LIMA, K. R. de S.. (Org.). Capitalismo dependente, racismo estrutural e educação brasileira: diálogos com Florestan Fernandes. Uberlândia: Navegando Publicações, 2020
VI
CAPITALISMO DEPENDENTE E A UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA: PARTICULARIDADES E DESAFIOS NO SÉCULO XXI* João Paulo Valdo
INTRODUÇÃO “Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”. Essa frase do exministro da Educação, Abraham Weintraub (2019/2020), expressa a miséria do projeto hegemônico da política educacional brasileira. Não é um apelo à miséria como algo moralista. Assim como Minto (2014), acreditamos que a noção de miséria da política educacional brasileira [...] representa o horizonte histórico dentro do qual a educação pode se realizar numa formação social sobre a qual a irradiação do MPC impõe limites estruturais, que não permitem o desenvolvimento de experiências educacionais autônomas e emancipadoras para as maiorias. Com isso busca-se reforçar seu sentido enquanto educação da particularidade brasileira, com funções adequadas a esta realidade e não a qualquer “modelo” de interação educação superior-sociedade abstraído de outras experiências históricas, ainda que estes possam ajudar a entender nossas especificidades (MINTO, 2014, p. 17).
Nossa proposta no presente capítulo é apresentar um conjunto de reflexões sobre a particularidade da formação e desenvolvimento da universidade pública brasileira e os desafios postos para a defesa da educação pública e gratuita na segunda década dos anos 2000. Para tal, o texto está estruturado em dois itens. Em um primeiro momento, recuperamos as análises apresentadas nos capítulos anteriores deste livro sobre a relação entre o padrão dependente de desenvolvimento e o padrão dependente de educação para fundamentar o exame das velhas/novas expressões da reconfiguração da universidade na atualidade. *
DOI – 10.29388/978-65-86678-36-9-0-f.111-132
111