TFG - Centro de Reabilitação Física e Sensorial - Mogi das Cruzes

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NATHALIA NAGY SANTANA




Universidade Braz Cubas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Nathália Nagy Santana Orientadora: Prof.ª Fátima Martins Mogi das Cruzes Novembro de 2016

RGM 259107


“Desejo ver um mundo melhor, mais fraternal, em que as pessoas não queiram descobrir os defeitos das outras, mas sim, que tenham prazer em ajudar o outro.” (OSCAR NIEMEYER)



Primeiramente à Deus, o arquiteto do universo, de onde veio minha força e sabedoria para desenvolver e finalizar este trabalho. Sem Ele, nada seria possível. Aos meus pais e família por todo apoio incondicional durante este percurso, por estarem ao meu lado nos momentos mais difíceis, acreditando no meu potencial. Ao meu namorado Yuri por seu companheirismo durante toda a faculdade, paciência e compreensão nos momentos em que estive ausente. Às minhas irmãs do coração Natani, Priscila e Nadine, por todo incentivo e por acreditarem neste sonho junto comigo. Agradeço a oportunidade que esta faculdade me trouxe em conhecer pessoas únicas, amigas que me ajudaram a enfrentar essa jornada com alegria, Andrea, Carol, Juliana, Andreza e Erika, obrigada por serem parte de algo tão especial para mim. Aos professores da FAU, por todos ensinamentos ao longo do curso. À professora Erineuda Ventura, por toda ajuda inicial e esclarecimentos. À professora Fernanda Lemes pela orientação essencial em uma das fases mais difíceis deste trabalho, por ser exemplo de disciplina e comprometimento. E em especial à professora Fátima Martins, toda a minha gratidão, pela paciência depositada em todos os atendimentos, por toda atenção, pelas ideias e sugestões que fizeram meu projeto evoluir.

À todos que de alguma forma participaram e contribuíram para a realização deste trabalho.


Neste Trabalho Final de Graduação, do curso de Arquitetura e Urbanismo, será abordado um projeto arquitetônico que destaca a importância de favorecer as pessoas com deficiência para o alcance de sua integridade social, através da Reabilitação Física e Sensorial. O projeto situa-se na cidade de Mogi das Cruzes – SP. Serão apresentados estudos sobre o panorama da deficiência nos dias de hoje, quais são as atuais condições de tratamento e diretrizes de um projeto que colaborará para desenvolver as potencialidades de cada um, assim como o envolvimento da população através da inclusão inversa.

Palavras-chave: arquitetura hospitalar – humanização – pessoa com deficiência – inclusão social – reabilitação – saúde – terapia – ensino – acessibilidade.


This Degree Final Project of Architecture and Urbanism course will approach an architectural project which highlights the importance of encourage people with disabilities to reach their social integrity through their physical and sensory rehab. The project is located in Mogi das Cruzes, SP – Brazil. Will be presented studies about the disability framework nowadays, what are the current conditions of treatment and guidelines for a project that will work to develop the potential of each one, as well as the involvement of the population through the reverse inclusion.

Keywords: hospital architecture – humanization - disabled person - social inclusion – rehab – health – therapy – teaching – accessibility.


APRESENTAÇÃO Introdução ....................................................................................................................................................................... [15] Justificativa e Problemática ...................................................................................................................................... [16] Público-Alvo ................................................................................................................... ................................................. [18] Objetivos Gerais .............................................................................................................................................................. [19] Objetivos Específicos .................................................................................................................................................... [20]

SOBRE A PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Tipos de Deficiência ...................................................................................................................................................... [22] Panorama Geral ................................................................................................................................................................[23] Contexto Histórico .............................................................................................................................................................[24] Contexto Atual ..................................................................................................................................................................[25] Deficientes no Brasil ..........................................................................................................................................................[26] Terminologia Correta .......................................................................................................................................................[28]

CONCEITUADO CENTRO DE REABILITAÇÃO

Definição de Reabilitação ...............................................................................................................................................[30] Tema – Centro de Reabilitação Física e Sensorial .....................................................................................................[31] Referência Nacional Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação ............................................................................[32] Referência Nacional AACD – Associação de Assistência à criança deficiente ....................................................[33] Referência Nacional IMREA – Rede Lucy Montoro ................................................................................................ [34] Políticas Públicas Nacionais ............................................................................................................................................... [35]

ESTUDOS DE CASO

Centro Internacional Sarah de Neurorreabilitação e Neurociências – Rio de Janeiro ......................................[38] [44] Instituto Municipal Reabilitação Vicente Lopez – Argentina .................................................................................. [53] Biblioteca Central e Ambulatório de Fisioterapia da PUC – Campinas ................................................................. Centro de Reabilitação para Deficiência Visual Lucy Montoro – SP .....................................................................[64]


LEVANTAMENTOS Macro Levantamentos .................................................................................................................................................... [70] Demanda x Oferta De Serviços .......................................................................................................................................[72] Equipamentos Existentes na RMSP ..............................................................................................................................[73] Região Escolhida – Alto Tietê ....................................................................................................................... ................. [74] População com Deficiência no Alto Tietê .....................................................................................................................[75] Diagnóstico e Conclusão .................................................................................................................................................[76] A Escolha – Mogi Das Cruzes ............................................................................................................................. .............[77]

ÁREA DE INTERVENÇÃO – ESTUDOS E ANÁLISES DO LOCAL Localização Geográfica ...................................................................................................................................................... [80] A Cidade De Mogi Das Cruzes ...................................................................................................................................... [81] Instituições De Saúde ......................................................................................................................................................... [82] Instituições De Assistência às Pessoas Com Deficiência ..........................................................................................[83] Relação Local-Tema ........................................................................................................................................................ [84] Assistência Social Municipal ............................................................................................................................................[85] Premissas para Escolha Do Terreno ..................................................................................................................... ....... [86] Áreas Potenciais em Mogi Das Cruzes ..........................................................................................................................[87] Análise das Áreas ..............................................................................................................................................................[88] Definição do Terreno ......................................................................................................................................................... [89]

ÁREA DO PROJETO

Justificativa da Escolha da Área ......................................................................................................................................[93] Evolução da Área ......................................................................................................................................................... [94] [95] Principais Equipamentos do Entorno .............................................................................................................................. Aproximação do Local .................................................................................................................................................... [96] Levantamento Fotográfico .............................................................................................................................................[98] Uso do Solo ............................................................................................................................. .............................................[100] Gabarito de Altura .......................................................................................................................................................... [101] Áreas Ocupadas e Áreas Livres ...................................................................................................................... .............. [102] Transporte Público e Principais Vias ........................................................................................................................ ......[103] Condicionantes Físicas ......................................................................................................................................................[104] [105] Síntese do Diagnóstico ...................................................................................................................................................... [106] Restrições de Uso Do Solo – LOUOS ....................................................................................................................... ........ [107] Cálculo dos Índides segundo a LOUOS .......................................................................................................................... [108] Estudo de Impacto de Vizinhança ...................................................................................................................................


PROPOSTA Conceito e Partido .................................................................................................................................................................. [110] Programa de Necessidades .............................................................................................................................................. [111] Capacidade de Atendimento ................................................................................................... .......................................[116] Organograma ....................................................................................................................................................................... [120] Fluxograma ............................................................................................................................................................................... [121] Diretrizes .............................................................................................................................................................................[122] Processo Criativo ..................................................................................................................................................................... [123] Concepção do Projeto – Diagramas ............................................................................................................................... [127] Setorização ............................................................................................................................................................................ [128] Memorial Descritivo e Justificativo ............................................................................................................................. [129] Desenhos Técnicos ........................................................................................................................................................ [132] Perspectivas ....................................................................................................................................................................... [147]

DETALHES CONSTRUTIVOS Sistema de Captação de Água Pluvial ................................................................................................................................ [147] Telhado Verde ...................................................................................................................................................................[149] Placas Fotovoltaicas ..........................................................................................................................................................[149] Sistema Construtivo ................................................................................................................................................................ [150] Materiais Utilizados ................................................................................................................................................................ [151]

[155] CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................ [157] REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................................



“A arquitetura é um instrumento de cura de mesmo estatuto que um regime alimentar, uma sangria ou um gesto médico. O espaço hospitalar é medicalizado em sua função e em seus efeitos”. (FOUCAULT, 1979)


O presente Trabalho Final de Graduação tem como proposta a elaboração de um projeto arquitetônico para um Centro de Reabilitação Física e Sensorial, situado no município de Mogi das Cruzes – SP, cujo atendimento público se estende a demanda das outras cidades do Alto Tietê, atribuindo à região um novo conceito de espaço e tratamento para Pessoas com Deficiência. Além disso, o Centro de Reabilitação será complementado com um Núcleo de Ensino e Pesquisa, para garantir a difusão de conhecimento acerca da evolução dos tratamentos destinados às pessoas com deficiência. Este trabalho é uma grande oportunidade de reflexão sobre nós cidadãos, nossa inserção na cidade, de que forma usufruímos dos equipamentos que a constituem e como estes são projetados. Possibilita, ainda, a ponderação a cerca dos diferentes usuários que transitam os espaços e as dificuldades que cada um possui ou poderá vir a possuir. A escolha para o tema Reabilitação Física e Sensorial veio vinculada a esse olhar preocupado e crítico com o usuário, que aqui são chamados de paciente. Tendo suas dificuldades exaltadas – insuficiências, limitações, barreiras sociais – estima-se projetar um espaço que ressalte a importância da influência da arquitetura na saúde e bem estar físico e psíquico do ser humano e mais precisamente no avanço do tratamento de pacientes. Por este motivo, foram realizados levantamentos para compreender a demanda da região do Alto Tietê, a oferta de serviços existente, análises e comparações de equipamentos de outros locais da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), bem como estudos de casos nacionais e internacionais, a fim de se obter parâmetros para a implantação deste projeto. Com relação ao local onde o Centro está inserido, foram feitos estudos e diagnósticos do território que possibilitaram a escolha democrática para o terreno onde se propõe o edifício. Foram utilizados como fatores norteadores as legislações municipais, políticas públicas nacionais como os Planos de Ação Regional e Estadual da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, do Ministério da Saúde, Estatuto da Pessoa com Deficiência, o conceito de Humanização na Arquitetura Hospitalar, além de Normas como a Resolução RDC Nº 50 e a NBR 9050.

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“No Brasil, a porcentagem de pessoas com deficiência aumentou de 1,49%, no censo de 1991, para 14,5%, quando em 2001 se adotou um conceito mais concordante com as recomendações das Nações Unidas...” (SIMÕES, Jorge Falcato, 2006). Já no censo de 2010, esse número se elevou para 24% da população, evidenciando que aproximadamente 46 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência mental, motora, visual ou auditiva. Esses números evidenciam a necessidade de considerá-los parte atuante da nossa cidade, incluindo e permitindo acesso dos mesmos às atividades de lazer, educação, saúde e trabalho. Essa inclusão pode ser promovida de diversas formas, e a mesma é facilitada com o apoio de Centros de Reabilitação, onde é possível desenvolver autocontrole, garantindo que os pacientes se sintam seguros e capazes de realizar qualquer atividade, favorecendo sua relação com a sociedade e com o meio em que vivem. Sendo tratado inicialmente em hospitais especializados, o paciente teria o Centro como um tratamento posterior, como complemento de um pós-cirúrgico, com uma garantia maior de continuidade e melhora no tratamento. Se projetados de uma maneira acolhedora e benéfica, esses centros podem servir de grande incentivo a continuidade do tratamento por parte do paciente.

“Trata-se portanto, de recuperar o papel e a responsabilidade de proporcionar, através da arquitetura, as condições funcionais e de conforto necessárias ao bom desempenho das práticas médicas, bem como o bem- estar e a auto-estima dos usuários dos edifícios de saúde.” (TOLEDO, Luiz Carlos de Menezes). As deficiências podem ser congênitas, quando ocorrem no período embrionário, ou seja, ainda no útero materno, devido a um possível erro no processo de separação dos cromossomos; e adquiridas, quando ocorrem ao longo da vida, por acidente ou doença, perdendo a função de algum componente do corpo. No Brasil, 56,6% das deficiências são adquiridas. Isso se deve, principalmente, pelo aumento considerável da violência urbana. Todos os meses, cerca de 8.000 brasileiros adquirem uma deficiência.

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As Causas Externas, também chamadas de causas não naturais ou causas violentas, englobam os acidentes e as violências propriamente ditas (auto e hetero infligidas). Abaixo, um gráfico elaborado pela “Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação”, representa que a causas externas com mais incidência são os acidentes de trânsito, que simbolizam quase a metade de deficiências adquiridas.

Agressões

(física, arma de fogo e arma branca)

Quedas Acidentes por mergulho 4,7%

Acidentes de trânsito

Outras 4,8%

Impacto por objeto 1,7%

FONTE: REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO

QUALQUER PESSOA ESTÁ SUJEITA À DEFICIÊNCIA 17


O Centro de Reabilitação Física e Sensorial destina-se ao atendimento ambulatorial para pessoas com deficiência física, auditiva e visual, de qualquer faixa etária, cujo grau de deficiência é classificado como severo, seja permanente ou temporária. Ou seja, pessoas com incapacidade e perda funcional, que engloba funções e estruturas do corpo. Entre as patologias atendidas, destacam-se: portadoras de doenças neuromusculares, deficiências congênitas e adquiridas, amputações de membros, lesões ortopédicas; indivíduos com perda auditiva unilateral ou bilateral; indivíduos portadores de cegueira e baixa visão; e pessoas com deficiências múltiplas.

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

FÍSICA

VISUAL

Além disso, o Centro pode receber o grupo de profissionais da saúde responsáveis pelos tratamentos, profissionais da equipe administrativa, a comunidade acadêmica e, em determinadas atividades, a comunidade em geral interessada em colaborar na ressocialização dos pacientes.

AUDITIVA

O atendimento público de reabilitação não se restringe à população carente, já que os centros de reabilitação, no Brasil, tem se destacado em relação aos centros de atendimento particular. Por esse motivo a demanda é tão grande nas unidades de grande reconhecimento, como na Rede de Hospitais de Reabilitação Sarah Kubitschek. Desse modo, a unidade de reabilitação proposta deve atender pacientes de toda classe social.

ATENDIMENTO AMBULATORIAL DE REABILITAÇÃO E CAPACITAÇÃO

Parte do processo de capacitação de recursos pode ser feita com atendimento de pacientes particulares e conveniados, cuja receita destina-se a manutenção do Centro. 18


O trabalho visa à concepção de um projeto arquitetônico de um Centro de Reabilitação Física e Sensorial, situado no município de Mogi das Cruzes. O intuito é reproduzir espacialmente novas reflexões sobre a maneira de desenvolver espaços qualificados que influenciem positivamente na saúde e bem estar de pacientes tratados em estabelecimentos assistenciais de saúde. Neste caso, são abordadas as pessoas com deficiência. Objetiva-se apresentar a eficácia da arquitetura no tratamento de deficiências e como o edifício pode contribuir somado ao processo terapêutico. A proposta que conduz o desenvolvimento deste trabalho é a implantação de um local capacitado fisicamente e socialmente que proporcione a reabilitação ou habilitação dos pacientes através da relação entre individuo e espaço, entre singular e coletivo, que evidencie a importância de nos relacionarmos com o meio em que vivemos e utilizá-lo. Tem como finalidade a relação direta do usuário com a edificação – espaços internos e externos – para que a arquitetura seja parte da terapia. O paciente não deve se sentir tratado como doente, e a humanização do equipamento terá este propósito. Outras intenções seriam proporcionar ambientes onde pudessem ser aguçados os sentidos de fato, olfato, paladar, visão e audição; para que assim as pessoas com deficiência tenham percepção de formas, texturas e dimensão dos espaços.

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 Proporcionar aos pacientes um local em que eles criem identidade, vínculo, que possam o sentimento de pertencimento – e que aquele lugar faz parte deles, assim como eles farão parte dele;  Promover a inclusão inversa com a participação da comunidade através de espaços de convivência ao ar livre que sejam comuns à todos, palestras, workshops, etc;  Desenvolver espaços que promovam autonomia e independência dos pacientes;

 Criar ambientes agradáveis, reforçando ao máximo a integração entre áreas internas e externas, explorando o contato com a natureza;  Um lugar onde seja possível reconstruir a integridade física, sensorial, emocional e social.

Objetivos específicos. Elaborado pela autora.

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O termo “pessoas com deficiência” refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou adquirida, em suas capacidades físicas ou mentais. Deficiência significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social. São divididas em 5 tipos: DEFICIÊNCIA AUDITIVA perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; DEFICIÊNCIA FÍSICA alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física. Apresentam-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. DEFICIÊNCIA VISUAL A deficiência visual é a perda ou redução de capacidade visual em ambos os olhos em caráter definitivo, que não possa ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico. Existem também pessoas com visão subnormal, cujos limites variam com outros fatores, tais como: fusão, visão cromática, adaptação ao claro e escuro, sensibilidades a contrastes, etc. DEFICIÊNCIA MENTAL funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas; DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS Quando a pessoa apresenta conjuntamente duas ou mais deficiências. 22


CERCA DE 15% DA POPULAÇÃO DO MUNDO, TÊM ALGUM TIPO DE DEFICIÊNCIA

FONTE: OMS

NO BRASIL, ESSA CONDIÇÃO AFETA 23,92% DA POPULAÇÃO FONTE: IBGE 2010

22,51% DOS PAULISTANOS TEM DEFICIÊNCIA

FONTE: IBGE 2010

23,93% DA POPULAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO TEM DEFICIÊNCIA

FONTE: IBGE 2010 23


O percurso histórico no qual, gradativamente, pessoas com limitações físicas, sensoriais ou cognitivas foram sendo incorporadas ao tecido ou estrutura social é um processo desorganizado e marcado, invariavelmente, por trajetórias individuais. Não se pode visualizar um movimento contínuo e homogêneo de integração, pois os sentimentos e a maneira pela qual a sociedade enxergava as pessoas com deficiência variavam também de um país para outro num mesmo período.

Castelo Hartheim, um centro de extermínio por eutanásia onde pessoas com deficiências físicas ou mentais eram mortas asfixiadas por gás ou com injeção letal. Hartheim, Áustria, data incerta. — US Holocaust Memorial Museum, courtesy of Andras Tsagatakis. FONTE: https://www.ushmm.org

Durante o século XX, por exemplo, pessoas com deficiência foram submetidas a “experiências científicas” na Alemanha nazista de Hitler. Ao mesmo tempo, mutilados de guerra eram considerados heróis em países como os EUA, recebendo honrarias e tratamento em instituições do governo. Em 1945, o neurocirurgião austríaco Ludwig Guttman iniciou um trabalho de reabilitação através do esporte, principalmente com os veteranos da Segunda Guerra Mundial. Ele acreditava que através do esporte era possível não apenas trazer benefícios ao corpo, mas também à autoestima dos deficientes físicos. Foi em 1948 quando ele decidiu organizar uma competição esportiva entre os cadeirantes. Assim surge o início dos Jogos Paralímpicos.

Atletas nos Jogos de Roma em 1960, quando competições para deficientes foram incorporadas. FONTE: IG Esportes

Nesse breve contexto histórico pode-se resgatar uma visão geral da temática das pessoas com deficiência. Do extermínio ao tratamento humanitário passaram-se séculos de história, numa divergente entre os países (e entre as próprias pessoas com deficiência). Apesar disso, é possível visualizar uma tendência de humanização desse grupo populacional.

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É verdade que, atualmente, existem exemplos de discriminação e/ou maus-tratos, mas o amadurecimento da sociedade e o avanço dos temas ligados à cidadania e aos direitos humanos provocaram, sem dúvida, um novo olhar em relação às pessoas com deficiência. São desenvolvidos trabalhos de inclusão de todo tipo de pessoa à sociedade, mas no que se refere às pessoas com deficiência, podemos perceber um progresso nas tecnologias, acessibilidade, legislação, transporte público, empregos, etc. A deficiência é um tema de direitos humanos e como tal obedece ao princípio de que todo ser humano tem o direito de desfrutar de todas as condições necessárias para o desenvolvimento de seus talentos e aspirações, sem ser submetido a qualquer tipo de discriminação. Na prática, a realização dos direitos das pessoas com deficiência exige ações em ambas as frentes, a do direito universal e a do direito de grupos específicos, tendo sempre como objetivo principal minimizar ou eliminar a lacuna existente entre as condições das pessoas com deficiência e as das pessoas sem deficiência.

A deficiência no Brasil Os dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no censo demográfico de 2010, descreveram a prevalência dos diferentes tipos de deficiência e as características das pessoas que compõem esse segmento da população. A deficiência foi classificada pelo grau de severidade de acordo com a percepção das próprias pessoas entrevistadas sobre suas funcionalidades. 45.606.048 de brasileiros, 23,9% da população total, têm algum tipo de deficiência – visual, auditiva, Física e mental ou intelectual.

25.800.681 (26,5%) são mulheres e 19.805.367 (21,2%) são homens. 38.473.702 pessoas vivem em áreas urbanas e 7.132.347 em áreas rurais. FONTE: CENSO 2010, IBGE. ORG. PELA AUTORA.

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DEFICIENTES NO BRASIL

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

2,5 milhões DEFICIÊNCIA AUDITIVA

10 milhões

45,6

24%

milhões

DEFICIÊNCIA VISUAL

de pessoas no Brasil têm algum tipo de deficiência

35 milhões

DEFICIÊNCIA FÍSICA

Porcentagem da população que possui deficiência

13 milhões

Considerando a população residente no país, 23,9% possuíam pelo menos uma das deficiências investigadas: visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. A prevalência da deficiência variou de acordo com a natureza delas. A deficiência visual apresentou a maior ocorrência, afetando 18,6% da população brasileira. Em segundo lugar está a deficiência motora, ocorrendo em 7% da população, seguida da deficiência auditiva, em 5,10% e da deficiência mental ou intelectual, em 1,40%.

*Algumas pessoas possuem mais de um tipo de deficiência.

FONTE: CENSO 2010, IBGE. ORG. PELA AUTORA.

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Até a década de 1980, a sociedade utilizava termos como "aleijado", "defeituoso", "incapacitado", "inválido"... Passouse a utilizar o termo "deficientes", por influência do Ano Internacional e da Década das Pessoas Deficientes, estabelecido pela ONU, apenas a partir de 1981. Em meados dos anos 1980, entraram em uso as expressões "pessoa portadora de deficiência" e "portadores de deficiência". Necessidades Especiais? É importante combatermos expressões que tentem atenuar as diferenças, tais como: "pessoas com capacidades especiais", "pessoas com eficiências diferentes", "pessoas com habilidades diferenciadas", "deficientes", "pessoas especiais" e a mais famosa de todas: "pessoas com necessidades especiais". As "diferenças" têm de ser valorizadas, respeitando-se as "necessidades" de cada pessoa. O termo "pessoas com necessidades especiais", discutido desde a década de 70, referia-se às necessidades específicas de cada pessoa, com ou sem deficiência. Entretanto, no Brasil o termo acabou por ser utilizado erroneamente como identificação única de pessoa com deficiência. Portador(a)? Devemos ficar atentos à evolução histórica dos termos. "Portador de deficiência", "pessoa portadora de deficiência" ou "portador de necessidades especiais" não são mais utilizados. A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa. A pessoa não porta uma deficiência, ela "tem uma deficiência". Tanto o verbo "portar" como o substantivo, ou adjetivo, "portadora" não se aplica a uma condição inata ou adquirida que faz parte da pessoa. Ou seja, a pessoa só porta algo que ela pode deixar de portar. Por exemplo, não dizemos que uma pessoa "é portadora de olhos verdes", dizemos que ela "tem olhos verdes". Pessoa com Deficiência Há uma associação negativa com a palavra "deficiente", pois denota incapacidade ou inadequação à sociedade. A pessoa não é deficiente, ela "tem uma deficiência". Os movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo os do Brasil, já convencionaram de que forma preferem ser chamados: PESSOA (S) COM DEFICIÊNCIA. Esse termo faz parte do texto aprovado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembleia Geral da ONU, em 2006 e ratificada no Brasil em julho de 2008.

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“Reabilitação é um processo contínuo, coordenado com objetivo de restaurar o indivíduo incapacitado para ter o mais completo possível desempenho físico, mental, econômico e vocacional, permitindo a sua integração social.” FONTE: Organização Mundial da Saúde É um processo global e dinâmico orientado para a recuperação física e psicológica da pessoa com deficiência, tendo em vista a sua reintegração social.

Está associada a um conceito mais amplo de saúde, incorporando o bem-estar físico, psíquico e social a que todos os indivíduos têm direito. Para uma plena realização, as ações de reabilitação devem abranger campos complementares, como a saúde, a educação, a formação, o emprego, a segurança social, o controle ambiental, o lazer, entre outros. Embora o termo reabilitar/reabilitação seja largamente usado no campo da saúde como referência aos processos de cuidado que envolvem medidas de prevenção da perda funcional, de redução do ritmo da perda funcional e/ou da melhora ou recuperação da função; e medidas da compensação da função perdida e da manutenção da função atual; o uso do prefixo “re” tem sido bastante debatida.

Conforme documento base para gestores e trabalhadores do SUS/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização, 4a Ed., 2008; é preciso ater-se à distinção entre os processos de Reabilitação/Reabilitar e Habilitação/Habilitar.

Habilitar é tornar hábil, no sentido da destreza/inteligência ou no da autorização legal. O “re” constitui prefixo latino que apresenta as noções básicas de voltar atrás, tornar ao que era. A questão que se coloca no plano do processo saúde/doença é se é possível “voltar atrás”, tornar ao que era. O sujeito é marcado por suas experiências; o entorno de fenômenos, relações e condições históricas e, neste sentido, sempre muda; então a noção de reabilitar é problemática. Na saúde, estaremos sempre desafiados a habilitar um novo sujeito a uma nova realidade biopsicossocial. Porém, existe o sentido estrito da volta a uma capacidade legal ou pré-existente e, por algum motivo, perdida, e nestes casos, o “re” se aplica. Outra dimensão importante que merece destaque é que as ações de reabilitação/habilitação devem ser executadas por equipes multi e interdisciplinares e desenvolvidas a partir das necessidades de cada indivíduo e de acordo com o impacto da deficiência sobre sua funcionalidade.

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Um Centro de Reabilitação Física e Sensorial se dedica à recuperação das funções motoras, auditivas e visuais e ao tratamento psicológico, visando independência do paciente e sua reintegração social. No entanto não tem função de socorrer, ou de fazer intervenções cirúrgicas de grande porte. Porém, pode abrigar outros tipos de atividades, como por exemplo, a pesquisa e a educação, que são funções incorporadas às unidades de saúde recentemente.

Além das novas funções que surgem, os equipamentos e tecnologias utilizadas dentro de uma unidade de saúde podem evoluir, ou podem surgir novos equipamentos, o que acarreta a necessidade de esses edifícios se adequarem constantemente ás novas tecnologias ou às novas funções. Sendo assim, é imprescindível que o complexo de saúde seja um edifício com previsão de futuras expansões e com determinada flexibilidade espacial, contendo espaços multifuncionais adaptáveis para diversas atividades. A reabilitação física e sensorial é necessária em processos pós-traumáticos ou em casos de deficiências congênitas ou adquiridas através de patologias. Sendo assim, é importante que o ambiente de reabilitação proporcione bem-estar e qualidade de vida ao paciente, pois muitos deles necessitam de tratamento por toda a vida ou em grande parte dela. No Brasil, destacam-se os Centros de Reabilitação da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação e a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente). No estado de São Paulo, destaca-se a Rede Lucy Montoro, mantida pela Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – IMREA HC FMUSP e criada pelo Governo do Estado de São Paulo.

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Grande referência nacional em Centros de Reabilitação, a Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação é mantida pela Associação das Pioneiras Sociais (APS), órgão instituído pela Lei nº 8.246/91, de 22 de outubro de 1991. Tem por meta devolver ao cidadão brasileiro os impostos pagos por meio de atendimento público de alta qualidade, com tecnologia de ponta e humanismo, alcançando todos os níveis da população. Na Rede SARAH, a terapia de reabilitação não está restrita apenas ao ambiente hospitalar. Para uma abordagem eficaz, é necessário ter como objetivo que cada momento do paciente, ao longo do dia, possa ser organizado para estimular seu desenvolvimento. As nove capitais brasileiras que contam com unidades da Rede SARAH são: Brasília (DF), onde há duas unidades (Centro e Lago Norte); Salvador (BA); São Luís (MA); Belo Horizonte (MG); Fortaleza (CE); Rio de Janeiro (RJ); Macapá (AM) e Belém (PA). Os atendimentos realizados pelas unidades contam com os tipos Hospitalar e Ambulatorial. Não há atendimento de emergência, urgência e nem pronto-socorro, pois esses são serviços de responsabilidade dos hospitais distritais ou municipais. O projeto de todas as unidades foi realizado pelo arquiteto João Filgueiras Lima, popularmente conhecido como Lelé. O primeiro projeto da rede foi para a unidade de Brasília, que teve a construção concluída em 1980. Desde então, a busca por tecnologia e partidos que potencializassem a qualidade dos projetos deu origem ao CTRS – Centro de Tecnologia da Rede Sarah, uma fábrica, projetada e dirigida pelo próprio arquiteto, de onde saem todas as peças e equipamentos para construção e manutenção dos dez hospitais da rede Sarah Kubitschek, de peças estruturais a equipamentos do dia-a-dia, como as camas-maca que também levam o desenho de Lelé. Elementos em comum às unidades da Rede Sarah:   

Elementos Pré-Fabricados Preocupação com Conforto Térmico – Iluminação e Ventilação Natural Integração do meio externo e interno

Unidade Brasília – Lago Norte FONTE: sarah.br

Unidade Fortaleza FONTE: sarah.br

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Unidade Salvador FONTE: sarah.br


Em 1950 nascia a AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente, trabalho de um visionário, Dr. Renato da Costa Bomfim, que inspirado na evolução tecnológica dos centros de reabilitação no exterior, criou estrutura semelhante no Brasil. Entretanto, a AACD não está voltada exclusivamente para a área da reabilitação física. Diversas outras atividades, como projetos de capacitação profissional, programas de sustento para pessoas com deficiência física e seus familiares, a inserção no esporte paralímpico, além do empenho em assegurar a plena integração social aos pacientes, fazem parte da atual gestão da Entidade. Ao todo, são 12 unidades espalhadas pelo Brasil:

Nova Iguaçu (RJ)

Ibirapuera (SP)

Osasco (SP)

Mooca (SP)

Uberlândia (MG)

Recife (PE)

Porto Alegre (RS)

Lar Escola (SP)

Mogi das Cruzes (SP)

Joinville (SC)

S. J. do Rio Preto (SP)

Poços de Caldas (MG)

33


Criada pelo Governo do Estado de São Paulo, a Rede de Reabilitação Lucy Montoro tem como objetivo proporcionar o melhor e mais avançado tratamento de reabilitação para pacientes com deficiências físicas incapacitantes, motoras e sensório-motoras. É regida pelo Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – IMREA HC FMUSP. A Rede realiza programas de reabilitação específicos, de acordo com as características de cada paciente. Os tratamentos são realizados por equipes multidisciplinares, composta por profissionais especializados em reabilitação, entre médicos fisiatras, enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, educadores físicos e fonoaudiólogos. Atualmente, a Rede de Reabilitação Lucy Montoro conta com 15 unidades em funcionamento em todo o Estado e realiza mais de 100 mil atendimentos por mês: • • • • • • • • • • • • • •

Campinas Clínicas Fernandópolis Lapa Marília Mogi Mirim Morumbi Pariquera-Açu Presidente Prudente Ribeirão Preto, Santos São José do Rio Preto São José dos Campos Umarizal Vila Mariana Unidades no estado de São Paulo. FONTE: redelucymontoro.org.br

Desde 2009, a Rede conta com uma Unidade Móvel.

Terapia Ocupacional.

FONTE: redelucymontoro.org.br

Fisioterapia.

FONTE: redelucymontoro.org.br

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Condicionamento Físico.

FONTE: redelucymontoro.org.br


Ressaltando o compromisso do Brasil com as prerrogativas da Convenção da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o governo federal institui diretrizes e decretos . A seguir, serão apresentadas políticas públicas que nortearam a implantação do projeto para um Centro de Reabilitação Física e Sensorial. PLANO NACIONAL DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA - PLANO VIVER SEM LIMITE (Decreto Nº 7.612) Foi lançado no dia 17 de novembro de 2011 pela presidenta Dilma Rousseff, com o objetivo de implementar novas iniciativas e intensificar ações que, atualmente, já são desenvolvidas pelo governo em benefício das pessoas com deficiência. REDE DE CUIDADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA (PORTARIA Nº 793, DE 24 DE ABRIL DE 2012) A Secretária de Estado de Saúde instituiu a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, por meio da criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com deficiência temporária ou permanente; progressiva, regressiva, ou estável; intermitente ou contínua, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); O cumprimento das metas relacionadas às ações da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência será acompanhado de acordo com o Plano de Ação Regional e dos Planos de Ação Municipais. CAPÍTULO II DOS COMPONENTES DA REDE DE CUIDADES À PESSOA COM DEFICIÊNCIA Seção II Do Componente Atenção Especializada em Reabilitação Auditiva, Física, Intelectual, Visual, Ostomia e em Múltiplas Deficiências Art. 14. O componente Atenção Especializada em Reabilitação Auditiva, Física, Intelectual, Visual, Ostomia e em Múltiplas Deficiências contará com os seguintes pontos de atenção: I - estabelecimentos de saúde habilitados em apenas um Serviço de Reabilitação; II - Centros Especializados em Reabilitação (CER); e III - Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). Subseção II Dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) Art. 19. O CER é um ponto de atenção ambulatorial especializada em reabilitação que realiza diagnóstico, tratamento, concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, constituindose em referência para a rede de atenção à saúde no território, e poderá ser organizado das seguintes formas: I - CER composto por dois serviços de reabilitação habilitados - CER II; II - CER composto por três serviços de reabilitação habilitados - CER III; e III - CER composto por quatro ou mais serviços de reabilitação habilitados - CER IV. 35




Brasil > RJ > Jacarepaguá FONTE: arcoweb.com.br

Autor: João Filgueiras Lima – Lelé Localização: Jacarepaguá – Rio de Janeiro Ano do Projeto: 2001 Ano de Conclusão da obra: 2008 Área do Terreno: 80.000 m² Área Construída: 52.000 m² O hospital se localiza na zona oeste do Rio de Janeiro, próximo a Lagoa de Jacarepaguá. Sua área envoltória se caracteriza por ter relevo plano e pela forte presença de áreas verdes. A ocupação da área é pouco consolidada, possuindo baixa densidade construtiva – ou seja, há predominância dos espaços vazios sobre os espaços cheios. Inaugurado em maio de 2009, o SARAH-Rio é um Centro de Reabilitação que atende adultos e crianças. Está em uma cota de nível acima do nível da Lagoa de Jacarepaguá, por precaução em relação a risco de inundações. Sua topografia linear térrea foi implantada no sentido norte-sul, direcionando as maiores fachadas no sentido leste/oeste para receber o sol nascente e poente, tratando de proteger adequadamente as fachadas com elementos verticais e grandes beirais. Suas dimensões excepcionais – 52.000m² de área construída – é compatível com o amplo atendimento pretendido (toda região Sul do país). 38


Sua solução linear térrea, composta por blocos horizontais e modulados, foi implantada no sentido norte-sul, direcionando as maiores fachadas no sentido leste/oeste para receber o sol nascente e poente, tratando de proteger adequadamente as fachadas com elementos verticais e grandes beirais. É possível identificar nessa implantação a divisão dos blocos: (1) Estacionamento; (2) Auditório; (3) Hospital; (4) Serviços Gerais. Os blocos possuem ligação entre si, através de circulações externas protegidas por marquises. Implantação

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3 2

1

FONTE: au.pini.com.br. Org. pela autora.

Os conceitos principais resumem-se à expansibilidade, funcionalidade, fluxos e sequenciamento. O arquiteto busca dentro do projeto ambientes e soluções que proporcionem humanização e conforto ambiental, priorizando ventilação natural. Além disso, o arquiteto visa a relação entre paciente e o meio externo, em que a natureza e o próprio espaço fazem parte do tratamento; possui uma preocupação constante com o conforto ambiental, dotando suas obras de soluções onde a iluminação e ventilação natural, assumem papel de destaque, evidenciadas através do uso de galerias de ventilação com nebulizadores, espelhos d’água, além de jardins internos e pés direito duplos. 39


Térreo e Programa de Necessidades

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19

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4

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6

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13

1 14 Térreo FONTE: au.pini.com.br. Org. pela autora.

Legenda 1 – Espera 2 – Ambulatório 3 – Radiologia 4 – Laboratório 5 – Centro Cirúrgico 6 – Central de Materiais 7 – Arquivo Médico 8 – Oficina Ortopédica 9 – Internação e Alta

10 – Fisioterapia e Hidroterapia 11 – Primeiro Estágio 12 – Internação / Enfermaria 13 – Internação / Apartamentos 14 – Solário 15 – Cozinha / Refeitório 16 – Lavanderia 17 – Almoxarifado /Bioengenharia 40

18 – Manutenção 19 – Administração 20 – Vestiário de Funcionários 21 – Manutenção Predial 22 – Caldeiras


Cortes

serviços gerais

hospital

auditório

Corte Longitudinal. FONTE: au.pini.com.br. Org. pela autora.

Neste corte longitudinal, podemos observar, da esquerda para a direita, o bloco de serviços gerais, bloco principal – hospital, e o auditório.

Croqui – Lelé. FONTE: au.pini.com.br

Sem escala

Corte transversal, onde é possível identificar a rampa que interliga os pavimentos de internação e o sistema de ventilação natural..

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Três elementos importantes no projeto: O auditório, com seu corpo circular e no topo, uma esfera que se abre. Temos também o solário e o espelho dágua, que ladeia o bloco de internações. FONTE: arcoweb.com.br

Vista do solário, um espaço fundamental no processo terapêutico. FONTE: sarah.br

Nesta imagem aérea podemos compreender a grande escala do projeto, e as relações que estabelece com o entorno verde. Também é possível identificar as coberturas curvas, marca registrada de Lelé. FONTE: oglobo.com

Os pacientes realizam seus tratamentos de hidroterapia em uma piscina que localiza-se na área externa, entre os dois blocos. FONTE: sarah.br

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FONTE: arcoweb.com.br

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Argentina > Vicente Lopez

FONTE: GOOGLE Maps, 2016. FONTE: arcoweb.com.br.

Autores: Claudio Vekstein e Marta Tello Localização: Vicente López, Argentina Ano do Projeto: 2001 Ano de Conclusão da obra: 2004 Área do terreno: 1.355 m2 Área construída: 4.000 m2 Os princípios diretores do projeto baseiam-se na criação de uma forte imagem urbana , que resgatasse um espaço cotidiano geralmente negado aos pacientes com dificuldades motoras . Ou seja, que esses habitantes de uma cidade adversa e rude pudessem encontrar no interior do edifício a qualidade adequada aos equipamentos necessários para seu deslocamento. Daí o esquema de um pátio central definido por sistema de rampas de inclinação leve , como elemento expressivo da ideia de movimentação, que é o fundamento essencial do centro de reabilitação . 44


A solução arquitetônica encontrada por Claudio Vekstein e Marta Tello foi densa e complexa, utilizando a regularidade de um terreno de dimensões pequenas no meio de um quarteirão consolidado. O programa foi distribuído pelos andares, considerando-se as faixas etárias dos pacientes, os escritórios, os consultórios e os setores de reabilitação.

Implantação

FONTE: arcoweb.com.br.

O esquema volumétrico geral em forma de 'U' responde à ideia de criar um espaço aberto central capaz de proporcionar um ambiente saudável e generoso em luz solar e ventilação natural para todo o edifício, além de um pátio utilizado como uma praça com vegetação, implantando-se ali há uma grande árvore que acompanha o outro lado da divisão do pátio do edifício vizinho ACCERVIL, mantendo comunicação.

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Planta – Térreo

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FONTE: arcoweb.com.br. Org. pela autora 0

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Legenda 1 – Acesso de pedestres 2 – Recepção 3 – Espera 4 – Consultório 5 – Jardim 6 – Enfermaria

7 – Reabilitação Cardíaca 8 – Terapia Ocupacional 9 – Recreação e Esportes 10 – Vestiário 11 – Fisioterapia de Adultos 12 – Piscina de Hidroterapia 46

13 – Pátio 14 – Acesso de veículos


Planta – 1º Pavimento

13

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5

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4 10

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9

9 9

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8

7

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FONTE: arcoweb.com.br. Org. pela autora

Legenda 1 – Espera 2 – Diretoria 3 – Administração 4 – Ateliê de pintura 5 – Arquivo

6 – Sala de aula 7 – Psiquiatria infantil 8 – Psicologia 9 – Fonoaudiologia 10 – Terapia Ocupacional

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11 – Terraço 12 – Fisioterapia Infantil 13 – Atividades ao ar livre


Planta – 2º Pavimento

10 9 4 7

3

7 8

6

6

5

1

5

2

FONTE: arcoweb.com.br. Org. pela autora

Legenda 1 – Espera 2 – Refeitório 3 – Biblioteca 4 – Auditório

5 – Fonoaudiologia 6 – Psicologia 7 – Vestiário 8 – Terapia Ocupacional

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9 – Fisioterapia infantil 10 – Terraço


ELEVAÇÃO

FONTE: arcoweb.com.br.

Detalhes da Fachada Principal. FONTE: arcoweb.com.br.

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O outro tema assumido foi o relacionamento do edifício com o contexto urbano. Localizado numa avenida de trânsito intenso, com múltiplas funções e marcada por prédios de baixa qualidade, o centro devia identificar-se com uma imagem expressiva, de forte pregnância estética e simbólica. A solução foi obtida com uma espécie de tela de concreto armado perfurada com as letras IMRVL, que identificam a instituição . A tela funciona como um brise que protege a fachada curva de vidro , e as perfurações parecem representar as múltiplas janelas dos prédios da cidade . Iluminada à noite, ela aponta, a distância, a presença do centro de reabilitação


O clímax metafórico acontece na entrada principal. Disposta em posição assimétrica na fachada, a tela é substituída por uma abertura que permite a iluminação desde o alto do edifício, inundando com sol o acesso dos pacientes.

FONTE: claudiovekstein.org

FONTE: claudiovekstein.org

Um painel perfurado , suspenso no ar, estabelece o limite superior, que o autor identifica como metáfora da mão de Deus . É a simbolização do ser abençoado pela luz da esperança: com a ajuda dos médicos e terapeutas do centro poderá resgatar a mobilidade perdida. 50


O ascetismo dos materiais - o centro foi construído totalmente em concreto armado - e a simplicidade do sistema construtivo compensaram a alta complexidade espacial e formal do prédio . O pátio, delimitado pelas curvas contínuas das rampas, tem configuração variável, definida pelas dimensões diferenciadas dos volumes dos consultórios e das áreas de fisioterapia.

A circulação entre os pavimentos acontece por meios de rampas externas.FONTE: claudiovekstein.org

Um elemento fundamental do projeto foi o controle lumínico dos diferentes ambientes. O desejo de configurar espaços rigorosamente adaptados a suas funções e a composição de ambientes psicologicamente adequados aos pacientes de diferentes faixas etárias levaram ao desenho de janelas com formas livres e variadas, o que facilita a visão dos usuários, tanto para o pátio como para a tela, que como um filtro, estabelece um relacionamento com a rua. A originalidade criativa do prédio acabou por convertê-lo em ícone da prefeitura de Vicente López e resgatou ,esteticamente, a dignidade esquecida dos deficientes físicos argentinos . 51


FONTE: claudiovekstein.org

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A esplanada e os dois edifícios: à esquerda, a biblioteca; à direita, o ambulatório.

Brasil > SP > Campinas

FONTE: galeriadaarquitetura.com.br

Autores: Piratininga Arquitetos Associados Localização: Campinas, SP Ano do projeto: 2004 Conclusão da obra: 2005 Área do terreno: 13.740 m² Área construída: 3.100 m² (biblioteca); 4.300m² (ambulatório) Instalados dentro do campus 2 da PUC de Campinas, interior de São Paulo, o conjunto é formado por dois blocos. Um deles abriga uma biblioteca central, cujo acervo congrega livros da área de medicina, odontologia e psicologia. O outro destina-se ao ambulatório de fisioterapia da universidade. Implantados perpendicularmente, ambos são unificados por uma esplanada comum. Apesar da proximidade física e temporal na execução das obras, a contratação dos projetos não foi simultânea: dois meses depois que o Piratininga venceu a concorrência para a biblioteca, a instituição encomendou ao escritório o outro trabalho. 53


A característica mais marcante dos edifícios é a utilização de elementos préfabricados – lajes, estrutura, fechamentos, etc. -, escolhidos por questão de prazo e custo. No caso da biblioteca, decorreram oito meses entre o início do projeto e o final da obra; no ambulatório, foram seis. A rigidez nesse aspecto estava condicionada ao início do ano letivo de 2005, uma vez que os dois prédios são utilizados pelos estudantes. Entretanto, o grande fator que aproxima e distancia as duas obras é a pré-fabricação, pois enquanto o prédio da biblioteca em estrutura de metal, no ambulatório ela é de peças pré-moldadas de concreto. A coincidência das contratações possibilitou que os dois edifícios configurassem um conjunto, com grande unidade entre si – cada prédio é uma ala da implantação em L. Externamente, contribuem para a integração os fechamentos em placas de concreto pré-fabricado. As duas propostas também possuem poucas aberturas, no entanto, é a esplanada comum, com piso elevado de placas de concreto, que fortalece a leitura do conjunto.

1 3

2

Implantação

1 Biblioteca Central / 2 Ambulatório de fisioterapia / 3 Esplanada FONTE: Revista Projeto Design, edição 308, 2005.

Junto à biblioteca, parte desse embasamento é ocupado por um pavimento, que abriga espaços de uso exclusivo, como acervo depositário e apoio à pesquisa. Uma circulação interna liga os andares superiores do acervo e os ambientes sob a base. Embaixo dessa esplanada fica também o auditório, cuja formato é triangular, que possui acesso externo e pode ser utilizado de forma independente.

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A Biblioteca estrutura–se conceitualmente na sua razão: guarda, conservação e disponibilização de acervo ligado ao tema. Os pares de vigas metálicas solucionam a fixação das estantes e das lajes de piso. Os núcleos de pilares trabalham em pares no sentido longitudinal, de forma a apoiar a peça metálica que estrutura o bloco suspenso. Tal estrutura é formada por dois pares de treliças paralelas situadas no segundo piso da biblioteca, ao longo da maior dimensão do volume. O piso inferior do bloco suspenso é atirantado às vigas treliçadas, assim como o do Masp. O espaço central, entre os pilotis, serve à consulta e leitura. Assim, fisicamente, a Biblioteca é uma estrutura a serviço do acervo; uma Biblioteca estruturada nas suas estantes. Este volume mede 16 x 71m e tem aberturas nas extremidades a Norte e Sul onde estão as salas e terraços. A iluminação se dá por lanternim e a ventilação (permanente) é realizada através de aberturas nas lajes, que permitem – através das grelhas – a entrada de ar, que escapa pela cobertura. Esse fluxo pode ser interrompido pelo fechamento da saída do ar.

Biblioteca – Corte Longitudinal FONTE: galeriadaarquitetura.com.br

Biblioteca – Corte Transversal / ilustração de ventilação. FONTE: galeriadaarquitetura.com.br

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Biblioteca, face norte (1). FONTE: galeriadaarquitetura.com.br

Apenas as duas extremidades menores possuem aberturas com janelas. Na face norte, com insolação mais agressiva, o caixilho está recuado (1); na oposta, ele está rente à projeção do edifício (2).

Biblioteca, face sul (2). FONTE: galeriadaarquitetura.com.br

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O ambulatório de fisioterapia, em contrapartida, foi estruturado com peças de concreto armado pré-fabricadas, com vão básico de 10 x 7,5 metros. Ele não possui pilotis e foi dividido em quatro pavimentos. Por causa do pé-direito necessário para a piscina, a divisão interna entre as lajes é diferente entre o primeiro e o segundo pisos, sendo que o último é formado por uma espécie de mezanino. O prédio também possui planta retangular, mas nas duas laterais menores estão posicionadas as áreas de apoio.

Ambulatório – Corte Longitudinal FONTE: galeriadaarquitetura.com.br

Ambulatório – Corte Transversal / ilustração de ventilação. FONTE: galeriadaarquitetura.com.br

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Um dos elementos de destaque é o volume complementar em vidro ocupado, pelo conjunto de rampas que interliga os quatro andares. Na fachada oposta a ele, o prédio é marcado por pequenas aberturas horizontais recuadas, cujo requinte é a paginação das placas de fechamento. Para fortalecer as peças, devido a sua dimensão, foram necessárias placas de concreto em L, cuja face menor dobra-se na direção interna e possibilita o caixilho recuado. Internamente, as divisórias possuem 1,8 metro, o que permite privacidade sem excluir a circulação cruzada, pois na biblioteca não há ar- condicionado, por uma questão de custo.

Grande fachada de vidro marca o volume de rampas do prédio do ambulatório. FONTE: galeriadaarquitetura.com.br

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Planta do subsolo. FONTE:galeriadaarquitetura.com.br 59


Planta do tĂŠrreo. FONTE:galeriadaarquitetura.com.br 60


Planta do 1ยบ pavimento. FONTE:galeriadaarquitetura.com.br 61


Planta do 2ยบ pavimento. FONTE:galeriadaarquitetura.com.br 62


FONTE:galeriadaarquitetura.com.br

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“Reabilitação para as pessoas e a paisagem” Esta é a primeira unidade da Rede Lucy Montoro específica para a reabilitação de pessoas com deficiência visual. Localizada na zona oeste de São Paulo, no Jardim Humaitá, a edificação provoca uma grande diferença visual em relação ao cenário anterior – um terreno abandonado, com uma casinha ao fundo, que servia como ponto de consumo de drogas. O prédio fica na estreita rua Galileo Emendabili, cujo acesso torna-se difícil, exigindo destreza dos motoristas e precaução dos pedestres. As más condições de localização do Centro se explicam pelo fato de que, na capital, há pouca disponibilidade de terrenos públicos propícios a receber conjuntos dessa natureza. O projeto da edificação, encomendado pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, foi atribuído à Fundação para a Pesquisa em Arquitetura e Ambiente (FAPAM), que é vinculada à FAU/USP. Mantida pelo Estado, a rede proporciona tratamento de recuperação e capacitação para pacientes com problemas físicos incapacitantes motores e psicomotores. A unidade tem capacidade para realizar até 15 mil atendimentos por ano. Autores: André Takiya e Fábio Mariz Gonçalves Localização: São Paulo, SP Ano do Projeto: 2012 Ano de Conclusão da obra: 2014 Área do terreno: 4.157,96 m2 Área construída: 2.255,85 m2

Brasil > SP > São Paulo

FONTE: arcoweb.com.br

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O lote é praticamente plano. Porém, por estar próximo dos cursos dos rios (Tietê e Pinheiros), apresenta características de várzea, como o lençol freático próximo da superfície. A dupla de autores equacionou o programa em três blocos distintos. Uma das extremidades do terreno foi ocupada com um cubo de alvenaria (1), na outra inseriram a quadra poliesportiva coberta (2), composta por elementos metálicos, e, intermediando a relação entre ambos, um leve e atraente pavilhão de dois pavimentos (3), também projetado com estruturas metálicas e lajes do tipo steel deck. Do ponto de vista plástico, esse é o elemento que mais de destaca.

1

3

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Localização e implantação dos blocos.

Planta de localização. FONTE: Revista Projeto Design, edição 421, 2015.

FONTE: GOOGLE EARTH, 2016. Org. pela autora.

 A circulação horizontal sempre se faz no perímetro do pavilhão;  A quadra poliesportiva emprega estrutura metálica, com fechamento lateral do tipo veneziana;  Conjunto de pórticos metálicos paralelos faz parte da estrutura da edificação, implantada numa região de várzea.

No programa original, o térreo, mais fluido, é parcialmente em pilotis e estava destinado a recepção/exposições. No pavimento superior, ao qual se chega por escada ou pela rampa lateral, estão “penduradas” as salas para as atividades de reabilitação. Estruturalmente, o pavilhão de quase 70 metros de comprimento é constituído por um conjunto de cinco pórticos metálicos paralelos, unidos no sentido longitudinal por vigas principais. Para ancorar o edifício no terreno, foram necessárias fundações (estacas) robustas, com a caixa do elevador tendo função também de elemento de travamento da estrutura.

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2º Pavimento

3º Pavimento

1 Administração / 2 Diretoria / 3 Copa 4 Reuniões / 5 Apoio limpeza / 6 Segurança

1 Depósito

FONTE: Revista Projeto Design, edição 421, 2015.

1º Pavimento

1 Brinquedoteca / 2 Biblioteca / 3 Informática / 4 Costura / 5 Bijuteria / 6 Pintura / 7 Cerâmica / 8 Tecnologia / 9 Atendimento

Térreo

1 Auditório / 2 Varanda / 3 Cantina / 4 Pilotis / 5 Exposição/recepção / 6 Átrio / 7 Fonte / 8 Quadra Poliesportiva

Corte AA

FONTE DOS DESENHOS: Revista Projeto Design, edição 421, 2015.

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FONTE: Revista Projeto Design, edição 421, 2015.

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REDE REGIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE (RRAS) E A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP) Com o objetivo de definir critérios para a implantação do projeto em um local adequado, fez-se necessário o levantamento geral de informações sobre a situação atual de assistência à saúde de pessoas com deficiência na área de interesse. Por este motivo, iniciou-se uma Macro Análise, realizada na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Neste contexto, inseriu-se a Rede Regional de Atenção à Saúde (RRAS). Este instrumento organizador e estruturador foi definido de acordo com os Planos de Ação Regional e Estadual (página 35), instituído na Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Ele assegura o cumprimento das metas estabelecidas neste decreto pelos Municípios, Estados e União, de acordo com as responsabilidades atribuídas a cada um. DEFINIÇÃO Arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade da atenção à saúde num determinado território. FONTE: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Esta fragmentação da área, em sub-regiões, colabora para um estudo minucioso e preciso. O estado de São Paulo possui 17 RRAS, aglomeradas de acordo com os Departamentos Regionais de Saúde (DRS). O território analisado – Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) – encontra -se na DRS I – Grande São Paulo, possuindo 6 RRAS. Ao todo, são 39 municípios: 1 – Arujá 2 – Barueri 3 – Biritiba-Mirim 4 – Caieiras 5 – Cajamar 6 – Carapicuíba 7 – Cotia 8 – Diadema 9 – Embu-das-Artes 10 – Embu-Guaçu 11 – Ferraz de Vasconcelos 12 – Francisco Morato 13 – Franco da Rocha

14 – Guararema 15 – Guarulhos 16 – Itapecerica da Serra 17 – Itapevi 18 – Itaquaquecetuba 19 – Jandira 20 – Juquitiba 21 – Mairiporã 22 – Mauá 23 – Mogi das Cruzes 24 – Osasco 25 – Pirapora do Bom Jesus 26 – Poá 70

27 – Ribeirão Pires 28 – Rio Grande da Serra 29 – Salesópolis 30 – Santa Isabel 31 – Santana de Parnaíba 32 – Santo André 33 – São Bernardo do Campo 34 – São Caetano do Sul 35 – São Lourenço da Serra 36 – São Paulo 37 – Suzano 38 – Taboão da Serra 39 – Vargem Grande Paulista


RRAS situadas no estado de São Paulo. FONTE: SES/SP. Org. pela autora.

RRAS 01 – Grande ABC RRAS 02 – Guarulhos e Alto Tietê RRAS 03 – Franco da Rocha

RRAS situadas na RMSP. Org. pela autora.

RRAS 04 – Mananciais RRAS 05 – Rota dos Bandeirantes RRAS 06 – São Paulo

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Foram realizados estudos e análises da oferta de serviços existentes na região, em cada um dos 39 municípios, com a finalidade de compreensão da demanda, possibilitando o parâmetro de como a região atende atualmente e de que maneira o presente projeto pode contribuir para um cenário ideal e possível. Para efeito de comparação entre demanda e oferta de serviços, a pesquisa iniciou-se pela quantidade da população, na RMSP, que possui deficiência. As informações foram organizadas de acordo com suas RRAS correspondentes.

TABELA DE DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DA RMSP – COM DEFICIÊNCIA E POR DEFICIÊNCIA POPULAÇÃO RRAS RRAS 01 Grande ABC RRAS 02 Guarulhos e Alto Tietê RRAS 03 Franco da Rocha RRAS 04 Mananciais RRAS 05 Rota dos Bandeirantes RRAS 06 São Paulo TOTAL REGIÃO

VISUAL

DEFICIÊNCIA AUDITIVA

MOTORA

SEVERA OU TOTAL

SEVERA OU TOTAL

SEVERA OU TOTAL

611.359

73.281

28.294

49.886

2.663.739

626.063

81.412

23.764

48.871

517.675

106.794

14.302

4.112

8.379

986.998

211.200

28.536

9.105

17.228

1.710.732

401.302

54.100

16.010

31.470

11.253.503

2.759.004

345.478

120.660

216.393

19.683.975

4.715.722

597.109

201.945

372.227

TOTAL

PELO MENOS UMA DAS DEFICIÊNCIAS INVESTIGADAS

2.551.328

Nota: Entende-se por Deficiência Severa ou Total (não consegue de modo algum + grande dificuldade). FONTE DOS DADOS: IBGE 2010. TABELA ORGANIZADA PELA AUTORA.

PERCENTUAL QUE CADA CIDADE REPRESENTA NO TOTAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DA RMSP POR RRAS RRAS 01 – Grande ABC RRAS 02 – Guarulhos e Alto Tietê RRAS 03 – Franco da Rocha RRAS 04 – Mananciais RRAS 05 – Rota dos Bandeirantes RRAS 06 – São Paulo 72


RMSP e equipamentos existentes. Org. pela autora.

DEFICIÊNCIA FÍSICA

DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS

1 – CEFIS (Centro de Fisioterapia) | Santana de Parnaíba 2 – Centro de Reabilitação COHAB | Itapevi 3 – Casa Maria Maia | Carapicuíba 4 – AACD | Osasco 5 – SER (Serviço de Reabilitação) | Taboão da Serra 6 – C. de Reabilitação do Hosp. Geral Itapecerica da Serra 7 – IMREA Lapa | São Paulo 8 – Santa Casa de São Paulo | São Paulo 9 – IMREA Clínicas | São Paulo 10 – AAC Mooca | São Paulo 11 – AACD Lar Escola | São Paulo 12 – AACD Ibirapuera | São Paulo 13 – IMREA Vila Mariana | São Paulo 14 – IMREA Morumbi | São Paulo 15 – IMREA Umarizal | São Paulo 16 – CREM (C. de Reabilitação Mun. Santo André) 17 – AACD | Mogi das Cruzes 18 – CER (Centro Especializado em Reabilitação) Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti – Mogi das Cruzes

19 – Centro de Atenção Integral às PCD | Barueri 20 – Centro de Reabilitação Humana / Centro de Apoio e Estímulo Neurológico Infantil | Jandira 21 – CER II Lapa | São Paulo 22 – CER IV Ipiranga | São Paulo 23 – CER IV M’Boi Mirim | São Paulo 24 – CER III Sapopemba | São Paulo 25 – CER IV São Miguel Paulista | São Paulo 26 – CER II | São Caetano do Sul 27 – CER IV | Mauá 28 – CER IV | Santo André 29 – CER IV | São Bernardo do Campo 30 – Centro Municipal de Equoterapia São Bernardo do Campo 31 – APRAESPI (CER IV) | Ribeirão Pires

73


Através do mapa de Equipamentos Existentes na RMSP (página 73), percebe-se uma grande concentração de equipamento na RRAS 06 – São Paulo. Isso ocorre devido ao elevado número de pessoas com deficiência e ao extenso território. Na RRAS 01 – Grande ABC, o número de equipamentos é reduzido comparado a São Paulo; no entanto, verificou-se que a proporção de equipamentos existentes para o número de pessoas com deficiência da região é suficiente para suprir a demanda. Há carência da oferta de serviços de reabilitação nas RRAS 02 – Alto Tietê, RRAS 03 – Franco da Rocha e RRAS 04 – Mananciais. Devido a proximidade e a demanda com menor número (página X), as RRAS 03 e 04 podem ser atendidas pela RRAS 06 – São Paulo e pela RRAS 05 – Rota dos Bandeirantes . Sendo assim, a região Alto Tietê, em razão de sua expressiva demanda e pouca oferta de serviçios, foi escolhida para a implantação do projeto. Apesar de haver dois equipamentos na região, ambos na cidade de Mogi das Cruzes, averiguou-se que não são suficientes para suprir a população com deficiência, que carece de tratamento de reabilitação.

Santa Isabel

Guarulhos

Arujá

Guararema

Itaquaquecetuba Ferraz de Poá Vasconcelos Suzano

Mogi das Cruzes

Salesópolis Biritiba Miriam

Localização: RMSP – Alto Tietê. Org. pela autora.

Essa região está situada à leste da RMSP, composta pelos seguintes municípios: Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano. 74


Para a escolha do município onde o projeto será implantado, fez-se necessário entender onde se encontra o maior número de pessoas com deficiência e qual cidade exerce maior influência sobre a região. O parâmetro utilizado foi o Censo 2010 do IBGE. Foram coletadas informações que apresentam os números de pessoas com deficiência por cidade. As perguntas feitas aos entrevistados buscaram identificar as deficiências visual, auditiva e motora pelos seguintes graus de dificuldade: (i) tem alguma dificuldade em realizar; (ii) tem grande dificuldade e, (iii) não consegue realizar de modo algum; além da deficiência mental ou intelectual. Seguindo o público-alvo que se espera atingir com este trabalho, foram consideradas somente as deficiências físicas, auditivas e visuais.

TABELA DE DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DO ALTO TIETÊ – COM DEFICIÊNCIA E POR DEFICIÊNCIA POPULAÇÃO CIDADES

TOTAL

DEFICIÊNCIA

VISUAL

AUDITIVA

MOTORA

PELO MENOS UMA DAS DEFICIÊNCIAS INVESTIGADAS SEVERA OU TOTAL SEVERA OU TOTAL SEVERA OU TOTAL

GUARULHOS

1.221.979

298.094

38.413

10.834

21.030

M. DAS CRUZES

387.779

80.954

10.395

3.321

7.030

ITAQUA

321.770

72.712

9.641

2.584

5.827

SUZANO

262.480

62.330

8.119

2.514

5.489

FERRAZ DE V.

168.306

40.612

5.612

1.547

3.041

POÁ

106.013

24.400

2.803

840

1.969

ARUJÁ

74.905

18.449

2.499

814

1.327

SANTA ISABEL

50.453

12.849

1.714

564

1.344

BIRITIBA-MIRIM

28.575

6.311

955

246

889

GUARAREMA

25.844

6.309

1.012

324

631

SALESÓPOLIS

15.635

3.043

249

176

294

TOTAL REGIÃO

2.663.739

626.063

81.412

23.764

48.871

Nota: Entende-se por Deficiência Severa ou Total (não consegue de modo algum + grande dificuldade) FONTE DOS DADOS: IBGE 2010. TABELA ORGANIZADA PELA AUTORA.

75


PERCENTUAL QUE CADA CIDADE REPRESENTA NO TOTAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DO ALTO TIETÊ – POR C IDADE

Guarulhos [47,61%] Mogi das Cruzes [12,93%] Itaquaquecetuba [11,61%] Suzano [9,95%] Ferraz de Vasconcelos [6,48%] Poá [3,89%] Arujá [2,95%] Santa Isabel [2,05%] Biritiba-Mirim [1,00%] Guararema [1,00%] Salesópolis [0,53%]

Após a leitura da tabela e do gráfico que representam a população com deficiência das cidades do Alto Tietê, é possível detectar que as três cidades com o maior número são Guarulhos, Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba, respectivamente. Em comparação às instituições existentes nas outras RRAS da Região Metropolitana de SP, averiguou-se que a região com características mais semelhantes ao Alto Tietê é a RRAS 01 - Grande ABC. Foram realizadas análises para encontrar um padrão na proporção “instituições / pessoas com deficiência”. A região possui um total de 151.461 pessoas com deficiências visuais, auditivas e físicas – severas – e, atualmente, conta com 7 equipamentos de reabilitação; dos quais são realizados em média 47.325 atendimentos por mês. A partir desta linha de raciocínio, comprova-se que 31,24% do total de pessoas com deficiências severas, das modalidades citadas acima, são atendidas. Se este número for utilizado como referência para calcular os atendimentos no Alto Tietê, alguns pontos são pré-definidos:  Devido a demanda do município de Guarulhos representar quase a metade do Alto Tietê, fica estabelecido que deve haver pelo menos 1 (um) Centro de Reabilitação Especializado na cidade;  A outra porção da região do Alto Tietê deve conter pelo menos 1 (um) Centro Especializado em Reabilitação, que deverá ter caráter Regional, atendendo as cidades de Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Poá, Arujá, Santa Isabel, Biritiba-Mirim, Guararema e Salesópolis. Para o presente trabalho, será desenvolvido o projeto arquitetônico de caráter regional. Por essa razão, concluiu-se que a cidade de Mogi das Cruzes é a melhor opção para a implantação do projeto. O motivo principal da escolha deuse pela influência regional e de localização que a cidade tem sobre as demais cidades, além de ser a 2ª cidade com o maior número de pessoas com deficiência (dentro da região do Alto Tietê). 76


Mogi das Cruzes está situada à leste da Grande São Paulo, fazendo parte da Região Metropolitana da capital paulista. A cidade é o encontro dos pólos geradores de tráfego: São Paulo, Itaquaquecetuba, Arujá, Santa Isabel, Guararema, Rio de Janeiro, Biritiba-Mirim, Bertioga, Santos e Suzano, como representado no mapa ao lado. Devido a sua localização estratégica, é possível afirmar que o novo equipamento proposto estará situado em um local de fácil acesso e de caráter regional, devido a abrangência do território vizinho.

ACESSOS A MOGI DAS CRUZES

FONTE: PMMC, 2015.

Além das cidades do Alto Tietê, o Centro de Reabilitação pode ser utilizado por moradores do litoral e até mesmo da capital. 77




BRASIL > ESTADO DE SÃO PAULO > MICRORREGIÕES DE SP RMSP – REGIÃO METROPOLITANA DE SP > MOGI DAS CRUZES 80


Segundo a Prefeitura Municipal, Mogi das Cruzes está situada em local privilegiado na Região Leste da Grande São Paulo e é o principal polo econômico e populacional da região do Alto Tietê. A cidade é parte do mais importante corredor econômico do país, entre as regiões metropolitanas de Sâo Paulo e Rio de Janeiro. Em termos de logística, Mogi possui localização favorecida. A cidade é servida por três das principais rodovias paulistas: Ayrton Senna (SP-70), Presidente Dutra (BR-116) e Rio-Santos (SP-55), por meio da Mogi-Bertioga (SP-98). Conta ainda com uma malha ferroviária de transporte de passageiros e cargas, que servem ao parque industrial do município. Mogi está a menos de 50 quilômetros de São Paulo e próxima a regiões econômicas importantes, como o ABC Paulista, Vale do Paraíba e Baixada Santista. A cidade oferece ainda fácil acesso aos portos de Santos e São Sebastião e está próxima ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. Com território de 731 km² dividido administrativamente em oito distritos, conforme figura ao lado, sendo 208 km² de área urbana. Mogi das Cruzes ainda possui algumas características de cidades interioranas, , com um centro tradicional, praças centrais e uma variedade de tipos de bairros residenciais correspondendo a uma diversidade de classes sociais.

MAPA DE CONEXÕES

Santa Isabel

Guarulhos

Arujá

Guararema

Itaquaquecetuba Poá Ferraz de Vasconcelos Suzano

Mogi das Cruzes

Salesópolis

Biritiba Miriam

Org. pela autora. 81


FONTE: GOOGLE EARTH, 2016. Org. pela autora.

Hospitais Públicos 1. 2. 3. 4.

Hospitais Particulares

Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo Santa Casa de Misericórdia Hospital Municipal de Mogi das Cruzes UPA 24 horas Rodeio

1. 2. 3. 4. 5.

82

Hospital do Câncer Dr. Flavio Isaias Hospital Santana Hospital Ipiranga Hospital Biocor Hospital Mogi-Mater


FONTE: GOOGLE EARTH, 2016. Org. pela autora.

APMDFESP

AACD

ASETE

TRADEF

APAE

Trabalho de Apoio ao Deficiente

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

Ginásio de Paradesporto

GATEM

CERENE JMY

Clínicas de Fisioterapias

Associação dos Policiais Militares Portadores de Deficiência do Estado de São Paulo

Grupo Alto Tietê de Esclerose Múltipla

Associação de Assistência à Criança Deficiente

Centro de Reabil. Neurológica Joyce Mello Yamato

83

Associação Social para Educação e Tratamento dos Excepcionais


População residente – Total: 387.779 População residente sem nenhuma das deficiências investigadas – 306.800 (75,37%) População residente com pelo menos uma das deficiências permanentes investigadas – 80.954 (24,63%)

VISUAL 63.969 HABITANTES

AUDITIVA 16.161 HABITANTES FONTE: CENSO IBGE 2010

84

MOTORA 21.707 HABITANTES


CMAPD (Conselho Municipal para Assuntos da Pessoa com Deficiência) Estabelece diretrizes voltadas para a implementação de planos e programas de apoio às pessoas com deficiência física. Conselheiros podem sugerir medidas que assegurem o exercício da cidadania. COPEDE (Coordenadoria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida) A Coordenadoria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (COPEDE) foi criada na estrutura da Secretaria Municipal de Assistência Social, através da Lei nº 145/09 de 23 de dezembro de 2009, e tem como missão promover a inserção social e criar condições para uma melhor qualidade de vida da pessoa com deficiência. Trabalha para criar ações para habilitação ou reabilitação, de forma a promover a inserção social da pessoa com deficiência e uma melhor qualidade de vida, bem como para facilitar o ir e vir da pessoa com deficiência, através da adequação de escolas, serviços de saúde, transporte público, etc. Objetivos: 1) Desenvolver políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência, nas áreas de Empregabilidade, Educação, Saúde, Esporte e Lazer, Cultura e Acessibilidade; 2) Incluir socialmente as pessoas com deficiência, respeitando as necessidades próprias da sua condição e possibilitar acesso aos serviços públicos, aos bens culturais e artísticos e aos produtos decorrentes do avanço social, político, econômico, científico e tecnológico da sociedade contemporânea. Além dos tipos de assistência citados, existem alguns programas de benefícios, como:  Cartão de Estacionamento - Destina-se à autorização para estacionamento nas vagas especiais sinalizadas para pessoas com deficiência, devendo ser obedecidas as demais sinalizações e disposições legais.  Censo Inclusão - O CENSO irá oferecer oportunidade de subsidiar e orientar propostas de políticas públicas nos diversos setores da sociedade.  Rota Inclusiva - Visa orientar o planejamento com acessibilidade para melhoria de passeios, trajeto para o trabalho, entre outros.  Sou Consciente - trabalha a conscientização da população sobre a utilização indevida de vagas exclusivas para idosos e pessoas com deficiência em estacionamentos públicos e privados. O principal objetivo é alertar sobre a importância de respeitar a exclusividade das vagas.

85


86

PROXIMIDADE COM PÓLOS DE SAÚDE

CONEXÃO COM A AACD E GINÁSIO DE PARADESPORTO

CONDIÇÕES FAVORÁVEIS DE INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO

INTEGRAÇÃO COM UNIVERSIDADES

FÁCIL ACESSO

CONTATO COM A NATUREZA


Para definir o terreno de implantação, foram analisadas 3 áreas potenciais, que atendessem a maioria das premissas desejadas.

1

2

3

FONTE: GOOGLE EARTH, 2016 . Org. pela autora. 0

250

500

1000m

As áreas escolhidas estão em bairros vizinhos, localizadas em 3 das principais vias da região:

1

Rua Antonio de Almeida Bairro Vila Nova Mogilar

2

Av. Yoshiteru Onishi Bairro Vila Mogilar

87

3 Av. Francisco Rodrigues Filho Bairro Vila Mogilar


1

2

3

POTENCIALIDADES  Proximidade com equipamentos de saúde;  Ligação com a natureza (Rio Tietê e Serra do Itapeti);  Área de Fácil Acesso (Rodovias Mogi-Dutra e Mogi-Guararema, Estação Ferroviária e Rodoviária, Terminal Estudantes).

POTENCIALIDADES  Proximidade com equipamentos de saúde;  Topografia plana;  Proximidade com universidades;  Conexão visual com a Serra do Itapeti;  Fácil Acesso;  Área de Proteção Permanente do terreno = melhoria do microclima. POTENCIALIDADES  Ao lado da Rodoviária e interligado a Estação de Trens da CPTM Estudantes  Fácil Acesso  Proximidade com universidades;  Topografia plana.

88

x

x

x

FRAGILIDADES  Região com características de abandono, esquecida  Implantação de 1568 unidades habitacionais ao lado do terreno;  Solo alagadiço

FRAGILIDADES  Próximo ao novo empreendimento multifuncional = gerador de tráfego e ruído;  Tráfego intenso em horários específicos.

FRAGILIDADES  Tráfego intenso de veículos e pessoas em horários específicos;  Ruídos provenientes dos trens;  Contato visual com as plataformas da estação, gerando desconforto para os usuários;  Necessidade de desapropriação do terreno e demolição das construções existentes;  Poluição sonora e do ar.


O terreno de número 2 foi escolhido, pois foi a opção que melhor atendeu à todos os requisitos:  CONTATO COM A NATUREZA A densa vegetação existente no terreno, cuja área é de aproximadamente 9.500 m², proporciona aos usuários e ao entorno um grande “respiro” em meio a grande densidade urbana e construtiva. O terreno também é favorecido pela proximidade com o Parque Centenário da Imigração Japonesa, a 1,5km.

 FÁCIL ACESSO O local é privilegiado e bem atendido tanto por vias de acesso quanto por transporte público. Está próximo ao Terminal Estudantes, à Estação de Trem Estudantes da CPTM (linha coral), à Rodoviária Intermunicipal Geraldo Scavone e possui vias de ligação com as Rodovias Pedro Eroles (Mogi-Dutra), Henrique Eroles (Mogi-Guararema) e Professor Alfredo Rolim de Moura (Mogi-Salesópolis).  INTEGRAÇÃO COM UNIVERSIDADES A proximidade com as universidades UMC e UBC beneficiam o Núcleo de Ensino e Pesquisa;  CONDIÇÕES FAVORÁVEIS DE INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO A existência da vegetação proporciona, ainda, melhoras na qualidade do ar e causam conforto térmico.  CONEXÃO COM O GINÁSIO DE PARADESPORTO E AACD Os dois equipamentos estão a aproximadamente 2km do terreno escolhido.  PROXIMIDADE COM PÓLOS DE SAÚDE Por tratar-se de um equipamento cujo atendimento é ambulatorial, os casos de maior complexidade que necessitarem de internação podem ser feitos no Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, sem perder a conexão com o Centro de Reabilitação. As situações que demandarem um atendimento de complexidade intermediária, podem ser supridas com a Unidade de Pronto Atendimento - Rodeio, localizada a aproximadamente 2km.

89




FONTE: GOOGLE EARTH, 2016 . Org. pela autora.

Localização: Brasil – São Paulo – Mogi das Cruzes – Vila Mogilar

92


O terreno é localizado em uma área central de Mogi das Cruzes, que desde 2008 vem passando por um processo de desenvolvimento, com valorização acima da média comparada a outras regiões da cidade. Muitos empreendimentos residenciais e comerciais ocuparam os terrenos disponíveis que haviam na área e, devido à excepcional localização, são comercializados instantaneamente. O terreno compreende-se em uma área de centralização de equipamentos institucionais, onde estão as universidades Braz Cubas e UMC, Ginásio Municipal de Esportes, Centro Municipal de Formação Pedagógica de Mogi das Cruzes (CEMFORPE), Centro de Iniciação Profissional (CIP), Tiro de Guerra, entre outros. Somado a essa localização indiscutivelmente privilegiada, podemos destacar a facilidade de acesso, pois o terreno é situado na Rua Yoshiteru Onishi, uma via coletora que conduz o fluxo para uma das vias mais importantes da cidade, a Avenida Francisco Rodrigues Filho. Esta avenida corta todo o bairro do Mogilar paralelamente à linha de trens da CPTM Coral (linha 9), dá acesso ao bairro Cesar de Souza, passando pelo bairro Vila Suissa, até mais a frente torna-se a Rodovia Henrique Eroles, a qual interliga o município de Mogi das Cruzes a Guararema, e em sucessão a Jacareí e São José dos Campos. Já a via onde o terreno do projeto faz frente, R. Yoshiteru Onishi, é considerada uma das principais vias de acesso a Mogi das Cruzes, especificamente para o fluxo vindo da Rodovia Mogi-Dutra e perimetral. Nesta rua é presente um curso d’água perene, conhecido como Córrego do Lavapés, cuja retificação foi feita em 2009, juntamente com a duplicação da via. A rua é arborizada e equipada com ciclovia. A menos de 150 metros fica a estação rodoviária intermunicipal Geraldo Scavone, ao lado da estação de trem Estudantes da CPTM. Cruzando a linha férrea, encontrase o Terminal Estudantes. O local tem acesso favorecido e facilitado a todos, inclusive para moradores de outras cidades e de todos as classes sociais, pois é possível ter acesso tanto por transporte público – como trens e ônibus – como por veículos próprios. O terreno escolhido para a implantação do projeto era ocupado antigamente pelo Depósito Municipal para Obras (Demapo), e foi vendido anos atrás para o Grupo JSL. Trata-se de uma área de aproximadamente 70.000m², atualmente sem uso, entre a Avenida Francisco Rodrigues Filho até a Masuzo Naniwa, ladeando o Ginásio Municipal de Esportes. O imóvel foi desmembrado em duas partes, sendo a primeira com frente para a Rodrigues Filho e avançando até a altura de onde fica a curva da Avenida Ismael Alves dos Anjos. Está aprovado pela Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes a implantação de um empreendimento de uso multifuncional na fração do terreno que faz frente com o Terminal Rodoviário Geraldo Scavone. Como contrapartida, foi doada uma faixa do terreno, cuja área é de 2.000m², para a Prefeitura. Nesta faixa destinada para a Administração Municipal haverá a abertura de uma nova via, para que a Avenida Ismael Alves dos Santos possa ter um prolongamento em linha reta, chegando até a Yoshiteru Onishi, prevendo uma via de mão única, com 18 metros de largura, no sentido da Yoshiteru para a Ismael. Neste ponto, foi separada a faixa de dois mil m² doada para a Prefeitura. Na sequência, vem a segunda parte do terreno que chega até a Rua Masuzo Naniwa. É nesta segunda fração que o projeto será implantado, com área total de aproximadamente 42.000m².

93


2005

Em 2005, a área ainda estava em processo de crescimento e desenvolvimento, poucas edificações verticais e a área de projeto com seu antigo uso.

2010

Com o passar dos anos, a região vai sendo ocupada por condomínios residenciais verticais, à leste da área de projeto. Os espaços vazios se tornam escassos.

2016

Atualmente, a área é bem desenvolvida e consolidada, considerada uma das regiões mais centralizadoras da cidade. Os edifícios residenciais verticais tomam toda a área à leste do terreno de projeto. 94


1

2 3

4 5

9

7 6

10 20

8 11 12

14

13

16

15 19

18

17 FONTE: GOOGLE EARTH, 2015. ORG. PELA AUTORA.

1 – AACD 2 – CENTRO DE PARADESPORTO 3 – UPA 24 HORAS 4 – FATEC 5 – PRO MULHER 6 – HOSPITAL DAS CLÍNICAS 7 – MERCADO PRODUTOR

8 – CIP 9 – CEMFORPE 10 – ESCOLA DO GOVERNO E GESTÃO 11 – GINÁSIO MUNICIPAL 12 – UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS 13 – TIRO DE GUERRA

14 – TERMINAL RODOVIÁRIO 15 – TERMINAL ESTUDANTES 16 – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES 17 – FÓRUM MUNICIPAL 18 – MOGI SHOPPING 95

19 – PREFEITURA MUNICIPAL 20 – PQ. CENTENÁRIO ÁREA DE PROJETO


Utilizou-se da análise de Raios de Abrangência para identificar quais equipamentos colaboram diretamente com o Centro de Reabilitação dentro das distâncias de 500, 1.000 e 1.500 metros. Os principais equipamentos encontrados são de educação, saúde e transporte, além do auditório CEMFORPE e o Parque Centenário.

Raio de 500 metros

Raio de 1.000 metros

Raio de 1.500 metros

Terminal Rodoviário Geraldo Scavone

Estação Estudantes

Ginásio de Paradesporto

Universidade Braz Cubas

Universidade de Mogi das Cruzes

AACD

Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo

UPA Rodeio

Estação CPTM Estudantes Linha Coral Auditório CEMFORPE

Parque Centenário

Área de Projeto

96


0 97

250

500

1000m


1

1 2

4

3 5

2

FONTE: GOOGLE EARTH, 2015. ORG. PELA AUTORA.

4

3 FONTE DAS IMAGENS: ACERVO PESSOAL..

98


5


Analisando o uso e ocupação do solo nas proximidades da área de estudo, é possível verificar que não há predominância de um determinado uso, ou seja, é uma área com ocupações muito diversificadas. Pode-se identificar a presença de muitos equipamentos institucionais – destinados à saúde, educação, esporte, profissionalização, etc – o que torna essa área centralizada e muito diferente da realidade de outras regiões da cidade.

ÁREA DE PROJETO RESIDENCIAL MISTO COMÉRCIO/SERVIÇO INSTITUCIONAL GRANDES EQUIPAMENTOS ÁREA NÃO OCUPADA PRAÇA/ÁREA VERDE CURSO D’ÁGUA PERENE

0 100

200

500m FONTE: ELABORADO PELA AUTORA.

100


As construções do entorno da área também são diversificadas. Contudo, há homogeneidade nas áreas com alturas diferentes, de forma que as edificações com gabaritos semelhantes se agrupam, tornando clara a divisão de alturas na área. As edificações de menor altura são presentes em sua maioria a oeste da área de intervenção, região residencial do bairro Vila Mogilar, que em sua maioria são térreas. Enquanto as edificações maiores estão presentes a leste. Outro fator que implica na qualidade desta região é que estes prédios não apresentam relações entre eles e nem com os pedestres. É como se estivessem “fechados para si”.

ÁREA DE PROJETO ATÉ 2 PAVIMENTOS DE 3 A 5 PAVIMENTOS ACIMA DE 6 PAVIMENTOS ÁREA NÃO OCUPADA PRAÇA/ÁREA VERDE CURSO D’ÁGUA PERENE

0 100

200

500m FONTE: ELABORADO PELA AUTORA.

101


Através do mapa de áreas ocupadas e áreas livres – também conhecido como “cheios e vazios” – podemos identificar que a predominância de cheios sobre os vazios acontece somente a sudoeste do terreno, no bairro Vila Mogilar, onde a maior parte da ocupação é feita por residências térreas. Nas outras áreas onde o vazio prevalece, há dois motivos: na área central do mapa, há uma grande concentração de equipamentos institucionais. E a leste do terreno, há predomínio de edifícios verticais, tornando a área ocupada menor que a permeabilidade do solo.

ÁREA DE PROJETO

ÁREA OCUPADA ÁREA LIVRE - PÚBLICA ÁREA LIVRE - PARTICULAR PRAÇA/ÁREA VERDE CURSO D’ÁGUA PERENE

0

100 200

500m FONTE: ELABORADO PELA AUTORA.

102


A área de implantação possui acesso a importantes vias do município, como a Avenida Yoshiteru Onishi e a Avenida Francisco Rodrigues Filho, ambas com função de via arterial, sendo a última o início da rodovia que liga Mogi das Cruzes ao município de Guararema. A Avenida Yoshiteru e a Avenida Prof. Carlos Ferreira Lopes distribuem o fluxo vindo da via perimetral (consequentemente, da ligação com oeste do Alto Tietê – Suzano – Itaquaquecetuba – Poá – Ferraz de Vasconcelos -, e da rodovia Mogi-Dutra), para o centro da cidade. A Avenida Antonio de Almeida é uma importante via coletora, pois faz a ligação com o Bairro Rodeio. A localização em relação a tais vias evidencia a posição privilegiada da área, não apenas no âmbito municipal, como também regional, permitindo o acesso de moradores de toda a região do Alto Tietê e municípios vizinhos.

ÁREA DE PROJETO ESTAÇÃO RODOVIÁRIA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA PONTO DE ÔNIBUS

VIA ARTERIAL VIA COLETORA LINHA FÉRREA PRAÇA/ÁREA VERDE

0

100 200

500m FONTE: ELABORADO PELA AUTORA.

103


Como característica da cidade, a região possui clima subtropical úmido, tendo como principal particularidade a grande variabilidade de temperatura. Especificamente na região em que será implantado o projeto, há mais umidade, devido a presença do Rio Tietê e sua Mata Ciliar, de onde se origina o Córrego Lavapés. Devido a sua proximidade com o terreno, é necessário haver um recuo de 30m de sua margem. O terreno possui uma topografia plana em toda sua extensão e todas as faces dele sofrem com forte incidência solar, porém a densa vegetação existente, que ocupa boa parte do terreno, pode contribuir para um sombreamento favorável à edificação e ainda criar um microclima. Os ventos predominam da região sudeste, beneficiando a ventilação no sentido longitudinal. Com relação a paisagem, o terreno tem contato visual, ao Norte, com a Serra do Itapeti.

FONTE: ELABORADO PELA AUTORA.

ORIENTAÇÃO SOLAR

VENTOS PREDOMINANTES

VEGETAÇÃO NATIVA

CÓRREGO LAVAPÉS 104


POTENCIALIDADES USO DO SOLO

GABARITO DE ALTURAS

CHEIOS E VAZIOS

SISTEMA VIÁRIO

CONDICIONANTES FÍSICAS

FRAGILIDADES

- Ocupação diversificada; - Maior concentração de equipamentos institucionais comparados com outras Regiões da cidade, que servem de apoio ao Centro;

- Grande densidade urbana; - Residências e Equipamentos Institucionais geram tráfego intenso em horários específicos;

- No entorno imediato, não há edificações que se tornem barreiras para o contato visual com a Serra do Itapeti;

- Analisando uma distância maior, ao leste do terreno, percebe-se a predominância de edifícios verticais residenciais, que não estabelecem relação entre si e com os transeuntes;

- Devido a proximidade com a Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Tietê, há muitas áreas livres;

- Conexão com vias que dão acesso a cidade, provenientes de cidades vizinhas; - Nova via, cuja construção é de responsabilidade do Grupo JSL, distribuirá melhor o fluxo nos horários de maior tráfego; - Contato visual ao Norte com a Serra do Itapeti; - Área de Proteção Permanente no interior do terreno traz condições favoráveis ao microclima; - Topografia plana; 105

- O terreno proposto é uma das poucas áreas da região sem ocupação;

- Priorização do automóvel ao pedestre; - Em horários específicos de maior tráfego, as vias congestionam e dificultam o acesso;

- Córrego dos Lavapés ao Leste requer um recuo lateral maior e diminui a área passível de construção;


O anexo VII da Legislação de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo de Mogi das Cruzes, o qual define as categorias e subcategorias de zonas em que se subdividem as áreas do município, classifica a área de intervenção como pertencente à Zona Institucional 1 (ZI-1), que estabelece o seguinte como funções:  Características da zona: “Comporta usos institucionais de perfil diversificado e usos residenciais, neste caso com restrições a categorias de menor porte, admitidos usos seletivos das categorias de comércio e serviços e especial”; Os índices urbanísticos estabelecidos para esta zona são os

seguintes:  To (taxa de ocupação) – 40%  Io (coeficiente de aproveitamento) – 4,00  Ie (índice de elevação) – 10  L.M. (lote mínimo) – 250m²  Testada – 12m  Rf (recuo frontal) – 5m  Rl (recuo lateral) – 1,50m  Rd (recuo dianteiro) – 1,50m

 TP (taxa de permeabilidade) 30% FONTE: Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes, 2016.

106


Metragens quadradas do projeto Área do lote: 35.174 m² Área Construída

8.454,96 m²

Área Ocupada

7.994,88 m²

Área Permeável

15.677,87 m²

Índice

Permitido

Obtido em Projeto

To (taxa de ocupação)

40%

23%

Io (coeficiente de aproveitamento)

4,00

0,24

Ie (índice de elevação)

10

1,05

L.M. (lote mínimo)

250

-

Testada

12,00 m

136,42 m

Recuo Frontal

5,00 m

21,00 m

Recuo Lateral

1,50 m

4,00 m

Recuo Dianteiro

1,50 m

15,00 m

30%

44,57%

Taxa de Permeabilidade

107


Valorização da paisagem

Possibilidade de realização de atividades em conjunto com outros equipamentos públicos (CEMFORPE)

Geração de empregos na região

Geração de tráfego intenso em horários específicos

Possibilidade de realização de atividades em conjunto com outros equipamentos públicos (Ginásio de Esportes)

Qualificação do espaço público e coletivo Aumento da demanda de ônibus no Terminal Rodoviário Intermunicipal

Atração do público proveniente das universidades

Aumento da demanda de trens metropolitanos Atração do público proveniente das universidades

Aumento da demanda de ônibus no Terminal Rodoviário Municipal

0

100

200

500m

108

ÁREA DE PROJETO



Todo o projeto baseia-se na ideia de promover a reintegração social de cada paciente. Projetar um espaço que pudesse garantir o conforto e bem-estar dos usuários, com o objetivo da arquitetura fazer parte do processo terapêutico. Além disso, trazer a comunidade e pedestres para o edifício evidencia a importância de uma inclusão inversa, onde há participação direta ou indireta. Uma das principais premissas do projeto é garantir aos pacientes o sentimento de pertencimento e acolhimento, para que eles sintam parte do espaço, assim como o espaço deve ser sentido como parte deles. Conceitualmente, o edifício está inserido em um local que favorece a inclusão das pessoas com deficiência, devido sua centralidade e fácil acesso. Porém, o local é envolvido por uma alta densidade construtiva, trânsito e poluição sonora. Portanto, o projeto para o Centro de Reabilitação Física e Sensorial tem a função de refúgio, com o objetivo de recuperar capacidades físicas, sensoriais, mentais e até da paisagem. A proposta visa a integração entre as áreas internas (humanização funcional) e áreas externas (espaço urbano), preservando o contato do paciente com a natureza através do bosque proposto, em decorrência da densa vegetação existente. Além disso, deve-se buscar ao máximo o contato visual com a Serra do Itapety. Como partido, utiliza-se uma praça de acesso como ponto de encontro da região, que convida as pessoas a permanecerem no local. Para assegurar maior permeabilidade do solo, o edifício é elevado a 0,80m. Propõe-se uma solução linear térra, implantada no sentido longitudinal do terreno. A integração entre ambiente interno e externo ocorre por meio de pátios internos. Na ausência de uma paisagem exterior que colaborasse com a permanência dos pacientes, cria-se uma sequência de paisagem interior, com seus respectivos pátios, ora jardim, ora espelho d'água; de função contemplativa, paisagística e de controle térmico. Para que haja apreciação da Serra do Itapety, apresenta-se um terraço jardim, que pode ser utilizado tanto pelos usuários do Centro como pela comunidade. A preservação da vegetação existente cria um microclima que favorece o conforto térmico, além de ser o cenário para a realização de atividades ao ar livre.

110


111


Para elaborar o programa de necessidades e pré dimensionar suas respectivas áreas, utilizou-se da RDC 50, Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, Diretrizes da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, Manual de Ambiência dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e das Oficinas Ortopédicas e Estudos de Casos.

Grupo

Quantidade

Área por unid. - m²

Área Total

Consultório Diferenciado (Otorrinolaringologia)

1

12,50

12,50

Sala de Atendimento Individualizado com Cabine de Audiometria (Sala com Cabine Acústica, Campo Livre, Reforço Visual e Equipamentos para Avaliação Audiológica

1

16,00

16,00

Sala para Exame Complementar - Potencial Evocado Auditivo (EOA - emissões otoacústicas) e BERA

1

10,00

10,00

1

10,00

10,00

Terapia Fonoaudiológica Infantil

1

10,00

10,00

Terapia Fonoaudiológica Adulto

1

10,00

10,00

Ambiente

Área Especializada em Deficiência Auditiva Sala de Atendimento Individualizado (Sala com equipamentos especificos para seleção e adaptação de AASI - Aparelho de amplifcação sonora individual)

Área Grupo (m²)

112

68,50


Grupo

Ambiente Consultório Diferenciado (Oftalmológico)

Sala de Atendimento Individualizado (Laboratório de Área Prótese Ocular) Especializada em Deficiência Visual Consultório Indiferenciado (Sala de Orientação de Mobilidade) Consultório Indiferenciado (Sala de Orientação para uso funcional de recursos de baixa visão)

Quantidade

Área por unid. - m²

Área Total

1

15,00

15,00

1

5,00

5,00

1

20,00

20,00

1

12,00

12,00

Área Grupo (m²)

52,00

Quantidade

Área por unid. - m²

Área Total

Consultório Diferenciado (Fisiatria, Ortopedia e Neurologia)

3

12,50

37,50

Sala de Preparo de Paciente (consulta de emferm., triagem, biometria)

1

12,50

12,50

1

150,00

150,00

4

8,00

32,00

Piscina - Hidroterapia

1

280,00

280,00

Vestiário

2

15,00

30,00

Eletromiograma

1

20,00

20,00

Urodinamica

1

20,00

20,00

Grupo

Ambiente

Área Salão para Cinesioterapia e Mecanoterapia (Ginásio) Especializada em Deficiência Física Box de Terapias (eletroterapia)

Área Grupo (m²)

113

582,00


Grupo

Ambiente

Quantidade

Sala de triagem médica e/ou de enfermagem (Sala de

32,00

5

12,50

62,50

1

80,00

80,00

2

20,00

40,00

2

20,00

40,00

2

12,00

24,00

2

12,00

24,00

1

20,00

20,00

3

20,00

60,00

Sala de Reunião

1

15,00

15,00

Áreas de Convivência Interna

1

80,00

80,00

Enfermaria

1

37,50

37,50

Lanchonete

1

85,00

85,00

Musicoterapia

1

80,00

80,00

Ateliê de Artes Infantil

1

80,00

80,00

Ateliê de Artes Adulto

1

80,00

80,00

Sala de cursos para pais/ tutores

2

40,00

80,00

Sala de apoio pedagógico

1

20,00

20,00

Quadra Poliesportiva

1

800,00

800,00

Farmácia

1

50,00

50,00

Interdisciplinar para avaliação clínico-funcional) Área de Prescrição Médica (Átrio com bancada de trabalho coletiva) Consultório Indiferenciado (Sala de atendimento terapêutico em grupo infantil) Consultório Indiferenciado (Sala de atendimento terapêutico em grupo adulto) Consultório Indiferenciado (Sala de atendimento terapêutico em grupo infantil) Consultório Indiferenciado (Sala de atendimento

R eabilitação

Área Total

8,00

Consultório Indiferenciado (Consultório

Ár ea Comum

unid. - m²

4

Triagem)

de Habilitação/

Área por

terapêutico em grupo adulto) Consultório Indiferenciado (Sala de Estimulação Precoce) Consultório Indiferenciado (Sala de Atividade de Vida Prática - AVP)

Ár ea Gr upo (m²) 114

1790,00


Grupo

Ensino e Pesquisa

Ambiente

Quantidade

Área por unid. - m²

Sala de Aula

3

26,00

78,00

Sala de Pesquisas

1

20,00

20,00

Sala de Professores

1

30,00

30,00

Sala de Reunião

1

30,00

30,00

Sala de Estudos / Informática

1

50,00

50,00

Secretaria

1

12,00

12,00

Biblioteca

1

100,00

100,00

Auditório

1

300,00

300,00

Sanitários

2

15,00

30,00

Ár ea Gr upo (m²)

Grupo

Oficina Or topédica

Área Total

Ambiente

650,00

Quantidade

Área por unid. - m²

Área Total

Loja Ortopédica

1

40,00

40,00

Sala de Atendimento Individualizado (Sala de Provas)

1

15,00

15,00

Sessão de Tomada de Moldes

1

15,00

15,00

Sessão de Gesso

1

15,00

15,00

Sessão de Termomodelagem

1

15,00

15,00

Sessão Montagem de Prótese

1

15,00

15,00

Sessão Montagem de Órtese

1

15,00

15,00

1

15,00

15,00

Sessão de selaria, tapeçaria, costura e acabamento

1

15,00

15,00

Sala do setor administrativo

1

10,00

10,00

Sessão de adaptação e manutenção de cadeira de rodas, de solda e trabalho com metais

Ár ea Gr upo (m²) 115

170,00


Grupo

Ambiente

Quantidade

10,00

20,00

Fraldário

1

4,00

4,00

Sala de Espera/Recepção

1

80,00

80,00

2

15,00

30,00

1

20,00

20,00

Sala de Arquivo

1

15,00

15,00

Sala do Setor Administrativo

3

15,00

45,00

Depósito de Material de Limpeza (DML)

1

4,00

4,00

Copa/refeitório

1

25,00

25,00

Sala de Armazenamento Temporário de Resíduos

1

4,00

4,00

Repouso funcionários

1

50,00

50,00

(femino e masculino)

Ár ea Gr upo (m²)

Grupo

Ambiente

297,00

Quantidade

Área de Convivência Externa

Área por unid. - m²

Área Total

1

80,00

80,00

1

21,00

21,00

1

21,00

21,00

Estacionamento (descoberto)

62

-

1300,00

Circulação interna (30%)

1

1479,75

1479,75

Área externa para embarque e desembarque de veículo adaptado Ár ea Exter na

Área Total

2

Administr ativo Almoxarifado e R ecepção

unid. - m²

Sanitário Independentes (femino e masculino)

Sanitário/Vestiário para funcionários independentes Apoio

Área por

Área externa para embarque e desembarque de ambulância

Ár ea Gr upo (m²)

2901,75

Área Total (m²)

6511,25

116


Considerando que o Centro de Reabilitação Física e Sensorial possui carga horária semanal de 60 horas, cujo funcionamento ocorre de segunda a sexta-feira, das 07:00h às 19:00h – sua capacidade diária é de 884 atendimentos diários, totalizando 4.420 atendimentos semanais e 19.448 atendimentos mensais. Para se obter estes números, foram considerados a equipe de profissionais, as atividades que podem ser realizadas no Centro e suas respectivas áreas, a duração média de cada consulta/terapia e a quantidade de pacientes atendidos em cada sessão( individual ou em grupo). Os parâmetros utilizados para compor a equipe de profissionais multidisciplinares e suas respectivas cargas horárias foram retirados das Diretrizes para Tratamento e Reabilitação/Habilitação de Pessoas com Deficiência Física, Auditiva e Visual ( Ref. Portaria GM 793 de 24 de abril de 2012 e Portaria GM 835 de 25 de abril de 2012).

É importante ressaltar que a capacidade de atendimento não se restringe à quantidade de usuários, uma vez que, nestes tipos de estabelecimentos assistencias de saúde, o mesmo usuário/paciente pode realizar mais de uma terapia por dia. Para compreender melhor o cálculo, considerou-se os setores de cada deficiência separadamente, esclarecidos a Área Especializada em Deficiência Auditivo | 88 atendimentos/dia seguir: Equipe

Car ga Hor ár ia/S emana

Qtde. de Pr ofissionais/S emana Reco m en d ação Mi n i stéri o d a S aú d e

Otorrinolaringologista

20h

3

Fonoaudiólogo

30h

8

Pedagogo

40h

1

Setor de Atendimento - Terapia | Profissionais - Fonoaudiólogo Tempo de Duração por Terapia - 60 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

Fonoaudiologia

8

64

Pedagogia

1

8

Total: 64 Terapias/Dia Setor de Atendimento - Consultas | Profissionais - Médicos Tempo de Duração por Consulta - 30 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

3

24

Otorrinolaringologia

Total: 24 Consultas/Dia 117


Área Especializada em Deficiência Física | 288 atendimentos/dia

Equipe

Car ga Hor ár ia/S emana

Quantidade de Pr ofissionais/S emana Recom endação

Fisiatra

20h

3

Ortopedista

20h

3

Neurologista

20h

3

Enfermeiros

30h

2

Fisioterapeutas

30h

8

Técnicos de Exames

30h

2

Setor de Atendimento - Terapias | Profissionais - Fisioterapeutas Tempo de Duração por Sessão - 60 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

Cinesioterapia

8

96

Box de Terapia

4

48

6

72

Hidroterapia

Total: 216 Terapias/Dia Setor de Atendimento - Consultas | Profissionais - Médicos Tempo de Duração por Consulta - 30 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

Fisiatria

3

24

Ortopedia

3

24

3

24

Neurologia

Total: 72 Consultas/Dia

118


Área Especializada em Deficiência Visual | 96 atendimentos/dia

Equipe

Car ga Hor ár ia/S emana

Qtde. de Pr ofissionais/S emana Reco m en d ação Mi n i stéri o d a S aú d e

Oftalmologista

20h

3

Técnico Oftálmico

40h

1

Protético Ocular

40h

1

Técnico de Mobilidade

30h

2

Pedagogo

40h

1

Setor de Atendimento - Exames e Terapias | Profissionais - Técnicos Tempo de Duração por Sessão - 60 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

Laboratório de Prótese Ocular

1

12

Orientação de Mobilidade

2

24

Orientação para uso de recursos de baixa visão

1

12

Total: 48 Terapias/Dia Setor de Atendimento - Tratamento | Profissionais - Pedagogos Tempo de Duração por Consulta - 60 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

3

24

Pedagogia

Total: 24 Tratamentos/Dia Setor de Atendimento - Consultas | Profissionais - Médicos Tempo de Duração por Consulta - 30 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

3

24

Oftalmologia

Total: 24 Consultas/Dia

119


Área Comum de Reabilitação/Habilitação | 412 atendimentos/dia Equipe

Car ga Hor ár ia/S emana

Qtde. de Pr ofissionais/S emana Reco m en d ação Mi n i stéri o d a S aú d e

Nutricionista

30h

2

Psicólogo

30h

2

Assistente Social

30h

2

Neuropsiquiatra

30h

2

Terapeuta Ocupacional - Adulto

30h

4

Terapeuta Ocupacional - Infantil

30h

4

Terapeuta para Atividade de Vida Prática

40h

3

Terapeuta para Musicoterapia

40h

1

Educador Físico

40h

2

Setor de Atendimento - Terapias | Profissionais - Variados Tempo de Duração por Sessão - 60 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

Terapia Ocupacional Adulto - Grupo de 5 pessoas

4

120

Terapia Ocupacional Infantil - Grupo de 5 pessoas

4

120

Musicoterapia - Grupo de 5 pessoas

1

40

Total: 280 Terapias/Dia Setor de Atendimento - Terapias | Profissionais - Variados Tempo de Duração por Sessão - 120 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

Sala de Atividade de Vida Prática (AVP)

3

12

Atividades ao Ar Livre

2

40

Total: 52 Terapias/Dia Setor de Atendimento - Consultas | Profissionais - Variados Tempo de Duração por Consulta - 45 minutos Atividade

Nº de Pr ofissionais/Dia

Atendimentos/Dia

10

80

Avaliação clínico-funcional

Total: 80 Consultas/Dia 120


121


ACESSO SECUNDÁRIO

ACESSO PRINCIPAL

RECEPÇÃO

ACESSO TERCIÁRIO

ESTACIONAMENTO

SETOR ADM

AUDITÓRIO

TRIAGEM

CIRCULAÇÃO TÉCNICA

CIRCULAÇÃO ÁREA DEF. FÍSICA

CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO

CONVIVÊNCIA INTERNA

ÁREA DEF. VISUAL ÁREA DEF. AUDIT.

CIRCULAÇÃO

ENSINO E PESQUISA

OFICINA ORTOPÉDICA

EQUIPE SERVIÇOS

CIRCULAÇÃO VERTICAL

TERAPIAS

BOSQUE

ATIVIDADES AO AR LIVRE

CIRCULAÇÃO

ACESSO COMUM ACESSO RESTRITO 122

QUADRA POLIESPORTIVA

TERRAÇO JARDIM

CARGA E DESCARGA


123


PROPOSTA 1

Pontos Positivos: - Contato com o bosque - Contemplação da paisagem

Pontos Negativos: - Estacionamento mal posicionado - Pouca visibilidade da fachada

TERAPIAS CONSULTÓRIOS RECEPÇÃO ADM/ENSINO E PESQUISA CONVIVÊNCIA EXTERNA

SEM ESCALA

124


PROPOSTA 2 Pontos Positivos: - Contemplação da paisagem (Serra do Itapety) - Boa visibilidade da fachada (pela rua projetada)

Pontos Negativos: - Necessidade de desmatar uma parte da vegetação existente - Acesso de veículos pela via de mais movimento TERAPIAS CONSULTÓRIOS RECEPÇÃO ADM/ENSINO E PESQUISA CONVIVÊNCIA EXTERNA

SEM ESCALA

125


PROPOSTA 3

Pontos Positivos: - Boa visibilidade da praça - Consultórios e Terapias com contato direto com o bosque - Sem necessidade de desmatar a vegetação - Contemplação da paisagem Pontos Negativos: - Estacionamento na fachada - Pouca visibilidade do edifício pela - Avenida Yoshiteru Onishi

TERAPIAS CONSULTÓRIOS RECEPÇÃO ADM/ENSINO E PESQUISA CONVIVÊNCIA EXTERNA

SEM ESCALA

126


PROPOSTA FINAL Pontos Positivos: - Mais interação das terapias com o bosque - Sem necessidade de desmatar vegetação - Boa visibilidade da fachada (Av. Yoshiteru Onishi)

- Estacionamento na via de menos movimento - Melhor aproveitamento da insolação Pontos Negativos: - Área ocupada maior que o necessário - Implantação no sentido que não favorece a contemplação da Serra do Itapety

TERAPIAS CONSULTÓRIOS RECEPÇÃO ADM/ENSINO E PESQUISA CONVIVÊNCIA EXTERNA

SEM ESCALA

127


PROGRAMA

DIVISÃO EM BLOCOS

PÁTIOS INTERNOS

Área necessária para abrigar o programa.

Propõe-se um conjunto dividido em 3 blocos, que garante a fluidez e a boa circulação no edifício, dividindo cada bloco de acordo com sua função.

Adoção de pátios internos, ora espelho d’água, ora jardim; alternando as áreas de esperas e salas de atendimentos e terapias. Os pátios e os jardins do edifício permitem uma vasta incidência de luz natural durante o dia.

128


BLOCO A

DIAGNÓSTICO

BLOCO B

ENSINO E PESQUISA / OFICINA ORTOPÉDICA

BLOCO C

TERAPIAS

129


O atendimento de saúde pressupõe a busca por uma condição de equilíbrio físico/mental, seja de maneira preventiva, ou através de tratamento corretivo. Desta maneira, um edifício que suporta as atividades previstas para um Centro de Reabilitação Física e Sensorial deve garantir um ambiente com elevado grau de conforto térmico, acústico e visual, tanto aos profissionais quanto aos usuários, sejam eles pacientes ou acompanhantes, que na maioria das vezes, passam boa parte do tempo nesses locais. Localizado em Mogi das Cruzes, na esquina da Avenida Yoshiteru Onishi com a prolongação da Rua Ismael Alves dos Anjos (via projetada), o terreno do Centro de Reabilitação Física e Sensorial é plano e privilegiado pela proximidade à Serra do Itapety, o que lhe confere uma paisagem deslumbrante. A criação de um Centro de Reabilitação Física e Sensorial organizada a partir de blocos com pátios internos se apoia em uma estratégia projetual com dois focos de qualificação: o externo (espaço urbano) e o interno (humanização funcional). Devido ao fato de que, no local onde o projeto está implantado, há presença de lençois freáticos altos, a primeira premissa norteadora da proposta foi elevar o edifício a 0,80m da cota original (+0,15), garantindo maior permeabilidade do solo. Em contraposição ao modelo de espaços essencialmente funcionais e assépticos, propõe-se amplos espaços coletivos permeados por pequenos pátios, ora espelho d’água, ora jardim; que garantem uma arquitetura bioclimática. A iluminação e ventilação natural são primordiais para a construção de ambientes mais humanos nos quais a arquitetura também possui um papel ativo no processo de recuperação da saúde. A tipologia horizontal é adequada às atividades requeridas e à acessibilidade universal, além de se aproximar à dimensão humana pretendida. Sua implantação predominantemente linear ocorre no sentido longitudinal do terreno, orientada no eixo Norte-Nordeste/Sul-Sudeste. Propõe-se um conjunto, organizado em três blocos, que se divide entre as funções de atendimentos/consultas, núcleo de ensino e pesquisa, oficina ortopédica e terapias. A configuração do acesso se dá por meio de uma grande praça de chegada que atinge o edifício de maneira permeável e democrática. A correta inserção do projeto no espaço urbano é também um fator essencial para a construção de uma unidade de reabilitação mais humana, na medida em que se abre para a cidade e propicia a inclusão social, além de ter a possibilidade de se tonar uma marco referencial na região. Dessa maneira o projeto abre oportunidades para o convívio social. Dois eixos de circulação, originários dos 3 acessos, articulam o fluxo entre os diferentes usuários – pacientes, profissionais da saúde e estudantes. O primeiro eixo é traçado pelo fluxo entre o acesso principal e o acesso terciário, onde está o estacionamento. Já o segundo eixo, perpendicular ao primeiro, tem duas funções: dar acesso aos usuários vindos da rua projetada e convidar os pedestres à adentrar no conjunto, proporcionando a inclusão inversa. No fim deste segundo eixo há uma deck para permanência dos acompanhantes de pacientes e um acesso, por meio de rampa, ao terraço jardim. Este é um espaço onde há contato visual com o bosque e a Serra do Itapeti, aproximando tais elementos naturais ao projeto e propiciando sua contemplação. Este ambiente é caracterizado por sua dupla função, pois da mesma forma que assume papel de mirante, pode abrigar os pacientes para a realização de atividades ao ar livre. 130


A opção por dividir o conjunto em blocos teve a função de separar os diversos usos do equipamento e assegurar aos usuários maior facilidade de orientação dentro do edifício. O primeiro bloco é destinado à recepção, setor administrativo e atendimento médico. O espaço livre igualitário possibilita que as áreas de espera sejam distribuídas entre os pátios, evitando o desconforto das grandes aglomerações e filas associados aos equipamentos de saúde públicos, proporcionando assim uma maior dignidade e serenidade no aguardo pelo atendimento. Os atendimentos foram aglomerados por tipo de deficiência e sua proximidade com a recepção foi determinada a partir da restrição de mobilidade de cada uma. O primeiro bloco de atendimento é para triagem e avaliação global de todos os pacientes, onde são dirigidos a cada especialidade médica devida. Além disso, conta com enfermaria para casos emergenciais, área de prescrição médica e uma farmácia. O próximo bloco é destinado à deficiência física, contando com 3 consultórios de atendimento especializado, 2 consultórios indiferenciados e 2 salas para exames. No bloco posterior fica atribuído o atendimento à deficiência visual. Possui 1 consultório de atendimento especializado, 3 consultórios indiferenciados, 2 salas de orientação de mobilidade e de uso de recursos de baixa visão e 1 laboratório de prótese ocular. Por fim, o último bloco é destinado à deficiência auditiva, dispondo de 1 consultório de atendimento especializado, 2 salas de exames, 2 salas de adaptação e 2 salas de atendimento de terapia fonoaudióloga. Para garantir que houvesse ao mesmo tempo conforto térmico e privacidade aos médicos e pacientes, foram utilizados panos de vidros seguidos de blocos de elementos vazados em concreto, permitindo visão controlada. O segundo bloco abriga as atividades do núcleo de Ensino e Pesquisa, que contém um auditório com capacidade para 120 pessoas, uma biblioteca, secretaria, sala de professores, sala de pesquisas e informática e 3 salas de aula, para 20 alunos cada. Além disso, neste bloco encontra-se os vestiários para funcionários, copa e sala de repouso. No terceiro bloco encontram-se as salas destinadas às terapias e tratamentos de reabilitação e habilitação comum. Ou seja, neste espaço a permanência e o convívio são de usuários que possuem algum dos três tipos de deficiência atendidos pelo Centro. Ele encontra-se estrategicamente longe dos acessos, reservando o espaço somente às pessoas que farão os tratamentos, criando um ambiente sereno, confortável e livre da poluição sonora. Sua proximidade com o bosque assegura o contato com a natureza, convidando os pacientes a realizar atividades no pátio externo. Foram implantadas salas de cursos, que podem ser utilizadas tanto para os pacientes quanto para os pais e/ou tutores, com o objetivo de trazer opções de entretenimento no momento de espera do paciente. Além disso, possui 3 salas de atividades de vida prática (AVP), 1 sala para musicoterapia, 4 ateliês de artes (infantil e adulto), 1 piscina para hidroterapia com vestiários, 4 salas de fisioterapia individual e 1 ginásio terapêutico (cinesioterapia). Ao fim deste bloco, encontra-se a quadra poliesportiva, envolvida por vegetação para certificar sombreamento no momento das atividades. Para não trazer congestionamento à Avenida Yoshiteru Onishi, tendo em vista seu considerável fluxo de veículos, o estacionamento foi implantado de modo que seu acesso ocorre na rua projetada. 131


IMPLANTAÇÃO ACESSOS | 1. PONTO DE ÔNIBUS PROPOSTO | 2. PRAÇA DE ACESSO 3. BLOCO A (DIAGNÓSTICO) | 4. BLOCO B (ENSINO E PESQUISA E OFICINA ORTOPÉDICA 5. TERRAÇO JARDIM | 6. BLOCO C (TERAPIAS) | 7. ATIVIDADES AO AR LIVRE 8. BOSQUE | 9. QUADRA POLIESPORTIVA | 10. ESTACIONAMENTO

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LEGENDA 1 – ESPERA 2 – SETOR ADMINISTRATIVO 3 – SANITÁRIO PÚB. FEMININO 4 – SANITÁRIO PÚB. MASCULINO 5 – SANITÁRIO PÚB. FEMININO PNE 6 – SANITÁRIO PÚB. MASCULINO PNE 7 – FRALDÁRIO 8 – TRIAGEM 9 – ENFERMARIA 10 – ÁREA DE PRESCRIÇÃO MÉDICA 11 - FARMÁCIA 12 – CIRCULAÇÃO TÉCNICA 13 – ALA DE ATENDIMENTO – DEFI. FÍSICA 14 – ALA DE ATENDIMENTO – DEF. VISUAL 15 – ALA DE ATENDIMENTO – DEF. AUDITIVA 16 – ESPELHO D’ÁGUA 17 – JARDIM 18 – AUDITÓRIO 19 – LANCHONETE 20 – BIBLIOTECA 21 – SECRETARIA – NÚCLEO DE ENSINO E PESQUISA 22 – SALA DE PESQUISA / INFORMÁTICA 23 – SALA DE PROFESSORES 24 – SALA DE AULA 25 – LOJA ORTOPÉDICA

26 – SALA DE PROVAS 27 – SALA DE GESSO 28 – ADM. OFICINA ORTOPÉDICA 29 - SESSÃO DE SELARIA, TAPEÇARIA, COSTURA E ACABAMENTO 30 – SESSÃO DE TERMOMODELAGEM 31 – COPA FUNCIONÁRIOS 32 – REPOUSO FUNCIONÁRIOS 33 – VESTIÁRIO FUNC. FEMININO 34 – VESTIÁRIO FUNC. MASCULINO 35 – VESTIÁRIO FUNC. FEMININO PNE 36 – VESTIÁRIO FUNC. MASCULINO PNE 39 – SALA DE REUNIÃO 40 – SALA DE APOIO PEDAGÓGICO 41 – ATEND. TERAPÊUTICO ADULTO 42 – SALA DE CURSOS 43 – ATIVIDADE DE VIDA PRÁTICA (AVP) 44 – MUSICOTERAPIA 45 – ATELIÊ DE ARTES INFANTIL 46 – ATELIÊ DE ARTES ADULTO 47 – HIDROTERAPIA 48 – VESTIÁRIO FEMININO 49 – VESTIÁRIO MASCULINO 50 – FISIOTERAPIA INDIVIDUAL 51 – GINÁSIO TERAPÊUTICO (CINESIOTERAPIA

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As águas da chuva captadas nas coberturas são tratadas e após, utilizadas exclusivamente em vasos sanitários, mictórios, lavagem de pisos e regas de jardins. De acordo com a norma ABNT 15527:2007 a água da chuva não pode ser utilizada para fins potáveis como água para beber, tomar banho, preparar alimentos entre outros. Isso quer dizer que essa água não é própria para o consumo humano. Captação O sistema recebe somente as águas pluviais incidentes na cobertura. A cobertura do prédio direciona as águas da chuva para as calhas e condutores; estes por sua vez levam as águas ao reservatório inferior, passando antes por um filtro removedor de detritos.

Sistema de aproveitamento de águas pluviais FONTE: Manual de operações do sistema de aproveitamento de água da chuva

Reservatório inferior enterrado O reservatório inferior recebe as águas após passagem pelo filtro removedor de detritos. Trata-se de um reservatório enterrado e pode ser executado em anéis de concreto prémoldado. As partículas finas, que não foram retidas no filtro, tendem a decantar no fundo do reservatório. Exemplo de sistema em construção: Sistema em construção – Reservatórios inferiores FONTE :Manual de operações do sistema de aproveitamento de água da chuva

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Caso não haja água de chuva suficiente no reservatório inferior para suprir o reservatório superior de água pluvial, este é automaticamente alimentado pelo sistema de abastecimento de água potável. E no caso da ocorrência de um volume de precipitação superior à capacidade de armazenamento do reservatório, a água excedente escoa pelo extravasor do reservatório inferior para a rede pública de galerias de águas pluviais.

O Sistema envolve:

Componentes do sistema FONTE:Manual de operações do sistema de aproveitamento de água da chuva

1. Captação / 2. Reservatório de autolimpeza / 3. Filtração - remoção de detritos / 4. Reservatório inferior (enterrado) / 5. Bombeamento / 6. Tratamento / 7. Reservatório superior (intermediário do reservatório superior) / 8. Distribuição e utilização.

FUNCIONAMENTO DO SISTEMA O sistema utilizado nas unidades escolares compõe-se de calhas e condutores, reservatórios enterrados (sendo o primeiro de autolimpeza, que descarta a água nos primeiros minutos de chuva e o segundo que armazena a água), sistema de bombeamento para o reservatório superior (intermediário localizado na torre do reservatório de água potável) e distribuição

Reservatório torre FONTE:Manual de operações do sistema de aproveitamento de água da chuva

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Telhado verde, cobertura verde ou jardim suspenso é um sistema construtivo que consiste em uma cobertura vegetal feita com grama ou plantas e pode ser instalada em lajes ou sobre telhados convencionais e proporcionam conforto térmico e acústico nos ambientes internos. Este tipo de cobertura está implantado no bloco de terapias. “Geralmente são aplicados em telhados praticamente planos com inclinação aproximadamente de 5º para permitir o escoamento não muito rápido da água. Para telhados acima de 20º deverão ser tomadas outras providências para deter o fluxo de água como barreiras ou outras estruturas” (TOMAZ, 2008). O telhado verde tem a função de aumentar as áreas verdes melhorando o meio ambiente e reduzir a ilha de calor. Segundo Spangenberg (2004) “o custo- benefício da solução compensa.” Em sua pesquisa em convênio coma Universidade de São Paulo “... a utilização em larga escala dos telhados verdes poderia reduzir 1oC ou 2oC a temperatura nas grandes cidades.” Os telhados verdes trazem contribuições significativas para a sociedade e para as edificações. Os benefícios vão desde a melhoria das condições termo acústicas a fatores psicológicos que interferem no bem estar das pessoas.

Corte telhado verde. Sem escala. FONTE: Autoria Própria

Placas fotovotáicas são dispositivos ultilizados para converter a energia da luz e do Sol em energia elétrica. Os painés solares são compostos por células solares, assim designadas ja que captam, em geral a luz do sol. As células são, por vezes, e com maior propriedade, chamadas de célulasfotovotáicas, ou seja , criam uma diferença de potencial elétrico por ação da luz (seja do sol ou da escola). As placas contam com o efeito fotovotáico para absorver a energia do sol e fazem a corrente elétrica fluir entreduas camadas com cargas opostas.

FONTE: Energia Solar/ecoefc

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O sistema construtivo dos blocos é composto por laje painel treliçada com EPS, vigas e pilares de concreto armado. Segundo a NBR 14859-1 e NBR 14859-2 denomina-se sistema treliçado as vigotas de concreto armado com base nominal de 3x12cm em concreto que sustenta uma treliça metálica constituída por barras de aço carbono, sendo duas barras no banzo inferior, uma barra no banzo superior e duas transversais dispostas diagonalmente. A laje painel treliçada com EPS trata-se de lajes com painéis pré-fabricados e montados justapostos, com eliminação de formas e redução no escoramento, com enchimento de EPS, sigla de Poliestireno Expandido – conhecido popularmente como isopor.

FONTE: fokintec.com.br

Com a associação de vigotas treliçadas e blocos de EPS podem ser projetadas lajes nervuradas unidirecionais e bidirecionais. Para o presente projeto, foi especificado as lajes bidimensionais. Por serem mais rígidas, permitem vencer vãos maiores e apresentam grande facilidade de distribuição de cargas concentradas e lineares. Podem ser associadas também com capitéis sobre pilares, e faixas maciças, permitindo o projeto de tetos planos em edifícios. O EPS reduz significativamente o peso próprio da laje acabada. Além desses elementos emprega-se também concreto lançado in-loco para a formação da mesa de concreto sobre os blocos de EPS e para complemento das seções das .As lajes bidirecionais empregam um tipo de bloco de EPS especialmente desenhado para essa finalidade.

Trata-se de um bloco de formato quadrado que em uma direção possui encaixe para apoio sobre as vigotas treliçadas e em outra direção possui abas para a formação de nervuras transversais às vigotas. A figura ao lado apresenta um detalhe em perspectiva desse bloco. Com a montagem desses blocos sobre as vigotas, e posterior concretagem, forma-se uma laje com nervuras em duas direções. No bloco do auditório, para vencer o vão maior, optou-se pela aplicação da laje nervurada. A NBR 6118:2003 define lajes nervuradas como “lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte”.

FONTE: hometeka.com.br

Para a cobertura dos blocos A (Diagnóstico) e B (Ensino e Pesquisa) optou-se pela impermeabilização da laje com sobreposição de uma camada de argila expandida. Ela é empregada como isolante térmico, atuando também como proteção da impermeabilização contra a incidência dos raios solares. Do ponto de vista de isolação térmica, a altura ideal da camada de argila expandida situa-se em torno de 10 cm; quanto maior a altura, maior a isolação. Para determinar as alturas da lajes, dimensões dos pilares e vigas utilizou-se o livro “A concepção estrutural e a arquitetura”, de Yopanan Rebello. 155


PISO DRENANTE Calçadas e Áreas Externas CARACTERISTICAS Piso drenante desenvolvidos a partir de concreto poroso, possui capacidade de vazão de água de 82% permitindo a drenagem das águas das chuvas ou de sistemas de escoamento para o subsolo, são absorvidos 1 litro de água por segundo para o subsolo, evitando o empoçamento de água.

Piso drenante FONTE: rhinopisos

VANTAGENS • Dispensa contra piso • Baixa Condutividade térmica • Reaproveitamento em remoções • Utilização para transito de veículos leves e pesados • Não é necessário uso de cimento ou argamassa • Antiderrapante

CONCRETO APARENTE Auditório Expressivo, resistente e com múltiplas possibilidades de uso, o concreto aparente é uma solução construtiva de forte identificação com a arquitetura brasileira. Parte importante dos movimentos modernista e brutalista, o material estrutural foi largamente explorado em fachadas, brises, paredes internas, escadas e mobiliário, por arquitetos como Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Ruy Ohtake e Paulo Mendes da Rocha. O concreto aparente é aquele obtido pela mistura de cimento, agregados, água e, em alguns casos, aditivos químicos, mas que não recebe revestimento com pasta ou argamassa em sua superfície. Como também tem a função de acabamento, exige cuidados especiais em sua execução para assegurar a aparência final desejada. As fôrmas a serem utilizadas são determinantes para garantir o resultado desejável do concreto aparente. Em contato direto com o material, são o que define a aparência que a superfície terá.

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Perspectiva do projeto com aplicação do material. FONTE: da autora.


ELEMENTO VAZADO DE CONCRETO Circulações, Consultórios e Terapias O elemento vazado pré moldado em concreto é utilizado para a passagem de luz e ventilação. Modelo utilizado:

CEIP Martinet Fonte: Archdaily.com

Modelo Grade Travada. Fonte: goiarte.com.br

BRISE VERTICAL Recepção (madeira) e Circulação Técnica (Concreto)

Brise de Madeira. Fonte: architek.com.br

O brise é um elemento arquitetônico localizado na fachada externa de um edifício e que tem como função principal o controle da incidência de radiação solar na edificação. Ele é formado por uma ou mais lâminas, fixas ou móveis, dispostas horizontal ou verticalmente, mas que precisam de minuciosos cálculos com cartas solares, do local onde será implantado, para que o resultado seja eficiente. Com todas as questões ambientais em destaque, a arquitetura redescobriu que elementos construtivos com o brise, oriundo da arquitetura moderna, são grandes aliados em projetos onde os custos com iluminação e ventilação artificial precisam ser minimizados. Em um edifício de concreto, por exemplo, que pode produzir de 2ºC a 4ºC de calor, os brises, quando bem projetados, chegam a reduzir a incidência solar em quase 100% (KARLA CUNHA, 2010).

Brise de Concreto. Fonte: architek.com.br

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PISO TÁTIL Circulações Garantir que em locais públicos de amplo espaço exista acessibilidade àquelas pessoas com deficiência visual é uma responsabilidade social por parte das empresas, além de ser obrigatório, segundo as normas vigentes estabelecidas pela ABNT. O piso tátil é uma maneira de orientar os deficientes visuais em local com grande fluxo de pessoas, dando à elas autonomia e trazendo segurança.

Há dois tipos de piso tátil, para duas situações diferentes de orientação. O primeiro deles é o direcional que tem formato de linhas verticais em alto-relevo para auxiliar o deficiente visual com maior facilidade a respeito em que direção caminhar em lugares delimitados como filas ou calçadas. Já o piso tátil alerta, que tem formato de bolinhas – ou moedas, como é comumente chamado – em alto-relevo, para alertar o deficiente visual sobre possíveis obstáculos, como faixas de travessia ou escadas, e para indicar mudança de direcionamento, como curvas. Segundo as normas ABNT, o piso tátil deve possuir alguma cor que seja contrastante com o restante do piso, pois ele auxilia não somente aos deficientes visuais, mas também àqueles que sofrem de baixa visão, logo, cores diferenciadas ajudam essas pessoas a se orientarem com mais facilidade também.

Piso tátil. FONTE:aecweb.com.br

Piso tátil. FONTE: incluase.blogspot.com.br/

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Os princípios da arquitetura bioclimática tomam como base a compreensão dos determinantes de conforto impostos pelas condições do clima local, em especial pela relação entre temperatura e umidade, a incidência de radiação solar e a direção dos ventos predominantes. A tipologia com pátios internos é tradicionalmente considerada um paradigma do aproveitamento ideal da luz e ventilação natural. A organização do programa através de volumes intercalados por espaços livres, nos blocos A (Diagnóstico) em forma de espelhos d’água ,e no bloco B (Terapias), como jardins, visa proporcionar uma boa distribuição da luminosidade ao longo do dia. A inclusão de venezianas superiores (1) na cobertura dos corredores dos ambientes destinados aos consultórios e salas de terapias possibilita um ótimo aproveitamento da iluminação natural ao mesmo em que cria um sistema de ventilação cruzada nas salas. A presença dos espelhos d’água (2) nos pátios permite o resfriamento e a umidificação dos ventos que entram tanto nos consultórios como na circulação técnica e áreas de espera.

1

2 Corte com ilustração de conforto térmico. Fonte: autoria própria.

3

Corte com ilustração de conforto térmico. Fonte: autoria própria.

1 – Venezianas superiores (metálicas) Incidência Solar

2 – Espelho D’Água

3 – Cobertura metálica entre os blocos A e B

Ventilação Natural 159

Resfriamento


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Concluo este trabalho com a satisfação de projetar, não somente um edifício, mas um conjunto arquitetônico – que envolve tanto a área interna quanto a externa – como forma de reintegração social de pessoas com deficiência através da reabilitação/habilitação. A intenção foi conceber um edifício hospitalar caraterizado por espaços fluidos, permeáveis, iluminados e dotados de ventilação permanente. Jardins internos foram criados entre os módulos de atendimento com a intenção de promover uma ambientação aprazível. Prestam-se como estruturas que compõe a rica articulação entre cheios e vazios que definem a estrutura volumétrica da edificação. Conferem, ademais, o caráter democrático, aberto e em harmonia com os conceitos de humanização de espaços físicos hospitalares. Além de compreender a relevância destes equipamentos como forma de superação de limites e descoberta de novas possibilidades, percebe-se a importância que se deve dar a serviços que, além de reabilitar/habilitar a integridade física, são capazes de resgatar a realização de cada indivíduo como cidadão parte da sociedade e do meio em que vivemos.

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ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA À CRIANÇA <https://aacd.org.br/unidades/>. Acesso em Mar. 2016.

COM

DEFICIÊNCIA,

Unidades.

Disponível

em:

Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 9050: 2015. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. Decreto Federal nº 6949/09, Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência LATORRACA, G. João Filgueiras Lima – Lelé. São Paulo: Instituto Lina Bo e P.M. Bardi; Lisboa: Ed. Blau, 1999. LIMA, João Filgueiras. Arquitetura: uma experiência na área da saúde. São Paulo: Romano Guerra Editora, 2012.

LIMA, João Filgueiras. O que é ser arquiteto: memórias profissionais de Lelé; em depoimento a Cynara Menezes. Rio de Janeiro: Record, 1999. Lei Federal n° 13.146/15, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa Com Deficiência). Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm<. Acesso em Fev. 2016. MOGI DAS CRUZES. Lei nº 2.683-82. Disponível em: <http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/planejamento/louos.php<. Acesso em Fev. 2016. PORTARIA Nº 793, DE 24 DE ABRIL DE 2012 - Institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde. Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/ultimasnoticias/portaria-no-793de-24-de-abril-de-2012-566>. Acesso em Fev. 2016. Portaria nº 818, de 05 de junho de 2001 – Regulamenta a Rede Estadual de Assistência a Pessoa Portadora de Deficiência. Disponível em: < http://www.saude.mg.gov.br/index.php?option=com_gmg&controller=document&id=897>. Acesso em Fev. 2016. RABELLO C. P., Yopanan. A concepção estrutural e a arquitetura, Ziguate editora. Pag.144 à 160.

REVISTA PROJETO DESIGN, São Paulo. Edição 421, 2015. REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO, Dados sobre a instituição. Disponível em: <http://www.sarah.br/arede-SARAH/nossas-unidades/>. Acesso em Fev. 2016. 165





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