clandestinidade até 1924, quando foi liberado pela censura da época.

Paraísos Artificiais & As Flores do Mal – Edt. LP&M 1998

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9 - BUFFALO-( GRANT LEE PHILLIPS – 1963- )- Cantor, compositor e guitarrista americano. Líder da Banda de rock alternativo “Grant Lee Buffalo.”

CD's pricipais com banda : Fuzzy, Might Joe Moon

10 - WILLIAM BUTLER YEATS-(1865-1939)-Poeta Irlandês -Yeats estudou teosofia com Charles Johnstons; era extremamente místico, o que o levou a participar de encontros com membros De uma sociedade hermética(esotérica)que tinha como líder Madame Blavatsky. Foi ganhador do Nobel de literatura em 1924. Poemas – Companhia das letras - 1992

11 - STÉPHANE MALLARMÉ-(1842-1898)-Poeta francês- Um dos maiores poetas de sua geração, juntamente com Vitor Hugo & Charles Baudelaire. Conheceu a celebridade em vida e era muito respeitado por seus contemporâneos. “Um lance de dados” foi um divisor de águas na poesia feita até seu lançamento, tendo influência avassaladora e transformando toda poesia posterior, devido ao grande impacto que causou por seu estilo moderno. Poemas – Nova Fronteira Edt. 1990

12 - HENRICH HEINE-(1797-1856)- Poeta e filósofo alemão- Contribuiu grandiosamente para a história da religião e filosofia na Alemanha do século XVIII (idade média até o idealismo alemão) que culminou com a revolução alemã. Os Deuses no exílio – Edt. Iluminuras

13 - AUGUSTO DOS ANJOS-(1884-1914)- Percussor da moderna poesia brasileira, lançou um único livro intitulado “Eu”. Foi ignorado pela crítica de sua época, mas, nas décadas seguintes, foi conquistando o merecido reconhecimento, tendo sido considerado um dos mais originais poetas que o Brasil já teve. Eu e outras poesias – Edt. LP&M 2001

14 - ARTHUR SCHOPENHAUER-(1788-1859)- Filósofo alemão. Autor de “O mundo como vontade e representação”, um marco, iluminado pelo talento do chamado filósofo do pessimismo teve forte influência na geração de filósofos posterior, inclusive Nietzsche.

O mundo como representação e vontade- Edt. Acrópolis

15 - FRIEDRICH NIETZSCHE-(1844-1900)- Filósofo alemão. Conhecido como o homem que matou Deus. Autor do genial “Assim falou Zaratustra”. Morreu de um colapso nervoso que o deixou semi-inconsciente e à beira da loucura.

Nietzsche, Biografia de uma tragédia – Edt.Geração editorial 2001

16 - BORIS VIAN-(1920-1959)- Poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta, ator, trompetista, cronista de jazz, coreógrafo, impostor ? Vian pertenceu ao clã mítico dos desesperados, viveu em túmulo aberto, pois desde criança enfrentou a insuficiência cardíaca. Formou-se engenheiro pela École Centrale de Paris em 1942 e em 1946 publica“Vou cuspir nos seus túmulos” sob o pseudônimo Bison Ravi ( Bisão extasiado).Usava também outro, Hugo Rachebuisson(tirado do Dr. Hugo Hachebush, do filme “um dia nas corridas”, dos irmãos Marx). Como Vernon Sullivan (outro pseudônimo) teve sua obra proibida pelas autoridades francesas, por atentado a moral e os bons costumes, o que lhe rendeu um processo longo e desafeição da crítica até sua morte. Poemas e canções – Edt, Nankin - 2001

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17 - JOHN FANTE-(1909-1983)- Escritor Ítalo-americano. Sob o pseudônimo “Arturo Bandini” lança seu primeiro romance em 1938. No ano seguinte lança sua obra-prima “Ask the dust” (Pergunte ao pó). Fante é tido como um dos percussores da geração beatnik e, dizem, foi o escritor preferido do impagável escritor alemão Charles Bukowski. Pergunte ao Pó- Edt. Brasiliense 1980

18 - SIMONE WEIL-(1909-1943)- Formada em filosofia pela Sorbonne, foi a primeira mulher catedrática da França. Foi a discípula predileta do filósofo Alain. Formada em completo agnosticismo. Era apaixonada pelo tema da condição humana no mundo do trabalho, chegando a humilhar-se como operária para sentir na carne as dificuldades do ploretariado. A gravidade e a graça – Edt. Martins Fontes 1993

19 - FERNANDO PESSOA-( 1888-1935 )- Poeta português. Escrevia sob vários

pseudônimos (Álvaro de Campos, Alberto Caieiro e Ricardo Reis). Todos tinham biografia própria. Pessoa é tido como maior poeta que Portugal teve o privilégio de produzir, com uma obra rica e vasta. Obra Poética – Edt. Nova Aguilar - 1998

20 - HENRI CARTIER-BRESSON-(1908- 2004)- Fotógrafo francês. Bresson é tido

como o maior fotógrafo de todos os tempos. É, sem dúvida, uma lenda viva, fonte de inspiração para toda uma geração. Começou como apaixonado pela pintura, mas uma foto de Martin Munkacsi o fez mudar de amor. Criou, junto com Robert Capa e David Seymour, em 1947, a agência de fotografia“Magnum”, referência mundial em fotojornalismo. 100 fotos do Século XX – Edt. Evergreen – Itália - 1999

21 - ROBERT CAPA-(1913-1954)- Nascido André Friedman, judeu húngaro, Capa é

considerado o primeiro fotógrafo jornalista da história (com uma máquina Leica em punho; sua arma contra o fascismo). Capa detestava a guerra; cobriu vários conflitos na frente de batalha e acabou morrendo fazendo o que mais gostava ao pisar acidentalmente numa mina terrestre. Antes, porém, fundou a agência Magnum de fotojornalismo com os amigos Bresson, Chin (David Seymour) e George Rodger. Ficou rico e famoso em vida, chegando a morar nos melhores hotéis de Paris. Era amigo de celebridades como Ernest Hemingway, Picasso e John Houston. 100 fotos do Século XX – Edt. Evergreen – Itália - 1999

22 - ROBERT DOISNEAU-(1912- 1994)- Fotógrafo francês conhecido pela foto do

beijo intitulada “O beijo do hotel Da villa” de 1950, que ao ser publicada levantou alvoroço pois apareceram várias pessoas afirmando serem os protagonistas da foto. Doisneau era um verdadeiro boêmio a vagar pelas ruas de Paris e dizia que Paris era um teatro onde se paga a entrada com tempo perdido. 100 fotos do Século XX – Edt. Evergreen – Itália - 1999

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23 - ERNEST HEMINGWAY- (1899-1961)- Escritor americano. Hemingway lutou nas duas grandes guerras mundiais.Na primeira foi ferido na Itália e na segunda, ingressou na força aérea britânica participando de missões extremamente perigosas. Liderou a gerações de escritores neorrealistas americanos e fazia dos bares boêmios de Paris quartel general para reunir-se com escritores da chamada “geração perdida”, como Scott Fitzgerald e Gertrud Stein. Foi nobel de literatura em 1954 e tem no belo “O velho e o mar” seu livro mais famoso entre sua rica obra. Suicidou-se em 1961 com tiro de fuzil. O Velho e o mar – Edt. Círculo do livro 1980

24 – MARCIAL, MARCUS VALERIUS MARTIALIS -38/40 D.C.– Foi um poeta nascido na Hispânia da época do imperador Domiciano, que logo migrou para Roma para desenvolver sua arte ( Epigramas ) lá vivendo a maior parte de sua vida. Conheceu ou se aproximou de pessoas como Aruntius Stella, Sílio Itálico, Juvenal, Quintiliano e Plínio, o jovem. Algumas tradições o consideram protegido da família de Seneca no início de sua estadia na cidade. Publicou 15 livros de Epigramas que influenciou diversos poetas, tais como: Bocage (Itália), Francisco de Quevedo (Espanha) ou Gregório de Matos ( Brasil).

25 – SIGMUND FREUD - http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud 26 – IMMANUEL KANT -http://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant 27 – PLATÃO - http://pt.wikipedia.org/wiki/Platão

Outra vez ( por toda eternidade ) Ó homem ! Presta atenção ! Que diz a meia-noite em seu bordão ? “ Eu dormia, dormia..... Fui acordado de um sonho profundo : Profundo é o mundo ! E mais profundo do que pensa o dia. Profundo é o seu sofrimento E o prazer – mais profundo que a ansiedade A dor diz: “-Passa momento !” Mas quer todo prazer eternidade Quer profunda, profunda eternidade. (Friedrich-Zaratustra-Nietzsche ) “Se a glória vem depois da morte, eu não me apresso.” ( Marcial 24)

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Acréscimos de última hora:

Anzol A paixão é uma chama efêmera que aquece Como a fogueira noturna à beira mar Ela persiste, com ou sem você Cacos de coração, colados e prontos Para se quebrarem novamente Na condição de abandono voluntário Coração mais que otário É o que a si próprio engana Coração bacana É o que guarda o último sorriso verdadeiro Junto tudo de bom por inteiro: Da luz da lua cheia a luz sonora do farol Seu sorriso é forte isca Cá estou, em seu anzol

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Acréscimos de última hora

Pedestal Vazio O mundo sorri, enquanto alguns se matam Outros interpretam O que seus costumes determinam A natureza chorou seco Por um pequeno escorregão A vida é um grão na existência. Que brote a sorte de um grande amor.

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Acréscimos de última hora

Tanathos Céu sépia surpreendendo a indiferença Nenhuma apneia corrobora o sono Um meta atavismo de instantes atenienses As sandálias estão para o sal do anzol e o peixe em mim é maior que o mamífero Neste insight, vi o mestre Junkye Sendo conduzido pela beleza roubada Para junto do berço eterno E com daniel, vi a dama beirando a cova sem leões.

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Acréscimos de última hora

Quiromaníaco Pai, legítimo formador de hábitos atávicos ? Todo hábito é um convite ao solitário Porém, o X da questão difere de Y; É a mãe contrapondo-se ao gênero... Agruras de um mal agricultor Na busca lenta pelo cálice sagrado Pelo campo fértil e adequado à soma que produzirá a perfeita criaturas Que pretensão esnobe ?!?! Certo é que, entre os dias, sementes derramam-se ao léu

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Acréscimos de última hora

Rua sem saída O talento agride Quando achardes a fonte Não forme um alarde Prove primeiro

A liberdade agride Confie a suas pernas o firme passo De um tamanho metafísico

O pensamento agride Respeite a construção Que forma sentimentos no coração alheio

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Acréscimos de última hora

Avarento, Caloteiro Raspando as costas no chão sentindo o dorso humilhado pensando em como chegar mas sem sair do lugar Com uma pepita de ouro que não me serve em vida Em profundo esconderijo aditiva ao pensamento O jogo está tão sem graça Quão bêbado para a cachaça Na dependência sentida A morte nunca tem pressa “-Mas isto não interessa”... Perece-me, ao suicida.

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Acréscimos de última hora

Old Blue A dor de um novo dia É uma brincadeira que machucar sem deixar Marcas de se ver O velho mente que passará Não passará de Inércia Jamais chegará... Conversas a sono eterno O galo, em silêncio Bebeu da madrugada na fonte do esquecimento Mas lembrei, meio tenso Olhando dentro do Sol O que vi ? Azul

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Acréscimos de última hora

Mythos O quanto um eco no pensamento pode imortalizar alguém ? Enquanto o Sol ainda existir ? É... sinto-vos como que na carne, E lamenta-se o pouco que se quer bom Pela Xenofilia ao além do real Que percebe o quão laborioso É o desejo de infinito do Onfalópsico Cansei mais cedo hoje O peso do tempo desconhece mitos

Xenofilia: Simpatia ou atração excessiva por pessoas ou coisas estrangeiras. Onfalópsico :sectário do quietismo que, passando a vida a contemplar o umbigo, julgava. entrar em

comunicação com a divindade e ver a chamada luz do Tabor. F. gr. Omphalos (umbigo) +opsis (vista) +ico.

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Acréscimos de última hora

Plágio III Sobrou espaço para o tudo Onde negro era o oposto No chão de barro vivo Imerso, imensa argila Porcelana com dragão

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Acréscimos de última hora

Vaidade e vento que passa O coração é um ponto obscuro Onde a razão balança num fio tênue De sentimentos vivenciados e medidos O Ponto de equilíbrio pertence ao acaso Que faz o momento e deixa a sentença.

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Acréscimos de última hora

Sonho Atávico sinto o mais abissal em mim Que não sou senão Volitivos sentimentos Que passaram pelo tempo Unindo seus fios Manifesto epifânico Para quê serve mesmo ? Curiosidades...

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Acréscimos de última hora

À brisa da eternidade Que vontade frívola em mim habita ? Por ela, a que deserto me encaminho ? E quando encontrá-lo estarei sozinho ? Tentando a fuga de uma ventura maldita ? Quando à porta do fim do mundo Tentares justificar que o meio influenciou os atos a que veio Julgar-se um profano profundo Será então o momento Antes do suspiro último a hora do último lamento Sem testemunhos nem documento, Flores ou epitáfio no túmulo Habitarás no esquecimento.

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