NATÁLIA DE OLIVEIRA PENNA tgi 2
IAU - USP
novembro 2013
transgressões / desdobramentos do Elevado Costa e Silva
Perceber a mobilidade como algo que coloca a prioridade nos transeuntes, gerou um entendimento da rua como o espaço em que se dá o encontro de seus cidadãos, e neste espaço, o momento que pulsa a vitalidade urbana. Transgredir surge aqui como uma resposta à lógica viária estabelecida contemporaneamente em grande parte de nossas cidades – esta que transforma a rua em um simples eixo de passagem, fazendo com que aquele que utiliza a cidade, pisando-a, passe a ter espaço apenas de travessia de parte significativa do solo urbano, exaurindo-se, nesse processo, o sentido do encontro. Pensar a cidade sobre uma lógica de planejamento orientado para as pessoas, tanto na forma de locomoção quanto na qualidade dos espaços livres, reverteu no desenvolvimento de um processo que transgredisse – inversamente – a lógica viária estabelecida. É neste contexto que surge a cidade de São Paulo, por permitir enfrentamentos como o de ser a cidade mais populosa do país, mas desenvolver-se sob uma categórica política de incentivo ao transporte individual, resultando em cenários cujo principal protagonista é o viaduto. Dentro à densa rede de super-estruturas viárias, o Elevado Costa e Silva chama a atenção pelas diversas camadas de interpretação que revela: uma via elevada correndo sobre outras avenidas, rasgando a densa malha edificada e repousando à 5 metros de distância das edificações lindeiras, consolidando uma fenda grotesca de sombra, barulho e fumaça. Ao mesmo tempo, em horários em que a função do viaduto se inverte, o asfalto transfigura-se em parque urbano suspenso, chamando à apropriação humana e à re-habitação do centro da cidade. As diversas faces que o Elevado assume permitiu interpretá-lo como uma peça consolidada; já impregnada no solo, mas que sofre de uma disfunção agressiva. Repensar essa camada da cidade levando em conta o importante eixo centro-bairro do qual é parte gerou o desenvolvimento de um projeto que busque povoar a cena urbana como elemento fundamental de intenção projetual, entendendo, no fluxo de pessoas, o meio; e na forma de locomoção pela cidade, a característica base para a trama dos fluxos.
CORTE LONGITUDINAL DA PROPOSTA
CORTE TRANSVERSAL GERAL DA PROPOSTA