HANDMADE CONTEMPORÂNEO: O CROCHÊ E O PODER FEMININO

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HANDMADE CONTEMPORÂNEO: O CROCHÊ E O PODER FEMININO E-BOOK RESULTADO DA PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA“A CRESCENTE VALORIZAÇÃO DO HANDMADE E DAS TÉCNICAS DE CROCHÊ COMO FERRAMENTA DE EMPODERAMENTO FEMININO” 2020



PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ DESIGN DE MODA - ESCOLA DE BELAS ARTES INICIAÇÃO CIENTÍFICA VOLUNTÁRIA NATÁLIA FERREIRA NOGUEIRA DE PAULA FONTES TAISA VIEIRA SENA

E-BOOK RESULTADO DA PESQUISA “A CRESCENTE VALORIZAÇÃO DO HANDMADE E DAS TÉCNICAS DE CROCHÊ COMO FERRAMENTA DE EMPODERAMENTO FEMININO”

E-book descrito no Relatório Final apresentado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, sob orientação da Profa. Dra. Taisa Vieira Sena.

CURITIBA 2020



RESUMO O resgate de processos e técnicas artesanais antigas, que foram se desenvolvendo através dos anos (como as técnicas de crochê, enfoque desta pesquisa), são resgatadas através desta crescente valorização dos produtos feitos à mão principalmente no Brasil, com vasto histórico cultural com o artesanato, e que por muito tempo foram deixadas de lado ou subestimadas e que hoje vem mostrando seu valor e potencial, fruto da aproximação entre produtor artesanal e designers. O trabalho vigente é resultado da pesquisa de iniciação científica “A CRESCENTE VALORIZAÇÃO DO HANDMADE E DAS TÉCNICAS DE CROCHÊ COMO FERRAMENTA DE EMPODERAMENTO FEMININO” e corresponde a uma necessidade de entender o atual cenário do artesanato após um longo período de esquecimento e de como está ligado à expressão feminina, tendo Curitiba com cenário principal. Com os resultados desta pesquisa produziu-se este e-book e glossário básico para pesquisa/consulta facilitada pelo acesso à internet. PALAVRAS CHAVES: Artesanato Brasileiro. Artesanato Têxil. Design de Moda. Empoderamento Feminino. Crochê



1. INTRODUÇÃO 2. O ARTESANATO 2.1 O QUE É ARTESANATO 2.2 CONTEXTO HISTÓRICO: O ARTESANATO ATRAVÉS DO TEMPO 3. DESIGN + ARTESANATO: UM PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO 3.1 A RELAÇÃO ENTRE DESIGN DE MODA E ARTESANATO BRASILEIRO

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4. O CROCHÊ COMO TRADUÇÃO DO PODER FEMININO 18

SUMÁRIO

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GLOSSÁRIO BÁSICO - O CROCHÊ CONTEMPORÂNEO 1. INTRODUÇÃO 2. O CROCHÊ 2.1 MATERIAIS 2.2 PONTOS BÁSICOS 2.3 TÉCNICAS

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS

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As mĂŁos que produzem. Fonte: Pinterest, 2020.

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I.INTRODUÇÃO Este e-book é referente ao projeto “A crescente valorização do Handmade e das técnicas de crochê como ferramenta de empoderamento feminino” que trata de uma pesquisa teórico-prática com o escopo de desenvolver uma relação entre design e artesanato, buscando entender sua crescente valorização e de como está ligado ao feminino, tendo Curitiba como cenário principal. Este estudo faz parte do grupo de Tendências em Design, integrada à linha de pesquisa em produção e consumo, que busca desenvolver material com seu cerne em tendências relacionadas à produção e ao consumo de bens e serviços. O resgate de processos e técnicas artesanais antigas, que foram se desenvolvendo através dos anos, são resgatadas através da crescente valorização dos produtos feitos à mão que ganham cada vez mais espaço, principalmente no Brasil, com vasto histórico cultural com o artesanato e que por muito tempo foram deixadas de lado ou subestimadas, e hoje vem mostrando seu valor e potencial, fruto da aproximação entre produtor artesanal e designers, dentre outros fatores. Para Adélia Borges (2011), é muito importante o papel do designer dentro deste processo crescente de revitalização do artesanato, pois atua, muitas vezes, não como autor, mas sim como facilitador e estimulador de processos, estabelecendo assim uma relação de co-criação entre artesãos e designers de diversas áreas. Com os constantes avanços da tecnologia e desenvolvimento da internet atrelada também ao crescimento da economia criativa, que se faz cada vez mais presente hoje trazendo novas formas de produzir e consumir, o artesanato brasileiro se fortaleceu. O mercado movimenta R$ 50 bilhões por ano e sustenta 10 milhões de pessoas, segundo levantamento realizado por Pequenas Empresas e Grandes Negócios no ano de 2018 (BACCARINI, 2018). É preciso que haja uma nova visão quando falamos de "Handmade" (que muitas vezes subestima esta atividade) para outra que leva em conta todo o processo criativo e de desenvolvimento de peças que hoje cada vez mais vem apresentando um design inovador e diferenciado. 2


A partir desta pesquisa elaborou-se o presente material digital em formato de e-book para acesso livre, disponibilizado no portal virtual referente a Teciteca¹ do Laboratório de Tecnologia Têxtil pertencente ao curso de Design de Moda da PUCPR. No e-book encontra-se informações como a definição do que é considerado artesanato no Brasil, um breve histórico do Design e de como veio a se relacionar com o artesanato, um paralelo traçado entre as técnicas de crochê e sua ligação com o feminino, além de um glossário básico sobre o crochê, objetivando assim, incentivar os alunos universitários dos cursos de Design e principalmente os profissionais ligados à moda, a inserirem-se ao universo contemporâneo do feito à mão.

¹ A Teciteca do Curso de Design de Moda da Escola de Arquitetura e Design da PUCPR está integrada ao Laboratório Têxtil do curso e foi criada a partir de um projeto de PIBIC desenvolvido em 2013/14. A Teciteca configura um espaço que agrega um conjunto organizado e catalogado de amostras e materiais têxteis, criando-se um suporte pedagógico aos professores e acadêmicos do curso.

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A delicadeza do manual. Fonte: Unsplash, 2020.

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Mostra “A Casa AMA Carnaúba”. Fonte: Museu A Casa do Objeto Brasileiro, 2018.

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II. O ARTESANATO 6


II.I O que é artesanato? O artesanato é umas das mais ricas formas de expressão cultural e do potencial criativo de um povo. É, na maioria das vezes, a representação da história de sua comunidade e a reafirmação de sua identidade e autoestima. Nos últimos tempos, tem-se agregado a esse caráter cultural o viés econômico, com impacto crescente na inclusão social, com geração de trabalho, e também a potencialização de vocações regionais (MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Base Conceitual do Artesanato Brasileiro. Brasília, 2012). Conceituar o que de fato é artesanato é uma tarefa bastante complexa, já que é de suma importância sua definição quando, por exemplo, for destinado à políticas públicas e privadas, servindo de embasamento para programas e ações de auxílio e incentivo ao trabalho e cultura artesanal. Para o Programa do Artesanato Brasileiro (2012), o que o melhor representa é a definição adotada pelo Governo Federal brasileiro em que o artesanato:

“Compreende toda a produção resultante da transformação de matérias-primas, com predominância manual, por indivíduo que detenha o domínio integral de uma ou mais técnicas, aliando criatividade, habilidade e valor cultural (possui valor simbólico e identidade cultural), podendo no processo de sua atividade ocorrer o auxílio limitado de máquinas, ferramentas, artefatos e utensílios”.

Oleiro esculpindo cerâmica à mão. Fonte: Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, 2014.

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II.II Contexto Histórico: o artesanato através do tempo A origem do artesanato está amplamente ligada à história da humanidade, desde os primeiros objetos e instrumentos de pedra polida do período neolítico (cerca de 6.000 a.C.), jarras de barro e os primeiros tecidos feitos a partir do entrelaçamento de fibras vegetais e animais, esses artefatos surgiram para suprir as necessidades cotidianas e as mãos eram as únicas “ferramentas” habilidosas disponíveis (COSTA, L. 2012). No Brasil, o artesanato surgiu neste mesmo período dentro das diversas tribos indígenas que já faziam parte do nosso território e que sofreram interferências com a chegada dos portugueses e de outros povos advindos de outras nações. São exemplos desse tipo de trabalho manual os cocares, cestarias, arte plumária e tangas, objetos com fins funcionais e também ornamentais. A necessidade de produzir bens de utilidades e uso rotineiro, e até mesmo adornos, expressou a capacidade criativa e produtiva como forma de trabalho. (MADUREIRA e SENA, 2018). Dessa forma, Paula Bem Olivo (2019) afirma que: “A formação da cultura brasileira ocorreu, portanto, por meio da influência dos diversos povos que passaram por nosso território. Cada grupo trouxe suas referências, e estas foram unificadas e adaptadas ao novo contexto. Dessa forma, o Brasil teve suas manifestações culturais permeadas de nuances de muitas outras culturas, até que reconheceu, nessa mistura, sua própria identidade“ (OLIVO, 2019 p. 61).

A Revolução Industrial, que abrangeu os séculos XVIII e XIX, foi um grande momento histórico e marcou a transição dos métodos de produção: do artesanal para o industrial, gerando grandes mudanças no estilo de vida das pessoas e impactou a economia, meio ambiente e política. O antes e depois da Revolução Industrial se contrastam, pois a produção, antes feita toda manualmente e pelo próprio artesão, passou a ser feito por máquinas em um sistema de produção em série (OLIVO, 2019). Embora tenha de certa forma, afastado a sociedade do artesanal, a Revolução Industrial também trouxe criatividade, inúmeras descobertas e invenções que ultrapassaram limites que na época eram inimagináveis. A tecnologia decorrente desse período ampliou a visão de mundo e por consequência ampliou oportunidades do fazer manual. 8


“O artesanato evoluiu junto com a evolução da sociedade, guiada em parte pela economia da experiência, que relaciona produtos ou serviços com o momento vivido” (SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Cartilha SEBRAE do Artesanato Competitivo Brasileiro. Brasília, 2016 p.9).

Atualmente, quando refletimos sobre a cultura artesanal no Brasil, notamos que há um costume de se receber tudo pronto, ter contato apenas com o produto final, sendo esquecido todo o processo de produção até aquele objeto chegar às mãos do consumidor. A ausência desse contato com o processo produtivo afasta cada vez mais o consumidor dos recursos de origem e da mão de obra utilizada, resultando em uma grande desvalorização deste trabalho, um dos motivos do consumo desenfreado do mundo de hoje (REVOLUÇÃO ARTESANAL, s.d.). Neste cenário é possível perceber que as gerações atuais não herdaram a tradição manual de família, porém tem o desejo de retomada dessas tradições perdidas. Dessa forma, de acordo com Cris Bertoluci, especialista em tricô, “Na internet 2.0, deixamos de ser passivos: compartilhamos, geramos conteúdo. Isso ajuda a dar nova cara às técnicas manuais. Se alguém sabe fazer algo, pode dividir informações em vídeo, trocar materiais. Dá para aprender o que está sendo feito em lugares do mundo inteiro", e dessa forma percebe-se o movimento de valorização do artesanal (CHAMIS, 2017).

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Arte têxtil de Gunta Stölzl. Fonte: Veja, 2019.

III. Design + Artesanato: Um processo de Revitalização 10


A palavra design se origina na língua inglesa, no qual o substantivo design se refere tanto à ideia de plano, desígnio, intenção, quanto à de configuração, arranjo e estrutura. De modo geral, a maioria das definições concorda que o design opera a junção desses dois níveis, atribuindo forma material a conceitos intelectuais, tratando-se de uma atividade que gera projetos, ou seja, consiste em uma elaboração projetual para se produzir em série objetos por meios mecânicos (DENIS, 2000). Hsuan-An (2018) define design de forma bastante prática e sucinta: “[...] atividade profissional que envolve todo o processo de criação e desenvolvimento de produtos com o fim de atender às necessidades da população em favor de uma vida melhor e mais prazerosa. [...]. Portanto, o design é uma ocupação que exige estudos, pesquisas, e investigações complexas e profundas. [...].” (HSUAN-AN, 2018 p 26).

Antes da produção industrial, as atividades produtivas baseavam-se em processos artesanais. Produtos do uso cotidiano eram relativamente mais simples e seus produtores eram os próprios “designers”, tendo toda a liberdade de conceber e exercer o ofício de produzir objetos. Hsuan-An (2018) aponta que na produção artesanal mais sofisticada em diversas civilizações da antiguidade, o processo de criação, tido como forma de arte, já possuía noções de design, sendo um processo complexo desde a concepção estética e estilística até a configuração física do produto, com exigências por qualidade e acabamentos. Um ponto crucial e fundamental para a concretização do design foi à passagem de um modelo de fabricação manual, em que o indivíduo concebe e executa o artefato, para outro, onde é nítida a separação entre as funções de projetar e fabricar (DENIS, 2000). A industrialização decorrente do período referente à Revolução Industrial, que aconteceu na Inglaterra por volta de 1750, trouxe ao mundo intensas transformações e, já na segunda metade do século XIX surgiu o movimento estético e social inglês Arts & Crafts, que deu início a discussão sobre a qualidade estética da produção industrial e a importância dos trabalhos manuais e artesanais a partir dos ideais do crítico de arte John Ruskin (1819-1900) fundamentais para a consolidação da base teórica do movimento (SOUZA, J. 2018). Strawberry Thief de William Morris. Fonte: Wikiart, s.d.

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Com o intuito de resolver as discussões levantadas pelo movimento Arts & Crafts, Walter Gropius fundou a escola de artes de Bauhaus, em 1919 na cidade de Weimer na Alemanha. Em um primeiro momento, a Bauhaus se caracterizou pelo foco nas artes plásticas e no artesanato, porém, nas fases seguintes a escola muda seu foco para a produção industrial em massa. A partir disso e do período pós Segunda Guerra Mundial, o afastamento entre design e artesanato se concretiza e tudo passa a ser mais industrial e funcional (id ibid). “O principal fundamento da Bauhaus era resgatar a qualidade do artesanato, mas adaptado para a sua aplicação na produção industrial. [...] A partir desta união entre artesanato e indústria, buscava-se criar projetos [...].” (SOUZA, J. Porto Alegre, 2018 p 162-163).

A institucionalização do design no Brasil se deu a partir da ruptura com a tradição artesanal, diferente de outros países, em que o design industrial se desenvolveu a partir desta tradição, de forma entrelaçada. As práticas manuais foram abolidas com o desejo pelo progresso, do que é feito à máquina, e passaram a ser vistas como parte de um passado de atraso (BORGES, 2011). Por volta de 1980, começou timidamente um movimento de aproximação dos designers em direção ao interior do Brasil na busca da revitalização do artesanato. Isso se daria a partir da soma da preservação de técnicas produtivas passadas entre as gerações e a incorporação de novos elementos tanto técnicos quanto estéticos aos produtos. E é neste momento, não por acaso, por volta de 1988 onde uma nova Constituição se instala fechando o ciclo da ditadura militar e a democracia volta ao país, que ao se buscar por liberdade se tem como consequência o florescimento cultural do país. (id ibid). “A aproximação entre designers e artesãos é, sem dúvida, um fenômeno de extrema importância pelo impacto social e econômico que gera e por seu significado cultural. Ela está mudando a feição do objeto artesanal brasileiro e ampliando em muito seu alcance.” (BORGES, 2011 p 137).

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Desde os anos 2000, como observado por Serafim, Cavalcanti e Fernandes (2015), houve um aumento crescente nas ações e iniciativas de design junto a grupos de produção artesanal. Neste recente cenário, temáticas como sustentabilidade, economia criativa e solidária, inovação e empreendedorismo impulsionam diferentes processos de atuação de design em parceria com o artesanato, possibilitando a criação de diferentes produtos, serviços e processos de gestão. Ganem (2016) acredita que o caminho para se obter-se a efetividade dos resultados advindos do relacionamento entre design e a tradição do artesanato é através da criação de um espaço de diálogo, entendimento e inclusão, no qual o elemento principal que possibilita essa ação é o reconhecimento dos valores individuais de cada envolvido. Assim, o Design Dialógico se caracteriza como uma ação e ferramenta projetual estratégica e colaborativa, com a finalidade de estabelecer um processo de potencialização e inovação para gestão criativa de tradições. Para Borges (2011), as ações de revitalização do artesanato devem dialogar entre si e estar pautadas nos seguintes objetivos: melhorias das condições técnicas; potencialidade dos materiais locais; identidade; construção de marcas e o posicionamento dos artesãos como fornecedores. Muito além disso, este processo deve ter como base o respeito, é necessário que o designer busque compreender e perceber a riqueza criativa presentes naquele trabalho, para que se mantenha preservados os valores e referência culturais.

Design artesanal de Regina Misk. Fonte: Hometeka, 2016.

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III.I A relação entre design de moda e artesanato brasileiro A riqueza e a variedade da produção artesanal brasileira impressionam, são fabricados objetos oriundos das mais variadas matérias-primas, agregando valor a produtos de diversos setores, especialmente o do vestuário. Com a inserção do artesanato no design de vestuário, o mesmo impulsiona a criação de uma moda mais autoral, sendo capaz de se destacar no mercado nacional e internacional (SOUZA; QUEIROZ, 2015). O projeto Moda e Artesanato promovido em 2001 pelo A Casa – Museu do Objeto Brasileiro, organização social fundada em 1997 na cidade de São Paulo com o intuito de contribuir pra o reconhecimento, valorização e desenvolvimento do artesanato e design brasileiros, foi uma das primeiras iniciativas que uniu especificamente a moda e o artesanato no país, resultando na exposição “Mão na moda, uma história brasileira” onde produtos tradicionais brasileiros, principalmente da região nordeste, eram expostos (ALMEIDA, 2017). Outro projeto de incentivo e promoção do trabalho artesanal e que de certa forma de se liga à moda é a Rede Asta. Fundada em 2005 por Alice Freitas e Rachel Schettino, a Rede Asta consiste-se como um negócio de social que atua na economia do feito á mão desenvolvendo artesãs em empreendedoras trabalham com a transformação de resíduos em produtos de valor agregado. Conectando grupos de artesãs de todo o Brasil, o projeto visa através disto criar e desenvolver soluções sustentáveis e criativas para o reaproveitamento de resíduos. Segundo o Relatório da Rede Asta 2016, o projeto conta com o apoio de 18 parceiros financiadores como o Instituto C&A, Coca-Cola Brasil, Instituto Renner e Fundação Chanel, trabalhando com 74 grupos produtivos gerando uma teia de apoio a 1.234 artesãs Em um panorama geral, o mercado atual da moda é tomado por um sistema de coleções que chegam ás lojas semanalmente, com qualidade quase sempre deixando a desejar para que haja um descarte rápido trazendo novamente a necessidade pelo novo. O fast-fashion² condicionou um comportamento de consumo desenfreado, que não prioriza qualidade, originalidade e sustentabilidade, apenas consumir (SALES, s.d.).

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A manualidade presente na produção de artigos de moda cria uma aproximação muito maior do consumidor com o produto. Há exclusividade e personalidade em cada peça, já que mesmo sendo feita com os mesmos pontos e modelagem, as mãos humanas não reproduzem da mesma forma (id ibid). Ao contrário da produção feita por máquinas, no processo manual há sentimento e história. Para Silva (2009), os consumidores contemporâneos, pertencentes a uma sociedade pós-industrial, buscam por identidade e diferenciação em meio à massificação resultante da globalização, tornando estes, requisitos para a escolha de seus bens de consumo e assim valorizando produtos originais com valor agregado, devido a sua singularidade e sua forma de produção. Tais exigências podem ser contempladas com a incorporação das técnicas manuais no processo.

Contribuições da moda para o artesanato. Fonte: SEBRAE, 2014.

O universo fashion abraçou a visual handmade e, através do design de moda, agregou valor estético em peças conceituais que podem ser vistas nas passarelas das grandes semanas de moda pelo mundo e também localmente, em marcas nacionais que valorizam o trabalho feito à mão, principalmente mãos femininas.

² Fast Fashion – “moda rápida”, termo utilizado por marcas que possuem políticas de produção rápida e contínua de suas peças, trocando as coleções semanalmente, ou até diariamente, levando as últimas tendências da moda em tempo recorde e preços acessíveis para seus consumidores (REVIDE, 2010).

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A marca cearense Catarina Mina, criada em 2007 sob o preceito de valorização da cultura local muito forte no estado do Ceará e na capital Fortaleza, trabalha trazendo um design moderno para suas peças artesanais utilizando diferentes técnicas de artesanato, principalmente crochê, assim como prezando por uma produção sustentável. Celina Hissa, publicitária e designer, diretora criativa e fundadora da Catarina Mina luta para conquistar o reconhecimento das artesãs colaboradoras da marca, visando o empoderamento feminino dentro do mercado de trabalho (CATARINA MINA, s.d.).

Collab Neon + Catarina Mina. Fonte: Site na marca, s.d.

Outro exemplo de marca de moda brasileira que une o design a tradição é a da estilista gaúcha Helen Rödel. Também fundada em 2007, a estilistas une design às técnicas tradicionais de artesanato, com criações atemporais transformando o crochê artesanal em peças contemporâneas. Já desfilou na Islândia, apresentou coleções na Casa dos Criadores, além da participação em feiras internacionais e no SPFW (HESS, 2017).

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Lookbook Helen Rรถdel. Fonte: Site da marca, s.d.

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Ulla Johnson Pre-Fall 2020. Fonte: Pinterest, 2020.

IV. O CROCHê COMO TRADUÇÃO DO PODER FEMININO 18


O crochê é uma arte complexa que envolve não apenas linhas, agulhas e pontos que resultam em uma peça final. Para Rêgo (2019) a arte de fazer crochê “é a união de conhecimento passado de geração em geração somado a técnicas e ferramentas, o que o leva ao pertencimento a uma cultura, a um povo.”. De origem indefinida, o crochê é uma das técnicas mais simples e mais conhecidas, estima-se ter surgido no século XVI na Europa e, como a maioria das técnicas artesanais, foi muito executado por freiras (SCHWETTER, 1942). Especialistas e pesquisadores sugerem outras possíveis origens, como seu suposto surgimento na Arábia, de onde seguiu as rotas comerciais chegando a outros países do Mediterrâneo, ou também que teve seus primeiros registros na China com a fabricação de bonecas tridimensionais trabalhadas em crochê (RÊGO, 2019). Com o decorrer do tempo, o crochê foi se desenvolvendo e percorrendo lugares e culturas onde adquiriu características específicas. Em períodos de guerra e escassez, foi uma alternativa muito forte e importante, como no início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) tempo em que as mulheres reformavam e transformavam as próprias roupas (id ibid). Tendo em vista o atual cenário social em que vivemos, onde o feminismo ganha cada vez mais força, a presença das mulheres no âmbito artesanal é muito evidente. Sua ligação com a manualidade é muito mais antiga do que se pensa, e isso vem à tona quando observamos o trabalho por elas desenvolvido nos dias de hoje, designers trazendo junto à tradição artesanal sua feminilidade em peças que contam suas histórias e sua luta como mulheres. (CHAMIS, 2017). A mestre em linguística Débora Alves, que hoje concilia seu trabalho como professora com a criação e desenvolvimento de bolsas de crochê, deu seu depoimento no questionário desenvolvido para o presente projeto e aponta que:

“O protagonismo feminino está sendo amplamente discutido e o artesanato pode contribuir com essa reflexão. O trabalho manual é um instrumento de empoderamento na medida em que não só dá ‘voz’, uma forma de expressão, mas também aumenta nosso senso de autonomia e nossa capacidade criativa e autoestima na medida em que nos sentimos capazes de produzir algo que podemos tocar, usar e vender. [...].”

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Também em resposta ao questionário a artesã e psicóloga Andressa Lopes expressa a opinião de que o artesanato é uma “potência no fazer manual feminino”. Em outras épocas, muitas vezes o trabalho manual ajudou mulheres a sustentar suas famílias e, de certa maneira, conectar-se umas com as outras. Andressa acredita que hoje esse papel do artesanal se dá com cada vez mais força, já que muitas mulheres encontram nesse lugar do fazer à mão uma forma de se conectar consigo e expressar sua feminilidade através dos fios. Muitas mulheres usam a influência do seu trabalho para cativar outras mulheres a se fortalecerem através do artesanato. Analisando o perfil nas redes sociais de Nat Petry, designer e professora de artes manuais, é possível notar que ela mostra seu estilo próprio, mais colorido e criativo, que traduz bem sua personalidade e a maneira como desenvolve suas peças. Também publica conteúdos autorais de reflexão relacionados ao tema “faça você mesmo”, o valor do artesanato, além de acrescentar ao seu trabalho um viés de empoderamento feminino e defesa da causa feminista, em que relaciona a força feminina ao processo manual.

A artesã e designer Nat Petry. Fonte: Instagram, 2020.

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Ao longo dos últimos anos, percebe-se um movimento de aprender e resgatar as técnicas manuais e isso acontece em uma esfera ampla, sem muitas barreiras de gênero conhecimento prévio e independente de outras responsabilidades. O público que, através do desejo de equilibrar os excessos do cotidiano, ressignifica suas atividades e rotina através da adesão ao feito à mão (LIMA, 2019). Pouco se sabe sobre a vida das mulheres ao longo da história, porém, se conservam muitos vestígios particularmente sobre o trabalho têxtil e de agulha, ocupações tradicionais e emblemáticas exercidas por elas desde a Antiguidade (MALERONKA, 2007). Originalmente no campo das artes plásticas e do design, a “arte das mulheres” era geralmente a chama “arte têxtil”, consideradas ofícios domésticos (GRADIM, 2016). No início do século XX, a escola de design alemã Bauhaus, fundada por Walter Gropius em 1919, traz a proposta de revitalização das artes manuais aplicadas, porém dentro da escola as habilidades tinham prestígios diferentes. O trabalho realizado com metal, por exemplo, tinham uma posição mais nobre por serem considerados processos industriais e modernos, em detrimento aos ateliês de tecelagem, com forte presença feminina, que eram marginalizados pelo trabalho manual e tradicional (WEISS, 2019). Como exemplo sutil da marginalização do papel da mulher na tecelagem dentro da escola pode-se citar a frase de Gropius (1920) “Onde há lã, há também uma mulher tecendo, nem que seja só para passar o tempo.” (apud WEISS, 2019). Nos primeiros anos do século XX, diversos imigrantes se juntaram aos trabalhadores nacionais que de forma modesta desenvolviam suas atividades na própria casa ou em pequenas oficinas. Maleronka (2007, p 35) aponta que “muitas mulheres imigrantes utilizavam todo o repertório de conhecimentos advindos da vida caseira, preservando habilidades na costura, no bordado, no crochê e no tricô, trabalhos que eram transformados em produtos e serviços e assim se convertiam em algum tipo de renda.”.O resgate de valores e conhecimentos que envolvem o domínio e aplicação dos trabalhos manuais, principalmente crochê, entendidos como ofícios femininos se revela de várias formas, já que a aprendizagem é diversificada, pois dependeram da classe social, época e lugar. As mulheres se tornaram depositárias desses saberes (MALERONKA, 2007).

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Para Lima (2019), atualmente fazemos parte de uma geração que tem liberdade de escolha sobre suas atividades. Assim como os trabalhos domésticos, o fazer manual apresenta um longo histórico de desvalorização que se intensificou na década de 60, quando as mulheres sentiram necessidade de se afastar dessas atividades para terem reconhecimento no mercado de trabalho. Hoje em dia, o fazer manual não é mais uma imposição que aprendemos apenas para ser mulheres “prendadas” e, a partir do momento que o ofício manual passa a ser uma opção, perde-se o peso da obrigação e dos rótulos de uma sociedade patriarcal. Podemos citar como um forte exemplo percebido nas pesquisas do papel que hoje as mulheres desempenham através do artesanato o Yarn Bombing (ou bombardeio de fios, em livre tradução). O movimento criado em 2009 pela norte-americana Magda Sayeg traz através de ações de intervenção artística nas ruas, o artesanato têxtil (tricô e crochê) como forma de ativismo, principalmente feminino. No Brasil, diversas artesãs e artistas fazem parte deste movimento do “ativismo de lã” e compartilham seu desejo de usar as cidades para expressar o que pensam, resgatar a importância do manual e mostrar sua força como mulher, transformando espaços públicos em galerias de arte a céu aberto. A artista têxtil Anne Galante é um nome influente do Yarn Bombing brasileiro, muito conhecida por seus trabalhos em crochê gigante ela leva as artes manuais para as ruas como uma maneira de contar a história do crochê em uma narrativa atual e contemporânea (ALESSI, 2019).

Anne Galante em processo de produção. Fonte: Instagram, 2018.

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Na cidade de Curitiba, capital paranaense onde a cultura artesanal se faz muito presente, trazida pelos imigrantes italianos, poloneses e alemães, tem o artesanato têxtil, ou a tecelagem, muito forte e característico também como uma atividade feminina. Foi identificado um pequeno grupo curitibano, por meio das pesquisas virtuais, chamado Coletivo Mãos Urbanas que realiza intervenções artísticas em proporções menores na cidade de Curitiba, tendo já desenvolvido trabalhos no prédio da reitoria da Universidade Federal do Paraná – UFPR e no Jardim Botânico (id ibid).

Intervenção no prédio da UFPR - Curitiba. Fonte: Gazeta do Povo, 2018.

Intervenção na Micapullo - Curitiba. Fonte: Divirta-se Curitiba, 2018.

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Na cidade de Curitiba, capital paranaense onde a cultura artesanal se faz muito presente, trazida pelos imigrantes italianos, poloneses e alemães, tem o artesanato têxtil, ou a tecelagem, muito forte e característico também como uma atividade feminina. Foi identificado um pequeno grupo curitibano, por meio das pesquisas virtuais, chamado Coletivo Mãos Urbanas que realiza intervenções artísticas em proporções menores na cidade de Curitiba, tendo já desenvolvido trabalhos no prédio da reitoria da Universidade Federal do Paraná – UFPR e no Jardim Botânico (ALESSI, 2019).

“[...] expressar-se pelas ruas, fazer intervenções com os fios é muito mais do que tirar o crochê e o tricô de dentro de casa: é manifestar-se por todos e para todos, é falar de causas, é usar as mãos e o coração para posicionar-se em um mundo que cada vez mais nos exige isso.” (ALESSI, 2019 p 28).

Outra artista identificada através das pesquisas é Karen Dolorez, que começou a desenvolver seu trabalho no interior de São Paulo onde aprendeu técnicas de crochê ainda criança, uma atividade tradicional entre as mulheres da família. Com um viés artístico muito ligado à causa feminista, Karen cria obras que buscam quebrar estigmas do corpo feminino trazendo liberdade de expressão às mulheres e o importante papel que o fazer manual tem neste contexto (id ibid).

Intervenção de Karen Dolorez. Fonte: Projeto Curadoria, s.d.

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Suéter em tricô manual. Fonte: Mumshandame, 2019.

V. cONSIDERAÇÕES FINAIS 25


Este trabalho teve como escopo pesquisar as técnicas manuais, principalmente o crochê, analisando seu processo de valorização e ressignificação tendo o design no papel de impulsionador, além de suas influências na moda contemporânea. Tendo isso em vista, ainda foi analisado os impactos e o uso do trabalho manual como uma forte ferramenta de reconhecimento e empoderamento feminino. Cada objetivo traçado foi essencial para o desenvolvimento da pesquisa, beneficiando diretamente o material digital (e-book) gerado para consulta livre e principalmente para a conclusão desta pesquisa. O estudo do artesanato tradicional, suas origens e definições, oportunizou o conhecimento da cultura e de como traduz em objetos a história evolutiva da humanidade. Aliado ao estudo sobre design possibilitou traçar uma linha do tempo que mostra como estas duas áreas estão amplamente interligadas, da mesma forma entender sua relação com o artesanal até os dias atuais e seu protagonismo neste processo de revitalização. Com o objetivo de identificar locais onde são realizadas atividades artesanais, a pesquisa de campo no armarinho criativo curitibano Micapullo permitiu vislumbrar um universo onde o fazer manual está em constante crescimento e renovação, vindo a se tornar hoje não apenas uma atividade prática, mas também um novo estilo de vida. Além disso, foi possível identificar artesãs que realizam um trabalho com refinamento estético e propósitos de libertação feminina, tendo as respostas das mesmas ao questionário elaborado de relevante importância para o entendimento do cenário desta profissão e de suas experiências de vida.

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GLOSSÁRIO BÁSICO - O CROCHÊ CONTEMPORÂNEO -


I. INTRODUÇÃO Este glossário é parte componente do presente e-book referente ao projeto “A crescente valorização do Handmade e das técnicas de crochê como ferramenta de empoderamento feminino” que trata de uma pesquisa teórico-prática com o escopo de desenvolver uma relação entre design e artesanato, buscando entender sua crescente valorização e de como está ligado ao feminino, tendo Curitiba com cenário principal. Este estudo faz parte do grupo de Tendências em Design, integrada à linha de pesquisa em produção e consumo, que busca desenvolver material com seu cerne em tendências relacionadas à produção e ao consumo de bens e serviços. A partir das pesquisas foi possível identificar algumas informações básicas necessárias para o conhecimento do crochê. Para tanto foi desenvolvido este glossário com conceitos básicos sobre as principais técnicas de crochê, os pricipais pontos e outras informações complementares sobre o assunto visando trazer de forma simplificada um pouco sobre o crochê para que desperte o interesse de estudante dos cursos de Design em aprender novas técnicas de produção manual.

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O processo do crochê. Fonte: Unsplash, s.d.

II. O CROCHÊ 33


II.I Materiais O primeiro passo para iniciar o aprendizado das técnicas de crochê é necessário que haja um entenimento prévio sobre os materiais básicos utilizados. Tais materiais são: agulha de crochê e linhas. Outros objetos, como agulha de tapeceiro, tesoura, fita métrica e marcadores de pontos podem ser úteis auxiliando no acabamento e medição das peças. É importante destacar que, com a grande variedade de produtos destinados ao crochê existente no mercado,cabe a cada indivíduo optar pelo qual se adapta melhor e que mais se indentifica. (CÍRCULO, 2019).

- Agulhas Acrílico As agulhas de acrílico, assim como as de plástico, são mais leves e permitem um processo de produção menos cansativo, contudo tendem a ser mais caras por como são fabricadas além do apelo estético.

Bambu // Madeira Com um material resistente, as agulhas de bambu também são leves e ideias para iniciantes já que não “agarram” o fio deixando-o firme . Muito se assemelha as agulhas de madeira, porém são mais duráveis. Podem ter a ponta de metal ou toda em bambu.

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Metal As agulhas de metal são resistetes, duráveis e escorregadias. Idela para trabalho mais leves em que a trama pode ser mais aberta. Nas maiores milimetragens tendem a ser mais pesadas que as demais, porém por ser mais lisa permite que que o fio deslize melhor por ela.

* Tamanhos As agulhas de crochê tem seus tamanhos medidos por milímetros e podem variar entre 0,5mm e 15mm. Normalmente cada novelo de fio traz em seu rótulo a agulha ideal para ser utilizada, mas de modo geral quanto mais fina a agulha, mais fechada e firme a trama será, e quanto maior a agulha, mais leve e aberta será a trama (CÍRCULO, 2019).

- Fios // Linhas A escolha dos fios e linhas varia de acordo com a peça a ser trabalhada. Deve sempre se levar em conta a espessura e composição do material para atingir a textura, leveza e caimento desejado para cada trabalho.Geralmente, cada novelo traz no rótulo todas as informações importantes sobre aquele fio. Um dos parâmetros mais relevantes na escolha do fio é o TEX, uma titulação ou unidade de medida que representa o peso de mil metros do fio. Essa medida também é muito importante quando se deseja substituir a linha utilizada em determinada peça, dessa forma é possível encontrar fios de marcas distintas com um mesmo TEX (CÍRCULO, 2018).

Rótulo do novelo. Fonte: Arquivo pessoal, 2020.

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Atualmente, o mercado de fios e linhas para crochê é bastante diversificado em texturas, cores e espessuras, podendo agregar diferentes efeitos nas peças trabalhadas (id ibid). Neste cenário, é possível encontrar fios de composições variadas como: algodão, poliamida, poliéster, olipropileno, lã e barbantes (SÓ CROCHÊ, s.d.).

Tipos de fios para crochê. Fonte: Bazar Horizonte , s.d.

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* Fio de Malha Além da relação promissora entre o artesanato e o design, a inovação presente nesse âmbito, principalmente no que diz respeito à materiais, é bastante criativa, podendo até ressignificar outros materiais. Assim, temos o fio de malha, um dos maiores agentes da revalorização do crochê que vemos atualmente e que surgiu como uma nova alternativa de se trabalhar peças contemporâneas a partir de resíduos têxteis. Atrelado à um design moderno e contemporâneo, o fio de malha ganha forma principalmente em objetos de decoração, como cestarias e tapetes, trazendo peças feitas à mão para um novo patamar dentro design de interiores (CASA BETA, s.d.).

“O fio de malha é resíduo da indústria, o que faz do seu uso sustentável, evitando descartes de tecido. O material também é variado em cores e estampas, além de ser compatível com máquinas de lavar. Outra vantagem é que o fio de malha pode ser usado para confecção de diversas peças, como tapetes, bolsas, cestos [...].” (CASA BETA, s.d.).

Peças em fio de malha. Fonte: Pinterest, s.d.

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II.II Pontos Básicos Entre os pontos básicos do crochê estão as correntinhas, o ponto alto, o ponto baixo e o ponto baixíssimo. É possível criar diversas peças utilizando apenas esses pontos e, a partir deles, é possível trabalhar outros mais elaborados, os pontos fantasia, que são a combinação de forma criativa desses pontos básicos (CÍRCULO, 2019).

CORRENTINHAS

PONTO BAIXÍSSIMO

PONTO BAIXO

PONTO ALTO

Pontos básicos. Fonte: A autora, 2020.

Outro ponto importante e básico é o “anel mágico” ou “círculo mágico”, que dá início ao processo de produção de peças que utilizam a técnica circular do crochê.

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II.III Técnicas - Espiral A técnica de crochê espiral tem como objetivo dar forma ao crochê tradicional, ou seja, formar um desenho tornando o trabalho mais firme. As carreiras do trabalho são feitas de forma contínua, sem finalizar as carreiras.

- Circular O crochê circular tem inicio com o “anel mágico” que vai sendo contornado pelas carreiras dando forma ao trabalho, diferente do espiral, as carreiras são finalizadas normalmente com ponto baixíssimo.

- Filé A técnica de crochê filé é umas das mais simples pois faz uso de basicamente dois pontos: correntinhas e pontos altos, para criar formas e desenhos. Seguindo um padrão de “casas” cheias e vazias em que as cheias são feitas com uma sequência de pontos altos, e as vazias a partir das correntinhas.

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- Maxi crochê Visto como uma forte tendência para decoração de ambientes, o maxi crohê faz uso de fios mais espessos que dão à peça mais volume e pontos maiores. Dessa forma, o trabalho rende mais com o material utilizado e pode ser feito subtituindo as agulhas pelos próprios dedos.

- Tunisiano O crochê tunisiano produz uma trama bastante firme e se compara visualmente com o tricô. A agulha utilizada nesta técnica possui o cabo alongado pois a montagem dos pontos na agulha é feita como no tricô, tendo como resultado uma variedade de pontos e texturas.

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Maxi casaco em tricô. Fonte: Mumshandmade, s.d.

II. CONDIDERAÇÕES FINAIS

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Este glossário teve como escopo pesquisar as técnicas manuais, tendo foco no crochê, trazendo conceitos básicos e informações relacionadas à técnica para que haja um entendimento simplificado e inicial do assunto. Além disso, a partir da pesquisa apresentada no e-book sobre o processo de valorização e ressignificação do artesanato atrelado ao design, esse glossário se faz importante no papel de reforçar esse pensamento de valorizar o trabalho manual, de maneira a incentivar novos adeptos, e principalmente o reconhecimento da forte presença feminina nesta área como protagonistas desse retorno do fazer à mão.

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REFERÊNCIAS CASA BETA. Tudo que você precisa saber sobre o fio de malha. s.d. Disponível em: <https://www.casabeta.com.br/tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-o-fio-de-malh a>. Acesso em: 13 jul. 2020. CASA BETA. Tudo que você precisa saber sobre o fio de malha. s.d. Disponível em: <https://www.casabeta.com.br/tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-o-fio-de-malh a>. Acesso em: 10 jul. 2020. CÍRCULO. Agulha é tudo igual? Conheça as diferenças. 2019. Disponível em: <https://www.circulo.com.br/agulha-conheca-as-diferencas/>. Acesso em: 10 jul. 2020. CÍRCULO. Crochê para iniciantes: 16 coisas que você precisa saber. 2019. Disponível em: <https://www.circulo.com.br/croche-para-iniciantes/>. Acesso em: 10 jul. 2020. CÍRCULO. Você sabe o que é TEX? Tire suas dúvidas neste post. 2018. Disponível em: <https://www.circulo.com.br/voce-sabe-o-que-e-tex-tire-suas-duvidas-neste-post />. Acesso em: 7 jul. 2020. PORTAL EDUCAÇÃO. Técnicas mais utilizadas de crochê. s.d. Disponível em: <https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/tecnicasmais-utilizadas-de-croche/62585>. Acesso em: 10 jul. 2020. SÓ CROCHÊ. Linhas de crochê, tipos e dicas – Crochê para iniciantes. s.d. Disponível em: <https://socroche.home.blog/2019/01/31/linhas-para-croche/>. Acesso em: 10 jul. 2020.

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