Radionovelas revista das
ANO 1 - NÚMERO 1
SINTONIZE A HISTÓRIA DAS NOVELAS DE RÁDIO
E ela chegou! Bonita, charmosa, colorida, com curiosidades, fotos e lembranças da época de ouro do rádio. Foram alguns anos projetando uma publicação dirigida aos que, de uma maneira ou outra, viveram aquele período das radionovelas, das narrativas policiais, dos programas de auditório, sempre com muita música e humor. Ela chegou não com “propagandas” ou reclames (termo da época) em suas páginas, e sim com apoio de parceiros, nos quais você vai encontrar, em primeiro lugar, o lado amigo aliado ao bom atendimento e qualidade nos produtos ou serviços. É a primeira Revista das Radionovelas, que chega até você com a proposta de resgatar os grandes momentos do rádio. Para tanto, já neste primeiro número, contamos com a colaboração de excelentes profissionais que vivenciaram o rádio de ontem. Boa leitura! Os editores
Expediente
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Publicidade Gossen Produções
Revista das Radionovelas Edição 1 - Ano 1
Impressão Gráfica Pallotti
Projeto e coordenação Cláudio Monteiro
Tiragem 5000 exemplares
Jornalista responsável Gustavo Gossen (Mtb 13120)
Fotos Arquivos Roberto Griebler (51) 9842.3931
Gestão Editorial Ness499 - Conteúdo e Publicações www.ness499.com.br
Site: www.radionovelas.com.br Email: radionovelasem@bol.com.br Contato: (51) 9916.5954
radionovelas
coluna do
monteiro
Momentos marcantes da década de 60 Nessa revista, vamos relembrar os grandes momentos das radionovelas nos anos 50 e 60. Os principais êxitos do radioteatro nas rádios Gaúcha, Farroupilha e Itaí foram: Legião dos Esquecidos, tendo a frente J. Pires, Aqueles Olhos Negros, com Aida Terezinha e Paulo Ricardo, O Homem Sem Passado, com interpretações de Carlos Nobre e Aida Terezinha novamente, Nas Sombras da Noite, com Ari Rego, J. Pires e Marisa Fernanda. Sem esquecer de Silvinha, Meu Amor, com Rosa Maria e Salimen Júnior. Às segundas-feiras, um programa que lotava o auditório da Gaúcha, no edifício União, bem no Centro de Porto Alegre, era o Campeonato em Três Tempos, escrito por Carlos Nobre. Os humoristas da PRC-2 representavam os clubes gaúchos, sempre após a rodada do fim de semana. O Internacional era vivido por Fábio Silveira; o Grêmio, por Nobre; o Pelotas ou dr. Pelotas era com Ismael Fabião, que, ao entrar, gritava: “fanfarras, vamos meninos, fanfarras!”. A orquestra começava a tocar uma música bem desafinada. Domingos Terras, Fortunato Ferreira e César Celente participavam. O auditório ficou pequeno devido às centenas de ouvintes que iam assistir à atração. A direção optou pelo Cinema Castelo, onde foi apresentado por um bom tempo o Programa Maurício Sobrinho. Quando o campeão gaúcho era conhecido, ele casava com a Miss Copa, representado pela radioatriz e locutora Leonor de Souza.
Tanto Gaúcha quanto Farroupilha se davam ao luxo de contar com 30 integrantes no radioteatro e o mesmo número no “casting” humorístico. Todas as semanas, às quartas-feiras, na Rádio Farroupilha, os ouvintes acompanhavam Páginas da Vida, histórias do cotidiano escritas por Jayme Copstein e Nelson Cardoso. Diariamente, às 9h, o mundo policial ganhava manchete no programa Aconteceu, episódios radiofonizados por Wilson Roberto Gomes e interpretados pelo elenco da Rádio Itaí. Cito aqui os diretores dos elencos das emissoras de Porto Alegre: - Rádio Gaúcha: Walter Ferreira, Adroaldo Guerra e Pepê Hornes. - Rádio Farroupilha: Nelson Cardoso e Mário de Lima Hornes. - Rádio Itaí: Teixeira Filho e Wilson Roberto Gomes. Também quero destacar, na década de 60, um encontro de todas as semanas na Gaúcha entre o conhecidíssimo inspetor Bergmann, da Polícia Civil de Porto Alegre e o radioator Paulo Ricardo. O policial contava as aventuras de Diogo da Rocha Figueira, bandido que aterrorizou São Paulo: Dioguinho - O Homem Terror, como ficou conhecido. Os casos eram radiofonizados e interpretados pelo elenco da emissora. Na Farroupilha, o líder de audiência ao meio-dia era o Rádio Sequência. Naquele horário, vários quadros humorísticos eram apresentados, tais como A Escolinha de Dona Rita (nos moldes do que seria
Cláudio Monteiro a Escolinha do Professor Raimundo). Ainda durante a atração, havia, diariamente, A Banca do Sapateiro, com Pinguinho e Walter Broda. O “alemão”, como era chamado o sapateiro, satirizava o dia-a-dia do brasileiro e o bordão ficou famoso: “Entra, preguinho, entra preguinho miserável, entra antes que o feijão apresente novo aumento. Entra logo, preguinho cretino”. Na década de 90, resgatamos alguns trabalhos na rádio 1120, de Porto Alegre. Obras de Raimundo Lopes, entre as quais O Homem Sem Passado, que já citamos. Nas Sombras da Noite, Terra de Ninguém, Sublime Redenção, Um Vulto no Espelho, O Preço da Ambição e O Homem que vendeu a Alma. Um elenco de primeira grandeza participou do projeto. Nomes que viveram muito de perto o radioteatro nas décadas de 60 e 70 aliados a vários que recém começavam a mostrar grande potencial: Mirna Rodrigues, Wilson Roberto Gomes, Sílvia Cardoso, Tereza Pavan, Mercedes Garcia, José Fontes, Carlos La Vida, Pedro Delgado, Maria Ieda, Regina Goulart, Ivo Fraga, Luiz Carlos de Magalhães, Eliane Mancuso e Ferreira Alves. Vale registrar também a perfeita narração de Jorge André Brittes em O Homem Sem Passado e O Homem Que Vendeu a Alma. * Comunicador, radioator e diretor do projeto Radionovelas. revista das
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VENDAS: Av. Assis Brasil, 1660 (51) 3361.2588
novelas em
capítulos
O Homem Sem Passado
Duração: 102 capítulos de 30 minutos cada. Total: 51 CDs Elenco: Cláudio Monteiro, Tereza Pavan, Sílvia Cardoso, Wilson R. Gomes e grande elenco. O maior sucesso de todos. Seu Lourenço e Maneco são exímios pescadores. Em uma noite, encontram o corpo de um homem com um ferimento na cabeça. Passados dois dias, eles descobrem que o moço perdeu a memória. Não sabem quem ele é. O que aconteceu com ele? Quem o agrediu? Uma história emocionante. O Homem Que Vendeu a Alma Duração: 70 capítulos de 30 minutos cada. Total: 35 CDs Elenco: Cláudio Monteiro, Ayrton Duarte, César Celente, Mirna Rodrigues, Luís C. de Magalhães e José Fontes. Naquela manhã, Jorge Simas de Oliveira entra na igreja da cidade grande a procura do apoio do pároco, que ouve com benevolência a tragédia da vida do personagem. A partir de sua confissão, acontece todo o enredo.
Disponível para o público em geral e emissoras de rádio www.radionovelas.com.br 6 | revista das
radionovelas
Direção: Cláudio Monteiro Autor: Raimundo Lopes
O Preço Da Ambição Duração: 70 capítulos de 30 minutos cada. Total: 35 CDs Elenco: Mirna Rodrigues, José Fontes, Ayrton Duarte, Mercedes Garcia e grande elenco. Uma grande fortuna disputada por uma família inteira. O milionário João Luiz Rodrigues Motta é assassinado depois de cortar todas as regalias dos sobrinhos. Alguém não gostou e durante queda de luz em uma festa o crime é cometido em questão de segundos. Um Vulto No Espelho Duração: 70 capítulos de 30 minutos cada. Total: 35 CDs Elenco: Cláudio Monteiro, Ayrton Duarte, Wilson R. Gomes, Eliane Mancuso, Breno Rushell, José Fontes, Maria Ieda e Carlos La Vida. Quatro amigos (Alexandre, Norberto, Fernando e Vicente) apaixonam-se pela mesma mulher: Regina. Em um jogo de cartas, resolvem sortear quem seria o primeiro a conquistar a belíssima moça.
Sublime Redenção Duração: 41 capítulos de 30 minutos cada. Total: 21 CDs Elenco: Mirna Rodrigues, Ayrton Duarte, Rosa Fraga, Mercedes Garcia, Ivo Fraga, José Fontes, Eliane Mancuso e Luís Carlos de Magalhães. Salto Azul: um lugar esquecido no interior. Com a morte do único médico do lugarejo, o prefeito Juvenal procura um substituto. Fernando é o mais indicado para ocupar o cargo. Duas mulheres se apaixonam por ele, mas a filha do prefeito traça planos diabólicos para se casar com o médico. Terra De Ninguém Duração: 56 capítulos de 30 minutos cada. Total: 23 CDs Elenco: Wilson R. Gomes, Carlos La Vida e Luís Carlos Neves. Grandes amigos há muitos anos, André e Hugo estão em situação de grande penúria: não pagam o aluguel de onde moram há seis meses. Eles procuram emprego desesperadamente. Tentativas de assassinatos, casamento mal-sucedido e muito mistério cercam esse sucesso. Nas Sombras Da Noite Duração: 40 capítulos de 30 minutos cada. Total: 20 CDs Elenco: Mirna Rodrigues, Mercedes Garcia, Ari Rego, Cláudio Monteiro, César Celente e grande elenco. Dois amigos, Dr. Frederico e Pedro, aceitam o convite de um poderoso fazendeiro do interior para passar alguns dias na propriedade.
Roteiro original de um dos capĂtulos de Terra de NinguĂŠm, de 1954.
e demais bancos
o
radioteatro
Jayme Copstein
Setenta anos depois que começou para mim como aventura, quarenta anos após desaparecer dos microfones, as pessoas me perguntam o que foi o radioteatro. Difícil a resposta objetiva. Era uma espécie de cartola de mágico de onde tirávamos as ilusões que as pessoas necessitavam para preencher os vazios de suas vidas Anos ingênuos, aqueles. A Segunda Guerra caminhava para o fim, era para ser a última de todas as guerras e estávamos destinados, todos, a ser felizes para sempre De fato, éramos. As lembranças atormentadas ficavam para trás, a imaginação supria, na medida das necessidades, as nossas carências de mundo. Porto Alegre, como o poeta Athos Damasceno Ferreira havia descrito, ainda era uma cidade de ruazinhas tortas, de portões, sacadas, telhados de beiral, com moças debruçadas nas janelas à espera do Príncipe Encantado. Os rapazes, nem tanto. Na ponta do arco-íris, segurando o pote de ouro, sempre poderia estar um filha de fazendeiro bem a jeito. À noite, tudo era silêncio de deserto, quebrado apenas por passos perdidos, assobios solitários e vozes macias saindo do rádio: “Meu amor! Nada mais pode nos separar. Um dia olharemos para trás, sem amarguras. Todo o sofrimento terá desaparecido das nossas mentes. Lembraremos com ternura do quanto tivemos de lutar. É o que contaremos aos nossos filhos e aos filhos dos nossos filhos”. Na pensão onde eu morava recém chegado de Rio Grande, uma menininha, ainda mudando os dentes e colecionando estampas do sabonete Eucalol, tinha perguntas irrespondíveis: para onde iam os dias
que passavam ou se quem falava no rádio era gente de verdade. Dona Rosa, a mãe, viúva jovem, entortando a coluna na máquina de costura para encaminhá-la na vida com honestidade, polemizava: “Pr’a dizer meu amor, só o Walter Ferreira. O Ernani Behs também fala gostoso, mas, para mim “meu amor”, só o Walter. Para rir, havia as coisas do Dinarte Armando: – Menino, no curral tem 19 vacas e um touro. Quantas cabeças tem no curral? – Dezenove, fessora! – Menino, 19 mais um, 20! – Não vai dizer, fessora, que no meio de tanta vaca o touro não perde a cabeça! O mundo é um palco, somos todos personagens, cada qual com seu papel. Isto é Shakespeare com alguma adaptação. Logo descobri o papel de todos nós, naquela fábrica de ilusões. Cabia-nos tanger um instrumento misterioso para fazer as pessoas construírem um mundo dentro de si mesmas. Bastava o trinado de alguns pássaros, a referência a alguma flor, ao seu aroma, e dona Rosa costureira emergia da coluna dobrada sobre a “Singer” comprada em prestações intermináveis, para mergulhar no jardim dos seus sonhos, onde ela e o marido ressuscitado, de mãos dadas, olhavam a menina jogando amarelinha no tosco desenho do chão. Reis, rainhas, heróis, marujos dos setes mares, piratas das Antilhas, exploradores do Curdistão bravio, a menininha, a costureira, qualquer um de nós, éramos personagens saídos de Balzac, de Tolstoi, de Dostoiewsky, de Wilde. * Jornalista
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novelas de 1h Faça seu pedido pelo site www.radionovelas.com.br ou pelo telefone (51) 9916.5954
Uma história completa em cada CD Em 3 atos Adquira!
PERSEGUIDO (classif.: policial)
SUSPEITA (classific.: drama/suspense)
O RESGATE DA FELICIDADE (classific.: drama)
MEU FILHO (classif.: drama)
UMA CAIXA DE BOMBONS (classific.: romance/policial)
OS HOMENS DE BRANCO (classific.: drama)
O SEGREDO DO SÓTÃO (classific.: comédia/suspense)
VENDE-SE UM VESTIDO DE NOIVA (class.: romance)
UM DIA, O AMOR (classific.: romance)
CHANTAGEM (classific.: drama)
PESADELOS DO PASSADO (classific: suspense)
A INTRUSA (classific.: drama)
O PECADO DE ESTELA (classific.: drama)
A AMIZADE NÃO TEM PREÇO (classific.: policial)
O ASSALTO (classific.: drama)
NADA DE NOVO ESTA NOITE (classific.: policial/suspense)
O DESTINO QUIS ASSIM (classific.: drama)
DESTINOS CRUZADOS (classific.: romance)
CAÍDA DO CÉU (classific.: comédia)
A VINGANÇA (classific.: policial/suspense)
O AMOR É MÁGICO (classific.: romance)
fotos
galeria de
Elenco de O Amor é Mágico
Bastidores de A
Intrusa
m Sem Passado
Radioatores de O Home
Elenco de Sublime Redenção
e Um Vulto no Espelho
Área técnica do estúdio de radioteatro Anúncio do elenco de O Homem Sem Passado, em 1994.
os primeiros passos
de uma radioatriz Eliane Mancuso
Foi em 1995. Estava fazendo aulas de teatro e uma colega comentou que fazia novelas de rádio. Achei incrível! Novelas de rádio! Aquelas novelas que eu ouvia com minha mãe quando era criança? Perguntei se precisavam de vozes novas. “Sempre”, respondeu ela. Fui num sábado à tarde. Não sabia o que encontraria, mas esperava que fosse tão emocionante quanto os suspiros e “ais” das mocinhas de voz doce e profunda que embalaram minhas meninice. O grupo era composto, na maioria, de radioatores muito experientes, radioatores incríveis. Feras mesmo, como Luís Carlos de Magalhães, Ayrton Duarte, Maria Ieda, José Fontes e outros. Senti um frio na espinha quando fui apresentada a cada um! Mas, aos poucos, eles foram me conduzindo, através da difícil e apaixonante arte de representar. Todos me davam dicas de como usar a voz. Docemente, quando menina ou apaixonada; entrecortada, quando com medo ou emoção; sussurrada, quando não podia ser ouvida por ninguém (somente pelos ouvintes, é claro!).
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E, assim, tempos depois, eu fazia parte do grupo. No início, apenas figurante: a camareira, a juíza, a jornalista. Depois, a grande realização: protagonizar. Ah, é simplesmente maravilhoso! Quantos momentos de pura emoção eu vivo, transmitindo, através de minha voz a vida de personagens criados nos moldes da vida real! Minhas expectativas? Bem, espero que o radioteatro nunca se esgote! É uma arte maravilhosa e para a qual sempre haverá espaço. Nada se compara à magia de ouvir um diálogo entre dois personagens, sentindo a sua respiração ofegante, sua fala carregada de pura emoção. Quais personagens mais me marcaram? A primeira... Regina, em Um Vulto no Espelho, pelo medo que me passou. O medo de não conseguir. Depois Lola, de Sublime Redenção, que me deu a oportunidade de soltar meu lado mais sexy! Eu amo o radioteatro. Foi, e continuará sendo, a maior experiência em arte que eu já tive a oportunidade de viver! * Radioatriz
Segunda a sexta: 8h30 às 18h Sábados: 8h30 às 12h
Quem é quem
DIRETOR
SONOPLASTA
É quem escolhe os profissionais que vão representar os personagens. Na maioria das vezes, alguns radioatores representam dois personagens. É o diretor quem ensaia exaustivamente as cenas com o elenco até entrar em estúdio e começar a gravar. Na gravação, ele fica atento e, se necessário, repete várias vezes a mesma cena.
É o responsável pela qualidade das gravações. Seleciona as trilhas musicais e submete à aprovação do diretor. Além disso, o sonoplasta tem vários ruídos no computador, tais como: sirene dos bombeiros e da policia, vento, torneira vertendo água. O sonoplasta orienta os radioatores sobre posicionamento frente aos microfones.
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ASSISTENTE A quem é confiada a distribuição dos scripts para os atores. Observa a gravação dos capítulos para o perfeito andamento dos diálogos. CONTRA REGRA É o profissional que tem a responsabilidade dos ruídos. Por exemplo abre/ fecha porta, passos (observando que os sapatos não sejam de borracha para que o som fique nítido), etc.
Jorge André Brittes
a voz das De todas as experiências profissionais que vivi, uma das mais significativas passou pelas ondas do rádio. Quem mata a sede nesta fonte, sabe do que estou falando. Começo corrigindo o tempo do verbo passar. Não se remete ao passado, porque acontece e se cristaliza numa relação perene com o alvo principal deste mágico veículo: o ouvinte. Com o ouvinte abrimos um canal permanente de emoções, sons, informações, alertas, entretenimento, interatividade e muitos outros estímulos. Criamos um contato que se desenvolve às vezes pela vida afora. Os efeitos são inimagináveis. Inauguramos laços de amizade, afetividade e cumplicidade surpreendentes. Independente dos estilos e segmentos que nos conectam ao rádio, o resultado é sempre motivo de muita vibração. As ondas magnetizam comunicadores e ouvintes. Quando comecei a trabalhar em rádio fui logo buscar inspiração em profissionais que me indicavam o rumo que eu gostaria de também tomar. Morava em Uruguaiana e atuava nas emissoras locais e também já iniciava minha trajetória na televisão. Acho que o ano era 1977, quando ainda me dividia entre estudos, rádio, TV e música. Depois de ter passado por conjuntos de bailes na condição de crooner, aceitei um
narrações
convite dos compositores Kenelmo Amado Alves e Francisco Alves, pai e filho, para estreiar nos palcos da califórnia da canção. Muito embora o convite significasse uma mudança radical de estilos pois meu repertório de bailes era absolutamente pop, bastaram alguns ensaios para que o ritmo, a harmonia e a poesia nativista invadissem minha alma. E foi exatamente nos bastidores da 7ª Califórnia da Canção Nativa, enquanto me dividia entre os papeis de intérprete e repórter, que conheci um dos profissionais mais talentosos, completos e brilhantes do rádio gaúcho e brasileiro. De sorriso largo e diálogo muito aberto, distribuía generosidade e muito respeito por todos os colegas. Ali, nos camarins do principal festival de música do RS, já acreditava ter me tornado colega e amigo de Cláudio Monteiro. Ele asssumira a direção da Rádio 1120, enquanto eu respondia pelas demais emissoras do Morro Santa Teresa. Monteiro tinha o desafio de sacudir a audiência da 1120. Imediatamente desenvolveu uma grade, reuniu uma nova equipe e trouxe de volta um dos conteúdos mais emocionantes e ousados à época: a radionovela. A convivência com toda aquela pré-produção, roteirização, produtores e radioatores circulando pelos corredores, enchiam-me de orgulho
e felicidade. Quase fiquei incrédulo quando chegou o convite para que eu fosse o locutor das narrações de dois títulos: O Homem Sem Passado e O Homem Que Vendeu a Alma. Impressionava-me a maneira com a qual Monteiro conduzia tudo aquilo. Com a naturalidade de quem exercia aquele papel com intimidade, e ao mesmo tempo sem esconder ou disfarçar a expressão séria e de responsalibilidade que só os mais competentes diretores de conteúdo podem manifestar. Foi a primeira vez que exercitei um papel no rádio com uma verdadeira direção. Impressionante a segurança que me transferia com suas orientações. Além de produtor e diretor geral, Monteiro também vivia personagens das novelas. Construíra um processo de cumplicidade incrível com o elenco. Que ambiente maravilhoso! Aquilo que outrora apenas me era permitido ouvir, agora fazia parte de minha rotina. Não esqueço a oportunidade. Por ela sou grato sempre. Fico feliz que estas informações estejam valorizadas num veículo de mídia impressa. Documentam uma época de criatividade, inovação e muita audiência. É o rádio recuperando histórias de muito sucesso. * Jornalista
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Histórias! Um repórter ao transmitir um boletim para sua emissora sobre um roubo, disse que o ladrão penetrou no telhado e cometeu um rin-tin-tin
Antes do horário nobre das radionovelas, à noite, era tradicional o noticiário chefe das emissoras. Era uma época de inflação alta no Brasil. O locutor se referindo a uma inflamação no dente do Presidente da República, sai com essa: ”Brasilia: O processo inflacionário do dente do presidente...”
O âncora do programa corrigiu-o: “o fulano, é rififi. Rififi, entendeu?”. O repórter prontamente emendou: ”Claro, claro. Que cabeça a minha. Ri-tintin é o cavalo do Zorro, quem é que não sabe disso!?!”. A emenda ficou pior que o soneto, porque, como a maioria sabe, Silver era o nome do cavaldo do Zorro e Rin-Tin-Tin era um cão pastor que se tornou conhecido no cinema.
O locutor em uma rádio do interior lendo o texto comercial: ”E agora, num oferecimento do esmalte Colorama ioiô...” Era o esmalte Colorama 1010.
Do livro Anedotário do Rádio Brasileiro, de Edison Rodrigues Filho.
Vários componentes eletrônicos da Radional fizeram com que emissoras de rádio transmitissem belas emoções de uma radionovela.
Peças e componentes para eletrônica
Vários componentes eletrônicos da Radional fizeram com que emissoras de rádio transmitissem belas emoções de uma radionovela.
Peças e componentes para eletrônica
a caixinha que
transmitia emoçþes
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radionovelas
Alguém disse um dia que uma radionovela era narrativa folhetinesca sonora, nascida da dramatização do gênero literário novela e divulgada em rádio. As radionovelas foram fundamentais para que a história do rádio brasileiro se configurasse. Elas estimularam a imaginação dos ouvintes (fundamentalmente mulheres - senhoras e senhoritas que acompanhavam o enredo) e projetaram uma série de radioatores que, posteriormente, decidiram migrar para a televisão. A primeira transmissão de rádio no Brasil foi ao ar em 7 de setembro de 1922, porém, demorou para o veículo se tornar popular, em razão do preço do aparelho e a demora na implantação de retransmissoras. Quando as dificuldades físicas foram superadas, a forma encontrada para popularizar a programação foi lançar mão do mesmo recurso que os jornais, quando da invenção da imprensa escrita: a narrativa em folhetins. A radionovela fez enorme sucesso numa era pré-televisiva. Boas histórias, bons atores e efeitos sonoros realistas eram o segredo do gênero para captar a atenção dos ouvintes. Dizem que os grandes magos eram os sonoplastas, que, para estimular a imaginação das pessoas, reproduziam todo tipo de sons e ruídos: som da chuva, do telefone, da passagem de tempo, dos passos dos personagens. Assim, nasceram as primeiras transmissões de radionovelas no Brasil, fruto da dramatização de tramas literárias. Em 12 de julho de 1941, às 10h30, teve início Em busca da Felicidade, primeira radionovela transmitida no país, através da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro. A obra mexicana foi escrita por Leandro Blanco, com adaptação de Gilberto Martins. Seus capítulos ficaram no ar por aproximadamente três anos. Em São Paulo, nos anos 40, a
Rádio São Paulo (PRA5) levou ao ar inúmeras radionovelas, com roteiros de Otávio Augusto Vampré, Alfredo Palácios, Olegário Passos e Menotti del Picchia, dentre outros. No início dessa década, ia ao ar, diariamente, um miniradioteatro, de autoria de Cardoso Silva, e interpretado por Cibéle Silva (nome artístico e de solteira de Cybele Palácios) e Nélio Pinheiro. Também são consideradas pioneiras as radionovelas Fatalidade, escrita por Oduvaldo Vianna e a radionovela Mulheres de Bronze, baseada num folhetim francês. As adaptações de tramas internacionais perdurariam por anos, sobretudo das cubanas. Aliás, o maior sucesso em radionovela de todos os tempos foi O Direito de Nascer (1951), do cubano Félix Cagnet, que ficou três anos no ar na Rádio Nacional apresentando o maior fenômeno de audiência em radionovelas em toda a América Latina. Tradução e adaptação de Eurico Silva. O original possuía 314 capítulos o que correspondia a quase três anos de irradiação. No elenco estavam Nélio Pinheiro, Paulo Gracindo, Talita de Miranda, Dulce Martins, Iara Sales, entre outros. O Direito de Nascer surpreendeu todos os críticos e todas as previsões que afirmavam que o radioteatro era um gênero em decadência e que o público brasileiro não se interessava por longas tramas. O Direito de Nascer (ver reportagem com Maria Ieda na página 21) foi apresentando na rádio Farroupilha, de Porto Alegre, na década de 60 . Umas das radionovelas nacionais de maior sucesso foi Jerônimo, o Herói do Sertão, criada por Moysés Weltman, em 1953. A trama foi, posteriormente, adaptada várias vezes para a televisão. No rádio, Jerônimo viveu suas aventuras em 96 radionovelas transmitidas em
todo o território nacional. Uma curiosidade: a radionovela Sublime Redenção, ganhou (e com sucesso) uma versão para TV com o título Redenção, produzida pela extinta TV Excelsior. A exibição aconteceu de 16 de maio de 1966 a 2 de maio de 1968, sendo até hoje a telenovela que ficou mais tempo no ar no Brasil. Foi escrita por Raimundo Lopes e dirigida por Waldemar de Moraes e Reynaldo Boury. O enredo: Fernando Silveira, um jovem médico, chega à cidade de Redenção e desperta paixão em três moças: Lola; a malvada Marisa, filha do prefeito Juvenal; e a filha do sapateiro Carlo, Ângela, com quem se casa. Paira uma dúvida: será Fernando mesmo um médico? O elenco na TV: Francisco Cuoco, Fernanda Montenegro, Rodolfo Mayer, Procópio Ferreira, Márcia Real, entre outros. Cuoco despontou como galã de telenovelas, levando mocinhas ao delírio. Foram 24 meses e 17 dias, perfazendo 596 capítulos. Há produções que ultrapassaram esse número, como Chiquititas e Malhação, mas não no formato tradicional, ininterrupto, já que as temporadas trocavam os elencos e os enredos, não havendo uma continuidade da trama, caso de Redenção. Na Rádio 1120 AM, de Porto Alegre, em 1995, esta versão recebeu o título original e radiofônico: Sublime Redenção. Foram apenas 40 capítulos e teve Ayrton Duarte no personagem Fernando; Rosa Fraga viveu Marisa; Mirna Rodrigues (mãe de Rosa na vida real) foi Ângela. Luís Carlos de Magalhães representou Carlo; a personagem Conchetta foi entegue a Mercedes Garcia; Eliane Mancuso, em seu primeiro trabalho no rádio, viveu a sexy Lola. Por fim, Joyce de Brito e Cunha foi Hortência. A sonoplastia foi de Glademir Menezes e a contra regra de José Carlos de Oliveira. revista das
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a trajetória de um radioator vencedor
Wilson Roberto Gomes
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Edson Azevedo Gomes nasceu em 1942. Ele adotou o nome artístico de Wilson Roberto Gomes aos 15 anos. É radioator, produtor e diretor de radionovelas. Seu pai sempre foi contra a escolha do filho, mas a mãe o apoiava sempre. O inicio de Wilson Roberto foi fazendo pequenas participações em radioteatros. A primeira oportunidade foi na Rádio Difusora de Porto Alegre, emissora que pertencia aos padres capuchinhos, no programa diário Volta ao Mundo em 20 Minutos. Wilson passou pela Rádio Princesa onde conheceu o professor de dicção Tulio Amaral, com quem conviveu por muitos anos. Wilson também atuou pelas rádios Gaúcha e Farroupilha. Nesta última, viveu Judas Iscariotes em A Paixão de Cristo. Aos 20 anos, chegou à Rádio Itaí, líder de audiência no segmento popular com programas regionalistas, radionovelas, programas policiais e até transmissão de turfe. A emissora, segundo ele conta, era dirigida por Lorenzo Gabellini, que sabia muito bem sobre o que o público gostava. Então, adquiriu várias novelas gravadas com o cast da rádio Atalaia de Londrina, no Paraná, que contava com grandes nomes, entre eles Dorival Jimenez (Doji), Margarida Marin (que estreou no rádio com 14 anos vivendo a personagem Virgínia em O Homem Sem Passado), Álvaro Dias (hoje senador), Améris Silva, Carlos Gonçalves, Manuel Osvaldo (casado até hoje com Vera Maria), Vanildo Trindade (gaúcho de Alegrete), Clóvis Duarte, Fiorio Luis (hoje narrador de futebol na Rádio Paiquerê, no Paraná), entre
outros. Os dois capítulos das 13h tinham sintonia extraordinária. Sucessos como O Homem Sem Passado, Legião dos Esquecidos, Nas Sombras da Noite, Os Anjos também Choram, O Homem da Casa Vermelha foram apresentados na emissora de Gabellini. Na Itaí, Wilson Roberto conheceu o sucesso com Aconteceu, que ele mesmo produzia, interpretava e dirigia. O programa contava os acontecimentos policiais do dia anterior. A interpretação era do reduzido elenco da emissora: Tereza Pavan, Sílvia Cardoso, Carlos La Vida, Themis Ferreira e Neusa Silveira. Na década de 70, a Itai foi vendida e a programação tornou-se religiosa. Mais uma vez, terminavam com o radioteatro. Da emissora, Wilson passou ainda pelas rádios Caiçara e Progresso, de Novo Hamburgo. Foi para São Paulo, onde trabalhou por alguns meses, e decidiu voltar ao Rio Grande do Sul. Em 1993, no projeto de resgate das radionovelas da 1120 AM, Wilson foi convidado a participar de vários trabalhos, entre eles o enigmático doutor Armando, em O Homem Sem Passado, com uma interpretação impecavel. Wilson também viveu André na radionovela, de Raimundo Lopes, Terra de Ninguém. Na sequência, foi confiado a ele o personagem Norberto em Um Vulto no Espelho, do mesmo autor. Nesta novela, o personagem tinha uma perfeita sintonia entre Alexandre (Cláudio Monteiro) e Vicente (Breno Rushell). Wilson, por ser um excelente profissional, é chamado até hoje para compor elencos radiofônicos.
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Música ao vivo
Prontuário Online
Monitoração Visitação diária por câmera das 8h às 18h30
um radioteatro com
a trilha de Sidney
A partir das 20h, de segunda a sexta-feira, o silêncio era obrigatório na sala das residências de praticamente todas as familias, pois estava começando mais um capítulo de uma radionovela com ampla sintonia no lares gaúchos. Ninguém poderia fazer qualquer comentário. Atenção total! As radionovelas eram apresentadas em vários horários: 10h, 11h, 13h, 14h 16h e 20h. Observaram o número de horários diários para esta programação de sucesso? Com as radionovelas, o espaço para se ouvir músicas nas emissoras na época eram reduzidos. Podia se ouvir o pianista Sidney e a Orquestra de Astor Silva, uma fórmula mágica da gravadora CBS (hoje Sony Music) para lançar com Palavras de Amor, esse que, em pouco tempo, se tornou fenômeno entre todas as idades. Nem o cantor e compositor da música Alcides Gerardi vendeu tanto quanto Sidney. Foram mais de 10 LPs lançados com o título de “Isto é Dança” na carreira do pianista, sob a direção do responsável pela área artística da gravadora, o maestro Astor Silva, que fez essa fórmula simples e mui-
to comercial acontecer: gravar, com o piano de Sidney, músicas orquestradas que tinham caído no gosto popular. O maestro não tinha tempo para mais nada, a não ser preparar discos e mais discos a serem lançados por Sidney. E assim surgiram o eterno É Fácil dizer adeus, de Tito Madi; Nossos Momentos, eternizado por Maysa; Blue Star, composição de Victor Young; A Noiva, de José Enrique Sarabia e tantos outros. Era comum se ouvir, nas emissoras de rádio da época, de 20 a 30 execuções por dia de algum sucesso de Sidney. Astor, a frente de sua orquestra, lançou vários discos antes de acompanhar Sidney. Muitos sucessos animaram a garotada nas famosas reuniões dançantes. Há um segredo. Sidney já tocava piano na orquestra de Astor antes de estourarem. Mas, era mero figurante. Um dia, alguém sugeriu ao maestro: “e se lançarmos seu pianista puxando a orquestra?”. Não deu outra. A fórmula estava ali. A gravadora abriu um quarto turno de trabalho para atender a todos os pedidos de vários cantos do país, pois, em seguida, veio o estouro da Jovem
Guarda, outro filão para a CBS. Uma curiosidade: a música Blue Star, com Sidney, foi tema de uma radionovela levada ao ar pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Título da história: Suspeita. Com as radionovelas no ar, aquele desejo dos rapazes de falar em uma emissora de rádio tornava-se realidade. Isso porque, foi inaugurada, em 1964, a Rádio Clube de Canoas. O estúdio localizado junto à BR116, no 2º andar de um prédio todo pintado de amarelo, era a alegria do pessoal. Para quem desejasse ser locutor, o ponto obrigatório era a Rádio Clube. O salário, porém, era o mínimo. Por lá passaram nomes famosos como Jorge Morais, Olavo Carlos Wagner, que hoje é dono de uma emissora AM e de um jornal em Taquara, Antônio Carlos Niderauer, que continua em rádio, e muitos outros. Rouge Carril era o diretor da emissora, cujo proprietário era Ruy Figueira, o famoso Repórter Esso de Porto Alegre. São belas lembranças de um tempo em que as opções de programação eram muitas nas emissoras de rádio. revista das
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maria ieda
um talento marcante Maria Ieda – Gente, eu sou a Isabel Cristina. Sim, a Isabel Cristina de O Direito de Nascer! E as milhares de pessoas que esperavam os atores na praça principal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, para a apresentação do último capítulo da novela ovacionaram os nomes dos personagens deste que foi e sempre será o maior sucesso de todos os tempos. Como já falamos, a autoria é do cubano Félix Cagnet. Maria Ieda conta tal passagem com muito orgulho. Foi a personagem que o público realmente venerava. Ela que, quando menina, sentenciou: “quero ser artista”. O pai era totalmente contra e a proibiu de ouvir rádio. O jeito era ouvir escondida. Certo dia, foi fazer um teste na escola de vozes de Tulio Amaral. Alegando um compromisso, Tulio designou a esposa Deyse Amaral para fazer um teste com Maria Ieda. Ao final do teste, veio o balde de água fria: – Menina, tu jamais vai falar em microfone. Não tem condição mesmo. Jamais, ouviu bem? Aos 22 anos ingressou na Rádio Farroupilha como secretária de César Valmor (Walmor Bergesch). Mas, a vontade de representar nunca a abandonou. Em certa oportunidade, Maria Ieda conversava com Antônio Diniz, diretor de radioteatro da Farroupil24 | revista das
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ha, e manifestava interesse em representar qualquer personagem nas novelas. Diniz pediu que ela entrasse no estúdio. Ouviu sua voz e disse: – Vou fazer de você uma radioatriz ou mudo meu nome! A grande oportunidade de se consagrar surgiu quando a artista principal escalada em Ana Luiza é um Problema, peça em em três atos escrita por Maria Monteiro Panerai, ficou doente. Maria Ieda reuniu todas as forças e interpretou Ana Luiza. O desafio foi grande, sobretudo porque contracenava com Deyse Amaral, a mesma que dizia que a moça não tinha condições de falar em microfone, A partir de então, não faltaram convites. Um fato que Maria Ieda não esquece foi quando contracenou com Walter Broda na Farroupilha. Ele era seu pai em uma radionovela. No texto, a filha faltava com respeito e, em dado momento, Broda levantou a mão e mandou um tapa na direção de Ieda que, rapidamente, saiu do alvo, mas sempre dando várias risadas. Depois que o capítulo terminou, já fora do ar, Broda, querendo se desculpar, disse: – Ieda, tu fizeste tão perfeita, foste tão malcriada e com aquelas gargalhadas, aquele deboche, que eu fiquei com tanto ódio que eu queria te matar! Mas, por favor, me desculpa!
O ator ficou mais de meses pedindo desculpas. Ela sempre respondia: “esquece, Broda, esquece”. Em outra ocasião, Mercedes Garcia tinha que dizer assim: – Me alcança o xale! No entanto, ela se virou para seu par romântico na peça e disse: – Me alcança o chalé! O galã, para não começar a rir, respondeu: – É, claro, é claro, o chalé está a nosso alcance e nós vamos passar alguns dias por lá. Mas agora tome o xale e vamos embora antes que eu perca a paciência! Os mais recentes trabalhos de Maria Ieda foram no grupo de Cláudio Monteiro na Rádio 1120 AM. Ela mesma conta que a maioria dos integrantes do elenco trabalhava durante o dia, por isso as gravações eram feitas à noite. Começava às 21h e entrava madrugada. Ieda organizava os capítulos a serem gravados e os distribuia aos radioatores. Ela viveu Margarida, a governanta da casa de Marocas na cidade de O Homem Sem Passado. A radioatriz também foi dona Laura em Terra de Ninguém. Sem contar que deu um show de intepretação em Um Vulto no Espelho, quando, no último capítulo, foi aplaudida e abraçada por todo o elenco. Além da excelente profissional, Maria Ieda sempre teve palavras amigas para os colegas de elenco.
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o mestre
Ari Rego Um excelente diretor, intérprete e apresentador. Assim era Ari Rego, nascido em 26 de setembro de 1918, em Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Em 1942, iniciou sua carreira de sucesso no rádio. Os primeiros passos foram dados como cantor na Rádio Pelotense. Nessa época, mudou-se para Porto Alegre, onde trabalhou em um cartório. Anos mais tarde, participou de um concurso para locutor na Rádio Farroupilha. A banca, na qual estava Manoel Braga Gastal, diretor da emissora, escolheu Ari como locutor. Em 1949, Ari Rego comandou o Clube do Papai Noel. Quando o patrocinador desistiu de patrocinar o programa, a fábrica de chocolates Neugebauer passou a patrociná-lo. Como essa empresa havia lançado um acholatado de nome Guri, o nome do programa mudou para Clube do Guri, a partir de 1950. Esse programa ficou 16 anos no ar na Rádio Farroupilha, mais precisamente até outubro de 1966.
O auditório ficava no famoso endereço da época: Rua Siqueira Campos, “em frente à paineira” (o casarão ainda existe), próximo à antiga prefeitura da capital gaúcha. O Clube do Guri era transmitido ao vivo aos sábados, das 9h ao meiodia. Dele participavam crianças e jovens entre 5 e 18 anos de idade. Acompanhadas ao piano pelo maestro Rui Silva, por Victor Abauza e por Antoninho Maciel, as crianças e adolescentes cantavam sucessos de artistas como Ângela Maria, Caubi Peixoto, Nélson Gonçalves, entre outros. No programa, apresentavam-se cantores e cantoras como os já citados e também Wanderléia, Rosemary, Elizângela, Neide Aparecida e Leni Andrade. Havia espaço para declamadores e bailarinos. O programa também era apresentado em colégios e em cinemas, como o América, na Avenida Assis Brasil, em frente à famosa Casa Masson. Ari Rego e o Clube do Guri,
por vezes, viajavam para o interior do Estado e se apresentavam em auditórios sempre lotados. Eram levados os artistas mirins de maior sucesso, dentre os quais se destacaram Sônia Delfino, Érica Norimar, Darcílio Messias, Lourdes Rodrigues e aquela que, iniciando sua carreira no “Clube”, viria a ser um dos maiores nomes da música popular brasileira, Elis Regina (acima). A cantora venceu o concurso de melhor cantor/cantora em 1958, no Cine Avenida (esquina das avenidas Venâncio Aires e João Pessoa), em Porto Alegre. Ari sempre acreditou que os programas de auditório voltados para o público infantil eram a única forma de diversão para as crianças daquela geração. Além do programa de sucesso, ele dirigia e interpretava nas radionovelas da Farroupilha em vários horários de sucesso, isso até 1966. Em 1995, ele foi convidado a participar de uma produção apresentada na Rádio 1120 AM: Nas Sombras da Noite, em que seu personagem era Justo Silveira Barros, um fazendeiro do interior. Ari, nessa novela, contracena com vários radioatores que havia dirigido na Rádio Farroupilha, como: Luiz Carlos de Magalhães, Marisa Fernanda, Maria Ieda, Juracy Pinto, entre outros. A radionovela foi um sucesso de sintonia e Ari, é claro, muito aplaudido na interpretação nessa novela de Raimundo Lopes. revista das
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as vozes que Estes nomes deixaram sua marca na memória de todos aqueles que viveram as emoções de várias histórias nas rádios Farroupilha, Gaúcha e Itai nas décadas de 50/60 Rádio Gaúcha: Aida Terezinha, Walter Ferreira, Almá Castro, Paulo Ricardo, Rosalina Correa, Zaíra Acauan, Lolita Alves, Adroaldo Guerra, Esther Castro, Carlos Augusto, Ayrton Duarte, Jorge Barcellos, Carlos Leão, Lidia Yuzuk, Cândido Norberto, Ubirajara Duarte, Sônia Sampaio (Virgina Villalobos), Fábio Silveira, Sanches Neto, Pepê 28 | revista das
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encantavam
Hornes, Sady Nunes, Angelita Marques, Melchiades de Oliveira, Domingos Terras, Ilsa Cabral, Eleu Salvador. Lourdes Nery, Maria Angélica, Maria Eloisa, Luis Sandim, Leonor de Souza, José Fontes, Jane Macedo, Lilia Maria, Rubens Alcântara, César Celente, Sanches Neto, Ismael Fabião, Tânia Maria. Narrador: Enir Freitas. Rádio Farroupilha: Marisa Fernanda, Ari Rego, Rosa Maria, Maria Ieda, Salimen Jr., Wilson Fragoso, Lourdes Helena, Ernane Behs, Antonio Diniz, Shibé, Ernani Parisi,
Lenita Aguiar, Gerson Luiz, Mario de Lima Hornes, Carmém de Alencar, Roberto Lys, Luiz Carlos de Magalhães, Linda Gay, Juracy Pinto, Mano Bastos, J.Pires, Carmem Silva, Nelson Silva, Deyse Amaral, Moacyr Ribeiro, Abel Gonçalves. Narradores: Euclides Prado e César Valmor. Rádio Itaí: Wilson Roberto Gomes, Themis Ferreira, Carlos Lavida, Sílvia Cardoso, Márcia Rios, Ilsa Silveira, Carlos Laporta, Mirna Rodrigues, Tereza Pavan, Edi Amorim e Roselaine Schmidt.
idéia e formação
de um elenco
Renoá Vartuí Acompanhei os passos de Cláudio Monteiro quando voltou ao rádio, após ter saído da Rádio Gaúcha em 1986 para montar sua gravadora e agência de publicidade. Um dos momentos marcantes dessa empresa foi a campanha publicitária de uma cerveja, tendo a frente o personagem professor Bartoletti, criado por ele e interpretado por Nilton Lessa. Associado a gravadoras de São Paulo, Monteiro reuniu um grupo de radioatores e começou a gravar novelas para distribuição em várias emissoras do país. Exatamente em 1992, voltou ao rádio para dirigir uma emissora de Porto Alegre que era uma espécie de vitrolão. A principio, a voz de Monteiro era ouvida de manhã até a noite, pois era o único locutor da emissora. Foi então que propôs à direção resgatar as atrações marcantes do rádio antigo. O diretor da época ficou empolgado com a sugestão de uma rádio alternativa, até porque havia vivido aquela época áurea do radioteatro e dos programas de auditorio, na qual ele era um dos locutores. Lembro das palavras do Monteiro: “os olhos do diretor brilharam quando mostrei um roteiro com a programação, que aguardava aprovação dele”. Com o sim do
comandante, começou a formar o elenco para O Homem sem Passado, cujos direitos autorais adquiriu em 1989. Esta radionovela, depois de O Direito de Nascer, foi a mais transmitida nas emissoras de rádio do país, inclusive na capital gaúcha. Convidou Rochele Hudson para representar a mocinha da novela, a sonhadora Virgínia. Ela não aceitou, pois havia fixado residência em São Paulo. Na retomada da busca da atriz ideal, pensou: “por que não a Tereza Pavan?”. Ela aceitou de imediato e mandou muito bem. Para representar a bondosa tia Marocas, Monteiro lembrou de Silvia Cardoso. Mas havia um problema. Mesmo aceitando, a radioatriz residia em Tramandai, no Litoral Norte gaúcho. A alternativa era gravar em dois dias da semana: nas terças e nas sextas-feiras. Eram dez capítulos gravados em dois dias da semana. Ainda na formação do elenco, dois personagens eram muito importantes na trama de Raimundo Lopes: doutor Armando e doutor Frederico. Wilson Roberto Gomes deu vida ao primeiro e Ivo Fraga, cantor nativista, se revelou um excelente radioator com o segundo. Na medida em que as gravações dos capítulos avançavam, vários personagens surgiam. E Cláudio sabia que teria alguma dificul-
dade em contratar algumas vozes. Os integrantes do próprio elenco sugeriam nomes. E foi assim que chegaram José Fontes para representar o pescador Lourenço, Mercedes Garcia (Maria José) e Maria Ieda foi Margarida. Uma personagem que Monteiro não encontrou qualquer dificuldade foi a vilã Olga, a mulher dos olhos cinzentos. Mirna Rodrigues quem a representou. E o talento seguiu pela família. A filha dela, Rosa Fraga, representou Alex quando menino. Coube ao próprio Cláudio representar o galã Alex e o tio Maneco (com entonação diferente, é claro). Para a abertura e narrações da novela, chegou Jorge André Brites. Enfim, foi um momento muito importante para o rádio no Rio Grande do Sul e para os atores que participaram. A maioria pensava que nunca mais voltaria a representar. E, para Monteiro, a realização de um sonho de garoto, pois vivia o rádio desde os nove anos e, um dia, disse a sua mãe, enquanto acompanhava a radionovela O Homem Sem Passado: “ainda vou interpretar esse Alex”. Louvável que essa revista volte as atenções a essa história, senti-me lisonjeado em colaborar. Viva o rádio gaúcho! * Sonoplasta revista das
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as
lembranças do público
Vaní Christina Alves Porto Alegre/RS
Antônio Carlos Rodrigues Porto Alegre/RS
Magali Santana Porto Alegre/RS
“Quando pequena, minha mãe acompanhava, à noite, uma novela na Rádio Gaúcha que contava um grande amor entre ciganos: Bianca Morelli e João Luiz de Orange. Aqueles Olhos Negros era o nome da novela interpretados magnificamente por Aida Terezinha e Paulo Ricardo. Que novela maravilhosa. Poderiam até regravar essa história”.
“Lembro bem da radionovela O Homem da Casa Vermelha com a interpretação elogiável do radioator Carlos Leão. A emissora que na época transmitiu realizou um concurso premiando a quem acertasse o nome do assassino da história. Escrevi e ganhei um liquidificador (na época eram poucos que possuiam tal aparelho) presente do patrocinador Germano Dockhorn. Belo prêmio na época”.
“A novela que mais gostei naquela época, e hoje estou com 71 anos, foi O Homem Sem Passado que a Rádio Itaí apresentou na década de 60 com o elenco que soube que pertencia à Rádio Atalaia, de Londrina. A intepretação de Dorival Jimenez vivendo Alex foi algo marcante em minha vida. Virginia, vivida por Margarida Marim, era a meiguice em forma de menina. E Améris Silva vivendo a tia Marocas foi um show a parte”.
Laura Maria Pesin Canoas/RS “A história de Alex e Virginia ainda ocupa minha lembrança. A procura desesperada de Alex por sua identidade, a meiga Virginia, a severa tia Marocas chamando atenção do tio Maneco. Tive oportunidade de ouvir na Itaí,na década de 60 e depois na 1120. Falo de O Homem Sem Passado.
Solange C. de Andrade Esteio/RS “Acompanhei com minhas irmãs na década de 60 uma novela que lembro vagamente. Hotel do Luar, de autoria (não tenho certeza) de Amaral Gurgel. História de pessoas que perambulavam pela cidade e dormiam ao relento”.
na trilha sonora BEE GEES
Pode parecer surpresa, mas o grupo inglês Bee Gees, que embalou tantas reuniões dançantes e os sonhos das moças da década de 60, serviu como tema de abertura da radionovela O Homem Sem Passado em suas versões mais recentes. Trata-se de Lamplight, composição de Maurice e Barry Gibb. A trilha sonora do filme Instinto 30 | revista das
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Selvagem, notável producão com a direção de Paul Verhoeven, com Sharon Stone e Michael Douglas, é executada em várias cenas desta novela de Raimundo Lopes na década de 90 na Rádio 1120 AM de Porto Alegre. A regência é de Jerry Goldsmith. Todas as dez músicas do CD foram aproveitadas nas cenas de suspense.
Sueli de Oliveira Canoas/RS “O conjunto residencial IAPI, mais conhecido por Vila do IAPI, revelou duas estrelas que sempre brilharam e muito na constelação artística: a cantora Elis Regina e a radioatriz Aida Terezinha”.
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