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Inbox Editorial Pra favoritar Eco cool Beleza e escuridão Dion Ochner Love hurts On the dancefloor Wake me up Hoje a noite é na Punkcake! Talking about my generation Em camadas She’s a tramp, she’s a vamp! Mad nightmares of Mister Sandman Female voice Sade no jazz Underground em Nova Iorque Pai “filho da pauta” Os segredos e a paixão Paula Braun Contador de histórias Dicas de Livro A viajante da luz Olhar experimental Sombrio na Cidade Luz Funny & Relaxing Cocktail ou rabo-de-galo? Receita de bruxa Toy Hype Society
SHE’S A TRAMP SHE’S A VAMP! A moda dark em um editorial com clima de terror
Mad Nightmares Of mister Sandman Michael Willian apresenta a coleção de inverno do estilista Fabio Bartz
underworld pa u l a c . l a u n a não-modelo se diverte num mundo que não é o seu
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looshstudio
moda + arte www.looshstudio.com
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A proposta da NANU! é tirar da cena comum pessoas, imagens e ideias, questionando e conectando os diversos conceitos do mundo contemporâneo.
NANU! #11 Maio . Junho 2010 acesse a versão virtual www.nanu.com.br fundadora
Susana Pabst publisher LOOSHstudio Fotografia e Design Ltda. editora chefe
Susana Pabst susana@nanu.com.br diretora de criação e fotografia
Susana Pabst
diretora-adjunta de criação e fotografia
Gabriela Schmidt
gabriela@nanu.com.br editor de fotografia
Guilherme Schäffer
guigo@nanu.com.br diretor de arte
Fernando Denti fernando@nanu.com.br
jornalista
Caroline Passos caroline@nanu.com.br produção de moda
Eduardo Kottmann Gabriela Telles Moreira
capa modelo
Paula C. Laun fotografia
publicidade centralizada
Priscila Figurski
priscila@nanu.com.br mídia eletrônica
Fabíula Cenci fabi@nanu.com.br administrativo
Carolina Munari carol@nanu.com.br
Agradecemos a todos os nossos colaboradores de texto, arte e fotos, também aos anunciantes, pontos de distribuição e a todos que, direta ou indiretamente, contribuem para concretização da NANU! e desde sempre apoiaram nosso projeto.
Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos editores.
Susana Pabst edição
LOOSHstudio Fotografia e Design Ltda. periodicidade . Bimestral impressão . Impressora Mayer distribuição . Principais bancas do Vale do Itajaí, região norte e litorânea do Estado de Santa Catarina, Livrarias Saraiva em Florianópolis, principais bancas de Curitiba, Livrarias Cultura de São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Recife, e Haddock Lobo Books & Magazines, São Paulo. Internacionalmente a revista é distribuída em Berlim por A Livraria, especializada em publicações brasileiras, e por Do You Read Me!?
contatos endereço Rua 2 de Setembro, 1618, salas 6 e 7 Blumenau, Santa Catarina, Brasil, CEP 89052-000 telefone 55 47 3234 0772 nanu.com.br/blog twitter.com/revistananu comunidade no orkut Revista NANU!
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COLABORADORES Adriana Nunes Campari Joy Carlos Eduardo “Ado” Silva Douglas vs Duh Jaqueline Nicolle
Joice Simon Alano Leon Sávio Abi-Zaid Solange Kurpiel
NEW BLOOD mICHAEL WILLIAN páginas 84 a 97 Modelo do editorial Boy in The Wall da edição 10, Michael Willian mostra seu trabalho como fotógrafo profissional nesta NANU!. A fotografia é a sua paixão desde sempre. Começou a estudar sobre quando morava em Milão durante o trabalho como modelo e já fez vários trabalhos na área.
Tales Coirolo páginas 19, 64 e 115 Designer de produto, Tales Coirolo é professor e street artista. O artista gaúcho desenha nas ruas de Blumenau e também faz moda. É dele os trabalhos que ilustram as Janelas desta edição.
Lúcio Rebello página 100 O multi-instrumentista Lúcio Rebello, formado na conceituada Berklee College of Music, já apareceu na NANU! na edição 10 em uma entrevista. Nascido em Blumenau, o músico vive em Nova Iorque, onde faz shows e trabalhos como produtor. Além disso, comanda o projeto Virtual Jungle com o segundo CD a ser lançado este ano. Nesta edição, Lúcio apresenta os bons lugares para assistir a shows alternativos na Big Apple.
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Anna Paula Stolf páginas 20, 63, 66 e 116 Estuda Design de Produto no Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC), em Florianópolis, e escreve e muito. Ela matém o blog quasefala. blogspot.com e vários Flickrs. Sua poesia está no verso das Janelas.
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SUMÁRIO 18 21 22 24 26 28 30 32 34 56 58 60 68 84 98 99 100 102 103 104 106 108 110 112 114 117 118 119 120 123
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- MAIO / J U N H O
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Curti demais a revista. Muito bacana mesmo! E o melhor são os editoriais masculinos, que quase não se vê por aí! Parabéns... Júlio Archanjo
Estava passando por Blumenau e a capa me chamou a atenção ... Não resisti e comprei! Achei mais bacana ainda quando descobri que a revista era de Blumenau. É importante ter uma produção de destaque fora do eixo Rio-São Paulo, que fale sobre as nossas tendências, lojas, lugares bacanas, sem esquecer do que está acontecendo ao redor, indo na direção contrária ao lugar comum, ao mais do mesmo. A qualidade da publicação também chama atenção: capa encerada e folhas que valorizam a fotografias, designer inovador, o cuidado com a produção da arte, com a inclusão de nós, mortais, a atenção pelos detalhes de um relicário, a modernidade, na busca pela realização, de acreditar em nossos potencias, no poder de ser diferente sendo nós mesmos. Parabéns. Júlia Eleguida, Florianópolis
Conteúdo Tenho acompanhado a revista NANU!, (iniciativa maravilhosa), tenho visto materiais de alto nível. A revista é um mix de ficção e realidade intertextualizada à nossa realidade. Sandra Puff, escritora, Blumenau
Não vejo a hora de pegar a revista nas mãos aqui em SP! Felipe Pagani, fotógrafo, São Paulo The Best magazine!! Manu Demonti, Balneário Camboriú Belíssima capa (da edição 10)! Parabéns à toda equipe! Pati Schwanke, Blumenau Que luxo mesmo! Ana Karina, Blumenau
assine a nanu! para receber a revista no conforto do seu lar é simples! acesse: w w w. n a n u . c o m . b r
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NANU! 10 Recebi o número 10. A NANU! está sempre uma revista maravilhosa. Coisa rara no país. Parabéns. Godofredo de Oliveira Neto, escritor, Rio de Janeiro
TALES COIROLO
flickr.com/photos/talescoirolo tales.designer@pop.com.br
anna paula stolf
quasefala.blogspot.com annapaulastolf.eseusprojetos.com
EDITORIAL SUSANA PABST
MY underworld Quando Kelly Klein fez uma coletânea das fotografias que mais gostava, reuniu diversos fotógrafos – desde o mais famoso ao mais completo desconhecido – e decidiu chamar o livro de Underworld. Todas as imagens rementem ao corpo, a maioria com toques subversivos de uma sexualidade inaceita ou provocativa (como a foto de David Bailey, de 1981, reproduzida acima). Outras apelam tão somente para a beleza angelical de uma criança. Acho que é o segundo melhor livro de fotografia que tenho, mas confesso que o seu título sempre me provocou mais do que as imagens em si. Underworld faz alusão a esse mundo fantástico de permissividade e lirismo, que tanto nos atrai. Talvez porque todos sonhamos – mesmo que secretamente - em encontrar uma chave embaixo do tapete e abrir a porta que nos remeta ao surreal. Penso nisso quando olho para o teto do meu banheiro e vejo, através de um vidro, um pedaço do céu escuro demarcado por um quadrado. Imagino que o céu é a inconsciência e o quadrado, a razão. Sem o quadrado, não haveria limites, não haveria final e não haveria lógica. Estaríamos libertos da existência utilitária, e encontraríamos, talvez, um mundo que nos é oculto pela banalidade cotidiana. Minha visão de submundo – e cada um tem uma, à sua maneira
– é de um sombrio onírico, onde não há nomes, nem paradigmas, e é tão grandioso que só pode ser explicado pelo não dito. Sempre há formas de sair do quadrado, desde que consigamos apelar – sem comedimento – para o humor, o sonho e o contrassenso. Tentei fazer isso ao decidir fotografar o ensaio de capa dessa edição numa festa real, no caso, a Punkcake, - sem ensaio ou direção. O paradoxo é que tudo pareceu fantasioso, como se fizesse parte de um sonho. As pessoas agiam espontaneamente e à sua maneira e uma ação foi impulsionando a outra. O resultado ficou entre o bizarro e o lúdico, com uma providencial falta de nexo. O mais legal de tudo foi a participação da Paula, webdesigner que conheci ao desenvolver o site do Loosh. Aquela mulher alta, de rosto anguloso e expressivo, tinha algo de incomum que me intrigava. Não conseguia vê-la de outra forma que não fosse do jeito que a arrumamos para as fotos. Foi surpreendente materializar essa visão que eu tinha dela: forte, dramática e belíssima. Só tenho a agradecer a ela por ter topado a missão de posar em público, e principalmente pela forma bem-humorada com que encarou o desafio. A cena mais comum e óbvia do underworld transita pelo gótico, e foi impossível
não pensar em algo mais dark dessa vez. Pra não cair no lugar comum, nosso editorial de moda tem uma pegada de filme de terror trash, já que o bom humor é uma de nossas premissas básicas. Isso porque a NANU! acabou desenvolvendo, ao longo do tempo, a sua identidade visual própria, que entendo ser fundamental para o sucesso de qualquer tipo de obra ou publicação. Olivier Zahm, editor da revista francesa Purple Fashion, escreveu em seu último editorial que tanto a Purple como muitas outras revistas acabam sendo nada mais que o retrato dos seus editores, justificando assim o perfil mais artístico da sua publicação. A NANU! é também um retrato, meu e de toda a equipe que trabalha e colabora com a edição, pois é construída com base na opinião independente e no olhar crítico e apaixonado que temos por aquilo que fazemos. Sem isso, estaríamos fadados a permanecer dentro daquele espaço limitado, onde o significado para underworld seria aquele do dicionário. Aqui, o sentido é nosso e, quem sabe, também pode ser o seu.
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FASHION | NANU!
pra favoritar
Garagem Korova garagemkorova.com.br O site tem de relógios e óculos a colares e bolsas. Tem réplicas de marcas famosas e acessórios exclusivos, como os pingentes Olivias e Ohdear.
Sites de acessórios bacanas
Adô Ateliê adoatelier.com Marca de acessórios criada pelos designers Fe Dubal e Tati Azzi.
Joulik joulik.com.br A Joulik não vende só acessórios, mas muitas das peças já vêm com colares e correntes aplicados. As bolsas são cheias de tachas e tem várias opções de cor.
Asos asos.com A Asos tem de tudo um pouco e sempre aparece nos looks da Betty, do Le Blog de Betty (leblogdebetty.com). Os preços são acessíveis (mas estão em libras). Vale a pena pelas opções.
Lulu Ginness
byboogie.tumblr.com/ A DJ e estilista Ana Boogie se inspira em Sonia Braga, Donna Summer e outras figuras da era Disco para criar. Entre as peças, o pingente de dente de vampiro virou febre entre os fashionistas. Seu estilo lembra o da designer de acessórios Mademoiselle Yulia.
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Lisa Leonard Designs lisaleonardonline.com Bijuterias handmade personalizadas feitas pela designer Lisa Leonard. A ideia da criadora da marca é criar joias que possam ser passadas de geração para geração.
fotos: Divulgação
By Boogie
luluguinness.com As bolsas em forma de boca são o forte desta marca criada pela designer Lulu. As handbags dela estão entre as preferidas de Dita von Teese, Helena Bonham Carter, Sienna Miller e Alexa Chung.
FASHION
JAQUELINE NICOLLE
JOICE SIMON ALANO
ECO COOL
Estilistas e grandes marcas abrem mão de couros e peles naturais para atender a demanda de clientes ecologicamente corretos Quem diria que o tão comentado – e preocupante – aquecimento global entraria mesmo na cabeça “aérea” dos fashionistas? Há alguns anos quando tudo começou a tomar força, e deixou de ser assunto de “ecochato”, invadindo noticiários com alertas agravantes relacionados à catástrofes naturais, alguns fashionistas mais engajados imediatamente assumiram papel de destaque e vestiram a camisa verde. Foi o caso, por exemplo, da brilhante Stella McCartney que abriu mão de couros e peles naturais em qualquer trabalho que
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receba seu nome. Imagine a autenticidade que um estilista precisa ter para assumir este posicionamento perante um mercado que fatura milhões com comércio destes produtos. No dia 25 de fevereiro deste ano, ativistas do PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) se colocaram dentro de jaulas durante uma feira internacional de peles em Hong Kong. As ações do PETA frente ao uso de peles e couros naturais é incansável, e a cada nova onda fashion utilizando estes materiais animais, lá estão os ativistas lutando para que a moda deixe de
desejar o que cause sofrimento aos bichos. O último vídeo disponibilizado pelo PETA chama-se Indonésia’s Cold-blooded Secret, em português Segredo a Sangue Frio da Indonésia. Adianto que se você tiver o mínimo de sensibilidade a imagens de agressão, não se arrisque a ver este vídeo. Assim como todos os outros apresentados pelo PETA neste não há cortes para minimizar as imagens aterrorizantes. Esta campanha mostra o mercado negro de peles raras sustentado por grandiosas marcas mundiais, tais como a referenciada Hermès. Se você sonha com uma clássica Birkin de “croco”, assista ao vídeo e reavalie... Quem sabe a réplica feita de moletom, criada pela marca nacional 284 (foto), seja mais apropriada. Mas não pense que estes escárnios impressionam todo mundo, pelo contrário, existem pessoas na moda que dão de ombros a estas questões. Veja, por exemplo, o estilista francês Quentin Veron que apresentou em sua coleção Inverno 2010/2011 uma camiseta que trazia a mensagem: “I’d rather wear fur” (Eu prefiro usar pele). Em represália, a campanha do PETA trouxe a mensagem oposta “We’d rather go naked than wear fur” (Eu prefiro andar nu a usar pele). Fora a questão dos maus tratos aos bichos, a própria consciência de que algo precisa ser feito tem forçado as marcas a buscarem saídas sustentáveis, mesmo que contra a vontade. Aliás, contra a vontade não é a forma mais adequada de justificar. A questão principal é que não é barato para as empresas se tornarem ecologicamente corretas, exige investimentos altos, mudanças severas de todo processo produtivo e principalmente mudança na postura dos gestores. A edição 964 da Revista Exame traz como um de seus destaques a matéria “Madame, durma tranquila”, de João Verner Grando (2010), que mostra o que marcas de alto luxo têm feito
fotos: Reprodução
FASHION
“Fora a questão dos maus tratos aos bichos, a própria consciência de que algo precisa ser feito tem forçado as marcas a buscarem saídas sustentáveis, mesmo que contra a vontade”
para suprir a demanda de consumidores que querem fazer alguma diferença. Após a grande crise sofrida em 2008, estas marcas correm atrás do prejuízo para recuperar a retração do mercado. Diga-se de passagem, a onda “green” não se tornou repentinamente a preocupação primordial dos grandes empresários. O que estas marcas perceberam é que ao tomar algum posicionamento trariam os clientes que estão realmente preocupados e os que querem fazer alguma coisa, mas sem muito esforço - ou seja, comprar o trabalho que já está pronto. Para as empresas é puramente uma questão matemática, a bandeira que levanta a postura ecologicamente correta está se tornando a cada dia mais lucrativa. Neste sentido, existem as marcas que realmente estão se envolvendo, caso da Tiffany que deixou de usar corais verdadeiros e da Cartier que exige certificado de extração das pedras preciosas que usa. Há marcas que compram ideias prontas, caso do grupo LVMH que adquiriu 50% da marca Edun, criada pelo vocalista Bono Vox e que só produz roupas com materiais 100% ecologicamente corretos. E o caso mais comum de empresas que recebem o nome de greenwash por apenas levantar a bandeira da sustentabilidade, mas que efetivamente nada fazem. Vivemos momentos bicudos, onde o faz de conta já não tem mais representatividade alguma, ou se está dentro ou fora. Celebridades no mundo todo vêm buscando envolver sua imagem com projetos relacionados à proteção do meio-ambiente, e a questão geral é que finalmente há reconhecimento social para o cidadão engajado. É cool ser ecológicamente correto!
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FASHION
JAQUELINE NICOLLE
BELEZA E ESCURIDÃO
O tema desta edição se tornou especial para mim, pois já faz algum tempo que penso em contar um pouco da história de Gareth Pugh, designer de estética pessoal peculiar, e Underworld tem tudo a ver com ele. O próprio estilista define suas criações como “o contraste, a ambiguidade, a dualidade. É uma luta entre a leveza e a escuridão. O contraste entre as diferentes matérias-primas, masculino e feminino, áspero e suave, maus e bons”. Tendo um mínimo contato visual com algumas de suas criações fica claro que é impossível discordar
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com esta autodefinição. Para alguns, ele é uma referência bem conhecida. A verdade é que qualquer pessoa que goste de moda ou arte já deve ter ouvido falar de Gareth Pugh. Ele é um daqueles designers que as pessoas amam ou odeiam. Não existe meio termo. Você nunca vai ouvir alguém dizer que o acha um pouco interessante, ou que apenas algumas de suas criações merecem destaque. Ele já merece admiração pela inabalável dedicação à sua visão, pelo trabalho extremamente difícil, que é colocado em cada
fotos: Getty Images
Designer de estética peculiar, Gareth Pugh começa a ter seu valor reconhecido e é um dos nomes cotatos para substituir McQueen
aspecto de suas coleções, e pela estrada, longa e dura, que viajou para chegar onde agora se encontra. Pugh começou cedo. Com 14 anos foi escolhido para passar uma temporada estudando no National Youth Theatre, onde desenvolveu figurinos. No ano seguinte, quando voltou a produzir novamente, percebeu que trabalhar com roupas era o caminho que gostaria de seguir. Matriculou-se no Sunderland College, mas acabou sentindo que não era ali que deveria estar. Foi na Central Saint Martins de Londres que obteve sua licenciatura em Design de Moda, em 2003. A escola é conhecida por formar muitos dos designers da Grã-Bretanha - John Galliano e Alexander McQueen foram alunos lá. Sua coleção final como estudante foi um sinal do que estava por vir e do início do seu estilo quase apocalíptico. Figurinos com balões de todos os tamanhos e formas para acentuar e deformar os modelos nas articulações e membros inferiores lhe renderam uma capa para a revista Dazed & Confused. Pugh foi então selecionado para participar do reality show The Fashion House dois meses após sua graduação. Ele foi mandado para fora do programa pela falta de convencionalismo. Admitiu mais tarde que não estava mais querendo continuar, já que a proposta de mostrar o trabalho dos designers no estúdio e seus processos de criação estava sendo substituída por câmeras nos quartos, dando foco à forma como os designers interagiam entre si. Em entrevista à (I)Fashion, Pugh relembrou que certa vez um de seus professores lhe disse: “Apesar do fato de todos quererem - e todos pensam que podem - a verdade é que poucos designers realmente conseguem iniciar suas próprias marcas quando se formam. Quando se sai da faculdade é tentador esperar por algo a ser entregue a você, mas não vai ser assim”. Quando li esta afirmação inevitavelmente me surgiu um sentimento de choque e estímulo. Abro esse parágrafo para uma boa observação: aos alunos, releiam e reflitam; aos professores, difundam essa realidade nas universidades, antes que as dificuldades do mercado acabem por tornar descrentes grandes potenciais criativos. Pugh tinha experimentado a verdade, mas estava determinado a superá-la de qualquer maneira. “Percebo que poucas pessoas têm a oportunidade de continuar o que estão fazendo na faculdade dentro de um emprego”, diz ele. Era uma decisão que tinha de fazer. Ou conseguia um emprego, ou continuava com suas aspirações, matinha o projeto e esperava para ver o que aconteceria.
“As coleções de Pugh são autobiográficas, ao invés de referenciais. A experimentação das formas e volumes são sua identidade”
Criações
Persistência Um show de estreia no Kashpoint, clube alternativo do London Fashion Week (LFW), trouxe para Pugh a atenção da Moda Oriente, levando-o a ser convidado para participar do Fashion East de outono de 2005. Com nenhum centavo sequer, ele se mudou para um armazém antigo onde trabalhou dia e noite para construir sua coleção outono/inverno. Mais tarde uma ordem judicial o forçou a deixar o edifício. Estreou na LFW, semana de moda londrina em 2006, com o desafio de ter quatro semanas para criar uma coleção, sem estúdio,
Anna Wintour, admite com muita sinceridade, em entrevista à Dazed & Confused, que ela só esteve em um de seus desfiles. Além disso, revela que, embora Anna seja muito influente, existem muitas outras pessoas que ele admira e que têm maior significado em sua carreira. Embora tenha conquistado destaque nos círculos da moda contemporânea, as discussões vinculadas ao designer eram, e ainda são, a respeito de seu potencial comercial. Até 2007, suas criações se destinavam unicamente às passarelas e não estavam disponíveis para serem compradas. Naquele mesmo ano, chegou a alegar que tinha de vender um vestido simples e que havia se esforçado muito para conseguir bancar suas despesas. Afirmou ainda que só queria fazer o suficiente para continuar se mantendo em Londres, criar uma boa equipe para que não precisasse continuar a fazer tudo sozinho, que pudesse pagar essa equipe e aí então gostaria de comprar uma casa. É incrível ver um show nas passarelas a cada estação, mas a novidade é passageira e o capital para a próxima coleção tem de partir de algum lugar. Enquanto o estilista lutava para pagar as despesas, nenhum item seu havia sido vendido. Mesmo assim, encontrou um lugar para trabalhar que, segundo ele, não tinha aquecimento e somente duas tomadas de energia elétrica.
sem assistentes e basicamente sem dinheiro. Por toda a determinação e vontade, seus esforços renderam-lhe elogios da crítica. A Vogue britânica, por exemplo, chamou sua coleção primavera/verão 2007 de um “show incrível e imperdível, afirmando que seu gênio é inegável”. O Style.com descreve Pugh como a mais recente aquisição de uma longa tradição de fashion-asperformance-art, que se estende com Alexander McQueen, John Galliano e Vivienne Westwood. Apesar de ter como incentivadora de seus projetos ninguém mais ninguém menos que
As coleções de Pugh são autobiográficas, ao invés de referenciais. A experimentação das formas e volumes são sua identidade. A distorção do corpo humano, através do PVC, latex, tinta, espuma, cabelos sintéticos, patchwork e tudo mais o que puder imaginar tornam suas criações instigantes ou, como ele mesmo descreve, uma “luta entre luminosidade e escuridão”. Pugh venceu o maior prêmio da moda internacional (Association Nationale pour le Développement des Arts de la Mode) - ganhando £ 120,000 - o significou que o designer poderia ter recursos para mostrar sua próxima coleção... em Paris. É indiscutivelmente admirável o seu potencial, que, neste caso, pode ser chamado de talento e persistência. Tanto que lentamente tornou suas roupas mais usáveis e conseguiu parcerias com fabricantes para produzir algumas de suas peças. “Eu estava cansado de pessoas dizendo: ‘É uma loucura e nada mais’”, disse Pugh à imprensa. A partir de outubro de 2009, o estilista realmente conseguiu vender suas roupas. Desde aquele ano, suas coleções podem ser encontradas em Paris, Londres e Nova York, na Barney’s, e, agora, em muitos outros países. A complexidade de suas criações têm custando à fábrica muitos milhares de euros de produção, mas os patrocinadores o consideram um investimento a longo prazo. Seu último desfile apresentado na semana de moda de Paris transmitiu o amadurecimento do estilista, que talvez seja o nome mais cotado para substituir, como diretor criativo, Alexander McQueen. O grupo PPR evita comentar sobre o futuro da marca – pelo menos, até o fechamento desta edição -, dizendo apenas que ela continuará. Sinceramente, estou torcendo por Pugh.
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dion ochner O idealizador conta um pouco da história dos sete anos da marca catarinense
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A marca nasceu há sete anos e a ideia surgiu por acaso. O idealizador Dion Ochner queria apenas camisetas com estampas diferentes das que encontrava no mercado da moda masculina. Mandou estampar 10 unidades com ilustrações desenhadas por um amigo e vendeu tudo em quatro dias. Depois, dobrou o número de peças com cinco estampas diferentes. Todas foram vendidas. A propaganda de boca-a-boca fez a demanda aumentar e Dion Ochner – na época, a marca era chamada de Cafeine, assim mesmo sem um “f” – se tornou conhecido pelas estampas exclusivas. Hoje, em parceria com o Estúdio Nagô – o mesmo que ilustrou marcas como Coca-Cola Clothing e Imaginarium e para a estilista Thais Losso -, acaba de lançar a nova coleção. Antes disso, ele já teve estampas desenhadas pelo reconhecido Firmorama Design Estúdio e outros designers. Dion trabalha a divulgação da marca, fica atento às tendências e cuida da distribuição. No início, em Lages, onde a ideia surgiu, entregava a pé as camisetas aos compradores e voltava de taxi, com o dinheiro da t-shirt recémvendida. Hoje, suas camisetas são vendidas pela internet e em lojas pelo Brasil. Momentos antes do lookbook da
coleção 2010 ser fotografado, em Blumenau, Dion conversou com a NANU! sobre sua história, as dificuldades em começar uma marca do zero e como anda o mercado para marcas novas, como a dele. NANU! – Como foi o início da marca Dion Ochner? Tudo começou em Lages, há uns 10 anos. Sempre fui atento a estilo de roupas com um design diferente. Na época, no Brasil tinha muito pouco e não era de fácil acesso. Até quem um dia resolvi que iria fazer as minhas próprias camisetas e para os meus amigos também, mas não queria fazer algo cômico, nem de filme ou banda, e sim com cara de camiseta de grande marca. NANU! – E qual foi o investimento? Peguei um dinheiro que eu tinha guardado na época, um pouco mais de R$150, e levei o desenho na estamparia e pedi para fazer 10 camisetas, que era tudo que dava, ainda fiquei devendo os quadros (risos). Em duas semanas, recebi as camisetas e em quatro dias tinha vendido tudo. Voltei e pedi mais 20. Fiz mais outras cinco estampas, depois mais cinco, e assim foi indo. Quando percebi muita gente
fotos: Gabriela Schmidt
FASHION NANU! | entrevista
já tinha ouvido falar da minha marca e das camisetas que fazia. Até que um jornal local me chamou para uma entrevista falando das minhas camisetas. Foi o boom. Muita gente me procurava para comprar. Então, começou a tomar o meu tempo e a virar uma coisa mais profissional, com coleção de verão e inverno. NANU! – Qual foi a principal mudança que você teve que fazer para seguir com a marca? Começei a viajar em eventos de música por Santa Catarina, onde montava estande. Assim foram surgindo algumas lojas com interesse em comercializá-las, mas sempre em consignação - o que é muito ruim para qualquer pessoa que produza. Atrás desse sonho me mudei para Jaraguá do Sul, onde eu comprava malha. Como lá existe um foco muito grande em malharia e estamparia, a mudança facilitou o processo e o custeio de produção, mas como nada são flores, muitos espinhos apareceram, as lojas, por mais que vendessem rápido as peças, não refaziam frequentemente pedidos. Além disso, não era fácil entrar em lojas novas, pois as pessoas ainda têm a cultura de comprar só aquilo que é “famoso” ou “consolidado” no mercado e dificilmente abrem espaço para novos criadores. Passei por um bocado de coisas ruins lá, inclusive aperto em relação a comida e dinheiro para aluguel. Os eventos também começaram a diminuir, e como eu me sustentava e tinha contas a pagar a coisa complicou.
NANU! – Foi quando a marca parou? Começei a procurar trabalho e surgiu uma ótima oportunidade de eu trabalhar numa instituição financeira, mas para isso teria que me mudar de Jaraguá e começar vida nova em São Bento do Sul, onde moro há dois anos. Começei a fazer faculdade, e parei por dois anos a marca. Um dia estava em uma loja em Curitiba, onde até hoje eu vendo, e a proprietária da loja me perguntou: “Por que você parou de fazer camisetas? De vez em quando aparece alguém aqui pedindo por elas”. Foi como um tapa na cabeça que me fez acordar para meu sonho e comecar a correr atrás novamente dele. Então começei a procurar um novo estúdio para a produção de algumas ideias que eu tinha guardado. Fechei com um ótimo estúdio de Balneário Camboriú. Inacreditavelmente algumas peças estavam vendidas antes de ficarem prontas de tantos pedidos que recebi, fechei novamente com aquela loja de Curitiba e para a outra loja deles em outro shopping. NANU! – A sua marca se chamava Cafeine. Por que hoje ela tem o seu nome? Cafeine era um nome legal e muita gente ainda lembra da marca por causa desse nome. Quando fui registrar o nome já estava registrado. Tive que mudar e coloquei o meu nome mesmo. Só a xícara continuou como símbolo da marca.
ilustradores? Primeiro, quando você inicia uma marca, tem que achar bons fornecedores. Escolher quem vai fazer o quadro, fornecer a malha. Meu trabalho é sempre priorizar a qualidade. A matéria-prima é mais cara do que o trabalho de ilustração. Eu fico atento ao que o meu público vai gostar e procuro ilustradores que tenham um trabalho que vai atender ao que eu quero. Desde o início, não quis segmentar meu público, mas criar uma identidade visual e passo isso para os ilustradores. Não quero usar as pessoas como outdoor da minha marca, quero que elas gostem da estampa e vistam por causa disso, não pelo nome. Respeito o estilo do ilustrador e quero que ele apresente uma proposta de acordo com o que eu quero, mas deixando ele se expressar. NANU! – Como a internet te ajudou? Hoje posso vender camisetas pela internet e isso difundiu o nome da marca. Já vendi para muitos lugares diferentes. Sempre atendo o cliente, respondo e converso. É uma forma de estar mais perto de quem compra. O que mais me enriqueceu até hoje com a marca foram os contatos e as amizades que fiz. Mas continuei vendendo em loja também. Até porque é mais fácil. A pessoa compra e já sai com a camiseta, por isso vendo pela internet só para as cidades que não têm loja que vendem a minha marca.
NANU! – Como você observa o que pode ser legal para a coleção e como passa isso para os
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FASHION
NANU! | bizarre love triangle
love hurts
Você pode amar ou odiar, mas é moda. Divirta-se com as tendências Do universo fashion Minimins Tavi (thestylerookie.com) ficou conhecida por ter 13 anos e escrever sobre moda como uma adulta. Ela segue as tendências à risca. Já descoloriu os cabelos e usou um maxi-laço no desfile de alta-costura da Dior, o que irritou os jornalistas que estavam atrás dela, na segunda fila. Ela tem um miguxo, o Bryanboy (bryanboy.com), de 15 anos, que dividiu com ela a bancada de jurados da CFDA (Council of Fashion Designers of America). Depois deles, todo mundo achou uma fofura Katie, a minifashionista de 5 anos que escreve no racked.com. Ninguém mais brinca de Barbie e joga videogame nesse mundo?
#designfail O tênis preto lembra aquele que o personagem do Orlando Bloom desenvolve no filme Tudo Acontece em Elizabethtown. O estilista Rick Owens provavelmente não assistiu ao filme e o criou. Há quem se confunda por não saber diferenciar a frente da parte de trás do sneaker. E há quem goste, nunca se sabe. E os cropped tees que as celebridades já adotaram? É como sair de meias, só que calçado.
Mendiguismo Você gasta horrores em roupa pra manter sua página no Lookbook.nu sempre atualizada. Um dia, acessa o seu site preferido de moda e vê que o chinês conhecido como Brother Sharp (foto à direita), que mora nas ruas de Ningbo, monta looks muito melhores que os seus – e ninguém nem sabe o nome dele. Brother Sharp é a prova de que mendiguismo está na moda. Para não perder o momento, as grandes marcas se apressaram em incluir a tendência nos lançamentos. A Balmain lançou uma camiseta rasgada por U$ 1.625 e Marc Jacobs criou para a Louis Vitton uma bolsa de saco de lixo à venda por U$ 2 mil (foto à esquerda).
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Barriga de fora A camiseta curta nunca saiu de moda no Brasil, mas agora as gringas amaram e adotaram o visual da barriga de fora. Só que não é qualquer modelo, não. Está na moda usar camiseta mais soltinha com um shortinho – pode ser de cintura alta. Mesmo assim, Beyoncé mostra que mesmo quem está na moda pode ficar cafona.
fotos: Divulgação
Cosplay O The Sartorialist encontra looks cada vez mais únicos. Enquanto Carine Roitfeld adotou o heroismo há pouco tempo (com sua capa D&G), os japoneses arrasam no cosplay desde sempre. Rola até uma inspiração no Fred Flinstone ou Oliver Twist para desfilar em um dia comum pelas ruas de Tokyo. O fato é que os japoneses se vestem sem medo de serem felizes.
EU, MODELO
CAROLINE PASSOS
on the dancefloor As fotos do editorial de capa desta NANU! aconteceram de uma forma completamente diferente dos anteriores. Se nas outras edições, só os envolvidos sabiam quem seria a capa, desta vez, era essencial a participação de muita gente. O segredo, portanto, ficou reservado à expectativa do que haveria de tão especial naquela sexta-feira, dia de Punkcake. A festa – que acontece sempre às sextas, na Galesi Disco, em Blumenau – foi o cenário ideal para as fotos da não-modelo, a publicitária Paula Cristina Laun. Susana a conheceu quando ela ajudou a publicar a versão digital da segunda edição da revista na internet. Fazia muito tempo que Susana queria fotografála. A altura, o rosto anguloso, as características da personalidade da publicitária chamavam a atenção da fotógrafa. Além do trabalho como publicitária, a não-modelo gosta muito de escrever, pintar quadros, estudar e já escreveu muitas poesias. Até que chegou o dia em que Paula surgiu na Galesi maquiada, com volumosos cabelos avermelhados, pronta para a sessão de fotos. Nada foi ensaiado e o público interferiu diretamente no resultado do editorial. A publicitária não perdeu o bom-humor em momento algum, nem aparentou constragimento. Improvisou caras e bocas divertidas e aceitou as sugestões da fotógrafa – até mesmo quando teve que entrar em um depósito e sentar sobre umas tábuas de madeira, segurando um gato de pelúcia e acompanhada de alguém usando uma cabeça de cachorro. “Gostei da experiência da NANU!, foi tudo bem legal. Não houve algo que eu não tenha gostado. Acho que a única coisa difícil foi o dia anterior, por conta da ansiedade”, conta. Paula ficou surpresa com o convite. Quando tinha 14 anos, ela fez um curso de postura. Mas acabou não levando adiante. Optou por estudar e se formou em Publicidade e Propaganda pela Furb. Há 10 anos é sócia da Dataprisma, empresa especializada em produção de conteúdo e inteligência para web. “Pelo contato já rotineiro com o LOOSHtudio (que faz a NANU!), fiquei bastante surpresa com o convite. Era tão natural o ir e vir de edições que nem me ocorria o fato de eu estar ali. Meu trabalho era no bastidor, na parte web e ponto final, como faço em outros sites. Na hora fiquei atônita”, lembra. A não-modelo diz ter gostado de tudo, desde a maquiagem e o cabelo ao processso de produção. Além disso, afirmou que a experiência foi legal pelo contato com a Susana. “Foi muito legal também poder conhecê-la melhor. É uma pessoa cujo trabalho eu já admiro (muito) há tempo, mas que não havia conhecido bem até então. Ela é fantástica como profissional e como pessoa também”, conclui.
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fotos: Gabriela Schmidt
PAULA C. LAUN INVADE A PISTA DA PUNKCAKE COMO A NÃO-MODELO DA EDIÇÃO
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Fotografia susana pabst assistente de fotografia gabriela schmidt cONCEITO E TRATAMENTO LOOSHSTUDIO Styling e Produção de Moda Eduardo Kottmann e Gabriela Telles Assistente de Produção Milla Pedrosa BELEZA MIGUEL ESTELRICH não-modelo paula laun
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Agradecimentos: Arezzo Chemise Galesi Disco Maria Rita Calçados M.Schuffer Vive La Vie (Balneário Camboriú)
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COLETIVO DOUGLAS VS DUH | vida urbana
Hoje a noite é na Punkcake! Nesta edição, fizemos um jogo para brincar um pouco com o nosso Underworld e levar você à Punkcake, nosso projeto semanal que acontece às sextas-feiras na Galesi Disco, em Blumenau. Pra começar a jogar é muito fácil: escolha um dos três outfits nos boxes à esquerda, faça suas escolhas e siga os caminhos. Have fun!
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arte: Douglas de Souza
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CAMPARI JOY | nonsense
Talking about my generation A desconstrução do sonho americano. Essa pode ser a maior consequência da Beat Generation, movimento cultural com inicio nos anos 50, em São Francisco, desencadeado por jovens escritores que decidiram encarar o conservadorismo moral vigente nos EUA e instaurar uma nova maneira de enfrentar o mundo. O principal objetivo da Geração Beat era o movimento, fazer a própria revolução cultural regada a jazz, drogas, sexo livre e pé na estrada, viver à margem da sociedade tradicional e expressar de alguma forma não muito efêmera através da arte - a própria devassidão. Os Beatniks integraram a primeira agitação da contracultura. Sempre interessados na obra de autores como Rimbaud, Nietszche, Blake e Kafka, eram de atitudes dadaístas e surrealistas, que simplesmente não se ajustavam na sociedade sensata e correta em que viviam. Sempre inquietos e tratados como marginais, sua pretensão era tornar público o seu desgosto com o consumismo e a tecnocracia, sem querer mudar o mundo, mas lutando pelo direito de ser um indivíduo dentro das próprias regras. Criações espontâneas, dirigidas pelo ritmo mental, com imagens oníricas e libertas de quaisquer padrões eram o resultado de toda a sua atividade. Muito de tudo que aconteceu nos anos 60, 70 e até nos dias de hoje (os hippies, as drogas, a revolução sexual, os manifestos antimilitares, o punk, o personalismo, a busca de si mesmo) está diretamente ligado ao universo de jovens escritores que iniciaram esse movimento, sendo Allen Gingsberg, Jack Kerouac e William Burroughs os mais reconhecidos. Enquanto os hippies viviam num mundo colorido, tudo era preto e branco para os beats.
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A influência das obras destes três escritores de vigor narrativo intenso, pensamentos desordenados, caóticos, e de vocabulário cheio de gírias e palavrões foi além do campo literário - as letras de Bob Dylan e Jim Morrison são verdadeiros espelhos dessa geração que tinha como prioridade lutar contra a massificação do indivíduo pelos meios de comunicação e resistir à ameaça de “normalização”. A Beat Generation pode ser definida como um coletivo urbano que foi reflexo e consequência de toda uma geração - nômades, existencialistas, heréticos, focados na imaginação, na integridade humana, no individuo. Alguns dos expoentes do beat Jack Kerouac Segundo ele mesmo, estranho e solitário católico, místico e louco. Nos anos 40, deixou os valores da sociedade norte-americana para trás, adotando um estilo de vida pouco convencional, e viajou pelos EUA com seu amigo Neal Cassidy. O relato da tal viagem resultou no livro On The Road (1957) – atualmente sendo adaptado para o cinema por Walter Salles. Kerouac escrevia de forma espontânea, num processo denominado sketching. Ele acreditava que sua missão era escrever livros e pregar a bondade universal. Ele dizia que sua maior luta era para que o homem tivesse o direito de ser o que quisesse. William Burroughs “Desde o começo eu tenho me preocupado, enquanto escritor, com o vício em si (seja a droga, sexo, dinheiro, ou poder) como um modelo de controle...” William Burroughs tinha um estilo de vida totalmente incomum para a sua época.
Homossexual e viciado em morfina, começou a escrever incentivado por Jack Kerouac. De uma carta a um médico relatando todas as suas experiências com o uso de diversas drogas nasceu a ideia de Naked Lunch (1959), seu livro de maior sucesso. Anthony Burguess, autor de A Laranja Mecânica, disse: “poucos homens têm a capacidade de olhar o inferno e contar o que viram; Burroughs é um deles”. Allen Ginsberg Em 1955, com o poema Howl (considerado por muitos tão obsceno e pornográfico quanto seu autor), Allen Ginsberg, colega de faculdade de Jack Kerouac, começou a ganhar notoriedade no campo literário. Depois de sua viagem pelo Oriente, desenvolveu uma relação mística com alucinógenos - achava que eles lhe permitiriam descobrir o paraíso. Além de verter seus sentimentos em poesia, Ginsberg foi ativista hippie, amigo das bandas The Clash e The Cult e esteve na ativa até 1997, quando morreu. Charles Bukowski Charles Bukowski não foi citado no texto principal mas merece um box – era a encarnação viva do oposto do sonho americano. Bêbado, ex-carteiro, viciado em jogo, é dono da obra mais grotesca que um escritor metido a marginal conseguiria conceber. Bukowski não é considerado da Geração Beat (mesmo que a seu pedido) pois morava em outra cidade, Los Angeles. Ele também começou a escrever quando estava mais velho, não tinha curso superior, não era do circuito acadêmico e detestava criar em grupo. Para ele, “essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura”. Ele também dizia nunca se sentir sozinho, pois era a melhor forma de entretenimento que poderia encontrar.
ilustração: LOOSHstudio
“O principal objetivo da Geração Beat era o movimento, fazer a própria revolução cultural regada a jazz, drogas, sexo livre e pé na estrada, viver à margem da sociedade tradicional e expressar através da arte a própria devassidão”
NILMA RAQUEL | glamour
em camadas “De que adianta poder pagar procedimentos caros e muitas vezes dolorosos para melhorar a aparência, se o organismo, como um todo, é um lixo?” 60 NANU!
Foi realizado recentemente mais um meeting da Academia Americana de Dermatologia. Para os dermatos, este encontro é a peregrinação a Meca. As maiores novidades em tratamento de beleza são reveladas no evento e a partir daí os profissionais atualizam protocolos e equipamentos, e clientes vão atrás de novas armas na tentativa de ganhar a ingrata corrida contra o tempo. No último meeting, falou-se muito do Zeltiq, que utiliza a criolipólise. “O método consiste em congelar as células de gordura durante uma hora, e com isso, promover, a partir do terceiro dia, uma reação que desencadeará a morte dessas células”, segundo explicação do dermatologista Jardis Volpe, de São Paulo. Para outra dermatologista supertop de São Paulo, a médica Carla Albuquerque, o método é revolucionário e promissor, pois “durante anos os cientistas trataram a gordura localizada por meio de técnicas de aquecimento”. O equipamento ainda aguarda aprovação da FDA, mas os dermatos já apostam que será o boom para o verão 2011 no Brasil. Ok, sensacional! Mas a gente sabe que o resultado do que está na superfície e que pode ser tratado com equipamentos de ponta como o tal do Zeltiq tem muito a ver com o que está mais abaixo no corpo. De que adianta poder pagar procedimentos caros e muitas vezes dolorosos, se o organismo, como um todo, é um lixo? E nem falo apenas de junkie food e gordura, mas do seu cuidado com a saúde de um modo geral. Se você é uma pessoa que não consegue ter uma alimentação equilibrada e se exercitar como deveria, vale se esforçar mais. E há ainda algumas coisinhas bacanas que podem ajudar a melhorar o aspecto do corpo e da pele e talvez até adiar a procura por aparelhos caros ou mesmo uma plástica: vitaminas e nutricosméticos - que incrementam a nutrição do corpo e reforçam seu arsenal de luta contra os radicais livres -, além de probióticos e prebióticos – presentes em iogurtes e em algumas fibras – que melhoram o funcionamento do organismo, o que se reflete no seu corpo e muitas vezes no seu humor. E olha que aqui eu nem estou falando de a beleza interna refletir na externa, a tal história do astral, de ser do bem, de viver a vida positivamente pois tudo acaba refletindo na beleza do sujeito. Isso porque pode até ser verdade, mas eu conheço um monte de gente chata e sacana pra caramba que é superbonita, e uns bonzinhos e simpáticos com quem a natureza foi e continua sendo madrasta. Mas deixa pra lá que isso é assunto pra um outro artigo inteiro... Voltando à alimentação e aos suplementos, eu sei bem que pode ser muito chato ficar prestando atenção àquilo que você está ingerindo, lembrar de tomar vitaminas e ler rótulos de alimentos. Mas quando a gente sabe que cientificamente há cada vez mais provas de que o que acontece internamente no corpo e no cérebro reflete na qualidade da pele e da aparência em geral, vale a pena esse trabalhinho. Consulte um médico para se informar sobre isso tudo. Pode ter certeza que esta camada externa que você vê no espelho todos os dias vai agradecer se você tratar melhor o que está lá por dentro e você não enxerga. PS: Eu menciono dermatos de São Paulo e aconselho a visita ao site da dra. Carla, o www. carlaalbuquerque.com.br, que é bem legal. Mas procure conhecer também a dra. Renata Fronza Beber, que atende aqui em Blumenau mesmo. Ela é uma fofa, supercompetente e não deixa um milímetro a dever aos melhores profissionais do resto do país, pode conferir.
ilustração: LOOSHstudio
COLETIVO
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anna paula stolf
quasefala.blogspot.com annapaulastolf.eseusprojetos.com
TALES COIROLO
flickr.com/photos/talescoirolo tales.designer@pop.com.br
anna paula stolf
quasefala.blogspot.com annapaulastolf.eseusprojetos.com
Fotografia susana pabst assistente de fotografia gabriela schmidt cONCEITO E TRATAMENTO LOOSHSTUDIO Styling e Produção de Moda Eduardo Kottmann e Gabriela Telles Assistente de Produção Milla Pedrosa Modelos Amanda Griza, Karen dos anjos, Louise MARINE (Ford Models santa catarina)
SHE’S A VAMP SHE’S A TRAMP! 68 NANU!
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Karen veste Vestido e Chapéu Colcci e Acessórios Amies Louise veste Colete Doc Dog, Short Triton para Chemise, T-Shirt Kohmar, Brincos Chemise e Braceletes (acervo) Amanda veste Jaqueta Colcci, T-Shirt Naguchi, Short Doc Dog para Chemise, Ankle Boot Luiza Barcellos para Maria Rita Calçados , Lenço e acessórios acervo
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Jaqueta TNG e Vestido Caos para Chemise
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Amanda veste Moletom Colcci, Short caviar for ladies, Bracelete Triton para Chemise e Coturno Arezzo Louise veste Body Shop 126, Open Boot Regina Salomรฃo para Chemise, Camisa Naguchi, Meia Calรงa Anna Sui e Bracelete (acervo) Karen veste Moletom Triton, Short Doc Dog para Chemise, Chaveiro Colcci e Meia Calรงa Renner
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Vestido Doc Dog para Chemise, Colar Arezzo, Ankle Boot Luiza Barcellos para Maria Rita Cal莽ados, Colete e Acess贸rios acervo
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Blazer Colcci, Colar Arezzo e Meia Calรงa Anna Sui (acervo)
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T-Shirt American Apparel, Coturno Arezzo, Meia Calรงa H&M e Luvas acervo
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Louise veste Vestido Doc Dog para Chemise, Colete Renner e Coturno Arezzo Karen veste Casaco Triton para Chemise, Calça Naguchi, Top e acessórios acervo AGRADECIMENTOS CENTRO DE BIOLÓGICAS FURB la peluqueria
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Mad Nightmares Of mister Sandman Fotografia MICHAEL WILLIAM Styling Fabio Bartz maquiagem Lívia Lopes cabelo Willian Felipe Modelos THOMAS Klein (FORD MODELS PARANá) ALINE THIEL (DM MODELS)
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CULT
MÚSICA | NANU! indica
female voice Uma lista de cinco discos cantados por mulheres July Flame Laura Veirs myspace.com/lauraveirs O sétimo álbum da cantora folk americana Laura Veirs traz músicas bem mais otimistas do que no disco anterior, Saltbreakers. Gravado em casa com a ajuda do produtor musical Tucker Martine, o CD tem uma atmosfera bucólica, com arranjos nada simples e dedilhados de violão.
IRM Charlotte Gainsbourg myspace.com/charlottegainsbourg Cantora cult, atriz, filha de Jane Birkin e Serge Gainsbourg, Charlotte é uma artista múltipla. Após chocar protagonizando o filme Anticristo, de Lars Von Trier, - e ser a melhor atriz em Cannes -, volta a cantar depois de três anos no álbum IRM. O disco foi produzido por Beck. Os dois cantam a faixa Heaven Can Wait. O resultado da parceria é um pop mais sofisticado, com um pouco de experimentalismo, violinos e piano. Para compor, Charlotte se inspirou nos exames de ressonância magnética (IRM) que fez após sofrer um acidente de esqui. Os sons metálicos que aparecem no disco revelam esta referência.
Cars Now Now Every Children myspace.com/nownoweverychildren Se não gosta de música indie, fique longe do CD Cars do Now Now Every Children. O disco, o primeiro da dupla formada por Cacie Dalager e Brad Hale, é um trabalho mais obscuro do que no EP In The City - , lançado em 2008. A voz doce da vocalista Cacie parece triste em algumas das faixas, contrastando com a energia da bateria de Hale. Misturando os dois elementos mais guitarra, teclado, entre outros instrumentos, o resultado é um som bonitinho, agradável de ouvir. Não é um álbum recém-lançado, mas vale a pena ouvir.
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Know Better Learn Faster Thao with The Get Down Stay Down myspace.com/thaomusic O trio já foi comparado ao Yeah Yeah Yeahs, especialmente pelo vocal de Thao Nguyen, a fundadora da banda. Na verdade, Thao usa bem menos a potência vocal que Karen O., e nem precisa do recurso. As músicas de Know Better... são um roquezinho pop dançante e divertido. O músico Andrew Bird toca violino em algumas das faixas, inclusive na que dá título ao disco.
fotos: Reprodução
Unicorn Chew Lips myspace.com/chewlips Com o álbum Unicorn, o trio londrino é apontado como uma das apostas de 2010. O som experimental electro dance-pop já havia conquistado as pistas com duas faixas lançadas nas coletâneas Kitsuné Maison 7 e 8: Solo e Sailt Air, esta última remixada por Alex Kapranos, do Franz Ferdinand. Agora, no álbum de estreia, a banda traz músicas bem dançantes, embaladas pela voz doce e marcante da vocalista Tigs. Sintetizadores e teclados dividem espaço com guitarras, piano e baixo em algumas das faixas.
CULT
LEON | música
Sade no jazz
ilustração: LOOSHstudio
O argentino Lalo Schifrin homenageia o Marquês, precursor do niilismo e surrealismo, em dois discos “As Parafilias são caracterizadas por anseios, fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objetos, atividades ou situações incomuns e causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo”, diz a definição publicada em uma das página do site Wikipsicopato. Foi Richard von Krafft-Ebing o primeiro a relacionar estes desvios na obra Psychopathia Sexualis. Também foi ele quem cunhou o termo “sadismo”. Este termo, assim como o seu complemento “masoquismo”, são os únicos comportamentos sexuais que receberam nomes derivados de pessoas: Sade e Sacher-Masoch. No imaginário da perversão, nenhum personagem foi tão cultuado quanto Donatien Alphonse François de Sade, mais conhecido como Marquês de Sade. Nascido em 2 de junho (1740-1814), passou 32 anos de sua vida na prisão, pois conseguiu a façanha de desagradar tanto a monarquia francesa quanto Napoleão. O Marquês foi precursor do surrealismo e do niilismo e é uma das figuras mais emblemáticas da literatura. Foi objeto de estudo de inúmeros pensadores como Simone de Beauvoir, Susan Sontag, Adorno e Lacan, entre outros. No Jazz, foi homenageado no disco The Dissection and Reconstruction of Music From the Past as Performed by the Inmates of Lalo Schifrin’s Demented Ensemble as a Tribute to the Memory of the Marquis de Sade e em outro álbum, também do Lalo Schifrin, chamado The Return of the Marquis. Esse disco é um exemplo do que é conhecido por third stream (fusão entre jazz e música clássica), estilo de jazz que teve no Modern Jazz Quartet e em Jaques Loussier (Play Bach Trio) seus representantes mais conhecidos. O primeiro álbum é uma delícia. Arranjos desconcertantes conseguem agregar o estilo clássico/barroco aos temas jazzísticos,
“No imaginário da perversão, nenhum personagem foi tão cultuado quanto Donatien Alphonse François de Sade”
ao contrário do que era feito pelo Modern Jazz Quartet e Play Bach Trio, onde a música clássica é tocada como jazz. O segundo trabalho com o mesmo tema, The Return of The Marquis, apesar de ser bom, não tem o mesmo brilho do disco anterior. Lalo Schifrin nasceu na Argentina (21 de junho de 1932), filho de um violinista do Teatro Colón. No início dos anos 50, foi para França para estudar no Conservatório de Paris. Nessa época, se profissionalizou como músico de jazz. Quando retornou à Argentina tocou com Piazzolla, montou seu próprio grupo e, durante uma apresentação, foi descoberto por Dizzy Gillespie. Em 58, mudou-se de mala e cuia para os Estados Unidos para trabalhar com Dizzy. Daí em diante não parou mais de fazer sucesso. Começou a trabalhar com trilhas para cinema e televisão, além de continuar tocando com outros músicos como Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, Stan Getz, Count Basie, James Moody, além do próprio Dizzy. Ganhou quatro prêmios Grammy, foi seis vezes indicado ao Oscar e tem a sua estrela na calçada da fama de Hollywood. Um de seus trabalhos mais famosos é o tema de Missão Impossível.
Saiba mais Lalo Schifrin - The Dissection and Reconstruction of Music From the Past as performed by the Inmates of Lalo Schifrin’s Demented Ensemble as a Tribute to the Memory of the Marquis De Sade (1966)
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LUCIO REBELLO | música
Lugares para fugir do óbvio, da caretice e Onde encontrar festas secretas E shows alternativos Na Big Apple
Todos sabemos da velocidade como as grandes metrópoles se transformam. Nova Iorque é um exemplo típico desse fenômeno. A cena underground (não só a musical) vem sofrendo bastante já há um bom tempo com os aluguéis abusivos em Manhattan e sua nítida gentrificação. É muito comum encontrar novaiorquinos saudosos dos anos 70 e 80, quando o East Village (que vai da rua 14 no lado leste até a rua Houston) era o abrigo dos mais variados artistas: Warhol, Basquiat, Koons e Schnabel. Ramones, Talking Heads, The Beastie Boys, Living Colour, e até a Madonna! Era um centro cultural onde quase tudo era possível e permitido. Todo esse cenário, não só o do Village, mas de Manhattan, tem se modificado bastante particularmente na última década. Para exemplificar, basta observar o número de casas alternativas importantes que fecharam durante esse período: CBGB’S, Sin-e, Tonic, The Bottom Line, The Knitting Factory, CODA34, entre muitas outras. Das que abriram, poucas duraram mais do que um ano. Esses espaços culturais de outrora vão sendo ocupados por luxuosos condomínios e boutiques, como a loja do estilista John Varvatos, que ocupa, ironicamente, o espaço que era do antológico CBGB’S, o berço do punk em NYC. Mas se Manhattan ficou levemente careta, para onde terá ido o famoso underground nova-iorquino? A maior parte dos artistas dessa cena acabou migrando para o Brooklyn ou Queens por conta de seus aluguéis mais razoáveis. Esse êxodo de Manhattan, no entanto, também já gerou alguns outros fenômenos curiosos: O bairro Williamsburg (Brooklyn) tornou-se tão cool, que acabou um tanto pedante e fake. Por consequência, virou motivo de piadas (existe um vídeo no YouTube chamado Hipsters Olympics que ironiza o assunto de maneira hilariante, confira). Mesmo com todos esses modismos e a tão falada crise econômica, ainda é possível encontrar por lá, e em outras áreas do Brooklyn, lugares surpreendentes, que se preocupam mais com a qualidade da programação do que com o lucro ou aparência(s) - confira a lista de indicações ao final do texto. As festas secretas, divulgadas no boca-a-boca, também continuam acontecendo, ainda que mais raramente, com instalações muito loucas, DJS e bandas convivendo num mesmo ambiente (geralmente prédios em reforma ou fabricas desativadas). Ah, enfim, o tal underground! Estaria, no entanto, toda essa mudança ligada somente ao fator econômico? Ou seria também um reflexo de uma crise de identidade da atual geração; uma crise cultural, e de comportamento? Parece faltar a muitos um certo desprendimento, uma curiosidade de questionar
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o consumismo exagerado, e as “novidades” que lhes são impostas pelos veículos de massa e seus patrocinadores – as mesmas que assolam Manhattan. Esse déficit de atenção generalizado frustra quem não tem preguiça de pensar por conta própria, e dificulta bastante o sucesso de qualquer empreendimento cultural diferenciado. Não estou implicando com a existência de um produto como os Jonas Brothers, ou de uma marketeira como a Lady Gaga, infestando os meios de comunicação. Figuras assim sempre existirão. O que me incomoda é a falta de espaço na mídia aos verdadeiros artistas, que, acredite, ainda existem por toda parte. Há falta de coragem dos empresários, que temem qualquer tipo de risco – muitas vezes presumido - ao investir em arte, e não somente em entretenimento. Cabe ao público investigar por seus próprios meios as alternativas a esse marasmo da atualidade. A importância de revistas como a NANU! e da própria internet é fundamental para que haja uma mudança na mentalidade e na atitude do público e, consequentemente, do mercado.
foto: Guilherme Lessa
Underground em nova iorque
“Mesmo com todos os modismos e a tão falada crise econômica, ainda é possível encontrar em Manhattan, e em outras áreas do Brooklyn, lugares surpreendentes, que se preocupam mais com a qualidade da programação do que com o lucro ou aparência”
UNDERWORLD Manhattan:
UNDERWORLD Brooklyn:
- 55 Bar (55 Christopher Street)> 55bar.com - Uma alternativa aos jazz clubs mais tradicionais de NYC, o 55 continua com uma programação de primeira, e bem variada. Vai do bebop ao avant-garde.
- Glasslands (289 Kent Avenue)> glasslands.com - Um Dos lugares mais legais do Brooklyn, o Glasslands sempre surpreende. DJs e/ou bandas dos mais variados estilos, às vezes na mesma noite.
- Cornelia Café (29 Cornelia Street)> corneliastreetcafe.com - Tem uma programação riquíssima, que vai de poetas locais ao jazz hardbop. Além disso, tem o restaurante, delicioso.
- The Music Hall of Williamsburg (66 North 6th Street)> musichallofwilliamsburg.com – Todas as maiores revelações do rock alternativo têm se apresentado aqui.
- Smoke (2751 Broadway, próximo à 105 th street)> O Smoke mantém o clima dos antigos bares de jazz. Muito soul-jazz com órgão Hammond B3, onde veteranos se misturam a novos talentos. Tem uma excelente big-band. - The Bar Next Door (129 Macdoughal street)> lalanternacaffe.com - Neste minúsculo bar, no subsolo da La Lanterna Di Vittorio (um agradável restaurante italiano), tocam as maiores feras do jazz local, geralmente em duetos ou trios. Bem intimista.
- Public Assembly (70 North 6th Street)> publicassemblynyc.com - Uma programação que inclui shows burlescos, bandas de rock alternativo, djs de hiphop e electro. - Warsaw (261 Driggs Ave) > warsawconcerts.com - Rock alternativo da melhor qualidade, com um sistema de som muito bom. Fica no bairro polonês Greenpoint, vizinho ao Williamsburg.
- Santos Party House (96 Lafayette street)> santospartyhouse.com - Fundada pelo musico doidão Andrew W.K. e um dos poucos lugares imprevisíveis de Manhattan. DJs dos mais variados estilos e bandas se alternam, dependendo do dia da semana.
NANU! 101
CARLOS EDUARDO “ADO” SILVA | música
ilustração: LOOSHstudio
CULT
Pai
“filho da pauta” “Estava no carro, minhas crianças no banco traseiro, quando coloco a magnífica Lullaby. O problema é que, apesar da melodia linda, a canção foi inspirada nos pesadelos que Robert Smith tinha quando criança” Pauta difícil. Underworld, para mim, é aquele filme (dos vampiros versus lobisomens) ou, numa realidade mais próxima, o ecossistema das minhocas. Em Miami, com sol e furacões, é difícil existir um underworld – se existia algo próximo, era o bairro haitiano, o Little Haiti, mas depois do terremoto, a compaixão e a solidariedade fez do bairro um dos mais visitados e prestigiados nos últimos tempos. Na música, underworld não existe, é contra a natureza do artista. Ele pode estar “under the spot” e nunca no underworld. Eu também não acredito em “alternativos” – pra mim, alternativo, na música, é silêncio. Existem, sim, os “alternantes”. Esses sim, são bem legais. E tentando me ligar ao tema desta NANU!, me lembrei de uma coisa que aconteceu comigo e meus filhos, escutando um grupo “alternante”, com uma música com um apelo underworld. Vou explicar: Escutar músicas com minhas crianças
102 NANU!
se tornou um grande desafio – principalmente quando a música é em inglês, que é a língua do dia-a-dia dos meus filhos e não para mim (no trabalho, falo mais português do que inglês). O perigo é que, pelo menos, para mim - que não assimilo diretamente as letras -, a ficha não cai de primeira. Para meus filhos, a coisa é mais direta. Pois bem... Eu estava no carro, minhas crianças no banco traseiro, quando resolvo escutar os “alternantes” do The Cure. Coloco a magnífica Lullaby (traduzindo, Canção de Ninar). O problema é que, apesar da melodia linda, a canção foi inspirada nos constantes pesadelos que o Robert Smith (líder do The Cure) tinha quando criança. Neles, uma aranha gigantesca, que morava debaixo da cama, aparecia para devorá-lo como jantar. Foi só colocar a música, “lindinha” no meu conceito, que – lá pela metade – o silêncio vindo do banco traseiro me chamou a atenção: minha filha e meu filho estavam com os olhos arregalados, lágrimas iminentes e, com vozes trêmulas, me pediram para tirar a música. Crueldade. Tive que explicar que não era
bem assim, que ele não estava sendo o “jantar” da aranha, mas sim que estava convidando uma aranha – amiguinha – para jantar... Não funcionou, além de cruel, passei por burro. Os dois me disseram que meu inglês não convenceu. Efeito dos “alternantes” do The Cure. A banda tem vários momentos de trilha sonora do underworld: escute os álbuns Faith e Pornography e irá concordar comigo. Mas se é para indicar um único álbum deles, daqueles com o selo “discoteca básica”, busque o Desintegration – lindo, assombrado e hipnótico (Lullaby é deste álbum). O vídeo de Lullaby é muito legal também – com toda certeza não posso mostrar para meus filhos – e pode ser visto no YouTube. É só digitar Lullaby, The Cure, videoclip. Quer temperar essa trilha sonora? Coloque The Killing Moon do Echo & The Bunnymen, Under the Milky Way do The Church, ou preste atenção nas letras do Morrissey, na sua fase no Smiths... Mas Smiths merece outro texto... E outra pauta.
arte: LOOSHstudio
CULT
Os segredos e a paixão Com El Secreto de Sus Ojos, o diretor Juan José Campanella alcança o esplendor com enquadramentos atipicos e diálogos afiados “Uma pessoa pode mudar qualquer coisa! Sua cara, sua casa, sua família, sua namorada, sua religião, seu Deus. Mas há uma coisa que ela não pode mudar. Ela não pode mudar sua paixão!” Este diálogo, que ocorre no meio de El Secreto de Sus Ojos (O Segredo de Seus Olhos), poderia muito bem descrever o diretor Juan José Campanella, sua paixão pela sétima arte, por Buenos Aires e tudo que é portenho. É emblemático o fato de El Secreto de Sus Ojos ter batido o recorde de audiência na Argentina, assim como a dupla indicação do diretor ao Oscar, agora e em 2001, por O Filho da Noiva. O diretor alcançou um esplendor e uma plenitude pungentes. Campanella leva tudo ao seu lugar com muita sutileza, com maestria. Dos enquadramentos atípicos, deslocados e desfocados, ao belíssimo movimento na cena do estádio de futebol, ele deixa claro que absorveu tudo o que podia trabalhando em Hollywood, mas agregou sua visão e bagagem, criando algo muito pessoal, característico, nem americano, nem latino ou europeu. Global, talvez. O Oscar de melhor filme estrangeiro é pouco. Em uma premiação global de cinema (Cannes, se tivesse o respaldo que o Oscar tem?), independente da língua falada, a Argentina, nossa minguada e combalida vizinha, teria chances maiores que as nossas de se ver alçada a um dos expoentes do cinema mundial. É impressionante ver como, mesmo com as
dificuldades que o país enfrenta, os produtores continuam mandando ao mercado (com ajuda pública e privada, sim) um filme de alto nível após o outro, como Plata Queimada, Nueve Reinas, El Aura, entre outros. E agora este magnífico El Segreto de Sus Ojos. Nas mãos de Campanella, a história vai sendo construída com constância e veemência, ganhando vulto e força, sem se contentar com atalhos e explicações simplistas. Os resultados, se não são perfeitos, são os mais próximos da perfeição que se poderia chegar enquanto produção humana. O filme lembra um pouco O Leitor, com sua história de duas vidas gastas, além da redenção, embora esta estivesse ali, ao alcance das mãos, mas, neste caso, a melancolia gáucha não fala mais alto. Apesar de o tom geral seja este, melancólico, os desdobramentos são diferentes. Suas histórias, as duas, intrinsecamente atreladas, são de amor. Amor e tragédia, amor e perda, desperdício. A compreensão de que as duas histórias são uma só em seu desenrolar é o que faz Benjamin Esposito despertar e avaliar sua vida. E é justamente este questionamento que nos leva ao âmago da história. Embates verbais
SÁVIO ABI-ZAID | cinema
e irônica, ora simplesmente pessimista e melancólica, como na sequência em que um “Como está?” recebe um “(estou) Cansado de ser feliz” como resposta. É pena que estas nuances sejam em boa parte perdidas nas legendas e dublagens, mas isto é inerente a este tipo de manifestação cultural, extremamente regional. Sorte nossa termos a familiaridade que a vizinhança proporciona e, desta forma, poder captá-las. Boa parte da substância do filme jaz justamente nos embates verbais entre os personagens — Morales versus Esposito, Esposito versus Irene, Juiz Fortuna Lacalle versus Esposito, Sandoval versus a plateia do bar — que estão, todos, carregados de sutilezas que avivam e fazem aflorar, em cada participante, percepções a respeito de suas paixões, de seus amores e do paralelismo que os conecta. Nos repetidos deslocamentos temporais, ao passado e ao presente, o diretor nos leva, através da atuação primorosa de Ricardo DarIn e Soledad Villamil, a um mergulho no inferno do sistema judiciário latinoamericano, com sua corrupção endêmica, com a inescrupulosa guerra pelo poder, não importando o quão sujo seja. Mas somente como pano de fundo, uma vez que a revolta e a morte são inerentes, sim, ao filme, mas é sobretudo o amor – a paixão – que se imiscui na maior parte dos olhares e dos diálogos do filme. Cada qual com a sua paixão, isso deve ser deixado claro. O poder uns, o álcool outros, a retribuição outros ainda, e fundamentalmente a paixão abafada entre uma mulher e um homem, convivendo por décadas com ela sem deixá-la aflorar, mas permitindo que ela ficasse ali, à flor da pele, tangível, mas cercada de tabu. Sabe-se que é uma paixão possível, mas qual o preço? E aí reside a melhor questão do filme: independente do preço, não vale a pena pagá-lo sempre, e entregar-se ao seu objeto de paixão? Ou mais vale uma vida vazia, sofrida, em negação? Cada um tem sua resposta, e Campanella deixa a sua bem clara.
Os diálogos são afiadíssimos, imbuídos da malandragem portenha, ora satírica
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CULT
CAROLINE PASSOS | entrevista
A atriz Paula Braun descobriu cedo qual roteiro seguiria para a vida. Aos 13 anos estreou no palco do Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, e dali em diante fez do teatro uma extensão de casa. Sua estreia foi em 1993 na peça Vedor, no Núcleo de Teatro Experimental (Nute), dirigida por Giba de Oliveira. Foi o primeiro passo de uma carreira que culminou em papéis no cinema e em peças que percorreram o país, além de participações na TV. Paula deixou Blumenau, onde nasceu, pelo trabalho. Há cerca de dois anos decidiu morar no Rio de Janeiro para consolidar a carreira. A opção ocorreu pouco depois de protagonizar O Cheiro do Ralo (2006), eleito pelo júri o melhor filme da 30ª Mostra de Cinema Internacional de São Paulo. A boa recepção do longa pela crítica tornou a atriz conhecida no meio artístico. E foi o teatro o caminho que a levou ao papel da garçonete no filme ao lado de Selton Mello. Dois anos antes, a atriz excursionava com os colegas da Cia Carona de Teatro com a peça Os Camaradas. Numa das apresentações, em São Paulo, o diretor Heitor Dhalia e o diretor de casting Chico Accioly estavam na plateia. Depois de baixadas as cortinas, todo o grupo foi convidado a participar do elenco de Nina, longa que estreou nos cinemas em 2004. O encontro se repetiu em 2006 e os diretores lembraram da expressão ingênua da intérprete da sofrida Bilenka na peça, o que convenceu Dhalia e Accioly de que o papel da garçonete de O Cheiro do Ralo devia ser de Paula.
paula braun
Com dois filmes bem recebidos pela critica, Paula Braun dá uma pausa na carreira e se prepara para o próximo ato
Morando no Rio de Janeiro, a atriz ganhou outros papéis. Estreou na TV com uma participação na série O Sistema, também com Selton Mello no elenco, e depois contracenando com Marco Ricca em Tudo Novo de Novo. Mas seus maiores trunfos estão no cinema. Ela abriu a produtora Milagre Filmes com a também atriz Tainá Müller e fez outros filmes: Amanhã Nunca Mais de Tadeu Jungle, Vida de Balconista, de Cavi Borges, e Bollywood Dreams - O Sonho Bollywoodiano, de Beatriz Seigner. Este último foi bem recebido pelo público e ficou entre os finalistas na categoria melhor filme na 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Enquanto que nos palcos, seu papel mais recente foi a peça Aquelas Mulheres, texto do americano Neil LaBute. Hoje, a atriz deixou temporariamente os palcos e as câmeras para cuidar da primeira gravidez, mas nunca foi tão famosa na carreira. É perseguida pelos paparazzi desde que o futuro marido, o ator Mateus Solano, interpretou Ronaldo Bôscoli na minissérie Maysa (2008), na TV Globo. Ele é o novo galã da TV, mas a assédio das fãs parece não incomodar o casal. Paula é tranquila quanto a isso e Mateus não se cansa de manifestar o amor por ela sempre que dá entrevistas. A atriz aproveita o momento para descansar e se preparar para o próximo ato.
em um país sem incentivo a longo prazo. É tudo imediato, tem que mostrar resultado agora, já, antes que acabe o mandato. São raros os grupos de teatro com incentivo à pesquisa, ou filmes sobre temas polêmicos com orçamento decente. Então, ou você faz sempre a mesma coisa e sobrevive ou vai se virando do melhor jeito possível e provando aos poucos que vale a pena investir em cultura. Quem paga o preço disso tudo é o ator, que fica desempregado, e o público que recebe sempre a mesma coisa.
NANU! - Desde que saiu de Blumenau para morar no Rio de Janeiro, você participou de diferentes projetos no cinema, teatro e TV. Como avalia as oportunidades para novos atores no Brasil? Sendo bem honesta, o mercado está complicado. Tanto pra quem começa quanto pra quem já está nele há um tempão. A realidade é que moramos
NANU! - O Sonho Bollywoodiano ficou entre os indicados da 33ª Mostra Internacional de Cinema. Como foi a experiência de interpretar e participar da produção do filme? Essa experiência serviu pra me mostrar que é possível concretizar projetos mesmo sem dinheiro. A Bia (Beatriz Seigner) foi muito
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NANU! - Como andam os projetos da sua produtora com a Tainá Müller? A gente vai levando do jeito que pode porque além da Milagre Filmes temos outros trabalhos. A Tainá também é atriz. Ano passado eu trabalhei muito, a Tai ficou tocando sozinha. Esse ano ela está cheia de projetos e eu, com a gravidez, posso concluir o que está parado. Temos dois roteiros encaminhados que precisam ser finalizados.
“Você faz sempre a mesma coisa e sobrevive ou vai se virando do melhor jeito possível e provando aos poucos que vale a pena investir em cultura. Quem paga o preço disso tudo é o ator, que fica desempregado, e o público que recebe sempre a mesma coisa”
fotos: Divulgação
Cinema e TV
guerreira. A produção, o texto, a direção, é tudo mérito dela. Eu só colaborei. A gente foi até a Índia com pouquíssimo dinheiro, desmanchou a parceria com a equipe de lá no primeiro dia (porque não respeitavam uma mulher na direção) montou outra equipe no segundo e terceiro dias e viajou por mais de nove cidades. Ficamos em hotéis baratos, passamos mal com a comida, tínhamos pouco dinheiro... Por outro lado, conhecemos um povo muito generoso, lugares inesquecíveis e uma cultura invejável. Me orgulho muito desse trabalho. Era a gente, a vontade, a Bia com a câmera na mão. Acho o resultado muito honesto. NANU! - Você começou no teatro. Quais foram os melhores momentos que viveu nos palcos? São muitos! Vou colocar só alguns, mas sem desmerecer outros trabalhos (risos)! A primeira peça foi Vedor, com o Giba (de Oliveira) dirigindo, eu tinha 13 anos e lembro de ter experimentado uma sensação que me prometi viver pro resto da vida. A Cia Carona é pra mim o lugar onde mais aprendi e cresci. (A peça) Os Camaradas é inesquecível. Foram tantos lugares que a gente levou este espetáculo, tantos momentos...A convivência de sete anos com os meninos (Pépe Sedrez, Arno Alcântara, James Beck, Fábio Luís Hostert) foi um presente da vida. NANU! - Desde que seu namorado, Mateus Solano, ficou famoso com a participação na minissérie Maysa, na Globo, sua rotina mudou muito? Você se preocupa por ter a privacidade invadida por conta disso? Mudou, principalmente quando estou com ele. Sempre fui atriz, fiz os meus trabalhos e alcancei respeito por eles, nunca uma popularidade como a do Mateus. Mas sei que faz parte do caminho dele neste momento, e eu estou neste caminho. É chato ser fotografada na rua, ter jornalista ligando pro meu telefone pra saber a data que vou casar, e ser julgada o tempo todo porque sou “a mulher do cara”. Mas ele é muito coerente, muito pé no chão, é um ator incrível antes de qualquer rótulo que queiram colocar nele. A gente conversa o tempo todo e sabe que o limite a gente dá, sempre.
foto: Chico Lima (peça Aquelas Mulheres
NANU! - Tem alguma peça ou filme que você sonha em produzir? Os meus roteiros. Marinas e Maçãs que é pra ser rodado aí, e um novo que ainda não tem nome. NANU! - Você gosta de moda? Tem algum estilista preferido? Gosto com moderação (risos). No meu armário tem desde Armani até roupa de feirinha. Mas confesso que bolsas são o meu ponto fraco. Minha preferida é o modelo clássico Balenciaga. Adoro Marc Jacobs, Chanel... Só as mais discretas, nada ostensivo.
Aquelas Mulheres
NANU! - O que você está lendo, assistindo e ouvindo hoje? Assisto pouca TV, via a novela Viver a Vida porque sempre converso com Mateus sobre o trabalho dele. Assisto a muitos filmes, redescobri recentemente os antigos do Woody Allen como Bananas e Stardust Memories. Às vezes vejo um episódio de Family Guy (Família da Pesada) pra descontrair. Estou lendo sobre gravidez e Que Cavalos são Aqueles que Fazem Sombra no Mar? de António Lobo Antunes. Ouço muita coisa, Feist, Tiê, Nelson Freire, YaelNaim e as divas do Jazz.
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CAROLINE PASSOS | literatura
contador de históriais Como um resumo de 10 anos de trabalho, o Escritor catarinense Maicon Tenfen republica seus três livros de contos em um box
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Quando Maicon Tenfen publicou o primeiro livro em 1996 surpreendeu a família no interior de Santa Catarina. Ele tinha 20 anos de idade na época. Dois anos antes, havia deixado a pequena Ituporanga com seus quase 20 mil habitantes e o trabalho na lavoura para estudar Letras em Blumenau, distante cerca de 113 km da cidade natal. Voltou com Entre a Brisa e a Madrugada nas mãos para presentear os pais. O autor justifica o espanto da família: “Eu não mostrava meus rascunhos a praticamente ninguém”. Capítulos antes, na infância e adolescência, Tenfen revelou-se um leitor. Lia especialmente quadrinhos. Seus preferidos eram os do cowboy Tex, o italiano Zagor e dos heróis da Marvel, gibis que ele pegava emprestado de primos e vizinhos. O acesso à leitura ganhou proporções maiores quando o escritor mudou-se para o Seminário São Francisco de Assis, ainda em Ituporanga, com a intenção de concluir os estudos. No internato, durante os intervalos entre as leituras religiosas, aproximou-se dos clássicos. Aventuras juvenis como O Conde de Monte Cristo e Os Três Mosqueteiros o incentivaram na produção dos primeiros esboços de narrativa. O exercício de ler e colocar histórias no papel foi adiante. Hoje, aos 34 anos, Tenfen tem
foto: Daniel Zimmermann
CULT
10 livros publicados, entre títulos de ficção e um de estudos sobre literatura. Venceu duas vezes o Concurso de Contos Paulo Leminski, em 1998 e 1999, concorrendo com escritores de todo o país, e tornou-se colunista em dois jornais, o estadual Diário Catarinense e o regional Jornal de Santa Catarina. Na carreira acadêmica, assumiu uma cadeira no curso de Letras na Universidade Regional de Blumenau (Furb) e concluiu um doutorado em Teoria Literária pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Este ano, três de seus títulos foram relançados e reunidos em um box pela editora La Ventana. O Impostor; Mistérios, Mentiras e Trovões; e Casa Velha Night Club são livros de contos. As diferenças das primeiras edições aparecem nas capas novas, desenvolvidas por James Raul Withoeft, e na ortografia que agora atende ao novo acordo.
Enquanto que a história título nasceu como um roteiro de thriller. “Sempre quis fazer cinema, mas para isso precisaria de muito mais. A Literatura posso fazer com um pedaço de papel e uma caneta”, conclui. Passados três anos da publicação de O Impostor, Tenfen lançou Mistérios, Mentiras e Trovões (2002), cuja segunda edição foi incluída no box. Buscando amadurecimento na escrita, o autor apresenta no título sua primeira imerção na tentativa de explorar uma estrutura narrativa não linear. O livro foi escrito em pedaços que, no final, formam uma só história. Dessa forma, a obra pode ser rotulada como novela ou coletânea de contos. O autor observa a tudo e aos poucos leva o leitor a entrelaçar os fatos durante a leitura. “Como comecei a escrever cedo, quis crescer com o leitor. Depois de um tempo, me perguntei se devia experimentar ou ficar escravo de determinado público. Escolhi a primeira opção”, completa. Para encerrar a coletânea, Tenfen escolheu seu terceiro título de contos, o mais denso da caixa. Em Casa Velha Night Club (2009), o autor intensifica ainda mais sua intenção de explorar as técnicas literárias, convidando o leitor a espiar o processo da escrita. Na orelha da edição, o escritor Godofredo de Oliveira Neto resume “Maicon Tenfen (o que tem o nome na capa) aparece com exuberância na própria narração, mesclando-se com o seu real nome às suas criaturas, demitindo-se de simples detentor do teclado e da caneta para mergulhar no universo simbólico da literatura, carregando consigo o leitor para as profundezas ancestrais da fabulação”. O box já está disponível nas livrarias e cada livro também pode ser comprado separadamente. Enquanto isso, Tenfen planeja a publicação de outros três livros este ano. Um deles é um romance, ainda sem título, que deve ser lançado no segundo semestre. A obra conta a história de um empresário cuja mulher desapareceu levando tudo da casa com exceção de um livro que, na imaginação do personagem, representa um diálogo que o casal nunca teve. Pronto há cerca de um ano, foi finalizado durante as férias do professor-escritor. Os outros dois, Ler é uma Droga e O Homem que Pronominava, são de contos e devem chegar às livrarias ainda em maio.
“Sempre quis fazer cinema, mas para isso precisaria de muito mais. A Literatura posso fazer com um pedaço de papel e uma caneta”
Saiba mais - O Impostor, editora La Ventana - Mistérios, Mentiras e Trovões, editora La Ventana - Casa Velha Night Club, editora La Ventana
Evolução Com a leitura dos títulos, a evolução do escritor em uma década de carreira transparece. Nesta reedição de O Impostor (1999) - a terceira deste que é o primeiro livro de contos da carreira de Tenfen -, dez contos mostram um autor jovem, transitando em diversos gêneros. De contos policiais, parte para de suspense e regionalistas.
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CULT
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dica de livros
A vida secreta de Marilyn Monroe J. Randy Taraborrelli O autor pesquisou a fundo a vida da diva do cinema. Taraborrelli, que já biografou outras estrelas controversas como Grace Kelly e Frank Sinatra, explora até mesmo o documento do FBI que fala sobre o relacionamento entre Marilyn e Robert F. Kennedy. Editora Planeta, 464 páginas, R$ 49,90.
As melhores histórias de Fernando Sabino
Ripped: T-Shirts from the Underground Cesar Padilla Livro escrito pelo dono do brechó vintage Cherry, localizado em Nova Iorque, reúne uma coletânea de camisetas de bandas do período pós-punk. Padilla é um colecionador de camisetas. Tem cerca de 200 no acervo, muitas delas raras. Universe Publishing, 208 páginas, 19,80 dólares.
O Pequeno Livro do Rock Hervé Bourhis Criado a partir de histórias que autor leu ou ouviu falar, o livro é todo ilustrado com base em capas de discos, letras de música e estilos. Bourhis apresenta de uma maneira única discos de bandas como Pixies e artistas como Lou Reed. Conrad Editora, 224 páginas, R$ 39,90.
Hotel Novo Mundo Ivana Arruda Leite Conhecida pelo universo dos blogs, a autora lança seu primeiro romance. O livro conta a história de vários personagens que se cruzam em um hotel barato no centro de São Paulo. Todos estão relacionados com a ex-prostituta Renata, que depois de abandonada pelo marido rico se muda para a capital paulista. Editora 34, 128 páginas, R$ 29.
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fotos: Reprodução
Fernando Sabino Seleção de 50 histórias do autor publicadas em jornais e revistas. Sabino inspira-se em fatos reais para elaborar uma ficção sensível, bem humorada e com toques de ironia. Edições BestBolso, 182 páginas, R$ 14,90.
ADRIANA NUNES
VIAJANTE DA LUZ Vivendo na Alemanha há 20 anos, a bailarina Lina do Carmo, uma das representantes da dança-teatro no Brasil, alcança o apogeu no mais recente espetáculo que será apresentado em São Paulo
Conheci Lina do Carmo em um café de Colônia, na Alemanha, onde esperávamos para assistir a um filme sobre um monge nepalês. Uma mulher pequena e franzina. Mas que força interior e que presença radiante! Ela me indagou alguma coisa em alemão e conversamos durante alguns minutos, até descobrirmos que éramos, ambas, praticantes de Kundalini Yoga. Minha simpatia por ela aumentou ainda mais. Pedi-lhe um cartão de visitas. Para minha grande surpresa, descobri que ela era brasileira. E não só isso. Tratava-se de Lina do Carmo, uma das maiores representantes da dança-teatro no Brasil. Lina vive há mais de 20 anos em Colônia. Quando soube que eu também tinha sido bailarina e havia, como ela, despertado para a espiritualidade, convidou-me para participar de uma oficina de Gurdjieff Movements – Danças Sagradas. Georges Gurdjieff foi um autor, coreógrafo e compositor esotérico, filho de pai
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grego e mãe armênia. Nascido na Rússia czarista, provavelmente em 1866, Gurdjieff viajou, durante décadas, por vários países da Ásia Central, África do Norte e Europa, em busca de tradições espirituais ocultas. Com os conhecimentos adquiridos, criou cerca de 250 danças e exercícios corporais, os chamados Movements, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento harmonioso do ser humano, através de uma combinação da razão, emoção e movimentos físicos. Entre essas danças, estão os chamados exercícios obrigatórios, as danças dervixes, orações, danças femininas e cerimônias sagradas. Semanas depois, lá estava eu numa sala aconchegante, à beira do Rio Reno, pronta para participar da oficina. Lina esperava os alunos, vestida com uma belíssima bata branca com bordados cor-de-rosa. O espaço havia sido cuidadosamente preparado por ela. Velas, almofadas, incenso, uma chaleira de chá e um
fotos: Dennis Thies
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retrato de Gurdjieff. O que aconteceu então foi indescritível. E me fez entender melhor a presença forte e radiante daquela pequena bailarina, que no palco se agiganta. Uma professora atenta a cada gesto dos alunos, a cada um dos seus impulsos interiores e motivações. E com uma bagagem teórica vastíssima, que, no entanto, nunca interfere com a ação. Em vez de nos transmitir apenas conhecimentos, Lina estava interessada, sobretudo, em nos fazer vivenciar, em nossos próprios corpos, a energia sagrada do universo. Os movimentos e as danças de Gurdjieff são um desafio para a mente e o corpo. Colocam-nos em estado de choque, porque nos surpreendem o tempo inteiro e nos levam ao limite do praticável. Ao mesmo tempo, evocam a nossa “presença”, a nossa inteira concentração, ou aquilo que no budismo se chama de atenção, de abandono total do ego ao aqui e ao agora. Além disso, as danças sagradas – baseadas parcialmente em tradições dervixes, sufistas, tibetanas, armenianas, georgianas – criam um sentimento coletivo do divino, fortalecendo os laços emocionais e espirituais entre os participantes do grupo. Uma experiência inesquecível.
foto: Gert Weigelt, à esquerda
Espetáculo Não foi por acaso que cheguei até Lina. E não foi por acaso que ela descobriu Gurdjieff. Há muitos anos, Lina vem aperfeiçoando sua arte em todos os níveis - mental, corporal, emocional -, com o único intuito de conceder cada vez mais graça e beleza aos seus movimentos e de expandir o seu ser. Mas foi somente ao se entregar, de corpo e alma, ao caminho espiritual que ela atingiu o apogeu, no seu mais recente espetáculo, Viajante da Luz, que será apresentado em São Paulo, no Teatro Itália, em 1o, 2 e 3 de outubro deste ano. O caminho até este último trabalho foi longo, rico e multifacetado. Lina começou seus estudos de dança e teatro no Piauí, no Brasil. Aperfeiçoou-se, posteriormente, nos Estados Unidos. Na França, estudou mimodrama com Marcel Marceau, de quem se tornou uma das mais elegantes discípulas. Com o domínio de diversas técnicas corporais, A artista passou a criar coreografias solos e para grupos. Seu primeiro solo, Victoria Regia – A Fiction from Amazonas (1990), foi uma resposta ao seu sentimento de desenraizamento, ao chegar na Alemanha, em 1989. Nesta bela flor amazônica, Lina reencontrou sua identidade como pessoa e suas raízes brasileiras. O espetáculo mostra a rendição de uma cientista à planta. Pondo de lado seus instrumentos de análise e de pesquisa, o intelecto se entrega e a persona científica se funde à natureza. Com Victoria Regia, Lina tornou-se capa de importantes revistas de dança europeias e ganhou reputação internacional. Capivara (1997) é fruto das pesquisas que a bailarina e coreógrafa fez no Parque Nacional Serra da Capivara, um dos maiores patrimônios culturais pré-históricos do mundo, uma densa concentração de sítios arquelógicos, a maioria com pinturas e gravuras ruprestes. Através deste solo, Lina aprofundou a relação da dança com a arqueologia da alma ou psiquê. O espetáculo não foi somente um reencontro da bailarina com o Brasil, um retorno às suas origens, mas também uma busca da sua ancestralidade. Em colaboração com a Fundação Museu do Homem Americano, Lina desenvolveu
Há muitos anos, Lina vem aperfeiçoando sua arte em todos os níveis mental, corporal, emocional -, com o único intuito de conceder cada vez mais graça e beleza aos seus movimentos e de expandir o seu ser.
um projeto de arte-educação e de conscientização da comunidade local, um belo trabalho de doação ou, como ela mesma descreve, de serviço cármico ao seu povo. Em 2003, dirigiu o 1o Interartes, Festival Internacional Serra da Capivara. Pelo seu engajamento político e social na região, ganhou a indicação Fomento Cultural do Prêmio Multicultural Estadão. Recebeu também o prêmio do Caravana Furnarte Intra-regional pela sua consciência ambiental. A crítica de danca Helena Katz, do jornal Estado de São Paulo, descreveu assim o seu trabalho: “Lina do Carmo une culturas. No seu teatro visual mistura tudo: pantomima, dança, tragédia e épicos. Ela parece em busca de algo do tempo do antes, da ancestralidade. Mas o principal está na química com que trata as suas misturas. Ela é uma intérprete ao mesmo tempo tão refinada e poderosa que parece que tudo o que seu corpo faz se naturalizou nele, na sua ossatura, na sua musculatura, respirando pela sua pele.” De volta à Alemanha, Lina experimentou um momento de recolhimento, renovação e recomeço artístico. Fez uma formação em Kundalini Yoga e Gurdjieff Movements. Nesta fase, onde reviu valores e se desprendeu de algumas convicções do passado, até mesmo da necessidade de uma identidade nacional, a bailarina passou novamente por um processo de expansao, dando prioridade ao seu crescimento interior. Neste momento de transmutação, nada era tão importante quanto a busca da paz e da sua verdadeira essência. Daí surgiu, em 2007, Viajante da Luz, inspirado na visão cósmica dos Mayas, na sua interpretação da gênese e evolução da Terra até a nova era atual, considerada por Lina uma fase de rearmonização do homem com seu ser superior. Neste espetáculo, a bailarina procura fazer do seu corpo um instrumento de canalização das energias divinas para a terra. Viajante da Luz não é apenas um balé – é antes de mais nada, um testemunho emocionado da devoção e da força de um ser humano em busca da transcendência.
Saiba mais linadocarmo.de
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CAROLINE PASSOS | arte
Olhar experimental Fotógrafo e artista multimídia, Charles Steuck instiga o olhar ao explorar todas as possibilidades do objeto em suas obras
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Charles Steuck faz uma leitura mental levantando o olhar para lembrar de quantas técnicas já testou desde 1995 quando começou a pesquisar arte. Desde criança, ele conta, recebia elogios pelo traço bonito. Fazia o papel do menino pra quem todo mundo da turma pedia pra desenhar. Ele treinava com os mimeógrafos que a mãe trazia da escola onde era professora. Gostava de projetar aviões e traçava modelos de aeroplanos nos cadernos. Na infância, como registrou em um conto o primo e escritor Viegas Fernandes da Costa, Charles queria ser aviador. Todos os sábados pedalava até o Aeroclube de Blumenau até que voou em um dos aviões. O sonho findou naquele sábado ou tempos depois, quem sabe - e Charles ocupou seus dias em um curso em eletrônica até deixar se levar de vez pela arte. Um ano antes de entrar na faculdade Charles montou uma banda. E, com a música, se apaixonou pela fotografia. Ele já havia experimentado várias técnicas de pintura, mas se deixou levar pela rapidez da câmera fotográfica. “O processo era mais rápido e instantâneo do que o da pintura. Comecei brincando até que explorei diferentes técnicas, como o light painting”, lembra o artista. Hoje, ele admira os trabalhos dos fotógrafos Abelardo Morel, Philipe Halsman, do casal José d’Almeida & Maria Flores, e as foto-pinturas da dupla Cenci Goepel & Jens Warnecke. Depois de dois anos na pesquisa
fotos: Charles Steuck
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de artes visuais e decidido a trabalhar na área, resolveu cursar Licenciatura em Artes na Universidade Regional de Blumenau, a Furb. O ano era 1999. Com a formação, conheceu novas técnicas e, no primeiro ano de curso, fez sua primeira exposição. Eram molduras feitas em papel machê. Charles escolhia um tema, como o mar, por exemplo, e reproduzia na moldura a textura próxima à da imagem do quadro. Foi o primeiro passo próximo das técnicas ensinadas na academia. Ele ri, tímido, levantando de leve o canto da boca quando lembra que, na época, achava que ganharia dinheiro com as obras. Acabou vendendo algumas peças. O restante deu de presente para a mãe e amigos. “Eles gostaram”, resume. Depois disso, foram mais três exposições individuais e quinze coletivas, entre elas o Salão dos Novos de Joinville, 2º Salão Sul-Brasileiro de Arte Fotográfica, uma premiação em 2º Lugar no 49º Salão Internacional de Arte Fotográfica de Jaú, 7º Salão Nacional de Arte Fotográfica e 1º e 2º Lugar no 2º Circuito Sul Brasileiro de Arte Fotográfica. Projeção Há cinco anos, o fotógrafo matém a agência de produções culturais Liquidificador ao lado da artista, jornalista e designer Aline Assumpção. O casal cria junto e assina obras em parceria, como a que rendeu o 1º lugar no Salão Elke Hering 2010 do Museu de Artes de Blumenau (MAB). O trabalho, um vídeoarte, mostra a versatilidade do artista (foto na página esquerda). Seus trabalhos atuais sempre remetem a um recorte da realidade com um percebção única, seja em movimento ou não. O experimentalismo também é marca
registrada de Charles. Ele parece sempre estar em busca de algo novo, uma nova proporção ou olhar, explorando as possibilidades do que é fotografado ou filmado, como a série Olho que liustra esta matéria. Na obra instalada no MAB, Charles é o próprio objeto. Ele e Aline filmaram o artista lendo jornais dispostos em pilha sobre uma mesa e descartando-os imediatamente em um chão ocupado por bolas de papel. A mesa, os jornais e o lixo no chão eram reais, tocáveis. Havia, inclusive, uma cadeira vazia para quem quisessem acompanhar a leitura do Charles projetado. Além de provocar o olhar do observador, o artista promove ações para instigar a sensibilidade. Charles e Aline preparam-se para ensinar professores e crianças sobre fotografia. O projeto Fotografia para Todos, do Foto-Clube Santa Catarina feito em parceira com Aline e o fotógrafo Claudio Peruzzo, pretende preencher a lacuna do ensino em fotografia nas salas de aula. “Os professores poderão passar adiante o que vão aprender”, prevê Charles. Esta não é a primeira vez que o casal trabalha com crianças. Em 2005, cinco entidades foram beneficiadas com o Revela Mundo, no qual, os alunos aprenderam sobre a história da fotografia, técnica e linguagem. Além disso, Charles fez o projeto O Vídeo-arte como Inclusão, com apoio do Fundo Municipal de Cultura de Blumenau. O artista também promove cursos de fotografia, atua como membro do conselho do MAB, é um dos idealizadores do Um Escambau (www.umescambau.blogspot.com) e proponente do Catalisa – Jornada de Arte Contemporânea de Blumenau. Com tantas atividades, Charles é múltiplo como sua própria arte.
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JOIE DE VIVRE SOLANGE KURPIEL | conexão
Nas Catacumbas de Paris, repousam, entre carcaças humanas de Desconhecidos, ossos de figuras históricas da França, como Robespierre e Montesquieu
Uma das possíveis traduções para Underworld é a terra dos mortos. Nesta NANU!, vou apresentar uma Paris bem mais escura e sombria do que aquela Cidade Luz que estamos acostumados a ver, a visitar. No bairro de número 14, localizado no sul da Capital, é o começo de uma expedição, no mínimo inabitual, ao subsolo de Paris. As Catacumbas de Paris correspondem a uma área de 11km2, mas a visita turística fica restrita a dois quilômetros de labirintos. A 20 metros abaixo do nível das ruas, as passagens são apertadas, têm em média 1,80m e às vezes fica difícil de passar. Porém, o que mais impressiona aqui são as pilhas e mais pilhas de ossos humanos. Durante todo caminho ficamos cercados por eles, simetricamente arrumados e muitas vezes formando figuras geométricas ou até mesmo desenhos como corações, cruzes. Stéphane Volland, responsável pelo local, explica que no início os esqueletos eram despejados sem o menor cuidado, mas a partir do século 19, pouco a pouco os trabalhadores começaram a organizá-los, e parecem até ter se divertido com a estranha tarefa. O local também pode ser chamado de “Ossuário de Paris”, criado em 1786, pouco antes da Revolução Francesa, teve como principal objetivo conter uma série de infecções provindas do principal cemitério da cidade: le Cimitière des Innocents ou o Cemitério dos Inocentes. Há dez séculos aquele local era utilizado por todos os habitantes da cidade, mas problemas sanitários obrigaram as autoridades a evacuar todas as tumbas. A solução foi ocupar galerias
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“O local também pode ser chamado de ‘Ossuário de Paris’, criado em 1786, pouco antes da Revolução Francesa, teve como principal objetivo conter uma série de infecções provindas do principal cemitério da cidade”
subterrâneas já existentes, resultado de antigas extrações de rochas e de calcário que tiveram início no século 10. Entre os séculos 18 e 19, mais de seis milhões de parisienses foram transportados para cá, ou seja, o equivalente a três vezes a população atual da capital francesa. Até hoje esta é considerada a maior necrópole de mundo. O mais interessante é que mesmo personagens célebres da história francesa acabaram aqui enfileirados nestas pilhas intermináveis de ossos. Este é o caso do político e célebre personagem da Revolução Francesa, Robespierre, ou então o fundador da química moderna, Lavoisier, mas podemos muito bem passar, sem saber, pelos restos mortais do matemático Pascal ou ainda do escritor e político Montesquieu. Todavia as Catacumbas de Paris estão longe de ser um passeio assustador e sinistro. Aqui o que conta é a curiosidade e a possibilidade de visionar uma parte da história tão excepcional. Os turistas americanos Dona e Vents Salvtay vieram de Nova Jersey curtir uma semana aqui em Paris. Vents conheceu o local em outra oportunidade e, desta vez, não deixou a esposa ir embora sem fazer a visita. “Este lugar é impressionante. Uma vez em Roma vi numa igreja uma sala que parecia um pouco com isso, mas estas Catacumbas são realmente imensas, nunca vi tantos ossos na minha vida”, brinca Dona. Volland conta que o fluxo de visitas é intenso. Por ano, são mais de 200 mil entradas. A cada dia, estima a visita de mais de mil pessoas. O número só não é maior porque a entrada é limitada a 200 pessoas por vez. As catacumbas passam regularmente por trabalhos de recuperação. O último foi em 2008 e obrigou o fechamento do local por três meses. O monomuento é administrado pela prefeitura e pelo órgão responsável pela supervisão de passagens subterrâneas, Inspection Générale des Carrières.
fotos: Solange Kurpiel
Sombrio na Cidade Luz
TALES COIROLO
flickr.com/photos/talescoirolo tales.designer@pop.com.br
anna paula stolf
quasefala.blogspot.com annapaulastolf.eseusprojetos.com
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FUNNY & RELAXING
Tira maquiagem
fotos: Divulgação / Leo Laps (Estiloarte)
Moda e arte Quando a gente entra no Estiloarte Ateliê e Galeria, em Blumenau, sente um perfume de baunilha e a música tocando em um dos quartos onde os artistas Nestor Jr e Vanessa Neuber trabalham. Se avisar com antecedência a visita, eles te recebem com café e cuca. A decoração é tão linda quanto as peças que eles vendem por lá. Vale uma visita. Lugar superagradável. Informações atelieestiloarte.blogspot.com.
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Mix tea A combinação entre chá verde, branco, vermelho e hibisco agrega todos os benefícios destas ervas. Eles ajudam a eliminar toxinas, combatem o mau colesterol e são antioxidantes. Além disso, o sabor é uma delícia. A sugestão é o mix de chá da marca OnVittá.
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Cocktail ou rabo-de-galo? As lendas sobre a bebida que transita entre o hype e o undERground
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as penas nos copos do que em preparar uma mistura. Há séculos a humanidade conserva o hábito de colocar um pouquinho disso mais outro pouquinho daquilo para atenuar o gosto de uma bebida mais forte, deixá-la mais doce ou mais seca. Uma outra versão conta que o dono de um bar também nos Estados Unidos guardava restos de bebidas dentro de um galo de cerâmica. A moringa tinha uma torneira na cauda, por isso o nome cocktail - que graças ao estômago deste senhor também ficou vinculada à mistura de bebidas. Segundo a lenda, os clientes aumentavam quando algum navio inglês atracava no lugarejo, o que significava que naquele galo haveria restos de rum, gim e conhaque.
no dia seguinte” ou “sem dor-de-cabeça”. Com tantos drinques caros e saborosos que foram sendo criados desde aquela noite na casa de Betsy, o cocktail foi se tornando cada vez mais rabo-de-galo. Antes de se popularizar, as moças da alta sociedade separavam seus finos cocktail dress para degustar a bebida no fim da tarde com as amigas. Audrey Hepburn, por exemplo, era uma das fãs do vestido. Nos Estados Unidos, a popularização dos drinques ironicamente aconteceu quando o governo instaurou a Lei Seca e proibiu a produção e comercialização de bebidas alcóolicas para retrair os índices de violência em 1920. Al Capone e seus amigos não perderam tempo e começaram a traficar bebidas de péssima qualidade. Para disfarçar o gosto desagradável, os clientes de Alcapone passaram a misturar sucos e outros líquidos para conseguir engolir as bebidas contrabandeadas. E assim drinques, como o cocktail, saíram dos clubes e jantares requintados para cair direto no balcão do bar da esquina.
Receita popular A receita clássica do rabo-de-galo no Brasil, caso você esteja em um bar, digamos, mais underground, é uma dose de pinga da mais barata com outra de vermute de mesma qualidade. Nos bares mais sofisticados, solicite ao barman um bom cocktail e ele misturará uma cachaça fina com um vermute caro. Esta aí a grande diferença. As versões “com dor-de-cabeça
fotos: Reprodução
Como tudo que é muito popular, o rabode-galo vive cercado de lendas. A certeza é que o drinque que hoje é encontrado em qualquer bar, dos mais chiques aos mais pés-sujos, nasceu com o nome rico de cocktail. A tradução brasileira é literal. Cock, em inglês, significa galo e tail, rabo. Dizem que a bebida surgiu no ano de 1779, nos Estados Unidos, durante a Guerra da Independência. Na tentativa de se recuperar da crise causada pela morte do marido, a protagonista desta história, a viúva Betsy Flanagan, abriu uma pousada em Yorktown, cidade ponto de encontro entre as tropas aliadas americanas e francesas. O empreendimento de Betsy era famoso e bem frequentado pelos oficiais. Um dia, levaram à viúva alguns galos roubados do exército inglês para que ela preparasse um assado. A dona da pousada fez um belo jantar. Depois que todos comeram, ela serviu um drinque em taças decoradas com as penas dos bichinhos. Assim, diz a lenda – e tem até livro pra confirmar -, nasceu o cocktail. A decoração chamou mais atenção do que a própria receita da bebida. Betsy misturou diferentes tipos de destilados, mas não se sabe quais. É que a viúva foi mais original em colocar
“Betsy Flanagan serviu um drinque em taças decoradas com as penas dos bichinhos. Assim, diz a lenda, nasceu o cocktail”
ilustração: LOOSHstudio
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RECEITA DE BRUXA
ilustração: LOOSHstudio
Condenados no passado, os feitiços de bruxaria são bem mais simples e benéficos do que se imagina e podem ser feitos na cozinha de casa
Você pode não acreditar em bruxas, mas elas existem. E cozinham. Bruxas sabem como ninguém usar as energias dos alimentos (e até dos utensílios) para conquistar alguém ou ter êxito em alguma situação. As especiarias são essenciais na cozinha de uma feiticeira. São os ingredientes que trazem energia e transformam o ato de cozinhar em algo mais. A culinária das bruxas não precisa de caldeirão, nem de asas de morcego ou teias de aranha. Mas a maioria delas prefere não usar eletrodomésticos ou panelas de alumínio e sim utensílios mais tradicionais, como colher de pau e potes de cerâmica. Os ingredientes são os mesmos usados no dia-a-dia, é na maneira de prepará-los e energizar cada um deles que mora o segredo. É preciso estar de coração e alma abertos para que os pratos tenham efeito. Toda boa bruxa sabe disso. Comer está entre um dos prazeres favoritos. Como todo prazer, pode virar pecado e sempre há quem queira reprimir. A história é prova disso. Por cerca de 300 anos, entre 1450 a 1750, as cozinheiras foram vigiadas e caçadas. A Inquisição não perdoou quem usasse ervas e especiarias nos alimentos. Muitas delas, mesmo as que não tinham ligação com os rituais do paganismo, acabaram na fogueira, acusadas de enfeitiçar homens e crianças. Estima-se que cerca de 60 mil pessoas morreram queimadas, 90% delas eram mulheres. Passados 260 anos, a intolerância à prática da bruxaria diminuiu, mesmo assim ainda há quem torça o nariz por desconhecimento de como funciona. Entretanto, é fácil descobrir quais os propósitos da filosofia das bruxas e bruxos modernos. A internet está cheia de sites e blogs com receitas e rituais Wicca, como é chamada a bruxaria moderna, criada na década de 1950 pelo inglês Gerald B. Gardner. Cozinha de Afrodite Entre as praticantes mais famosas, a brasileira Márcia Frazão tem mais de 10 livros publicados, pelo menos metade deles trazem receitas e feitiços afrodisíacos, entre outros objetivos. Nada de coisas ruins ou vibrações negativas. Em A Cozinha de Afrodite, Márcia define o significado da alimentação para as bruxas. “Quando me encontro na cozinha, tenho plena posse do feminino, reencontro minhas antepassadas e com elas realizo os mais divertidos rituais”, escreve. Márcia cozinha com alimentos da horta que mantém em casa. O único eletrodoméstico que usa é o liquidificador, presente da mãe. A ligação com a avó e a mãe mostram seus laços com a família e a feminilidade. Para ela, qualquer pessoa tem poder dentro da cozinha, mesmo com ingredientes simples, desde que mentalize coisas boas e deseje o bem para quem será oferecida a refeição.
DICAS DAS BRUXAS Maçã A maçã talvez seja a mais popular e a mais representante de grandes paixões. Para o efeito desejado, deve-se estar apaixonado e desprovido de sentimentos mesquinhos. Portanto, é bom refletir bem antes de utilizá-la. Experimente colocar um punhado de sementes moídas por cima do sorvete do amado ou mesmo misturadas ao alimento. Uma maçã caramelada, com canela, garante fidelidade. Canela A canela é poderosa e traz efeitos mais imediatos. No entanto, é preciso ter cuidado com a dosagem. Basta passar um punhado no corpo para aumentar o poder de sedução. Aveia É indicada para quem quer ter um corpo saudável e sedutor, pois tem o dom da regeneração. Coloque em uma banheira bem quente meio quilo
de flocos de aveia e trinta gramas de pétalas de rosa. Espere a água amornar e, antes de entrar no banho, misture bem os ingredientes. Permaneça 20 minutos na banheira, depois, espere o corpo secar sozinho. Quando a pele estiver seca, passe óleo de aveia por todo corpo. As bruxas indicam repetir o banho pelo menos a cada 15 dias, mas pode ser uma vez por semana, de preferência às sextas-feiras. Manjericão Serve para espalhar a felicidade e espantar a depressão. Como é estimulante, favorece a concentração, aguça os sentidos e fortifica o sistema nervoso.
Saiba mais marciafrazao.blogspot.com bruxaria.net A Cozinha de Afrodite e A Cozinha Mágica da Bruxa, de Márcia Frazão.
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TOY new
G-mail Os designers Rahul Mahtani e Yofred Moik, do programa Industrial Design da Syracuse University, pensaram em como utilizar o e-mail para enviar cartas. A ideia do projeto é possibilitar, através do Gmail, do Google, o envio de cartas. O software permitiria que o usuário do e-mail tivesse a opção de imprimir a correspondência que seria enviada pelo correio para o destinatário. O remetente pagaria uma taxa de envio.
Light A criação do designer coreano Joonhuyn Kim é daquelas que quando a gente vê pensa “como ninguém imaginou isso antes?”. A ideia é o aproveitamento de espaço (o tamanho dela é 2/3 menor que uma lâmpada comum) e garantir mais estabilidade no manuseio de lâmpadas. Chamada de Flat Bulb, ela tem o bulbo plano e funciona exatamente como qualquer outra lâmpada.
stuff
Papercraft Os artistas russos Alexei Lyapunov e Lena Ehrlich, da People Tool, criam arte através de dobraduras. Os projetos trazem versões de personagens, como os Beatles, Fred Mercury e o restante da banda Queen. peopletoo.ru
Cerâmica A designer Laura Zindels desenvolveu toda uma linha de jantar com desenhos de insetos. É pra quem tem estômago. Seus trabalhos foram incluídos no livro The Artful Home, Furniture Sculpture & Objects. Zindelceramics.com
Style
Leve Coleção de óculos desenvolvida pelo designer italiano Matteo Ragni. O acessório é produzido com sete folhas de madeira compensada com outras duas de alumínio. A armação é leve, pesando apenas 10 gramas. matteoragni.com
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A equipe de designers austríacos da DNA Creative, formada por Martin Zopf, Rudolf Stefanich e Stefan Kachaunov, desenvolveu estes fones depois de uma consulta no Facebook. O conceito partiu dos usuários que pediram algo ligado à qualidade e natureza. O resultado é este fone de ouvido sem fio, com conexão Bluetooth, confortável e com design inspirado nos modelos antigos. creativednaaustria.com
fotos: Divulgação
Todo ouvidos
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hype society
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