Revista NANU! #3 Black is Beautiful

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NANU!!

N3

Black is Beautiful agosto / setembro 2008


venda proibida

black

is beautiful

distribuição exclusiva

3

Fotografia vida urbana Glamour Arte Moda Cinema Arquitetura Música baco


NANU!! Fotografia

Arte

Moda

Cultura

Vida Urbana

Concepção e Fotografia

SUSANA PABST Design e Montagem

GUILHERME BAUER Realização Edição Pauta Arte Tratamento

LOOSHstudio Jornalista

SOILA FREESE DRT/SC (02004-JP)

Capa

Adriana Rosa maquiagem Alcinda Schroeder fotografia Susana Pabst Agradecimentos

Shopping Neumarkt, Guloseima, Tao Arquitetura, Beagle, Razzle Dazzle, Butiquin Wollstein.

Esta é uma publicação dirigida com tiragem restrita a 500 exemplares

LOOSHstudio Fotografia e Design S.S. Rua Bolívia, 497 89050-100 Blumenau SC Brasil 55 47 3326 3130

www.looshstudio.com


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www.guloseima.com.br por

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NANU!!


sumário

8

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6

eu, modelo Soila Freese

black power Susana Pabst

10

ensaio Adriana Rosa

black is beautiful Joice Simon Alano

mixtape Eduardo Kottmann

44 48

40 preto, branco e vários tons de cinza Sávio Abi-Zaid olhos negros Nilma Raquel

48

preto básico Soila Freese

entrevista Paola Gavazzi

52 56

O príncipe Diala Mortrix

arquitetura e preto Bruno W. Metzler Filho

58

sedução Guilherme Correa

Caros leitores, o propósito da revista NANU!! é trazer inovação. Este ¨número 3¨ conta com um projeto editorial mais arrojado e com uma tiragem impressa bem mais expressiva. Na versão digital (www.nanu.com.br), você pode acessar mais conteúdo, como hipertextos, assuntos adicionais, websites e mais imagens. Também a partir da NANU!! 3 buscamos uma interação maior com os nossos leitores. Para isto, disponibilizamos um espaço em nosso site para que você entre em contato para opinar, criticar ou sugerir matérias de seu interesse. É isso, aguardamos você, agora aproveite...

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EDITORIAL

EDITORIAL

black

power por

Susana Pabst

Lá vai enton...

P

reto é poder, força e muito, muito glamour. A terceira edição da revista NANU!! faz a sua homenagem a esta cor, em todos os sentidos possíveis: culturais, fashionistas e também raciais. Digo isto porque nossa fotografada da hora, além de linda, é negra.

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Mas o fato realmente curioso é que Adriana nunca posou para fotos e jamais usou maquiagem. Salto alto? Nem pensar. Imaginem o nosso choque quando vimos as suas espontâneas poses de diva durante o shooting. Coisas deste tipo são extremamente gratificantes quando acontecem, principalmente em um editorial para uma revista cuja proposta é fotografar pessoas comuns, ao invés de modelos. É a comprovação de que beleza, altivez e sensualidade estão em todos os lugares, e muitas vezes precisam apenas de um estímulo para serem despertadas. Nossa revista deu também um grande passo em matéria de diagramação, cada vez mais próxima da irreverência e inovação idealizadas desde a sua concepção. Mas, acima de qualquer coisa, primamos pela absoluta sintonia com os fatos da atualidade, e não poderíamos deixar de lançar nossa black issue quando um homem negro está prestes a assumir a presidência dos Estados Unidos. E, acreditem ou não, a Vogue Black foi mera coincidência. Underground, gótico, cult ou chique, o preto não é só uma cor, é um sedutor modo de viver. Rendamo-nos a ele então! Abraço, Susanak

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E

u, modelo?! Foi exatamente isso que a estoquista Adriana Rosa, 33 anos, pensou quando foi convidada para o ensaio da Nanu!!. Impulsionada pela curiosidade, ela topou o desafio e garante que o resultado foi mais do que surpreendente.

ADRIANA ROSA

Sem dúvida o ensaio da Nanu!! foi para Adriana uma experiência única. Em poucas horas ela passou por emoções jamais sentidas. E não estamos falando apenas das fotos, dos objetos de cena, das caras e bocas, mas também de coisas simples como usar maquiagem, por exemplo. Sim, nossa modelo nunca se maquiou ou fez as sobrancelhas. “Só uso protetor no rosto e manteiga de cacau nos lábios”, confessa.

p o r

S O I L A

F R E E s E

Com uma simplicidade cativante, Adriana nos conta que apesar de nunca ter feito algo parecido, os momentos de insegurança foram passageiros. Desde que aceitou o convite, confiou plenamente no trabalho da fotógrafa Susana Pabst. Ela diz até mesmo não ter se intimidado com os elementos de cena no estúdio. Lógico que ela estranhou quando se viu rodeada de canos, balões, fios, fitas etc, mas isto foi por um curto tempo. A maior surpresa – fora o resultado do ensaio é claro – foi se ver produzida. Com um sorriso no rosto e ainda voz de espanto ela descreve o que sentiu. “Olhei no espelho e não acreditei. Sou eu?”, conta. Esta sensação não ficou apenas no estúdio. Ela a acompanhou em todo o caminho de volta para casa. Nossa modelo fala que na rua as pessoas a olhavam diferente. Tímida, ela seguiu o seu caminho.

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NANU!!

A timidez, definitivamente, não teve vez durante o ensaio. Adriana diz que se entregou plenamente às fotos. Para ela


a primeira maquiagem

tudo era novo, as poses, a maquiagem, o cabelo, o sapato alto, mas ela curtiu cada momento. “A Susana sabia o que estava fazendo. Segui as orientações dela e aproveitei”, conta. Nossa modelo ao ver as fotos na revista esboçou gestos simples, porém expressivos. Dos olhares tímidos à expressões como “Meu Deus!” em meio ao silêncio, Adriana demonstrou o que sentia de forma ingênua e encantadora. Ao observar seus olhos atentos, suas mãos inquietas e a fisionomia que se abria a cada foto, não há como discordar do que ela falou quando perguntada sobre o que sentia ao ver o material pronto. Ela pura e simplesmente nos diz “é como ganhar a sua primeira bicicleta” ou não menos expressiva “é como se você fosse criança e ganhasse um doce”. k

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Super Black FOTOGRAFIA SUSANA PABST

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FASHION

BLACK por Joice Simon Alano

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eThe Kills Black Balloon eTilly and The Wall Pot Kettle Black eAll Saints Black Coffee

eMichael

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Jackson Black or White eBlack Kids I’m not Gonna Teach your Boyfriend How to Dance with You


VIDA URBANA

NANU!!

por Eduardo Kottmann

Mixtape e

h t t p : / / www.sendspace.com/ file/wx712f killerpopbitch presents: Black is the new Black (NANU Mixtape)

eDeath From

Above 1979 Black History Month (Alan Braxe & Fred Falke Remix) eMount Sims Black Sunglasses

Já que esta edição da Nanu!! deixou mais do que provado que Black is the new black!, eu vou aproveitar para apresentar alguns projetos musicais e até mesmo canções que eu acho super bacanas e que também contêm “black”. Melhor, se agora a tendência são os anos 90, por que não fazer uma mixtape com essas músicas? Mixtape nada mais é do que o nome de uma compilação de canções gravadas tradicionalmente em fita cassete (K7). As músicas podem estar em seqüência ou até mesmo agrupadas por características comuns como ano de publicação, gênero e outros aspectos ainda mais subjetivos. No caso da minha, o tema vai ser BLACK. Com a evolução da tecnologia e a chegada do som digital, a criação e a distribuição das mixtapes evoluíram de formato. O CD e o MP3 se tornaram os métodos mais utilizados. Para poder ouvir é só acessar o link e baixar a mixtape.k

eThe Black

Ghosts Lets Get Physical eAmy Winehouse Back To Black (The Rumble Strips remix) Total: 34:23

Divirtam-se! (Duh Killerpopbitch) NANU!! hah

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MÚSICA por Soila Freese

reto

P B

ásico

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las não têm estilo grunge, nem tampouco são góticas. Björk, Cat Power, Feist, Fiona Apple e Aimee Mann fazem parte deste preto básico pela melancolia de suas canções. As palavras fortes e sensíveis de suas músicas nos remetem a um doce e angustiante cenário. Estas cantoras de voz doce possuem a trilha perfeita pra quem gosta de boa música e aprecia a suavidade dos momentos nostálgicos. Há muito mais nelas do que o básico. Suas ambições vão além do que lançar hits e estourar nas paradas. Ao ouvir suas canções ou assistir suas per-

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formances, percebemos que elas têm imagem, estilo e glamour. Falando em estilo, nada melhor do que citarmos a islandesa Björk. Ela desde criança revelou seu talento para a música. Aos 12 anos de idade, com a ajuda do pai, gravou o seu primeiro álbum “Björk” - trabalho lançado apenas na Islândia. O próximo cd solo só apareceria 16 anos depois. Durante todo esse tempo, a jovem e precoce artista, cresceu, virou punk, se cansou do punk e foi integrante de várias bandas como: Exodus, Tappi Tíkarrass, KUKL e The Sugarcubes. Sem dúvida, The Sugarcubes foi a mais expressiva

delas. Nela, Björk se destacou, principalmente, por sua personalidade excêntrica. Com o fim da Sugarcubes, Björk partiu definitivamente para a carreira solo com o lançamento do álbum “Debut” (1993), que indiscutivelmente foi um sucesso na cena alternativa, mas ainda não o responsável por sua consagração. Este papel coube ao próximo disco da cantora “Post”, lançado em 1994. Durante toda a sua trajetória, Björk viajou pelas várias formas da arte. Podemos aqui destacar a sua brilhante atuação no filme Dançando



no Escuro, do dinamarquês Lars Von Trier. A interpretação de Selma Jezkova lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 2000. Björk continua explorando todos os universos possíveis, assim como entrou de cabeça na música eletrônica e estreitou os laços com as artes visuais. Em 2007, ela lançou o décimo álbum de sua carreira. Este trabalho está recheado de grandes parcerias como o produtor de hip hop, o americano Timbaland, vocais do ex Faith no More, Mike Patton e o cantor inglês Antony Hegarty. Não menos importante para a música, mas com uma trajetória um pouco mais confusa e incerta, Chan Marshall, artisticamente conhecida como Cat Power, faz canções profundas e extremamente pessoais. Dotada de uma feminilidade intimista, esta americana nascida no estado da Georgia, EUA, é um dos grandes nomes da música indie rock. Filha de pianista, a música desde cedo esteve presente em sua vida. Os anos 90 marcaram o início da carreira de Chan. Nessa década, ela lançou os discos “Dear Sir”, 1996 e “Myra Lee”, 1997. Após lançar seu terceiro álbum intitulado “What Would the Community Think”, decepcionada com seus trabalhos, ela decide se afastar da música. Estava realmente disposta a abandonar a música até que uma noite de pesadelos a inspirou para compor o consagrado “Moon Pix”. Este disco com certeza a fez ser reconhecida pela cena indie rock. A carreira de Cat Power é marcada por inseguranças. O álcool e o uso de substâncias químicas a fizeram cancelar uma turnê em 2006. Ela confessara posteriormente que estava depressiva e com tendências suicidas por causa da dependência. Mas foi depois de seu tratamento que ela lançou o seu mais aclamado álbum “The Greatest”. Chan ou Cat Power como preferirem possui uma voz dilacerada que dá a suas interpretações muito sentimento. Suas canções são angustiantes e nostálgicas algo que a assemelha muito com a expressiva Fiona Apple. Esta norte-americana, nascida em Nova Iorque é a mais jovem das cantoras citadas. O seu disco de estréia, “Tidal”, 1996, vendou mais de três milhões cópias e com menos de 20 anos ela ganhou o seu primeiro Grammy. A discografia desta depressiva garota, que afirmou que morreria depois de seu segundo álbum, possui uma temática psicológica muito forte. “Vou lançar y 40 hah

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meu segundo CD, ajudar as pessoas, e depois eu vou morrer” afirmou a jovem em entrevista. O trabalho de Fiona é marcado pelo tom melancólico e sua voz encorpada. As músicas da cantora mostram claramente seus dramas pessoais, suas tendências depressivas e a vida marcada por traumas. O maior deles, sem dúvida, foi o estupro sofrido aos 12 anos de idade. A música Sullen Girl, de seu primeiro álbum retrata os sentimentos da garota em relação ao ocorrido. Fiona é sem dúvida uma grande compositora. Suas criações combinam perfeitamente com o som do piano e a sua voz. Erroneamente como previu, para a felicidade dos fãs, ela continuou entre nós depois do lançamento de seu segundo cd “When the Pawn”, 1999. Infelizmente seus trabalhos não têm sido freqüentes. O terceiro álbum “Extraordinary Machine” foi lançado apenas em 2005, depois de finalizado há mais de três anos. A gravadora não queria lançar o material por achá-lo anti-comercial. Fãs da jovem organizaram uma campanha “Free Fiona”. Um tapete de maçãs chegou a ser colocado na sede americana da gravadora. O produtor original, Join Brion, foi substituído assim que as gravações foram concluídas. A versão de Join ainda está na rede e pode ser conferida. Aqui a sonoridade melancólica não é exclusividade. A americana Aimee Mann compõe canções que não fazem apenas chorar, mas também soluçar como o belíssimo disco “The Forgotten Arm”. Um audacioso trabalho que conta em 12 músicas a conturbada história de amor entre John e Caroline. Dona de uma voz doce e calma, Aimee ficou conhecida com a nostálgica trilha sonora do filme Magnólia, 1999. Paul Thomas Anderson diz ter feito o roteiro ao som da cantora e por isso a convidou para compor a trilha. O filme é extremamente marcante assim como as canções compostas pela cantora. O último trabalho da artista, @#%&*! Smilers, lançado recentemente foi uma bela surpresa. Esperavase algo muito bom, porém sem novidades. Não foi o que aconteceu. Aimee dispensou as guitarras e abusou de teclados, sintetizadores e moogs. As letras falam dos amores mais não correspondidos e das dores mais profundas e compõem uma perfeita sinfonia com a sua voz cheia de classe.

Cat Power


Fiona Apple

Com letras menos dramáticas, a canadense Feist parece cada vez mais se firmar com um dos grandes novos nomes da música. Não que ela seja jovem ou tenha uma carreira recente, mas foram seus últimos trabalhos que a destacaram no cenário da música. Feist começou na vida artística muito jovem. Aos 15 anos, como vocalista, fundou a banda punk Placebo – não confundir com o famoso grupo inglês. Não demorou muito para que sua voz fosse afetada pelos agressivos gritos punk. A cantora foi obrigada a se afastar da música. Enquanto se recuperava, junto com a angústia de talvez nunca mais voltar a cantar, Feist comprou uma guitarra para distrair sua tristeza. Foi exatamente nessa época que ela compôs as canções de seu primeiro álbum “Monarch (Lay Your Jewelled Head Down)”, lançado em 1999. Seus discos seguintes foram “Let it Die”, 2004, “Open Season”, 2006 e “The Remind”, 2007. Os últimos trabalhos de Feist não lembram nada a vocalista punk dos anos 90 que já abriu show para os lendários Ramones. A atual Feist é totalmente o avesso daquela garota. Vocal afinado, pitadas de folk, jazz e piano. Quem quiser conhecer um pouco mais a história e a discografia destas cantoras é só acessar o site da Last FM www.lastfm.com.br. Lá você encontra tudo e um pouco mais sobre as artistas e pode “perder” um bom tempo conhecendo outros cantores e compositores que fazem trabalhos semelhantes. Outra boa pedida é o site www. myspace.com. Lá você pode conferir algumas músicas na íntegra das cantoras. k

Aimee Mann

Feist

Björk

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P reto B ranco e ,

vários tons de cinza.

U

m dia desses fiz referência, em um grupo de amigos, ao inescapável - para os nascidos no início dos 70, ou antes, e que tenham estudado em instituição religiosa - “Marcelino Pão e Vinho”. Imenso foi meu espanto ao perceber que vários dos presentes não faziam idéia do que eu falava. A causa deste desconhecimento ficou clara ao descobrir a idade dos presentes. A maioria tinha menos de 30 anos. Isto me causou grande tristeza. Não pelo desconhecimento do filme em si - que não tem nada de especial e é uma simples e comercial obra de propaganda católica - mas pela percepção, aprofundada ao continuar a conversa, de que as novas gerações têm pouco ou nenhum contato com a película em preto e branco. Pior ainda é a vasta maioria, desconhecendo as possibilidades do claro/escuro, não mais aceita o filme sem cor. Suas vidas são 100% coloridas e dificilmente uma imagem, fixa ou em movimento, os atrai, se ela estiver desprovida de cor. Oh, que miséria! Graças à minha idade conheço e reconheço o valor do negativo de sais de prata. Um filme em preto e branco não é somente um filme que carece de cor, mas sim uma criação artística com qualidades específicas e características próprias. Uma ampla gama de efeitos pode ser obtida, imagens precisas, nas quais cada fio de cabelo, cada grão pode ser nitidamente

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visto a um borrado efeito de desenho a carvão. Ainda hoje, para uma boa parte da humanidade - que está diminuindo com o passar dos segundos, como percebi - o filme preto e branco transmite uma sensação mais intensa de realismo do que o a cores. Isto provavelmente pela forte associação com os filmes de noticiários - que precediam os filmes principais, como o Canal 100 - e as fotos jornalísticas. A imagem em preto e branco pode sugerir as duras notícias dos jornais diários, enquanto a cor pode ter a conotação das fantasias de brilhantes revistas de moda, dos comercias e das tirinhas dos quadrinhos. Com o desaparecimento dos filmes de noticiário, a inclusão das fotos coloridas nos jornais e da cor na programação de TV, em breve teremos uma geração que nunca experimentou imagens em preto e branco e que, por isto, terão cada vez mais repulsa aos filmes e as imagens em preto e branco. Isto é muito difícil de aceitar, quando se sabe que há filmes magníficos captados em preto e branco, que não deveriam cair no esquecimento. É triste lembrarmos que por 26 anos - 1940 a 1966 - até a Academia de Hollywood manteve forte a presença dos filmes preto e branco em suas premiações, com dois prêmios distintos para Direção de Arte, um para filmes preto e branco e outro para coloridos. Nesse tempo, parecia clara a pos-


CINEMA

NANU!! por Sávio Abi-Zaid

sibilidade da coexistência das duas técnicas. Hoje, salvo raros e louváveis diretores que se aventuram no magnífico universo dos tons de cinza, a realidade mostra que só há espaço para a cor. É possível que estejamos presenciando outra morte do mesmo gênero, a da película, que está sendo engolida pelo vídeo digital, mas isso é assunto para outro artigo. Só consigo ver uma saída para evitar o total desaparecimento dos filmes em preto e branco. Uma vez que o cérebro humano só vê o que reconhece, é imperativo que façamos com que as novas gerações tenham contato com o preto e branco, para que possam conhecê-lo e compreendê-lo, em todo seu esplendor. Para tanto, temos filmes em duas categorias: a dos clássicos, os filmados antes do advento do filme a cores e a dos modernos, em preto e branco apesar do mercado já estar totalmente convertido às cores. Começo com uma pequena lista dos modernos, pois será mais fácil a assimilação de uma novidade só, a ausência de cor, para mais tarde agregar a nova antiga linguagem do cinema clássico.

Como todo rol ou lista, esta contém minha opinião. Não discutirei minhas escolhas, mas aceito de antemão a possibilidade de ter esquecido filmes memoráveis que deveriam figurar entre os citados, mas a humanidade não é infalível, e assim sou eu também. Eu adoro cinema, em sua essência, sem grandes distinções em relação à forma de apresentação, e entre preto e branco e colorido fico com os dois, pois ambos são fundamentais, mas sou obrigado a concordar com André Setaro, quando ele diz: “A cor no cinema deve ser usada em função de seu tecido dramatúrgico e é preciso que se acabe, uma vez por todas, com a confusão sempre presente entre o uso da cor em função da beleza e o uso da cor em função da própria estrutura fílmica. Quem não gosta de filme em preto e branco, por outro lado, e, desde já, com as desculpas nas mãos, é um tremendo ignorante.” E com isto deixo um gancho para voltarmos às cores em uma próxima oportunidade.

Cena do filme Asas do Desejo.

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Schindler’s List, a Lista de Schindler, 1993, Steven Spielberg. Devemos em grande escala a Spielberg o pequeno contato das mais novas gerações com o preto e branco. A Lista foi o único lançamento de um grande estúdio em preto e branco em décadas. Em função do marketing, do diretor e mesmo do tema, grandes multidões se arrastaram aos cinemas. A filmagem em preto e branco trouxe dificuldades aos cenógrafos e figurinistas, acostumados a trabalhar com cores. Eles tiveram que escurecer os sets e o figurino para que os atores não se confundissem com os mesmos. Raging Bull, Touro Indomável, 1980, Martin Scorsese. Baseado na vida do boxeador Jake LaMotta, vivido por Robert De Niro. Scorsese e o diretor de fotografia, Michael Chapman, decidiram filmar em preto e branco para aumentar a aura de autenticidade do filme, passado nos anos 40. Os dois lembravam as lutas de época em fotos preto e branco. A decisão final pelo preto e branco veio da necessidade de diferenciação de filmes de boxe que estavam sendo lançados na mesma época, como Rocky. The Man Who Wasn’t There, O Homem que não Estava lá, 2001, Joel e Ethan Coen. Um dos menos conhecidos filmes dos irmãos Coen é na verdade uma de suas jóias. Foi filmado em cores, mas lançado intencionalmente em preto e branco, mais uma vez para dar autenticidade ao seu cenário, os anos 50. Acidentalmente, no lançamento, algumas cópias coloridas foram distribuídas. La Haine, O Ódio, 1995, Mathieu Kassovitz. Uma vez que o filme trata de conflito racial, uma das leituras suscitadas é que ausência de cor seja uma mensagem de esperança de que um dia consigamos viver num mundo livre de discriminação por causa de raça e cor. Um dos melhores filmes franceses modernos, na minha opinião. Violento, vibrante e brilhante. Pi, Pi, 1998, Darren Aronofsky. Filme ensandecido sobre o gênio matemático, com direito a teorias conspiratórias relacionadas com a Torah. Fascinante e bizarro. A trilha sonora eletrônica impecável contribui decisivamente para a atmosfera neurótica do filme. Foi filmado originalmente em filme preto e branco reverso, que dá uma imagem positiva no original, sem a necessidade de revelação, opção utilizada em função do baixo orçamento. Sin City, Sin City, 2005, Frank Miller e Robert Rodriguez. Segue a linguagem original da série em quadrinhos de onde foi adaptado, ou melhor, transposto, uma vez que é praticamente um transporte digital quadro a quadro das revistas. Filmado em vídeo digital a cores, após convertido em preto e branco de alta definição. Inserções de cor e um tratamento para aumentar o contraste deram o toque final. Kafka, Kafka, 1991, Steven Soderbergh. Kafka vira personagem de sua própria obra. Inconformado com o mistério que envolve o Castelo, tema de seu livro, quer ultrapassar os seus muros impenetráveis. Magnífico. Jeremy Irons em seu auge. Rumble Fish, O Selvagem da Motocicleta, 1983, Francis Ford Coppola. Filmado em preto e branco, numa referência à visão daltônica de “Motorcycle Boy”, O Selvagem da Motocicleta é uma análise sobre a falta de perspectivas na juventude pós Beat Generation. Retrata a juventude decadente que idealiza um passado que deixou de existir e de fazer sentido, restando apenas reminiscências sem valor humano. Der Himmel über Berlin, Asas do Desejo, 1987, Wim Wenders. É um filme contemplativo, que observa e comenta a vida. Fala da passagem do tempo, sobre a consciência a respeito de si; em última análise, filme sobre a descoberta da própria identidade. Dele saiu Cidade dos Anjos, versão americana para este clássico alemão. American History X, A Outra História Americana, 1998, Tony Kaye. Está aqui como bônus, uma vez que não é um filme integralmente em preto e branco, mas que tem extensos trechos de flashback em preto branco. Como é uma peça emblemática, figura na lista. Indispensável. É no mínimo curioso citar que o diretor não queria a inserção das cenas de flashback, sem as quais não figuraria nesta lista. y 44 hah

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Agora vamos aos clássicos de fato, mas com uma concisão extrema, uma vez que aqui teríamos uma lista interminável: Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, Dr. Fantástico, 1964, Stanley Kubrick. Um dos melhores filmes do Kubrick. Sátira ácida sobre a doutrina de destruição mútua nos idos da guerra fria. Peter Sellers interpreta três personagens impagáveis. Uma comédia em sua verdadeira acepção.

Citizen Kane, Cidadão Kane, 1941, Orson Welles. É complexo falar de Cidadão Kane; é complexo assisti-lo; é complexo entender sua importância, mas é simples defini-lo: é o melhor e mais importante filme da história do cinema. Sem ele, não teríamos a maioria dos filmes relacionados nesta lista. Simples assim. Portanto assisti-lo é obrigatório. Uma vez feito isso, pode-se recorrer a uma vasta gama de fontes para entender suas verdadeiras complexidades.

Casablanca, Casablanca, 1942, Michael Curtiz. É fundamental a qualquer amante do cinema. É uma obra-prima dos anos de ouro de Hollywood. Humphrey Bogart e Ingrid Bergman embalados por uma bela canção. E ao mesmo tempo é um filme de engajamento, com cenas memoráveis, como aquela em que um fugitivo francês canta a Marselhesa. É político no mais alto grau. O jornal The Times o elegeu, numa controversa lista, o melhor filme da história.

Psycho, Psicose, 1960, Alfred Hitchcock. É uma das referências mais utilizadas em todos os suspenses contemporâneos. Considerado pelos críticos a obra-prima de Hitchcock, e pelo American Film Institute o melhor thriller de todos os tempos. Psicose é uma obra magnífica de suspense, com personagens maravilhosos e que ficarão eternamente gravados na história.

The Great Dictator, o Grande Ditador, 1940, Charles Chaplin. Chaplin em uma de suas mais conhecidas atuações. Chaplin, genialmente, interpreta os dois protagonistas da história: o ditador Adenoid Hynkel (em clara referência a Hitler) e o barbeiro Judeu. Irônico e atrevido, este filme lhe causou a expulsão dos Estados Unidos, mas criou também uma obra-prima única com uma das melhores mensagens antiguerra já transmitidas ao homem.

The Longest Day, O Mais Longo dos Dias, 1962, Ken Annakin e Andrew Marton. Um dos mais imponentes retratos do Dia D. O filme é completo, realista e mostra a decisão de Eisenhower, a ansiedade da resistência francesa à espera da confirmação da invasão, e também a tática usada pelos paraquedistas da octogésima segunda divisão aerotransportada que, no escuro, usariam um clique que deveria ser respondido por dois cliques para localizar e agrupar as tropas. Foi um dos primeiros filmes sobre a Segunda Guerra feita por estúdio americano em que os membros de cada país falavam na língua do próprio país. Há legendas para traduzir os diálogos nos diversos idiomas.

Die Brücke, a Ponte, 1959, Bernhard Wicki. Libelo antibelicista, mostra o desperdício de jovens vidas em defesa da Alemanha a se esfacelar. Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, Nosferatu, 1922, F.W. Murnau. Não só preto e branco como mudo, esta obra prima é recomendada aos que desejam se aprofundar nos primórdios do cinema. É considerado um clássico do expressionismo alemão. O diretor F. W. Murnau não conseguiu os direitos autorais com a viúva de Bram Stoker e acabou produzindo uma versão independente, cuja narrativa preserva o enredo original de Stoker, gerando processos por violações de direitos autorais. k NANU!! hah

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GLAMOUR por Nilma Raquel

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Por que o preto é um clássico também na maquiagem dos olhos

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uem sai de casa de noite com vontade de ser notada aposta sempre no uso do preto nos olhos. Mistério, glamour, refinamento, segurança. Tudo isso é o resultado de sombra, lápis e delineador, que marcam o olhar e para algumas pessoas se tornam até marca registrada. Ou alguém duvida que boa parte da imaagem da Amy Winehouse vem daquela overdose (desculpe o trocadilho infame...) de delineador que ela usa? OK, você não precisa ficar com o look trash da moça - a não ser, é claro, que queira sair por aí com cara de “conceito” ou tenha estilo suficiente para desfilar como as modelos do São Paulo Fashion Week.

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A questão é investir no preto na medida certa. Você deve ter visto nas passarelas dos últimos desfiles de São Paulo e Rio um festival de cores nos olhos. Alguns maquiadores apostam na tendência para o verão 08/09. Então vamos esperar pra ver. Mas como estamos em pleno inverno, mais que nunca a cor preta é soberana, sem falar que, em qualquer estação, ela é clássica. “O olho preto sempre resiste às tendências, nas ruas e na mídia, e isso é uma prova que maquiagem não depende delas”, afirma a fotógrafa e maquiadora Paola Gavazzi, autora do blog www.truquesdemaquiagem.blogspot.com. Nas morenas e negras o preto marca ainda mais olhos escuros e cria um

contraste superinteressante com a parte branca dos olhos, acentuando expressões e emoldurando a tal “janela da alma”. Não é à toa que vem da Índia, país de mulheres de pele escura, o uso do kajal, e aquelas maravilhosas obras de arte em forma de maquiagem que elas fazem nos olhos. Já nas mulheres de pele alva, contornos escuros ressaltam olhos e pele claros, e a máscara preta faz aparecer os cílios muitas vezes loiros demais. Bem, estes são os efeitos visíveis. Mas a gente tem que levar em conta os resultados psicológicos de um olho bem escurão. “Um make de olhos pretos antes de tudo mostra mistério. Como os olhos estão marcados com uma cor escura está no inconsciente o ‘olhe para mim, nos


Fotos: Divulgação

negros meus olhos e tente saber quem sou’. Por isso demonstra a idéia que essa mulher é forte, decidida e sabe o que quer”, acrescenta Paola Gavazzi. Nos últimos tempos, até como reflexo do revival 70/80, tem se usado muito o make com sombra bem escura esfumaçada, os chamados smokey eyes. Para este efeito, o passo a passo da maquiagem deve ser muito cuidadoso, já que se não colocar os pontos claros e escuros no lugar certo, você corre o risco de ficar simplesmente com um olhão preto. O preto é um clássico também na maquiagem dos olhos. Cada mulher usa o negro a seu modo. Os olhos esfumaçados trazem uma figura mais poderosa e mais noite. Já o ar retrô trazido pelo delineador mostra um humor diferente, um glamour mais clássico e por vezes até mais divertido. No caso do delineador, perícia e prática também contam. Por isso, perca seus medos e experimente um pouco de cada uma das mil coisas que o mercado nos oferece em termos de sombras, máscaras, lápis, delineadores... Afinal, bom é saber que assim como na moda, também na maquiagem, se você tiver estilo suficiente para segurar, quase tudo vale.k NANU!! hah

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ENTREVISTA

Paola Gavazzi

é uma mulher de mil instrumentos. Além de ser fotógrafa e maquiadora, também entende de cabelo e mantém um blog incrível. Aqui ela fala sobre o uso do preto nos olhos. NANU!!: Qual é o humor que desperta uma maquiagem nos olhos que carrega no preto? Quando usar e que efeito causa? Paola Gavazzi: Make de olhos pretos antes de tudo mostra mistério. Como os olhos estão marcados com uma cor escura está no inconsciente o “olhe para mim, nos meus olhos e tente saber quem sou”. Demonstra força, a idéia que essa mulher é forte, decidida e sabe o que quer. O glamour vem com o conjunto, ou seja, make mais produção. A pessoa pode apresentar humor depressivo se estiver com cabelos escorridos, aspecto sujo e roupa escura mais larga no corpo. Tudo isso inverte usando roupas mais estruturadas, que marcam os contornos e um cabelo de personalidade (com movimento, enrolado, preso...). A força existe, mas o contexto vai do todo. Vale ressaltar também que a sensualidade está nesse look, não importa se é trash ou glamouroso. Como a make é pesada ela é noturna. Durante a noite fica super bem, mas de dia é demais por ser chamativa. N: O que diferencia um olho preto glamouroso de um preto trash? Onde não dá pra errar a mão? PG: Como falei, o que diferencia é a produção como um todo. Junta obviamente a personalidade da pessoa, mas a imagem fala primeiro. Pessoas tímidas não seguram a força da make ou transferem um ar mais deprimido, mas aquelas que encaram de frente, flertam, mostram segu-

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rança do glamour. Somando vem a roupa que dá o contexto. O preto trash não está para dividir assunto com ninguém, é solitário e tem uma postura do “me deixa aqui, tenho o meu mundo”. Por isso, a pessoa não está muito interessada em mostrar seu corpo e usar acessórios glamourosos, diferente daquela que quer ser notada. Assim, uma pessoa de meia rasgada, minissaia, blusa com modelagem diferente e bota pesada está, sim, glamourosa! Ela se mostra. Não dá para errar no acabamento nesse tipo de make. Se fizer, faça bem feito. A pele deve estar impecável, o olho bem maquiado... Ele é o centro da atenção e qualquer defeito vai derrubar o look. Até os góticos capricham na pele, então para toda make (não só essa) isso é fundamental! Geralmente quem tem mais facilidade para maquiar acerta mais e consegue um efeito bonito, já que a técnica é mais complexa. N: Existem tipos físicos ou de pele que ficam desfavorecidos com um olho muito preto ou é tudo uma questão de estilo? PG: Geralmente quem tem olhos pequenos não pode carregar no preto pelo olho todo, porque a make diminui o formato. É importante que passe um lápis branco no interno dos olhos e faça uns pontos de luz no canto interno do olho com uma sombra luminosa ou pigmento. Se a maquiagem da pele estiver caprichada com uma boa base, corretivo e pó, o look fica bom. A make de olhos escuros é


a favorita para muitas mulheres justamente porque não é muito fácil de fazer sozinha e é o look de muitas revistas. Ela flutua em todos os estilos, desde uma mulher mais “careta” até a mais alternativa. Para aquelas que não gostam muito de maquiagem não costumo arriscar fazer esse tipo de look. N: O que você acha da volta do delineador? Dá pra usar toda hora, até de dia? O que diferencia o uso do delineador de dia e de noite? PG: Eu acho delineador incrível. Porém, eu tenho um conceito diferente de maquiagem por não acreditar muito em tendências. A boa make é aquela que fica bem para a pessoa e não importa o que está em alta. Por isso para mim o delineador nunca esteve fora de moda e pode ser usado em qualquer época. Delineador é muito versátil e tem o mesmo conceito do lápis (de modo geral). Serve para delinear os olhos com um traço mais preciso, por isso pode usar qualquer hora do dia. O que diferencia é que à noite você pode carregar mais na make e o traço pode vir mais grosso e evidente. Durante o dia é bom usar traços mais finos. N: E os olhos esfumaçados? Existe um estilo para dia e outro para noite? PG: Olhos esfumaçados é um tipo de acabamento e fica bem com muitas makes. Usar sombras esfumaçadas, com lápis esfumaçado dá um look mais refinado à make pesada. O estilo vai da combinação de cores, que para o dia devem ser mais sutis (tons de marrom com claros luminosos ou opacos) e para noite pode abusar das mais densas (como cores chamativas mais grafite ou preto). É o bom senso que manda: de dia seja menos, de noite pode ser mais. N: É preciso uma sombra clara para contrabalançar ou realçar o uso do preto? Em que casos? PG: Se os olhos forem pequenos é importante o uso de uma sombra clara junto com o preto mais lápis branco no interno dos olhos para não diminuir mais o olhar. De resto vai muito do efeito que quer dar! Como o preto é uma cor muito fechada é bacana que misture com algo brilhante, que tenha luz. Você pode fazer uma make misturando tom de pele, grafite e preto brilhante (dá efeito pigmento). Por isso é fundamental que você tenha texturas diferentes no olhar utilizando tipos de sombras diferentes na mesma make. Cada uma tem um aspecto

e juntas formam algo bonito, escuro e rico de efeito. Não existe muita regra para combinações. N: Mais alguma dica? PG: Sim. Acredito que a maquiagem de acordo para uma pessoa é aquela que combina com o astral do dia. Para uma mulher que gosta de maquiagem, o olho preto é um look bonito mas ele não terá brilho se a pessoa não estiver bem naquele dia. Outra coisa, a roupa é o que finaliza o look da make, por isso não deve pensar separado do outro, e se não fizer sentido com a personalidade da pessoa, aí fica um desastre! E muita gente gosta de maquiagem, mas não gosta de se olhar, o que é um grande erro. Isso é a grande razão para os erros cometidos porque não tem o bom senso do olhar. Técnica e produto você consegue com qualquer um, mas se sentir bonita só você pode. Vai lá: www.truquesdemaquiagem.blogspot.com k

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ARTE

por

Diala Mortrix

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RÍNCIPE

nos 80, Nova Iorque, Madonna, Ronald Reagan, AIDS, Pollock, Disco... e Basquiat. Esse foi o cenário da vertiginosa fama do artista precocemente morto pela heroína, também um dos hits da época. Jean-Michel Basquiat, negro, culto, começou sua meteórica carreira ainda antes dos seus 20 anos, assinando frases mordazes e jogos verbais em muros e metrôs de Manhattan. Assinava SAMO (abreviatura para “same old shit”). Como se vê, o garoto se comportava como um outsider, apesar do berço abastado, e seus grafites muitas vezes remetiam aos seus sentimentos sobre sua condição de negro. Na época, a célebre coroa de três pontas já figurava em seus desenhos, e mais tarde, nas telas. Tamanha era a sua obsessão por ela que fazia esculturas com seu cabelo - para coroar-se, dizia. Quando decidiu deixar de lado as ruas e partir para as telas, Basquiat anunciou: “SAMO is dead”. Morreu SAMO, nasceu talvez o mais importante artista negro americano. Mas suas pinturas vigorosas não traíram o grafiteiro, pois continham as formas displicentes dos muros. Figuras recorrentes - para muitos consideradas

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primitivistas - retratavam a pessoa negra na maior parte de seus trabalhos. Sua produção catártica, dionisíaca e compulsiva - circunstância potencializada pela droga - era um claro exorcismo de seus demônios pessoais. Criador de um estilo único, manteve-se indiferente a correntes e técnicas, quebrando os tabus impostos pelos júris de salão. Claro que esses fatores foram decisivos para o interesse do mercado de arte americano, especialmente num momento em que os Estados Unidos passavam por um boom nas artes plásticas. Basquiat estava no lugar certo, na hora certa. Não bastasse isso, passou a partilhar trabalhos com Andy Warhol - que dispensa apresentações. No mesmo ano que conheceu Warhol, 1982, fez sua primeira individual em Nova Iorque e participou da Dokumenta 7, de Kassel, uma proeza incomum para um artista naquela época. O empurrão final para a fama foi uma matéria na Artforum, chamada The Radiant Child. Altamente elogiosa, a matéria assinada por René Ricard foi o que faltava para que ele se tornasse um mito vivo, passando a expor nos mais importantes museus do mundo. Depois, veio a decadência física e a paranóia. Sim, a história se repetiu mais uma vez e Basquiat iniciou o que seria a sua auto-destruição. No seu caso específico, o responsável pela tragédia foi o consumo crescente de Speedball, famoso mix de cocaína e heroína, que culminou em uma overdose, em 12 de agosto de 1988, quando Basquiat tinha 28 anos de idade. Assim como inúmeras vítimas da fama, que, post mortem, passam a ser cultuadas pela nossa mórbida sociedade, foram escritos textos hiperbólicos sobre Basquiat depois de sua morte, que para muitos críticos beiravam o delírio verbal: a New York Times o chamou de “suave príncipe africano, imperioso y 52 hah

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asquiat

e nostálgico, ... incapaz de sequer mover a mão de maneira que fosse desinteressante”. A Vanity Fair o definiu como o “primeiro verdadeiramente importante pintor negro da América”, enquanto um de seus descobridores afirmava em entrevista que Basquiat “havia sido tocado por Deus. Era um santo negro. Houve Martin Luther King, Hagar, Muhammad Ali e Jean-Michel”. Um de seus últimos trabalhos representa uma figura negra montada sobre as partes de um esqueleto, entitulada “Cavalgando com a Morte”. A despeito de todo o dinheiro e sucesso, Basquiat, na sua eterna irresignação, nos lembra da nossa condição humana: frágil, efêmera e condenada. SAMO estava certo quando escreveu nos muros: Man Dies.k

Pensamento da hora: Quem não

Diala recomenda: O filme BASQUIAT, de Julian Schnabel, amigo pessoal do artista. Jeffrey Wright e David Bowie (sensacional na pele de Andy Warhol) fazem parte do elenco.

se acomoda a este mundo está sempre perto de encontrarse a si mesmo. Quem se ajusta e se adapta, jamais se encontra. Pode, todavia, tornarse um senador.

(Hermann Hesse)

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Ar quite tura

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ARQUITETURA por

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Bruno W. Metzler Filho

PRETO, ContraCultura, FOTOGRAFIA, Punk, ARTE, Profundidade, NEGAÇÃO, Arquitetura, INTENSIDADE. Mais que DOMÍNIO sobre seu uso, compreendê-lo significa levar a PERCEPÇÃO ao seu nível mais extremo. CULTURA ARQUITETÔNICA, perceptível, maior utilização em países Europeus ou Norte Americanos. Sua neutralidade se mostra sempre INQUIETANTE. CONTRASTE, resulta da razão compositiva. Assumindo a função de camada, BACKGROUND. LUZ, seu ponto de ruptura e tensão.k

Referências:

Judisches Museum, Berlim, Alemanha – Arq. Daniel Libeskind; Barcelona Forum, Barcelona, Espanha – Arq. Herzog and de Meuron; Laban Dance Center, Deptford, Londres, Inglaterra - Arq. Herzog and de Meuron; Sportanlage Pfaffenholz, Saint-Louis bei Basel, França - Arq. Herzog and de Meuron; Zentrales Stellwerk, Basel, Suíça - Arq. Herzog and de Meuron; Guthrie Theater, Minneapolis, USA - Arq. Herzog and de Meuron; Tate Modern, Londres, Inglaterra - Arq. Herzog and de Meuron; Arab World Institute, Paris, Franca – Arq. Jean Nouvel; www.jeannouvel.com www.daniel-libeskind.com NANU!! hah

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preto está na moda no mundo globalizado do vinho do século XXI. Enólogos se esmeram em extrair das uvas o máximo de matéria colorante. Entregam aos críticos de vinho e aos consumidores caldos densos e intransponíveis, que arrancam um “uau!” imediato ao caírem na taça. Cada variedade de uva traz uma carga de polifenóis distinta, isto é, um volume maior ou menor de taninos e antocianos, elementos responsáveis pela coloração dos vinhos tintos, os quais oscilam do vermelho púrpura, tão intenso que chega a ser negro, ao sutil granada, com reflexos alaranjados, quase cristalinos. É fácil elaborar um Tannat preto e poderoso. Está na essência desta uva de casca ultra grossa e pigmentada originar vinhos massivos assim. Não são necessários também grandes artifícios para vinificar um Malbec, super escuro, vinho emblemático da Argentina. Na sua região natal na França já era elogiado pelos ingleses no séc. XIX como “the black wine of Cahors”. O problema é que muitos produtores que trabalham atualmente com uvas dotadas de níveis inferiores de antocianos e taninos forçam a barra nas vinícolas para atribuírem a estes vinhos um perfil de cor e concentra-

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ção pouco típico destas nobres variedades. Este é o caso da sensacional Nebbiolo do Piemonte italiano, pobre em antocianos, ou da elusiva, porém não menos fascinante, Pinot Noir pouco carregada não somente em antocianos mas também em taninos. Infelizmente, nos dias de hoje, vinho negro virou sinônimo de vinho bom, e até degustadores experientes se deixam levar pela sedução de uma morena, neste caso a cor, e tendem a avaliar mais positivamente estes líquidos opacos e hiper-extraídos. Esta atitude gera um círculo vicioso “produção-avaliação, positiva-demanda, crescente-produção” que tem desvirtuado muitos vinhos menos favorecidos de cor intensa, mas que certamente têm outros encantos. Por outro lado, enólogos obstinados ainda lutam e se dedicam com grande paixão e sacrifício aos ínfimos detalhes que tornam um vinho a expressão honesta e sem distorções de um local específico. Este respeito máximo à originalidade de um vinho e às características inatas de uma uva requer grande técnica e conhecimento, o que leva, paradoxalmente, a uma mínima interferência do homem no seu processo de elaboração. O preto é naturalmente fascinante em um vinho Jerez da variedade Pedro Ximénez, que tinge a taça como um


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BACO

por

Guilherme Correa

bálsamo da cor do ébano. Já para um delicadíssimo e sensual tinto da Borgonha de Pinot Noir, é preferível que o preto esteja apenas na “noite” de um de seus vinhos mais clássicos, o Nuits-St.-Georges. A Borgonha elabora brancos estupendos e alguns dos melhores tintos do mundo. Estes vinhos são o auge da “finesse” e complexidade, mas nem por isso ostentam colorações poderosas e alta concentração. A sutileza da cor de um grande Pinot Noir não deve ser um fator para penalizar estes vinhos únicos e cheios de gosto do lugar.k

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E DI~ ÇAO

4 EX

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PLO SIVA

OUTUBRO 2008 FIQUE DE OLHO



Guilherme Bauer

LOOSHstudio Fotografia e Design S.S. Rua BolĂ­via, 497 Blumenau SC 89050-100 Brasil 55 47.3326 3130

www.looshstudio.com


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