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Olga Marco Ant onio, da Pasta d0Mcnor(SP),fe1. urnarevela-

·,

ção verdadeiramente estarrece•

AREALIDADE . concisamente ABACAXIS E BERINJELAS "O que é isso? Que coisa maiscsquisita",perguntaamenina, de seus JJ anos. O pai acode mas não sabe responder. "Vocês nunca viram? É uma berinjela", exp lica o vendedor nalojadegêncrosalimemícios.

Napratcleiraseguint c,outro indivíduo segura vitorioso um abacaxi,oomoquem ti vcssccapturadoum bicho raro. Es1amosnamiserâvdUgan da ou no famfl ioo H aiti? Ledo engano! Os compradores em quesHlo eram apenas berlinenses orientais,quepelaprimeiravezentraramnoladoocidcntal dacidade.

Neste scn1ido, a Alemanha Oricntal estã bem na linha da Rússia comunista, o nd e é difl • ci l co mprar uma laranja , um sabo nete,umapeçadeautom6vcl ou mesmo umagarraíadc ãgua ... Segundo o órgão oficial " lzvestia",íalta carne,açúca r csalemrn uitaspanesdopais ...

RÚSSIA CAMINHA PARA A BANCARROTA Noticia o " Jorna l do Brasil", de 9-6-89, quc o deputa do e economi sta russo Nikolai Shmlyov, numa sessão do Con• grcsso dos Deputados do Povo, deMosoou,afirmouqucaUnião Soviética chegarã à bancarrota eml992,amenos que sejamtomadasmedidasdraco ni anasparacontcrocresccntedtficit público,quedevechegara 187bilhõcs de dólares no fim do ano, istot,241ftdoorçamentototal. 2 -

O dcputado acrc.sccntouque "aexploraçãodaíorçadetrabalho na União Sovittica t maior do que em qualquer outro pais industrializado", c afirmouquc na Rússia apenas 37'4 do Produto Nacional Bruto t destinado aos salários, contra indices de701Vo o u mais na.s nações industrializadas. Vemos, assi m, como t falso dizcr que o co rnuni smo beneficiaost rabalhadorcs. Naverdade,apenas umacamarilhaencarapi1ada no poder t favorecida. O povo tem de sofrer e são muito limitadasa.spossi bilida· des de reação. Shmlyovdefendeuumarcdução drãstka na aj uda que a Rússia presta à revol ução nos palseslatino-americanos,principalmentc Cuba e Nicar.igua, qu e recebem a maior parte dos 8bilhõcsdedólaresanuaisque oCrernlinenviaàregião. Convém lembra r qu e o regi me mo.scovita ain da não caiu nabancarrota porquetsustenta doporpaísescapita lista.s,sobrctudo os Estados Unidos.

ABUSO SEXUAL DI CRIANÇAS Umnúmcroassombroso:300 mil crianças por ano sofrem abusos sexuais na Alcmanha Ociden1al, sendo 80 por cento meninas. O dado mais alarmante: 90 por cen todosabusossllopraticados por parentes ou a migos. Enganadosemsuamaistcnra idade, de rorma tão vil, os pabrcs seres passa m a car regar traumas psicológicos ao lo ngo da vida, autent icas tragédias pessoais. Tambl!m no8rasila.sesta1is1icas ía lam por si. A secretária

CAT O L IC IS M O - J aneiro 1990

dora: cerca de70por cen to dos es111pr05 incestuosos acontecem

no seio de fami lias da classe mêdiaeclasscmêdiaalta, contracria nças de3a 13anos.

PADRES GUERRILHEIROS EPOllTICA SUICIDA Vime e nove sacerdotes, entreosquaisdczespanhóis,atuam nos grupos guerrilhei ros colom bianos, informou a emissora TV-Hoy, baseada num informe ooníidencialdas ForçasArmadas. Um desses grupos terroristas - o M-19 - assinou, hã pouco, um "acordo de paz" com o Governo. Condição im posta: que haja reformas foriemcme csq uerdistasna cstruturasóciocconõmica do Pais. Em troca doque? O porta-voz da guerrilha, Vergara,insolenle,cxplica:"não vamos entregar as armas porqueissoseriarendição:sim plesmente nos comprometemos a nãovoharautilizá-la.s.

PALAVRA DE COMUNISTA!. Enquanto isso, uma pesquisa de opinião revela que90 por cen lo doscotombianossãocon-

tràriosa negociaçOesoomaguerrilha. /\ ss im, emfavordc suapolítica suicida, o Governo colombiano nllo pode alegar nem mcsmo sua suposla J)Opularidade!

DESPERDÍCIOS OGovcrnofcderalestãdespendcndo oom uccssode foncioml.rios uat amemo o dobro doqueos jurosdadlvidainternalh ecustaram eml988.Ocálcul oé dc Arthur Sendas, presidente da Associação Brasileira de Supermercados. Ao mesmo tempo, os orçamcntos das es1atais reprC$Cntam o dobro de todo o orçamento naciona l! Seg undo o Ministério do Trabalho, os saláriosnasestataisc hegam a se r S0porcenromaioresq ueosdascmpresas privadas.

DESMENTIDO O diãrio carioca "0 Globo", cm sua edição de 12 de dettmbro, publicou notlciaaoerca de um pretenso telegrama de protesto que aTFPtcriaenviadoà atrizMaitê Proença pelo desempenho desta em peça imoral encenada no Rio de Ja. nci ro. O Serviço de Im prensa da TFP esclarece quecarecedefundam ento a informação da remessadomencionadotelegrama. Na,apado,wúlà Mm,,,.a",.! Colô mbia, afotodo alua/ diri~nll: máximo do gn,po guem'/Juiro ELN, oupa nhol,

u -pad~Ma,.ud Piru, tnvofoido na dimtwd,inúm.....,. at,nladM, uqiü, tros, atosdt:t,nv,úmo•

~,'oli11âa naqi,, la


SUMÁRIO D~CADA Anál ise de uma década marcada

por um crescente caos, vivida num desconcertante clima de otimismo equeterminacarregadadeincertezas. Natureza das esperanças que se abrem . ........ ... . ........ . .. ... .. 5 INTERNACIONAL

Desativado o Muro de Berlim num clima de euforia, em larga medida disseminada pela "mídia". Visão

mais profunda do fato, apresentado em seu verdadeiro contexto ... 16 AMBIENTES, COSTUMES

Visitando o pitoresco Vale do Ron• . ........................ 22

cal..

IGREJA Bispo colombiano martirizado pela guerrilha teledirigida pelo regime castrista ............... .. ..... . .. .. .... 19

Lituanos no exílio pedem a João Paulo li que interceda junto a Corbachev pela libertaçlo de sua pátria, brutalmente ane xada e subjugada pela Rússia ........................... 24

''CATOUCISMO" i 1111111 publicaçlo 111mA1 d&Emp<C$1Padreild<;hiorclePor11nUda.

1990 •

Estamos a apenas dois lustros da passagem do milênio. E o ano 2000, conforme a perspectiva em que nos coloquemos, aparece extremamente sombrio ou extraordinariamente gaudioso. _e. um paradoxo, convimos, mas é tambtm uma realidade. Só é certo que o terceiro milênio da era cristã se iniciará em circunstãncias profundamente diversas das que nos cercam neste momento em que adentramos os anos 90. Do ponto de vista da hipótese política, meramente racional, as prfflsõcs para o ano 2000 têm de levar em conta, como fator-chave, a orientação que vêm tomando os aconte· cimentos mundiais nos últimos tempos . .e. nesse sentido que "Catolicismo" apresenta nesta edição uma breve análise retrospectiva dos anos 80, da qual se depreende um revelador conjunto de tendências afins. A década caracterizou-se por um caos generalizado, do qual emergiu, como um cogumelo envenenado, a J)O$Sibilidade de uma convergência entre o Ocidente e o mundo comunista - tantas vezes prevista pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira -, a prazo não muito longo e com base num regime sócio-econômico autogestionário. Pergunta-se: chegaremos, jà no ano 2000, à efetivação do sistema de pequenas comunidades autogestionadas, inspiradas no modelo tribal, tendo à frente um guru, i maneira de um pajé? Falam IICS5I direção também a assustadora decadência dos hábitos e costumes, rumo ao nudismo; a perda da noção de boa educação e mesmo de civilidade ou compostu· ra; o amor-livre, que praticamente não encontra mais freios morais ou sociais; e a invasão de eso1erismos de todo tipo - desde a bruxaria até ginásticas "energéticas" - que buscam preencher o vãcuo religioso ocasionado principalmente por clérigos católicos de orientação "progressista", presentemente ocupados em demoliras estruturas da Igreja e da sociedade temporal. .e. preciso ainda contar com imprevistos, fr«tüentes em meio ao caos. O fim da d~ada foi prenhe deles. Basta considerar a inesperada queda do Muro de Berlim, também analisada nesta edição. Que novos imprevistos surgirão? De qualquer modo, corre célere a jã ràpida demolição do que resta de civilização ocidental. Por6n - é importante tê-lo em vista - Nossa Senhora também tem seus imprMs· tos, e o espetacular triunfo do Imaculado Coração de Maria, anunciado em Fátima, pode estar bem mais próximo do que se imagina. E al então o milênio se inauguraria regido por uma esplêndida e materna clave marial.

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Apur~dOS os

votos nas eleições presidenciais brasileiras do segundo turno, as CEBs e organizações congêneres - o sustentâculo eleitoral do PT - tiveram de amargar uma derrota. Com efeito, os esforços conjugados de tantos eclesiásticos e leigos da esquerda "católica" mostraram-se insuficientes para içar à Presidência o filo-castrista Lula. Tampouco pareceu convincente ao sagaz público brasileiro a máscara até certo ponto moderada que Lula tentou afüe!ar no rosto à ultimissima hora, na esperança de atrair eleitores centristas incautos. Quem se beneficiou com isso tudo foi Coltor. Saberã ele tirar as conseqiiellcias do fato de que a maioria dos brasileiros não quis a esquerda no poder?

CATOLICISMO - Janeiro 1990 -

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"- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , Discernindo, , , ,

distinguindo, classificando,,

TRAÇOS LUMINOSOS DA ALMA CATOLICA

C

ORRIA O ANO 1215. Toda a Andaluzia (sul da Espanha) estava ainda domina-

da pelos mouros. O jovem infante D. Fernando, fil ho do rei de Leão, neto do rei de Castela, destinado pela Providência a unir os dois reinos, sentia em si desde menino o chamado divino para continuar em grande estilo a obra do Cid Campeador: a épica cruzada para expulsar

os infiéis da Penlnsula Ibérica. Ar-

diam em sua alma os fogos sobrenaturais de Covadonga, a célebre gruta a partir da qual a Reconquista do território ibérico para Cristo começara. De tal modo sua vocação o tomava e o entusiasmava, que seus pensamentos e suas palavras constantemente reíletiam o ideal da luta contra os mouros. Certo dia, em que D. Fernando manifestava sua tema Noua s,,.1,o,,. d,u R,i,. tmar• ,,..,, a devoção a Nossa Senhora, cantan- q"'11SioJ."7IO.ridoruo,,.jrtq~"'u-, do hinos em seu louvor como a ''Sal- d,m11t1taror,,quistadaArido/ouia.A1"'1lve Rainha" a a "Virgem Mãe de mtnU J ,,_..,,rada ,... Carnlral d~ &"''IM. Deus", uma de suas irmãs, Da. Sancha, não sem uma ponta de malícia, lhe disse: "Quando cantais em lou- pacifismo sem discernimento, e de vor a Santa Maria, D. Fernando, qucmalógicaparecc1cr-seevanescientão não vos lembrais dos mou- .do! Mas, como é belo este traço da ros." Ao que o infante serenamen- alma de São Fernando, da alma mete respondeu: "Eu A farei rainha dieval, da alma autenticamente catóda Andaluzia!" (1). Realmente, foi lica. cumprindo essa missão que ele se santificou . Em seu espírito, a devoção a Dezesseis anos depois, já Rei, e Nossa Senhora e o combate pela re- tendo iniciado vitoriosamente a realeza da Santíssima Virgem junta- conquista da Andaluzia para Nossa vam-se num só ideal, doce e for1e. Senhora. obrigações inadiáveis torEram dois aspectos de uma mesma naram indispensável a S. Fernando realidade, unidos entre si pela five- permanecer por algum tempo em la feita de aço e de luz da lógica. Leão. Mandou então seu exército Pois, se ele amava verdadeiramente prosseguiracruzada.Mas ... semele?! a Nossa Senhora, natural era que a A presença do Rei na batalha quisesseRalnhadeseusreinoshispâ- eraparaomedicvala fonte de inspinicos, e se lançasse na luta contra ração na luta, de coragem noenfrenos que malevolamente impediam es- tamento, de ânimo nas adversidades, se designio providencial. de alegria na vitória. O Rei era o Como isto tudo se torna incom- homem-simbolo, o estandarte vivo, preensivel ao pobre homem do sécu- Cristo presente na Terra. lo XX, imerso no pântano do relatiS11o Fernando o sabia bem, e o vismo religioso, amolecido por um sentia melhor. Assim é que conce-

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C ATOLIC ISMO - J aneiro 1990

beu a idéia bem medieval, cheia de elevação e de tato, de fé e de senso das realidades, que consistiu em colocar à frente de seus exércitos seu filho primogênito, Alfonso, de apenas nove anos de idade. Aquele que era a esperança futura de Castela e de Leão, ele o enviava para ser purificado no fogo do combate e nos perigos da morte, como um simbolo vivo de si mesmo. A direção efetiva dos exércitos, S. Fernando a entregou a um nobre de sua confiança, experimentado nas lides da guerra contra os mouros. Mas a liderança simbólica, aquela que num momento de indecisão dos soldados tem força para lançálos A luta, num momento de divisão pode conseguir a unidade e a adesão firme e continuada, e no mais aceso da batalha produzir em série os heróis e os mártires, essa liderança queatraiasgraçasdocéueleatransmitia a seu filho, um menino (2). A noção do homem simbolo, do representante de Deus era muito cara á a lma medieval, e constitui umdeseustraçossalientes, mais especialmente sublimes, mais autenticamente católicos . Assim, o infante D. Alfo nso, a exemplo de seu pai, S. Fernando, foi para a batalha, dormindo ao relento, alimentando-se quando posslvel, enfrentando riscos contínuos, recebendo as homenagens de seu soldados que lhe beijavam a mão e abraçando os que mais se distinguiam como prêmio por sua bravura. Enfim, estando presente em todos os momentos como se fosse já o Reicavaleiro. C,A

NOTAS (1) C. Fcrnandu de Castro A.C.J .. ''The Ufe of 1hc Very Nobk Kina or Cutik and uón,S,,in•Fcrdinandlll",ThcFoundatlon fora 0.rislian Civitiuuion, New York, 1987, pp,19/ 20. (2)tdem, pp. 127eH


VISÃO

OE CONJUNTO E MODO dominante,

D

marcou os csplritos, na

Ultima década, no camJ}O internacional, o lança-

mento da glasnost e da perestroika pelos russos.

Glas nost significaria um novo estilo de relações Oriente-Ocidente marcado pela transparência, ·ou seja,.pela sinceridade absoluta e pela completa abertura. Comportaria intercâmbios cultural, turístico, econômico e outros: E redundaria necessariamente em completo degelo entre os dois blocos ideológiPerestroika, por sua vez, seria uma reestruturação interna na Rússiaepaises do Pacto de Varsóvia, de modo a arrancá-los da estagnação econômica a que os haviam reduzido setenta anos de um regime opressor. Uma tentativa enfim de suprir a crõnit:a falta de alimentos e o utros gêneros de primeira necessidade, bem como de_ mover as águas cm meio a uma população paralisada pela falta de iniciativa. Sobretudo, a glasnost e a s,trcstroika re-

Anos 80 -

presentaram uma gigantesca manobra de guerra psicológica dirigida contra o Ocidente para desmobilizá-lo cm face da penetração ideológica do comunismo, e tornar assim possivel uma reunião dos dois blocos. Reunião que pern,.itiria uma fácil soeializaçãc. da população a-idcologizada e anestesiada do Ocidente, ao mesmo tempo que revitalizaria o falido império soviético. Não se pode negar sagacidade a essa manobra, como também não se pode deixar de lamentar a simploriedade de espírito dos que por ela se deixam levar sem qualquer d esconfiança. Mas "a classe operária não apoiará quem falar em tornar capitalista a sociedade soviética'' (''0 Globo'', 18-11-89), afirmou tachativamenteGorbachcv. De fato, tudo é feito para vantagem do comunismo e sua expansão.

A caminhada para o caos

·


O assunto, de vital importância para o mundo todo, ganha cm elareza se visto no contexto da década que passou.

Sob o signo da autoee1tão Os anos 80 iniciaram seu cursosobnuvensnegrasqueprcssagiavam o esmagamento dos últimos restosdecivilizaçãocristãnomundo. Com a ascensão de Mitterrand à presidência da República francesa, a ameaça era clara: o prestigio cultural e polilico da França ia ser utilizado como cabeça-de-ponte para espalhar por todo o Ocidente o socialismo autogcstionário, quebrando as estruturas sociais e econômicas que vigoravam desde o fimdasegundaguerramundial. Uma vez implantado no mundo livre, esse socialismo autoges1ionário - que a Constituição russa e os teóricos do marxismo em geral apontam como sendo o fim último do comunismo - propiciaria uma convergência en1re o munJo comunista e o nosso em bases ideais para Moscou. Com vistas a homogeneizar os dois blocos antes de fundi-los, também nos países do Pacto de Varsóvia um movimento se fazia sentir, precursor da perestroika, de índole fortemente autogestionária. O pais escolhido para sede experimenta l foi a Polônia, onde o sindicato Solidariedade de Walcsa se debatia contra a ditadura comunista cm nome de um socialismo com liberdade. O homem ocidental, que desde a Conferência de Yalta vinha sendo trabalhado a fundo pela propaganda pacifisia e libertária, para a qual o mal do comunismo residia apenas no seu aspecto agrcssi-

I com voe di1atorial, era levado a simpat izar Solidariedade, sem perceber o veneno ideológico que seu socialismo autogestionãrio trazia no bojo. A Polônia era, aliás, detrás da Cortina de Ferro, o pais ideal para servir de cobaia a essa e1tperiência, pois sendo sua população composta maciçamente de católicos, poderia servir de c1tcmplo não só da convergência comuno-capitalista, mas também, e talvez principalmente, da conyergência católico-comunista.

Caos e otimismo

A Alr,u,.gem dai Tl-'P,, d, ""loria do Prof P/i,rio Corria de 0/ivúra, quebrou o mta,1/0 ,li, 11utogutiio, e o dm,mcim, enq,w.,10 ,,;,.,. i,ic/t,i,111 "ª' oomlmafÕ.s da lg,,ja ao

,/o,.,

A manobra se apresentava de por1e universal, e parecia ler aberiasdian• te de si as portas do êxito. Cumplicida· des não lhe faltavam nos mais ahos postos de influência e de mando. Coube ao Prof. Plínio Co,rêa de Oliveira, em monumenial Mensagem ao mundo, difundida pelas 13 (hoje 15) TFPs cm quase todos os 1>aíses do Ocidente e vários do Oriente, quebrar

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C1\TOLICIS~·IO - Janeiro 1990

o encamo da autogest!lo, denunciã-la enquamo doutrina incluida nas condenações da Igreja ao comunismo e enquanto jogada faial preparada nos mais recônditos laboratórios de opinião pública de Moscou. Na França de Miuerrand a publicação da Mensagem não foi permitida, mas sua difusão por todo o Ocidente esclareceu os espíritos aturdidos, fortificou as vontades vacilantes e vacinou eficazmente a opinião pública contra a manobra. Quebrando assim o elan expansivo do socialismo autogestionàrio francês, cs1e foi obrigado a encolher suas garras mesmo na pátria de S1a. Joana d'Arc, e Mitterrand se viu praticamente reduzido da condição de fera perigosa à de vovô inofensivo e centrista, "ton-ton" como foi posteriormente chamado.

Mas o plano de fundo do comunismo internacional, que consistia em promover a convergência Ocidente-Oriente com base num sistema social e econômico tão próximo quanto passivei do sonho mar:,,;ista, em busca da realização final da autogcs1ão socialisia plano diversas vezes previsto e denunciado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (1) - não foi abandonado! Apenas procurou outro caminho mais transitável. E terminamos a década prescn· dando fatos espetaculares como a implantação de um governo colaboracionista na Polônia, a abertura política na Hungria, e sobretudo a destruição simbólica do terrivel Muro de Berlim com a abertura de diversas passagens entre os dois lados da cidade. Fatos que pressagiam outros do mesmo gênero a constituirem um conj unto de passos precursores ru(l!O à efetiva realização dessa convergência. E tudo se faz sem que a opinião pública sedê claramente conta do que se está passando cm profundidade, embalada pela euforia da mfdia internacional que timbra em apresentar os fatos como alvissareiros, pondo na sombra as graves perguntas que eles suscitam jà para o dia de amanhã. Por exemplo, que regime sócio-econômico deverá vigorar num mundo sem fronteiras ideológicas? Que conseqiiências isso trará paraavidadecadaindividuoem particular? A pan-Europa que se quer cons-


truir incluirá os atuais palses do Pacto de Varsóvia? Mediante que compromissos de parte a parte? Os Estados Unidos ficarão isolados? E a América do Sul como se arranjará nisso tudo? A atual miséria nos países comunistas terá de ser compensada às custas da prosperidadeocidenta11 De momento, tudo parece envolto num otimismo fácil e vazio, e imerso no caos. São esses dois ingredientes, aliás, que marcaram a fundo a década de 80. Desde o fraca sso do socialismo autogestionário francês, o Ocidente veio sendo preparado para a atual quebra de barreiras entre os dois mundos, por meio de um caos cada vez mais imenso, só suportá vel porque perpassado por um vento de ot imismo sem base na realidade. A irracionalidade caót ica com manifesto tom alegrete marcou a fundo os acon1ecimentos determinantes dos anos 80 preparando esta "entrée en scêne" dos anos 90 com aconteci men1os tão espetaculares quan!O de conteúdo incerto e somb rio. Como chegaremos ao terceiro milênio? Esperanças evidentemente as há e muirn elevadas. Mas nilo surgem elas desse lodaçal de acontecimentos caóticos. Elas se sit uam naquele nível tão mais alto e por isso mesmo mais confiável que o caos jamais atinge: o nível da fé. Mas antes de falarmos das esperanças, analisemos rapidamente alguns dos fatos-píncaro da década que findou. Eles tornarão evidente como a convergência cm curso foi preparada por um caos progressivo na sociedade temporal, na própria Igreja - helàs! -e nas almas.

l•r•J•: o pt"oblema do Concílio Na vida interna da Igreja, percorreu toda a década um fato pro1uberante: o prosseguimento da diflcil e laboriosa assimilação do Concilio Vaticano li. Os inspiradores e propulsores das resoluções dessa Magna Assembléia abriram largamente as janelas para a sociedade temporal cont emporíinea, cuja caminhada ascensional saudaram com gáudio e esperança : estas duas palavras marcaram de modo sintomático a importante Coostituição conciliar "GaudiumetSpes". Para essa abertura, esperavam eles em resposta a aclamação jubilosa e grata do mundo hodierno. O que, por sua vez, facilitaria largament e a assimilação das reformas conciliares !){!los fiéis, e a abertura de caudalosas relações ecumênicas entre a Igreja e as diversas cstruturaseclesiãsticasnãocatólicas.

A tantas esperanças nl\o responderam os fatos, senão de modo muito incompleto. Antes de tudo, a gaudiosa e esperançosa ascensão do mundo contempo· rãneo não ocorreu. Pelo contrário, foi ele sendo objeto de criticas crescentes, e sempre mais generalizadas, até mesmo da parte de vãrios dos que eram seus sustentadores no início do Concilio. Naú11i madécada, as"démarches" ecumênicas foram acolhidas com transportes de entusiasmo por pequenas minorias de "aficionados" de um e de oucro lado das fronteiras da Igreja. Mas na maioria dos católicos, causaram estranheza, incompreensão e até desinteresse. Sem falar das judiciosas objeções feitas por observadores especialmente zelosos de manter as tradições da Igreja, quanto a excessos ecumênicos de pessoas e grupos que fora m, nessa delicada matéria, além de lodo oeabimento.

BALIZAS EM MEIO AO CAOS Ntio pretendemos, de modo algum, num simples artigo, ci1ar todos os fatos importantes ocorridos na década - seria preciso um li vro - mas tãosó implantar algumas balizas para que, a pariir delas, o leitor possa orientarse no tremedal.

CATOLIC ISt-.1O - Janeiro 1990 -

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A invasão dos 1rajes imorais, não só na vida civil como no recinto das igrejas, usados até por pessoas no próprio em que recebiam os sacr~mentos, a expansão de correntes teológicas e sócio-econômicas portadoras de erros inadmiss(veis, as dissensões que dai decorreram entre católicos, os abusos praticados com base na nova legislação ca16lica em matéria de anulação de casamentos e tantos ouHos fatos do gê nero fizeram dessa década um dos períodos mais tumultuados da vida interna da Igreja. De tudo isso pode o leitor ter um quadro panorâmico muito mais amplo e preciso lendo a célebre obra do Cardeal Ratzinger, "Rapporto sulla Fede" (Relatório sobre a Fé). A década encerrou-se com um fato de palpitanle atualidade: a visita de Mikail Gorbachev a João Paulo 11 . A mfdia internacional assesto u todos seus holofotes sobre o acontecimento, mas até o momento pouco transpirou acerca do conteúdo das conversações . De concreto, apenas se efetivou o convite do chefe soviético a João Paulo li para este visitara Rússia. Não se confirmou a noticia da solicitação do Pontífice a Gorbachcv para que seja concedida liberdade â Igreja Católica uniata na Ucrânia, bem como de que seja esta reconhecida pelo Cremlin Esse encont ro ninguém o esperava, exce1uados alguns observadores particularmente astutos. Como a pcres1roika e a derrubada do Muro da Vergonha, ele encheu o mundo de uma surpresa que, cm diversos ambientes, atinge as raias da desconfiança e do desconcerto.

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CATOLIC ISMO - Janeiro 1990

As relações entre o Ocidente e o mundo comunista vieram marcadas nessa década pela glasnost e pela pcrestroika. Em primeiro lugar cumpre registrar um aumento extraordinário da propaga nda. Gorbachev e Ralssa, suas declarações, suas viagens, suas fotos, seus gestos ocuparam com estardalhaço largos es paços na mídia internacional. Tinta e papel, bem como imagens televisivas não foram poupados para levar, às mansões como âs favelas, o sorriso otimista do Presidente do Soviet Supremo e a propalada elegância de sua companheira. Ao mesmo tempo que importava propaganda, o Ocidente exportava para a Rússia e satélites dóla res cm quantidade, know-how altamente es pecializado e alimentos, num esforço gigantesco para manter de pé o império comunista que, após setenta anos de um regime antinatural e fracassado, camba· leava sobre suas própria pernas. O turismo europeu e norte.americano para além da Cortina de Ferro foi sendo facilitado, embora sempre restrito e vigiado. O movimento de fugas para o Ocidente continuou grande. E, no fina l da década, deu-se a surpreendente desativação do Muro da vergonha entre as duas Berlins (sobre este

fato espetacular, ver artigo nesta mes· ma ediçao). O último grande lance nas relações Oriente-Ocidente foi a conferência de cúpula Bush-Gorbachcv, realizada nos dias 2 e 3 de dezembro, a bordo dos cruzadores Belknap e Slava, em águas tcrritoriaisdeMalta.Ocncontrocaracterizou-se por um es pírito de distensao, aproveitando o chefe comunista para d iscorrer perante o presidente no rte-americano e a opinião pública mundial sobre o programa de reformas empreendidas pelo governo soviético. Segundo um porta-voz norte-americano, Bush, na ocasião, desejou o "êxito da peres1roika", manifestando assim a in1enção de seu governo de auxiliar o Cremlin na execução dos ambíguos e hcsitames métodos de reformas, em curso na Rússia.

CrHce poderkt muçulmano A ascensão e expansão do poderio muç ulmano - como opção para uma Cristandade européia decadente e amolecida - sem se desmentir, passou entretamo por uma metamorfose. Se, ao pan-arabismo político de Nasser, com sua Repúbl ica Árabe Unida, de lndole mais racial do que religiosa, sucedera um pan-arabisrno econômico, baseado na hegemonia do petróleo, nos anos 80 houve urna nova e acen-

Nt> rnwntro rntrr:Jt>ào Pau/t> li r Go-rlloelu~, dr .,.,,.,.,...LO, a~rwu u tftlioou t> «m,,,·,~ dt> ,Mfa souiitico ao Pt>nt/{ill para ttlr 11Ui1ar o Rúuiá


"fNrulroika" não cit,m,ot.< ,i uausa d, r,lim,nlos nci RUuici (mumo selQr pn·ooJ.o de mr(:iido,, como o dt,foto), wn1in,umdo o de.conlenlar,,.nio dà populll(áii

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tuada mudança de tônica. Passou-se definidameme ao pan-arabismo religioso, encarnado na figura místico-ditatorial deKhomeini. A divisão interna no mundo árabe entre os xiitas de Khomeini (radicais, violentos, centralizadores) e os sunitas mais liberais - divisão curiosamente semelhante à que aflorou entre os judeus - não possibilitou até o momento a formação entre os islamitas de um bloco único militar-religioso, cujas conseqüências para a Europa e para o mundo seriam imprevisíveis. Porém, enquanto tentam resolver suas divergênciasinternas,aoqueparece bastante sérias, os muçulmanos vão promovento a "invasão" pacifica da Europa. A imigração muçulmana, sobretudo para a França e a Alemanha, é colossal.

A "à~r1t,rii" propor(:o"onàdll f,flii glcimost CtJmportii um incremento do int,rcâmbio turistt"c., entr, On",n1t·<kid,n1t,Jiivorn:i,lQ p.,r olrn~ntufolhe101 d, publicidml,, que M/,,n"w.m o utifo d, uidii souil tico

Formosa •• evanesce

No Extremo-Oriente, Formosa foi sendo esquecida. De baluarie anticomunista que foi nas décadas de 50 e 60. as quais se seguiram à tomada do poder por Mao-Tse-Tung na China con1inental, a ilha foi sendo progressivamente abandonada pelo Ocidente. No inicio de sua resistência, ela foi ajudada, sobretudo pelos Estados Unidos, sendo até seu governo reconhecido como o único legitimo de toda a China. Entretanto, mesmo então não se lhe permitiu que tentasse "limpar" o continente do comunismo, para o que Formosa contaria com um apoio popular ao que tudo indica esmagador. Aos poucos os ventos pré-perestroika foram produzindo um estreitamento de rdações dos Estados Unidos com os palses comunistas, que culminaram com a famosa e catastrófica visita de Nixon à China, em 1971. A partir da( Formosa foi sendo paulatinamente abandonada. os pai ses ocidentais foram rompendo relações diplomãticas com seu governo, até se chegar ao extremo de expulsar Formosa da ONU para substitui-la pela China vermelha. A pujança social e econômica de Formosa, porém, em face da miséria produzida pelo comunismo noco111inente. obrigou os ocidentais a manter, um tanto na surdina embora, suas relações comerciais com a ilha. Mas diplomaticamente ela foi desconsiderada, e do pon-

to de vista propagandístico, deixou-se de falar dela. Será um passo para sua futura anexação pelo continente? China comunista: o p61o " duro"

Enquanto essa ameaça sombria paira sobre Formosa, qual foi, nos anos 80, a evolução dos acontecimentos na China continental? O inicio da década encontrou uma China que dava mostras, também ela, de querer começar a sorrir. AJ)Ós as mortes de Mao-Tse-Tung e Chu-EnLai, o novo homem forte do pais. Deng. apresentava-se mais liberal. A terrível"revoluçãocultural"foirelegada para as prateleiras da História como um fantasma do passado. E a midia ocidemal, com uma sofreguidão dificil de justificar pelos fatos, mas reveladora de uma tendência otimista constante quando se trata de países comunistas, trombeteava que a China iniciava um processo de liberalização. Imediatamente os Estados Unidos e outros paises ocidentais puseram-se a exportar - talvez fosse mais adequado dizer "doar" - para a China quantidades inauditas de bens de consumo. Lojas inteiras foram montadas naquele país comunista por empresários capitalistas. A tal ponto que Frei Beno, de volta da China, manifestou seu temor de que o capitalismo invasor viesse a deturpar a pureza do comunismo chinês ...


1

Feri,fos &tio r,/Írtufo, às pnu<IS ,fo ''l'mçtl ,1,, l'tu Ctlnt i'11 " ,

me· a<J · } "'" e ( ' ' J,\ ' •s. A Ch ·,,a. qu, "" ,,. ·"ª" 'k ' com,fd' ' Uum' ' dvn,,.,, ·,,,,,_

Po rém, a Chi na, que iniciara a década ensaiando atrelar-secomo um vagão a mais ao trem das liberalizações , findou a mesma comosimbolo<lc um co munismo "du-

ro" e intratável. A qucp!anosobc-

dece isso tudo? Em meio ao caos contempo râne o é difícil dizer. Tanto poderemos ter, na década de 90, uma rcinswlação da Chi na no campo da glasnost e da pcrcstroika, seguindo um rumo único com Moscou - e nesse caso ela sabe que poderá contar, no Ocidente, co m a euforia da mídia, o apoio de altos políticos e o dinheiro de

imporcantcscapitalistas - quant o poderemos assistir a um endurecimento progressivo do governo. Nesteúltimocaso,cstariaestabclccida u111a frincha no mundo comunista, ao menos para uso externo . China seria o pólo para o qual se

"ª ~,.J,ital dá1t,sa,

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sentiriam atraídos Fide! Castro, Ortega, o governo da Albânia e outros que timbram em permanecer, ou parecer, "duros". Desde que - hipótese que não se pode ingenuamente excluir na própria Rússia uma rcviravoha não deponha Gorbachcv e sua "troupe" de refor rnisias.

Uma Índia discreta A Índia nào ocupou um papel saliente nos acontecimentos da última década. Após as convulsões que transfo rmaram a mítica e legendária Índia dos marajás numa República de cunho socialista e democrático, o país parece ter perdido muito de sua expressão internacional. Aquele caldeirão em que ferviam et nias, regionalismos e costumes diferentes , e no qual se podiam vislumbrar esperançasricasevariadasparao futuro da civilização, sob o signo de uma conversão à Religião católica, parece ter caído numa sit uação de inércia. A Índia se aquieto u, mas perdeu algo de ~ua vivacidade e seu brilho.

sor de Brczhcnev, Tchcrncnko , não correspondeu a essas esperanças. Porém, tantoelcquantoscusucessorimediato, Andropov. - também pouco afeito às aberturas - não duraram muito no poder. Foi então que a estrela de Gorbaehev se alçou no horizonte com sua glasnost, completada pouco depois por sua perestroika. A relativa juventude para o cargo do novo chefe, seu sorriso fácil , sua política de largo espectro e até o fato de associar à sua imagem a propalada elegância de Raissa, tu do isso incutiunos dirigentesocidentaisuminvencível otimismo. Não foi bem assim na Rússia, onde Gorbachev con1inua a enfrentar, cm termos de cúpulas, a oposição dos "duros" . e cm eermos de bases , odescont c111amc1110 de uma população que deseja mais pilo e menos propaganda . A necessidade de fortificar sua periclitante posição como líder do Partido e do Estado russo parece ter sido o fator determinance que levou Gorbachev a vir ao Ocidente encontrar-se com João Paulo 11 e com Bush. Segundo Augusto dei Noce, professor de filo sofia política na Universidade de Roma, a visita de Gorbachev a João Paulo ll scria"nccessãriapara(aquele) se manter flumando cm um momento em queaságuasdoseu país estão parti cularmente agitadas" ("30 Dias' ', outubro/89). Quanto aos países satélites, inteiramente "pacificados" pelo exército soviético, não pareciam e les ter qualquerintençilodemover-seaprincipios da década. Mas o dcscontclllamento era ge neralizado. Com a nova política gor bacheveana, começaram também os movimentos autonomistas e separati stas não só dos pai ses esc ravizados, como a Lituânia, Letônia, Estônia, Hun gria, Alemanha Oriental, Polônia e outros, mas de regiões no interior da própria Rússia. Posteriormente, a Bulgária e a Tchecoslováquia também se movi Atravessamos a ponte entre os anos 80 e os 90 vendo go vernos de coalizão que se formam (corno na Polônia), países que se dizem independentes (como a Hungria), muros que caem (como cm Berlim), sem que saiba-


que isso tudo irá dar e qual o poder efetivo que o Crcmlin conserva sobre us novo( governos e situações. Decai a Commonwealth e renasce o poderio alemão.

do cada vez mais tênues os laços que unem a Grã Breianha ao Canadá, à Austrália e outras partes de Commonwealch. No interior do próprio arquipélago britânico, o relacionamento com a Irlanda do Norte foi bastante tenso.

A capacidade de organização e de 01 diversos empuxo do povo germânico fez com socialismos que a Alemanha Ocidental, apesar de A lepra socialista expandiu-se na constituir uma parte apenas da Alemanha total, se transformasse nos anos Europa durante a década, metamorfo80 na primeira po1ência econômica da seada segundo as conveniências de ca&,w,âu,Ull /iuro d• Tl'l'-Couadonga ,/,rum Europa. da lugar. O frio e calculista socialis- e· a "nw ' ,-do,.11ombro1a"<! acol>o Por sua vez a Alemanha Oriental, mo nórdico deu lugar, na França, ao pt'lo11<Kio/ismot1p,an~r,I apesar de não ter podido desenvolver- socialismo mitterrandesoo, autoges1iose devido ao jugo comunista, conse- nário, inicialmente agressivo, mas que, guiu ser, dentre os vários países subju- depois de se lhe ter cortado o passo A lHtação da pan-Europ• gados (inclusive a Rússia), o menos (ver Parte I deste artigo), usa máscara de centrista bonachão. miserável O sonho, de De Gaulle e outros Na Espanha, o socialismo dito cul- no pós guerra, de uma Europa ocidenAgora que se fala de uma reunificação das duas Alcmanhas, já a Inglater- tural de Felipe Gonzales iniciou naque- tal forte e unida, foi migrando, sob o ra e principalmeme a França se sentem le país uma "revolução tremenda e as- deito pernicioso do socialismo, para sombrosa'', mas pacifica e despercebi- a idéia de uma liquidação das fronteiincomodadas da. Tem ela o patrocínio de um rei anó- ras entre os países. Daí passou-se a dino, que ao mesmo tempo representa, umaaçãofcbril,queresultounumgranpara achatã-las, as tradições monãrqui- de fortalecimento, nos anos 80, do cas da Espanha, e se presta a todas as Mercado Comum Europeu e do Parla"modernidades" desejadas pelos socia- mento Europeu, com vistas à formação listas, inclusive a promulgação da cri- da pan-Europa minosa lei do aborto. A "revolução F'oram derrubadas praticamente toassombrosa" conta também com o res- das as barreiras alfandegárias entre os paldo de grande parte da Hierarquia palses do Mercado Comum, e o trânsieclesiásticadaquelepaís,aqualcolabo- to através das fronteiras estabeleceura abertamente com o socialismo ou se quase sem restrições. O Parlamense omite ante ele. to Europeu reúne-se habitualmente, tenA população - cm boa medida do havido hã pouco eleições para o anestesiada pela ação conjunta da mesmo. Uma Corte de Justiça euroMonarquia e de Bispos, além de ou- péia já obrigou a Alemanha a admi1ir tros fatores, cm favor do socialismo cm seu território a venda de cerveja - sofre com inércia o processo, co- estrangeira de inferior qualidade, a Esmo um paciente numa mesa de cirur- panha a aceitar azeite de segunda clasgia. Os leitores poderão procurar no se, e assim por diante magnífico livro "Espanha: anestesiaCom a queda do Muro de Berli m da sem perceber, amordaçada sem no final da década, urna nova perspecquerer,cxtraviadasemsaber. A Obra tiva se abriu: a de que a pan-Europa Manifut(l(W1dtwrtÍftrn,,cionnliS1aton1ido PSOE", da TFP espanhola, ades- abranja também os paises do Pacto l1WiitK<I como u/a, rraliwda em ut,mbro crição pormenorizada dessa trágica de Varsóvia, constituindo um só todo último, na Eslónia, nliioulornandofrtq,i,nsimação do Atlântico aos Urais. nos lris pai,,, bálticos Poder-se-ia ainda falar, durante a O moloch europeu - tão diferendécada, de um socialismo italiano, de te da outrora feliz Cristandade! - vai Enquanto isso, foram-se avolu - um socialismo português, da possibili- assim tomando corpo cm detrimento mando durante a década os fatores dade de uma reunificação socialista das pátrias. A perspectiva futura bem de dissolução da Comunidade Britâ- da Alemanha, todos tendendo à disso- poderá ser a de um governo único e conica. Não só o governo Tatcher cele- lução das características próprias de do-poderoso pairando sobre um formibrou um incrivel acordo para a futu- cada povo cm holocausto á massa iner- gueiro europeu de indivíd uos, no qual ra entrega de Hon g- Kong à China te e coletivi1..ada que se quer preparar cada pessoa não tcrã mais uma pátria comunista, como se foram torna11- para o futuro. nem uma tradiçao em que se apoiar

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ante o despotismo central. Apenas viverão os cidadãos dentro de micro-organismos autogcstionados, todos iguais, semelhantes a tribos, animadas talvez por parapsicólogos ou gurus

Declínio do conservadorismo Ante tal configuração dos fatos na década, não é de espantar que os movimentos conservadores europeus tenham passado por um visível declínio. A conservadora Tatcher veio tomando medidas cada vez mais à esquerda, enquanto o chancekrKohlpropugnouarctirada dos misseis americanos de médio alcance instalados em território alemão. A própria opinião pública do Velho Continente, tão manobrada e tão empurrada de todos os mo dos para a esquerda, deu sinais decansaçoemsuaresistência,cain do numa letargia perigosa.

continuem a desconfiar da po!itica russa, outros ficam perplexos, e o movimento conservador corre o risco de perder seu e/an. Várias ameaças de crack econômico e de queda do valor do dólar ocorridas durante a década, tornaram claro que mesmo o poderio do gigante norte-americano não é inabalável nos dias de incerteza e caos em que vivemos O americano médio não tem mais a mesma segurança da estabilidade de seupaísedeseusistemadcvida,sujeito a tantas pressões. Muitos começam a vislumbrar a possibilidade do fechamento da nação sobre si mesma, num neo-isolacionismo, como um modo de sairdedentrodeumcaosmundialinextricável. Sendo, porém, os Estados Unidos o pais-líder do Ocidente pela força de suas armas, de sua economia e de seu prestigio político, se ele cambaleia, é o Ocidente todo que cambaleia

Nos Estados Unidos, perplexidade Os anos 80, nos Estados Unidos, conheceram, desde seu início, uma salutar reação da opinião nacional que, saturada dos desvarios esquerdistasdeCartcrcoutros,clegeu por duas vezes consecutivas um Presidente tido como conservador, Reagan, e propiciou o aparecimento do movimento da "Nova  nlirnda de minei, americano, da Aluna Direita" Nofinaldadécada,emboraele- >lha Ocidental i um ,intoma de afroiuame11 gendo Bush - o mais conservador todocotuer11t1' 'm<1 , ;eu dos dois candidatos à Presidência - essa mesma opinião parece aturdida com os acontecimentos euro- Na América Latina, peus, sobretudo os que dizem res- o caos se generaliza peito à glasnost e à perestroika. Embora muitos none-amcricanos Na América Latina, o caos foi o elemento predominante da década, em quase todos os países. Progressivamente invasor, ele se estabeleceu por toda a parte. No Peru, na Colômbia, cm El Salvador, a guerrilha, aliada à fraquezaoucumplicidadedasautoridades civis, foi causa de enorme convulsão. Na Colômbia, a situação ainda se complicou com o poderoso narcotráfico, que atua quase como um Esiado dentro do Estado

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CATO LIC ISMO - Janeiro 1990

Na Venezuela, o governo de Lusinchi pôs em sério risco as esperanças de restauração da prosperidade da população; e por meio de favoritismos e cambalachos de toda espécie lançou o país na depressão econômica, politica e psicológica, situação que seu sucessor, Perez, continuou a propiciar, chegando-se a um espetacular- e artificial - quebra-quebra, com invasões de supermercados e lojas No Chile, que aparecia como um oãsis de prosperidade econômica no continente, o governo Pinochet, depois de uma longa e cm geral habilidosa resistência, não conseguiu entretanto fazer face à guerra psicológica movida pela esquerda, na qual se empenhou largamente também o clero local. Com isso a década termina naquele país andino com eleições presidenciais, que projetam sobre seu futuro próximo a sombra da incógnita e a ameaça do caos A Argentina esteve à beira do colapso econômico e da confusão política, dos quais aparentou reerguer-se um pouco no final da década, mas sem grandes esperanças de continuidade. CubaeNicaráguaseguiramirradiando sobre todo o contineme latino-americano sua a meaça de uma revolução marxista, ainda segundo a linha "dura" do comunismo, inccmivando gucr-


rilhas e recorrendo ao maléfico iníluxo da guerra psicológica. Tiveram como principal aliada no interior dos diversos paises a corrente chamada da "teologia ,ta libertação" Exemplo carac:tarístk:o: Brasil

O Brasil talvez tenha sido o país de América Latina sobre o qual o caos se abateu de modo mais pro1otipieo. A aber1ura política, em lugar de nos trazer a promc1ida ordem e estabilidade democráticas, desembocou num governo tão con fuso em suas ações, tão omisso quando devia intervir e tão desprestigiado, que 1odos os candidatos à Presidência em 1989, com algu-

nova Constituição, amblgua e invertebrada, na qual poderosos fatores de desagregação soci~I e econômica es1ão presentes. Assim a virtual dissolução da família e uma Reforma Agrária que, se aplicada, é capaz de levar de roldão a agricultura, base ainda sólida da economia nacional. Sem falar das reformas urbana e industrial. As três juntas, sendo impostas , conduzirão ao canto de réquiem da propriedade privada e à implantação do comunismo no Brasil. A imoralidade campeou infrenc e 1ransbordou da televisão para as modas, os hábitos, as ruas e as praças. Ingredientes a mais do caos foram as invasões de terras, algumas delas armadas, cuidadosamente preparadas segundo técnicas de guerrilha rural e baseadasnumadoutrinadecaráterclérico-marxista; contando ainda com omissão de autoridades responsáveis. No campo eclesiástico, a atuação da CPT, das CEBs e outros organismos ligados à CNBB consistiu quase exclusivamente no favorecimento da agitação e mesmo da subversão, o que causou um enorme vácuo religioso no País. Para preenchê-lo, junto aos mais humildes acorreram protestantes, macumbeiros e outros; e junto às classes mais abastadas esotéricos de todos os naipes se fizeram presente, oferecendo ora religiões, ora "filosofias", ora ginásticas misturadas com misticismo etc África desliza

ma possibilidade de êxito, fizeram questão de distanciar-se dele. A inílação foi galopante, agravada por sucessivos "planos cruzados" que também sucessivamente fracassaram. Só uma pujante economia baseada na propriedade privada - contra a qual continuam a ser lançadas as reformas de base - vem impedindo que o Pais descambe. A "Nova Repllblica", tllo festejada pela mldia como sendo uma espécie de passe de mágica que resolveria todos os problemas do Brasil, legou-nos, entre outros, um presente de grego: a

A África do Sul passou por uma perigosa evolução interna durante a década. Baluarte anticomunista no hemisfério e importante defesa do Atlãntico Sul, vinha ela sendo por isso muito atacada pela esquerda cm âmbito internacional a pretexto do apar1heid racial Nos últimos tempos, mudanças internas levaram o governo da África do Sul a posições menos claramente anticomunistas, e a abrir mão do virtual protetorado que exercia sobre a Namíbia, vindo esta a correr o risco de cair sob o domínio da SWAPO, organização guerrilheira marxista que se transformou cm partido político. Tumbém o apartheid foi abrandado As antigas colônias portuguesas na África, Angola e Moçambique, após terem se separado de Portugal, na década de 70, em nome da amode-

terminação dos povos, caíram sob o jugo marxista, como era de se esperar E Ílcaram, nos anos 80, entregues a uma luta fratricida entre grupos rivais que aspiravam ao poder. A situação interna dessas ex-colônias no final da década continua bastante confusa.

Atuações das TFPs na década A brilhante atuação do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e das várias TFPs durante a década vem muito bem descrita no recém-lançado livro "Um homem, uma obra, uma gesta". Fornecemos aqui apenas alguns dos pontos essenciais da obra. Para quem freqüenta os ambientes da TFP brasileira, impressiona constatar a visão em profundidade que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira tem dos acontecimentos, sua lucidez cm interpretá-los, o acerto de suas previsões e a segurança dos rumos que indica. Não fosse isso, esta resenha, por exemplo, não seria realizàveL Sua monumental Mensagem a respeito do socialismo autogestionârio, da qual já nos oçupamos, é uma obra-prima de percepção quanto ao caminhar dos acontecimentos, constituindo uma denúncia de alcance transcendental. A iníluência dela foi decisiva na escolha de rumos feita pela opinião pUblica no tocante à autogcstão. O alerta da TFP argentina a respeito da intromissão russa na guerra das Malvinasfoidegrandcefeitoparaevitar essa tentativa do comunnismo internacional de assentar uma garra na América do Sul A descrição, por meio de documentado livro, do que são verdadeiramente as CEBs, sua organização, sua atuação, seus fins reais, constituiu no Brasil lance imponantc na luta ideológica contra o progressismo dito católico. As invasões de terras promovidas pela esquerda "católica", tendentes à guerrilha rural, foram mais de uma vez denunciadas, seja através de edições especiais da revista "Catolicismo", seja por artigos que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira publicou na imprensa diária

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Teve grande incremento na década o número de correspondentes e simpatizantes das TFPs, quer no Brasil, quer no Exterior, os quais trabalham mcritoriamcnte para a ir· radiação das TFPs no mundo. Só no Brasil, foram reali1.ados 11 Encontros, e 7 nos Estados Unidos A TFP desenvolveu durante a décadadiversascampanhasepublicou vários livros apontando os males da Reforma Agrária, não só para os fazendeiros, masprincipalmen11: para os trabalhadores rurais. Também a estatização da medicina no Brasil foi denunciada pela entidade, bem como a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Duranteosanos80diversos''estrondos" publicitários, de porte médio ou grande, foram lançados contra a TFP, dos quais ela se saiu com galha rdia, fazendo reluzir sua inocência ante acusações descabidas ou infames. Enquanto esteve reunida a Assembléia Constituinte, a TFP atuou em Brasília e em todo o Pais, com o fim de esclarecer os depu1ados e a opini11o pública nacional sobre diversos pontos importantes relat ivos à Tradição, Familia e Propriedade. O principal lance foi o liv ro ''ProjelO de Constituição Angustia o País" (que, durante os 20 primeiros dias de sua divulgação, teve a inédita saída de mil exemplares diários), em que o Prof. Plínio CorrêadcOlivciraanalisacxaustivamente, à luz daqueles princípios básicos da civilização cristã, a Constituição a inda em germe. Campanhas para angariar donativos cm favor dos flagelados das enchentes, bem como contínuas visitas a hospitais para levar alento aos que sofrem, marcaram ainda a atividade da TFP na década.

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CATOLIC I SMO - Janeiro 1990

Felipe Gonzalez, à qual já nos referimos, TFP-Covadonga lançou e propagou um magnifico livro-denúncia por todo o pais. A TFP portuguesa combateu o projeto de Lei dos "Verdes", que visava à legalização da prática do nudismo. Na França, uma campanha de grande repercussll.o, através do sistema de mala direta, foi levada a cabo contra a pornografia na TV, atraindo contra a TFP e contra "Avenir de la Culturc" as iras dos bispos progressistas e do governo socialista. Nos a11os 80, a TFP brosil~iro d~1~11volwM diw,,,., romp,i,11/t,u d~ ãmbilo ,.,.t,"01111/, co· moa®/010, rmli:ada owcom("âod~SâoPaulo

A TFP sul-africana empenhou-se meritória e efi cazmente cm desmascarar o movimcn10 guerrilheiro naquele continente, amparado pela esquerda "católica" e pela ONU . Diversas TFPs condenaram a exibição de filmes blasfemos cm seus respectivos palses. A TFP argentina desenvolveu enérgica campanha contra a aprovação do divórcio. A TFP uruguaia denunciou o ''show'' mar;,i.ista-sindical, promovido por tupamaros e outros comunistas, que procurava escravizar os operários, envenenar as relações sociais e condu:dr o Pals ao caos. Rccenten1ente a mesma entidade lutou para que a anistia concedida a terroris1as e militares não fosse injusta e unilateralmente revogadanoqueserefereacstesúltimos. A campanha foi vitoriosa. No Colômbia, numa atitude em que o épico se tornou presente, a TFP local veio denunciando a guerrilha e a cumplicidade das autoridades. Na Venezuela, através de medida arbitrária e despótica, o governo Lusinchi, num ato de perseguição ideológico-religiosa, proibiu as atividades da TFP naquele pais. Em seguida, conduziu a Venezuela a uma situação caótica, praticamente sem oposição eficaz. Nos Estados Unidos, a mais recente campanha da TFP americana pedia a introduçll.o na Constituição de dispositivo que impeça a queima da bandeira norte-americana em manifestações de protesto. Na Espanha, a propósito da manobra levada a cabo pelo socialismo de

Grandes esperanças no Horizonte O leitor, que nos acompanhou até aqui, poderá estar-se perguntando: em meio a tanto caos, tanto arrojo da Revolução Universal, tanta traição e tanta cumplicidade, ou então inércia dos que deviam combater, vale a pena continuar a luta? A resposta é clara e simples: se nossa luta n!lo fosse cm prol da civilização cristã, de fato não compensaria. Mas sendo por ela, não há sacriflcio nem dificuldade que não valha a pena enfrentar, e mesmo arrostar com ãnimo e alegria. Ainda que tivéssemos de morrer lutando, essa seria a nossa gló ria. A recompensa, Deus nô-la daria no Paraíso, segundo sua misericórdia. Mas isso não é tudo. Quando os meios humanos se tornaram impotentes, é porque chegou a hora de Deus. E o Reino de Maria, o triunfo do Imaculado Coração de Nossa Senhora prometido cm Fátima, bate às porca. Não façamos como as virgens loucas do Evangelho ás quais a demora do esposo tornou desanimadas. Ele veio, e elas não estavam prontas para recebêlo. Esperemos com confiança, de alma inteira, pois "por causa de se multiplicar a iniqüidade, se resfriará a caridade de muitos. Mas o que perseverar até o fim, esse será salvo'' (Mt. 24,12) E 1>erseverar na luta, corno o faz a TFP. (l)"folhadeSãoPaulo",23·11-69,21 · 11•71, 11·2-72, 2 1•5•72; "O Rumi~nsc .. (Ni1c-rói), 19·2·7l.


História Sagrada em seu lar Abel aceitou o convite; apcntls os dois se distanciaram das visttls dos pais, Caim arremessou-se contra Abel e matou-o.

Castigo de Caim

CAIM E ABEL

"A vo1,d0Senhorbradou ao fra· tritida: '"Caim, onde estâ teu irmão Abel?' "O criminoso respondeu: "'Não sei. Sou eu, por acaso, o guarda de meu irmão?'

noções básicas Morte de Adão e Eva "Depois dt1 morte de Abel, Adao teve outro filho que se chamou Set, .... e mais filhos e filhas. Levou uma vida pcni1ente, em expiação do seu pecado, e morreu sanla· meme, com 930 anos de idade "Quase ao mesmo tempo passou Eva desta vida para a eternidade, depois de haver feito, também. pcni· tência de sua falta

Sei e c•,a descendência

"Adão e Eva 1iveram dois filhos; um chamado ~~T"':11 o t;:~:~ hdo;ej:s~;1q~~'. Caim, outro chamado Abel. Caim era agricultor nos livros santos, sl'lochae Abel pas!Or. Eram muimados filhos de Deus. Deto diferentes de coração e poisde ter vivido912anos, decostumes.Caimeraava. morreu .... , deixando nureruo e, nos seus saerifl· merosa posteridade, imita· cios, oferecia a Deus os dora de suas virtudes. Enpiores frutos da terra. treseusdescendentesmercAbel, bom e sincero, ofercem especial menção· tava ao Senhor as melhoJ-lenoc, o qual mereceu res ovelhas de seu rebanho. de Deus a graça de ser ''Deus,queconheceto· transportado, vivo, da terdas as nossas boas ou rnâs ra ao céu: e Matusalém que teve vida mais longa diSPosições, mosirou-se saque todos os homens, pois tisfeito com as ofertas de morreu na ava nçada idaAbel. ao passo que parecia desprcz.ar as de Caim, que, de de 969 anos." (4) cheio de inveja, irritou-se DcSct, HenoceMatu· contra o irmão. Deus ad· salém descende Nosso Se· vcrtiu-o. com bondade, O ju,to A ml of,uu ,,.crifido, q= <1grodi1m a /Rw. Aofimdo, nhor Jesus Cristo. dizendo-lhe: (1) o· p· C ·,., oh · ,w-o rorn ·, j '' Louvemos os varões " Por que estás irado? ilustres, os nossos maiores, "E o Senhor acrescentou: 'Que a cuja geração pertencemos. O Se· E por que está abatido o teu semblante? Porventura, se tu obrares bem, fizeste? O sangue de teu irmão cla- nhor operou (neles) muitas maravinão receberás (por isso um galardão): ma vingança contra ti. Tu serás mal- lhas (manifestou) a sua magnificên· e, se obrares mal, não estará logo o dito sobre essa terra que bebeu o eia desde o princípio .... Henocagra· pecado à tua porta? Mas sob ti está sangue de Abel; cm vão a cultivarás. dou a Deus, e foi transportado ao Andarás errante e vagabundo; em Paraíso para exortar (no fim do o seu desejo, e tu o dominarás" (2) "Nestas palavras, vê-se que o nenhuma parteencontrarâs abrigo.' mundo) as nações à penitência.'' (5)0 "Caim, aterrorizado, fugiu; e, homem é livre, mesmo depois do pecado original: é por isso que so- vagando sempre por longínquas ter- (l) - S...Joaollooro, lli51.óróaBiblica.SOVolllo mos responsáveis por nossos atos, ras. levou o resto da vida tortu rado 0NovoTn,amon10.Li'fariaSalnianaEd"ora. IS pelos mais cruéis remorsos, até que, S...Paulo.2'od.,1920,pp.l4bons ou maus." (3) (2) - Gen. 4.6-7 "Caim desprezou o aviso de (segundo comunente se crê) morreu (J) - Mons. Cauly. Curso de J...,ruçS<, ltdip(M,I Deus e, fingindo amor por Abel, transpassado por uma seta, arremes- - lli>1órí.adaltdipl0éda lgréja. Ll-.arial'ran... 191).p. 21 disse-lhe, um dia: ·Queres ir comi- sada por seu próprio sobrinho, La- cisco"i. (4) - SlOJoiOllolco.or,.rii.pp.!l-16 (S)-llcl.44,l • I~ go fazer um passeio ao campo?' mec, que o tomara por uma fera.

CATOLIC ISMO - Jaueiro 1990 -

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C

, o muroarramdu,

w lanqut1 não maú w/t,arão?

Adintra,Gorbachevabriria um caminho, por pequeno que seja, para a iniciativa e a propriedade privadas, economia de mercado, etc. Ad ex1ru, adota ndo uma ati1Ude pacifista, que abre veredas de mútua confiança e colaboração entre os povos. Agindo assim, como com_._....,.._._. 1

wmunÍJ/a doulrinãnO?

;;:;;;m~•IJra,.dtnb11rgo, fimdojM1a<lllo?

seus métodos e até a sua doutrina , a fim de gerar a lgu m progresso. No Ocidente, alguns chegam a afirmar que o comunismo e o marxismo

QUESTÃO Ot: t:STI LO -

Os acontecimentos que se têmdesenrolado,ul!imarnente, na Rússia e nos países do Leste europeu, mais especialmente na Polônia, Hungria, Alemanha Oriental, e no momento cm que escrevemos, na Bulgária e na Tchecoslováquia, caracterizamse pelo inopinado, pela pressa, rumo a um estado de coisas pouco definível. Numaanálisesupcrfieial, dir-se-ia que o comunismo clássico, dogmático, impossibilitado de propiciar um bem-estar mediano para os povos sob o seu jugo, vi use na contingência de altera r 16 -

Na ve rdade, esses movimentos reformistas só foram possíveis com a ascensão ao poder, na Rússia, de um novo chefe - Mikhail Gorbachev - com novo est ilo de governo comunista. IMAGEM •; HIPÓH:St:S -

Logo após Gorbachev subir ao poder. a mídia Ocidental passou a enfocar suas atitudes: ele se apresentava concessivo, sem ter para com o Ocidente a impermeabilidade rancorosa estampada por um Stalin, um Brejnev etc Pelo con1rário, já cm suas pnmeiras viagens, acompanhado por Raissa, - fato

CATOLICISMO - Jam: iro 1990

inédito a Rússia comunista ter uma "primeira dama" - a imprcss!l.oquccausava era a de um homem educado, benévolo, bom conversador e disposto a receber i11íluê11cias do Ocidente A essa imagem somouse o utra, a de um político que praticava uma apareme autodemolição do regime, 11!10 só permitindo, mas estimulando criticas às mazelas do comunismo. Esta última caractcristica mcrece a11álisc mais dctida. Por que essa política de aparenie autodemolição? Para responder a essa questão, podem-se considerar três hipó1 eses: Na primeira, Gorbachev seria movido por um interesse pessoal, querendo aparecer como alguém que abre um caminho, - inédito, de cond uta pacifista em relação ao Ocidente - por meio de uma política de mão estendida. Toma atitudes disicnsivas e concessivas, ad extra e1 adin1ra.

~n:~ã~n~:r::c~~d~~ª1~ª~ fantasma da guerra, o qual se distanciaria à medida que os governos Ocidentais enchessem a Rússia de ouro, de recursos, de apoio, com que um Stalin jamais poderia contar. Para cimentar tal concessão permanente de auxilios, a Rússia se apresenta numa " re volução'' interna . Mas esta corre o risco de terminar num reirocesso, é o que pensa também, neste particular, o analista da conhecida revista norte-americana ''Newsweek'', Scon Su llivan: "um golpe militar contra Gorbachev é extremamenteim provável, masainda possível. Um golpe sem derramamento de sangue no Kremlin, por neo-stalinistas bem escovados, é muito mais concebível" ('' Newswee k", 20-11-89). Talpolitica,quemais parece destinada a agradar o Ocidente, serviria também para manter Gorbachev no poder como se mantém um ambicioso. Quer di zer, o poder pelo poder, com sacri fi


os movimentos reformistas dos países do Leste europeu - que em tud o até agora dependeram da política russa - movimentos que têm atraído, pelo inopinado, pelo açodado, pelo espetacularmente inesperado, a atenção do Ocidente inteiro Por outro lado, que significado teria em face de toda essa movimemação o encontro João Paulo 11-Gorbachev? Pelo menos um passo a mais da Ostpolitik Vaticana, fato ímpar na Hiscória.

cio dos princípios que até hojedefendeu,caracterizaria o Gorbachev ambicioso. Ele pode ser visto ainda como um idealista. Neste caso, Gorbachev se moveria não pelo desejo de se manter no poder, mas de alimentar o ideal da paz universal e libertar da pobreza seus próprios conterrâneos. Há uma Ultima hipótese, na qual Gorbachev poderia ser visto como um homem de idéias, de doutrinas. Sua atualpol!tica seri aumamarchanecessáriaparaarealização do comunis1110 integral. Atravésdaperestroika, chegaria àautogestilo marxista. QUEM É GORBACHi,.'V? Qual dos três perfis é o ve rdadeiro? Seria ele um interesseiro (primeira hipótese)? Seria ele um "condestlivel" dah11rmonia internanaRUssia e entre os povos (segunda)? Ou um "condestável" do comunismo, disfarçado em "condestável" da iniciativa privada etc., para melhor alcançar seus fins (terceira)? Esta é a grande pergun ta, e que poderia ser assim formulada: qual o rumo verdadeiro, sincero e profundo que toma atualmente a polilica russa? E é tão difícil optar por uma dessas hipóteses, que ''Catolicismo'' fica verdadeiramente pasmo em ver quantas pessoas bonacheironamente já vão aceitando a hipótese de um "condes tá vel" desinteressado e nobre dedicado ao bem dos povos, da paz etc., eexeluem simplesmenteasoutrasduas,eontudo tão prováveis. É dentro desse contcxio que devem ser a nalisados

"super duro", declarara que o Muro continuaria por um século. Repentinamente, ê apeado do poder. Krenz, que o subst ituiu, cedeu As manifestações, quiçá menos contundentes do que as da Praça da Paz Celestial, em junho Ultimo. Po uco depois, nova substituição. Até que ponto os dirigentes comunistas germânicos estarão dispostos a prosseguir nas vias " reformistas" ede "abert ura"?

A ALEMANHA ORIENTAL

- O processo que está ocorrendo na Alemanha comun ista assemelha-se ao da Rússia. Egon Krent z, sucessor natural do ex-secretá rio-geral Eric Honeckcr, iniciou asreformase,emmenosde dois meses, foi por elas ceifado, pois conservava a imagem de " linha-d ura ". Substituiu-o Gregor Gysi, não pertence aos quadros do PC local, mas, na realidade, sustentáculo do mesmo. Ê previslvel que siga fielmente a politica do dirigenie russo. Seria a vitó ri a da linha Gorbachev. Convém recordar oseven1os. Seguiu-se As manifestações populares não a repressão de tipo chinesa, mas a abertura do Muro da Vergonha . Chama a atenção nessesacontecimentos,scucaráter inopinado. Honccker, o 1

- - - - -

UMA

CO NH:IJDUÇÀO

PAN-•:uROl'tJ AT- Uma conseqüência a médio prazo inevitável - uma vez posto o muro abaixo, é a reuni ficação das Alemanhas. Reduzido ao ní vel do chão o muro de Berl im, e o das duas Atemanhas em ge ral, é impossivel evitar qu eosentendimentossefaçamrápidos, freqüentes, assíduos e fraternos entre um lado e outro Tumbém será im possível im pedir, a partir deste momento, um intenso e ágil intercâmbio cultural - livros, revistas,jornais,etc.;conversas individuais sobre política: envios de emissãrios não só de governo a governo, mas de partido a partido, de grupo social a grupo social, de gr upo religioso agrupo religioso, de uni versida-

de a uni versidade, de um lado e douiro da Alemanha. Surge desse fato uma questao capital - qu e nos conste - não levantada pe· la mfdia: qual será a nota dominantc daAlemanhareunifi cada? Ê fato que o pro blema ideológico e filosó fico vai contin uar a 1ersua atualida de. E não se poderã evitar 1510.

Tui problema apresen1arse-á em breve ã Alemanha Mas não só a ela. À medida que as "reformas" nos países do Leste se desenvolvem, que tipo de relações a Europa Ocidental deve estabelecer com eles? "Uma frou:ic:a coníederação com os nascent es governos pluralisticos do Leste?" Êa pergunta feita pelo citado Sulli va n (id., ib.) , o qua l acrescenta que esta "opção traz um custo alto e vis[vel. Com exceção da Alemanha Oriental e da Tchecoslováquia, a Europa Oriental não representa um verdadeiro mercado para os produtos ocidentais por décadas, se é que representará algun1a vez. Será, na realidade, um caso de caridade muito provavelmente extenuante e frustrante" UMA PREVISÃ O - Há mais de vinte anos o Professor Plínio Corrêa de Oliveira redigiu o artigo - Dias Deci-

sivos nas Duas Alemanhas - . no qual previa e analisava a hipótese, então longínqua, da unificação germâni"Sendo uma Alemanha neocapitalista e 0111ra comunisrn, como fundi- las em um só todo? Mediante uma federação em que cada par-

Ego11 Knmlz ,lali11ha Gorbachev libenlade na ~'t:.•::a ~~;1'::J

CATOLICISMO - J aneiro 1990 -

17


te conserve seu regime social e econômico atual? É isto pra1icâvel'! ( ... ) Categórico na afirmação de que é imoral a aceitação do regime comunista de Pankow, parece-me que seria possível derrubar esse regime por um golpe publici1ário incrucnto. Basta que o clamor universal cxija, naAlemanha Oriental, eleições livres, precedidas de livre propaganda, tudo sob as vistas de uma comissão internacional. Estou certo de que a Rllssia não ousaria recusar tal proposta E que o regime de Pankow ruiria como um castelo de cartas.( ... ) Por mais simples que seja esta solução, hã quem pense em outra. E esta - aparentemente cordata - t terrível. Consistiria na implantação de um regime federativo entre as duas Alemanhas, gradualmente homogenei1,adas: a Alemanha Ocidental se bolchevizaria um tanto e a Oriental se ·capitalizaria' outro tanto. "Bem se vê, se isto der certo em escala alemã, poderia ser aplicado cm escala européia: uma federação continental.incluindo a Rús"Seria, segundo os simplórios ... ou os velhacos. o meio de evitara guerra. "O fruto da moralidade é a paz: 'opus jus1i1iae pax'. A este aforismo, endossado pela sabedoria da Igreja, corresponde o principio oposto: os frutos da imoralidade são as desorde ns, os tumultos e as guer"Scrã pela generalização da imoralidade comunista que a Europachcgarãápaz? ( ... ) com a semicomunistização da Alemanha e da Europa, quem lucra velhacamente senão os que querem conduz.ir a Alcnrnnha e a Eur0pa à comunistizaçllo complc18 -

ta?'' ("Folha de S. Paulo", 23-11-1%9) Dt:St:QUIL ÍBR IO PRÓ-LSQUt:MOA- Hã mais. A Euro-

tlân1ico desgastou-se. O público norte-americano está cansado de pagar pela defesa européia. Os europeus se rcsscntemdeumadcpendénciaquctcrn duradodcmasiadamente. Aa parrnle evapora,·io da ameaça milih11r do I..Hletornará 1ensasainda mais as relações. Ela poderâ, ocasionalmente, dcstruílas" (''Newswcck", 20-11-89, destaques nossos). Antcaperspcctivadasaidadosmilitaresfranccses,inglcscs e sobretudo norte-americanos da Alemanha Federal, comprccndc-scde repente urna coisa: a "Cortina-deFerro", que era inicialmente uma barreira para impedir os trà nsfugas orientais de passarem para o Ocidente, !ransformara-se insensivelmente, pelo curso dos acontecimentos, numa barreira de defesa do Ocidente contra o ataque do Oriente! Ora, esta defesa foi agora derrubada. Isto significa um ataque iminente por parte dos pa[ses comunistas? De momento

pa Ocidental conti nuará com seu atual plano da federação pan-curopéia. E - queirase ou não - começa a delinear-se a formação da famosa Europa do A111lntico aos Urais, cm que entram decam bulhada a Rússia cos povos oprcssos que ela vai levando consigo, cada qual com voto num, digamos, "Conselho Federal da Europa Total". Com isso surge a figura de um Parlamento supra pan-europeu com poderes para decidir o rumo a ser imposto a todos os países do Velho Continente. Ê óbvio que os partidos comunistas (ou seus sucedâneos, mascarados com novos nomes e "soi-disant" novos programas) e a esquerda cm geral da Europa Ocide ntal jogarão como parceiros dos partidos esquerdistas dos países do Leste. Não hâ na Europa Oriental correntes de direita organizadas como as há de esquerda na Europa Ocidental. O resultado serã um descquilíbro de balança que, facilmcn1c, pode dar maioria de votos à 1 '-»· . - . l l . l ' esquerda. Votosáesquerda? Uma Europa não vermelha mas "cor-de-rosa" ver-se-ia ine!utavc!mentesobainíluência da Rússia, a qual timbra em afirmar que permanecerá socialis1a, sem admi1ir de modo nítido, entre outras coisas, a propriedade privada dos meios de produção Nessa nova Europa não haverá lugar para o papel até aqui desempenhado pelos Estados Unidos. A "0TAN, sustentada pelas tropas dos EUA na Alemanha Ocidental, tem proporcionado a mais duradoura paz na história da Europa moderna. Mas o vínculo transa-

CATOLIC ISMO -.J"nci,-o J9'JO

não.Maséi ncgãvcl adesestabilizaçao provocada na Europa pela perspectiva de reunificação alemã. E O CASO l) f. St:R OTIMISTA? - "A longo termo, nin-

guém podcrã impedir o a málgama dos dois Estados alemães. Mas a reunificação compleca, agora, não é uma opção atraente. Terrificaria a França e a Polônia. Enfraqueceria a OTAN, qua ndo o Ocidente necessita desesperadamente manter-se protegido contra eventual ralêneia do controle de armas, ou das reformas deGorbachcv'' (id., ib., destaques nossos) Em outras palavras, o mundoqueestã se delineando a partir das reformas da Rússia e do Leste europeu, longe de ser tranqililizador, como apregoam os otimistas invc1crados do Ocidente, está se mostrando cheio de incertezas, perigos, e cada vez mais dependente do sucesso. ou fracasso de um só homem! O R. MANSUR GUfRIOS

ln,;011láV<'i1ví1i,,.,.,

da brutalidad~ """'"'"'' "


Bispo colombiano martirizado

dental n!io cessam, cm nossos dias, de dar realce à percstroi ka, em curso na Rússia e outras nações comunisrns. Apesar disso, n!io d.:'1.o a devida impor!ância aos vãriosaspcctosartificialmcnte propagandísticos que ta l processo comporta. Dentro desse quadro, nada mais compreensível que um acontecimento, mui10 in- ;-•' dicativo de que o comunismo estâ longe de morrer, seja minimizado, escamoteado, esquecido e desdenhado. É o que ocorreu com o sacrilcgoassassinatodoPrelado colombiano Dom Jcsús Emilio Jaramillo Monsalvc MXY, bispo de Arauca. Seqüestrado no inicio de outubro em sua pâtria pelo grupo guerrilheiro "E)[ército de Uberiação Nacio nal" de nítida e declarad a orientação castrista - foi ele posteriormente submetido a tor1uras e por rim ao fuzi lame nto.

nitârios" guardaram silêncio total, os Prelados emitiram alguns protestos lacô nicos, e a imprensa. contrariamente a seus hábitos, optou pela discrição. Simples indiferença? Ou efeito de alguma ameaça subversiva? Terá o ELN feito saber que não queria protestos , e que, se os ho uvesse, seus a utores também seria m considerados "in imigos do povo", com as conseqüências fáceis de prever'/ Não o sabemos, mas parece provável que ambas as coisas sejam verdadeiras. Na realidade, trata-se muito provavelmente de um caso de martírio. Com efeito, há poucas dúvidas sobre o "odium fidci" (ódio à fé) co111 que os assassi nos atuaram, pois o Bispo ha\·ia feito severas crit icas ás matanças prat icadas pela guerrilha marxista colombiana. Sua diocese, Arauca, é atualmcnce uma das mais traumatizadas pela subvers:lo, a qual tem sabotado sistematicamc111e as instalações pc1rolíferas, cm particular o oleoduto. com o fi m de prostrar economicamente a nação. As populações da região se encontram no dilema de ceder às ameaças da guerri lha e colaborar com a mesma . ou resistir a suas exi· gências e, talvez, por esta razão morrer ... Nestas condições, um Bispo retamente católico, que se negava a soíismar, com base na "opção pelos pob res". para ajudar o comunismo, tornava-se muito inconveniente para este Ul1imo. Por outro lado, o próprio crime constit ui uma demonstração da perseverança de Dom Jaramillo na Fé d ura nte seu cativeiro e suas torturas, pois o ELN, cm casocomrário, teria preferido sornar uma adesão clerical a mais ... Com efei10, por esse grupo criminoso j:I passaram vários sacerdotes após tatas, como Camilo Torres e Diego Lai n: c seu máximo dirige nte at ua l é ta mbém um ex-sacerdote, o espanhol Manuel Pérez, assessorado, por sua vez, por vários outros da mesma condiç.'.io. Tal abs urdo, é só nos dias de hoje que se encontra ... De onde então um aspecto trágico: virtualmente foram mãos consagradas que, se não executaram, certamente dirigiram o in fame e sacrilcgo crime, o primeiro cometido cm terras sul-americanas contra um Bispo, d urante mais de um século, por motivos ideológicos. Outrora, os túmulos dos mánircs se convertiam c111 lugares de peregrinação , inclusive desafia ndo os tiranos. Aco ntecerá o mesmo hoje cm di a? Parece difíci l, :1 vis1a do funera l d iscreto organizado pela Conferê ncia Episcopal Colombiana, não obstante a intensa veneração que os fiéis da diocese tinham pelo Prelado assassinado. Assim, quis-se evitar um desafio aos criminosos teleguiados por Fidel Castro. os quais poderão continuar matando, sem sequer serem criticados pelos irmaos na fé das vit imas.

Marlirlo

Uma jogada de paz e guerra

Naturalmente, o grupo subversivo não poderia de ixar de jactar-se de seu infame crime, dec larando <1uc o Prelado havia sido "j ust içado" (sic) por ser "i nimigo do povo". Ta l crime ped iria , evidentemente, enérgicos protestos dos defensores dos direitos humanos, dos demais Pastores em todo o Continente, e da imprensa em geral, tão disposta a defender as liberdades ... Entretanto, os "huma-

Cabe perguntar, entretanto, q ual terá sido o propósito do comunismo i111cr11acional ao ordenar o vil e sacrílego assassi na10, ademais de tan tos outros atos sangrent os . Algumas semanas depois deste crime, ocorreu um fato que pode contribuir para esclarecer o assunto: o governo colombiano anunciava a conclusão de um acordo com outro movimento guer rilheiro, o M- 19, também marxis1a e

Subversão castro-comunista fala de paz e promove a guerra

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comunicação do mundo oci-

C ATOLIC ISMO - .Janeiro 1990 -

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fortemente vinculado a Fidel Castro, e que não obstante promete agora abandonar a ação armada. Em troca do quê? De que o estabtishment político colombiano lhe conceda um acesso privilegiado a cargos parlamentares, além de indulto a todos os seus membros pelos crimes cometi· dos, e converta ainda as reivindicações subversivas em projetos do Governo no Legislativo, e posteriormente em leis. Ou seja, que se lhes entregue virtualmente o pais. Assim, facilmente é-se levado a achar que a jogada marxista na Colômbia consiste em favorecer alguns dos movimentos subversivos que alardeiem seu pacifismo, enquanto outros continuam de forma inclemente a impulsionar a ofensiva sanguinária. Com o que importantes setores do pais se inclinam a fazer enormes concessões aos primeiros para escapar à ameaça dos segundos. Tuis concessões são estimuladas, evidentemente, pela grande imprensa e pela maior parte dos politicos profissionais, empenhados principalmente em conservar seus cargos. E o burguês indolente, ouvindo apenas os conselhos capitulacionistas não tardará em segui-los. Evidentemente, por esta via não se encontrará a honra, mas também não a paz para a Colômbia, pois a violência tornar-se-á mais enraizada e crônica, com o que muitos quererão fazer sempre novas concessões ... até que se chegue ao comunismo total. E os burgueses, que até então tenham conservado suas vidas, já com isso se darão por satisfeitos, sem se perguntarem muito se a vida lhes valeu de algo.

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CATOLIC ISMO - Janeiro 1990


Escrievem os leitores O Reforma Agrôrlc "Cada povo tem o governo quemerece"dizoadâgio.Penso sempre nesse ditado popular ao ver os contínuos desastres da malfadada política governamental de socializar o Pais e de levâ-lo assim à mais negra miséria. Poroutroladoficopenalizadoeao mesmo tempo in dignadocontraainteirafalta dereatividadedaopiniãopública nacional ante os desmandos da política de nosso atual Governo. Neste sentido é notável averdadeira"bobeira"naqual se encomramosnossosproprietáriosrurais-umadasclasses maispujames e mais fortes do Pals~queassisteanestesiada e abobada o confisco de seus bens adquiridos com "sangue, suor e lágrimas".(,\, Caldeira 8nmd, ,loiio Pessoa-PR).

U Converscmdo Moro numa pequeníssima cidade,menorquequalquerconj umohabitacíonal de Sào Paulo, eonde, viaderegra,a mocdaésubslituídapelalroca mercadorias por mercadorias, favoresporfavores etrabalho por trabalho. Se por um lado existem fazendas onde os próprios lavradores e campeiros cuidamdascapelaseorganizam entreeles asnovena.s,procissões eadoraçõesdasdatassantificadas, sem orientação de seminaristas ou padres, mas tão somente orientados pelatradiçãorecebidadosantepassados, poroutrolado, quasequeoornoumaregra geral,ascidadessede dos munidpios, que possuem condições de organizarem o povo para a prática da liturgia, não o fazem, pretextando quesão"práticasultrapassadas pelos novos comportamentos sociais";esquecendo-sequeos "novos comportamentos so· ciais" são dospregadores e não das cornunidadess ul-matogros-

senses. Corno conseqüência, as seitaspro!estantcs,comasmais esdrúxulasdesignacões,vicejarn; eis pois que, parece que em todo lugar os religiosos tudo fazemparaeliminaraaurarnística da Santa Madre Igreja, abalando dessa maneira a fé dos católicos. Estou convicto dequesealgrejamanifestasse atradiçãodoscatólicos,osblasfemos não ousariam fundarem se itas como se abrem bares. Gostaria de indicar mais duas pessoas ... Que Nossa Senhora concedaaelesagraçade assimi!aremctransmitircm a visão pura,sincera e verdadeirada religião. Depoisdeeutertrabalhado e morado em inúmeros municipiosde todooMatoGrosso,encontro-me nestapequena cidade. Se alonguei essa missiva é porque estou me sentindo bem cm assim "dialogar" com V.S., sentindo uma confiança irrestrita,comohámuitosanos eu não sentia. l: como sec uestivesse "conversando" com alguémhárnuitoconhecido.(MarcosQuerubimdaFrançaCruz, Riba.,do Rio Pardo-MS).

D Sotl5façoo Catolicismo é u.rna revista impressionante, nos leva a um outro mundo, nosdeixatàoaltoque porissodesejoparabenizarosSrs.paraquecontinuem sempre assim. é uma satisfação muito grande para mim e para muitos. O que mais me emociona em Catolicismo s11.o as páginas "TFPs em Ação" e "Oiscernindo, distinguindo, classiflcando, .. ". Estas páginas me emocionam demais. (Maria Teresa deJ.-sus Monteiro Diniz, Marianópolis-GO)

·1 Sem preparado Catolicismo é realm e nte um mensário de cultura mais bem preparado que existe no Brasil e no mundo, pois seus

redatores dãoludodesipara a maior glória de Deus e da civifü:.ação cristã. (Waldir Ramiro da Costa, Salvador-D A)

Cl lgre}o Col6Hca Gostaria que esta revista falassehastantesobrea lgrejacatólica.Gostomuitode leresta revista. (An alia da Rocha Oliveini, Goiânia-GO).

D Cardeal Arns É inconceblvel que uma al-

ma católica não se expanda de alegria e gratidão ao tomar conhecimentodacartaabertadirigida ao Sr. Cardeal Arns por três Bispos cubanos, publicada por Catolicismo e tão bem prefaciada pelo Professor Plínio Corrêadeüliveira. Porque todos os órgãos de imprensa não publicaram em edição especial essa carta? Por que todos os brasileirosnãosereuniram,numasóvoz,aproclamarquenão querem uma "Cuba" em sua Pátria? lnfeli:imente isso não aconteceu.EaCatolicismocoube essa glória. E essa glória se estende de modo muitlssimo CS· pecial ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira que, Sensível a lu do qu e diz respeito á Civilização Cristã, não se calo u. Esse fato,creioeu,seráregistrado naHistória.(EliubtthTitonel• li,Miracema-RJ).

0 VersõHI Fique certo e todos que oonhecem a revista, de que se tra ta de urna leitura de enorme aproveitamento,quersetratandodecu!turareligiosa,científica, histórica, social, enfim é umarevistamuitoversátil.Com ela aprendemos e conscientizamostudoquesepassanomundo moderno, tão cheio de facetas, (Angélica e José Perolea, Salvador-D,\),

Jangodo Manifesto minha admiração e aplauso peta linha de conduta seguida por Catolicismo. Em um mundo totalmente tomado pela Revolução gnóstica e igualitária, manter -se de pé à maneira de uma jangada que permanece flutuando em um marteml}Cstuoso c revoltoconstitui, para o jornal, um movi mentodeforteheroismo. lncentivo-osamanterem-sedepépa-

raservirerndefaroláquelesque aindaflutuamnaquelemaragitado. Em Catolicismo de dezembro de 1988 foi anunciado o lan çamemo breve da obra "Um homem.umaobra,umagesta", sobre o Prof, Plínio Corrêa de Oliveira. É meu desejo adquirir esta obra. (Aguinaldo de So uu Ramos, C. m11os-RJ),

D Regulorlzaçõo ConscientedovalordeCatolicismo navida de minha fami H_a,en1oestandorecebendoa c1tadat'evista,peçoafinezade verificar minha ficha. Venho apelarnosentidodaregularizaçãodeminhaassinatura,quandovoltareiaacompanharotrabalho maravilhoso da TFP cm todooBrasilenoexterior.(La udelet:spíritoSanloVargas,Bambui-MG).

o Teologia

do llbertaçoo

Gostaria de conhecer através de Catolicismo mais sobre a escolástica de São Tomás de Aquino. Oqueseisobreaobra destedoutordalgrejanãochegaasersuficiente pararebater mais os argumentos da TL teologiafalsadalibertação.(Dt· cio Bilran Borelli, São Paulo-SP). Notada Redação: Sobre escolástica e teologia da libertação ver o artigo "Negação da Fé Cristã" em nossa edição de rnaio/89,n ° 46 1.

loderna Fico contente quando me chegaásmãos estarevisia,que com muita seriedade e competênciaanalisaos problcmas cxistentesanlveisnacionaiseinternacionais. Felicito e oro pelos membros da TFP, que de peito abtrto crnpunham seus pavilhõescontra aquelas pessoas que querem tirarafé cristãdo âmago de nossas vidas; temas como: aborto, divórcio, filmes sacrílegos, o outros temas são combatidos com muita seriedade mostrando que, liberdade sem responsabilidade cristã vira baderna. O nosso Brasil se sente também anestesiado perante os ventos socializantes que varrem o mundo. Felicitações ao estimado Dr. Plínio Corrêa de O!iveira,(ValrnirSilva,Guaçui-ES).

CATOLIC ISMO - Janeiro 1990 -

21


O pitoresco Vale do Roncai

LEITOR, VAMOS VIAJAR POR UM LUGAR DIFERENTE? "'-l

J'\O~W País~ontinHte uracttriia-w por 1nndio5os panonmat, u51idões i1tn:plon••~. riqu.-~.s irntnN.,, t uma nalu~

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" A varie-

O("C>ffH•DM convidar o

pru1do ltitur I fnu co•n!>Co 11m1 viqtm por rttlin bem lliferultda, quf'uistem no Rra,il. ínt•-• 11ra1 ,011a 11:H&r"lu cheia dtHC11nlotMpi1orrsco. Ao1or1td11 l'.$p111ll1, na pro•i1ti1~ J'\1urra,bt111j11nto411lt1e11Miaftmonl1nh1, do, Piri111r1u, ui"r um u lr chamado do Roncai. lre,nos vl,it,-lor IIOSMl&11l1 str11 Mafarl L1mbr1, prnft-nor unlvrr,.it11-

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ilu~lrt autor tradidonali~h• rspanhul,

dt<;fcnllen~ dt n llla f11nlli1 roM:alesa. O, dados sio n:l raídos dt stu liHO " 1-:t \11lltdtlfo1K1l'',Puhlltaci11M~fapaiol1,, Madrid, 1959. UEM, NAVEGANDO pelo rio Esca, pcnctra no Valedo Roncalcontempla .os picos mais al1os da Na varra. Uma paisagem áspera e varonil de lllOntcs foscos e selvagens . coa lhados de árvores até os cumes, em cuja cspan1osa solidaosóseescuta o golpe seco do lenhador, o chocalho de uma vaca extraviada ou o estrondo de uma ãrvoreabatida O panorama vai mudando i11se11sivclmenteá medidaquesesobeo Vale. A aspereza dos primeiros desfiladeiros se vai ilumi11andoc111persp,.-<:1ivasmaisarnplas.arrematadas pelos picos agudos dos Pirineus, cujoscumesta ntasv ezessepcrdcmnasbai~as nuvens do inverno.

O

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Na Vila do Roncai, bem no ccmro do Valc,sevêumconjumodecasasdcpedras cscurc-cidas pelo tempo, que ostentam brasões e que se superpõem 11aseneostasdos montes, encimadas pela igreja que poderia servirmuitobcmdcfortalew. Perlil do tipo humiilno ronuli1 Nesses rincões de clima rigoroso, onde o solo nao produz mais que :lrvores e pastos, habitavam um povo sofrido e frugal de pastores e madeireiros. Gente forte, ro-bus,a, e~perimentada nas armas e criada na maior rudeza dos Pirineus. Pastores que elaboram o requintado queijo que deu fa. ma ao Vale. Roncalês é um qualificativo que exprime não só de onde seé, como também o que se é: pas1or.esccundaria111cn1eagricultor e jangadeiro: mili,arquandoaocasião se aprC5enta; homem line. não sujeito a senhorio. de estado nobre. com nobreza coletiva de primeira qualidade. O1rajeroncalês. hoje considerado pelo folclore como o 1rajc tipico navarro. é dos maissevcroscsenhoriaisdcntrcospopulares da Espanh a.

~ curioso anati~r os estatutos pelos

quais se regem os sete povoados que integram o Vale para compreender o vigoroMJ ambiemc em que vivem, iao diverso do cosmopolití.,rno da s sociedades comcrnporãneas. Uma personalidade coletiva t~o sa lien te como a dc~tc Vale só podia se alcançar

mediante uma grande estabilidade e força da instituiçao familiar. A pcdraangulardaquclasociedadccra a família. a ponto de o Vale se conceber como uma federação de familias que vivem reunidas. E a familia se perpetua a1ravés da instituição do patrimônio familiar. Cada lar constitui, no Roncai. um conjunto de bens que permitem ã familia ter vida Os cem lares ou patrimõriios da vila de Ronca i, por nemplo, poderiam ser reconheddos rnis quais eram se rcmo1m\ ssemos há treze ntos anos atrás. A propriedade adquire um sentido de C$tabilidadee deafcto ,queavinculapara sempre a seus moradores naturais, evitandoquepassea mãoses1ranhas. A vida fami liar era patriarcal. O pu1er familias tinha toda autoridade e a ele se submetiamosqueviviamnacasa.Aunidade familiar tinha tanta importância. que suavidaseorganizavademodoquasccornpletamente autárquico. isto é, independente de qualquer outro grupo social, capaz de fabrkar e obter todo o necessário para sua manutenção, limitando-se a importação dovioho,salejóiasparaotrajedarorn:alesa. Isolado e formando uma comunidade política fechada - verdadeira galáxia de pequenas vilas independentes - o Vale mantcvenodccursodosséculosumapersonatidade forte e caracteristica. com uma história própria A Juma Geral do Vale, à qual pertcn~ a maior parte dos solos da regillo, sc administrava por si mesma. sem preslar contas a nenhum poder superior, nem mesmo à Cãmora da Navarra. E esta autonomia faz dele um exemplo vivo do que seriam noSéculodeOuroospovoadoscspa nhói s, tao profundamcntcdifcrentescntrcsi, tao zelosos de seu próprio foro, mas unidos na mesma Fé e sob a mesma Coroa. Os habitantes do Vale C'l1i,·eram sempre presentesnasempresascomunsem defesa da Fée da Coroa. De onde lhes vieram certos privilégios coletivos zelosamente mamidos através dos tempos.

O Ronc.i l e seus pri\lile,:io1 No Vale de Roncai, são três os privilé· giosou honras.como recordação de legendârias batalhas. O primeiro consiste cm que codos os roncaleses são nobres "cabaflero$, hida/gQSe infanwnes"corn direito de usar como próprio o escudo do Vale, de tal forma que. para armar-se cavaleiro das Ordens militares, basta provar que o sobrenome é ronc~lêsdcorigem. Sees1iver


presente essa condição, fica demonsuada anobreudomesmo, Oscgundopriviltgioconsi51Cnalibcrdadc concedida aos rebanhos roncaleses de pastar nas "Bordenas dei Hey" - e~tensos territórios semidcsá'ticos situados na cxucmidadccsquerdadoAragão,quccram propricdadc da Coroa espanhola. Para 1:1. se dirigiaainterminâvelcolunadeovelhas(no sécuk) XV III o mi mero de cabeças chegou a200m il), quandoa ncvecobreosmontes,

ali perman«endoatéorctornodaprimavcrn O terceiro é singular. sobretudo pela sua sobrevivência ainda hoje em dia. Consiste cm que um vale da provinda françcsa de Btarn - o vale de Bareton - do outro lado dos Pirineus, étributârio do Vale de Ro ncai , devendo entregar aos represen • tantcs deste, no dia 13 de julho de cada ano, um tributo de três vacas e prestar-lhe ao mesmo temp0 vassalagem e submissão. luls COrlos Azevedo

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Entrevista com o Prof. Rafael Gambra FEUPE BARANOIARÁN - enviado especial

CATOLIC ISMO -

Prof. Cambra, qual a principal atividade do roncalês?

RAFAEL GAMBRA - Originariamc111e o ' roncalls era pastor de ovelha$. Foi também agricultor e madeireiro. Porém, no mundo moderno o valor da lã foi di minuindo, a agricultura nos momcs - especialmeme 1rigo e cevada - tornou-se amicconõmica, de modo que o Vale do Roncai foi se despovoando. Hoje em dia, noinverno,apc11asuma partedascasascon1inua habimda. Novcrão, com oturismo, há um aumento artificial da população.

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C - llà algum produto caracterís tico do Vale? RC - Certamente. São famosos os queijos do Ronca!, fabricados com leite de ovelha. Eles são muito fortei.. C - O Ron ca i mantém ainda seus usos e cos tumes? RG - Com a invasão da televi são tudo se ur1iformizou. Nao há mais as canções, os jogos carac1crls1 icos das crianças roncalesas, os trajes tipicos nao sc usam mai s e existem apc11as para fcstus folclóricas. O próprio modo de falar. com sotaque lo,::al, desapareceu. Ú preciso ainda sa lientar o papel demolidor dos clérigos progressistas que enve nena m todos os povoados. Antigamente ni nguém deixava dcir:\ Missa. Hoje ...

C-

Prof. Cambra, o Sr ..

RC - Espere, quero completar. O que se mantêm ~o as casas, muitas delas com 300 anos o u mais, pcrtc n«-ntes às mesmas fami lias. Isto foi possfvcl porque no direito foral cm vigor na Navarra - ao co ntrário do código de inspi ração nap0leônica vigente no rcstame da Espanha - é permitido ao proprietário testar cm favordcumasópc5soa,scmterquedividir opatrimõ niocntre osdivcrsosfil hos. Assim as casas pcrmane1..'Cm, tCm um nome de família. e freqüentemente passam de pai para filho. C -

E a pitoresca entrega das trfs vacas, feita pelos franceses?

RC - Mantém-se como íolclorc e atrai muitos turistas. Os franceses traicm as vacas no dia 13 de julho, mas depois as levam de volta, deixando seu valor cm dinheiro. O tocai era de dificil acesso, mas hoje há estradas que chegam até lá.

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C ATOLIC ISMO - J aneiro 1990 -

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Filial súplica (je lituanos exilados ao Pai Comum da Cristandade por ocasião de seu encontro com o Presidente soviético Li1,urnosprott1/11moo11tr'1 ojxul<,

Ril>IN:11trop·Molo100-q11t1~1,,.. o ,u,.UOd, ,,.,,., «im11n,'s1<u t Jl#ml.(I.J no ânqWnt,..,,.n'o (h ,..., a11inat11n1. Como d«onincW. dtllt i,ifo.,.., poc:lo,

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o l,i1,.,;,.;,.Joianu1>da.jH/o. HU11ia

ATOLICISMO p,blic, ,m p,im,irn mão oo Bmil, im,grn de ,m dowm,mo de mttiml imponaoei,. Por ocasião da recente visila de Gorbachcv a João Paulo 11, um grupo de lirnanos, exilados nos Estados Unidos. fez estampar num dos principais jornais da ltâlia - "Corriere della Sera", Milão, edição de 29-11-89 - um dramâtico apelo ao Chefe da Cristandade, em favor da libertação da Lituânia. O mesmo documcmo pede também liberdade para os lituanos encarcerados pelos comunistas. Os signatários manifestam sua certeza de que um pedido firme de João Paulo 11 nessa direção não poderia ser recusado por Oorbachev, sob pena de este comprometer a credibilidade de suas boas intenções. Observadores internacionais crêem que uma resposta positiva a tal solicitação, por parte de Gorbachev, poderia constituir verdadeiro triunfo para a Ostpolitik vaticana, da qual até agora não se conhecem resultados ponderâveis para os católicos de além Cortina de Ferro. O maniíesto alcançou significativa repercussão cm órgãos da imprensa italiana, alguns dos quais utilizaram imagens bem vivas para exprimir o efeito que o documento obteve em determinados círculos. O diârio "ll Centro", dos Abruzos, por exemplo, sob o título ''Os exilados lituanos escrevem ao papa: não nos esqueçais", comenta que "o apelo caiu sobre o Vaticano cerno um raio em céu sereno, criando embaraços e um pouco de descontentamento''. Segundo o jornal, um ponto delicado a ser tratado entre João Paulo li e Corbachcv era a questão lituana. E conclui: "Neste

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negócio de porcelana, a carta dos exilados lituanos caiu pesada como um paquiderme". Realizado o mencionado encontro, no dia 1° de dezembro Ultimo, até o momento não se sabe se o dramático assunto foi objeto de interlocução entre o Pai Comum da Cristandade e o chefe comunista.

Para o leitor superficial, a re levância dessa publicação fica velada pelo fato de que ela diz respeito à situação de um pais cujo espaço territorial é pequeno e com diminuta população: a Lituânia. Se análogo apelo partisse, por e"-emplo, de ingleses ou alemães, certamente chamaria muito mais a atenção da opinião pública mundial. Entretanto, apesar desses dois fatores que parecem minimalizar a importância do documento, a realidade é outra. ~ bem verdade que a Lituânia é uma nação de reduzida extensão territorial, com pequena população, que nunca manteve relações mais estreitas com o mundo sul-americano. E cujo âmbito de irradiação, após o malsinado pacto Ribbentrop-Molotov, ficou circunscrito à zona de influência báltica e eslava, que, por certo, é bastante remota cm relação à àrea de influência da América do Sul. Mas, para se avaliar devidamente a importância da Lituânia na conjuntura atual, é elucidativo estabelecer aqui uma analogia. Poderiamos comparar a influência da Lituânia - no plano individual - à de um comum homem da rua. A repercussão que tal homem alcança é pequena. Suponhamos, porém, que ele, embora inocente, seja recolhido a um presidio. Dentro do càrcere, qualquer desordem repercute intensamente em todo o recinto da prisão. Tui analogia se aplica à influência que desfrutam as nações subjugadas pelo comunismo, no conte"-IO do mundo carceràrio do qual fazem pane. Qualquer atuação de setores pertencentes a essas nações repercute ponderavelmente no conjunto das nações-presidio. Eis a razão pela qual a imprensa ocidental noticia com tanto destaque qualquer agitação promovida por populações situadas, ora por vezes no Cáucaso, ora na JCgião báltica. Por tais razões, o manifesto dos exilados lituanos repercutirà necessariamente no mundo-carcerârio soviético, o qual, mediante a 1lasnost, tornou.se bem mais transparente do que era anteriormente. E alcançando grande repercussão nas vastidões carceràrias da chamada URSS, acabarâ tendo iníluência na conduta desta, no plano internacional.

A S.S. Jollo Paulo li Cidade do Vaticano Santo Padre

Momento histórico Vossos filhos lituanos residentes nos Estados Unidos da América não podiam deixar de dirigir·se publicamente e filialm cnte a Vós, devido a aconte· cimentos cujas implicações são claramente históricas. Aproveitam para isso a liberdade que podem exercer nesta terra que os acolheu generosamente, liberdade de que não gozam os nossos irmãos que vivem na amada e persegu ida mãe-pàtria. Histó rico é o momento, pois pela primeira vez o chefe do Partido Comunista soviét ico, o Presidente Mikhail Gorbachev em pessoa, se encotrará em Roma com Vossa Santidade, o que abre um precedenteatéaquiinimaginà· vel. Histórico, ademais, porque este fa. to coincide com situações complexas que se vivem atrás da Cortina de Ferro, sobre cuja marcha, evolução e de· senlacepcsamnãopoucasinterrogações. Hislórico, por fim, pois o anteriormente referido coincide com o cinqücn-

tenário do pacto Ribbentrop-Molotov, ato de infâmia que permitiu a Sialin, em 1940, anexar nossa nação - junto com as irmãs nações bàlticas - ao império soviético, depois de um banho de sangue e sofrimento. Com o que se deu início a uma Via C rucis que dura até hoje. Santidade, confluem também neste pa norama dois elementos essenciais que, apesar da adversidade, permanecem vivos no coração dos lituanos: em primeiro lugar, nossa devoção à Santa Igreja Católica, Apostólica e Ro· mana; em segundo o nosso amor à Pátria, e aos valores cristãos que lhe fo. ram transmitidos na época de Mindaugas, e que se radicaram nela profundamente desde o batismo da Lituânia, hà 600 anos. É a isto que desejamos acrescentar, com vossa vênia, outras considerações.

Dttlaração de Gorbacheti

c•usa •preenslo

A anexação da Lituânia consti1uiu uma medida de tal maneira atentatória ao direito internacional e ao direito das gentes e das nações, que desde então os Estados Unidos, junto com o utras nações ocidentais (inclusive o Par-

lamento Europeu) se negaram a reconhecer sua legi1imidade, a pesar das instâncias soviéticas. Num mundo em que as potências não comunistas com canta facilidade sacrilicaram nações e almas aos perseguidores comunistas cm aras a uma distensão precària, construída sobre o engano, o reconhecimento ocidental da Lituânia livre é particularmente digno de nota. No que diz respeito à Santa Sé, não podemos deixar de manifestar nossa gratidão, do mais fundo do coração, pela condenação vaticana à ilegítima anexação da Lituânia por parte da União Soviética. Os católicos lituanos sentem-se particularmente consolados pela convicção de que será sempre assim. Pelo contrário, o Cremlin sempre manteve uma postura intransigentemente fechada a toda negociação que conduza à restituição da independência violada. Mas o que era explicàvel cm tempos de Stalin, Kruchev ou Brczhnev, torna-se para muitos de nossos compatriotas dificil de compreender na era Gorbachev. As aspirações nacionais, indiretamente encorajadas pelas medidas, declarações e até por atitudes do presidente soviético, transformaramse cm graves apreensões, em selembro último, quitndo ele, ao inaugurar a reuCATOLIC ISMO - Janeiro 1990 - 'l5


nião plenária do Comitê Central do PC, descarregou ameaças contra aque• lcs patriotas que legitimamente anelam a liberdade, a que têm direito as na· ções soberanas, chegando a insinuar - em gesto contrastante com seu estilo, tão laboriosamente forjado - que os meios militares não estavam descarta• dos para restabelecer a "pax soviéti· ca" (New York Times, 20/ 9/89). No que diz respeito às nações cativas, como a Lituânia, não seria a primeira vez, por certo, que aparentes períodos distensivos do Cremlin são afogados em sangue.

Pedem intercessão firme Santo Padre, pensamos que, no plano temporal, o bom entendimento, a harmonia e a paz em uma Europa desejosa de unificação, passa pelo restabelecimento do justiça: "opus justitiac, pax", diz o Profeta lsa[as (32, 17). E essa justiça implica em que todas e cada uma das nações do Velho Continente sejam livres de determinar seu destino, na fidelidade a suas tradições. Porque, na verdade, nós os lituanos não imaginamos como poderia dar-se a continuidade da civilização cristã com uma união espúria de nações, induin· do regimes comunistas, que representam uma civilização antitética, intrinsecamente perversa, e que cerceia as liberdades dos povos. 'Temos a certeza de que Vós, Santo Padre, que haveis declarado que a metade de vosso coração pertence à Lituânia, sabereis acolher estas considerações e apreensões, fruto de nosso amor à Igreja e a nossa Pátria. Por isso, atrevemo-nos a pedir que intercedais com firmeza, durante a visita de Gorbachev, pela liberdade e independência da Lituânia. Seria dificil para o presiden1e soviético negar tão justo pedido, pois ficaria comprometida ante Vossa Santidade e os católicos do mundo inteiro, a credibilidade de suas boas intenções. E poderiam ser·lhe aplicadas as palavras do Salmista, sobre os que praticam a iniqüidade, "que fa. 1am de paz a seu próximo, enquanto o seu coração está cheio de maldade" (Ps. 27, 3).

Bênçãos para os que gemem Além do que foi dito a nteriormente, o presidente soviét ico , na hora 26 - CATOLICISMO - J aneiro !990

de deíini r sua posição em relação à independência da Lituânia, saberá pesar na balança o fato de que, co· mo o expressou publicamente nosso Cardeal Vincentas Sladk evicius, "uma visita do Papa seria muirn proveitosa para a imagem da União Soviética no mundo" (" 30 Giorni", nº 3, 1989). Pedindo a Nossa Senhora da Porta da Aurora, Padroeira da Lituflnia, a necessária assistência para a Sé de Pedro, imploramos para nós, nossas famílias, para os lituanos espalhados pelo mundo livre, nossos irmãos na Lituânia - em partic ular, os religiosos e leigos que ge mem atualmente nas masn1o rras comunistas - e para os milhares e milhares de compatriotas que ainda hoje se encontram esparsos pela Sibéria , Vossa Benção Apostólica.

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Consagração ao Coração de Jesus SANTIAGO- Em mensagem enviada ao Almirante Jost Merino Castro, Comandante em Chefe da Marinha, a TFP chilena apresentou-lhe ca lorosas congratolações por sua iniciativa de consagrar aquela força militar ao Sagrado Coração de Jesus. Na igreja naval de Nossa Senhora do Carmo, cm Vii'la dcl Mar, durante a Missa celebrada pelo Bispo castrense, D. José Joaquim Malte Varas, o Almirame Merino Castro recitouaco nsagraçao,aqual, acertaaltura,afirmava:"Co-

mo comandante em Chefe da Armada. vô-!a consagramos para prosseguir trabalhando, orgulhosos de nossa vocação profissional e de nossa fécristã,sobVos.saproteçlodivina. Sagrado Coração de Jesus, cm Vós confiamos, e não sere-

mos jamais confundidos. Amhn".

O Senador HolHrt Dote, 1/dtr da m,'noria

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&r11Jdo nori,.,.nurico-

"º (com a.,..,;,, ,obn" pilha defollias contmdo a, 11uin1111mu), =~·

:::....::~:::.~% ;,•:1::::a ;!'~:_UJ~'::k'!" il assi~lura contra queima b 1deira NOVA YORK - Uma comissão de diretores da Socieda· de Americana de Defesa da Tra dição, Família e Propriedade, tendo à freme o Sr. Raymond Drake, feze mrega no Senado norte-americano do monumental abai~o-assinado em que a entidade propugna por uma umacmcndaconstilucionalque qualifique como crime aquei• madabandeiranacional.ASupremaCortehaviaanteriormcnteoonsideradolegitimacssaqueima,comodecorrcntedatibcrdade assegurada peta Constituição. Assimsendo,umaemcndaconstitucional, scgu ndo a pctiçào, constitui o imico recurso para defender a honra da bandeira. As folhas contendo as 125 mil assinaturas, formando um volume de um metro de altura, foram em regues cm Washing!on aos senadores republicanos Ro bert Dole e Robert H. Mitchel.

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Alerta so bre Gorbachev em Brasília e Nova York Asubstanciosaam\lisedoProf. l'llnioCorrfadeOliveira, intitulada "Morto o comunismo? E o anticomunismo também?", estam pada inicialmente cm "Catolicismo" (edi· ção de outubro último) foi transcrita, em seção livre, pelo "Correio Bra1.ilicnsc", do Distrito Federal, e pelo "Wall Street Journal", de Nova York, em sua edição nacional. Neste úllimo, um breve resumo biogrlifioo do Prof. Plínio Corrh de Ol iveira mencionava sua anterior denúncia, feita cm escala mundial, do socialismo autogcstion/i.rio do PS francês, verdadei ra cabeça-de-ponte para o comunismo int ernacional .

Para esses parlamentares, qucvêmatuandonomesmoscntidodacampanha,taisa.ssinaturas,proccdentcsdosmaisdiversos pomos do pais, oonsli1ucm uma dara confirmação do que deseja pondcrAvel parcela do público norte-americano. Tambtm ao Presidente Uu sh a TFP fezchegarcópiadesseabaixoassinado,11.qualíoientrcguc na Casa Branca ao secretário John H. Sonunu , em outubro úl1imo. Paraacoleladasa.ssinaturas, duascaravanasdaen1idadepercorrcrammaisdc)Ocidades,entrcasquaisBoston,Washington, Miami, Mamphis, St. Louis, San Antonio, Santa Fe, Salt La.ke City,LosA11gclcscSanFrancisco. As campanhas foram realizadasnas viaspúblkas, 00mo hasteamcnto da bandein1 nacional e dos estandartes da TFP, proclamação de slogans, apresentação de fanfarra, bem como utili1.ação de faixas com apelosc afirm11.çõcsca1eg6ricas. Ao fazer o balanÇO dessa campanhà, a TFP norte-americana rcssaltou a vatiosa colaboração de seus correspondentes e si mpatizantes, os quais, dedicando scutempo li vre,partidparamativamentcdacoletadeassinaturas. Salientou tambtm a simpática acolhida por parte denumerososeclcsiásticosea utoridadcs municipais. Entre essas manifestações desimpatiacabcassinalaraque foi dispensada pela colõnia de refugiadoscubanOc\.Muitosintomlitioo foi o gesto do prefeilo deWcstMiami,oqualnãoa penasassinouapctição,comotambtmcolctouassinoturasnarua.

CATOLICISMO - J aneiro 1990 -

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poderia conhct:er ao longo de toda a vida. Em conseqüência, ocorre qucmuitoscacmnum"strcss" oriundo da buscainCts$antcdc informações. Como bem assinala Wurman, a proliferação de dados e se rviços, atualmente cm voga, tem um efeito cont r:i.rio à sua própria fina lidade : constitui uma explosão de desinformação, gerando o caos.

O T•rrlt6rlo livre para toxlc6manos

O " Trabalhadores do mundo, perdoem-nos" "Trabalhadores do mundo , uni-vo!i", dizia Marx . Setenta e dois anos após a Revo lução bolchevista, trens obsoletos e avariadosdcstacam-sc:napaisagcm gelada da u:i;im chamada ''União Soviética'' . Na zona ru ral, mai§ de um quinto da safra de grãos apodrct:c onde caiu, ouaguardacaminhõcsquenunca chega rão. Nas cidades. as prateleiras du loju estão vaziu, nasuamaioria,ealcgcnd!ria paciência das massas qu e faum fila, durante horas, paracompr2.rcomida - convcr1c-sc:cm indignação. Duranteasrcccntescomernoraçõtsoficiais relativas ao anivcrsãrio da ascensão dos wmunistas ao Poder, de:.: mil manifestantes russos, a poucos passos da Praça Vcrmelha,desafiaram os chefes do Cremlin, por1ando cariazn contra o Governo. Destes, um particularmcnlc espirituoso e signiOcativo, parafra.seando Marx,proclamava: "Trabalhadores do mundo, perdoem-nos"

O Desperdlc los 05 agro-reíormistu - - sem nuncaexibirestatisticassérias - vivcmarcpctirovelhorcakjo de que nossa estrutura agrãria é obsolc1a, geradora de fo. me e de misé-ria. Dai .ser neceu!rio rctalh.ar o campo, dividindo 1udo em pequenas - no máximo, médias - propriedades. Tal foi, por exemplo, a plataforma de Lula e seus oorifcus da esquerda católica. Entretan10, nadaémais íalso.

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CATOLICISMO -

O êxito da produção e abastecimentoagrope<:uári05do Brasil é reconhecido intcrnadonalmcntc. Países do assim chamado Terceiro Mundo procuram a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope<:uãria) para trocar idéias a respeito. S6 o setor agrope<:uário propor cionou, no último ano, um supcravil na balança comercial de1lbi lhões ded ólarcs. Há - isto sim - incúria, péssima administração e mau aproveitamen1ode nOMas cxtraordinirias riqucus. Sabe-se:. por exemplo, que trczcmasmiltoncladasdecacau do jogadas fora anualmente, na Bahia, pois,docacau, o Brasil só exporta a amêndoa. Ora, tspe<:iatislu descobriram nada mcn05quc 18aplicaçõtsdapolpa na ãrcaalime nt lcia.

O Ansiedade Informativa "Em vez de estarmos mais bem informados que nossos ancestrais, o bombardeio de dados C'Stá reduzindo a capacidade de assimilação do que foi lidoedeabsorçãodcconhecimcnto. além de estar red uzindo a capacidade de concentração e aumen1andoaconsc~nciasobre a ignorãncia humana" afirma o especialista cm organiução de dados Richard Saul Wur man,aodiscorrersobre "a ansiedade informativa", cm seu livro recentemente lançado n05 Es1ados Unid05. Observa o autor que uma única edição do "New York TimC'S" oferece, hoje, um conjuntodedadossupcrioraoquc um habitante do skulo XV II

Fcvcrt::iro 1990

NumapraçaccntraldcZuriquc, Suiça, o governo decidi u abrirumazonalivreparaostoxicõmanos, forncccndo--lhes scringas, agulhas, tampõcsesterilfaados,pomadasparacicatriu çãodasvciaseatfchágclado cfrutas. Olocal éfrcqiicntadodiariamcntc por uma mu ltidão de doisatrêsmilviciados. Destes, nada menos de so•:, portam o vlrus da A IDS! A política de concessões cm face ao mal só favorct:e a expansão<!cste. O único remédio eficaz consiste cm eliminar suascausas.Nocaso,aimorati dadcemgeralc,espccialmcntc, asdrogaseohomossexualismo.

D lncllnaçoo de cabeça O Minis1ério da Defesa do governo socialista es panhol estabeleceu norma suprimindo a inclinação de cabeça na saudação militar ao Rei. É próprio d e toda sociedade retamente hierarqu izadaqucosinfcrioresmanifcstem se u rcspci10 para com os superiores. O socialismo, entretanto, intrinsecamente igualitário, procura eliminar todo simbolismo, mesmo nas pequenas coisas, que exprima desigua ldade - como essa inclinação de cabeça - para assim maisfacilmen1eacabarcom qualquer forma de hierarquia.

O TV: rKuo t6tlco Oautordanovela''OSalvadordaPãtria",dcclarouà"FolhadcS. Paulo":

"Começamos a se ntir uma reação muito forte do grande público co m relação ãs cenas de política e ãs de .se1to, principalmcnlcdapequenaburgucsia. Então,oque nós fizemos? Nós recuamos na temãtica sexual e na temática politíca. Mas é um recuotáticomomentllneo,porquc no futuro, com habi!idad~ agcntcvaidmandoe5sas1cm:i.ticas". Confessa, pois, o intento de ludibriar grosseiramente o telespectador, ao mesmo tempo cm que manifesta uma determinação irredutlvel de continuar servindo ao público o asqueroso prato da imoralidade, como ocorre na$ demais novelas que se exibem. O público sedcixa rã cnganar?

O Monumentos aos nõo-nascldos Em Schwandorf, Alemanha, e cm Hohenzclt, Áustria, foram erigidos monumen1os em memória das incomávcis crianças abortadas,paraasquaisnãohànomcs, lágrimas,scpul1ura ecruz. O in iciador do memorial cm Schwandorf, Alois Zinnbauer, afirma que deseja chamaraatcnçãosobreodireitoà vida dos não nascidos, pois as próprias crianças não podem se defender. Em Schwandorf foi erigida uma Cruz de 1,80mdc altura, trucndonoccntroa inscrição "reparação". Abaixo foi ins.crita a frase: "Em memória do grande número de crianças n!lo amadas, não nascidas e assassinadas no ventre materno cm nosso pais desde 1976". Em Hohenzcll ,o pároco Jo. scf Baucr tomou a in icialiva de afixar uma placa com letras artlsti cas, tendoem vista que o número de abortos na Áustria jiultrapassaodcnascimentos. Em visita pastoral a Hohcnzctl, o Cardeal Arcebispo de Viena, D. Hans Herrmann Grocr, rC$saltou a urgentc ncccssidadc de reintroduzirodesejoeaalegria deter crianças.Ofatodemuitasvczcscriançu.sercm1omadas como um fardo, é oonseqüCncia da perda da F~, ressaltou o Cardeal. Tais monumentos merecem todo nosso ap lauso. Afinal , algosc fuem prol da moral nu maciviliuçloondctudorui.


@AfOLICISMO SUMÁRIO TFP

Aqueles que qualificam a TFP de radical, como ficam em faa:- de declarações radicais de Fidel Castro em favor de um comunismo rígido? ............................................ 4 ECOLOGIA

A ecologia da qual muito se fala. O que está por detrás dela ..... .. 7 TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO A Teologia da Libertação quer levar

os povos à pobreza. Estudo esclarece os objetivos desse movimento .. ............•..................... 10 HISTÓRIA O genocídio vendeano, recorda(3o

incômoda para os que advogam uma historiografia de consenso sobre a Revolução Francesa .. .... 15 INTERNACIONAL Cubanos no exílio pedem a Gorba-

chev, por ocasião de sua visita a JOiio Pilulo li, que cesse de ajudar

a ditaduracastrista ... .. .... ..... ... 20 RELIGIÃO

História Sagrada... ... 23 Nossa Senhora das Cracas e M1la~ na Irlanda ......... ... ..... 25

Nos últimos séculos,

ª sofreguidno por mais riquezas, mais comodidades, mais produção íoi dos fa1ores principais na desuuiçao da vida calma e dos costumes austeros, decorrentes da moral crista. O mundo, possuído cada vez mais pelo espírito revolucionário, acreditava viver na disparada rumo à civilização da abu ndância. Dentro desta marcha aloucada, repentinamente, sobretudo a partir da década de 60, começaram a surgir inusitados a1aques à civilização da abundância, Não vinham dos setores tradicionais, que defendiam valores autêmicos do passado, e que de há muito apontavam defeitos perigosos no edifício social, sacudido pela acelerada industrialização. Partiam do outro lado, do extremo das correntes revolucionárias. Era uma critica feita pela super-modernidade ao ape nas moderno. Para tais setores a abundância era um mito prejudicial. O ideal seria a vida simples, em comunas pequenas, com pouco consumo. Não neurotizava, não oprimia, favorecia a fraternidade. Havia ainda várias outras tolices de análogo estilo ... Os indígenas começaram a ser vistos, numa representação idealizada, como exemplos a seguir. O super-moderno inclinava-se diante do bárbaro. Seguidores desta expressão radical do espírito revolucionário são a Teologia da Libertação e o Ecologismo, cm suas mani· festações mais ardidas. Embora partindo de pressupostos diferentes, as duas correntes coníluem na promoção do pauperismo, como meta para toda a sociedade, Uma - a TL diz ver na sociedade pobre a recusa do egolsmo, a realização do "espírito evangélico". A segunda - o Ecologismo - simpatiza com essa corrente teológica, pois considera que ela torna viável um ainda pouco explicado equilíbrio ecológico, e uma obscura comunhão com a natureza, que teria na tribo indígena uma de suas expressões mais características. "Catolicismo" oferece sobre esses dois temas, no presente número, informações valiosas e critérios de análise atualizados. Seus leitores terão melhores condições para formar um juizo seguro a respeito do assunto, desvinculado das modas revolucionárias.

gres,

Falando de pauperismo, ,_., "'"m""' tendo,

"CATOLICISMO" f uma put,ticaçio me,uaJ dlEmpr$PadreBclchiordePOD1ei;L1d1. Dirfl•:PtuloCmh<l<llriloFilho

~.,.na~;T~":";::~.~~~ Toalhasllo - K•fl!I••·

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'-'·" Gnfacb:Rua MortirnFrollCÍta>,66!- 0ll26 -Slo

pensar em Cuba, onde ele parece constituir a única forma de abundância ... A ilha-prisão - tão elogiada pelos D. Casaldãligas, Freis Boff, Betto e congêneres - tem sido o infeliz laboratório em que se gesta a sociedade tão bem-amada dos teó logos da liberlação. Mesmo agora, em que por toda parte dirige ntes marxistas reconhecem o desastre a que o socialismo levou suas respectivas pátrias, Fidel Castro continua a trombetear seu radical apego ao mais xiita dos comunismos. Ante tal radicalidade. que posição assumem os "moderados" do centro e do centro-esquerda, sempre sôfregos cm qualificar de radical a Tf'P'? Este é o tema de elucidativo artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicado nesta edição.

Paulo, SP -Ttl,(Oll) W.7707. F~t<litt<o,opan•di<arg....,.f.,,_;. <bPCl'''COl~""llandm-S/A(lfjíà<

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Por outro lado,

que autenticidade temª polltica da "perestroika", levada a cabo por Gorbachev, se este continua a manter no Caribe o radical ditador barbudo'? Pergunta incômoda feita ao llder russo por um grupo de cubanos exilados quando da visita de Gorbachev a João Paulo li . O documento dos cubanos constitui ademais um apelo em favor de seu povo, tão sofrido e tão oprimido.

CATOLICISMO - l'cvcreiro 1990 - .1


00

M RAZÃO da be<,;d,d, de espaço, transc.revoapenas trecho de um discurso do ditador cubano, no-

que o separe da linha dura chinesa, responsãvel pelos recentes massacres na praça chamada, por cruel ironia dos fatos, da "Paz Celestial" em Pequim. Ora, no cent ro-esquerda ideológico do continente ibero-americano, as TFPs sempre foram atacadas, de modo incessante, por pessoas habitualmente indignadas com nossa infatigável posição anticomunista. Bem sentiam elas quanto se expunham a ser desmascaradas como comunistas se afirmassem de público o motivo real de sua ojeriza contra nós. E por isso encobriam com um tênue véu seu pensamento profundo. Atacavam-nos, pois, não propriamente por nossa posicão anticomunista, mas por nosso ''radicalismo''. ~ramos "radicais de direita", tão odiàveis e tão nocivos quanto os "radicais de esquerda".

ticiado pelo "O Estado de S. Paulo" (31-10-89), sob o titulo "F1del se diz o último comunista".

Nele, o Stalin cubano, objeto de tantos encômios de Frei Betto e Frei L. Boff, criticou asperamente Gorbachev e a obra deste, contra a qual se declarou disposto a continuar defendendo a ortodoxia comunista mesmo que "mais ninguém no mundo o faça". E acrescentou: "Jamais vamos renegar o honroso título de comunistas". Mais adiante acrescentou: "Viva a rigidez na defesa dos princípios revolucionários, nada de ílexibilidadc". Não contente com isso, afirmou ele ainda: "Agora estão dizendo que há dois tipos

de comunistas: os bons e os maus.

)

Quero dizer que nós estamos entre os maus - maus porque somos incorrigí-

Só que, a esses radicais de esquerda, nllo atacavam jamais. Quanto às TFPs ...

INTERPELANDO a esquerda e a extrema-esquerda Plinio Corrêa de Oliveira veis, ( ... ) jamais vamos regredir à préhistória". Citemos ainda estas últimas palavras: "Temos que permanecer( .. ) firmes e entrincheirados nas idéias do marxismo-leninismo, nas idéias do comunismo, do socialismo". 4 -

CATOLICISMO -

fcvcn:iro 1990

Em outros termos, o ditador que há trinta anos governa a ilha-prisão, posto agora ante a aliâs tão dúbia "abertura" de Gorba<''.1ev, se situa na mais extrema ponta do radicalismo comunista. E é difícil ver se hã algo

A esses radicais do anti-"radicalismo", faço agora uma perguma: se o malestáúnicaeexclusivamentenaradicalidadc, a coerência os obriga a desatar contra Castro os mesmos vendavais publicitários que soltaram contra


nós. Pois não há, nas declarações do ditador cubano, nenhum grau de radicalidade a menos do que a que nos atribuem a nós. Cobro-lhes, pois, uma atitude clara diante do atual posicionamento (perdoe-se-me a horrenda modernidade da palavra) do ditador. Já se foram as eleições presidenciais no Brasil. Assim, a propósito do recente estardalhaço de Fidcl Casrn, o qual toca tão de perto pessoas, correntes ideológicas e situações internas de nosso País, já é possível alargar os horizontes para além de nossas fronteiras.

E o que de mais imediato nosso olhar encontra, nesse primeiro "tour d'horizon", são os paí.ses irmãos do continente com os quais vizinhamos. A eles acrescento naturalmente o Chile e o Equador. Em todos esses países, borbulham correntes comunistas, em geral pouco numerosas, mas importantes pelo apoio que recebem (oh dor!) de altos escalões da Hierarquia eclesiástica, como do macrocapitalismo in genere e do macrocapitalismo publicitário in specie, como ainda de ponderável parte da "intelligentsia" e do "jet sei". Na Colômbia, os guerrilheiros comunistas e os do narcotráfico vêm dilacerando as entranhas do país. E, por sua vez, o ''Sendero Luminoso" vem submetendo o Peru, de há muitos anos, a uma cruel devastação. É óbvio que, em boa parte, todos esses movimentos se mantêm com dinheiro vindo de Cuba, a qual, por sua vez, o recebe da Rússia. É certo que Fidel Castro exerce grande influência sobre todos esses extremismos de esquerda. E não só sobre eles. Pois, quando da posse do Sr. Carlos Andrés Pérez na presidência da Venezuela, em fevereiro deste ano, foi ele literalmente cortejado por muitos dos chefes de Estado "moderantistas" que ali se encontravam para participar do ato. Como também ocorreu pouco antes, por ocasião da posse dos Presidentes Rodrigo Borja, no Equador, e Salinas dc Gotari, no México.

Assim, o recenteestardalhaçoantigorbachcviano de Fidel Castro tem evideme repercussão sobre todo o conti-

Nesses termos, é inevitável que a curiosidade pública, em toda a América do Sul, se volte para a extrema-esquerda e os moderantistas, indagando deles qual a atitude que tomam ante a ruptura de Fidel Castro com Gorbachev. Ê esta, de modo eminente, a curiosidade da TFP brasileira. E tenho todos os motivos para supor que o mesmo sintam as TFPs de nossos países vizinhos, ou de qualquer forma coirmãos.

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Não falo aqui em nome delas, mas pessoalmente, como partícipe da grande "onda" TFP. Registro o seguinte: A referida notícia do "Estado" é de 31 p.p. Novembro vai escorrendo sem que, na extrema-esquerda como no cemro-esquerda, nada se tenha dito sobre esse novo e vistoso assomo da radicalidade castrista. E à vista do silêncio, é tempo de interpelar os componentes de uma e outra corrente. No que diz respeito ao comunismo declarado, os termos desta interpelação são simples: por que vos calais? O que vos embaraça? Até quando ficareis quietos? Mas a interpelação mais matizada e mais incisiva, dirijo-a aos complicados componentes do centro-esquerda. Ei-la. Senhores da terceira-força, da terceira posição etc. etc., "sapos inveterados" ou "inocentes úteis" incorrigíveis, fanáticos do anti-"fanatismo": dizei de viseira erguida o que pensais do estardalhaço de Fidel. Espero de algum expressivo líder vosso uma palavra sobre este convite. A tal convite, acrescemo outro: dizei com toda a f•anqueza o que pensais dos detentores do poder na China aluai, presumíveis patrões do felpudo ditador cubano. A palavra está convosco.

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CATOLI CISMO -

f evereiro 1990 -

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,r---------------------, Discernindo,

d isti nguindo, classific a nd o .. .

MISTl'c~ISMO ENDINHEIRADO ' ' O sr.nãovêdiferençaentre religião e ciência? - Não, tudo é a mesma coisa.'' Tal resposta surpreendente faz parte de uma entrevista de página inteira, concedida ao Diário de Pernambuco (24/7 /89), por um tal Trigueirinho, homem q ue disserta sobre "seus coniatos com seres extraterres1res, o fim próximo do planeta Terra, as múltiplas · dimensões da existência". Qual é a religião de que ele fala? Evidentemente não é a santa Religião católica, mas um

misticismo estranho, impregnado de magia e demonismo. Os dois maiores diários do Rio, "O Globo" e "Jornal do Brasil" (1°/9/89), trazem, cada um, praticamente meia página convidando o público para reuniões com Trigueirinho, nada menos do que no "Centro de Convenções do Hotel Horsa Nacional Rio'', no elegante bairro de São Conrado. Portanto, é dinheiro grosso que está por detrás dessa propaganda. Ora, considere o leitor que, até · há poucos anos, a mfdia toda estava impostada em endeusar a ciência - puramente técnica e racional como oposta a todas as superstições, e como única fonte segura da verdade. O grande fato, pois, a ser levado em conta, não é que um Trigueirinho ou Trigueirão quaisquer digam esta ou aquela extravagância, mas sim que na mfdia se tenha operado essa fantástica rotação: ela faz propaganda aberta, e com ares de seriedade, daquilo de que até hã pouco os próprios meios de comunicação social riam com sarcasmo.

E não se trata de um caso isolado, caro leitor. Os jornais diários, a TV estão repletos de uma propaganda clara ou velada dos mais esquisitos misticismos. E altos capitais parecem mover-se por detrás. Assim é que num dos mais luxuosos hotéis de São Paulo, o Maksoud Plaza, foi promovido um seminário dirigido pelo "sensitivo e psicólogo Luis Antonio Gasparetto" para en-

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sinar como ter sucesso e ganhar dinheiro! ("Jornal da Tarde"-SP, 4/8/89). O local e o tema bem mostram que se traia deumadifusão"sensitiva" na classe abastada. O conferencista é ligado ao movimento internacional "New Age" (Nova Era),cuja finalidade é preparar um novo mundo "místico". O mesmo diário anunciou o lançamento no Brasil do jornal "Notícias Cósmicas", que publica temas relativos "ao advento da Nova Era" . Um campo que se diria, por excelência, muito avesso à bruxaria, é a economia. Entretanto, "O Globo" (12/8/89), sob o títu lo "A economia também tem seus bru,cos", noticia que empresas usam astrólogos e numerotogistas para se orientarem. A informação é de pessoa categorizada no ramo: Paulo Lustosa, Presidente do CEBRAE (Centro Brasileiro de Apoio á Pequena e Média Empresa). Ele é de opinião que "a análise da conjuntura não pode mais ficar presa apenas às teorias dos economistas ... as empresas estão buscando assessorias alternativas". No interior da Igreja, por sua vez, o Pe. José Eduardo Augusti, em entrevista de página inteira concedida à "Folha de Londrina" (14/4/89), "mistura polít ica, religião, saúde e educação para difundir a medicina da natureia". Em Rondônia, acrescenta o mesmo jornal, a freira Ana Ma ria Valiatti aplica as técnicas naturalistas nas CEBs. Enquanto isso, na Uni· versidade de São Paulo, faz-se "uma pesquisa desenvolvida com o intuito de resgatar a tradição curandeira". Vem sendo levada a cabo pela Profa. Maria Jacyra de· Campos Nogueira, da Faculdade de Saúde Pública da USP, e financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tec·

nológico ("City News"-SP, 1617/89). Na página de turismo, a "Folha de S. Paulo" (1718/89) faz propaganda da "rota esotérico-energética do Peru". Ademais, "a primeira Faculdade de Astrologia do Brasil já tem ISO alunos", informa o "Jornal da Tarde" (22/7/89), e acrescenta q ue "os astrólogos, hoje, já podem contar com aposentadoria pelo INPS" . Em Joinville-SC, "A Noticia" (10/8/89) fala do "3º Encontro da Era do Aquário", o qua l propugna o "conhecimento mágico", o "Cristo interno", o "Eu superior, a essência divina que está em cada ser humano" . O "Estado de Minas" (16/9/89) noticia estranhas aparições do demônio que estariam ocorrendo em Belo Ho rizonte. Em Brasllia, um jo rnalista inventou "um computador manual que simula o Livro do Destino" e é "uma máquina de falar com Deus" ("José", 20// 10/89). Qual é o "deus" que aí fala??? Essas são apenas algumas amosIras de uma to rreme de fatos. Notese que a nova pro paganda difunde qualquer misticismo: desde o satanismo debandado até " fil osofias" e prá1icas ditas orientais. Só não cabe dentro desse saco de monstros a prática tradicional da Religião católica, que passa a ser qualificada de sectária. Tal é o mundo que nos está sendo preparado. Nossa Senhora nos preserve dele. C.A


Da uqucrda pam o dinita : ocantarGilbtrta Gil, arodflroông/11Sti"K, ,.,.,/.,,liocoio.pd •oaJa/j~Raoní dia .. tedap,aláciodoP/a,ia/to,

o.pós atuliJncio. com o pn1úknte Sanwy •,,.ja,,.iroúllimo Esl•conada,aosca.io.J,á uma ro.PIM rucva indír""· (1-'oto Rico.rdoStucbrt)

ECOLOGIA e

socialismo autogestionário:

cara e Coroa de Um a mesma • revo 1UÇao Os "verdn" : umaulranha "frt,nle Ampla " Na Europa, os partidos ditos ''verdes" (ecológicos) recolhem crescente v(){ação. Nelcsenoontra-seumaamâlga-

As

CONSEQÜENCIAS de uma industrializaçJJo irrefletida a qual prometia, de início, um paraíso sobre a Terra geraram numerosas ameaças á saúde flsica e psfquica humanas e 11s condições gerais da vida sobre nosso planeta. E tal processo de industrializaçllo representou um fator importallte para o agravamemo dos problemas da urbanizaçJo imensa de nossos dias. Isto é uma realidade inegável. Ultimamente, porém, desencadeou-se toda uma literatura a respeito do assunto, e a grande imprensa tem-se feito sôfrega porra-voz dos que clamam contra tais males, freqiientcmcntc apontados como catastróficos. Face a essas assustadoras perspectivas - nllo raramente exageradas ou unilateralmente apresentadas - levantou-se uma reaçllo em nome da ecologia. Desde enrJJo a palavra ecologia encontra-se um pouco por toda a parte. l usada pelo homem comum para designar o que favorece a jardinagem ou a boa arborizaçllo das ruas, aparece em planos de protcçAo à .n~tureza el~borados por escritórios de tecnocratas, surge nas propagandas comerc,a,s ou pollt1cas, cm campanhas pela reforma agrária socialista e confiscatória ou em boca de anarco-1ribalis1as. Ecologia e uibalismo, convém frisar, mio resolvem os problemas resultantes dessa industriaUzaçiJo inconsiderada e das megalópolis hodiernas, mas os multiplicam e agravam.

maheteróclita, eaté contraditória,depcssoasquesesentem sufocadas pela industrialização omnipresente. juntas com um lequeestranho derockeiros, pacifis1as, viciados em drogas,cxtremistasdeesquerda, anarquis1asctribalistas.

As inicialivas que surgem de 1ais amâlgamas confusas recebem acolhida e encorajamcnto 1anto de parte das mais respeitáveis instituições do Ocidente, quanto das mais suspeitas. Apoios à ecologia t!m vindo desde Washington até

Moscou, das Cones européias atéocambodgedos"khmers" vermelhos, da conservadora "premier" inglesa Margaret TatcheratéKhadaffi,oextravagante promotor líbio do terrorismo. lnici2tivas louvâveis ou absurdas, medidas sérias

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cara e coroa de uma mesma revolução ou demagógicas, atividades incontáveis extremistas de escientificas ou ativismo políti- querda, pacifistas, anarquis· co inspirado por uma estranha tas, drogados, rockeiros e triíilosofia, produções audiovi- balistas, engajados na derrocasuais importantes ou açõcsvi- da da civilização urbano-insandoomeroespalhafatojor- dustrial. nallsticotêm-sefcitosoboróPostoq ueconsiderasomcntulo da ecologia. te os rclacionamcn1os, a ecoloDe fato, a aura utópica gia trata o homem como mais que rodeia o ecologismo tem um elo, semelhante a outros, permitido indefinições e confu- da imensa trama de relações sões, onde se misturam algu- queligatudoquantoexistesomasidéiasinteressantesousim- brc a face da 'lcrra, isto é, o plcsmcntc comuns com sedu- que os ecologistas chamam ções líricas e abismos insondá- ••cadeia ecológica''. Mas afirveis do tipo daqueles em que mar que o homem é tão só setêm precipitado,invariavel.. um elo nessa cadeia, como 1ammente,asutopiasnahistória. bém o é um boi, uma erva, a terra.ou, segundo a ecologia, Uma ideologia o esterco, constitui um exagero igualitário aberrante. Pois por tr'5 do ecoloaismo o homem possui uma alma CS· piritual imorial, que o põe aciA ecologia tem uma hisló- ma de todos os demais seres ria e uma filosofia dcsconheci- corpóreos. Ocupa um papel das pela imensa maioria das monárquiconaordcmdaCriapessoas, que vêem nela ape- ção corpóres "porque o honas os lados atrativos. mem foi feito à imagem de Foi lançada em 1869 pelo Deus" (Gen, 9,6), tendo Nosprofessor alemão Hernst Hac- so Senhor lhe dado a ordem: kel, e tomou suas caraterísti- .. Enchei a Terra e dominai-a" cas atuais no fim dos anos (Gcn. l,28). 60, influenciada a fundo pela Deus, entllo, deu ao hoRevolução da Sorbonne e pe- mem poder sobre todas as delas comunashippies cdcdro- mais criaturas da Terra, para gadosdaCalifórnia. dispordclassegundoscubencEla pretende estudar todas plâcito, em concordância com as formas de relação entre o alcidivinaenatural. Assim, homem e seu meio-ambiente, ele pode apropriar-se e usar e os elementos circundantes dascoisas,sejamanimais,veentre si . làrefa vastlssima, getais ou minerais para seu pois acaba incluindo as rela- bemedasuafamllia. ções dos homens entre si, enFoi assim que o homem globando , em últi111a análise, passou a criar animais, cultimuitas ou1ras cilncias como var os camp(ls, fundar cidaa sociologia, a polhica, a eco- des, abrir estradas, em suma, nomia etc. É, pois, uma visua- transformar a Terra e erigir lização - com uma doutrina civilizações. Para ista, o hopor dctrãs- que abarca to- mem teve de combater e até das as coisas e o homem con- exterminar fera~ e insctosdadiderado na sua totalidade. ninhos,abater matasparaobInclusive na sua conduta. Dai ter madciraseplantarccrcais, se falar em comportamento árvorcsfrutífcrascqua111onc· ecológico, em moral ecológi- cessitassepara suasubsistência. ca, e alguns dos seus mais gelsto,cntrctanto,émal visnuinosadep1osaco11siderarem to pela ecologia. A afirmaçao como uma religião. Religião da supremacia do homem na da natureza, que abstrai do Criação é tida como um alO Deus Criador de todas as coi- de "egoismo", de soberba sas e se transforma numa reli- por parte de uma espécie que, gião panteísta com uma for- no fundo, seria igual às ouça revolucionáriadea lta peri- tras.Eesse''egoismo",segunculosidade. Esta medula pante- do a doutrina ecológica, faz ista e subversiva tem atraído do homem "o maior preda8 -

CATOLICISMO -

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dor da Terra". Em poucas palavras, o maior perigo do planeta. E o mandado de Deus Nosso Senhor - "enchei a Terraedominai-a''(Gen.1,28) - é considerado a causa de todos os males presentes . Assim o explica, por exemplo, o ecologista espanhol Mario Gaviria, professor cm Universidadeseuropéiasenorte-americanas:''Aúnicaexplicação(dosresuhadosdocapi1alisn10) é em parte devida a uma concepção do homem no planeta ou no cosmos, procedente da concepção judeucristã: o homem é considerado como o rei da criação, isto é, algo exterior ao cosmos, algo superior ao resto dasespécies. EntãojádesdeoAnti· go Thstamento o homem põe a seu serviço, submcteosanimais;( ... )éprecisoreconsidcraro homem ... "(J). Apartirdeumaperspectivaanti-cristãsemclhante,nas "Primeiras Jornadas Socialistas de Ecologia e Meio Ambiente" do Partido Socialista Ope-

rário Espanhol - PSOE, a Bíblia foi acusada de ser "o baluarte dogmático-ideológico em que se apoiou o homem como 'dono e senhor' da Natureza" (2). Esse pressuposto anti-Deus eanti-monoteísta,aaprescntaçãodeumpaganismo''inoccnte" e a atribuiçao da fonte dos males da crise ecológica atual ao cristianismo aparece na mldia refletido à ligeira. A revista "Time", (2-l-89), cm sua edição dedicada ao "Planeta do ano" escreveu: ''Em muitas sociedades pagãs, a Terra era vista como uma mll.c, uma fértil doadora de vida.Anatureza-tcrra,ílorcsta, mar-reccbiaotrata· mento de divindade e os mortais estavam subordinados a ela.Atradiçãojudeu-cristãintroduziu um conceito redicalmentc diferente. A terra era a criação de um Deus monotelsta (... ) que ordenou a seus habitantes, nas palavras do Gênesis:"encheiaTerraedominai-a''.

tonspurca. ndo a. ciuilú:aç&J, num cona:rlo rnck, no Pa.n d~ Sunux (arudons d, l'nris). Prefigura dascomunidadu.ao,t<>~slionárias•fno,di,,n,u, u.p,alhtulas p,e/1>1 Mffl/JW, thujadtu p,ela «olop ~ p,elo wdafis,.,o.


cara e coroa de uma mesma revoluçõo Resul1ados lôglcos dessa ltl'Olta Para Mario Gaviria, é uma razão para elogiar a "revolução cultural chinesa" co procedimento dos "khmcrs" vermelhos cambodgeanos, que resultouemespantosogenocidio. o abandono, por eles promovido, da vida civilizada em cidades. "làlvez haveria - afirma o ecologista - uma viadaagricuhurabastanteecológica nas experiências chinesas (da época de Mao). Os chineses por princípio - e agora(1975)têm-scvistotambém no Carnbodge, Vietnã e Laos - recusam as grandes cidades( ... ); as primeiras medidas que os exércitos revolucionãrios têm adotado, ao tomar o poder nesses países do Extremo Oriente, consistiram em tirar o povo das cidades e voltar a envié-lo ao campo" (op. cit., p. 268). As espantosas chacinas levadas a cabo no Cambodge têmumagravidadeapcnasrclativaà luz da doutrina ecologista. Pois está na coerência da ecologia que, não se reconhecendo razões de superioridade aos homens, sejam eles tratados como meros animais, cujadesapariçãoéum momcntO como qualquer outro da evolução geral da terra. Gaviria também elogia a reformaagráriacubanaea''reciclagem total não somente deexcremcn1osanimais, mas também de excrementos humanos" como é praticada na China.Thlreciclagem,eamis-

turadesseselcmen10s nauseabundos, é feita pela população, compulsoriamente, obrigando especialmente os intelectuais, universitários e quaisquer outros que tenham alguma funçllo com um mínimo de relevân cia. Até esse ponto chega o extremismo da doutrina igualitária marxista. Ea partirdaicomeçaacaminhada do ecologismo. Pois este não pretende ser o contrário do socialismo, mas antes a etapa que o complementará no procçsso de derrubada da civilização rumo à utopia de comunas auto-governadas de tipo tribal. Vejamos. Autogestio e ecologia de mio dadas AlíonsoGuerra,vice-presidenle do governo socialista espanhol, empenhado numa "espantosa''''revoluçãocul1ura1"(3)confirmaessaconcordânciacntreccologistasesocialis1as:"Ecologismoesocia!ismo ( ... ) são as duas faces da mesma moeda, o verso e oreverso("cl hazyelenvés") de u111a folha, são absolutamenteinsepar:\veis:nãoépossível pensar no desenvolvimento da vida com uma concepção ecologista que não seja nosocialismo e não é possivel realizar o socialismo se não se tem uma concepção de vida que cumule as aspirações ecologistas da umanidade" (op.cit.p.20). Gaviria ratifica ainda a harmonia entre ecologia e socialismo: "As lutas ecológicas

são uma variante da luta de classes" (op. cit., p.9). Desta vez, não éa lu1 adeumaclassc social inferior contra urna mais elevada, tal como na Revolução bolchevique os proletários atacaram os burgueses. Mas, uma revolução do animal, do inferior, do mais feio e decomposto contra o próprio homem. De fato, socialismo e ecologia convergem na utopia autogestionária, tam~m meta última do regime soviético. No citado documento do PSOE pode-se ler: "A ecologia ( ... ) rcforçaosprincipiosdaplanificação global e da autogestão" (op. ci1., p. 372). "Só uma apresentação autogestionária e ecologista do socialismo pode evitar ... a barbãrie (tecno-capitalista) mecanizada" (op. cit., p. 398). E, no mesmo volume socialista espanhol sobre ecologia são elogiadas ·•experiências como a de Copenhague, onde crianças passam uma longa temporada cm choupanas e utiliundo exclusivamente ferramentas e utensílios prehistóricos fabricados por elas mesmas ... "(op.cit.,p.223). Eis o mundo para o qual o socialismoautogcstionárioprcpara as crianças: uni ecologismo que já toca no pauperismo prt-histórico! Não fosse estar documentado pelo próprio PSOE supor que se deseja isto para o mundo poderia ser considerado sintoma de loucura. O representante ecologista espanhol que vimos citando propõe instalar comu nas

O sonho u16pico aaarco-uologútn

- socialistaseautogcs1ionadas - nos fabulosos castelos franceses perto de Paris. Para isso imagina transferir jovens da Cidade-Luz e com eles "repovoar essa magnifica terra fértil, tat110 com homcnsquantocomvacas;grandcscalegres,omunasagro-industriais ( ... ) os ecologistas deveriam exigir uma reforma agrãria na bacia de Paris( ... ) espraiar uma sociedade neorural ( ... ) ocupar os grandes palãcios e castelos com conrnnas rabelaisianas ( ... ) t'! nestas terras que deveriam assentarse os ecologistas parrtidàrios daço111ra-euhura ... "(op.cit. ,p.114). Igualitarismo e sensualidade Nessas comunas, além de igualar-se à terra ou ao ester· co, os homens se entregariam à sensualidade. Gaviria repete-o: "Abandonarahiper-in· dustrialização é adotar uma éticadoprazer,dasensualidade ( ... ). Uma gra nde tolerância moral, uma criação de acontecimentos hidicos e espontâneos (... ) prioridade a umapopul:içãoneo-ruralereforma agrãria ( ... ) no máximo prazer e no minimo trabalho" (op. cit., pp. 114-118). Porém, tal sensualidade não deve ser entendida como o desenfreio da luxüria no es-, tilo dos mais degradados clubes noturnos de Paris, ou de Las Vegas. Paraaecologiaestaúltimaformadesensualidadepertenceàcategoriasuperada do "hedonismo e superconsumismo''. Sensualidade, ecologicament e falando, é a espomaneidade "lüdica" de um por,o no , hiqueiro: uma atividade animal qualificada de "normalidade sexual" em perfeita conson!lncia com as teorias freudianas mais radicais. SANTIAGO FERNANDEZ

dos "Ume,<Jt,mtihos"

-tlogiadop,fouologis1a

AIGaci,ia p,ovo<uues,.,.n101opnr,i:ídio

Nafolo, rtsl11smo,1aú d,Mtimasdwcomunis/01, numadasjo,,a.scomu,u pnú,mod,l'homP,,,J,

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CATOLIC ISMO -

Fcvcrdro 1990 - 9


Teologia da Libertação:

liberdade ou pobreza? A TwlogiadaLibertaçãoiafaoo, dap,,b,-.:u,p,,ruma

UJTO SE TEM escrirn so- querem impô-lo. Pelo contrário, eles fal,a amcepção .-.!igi"o,a bre a Teologia da Liberta- têm bem ciência de que isso não aconção, mas pouco, ou talvez tece e que socialismo é sinônimo de São l'ranâsco d, Anú nada,setemdirnsobreseu pobreza, quando não de miséria. E é - afr..co d, Ta,ldw Gaddi. aspecto pauperisto (miserabilista), pro- justamente essa pobreza um dos fato p,,b.-.:a wl,mttiria i um cono-it,f, ito pugnadora da pobreza como estado res admirados no socialismo por esses tiq1Ul, s<ju<l>wcammaiorp,rfáf/;o. teólogos . Mais adiante serão citados Ntioip,,rimobrigatóriap,,ra normal da sociedade. tvdru , n.m ...,,.,,,.,iriatisalv<Jçii<>. Não há dúvida de que a preocupa- tc)(tos muito significativos de tal admiPor ""ga• eua ~rdlllU, as hertsia, ..,.,di,Vàis ção excessiva com os bens terrenos é raç.'1.o. e a Teologia da Li~rt(Jftio se opõem é certo que a pobreza pode faciliprejudicial à perfeição crisfã e é mais àpr<>priedad<fJriVàdaeàs n"quezas própria do espírito pagão. Nosso Se- tar o desapego dos bens terrenos, ajunhor nos advertiu: "Ndo vos aflijais, dando assim á santificação. E o desapepois, dizendo: Que comeremos ou que go desses bens - a pobreza cm espíribeberemos, ou com que nos vestiremos? to de que fala São Mateus (2) - , é nePorque os gentios (paglios) é que procu- cessário para a salvação eterna. ram todas estas coisas. Vosso Pai sabe que tendes necessidade de Iodas Distinção entre elas. Buscai pois o reino de Deus e sua Mandamento e conselho justiça, e rodas estas coisas vos serlJ.o Entretanto cumpre dis1inguir entre dadas em ascréscimo" (1). A chamada Sociedade de Consu - o espirito de pobreza que se impõe a mo em que a busca e o gozo dos bens todos, e a prática do conselho evangé/imateriaisedasriquezasforamlevados coda pobrezaefetivae voluntária, accia uma espécie de dellrio, é sumamen- ta por amor ao Reino dos Céus. A prática da pobreza efetiva não é te criticável. Afastando as almas da procura do ''reino de Deus e sua justi- um preceito, um mandamemo, que ça '', ela cria um ateísmo e um materia- obrigue sobe pena de pecado. Pelo contrário, é uma livre escolha daqueles lismo práticos. A Teologia da Libertação não criti- que aspiram à perfeição evangélica, coca entretanto a Sociedade de Consu- mo por exemplo os Religiosos, que promo apenas nos seus aspectos pagãos, fessam os votos de castidade, pobreza de alheiamento das coisas celestes, por e obediência. Explica o Pc. Adolphe Tanquerey: fazer da abundância material o objetivo principal da vida. Ela vai além e "Os preceitos nos obrigam, sob pena critica a própria abundância de bens, de pecado, a fazer uma coisa ou a nos abstermos dela. Os conselhos evangélia afluência das riquezas. Mais ainda, a TL quer obrigar os cos nos convidam a fazer por Deus indivíduos e a própria sociedade a vive- mais do que é obrigatório sob pena de imperfeição voluntária e resislência rem na pobreza. Não é por terem a ilusão de que o à graça. Nosso Senhor fez alustlo a issocialismo produz a riqueza e a abun- so quando declarou ao moço rico: 'se dância que os teólogos da libertação queres entrar na vida eterna, guarda

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os mandamentos .... Se queres ser perfeito, vai, \Jende o que tens, dá-o aos pobres e terás um /esouro no céu' (Mat. 19, 17-21). Dessa forma, obedecer às leis da justiça e da caridade em matéria de propriedade é suficiente para enlror no céu; mas se se deseja ser perfeito, é preciso vender seus bens, dar o preço aos pobres e praticar a pobreza voluntária. Silo Paulo nos Jaz 1ambém \Jer que a virgindade é um conselho e nilo um preceiro, que casar é bom, mas que manter-se virgem é melhor ainda(/ Cor. 7, 25-40)" (3). Ora, a Teologia da Libertação, pela exaltação idolátrica que faz do pobre, apresentando-o como o verdadeiro Redentor do gênero humano e fundamento da Igreja, acaba por destruir essa distinção entre preceito e conselho evangélico no referente à prática da pobreza (4). Para ela, só o pobre material, o pobre sociológico terá parte no Reino dos Céus. Portanto a prática dapobrez.a evangélica deixa de ser um convite para aperfeiçaodevida, para se transformar numa necessidade para a salvação eterna. Uma das conseqüências de tal doutrina é a oposição da TL à propriedade privada e ao regime sócio-econômico nela baseado (5). Outra conseqüência, já mencionada e que será tratada mais à frente, é a luta dos 1eólogos da libertação para instaurar uma sociedade pobre, miserabilista.

ospatarinos, apostólicos,fraticeffi, humilhados, begardos, hussiras, taboritos etc., movimento que se uniu e se prolongou com a pseudo-Reforma protestante, por exemplo nas hordas anabotistas de Thomas Münzer. De um modo geral, e deixando de lado particularidades próprias, esses hcrcgespregavamapobrezaefetivacomo necessária à salvação, combatiam a propriedade privada, o esplendor e a riqueza, quer da Igreja quer da sociedade temporal. Diziam existir duas Igrejas: uma, pobre e despojada - a verdadeira Igreja, da qual faziam parte - e outra, rica e carnal, da qual era chefe o Papa e à qual pertenciam os Bispos. Afirmavam também que um leigo, desde que fosse pobre, podia consagrar e perdoar os pecados, ao passo que negavam esse mesmo poder aos sacerdotes indignos (7). Menéndez Pelayo assim se expressa a respeito dos valdenses: ''É considerado como pai e dogmatizador da seiro Pedro Valdo, comerciante de Lyon, que por volto de 1160 começou a pregar a pobreza, convertendo em preceito o conselho evangélico, reunindo muitos discfpulos que se assinalavam por suas exrravagantes austeridades, começando por despojar-se de seus bens .... O Papa Lúcio 111 se viu obrigado a condenli-los em f 181 .... Segundo eles, um sacerdote indigno nao podia consagrar nem perdoar os pecados, enquanto qualquer leigo podia /ozé-lo, Semelhança com as desde que se submetesse às austeridaheresias pauperlstas des do seita .... Negavam os valdenses medievais todo vínculo de propriedade. O comunismo e o laicismo eram as bases do Essa confusão entre mandamento seita" (8). e conselho, fazendo da pobreza efetiA Igreja tomou uma série de mediva uma condição para a salvação e a das comra esses hereges miserabilistas. conseqüente adoção do coletivismo so- Além das condenações doutrinàrias e cialista tem sido muito comum nas he- das penas canônicas, foram realizadas resias cristãs. O dissidente russo lgor cruzadas contra vàrios desses movimenChafarévitch, estudando o socialismo tos heréticos, como contra os cátaros das heresias menciona desde os /ico/aíou albigenses e os apostólicos. Na lutas do século I e os carpocroros do sé- ta contra os fraticefli destacaram-se culo 11, que defendiam o coletivismo dois inquisidores canonizados pela Igrede bens e a comunhão de mulheres, ja, São João de Capistrano e São Giaaté os onabatislos do século XVI, que como delle Marche. defendiam os mesmos erros, passando Os teólogos da libertação não esconpelasheresiaspauperiscasmedievais.(6). dem a relação que existe entre a TL e lnteressareferiraquimaisespecial- os pauperiscas medievais. Em livro desmente os miserabilistas medievais. Sob tinado a ensinar como se faz "Teologia a influência dos cá/aros ou albigenses, da Libertação, Frei Leonardo Boff e que adotavam o principio maniqueu seu irmão, Frei Clodovis, escrevem: de que a matéria é má em si mesma e "Inspiradores são também para o Teofonte de todo o mal, proliferaram as logia da Libertaçaoasexperiéncias evanchamadas heresias pauperis1as, como gélicos singulares de tantos projelos a dos \Jaldenses ou pobres de Lyon, hererizados .... sem esquecer o contri-

Frt:i U,mardo Boff con.sidm• ash,resiasp,,uperútasmedievai, como· 1·a,' "'' ,. da TrologiadoLibt:rt~o.

Frt:i C/odovlllioff: "O,onhoda lgrt:jodospobrt:1 não pode ser o dt """' socúdadt

rica ,op,,l,nla".

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buiçllo preciosa dos movimentos pauperistas medie1•ais de reforma, bem como as postulaçl'Jes evangélicas dos grandes reformadores" (9). O mesmo Frei L. Boff, em livro

Diz o referido teólogo: "A impress/Jo geral que me deixou Cuba é a de uma imensa comunidade de religiosos'' (13). "Religiosos" à força, convém

"OsséculosXlleXIII ... secaracieriz.aram pelos grandes movimentos religiosos assenlados na vida evangélica e aposlólica, na imitaçlJo do Cristo crucificado e pobre e 11a vivência radical de pobreza. Sbo os patarinos, pobres de 4'on, valdenses, albigense.r, humilhados e ou/ros, todos eles se colocando do lado dos pobres, especialmente das cidades, e compondo o movimen10 1ufvez mais radical de Ioda o históriu espiriluol do cristianismo" (10).

sobriedade ou austeridade. Nada falta, mas também nada sobra. Gostei dessa vida redu<.ida ao essencial. Poro mim a uusteridade nbo é um expediente econômico para sair das crises, mas 11111 ideal de vida social" ( l i). Elogiar a vida ''reduzida ao essencial", como fenômeno social, é elogiar a miséria institucionalizada. Porque mesmo o pobre e o remediado, por menos que tenham, sempre possuem algo de supérfluo que lhes permi te dar algum encanto â vida e, não raro, progredir econômica e socialmente. Mas Frei C. Boff é categórico: "nada há de supérfluo ou luxuoso" (12). Portanto, não hà possibilidade de progresso. O mais grave é que tal admiração pela miséria socialis1a, frmo da me1aflsica igualifária adotada pela TL, 1em ainda como jus1ificativa uma falsa concepção religiosa. Como os hereges medievais, os teó logos da libertação querem impor a prática do conselho evangélico da pobreza, como se a sociedade civil devesse se transformar num imenso conven10. 12 -

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prop/Jem uma sociedat/e de consumo, mas uma sociedade orielllada para resolver as necessidades básicas crescentes da popu/açllo. Esta é uma posiçlJo cubana que encontra divergências no campo socialista. Pensamos que o socialismo não deve se orientar para dar o mesmo que o capitalismo dá; mais casas, mais automóveis, mais trajes, mais video-casseus" ( 14).

Modelos para • TL: Cuba, Rússia, China A admiração dos teó logos da libertação pelo miscrabilismo dos hereges medievais não é simplesmente pla1õnica. Leva-os â aceitação do socialismo e à admiração da pobreza produzida por ele. Frei Clodovis Ooff, por exemplo, narrando sua visita a Cuba cm 1985, ao falar sobre a vida na infeliz ilha nll.o esconde a simpati a pela pobreza ali reinante: "O que h6 é uma gra11de

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acrescentar ... Sem se referir à vida religiosa, um teórico do socialismo cubano, Juan Valdcz, deixa claro que a meta do socialismo cubano é a pobreza. Falando cm reunião promovida pelo Partido dos Trabalhadores-PT, de 20 a 24 de novembro de 1987 em Cajamar-SP, declarou: "Os socialis1as nlJo

no qual deforma, segundo os principios da TL, a luminosa figura de São Francisco de Assis, faz vibrante elogio dos citados movimentos pauperistas:

Voltando de uma viagem à Rússia, onde esteve em 1987 juntamente com seu irmão Frei Leonardo, Frei Betto e outros, Frei Clodovis Boff torna a comparar a pobreza imposta pelo comunismo à pobreza voluntária das Ordens Religiosas. Positivamente seu sonho parece ser o de transformar o mundo num imenso "convento" socialista ... Diz ele: "Era impossivel nlJo ,·omparar

u sociedade soviélica a um grande con1·ento, 011de n4o falia a ninguém o necessário e onde todos vivem uma vida sóbria, pondo em comum os serviços" (15). A vida cm tal "convento" é "sem luxo" pondera ele, e tem um "ospecto n4o digo austero, mas cenamente sóbrio, moderado". E conclui: "Voeis nllo encontrar4o /6 o nível de vida das 'sociedades afluentes '" ( 16). Outro teólogo da libertação que também se encanta com a pobreza socialista, desta vez na China, é Frei Betto. Após viajar por essa imensa prisão, em companhia dos irmão Boff e outros teólogos da libertação, conta o religioso: "Nl1o h6 miséria, mas a maioria vive modesta e apenadamente". Para justificar essa "vida apenada" o singular frade dominicano diz que o socialismo ''n4o deve ser emendido como sinônimo de riqueza'' (17).

Elogio da " austeridade" e da " civilização da pobreza " Devido à unidade da personalidade humana, existe uma reversibi lidade entre a posição que se toma no campo religioso e no campo social. Dessa

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Ol•apa Pio :r:I,~uallou q""o,ocialismot ~onlro a doufn"no cafó/."ca, p,,rqt4 "ronub,;as«~•ladcd•rnan•Ímof>/)lln dduilizafãocriltâ ".

LdWXlll - l'i"l"rad• F. A. Lázló (1900), Ro.,,a· A lgr•Ja promüut: tamlH'm a lrgítirnll prosperidadr matu'MI


forma se compr«nde que a pobreza que os teólogos da li bertação defendem para a Igreja [Pe. Richard diz que "o Igreja é dos pobres ou nllo é Igreja" ( 18)), deva ser tam bêm a mela desejada para a sociedade temporal Tui constatação fica inteiramente clara no livro Opç(lo pelos Pobres, obra como que "oficio/ " da leologia da Libertação, publicada na coleção Teologia e libertoç(lo, (editada internacionalmente), que pretende ser tima ''Suma Teologica"da TL. No referido livro, o pastor batista Jorge Pixley (americano que vive na Nicarâgua) e Frei Clodovis Boff, afirmam: "O ideal do pobrew emngi lica deve inspirar 1ambém o projeto sócioecon6mico de uma nova sociedade. O sonho da Igreja dos pobres não pode ser o de uma sociedade rica e opulenta". E mais à frente: "A pobreza cris111 - como se vi - n(Jo é apenas ideal para a pessoa, a comunidade e a Igreja, mos é ideal também para o homem e para uma sociedade que se queira à medida do homem e de seu mistério" (19) Outro teólogo da libertação que deixa inteiramente clara essa ligação entre a ''Igreja dos Pobres"e a ''civifiwç(lo pobre", é o malogrado jesuíta espanhol brutalmente assassinado em EI Salvador, onde vivia, Pe. Ignacio Ellacuria. Em uma reunião teológica em Madrid, em 1988, dizia ele: "No ordem econômica, o mopio crist4, que surge do profetismo, propôe uma civi1/zoção da pobreza, que substitua a civllizoção da riqueza. Se o mundo como totalidade - prosseguia - se configurou a partir de uma civilizaç(lo da riqueza, que 1rouxe um conjunto de males t4o graves, deve-se propiciar n4o a sua correç4o, mas sua suplanlaç(lo por uma civilizaçdo da pobrew'' (20). Segundo o Pe. Ellacuria, enquanto a civilização da riqueza é baseada na propriedade privada, a "'civilizaç(lo da pobreza " decorreria de uma "propriedade comunitária " (melhor dizendo, coletivista). " Crisl(lmeme - dizia ainda o desditoso jesufra - o ideal utópico n4o deve ser a propriedade privada, masapropriedadecomparti/hada". A "civilização da pobreza", esclarecia ainda "recusa a ocumulaç4o do capital e o desfrute da riqueza como mo1or da história" (21) Diante de afirmações tão ca1egóricas, o sacerdote jesuíta julgou prudente fazer alguma ressalva: "A civilizaç4o da pobreza se denomina assim por conlroposiçllo à civiliz.açllo da riqueza

e ndo porque pretenda a µa11periz.aç(lo de todos como ideal de vida" (22) Não se vê como seja possível contrapor pobreza à riqueza, sem se cair no pauperismo. Como Frei C. Boff, ele fataem atendimento de necessidades básicas. Ora, a vida restringida ao atendimento das necessidades básicas é a ''vida reduzida ao essencio/''elogiada por cs1e religioso a propósi10 de Cuba. Em última análise, uma vida de pobreza muito vizinha à miséria Uma "Igreja dos pobres" que leva ao comunismo No que se apoiarã essa "civilizaç4o da pobreza'"! Precisamente na "igreja dos pobres". Concluía o Pe. Ellacuria; "Uma Igreja dos pobres é precisamenle o 'novo céu' que se necessita para superar uma civilizaç4o da riqueza e construir uma civilizaçbo da pobreza. Aqui é onde se d6 uma grande confluência entre a mensagem crista e o siluaçtlo histórica atual." E faz uma crítica à verdadeira Igreja: "Pelo contrário, ntlo é compreensivel como o Igreja se fez tantas vezes o 'céu ' de uma civiliwçllo da riqueza" (23). Mas é, corno sempre, Frei Leonardo Boff quem fala mais claro, deixando ver as últ imas conseqüências das Ofrv.todaciuili-àocri•là, premissas adotadas pela T L: uma Igre- en.ii"" São Pio X, ln prwptridade e o Mm uUJr. ja dos pobres afim com o socialismo e vivendo numa sociedade dominada pelo que ele denomina "socialismo do lo11g• d, ,ife11dero pobn, pobreza" 111bel,uignj<u1ãotn "Uma sociedade democrática e sop,,lócio1dtnpobn1ondeeludrgwlllm cialista - diz o frade -, ofereceria iu behuudo Clu. melhores condiçôes objetivos poro uma express4o mais plena da catolicidade da Igreja" (24). E no jã referido livro sobre São Francisco dde Assis, o mesmo Frei Boff escreve: "O extraordinário do ensaio de Francisco foi ten/ar viver uma plenafralerrtidade no pressuposto de uma pobreza voluntariomen1e assumida para estar junto com os pobres e com eles cons1ruir uma sociedade verdadeiramente comunista (25) l lr•J.J~. /111'·1• no sentido bíblico da palavra. Não seria um socialismo da abundância, mas da pobreu," (26). 1

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Amor aos pobres, rejeição do pauperismo soclallsta A TL polit iza o amor aos pobres e o tra nsforma num meio de subversão Pelo contrãrio, o verdadeiro amor aos pobres, que a Igreja herdou de seu DiCATO LICISMO -

f-'cvcreiro 1990 -

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vino Fundador, é um amor fecundo que deu o rigem a um sem número de Ordens e Congregações Religiosas de ambos os sexos que há quase dois mil anos v!m se sacrificando pelos pobres em hospi1ais, asilos, orfana1os, creches, escolas e obras diversas. Foi esse amor, por amor de Deus, que suscitou tanto despreendimento, que levou tantas pessoas a abandonar os bens, a famllia, o conforto, para fa. zer frutificar a caridade, dar proteção aos desamparados, levar socorro aos desvalidos. Foi dele ainda que surgiram associações beneficentes de leigos, como a Sociedade São Vicente de Paulo, Damas da Caridade, e outras ainda. Embora a Igreja leve o amor aos pobres tão longe quanto é passivei, entretamo, se Ela pregou a pobre::.a evangélica e o esplri/Q de pobrew, nunca defendeu o pauperismo, o miserabilismo (27). Ela sabe que a riqueza e o esplendor de seus templos, de suas cerimônias, de seus ornamentos, constituem a riqueza do pobre, o luxo do pobre. Este se sente na casa de Deus como cm sua casa, e as belas Basnicas e Catedrais são para ele palácios nos quais se deleita e pensa no Céu, enquan10 rez.a ao Criador Do mesmo modo, a Igreja compreende o valor formativo do es plendor da ordem temporal, a tal ponto que sao Pio X apresenta como fruto da civilização cristã "a prosperidade e o bem-estar"(28). Se o católico deve amar a pobreza e praticá-la ainda que em cspirirn, deve também praticar, ao lado da caridade e da humildade, outras vinudes igualmente necessárias à perfeição como a magnanimidade e a magni fi cência ou munificência. "A magnanimidade - comenta o conhecido moralista Pe. Royo Marin OP - é a virmde que inclina a pessoa a realiwr grandes atos dignos de honra. Essa virtude volta-se sempre para açôes que s4o grandes e esplêndidas e é portanto incompat(vel com a mediocrida<le. Nesse sentido é o coroamento de todas as omras virtudes". "Por seu lado a magnificência, explica ainda o insigne 1eólogo, é a vir111de que conduz a pessoa a empreender projetos esplêndidos e dificeis, sem se desencorajar pela magni111de do trabalho ou a grande despesa que es/Do ligados a ele" (29). A TL abandona pois o ensino e a tradição católicos e vai buscar o pauperismo nas velhas heresias e no grande erro de nossa época, o socialismo. Falando pois em nome e em defesa do po14 - CATOLICISMO -

bre, a TL es1á trabalhando, na verdade, para destruir tudo aquilo que dá sentido e alento à vida do pobre, para condená-lo à "vida reduzida ao essencial" dos lúgubres países comunis1as ... lUIS 51:RGIO SOUMEO

NOTAS ( IJMt .6,11-Jl (l)Mt$.l.-C,,mmuumaobr1np,cialuado: "Os pob,a11qwms-rlllop1,n,ripa11-~o.., (11ft. 11,J. u.,.1a;q.1~.29. ll!J),.mimromoo:opt;brnfU

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ntJJl/que,0....:lóo,Pari,.1917,p.162 (4)cf.Leonu d0Boíf,Dalwrardop,,J,r,,\lozt1,P<1ró• polis, 1984; Ah·aro Barreiro, Rtó~<J. Loyol1. Slo 1'1ulo, 1981: lnkioNcu1dinJS, J .• ORt/· ..,,d,On,J,osl'olJr-u,Loyola.SloPaulo,l'l84;Jon Sotlrino,Rnsu,mr,Jado fl>rdadrir,,l1"ja -Ospob,a,lw1,,rrHH61i<!oda"'*sioh>1Nl,Loyol1.Slol>auk>. 1932; OU>lavoGuticrres, 'll,olo1Nlda Lit,,,-1/lÇlo, Vo<es. Ptlfópofü, !97'; O. A. Solimeo, L. S. Sotimeo,

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;%;·{~-1987.n~6.p.1J (17) Frei 1.1<110, A l&reyl1"" C~'""· CEPIS, Slo P•ulo, l91l8.pp.5t8.C1ifonouo (18) Pablo Rkhard,A. 1treyl1 t.,,1i•o-Am«lól•àtnl" Q/tmortQfüprranÇ8,P&ulioao,SlOPoulo,1982,p.6? (19)Jor&<Pixlcy,Clodo•isBoff,Opçloptlw~. Col<çloTe<>lop!t l.ibmaçlo,\/ozc<, Pttu\,pofü, 19U. pp.11H82.G,ifonosso (20)11nacioEllacuria,"U1opi,,ypro/,1..,,,odntk Ambitv Lllun11··. in VIII Con1rno ,t, 1ro1-0,;,,, u,,,. :;'."J.~{:1:E»lllldioyLibt<ación,J/d,Madrid,

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No Arco-do-Triunfo,

glorificação do genocídio vendeano OINHOS-DE-VENTO de há muito desativad~s, ruína.s de ca.stelos emúmerascru.tesplantadas no alto dos morros conferem à paisagem da Vendé1a, no oeste da França, uma nota de melancolia e religiosidade. Um solene e profundo silêncio parece dominar este lugar, onde outrora foi perpetrado um dos mais bárbaros crimes da História: o massacre de 300 mil católicos, vitimas de um genocídio praticado por ódio à Fé. Como se deu tão monstruoso fato? Sementes da Contra-Revoluç:tio Em meados do século XV 11, o grande e zeloso missionário, São luís Maria Grignion de Montfort, pregou no

oeste da França o amor à Cruz, a prática do Rosário e a verdadeira devoçao a Nossa Senhora. Seu apostolado deixou marcas profundas naquela região agreste, banhada pelo rio Loire e seus afluentes, pontilhada de bosques e colinas. Seus habitantes, nobres e camponeses, graças à pregação e ao e11:emplo daquele santo missionário, conservaram uma Fé ardorosa e cos1Umes puros ao longo do corrupto e dissolvente "século das luzes" (séc. XVII[). Cem anos depois do falecimento de São Luis Grignion, eclodiu a Revolução de 1789 Embora a propaganda revolucionária procurasse convencer a opinião pública de que, com a queda da Bastilha, "o dia de gória havia chegado", os camponeses da Vendtia continuaram fiéis aos nobres e aos proprietários de terra, elegendo-os para as prefeituras

e recusando-se a re1irar das igrejas o. lugar de honra que lhes era destinado, Descontentamento Longe de aderir à vaga de impiedade que começava a percorrer o "Rei110 Cris1ia11/ssimo ", aquela gente hu-

milde mos1rava-se cada dia mais descontente com os rumos tomados pela Revolução. O confisco dos bens eclesiásticos no final de 1789, o juramento e11:igido dos sacerdotes à Constit uição Civil do Clero, condenada no ano seguinte como cismática pelo Papa Pio VI, e a perseguição aos que permaneceram fiéis a Roma desencadearam uma onda de protestos cm toda a França, especialmente na Vendéia e na vi.zinha Bretanha. A queda da Monarquia e a execução de Luis XVI, em 21 de janeiro de

CATOLICISMO - J1evereiro 1990 -

15


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1793, tornaram os ânimos dos camponeses ainda mais exaltados. Desde então, os vendeanos passaram a assistir armadosàmissacelcbradadandestinamente nos bosques pelos padres "n4ojuramentados '' ou ''refrurários". Entre/unto, a gora que iria fa1.er 1ransbordar o c6/ice de indignaçbo daqueles lavradores foi o decreto de 25 de fevereiro de l793, pelo qual a Convençbo Nacional, órgllo máximo do governo revolucionário, ordenava orecru1amen10 obrigatório de 300 mif soldados Os vendeanos estavam convictos da ifegilimidade do novo regime. Em um dos manifatos dirigidos aos represen1an1es da Convençllo, eles declararam: "Como haveremos de lutar por um governo que decapitou nosso Rei, espoliou os bens eclesiásticos, prendeu os verdadeiros padres e deseja impôrnos uma nova re/igillo? Jamais! Estamos dispostos a derramar até a útima gota de nosso sangue em defesa da Religi4o de nossos maiores. Rejeitamos a República! Queremos de volla a Monarquia" (1).

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dtla Rocllljatq,u/tin, l"'ltf!rolí,ri.modo &bcita Catdlica e H,al, J,.rontea batalha de Cltalot. Stukmo.ero · "S.-avtinfo.r,<> ·'-me; S.-.-«Uar,m,··-mr; S.marn,r,· 0 ' " ,

Levante umponês De campanário em campanário ressoou em toda a Vendéia o toque de rebate chamando a população à resistência. A convocação era feita do alto dos púpirns, "em nome de Deus e por ordem do Rei", isto é, o pequeno Luis XVII, órfão e encarcerado peta Revolução na Torre do Templo em Paris (2). Como um rastilho de pólvora, a noticia do levante contra-revolucionário espalhou-se por todo o oeste da França. O entusiasmo pela causa do Altar e do Trono, muitas vezes rec haçados por altos representantes do Clero e da Nobreza, contagiara humildes lavradores. Instrumentos agrícolas foram transfo rmados em armas. Com seus velhos fuzis ou armados de simples bordões, caçadores e pastores se fizeram soldados. Em pouco tempo estava formado, sob o comando de um modesto comerciante de lã, Jacques Ca1helineau, cognominado "o Santo de Anjou". o Exército Católico e Real. Mal armados, mas com o Rosário ao pescoço, trajando grosseiros casacos de pele de cabra, no qual costuravam a imagem do Sagrado Coração de Jesus, esses rudes camponeses infligiram vergonhosas derrotas aos até então invencíveis exércitos republicanos: Chole1, Machecou, Thouars, Fonte16 - CATOLICISMO -

nay, uma após ou1ra as cidades em poder dos revolucionários foram sendo reconquistadas. Em breve, toda a Vendéia 1ransformara-se num reduto da Contra-Revolução. DuranteseismesesaEuropaassistiu maravilhada aos atos de heroismo praticados pelos católicos vendeanos. Característico do espírito de epopéia que os animava foi o lema de um de seus generais, marquês de La Rochejacquelein, o legendário Monsieur Henri, que na época contava apenas 20 anos: "Se avançar, segui-me. Se recuar, matai-me. Se morrer, vingai-me!"()). " Desfrui a Vendéia! " Os lideres revolucionários sentiam queasituaçãointernadopaislhesescapava ao controle e que o levante dos camponeses católicos ameaçava a própria Revolução. Para conjurar o perigo, a Convenção decidiu fazer avançar um exérci10 de 240 mil soldados fortemente armados que tinham por missão transformar o oeste da França num deserto. "Destruf a Vendéia!". Com este grito proferido pelo convencional BarrCre de Vieuzac, teve inicio uma guerra

Fo::vereiro 1990

de extermínio, que se es1enderia por quase um ano. O decreto de 1? de agosto de 1793, não deixava dúvida acerca das intenções dos revolucionário: "Será enviado pelo cidadllo Minis1ro da Guerra material combustfvel de toda espécie para incendiar os bosques e florestas. As plantaçôes serllo devastadas e os bens dos rebeldes confiscados. A Vendéia deve se 1ransformar no cemitério nacional!" (4). Para alcançar es1e pérfido objetivo, o governo revolucionário chegou até a ulilizar armas quimicas. Em Angers, o quimico Prousl inventou um tipo de granada que, ao explodir, liberava gases letais. Minas de formigação foram espalhadas pelas estradas e caminhos por onde a população fugia. Os poços e reservatórios de água foram envenenados com arsênico por ordem de Carrier. Comissário cm Nantes. e do general François Westermann (5) Diante das hostes revolucionárias, a resis1éncia dos camponeses foi heróica. Contudo, a superioridade numérica dos republicanos, a falta de armamento adequado e a morte em combate dos principais chefes vendeanos, contribuíram para sucessivas derrotas do Exército Católico e Real, que teve de


de"... (6). O capitão Duplay, do batalhão "Libcrdade", descre11eu: "Vi militares republicanos violar as mulheres dos rebeldes e depois massacrá-las. Observei aterroriz.ado crianças de peito serem levadas como troféu na ponta das baionetas". (7) O Abbé Robin, um dos poucos sacerdotes que sobreviveram àqueles dias de terror, deixou à posteridade o seguinte depoimento: "Por requin-

...

se dispersar em pequenos grupos de guerrilha.

O Genocidio À guerra de crueldade nunca 11ista - mas que não obstante foi uma guerra - sucedeu-se a fria organização de um genocídio. Sob as ordens do general Turreau de Garambouville, seis di11isões do Exército re11olucionário, totalizando mais de 100 mil homens, formaram as tristemente célebres "Colunas Infernais", encarregadas de executar a matança dos 11endeanos. A região deveria passar a se chamar de "Vengé"(Vingada). De janeiro a março de 1794, os revolucionários não fizeram outra coisa senão assassinar pessoas indefesas. pilhar e incendiar cidades e campos. Um dcHrio de sangue e sadismo apoderou-se da soldadesca republicana: "O general Amey-cscrc11eu um de seus oficiais- mandou acender na cidade de Épesses os fornos de pao. Quando se

encon1ra~·am bem quentes, ordenou que neles se jogassem mulheres e crianças 11h•as. Dianle de lal brulalidade, apresenlei meus proles/os. Ele enltlo me respondeu que era assim que u República cozinha11a o "pbo da igualda-

te de barbárie, os revolucionários matavam as mulheres grávidas esmagando seus ventres até expelirem o feto. Depois disso, amarravam-nas em galhos de árvores e, a golpes de sabre, parliam-nas ao meio" (8).

A cidade de Nantes foi tranformada pelo pró-Consul Carrier cm verdadeiro campo de extermínio. Milhares dc velhos, mulheres e crianças lá pereceram acusados do único "crime" de lerem nascido na Vcndéia. Visando "despachar" com maior celeridade os "bandidos", o pérfido convencional recorreu aos afogamentos em massa. A operação cm "simples e barata": prendiam-se dezenas de vicimas em velhas embarcações que eram afundadas no meio do rio Loire. l nicialmen1e,essaspobrescriaturas foram afogadas com suas roupas. Depois, porsupina perversidade, instituiuse o "'casamento republicano": homens e mulheres despidos eram amarrados cncre si e cm seguida imersos na

ra. Eis a c[nica descrição de um re11olucionário: '"Preparamos um forno com

tijolos e barras de/erro, em cima das quais pusemos as mulheres. Delas obtivemos 10 barris de gordura, enviados posteriormente a Nantes'' ( 11 ). Turrea.u no Arco-do-Triunfo O genocldio da Vendéia só encontra paralelo nos campos de concentração nazistas, nos fornos crematórios de Auschwitz, nos "Gulags" soviéticos e no exterm[nio em massa do Cambodge. Qual seria a reação do leitor caso alguém propusesse construir um monumento em honra de Stalin , de H itler ou de Himmler, o sanguinário chefe das SS nazistas? Pois bem, não comcmc cm conceder a "Legião de Honra" ao general Turreau, responsável pelas atrocidades acima descritas, Napoleão mandou ainda esculpir no Arco-do-Triu nfo, em Paris, um busto em homenagem ao pérfido comandante das"Colunas Infernais". A Revolução sabe glo ri ficar seus agentes ... Durante as comemorações do Bicentenário da Rc11olução, nenhuma palavra de compaixão em relação às vit imas foi pronunciada, nenhuma citação sequer foi fci1a ao genocídio franco-francês. Os organizadores do evento cumpriram à risca a recomendação do antigo convencional Merlin de Thionvilte, fa-

~1:~!~s:u~~~~~t:;~:~s!~~~::~~~~

essa operaçllo de exlermfnio. Os vendeanos 11llo terllo oportunidade de legar â pos1eridade documentos comprobalórios, nem de escrever em jornais. Com o tempo, eles ser4o esquecidos... "( 12). Por que aviltar desse modo a memória de 300 mi l católicos? Quando o tribunal da História fará justiça à heróica e martirizada Vcndéia?

"banheira nacional"(9).

BRÁUUO OE ARAGÃO

Nessa competição de satânicas crueldades, as infâmias se sucediam. Nas cidades de Angers e Meudon criaramse "manufaturas de pele humana", destinadas a "atender às necessidade.s do exércüo revolucionário". Este fato escabroso foi publicamente anunciado pelo convencional Saint-Just, "o a.reajo da morte": " Curte-se pele huma-

na em Meudon. A que provém dos homens tem uma consistlncia suf](>rior â da camurra. A das mulheres é maisflexfvef, porém menos consis1e111e" (10). Em Clisson, a 5 de abril de 1794, soldados do general Crouzat "cozinharam' 150 mulheres para obter gordu-

NOTAS (1) J . B. Wdss. Hmória UniYff:JIH, Harcdooa, 1936. vot.XVIJ, p.315. (2)J.B.Wri"',op.cit.,p.~. (3) Andrf Monlagnon. Ln Gum-a tk l'tndtt. Perrin. Paris. 1914,p. 22.'l. (4) Rcynald &<:hcr. ltGlmxidtl-"ranro-l'rrmçois: La Vendh-Vtngl. PUF, Paris. J ed .. 1989.

pf). 156-7. (5jc/r. Reynolds«her. op. cil .. p. 155. (6)Reynold$«her. op. ci1 .• p. 16). (7)Reynolds«htr.op.ci1 .• p. /64. (8}Rrynold5«her.op. d1 .• p. 171. (9JJeanDamon1.PourquoinoMSMcekbrerons pus/789,A.R.G.E .• Paris,1987.p.65. (10) A. Bi!haud Lu:;.saud. losuerrede Ventlh, N. E. L. Paris, 196ll,pp. 193-4 (ll)Rcynald&<:hcr,op.d1 .. p. 175 (l2)Reynald&<:hcr.op.cit..p.186

CATOLIC I SMO -

Feven:im 1990 -

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Falece Dr. Paulo Barros de Ulhoa Cintra

Assentamentos na Ucrônia: fiasco de muitas décadas Entusiasmado com o presente intercâmbio entre Estados Unidos e União Soviética, o americano Ralph Dull achou que deveria colaborar. Ofereceu permutar por seis meses seus conhecimentos de pequeno fazendeiro em Ohio, com agricultores da Rússia. Aceita a proposta, o governo comunista nomeou a família de Victor Plormarchuk para trabalhar na fazenda de Ralph, enquanto esta ofereceria sua experiência aos fracassados kolkhozes ucranianos, uma espécie de assentamentos. Ralph foi recebido ansiosamente pelos moradores da fazenda coletiva da localidade de Makov, onde apenas metade das casas tem água corrente ... A expectativa dos kolkhozianos não durou muito. Segundo um representante dos assentados, eles imaginavam que Ralph chegasse como uma espécie de "Papai Noel", trouxesse trator, semente, inseticida, adubo, herbicida, (chuva, quem sabe?) e ele mesmo trabalhasse a terra. Além de não nazer a parafernália desejada, Ralph restringiuse a aconselhá-los. Dai a decepção.

Faleceu no dia 15 de janeiro úhimo, às 2 1,30 hs., em São Paulo, confortado pelos sacramentos da Igreja, Dr. Paulo Barros de Ulhoa Cintra, aos 79 anos de idade. Seu sepultamento realizou-se no jazigo da TFP, no cemitt!rio da Consolação, na capital paulista, com a presença de diretores, bem como de elevado número de sócios, cooperadores e correspondentes da entidade. A Missa de sétimo dia foi celebrada no dia 20 do mesmo mês, na Catedral de Nossa Senhora do Paraíso, de rito católico melquita. Descendente de tradicionais estirpes paulistas, Dr. Paulo Ulhoa Cintra fo rmou-se cm direito, na histórica Faculdade do Largo Sao Francisco, no ano de 1932, e militou nas fileiras do laicato católico desde sua primeira juventude. Quando constit uída a TFP, em 1960, foi ele um dos sócios fundadores da entidade, sendo eleito desde logo membro do respectivo Conselho Nacional, situação a que foi ininterruptamente conduzido na forma dos estatutos até seu fatecimen10 .

Desanimado, Ralph Dull declarou ao " lzvestia": "Por que perder meu tempo sentado num trator, se já temos no Kolkhoz 40 pessoas a lém do necessário? Em Ohio, eu e meus quatro filhos cultivamos mi• nha fazenda. Na Ucrânia, a mesma operação requereria 140 lrabalhado res e seis supervisores. Há mais supervisores na Ucrânia do que agricultores nos EUA. Na Ucrânia, os trabalhadores, por medo do Estado, preocupam-se em apresentar uma superficie bonita. Chegam a arar a terra até 12 vezes, quando bastaria uma. Se qualquer desses trabal hadores fosse viver cm Ohio, em pouco tempo iria à falência." Qual o feitiço dos assentamentos da Reforma Agrária• no Brasil, mito que a realidade mostra cada vez mais ser cmpobrccedor e irracional? Por que, apesar de tan10s fracassos provados, ainda se insiste em devastar a área rural do País por meio dela, destruindo assim as possibilidades de ascensão de nossos trabalhadores agrícolas?

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ma. (lsabtl MarliM de Ca mpOS. ll11quaquettlu b1-S P).

Escrevem os leitores O Frade revoluclonôrlo Oirijo.-rncaomensári0Ca10.lkismo para comentar alguns trechos de um arcigo de Frei Hilàrio Wcltcr, o.e.D., publicado na revista "Flores do Car-

Nota da Redação - Não nos consta qualquer noticia sobrc o íalccimento da Irmã Lúcia. Pelocontrãrio, sabemos que ela estã no Carmelo de Coimbra e q ua!querconrn1ocomelaécxtremamente diílcil Por disposição das Autoridades Eclesiásticas.

Caminho, Verdade e Vida; e gravou para sempre cm meu a:ira· çào,odcscjoardrntedcscrtambém um cruudo do ~lo XX que, embora nao para comparccer noscampo:s de batalha, pode na retaguarda, na vida oculta e laboriosa e fervorosa, lutar comasarmassagradasquepossuimos:oSantoRosàrio,oamor ardcnteaMariaeàSagradaEucaristia.Sceupudcsscpcgarum megafoneesairpclarua,damaria bem alto: Senhores, comesta revista que tenho cm minhas mãos,oonscguiconhecttprofundamcnte a doutrina católica, tomei oonhccimcn10 das tramas da Revolução, das heresias por dacspalhadas,dagucrrapsicológícacomunista,ca.ssim,dcolhos abertos, pude escapar da~ ci ladas dos inimigos de nossa fé. (Gulomarde l-'l'Ntas Guimarir!! Sar1lnl, Porto Altjrt•RS).

clama dos cristão se "estamos dispos1osanãodcixar-noscnga- O Testemunho nar pela violtncia e opressão que sai dos poderosos cm prcPosso lhe dir.ttsinccrnmcntc juízo dos humildes e simples". que me encantei com CatolicisOu seja, nem uma palavra de mo assim quc seu primeiro númccondenação ao comunis mo rovcioalume; oartijodeabcr(que, como se sabe, deseja apa- tura do jornal, "A Cruzada do gar o Santo Nome de Deus da Século XX" ficou para sempre face da Terra), nem um aceno gravado cm meu coração. Além tímido de reprovação à difusão disso.d.aliem diante, nunca fi. da imoralidade, do crime, da q uei sem receber mensalmente perversão. Nem sequer uma lc- cssejornal,agorarevista,quc vc exortação à observãncia do comidcrournaglóriaparaa lgre. Decálogo. E esta publicação é ja Católica e para o Brasil! Espctida como centrista e até . .. con- roa chcgada de Ca1olicismo co- O Cormo servadora!! (Luli Viqas, Judiai mo um nordestino cm plena sc-SP) ca cspera por um pouco de ãgua ÜNariaqucnos~nUpura e fresca ... Aqui nesta terra mcros,scpos.sívd,liCabordassc (Porto Alegre) atravessei jà 27 algosobreNassa.ScnhoradoCaranosdc!utas,dc.sofrimcntosatro- mo,SantoElia<;cS.'\oSimlloStock. zes,dcdificuldadesdctodaes~- (A. t'ffl'SSaad,Cam~ IU). O Dlvulgaçoo cic;epossodcelararquecada Cato!idsmoquechcgavarcnovaSou militar reformado. Tc- vaaminhacoragcmparaaluta, nho muito tempo livre. Então consolava.me, fortakcia-mc na peço ao Sr. o obséquio de me fé e era um farolqucmccondu- o Colncldêncla enviar pelo reembolso postal zia,livrando·mcdecrrarnae500(pago aqui quando receber) 20 lha do caminho, nl0$trando-mc Por uma feliz coincidência números - para começar como é 5Ul!YC o jugo do Senhor! caiu em minhas mãos um e~emdo último Catolicismo para eu Catolicismo ajudou-me a perma- plar da rcvista Catolicismo, de divulgar aqui cm Belo Horiwn- necer fiel aos Mandamentos da nº 463 (julho/ g9). Pelo que li. te. Peço também que me envie Lei de Deus. Catolicismo fez- vejo que a revista f maravilho20cstampasda[magemperegri- me conhecer muito mais as mara- sa, umveiculoqueinformatuna de Nossa Senhora de Fãti- vilhas da Santa Igreja, da doutri- dodentrodahicrarquiadanos-· ma do tamanho da capa de Ca- na católica, e conht-cer mais a sa rcligillo,comcnfoqucsede· tolicismoemais20 dotamanho fundooamoreaconftançaque ba tcsin tercssantcsparaomundcmetadedacapa(depreferên- devemos ter por Nossa Senhora do moderno. (Raimundo l'e rtieia em poses diferentes), tudo cporseuDivinoFilho,nosso ra Sobri11ho, t'o r1 11leu-CE). pelo reembolso postal. (V11ldcl Dias Nasd mcn10, Bc-lo Horbon1e-MG).

melo" (nº 625, 7/89, Porto Alcgrc), intitulado " Maria , a Artc~ComunicarnaEscuta", que em alguns p<>mos l neutro cm rd açlo aos dogmas conccrncmes à Virgem Maria e há ouuas passagcns cm que a Virgcm holocadasubreptkiamenteoo· mo revolucionária. Inicia oonsiderando Maria uma grande oomunicadora, porque acreditou cm escutar os planos de Deus. Nesse trecho, passa por cima da Anunciação e do sim de Nossa Senhora que decidiu a sorte da humanidade. Mais avante, indica que não se deve identificar Maria como "mu!her religiosamente passiva e alienante" e sim inserida cm umasocicdade,prcocupadacom problemas de seu povo e sua comunidade. Nega implicitameme a [mima ligação de Nossa Senhora com a Redenção de Nosso Senhor. Mais adiantechcgaàsraiasdedistorccre negar explicitamente o Magistério da Igreja Católica, dizendo que cla conheceu de perto a pobrczaeosofrimcntoqucaobrigou a fugir e a viver no exílio para permanecer viva entre os homens. Miscrcórdia1 Isso é simplcsmente um insulto à divindadedc Nosso Senhor e à missão de Nossa Senhora como Mãe de Deus. A Sagrada Familia foi obrigada a ir ao Egito para prt'Servar o Menino Jesus O lrmO Lücla de Herodes. Frei Wcher mostra urna Virgem Maria pouco preGostaria muito de saber soocupada com a sua missão de bre a morte da Irmã Lúcia. Não Mãe de Deus e com a co rwcr- li nada a respeito. Se não For são da humanidade e bastante trabal ho, gos1aria de sabe~ se inclinada à revolução e nao ao voe& têm alguma matéria oomDecâlogo. Conclui com um ver- plcta sobre o passamento da lrdadciro oon~ite a despertar a ma Lúcia pois me interesso muiluta de classes. Frei Welter re- to sobre Nossa Senhora de Fã1i-

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Fe,·cn::iro 1990 -

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EM CARTA-ABERTA csiampada duro caminho do desterro, como tamno diário "l i Tempo", de Roma (edi- bém de dez milhões de irmãos que na ções de 2 e 3 de dezembro último), Ilha sofrem, há três décadas, sob adi· um grupo de cubanos exilados nos Es- tadura castrista. tados Unidos, aproveitando a visita Sua visita a S.S. o Papa João Paude Gorbachcv a João Paulo li, dirigiu- lo 11 torna oportuna a presente Carta se ao chefe de Estado soviético a fim Aberta, espccialmen1e porque a Sé de de pedir que a Rússia suspenda qual- São Pedro é o centro espiritual dos quer tipo de apoio ao ditador Fidel que ternos visto violados nossos direiCastro. Lembram que, em plena era tos pelo regime comunista cubano.( ... ). da "percstroika" e da "glasnost", Moscou continua contraditoriamente A politica externa gorbaeheviana suslentando um regime que, no inte- alenta isusões de paz mundial rior de Cuba, viola todos os direitos, e, no exterior, continua apoiando a Temos seguido com atenção o desubversão nas Américas Cemral e do Sul. senvolvimento da politica de ''reestrutuSe Gorbachcv não obtiver que "se- ração" e "transparência" impulsionaja extirpada do seio das Américas es- da pelo Sr. em seu imenso e populoso sa célula perigosamente cancerosa", é pa[s. ( ... )Temos presente suas declaraa própria credibilidade da atual políti- ções ( ... ) cm favor da redução de troca externa sovié1ica que se verá afeta- pas e armamentos convencionais, e sua da perante a opinião pública mundial, proclamada disposição de favorecer concluem os missivistas. de modo decisivo a distensão en1re Apresentamos a seguir os princi- Oriente e Ocidente. pais tópicos do luminoso documento. Isto despertou cm incontáveis espíritos( ... ) a cspcrarn,:a de ver afastado do mundo o espectro apocaliptico de um conílito nuclear generali7.ado. SiOs signatários desta missiva se diri- multaneamente, sua política alentou gem ao Sr. na qualidade de católicos cm muitos dirigentes ocidentais, e, cubanos exilados de sua Pátria, inter- mais discretamente, em alguns setores pretando os genuínos anelos do milhão da opini1lo pública, a impressão de que de compatriotas forçados a tomar o se teria chegado ao umbral de uma era 20 - CATOLICISMO - 1-'cvereiro 1990

sem precedentes em matéria de paz e convergência universal. Cuba conlinua sendo inslrumenlo de agressão comunista nas américas No entanto, no que diz respeito a Cuba, nada parece haver melhorado, inclusive depois de sua visita à Ilha, cm abril deste ano. A situação interna de "violação institucional de todos os direitos" ( ... ) se agravou. Continua cerceada a pedra angular desses direitos, que~ a liberdade do clero da Ilha para pregar a verdadeira Religião sem véus nem restrições, e dos católicos que nela residem, para praticá-la sem a opressão de nenhuma ameaça; incluindo entre os elementos indeclináveis dessa pregação a liberdade para defender a propriedade privada, principio básico da civilização cris111 (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou aurndemolição?", obra que em 1964 íoi honrada com carta laudatória da Sagrada Congregação dos Seminãrios e Universidades, assinada por seu Prefeito, Cardeal Giuseppe Pizz.ardo, e por seu Secretário, o ent1lo Monsenhor, e depois Cardeal, Dino Staffa).


No plano externo, o regime castrista continua apoiando a subversão na

América Central( ... ) e vem sustentado inimerruptamente movimentos guerrilheiros em vários países da América do Sul, especialmente na Colômbia.( ... ). E a construção de duas dispcndios[ssimas usinas nucleares, financiadas pela União Soviética, ( ... ) coloca nas mãos do tirano a possibilidade a curto prazo de uma chantagem atômica contra os Estados Unidos e as nações latino-americanas, com conseqüências imprevisíveis no plano internacional.( ... ) A situação exposta não pode deixar de nos causar a maior perplexidade em relação aos objetivos reais da estratégia internacional do Cremlin. Pois não se pode ocultar o faro de que oregime castrista depende absolutamente da injeção soviética quotidiana de dinheiro e petróleo, que o impede de ruir economicamente.

Dependência económica e mililar de Havana em relação II Moscou põe em jogo a credibilidade Internacional de Gorbachev Portanto, dada essa vi1al dependência da Ilha-presidio cm relação a Moscou, solicitamos ao Sr. que faça valer

o peso de sua iníluência para que seja extirpada do seio das Américas essa célula perigosamente cancerosa que vem contaminando a convivência na região, em condições de pôr em jogo, talvez irremcdiavelmeme, a própria paz mundial. Caso contrário,( ... ) a própria credibilidade do conj unto da at ual polltiea externa soviética ver-se-á afetada substancialmente perante a opinião mundial, se nosso presente pedido não for acendido. Ocorrendo tal hipótese, o governo sovié1ico passará a ser visto como co-rcsponsável pela continuidade indefinida da cruel aventuracastrista. E nada conseguirá impedir que os cubanos no exílio se encarreguem de o fazer notar em alta voz pelos cinco con1incntes.

Rttente assassinato de Bispo colomhlano, em mios de guerrilheiros apoiados por Castro, confirma grave preocupação de cubanos desterrados Um fato recente( ... ) não fez senão agravar todas as dllvidas e apreensões aqui manifestadas. Trata-se do cruel assassinato do Bispo de Arauca, Colômbia, D. Jesús Emílio Jaramillo, consumado por guerrilheiros do Exército de

Libcnação Nacional (ELN), organização que constitui, como é pllblico na Colômbia, um dos braços mais sanguinários da guerrilha colombiana, sabidamente apoiado por Cuba. ( ... ) O Sr. bem poderá calcular a repercussão que este crime teve na população compactamente católica, não só da Colômbia, mas de toda a América Latina. Qualquer ação violcnla praticada contra a pessoa de um Bispo um ungido do Senhor, um Sucessor dos Apóstolos - incorre na grave pe-· nade "interdictolataesententiae", segu ndo o Cânon 1370 do Código de Direito Canônico. O que ag rava singularmente o terrível pecado de homicldio com o qual os assassinos carrcgaram suas consciênc1as. Bem sabemos que todo este triste sis1ema de engrenagens do terror foi im plantado bastante tem po antes que o Sr. subisse ao supremo poder em sua pátria.( ... ) Isto não impede, contudo, que a permanência desse sistema de mlltua ajuda sanguinária vá agravando cm vastos setores da opinião mundial as perplexidades e dúvidas que há pouco enu nciamos. ( ... ) O assassinato de D. Jaramillo tem lodo o valor simbólico de um desafio da violência comunista, no momento mesmo em que seus esforços, Sr. Gor-

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bachev, slio 110 sentido de persuadir o mundo de que essa violência está cm decr~sci mo. Medidas imediatas que o llder soYlético deveria adotar, para mostrar empenho efetivo em resolver uma flagrante contradição de sua polltica Dado o exposto acima, como gesto de boa vontade - e sobretudo de empenho efetivo em resolver a grave situação descrita - seria da mais alta oportunidade que o Sr. anunciasse a retirada dasbrigadasmilitaressoviéticasda Ilha, junto com a drástica extinção do fornecimento de annamentos e subvenções de toda espécie que seu governo vem outorgando ao regime cubano. ( ... ) Propomos, por fim, que o Sr. interponha seus bons oílcios para que urna comissão designada e integrada pelos cubanosdesterradostivcsscintciraliberdade de visitar e percorrer a Ilha-prisão, a fim de poder informar ao mundo sobre a real sirnação interna cubana, seja do ponto de vista dos direitos e liberdades de nossos compatriotas, seja do ângulo do atendimento de suas necessidades econômicas fu ndamentais. ( ... )

Franqueza de linguagem Sr. Presidente, ( ... ) nossas almas não fazem senão exteriorizar o clamor de aflição e sofrimento de todos aqueles que gemem sob a tirania castrista; contemplam com estupor o sangue que encharca o lerritório colombiano devastado pelas guerrilhas; seguem com angústia as trágicas seqüelas das aventuras castristas na América Cenual; estão ao par da ajuda cubana ao movimento guerrilheiro urbano Tupac Arnaru, no Peru, e se perguntam se iguais at rocidades praticadas pelo Scndero Luminoso não serão resultado, também, da colaboração do regime da Ilha-presidio. De qualquer modo, queremos concluir essa carta com palavras que temperem de algum modo a necessária franqueza com que ela se reveste. Assim, no momento de colocarmos nossas assinaturas, voltamo-nos em espírito de oração para a alma do saudoso Bispo D. Jaramillo, presumivelmente ornado com a aur~ola e a glória do martírio, bem como para as de tantos ou1ros mártires, cuja sublime perserverança na Fé levou-os a se oporem â violência comunista na Amfrica Latina: desde o inesquecível sacerdote mexicano, o Beato Pe. Pro, até os mais modestos e ignorados már-

22 - CATOLICISMO~ Fevettiro 1990

tires que hajam perecido em indêntico holocausto, em nossos dias. E a eles imploramos que roguem ao Cfo pelos perseguidos, mas também pelos perseguidores, pois a todos alcança o amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, Homem-Deus e Redentor do gênero humano. Ainda que o Sr. não reconheça valor objetivo a nada do ante riormente dito, pelo menos lhe da râ uma idéia do estado de alma que nos movenestainiciativa. Queira o Sr. receber nossos votos de paz e bem, assim como para a milenária Rússia. Paz e bem que os home ns jamais conseguirão a não ser aos pés da Cruz,junto a Jesus, que ago niza e recita sua úl!ima oração. e a Maria, Sua Mãe, cuja gloriosa intercessão se eleva até Ele, em prol de todos os homens, em todos os lugares e cm todos os tempos. Miami, outubro de 1989.

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História Sagrada O dilú'lio

O DILÚVIO ' 'ENQUANTO os descendentes deSet (terceirofilh.odeAdão)viveram entre os seus, conservaram-se fiéis ao Senhor; mas quando começaram a tra-

tarcomos<lescendentesdeCaim,comaram-se perversos como eles. Encheram o mundodeviciosecrimes, atai ponto que todos haviam abandonado ocaminho dobem. Porisso,Deusdcçrctou exterminar todo o gênero humano com odilúvio"(I)

Noé e a Arca Disse o Senhor: "Exterminarei da facedaterraohorncmquecriei,desde o homem até aos animais, desde os répteis até às aves do céu; porque me pesa de os ter feito. Porém Not achou graçadiantedo Senhor." (2) Noé, filho de Lamech, da estirpe de Set, com quinheruos anos de idade teve três filhos: Sem, Cam e Jafet. Deus ordenou-lhe que construísse uma enorme arca. Nela deveria colocar sua famílíae um casal decadaespécíedeanimais,com as devidas provisões. "Noé acreditou e obedeceu. Porcemanosfoi labu tando neste trabalho, não deixandodepregarapenitência."(3) "Foi pela fé que Noé, avisado por Deus de coisas queaindanãoseviam,com piedoso temor foi aparelhando uma arca para salvara sua família, pela qual (arca) condenou o mundoetornou-seherdeírodajustiça."(4).

''NoanoseiscemosdavidadeNoé .. . romperam-se todas as fontes do grande abismo,eabriram-seascataratasdocéu; ecai uchuvasobreaterradurantequarentadiasequarentanoites"(S). "Encheram-se e transbordaram os mares e os rios; detodasasfontesedas entranhasdaterra.rebentaramaságuas com fúria, galgaram os montes, submergindo a terra inteira; ultrapassaram de quinze côvados (aproximadamente 9 metros)asmontanhasmaisaltas; tudo pereceu,sobrevivendo,apenas,oshomens e animais que foram recolhidos naarea"(6). Antes do dilúvio, os homens "comiam e bebiam, tomavam mulheres e davam-se cm núpeiasatéodiaem que Noé entrou naarca,eveioodilúvio,e exterminouatodos"(7). O arco-íris

"Quando as águas baixaram, a arca firmou-se no alto de um monte na Armênia, chamado monte Ararat. .. Depois de alguns dias, por ordem de Deus, Noé saiu da arca com sua familia e com todos os animais. Assim terminou o dilúvio universal, que durou um ano, menostrer.cdias .... "Saindodaarca,evendoqueaterraforaarrasadaeestavadesabitada,

em seu lar

noções básicas Noé levantou um altar e ofereceu um sacrifícioaoScnhor,cmaçãodegraças. Deus,emsinaldeoomplacência,fezapareccr no céu um arco-íris, dizendo, ao mesmo tempo, a Noé e a seus filhos: '&tabeleçoaminhaaliançaconvoscoe com a vossa desccndênda; não haverá mais dilúvio, e quando virdes no céu o meu arco, recordai-vos da aliança que fiz convosco"' (8). "Aarcaeraafiguradalgrcja, fora da qual não há salvação" (9).

Cam peca contra Noé "Noé, que era cultivador, entregouse ao cuidado da terra e plantou uma vinha. Bebeu do vinho e embriagou-se; e no sono desnudou-se. Cam viu seu pai assim e saiu para diier a seus dois irmãos. Mas Sem e Jafct, tomando o manto de seu pai, o cobriram com ele e desviavam os olhos, para não verem seupainaqueleesiado."(10) "Noé,aoacordar,soubedainsolência de Cam e amaldiçoou-o, a ele e à sua posteridade, dizendo que seus filhos haviamdesersemprecscravosdosdcscendentesdeSemeJafet,maldiçãoque sevcrificouexatameute .... Noé viveu, ainda, 350 anos depois do dilúvio, e morreu .... oomaidadede950anos"(ll). Comenta Bossuet que, após o dilúvio "a natureza perdeu uma parte do seu vigor;asplantas,oseuviço;avidahumanatambém achou-sesinsivelmentereduzida"(l2). D NOTAS (l)SaoJololloKo.H.istóriaBlbli· oadoVtlhoc No,oTwam,nlO,

LivrariaS.lesianaE<füora.SlloPau· 10.2•t<1.,l<nO.p.l6. (2)G<n.6,7·3 (J)Mon,.Cauly.Curoodc lnMru1'.lo Rdigio» - Hi ,tória da RcliJÍlotda lgrtja. Li>raria Frar>eioroAlse,.191),p.;>.4 (~) llcb. 11. 7 (S)G<n.7.11-12 (6)SAoJo.lollosro.Ol).d1.,p.18 (7)Luc.17,27. W.:"JoloBo,co,op.do .• pp. (9)Mon,.Cauly,op.d1 .. p.26 (IO)PadrtTiqollc\:.tr.Biblia das Exola<Católk&,, Vo,.... l~. p. 21 (ll)SloJolollooco.op.ci1..p.20.

(IZ)Moru.Cauly,OJl.cit..pp.27-23

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Na ilha dos santos, um foco de piedade mariana DUBLIN - Quando em da Inglaterra, o espírito de 1304 o arcebispo da real cidarevolta protestante moveu de de Cashel, na Irlanda, acirrada perseguição à Fé caMaurice O'Carroll, voltava tólica, que ainda vigorava do continente europeu em na Irlanda. A igreja em Youfrágil barco, singrando mar ghal foi destruída pelos protempestuoso,não podia imatestantes, mas o principal ginar que a bela imagenziobjeto de seu ódio - a imanha de Nossa Senhora, por genzinha de Nossa Senhora ele traz.ida, seria das poucas das Graças - fora salva a que sobreviveria às grandes tempo pela heróica filha do tormentas que um dia se abanobre James Fitzmaurice Fitzteriam sobre a antiga Ilha gerald, a qual mandou fa7..er dos Santos e Sábios. Essa um relicário de prata, que pequena imagem - esculpi~ncerra até hoje a pequena da em marfim - de Nossa imagem. Senhora, como que converApesar de séculos de sando com o Menino Jesus, guerras e perseguições, Nosrepresentou um venerado tesa Senhora das Graças contisouro para o virtuoso Prelanuou sendo venerada de do, acompanhando-o até seu modo intenso. Um relatório túmulo, na igreja dos frades do geral da Ordem Dominidominicanos, situada na cidacana, datado de 1628, comende marítima de Youghal, ao ta: " .. . a devoção .... é diasul da ilha irlandesa. riamente recompensada por Durante um século, ficou milagres e maravilhas. E tão lmapm dr. Noua Senlwm das GTG{>U, esquecida a imagenzinha. grande é a devoção, tão ma• igrrja do, dominica"'" dr. Cor.l: ( I rlanda) A Irlanda, que fora anteriorravilhosos e tão freqüentes mente berço de santos, laos milagres que a Imagem é mentavelmente resvalou por uma época de tibiepopularmente chamada 'Nossa Senhora das Gra• za, de intrigas e maus costumes, inimaginável até ças e Milagres"'. então. Nessa era sombria , Nossa Senhora apareApós vencer inúmeras dificuldades, e favoreciceu, em sonhos, a um dominicano, pedindo-lhe da pela gradual diminuição das perseguições à Fé que sua imagem fosse desenterrada e novamente católica, a milagrosa imagem acabou encontrando venerada. Foi tal o fervor e o movimento de conacolhida na igreja dos dominicanos de Cork, cidaversões desencadeados, a partir de então, que rade fundada no século VII por São Finbar. Af, o anpidamente a igreja dos domin icanos em Youghal tigo relicário de prata foi incrustado num relicário tornou-se centro concorrido de peregrinos de todourado, em que figuram emblemas da Ordem da a Irlanda. Eles acorriam em considerável númedos Pregadores, apoiado em pequenas esculturas ro para rezar a ~Jossa Senhora das Graças. de galgos irlandeses (Canis Fidelis dos dominicanos). A imagenzinha de Nossa Senhora e do Me· Nova decadência: o protestantismo ~~~~r~~e~:~r;est-~~= Porém, uma vez mais houve um abandono dos ção nesta época de crise religiosa e de apostasia. caminhos de Deus, e, no reinado da ímpia Isabel 1 THOMAS ORAI(~

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FOI LANÇAOO no mb de outubro último, cm Roma e Johanncsb urgo, o livro "Nanllbia: Amanhecer ou Crepú.sc:ulo?", deautoriadcdoisanalistasintcrnacionais das TFPs, os Srs. Alejandro Ezcurra Ni'ón, da Argcntina, e Luís Daniel Merizalde, da Colômbia. A obra, editada cm inglb e primorosamcme imprcsa e ilustrada, aprescnta à luzdomagistraleru.aio''Revoluçãoc Contra-Revolução", do Prof. Plinio Corr~a de Oliveira -umavisãodcconjunto dasituação da ex-colônia alemã, a África do Sudoeste/Namibia, atualmente admin i~trada pela ÁfricadoSul, ccujaindepcndência era imi nente. Baseado cm documentação segura, o livro dcnunciaumaaçãooomuno-cclesiástica internacional, apoiada pela ONU, para fraudar o proçcsso dc indcpcndência do pais e levar ao poder a marxista "Organizaçao do Povo da África do Sudoeste" - SWAPO. E, at ravésdcsta,instaurar nC$5CICrritório um regime de neobarbàric rcvolucionáriadcestilocambodgcano (IJ. O lançamento da referida obra cm Roma realizou-se durant e importante entrevista coletivadcimprensaconvocadano Hotel Excclsior da capital ilaliana, pelo Burcau das TFPs na Itália. Ncssaocasião,dcpassagcm pclaCidadcEtcrna,ocx-comissârio politico da SWAPO, Hcndrik J. Boonxaaicr, fez chegar ao Papa João Paulo 11,atravb do "Bureau" TFP, uma carta de 52 ex-membros da SWAPO 26 - CATOLIC ISMO -

rm Rw, põemame,aas."· Luís Daniel Meriza/d,:, um da, autora do liuro, ,:Juan Miguel Mon-

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vitimadospclaorga ni zação,pc-1 dindo a intercessão do Pontificc para libcrlar milhares de scusoompanhcirosaindapresos oudesaparecidosno'O ulag'angolano. Jornais de toda a Itália

noticiaram esses eventos, e o "Bureau" TFP de Roma reccbcu,dcpcr$0nalidadcseclesiàsticas,cientificascpnliticasitalianas,sig~ificativascartasdeclogio ao hvro.

Presépios atraem visitantes MADRI - Por ocasião das festas natalinas, jovens da Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Família e Propriedade montaram artlsticos presépios em suas sedes de Madri, Sevilha, Granada, Málaga e Zaragoza, convidando o público para visitá-los, conforme costume dos chamados "belenistas", que contam com a coordenação de uma associação especializada. Anualmeme este distribui prêmios e diplomas aos organizadores dos mais belos presépios. Uma no1a inovadora da TFP foi a apresentação de um audiovisual junto aos presépios, com a utilização de luzes, som, slides e sombras, realçando cenas do Natal. Como, por exemplo, o cflntico dos Anjos e a chegada dos Reis Magos. As apresentações, feitas várias vezes ao dia, atraíram especial imeressedecriançaseadultos, merecendo tam~m o caloroso incentivo de um sacerdote, que as considerou verdadeira aula de religião.

Fevereiro 1990

te,, dintar da 811r,au dá$ TFPs na Ttlllia, ,: a,:x-guurillo<i'ro IMwa,dNdopu. Ao lado, o pn,i,kat,: da TFP 111/africana, &ma.-d 1i,Jfi,., discu,-. ,a dumalt a apn,mfaçâo da livro ,mja/,annuburgo.

Na África do Sul, o lançamento de Nomlbio: Amanhecer ouCrtpúsr:u/o?atraiunumcrosopúblico, que lotou o auditório do Hotel Protca Braamfontcin ,deJohannesburgo. lmp ressionou especialmente o depoimento do ex-guerrilheiro Edward Ndopu, uma das milhares de vitimas da repressão tirânicaesclvagemdtsencadeadapela SW AP0contra supost05 •·espiões" sul-africanos nas suas fikiras.JornaiserádiosdaÁfricadoSulnoticiaramcomdcstaque cstabrilhantciniciativada TFP local.

Polilicos devem auscultar eleitorado MONTEVIDEO - No período quc anteccdcu as clciçõcs presidenciais de novembro último, a Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Familia e Propricdadcpublicoucmcdição especial de sua revista "Lcpanto", substancioso es tudo acercadaimportânciadaquclcplcito, bem como a respeito das amear;aseriscosquepairamsobrcopals. Segundo a Tl'P, o f05socntrea naç!oeaclassedos políticos origina-se do fato de que


LISBOA - Comemorando a fes ta de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, jovens da TFP lusa estiveram em visita ao promontório de Sagres, onde no século XV o Infante Dom Henrique fu ndou a célebre escola de navegação . Hasteando seus estandartes sobre o rochedo, os jovens rezaram o Terço implorando à Santíssima Virgem sua especial proteção para a nação portuguesa, neste confuso e dramático fim de século.

e1tcs não levam emcontaas1endênciasconscrvadoraseant ioomunistasdagrandcmaioriados uru guaios,cinsistememqucrcr impor medidas rcvolucion.lirias e socialU1 as. Assinala também o documento q ue o povo uru· guaionloccdeuenloscintimídounemmcsmoantc asc hantage ns com que os tupamaros e seus aliados pretenderam fazer avançarosocialismonoUruguai. "Mais impl)rtantc do que esco lher um ca ndidato, estudar seus programas e suas idéias - conclui a TFP - o que inte· ressa prioritariamente é que os ca ndidatoseos partidosoonhc· ça o que pensa, scnle e quer o eleitor. Mais do quccseu1aros ca ndidatos, o Uruguai autêntico devcfazerouvir,se poreles". Cil n to G regoriano

ecoil sob abóbodas medievai1 PARIS - Em visita à célebre Abadia do Monte Saint-Michel, sit uada sobre o rochedo de uma pequena ilha, junto ao

liioraldaNormandia.hojemantida como mu seu, uma carava na de membros da TFP francesa entoou em suas dependências virios hinos gregorianos , os quais fazcmpartcdo repcrtório habi1ualda entidade. Comoscsabc,noestilogregoriano, os hinos são entoados por todos 05 ca ntores a uma sóvoz. Disciplinadoinicia!mente no século VI pelo Papa Sllo GregórioMagno,essecstilofoi res1aurado no skulo XIX, sob oiníluxodobcnedilino francês D. Mocquercau.

TFP deíendid.i em sermJo BRASÍLIA (por Nelson Barreto) - A pregação, durante as Missas cm nossos dias, vai pcrdendo cadavczmais oestilo elevado e sacral para tomar a feição de uma conversa com osfiéis,abrindoespaçopara que estes nela intervenham. Pode-se imaginar o agrado com qucum católico"progrcssista" veria algufm do povo

participar da pregaçãu, para invn:1iva r umev enlual sacerdo te pela posição por de assumi-

da c apon1à -la como reacionária e anacrónica . Emrcianto. o que 1cm acontecido em al guns lugares é e~a,a mcmc o cont rlirio: fiéis, rcfratlirios à acicude revol ucionària manifesiada pc lo pad re, se retiram do tem plo ou tomam a palavra para ex1crnor seu desacordo cmrelaçloaotomantitradicional da s preg ações. Um fato sintomhi co nesse scntido ocorreunaigrcjaSagrada Familia, de Ceilindia , populoso núcleo habit acion al do Dis1ri10 Federa l. Duranteoscrmlo , um sacerdotequecclcbravanessaigrcjarefer iu-sc.li TFP, prevenindo os fiéis contra os jovens da encidade, que es tavam promove nd o en tã o ampla campanhadedivulgaçlodepu· blicações.As acusaçõcsassaca das pelo celebrante contra a TFPeram carentes de qualquer fundamento . Uma antiga empregada da Sede da TFP, cm Brasília, donaJoaniceda Co ncciçloLino,

que assi~lia o scrmãu, na o 1ilu bcou: levantou ,seecomscgurança e sim pl icidade pós-se a esclarecer 05 prcscmcs. Trabalhara da na referida Sede ao lo ngo de sc1c anos. lendo conhecido muito de peno a ,·ida dos jovens da associação, cu· jo bom c~en1 plo a inccnlivara ator , ar -scumacatólicap raticame.Namcsmaocasillo,duas scnhorns,quc1ambémassistia111 à Missa. fizeramdcpúbli.oco mentári os elogiosos à Tl'P . O sacerdote, em face da corajo· sa mani festaçlo das pa roqu ia · nas,aprescntoudcscu lpue dc clarou que ha via sido mal in fo rm ado . Em conversas. dona Joani ce costuma diier que em bo ra tenha conhecido o Pro f. Plínio Co rr~a de Oliveira quando este viajou a 0rasíl ia a nosa tr às , um dos so nhos que alimenta é visitaraSedc princi paldaTFP, em São Paulo, "após conhecer a Basílica de No ssa Senhora Aparecidac 0Cris10 Redcntor'' .

CATOLICISMO -

Fevereiro 1990 -

27


Aurora de um futuro grandioso Os primeiros fulgores

da aurora, dourados e rubros, rene,emse nas águas e dissipam le ntamente as densas brumas que envolvem penhascos e rochedos. · Nessa atmosfera diãíana , quase mí tica, preso em altivo mastro, destaca-se a silhueta de um estandarte que flutua, ao sopro, dir-sc-ia, de todos os ven tos da História. No vértice do mastro, a flor-de-lis parece atralda pelo sol, a ponto de tocar diretame nte a própria fonte lum inosa. A nam rcza está tra nsfigurada pela profusa e discreta matização de luzes, cores e sombras. Porém, qualquer brasileiro reconhece logo a cena da foto apresentada nesta página. Mesmo imersa em suave penumbra, a baia de Guanabara conserva aquela nota de beleza inconfundível que faz dela o cartão de visitas do Brasil. Talvez se pudesse afirmar que Deus colocou os povos em panmamas adequados à realização dos dcs1inos providenciais a q ue os chamou. E não hã que m , contempla ndo cenas como esta, não cxperimenie a impressão de que a P rovidência reserva nosso pais para teat ro de magnos acontecimentos. E o estandarte? Com uma linguagem muda, porém mais eloqüente do que rnda palavra, ele enuncia, e quase diríamos anuncia, uma ordem superior de va lores, de idéias, de heroismos, ligados aos princlpios perenes da tradição, família e propriedade, longe dos quais nenh uma nação atinge sua grandeza verdadeiramente cristã. De fato, é só na medida em que o Brasil, pelas bênçãos de Nossa Senhora Aparecida, for fi el ao Cristo Redentor colocado no alto do Corcovado, e se ufanar de ter o Cruzeiro do Sul cintilante em sua abóbada celeste, que o Sol de Justiça passará a brilhar integralmente sobre nossa pátria, iluminando seu horizonte cultura l, político e socia l, por cima das b rumas e das tempestades.


Com a perestroika entra em erupção o


dcs/lofabricadasasvacinas. Ra1.ao: Cuba deseja manter o sigilo na matéri a! Nãoobstanteisso,oMinistério da Saúde decidiu manter a compra davacinadepoisdehaver imerrom pido o negócio em novembro último, tendo em vista, àquclaépoca,que nen hum dos i1cns do acordo fora cumprido pelos cubanos, as vacinas nãohaviamchegado,e nãose dera o envio da documentaç/lo técnica- que assegurasse um envasamento segurodo medicamento.

D Contra-senso

O Cruel • Indignante Aparentemente impenurbà· vel,semmovcrumúnicomúscu· lo da face, o chanceler britllni• co Douglas Hurd percorreu as instalações do campo de refugiados vietnam itas de Hong Kong emmeioaruidosamanifestaçllo de protesto. Ele é o principal articuladordapoliticaderepatriaçãodosinfelizesvietnamitas ali alojados. ··Preferimos morrer a viver numpai,comunista",brndavam em eoroaspobresvitimas. Em cartas enviadas a Jollo Paulo li e à Anistia Internado· nal, assinadaseom seu próprio sangue, os reíugiados pedem ajudaimcrnaciona!. Aodcfendcr essa inqualificável p-olítica dc repatriação, no l'arlamemo inglês, o ehancekr não hesitou em alegar, cinicamente que, caso o problema não fosse decidido promamenlc, uma nova onda de "boat peoplc"(nomccomqucficararn conhecidososincontáveisvic1na• mirnsque preferiram eufrcmar o oceano e frcqüememente a rn or tc,cmfrágcisernbarcaçõcs, a viver num reg•me comunisrn) poderia su rgir no próximo ano OgovernobrilllnicovêoaMunto como uma arnccipaç/lo do que ocorrerá em 1997, quando entregará Honi; Kong i\ China comunista

O Mera Incompetência Conforme os próprios téc · nicos do Min istério da Sa(,dc, o Brasil comprou 15 milhõ es dcdosesdavacinacubanacontra a meningite, acreditando pura e simples mente na pala• vra dos cub.::nos, pois ait hoje não houvc qua!qucr reconhecimen10cicntííicodcsuavalidade. Ora.pc:lomenos90mildoscs dos dois milhões entregues

2-

CATOLIC ISMO -

inicialmernecstavamcontam inadas por bactérias - conforme se verificou depois. Os 1&:nicos do Ministêrio daSaúde - induindooMinistroTsuwld - então,deslocaram-se á ilha fidel-castrista, em du as ocasiões sucessivas, mas foi-lhes ,·edado visitar as instalaçôes doslaboratórioson-

Segu ndo estudo realizado pelo O ube de Engenharia, do Rio de Janeiro. o Brasil possui amaiorredederiosnavegáveis do mundo: 50milquilômetros; entretanto, transporta apenas um por cento de seus bens por vianuvial. Quanto às ferrovias, nossos trilhos não chegam á metade

dos instalados nos países europeus. Comosevê,nãoéfâcildecifraroenigma: recusamos utili111roquca Providência nosforncceu cm abundãncia -aágua - , quando somos ainda tão mal servidos de ferrovias!

O Do Catollclsmo ao Tar6

"Talvez você não co nheça a rclaçãoquehâemreamagia, o hermetismo e os si m bolos esotéricos do Tarô com os mistérios da fé cris tã( ... ) Mas agoravocêjáp()deentraremconta• to com esse lado fascinante e mistico do Tarô". É com essa propaganda charlatanesca, digna de ·'magos" e "adivinhos" do mais baixoasoterismo. que as "Edições Paulinas" - uma das mais conhecidas editoras católicas brasileiras, - lança seu livro"Meditaçõessobreos 22ArcanosMaiore5doTarô". Quandoumaeditoracatóti catraiassimsuamissãodepropagar a religião verdadeira, di fundindo superstições próprias ao mais abje!o paganismo, sem qualquer rest rição das Autoridades Eclcsiãsticas, constata-se queosdesvarios"progrcssistas" chegaramaoinimaginâvel.

O Reforma para k:Uotas

Anacronismo c riativo E5tamos no Castelo de Satzvey, localizado a mais ou menos 40 qu ilômetros de Bonn, capital da Alemanha ocidental.

Ao cruzar a ponte levadiça e os pesados portões da fortaleza scisccmisrn, rodeada de água, o visilan!c penetra no p!itio e depara um mercado: saltimbancos e ciganos, comerciantes e populares. Na "maior tenda medieval do mundo" realiza-se uma festa para 800convidados,comme5afartaedançasmedievais. Na grande arena. à sombra do majesioso castelo. inicia-se o torneio de cavaleiros munidos de lanças, e a seguir um imponen1e desfile, que empolga os circun~tanles. OscstacionamentosdapequenalocalidadedcSatzveysãoinsuficientcs paraatcr:dcr4 mil turistas diários. Do elenco de "cavaleiros" do Conde Beisscl vo n Gymmnich - proprictârio do castelo e promotor do evento -, fazem parte os membros da "Sociedade do Anacronismo Criativo", fundada há alguns anos em Berkeley, na Califórnia. con1ando com mais deSOmiladep10snomundo. Muitos proprietários de castelos na Alemanha, Bélgica, Áustria e Luxemburgo dispõem-se a imitá-lo, atestando, aMim, a po. pularidadcdatradiçãomedievalemnossaép,oca.

,\,forço 1990

Em vãrias cidades alemàs, comissõcsdeligü!stastrabalham visandoasimplificaraortografia. Os jornalistas protestam; denominamamudançade''Reforma para id iotas", acusam oslingúistasdeigualitáriose nivcladoresdaex prcssào,etimi nadores da necessária diferençaentrecultoseincuhos. Osreformadoresredargüem que amudançatornarãalcituramaisrápida,concorrendopara retirar da língua o ca rãter de instrumento de domlnio da classe culta, a qual defende seus privilégios a todo cus10. Um lingüista de Aqui sg rana(Aix-laCahapelle)refutatal sofisma com se nsatez: "se alguém tem d ificuldade em guiar umautom6vel,n11ofra.zãoparasemudaremasregrasdot ràfcgoouabaterasârvoresao longodaestrada". É sabido que, hã anos, uma reforma ortográfica tenta impor-se. Ela pretende, entre outrasdcmoliçõcsdalingua,eliminarogenitivo,adcclinaçãodos artigos,etc.,visando,inclusive, abaterafamosacidadeladoverbo no fim da frase.


~Atoucm,Mo SUMÁRIO INTERNACIONAL Nunca se viu um descontenta-

mento tão grande quanto o que surge agora atrás da Cortina de Ferro, contra o regime comunista. De si, ele exige justiça a ser aplicada aos chefes marxistas responsáveis, aos líderes ocidentais que não denunciaram a situação, aos dirigen tes de PCs no Ocidente que desejavam importar da Rússia tão grandes calamidades e aos que, entre nós, perseguiam o anticomunismo 4

RELIG IÃO O maravilhoso fato da escada fabricada presumivelmente por

H

Á UM ENGANO a propósito da pcrestroika, para o qual poucos têm sua atenção voltada. Cobre-a um papel celofane rosado, como os usados em caramelos, próprio a suscitar otimismo. E sempre hã os que alegremente atraídos pelo celofane rosado dispõem-se imediatamente, faltos de qualquer vigilância, a engolir o caramelo. Sem se darem conta de que tal invólucro disfarça problemas complexos, enigmas e mesmo mistérios, que se não forem bem interpretados podem trazer surpresasmuirndesagradáveis. Num quadro assim, a benemerência não cabe a quem atrai os olhares para o celofane do otimismo - como freqüentemente o faz a mfdia - mas para quem aponta os verdadeiros problemas suscitados pela perestroika. Plínio Corréa de Oliveira, num trabalho de excepcional valor e originalidade marcan1e, que publicamos integralmente nesta edição, estuda com grande penetração os últimos acontecimentos mundiais, na lógica de seu desenvolvimento. Numa linguagem serena, mas muito firme, ele verbera a sinistra, a imensa mentira que perpassa quase todo o século XX: a mentira comunista. Além disso, da voz à incontável legião de homens, feitos escravos ao longo das vastidões que vão de Berlim a Vladivostok, e também aos que, no Ocidente, foram enganados por uma propaganda insidiosa e vil, ou então torpemente ameaçados com a conílagração atômica. Ao comunismo "todo poderoso", Plinio Corrfa de Oliveira lança em rosto: teus péssãodebarro,teupoderéartificial.

São José, no Novo México ............ 18 NACIONAL Os fatores que levaram à atual crise brasileira não encontraram a oposição de forças vivas como a CNBB e a FIESP 24

"CATOLICISMO"

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Sua análise parte de um fato. Um fa!O impressionante, estarrecedor: a atabalhoada movimentação que vem se produzindo atrás da Cortina de Ferro trouxe à luz do sol um Descontentamento - com "d" maiúsculo - enorme, multiforme, absolutamente generalizado, das populações daqueles países contra o regime comunista. Em conseqüência, a se desenrolarem os acontecimentos como até agora ocorre, pode-se admitir a derrubada do poder soviético, e a exalação de um brado de indignação e um pedido de justiça das entranhas da sociedade soviética. Em primeiro lugar contra os que, por tanto tempo, mantiveram assim na escravidão um tão colos· sal número de vitimas, ao longo de território tão imenso. Justiça ainda contra os que, no Ocidente - colaboracionistas, inocentes úteis, etc. - não se uniram numa verdadeira cruzada para a derrubada das paredes do cãrcere. A seu momento, também as populações do Mundo Livre terão graves perguntas a fazer aos líderes dos PCs ocidentais e outros partidos para-comunistas, que bem conheciam o que se passava na Rússia: "Por que aspiravam estender esse regime de miséria, escravidão e vergonha a seus próprios países?" A mesma população serã !evada, pela lógica, a pedir contas aos que perseguiram a quem procurava abrirlhes os olhos para a realidade, os anticomunistas. Para silenciá-los foram movidas campanhas sistemáticas, ora de indiferença ora de difamação. E é dentro deste quadro apocalíptico que o Presidente da TFP interpela os que contra a entidade se têm levantado pelo simples fato de não querer ela para o Brasil um regime tão espantoso. É, porém, ao falar da infiltração comunista na Igreja, da Oslpolitik vaticana, do desconcertante silêncio do Concilio Vaticano li a respeito do comunismo que sua voz encontra os acentos mais pungentes. Aos irmãos na Fé, transviados, Plínio Corrêa de Oliveira não faz uma interpelação e sim um apelo para que reconheçam seus erros e lutem em prol da boa causa. Nossa Senhora de Fãtima é brevemente referida. Mas a presença inspiradora de Sua mensagem se faz notar ao longo de todo o documento. Ante a importância de tal matéria, não cabe tratarmos de outras, como é hábito em nosso editorial.

CATOLICISMO -

Ma~o 1990 - 3


A TFP APRESENTA UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO - NO MUNDO - NO BRASIL

Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio PL/N/0

CO RRÊA DE OLIVEIRA

Presidente do Conselho Nacional da TFP

1

Descontentamento, incêndio que desagrega o mundo soviético

AS REFORMAS perestroikianas na Rússia soviética, os movimentos politicos centrífugos que há dias quase levaram à guerra civil o Azerbaidjão e os respectivos enclaves armênios, agitam também a Lituânia, a Letônia e a Estõnia, às margens do Báltico, como, mais ao sul, a Polônia, a Alemanha Oriental e, ainda, a Chescoslováquia, a Hungria, a Romênia, a Bulgária e a Yugoslávia. Acrescidos da espetacular derrubada do muro de Berlim e da cortina de ferro, esses abalos constituem, cm seu conjunto, um movimento ciclópico como maior não se viu desde as duas conflagrações mundiais, ou talvez as guerras de Napoleão.

Toda csrn contemporânea movimentação do mapa europeu se reveste, aqui e acolá, de circunst!lncias e significados diversos. Mas a todos esies sobrepaira um significado genérico, que os engloba e a lodos penetra corno um grande impulso comum: é o Descontentamento.

4 -

CATOLICISMO -

Março 1990

e

Descontent;,mento com "D" m;,iüsculo

Escrevemos esta última palavra com "D" maiúsculo, porque é um descontentamento para o qual convergem todos os dcscontentamen10s regionais e nacionais, os econômicos e os culturais, por muitas e muitas d~adas acumulados no mundo soviético, sob a forma de apatia indolente e trágica, de quem não concorda com nada, mas está impedido fisicamente de falar, de se mover, de se levantar, em suma, de externar um desacordo eficaz. Era o descontentamento total, mas por assim dizer mudo e paralítico, de cada indivíduo na sua casa, no seu tugúrio ou na sua choça, onde a famHia não existe mais, tendo sido tantas vezes substituído o casamento pelo concubinato. Descontentamento porque os filhos foram subtraídos ao "lar" e entregues compulsoriamente ao Estado, só deste recebendo a totalidade da educação. Descontentamento nos locais de trabalho, em que a preguiça, a inação e o tédio invadiram boa parte do horário, e os salârios mediocres chegam apenas para a compra de gêneros e artigos insuficientes e de má qualidade, produtos t[picos da indústria estaializada por força do regime de capitalismo de Estado. Ao


!ongo das filas formadas junto aos estabelecimentos comerciais, em cujas prateleiras quase vazias se deixa ver desavergonhadamente a miséria, o que se comenta aos sussurros é a completa carência quali1a1iva e quantitativa de tudo. Descontentamento, principalmente, porque, quase por toda parte, o culto religioso está proibido, as igrejas cerradas, e a pregação religiosa substitu[da, nas escolas, pelo ensino compulsório do materialismo, do ateísmo, em uma palavra, da irreligião comunista. É o conjunto destes males que penaliza ainda mais do que a mera consideração de cada um em particular. Em uma palavra, se contra este ou aquele aspecto da realidade soviética se enunciam queixas, contra o conjunto dessa realidade, os fatos mais recentes {Ornam evidente que lavra um incêndio de verdadeiro furor. Furor que, pelo próprio fato de atingir o conjunto, atinge o regime, e põe em fogo todas as capacidades de indignação da pessoa humana: um descontentamento global contra o regime comunista, contra o capitalismo de Estado, contra o ateismo despótico e policialesco, contra tudo, enfim, que resulta da ideologia marxista, e da respectiva aplicação a todos os países agora em convulsão.

Expectativa e descontentamento refletem-se nestas fisionomias de russos, em Moscou. Tal descon• tentamento é o denominador comum das transformações perestroikianas, que sacodem a Rússia e os países do Leste europeu.

É bem o caso de se falar, pois, em Descontentamento. Provavelmente o mais abrangente e total descontentamento que a História conheça.

e

Medros;u e mal-humoradas concessões de Moscou

Vê-se claramente que é para evitar a transformação geral desses descontentamentos em revoluções e guerras civis, que Moscou vem fazendo lá e acolá medrosas e malhumoradas concessões. Mas os fatos também deixam notar que o alcance de tais concessões é dos mais duvidosos. Pois, se parecem aquietar um pouco os ânimos, entretanto dão aos DesconCATOLICISMO -

Março 1990 - 5


E, a menos que a lógica tenha desertado 1otalmen1c dos acontecimentos humanos (deserção 1rãgica, que a História tem registrado, mais de uma vez, nas épocas de completa decadfocia, como a des1e fim de século e de milênio), as vitimas de tantas calamidades unirão seu ulu lar para exigir do mundo um grande ato de justiça para com os responsáveis. làis responsáveis fo ra m, por excelência, os dirigentes máximos do Partido Comunista russo que, na escala de poderes da Rússia soviética, sempre exerceram a mais a lta autoridade, superando até à do governo comunista. E, pari pas.su, os chefes de PCs e de governos das nações cativas. Pois eles não podiam ignorar a desgraça e a miséria sem nome cm que a doutrina e o regime comunistas estava m afundando as massas. E, contudo, nllo titub(aram cm difu ndir essa do utrina e impor esse sistema.

Triste rotina atrás da Cortina de Ferro: fila para comprar gêneros alimentícios na cida d e polonesa d e Wroclaw, antiga Breslau alem ã tentes uma redobrada consciência de sua força, bem como da fraqueza do adversário moscovita, o qual ainda ontem lhes parecia onipotente. De onde decorre que os apaziguamentos de hoje bem podem estar sendo aproveitados pelos Descontentes para a aglutinação de crescentes massas de adeptos, e a preparação destas para grandes movimentos reivindicatórios, a estourarem, já amanhã quiçá, ainda mais reivindicatórios e prementes do que ontem. Assim, de passo em passo, poderá desenrolar-se ocaracteristico processo de ascensão dos movimencos insurrecionais que caminham para o êxito, o qua l se desenvolve contemporaneamente com o declinio dos establishments de governos obsoletos e putrefatos.

e

O maior brado de indignaçlo da História

Se se desenrolarem desse modo os acontecimentos no mundo soviético, sem encontrarem em seu curso obstáculos de maior monta, o observador poHt ico não precisa ser muito penetrante para perceber o ponto terminal a que chegará. Ou seja, a derrubada do poder soviético em todo o Imenso Império até hé pouco cercado pela cortina de ferro, e a exalação, do fundo das rulnas que assim se amontoarem, de um só, de um imenso, de um tonitruante brado de indignação dos povos escravizados e oprcssos.

2

Interpelação aos responsáveis diretos por desgraça tão imensa: os supremos dirigentes da Rússia soviética e das nações cativas

Esse brado se dirigirá, antes de tudo, contra os responsáveis diretos por 1anta dor acumulada ao longo de tanto tempo, cm tão imensas vastidões, sobre uma tão impressionante mass.a dc vilimas. 6 -

CATOLICISMO - Março 1990

3

Interpelação aos ingênuos, aos moles, aos colaboracionistas, voluntários ou não, do comunismo, no Ocidente

Mas - sempre a conjecturar nas tri lhas da lógica não é só contra eles que tantos homens, íamilias, etnias e nações pedirão jus1iça.

• Historiadores otimistas e superficiais amorteceram a reaç.to dos povos livres contra iílS tramas do comunismo internacional Em um segundo movimento, eles se dirigirão aos múltiplos historiadores ocidentais que, durante esse largo per!odo de dominação soviêtica, narraram de modo otimista e superficial o que se passou no mundo comunista, e lhes perguntarão por que, em suas obras de síntese, lidas e festejadas por certa midia no mu ndo inteiro, se contentaram em dizer tão pouca coisa sobre desgraças tão imensas. O que teve por efeito amortecer a justa e necessária reação dos povos livres contra a infiltração e as tramas do comunismo internacional.

e

Os homens públicos do Ocidente pouco fizeram para libertar as vitimas da ~scravid.to sovi~tica

E, por fim, os mesmos Descontentes se voltarão para os homens públicos dos países ricos do Ocidente e lhes perguntarão por que fizeram tão pouco para libertar da noite espessa e infinda da escra vidão soviética esse númc· ro incontâvel de vitimas. Bem sabemos que, nessa hora, tais homens públicos, sempre sorridentes, bem dormidos, b(m lavados e bem nutridos, lhes responderão jovialmente: "Mas como! A nós, logo a nós que enviamos a vossos governos tanto di· nheiro, que lhes franqueamos tanrns créditos, que aceitamos como boas tantas mercadorias avariadas fornecidas por vossas péssimas fábricas, e tudo isso para atenuar um pouco vossa fome, logo a nós ... é que dirigis esta cen· sura insensata!" E acrescentarão: "Ide â ONU; ide à UNESCO, e a tantas outras instituições ciosas dos direitos humanos, e vede quantas proclamações sonoras e finamente cuidadas, do ponto de vista literário, distribu ímos


O esmagamento da rebelião na Praça da Paz Celestial em Pequim, repetido analogamente pelas tropas soviéticas contra os nacionalistas no Azerbaijão, poderá reiterar-se ainda várias vezes em outros focos de descontentamento. Na foto, manifestação popular em Baku, capital do Azerbaijão.

em todo o Ocidente, protestando contra a situação em que vos acháveis ... Nada disso vos bastou?" Se esses amáveis potentados do Ocidente imaginam estancar assim as objeções de que irremediavelmente serão alvo, enganam-se.

• As subvençDes do Ocidente prolongaram a aç.Io dos carrascos Pois a realidade não é tão simples, em sua configuração concreta e palpável, nem tão fácil de ser entendida e descrita, como eles aparentemente imaginam. Pois as massas levedadas pelo Descontentamento lhes responderão forçosamente: "Imaginai milhares, milhões de indivíduos, sujeitos simultaneamente a tormentos, em salas tão amplas quanto países. Este era o quadro do mundo de além cortina de ferro. As subvenções enviadas pelo Ocidente foram entregues, o mais das vezes, não diretamente aos pobres supliciados, mas aos carrascos, a quem tocava governar estas salas de tortura de dimensões nacionais. Ou seja, aos governos que, sob a feroz direção de Moscou, mantinham sob o jugo da servidão as nações 'soberanas' e 'aliadas' de além cortina de ferro, como a Polônia, a Alemanha Oriental, a Checoslováquia, a Hungria e tantas outras, e ainda as Repúblicas Socialistas Soviéticas 'unidas' a Moscou e outras circunscrições territoriais mais clara e oficialmente dependentes dos déspotas do Kremlin. Esses governos-carrascos é que, o mais das vezes, recebiam as benesses do Ocidente". Mas a esta altura do tema é que aparecem as dúvidas que os Descontentes não deixarão de agitar. E, a essas dúvidas, não será nada fácil dar resposta.

Com efeito, não é negável que um pouco desses recursos recebidos pelos governos títeres de além cortina de ferro acabaram por ir ter às respectivas vítimas, aliviandolhes algum tanto o infortúnio, ou mesmo evitando que algumas cantas dentre elas morressem de fome. Porém, das próprias fileiras dos Descontentes, ainda antes da atual convulsão, partiram a tal respeito objeções embaraçosas. Assim - já ponderavam os mais sofridos e indignados dentre estes - na própria medida em que o Ocidente dava aos carrascos recursos que abrandassem as carências das vitimas, lhes proporcionavam meios para atenuar a indignação geral, e prolongar desse modo a vigência da dominação dos mesmos carrascos. Neste caso, não teria sido mais útil aos povos subjugados que do Ocidente não lhes viessem esses recursos, de sorte que o dia da explosão do Descontentamento chegasse logo, e com ele a libertação final e completa dos desditosos subjugados?

• Cooperadores suicidas para a difudo do comunismo Confessamos que, a nós, da TFP, a pergunta nos deixa perplexos ... tanto mais que nunca ouvimos dizer que a concessão de 1ais recursos fosse condicionada, da parte dos benfeitores ocidentais, ao direito de exercerem severa vigilância para impedir que os ditos recursos fossem utilizados para a compra ou o fabrico de armamentos e munições que mantivessem sob jugo os povos cativos. Ou que, no caso de uma guerra contra o Ocidente, fossem utilizados contra as mesmas nações ocidentais doadoras. CATOLICISMO -

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Consideremos as coisas até o fundo. Se Moscou dispôs de ouro para minar, com suas redes de propagandistas e de conspiradores, todas as nações da lerra, é bem certo que, nas faraônicas despesas utilizadas para tal, não entraram parcelas considerâveis das quantias fornecidas, a este ou aquele título, pelos doadores ocidentais? Neste último caso, a par de benfeitores das vítimas do comunismo, não terão sido eles cúmplices involuntários - concedamo-to - dos verdugos e, ao mesmo tempo, cooperadores suicidas de um ataque contra o próprio Ocidente, além de parceiros da difusão do erro comunista em todas as nações?

• A cruzada que n.1o houve Não sabemos se essas nações cativas chegarão algum dia a ser realmente livres, antes de sobrevirem as catástrofes punitivas e saneadoras previstas por Nossa Senhora nas aparições de Fátima (cfr. Antonio Augusto Borem Machado, As apariçiJes e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da lrmO Lúcia, Vera Cruz, São Paulo, 26a. ed., 1989, pp. 44-46). O que sabemos é que, quando algum dia essas nações forem livres, o Descontentamento cobrará estritas contas, por tudo isso, aos "benfeitores" das nações cativas . E estes serão obrigados, para a salvação de seu renome, a revolverem muitos arquivos e ti rarem da poeira muitas contas .. . se é que não preferirão trancar tudo isto, e fazer com que o silêncio baixe mais uma vez sobre tais questões. Na verdade, as belas declarações de ONUs, UNESCOs e congêneres, as deixaram indiferentes, como deixariam indiferentes as vitimas, os sorrisos polidos, de saudação e solidariedade, partidos de pessoas que assistissem de braços cruzados aos tormentos que elas estivessem sofrendo. "Nós precisávamos de uma cruzada que nos libertasse - exclamarão elas - e vós nos enviastes tão-só um pouco de pão que nos ajudasse a ir aguentando por tempo indefinido o nosso cativeiro. Ignoráveis porventura que, para o cativo, a grande solução não é apenas o pão, mas sim, e sobretudo, a liberdade?" Tulvez haja argumentos vâlidos a opor a essas queixas dos cativos. Convenhamos, entretanto, que não será fâcil encontrâ-los.

Uma vitória dos "duros" só agravaria a exasperaç.1o e os queixumes

A imprensa de todo o mundo ocidental não tem deixado de notar que a vitória desse gigantesco Descontentamento ainda não é indiscutível. Pois ninguém pode garantir que o esmagamento da rebelião, realizado com tanto êxito e presteza na Praça da Paz Celestial (!) em Pequim, e repetido nestes últimos dias, com êxito ao menos aparente, na cidade de Baku, capital do Azerbaidjão, não possa reeditar-se ainda várias vezes cm outros focos do Descontentamento. Admitamos, por fim, que esses sucessivos esmagamentos cheguem a impor ao Descontentamento uma caricata máscara de paz. Da paz cadavérica dos que já não possuem vida. Um tal desfecho produziria, por certo, efeitos múltiplos globais, a maior parte dos quais ainda não são previsiveis neste momento. Contudo, do ponto de vista do Descontentamento, ele só agravaria a exasperação e os queixumes, principalmente no tocante ao Ocidente. Pois, no fundo de seus calabouços, os Descontentes acrescentariam ainda algumas imprecações à jâ vasta lista das que até aqui acumularam contra nós, do Ocidente. 8-

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Navio soviético recebe mercadorias num porto norte-americano: subvenções entregues o mais das vezes não aos supliciados, vítimas de um regime iníquo, mas aos carrascos que o dominam Eles alegarão forçosamente contra o Ocidente: "Até 1989-1990, ainda não tínhamos enchido os ares do mundo inteiro com nossos bramidos. Em 1989-1990, tivemos ensejo de o fazer. Desde então, não restou nem o mais tênue véu para servir de paravento entre vós e nós. Vistes tudo, ouvistes tudo e , não obstante, ao que de insuficiente fazíeis em nosso favor, pouco acrescentastes". Mais uma vez, ser-nos-á difkil e embaraçoso responder.

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Interpelação aos dirigentes dos diversos PCs disseminados pelo mundo

Contudo, não nos iludamos pensando que, em matéria de increpações e de chamados às contas, só se pode encarar como possível a polêmica travada, de um lado, entre as vhimas que bradam através das fendas do imenso calabouço soviético, que por todas as partes vai rachando, e de outro, seus algozes; ou, então, entre as mesmas vítimas e os sorridentes e parcimoniosos benfeitores que, em favor delas, se manifestarem de quando cm vez no Ocidente, ao longo das novas etapas de servidão, que só Deus sabe quando vão terminar. Tudo isso depende de como transcorrer um fmuro, para nós ainda enigmático. Com efeito, há que encarar também como plausível ainda outra polêmica. É a das populações dos pa(ses do Ocidente contra os Hderes dos diversos partidos comunistas que o prestigio da pretensa modernidade ideológica e tecnológica do comunismo, somado por vezes à força persuasiva do ouro e à eficâcia das táticas de propaganda comunistas, instalou larga e confortavelmente em todas as nações não comunistas do globo.


e farmácias, à espera da mercadoria qualitativa e quantitativamente miserável, cuja aquisição disputavam como se fosse esmola. Não haviam percebido os andrajos nas costas dos pobres. Não haviam notado a total falta de liberdade que aíligia todos os cidadãos. Não se haviam impressionado com o tristonho e geral silêncio da população, receosa até de falar, pois temia a brutalidade das suspeitas policialescas. Não haviam esses supporters do comunismo, nas várias nações do mundo livre, perguntado aos donos do poder soviético por que tanto policiamento, se de fato oregime era popular? E se não o era, qual a razão dessa impopularidade de um regime que gastava verbas de propaganda imensas, para persuadir os ocidentais de que os russos tinham atinai encontrado a perfeita justiça social, no paraíso de uma abundãncia de recursos capaz de satisfazer a todos?

e Se conheciam o

trágico frac.isso do comunismo, por que o queriam p.ira suas pátridsl

Cardeal Joseph Ratzinger: "Não se pode desconhecer esta vergonha de nosso tempo: pretendendo proporcionar-lhes liberdade, mantêm-se nações inteiras em condições de escravidão indignas do homem"

Se os chefes comunistas no mundo livre sabiam que o fruto do comunismo era o que agora o mundo inteiro vê, por que conspiravam para estender esse regime de miséria, escravidão e vergonha, a seus próprios países? Por que não poupavam dinheiro nem esforços com o fim de atrair, para a árdua faina de implantação do comunismo, as elites de todos os setores da população, a começar pela elite espiritual que é o clero, e a seguir as elites sociais, da alta e média burguesia, as elites culturais das Universidades e dos meios de comunicação social, as elites da vida pública, quer civil, quer militar, ademais dos sindicatos e organizações de classe de toda ordem, para atingir por fim a juventude e a própria infância, nos cursos de primeiro grau? Cegou-os a paixão ideológica, a ponto de não perceberem que a doutrina e o regime que pregavam para arespectiva pátria não poderiam deixar de produzir nela frutos de miséria e de desgraça iguais aos que ocorreram nas imensas longitudes do mundo soviético, desde as margens berlinenses do Spree, por exemplo, até Vladivostok?

• Quando uma grande voz disse a verdade: surpreu • Nada viraml Durante décadas a fio, os líderes comunistas dos diversos pa(ses mantiveram constante e multiforme contacto com Moscou, e ali estiveram, mais de uma vez, recebidos normalmente como comparsas e amigos.

• Nada contaramr E sempre que chegavam de volta aos seus países tomavam imediato contacto com os respectivos PCs, onde todos lhes perguntavam sofregamente o que haviam visto e ouvido nesta verdadeira Meca do comunismo internacional que é Moscou.

• Nada haviam indag;1dol Ora, segundo tudo indica, do que transparecia dos "jornais falados" desses visitantes para o grande público, dirse-ia que, em nenhum momento dessas visitas, haviam eles procurado tomar conhecimento direto das condições em que viviam os russos e outros povos subjugados. Não haviam visto as filas intérminas que, pelas frias madrugadas afora, se formavam às portas de açougues, padarias

Com tudo isto, da negra desdita em que se achavam e se acham os povos cativos, a opinião pública ocidental formava uma idéia tão vaga que, quando em 1984, um varão de relevante intrepidez apostólica teve a coragem de dar, em algumas fortes palavras, um quadro sumário, tudo se passou no Ocidente como se uma bomba tivesse feito ouvir seu estampido no mundo inteiro. Quem foi esse varão? - Um teólogo de renome mundial, uma alta figurada vida da Igreja, em s!nteseoCardeal alemão Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. E o que disse ele? Eis suas palavras: "Milhões de nossos contemporáneos aspiram legitimamente a reencontrar as liberdades fundamenlais de que esliio privados por regimes 101alitários e ateus, que tomaram o poder por caminhos revolucionários e violentos, exatamente em nome da libertaçOo do povo. NOo se pode desconhecer esta vergonha de nosso tempo: pretendendo proporcionar-lhes liberdade, mantém-se nações inteiras em condiçôes de escravidOo indignas do homem" (lnstrnçOo sobre alguns aspectos da "Teologia da Libertaçllo", Congregação para a Doutrina da Fé, 6 de agosto de 1984, n" XI, 10). Escravidão obviamente relacionada com a miséria geral (cfr. VitCA:!'OLJCISMO -

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torio Messori a colloquio con it cardinale Joseph Ratzinge r, Rapporto sulla Fede, Edizioni Paoline, 198S, p. 201). Ele disse tudo isso, e só isso, e a o pinião pública ocidental estremeceu. Anos depois, a gigantesca crise em que se acha o mundo soviético veio provar que não só o Purpurado tinha razão, mas que, ainda, suas valcmes palavras não haviam sido senão um quadro sumário de todo o horro r da realidade.

• A grande interpelaçJo que virá De momento, o que se vai passando no mundo soviético atrai de tal modo a atenção geral, que nllo há aqui espaço para re ílcxões, análises e interpelações mais profundas. Mas para isso tudo chegará oportunamen1e o dia. E, nesse dia, a opinião pública perguntará mais agudamente aos chefes dos PCs, em todo o Ocidente, por que continuaram comunistas, apesar de saberem a que miséria o comunismo havia arrastado as nações juguladas por Moscou. Ela lhes e.~igirá que ex pliquem por que, conhecendo a situação miserável da Rússia c das nações cativas, consentiram em chefiar um partido político que nllo tinha outro obje1ivo senão arrastar para essa sit uação de penúria, escravidão e vergonha os próprios países do mundo livre, em que haviam nascido. Por que, enfim, haviam querido, com tanto afi nco, esse resu llado teneb roso, que não hesitaram em ocultar a seus próprios asseclas a verdade que a alguns - pelo menos - teria feito desertar, horrorizados, das fileiras vermel has. Esta atitude dos líderes comunistas das várias nações li vres, conj urados com Moscou para desgraçarem cada qual a respectiva pátria, há de ser considerada, pela posteridade, um dos gra ndes enigmas da História. Desde já esse enigma começa a es picaçar a curiosidade dos que têm a agudez de vistas su fici ente para perceber o problema e debruçar-se interrogativamente sobre ele.

A apreuada caiaçJo da fachada dos PCs nJo dá ga rantia de que os comunistas

estej;,m mud;,ndo e(etiv;,mente de dou trina O quad ro, velho de sete dêcadas, que tan tos líderes dos vários PCs disseminados pelo mundo nllo quiseram ou não pude ram ver - e que é agora tão cruameme patenteado pelos dramáticos acontecimentos que vllo agitando o mundo soviécico - esse quadro, dizemos, começa a projetar nestes dias visível mal-estar nos PCs de vários países. O próprio rómlo de "PC", do qual 1an10 se ufanavam, já lhes vai parecendo, no terreno psicológico, inábil e, no terreno lático, vexatório. Por isto, vários deles tendem a rotular-se agora de socialistas. Porém essa mudança não é só de róm lo - dizem - mas pretende ser tam bém de conteúdo. Tais mudanças nos sugerem de imediato algumas rcílcxões: I") O que os PCs façam no futuro nllo pode servir, só por si, para justificar o que fize ram ou deixaram de fa. zer até ago ra. Por exemplo, sua mudança de titulo de nenhum modo explica por que, até o momento, apoiaram tudo que se fazia no mundo soviético, nem o inteiro si lêncio dos PCs do mundo livre sobre a terrível miséria reinante na Rússia e nas nações cativas. Isto posto, as perguntas e interpelações que acima enunciamos continuam intactas. 2°) As mudanças em curso só poderão ser tomadas a sério caso os PCs anunciarem claramente: a) o que tenham mudado em suas doutrinas filosóficas, sócio-econômicas etc.; 10 - CATOLICISMO -

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b) por que operaram tal mudança, e que relação essa mudança tem com a perestroika. 3º) Além disso, é preciso que os PCs esclareçam em concreto: a) como enunciam , hoje em dia, suas posições face à liberdade da Igreja Católica e, mu1a1is 111111andis , das demais religiões; b) de que modo tenham passado a conceber a liberdade dos partidos políticos, bem como das diferentes correntes filosóficas, políticas e culturais etc., constante dos direitos assegurados à pessoa humana no Decálogo: c) se mudaram - e no que - suas doutrinas e seus projetos legislativos no 1ocan1e às instituições da família, da propriedade e da livre iniciativa; d) e, por fim, se consideram esse seu new /ook como uma ordem de coisas dotada de razoável estabilidade, ou como mera etapa de um processo evolut ivo tendendo a outras posições; e) neste último caso, quais são essas posições? Sem esses esclarecimentos, a apressada caiaçll.o da fachada dos PCs com cores socialistas nllo dá a menor garantia de que os comunistas mudaram efetivamente de doutrina.

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Por que combatiam implacavelmente os anticomunistas, os quais erguiam barreiras contra a penetração da desgraça soviética em seus países?

Entretanto, havia ainda mais gra ve. Por que esses lideres comunistas disseminados pelo mundo somaram à enganosa patranha do silêncio organizado sobre o " paraíso" soviético, também a detração sistemática e infatigável, durante sete décadas a fio, contra todos os que - individuas, grupos o u correntes - se empenha vam dcdicadamente em evitar para suas pátrias a dcsdita soviética, abrindo para esta os olhos da opinião pública?

• As redes internas a serviço do ;,dversário moscovita Nessa difamação, de torrencialidade e cont inuidade diluvianas, os PCs tiveram a agilidade de montar a seu serviço redes inteiras de auxiliares que, instalados em categorias sociais insuspeitas de favorecerem o comunismo, entretanto tinham em suas fileiras considerável número de inocentes ú1eis, de destros executores da tática doceder J)(Jra ntlo perder etc. Tudo concebido e resolvido em cada pais com os matizes peculiares às circunstílncias locais .

• Inocentes úteis: clérigos, burgueses e políticos que n.Jo atacavam o comunismo, mas mantinham um incessante dilúvio de difamações con tr.t ~s org~niz~çóes anticomunistas Os inocentes úteis eram adestrados em apagar a noção da nocividade do comunismo, e de sua importância co-


Chegará o dia em que a opinião pública exigirá que todos os líderes dos PCs no Ocidente expliquem por que consentiram em chefiar um partido político que tencionava lançar seus respectivos pafses numa miséria do tipo soviético, a qual eles já conheciam. Na foto, Carrillo e Marchais, líderes dos PCs espanhol e francês.

mo perigo próximo para cada pa(s. Inocente útil era de preferência um clérigo de aparência conservadora, um pacarn e despreocupado burguês, um polftico que se diria absorvido inteiramente nas tricas, micas e mo11inifadas aideológicas da politicagem. E assim por diante. Nenhum deles via, na mfdia, nem sequer o pouco que esta veio difundindo sobre as mazelas internas do regime comunista. Nem percebia o avanço da ofensiva vermelha, na vida interna do país. Não temia para o dia de amanhã um golpe comunista e, menos ainda, uma vitória comunista. Vivia tranqüilo, e espargia em torno de si a despreocupação. Tudo isto importava em que criassem em torno do anticomunismo um clima de prevenção e desdém, simétrico e oposto ao clima de simpatia e confiança que sua própria inocência, tão raramente sincera, constituiu em beneficio do comunismo. O comunismo jamais se absteve de aproveitar também a colaboração de estultos, dos quais diz a Escritura que "infinitus est numerus" (Ecdes. 1,15) no geral da humanidade, e "quorum parvus est numerus" nas fileiras vermelhas Note-se bem que, o mais das vezes, os inocentes úteis não !ornavam a iniciativa de falar contra as personalidades ou grupos anticomunistas, porque preferiam ignorátos sistematicamente. Porém, quando, em alguma roda, alguém relatava algum fato desairoso, atribuindo-o a este ou àquele personagem ou grupo anticomunista, o inocente útil era o que mais pressurosamente acreditava no fato, mais se indignava com ele, mais frequentemente tinha algum pormenor (verossímil ou inveross[mil) para "confirmá-lo".

Pelo contrário, se alguém, na mesma roda, contasse algum fato desabonador de um personagem ou grupo comunista, o inocente útil, munido das dúvidas sistemáticas de um método de análise benevolente, imediatamente se punha a pleitear circunstâncias atenuantes em favor da inocência do incriminado, se desolava CQm o risco de que investigações policiais descabidas abalassem a tranqüilidade das familias das pessoas assim visadas etc. etc. No que, tudo, poderia haver certa dose de eqüidade e bom senso. Mas, sobretudo, de velhaca e bem disfarçada parcialidade em favor do comunista. O que se evidencia tomando em consideração que todos estes dulçurosos ademanes, o inocente útil s6 os tinha em favor de personagens e grupos de esquerda. E nunca jamais em favor de personagens de direita. Em toda esta conduta, o habilidoso inocente útil jamais tinha uma palavra em prol do comunismo. O que era indispensável à sua ação. Pois se elogiasse em algo o comunismo, despertaria suspeitas, deixaria de parecer inocente e, em conseqüência, deixaria de ser útil.

• T~refa de outros inocentes úteis Outros inocentes úteis desenvolviam um trabalho tático peculiar. làmbém eles jamais deveriam dizer uma palavra explicita em favor do comunismo. Sua tarefa essencial consistia em "esquentar" o esquerdismo de todos quantos ainda não fossem comunistas, levando-os, em conseqüência, a colaborarem, se bem que só em parte, com o PC respectivo. Por exemplo, em uma roda de fazendeiros algum tanCATOLICISMO -

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10 indolentemente contrários à Reforma Agrária, este tipo de inocente útil devia tao-só lamentar a improdutividade de certos latifúndios, e mover a uma atuação antilatifundiária os que com ele concordem. Portanto, a uma ação agro-reformista que realizasse, pelo menos em parte, o plano de Reforma Agrária integral, que é a meta visada pelo comunismo. Assim, os comunistas e os inocentes úteis passariam a agir em fren te única em favor de uma Reforma Agrária moderada. Estaerasóaprimeiraetapa. Pois, nesse grupo "moderado", o mesmo inocente útil inicial "esquentaria" alguns em favor de um fracionamento confiscatório, também de propriedades de !amanho médio, e não só do latifúndio. Era um convite implicito para que, obtido mais este resultado, todos os esquerdistas rumassem com ele, cm freme única, em direção a nova etapa, isto é, a reforma eonfiseatória de todas as propriedades rurais, grandes ou pequenas. Ficava assim atingida a meta agrária última do comunismo.

• Outros cooperadores do comunismo E , assim por diante, se poderia falar dos que aplicam a tática do ceder para ntJo perder etc. etc. Mas isto não faria senão alongar excessivamente o preseme 1rabalho. Para se ter um quadro geral do que seja a avançada do comunismo em um pais, é preciso ter em vista, pelo menos, o que aqui acaba de ser descrito O sinistro deste quadro está, sem dúvida, e de maneira principal, no próprio sinistro do destino comunista preparado para o pais em foco

e

A tentativa de demoliçJo pela calúnia: a inocuidade dos estrondos publicitJrios contra a TFP b rasileiril

Mas ele consis1e também na requintada injustiça com que, a serviço do avanço do inimigo, se procura cobrir de calúnias cochichadas e de fonte anônima, e assim arrastar pelas âguas sujas da difamação, aqueles que tinham e têm por "culpa inexpiâvel" defender o país contra os que lhe querem impor o terrivel destino sob o qual se contorce, uiva e se revolta um nllmero crescente de nações ou etniascaovas E âs vezes essas investidas, bafejadas e apoiadas pelo comunismo, quando nao suscitadas direta ou indiretamente por ele, nllo se têm restringido a calúnias cochichadas, mas se têm avolumado a ponto de tomar as proporções de verdadeiros estrondos publicitários promovidos com grande estardalhaço contra a TFP brasileira nos últimos 24 anos. São ao todo doze estrondos, cada um dos quais se ergue como um tufão devastador, ao qual a TFP parece que não resist irâ Este tu fão encontra desde logo o apoio de todos os clãs de inocentes úteis disseminados pelo pa[s, com suas diversificadas e infatigâveis equipes de detratores especialmente afeitos a operar no recinto das fam!lias, das sacristias, dos clubes e dos grupos profissionais Enquanto tudo cochicha, tudo ferve, tudo berra, a TFP prepara tranqüilamente sua réplica. E quando esta afinal sai a lume, sempre serena, cortês, mas implacavelmente lógica, a argumentação de nossa entidade vai fa1.endo calar o adversârio. Este quase nunca treplica, e se vai recolhendo à sua toca. O mesmo fazem seus supporters de todo est ilo e gênero. Grndualmcnte, todo mundo vai 12 -

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"esquecendo" tudo: o inimigo bate em retirada, sem que, na generalidade dos casos, a TFP tenha perdido um só sócio, cooperador ou correspondente, um só benfeitor, amigo ou simpatizante. E se bem que esses "estrondos" procurem, tanto quanto passivei, se expandir por toda a terra, nada tem impedido que a grande familia de TFPs coirmãs e autônomas - no mundo hodierno, o maior conjunto de organizações declaradamente anticomunistas inspiradas no Magistério tradicional da Igreja - continue a crescer. E isso de tal modo, que existem presentemente TFPs em todos os continentes. Enirementes, vieram os dias de Gorbatchev, os quais vão desfechando no que se vê. E agora a verdade dos fatos na Rússia soviética e no imenso conj unto de nações subjugadas estA patente aos olhos de todos. As TFPs têm o direito de consignar de público estas reflexões, e de interpe!ar especialmente os seus opositores mais diretos, os Hderes comunistas do Ocidente.

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A grande cruz:

luta com os irmãos na Fé

Porém, por mais que se alonguem estas reílexões, por força da complexidade do tema sobre o qual versam, não poderiam elas omitir um pomo capital. 1:: o longo desentendimento - a tantos e tantos titulas doloroso - com grande número de irmãos na Fé.

• De Pio IX a Joio Paulo li Jâ nos dias sofridos e gloriosos do pontificado de Pio IX (1846-1878), a coletânea dos documentos pontifícios deixa ver a oposição radical e insanável entre a doutrina tradicional da Igreja, de um lado, e de outro lado, os devaneios sentimen1alóides do comunismo mópico, bem como o assalto rancoroso e pedante do comunismo científico, ou marxista. Esta incompatibilidade não fez senão vincar-se no decurso dos pontificados posteriores, como demonstra, por exemplo, a afirmação lapidar de Pio XI, contida na Enciclica QuadragesimoAnno de 1931: ''O socialismo (. . .)funda-se (. . .) numa concepçtJo da sociedade humano que lhe é própria e inconciliável com o verdadeiro cristianismo. Socialismo religioso, socialismo crisrllo silo termos que uivam de se encontrar j11ntos: ninguém pode ser oo mesmo tempo bom cmólico e dizer-se verdadeiro socialista" (A cta Apostolicoe Sedis, vol. XXIII, p. 216). E, ainda mais notadamentc, o famoso decreto de 1949, da Sagrada Congregação do San10 Oficio, promulgado por ordem de Pio XII , vedando a lodos os católicos, sob pena de excomunhão, qualquer forma de colaboração com o comulàis atos pontificios visavam, de um lado, coibir ovazamento de católicos para as fileiras do comunismo. Mas também a infiltração dos comunistas nos meios católicos, sob pretexto de uma colaboração entre uns e outros para a solução de certos problemas sócio-econômicos. Este ponto era particularmente importante, pois, estendendo a mllo aos católicos ("politica da mão estendida") para essa falaciosa colaboração, os comunistas declarados e notadamente os inocentes úteis de 10dos os matizes entravam numa convivência fami liar e assídua com os católicos. criando clima propício a seduzir, para


o pensamento e a ação marxistas, considerável número de filhos da Igreja.

• A era da Ostpo/itik v;,ticana Ao longo de toda a imensa máquina de propaganda do comunismo internacional, desde o Kremlin até a mais apagada célula comunista de vilarejo, começou a se registrar, no mundo inteiro, uma série de atitudes um tanto distensivas, quer em relação ao conjunto das nações livres do Ocidente, quer em relação às diversas igrejas, e notadamente cm relação à Santa Igreja Católica. Daí uma nova atitude daquelas e desta em relação ao mundo de além cortina de ferro. Tui mudança já se tornara visível no pontificado do sucessor imediato de Pio X II , o Papa João XXIII (1958-1963). E essa tendência a distensão se foi prolongando até nossos dias, em que culminou com a recente visita de Gorbatchev a João Paulo li Em 1969, com a inauguração da Ostpolitik do Chanceler teutônico Willy Brandt, esse vocábulo alemão entrou em voga nos meios de comunicação social. E, assim, acabou por se aplicar também à politica distensionisca do Vaticano. Na realidade, aliás, esta última precedeu cronologicamente o distensionismo de Bohn. Evidentemente, de Pio XII a João Paulo li, houve uma imensa modificação na linha diplomática do Vaticano, relativamente ao mundo comunista. Esta matéria envolve, sem dúvida, aspectos doutrinários, que dependem do Magistério Supremo do Romano Pontífice. Mas, essencialmen!e, a matéria é diplomática e, em seus aspectos estritamente cais, pode ser objeto de apreciações diversas da parte dos fiéis. Assim, não temos dúvida em afirmar que as vantagens obtidas pela causa comunista com a Ostpolitik vaticana não foram apenas grandes, mas literalmente incalculáveis. É exemplo disso o ocorrido no Concílio Vaticano II (1962-1965) De fato, foi na atmosfera da incipiente Osrpofitik vaticana que foram convidados representantes da Igreja greco-cismática ("Ortodoxa") russa para acompanharem, na qualidade de observadores oficiais, as sessões daquele Concilio. Vantagens da Santa Igreja nisto? Segundo até o momento se sabe, magérrimas. esqueléticas. Desvantagens? Mencione-se uma só. Sob a presidência de João XXIII e depois Paulo VI, reuniu-se o Concílio Ecumênico mais numeroso da História da Igreja. Nele estava assente que iriam ser tratados todos os mais importantes assuntos da atualidade, referentes à causa católica. Entre esses assuntos não poderia deixar de figurar - absolutamente não poderia! - a atitude da Igreja face ao seu maior adversário naqueles dias. Adversário tão completamente oposto a sua doutrina, tão poderoso, tão brutal, tão ardiloso como outro igual a Igreja não encontrara na sua História então já quase bimilenar. Tratar dos problemas contemporâneos da religião sem tratar do comunismo, seria algo de tão falho quanto reunir hoje em dia um congresso mundial de médicos para estudar as principais doenças da época, e omitir do programa qualquer referência à AIDS ... Pois foi o que a Ostpolitik vaticana aceitou da pane do Kremlin. Esse declarou que se, nas sessões do Concilio, se debatesse o problema comunista, os observadores eclesiásticos da igreja greco-cismática russa se retirariam definitivamente da magna assembléia. Estrepitosa ruptura de relações que fazia estremecer de compaixão muitas almas sensíveis, pois tudo fazia temer, a partir dai, um recrudescimento das bárbaras perseguições religiosas para além

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Para. evitar que as representantes da Igreja greco-cismática ("Ortodoxa'') russa (foto) se retirassem da Magna Assembléia, da qual participavam como observadores, o Concílio Vaticano li não tra.tou da AIDS comunista

Pio XI: "Socialismo religioso, socialismo cristão sã.o term os que uivam de se encontra.r juntos"

da cort ina de ferro. E, em atenção a esta posslvel ruptura, o Concilio não tratou da AIOS comunista! A mão estendida era coberta por uma bela luva: a luva aveludada da cordialidade. Mas, por dentro da luva, a mão era de ferro. Sentiam-no as mais altas autoridades da Igreja. Mas isto não impediu que prosseguissem na Ostpofitik. O que foi levando crescente número de católicos a tomar em relação ao comunismo uma atitude interior equivalente a uma verdadeira "queda de barreiras ideológicas". E, no terreno da ação concreta, a colaborar cada vez mais com as esquerdas na ofensiva contra o capitalismo privado, e em favor do capitalismo de Estado, na ilusão de que o primeiro era oposto à "opção preferencial pelos pobres", ao passo que o segundo tinha várias afinidades (ou atê mais do que s6 isto) com tal opção tão preco nizada pelo at ual Pontífice. Oh que cruel desmentido lhes iníligiu o capitalismo de Estado!

• A TFP na torment.;1 Todo esse suceder de fatos verdadeiramente dramáticos não podia deilrnr de sobressaltar a fundo (não fosse a confiança na Santíssima Virgem, melhor seria dizer "angustiar de modo atroz") os componentes da TFP brasileira. Por isso, logo na poluída e sombria "madrugada" desta crise, o pugilo de ca1ólicos do qual nasceria de futuro 14 -

CATOLICISMO -

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nossa entidade, deu a voz de alerta (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, Em defesa da Açdo Ca1ólica, 1943, prefácio do Cardeal Bento Aloisi Ma.sclla, então Nllncio Apostólico no Brasil. - A obra foi obje10 de expressiva carta de louvor, escrita em nome do Papa Pio XII, pelo Substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, Mons. J. B. Montini, mais tarde Paulo VI). Incontinenti partiu dai uma geral saraivada de contra-ataques, que desfecharam em que grande número de meios católicos - pepineira de futuros comunistas nas agitações dos anos 1963-1964 - se cerrassem à nossa ação. Assim, ecumênicos com tudo e com todos, e notadamente com os esquerdistas, os católicos de esquerda se ma nifestavam desde então inquisitoriais em relação a nós! Engajou-se assim a parte mais dolorida de nossa luta. Esta luta, antigamente a traváramos contra o lobo devorador. Agora, nossa própria fidelidade à Igreja levava-nos a travá-la contra ovelhas do mes mo reba nho. E, oh dor das dores! atê com pastores deste ou daquele rebanho bendito de Nosso Senhor Jesus Cristo. Toda essa luta, tão longa e gotejante de lágrimas, de suor e do sangue das decepções, a TFP a historiou em dois livros, um deles recente (Meio skulo de epopéia anlicomunista, 1980; Um homem, uma obra, uma gesta, 1989). Estão eles ao alcance de qualquer interessado, no endereço abaixo. Desnecessário é resumi-los aqui. Diga-se simplesmente que, com o apoio das valentes e brilhantes TFPs então existentes, respectivamente na Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela, foi lançado o documento intitulado A polflica de dis1ensbo do Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitir-se? ou resistir?, em que todas as nossas entidades coirmãs e autônomas se declaravam em estado de respeitosa resistência à Ostpolitik vaticana. O esp!rito que as levou a isso - e que hoje anima igualmente as TFPs e Bureaux depois constituídos em 22 paises - se pode resumir nesta apóstrofe da mesma declaração: "Nesle aio filial, di~emos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só n4o nos


J....

t' --

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Por ordem de Pio XII. a Sagrada Congregaç4o do Santo Oflcio promulgou em 1949 o famoso decreto, vedando o todos os católicos, sob pena de excomunh4o, qualquer formo de colaboraç4o com o comunismo

mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe". •

lnlerpelilçjo1 -

NJo; apelo fraterno

A vós, diletos irmãos na Fé, a cuja vigitAncia a falácia comunista transviou ou está em vias de transviar, não faremos uma só interpelação. De nosso coração sempre sereno parte, rumo a vós, um apelo repassado de ardoroso afeto in Christo Domino: diance do quadro tcrrivel que nestes dias se esboça a vossos olhos, reconhecei, pelo menos hoje, que fostes ludibriados. Queimai o que ajudáveis a vencer. E combatei ao lado daqueles que ainda hoje ajudais a "queimar". Sinceramente, ca1egoricamentc, sem ambiguidades tendenciosas, mas com a franqueza tão enormemente respeitável que é incrente à contrição humilde, voltai vossas costas para os que cruelmente vos têm enganado. E ponde cm nós vosso olhar, serenado e fraterno, de irmãos na Fé. Este é o apelo que vos fazemos hoje. Ele exprime nossas disposições de sempre, as de ontem como as de amanha. Nas palavras fina is deste documento, nossa 11oz se carrega de emoção, a veneração as embarga, nossos olhos filiais e reverentes se levantam agora a Vós, ó pastores veneráveis que dissentistes de nós. Onde encontrar as palavras

de afeto e de respeito próprias a depositar cm vossas mãos - em vossos corações - em um momento como este? Melhores não as podemos encontrar senão, mururis mutandis, nas próprias palavras que, em 1974, dirigimos ao hoje falecido Paulo VI. Pronunciamo-las gcnuílexos, pedindo vossas bençãos e vossas orações. Temos dito. As várias interpelações enunciadas nos itens 2 a S, e o apelo aos católicos de esquerda (item 6), fá-los a TFP, por sua conta e risco, no presente documento, publicado com a aprovação unânime dos membros do seu Conselho Nacional. Corno é óbvio, assiste a qualquer dos interpelados ou àqueles a quem se dirige o apelo - o direito de responder. E, pelo óbvio motivo da proximidade, tal resposta constitui não apenas um direito, mas um dever, para os lideres comunistas do Ocidente e os da esquerda católica. A eles, pois, nossa pergunta final; calar-vos-eis ou falareis? A palavra está convosco. São Paulo, 11 de fevereiro de 1990 Festa de Nossa Senhora de Lourdes CATOLICISMO -

Março 1990 -

IS


Discernindo,

d istinguindo, c lassificando ..

FOLGUEDOS QUE SE FORAM 0 1!~. ~~ ~~:~~/!~

5 ~ia ças. E como todas as crianças do mundo, brincaram. Jà lhes ocorreu comparar os folguedos de seus tempos de infância com aquclcsaquescentrcgamhoje meninos e meninas? A comparação~ rica deen$inamcntos. Há não mui!o tempo, a "Folha de Londrina" (4--9,88) estam• pava uma reportagem sob um sugestivo título: "Para onde foram ascamigasderocfa?"Ne!ascdizia: "Uma volta pela cidade num fim de diadesoljánâoprovoca tantasnostalgias.Mesmonosbairros mais distantes, as cantigas de rodacasbrincadcirasderuafo. ramsubstituidas( ... )jánãoscroda tanto pião( ... ). Um aparelho de TV numa sala pouco vemila-

da atrai muito mais as crianças dchoje."Areportagemlamenta-

vanãohavtrmais"a suavemelodiadcumacantigadcroda. Não dimaisparamatarsaudadcsandando pelas ruu dos bairros de hoje. Rela-rda, roda pião, bafo, lenço atrás, esconde-esconde, mlle-da-ruaeinúmerasbrincadeiras parecem superadas( ... ) Surgiram osk?-tC, ovideogame, os robôs e os carrinhos movidos por controle remoto A televisão tambtm. (... ) Os jogos improvisados que antes ocupavam quintais e ruas hojed.aolugaraosjogosindumialiudos". Poder-se-iam lembrar ainda as bolinhas de gude (as havia verde csmeralda, a:i:ulturqucsa,leitosas,etc.);ossoldadinhosdcchumbo,tllo cncamadoreselão formativosdocaráterdomcnino:ocmpinar de papagaios: e muitos outros. Alib,meninosemenino..sbrincavamern separado. 1:. natural . Elas gostavam iobretudodebonccas,devcsti-lascomeuidadooomose fosscrn5uas íilhinhas; deleitavam-se também cm pular corda, etc Eles olhavam-nas com certo ar de superioridade: "ooisa5 de m,;ninas"; elas, por sua vci:, vingavam-S<' mantendo em rclaçlloaosmeninos uma i;upina indiferença: "esses brutalhl)cs"'. De fato, as coisas entre eles eram um pouoo mais rudes, por vci:es havia rusgas, podla-S<'chegar a alguns safanões, mas a "encrenca" dentro em pouco era e!iquecidae o convivioserestabclecia S<'m problemas Crianças assim, alegres, inocentes, brincando, eram encontradas cm t0do lugar,aqualqucrmomentododiacfa-

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ziam parte da paisagem de praticamente todas as cidades brasileiras. Nlo podemos e§<lueccr os jogos mais reflexivos, formadores do pensamento, corno o xadrb e mesmo damas e dominó. Haviaaindaasfestascspcciais,aguardadas com ansiedade. As fogueiras de SlloJollocomosoltardeball)csquesubiam aos céus e se transformavam em luieiros itinerantes. O Silbado de Aleluia em que era "malhado o Judas" O boneco de pano era preparado com antecedência e, no sàbado, amarrado a um poste. Cada menino com um porrete ou equivalente na mllo (podia sc:r umcabodeva=ura);oJudaseraaspcrgido com gasolina ou àlcool. Ao meio dia em ponto, quando os sinos das igrejas anunciavam o Aleluia, punha-se fogonoJudasecomeçavaa"malhaçllo". Primeiramente no boneco ainda amarrado ao poste. Em S<'guida, umdosmeninos,comumacordapreviamentepreparadaparaaocasião,arrastava pelas ruas o traidor em chamas, o qual ia recebendo vigorosu pautadas dos guris que corriam atrãsesaltavam de alegria. De vez cm quando sobrava uma paulada para o braço ou as costas

de alguém, mas fazia parte da ícsta Aestaaltura,oSr.ouaSra. queatéaquimeacompanharam podem estar pensando: "mas nllofoicitadatalbrincadeiraassim de que me lembro: tal outra, acima descrita, eu aoonheci com alguns matizes difcrentcs".Realmente,CS5CSfolguedos S<'beneficiavamdeumavitalidade e '"riatividade tais, que se mult,y licavam por si mesmos e variavamquaseaoinfinito.Folgucdos inocentes, aguerridos, alegres Hoje, o que vemos? Loao deinlciooonstata-sc:queonúrnerodecriançasdiminuiuenorme• mente. As que conseguiram sobreviver aos anticoncepcionais e ao aborto, filhas de pais freqüentemente desunidos - rnorandocomamãeeo "namorado"damãe,oucomopaiesua concubina-saoemgeral tristes. Pareccndonllotermaisvitatidade para criar sc:us próprios folguedos, u1ilizam brinquedos mecllnicos que S<' movem por si. Passam horas deitadas num sofá, ou diretamente no chDo. olhando desinteressadamente para o vídeo da TV ou meio hipnotizadas por atrizesdemoralduvidos.aquesee,i_ibem em programas ditos iníantb. Os bonecos com que brincam perderam sua bele:-:'u~t~:~:~tassaram a ser monsQuasc não tendo mais personalidades distintas, meninos e men inas vivem promiscuamentcentresi,vestindorouPM $Cmelhantes, quando não todos scmi-nus. No intcrior de suas almas a frustraçllooscorr6i. e os prepara em considcrâvclnúmerodecasosparascentregarem maistardcaosviciosdasensuatidadeedepois da droga A essa derrocada foram levadas nu• merosissimas criançu, porque os adultos hã tempo vêm abandonando os regeneradores hàbitos e princlpiosda Santa Igreja Católica. Os próprios sacerdotes do Senhor, protetores natos da ir1oclncia, por que não mais a defendem? Em depoimento transcrito na mesma reportagem acimacitada,apsicóto• ga Maria Aparecida Trevisan conclui melancolicamente: "As crianças perderammu "to".


História Sagrada em seu lar noções básicas do culto devido a Deus,dossacrillcios, dasemana c dasantificaçãodo sttimodia, dosanjos e doscspiritosmaus; numapalavra, toda a Religião fundamental

Decadência e idolatria

A TORRE DE BABEL ''ÜsTRtSFILHOSdeNoé(Sem, CameJafet) e seusde:scendenteshabitavam primeiro no mesmo país, situado en1re (os rios) Tigre e Eufrates: era a planíciedeSenaar,depoisMesopotãmia. Quando se multiplicaram a pomo de nãopodercmmaishabitarjumos,disseramentre si"( I)· "Vinde, façamos tijolos e cozâmo-

los

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fogo. E serviram-se de tijolos

em vez de pedras, ede betume cm vez dccaltraçada;cdisseram: Vinde, faça mos para nós uma cidade e uma torre, cujocimochegueatéocéu; e tornemos célebreonossonome antesquenosespalhemos por toda a terra" (2).

Con(usão d;u linguu e dispersão "Deus não gostou da empresa porque era sinal de um orgulho ba!ofo" (3) "OSenhordesceuaver a cidade e atorrequeosfilhosdeAdãoedificavam, e disse: Eis que são um só povo e têm todos a mesma língua; e começaram a fazercstaobra,cnãodesistirãodeseu imcmo,até queatenhamdc todo cxccu tado. Vinde, pois, desçamos, e confun damosdetalsorteasualinguagem, que um não compreenda a voz do outro. E assimoSenhorosdispcrsou daquele lugar por todos os países da terra, e cessaram de edificar a cidade. E por isso, lhe foi posto o nome de Babel, porque ali foi confundida a linguagem de toda a terra, e dai os espalhou o Senhor por todas as regiões" (4) ''OnomedeBabcl, significandocon fusão, ficou posto nesta torre cujos destroços têm sido achados. Tais minas, trazidas à luz pelo s arqu~-ólogos modernos, vêm nosdar,depoisdetamosséculos,umaconfirmaçãodahistória(narrada por) Moisés.

Ab,tmindo a /ran,undênâa dt1 Dw.,, 01 homens dúxomm-,c levar pelo orgulho, co,utruindo a lorn dt1 Babtll

''Jáquenão se comprcendiammais, os descendentes de Noé espalharam-se em todos os palses do mundo. Este fato se dava cerca de um século dep0is do dilúvio

Formação dos idiomas e dos povos - Tradições "Doisgrandesfatoshistóricosforam oresultadodestaconfusaodeBabel deu origem a idiomas múltiplos, e os homens dispersaram -se para serem os fundadores das várias nações "Importa notar que os homens, ao separarem-se, levaramparatodaaparteastradiçõesdosacontecimentosante riores: a idade áurea ou estado de inocência; a quedado homem; o século de ferro, isto é, uma época de desordem e desgraça; a promessa de um Salvador; a audácia e impiedade dos gigantes; o dilúvio universal; asalvaçãodeumsó homem justo; e com estastradições,as

"Porém, ao passoqu~sciamafastandodeseuberço,os homens perdiam as sãs tradições que tinham recebido dos antepassados "A soberba dos homens também atirava os espíritos para oserrosmaisgrosse1ros;jáosllomensnão queriam mais dar fé senão ao que viam: eraaimpiedade;não qu·seramma·sadorar senão as coisas que podiam contemplar· foi a idolatria .. ... co~ '~ id:~:~~~ç!~;

a gera, tornou-seun· versal.Dcusdesconhecido,ocultosupremorebaixadoàscriaturasenegadoa Deussó;ofogo,oar, asestrelas,osol,alua,divinizados; ... . asplantascosanimaissubstítuindoa divindade Finalmente, o homem foidivinizandoasprópriaspaixões;aba fando o remorso, chegou a cometer, por prindpio de religião, crimes horrorosos que revoltam a natureza "O mal já tão grande grassava de um modo espantoso. Para que não invadisse o gênero humano cm peso, oTodoPoderosochamouaAbraãoparaele serochcfedeumaraçafie1"(5). D Notas (l) Mons. Cauly, Curso de Instrução

Religiosa - História da Religião e da Igreja, Livraria Francisco Alves, 1913, p.29 (2)Gên. 11, 3-4 (3)Mons.Cauly,op.cit. p.29 (4)Gên. 11,5-9. (5)Mons. Cauly, op.cit p. 29-31

CATOLICISMO -

Março 1990:..... 17


Uma escada elevando corações ao alto Uma artística escada

de acesso ao coro, existente na capela de um colégio feminino, no Estado de Novo México, Estados Unidos, atrai anualmente milhares de visitantes e tem atrás de si uma belíssima história de fé e devoção.

Uma nove"" a Siiojoié " um.a~ alcal1fllda: a artl.,t,'ca ..cada constitui a/,into t,o.ro as almas d,iootas, causando também esperialadmiraçi,)a ,ng•nheiro,, man:,inn"ro• ,icorpin!fl'rw, .•

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PARTINDO do Estado de Kentucky e após três meses de viagem por rio e estrada de ferro, em maio de 1852, chegaram à cidade de Sania Fé, Novo México, quatro abnegadas religiosas da Congregação de Loreto e de Nossa Senhora ao Pé da 'Cruz, para ali estabelecerem uma escola para meninas. Para isso, muito se empenhara o Bispo local, Dom Jean Baptiste Lamy. Nesse cenário do faroeste americano, uma aventura, sublime e verdadeiramente heróica, de almas ardentes pela expansão do Reino de Cristo, tornou-se visível com a edificação de novos conventos, capelas e escolas De fa10, a semente do colégio desejado por Dom Lamy desabrochou inteiramente, vindo a marcar muito a fundo a vida e a história da cidade. Em 1873, já estavam as Irmãs construindo a capela dedicada a Nossa Senhora da Luz, cujos arcos em forma de ogiva, bem como os vitrais, de algum modo faziam brilhar novamente traços daquele estilo arquitetônico que surgiu na Europa medieval, sob a inspiração da Igreja, e que ficou conhecido como estilo gótico Encontrava-se a construção já em fase final, quando depararam as Irmãs com um problema, decorrente da morte de um dos vários arquitetos que sucessivamente dirigiram a obra. Com aproximadamente 8 por 25 metros, a capela apresentava um pé


São José: inteligente, criterioso, ardente, carinhoso, alma de fogo! A SAGRADA Liturgia celebra a

19dcstcmêsa festa do glorioso Patrono da Igreja, São José. Habitualmen1c,asimagensdeSão José representam-no como um homem que. à forca de ser simples, ficou com aspecto um tanto simplório, sorrindo

como quem não estâ compreendendo bem as coisas, sem firmeza de vonta-

de, não sendo verdadeiro chefe nem dirigente.

Ora, foi em suas mãos que Deus entregou o maior tesouro que houve na terra, e que jamais haverá igual na História, Nosso Senhor Jesus Cris-

to, o Filho de Deus humanado! Foi São José quem tomou conta desse tesouro! Deus só poderia ter designado um homem de alto critério, elevada

prudência,muitodiscernimento,cspecial carinho, para cercar da meiguice

necessâria-meiguiceadorativaeveneradora - o Filho de Deus humanado. E, ao mesmo tempo, um homem capazdcenfrentarqualquerdifieuldade, com inteligência e com força, à vistadeumadversàrioqueseerguesse. Os inimigos ergueram-se logo de inicio: a perseguição que Herodes moveu contra o Menino-Deus, o massacredosinocentes,anecessidadedefugirparaoEgito. São quatro palavras: fugir para o Egito. Hoje em dia parece uma coisa tão simples ... Ir para o

direito proporcionalmente bastante alto. Não comportava, em vista disso, que a escada de acesso ao coro se elaborasse segundo os padrões habituais. Nao se conheciam, sobre esse ponto, os planos originais. E os peritos consultados não sabiam o que propor. O recurso, nessas circunstâncias, foi uma novena a São José, que na cidade de Nazaré foi também carpinteiro. Ajoelhar-se, suplicar, confiar ... Não é esta, nas dificuldades grandes e pequenas, a atitude própria à piedade católica? Apenas concluída a novena, alguém bateu á porta do Convento. Era um senhor que se apresentou como carpinteiro: soubera do problema da construção da escada e vinha

Egi10 é tão natural: toma-se um avião e vai-sede Jerusalém para o Egito. No tempo dele não era assim. Era precisoviajaremdorsodeanimalatravés de desertos, nos quais havia bandidos e feras. Na faixa desértica mais próxima de terra aproveitável, com vegetação,começavamosperigos:animais selvagens, bandidos dispostos a saquearosqueviajavam,enãosópara apropriar-se de seus objetos, mas também para reduzi-los à escravidão, levando-os presos e vendendo-os em mercados de escravos. Toda espécie de perigos! Quementalidadeprecisavateressehomem, quecoração,quealmade fogo, para guiar através de tantos perigosoMeninoJesuseNossaSenhora! EleeraoesposodeMariaSantissima. E entre esposo e esposa é preciso haver uma certa proporcionalidade, uma certa correlação. Não pode o esposo ser demasiadamente superior à esposa, nem a esJX)sa demasiadamente superior ao esposo. Como deveria ser um homem que tivesse certa proporção com Nossa Senhora? É assombroso! As imagens habitualmente não mostram isso, ao contrário desta pinturadosantovarlloqueapresentamos a nossos leitores. São José é aí representado na sua pobreza, nasuasinge-

oferecer-se para resolvê-lo, embora na bagagem que trazia sobre seu jumento houvesse apenas poucas e rudimentares ferramentas. A sua proposta, como é natural, foi logo aceita. Trabalhando de modo recolhido, realmente construiu ele a estrutura da escada, sem os corrimãos. Essa estrutura espiral se compõe de peças de madeira, presas com tarugos também de madeira, sem quaisquer pregos ou parafusos. Além disso, faz duas voltas de 360 graus, sem eixo central de apoio. Certo dia, quando já havia construído o essencial da escada, o habilidoso carpinteiro partiu, sem aprese111ar a conta e sem solicitar o pagamento. E nunca mais voltou ...

lez.a, como simples operário em Nazaré, mas o é também como homem de inteligência, de critério, firme, uma alma de fogo, ard.ente, contemplativo, umaalmacheiadecarinho. Ê um quadro que representa bem a füionomia espiritual de São José. Não é pintado por algum artista célebre, mas por um indíp:ena anônimo da época colonial do Equador. Ele, certamente inspirado por uma fé autêntica e singela, interpretou bem o papel deSãoJosé,esoubeexprimi-lornediante uma pintura de boa qualidade.

A Madre procurou localizá-lo na região, mas não conseguiu, pois absolutamente ninguém o conhecia. Sua obra foi chamando cada vez mais a atenção dos especialistas, tanto no que diz respeito à técnica usada na sustentação, quanto à perfeição geométrica de seu desenho, obtida unicamente pela habilidade manual. Outro ponto que merece ser ressaltado é o número de degraus da escada. Com efeito, foi aos 33 anos que Nosso Senhor expirou pregado na Cruz, para Redenção do gênero humano. O fato de ser também 33 o número de degraus da escada, constitui mais um revelador detalhe, cheio de simbolismo. Em 1968, devido à crise provocada pelo "progressismo" - que infelizmenCATOLICISMO - Março de 1990 -

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te já tomava graves proporções na Igreja, fazendo minguar em larga medida a vida religiosa - e também em razão das crescentes limitações impostas pelo governo norte-americano ao ensino religioso, as Irmãs encerraram suas atividades em Santa Fé. O Colégio Nossa Senhora da Luz fechou suas portas, sendo o prédio vendido três anos depois e transformado em hotel. Não obstante, a capela permanece aberta ao público, embora à maneira

de museu. Para conhecê-la o visitante adquire um ingresso, e enquanto contempla seu interior pode ouvir a narração de sua história através de equipamento de som. Ora desperta a curiosidade, a análise, a admiração e a piedade de muitos, ora deixa os céticos num silêncio ocasionado pela perplexidade. Há poucos anos, após ampla pesquisa, a professora Mary J. Straw publicou sobre o assunto, cm primorosa

apresentação gráfica, o livro intitulado ''Lorctto, thc Sistcrs and their Santa Fc Chapei" (1). Figurando também em cartões postais, a artística capela é focalizada igualmente no guia de informações sobre Santa Fé, o qual chama a atenção do leitor para sua m ilagrosa escada.

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(1) Ed. Loretto Chapei, Santa Fe, Mexico, USA, 1984, 152 pp .

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CONGREGAÇÃO das Irmãs de Loreto e da Virgem Maria ao pé da Cruz, foi fundada em 1812 em Kentucky pelo Pe. Charles Norinckx, fugi tivo das perseguições movidas à Igreja pela Revolução Francesa. De início, dedicaram-se as Irmãs primordia!menteaocnsino decriançasde linguainglesa. Dispondo-se a abrir um colégio numa região de cultura hispânica, como o Novo México, essas religiosas - que fo ram calorosamente recebidas com arcos floridos na rua e cânticos populares acompanhados com guitarras tiveram de fazer um considerável esforço para sua adaptaçM, não apenas aprendendo castelhano, mas sobretudo enfrentando a grave situação de desconforto e precariedade da primeira residência que lhes foi destinada. Além disso, a viagem de Kentucky a Santa Fé, percorrendo parte do interior norte-americano no sentido lestesudoeste, compor1ava então numerosos riscos, alguns dos quais chegaram a concretizar-se tragicamente. Por exemplo, vitimadas por uma epidemia de cólera, duas das seis Irmãs que compu20 -

CATOLICISM O -

nham essa primeira comitiva vieram a falecer a meio caminho . Mais tarde, noutra comitiva, outra Irmã morreu atingida por uma flecha de índios. A construção do Colégio Nossa Senhora da Luz, ao longo dos anos, muito bem ilustra o cuidado e a lisura em meio às preocupações com dlvidas contraídas - na administração do dinheiro recebido de doações, mensalidades e, inclusive, da venda de produtos de sua própria horta e pomar. Todas as entradas e despesas acham-se registradas em vários livros, numa espécie de contabilidade doméstica, que hoje constituem para os pesquisadores uma fonte de referências acerca das fam!lias da época. Também o pagamento de todos os operários acha-se anotado. Com exceção, evidentemente, do pagamento ao autor da escada ... Quando a Capela estava já concluída, Madre Madalena escreveu: "A propósito dos assuntos temporais, a melhor e mais consoladora (pelo menos para mim) informação que eu posso dar é que nós estamos, graças ao Sagrado Coração, à Santíssima Vir-

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gem e ao glorioso São José, livres de dividas". Étambémsignificativaamaisantiga das referências sobre o Colégio, em livro publicado por John G. Bourke, oficial do Exército norte-americano, que percorreu a região em 1881: "Passei primeiro por um vasto pomar com árvores frutíferas de diversas variedades, depois uma horta e então entrei no corredor do Convento . Limpeza irrepreensível era a regra geral por toda parte, não sendo visivel o menor sinal de poeira. "Ninguém atendeu nossos toques de campainha, de modo que nos consideramos autorizados a entrar na Capela, admirável peçadearquitcmra religiosa no sudoeste do pais. "Uma escada geométricamente muito bem construída conduz ao coro onde as Irmãs cantam durante as celebrações dos Santos Ofícios. "Foi para mim um imenso prazer conhecer este amável e pequeno templo, tão doce, tão puro, tão luminoso, atestando a constante presença de pessoas tão delicadas e gentis ... "


Revivendo a arquitetura gótica EM 1851, AO TOMAR posse co-

mo Bispo de Santa Fé, Estado do Novo México, que pouco ames havia sido anexado à federação norte-americana, Dom Jean Baptiste Lamy deparouse, entre outras dificuldades a serem sanadas, com a precária conservação de algumas igrejas, as quais, segundo suas palavras um tanto espirituosas, faziam lembrar a Gruta de Belém. Procedendo da França, onde fez seus estudos num ambiente de relativo reflorescimento católico após a Revolução de 1789, Dom Lamy trazia na alma um natural apreço pela arqui-

tetura gótica. Já desde o século XV, o gótico vocábulosurgidona ltâliarenascentista trazia consigo uma conotação pejorativa; ele indicaria um estilo artístico idealizado pelas populações da cha· mada "Idade das trevas", que provinham das tribos bárbaras - os germanos - dentre os quais sobressaiam os godos. Dai o termo gótico. E como desdobramento dessa concepção, para a qual só a arte clássica,

greco-romana, tinha valor, a Catedral de Notre-Dame e outras igrejas foram gravemente danificadas, no período iniciado em 1789, pelas hordas de revolucionários. Entretanto, passado o auge da tempestade, a saudade da piedade, da arte e das glórias medievais suscitou, a partir da França, um renascimento da arquitetura gótica pelo mundo afora. leve destacada atuação, nesse sentido, o arquiteto Eugéne Viollet-Le-Duc, que deitou todo seu empenho na restauração de muitas das igrejas e peças artísticasque a Revolução, em suas manifestações de ódio, danificara ou destruira. Dom Jean Baptiste Lamy, na pequena cidade de Santa Fé, ao esboçar seus planos para a edificação da capela do Colégio, tinha em mente uma outra capela, célebre por sua beleza e por sua condição de relicário da Paixão do Redentor. Quis o Prelado que a capela das Irmãs tomasse como modelo a Sainte Chapelle, construida em Paris pelo Rei São Luís IX, para abrigar a Coroa de Espinhos de Nosso Senhor.

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CATOLI CISMO -

Março de 1990 - 21


SATANISMO, DROGAS E MODA EM

MATAMOROS (México), a Polícia procurava localizar Mark Kitroy, universitãrio texano, desaparecido havia dias. O capataz de uma fazen-

da a 35 quilômetros da referida cidade, ao lhe ser mostrada l1- foto do jovem, afirmou que vira Ki!roy numa cabana de madeira, perto dali. No casebre, os policiais encontraram uma caldeira com sangue humano seco e restos de miolos também humanos. Outro recipiente continha uma mistura de cabelo humano, uma cabeça de bode e pedaços de galinhas. Num curral próximo desenterraram não apenas o cadáver do universitário, mas ainda de 13 outros indivíduos do sexo masculino. Os cadáveres apresentavam horríveis marcas de torturas: incisões com navalhas, perfurações com facas, cabeças decepadas, órgãos genitais arrancados. As suspeitas recaíram sobre uma quadrilha de contrabandistas de maconha. Interrogados, seus integrantes confessaram sem remorsos os assassinatos, além de explicar os motivos. Eram adeptos do vudu (espécie de macumba originária do Haiti) e haviam sacrificado suas vitimas ritualmente com o fito de obter a proteção do demônio para seu comércio criminoso . No enterro das 14vitimas,parentes de cerca de cem pessoas desaparecidas na região estiveram presentes, para verificar se entre os mortos havia algum familiar.

Ficou moderno, está na moda afirmar com faceirice que o demônio voltou à atualidade. Há congressos sobre ele, dedicam-lhe capas de revistas, cientistas, parapsicólogos, psicanalistas se deliciam em longos comentários a respeito do anjo rebelde, ainda habitualmente apresentado como símbolo de sentimentos humanos ou metáfora explicativa de aspectos da realidade. Antes, foi também moda, no terreno dos costumes, derrubar as barreiras de horror contra a devassidão mais despudorada, muito especialmente através das novelas de televisão. Sucedeu um trágico desmoronamento da vida de família e grande parte do público, mcs22 - CATOLICISMO -

Março 1990

;

mo de hábitos conservadores, algum tantoinsensivelmente,acostumou-sea este estado de coisas. Na esfera religiosa, um ecumenismo mal-entendido derrubou as barreiras de horror frente à heresia, obnubilando em largas camadas dos fiéis a noção, antes viva, de que a lgrcjaCatólica é a única verdadeira. Acostumaramse a considerar indistintamente todas as religiões, até mesmo a macumba e o vudu. O que antes espantava, no caso a adesão ao erro, hoje é visto com indiferença ou até com postura relativista, por muitos dos que tempos atrás se horrorizavam com isso. AcostumaAnalogamente, está cm curso urna espécie de "ecumenismo" em relação ao demônio, práticas satanistas, cultos esotéricos. As barreiras de horror

EmMatamo,os (Mb:i~o), ,-.,101 mortai,dtvítimaJ imoladasf"'r atüp101 do vudu.

que os isolava do grande público vêm sendo desfeitas por um pinga-pinga contínuo de notícias, umas francamcntc bcnignas, outras afetando imparcia!idade, pouquíssimas com o timbre da objetividade horrorizada, próprio à doutrina católica . Aos poucos, grandes parcelas do público as tomará como aspecto habitual do quotidiano contemporâneo. Se elas não fizerem um esforço especial para manter a nitidez de vista e a integridade do juízo, caminharão para considerar o fenômeno como natural. Insensibilizadas, acostumar-se-ão com a sordice e o crime, conaturaisàs práticassatanistas. Para lá nos precipitamos. A menos que tenhamos a inconformidade resoluta dos espíritos saudavelmente reativos. PtRICLES CAPANEMA

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Escrevem os leitores • Triste Pol6nla Quero relatar-lhe a viagem

que fizemos à Polônia, no segundo K mcstrc de 1989. JAao

entrarmos no avião da estatal polonesa, "Lot", em Londres, começamos a sentir os efeitos damisériacomunista:gemcfria,

avião velho e ruim . dâ medo dccntrarcalivioaosair. Adecolagem e o pouso são phsi, mos, parecem feitos por all.inos deeKoladcaviação. ChegamosemVarsóvia,de· pois de uma ausência de 44 anos, e notamosqueaspessoas mudaram. Frias, silenciosas, dcsatcnciosas,cabisbaixas,semprcaresmungar.Aale11riadcsapareceu. Ninguém sorri. Fazia-

mos parte de um grupodebra-

sileirosemexcursão,oomrotciropré-estabelecido,hotéisdeterminadosevisitasprogramadas. Passamos a primei ra parte daviagememcasadeparentes. De Varsóvia tomamos o trem paraLegniça,cidade a70quil õmetros da Alemanha Oriemal. Otrajeto,rela1ivamen1epequeno,foipcrcorridoemseishoras. Trem phsimo, bancos de madeira, vagões tipo cargueiro adaptadosparapassageiros,sem banhciro,sujos,passageirossilenciosos, não falam nem dão nenhuma informação. Tentamos perauntaralgocorriqueiro aumasmhoraafimdeentabularmosumaconversa;aresposta veio seca e pouco amistosa: "devia saber isto!". Após o qucapassagciralcvantou-see foiscntar-sc numlugardistante. Nossos parentesesforçaramse muito para nos dar um bom atendimento com os poucos recuT50S cxistentes. O apartamento é parte de uma antiga casa de uma família, provavelmente modesta, o qual se compõe de umandart~reo,umandarsupcrior eumsó1ão.Todasa.shabitaçõessãoestatais.Oalugucl é baralo,rnasédiflcilconseguiron-

de morar, jà que ningu6n sai deondeestá.Nossosparentesre-sidem no andar superior, que tem doisquartos,sala,co1.1nhaebanhciro.Numquanoresideminha cunhada, noutro residem o filho eanoradela,eum fllhodocasaldormenasala. Nacvent ualidadedeofllhodeminhacunhadaconseguiroutraresidencia,o quartoqucagoraocupaserãdcstinado pelo Estado a outra familia, desconheóda dele,, que usarà a 001.Ínha e o banheiro comuns! Eles possuem um minúsculo quintal onde conseguem criar alguns marrecos e galinhas. O almoço era sempre com batata, carne de porco e repolho. Às vezescarnedemarreoo oudegalinhadoquintal.ACU· nhada, jà aposentada, de 60 anos, ainda trabalha numa fãbrieaestataleganha oequivaleme a 13dólares por m!s. O atendimento nas lojas é ~ssimo, pois as pessoas são funcionàrias do Estado e não têm nenhum interesse em atender bem. Falta quase tudo e hifilasparatudo.Atéparapcrguntarsehàdeterminadoproduto é preciso entrar na fila. 'f:.. grande o número de ~bados, de todas as idades. A vodka é muitobarata.Naspadariasnão hâpapclparacmbrulharopão, queédepé$simaqualidade,duro, intragável. Parece velho. A segunda parle da viagem, fizemos junto com os out ros da excursão. Compramos com antecedênciaapassagemdetrcrn. Nodiaehoramarcadosestãvamos naestaçãoe ... otrem passoulotado.Fomostirarsatisfação com o chefe da estação e ele simplesmente disseque nada poderia fazer e deu-nos as cos1as. Maisume11emplodoserviçopi1bliconumpa!ssocialista! A viagem, com os demais CJCcursionistas, era feita de õnibus. Noõnibushavia um motorista e umguia.Oguiasóviajavadentrodarespectivaregião esempre

quesaladelacrasubstituido.O mo1oris1a disse que, se não fosscaexcursão, jamaisnavida deletcriacondiçõesdeentrarnum hotel. Dormirali,então,seriatotalmente impossível. Tem um salãrio de da dólares por mes. Acomidanoshotfue.--aconstituldainvariavelmentedebatata, carne de porco e repolho. Batata, só trk ou quatro cm cada prato. Não havia comida à vontado como aqui . O café eradepé$simaqualidade. Enao adianta reclamar, pois não dão atenção. Qualquer pedido extra devia ser pago cm dólares e a atendentenAo sa!adamesaenquantonlo fosse pago. Curiosamente, os polonescs que conscsuem obter diploma decurso superior defendem es• sa misériaeémuitodiflcilque façam uma critica séria. São ligados acerta ala do clero e por eladirisidos. Após nossa viagem, recebemos no Brasil a visita de um primo polonês, de 31 anos, ensenheiro meclnioo; aesposatrabalha na empresa aérea "Lot", comsalâriodedczdólarcsmensais.Eles tfm um apartamento naPotõnia,dedoisquartos,ad· quiridopclosistemadeconsór· cio, comtru[do por uma empre-

sa austriaca. ~ do tipo de nossos BNH, com 52 m-2. Podem moraraicnquantovivcrem,nao podem vender, nem trocar. nem atusar.Ocas.alconsesuiuparticipar do consórcio porque a esposa trabalhou dez anos na Alemanha Ocidental e pôde guardar uns dólares para fazer a aquisição. O marido trabalha para a marinha mercantepolonesa e ganha 30 dólares por mes. O que possuem é graças aos 'bicos' efetuados no mundo capitalista. Quando pcrsuntamos por que não ficam no mundo ocidental,jãquelàsóCJCistemiséria, ele respondeu que jamais poderia desertar ou pedi r Milo, pois tem um irmão que t oficial da mari nha polonesa, o qualser iasumariamentedemitidoda marinha, perderia a residência que possui da marinha, asregaliascomool'icial,canti· na. E qualquer pessoa de sua famllia que trabalhasse para o governo (todos são funcion.11riosdogoverno)seriam imediatamente demitidos.Liberdade ... A sua melhor aquisição du· rame toda essa viagem foi um chuveiroquente/frioda"Corona",omaisvulgarno8ruil(J 1nln1Walisb, f1orianópolis-SC).

CATOLIC ISMO - Março 1990 -

23


Collor na hora da valentia PLINIO CORR1A DE OLIVEIRA

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A

"Folha de S. Paulo" publicou, em /4./ -90 - um editorial -

intitulado "Choque de Coragem" em que sugeria aopresideme cleiio CollordeMello

uma série de medidas

a serem

aplicadas

em

sua g estao

á freme do Pais.

A rcspciro desse ediwrial, o referidodiáriopaulisrano pediu a opini/Jo do Prof. Plínio Corréa de Oliveira, o qual a externou mediante o artigo abaixo transcrito (FSP, 19-1-1990).

Ü

editorialdel4/0l,da"Folha",

foi um verdadeiro "choque de coragem",

pois, com valentia pouco comum entre nós, contundiu fortemente um tabu dominant e navidapúblicabrasi!eira. Em outros termos, os reai s problemas sócio-econômioos do pais vinham sendo apresentados geralmente ao público com e;,,;ageroeunilateralidadc berrantes. Exagero porque, cm muitos casos concretos, o mal, sendo embora grave e decorrente de causasal!amemeccnsuráveis,nãooétanto quanto se dii. Unilateralidade porque desconhece, ou pelo menos subestima, os muitos aspectos positivos que avultam na realidade nacional. A isso, areaçãomaisfreqüente temsido uma compaixão emoliente e choraminguenta, voltada de imediato para concessões irrefletidas, que desfechavam quase sempre cm afundar-nos progressivamente noatoleirodocapitalismodcEstado. 0 e parceriacom cssacompaixão, vinha boadoscdevelhacariapoHtica. O grande pilblicofoitomandocomoautenticastodas as descrições pejorativas da realidade. A demagogia eleitoreira lucrava quando um candidatoacargoeletivolevavaaoauge as "reivindicações" que em turbilhão poluíamnossoambiente,justasalgumas,exageradas muitas, febricitantes e ululantes quasctodas. Assimurgiaquealguémfalasse averdade clara e tonificante, e propusesse as me24 -

CATOLICI S MO -

M a rço 1990

didasfortes esalubres queoeditorialda "Folha" propõe. Não que nele concordemos com tudo. Vejo nele obscuridades que preocupam. Por CJCemp!o, as "reformas abrangentes quealteremoperíildadistribuiçãodare11da" incluem as desastrosas "reformas de base'',queogovcrnoSarncy c aConstituinte lamentavelmente tanto favoreceram? O que é precisamente o "fortalecimento do papel social do Estado para enfrentar a miséria"? Semembargo,alinhageraldoeditorialda "Folha" merece aplauso e descortina esperanças. Se o presidente Collor, comanálogacoragcm,quisertornarefetivasasaspiraçõesdamaioriaqueo cle geu, é de presumir que se afane em dese mpenhar um programa na linha do referido editorai. Desmemiria todo o meu passado, se não realçasse um ponto. Se a situação brasileira chegou às proporções monstruosas queoeditoria! descreve, é porque não encontrou em seu caminho a oposição clarivident e, corajosa e fron tal de todas as forças vivasdanacionalidade.Pelocontrário,quase todas elas se puseram a corteja r cada vezmaisademagogia,àmedidaqueesta avançava, e mesmoquecom isso praticassem o haraquiri em si mesmas. Lcmbromc aqui de várias atitudesarquetipicasde uma potSncia es piritual e de outra econômica do pais, atiásem ge ral boas amigas: a CNBB e a Ficsp. Massesechegouaisso,foinotadamenteporforçadeumconceitoerradode bondade: ser bom seria dizer sim a tudo; ser mau seria dizer não. Quem, como a TFP, se viu na contingência de dizer inúmeras vezcsnãoàdemagogia, erafacilmente apontadocomomau;quem,pelocontrário, encabeçasseafarãndoladosuiddioda o rdem atual era "bom". Problema moral profundo que, cm nosso país,sóa Igreja pode resolver. Masque temo não seja solúvel enquanto não se resolver a crise tremenda que vai assolando a Igreja por toda a terra ...

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CIRCULAR de automóvel pela grande metrópole soviética é tão perigoso quanto correr o rali de Paris-Dakar - para a coluna vertebral do passageiro ou para os amortecedores do carro. Circular a pé não é mais seguro: mesmo as calçadas parecem ter sofrido um terremoto. Nunca se viram avenidas tão esburacadas, ruas tão lamacentas. E a cada ano, ao primeiro sinal de neve, a cidade fica paralisada pela falta de equipamento para retirãla: os planos qüinquenais ainda não se amoldaram ao ciclo das estações ... A pouca distância do centro turístico - avenidas centrais-, Moscou parece devastada por uma guerra. É fácil comprová-lo ao entrar nos pátios cobertos por restos de construções, nos vãos de escadas onde pinga água suja, prejudicando os minúsculos pardieiros que apenas o Governo comunista ousa qualificar como apartamentos: esqueletos de elevadores, restos de caixas de correio, degraus arruinados ... Mesmo as contruções em vias de acabamento já parecem a ponto de desabar: tijolos mal colocados, vigas suspeitas. Colados aos sete grandes edifícios stalinistas que dominam Moscou, telas metálicas protegem os pedestres contra quedas de pedras! De ano cm ano, Moscou se degrada, sem retorno possível. Falta dinheiro? Não só. Falta sobretudo motivação. Nenhum moscovita está pronto, por 200 rublos mensais - duas vezes o preço de um par de botas - , para fazer o menor esforço. A perestroika não derrubou a surrada e abstrusa regra do socialismo: traba-

lhando ou não, recebe-se o mesmo salário . Portanto, não se trabalha. De uma maneira geral, já que nada funciona, é melhor resignar-se. Quando uma máquina quebra, por que consertá-la? Centenas de bondes e tróleibus estão condenados ao depósito, ''em reparos" . Quer dizer, encostados, e por longo tempo. Daí, as filas intermináveis de moscovitas que se aglutinam, cabisbaixos, em cada parada. Daí, também, ainsegurançageraldiantedosriscos materiais de toda espécie: as crônicas diárias da Rússia estão repletas de navios que afundam, de trens quedescarrilham ou de aviões que se chocam. No ano passado apenas, foram registradas cerca de 200 mil vitimas de acidentes de trabalho! Meses atrás, um vazamento numa indústria petroHfera transformou os esgotos da capital em oleodutos ... Assim é Moscou - desfigurada, desaparelhada, arruinada, onde as pessoas se acotovelam, freqüentemente com brutalidade, diante de balcões desesperadamente desprovidos de v[vtres. Existe apenas a extorsão. Mais da metade dos crimes e delitos cometidos na Rússia, incluídos os 16 mil assassínios anuais, são pcrpeuados por indivíduos com menos de 30 anos. Sobretudo agora, a geração pós-Gorbachev, quase sem medo da KGB, é a da malandragem e do "cada um por si". Como espantar-se, diante dessas condições, que a economia continue a afundar e que a penúria se generalize? ARMANDO BRAIO ARA

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C ATOLICISMO -

Março 1990 -

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Teologia da Libertação identifica-se com marxismo

Transerevemos abaixo três cartas do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicadas na imprensa diária. Os subtítulos são dos jornais que as publicaram. Banho de Sangue Noartigo''Vitóríanaderrota",dosr. Florestan Fernandes (25/12/89) leio: "Agora, ou a mudança social estrutural vem por bem ou terá de surgir rega· da a sangue. por uma guerra civil. .. ' ' Assim,oconhecidosociólogo caracteri za, esperançado, a situação resultante das últimas eleições. Tenhoesseautornacontadecategóricoadepto da democracia política. E não compreendo como possa eleconsiderarsemrepulsaaeventualidadc de que, se nossa pátriarecusar,nodecursodopresente periodo pós-eleitoral, a "mudança social estrutural" queelepareceaspirar.sejapunidacomumbanhodesangue. O que importa em obrigá-la ditatorialmente a ser como ela nãoquer - conformeoresultadodolll1imopleitobemdemonstra. A tal respeito, agradeceria umae)lplicação"(PlinioCorrea de Oliveira,"Folha de S. Paulo", 4-1-1990).

Mud;rnças regadas a sangue Emcartapublicadanaseção "PaineldoLcitor"dessematutino (cdiçãode4-l-90), pedi esclarecimentosarespeitodeuma 26 -

CATOLICISMO -

afirmaçãocontidanoartigo"Vitória naderrota"dosr. Florestan Fernandes, estampado na ediçãode25-12-89. Oarticulistaatéagoranãoscmanifcstou. Contudo, o presidente da Associação dos Docentes da Universidade do Rio de Janeiro.sr. Roberto Abreu.em missiva ao "Painel do Leitor", inserida na edição de !O do corrente, assevera: a "afirmação de Florestan Fernandes segundoaqual 'amudançasociales(rutura! vem por bem ou terá desurgirregadaasangue'( ... ) apenas constata uma realidade histórica amplamente documentada". Ora,o sr. F. Fernandes não selimitaa"constatarumarcalidade histórica", mas manifesta claramente a esperança de queaalternativapore!c aventadaserealize,transformandoassimemvi!óriaaderrotaeleitoraldasesquerdas,comootópico final de seu artigo e o próprio título indicam. Tenho ademais um reparo afazeráspalavras do sr.Abreu: incomàveisbrasi!eiros-entre osquaiseu - nãoconhecemos documentos que comprovem serinevitàvel''amudança cstrutural" em nosso pais "ter de surgirregadaa sangue",como prognosticaoconhecidosociólogo F. Fernandes. Estou certo de que, para o sr. Roberto Abreu, a imprensa brasileiraestáaberta.Assimsendo, faria ele um grande bem aoPais sedesse apúb!icoas provas em que se baseia para lançar se u sinistro prognóstico Seráaomesmotempopatriótico e amável queas divulgueo quanto antes (Plínio Corrêa de Oliveira, '"FolhadcS. Paulo", 26-1-1990).

Março 1990

SANTIAGO, Chile - O prof. Gustavo An!onio Solimeo, sócio da TFP brasileira, proferiu uma série de conferências nesta Capital e outras cidades do Pais, a convite da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Acompanhando de longa data o desenvolvimento da Teologia da Libertação e suas implicações sociais, Gustavo Antonio Solimeo foi co-autor em 1982 com o Prof. Plinlo Corrêa de Oliveira e Luls Sérgio Solimeo - da obra "As CEBs ... das quais muito se fala, pouco se conhece, a TFP as descreve como são". As conferências, realizadas no salão Libertadores, do prestigioso Hotel Carrera, em Santiago, bem como em diversas Universidades do Pais, suscitaram vivo interesse em professores e universitários, e no pú· blico em geral; causando também indignação em elementos esquerdistas, seguindo-se acalorados debates. Com base em sólida documentação, o conferencista mostrou que a Teologia da Libertação não pode reivindicar para si a qualificação de teOlogia, segundo a própria etimologia e uso corrente da palavra ao longo dos séculos. De fato, essa pseudo-teologia se ocupa unicamente do homem, visto numa perspectiva terrena, política; a suposta "emancipação sócio-econômica" e política do homem numa "sociedade opressora". Outro mito desfeito por Gustavo Antonio Solimeo é o de que a Teologia da Libertação seja efetivamente libertadora. Pelo contrário, ela é escravizadora, por reduzir o homem a uma dimensão meramente terrena, sem transcendência, identificando o que chama de "Reino de Deus na Terra" com o regime socialista e comunista, o qual é de si mesmo escravizador, não obstante as maquiagens feitas por Gorbachev. Depois de se referir às condenações da Santa Sé à Teologia da Libertação, o conferencista alertou para o papel dos moderados na difusão dos erros da Teologia da Libertação. Comparou-os aos girondinos, os quais, durante a Revolução Francesa, concordavam com os jacobinos, radicais da época, no que diz respeito às metas, divergindo apenas quanto aos meios, que desejavam mais lentos e graduais.

Falas do Papa. Em carta por mim publicada na "Folha de S. Paulo" de 4docorrente,soliciteiaoDeputado pelista e sociólogo FlorestanFcrnandesumesclarecimentosobre aseguintc frasecomidaem artigo dele: "Agora, ou a mudança social estrutural vem porbemouterádesurgirregada a sangue, por uma guerra civil, que deixou de ser potencial" ("Vitória na derrota",

''FolhadeS. Paulo'', 25-12-89). Pareceterassumidoosr. Roberto Abreu, Presidente da Associação dos Docentes da Universidade do Rio de Janeiro, o encargo de me responder, em nome do parlamentar, o que feiemcartadirigidaaessejornalem J4docorrentc. Para tal efeito o sr. R. Abreu citatrêspronunciamentosfeitos por João Paulo [] em sua visita ao Brasil, em 1980. Segundo parece ao sr. Abreu, esses


tópicosserviriamdefundamcnto à cstranha afirmação do sr. F. Fernandes. A isto respondo 1°) Da alocução de S.S ao Corpo Diplomático o sr. Abrculimi1a-se aci1arascguín1c frase: "Onde falta ajustiça, a sociedade está ameaçada por den tro". Porém, imediatamente depois,o Pont!ficeacrescenta:"lstonão q ucrdi zerqueastransformaçõesnecessárias paraque haja uma justiça maior devam reali7.ar-senavio lência,narevolução,noderramamentodesa ngue,poisaviolénciaprepara uma sociedade de violência, e nós,cr istãos, nãopodemosdarlhenossaaprovação''. Precisamente nesse pon to, a linguagem usada na alocução pontifíciacntraemchoquecom adosque,vaticinandooempregodaviolênciacomo ahernativa para a solução dos problemas criados por uma sociedade injusta, parecem ver na e Fusãodosangueumaviaapropriada para quca sociedade humanachcgue aumaordemd c coisas normal. Na alocução do Pontlfice na fave la do Vidigal, as palavras são genéricas: "Asociedadequenãoésocialmente justa, e não am biciona tornar-se ta l, põe em perigo o seu futuro". Perigodoque?Decriseseconõmicas ou políticas? De amplos movimentos grevistas? De violência? O Pontlfice não entra cm pormenores. Porfim,aspalavras pronun-

ciadas por Joã o Paulo li em Salvadorforamasseguintes:''A rcalizaçãodaj ustiçanesteconti nente está diante de um claro dilema , ou sefazatravésdereformas profundas e corajosas (... ) ou se faz (o sr. Abreu omitiunestelugar,asseguintes pa lavrasdoPontífi ce:" - mas scmresultadoduradouroesem bcncfícioparaohomem,disto estou con vencido - ") pelas forças da violência" Note-se ames de tudo que S.S. fala aqui mui to genericamente, de todo o continente, e não só doBrasil.Emconsequencia,eletememvistaalgoapassar-seprocessivamente, emescala muito ampla, pela ação de causas profundas, naturalmente diversiFicadas em cada pais segundoasrespectivaspeculiariedades. Algo que só poderia consumar-se lentamente, e m tempos muito diversos. E não algo para consumar-se no Brasil especificamente, como fruto próximo da derrota eleito ral de Lula, segundoparece esperaro sr. F. Fernan des. 2°) De qualquer maneira, as palavras do Sumo Pont!fice citadas pelo sr. Abreu constitu em um julzo sobre matéria concreta e contingente. É realmente tão grave a crise referida pelo Sumo Pontificc?Estende-seelaefetivamentea todo o continente? Só há para ela as duas saídas apontadas por ele? É bem evidentequeojuizo doChefe SupremodaCristandade, em matériascomo estas complexas, amplí ss imas, impor-

Doloroso sintoma de degenerescência Solicitado a opinar sobre o episódio da prisão do p refeito de Washington, Marion Ba rry, imp licado no consu m o de cocaín a, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, P res id e nte do Conselho Nacional da TFP , declaro u á imprensa paulista : "É um doloroso sin toma da degenerescência mora l das nações do Ocidente. E las constituíram o utrora a Cristandade na qual br il haram a fé, a moral c ristã e todos os frutos de uma civilização e m pleno desabrocha r. E com unicaram g rande parte desses tesou ros às naçõesame ricanasqueclasfundaram. " Decaindo nel as a fé e a moral, co ntaminaram nos com sua decadência. Corrupcio optimi pessima : ai estão os rcsuh ados ."

No decorrer de 1989 os cara vanistas da 'Tradição, Familia e Propriedade realizaram campanhas públicas para vendas de.obras em 573 cidades, localb:.adas nos mais dfrersos pontos do Pafs. Por ocasião dessas campanhas, os j o vens cooperadores da TFP ti m visitado doentes em hospitais, levando-lhes uma pa/a1•ra de conf orto e destribuindo medalhas e estampas de Nossa Senhora. Na f oto, aspecto do inicio da campanha realh.ada na histórica cidade de São Cristóvão, em Sergipe.

tando no conhecimento exato de quadros es tatísticosporassim dizer infindos, na controvertivelinterpretaçãodessesquadros segundo principiostécnicos nu merosos e complexos - esse juízo, dizíamos, que versa pois sobre maté riaalheiaao MagistériodaSanta Ig reja, pode incluir afirmações inexatas.Assim,pronunciamentos pontificios sobre tai s matérias devem seraco!hidosco m veneração e filial afeto,p0rémnãoobrigamcmconsciência o fiel a dar-lhes adesão interna. Isto é sobretudo verdadeiro no que se refere ao Brasil, pais arespeitodoqualseteceuto-

da uma legenda negra de miséria popular, aqua!, sem ser ín teiramenteerrnda, emretanto é muito e muito exagerada. Recomendo ao sr. Abreu qucleiaa esse propósitoolivro "I s Brazil Sliding Toward thc Extreme Left?", do sr. Carlos Dei Campa (Thc American Society for the Defense ofTradition, Familyand Propcrty, Nova Yo rk, 1986), o qual desbarata os principais erros dessa legenda At é quepontoterátallegendainíluenciadoovenerávelpronunciamento do Soberano Pontifice? (Plinio Corrêa de Oliveira, "O Globo", 28-1-1990).

C ATOLI C ISMO -

M a rço 1990 -

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Cultura e requinte no Brasil Sou O

SIG NO da Cruz, os bravos navegadores portugueses, descendentes dos heróis da Reconquista Ibérica, descob rira m o Bras il e aq ui pla111a ram as se~ mentes do Cristia nismo. Com o passar do tempo, essas sementes, regadas pelo suor e até mesmo pelo sangue dos missionários, se desenvo lvera m sob o in íl uxo d a Santa Igreja, gerando frutos que constit uem ainda hoj e o melhor de nossas trad ições, de nossa cult ura e de nossas inst i1uiçõcs sociais e polít icas. Em bora nascida e inspirada pela mesma Fé, a Civili zaç!lo Cristã tomou aspectos e ma ti zes d iversos de acordo com o fe it io, o tem peramento e o modo de ser peculiar de cada povo. Em nosso Pais, por exemplo, a arte ba rroca, gerada na Europa pela Co111ra-Reforma, adquiriu um colo-

rido lodo especial, que pode ser a preciado nas faustosas igrejas colo niais espalhadas pelo imenso terri tó rio brasileiro. En1reta nto, na:o só na a nc sacra encontrou a Civilizaçll.o Cris1ã solo fénil no Brasil . Mesmo no campo temporal, ela bafejou escolas art is1 icas e estilos arq uitetôn icos com no1as d e originalidade. Exemplo eloq üe nte disso sl\o os sola res da rcgiao ca feeira do Bras il Imperial. Observe o léito r, na fotó apresentad a nesta página, a sóbria construção de linhas singel as , mas de onde se desp rende certa ma rca de requi nte e bom gos to, ao

28 -

CATOLIC IS/\·10 -

Marso 1990

mesmo tempo a fável e acolhedora, tão carac terís tica do modo de ser brasile iro. A exuberante vegetação tro pical, já um tanto penicada , perdeu a i o seu as pecto agressivo, para servir de agradâvel moldura ao solar e proteger da inclemência do sol os seus morado res. O gramado se desdo bra como um tapete A fre nte d o edifício, for mando um a mbiente de indiscut ível disti nção . Assomando ao amplo terraço da casa, imagi namos de bom grado Prelados e Comendado res, Marquesas e Conselheiros de Estado reunidos cm to rno da famíl ia nu m dia de festa , o bservando o crepúsculo e o espetáculo do di a que chega ao fim. Se então pcneuâssemos em seus salões, com certeza encontraría mos móveis de jacara ndâ lav rado, e mesmo baixelas de o uro e prata, ta peça rias orientais e francesas, reíleti ndo-se nos espelhos e nos cristais ve nezianos . Construida na segunda metade do século passado pelo Visconde de Vista Alegre, na pequena localid3de de V3[ença, no inter ior do Rio de Ja neiro, essa bela construção, digna de figura r com desiaq uc em o utros países o nde flo resceu o estilo barroco, é ape nas uma amostra das incontâveis e o rigi nais residências palacianas q ue bem ex primem o grau de cultu ra e de requinte qu e atingiu o ut ro ra nosso pat riciado rural. Belo 1cstcmunho da fecundidade da Civilização Cristã no Bras il.



tirdas 19 horas, assedia11doos visi1a11tes.

e

Moscou-li

Daja11da do ônibus que os condu:tia ao aeroporto de Moscou, os jornalistas puderam prescnciar outra cena allamente constrangedora para a Meca vermdha:cemenasdepessoas, aoredordopr~iodaEmbaixada americana, acotovelando-se para obter um visto que lhes l)('rmita deixara RUssia ...

e e

Estatais: calamidade nacional

Asdezmaiorescstatais brasilciras si.o responsáveis por 70 por cento dos gastos públicos. Somadas às dez seguintes, atinge-se o tola! de 90 por cento. A menor delas ainda supera cm tamanho o maior grupo privado nacional. O Brasil, de modo quase unânime, clama pela privatização dessas OllCrosas e ociosas repartiçõespUblicas. Quem, entretanto, disporà de verba e intcres~e para comprá-las? De fato, a política econômica socializante atê aqui adotada acatx:rn criando problrmas calamitosos.

Colocar mima praça pllbtica a figura horrmda do principedastrevasétudoquantopossa haver de mais afrontoso á tradiçãoca1ólicabrasileira!

e

Moscou-!

Os jornalistas que aco mpa11haram o Preside11te elei10 do Brasi l na viagem á Rí,ssia não precisaram sair do Hotel Cosmos para constatar a dccadêneia doimptriosoviético. Vários pontos do saguão principal do hotel - onde íal; 1aatécomida -estãoconstantemente enchartados por causa das goleiras no teto. Como se isso não bastasse, prosci tutastransitamimpávidas pcloscorredoresdohotcl,apar-

Odemõnk> na Praça

Setores políticos e artísticos nacionais, comunmue bafejadospela''mldia",intentamapresentar Salvador como a capital do assim chamado culto afrobrasileiro. Não é raro encontrarem-se logradouros pllblicos, monu memos,auditóriosetc .. de nossa primeira Capital. ostentando símbolos inequívocos dediversasen1idadcs pagãs. Tal pernicioso modismo parece agora tcr chegado a 5eu zênite. Sob os auspícios das autoridades locais, o escultor Mário Cravo. cognominado pela imprensa "o Bru,,.o", construi u uma horrenda figura de diabo -comtridentecchifres-, ins tala11do-anaPraçadosCorreios. no centro da cidade. Denominou-a E~u. nome do orid que rcpresemaodcrnônionorcfcridocul10 afro-brasileiro. 2-

CATO U CISMO - Ahr il /Maio 1990

" Façanhas " da

perestrolka

Garrafas de água mineral com ratazanas mortas boiando cmseuintcrior,abrigoscsportivoscom bolsos assimétricos ou geladeiras que dão choque ao sere m tocadas- eis o que foi exposto no Palàcio das Realizações da Economia Soviética, cm Moscou. O evemo mostra justamen1~ as "realizações'" comunistas noquetêmdernaiscaracterlstíco:produtospcrigosos,defchuosos, dcmáqualidadcouantediluvianosemrelaçãoaospadrõcs rnlnimosdoOcidente. Alguns casos pa recem realmcmedehumornegro:numsaco que a c1iqucta indica ser de biscoi1os,sósecncontraumpcdaçodccorda ... " Há coisas piores do que asqueestãosendomos1radas", e,,.clamaumirritadomos,i;ovíta, presente no local. Agravando o quadro, há a cscasseierõnicados bens mais esscnciais.Rcccmeestudoelaborado pelo próprio governo comunista constata que apenas WOdos 1200artigosbàsicoseslllo disponlveis. Uma em cada três cidades sovié1icas nfto tem carne desde maio. Oaçllcar està racionadoemuitosremédios são escassos. Em algumas parles do pais cada pessoasóconsegucocqui valcmea uma barradesabaoemtrêsmcsesl Como se vê, são brilhantes as "realilar;ões" do mercado socialista ...

e

"Igreja do silêncio"

Em outubro último, os freqiiemadores da .segunda maior paróquia de Lvov, na Ucrânia, a igreja da Transulmanciação, abando1rnrnm, praticamente cm massa, u Igreja cism:ltica

russa (conhecida como ''Ortodoxa"), aderindo publicamemc à Igreja Católica. Tal se deu quando o pároco, Padre Yaroslav, anunciou, durantea Missa,suaconversllo. O sacerdo1e e os fiéi~ não arredaram pédotcmplodurante1odoodiasc11uintc,pcrrn;mecendo cm vigl lia. até que lhes fossem entregues as chaves da ig reja,asquais cs tavamempoderdoscismáricos. Entrementes, a igreja da Dormição da Mãe de Deus, na cidade de Yavoriv (Ucrânia Ocidental), foi devo lvida aos fiéis -aindanãoautorizadosàprácicadaReligiãoCatólica-1)('los lideres comunistas locais. Posteriormente, os chcícs do Part ido tentaram reaver as chaves do ediílcio, mas debal de: os paroquianos guardaram a igreja d urant e três dias a fio, impedindo que tal ocorrcs5e. Pouco depoi,, mi lh ares de católicos reuniram-se no loca l para uma cerimônia de ação de graças. Intrépidos e aguerridos, os católicos da Ucrânia ensinam assim ao Ocidente amo lecido e acovardadocomoacuarasdespóticasautoridadescomunistas.

e

57 mil vietnamitas ameaçados de deportaçõo

Para escapar ás atrocidades dorcgimecomunista , 57milvictnamitas fugiram para Hongcong,colôniabri1llnicanaChina. Agora, o governo inglês decidiu repatriá -los à força, se nccessário. Em protesto contra essa cruel medida, milhares dentre ~les saíram às ruas de l-longcong, anunciando que só deixarão a colônia britânica mor1os. Obrigá-losaretomaraoVietnã f desrespeitar um dos mais fundamemais di reitoshuma11os, queéodircito:lvida d igna,se équeláosdeixarãoviver!

e

Milagre e m Lourdes

Ugo Mario Fisicaro, de 38 anos, industrial italiano rcsidentcemMadri, parali1icodesdc fe\'ereiro de 89, quamto soíreu umdl'Sastredeautomóvel, fioou completameme curado depois desebanharnapiscinadofamosoSantuáriodcLourdes,na França. OprópriomiraculaOOfe1..declarar;õe:s:limprensa,confirmando a veracidade do ocorrido. O


~AÍOli.JC!SM!O SUMÁRIO TFP Cumpre-se antiga previsão sobre a reunificação alemã .................. 4 NACIONAL Pequenos proprietários, atingidos por decreto expropriatóriode Reforma Agrária, caem na miséria .... 7 EDUCAÇÃO Livro didático ensina uma História

doBrasilomissaefacciosa ..... 12 INTERNACIONAL Por <'feito do comuni.smo, a Alema-

nha Oriental parece uma terTa arra................................ 13

sada

RELIGIÃO São Luís Maria Crignion de Montfort, apóstolo da Contra-Revolução ............................................ 16 ECOLOGIA A ecologia põe no banco dos réus cadaumdosintegrantesdasocieda-

deindustrial ...................... 20 NOSSA CAPA: Flagrante d• upul~ de J.;,aqulmjullo da SilH, rm :lO de m,,,wde l'l89, de•~ FlZerwio Cruz e M~•úl>ü, munidplo deS.n1~Vitóna-MC,efetuadapt'lal'oHcia F!Nlnal Folorolltid.,parumprollNion,olde

Sio Simlo-CO

"CATOLICISMO" ~ uma p,;bliçaçl,o rn,:maJ

O

MANIFESTO do Prof. Plínio Corrfa de Oliveira "Comunismo e anticomunismo na orla da úllima década deste milênio", estampado em nossa última edição, vem produzindo grande impacto no Brasil, e ainda mais no Ex1erior. Em virlude das amplíssimas perspectivas que descortina, o maniícsto pôs em evidência uma situação que a propaganda perestroikiana mostra empenho em tornar confusa. Nas sete décadas dQ domlnio comunista, apesar dos meios de informação aperfeiçoados e da grande facilidade de comunicação, foi largamente possível encobrir à opinião pública ocidental o sinis1ro padecimento em que se debatiam dezenas de palses e centenas de milhões de seres humanos. Repentinamente, desde a tomada do poder por Gorbachev na Rússia, o próprio comunismo, premido por necessidades internas, viu-se compelido a ir desvelando a tràgica situação, cujo causador era ele. O que jà foi publicado deixa consternados a lodos os homens de espírito objetivo e coração sensível que dessa realidade tomam conhecimento. Entre milhares e milhares de noiícias, bastaria recordar a epidemia de AIDS entre criancinhas romenas, provocada pela determinação governamental de reaproveitar as agulhas de injeção, por causa da miséria reinan1e no pais. Alguns aspectos da sit uação criada pelo comunismo na Alemanha Oriental e mesmo na Rússia são analisados em artigos publicados nesta edição. O Presidente do Conselho Nacional da TFP deixa claro que, pela lógica da História, um dia estes milhões de desafortunados exigirão contas minuciosas, não apenas dos responsâveis diretos, mas também dos que, no Ocidente, foram cúmplices deste mar de sofrimentos absurdos. Ai nda que este dia seja o previsto na Mensagem de Fàtima!

U

MA MISTIFICAÇÃO on[moda, uma espécie de sortilégio enigmático conseguiu disfarçar por 70 anos tal descontentamento. Embarcaram no engano, e lhe auxiliaram a credibilidade, com graus diversos de responsabilidade, setores decisivos e quiçá majoritàrios do mundo eclesiâstico, político, econômico e social. Por ele ficou também intoxicada a maioria da opinião pública. Se foi possível a ação prolongada - quase um século - de tão misterioso sortilégio, outras ações semelhantes também não serão possíveis agora e de futuro? Com que eircunspecção um homem precavido deve analisar o acontecer politico con1emporãneo? São perguntas que o manifesto suscita, sobretudo lendo em vista os enigmáticos fin s da perestroika.

da EmprCMO Padre:lkklliol'dtl'orl1a Llda. -

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= T" : : ' : !•;=Tdàlolslll - l,pra~ : R.. Martilll F~ , i i j - 01226 - Slo ~tolo,SP / t .. Sn<d<S...,.b,o,202 - ?1100 Ct mpoo, U. Gtrf....:Ru,M..,imFronciooo, llli!-01226 - Slo Poulo, SP - Td:(0ll)IV. 7707. F ~: (dirm, t partlr<1<11q111 ... rornràd c l l p o r ' ~" )Btodcir•n1• S/AGoi llca• l!dilCW1-t•Mairioqo,r.'16 - Slo-.SI'. ~

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"Catolicismo" apresenta nesta edição um número duplo referente a abril e maio. A situação econômica em que se encontra o Pais, decorrente do altíssimo lndice inflacionário, alcançado durante o governo anterior, bem cO· mo do plano econômico lançado pelo novo governo, repercutiu desfavoravelmente no estado financeiro de nossa revista. Em vista disso, julgamos necessário tomar tal providência. Como em meado de abril se comemora a Sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, apesar de jà nesta edição tratarmos do augusto tema em nossa contracapa, pareceu-nos oportuno oferecer aos leitores não somente a 13~ Es1ação da Via Sacra, ilustrada por uma pint ura de Fra Angelico, mas também a integra desse admirável texto, composto pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e publicado em ''Catolicismo", n? 3, m~~ço de 195 J.

CATOLICISMO - Abril/Maio 1990 -

3


Um comentário atual, uma antiga previsão Plínio Corrêa de O live ira Á TEMPOS estou para dizer uma palavra - para os leitores da "Folha" - sobre o que ocorre na Alemanha, em virtude da derrubada do muro de Berlim. Ent re as muitas conseqüências do fato, uma a meu ver, não tem sido suficientemente realçada. Aliâs, não se trata tanto de uma consequência, como de toda uma concatenação de consequências. Começo por di zer que fui sempre um adversário categórico da ideologia como do regime nazista. Isto entretanto jamais me levou a res1ringir minha admiração profunda à Alemanha, como às diversas nações de estirpe, idioma e cultu ra alemãs. Se razões me fal-

H

tassem para isso, basiaria deitar os olhos no que agora se passa. Terminada a Segunda Guerra Mundial, como resullado dos acordos entre os aliados, a Alemanha ficou arbitrariamente di11idida em duas partes. Uma, proibida de refazer sua grandeza miliiar, foi objeto de uma ocupação que, rotulada ora de um modo ora de ou1ro, até agora não cessou. Mas os 11encedore5 deixaram-lhe libtrdade de reconsti tuir sua grandeza econô mica . E eis que esse fragmento de uma Alemanha reduzida assim a dois terços de si mesma, re íloresceu e se tornou uma potência européia de primeira grandeza. Com a de rrubada do Muro, a garra comunista que reduzia a outra Alemanha a uma deprimente ser11idão parece amolecer. Rui o Muro, e de um e de outro lado das ruínas, as duas Alemanhas confraternizam num júbilo explicâ11el. A Alemanha ti11re, no esplendor de seu progresso e de sua riqueza, transborda do desejo de ajudar a Alemanha que ainda ontem era escra11a. E esta última se soergue da ser11idão com tanta 11italidade, que o amplexo das duas Alemanhas faz es1remecer certo gê nero de diplomatas, politicos e militares do mundo inteiro. Isso não é grandeza'! Esse tipo de homens públicos não estrcmeec diame do que 11crdadeiramenf -

CATOLICISMO - Abril /Maio 1990

te os de11eria sobressal1ar. Em outros termos, nao a Alemanha, mas a Rússia. Pergunto, com efeito: Go rbaehe11, mais a pcres1roika, mais a derrubada da cortina de ferro, mais a visita do chefe russo a João Paulo li , e mais o encontro GorbachevBush nas gloriosas águas de Malta, ondeoutrorasereíletiram as naus dos cru1.ados, tudo isto nllo constitui uma colossal manobra de envolvimento do mundo inteiro nas mathas de uma política con11ergcncialista e autogestionâria que deixe todos os povos a dois passos do comunismo? Compulsando a coleção da "Folha de S. Paulo", encontro no dia n de novembro de 1969 o artigo de um obscuro colaborador. Deste artigo, sobre o qual caiu o pó de vinte anos, destaco as citações abaixo, que deixarão pcnsati11os muitos leitores. Pois elas continuam com toda a atualidade: "Desde 1949, a Alemanha está dividida em duas (a de Bonn e a de Pankow). É natural que ela aspire a unir-se. "Dai nascem problemas internacionais. ( ... ) Sendo uma Alemanha neocapitalista e a outra comunista, como fundi-las em um só todo? Mediante uma federação em que cada parte conserve seu regime rocial e econômico atual? ( ... ) E principalmente( ... ) há o problema moral: dado que o comunismo é a inst itucionalização da amoralidade e da imoralidade em todos os campos da atividade humana, será Hcito à Alemanha Ocidental ligar-se à Orienta l aceitando como fato consumado a bolche11ização desia? ( ... ) "Categórico na afirmação de que é imoral a aceitação do regime comunista dt Pankow, parece-me que seria possi11et derrubar esse regime por um golpe publicitário incruento. Basta que o clamor universal exija, na Alemanha Oriental, eleições livres, precedidas de livre propaganda, tudo sob

as 11istas de un;ia comissão internacional. Estou certo de que ( ... ) o regime de Pankow ruiria como um· castelo de cartas.( ... ) "Por mais simples e direta que seja esta solução, há quem pense em o utra. ( ... ) Consistiria na implantação de um regime federativo entre as duas Alemanhas, gradualmente homogeneizadas; a Alemanha Ocidemal se bolchevizaria um tan to e a Oriental se 'capitalizaria' outro tanto. "Bem se 11ê, se isto der certo em escala alemã, poderia ser aplicado em escala européia: uma federação continental, incluindo a Rússia, e, por sua vez, 'homogeneizada'. "Seria, segundo os simpló rios ... ou os velhacos, o meio de evitar a guerra. "O fruto da moralidade é a paz: 'opus justitiae pax'. ( ... ) Será pela generalização da imoralidade comunista, que a Europa chegará à paz? "Com a semicomunistização da Alemanha e da Europa, quem lucra velhacamente senão os que querem conduzir a Alemanha e a Europa à comunistizaçao completa? " Batamos palmas à unificação alemã. Nllo, porém, por este processo espúrio ... " O obscuro autor? - É quem su bscreve hoje o presente artigo. D


Sinistra confirmação de uma profecia NESTES DIAS convulsionados - em que um verdadeiro incêndio de descon1en1amen10 desagrega o mundo comunista - não têm sido raros os apelos e pressões em favor de uma Alemanha "desmili1arizada" e, politicamen1e, ncutra. Conforme o "Frankfurter Allgemeine Zeitung" (23-2-90), o ministro da Defesa da Alemanha Oriental, almiran1e Theodor Hoffman, chegou a propor ·a criação de um Exército comum para a Alemanha reunificada,

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mas com um ''poder de fogo'' baslante limitado e com apenas ISO mil homens. Ao mesmo tempo, desde a derrubada do "Muro da Vergonha", o Exfrcito alemão-ocidental vem enfrentando um problema "sui generis"; centenas de ex-recrutas do Exército da Alemanha Oriental desejam inscreverse nas fileiras do Exército alemão não-comunista. Mais surpreendente ainda, contudo, é a declaração do Ministro da Defesa alemão-ocidental, Stohenberg, a tal propósito, assegu rando que não existem impedimentos para a incorporação dos mais jovens! Faz apenas uma ressalva no tocante aos mais graduados que - acredita - dificilmente seriam aproveitados (" Jornal do Brasil" , 11-2-90). Tais perspectivas ganham corpo em face à recente declaração do ministro alemio-ocidental, Schauble, nos seguintes termos; "é conccbivel que não mais haja um governo alemlo-oricntal depois de 18 de março", quando se realizarlo eleições na Alemanha do Leste ("0 Estado de S. Paulo", 24-2-90). Habitualmente bem informado, o ex-secretário de Estado nor1e-americano Henry Kissinger, de sua par1e, vaticinou: "Talvez nenhum sistema de segurança possa 00n1er o processo (de "neuiralizaçlo" da Alemanha unificadai já em andamento. No devido tempo, a Alemanha poderá tornar-se neutra, por escolha própria ou cm resposta a uma oferta soviética . Acredito que, com o passar do 1empo, essa fórmula será aceita, especialmente se a Alemanha puder manter-se como membro da Comunidade Européia" ("O Estado de S. Paulo", 11 -2-90). As clarividentes previsões - formuladas há cuca de vinte anos pelo Prof. Plínio Corr& de Oliveira, relembradas oponunamente no ar1igo que publicamos ao lado - parc~cem, pois, cm vias de concrciizar-se. Se não se atalharem os passos dessa polhica convergencialista em curso, por par1e das duas Alemanhas, um dos grandes intentos gorbachevianos será logrado. Aparvalhado e irlffte, o Ocidente presenciará, mais uma vez como mero expectador, este ousado lance da estratégia soviética? ARMANOOIIRAIOARA

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distinguindo, c lassificando ...

Discernindo.

- VACAS SAGRADAS ... CHEGAREMOS AS '

Q ~~o~~~~~!!°ud:i~~e! ~;;~:

tcrvacassagradaspastandonascidades modemas.Ecalvezseránecessáriofazcrlhesumareverênciaquandopassarem ... Em Londres, uma sêrie de ataq ues com bombas inctndiàrias foram praticadas contra lojas que vendem casacos de peles, por uma organização ecológico-terrorista, provoca ndo gra\·es danos ("FolhadeS. Paulo", 21-12-88). . Em Birmingham (Inglaterra), um asilo de cães organizou umactiade Natal paraseusJOOinternos,scrvindo-lhcsperu, bombons etc. Um porta-voz da "Associaçãodos Aposencados" critioou o facanino, dos concursos de beleza feminito: "Muitos velhinhos abandonados bem na, hoje decadentes. qut gostariam dc ter um Oextravaganteacontefrango na ccia,paranão cimen10 insere-se na caudal moderna que tende a falar cm peru" ("O Globo", 16- 12-88). Mas,para supervalorizar os animais, os velhos, o paganismo cm de1rimcmo mesmo das moderno pede a eutanásia, crianças. Quantos casais praticam hoje em dia a e para os clles, bombons... contracepção (sem falar No Rio de Janeiro, nas esposas que abortam), doiscãessccngalíinharam, e entretanto mantêm vánaprescnçadcseusdonos. riosanimaisemcasa,com Fatobanal.Masnãoébanal que, por isso, um dos um cuidado e até um luproprietáriostcnhadescarxoridiculos! rtgado o revólver no outro, Enquanto o aborto dizima de modo crescente matando-o ("O Estado crianças pelo mundo, em de S. Pau lo", 8- 1-89). Goiãs,umfuncionáriopúEm sao Paulo, uma cadeblico foi processado por No ''rntaurante-clo'' de Nk# (Franç• J - o primeiro fund«lo INI Eu- la morreu, deixando um ter abatido uma onça pin- t()(M - • refelçlo tem um preço m(nlmo que pode •umentar •té o filhote. A dona não teve 1ada cdoisfilhotes.O''cri- triplo, segundo• confomu,çlo do corpo e o apetlle do •nlmal dúYidas: alimentou oanime"éoonsideradoinafianmalaosscusprópriosseios çâvelepodcdaratécincoanosdc reclu- - levada a cabo pelo Governo nort c- ("O Dia", 17- 1-89). sâo ("Jornal de Brasília", 1º-S-88). 1:: americano, cm 1988, para salvar três Curiosamente, todas essas aberrapreferível, pois, deixar que as onças de- baleias presas no gelo polar?! ções são actitas pela população devido vorem os rebanhos e os homens, a maNa Califórnia, militantes da "Fren- a uma hâbil propaganda de tipo senti tA-las! Fatos semelhantes vêm ocorren- te de Libertação dos Animais" invadi- mental cm torno dos bichos. Passou a do com freqiiência. ram um ctntro médico para protestar scrbon itoterpenadclcs. Perde-se en tão Por outro lado, é claro que pode con- contra o uso de cobaias cm pesquisas. a posição equilibrada de ver os animais vir muito ao homem que não se extin- Nasparcdesescre\·eram:"torturadorcs", ~'Orno seres criados por Deus para benegam determinadas espécies animais. "assassinos" ("Jornal do Brasil", ficio do homem. Con tra os quais, é claMesmoporque,habitualmente,clase,:- 17-8-88). A mesma associação e outras ro, não se devem praticar crueldades, primem perfeições postas por Deus na congêneres perseguem senhoras que causandonelessofrimentosdespropositacriação. Mas isso não equivale a reco- us.am casacos de peles. S4o contra os dos, pois seria irracional fazê-lo. Mas nhecer um prctenso"direito"dosani- zoológicos porque "escraYizam os a ni - os animais, seres desprovidos de alma mais. mais". O dirigente de um desses grupos espiritual,cxistcm para serem utilizados comparaosbichosa"criançasretarda- livremente pelos homens. Como semdas" ("O Globo", 18-1-89). 1:: o velho pre, aliãs, se praticou. Era preciso terpanteísmo pagão que renasce: primeira- mos cllegado ao fim do século XX paQuandoseiratadeinílararevotu- mente não se pode tocar nos animais, ra que o neo-paganismo e a falta de bom ção social, ctrta demagogia proclama comparados aos homens; depois se ten- senso se abraçassem noridlculo. que crianças morrem de íome no Brasil. dcrâ a adorâ-los. Daqui a pouco vamos C.A.

foivencidopclocachorrobulldog"Dcuce oí Heans" (pois de Corações). Não se trata, caro leitor, de uma brincadeira de mau gosto. Realiza-se de fato, anualmentc,umconcursodebelezapara bu!ldogs cm Des Moines, localidade doEstadodelowa.Ocãovenccdortem direito a 1rono e coroa ("Folha de S. Paulo", 26-4-89). Em lugar du tradicionais exposições de animais de raça, trata-se agora de uma repetição, em nivel

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CATOLICISMO - Abril/M aio 1990

Provas eles nao apresentam, mas barulho fazem bastante. Entretanto não se incomodam com que uma enfermeira economize, durante todo o ano, na caderneta de poupança, para propiciar umlautobanquetcaoscães,de5de"simplesvira!atasaanimaisderaça''.Asiguarias são servidas "sobre uma toalha de renda estendida no chão", na qual se colocam "caprichosamente pratos, copos e talheres". O banquete se repete hâ38anos(" JornaldaTarde",13-2-89). Q uem não se lembra da verdadeira operaçãodeguerra-comhelicóp!eros, barcaças etc. e com ganos faraônicos


REfORMA AGRร RIA EM MINAS

, e~uenos ptopt\e\รณt\os

des9e\ados

sob ameaรงo de me\to\bodotos


Curiosamente, o episódio quase não obteve repe rcussão na "mldia", tão pressurosa em noticiar violações dos d ireitos humanos dos ''sem-terra''. Tal fato ex plica porque esta redação levo u 1amo tempo para tomar conhecime nto dessa desapropriação. Ocorre que, desta vez, os injustiçados eram pequenos proprietários rurais, Que regava m seu pedaço de chão com o próprio suor, e que se vira m arbitrariamente reduzidos pela "guilho tina" da Reforma Agrária a autênt icos "sem-terra" e ''sem-teto" ...

Vítimas em estado de choque Foi vã a tentativa fe ita pela reportagem de "Cato licismo", de manter contato com o Sr. Joaquim J úlio da Silva, antigo pro prietário da terra desapropriada, a q ua l ele já havia partilhado entre seis legítimos herdeiros seus aproximadame nte oito meses antes do ato desapropriatório. Seus filhos e gc nros desaconselharam vivamcntc a entrevista, pois ele está tão traumatizado que não tem mais assunto, não fala com mais ninguém, fica am uado o tempo inteiro. Seu genro, Divino José Mendonça, iambém vitima da desapro priação - atualmente mora num ra nchinho de capim e chão de terra batida, nun1a faze nda vizi nha - , rela ta a vida árdua do sogro, reduzido à mais negra miséria. Com 81 anos, dos quais 66 vive u naq uelas terras, foi o brigado a sair "montado num carrinho de pneu, mais a mu lher dele e uma fil ha, e a policia atrás deles". E, com gestos, indicava que os policiais empu rravam o casal de vel hi~~ nhos com os ca nos das metralha- W~s~~ doras ... Divino Mendonça - cuja rnãc tam bém idosa está hospitalizadíi como indigente em ltu iutaba - desÀs desgraças que creve, no li nguajar simples de hose abateram sobre as mem do campo, sua arnarga experivítimas deve-se acrcsência com a Reforma Agrária. "Tucemar também odedo o que eu tinha feito ficou para trás. Estou com 140 cruzados novos no bolso e não tenho nem casa para morar. Hoje, quem está cm min ha ca~ 1e ceno penodo. O próprio Divmo sa é o presidente do Sindicato dos TraMendonça conta: balhadores, o A.ssimir, que arregimen"Nós contratamos um advogado, tou o pessoal (isto é, os "sem-terra" que não fez nada. É um cal de Dr. Zique ocuparam as propriedades). É um vagabundo aqui de Santa Vitória. Eu, rouo. Ficou um ano com nossa procuraq ue estava 1irando 300 lit ros de leite ção. No dia em que nós fomos pegar no tempo das águas, há cinco meses a procuração, ele disse que esiava com não consigo renda para comprar uma medo de se resfria r, tanta a poeira acumulada. Ele é advogado da UDR." caixa de fósforo".

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CATOLIC ISMO - Al, ril/Maio 1990

Cutucados com metralhadoras Ainda segundo o relato de Divino Mendonça, "os oito agentes da Policia Federal, alojados no melhor hotel da cidade, deram, de início, 24 horas para a evacuação do local. Como ni nguém queria sair, ficaram pressionando durante cinco dias, quando tomaram os pertences das famílias à força, jogando-os num caminh!\o, que deixaram fora da fazenda, chegando mesmo a cutucarnos com os canos de suas metralhadoras".


Ao chegarem os repórteres - explica Divino - "a policia escondeu as armas". Outra vitima é o neto do Sr. Joaquim Júlio, João Batisia da Costa, atualmente empregado como tratorista numa fazenda vizinha. "O que eu linha eugastei naterra.Tiveq uevendermeu gadinho. Perdi tudo. A1é a madeira que cu 1inha comprado para fazer as cercas.'' A respeito do despejo à força, João explica: "A ordem era para que todos saíssem. A policia , com menalhadoras, m1o queria ser fotografada. No primeiro dia vieram avisar. No

Com lágrimas nos olhos, Sebastião, 50 anos, prossegue: "o sofrimento é muito para nós! Trabalhei lá 22 anos, sempre morei lá. Chegaram doze policiais armados de revó lveres e metralhadoras, fazendo medo na gente, dizendo que era preciso desocupar a terra dentro de 24 horas. Foi uma coisa horrorosa. Até hoje não me conformei com isso, eu acho isso uma injustiça muito grande. Depois que sal de lá, não tive jeito de fazer mais nada. Porque o que eu sei é mexer na terra. Agora, a terra é tomada. Estou sem ocupação. Ainda não recebemos nada de indenização, está tudo enrolado".

segundo, berravam reclamando, porque nllo tínhamos saido. Depois vieram com um caminhão para levar nossas coisas ... ''

Sobre os novos ocupantes da propriedade, Sebastião afirma: "Não posso saber como foi que esse pessoal foi parar lá. O que eu sei di zer é que eles não vão dar conta de nada. Conheço a maior par1edeles. Nunca trabalharam na terra". Sua esposa, filha do Sr. Joaquim Júlio, Da. lranir Batista, in1errompe; "Eu acho que nós não mereciamos isso. Nós temos até tristeza de viver! Isso ai é ro ubo! Isso é uma pouca vergonha!" Os antigos proprietários também est!lo impedidos de voltar às suas terras, pois temem correr risco de vida. É Sebastião Sabiá quem denuncia o fa. to: "Faz um bocado de tempo que não

"O coração da gente fica doendo'' Scbas1ião Quirino, vulgo Sebastião Sabiá, foi outro dos herdeiros desapropriados. Lamema ele: "Se a ge nte for na fazenda, o coração da gente fica doendo ... Era lá que eu tinha meu pedaço de terra, onde nós vivlamos. O que tínhamos ficou amontoado bem cm frente da fazenda. E nós viemos parar aqui neste barraco" .

vou lá (a terra desa propriada). Fico cismado de iT, porque eles (os atuais ocupantes da área) são maus. Eu mesmo encontrei um sujeito com dez espingardas. Então tenho cisma de ir lá, e eles até acabarem com a gente". Da . lranir acrescenta: "Falaram para nós que tem um padre ai que ajudou nessa expropriação . Não fiquei sabendo de onde é esse padre. Mas deve ser de Minas mesmo" .

A caminho da cubanização? Os agro-rcformis1as sempre alegaram que a Reforma Agrária só atingiria as gra ndes propriedades, poupando as pequenas. Este é o refrão utilizado cm todos os países onde se introdu:ôu a Reforma Agrária. Começam expropriando aquilo que eles consideram "latifúndio" c terminam com a complcia estatatização da 1erra, como cm Cuba. Tumbém no Brasil parece ser este o rumo da Reforma Agrária, embora certo número de agricultores ingênuos imagincqucacatástrofedc umadesapropriaçllo só atingirá os gra ndes. Na Fazenda Cru ze Macaúbas, um dos proprietários fu lminados tinha pouco maisdc1rêsa[qucires! A situação das familias desapropriadas é mais do que deplorável. E adesgraça que se abatcu sobre elas é irremediávcl. Pois o Decreto 554/69, no seu art. 14, prevê que "os bens expropriados, uma vez transcritos cm nome do expropriante, não poderão ser objeto de reivindicação ainda que fundada na nulidade da desapropriação". Ou seja, em hipótese nenhuma a propriedade poderá voltar aos seus antigos e legítimos donos! Pais de índole cordial e ame na, muito afeito à bondade e ao carinho, nosso imenso e riquíssimo Brasil vai sendo arrastado pelo torvelinho do caos agrário, que destró i tradições, destroça lares e desarticula familias de autênticos lavradores, assalta propriedades, cria animosidades malfazejas, levando ricos e pobres à mais negra miséria. O brasileiro vê assim a bonomia nacional substituída pela luta de classes, bafejada por leis iníquas e cruéis, inteiramente avessas às nossas ralzes cristãs. Enquanto nas classes dos proprietários e não proprietários muitos continumn a dormitar num incompreensível torpor, a esquerda - eclesiást ica o u leiga - espalha revo lução pelos quatro cantos do País ... CATOLICISMO - Abril/Maio 1990 - 9


AReforma Agrâria em Minas: decorrência de uma lei iníqua Ü o~~~1;i ª1~~~:~i~oda~l:~!~3:6

anos, conhecido politico na região, assim historia os fa10s: "A fazenda Cruz e Macaúbas foi desapropriada em setembro de 1987. É uma área de 693 hecta-

res. Nessa área, o MIRAD (Minis1ério da Reforma Agrária) prelendia proceder a um assentamento de 24 famílias de 'sem-terra'. O surpreendente, porém, é que essa terra, no ato da desapropriação, já estava na posse dos filhos e genros do antigo dono, Joaquim Júlio da Silva, há mais de oito meses. lslo comprova que o INCRA não tem controle

de seus próprios cadastros. !>ois, na realidade, desapropriou seus seis legítimos herdeiros, cada qual possuindo uma fração de pouco mais de 100 hectares. Aliás, estes já haviam parcela-

do suas terras. No total, eram onze propric1ãrios, conforme consta no Car1ório do 2° Oficio do Rcgis1 ro de Imóveis de ltuimaba". E conclui: "O INCRA atropela-se a si mesmo. Até hoje ele envia cobrança cm nome dos antigos proprietários!''

Desorganização do INCRA acarreta situação perplexltante Não existindo mais a propricdadc fulminada pela dcsapropriação, o Juiz acabou expedi ndO '"" msodado de'"""';''º d, se (ordem judicial para que a propricdadc desapropriada seja registrada em nome da União), ignorandoaexis1ência de novos proprietários. A objeção foi levantada pela oficial substituta do Cartório local, Sra. Auta Garcia dos Santos Nascimento, a qual, em dcspacho ao Juiz, declara que "esre cur16rio 11do tem condições de precisar ou dar a saber em 11ome de quem estâ hoje a 6rm desapropriada". Em junho de 1988, o Juiz da Comarca de ltuiutaba, reconhecendo a impossibilidade de executar a transcriçao da posse em nome da União Federal, devolveu o mandado ao Juiz Federal da 12 ~ Vara, Seção de Minas Gerais, Dr. Sacha Calmon Navarro Coelho,

po,-

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que havia expedido o referido mandado. Ainda no mês de junho, o Juiz Federal determinou que o registro fosse fei10, afirmando que "pouco importa quem seja o proprit!târio, pois a determinaç6o judicial incide sobre a coisa e esta 'ambulat cum dominus"'. Em conseqüência, deu um prazo de 24 horas para que a titular do Cartório transcrevesse o imóvel cm nome da União, sob pena de pagamento de multa equivalente a dois terços do maior salário mínimo do País por dia de retardamento, acrescentando, ademais, que não admitia a ..mais mínima possibilillade de retratação".

Motivo da desapropriação Najustificativaparaadcsapropriação, o MIRAD ressalta que "o im61•el em questão não aprrsr11fa exploração co11diunte com sua po1e11cialida,le física, remio sillo, por este motfro, classificado como ·Jatifti11dlo por exp/oraçào "', Esta desapropriação, como tantas outras realizadas pelo Governo Sarney, é resuhado da aplicação do Plano Nacional de Reforma Agrária - PNRA. Mas o PNRA é apenas o fruto de uma árvore daninha chamada ~~~ Esiatudo da Terra - ET. Segundo o Estatuto da T~rra (ar!. 4?), "latiO o ;m6,el ''sejo de/icie11tt ou inadequadame,1/e explorado'', ou ''seja ma11tido ;,,explorlilfoem refação à.l' possibilidades fisicas, sociais e econó1 ~~ micas do meio, com ~~~~~ fins especulativos." (alínea V, b). Para avaliar o que seJa _ um imóvel sem o ní vel de exploração desejado'pelo ET, os padrões são esiabelecidos pelo Poder Executivo (art. 4?, VI). Em outras palavras, o INC RA é o gra nde patrão da terra brasileira, que acaba tendo a direl;ilO efetiva dos imóveis rurais em nosso País. Os proprictã-

itt~

CATOLICISMO - Abril/\laio 1990

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Divino Mendonç a não comprEHtnde

porque

propriedades particulares toram desapropriadas enquanto terras do Estado, a poucos qullõmetros dali,

continuam

1ntocóvels. Na tolo ô direita ele aponta para ãrea de 700 hectares pertencente ao Edado de Minas.

rios são. para o Poder público, o que tradicionalmente o administrador da fazenda éem relação ao proprietário ( 1). No caso da Fazenda Cru? e Macaúbas, o que aconteceu foi a aplicação deste iníquo dispositivo do ET, cornbinado com os Decretos 55.891/65 e 84.685/80, que fixam os critérios de produtividade para os imóveis rurais, cujo "remlimento médio, nas ,·ârias atfridadesdeexplotação ''(sic), devem ter "grau de eficiência na exploraçlio"tie 110 mínimo 80 % em relação a padrões igualmente estabelecidos em lei.


este dirigismo está bastante adiantado em nosso País. A lguém poderia objetar que grande parte dos proprietãrios rurais não e:,i;ploram adeq uadamente suas terras. A resposta é fácil. Não estã provada por nenhum estudo sério a vantagem para o Pais de que os fazendeiros sigam os arbitrários critérios do I NCRA no aproveitamen10 das terras de que s!io do nos. Pelo contrãrio. o que estã comprovado é que, sem o INC RA, a lavo ura brasi le ira te m concribuido decisiva mente para o desenvolvimento nacional; a produção agrícola e a de ali mentos em particular tem crescido mais do que a população. Os problemas que o setor sofre são gera lmente produzidos por erros de uma polltica governamenta l que castiga injustamente nossa laboriosa classe rural.

e 9 de mandioca) , a lém de 84 hectares de mata . Essa área assim d istribuída soma 597 hectares da fazenda. a qual possuía no total 693 hectares. O funcionãrio da Justiça constatou ainda que na área havia benfeitorias novas correspondendo a 41 casas de alvenaria e energia elétrica em 4 pontos dive rsos, a lém de 6 casebres. As benfeitorias serviam a 16 familias que ali viviam e trabalhavam. Além das injustiças já mencionadas, os proprietários não recebera m praticamente indenização pelas suas terras: "0 Goi•erno - informa Dr. Almi Alves - depositou (no banco) uma quantia em dinheiro que 1160 compensa nem retirar, de tão insigt1ificante que é. Assim mesmo, a metade do mlor é em Titulo da Divida Agrária - TDAs". Emoutraspalavras,asterrasforam praticamente confiscadas. Esia injustiça - um alentado contra o sagrado direito de propriedade - é indirctamenteconfessadaportes1emunhoinsuspei10 do Sr. Cl6vis Ferro Costa, Consultor Geral da Repllblica. Segundo ele, ''os TDAs há mais de doi:; rmos t1ão são pagos, por 11ma dfrergênciu entre a área agrico/a e a área eco110mka. Na rerdade, os l'/)As ,·im /unciona11do como um confisco - o Goi•emo decreta a desapro• priação e depois não paga nem os juros, quando peta Constituição teria de somar também a corução monetária a esses tltulos. Rtsuftado: os 'l'OAs valem 15% de se11 preço no mercado''(''Jornal do Brasil'',

22-10-89). 0 O despotismo desse modo de proceder do Poder público fica evidente se transpusermos essa norma para a propriedade industrial e urbana. Nesse caso, o Governo teria de estabelecer padrões de rendimemo mínimo para cada estabelecimento industrial , e os imóveis urbanos deveriam ter um índice de ocupação considerado ta mbém mínimo, sem o que seriam passiveis de desa propriação. Até onde então chegaríamos? O que nos separari a do dirigismo de países 101ali1ários e comunistas? Em matéria de direito agrário, a bem da verdade, deve-se afir mar que

TDAs, eufemi smo para co nfiscar

(l)SobreQto ma1&io, "" l'l,nioCotr~deOli"flra • Coilos l'a1ri<io dd Campe, "A prQpriwodc pri,ada

Cr~.':sioi~~~~.-~9st ~.ft :a;rrcfor,nl<t•",

CATO LI CISMO - Abr il/Maio 1990 -

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11


Livro didático subverte a História

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S ORVETERIA

BONECO DE NEVE SorYCICS finos Al(t.Ou,.IEHIOAAES!AUHN<!ES.CllJ8LS IH0USIAIA$ f SOAY(HAIAS

ATACADO E VAREJO

A

REVOLUÇÃO que, desde o século XI V, vem demolindo a Igreja e aCivilizaç.!ioCristãétoial, o u seja, abrange todos os setores da atividade huma-

na, como ensina o Pror. Plínio Corrêa de Oliveira,em seumagi stral ensaio"Revolu ção e Comra-Revolução" (1). No campo educacional, essa Revolução tem procuradosubvcrteroensinotradicional, a fim de inocular nos alunos princípios iguali1ários, fa ze ndo às vezes criticas declaradas à Igreja e à doutrina catól ica. Êo que faz, por e~cm plo, o livro '' História e Vida - Brasil: da Prt- História à In dependência", de Nelson e Claudino PilcHi (2), utilizado em escolas de primeiro gra u(ant igoscursos pr imáriocg.inasíal).

ais injus1a. Não se lhes reconhecem méri -

tos. Segundoaobra,elcs foram invasores, pois "o terri tó rio brasileiro pertencia aos lndios"(p. 40): e"acabaramcomapax e a liberdade" dos silvlcolas (p. 34). "Estes foram exterminados pela ambição e sede de lucros dos invasores que, achando-se no direit o de ocupar a nova terra, foram destruindo tudo o que encontravam pela frente"(p.40). Depois de ass im atacar os va lorosos portugueses,olivrochegaaopontoderecomendar aos alunos um " trabalho em grupo sobre a segui nte qu estão: Os portugueses 1inham o direito de ocupar as 1crra5 dos lndios? Porquê? (p. 42)

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Ataques ó Rellg lõo Cat6llca

Abollçllo dos her61s Nessa obra, muitos vultos da história pátria, como o beato Padre José de Anchie-

ta e Mcm de Sá, são colocados cm segundo plano. Outros, como Pero Vaz de Caminha, Frei Henrique de Coimbra - que celebro u a primeira mi ssa no Brasil - e o PadreManoc,ldaNóbrega,nemsequersão citados toesplrito igualitário que leva ao des prezo dos verdadeiros heróis. Segundo os autore.<1, "o povo brasileiro . ... é o principal herói de nossa História" (p. 10). Assim, particular realce é dado aos in diose aos ncgros. Mas não a índios .:omo Felipe Camarão nem a negros como Henrique Diasq ue-ju nrnmentecom Fernandes Vidra e André Vidal de Negreiros no século XV II , lutaram heróica e vitoriosamente contra os protestantes holandeses qu e invadiramoNordestc brasilei ro. Estes ncm saoreferidos.

Elog io aos lndk>s A obra não se ca nsa de lo uvar os índios, os quais "respeitam muito uns aos outros e são muito carinhosos, principalmente com as crianças" (p. 23). Trata-se portan!odeumindioidealizadoenãoreal. Para reforçar o encômio aos indios, seischamalivosquadrosapresemamtextos do C IMI {Conselho lndigenista Missionário), órgão ligado à CNB B. e que tem instigadoa revo lta dos siMcolascontra os brancos. As vezes, tai s quadros ocupa m um a pàginaintei rada obra. Nenhuma patavraédiiasobreocanibalismo e o infamicidio. que eram comuns entre os indigenas. Além de muitas ou tras pràticasantina!uraisque,aospo ucos,omeritóriotrabalhodos missionários foi coibindo.

Scgunto os autores, durante todo o periodo colonial (1500-1822), "o governo e os poderosos não tinham nenhum respeito pelos direitos das pessoas" (p. 64). "Nem mesmo a Igreja Católica se opôs a um governo que nllore!ipeitavaosdireitoshumanos" (p. 65). Para exemplificar as violências comet idas contra os negros, di z a obra: "emlu gar de suas religiões africanas, a religião católica. com missas, batizados, casamentos e outros rituais !forarn j impostos [aos negros] pelo padre ca pelão do engenho" (p.8 1). Tratando do papel da Religillo Católica no Brasilcolonial,afirmaqueela "ajudavaamam ero regimedeescravidão eexploraçlloemqueviviamostrabalhadores" (p. 109). Referind o-se à "nova posição" que a Igreja estã adornndocom relaçaoaos índios, aobraapresenrnde modo elogiosoo trabalhoque favorecea lutadeclassespromovidopeloCIMl.cuja"preocupaçãonão éfuercomqueo índio sigaareligilloca tólica, não t mudaroscosrnmesdos lndios. OtrabalhodoCIMI éajudarosínd ios a se organizarem para poderem enfremar os grandesfazcndeirosqueinvademsuastcrras" (p. 11 2). Portamo, converter os índios para a Rcligíllo verdadeira e iet~mente civilii,ã-losscria um mal! ...

C riticas aos bra ncos Em scmido oposto, os descobridores portugueses são apresemados da forma

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CATOLICISMO - Abril/Maio 1990

Dever d os pais Os pais são responsáveis pela educação de sua prole. Devem eles, portan10, velar paraqueseusfil hostenhamumaformaçllo sadia,e nllo sejamdesoriemadosporlivros didáticos desag regadores, como o de Nelso n e Claudino Pilctti. PAULO FRANCISCO MARTOS IIIOi. .. <1>, 1.m.Slo P-.l'Nfi<... 1"'2.p.lf ll1Ed,to,•A1.CO,-V•ük>.l'oóiçlo. ,oll.l!'i(l,A 'XN"•

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A Alemanha Oriental em ruínas

É bem a palavra: sacrificado pelo mito comunista da sociedade"científica", "sem classes","livre".Mitocinicamcnte incensado por certa imprensa, por certos intelectuais, pcla quasc gcncralidade dos meios artísticos, e por grosso número de políticos ocidentais. Pior ainda, por ativa corrente tida como católica . Não é supér fluo lembrar que tal seria também o quadro de um Brasil submetido á utopia marxista. Contemplemos um pouco o sinistro panorama.

Um mundo que lmplode Ap6s a queda do Muro da Vergonha, longas filas de CBffos p rovenientes da Alemanha comunista t6m atravessado vários pontos da fronteira, como em Rudo/p hsteln (foto), buscando seus passageiros e p rosperidade de vida reinante na Alemanha Ocidental

Sobreviveram àguerra, não ao socialismo C

ARTAGO foi destruída no ano 146

a.e. Sobre suas ruínas os romanos vencedores espalharam sal para que lá nada mais nascesse. Tal fato histórico, lembrado por um articulista na revista norte-americana ''Newsweek'' de 17 de fevereiro último, ao considerar a destruição causada por décadas de jugo marxis1a sobre a Alemanha Oriental, poderia ser analogamente estendido aos demais países vitimas do dominio comunista. A cantilena socialo--comunista sempre se referia à Rússia e países do leste europeu como o "paraíso" dos trabalhadores. A medida, porém que vai sendo ventilado pela imprensa o estado

"paradisíaco"emqueseencontravam, compreende-se araz.ãopelaqual,diariamente, cerca de 3 mil alemães orientais refugiam-se na Alemanha Ocidental. A descrição, ainda que sumãria, do que é a dominação da ideologia comunista, - que aindacontinua! - deixaestarrecidos os mais frios observadores. Entende-se porque o Professor Plínio Corrêa de Oliveira, em seu penetrante e esclarecedor manifesto, publicado em "Catolicismo" de março, se referia a um "descontentamento para o qual convergem todos os descontentamentos regionais e nacionais, os econômicos e os culturais, por muitas e muitas décadas acumulados

no mundo soviético, sob a forma de apatia indolente e trãgica, de quem não concorda com nada, mas cstã impedido fisicamente de falar, de se mover, de se levantar, cm suma, de externar um desacordo eficaz". Descontentamento com "D" maiúsculo - que normalmente deverá gerar gravesimcrpclaçõesdasvitimas aos responsáveis, situados estes no Oriente como no Ocidente. Nuncaoabrir-sedcuma cortina, ou a queda de um muro revelou panorama tão calamitoso. Uma verdadeira cortina de ferro, um verdadeiro muro da vergonha. Ainda recentemente quem estivesse do lado de lá era impiedosamente sacrificado.

"Depois de mais de 40 anos de comunismo, a Alemanha Oriental está implodindo. Fábricas estão caindo aos pedaços. A poluição é a pior da Europa. Milhares de pessoas fogem do país diariamente - perto de 100 mil só neste ano. Os comunistas ainda governam opaís, mas como numa ''moquerie", bandeiras da República Federal tremulam cm cidades e indúst rias", descreve MichaelMcyernarcvistacitada. E continua "A estrutura carbonizada do famoso castelo real de Dresdcn eleva-se solitária contra o céu, dominando a cidade, - tal como ficou desde que as bombas aliadas nivelaram acidadeem 1945. "Weimar, berço de Goethe e Schiller, lembra o país que foi e poderá ser. As casas medievais nos limites das quadras centrais estão belamente restauradas. Mas nas ruas adjacentes, estão cm ruínas" (Idem, ib.). Convém ressaltar este fato: há áreas bem conservadas, como oásis no deserto, para servir de cartão postal e iludir o eventual turista "bem intencionado''. Ao lado a miséria ... ''Montanhas de carvão e lixo depositam-se nos pavimentos quebrados. Fachadas

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do velho mundo estão desfeitas, aparecendo os tijolos. A metade das casas parecem abandonadas. 'Não pense que estão fazendo conserto', diz Heidi Har1mann, olhando curiosos noturnos que se reunem sob o andaime, junto à fachada semidestruida do seu edifício. 'Puseram isso só depois que pedras rolaram e mataram uma mulher na rua'. Weimar sobreviveu à guerra, mas não ao socialismo," comema acertadamente o articulista. A revis1a brilllnica, "The Economist", descreve dificuldades prévias à união das Alemanhas: para diminuir os nivcis de poluição do ar "o trabalho serâ difkil por causa da excessiva dependência de carvão (70'lt do consumo primârio de energia). Ela necessita ser reduzida para auxiliar a limpeza do ar da Alemanha Oriental, que estâ entre os mais sujos do mundo. Para evitar "blackout", mui10 mais energia da Alemanha Ocidental terà que ser enviada ao leste" (''TheEconomist'', 17-2-90). Mais um fato singular, pouco divulgado no Ocidente: aAlemanhaOciden1aljâfornecia energia para a Alemanha comunista. ''Em Leipzig maisdc40% das casas datam de ames de 191 8, e a maior parte parece que nunca foi consertada desde então . "Ninguém pode precisar quanto, mas o custo de remexer e renovar a Alemanha Oriental parece girar em torno de centenas de bilhões de marcos" (id.,ib.). Quem pagarâ a conta da incúria comunista? Certissimamente o Ocidente.

prios. No colégio técnico de Eiscnhüttcnstad1 nem os professores ou alunos sabem o que fazer. Não hã mais aulas de Mar;,i:ismo-Leninismo. Mas substit uí-las com o quê? 'A faculdade está desoriemada', diz um estudante de jornalismo. 'Depois de outubro o reitor simplesmente dissenos para voltarmos para casa. 'Voltem quando 1ivermos solucionado as coisas', disse. "Poucos alemães orientais estão preparados para serem empresários. Em Leipzig, a editora de um jornal clandestino considera com tristeza sua recém-adquirida liberdade. Nos tempos adversos ela publicava IOOsamizdul (publicações clandestinas) e os distribuia entre amigos. Ela imagina que agora poderia vender milhares. Mas encontrar uma impressora e "dirigir-se ao público", como diz, requereria muito esforço. "Gostava mais das coisascomoeram'',dizcla." Quer dizer, esta pobre vítima está tão atingida psicologicamente por décadas de

comunismo, que apesar de não1ernerdesafiaraJ}Olicia, atemoriza-se com a própria liberdade! "Em nenhum lugar os danos ambicntais são tão cvidentesquantoemBitterfeld,coração da indústria química da Alemanha Oricn1al. Quando um viajante em auto chega do Ocidente, as verdejantes fazendas cessam abruptamente num imenso buraco uma grande mina carbonífera, de muitas milhas de comprimento e meia 1nilha de profundidade. Dctri1os espalharam-sepeloscampos,emenormes dunas moldadas pelo vento, u111 Sahara feito pelo homem estende-se rumo ao horizon1e. Bitterfcld encomra.se à distância, cercada por nuvens de fumaça com o céu de neblina marrom densa. Os habitantes dizem tristemente que é 'a cidade mais suja da Europa'. "Os comunistas da Alemanha Oriental podem ser comparados aos conquistadores romanos da velha Cartago, que primeiramente des-

truiram e depois salgaram a terra. Ambientalistas dizem que as usinas de Bitterfcld são tão obsoletas que não há possibilidade de limparem a região a menos que elas sejamdesativadasesubstituidas. O mesmo pode ser dito do resto do pais. Um terço dos rios estão mortos. A poluição nas grandes cidades es1á dez a cem vezes acima do máximo tolerável. Muitas das casas, estradas e pontes não foram consertadas desde que os comunistas wmaram o poder. Por onde começar a reconstruir quando a destruição está por toda a parte?"(id.,ib.). Não espantará, pois, que os descontentes - como diz o Professor Plinio Corrêa de Oliveira em seu citado manifesto - passem a cobrar dos líderes comunistas c de todos aqueles que, no Orieme ou no Ocidente, de um modo ou de outro colaboraram para nmntcr um tal estado de miséria e de escravidão, estritas contas. R. MANSUR GU~RIOS

Perderam o hábito de pensar Mas não pára só nisso. A "Newsweek", aponta danos piores: "Há também danos para a alma. Depois de décadas de s1alinismo, os alemães orientais perderam o hàbito de pensar por si pró14 -

CATOLICISMO - Abril/Maio 1990

Em Dresden permanecem ainda rulnas result.&ntes do de11astador bombardeio a/lado, quft nivelou 11 cidade em 1945


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SINISTRO panorama do mundo comunista acaba de

ser exemplificado pela descrição da 1rãgica situação reinantenaAlcmanhaOriemal. Ea Rússia? Atítulodeamostragem,parcceu-nossignificativoaprcsentaranossoslcitorcsasdificuldadescicl6picas qucumagrandeempresaocidcrualtcvequeenfremarpara se ins1alar no "paraiso" soviético. "A abertura do primei-

ro restaurante McDonald's" -amaiorredenorte-amcri-

lismo é irresistível: a[goque parece o cpitomc do coI1sumismocapitalistafoiscinstalar na cidadela do comunismo mundial . "Mas as delongas excq,cionais pelas quais a Md)on11ld's teve que passar para

abrirsua lanchonctedeMoscou deixariam doentes ou-

tras companhias esperançosas de atingir o mercado da União Soviética, de 283 milhões de consumidores frustrados", comcma a revista britânica "The Economist" de 3 de fevereiro últ imo.

McDonald's em Moscou

LANCHONETE LENTA / ,,

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canadesanduíches hamburgers, e que conta com mais de 10 mil lanchonetes no mund ointciro,i nclusivcpcr10 de meia centena no Brasil - "em Moscou no dia 31 de janeiro tem sido s.audada como um brilhante modelo para 'joint ventures' emre o leste e o oeste. Na ,·erdade, isso nl\o serve como modelo". Realmente, o simbo-

f:interessan1c,·crasperipécias de bastidores para fazcr vingar o rnito de que é possívelabrir,serndificuldadcs, na Rússia comunista, empresas conjuntas, no estilo ocidental. ''Amá qualidade dos produtos russos obrigaram á McOonalds a alterar radica[mente o modo co1110 realiza seus negócios. Ao invés de

com prar de fornecedores loca is, como o faz por toda 11 parte,elafoiforçadaaseintegrarverticalmenteàproduçãoda indústria local de alimentação, importando sementes de batatas, semen de touro e indiretamente dirigindo indústria de laticinios, fazendas de gado de corte,edclegumcs.Tcvetambém que construir a maior fábrica de processamento de alimentos do mundo, do tamanho de cerca de cinco campos de fu tebol americano, a um custo de 40 milh ões de dólares. Só a lanchonete custou a bagatela de4,5 milhões de dólares". Quer dizer: o "parn(so" comunista l:i ncapa:,:deofercceraquali dade, ali/is discutivel, de um simples sanduiche McDona ld's ... E a "The Economist" considera, penalizada, que "as traba lhosas preparações da McUunald's 1êm implicações sombrias para omras "joim ventures" na União Sovil:t ica. Se o único modo de vender hamburgers e fritas, os quais contém apenas algunsingredientcs,en volve umaredeinteiradcprocessamcntoalimcntar,imaginemse os problemas para produzir automóveis ou operar uma rede de vendas a varejo, que requerem centenas de fomC'CCdores. "Pior: custou à McDonald's 14 anos de esforços se m descanso para abrir seu primeiro restaurante. Em 1976 a companhia começou conversações vis.ando abrir seu primcirorestauramepor ocasião dos iogos Olímpicos de Moscou. cm 1980. Tal projeto foi abandonado quan do os países ocidentais boicotaram os jogos devido àinvasnorussanoAfeganistllo. A esperançada Mel>onald's só foi possível devido a um golpe de sor1e: a Mcl>onald's de Moscou<'$tá sendo operada pela subsidiária do Canadá Quando

as tratativas sucumbiram cm 1980,oembaixadorsoviético no Canadá era o Sr. AlexanderYakovlev,umprctenso reformador que Brejnevenviouaumexíliodiplomlltico. Yakovlev disse ao Sr. George Cohon, chefe da subsidiária canadense; 'nllo desanime. No momcn 10 isto l: idcologicamcmc irnpossivcl. Algum dia voe~ poderá realizar isto'. Hoje, Ya kovlev, um auxiliardeGorbachev, l: das figuras mais innuentesnaUnilloSovil:tica. "Reiniciado a todo vapor depois de estabelecida a leidas"jointventures"de 1987,astratativasparaeste negócio de US 50 milhões têm tomado cerca da merndc do tempo do Sr. Cohon nos últimos dois anos, um grande compromisso para umhomcmquecuidadenegócios da ordem de l bilhão de dólares anuais. E conclui a revista: "Se os líder<'$ sovil:ticos pensam que outros executivos Podem dispor desie tempo num único negócio, eles ficarlloduramcntedecepcionados" ("The Economist", 3 de fevereiro de 1990) . Entretanto, a revista silencia um ponto capital: como a McDonald"s reaverá seu inveslimento sendo o rublo in convertivel? Um esforço titânico para produzir sandulches ... Só sanduíches? Nllo. Para difundira idéia de que a Rússia, semdeixardeserconwnista,abre-scparaomundo e que rcprescma um bom mercado para aplicação de capi tais.Êcurioso,nes.sescn tido, notar o silêllcio dos nossos empresários qt1e para 1/i foram a rcspci10 de tais dificuldades. Com quanta razão o Professor Plínio Corrêa de Oliveira, cm scu manifcsto, publicadoem nossaúhimacdiçllo, afirma: "As 5ubvcnções do Ocidente prolongaramaaçllodoscarrascos''. O

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MedalhJo em bronze com a etigle de SJo Luls Grlgnon de Morrtfort, existente na Se<M do Conselho Nacional da TFP, na capital paullsta

Um grande pregador, um grande perseguido Plínio Corrêa de O liveira

Em 1970, em Prólogo redigido para a edição arge11ti11a de seu livro

"Revolução e Contra-Revolução': o Prof Plinio Corrêa de Oliveirn mostraw n relnção existente e11tre a devoçio a Nosso Senhora e n temática de seu estudo. Em nossa edição de agosto/1989 (11.º 464) reproduzimos o me11cio11arfo tema. O mesmo Prólogo, entretanto, co11té111 alguns rasgos i111portn11tes da vida e obra do gm11de npóstolo manimo do século XVIII, São Luís Manfl Grignion de Montfort, cujn festa se come111om neste mês. Sendo n presente mnténfl nindn inédita 1to Brasil, nproveitnmos esta ocnsilio para levá-ln no co11heci111e11to de nossos leitores. Os subtltulos são nossos.

UITOS SÃO HOJE - fora dos meios progressis1as, é claro - os ca161icos que conhecem e admiram a obra do grande e fogoso missionário popular do século XVJII, São Luís Maria Grignion de Montfort. Nasceu ele em Montfort-La-Cane (Bretanha, França) no ano de 1673. Ordenado sacerdote cm 1700, dedicouse até sua morte, no ano de 1716, à pregação de missões para as populações rurais e urbanas da Bretanha, Normandia, Poitou, Vendéia, Aunis, Sai ntonge, Anjou, Maine. As cidades

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em que pregou, inclusive as mais importantes, viviam em grande medida da agricul!ura, e estavam profundamente marcadas pela vida rural. ~ maneira que São Luís Maria, se bem que nll.o tenha pregado exclusivamente para camponeses, ainda pode ser considerado essencialmente um apóstolo das populações rurais. Em suas pregações, que em termos modernos poderiam chamar-se sumamente aggiornate, ele nll.o se limitava a ensinar a Doutrina Católica cm termos que servissem para qualquer época e qualq uer lugar, mas sabia dar re-

alce aos pontos mais necessários para os fiéis que o ouviam. O gênero de seu aggiornamento dei• xaria provavelmente desconcertados a muitos dos prosélitos do aggiornamento moderno. Os erros de seu tempo, ele não os via como meros frutos de equ!vocos intelectuais oriundos de homens de boa fé insuspeitável: erros que por isso mesmo um diá logo destro e ameno sempre dissiparia . Capaz do diálogo afável e atraente, ele não perdia de vista, entretanto, toda a influência do pecado original e dos pecados atuais, bem como a ação do principe das tre-


vas, 11a gênese e no dese11volvimento da imensa luta movida pela impieda· de contra a Igreja e a Civilização CriS· tã. A célebre trilogia demônio, mundo e carne, preseme nas reflexões dos teólogos e missionários de boa lei em todos os tempos, ti11ha-as ele em visia como um dos elementos básicos para o diagn6s1ico dos problemas de seu século. E assim, conforme as circunstân· das o pediam, ele sabia ser ora suave e doce como um anjo mensageiro da dileção ou do perdão de Deus, ora batalhador invicto, como um anjo incumbido de anunciar as ameaças da Jus!iça Divina contra os pecadores rebeldes e endurecidos. Esse grande apóstolo soube, alternadamente. dialogar e pole· miz.ar, e nele o polemista não impedia a efusão das doçuras do Bom Pasior, nem a mansidão pastoral diluía os santos rigores do polemista. Estamos, com este exemplo, bem longe de certos progressis1as, para os quais todos os nossos irmãos separados, heréticos ou cismáticos, estão necessariamente de boa fé, enganados por meros equivocas, de modo que polcmiz.ar com eles é sempre um erro e um pecado contra a caridade. Mundanismo e jansenismo coligados A sociedade francesa dos séculos XVII e XV III (nosso Santo viveu, como dissemos, no ocaso de um e nas primeiras décadas do outro) estava gravememe enferma. Tudo a preparava para receber passivamente a inoculação dos germcns do Enciclopedismo e cm seguida desabar na catástrofe da Revolução Francesa. Apresentando aqui um quadro circunscrito dessa época e portanto forçosamente muito simplificado - indispensável, não obstante, para compreender a pregação de nosso Santo - pode dizer-se que nas três classes sociais. clero, nobreza e povo, preponderavam dois tipos de alma; os laxos e os rigoristas. Os laxos, tendentes a uma vida de prazeres que conduzia à dissolução e ao ceticismo. Os rigoristas, propensos a um moralismo hirto, formal e sombrio, que conduzia ao desespero, lima contando a imagem de Slo Luls Grignlon,

existente no oratório mortuário do Santo (Casa Generalfcla da Congregação das FIihas da Sabedoria, Salnt-Laurflnt-sur-Sévre)

quando não à revolta. Mundanismo e jansenisrno eram os dois pólos que e11erciam uma nefasta atração. inclusive em meios reputados dos mais piedosos e moralizados da sociedade de então. Um e outro - como tantas vezes acomcce com os extremos do erro conduziam a um mesmo resultado. Com efeito, cada qual por seu caminho afastava as almas do são equilíbrio espiritual da Igreja. Esta, efctivamcme, nos prega, cm admirável harmonia, a doçura e o rigor, a justiça e a misericórdia. Ela nos afirma, por um lado, a grandeza natural autêntica do homem - sublimada por sua elevação à ordem sobrenatural e sua inserção no Corpo Mistico de Cristo - e por outro lado nos faz ver a miséria em que nos lançou o pecado original, com toda a sua seqüela de nefastas conseqüências. Nestas condições, nada é mais normal do que a.coligação dos erros extremos e contrários contra o apóstolo que pregava a Doutrina Católica autêntica: o verdadeiro contrário de um desequilíbrio não é o dcsequiUbrio oposto, mas o próprio equilíbrio. E assim, o ódio que anima os sequazes nos erros opostos não os lança uns contra os outros, mas lança-os contra os apóstolos da Verdade. Isto máxime quando essa Verdade é proclamada com uma vigorosa franqueza e põe cm realce os pontos que discrepam mais agudamente dos erros cm voga.

Austeridade e ternura na pregaçao de um santo Exatamente assim foi a pregação de São Luls Maria Grignion de Mont fort. Seus sermões, pronunciados cm geral ante grandes auditórios populares. culminavam não raras ve-Les com verdadeiras apoteoses de contrição, de pcni1ência e de entusiasmo. Sua palavra clara, ílamejante, profunda, coerente, sacudia as almas amolecidas pelos mil graus de frouxidão e sensualidade que naquela época se difundiam a partir das classes mais altas para as demais camadas da população. No fim de seus sermões, os ouvintes freqüentemente reuniam na praça pública pirâmides de objeios frívolos ou sensuais e de livros impios, aos quais punham fogo. Enquanto ardiam as chamas, nosso infatigável missionário fazia novameme uso da palavra, incitando o povoá austeridade. Esta obra de regeneração moral tinha um sentido fundamemalmente sobrenatural e piedoso. Jesus Cris10 crucificado, seu Sangue precioso, suas Chagas sacratíssimas, as Dores de Maria, eram o ponto de partida e o término de sua pregação. Por isto mesmo promoveu em Pontchãteau a construção de um grande Calvário, o qual deveria ser o centro de convergência de todo o movimento espiritual por ele suscitado.


dioceses da França foi-lhe negado o uso de ordens. Depois de 1711, só os Bispos de La Rochcllc e de Luçon permitiram-lhe a ativida· de missionâria. E. cm 1710, Luis XIV ordenou a destruição do Calvário de Pontchâ-

Na Cruz via nosso Santo a fonte de uma superior sabedoria, a Sabedoria cristã, que ensina o homem a ver e a amar nas coisas criadas manifestações e símbolos de Deus; a sobrepor a Fé à raz.ão orgulhosa, a Fé e a reta razão aos sen1idos rebelados, a Moral à voniadc desregrada, o espiritual ao material. o eterno ao contingente e transitório. Porém, es1e ardoroso pregador da austeridade cristã genu!na nada tinha daausteridadetaciturna,biliosaeestreita de um Savonarola ou de um Calvino. Ela era suavizada por uma tern[ssima devoçao a Nossa Senhora. Pode-se dizer que ninguém levou mais alto do que ele a devoção à Mãe de Misericórdia. Nossa Senhora, enquanto Mediadora necessária - por eleiçao divina - entre Jesus Cristo e os homens, foi o objeto de seu contínuo enlevo, o tema que suscitou suas meditações mais profundas, mais originais. Nenhum critico sério pode negarlhes a qualificação de inspirndamente geniais. Em torno da Mediação Universal de Maria - hoje verdade de Fé São Luís Maria Grigníon de Montfort construiu toda uma mariologia que é o maior monumento de todos os séculos A Virgem Mãe de Deus . São estes os principais rasgos de sua admirâvel pregação. Toda esta pregação cstâ condensada nos 1rês trabalhos principais escritos pelo Santo: "O Amor da Sabedoria Eterna", o "Traiado da Verdadeira Devoção â Samissima Virgem", a "Carta Circular aos Amigos da Cruz", utna espécie de trilogia admirâvcl, toda de ouro e de fogo, da qual se destaca, como obra prima entre as obras primas, o "Tratado da Verdadeira Devoção â Santíssima Virgem". Por estas obras, podemos dar-nos conta do que foi a substância da pregação de São Luis Maria Grignion de Montfort. ·

Ante esse imenso poder do mal, nosso Santo revelou-se profeta. Com palavras de fogo, denunciou os gcrmcns que minavam a Françadcentâo,evaticinou uma catastrófica subversão quedeleshaveriadederivar. O século cm que são Luis Maria morreu não terminou sem que a Revolução Francesa confirmasse, de modo sinistro, suas previsões. Fato ao mesmo tempo sintomático e que cmusiasma: as regiões em que nosso Santo teve liberdade de

Preparou a reação contra a Revolução Francesa Nosso Samo foi um grande perse· guido. Este traço de sua e:,,:is1ência é assinalado por 1odos os seus biógrafos. Um vendaval furioso se ergueu contra sua pregação, movido pelos mundanos. peloscé1icoscnfurecidosantetanta Féctantaausteridade,epelosjansenistas, indignados ante uma devoção insigne a Nossa Senhora. da qual dimanava uma suavidade inexpri111ivel. Dai o torvelinho que levantou contra ele, por assim dizer, toda a França. 18 -

CATOLICISMO - Abril/Moio 1990

Saln-Laurent-sur-Sl!vre, cognominada Cidade Santa de Vandéla: em destaque, 11 Casa Genaralícia da Congregaçlo fundada pelo Santo, e II Basmca SIio Lufs Grlgnlon de Montfort

Não raras vezes, como sucedeu um 1705, na cidade de Poiticrs, seus magnificos "autos-de-fé" contra a imoralidadc foram interrompidos por ordcm de autoridades eclesiásticas, que cvitavam assim a destruição desses objc10s de perdição. Em quase todas as

seguiram. foram aquelas cm que os "chouans" se levantaram, com armas na mao, contra a impiedade e a subversão. Eram os descendentes dos camponescs que haviam sido missionados pelo grande Santo, e preservado~ assim dosgcrmcnsda Re\·olução. O


História Sagrada em seu lar -

VOCAÇÃO DE ABRAÃO ' 'ENQUANTO a idolatria se espalhava pelo mundo, e a maior pane dos homens se entregava aos vicios, osdcs~ndentesdc Scm lfilhodeNoé lviviam como justos. Para conservar a verdadeira religião, Det1S elegeu uma ramllia que transmitisse a memória do Criador e de suas obras, a f~ e a esperança no íun,ro Redencor. "O chefe desla grande íamllia íoi Abraão. Morava cm Ur, cidade da Caldtia [sítuada na Mesopo1âmia, atual [raque). onde praticava o cullo do verdadeiro Deus. PorissooSen horlhcdi ssc: (1) "Saidatuatcrra,eda111aparcn1ela. e da casa de teu pai, e vem para a tcrraqueeutcmos1rar. Ecu íarci(sair) de ti um grande povo, e te abençoarei, ecngrande<:creiotcunome,escrãsbendiw.Abc11çoarclosq ueteabençoarcm, camaldiçoarciosquetcamaldiçoarem: e em ti serão bendi1as todas as naçõe5 daterra"{2). "Abraão partiu eom sua mulher Sa· ra e Lot, seu sobrinho, levando servos e rebanhos. NaterradcCanalt [ou Terra Prometida, mual território do Estado de Israel] Abraão levantou um altar ao Senhor"{)). ''Pela íé aquetequc se chama Abraão obedeceu.partindoparaolugarquchaviadcreccberporherança.epartiusem saber para onde ia. Pela féestabelcceuse na terra prometida como cm terra alheia,habitandocmtcndas" (4).

Abraio toma-se riquíssimo "Abraão, depois de ter vivido algum tcmp0 na terra de Canaã, por causa de uma grande carestia, foi obrigado a ir para o Egito, onde adquiriu muito ouro, prata e numerosos rebanhos. Cessada a pcmiria, Abraão ,oltou para Canaã, muito rico.

"Entretanto, os pas!orcs de Abraão edc Lot tiveram entre si vàrill.'lcomcndas, porque cada um queria para si as melhores pas1agens. Abraão, por isso, disse a Lot: 'Não haja desinteligências, nem questões entre nossos pastores, pois somos irmãos. Escolhe para ti a partequemaistcagradardopaísque nos rodeia: se escolheres a direita, cu seguirciparaaesquerda,sepreferiresa esquerda, cu ficarei com a direita.' Lot cscolhc11osfértciscamposq11cmargeiam o Jordão, onde existiam cinco cidades conhecidas com o nome de Pentâpolis, entre as quais Sodoma e Gomorra. Abraão íicou no pais de Canaã" (S). Abraão vence uma guerra "Quando Lot habitava Sodorna, reis estrangeiros fizcramgucrraaosreisdc Sodoma e de Gomorra. Tomaram, saqucaram cssas duas cidades c rctiraramse. Entre os cativos e prisioneiros íoi Lot eom todos seus bens ... "Logoquesoubcestarscusobrinho prisioneiroedcverserlcvudocativo, Abraltoequipou3l8descuscriados, lo· dos gente valeute e dedicada; e com scusaliadosseguiaaoencalçodosinimigos. Surpreendeu-os à noitc,dcstroçouos, e retomou -lhes os espólios e rc,;onduziu Lot, seusobrinho,juntocomosdemais prisioneiros ..

noções básicas O s~ctificio de Melquisedec "Quando Abraão, vitorioso dos reis estrangeiros, voltavaimracasa. Mclquisedcc, rei deSalém, trouxe pãocvinho crnsacrificio, poisc\ccrasacerdotede Deus Al1issimo. Abençoou Abraão edisse: {ó) "Bcndi10 seja Abraão pelo Deus Altissimo, quc criou o céu c a tcrra; e ben· dito seja o Deus Altlssimo, por cuja proteção os inimigos estão nas tuas mãos" (7).

"Mc!quiscdec, .... é uma das mais empolgantes figuras do Messias. Não tendo geração alguma conhecida nes1c mundo, ele é rei, é pontífice; apresenta em sacriflcio o pão e o vinho, imagens do futuro sacrifido oferecido por Nosso Senhor na vésperadasuamorteediariamcntc renovado sobre nosws aharcs cat61icos"(8). ''EsteMclquiscdec(cra)reideSalém, sacerdote de Deus Altb;simo, que saiu aocneontrodeAbraão,quandoclevollara de destroçar os (quatro) reisco abençoou .... (Mclquiscdcc), sem pai nemmlle,scmgcncalogía,semprincipio dcdias,scmfimdevido,etornadoassim semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre .... (Melquisedec) rc,;cbe u os dízimos de Abraão e aben~oou a ele que tinha as promessas (de lX:us). Ora, scmdllvidaalguma,o infcrioréquerecebeabênçãodosupcrior"(9). 0

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CATOI.JC ISMO - Ahril/\1aio 11>90

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Esta es tranha construção, parecendo ser a toça de um bicho monstruoso, é um eJCemplo, para o ser humano, da arqultelura ecológica .. integrada " no meio-ambiente, em Vlrginla, EUA . Qualquer sina/ de civ/1/zaçlo foi banido. Na frente seu criador, o arqultelo Roy Mason.

chuvapublicicàriapsioo-corrosiva vem caindo sobre o mundo civilizado. Traia-sede uma propagand a a:o logistadiscreca mas mui10 mais pcne1rame do qucsesetracassedeatuações espccaculares - que põe cm qucstao, a maioria das vezes em tom caseiro ou apagado, até osMbitosmaismiúdosdasocicdadeurbanaeindustrial.predispondo os espír itos para a radica l revoluçllo religiosa e cultural visada pclaecologia(I). Um exemplo, entre outros, nospropQrcionaolivro··projc10 para um Planeta Verde'' de John Seymour - 1ido como o "'paídaautosuficiência"'-e HcrbertGirardct(HcrmannBlumc editor. Madrid. 1987, 192 pâgs). Ambos filmaram uma stri e televisiva para a 1313C de Londressobrcacriscecológica mundialNovolumccitado,resumcm sua "mensagem". Na capa, um desenho colorido, mais adcquadoparalivrodccrian,as, mostraumplanetaverdesimpaticameme coberto de granjas, gramados e animais pastando. Um oorrcgozinho e b311dos de aves voando acrescentam ainda à sensação distensiva calegrele da apresemaçao. Nada, salvo uma geornétricadi~tribuição das áreas de tcrra, faz supor que dentro do vo lume, com linguagem aparentemente ponderada. ati! os mais eomezin hos costumes ou práticas do leitor vao ser postos cm causa.

Perante otribunal ecológico C rilério.s d raconia nos de julgamenlo Desde as primeiras páginas. o leitor vai SCJ1do iJ1srnladosutilmeme no baflco dos réus. De início, ~ chamado a "assumir rcspons:1bilidades··. o que, segundo o livro, ··requer de todomuJ1doqueaceiteserabsolurnmeme responsável. rnnlo do quefazquamodoquenãofaz'" (p.16).lrnagincolcitorcstesingularprincipioaplicadonaJus1iça: um homem acusado de "ab· solutamente rcsp0nsáve l" do qucnãofcz!Jáoutrasutopias, co mo a da Re\"olução FraJ1ces.a ou· da Revolução bolchevista, aproveitaram-sede semelhantes sofismasparacxcusarsuasmais totalit:i.rias atimdes e cometer crimestcrriveis. O mi;1oecologista prosscgue· ' "Não é suficiente alegar ignor:lnciaaccrcadasconscqüências úllimas de nossas ações. Devemos considerar como as~umo nosso a avcriguaçao de como seoriginacadaprodutoqucconsumi mos e que efei10 tem sua manufatura-esuaellminaçao final-sobre nosso meio ambiente. Os responsáveis somos nós" (p. 16). Voltando-nospa-

20 - CATOLICISMO - Al,ril/Maio 1990

raarealidade,quemcmconcretopoderiacumprirestaprescrição? Pois, os aluais processos de produção são cada ve,. mais complc:,;os. E,paraumlc~antamento dos efeitos produzidos 11omcioambicnlepelamanufalllra e eliminação final de um simplesproduto,podcsernl-eessàrio um estudo de proporções mirnaginàveis.Scfosseumproduto só! Qual seria a massa de publicações especializadas que uma dona de casa precisaria consuharparafazcradespesa doméstica? Apropostaccologistaéutópkacirrealizável. Mas,scado, tado tal crit~rio, uma coisa fica de pé: lodos e cada um dos iulcgrantcsdasociedadeurbano-industrial são absolutamenterespons.àveis pela ecologia e, em consequê ncia, podem ser incriminados pQr não sc tcrem in formado, e ademais pelo que não fizeram. As acusações O capitulo primeiro qualifi~ de "Era do desperdício". Num "box" com o titulo "A má gestão domés1ka" ,lê-se: "A responsabilidade pela

ca nossa

contaminaçllo de que padece 110Ssoplanetanãoi!somcn1edas grandesindi1s1rias,{ ... )em llhima instância. é o consumidor quemantémadcmandadospro, dulos, corrC$pondendo,lhe uma responsabilidade igual pela CO JI· taminaçãoqucamcaçaarruinar nosw planeta." (pp. 14- 15). A acus.açãoégravc:ooonsumidor, pelo sim ples fato de consumir, participadcumaobradcvasrndora da Terra. Obra essa que, a srroomoaecologia diz, merece amllximareprovaçao. No mesmo "box", um desenho atraente representa a casa deumafamiliadcpcquenaburguesiaou talvezdoopcra riado. Para que nao haja dúvidas a respeito da acusação acima feita, o livro desce aos pormeno, res. Uma ílecha aponta as roupa5 que a dono de casa pendurou no varal, com os scguir11cs dizeres: "O13SESSÃO DA LIMPEZA. A filosofia do 'mais branco que o branco'( .. ,) tem levadoaumaulilizaçllocxcessivadedetergenles, branqueadores e outros produtos qulmioos (.,.) Isto tem resultados negativos para a qua lidade da :i.guo cm nossos córregos, lagos e rios." {id.ibid.). De uma vez


só,alimpezadasroupasdafamllia - que ioda boa dona-decasa, mesmo a mais modesta, tem como ponto de honra - é associadaàobscnão,sendoela responsabili1.ada por contribuir para a poluição de rios e lagos. Mas,oelcncodeacusações nãopjraai. Vejamos os tópicos seguimes, apontados pelas nechas do referido dese nho: • " DIS P ENSÁ RIO DO· Mts'rlCO (... ) um excesso de mcdicamemos que têm muito pouco efeito." • " LIX O DOMÉST ICO. A maior parle das pessoas, num ano.joga fora o lixo equivalente a muitas vezes seu próprio peso,( ... )(há)cnormcdcsperd!cioderecursos.Olixomistura-

doémuitodifícilde rccidar,e grandessuperficiesde1errasvaliosas vêem-se inundadas pelas montanhasdercsíduos inutiliúveis." • "ÁGUA DESPERDIÇADA( ... ). A (lgua de uso doméstioo ficacoruaminada porincontâveisprodutosquimicos." • "'CARNE OE GRANJAS INDUST RIAIS. Comer car ne procedente de granjas industriais fa,orece um tipo deexploração bârban, que produz uma carnercplctadcantibióticose produtos quimicosve1erinários." "DIETA PROCESSADA. (... )OqU<'asempresas introduzem nos alimentos, raramente é tãosadioounutritivoquantodcveriascr" (op. cit., pp. 14-15).

Em suma, n dona-de-casa, no seu empenho de manter elevado o nivd da vida familiar, torna-se uma pessoa perigosa, poisalémda''obsenãopclalimpcza", intoxica-se e intoxica os seus com alimentos e medicamentos duvidosos, joga fora quamidadcsabsurdasdemaleriais,contribuindoparaenvenenarriose lagosecS1ragarvaliosastcrras. Na perspectiva eco lógica, tais 'crimes' l'C$Umem-se numsó:oonsumismo. Todaafamíliacaisobacusações: • "CONTAMINAÇÃOMÔ\IEL. O carro C a propriedade mais contaminadora d!-ntrc as que possui a maior parte das pc,soas;( ... )consomema1eriais

réu: todo integrante da sociedade industrial

valiosos,contaminaaacmosfcra e quando vai para o ícrrovelllO( ... )desfiguraapaisagem.·· ' "SEDE DE ENERG IA. Embora diminuam cada vez mais as reservas de combus1ivcis fósseis,osdomiciliosparticularcscontinuam rcpresentando boa parle do consumo total dcenergia.Grandeparcedaenergiaconsumidano!arédcspcrdiçadaouutiliudaparafinsduvidosos." • .. RISCOS QUiM ICOS. As casas modernas fabricam-se e mobi liam-se com materiais que ainda n11oforam posiosà prova( ... ) As emanações dos plàsiicos, as pinturas e osconservamcssllo uma ameaça continua e oculta à atmosfera do interiordasresidências."(op. cit., pp. 14-15). Emrcsumo,opaiqueprocuraelementosnovosparamelhorarsuacasa,dotá-ladeequipamentos parn maior conforto e adqui rir carros,acabaríaporissointo~icandoosteus,causaria uma diminuição nas reservas doplancta,po!uindo-asademais. Seafarnlliacuidardajardinagernoomosrceursoshojecomumente usados, incorre em nova falta: "Além de contaminar a âgua c os alimemos, esses vencnos(aditivosagricolas)têm um efcito lesivo sobre a fauna inofensivadojardimoudahorta. Tudo aquilo queécapaz de des1ruirumaformadevidadanificaráoucras. " (id.ibid.). Nem li mpez11, ne m comb11le 110s germes No Capitulo 6, os au10res indicam "Como suprimir a obsessão da limpei:a". lnicialmcnteobservamque,pelapropaganda, "chegamos a convencer-nos dequenossoscorposdcvcmcstar livres de germes." E admoestam: "Uma vez mais, is10 representa o em prego de produA vida contortável, na abundlncla, com que muitos podem sonhar na sociedade Industrial, vam sendo apontada pelo ecologlsmo como p rejudlcla l I natureza e I saúde humanas

CATO LI C ISMO - Ahril/Maio 1990- 2 1


los contaminantes." (op. dt.. p.93). ''Projeto para um Planeta Verde", numa linguagem pacata, investe contra a id6a de um lar 58.udivcl, limpo e digno segundo a boa tradição, numa sociedade de consumo. Enaltccc os rudes trabalhos de limpeza outrOl'"a executados manualmcnteehojercalizadosporcquipamentos domésticos e artigos de grande eficácia. Sabões para lavar roupas e louças, dcsinfetantes para pias, detergentes dc usos variegados, lustra-móveis, lustradores de metais que hoje são os (micos ao alcance da imcn58 maioria das pessoa.J, &ãoaprescntadosobsessivamentesobseusladostóxicos,cáusticos, contaminantes, destruidoresdoequillbriobactcriológico, danosos para a saúde, poluidoresdaatmosícradom~tica,causadoresdcqucima da pele, podendo ser altamente venenosos se ingeridos. O ataquecompleta-sccomarecusadeutilização de certas substãncias, como os pcrfumes,consideradasscmnenhumvalorprático. Paraaecologia,éclaro ... E sc aparece uma barata ou uma putaa? Os ecologistas preocupam-se coma "doidice" deutiliurinseticidas,sobretudo"sprays''."Acontaminação deliberada - dii "Projclo para um Planeta Verde" -doar doprópriodomidliocompcrfumcsartiriciaisjáébastantegrave,mascontaminá-locomvenenoséumademência. Ninguém que se preocupe com a saúde deveria ter a mlnima relação com os inseticidas( ... ) Econcluem,eJ1agerad.amen1e: "Mais vakagüen1arasmoscasqueenvenenar-sc" (p. 96). A eoologia parece consideraro horrn:mcomo umanimal, talqualoutros,comosenãotivesseumaalmaespiritualeimortal.Apartirdescmelhantepressupostoentcnde-scafrasc: "lbdo animal que viva numa toca pennaneote, como ocorre com a maior parte dos humanos" (op. cit., p. 96). Eis ao que rica redutido o lar oo mundo ecologista: uma toca! Bem ao contrário da sacralidade do lar cristão, quando nele se praticam

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os Mandamentos da Lei de Deus. O sabonete, e também outrosprodmosdeassciopessoai, como o creme dental, não .sãopoupadosnascritieas." Projeto para um Planeta Verde" sublinha que eles vêm "repletos de produtos qulmicos (... ) muitos deles nãos.ão nada bons"; "ossabonctesdcsodorantescontêm substlncias que se acumuIam na camada superior da pele, e que podem cm certas ocasiõcs penetrar até o nullo ci rculatório, ou causar reações alét-gicas.''(op.cit.,p.99).Ohexaclorofcno, bactericida usado em sabonetes e desodorantes - aproveita para Lembrar o "Projeto"-levouámortetrintaescisbcbe5emParis(op.cit. , p. 99). Muitasloçõe$paracabclos, que dizem possuir qualidades extraordinárias, trazem corantes e substâncias que irritam a pele e os olhos e cs1ão associadosàocorrênciadccãncer {op. cit., p. 100). No total, o "Projeto" carrega a no1asobre contra-indicações parciais destesprodu1osindustriais,eincen1iva o abandono do seu uso. Nasatuaiscondiçôes,istoimplica numa queda da limpeza e dasaúdcpessoal. Posio o fundo pantelsta da eoologia - quealevaamisturarnummesmopédeiguatdadehomcnseanimais-experimen1ar previame11teartigosdc toucadorembichosécxecràvel, mesmo que por este meio se evilcm danos às pessoas. Sobotílulo "Os sofrimentos que nossavaidadecausaaosanímais", o "Projeto" diz: "o principio da.não-violência deveria fazernos repudiar o uso de cos.méticos. que tenham sido testados em animais.'' Pois isso é "crueldade". "Thmosdecomprcender - acrescenta-que fazemos pane de uma podCl'"osa e diversa comunidade biótica. Deveremos coexistir com outrasespécicsgrandesepequenas,inclusivc microscópicas. O son ho de podermos obter um controle perfeitosobrenossomeioambiente - de podCl'"mOS eliminar todas as formas de vida deste planeta,excctoaquelasquenos são diretamente úteis - é um mau sonho." (op. eh .. p. 102).

CATOLJCISMO - Abril/Maio 1990

A higiene, a compostura, a boa aprcscmação,esobretudoosaudàvclpudor,quclcvamacsconder os eícitos do pecado originalcacombatcrinsetoscbactérias, são mal vistos pela ecologia. A sujeira, o mau cheiro, a proliferaçãodcmicróbioseinsctos,éaconseq0lnciainevit1ivel ... Olivrotrazumconsclho'altcrnativo': "Nllohádúvidaa.,.severa-queo mclhor cos.mético disponlvcl no mundo é o trabalhomanualduro( ... )''(op cit., p.102).

Dfllinaçio última: • tribo O elogio do "trabalho manualduro"provémdospostulados rilosóíicos ecologistas que vb:m o homem como um bicho "predador" que "orgulhosamente"seerigiuemdominador das outras espécies. O homem recobriu-se dos produtos da civilização e com isso -dcfendemosecologistas -ficou doentio. O trabalho flsico possui ncsscconteJ1toumvalor" cura1ivo" tisico e '"espirirnal". O "bom exemplo" viria das tribos mais decadentes: "Ainda

Os mod&mos produtos de asseio pessoal, como o sabonete, ou pars a higiene do lar do censurados por uma propaganda ecológica un/111ter11I e exagerada

que adornados com roupas finas,nossoscoq>05sãoessencialmente os mesmos que os de nossos antepassadoscaçadores-ootctores. (... )A vida para eles não era particularmente penosa, mas também não era uma vida inativa.Semanasaílo,àsvezes, as famllias ()odiam percorrer umagrandcdistãnciacadadia, apanhando animais, reoolhendocomidasilvcstreelcvantando um acampamento temporãriocada noite. Praticavam abundanteexCl'"clcioílsico. No sentido moderno, careciam de lar. Nlo tinham residência permanente, também não possulam muitos pertences já que tudo o quelhcsperteneiadeveria scr transportado de um acampamento ao próllimo. Mas, , ao rim do dia, umavezqucoalimcn-


to tinha sido coiceado e comido,nãohavia muito com o que sepreocupar.Oscscassoscaçadores-coletores que ainda c~istem na ll:rra, cm lugares como o deserto de Kalahari, os quais ainda não foram corrompidos pela vida moderna, desírutam de boa sa úde. "As coisas são diíercn tcs para nós. Encon1ramo-11osprotcgidosdomundocxtcriorccobertos de posses. Nossos~ calçamsapat os ( ... )nãoemprcga rnos nossas mãos para subir nas escarpas o u nas árvores, ou para co lher comida. Em lugar dt'iSO as empregamos para apertar botões, ligar intcrruptorcs ou scgurar íacas c garfos. (... ) Empregamos nosso tempo (... ) ofcre1.Xndo poucas oportunidades a nossos corpos para realizar o tipo de atividades pa-

O carro I um dos objetivos mais criticados pela ofensiva ecologlsta. A eco/oglapr&fere a blclclera porque "funciona com energia humana"...

raasquaisforamdcscnhados." (Op. CiL, p. 104).

Ao razcr esta idllica descrição de tribos, cm que os membros vivem quase como animais, nômades, semi -nus, vir1U alrn ente scm propricdadesc numa ''fa. milia" mal ddi11ida, o " Projeto" não e mit e nenhum a criti ca. comrariamente ao que faz aliás supcrabundantcmcnte cmrclaçãoàsocicdadcdcconsumo. Expressivo sinal do pendor anarco-nibalquemoveaeçologiaedaparcialidadedesuascriticas. Desraundo

uma diriculdadc Co ntra oq ueatéaquidisscmos, uma objeção poderia ser feita: "Projeto para um Planela Verde" sugere algu mas sol uções. Fala de "simplicidadi:voluntãria'' , de matérias- primas naturais e re<:usa dos produtos co m ingredientes artificiais. Além do mais,comoéóbvio, na sociedade de consu mo há muitos abusos. Não se deveria, portanto, concluir o pior. E,

sc acontecer ... uma vida no campo, embora frugal - alguns dirão "miscrabilista" tem seus atrativos! Pensaoimagim\rioobjetantco qucacont cceriascos habilantes de gra ndes urbes como sao Pau lo, Rio, Mhico, Tõquio , Nova York, Londres, Pa· ris, BucnosAiresdccidissem scguir à riscaosconsclhosecologistasdcsóacei1ar produtosna1Urais scm aditiv0$ c r«usar os produtos artificiais, poluintcs, etc. Im ensas fãbricas iriam fcchando,acomcçarpelasqulmicase farmacêuticas. As empresas produtoras de vcículosquebrariam cm vi rtudcdc uma pequenadcmanda. Logo faltariam as peças de reposição dos equipamentosdomé:Sticos,algunsimprescindíveis como os elevadores para os apartamentos. Certa.scentrais energéticascntrariam cm regime de baixa produção e outras seriam desativadas. A produção alimentar, postas as condições atuais, sem aditi vos, não daria conta das ne,;:cssidadcs,eoabasteccmcntodascidadesseria racionado. Num prazo maior ou menor, avidanascidadesficariainsupo rt ávc l,caimicasoluçll.oscria o hodo. Êxodo para os campos, onde 0$ ex-cidadãos da fatida socicdadcindustrial cncom rariam o"t rabalhomanu al duro"clogiadopelos ecologistas, mas paraoqualnãoes1ãopreparados. As noções ne<:essárias para o artcsa nato eparaaboauploração do agcr, acumuladas pela sabedoria de gerações, hoj e estãoc5quecidaspclo hom em das cidades. O resultado é que o eventu al abandono das urbes modernas,insufladopela «ologia, conduziriaã mi séria, à doença, à desgraça. Do mes mo modo que a reforma agrária socialista c confistatória, noBrasil,estàgerandoverdadciras"favelasrurais'',dcnominadas''asscntamcntos" . Co mo controlar as massas nessas novas condições? Só se consegue cxcogi tar um meio: a força, Força, ou das armas, oudosobscurosfatoresafins com oecologis mo,qucsc mani festam no "gurusismo" ou na

parapsicologia. Então a utopia pantcls1aau1ogestionáriadaerologia teráchcgadoásua concl usãológka.Aotrágicocespant oso fim de todas as utopias da História: a tirania. Além do mais,seriaingênuopcnsarquc ocomunismo deixará passartão gigantesca convulsão sem tentar aprovcitar-scdelaparaimplantara autogcstão. Será que os que dirigem o movimento ecológico por dctrU dos bastidores não perceberam cssasconscqllências? !Ou ant cs, as têm em mira como um fim desejado, ma.s que por tática não propagam? Ecologiaxlndustriafüaçio: problema mal posto "Mas então o quê? Resignar-se! poluição, !degradação cons tantedavida?",pcnsarà alguém. Sanw Agostinho, cm sua famosa obra ''A Cidade de Deus" imagina um Estado cm que governant es e povo, pais e filhos, patrões e em pregados, todos cm suma praticassem bem a LeideDeus.SeriaaCidadcperfeita,ondctudofuncionariatão bem quanto possível, neste vale de lágrimas. Uma verdadeira reforma da civilização moderna só será viável e autêntica se nascida de um movimento de oonversão, Fruto da graça do Espírito Santo, Então apan..-cerãoas fórmu las que combinarão felizmente oesplmdordasgcnuinasconquistasdacivilizaçãocomasmaravilhas que Deus pôs cm Sua criação. O luxo, a arte, o conforto irlodcmãosdadascoma virtudeeorespeitoaosscrescriados. aconscrvaçãopondcradacracional danatureza. Fora dessa via que Oi homens podem alcançar pela intercessão onipotente de Nossa Senhora, só restaassistiràderrubadado Mol och urbano-industrial e ao triunfo da ecologia nasujeira,nahcdiondcieno horroranarco-1ribal. Sea Providfncia an tes não intervier. SANTIAGO FERNANDES

CATOLICISMO - Abril/Maio 1990 -

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Escrevem os leitores •

Aos pais

Sou um pai de familia e me encontro preocupado com to• dos os problemas do mundo

atual. E agora com meu filho que irá cursar a 6ª stric do 1° grau. Na sua idade, 12 anos, clcestâdcspertandopa raarealidadc do m1111do, e nes.,.a f~ começam os problemas. E aqui enlra um livro de Históriaado1ado pelo Colégio (sa lesiano) que, seguodo o diretor, é fruto da nova Constituição. ~ livro,

se meu filho o kva a strio, o transformará em guerrilheiro urbano ou rural, ou scrà um ateu revoltadoetotalmemcco-

munistiu.do. Peço ao Sr., se possivel,divulgarnacolunados

leitorcsacartacndcreçadaaos pais que envio:

SENHORES PAIS. Ê impressionante como a esquerda radicaltenla,atravkdaConstituição, impor aos nossos filhos uma "História", absurda, distor,:endo os fatos em proveito das reivindicações tidas como ''sociais".Porexemplo, aguerra de Canudos e outros fatos, revoluções e episódios de nossa História. Assim, os irmãos Nelson e Claudino Piletti, em seulivro"HistóriaeVida",para a 6' série do 10 gra u, nos con1am uma his1ória vista pelo prisma comunista. Nela o grande herói t sempre o PC, que desdeasperambulaçõesdcPrestcs attnossos dias, foi o Partido que quis a melhora dos oprimidos, mas por força das circunstãncias nãoconseguiu a vcrdadeira " libertação" dos pobrcs. Ao finaldolivro, osautoresensinamque,apesardetantas lutas o povo continua sem saída, poisospo líticosnlloprestam eas au toridades não mu dam.e propõem que o próprio povo resolva o problema. Como? Os autores não dizem, mas um bom brasileiro vê que

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insinuamagucrrilha,dadosos fatosporelesciiadosecomemados ao longo do livro. Pergunto: como podem querer incutir cm crianças de li e 12anos uma doutrina deslas?! Coisa igual, só no Cambodgc, ondcosgucrri lhcirosdoKhmer vermelho doutrinam crianças paraodiaremospaise fazerem a matança de 3,S milhões de: pessoas. Sr!l. pai s, temos qu e prole~tar contra esse livro (Waldir RamirodaCosta,Salvado.--BA).

• Reforma Agrórla Li com atenção a rcportagam sobre a " Reforma Agrâria" implantada na fazenda Pirituba, que não deu certo. Sou uma pessoa preocupada com os problemas do homem do campo e vcnho lutando,cscrcvendoartigos e att propondo a criação de uma "Colônia Agrlcola". Att agora, tudo cm vlo, pois os poll ticos nlo se interessam por mudanças. É o eterno ''deixar estar para ver como fica"! ( ... ) Vejo o Município como o pilar de toda a questão. Nãot trabal ho demagógico para ser implantado de um dia para outro, visando unicamente frutos clcifo reiros. Gostaria que os amigoslesscmoquecscrcvi, fi xandomaisnapropostada"Capri nocuhu ra e Colônia Agricola em Min osGcrais". Parabén s pela brilhante report agem. (JoaquimMachado,•lollorizon1c-MG )

• Aviso aos Indolentes Venho acompanhando com alegria o progresso conti nuo darcvistaCATOLICJSMO. Parabenizo, pois, a redação por nos proporcionar esla fonte de informaçãoeformaçllotAovasta csalutar. Osartigos versan -

CATO LICISMO - Abril/Maio 1990

do sempre sobre temas candentes nos ajudam nas conver= fornecendo dados e refutações e também a análise feita soba lu z dos princlpíos luminosos do li vro "Revolução e ContraRevolução" nos garante firmezaesol idezdout rinâria, separando bem o joio do 1rigo. l:: dificil at~ mencionar este ou aquele artigo como sendo o mais interessante ou proveitoso, mas gostei muito da série sobre a Revolução Francesa. Nesta horaemquc:osvemos doorgulho e sens ualidade varrem o mundo~ preciso que se saiba a verdadcinteiraa rcspcitodarevoluçãoqueinves1iu contra o Altar e o Trono. O magnifico artigo do Sen hor Dr. Plínio "Aviso da TF P aos indolentes" t uma tâbuadesalvação no caos em que se encontra o nOSM> Brasil. (MariaÁn gt'laTilonrlli,Mil"llttma- lU).

• Nenhuma figura semelhante Como leitor asslduo dessa revista, venho lhe apresentar minhas impre$SÕCS a respeito da mesma . Desde os tempos de jovem, nósllamososartigos do Dr. Plínio, publicados no Lcgionârio. !::ramos um grupo de jovens, lã do interior. Para nós era algo de maravilhoso a sabedoriaeculturadcs.scescritor.Comocorrcrdosanos,semprc acompanhei sua trajetória fulgurante. Mais tarde, vim a trabalhar também no Lcgionàrio, durante anos, redigindo uma coluna do mesmo. Com o passar dos anos o Dr. Plínio criou o CATOLICISMO, a TFP e foi ampliando sempre mais a sua obra, que todos conhecem. Revendo a História da Igreja no Brasil, não se constata nenhuma figura semelhante. T ivemos escritores, jornalistas, etc. Mas um homem que criasse umaobragigantCS(:a,colossal, dcs.sc porte, jamais. 1:: preciso estar nesse meio para saber o que significa enfrentar toda a martdeconfusõcs,capitulações, traições, oposições ferrenhas, paraseaquilataraenvergadura dessa pcT$0nalidade lmpar. Figuras assim sllo raras, e somemeaparcccmnashorassombri asdas nações. tum raio de lu z fulgurante no meio das mais espessas trevas. No meio dadebandadageral,ergue-se

um farol de fulgidissima lu z, a apontar os autênticos caminhos a seguir. Como sugestão acho quedeveriamuprcscn1arsempre essas revelações, como a de Catarina Labourt, de Lourdcs, Fàtima, Salcte, etc. E também esses esclarecimentos sobre os sacramentos, a Missa, a oração. (A. Moucr, Slo Paulo-SP).

• Interessante CATOLICISMO a cada mimerofmaisi ntcrcssant ce mara vilhoso {Eugenia Garcia Gut.m,n, MI. Klsco-New York)

• "Leglon6rlo" No nº 460, de abril, saiu um antigo artigo do intrépido Dr. Plínio Correa de Oliveira sobreocarnavaLScdapossrvel CATOLICISMO publicar ouHos artigos de Dr. Plínio de "O Legiornlrio'"1 Provavelmente a quase1otalidadcdosassinantes nãoconhececssesartigos( Anlonio Pinlo Soart'J, lkltm-PA).

• Pedido Tivem0.'I oportu nid ade de mostrara revista de n º 464 a algunsco legascu mdeles,oSr. Alcindo de Melo Mota pcdiume quc cscrevcsse â redaçlo pa ra faurum outro pedido: seria posslvel nos enviar a fotografia de Nossa Senhora de Fátima, nomesmotamanhoquefoi publicado na capa? Énossaintcnçãocolocarmosn umamoldura. Quanto à despesa, enviaremos de imediato a quantia. Éposslvel ainda adquirirmos ou tro cxemplardarevista nº464?(1-' crnandoAnlonioSabinoCordciro, R«lft-PE) .

• Enfrentar Gostodelerestarevistasemprcque posso,c vera coragem do Dr. Plinio de enfrentar esta igreja progressista que temos hoje (FJkio Bucalio, Assl! Chaluubriand-PR).

• Ponto de referência Para mim CATOLI CISMO tu m insubstituivel pontodereferênda,jáquem eil ustraobjetivamentc sobre um contex.to mundial e o especifico do Brasil (Fedrrico Muggenbura y Rodriguez Vlgll, Ml'xlco). ·


MANIFESTO da TFP repercute

nos Estados Unidos

mt'rkana. Grande número de telefonemas, proçedentes dos mais divcrsospo111osdoterri16rionortc-americano,aíluiu àSede da TFP daque le pais, em Nova York. A titulo de amostrage m, apresentamos algumas das mais signiíi cativasrepercussões: • Mesmo nllo sendo católi- mldia com um documento eles• "Não sou católico. Mas é mostrado no manifesto). Por oo, um consu ltor C'ducadonat se porte, levantando todas essas o arcigo imprcssior1ou-rn<: mui- isso,1ostariaderc«bcrinformani ícs101a.sc inteiramente de indagações. Fko muito zanga- io", disse um sen hor de Ohio. maçõcs e tornar-me rolaboraacordo com o Manifesto. "A- doaoassistiroenviode d inhci- "Tenho um grupo de amigos dor de sua organização, da cheia parte VI, referente à lgre- ro do Ocidcme para Rús.sia e a que igualmente se imprcssiona- Qual admiro tam~m o símboja Católica extremamente escla- China, triste sintoma da deça- ram. As pessoas em geral consi- lo, o leão heréldiro". rccedora. Conheço bem a situa· dência de nosso pais", eomen- deram que a esquerda reprcscnçào descrita no documento, a tou um católico de Michigan. ta a Igreja (ao co ntrério do q ue • Um italiano cató li co, da qual confirma toda$ ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Califórnia, come nas impressões que eu tou:''Ai ndanãocon-

~·,.•,~:;;,!::,.:~: entre a Igreja e ocomunismo seja de fato o aperto da mio

:e":~:':J~:

:mr~~:~ pois o comunís mo

:~:~~=~3~~~

Vinte e um Jornais em oito palses 0 documenlo de WIOl'l,I do Praidmlt do CNda Tl'Pbrlliltinl foi

ITÁI.IA,

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ckotmplatt,de,i,.....,)

publicado""'...,._. ..Corrien . . !;en",Millo, 7-l·90(2mílhola

~~ S. halo' \

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Paulo,

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Hon",Pono Alegre tRSJ, 14-J-90 "Fotu • ...,....,.. , Lol\drlna (PNJ, 14-l-90 "l>lrlrio P°'"'I•", Peto.a1 (IIS), 14-l-90

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não percebam que Gorbac hev ! um exlmio ator'', •··consideromuito animador ver um grupoconscrvadorfuraras barreiras da

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2 3 90 ~L~t,'-"· SanHqo, · · "F.I M...,,", San11 Çrui M la Sima, 4-1-90 .. ll o.titr". San ta C,u.z de la Si<:r,a, 4-l-90 1 ;:J.90 t:QlJAl>OR "tl c-tifl", Qu110, 14·l•90. "lcl Triot1u f o", Gua~•quil,

~;~:~ ~~~~:;:~·::::<~~ ::~:. ~~~~i!l~ n<amtnltnasXl<api,alsd<hdcratJonon,-amc:rieana,, 21·2·90 Cl mil~, 200 mil c>.em· plare-sdcti"'l<'m)

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nismo, essa farsa, esJe egfarelando. Pcraunto-mepor quc

1,

~~:~;;c,:~~:a:s:~ tal tigre de papel.

~:ª!:c:\:i:::f:i mos lra m-se indifcrentes, e quando os bons não prestam 1 ;~~:~~: nheço também que nem se mpre a Igreja toma as posições mais acertadas",

~:~ç~~~~:.

CATOLICISMO - Abril /M11io 1990 -

25


Estandartes na marcha contra o aborto WAS HI NGTON-A Marcha Pró-Vida , que se realiza anualmente, reuniu em jauciro Ultimo uma multidão calculada cm cem mil pessoas, com delegações procedentes de todos os

Estados. O desfile teve inicio nasproximidadesdaCasallranca, dirigindo-se para o Capitólio, fazendo assim chegar à se-

de do poder kgislativo a voz damaioriasitcndosaesemaCC$so aos grandes meios de comunicação. Causouvivairnprcss3oapresença da T FP norte-americana nessa manifestação.A exemplo dosanosanteriores,seusjovens cooperadores condu:úarn uma dezena de estandartes oom ci11oo metros de alcura, bem como faix35 com incisivos dizeres contra o aborto. Numa dessas faixas podia ler-se: "A rnemalidadeaborti staéprofu ndamen te desumana e irracional. Ainda que a maioria fossefavorâvel ao aborlo quando requerido, deveriamos nós desistir de 1entar convencer do contrârio os caros americanos? Nossos esforços para persuadi-los da nocividade do aborto !Jlo a,;oramaisnecessâriosdoqucnunca". Também a fanfarra de jovens da TFP norte-americana, que além do Hino Nacional exccu1ava conhecidas marchas do pais, deu uma nota de charme ao evento, sendoobjeiodcelogiosentusiasrnadosde num erosas pessoas do público. Um folheto, contendo pronunciamentos de vârios Di spos norte-americanoscontraapràtica do aborto, foi largamente distribuído por iniciativa da TFP. Em meio aos pronunciamentos, a entidade realça a corajosa atuação de Dom Auscin Vaughan, Bispo Auxiliar de Nova York,oqual, por ter invadidos.alas operatórias, nas quais se realizariam abortos, sofreu pena de prisao de quinze dias, em janeiro passado, não tendo podido, por esse motivo, estar presente à passeata. Constam também do folheco, enlreoutrasdeclarações, as

26 -

palavras de Dom Lco Mahcr, Bispo de San Diego, em carta à lider abonista Lucy Killca:

"L..amento informfl-ta que por seus pronunciamentos através da imprensa, advogando 'livre esco lha para o aborto', a Sra. secolocouemcompletacontra dição com o ensinamento moral da Igreja Católica; e conseqüentement e eu não lenho outraopçllosenãonegar-lheodireito de receber a Sagrada Comunhllo".

Retificação Apropósitodenotlciapublicadti na edição de 13 de março últimoda"Folhade S. Paulo", o Prof. PlinioCorrEadeOliveira enviou ao Direcor de Redação desse matutino, no dia IS domcsmomês,aseguintecarta: ''Sobotitulo"TFPv!'lógica' na lega lizaçãodenazisias", publicou esse jornal uma notl· eia da Reportagem Local, da qualdcstacooseguintetrecho;

··o presidente d11 Srx:ied11de Brasileira de Defesa da TradiçlJo, Familia e Propriedade (fFPJ, Plinio de Oliveira Corrêa (sic), diz que a 'll}gica' do regime democrático ptrmite a leg11lit11çlJo do P11rtido Nacio· na/ Socialista Brasileiro, de ideologia natisla, por aceitar também (... ) partidos com ideologia

CATO LICISMO - Abril!Maio 1990

O cooperador da TFP norte-americana, Edward Mackenna, com o Cardeal O 'Connor, de Nova Yorlc, durant1t a passeata anti-aborto comunista. Corrla afirma discordardastf'Sl'Snaiistasecomunistas··. "Esta frase, e sobretudo o tí1ulodanoticia,tornamalgum tantoam biguorncuverdadeiro pensamento na matéria. "Com efeito, quem 1e esse trecho (que nllo corresponde li· teralmcnte ao que mandei por esCTitoà redaçaodessejornal), fica com a impressão de que, existi ndo o part ido comunista, achoquedevempermit íraexistêncíadopartido nazista. "Não é este o meu pensamento. Entendoqucnãodev iaatu ar legalmente o partido comunista. E que violam os prindpios

dalógicaosq uebradamemal1as VOU$ comra a existência do partido narista, e ao mesmo tempo consideram legitima, segundoosprindpiosdemocrá• ticos,aexistênciadopartido comunista. Amcuver,a única situação normal consiste em proibir ao mesmo tempo a existência de um e de outro partido. Mas, desde q ue exism um dos dois -nocasoopartido comunista-éummalmenorae,iiscêneia simu ltânea de ambos. De sor1equeeujamaispartiriada liberdad e concedida ao.partido comunistaparapleitearalegalização do partido nazista. Ou vice-versa".


algum tempo o referido quadro

Reaparece figura do Senhor dos Passos em pintura queimada No Ora tório de Nossa Senhora da Concciçllo, Vitima dos Terroristas, situado na Sede da TFP, à rua Martim Francisco 665, cm São Paulo,es1evee,i:posto por nês semanas um expressivo quadro procedente da Colômbia. Tra1a-scdeumaartis1icapintura sobre madei ra, do Senhor dos Passos, medindo 25 por )9 cent!metros, venerado no Con -

vento das Irmãs da Imaculada Conceição, em Bogotá, já cm !948, quandoirr<>mpeu nnqu e-

la cidade a violenta revolução oomunistaconhecidaoomo''bo-

gornro". Ncssaocasião,ooonvemofoiinccndiadopelosrevo-

lucionãrios, a exemplo de outras casas religiosas e igrejas. Emcircunstânciasmuitoespedaí s,oquadroveioascrlocali7,adocntrcoscscombrosdoin-

áquela entidade, autori1,ando, inclusive,suaveneraçãoemse• desda TFP brasileira.

Mensagem de Fátima ecoa nos Andes

céndio, sendo conservado pelas religiosas em sua nova residên· eia. Embora a figura iivcsse de· saparccido pela açllo das cha· mas, vãrias pessoas começaram a discernir na madeira a an1iga pintu ra. Com o passar do$ anos - fato e;,;traordinãrio - a figu. ra de Nosso Senhor Foi se t0r· nandocadavezmaisnitida. Recentemente, co nhecendo a dedicada atuação antkomunis· la da TFP colombiana, a Supcriora do Convento cede u por

UMA - O Núcleo Perua· noTradición, Familia. Propic• dad acaba de editar o opóscu· lo "Proíeclas para América y d Mundo. Tragcdia o espcra n· za?",sobreasapariçõesea mensagem de r-ossaSenhora cm Fãtima. A obra, de autoria de Aruonio Augusto Borelli Machado, Foi inicialmente pu· blicadacm"Catolicismo",sob o titulo "Ali aparições e a men· sagcm de Fá1ima, conforme os manuscritos da lrm:I Lúcia", e conta jã co m numerosas cdi· ções cm diversos países. A presente edição peruana traz cana de aprovação de Dom Oscar Ali.amora, Bispo de 'fac. na, Peru, 11a qual recomenda sua amJ)la divulga,ão. Também

figuram declarações, nomes. mo sentido, de Dom Ikrnardino Echeverria Rui1., O l'M, Arccbispo de Guayaquil. Equador: de Dom Gcrmãn Villa Gaviria . ArccbispodcBarranqui!la, C0· lômbia; e de Dom Polidoro van Vlicrberghc,Ol'M,BispoPrelado Emérito de lllapd, Chile. Duas e3ravanas de jovens do Nuclco Peruauo Tl"adidón, Familia y Propíedad percorreramasprincipaiscidadesdopa· ls,divulgandoesscopúsculo. Acdiç11.o,dc IOmile;,;cmplarcs, jã se encontra praticameme es· gotada.

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27



· . AÍOlJCJl MO /

Fátima Perestroika: ·

eo

Prof. Plínio Corrêa de Oliveira


• Estranho costume

• Cuba é assim .•.

"Agora podemos afirmar com ccrtc1.a qucclcscramcanibais", di1.o Pe. Pedro lgnacio So:.:himitz, direto r do Instituto Anchietano de Pesquisas, de São Leopoldo-RS, referindo-se aos guaranis, um dos mais importantes povos indigenas e:tisten tes no Brasi l à época do descobrimen10. A pesq uisa durou quatro anos e foi fci la co m base numa aldeia guara ni que e:tistiu noatu alm uni clpio deCandelária, a 192 quilômetros de Porto Alegre. O achado mais re levante foi a metade da ossada de um ho mem adulto, fraternamlcmtepa rtilhadacmrctrês choças. Numadclascstavaumatibia, com um dos dedos do pé direito; noutra um dos ossos do vraço acompa nh ado de um dos dedos da mão direita; na terccira umavtrtebrae umdente. Em ou1ra aldeia foi descoberto um fêmur quebrado na e1ttremidade, o que denuncia um hábito alimentar comum; "Eles também adoravam sugar o tut ano", diz o sacerdote arqueólogo. Muitos desses restos foram encont rados cm fogões rUsticos e marcados pelas chamas. O que dirão dessas revelações os q ue hojeemdiaprocuramdaru mavisualizaçãoidealizadaeparadisiacadavidados indios. Provavelmente não dirão nada. Fingirçãoque não vira . E cominuarãoapregarcontra toda form a de civiliução, re<:omcndando que se volte à "pureza"davidatri bal. Após1olosdebvvarbáricd da degradação, interpretados por eles como meros "coslllmes" estabelecidos num determinado "estagiodedviliução" ...

Ru as esburacadas, com fachadas de casas cinzentas que estão perdendo o rebQco ... Nas vielas próx imas ao porto, os morado res usa m cordas para puxarbaldcsdeáguaatéo q uartoanda r,porqueosencanamentos estão quebrados. Sob o caustica nt e sol do Caribc, diante das lojas, longas fi. lasdegen1e q uetranspiraabundan1emente. Quem qu iser comer pão precisa colocar.se na fila jà na noite anterior. Pela manhã eà noite,ostrabalhadorcssãoo briga dos aespcraratt duas horas pelo transporte, porque doiJ tcrços dos ônibus, importados da Hungria, estão paradosporfaltadcpcças de rcposição. Cubatassim!

"A Igreja Cat ó lica pordcu muitodasuacapaddadcdcsa· tisfação das necessidadessimbó!icas dos indivlduos. A Igreja seesquerdizou,eperde umu ito a sua lin guagem; se us rituais se empobreceram com o fim das procissões. Você anda pela eu ropa evêoq ue a Igreja construiu de coisas belas na Idade M~ia, por exemplo. Quando o próprio Padre diz que tanto fazosujeitoi r àMissaoud iscuti r os problemas de seu bairro, ele esti enfraqueo::cn do a própria ft do individuo, na verd ade. Assim,vocêtiraoe ncanta· mento que a re ligião traz ao mundo" , LU cid a, sob vá.rios ãngulos, es ta análisc é do professor Flávio Pie ru ci, de USP, cspccialiua em Sociologia da Religião.

2 - CATO LI C IS MO - J unho 1990

A dessacrali zação dos tempios e a polilização da ft tornam cada vez mais impopular a lgreja dita "progrcssis,a. E.$que,;idos dcuas verdades e desse! sl mbolos que atraiam tanto os fi éis às igrejas de outrora, alguns es plritos "novidadeiros" propõem um novo "marketing" para a Fé. Lançam-se, então, nos braços de es pedalistasem publicidade, que acabam concluindo como o Pro f. Pieruci; a ilnica receita t ... voltar aosantigossimbolosquc-es1cssim! - sem prc " fundonaram".

Deus, que t a al ma de 111do" (pg. 44). Trata-sede propaganda abcrtamente panteista -to velho pameismopagllo, que di zia que tudo é divino - à qual se mesclam versículos do Novo Testamentocreferênciasa JesusCri sto. Con hecidaco moEditoracatólica - embora tenha recusado o tit ul o - as ''VOZES" não cessam de veicu lar trabalhos dccu nho marxista,ateuouamoral , sem quedai lhe ad venha m quaisquer sanções da a uto ridade competente.

• Campo de concentração para crianças

• Anticomunistas, desculpem-nos!

"Estamos entrando num mundoondea id éiade higiene desapareceu, da mes ma forma qu eoco nceito da dignidade humana", descreve o jornalista da revista alemã '' Du Spi,rgel'', em visit a à romênia. Dentro de dois quartos fétidos, em meio a camas frias de metal enferrujado,vivcmpequcnosfarraposhumanos-amaioria com menos de três a nos. Alguns completaram oito, mas não difere m dos demais nem notarnanhonemnoco mportamcnt o. Uma conseqüênciadiretadosmaus•tratosedasub-nutrição. Conlinadas num castelopróximoàfronteirahúngara,cente· nas dessas crianças enjei tadas viven•i nd a em a utênticoscampos deconcentração, três meses a pósaquedaeexecução dodi· tador Cea usescu. Osmoradorcsdarcgiãooostumam chamar aquele orfanato socialista de "Nova Auschwitz" , uma alusão ao tristemente famoso campo de concentração nazista.

• Editora católica divulga livro espirita! "Sugestões oporlllnas" é um catálogodelivrosemlançamcnto, d ivulgado pela Editora VozesdosFranciscanos,dePetrópolis, 1989. Nele co nsta uma obra publicada peta " Livraria Espirita Brasil Central" cm favor do Sanatório Esp[r ita de BraslJia! O livrodefe ndeque"opróximotamesmasubstãnciaque nós, porque todos temos amesma cen1elha divina do mesmo

Sob o titu lo "Econom ia soviética cm farrapos",a revista U.S.News & Wo rld Re· port publica a seg uint e rediografia da s desg raças produ zidas por 70 a nos de com uni smo na Rilssia: -651!'. dos4milhospi lais rurais não dispõem de água qllCfltc e 271!'. não 1êm sistema de esgoto; - medata das esco las não possui aquecimen10 centra! , águaenca nada ouban hei rosintcrnos; - cm 19 13 ainda na época do Cza r, era o primeiro pa is do mundo em c1tportação de alimentos - hoje é o maior im portador; das terras aráveis estio em poder do Estado; entretanto, mais de um quarto da produção nacional provêm dos m[seros21!'.deicrrasprivadas; - ncstcano,espera-sc que a Rú ssia consiga o suficient e para cobrir700Jt desuasnccessid adesalimenticias-r-o restante deverá vir do Ocidente: - 20 milhões de o pe rários são aocoólatras, sendo que só c m 1987, mai s de l0 mil pessoas mo rreram por ingeri r dcrivados deálcool,co mo períum e, graxadesapa to cco mbustiveis; - IS.,.. das casas nllo possuem banheiros; - JOmilhõcs derussos não têmacessoàllguapotllvel! É isto qu e os comunistas brasileiro s qu e riam para nossa pàtria·? Não se ria o caso, pelomcnosagora,dedi zcrcm; desc ulpem- nos, anticomunistas, voch t que estavam com a razão"?

- 98.,..


~AÍOUCISMO SUMÁRIO FÁTIMA A percstroika à luz da mensagem de Fátima, o relacionamento da TFP coma Hierarquia Eclesiástica, avalidade da consagração do mundo ao lmacqlado Coração de Maria feita por João Paulo li, são alguns dos

temas candentes abordados em entrevista concedida pelo Prof. Plínio Com'!adeOliveira ................. 4 RELIGIÃO

De raça negra, a venerável Bakhita viveu os tormentos da escravidão e a vocação religiosa numa perspec-

tiva de santidade .............. 12 INTERNACIONAL Visita à cidade de Weimar (Alemanha Oriental) após 40 anos de comunismo: outrora culta e aristocrática,

agora suja e pardacenta ....... 14 NACIONAL

A desconcertante acolhida proporcionada a Fidel Castro no Brasil, por ocasião da posse do Prcsidcm-

te Collor

16

HISTÓRIA Uma lição de firmcw e zelo para a era da perestrolka. Traços luminosos da luta anticomunista do Cardeal Mindszcnty, recentemente reabilitado 19

"CATOLICISMO" é uma publicação men1,al daEmD<esaPadreBelchiordePonte,Llda

:~1i:}'.;";,'~,1~.~~; füalmhi - lltv,lro ~cd,Po: RUI Mar<im Fr>ocil<O, 661 - 01226 - $lo Pau\o,SPIRuaStt,ótStt,mbro,202 -28100-

A

S CONDIÇÕES ESTABE LECIDAS por Nossa Senhora em Fátima para o afastamento do castico e a conversão da Rússia foram cumpridas? A consagração realizada por João Paulo lll em 1984 atendeu ao pedido formulado por Nossa Senhora? A perestroika em curso naquele país é um indício de sua conversão, do advento da era de paz e do triunfo do Imaculado Coração de Maria? Eis algumas perguntas-chave que vêm despertando o interesse de um número incontável de nossos contemporâneos, especialmente os que têm fé, Vozes de peso no mundo ca{ólico se pronunciaram em sentidos diversos e até atangônicos no referente a tão momentosas questões Dentre essas vozes, algumas vêm defendendo uma posição que, esquematicamente, pode ser assim enunciada: Com a ruína do capitalismo de Estado (regime grosso modo ainda vigente na Rússia), a qual Gorbachcv estaria levando a cabo através da perestroika e da glasnost, desapan.-ceria o comunismo. Isso seria um dos efeiws da consagração do mundo ao Imaculado Coraçào de Maria que João Paulo li fez em 1984 Tal consagração tcría preenchido as condições que a M.le de Deus estabeleceu em Fátima para a conversão da Rússia e o triunfo de seu Imaculado Coração . Outras vozes, porém, fazem sérias ressalvas a essa visua!izaçao. E alegam que ela parte da idéia errônea de que comunismo é coídêntico a capitalismo de Estado. Por que seria descabida cal identificação? De acordo com a p'rópria doutrina comunista, o capitalismo de Estado n;lo é senão uma etapa na evolução histórica rumo ao comunismo integral. E a próxima fase dessa evolução consiste no desaparecimento do Estado e na formação de um comunismo de micro-sociedades, o regime da autogestão, conforme estabelece o Programa do Partido Comunista da Uniao Soviética. Assim, a Rússia prossegue na via de seus erros e até os está requintando. A perestroika não pass;, de uma artímanha que está atraindo a simpatia dos burgueses do Mundo Livre e os vai embaindo, muito mais do qu é conseguíra até aqui o comunismo. Em vista disso, os eventos que vêm ocorrendo na Rússia e no leste europeu nào podem ser encarados como o desfecho das profecias de Fátima.

g,:,~.;.MilrtirnFranci$ro.66l - 01216 - Sio P•ulo,SP - Td:1011)!2!.1707 l'ulotompO>içio:(dir<1•,•?0rtird<arQui,·01fornoci <los por "Cotoli<iuno"J O..oorir>n1<S/AGróf1<a<

Ed"or,-i .. Mairioq.,, % -S,li, Pau\o,SP lmp..-: """'"' - lodú~ri• Grm:, , Ed•or• I.Oda.-R .. J,,·oe,,611116119 -0IIJO - Slo,Paulo,SP Pa11modonçaótrnda<>;<>lcnocmário ,,,.n<;,>r,.,ca,n. btmon-.l<r~ onti,o . Arorr...,ondericiard>tj,·,o ,,.in11uro ,.,odo o,·uli, pode.,,.,,.;,4,1,~r,:>I R111 M,rcim rran<is<o , 66I-0ll26 -St<>Paulo,SP ISSl'j - Intan>1i<>nol Stmlud S<ri.ol '-umber OI0?.8!02

Tal é a importante temática da matéria que se estende da página 4,à página 10 da presente edição. Ai o leitor encontrará a sólida argumentação desenvolv ida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira na emrevista a e!e solicitada pela revista italiana "30 Giorni". Os aspectos mais diretamen!e relacionados com Fátima silo tratados na mesma entrevista pelo Eng? Antonio Augusto Borelli Machado.

CATOLICISMO - Junho 1990 - 3


Tema candente analisado pela TFP

O que pensar da perestroika ã luz da

MENSAGEM DE FATIMA? A

REl'!STA CATÓLICA irafiana "30 Giorni" procurou em fevereiro úflimo o "bureau" de

representação das TFPs, sediado e111 Roma. com o fim de colher dados para uma entrevista sobre a TFP brasileira e sua posiçào em face da mensagem de Fá1i111a e as recentes alterações ocorridas no mundo comunista. O encarregado do "bureau ", Sr. Juan Miguel Mames, co111u11ico11-se com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em São Paulo, o qual solicitou que a mencionada revista lhe encaminhasse as perguntas referenles à matéria. Foram entdo apresentadas sete perguntas. Respondeu-as em sua maior parte

o Presidente do CN da TFP. O eng.º Antonio Augusto Borelli Machado, estudioso do tema Fátima e autor de conhecida obra sobre o assunto, deu resposta a duas perguntas de sua especialidade. A edição italiana de março, de "30 Giorni", publicou exlenso artigo sob o lí!Ulo "Milagre no Leste? A Virgem prometeu ... ", de autoria de Srefano M. Paci, que serviu como matéria de capa. O tema também é abordado no edirorial da revista. No interior desse artigo figuram 49 linhas sobre a TFP, comendo algumas informações imprecisas e até distorcidas relativamente à emidade. Em vista disso, o Prof. Plinio Corrêa de O/freira endereçou a "30 Giorni" uma carta, relificando tais imprecisões e distorções. A direção da revis/a assegurou que a missiva seria estampada na íntegra em próxima edição. As edições norte-americana, francesa e espanhola da publicação apresentam, no referente à TFP, textos, com pequenas e irrelevanles alterações, análogos ao da edição italiana. Na edição brasileira, não constam as info rmações infundadas - inseridas nas outras edições - de que a TFP realizaria procissões públicas, por ocasião do dia 13 de maio, e desfilaria pelas ruas da cidade com hábitos da ordem dos templários. Como a quase totalidade das respostas encaminhadas a "30 Giorni" não foi aproveitada pelo mensário italiano, a direção de "Catolicismo" Julgou do maior interesse para seus leitores conhecer o texto integral dessa matéria, praticamente inédita no Brasil, e cujo alcance e atualidade é desnecessário acentuar. Dessa forma, reproduzimos a seguir a ímegra de tais respostas, bem como as 49 linhas estampadas por "30 Giorni" sobre a TFP e a caria dirigida consecutivamente ao mensário pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, com as devidas re1ificações. 4 -

CATOLIC ISMO -Junho 1990


Declarações do Prof. Pllnlo Corrêa de Ollvelra e do Eng!' Antonio Augusto Borelll Machado a "30 Glornl"

U

30 Gloml - Como na~u e q111lssio1sfinalid1dndomovlmen10 "Tradiçio, Família, Propriedade''?

Pror. Pllnlo Co rrêM de Oliveira - A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedodc nasceu na cidade de Sllo Paulo (Brasil) em 1960. Constituiu-a

um gru po de católicos militantes, impressionados pelo lmpeto do esquerdismo católico (e tambl!m do progressismo), então na

suaprimeirafascdcc,ipans!lonomesmopais. Os fundadores da TFP não quisi:ram fazerobrameramentencgativa,isioé,onticomunista, on1i-socialista etc., mas obra

tambtm positiva. Para isto, deliberaram empenhar-se cm quetr&óalvosdaaçãodemolidora esquerdista fossem especialmente tonificadas e bem compreendidas pdo grande piiblico: a tradição, a familia, ea propriedade. A finalidade da TFP está definida no artigo 1~ dos respectivos esiatutos, o qual di~ expressamente que a Sociedade "1em car61ercullura/ecfwco, visando esclarecer a op/ni(IQ nacional e os Poderes públicos, [ sobreai,iflulnciade/etúiaexercidasemprt mais, na v,da int~~tual e nu vida pública,

pelos princfpios socialistas e romunistas, em detrimento da lradiç4o brasileira e dos institutos da familia eda propriedade privado, pf/oresdacivilizaçllocris11Jno />af.s". Faceaodireitocanõnico,aTFP.sequalifica como uma associação de inspiração católica,imegrada porfiéisleigosqucaluam no campo temporal, sob sua imica e exclusiva responsabilidade (cfr. Código de Direi10 Canônico, cãnon 227), norteados pelo ensinamento tradicional do Supremo Magiscério da lgreja, e estruturada juridicamentesegundoaslciscivis. Desse modo, se considerada do Angulo das leis do Estado, elaé uma associação

dvica, cultural e beneficente, reaida por estatutos civis; se vista do ângulo das leis eclcsiásticas,cabevf-lacomoumaossociaç4o particular, constitulda pelo livre acordo de fiéis entre si, no uso do direito de que gozam de fundar e dirigir livremente associações "para fins de cor idade e piedade, ou para fomentar a vocaç4o cristll no mundo"(cãnon 215), 3GGlornl -Em qutconsisltlll udlf't1:ukladnquto111oviiwen10 lem rniw a Hitrarq11la edesilllka? F..st• fOf'iwulou alguma «asura edes"slka com rt· laçio aosSrs.? Qut llaaç6ts llm o movi• mtnto com Dom Ltnbvn,?

Q

l'rof. l'CO-A TFP visa, dentro dos limitcs dc scus fins cspccificos, 1rabolhar pc la ordenação da sociedade temporal segundo a doutrina tradicional da Igreja. Precisamcntenessccampo,énotórioqutasdivcrgências de opinião entre os católicos não têmfeitoscnãoagravar-seconsidcravelmcntc, cm quase todos os palscs. E, pois, também naqueles cm que tx istem TFPs. Como é geralmtnte conhecido, essas divergfnciasnãoexistemapcnasentrelei10s, mas igualmente entre edesibticos, inclusivt Bispos. Não é de espantar, pois, quetaisdiverg!ncias existam também entre numerosos prelados brasileiros de um lado, e a TFP de outro lado. Oque!evaogrossodaopinião pública a qualificar de "direita" ou de "extrcma-Oireita" a TF'P, ao mesmo tempo que qualifica múl1iplos Srs. Dispos de "esquerda" e alguns até de "o:trema-esquerda". "Censuraeclcsiãstiea"no5Cntidocanõnico e próprio do termo, a TFP não rc«·

Desds sua tundaçlo, em 1960, 11 TFP rem combatido a lmplsnrsçlo da Reforma Agrária soclsllsts e conliscat6rls em nosso Pais, mediante vigorosas campanhas pUbllcas de lmbito nacional

CATOLICISMO - Junho 1990 -

5


beu nen huma. Mas, procedentes de Srs. Bispos, Arcebispos, ou até Cardeais, houve ao longo da história da TFP vários pronunciamentos discordanti:5. Esses pronunciamentos versaram sobre lemas como nos5a1 campanhas contra o divórcio e cont ra a Reforma Agrária socialista econfiscatória, bem como noss.a apreciação sobre a impunidade do avanço esquerdista nos meios católicos, e temas correlatos. Em todos os casos, a TFP respondeu com respeitosa firmeza aos venerandos objetantes.

A TFP não tem vínculos com o movimenm de Mons. Lefebvre. Não os tem depois de haver sido este excom ungado, porém igualmente já não os tinha muito tempo antes.

30 Giorn i - Goslaria que me indicasse o~ " números" do movimcnlo (cm parllc ul u no tocan te à sua dl íusio no 8 ra5i.1);0$ paisndcmalordiíusão, o númuo de aderentes e os nitkios «i m qncéao.lfado , JSrevlst.s(nomcsc 1iragcns d11s principais) e ascvcn lu aiscasas cdilorasquc possua m, os localsdccull o, o número de sace rdotcw que aderem aos Sn .... e ludo aqu il o que o Sr. consi dera útil par11mos1rar aam pl itudcdomovime nto.

G

Prof. PC0 - No Brasil, a TFP conta com cerca de 23 milsócios(nosenlidoamplo e mais moderno do termo, que abrange tambtm os supponers, simpatizantes, e quantos tomam parte, de um ou de out ro modo, no esforço comum da TFP). Nest e númcro se incluem evidcntcmcn1c pessoas di -

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C.A.TOLICJSMO - Juuho 1990

A TFP promo ve n,gulermente jornadas de es tudo e encontros

versas pela idade, pelo esrndo civil, pelas condiçõessociais,niveldeculluraetc.Essenúmcrocrcsceincessantemcnte. Entre tais sócios da TFP são sobremdo numerosos os jovens. Tumbtmcresceo númcrodenonoscorrcspondentes(agcntes locais),queformam núcleos nas periferias urbanas,ouseja,nascamadasmenosabastadasdasociedadc. Para ser benfeitor ou simpatizamc da TFP, ou para prestar a esta uma colaboração esporádica, não hll critérios de aceitação inteiramente definidos. Em tese. a boa vontade basta. Semprequc-éclaro n!losetratedcpessoacuja posição doutrinária ou moral aberrante dos princípios e das normas de ação da TFP, provoque no público explicável escândalo. Quanto ao mais, devem ser católicos praticantes, de vida correta, que se professem aderentes sinceros das doutrinas e metas da entidade, e o demonstrem por seu procedimento e abncaadaatuaçllo. necessário que sejam 1odos católicos? A TFP tem recebido como principiantes, a!eus,prolestantes.greco-cismáticos,mao-

e

mctanos, budislasetc. Porém.sem nenhuma exceção, todos os que, nessas condições, permanecem na TFP, se convertem Ao contrário do que se poderia imaginar, os opositores mais radicais e acesos da TFP se situam em certa alia sociedade mundana, qualifkada dc)et sei, bem co· moentrcosclérigosereligiosos rnaisprcocupadosem scmostrarem "'novento"das divcrsasmodcrnidades,etambtmnosmeios profissionais da mídia. A expansão da TFP se deve. em muim larga medida, às caravanas da entidade, que desde 1970palmilhamincessamcrnentenossopalscomineme:4rnilhõesdequilõmetros percorridos (equivalen1e a lO viagens até a Lua), 20 mil visitas a cidades, l,4milhõcsdepublicaçõcsvendidas.Etambtmàsbrilhantcscampanhasderuapromovidas pelos setores juvenis que atuam cm car.literpc-rmancntcnasrespectivascidades. Suaperguntasobrcos''paisesdcmaior diíusllo" pede uma precisão. Em cada pais noqual hajaumaentidade - nftoncccssariamcnte denominada TFP - cm relações fraternas com a nossa, constitui ela


umasociedadecomdiretoriaprópria,estatutospróprios,erecursospecuniáriostambém próprios. Em outros termos, cada entidade da "familia" TFP é absolutamente autônoma. Como vinculo de união entre elas, existeacomunhãodedoutrinaede metas resulta11te da livre adesao de todos aoconteúdodolivro''RevoluçãoeContraRevolução", e da analogia dos métodos de ação adotados. Paraentreteredesenvolveressesvínculos, os dirigentes e membros das várias TFPs costumam visitar a cidade de São Paulo, pontodepartidadoimpulso inicial do movimento TFP em todos os conti11entes, onde tem sua sede pril)cipal a entidademaisantigaemaisexperiente, e naqual reside o fundador da TFPbrasileira. Essas visitasco11stituemtambémocasiãoparao intercãmbiodecontatoscntreasmaisdiversas TFPs. Ser-me-ia ingrato discriminar, entre as várias TFPs irmãs, quais são as "de maior difusão". Ademais,oscritérios paraclassificaressadifusãonãosãosimples. Por exemplo, uma TFP mais numerosa pode contar cada ano com um número maior de aderentes novos do que uma TFP pouco numerosa. Mas o índice de crescimento desta última, proporcionalmente ao númerodosaderentesjáinscritos, pode ser muito maior que os da primeira. Só para não deixar sem alguma resposta sua pergunta, permita que eu lhe dê em ordem alfabética a lista das TFPs, bem como a dos bureaux da TFP. TFPs: Âfrica do Sul, Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela (esta última dispersa pelomundo,emconscqüênciadeurndecreto de fechamento do Governo Lusinchi, decretoessetãoinjustoqueosprópriostribunaisvenezuelanos-emsentcnçadefinitiva-reconheceramairnprocedênciadas acusaçõesentãoassacadascontraaentidade). Bureaux TFP: Frankfurt, Londres e Edimburgo, Paris, Roma, San José da Costa Rica, Sydney, Auckland {Nova Zelândia). Quanto a nossos núcleos na Ásia, razões de prudência que o leitor facilmente compreenderá,noslevamaacharprematuraadivulgaçãodedados informativos. Quanto ao número de sacerdotes que ad erem às diversas TFPs, varia consideravelmente de país a país. Mas em sua maior parte são bastante discretos no manifestarem sua adesão. Preferem até fazf-lo por carta, o mais das vezes com certo caráter de confidencialidade, a fazê-lo por contatopessoa!.Asrazõesdest e fatosãoóbvias. Passo a elencar os órgãos das TFPs: "TFP Newsletter" (África do Sul); "Pregón de la TFP" (Argentina); "Catolicismo" (Brasil); "TFP Newsletter" e "TFP Informe" (Canadá); "Tradición, Familia, Propiedad" (Chile); "TFP Informa" {Colômbia); "TFP Informa" {Equador); "Co-

vadonga Informa" (Espanha); "TFP Newsletter''(Estados Unidos); "Aperçu" (França); "TFP Lusa Informa" {Portugal); "Lepanto" e "TFP Informa" (Uruguai); "TFP Standpunkt" (Frankfurt); "TFPinforma" {San José); "TFP Newsletter" {Sydney); "Christendom" {Auckland). Nãolhesco• nheço a tiragem. "Catolicismo" tem uma tiragem de 12.000 exemplares. Maséprecisonotarqueopúblicobrasi• leiroestáenormementeabsorvidopelastelevisões e rádios e, em medida infelizmente não pequena, pelas revistas pornogràficas. Oquetornadificilaexistênciadeumare• vista séria como "Catolicismo". Mas posso acrescentar com alegria que nosso esforço de expansão, o qua l está sendo feito porrneiosrnodernoseeficientes, vai correspondendo a nossa expectativa. De momento, com a urgência com que nosforampedidasasrespostasaseusimpático questionário, não me lembro dos nomes das várias editoras de TFPs. Aliãs, em via de regra não são das TFPs, mas empresas autônomas com as quais as TFPs mantêmconvênio.Aseditorascomasquais a TFP brasileira trabalha são a Editora Vera Cruz, que edita os nossos livros, e a Empresa Padre Belchior de Pontes, que edi1a "Catolicismo". E me ocorre casualmente ã memória a brilhante editora "Fernando Ili el Santo", que serve ã TFPespanhola.

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J0Giorni-OSr.achaque asmudançasqueeslioacontecendonoimpé riosoviéticosio rdaclo nadas com a apariçio de Nossa Senho ra em F4tlma

e com • consagraçio "da Rússia" que Joio Paulo II fez em 1984?OSr. considerav4lldaeslaconsagraçio1 Senioaconslderav41ida,comopensaquepossamserln• terp~lados os atuais aconleelmentos no Leste? Prof. PCO - A correlação entre a mensagem de Nossa Senhora em Fátima e as atuaistransformaçõespclasquais,aoque parece,começaapassaraRússia, éevidcnte. As aparições de Fâtima ocorreram em 1917, poucoantesdaquedadoregimeczarista. Em conseqüência, tomou especial clareza a afirmação - bastante nebulosa antesdisso-deq11e"aRússía( ... )espalha• ráseuserrospelomundo ... "(apariçãode 13 de julho). E al estão eles, isto é, os erros do marxismo-leninismo, com adeptos no mundo inteiro. Apcrguntaqucosatuaisacontecimentos da Rússia poderiam despertar, a propósito da mensagem de Fátima, se enunciaria maisbemnostermosseguintes: "Com a ruina do capitalismo de Estado, que o sr. Gorbachev vai levando acabo, desaparece da Rússia o comunismo. E este entrará forçosamonte em decl!nio no mundo inteiro. "Desta forma, o comunismo não será mais um "erro da Rússia", e estará em vias de minguar por toda parte. A disseminação do comunismo, prevista em Fátima, não terá sido senão um longo e doloroso episódio da História já relegado ao passado. E a guerra mundial, também prevista em Fátima em nexo com a expansão comu• nista, não se realizará. Pois o sr. Gorba-

Os mo11/mentos e manlfestaçôes autonomlsras e mesmo separaristas na Rüssla - como o com/cio prd Independência realizado em Vilnius, caplral da Lltulnla, quando Gorbachev visitou em Janeiro último aquela naçlo báltlca -parecem fa11orecera desagregaçlo do atual regime

so11/étlco, o capita/Ismo de Estado, ea formaçlo de um comunismo de micro-sociedades, o sistema de autogestlo

CATOLICISMO -

Junho 1990 -

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chev é um dos grandes agentes mundiais dapaz. "Emconi,eqüência,FãtimaéigualaZA,ro". Todo esse racioclnio é vão. Ele se baseia na idéia falsa de que o comunismo é algo de coidêntico eom o eapi talismo de Estado. De onde a infundada afirmação dcque,dest ruídoestc, desaparcceaquele. Narealidade, seg undoado utrin aco munista, o capitalismo de Es!ado não é senão um a etapa na evolução histórica rumo ao comunismo integral, no qual a autogestão em todo os níveis da 50Ciedade torna rã desnccessàría a própria existência do Estado Ê o que diz o Programa do Panido Comunista da União Soviética, em sua nova reda-

Este é o verdadeiro sentido da demoli ção do capitalismo de Estado, promovido pelo sr. Gorbachev. Este mesmo o tem afirmado em virias declarações largamente divulgadas pela imprensa, e no próprio livro "Percstroika" (cfr. Harper and Row, Nova York, 1987, pp. 36-37). Aautogcstão,paraaqualvaicaminhandoocomunismo,nãoésenãoumcomunismo de micro-sociedad es, que se tornarão

Multidões Impressionantes continuam a lotar a extensa praça diante da basmca de F'11ma, cada ano, no dia 13 de maio. No detalhe, Francisco e Jacinta, dois doa trfs videntes, cu/a heroicidade de virtudes foi recolheclda por decreto da Congregaçlo das Causas dos Santos, em 13 de maio do ano passado.

ção aprovada em l ? de março de 1986 (jã na era Gorbachev): "O comunismo significa a transjormaç4o do sistema de autogestllosocialista do povo, da democracia socialista, na forma superior de organiiaç4o da sociedade, aautogestao comunista da sociedade. À medida que forem amadurecendo a:r premissas WCio-economica:r e ideológica:r necessárias, que todos os cidadtJos forem incorporados na gcs1ao, o Estado socialista, conforme U$Sina!ou Llnin, irá tornando-M, em medida cada l't'Z maior, existindo as re5pcc/iw1s condiçóts internacionais, 1orma transitória do Estado para o ntJo.Estado '. A atividade dO!f 6rgtJos c;statais irá adquirir um carácler rrao-polftico e gradualmente desaparecerá a necessidade do Estado como institulo polflico e5pecial'' (Edições da Agência de Imprensa Nóvosti, Moscou, 1986,p.27). 8 -

CATOLI CISMO - Junho 1990

cadavezmais num crosas,àmedidaqu eforemminguandoasmacro-cidades. Tudo isso pode fazer sorrir ao leitor queimaginarãveremminhaspalavrasum arranjo,talvezhãbil,para"salvar"a mensagcrnde Fãlima. No entanto, é precisamente isto que cu previ.com base nos acontecimentos poli!icosdaépoca, quando publiquei a maisrecenteediçãode"RevoluçãoeContra- Revolução". Estãvamosnoanode 1976,eosr. Giovanni Canto ni, com quem eu mantinha relaçOesdeamizadeainda rccentes, teve a genti leu. de me pedir um prefácio para a edição dessa minha obra cm língua italiana. Essa edição seria lançada pelaA//eanw Callolica que aquele meu amigo brilhantemen1c preside. Em lugardoprefãcio,enviei a Giovann i Cantoni uma parte nova de "Revoluçífo e Contra Revolução" - a

tcrccira - parasuaediç/1.o,oqucelcgcn!ilmcntc acei to u. 1.las1a ao lci1or destas linhas consuhar as páginas 175 e 190 do livro italiano. Ou, então, as p:lginas 64 e 71 da edição brnsilei ra co nsc-cutiva à edição italiana: s11cesso dos cosmmeiros métodos da Ili Revofuç(lo [o comunismo] esrá romprometido pelo surgimento de circ1ms1/incio:r vsico/ógicas desfovorúveil·, usquoisl·e acemuuram for1emen1e ao longo dos úllimos vinte onw. - Toi:r circuns1âncias forçarao o comunismo a optar, daqui pordion1e, peloa1•entura?"(p. 64). ··como t bem sabido, nem Marx, nem a generulidade de Sl'US mai:r notórios sequaus, 1un10 'ortodoxo:r', como 'heterodoxos·, viram rta di1adura do prolerariado o lance 1ermi11al do processo re1•0/ucio1rório. Esw m'Jo t!, segundo ele:r, sen(lo o asvecto mais quinlessenciado, dinlimico, du Revolllçlto unfrersal.E,namitologiuevolucionistainere111e ao pensamento de Marx e de seus seguidons, USlíÍm como a evoluç(lo se desenvofrerá ao ief,nito no s11ceder dos séculos. assim wmbém a Rel'Oluçaa mJo terá termo. Da J Revoluçao já nasceram dr1as 011iras. A 1erceira, por ma 1•ez, geraró mais uma. E daí por dian1e ... "'É imvosslvel prever, dentro da perspcc1iv1J m1Jrxista, como seria 11111u RevoluçtJo n.º XX ou L. Nilo t impossfvel, entretanto, prever como será a IV Rel'OfuçtJo. Essa previsllo, os próprios marxísios a fi:,e-

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"E/a de verá ser a derrocada da ditadura da proletariado em consequéncia de uma nava crise, por força da q1wl o Eswdo hi~rtrofiado será v(timu de füU própria hipertrofia. E desaparecerá, d/Jrrdo origem a um estado de coisas cienlificis/(1 e cooperativista, no qual - diiem os comunisfas - o homem terá alcançado um grau de liberdade, iguo/dQde e fratemi<lade atl aqui insuspeilál't'l"'(p. 11). A Rüssia continua a caminhar, pois, nasvias deseuerro. Pior: ela ovai requintando, e o mensagem de F:ltima não estã desmentida, mas pelo contrârio confirmada. Pois o new look gorbacheviano da perestroika cstà peneirando na simpatia dos burgueses do mundo inteiro, muito mais do que o conseguira o comunismo. Em conseqüência, rn; atuais acontecimentos no leste poderiam ser vistos como otristeresultadodainvalidad cdaconsagração feita por João Paulo li. ajulgarsegundoosquctenham ta lconsagraç11oporinvãlida.

C

·(l>esdobramenl odaptttun· 1114)0S...con~dencs1aeonsag nçiodlld11?

En11.? Antonio Auguslo Borelll Machado - O lfüpo de Leiria-Fátima, D. Alberto


ciaCacharqucaconsagração Cosme do Amaral, admite que fei,a par João Paulo li 1ambém a consagração feita por João nãoprecncheuosrequísi10sesPaulollpreencheuasconditipulados por Nossa Senhora çõesimpos1asporNossaSenhoem Fátima. Porém . nllo nos ra(tobviamentenestesentido cabedestrincharurnaqucstllo queapalavra''válida''t!omacuja elucidação compete mais da na pcrgunta), porque, se bem aos Pastores, teólogos e bem que não tenha havido historiadores da Igreja e, eviurna "totalidade matemática" dememcnte,maisdoqucanindeBisposqueseuniramaoato guém, ao próprio Pontlfke. do Santo Padre, houve - segundo ele - uma "totalidade JOGlorni-A lrmoral". ml Lúcia luia diConsta-nos, efetivamente, loqueaeonsal(lll· por relatórios colhidos aqui e çio foi relta. o acolá, que houve uma acjcsllo Sr. pensa qut ..e expressiva dea!gunsepiscopatrata de uma manlpulaçin de dosàconsagraçãofeítapor su11spalnr11s? João Paulo li. Em que medida i~to se passou com todos Eng? AAHM - A simples hios episcopados do mundo? pótese de que as palavras da Não sabemos. Mas no que se Irmã Lúcia estejam sendo marefere ao Brasil, não nosconsia quea consagração tenha sinipuladas - por quem? - arrepia os ouvidos pios, pelo medo feita senão por uns pouquísnos deste lado do At lântico. simos Bispos, contáveis nos de'kmos realmente conheddosdamão.OufoitãodiscrcmemodequcalrmllLúciapasta. por parte de alguns mais, souaconsiderar''válida"(scm· qucnãochcgouaooonhccimcnprenoscntidodequeprecnehc todopllblko.Ora,oEpiscopaos requisitos postos por Nossa dobrasileiroéotcrcciromaior Senhora)aconsagraçãofei1a do mundo; e o Brasil to país por João Paulo li cm Roma, comomaiornúmerodedioceno dia 25 de março de 1984, scs(233cm 1983). Assim,adeclaraçãodoveMais ainda, estamos informancràvcl Bispo de Leiria-Fàti- A Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que lacri- dos de que vem sendo divulga. ma, a respeito de uma "totalimejou miraculosamente em Nova Orleans (Estados Unidos} do o tc,i:10 facsimilar de uma dade moral", não nos persua- em 1972, por ocas/lo da visita que ela efetuou â sede do Con- cartadirigidaaumaamigapar· de. Em todo caso, se ele fala selho Nacional da TFP, na capital paullsra, em 1975 ticular,naqualelaanalisaas em tal, t porque deve possuir vàriasconsagracõesfei1asame· riom,ente pelos Pontiíiecs (in dadosconcretos,encssamatéria ninguém deve escar mais bem informa - naiespecialmc111 eospovos dosquaisespc- clusive a de Joao Paulo li em Fátima, em do que Sua E,ca. Seria muito confortador rais a nossa consagração c a nossa en1rc- 13 de maio de 1982), que, em oon1raposipara os íitis do mundo inteiro e para os ga" (cír. ""L'Osservatore Romano", ção,elaconsidcra"invàlidas". Sabemosquchàquemcomes1caaulendevotos de Fàtimaemparticular,queesses 26/27-)-S4). dados fossem divulgados. Dir-se-ia que, na ânsia de chegar o 1icidade dessa carta, cujo estilo parece fuPorou1rolado,noqueserefereàimen- mais perto p0ssivel da fórmula pedida por gir ao habitual da Irmã Lúcia. ç!lodeJoão Paulo li de consagrar o mun- Nossa Senhora. o Pontífice foi tão longe Evidentemente, não temos co ndições do, "com menção especial pela Rllssia" q11a111olhepcrmi1iarnoscondicionamcn!os deesclare<:eresseimbroglio Oquenosparcccestranhotque,emsc - conforme pedido por Nossa Senhora da Os1po/i1ik vaticana. Pois é bem de su- t bcmsabidoquccstanaçãonãocons- por que uma menç!lo nominal da Rússia tratando de um assunto de tal magnitude, e csrnndo a vidente ainda viva e gozando de tada fórmula da consagração. MasoPon- desagradaria os dkp01as do Kremlin. tiíice incluiu vàrios circunlóq uios que poEntão o probl.-ma se desloca: quando boa saúde, nllose lhe peça uma declaração dem scr vislos oomo alusões indiretas. As- Noss:i Senhora pediu urna "menção espe- comtodasasgarantiasdeautenticidade. Sesim, diz ele: "De modo especial Vos cm re- cial pela Ri1 ssia",istosigniíicaqueElac.\i- ria a maneira mais direta de acabar com qualgamos e consagramos aqueles homen s e gia uma menfdo 11omirru/. ou se comcn1a- quer manipulação, sc t que ela aiste. aque/asn(Jf6es(grifodooriginal) quedes - vacornaluW-CSmaisou menosclarasein t claro que a Irm ã Lúcia, pelo simples fa10detersidoumadasprivilegiadasvidcnta entrega 1êm mais necessidade". E mais direias? adiante: "Aforro desta rorrsagrarao (griCabe lembrar que na Carta Apostólica tesdeFàtima,nãogozadoearismadainfaro do original) permanece p0r todos os tem· Soem 1'1•ri;er11e Anno, de 7 de julho de libilidadenainterpretaçãodaal1[ssimamenpose abarca todos os homens, os povos e 1952. PioXll consagrouaolmaculadoCo- sagem que recebeu. Por isso caberia, mais as nações". ra;;llo de Maria os po1•os da Rússia. Com uma vez.aos historiadores, 1eólogosePasSentindo,talve1.,queestasalusõesnão oqueessel'omificeparecetcrentcndido tores da lgreja analisar a coerfnciu desta nova eventual declaração da Irmã Lllcia eram bastantcexpllcitas,oSanto Padre in- -comosempresecntcndcraatéagora tercalou, na última hora(a frase não cons- queeraprecisoumamençllo nominal. com suas declarações anteriores. ta da fórmula enviada aos Bispos), a scguinPelo que íicatlõ•oeem vista dos dados Umapalavradiretada lrrnã Lúciapareceria, pois, mais do que nunca oportuna. te imprccaçllo: "Mllc da Igreja!( ... ) llum i- dequetemosconhccimemo, nossatendên -

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CATOLIC ISMO - Junho 1990 -

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30 Giorni - Por que o movimento se sente particularmente ligado a Nossa Senhora de Fllitima?

Prof. PCO -· A brevidade natural de uma emrevistan ãomcpermitec ntrarnosmú!tiplos mea ndrosfilosófioo·históricos esociais em qu e me baseio, em meu livro "Revoluçã o e Co ntra-Revolução", para sustentar que as Revol uções ! (Humanismo e Renascença) e li (Revolução Francesa), resultam de pecados coletivos imensos, não só do pontodc visrn intrinseco,co mo da quanti da de de almas que arrastaram consigo , e daamplitudedos tcrri tóriosso brc osquais sees tenderam.Esse pecad o im ensoteve se u desfech o e se u auge na Revolu ção lll (comuni smo). Se , pois , os hom ens não se con veri essc m d esses pecados (entre os quais mencionoaquiaimo ralidadcdoscostumes , expre5sament e denun ciada pela Virgem), seria de temer que as nações sofressem um castigo proporcionado à gravidade de ta l pecado. Este temor se baseia na afirmação de Sa nto Agostinho, de que o s pecados dos homen s muitas vezesnão sãopunidos nestavida , porqueo serão na outra. Pois, pondera o grande Doutor, as nações não são co mo os homens: elas nascem e desaparecem neste mundo; e , port anto , para elas não haverá C_éu nem In ferno. Ass im, devem paga r seus pecados nesta vida Comoé fâci!ver, hâa fin idad esev idc ntese ntre meu sin ge lo tra ba lho,eoco ntcú do da mensagem da Vi rgem .

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30Giorni - Osjornaisbrasileirosfalaram v,riasvezes das ligações enlre o movimenlo e a ulrema-direita 1erroris1a. Como o Sr. responde a estas acusações?

Pruf. roo - Com uma ga rga lhada. Sào acu sações provenient es de jorna li stasesq uerdistas, que não têm.paratentardesacredi tar -nos,outrorecursoque nãoaca lúni a. Jamai s ninguém tomo u a sério, no Brasil, essas ac usações, nem tent o u ex ibi r qualquer prova em apoi o a elas. Muito me nos houve qu em te ntassea brirumprocessoc rimina l ou d vel co ntra nós,co m base nessas acusações E se explica. Pois nossos acusado res têm lido as répli cas q ue dcqu and oe mvezcondescendemos em lhes dar, afi rmando que temos em nossos arqui vos 5601 ca rtas de prefe itos, delegados e associações muni cipa isatest ando ocarátc rint eirament e pací fico e lega ldenossaatua ção. Ao mes mo tempo lh e~ o ferecemos de exi bir essa documenta ção. E eles se calam ... para reto ma r a mesma acusação, sempre se m nenhuma prova, algum tempo depois. Assim são eles 10 -

C ATOi lí;IS M O -

J u n ho 1990

Texto de "30 Giorni" Na variegada galaxia que reporta a Fátima, existem também grupos que fizeram dessa mensagem o estandarte de seu anticomunismo. 1: o caso das TFP (Sociedade de defe sa da tradição, familia, propriedade), um movimento extrcmanenle conhecido e difundido (23 mil membros) no Brasil, presente na cena pública há várias décadas. E que agoraestáscpropagandopormuitasnações.docominentelatino-amcricano.Altmde suasenérgicascampanhascontraareformaagráriaouaintroduçãododivórcio,anoto• riedadedestegrupocstáligadaàsprocissõespúblicasorganizadasporocasiãododia 13dcmaio,aosdcsfilescomtrajesda"ordemdos1empl:\rios"pelasruasda.scidades, ao nicho existente nocxteriordasededeSão Paulo onde, diante de uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, se revezam em turnos de 24 horas militantes das TFP para recitar o rosário. Uma imagem muito discutida. Embora nunca tenha recebido censuras eclesiásticas, numerosissimas são as criticas dirigidas As TFP pelo episcopado brasilei· ro,ena Venezuelaogovernoordenoudefatosuadissoluçãopor umcertopedodo. O fundador é Plínio Corrêa de Oliveira, 81 anos, ex-deputado e professor universitário. As mudanças na Rússia? De Oliveira não tem dúvidas: "A Rússia continua a caminhar nas vias do seu erro - explica - e ainda por cima vai o requintando. O "new !ook" gorbachebiano da perestroikaeuá penetrando nas simpatias dos burgueses do mundo inteiro mais do que tcriaprn;lídofazerocomunismo. Emconseqüência,osatuaisacontecimcntosno LcstepodcriamservistoscomotristeresultadodainvalidadedaconsagraçãofeitaporJoãoPauloll,segundoojuizodaquelesgueaconsideraminválida". Em suma, o problema da validade da consagração da Rüssia ao Coração lmaculado de Maria é um pouco a pedra de escãndalo de toda discussão sobre o assunto.

Carta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a "30 Giornl" Sr. Redator de "J0Giorni" No n? de março, em que essa revista trata do inte=sante tema "Milagre no Leste? E a Virgem prometeu ... ", encontro, na p. ll, vá.rias afirmações a respeito da TFP. Pedem elas importames retificações, que solicito scjam pub!icadas integralment.e no próximonúm erode"30Giorni". 30G: 1. ''TFP ( ... ) um movimenta extremamente conhecido e difundido(... ) no Brasil(. .. ). E que agora se está propagando em mui1asnaç!1esdo continentelarino-americano". TFP: Hã TFPs em todos os países da América do Sul, na América Central, nos Estados Unidos e no Canadá. Ademais há TFPs ou Burezux TFPs em Portugal, Espanha, frança, Alemanha, Itália, África do Sul, Aus1rália e Nova Zelãndia. E estão em formação TFPs cm maisdoispalses, gueéprudemenão mencionar ainda. 30G: 2. "A notoriedade deste grupo está ligada dr procissM públicas organii;pdas por ocasi(lo do dja /3 de maio, aos desfiles com /rajem; da "ordem dos templários" pelas ruas das cidades". TFP: " Nenhuma TFP rcafü.a procissões, no sentido canônico do 1ermo, mas apenas desfilcs dc caráter civico ou, sobrctudo, campanhas dc venda em público, dos imprcssos por elas editados. 1: absolutamente inverídico que em qualquer das TFPs os respectivos membros usam hábitos da "ordem dos templários". 30G: 3. " . .. no nicho existente na parte externa da sede de Silo Paulo onde, diante de umu imagem de -Nossa Senhora de Fátima, se revesam em rurnos de 24 horas militantes da TFP para red/ar o rosário." • TFP: Na cidade de Sao Paulo (Brasil), existe um oratório de Nossa Senhora, dando diretamente para a rua. A imagem ai exposta à veneração dos fiéis não é de Nossa Senhora de fâtima, mas de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. 30G: 4. ''Uma imagem muito discutida. Embora nunca lenha recebida censuras eclesiásticas, numerosíssimas silo as criticas dirigidas à TFP pelo episcopado brasileiro". TFP: O Drasil tem atualmente 375 Bispos, e não foram muitos os que se pronunciaram, de forma aliás isolada, contra a TFP. Houve um Bispo do Nordeste que o fez pe!o rádio usando até palavras baixas (possuimos a gravaçao). Quantoaospronunciamentoscoletivos, houvealguns,emrelaçãoaosquaisaentidadesedefendeu publicamente, sempre em termos respeitosos. Ê portanto exagerado dizer que são "numerosíssimas" as críticasquerecebeuporpartedoepiscopadobrasileiro.Tuiscriticasvcrsamguasetodassobredesacordos cm matériassócio--econõmicas. 30G: S. "Na Venewe/a a goi.,_,mo tinha de jato ordenado sua disolw;tl-0 par um ceno período". Tl•'P: O fechamento da TFP venezuelana se deu em 1984, sendo Presidente daquele país o Sr. Lusinchi, atualmcnte processadoporcorrupçaoanteo Poder Legislativo do pais. Uma decisão da Suprema Corte daquela República, em data de 15 de maio de 1986, declarou que não havia nenhuma ilegalidade nos atos atribuídos à TFP que serviriarnd e base paraodecretodogovernoLusinchi. Atenciosamente PlinioCorr<!adeOliveira Presidente do Conselho Nacional


Discernindo,

distinguindo, classificando ...

IDEALISTAS OU BANDIDOS? A~~~~

~~~o~?~~es1;e;~~~/ª~

articulista Florcstan Fernandes, do PT,declarouqueseamudançasocial não vier agora por bem "terá de surgirrcgadaasangue"(FolhadeS. Pau-

lo, 25/12/89). O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira pediu-lhe então, pelas páginas do mesmo diário, as provas de 1ãograves afirmações, es6ob1evegenera!idadcs. O episódio repete, em ponto pequeno, o que se vem passando cm torno da Reforma Agrária desde 1960, época em que ela começou a ser acenada como panacéia para os problemas nacionais. Ospartidáriosdeumarevoluçâo no campo - mesmo eclesiásticos - argumentavam que se a Reforma Agrária não se fizesse urgentemente, oscamponesesselevantariamindignados numa guerra civil incontcnívcl. Ora,sómais recelltementeaReforma Agrária vem sendo aplicada, e com relativa parcimônia - fracassando,

O falecido guerrilheiro e terrorista Marlghela, um dos responsáveis pela importaçlp - de Cuba para o Brasil - da luta armada. Sua açlo conseguiu galvanizar certo número de clérigos, mas nlo alcançou ressonlncla nas clS$Ses mais populares, predominantemente conservadoras.

aliás, por toda parte onde se implanta - e o fato concreto é que nenhuma guerra civil se produziu nestes 30 anos!Oslaboriososcamponesesbrasileiros,alheiosàdemagogiarural,continuamemsuaquasetotalidadetrabalhando pacificamente. Paraaefetivaçãodasinvasõesdeterras,queciclicamenteseproduzem,tcmsidonecessàrioumesforço hercúleo de elementos daesquerda - católicac não católica - arregimentando um misto de "sem-terra" com agitadores, organizando-os cuidadosamente quase como se se tratasse de uma guerrilha, fornecendo-lhes alimentação, acenando com promessas mirificas, etc. E contando ademais com a significativa omissão de muitos dos que deveriam opor-se às invasões. Onde, pois, a irresistível pressa.o das massas inconformadas? Trata-se na verdade de um fantasma criado pela propaganda das esquerdas. Os fatos vêm assim confirmando, uns após outros, as reiteradas afirmações do Presidente da TFP de que o perigo de uma revolução social não provém dos trabalhadores, mas sim do clero e da burguesia esquerdistas. Em nível internacional, o enorme descontentamento das populações dos países comunistas com o regime ali vigenle - posto em realce pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no magnífico manifesto publicado por "Catolicismo" em março último - é a prova irretorqulvel de que as massas não são as propulsoras do esquerdismo, massimassuasv[timas. Tal realidade, ademais, vai se tornando tão eviden1eque nos próprios arraiais da esquerda brasileira vOZ!S se levantam paraproclamà-la.

J. C. Bona Garcia, terrorista no final da década de 60 e início de 70, tendo participado de assaltos à mão armada, depois preso e exilado, hoje atuando na política gaúcha, escreveu sua autobiografia ("Verás que um filho teu não foge à luta", Ed. Posenato, Porto Alegre, 1989, 2• ediçao). Nela explica as causas de sua passagem dalutaarmadaparaamilitãnciapolí-

tica.Scguemalgunstrechossignificativos do livro. "A opção pela luta armada não surgiu aqui, veio daquela conferência da OLAS em Cuba, onde participaram brasileiros como Marighella e outros" (p. 31). A luta armada, portanto, foi importada ... "0 povo não estava nada vinculado à nossa luta( ... ) Nosso movimento de luta armada era isolado dos inte• resses das massas" {p. 85). Ê falsa a propagandaesquerdista,pois. "Aclassetrabalhadoraédasmais moralistas e conservadoras. O operário condenava os seqüestros, as ações armadas (... ) Quem vibrava mais com os seqüestros e as ações armadas era a pequena burguesia. A classe pela qual teoricamente, romanticamente, seestavalutando,craadasseoperària, masessanosviacomoestranhos,bandldos" (p. 86). "A classe bem pobre é muito conservadora" (p. 122). "O povo brasileiro, por mais que more em favela com toda a familia no mesmo quarto( ... ) é extremamente conservador. Liberal é a petJ.uena e a grande burguesia"(p.218)(destaquesnossos) Sobre a alardeada existência de apoio popular aos líderes comunistas, o livro narra um episódio curioso. Quando exilado na Argélia, Bona Garcia foi procurado por coreanos ligados ao governo comunista da Coréia do Norte. "Camarada, na semana que vem o Partido do Povo estará de aniversàrio e nós achamos que era interessante os camaradas brasileiros mandarem um telegrama de felicitações, para ser afixado no mural do Palácio do Governo, e escolhemos o camarada cm nome dos brasileiros. É uma honra, respondi, pode deixar que eu redijo o telegrama e mando. Não, não, camarada, o telegrama já está pronto, é só ler. Eram umas cinco páginas. Comecei a lerem voz alta: ao grande llder, bem amado e venerad<:1 Kim li Sun: longavidaaocamarada"(p. 161). Eassimseguiu paraCoréiaotelegrama(decinco páginas!) do "povo brasileiro". Se a revolução social vier, não se culpe, pois, o povo, mas sim a esti.uerda clerical e burgues~. C.A

CATOLICISMO - Junho 1990 -

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Da escravidão até a· glória no Céu Seqüestr.ida e escrava

UMA DAS glórias da Igre-

Bakhita não é o nome que recebeu dos pais quando nasceu. Por causa do grande susto que levou ao ser raptada, perdeu completamente a memória, esquecendo-se do próprio nome. Bakhita, que significa afortunada, é o nome dado pelos seus raptores. Foi vendida e revendida muitas vezes nos mercados de EI Obeid e de Kartoum, onde experimentou as humilhações e os sofrimentos fisicos e morais da escra vidão. Foi submetida a tatuagens com cortes que quase lhe causaram a morte. Porém, uma vez que conseguiu sobreviver aos ferimentos causados pelasmesmastatuagcns,seu valor se tornou muito superior ao dos outros escravos destinados ao comércio.

ja consiste em abarcar indiscriminadamente em seu seio ma-

terno pessoas de todas as raças e de todos os povos. E a Cris-

tandade se rejubila especialmente quando ascende à honra dos altares um filho ou filha nasci-

do de povo em cujas fileiras ainda noo tenha havido beatificação, nem canonização.

Esse será provavelmente o caso de Bakhita ( /869-1947),

a pequena escrava sudanesa de raça negra, várias vezes vendida e revendida nos mercados de escravos de El Obeid e Kartoum e falecida na qualidade de religiosa no Instituto

de Magda/ena de Canossa, na Itália.

A edificante biografia da Venerável Bakhita- cujo processo de canonização está em

curso -

está sendo difundi-

da em interessante folheto editado pela Cúria geral das filhas de Caridade Canossianas. "Catolicismo" aqui as transcreve com insignificantes adaptaçôes.

Quem é Bakhit.il A CATEDRAL de EI Obcid, uma das principais cidades do Sudão ocidental, encontra-se a pintura de uma religiosa Canossiana

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d=Á~:;:a~ e está tam~m ajoelhado o fundador dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus. Os habitantes do lugar 12 - CATOLICISMO - Junho 1990

Resgatada

Venerâ!fel Gluseppln• B•khlt•

sabem que aquela Irmã africana é uma conterrânea deles, nascida numa vila ondeviveuatéodiaern que foi seqüestrada, quando ainda era menina, e cm seguida vendida corno escrava. Na cidade de Schio (Itália), onde morreu em 1947, rndos a chamam ainda de Mãe Moreninha. O processo para a canonização iniciou-se doze anos depois de sua morte. No dia primeiro de dezembro de 1978, a Igreja enviou o Decreto sobre a heroicidade das suas vi rtudes e agora os sudaneses a invocam como sua protetora no Céu. A Providência Divina que "cuida das flores dos campos e dos passarinhos", guiou esta escrava sudanesa, através de inumeráveis sofrimentos, da escravidão à liberdade humana e à fé, até a consagração de toda a sua vida a Deus no Instituto das Filhas da Caridade Canossianas.

Bakhita foi comprada na capital do Sudão por um Cônsul italiano. Pela primeira vez, pôde dormir em uma cama depois do dia cm que foi seqüestrada, e constatou com agradàvel surpresa que ninguém a chicoteava quando lhe davam ordens, mas pelo contrârio a tratavam com maneiras gentis e cordiais. Na casa do Consul, Bakhica conheceu a liberdade, o afeto e a felicidade, mesmo se estes foram sempre velados pela tris1cza de ter perdido para sempre sua familia. Ascircunstãnciaspoliticas forçaram o Cônsul a partir para a Itália. Bakhi1a, então, pediu e obteve consentimen~ IO para partir com o seu prote!Or, o Sr. Augusto Michicli. Na Itália Chegando ao porlo de Gênova, Bakhita foi entregue à esposa do Sr. Augusto Michieti que a presenteou a sua


filha, a qual desejava receber do pai um lindo presente. Bakhita não opôs resis tências e seguiu a familia Michieli que a trato u como filha. Viveu ela três anos na casa do sr. Michieli, cuja filha Mimmina afeiçoou-se a Bakhita como se fosse sua propriedade particular. Quando em 1888 a familia adotiva decidiu abrir uma hospedaria na cidade de Suakin no Sudão, a filha Mimmina e Bakhita foram alojadas por dez meses perto da Escola dos Catecúmenos, orientada pelas Irmãs Canossianas na Giudecca, em Veneza. Foi nessa escola que a jovem moreninha quis conhecer o Deus que as freiras conheciam, amavam e servialTI.

Filha de Deus

mãos negras pousavam suavemente e acariciavam as cabeças das crianças que todos os dias freqüentavam a escola do Instituto. Sua voz amável, com a cadência dos cantos da sua terra, chegava com prazer aos pequeninos, confortava os pobres, os que sofriam e batiam à porta do Instituto.

Como quer o Patrão Sua humildade, simplicidade e seu constante sorriso conquistavam os corações de todos os cidadãos de Schio. As suas Irmãs a estimavam pela sua bondade e caridade. Depois de sua morte, todas em côro a uma só voz declararam que foi uma criatura excepcional. Uma feira o testemunhou dizendo: "Conservou e aumentou quotidianamente com generosidade a sua correspondência a graça de Deus e não se notou nenhuma pausa nesta ascese'' . Sofreu muito na sua velhice com uma doença dolorosa que durou muito tempo, mas seu sofrimento era iluminado e confortado pela luz da cspe~ rança cristã. Aqueles que a visitavam e lhe perguntavam como estava, respondia: "Como quer o Patrão!"

Depois de alguns meses de catecumenato, recebeu ela o batismo com o nome de Giuseppina; seus olhos grandes e expressivos revelaram uma grande emoção. Muitas vezes a viram beijar a fonte batismal dizendo: "Aqui me tornei filha de Deus!" Tomou sempre mais consciência de que Aquele Deus que agora conhecia e amava a tinha conduzido através de caminhos misteriosos, até se tornar sua fil ha. Quando a senhora Michieli voltou da Âfrica para pegar a filha e Bakhita, esta co111 decisão e coragem pediu para permanecer com as freiras Canossianas a fim de servir ao Deus que a livrara de tantos perigos e lhe dera tantas provas do seu amor. "Se voltasse à África, dizia, não poderia mais amar o Senhor!" Bakhita, agora maior de idade, podia, segundo a lei civil italiana, decidir o seu próprio destino. Ao juiz que a interrogava respondeu no dialeto vêneto: "Quero muito bem à senhora e sua filha, porém não quero perder a Deus. Fico na Itália!"

Na angústia e revivendoosterriveis dias da sua escravidão, suplicava à enfermeira que a assistia: "Alarga-me as correntes. Pesam-me!'' E Maria Santíssima veio libertá-la. Suas últimas palavras foram como se A visse: '' Nossa Senhora! Nossa Senhora!" Expirou ela no dia 8 de fevereiro de 1947, em Schio, e uma multidão aíluiu à casa do Instituto a fim de ver pela última vez a Irmã Moreninha. No dia li de fevereiro, debaixo de uma chuva torrencial, um grande cortejo a acompanhou até o cemitério.

Filha de Madalena

Do Céu

Em seguida, decidiu ela doar-se totalmente ao Senhor no Instituto de Madalena de Canossa. No dia 8 de dezembro de 1896, Giuseppina Bakhita consagrou-se para sempre a seu Deus que ela chamava; "Ê o meu Patrão!" Por mais de cinqüenta anos esta humilde Filha da Caridade viveu prestando serviços nas várias ocupações dacasadeSchio: foi cozinheira, guarda-roupeira e bordadeira. Quando começou a trabalhar na portaria, suas

Foram muitas as graças recebidas por sua intercessão nos dez anos que se passaram depois de sua morte. Sua fama de santidade é difusa em todos os continentes e à cúria Geral chegam centenas de testemunhos de pessoas que experimentaram a eficácia de sua intercessão junto a Deus. Suas Irmãs, mas sobretudo a Igreja africana, esperam que o Processo de Canonização já iniciado chegue logo a uma conclusão feliz, para que todos possam invocá-la como Santa. D

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Visita à Alemanha Oriental

Tristeza efeiura do mundo comunista Quarenta anos de marxismo conseguiram transformar a aristocrática cidade de Weimar, berço dos poetas

Goethe e Schiller, numa localidade suja e pardacenta, onde não há mais o que admirar FRANKFURT - O acesso ao território da República Democrática da Alemanha (RDA) está bastante simplificado. Mesmo assim, exige-se a apresentação de passaporte, o que há mui to não ocorre entre os demais países europeus. Nesta parte cortada da Alemanha, sob o domínio comunista há mais de 40 anos, os dispositivos materiais de segurança na fronteira com a A!emanhaOcidentalaindacxistcm. Já a mudança da paisagem é marcante qu.indo se atravessa a divisa. A partir da pri meira cidade, que margcia a rodovia, Eisenach, percebe-se uma bruma que paira no ar, provinda das grandeschaminésindustriaisquebencficiamocarvilomincral, fonte de energia da RDA. O aspecto desolador acompanha a paisagem que passa diante do viajante. 14 -

CATOLIC I SMO - Junho 1990

Três ruínas de castelos - construídos na Idade Média, cm montes próximos, por três irmãos, Condes de Glaichen - dão sinais de não terem sido visitadas há décadas. Apenas uma foi restaurada para fin s turisticos. A entrada em Weimar (60.000 habitantes) aumenta ainda o aspl'dO desolador, acrescentando urna nota de tristeza e de falta de vida. As primeiras pessoas que vimos davam a impressão de desgosto e desânimo. As casas são amigas e de estilo, algumas com aspecto senhorial, pois Weimar teve nobreza destacada até o século passado. Apesar de habitadas, estão cobertas por uma camada de sujeira, parecendo abandonadas. Convém lembrar que Weimar não sofreu na guerra, tendo sido vitima apenas do

Vê-senasportas,janelas,escadas, grades de balcões em ferro batido, nos telhados, nas paredes das quais o reboco começou a cair, noS pequenos jardins mal cuidados , nas cercas quebradas as marcas da lenta corrosão. Ao sairmos do ônibus, fornos surpreendidos pelo ar poluído e de tão mau odor, que provocava nojo . Durante uma hora e meia que andamos pela cidade, vários dos viajantes usaram lenços para evitar a aspiração direta de ar tão nocivo. Na RDA o fundo de quadro é pardacento, cinza-escuro. Nada é limpo, renovado 011 reformado, com exceção de duas ou três casas, que parecem ter sido pintadas há algum tempo. O prédio da prefeitura, em estilo neogótico, parece em abandono.


As vitrines são de uma vulgaridade chocante, com as mercadorias simplcsmeme colocadas sem preocupação de limpeza, ordem e muito menos estética. Nos poucos açougues, peixarias e padarias continuam as filas. A farmácia que pude visitar era grande, espaçosa,vaziaeescura. O único supermercado, no centro, de proporções acanhadas, com apenas duas caixas registradoras, não oferecia aos fregueses os clássicos carrinhos de empurrar, mas só cestas de arame. A impressão, ao observar o fluxo das pessoas, é de que no fim do dia as prateleiras estariam vazias, tão pouca era a mercadoria dispon!vel! O serviço de informação turística dacidadeédesprovidode folhetos gratuitos, como é comum em outros lugares. Há alguns à venda, mas tão ordinariamente impressos e carentes de informações, que não valem o preço exigido. Além do mais, as fotos da cidade estampadas nos folhetos e cartões

postais em nada correspondem à realidade. Outro aspecto deprimente é a presença dos pequenos automóveis, marca Trabant. Existe um único modelo. Varia apenas a cor, predominando o azul. As tintas são foscas, e não permitem polimento. Não vi um carro que se destacasse pela limpeza. A existência exclusiva de um só tipo de carro, e de tal maneira ordinário, circulando pelas ruas faz-nos sentir como o igualitarismo, a falta de variedade, são asfixiantes. Pareceu-me notar nas pessoas certa vergonha pelo estado de coisas rcinantc na cidade, embora com csperançasdc mudanças a partir da unificação dasduasAlcmanhas. Ao passarmos a fonteira, policiais entraram no ônibus e, para se mostrarem amáveis, um deles perguntou se gostáramos da visita. Os que estavam sentados nos primeiros bancos responderam sem hesitar, com ar jocoso, que não, por causa do mau cheiro e da sujeira. O policial não teve o que responder. O outro, cnc-arrcgado da alfândega, perguntou se compráramos algo. O ônibus inteiro respondeu: "comprar o quê? Não há o que comprar!" Tam-

bém sem resposta, retirou-se do ônibus Mas mesmo assim mandou abrir os porca-malas para verificação.

Ao nos afastarmos da cidade dos poetas Goethe e Schiller, vinha-me ao espírito uma consideração: muitos ouviram falar das mazelas do regimc comonista, mas é impossível imaginar a realidade num ambiente criado por tal do regime, onde todas coisas não têm brilho nem qualidade e, sobretudo, não se nota nenhuma bênção divina. Nunca vi ou senti, mesmo nos lugares mais pobres do Mundo Livre, tão completa ausência do belo. Mesmo naquilo quc necessariamcnte contém elemcntos de beleza, de g1 aç:.,, como por exemplo urna construção em estilo neogótico, uma torre, uma igreja cm estilo românico venerável, nelas o belo artístico está coberto por algo de indefinível e tris1e. Há toda uma atmosfera, um ar que não induz à alegria, ao sorriso, à admiração. É bem isto: no universo comunista não há o que admirar! BENNO HOFSCHULTE Nosso corresponden1e

CATOLIC I SMO - Junho 1990 -

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Fidel Castro

O homem do "paredõn" no Brasil A entusiástica acolhida proporcionada ao ditador cubano por elementos do clero, da burguesia, da mídia e da po!Wca, bem demonstra que o comunismo radical e violento continua a gozar de altas simpatias no Brasil.

p

OROCASIÃOdm· ceme vinda de Fidel Castro ao Brasil,paraapossedopresidcnte Cotlor de Mello, perdeu-se uma ótima oportunidade de interpclá -tosobreoestadodecoisas que ele mantém cm Cuba. As reformas empreendidas por Gorbachev na Rússia têm postoa nuacalamitosa situaçàoa queforamredui:idasaspopulaçõcs11omundocomunista.Con-

forme moscra o Prof. Plínio CorrêadaO!iveiraem seu monumental Manifesto "Comunis-

mo e anticomunismo na orla daúltimadécadadestcmilênio" (cfr. CATOLICISMO, março/90), Fidel Castro "não podiaignoraradesgraçaea míséria sem nomeemqueadoutrina e o regime comunista estavam afundando as massas. E,

oontudo,nãotitubeouemdifundir essa doutrina e impor esse sistema". Apesar disso, Castro foi aqui recebido com admiraçllo! 16 -

Fidel, inimigo da perestroika, aplaudido Mesmoaquelesque,fascinadosporGorbachev,seiludem sobre uma pretensa morte do comunismo, naopodem deixar de saber que Fidel Castro se opõeabertaamenteàsreformas que constituem a perestroika, em curso no Leste europeu , Ele tem feito numerosas declarações nesse sentido. Pouco antes de embarcar para Brasília, em discursopara50milestudames, em Havana, Castro declarou: "Arevoluçllocubanasemanteve e será capaz dc defender-se porque nunca fez concessões". Referindo-se ás transformações dos regimes comunistas no Leste Europeu, declarou: "Eles fizeramconcessõesaoinimigoimperialista.Quemfazisson!ioé revolucionário"(JornaldoBrasil, 15-3-90). A acolhida entusiástica que certos meios de comunicaça.o social e elementos representativos do clero, do mundo politico;' daburguesia, deramaodi-

CATOLICISMO - Ju nho 1990

tador cubano mostra de como o comunismo duro tem raízes nos setores dirigentes de nossa pátria, A máquina de propaganda montada naquela ocasião em favor de Fidel, parece indicar que ele veio ao Brasil para consolidaremsua"fé"ospartidàriosdeumeomunismoantigorbachev iano -porta ntoradical e violento - em toda a América do Sul. Esse é um dos aspectos mais impressionantes dos fatos quecerearamaviagemdoditador cubano, os quais sucintamente passaremos a enumerar. Apelo dos cubanos desterrados

Fidel Castro oprime Cuba hámaisdetrintaanoscommao de ferro. Muitos opositores do regimeforamfuziladosno"pared6n" ou morreram em prisões, como La Cabanha, Outros fugiram. "O Estado de S Paulo", de 6-3-90, noticia que a organização Cubanos Desterrados, com sede em Miami

(EUA), enviou carta a Collor pedindo-lhe que cancelasse o convite feito a FidclCastro, pelo então presidcme Sarncy. A organização representa um milhãodccubanosdesterradosrela ditadura de Fidel. Nenhum importante periódico publicou qualquer resposta dcCollor ... Armas e mentiras

No avião da comiliva de 87 pessoas, que veio preparar achegada de Castro a Brasília, foram descobertas "10 toneladasdearmas-entregranadas, submctralhadorase até mesmo misseis". Havia também "um canhlloantiaéreo"(Jornaldo Brasil, 13 e 14-3-90). "Os membros da comitiva cubana .... tentaram esconder da Receita Federal a verdadeira carga que transportavam. Primeiro, limitaram-se a dizer que se tratava de material de comunicações. Depois, resolveram dizer que eram remédios" (Jornal do Brasil, 14-3-90). "Depois de nove horas de negociacõcs, .... oavi/1.oretor

f


nou a CUba com as armas" (1dcm, 13-3-90). A que objetivo serviriam tais armas? Incrementar a guerrilhano Brasil? E5tranhamente e5.s.e ar5Cna1 não foi apreendidopetasautoridadesbrasilciras. Honras oficiais Fidcl ''mereceu do ltamarati .. . . tapete vermelho, no aeroporto, e todas as honras de Chcfe de Estado" (Jornal do Brasil,

jciras,doqualpertkiparamtam~m altos empresários.

Organiuções Globo - ofereceu-lhe um almoço. Após a refeição, no auditório da emisso-

Apolo de empresários

ra, houve "um encontro com

''OGlobo'',delj-3-90,informaqueCastroiriaencontrar5C, na capital paulisla, "com empresários do porte de Mário Amato,presidcntcdaFedcraçao das Indústrias do E~tadode São Paulo, Antonio Ermirio de Morais, Superintendente do Grupo Votorantim, e cerca de 300

30dos maiores empresários do pais''(JornaldoBrasil, 15-3-90), "liderados pelo presidente da Federaçãodas lndústriasdoEstado, Ar1hur Jo.ão Donato" (OGlobo,20-3-90). Muitos des= empresários sãocmu.1iasrnsd1l.l rcforma.sde Gorbachev. Mas dão tam bém apoio a Fidcl Castro. Por quê?

Relata o "Jornal do Brasil", de 16-3-90, que Fidcl ··foi abraçado .... pelo monarquista Cunha Bueno{PDS-S 1')". Emoção na CNBB Fidel visitou a sede da CNBB, em Brasília, onde encontrou grandeconsonll.ncia: "não sccansoudcelogiaraa1uaçao dalgrejabrasilciranalutapclas causas sociais". O p;1dre VirgltioUchoa, presente ao encontro, comenrnu: '"Fidel t mui1oamfweleimcligcn1e"(Jornal do Brasil, 18-3-90). Castro presenteou ··os Bispos D. Paulo Ponte (presidente cm exercício da CNBU) e D. Cels0Quciroz(secre1àriogernl ) com um livro de sua au1oria. "Sobre o encontro, cornen1ou D. Paulo Ponte: ·ficamos 1âo contemcs e emocionados com õta visita que até esquecemos depediroscuau1ógrafo"'(Veja, 21 -3-90). Ovacionado por 1.200 líderes dasCESs

Fldel Caslro encontra-se com Lula no parque do Anhembi, em SIio Paulo, antes de Iniciar, a 18 de março, sua arenga para as lideranças polfl/css de esquerda

18-3-90). "Foi a personalidade estrangeira mais aplaudida entre os chefes de E5tado presentes à oerim6nia" da posse de Collor (Diârio Comércio e lndiistria, 16-3-90). EmSãoPaulo,Castrohospcdou-sc no Palácio de Verão, do Governo, onde recebeu a prcíeila Erundina·e o presidente da Clmara Municipal, Suplicy.Q~rcialheofereccu,ademais, um jantar no Pallicio Bandeirantes. No Rio, o governador Moreira Franco proporcionou-lhe umjantarnoPalâciodasLaran-

dirigentes de empresas nacionais e multinacionais co,110 a Ou Ponl do Brasil, Shell, Asca Brow Boveri, Fim do Brasil. Eucatex, Pirellicou1ras". O encomro realizou-se no Anhembi. Segundo "O Es1ado deS. Paulo",dc 16·3-90, "conlirmarampresençaJoséMindlin, da Metal Leve, Carlos Rocca, doMappin,AndreaMatarauo, daMetalúrgicaMatara:uoeAâvio Brandalisc, da Perdigão". Fidel ateve na sede da TV Globo, no Rio de Janeiro, onde Roberto Marinho - o macro-capitalistaprcsidemedas

l: o enigma da autodemotição, todaelacontraditóriaearrastandooPaísparaondeclenàoquerir. Direitistas também apóiam Em Brasília, o ditador.foi saudadoefusivamcntcporparlamentarcseonsideradosdireitistas O deputado federal pelo PDS, Amaral NelO, tido corno dadireitanaCãmara,"dirigiuscaolidercuba nodeformaarrebatadora: 'Em nome da direita brasileira, eu queria saudar a esquerda de Cuba"' {Jornal do Brasil, 16-3-90).

Freis8cttoeBoH -conhccidos por sua simpa1ia em relação a Castro e ao comunismo radical - prorno\cram no Anhcmbi. cm Silo Paulo, um encontro de Fidcl com padre1i, freiras e l.200!idcresdasCEBs (ComunidadesEcksiaisc.lellase) ··Só par1icipou doe11contro quemrecebeu5Cnhas~ermelhas impressas com o rosto do .. Lula" (0 Globo, 19-3-90). Importa notar a ligação: Lula FreiBe!lo-FreiBoff-l'idcl. "Fidel Castro entrou no Auditório Elis Regina dcbai.~o de uma calorosa rcccpç!lo, com o piiblieo can1ando o rdr3 o damiisícadacampanhadocatidida!o do PT à Presidência da República"(OGlobo, 19-3-90) "Frei Uonardo Uoffcxdamou: 'Bem -v indoaocomih':dcdcfesa da revolur;ão"' (Folha de S. Paulo, 20-3-90). Fidel "falou por duas horas, rei a apologia da revolução eubana,justifícouofatodenao havcreleiçõeslivresemseupais e condamou os brasileiros a continuarcmalutaporumasociedade dcmocn\tica" (0 São

CATOLICISMO - Junho lg<JO -

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Paulo, 22-3-90). O órgão oficioso da Arquidiocese de São Pauto assinala que Castro "justificou o fato de não haver cleições livres em Cuba", mas não esclarecequeargumentosoditador apresentou. Isto significa favorecer de todos os modos a ditadura comunista. Eisa!gunstrechossignificativosdaarengade Castro· "Cuba não precisa de perestroikanemdeglasnost. Não pretende abandonar o sodalismo nem copiar regimes capitalistas, como estão fazendo Polônia, Hungria, Tchecoslováquia eAlemanhaOriental. . .. A unificaçãoda5 Alcmanhaséoutra forma de renegar o socialismo ... Cuba não mudará" (0 Globo, 19-3-90). "Temos esperanças de que a Igreja católica brasileira inílucncicalgrejadeCuba,ecrie condiçõesdesuperarmobstãculos que existem. Porque cu lenhocerlczadeque,sevocêseslivessem cm Cuha, seriam membros do partido" (comunista) (0 São Paulo, 22-3-90). "Em Cuba .... nós temos centenasdepadresefreirasem nosso partido, mas não temos fiéis em nosso partido" (idem). É interessante essa confissão deFidcl:ocleroprogressista de Cuba não consegue levar o povoparaocomunismo.OPartidoComunistacontacomcenrenas de padres e freiras, mas nãodefiéis.Ocomunismoarre-

pia o povo. Ou será. que os fiéis cubanos - refratá.rios ao comunismo - não constituem "o povo de Deus", no qual se podcdiscernir"ossinaisdostempos"?Se"essas''centenasdcpadres e freiras" cubanos fossem coerentes, deveriam reconhecer que.em sua pátria, os "sinais dostcmpos"sãoanticastristas ... Almoço na casa de l ul a Lula ofereceu, emsuaresidência cm São Bernardo do Campo, um almoço a Castro. Na ocasião, o dirigente pelista declarou: "Fidelé a maior liderança política de todo o continente, e Cuba significa o sucesso do socia\ismo"(OGlo00, 19-3-90) Sucesso no quê? Em produzir miséria? Lula não explica. Na opinião de Lula, "Fidel transformou-se no centro dasatençõesdomundo,porque Cuba éa IJhimaresistênciaconereta do socialismo"' (Idem). Lula, portamo, apoiando a "ili 1imaresistênciadosocialismo''. mostra -secontrárioâsliberaliracõescfetuadas por Gorbachev. Razão ideológica NapossedeCollor, estiveram também presentes outros Chefes de Estado ou reprcscn iantcs de nações com as quais o Urasil tem rclaçôcscordjais e altosintercsses.Foramelesrece-

Cuba : fracasso da produção e regime policialesco "Opalspassapelapiorcriseeconõmicadesdearcvo!ução, em 1959. Cuha recebe aproximadamente USS5 bilhões de ajuda anual da UniãoSoviética.Opaistemcercade 10 milhões de habitantes. Seria o mesmo que o Brasil receber USS75 bilhões de ajuda anual, afundo perdido . .... Opadrão de vida dos cubanos cai a cada dia ..... Os cubanos têm tudo racionado" (FolhadeS. Paulo, 8-4-90). "A produçao de açucar .. está atualmen te quase 25% abaixodonivelregistradocm 1958,IJhimoanoantesdarevolução .... Este ano o governo foi a té obrigado a comprar açúcar na Austrál ia e na Tai lândia para poder cumprir os seus compromissos de fornecimento . Cuba hipotecou dez milhões de toneladas de açlJcar aos países da Europa Oriental, principalmente à Uni/lo soviética. Cuba de ve quasc25 bil hõesdedó laresaMoscou . lstocquivale a uma das maiores dívidas do mundo. . .. Uma coisa é certa sem assubvençõcssoviélicasCubaé incapaz de se alimentar" ... E Gorbachev continua ajudando! Em Cuba hã "mais de cem mil ·Comi tês de Defesa da Revolução' , as brigadas de espionagem, ... que controlam todososquarteirôcseinformamarespeitodctodasasconvcrsas de teor duvidoso." (Der Spiegcl, apud O Estado de S Paulo, 22-4-90).

bidos de forma comum. Entrctan10, para Fidel Castro a acolhidafoientusiástica. O que representa Cuba, na ordem política, cultural e econõmica.paraoBrasil?Muito pouco, além do fato de ser umanaçlloopressacaessetilulodignadcqucselhefaçajustiça, restituindo-se-lhe a liberdade. Por que Fidel, o opressor, foi tão promovido? Édif1ci!cxcogilaroutrarazãoque nãoseja ideológica, isto é, simpatia

Gesticu façlo abundante napalesrra aos intelectuais esquerdistas no Anhembl

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CATOLICISMO - Junho 1990

pelo comunismo. Tanto mais que, depoisdcFidcl,o mais celebrado dos visitantes foi Daniel Ortega, apesar de pouco tempo antes ter sido derrotado nas eleições presidenciais da Nicarágua. Luta contra os fatores d e decad ência Impressiona nos fatos acima narrados quea farândola a favor de Fidc! Ca5tro não é feita apenas por comunistas nem principalmente por eles. Sãodirigcmes da sociedadc burguesa osquetrabalhamaf\lvordadestruic;ãodessa mesma sociedade! É uma constante da História dos povos em decadência moral,quesuasclitcssevoltem contra os próprios interesses. Assim é o Ocidente pós-critao. A Rcvoluçã0Francesa,queob1eve possante colaboração de altos representantes do clero e danobreza,ilustrabemessaassertiva Nossa Senhora ponha logo fim a essa decadência, e abra para o mundo uma esplêndida eraderegeneração,naqual , estamoscertos,o Brasil cristão terá um pape!rclevantc. PAULO FRANCISCO MARTOS


Cardeal MINDSZENT~ quinze anos depois Por cima do caos do mundo com u nista, e.m e rge a f igura c ri sta li na agora reab i litada do herói da Fé na Hungr i a de hoje

A

LIÇÃO e o exemplo do Cardeal Mindszenty na luta contra o comunismo continuam tão vivos como nun-

ca, mesmo na era da perestroika. Neste artigo recordamos "flashes" desta luta luminosa. Assist imos em nossos dias ao abalo q ue o Descontentame nlo está. produzindo nas nações q ue antes gem iam sob o jugo da servidão comunista ( ! ). O desmoronamento do império soviético tem revelado uma parcela do horror a que estiveram submetidos, durante décadas, países de grandes tradições, nos quais grande parte da popu lação é cons. tituída de irmãos nossos na fé, pois católicos, apostólicos, romanos. A tirania que dominou esses povos não teve igual na História: nada do que houve antes fora tão cruel, terrível e dominador. Por isso, aqueles que enfrentaram de peito aberto os tiranos vermelhos se elevam à altura dos mártires, dos confessores da Fé e dos maiores heróis da História

Uma nação que merece destaque neste quadro é o outrora Reino Apostólico da Hungria. Reino que teve a graça de ser fundado, em plena idade Média, por um rei santo, Estêvão, e recebeu desde seus primórdios a missão de ser baluarte da Igreja e da Cristan-

dade. Joseph Mindszcnty, Arcebispo de Esztergom, Primaz da Hungria, Cardeal da Sant a Igreja Romana, herói da luta contra o comunismo, simbolizou altameme em nossos dias esta missão. Comemorou-se em maio último o 15° aniversário de sua morte. No ano passado foi reabilitada, mediante cerimônia pública realizada na capital himgara, a memória deste autêntico confessor da Fé e figura heróica da História do pais. Luiando por seu rebanho, o Cardeal esclareceu e orientou todos os católicos do mundo a respeito de um problema crucial: pode um católico, coerente com sua Fé, acomodar-se a um regime comunista e firmar com ele pactos aparentemente úteis à Religião? As manobras desencadeadas por Moscou para conquistar a simpatia do Ocidente solicitavam então os fiéis a mudaraatitudederejeiçãoaocomunismo. Ante a imensa confusão surgida nos meios católicos em raz.'\o de tais manobras, o "non possumus" firme do Cardeal Primaz da Hungria valeu por uma lição e por um exemplo. Atualmente, a pcrCStroika cm curso na Rússia soviética e a "apressada caiação da fachada dos PCs não nos dão garantia de que os comunistas estejam mudandoefetivamcntededoutrina" (2). Não podemos, portanto - segui ndo os passos do destemido Pastor - diminuir a desconfiança e a vigilãncia ante ocomunismo. Não podemos descansar enquanto o adversário não estiver completamente derrotado. É nesta perspectiva que contemplaremos aspt..-clOs admiráveis da vida desse insigne Confessor da Fé, o Cardeal Mindzcmy. (3) C ATOLICISMO -

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A Hu ngria saía arrasada da li Guerra, que há poucos meses terminara. Ocupada por um lado pelos nazistas alemães e de outro pelos comunistas russos - estes acabaram por 1omar conta de tudo -, os opróbrios parcciain ter marcado encontro nela, para a flagelar: rnorticinios, saq ues, violações, confiscos, colheitas arruinadas, fome e peste, perseguição polltica, prisões superlotadas, inicio da coletivização agrária, perda mal velada da soberania nacional ...

vo, em oposição às novas teorias propagadas por todo o pais, as verdades eternas. Quero despertar nele esperan· çassagradas". Ê Joseph Mindszenty (4), o novo Arcebispo de Esztergom, que acaba da tomar posse de seu cargo. O mais alto na esfera re ligiosa nacional, fazendo dele, ademais, Principe-Primazda Hungria, o segundo homem no plano temporal - depois do Rei ou do Chefe de Es1ado - conforme as leis da secular monarquia húngara, que os russos ainda não haviam tido 1empo de abolir. A luta não tardou cm travar-se acesa e desigual. O Arcebispo - que poucos meses depois era elevado ao cardi· nalato por Pio XII (21-2-1946)- alertava comra as demasias crescentes do poder revolucionário e fazia sentir aos húngaros os erros da ideologia marxista.

O adversário iniciou contra o Príncipe P!imaz uma série de campanhas

nistas já usavam as técnicas que depois se tornaram seu sinal digital, nos estrondos publici1ários por eles promovidos para demolir um opositor que não conseguem vencer no combate ideológico aberto e de viseira erguida. Calúnias genéricas, acumulando-se umas sobre as outras, às vezes descabeladas, sempresem provas, mas repetidas insistentemente, malg rado os mais claros e conlUndentes desmentidos da vitima. Por fim, não podendo exibir nada de concreto para processar criminalmente o adversário, passam á montagem ar1ificial, peça por peça, dos "delitos" que o levarão â cadeia ... Assim, a policia comrolada pelos comunistas chegou a momar o "show" de uma suposta conspiração armada qucseestariagestandonascscolascatólicas ... Os agentes da polícia - o h! surpresa - "encontraram", num dos estabelecimentos católicos de ensino, grande quantidade de armas. O Cardeal desmentiu o embuste. E a campanha acabou por desmoralizar-se completamente quando poucos dias depois um jornal comunista publi-

~;s;:;i: ~~a;j1:d:;:~n 1/l if)) ~óp~ii:e~;;_:ur::~1: quero bem ser a consciência J incurso em crimes contra a legislação de nosso povo, quero bater nas por- 1 vigente, tentando rebaillá-lo de todos tas de vossas almas enquamo guardião os modos aos olhos do público. a isso chamado, e pregar a nosso poEm sua desleal ofensiva os comu-

cou, com detalhes, uma nova ocupação policial de escolas e o conseqüente ''descobrimento" de armas ... Só que a publicação fo i feita antes mesmo do dia em que a policia devia efetivamente invadir os estabelecimentos visados! Mas o cinismo comunista pouco se incomodou com isto. Os estrondos publicitários contra o Cardeal cont inua-

"Quero ser a consciêncfa de nosso povo"

Naquele 7 de outubro de 1945, a muhidão dos fiéis se acotovela entre aflita e esperançosa nas três naves da bela e imponente Basílica de Esztcrgom. O celebrante, ainda na força da idade, fisionomia varonil, olhar penetrante, a um tempo vivaz e grave, revestido de solenes paramentos pontifica is, sobe calma mas dicididamente ao pôlpito. Pastor e reban ho olham-se mutuamente por algu ns instantes. Começa o sermão e, provinda das mon1anhas longinquas, precipita-se sobre a cidade impressionante tempestade. O vento uiva por entre as ferragens das altas janelas, cujos amigos vitrais o estrépito dos bombardeios despedaçara; a água escorre cá e lá nas paredes interiores ' do templo. mas a voz do pregador se ergue, disputando com os estampidos dos trovões. Ea beleza trágica de suas palavras é acompanhada pelo próprio fulgor dos relãmpagos: "Uma Hungria sangrando por numerosas feridas se encontra prostrada na maior depressão moral, jurídica e econômica de sua história. Nosso salmo deve ser o 'De Profundis', nossaoraçãoo'Miserere',nossoprofeta,Jeremias, nosso mundo o do Apocalipse. Estamos ás margens dos rios de Babilônia e devemos aprende, cãntieos estrangeiros nas harpas quebradas. Se

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Nos estrondos publidtJrios, as técnicills da KGB


ram crescendo e, na manhã do dia 19 de novembro de 1948, o sacerdote secrecário do Primaz, Dr. Andrâs Zakar, foi seqiies1rado em plena rua . Um mês depois, aniquilado e enlouquecido, ele apa receu junto com a policia numa invasão da residência do Cardeal , em Esztergom. Os es birros comunistas afirmavam que o secretário do Cardeal Midszenty havia confessado a "conspiração" que ele estaria dirigindo ... O C.J rde.J I torlur.Jdo

Dias mais tarde (26- 12- 1948), durante a no ite.a policia retorna ao palácioarquiepiseopal desta vez para levar prisioneiro o Arcebispo. Arrancado violentamente do palácio, o Cardeal foi empu rrado para dentro de um automóvel cujas janelas perma neciam fechadas com cort inas, e conduzido ao n" 60da rua Andrássy. As portas do sinistro estabclecimemodetorturas fecham-se atrás do Principe Primaz. O heróico Purpurado t-'Stava em mãos de seus torcionários. Logo no primeiro insta nte da detenção, numa sala do andar térreo do edifício, um major da policia e um tigente do serviço secreto despem-no de seus trajes sacerdotais, revelltindo-o com uma roupa de palhaço, em meio aos risos e chacotas dos assistentes. Tomam-lhe o breviário, o terço e as medalhas piedosas. A seguir é levado a um cômodo de pé direito baixo, sombrio, medindo 4 x 5m, com uma única pequena janela dando para um pátio interno. Por cama, um divã caindo aos pedaços. Cinco ho mens montam uma guarda cont ínua nessa peça com ar confinado e mofado. Reina ali um silêncio sepulcral, cortado, por vezes, pelos gritos de dor dos detentos supliciados. O heróico mártir fica, desde logo, 72 horas seguidas sem dormir. Como parte da tortura, o guarda da cela tinha a ordem formal de não deixar o prisioneiro repo usar. E não havia meio de fazê-to, pois os longos interrogatórios realizam-se sobretudo madrugadas adentro. A cada dia as mesmas cenas

Sernse fazercmanunciar, três médicos entram na cela para controlar o estado de saúde do Purpurado. Querem ver até que ponto suporta ele os golpes e os maus tratos e até onde podem levar as torturas tisicas. Estas são aplicadas sempre com precaução. Não convém de modo algum aos interesses de Moscou ter de haver-se com um Cardeal Mártir da Santa Igreja! Querem sobretudo quebrá-lo psicologicamente para que possa representar o papel desejado no simulacro de processo que preparam. O Purpurado se r~cusa a comer e a beber, bem como a tomar os medicamentos prescritos . Receia a ingestão de qualquer droga paralisante da vontade. Umas se destinam a mergulhar o prisioneiro na mais completa letargia, outras, ministradas alternadamente, a fazê-lo "soltara língua " a fim de acabar "confessando" os delitos que oregime lhe imputa. "Quanto a mim - recorda - não foi senão após duas semanas que assinei o processo-verbal que me era submetido, mas que não continha qualquer reconhecimento de minha culpa no sentido da acusação (5) e que não

mento não obtiveram eles de mim esse gênero de escrito". Após duas semanas de tort uras, o Purpurado já não se lembra do que se passa dentro dele, nem em torno de si. Sentia paralisada sua capacidade de resistência. Vivia numa apatia e indiferença crescentes. Seu sistema nervoso abalado o enfraquece, perturba sua memória e anula a consciência de si mesmo. Foi nesse contexto que seu torcionário, Gábor Peter (pseudônimo do alfaiate judeu Benjamin Eisenberg) traz à presença do Primaz o seu secretário, extenuado de ntro de seus andrajos de cárcere. Este recita-lhe um desajeitado discurso memorizado, exonando o Príncipe-Regente magia r a fazer uma declaração conforme aos desejos das autoridades comunistas. O Cardça l Mindszeniy resiste. E a1é o raiar da aurora sofre mais duas surr:is com caceteies de borracha, os quais passaram a ser seu pão cotidiano. O carrasco ameaça: ''Se não confessas os teus crimes, farei vir aqui amanhã tua mãe. Estarás nu diante dela. Suponho que ela terá um a taque. Será justo, pois ela teve a desventura de têlo gerado. Ela não merece outra coisa. E tu, 1ornar-te-ás o seu assassino!". Após o primeiro interrogatório, pouco mais das 3 horas da ma nhã, o CATOLIC ISMO - Junho 1990 - 21


Purpurado Mártir é recond uzido à sua cela ; arrancam-lhe as vestes de Arlequim e subitamente um oficial abrutalhado irrompe na sala, golpeando-o com forte ponta-IX e gritando: "Eis o momento mais feliz de minha vida". O coro: nel Décsi diz: "Aqui os acusados são obrigados a confessar o que nós desejamos". Décsi mantém o Cardeal estendido no chão, dando-lhe golpes de cacetete pelo corpo inteiro. No corredor e nas peças vizinhas, os risos de prazer sádico de homens e mulheres (sic!) acompanham os golpes. Apesar de exausto, o coronel de pollcia, com evidente volüpia, não cessa de espancá-lo. Umavezmaiseleserecusaaassinar o processo-verbal forjado de mentiras e contra-verdades. Retorna à cela e é surrado. Isto sucede ainda urna terceira vez naquela mesma noite. E, assim, ao longo dos dias. Há dias sem dormir, o Purpurado é submetido a interrogarórios nos quais as ac usações são marteladas incessantemente de maneira a que ele vá chegando lentamente à convicção de que talvez ten ha cometido algum do~ crimes que lhe são imputados. Ao término de duas semanas de semelhante tratamento, os policiais atingem sua meta: fazem-no confirma r mentiras grosseiras. Ele já não mais estava em condições de combate. Tremia dos pés á cabeça só com a lembrança do caceteie. Assinou o processo-verbal, não sem servir-se de uma última astllcia,praticadaoutrora pelos prisioneiros húngaros na Turquia: feiseguirsuaassinatu ra das iniciais C.F. (coactus fec i - eu o fiz coagido). O est ratagema surtiuseuefeitonodia

jogado, ao longo de sete anos, de masmorra cm masmorra, até arrebcnlar a revolução de 1956 (6). Novo martírio Com efeito,em outubro de 1956, emdecorrênciadeumasérie de insatisfações, estala uma rebelião popular na Hungria. O Cardeal Primaz é libertado por um baialhão guerrilheiro de sua prisão no castelo de Solpetetay, onde se encontrava naquele momento. Contudo, a revolta é prontamente esmagada pelas botas soviéticas e o Purpurado obrigado a refugiar-se na então legação dos Estados Unidos em Budapeste. Em 1958, falecido Pio XII, seu sucessor, João XXII!, convoca no ano seguinte o Concilio Vaticano li e inaugu ra a tristemente famosa ''Ostpolitik"

o comunismo. E o Cardeal Midszent y se encontrava bem nesta si1Uação, e acabou, de algum modo, sendo vítima dessa "Ostpolitik". O Vaticano transigira, ao permitir que qualquer candidato à Hierarquia da Igreja na Hungria jurasse a Cons!i· tuiçll.o comunista antes de assumir o cargo. Este compromisso desconcertou profundamente o povo simples no Reino apostólico. Em 1964, Mons. Casaroli visita o Purpurado na sede da legação americana propondo-lhe um plano de saída do pais. O primaz nega-se, por razões de consciência e também de lndole polltica: um Cardeal-Regente não deve abandonar sua Pátria . Em fins de setembro de 1971, surpreendentemente, o Cardeal é levado a sair de seu "exílio" na embaixada norte-americana, por resolução direta de Paulo VI, que atendia assim ao evidente desejo do governo comunista húngaro. E a 5 de fevereiro de 1974, tendo o Purpurado se negadoa renunciar voluntariamente a seu cargo, a Santa Sé o destituisumariamente,nomeando um seu ant igo secretário, Lazslo Lckai, administrador apostólico de Esztergom (7). Era assim golpeado o herói máximo da resistência anticomunista húngara, que tanto incomodava, cm escala nacional e internacional, oscomunistas,e quchaveria deentregar sua destemida alma a Deus em maio de 1975. ANTONIO MONGE

LUIZ CARLOS AZEVEDO (IJ P1 ,.,;,,co«b<1<()1;wi ,o, "C"""'"'"""'

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1! s!~la~:}ª:~: !~v:~ tar mais nada ao teu no1// me, nem em cima, nem embaixo, nem ao lado". Da rua Andrássy, o Cardeal Primaz - peregrino da dor - foi sendo 22 -

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nos dos países comunistas. Tal polltica importou em criar um clima cada vez mais diflcil, den1ro da Igreja, para aqueles que levavam um combate fra nco e destemido contra

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História Sagrada -

otcuprotetor,catuarcçompcnsade-

"Disse mais Deus a Abraão: .... Eis o meu pacto, que haveis de guardar entre mim e vós, e a tua posteridade depois de li: Todos os homens entre vós serão circuncidados .... E este meu pac10 (Krà marcado) na vossa carne para (sinal de) aliança eterna. O individuo do sexo masculino, cuja carne não tiver sidocircuncidada,uma1alalmaKràcx· tc,-minada do seu povo, porque violou a minha aliança ... . "Tomou, pois, Abraão seu filho Is• mac l, e todos os escravos nascidos em sua casa, e todos os que tinha comprado, e em geral todos os homens de sua casa, e os circuncidou logo no mesmo di a, como Deus lhe tinha ordenado. Tinha Abraão noventa e nove anos, quando se circuncidou. E Ismael, seu filho, tinhatrezeanoscomplctos,quandofoi circuncidado"()).

masiadamente grande. Abrão disse: .... A mim não me destes filhos: .... (o

Deus anuncia a nascimento de lsac

Aliança de Deus com Abraão Abrllo cri\ jã velho e sua esposa, Sara, está'il.

"Falou o Senhor a Abrão numa vis.ão, diu·ndo: Não temas, Abrão, cu sou

e

Scnhor)conduziu-oparafora,cdisselhe: Olha para o ctu, e oonta, se podes, as cst rela.'l. Depois acrescentou: Assim serà a tua descendência. Creu Abrão eml>cus"(I).

Nascimento de Ismael ''Opatriarca(Abrlio),deacordocom a autorização que Deus concedera aos primei ros homens, desposou uma escrava por nome Agar. Dela teve um filho cham ado Ismael, que veio a ser o pai dos ãra bes: Ismael, por~m. não devia

sc:r o herdeiro da promessa, pois as bênçãos csta,·am reservadas para o filho damulherlivrc"(2).

A ci rcuncis.:i:o "Quando (Abrão) chegou .à idade de noventa e nove anos, o Sen hor apareceu-lhe, e disse-lhe: Eu (sou) o Deus onipotente; anda em minha presença.e ~perfeito.E Eu farei a minha aliança entremimeti,etemultiplicarei extraordinariamcnte. Abrão prostrou-se com o rosto por terra. e Deus diue-lhe: Eu sou, e a minha aliança (ser.à)comigo .... E não mais ser.às chamado com o nome de Abrão, mas chama rte-.às Abraão, porque te destinei para pai de muitas gemes. Eu te farei crescer (na 1ual)O$teridade)extraordinariameme,e Lefareichefedasnações,edetisairão reis.

DisscaindaoSenhoraAbraão: "Sara, tua mulher, te darà à luz um filho, e lhe porãs o nome de lsac, e íarei o meu pacto com ele e com a sua dcsccndênciadepoisdele,porumaaliançaetema" (4). "Pela féatéamesmaSaraestéril recebeu a virtude de conceber, apesar da sua idade avançada: porque creu que era íiel o que tinha prometido. Por is-

em seu lar

noções básicas so dum $Ó homem (e esse j:i. amortecido) (pela velhice) saiu uma posteridade tão numerosa como as est relas do céu e como a areia lnumerãvel, queest.à à borda do mar" (3). "Sara obedecia a Abraão, chamando-lhesenhor"(6).

Fidelidade ''Nãofoitncontradooutrosemelhan• te (a Abrnllo) cm glória; guardou a lei do Excelso, e com ele entrou cm aliança. Em sua carne ratificou esta aliança, e na prova foi achado íiel. Por isso jurou o Senhor que o havia de glorificar nasuadcsccndência,equeelesemuhiplicaria como o pó da terra, e que exaltaria a sua posteridade como as esirelas" (7). "l·ostc 1u, ó Senhor Dcu,.quccscolhestc Abr!lo, e 4uc o 1iras1c tio íog<1 tios Cultlct1~. e lhe deste o nome de Abralio;cachastcoseucoraçlio fidao, teusolhos,cfücs1ealianç-.acon1clc"(8). "Aqueles, pois,4uesaoda fé.ser.lo benditoscomoíielAbraão" (9). D

Deus conduziu Abralo para foradesus tenda, e

disse-lhe: "Olha para

céu,

o

•conta,

.Hpod6s, as estrelas.Assim Hráa tua

descendlnc/a''

CATOLIC ISMO - Junho 1990 -

2.:J


Escrevem os leitores • Nuremberg

Nota da Redação - A questão

Tendo lido o brilhante Manifestopublicadonojornal"Estado de Minas" d e Belo Horizome, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, gostaria demencionaraquiquemaispareceaqueleManifcstoumjulgamcnto de Deus a respeito da História. Aliás, acabo de vê-lo publicado também na revista CATOLIC ISMO (de março). Édeumaclareuiimpressionante! Não é verdade que hoje se fala tanto de caridade - de maneira deturpada, uma falsa caridade? Então, penso que é imprescindivel que alguém defcnda, com toda justiça, os direitos da verdade. Veja bem que, para os nazistas, foi feito o julgamento de Nurcmbcrg. Por que então. não se fau r uma nova Nuremberg para os comunistas, que vêm prolongando por muito mais temp0 os horroresdosnazistasparapopulações int eiras? (!\hnoel de As· sisGomes,BeloHori«iote-MG).

levantadapelomissivistaéinte· re:ss.ante. Sc adécadadevesseser encarada apenas do ponto de vista mat emático (l a LO) ou histórico {início do calendário), o missivista teria razão. Cumpre notar, porém, que a mudança da década é um fato sobretudo simbólico que ocorre quando, na contagem dos anos, muda o algarismo da dezena. É o que sempre se considerou, ademais pela generalidade das pessoas. O próprio missivista nota: "todas osquesereferiramaoproblema" tomaram l990comoiníciodadécada.Esscsfatossimbólicos correspondem Freqüentemente a realidades muito subti s. Por e,cemplo, todos sentem que pareceria estranho comemorar o inicio da década em janeiro de 1991. O mesmo se passa com o milênio. O ano mil marcou época na História da Humanidade. E tudo converge para que o ano dois mil marque também. Ora, como seria raro referir-se a uma mudança de milênio em janeiro de 2.001!

• Década • Informações Liemuitoaprccieioartígo "Anos 80, a caminhada para o caos", uma síntese dos principais acontecimentos ocorridos no mundo nos últimos dez anos. Falar-se nos anos 80 não é o mes mo que referir-se à "décadade80",pois,estasóserà concluída no próximo dia 31 de dezembro. A respeito disso, houve um equívoco partilhado pela "mídia" e p0r todos os que se referiram ao problema, ou seja, o ano de 1990 como iniciador de um novo de<:ênio, ode noventa. "É bom saber que, nãotendoexistidooanouro no calcndàrio cristão, todos os decênios,séculosemilêniosiniciam-se sempre pelo algarismo um,terrninandopelozero.(Guilherme PereiraCavalcante, Cabaeeiras-PB).

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Solicito informações sobre a revista mensal CATOLICISMO, cujo estudo dos exempla· res muito contribuirá para meu aperfeiçoamento (Lucimara Regina Thomé, Caconde-SP)

• Sucesso Quero dizer-lhes que gostei das revistas a mim enviadas. Desejo que tenham sucesso a cada dia que passa. Muito boas as reportagens (Alice D. Baú, Caxias do Sul-RS). • Nossa Senhora do Cisne CATOLICISMO define com precisão e exatidão a posiçao daSantalgrejaCatólicaemtorno dos diferentes problemas

CATOLICISMO - Junho 1990

que ílagelamo mundo contemporâneo. Comentários como os desta revista não podem senão orientar a todos os católicos a seguír o verdadciro caminhodesejadopelaSantaMadre Igreja. E ao mesmo tempo felicitamos por transcrever textos das Sagradas Escrituras. Sem esquecer também do solicitarlhcsquesejam incluídosvàrios artigos do Prof. Plínio Corrêa de Olivl'íra, o qual é um dos maisdestacadospensadorescatólicos.PedimosaNossaSenhoradoCisne, Padroeiradacida· de de Loja, que derrame especiais bênçãos sobre todos os meios católicos e em especial sobre CATOLIC ISMO (Marcelo Burneo, Loja-Equador). • Revolução Francesa Acabo de receber CA TOLICISMO, novembro/89, n? 467. Desafortunadamente as páginas 14e IS, 18e19acham-secomplctamcnteembranco,tornando-scdifíci!imaginarostex1os da "Canonização cívica de Allendc' "eda''Teo!ogiadaLibertação - F«hamcmodo!TER". Casolhcsscjapossivel,queiram enviar-mcosartigosguefallam. Umsegundopedidoédasrevistas sobre a Revolução France· saque CATOUCISMO publicou. Pretendofaierum presenteaumajovcminteressadaneste assunto. Está à mercê das informações que receber ... Estou disp0sto a saldar o débito deste segundo pedido (Geraldo de Brito t'reire, Brasilia-Dn.

para o bom Deus e Nossa Senhora protegerem sempre a TFP, e que cada vez se espalhe mais pe lo mundo inteiro. (MariaJacintaMonteiroDiniz,Ma· rianópolis-TO). • Imperat riz Zita qua~eut~;~\ i:o !ªi~si.u;is;~ do regressei em dezembro ú!li mo à casa de meus pais, nllo cncomreion?46 1 de CATOLICISMO, referente ao mês de maio,queestampou um elogiado artigo sobre a Imperatriz Zita. Vivamente interessado em ler o mencionado artigo sobre a viúva do santo imperador Carlos de Hungria, rogo a V .Sa. ofavordemeforneeerumcxemplar (João Batista de A. Prado t·erraz Costa,Jahu-SP). • Almas do Purgatório Venho pedir se possível enviar-me a revista CATOLICISMO, n? 359, novembro/80 ou apenasoartigoquctratadoscguinte (cfr. pág. 15, CATOLICJSMO, nov./87): ''ManifcstaçõesdasalmasdoPurgatório" . Hà mesmo em Roma uma igreja na qual funciona um impressionantc museu de manifcstaç/l,es palpáveis das almas do Purgalório?Neslctcmpocuainda nãocraassinanteda revista. Espcromuitopoderlcrestcarti· go. Se puder ser toda a revista, mclhor,scnãopudcrcontcntome só com o artigo. Pago as despesas (A tínio José Borges, Uberlíindia-MG).

• Alento • Interesse CATOLICISMO é o gran de alento às nossas almas cm meio à atmosfera saturada pe· los gases pestiferos da Revolução que nos envolve por toda parte (Maurilio Rocha Fiu za, Arad-MG) • Reforma Agrária Hà muito tempo penso em escrever para CATOLICISMO paraparcbcnizá-losportãobela revista. Fico muitocontcmeao re<:ebê-la, como todos ficam: meus pais e meus irmãos. CA TOLICISMO tem exemplos brilhantes e maravilhosos. Gosto muito quando fala sobre a Reforma Agrària. Por isso peço

Tendo cu o prazer de ter cm minhas mãos um dos exem plares de CATOLICISMO, e ficando muito interessado em ser um dos seus assinantes, pOr setratardcumaexcelenterevista, venho pedir que me envie todas as informações e condições para ser assinante (Ma rco Rogério Nunes, Rio Ncgri nho-SC) • Lufada de ar CATOLICISMO é como umalufadadearfrescosempre quechegaedemodoa!gurnpodcmos ficar sem ela (Andru Fngelli, Nova York -EUA).


Couves " patrióticas" Não só entre nós o culto ao Estado tem provocado si· mações in~ólitas. Na China comunista, o rece nte episódio conhecido como "revolta das cou, cs" é mui10 ilustrativo dessa mesma mcutahdade. Um erro de planejamento ccn1ral gerou uma superabundância de couve. O governo e:i1igiu, então. que, PQr patriotismo, os particula res comprassem mais cou,·e do que necessitavam. Como o produio é perecível, os consumidores compulsórios foram obrigados a jogar fora o produto. Ora, enquanto isso ocorre, cont inuam a escassear, naquele pais. os produtos báskos ... Qumuo a nós, cabe perguntar: terão nossas malfadadas estatais que trilhar o mesmo d('stino das couves chinesas?

Castidade tem prestígio na juventude Contrariando opiniões ditas "arejadas", um "encontro pela abstinência sexual". sem muita propaganda, atraiu 26.000 adolescemes de vários Estados da federação norte-americana, que se comprimiram no campus de Universidade de Lexington, KY, para ouvir con ferência de 70 minutos sobre as vantagens da abstenção de drogas, bebidas alcoólicas e relações sexuais antes do casamento. Idealizada pelos jogadores de "base-ball'' da liga esportiva "All-star", de Cinci nnati , a iniciativa logo ganho u o apoio dos atletas da Universidade de Kentucky. A libertinagem moderna, ao que parece, é mais o fruto de uma pressão propagandistica, do que verdadeira aspiração dos jovens.

Fidel Castro favorece tráfico de drogas O major cubano Florênciô Aspillaga, que trabalhava para o serviço de tspionage111 de Havana e fugiu cm junho de 1987 para os Estados Unidos, denunciou que. há dez anos, Fidel Cas1ro vem a uxiliando traficantes de droga~. "Fidel ajuda de lal forma O\ trafieames. que até construiu um falso centro de iurirn10 para que ele,; repousem entre uma viagem e outra. Fica na ilha de Cayo Largo, perto de baía dos Porcos". declarou A,pillaga cm entrevista ao jornal "Washington limes". O major revelou que 1rabalhava sob as ordens do general Pascual Martinez Gi l, o qual recebia "ordens diretas de Fidel para dar proteção, como comandant e das forças especiais, ao tráfico de droga~ ". O general Gil confidenciou a Aspillaga QllC "uma poderosa rede de traficantes" utiliza uma frota de 13 navios e 21 aviões que operam a partir do território cubano "c sob a proteção do regime" castrisrn. Pouco adianta às nações da América combaterem o narco-tráfico em seus 1errilórios, se uma fonte propulsam do mesmo assim se instala com todas as garantias da inviolabilidade.

Terror " gay" Os ho mossex uais de São Francísco, na Califórnia (EUA) - cidade recentemente abalada por um terremoto - aderiram ao 1errorismo em larga escala. Anunciam que lançarão bombas cm lojas, provocar:'lo engarrafamentos de trânsito e até mesmo a interrupção dos serviços eletrôn icos de bancos às vésperas do Natal. Nos panfletos que distribuíram, comunicando sua intenção de praticar tais crimes, acusam o Governo de ser o responsável pela propagação da AIDS. Ele não pressionaria suficientemente se1ores comerciais e industriais para utilil.arem parte dos lucros no financiamento de campanhas de prevenção da doença ... Um dos mentores desse terrorismo constituiu uma !>3.crilega autodenominada Irmandade da Perpétua Indulgência, cujos membros, trajando hábitos, fa1em intervenções em cerimônias públicas. Quando se aliam, nu m só movimento, aber rações sexuais, terror anárquico e sórd idas blasfêmias,nada resta

GATüLICISMO - junho 1990 -

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TELEX RURAL

TELEX RURAL

Tiro pela culatra Os grandes derrotados na Constituição de 1988: os proprietários rurais. Os redatores do atual texto constitucional, no que se refere à Reforma Agrária, seguiram um método velhaco. Após declararem que, em certas condições, o imóvel rural não pode ser desapropriado, empurraram para leis complementares o trabalho de definir aquelas condições. Só podem ser desapropriados os imóveis que não estejam cumprindo sua função social, nao sejam propriedades produti~as e não sejam grandespropriedades(arts.184,l85el86). Agora, deputados agro·reformistas vêm apresentando propostas que, se aprovadas, representam um duro golpe nos proprietários rurais e realizam as intenções.:squerdistas mais delirantes e radicais. Um exemplo dessa radicalidade encontra-se no projeto apresentado em fevereiro pelo senador Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). Segundo o projeto, a função social só será cumprida quando a propriedade atingir combinadamente diversos requisitos. O principal deles é a exigência de um minimo de 80% de área explorada cm relação ao total aproveitável, medido em níveis técnicos de rendimento, de acordo com parâmetros e índices fixados pelo Execulivo (art. 3?, §1?). Por outro lado, propriedade produtiva será aquela que, além de ter grau de utilizaçãode80% de área aproveitável, deverá ter grau de eficiência igual ou superior a 100% para

~;~~;;O UNDENBE~~

cada produto explorado, segundo índices também fixados pelo Poder Exec uti vo. E quando a propriedade ultrapassar 30 módulos rurais - módulo rural é a área definida em hectares considerada suficiente para exploração e subsistência de uma família, variando de acordo com a região, qualidade da terra e outros fatores - será exigido rendimento por hectare superior cm 50% ao índice médio regional fixado pelo Poder público (art. 6?, §4?). Quantoaoconceitodegrandepropriedade,oprojetoestabelece que seja assim considerado o imóvel que ultrrapassc três módulos rurais (art. 6?, §3?). Em s1:1ma, serão desapropriadas todas as áreas que o Governo quiser. Razão tinha o deputado Plínio de Arruda Sampaio, conhecido agro-reformi.~ta, quando afirmou que a regulamentação dos dispositivos constitucionais podia representar "um tiro pela culatra para os latifundiários". Para o líder petista, "a reforma agrária não morreu com a Constituinte. Pelo contrário, está viva e muito viva e deverá avançar bastante nestes próximos anos".("Sem Fronteiras", Taboão da Serra-SP, junho/julhol989,p.12). Enquanto a esquerda, eclesiástica ou civil, impulsiona·vj. gorosamente o socialismo agrário, as elites rurais dormitam nos travesseiros macios da despreocupação e do otimismo. A História registra exemplos de situações análogas. E registra também que as elites assim embaladas só despertaram muito tardiamente, quando os revolucionários da época já haviam guilhotinado milharesdeví1imas ... ATILIO FAORO

Ta lento Estilo Planejamento Espaço Conforto Solidez Seh"-'r:u1ça . Soluções originais Harmonia --= Elegância ~ Sensib ilidade =-="== Sofisticação Classe Acabamento pcrso'.wl izado

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TFPs

em ação

Repercussões

do manifesto sobre comunismo e anticomunismo Interpelado,

nuou se esforçando para difundir tal doutrina e impor esse sistema? Visivelmente embaraçado, o conferencista divagou durante 15 minutos, repctindolugares-comunsesementrar no tema.

Na Itália, tema candente

russo se confunde A publicação do Manifesto de autoria do Prof. P línio Corrêa de Oliveira, "Comunismo e an ticomunismo na orla da última década deste milênio", cm dois diários da cidade boliviana de Santa Cruz de la Sicrra, suscitou especial interesse junto ao público.Comentaristas registraram o lance em programas de rádio e televisão, e o assunto foi tema das conversas. Na mesma ocasião encontrava-se na cidade o em baixador russo com uma comiti-

va de assessores, para participarem de um ciclo de conferências sobre a perestroika. Numa das conferências o próprio embaixador, que sepro ntificaraaatenderperguntas do auditório, foi interpelado por um jovem estudante, com base no Manifesto: por que ao longo de 70 anos, mesmo conhecendo a desgraça e amisériaemque a doutrina e o regime comunista estavam afundando as massas, o PC russo conti-

O Manifesto, publicado nos importantes jornais "li Tempo" e "Corriere della Sera", suscitou numerosos telefonemas ao escritório de representação que as TFPs mantêm em Roma. Um advogado de Barletta, na província de Puglia, porexemplo,oomentou: "Essa publicação apresenta coisas acertadamente ditas, ditas de modo fascinante, no momento propicio e com grande coragem . Quando se inicia a leitura, vai-se até o final. Quando me mandarem suas publicações, não serei apenas um leitor, serei um propagandista". O jornal "La Republica" incumbiu seu repórter em Roma, Orazzio de la Rocca, de entrevistar por telefone o Prof. Plínio Corrêa deOliveira,queseencontrava no Brasil, na sede da TFP em Amparo (SP). Embora preocupado cm ressaltar o custo da publicação do Manifesto, o diário italiano estampou diversos dados importantes da entrevista.

De autoria da Comissão de Estudos das TFPs, acaba de ser editada em São Paulo, pela Artpress, a obra "Tradición, Familia y Propiedad, un ideal, un lema, una gesta: La Cruzada dei siglo XX". Trata-se de um substancioso documentário. em castelhano e em formato de álbum, con 576 páginas fartamente ilust radas, acerca da atuação das 15 TFPs co-irmãs e autônomas, existentes hoje em cinco continentes. É posto, assim, ao alcance do público de lingua castelhana, e em espedal dos pesquisadores que têm se debruçado, inclusive nos ambientes universitários, sobre o "fenômeno TFP", um considerável volume de informações claras e idôneas sobre o assunto. No Brasil, um documentário sobre a TFP , em formato análogo, foi editado em dezembro passado so b o titulo "Um homem, uma obra, uma gesta - Homenagem das TFPs a Plínio Corrêa de Oliveira". Ojornal" ll Ma nifesto", órgão dos comunistas italia nos de linha dura, registrou seu profundo desagrado não poderia ser de outro modo! - em artigo intitulado "Anticomunismo na Universidade Pontifícia de São Paulo" , a ludindo ao fato de o Prof. Ptinio Corrêa de Oliveira ser professor emérito desse estabelecimento.

O jornal comunista, depois de referir-se ao custo da publicação, "de muitas dezenas de milhões de liras", limita-se a transcrever uma dasfrasesfi naisdodocumento, e conclui com um lacônico e cínico "Obrigado". Agradecimento sem sentido, quando o normal seria uma tentativa de resposta às incisivas perguntas dirigidas aos PCs.

CATOLIC ISMO - Ju nho 1990 -

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A' espera

da hora de Deus... '

MANEIRA DE FEÉRICOS balões dourados, pousam com graça e teve7.a sobre torreões coloridos várias cúpulas bizantinas. Acima delas erguem-se cruzes fi name nte trabalhadas que contrastam com o azul profu ndo do céu de inverno. A cena evoca com extraordinária vivacidade o inconfundív<>l estilo arquitetônico da velha Rússia dos czares: fantasia e esplendor unem-se para gerar verdadeiras obras-primas de bom gosto e distinção. De fato aquela nação eslava vinha elaborando lentamente uma esplêndida civilização, marcada

A

a fundo pela influência cristã, e reveladora em muitos aspectos de uma grande originalidade, nascida da fusão da cultura ocidental com a asiática . Infelizmente, porém, o cisma separou da Esposa Mística de Cristo, em 1054, o Império moscovita, prejudicando gravemente seu reto e pleno desenvolvimento. Sem aniquilar, contudo, a identida~ de da alma nacional, crime este só consumado

em~~:obs~: ;t~f:ns~~::~c~~~fa~l~ho~v~~\~~unistas, restaram ainda incontáveis monume ntos da

Rússia imperial, os quais, mesmo cm nossos dias, fasci nam multidões. Exemplo eloqüente disso são as cúpulas douradas - representadas na ilustração desta página - das igrejas de Térems, parte das imponentes construções que formam o grande Palácio do Kremlin, em Moscou. Neste mesmo conjunto de edifícios sobressai a torre do Salvador - que figura na capa desta edição - , em cujo topo foi cravada a estrela soviética, símbolo do nefasto domínio comunista. Valores autênticos da velha e lendária Rússia aqui transluzem de modo admirável: severidade, estabilidade e força se conjugam com graça, leveza e fantasia para formar um conjunto arquitetônif:irj~~e~leza, dir-se-ia, está um pouco

~é~ªJ:

Ufanas de seu próprio esplendor, essas cúpulas permanecem à espera da hora de Deus, quando então, liberta do cisma e do ateísmo, a Rússia lºf:~~l~~o~is:;i;:c~!~ Fátima prenunciado.

~i~l~ãi ~:j~~:i~~~~



Discernindo ,

distinguindo, c lassific and o ..

,,

COR, REALIDADE E ARTE

O

DIRETOR dl' fil 111cssovié1ico, Alcxc:.· Ghcrman, declarou "Podem-se fazer bons filmes coloridos, rnasos filmes rus sosnao,.kvcmscrfrilosacorcs. Nos Estados Unidos tu do é muito brilhante, 1nas na Rllssia ludo é ligcir;1.1nc11-

_

tccsfuma~·ado.AcordaRús-

sia é o cinza" (N<"wswcck. 8-8- 1990) A cor é 11111 simholo de vida, de movimento. Dizer que uma socied ade i: de cor ci11w-cord.1q11i\oquc[l0r 1crsidoconsumido,1ransfor-

n1ou -sc cm cini.as e pen.leu s<:ucolorido - é urn;iforma

dcconfcs,araprópriaausên-

ciadcvidasocialccul1ural. P;,ra a R(,ssi;i de nossos dias a dcscri(;ão é muilo adcqt1a da. Poisa lâmina igualité1ria docomunisrno,aocortar1u-

Ix- fato, toda a produção artisticadevetenderaclevar ocspiri1odaquelcqueaadmira, de maneira a orientálo para o mais belo, para o 111aisa lto.A irufaque11àocorrcsp0nda à realidade desta Terra. deve sugerir a idéia de uma realidade possível. maisclcvada.Estaéumaoperaçilo mental que inclina mais facilmente, no campo psicológico,àaceitaçãod;i idtiad0Céu,rcalida<lesobrena1ural perfeitíssima. revcladap0rlJeus Pcrrnanccerexclusivamente vohado para a realidadc terrena. sem nune.i ler um vôo de espirilo para o mais bclo,paraomaisalto . redul o homem à 1riviafü!.ide. ao achatamcn!o,aomiscrabilismo, numa palavra aoeomu nisrno. É p0rtanto um estadodeespiri1ocensuràvcl l'rosscgucocincasiarusso: ··ofilmedcvocêsfazeom queolixopareçacontcrpcdras preciosas. Tenho de retratara realidade sem pedras

do quanto sc sobrcssaia na Nada mais triste nesta te rra do que a ,eolldade da morte. Entretanto, a arte pode dar dela uma soc ic<ladc, ao dcs1ro~ar in u,·uqualquerformadepujan - Idéia muito e le vada, como a e xpressa no Taj Mahal, famoso monumento fún ebre do século XVII ça, tirou d,:,ssa naçào a lul, e omloridocrcduziuludoao e m Agra (indla}. mortiço 10111 cinza. Foi t11na operaçllo!ctal. do. na mcdidaemqueumanaçilointci- preciosas 1\1;,s. paraalêmcacimad;i prescnlc ra - a Rússia, porcxcrnplo - sedeiOra.qucrerquep~-drasprcciosaspasituaç11o ru.,sa,éincg/tvclqueodiretor xc dcgllltir pelo pecado capilal parao re<;am su rgir u!é no lixo é fruto de um defilmcssovié1ieotraz/ttonaumaques- qualoconjuntodeseusco-nacionais esforço civilizador. E ainda qt1c Gher1ào intercssante. Essaidêiadcquchá mai s tenda, nessamedidaocinza scria man diga não ser essa a realidade, pouma core um tomdch11,própriosaca- sua cor predominanle. E111 outros ler- <lc -sc-lhc pcrfeí1amcnte responder que dapals,equcsedevctrnbalhareom ba- mo s. o cinza poderia sera cor do peca- suaobscssilopelarcalidadcédeformanse neles para cfci10s de cinen1a. decora - do capital de um país 1e. Pois a própria realidade terrena deção. arice muitas outras atividades do Seriaintcrcssarucacenartarnbémpa- ve ajudar-nos a procurar algo mais al espírito humano. não figura habitual - ra as co res próprias às virludes de um todoqt1ccla. Quererá ocineastasoviémente nas conversas do homem coi,tcmpovo. Mas i,so nos levaria longe ticorestringir-seàrealid.idccs1a1ls1ica . p0ràr1co. E entretanto é uma idéia rica cha1acparda,qucsepodcriarc prescn dcsignilicado. tarpclacorcaíqui,p0rexcmplo? MuitasaplícaçõcsdclaoleitorpodeO é/an da alma humana para o berá encontrar na magnifica série de coO mc,smo A. Gherrnan ;icresccn1a· lo - mesmo apresentado co mo criação mentários do Prof. Plínio Corrê a de "'Pensoqueaqualida<lcdofilrneoóden- doespírito - é alta111cn1csal111aredeOliveira.intitulados'"Ambientes,Coslu· tal não é boa p;ira nós. Os franceses ve ser atendido. Não se traia. é claro. mes. Civilizações"'. que "C;itolicismo· · quiseramnosforneccrfilmesdcle,: Dis- de tomar gato por lebre. Isso não! Depublicoudefcvereiro/51ajaneiro/69 sc -lhcs: 'Nilo·. nào: Deixcn1-r1os usar nos- ve-sc dis1inguiroqucéa realidadecxis(p0stcriormentecompilados cm separa- sos próprios filmes'. Responderam tente da que é simplcsmc111e rossivcl ta). É. ademais, com basccrn no1as10'Mas são rniiJs'. E eu disse: ºSim. mas ' Mas, sabendo que. o espírito human Õ madasdurantc1mn1cxposiçãodo l'rcsi - são bons para nos represem.ir. Eles não pede mais. a arre aevc dàr aquilo que dcntcdaTFP(em I0/2/90)quepubliea- embelezam as coisas··. o homem não encontra cm torno de si. h1osestas aprcriações. A menlalidadc conulnisla, ' ra;;a e Este é o maisbelocmagnífieopapcl O cinza poderia bem ser a cor de chã, aparece muito clarán1ent~ nessas d) arte. um dos ~ados capitais. E nes~e l;Cnti - afirmações.

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CATOLICISMO -

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JuÍh~ 1990 ~

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~AfOli.JCl§MO SUMÁRIO INTERNACIONAL

TFPs promovem grandioso abaixoassinado de apoio à libertação da Lituânia, brava nação de arraigada tradição católica. que sofre crescente pressão soviética 4

RELIGIÃO São Joaquim e Santana: modelos dcconfiançainabalávelnaProvidência divina, re<:ompcnsados com a graça ímpar de serem os avós do Redentor da humanidade 10 MORAL NOVA

Família;alvoprefcrenciald.ichamada moral nova - vírus que vem curr()endoa noção católica tradicional de matrimônio 16 HISTÓRIA Transcorrido um ano das comemorações do Bicentcnário da Revo!uçãoFrancesa,umapenetranteanálise desse trágico evento histórico e do papel saliente nele ocupado pela inveja 22 NOSSA CAPA

lníciodacampanhadaTFl'prólil,,,r1açâodaLituiinia,cm lºdejunho,noviadutodoChá, nac,,pitalpaulista; manifestaç,lo popular em Vilnius, comcmorando a dL-claraçào de indepcndênda, em março último; escudo nacional da Lituânia

"CATOLICISMO" é uma publicação men~I daEmpre~PadrelldchiordePon1esL!dl ~"':l~~T~;",:';~~~~;; hhha,t,i - Regi,tr•·

M«1.,RuaMa,1imrranci1<0,665 - 0lll6 - Sio Pa"io,SPIRu,Sc1<<i<Sc1C1'1bro , lOl-2i l00 C•mpoo,KJ ('fflllffl:R"a Mar1imFra"'-'t<O.r,6S - 012Ui - Sio Poulo,SP - Td:(0ll)lll.7107. f'mwo mpo,lçõo:(direra,apani,J< ,r4ui,·o,f<>r1Kri,

do,por"C01ol,Ci,mo")l!arodti<>nteS/AGriíi<ae &lilou - Ku, Mairioq.,, 9'I - Sio Paulo, SP. lmp,....o:

A,1p,m - lod(l~r"' Glálica e fati,01•

l.tda. - RoaJ 1,·ah,68116'J'/ - 011.l() - SioPaulo,SP Param..U,,ca&rn&reço <"""™riomenciona<tam, ben10...,.,eço•mLJ(l.Aoo,,r1pondfoci•rda11,..,

a,~naturae,·,od,,.·ukapo<l<1<tcMi>daiGabl<ia: Ruo M•nimFr•nci'<'0,6óS - 012l6 - Sio Pouio,SP ISSl'/ - 0102-ISOl

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ESULTADO DA CAM PAN HA de abaixo-assinado promovido pelas 20 TFPs e 1 9 ~ir~auu:d!~:te~~!~ a~:C~~Ji~:.r;: !~bc~~:~~i°ri:a~it~i;t~~ª~s a::t~:~:~~:~· Êcomprccnsivel que esse impressionante resultado jã tenha repercutido internamcnte naquelcva!oroso país bãltico. De fato, segundo informações seguras que noschegaram,a televisão de Vilnius noticiou com destaque a cana de apoio enviada pelo Sr. Juan Miguel Montes, Diretor do Burcau-TFP de Roma, ao Presidente lituano Vytautas Landsbergis, em nome das 20 TFPs e Burcaux-TFP. É também significativa a missiva {ver a íntegra Jo documento à p. 7 desta cdi~ão) reme1ida pelo Sr. Algirdas Saudargas, Ministro das Relações Exteriores lituano, ao Sr Juan Mi guel Montes, agradecendo, cm nome do Presidente Landsbergis e cm seu próprio, o amparoooncedido pelas TFPs e Burcaux- TFP à luta pela independência de sua pátria Em face disso, pode-se perguntar: qual o peso que a atuação dos mencionados organismos vem desempenhando como auxilio ao povo e principalmente ao Parlamento lituano, cm soa resistência às pressões do Kremlin? É de se presumir que não seja pequeno. É oportuno lembrar a propósito, que cm 16 de junho o governo lituano pediu ao Parlamento que iniciasseodcbatcsobrcocongelamentoda independência do país. Conrndo, segundo notícia veiculada pela "mídia", no dia 20domesmomês,amaioriados parlamentares alegou que a Lituânia precisava de "garantias internacionais" antes de concordar com o congelamento de sua independência proposto por Gorbachcv. E assim, o debate acabou sendo indefinidamen!cadiado. Nessa ocasião, a opinião pública da naçãobãhicajàse inteirara da iniciativa promovida pelas TFPs e Bureaux-TFP - inteiramente sem paralelo, segundo nos consta, em todo o Mundo Livre. A atitude assumida pelos parlamentares lituanos, em consonância com a grande maioria da opinião pública do pais, éa única ra:wãvcl diante de um quadro desconcertante. De um lado, a prepotência russa, forçando um congelamento da indcpendCncia, o qua!cquivaleria, na prãtica, ao re!orno à escravização. Durante os anos de congelamento o Kremlin poderia instalar soas tropas no pais anexado, tornando, de futuro, incxcquívcl qualq11er novo anscio dc indcpendência. E, de outro lado , a indiferença cínica das potências ocidentais perante o drama lituano, unicamente preocupadas cm não desagradar a Gorbachcv e cm sustentá-lo na periclitante posição que ocupa dentro da Rússia. No mesmo dia cm que se anunciou o adiamcmo do debate no Parlamento lituano, foi divulgada pela "mídia" uma notícia surpreendente: o Presidente Gt.-orgc Bush estava começando a irritar-se com a demora dos dirigentes lituanos cm responder às ofertas de negociação feitas por Moscou. E, na ocasião, um alio funcionãrio do Departamento de Estado comentara com jornalistas: "Ao mosnar-se inçapazcs de tomar uma decisão conjunta, os lituanos estão ficando um pouco pedantes". Chegamos a este auge: um pais que era livre, injustamente subjugado durante 50 anos, torna -se ''um pouco pedante'', porque não aceita, sem a concessão de ''garantias imcrnacionais'',apropostadescualgoz,aq ualrcprcscntarãorctornoàsituaçãodccativciro! Scaspotênciasocidcmais , paraevitarqualqucrperigodcconfrontocom a Rússiasoviétiea, que rossa perturbara fruição das riquezas edo bem-estar delas, abandonam a pequena e infeliz Lituânia, ao menos alguém no Mundo Livre - as TFPs e Bureaux-TFP - vem oferecendo a esta a valiosa ajuda de um apoio moral largamente gcncralizadn e allamcnte expressivo. "Catolicismo" se associa plenamente ao benemérito esforço empreendido por tais organismos, os quais, como a grande maioria católica da nação báltica, engajaram-se nessa pugna com vistas postas no sobrenatural. Esperam firmemente eles, como também todos os lituanos fiéis, que Nossa Senhora, Porta da Aurora, Padroeira dessa valente nação,nãoadcsamparcncsla hora crucial de sua História.

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CATOLICISMO - Julho 1990 -

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P'ela llberdade da LITUÂNIA, w

capas e estandartes rubros voltam às ruas

a~~~:~uEp!~:a:~

to, como de costume, no centro de São Paulo. O ruido caóti-

co dos carros e os gritos desconexos lançados pelo batalhão de camelôs - estabelecidos especialmente no viaduto do Chá, praça Ramos de Azevedo e rua Barão de ltapetininga - juntavam-se numa cacofonia que começara desde cedo. E o burburinho daquela massa humana, que vai e vem, aumentava à medida que as horas passavam. De repente, na praça Ramos de Azevedo, um toque de trompete fendeu os ares. Em meio àquela babel humana e à zoeira reinante, o som do trompete conclamava para uma cruzada. Não como as do passado, mas sim para um novo tipo de atuação com espíri-

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CATOLICISMO - Julho 1990

to de cruzada. As armas, bem diferentes das empunhadas séculos atrás, sobressaíam agora por seu cunho lógico e psicológíco. Tratava-se de símbolos - como capas e estandartes - de fai xas, de proclamação de slogans, de distribuição de folhetos. E, sobretudo, do emprego de cerrada argumentação, visandoangariaradesõesparaumabaixo-assinado. Aquelas mesmas ruas e praças, e particularmente o viaduto do Chá, que em !antas ocasiões do passado serviram de cenário para atuações públicas da TFP, novamente seriam testemunhas de uma grandiosa campanha da entidade. O relógio do "Mappin" havia soado, acusando 11 horas. Pouco depois, ao toque do trompete, aproximadamente 3S0 sócios e cooperadores da TFP, en1re os quais se incluíam os membros da fanfarra da entidade, colocaram-se nas escadarias do Teatro

Municipal. Uma pequena multidão se formou diante de les, na praça em frente. A fanfarra tocou o Hi no Nacio nal, rezaram-se diversas orações, seguindo-se o brado característico da T FP : ''Pelo Brasi l: Tradição, Família, P ropriedade" . Além dos estandartes e das capas vermelhas envergadas pelos sócios e cooperadores da Sociedade, podia-se ver uma grande fa ixa com os dizeres: "A garra do imperialismo sov iét ico quer privar da independência a Li t uânia, que se auto-intitula 'Terra de Maria'. Brasileiros! P ro testai subscrevendo o gra nde abaixo-assinado promovido pela TFP em 20 países." Após o ato inicial, os propagand istas da ent idade começaram a solicitar assinaturasaost ranseumes,paraoabaixo-assinado . Quem transitou pelo centro de São Paulo nesse dia, além de ve r a movimentação dos sócios e cooperadores


da TFP, as faixas e os estandartes, pôde ouvir uma série de incisivos "slogans" bradados em megafones, como por exemplo: "Transeunte, tra nseunte, assinai vosso nome nas listas de protesto organizadas pela TFP em prol da Lituânia livre!" E num grande eixo, que se estendia desde a Praça da República até a Praça da Sé - passando pela rua Barão de ltapctininga, praça Ramos de Azevedo, viaduto do Chá e praça do Patriarca - 32.SOO pessoas subscreveram o abaixo-assinado, em seis horas de campanha.

Mensagem das TFPs ao Presidente da Lltuõnla Semanas antes dessa campanha, o Diretor do Bureau-TFP sediado em Roma, Sr. Juan Miguel Montes, havia dirigido ao Presidente da Litullnia, Sr. Vitautas Landsbergis, mensagem em nome de 20 TFPs e Bureaux-TFP existentes nos cinco continentes, manifestando o caloroso apoio desses organismos á nação lituana por sua declaração de independência em relação ao Cremlin, o qual vem exercendo forte pressão sobre aquele pais báltico.

gina. Embaixo do escudo, o lema magnífico daquela nação: "Lituania terra Mariac"(LituâniatcrradeMaria).

Adesõo Popular Desde os primeiros momentos da campanha pôde-se notar uma tônica que continuou sempre presente como nodiadcseu lançamento: grande simpatia da população cm relação ao tema do abaixo-assinado e aos coletores de assinaturas; em conseqüência, pouquíssimas manifestações contrârias e retraimento dos esquerdistas. Esse clima geral de distensão e nitido apoio popular inibiu as esquerdas. O ambiente da campanha difere um tanto do reinante cm campanhas anteriores, corno a de 1968, contra a infiltração comunista na Igreja, e a de 1969. que denunciou a ação subversiva desenvolvida por organismos como o IDOC e os grupos proféticos, cm

Folheto da campanha Além do impacto causado nos transeuntes pelos slogans e faixas durante a campanha, distribui-se também a eles um folheto que contém a carta dirigida ao Presidente da Lituânia - a qual encabeça o abaixo-assinado (ver quadro) - , além de breve exposição histórico-política da questno lit uana e sucinta explicação a respeito das TFPs. O folheto apresenta na capa o belo escudo da Lituânia, no qual figura um cavaleiro medieval com armadura, montado num corcel, e com a espada cm posição de ataque, con forme podese observar na parte superior desta pá-

meios católicos. Nessas campanhas, embora também se notasse adesão popular, a hostilidade de grupclhos de esquerda era violenta, verificando-se até agressões a propagandistas da TFP.

Como amostragem desse "tonus" geral,algumasdasrepcrcussõcsdacampanha: - "Masoquccstâacontcccndo? A cidade toda ficou vermelha!", exclamou uma senhora abordada na praça Ramos de Azevedo, perto do "Mappin". E apontando ora para um estandarte, ora para outro, dizia: "Da praça da Rcpllblica até a praça do Patriarca! ... Desse jeito vocês vão conseguir milhares de assinaturas!., - "Ah! Vi ontem a vossa campanha no centro de Montcvidéu! .. , afirmaram dois uruguaios que se n1anifestaram muito simpáticos à TFP. Esta foi a expansão de um rapaz. ao passar junto aos cooperadores da TFP: "Ê impressionante o silêncio que os jornais fazem sobre vocês. Apcs.ir de todas as campanhas que vocês fazem cont ra o comunismo, cu nunca vi os jornais dizerem nada, ou mesmo a 1clcvisão ... Um professor secundário comcutou: "Conheço bem a TFP. nllo concordo com tudo o que ela faz. Mas acho que, nesta causa agora, ela merece apoio". Um dos vendedores ambula ntes. com banca instalada na rua, ajudava

Dois cooperadores da TFP controlam assinaturas slmultl neas em vârlas pranchetas

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a coleta de assinaturas, bradando: " A Lituânia está sendo oprimida pelos so• viéticos!''

Eficiente atuação em bairros e outros estados Após o lançamcrno da campanha no centro de Sao Paulo, ela prosse• gu iu em diversos bairros da cidade. A recept ividade popular à iniciativa da TFP conti nuou com a mesma in. tensidade, de modo geral, e em grau maior, cm algumas zo nas. E a partir de então, os correspondentes da cnt i· dade - não só homen s, mas partic u· larmente senhoras e moças - têm prestado um precioso contributo li campanha, co letando diariamente milhares de assinaturas. Nas imediações do Metrô de Sa ntana, urna senhora de aproximadamente 30 anos disse com ênfase: " Di gam-me uma coisa. Vocês estão com esse entusiasmo fazendo a campan ha . Eeu quero que vocês continuem assim a té o fim! Po rque, se vocês pararem,

em vo u reclamar com seu Presidente. Quando se fala em 'Terra de Maria' já se di z tudo". A campanha vem se dese nvolve ndo também em outros Es1ados, com as mesmas carateristicas da atuação efetuada cm São Pauto. Nesse sent ido, destaca-se a atividade cm curso nos estados de Minas, Ri o Grande do Su l, Rio de Janeiro e Param\. E nao só os sócios e cooperado res têm· se empenhado na coleta de assinat uras, como também correspondentes locais bastante dedicados. Até o encerramento desta ed ição haviam si do angariadas 970.645 assinaturas cm todo o Brasil. O total de assina turas coletadas pelas TFPs e Uurcaux-TFP no mundo intei ro ascende a 1.478. 969.

Repercussões no Exterior A iniciativa desses organismos cstâ dando origem a repercussões imcrnacionais significativas. Assim, por c:,i;cmplo, a 1elevisão lituana noticiou em termos

elogiosos a campanha. Ademais, em Washing1on, o Sr. Lanc Kirkla nd, presidente da AFL-CIO, o maior sindicato operário no rte-americano, que coma com mais de 14 milhões de membros, subscreveu o abaixo-assinado promovido pela TFP daquele país. Ao assinar, Kirkland ressaltou: "Claro, se é pela liberdade devo assinar, embora discorde da TFP". No dia 19 de junho, o Ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Sr. Algiras Saudargas, e nviou ao Sr. Juan Miguel Montes, Dire10r do Bureau-TFP de Roma, significativa carta (ver quadro com a tradução da missiva), agradecendo o apoio que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e as TFPs, bem como os llureaux -TFP têm concedido à causa da libertação de sua pátria . Carta análoga foi remetida cm 18 de junho ao Diretor do llureau-TFP de Roma pelo deputado Emanuclis Zingcris, P rcsidcnlc da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento lituano.

Praça Ramos de Azevedo, 1." de Junho, 11h: pequena mul!ldAo ouve atenta as orações, os slogans e o Hino Nacional tocado pela fanfarra, aplaudindo ao final NOTA da Rf.dação: Esta alição j4 cstava fcçhada, quando se noticiou que o Parlamento da L.ituãnia aprovara a proposta do govcmo,noscntidodeoongelar,sob

certascondiçõcs,aindepcodfncia do país pelo prazo de 100 dias. Mesmo que se concretize essa re·

IIOluçlo, a campanha das TFPs continuará a ter inteirolugartan•

to na realidade contemporânea, quantonalHstóriadosturvosdW em que vi~mos. Pois tal campanha sc propagou pelO<S ares à maneira de uma inten.u vibração de inconíormidadedeprotesto,que repercutini a fundo, ajudando os litulln06 DObrcmentc inconfonna• dosan1antcrbcmal101bandcira de sua Pilria - a "'Terra de Maria" oomo a oogoominam - du· rantc os 100 enganosos dias de indcpendfnciacsmagadaeagonizantc, imposta por Gorbachev. Bem oomo ajudará a opinião p(lblica a olhar oom sc~ra vigilãncia oqucdepoisdis.wlhequc:iraex1orqWJ"atiraniadeM05COU. 6 - CAT O LICISMO - Julho 1990


Carta ao Presidente da Lltulinla Exmo. Sr. Vytau1as Landsbcrgis OD. Presidente da Litullnia Os abaixo-assinados tfm acompanhado com viva emo-

ção o drama pelo qual vai passandovoss.anobrcpâtria. Com efei to, eles reconheçem nela uma das vitimas inocentes do sinistro pacto de 2J de agosto de 1919, que lhe confiscouinjustacviolentamcnteaindepcndhcia. Epar1icipara.mdofrfmitodccspcrançaqucsacudiuaUtuãnia

quando, p0rcfcitodosatuaisacontecimentos, para ela se abriuapossibilidadcderecupcrartalindcpcndênciadcp0is de SO anos de cruel ca1ivciro. Quando as brumas da cambiante situação internacional vão cerceando vossas esperanças hà pouco renascidas, participamos in1cnsamc111cdcvossa angúsliaccrgucmos nosso bradodcinconformidadccdc protcstocomraqualqucr combinação polllica que se vos queira oferecer no scmidodcqucscjaadiadaaaplicaçllodogloriosodecrcto com o qua l há pouco vos prodamas1cs um povo livre e independente, e reclamastes altaneiramente para vossa pátria um oorrcspondente lugar no concerto das nações. Neste sentido, Sr. Presidente, a Lituãnia sempre terá o apoio, o respeito e a admiração dos abai)[o-assinados, quetimbramcmvosfazcroonheccrsuasdisposiçõesprecisamente neste momento cm que a causa de vossa independência pare« passar por um momento crítioo. "Lituania terra Mariae" ! o nobre lema de vossa naçio. Rogamos a vossa c~celsa padroeira que vos ajude, e vos conduza valorosamente ao r«onh~imento imediato de vona independência por todos os povos livres.

República Lituana Ministério das Relações Exteriores Vilnius, \9dejunhodc 1990 Sr.Juan Miguel Montes Burcau das Sociedades de Defesa da Tradição, Fam!liac Propriedade ViaCastclli 13, lnt.7 00197Roma-ltália Prezado Sr. Montes Recebemos com gratidão sua carta de apoio, em nome das organizações TfP. Por favor, transmita especiais agradecimentos ao Pror. Plínio Corrla de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, cm nome do Sr. V. Landsbergis e no meu, pelo seu apoio à nossa luta pela independência da Lit ullnia. Seu trabalho nos! muito oportuno e alentador, neste diílcil momento para nossapãtria. Fui informado de que essas mcsmu organizações estão promovendo um abai)[O-assinado em íavor da indepcndlncia da Lituãnia, e que mais de um milhão de pessoa$ já o subscreveram. Esta! uma du mais lmporlantcs iniciativas de apoio moral que rc«bcmos at! o momento de nações ocidentais. Agradecemo-lhes também por esta ação. Sinceramente AlgirdasSaudargas Mmistro das Relações Exteriores

Uma valorosa nação enfrenta tirania soviética A L ITUÁN IA recobrou sua independência em 1918, e entrou então com dignidade e segurança no concerto das nações li vres. Esta feliz situação foi destruída pelo Pacto RibbcntropMolotov, no ano de 1939, mediancc o qual à Rússia era dada a garantia de que o governo nazista não oporia qualquer obstáculo a que as tropas soviéticas conquistassem o território lituano. O que efetivamente ocorreu cm 1940, transformando-se assim a Lituânia em nação cativa, sujeita ao férreo regime do capitalismo de Estado. A Hierarquiacatólica i111eira foi supressa, os bispos mortos ou exilados. Na noite de 14 para 15 de junho de 194 1, os sovic-ticos comprimiram 35 mil homens, mulheres e crianças em vagões de transporte de animais e os enviaram para os campos de morte na Sibéria. Pouco depois as forças nazistas voltaram-se contra os aliados da vtspera, e a caminho de Lcningrado, impuseram aos lituanos toda sorte de vc"ações. Em agoslO de 1944, os soviéticos retornaram. Dezenas de milhares de lituanos fugiram para o Ocidente, e as deportações para o Leste recomeçaram. Só entre 1944 e 1953 (ano da morte de Stalin), estima-se que 600 mil lit uanos foram deportados para a Sibéria ou para outros lugares. A maioria deles jamais vo ltou. A anexação da Lituãniapela Rússia nun ca foi reconh ecida por numerosos governos, entre os quais o Vat icano e a Casa Branca.

Com essa situação, sobretudo, jamais se conformo u o bravo povo lituano, e bastou que em 1989 começasse o esboroamento processivo do imenso império soviético, para que a Lituãnia proclamasse sua indepe ndência. A este fato, ocorrido em 11 de março de 1990, o comunismo instalado no Krem lin rcdarguiu exigindo que a Lituânia desse como suspensa por dois anos sua declaração de independência. Decorrido o prazo seria possivel começarem as negociações entre lituanos e soviéticos soCATOLICISMO -Julho 1990 -

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bre o assunto. Durante sua recente visita aos Estados Unidos, Gorbachev afirmou que o prazo referente à mencionada suspensao de independência do país báltico seria de cinco a sete anos. Essa prorrogaçao de tempo provocou protestos da parte de congressistas norte-americanos. No entanto, o Sr . Vytautas Landsbergis, Presidente da República da Lituânia, e a grande maioria dos lituanos perceberam desde logo a vacuidade já da primeira sugestão. Pois, durante os próximos dois anos de dominação - a fortiori os próximos cinco ou sete anos - seria fácil aos soviéticos insrnlar no território lituano tal número de súditos, e colocar nos postoschave dele tantos oportunistas do gênero "companheiroa de viagem" e "quintas-colunas" que, ao cabo desse prazo, a indcpendCllcia lituana teria se tornado impossível. Assim se explica que os lituanos se manifestem dispostos a todos os heroísmos para defender suas fronteiras, seus portos, sua liberdade e sua independência. E não causa surpresa que o imperialismo soviético ameace eliminar a independência lituana com medidas coercitivas nas fron teiras como nos portos, no comércio de importação como no de exporrnção

Líderes de nações ocidentais como os Estados Unidos, a Alemanha e a França pressionam o Chefe de Estado lituano no sentido de que aceite as astutas propostas soviéticas, fundados cm que, se Gorbachev não conseguir recuperar o poder exercido pelo Kremlin sobre a Lituânia, o fato aumentará a oposição interna dos "duros" contra o atua! presidente da União Soviética. O que, por sua vez, pode acarretar violentas comoções políticas e militares no império soviético, com risco para a paz mundial. A esses argumentos se opõem os lituanos verdadeiramente patrióticos e livres, os quais contestam o atual poder do Kremlin, já abalado profundamente pelas múltiplas circunstâncias que todos conhecem. Com a Lituânia concordam neste passo os homens e povos inconformados com o fato de que o regime policialcsco e miserabilista, ao qual está sujeito o mundo soviético, venha a se restabelecer na valorosa nação báltica. A Lituânia corre assim o risco de ser imolada por obscuros cálculos diplomáticos e militares soviéticos. O direito da Lituânia à sua própria independência é indiscutível. Pois, segundo a moral cristã, bem como todos os tratados de direito internacional dignos de apreço, se reconhece a cada nação o direito ao governo de si mesma. Isto habilitaria os lituanos a cobrar de todas a.~ nações do mundo livre que a apoiassem calorosamente na atual emergência. 8 - CATOLICISMO~ Julho 1990

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LITUÃN!Acstá~ituadaàsmargens do Mar Báltico, no nordeste da Europa. Os lituanos se estabeleceram nesse território muitos séculos antes da era cristã. O historiador romano Tácito se refere aos lituanos - e aos povos limítrofes de mesma raça: os letões e os antigos prussianos - como extratores de âmbar e bons cultivadores de cercais e frutas. O âmbar, considerado naquele tempo quase tão precioso como o ouro - era mesmo chamado o ''ouro do norte'' - trouxe a prosperidade para os povos bálticos, pelo comércio que dele faziam com os germanos, romanos, gregos e cartagineses. Eginhardt, em sua célebre "Vida de Carlos Magno" (aproximadamente 830 D.C.), menciona os povos que habitavam as costas do báltico. Desde então, são eles citados cm numerosos textos.

No século XI, quando toda a Europa já estava cristianizada, apenas os povos bálticos se conservavam pagãos. A Lituânia se constituiu pela primeira vez cm reino quando, cm 1250, o rei Mindaugas abraçou a Fé e recebeu a coroa real do Papa lnocéncio IV. Foi então erigida a primeira diocese no país. Porém, a conversão desse povo não se deu facilmente. Lutas havidas durante dois séculos impediram o surgimento de condições propicias para uma rápida expansão da religião cristã. Assim, já cm 1270 se dissolvia a única diocese com o falecimento do primeiro Bispo. lentativas de retomar a cristiani zação do povo lituano foram feitas pelo rei Gediminas em 1322-1323. As atividades missionárias dos franciscanos que ele então chamou para o pais foram apoiadas pelos sucessores do monarca. Assim, o rei Jogaila, desposando cm 1386 a herdeira do trono da católica Polônia, se tornou também, no ano seguinte, rei desta úl!ima nação, o que favoreceu a conversão da Lituânia. O apogeu político da Lituânia ocorreu no governo do grão-d uque Vytautas (1392-1430), o qual deteve as hordas tártaras que ameaçavam invadir a Europa e estendeu as fronteiras de sua pátria do Mar Báltico até o Mar Negro. Vytautas o Grande foi eleito, no Concilio de Constança, chefe de todos os exércitos cristãos contra a invasão turca (1415). Assim, o catolicismo, embora introduzido tardiamente, se consolidava. Para isto contribuiu o longo período de paz durante o reinado de Casimiro IV, grão-duque da Lituânia (1440-1492). Seu filho Casimiro (falecido em Vilnius em 1484) foi inscrito pela Igreja no catálogo dos San-


tos como Padroeiro da Lituânia. (Ver quadro 11 ).Após a mor1e de Vytautas, entretanto, começou o dcctlnio dopoder político lituano. Mais tarde, feita a uniao com a Polônia (1569), enfraqueceu-se ainda mais. E com os sucessivos desmembramentos da Polônia, a Lituânia caiu sob o diminio do império russo (1795-1915).

O terri1ório lituano, fixado por tratado internacional após a I Guerra Mund ial, era de 87.296 km2. O atual ter ritório é de 65.200 km2. A população ê de cerca de 3,4 milhões. A capital é Vilnius, e as cidades principais são Kaunas, Klaipeda, Siauliai e Panevezys O idioma lituano pertence à familia ::. l~~~~=s 0i~11~~;~u;o~~:~i~/ ua1 abrano grego, o latim, o germânico,

; ~\~A~:=~~::~~~; ~~;:i mais amigo de sua espécie cn-

Ire todas as llnguas vivas existentes no mundo, e o que mais se assemelha ao primitivo sânscri10, na sua essência como no seu esplrito. Em 1579, os jesuítas fundaram uma academia cm Vilnius, mais tarde transformada cm u11ivcrsidade. A arquitetura, rica em edifício~ góticos, renascentistas, barrocos etc., apresentabelasfortalezas,casteloseigrejas.Destaca-se a belíssima igreja de Santana, em Vilnius, uma jóia do estilo gótico. Contase que Napoleão Bonaparte, quando inva• diu a Rússia, ficou tão encantado com a Vilniua igreja, que gracejou dizendo que gostaria de levâ-la para Pari.~. A grande maioria do povo lituano professa a Reli gião Católica. Por sua devo-

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dura para os israelitas que aguardavam a vinda do Messias: não ter descendência. { Se alguma vez, caro leitor, o lwriwnte se lhe toldar de negras 11uvens a angústia lhe conquistar a alma e tudo, enfim, na vida ih~ parecer que da~á errado, não caia na tentação de julgar que Deu_s o abandonou, É que Ele, na Sua infinita Sabedoria, quer pôr à prova sua confiança na Providêncm, para depois melhor e mais largamente o premiar. As vidas de muitos santos nos são por vezes apresentadas como um mar de rosas, ' Entretanto, se as observarmos em profundidade veremos que fo~am, com freqiiência, atravessadas por dúvidas e perplexidades angustiantes. Tal é o caso de Abraão, a quem Deus prometeu uma descendência mais numerosa q11e ~ as estrelas do céu e as areias do mar. O Criador só o favoreceu com a /Jênção de um filho quando já estava em ídade avançada. E é pre.sumível que só na eternid~de tenha cl1egado ele a compreender inteiramente o alcance de sua grandwsa vocação. !_ São Joaquim e Snnta11a, avós de Nosso Senhor Jesus Cristo, não fugirnm n essa regra, ~ rnmo poduá o /e,to, '°"'P"""'' pel, lát,m do pn,sen/e o,//go.

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Os pais da Santíssima Virgem Confiança e recompensa divina sintetizam duas vidas LITURGIA romana ceiebra, a 26 de julho, a festa de Santana, que é a padroeira principal das Arquidioceses de São Paulo e Rio de Janeiro. Essacclcbraçãoéindissociável da festa de seu csposo, Sao Joaquim, comemorada a 16 de agosto. Joaquim, bem-amado de Deus, era um galileu, da nobre tribo de Judá, riquíssimo, senhor de vastas terras e grandes rebanhos. Desde os 15 anos de idade, ele dividia sua renda cm três partes: uma destinava ao cullo no Templo de Jerusalém, omra aos pobres e a terceira aos de sua casa. O piedoso emprego que fazia de seus bens atraía-lhe as bênçãos do Céu. O Senhor, em recompensa, multiplicava de tal maneira seu gado, que não havia ninguém, em todo o povo de Israel, que pudesse comparar-se a ele em abundância de ce,~. Em<e<anto, "ma bênção

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mais desejada era-lhe recusada pelo Senhor: Ana, sua esposa, era estéril; e dentre os filhos de Israel, que esperavam o Messias, o não ter fi lhos era tido por desonra. No Templo, certo dia cm que Joaquim, casado já há vinte anos, fazia a oferta de suas vítimas, foram elas recusadas com desprezo pelo sacerdote Rubens: "Não te é permitido trazer as tuas oferendas, porque não geraste descendência cm Isracl". Transido de dor, Joaquim retirou-se para a montanha, num lugar ermo, armando ali sua tenda, a fim de jejuar durante quarenta dias e quarenta noites: "Eu nao descerei nem para comer, nem para beber, até que o Senhor, meu Deus, me visite com sua misericórdia. Mas a oração será meu alimento"/'. A visão angélica Por sua parte, Ana chorava o "" d"plo lmo, o da'"'°'" sl"m,

uma vez que seu esposo havia desaparecido, e o da esterilidade. Mas, enquanto ela rezava no jardim de sua casa, e seu esposo no alto do monte, a súplica de ambos subia até o trono do Altíssimo. UmanjodoSenhorapareceucntão a Ana e lhe disse: "Nao !cnhas medo Ana, nem creias que é um fantasma que tens diante dos olhos. Sou o Anjo que apresemou vossas orações e esmolas ante o acatamento de Deus. Agora acabo de ser enviado a vós [ele aparecera também a São Joaquim no alto da montanha] para anunciar-vos o nascimento de uma filha cujo nome será Maria, que será bendita entre todas as mulheres. Desde o próprio momento de seu nascimento, repousará nela a graça do Senhor e permanecerá na casa paterna até os três anos de idade. Depois viverá consagrada ao serviço de Deus no Templo. Ali permanecerá noite e dia servindo a Deus com jejuns e orações e abstendo-se de toda coisa lmp"''· Jamais

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CHURRASCARIA EPIZZARIA

A volta do latim

11m.]ABARONESA

POR OCASIÃO dos vestibulares, é comum surgirem comentários sobre erros de gramática, grafia das palavras, concatenação das idéias, cometidos pelos estudantes nas provas de redação. Geralmeme atribuem-se tais erros à falta de leitura, à mania de assistir televisão durante longas horas, à deficiência do curso secundário. Tudo isso é verdade. Mas, uma das causas mais esquecidas - e, no entanto, das mais profundas - é o abandono do latim. Realmente, para se conhecer bem nossa língua, a etimologia das palavras, a análise sintática, o estudo do latim é indispensável. Ele também torna mais fácil aprender outros idiomas de origem latina como o francês, o espanhol e o italiano. Mas não é só no campo lingüístico que o latim revela sua importância. Estimulando o raciocínio, ele desenvolve a inteligência. Várias ciências, por exemplo a Medicina, a Botânica, a Zoologia e sobretudo o Direito servem-se do latim . Estudiosos do mundo inteiro chegaram a aspirar que o latim se tornasse língua científica internacional. E não podemos nos esquecer de que o latim sempre foi a língua da Igreja Católica. Durante os concílios, era o idioma oficial Atualmente, o latim volta a ser introduzido nas escolas sceundãrias da França. Embora opcional, ele é escolhido por 25,2% dos alunos. Fica aí um exemplo para o Brasil

ALMOÇO EXECUTIVO

Devido a u':11 lapso: passa. mm algoas mos de ce,;,oo na 2' e 3' pãg;n,s de nossa edição de Junho

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12 - CATO LICI SMO - .Julho 1990

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História Sagrada em seu lar tos? E (o Se nhor) disse: Não a deslruirei, por amor dos dez. E o Senhor reti Perversidade dos sodomilas

Sodoma e Gomorra Ü

PECADO de homossexualismo

difundc-schojcportodaaterra.Para se comp reender como Deus o abomina, a históriadcSodomacGomorra -cidadcsnasqua·sesscv·c·ocragcncrarz; do - é muito ilustrativa

Nem dei justos havia "Disse. pois, o Senhor: o clamor de Sodoma e Gomorra aumentou, e o seu pccadoagravou-sccxtraord"nar·amcntc Mas Abraão estava <liame do Senhor. E aproximando-se (dele) disse; Perderás tu o justo com o ímpio? Se

houvcrcinqüen1ajustosnacidadc, pcreccrao1odosjuntos? E não perdoará àquele lugar por causa de cinqüenta justos, se aí os houver?. E o Senhor dissclhe: Se eu achar no meio díl cidade de Sodomacinqiicntajustos,pcrdoareipor amor deles a toda a cidade "E re!;pondcndo Abraão, disse ... Que succderà. se faltarem cinco para os cinqüenta justos? E (o Senhor) disse: Não a de5truirei, se achar nela quarentaccinco.(Abraao)conlinuouc disse-!he:E sene lahouverquarcma(justos),qucfarástu? Naoacastigarei,disse o Senhor, por amor do~ quarenta Rogo-te, Se nhor, diz (Abraao), que te nãoindignes,secu(aindacontinuoa) falar. Que farás tu, se lá houver trima (justos)? Respondeu: Se cu achar nela trinta, não farei (a suade5truição). Visto que comecei, disse Abraão, falarei (ainda) ao meu Senhor. E se ali forem achados vinte? Respondeu: Não a arrui narei por amor dos vinte. Eu te conjuro, Senhor, cominuou Abraão, não te enfades, se cu te falar ainda uma ver Que será, sela forem achados dez jus-

"Sobrcatardcchcgaram dois anjos a Sodorna, quando Lol (sobrinho de Abrmlo) estava asscn1ado às portas da ddadc L01 inswucomclcs para que fossemparasuacasa:cdcpoisquccn traram. preparou-lhes um banquete Mas ames que se fossem tlcitar, os homens da c·datlc, l ' ' , e mcn·nl a1· aos velhos, e todo o povo junto cercaram a casa" "E forçavam Lotcomgrandcviolência: e já estavam a ponto de arrombar aporta. Ecisqucos(dois)homcns(quc estavarndcn1ro ) estenderamamão,eintrotluziram Lol cm casa . e fecharam a poria. E feriram de cegueira os que estavam fora, desde o mais pequeno até ao ma·or,dcsortequeniiopOll"arnencontrar a porta"

noções básicas Deus aniquila Sodoma. e Gomorra Os dois anjos disseram a Lotqucsc re1irassc de Sodoma, junrnmer11e com suanrnlhcrefilhas:"porqucnósvamos destruir este lugar, visto que o clamor (dos seus crimes) aumentou diante tlo Senhor, o qual nos enviou para que os exterminássemos". TcndoLot hesitado, os anjos "pcgar.11n pc!a mão a etc, a suamulhcreassu asduasfilhas,porque o Senhor queria salvá-lo. E o tiraram dacasa,copuseramforadacidade;c ali lh e falararn,di,.endo: Salva a tua vi da;nãoolhcsparatrás "Fez,pois,oScnhor chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo (vindo)docéu:edcstruiues1ascid11dcs, e todo o paíscrn roda, todos os habitan 1es das cidades. e toda a verdura da terra. E a mulher de Lot,tcndoolhadopara trás, ficou convertida numa cst:íllla <lesai "Ora, Abraiio, tendo-se lcvanrndo de manhã, olhou para Sotloma e Go morra e para toda a tcrra daqucla rcgillo, c viu qucseclcvavamdaterrac·n s"nílamada .como o fumo de uma fornalha". (I) "Desmoronou o solo sobreoqualseclevavam as cidades malditas, 1ransformando-sc num ,·as10 lago de água muitosalgadaebcrnminosa . c111que nada pode viver Porissolhedcramo nomcde Mar Morto"" . (2) º'Deus condenou a uma total ruína as cidades de SodomacdcGomorra, retlu1-indo-as a cin zas, pondo-as por exemplo daqueles que ven' a v·ver "mp·ameme". (3)

Enquanto Lote suas fí/has afastam-se de Sodoma, a mulher de Lol, por ter de:robed«ldo a Deus, !mnsformou-s11 numa eatlllua de sal

NOTAS (l)Gcn. l8,20a 19,28 (2) Frei Bruno Hcuser, HistóriaSagradadoAntigoedoNovoTestamen to. Vozes, 1957,24 ª cd , pp. 25 -26 (3) li Petr. 2, 6

CATOLICISMO - Julho 1990 -

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concisamente

A • Perestrolko

tocada a bomba Em declarações à revista "Debates' ', o Ministro de Defesa da rrança, Chévéncmcnl, dcclarouqucaRússiavcmcstullandoa possibilidadcdcfabricar um míssil Ínlcrcomincntai

cuja cabeça nuclear tem um poder de destruição 400 vezes maior do que o da bomba at6 m·ca amcr·cana que c'·r-~ ·u

Hiroshima ao final da Scgun da Guerra Conforme Chévêncmc111, a Rússia pesquisa também um

outro tipo de bomba ainda maisdcs1ruidor,0SS 18mOIJe. lo J ,capazdctransponar uma carga nuclear de 20megatons o que equivale à poténcia da bomba de Hiro>himarnultipli-

cadaporum milhão Parece difícil, cm meio a tal produção bélica, acrcdilar naimagcrndcpromotordopa cifismoqucamídia1cnlacriar

paraGorbachcv

Será mesmo ocaso de confiar rnmo na percstroika?

• Estatismo: fardo sinistro "Quase sem e~ceç.:lo, rl-.::ebemos doant igoGovernoempresas em ruínas". Eis a afirmação do Secretário do atual Governo da Alemanha Oriental, Gunther Krause, relatando ao Parlamemo do país os resultadosdosbalançosfinanceiros dc2.200empresasesta Mais de 50% - acrcsccn tou - só poderão sobreviver àcusrndesubsidíosc financia mentos governamentais. Um quarto do total "só têm 111na soluçào:afalênciapuraesimples"

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• Ainda Chernobyl

E isso apesar de a Alema nha Oriental ser considerada uma das "jóias do mundo so cialisla". Que pensar. ent:'lo, dos demais países submetidos aojugovcrmclhoduramedécadas? Ao mesmo 1cmp0, entre nós,umscrn-ni1111erndepar\a mcn1arcs esquerdistas ainda ousam c~igir que o Congresso estude, caso p0r caso. a privatizaçãodc nossas quasc 700estatais - cm cuja área estão ne<:rosados 75% da economia bras·1c·1

• Dita dura de piquetes Minguados 400 par1ici pantcsdcasscmbléiasgrcvistas - dirigidas por mem bros do PT e PC do B -decretararn a paraliiação de setores vitais para a população urbana, como o metrô do Rio e o serviço de ônibus em São Paulo {só esta últi ma categoria congrega 45 mil membros) Na capital paulista, as 45horasdcgrevedosmoto ristasccobradorestransformaram -se num exemplo prático de como parar a maior cidade do Pais sem grandes esforços. Bastaram alguns piquetes, es1rategicamente distribuídos nos portões das nrn·oresgaragensde·n·bus. paraquedoisterçosdafrotadeixassedecircularequase seis milhões de pessoas Fi cassem virtualmente a pé Resultado: dezenas de õnibusdcpredados c várias pcsoas'r'das Paralísaro1rabalho,usandoaviolênciadospiquctes, bemdemons1raaimpopularidadcdasgrcvcs

CATOLICISMO - Julho 1990

A voragem dos fatos leva deroldàoatéosacontecementosmaisdramáticosdaatualidadc. Assim a tragédia de Chernobyl, ocorrida há qua Ucranianos e bielo-russos, presemesaumrl-.::emeCongrcssobre Meio Ambiente. cm Bergen - informa " The Economist" - distribuiramfol has mimeografadas pedindo auxilio cm favor das vitimas de Chernobyl: quase quatro milhões de pessoas impossibilitadas de voltar às suas terras! Sol' c'tam, com urg'nc·a. material médico , medidores de rad iação para pessoas e a li so

mcr~'.~~ pa:~ bebês de auxTo para limpar nossa água c terra envenenadas" - ari·mam nosfo!hctos Entretanto, nenhuma das delcgaçõcsfoisensívclaocla ,nor. Comemàrio de um ucraniano presente: "que se pode fazer? issoaconteccuháquatroanos; as pessoas perdemo 'ntcressc. "

• "Bezerro de Ouro" moderno "Quem tocar a montanha dcvcrácertamcntesermorto", disse o Sen hor, refe rindo-se ao Mome Sinai onde os Dez Ma ndamentos foram revelados a Moisés .. Por mais de trê5 111·1 , · ··,·ersosocupantcs da Península do Sinai respeitaram o local Hojc,cntrctanto,arealida de - assombrosa! - é bem Numa cs1rada, seis milhas ao norte do Mosteiro de San ta Catarina. no Monte Sinai, cncontra-scoseguímecartaz ' 'nestelocal,haverá500casas, um centro turístico com 250 cômodos, dois hotéis com 400 quartos.shoppingcenter, csco-

la e hospita l. equ ipados com todas as co mod idades " Os p ~r·nos.porsuavez, nãomaistc rãodcfazcraasccnsão dcd uas horascmciaapartir do Mosteiro pelos degraus esculpidosnapcdrapclosmonges bizantinos, trabalho iniciado no século VI. Um teleféricocond,·r·otur'staaumrestauranteea umca, ·no. Aogovcrnoegipeio - sob cuja j urisdição se encomra a regifod0Sinai - p0ucoparccc imp0rtarquconovo' ' bezcr~0~1~/~i:~a'i seja cultuado no Mais esca ndaloso , porém, é o si lêncio cúmplice dos cristãos em face de tal absurdo

• Latim: útll e agradável Convencido de que o latim propiciamaiorprccisãodopcnsamcnto,op rofessordeportuguCsTapirWatcrloocs1áminis 1randourncursodcssadiscip li na no Colégio J úlio de Castílhos. cm Porto Alegre ArgumcmacompropricdadeoBachare l cmDircito,liccnci a do cm Letras Clássicas pela PUC: "quem imaginar que os zcros novest ibu!arsej amdcvi dos ao portuguCs mal gra fado ·ncorre cm erro". Para ele, a culpacabe"àdifículdadcdos alunosemordena r opensamento, coisa em que o latim mu ito ajudava" O professor Tapir propõe a difusão do idioma latino pelasesco laspúblicaseparticularcs, como meio de liber1ã-lo do guctocmquesccnco ntra. · ·Masparascrdesfrutadopra ZCH .ente, sem obr'!!/or·edadcdcfrl-qüência'' , acrcsccn-

"

Com efeito. parece ir crescendo o número dos que quercm degusta r o latim. De inic·o,eramapenastr'sosalunos (devãriasidadesecondiçõcs); num m~s. passaram a 100


... em tempo Chtftes de cabra por copiadora Xerox Camelos. falc&s e chifres de cabra em pagamento de produtos de afia 1ecnologio... Essa é a o/ata fllS$fl para pogamemo de s11a dl~ida para c:om a Runk Xerox briliinica ("O Globo", 2112190) Dlagn6stlco de um paciente ..O Esrndo nüo sobe quanto gasta com r.!gua, /ui ou 1elejone. N4o tem comrole nem sobre seu fXllrimô-

nio. nem sobre seu pessool". l"oi o que declarou o Sr. lobo Samano, Secre1úriodaAdminis1ruçilo. Vejumoso1ru1umen1ouserapfirndo( 'Folha de S. !'1111/0", 2J/4190J

Perseguição Nove biSfJ(JS' e cerrn de 1ri1t1a padre11 e leigos mtóficos foram prl.'.ms 11 u Chitw. 011dt a 1Jerseguíçl10 ii fgreja Ciuó/icu por parle dos 01,1oridodes recrudesreu 110s li/ti mos meses, seg undo informaram em Paris ussociuçÔl's ligadas aos chineses ("O G!o/m .. , 1311190). A mui/os cutólil'0S c<Jbe <J JH'rg/U!l<J: morrer1 mesmo o comunismo?

"Transparência" A Pt()Si-Cola ,·endid<J em Moscou é mais água e m<Jis doce, par<J r,•itor que es11ionogem indus1riul roube <J /órmul<J do xarof)t'. Apesar de o merroda so.,iético fJ("'nanecer uma incógnila para os inves1idores, o Pepsi derrumo11 1rl!s bilhôes de dólares no acordo com Moscou ("'Folho de S. 1•aulo", 1014190) Olho-vivo! O lnstiluto de Finanras /,r/ernucionais. ao quul eslllo filiadas as maiores bancos do 111u11do, divulgou relatório apontando riscos subs1anciuis de frucusso: Como orriu11ar u "confi1stlo econômica que 40 anos de comumsmo" de1Xara111 no Leste?

Destaque Anglicanos na Catedral Quando. cm 1890, se í11ndou cm São Paulo uma igrcjaangticana,os=lhoresca1ólicosnãor$1:ondcramscupesarcsuainconformidadc Em 19901ramcorrcoccn1cmlriodessalamcntá vcl fundação ... e o fatocau.sou júbilo na Catedral da Sé, ondcscrcaliwu umacclcbraçãoccumênica cm homenagem a tal ccntcm\rio. Os concelcbramcs? Robert Runcic, "Arctbispo" de Westminster e priniazda Igreja Anglicana.e D. Paulo Evaristo Aros, Cardea l ArccbispodcS.'lo l'aulo Concclebradaporpastorcscrcvcrcndosdas lgrcjas Lu terana, Mctodi sta, l'resbiteriana Unida, l'rei;bitcriana lndcpcndcn1c. Cmó lica Ortodo~a. a cerimônia contou ainda coma presença de l2côncgos, JI 5Jlccrdoh!s, 40scminari~1as, além de 1rêsbíspos1 rk1890a1990,algomudou.OquC?l'orquê? l'arnquê?Pcrgun1asprópriasadcspcrtarrcspostas cheiudein1eressc Entrernnto, 1ais respostas - é quue ccno - ninguém, nos círculos anglicanos e menos ainda nos clrculosca1ólicos.asdari QualoporquêdcsscsilEncio?

lá... ··Precisamos inCf.'nm·ur a emrudu de capt1ul e te<:nQ/ogiu Q(:iden IUI no país. Pura nós. o ml'l!Slm1ento es1rungeiro é 1110 vit<Jl quon/o o

oxigênio" (Aleksonder Pasynski, Minislro du Hubiturdo du Polônia)

... e Cá! "Temos que f)t'nsur primeiro em como impedir as privatizaçôes, com umu utuaçdo muls que oparlumentar" (lula. "Jornal do Brasil°". {J/J/90)

Nostalgia da virgindade "A virgimlude é uma das minhas mais profundu.f no.tta/gias" ('"O Globo", 24/2190). &ponte-se leitor, mus este dito ndo é de um reacionário. t do já falffido dramaturgo Nelson Rodrigues. conhecido en1re1onto por s,10 literatura largamente imoral Desabafo daquilo q 11e m 11i1os (11111i1us) senrem mas n(fo têm coragem de dizer

t ef/ilivo ver o Rio de Janeiro virur 1111111 comple to favela, ..A si/llaçllo chego ao obs11rdo de ~·f!'rmos u uutoridode la men1ar a desapareômenro de burracru desmontadas pe/o1· próprios favelados, como aco,r/tcr11 re-ce,r/emente na ruo Muna Muchado ... " ("'O Globo", 16/J/90). Apareceu e sumiu e o df!'sgoverno ,rem viu "fa-ve-lan-do"

Novidade da China Paro e~i1ar as ime,rsas filas df' espera de casa própria, nado menos do que 40 mi/h(}es de chineses passaram a morar em c,wernas, um sis/Pmu que /em 01roldo 1am~m pessoas que habíram aparlamf!'ntM em construç(Jes de péssima quolidadf!' ('"Transbrasil-Revisla de Bordo··, abril de 1988),

Mela-volta!... "Segu,rdo o Mmislério da Agriculwro, o Go\'erno Samey assentou {leia-se acompou/ 89 mil famllias. Das quais 40 mil voltaram às cidades por /olra de /njra-e-strumro no rampo"'.('"Folha di'S. Paulo", 14/J/ 90). Eosrestames:produzem? vivl'm?uinduexistem?

Eles não mudam! Mudam os cmó licos. Mud:ir3o os comunistas? Assimnosqucrcmfa:r.cr crcr osmeiosdepropaganda ao anunciarem a "mor1c do comunismo". espccialmcmc com a pcrcstroika. Mas o que pensam os próprios comunistas a tal respeito? Vejamos a opini.'lo, insuspeita. de um de les, o dirigente máximo do Partido Comunista Portu guês, Á lvaro Cunha l, co11sidcrndoo líder com unis ta europe u mais fiel ao comunismo russo de inspiraç/10 stalinisrn, que deveria.cm princípio, vcrnapcrcstroikaumaameaçaàsuaconcepção Entretanto afirma cm em revista ao semanário ''Expresso'" de Lisboa, de7de abril pp "'Sempre estivemos muito próximos do l'ar1ido Comunista da União Soviética (PCUS) e continuamos a estar. Co n1inuamos com muito boas relações, N3o julguem a lguns que a vitória da pcres1roikaserâaq uiloquedcsejam - a vitória dosproc:cssosanti-sociatisrns na Uni!i0Sovié1ica. O Partido Comunista Portugu& (PCP) vê lla perotroika uma renovação e um avanço do socialismo para uma sociedade nova. que reali1.a o ideal dos comunistsas. Isso corresponde ao nosso ideal e nós somos solidários com~ pcrcstroi~a--, Realmente os comunistas nll.o mudam!

CATO LI CISMO - J ulho 1990 -

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Vírus ~ desagregador da familia A

MORAL<>o-

va põe cm xeque a noção cató lica tradicional dccasamcnto e ameaça extinguir o que restada instituição familiar.

-

"Foi o namorado de

minha mãe quem me deu

de presente este relógio de pulso". -"Meupaiestádcscasado pela segunda vez". Frases desse gênero, nos lábios de um jovem, seriam absolutamente impcnsáveis e incomprccnsiveis alguns anos atrás. Entretanto, hojc em dia, elas são pronunciadas com naturalidade e infelizmente não mais pareccmabsurdas,vãoatésctornando frcqücmcs. Namorado é um termo

que não se aplica apenas a pessoas solteiras, como anteriormente. Hoje pode qualificar pessoas cm qualquer cstadocivil:scjamclascasadas legitimamente ou então desquitadas, divorciadas, concubinadas uma ou várias

Eis ai um dos simomas doavançadoes tágiodcdcsagrcgaçãocmq uescencontra aatual familiabrasilcira,cstágio este, grosso modo, vigen te cm todo o mundo. 16 -

prichoso o · 'amor' no sentido mo

conjuga l para a maioria das pessoas Divórcios e situaçõcs irregu lares tornaram-sc 1110 frc qücmcs, que surgrn um novo termo - descasado - para indicar aquele que, após a primeira união conjugal ou subseqüentes concubinatos de alguma durabilidade - vivem cm regime de amor livre Como foi possível urna revo lução nos costumes tao profunda,aqualvemscaecntuando nas últimas décadas? Qual o vírus responsável por essa deterioração do pi lar básico da sociedade - a farnília? Esse vírus desagregador nós o encontramos caraeteri-

CATO LIC ISMO - .J ulho

mente todos os países da atuali dade Dcfi-

teticamcntc ecorn penetração esse processo tendencial-doutrinário o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm seu já famoso ensaio "Revolução e Contra-Revolução": "Inspiradas pelo dcsrcgramentodastcndê nciasprofundas, doutrinas novas cd o dcm"

Novas Idé ias sobre moral, sexo e casamento Para os lamentáveis dou trinadores da moral nova, a moral tradicional da Igreja nàocravcrdadeiramentecris-

tà,nàocraficlaoensinamcnto contido nas Escrituras Era uma moral profundarncntc influcnciada pclas doutriuas dos estóicos e maniqueus (vcr quadro (l)J, dualista. legalista, presa a uma série: de norma~ fixas, intransigentes, imutáveis,quenãolevavam cm conta o ambiente cullural, a evolução histórica da humanidade e a situação particular de cada homem A moral nova, por sua vez, segundo os mesmos doutrinadores, deve levar cm conta os sinais dos tempos, a evolução histórica da humanidade e os novos conhecimentos trazidos pelo progresso das ciências. Este progresso é que indicaria oco nhccimcnto que o homem tem de sua própria nat ureza. A consciência individ ua l, na moral nova, passou a ser ocritérioparajulgaramoralidadc de um a10, e o poder decisório supremo para ag ir, sem interferências externas de espécie alguma. Ou seja, uma moral totalmente subjetiva, que despreza ou ignora os principiosda autoridade e da obediência, aceitanto só aquilo que deseja ou que compreende. Alndascgundoos defenso res dessa nova dout rina, a moral tradicional não con-


cedia à sexualidade a importãncia que ela realmente teria na vida de todos os homens. Esta concepção da moral católica em relaçãoao sexo haveria prevalecido na Igreja, durante tantos séculos, devido principalmente à autoridade de São Jcrônimo e Santo Agostinho, os quais, segundo os novos moralistas, se teriam deixado iníluenciar por uma visão estóica e maniquéia da moral, especialmente no que se refere à sexualidade. Como se vê, nem grandes santos são poupados no desejo de demolir os princípios pcrenes da doutrina da Igreja! E a sexualidade passou a ser encarada por esses doutrinadorcs de um modo unilateral, apenas como algo criado e desejado por Deus, sem os cuidados e reservas que a moral católica tradicional impunha nesta matéria, cm vista do pecado original.

Prazer egoísta: fim prlnclpal da um falso matrimônio

lidadc do vinculo matrimonial 1eria como principal sustentáculo o amor entre o cõnjuges. Ora, é sabido que tudo aquilo que repousa exclusiva ou principalmente no afc10 e no sentimento é frágil e de fácil ruptura. Se o vínculo se sustenta principalmente no amo r, deixando este de existir aquele está praticamente desfeito. O que é um modo de negar a indissolubilidade do vinculo matrimonial fundamentada essencialmente na Lei natural e no Sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo.

A palavra do Magistério Para não alongar demais o presenie artigo, citaremos apenas três exemplos das atitudesdoSagradoMagistério, assumidas cm ocasiões bem

diversas, para indicar a con1inuidade da denúncia e da reaçlloda Santa Igreja diante dessa investida da imoralidade

1) Em 1930, Pio XI Há 60 anos, Pio XI, CIII sua célebre encíclica "Casti Connubii ", de 31 de Dezembro de 1930, denunciou essa difusão de idéias e doutrinas demolidoras do casamento e da familia, que ele observara já naquela época: "Ê um fato, em verdade, que nllo já em segredo, nas trevas, mas abertamente, posto de parte todo o sentido do pudor, quer por palavras, quer por escrito, pelas representações teatrais de todos os gêneros, pelos romances, pelas novelas e leituras amenas, projeções cinematográficas, pelos discursos radiofônicos, enfim, por todas

as descobertas mais recentes da ciência, se calca aos pés eseridicularizaa santidade do matrimônio; ao passo que, ou se louvam os divórcios, os adultérios e os vicios mais ignominiosos, ou pelo menos se os pintam com tais cores, que parece que os querem mostrar como isentos de qualquer mácula e infâmia." {doe. cit., Ed. Vozes Lida, Petrópolis, RJ, 3" ed. , 1951, p. 21) Podemos imaginar qual seria a reação de Pio XI diante de tudo o que é transmitido pela televisão em nossos dias! E especialmente se esse Pontífice tomasse conhocimen10 das aberrações morais que, de modo crescente, as TVs brasileiras ostentam a milhões de telespectadores - muitos deles presos ao video como o viciado ao tóxico - na apresentação das novelas.

Para os novos morallslas, tilhos nlo planejados perturbariam a telicldllde dos pais

Por outro lado, para eles, o casamento deveria ter como principal finalidade, não mais a procriação e a educação dos filhos, como sempre ensinou a doutrina católica tradicional, mas o bem individual dos cônjuges. O relacionamcntodcstesvisariaan1esdetudosuarealizaçãoenquanto pessoas e enquanto casal, seu aperfeiçoamento e sua satisfação. Porisso,afirmam os novos "moralistas", o nascimento de um filho ni'lo planejado, não previsto, constituiria urna perturbação dafinalidadcprincipaldocasamento,queseriaoaperfeiçoamento e a harmonia conjugal. Uma po:;ição, pois, fundamentalmente egoísta. Ainda segundo tais doutrinadores, também aestabiCATOLIC ISMO - Julho -

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No mesmo documento, ao tratar dos bens do matrimônio, aquele Pontífice coloca os filhos como o primeiro desses bens. E prossegue: "O segundo bem do matrimônio .... é o bem da Fé, que é a mútua fidelidade dos cônjuges no cumprimento do contrato matrimonial" (doe. cit.., p. 10) "E até, para que o bem da fidelidade resplandeça com todo o seu brilho, as próprias manifestações mútuas de familiaridade entre

cio. Após sua introdução, sucessivas alterações legislativas foram abrindo cada vez maisaspossibilidadesdedissolução do vinculo conjugal em nossa pàtria, de tal modo que se chegou a uma virtual adoção do amor livre Eraocaminhonaturalctrágico que se poderia prever desde o aparecimento da primeira lei divorcista há 13 anos. Aplicou-se, no caso, a frase da Sagrada Escritu-

''A verdadeéqueocasamenco, como instituição natural, em virtude da vontade do Criador, tem por fim primeiro e intimo não o aperfeiçoamento pessoal dos esposos, mas sim a procriação e a educação da nova vida Os outros fins, embora sendo igualmente queridos pela natureza, não se acham na mesma linha que o primeiro, eaindamenoslhesão superiores, mas, ames, lhe

Vozes, Petrópolis, 3• edição, 1963, nº 47 e 48). E para deixar bem clara a posição da verdadeira doutrina católica, Pio X II vai ao ponto de defender-se da acusação de maniqueísmo e dejansenismo,assacadaspelos progressistas. "Este nosso ensino nada tem a ver com o maniqueís. mo e com o janscnisn10 (ver quadro li), como alguns querem fazercrerparasejustifi-

e'

~!r~:c~:1;t::z:cm ser / ~ pela castidade,

~

f ~t:~;fa

fü.f

natura!" (doe. c1t., p. 12)

-

Como essa linguagem é diferente daquela de cerrns autores para quem tudo é permitido, desde que haja ''amor" e respeito pela vontade do outro. Para a doutrina católica, o amor é um elemento que deve facilitar a fide lidade e a castidade "Esta fidelidade da castidade . . resultará mais fácil e até muito mais agradável e nobre por outra consideração importantíssima: a do amor conjugal" (doe. cit. p. 12). E a razão deserda indissolubilidade não é o amor, mas a instituição divina e a Lei nawral "O matrimônio, mesmo no estado de natureza e certamente muito ames de ter sido elevado à dignidade de sacramento propnamcntc dito, importava consigo, pela sua divina instituição, a perpetuidade e a indissolubilidade do vinculo, de modo que não pudesse ser dissolvido depois por nenhuma lei civil" (doe. cit., p. 16). Até 1977alegislaçãobrasileira não admitia o divórt8 -

Indissolubilidade do vínculo coníugal e estab/1/dade do lar: valores que estão desaparecendo

ra: "Um abismo atrai outro abismo."

2) Em 1951-1952, Pio XII Cerca de 20 anos depois, Pio XII, em discurso às participames do Congresso da União Católica Italiana de Obstetrizes (alocução sobre o apostolado das parteiras), aponta as idéias errôneas que se difundiam a respeito da moral e do casamento, insistindo na exposição elara e metódica da doutrina católica sobre o tema:

CATOLICISMO - Julho

são essencialmente subordinados. ,, Para corrigir as opiniões contrárias, num de ereto público a Santa Sé declarou não se poder admitir o pensamento de vários autores recentes que negam se ja o fim primário do casamento a procriação e a educação do filho, ou ensinam que os fins secundários não são essencialmente subordi nados ao fim primário, mas lhe são cquivale111es, e dele são independentes" (Alocuçào sobre o Apostolado das Parteiras,29/ 10/1951,Documentos Pontifícios nº 82,

carem. Ele é pura e simplesmente uma defesa da honra do casamento cristão e da dignidade pessoal dos esposos" (op. cit., n~ 68). Em 18 de abril de 1952, Pio XII dirigiu urna alocução às participances do Congresso da Pcdcraçào Mundial das Juventudes Femininas Católicas, ocasião em que denunciou novamente os princípios errôneos da moral nova "O sinal característico dessa moral é que ela não se fundamenta sobre as leis morais universais, como,


porexemplo,osDezMandamentos, mas sobre as condiçõcs ou circunstâncias reais e concretas nas quais se deve agir, e segundo as quais a consciência individual deve julgar e escolher. . A decisão da consciência, afirmam os propugnadores dessaética, não pode ser comandada por idéias, princípios ou leis universais. A fécristã(pelocontrário)fundamentasuascxigêndasmoraissobreoconhecimentodeverdades essenciais e de suas relações" (Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, vol. XIV, Tipografia Poliglota Vaticana, p. 72).

31 Em

1975,

Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé Quase 25 anos depois, o Magistério Pontificioelevava novamente sua voz para denunciar e combater a corrupção geral das idéias e dos costumes observada na sociedade. Eofczatravés da"Declaração sobre alguns pontos de Ética Sexual", documento emitido pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, cm 29 de dezembro de 1975. "Nestes últimos tempos, aumentou a corrupção dos costumes de que é um dos maisgravesindiciosurnadesmesurada exaltação do sexo; ao mesmo tempo, pela difusão dos meios de comunicação social e dos espetáculos, ela tem vindo a invadir o campo da educação e a infectar a mentalidade geral ... "A Igreja não pode ficar indiferente diante de uma tal confusão dos espíritos e de um semelhante relaxamento dos costumes" (doe. cit., Editora Vozes Ltda., Petrópolis, RJ, 2ª edição, 1976, pp. 3-4)

Em seguida, refutando argumentos da moral nova, o documento reafirma aprevalência da Lei natural sobre a consciência individual: "Em matéria moral, porém, o homem não pode emitir juízos de valor segundo o seu alvedrio pessoal: no fundo da própria consciência, o homem descobrccfetivarncntc urna lei que ele não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer" (doe. cit., p. 5). Depois de justificar a perenidade da doutrina tradicional da Igreja, baseada na Lei divina e na Lei natural, "Dado que a ética sexual concerne a certos valorcsfundamcntaisdavidahumana e da vida cristã,. cxistem,quantoaesteassunto, princípios e normas que, sem hesitações, a Igreja tem vindo a transmitir sempre no seu cnsinamemo, por muito opostos que lhes tenham podido ser as opiniões e os costumes do mundo. Tu.is princípios e tais normas nãotêm,demancira nenhuma, a sua origem num determinado tipo de cultura, mas sim no conhecimento da le1 divina e da natureza humana" (doe. cit., p. 7). Do mesmo modo que Pio XII, em 1951, também a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, em 1975, se viu forçada a defender-se da acusação de maniqueísmo, que os progressistas estão continuamente lançan do contra aqueles que ensinam a moral católica tradicional: "Os princípios e as normas de vida moral reafirma dos na presente Declaração devem ser fielmente manti dos e ensinados ..... A lgrc ja os mantém, não como in veterados e invioláveis 'ta bus' nem cm virtude de pre

PARA COMPREENDER: (1)

A moral est61ca Em fins do século IV a.C., Zcnão de Citium (340-263 A.C.) fundou cm Atenas a Escola es1óica, cujo nome se originou do fato de que esse filósofo le· cionava sob um pórtico (soá cm grego) da cidade. Essa escola se salientou na História da Filosofia por sua doutrina moral, que consiste essencialmente no esforço ou tensão para se atingir a felicidade suprema (ataraxia em grego), a qual se alcança exclusivamente nesta vida, segundo a natureza racional. Sendo pagã, a moral estóica não admite o sobrenatural e a graça divina, atribuindo ao mero esforço natural do homem os meios necessários para se obter a ataraxia.

o manlquelsmo Doutrina religiosa pregada por Mani (216-277 D.C.) na lndia e espccialmcme na Pérsia. Consiste ela numa mescla de elementos da religião persa, como o dualismo (luta eterna entre dois princípios), do budismo e do Cristianismo. Em virtude de numerosos elementos cristãos que incorporou à sua domrina religiosa falsa, o maniqueísmo é considerado uma heresia pela Igreja. Mani foi executado por ordem do rei persa Bahram 1 sob a acusação de destruir, mediante a pregação de sua doutrina, a religião do pais, o mazdcismo. A base da doutrina maniquéia consiste na oposição eterna - o dualismo - entre dois princípios, a luz e as trevas, o bem e o mal, denominados respectivamente Ormuzd e Ahriman. Há elementos típicos que rodeiam cada um desses princípios, como luz, fogo, água, terra, caracter!sticos de Ormuzd, o princípio do bem. E trevas, barro, fumo são próprios de Ahriman, o princípio do mal.

Os defensores da moral nova acusam falsamente a moral tradicional da Igreja de ser influenciada por uma visão estóica porque ela, além de admitir o auxílio proporcionado pela graça divina ao homem, defende também a necessidade da colaboração da vontade humana para se praticar a virtude e se evitar o pecado. Acusam ainda a autêntica moral católica de ser influenciada pelo maniqueísmo, com base no fato de que ela admite a existência de uma inclinação do homem. cm virtude do pecado original, para o mal. Mas, na verdade, ao contrário da tese maniquéia, a doutrina católica ensina que o mal não constitui um principio de ser, pois apenas Deus - o Sumo Bem - é o único princípio criador e sustentador de rndo o Universo. CATOLICISMO - Julho -

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conceitos maniqueus, confor-1 indi.ssolubilidade d.o. vínculo me se ouve repetir muitas vezcs, mas sim porque ela sabe com certeza que eles oorrcspondcm à ordem

~!~": :: cria-

espírito de Cristo" (doe. cit., p. 20).

matrimonial;orespc1toabsoluto à lei natural na vidaconjugal. Enfim, tudo o que podena restar de sadio e fiel à

~· ~ d::t~: : ~~:~=d~º:a~º:;~: :~.

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do corroído e des.truido pela difusao e aphcaçao dos princípios da moral nova. Já é bem

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\ Para os defensores da moral nova, Santo Agostinho, o grande Doutor que Iluminou a História

da Igreja no século V, leria se deixado influenciar por uma visão estóica e

Tombém constituem alvo da investida progressista: a hierarquia e a diversidade de funções na vida familiar; a

PARA COMPREENDER:(11) A heresia jansenista Doutrina condenada pelos Papas Alexandre VII, cm 1656, e Clemente XI, cm 1713. Tal heresia foi originariamente defendida em obra de Cornélia Jansen ou Jansênio, nascido na Holanda meridional, em 1585, professor de Sagrada Escritura na Universidade de Louvain, posteriormente elevado a bispo de Yprcs (Bélgica), vindo a falecer nessa sede episcopal cm 1638. A questão janscnista surgiu dois anos após a morte de Jansênio, com a publicação de sua obra póstu-

maniquéla da moral

didamente os jansenistas e a obra de Jansênio, a qual foi proibida pelo Papa Urbano VII I cm 1641. Os hcrejcs lançaram então uma imensa campanha de descrédito contra os jesuítas, acusando-os caluniosamente de pregarem uma moral laxista e defenderem a corrupção, Sob aparências de piedade e vida interior. os jansenistas, com sua doutrina, afastavam as almas dos sacramentos. Apesar da condenação pontifícia da doutrina de Jansênio, em 1656, esta renasceu com o livro "Reflexões morais" de Pascásio Quesnel, editado em 1671. O Papa Clemente XI condenou, mediante a célebre bula "Uni gcnitus", de 1713, as 101 proposições dessa obra.

ma "Augustinus", a qual se apresenta como fruto de

20 anos de estudos sobre a doutrina de Santo Agostinho, o grande Doutor da Igreja do século V. "Augustinus" contém a história da heresia pclagiana, disseminada no início do século V, um tratado sobre o estado da natureza decaída pelo pecado original e outro sobre a graça do Salvador. Nesta última parte, Jansênio expõe seu conceito de graça divina como algo que opera de maneira irresist ível. A doutrina jansenista apresenta uma tendência a tornar hirta a piedade católica e a fomentar o espírito de soberba. Na França, as doutrinas de Jansênio encontraram defensores ardorosos e de certa significação, como o abade Saint-Cyran, Antônio Arnaud e as religiosas cistercienses de Port Royal. Os jesuítas combateram deci-

20 - CATOLIC ISMO - Julho

Os progressistas defensores da moral nova qualificam equivocada e maldosamente de jansenista a moral católica tradicional - como adverte Pio XII em sua Alocução de 1951 - procurando assim apresentá-la de modo distorcido. Na realidade, a moral católica, que prega a virtude da pureza segundo o estado, e portanto, a seu modo, também na condiçao de casado, nada tem a ver com a falsa austeridade moral dos jansenistas. E, de outro lado, opõe-se à tendência permissivist a da moral nova, que procura desvincular o matrimônio católico das normas perenes que o regulam, contidas na Lei divina e na Lei natural.


Escrevem os leitores • Gl6rias de Maria Caiu-me recentemente às mãos um liv ro sobre Nossa Senhora intitulado "Glórias de Maria", escrito por um Doutor da Igreja, Santo Afonso de Ligório. Como CATOLICISMO difundeadmiravclmcnteadcvoção a Nossa Senhora - coisa infeliz.meme rara em nossos dias- mevi contagiadap-0, esse tao bom exemplo e cheia de ardentíssimo desejo de que todoomundoconhcccssee lesse esse livro, ta! o bem que faz às almas. Mas ... que vale uma recomendaçao minha? Segue entãoumadopróprioSto.Afon -

so: "O pouco que escrevi bem podebastarparaarrcba1ar-vos cmcmusiasmodiantedcssegrandc tesouro quc é a dcvoção à MaedeDcus,àqualclasernprc

corresp0ndccomscupodcroso patrocínio. Cumpri agora, lcitorqucrido,odcscjoqucmelevouacscrcvcrestaobra:vcrvossanto,filhoapaiitona<lo<les· ta amabilíssima Rainha". Faço votosdequeparatodossecurnprarnassantasaspiraçõcsdo autor de "Glórias de Maria" P.S.-Scacharernconvenien· te colocar no final da carta os dadosrefcrcntesàeditora<lo livroparaauxíliaraalgumpossivel leitor, aqui vão: Editora Santuãrio: rua Pe. Claro Mon teiro, 342; fone{012S)36-2140: 12.570-Aparcci<la (SP). (A· na Elizabeth da C rui H.ibei ro, Joao Pessoa-PB).

• Genocldlo vendeano Estasemanaaolerarevista "O CATOLICISMO" nas págs. IS,16 e 17, intitulado ''Glorificaçao<loGenocídiovendeano", percebi qucofarisaismo,hipoeresia(sic),po;cudo-cristaosaindacommuitoprazerin· tegram o quadro <la Sociedade Crist ianiza<la,porémnaoEvangeliza<la. Com muita dor "<le

cotovelo''ocolunisrnqueescreveuaquclasmiseraslinhas. nada mais tinha qur recalque da alta sociedade, Evidentemente que numa festa alegre e subtil como aque la, não poderia mencionar àqueles míseros cristãos vilepend iados{sic) na querra (sic). Por ventura esqueceu o colunista que, há muito tempo atráz(sic) , numaépoeachama<laldadeMéd ia,foramvilepcn<lia<losmaisdcJmilhõesdepessoas,peranteestcsJOOmilcristãos que ele reclama agora? É puramcnteumsofísma,paralcigos ina<liplcntes na leitura. Este é mais um pseudo-prosélito de meu mestre, Jesus. Talvéz oscincoanosdevidacelibatáriafoiosufícienleparamelhor conhecê-los. Não quero comes· tadesmoralizararevistacmuitomcnosserirreverentc, porém salicntarparaque,aoatirarmos pedrascmterrenoalhcio,ficarrnosprepara<losparaoretorno (LuisEugê ni oMarcon des.Guaratinguctá-SP). Notada Redaçã o - A carta deste missivista não é nada clara (e o português individual emquefoiescritanãolhefacilitaain1elccção).Cáeláurncertorançoprotestanteparecedesprender-se do texto. O que é uma "sociedade cristianizada mas não evangelizada"? No que percebeu ele "farisaísmo, hipocresia pseudo-cristãos''? Não conseguimos adivinhar.Se· gun<loomissivisla,oartigoimpugnadorcvclaria''dor decotovelo''. Esta expressão, popular, significa uma certa mágoa, um certo despeito por não se ter aquilo que outros têm. Qual é, nocaso,odespeitoqueoautor do artigo revelaria? Em relação a quem? Por outro lado, seria "recalque da alta sociedade" defender,comoofazoartigo, os pobres camponeses venóeanos dizimados pe las hordas revo· lucionãrias? Porém, o aspecto

mais pitoresco da carta talvez seja a comparação, em pé de igualdade, entre o que ocorreu, de um lado, na Vendéia(região daFrançadernmanho-7.000 Km2 - menor do que a Grande São Paulo), no periodo de aproximadamente um ano, e de outro, o que aconteceu cm lodaa Europaduranteoperiodohis1óricodemilanos,chamado lda<le Média! Positivamcntefallaaqu i aom issivista,entre outros sensos, também o das proporções. Talvez os leitores. quecomonósficamsemcntender,cstejam igualmcntcenqua· dradoscntreos"inadiplcntes na leitura" ... Depois disso tudo, ainda há os "cinco anos <levida~elibatãria' 'queomissivista kvou para nos conhecer melhor. Enfim, como a carta talveztcnhasidoescritaemestadofcbril,cumpre,nosnfoincrcpar, mas sim procurar acalmar o nosso missivista. E isso de dois modos. Primeiro,dizen<lolhequenãoreccic,çomsuacarta, "desmoralizar a revista" Não há nenhum perigo de que isso ocorra. E por fim, que não se preocupe com "as pedras" quee!eern"retorno"di1, nos ter atirado. Elas nem sequer chegaram até nós.

• Palpitantes Ao ler alguns cicemplares da revista CATOLICISMO gos, rei muitodosassuntosabordados,extremanenteinteressantcs e palpitantes (Carlos Ah"es de U'les, ltabcrai-GO).

• Excelente Gosta riadefazerumaassinaturaanualdacxcelenterevista CATOLIC ISMO (Ma nu el dt So uza Figueiredo, BclémPA).

• Pombal Primeiramente felicito pelo CATO LI C ISMO, edição de ou tubro. Até a revista Visãojulgounecessáriopublicarumanota a respeito. O artigo sobre o irnpériogorbachcveanofoibas1an1e contunden1ec solidificou nosleitoresoespíritoconlra·revolucionário. Segundo: como se tratou do ímpio Voltaire,su· geriria que CATOLICISMO focalizasse a sinistra figura de Pombal, já que ele comungava das mesmas idéias de Voltaire, viveu na mesma época e seus atos afetaram <liretamen1e a nósbrasileiros,jáquepertenciamos ao império português (J. Lu i7, Vieg11sde Barros, Jundiai -S P).

• Devoção Mariana Urnscnhormos1rou-seitueressadoemfazerumaassinatura da revista CATOLICISMO. Pcçoqucenvieproposta.Rogamos a Nossa Senhora que abençoe e que CATOLICISMO possa ser o arauto da fé edadevoçãomariana(Fern a nd o Anton io Sabino Corde iro , 11.ecife-PE).

• Amigos • Ensinamentos Venho por meio desta cnviarmcuscalorososcumprímentos à redação de CA TOLICISMO por suas reportagens tão atuais.Comoleitoraassiduaestou cada vez mais entusiasma· dapelosassuntoscar1igosque cada revista nos traz, como no nº 469: "Simpósio Cientifico sobre o Santo Sudãrio de Tu rim": "20~ Bienal: tédio e indiferença face ao hediondo": "O pcqucnoórfão" , Tambérnparabenizo pela "História Sagrada cm seu lar", pois nos traz um ensinamento mais fácil para quepossamostransmitiràsnossascrianças (Teresa Matildede JesusdeAbreu,Santos-SP).

Há muito que leio a vossa revista que recebo de amigos, masgostariadcterarninhaassinatura (Apa recido Sq 11 ivi, Monçõcs-SP).

• Atuallsslmos É com grande prazer que chegou às mi nhas mãos e acabode ler a revista CATOLICISMO de julho/agosto de 1980. Foi muito feli1. o Prof. Plínio CorrêadeOliveiraemescrever os comentários nela contidos, vistoqueapesardepassar uma décadasãoatuaHssimos.Gostariadeassinarestarevista(A maroCesériodaSilva, Floríanópolis-SC),

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Uma revolução igualitária REVOLUÇÃO Francesa! O tema ocupou as páginas de

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em fevereiro do presente ano, a propósito das comemorações do bicentenário daquele trágico evento. Fatos diversos e centrais do período revolucionário (1789-1815) foram aqui lembrados, bem como noticiadas as comemorações realizadas no ano passado, sobretudo na França. Hoje, apresentamos aos leitores uma análise do que foi o espírito da Revolução

Franfit:íael~c:flaº fc:~e9;~ desencadear até nossos dias. O presente trabalho - o qual

no; ~~~~~nd~ªR:;ofu~~fi~~~~~~=~ - é o resultado de anotações extraídas de uma penetrante conferência do Prof. Plinio Com.~a de Oliveira, proferida para sócios e cooperadores da TFP, em 23 de agosto do ano passado. Foto ao lado: abertura dos Estados O. rals na França, em 5 de maio de 1789. Ao fundo, o Rei luiz XVI, no trono. À dlrena do trono, o Clero; d esquerda, a notmua; no primeiro plano, os deputados do Terceiro Estado, a pleM. Exemplo de sociedade hierarquizada.

AS REAÇÕES do público notadamente o francês - a propósito das comemorações do bicentenário, pode-se notar um tom geral a respeito da Revolução Francesa, definidamente discrepante daquilo que se poderia considerar, a1é há pouco, como sendo o pseudo-tom geral; ou seja, um tom oficial que procurava impor-se a todo o mundo, e que se apresentava como aceito por todos. Ora, nas matérias sobre a Revolução Francesa publicadas por nossa revisia ao longo destes meses, alguns leitores pouco familiarizados com o nos-

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so pensamento, talvez tenham tido uma surpresa. "Então, 'Catolicismo' não é incondicional a favor da Revolução Francesa? Bem, é possível. contra a Revolução. alegar crimes, desastres, ações infames; mas tudo isso não será secundário em relação ao grande roteiro central ideológico da Revolução, roteiro que é uma maravilha? Ou seja, a Revolução não 1rouxe consigo uma concepção do mundo, do homem, das coisas, do Estado, da sociedade civil, da economia, da arte, da cultura, que é uma concepção una e magnífica, que reno-

vou o mundo e o colocou nas vias em que ele se encontra?" De fato, respondemos nós, a Revolução trouxe consigo uma concepção una, pior do que todos os crimes que ela cometeu. Concepção que é a causa de todos os desastres diante dos quais nós nos encontramos. É o tema deste artigo. A Revolução questionada na frança É muito mais fácil manter uma visão otimista e glorificante da Revolu-


movida pela inveja Plinio Corrêa de Oliveira Calúnia que se desfaz "Se o povo não tem pão que coma brioches". Esta Frase atribuída à rainha Maria Antonieta de França, correu o mundo e passou para a História, ao menos para a que é apresentada por alguns historiadores. Mostraria bem o desprezo com que no final do Antigo Regime, a soberana fran· ccsa considerava a triste situação do pobre povo faminto. Ou pelo menos seria indicativa de quão alheia estava a rainha às necessidades desse mesmo povo, a ponto de ignorar que a brioche - feita de trigo, manteiga e ovos - seria ainda mais dificilmente obtida pelos famintos do que o simples pão. Tal frase foi um dos ingredientes apimentados da legenda negra, que se procurou tecer cm torno da dcsditada rainha, barbaramente guilhotinada pela Revolução Francesa, em 1793. Mais recentemente, porém, a biblioteca do Congresso dos Estados Unidos publicou um livro - "Respectfully Quoted" (Respeitosamente citados) - que coleciona citações erroneamente atribuídas a personalidades célebres. Nele se demonstra que o dito atribuído a Maria Antonieta de fato foi cunhado décadas antes por uma esquecida dama da corte francesa ... Ó Revolução, corno mentes! Como calunias!

ção Francesa, fora e longe da França, do que dentro dela. Porque sobre o solo francês ainda permanecem, por assim dizcr, as 10rrentes de sangue derramadas pela Revolução. Nos ecos da vida francesa ainda como que se ouvem os gemidos, os bramidos, as aclamações, as exclamações, os protestos, os argumentos de gerações inteiras que se têm sucedido na França, discutindo a Revolução. De modo que, para os franceses é mui!O mais concebível a Revolução ser discutida e atacada, do que para populações de países distantes, onde ela po-

de ser apresentada folcloricamentc como um acontedmcnto triu nfal, á maneira de um bolo de noiva, todo branco. A globalidade do povo francês apresenta uma atitude mui!O mais questionantc cm face da Revolução, do que por exemplo o público brasileiro, ou de qualquer outra parte da Terra. Como o mundo lucraria em percebcr que dentro da França se acredita menos no mito da Revolução, do que , se acredita fora da França! E compreender assim a grande artimanha levada a cabo por gerações de revolucionários, para arrastar o mundo - sem análise, curvado diante do fato consumado - a uma accitaçilo vil da Revolução Francesa. Aceitação sem discernimento, sem inteligência e sem coragem. Na discussilo que vem se dcsenvolvendo na França a respeito da Revolução de 1789, podemos distinguir duas etapas. A primeira vai até fins do século passado, quando começou a ser posta em prática uma aliás controvcrtidíssima política de aproximação dos católícos com a democracia moderna, e~nhccida corno "Ralliement".

Até o "Rallieinent", a idéia era de que altar e trono constituíam duas vítimas da Revolução, solidárias porque a Revolução as odiava de um mesmo ódio e queria afogá-]a5 num mesmo sangue. De fato, a Revolução igualitária de 1789 desencadeou simu haneamente uma perseguição anti-religiosa e anticlerical e outra antimonárquica e antinobiliárquica. E por detrás dessa dupla perseguição, havia um único pensarnenw, que os revolucionários desejavam impor corno molde para as idéias, para a ação e para a estruturação do mundo inteiro. làl pensamento falso baseava-se no seguinte principio metafisico: a desigualdade faz sofrer aqueles que estão embaixo. É sempre penoso para o amor-próprio humano ter superior. E por causa disso, as organizações antiigualitárias, hierárquicas de qualquer ordem, seriam odiosas. Por exemplo, adotada a ótica revolucionária, tornase explicável que um trabalhador manual lamente não ser burguês; que um burguês lamente nilo ser nobre; que um nobre lamente não ser príncipe: e um príncipe lamente não ser rei. A naCATOLICISMO - Julho 1990 -

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vez, dentro do proletariado podiam-se distinguir duas camadas: os artesão mais qualificados ou menos qua lificados, que ganham mais ou que gan ham Mais uma vezacascatadedcsprezos se precipitaria sobre a Ultima classe dos homens, até estalar com toda a força de águas caídas tão do alto sobre os pobres coitados: os mendigos, os desva lidos, os radicalmente pobres, dignos eles sim de toda a compaixão hu-

O

P•.

Sll yés, apóstata, comparou

a • •trutura polltlco-soc la l da Fran·

va, no Antigo Regime, a uma "casca-

ta d • desprezos"

turcza humana seria hos1il à idéia de ter um superior. e por causa disso a estrutura hierárquica faria soírer os

homens. Uma me ntira da R e v o lu çao :

a casca t a de d esprezos -

Segundo a expressão do Abbé SicyCS um dos fundadores do clube dos ja-

cobinos, o mais radicalmente rcvolucionàrio - a sociedade hierârquica anterior à Revo lução Francesa constituía uma cascata de desprezos. Quer dizer, no alio da cascata o rei jorrava o seu desprezo sobre os príncipes da casa real: os príncipes da casa real o descamavam jorrando seu desprezo sobre os nobres; os nobres hierarquizados prolongavam essa cascata de desprezos: o duque desprezava o marquês, o marquês desprezava o conde, o conde desprezava o visconde, o visconde despre1.ava o barão, e o barão desprezava o resto da França! Chegadas a esse pon10 - sempre segundo a idéia do Abbé Sieyês - . as águas do desprezo ainda não se det inham! No alto da burguesia - classe que vem depois da nobreza - temos a finança, os altos titulares de cargos pllblicos, os grandes proprietários rura is, urbanos, etc., todos ganhando muito dinheiro. Esses eram desprezados pelo simples barão. mas por sua vez desprezavam o homem que tem uma fortuna média, o qual desprezava o homem com pequeno patrimônio. O homem com pequeno patrimônio desprezava o proletário. Mas, por sua 24 -

CATOLIC ISMO -Julho 1990

Mas se isto é assim, é natu ral que também seja vista como uma cascata de desprezos a hierarquia da Igreja Católica. Então, de Papa para Cardeais, de Cardeais para Arcebispos, de Arcebispos para Bispos, de Bispos para Monsenhores, de Monsenhores para Cônegos, de Cônegos para simples padres, a cascata de desprezos castiga! E depois cai com todo o vigor sobre a plebe eclesiástica, que são os leigos. Essa cascata de desprezos existiria porque a sociedade estava baseada na desigualdade. Então, segundo essa visão deturpada dos fa1os, era preciso fazer uma Revolução a partir da idéia de que toda a desigualdade é um mal e um roubo, e estabelecer de fato no mundo a igualdade completa. Era essa a sede do homem revotucion:lrio, alinal liberto de superioridades, de obediências, de autoridades ... Essa idéia tem qualquer coisa do absolurn, do frenesi categórico de quem procura a possibilidade do seu defeito sesa1isfazcrinteiramen1e,absolutamen1e, no extremo.

Por det rás do igua litaris m o, a in veja O defeito, no caso, é a inveja. Ou seja, toda a ralé moral dos invejosos, dos que não admitem que outrem tenha mais ou seja mais, daqueles a quem dói que alguém seja mais do que eles - aindaqucsejamaisinteligente, ou então fis ica111cnte mais forte - toda esta ralé moral encontra neste mito da igualdade uma espécie de abolição do so frimento que lhe trazem suas m:ls inclinações. Assim como suprime sua sede quem bebe água, assim também suprimiria a tortura invejosa dessa desigualdade quem bebesse as águas da igualdade. A aceitar tal posição, o grande primeiro revolucionário foi Lúcifer, que se doeu diante da suprema desigualdade de Deus, e quis cstabclceer a igual-

Um " • an•-cu/otte", • lmbola do novo homem Igual/tório criado p{lla Revolufd o Francesa

dadc no Ciu. Nessa perspectiva, a pri· meira Revolução não foi a francesa nem sequer foi humana: foi angélica. E povoou o inferno ! É a conclusão inevitável. A inveja, como os demllis vícios, tem qua lquer coisa de insaciável. E quando se encontra afinal atendida, ela provoca esgares de contentamento, eon1orções de alegria, de que o homem poucas vezes tem noção, porque há um certo pudor do invejoso cm declarar-se inteiramente invejoso. Para fazer ta l declaração, ele teria de reco nhecer sobre si uma superioridade. E já isso ele não quer. Mas, cm geral, as paixões huma nas desordenadas tendem para um certo paroxismo, um certo frenesi, no qual os homens imaginam encontrar uma delicia. A embriaguez, por exemplo, é assim. O bêbado bebe, bebe, bebe, e é experi menta ndo a náusea, prat icando atitudes ridículas como jogar-se no chão, é nesse horror que ele encontra um estado de plena satisfação do seu desejo do :llcool. Os efeitos do :llcool são para ele como que um falso céu - o céu do inferno, se quiserem. Mas são para ele um falso céu. Um frcncsi desse tipo, o contra-idea l da igualdade produz cm 1odos os invejosos do mundo. Esse desejo frenético da igualdade, existente nos invejosos, é semelhante à von tade do bêbado de ingerir álcool, ou do d rogado de tomar a droga, ou do homem sensual de praticar a impureza. São coisas do mesmo gênero. É uma apetência subconsciente, ou conforme o caso consciente, desse


estado de plenitude exasperada, de plenitude furibunda da satisfação da inveja: nisto consiste o mocor do espírito revolucionário.

Os dois partidos E a Revolução Francesa só matou, só queimou, só incendiou, só profanou, só blasfemou, só praticou todos os horrores que fez, porque o revolucionário sentia nisso o gozo que Satanás imaginava ter, se com a sua revolução angélica pudesse derrubar a Deus. Então, dentro do seu deHrio psicótico, ele teria querido calcar Deus aos pés. E é só no momento em que, se possível fosse, Satanás sentisse que debaixo de seus pés imundos - antropomorficamente falando - se contorcia e morria a Verdade absoluta, o Bem absoluto, o Belo absoluto, é que ele teria dado a gargalhada que seria ogo20 frenético de sua vida: "Ah, ah!! Morreu afinal Aquele que era mais do que cu!" Esse estado de espírito diabólico é tão real que, bons teólogos o afirmam, se fosse dado ao demônio sair do inferno, ir para o Céu, pedir perdão por seus pecados, e reintegrar-se no Céu, na felicidade eterna, ele não quereria! O demônio é apresentado acorrentado no inferno, e é verdade, mas apenas num sentido da palavra. Porque se lhe oferecessem o Céu, ele não o desejaria. Ele não quer contemplar a Deus no seu verum absoluto, no seu bonum absoluto, no seu pulchrum absoluto, porque isto é mais do que ele. E ele prefere ser um revoltado, eternamente desgraçado, mas blasfemando sempre, do que calcar em si seus sentimcntosdcinvcjaepcnetrarna felicidade eterna. Para compreendermos o fio condutor da Revolução Francesa - vinda ela mesma do Protestantismo, Humanismo, Renascença, como largamente se demonstra no livro "Revolução e Contra-Revolução" - é preciso compreender esta sede ilimitada de igualdade absoluta, que é o motor da Revolução universal, e que a levou por estas e aquelas maneiras a produzir estas e aquelas convulsões. E a chegar, portanto, aos cx1rcmos que nós conhecemos, documentados cm artigos anteriores de ''Catolicismo''. Então, se a pergunta é: Você é a favor ou contra a Revolução Francesa? A resposta deve ser: - Você é do partido da inveja ou do partido da hierarquia? Hierarquia ordenada, hierarquia harmônica, hierarquia magnifica, mas

O ódio revoluclondrlo1 Um tipo de ódio especial, que marcou época.

hierarquia, e que não seria ordem nem seria harmonia, nem tçria magnificência, se não fosse hierarquia. Esta é a verdadeira pergunta de fundo. Após o "Ralliement", o esquecimento

Isso se entendia muito bem até a época em que se iniciou a política do "Ralliement", cujos perniciosos efeitos se fizeram sentir não só na França, mas no mundo inteiro. Até então, a luta condilzida pelos contra-revolucionários era cm favor do altar e do trono (•). Tratava-se de um amor à hierarquia, combatido pelos partidários da inveja, que viam cm toda desígualdade social uma cascata de desprezos.

A partir do ''Ralliement", esse pomo de discórdia foi sendo gradualmente esquecido pelos polemistas católicos. Não sabendo então como definir sua própria posição cm face do "Ralliemcnt", muitos católicos fiéis come(,:aram a atacar a Revolução em pontos secundários: matou muito gente, gastou muito dinheiro, e outras coisas do gênero. São pontos que têm sua importância e seu interesse, massàodeumintcresse secundário. Esta é a evolução que houve do tempo do "Ralliement" aos nossos dias. Essa cegueira foi setornandocadavczmais espessa com o correr dos tempos, em virtude de fatos e de circunstâncias que seria longo enumerar. De modo que o homem, hoje, quando objeta CATOLICISMO - Julho 1990 - 25


conira a Revolução Francesa, habitualmenie o faz por razões secundárias, embora importantes. A questao nevrálgica ficou esquecida. No pensamento de fundo, permanece a objeção central

De outro lado, entretanto, há o seguinte. Por mais que se queira esconder, a propósito da Revolução Francesa, esta nota igualitária fundamental - que não é só uma nota da Revolução Francesa, é a própria Revolução Francesa, o próprio espírito dela é esse - de algum modo ela transparece. Assim, cm vários dos atuais objetantes contra a Revolução Francesa percebese que, embora não cheguem a cxplicitar a grandc qucstao fundamental, entretanto eles a têm no fundo da cabeça. Apresentam reservas e lcvamam dúvidas cm relação à Revolução no que concerne aos morticínios, ao dinheiro gasto, etc, mas, de fato, eles não gostam dela principalmente por outra razão! Eles têm implicito cm sua mente um pensamento que fica por detrás daquilo que disseram, um pensamento de fundo: o horror ao igualitarismo invejoso da Revoluçao, que eles sentem e já nao sabem exprimir, ou pelo menos não ousam atacar de frente, porque percebem a explosão. Saem assim á procura de razões secundárias para criticar uma Revolução que eles gostariam de combater a outro titulo e de OU\fOJe1tO.

Interpretadas assim as atuais objeções á Revolução Francesa, poder-seia dizer que pelo menos um bom número delas representa uma tendência de espírito que é a mesma de antes do ''Rallicmcnt'', e que não cessou. E nesse sentido é altamente alentador o sopro anti-Revolução que se nota em certos setores da França e do mundo. Os flagelados de alma

Ouve-se falar muito hoje cm dia dos crimes cometidos pelo comunismo e pela Revolução Francesa. Falase porém somente dos crimes cometidos contra os corpos, porque a nossa época é materialista, e tende a só tomar em consideração o que é matéria. Não se toma em consideração que, assim corno hã ílagclados, ou podem haver ílagelados de corpo, porque receberam açoites, existem os ílagelados de a lma. 26 -

CATO LICISMO - .Julho 1990

Um iudividuo pode não ter no corpo nenhuma doença, e nenhuma marca da maus tratos, estar em condições física s perfeitas, mas ter urna alma flagelada. E a alma de um homem é ílagelada, entre outras coisas, quando ele tenta dizer algo e 11ão consegue por ter sido objeto de artifícios didáticos, pedagógicos, propagandísticos, os quais não lhe permitam a formulação do próprio pensamento. Ele se sente cm desacordo com toda uma ordem de coisas, mas nem o sabe dizer. Por efeito de uma manipulação - que nao hã exagero cm chamar de diabólica - foram torcidas as noções e as palavras, de maneira tal que muitos nao encontram sequer o vocabulário necessário para a ex pressão de seu mal-estar. E assim carregamdurantevintc,trin!a,cinqücnta, oitenta anos de vida ou mais, essa incógnita que se move dentro deles, e que lhes dá um mal estar euorme! Essscs são os grandes flagelados do mundo de hoje. Mas, deles, os atuais partidários da Revolução não falam. Se soubermos dar voz a esses ílagclados de alma, teremos feito um apostolado contra-revolucionário de primeira grandeza.

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DrFPs em ação Apelo aos Bispos: jornal católico não deve apoiar

marxismo JOII ANN~1iHUKGO. África do Sul - Es1c pais - cujo cabo si1uado cm seu extremo sultcvconomcdasTorml'nl as alterado para da Roa t:~pen.mç1 (pelos antigos navegadores portugueses que conseguiram ulirap.issã-lo ) - corre o risco dc scr.ncstcfimdcséculo,uma rcgillo alrnmcmc corrncmosa, no scntido rcligiosocsodal. E11trc as nuvens negra~ que se acumulam 11ohori1.0n1cpo-

dc-sc distinguira i1ivcs1ida do comunismo imcmacional. seja nos moldes do que jâ ocorreu cm Angola e Moçambique, seja mediamc as ascuciosas manobnu agora dl."Sencadcadas no lestccuropcu.1-l:ltarnbémquc rcgistrarodesastrosoapoioquc vcmscndodispcnsadoaessainvt-stidaporsctorescatólico sprngr('Ssistas,dos<1uaisojo rnal scmanal " Ncw Nalion" é o f)Qr la-vot. mais importu nt c. Preocupados com o gran de perigo que 1al apoio significa para ini11ncros fiéis de todas as ctnias. os "Jovens Sul-Africanos por uma Civilizaçao Crist.:I" - TFI' publicaram uma carta abnta aos Bispos, sob o titulo "E licito a um ca1ólioo apoiar o Panido Comu nista?". "El)<!nosodizê-lo - salienta o documento - mas os fiéis encontramurncnigrnáticosilêncio sobrcoco muni smo da partcdoEpi ~opado,cacsca ndalosa curnplicidadc . por parte de umscmanàriopertenccnteà lgreja, com o Partido Comun ista''. Justificando essa perple~idade, os missivistas transcrevem

trechosdediversosarcigospublicados no jornal. Neles é dada oobcrtura a dec laraçõcs dc membros do Partido Comunista, silo formulados elogios ao envolvimento cub,rno 11a Arrica, ao mesmo tempo cru que scdcfcndcunrn1,liançacn1rca lgrejacoPC, ou,ainda,scpropõea "canoni1.aç.:lo"deguenilheiros oomunis1as monos em combate. A Carta Abi'rta mostra o vivooon1 ras1Centrcaa1i1udc de "Ncw Nmion" e as numerosas co udenaçõcs Pontificias ao comunismo, desde a êpoca de Lcao XIII :ué nossos dias. Ao conc lll ir, os "Jovens Sul-afric:mo.1 porum:1Civiliiacilo Cr isti'I" - TFP pedem aos Bispos Que ,,ssumam urua atitudcdara em relaçi'loaooonrnnismo, já que sua au1oridade moral seria suficieme im rasalvar a África do Sul do perigo que a ronda. Lamcma'"clmcmc acrescenta o documento - a história do cnvolvin1c uto eclesiástico cm movimcntosde"li OCnaçi'lo" ni'lo deixa muito lugar a esperanças. Se nossos receios se co nFirmare m, a África do Sul será cm breve a próxi 111avíiimadalt'Ql011iadalibcrtaçao,qucjácntrcgoutan1ospaiSC!i ao ma rxismo. Queira Deus salvaraÁfricadoSuldcsteFim!

dopais,aoinstituiroficialrncnte urna Comissão Nacional de Verdade e Rcconciliaçi'lo. Tal oomissãodcverà rcal izar investigações. acolhendo queíxas contra o Govcmo chilcno, porviol:1ç1l.odosdirei1oshuma nos, no per!odo entre os anos 73c90 (Govcrno Pinochct), scm quescj:1111 mcncionadososabusosqueosma rxi s1asco mct eram noperíodoimedialamenteanterior. R=handoqucnaopreten dejus1ificarncnhumaviolaçi'lo de direitos humanos. qualquer que tenha sido o autor. a TFP faznotar,entretamo,queacom· paído prClíidcncial beneficia apenas ··aqueles que quiseram imporaoChilcumrcgi mcintrin sccamcmcpcrvcrso·· Enquanto dispcnsa uma sis1crni\ticahostili dadc âquclc~quc f)Odcm ter cometido abuso~ na deresa da pátria, aocortar o passo ao avançado proce~so de cornunis1izaçi'lo. ~disparidade de critérios para julgar o comu nismo e o

anticomunismo - ressalta ainda a TFP - é espcdalmcntc chocante quando se consideram os atuais clamores dos povos subjugados pela tirania soviéticano Lcs1e europeu . bem como o reconhecimento pllbli co decum pl icidadcscornoscrimcs de Moscou. por pane de mem bros do PC na lng la1crra, na França e também no próprio Chilc.Estáncslccasoodissidcnle do PC chil eno, !':.tricio Ha la.qucscdeclarouco.rcsponsàvd pclajuslificação. uo passado, do Muro de nc rl in1. Ao concluir, a TFP ch ilena assinala que, lendo o Presidente Aylwin ordenado investigações sobre os acontecimentos dL-corrcmcs do regime insti1uídoc111 1973, o minimode coerênciaecqüidadecx lgcq uctais invcs1igaçõcs se faç~rn também sobreosfa1os-incluindoni'lo apenas os par1idos marxistas. mas1an1bé,nsctoresdc''csqucrda católica" e da Democracia Cristã-quctornaramindispcnsàvclaquelain1crvcnçàomili1ar.

Canto Gregoriano e palestra para estudantes SA NTIAGO - Na sede principal da Sociedade Chilena de Defesa da Tradiçao, Família e Propriedade, cerca de 70 cs111dan1csunivcrsit.\riosesecuudáriosparticiparamduran 1e a Semana Sa nt a de uma série de p..lcs1ras e círculos de estudos& formaç.!io doutrinária. Cormou também do programa a apresemaçào de urn recital de Can10 Gregoriano, aberto ao pi,blico, na Basilica do Sanlissi mo Sacramemo. a cargo do Coral de jovens da TFP, com nllrncros alusivos à Semana Santa. Na foto. alguns dos partídpantcs da programaçi'loda TFP chilcna.

Também a esquerda deve ser investigada SANTIAGO - A T FP chilena formulou co ntundente intcrpelaçi'ioaopresidcmcAylwin, cmrnanifostopublic-.idocrnseca:o livre no jornal "El Mcrcurio". Aylwin havia provocado desconccrtoemvariatlossctorcs CATOLICISMO -Julho 1990 -

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Nossa Senhora Porta da Aurora, libertai a Lituânia! N?t!t

daS~nuhr~~:! Título altamente evocativo da Padroeira da Lituânia. Porta da Aurora : é Aq ue la através da qual vem o Sol. Que mag nífica alusão à Maternidade divinal O Sol do gênero hu· mano é Nosso Senhor

Jes us Cristo,

Ho-

me m-Deus. A porta pela qual Ele veio à Terra é Nossa Senhora. A aurora formouse nEla, sendo a noite de Natal uma noite de aurora. E não há nenhum d ia, no ano inteiro, em que a luz seja tão intensa para as almas quanto a noite de Natal. Voltemo-nos, pois, a Nossa Senhora, Por-

ta da Aurora, e roguemos-Lhe que proteja e liberte das garras do comunismo soviéti-

co a nobre nação que A cultua com o titulo glorioso de Porta da Aurora. E que essa intervenção marial seja o primeiro passo na caminhad a rumo à Civilização Cristã, ao Rei· no de Maria, predito por Nossa Senhora em Fátima. Emtx>ra o Cristianismo já tivesse sido introduzi· do na Lituânia no século XIII, a verdadeira Fé enraizou-se nessa nação báltica a partir de 1386, ano em

!~~~:~

~~\!e~dsa°J>ee~a;tr~J:~~~~;::d~~:i~;s~~i com a herdeira do trono da Polônia, a princesa Edwiges, logaila - que recebeu no batismo o nome de Ladislau - tornou-se o monarca de um reino polonês-lituano. A Religião católica difundiu-se vigorosamente por ten as lituanas, sendo fortalecid a pelo exemplo das vir·

tudes, e depois pelos milagres de um gran· de Santo, o príncipe Casimiro, herdeiro do trono polonês-lituano e neto do rei Ladislau . O príncipe Casimiro votava terna devoção à Santíssima Vir• gem, tendo por hábito rezar diariamente um dos mais belos can· tos medievais dedicados à Mãe de Deus: o hino "Omni d ie dic Maria" (Minha alma dirija, cada dia, um canto a Maria). Esse hino foi encontrado no ataúde do santo príncipe junto à sua cabeça, tendo sido ali depositado a seu pedido. No primeiro livro de hinos sacros em lituano, o "Omni die dic Maria" é intitulado "O canto de São Casimiro". Há nesse cântico uma série magnífica de invocações a Nossa Senhora, como esta: "Gamo por Ela, pois sei que Ela vai poder me ajudar, para lutar e resistir, o que é nocivo repelir". Na segunda década do século XVI, aproximadamente 40 anos após a morte de São Casimiro, edificaram-se altas muralhas e fortificações em torno à capital lituana, Vilnius. Na porta da cidade, do lado sudeste, de nominada Porta da Aurora, foi colocado um quadro da Mãe de Deus - cuja cópia figura nesta página - como a seguinte invocação: " Mãe de Misericórdia, tua proteção buscamos". Vilnius, a partir de então, passou a suplicar a proteção da Padroeira Nacional, a Mãe da Misericórdia da Porta da Aurora. E continuou a invocar também a inten:essão de São Casimiro, cujos despojos repou· saram inicialmente na Catedral, sendo trasladados posteriormente para a igreja de São Pedro e São Paulo, na capital lituana.


,

Africa do Sul ameaรงada


Discernindo.

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distinguindo. c lassificando ...

SONO,' O GRANDE PECADO E ~ci~a~~~~i~~~i:t ;~~~

rioso cs plritodcsonolênciaque fczcvancscer·seOvigordasvirtu · des. Estas, ao amolecerem, se desvirtuaram . Assim, passou.se a entender por caridade um scnliment alis. mo balofo que sc oonlen1a va cm ajudar os pobres - obra cm si meritória - e fechava os olhos à invasão do mal: por Rum a par· valhamcntoelimitaçllodeespiri· to que acreditava nos dogmas apenas por comodidad e, e nllo pelasaltasrazõespc lasquaissc devecrer.cporissonllo tevanta· conven to cm hotel" - consevaasvistasparaosa mpl os hori· guiu da policia que interrogasse zontesdafé,comrncdodasrealiasfrci raS,mllll nãoobtevea a nu dadcs com plexas e dos proble. lação do contrato de venda da masdificcisdcresolvcr:porespe. fortclcza. Diga-se de passagem rança uma preguiçosa inação. que as custosa.oi obrasdcar1ccsquecruiavaosbraçosdizcndo 1ão desaparecid as. COflfiarnaProvidência,nadaemÉ .só um exemplo. Escânda prcendendode grande pela San· los como este vão se tomando talgrcjaeacivili zaçllocristã. rotina desde o advento do proEm conseqüência, todas M de· grcJSismo no interior da Igreja. mais virtudes foram profundaE sem que se ten ha notícia de mente afetadas pelo mesmo mal. medidas can ôni cas eficazes paA partir desse momcmo as ra puniros·cu lpados. Enquanto portasdalgrcja ficaram abertas issoa lgreja parcceiràderiva. para a penc1raçll.o do inimigo. Como se chegou a tai si tuação? A sonolência cm matériarcligio· Dou trinariame11te,oprogressacornoupesadasaspãtpcbras sis mo católico tem suas raízes dos que deveriam defender o nahercsiamodcrnis1a,condcnaTemplo de Deus (11 ão viram o da no inicio deste Sttuto por sao in imigo),desfibradMsuasalmas PKI X, e cstà ligado, mais remo. 5Ao Domingos preside â queima de livros heréticos (nãoodiaramomal)escus bra· tame11te, à li11hagem das heresias (Borruguete, séc. XV) - A Igreja vigiava para evitar ços penderam ao longo do cor· pauperis1as e igualitãrias do me- a penetraçlo de erros em suas fileiras posem forças para lutar. O pro· dievo, os câtaros e albigcnsa gressismo, vendo campo livre por exemplo. Poderíamos ainda remon- ra preferiria não ser incomodada em diante de si, 11ão se fez de rogado e petar até o principio da Criaçào, onde en• suas prãticas religiosas habituais e roti · netrou até no Santuário. Primeiro por con1rarlamos11ao rigem "aquela antiga neiras, mas no tota l sem oposição eficaz, meio de uma infiltração disfarçada e scrpente,q ucscc hamaodcmônio eSa· nnll.oscrta lveza dainércia. cautelosa, porém cresce nte. Depois, pc· tanás, que sed uz todo o mundo" (Ap. Ent ão, a pergunta terrlvcl é: o que la invasãodcbandada,lcvando1udodc 12,9),comscuigualitário''não.servirei''. sepassou co mosbons, para cm deter- roldão:doutrina,lilurgia, leis, trad ições, Porém, não sei se o leitor já se pôs minado momento cessarem a luta e 00· costumes. Estamos nisso. o se1ui nt e problema: Quer na Idade meçarem a convi ver !ietll repulsa com o São LulsGrigniondeMontfort(séc. MMia, quer no inicio de nosso século, erro e o pecado, sofrendo·lhe todiu as XV III ), em sua "Oração Abrasada", osprecursoresdoprogrcssismonãooon· innuências, e adap1ando·sc pouco a pou· assim viu profeticarnente a ~ituação a seguiram tomar de assalto a cidadela coa ele? Não se convenceram do erro, queficariareduzidaaSanta lgreja:"Vos. da Igreja, tendo sido rechaçados. l·loje cederam ante ele. Porquf? sadivina fé é transgredida, vossoEvan· cm dia, entreta11 to. ele invadiu como gelhodesprezado .... vossos.amuárioé um mar de lama praticamente todos os profanado e a abominação entrou até recantos do Templo Sagrado. E sem nolugarsanto"(in "Tratado da Verda· que se possa afir mar que a maioria dos O problema assim posto resva la do deira Devoção à San1lssima Virgem", ca1ólicosncouco nvictamenteprogressis• campo doutrinário para o psicológico. Vozes, Petrópolis, 12' edição, 1983). ta -poisseriaevidententc falso - o De raio, não consegu indo vencer o bem Etu,quelarnentasesiasituação,"co· certo é que muitíss imos se acomodaram cmsuacidadcla,comargu mentos,oi ni· motedcixasacabrunharauim pclo sO· àlnvasãoeocupaçãoda Igreja, e vivem mi go empreendeu con tra os fiéis uma no? Lcvanta· tc, invoca o teu Deus, a ao lados dos progressistas quase com batalhadcoutrotipo:umagucrrapsico- ver !iC porventura se lembra de nós e naturalidade.Comcertoconstrangirnen• lógica para amolecê•los e tirar -lhes a nos livra da morte" (Jonas l, 6). to, é ve rdade, pois tal maioria ainda ago- vontade detutar. lnjetou-lhesummiste• C.A.

vento numa velha fortaleza medieval, ornamentada com obras de ami, resolveram vendê-la sem dar 5111 isía,;ão ao Bisp0 local. Com o dinheiro "alugaram um MeTcedes, Benipor IIOmildólarescfugirampara osuldaFrança,ondccompraramcavalos dc corrida e um imponente castelo" ("O Estado de S. Paulo", 22-3-90). O Prelado - também "cm luta co ntra outra Madre Superiora q ue transformou se u

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CAT OL IC ISMO -

Agosto 1990


~AfOUCli§MO SUMÁRIO CAMPANHA

~f;~º ~~"{~!:~ne~;ºi!~~;~ ~~i!evTFP,c~mru~ª~tfWºd~ raís

20 países em favor daquele bál1;ro - a qual vem obtendo êXItocres-

~:n~d; dos'üroªa~ ~s=~~~t~ ........................ 4 INltRNACIONAL Sublima-se a luta violenta do subversivo sul-africano Nelson Mandela, tTansformando-o em "mártir",

f:ãa0depo~8~~~~~~b~~~~:

dentaÚan,;ar o novo mito no cenário internacional 9 TELEX RURAL As len'as de um estran(l:t'Íro bene,..

méri~ - ~utor de expenência agrícol:i pioneira no cerrado do Centro-

~esle brasileiro - desapropriadas injustamente, transformam-se num ll$$enlamento fracassado, autênticofavelamentorural ........ 12

NOSSA CAPA O famoso piro de CathKim, rom seu to-

po plano - um do, mais elevados da cadeia montanhosa de Drakenberg -

=~fo'Su1º maiscaracteil1;ti-

"CATOLICISMO" ~ IWnl publkaçlo mcns.al daEmi-aaPadr~lld:hiordcPontcs Luta Oiftlor.PDOCorrhd<llrilof",ll,o

= T ~ ! ~ ~ ; Tauba,J,i - Rq,,111, ltr4oçl,o:Rm M>r1i'"F"ncioto,665-0lZ26 -Slo Paulo, SP I Rua S... d< ~embro. 202 - :moo -

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ELSON MANDELA foi qualificado pela mfdUl, ati! sua liberlação ocorrida em março deste ano, como "o mais famoso preso político do mundo". Famoso, ele sem dúvida o é, embora seu renome seja perfeitamente artificia l e decorra de uma manipulação publicitária. A fraude começa jil no qualificativo de "pre~o político" que se lhe atribuiu. Na verdade, trata-sede um sedicioso sul-africano, preso quando comandava operações de terrorismo marxista em sua pátria, logo após ter recebido trcinamento militar na Argi!lia ... Orquestração bem articulada de porte internacional vem apresentando Mandela como uma esptcie de redentor dos negros sul-africanos - o que ele estã bem longe de ser De fato, o movimento de Mandela, o Congresso Nacional Africano (CNA), foi dominado hã 30 anos pelo Partido Comunista da África do Sul, do qual transformou-se em or• ganii:ação auxiliar e braço armado. A maioria de seus dirigentes o são também do PC sul-africano, e sua subservifncia aos russos chega a eKtremos grotescos. Por aemplo, o presidenle do CNA, Oliver Tambo, chegou a afirmar que a invasão sovittica no Afeaa· nistão "salvou a democracia" naquele pais: a mulher de Mandela, Winnie, declarou cm 1986 que o regime de opressão c miséria - o que é reconhecido hoje ati! por altos dirigentes russos - imperante na "terra dos Soviéticos" era "um sonho que se tornou rcali• dade" ... E enquanto o próprio Mandela escreveu que "sob um Governo do Partido Comunista a África do Sul tornar-se-ã a terra do leite e do mel", ou que "a Causa do Comunismo é a maior Causa na História da Hum anidade", seu comparsa Tambo propõe para seu pais a ''sociedade sem classes" ,e com vistas a atingi-la, a "guerra revolucionãria".

Curiosamente, o Mandela-show (ver pãgina 9) reualta toda a import!i.ncia do combate ideológico anticomunista nos meios católicos, como o trava a TFP sul·africana. Com efeito, à freme dessa promoção internacional em íavor de Mandela figuram, em primeiríssimo lugar, setores edesiãsticm ca1ólioos e protestantes da África do Su_l, da Europa e da América do Norte, tais como a Conferencia dos Bispos Católicos da África Austral, o Con~lho Sul-africano das Igrejas (entidade protestante), e organismos dependentes dos Episcopados católicm da Alemanha, França, Inglaterra, bem como do Conselho Mundial das Igrejas, da Liga Luterana Mundial, etc. O dinheiro injetado conjuntamente por tais órgãos na campanha pró-CNA e pró-Mandela. nos últimos dez anos, supera folgadamente IOOmilhõesdedólares Na verdade, sem esses apoios eclesiásticos o prestígio do CNA e do marxismo seria raqultioo. Por outro lado, à medidaquetaisapoiossetornam notórios, cresce o repúdio dosfiéis católicoscdasbasesprotestantessul-africanas-inclusivencgras-aessecngajamento pró-marxista de lideres religiosos. Isto tem particular importância no caso dos católicos: embora minoritãrios na África do Sul (8,6~ da população), a Igreja CatÓ· lica é a maior do país. Isto se deve ao fato de estar a maioria protestante - inclusive a confissão calvi nista, que congrega mais de 25"9 da população - fragmentada em mais deduasmitdenominações

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P1ro-..laaça.mdoffçol........,_,,,.,...,,.,.. -omdoreço ..i t o . A ~ r d a t m • .................... pode ... m>ildliGtmlâa ~ ~ : : ; - ' 6 j - 01llii-Slo,_,SI'

Nesse contelltO lorna-se claro o papel<have desempenhado pela TFP sul-africana enquanto movimento católico anticomunista. As recentes Cartas Abertas da entidade dirigidas aos bispos católicos da nação (ver Catolicismo n~ 475, julho de 1990, p. 27) tiveram o efeito salutar de acentuar a crescent e rcsistSncia da população aos eclesiãsticos prómarxistas. E elas comprovaram também um fato: se a opinião pública do pais for infen• sa ã pregaçao desses religio505 esquerdistas, não havcrã show publicitãrio, mesmo espectacular e custoso, que consiga impor à África do Sul o "sistema socialista" almejado por Mandela e o CNA.

CATOLICISMO -

Agosw 1990 -

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LITUÂNIA

Opressão soviética, independência ameaçada

Esmagada pelo bloqueio soviético e abandonada pelo Ocidente, a Lituânia cedeu à imposição de Gorbachev e congelou sua

independência - o que representa o prolongamento, por tempo indefinido, do infame pacto Ribbentrop·Molotov

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000 APÓS, d«l.,,çA, d< indcpcndfncia da LituAnia, cm 1 l de março último, o rcgimc._do Kremlin iniciou um.• pollt1ca de pressões sobre aquele pais. A LSdc março, o Parlamento da URSS conSlderou ilcgal a ata dc independ!ncta. Uma semana depois, cdificiospúblicosdcVilnius,capital dopais, foram ocupados por tropas sovitticas, bem como o pr&lio onde funcionam os principais jornais lituanos. Posteriormente, os dirigentes moscovitas impuSCTam à valoro58 nação báltic;a um bloqueio cconõmioo, com o corte do fornecimento de petróleo

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CATOLIC ISMO -

Agosto 1990

No fim de abril, Gorbachev procurou mascararsuaspressõcsmedianteumter• mo enganoso: "congelamento" , A proposta russa consistia cm que a independência fosse "congelada", ficando esta semcfeitodurantedoisoutrêsanos. Terminado esse prazo, a Litu!lnia poderia entrar em negociações com Moscou, 1endocm vista o reconhecimen1odesua independência Na realidade, tal promessa é ilusória, pois, durante o praw em que o pais báltico permanecer sob a dominação soviética, os comunistas poderão instalar tropas em quantidade no território lituano. E transcorridososdoisoutrêsanos, aquela nação escravizada dificilmente poderá manifestar

seu desejo de tornar-se independente sem seexporadurasreprcstilias Em 26 de junho, Gorbachev intensificou sua pressão, chamando a Moscou o presidente li1Uano Vytautas Landsbergis para propor-lhe a suspensão dos cíeitos da declaração de independência. Landsbergis, queviajou emcompanhia da chcfede governo lituano, Ka:cimiera Prunskicne, voltou a VilniusecomunicouaoParlamen10 a Falaciosa "suges1ão" de Gorbachev. E no dia 29 d ejunho, o Legis lativo da naçãobálticaaceitou-amedianteumavotação de 69 votos a favor e 35 contra. O texto da declaração do Parlamenlo estabelece uma morntória de 100 dias, suspendendo osefeitosdaindependência,aqualpassarâ avigorarquandoforeminiciadasas negociações entre Moscou e Vi lnius. E amesma declaração esclarece que a "moratória automaticamente deixará de ser válida" se oLegislativolituanolicar impedidodecontimiar normalmentesuas funções. No dia 1~ de julho, foi suspenso o bloqueio econômico imposto pelo reiime moscovita aos lituanos. Dois dias depois, o primei ro-ministro sovi~tico, Nico lai Ri1.hkov, começouaquebrarccrtootimismodealgumas autoridade5 lituanas, declarando que a moratória de 100 dias seria "suficiente apena5para resolver questões de principio entre as duas parles". O mesmo Rithkov, no dia 7 de julho, resp0ndendo a indagaçõesdedelegadospresentesao280Congres~o do PCUS, arra11oou a máscara de uma aparentedistenslloqueGorbachev afivelara ao rosto. Deve ter sido uma ducha de 6guafria.paraccrtoslituanosespcranço.. sosnaílexibilidade moscovita,adeclaração dodirigenterussodequeaindcpendência "1erãqueseajus1arestritamcnteàlei sovit ticade secessão". Esta supõe: l ) um plebiscito, em que dois terços da população litu~adever6aprovaraseccssão;2)aprovaçto desta também pelo Soviete Supremo; J) uma série de medidas de compensação à URSS: 4) e um prazo de transição de cinco anos. Como Fica claro, o "acordo" russo-lituano é fruto de uma imposição. 1: o acordo do leão com o cordeiro. Em nossa edição anterior, jti accntuamosquantotdesconccrtanteedébilaatitu-


Cisão na URSS pode favorecer Independência lituana "NO MOMENTO em que se define espetacularmente a cisão liderada por Yeltsin no PC da União Soviética, hábeis diplomatas da Lituânia podem dela tirar largo proveito", declarou à imprensa o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conse-

lho Nacional daTFP E prosseguiu "Vem juntar-se a essa divisão no PC, outro fator altamente favorável à causa lituana: nos cinco oontinentes, as TFPs já obtiveram 2 milhões e 600 mil assinaturas contra a opressão soviética, caminhando tal avalanche rapídameme para muitos outros milhões. Peço a Deus que essa soma de circunstâncias ajude o valoroso povo lituano a romper por fim os seus grilhões" "Daqui para a frente - acentuou o insigne pensador católico - assistiremos a um fortalecimento da independência lituana, se efetivamente os chamados reformistas do PC emprestarem seu apoio a essa causa. Ou, pelo contrário, prosseguirá a dominação da União Soviética sobre a Lituânia, iniciada em 1940, i,e esta cisão for um fenômeno de superficie, embora com vistosos efeitos publicitários".

Estandartes tremulam pela "Terra de Maria" Ao longo dos últimos dois meses, os estandartes rubros da Tradição, Familia e Propriedade tremularam nas ruas e praças das principais cidades do Pals, suscitando por toda a parte manifestações de simpatia, aplauso, e sobretudo adesão do público ao grande abaixo-assinado pela independência da Lituânia ThndoatingidoinicialmentecapitaisdeEstadosccidadesimportantes do território nacional, a campanha se desdobrou depois com a atuação de seis caravanas de sócios e cooperadores da TFP, que se dcsló<:aram a diversas rcgiõesdoin1erior do País. A coleta de assinaturas contou ainda com a calorosa participação de correspondentes da TFP e seus familiareS, que dedicaram a esse trabalho seu tempo livre

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A gosto 1990 -

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de assumida pelas potências ocidentais, que abandonaraminteiramenteaLituãniaàsua sorte, a fim de não se indisporem com Gorbachev e tentar ampará -lo em sua instàvel posição interna na Rússia Gorbachcv,comacxigênciadçcongelamento da independência lituana, de fato mantém, por tempo indefinido, a vigência do pacto Ribbentrop-Molotov, que criou as condições para a invasão do pais báltico pelas tropas soviéticas, em 1940, com apoio tácito dos naóstas Talpactofoigeralmentequalificadocomo uma infâmia, naquela época. E até hoje, no Ocidente, continua ele a ser assim reputado Não é pasmoso, portanto, que potências ocidentais, em nossos dias, se associem à sinistra política do presidente soviético, tendente a sustentar os efeitos de um pacto celebrado com Hitler hã 50 anos, que permitiuaqucdadcum paíslivresobojugocomun·sta.

Diante desse doloroso quadro, que significado assume a campanha movida cm favor da independência da Lituânia pelas 21 TFPse Bureaux-TFP? Tal iniciativa passa a simbolizar o protesto dos infelizes e valorosos lituanos que não podem protestar,ogemidodaquclesaquem não se reconhece nem mesmo o direito de gemer Em todas as partes do mundo onde se descnvolveacampanha,esiapassarãaser oprotesioeogemidodoslituanosesmagados

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CATOLICl!:>MO -

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Difunde-se pelo mundo campanha das TFPs Assinaturas (55 dias de campanha) B R A S I L - - - - - 2.074.534 DEMAIS PAÍSES ------·-········ 1.215. 181 T O T A L - - - - - 3.289.715

OR INICIATIVA das demais TFPs coim~ãs da brasileira e Bureaux-TFP_ - ex1s!cntesem2lnaçõcs - anàlo gacampanhafoiencctada_nos seguintes países: Africa do Sul, Argentma, Austrãha, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, Estados Unidos, Filipinas,França,ltália,Pcru,Portuga!, Uruguai A tímlo de amostragem, eis algumas dasrcpcrcussõesdecampanhanostrêspaísesqucobtivcrammaiornllmerodcassina· mras, segundo informações chegadas à TFP brasileira

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ESTADOS UNIDOS - A campanha, com estandartes, fanfarraefaixastevcinicionodia31 de maio, na Quinta Avenida, rcgilloccntral de Nova York. Pcssoasprocedentesdasmaisdivcrsasregiõesdomun· do, que habitualmcme por aí transitam, eram solicitadas a assinar, aproveitando

r:s::,

:u~=s i~7~~:ti~:C1t~º e:~ia;x;r:~7~: de uma jovem senhora, recém-chegada da Lituãnia,quecomcntou: "OsSrs. nllo fa. zem idéia do boicote russo e do racionamemo de gêneros por lá". Ou ainda, de uma repórter da Rádio Europa Livre que solicitouaospropagandistasquercpctissem a proclamaçllodcs/ogans,afimdequeela pudesse gravá·los para serem transmitidos posteriormente por aquela emissora. "Mui· tas pessoas do Leste, ao tomarem conheci· mentodacampanha,ficarãomuitoagradccidasaosSen h ores",acrcsccntou Tendo o Parlamento lituano votado a moratória de lOOdias, paraoiniciodcconversações com os soviéticos, a fimdccxa· minarem a efetivação da independência, houve quem pensasse ter o abaixo.assina· do das TFPs perdido sua razão de ser


Em Nova York, a reportagem da impor tantc televisão CBS entrevistou a esse respeito o presidente da TFP norte-americana, Sr. Raymond Drake, que se encontravaemcampanhaderua, no centro da cidade. Eis sua incisiva resposta, que foi trans mitida numa emiss!lo da noite, junto com as noticias procedentes de Vilnius: "Agora é preciso redobrar nossos esforços, pois ficou provado que as pressões do Kremlin foram grandes" ESPANHA - Na movimentada Plaza delSol,asopiniõesscmanifestavamclaramente ante o apelo de TFP -Covadonga em prol da liberdade lituana. Pessoas do público aderiam com simpatia, e de vez emquandoobservava-seumamanifestação contrária. "Isso vai desintegrar a União :oviética",afirmou um senhor de tendência esquerdista, recusando-se a subscrever otcxtodoabai:<o-assinado

Religiosas contemplativa~ da Ordem dasJerônimas,encontrando-secxcepcionalmente na rua por motivo de viagem, e já estandoapardaatuaçãodeTFP-Covadonga através de publicações, subscreveram a mensagem. A Madre Superiora e:<ternou sua preocupação ante a nova roupagem que o comunismo está tomando, capaz de iludiratémcsmomuitoscatólicos . Um jovem jardineiro, neto de lituanos, n· penas ass·nou ote:<todoaba":<o-ass· nado, como também pediu folhetos da campanha para remeté-los a seus parentes residentesnaLituâJlia.Curiosamente,suadecisãoderesidir na Espanhadeu-se quando, tempos atràs, residia na Polônia e ouviu pelaprimeiravezmúsicastípicascspanholas COLôMBIA - Vários problemas aíli gem afundo este pais, como o terrorismo e o tráfico de drogas. Entretanto, seu po-

vo nem por isso dei:<ou de dar caloroso apoio moral ao povo lituano Uma jovem senhora comentou que, tcndo paren1es residentes na Lit11ãnia, recebe dclescorrespond-nc·acomccrtafreq ·· ·nc·a Notouelaque,hãalgumtempo,seusparentes têm riscado a inscrição "LituâniaURSS" existente nos selos, substituindo-a por "Lituânia Livre". Ficou de escreverlhes informando-osdacampanhadeabaixo-assinado promovida pela TFPem favor da liberdade daquela nação Um sacerdote dirigia-se ao correio, levando uma carta de elogio e solidariedade dirigida ao PrcsidentedaTFPcolombiana, quandodeparoucomacampanha.Subscreveu entãoote:<to doabai:<oassinado. Muitas pessoas dispensam e:<plicaçôes dos coletores deassinaturas,pelofatode jã!eremouvidopelorádioentrevistaseno· tíciassobreacampanhada TFP

"Mas issoécontraocomunismo",e:<plicouocoletordeassinaturas auma senhora. Esta respondeu: "Mas por isso mesmo!". Assinou, edissequeerarussa,tendosaidodcsuapátriahãtrêsmescs. Felicitou efusivamente a TFP pela realização da campanha - Um estrangeiro passou pela campa nhaeleuatentamenteocartaz. Ao ser interrogado, disse quepertenciaàembainda soviética. Afirmou que não queria assinar, e perguntou ao cooperador se conhecia a localização geográfica da Li1uãnia. Aose lhe dar resposta afirmativa,ele contestou: "Precisamente por isso é que não se pode conceder a independência a essa naç3.o". Como se o fato de um pais estar colocado numa posiçàoestratégica,justificasse que e!e fosse escravizado por outro mais poderoso. Assim raciocinam os comunistas! CATOLICISMO -

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PETRÓLEO

Monopólio, Lá & Cá ENQUANTO o próprio governo soviético já admite empresas multinacionais para prospecção e exploração de petróleo, os constituintes brasileiros - influenciados pela esquerda petrificada, de linha "albanesa", e por reformistas, defensores de Gorbachev - fecharam essa possibilidade para nossa pátria

produção. A Elf dividirá com os soviécicos opctrólcoqucencomrarembasepercentual a ser definida". Os obstáculos da Elfnão sãopcquenos:"aregiãoércmota,declima adverso e, possivelmente, o petróleo contém enxofre corrosivo, tornando custosa a pcsquisaetransportc",etc. Percebendo o interesse especial das

cornpanh.iasestrangeirasernseustcrritórios virgens,aRússia,''comoprcçode:idmissão, podcráforçarascompanhiasadiversificarem os investimentos, inclusive na melhorados atuais campos petrollFeros", com lucros menores para as empresas. Este é o quadro descrito pela revista A Rússia espera assim auFcrir grandes beneFícios da exploração petrolífera por empresas multinacionais. Estas sabem o risco que correm, pela na1ureza aleaiória dasexploraçõesc,sobretudo,p0rqucas ~~~~;-~~ podem cessar de uma hora para

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Técnicas norte.americanos visitam uma plataforma petrolífera russa no mar

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S COMPANHIAS petrolíferas do mundo inteir.o .. dur~nte anos, cobiçaram as imensas Jazidas de petróleo da Ru ss1a. Apesar de apontado como o segundo maior produtor mundial, aquele pais está tentando desesperadamente obter moeda forte para venccr suasenormesdificuldades.Paraisso, viu-se o regime moscovita forçado a adm itir companhias escrangeiras na prospecção e exploraçãodehidrocarbonctos,àsquais, segundodizem,elepermitiràconsiderável controle acionário. Deacordocomarevistanorte-americana ''BusinessWcek''dell -6-90,taismudanças 8 -

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se devem a "ineficiências nos métodos de extraçâo,equipamentosdefeituosos,carência de tecnologias avançadas". Além de, é óbvio,faltarcapital. "A partir de 23 de maio, a Société Nationale EIF-Aquitaine, francesa, obteve odireitodeprospecçãonumaárcade35 mil quilômetros quadrados cm águas ao norte do mar Cáspio. A norte-americana Chevron Corp. poderá assinar em breve contrato reFerente ao grande campo de Koralev, no oeste do Kaiaquistão". Outras companhias poderão seguir tais exemplos. " No caso da E lf", informa a "BusinessWeek", "a companhia reterá o contro le da exploração, investimento e

BRASIL, há alguns anos, deu um tlmido passo em sentido análogo. Entretanto, a nova Constituiçãovetouatéisto,pois, o artigo 177 reserva à União o monopólio pctrolifero,apcsquisa,lavraetc. É curioso que so~iéticos "aggiornati" se aproveitem do capital estrangeiro sem abrir mão da propriedade estatal. E chama a atenção que esquerdistas nacionais alguns"duros"delinha"albancsa",outros entusiastas das propaladas "reformas" de Gorbachev - tenham cometido o disparate de impedir a empresas privadas, multinacionais ou nacionais, a pesquisa e a exploração do "ouro negro".

A quem favorece tal restrição? Ao Brasil? Na crise atual, Faz sen tido, prezado leitor. manter os privilégios da Petrobrás? Quais serão os responsáveis pdo atraso para dizer só isto - dai decorrente? Os esquerdistas nacionais, quando aplaudem aprctcnsa''abcrtura''naRússiaeimpedem aquiosaudàveldcs.abrochardainiciativa privada, o que pretendem na verdade? A que interesses servem?


A bandeira do Partido Comunista Sul-africano figura em lugar de destaque num ~::,[~~:,~ ANC. dirigido por Mandela

Nelson Mandela

A exaltação de um mito Hábil manipulação publicitária projeta a imagem mitificada do chefe de um movimento marxista armado à categoria de estadista no cenário internacional S SPOT-LIGHTS da mass media pu.seramemevidêndaum sub_versivo agora elevado à categoria de mito. Os poHlioos abriram-lhe os braços e disputarama"honra"deseremfotografados a seu lado. Pouco importa aos defensores dos chamados "direitos humanos" que Nelson Mandela, o disciplinado membro do Congresso Nacional Africano (CNA] - movimento que se autodefine como "irmão-siamês" do Partido comunista da África do Sul e por este transformado em seu braço armado - seja um revolucionário e terrorista Na verdade, chegou a hora de incensá-lo, pois servirá, talvez, de instrumen to para lançar no caos revolucionário a África do Sul, um dos últimos baluartes civilizadosenão-comunistasnocontinente africano. Para ·sto, era neeessâTo apresentar o mito Mandela no palco internacional. Os ''laboratórios''propagandístioosencarrega ram-sed·stoederam a"rece"ta" "subl'me-se" sua lma violenta, que encontrou, na oposição ao agoniiante sistema do aporlheid, um fácil pretexto; compare-se sua vida à de "santos" laicos "martirizados", tais como John e Robert Kennedy.Martin Luther King. Finalmente, arranjem-se para o mito, claques por toda parte. Certo público, aparvalhado, acreditarà piamente noshow ... Sueesso!

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Condenado à prisão perpétua, na década de 60, por chefiar a ala violenta da CNA, o autor de How to Be a Good Communist (Como ser um bom comunista), foi anistiado em fevereiro último. A partir de então, real"zouv·avnsad·versospa·sesped"ndo

dinlleíroparaalutaempm:ndida,eamanutcnç!lo,contraseu própriopais,deum blo· qucio econômico. Este, iniciado em 1986, jãcausouprejuizosdaordcmde27billlões de dólares à ÁfricadoSul,afetando principalmenteos!raballladoresnegros,dosquais dezenasdemilharesestãodcscmpregados Faz parte de cer1ossl!ows publicitários ocultar aspectos do mito que chocaria o homem da rua. Mandela, em junho passado, realizou apoteótica viagem por diversos palses da Europa, Canadá e Estados Unidos, eem todos eles foi recebido com pompas reservadas a governantes. Nestas visitas,clenãoperdeuocasiãoderessaltar seu comprometimento com a luta armada, isto é o terrorismo. A mldia, de modo geral, registrou o fato, sem repulsas ou comentários mais aprofundados.

No Vaticano

M'l1:t1c1Ht11tn1111am11

HEnbCOH MAH/lEnA Homenagem comprometedora: a Rússia lançou até selo comemorando o aniversário de Mandela

Círculos jornalistioos e pollticos de maisdeumanaçãodeploramqueosservi ços de informação do Vaticano, até hã ai. gumtcmpocélebresporsuaprccisãoelucidez, tenham provavelmcnte,deixadodeinformaraSantaSésobreváriascircunstãn ciasquecercam o obstinado tcrroristasul africano e seu movimento. Pois, de outra maneira, não conseguem esses observadoCATOLI C IS MO -

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res internacionais explicar o modo estimulante com que Mandela foi rcctbido no Palácio do Vaticano por João Paulo li , habitualmente tão preocupado com o magno problema da paz mundial Mandcla,apósaaudi!neiaque1evecom oJ>ontlfice,declarou-esuaspatavrasforam reprodul.Ídas pela mfdia internacional - que o Vigário de Cristo não se manifestara contra sua posição em matéria de luta armada.

Em Washington ---------·

J unto ao presidente norte-a mericano, George Bush, o cheíc do CNA reafirmou ser par1idário de empregar a força bruta contra o governo de sua pli.tria. Causaestranhe1.11 a resposta de Bush, também ele prt-ocupadocom a paz: "Nosso pais se solidariza com os que procuram a democracia através de meios não-v iolemos .... Mas a posição do CNA é 11ti' «r1o ponlo eomPl'ffnsivd" ("Folha dcS. Paulo'', 26-6- 1990, negrito nosso). lhá havido algum lapso por parte do presidente Bush? Pois n!io parece ser "ati' certo ponto compreensível" a terrlvel prática dos neckface, ou "colar" [ver quadro!, nem o uso de carros-bomba contraapopulaçãocivit! Além do mais, o primeiro mandatário norte-americano parece ter-se esquecido

deque,em novembro de 1988,quandovi· ' - - - - - - - - ,.:e.presidente dos EUA, assinou um doeu· mentodoPentágo no,oqual -entreou· trosmovimentos-historíaeclassificaco· mo terrorista o CNA. Na aprcsc:ntaçãodo documenlo, Bush dil.Ía: "Antes de mais nada, os Estados Unidos serão inflexíveis Pormanifonarseuapreçoaosinspiradocom os tcTroristas. Não faremos conee5· res e promotores do terrorismo internaciosõesecontinuarcmosaestimularasoutras nal - Fidel Castro, Yasscr Ararat e Muha naçôe5 a não o Faierem. Ceder ao terroris- mar Kadaf - , Mandela foi criticado. Mas mo só conduza encorajá-lo" (Tradução ita· a crítica foi suave. Tão suave que lhe perlianadooriginalinglês,publicadapelaEm- mi1irá a ob1enção do dinheirodescjado(abaixada Sul-AFricanacm Roma) pe nas com renú ncia pró-forma da luta arPortudoisto,faceaesseeorifeuda mada)e a manutenção das sançôe5 contra a África do Sul. Em Miami, aguardavam1 :~:;;i~:s~reb:~: ;rfi::;~~~~:~: ~~~~~~ no protestos de refugiados cubanos, os quais condenavam seu apoio ao lirano de tais. Os pronunciamentos de Mandela nll.o Cuba. Atitude louvável. Mas, foi só dão margem a dúvidas quanto às metas Como foi possível apresentar ao públ ide seu movimcnto,casosctornevilorioso co um partidário do terror transformado Ovacionado de pé durante ires minutos em herói, filiado, como já dissemos, ao noCongressonorte·americano pe los parla- mov imen to "irmão-siamês" do Partido comentares, representantes do governo dos munisrn e dominado por este? EstadosUnidosediptomatasprescntes,deTransbordaria dos 1imite5 deste artigo fcndcuanacionalizaçãodccmprcsasccrit i- analisar a manobra intt'Tnacional que iracou o capi1alismo diw selvagem. De acor- vestiu cm vilimas os promolores da revoludo com a "receita" ê m:ccssério favorcccr ção violcnla no Sul da África. Citemos, o mito, e assim, no pais da livre iniciativa de passagem, o documemadis~imo livro edapropriedadeprivada,aplaudem-sccs- Sou1h ~é.fl Africa/Namlbia, Dawn or tes disparates! E também outros, como o Dusk? {África Ocidental/Namlbia, Aurocirndo bloqueio econômico, prejudicial à ra ou Crepúsculo?), escrito por dois espeprópria nação norte-americana, dependen- cialistas das TFPs argentina e colombiana te de mintrios estratêgicossóencontráveis respectivamente, Alejandro Ezcurra Naón na África do Sul. e Luiz. Daniel Merizaldc (cfr. "Catolicis-

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Para não desagradar Gorbachev ... UMA NAÇÃO, subjugada pela Rússia, recebe da m(dio e govern05 ocidentais, tratamento muito diverso do dispensado a Mandela. Trata-seda LituAnia,cujadivi$11t."'lrrradl!Moria, e hâ meio skulo geme &Ob o tacão coEm 11 de março passado, proclamou cla sua indcpendencia cm rclação à Rússia, que a retaliou por meio de

pressões econômicas e potlticas {ver p4,gina4). Parece-nos oportuno apresentar um fato silenciado, de modo geral, pela grande imprensa e que manifesta bcmessaestranhaduplicidndcdetrata· mento. Trata-sedareccpçãoquearcprcscntante do governo lituano teve cm Was hi ngton ao solicitar apoio à

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A primeira ministra lituana, Kazlmlera Prunskiene

declaração de independência de seu pais. O lidimodesejodc ver a nulada a anexação de Lituânia à Rússia, de· corrente do in fame pacto Ri bbentropMolotov, teve que ser sacrificado no altar do in tocivel Gorbaehev. A primeira-ministra lituana, Kasi• miera P ru nskicne, " foi vil mc ntelratada aochegar para uma reunillo noga• binetcdo presidente Bus h. Um encontro aceito de modo reluiantc pela Casa Branca, quando esta reconheceu que uma desatenção seria politicamente danosa "Nlloaespcravambandciraslituanas, guardas de honra, e ~ucr uma escolta. De fato , não permitiram que J>runskicncc nrrasseco m scu carro nos jardins daCa~a Branca. Ex igiram que salsse do carro, most rasse um passaporte soviético e não lituano, deixaramna esperando cm pé por dez mi nutoi;, e te\'Cdccaminhar desacompan hada att a Casa Branca para KU encontro oom Bush. Tudo porque a Casa Branca nllo queria ofender Gorbac hev" {"Human Evcnts", Washing ton, 19-5- 1990)


mo"n?470,fevereirodel990),oqualdestacaopapeldall:ologiadaLibertaçãonessamudança. O terrorismo, a partir de 1983, coma explosão de um carro-bomba, visou indiscriminadamcnteapopulaçãocivil,causando então centenas de vitimas. Em 1986, deacordocomaobrasupracitada,reuniuram-se na Zâmbia a Conferência Nacional dos Bispos da África do Sul [CNBAS] e a CNA de Mandela. Nesrn ocasião, o então presidente da CNBAS classificou o terrorismo praticado pela CNA como a "res-

posta de um povo em desespero pelo .. sistema político que tem urna capacidade intrinsecadegerarviolência".Querdizer, oregimeemsiéquegerariaoterrorismo, scmaparticipaçllodeMoscounasuaproduçllo.Ostcrroriscasseriam,assim,"inoccmesvitímas" da suposta forma de violência produzida por um "sistcmapolítico'',enãoteriamnenhumaresponsabílidade moral pelos seus crimes. Eis uma "explicação" no melhor estilo dialético-marxista,caractcristícadoseclcsiãsticos"liberacionistas".

Tulprincipíoabsurdopermitiriaaqualquerumaprãticadecrimcs,recaindoaculpa no regime político ... Mas esta regra só parece válida em regimes não-<:amunistas. Tratando-sede reivindicaçãojusta - asda pequena e heróica Lituânia, por exemplo - estasdeveriamserrejeitadas. Porquê? Sua luta pela independência ameaçaria(!) as bem amadas estruturas do Kremlin, e a intocabitidadedeouirohomem-mito,Gorbachev. Éprccisonãoprovocaroursoverme!ho para não perturbarapaxsoviética ... lt MANSUR GU~RIOS

==---,::,um,

vflimado

O terrível "necklace" ENTRE AS FORMAS de violência adotadas no CNA pelos tcrroris1as sequazcsdeMandclaháo"nccklacc''("colar"). Ttata-se de um pneu colocado em torno do pescoço ou dorso da vltima, embebido em combustivel no qual se ateia fogo. Tim N8Ubane (•), portavoz do CNA, falando na Universidade do Estado da Califórnia, declarou: "Nós queremos tornar a morte dos colaboracionistas (nome com o qual o CNA designa seus adversários] 1ãogrotescaquc ninguém mais pense nisso", ou seja, que ninguém mais pense em opor-se ao CNA ... Essa prálica continua em vigor, ao contrário do que se poderia pensar. Em "13 de abril último, um homem foi queimadoatéamortecomo 'colar' na densamente habitada Hillbrow, centro deJohannesburg". E entre "17e 18 de abril passado, só no dis1ri10 de Port Shepstone, dnco negros foram 'necklaccd."'. Uma "menina de 9 anos e um menino de 14 anos" estavam entre as vitimas("UCANews'', Prctória,23--4-90). Aliás,talformamacabrade1errorismo foi endossada em 1986pelaprópriamulher do chefe do CNA, Winnie Mande· la,duran1ecomícin num estádio dcSoweto, em Johannesburg.

•·necklace"

("colar")

"Infelizmente é verdade que algumas dessas pessoas (seis homens, duas mulhereseduascrianças]quees1lloacionando ajustiça, foram de falo torturados, disse Mandela. Deu a entender que isto havia cessado e disse que o grupo se opunha àtonura. "Mas alguns dissidentes, refugiados no Quênia, afirmaram a continuação do abuso e que pelo menos 120pessoas estão ainda detidas pelo CNA em Uganda e Angola. Numa carta aberta pedem a Mandela que abra um inquérito. Os que regressaram à África do Sul disseramestarprcparandoumrclatóriodeta\hado das sevicias" ("The New York Times",25-4-1990).

Vlol6ncla e barbárie: contra allados ...

. .. e até na casa de Mandela

Porém, não só adversários padecem perseguição. O CNA, nas suas próprias lileirasprendeetortura.Opróprio''Nelson Mandeta, em declarações àimprcnsa, quando partia para a Inglaterra cm 14 de abril passado, admitiu que o Congresso Nacional Africano maltratou aiguns de seus membros, mas disse que os responsáveis foram afastados.

Pior,aprópriamulherdeMandela, Winnie - informa cm longo artigo o conceituado semanário "Human Events", Washington, de 19-S-90 mantinha em sua propriedade um grupode guarda-costas, os quais, em fins del988,raptaramquatromeninoslcvando-osparaumanexoàcasadeMandela. Lá, segundo um dos torturados, Ken-

neth Kgase, Winnie chicoteou-os. Depois "mandou que lhes extorquissem umaconfissão''.JerryYusiMusiRichard. son,chefedoserviçodesegurança,comandou a tortura e morte do meníno JamcsMocktsiSeipei,dc l4anos,pelo que foi condenado. "N~lson Mandela acusouotribunaldcconduzirojulgamentodetalformaquesuamu!hcrcorreoriscodeserenvotvidanumprocesso"("OEstadodeS. Paulo", 26-5-90). Certamídia,ávidaemdenunciarviolações dos díreitos humanos, e pretcnsos"direitos"deanimaiseatédevegetais,senoticiafatosdessegênero,comumente não lhes dá o realce devido. E, quando o faz, procura freqüentemente apresentá-los como frutodas"estrutu· rasinjustas". Serialon8u[ssimaalistadefatos"até certo ponto compreensíveis" instigados e praticados pelos terroristas do CNA de Nelson Mandela. (•) Tim Ngubane, representante do CNA nosEstadosUnidos,declaraçõesnaUniversidadc do Estado da Califórnia, em 10/10/1985, apud K. Campbcll, in ''ANC - A Soviet Task Force?", lnstitute for The Study ofTurrorismo, Londres, 1986. CATOLICISMO - A,rosto 1990 -

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Reforma Agrária em Goiás

Confisco arrasa produtor e implanta favela rural No cerrado do Centro-Oeste, desapropriação agro-reformista realiza dupla façanha: liquida florescente experiência ag rícola particular e "faveliza" agricultores assentados

N

ÃO MU ITO distante de Brasília, nos municípios de São

~~i!~ed.u'~~a~~~x: AJ!°t=~:aí!~é

hã pouco chamada "corredor • da miséria do Estado de Goiás". Situa-se aí a pitorescaChapadadosVeadeiros,pontoculminante do Centro-Oeste brasileiro, com 1875 metros de al! itude. De clima ame110, compa rãvel ao europeu, possui águas abundao1es e cristalinas q ue na.scem ao longe, nos pe nhascos em cujos ah iplanoscrcsce uma vegetação rastei raeverdejame. A região conhe<:eu nos últimos anos um franco dcsenvolvimerno cm decorrência denovastécnicasdocultivodcterras,aplicadas labor iosamente por agricultores estabelecidos na zona ou provenientes do sul Barraco miserável da família de Pedrina Ferraz da Silva - uma das sete que !]ão abandonaram o "Projeto", como o fizeram 54 outras familias do Pais. Foijustamentenestaáreaquc,eml982, Ari Valada.o, então governador de Goiás, um assentamento de Reforma Agrária q ue sete! As demais negociaram seus títu los fulminou com um decreto de desapropria- recebeu o nome de "Projeto de Coloniza- por qualquer preço, ese foram. ção os fazendeiros Orlando ViccnteTauri- ção Águas Claras", com vistas ao plantio De meia idade, Pcdrina Ferraz da SilzanoeMichelEugecn Morseau,paraimplan- dearro;,,;,milho,trigoefrutasnobres. va, conhecida como "Pequena", piauientarumprojetoestadualde Reforma AgráSegundo informações do Sr. Salomão se, atualsccretár iadaassociaçãodo Projeria. O Sr . Taurizano, depois de muitos per- Szervincki,fazendeironaregião,ogovcr- to, é quem exp lica o ocorrido: "O Govercalços, conseguiu j unto ao Supremo Tribu· no de Goiás já dispendeu com este proje- no do Estado Fundou o Projeto mas não nal Federal o cancelamento do decreto ex- to,a1éomomento,cercadequatromilhões o programou. Não basta pegar o pessoal propriatório. A mesma sorte, porém, não de dólares. lá foraejogarnaterracomoscjogamrateveseuco!ega MichelMorseau,belgaradimas de batata que, com qua lquer chuva cado no Brasil há 37 anos, que não conse- Desânimo e abandono que vier, pegam". E conclui: "É como o guiu reave r suas terras nem re<:eberjusta pessoal foi jogado aqui". Para ela, o proindenização, estando em curso uma ação Passados seis anos, quem chega ao lo- blema é generalizado: ''Pode haver assentajudicial na Vara P ública do Es1adode Goiás. cal do assentamento depara com um qua- mentos que estejam me lhores ou piores, O Estado, uma vez na posse das terras, dro desolador. Tal impressão é acentuada masamaioriaédissoaqui para pior". distribuiu-as a 61 famílias dos chamados à medida que se conversa com os poucos A opinião de Pedrina Ferraz da Silva "sem-terra", cabendo a cada uma aproxi- remanescentes do projeto. Das 61 familias confirma-se por importante estudo do Banmadamente 22 hectares. Iniciou-se assim assentadas em 1983, permanecem apenas co Nacional de Desenvolvimento - BNDEs,

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C:ATOLICISMO -

Aeosto 1990


cuj0$ tb:nicos, após pesquisa com cerca dcl50085$Cntados,conelulramquc"aprodução ~ de bai.11:a renda". O que leva os Parceleirosatcremquc"trabalharíorade sua terra para conseguir mais recursos''. Nessas ituação,"muitosdctesacabamvendendo a terra para ter dinheiro na mão" ("Jorna l do Co rnmércio", Rio, 14- 1-90).

Só promessas P rossegue o depoimento de dona Pcdrina: "E.ssas tcmu precisam ter muito lipo dcapuraçãoparadaralgumacoisa: calcirio, adubo, sementes selecionadas, maqui nárias agricola.s e de irrigação. Foi por causa disso que formei um grupo de sen horas, comuquaisfomosatéGoiâniaparapcdir ajuda,umavezqueasafrapassadafoiperdida to1almente. Reivindiquei a semente, reivindiqueiadubo,reivindiqucitratores, mas nada disso foi possivcl. Tudo ficou nas promessas ... "

Ninguém é dono de nada O titulo fornecido pelo governo do Estado prolbe ao assentado o direito de venda ou alienação do imóvel. Assim criou -se uma siluaçllo jurldica inteiramente anômala: os assentados continuam sem terras, não.são proprietários de nada. Indagados sobre o título de propricda· de, os asse n1ados demons1ram insegurança. ~ocasodeAntonioAiltondosSantos: "Eu tenhoumpapelzinhoai, agora eu não sei ... Às vezes a gente compra uma bombanahoradccxplodir ... " Aambigüidadejurldicaéaltamentcprejudicial aosassentados.Alémdepropiciar disputas sobre a posse, afasta necessariament e in vesti mentos na região, dcsva]()ri za as terras e concorre para o empobrecimento geral.

Parasitismo soclal Raimundo Nonato Ferraz, irmão de dona Pcdrina, é um dos poucos sobreviventes da primeira leva: "Recebi ajuda e grande! Devido a minha familia ser numerosa, recebia uma feira de 70 quilos de arro:t limpo por mh, 22 litros de fei jão, 6 quilos de sal, I0ou 12 1atasdeóleo. Eratantoque,quandochegava a feira dom& segui nte, ainda linha sobra". C ritica ndo a reação dos assentados, oontinua Raimundo: "Bastou tirar a ajuda, para o povo CQmeçar a reclamar, dizendo que o Governo nos jogou aqui e agora não ajuda . Se isso não for ajuda, meu Deus do Céu, cu não sei o que é ajuda. Estou aquihâcincoanoscvoucompletarlOpedindo?NãoéPossivel!" Dcfato,longedecstimularcmainiciatlva dos assentados com vistas ao aumcnto da produção, tais " fa vores" governamentaiseriamdependentes. Em outraspalavras, nutriu -se assim um autlntico parasitismo social.

Em vez de estátua, injusta desapropriação A "guilhotina" da Reforma Agrária cai sobre um pioneiro do desenvolvimento do cerrado O CERRADO do Centro-Oeste brasileiro é conhecido peta sua terra agreste, ácida e de vegetação rala. lerraqueconstitu(aatéhâ p0ucoumdcsafioparaquatqucragricultor, tão difícil era sua exploração. Quem era o propric1ário das terras do ''Projeto de Colonização Águas Claras", cujo estrondoso fracasso foi cxalninado neste ardgo? Vale a pena levar ao conhecimento de nossos leitores a história dramAticadofuendciro belga, autêntico am igo do Brasil e - verdadeiro absurdo! - vitima injustamente imolada pela lqíslaçllo da Reforma Agrária socialista e CQnfiscatória implantada no Pais desde 1964 . Um dia, hã 37anos,essebelgaresotveusacrificarseuconfortoeuropeu cdedi· ear-!iC ao solo brasileiro. Seu nome: Michcl Eugc-c:n Morseau. Homem laborioso e pesquisador, aqui chegando, recolheu amostras de terra de uma propriedade que acabara de adquirirem Goiàs, e enviou-as, para serem c~aminadas, a um laboratório belga, pedindo um parecer a respeito do modo de aproveitá-las. A resposta não demorou a chegar, co m indicação da proporção de calcárco e outros elementos químico, necessários para a correção do solo. O laboratório perguntava ainda se aquelas eram as melhores terras do Brasil , ao que Michel respondeu que eram das piores... mas eram as de que dispu nha. lentando aplicaras recomendações que recebera, esse desbravador do cerrado brasileiro, não encon1rando o ealcàreo beneficiado, começou a retirar nas pedreiras da região o residuo das britadeiras, jogando-o na terra. Para sua alegria, os resultados foram excelentes!

Michel trabalhou e fez produzir sua terra durante 27 anos. Ele, que tanto amor revelara ao Brasil, investindo aqui tudo quanto possula, recebeu duro golpe: a "guilhotina" da Reforma Agrliria, implacável, abateu-se sobre ele. Hoje, com 75 anos, ainda traumatizado pelo ocorrido, chega a chorar amargurado quando conta sua história. Por força de um decreto de desapropriação, foi despejado de suas terras por Policiais portando armas de fogo. Sua filha sofreu um choque tão grande que até hoje passa por crises nervosas. O Sr. Michel não gosta de falar do assunto. Afirma que já não tem raillo de viver e que nem consegue mais conciliar o sono. Perdeu tudo o que tinha, sem re• ceberqualquerindenização, passadosjlidezanosdadesapropriaçlo. Eis ai uma situação pungente e absurda: o benemérito estrangeiro cm ho nra do qual se poderia elevar uma estátua, recebe como paga, em sua pâtria de adoção, injusta desapropriação. O ocorrido com o Sr. Michel Eugttn Morscau merece ser conhecido e mcdila· do por todos os brasileiros, sobretudo pelos que, den1ro da mesma cluse rural, apóiam a Reforma Agrâria socialista e confiscatória. Um dia a História registrarA que este insensato apoio foi a alavanca motriz de milhares de injustiças cometidas contra homens que lutaram para o engrandecimento de nossa Pátrill.

Raimundo Nonato Ferraz é considerado o (mico assentado bem sucedido do projeto. Enlretanto,conformcsuadeclaração, cleapenasCQnsegueosuficienteparasie para os seus. Se o result ado dos assentamentos é tllo-sóeonseguir, a lilulo excepcional, uma produção de subsistência, e caso tal modelo seja estendido a todo o Pais, comocvitarqueaFomeeapenUriasedis• seminempelascidades?

Amarga desilusão O Sr. Jost Firmo Dias, que foi prefeito de São João d'Aliança de gJ a 88, relata: "Esse projeto foi implan tado durante minha admin istração. Foi minha a idéia para que se implantasse aquele projeto.

Eu se lecionei aquele pessoal pobre, que não tinha nada, não tinha terra para trabalhar e vivia na minha porta pedindo emprego". Eis, entretanto, o que ele hoje CQnfe!lsaa respeito disso: "Acho que aquilo estâ acabado. POf"que o pessoal não tem condi ções para trabalhar. Qua ndo a gente aj uda, eles acham que não tfm de Fa:ter nenhum esforço". Co mo sevê, umdos criadores doprojeto reconhece o estrondoso fiasco da iniciativa. Serâquesucessivosecrcsccmtesdcsastres dessa natureza, cm todos os rincões do Pais, não constituem prova ca bal de que o socialismo agrârio levarA a mi ~ ria aocampocàscidades? ATfUO FAORO I NELSON 8ARl!fTTO

CATOLICISMO - Agosto 1990 -

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concisamente • Ficha mutto su}a

(e vermelha)

Após décadas de engodo,

silêncioccurnplicidades,cstão

surgindo clamorosas denúncias e comprovações de atrocidades perpetradas pelo comunismo dentro e fora da Rússia. Moscoureconheccu,hãpou-

co,qucbalassovitticasassassinaram milhares de soldados poloncses cm 1943, na floresta de Katyn.

Na Alemanha Oriental foi descoberta urna vala comum naFlorestadcNcubrandcnburgo,011deossoviétioosjogavarn

os corpos das vitimas das matançascmcamposdeoonccntração. "A opinião pública alemã-oricntalcomeçaaoonhecer um doscapltulos maisobscurosemaissinistrosdahistória", t'liCreveua agência nacionalde

nOl kias ADN. Na Mongólia, o programa

dctelevisãodemaioraudiincia no momento .se chama " Julga-

mento da História", O produtorobtcve depoimentos e documentos cslarrcccdores: entre 1937 e 1939 pelo menos 100 mil mongóis tombaram numa matança"controladaeplanificada porespccialistasda políeia secreta soviética". Um em cadasetemona;6isfoias$3.SSi nado - a maioria da elite dos lamas e dc acnl e "educada". Qucmjulgarâ toda essa sinistra cadeia de chacinas?

• Polltlca: fim do "show"? Atéhâ pouco se propalava que não s.llo os eleitores, mas ospcqucnoscirculosdc"rnidiocratas" - profo;.sionais dos mciosdccomunicaçãodcmassa - que determinam os temas das campanhas eleitorai s.Conforme essa acepção, a vitória

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de um candidato dependeria basicamente de uma fórmula sim plista: frases breves, pouco(ou 11enhum) pensamento e "embombamcnlo" publicitârio.Quemseatrcvesseainfringi r taisregras,estariadeimediato fadado ao insucesso. Na França.entretanto, tais técnicasjâ sao vistas como ultrapassadas. Claude Scguclla e Thierry Saussei,conccituadoscspccialistas da chamada "diladura da imagem" - responsáveis pclascampanhasdeMitterrand e Chirac - advertem que a vulgariução da imagem pode produz.irumresultadocontrârio, isto é, aperdadacredibilidadc junto à opinillo pública, que se mos1ra sa turada desses rcct1rsosci!nicos.Osqueinsistcm cm utili zar essas técnicas dapolitica-espc1àculo cstãocorrendoo ri.KO decair no ridícu lo", accnrnaJcan LouisMissika, responsável pelo serviço de informação e divulgação do Governo fninds. Anovaordcmébuscarpcrsuadir o clei1or por meio de um discurso mais sólido e de uma postura maisconsistcntc. Scrà também cmre nós o fim dadcsastradapoliticaeleitoral dc divulgar caras c não idéias1

• A lel do presunto Nem a forma de se expor sabichas nem as medidas da barraca de caldo de cana nas fciraslivrcsescaparamdofestival dc emcndas que escâ assolando a Constirnimc paulistana. As sugestões dos vereadores à futura Lei Orgãnica do mais desenvolvido município doUrasilvãodaidéiaestapafúrdiadaclciçãoindiretado prefeito -assunto da alçada do Congresso Nacional - até

Agmto 1990

agarantiadescgurançapúblicaatcrrcirosdcumbanda. Em Brasilia, na Cãmara dos Deputados, por sua vez, hâ pelo menos 700 projetos cm pauta, os quais bem poderiam compor uma galeria de temas ext ravagantes, entre os quais, por exemplo, o Dia Nacional do Forró e a proibição eterna(sic!)doaurne11todo botijãodegãs. Eis um projeto que. cm meio a gargalhadas, acaba de ser aprovado: "denomina-se presunto c:tclusivamcntco produto obtido com o pernil de suínosoucomacoxaeasobrecoxadopcru". Trala-scda"lei do presumo", do deputado Hil ãrio Braun (PMDB-RS). Casos como esse, cada vez mais numerosos, vão cnriqueccndoofastoancdotãriopolítico de um pais que ganharia cm ser mais sério.

• Atê caxumba no Exército soviético! Anos atrãs, o " lzvestia" publicou uma reportagem sobreoestadodesaúdcdosrccrutas soviéticos, contendo este dadoimprcssiona11le: umnúmero cresce nte de rapaus com 18 anos é dispensado porrazões médicas. Eis a rclaçllo das doenças que mais os acometem - conforme o jornal do Ministério de Defesa soviético "Krasnaya Zvezda": hepatite, tifóide. infccçõesnamcninge,rubéola, caxumba e difterias. Um em inente médico militar soviético denominou a caxumba de "a doençadossoldados" - afirmaçãosurpreendenteparanossosdias. Foi registrada também altissi maporcentagemdehepatitc nas Repilblicas da Ásia Central. E, em boa medida, arazãoécsra:fahadcégua potável, bem como escassez de artefatos médicos adequados, taiscomoasagulhasque s.llofrcqücntementereaprovcitadas.

NoUzbcquistllo, por exemplo, cerca de dois terços dos hospitais ruraiscu rba11os,ondc $ão tratadas as doenças infecciosas, não possuem àgua qucntc. A grande maioria dos hospitaisdazonaruraldaassim chamada URSS realmente não dispõcdeâguaqucn1c,27'il não t&n sistema de esgotos e 170/t não possuem scqucrâgua corrente. Nãosurpreende,àvistadcssequadro,que4SO/t dosrccrutas sofram de algum tipo de desvio psicol6gieo, além de que IS-.,.jâtenhamsidojulgadospor praticar crimes.

• Pudor a caminho da extlnç6o Logo após a queda de nossos primeiros pais, ainda no parniso terrestre, Deus cobriu anudczdcAdlloeEva.confeccionando-lhcs túnieas de pclc -cnsi na -nosaSagradaEscritura. Hoje cm dia, porém, o senso do recato e do pudor estâse cvancsccndo. E não só no Brasil. Êoque revela pesquisa recente, levada a cabo na ltâlia, com2.089pcssoas-amostra representativa da população daquclcpals. O est udo foi comparado cornodcoutrolcvantamcmo, realizado cm 1983,com 1.033 pessoas. Alguns dados frisantes: di minulram cm apro:timadamcnte 8'1, os que consideram "ofensivo", para o senso comu m dopudor,vcrumamulhcrcm "topless" numa praia pouco frcqüemada(dc311!1.em 1983, o índice caiu para 231!1.). Jâ os que consideram "nãoofcnsivo" o "topless" numa praia deserta silo a maioria esmagadora: 74-.,. contra os 6S•r, dc 19g3_ Ncss.aprogressllo,nãoestarâ distante o dia da nudez total. PioXlljâobservara,décadasatrâs,queoséculo XX haviaperdidoanoc;llodopecado.


... em tempo

Destaque

"ª

Esquerda, produto de luxo - "A esquerda só se encontra primavera, em Roland Gorros ou em Cannl's", tifirma Rigis Debroy, polflico /ronc#s e u-guerri/Jreiro, em seu INro "A Demain De Gaulle", confirmando (I.SSÍm que a f'squerda i um fe11f'>meno de alta burguesia, ao contrário do que upregw u mitologia marxista. Proibklo lamber rcls. .. - A Drug E,iforctment Administralion DEA. Odl'parlumefl/oamrricano derombate dsdrogos, descobriu qul' lamber rt& estava 54! tornando o novo vkio emre os ameriwnos! No verdade, um tipo de ri que prolifera em canaviais libera nu pele uma subst6m:iu a/uci11ógen11. ~ 1overnos dos Es1ados da Geórgia e da Carolina do Sul aprovaram uma lei i11Sólita que condena o prá1ica de IDmber ras.

"Adverlllrlos" colaboraclonlstas - No passado, o regime sovii rico combatia forte mente os grandes empresas americum1s e usava o seu sistema l'SCQ/ar como cúledra de pregaç4o contru elus. Enlre/anto, uma das grandes multinacionais, a IBM americana. foi recebido com ap/all$Q na Uni4o Soviética, e entrou logo pela porta e$COlar, doando IJ.()()() computadores às escolas russas. Por trás de um aJ)(lrente confron10, um verdadeiro colaboracionismo.

GorbacMV «li fim de festa - Quem acomJ)(lnha a midia ocidental tem o impress4o de que poucos homert.s s4o 140 populares quanto Gorba<:hev e sua polrtiro. Nada mais falso/ Apdar de toda a pro(J(lganda capitalista, u Livraria Chapters, em Washington, vendeu es1e ano apenas um rxtmplor do livro ''Peres/roika '', escrito pelo presidente soviético. Uma gota no mar - Eis uma liç4o paro ,rossos otimistas. Assim J)(lga a U,ri(Jo Soviética aos que com elo negociam. A dfvida desse pars no tocan(e o artigos do indústria ligeira, importudos de Purrugal, atinge 17 m1lhôes de dólares. O. Popo,·a, funcionária da empresa soviética "Rainoexporl ", que forneceu esse dado, acrescenta a indo: "Isto é apenas uma gota no mar da dfvida da Uni4o Soviética a firmas estrangeiros fornecedoras de artigos de consumo generaliu,do", Controdlç:6es da mentalktode modema - "N4o corte mais a grama" é o mais recen1e slogan do grupo Amcrican Vegeiarians, segundo "O Globo". A1é lá chega o "respeilo" d na1ur~, enquanto os crimes como a eulonásia se v(Jo wrnando comuns. Paradoxos sinistros da mentalidade moderna!

Auaulnlo premeditado - A vers4o oficial soviética, segundo o ,,uai o Twr, sua esposa Alexandra e os cinco filhos teriam sido assossmados Sl!m conhecimento dos chefes bolche viques, foi há pouco desmentida. Enrre os documentos, fotografias, publicuç(j('s e comunicados telegr(ificos referentes d execuçdo da família ,eu/ em Ekaterimburg - que a famosa CQS(I britfinica de leilôes S01heby 's colocou recentemente d venda - encontrava-se um telegrama. enviado a Moscou, confirmandoaexecuçllo: "Todaafomflia 1e,>ta mesmasortedoseucMfe''. Macabro! ... - Um roix4o que serve de adego, de es/ante de livros ou ainda de mesa, enquanto o seu dono n4o o usar para ser nele enterrodo, é o novo "móvel" que um marcentiro, do cidade de Windsor, tm Mossachusel/s, colocou d venda, entregando es1e produto a domicllio, desmonlado e com pro/e/eiras opcionais.

Plaul premeia o crime - O aborto além de crime, é um pecado contra o$.~ Mondamento, ' 'n(Jo matarás'', p11nlvel com u excom unhdo Numa afronto u Deus e d /egisloç4o em vigor, esse crime está sen· do premiado no Piou(, onde o "Es101u10 do Magistério" concede uma licença de 6() dias às professoras da redt estoduol de ensino que praticam o aborto,

Um morto por minuto Imagine, kitor, um terrivel campo de concen1ração, ondc a cada minuto o impiedoso carrasco matc, comcrutldadc inaudita, uma vítima inocente. Não! Não pense em Au,;d1witz ou mesmo cm alguma terrivel Lubianka, pois nãosctratadi.w,. Os limites desse campo? As fronteiras de uma nação. Os carrascos? As próprias mães das vitimas. Os supliciados? As tenras crianças inocentes que no claustromaternoaguardamveraluidodia. Sim,na llália,realiui-seu rnaborma cadaminut0. Do~e anos após a aprovação da lei "194", que legitimou ena pn\tica assassina - de acordo com notidu estampadas pelo jornal ilatiano "Avvenire" - i' llouvc 4 milhões e meio de abortos. Tais dados foram divulgados, na abertura do encontro "Sctnana pela vida", em Nápoles, por diversos movimentos católicos. Ondcestãoospregoeirosdosdircitos humanos, p.araimpedirtalgenocidio1

Gatos e cachorros em vez de filhos Enquanto as mães matam Friamente os filhos, animaisdeestimaçàoocupamolugardos ... indcscjad~. Nos Estados Unidos. informa o " Jornal do Brasil", nascem por hora 41S bcbês, 2.000 cachorros e 3.SOOgatos! Em matfria de capa, o semanário parisiense '' L' Exprcss" informa que, na França, gatos e ca-:horros são JS milhões, oequivalentcaquaseduasvucso número de crianças! Para os filhos a morte cruel e calculada! Para os animais de estimação não se poupam confortos e bons tratos! Surpr('('ndcaquantidadcdcprodutosdediversas marcasàdisposiçãoparacãescgatos,cmsupermcrcados americanos. Mais de trk mil variedades - comida seca, comida úmida, ração c.,m forma de osso e at~ comida para animai!i em dieta! - em um merca• do que movimentou, em 19S8, 7,9 bilhões de dólaro ccresceS'i'taoano. Os Fra nceses f:u:em fita a rim de ouvir o horóscopo dc scus animab dc estimaçllo e sc abrem em conri• deitcia para os mais de dois mil videntes, cartomantescamólogosdeanima is, espalhadospelopais. Hàainda2Smilinstitutosdebele1.a,canisdelu1to,de4eScstrelas,ondeosanimaispassam Ffrias, cnquantoscusdonosviajam.Echega-scaocstapaFúrdiodchavcr,parabichos,quatroagência5"matrimoniais"cduulojudcahacosturaemParis! At~làchcgamos! ...

CATOLIC ISMO - Agosto 1990 -

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Santa Mônica e Santo Agostinho

Lágrimas confiantes obtêm a conversão de um filho A cé lebre co nversão de Sa nto Agost inho passou para a H istória como exemplo ta nto de contr ição quanto de

persevera nça da mãe que arra ncou dos Céus aque la graça -

ú n ica razao de sua existência

I NDA OUTRO dia, um amigo me mostravaacartatocamcdcumaassisientc social, de formação católica, lamentandootristces1adodenossajuveniudc. Està-secm prcscnça,diziacla,de "uma guerra constamc cont ra a Fé, a Moral e os bons costumes. É uma luta aberta e desassombrada contra os Mandamentos da Lei de Deus. Torna-se di flcil não apre nder a roubar, matar, seqüestrar". Tal situação, decorrcn1e do ncopaganismo contemporâneo, suscita um estado de alma angt1stiantcpara incontável nilmcro de mães que vêem seus filhos arrastados pelos camin hos do vicio, dad rogae docrime. Desanimadas e abat idas, por vezes elas s.ão tendentes a perder a confiança no socorro da Providência para a regeneração dequantoslhess.ãocaros. NesseconteJCto,espeçialmenteparaconforto dessas m!les, vem a propósi10 recordar o cxemplo de Santa Mônica (33 1-387), c11ja festa a lirn rgia romana celebra a 27 de ago.'llo.

A

O FILHO DAS LÁG RIM AS

Rulnas de óstla, cidade portuária romana, onde morreu Santa Mónica. Ao centro: tumba da Sanfa com sua estárua jacenre - Esculfura de /saias de Pisa (séc. XV), igreja de Santo Agostinho, Roma

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CATOLICISMO -

Agosto 19!}0

Durantenoveanos,Mônicarez.ouechoro11pc laconversãodeseu fil ho, Agostinho (354-430), q11e havia se pc-rvertido não só do ponto de vista moral, mas ingressara ademais na nefanda sei1a dos maniq11eus ("). No decu rso de todo esse tempo, rec11sou-se ela heroicamente a participar da mesma mesaqueofilhoherege. É o próprio Agostinho - o grande Santo Agostinho, Bispo de Hipona (norte da África) e Doutor da Igreja - em suas cflebres "Confissões", quem comenta a atitudtsantamentepc-rstveranteeinsiste111ede sua piedosa mãe: "Ela chorava diante de Vós Ide Deus] muito mais do que as outra mães costu mam chorar sobre o cadáver dos filhos, porque via minha morte com a Ftl'oespíritoq11t havia recebido de Vós ..... "Aquela piedosa vitiva, casta e sóbria como as que Vós amais .... não menos solicita cm suas lãgrimas e gemidos, não cessava de chorar por mim cm Vossa prtstnça, cm todas as horas de suas orações'". A todos que pudessem fazer o filho reconhecer o erro, Santa Mônica insistia para que falassem com Agost inho. Um bispo, cansado da insistência da santa, respondeu-lhe.- profeticamente: "Vai-te em paz,


mulher,econtinuaaviverassim,quenão époss[velquepereçaofilhodetantaslágrimas"! Com efeito, Mônica sempre discernira nofilhoumavocaçãoalt!ssima,oque alevava a fazer violência ao Céu pelaoonversàodeAgostinho, a qual realmente se deu quase ao termo de uma década de muitas precesedemuita.slágrimas.

O ÊXTASE DE ÓSTIA Agostinhopartiraparaaltália,jádesiludido com o maniqueísmo. De Roma, a Providência o conduziu a Milão, onde o admirável Arce bispo, Santo Ambrósio, também Doutor da lgreja,deveriaexercerum papel fundamental na conversão do futuro Bispo de Hipona. Guiada por uma inspiração sobrcnatural, Santa Mônica atravessou o Mcditerrãneo "seguindo-me por mar e por terra, confiandoem Vós em todosos perigos" - acentua o filho - porque estava certa de que cm Milão "Vós lhe concedcricis o que lhe havíeis prometido", isto é, a conversão de Agostinho. Nessa cidade, a santa travou contato com Santo Ambrósio, que ficou muito edificado com sua Fé. Tinhachegado,enfim, paraMônica,o dia bendito em que suas preces seriam ouvidas e Santo Agostinho converter-se-ia Estava cumprida sua missão. Deus a recompensou com o célebre êxtase na cidade de Óstia (Itália) (ver quadro abaixo], em com-

panhia do Filho, após o que pôde ela entregar em paz suaalmaaoCriador, no ano 387. LUIZ CARLOS AZEVEDO

(º)Emnossacdiçãopassada, Foiapresentadabrevenotaexplicativasobreomanique[smo,noartigo"Vírusdesagregadordafamilia". Cabe aqui apenas recordar que a doutrina pregada por Mani (216-277 DC) na fndia e especialmente na Pér~ia, ~onsistia numa mescla fantasiosa de elementos da religião persa, como o dualismo (luta eterna entre dois princípios). do budismo e do Cristianismo. Para os maniqueus, esses dois prindpios - odo bem, o principio da luz, eo domal,oprincípiodastrevas - sàoreprescntados no homem por duas almas: uma corpórea, que é a do mal. ou1ra luminosa, que éa do bem. Pode-se sempre, segundo eles,akançaraprevalênciadaalmaluminosa através de uma ascese particular, que consiste emtriplicesigi!w a) abster-se do alimento animal e conversas impuras; b)abstcr-sedapropricdadccdotraba!ho; c)abster-sedomatrimônioedoconcubinato. Omaniqueísmo,consideradoumaheresiapelalgreja,foimuitodifundidoespecia!mente no Oriente, eai durou até o século V[[. Santo Agostinho, que duramc algum tempo pertenceu à seita maniquéia, tornou se, após sua conversão, o grande opositor dessa heresia. Dcdicouàrefutaçãodelanumerosas obras.

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UM DOS MAIS CÉLEBRES capí111los das "Confissões", de Santo Agostinho, é o que trata do êxiase de Óstia. É ele notável pela arte descritiva, pela riqueza da análise psicológica, pela in111ição do sobrena111ral, e do qual extraímos os trechos abaixo: "Próximo já do dia em que ela [Santa Mônica] ia sair desta vida, sucedeu, segundo creio, por dlsposlção de Vossos secretos designios, que nos encontrãssemos sozinhos, ela e eu, apoiados a uma janela cuja vista dava para o jardim interior da casa onde morávamos. Era em Óstia, na foz do Tibre, onde, apartados da multidão, após o cansaço duma longa viagem, retemperávamos as forças para embarcarmos . . . "Dizíamos, pois: Suponhamos que ouviamos Aquele que amamos nas criaturas mas sem o intermédio delas, assim como nós acabamos de experimentar, atingindo num relance de pensamento, a Eterna Sabedoria que permanece imutável sobre todos os seres. Se esta contemplação continuasse e se todas as outras visões de ordem muito inferior cessassem .... não seria isto a realização do 'entra no gozo do teu Senhor'? (Mt. 25, 21) .. "Minha Mãe então disse: Meu filho, quanto a mim, já. nenhuma coisa me dá gosto, nesta vida. Não sei o que faço ainda aqui, nem porque ainda cã esteja, esvanecidas já., as esperanças deste mundo. Por um só motivo desejava prolongar um pouco mais a vida: para ver-te católico ames de morrer. Deus concedeu-me esta graça superabundantemente, pois vejo que já. desprezas a felicidade terrena para servirdes ao Senhor. Que faço, cu, pois aqui?" (Santo Agostinho, ''Confissões", Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1966,pp.227-229).

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L.C. A.

CATOLICISMO -

Ago~to 1990 -

17


(Jmonge eo

~

passarinho RA

UMA

VEZ

,m

mosteiro no qual vivia um monge de nome

Urbano, muito piedoso e diligente. Um dia foi -lhe. confiada achave da biblioteca, da qual passou a cuidar como um tesouro. Leu

muitos livros e chegou até a escrever vários, todos muito belos. En treos !ivros queliaestavaaSagrada Escritura . Foinclaquc sc deparoucertavezcom umas palavras de São Pedro, que diziam: "Diante de Deus, mil anos s/lo como um dia e uma noire de vigUia'' . Ao jovem mon -

ge, isto pareceu uma coisa intciramcntc im possível, algo no que não queria e não conseguia acreditar. A partir de então, passou a ser atormentado por terríveis dúvidas. Durante certo tempo, o monge perseguiu

Certa manhã, quando saiu da úmida biblioteca e se dirigiu para o luminoso e bclo jardim conventual, viu um pequeno pássaro multicolorido, ciscando à procura de grãozinhos. Logo que o mon ge se apro ximou, com o intuito de agarrá-lo, o passarinho voou para o galho de um arbusto e pôs-se a cantar tão belamente quanto um rouxinol. A ave não era tímida, e permitiu que o monge chegasse bem perto, quase at é o ponto de alcançá-la, e só aí voou para outro galho. Isto se repetiu várias vezes. 18 -

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A gosto 1990

o passarinho; camava este de um modo cada vez mais sonoro e daro. Ma.s não se deixavaagarrar,demaneiraqueojovemmonge, saindo do jardim do mosteiro,embrenhou-se pelo bosquescmprea pcrseguir a belissimaavezinha.Atéquedcsistiueresolveuvol!arparaomosteiro. Qualnãofoiseuespantoaochegar: o mosteiro pareceu-lhe inteiramente outro. Tudo setinhatornadomaislargo, mais amplo e mais bonito,oprédio,ojardim,enolugardavelha igrcjinhaconventualerguia-se uma majestosa catedral de três torres. Tudo parecia tão estranhoqueelechegouapensar em feitiçaria. Caminhou até o portão principai e puxou timidamente a campainha. O por teiro que veio atender era-lhe completamente desconhecido, e recuou atônito ao vê-lo. O mongeemrou,tomandooca-

minhoque passava pelo cemitério conventual, no qual encontrou várias lápides as quais nãoselembravadejátervistoalgumavez.Chegandoaoclaustro,viualireunidoumgrupodemonges,dirigindo-seentão a eles. Quando o viram, recuaram todos, muito assustados. Sóoabade-que estranhamente não era o seu abade, mas um outro, mais jovem - manteve-se firme de pé diante dele, e estcndeu um crucifixo em sua direção, bradando: "Em nomedeCristo,ó fantasma,dizei: qucm sois? E o que procurais, ó vós que deixastes a cavernadosmortos,entrenós,osvivos1" O monge então estremeceu da cabeça aospés,evacilou,comoumanciãovacila, e voltou os olhos para o chão. Sóaí notou tcrumalongabarbaprateada,quelhedesciaabaixodacinturanaqual aindaestava preso o chaveiro com as chaves de todas asestantesdabíbliotcca.Aosmongespareceuquenaqueleforasteiro algo de miraculoso acontecia. Assim,cheios dctcmorerespeito,conduziram-no até o troneto do abade e fizeramno sentar. Um jovem monge foi até a biblioteca e trouxe a crônica do mosteiro, que passou a ler diante de todos. Ela registrava que há trezentos anoso monge Urbano tinha desaparecido sem deixar rastro. Nin':s guémsabiasetinhafugido ou se lhe acontecera algum desastre. "Ó passarinhose!vagem, então era esta tua canção?"exclamouoforasteirocomumsuspiro. "Só te persegui durante três minutos e escutei o teu canto, e três séculos se escoaram desde então! Agora te compreendo, e adoro a Deus ao desfazer-me em pó!" Terminando essas palavras, inclinouacab~a,eseu corpo se desfez num montículo de cin7.aS. (Tr•duçãoead•pt•ç1Qdooon1oderne,rno110rne.da obra LUDWIG llEllCIISTEIN MARCllEN UNDSAGEN, "Conlos e Lcnd .. <k LudwiK n.rch,tcin"'l


A degolação de um santo que soube dizer Não A corajosa censura - ~"Não te é lícito" dirigida por São João Batista a Herodes é um magnifico exemplo para a atitude que os católicos de hoje devem tomar diante do mundo neopagão.

DegolaçAo de SAo Jolfo Batista - Pintura de Memlinc (1479), Postigo do Matrimônio Místico, Hospital SãoJoAo, Bruges (Bélgica)

Eron';;:~:~º~:~ :ª~t:~':a~~~

d~ vida,chafurdadomuitasvezesnasensualidadc e acovardado diante das adversi dades, reluz no firmamento desantidadedaSanta [grejaafiguradcSãoJoão Batista, o Precursor do Messias, cuja morte por degolação a Sagrada Liturgia comemoranodia29destemês Ao anunciar o seu nascimento, o Arcanjo São Gabriel profetizou: "Ele serágrandediantedoScnhor''(Lc.1,15). Dele disse o próprio Homem-Deus; "Entre os nascidos das mulheres, não veio ao mundo outro maior que João Batista"(Mt.11, 11)

Ainda em sua infância, São João Batista - santificado no ventre materno ao ouvir as palavras com que Nossa Se11horasaudou sua prima Santa Isabel - retirou-se para odcserto, praticando, durante cerca de 25 anos, as mais austeras penitências

Tinha29 anos quando, divinament e inspirado,dirigiu-seàsmargensdoJordãopara anunciar o Messias.o Esperado das nações ta e~i\!:e~nos não aparecia um profeGrandc asceta, etc foi por excelência o homem da pureia, possuindo um domínio perfeito sobre si mesmo Éo varão que leva o desassombro e o espírico de combatividade ao último ponto. O seu vígoroso"non licet" con tra Herodes constitui um exemplo para todos os representantes de Deus até o fim do mundo. "Admirai a santa ousadia do profeta, ousadia que foi comunicada aos ministros de Dens, para lembrar aos grandes e poderosos os seus deveres.Aidosminisirosquenãosabem reprimir o mal! (D. Duarte Leopoldo e Silva, "Concordância dos Santos Evangelhos", 5~ edição, p. 79) Por fim, São João Batista é o mãrtir decapitadoporsemanterfielàsuapregação. O martlriodc Sllo João Batista ocorreu nas proximidades da Páscoa, um ano antes da PaiKão de Nosso Senhor, mas celebra-se a29deagostoporse ter encontradonessediasnavenerãvclcabeçaem Emesa, naSíria,em452

"Não te é lícito" Naquele tempo, governava a Galiléia otetrarcaHerodcsAntipas,queseuniu

adultcrinamcntc a Hcrodiades, esposa de seu irmão Felipe. Herodíades - além de ser sobrinha do tetrarca - não era viúva, pois seu marido estava vivo e possula, entre outras, uma filha chamada Salomé. Essa união adúltera e incestuosa constituía um enorme escândalo Defendendo a causa de Deus, o Profeta fulminou con1 um irresistível anátemao pecado público; "Não te é licito possuir a mulher de teu irmão" (Me. 6, 18)

Instigado por Herodíades, o tclrar ca pecador prendeu o justo, e só não deu logo cabo de sua vida por temor do povo Na festa do aniversário de Herodes, dia de alegria e favores, a jovem Salomé, filha de Herodíades, recebeu a promessa de obter tudo o que pedisse, após terdançadodiantedotetrarcaeseus cortesãos. Aconselhada por sua mãe, pediu que se lhe dcs~c. numa bandeja, a cabeça do incômodo pregador. Assim, o Batista foi degolado, porqne denunciou o adultério e o incesto Masestamorteconstituiautênticotriunfo Poucodepois,Herodesfoifragorosamente derrotado por Aretas, rei da Arábia, numa grande batalha. E o imperador Romano Calígula privou-o de seus Eslados,desterrando-o,juntarncntecom Herodiades, para a cidade de Uão, na França, onde pereceram miseravelmente ... D

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~~~-~

Um belo espetáculo para os habitantes das cidades desfiles, segundo

as estações do ano, para os quais

se cobriam

asruas

com flores

A fecundidade da vida urbana medieval Pitoresco e vivacidade da vida urbana, inspiração familiar em toda a atividade profissional na Idade Média contrastam com a despersonalização reinante nas cidades atuais e com o espírito de revolta, tão freqüente nos sindicatos de hoje E ALGUM DIA, caro leitor, fõs.se-

mos por descer numa cidade da Europa

ce incrível que esse gênero devida medíe valtenhasidornchadode"túnelda História"porseusdetratoresrevolucionários Mas, passeemos um pouco pela rua na qual nosso Anjo nos dei~ou

do ano de 1200,depararíamoscom umcenãrio impossível de ser imaginado em toda sua belezacvariedadeporgemedc nosso século. Acostumados como estamos à vida modcma,cinzema,dcspcrsonalizantc e mecan"zada, ver-nos-·amos ·mers. num ambiente muito diferente, impregnado de candura, Fervor religioso, vigor e senso de honra, para falar apenas do aspecto espiritual. Só então poderíamos compreender o que significa viver numa atmosíera toda feitadeaconchego,aexemplodoquesucede no âmbito familiar, no qual as pessoas setratamcomdelicadezaedignidade,eonde abundam também os lados pitorescos Teríamos então a mesma sen$ação de alguém que, pela primeira vez, respirasse ar puro, após ter passado toda sua existência preso numagrutasombriaesuja. Eepare-

ESPETÁCULO da rua medieval p~recia feito de propósi10 para deleitar os olhos dos transeuntes. So· breumfundodequadrodefachadasbclamente emolduradas e pintadas com gosto - atéa.scatedraiseramdcslumbrantemcnte coloridas por dentro e por fora - as pessoas andavam vestidas com roupas de coresvivas:vermelho,ocreeazulcontrastavamcomastogascscurasdosjuizes,advogados. médicos e professores, os hábitos marrons,brilncos,ncgrosoucinzasdcfradesemongcsouoaltovéuresp!andccemc de alvura, fixado no alto dos chapéus cm ponta das senhoras. Um ou outro fidalgo,

S

mos, pelagra_ça de Deus, conduzidos por nosso AnJo da Guarda numa lon-

ga viagem de volta no tempo, e acabássc

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Ruas com vivacidade ausente nas de hoje

O

àsvezesdepoucosrecursos, passavaacompanhadodcseuescudciro, tendoambosestampadosnostrajesobrasãodearmas,cavalgando monrnrias elas mesmas cobertas de panos de cores vivas. Não se tratava apenasda.sroupasdosdiasfestivosoudas pessoas ricas; mesmo no dia-a-dia a gente simples vestia-se com roupas de bom gosto e cores vistosas. Ao contemplarmos as miniaturas, as tapeçarias, os afrescos ou os vitrais que chegaram até nós, encontramos sempre essa marca registrada da Idade Média, umafascinamcriquczadecoloridosdivcrsos. Cada profissão, uma grande fam íli a M DOS ELEMENTOS essenciais davidaurbanaeraaorganização dotrabalho.Aconcepçãomcdieval tomava a estrutura Familiar como modelo ; patrões,artesãoseaprl'ndizesestavam reunidos com base na fée na solidariedade que nascia namralmente do exerdcio da mesma profiss.ão. O patrão, chamado de mestre, era concebido como um pai, e o recém-chcgado,oaprendiz,eratratadocom ocarinhoquesetemparaocaçula,conccpção radicalmente oposta à luta de classes daépocacontemporllnca,queconcebcuma oposição necessária entre operãrios e patrões. Era assim vivido o duplo principio, tão caro à Idade Média.de fidelidade-proteção, pelo qual o superior cuidava com desvelopatcrnaldoinferioreeste lh eretribuiacom afeto e fide lidade As corporações de oílcio eram associações livrcs, ooodeccndo tao-só, internamente, às leis que elas mesmas criavam, as quais protegiam e favoreciam o mais fraco: cada mestre só podia ter um aprendiz

U


dccadavez,afimdededicar-seasuaformação; fiscaisdaprópriacorporaçãoverificavam as condições de vida e de trabalho do aprendiz e dos companheiros (os ex-aprendizes, já tornados artesãos, ajudantes do mestre). O mestre tinha os deveres de umpai,sendoresponsávclnãosópeloensinoprofissional,mastambémpelaeducação e conduta do aprendiz. Os regulamentos puniam severamente dentro da corporação quem tentasse desviar para si os fregueses de um colega. A

gria, o oposto das condições de trabalho que conhecemos.

Nas cidades, animaç.:lo pitoresca

e

ADA BAIRRO, cada rua até, tinha fisionomia própria. As ruas, palcos degrandeanimação,eramelementos constitutivos da vida quotidiana. Os lojistas vendiam seus produtos ao ar livre debaixodeumtoldo;omedicval,grandeapaixonado pela luminosidade, aproveitava ao máximo a luz do dia e gostava de poder examinar em plena rua os produtos que tencionavacomprar. Todos,dosapateiro ao teccliio, do barbciroaocambista,trabalhavam e vendiam na rua ou voltados para ela; a vida expandia-separaforadascasas Acrescentava-se ainda o típico fundosonorodaépoca: oserro1edocarpinteiro, o martelo do ferreiro, os bradosritmadosdosbarqueirossubi11doorio,umamcrcadoria leiloada em praça pública ou um arauto lendo um edital de Justiça, um vendedor apregoando seu produto ou, diante da taberna, umagargantapossantcelogiandoovinhooferecido epresidindoàdegustação na calçada. O cenário próprio, da rua medieval, comsuasca-

sas de vigas aparentes e esculpidas, com os símbolos das lojas em ferro batido, com suascurvascheiasdeinesperado,depoesia edecncanto,quefaziamsurgirderepente o portal magnifico de uma igreja, ou, em meio ao entremear dos telhados, a torre da Catedral, simbolizava na disposição exterior dos edificios, a familiaridade comovente do povo católico. Na raiz, espíríto religioso VOZ DOS SINOS ritmava a vida dacidadecomas"Ave-Marias"pelamanhã,aomeio-diaeànoite,carrilhonavanosdiasdefesta,tocavaarebate quando havia algum perigo, chamava a população em caso de incêndio, anunciava com o dobre de finados as mortes. E convocava à5 assembléias gerais o povo ouoconse!horcstritodosnotávcis,atéque, chegada a noite, fizesse ouvir o toque de recolher. Fechavam-se então as portas da cidade, as lojas guardavam suas mercado~ rias,etodos,cerrandosuascasas,reuniamse em familia ao abrigo das grossas paredes. As ruas ficavam vaziasesópermaneciam acesas as pequenas lanternas nasesquinas,quebruxoleavamnoiteediadiantedasimagcnsdeNossaSenhoraedossantos, ou dos Cruzeiros erguidos no cruzamento das vias públicas. BENOIT BEMELMANS

A

O mestre orienta o trabalho do aprendiz, numa ouriversaria da Idade Média Nas vias públicas, o pitoresco do comércio medieval

única concorrência legitima era ada qualidade: pelo mesmo preço,cadaqual tentava fazer melhor. O artesão medievalexercia,emalgumamedida,ocultodoscutrabalho,queeleestimavaereverenciava.Os sapateiros, por exemplo, chamavam-se a simesmosde"anobreprofissão" euFanavam-sedoditado"Filhodesapateiroéprineipe herdeiro". A noção da própria dignidade e o legitimo orgulho do própria posição, fossee!ahumilde,constituíamaisum traçocaracteristicodamentalidademedieval. Cada corporação possuía uma caixa para ajudar seus membros doentes, idosos ou desempregados; algumas delas ajudavam até os membros em viagem. As corporações de oficio eram um centro vivo de fé, deauxiliomúmo,cujasatividadessedesenrolavam numambientedeconcórdiae aleCATOLICISMO -

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O "dogma" evolucionista

Eiso desenho que figura no

Um estranho gosto de nos aparentar com o macaco

manual ''Os Ecologia e

saúde" para representar

nosso pretenso parentesco com o macaco, ainda explicado em sva legenda

Espécies primitivas de macacos (que já não existem mais)

sofreram mutações numerosas, dando origem a tipos intermediários, até que surgiu o

HOMEM.

Apesar de desmascaradas muitas fraudes praticadas por seus defensores, o "dogma" evolucionista, carente de base científica e desprestigiado nos circu las de especialistas, paradoxalmente exerce sólida ditadura pedagógica nos manuais e ambientes do ensino secundário

C

ONTA-SE que Car los de Laet,ooonhecidoescritorepole-

mista católico, que viveu na

época do ll Império e início da Repúb lica, ministrava sua

au la no Colégio Pedro 11, no Rio de Janeiro, quando foi interpelado por u m aluno - ''Pro fessor,papaidissc q t1eohomcm descende do macaco" - ''Ni'lotragaparaaaulaassuntosíntimosdesuafamí lia", foi a respostaàqueimaroupadomest rc, famosoporseuespírito irônico e até mesmo mordaz na polêmica Tal resposta muito dificilmente ocorrer ia a out ro professor secundàrio da época de Laet. E, hoje em dia, é provável q ue muitosde lesapo iassematiradaevolucionista-simiescado pai daquele discípu lo ... Comoevolueio ni smosucedcum fenômeno curioso. Quanto mais desmora lizado ele se torna nos ambientes científicos sérios, quanto mais fraudes prat icadas por seus propugnadores se descob rem, tanto ma isessa"teoria"dominaosma nuaisesoolares do l? e 2? graus, sendo ela defendida de modo crescente por professores dessenivel. E issosevcrificani'losóno Brasil , mast ambém cm outrospalscs. Comoseexplicatalparadox.o? Não é diílcil de se perceber, tan!o cm nossa pátria como em outras nações, uma 22 -

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açi'locoordenadadenumerososprofessores secundários,visandoextírparafédasalmasdecr·ançaseadolcscemcs,espcc·a1menteapretextodoestudodeBiologiaeHistór·a . E .:ssa vc1 • ·~·ra chac·na de uma au têntica religiosidade dos alunos é praticadasobosvéusdeumpseudo-espíritocien tifico. Desse modo, asinfelizesejovensví c"masdocmbustc, cm sua ·gnor'nc·a, f"cam indefesasdiantedossofismasque lhessão lançados,osquaisentretantoforamjádes· mascaradoshámuitonosmcioscientíFicos Oleitorgostariadeoonheceralgunsexcmplos rcccntes da prática dessa chacina do ponto de vista religioso (e mesmo intelcccual)? Escolhemos a esmo dois manuais editados neste ano: um de biologia e "ecologia", e outro de História Passemos a uma sucinta apresentação dessas obras:

vras,umasugest!vai lustraçãornostraaprctcnsa evolução do primitivo orangotango até o homem, apresentando ''tipos i111ermediários", como se a ciência tivesse demonstrado realmcntc a sua ex·st·nc·a • O livro para l ~ grau de Ne lson e Clat1, dino Piletti "História& Vida", vol. 3? (E, ditora Ática, SP, 1990, 2~ cd.) sob o subtí tulo "Como surgiu o homem ou como o homernse fezhomem?",cxplica: "Deacordo com os es1udiosos, é provável que nossos 0111epassodos lenham sido criaturas pequenas e cobertas de pelo, e que viviam

• "Os seres vivos, ecologia e saúde", de José Luís Soares (Ed. Moderna , SP, 1990, 3! ed.) para I? grau, ensina o puro evolucionismo, e na página 26diz: "&1Jé,

" Dogmas" evolucionistas refutados

••••••••••••

c:ies primitivas de macacos (que já mio exis· tem mais) sofreram mutaçt:Jes numerosas, dando origem a tipos intermediários, até que surgiu o HOMEM" Acima destas pala-

em árvores. &!u corpo sofreu alleraçOes, adaptando-se à vida t1as árvores (essa vida de sobe e desce) ... Com o 1empo, eles passaram a ndo precisar da~· mdos ao caminhar pelo chdo. Começaram, entdo, a ado1or cudu vez mois a posiç-lJo erec1a '' (p. lO) A historinha da evolução é ilt1strada com desenhosdernacacóidesehumanóidespa· rareforçarotexto.

A refutação dos exageros, erros, fraudes e mitos espalhados pdo evolucionismo depois de Darwin, tem enchido livros intci, ros(l).Arevelaçãodasfarsaspseudo-eientíficas, como aquela em que estariam implica-


nuncaconscguiramencontrarocélebre"e lo perdido" enlre o homem e o macaco ao evolucionismo só permanece ati o prescnteporqueestáenehan:adodedoulrinasantierlstis,atéias,materialistasoupan• teíslassubjaeentes. Os estrondosos fracassos dassucessivas teoriasevolucionistas,e as clamorosas fraudes descobertas, foram maisdoqucsuficientcsparainvalidarqualqucrtcoria,cicntificaou não. lstoevidcnciaqueoevo!ucionismonãoéanimadopeloesplritodeciência,masporra1.õesalhcias aomesmo.Aliãs,scusmestrcsnãoesconderam as doutrinas e finalidades concretas anti-cató licascmatcrialistasqucosanimavam(vidcquadroancxo ) • A luz da Fc' e da ciincia, está no stn direito quem afirma que o e~oludonismu moderno niio passa de uma tese gl"llluita ou uma suspe ita estappfúrdia ~oltada contra a Revelação e a Igreja .

••••••••••••

Criação das plantas - "As horas de Visconti", Belballo de Pavia, séc. XV. - Em oposiç(Jo a concepção materialista do evolucionismo, a doutrina católica apresenta a visão grandiosa da criação do Universo por Deus Onipotente dos Sir Arthur Conan Doyle e· o Pc. Toilhard dc Chardin, é matéria comurn crn publicações cientiíicas e mesmo em órgãos daimprensadiária(2) Limitemo-nos aqui a uma sintética exposição de argumentos anti-evolucionistas

••••••••••••

• A Cri ação pertence à Revelação e é dogma da Igreja Ca tólica. Com efeito, já nos primeiros versículos, a Bíblia ensina que Deus é o Criador de Ilido quan10 existe, inclusive do homem individualmente considerado. E no Credo, a Igreja professa a Fé em Deus Pai todo poderoso, Criador do céu e da terra • A oposição creaclo ni smo ~s. evolucionismo é um a questão fundamenlalmente religiosa, isto é, leológica e exegélica. O papel da ciência neste ponto não consiste cm atropelar a Religião, mas em fornecer osdadoscomprovadosquccontribuampa· ra aprofundara verdaderevclada(3)

• Oinleleeto humanoeaseiinciasnaturaisniotimforçassuficicn tcsparademonstrardl' modoeer10 e definiti vo a verdade so bre esta questão. Os maiores gênios da História, pagãos ou cristãos, o têm reconhecido.Aristóteles - umdosmaioresfilósofosdaGréciaantiga - tcndoabordado uma variada gama de assuntos, e,;quivouseeruretantodetrataressa rnatéria,embora tivesse rcfutado as falãcias evolucionistas do seu tempo. Santo Tomá~ de Aquino, omaiorDoutorda[greja,ensinouaimpossibilidadedesechegara umadcmonstração da origem do homem e do universo sem o concurso da Revelação (4) • O nulucionismo nunca foi demon str11do, niio pode se r tldo nem eomo 1eoria verdadeiramenteeil'ntifiea, nem comohípóteseprová,·elà lu zdoseonh eci menlos al ua is. A refutação dos seus exageros, fraudes, erros e mitos, do pomo de vista cientifico eà luz da razão e da Fé, como já o dissemos,enchclivrosintciros.Apesardeempenhados e vãos esforços, os evolucionistas

Pode-se admitir que Deus tenha criado o un ·verso ! .;u"ndo uma v·aevolut" va? A resposta é simples: poder-se-ia admitir, se e nu medida em que a ciéncia forneço elementos que fundamentem esso suposiçOú Ora,osdadosccrtosccomprovados, reco!hidospelasciênciasnarnraistcndi:m ajust"'icarocrcac·on·smoedcsmcnt"rav·acvolutiva Sem dúvida, o Gênesis ensina que, na criação, Deus procedeu segundo uma certaordem,quea Uibliadcscrevenostcrmos dos seis dias. A esserespeito,têm-seclaborado interpretaçõcs exegéticas dignas de consideração.scndoalgumasdegrandevalor e de reconheeida autoridade. Porém, continua sempre de pé, como mais racional e pacifica, a afirmação, ava!izadapela imensa autoridade de Santo Tomás de Aqui no, segundo a qual inj11riagravemen1ea Deus supor que, na criaç{to, Ele tenha procedido por passos incomplews e às apalpadelas, comodcfendeoevolucionismo.Sendo Deus a Sabedoria infípita e a própria Onipotência, não é admissível que Ele ao criarascoisasotcnhafei1odemodoimperfeito. O Universôcriado,cmseu conjunto, apresenta um determinado grau de perfcição, quc obedcce ao plano da perfeitissima Providênciadivina(5).

••••••••••••

Essas considerações tornam patente quanto é noc ivo o ensino do evolu cionismonascscolas, paraasaúdemoral.intelectual,psiq uicadosjovenseparaaformaç.llo de seu caráter, bemcomodesuaconduta Em especial, isso se ap lica aos a lunos do I? grau, mais frãgeisei mprcssionáveisdo que os do l? (~AULO FRANCISCO MARTOS NOTAS (]) Ver, por exem plo: Pe. Alejandro RoldãnSJ, '"Evolução'-Oproblemadoevo-

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Evolução e ecologia O TERMO ECOLOG IA atribui-se ao zoólogo alemão Ernst Hacckcl (1834-1919).EstesistcmatizadordasdoutrinasdcOarwin, o fundadordoevoh.1cionismo (1809-1882), "deixou esteira mais viva na teoria evolucionista apesar do seu dogmatismo infundado, de suas fraudes comprovadas e de sua imaginação criadora que supria, com cxeffliva freqíilncia, o que fatiava aos dados cicntiíK:OS". Alguns chamaram-no "pontlfice da evoluçJlo" e "profeta". Seu ódio contra a religião, contra Deus onipoten-

te, Criador de todas as coisas, coseu materialismo eram extremados. "O sangue de LUiero, de Bismarck ede Nietuche

corria por suas veias", disse o historiador Radl. "Sua audácia - escreveu o próprio Darwin - me faz, por vezes,

es/remecer" Na teoria evolucionista tudo "cxplica-se" pcloazarcpela nccessidadc. Segundo ela, cm dado momento, algo enguiçou ôcvido a um dcsastrc não csclarccido. E, depois, uma Sffic infinda de azarts, fracassos e metamorfoses produziu seres de todos os tipos. O homem não tem nada de C!ipiritual. Ele~ um animal como outros, evoluindo sem rumo, sem comprcnder o que acontece, continuamente moldado pelas circunstAncias. A ecologia, segundo Hacckel, 6 o estudo de.'>sa pcrpttua,

lucionismo e da antropogénese", coleção A.E.e., Rio, 1958, 450 p;\gs (2) Ver, por exemplo, o artigo ''Fraude do 5éculo revela novo suspeito", in "O Estado de S. Paulo", 9-6-90 (J) Cfr. Ocorgcs Salct, "Hasard et ocrtitude - Lc transformisme dcvant la biologie actucllc", &litions Scientifiques Saint Edmc, Paris, 1972, 2~ edição (4) Cfr. Suma Thológica, 1, q. 46, a. 2 (5) E.~te Universo não to mais perfeito que o Ser supremo poderia tirar do nada , pois, em princípio, Ele, sendo onipotente, teria capacidadeparacriaroutroscomgrausde perfeição superior. (6) Os araumentos acima expostos refutam a teoria cvoludonisla quanto à origem do homem Além dessa argumentação, cabe lembrar aqui a contestação dessa teoria num outro campo, o criteriológico. O evolucionismo, sendo relativista, seu conceito de verdade também se transforma, o que envolve uma contradiçao. Assim scndo,ocvoludonismonãopretendecnem pode dizer a verdade. Com efeito, se tudo evolui, também a doutrina evolucionista se transforma. O que ela admite hoje como "verdadeiro", amanhã considcrà-lo-li. "falso'', e assim numproces50aoinfinito.lstotemsidoafir24 -

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ccgaeespontAneatransíormaçãodohomem cm i;eu meio ambiente Paraasteoriasevolucionistasvanguardeiras-tãoincertasecarnbiantesquanto as de Hacckel - o cérebro do homem de hoje procederia de uma espécie de orangotango,queviviaembandos,provavelmentecaçadorehabitantedecavcrnas, dmado de uma imaginação mais poderosa que a dos símios, seus parcntcs mais próJtimos Após novo desastre - segundo alguns, a eJ1tinção dos mamutes que põs fim à era da abundância - o homem lutou pelo alimento, apropriou·!õe das mulheres e dos instrumentos de caça do clã. Nasccuassim,oegoii;mo,apropriedade,afamíliamonogílmica,acompetição e a guerrn. Então aqueles homcns-macacosdcimaginaçãosuperdescn volvidajulgaram-sesuperioresaorestantedanatureza. Dai derivou-se a religião e a civilização, as quais não passariam de mentiras antinaturais Serianormalquetaisteoriasdcsaparccesscm na História da ciência, rejeitadascomoabstraçõesdtsvairadas.Contudo,elasforam-econtinuamaserensinadasemcscolascuniver5idadcs. Na década de 60, a Revolução da Sorbonne,algunsambicntcsuniversilà ric,s norte-americanos, os movimentos "hippie" e tribalista adotaram cm par-

teessasdoutrinascomumobjetivoconcrcto, sob o rótulo da ecologia. Algumascorrcntesdocstruturalismo-doutrina antropológica-filosófica cm voga nesse época-, porém, rejei tam o evolucionismo, porque propugnam uma sociedade tribal estagnada no tempo e no espaço. Alguns autores estruturalistas, alémderepudiaracuhuracacivilização-segundosuavisão,frut0$cOndenávcisdacvolução-che1ama1éacondenaraHistória Apesardcssasdivergencias,éinegãvcl que se tomou moda nesse:sambicntes,apartirde então, favorcccr ludoo que promovesse o tribafamo. Assim, noterrenodoscostumes,ficoubcmvisto o hábito de se andar quase nu, de modo desalinhado e espontAnco, semelhante a um bicho na selva. embora se residisse nas cidades. Orock,comscus ritmos aFricanos, tornou-se o fundo musical dessa gigamcsca revolução. Att a tecnologia foi interpretada como reedição de fetiches tribais do homem das ca~crnas. E a religião pa$50U a 5CT" vista como uma pràtica mediante a qual alguns mais dotados de poderes - por uemplo,osfeiticcirosnllStribosprimitivas-transmitemaosoutrososdcsvariosquesuaimaginaçãoàesrcgrada(ou o próprio demônio) lhes inspiram como que espontaneamente.

madoporconhccidoscvolucionistasdaatua-1 tidade, como os professores G. Lcdyards Stebbins e francisco Ayala, da UniversidadedeCalifórnía-Davis (cfr. Scicntific American, ''The evolution of darwinism", vol. 253, n~ 1, julho de 1985, pp. 72 e ss).

Jà Aristóteles, na Antigüidade, e Santo Tomli.s de Aquino, na Idade Mtdia, demonstraram a incapacidade da teoria evoludo.nista para atingir a verdade, ao refutarem os erros gregos e ealpcios nessa mattria

Em '"Hist&ia e V-Ida" (volume 3), 8 diffcil definir o desenho da figura qve está con!r fruindo os primeiros instrumenlos de trabalho: macaco evoluído ou homem simlesco?


Um Estado dentro do Estado A SECRETARIA de Polícia Civil carioca informa que no último ano houve uma média de quase dois assaltos a bancos por dia na cidade do Rio de Janeiro. Quanto aos raros assaltantes presos, são tratados a pão-de-ló e boa parte deles foge da cadeia, sem cumpnr a pena. Ainda M pouco, a ativa participação da célula criminosa Falange Vermelha - que atua nos presidies do Rio - no seqüestro do empresário Roberto Medina atesta um grau de audácia e expansão da cri-

minalidade nunca visto Há "ronas liberadas" na cidade do Rio, nas quais traficantes de drogas e banqueiros do jogo do bicho ditam as leis. Nesses locais, a Policia só entra mediante o emprego da força, quando se dispõe a fazer ato de presença. O estágio de desagregação moral e social que presenciamos pode-nos conduzir talvez a médio prazo - se providências enérgicas não forem tomadas-, a uma situação como a da Colômbia, em que traficantes de droga criaram um Estado dentro do Es1ado. ARMANDO BRAIO ARA

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Escrevem os leitores • Santo Sudllrlo CATOLICISMO de abril/ 1988apresentouemsuaspáginas um artigo informando aos leitores sobre a autenticidade do Santo Sudário. Tratou dessa matéria com objetividade e dareza.Citoupareceresdeestudiosos do assumo. Considerou permanente "a atualidade do tema" ..... No ..:ATOLICISMO de marco/1989 através de três hipóteses o Dr. WalterGonzalez levanta sérias dúvidas sobreascondusõesaquechegou a prova do Carbono-14 ... Fica-se bem inFormado que no

sé-

culoXIVaSantaMortalhafoi veneradaemLireyeque, nosé-

culo XVI ela foi transportada para Turim, onde foi mantida até os nossos dias .... Considerar que o surgimento do Santo Sudário se deu no século XIV, conforme indicou o teste do C-14é, sem dúvida, um engano. O cientista Dr. Walter Gonzalez, quando afirmou em uma de suas hipóteses qu e houve "desvirtuamentodotesteC-14", estava anunciando uma verdade. (Ribamar D. Oliveira, Belo Horiwnte- MG)

• Das melhores Pretendo renovar porque, aoquemeparece.édasmelhoresrevistasdo Brasil (Oriel Ramos Wanderley, Águas BelasPE).

• Comparando Sou assinante e entusiasta dessanotàvel rcvista,cstampandocomarte,sabedoriaeprofundidade assuntos palpitantes.No número abril/maio a acompanhou a famosa VIA SACRA de Plínio Corrêa de Oliveira Li e reliopreciosotrabalholiteràrio do católico de lei e ilustre e combativo paulista. Recolhime para ir mcditando. Passeia 26 -

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recordaraquelas"SemanasSantas"deminhameniniceeadoles céncia. Revi aquelas cerimônias todascomosetivessemsidorealizadas agora em minha frente equemeimpressionaramsobremaneira naquela fase iniciat da minhavidaequerepercutematé hoje. ASe:i<taFeiraSantafinalizava com uma enonne, monu mental "Procissão do Enterro" que percorria longo trajeto, en treparandonos"Passos".Oinlciodelaestavachegando:!.Cate· dralenquantoasuapartederra deiraestavasaindo.Orespeito, ofcrvorcorecolhimentocmolduravam esse espetàculo de Fé. Seadireçãodalgrejaantcsdc mudarcompletamcntc asuarazãode ser e de encarar o mundo, virando-a de "cabeça para bai:i<oenem sei em quantas o utras posições, tivesse ouvido ou consultado os seus liéis,ores ul· tado seria bem diferente. E, no entanto, agora os Bispos reunidos em ltaicicensuramoatual Governo brasileiro portnão ter consultado o "Povo de Deus" arespcitodasmcdidaseconômicas. Dois pesos e duas medidas Paramimfoiumdiafclizapartedamanhã e datardedaSex ta-FeiraSanta,dial3deabril de 1990. Porém, à noitinha, um acúmulo desusado de público que fremia, lançando mão de gritosestridentes,berrose urros nunca ouvidos, assobios, palmasdescontroladas,alaridos inintcrruptos,começouno''Centro de Convivência Cultural". Soube depois que se tratava de uma "cultural"cxibiçãodo"E· XÊRCITO DE MOSCOU", da URSS, para os bobos e atrasados tupiniquins. E escolheram o dia cer10 - o dia da Paixão de Jesus Cristo - para esses atcus se ~ostrarcmcsercmaplaudidos e festejados perante um auditório da naça.o mais católica do mundo, segundo afirmam Gostariadesaberqualoconcei to que os soviéticos fazem de

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nós brasileiros ... Das autoridades que se dizem eclesiásticas nãoseouviuncnhumapalavra, nenhuma censura e muito mc11osumenérgicopro1es10,oque, em outras palavras, se traduz por assentimento e aprovação, Todavia,apesardofimmelam:6lico des.se dia de recolhimcnto, muito pude aproveitar lendo a "Via Sacra" já aludida e igualmente me reconfortou basta11te alcituradetodaareferidarevista, sempre repleta de assuntos osmaisvariadoseinteressantes Éo nosso alento, tanto a herói ca TFP como esta notável e ligucrridapublicaçaodeescol. SãoaúnicaluzqueencOntramosnestaterrivelescuridão,onde 110s fartamos de presenciar osmaisescabrososeignominiososacontecimentoseasmaisestapafúrdiasediabólicasposições assumidascapoiadaspcladireçao da Igreja (Geraldo Pe111e11do Min1nd11, Campinas..SP)

• Nossa Senhora da Graça Peço uma reportagem sobre aorigcmdadcv0ça.oaNOSSA SENHORA DA GRAÇA, cuja devoção é secular em SIio Fran· cisco do Sul, cm Santa Catarina. NossaSenhoradaGraçafoi proclamada padroeira da diocese de Joinville por Don Pio de Frcitas,11ummcmoràvelcongresso das Congrcgações Marianas, ocasião em que tivemos a grata sa tisfaçãodeconheceroDr. Plínio Corrêa de Oliveira, então jábrilhanteorador(ArnoldoA. da Costa, Curitiba-PR),

• Apreciei Tiveoportunidadedeconhecer vossa revista, a qual apreciei muito. Solicito informações sobrecomotornar-mcassinanteecatálogodcpubjicações(José Moaclr Portera de Melo, Pontes e Lacerda-MT)

• Cruz e espada Quero parabeni1.arCATOLI· CISMO pela sua capacidade de ação. É um farol que nos guianestaborrascaqueéosécu lo XX. Os artigos são todos

a~~i~

~~:!°m~m:::~~;::: :~so~ gos do Sr. Dr. Plínio. Citocomoexemploumquesaiucmfeverciro"lnterpclandoaEsquerda e aExtrema-Esqucrda",que

põe o adversàrio entre a Cruz eaespada(M11rci11Regin11Crui dos Santos, Campos-RJ)

• Amigo Por meio de um amigo tomei conhecimento da revista CATOLIC ISMO, pela qual muito me interessei. Como de· voprocederparacontinuarrece• bendo-a? {Alaíde Rodrigues, Belo Horiwnte-MG)

• História Sagrada Gostaria que me enviasse pelo reembolso postal o livro de São João Bosco "História B!blica de Velho e Novo Testamento". Este livro dá condiçõesparaentendermaisaHistó· riaSagradaemseular(Marcos Meira Cezar, João Pessoa-PB).

• Correspondência Êcom muita satisfação que leio CATOLICISMO. Esta revista ilumina a nossa mente, fortalecenossavontadcnocaminhodobem.Aproveitooenscjo para pedir para publicar meuendereçonarcvis,a, Que· ro manter correspondência com leitores do CATOLICISMO (Silviano Rodrigues G11erra, Av D. Pedro 1, nº 3260, Jaru -RO, CE P 78925).

• Museu do Purgatório Venho agradecer a gentileza de ter-me enviado o artigo de CATOLICISMOsobrcaigreja que existe cm Roma com o Museu do Além. Li e fiquei impressionado com o artigo. Jà havia lido em livros como "Vi daparaalémdamorte''referências a esse Museu. Porém esse livro é deumteólogoprogressista, Frei Leonardo Boff. No tal livro ele diz que tais histórias ma cabrasdemisticosconturbados não conferem com o amor e a bondade do Cristo dos Evangelhos ... Quanto a m!m, de acordo com a formação católica qu e r~cebi, dou crédito ao artigo sobre o Museu do Além, que é um aviso dos Céus para que nós nos purifiquemos já aquidenossaspenasdcixadas pelos pecados. Vou lê-lo e relê· lo e guardà-lo com cuidado e transmitir para os que me ou· vcm(AlinioJoséRorges, Uberlãndia-MG).


História Sagrada -

Deus prova Abraão SARA "concebeu e deu à luz um filho na sua velhice, no tempo que Deus lhe predissera. E Abraão pôs o nome de lsaacao filho que lhe nascera de Sara .... tendo então cem anos; porque foiquandoscupaitinhaestaidadeque nasceu Isaac". Deus disse então a Abraão; "Toma

Isaac, teu filho único, a quem amas, e vaiàterradavisão,aaíoofcrcccràs em holocausto sobre um dos mames que cu te mostrar. Abraão, pois, levan tando-se de noite, pôs a sela ao seu jumento, lcvandoconsigodoisjovens(servos),c lsaac,scufilho;ctcndocortadoalenhaparaoholocausto,partiupara o lugar que Deus lhe tinha dito. E, aoterceirodia,kvantandooso!hos,viu olugardelonge;edisseaosseusservos: Esperai aqui com ojumcnto;eueo mcninovamosatéacolá,e,depoisqueadorarmos, voltaremos a vós'. Tomou também a lenhado holocausto, e pô-la sobre Isaac, seu Filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. E, enquanto ambos caminhavani juntos. disse Isaac a seu pai: Meu pai. E ele respondeu: Que queres filho? Eis, disse (lsàac), o fogo e a lenha, (mas) onde está a vitima para o holocausto? E Abraão respondeu: Meu filho, Deus deparará a vitima para o seu holocausto".

Aqui estou. E (o anjo) disse-lhe: Não estendas a tua mão sobre o menino e nAolhc façasmalalgum;agoraconheci que temes a Deus, e não perdoaste a teu filho único por amor de mim. Abraão levantou os olhos, e viu atrás desi umcarneiropresopeloschifresen1reosespinhos,e,pcgandonele, oofereceuem lugar de seu Filho" (1) "Pela Féde Abraão, posto à prova, ofereceu Isaac, e oferecia o (seu filho) unigênito, aquele que tinha re<:ebidoas p romessas; aqucleaquemtinhasidodito: l:de lsaacquesairáatuadescendência;mas(Abraão)consideravaqueDeus é poderoso até para ressuscitar os mortos; por isso o recuperou (como) uma figura"{2). "Masquerestusaber,óhomemvão, como a fé sem obras é morta? Abraão nossopainãofoielejustificadopelai obras,oferecendoseufilholsaacsobre o altar? Tu vês que a fé cooperava com assuasobras;cqucaféfoiconsumadapormciodasobras. E cumpriu-se a Escrituraquediz:AbraãocreuemDeus, e lhe Foi imputada ajustiça, e foi chamado amigo de Deus. Vês, pois, que o homcméjustificadopclasobrasenão somentepelafé?"(3). Renovaçlio da a liança "E segunda vez chamou o anjo do Senhor -a Abraão do céu, dizendo: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: porque fizestetaleoisa,enãopcrdoasteateu

em seu lar

noções básicas filho único por amor de mim, Eu te abençoarei, e multipl icarei a tua estirpe como as estrelas do céu, e como a areia quchâsobreapraiadomar;atuadescendênciapossuiráas portas de seus inimigos. Enatuadescendênciaserãobcnditas todas as nações da terra, porque obedecesteàminhavoi"(4). Isaac, prefig ura de Jesus Cristo "OsacriflcioqueDcusacabadeexigirdcAbraãoéumaimagcmdosaeríficiofumrodeJesusCristo. É1aoparecida a figura com a verdade, que setorna óbvio exp licar a semelhança. Isaac carregaalenhadosacrifldo;Jesushâ de carregar a cruz, instrumenrndoseu suplicio. O mesmo monte serão altar de ambos. Isaac consente na própria imolação, Jesus se oferece à morte Abraão, não obstante seu afeto, está pronto para ferir a vitima inocente; Deus Pai, nllo obstante seu amor, fere ao Fi lho, a mesma inocência. Isaac e Jesus lícam vivos depois do sacrifício. Isaac não está imolado e nllo ressuscita senãofiguradamente.Jesusdárealmente avida que recupera na ressurreição" (5). 0

..

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(l)Gen . 21.2-5 cn,2. 11. (2)1!cbf.ll , 17, l9. ())Tiago2,20-24. (4)0.n.22,15- 15 (5) Mon,. Cauly, Cuno <lc ln«r~lo RtligiOM. llistóriadoRcligilocdalgrcja,Li"<aiiaFranci,C<lAl>es, Slo l'a ulo, 191),pp.)6-)7

Um anjo impede que Abra~o efetue o sacrifício de seu filho Isaac

Isaac ê salvo po r um anjo "Caminhavam, pois, ambos juntos. E chegaram (finalmente) ao lugar que Deuslhetinhadesignado,noquallevantou umaltar,esobreelepreparoualenha; e, tendo amarrado Isaac seu filho, pô-lo no altar sobre o feixe de lenha. E estendeu a mão, e pegou no cutelo para imolar 11eu filho. E eis que o anjo do Senhor gritou do céu, dizendo· Abraão, Abraão. E ele respondeu:

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N

A CONTRACAPA de nossa última cdi-

a qual tornou-se um centro de peregrinações, provenientes não 5Ó de toda a Li tuânia, mas também da Prússia. Porta da Aurora, Padroeira Nessa capela foi colocada 1 uma imagem de mármore, esculpida em Londres, repreinvocação da Mãe de Deus, sentando a aparição. na atual crise polftica cm que O quadro de Nossa Senhosccncontraessanaçãobáltica. ra, encontrado no baú, pintaAlémdisso,arcfcridamado em tela e de estilo bizantitéria continha um breve apano, foi tra:r.ido de Roma por nhado histórico, que emolduvolta de 1450. Assemelha-se rava os fatos que determinaele ao executado por São Luram o aparecimento daquel.i cas, o qual se cncontrn na Badevoção mariana. sílica de Santa Maria MaggioA História da "Terra de re, na Cidade Eterna. Maria", como é cognominaCom os objetos votivos da a Lituânia, registra mais foi feito um manto de ouro duas importantes devoções e prata, que foi colocado soà Santíssima Virgem, que bre a tela. A pedido dos nomerecem menção: a de Nosbres e do clero lituanos, o sa Senhora, Auxílio dos EnVaticano autorizou, em 1ns, fermos, representada por a coroação solene da Virgem um quadro do século XV, Santíssima nela pintada, cericm estilo bizantino; e a da môn ia da qua l P"-irticiparam aparição de Maria Santíssi- NOSSil Sen/um,, Auxllio dos Enfrm1os - Pinllm1 tnitidti os bispos da Lituania, nobres, ma num camP? próximo a de Roma, aproximadamerzte m 1450, Sarrtrilfrio de Si/uva senadores e 30 mil fiéis. O Siluva, no inicio do século quadro recebeu o títu lo de XVII, e que é representada '' Auxíl io dos Enfermos'', scnpor imagem de mármore, vcncrnda do sua fcstacelcbrada em 8desetemnuma capela, que se construiu no próprio local da manifestação sobre:~a~:iJ~Je natural. A devoção à Mãe de Deus, em Em meados do século XVI, por Siluva, continua viva até hoje, atesinfluência da Prússia, mu itos nobres tando o profundo espírito católico da parte ocid enta l da Litu ânia aposda popul ação lituana. tataram da Fé católica e tornaramCom a ocupação da Lituânia pelo exército soviético, em 1945, as rose ~~i;s~~~·na localidade de Silu- socorrei o povo lituano! marias foram proibidas, mas o povo lituano, fiel à sua fé e à devoção va, P.róxima da cidade d.e Raseinia\ (região noroeste do terntório lituamariana, não cessou as peregrinarespondeu: "Estou chorando, por- ções ao santuário e à capela da apa~~ÍivrJ:~~ J;1~ai~:~j~sd~j1i~,1:,a! que houve tempo cm que, neste lu- rição mariana, cm Siluva, correndo dominaram a maior parte daquela gar, meu Filho era cultuado, ao pas- oriscodcsofrerrepresáliasevio!êncidade, estabeleceram uma escola, so que agora a terra aqui é usada das. para arar e semear"'. f:~f:=~r=~t:!:~::~~s A notícia da ap~riçâo se difundiu Os li tuanos devem dirigir-se hosa Senhora. pelo país, e a escola calvinista enOs anail! da Histó ria de Siluva trou cm crise. Em 1612, no local da je a Nossa Senhora - assim como relatam que, em 1608, uma jovem aparição, escavando-se a terra, foi o fizeram ante a ameaça protestancom um menino ao colo apareceu encontrado um baú contendo obje- te, no século XVI - e, confiantes, sobre uma pedra, num campo on- tos de culto, documentos da Igreja implorar sua intercessão para subtraírem-se da tirânica pressão soviétidccrianças camponesas trabalhavam. e um quadro de Nossa Senhora. Um dos meninos correu até a ciEm breve a região voltou a ser ca. E que essa fervorosa prece seja dade para chamar o pastor calvinis- católica, e cm 1643 foi reconstruída também a dos católicos de todo o ta. Este, dirigindo-se ao local, viu a a igreja dedicada à Natividade de orbe, irmanados àquele valoroso pojovem chornndo e lhe perguntou a Maria. Ademais, cm 1663, foi edificarazão de seu pranto. Ela, então, lhe da uma capela no local da aparição, ~i~~~~}~:çti~~~a l~ofe~~'.11csma

quadro ç~~· r1o=n~~i!ra~

~~fi~~~!~ii-:;,~~! ~:~~aº~f.~

Nossa Senhora, Auxílio dos Enfermos,

J: ~:;.

~rc:;1

~e~:::~~~~~~



Discernindo,

distinguindo, c lassifica ndo .. .

A CASA DOS LOUCOS

G

ANHAR na loteria é o desejo de muita gente. Ficarric?dercpente, poder gozar a vida é a metada felicidade. Metamuitoterra-a1erra. é verdade, ma s comum e corren te. A tal ponto desejada, que a expres são " ga nhar na loteria" passou a apli car-scanalogicarncntc a diversas situações boas e raras. Di z-se que "ganhou na loteria" quem conseguiu comprar uma boa casa, num bom lugar, por preço barato; quem, nos dias de hoje, teve um casamcmo feliz; e assim pordian!e Nadamaiscontrárioànoçãodcloteriadoqucapro~imá-lada idéia de morte. Não obstante isso, na Austrália, "a emp resa Funerária Eníicld lançou uma loteria: os prêmios são cem riquíssimos cai:sôes(. .. )bclíssimos, muito confortãvcis,cujodescnhoespecialpermitcuma excelente visibilidade do defunto" ("O G!obo", 14-2-88). Tal fato faz par1e das loucuras do mundo moderno. Como também este ou tr o,divul gadopdomesmodiáriocarioca. cm 11 -2-89: numa exposição. "o cscul1or canadcnlc Rick Gibson" c~ibiu "brincos feitos de fetos humanos". E· na Bahia, uma lanchonete oferece como a tração "sand uíches de minhoca" ("A Tarde", 18-7-88). Assim como o século XVlll foi chamado, embora erroneamente. o século das luzes, co XIX foi conhecido como odas invenções, o nosso século XX talvez venha a ser designado no futuro sobretudo após o espetacular 1riunfo dolmaculadoCoraçãodeMaria.previstoem Fátima - como o s&: ulodadcsrazão

O demônio, pai da mcmíra, nunca dá o que promete. De fato. nos últimos séculos, a fé veio sendo lançada às urti gas cm nome da razão humana. Es1a seria uma rainha todo-poderosa que iluminaria completamente o homem e o circtmdaria de uma felicidade perfeita. Na verdade, a razão sem a fémostrouseva<:ilanteemesmoincapazdeconduzir o homem através dos magnos problemas que o aíligem contemporancamcnte. Após obter alguns resultados significativos no!irnitadocampo das ciências naturais.arazãonãosoubcencontrar para a humanidade as vias de sua vocação sob ren a tural. A alma humana ficou contu rbada,acu lturadcca iu.acivili zação vai desmoronando. a própria Jgre ja sc cncontra profundamente afetada.

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Sctcrnbro 1990

Enquanto isso, cm Veneza. pessoas lidas e havidas por responsáveis resolvem constituir um tri bunal para absolver. .. Caim ! "Caim, o primeiro homicida da História. foi absolvi dopor5votoscontra 4, da acusação de assassinato premeditado, por um tribunal imcgradoporestudi ososda Bíblia,historiadores, magistrados e criminalistas" ("O Globo", 20-12-88) E por falar em julgamentos insensatos.um réu foi "condenado por um Juiz de Medina (OhioEUA), a ter que vi vc rcntrc baratasdurante seis meses. por tervioladooregularn ento higiênico da cidade"("OGlobo". 8-5-89). Em Genebra, por sua vez, numa feira deinvenções,estavam expos to s "sapatos Caim mala Abel (detalhe do mosaico da ca,,.la Pa/11tln11 com ar condicionaem Palermo, Itália}. Agora, em Veneza, um singular lribu- do" ao lado da "bicin11/ resolveu absolver Caim... cleta do italiano Alvaro Zuccoli. que se loc já sccorneçaaapelaremgrandeesca- comove ao ser pedalada para trás".O la para a magia e outras superstições invemorédcopiniãoque "hásécu los de cunho irracional. fa:.temos a coisa de maneira errada" Em meio a tantos escombros, a po- ("Jornal da Tarde", 22-4-89). brc ra1.ão humana. 1endo perdido as balizassegurasdafé.ficaparaliiada,e cmalgunscasosparecemesmoevancsci· da. Dai o reino da desrazllo, ou seja Osfatosaquicitadosapc:nassobresda loucura, va i se espa lhando por todas saemdcntro deumaenxurradadeacon aspartes. tccimen1os contemporâneos que caminham no mesmo rumo. Na.o será de estranhar, pois. se no fu!uroseinstituir"um''MuscudoSéculo Assim, nãoédccstranharqucacor- XX", contendo exemplos do que agora rupçãosejadefendidacomofórmulaade· ocorre, para - na expressão pitoresca quadaparaaeconomia,porpessoacspe- do velho Portugal-"escarmento dos ciatiiada,cmjornalconceituado:"A cor- povos". Ou seja, como lição anão ser rupção pode ser boa para a economia scguidadea téondepode chegaradecadospaiscsdoTerceiroMundo,argumen- dênciadarazãohumana.quandoscaban1a o professor americano David Osterfcld, dona a Fé católica. numartigoparaoJornaldoDescnvolviA esse museu se poderão dar vários mento Econômico. publicado pela Câma- nomes. Um deles, por exemp lo: "a cara do Comércio dos Estados Unidos" sa dos loucos". {"JornaldoBrasil",12-8-88). CA


~AfOUCfSMO \W SUMÁRIO RELIGIÃO - Nossa Senhora das Dores: seu papel providencial em socorrer os que sofrem ................................... 4 • A devoção a São Miguel Arcanjo

emváriosdeseusaspectos ...... 16 INTERNACIONAL ·Ô bloqueio norte-americano ao Iraque, se não for bem conduzido, facilmente resultará em desprestigio dos EUA ............................... . 7 ~~~~~oso~iética, ~~~~~:

sia e a Lilu~uanto isso, o abaixo-assinado das TFPs já é o maior do mundo ................ . .... 8 - Na Alemanha Oriental vai tomando vulto a questão do julgamento dos qu_e ali sustentaram o regime comunista .... . ..................... 24 AMllRICA LA TINA

Exilados cubanos denunciam em im-

~C::!ª:!s\~~~a1u~~~-ra~~~a -~-1t

A

DISTÂNCIA entre Cuba, a ilha-presidio do Caribc, e as costas da Aórida, ao sul dos EUA, é de 144 kms., equivalente ao trajeto Sllo Paulo-Taubaté. Os aviões de combate MIG soviéticos, que possu i Fidel Castro, podem alcançar o território norte-americano em apenas 12 min utos. E eles têm seus computadores programados para bombardear objetivos estratégicos, como a usina nuclear de Turkey Point, na Aórida, o que contaminaria radioativamente um exlenso território da América do Norte, produi:indo incalculâvel pãniconopais. O que foi exposto acima não é en redo de uma novela de ficção. Corresponde li denúncia pública feita recentemente por um grupo de deputados dos EUA, liderados por Dante Fascell, presidente do importante Comitê de Relações E.>.teriores da Cãmara de Deputados nor1e-amcricana ("Diario Las Américas", Miami, J-6-90). Mas a ameaça castrista ao continente não se reduza aventuras militare5, delii muito graves. Nas Ultimas décadas, Castro vem uti lizando uma arma de guerra psicológica, sob certo aspecto mais eficiente que a militar, pois atua impalpavelmente sobre a mentalidade e a psicologia dos povos das Américas: sua "política religiosa".

TFP

~";i~~~!ecd;ITt~~~i~~~ ~~~sJ:::

sileirilreali.zaumEnoontrodeCorrespondentes e Simpatii:antes ... 14 NACIONAL Em Vberaba, uma idéia inovadora evita os males da Reforma Agrária 19

No que consiste tal "polltica religiosa" e quais s.ão seus objetivos em relação .:li A~rica Latina, aos Estados Unid05 e ao e,c.ilio cubano, é o tema do livro-denüncia "A!é quando as Américas tolerarão o ditador Castro, o implac:ivel stalinista'?" lançado em data recente pela entidade "Cubanos Desterrados", de Miami. O Sr. Scrgio F. de Pai, diretor de "Cubanos Desterrado$" - de passagem por São Paulo, num giro latino-americano - prestou declarações cxclusivu a "Catolicismo", rcprodu:ddas nas páginas 10 e 11. É com satisfação que aprcsentam05 a nossos leitores tal matéria, inédita no Brasil. A ilha-presídio estaria sendo utilizada par remanescentes ainda Poderosos de forças anti-''perestroikianas'' ou de carãter stalinista do comunismo internacional, como labora16rio de uma slntcse comuno-calólica a ser aplicada cm outr05 países das três Américas. Esta seria uma hipótese que se tornaria mais vCT"ossimil ante uma cvemual deterioração da situação politlca, religiosa e econômica da região.

Em São Paulo, arengando, cm março passado, ante mil Hdet-a de Comunidades Eclesiais de Base, Fidcl Castro manifestou que "mudanças po lhicas" favoráveis à Revolução Poderiam ocorrer no continente, "talvc1, mais rapidarncnle do que pensamos" ("Resumen Granma", Havana, 8-4-90). Bravata delirante do velho e labioso ditador'? Ou previsão, com cartas marcadas, de um futuro golpe-de- mio rcvolucionãrio1 O tempo o dirà. O certo é que o livro-dcnüncia dos cubanos desterrados pQderã servir como importante temática de rcílcllllo aos esplrit05 sérios e precavidos no Brasil e cm todo nOSliO continente. Os recentes acontecimentos ocorridos oo Oriente Médio, também comentados nõta edição, tornaram evidente a fragilidade do cquilibrio polílico mundial. No momento pre· sente, uma das melhores formas de protcscr o continente americano contra eventuais convulsões esquerdistas consiste certamente cm conjugar esforços de esclarecimento da opinião püblica e diplom.:liticos para a neutralização definitiva da espoleta castrista.

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No t111pressivo gflSto deste busto da "Virgem Dolorosa", esculpido por Pedro de Mena em 1673, reflete-se o sofrimento pungente da Mlle do Salvador - Sala Capitular do Mosteiro das

~scalças Reais, Madrl

Nossa Senhora das Dores

N

UMA APRAZ IVEL tarde de domingo, rod,1va cu pela ~ suaves serra11iasdoocstedcM111asGcrais, quando minha atenção foi atraída p0r urna simpát ica igrejinha do mais gcnuí11ocstílocoloníal. Meu acompanhante, bom conhecedor dahistóriadarcgiilo,contou-mcqucalocalidade onde nos cncomrávarnos resultara, ain da cm 1cmp0s do Brasil Colônia, da fusilodcquatrograndcs propriedades rurai s. Pelos idos de 1730, di zia-me ele. o lugarejo era conhecido como Boa Vista e eort~tituia pomo de parada dos ba11dcira11tcs qu e poralipassavamemdcmanda dosindios goyases ( I), Comafusãodaquclasquatropropricdades, íoiManoelCoutodeSouza,proprictáriodc uma delas, quem cercou o terreno e mandou construir uma capela. Em torno desta, que haveria de transformar-se cm matriz, foi se constituindo o p0voado que se elevou à categori a de freguesia e depois chamou-se Vila de Nossa Senhora da Serra da Saudade do Jndaiá, dcnominaçilo que posteriormente se alterou para Dores dolndaiá. A razão deste último nome deve-se a que,rcmonrandoasuasorigcns,alocalidadc reconhece ter conslÍtuido seu pomo de partida a capelinha do fazendeiro Manoel Couto de Souza, a qual possuía como patrona Nossa Senhora das Dores (2), cuja fcstaaSagradaLiturgiacclebraal5dese4 -

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tembro. Essa fes1ividade foi institulda para comemorar todas as Dores de Maria, espe<:ia lmcntc as Sete Principais (3) que Ela teveduranteavida,pa ixãoemo rt edc seu Divino Filho.

No sofrimento, S •I na 1 de "I - d• • Pre d I eçao IV.na

Setc rn hro 1990

Sonlidoo,pecl,ld,lnvoc,ção Há, entre out ras, uma ra7,ão especial

para todos os qu e sofrem pedirem a prote-

Excetuados os sofrimentos adoráveis do Cordeiro de Deus, as dores suportadas por Nossa Senhora foram incomparave lmente mais intensas do que tudo quanto os homens sofreram desde a queda de Adão, e haverão de padecer até o fim do mundo

ção de Nossa Sen hora das Dores. Segundo as regras da psicologia humana,aspcssoassofredoras são mais compassivas Q,empasso,poc,m,grn,dcdor, compreende o que elasignifícaecstámais disposto a ajudar o pró:-.imo. Ora, aextensãocaintensidadedasdoresde Nossa Senhora foram tais que excedem nossa compree11são. A Igreja celebra as Sete Dores, precisamente porque esse número exprime a idéia de totalidade ou un iversalidade. Enquanto dolorosa, Maria Santíssima é particularmente propensa a atender os pedidos dos que sofrem. Ela aceitou o abismo de dores, para que nós sofrêssemos menos. E manifesta cm relação à dor recebida com cristã resignação, ao amigo da Cruz, ao filho sofredor, compaixão e pena, obtendo-lhe, á maneira de uma carícia ede um afago, uma certa forma de compensação sobrenatural, quevalcincomparavelmcntemaisdoque o sofrimento aceito.


É, pois, muito razoável que, sob essa invocação,peçamosaElaquenosobtenha, pelos méritos insondáveis de Suas dores, a forçaparalevarmoscomresignaçãoecoragem, e mesmo com amor, o pesado fardo de sofrimentos que merecemos por nossos pecados, ou que a Sabedoria divina preparou para nossa santificação. E possamos assim,eventualmenteatécommenorônus, alcançar no Céu todo o grau de glória que fomos chamados ater.

O papel da dor na vida humana

pronunciouoterrivel''consummatum est''. Ele sofreu, pois, continuamente ... Ora, como Nossa Senhora é o Espelho da Sabedoria, Ela reflete em Si tudoquantoéde NossoSenhorJesusCristo. As.sim, analogamente, pode-se dizer que foi a Mulher das Dores. Sua existência inteira foi marcada pelo sofrimento, proporcionado às forçasincakuláveisqueagraça Lhe dava. Suas dores foram im ensas, mas - é preciso ressalvar - por mais lancinante$ que tenham sido, não punham Sua alma santlssimaemturbulência.EramdorC$per-

mitidas pela Providência e recebidas com uma serenidade de alma admirável. Ela manteve sempre, no meio de um oceano depadecimentos,umequilíbriodealmain· comparável, próprio à Sua Sabedoria.

Reflexão final Nossa Senhora sofreu até o momento dacrudfixãodeJesus,emquesuadoratin· giuoinsondàvel. Esse dilúvio de dOTC$, Nossa Senhora o quis. Ela consentiu na imolação da Viti-

Este pedido é legítimo, e quem sofre pode, e conforme o caso deve, buscar um lenitivooumesmoaces.saçãocomp!etada dor. Entretanto, é preciso não esquecer que o sofrimento desempenha um papel central na vida humana. E não devemos encará-lo como algo de Fundamentalmente A dor confere ao homem uma nota de elevação, maturidade e estabilidade. "Que sabe aquele que não sofreu?" (Ecles. 34, 9), pergunta o Espírito Santo na Sagrada Escritura. Mais ainda. O sofrimento é um sinal de predileção divina. Enquanto a dor não penetrou em nossa vida, nãoteremosexperimemado a principal prova do amor de Deus. Houve um santo que chegou a propor aos que de1;Conhecem o sofrimento, quefaçamperegrinaçõeseoraçõesespeciais para alcançar essa graça. Éfácilpcrceberquantotalafirmação choca certa me ntalidad e naturalista, muito difundida numa época neopagã como a nossa, em que tantos homens estão chafurdados nos divertimentos, na comodidade e nos desbragamentos da sensualidade. Entretanto.elaéinteiramenteverdadeira. Dom Guéranger, grande Abade beneditino de Solesmes (França), comentando a festa das Sete Dores de Nossa Senhora, em sua admirável obra "L'Année Liturgique", mostra que o sofrimento foi ornais rico presente que o Padre Eterno concedeu a Maria Santíssima: "Ele (que) ama a Santíssima Virgem mais do que qualquer outra criatura,quisdaraElatambémosofrimento como o mais rico dos presentes. Ademais, convinha que unida a seu Filho como estava, Maria passasse como Ele pelo sofrimento e pela morte. De qualquer forma, issoeraprecisoparaqueaprendêssemos dE[a e de seu Filho, como devemos aceitarosofrimentoqueDeus permite para o nosso maior bem".

Varão das Dores ... Mulher das Dores O Messias foi anunciado pelo profeta Isaías como sendo o VirD-0/orum(Varão dasDores)(ls.53,3),aqueleaquemépróprio sofrer. A Paixão dolorosíssima não foi um fato isolado em Sua vida. Foi o ápi ce de uma seqüência enorme de dores, que começaram desde o primeiro instante de Seu Ser, e culminaram naquele momento em que Ele, afogado num dilúvio de dores,

A s-nldade na dor ressalta noa traça$ da plnlura dt1 Antonio Salas (séc. XIX}, Quito (Equador)

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ma Divina para salvar as almas. Ela amou cada um de nós a tal ponto que, para nosso bem, aceitou que seu Filho Unigênito fosse sacrificado no alto do Calvário. Coloque-se, prezado leitor, ao menos espiritualmente,diantede uma imagem de Nossa Senhora das Dores, por exemplo a estampada na capa desta edição, e reflita por alguns instantes sobre o quanto custou a salvação de cada alma, concretamente da sua alma ... Equeproveitosetiradosanguecopiosamente derramado por Nosso Senhor e daslágrimasdcMaria?NossoSenhorqucixou-scnoHortodasOllveiras:"Qualautilidadedemeusangue?"Pcnsavaemtantas

almas que haveriam de pisar Seu preciosíssimo Sangue, levianamente, por medo da risada de uma criada como São Pedro, por trinta dinheiros como Judas , por tibieza e desejo de dormir como os outros Apóstolos. Por medo, por oportunismo, por comodismo, por sensualidade, por quantas misérias mais as almas haveriam de rejeitá-lo e àsuaMllcSantissima! tU1S CAIRO$ AZEVEDO No1;,,s (l) l ndiosocupant<Sdetcrrascorr<S()Ondenl <S aoa1ual F.s1adod<Goib.equc,naq>o<a ,1jnhamconhccimen· 10 ::~/•;!d~• d< ouro naquela rqil<). Dt onde o in:<S· (2)DorcsdaVilória,Dorcsd<Boafapcrani;a,Dorcs de Campos, Dor<S ~eúuanhl<S, l}or<SdoPa,albuna, Oor<Sd0Turvo,Doteoó()Ol;,stoaindaou1ras1an1a, l0<alidadcs,noF.s10dodcMin,uG<rai<,col0<ad.n<0b opa1r0<lniod<NosuScnho,adasDor<S. (J)!aoasseJujn1coasS<lcDorcsdcNossaScnho,a· I.Proíe<ciado'ltlhoSi=1<:,,anur,ciandoaMariaq1>< .<cucoraçloseriacra,passadoporum11l!<liod<dor.2. J'uiacc,llio paraofi itol. PC'l'dadoMcninoJc,u, r,oTcn,plo4. ~0<onuodcJcsu,lc-an<lo1Cru,s.Cru dfü,ocMot1cdcNossoScnho,Jesu,CriS106 .Lan«1adaqueab<iuoladod<J<Su,cdcpo,i;1<:,deS.ucorp0inanimadort0>b<aco•d<Mario7.Scpullurad<Jcsu,

Por amor doa hom11ns, Nona S.nhora acitl· tou quit nu Divino FIiho tosse sacrificado no alto do Calvário. - Fra Ang11/lco (HC. XV}, N/u'MludllSloM'arcos, Florença

brado através da Revolução Francesa (1789) e do comunismo, até chegar às modernas formas de decadência e corrupcão social e individual (ver Plínio Corrêa de Oliveira, "Rcvoluçllo e Contra-Revolução"). Eis o ílagclo que fere de modo toda parto, N todo especial Nossa Senhora das Dores. ln_surgemcontraDeus. Apresentamos abaixo, a titulo de ilustração, algumas das V,rgendalasLagrlmas lacrimações rl'Centes e mais conhecidas de Nossa Senhora: (séc. XVIII), Granada. • Em 29 de agosto de 1953, na localidade de Siracusa (Sicília-Itália), uma imagem de Nossa Senhora verteu lágrimas. • Em julho de 1972, na cidadc norte-americana de Nova Orléans, uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima lacrimou várias vezes, evento que alcançou naépocarcpcrcussãointernacional * Na última semana do mês de julho de 1977, o público brasileiro tomou conhecimçento de uma foto, projetada no vldeo das TVs, na qual se podia observar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima vertendo copiosas lágrimas, numa igreja de Damasco, na Síria, bem como incontáveis pessoas queacorreramaotemploparapresenciaromilagrosoacon!ePrantosmistcriososaolongodestesécu!oapresentam-nos cimcnto. a Virgem Santíssima a chorar sobre o mundo contemporâneo • Em 22 de abril de 1979, na pequena Vila de Soalheira, como outrora Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém. Já no em Portugal, uma imagem de Nossa Senhora das Necessidaséculo passado, cm La Salette, Ela chorara. Em marcante e des verteu lágrimas. comovedor artigo, "Lágrimas, milagroso aviso", o Prof. Plí• Uma imagem de Nossa Senhora, sob a invocação de nio Corrêadc Oliveira qualifica Nossa Senhora de "peregri- "Virgendclas Lágrimas", artisticaefamosaesculturadoséna dador" culo XVJll, que se venera na Basílica de Sao João de Deus, HátantasrazõcsparaNossaScnhoracstarassim imensa- em Granada, verteu lágrimllló de sangue, no dia 13 de maio mente triste que se coma quase impossível escolher uma den- de 1982. A data é muito significativa pois, neste dia, comemotre elas. Mais provavelmente se trntadc uma convergência, rou-se o 6Sº aniversário da primeira aparição de Nossa Senhode uma somatória de todas essas causas, o motivo do trasbor. ra, em Fátima(Portugal). damcntodataçadaamargura, O fundodequadroéo pecado, o pecado atroz, protuberante, dos homens que, por toda parte, se insurgem contra NOTA Deus. Chora Ela a impiedade e a corrupção dos costumes. Chora a autodemolição da Santa Igreja, a maldita "fumaça No elenco de lacrimações da Samissima Virgem aqui publicade.satanás" quc,nodizcrdc Pau!oVI, penetrou até no recin- do, nossa revista nao garante a autenticidade das mesmas, to sagrado. poise5sejuizocabeàSantaMadrelgrcja,acujojulgamenChora Ela a incomcnsuràvel rcvo!ta multi-sc.:ular do ho- to,dt-sdejá, "Catolicismo" scsubmeteincondiciona!eirrcsmem moderno contra o Criador - a Rcvoluçao gnóstica e tritamente. igualitária - esse processo tenebroso iniciado com o Humalàislacrimaçôes,segundonosconsta,emboraaindanão nismo, o Renascimento e a Pseudo-Reforma protestante; pro- reconhecidasoficialmentepelalgreja,nãotêmoontrasi,conccssoqueseestcndehojepelomundointciro,tendosedesdo- tudo, nenhuma decisão negativa. Lágrimas da sangllf!: pranto pitlo pitelldo atroz, protuberanta, dos homens quit, por

Nossa Senhora das Dores ... As dores de Nossa Senhora

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Crise no Golfo Pérsico

Os tempos eram outros ... COMO raio em céu sereno, o Iraque invade e anexa o Kuwait, projetando o espectro

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PÓS AS RECENTES transformações no Leste europeu, - segundo

muitosacreditavam - estariagaran .

tidaapazparatodoosempre.Gorbachev, tendo desistido de conduzir uma política agressiva, e afrouxando, por outro !ado, a pressão do Kremlin sobre os vá.rios partidoscomunistasdomundo,osfocosdeagilação se aquietariam. Em conseqüência, a tranqüilidadesefariasentiremgrande nú rnerodeaspectos davidaquotidiana. Com seu ges10 inopinado, o ditador iraquiano, Saddam Hussein, põe em risco a débileenganosapazeatingeastorneiras da prosperidade ocidental, podendo com facilidade estabelecer - se bem sucedido - ospreçosdopetróleo. O mundo rejeitou a anexação e apoiou maciçamente o bloqueio econômico ao Iraque, proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU). E as mais poderosas nações ocidentais, seguindo o exemplo dos Estados Unidos da América (EUA), enviaram forças militaresparaaregião;indusivcumahesitante Rússia soviética, antiga aliada e principal fornecedora de armas do tiranete iraquiano. Também a maioria dos países árabes participou da interdição, em alguns casos enviando forças à Arábia Saudita, eventual presa dos sonhos expansionislas de Hussein. Posteriormente, o Conselho de Segurança da ONU aprovou inclusive uma eventualaçãomilitarcontraolraque. Apesar do isolamento quase completo dolraque,comseusdezoitomilhõesde habitantes, não será Fácil obrigá-lo a recuar. MasotrunfoprincipaldeHusseinestáforadeseupaís. Os EUA e seus aliados têm demonstrado, desdeosprimeiroslances.cautela. Há algumasdificuldadesnaefetivaçãodeuma

ação bélica: a Rússia mantém um número indcfinidodetécnicoseconselheirosnolraque,oquetemprovocadoatritosnosbastídores com o governo de Washington. Outros países europeus têm cidadãos na região. Mesmo o Brasil conta com centenas de tra balhadores naquela nação. Hussein transformou muitos destes cm reféns, ameaçando matá-los em caso de invasão. A Rússia soviética finalmente apoiou a resoluçãodaONUdegarantir,atépelaforça,oembargocomercialaolraque. Entretanto, ela revela ainda uma posição pouco claranocasodasembaixadas. O governo iraquiano exigiu o fechamento das representações estrangeiras no Kuwait alegando que este ces.sara de existir. Asnaçõescontráriasatalanexação,capitaneadas pelos EUA, recusaram -se a fechâ-las, mesmosobameaçadeprisãodescusdiplomatas,considcradosagoracidadãoscomuns por Saddam Hussein. A Rússia, porém, "desativou" sua embaixada, rctirando os diplomatas, embora dissesse que, tecnicamente, nãoafechara!Ora,atédiplomatasecomcntaristasrussosreconhecemqueistofoi"um golpe" na união contra Bagdà. Quanto ao destino dos reféns, opinou com acerto o insuspeito articulista Stanislaw Kondrashov.do/;;veslio: "Moscou deve usar seus laços com Bagdá para atuar embencflciodacomunidademundial,exigindo a libertação de americanos, ingleses e todos os estrangeiros no Iraque e no Kuwait ocupado" (cfr "Jornal do Brasil", 25-S-1990). Ora,sea Rússianãoaproveitarsuaantiga aliança com o Iraque em benefício do Ocidente, como sugere o jornalista russo, pesaràmaisuma hipoteca de dúvida sobre asinccridadedcseuspropósitos.

Oprolongamcntodoimpasseprovocado pelos reféns tem impedido uma ação maisefica.zpelosEUA.Seesteccderàchantagem, estará aberta a porta para queou trosavcntureirosado1ernmedidassemclhantes. Alémdisso,senãoforem bem sucedidos e abandonarem a região sem vitória, os EUA perderão prestígio junto aos seus aliadosociden1ais,osquaispoderãofiear sensíveis à influência de uma Rússia politicamente mais hábil. É fora de dúvida que uma indefinição prolongadadosnorte-americanos,comímpressionantes forças imobilizadas diante do inimigo, só contribui para desgastá-lo peranteaopiniãopúblicamundial. Por outro lado, numa das regiões qiais explosivas do Globo, qualquer inabilidade poderá desencadear um processo unificadordosmuçulmanos,deconseqüênciasimprevisíveis para o que resta de Cristanda· de. Husseinjáosconclamouauma"guerra santa". Mera bravata? Há séculos o mundo muçulmano parece adormecido. Estaràsendo sacudida esta letargia? Caso tais ameaças se efetivem, como reagirá o Ocidente laicizado e relativista? Os e~'OS da memorável vitória de Lepanto ainda se farão sentir? Naquelaocasião1571 -, enquanto O. João d'Áustria comandava as hostes católícas, contra os muçulmanosqueameaçavamaEuropa,ol'apaSão Pio V rezava pelo sucesso da batalha, na qual se empenhara a fundo. E Nossa Senhora Auxiliadora aparecia, dando a vitória aos católicos. Os tempos eram outros ... R. MANSUR GU~RlOS NOTAcAoen=m-><<>1• nli<Ao, • ,it-"" "" GolfoPk~ -

ropar«<rumu pa,•um• sol"""°"'loc;..i •. <r,,<.,;11<1in""' • umoe><nt .... <><U....,>odoKu""'i1"°'f"'<" d>ONU

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ENQUANTO a mídia - a11! o momento cm que esc~vemos - mantl!m um mlsteriO!iosilfnciosobreal utada Litullnla por sua Independência, as TFPs conlinuamsu11vitori0!iaC11mp11nh11,em imbitolnternadonal,esuperamorecerde mundillldeab11ixo-11ssln11d0!i PÓS A VOTAÇÃO efetuada, em 29dejunho último, pelo Partamentolituano-mediameaqualestabeleceu-se a moratória de IOOdias, que suspendeuosefeitosdadcdaraçàodeindcpendênciadopais emrelaçãoàURSS - otema libertação dessa nação báltica entrou em compasso de espera. E o assunto deixou deocuparlugardedesmquc nosgrandcsórgãosdam[dia. Emnossacdiçãoantcrior,foiapresentadaumabrevevisãodcconjuntododesenrolar desses acontecimentos políticos até as declaraçõesprestadaspe!oprimeiro-ministrosoviético,NicolaiRizhkov, em7de julho, segundo as quais a independéncia da Lituânia teria "que se ajustar estri1amente àleisoviéticadesecessão". Analisada essa lei, vimosqueelaestabeleceum prazo inicialdetransiçãodecincoanos,alémdc prescrever uma série de outras exigéncias, asquais,naprática,inviabilizamqualquer processodeindependéncia. Dois dias depois do "congelamento" da independéncia do pais báhico, foi suspenso o bloqueio econômico a ele imposto pelo Kremlin a parlir da segunda quin:tena de março.

A

Prosseguem o drama lituano e a campanha das TFPs

Delegaçlo soviética Gorbachev designou, em 9 de julho, umadelegaçãoparatratardoassuntocom asautoridadeslituanas,aqual seráchefiadapeloprimeiro-ministroRishkov,contando com a participação de especialistas de váriasáreas,inclusiveamilitar. Em meados de julho, o Parlamento lituano promulgou lei que cria uma força militar própria, separada da soviética. Tal medida ocasionou o envio de uma carta de protesto do minisiro da Defesa da União Soviética ao presidente lituano, Vytautas Landsbergis. No dia 20 de julho, realizou-se no Kremlin mais uma reunião da chefe do governo da Lituânia, Kazimiera Prunskiene, com Oorbachev.Apressãosoviéticaseintensificara antes de se iniciarem essas conversações entre Moscou e Vilnius. Três dias depois, a primera-ministra lituana, em declaração divulgada pela publicação INTERFAX, da Rádio de Moscou, rejeitava a integração de seu pais na estrutura poHtica nova denominada "União dos Estados Socialistas Soberanos", que está se ndo articulada na cúpula do poder central soviético, e queseefctivaráemdezembropróximo.

Vyl'aulnlandsbergls, prasldentadaLltu,nla

Discord.incia interna no Governo lituano No dia seguinte, 24 de julho, o presidente Vytau1as Landsbergis manifestou publicamente sua dissonãncla em relação à atitude assumida por Kazimiera Prunskiene, 8 -

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O abalxo-anlnado d" TFF>a a Buraaux-TFP prosaaglHI vftorloMJ am todo o mundo

mais ílexlvel à pressão exercida pelo Kremlin e propensa a iniciar logo as negociaçõescomadclegaçãosoviéticasobrcaindependência. Landsbergis advertiu que a Li tuãnianãoaceitaráumaatmosferade''pressões e ameaças" no diálogo, devendo se comportarnestecomoum''parceiroigual". Na mesma ocasião, o presidente lituano decidiu voltar -se para a Polônia, pois considera que esta será uma nação al iada, no casodeMoscoupreferirasameaçasaodiálogopacífico.

Rejeição também da Letônia Em 27 de julho, foi a vez do governo letãorejeitarigualmentesuaintegraçãofutura na "União dos Estados Socialistas Soberanos", bem como qualquer participação nesse !ratado, que regulamentará a nova cstruturaaseratribuídaàUniãoSoviética. Anovaestruturaéaprescntadavelhacamente pelo Kremlin como mais ílexivel em relação às necessidades políticas e econômicas dasl5repúblíca.s. Nodia30dejulho,oprimeiroministro da Letônia, lvars Godmanis - cujo governo, juntamente com odaEs1ônia, vem se vinculando cada vez mais à causa do regime lituano - foi recebido na Casa Branca pelo presidente Bush. Naocasião,oprimciro mandatárionor1e-americano prometeu que o caso da Letônia seria estudado com muito cuidado. At é agora, porém, a Casa Branca tem empregado "muito cuidado" apenas em nãodesagradarOorbachev,quandoaqucstão dos países bàlticos entra em cena ... E ta l zelo em contentar o chefe comunista chegou ao ponto de submeter a primeiraministra lituana a vários vexa mes, porocasiãodesuarecentevisitaaochefedoExecutivonorte-americano(vernossaúltimaedição). Atravésdonoticiáriocorrentedamídia ignoramosseoprimeiro-ministroletão aexcmplodoquesuccdeucomaSra. Kazi miera Prunskiene - foi impedidodcentrarcomseucarronosjardinsdaCasaBranca, se ficou esperando em pé por dez minu tos, e se foi obrigado depois a caminhar desacompanhado até a residência oficial do Governo de Washington ... Ao fecharmos a presente edição, em meados de agosto, o caso lituano, como tambémdosoutrospaísesbálticos,desaparcceu singularmente do noticiário veiculado pela mídia. Estariasendopreparadaalgumasurpresa?Acri seiniciadacomainvasãodoKu wait pe lastropasiraqueanasteria alguma relaçãocom essaevemualsurpresa? Só o futuro o dirá. Enquanto isso, conforme o no1iciârio que apresentamos na presente edição, o abaixo-assinado das TFPs e Bureaux-TFPs prosseguevitoriosoemtodoomundo,superando o número de assinaturas do recorde mundial anterior, registrado pelo AlmanaqueGuiness. Que Nossa Senhora, Porta da Aurora, Padroeira da Lituânia, tire desse marcante Sxíto todo o proveito desejado para se alcançaroquantoantesalibertaçãoda''TerradeMaria". D


SÃO)'AULO- A""'"'' "C"''·

nos Desterrados'', de Miami, está difundindo nos palses latino-americanos o livro-denúnda "Até quando as Américas tolerarão o ditador Castro, o implacável stalinista?

Duasdécadasdeprogressivaaproximação comuno-católicanailha-pres!diodoCaribc''{"Has1acu{mdolasAméricastolerarãn aldictadorCastro,cl implacablcestalinista?Dosdécadasdeprogresivoacercamiento comuno-católico en la isla-prcsidio dei Caribe")(•J,lançadorecentementenosEstados Unidos. O livro estuda a "polltica religiosa" deFidelCastronosúltimos20 anos e a qualifica de "fraudulenta". Ao longo de três partes, e 22 capltulos, citan-

do maisde200documentos,osautoresdemonstram que essa ''política religiosa" vem

sendouminstrumentodeCastroparaconsolidar-seinternamentenopoder,expandir suainíluêncianospa[seslatino-americanos - com população majoritariamente católica-, desmobilizar psicologicamente o exlliocubano, e abrirumabrechanoisolamentopolítico--econômicopropiciadopelosEstados Unidos. Umcap[tuloespecial é dedkadoaanalisar a repercussão internacional da carta do Cardeal Arns ao "queridíssimo Fidel", que se tornou pública em 1989, a qual é qualificada como "um exemplo de ousada aproximação eclesiástica com o regime cubano". Os autores destacamopapelderelevodesempenhado por Frei Betto, enquantoassessordeFidcl Castro em assuntos religiosos, e mostramquecmCubaa"teologiada liber1ação" metamorfoseou-se numa "teologia de rcconciliação"oomocastrismo. Fidel Castro, em sua visita ao Brasil, em março p.p., falando a mil lideres da " esqncrda católica" brasileira, afirmou que"'mudançaspollticas''favorãveis à Revolução poderiam ocorrer naAméricaLatina"talvez mais rápido do que pensamos". Os "Cubanos Desterrados" advertem que, se a situaçào política e econômica do continentesedeteriorar,1omando uma direção qne favoreça ocastrismo, asintesecomunocatólica em gestação na Cuba atual pode constituir um labo-ratóriode "modelos" similares paraoutrospa[sesdaãrea. A obra apresenta também umavisãodeconjun1odo"'panoramade miséria cm quejaz o povo cubano" e de nuncia a "mãquinadeperseguiçãopolí1ica,ideológicaereligiosa"castrista para moldar as mentes, aplicando sofisticados métodos de psicologia social. Com isto, oregimepretende"eliminaro

Livro de exilados cubanos denuncia caráter fraudulento da "política religiosa" castrista semimentoreligiosodejovcns ecrianças"dailha,oqueconfigura um "genocídio espiritualsemprecedentesnocontinenteamericano". Com adifusãodolivro-dcnímcia "AtéquandoasAméricas tolerarãooditadorCastro, o implacãvel stalinista?", os cxiladosdesejamsuscitar"um clamorcomraaexistênciadessercdutostalinistaquccnvcnenaasrelaçõcsinterarncricanas". Os"CubanosDesterrados" dedicomsuainiciativaàmemóriademilharesdecatólícos muitos deles, jovens - que morreram no "paredão" castris1acom o grito "Viva Cristo Rei! Abai~oocomunismo!'', e formulam votos para que a lgrejainicieoquantoanteso processo de ~anonizaçãodesses heróis da Fé.

(º)"Ha.,acu.tndoluAmérk.as1olora rán a( dk1odor Costro, e! implau ble <'1•1inUl_• \Dosdé<adas t,rrovt•º 1 la-presidio dei Carib<", Comisión de ESludiosde'"Cubanos Desmrados",

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CATOLICISMO -

Administtaçlode"Catolids

S.:tembro 1990 -

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'' Até quando as Américas tolerarão o ditador Castro ... ?"

O Sr. 5',g/o de Paz em

visita â redaçlo de "Catollclsmo"

O Sr. Sérgio F. de Paz, 52 anos, ativo diretor de "Cubanos Desterrados", de passagem pela capital paulista, entrou em contato com diversos órgãos de imprensa para dar a conhecer o livro-denúncia "Até quando as Américas tolerarão o ditador Castro, o implacável stalinista?" Na redação de CATOLICISMO, respondeu a diversas perguntas formuladas por nossa reportagem.

CATOLIC ISMO: Qual é o objetivo principal do livroqueos "Cubanos Desterr,1dos" editaram? SergiodePai: Numplanogcral, scuobjetivoédcnunciarocscândaloque sig nilica a con1inuidadc,nopanoramalatino·amcricanoccubano, do regime castrista, que vem oprimindo há mais de três décadas o povo dailha,cagredindoasnaçõcsirmãs.Chamamos também a alençllo para cum plic idadesinexplicávcis, ingcnuidadessurpreendenteseindifercnçasdcsconcertamcsdcdiversas personalidades da vida política, econõmicae inclusivccdcsiás1ica das 1rêsAméricas, cm relação ao castro-comunismo. De

modo particular, dcnundase a arma mais efetiva de Castro para tornar posslve l essa nefasta continuidade: a "política religiosa" do ditador. CATOLICISMO: A que se deve o realce que o livro dáà "po!iticarcligiosa"castrista7 S. DE PAZ: Pensamos que foiuminstrumemododítadorCastrodc fundamental impor1ãncia para se manter no poder, mas que, sem embargo, vcm passando praticameute desapercebido aos olhos dos analistas internacionais. Énaausênciadeuma denúncia cabal dessa "política religiosa", enquanto arma diplomática e psicológica de Castro, que reside ao mesmo tempo sua força e sua debilidade. Cremos que ali podeestaro"calcanhardeAquiles"doditador.

CATOLICISMO: Como se manifesta tal "polltiea religiosa" cm relação á América Latina? S. DE PAZ: A violência revolucionária, alentada por Havana a partir da década dc60,produziuumenormerepúdiodaopiniãopúblicalatino-americana,majori1ariamentecatólica.Assim,ámedidaqueaescalada armada do comunismo castrista aumentava, paradoxalmcn!c ia contribuindo para levantar"barreiras de horror",e quãojustificadas,co ntra si mesma.Segundo documentação existente, no início da década de 70, Castro vislumbrou a possibilidade de contornar este beco sem saida, quando percebeu no seio da própria lgre-

Cuba é o pais mais militarizado do mundo, e suas Forças Armadas Revolucionárias são mais poderosas que Guarda de honra da MIiie/a do Povo: ellle as do Brasil, apesar de a ilha ter uma dasForçHArmadasRevoluc/onárlndeCuba população 14 vezes inferior. Esse poderio militar é possível devido á ajuda financeira que a RússiacontinuaoutorgandoaCuba até hoA outrora "Pérola das Antilhas'' - hoje ilha-presídio je, estimada em cinco bi!hõcsdedótaresanuais, um quarto do Caribe - está situada na entrada do Golfo do Mé>:ico, a de seu Produto Nacional Bruto. Há atualmente 27 .000 militaapenas 144 km dos fatados Unidos. Conta com uma popula- res soviéticos na ilha, que mantêm a sofisticada central de esção de 10.100.000 habitantes, numa área de 110.860. kms2., pionagcm eletrônica de Lourdcs, direcionada para os Estados superfície pouco maior que a do Estado de Pernambuco. Unidos. Os aviões MIG á disposição de Cuba permitiriam a O ditador Fidel Castro, no poder desde janeiro de 1959, Castro bombardear em poucos minutos as centrais de energia mant~m um regime mar~ista-leninista, de linha stalinista, tcrmonucleardoEstadodaFlórida,aosuldosEstadosUnidos. um dos mais policialescos e repressivos do mundo. Os histoA situação econômica da ilha é dramática, denunciada riadores cubanos Carlos e Manuel Márquez Stcrling consig- por três Bispos cubanos no exílio, e reconhecida em discursos nam que um milhão de cubanos foram encarcerados ou deti- públicos pelo próprio Fidel Castro. As supostas "conquistas" dos, e trinta mil morreram no paredão de fuzilamento. Nu- doregime,aeducaçãocasaúdepública,sllonarealidadcinsma população como a do Brasil, corresponderiam, respectiva- trumentosdecontrole físico, ideológico e psicológico da população. mente, 14milhõesdcdetidos, e420.000 fuzilados. Desde !959,pertodeummilhãodccubanospartirampaA ilha-cárcere ostenta outro trágico recorde: possui uma raoexílio. dasmaisaltastaxasdesuicidiodomundo.

Cuba: ilha-presídio

IO -

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ja a irrupção de elementos esquerdistas. Entre eles, pode-se mencionar o sacerdote nicaragücnse Ernesto Cardcnal, os membros do movimento ''Cristãos para o Socialismo", e inclusive figuras episcopais, 00· mo o reoonhece o ditador no livro "Fidel e a Religião". Aliando-se com estes, ocastrismo teve possibilidade de dissimular sua natureza anti-religiosa, sem oeder em suas metasrevolucionãrias. CATOLICISMO: E atualmente? S. OE PAZ: Alllalmente, essa polltica religiosa castrisla cstã sendo umefetivocomptementodoscsforçosdiplomáticosdeHavana para buscarapoiosemgovernoslatino-americanos,diantedesuaprccáriasituaçãointernacional.Arespeitoda"cartalatino-americana", na qual Castro cstã apostando para sobreviver politicamente, tivemos ocasião de enviar uma mensagem pú· blicaaoatualPresidentedollrasil,emmarço p.p., tal oomo informaramdiversospcriódicos brasileiros, pedindo,lhe sua inter· vençàoparaanu laressesesforçosdoditador. CATOLIC ISMO: Castro em algum momento reoonheceu os frutos estratégicos de sua pollticaem relação aos católicos? S. DE PAZ: Em 1985, em Havana, diante de Frei Leonardo Boff, Frei Betto e D. Casaldâliga, três figuras da "teologia da libertaç:lo" latino-americana, Castro reoonhcccu: "A vossa teologia ajuda a transformação da América Latina mais que milhões de livros sobre marxismo". CATOLICISMO: Qual é o objetivo da "política re ligiosa" castrista no in1crior da ilh.a? S. OE PAZ: Em uma palavra, é destruir a própria Religião. A afirmação é ousada, mas não é minha. Desenvolve essa tese, sem eufemismos, um teórico comunista cubano, o profC$$0r universitário Juan Montero Jiménc2, dc Santiago de Cuba, em artigoparaarevistasoviética "Naouka i Rcligia", intitulado "Rumo a uma sociedade sem religião". Por isso, chama-nos aatençllo que vê.rios ilustres eclesiásticos cubanos e estrangeiros venham dando, de uma ou outra forma, um aval à aproximação do di1ador com os católicos C'Ubanos. A essa aproJ1imação não tem cslado distante, lamentavelmente, a Nunciatura Apostólica. CATOLICISMO: Poderia dar um exemplo dessa aproximação em Cuba?

" Cubanos Desterrados" A entidade "Cubanos Destcrrad01" foi fundada cm 1987. A part ir de enlào destacou-se como uma i,utituição de investigação da realidade cubana, e orientadora da opinião de milhões de cubanos no exílio. Sua finalidade 8.5$Cmclha-se aos "think tanks"("tanquesdepcnsarncnto")norte-americanos. làntoseusdiretores, quanto sua equipe de pesquisadores, !rabalham gratuitamente. Em toda! as iniciativas põbticas, "Cubanos Desterrados" busca aglu1i nar as forças das numerosas organizações do cdlio cm torno de lemas que suscitem um consenso anticastrista. Em maio do presente ano, por ocasião do encontro Bush-Oorbachev, cm Washington, "Cubanos Desterrados" promoveu a publicação de uma carta aberta de inslituições do exílio ao dirigente soviético, interpelando-o sobre o apoio econõmioomilitar que continua concedendo a Fidel Castro. Esse documento foi publicado simultaneamente no .. Washington Post", "Washington Times" e no "Diario Las Américas" de Miami: a tiragem total desse último jornal aprollima-sc do mllhão de exemplares. A. propósito de tal iniciativa, a deputada cubano-americana llcana Ros-Lehtinen, membro do Comitl de Relações Exteriores do Congresso e figura de primeira linha do exllio, destacou o "extraordinário esforço" e o trabalho louvãvcl de "Cubanos Destcrrados".

mesmosobjctivosdaCivilizaçãoda Verdade e do Amor, não poderia haver diàlogo franco e construtivo, nem colaboração".

dei", elogiando supostos "sinais do Reino de Deus" na Revolução comunista cubana, fala nomesmoscmido.

CATOL ICISMO: E no plano internacional?

CATOLICISMO: O livro aborda a eventualidade de uma visitado Pont!ticc à ilha1

S. OE PAZ: No plano internacional. declarações do Cardeal Eduardo Pironio causaram profunda pcrplc1tidadc. Depois de assislir em l-lavana a um encontro eclesial, cm 1986,disscqucscviveemCuba um "momento novo, no qual crislãos e marxislas reoonhecemapossiblidadcdecaminharjuntos". Não menos perplexidade produziram afirmações do Cardeal Fran~s Roger Etchcgaray, cm 1988, sobre a "grande a legria, pouco comum", que cxperimentou quando se entrevistou com Castro,acrcsccmandode forma surpreendente, quecompar1ilha com o ditador "uma mesma paido pelo homem". O exemplo da carta do Cardeal Arns, do Brasil, ao "qucridlssimo Fi-

S. DE PAZ: Esta obra sai a lume quando as negociações do regime cubano para obter uma visita papal à ilha, num contexto íavoràvd ao ditador Castro, parecem estar num enigmático suspense. Não se pode descartar a hipótese de Que essas negociações de Havana junto ao Vaticano, a qualquer momento, tornem novo impu lso. Se isso se der, e a ~isila de João Paulo 11 a Cuba sccfetuar,csperamosqucaaugustapresença do Pontlfice não possa ser aproveiiada pclolabiosoditadorparaaprcsenté-la,dianle dos católicos C'Ubanos, como um respaldo - sequer implicito - à politic.a de aproxirnaçlo castrista. O

O Sr. Sérgio de Paz, dlretorde''Cubanoa

Oeste«.dos .., é recebido

-,ri•udl4nei•,na CldMlttElema,

-"""""

Sllvlo Oddi, ex-Prefeito da

Cangregaçlo ,,.,.

oa.ro

S. OE PAZ: Sim. Para lhe dar um exemplo deCuba,utiliroumavczmaispalavrasque não slo minhas. São do Diretor do Secretariado da Conferência Episcopal Cubana, há20anos,qucéoatualsecrctárioexecutivo da comissão episcopal para a visita de S.S. João Paulo li àilha,MonscnhorCarlosManucldeCtspedes: "Senão crêssemos que os mar1tistas cubanos trabalham pelos CATOLICISMO -

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concisamente • Comunismo na lata de lixo... Composto de carteirinhas de Filiação ao PC, estátuas de bron1.c e de gesso, livros e retratos dos chefes verme lhos, entre os quai s Stalin e Lên in, foi erguido no centro de Sofia (Bulgária) um monumento de dois metros de altura denominado - com uma dose de humor,bastantcrcalaliâs-"o lixo da História ... Ao lado da pilhasecncomravaomausoléu dcOi mitrov,umdosfundadores do comunismo bú lgaro, cu-

jo corpo foi dali retirado e cremado.

• No Ocidente, " privilégio" de rico! Enqua1110 a Europa Oricntal joga ao lixo o bras comunistas, opu lentos capi1alis1as ocidenrn is dispulam a preço de ouro a com pra desses mesmos livros. os quais lhes ensinam comodemoliraprópriaclasse. Assim, para comemorar o centemlrio da primeira edição de O Capital, de Mane., a Sot heby's de Londres lei loou, há pou~o. um exemplar da edição princeps do livro, o qual acabou arrematado por 32 mil dólares! Objctodcconsumodosricos,aobradcMantjamaiscalivou o operariado - do qual se pretendera porta-voz.

• Rãplda caiação de fachada Gtasn0$t! Pcrestroika!Mu danças no Les te Europeu! Ex pressões quccn cheramecontinuam a encher, nos últimos mcscs,aspáginasdamfdiacscrita, ou as programações da mfdia ralada e televisionada. Entretamo, por trás de certas mudan ças bruscas e inopina-

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das prosseguem os velhos mttodos. Tal sc percebeu, porexempio, na at itude do pre5ider11c búlgaro, Petar Mladcnov, saudado como o desmantelador do regime dita1orial búlgaro e patronodasrcformasdemocráticas Re1;ememcnterenuncioucle ao ca rgo. Por quê? Algum indiscreto filmou Mladenov dando uma comprometedora ordem. Ao assistir. em dezembro passado, a uma ma nifesiação oposicionis1a, na sacada dopalácio governamental, ele não titubeou:"Quevenham0$lanques!" China, Uulgària, Ro ménia. .. começa a cairapint uradas rachadascstalinistascaiadasà pressa.

Por seqüestro e ilSsaSSinio do menino Stompie Seipei, de 14 anos, em janeiro último, a Suprema Corle da África do Sulcond eno u àmorteoex-ehefc da equipe de guarda-cosias de Wi nnie Mandela, mulher de Nelson Mandela, chefe do CNA, organização guerrilheira co111ro lada por co mu nistas. A própria esposa de Mandela deverà ser agora processada por sua suposta participação no crime. Win nie mantinha em torno de si 30guarda-costas,pertencentes ao Mandela Futebol ClufN. uma estranha equipe que quase nunca joga fotebol e~ acusada por moradores do bairroncgrodcSowetodcpra!icar roubos, est upros, e assassínios. Umdosguarda-costas,Jerry Richardson.dirigiu o seqüestro, emdezcmbrode l988,dequa-

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lro meninos, em certa igreja metodista de Sowcto. Foram eks ent ão conduzidos para a CasadeWinniccespancados. Trê:o; conseguiram fugir, mas ocorpodeSeippeifoiencont rado dias depol$ numa rua da região. Segundo un1 dos torturados, Kenneth Kgase, Winnie chicoteou-os. Depois, " man dou que lhes extorq ui ssem uma confissão"{"MumanEvcnts", Washington, 19-S-90). Nada disso espanta quandosesabequeentreas formas de violência (principalmente contra negros) adocadas pelos tcrroristas-elesprópriosnegros-sequaiesdcMandela, hà o tcrrivcl "nccklace" (colar). Trata-sede um pneumático colocado cm torno do pescoço ou dorso da vitima, embebido em combustível, e ao qual se ateia fogo.

• Llberallsmo

=:r1~1:º em

Conceder independência to· tal serã a melhor maneira de seeducarosfilhos? A l)edaaoaa Durlei Cavicchia. professora do Departamento de Psicologia da Educação da Faculdade de Ciências

e Letras da Universidade Estadual Paulista {UNESP), ao lon go de três anos, acompanhou odesenv0Jvimen1ode80crian· ças, cm duasercches municipais de Ara raquara, no interior paulista. Estabeleceu para essas crianças - de at~ três anos de idade - um ho rário rigoroso para as refeições, fol guedos, banho e so no. Os re· sultadoscolhidos-seg undo ela-foram excelentes. Com isso, a pesquisadora procurou refutar o mito segu ndo o qual repri mir todos os desejos da criança seria fonte de problcmasparaofu1uroadolescente.Pclocontràrio,"umaatimdc mui10 solta do adulto em relação à criança (~ que! produz insegurança. Por isso, hã neccssidade da im plantaçllodestasnormas''.cxplicaaprofes.sora,acrescentando:entrcguea simesma,aospróprios" ne,ios e instintos, "a criança podcrà scrc riot iva,masserã deso rga ni zada,sesentiràinscguractcrà dificuldades para se adaptar aoa mbicnteemqucvive". Em sentido anãlogo,a tradicional pedagogia católica sem• prcsustentouquca~biadosagem de d isciplina e liberdade constituiamanci racor"tade formar oesplrilo infantil.

Menino• negro, foramtortuflldo,por WlnnleMandela


... em tempo

Destaque

Yegetarlanlsmo teo16glco - Jesus ero vegetariano e no Vitima Ceio nlJo comeu o Cordtiro Pascal. Essas inacreditáveis oflrmlJ{'{k$ estilo contidas no livro "No arca de Noé" de Monsenhor Mario Conciani. Conh~ido por sua incessanle atMdade em defesa dos animais, o sacerdote pediu que ".se fH)nha fim d lrodi(IJO de morar o cordeiro para a ceia pascal", e que se "tire da li/urgia de Quinto-feiro Santo o texto do bodo que p,-,.screve o sacrif(cio do cordeiro", Ab(trroçôes teológicas: fruto extremo o que chegam fanáticos defensores dos rmimois!

De votta (1 klode Mtdla - Um cas1elo medievul com 1orres a:wis

e douradas, um /0$$0 e mais de 4.()0() quartos para hôspedn, baixou há pouco tempo, pela primeiro vri, sua ponte ffiladiça. Troto-w do maior hotel do Mundo, Excolibur, nos Eswdos Unidos "que rf'produz com brilho o otmoefero medieval", pQSSUindo " arena paro 10rneÍO$ medievais com cavaleiros de armaduros e /anr;as'', onde se apresentam shows oomo o "Torneio do Rei Arthur", oom 40 participantes e 22 cavalos e até uma capela onde se celebram cOStJmentos com trajes med~vais. Na te"a da modernidade, nostalgia de um passado de grand~ UI (efr. "Folha de S. Paulo", 2116190).

Crime clenHflco - Podem prosseguir as experil!ncias com embri/Jes humanos! Foi esta o deliberaç(lo do Parlamento brittinico que, por maioria, decidiu auloriwr as pesquisas com embriôes de a1é duas semanas de vida. Em nome da ciência, a oficialh:.11çllo de mais um horrlve/ crime contra inOCf'nles, em uma sociedade que timbra em defender os direi/os humanos!

Amuletos na Economia ... - Uma bola de cristal sobre o mesa de trabalho, paro evitar que "energias negativas" perturbem seu labor, é um dos mais recentes objetos do Gabinete da Minis1ra Zélia Cardoso de Mel/a. A Ministra, que já usou um anel com seu signo no horóscopo chinés, conseguiu que dois de seus QSM:SISores adf'rJssem a suas crenços. A super$ti{'llo tomou conta da Economia?

Índios rejeitam tribalismo Enquamocorrentesneomissionáriasee<:ológiea.'l propugnam a vol ta á taba, como ideal para osciviliz.ados, crescco númerodeindigenassensaiosquesere<:usam a viver naquekestado. "Não d.à mais para voltar àquela vida defendida pelos prescrvacionistas e por aqueles que se di zem defensores da causa indíge na. lndionãot bicho,tgentecomobranco",afirmam doislideres ianomanis do Alto Uraricoara, na Amazôn ia. Scgundoclcs,andar nu, morarem toscascabanascobcrtascomfolhasdepalmeira,caçarcom arcoeflccha,escratraçãoturl5tica,nadadi»o atraiajuventudedamaioremaisprimitivana• çãodasAmtrieas. Em contacto com brancos (geralment e garimpeiros), a maioria passou a pleitear lui eltt rica, casadeccnte,geladeira,fogãoagll,roupas,tratamen!O médico, csoola, trator, camin hão e pasmem - até um antena parabólica para ver televisão! Criticam também o cacique Raoni e o cantor de Rock S1ing - tão bafejados pela mídia por não representarem os verdadei ros interesses eanseiosindígenas.apcsardeseuscsgares"m[sticos"ecocarespré-históricos.

730 horas de pé nas filas - Jean-Francis Held, r,,pôner do "Poris-Match ", que nllo esconde suos simpalias pela Cubo de Castro, reconheceu em reportagem sobre a ilha: "Eu calculei: cada cubano dedica pelo menos duas horas por dia a fa~er filas''. Ou seja, por ano, 7J0horasdeplnafila .. .

Ungúlça de ratazanas - De passagem por S. Paulo, o rttJator da revista soviética ''Sputnik", Viatcheslo~ Alekseev, confou em entrevista à imprensa que "nem os gatos comem as lingüiças Vf'ndidos nos açougues de Moscou, feitas com uma estranha mistura de carne bovina com a de enormes ratazanas que proliferam aos mifhlJes no capiral russa", E arrematou: "Desde o inkio da pcrestroika morreram mais de J mifhlJes {de pes$()0S{ no Rússia, por causa da desnutrir&> e más condi(6Q de vida". Opera socialista - MilhtJes de francos con1inuam a ser gastos nas obras que conc/uirllo (por fim!) o edif1cio do Ópera do Bastilha. em Paris. Além de seu horrlvel estilo arquitetônico, outras aberraçlJes (socialistas) caracteriwm a in1erminável obra: o Tribunal de Contas da França revelou agora que a Ópera da Boslilha pagava um vultoso honorário a unw Ju/lCÍOnária residente em .. . Londres. Mal.elas perdulárias do socialismo dilo amigo dos pobres.

Afudar Gorbachev? - Bush e Thatcher resistem à proposta do chanceler alemllo Kohl de conceder um generoso emprlstimo de 15 bilhôes de dólares à Rússia. MotiWJ? A Rússia ainda n(Jo deu provas de que está caminhando para uma verdadeiro economia de mercado e o dinheiro apenas ir6 olimen1ar a máquina moribunda da burO(:racia SO(:ialis1a e:sta1al.

Taba: Ideal para burguês "Em vei de tênis e windsurfe, canoagem e arco-e-flecha" . Assim noticia a revista "Exame., a mais recente novidade cm matéria 111ristica. A rede de clubes Medi1errantt, constituída por mais de II0clubcs, em 51 paiscs, caracterizados por seus lazeres espo rtivos, instalará na Amazõnia o primeiro vil/age ecológico do mundo. o qua l prctendeatrairaquelcsqucgostamde"ouvirobarulhodaselva", permitindo-lhes um verdadeiro programa de indio, inclusive com visitas atribos. Enquanto os lndios anseiam pela civilizaçllo, o homem ocidental, ex-cristão, em seus desvarios, procuraretrocederattoprimitivismo tr ibal.

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Durante dol• dlu, COff'llspondenre,s e Slmpa//zantH d• TFP de lodo o BrHJI, t1I~ de repnsenlanres dtJ TFP,s do lllflflrlor, lota,,m o iw-

dllór/o do Hlllon Hotel, em S,o Paulo, como nesta conferlmcla do Prof. Plln/o Co"'' de 01/velra

TFP: Correspondentes se reúnem, em meio a uma grande campanha Iniciado com uma imponente passeata pelo centro de São Paulo, o VII Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP reúne representantes de todo o Brasil e delegações de diversos países e comemora o maior abaixo-assinado da História

E

NQUANTO a campa11ha de coleta de assinaturas promovida pelas TFl's cm favor da independência di!Li1uliniaentravacrnscutcrceiro mês, a TFP brasileira realizou no Mil · ton Hotd, na capital paulista, de J a S de agosto último, seu VI I l!llcontro de Correspondc111cs e Simpatizantes. O evento, que contou co m mais de rnil par1icipan1 ::~~=~1:d~tT~;s ~:

:e;r1~d~'s:f:~~~

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Ct\l"OLJC ISMO -

gemina, Bolívia, Canadà, Chile, Es1ados Unidos. França. Porrngal e Uruguai, todas coirmãs e autôno mas. Causou viva im prcssão a prcscnça de dois jovens da fndia, simpati.:antcs dos ideais da TFP. que ostentavam em seus rnrbant cs o conhecido leão dourado da entidade. Sllo correspondent es as pessoas que, ao ladodeseusafazcresprofissionaisedomésticos. utili:7.am o tempo livre de que dispõem apoiandoou partkipandodas atividades da TFP. Na atual campanha pró-LituAnia, por excmplo, mais dc l20 mil assina1uras foram obtidas, só no Brasil. por correspondcntes e scus familiares. tanto nas grandcscidades - nasquaisatuaramfreqücntemente em conjunto com sócios e cooperadores - quanto em localidadcs mais distanlesou menores. Nestas, os correspondentes, conforme suas condições o permitiam, obtiveram assinaturas junto a parentes, amigos, comornmbémdetranscuntesnarua. ConstouaindadcsseEncomroumaoprescntaçãoar1isticada famosa 0,0(4oAbra.wdo de São Luís Maria Grignion de Mon1-

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fort, século XVIII. Foi ela proclamada, em sessllo solene, no segundo dia do programa, por jovens coopcradores da TFP, cntremcadadccãnticossacrosgregorianos, além de peças de Palestrina e Victoria ou decxe<:uçõesrnusicaisdafanfarradacntidadc. 3,6 milhões de assinaturas em 63 dias

Logo após a sessão inaugural, presidida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, realizou-se uma passeata-gigante l)Ol' ruas centrai$dacapitalpaulista-daqual participaram só..:ios, cooperadoresecorrespondentes - comemorativa da obtcnção de 3 mi~ !hões, 605 rnilassinaturas,em6Jdias dc campanha. Foramelasoblidaspelasvérias T FPs e Bureaux-TFP existentes em 20 paises, em adesão ã mensagem pró LituAnia livre. Naco11tracapades1acdição, apres.cntamos fotos e alguns aspectos salientes do desfilc,oqualcausou fortcimpactonopúblicopaulistano.


Esse expressivo total já supcrn o de 3. 107.000assinaturas, queoanuáriobritânico"Guiness",especializadocm registrar os "records" mundiais, apontava até o ano passadocomosendooabai,10-auinadoquc maior nilmero de assinaturas obtivera. E aofecharmosestaediçao,nasegundaquinzcna de agosto, o total no mundo já atinge 4.367.029 de assinaturas, das quais 2.609.725 foram coletadas no Brasil. Deve-se notar ainda que o mencionado total supera igualmente o da população atual da Litulnia. "Isso significa - ressaltou o Prof. Plínio Corrla de Oliveira a respeito do assunto-que além dopais Lituânia há uma outra Litu!lnia esparsa, que não é constituída principalmente de lituanos e muito menos 50 de lituanos, mas por todos aquclcs, nos mais divcrsos pa[ses, cujos corações vibram ao lado da Litu!lnia. Vibram, porque esta nação 6 um exemplo vivododireitoespczin had ocdafraque• za desrespeitada . E ela é sobretudo uma

Confiança em Maria

e tortaleza ante a impiedade crescente em nossa época

NasessãodeenccrramcntodoEncontro, o Proí. Plínio Corrêa de Olivei ra - que cm palestras anteriores respondeu a numc• rosasperguntasdoscorrespondentes-cncarcccu a importância vita l que deve ter a devoção a Nossa Senhora em toda a atua• çao empreendida por sócios, cooperadores e correspondentes da TFP. Sobretudo cm face do processo de dcgcnerescfocia da sociedade contemporânea. làl devoção deve ser autêntica. tal como a apresentaogran• de Doutor marial da época moderna, Sào Luis Maria Grignion de Montfort. Para ilustrar ilC"u pensamen10 e comunicar aos assis• tentes o cspirito desse admirável santo, o conferencista comentou a Oraç4o Abra.soda, dcautoriadaquele missionário francês do Sttl.llo XVII I. O texto dela, coníorme

uma queixa: "Vós, Senhor permitireis que tudo seja como Sodoma e Gomorra?" A nós. a exemplo desse grande Santo, seria licito dirigir análoga siiplica a Nosso Senhor e â sua Mãe Santlssima. E podcriamos ouvir de seus lábios uma resposta: "Já falei cm Fàtima, no ano de 1917, e mostrei os erros que dominavam o mundo, a imoralidade crescente que poderia se agravar e se espalhar pelo orbe, atraindo sobre a humanidade os castigos de Deus. ''Hojc,cornparandonossasituaçlocom a de 1917, podemos perguntar-nos quais os pecados que se tornaram menores e qual a melhora que houve, cm qualquer campo. A san tidade, que terrenos conquistou? Ou pclocomràrio,quetcrrenospcrdeu? A moralidade. que terrenos perdeu? Exacamente a sodomização, a gomorrificaçlo da Thrra e tantas outros fenômenos afins não formam um abismo, no qua l o mundo moderno vai se precipitando? "Algumas décadas após ter morrido São Luis Grign ion, arrebentou na França

Compunham•_.. de {Kesldlnci. •m um1 dn eonferlncl••doProt. P/ln/oCorrhd•Ollv1tlra, oSr.Gu/11,w-lbblnet, <UTFPlranuu-

prl,,_irojnqur,nla-1t

sueeulllll1Mn1eo0r.

Antonio RodrlguH Ferrelr•; Prlnclpe D. Luiz

de Orle•ns e Brag•nç•,

Chefe <M e... lmperl/1! do Bruil; R1twno. Ptl.

Gerv'5io~lo;Conde And,ns llffff"an; Sr. Hei/ McDonald, con-eapond•nl• eh TFP

~nse.

naçao com população católica, que deve

se libertar das garras soviéticas. E por causa disso, no mundo inteiro as TFPs 5uscitaram vozes que dizem ao poder soviético: não, nllo e não! "Nós nllo sabemos quanto tempo durará essa campanha. Pode ser que os acontc· cimentos internacionais sejam de tal mon ta que ela termine daqui a dez dias. Pode ser que i5C" estenda por dez meses, e se ela tiver que durar dez anos. nós estamos dispostos a lcv:!.-la a cabo", concluiu. Durante os trb dias do Encontro, os corrcspondentcs e simpatizantes participa, ram de um programa intenso e variado, queoscstimulouasededicaremaindacom mais empenho às atividades promovidas pela associação.

ficou dito acima, fora proclamado, no dia anterior, por cooperadores da entidade:. Aprescntamosaseguircxcertosdamagnlficaconferancia, nasquaissão realçadas a já multissecular dttadência moral do mundo.eaathudequediantcdelaassumi• ram, no passado, valorosos católicos, cxcmplos para os que hoje rcsistcm â avalanchc dainiqOidadc.

"Realmente a vários de seus servos Deus mos1rou uma futura renovação da Igreja. Essa renovação. entretanto, onde cstá? Eu lhes diria que as coisascstllocada vez piores. E Sllo Luís Grignion, tendo cmvistasuaépoca,pcrguntaquasccomo

a Revolução de 1789, J)CT"seguindoa Igreja com um ódio dcsconhttido desde o edito de Milllo, cm 313, mediante o qual o Imperador Constantino concedeu liberdade à Igreja Católica. "MastalpcrseguiçãosuscitouigualmcntcasantidadchcróicadeinumcráveisSaterd01esclcigos.queprcfcriramsofreromar• tírioa negar suafé. "Nos dias atuais, tendo se asravado muito a crise religiosa e moral vigente na época de Sllo Luis Grignion, os correspondentes da TFP e todos os autênticos católicos, ancorados numa sólida dcvoção á Santissima Virgem, devem enírcmar a impiedade e o ncopaganismocorn fortaleza e confiança redobradas". O

CATO LICISMO -

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Triunfador no céu, . . "',_.. sustentáculo dos fiéis congregou em torno de si

os anjos que se opuseram vitoriosamente a Satanás e vela por todos os homens que lutam contra o mal

OUVE UM MOMENTO noCtuemquecudodependeu da íidclidadede umsó Anjo do Senhor. Armou-se uma grande batalha-vcrdadciraRcvoluçao-qucdesfechou nu ma cspelacular vitória do llem, quando São Miguel Arcanjo, Príncipe das Milícias Celestiais, bradou - Quem como Deus? e Lúcifer, acompanhado dos anjos rebeldes, foi ex.pulso do Ctu e precipitado no inferno. Sobre oportunas imcrvenções do insigne Arcanjo - que deu o maior brado decisivo da His16ria do Universo, e cuja festa também dedicada aos Arcanjos Gabriel e Rafael, a liturgia celebra a 29dcsctcmbro - deter-nos-cmosnoprcscntcartigo.

[B]

vontadedivinajuntoaoshomcns. quer como seus poderosos intercessores diante do TronodoAl1issimo. Nos dias de hoje, como nunca, cm que "o demônio, vosso ad versário, anda ao redor.como um leão que ruge, buscan• do a quem devorar" (1 Pt. S,8), nada há de mais oportuno e nea:ssãrio que o recurso ã intercessão angélica. Pararnnto, façamos nossas as palavras do exorcismo que o Papa Leão X III prescreveu f055('rezadonofinaldasMissase roguemosaosAnjosquesejam"nossaproccçãocontra a maldadeeasti1adasdodemônio". E que, pela força divina, precipitem "no inferno Sacanás e os outros esplritos malignos que ~agueiam pelo mundo para perder as almas".

to no Hor1odasOlivciras, no próprio lugar onde o RcdentorsubiuaoCéu(cfr. Comentário de São Tomas â li Epist. Tcssa lonia:nses ll, 8). É ainda oAnjoquesoaráa tubaparaograndedia do Julzo Universal, pois, segundo um comentarisia do Apocalipse: "Acredita-se que Miguel exerce o ju[1.o pa r1icular das almas ao se separarem dos corpos; e, por isto,érepresentadocomoglâdioeabalança, onde nossos méritos e deméritos são pesados" (cfr. comentários de Viegas ao Apocalipse, in Cornelio a Lápide, na obra infra citada). Ou1rosaspcc1os.con1udo,daampllssima ação empreendida pelo glorioslssimo prlncipedasMilíciasCelestes,nãosãogeralmente conhecidos pelo comum dos li6s.

Êdoutrina da Igreja que, por desígnio de Sua Providência, confiou Dct1s aos An· josamissãodeguardaremogfoerohumano, e de assistirem individualmente a todos os homens. Sob a pro1cção angélica, os homens Po· dem evitar as emboscadas dos inimigos de st1a salvação e repelir seus tremendos acaques. EsobarcgênciaeinspiraçãodosAn· joselestêma possibilidade de se conservar e progredir no caminho relo qt1e os leva aoCCU. É impraticável con1ar 05 milagres visivcis e invislvcis que, na ordem temporal e espiritt1al, os Anjos realizam quer como proletores, mensageiros e intfrpretes da

Dcntrcospurosespiritos, um se assinala mu ito especialmente. É o Arcanjo São Miguel. Seu nome significa 'Quem como Deus'? E sua missão consiSle em manifestar o maravilhoso poder divino. A crença na polimórfica ação desse Arcanjo é muito difundida na piedade católica, e fonte de inúmeras graças, sebemqt1enem tudo obrigue o fiel a um irrecorrivel ato de fé. Na piedade dos fifü. Miguel evoca o nome do porta-estandarte de Nosso Senhor JesusCristoqueconduziuabatalhaoontra Lúcifer e os anjos rebeldes, expulsando-os do Céu, após grande vitória (cfr. Apoc. 12, 7-12). E aquele que, conforme ensina São Tomá.'! de Aquino, matarâ o Anticris-

Assim, por e~emplo, foi Migue l quem comandou a expulsão de Ad11.o do Paraíso eensinou-lhcacultivara terra, semeando, plantando e colhendo Foi ele quem abençoou todos os povos na pessoa de Abraão e conteve o cutelo quees1cbrandiacontraseufil ho lsaac(cfr. Gcn. 22, 9a 14). MiguelaparcceuaMoisésnasarçaardentc (cfr. Ex. 3. J a 10), quando este apascentava suas ovelhas, e também a Balaão nacstrada.quandoclccaminhavacom su;i mula para amaldiçoar Israel (cfr. Num. 22,J[ .JS). Juntamente com Aurias e seus companheiros, Miguel desceu à fornalha ardente,

Miguel o protetor

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CATOLICISMO -

Se1<:: mbro 1990


fazendo cair o orvalho do cfo que os protegia contra as chamas (cfr. Dan. 3, 49-50). Foi Miguel quem tomou Habacuc pelos cabelos e o conduziu subitamente da Judtia à Babilônia, a fim de que alimentasse o Profeta Da niel na cova d05 leões (cfr. Dan. 14, 32-38). AindafoiMiguelquemmoveuasãguas dapiscinaprobática(deSilot)santilicando-as, como símbolo do Sacramento do Batismo. Por fim, Miguel portou o câlice que confortou a Cristo em sua agonia no Horto das Olivciras (cfr. Luc.22,43-44). E ainda foi Miguel quem libertou São Pedro da prisllo(cfr. At. 12. 7- 10).

Na página .ao lado, cópia da Imagem do Arcanjo S,o 111/guel,

re11e.tldo com •rmadu,- N ca11•Jelro, Hlatant• na pont• da tt.cha que • nclma • to,.,. d• tamou abadl• do llonl S./nt Mlc""1, na F,-nça

Miguel, o batalhador

Com sua espada desembainhada, Miguel apareceu a Josut animando-O para o combate, quando este dirigia seu extrcito contraoinimigoeglpcio: "Josuêencontrava-se nasproxi:nidades de Jericó. Levantando os olhos, viu diante de s.i um homem de ~. com uma espada desembainhada na mão. Josut foi ter com ele: 'Ês dos nossos, disse ele, ou dos nossosinimigos?'-Elerespondeu: 'NIio; venho comochcfedoextrcitodoSenhor'. Josuê prostrou-se com o rosto por terra, e disse-lhe: 'Que ordena o meu Senhor ao seu servo?' E o chefe do exército do Senhor respondeu: 'Tira o calçado de teus pts, porque o lugar cm que te encontras t santo"' {Jos. 5, 13- 15). MiguclaparcccuaGedeãoefoicultuado por ele, ajudando-o a que, com apenas 300soldados,desbaraiasse 135 mil madianitas(cfr. Juizes6a8). Foi Miguel ainda quem matou, numa só noite, 185milasslrios,noacampamen todeSenaquerib(cfr. l Reis 19,32a37). Por tudo isso, São Miguel é chamado pelos gregos ARCHISTRÃTEGUS, isto é, Ge11eral!ssimo. Célebre aparição UmadasmaisctlcbresapariçõesdeSão Miguel (stc. V) deu-se no Reino de Nápoles, perto da cidade de Siponto, no Monte Gárgirno, cm tempos do Papa Ge lãsio. O evcntoécclcbradoa8deMaio. "Esta festa - narra Cornélio a Upide - prende-se a uma visão do bispo de Siponto {o ctlcbrc comentador blblico do stculo XVII), ao qual o Arcanjo convidou acrigiremsuahonra umaigrcjanoM011te Gãrgano, que recebeu mais tarde o nome de Monte do Santo Anjo. "Um rico homem. chamado Gârgano, possula, naquele lugar, grandes manadas. Cerlo dia, um de seus touros. afastandosedorebanho,dcsaparcccunasmontanhas. Procurado inutilmente por muitos dias, foi afinal e11contrado numa caverna. Seu dono atirou-lhe uma flecha, a qua l. voltandoco11traoatirador, feriu-o. "Maravilhad05 com o sucedido, que os circunstantes julgaram misterioso e significativo, resotvCTam eles procurar o Bispo de Siponto, o qual, ouvida a narração do ocorrido, ordenou jejum de tres dias,

seguidodeorações,afimdequcsedcscobrisse, por via divi11a, o motivo do prodígio. "Silo Miguel, então, apareceu ao Bispo. declarando-lhe que a caverna 011de se ocultara o touro estava sob sua proteção, e queDeusdescjavaq ueelafosseconsagradaaoseu nome. em honra de todos os Anjos. "Admirado, o Prelado com todo seu Clero procurou a caverna, encontra11do-a já disposta cm forma de igreja. Logo se i11iciouacelcbraçilodeoílcioseoerguimen1odo templo". O ódio infernal contra toda forma de Bem cm nOSS05diasseaprescmaoomatrevimento nunca visto. Satanãs parece exultar com otriunfoco11seguido. pois - segundo a já célebre expressão de Paulo VI - fezpenctrarsuafumaçanopróprioSan cuáriode Deus. Mas São Miguel vela pela Igreja, da qual t o guardião. E a imagem que ilustra este ar1igo e que o reprc:scnta revestido de umaarmaduram ...-dicval,crguc11doaespa-

da para fulminar o dragão infernal. nào ~ apenas um símbolo: é sobretudo uma promessa. Tenhamosconfianca cm seu poder heróico e eficaz, e esperemos ardenccmente pelo dia em que, sobas ordens da Rainha do Ctu. ele virã aniquilar o podCT das trevas para então ser implantado na Torra o Reino de Maria - a Civilização Cristã predito por Nossa Senhora em Fátima.

CATOLIC ISMO -

FRANCISCO DE ALMEIDA

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TFP envia telex ao Presidente da República Tmdo o Ministro da A1ricultura, Sr. Antonio Cabrera, e o P~idcnte do INCRA, Sr.

J~ Reinaldo Vieira da Si lva, prestado dcdara1;ões à imprensa. cm 4 de julho último. nas quai,anundaramaintcnçlodoaioal1ovcrno dcnãodesapropriar1crr.snopresentcano, dcsc:limi1ararever800d~propriaçl'.lescfet11adasno1ovcrnoanterior.cdcevitar"11mare, forma apAria maluca oom u = de de$apropriaçõc,", enviou o Pror. Plínio Corrb de Oliveira, Pro,dmlc do Conselho NaciQ11al da TFP. um tdn ao Presidcmc Fernando Collor de Mdlo, no dia 27 do mesmo mts. cujo tato ap<esenlamos abaixo Ex mo. Sr. Dr. FnnandoCotlordcMcllo

DD. Presiden1eda Rcpút,lka Bra5,ilia

/\ Sociedade Bra,ildra de DefC$11 da "Tradição, Familia e l'ropriedadc - TFP, que há trk dkadas sem se opondo com empenho à Reforma Agrida wçiali5ta e roníiscarória. aprc!itnta a V. l:...a. a cxpress#iodo loell ,:o,i1cntamcn1ocom r«cnles dn:larações do!Srs. Dr. An• tônioCabrcra.Minisi,odaAgricu!tur.1,c l>r . JoséRcinaldoVicir.1daSilva.Prcsidenlcdo INCRA, aeffea do cunho de moderaç&o e cril~rio com que o governo de V. Eu. se p1opOe aplicar osdisposilivos oon,lilucionai, vigcn1n wbrc a Reforma Agr/,ria (cír. ''Jornal do Brasil"', 4·1·90). Çomcs1aa1i1udc. V. Exa. poupa ao Palsa,agitaçõcssociaisquccm anlcriorescircuns· 1ánc1as puseram cm grave risro toda a nossa ordem social e tc(lnômica, e>it1 dcs~s dcsmcd,das dcsaprnpriando ininil c injustamcntc ,,cas giganicscas. c mimula a produçJo rural t agmpccuària. va~cmcnlc dcsalcn1adas pc,lo perigo de imroduçJo do q;,o-aipi1alismo de &1ado no Brasil. Dcssc agro<api1alismo de Estado cujo íracasso na R\J.ssia c nas naçõe$ ou1ro,. raca1.-a1vai Jercvclanrlotlo ílagran1cmcntcdcsastrow. Comsuascongratulaçõe$,ntaSocicdadcaprcscn1aa V. lli:a. pro1cstosdcdistintaconsi• dcraçlo. Plinio Co.-rhdcOlivcira PrnidcntcdoConsclhoNacional Anàloaas mcn~gcns foram dirigidas ao Minislroda A3ricul1ura cao Presidente do INCRA.

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~e~~~;~~~:~~~~=i~d!~~=~ç:o Triângulo Mineiro e propaga-se por 13 Estados, constituindo uma contestação viva e concreta, um

• Em M1nas, uma anti-Reforma Agrária

antídoto da Reforma Agrária socialista econfiscatória, que vem ''favelizando'' o campo brasileiro

D

ENTRE AS METAS de uma politica agrãria sadia estã, obviamente, a de fazer produzir as terras ociosas, propiciando, ao mesmo tempo, razoãveiscondlções de trabalho para os agricultores.

Sobaóricasocialista,contudo,todae qualquerquestãoagráriaseresolvemedianteaeliminaçãodaclassedosproprietãrios, conFiscando-se-lhes as terras, seja por vias legais,sejaatravésde invasõesedeoperaçõcs do tipo "pega-fazendeiro". Nestas operações, membros das Comunidades Eclesiais de Base - CEBs promovem jusliça pelas pr(lpriasmiios, invadindo propriedadesalheias, prendendo pessoaseexpulsandoos proprietários. Em conseqüência do Estatuto da Terra, criaram-se condições !egais para desapropriações oonfücatórias, cujo pagamento é feito em Títulos da Divida Agrãria TDAs, papéis praticamente sem valor no mercado. Desde 1960,aesquerdavem promovendo, com maior ou menor intensidade, a agitação agrária no Brasil. No livro Reforma Agrária - Quesr4o de Consciéncia, o Prof. P1inio Cerri:a de Oliveira, coadjuvado por outros autores, teveoméritodeenfrentar e desmascarar a Reforma Agrária, que visava socializar nosso campo e des-

truirnossaestruturarural,baseindiscutíveldo progresso do Pais. Além de prejudicar os legítimos direitos e interesses dos proprietários rurais, a Reforma Agrãria vem produzindo verdadeiras favelas rurais, atirando os asscutados na mais negra miséria. Estes,semcapitalpróprio,semcapacidadegerencialedesamparados de qualquer apoio, não produ:rem sequer para pagar as sementes, tornando-se parasitas de um Estadoque,em muitos casos, vê-se obrigado a conceder verbas para asobrevivência desses infelizes "beneficiãrios" da Reforma Agrária.

Em Uberaba, Idéia inovadora

e sensata

De Ubcraba, tradicional cidade do Triângulo Mineiro, conhecida como a Capital do Zebu, surgiu essa idéia inovadora: a BolsadeArrend11mentodeTernis. De si, o arrendamento de terras não constitui algo de novo. Bem ao contrário, talpráticaédeusocorrentenocampo. Entretanto, a proposta amai possui um elemento peculiar: abre um canal direto de comunicação entre proprietários de terras ociosas,desejososdecedê-lasparaexploraçãode terceiros, e trabalhadores rurais sequiosos de cultivá-las.

Nilson Mayrink, coordenador da Bolsa de Terras de Ubcraba, explica: "Tudo começou em setembro de 1985, quando Foi lançada a idéia por José Humbfrto Gulma• ries, na ocasião funcionário da Carteira Agrícola do Banco do Brasil de Uberaba. A sugestão foi logo aceita peloentãopre-feito municipal, Wagner do Nascimen to. A Bolsa de Terras consiste em fazer o casamento entre o proprietário que tem terras disponíveis para agricultura, mas sem possibilidade de explorá-las, e o agricultor profissional sem terra, mas com empenho em trabalhar". Portanto, a Bol$a de Terras atua apenas como intermediária, sendo o contrato de arrendamemo feito entre as duas partes; o proprietário outorgante e o arrendatãrio,mediameinstrumentoparticular,conformeasleisvigentes. Ao perceber que poderia transformar o arrendamento rural cm ferramenta tão útil para o campo como o foi o trator, Jost Humberto Guima ries, 48 anos, filho deUberaba,assessoremBrasi liadaDiretoriadeOperaçõesdo Banco do Brasil,decidiu instalar na cidade um ponto de encontro das partes. Distribuiu, a seguir, por

Em pouco tempo, dois lrmlos lllanfrlnl, 11rrendalárlos da Bolsa de Terras de Uberaba, adqu/riramdoisrra torss


meio das agências do Banco do Brasil, no in1ttior mineiro e pdo sul do Pais, folhe1os cxplicativos sobre os objc1ivos da Bolsa. Em pouco tempo, já dispunha de quase 700 cadastrados. NilsonMayrinkrelataintcrcs.santcspormenoresdaoperação: ''Aproveitamos agricultores proíissionai s de regiões tradicionalmente agrícolas, mas que não têm terras disponíveis. A maiOI" parte provém de São Pau lo, Paranfl, San1aCatarinacRioGrandedoSul.Scgundo estimativas. hâ mais de um milhão de -agricul10resprofissionaisem1aiscondições na região Sul do Brasil. Daí a propaganda ter-se dirigido sobretudo a essa região. A resposta foi imediata: correspondências, telefonemas. visitas, enfim, todos queriam saber como funcionava a Bois.a de Terras. A burocracia exigida para o contrato é mí nima : ficha cadast ra l do interessado, que é remetida para o Banco do Brasil, o qual, por sua vez, faz um leva111amcnto sobre a idoneidade do interessado. Evidentemente, este trâmite inspira confi ança em ambas as partes. De fato,seointcressadonãofor um profissional na agricultura.a aceitação torna-scdifici l. "Comc-çamos este trabalho cm 198} ano de muita polêmica cm torno da Reforma Agrária. Nós fü.emos uma Reforma Agrâria â mineira, colocando agricultores qucnão1êmterra,mas1êmexperiênciaagríco la, em terras disponlvcis não aproveitadas. Ou seja. sem connito, sem fa1.erconfusão- uma idéia tupiniquim corno secostumadizcr,quenasceuaquiequehojesecstá expa ndindo para todos os Estados da Federação."

No Inicio, muttas criticas Nilson,comvozcalmacpausada,rela1aque,nocomeço,ainichuivasofrcumu i1aspressõcsecríticas. Deum lado, os proprie1llrios locaisreccavamquefoi;scmtrazidos para o município agitadore1 profissionais que se fazem passar por "sem-terra". De outro, tanto o PT quanto o Clero de esqucrdaachavamqucainiciativairiacsvaziar a Reforma Agrària do Governo. Aíirrna ele; "Nós mostramos aos proprietários qucestllvamostrazendoagricultoresprolíssionais. E mostramos ao pessoal do PT e dalgrejaqueestâva111osfa1.endooaproveitamcnto racional das terras disponíveis. Com isso os problemas praticamente deixaram de ex istir."

Além de uma colMdelra, \'ltldevlno FOSCllrinl COflHfPJIU adqulrlf', com o produlo de quatro Nfra,; quatro tralore,, uma caminhonete FIOOO, um camlnlllo Mercede1 1313, uma perua C.ravan • uma motoclcleta

do ociosos outros 190mil.Comaincorporaçãode50milha.àproduçlo,incrementadaatravésda Bois.a, hoje são ll0mil ha, de terras BCTando riqueza para o municipio, em grãos de soja, milhocarrot. Em 1985, a agricultura municipal contribuia com 12-,. do ICM e a pecuiria com 7'1,.Em1989,aagriculluracon1ribuiucom 22'/oeapccuáriacom 12~.Haviaumasafra de 68.000 toneladas de grãos e hoje há cerca de 300.000 toneladas. Ou seja, do· brou a àrea agricultâvcl e quadriplicou a produção, porque foi mais racionalmente aproveitada. Os arrcndatârios colheram naúltimasafra 1,2milhõc:sdesacasdesoja, fora mi lho e arroz. No total, 26,8-,. da s.afra dcgrãosdomunicipio. Apar1icipação da agricultura na geração do ICM do n1unicipio elevou-se em 83'1, eas ârcas cultivadas em 57'1,. Abriu-se oportunidade de colocação de mão-de-obra para um contingente superiora I.OOOtrabalhadores rurais. Eiuimu lou-se o crescimento da capacidade de armazenagem de grãos, que de 47 .000 1. em 86 passou para 200 mil em \98~. Ao mesmo tempo, o comércio ganhou vigor. Os arrendamentos consumiram, nos últimos três pcriodos agrlcolas, 31.000 t.dcfcrtili1.antese300milt.dccorretivos para o solo, volumes que exigiram aproximadamente 30.000 viagens de caminhões doccntrodeproduçãoatéoscamposarados.

Resultados surpreendentes Commaisdequatroanosdce:11istência, a Bolsa dcTcrrasjâdeu ensejo ti assinatura de 151 contratos entre arrendantes e arrendacllrios para o cultivo de 50 mil hectares cm Uberaba, e, ao mesmo tempo, pela emulação, sensibilizou proprictàrios com terras ociosas a aproveitarem suas âreas. Atualmente, a iniciativa não se restringe apenas ao municipio de Uberaba, mas se cstcndealJEstadosdaFcdcração. Até setembro de 1985, quando se iniciou a execução do Projeto, as lavouras domuniclpioocupavam60mil ha.,estan-

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Eii;acomundentcdcmons1raçãodequc aocupaçãodcterrasocios.asnnosefazdestruindocercasncminvadindopropriedadcs privadas. Aliâs, vale ressaltar, no caso de ocupação de terras pela Bolsa, que o Governo não se intromete, nem ditando normas nem fa1.endo gastos. O fato do Governo mamtt-se à distllncia tem sido outra ratão para seu sucesso. Comparando esse desempenho com os resullados dos assentamentos - mais de 600 - levados a cabo a titulo de Reforma Agrària em todo o Pais, o con traste é cho-

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cantc~doloroso. No caso da Reforma Agrâria, até assentamentos considttados como modelos fracassam, não correspondendo às expcctatiYas não sh no que diz respeito à produção, mas igualmenle quan10 aos objetivos de prom0ção social. Os assentados vivcm sob barracas dc plâstico, driblandoasncccssidadcs,padcccndodesnutrição edocnças,subsistindodebiseatcs.

Todos saem ganhando Para J<né Humberto Guimarães, o programa $Ó deslanchou porque teve como pri meiro cliente um dos mais tradicionais pecuaristas da ,egião, Ar11aldo M11d1ado B<N-gcs,proprictâriodeccrcadc3.SOOha.c de um rebanho de maisde7 mil bovinos. Arnaldo constatou três i!Spcctos positivos nachegadadossulistasaomunicipio: ocupação de terras ociosas, elevação cu ltural do homem do campo e a certeza de que, aoterminar scuscontratosdcarrendamcn10, deixarão terras férteis, onde o faundciro podcrá prosseguir com a agricultura ou e,:pandiraspastagcns. Nilson Mayrink, por sua vez, descreve as vantagens paraoproprietãrio: "Ele entrega um pasto ruim, com barba de bode evaireccbcrdepoisde3aSanosumaterra de cultura, onde ele pode plamar qual quer leguminosa forrageira. Ele aumenta cm3004P.acapacidadedcapasccntamcnto." No caminho das ârcas arrendadas, Nilson apon1a para a fazenda de um médico, ao lado da estrada: "lssoaquicraumcampo de barba de bode. Hoje comprovadamente é uma terra de cultura. An1eriormente dava para uma cabeça de gado por alqueire. Hoje, se tal área for revertida cm pastagem, pode-se colocar de 5 a 6 cabeças. Melhorou muito aterra. "Se a lttra cstâ bruta, o arrcndatãrio faz o desmatamento da ãrca, a catação de raiz, a recuperação do solo de acordo com a anâlise feita cm laboratório. Recupera também a topografia do solo, com curvas de nlvcl, bolsões e terraços. Esse é o trabalho do agricultor profissional".


Oproprietàriore«beumapercentagem sobre o que é produzido. No caso de uma àrea bruta, o arrendatirio não paga nada no primeiro ano, porque o investimento é maior do que o lucro. No segundo ano 5-.,., no terceiro 10'1'1 e depois""'·

1•iver. Eos que ganharam terra de graça, não a trabalharam, porque não $11bem dar valor àqui lo que receberam. " Hã alguns anos, no Rio Grande do Sul, fizeram uma Reforma Agrària cm que deramterra,casa,sememesehojccssepcssoal não tem mais nada. Venderam as propriedades para tomar pinga, fazer farra e outrascoisas",conclui Foscarini.

Vantagens do arrendatário ''Negócio bom - lembraNilson - tem que ser bom para os dois lados". A vanta gem para o agrkultor é ade possuir uma terraparatrabalhar,paraganhardinheiro, sem tC'Tquc comprà-la. No futuro, quando ele tiver capital, poder! adquiri-la. Ji temos exemplos disso. "Ele se utiliza da estrutura já existente nafazenda:hienergia-90.,.domuniclpioéclctrificado- e vias de acesso, que o municipio mantém em boas condições".

" Reforma Agrária é coisa do PT" "Achavcdoproccssoétrabalharcom agricu ltores profissionais",explicaoagrõnomo Paulo Plau Nogueira, 36 anos, Secrctário Municipal da Agriculmra. "Tenho a impressão de que a Reforma Agrária no Brasil é um discurso de poUticos, discurso eleitoreiro. Colocar na terra um individuo que não tem conhecimento sobre o tratodela,issoé demagogia,ébesteira. l':: o que a gente vem assistindo aoontettr no Brasil. Reforma Agrária no Brasil tornouse um termo pejorativo. Falou em Reforma Agrâria, é coisa do PT e congêneres".

O arrendatério pioneiro Valdevlnot'o,carlni,33anos,quetrabaJhavacm umaglcbade22ha.cm Pinhalzinho, Santa Catarina, foi o primeiro a rirmar contrato de arrendamento em Uberaba, cm maio dc 1986. Diz ele que, ao chegar com um irmão, só possuíam vontade de trabalhar. Ecstadcviasergrandc,ajulgar pelo patrimônio com que terminaram o ano de 89: quatro tratorC5, uma colhedeira com todos os implementos, uma F 1000 cabine dupla, um caminhão MercedC5 t3t3, uma Caravan e uma motociclela. Sem contar m:\quina de lavar roupe, televisão em cores,gcladdra,Jreeieretc.

Solução para o êxodo rural Observamos hoje, no Brasil, mais este contraste: o Sul, bastante povoado, com um milhão de agricultorC5 profissionais dispondo de pouca terra para 1rabalhar, e o BrL'Sil Central, com imensas àreasdesocupadas à espera de mãos laboriosas. No Sul, o ''João sem terra", e, no Brasil Central, a "terra sem o João". lnfelizmenle,corren1espoHlicas.capilancadaspelacsquerdaditacat6lica,parcçem não desejar essa integração e por isso insuflam invasões e mantêm - não se sabe com que rcçursos - enormes acampamentos de "sem-terra", que servem de massa de manobra para seus intuitos políticos. Foscarini viveuessedramanoSul, mas preferiudesbravaroBrasilCentral,cnquanto seus colegL'l que deram ouvido á prega-

Visita às áreas arrendadas

Oe•tarlnense Vlllde11/noF09Csrlnlfoloprlmelro -r,rlcultor • firmar contrato de srrendamento, maio de 1986

•m

cão dos padres de esquerda, da leologia da Libertação, estão até hoje vivendo nos acampamentos,com3.1mãosvazias. Eis o relatodessccatarinense, cheio de vitalidadeevontadcdctrabalhar:"Eutambém fui convidado, na época quando não tinha nada, para ir em proc:ura de terra, para invasão. Masoomo a gente tem um nome - eu era pobre, mas, pelo menos, o nome era bom-, com o esforco do meu trabalho cu consegui comprar uma ârea de dois alqueires. De lã, resolvi ir para a frente. Eu olhava para o mapa e via que o centro do Brasil é bem maior que o oeste de Santa Cata rina. Aqui,jã no primeiro ano, saíram 4 mil sacas(desoja)e agorajà passaram a 13 mil. "/\gora, essas pessoas que foram invadir, C!ltão acampadas por lã na esperança deganhartcrra.M:l'l,atéagora,nãoganharam nada. Estão caçando, pescando para

MflflttnlttttlnNtnteprop,gttndll,-r,rlcultOffltt do ,ui do P,ls lorttm eomrldttdos a ,e lr1$Crew,r rn, Bolsa de Anw1damento de 1omls

c1eu,-..11a

É Nilson quem vai descrevendo; "Nes1elocalnãoexis1iaumhectaredeàrcaabcrta.Hojcnóstemos6.800ha.deâreaabcrta''. Ele narra, entusiasmado, a história e osresultadosdaquel:l'lbclasplantaçôcs:''Estamos a caminho da Fazenda do Sr. José Barata, de 800 ha. Aqui ao lado é a fazenda de Dr. S.ulo de Caslro e do Sr. Re nato Miranda ~tano Borges, uma área de 2.IOOha.,totalmentearrendadapuraaagricultura. Era uma área de pecuária. "Aqui àdireita,édos membros da farnllia Caslrjón. Eles são daqui mesmo. Depois que viram que a terra cra viãvel parn alavoura,resolveramcullivarassuas". ContinuaNilson:"Essesaisâoos Ma nfrini. Quando eles vieram para cã, não tinham nada. Eles deram os 5 ha. que possuiam no Sul como garantia. Com isso compraram um traior e os primeiros implementos. Depois da primeira safra, trocaram duas mil sacas de soja poroutro1rator". Nilson salien1a ainda que "a familia Manfrini, atém de arrendara área para a agricultura, fez também com o proprietário uma sociedade de criação de gado. Hoje clat meeira na criação do gado".

Respeitar a propriedade Desde 1960, o socialismo agrário, quer no Brasil quer no ExtCl'"ior, só produziu agitação, intranqiiilidadee fracassos. Não obslante, nossos Ultimos governos, negando o óbvio, vêm insiuindo em se colocarem na contra-mão da Hislória, promovendo a coletivização do campo. Por uemplo, só o Governo Sarney desapropriou uma área de4,S milhões de hec1ares, o equivalente aoEstadodoEspiritoSanto. Dcs.ipropriaçõcs que lesam o direito de propriedade e frustram os pretensos beneficiário~. transformando os primeiros en1 vitimas do confisco e os segundos em favelados rurais. Se o E5tado se mantiver no seu papel dcrespeitarodireitodeproprk-dadc - direi10 natural anterior ao l:.stado, que este não pode abolir nem lesar - ele conoorrerà para um sadio e verdadeiro progresso de nosso campo. Caso contràrio, se preferir o caminho da estatali1.11çãoedoi ntervcncioni5mo, C5tarâ espalhando fatores de estagnação, retrocesso e n1or1e. A experiência da Bolsa de Terras de Ubcrabaprovaqueainiciativaprivadatem soluçõessimplesenaturaisparaosprobtemasagrãrios.Qucelasirvadeexernploparaosquedi rigcmosdcstinosdenossoPaís. PAULO HENRIQUE CH.4.VES 1 NELSON 8.4.RRETO

_ .. ,_,...,_..,,,...,r..,._....,..., °'"'""""""'"""" ... - -........ ·<Ca1olom• CATOLICISMO -

Setembro 1990 -

21


Frei Betto ante o fracasso do socialismo Para salvar a face do socialismo, em desprestígio crescente devido a seus fracassos generalizados , o religioso dominicano lança mão de argumentos-coringa e aponta um " bode espiatório " - o stalinismo - , até hoje fielmente aplicado em Cuba por seu íntimo amigo Fidel

E

NT RE OUTROS oradores, falou Frei Betto rrn m c iclo de conferências promovido. em São Bernardo do Campo (SP J, pela Pastoral Operâria, no més dc abfi l úllimo(•). Do que se ocu pou o irrcquieco domi nicano1 De aprõentar uma CJ1plicaçllo para o que vem oco rrendo no Leste europeu; ''O

socialismo aca bou?", éo titu lo de sua pa-

lestra. Evidenteme nte , Frei Bctto acha que o socialismo não acabou. E nisso ele t('m ra-

1,ao, pois o comunismo oon1inua atorme11rnndo a China, Cuba, a Albânia, o Sudeste asi:llico e outras partes do Globo (a lém do próprio USte eu ropeu, sob a égide de umacnigmàticapcrcstroika ... ).Eknàoacabou 1ambém porque socialistas como Frei lk tt ocontin uam. noOcidcr11e,er1vida ndo todososcsforçosparaqueesscpéssimoregimevcnhaasc impor, sobes1a ou aquela forma. E contam para isso com importantes ap()ios no clero, na burgunia, nos meios polí ticos, na mfdia, Porém, o pomo que imporia aqui levantar é out ro: rracassou o comunismo em sc us70a nosdc rca lizaçãocor1creta? A esta pcrguma-chave Frei Be!to procura dar uma resposta ma nhosa: teria fracassado o modelo stali nista de socialismo, nào outros modelos. Vejamos.

A curiosidade nos levou a deitar 11ossa atenção nC$ta conrerência. Com efeito, movia -nos o desejo de saber com que "pirueta~"ocon hcc id o pr~crdacsqucrda"católka" procuraria exp licar o incxplicãvel; ou seja, salvar a face do socialismo diante do universal desastre agora patente aoo o lhos de todo o m undo. Frei Bct10 desembaraçou-se desta tarefa como pôde, sacando da "algibeira" fórmulas "salvadoras" ou argumentos-coringa. "Oqucestãemcrisc-dissecle - não Cosocialís mo . .. Oq ueestáe m criscC um 22 -

CATOLIC ISMO -

modelo de socialismo, EqucgraçasaDcus está cm crii.c: jã devia entrar em crise hã 20anosatrãs". Tal modelo, na apreciação de Frei Bet10, seria o stalinista, instalado na Rússia pelo ditador Joseph Stalin e imposlo "de cima para baixo",di tatorial pois. É bem o caso de dizer que o religioso dominicanochcgoutardccom suaobservaçào, pois o s1alinismo vem sendo cri1icado e comcstado, na própria Rússia, desde os tempQS não menos ditatoriais de Nikita Krutchev, sem que a situação da chamada URSS e demais nações cativas se aheraS5e sub$tancialmeme. Mas também é o caso de se lhe perguntar quais outros modelos socialistasuistcm,escporveniuraalgum deles 1eria dado certo. Frei llctto, porém, passa porcimadissoenemsequeracena com a possibilid ade de algum modelo socialista, efetivamente aplicado em algum país, vira ter êxito. Écomprcens!vcl tal atitude, pois nào lhe !iCrÍa fãcil entrar por este caminho ... Menos dificil, entretanto, íoi-lhe lançarmãodeum"coringa"eacenarcom este para uma solução íuturivcl doproblema: Estar-se-iagerando, noTerceiroMundo, um socialismo "debaixo para cima", nascido dos "movimentos popufores", que cscoimadodosdefeitosdo modelostalin ista (decorrcmeda ímP05içãoda vontade de um grupo ã maioria) e auferindo vantagens dealgunsaspectos "positivos'·docapítalismo, alcançaria o 1ão almejado b ito. Em suma, diz Frei Bctlo, "a gente tem que construir o socialismo com muita democracia, com muita libcrdadc, com pluralismo, co m estimulo a toda in iciativa, sem exploração ... " Como seria, em concreto, este modelo socialista? Não vem d ito. Como se dcscmbaraçaria elc dc dcfeitos que sllo, aliàs, inerentes ã sua própria natureza? Também nàosesabc. Apcnasfieaobscrvadoque,dc prderência, deve ser alcançado por via pacifica, nllosendo excluída, porém, aviolêocia armada, caso esta se torne in dispensável.

Setembro 1990

Frei S.tto nla Indica nenhum modela de ~ i:!Mismo que deu certo

A de nuncia que chega atrasada A fim de mais faci lmente encaminhar ocsplritodoouvinteparaas "csperanÇas" anunciadas, Frei Betto passa a tratar dos aspectos "negativos" do que considera o modelo socialista fracassado na Rússia: a burocraciacstatal,afaltade cstimuloàproduçllo no regime de "funcionalismo pí1blico"comaconseqücnteinsuficilnciadaproduçllo, o at raso tecnológico, o estimulo ao mercado negro etc., o que ele a1ribui, nàoàincapacidadecongênitadosocialis-


modegerarprosperidademas-aexpres· sãoérisívclemsetratandodcrcgimesateus - a uma "falta de verdadeira formação ética e moral". É impossível, entretanto, que no espirito do leitor não se levante, na medida em que presencia essa confissão dos desatinos doregimesoviético,umaenormeinterrogação: por que, até agora, Frei Bctto deu tão pouca importância a essas maulas, e fez tanta propaganda do socialismo? Inclusive da Rússia e de Cuba? Como pôde entreter tão cordiais relações com Fidel Castro, e de tal modo louvar o regime cubano, quando é sabido que o ditador do Caribe era e é confessadamente partidário do sistema ao qual Frei Betto atribui o fracasso dosocialismo na Rússia? ESS3ie outras embaraçosas indagações as fez,anível internacional,oProf. Plínio CorrêadeOliveiraem seu já célebre documento: "O comunismo e o anticomunismo na orlada última década deste milênio", publicado em mais de 70 ógãos de imprensa das três Américas, Europa e Áfri ca, entre os quais a "FolhadeS. Paulo", "WallStreetJournal"dosEstadosUnidos, "Corrierc dclla Sera", da Itália, "Die Welt", da Alemanha, "The Star", da África do Sul, e muitos outros diários de primeira importância nos respectivos países. "Catolicismo" o estampou em sua edição de março último.

O ''Descontentamento" Aoslados"negativos"dosistemasoviético vistos pelo conferencista se somam o que considera seus "aspectos positivos". Diz Frei Betto: "Vou citar dois aspectos: em nenhumpalssocialistahaviamisériacolctiva,drogacoletiva,prostituiçãoco. letiva" (sic). Há pouco ele falava da "faltade formaçãoéticaernoral..."! "Ospaísessocialistas - continuaoorador - conseguiram dar à maioria da população um nível digno devida". Positivamente, Frei Betto parece ver rosas nascendo do rochedo. Como, com desordens tão profundas como as que ele mesmoconfessaexistiremnosistemasoviético, poderia este proporcionar 1a! "nlvel digno devida"? Ademais, tal assertiva não se opõe a toda a evidência? As conhecidas filas, nas quais as sofridas populações passam horas, às vezesnoitcsimeiras, a fim dealcançarsuamiserávelraçãoatimemícia corresponderiaaum"niveldignodevida''? Thl "nivet digno de vida", Frei Betto o jul· gariadcsejávelparao Brasil? O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em seutrabalhosupracitado,exprimecomno· 1ávelclareza uma verdade incontestável e incontestada.OsabalosproduzidosnoLes!eeuropeu tiveram como raiz um imenso Descontentamento (com D maiilsculo) como poucos se viram na História. Descontentamento de populações reduzidas - segun· doamaiselementarconstatação - auma situação de miséria insuportável.

Sempre o velho socialismo com novas fachadas O leitor perspicaz es1ará percebendo que,aosefalarem universal Fracasso do socialismo, não arirmamos, de nenhum modo, que o comunismo desapareceu ou tenha morrido. Valendo-nosdeumacompa· ração,pode-seconceberahistóriadocomunismo internacional - tendo em vista os atuais acontecimentos que vem ocorrendo n0Les1eeuropcu - ,figurandootrabalho deumconstrutorquesepõeaedificarum prédiosobrealicercesinadequados.Emcer· to momento, umarajadadeventofaLruir as paredes semi-levantadas. O construtor emão,justificandoerroneamente odesabamento pela má colocação dos tijolos uns sobreosoutros,seapressaareergueroedificio - com a fachada alterada, a fim de embair os incautos - , sobre os mesmos fundamentos. Evitaráelecomissoumnovodesastre, talvez ainda pior? É bem essa a atitude de todos os esquerdistas do tipo de Frei Reno, que tentam tapar o sol com apeneira,procurandoconvencerosdesavisadosdequesemprehaveráumaformainédita e eficaz de socialismo a ser testada, após o fracasso de tantas outras experiências. Osdiversosgêneros de regime marxista, na realidade, sãosemprejdênticosem sua essência. E essa busca indefinida de umsocialismobemsucedido - paracspíri-

tos como odo irrequieto dominicano poderia, ao que parece, ir se prolongando atéofimdomundo ... Os fundamentos do socialismo são sempre os mesmos: as teorias revolucionárias sistematizadas por Marx, Engels e seus sequazes. Concebem elas a humanidade movidaexclusivamente por ínteresses cconômicose materiais, pos1a numa evolução permanenteenecessária, rumoaumaigualdade sempre maior e a uma liberdade (até mesmo em relação aos princípios elementares da moral católica) sempre mais completa. Terá visto o leitor algum personagem rcpresentativodocomunismointernacional, eadeptodasreformasperestroildanas,anunciar a renllncia, por parte do Kremlin, oficiatmente, das concepções igualitárias ecoletivistas,comoasconcebeafilosofiamarxista? Por exemplo, a propriedade prívadaautênticadosmeiosdeproduçãoeodireito de herança? Se não o viu, desconfie! E abra os o lh os para alguma nova edificação (frei Betto fala de um novo socialismo em gestação) sobre os mesmos e batidos alicerces ... Quanto maior a altura, maior o tombo, diz o velho adágio. Quanto maior a ilusão criada em torno de um comunismo "reformado", tanto maior poderàserodesastreaabater-sesobreomundo. AANÔ810 GLAVAM (º) Possuimosfi1agravadad«1aoonfrrtnda,eujo 1ex10U1ili,amosnaelaOOraçãodoprcsenteanigo


CT]

O00SOS DIASmedeba-

Crimes do Comunismo

~::i::::~:~a~

pala vras do ex-primeiroministro alemão-oriemal, HansModrow,dc6)anos, refcrindo-seaoseupassadocomunista.lstoporque represe ma um '''grande peso', nãosópo lilicamente, como cm 'termos humanos'( ... ) Ele afi rmou senti r remorsm pelos crimes, acorrupçãoeapcnúriacoonômica" ("FolhadcS. l'aulo",6-7-90). Tais palavras soam mais corno "lágrimas de crocodilo" e não de verdadeiro arrependimento. Pois a sua compaixão volta-se para o grande peso politico que repr~ntou o insucesso conrnnista cm seu pais. E em seguida vem o remorso. E estéril. Ele não de,cria ficar ncssasaíirmaçõcs,mas oonícssarcdcnunciar:"eutivctal culpa,meusci.impliccs$lo estes e aqueles. Ju lguem-nos!" A História apresenta raríssimos casos de arrependimentos exemplares. Não obs-

tante, há julgamentos de grandes crimes cometidO!i, como os Jo nazismo. Logo após o término da li Guerra Mundia l, instalou-se o tribunal de Nuremberg, que julgou O!i principais líderes naústas. Também foram julgados 20.000dos 120.000 crim inoros de guerra. Conseqüência direta das punições iníligidas à Aleman ha foi a ocupação de seu território pelas potências vencedoras e a posterior divisão do pais cm du as parles. Numa delas instalou -se o regime comunista, que rcduiiu à miséria seus 17 milhões dchabi1antes. Em todos os lugares onde o comumsmo .se C!ltabelcce, provoca a formação do que .secos1umachamar, na Rússia, de ''Nomenklat ura", uma casta privilegiada dos membros do partido e demais organismos de sustentação do regime. Ela pOSSui todos os direitos, goza de inúmeras vantagens materiais, eo resto da população padece as piores privações.

Bifes aos animais Na Alema nha Oriental, por exemp lo, "enquanto os alemães orientais entravam cmfilasparacomprarcsi.:as.sosbcnsofcrlados nas loj as estatais, .seus camaradas da cúpula cspojavam-.se com luxuosos prodt1cos importados do Ocidente e alimemavam seus animais de estimação com pedaços de bifes" ("Time", 2l-6-90). Este fato dá umapálidaidéiadasinjustiçasprovocadas pelo comunismo. Sabe-se que membros e cotaborndorcsdopartido,alémdafrcqüência às lojas especiais, residiam cm casas apaladadas, cm bairros exclusivos etc. Com aquedadoMurodavergonha,cscusdcsdob ramentos, a hipocrisia comunista torna-se patente. Porbn, "na Alemanha Oriental, os novos lideres 1ml sido lentos cm tomar mcdidas judiciais contra seus prcdcccsrores". Por que, perguntamos nó.~? Prossegue are-

24 -

CATOLICISMO -

Na Alemanha Orlent,1, Wtrfnes de meree•rfe•

vazias ... ... enqu.ntoas de larmácin a dt"OQ8rlas apr9Hnlam

lastlm4vet,spec10

Quem deve ser julgado? Quem julgará? vista: "Devido à rc!utllncia em solucionar doisproblemasétioosdifictis,mas rclaciona-

dos: Quem deve ser julgado? Quem deve julgar?(... ) Muitas pessoas na Alemanha Oriental cooperaram, ou ficaram comprometidas com organismos de sustentação de um Estado totalitário. Perto de dois milhões etrezentasmilpessoas-aelitedcfatoeram membros do Par1ido da Unidade Socialista (SEI>). Além destes, havia 85 mil funcionários do Ministério de Segurança doEstado(Stasi),bcmcomo l09milinformantes, na sua maioria anônimos. Finalmente, milharcsdejomalistas, professores, jui7.C$, advogados, prefeitos, e policiais prestaram, pclomenosdabocaparafora, algum serviçoparaaquiloqueelessabiamser uma mentiracolossal"(ld.,ib.).

Clamor dos descontentes

~i~= ~~:;:

No que consistia a mentin eolomil, à

1 1°: .!~::;~:::o munismotrariaafelicidade, bem-estar etc.

Convém lembrar que lodo!I estavam obrigados a acredi1ar nesta mentira sob pena das piores perseguições e punições. Mas eram obrigadosporalgoém,enãopelagencralidade dos funcionários. Havia uma hierarquia no regime. No topo dela estava o Partido da Unidade Socialista e os que com ele colaboraram. Procurar diluir a responsabilidade por todos, é escarnecer da l)Opulação em gcral c das vitimas.

S<:1crnbro 1990

Injustiças e crimes praticados pelos comunistas têm suscitado, na Al emanha Ori ental, um momentoso tema: o julgamento dos responsáveis Mas a indianação popular começa a !Omar corpo. À medida que avança o tempo, as mazelas e crimes inenarráveis dos regimn comunistas vão-.se tornando mais conhecidos, e aumenta tam~m o número e o clamor dos descontent es que exigem o julgamento dos rcsponstivcis por tais de litos. Em fins de julho, cm Moscou, centenas de milhares de TU$$0S part iciparam da maior manifestação contra o Partido Comunista já realizada no pais. Junto ao Kremlin gritavam "abaixo o comunismo". E aplaudiram efusivamente um orador que pediu o julgamento dos dirigentes do PC como CTimin050S. Tal pedido, embora dado com ccrto destaquc pcla mídia, não cs1evenaprimelrap lanadaimprcnsamundial, nem foi .seguido de comentãrios, anAliscs etc. Sistematicamente cai sobre o lema t1ma espéciedccor1 ina,fazcndo-.sesilêncioa respeitodetaisfatos, minimizandoeignorando a responsabilidade dos promotores do


H•flSNodrow, ex.prlmelro-mlnl,lro ,1emlo-orlent,1, ret.rlndrHle ,oseup,nado comunlst,, afirmou: "l()dososdlss m,debalo

com essa, sens,ções: lrs, comp,lxlo

ea.co"

comunismo internacional pelos crimes perpetrados.

O "Ideal comunista de igualdade" Sentindoanecessidadedealgumapuniçllo, "alguns comentaristas argumentam que, do mesmo modo que a Alemanha Ocidental teve que viver com a vergonha dos anosnazistas,agoraéavezdalAlemanha] do Lcsteexpiaraculpacoletiva, MargareteMitschelich,umapsico-analistadeFrankfurt, rejeita tal equação. 'A Sta.si não éa Gestapo, e Honnecker na:o é Hitler', diz ela. 'Pclomcnosoidealcomunistadeigualdadedoshomenserahumano.Hitkrpregava a inferioridade das outras raças. Diga~ o que se queira da Stasi, não estamos agora face a Auschwitz como estivemos depois de Hitler"' (ld., ib.). Mas, por mais engenhosas que sejam as comparações feitas por essa senhora, elas na:o passam de frases de efeito. Podese sustentar que o país inteiro foi reduzi do a uma Auschwitz. Pois, quem dele ousasse sair, era impiedosamente caçado com eãesamestradosoufuzilado pelasmctralhadorasautomáticas. A população tinha que sesujeitarservilmenteao "ideal comunista de igualdade", o qual nada tem de humano. Podemos comparar este ideal ao leito de Procusto, da mitologia grega, que servia de medida aos homens nele estendidos: os que fossem maiores que o leito, eram mutilados, Os menores, esticados. O que há de humano em tal ideal?

Crime contra a humanidade "Outro professor de direito de Frankfurt,ErhardDenninger,concordaquccomparações com o período nazista são inexatas. 'Os processos de Nurembcrg tratavam de crimes contra a humanidade egenocldio', argumenta. 'Você não pode acusar o regimedaAlernanhaOrientaldealgosemelhanteaisso"'.

Se manter um povo nessas condições durantemaisdequarentaanosuilo foierime comra humanidade, resta saber o que écrimecontraahumanidade.Procurar submetcr um povo ~ para não dizer o mundo imeiro, sendo esta a meta docomu11ismo - ataiscondições, é, paraosquetêm fé, um pecado contra Deus e um crime oon· traos homens! "Embora Honnecker e alguns poucos funcionários categorizados possam ser julgados.e outros lidcreseomunistasdedestaquebarradosdefunçôespúb licas,agros· samaioriadosmembrosdopartidoparece que não sofrerá muito. Por exemplo, o Ministro do Interior da Alemanha Oriental, Peter-Michacl Diestcl, recontratou, como um atodeearidade 'cristã' [sic]. 12 mil ex -funcionários da Stasi, os quais ti nham sido expulsos por um comitê decida· dãoscncarregadosdedesmantelarodcpar· tarn~nto. "Outraironia é adeque700dessesesereventes foram incumbidos de cuidar dos volumosos dossiersdestedcpartamcnto". Em seu Manifesto "Comunismo e anti comunismo na orlada última década deste milênio", o Professor Plínio Corrêa de Oliveira,referindo-seao''Descontcntamento que desagregava o mundo soviético", dizia:obrado"scdirigirá,antesdetudo, contra os responsáveis diretos por tanta dor acumulada ao longo de tanto tempo, em tão imensas vastidões, sobre uma tão impressionante massa de vitimas ... [que] unirão seu ulular para exigir do mundo um grandeatodejustiçaparacomosres· ponsáveis. This responsáveis foram, por excelência, os dirigentes màximos do Partido Comunista russo ... E, pari passu, os chcfesdePCsedegovernosdasnaçõescativas. Pois eles na:o podiam ignorar a desgraça e a miséria sem nome em que a doutrinaeorcgimccomunista.sestavamafundando as massas" ("Catolicismo", março dcl990). ADALBERTO FERREIRA DA COSTA

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~Aí[OUCISMO Para assinar ou renovar sua assinatura de CATOLICISMO, veja as instruções coTltidas na parte interna do invólucro em que suarevista lheércmetida.

CATOLICISMO - Setembro 1990 - 25


Escrevem os leitores • Norma de vida

• Interesse

Estou enviando junto a esta uma folha avulsa que reçcbi de um amigo, e cujo conteúdo

gostaria de ver estampado nas pãginas de CATO LI CISMO,

revista que tanto admiro. Traia-se de volante denominado "Plantllo Policial: como criar umdelinqücntc-de::maneiras

íãce,s''.Chamou-meparticularmemc a a1cnçllo pelo fato de rcílctirquasc urnanormad cvi-

da em nossos dias. Estou cerlo de que os leitores de CATOLI CISMO tirarào proveito cm conhecer estas "dez maneiras fãceis" e trnbalhar11o para que nãosejamaplicadas(VallerLUdo de Menun, Belo Hori zontc-MG) Texlodovolante:" l )Comeccna infãnciaadaraoscufilho rudo o que ele quiser. Assim. quando crescer, ele acreditar~ que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo o que deseja; 2) Quando ele diw.-r nomes feios.achegraça.lssooía râ considerar-se imeressame; 3) NuncalhedêorientaçãoreHgiosa. Espcre até que ele cheguc aos 21 anos e decida 'por si mesmo': 4) Apanhe tudo o que ele deixar jogado: li vros, s.apalos,roupas. Façawdoparaele, paraqueaprendaajogarsobre os outros toda responsabilidade; 5) Discuta com freqüência na presença dele. Assim não fi. carâ muito chocado quando o lar se desfi1.er mais tarde; 6) Dê-l he todo o dinheiro que ele quiser. Nunca o deixe ga nhar seuprópriodinheiro;7)Satisíaça todos os seus desejos. Negar padeacarretarfrustraçõe:sprejudiciais; 8)Tome o partido dele contra vizinhos, professores, policiais (todos têm má vontade paracom seu filho), 9)Quando se meter em alguma encrenca séría, dê esta dcsculpa: 'Nuncaconscguidominá-lo'; I0)Prt•

~:~~~ r:~~,~~e::~iedis~: no."

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CATOLICISMO -

Confirmo o meu interesse naaquisiçãodolivro"Asaparições e a mens.agcm de Fátima conformeosmanuscritosda lrmã Lúcia". Aproveito para pergu11tar se é possível obter o livro ''Revolução e Contra- Revolução", de autoria do Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, assim como a assinatura da revista CATO LI CISMO a partir de janeiro de 1990 (Jost C-,los ,\, E. Alves, Anápolis-GO).

• Abusos Outro dia foi-me oferecido por um progressista um pcriódioomuitot-onhecidodetodosos fiéis. cuja última folha traz um comentál"K) do Pc. Ivo Scomio-lo. Aopcroebcrosabsurdosque 11elcesravarncontidos1ivcainspiração de enviar-lhes esra cana paraqucfosscpublicada,edevidamcnte criticada a rcponagcm anex.adcstepadrequecnvcrgonhaa Igreja e Sua Santa Doucrina. Precisamos combater estes abusos contra a Fé católica. Estes revolucionários já passaram doslimitesaceitáveis.Nãopodemos cru1.ar os braços neste que é o mais decadente pcriodo de toda a nossa História (Akx Barbosa de Brito. Salvador-BA). Nof11 da Redaçio - Realmente, chega de ver gente cruzando os braços. Quanto ao Pc. lvo S1orniolo, jã andou dizendo barbaridades a respeito do Mandamento"Nãopecarás oomraacastidade".Agora,neste art igoquenoslenviadopclo missivista, publicado em "O Domin110" e intitulado "Deus pagabem",osaccrdotedi:.tbarbaridades de outro g!nero. Paraabreviar,transcrevemosquatr o formulações do artigo, seguidas de textos com a verdadeiradoutrinacatólicaarcspeito: l)Pe. Ivo: "Fomos 11'ósquc criamos as diferenças entre os irmãos: ricos e pobres, podero-

Setembro 1990

sosefracos,íamososedesprestigiados. E até quando vamos suportarcssa:sdiícrenças?" Leio XIII: "Assim como no Céu {Deus) quis que os CO· rosdosAnjos rossemdistintos e subord inados uns aos outros, enalgrejainstituíugrausnas ordense diversidadedeministlrios de tal íorma que nem to• dos fossem Apóscolos, nem todos doutores, nem todos pasto• res;assimestabelcceuquehaveria na sociedade civil vãriasor• deris diforentes em dignidade, em direitos e em poder" (Enci• dica "Quod Apostolici Muneris", Vozes, Pet rópolis, p. 12). Ldo XIII. "A desigualda· dededircitosedepoderprovém do próprio Autor da naturez.a, 'de quem toda paternidade tira onome,no~uenaterra'{Ef. 3, l S)"(idcm,p.8). 2)Pe. ho: "Quando ajudamos o pobre não estamos na verdadcajudanco:estamO!i,sim. devolvendo o que lhe pertence por direito divino e que antC5 lhe fora roubado, seja lá o que for". lk•to XV: •·Os pobres que lutam contra os ricos como se estes houvessem usurpado bens alheios,agemnãosomemccon• tra ajustiça ea caridade, mas também contra a razão" (Encl-

clica "Ad Beatissimí" in "Les Enseignemenu Pontificaux", Desclte,pp.286n). Pio XI: "Os pobres são as maiores vitimas dos embustei· ros, que exploram sua rniseráveloondição, para lhesdespertarinvcjaoontraosricoseexcitá•losatomarparasi,pelaforça,aquiloquelhespareceinjusiamenterecusadopelafortuna" (Encíclica "Divini Rcdcrnptoris", Vozes, Petrópolis, p.32). J)Pt. ho: "Quandohlijusliça, não sobra muito lugar paraabondade,ou melhor, a suprema bondade é ajustiça." Sio Pio X: "Não se fale de reivindicaçãoedejus1iça,quando se trate de simples caridade" (Motu Proprio sobre a Ação Popular Católica, Vozes, Petrópolis, Item XIX). 4)Pe. ho: "Um dia no mundo não haverá mais pobres". Pio XI: "Não se conseguirà jamais íazer desaparecer do mundo as misérias, dores eatribulações,aquetambém estãosujcitosaquelesquena aparCncia se mostram mais afor1unad0$" (Encíclica "Di· vini Redemptoris", Vozes, Petrópolis, p. 23). NossoSt'nhor:"Vóssempre tendes pobres convosco" (Mt. 26,11).


História Sagrada em seu lar -

Esaú e Jacó "OS DIAS da vida de Abraão

foram J75anos .... e lsaace lsmael,seus fi lhos, sepultaram-no na dupla caverna quecstásituadanocampodeEfron, .. o qual (Abraão) tinha comprado. E depois de sua morte, Deus abençoou Isaac, seufílho,oqual 1endo40anossecasou com Rebeca",e"tornou-serico .... emuito poderoso; teve também possessões de ovclhasemanadas,cdc muitosservos"(l).

Nascimento de Esaú e Jacó " lsaace Rcbecadurantevinteanosnão

tiveramfi!hos.Afinal,Dcusouviusuaspreces,econcedeuaRebecadoisfilhos(ti:meos);opri rnogC:nitotinhapclecabeludae porissolhechamaramEsaú;osegundorecebeuonomede Jj1,có"(2),porque,quan-

do nasceu, "sustinha com a mlioo péde seu irmão .... Tcndocrescido,Esaú tornouse perito caçador e homem do campo; e Jacó,homernsimples,habitavanastendas. Isaac amava Esaú, porque comia das suas caçadas;eRebecaamava Jacó"{J).

Esaú vende seu direito de primogenitura "Certo dia, Jacó tinha preparado um prato de lentilhas; Esaú, ao voltar daca· ça, muito cansado, disse ao irmão: 'Dámedessacomidavermelha,poisestoucom muita fome'. Jacó respondeu-lhe: 'Cedeme,emtroca.teudireitodeprimogenitura!' Esaú replicou: 'Estou aqui a morrer defome;dequemescrvcaprimogenitura?' Jacó insistiu: 'Jura-mo!' Esaú jurou; comeu,bebcu,eretirou-scparacuidarde seus negócios. Pouco lhe importava o ter vendidoseudireitodeprimogenitura"(4).

dcnou-H,equefossecaçaralgoparaelecomer. Depois o abençoaria. "Rebeca, prontamente, pôs Jacó ao corremedoquesepassava, edisse-l heque fossebuseardoiscabritosnorebanho.Assim que ele lhos trouxe, ela os preparou do modo que Isaac mai s gostava. Em seguida, com as vestes de Esaú, que ela guardava, vestiuJacó, ecomaspelcsdosca· britosenvolveu-l heopescoçoeas mãos, afimdequclsaac,quenãopodiaver,acreditassc, tateando-lhe as mãos, que fosse Esaú,emboraouvindoavozdeJacó. "Isaac, com efeito, ficou surpreso ao ouviravozqucelercconhcciacomoade Jacó,mas,fazcndo-oaproximar-seetateando-lhe os pelos que cobriam as mãos do filho, murmurou: 'Em verdade a voz é de Jacó, mas as mãos s.llo de Esaú. E, convencido,comcu. "Emseguida,aobcijarJacó,sentiua fragrânciadasroupasdcEsaú,oqucacabou por dissipar-lhe as dúvidas. Abençoou-o, então, e desejou -lhe o orvalho do céucafccundid adcdatcrra;estabclcceu-o senhor de todos os seus irm ãos, e terminou a bênção com estas palavras: 'Aquele que te a maldiçoar seja amaldiçoado, e aquclcquctcabcnçoarscjacumuladodc bênçãos'. ''Apenas lsaacacabaradcfalar,cntrou Esaú tra1,endo um gu isado da caça que abatcra,coaprcscntouaopai,pedindolhequccomessccem seguidaoabençoasse. "O santopatriarcafico uextrcmamen• lcsurpreendido.aoficarcientcdoengano,maslongederetrataroquefizera,confirmou -o,poisreconhccianofato,evidcn1emcntc, o dedo de Deus.

noções básicas "Então Esaú, .... grit ou com grande clamor, e acusandoemaltasvoZC5ocmbustede seu irmão, perg un tou ao pai se ele não tinha outra bênção. Neste ponto, notamos Santos Padres, eleeraaimagcm dos que facilmente conciliam Deus com o mundo, querendo gozar ao mesmo tempo asconsolaçôesdocéueasdatcrra. " Isaac, comovido pelos gritos de Esaú, abençoou-o, enfim, mas a bênção que lhe deu foi umabénçãoterrena,sujeitando-o ao irmão. Por isso Esaú concebeu um ódio tão profundocontraJacó, que, paramatã-lo,sóesperavaamorte dopai. E Jacó não teria podido evitar a morte, sesuaextremosamãeRebecan ãooprotegessecom sua habilidadceosbonsconselhosquelhedcuequeeleseguiu ..

Simbolismo de Jacó e de Esaú "Conforme todos os Santos Padres e intérpretesdaSagradaEscritura,Jacóé figuradeJesusCristoedospredestinados, enquantoEsaúéfiguradosréprobos"(5). Por isso está escrito: "Amei Jacó e aborreciEsaú"(6).Adcmais,deJacódesccndc Nosso Senhor como fora proíetizado: "NasceráumaestreladeJacó"{7). 0

Seguindo fielmenle 0$COHS111/hos de Rebeca,Jacóoblém • blnçlode lsaac

Jacó obtém a bênç.:io de Isaac "Isaac, sentindo- se extrcmamenlc velho, quis, ames de morrer, abençoar seus filhos,e,chamandoEsaú,opreferido,or-

CATOLIC ISMO - Setembro 1990 -

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cruza a História Livre em prol da liberdade de irmãos oprimidos pelos soviéticos. A gran de apatia na qual se quer afogar os povos do Ocidente foi em larga medida rompida des-

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naturassepreencheram. Ela q uase desaparece em face do cortejo "Não é possível que sejam tantos", "É gen te que não acaba mais", dizem muitos, admirados. De fato, as ruasdocentroparecem curtas paraacolhertãolongodesfile. Novas ruas, outraspr<iças,aro-

~;:,:~r: ~:;':ai:,pa,1,·> 'i1Z::~t-S i; ~i,,~;J.::7i~sªl~;:ftre ~~:;:"t 'º 'oo,., 1 1

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ram o conlieâdo hino "Queremas Deus" e 011/ms cõ11ticos de í1rdo-

le religfosa c 1!iltriú!ica, deram brados, s.·suindodc;10is,cmatmosfc-

d~ "Re1i~~/j~/r~;:;:s :!!' J:o/,.1'::1: !~'!~i1fci~ªf:u'j;~~?ªi1:1tJ:;:r:, 11

utua/ Sl'C~ctarfo da [ducação .- câ111i~os e brados St> repeliram, s,m1/o, por fim, i•xrrnlado o Hmo Nacw,wl pelo fanfarra da TFP, o ,,r,a/foiruloodotambim pc/ospartici1,antesdocortcjo.

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tanofimdcumaroa.Cn::ocecmcxtcnsão. cm número, cores e sons - em

1e~~~:\:::1ri:· ~i:!~

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na praça do Patriarca, após percorrer o LargocaruadeS..1oBento,suareta6uarda ainda permanece no ponto mic:k-il oviadutodeSantalfigf.'nia. Para atingir o local de seu término - a praça da República - o magnífico cortejo atravessa o viaduto do Chá, transpõe a praça Ramos de Azevedo, para utingir depois a rua Bar.'io de ltapetininga. Proclamações vibram em seu meio, levando nas frases o sabor altivo de uma vitória arduamente alcançada Trompetes e fanfarra - corno emana-

~~~r~:u~!~i:e~~:;~:t~i~~i~~:~~.~ solutas. Participantes em grande núme ro, vozes masculinas, femininas, em meio à solenidade da manifestação, com o timbre de luta sagrada pela justiça de uma causa, a que os movem sentime ntos cristãos.

Comemoram a obtcnção,atéaquele momento.doespctalo. Com garbo e cular número de 3 O comprime11/o do imenso cordão de despretensào, ela milhôcse605milascoroa o labor de, sinaturas, colhidas já então, milhares qurcsle último se const,tu(sse com a ~m 20 nações, _~la libertação da Lituâ- ordenaçâodeuid11.N11folo,asairrespo11nia, pequeno pais den!es, qr1eoeupam de_pontaa ponta do norte da Europa, o v,aduto Sa11ta lfigi'ma, se preparam que sofre há décadas para pe11etrnr iro Ulrxo de São Bento, pia. É certo que dum opressão da onde as aguardam - já formados des\aor-dempreRússia. Stalin, em assóciasecooperndoresdarntidade ced1da de lambo1939, juntando à de reseclarins,edesHitler sua ferocidade, ocupou o pJ/s taauradeelegJnciaqueenvolveosque A partir de então, a Rússia o escraviza. caminham, ele não se esquecerá mais. Ao contrário, sua lembrança se tomará mais vivu à medida que se acentuarem a confusão e a fealdade do mundo moJá extenso, prossegue o cortejo derno. Grande é o número dos que de-em meio a transeuntes que, até o dia a~is~~t~! anterior, numa adesão comovente, foram dando generosamente suas assina- que sonham com seu retomo às ruas, luras ao que constitui hoje o maior procla_mandooutrasvitóriasemdcfesa abaixu-assmado da História. daCnstandade. Ordenado e grave, formado em Novos sonhos, novas realizações, suamaioriade jovens,odesfilercpre· um cortejo corta a História, do Brasil senta o mais alto clamor do Mundo e do Ocidente

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COMO A ESTRELA DA MANHÃ ...

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O R VEZES, como do ga!hodeu ma ârv?rebrotaumaílor,tambémogênerohumanoproduzpes.soas sumamente representativas de dc1erminadasqualidades na1urai s

ça,cntãodelfina,em Versalhes; e cercamente jama1s pouso u nesle mundo-qucclamalparecia tocar - uma aparição maisdeleitável.Euavi, No Antigo Test amento, Elias um pouco acima do horiTesbita foi uma, por sua alma ionte,ornandoeanimanardente. Menos distante de nós, do a elevada esfera na CartosMagno,enquantoimperaqual ela começava a se dor-guerreiro,foioutra , eassim mover - cintilando cohaveriamaisexcmplosadar. mo a estrela da manhã, Oshomenssemexceçãotorcheiadcvidaedeesplennam-sedignificados pclaaparidor ede alegria . çãodessesindividuos-su mosquc '"Oh! que rcvoluçilo! provam,porsuasimplesexistênE que coração devo ter eia, ser capazdeelevações esucu para contemplar sem blimidades normalmente insusemoção tal elevaçiloe tal peitadasacomummassa huma queda! Quão pouco p,odia na, da qual todos so mos fci!Os euiruaginar - nomomcn e na qual todos temos pane. tocrn que ela acrescenta É em ta l perspectiva e sob va títulos de veneração taisluzes queaquiconsidcramos àq ueles de um amoremu esse cisne do gênero humano siâstico, dis1amecrcspeitoqucfoi MariaAmonietadeLorcsoque eu viveria na, Rainha da França de 1774 paravcrscmclhantcsdcsas al792. ires dc,abarcm sobre ela, Pordcsig nios,talvez,daPronuma nação de bravos. vidência Divina, ela reuniu cm numa nação de homens siumconjuntodedonscdcgradehonra cdeca valhciros. çasnaturais,desimplicidaderéEu pensava que de1. mil gia, de bondade, de majestade, espadas saltariam de suas desuperiorgrandeza,derequinbainha spa ravingarometadadclicadezaquc fizeram denor olhar que a ameaçasl~aRainhadeFrançap0rexcclên- Maria Antonieta, dez anos an tes de ser guilho tinada (pin tura se com um insulto de Mme. Vlgée-Lebrun, 111u11lmente no Museu de Versalhes) '"Entretanto, a era da OcFeitos ela os teve, como cavalaria sefoi.Ea dos iodas as filhas de Eva. Mas eles já rorarn emergia para a História suafigura diáfa- sofistas, economistas e calculadores ,1 pordemaisap0ntados. nagcrados, 1rom- na, purificada. quase mi1i ca. símbolo sucedeu;ea glóri adaEuropa estácxtinbeteados pe la diFamaçào e acrescidos da majestade injustamente perseguida taparascmpre. Nunca . nunca mai s conpela calúnia, de tal modo que nào éo E nao obsra ntc o fato de conti nuarem templaremos aquela generosa leal <lade casodeaquinosocuparmosdeles.Mais os infelileshcrdcirosda Revoluçao,ao àposiçilosocialeaosexoíraco. aqucgrave do que cais defeitos foi a omissão lon go de dois sécul?~- a a1irar pedr_as e la submissão altiva, aquela obediência sistemática que se íeidas cxtraordiná- lamanaquclcmagmf1covullodcRa111ha dignificada.aqucla subo rdinaçilodocoriasqualidadesdeMariaAntonieta - que enche11 a Históri a da França e ração que mantinha vivo - ainda na Arepresentatividadeearealern sem se irradiou paraomundotodo - não própria scrvidao- o espiri1ode uma par dessa arquiduquesa da Áust ria, fei- obstante isso, na co nsciência mais pro- liberdade elevada. Foi-se a inestimável ta Rainha da França, bem as notou e funda dos povo.1 a inocênda régia foi graça da vida. o abundante apoio das as odiou a Revo lução igualitária de 1789 prontamente absolvida e a Revolução nações, a nutriz do sentimento viril e E por isso foi ela humilhada, foi perse- j usrnmente lançada no banco dos réu s. da empresa heróica! Foi-seaquclasensiguida, arrasrnda ao calabouço; e, deO texto que a seguir transcrevemos bilidadc do principio, aquc la castidade pois de se ver separada de seu esposo é um exemplo disso. De autoria do fa- da honra, que sentia cada mancha corégio pela mor!e atroz e de seus filhos mosoescr itoringlêsEdmundUurkc. con- moumachaga,queinspiravaacoragem por violência inaud ita, fo i Maria Anto- 1emporânco de Maria Antonieta, foi re- aomesmotempoquerni1igavaaferocinietaconduzidaaocadafalsoondcexpi- digido num momcnto cm que já ia adian - dade,queenobrecia1udoquanto!ocaroucomdignidade e honra. tadooca lvàrio da Rainha va.esobaqualoprópriovicioperdia Diminuído o ímpeto revolucionário, metade de seu mal ao perder toda a sua cessada a perturbação das mentes, os rudeza" ('"Reflections on the Rcvolupovos, est upefatosanteo crime cometition in France' ", Holt, Rinehart and do, deram-se conta afinal que do san"Passa ram-scjâdezesseisoudezessc- Winston. London, 1959) gue derramado pela Rainha de França te anos desd~ que vi a Rainha de FranC A

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CAT OLIC ISMO -

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~AfOUCESMO SUMÁRIO CRIMINALIDADE Leis favorecedoras dos criminosos, cumplicidades, impunidade, mor<r

sidade em aplicar a sanção penal ameaçam instaurar a ditadura do crime em nossa Pátria ............ 4 IMPRENSA A mfdia no Brasil, com freqüência favorecedora da esquerda e da imo-

ralidade, e o processo de seu crescente desprestígio 10 ORIENTE MbDIO Há meio sé<;ulo, o Prof. Plínio Cor-

rêa de Oliveira previu a formação

E

VOZ CORRENTE que a criminalidade atingiu, em nosso País, proporções nunca vistas. Ê enxovalhante a escalada crescente de homicídios, assaltos, seqüestros e todo tipo de crimes violentos, que já se vão incorporando ao cotidiano. E isto a ponto de psicólogos sociais apontarem a alteração dos hábitos da população em função da violência a que ela é diariamente submetida. O pior de tudo é que, com isso, a muralha do horror em relação ao crime vai se erodindo nos espíritos dos brasileiros, que parecem se conformar com essa situação, sem perspectiva de qualquer solução a curto prazo, como se ela fosse inevitável nos tristes dias em que vivemos.

do poderio maometano desafiando o Ocidente, tal como vai se configu-

rando na atual crise do Golfo Pérsi11

ECOLOGIA

O sentido medular - panteísta e igualitário -e as outras acepções da palavra ecologia ............... 12 RELIGIÃO A imagem de uma Santa Teresínha

deformada pela piedade sentimental e a Santa Teresinha real: heróica e vitima de holocausto ao Amor misericordioso de Deus 14 PERESTROIKA Por trás das estruturas de controle da Igreja "Ortodoxa" russa contínuadominando,naeradaperestroika, a temível KGB ............... 18

"CATOLICISMO"

t

uma publicação mon!<al

~.!::~k>::~ ~l~~,:'F~l~omcs Leda ti:~;::;:':~~~~~

Autoridades, juristas e policiais responsabilizam pelo fato a fragilidade de nosso sistema carcerário, a existência de leis que mais favorecem o bandido que o cidadão honesto e a brandura de nosso Código de Processo Penal. Na presente edição de "Catolicismo", extensa matéria se ocupa da descrição e análise do fenômeno.

Takalla.<hi - R'&Í'lr•·

R ~ : Rua M• rtim Francilco. 66!-0ll26 - SlQ P1ulo.SP/Rua Stl,il<S,,m1l>ro.lOl - l8 lOO Compo<.RJ. Gtrfnd1:Ru1 MortimFraotis<o.66l - Oll26 - Slo Poulo.SP - T<l:(Oll) lll .7707 F01<>N>mposifio:(dirno. a part11il< arqm""5f0<ro:cl· dospor"Catotirurno"i8aodeiran1,SJ,1,Q,i f><ao l:d,C011 - Rua Mairinq.,.. 9ó - Slo Pauk>. SP Fotolltos:o·,1,ri""'nEl!údk>üráíléOSICLtdl. -

Rua&u. .. , 786/794 - SloPaukl.SP l • pmdo: ,l,rtpr"' - h>dústrio Grlí><a e Edh01a Uda.- Rua/, ,-.... 6111639 - 0ll.lO - SloPauk>.SP Poram..J.anç.,ikrnd<re,;o l- """1.irk> rnoncio .. ,11mbtmoenik1cço on1 i~.A <Off<>por,denci1 rd.ci>1 a o,sinalura,.,..ndaovLiliawd<1<rcn,ia<ialC..,!nc"

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Bem recentemente, o Brasil inteiro ficou aturdido e estarrecido diante do rumoroso caso de Juiz de Fora, que teve seu desfecho depois de uma intérmina "novela" de doze dias. A "novela" revestiu-se de aspecrns trágicos e cômicos. Trágicas foram as duas mortes ocorridas na aventura, as de um guarda penitenciário e um tenente da PM. Cômico foi quase todo o resto: a fuga, sem nenhuma cerimônia, de nada menos que cinco bandidos de um presidio tido - paradoxalmente - como de "segurança máxima"; o fato de a própria vitima, no epílogo da "novela'', ter querido abraçar seus seqüestradores ... etc. Na maioria de todos esses delitos, particularmente nos que envolvem seqüestro, os marginais responsáveis são bandidos perigosos, integrantes de quadrilhas de traficantes e assaltantes de bancos. Todos apresentando extensa folha criminal, com várias passagens pela polícia e pelo sistema penitenciário. Entretanto, é inexplicável como esses marginais andam soltos pelas ruas.

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Cabe ainda uma observação a respeito do artigo a que nos referimos nesta seção. Os limites inerentes a essa colaboração explicavelmente não permitiram que seus autores analisassem a complexa questão do que vem sendo denominado "fa. lência do sistema penitenciário no Brasil" . Ou seja, a superlotação dos presidios, de um lado; e de outro, o acúmulo de milhares de mandados de prisão não cumpridos. Dessa situação resultaria uma impossibilidade de as auioridades prenderem os criminosos já condenados. Para solucionar tal problema, governos estaduais têm apresentado planos de considerável aumento de vagas carcerárias. Além disso, começam a surgir idéias novas como a privatização da administração de prisões, experiência que vem obtendo significativos resultados nos Estados Unidos.

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Outubro 1990 -

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A

IMPUNIDADE do crime em nossa Plium fato notório que configura uma situaçioalarmanlt. Parailustr,-lo,nosv4rlos aspedoscom quensa tnigica realidadeseapresenta,demandar-se-iamvolumes

1ri1 é

emaisvolumn. Ainda que nos restringisstmos tio-só aopublicadopelaimprensadiliria,aamplitudeda matéria seria 1alquelornaria quase impossível abardi-laem um só artigo. A mero tílulo informalivo, nosss rfllaçio reuniu,pclasimplesleituradegrandesquotidianos e 11lgum11S revistas de circulaçio nacion11l,umaquanUdadebasl11J1teponderjveldenoticiassobreoassun10. Como, enlretanlo, a alençiio do grandepúbllconioestlivoltadaparaumavisio global e umaanlilisedttidadofenômeno, éúlllapresentaraquialgunsfatosecomentliriosfrisantes. Nossointultonioére11.lizarnenhumtr11.b11.lhoespeci11.lizadosobream11.téri11. . Tr11.t11.sedcsimplesretrospedodccunhojomalistico.Cinglmo-nos11.rclat11.rccomen111.rfa. tos públicos e notórios.

Crime impune: até quando? O Brasil está se transformando no paraíso dos bandidos, beneficiados por cumplicidades e impunidades; sem medidas corajosas e urgentes cairemos na ditadura do crime.

M OUTUBRO de 1989, o en<ão. Minis«.o Justiç.a, preSr. Saulo Ramos, da mostrou-se ocupado com o que denomi nou de "falência do sistema penitenciário'". Para ele "o que mais o assusta são os m1lharesdemandados dcpn sãoqueaindanãoforamcumpridos: ao todo são 276.800 em todo o Brasil" ("O Estado de Minas"', 11 -10-89). Mais recentemente, o atual Ministro da Justiça, Sr. Bernardo Cabral, referiuse ao "problema da viol ência brasileira'" explica11doque "não é uma questão apenas de disposição", pois, "há uma série deinstituiçõesque,cmsuaopinião,devem sermudadas.OCódigoPenaléumadclas'' E acrescentou: "Ele tem mais de 50 anos e terá de ser moderniiado, pois a legislação vaificandodefasada"("GazetaMercantil", São Paulo, 30-7-90). O "Diário do Grande ABC". de Santo André (SP), refere-se, em editorial, â "lnstltudonallz11.çio da impunidade delerminadapela fa!ênciadoaparelho repressivo, quer no que se refere à ação policial, quernotocant c áprontaecorretaadministraçãoda Justiça" (5 -3-89). Por ocasião de um Congresso de Direito do Mundo Ibérico, realizado ano passado em São Paulo, o Prof. Damásio Evangelista, da Universidade de São Paulo, pôs emrelevoque "asdificuldadesparaasexecuções penais lentas e inadequadas contribuem para a impunidade e estimulam a delinqüência .... A certeza d11. impunidade é uma regra quase que lns1itulda em nosso Pais" ("A Tarde", Salvador, 8-4-89). Édecstarrecerofatodeque,atémeados deste ano, houvesse pelo Brasil afora 270mildelinqüentes,jácondenados, soltos pelas ruas (cfr. "Jornal da Tarde", São Paulo, 24-7-90). Quanto à cidade de São Paulo - o maior centro industrial da América Latina - , comenta um editorialista do "Jornal da Tarde": "A realidade não pode mais ser escondida: com 30 mil bandi4 -

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Fim do rumoroso S11qü,stro dos cinco delentos da penltern:1,r1e de Contagem (MG}: o Cel. Edgllrd soares, ampe,-do por colegas, sal dl casa, em Juiz de Fora, após 12 dias de cetlveiro.


dosnasprisõessupcrlotadasc80milsoltos, é a população de São Paulo que se torna virtualmentcprisioneiradoscriminosos,e não o contrário" (25-7-90). Isto para nao nos estendermos sobre a e,i-Cidade Maravilhosa, que dá mostras de haver-se tornado o cadinho onde o laboratório do crime testa suas experiências mais ousadas. Em manifesto publicado pelos jornais, oGovernadorMoreiraFranco,explicando a escalada da violência no Estado do Rio, chegaadeclararqueéumerrolocaliz.á.-la tão-só naquele Estado. "A violência que nosatinge,a todos nós brasileiros, éa violênciadocrimeorganizadoemescalanacional"("GazetaMercantil",9-8-90). Formam-se ali bandos de marginais com a mesma facilidade com que novas favelas se instalam ao redor dos morros. "Há uma sensação no ar de que o Rio foi entregue n11b11ndej1111oscrlminosos.Elesoperamà vontade, sem temer repre!i.lllias" {"Jornal do Brasil", 6-7-90) Segundo ediwrialisrn do "Jornal do Brasil",naantigacapitalfederal"ocrimeorganizadohámuiloullrapassouoeslágio amadoristko. Permite-se os lances mais 11ud11ciosos,desafiaimpossibilidades,1ransforma a cidade inteira em reféns do seu próximo ataque", diante de uma populaçllo "a!aramada, inerme, sempre à espera dopróximo go lpe"(ll -7-90).

Leis favorecem o bandido Seconsideramosaqucstãodaimpunidade do crime em um sentido mais largo, é desesalicntarqueanossalcgislaçãopenal concedeaoscriminososfavoresqueocidadão comum honesto não tem. Jáemmeadosdoanopassado,oemao Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Luiz Antonio F!cury Filho, declarava que alguns artigos do nosso Código de Processo Penal e dispositivos cons1i1ucionais "favorecem maisaobandidodoqucaocidadãoeprecisam ser reformulados urgentemente" ("Jornal da Tarde", 14-6-89). Nomesmosentido,comentaojuiz-corregedor de Sao Paulo, Marcial Hcrcutino de Hollanda Filho: "Nosso Código é de 1940. De lá para cá surgiram reformas para amenizar o rigor da lei, na certeza de que isso é moderno e pode levar à recupera ção do réu. Ograndeproblemaéquepor maisgravcquesejaocrimc, rigorosamenteninguémcumprenemametadedapena cm regime fechado. Todos os condenados por crimes cometidos com violências e ameaça à pessoa, os crimes contra o patrimô-

nio, assalto, seqüestro, latrocínio, todos devemserpunidoscompe11acmregimefechado por um tempo bem mais elevado que o previsto na legislação atual (um sexto da pena), Outra coisa: acho um grande absurdo o capitulo da Lei de Execuções quedetermi11aqueoco11denadoseráalojado em cela individual de seis metrosqua· drados,comaeraçàociluminaçãosuficientes. O cidadão honesto não tem casa para morar, as famílias trabalhadoras habitam casas de dois por dois em seis pessoas. AI· guém acha que temos condições de cumpriruma leidessas?"("Jornaldalàrde" , 28·6-90). "QuantoàJustiça -comcntaeditorial do"Jornaldalàrde" - alémdamorosida· dejáproverbial,queredundaemimpunidade. concede benefícios a grande número decriminosos,numaalitudeincompreensível para a sociedade. O colapso do sistema penitenciário, na prática, exime a policia até mesmo de sua resp<msabilidade de prender bandidos. Para que, se não hácadciaspara ondeenviá-los?" {25-7-90).

Prisão: hotel de trânsito Umadasmanifestaçõesdaimpunidade do crime - já o referimos acima - consis· tcem que os criminosos não permanecem presos pelo tempo correspondente à gravidade dos delitos cometidos. Para o Juiz Sebastião Teixeira Chaves, do Rio de Janeiro "a prisão se transformou em hotel de trânsito para marginais condenados" ("0 Globo", 26-6-90) O Delegado Teófilo Afonso, do Departamento de Policia Federal, comenta: "co-

mo a fila de condenados é grande, cada um fica um pouquinho na penitenciária". .. (idem).

É preciso romper as cumplicidades UmadasconseQ(iênciaS /dareferidaimpunidadeconsiste nofatodequecertospresidiáriossentem-setãoseguros,quechegam a formar, dentro das prisões, quadrilhas com enorme poder de fogo, organit.ando e comandando at é mesmo seqüestros, com certa conivência de autoridades. Assim, "há lideres da Falange Vermelha (ganguedebandido3queatuadentrocforadasprisões, no RiodeJaneiro)tãopoderosos e eficientes, dentro das grades, que chegam a rivalizar com os bandidos dos anos 30 em Chicago" (" Jornal do Brasil", 6-7-90). Umdosmaisnotóriosseqüestrosrealizadosno Rio{odo publicitário Roberto Medina) "leve em seu desenrolaraparticipaçllocspecia! de uma deputada federal, que foi intermediar junto a um doschefões do crime organizado, que cumpre longa pena de prisão, um abatimento da importância ex igidape losseqücstradorescomoresgate, Játendosidobcneficiadopcladcputada, comaamenizaçiíotransitóriadcsuapena, o criminoso anuiu ao pedidoeporsuaordemoseqüestradofoilibcrtado,numaescabros.a operação de que participaram advogados,autoridades, informantes escquazcs diversos, todos cumprindo à risca as instruões do bandido recolhido ao presidio" ("Jornal da Tarde", 6-7-90). Sobre o combate à criminalidade, um editoriatistado"Jornaldalàrde"afirma,

A•prlsó~s br•sll~lru

- eomo • penlr•ncl,rls de Slo Psulo, palco de dlverus r•bell6-• de p1-sld1'rlos - lransformsra-se, no dizfJr de um m11glstrado c1rloc1, ··smhot•ldetrlnsJlo p11n, m1rglnals cond•nados".

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enfático: "ou serompearededecumplicidades estabelecida pelo crime organizado, envolvendo policiais, advogados, carcerel· ros, pollticos e até membros do Poder Judiciário, ou nada de realmente importante poderá ser feito" {)-7-90). Nesse sentido nada mais caracter(stico do que o desfecho do rnmoroso caso de Juiz de Fora, no qual cinco bandidos, fugitivos de uma penitenciária de "segurança máxima",durante12dias,impuscramcondiçõcs à policia mineira. A 1al propósito, observa editorial do "JornaldoBrasil'',cmsuaediçãode6-9-90: "Da rebelião no presidio à sua instalação nosltiodeJuizde Fora, os fugitivos mataram um carcereiro e um tenente, mas, mesmo assim continuaram a receber tratamento de primeira classe, como se fossem hóspedes de hotel e nãocriminososdealtapericulosidadc .... "A principal reivindicação dos fugitivos, de mudar de prisão, no retorno, porque não estão satisfeitos com os serviços dchotelariadaprisãodesegurançamáxíma, foi aceita, em princípio, como matéria de conversação, pelos oficiais da PM com quem dialogaram de igual para igual. Parasacramentarnegociaçõesinfindãvcis,cxigiramapresençadeumacomissãodejuristas, vinda especialmente de Belo Horizon te .... " Assim condui o jornal: "Quando a polícia se presta ao espetãcu!o da condescendência e permite que os bandidos assumamainiciativa,submctcndo-scàssuasexigências e até mesmo fornecendo-lhes as armas com que eles ameaçam a ordem pública, a sociedade começa a temer, com uma intensidade jamais igualada, pelo seu bem".

Clamorosos exemplos de impunidade Alguns casos recentemente noticiados pelaimprensadãoidéiadaimpunidadede quegozamcriminososqualificados,muilos delcscondenadosemúltimainstãnciaeque, por falhas na Lei de Execução Penal, acabam ganhando a liberdade Em Belo Horizonte, o assassino Kleber de Carvalho Araujo foi posto em liberdade porque a 2• Promotoria de Justiça de Belo Horizonte deixou passar o prazo para apresentar denúncia. Em 1988, Araujo matou sua mae Maria Zélia de Carvalho. Depois, cortou seu corpo em partes, colocou-os no porta-malas do Mo,11.a da mãe efoiparaSãoJoãoDel Rei,a \86quilôme trosdeBeloHorizont e. Naentradadacidade, cavou uma sepultura e a enterrou. Como não foi denunciado pelo Promotor no prazo de !OI dias, como determina a lei, o advogado de Araujo alegou decursodeprazoeconseguiu umh1bc1scorpus. agora,emliberdade,eleprovidenciaadocumcntaçãopararcceberosbcnsdamãe(cfr. "O Estado de S. Paulo", 14-8-90)

Foragidos três condenados a ... 614 anos Ficou célebre na crônica policial Antonio Calixto Moya, fluminense de Duque 6 -

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de Cuias, considerado o inimigo público número Ido Estado: temJ2mandados dc prisao com seu nome e está condenado a 308anosdecadeia. A policia, por mais que se esforce, não consegue encontrá-lo. É possível que esteja praticando golpes com nomes falsos em outros Estados. "O Brasil é o paraisa dos l1drõrs. Quem comete um crime cm São Paulo e foge para o Rio de Janeiro vive cm paz, porque não há nada contra ele na· quele Estado", desabafa o Delegado Marco Antonio Ribeiro de Campos, da Divisão de Capturas da Policia de São Paulo '' Antonio Calixto Moya foi preso diversas vezes no tempo em que estive na Delegacia de Roubos e rnmbém na Divisão de Crimes contra o patrimônio. E, mesmo indiciado em dezenas de inquéritos, conseguiu sempre se livrar da prisao", queixase o Delegado Jorge Miguel, Diretor do Departamento das Delegacias Regionais de Policiada Grande São Paulo. Além de Moya, a Polícia relaciona como inimigos públicos que estão em plena liberdade Ademir Santosde0liveira,condenadoa 178anospor assassinatoeassalto, Walter Ferreira, condenado a 126anos por assaltos, entre outros. As penas desses trêscondcnadosforagidossomam614anos!

Beneficias legais favorecem impunidade Para o juiz-corregedor da Polícia Judiciáriado RiodeJaneiro, WanderleyAparecido Borges, alémdasdificuldadesdapolícia no que diz respeito a homens e earros paracumprirosmandados,existeafragilidade da lei e da Justiça: "A legisl1ção é repl11ade bcndidospara os condenados, e raramente ficam presos os que têm média periculosidade''. Esses benefícios acabam provocando a impunidade dos marginais que cometem muitos crimes, como Antonio Calixto Mo-

Cen11/nlm11ginável 11'hápouco:refénsabraçados ti um dos dellnqüenteti foragidos de

Contagem (MGJ durante o seqüestro, numaresldéne/11 de Juiz de Fora.

ya. "A liberdade desse homem, condcnadoa J08anosecom tan1os proccssose in quéri1os, é uma afronta à sociedade". declaraomencionadojuiz-corrcgedorAparccidoBorges. Diversas são as benesses em favor do delinquente presentes em nossa legislação proccssualpenal.Porcxemplo,umapcssoa condcnadaaseisanosporroubo,senão tiver antecedentes, pode requerer o regime de prisão semi-aberta em institutos penais agrícolas, onde nlio h:i muros e os guardas andam desarmados Com bom comportamento a pessoa fica presa apenas um ano e depois tem odirei1odecumprir o restan te da pena em casa. "lssogeraimpunidade,ea responsabilidadenãoédosj ui7.esqucconcedcmobeneficio, mas dos legisladores irresponsãveis quecomessas lcisestliomascarandoagravecriscdosistemacarcerãrio doPais",dcsabafa o Juiz: Aparecido Borges (cfr. "O Estado de S. Paulo". 27/8/89).

O crime compensa ... Especialistas cest udiososdacriminalidade apontam a existência de falhas na Lei de Execução Penal como um dos motivos docrescimentoabsurdodosíndiccs decri minalidade. O Prof. Edmundo Campos Coelho, do lnstitutoUniversitáriodePesquisasdo Rio de Janeiro, publicou o resultado de vasta pesquisasobrecriminalidadenasáreasme-


trop()l it anas de Slo Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Segundo o sociólogo, constacou-sc "uma evidência, com profusão de númerosedadosestatisticos: se ocrimt nio i punido, tlt tendt a se altslnir pr lasimptucboa razii odcqucpassaa se r a mpl amenlt co mpen sador " ("J o rn al da Thrde",4/4/89). Em outraspa lavras.ocrimecompensa

Constituição de 88 agrava o problema Este quadro é agravado pelo disp()sto no anigo .5º, indso LXI da Constituição dc l988,noqualseestabc,lecc-que"ninguém serã preso senão em ílagrante delito ou Por ordem escrita e fundamentada de au1oridadc judiciãria competeme". lno impede à polida manter sob sua custódia, para uma averiguação suma ríssima, pessoas comindicio~clarosdehaverpraticadocrime EKemp lodcssccmbaraçoocorrc noca , so cm que a polícia, em deligénda de rotina, tra1.para a delegacia urna pessoa suspeita para averiguação. Recomposia a vida criminal prcgrcssa do averiguado, co nclui,se que ele é responsávtl por crimes cometidos no bairro. Para decepção da autoridade policial - e mais ainda da população-, devc cle 5er dispensado e in1imado a comparecer na delegacia na ocasião em quealics1iverpelomenosumadesuasvi1i. mas, a Firn de ser reconhecido formalmen te e então indiciado. É óbvio que a reforidapessoaj:1maisirácumpriraintim~,:ão ... Ou1ro di~positivo constiiucional (art 5°, inciso LXI I) determina que "a prisão dcquatqucrpcssoaeolocalondcseencontre serão comunicados iml-dia1amcntc ao Jui1,compctcntceafamiliadopresooua pessoa por ele indicada". Se é justo que o juizcompetcntetomeconhecimemodapr isão, o aviso aos íamiliares da vítima ou a pessoas de sua hnecscolha produzlament;hel dificuldade para a policia que 1erã de deslocar viarnras e policiais. na condição de "meninos de recado" percorrendo largasdis15ncias,pcnetrandocmmorrose favelasmuirnsvezesconhecidoscomosantuário~ do crime, onde a policia é recebi· da a tiro~ . A~\im, a jà escassa máquina policial, parca de recursos humanos e mate· ri:1is,tcràdecarrcgarsobresies1adispcndiosa movimentação a serviço do preso.

E.stãíoradosli mitcsdcsteartigotratar da questão quanto aos aspectos morais e religiosos, fatores que evidentemente s.lo bãsicos e decisivos para reduzi, a pdi1ica do crime. Sem Deus, é a lei das5elvas. "'Senhores - jà advertia Donoso Cor1es, 1ra1ando dcste tema, hà mais de urn sécu lo - não hà mais que duas repressões possiveis:umai nt criorcoutracx1[:erior, a religião e a po líti ca. E são de tal natureza que, quandootermômet roreligiosoestã alto, o termômetro da repressão politi• caeslàbaixo;e,quandootermômetroreligiosoestã baixo, o termômetro Político, a repressão poli1ica, a tirania est:i alta. Esrn é uma lei da humanidade, uma lei da História" ("Discurso sobre a Ditadura", in Obras Completas, Madri, BAC, tomo Jr, )0Sss). No ponto de vista em que nos colocamos, is1oé, noilmbitrodos sis temaspenal e de execução pena l vigentes no Brasil, ~ indlspensllvel que se afirme que niio pode hu rr rcpttssio possível M" m duas condições: r11 pideircer1ru n11 aplicaçiiodasançio ~n11 I. Merece ser registrada a respeito do assunto a opin ião do criminalista norte-americano Barnes; "E absolutamente cer10 que paraumcriminoso1emmaisforçadissuasiva do crime uma pena leve, porém absolu· tamente cena, que uma muito severa. mas corn probabilidade rerno1a de :.t'T" aplica da" (l·larry E. Barnes & Neglcy K. Tceters, '"Ncw Hori zon in Criminology", New York, 1944,pp .429-430) No mesmo sen1ido, o advogado crirninali srn l. ui~ Flávio Borges D'Urso cornc111a: "Não podemos 1olcrar esta crescente onda

de seqüest ros .... de crimes de toda ordem, gcrando,quandogcram, processose~cessivamente lentos e, após cveniual condenação, reduções de penas que desaguam na impunidade ... . De que adianta se bradar por penas mais severas, se essas [as brandas] não chegam a ser aplicados? Reitero que cre io na pena mais leve efetiva mente cumprida" ("O Es tado de S. Paulo", ll/7/90).

Rumo à ditadura De ludo quanto ficou c~posto, lira-se comoconscqiiênciaoía1odequcaimpunidadedocrimeest:iae~igir medidasurgcn1es e corajosas por parle das autoridades competent es. "Vilipendiara policia é preparara dila· dura,. - disse um autor francês. Beneficiar o criminoso é preparar a ditadura,comentariamos nós. A advertênciaeml feita. Seos setores responsáveis da sociedade, ecles iásticosecivis,bemcomoas autoridades, omitirem-se nesta matéria de magna importância, corremos o ri:r.co de ver instalada em nosso Pais - cm cujo povo prepo ndera uma tendência à bondade e à cor· dura e onde 1udooostuma se resolver K!ll violência - uma íêrrca ditadura, uma ncoditadura, umadi1aduradosmarginaissobre os homens honestos. Em uma palavra, a ditadura docrim,:no pais da bondade. ATÍLIO GUILHERME FAOAO FRANCISCO DE ALMEIDA

NOTA: Nas cita,;Õ<'s cons1a ntes nes te ar1igo, os destaques são nossos.

Solução: rapidez e certeza da sanção penal É p()Ssível comba1er a atual onda de criminalidade?

A libertaçlo dopubllclfllrlo Roberto Medina (n• tolo, JII em l/bftrd1CH, pn1t1ndo d&e/1r1çóe1J foi obtld1 de.-ldo à ord1m dMJ• por um famigerado crlmlnosoem«1/1nt1 "ese1broN o,Mraçlo de que partlclpa,.m Mhogadol, 11u!orlrllKM1, !n(OffllltlttH e sequazes ditflfSM".

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concisamente vcus, mó,·cis arisrocráfkm, ao estilo Carlos Xda França.

• Vendo de

ossos humanos

''O negócio mais promissor no Cambodgc nllo ê ouro nem diamantes, mH sim o comércio

Umjo vt'm sorridcmc abriu

de restos morrais de combatcn.

caminho entre as mcsu de um barulhento rcs1auran1c

tes americanru, dcsaparccidru durante a Guerra do View/1", comento u, cst 11pcfo10. um di,

de Phn om Pcnh , aproximou-

scdo únicocstrangciro ali prtscn1c e foi logo dilcndo cm um nce/cnu ing/ls: "Preci-

so (alar urgcnrementC' com vocé". O jovem conduziu o "ocidcmal" a um local seguro e coutou-lhe seu segredo: "Tenho os ossos, a idcnrific:1ç/Jo

e /IS armas de um piloto 11mcric1mo. Você pode kvar um osso ao oomitê e informar-se so-

bre o dinheiro?", ~rgumou tleaocstrangáro. Eis umacc-najácorriqutira no país.

Odinhciroaqucscrdcria

ê II rccompc1ua que um comi1ê com scdc 11a Tailândiao(crcCC'II achad o.,; dC'SSt'tipo.

No Victn.1. uma oss11d11 cm bom estado alcança no mer-

cado ncsro até o equivalente a noi·cmildólart'S!

p/oma rn europeu.

• Tradição é moda Após décadas d<' mau,gosrendfocia ásJmplificaç/Joc pauperismo 1111s arrcs docora1ivas, o estilo clássi("() readquire populllfidadc. Paris e Hom,1 - conhecidas capi111is d11 mod,1 - es1/lo derrubando prcconcciwse este· rcótipos a11! aqui vigcmcs cm rc/açiloaobclo11r1is1ico: ésig11ifica1ivo o número de l'uropeus que passaram a adornar suas residências <'0111 1ccidos d(' seda e bnx:,1dos, imperando o dourado 110 "di'cor··. Tal n,1o se verifica apenas em pa /1,cetcs amigos. Mesmo cm casasconstruid,uscgundo padrões diws modcrnos, a dccoraçilo l'l'III induindo, muitas /0,

Houve até qucm 1roc,1 sw os bnmbus e vimes dc su11 casa por forraçITT dc damasco. Saturado da banalidadc c vulsaridadc,ohomemcomcm· porAltco •·o/rn.sc para a 1radiçilo, rom o brilho eC$plcndor queac/asilopróprios.

• Esquerda brasileira: nada aprendeu, nada esqueceu C/1q11anto,110Brasil,ossau dosisrns do marxismo,/eninismoc os aprm·citadorcs do cs1a1ismo proc:uram opor fada sorte de emravc,,; protclatórios ao program:1 dc priw11iwç,1o das es1111ms. o P,1rfamemo da Po/ó11i:11!(·:11),1 d.- aprornr J)Or J28 ,·otoscomra2:1dt·sest,11izaçilo da t-conomi,1 do país. E decla rou o(icíal a opç!lo pela 1.-c<momia de mercado. A l'olõni.a duramc45 anos pôde "u(K'rimemar" a rcccira quc lhe foi impos1a pelos "masos" <lc fl.lrucou. Ao fim dt· q11a., e meio século, o rt·tr:110 cru o mesmo q ue cm todo o 1mmdo comu nista: "'clon·-vi1/.1" 1mrn os membros cl:1 ··uomcnkl:11ura··,;s1oé,aburO<"raeia rsfatal, fil,1s o ano imciro

N, Europ,, • , tu, 1/dltde do e,11/o c lllulco d,rrub, p,-.conceltos 1111 a rte d&eoratlva. É crescente o número de europeu, que decoram , ..,., ra,ldlnc/111 com dam,sco, e móveis ,r111oeril!/cos

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1:>araqualqucrprodu1odccon sumoe~ramoradia.Eaobrig-aç!lo de víw:r 110 "paraíso' ", sem poder scqucr emigrar. Na Rússia, sobrc1udo, os falos falam por si. O J)róprio ""Komsomolskaya Pravda'', órg!lo oficial da jtH'Cllludc comunis1a, c11carre,a·scdc dcsfazer qualqucr dúvida: ames da Rcvoluç!lo comunis,a dc 1917. o país 01:upava o 7." /usar cm mméria dc cous11r110 f"'r cop,~ IV 110 numdo! l lo)t•. ad1,i.sc 11077."lug:tr.1 Porqueacsqm·rd:1brasilt•ira - "católica" <.111 ,i.10 - silcncia t:$/CS fatos?Qu:rnclo sa irá de Sl.'U mutismo acabrunha dor?

• Bandido, esse privilegiado! "O Gon·ruo n,1o rafa sído pragmárico na su:1 l111a co11tra o crimc. Aind,1 agor,1. mandou a polida dc,,;arm:1r (a/,endâros quc lutam 1111 ddt·s.1 de suas terras. irn•adídalpclospadres comuuistas, m:1s pcmme que mi/b,1rt·s ,kaim1uo.ro.~ rnnlinuem arrnado~ ,1uI g,wdt•s <"idades. rnur.tndomais1111m,1scm,111a do qu<' nas fromóras ('IIISl.'JS/11CSCS.

A de1tú11cia é do tv:o11omis1a ligon Nort t·mscu l11ro "'Por que faltamosal,memos". Como !i-t' n!lo b.1srnttcm a impunidade<' a onda dt· s,:questros. também fal1111:s1111\·011as ,·adóas. A uos urrás, 1m1.1 revi.,/a d<' SJo P:w/o e,mm11,ou <'St,11i,1it-a ,1ssoml)rosa relati•·a ao Esrndo: a/Jt>n:1s /J mil 1agas nos presídios para 60 mil mandados de prisllo mio cumpridos! Ainda cm 5.10 Paulo, 0111ro rontrastemarcame:enquamo, h;l poucos meses, o so•emo di5pcndiaCrJ5?1.J~p.1ra fornecer quatro rdcirõcs di:'iri,1s ,1 um preso d11 rndcfa piíb/i'c.1 de Sorocaba. p,1sa•a som<'nlf' Cri 262.85 por uma di.iria ho~pitalar de um pnâenre em hospirnl rnnrrarndo pelo Scniço Unificado e Descentralizado dc Sacide /SUDSJ. A informa· filo é do presidt·mc lit-cnôado do Sindicato dos l-lospilais do Esrndo de S,to P1111l0, C/1afir Far,1h.


... em tempo f6ull - Enquanto o stalinismo vai ruindo no Leste europeu e o p~ prio Gorbochev admile a falindo do r~imt, um fóssil sobre11ivt ,u,. que/e continf"nle: a Alblinia, p6tria do herói Skander~rg. vtncedor dos murulmanos na sér:ulo XV, i hoje o pols mais pobre da Europo. Na capitol, Tirana - fato surpreenden/e em cidades modernas -, ainda i comum ouvir o wrrar dos jumemos e o cacarejo das galinhas...

Destaque Incongruências-!

lndlg6ncla-l - Numa entrevista recente. o reitor du USP manife~-

Durante o governo comunista, cr:rca de 200 alemães-orientais foramabatidosatirosoumorreram com a explosão de minas, quando tentaram cruzar o Muro de Berlim ou alinha divisória das duas Alcmanhas. Ao longo do Muro, foram assassinadas cr:rca de 80 pessoas. A Rússia esteve portrâsdctudo. Agora, portm. os 380 mil mili1ares soviéticos aindaestacionadosnaAlemaBhaOrientalreccberão do Governo Kõlll 1,25 bilhão de marcos (7 50 milhõcsde dólares),que,nospróxi mosseismescs, pagarãoossaláriosdosoficiais, o soldo dos rccrutaseoutras despcsas.Moscoualcgaquenão pode repatriá -los de imediato, pois faltam alojamentos na URSS. Gorbachev só admite fazê-lo, caso a Alemanha Ocidental custeie a operação, pela qual exige nada menos do que 12 bilhõcsde dólares! A Alemanha Ocide ntal aceitou ent regar à URSS 7,J bilhões de dólares como compensação parcialpclosgastoscomarctirada.Esta,contudo.conclur-sc·á apenasem 1994! Que diriam as vitimas do "Muro da Vergonha" se lh es fosse dado ant ever 1al desfecho do trágico assunto? Que pensariam dessas infames barganhas?

tou-se pouco "entusiasmado" com a e.xigéncia de nota eliminotória três f}Qra os exumes ves1ibulures. Alegou ntJo saber se "redaçllo é lllo importante que justifique nota mfni~a··. Também considerou "extensa'' a re/Qfllo de seis /i~ros. como letlura obrigatória para o aluno que pretenda cursor a Universidade!

Incongruências-li

"Maracanãs" - O secretário de Administraçdo Federal, Jo4o Sonu111a, upontou o atual ConstituipJo como culpada pela "anorquia no funcionalismo público", ao aprovar a estabilidade dos funcionários com cinco anos no servi((). Sdo '"/ris Maracan4s repletos... •· - acllSf'f'nfou. Apenas um quinto dos 800 mil ttrvidores entraram por concurso. Os demais ...

Saúde - Mais de 90% dos fluminenses est4o descontentes com os serviços de Saúde do Estado, revela pesquisa de opinilfo. No Rio, como em lodo o Pa{s, o atendimen10 médico já parece ter ul/rof)OSS(ldo o ensino público em deft<:ilncia. E querem es1a,;z6-lo ainda mais! Ãs moscas - A Rússia ndo conquistou nenhuma medalho de ouro, nem mesmo p/aqr1e1a (prémio de bom "'design") durame a 81s • Feira hiduslrial de Leiptig. A Alemonhu Ocidemul arrebolou mais de 30 dMdindo-se ainda outras /8 entre f)QiseS ocidentais. Os or/igm soviéticos eram /tio precários, que }ICOram amontoados num só local, sem nenhuma ordem - relógios mislurodm com brinquedm de borracha, aquecedores com obojures. Nos corredores, funcionários comunis/os uguardavamminleressados ... em vlfo!

~~~~\tni,~~1! ;:C:,;;~~~~ª:::S~f!~~~~e;:!;r;~f~a~°J~!t~:;;;;:: 1

mu 13 foram aprovados. Umo no~a seleçlJo está em andamenlo, mas "serei um homem feliz se houver 15 candidotos habilitados", comentou o desembargador Pedro Américo.

Ecotenorlsmo - Um cusal e seu bebi quase morreram durante ataque com bambu contra uma loja que vende casacos de pele, no sul da Inglaterra. Os terroristas pertencem ao movimento pró-direitos dos animais. Frase alribufda a um dos fucfnoras: ''Pena que nlfo ma/amos ninguém". Abbie Haffman (já falecido), um dosfundodores do movimento "hippy" e militante erológico, chegou a qfirmar: "/para sal~a, os unimais e o meio-ambientf'/, sertJo necessários atos dt' ecoterrorismo". Semcomemários ... "fasf-tood" - O velho Portugo/ ainda é ave"o à qualidade duvidosa de cerras modernidades. A"im, em Cascais, a lanchonete do McDonofd's cerrou suas portos com menos de dois meses de funcionamento. Motivo: os tranqüilos habitantes locais nlfo crttm que uma comida prefXlrada com tanta pressa possa ser realmente saborosa. Esquerda de salOo - Dois sociólogos. Bolívar l amounier e Amaury de Souia - ambos do Instituto de Estudos Económicos, So· e/ais t Poffticos de S4o Paulo (ldesp) - , levaram a cabo pesquiso sobre o pensomento da elile brasileira. Resultado frisante: JOf'i dos consultados declaram-se de esquerda e cent.,o-e:squerdo; Bf'i, de centro-direita, e apenas 1"' se qfirmom direitistas. Onde t.Slli a forra da esquerda em nosso Pafs?

Reiteradas ve1.cs. Gorbachev veio a público rcconhccerqueoregimesoviéticoconduziuopalsà ruína. Ainda hà pouco, sem meias palavras, afi rmou: a pri ncipal causa da crise cconõmka "é o sistema monopolista da propriedade es1atal , que vigora por toda a parte". Segundo ele, a URSS deve privatii:ar a propriedade com o lito de superar ''tantoapsicotogiadoigualitarismocomooparasitismoque titcralmeme paralisam a nossasocicdade". Até aqui, nada mais claro - se não houvesse. logo a segui r. o acréscimo: a URSS deve man ter os principias de um socialismo moderno, que seràalcançadocombíl,scnointeressceconõmico das pessoas e no acesso dos cidadãos ao lucro. Como atingi r esse resultado - bastante enigmàtico - sem abandonar o socialismo, Gorbachev uim iu-sc de explicar. Mais parece. aliàs, a "quadratura do circulo" ... Noutraocasião,odirigentesovi!1ico foi mais enfático: "A classe opcrària n!lo apoiará quem falaremtornarcapitalistaasocicdadesovittica". Conclui-se dai que, na "no~a" URSS, hà liberdade para tudo ... excr:to para alterar o regime, pois "a classe operâria" não o admici ria, pontifica o "dcmocrâtico" Gorbachcv.

CATOLICISMO -

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Desprestígio crescente da mídia no Brasil O acentuado declínio da influência exercida pelos

meios de comunicação social em nosso Pais - os quais favorecem com freqüência

a esquerda e a imoraUdade - é comprovado pelo decréscimo de leitores e por pesq uisa sobre a credibilidade da mídia realizada pelo Instituto Gallup, no ano passado. PALAVRA mldia , o rigína-

dadaexprcssãoinglcsa "mass media",~ hoje univcnalmcnlC utilizada para designar os meios de comunicação social: imprensa, rãdio e televisão. Numa obra que marcou profundamente a história reli-

giosa do Brasil, "As Ccbs ... Das quais mui10 se fala, Pouco se conhcu - A TFP as descreve como $10", o P rof. Plínio Corrêa de Oliveira fai indsivos co mcntãrios sobrc a m/dia. Afirmaoinsigncpe11sadorcatólioo:"O poder dos órgãos de comunicação social sobreaopiniãopiablica-proclamadaco• mo soberana pelos Estados modernos - é tal, que lhes co nfere uma larga partidpa· ção na fiução dos rumos do País. Por isso, tomados cm seu conjunto, 1êm dC5 si· do cognominados, talvez não sem algum exagero, o IV Poder" (1). Uma das caractcrlsticas dos meios de comunicação social cm nosso Pais é uma grande unanimidade, que compona poucas exce,;:ões. Hà cnuc eles um pronundado consenso quan10 a idéias e opiniões. "Df; modo geral, os impulsos dados à Nação pe los seus componentes sopram no mCS· mo sentido. Se entre eles hã varian!C5de maiiz, estas habitualmente não redundam em polêmica tio rija e proíunda que prcju• dique a oonvcrgfncia de todos numa mes· ma direção. Essa observação poucas ucc· çõestcriaarcgistrar."(2)

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Esquerdismo e imoralidade

Poder ameaçado

Tal unanimidade tende a favorei.:er a esqucrda,sejaaesquerdaradical,seja,con. forme ocaso, occmro--csquerda. Urna das vitimas dessa politica seguida pela m(dia é a TFP. A entidade quase não tem acesso aosmeiosdcoomunicação - apesardcseu grande pres1ígio junto ao público - e quando atacada, suas rC5postas costumam ser publicadas só a pero de ouro. Além dessa quase unanimidade pró-esquerda ou centro-esq uerda, não podemos deixardcregistrarofavorecimcntodaimoralidadc. Os meios de oomunicação social nãorarodcdicamgrandesC5paçosàpornografia. EssacorrupçãodcoostumC5promovida por setores ponderáveis da midia é em boa parle rcsponsãvel pelos abalos que aínstituiçãodafamítiavemsofrcndo,bcm oomo pela degenerescência moral de nossa juventude.

Agrandeinnuênciadosmeiosdecomunicaçãosocialsobreao piniãopública es tá entretanto ameaçada. A pop ul ação cada vezmaisvaisedesintcressandodelcs. Um levantamento efetuado em junho Ullimo, pela Escola de Comunicação e Ar te da Universidade de São Paulo, revela que,noanopassado,os296jornaisdoPais tinham uma tiragem diãria total de 4,S milhões de exemplares. Em 1952, com ()O· pulação bem menor, segundo pesquisa de José Marques de Melo, diretor da mesma Faculdade, os diários publicavam 5,7mi• lhõcs de exemplares. "Enquanto a população cresce, os cxemplarC5 editados dim inuem", constata Marques de Melo. A diminuição do número de leitores não é o úni co sin toma do desp rcs1lgio da mldia. No ano passado, o lnstiiuto Oallup de Opinião Pllblica realizou pesquisa sobre o graudc crcdibitidadedasinstituiçõcsde nossa Pãtria, como havia feito cm 1984. Relativamente à imprensa, a pesquisa demonstraquc52,7 ' 11 da população, no ano de 1984, afirmava que "pode-se confiar muito pouco" ou "não se pode confiar nunca" nos jornais e revistas. Em 1989, essa porcentagem aumentou para 60,3'1t. Quanto à televisão, os dados são ainda mais significativos, pois as po rccnrngcns refercntcsaosanosdc 1984c l989são, rcspec1ivamente, 61,9'11 c 73,IO?t. Esses dados mostramqueparcclasmajoritàriasda população estão insatisíeitas com a mídia. O que, como decorrência, lev anta uma pesada hipoteca sobre a alardeada popularidade do esquerdismo e da imoralidade promovidos por largos scto• resdela. Não parece que a mfdia, de modo geral, tenha levado em oonta essa espécie de plebiscito representado pelas pesquisas. Pois ela con tinua a manifestar um pernicioso unanimismo e a favorecer com frcqúência aesquerdaeaimoralidade.

Informação caótica A!gu ~m poderia dizer que a mfdia, di vulgando grande quanlidade de informações, contribui positivamente para a orientação da opinião pública. Mesmo isto não é verdade. A própria maneira de informar muitas vezes é prejudicial. Não basta informar. ti: necessário levar cm co nsideração a hierarquia de valo rC5, dando realce ao que é mais important e. Assim, assuntosderelevorelativosà lgre• ja e à poli1ica internacional e nacional, devem, em principio, ter primaria sobre as qucstii11w::ulasmcramcntelocais.Eiudodeve ser tratado de modo sério, a fim de que aopiniil.opúblicascjabcmoricntada. Ora,muitasvczesoquesevêéprei.:ÍSa• mente o contrário. Fatos de somenos im• portãncia e hilariantes são objeto de grande dcs.iaquc. Os jornais de São Paulo, por exemplo, publicaram farta matéria e até cm primeira pãgina - noticias, oomentá· rios,fotografias-sobrcumjacaréqueteriaaparecidonaspoluldasãguasdoTietê ... Enquanto a campanha da TFP pela libcrlação da Lituãnia, por exemplo, que se fez por todo o Brasil, oom grande apoio popular e repercussão in1emacional, não merecia senão esquálidas e cm geral mal-humoradas refcrências, sem qualQucr dcstaquc.

PAULO FRANCISCO MARTOS

Nmas ( 1) Edi1ora Vera Cruz, São Paulo, 1982, l'cd.,p.SI. (2)Op.cit.,pp.S2-H.


Cri se do Golfo Pérsico prevista há décadas

'' Uma coisa é ter vista, outra é visão'' O perigo representado pelo poder io m uçulmano

voltado contra o Ocidente - como se con figura hoje a tentativa de Saddam Hussein de coligar o m undo maometano para uma guerra santa - foi previsto há m eio século pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. QUASE totalidade das revisias c jornais se jacta de publie.ac.asúltim.asnoticiasdoprcscnte;umououtrotrazalgumas do passado; quase nenhurntemacoragernde"nouc1ar" senamenteo futuro. Mas, como é posslvel isso? "Noticiar" o futuro é a metáfora que aqui empregamos para indicar o acer!odc uma previsão. De fato, quando um prognóstico se realiza - sobretudosefeitocom muitaantecedência -écornosesehouvesse "noticiado" o futuro. A capacidade de prognosticar habitualmeme com acerto, mediante os bons métodos da lógica, do bom senso, do conhedmcnto das leis da História,emesmocomauxiliodagraça, é poucoeomum

Sob o olhar de Maria: prognosticar Nesse sentido, os acontecimentos que se de se nv olvem no Oriente Médio nos dào uma ocasião única e atualíssi ma para apreciarnovamenie um dosaspectos mais admiráveis da riquíssima personalidade de quem éo inspirador, alma, e de longe o principal colaborador de "Catolicismo", o prof. Plinio

Conêa de Oliveira; sua capacidade de prognosticar. Assim escrevia ele cm "Catolicismo" (janeiro de 1959): " .. entreguemo-nosainda uma vrz, sobo olhardc Maria, a esta tarefadcmedir, pesareprognosticar. Prognos1icar, sim. Pois se habitualmente Deus a ninguém revela o futuro, a memcalgu ma deu o dom de fazer por si mesma prognósticos infaliveis, quis entretanto quc o intelectodohomemtivesscolumesuficien1e para estabelecer conjernras prováveis, que podem servir de elemento precioso pa ra a direção das atividades humanas" (o destaque é nosso).

Prevendo a crise do Oriente Méd io, há 46 anos Jáantesdcescrevcrem' 'Ca to!icismo'', na ' 'Folha de S. Paulo" e cm outros jornais, ele o fazia no "Legionârio", então órgãooficiosodaArquidiocescdeSàoPaulo. Dessapubl icaçãotranscrevemos,atitulodeamostra,osprognóst icosqucsegucm sobre a evolução dos acomccirncntos no rnundomaomctano,daqualapresentecrisenoGolíoPérsicoéumfatocaracteristico. Arecentcconfirmaçãodestcsprognósticos,porsuaclarcrneatualidadc,dispcnsam co mentários.

Prol. Pllnlo Corr,a de 01/velra

* 11144: osm uçu lmanoscomopctróleo podem "armar-seatéos denies" "Omundomuçulmanopossuirecurs.os narnrais indispensáveis ao suprimemo da Europa. Ele terá em mãos os meios neccssá riosparapcrturbarouparalisaraqualqucr momento o ritmo de toda a economia européia. E, com isto, ele ler, também os meios para se a rmar alé os denlu" ("Legionário", 8-10-1944) * Uma"quimer:a"quesetornarealidade "Reunir-se-á dentro de algum tempo, no Cairo, a famosa conferência destinada a co ngregar cm um todo político os povos de id ioma árabe e cultura muçul mana, Por enquanto o perigo deste empreendimento parece urna mera quimera.. Entretan· to dia virá em que se notará ogra~issimo erro cm que incidem as potências ocidentais, co nsentindo na formação desse moloch bem às portas da Cristandade" ("Legionário", 16- l-1944). *1947:ganhaalualidadeagoraa "qurstiiodeamanhli"

Queima da bandeira americana por manlfastantespró Saddam Hussein na Jordlnla: formaçlo de umacollgaçlo muçulmana sntl-ocldentalprevlsla delonga data

"No próprio momento em que a URSS, comsuasnaçõessatélitesouescravas,ameaçaoOcidente,oaparecimentodemaisestcinimigo[osmaomctanos]sópodeserindifcrcnteaospolíticosimediatistasedevistascurtas.Portudoisto,aquestãomaometana,qu e,senlioéaindainteiramenteuma questão de hoje, já é indiscutlvdmente umagrave questiiodeamanhii,nosinteres-

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sa e nos preocupa'' (''Legionãrio'', 19-10-1947). Os fatos q ue confirmam os prognósticos do Prof. Ptinio CorrEa de Oliveira encontram seu dinalfl ismo no velho sonho muçulmano de um neo-arabismo unificado, do qual Nassc:r foi um de seus maiores poria-vozes. 1:. o conhecido escri tor Scrvan-Schreiberquemrelala: "Um sonho grandioso o habita (Nasser], e ele o descreveu: 'unir quatrocentos milhõesdemuçulmanos,cisaquiumpape!

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designapararepresentarestel)apel. .. co pc1rólc'oserliacspad11dom11ndo'" (JeanJacqucs Scrvan-Schreiber, "Le dtfi mundial", ed. Fayard, 1980, p. 168). R«entemente notidou um diãrio paulistano ter Saddan Husssein,odítadordo lraque, afirmado que ocorrerã uma grande batalha e que "cabe agora a todos os ára bes e muçu lmanos do mundo a tarefa de salvarahumanidade'' .Eacrescentou: '"'Os iraquianos escolheram a lula e estarão na linha de frente. Pedimos a 1odos os árabes que íaçam o que puderem para lutar contra o inimigo', disse Saddam Hussein" (cfr. "O Estado de S. Pauto··, 6-9-90).

* 1946: nasceni o pe rigo nco-á rabe demtlralhado rae mpu nho ''Nio larduá mui10, que apareçam cambém as questões internadonais, o atrito entre o neo-arabismo, de metralhadora cm punhocontraoOcidentedividido,anarquisado, exte nuado ... •• (''Legionário'' 21-7-1946)(osdestaquessão nossos).

Consideremos cm função desses prognósticos - enunciados ainda quando os potentados do Ocidente e do resto do mundo podiam fazer tudo para evilar os perigos aqui apon1ados - a tris1issima si tuação alual: a negligência, a cegueira e mesmo a indiferença a que estão entr~gues o mundo ocidcntale, nele,inclusiveoscatóli cos. De hã muito a Igreja e a outrora feliz Cristandade vêm sendo corroldas por um misterioso processo de autodcmolição. Assim sendo, é, de um lado, impossível não pensar com indignação nos cegos que não quiseram ver os fatos quando lhes foram previslos, e não os querem ver quando se realizam; e, de outro lado, n:lo agradecer dofundodaalniaaoinsignepen sadorcatólico, pelasua prcvid,n<:la, coragem, probidadeefidelidade. "Umacoisaétervista,outraévisão", afirmou o dlcbre escritor português Antero de Figueiredo. É bem chegada a hora de pedir a Nossa Senhora de Fátima que df à humanidade a imensa graça de não mais se deixar guiar por lideres cegos ou de vistas curtas; que Ela nos consiga de Seu Divino Filho a abertura de alma e a generosidade necessárias para seguirmos pelas vias da verdade que forem traçadas diante de nós, por maiores que sejam as rentincias exigidas por essa atitude.

Olado pouco conhecido da ecologia

Um lermo da moda - ecologia -, empregado nos mais diversos sentidos, tem uma origem, desconhecida de muitos, panteísta e igualitária, que propugna o nivelamento entre homens, bichos, vegetais e minerais. COLOG IA é, sem dtivida, uma expressão nacrisrnda onda.Fala-sedelaatodo o momento. Dedicam-se a esse tema a1é seções fixas de jornais e revistas da atualidade. Como surgiu tal palavra? Elafoicriadapclowólogo alemão e ca1edrâtico de lena Ernst Hacdd( l834-1919J,quesistematizouas doutrinas de Darwin,ofundadordoevolucionismo (1809-1882). Hoeckd tornouscconhccido por seu dogmati~mo infundado, pelas fraudes comprovadas de suas teorias, por seu ódio contra a existê ncia de Deus, Criador de todas as coisas. Ele pretendeu, com base na ecologia, fundir a religião e a ciência num panteísmo monista. Um dos scus seguidores evolucionis· tas, o francês Vacher de tapouge, ct"lc· brou nessasducubraçõesdesvairadas "a religião nova, a moral nova e a política nova" a serem propostasaomundo(l). Qual o significado hodierno do 1ern1occologia? A resposla a ena indagação é um tanto complexa, pois ela tornou-se umapalavratalismãnica,usadanosmais diversos sentidos. Se ecologia apenas significasse, como mui1oss.ãolevadosacrcr,adcfesaequílibradaeharmõnicadosgêneroseespé<:ies de seres criados por Deus, como o gênero humano e os reinos animal, vegetal e rnincral,nelanadahaveriaacrí1icar.Aliás, a defesa racional da ordem da Criação não é apanágio nem novidade in1roduzida pela ecologia. Tàldefesaéamcsdecudo fruto e conscqiiência dos cnsinamcntosedamilcnarobracivilizadorada lgreja.Aindahoje,milhôesdet1.1ristasviajam para admirar c~traordinàrias obras-primas de ordenação da nawreia, como os jardinsdeVersalhcsouoconjuntodovale do Reno . E são incontáveis os benefí cios trazidos a todos os graus hier:l.rquicos da Criação pela criteriosa seleção e cruzamentodeespéciesanimaiscvegecais, pela classificação dos metais, pelo aproveitamento das pedras - preciosas ou não- e dos maisvariadostiposdeterra, que tiveram seu pomo de partida nas abadias beneditinas, nos primórdios da

Ernst Ha«kel, zoólogo•lemlo(úculo XIXJ: erl•dor da palllvr• eco!ogi•, conhecido~ llf90lllst, de frsudes eienllflc••. defensor obstinado dfl ""'- v;slo .,,,,. do Universo

Idade Ml!d ia, muitos séculos an1es de se ouvir falar cm ecologia. Nãoobstan1cisto, muicas pessoas habituaram-se a usar a e~pressãoccologia sem conhccercmscusemido essencial, concebendo-a de um modo superficial, "inocente" eatéaceilãvcl. Para scevitarconfusões,queccrtamcnte acabam por favorecer os "arditi" dos ecologistas "r:1dicais", é indispensável conhecer bem seu sentido mai s proíundo. Poiséapartirdcsscsen1idoquc:;edcsprcendcm, por círculos concêntricos, as vcr.\Ões mais diluldase "simpáticas", até tocar na acepção acei1âvct, is10 é, a defesa da ordem criada.

Sentido essencial : panteísmo Na sua acepção medular, ecologia, movimentoecológico,ousimplcsrncntc'osvcrdcf,designama1cndéncia paraaeliminaçaodelodadcsigualdadee ntreoshomcns, osanimais,osvegetaiseosminerais.Accologia, nesse sentido, implica, portanto, na eliminação de todas as formas de cultura, arte,civilizaçãoecostumes;e,alii!.scoercntemente, da verdadeira Religião. A ccologiaconsideraquetudoissoécausadeopres.\ÕeS injustas, contrárias não só :1 natureza h.umana,masànature1.adascoisas.

JUANGONZALOLARRAINCAMPBELL ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

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Alguma pessoa menos informadas arespeito de toda a tern;llica ecológica poderia talvei surpreender-se com ae:itistfnciadcs-

sc se ntido básico. Para oomprov.à-lo, passemos a palavra - a titulo exemplificativo - a um categoriudo representante dessa corrente ecológica, George Sessions. Este defensorda"ecologiaprofunda",istoé, dasrazõesúltimasdaecologia,afirma:''chcgamos á conclusto de que os indivíduos e as espécies somen1e podem ser isolados de modo artificial ..... todas as cs~cs .... tfmum'direitoigualaviveredcsabrochar'. Aquestão:seumacspécieé,emalgumscntido, 'superior' a qualquer outra; não tem sentido ... " (2) . Assim.até a nação dos direitos humanos. idolatrada pela Revolução Francesa, é rclat iviuda, pois a ecologia atribui igualmente direitos aos animais, às plantas,aambiemcs,eaoeco-siStemaplanetàrio global. Como resultado, o homem fica reduzido ao mesmo nível de um bicho ou de um vegetal. O igualitarismo entre o homem, o animal e a planta encontra sua apologia na "ecologiaprofunda",pelofatodeclanegar legitimidade à existência de "indivíduos" de qualquer tipo. Tudo o que existe formaria umasócoisaesscndalmenteunida. "A 'metafisica' da ecologia - reualta Scssions - é a do total inter-relacionamento. da 10tal fusão mútua, de 1al maneira que se recu sa a imagem individual, isolada, atomista, sobreaqualfoierigidaasociedadeocidental. .... Na perspectiva ecológica, todos os 'i ndivíduos· cs1ãooons1i1uldos por suas relações oom outros indivíduos no eco-sistema" ()). Para o bom senso elementar - confortado pela Fé e pela filosofia pcrenc - cada homem é um individuo autônomo em relação a outro homem. É um ser csscndalmente diverso dos objetos que o rodeiam. Não se confunde com a terra que pisa. o ar que respira. ou a roupa que usa. E sua relaçãocomosobjetoséacidentalecxtrínseca ao seu scr. Assim, qualquer homem, usandoumacamisabrancaouazul,oominua sendo ele mesmo, independente do realce que a cor da camisa possa dar à sua personalidade. O cont rário redu nda no mais grosseiro pantcismo - scgundo o qual todos os seres constituiriam um sóscr divino-oondenadopcladoutrinacatólica. A ecologia, nesta sua actpçlo básica, fazquestãodetra1.cropantcismoàtona, rctomandoasoosmovísõcsdasmaisdcgradadas religiões pagas. A doutrina ecológica, acrcscenta Sessions, "é também a percepção ou conseientização dos exercidos Zen (4) .... mina todos os sis1emas de intelecção baseados no individualismo ..... Es· te é o aspecto radical ou 'subversivo' da eomprcensaocdaoonsciênciaecológica"(S).

Ideal ecológico para o homem: libertação total

I':: a libertação, na mbima espontaneidade possívct.dastendênciashumanasdesrcgra· das pelo pecado original, sem limi1es nem constrangimcntos,istoé,scmassábiascor· re1,õa decorrentes da moral, da educação e da cultura. E sc o homem totalmente espontãneo asscmelhar-seaumentcsujo.amoral,scm família, e até tornar-se mais perigoso que outros animais? A ecologia. noscntidora· dical, não verti nisso nenhum mal. Pelo oontràrio, ela louvará a marcha da cvoluçtlo "verdadeiramente liberada", espontãnea,scmas''máculasodientas"daciviliuçãoc da Religião verdadeira. Como a ecologia pretende concretizar tais propósitos? Seu primeiro passo tem consistido cm abalar a oonsideração cm que é tida a sociedade industrial e de tipo urbano contemporânea. Recorre para isso àcríticaradicat,muitascmuitasvezcsexa• gcradacunila1cral,aprovei1ando-scdcdcfeitos reais da civilização industrial, e manipulandopropagandisticamentcdadoscicnllficosa seu bel prazer. Nossa revista publicou. cm sua edição de fevereiro último, o artigo "Ecologia e socialismo autogestionário: cara e coroa de uma mesma revolução", no inicio do quatscrcssaltavaofalsodilemarcprcsemado pela oposição entre sociedade urbana industriatizadaeo"ideal"ecológioo-tribalista. Assim, as conseqüências de uma industrialização irrenetida. acompanhada da formação de mcgalópoles, ocasionaram danos efetivos à saúde flsica e psíquica do homemeàscondiçõcsgcraisdevidasobrc

a Terra. Faccacssaspreocupan1esperspcctívas, levantou-se uma reação, que é razoável e compreens!vel sob vàrios aspectos. Mas que, especialmente por iníluxo do movimento ecológioo, assumiu umcaráterunilatcralescnsacionalis1a, propagando tanto a extinção de todaacivilizaçãoinduscrialeurbana, quantoaadoçãodcumaabsurdavida de tipo anarco-tribal para a sociedade humana. É óbvio que tais propostas dos defensores da "ecologia profunda" não resolveriam os reais problemas rcsultamcsdcssaindustrializaçãoinconsidc, rada e das mcgalópoles modernas. pclo contràrio os multiplicariam c os agravariam. SANTIAGO FERNANDES

NOTAS (1) Cfr. Gastonc Lambcrtini, "As abcr-

rantes conscquências das idéias mecan l· cistas", in "L'Osscrvatorc Romano", 3-7-86. (2) "Thc Sprouting of Americans Gre-

ens··, in "Communi1ics - Journal of Cooperation", Nº 75, summer 1988, p. 31. Este artigo relata o Primeiro Encontro Nacional dos "verdes" dos EUA, rulizadoemjulho<le 1988. (3)Art. citado,p. 31. (4) Excrcicios Zen são práticas próprias a uma vercentc do budismo, o Zen, muito difundido no Japào, e que alcançou considerável pene1raçãonoOciden1e. (S)Art.citado,p. 31.

', . ,. 1

A •1mo,um, fie• 1téob1cun,c/da~la /umaça lançada por 1'brlcadeprodutoa qulmlcos, nacldlKHI deLeuna (Ai.r,vnhaOríftnlal):

um,uc.uoquaocorre nac/v/1/zaçlo

O que é, então, o natural do homem, o ideal ecológico nesse scntido esscncial?

u.Wnaelnduslrla/ conl~nn

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Santa Teresa do Menino Jesus

Força de alma e não moleza: característica da santidade O verdadeiro perfil espiritual de Santa Teresinha -

no qual sobressai a força de alma -

contrasta com uma fa lsa

compreensão da Santa, de cunho sentimental e adocicado

[Q]

VERDADElROidcaldcsantidadc propos10 pela Igreja implica no moí.o,. dos hcrols.· mos,poissupõenãosóarcso-

!ução firmcesérm de sacrif1 cara vida.cm qualqucroca sião, sc precisofor,paraconscrvara fidchdadea Jesus

Cristo, mas ainda a de viver na Terra uma c:itistênciaprolongada, se tal fora vomadc de Deus, renunciando a todo momento ao quc:sctc:m demais caro, para estar unido somcnlcàvomadcdivina. Em comraste com esse ideal podem-se observarcenas imagc:nsccstampasinfdizrncmcainda basla1Uc c m usoc:muitodifcrcntcsdosvc:rdadcirossan10s. Nessas rc:prc:scmações apar«em eriaturas molc:s, senti· mentais, sem personalidade nem íorça de caráter, incapaicsde idfias sfrias, sólidas, cocrentcs,almashipcrsensiveis,qucsc movem apenas por emoções; e, pois, totalmente inadcquadasparaosofrimentoca luta. enfim para abraçar a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Dc,ntrern;santosques!loobjetodc particular devoção dos católicos brasileiros, h:I umafiguraque,infefü.mcntc, foi assim especialmente deformada. Vemo-la freqüentemente cm suas imagens e estampas, mciga, sorridente, ostentando rosas en1re os braços,dcspreocupada,dandoaimprcssao de levar vida suave, de ter os ossos corno que constilu!dos de açúcar e de lh e correr nas veias mel cm vczdcsanguequentce generoso. Santa Teresa do Menino Jesus edaSagradaFace,cujafesrnaLiturgiaromanacelebra a 3 dcournbro.

e

Alma de cruzado No dizer do Papa São Pio X, Santa Tcresinha(1873-l897)fa maiorsama dostempos modernrn;. Como se sabe, difundiu ela na Igreja uma escola de santificação a que chamou "a pequena via", por SCT mais adequada àsnovasgeraçõe$. EmSantaTcrcsinha,apardcsuaincg:1veldoçuraemiscricórdia, rdulgemostraços de uma alma de fogo, com horizontes grandiososechciadcvalorguCTreiro,cntrc-

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5e,..,,/dade, paz, harmonia interior, força a prolundldaH, gr.ndn sofrlnlflnto, resultam na Hpreulo fision&nlca de Santa Tere,lnha. Ent,.. ,ua fl!Cfl •ade Nono Senhor Morto, repratlfiltlldo Sento Sudário cl'1 Turim, hl um. Nnlfll~a hnponderánl, mas lmenumente real. Nada há de e,tranhá'lel em que a Sagrada FKe lenha l~.s.so algo de SI"° rosto e na alma d,q,.,ela que, em rellgllo, ., chamou prKl-nte Teresa do Menino Jesus e da Sagl'llda Fl!Ce.

"°


tantoesquc-cidos. Cum predesfaier as falsasimagcnsdasantaparaquescaconheça como realmente ela foi. E assim para sera ut cnticamenteveneradacimilada. Nessa perspectiva, vem a propósito reproduidr aqui um trechodeuma car1a sua dirigida á Irmã Maria do Sagrado Coração, em 8 de setembro de 1896: "Ser lua Esposa, ó Jesus, ser carmeli111, ser por minha união con tigo a m4e das almas, isto deveria bastar-me ... Não é assim .. . Sem dúvida, esses três privilégios bem são minhu vocaçDo. Carmefila. Esp(Jsa e MDe. Entreta nto, cu sinto em mim outra s vocaç1't>s, eu me sinto com a vocaç4o

~e,,SJ1/JtJ.1:eºbt~/tfh~~DjlJ{nt

enfim, eu sinto a necessidade, o desejo de realizar para li Jesus, todas as obras as mais heró icas ... Eu si nt o em minha alma a coragem de um CRUZADO, de um ZUAVO PONTIP{CJO, eu quereria morrer num campo de batalha na defesa da fgrcja ... "Ah! malgradominhapequenez,cuqucreria iluminar as almas como os PROFETAS, os DOUTORES, eu tenho a l'OCllÇd<.l de ~ , A PÓSTOLO ... eu quereria percorrer aterra.pregarteunomeeplantarsobreo solo infiel tua Cru z gloriosa. Mas, ó meu Bem-Amado, uma só missão não me bas1a· ria, cu quereria ao mesmo tempo anu nciar o Evangelho nas cinco partes do mundo e até nas ilhas as mais remorns. Eu quereria ser missionária não somente alguns anos,

mas cu quereria tê-losídode$dc a criação do mundoesl-lo atéaconsumaçãodosséculos ... Mas eu quereria acima de tudo, ó mcuBem -AmadoSalvador, euquereriaderramar meu sangue por ti att a llllima gota ... MARTÍRIO, eis o sonho de minha juventude, este sonho cresceu comigo sob os claustros do Carmelo ... " ("Manuseri1s autobiographiques'', pp. 226e228,osdestaques são doorisinal). Esse mesmo desejo abrasado de martirio,SanrnTeresinhaomanifesrouesplendidament e em seu ATO DE OFERECIMENTO como ví1ima expiatória ao a111or misericordiosos de Deus, realil.ado a 9de junho de 1895 (ver quadro). Aadmirávelcarmelirnde Lisieux dizia semir-se "como a sentinela que observa o inimigo da mais alta torre de um castelo" (Bajocen. ct Lexovien - Processo de Bealificação e Ca nonização de Santa ll:resinha - Summariurn , Roma, 1920 - depoimen 1oda lrmãlnes deJesus). Nas suas poesias. repetia com enlevo: 'º Morrerei num campo de batalha, de armas nas mãos!" ("Carnet Jaune",9.8. 1 epoesia'·MnArmes"). Em4deagostode 1897, doismcsesantes de sua mone, dirigia ela as seguintes

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Gostaria de consolar-Vos da ingratidão dos maus, suplico-Vos tirar-me a liberdadedeVosdesagradar,seporfraquezacair alguma vez, que logo Vosso Dil'ino Olhar purifique minha alma consumin• do todas as imperfeições, como o fogo transforma todas as coisas em si .. Agradeço-Vos, ó meu Deus! Iodas as graças que me concedestes em particular S.nl• 11,,...Jnh• - NU /eito de mort.; o Nerlflclo N 11/tfrmi de llo/oc•utlo ao e de me ter feito passar pelo cadinho do Amm- misericordioso de Oeu, 11,111• se consumsdo sofrimento. É com júbilo que Vos eomemplarei no úl!imo dia, cmpunhando o cetro da cruz, pois que Vos dignastes fal.Cr-me OFERECIMENTO partilhar desta cruz tão preciosa, espero no céu asscmtihar• me a Vós e vtr brilhar em meu corpo glorificado os sagrados Ao Amor misericordioSOli de Deus, estigmas de Vossa Paixllo ... composlo por Santa Teresa do Menino Jesus Após o exilio da terra, espero ir gozar de Vós na Pátria, (Santa Thresinha trazia-o dia e noite sobre seu coração, mas não quero acumular méritos para o céu, desejo trabalhar no livro dos Santos Evangelhos) só por Amor, com o único fim de Vos agradar, de consolar Vos. so Sagrado Coração e salvar ai masque Vos amem e,crnamcnte ..... J .M.J.T. A fim de viver num IJ/o de perfeito Amor, OFEREÇO· Oferecimento de mim mesma, como vitima de holocausto ME COMO VÍTIMA DE HOLOCAUSTO A VOSSO AMO~ ao Amor misericordioso de Deus MJSERJCORDJOSO, suplicando-Vos me consumais sem cessar, deixando transbordar em minha alma as ondas de ltrrtu• Oh! meu Deus, Trindade Bemavemurada, desejo amar- ra infin11a que em Vós estão encerradas, e que assim eu me Vos e Vos fazer amar, trabalhar para a glorificação da Santa 1orne, ó meu Deus, mámr de \/osso Amor! ... Igreja, salvando as almas quces1ão sobre a terra e libertanQue esse mar/frio, após ter.me preparado para oompart'CCT do as que sofrem no Purgatório. Desejo cumprir pcrfeitamen• perante Vós, me faça afinal morrer.e que minha alma se precipite Vossavontadeechegaraosraudeglóriaquemepreparas- te sem tardar no eterno abraço de n>J:so Amor misericordioso... tes, em Vossoreino,numapalavra,desejoserSanta,massinQuero, 6 meu Bem-Amado, a cada palpitar de meu cora• to minha impotência e Vos peço, ó meu Deus! sejais Vós mes- ç/1.o, renovar-Vos este oferecimento um número infinito de mo minha Sanlidude . ... . vezes, até que. dissipadas as sombras (Cant. IV, 6), possa reOfereço-Vos, 6 &!ma11tnlurada Trindade! o Amor e os m~- pctir•Vos o meu Amor no elerno Face a fâce! ... ritos da San \issima Virgem, minflo M6e querida, ~ a Ela que abandono mrnha oferta, suplicando-lhe que vô-la apresente ..... MariaFranciseaThresadoMeninoJesus Sinto em meu coração desejos imenSOli e é com confiane da Sagrada Face ça que Vos peço vir tomar posse de minha alma. Ah! não rcl.carm.ind. posso receber a sa nta Comunhão tão freqüentemente quanto de~ejo, mas, Sen hor, não sois Onipotente? . .. Ficai, pois, coFesta da Sa ntíssima Trindade mo no Tabernáculo, não Vos afasteis de Vossa hostiazinha . .. 9dejunho,doanodagraçadel895

ATO DE

CATOLICISMO -

Ouiubro 1990 -

1.5


palavrasasuairmãde sangue edehábito, Madre Inês de Jesus: "Adormeci alguns instantes durante a oração. Sonhei que faltavam soldados para uma guerra. Vós dissestes: É preciso enviar Soror Teresa do Menino Jesus. Respondi que preferiria bem que fosse para uma guerra santa. Afinal parti assim mesmo. OhMinhaMadre .... quefelicidadecuteria sentido, por exemplo, cm combater no tempo das cruzadas, ou, mais tarde, cm lu tar contra os hereges. Ah! eu não teria tido medo do fogo! "Será possível que cu morri! em uma cama!" (Novíssima Verba, Oficio Central de Lisieux, 1' edição, p. 115).

..Um homem todo deO.us"fol o elogio que o Paps Pio/X tez de Ssnto Antonio MsrlaC/sret, zeloso defensor dacausadslgre/a.

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Agonia e morte de uma santa Comocondus.ãodopresenteartigo,parece-nos significativo apresentar o relato da agonia e mortede SantaTcresinha, narradas por Madre Inês de Jesus: "11.s quatro e meia da tarde manifesta• ram-seos sintomas da última agonia. Logoqu e aagonizante viu entraracomunidade, agradeceu-lhe como mais gracioso dos sorrisos e estreitandoocrucifixoentreas mãos desfalecidas, recolheu-se dentro de si mesma para a !ma suprema. Cobria-lhe orostoumsuorcopioso,tremia ... "Quando o sino do mosteiro tangia as Ave-Marias vespertinas fixou na Virgem lmaculadaumolharinexprimivel. "i\ssetchorasepoucosminutos,apobrc agonizante perguntou á Madre Priora: 'MinhaMadre,nãoser:iaagonia?Nãoestounasúltimas?' "Pois não, minha filha, respondeu -lhe esta; é a agonia, mas Jesus a quer prolongar algumas horas. "Pois bem .. . vamos ... vamos . .. ó! não ~;_sera que se me abreviassem os sofrimcn"E olhando o crucifixo: 'Ó ... Amo o meu Deus, eu Vos amo'. "Foram essas suas últimas palavras. Mal acabava de as proferir quando, com grande maravilhamento nosso, tombou repentinamente, a cabeça inclinada para a direi1a,naquclamesmaatitudeemquealgumasvirgensrn:irtiresseofereciamespontaneamenteaogumedaespada . .. "Reergueu-se, de improviso; como se a chamasse uma voz misteriosa, abriu os olhos e fixou-os, brilhantes de paz celestial e de indizível júbilo, um pouco acima da imagem de Maria ... " LUIS CARLOS AZEVEDO BIBLIOGRAFIA Paraare<iaçãodoproS<e nteartigoforamconsultadasas s,,guintesobras: l. SainteThtr(s,,de l'Enfanl Jésus - Manu scrits Autobiosraphiques - Carmel de Lisieux (frantc),19S7. 2. Novis.sima Verba - Offitc Central de Lisieu~ (Calvados), 1926. J. SantaThresadoMeninoJosus-Conselhos e Lembranças - Oficio Central de Lisicu~, l9SS 4. Lemes de Sainte Thtrl:s,, de l'Enfant Jésus - OffitcCentra!doLisieux(Calvados-France), 1948.

5. VÍ$3J!e de Thtrbe de Lisieux - Office Central de Lisieux. france, 1961. 16 -

CATOLICISMO -

Outubro 1990

Santo Antonio Maria Claret

Baluarte da Igreja no combate contra os inimigos da Fé católica O exemplo de Santo Antonio Maria Claret deve avivar em nossas almas o zelo em defesa da ortodoxia católica, hoje em dia assediada especialmente pelo "progressismo" e neopaganismo

PÓS PERCORRER pitorescas aldeias no i~terior da. Es· panha, um amigo de velhos tempos narrou -meoscgumte: El e pernoitara numa da que!aspovoaçôesquesedestacaram nas gloriosas guerras anti -napoleônicasdeháquasc dois séculos. Ao amanhecer, ele ouviu, não longe de seu albergue, o sino da matrizconvidandoatodosparamissafcstiva. Meu amigo assomou :ijanela e ficou surpreso. Pareceu-lhe que até o sol tinha outraluze queaspróprias:irvores e plantashaviam trocado suas ílores, pois estas aparentavamumbrilhoespecial,quesediriaapropriadoparaosdias de festa. Os a!deãos, ostentando um vestu:irio domingueiro, caminhavam com solenidade em direção à igreja.

Era uma cena, dizia·rne ele, que nós, brasileiros residen1esem megalópolis, não podemos avaliar bem, pelo simples fato de vivermos circunscritos aos acanhados horizontes das grandes cidades. Nelas, as notasdefantasiaepitoresco - quandoas h:i - o mais das vezes se limitam apenas :i cena pobre de alguns pardais chilrando ruidosamentenostelhadosdasconstruçôes ou nas copas das poucas árvores de nossos poluidosjardinse praças. Masquefestividadeeraaquela?Tratava·sedacclebraçãodopatronodaaldeia, Santo Antonio Maria Claret (!807·1870), grande missionário popular, fundador da Congregação de Missionàrios Filhos do Imaculado Coração de Maria, Arcebispo de Cuba, confessor da Rainha Isabel li da Espanha e insigne defensor da ortodoxia católica no Concilio Vaticano 1. A festa li-


túrgica desse campeão da Fé 110 skulo passado celebra-se a 24 deste mês.

Sangue que ferve de zelo

por ordem do próprio Nosso Senhor. ele se retirou da corte,dirigindo-sea Roma. NaCidadeEterna,foiclccarinhosamente recebido por Pio IX. Como Isabel l i insistira muito junto ao Soberano Pon1lficc para que seu confessor retornasse à Espanha, o Papa aconselhou-o a que o fizesse, desde que a Rainhasecomprometcsscarceonhecerosdircitosda lgrcja. Nodia27dcdezembrode 186,. nodiscursodcaberturadas Conci;, afirmou Isabel l i que o rct:onhecimento do novo Reinoda Itá lia nliodiminuianelaosscntimentos de profundo e filial respeito cm relação ao Papa, nem o firme propósito de zelar pelos interesses da Si' Apostólica. Oian1edess.aatitude, os liberais, indignados, desencadearam maciça campanha

dir. A soberana resistiu·lhe. - "Deixai de banhos, insitiu o confessor, hà algo mais importa nte do que eles". Como a Rainha continuasse a apresen1ar desculpas, o Santo lhe disse com energia: "Se V. M. fosse uma boneca, cu a colocaria no bolso e correria a Madd para salvar a Espanha da revolução". Quando elaquisvoltar,jáera1ardedcmaisesólhe re5tava otxilio! 1: bem o momento de recordar aqui o testcmunlloinsuspeitododirigemeanarquistaedirctorde "EI Diluvio": "Se nliohouvesse o Pc. Claret, a Catalunha [sua terra deorigem]tcriacomprccndidoamcnsagem da revolução .... O Pe. Claret, homem prodigiosamente ath·o, recristianizou toda a Catalunha .... Mas não foi isso o pior. Sua residência cm Madri foi uma verdadeira catástrofe para o movimento revolucionário espanhol". Que glória o ser "uma caiàwofe"paraaRevolução!

Santo Antonio Claret nos apresenta umavidariquissimadeaspeccosediíicames. Focaliuiremos apenas alguns deles, geralmence pouco saliemados. No a110 de 1861, o próprio Nosso Senhor, conforme se lé na introdução geral desuaaulobiograíia, o incumbira de "fa· 1.er frente a todos os ma les de füpanha". Para lamo,crauma fclizcircu11stâllcia o fatodehàjàquatroanosdetersidonomcado confeuor da jovem Rainha Isabel 11, apesar da oposição dos liberais revolucionários. Em tal situação, o samo combateu muito o mu11danismo da corte. Entreta nto, nessa fase, sua atuação mais im, porta111cconsistiu 11a reforma do Episcopado espanhol, o qualdcveriade5empenharpapeldecisivon0Concili0Vatica• 110 1, convocado por Pio IX, a29dcju11hodel868. O samo participou imensamentedos trabalhos desse Con• cilio e, graças a ele, o bloco de Prelados de !ingua hispãni, cacratllounidoemtornoda ortodoxia e da definição do dogma da infalibilidade pontifícia, que o Cardeal Manning, Arcebispo de Westminster, exclamou: "Dos Bispos espanhóis, pode-se dizer que são a guarda imperial do Papa!" Durante a discu ssão da Constituição que tratava da matéria,aousadiadosliberais foi tão longe, que o santo escreveuaD.Xifré,fmuroSupe, rior Geral dos Cordemarianos: "Como sobre esta matéria nllo posso transigir em nada nem com ninguém, e estou pronto a derramar meu sangue, como dissecmplcnoConcitio,aoouvir os disparates e mesmo as blasfêmias e heresias que se pronunciavam, tu do isto des , pcrtou-mc uma indignação e umzelo!ãograndes,queosanguesemesubiuàcabeça, produ1.indo-me uma com0çãoccrcbral,.. Precisamente esse zelo é quelevouoPapaPio lXacon - /511bfl/ li, rainha de Espanha - Outldro de Wlnlerhaller. palk lo de siderá-lo "um ho mem todo de Rio Frio, Segó via. Por nlo ler u,guldo o, eonH lllo• de Sento Antonlo Merla Cleret, seu eonleHor, Isabel li lo/ de1 lronade por uma ,.. Deus"! 110/uçlo llbere/. em 1868 •

''Verdadeira catástrofe '', para a Revolução na Espanha Q uando,noanodc 186,.a Rainha lsabclll,pressionadapcloslibcrais,tevcafraquczaderct:onheccraunificaçãoi1aliana reali1.adaporVítorEmanuelll,qucespoliav_aaSl!Apostólicadeseuslegítimosterritónos, o sirnto sofreu tão profundo abalo que lhe causou sériosdistlirbios lisicos. E,

de calúnias e insuhos contra os soberanos espanhóiseoconfessorda Rainha. Em setembro de 1868, um golpe revolucionário destronou Isabel li e proclamou a Repúbl ica. Convém salientar que, pouco ames, estando a Rainha numa estação de àguas, Santo Antonio Maria aconse lhou-a a voltar imedia tamente a Mad ri, porq ue, dizia, urna revolução estava prestes a ct: lo-

Santo Antonio Maria Claret, favorecido po,- dons sobrenaturaisassinalados,sabialer nointeriordasa[mas,discernin· do com toda clareu como se achavam diante de Deus: conhecia o futuro e como que de1inhaemsuasmãosopoder divino, para abençoar e amaldiçoar. Nos últimos nove anos dcsuavida,reccbcriaagraça deter continuamente incorrupta cm seu interior a Sagrada Eucaris,ia,wrnando-seum11acrário vivo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eis, assim, alguns traços da vida e do exemplo de um varão que, animado por uma vocação universal, scn1iu-se chamadoacombatcraimpiedadc cm todo o mundo através deseuslivros,sermõesefolhclos,accssiveisàsdiversascamadas da população. Pronunciou 25 mil ser mões, escreveu 114 obrasdasq uais,sód uran1csua vida, foram distribuldos mais de l i milhões de exemplares.

mo Ec~n,;~~:ã~~~fª'-~~i:~ de Santo Antonio Clarct se levanta para ind icar caminhos. Eparlicularmen teaoscatólieos autênticos de hoje em dia, que se defro ntam com o chamado "progressismo". Este vem minando os meios católicos de modo análogo à corrosão que o liberalismo provocava dentro e fora da Igreja, na ~ a daquele insigne miuionário cspanhol, valoroso de fensor da purcu. dout rinária, própria â Esposa de CriSIO.

CATOLI C ISMO -

Outubro 1990 -

17


O novo Patriarca de Moscou, a perestroika e a liberdade religiosa Após a ascensão de Gorbachev, apesar de muita retórica aparentemente liberalizante e mudanças de funcionários, as estruturas de controle da Igreja "Ortodoxa" russa - cujo novo Patriarca, Aleixo, vem sendo apontado como partidário da perestroika -

continuam inalteradas, permanecendo a submissão efetiva do clero

cismático russo à KGB, a temível polícia política soviética. ELEIÇÃO do sucessor do Patri.arcaPimcn,dcMoscou, apenas um mh depois de seu falcc1mentocrn maioilltimo, surpreendeu os observadores. Com deito, a reunião do chamado Santo Sínodo (órgão colegiado que governa a

lgrcjarussacelegcoPatriarca),paraprcenchcrasedcvacantc,cstavaprogramadapara meados do ano que vem. Esperava-se uma longa e acirrada disputa, na qual as ambiçõn pcssoais de carreira eclesiâstica deviam confundir·se com os interesses poli· ticos das facções que parecem lutar pclo poder na URSS. No fundo, mais do que umcargoeclcsiâsticorcndosoedeprcstigio, o que estava em jogo era uma posiçllo politica que podc ser dctcrminame para o fu1uroda própria pcrest roika. Surpreendentemente, jâ no começo de junho os bispos que compõem o S. Sino-

18 - CATOLICISMO - Outubro 1990

doclegiamosucessordcPimcn, napcssoa do metropolüa Aleixo Riddigcr, um estoniano de 64 anos. Talcleiçllopareccconstituirumavitória pollticll da linha de Gorbachev, uma vez que o novo Patriarca - assim como seu antecessor - é apontado como partidário dapcrcstroikaehomem capaidccondulir as reformas no interior da própria Igreja "Ortodoxa" russa. Acontinuidadedoalinhamenlodo PatriarcadodeMoscouàpoliticagorbacheviananãoparc«,entretanto,decisivapara melhorara situação da religião na Rússia.

Por detrás, a KGB Na realidade, o Patriarca de Moscou e de Todas as Rússias, cm que pese o al1issonan1e do titulo eo apoio oficial de que goza, n!l.o exerce uma autoridade efeti~a sobre a igreja da qual é chefe nominal.

Em primeiro lu gar, porque os "ortodoxos" n!l.o reconhecem uma suprcmncia do Patriarca sobre os demais bispos, que se possa comparar de algum modo â aucoridade do Papa na Igreja Católica. Depois, o Patriarcado não passa de uma repanição cclcsiâstica a serviço do regime e inleiramcntedependcnteda burocracia soviética É o que revela o teólogo "or1odoxo" russo Viktor Popkov. em artigo publicado no Ocidente: "O destino da Igreja ortodoxa russa depende, em illtima anãlisc, do

Ouatro bispos "ortodoxa." rostos. segundo oa,crltorPopkov, asseglnerodepreltldo• pres,lona ospadresparaquee/es n/lo,edan/amda cartlll'lacomunlsta.


pequeno grupo de bispos que compõem o Santo Sinodo no Patriarcado de Moscou e do Conselho para os Assuntos Religiosos, ao qual os bispos obedecem. Por triis deles existeumaoutraorganiuçãoquesemantém voluntariamente na sombra: o Comitf para a Segurança do Estado, ou seja, a KGB" ( 1). O controle da vida re ligiosa depende, por conseguinte, da temlvel policia polltica soviética. E ela exerce, segundo Popkov,uma"mcticulosavigilãncia"sobretoda a Igreja rus.sa. "Por isso a KGB precisa ler muilos informantes no clero e scmpre procurou rccrutar seminaristase padres''.

A KGB escolhe os futuros padres A ingerência da policia política na vida religiosa russa não fica só no rccrutamento de semi naristase padres paía agentesdiretosseus: a KGB controla o próprio acesso ao sacerdócio "ortodoxo". "A aprovação para a ordenação de um sacerdoteédadapeloencarregado regional do Conselho para os Assuntos Reli• giosos" - revela Popko>'. "Antes de dar a pern1issão, ele exami na a candidatura com a sede local da KGB e com a divisão psiquiàtrica do hospital da cidade ou da região,quecomadesculpadeemitirumccrtificado de boa saúde psíquica fornece um 'retrato psicológico' do futuro sacerdote. Em geral, o encarregado do Conselho simplesmente assina a decisão da KGB". Por esse meio, a KGB pode selecionar oscandidatosaosacerdócio,excluindoos que apresentam tendências hostis ao comunismo, ou pelo menos falta de disposição de co)aborar, ainda que passivamente, com o regime. E o "re1rato psicológico" do candidato pode revelar os pontos de resistência, bem como as fraquezas do futuro padre, oquesempreíacilitaaspressõcssobrecle, quando chegar a ocasião. Ajuda ainda a oonhecerosambiciosos,dispost05afazer carrei ra a qualquer preço. Note-se a aberração: quem escolhe os futurossaccrdotesnãosãoosbispos, e sim os burocratas de um regimematerialisrne ateu!

seguir os seus programas de catequese e pregação, serâ aposentado. A maior parte dos padresccdeantesdechegar aooonni to final". Nesses connitos, os padres não podem contar com o apoio de seus bispos: "Em quase todos os casos - é ainda Popkov quem informa - o Conselho para os Assuntos Religiosos trabalha de pleno acordo com o bispo local. O bispo não defen· deo'seu'sacerdoteechegaatéapcdiro aíastamento(dele), nominimoparaevitar problemas". Desse modo, ademais da policia politica e da burocracia estatal, os próprios bis· pos "ortodoxos" pressionam os padres para que elcs não sc dcsviem da cartitha comunista!

Cerimónias aparatosas Enquantoospadresvivememsituaçllo de arrocho e tensão (a menos que sejam ativos colaboradores do regime comunista), "os bispos gozam de privilégios e pagam

imposlos como um simples cidadão soviéti· co,porcausade seus méritoscspeciaisdiante do Estado". (Um desses "méritos", jà se viu. é impedir que os padres saiam da "linha do Partido" ... ). Nem por isso os bispos gozam de grande poder efetivo: "O poder real dos bispos é muito pequeno" - coment a Popkov. "Ascomunidadesreligiosasdopalsdevem rccorreraosencarregadosdoCon.sclho[paraosAssuntos Religiosos] para resolverem todos os seus problemas". Oque,peloque ficouvisto,equivalearccorreràsinistra policia politica, a KGB. Sendo assim, os bispos quase não passam de meros figuramcsdeccrim6nias r;. túrgicas aparatosas, Ião ao gosto do povo ruuo. (Al&n, naturalmente, de colaboradores do regime). E ainda aqui prestam serviço ao comunismo, pois,paragrandeparte da popul3ção russa toda a vida religiosa ficarcduzidaàmerapr:ltica litúrgica. Pouco importam a injustiça ead urezadoregi me, d(We que se mantenham abertas ao cultoumasquantasigrejasenelassereali-

Do Interior dHle edlfic/o ffde da aln/alra KGB-, nacllplfalao'fllt/ce,

partemHdlrelrlzHque orientam o Conutho para oa

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"Ortodo,ia·· ruau.

" Mecanismo bem azeitado" Uma vez ordenados, nem por isso os padres cismà1icos russos levam vida fâcil. O regime cuida de assegurar sua fidelida de por meio de "mecanismos de pressão bem azeitados". "Os impostos pagos por um pad re escreve Popkov - correspondem à mcta de do seu salârio, e às vezes mais. Ai en tr a em funcionamento um mecanismo de pressão bem azeitado. Se o padre se 'comporta bem' do ponto de vista do Conselho para os Assumos Religiosos, e portanto da KGB, a sua paróquia pagarà os impostos para ele. Se dâ algum 'passo em falso', a paróquia deixa de pagar. Se o sacerdote é zeloso demais, pode ser transferido para uma outra paróquia, longe dos grandes ccn~~~Í·r~'!'. t~~~~~t: i~:s~ j::j;r:S=

CATOLICISMO -

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zem bonitas cerimô11ias ... Cerimônias, aliás, muitodivulgada.snoExterior,eroteiroobri8ªtório para os turistas ocidentais. Teoricamente, os bi~pos são escolhidos peloS. Sinododo Patriarcado de Moscou. Conhecendo, porém, a subordinação desse organismo ao Conselho (Soviete, em russo) paraos Assuntos Religiosos, eocontrole deste pela KGB, é fácil entrever o papel desta última na referida escolha.

Nada mudou com Gorbachev A eleição do metropolita Aleiim ao Patriarcado de Moscou parece, como ficou dito,asseguraroapoiodahierarquiacismàticarussaAsreformasgorbachevianas. Mas isso não é garantia suficiente de que irà melhorarasituaçãodalgreja"Ortodoxa'', em particular, e da religião, de modo mais geral. Nada mudou, por enquanto, após a asrensão de Gorbachev (2), apesar de muitos discursosesubstituiçãodefuncionàrios. "Osorganismosdevigilãnciasãoosmesmos, e por isso os métodos não mudaram" - comenta Popkov. "A linha política geral do Estado em relação à Igreja e aos fiéis é elaborada pela secção ideológica do Comitê Central do PCUS [Partido Comunista da União Soviética]. O Ministério das Relações Exteriores conta com 'especiafütas' cuja função é 'instruir' os eclesiàsticos que saem do pais. lbdas essas estruturas permanecem inalteradas ..... Para que possa existir uma verdadeira liberdadc de cons-

ciência,serianecessâriofecharessesorganismos,masdissonemsefala". As revelações de Viktor Popkov não sãodetodoinéditasnoOcideme. Têm,entretanto, o mérito de serem recentes e de concordarem com outras fontes(J). Elenãoseocupasenãodalgreja''Ortodoxa''russa,àqua!pertence.Maséevidentequeamatériaintcressatambémaoscatólicos, pois mostra a situação de subserviéncia a que o comunismo reduz a religião, quando tolera sua existência. Ademais, de certa forma, a liberdade da Igreja Católicaestâcondicionadaàdaigrejada maioria da população russa. Enquanto esta permancreratrcladaaocarrodoregimecomunista,nãoháesperançasdequcalgrcjaCatólicatenhareconhecidososseusdireitos. Aiestáumaspec!odaperestroikasobre o qual pouco (ou quase nada) se fala, e que a morte de Pimcn e a eleição de seu sucessor trazem à luz do dia.

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Por enmplo. Ulissc Alcssio Floridi SJ. "Hu manismo:;ovittico - Mitoourcalidade?". LivrariaAgirEdicora,RiodeJaneiro, 1968,capltulo lll. pp. 189·313.

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CATOLICISMO -

Outubro 1990

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GUSTAVO ANTONIO SOLIMEO

NOTAS (!)ViktorPopkov,"Hierarquiamade inKGB", artigo publicado cm fins do ano passado na revista de emigrados russos_dc Paris Russkaya Mysl.doqualrcvista''30D,as"(marçode l9\l0, pp.66-69)1ranscreveualguns1rccho1. (2)CFr. "A liberdade de fé ccul!o religioso no paísnãofoirestabclccida - oumclhor.nãofo, criada" (Sewerin Bialer, in "Veja'._ São Paulo,

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Escrevem os leitores • Existe o comunismo? Foi condenado? Venhol)('dircscla re.:imen1os

accrcadcalgunspontosrcfercntcs ao "cornunbmo" dccadcn -

tc no Lcstccuropeu. Mcuscolcgas univcr sil:irios di ze m que o comunismo idcaliiado por Marx nllo existe: no verdadei ro comu nismo o E.s1ado inexis-

te e os rnciosdc producao realmente pcr1cnccm à populaçào (coletivismo).Orn,istoniloacontecia no Les1c europeu. Lá o Es1ado ainda se folia presente, até mesmo de modo ditatorial, comrolandot0rnhm.•n1corncra-

nisrno t-conômico, não ha,·cn do propriedade co letiva dos bens. Eles argurncman1, si m, qucoquclàexis1iaéoqucchama111o~dcCapitali1rnodc Esta do. No pensarnc1110 de r-.1arx o

Estadoaindacxistc,,im ,noso cialismo(1ransiçilocmrccapitalismocco rn unismo),rnasjác n fraquccido. Podcmosdi1erq ue o comunismo condenado pelos pontífices é o Capitalismo dl' fatado10qucvoc&. ~CATO LJ CJStl.·10, rC!>pondem? Nàoscrã positho íugirem destas colocações, que nllo 111e 1>arecem tão clcmcn1ares. Sou assinante de CATO I ICISMO e gostaria que publicassem esta cart;t e a re~ pçsta nesia ~cvis1a , para que o u1ros possam ler Wd mi lson de Uma l,u11c~. Juazeiro do Nor1e-CEJ. Rcspo,1 a da Redação: Não há por que íug1r! Vamos às que51ões. Oquescu.'icolcgas lhe di zem - colegas, aliàs, ao que parece.bcmcmrosadosnomarxismo, e bem matreiros - é cm cena medida "erdade, ma.s é apenas uma mcia-\'crdade. E, co mo toda meia -verdade, facilment e !')ode indulir cm erro quem a ouv e, se este nllo for prccavido. Nessesen tid o,!')re1.ado Edm ilron. voei: fez mui10 bem dcsc precaver, enviandonoses1epcdidodeesclarccimcn!O, que atendemos com todo gos10.

A doutrina (ou, sese prcfcrir.ofrcrn:si,a u1 o pia )de Marx compon a de raio. no seu cermo final deaplicaçllo,asociedade!icmclaS$t~,igu:1litãria,anàrquica (no scn!ido etimológico ''an-arquiça", sem governo), intcin11ncnt ccolc1ivista, sempropriedade privada e ~<·111 familia. t a .,ociedadc ,rn1ogcs1ionária, qucconstituiownhodosrocialitas utópicos. A respeito dela. aconselhamos vivamente que leia a magnifica monografia do P rof. Plínio Corrêa de Oli•·eira robrcosocial1 smo francn, imitu lad a '"O socia li smo au10gcstionãri o cm \ISla do comunismo: barreira ou cabeça-depontc1", quetneampla repcrcus~:'l.o mundial, foi publicada cm nunH.·ro~ospaises,cqucCATOI IC ISMO leve a honra de csia mpar cm ~11a edição de janeiro/fevcreiro- 1982 A\sim sc11do, seu~ colegas têmrazlloquandodit.cmqueo fim do co1nurtismo - fim péssimo, aliãs, - é esse. Mas eles nl101êmra1.àoquandoafirmam ou insinuam que o Ca pitalismo de Es1ado que ~1gora ainda na China, em Cuba, no Sudes1c asi/mco. no próprio Lestceuropcucrc., nada1emaver co111 0111anismo. EsscCapi1alismodc btadoéprc1is1oedcsejudo por Mar x como eta pa pa· r~secliegaraotcrrnodocomu F~plic:uno-nos. Marx dizia que a passagem da sociedade capitahs1a para a comun1s1a const11uiaumdcgraumuitoaccntuado, o qual nllo podia ser 1ranspos10 de uma só 1cz. A burgucsia,di1.iacle. ~tàafcrra da a seus pnv1légios. o povoestá habituado a w r dorn mado. O con1unto da população 1cm há.bitos arraigados dos quais n:'l.o vai qucrcrdcsfozcr-sc. Assim . é prcci.~o unrn etapa i111errnediária.durant caqual 0 Estado,a serviço do PC,qucbrcpe la força essas es truturas de podcr, dcstruaos hábilosinveteradosde1crpropriedadcpril'ada e familia, e aplaine o terreno 113raa era113seguintcqucéa

sociedade au1oges1io nária, sem Estadoe im eir amcnt ecoletivista. Na medida cm que o Esrndo ín-;se realizando esse projc· 10,elciria sec nfraqu cccndoa1é desapa rece r. Di1.er, pois,queoCapi!alismo de Estado nada 1em a ver com o mani smo é um blu ff. Ele certamente nào é o fim al mejado pclo 111arxismo . mas ele é pane in1cgran1c da do utrina polí1ica marxisrn. como meio ncccssárioparasechc-garaofim. Capi1alismodeEs1adocsociedadc se m ( stado formam, na visão marxisla, um conjumo cm que o primeiro é o meio a emprcgar e o segu ndo o firn a atin· g1r. l":prcciso levartmcoma ain daqucentrcco111u11is1noc~ocialis111onlio cxis1e nenhurnadi stinção doutrinária csscncial c consis1cnt c. Podem ser u1iliza dos coll\osinõnim oscfreqúen1emcnte o são. O socialismo pode ainda designar um a rcall1.aç1logradual, por •·ia de reformas, do programa comun1s1a. e ncs1e sentido é uma preparação, uma cransiçàoparaelc.

Masni\odei,adc,crsintomático q11c, a1ê aqui, o~ comunbw, e socialis1as de modo gcral evi1avam folar na distinção cn1rc Capiwli~rno de Estado e fosc final do comu nismo. Tal distinção qua~c só crn 1ra1ada nos alam biqu~ 1melcctuaisda esquerda.compoucacomunicaçlio !¾Ira a.\ bases. O comun ismo ru sso e wa~ filiais cubana e outras eram aprese nt ados como p,m1i~os nesta Terra. Agora que o fracas~o do eomunis mo ficou p;uentc aos olhos do mundo;ql1carnisériagenerali1.ada por cle produ1ida ge rou umd;11 nordcdcsco111c111amcnto que a Cortina de l·crro não foi capat de con1cr: que ~e tornou notório quc a subsisiência daqueleregirncatêaquiMlfoi posshcl devido aos altíssimos donati~os recebidos do mundo capitalista;cntão~SC5Srs.pas· s.a.maprtoeupar•sccomdis1inçõesdou1rimlrias,àsquaispouco ou nenhum valor davam na prática. Epassamainda,a par 1ir de agora, a querer li rnpar se da pcc had cseremadmiradoresdocomunismorusw,como quem se limpa de unta lepra Bem que seria necessário um Tribunal para apurar responsa· bi!idadcs. Se cm Nurembcrg se ins1alou.nofimdagucrra, um julgamcn1oparaoscrimcsnazis1as (que foram enormes), por

que nllo ruer uma Nurembcrg tambtm agora para apurar responsabilidades do "CapitalismodcEstado'',qucsccstendcu por muit o mai s tempo, escravizando rrnmcrosos países? Vejase a res peito o cx1raordinário ManifcMo " Comunismo e anti comunismo na orla d:1 úhirna décadades1cmilênio" ,d0Prof. Plínio Corrh de Oliveira, que CATOLICISMO publicou cm suaediçllode março último. Poré m nllo é tal julgamen10 que propugnam esses adeptos de um corn unismo "ncw look".Elcsquercmfa1.er rsq ueccr os 70 ano<; de opressão e miséria comunista~. que o Cardeal Rat li ngertàobc mqualificou como sendo "a vergonha de 11osso tcmpo", para reintro· du 1.ir,po1" o utra svias talvl'l,o rl1CSl110\'Cl1 Cno nrnrxisrn. Norcde passagem, preza do Edmilson, que essa fase final do comuni«no (o verdadeiro marxismo • .segu ndo seus colegas ) ê 1/10 u1ópica e tão çonu:i.riaànarnrcza humana.qucpassadosjã!')ratieamentcumséculo cmciodotança ment o do Mani fcstodeMarx,cssesscusçolcgas confessa m que, na pr:i.!ica, '"o comu ni smo idealizado por Marx não cxis1e". 1: propriament e um fracasso! Rcs1a 1ra1ar de um ponto. O que os l'o ntlíices romanos conde nam é o Capila lismo de Estado ou é o comunismo de Mar xcmsuaex pressãomaisrcqu in1ada edoul rin ária? O que os Po ntífices condenam no comu nismo é o seu conjunco, quer o Capitali smo de Estado,qucrasociedadecolct i vista,aml rqui cacigualitària. Ma s, como não poderia deixar deser,aênfascdacondenaçllo dos Papa \ recai sobrcofim dcs.ejado por Marx, por se r ele contrárioàRcligi/locatólicac à natureza humana . Por sua ,·cz.acondenaçãodoCapitalisrno de Estado decorre não só do fa1odesercle um meio para a rcali,.aç!lo desse p6simo fim, mas rn mbém por conter jàcm .scubojonumtrososingre· dicnt cs daquiloquede.scjarcalizar. Seria impossivel rcprodu1.ir aqui todas essas condenações, tãonumeros.a.sclass!lo.Scgucm apenas alguns exemplos. l )l'ro11rictbdtprl,·adaecolelivismu. O pon1 0 centra! da doutrinamar xista éoco letiv ismo igualit ário, por1anto a aboliç:'l.o da propriedade privada. 'Ê opróprioMarxqucmodizcm scu farnow Manifc~tode 1848: "Os com unislas podem resumir sua 1corianesta fórmu la única:

CATOLIC ISMO - Outubro 1990 - 21


aboliçAo da propriedade privada" (Marx-Engels, Maniíesto do PC. Ed. Vi16ria, Rio, 1963, p .38).

Sobre ino, o que dii a dou trina católica? LrioX lll :"Atroriasocialista da propriedade coletiva deve absolutamente repudiar-se como prej udicial àqueles mesmosaquese quer socorrer,con trária aos direitos natura is dos individuos, como desnaturando as funções do E.nado e perturbandoatranqiiilidade pública. Fique, pois, bem a~nte que o primeiro fundamento a estabelecer para todos aqueles quequerem sinceramcnt eobc m do povo é a inviolabilidade da propriedade privada" (Enc. "Rerum Novarurn", Vozes, Petrópo lis, p. 12). Leio XIII: "A propriedade privada é ded ireitonatural para o homem: o exercício deste direi to é coisa nlo só permitida, 50brctudo a quem vive cm sociedade, masaindaabsoluta mcntcnecessário"(idcm,p.16). J oio XX III : "O direito de propriedade privada , mesmo cm relação a bens empregados na produ ção, vale para 1odos ostempos.Poisdcpendcdaprópria natureza das coisas" (Enc. "Mater ctMagistra",in"Catolicisrno" , nº l29,p. 4). l)Aboliçlod0Est11do.Seus colegas ditem que o marxismo quer a abolição do Estado. É verdade. Oquedizadout rina católica? l,eio Xlll:condcna"ossocialistas e out ras seitasscdiciosasquetrabal hamhfl tantotempo para arrasar o Es1ado até osseusalicerccs"(Enc. " Libertas Pracs1antlssimum". Vozes, Petrópolis, p. 16). J)l1tu11ldadedeclustsede indivlduos.Outropontofundamen1aldoma rxismo éo igualitarismot0ta!, a sociedade se m classes. Vejamosadoutrinaca"tólica: Sio PioX(resumindoeassumindo a doutrina social de Ldo XIII ): "A sociedade humana, cal qual Deusa estabe leceu, é fo.-mada de elementos desiguais, como desiguais são os membros do corpo humano; tornà-lostodosiguaisé impossivcl: rcsuharia disso a própria destruição da sociedade humana .... Distorcsultaquc,segundo a ordem estabelecida por Deus, deve have r na sociedade prlncipescvassalos,pa trõcsc pro lct:irios, ricos e pobres, s:ibios e ignorantes, nobres e plebeus" (Motu Proprio "Fín dei la Prima", Actes de S.S. Pie

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CATOLIC ISMO -

X, Bonne Prcssc, Paris, pp. 109/ 110).

Bento XV: ''Osq uc ocupam si tuações inferiores quanto à posiçãosociale:ifortunadevem conven cer-se bem dcqu e adiversidadcdedasses nasocieda devem da própria natureza.e dequese dcvep rocurá -!a,cm última análise. na vontade de Deus, porque ela criou os grandes e os pequenos para o maior bemdosindividuoscdasocieda de" (A ctes de Bcnoit XV, BonncPrcsse, Paris,tomoll,p. 129). Joio XX III : "Quem Ou!kl. pois,negaradivcrsidadedcclasses sociais con1radi z a ordem mcsmadanalurcza"(Enc. "Ad Pctri Cathedram", Acta Apos10licac Scdi s, Vol. Ll. nº 10, p. 505). 4) Soci11. li sm11 ca tó lico . Ao

afirmarem o absurdo de que os Papas teriam cond enado só o Capitalismo de Estado e não omarxismogcnuino.seuscolcgasparCC<"minsinu arquctpossível a umcatólicoaceitarosocialismo marxista. Vejamos. Ld o XIII : ·'Ainda que os .'i0Cia lis1as,abusandodopróprio Evangelho,afimdccnganarcm mais facilmen1cosespiritos incautos. tcnhamadotadoocosrn me de o 1orcercm em proveito de suaopinillo, en1rc1a ntoadi vergê nda entre suas doutrinas depravadas e a puríssima doutrina de Cristo é tamanha, que maior nào podia ser" (Enc. ·•Quod Apmtolid Muneris", Vozes, Petrópolis, p. 8). Pio XI: •·o socialismo, quer se considere como doutrina. quercomo'ação',seêverdadci ro socialismo, mesmo depois desc aproximar da verdade e da jus1iça nos pontos sobrcditos, não pode conciliar-se com adou1rinaca1ólica, poisconcebeasocicdadcdcmodocornple tamente avesso à verdade cristã .... Socialismo religioso. socialismocatólicosàotermosoontraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista"' (Enc. "Quadragesimo Anno". Vozes, Petrópolis, pp. 4)/ 4).

a Dllllrk) CATO LI C ISMO poderia transformar-se num informativodi:irio(Jo5'8enjaminl-'i lh o, Rio Branco-AC).

• Santa Maria Gorettl Escrevo para parabenizar os Srs. por fa zerem tão excelen te revista que nos ensina muito. Peço para con1arem a história

Outubro 1990

deSant a MariaGorctti(Maria J ac:in llMo nlCi ro Din iz,Ma rianópolis-TO).

• Boa Estou interess ado cm receber 10cxemplarcsdavossaboa revis1a CATOLIC ISMO, de fevereiro (N. A. V~iga Cardoso, Lisboa - Portuga l).

• Ótima Qucrorcnovarminhaassinaturadaóti ma econccit uada revista CATO LI C ISMO (A n1o nlo Cosia Sa mpaio, Barbalha-CE).

• Amais Recebi doi s eu mplares do CATOLICISMO de abril/maio Não me quei xo di sso, muito pelo contrário recebo-os agradeci da . poiso número que me veio a mai s posso usá-lo para da r a oucra pessoa. Aproveito para fclicilã -los por Uo maravilhosa revista e lembrem-se que se mpre podem mandar •a mais' rnaspor favor nunca 'de menos· (Maria de ta Tri nid ad Go ndra, Buenos Aires - Ar gentina).

• Avulsos Quanto ao~ números avulsoseutcnhoinlcresscdosuúmeros l a 180 aproxim adamente , mas posso adquirir somente aos poucos ( Eralidts Hach t"ilho , Curitiba- PR ).

• Informações Fiz uma assinatura anual dessa preciosa revista .... pois não quero ficar desinformado sobre o que anda acomccendo poresscmundoafora(José Rodrii,:ucsdaMala,lJarrciras- BA).

• Campanha Com grande noticiàrio nacional e do mundo. CATOLIC ISMO nos traz alêm disso os csc la recimentas do ponto de visla católico. Con fesso que algu mas vncs quando pessoas me perguntam q ua l a minha opinião sobrede1crminadoassun10,ncstc mundo 110 conturbado, sem a menor cer imônia cu digo: "qucrover primeirooqucvai dizersobre cstcassuntooCATOL IC ISMO. o nde a noticia é correta, verdadeira, a anãlise perfeita e o esc larecimento total. Permit a-me deslacar o numero de julho. Aapreciaçãocomc-ça pela capa C$plêndida, cxprcssi-

va,most randoacampanhaque vem sendo fcirn pela TFP para a libertação da Litullnia. Aqui no Rio 1ambém esta mos empolgados co m a ca mpanha, penso qucorcm lladoscràcxcelcn1c! Aadcsãopopular égra nde. Os jovens se empolgam e dizem muitasvczes: "1.cgal!Sepudessecu assinavaduas vczes. Isto t muito bom". "História Sagrada cm seu lar'· é de grande inte rc~edeenormcap rovcitamen to. Neste número trata de Sodoma e Gomorra, muito oportuno o texto, poisosdiasquc vivemos são bem iguaiseocastigoseràincvi1:ivcl (Silvi11Cerqurira Rei r de P~ ul ~. Rio de Jan ei ro-RJ).

• Biografias Comolcitorasslduodarcvista CATO LI C ISMO so li cito ao predaro rcd atorabiog rafiad os santos sao J oaqu im e Santana e as respectivas datas cm que se comemoram . Idem, sobre Santa Erncslina. Es1as solicicaçõcsad\·ém deum trabalhoque façosobreahistóri ado Municipio de San1a Ernes1ina (onde nasci)eosfestejosanuaisnas respccrivasdatas no citado mu nicípio (João dt Almeida Rollo, S:'l oCartos-S PJ.

• Valo do Roncai (Carta dirigida ao Presidente de TFP-Covadonga, na Espa nha. que nô-la transmitiu): Rccebisuaamãveleartade29Uhimo junto com o número de CATOLI C ISMO que coruém a reportagem cm que colaborei sobre o Vale do Roncal.Saiumui 10 bem. tão pulcra e belarnente editadacornotudooqucosSrs falen1. Se dispuser de um ou doiscxe mpl arcsmais . lhcagradeccria oe nvi o (Rafae l Garn bra Ci ud ad. Madrid -Espanha)

• Abaixo-assinado Em chegando de viagem, depa ro com as revistas CATOLI CISMO. Fiquci exultante porque a aprecio muito e mais porqucdcipequena,porêmcsforçada contribuiçãoparaasadesõcs de abaixo-assinado(pelaliberdadcdaLitu ânia ]quea lingiua lto número. O que muito admiro cm CATOLIC ISMO é a coragem em apresentar denúncias. a universalidade e precisão das noticias nos menores deta lhes; est ilo escorreito do principio aofimeabclezadascapas(lr11ce ma Coelho. Conselhei ro Lafaietc-MG).


TFP na colônia lituana Na Paróquia de São Casimiro, da colô-

nia lituana da capital paulista, cooperadores da TFP participaram das festividades em honra de Nossa Senhora Auxilio dos

TFPs em ação Caravanas percorrem o País pró-independência da Lituânia Seis caravanasdesóciosecooperadores daSociedadeBrasileiradeDefesadaTradição, Familia e Propriedade percorreram, nos últimos meses, numerosas e importarites cidades do norte, nordeste, centro e sul doPals,nacampanhadccoletadeassinaturas pró-independência da Lituânia. Além das conhecidas capas rubras e dos grandes C!itandartes, os 1oques de fanfarraderam umrcakeespecia!àcampanha,

Enfcrmos,tendotambémcoletadoassinaturasparaoabaixo-assinadoemapoioàindependência desse pais. No Salão Paroquaial, o Sr. Francisco Javier Tost, daTFP, relato u aos presentes osprincipaislanccsdacampanha,queentãojácontavacom4,6milhõcsdeassinatu-

que foi noticiada com destaque em órgãos de imprensa locais, "Em algumas cidades, como por exemplo Fortaleza, muitas pessoas não apenas subscrcviam o texto do abaíxo-assinado, como também queriam conversar, reforçando sua repulsa ao comunismoeexternandooapoioàcausadaLituã nia",comentaOrlandoLira,umdosparticipantcsdacaravana, SegundoinformouaSl-crctariadaCampanha, que coordena o abaixo-assinado em todo o Brasil, ao longo de três meses foram obtidas 2,7 12.437 assinaturns em 104 cidades de nossa Pátria. No Exterior, as assinaturas obtidas pelas demais TFPs e Bureaux-TFP em 19 países atingem a cifradc l. 917.865. Assim, o total de assinaturasem todo o mundo édc4.630.302.

Foi consldflrável o número de pe,-s que sulncreveu o slnl/11o-ssslnado da TFP na cspllsl parttenn

CATOLICISMO - Outubro 1990 -

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TFPs em ação Na Argentina: grande derrota socialista

Uma reforma constitucional de inspiração socialista e totalitária O Htudo da TFP ar9entlm1,com68 páglnH, denunciou o conteúdo e•tremamenle soclalistaeantlcrlstllo da reformada Constltulçlod• ProvlncladeBuenos Aires, favorecendo des~ modo a vitória do "nllo" nopleblscltoreallzado em agosto último

CoMO FRUTO de um "consenso" entre os dois partidos políticos majoritários argentinos - o Justicialista e a União

C[vicaRadical-olegislativodaProvíncia de Buenos Aires aprovou, em fins do ano

passado, num trâmite inusualmeme rápido (pouco mais de uma semana), a rcfor-

made98 artigosda Constituiçãodessa Província. E, cm abril deste ano, o Governador Antonio Cafiero convocou os cidadãos a pronunciarem-se em plcbiscito(aser rea-

lizado cm 5 de agosto) pelo SIM ou pelo NÃO sobre o novo texto proposto, com o qualscpretendiaabrircaminhoàreforma da Constituição Nacional. A Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade {TFP) de+ nunciouoconteúdoextremamcntcsocializante e anticristão da reforma, bem como aausenciadeumdebateprofundoeamplo

2• - CATOLICISMO - Outubro 1990

que abrangessetodosossetoresdaopinião pública. Para tal, publicou um estudo de 68 pãginas sobre o tema, imitulado "La reformaconstitucionalbonaerensealaluz delasenseilanzastra·Jicionalesdelalgle sia'' {Comissão de Estudos da TFP argentina, composta por Jorge Maria Storni, A!ejandro Rómulo Ezcurra Naón, Luís Eduardo Dufaure Martin Jorge Viano). Amb[guo, o novo texto constitucional daProvinciadeBuenosAiresgolpeiagravementeapropríedadeprivadaealivreiniciativa (que ficam limitadas ao "marco" de uma indefinida "função social"), promove o intervencionismo estatal em todas as ordens, concebe o trabalho como um "dever social" (com o qual dã um passo rumo ao estabelecimento do trabalho forçado),transformaosmunicipiosemminiditaduras capazes de criar novos impostos e

deexpropriarosbensdosparticulares,ameaçaocnsinoprivadoesubvertcosfinsda educação ao suprimir, como finalidades da mesma, a formação do caráter dos meninos nos princípios da moral cristã e no culto das instituições pátrias. É necess.ârio constatar que, apesar de algunsaspectospositivos,areformaemseu conjuntocontradizosensinamentostradicionaisdalgrejacamcaçagravcmemcaordcm socialcristãnopais.ATFPconvidaoeleitorado a votar NÃO, quer dizer, a recusar a nova Constituição, e coloca todos os seus esforçossobaproteçãodaVirgemdeLujãn, Rainha e Padroeira da Argentina.

A voz da TFP chega a toda a província de Buenos Aires Sócios e cooperadores da TFP pl3lina - com suascaracterísucascapaseestandartes vermelhos, acompanhados de uma bandademúsicadaentidade - realizaram uma intensa campanhadedifusilodo refcridolivro(duascdiçõcs, 7.000exemplares), assim corno urna profusa distribuição de volamestanto,nointcriorda Província como na Grande Buenos Aires, ao longo de todo o més de julho Propugnadores da reforma socializante emdiversasocasiõcstentaramprovocartumultos para interromper a campanha da entidade,invariavelmentepacíficaecortês. Um resumo do livro foi publicado em mais de 30 diários ou semanários, assim como ocorreu a emissão de numerosas reporta gens por rádio ou televisão de alcance regional. A entidade feichegar ainda ao grande público um último apelo em favor do NÃO através das pãginas de "La Nación" e de "Crónica", este último de grande penetração nas camadas populares, sob o suges1ivotitulo: "A TFPpedcum voto responsá vel". A imprensa internacional - como "El País" de Montevidéu, "Diario 16" deMadri, "Folha de 5. Paulo"e "OEstadodeS. Paulo" - feiecoágrandcrepcr cussãoobtidapelaentidade. Outras forças vivas da Província tam bém trabalharam meritoriamente, nos ambientes que lhe são próprios, pela rejeição da reforma constitucional proposta. NodiaSdeagosto, oeleitoradobonac. rensedeuumgrandctriunfoaoNÀO,que reeebeu67"lo dos votos, enquanto o SIM alcançava 33% ... Resultado que superou todas as expectativas se levarmos em consideração que no mfs de abril p.p., as primeiras pesquisas revelavam 46% a favor doSIMctãosóuns9"loafavordoNÃ0. Oqueocorreuparaproduzirumareviravolta tão espetacular? Bem analisada a realidade pode observar-se que, acima das preferências politico-partidãrias em jogo, aopiniãopúblicapercebeuofundoideológicodareformaereagiucontraointervencionismo estatal e o socialismo, e em favor dapropriedadeprivada,alivreiniciativae as tradiçõcscristils argentinas; reação que, dada a homogeneidade dos resultados em toda a Província, demonstra que é de todos os setores sociais. EmboahoraparaaArgentin,a! MARTIN VIANO


TFPs em ação Neo-funerais de Allende levantam indagações SANTIAGO DO CH ILE -

ldênticasinterrogaçõcs-sali emaainda a TFP chilena - podem ser também le• vantadasapropósitodasatuaisrelaçõcs en1rea Igreja e o comunismo.

Anlt as

homenagens póstumas a Salvador Allcnde,

promovidascomoapoiodoArcebispado, do Governo, do PC e outros partidos poli, ticos, cm sc1embrn passado, a Sociedade C hilena de Defesa da Tradição, Familia e

Propricdadepublioou,nojornal''EIMercu, rio", um substancioso comun icado. Nele, salicma que a consciência de inumeráveis católicos, desorientada por tais funerais, clama por uma elucidação

&-gundoalógicadorcgimcdcmocrát i-

covigenlenopaís - rcssal!aa TFPchilc, na-éperfcirnrncntcconccbivelqucossaudosistasdcAllendcsecrnpenhcm na "reabilitação" de seu perfil polí1ico, vis1ocom jusrnsobjeçõcs por numerosos chilenos. làrnlxm crnconsonânciacom tal rcgimedemocrático,éprecisorespeitarodirci1odcmanifes1ar-sequccêmaquclesquces1ão cm <ksacordo com os prindpios e a condu1a do malogrado líder marxista, e que desejem comestar os elogios indevidos qucsãoagoraaeledirigidos. A recordação sentimental dos amigos de Alkndc não pode emudecer os que defendem a verdade histórica. De foto, Allcnde se declarava adepiodomarxisrnoccfctivamentepretcndcu implantar no Chitc o mesmo regime cujo Fracasso cm 1odo o mundo é hoj e pu blicameme reconhccido. Associando-se a recente manifes10 do Prof. Plinio Corrh de Oliveira, a TFP chilena imcrpcla os chefes do comunismo soviMico e seus agentes nos diversos paises, que man1iveram por canto 1cmpo, ou tenta ram implamar, um regime de misêria e dor. "Dizer a verdade não impede o respeito pelos mortos, ainda que sejam suicidu (como foi o caso de Allendc], e a oração pela salvoção de suas almas", destaca o manifesto da TFP. Por isso, OI membros da emidade rezam pela alma do falecido presidente, pois só Deus sabe se, tocado pela graça no último momento, tenha fei toumatodecontricãopcrfeitaesesalvado.

Indagações O documento da TFP chi~na, depois de serefcriraoclimadcconfusãoeambiguidadccomquechefcscomunistaseatéautoridadcseclcsiâsticasccrcaram, na época, osuicidiodcAtlende, refere-seáambigiiidadecriada pelos atuais funerais de um declarado ateuemaçom,naCatcdraldeSamiago. Tui cerirnõnialcvantadivcrsasperguntasdamais transcendcntalimportãnciaparaadcvidainformação dos católicos chilenos: São ainda algrejaeaMaçonariaadverWioscomoscmpre o foram? Ou houve en1re autoridades cdes.iáslicas e maçônicas; cm algum ignorado local, umatall'C?ignorada reconciliação? Eporquc11ntaobscuridadenisso?

Idéias claras, requisito indispensável no debate eleitoral peruano LIMA-Apósnêsmesesdesdeaascensão do Presidente Alberto Fujimori ao governo, no decorrer dos quais foram torna dasrnedidaseconõmicasdeimpac1oecontrovcrtidas, uma pergunta paira noar: por que 1aís assuntos não foram amplamente debatidospeloscandidatos,cmsuacarnpanhaelcitoral? Deve-scres!>llhar,nesscscnlido,queeKa• tamemcnopcriodoqueamcccdeuoscgundo turno das eleições presidenciais de junho úl1imo, o Núcleo Peruano Tradição, Familia e Propriedade dirigiu uma carta aberta ao então candidato, engenheiro AI· beno Fujimori. Nela, analisava a situação pcruanacsolicitavasuaclarad cfiniçãoacer• cadcv:lriosproblcmasqueafligcmopais, de modo a permitir uma fáci l e segura escolha por parte do eleitorado Ar10ruando a caótica situaçfo a que as reformas socialistas anteriores reduziram a oação, agravada ainda pela viol~ncia lm• placável do terrorismo, o documemo da quela en1idade advertia que uma 1en1ativa de eví1ar a abordagem de tais pomos no debate eleitoral comprometeria a própria autemicidade democr:i1ica. O documento solicitavatambémdocandida1oumesclare• cimento sobre as ver5.ÔCS que o apresen1a vam como figu ra-de-proa de um agressivo movimcmoprotestante ,compropósitosrcivindicatórios bastante questionàvcis ante oEstadopcruanoeque,àsvezes, manifestava franca hostilidade cm relação à Igreja Ca tólica. . Ao concluir, levando em consideração o fracasso do socialismo tanto na Rússia quanto no Peru, a carta-aberta do Núcleo Peruano Tradição, Familia e Propriedade indagava se o eleitorado poderia esperar do candidato o propósito de não reincidi r nesses erros. Ou ainda, na hipó1cse de ou tras ahernativas, quais seriam estas, eutamen1e. Tumbém ao então candidato Ma rio Vargas Llosa. o Núcleo Peruano Tradição, Família e Propriedade di rigiu apelo no senti• dodedcfinirváriospontos de sua plataforma. Entre estes, Focalizava espccia lmen1e o se ntido de "modernização do Peru" , palavra-chave muito utilizada na campanha eleitoraldessecandidato,cujoscntidonão ficava claro. Odocumentoindagavaseela oonteriaarejciçãodetivadosdesacredi1adospri nclpiosman:istas,ouentlo,oaban dono da moral católica tradiciona l. O

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CATOLICISMO - Outubro 1990 - 25


Corrigindo Nosso Senhor! "Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio" (São Luiz Maria Grignion de Montfort) Deu,crlouumalnlmlzade perpétuafmll'IISHf1Wnta (odemônlo)eamulher (figura de Nossa Senhor11),

e também entre o, segi,ldoreadodern4nloe oalllhoadeNoffll

Senhora. - EKultura do tfmp11no de um, das portas

,...._,,\Y'_

I.NIMIGOnão ex!.ste":talé o titulo de um artigo do Pe. Virgí lio, SSP(I). Sejãotítu-

lo causa espécie, o conteúdo amda vai além. Fica-se pasmo de ver como num artigo curto o saccrdotc conseguiu oolocar talllosdisparates. Assim se inicia: "Deus não criou inimigos para nós. Criou apenas amigos, irmãos e companheiros de viagem. O inimigo não existe." Ora, é inscll5ato dizer que se Deus não criou inimigos então o inimigo não existe. Por acaso não se rebelou contra Deus, por inveja, parte dos anjos, após terem sido criados,tornando-seapartirdaidemõnios, inimigos do Criador e de todos nós? E quantos homens seguem o caminho do mal, escolhendo ser inimigos de seus irmãos! Este Ultimo fato, por exemp lo. é ·de observação corrente, e para constatá-lo nem é preciso fé, basta bom senso. Masjã que fé e bom senso parecem ausentes do artigo do Pe. Virgílio, citemos para conhecimento do leitorduasafirmações- entremuitas outras - do próprio Nosso Senhor: "O inimigo que semeou (a cizânia] éodemõnio"e"Osinimigosdohomem (serão)os seus próprios domésticos" (Mat. 13, 39 e 10,36).

Inimizade perpétua Ademais,senãosequertropc:1;ar,épreciso andar com cuidado ao afirmar que Deus não criou inimigos. Após a ação de tentador dos homens exercida no Paraíso 26 -

CATOLICISMO -

Outubro 1990

lateralsdscatedralde Notre Deme, em Paris,

representando a história doc/6r/go Teófilo.

pela serpente infernal, Deus criou uma ínimiude perpétuaentreaserpcnte(o dcmõ· nio)eamulher(figuradeNossaSenhora), e também entre os seg uidores do demônio cosfilhosdeNossaSenhora: "Porei inimizades entre ti !serpente] e a mulher, entre a tua posteridade e a posteridade dela" (Gen. 3,15). O grande apóstolo marial do sé(:ulo XVIII, São Luiz Maria Grignion de Mont fort, assim comenta em sua ''Oração Abrasada" essa ínimizade: "inimizade toda divina,aúnica[óDeusJdequesejaisautor''(2). Éclaroqueinimizadesporrazõesdeinteresse, vanglória e outras provenicntes de defeitos humanos, deve-se fazer o possível para que cessem. Mas entre os filhos da luzeosdastrevas "Deus promoveu e estabeleceu uma inimizade irreconciliãvel, que não só hã dedurar, mas aumentar até o fim" (3). Ora, o Pe. Virgílio, sem qualquer base na doutrina católica, negaafrontosamenteessesensinamentoscomosefossem fá.bulas. Para e!e: "Disseram-nos que existem ... osinimigosdalgrejaeatéosinimigos deDeus eda fé"!

Ódio aos iníquos Da suposta não-existência de inimigos, osacerdotet iraasconseqüênciasmaisdescabidas,comoporexemploqueospaisnão devembateremseusfilhosparaeducá-los: "Até em nossas crianças somos capazes de vislumbrar inimigos; mas os tapas que nelas aplicamos não servem para educá-

las". Mais uma vez a Sagrada Escritura, que o Pe. Virgílio faria bem em ler, odesmente: "Aquele que poupa a vara, odeia seu filho; mas o que o ama corrige-o continuamente" (Prov. 13, 24). Porfim,osacerdoteacenaoom seuargumcnto máximo: "Com facilidade esquecemos o mandato de Cristo: 'Amar os inimigos'. Amá-los justamente porque não dcinimigossetrata,esimdeirmãos". Como fica claro, o próprio preeeito de Nosso Senhor incomoda o Pe. Virgílio, pois tal mandamento supõe a existência de inimigos a quem amar. Não seria possível amar os inimigos se eles não existissem. Ecomoosacerdotenãoquerqueclesexis1am põe-se a corrigir o próprio Nosso Senhor, dizendo: "não de inimigos se trata, e sim de irmãos"; como se o Verbo Encarnado pudesse ter-se enganado em sua afirmação! Maisainda, NossoSenhorteriacometido uma injustiça ao qualifi car de inimigos, os que na verdade são irmãos. É o que claramente se deduz das afirmações do artigo. Masnãodevemseramadososinimigos? Sim, como diz Nosso Senhor, devemos amar os nossos inimigos pessoais, como aqueles que nos querem ma! por alguma razão material ou de amor próprio. Mas quandosetratadeinimigosdcDeus,entreguesao mal sem desejodeseconverterem, aí então devemos combatê-los. Ta! é o ensinamento de São Tomãs de Aquino: "O ProfetaDavidteveódioaosiníquoscnquanto iníquos, odiando sua iniquidade" (4).

A quem aproveita? Por fim, impossível é não perguntar quais os objetivos desse artigo ao afirmar anão-existência de inimigos, no momento mesmo em que inimigos se instalam por todos os lados na Igreja. A tal ponto que Paulo VI afirmou ter "a sensação de que por alguma fissura tenha entrado a fumaça de Sa!anãs no Templo de Deus ..... Acreditava-se que depois do Concílio viria umdiaensolaradoparaaHistóriadalgreja. Veio, pelo contrãrio, um dia cheio de nuvens, de tempestades , de escuridão, de indagação, deincerteza ..... Como aconteceu isto? .... a intervenção de um poder inimigo. O seu nome é diaOO" (5). A quem aproveita, pois, a afirmação de Pe. Virgílio senão aos~~~~is~~; LOPES NOTAS (l)·'ttoraRogional' ".Adamantino-Sl>,18/2/ 1990(Jo,. 1 1 {2) ·'TU1~do Ja v,~d.ui<ira i S..ntiS<in,a Vir gen,"'.Vo, ... re1,ópoli,,12'«1kilo,l98l.p.J06. ll)ldem,p.S4 {4J""SumoTcolôgica'".llalla<. a. 6ad 1 ~~-" fJ~~\;_n ti di raolo VI'". ro1;g101a Vaticana.

~,;,_ló

~!


História Sagrada em seu lar -

Jacó - Israel ' 'EsAú ODIAVA sempre Jacó por causa da benção com que o pai o abençoara, e disse' cm seu coração:. cu matarei Jacó, meu irmão. Escascoisas foram referidas a Rebeca, a qual, mandando chamar seu filho Jacó, lhe disse: ... meu filho,ouvea minha voz, e foge li gei ro para (casa de) Labao meu

innão. em Haran" [na M esopotâmia, atuallraque](I).

Esc.id.i de Juó •·Jacó, pois, tendo parlidode Bersabéia. ia para Haran. E, lendo chegado aum cer tolugar,e, querendo nele descansar, .... dorm iu .... E viu cm so nho s

uma escada posta sob re a terra. cujoci111O1ocavaocéu,eosanjos dc Deus subindo e descendo por ela, e o Se11hor

apoiado na escada, que lhe dizia: Eu sou o Senhor Deus de Abraão,. e Deus de Isaac .... e serão abençoadas cm ci e na tua gcraçllo iodas as tribos da terra. Eu serei o teu protetor para o ndcquerqu eforcs"(2).

có para Canaã (atual Palcs1ina), vime anos depois" (4), levando sua familia e seus rebanhos. Tendo chegado às margens do rio Jaboc,apareccu-lhe,durameanoite, um anjo com apa rência de homem, que ''luiou co m ele até peta manhft. O qual, vendo que o não podia vencer, tocou o nervo de sua CO)la, elogocstcsesccou. E disse-lhe: Larga-me, porque jã vem vindo a aurora. (Jacó) re5pondcu: Nfto te largarei se me 113oabençoares. Disselh e pois (aquele homem): Qual é o teu nome? Respondeu: Jacó. Porém ele dis se: De nenhuma soric te chamarás Ja. có, mas Israel ; porqul", se contra Deus fost e for1e. quanto mais o seràs comra os homens ..... E abençoou-o 110 mesmo lugar .... (Jacó) porém co"-cava dum

n oções básicas "Tu, brael, servo meu, tu , Jacó, a quem cu escolhi; lu, linhagem do meu amigo Abraão, tu a quem eu 10mci das cxtrcmidadcsd,1tcrraechameidosseus países remoto~. e te disse: Tu és meu servo, eu 1e escolhi. e não te rcjcí1ci: não temas porque cu sou contigo; nllo te desencaminhes porque cu sou o teu Deus, cu 1c coníortci e te a ul( iliei. e a dextra do meu justo te amparou. Eis que serlloconíu ndidos e ficarão cobertos de vergonha, todos aquel es q ue pele• jam colllra ti; serão co mo se não fossem, epcrccerlloaq uclcs que ll"Co ntrndi zcm ficarãoredu2idosanadaoshoml"ns qul" te fa1.cm guerra. Porque eu sou o Sen hor leu Deus, que te tomo pela mão. e te digo: Não ,emas. eu sou o que 1c ajudo'"(9). O

pé"(S).

"Jacó com su.i for1ale1.a lutou com um anjo. E prevaleceu cornra o anjo, e ficouvenccdor;chorouesuplicou-lhc''(6). "Apareceu a Jacó um anjo, sob a ap,m!ncia humana, e 1ravarnmcr11rc si uma luia real. Deus. porém, nllo quis que o anjo utilizasse toda a sua força co ntra Jacó,pcrmit indoquc es1evenccsse, para lhedaraespcrançadcquccom maior íacilidade podia vencer Esaíi'" (7). "E Deus aparl"ceu novamente a Jacó e o abençoou dizendo: Não te dmrnarás mais Jacó , mas teu nome ~crá Israel .... Eu sou o Dcusonip01cn1c, cresce ernultiplica-1cinaçõesemultidões de povos nascerão de ti. de 1i pr<X:çdcrão reis. Dar-te-ei a ti e à tua pos1l"ridade depois de ti a terra quedei a Abrallo e a lsaac'"(8).

NOT AS (ll G<n. 21. ~1 -•J . (l) Grn. 1~. 10. 1, . S~o l.ui,. Mari• G11.11ior, dr Mon1frn, ,on1<n10: "'ll.<1.•ndoo 11.m.lrio, dc,,:,:I p;i.<0><'>••"'• • jud1n,•,••llho.ar1,crd>d<lta,•,. cad•d<Jo,;ó.d<quin1.<ll<-g<00•,1"io-Q••"""'' d<.,fludoom,·,11udo.d< lu1cmlo1ccl,q;ar«•r>k· oa.m,nl< . .....,<rro.lpk,Hitud<d.oidado,kJ"'"' C.ó.10" c-·o S<p«lo Adm1Jivd 00 S..n,;.."mo lluwi,,o"', ,n ~ I.U'1. M . G. ""Montfon, 8AC.Mad1Ml, IYS<l,p HI) cJ) M....,, C•nly, f"o,,o ,k 1.,,,....,ào llohpO>:I 11,,.,l><iad• lloh1,:lo •d• lg«J• , AI•<>. Sio l'•ulo, 1,1), r- )9

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~)S~ JoJ.o /1º''";:, lh"ór!:, ~ibl:•,.-: 'V,lti;ti

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l'aulo, 1920,2'cd.,pp . l4·ll IS)G<-!o . ll,24 28 . !6)0.. 1!.H (7jl'cM••"'Soo<<>.ll,bli.aSagrad>,lcd'Wf'I'•"· lina,,Si<>t>..,lo,l,ll.6'ed .• p.S)

IIIG<to.JI.~ ll

l'l)h. 41,1- 1)

Deus permitiu

• J•cóque

vencesseo•n/o, p•ralhedar aesper•nç•d• que comm•lor tacllldade poderia vencer Euú

Dole tribos dc Israel "Jacó aco lheu-se cm Mcsopotàmia na casack Lan:loscu1io"'. eaise casou. ··Ele teve dou filhos. chamados os do1.c pa1riarcas que vieram a scr os chefcs das do1.e tribos de Israel" 13): Rubens, Simello, Levi, Judà, lssacar, Zabulllo, Dan, Neftali, Gad, A1.cr, Josê e llenjamim . Jacó luta co m um ;mjo

" Jacó tornou-se senhor ck muitos servos e grandes rebanhos. Quando Labão pere<:beu quc Jacóestava rico. comcçou a olhã-lo com inveja; um dia o Senhor ordenou a Ja cóquc voltasscpa ra a terra de seus pais. Partiu, pois, Ja -

CATOLIC ISMO -

Omubro l91JO -

27


Ocaso que prenuncia uma aurora

O

s ÚLTIMOS chirõcs do

OGlSO parecem acender ao longe um grande

~~~ê~~:~:r~t:~~c~;t~~/~ ~t~\i~:~

e do mar, pálido mas distinto, um misterioso castelo de fodas À semelhança de uma proa de n',1vio, ele av;mç;;i desafümtc e Jlt,inciro occílno íl dentro, firme e sólido como os rochedos que lhe servem de base. Tranqüilas, as águas refletem, como num espelho. a silhueta eleg;rnte de suas torres, ;;iumentando-lhcs o mistério. O reflexo na superfície h4uida, pela cintilaçi'iu áurc.i do poente, tr.insfigura íl própria rcalidíldc.

Est;;i graciosJ construçiio é umíl réplkíl feliz de castelos europeus. Seus construtores procuríl-

~~mc;~r:~~~~1i~;iôen~c[~~rfda~:~~~r~~~:~i~: mínimos detalhes.

A simetria de suas linhíls, ;i solidez de suas muralhas e a altivez do telhado cônico de ardósia traduzem de modo admidvel o espírito que em outros tempos animou os arquitetos do medievo cristiio. Banhado de luz e voltado para os horizontes sem limites do Pacífico, o pequeno castelo de Vi0

1

e!ºJ~~,~::

~: 1:~~d~d~ d;~r~!di!ç~~ d~1x~~f~~a inspiradas pela Cristandade medieval, o conjunto de nações que outrora formou a Europa Católica.

O firmamento dourado da Civilização Cristã, embora em adiantado crepúsculo, continua presente em aspectos da mentalidade, dos costumes e d.is tradições dos povos contemporâneos, à espera de que, nos .ilbores do terceiro milênio do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o "Sol de Justiça" possa vivific.ir com seus raios uma nova primavera da Fé.



Discernindo,

disti nguindo, c lassificando ..

MEIO CASA, MEIO CEMITÉRIO QUE, co mo A QUELES nós, se encantam com o

cológica.oontavanaocasillo 1erpresenciadoumadiscussllo sobre chocolates. Uma ~ se deliciava ptt(erencialmC11te com os chocolates ingle$CS e Po rt ugal, a arte irnliana, o OOlandeses-varicdadeamar· bom-humor austríaco, a alta ga-enquantooutragostavo mais dos suí~-os e italianos. ~~o=~~ Os chocolates sul~'OS. mais do· de coração ao ouvir falar ccs,crampor assimdizcrmais cm 1mificação da Europa. "bem-humorados e tranqui• Tanto mais que toda a propalos". Os ingleses, deixam os ganda que a esse rcspcito se tâbios um tanto amarrados, faz, nos apresenta os futuros massãoexcelentescdeindiscu· tível sabor. Ou1ra, porém, é a Estados Unidos da Europa como uma espécie de rolo "bonomia" do chocolate suiço e o movimentado e alician. oom prcssoracsmagaraspreciosas caracteristicas naciote do chocolate italiano. Ea5nais daqueles povos, rcdui.insi m iaadiscussllo. No fundo - comentava o dü-"-asàmcsma mass?iguali tária,amo.-fa esemv1da. TamProf. Plínio-notava-seque, bém Gorbachcv se candidata pordetrásdoschocolates,as a SCT parte no bolo, e vive pessoas discutiam uma questão trombcte;rndo suas opi niões filosófica:qual éavisãoque arespei codccomodevcconssedcveterdavida? tituír-se o que ele chama "a Ora,aqucstãodaunifica. casa comum européia". çllocuropéiadcvcriaserdiscu· Fala-se das dificuldades lida nesta profundidade, mas uistentcsparaa realizaçllo nlloo é.Mi mvaielazigueza.· gueandosemsesabcratfon. desse projeto até o ano de 1992, data marcada não s.e de chegará. Ea Europa intci· ra, sentada dentro do trem da sabe bem porq uê. Mas essas di ficu ldades s11.o semp re de Uma /e/ em vigor desde 15 16 garanila li Alemanha, em seu ter• aventura,vaiscrpcmeandopor ca râler econômico: barreiras rl16rlo, reserva de men:ado para sua cerveja, /abrlcada e11c/u. a(,surpreendcntementedcsprealfandegãrias,oonversaode slvamenle com cevada, lüpu!o, levedo e água. Há pouco, po- ocupada com o futuro imxno moed as etc. Ora, o proble· rim, • Comunid.ide Eur~ia obrigou os alemlea a acei1arem, que a aguarda. Amanhã ma da unificação européia em 5eu men:ado Interno, cerva/H lmpo,1adas, mels baralee, !)cus 11ãoopcrrnita - pode· n11.o é principalmente econõ- de Inferior qualidade. Com isso, corre risco a pro11erblal pure, rã cair·lhessobrea c-<1beça umpedaçodatalcasacomum, mico; eleéfunda mentalm en- zadacerve/aa/eml. 1ecultural,eprovémdochoscmquesesaibaporquê. Pare« ter desaparecido queou harmonia dediferen tescu lturasepsioologias.Colateral mcn • melhor, devido ã menta lidade típica de aquela legitima susceptibi lidade naciote também, não hã dúvida, existe uma seu povo, o pais "B", com outra menta· nal, pela qual um povo quer ser ele mes· importante co ntrovérsia econômica. mo e oão quer confundir-se co m outro. !idade, pode não aceitar. Para e111cnder bem a profundi dade Bombons. Há por toda parte, na Eu· Vai -se cvu ncsccndo o próprio senso du dos problemas que se põem, tomemos ropa, bombons deliciosos. Os bombons pátria -comoaliâsodafomilia - an , algunse,,:emplos miúdos: sabonetes, bom- e sabone1cs, ao atravessarem impune. tcs mesmo de estar minada nos csplritos bons, chocolates. "Que artigos frivo- mente todas as front eiras, ocasionam sua noção teór~ca. • • los!'' di rã alguém imbuldoda memalida· uma subversão de gostos, umatransfor· de socialista; "fale-nosdcalimentosbã· maça.o de psi~ologias, urna desarticula· sicos, corno batata e arroi, ou então ç11.odcrncnta hdadesquen!loscsabeat é onde podem chegar. Nesse liquidifica• oom~r~tá~~~? ~i~fºfªc~~~ de moradias e petróleo". Esquecem-se esses objc1antes que o dor dcproducosede nações, não se vl aplicam de modo protoilpico ao Velho próprio de uma grande civilização é ele- oomoevitarqueccrtosrequintcsdacivi- Continentc,berço da csplêndidaciviliza. var a um alto grau de requinte at é as lização caia m e desapareçam ao sabor çllo elaborada out rora sob o bafejo da coisasfrivolas.Frivolidadcdealtaclas• dcaventurasc imprcvistosinsondâvcis. Santa lgrejaCatólica. Maséacaminho lstoéfai.erda Europaurnacasacomum? da República Uni~ersal que esta mos. se é um dos indícios da su bstância de umacivi lizaçllo. Ou é con~!~~ir algo que é meio casa e Hoje são os Estados Unidos da Europa, Sabonetes, a In glaterra os têm elice· meioccnrncno1 amanhã serão os da Aml:rica Latina ou da África, atéseconstituirem os Esta· lentes. Ademais, quase todos os palscs da Europa os produ1.em esmerados. I':. dos Unidos do Mundo. Chegaremos lã? Se chegarmos, teremos então a "casa q_ueocarãterdosabonctcprimorosova. ria de acordo com o temperamento e a O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. de comum mundial", que scrâ também o psicologiapredominamescmcadanaçllo. quem ouv irnosestesoomentârios, lãore- cemitério dasnaçõescdaspersonalidadcs. C. A O sabonete que o p;:iis "A" reputa o aísquamodeallapcrcepçãopoliticaepsi· "charmc"francês,aoperosi-

~~~f/~111:i'tir~rr;~· !:ih~

d~!~ri"J~cs;~:f/

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2 -

CATOLIC ISMO -

Novembro 1990


~AtouCISMO SUMÁRIO NACIONAL Nove mil petições ao Ministro da

Justiçacontraapornografiaevio!ência na TV. Seminário debate o tema em Brasília, mas nada conclui 4 I-IISTÓRIA

A tomada de Ormuz por Afonso de Albuquerque foi um lance glorio-

so das armas portuguesas, ajudadas por um milagre

9

RELIGIÃO Como nasceu a comemoração de Finados ......................... 12

São Leão Magno enfrentou Átila e Genserico,alémdecondenarvárias heresias.. 19

C

ARO LEITOR, feche por um instante seu jornal diário, desligue sua televisão, silencie seu rádio. Vamos juntos pensar um pouco sobre o papel da mídia e111 nossos dias, ou seja, sobre aquilo que se convencionou chamar os grandes meios de comunicação social. Ê apenas sobre um aspecto do problema; não dá para mais. As TFPs realizaram uma grande campanha internacional promovendo um abaixo-assinado pela li bertação da Lituânia. A receptividade popular foi além de toda a expectativa, e as assinaturas se contam por milhões. Os parabéns pela iniciativa se sucederam de alto a baixo da escala social. O que a midia noticiou a respeito? Noticiazinhas sem destaque, poucas, denotando às vezes malestar ou mesmo azedume. Por que essa defasagem, esse distanciamento entre a recep1ividade do público e a da mídia para uma campanha tão simpática? Deixemos a pergunta no ar e vamos a outro exemplo.

DOUTRINA

Cada vez mais prestigiada pela mídia, a figura de Freud aparece como a de um profeta da sociedade do futuro, dotipodaquesetentou

gerar na revolução da Sorbonne, em maio de 1%8

16

INTERNAC IONAL

Na Rússia foltam alimentos, o Exército está em decomposição, alastram-seossuicidios,cresceo núme-

ro de mendigos. E Gorbachev ainda quero socialismo! 20 NOSSA CAPA

DesenhodeCarlosSn!ti

"'CATOLICISMO" é uma publicação mensal

~!..~~:~:.,~~;;, ~l~i:~n~i.!'omes Leda ~·=-~:T~i:'t~-~~; Tobflaslri -

RCJÍ'lra· RNloçio:Ru,Ma11imF,oncisoo.66l - 0lll6 - Slo l'aulo,SP/ Ru1Sc1td<Scttmbrn. l:Ol - l&IOOCamr,os.ll.J Gtrhclo:R""Marlimfronciloo,665 - 0lll.6 - Slo l'aulo.SP-T•l:{011)32J .71CJ t"or...-~k,:(~;rci•.•J11.n•rde11g•••os í<><noci dosPO<" C.1<>1icismo"")BandeirontoS/AG,,1f,cao Editora -RuaMli r•oqur,116 - SloPaulo.SP. t"o1ot110~ D'Arta,nan Ellúdio Gràí,coS/C Ltd-a. H•aS.,ona.7'61194-SkrP•• lo,SP Iro, , _ : At1)>t"ffl - lndir11ri.a Gràf"' e &füo,a L1d-a .- R.. J,,.&.63 1/M9 - 01130 - SkrPaulo,SP Paramudan,;a decnder<Ç(>t....,..,.,iom<ncionartam btmo...itrcçoantito ,Aoorr<$p<)lld<nciarclato .. , ......, . .. . ,.od-a .. ulsa pod<«r<n,i.ad-a à Gem>cia· R.. M111imFranciK<1.66.1 - 0l226 - Skrr,.1o.SP. ~~tsÕi lMC1"natiolW Sm1dard Serial Numl>c< -

Os recentes e espetaculares acontecimentos ocorridos para além da ex-Cortina de Ferro demonstraram que havia ali um dcscomemamento generalizado e explosivo contra os efeitos do comunismo (miséria, opressão, perseguição, injustiças de toda ordem etc.), a ponto de produzir uma erupção: desabaram muros divisórios, foram liquidados chefes comunistas , grandes manifestações de protesto etc. Até a véspera de tais fatos começarem a se suceder, o leitor estava informado pela mídia de que uma tão impressionante efervescência existia naqueles países? Ou, pelo contrário, o noticiário nas suas linhas gerais deixava a impressão 1 de r~1:r~t~~~ã; i~;r~s~loe iu~~;~sr;~~:~:~:~!~as~~~:t~~~~resa e mesmo o assombro que tiveram lugar no Ocidente, quando de repente se percebeu que o mundo comunista entrava cm convulsão. Não estávamos informados de que tanto descontentamento germinava por lá! Por que não nos informaram? E se tinham dificuldade cm ali penetrar (o que, dados e recursos internacionais da midia, é difícil admitir) por que ao menos não lançavam a desconfiança? Mesmo agora, procura-se apresentar ioda a liberalização que por lá ocorre como efeito da ação de um só homem, Gorbachev, apesar de que este várias vezes já disse ser seu desejo manter o comunismo; sem falar de que se trata de um líder bastante desprestigiado na própria Rússia.

::,:r:

Diante de ta is fatos, apenas exemplificativos, não é de estranhar que também no que se refere à imoralidade e à violência, a TV - pois a ela especialmente queremos agora nos referir - es1eja bastante defasada em relação aos anseios do público brasileiro . A enxurrada de pornografia que o vídeo despeja diariamente dentro dos lares vem encontrando uma reação sadia. Associações se organizam para dar voz a essa reação e obtêm , dé uma hora para outra, adesões cm penca. O Ministério da Justiça se vê invadido por milhares de cartas de protesto e de pedidos de providências. O Ministro convoca um seminário, debatese o tema ... Conclusões não houve. Por quê? Bem, não vamos nos adiantar . Nas páginas internas o leitor encontrará a históría dessas reações, dessas cartas, desse seminário.

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Seminário debate pornografia e violênc:a

TV

Posições inaceitá veis - Calor nos debates O SÉCULO XX "o espírito de impureza, à maneira de um mar imundo, correr.li pelas ruas, praças e logradourospUblicoscomumalibcrdad.e assombrosa". Esta profecia, feita diretamente por Nossa Senhora a Madre Maria na de Jesus Torres, no século XV II, no Equador,cumpre-sehojecom rcqui11tesentllo inimagináveis. Mas o que os homens daquela época não podiam sequer s uspci tar, i:: que a imoralidade cnoomraria no stculo XX um conduto privilegiado para transvawr dentro dos próprios lares, nas mansões como nas favelas: a 1clcvisao. E de 1al modo a TV brasileira 1cm servi-

do como ponta-de-lança para esse avanço assustador da impureza - e, dentro da TV, as novelas - que muitosjà se escandalizam com ela, e protestam. Fii.eram subir sua indignação até o Poder Público, a quem incumbeamissãodcvclarpelosbonscostu mes. De foto. em lugar de se transíormar - coisaquenãolheeornpetc - numsu per-empresllrio, dominando grande parte Enqu11n10 o Minl,tro Bernardo c,1:1n1 • prapar11 para dar Inicio 11M trabalhos, o Dt-. Tire/o sampaio Famu Jr.

O organizador do iutmln1'rlo, Dr. C.rlo, Eduardo da Araüjo Lima

•Jelta • pllh• de petlçõe, que perm,neceu aobre • mH• duranla lodo o tempo da HAio Inaugural

da economia nacional, o Estado brasileiro tem entre seus deveres mais sagrados o de impedir que o crime e sua irmã, a pornografia,sealastrempclo Pais.

Começa o Seminário Taisrcclarnosdaopiniãonacionallevaram o Minis1trio da Justiça a promover um seminário intitulado "A problemãtica da Comunicação de Massa: Reíle,iõcs e soluções", cm Brasília. nos dias li a 13 de setembrollltimo.Jãnaspalavrasdcabertura dos trabalhos, o Dr. llcrnardo Cabral, MinistrodaJustiça,aprcsentavaasrazõcs daquela rcali1.ação: "ao longo desses dois últimos meses quase 1800 cartas, pedindo providências enérgicas do Ministtrio da Justiçaeaclas(sejuntam)umbomnúmero deeJtpcdicntcsde Cãmaras Municipais dos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerai s". Adcmais,oGovcrnopareciaprcverque as rcclamaçõe5continuariam acrescer. O 4 -

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organi1.ador geral do evento - qlle foi tambtm o moderador cm todos os painéis rcalii.ados - Dr. Carlos Eduardo de Araujo Lima, Secre1âdo Nacional dos Direi1os d~ CidadaniaeJustiça(secretariadodcpcndente do Ministkio da Justiça), alirmou, ainda na sessão inaugural; "decidimos nos antecipar a uma carga maior de reclamações (e)deadmoeiilaçõcsdasociedade". Etiuha razão, pois nessa mesma sessão de abertura a associação "O Amanhã de Nossos Filhos" entregou ao Ministro Cabra! mais 8milcartasdcprotcstocon1raaimoralidade ua TV (ver quadro). Acrescentou ainda o Dr. Araujo Lima que o simpósio visava: "um consenso ondeo graude beneíiciado seremos nós". Esta sessão inaugural íoi muito prestigiada. Fi~eram parte da Mesa - além do Ministro Cabral e do Dr. Araujo Lima o Almirante Mario César Flores, Ministro da Marinha; o General-de-Brigada Niaho Bastos, reprcsentaudo o E~ército; o Prcsi· demedoSupcriorTribunalMilitar,repre-


sentandoosTribunaisSupcriores;umsenador, representando o Senado Federal; o Embaixador do Chile, representando as embaixadas; e o Dr. Tércio Sampaio Ferraz Jr., Secretário-executivo do Ministério da Justiça Alémdasessãodeabertura,realizaramsecincopainéis,cadaqual com um palcstrantecdoisdebatedoresespecialmenteconvidados, E com possibilidade para o públicopresente,ao finaldasexposições,dirigir perguntas por escrito aos componentes da Mesa. As sessões tiveram lugar, inicialmente, noauditórioPctrônioPortella,doScnado, e foram depois transferidas para o auditório do Ministério da Justiça. chamado làncredo Neves. Como convidada especial para todas as sessões, participando da Mesa e com direito à palavra no final das exposições de cada painel, - com uma presença, portanto, que parecia destinada a pronunciar um comentário de caráter quase oficial sobre o que fora dito - estava a Profa. Rose MarieMuraro,conhecidafrcudianaemarxista, ligada á Editora Vozes (dos padres franciscanos de Petrópolis). scn~r ~NBB, convidada, não se fez repreNão pretendemos nesta reportagem dar uma idéia global de tudo quanto noSemináriosetratou.Scriaumnãoacabar. lnsistiremosmaisnosaspectosmoraisalidebatidos - freqücntcmentcnumaclave contrária à moral católica tradicional - pois são estesaspectosquemaisdizem respeito aos reclamosdaopiniãopúblicacontraaimoratidadc na TV.

"Não sei se é nazismo ou não" Ao contrário do que se poderia esperar de um seminário convocado para "rcílexõeseconclusões" arcspeitodaproblemáticadacomunicaçãodcmassa,osexpositores queali <leram a no1a tônicadefcndiam teses freudianas, radicalmente opostas à moralcatólicaemcsmoàU:inatural. Enquanto respaldavam o mais comp leto permissivismo sexual, criticavam a 1ransformação da sexualidade cm "artigo de consumo", abraçando assim um típico slogan do comunismo contra o capitalismo. O Dr. José Angelo Gaiarsa, por exemplo, constituiu-se num espetáculo à parte no seminário. Foi palestrante no primeiro diacpermaneceunoauditóriodurantetodoosegundodi11.,sendonovamentechamadoafazcrpartedaMesa. Emboraotrajedaquasetoialidadedos homens presentes fosse o tradicional paletóegravata,oqueparaosdiasdehojeaindaconfere umacertaseriedade c distinção ao ambiente, o Dr. Gaiars.a resolveu apresentar-se de modo bem diverso. Não obs-

"O Amanhã de Nossos Filhos" Imoralidade e violência na TV geram campanha de protesto

V

EM GANHANDO corpo na sociedade brasikira movimemos de sadio rcpüdio aos programas e comerciais que, na televisão,expõemcenasafrontosasàmoral e a~s bons costumes, ou exploram a violência. Comoé<leconhecimentogcral,muitos programasdetclevisão,sobrctudonovelas, disseminamumverdadeirofestival<lesensualidade e depravação, de incitamento dissimuladoaoa<lultério,áhomosscxualidadc, á prostituição, à criminalidade eá violên.cia,comaagravamcdepcnctrarcm cmm1lhõesdclares,nãorespe1tandonem ohorárioditonobrc,emquemaisfreqiientementecriançaseadolescen1esscencontramdiantedovideo. Recente pesquisa realizada pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo a pedido da revista "Veja" fe:zacontagemdascenasdenudez,pornografia e violência mostradas ao longo de uma semana pelas maiores redes de TV, Osresultadossãoalarmames: "foram disparados1.~0tiros,houvc886cxplosões e 651 brigas. Comaram-sc 1.145 ccnasdenudez,parciaisoutotais"("Veja", 4-7-90). Conformearevista,umacriançabrasileirade5anosqucfiquenafrentedoaparelho duas horas por dia, ao fim de um anoterásidoexpostaal.168piadassobre sexo, 7.446 cenas de nudez e a mais de 12.600estampidosde tiros. Até atingira maioridade,cssacriançateriatomadocontatocom IS.184a~nc<lotasdesexo,96.798 cenasdenudezemaisdc 163.000tirosl

Reação Diante de tanto descalabro, surgiram 3~s re~:~':!~sn~::ra~e1~!ri~ sf~i~~~\~~ Paraná, Santa Catarina, Minas e Ceará. Dentre esses movimentos, um vem sedestacando, com scde na capital paulista, organizado por um grupo de pais e mães, e que leva o nome de "O Amanhã de Nossos Filhos". Sociedade cívica, de fins não

econômicos nem lucrativos, vis.a conhecer earticularnummesmoesforçotodosaque-Jesqueestãocom identicaspreocupações arcspeitodobaixonivelmoraldamaioria dos programas televisivos, Desta maneira poderão constituir uma corrente de opíni!losuficientementenumerosaeinflucnte,cujaac!lovisascnsibílizarosdiretores de TV no sentido de melhorarem o nível moral e cultural de seus programas, e o próprio Estado, para que exerça sua funçãodeprotctordamoralidadepüblica. Atualmcnte,aentidadeestáempenhadaempromover,pelosistemademaladírcta,juntoacentenasdcmílharesdcpais de familia, uma petição ao Ministro da Justiça, aquemjà foram encaminhadas, nocurtocspaçodedoismeses,9.000petições(veraolado"Novemilpaisangustiados ... "). A mensagem recebeu a adesão, atéomomcnto,deseteArccbisposc Bispos, ll6sacerdo1cse69religiosas. As atividades da associação repercutiram até em Roma. Recentemente, foi ela distinguida por uma carta do Emmo. Cardcal Edouard Gangnon, presidente do PontificioConselhoparaaFamilia,umimportanteorganismodaSantaSé. Na missiva, o Cardeal Gangnon felicita "o esforço mcritórioqueaassociaçãodesenvolveparasensibilizaraopiniãopúblicaem vista da imoralidade na TV", Desde abril de 1989, quando iniciou suasatividades,aassocíaç!lo "O Amanhã de Nossos Filhos" recebeu missivas de apoio de 6.685 país de família, bem como a adesão de dezenas de autoridades eclesiásticas e civis, identífkadas com os fins da associação. MuitomarcantefoioapoiodeD.Marcos Barbosa, respeità1·el monge beneditinodoRio,conhccidojornalistaemembro da Academia Brasileira de Letras, o qual deupublicidadeásatividadesdaentidade, uravés do programa "Encontro Marcado", na Ràdio Jornal do Brasil, bem comoem suacolunasemanal noquotidiano do mesmo nome, Os leitores que quiserem fazer chegar suaadesãoaomovimen10,oupedirmaioresexplicaçõessobreomcsmo,podemescrever para: "0 Amanhã de Nossos Filhos", Rua Maranhão, 620, sala 13-c, CEP 0!240, São Paulo, SP

Senhoras, de Srasi/111, simpatizantes de "0 Amanhl da Nossos FIihos", contemplam a pilha de petlç68a antreguea aoM/nlstrodsJustlçt1.

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A. esquerd•, o Dr. C•rlo• Edu•rdo de Arsü/o Lima; Oalmo D•llarl (ao cen tro} preocupado com a regulam,ntaçlo con,llluclonal, prop6•, porém, uma tímida soluçlo: apenas clas,lflcar o, ,,,-og,,ma, rH TV; Luiz Eduardo Bo'flltrlh pediu um conMnso enlre os rmrios de comunlcaçlo, r,,J,.ndo lambéffl estabelecer um slsl,ma claultlcatórlo. tantcsuaidadejáprovccta,apareceudetê· nis, com um bonezinho vulgar à cabeça, camisa csp,orte de mangas curtas, e carregando sobre os ombros uma malha de lll multicolor,queoraatiravadisplic:cn1cmcntcsobrcamcsa,oradetasercvcstia,enfian• do-a pela cabeça, com atitudes um tanto grotcscas.Mcsmootalbonezinhocostumava viajar,durante ases.são,desuacabeça para a mesa e vice-versa. Os1entava assim um comportamento que muitos consideraram destoante do ambiente, contribuindo para diminuir a seriedade e compostura dos trabalhos. Suas idéias eram consen1ãneascom esse comportamento: - advogou a destruição da familia ''bonitinha, que todos conhc«mos", isto é, baseadanocasamentomonogfünicoeindis• solúvel; - querum1ip,odceducaçãocompulsó· ria para os pais; perguntado se isso não seria uma prática nazista, respondeu não saber se isso é nazismo ou não: mas insistiu, de alguma forma, na necessidade de uma l-ducaçãocompulsória, - disse, cm tom de mofa, ter tido já quatro familias (não ficou claro se sucessivas ou concomitantes); - referiu -se a Karl Marx como o "Mestre Marx"; -contrário à censura;

transmi1idas pela TV. Essa posição a adotou não em nome dos princípios cristãos, nemparasat,·aguardarafarn ília,ncmrncsmo Por pudor ou rttato. Simplesmente porque a exploração da imoralidade, como da violência, pela TV sedcveria-scg un do ela - à socicdadcconsu mi sta cm que vivemos. Entãoépor sercomraocapirnlismo, c por considerar os atuais pro11rarnas de TV frutos desta sociedade, que ela os combate. Blasonandocstarl3ou20anosi1dianta· dacm relação aos dias de hoje, Muram defendeu urna sociedade inteiramente per· míssivaem matCíia sexual, particularmente a "libertação se~uat" da mulher. Contou com naturalidade e risos que assistiu um filme de sexo explicito no Rio Gnmdc doSul,dcscrevendo, ademais,osatosimorai s e ikgradames praticados pelos que, na platéia, assistiam o filme, em termos irrepetíveis para nossos leitores.

Se não faz mal à saUde ...

Mart• Supllcy, conhecida como ,.Hx6logs", a favorlve/11 ,ducaçlo Hxua/ permlulvlsta moderna, nlo 1,me cn e/eltcn d• pornogr111/11 na lelevlslo par• aln1'nclae•Juvenl ude

- favorável ao ··sexo cm família'', com re!acionatncntosexual, porexemplo,c111rc pais e filhos.

Anticonsumista Já a Profa. Muraro, embora se tenha pronunciadocontraaccnsura.declarou não gostar da enxurrada de imoralidades

Marta Suplicy, que se intitula " sexóloga", mostrou-sesuperficialc mcsmo irrcspons/ivel ao afirmar que não sabe se as 1ransmissões pornográficas d.i TV prejudicam ou n~o as crianças e adolescentes aluais. Uma criança, segundo ela, deveria rccebcreducaçãosexualdcsdeainf!lncia, eaí poderia ouvir e ,er o que quisesse que 11ão teria importância: "absolu1amcntcela não seria afetada. Nada :icrnHl'\.-.:ria co m essa criauça ", Para ela, o que se deve fazer não(: censurar a TV, mas ir explicando às crianças todos os a.spectos da vida se~ual. Disse: a1é que a T V poderia ser "rnaislivre,cudiríamaissem-vergonhinha mcsmo ... A palavra certa seria ruai~ ousada: a TV poderia ter ccrms mais ousadas". A afirmação de 4ue 11 TV poderia ser "mais sem-vergonhinha mesmo" provocou noaudi1óriorcaçõcsdecspantocpro1csto. O Dr. Flavio Giko,·ate, médico, fez umacstranhadis1inç:iio c111re moralc(:1ica, segundo a qual "a moral varia no 1cmpo e no espaço". Partindo de pressupostos completamente mat eria li stas, combateu o uso de drogas "porque fumatãsaúde", mas quanto à p,ornografia na TV disse não haverproblcrna,porquc i:inofens iva:"dcixc os adolescentes verem os filmes pornogràficosqucclesenjoam".

A mídia presente

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AProl!Ro#Marieliluraro, convldllda Hpecl•I do lllnlslérlodaJu11 tlç•, s6 nloHléd•aeordocom almorslldltden11TVporque é trufo da soc/edltde

"consumista ..

Fii.cram-sc também presentes entre os expositores, quer como palestrantes quer comodebatedores,divcrsosreprescl\tames da mídia. Menos propensos ao desenvolvimento de teorias csdrú~ulas, foram porém, cornocradeespcrardapartcdclcs,pra1icamcntcunãnimcsemrepudiarqualquercon· trolc sobre as emissoras, alegando que is soscriaavoltadacensura,aqualcorneça eticamente e acaba politicamente. Boris Casoy, por exemplo. foi muilo enfático nesse ponto. Carlos Chagas propôs a formação de uns conselhos com representantes de toda a sociedade para cxcrccr um 1lmido con1rolc sobre a TV, no que foiasperameniccontraditadopelopublicitá-


~ ~ ~ - - - - - - - - - ~ JOHÂngeloC..J.,..., ~sto1ndo do 1mbienle porsu,indumenl lfrl•

Estariaempreparaçãoumacordocom a mídia televisiva em bases mlnimas? Í: posslvel, mas a se adotar nesse acordo o tal sistema claS5ificatório, pouco se teria obtidoparaaprotcçãomoraldapopu!ação O Prof. TércioSampaio Fcrra1.Jr .. Sccretãrio-executivodoMinistériodaJustiça, também se pron unciou contra a censura Disse, porém, que a infância tem ncccssida dc de um cspaço dc intirnidade para se dc scnvolver, sem estar exposta às investidas da vida pública. Defendeu também a regu~~;t~:~~~oº~a~;~ scmido. dos dispositivos

!'r.'m'½1':r:::::;~:ou

rund11danomarrlm6nlo1 defendeu uma aberrante

p nl tica de"se.iroem tam/1/a", quesup(let

relaçóes/ncestuosa,

O Dr. Araujo Lima, moderador. elogiou a exposição do Dr. Téreio, o que levou alguns dos prcscmesaconjecturarque osprincipiosporelcexp<mosfqucservirão de base ao Governo para as medidas que eventualmente venha a tomar.

Calor nos debates rioEnioMaynardi.Esteúltimotratoucom sarcasmos llm dos presentes no audi1ório, prcsumivdmentc porque este dc!;Cjava a manuten~ão de padrões mínimos de moral

Tal atitude de Maynardi provocou cornra eleumareaçllogencralizadaentrcosassistentes de seminário, descontentes comessaa1i1udcdedesrespei10.

" Moderados" não convencem Do ponto de vista jurídico, o Prof. Daimo Dallari di~orrcu sobre a possibilidade

descrcgulamcntaraConstituiçllo, no que tange à defesa moral da pessoa eà protcç/lo da familia. Sua proposta, porém, foi

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ba~tan1etímida. Falou numacvcntuuldassificação indicativa dos programas, scgun. do sua maior ou menor licenciosidade, feitaporórgãoscomunitãriosdeclassifkação Solução minimalista. que de modo algum atenderia aos atuais recl3mosdo pilblko e não corresponderia às e~igêneill.'l da moral católica. Falando na mesma ocasião, o Sr. Lui z Eduardo Borgenh, vice,prcsiden lc da ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de RMiocTclcvisão)dcfcndcuquc "se dcvcchcgaraumoonscnsoemrcosprodutorcsdecspctáculospúblicos-rádio, TV, cinema-nosemidodccumprirumsis1emadeclassificaçãoctãria"

Falamos até aqui dos expositores. quer imlestranles, quer dcbatt'dorcs. E o público presente? Esteveelebastantcdividido.lniciatmentc foi condicionado a fazer pera;unlas por escrito. Mais de uma vez, porfm, pessoas do auditório inlerpetararn de viva 1·oz os npositores sobre suas posiçõe's douninãrias e práticas, escabelecendo•se um dcbatccalorosoquecomribuius.alutarmcntcpara quebrar um aparente una11·m·smo em !orno dos npositores e de suas posições comràriasàdoutrinatradicionaldalgreja Emreessas pessoas tiveram posição saliente um médico e um advogi1do pcrtcnccn-

pais angustiados apelam ao Ministro Cabral

JÁ SÃO 9 MIL os sig na1ários da petição ao Mi· nistro da Justiça, Sr. Bernardo Cabral, solicitando medidas urgent es que defendam a família contra a ava lanche de imoralidade e violência despejada cm milhões de lares através da TV Em 2 de agosto, "0 Amanhã de Nossos Filhos" entregou no Ministério da Justiça as mil primeiras petições. E, nascssãodcaberturadoseminãriorealizado cm Brasllía, de li a 13 de se1crnbro, sobre imoralidadccviolfocianaTV,rcprcsentantescamigos da entidade entregaram mais 8 mil, desta ,·u diretamente ao Mínimo Cabral, diante de grande númerodejornalisl asefotógrafos,bcrncomodo públicoparticipantedoseminãrio. As peciçõcs formavam uma coluna de mais de SO cm de altura, colocada sobre uma c.<;pécic de pad iolaenvoltaempapclverde-amarelo,oquetornava o conjunto bastante vistoso. Durante todo o tempo da sessão inaugura!, a co luna pcrmaneceu sobreamesadaqualscdirigiamoscrabalhos, eparacssaspctiçõcsapontouoMinistroquando sereferiuaosrcclamosdasocicdadebrasileira Apetição,elaboradapelaassociação"OAmanhãdeNossosfilhos",visapediraregulamentaçào de um preceito constitucional - o art igo 220,

§ 3~. inciso 11 - que pcrmite processar judiciatmcme asemissora.sdcr:\dioe1elevisãoqueirradiemprograrnnscon1n\riosaosvalorcséticoscsociaisdapcssoae dafam!lia,bemcornosustaracmissãodctaisprogra, mações Entre outras razões, os peticionários argumentam que"ascadeiasdetelevisãosãoconcession/iriasdcscr· viçopüblkocquc,portanto, nãotêmodirei1odeusar seus potentes recursos de comunicação de mas.sa cm prcjuizodocorpo da sociedade" Depois de mencionarem que "a sociedade brasilci·

~a a~~~~:~i~1~~~~!

~~:~%~?:ir!ºi::r~

"an1csmcsmodc:suapossc,au1orizou,emlara;os5etorcsda população,cspcrançasdequcexerceríaefctivamcmcsuainílufocia,comoMinistro,jumoadire!orcs dccadeiasdccclcvisão,noscn1idodequedelimitasscm o seu campo de acuaçào. por ser necessário 'nRoconfundir libcrdadede criar com liccnciosidadc'" - coníormesuasdcclaraçõcsao''JornaldoBrasil",deJJ-l-90 Apcciçãotcrm inacxprimindoa"angúS1iademilharcsdc paisdefamília,quesc sentem atingidos naquilo que~ um dos seus direitos inalienáveis, qual seja o de educar seus filhos dentro de uma atmosfera cheia de respeito aos bons costumes"

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jàsejampúbliçasquandoestamattriasair a lume. De qualquer modo, aquilo que não atendcr aos princ!pios imutàveis da moral católica,nãopodeserconsidcradosuficicnte num país como o Brasil, nascido do zelo apostólico de um Anchieta e de outros da mesmatlmperaefé. Segundo feliz expressão do Prof. Plínio Correa de Oliveira, se o Brasil algum dia deixardcscrcatólico,dcixaràdescrfüasil. GREGÓRIO LOPES ATILIO GUILHERME FA~O

tes à TFP, que compar«:eram ao evento - aberto ao público - em nome particular, como interessados no a$$unto. Oportunas e corajosas manifestações fiuram-se notar tam~m da parte de representantes e amigos da associação "0 Amanhã de Nossos Filhos". Desse modo, foram proclamados alto e bom som os imutáveis princi• pios da moral católica, contrários à propa gação da pornografia; a doutrina de Freud foicolocadanoscudevidolugar,mostrando-scquanto ela tem dcarbi1rárioc, mais ainda, quanto é contestada hoje cm dia mesmonosmcioscientificos.Ocaráterqua se sectariamcnte freudiano de um grupo de expositores, que davam o tom, tornouse patente aos olhos do público. làm~mospalesuan tcsoudebatedorcs que tomavam posíçôe$ aparentemente moderadas ou "terceira-força", tiveram de participardosdebatescomopllbliooerevelar mais a fundo seu pensamento. frequen• temente mais próximo do pensamento freu diano do que se poderia imaginar à primeira vista. Assim é que Dalmo Oallari, por exemplo, - ex- Presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e, segundo afirmou, amigo de D. Arns - disse, em res posta a uma pergunta, que deixara a Religião Católica na infancia; e, embo· rainvocandoprincipioscriscãos,confcssouseadeptodeuma moral de situação, variá· vcl segundo os tempos e lugares,comrãria portanto à moral da Igreja. Mesmo as posições displicentes de un s cooniventesdeoutros-emrelaçlloàonda de pornografia e violfncia na TV - fo. ram vigorosamente sacudidas por um representante da associação ''O Amanhã de Nossos Filhos",oqual lamentou o pouco caso dos ex positorescmatcndcràsrcclamaçõcs das familias brasileiras. Insatisfação essa oomprovadanas9milpetiçôesaoMiniscro Cabral,enascartasquea associaçãore«· bc de muitos pais de famllia r«:lamando da falta de censura. No terceiro e último dia do seminário, Rose Marie Muraro e Ângelo Gaíarsa não compareceram, tendo alegado necessidade de viajar. Tumbém o término dos trabalhos 8 -

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foi apressado por motivo de viagem dos omros expositores, e o Ministro da Justiça,cujaprescnçaestavaprev1staparaocn cerran1cnto. não compareceu. E não houve conclusões cm um semi nário convocado para "Reílexões e Soluções".

Brasil católico Não sabemos qual será o futurodoassu1110. O mais provável parece ser que o MinistériodaJustiçaponhacmpráticamcdidas palia1ivas para moderação das trans missões televisivas de imoralidadee violêneia, sem adota r soluções que resolvam o âmago da questão. Talvez essas medidas

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P•r• o Or. F/ávlo Gllrovale

• pomogr,t/11 na TV nlo tazmalluiide

Um seminário que "terminou sem conseguir dlzer a que velo" A realização do seminário "A problemática da comunicação de massa: rcílexõcs e soluções", por iniciativa do \1inisrtrio da Justiça, entre os dias 11 e 13 de setffllbro, cm Brasília, foi visto com preocupação por certos ~e!ores da imprensa. Para alguns. o simpósio seria para di5Cutir o que a TV "anda fazendo com a liberdade conquistada". e por isso, e-;tariaagorasendolc-.ada "aobancodosréus"("Correio llrn1.iliense", 8-9-90). Sobrccsseas~10,oorganizadordoevento,0Sccretário Nacional dos Dirci1osda Cidadania e Jus1iça do Mmi$tério da Justiça, Sr. Cario~ l':duardo de Araújo Lima, chegou a declarar que "alguém jã di55e que esiamos nos 'lambu~ndo' de liberdade" e que, cueabusoseria a explicação do fenômeno "da insatisfação da audiência de TV que \Cffi sendo maniftscada ao E~tado, ua forma de maciça rttlamação ("O Globo",

L0-9-90). Da 11ar1e do Ministro Cabral ouviu-se repetidas vezes que "as pressões, em forma de carias, telegrama~ e telefonemas" pedindo providlncias contra a pornografia e violên,:ia na ceie-visão de nenhuma forma farão com que o Governo federal volte a impor a censura. "O tempo da censura, ainda que is.so possa provtx:ar saudades em alguns, jàmorreu",disseoMinistro("OGlobo.9-9-90). Ofatoconcretotqueospalestran1esedeba1edorcspresemesaocventopoucapreocupaçllomostrarampeloquedeveriascroassuntoprincipalaserdcba1ido:comodefender a familia e a sociedade contra programas que ofendem gravemente a moral a os bons costumes.. Thtvezpornãoresponderadequadamen1eaosrttlamosdasociedade.oseminãrio acabouseesvai:iandoe~ afastandodosseusobjcti\OS. Assim, no "Correio Brv.ilicnse" (ló-9-90), Mõnicn do Silva concluiu melancolicamente que o seminério promovido "em atenção às redomações de minorias insatisfeitas com os rumos da televisão bruikira. terminou sem conscguir diicr a quc veio ... "


Um "cristão atrevimento" de Afonso de Albuquerque

Aconquistij

O Comandante da nau de Cambaia ficou petrificado de respeito diante de Afonso de Albuquerque t1 Hus cap1t,t1t1, todos revestidos de armaduras

[A

S CONQUISTAS portuguesasnosséculosXVeXVloonstirncmumapãginadeg!óri., para a nação lusa - e não pequena! Daquclevalcnte nucleo populacional, espremido na ocidental poma extrernadaEuropa,salramnavegadoresqucenfrentarammares,terrasepovosdesoonhecidos,levandoo11omeeopendão de Cristo por toda parte! Dentre esses heróis, nenhum sobrepassou em destemor eousadiaaAfonsodeA!buquerque, varão de nobre linhagem. Muitoconvémressaltaressesfatoshoje em dia, em que uma propaganda malévo-

la procura denegrir os grandes feitos e as figuras de porte excecional, em aras a um pacifismo sem honra e a um mundo sem Deus.

A conhecida escritora Elaine Sanceau, em seu livro"AfonsodeAlbuquerque 0 sonho da lndia" (Livraria Civiliiaçllo Editora,Porto, 1953,416págs.),relataepisódios marcantes da vida desse valente fidalgo português. Abaixo transcrevemos resumindo-o episódio que consistiu na conquista de Ormuz, o qual bem poderia serquali ficado,empregandoasugestivaexpressãodeCamõcs, um dos"cristãosatrevimentos" empreendido pelos navegantes lusos.

Ormuz é hoje pouco mais do que um nome no mapa: ruinas de cidade outrora importante a desmoronar -se ao sol numa praia deserta. Todavia, esse fantasma foi emépocaspassadasacidade maissuntuo-

sa dos mares da Índia. O mundo é um anel, diziam os árabes, com Ormuz por pedra preciosa. Cravada numa ilha rochosa, desolada e seca, todo esplendor que·ela teve vinhalhe de sua posiçllo estratégica e de suas duas excelentes enseadas. As armadas do Orientcacolhiam-seaoabrígodestesportos, fazendodeOrmuzacidademaislu xuosa do Oriente. A índia mandava-lhe pedraspreciosas,ricostecido s,espcciarias e mussclinas de Bengala, Água de rosas, veludos e brocados vinham-lhe do Cairo e de Alexandria. Noz-moscada,sândaloe cravochegavam-lhcdeMálaca,enquanto fardos de sedas preciosas provinham da China. Além disso, Ormuz era a cidade onde se juntavam os mercadores de pérolas do Golfo Pérsico. Até ge lo vindo das montanhasdistantesalipodiaserencontra-

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do. Mesmo a água para beber vinha-lhe de fora O Xã da Ptnia era o seu longlnquo suzerano, mas só uma vez por ano mandava cobrar o tributo.Onnuzeragovernada por um minisuo que representava um grupode magnatas. Estes não queriam reis com

:~an~!ª !~~~~~~ ~~:i~ incompetente.Seestedava sinal dedeixarde ser qualquer destas coisas, !iravam-lhe os olhos e coroavam um sucessor dócil. Num castelo de Ormuzcstavamenccrrados quinze reis cegos. Eramtratadosconvenienternente, para o caso de serem necessários em qualquer das intrigas da política da cidade. Foi no meio desse foco de maquinações que Afonso de Albuquerque caiu como uma bomba

Sentado no meio de seus cap itles

"Fogo/"", bradou Albuquerqu,, ,

,m b,e.,,, f1rvl• o comblfl, que ttrmlnou

com • estupenda "'llórla da esquadra portuguu•, fevoreclda por um auxíllo sobrenatural Suavindanaoconstituiusurpresa, poisjã haviam chegado a Ormuz noticias alarmantes Mas Albuquerque não se deixou lograr que era preciso ter cuidado, pois aquele sobre a combatividade portuguesa; diziam Seguidodosseuscapi1lles,dcslizou,imphi- não era homem com que se brincasse a1tqueclesdevoravam homens do, em meio às embarcações. Se o ministro oontavaganharternpo,deprcssascdcscngaO ministro de Ormuz, Sr. Cogeatar, emSó q uatrocentos! bora não acreditasse nisso, ficou assusta- no u. Albuqucrqucchcgou, observou, ancodo. Pareceu-lhe providencial que o porto rou e enviou recado ao navio de Cambaia CogcatarpreferiucontemporizarenquandeOrmuzestivcsse,ncssaocasilo,apinha- Seocapitllonllocompareccsscimediatamcn- to aguardava a esquadra que chegaria a do de navios, todos tripulados por correli- te a bordo da caravela ponuguesa, os lusos qualquer momento. Assinou um documengionãrios maometanos, e todos prontos a metê-lo-iam no fundo. Julgar-se-ia que o to maniícstando desejo de negociar, e remeprestar-lhe auxilio capitão de Cambaía poderia ier retorquido teu-o a Albuquerque. Convidou os portuSua confiança residia nas 900 toneladas nomesmo!om;em vez de o fazer,en1bar - guesesadcscmbarcarcrn. Albuquerquca11rade um navio do rei deCambaia, uma nau cou apressadamente e dai a poucodobrava- deceuerespondeuqueseushomenses1avam comple1amente armada e com mil homens sedocilmcntediantedeAlbuquerque. acosrnmadosa pernoitarem nas naus: mas a bordo, como também no galeão do MiliEste estava sentado no meio dos seus já que Cogcalar insis1ia tanto, um ou dois queaz de Diu, que não lhe ficava atrãs em capitães, revestido da mais preciosa das podiam desembarcar a fim de adquirir protamanho e equipamento. Ao todo estavam suasarmaduras,cometmodouradonaca- visões fresi.:as. OqueCogeatar queria era no porto 60 grandes navios e um número beca, um pagem de cada lado, umdclcsse- fazer-se idtia do número dos portugueses ai ndamaiordeembarcaçõesligeiras.Além gurandobclocscudo,ooulrourncspadirn, FoigrandcadesilusaoquandoGaspar Rodeste reforço estrangeiro, Cogealar conta- Os homens da armada - todos revcstido5 drigcs, o inttrprete, dcsembarcou com um va com umaesquadrasua,queforaapres- de couraça - formavam um fundo formi- único companheiro. Os guias procuraram sadamcnteconvocadadocontinente dâvel. OcapitãodeCambaiaficoupetrifi- insistentemente sondà-los, mas os dois foFoi ãs primeiras horas da manhã, do cadoderespeito ram muito discretos. Tinham sido enviados. dia 25 de setembro, que Afonso de AlbuDepois de algumas perguntas a~rca de disseram eles, a comprar algumas coisas querque penetrou no estreito e avistou a Ormuz,Albuquerqueencarregouocapillo para os quatrocentos da nau de comando enseadaeosminaretesdascasasdeOrmuz, delevarumamensagemàterra. Era preci- Na verdade, os portugueses eram quatrocenA multidão de homens armados na praia so comunicar ao rei de Ormuz que D. Ma· tos ao todo! eascentenasdebandcirasmutticoloresque nuel de Portugal pretendia a sua amizade. AC5Quadraqucominisuoesperavachcenfei tavam as centenas de uavios que en- Tinha enviado seu capitão para o senir gou nessa noite. Formava uma armada de chiamoportoeraumespetãculoimpressio- com esta armada. Se o rei qu isesse fai.er- respei to. Os portugueses ficaram completanante.Maisimprcssionanteaindaeraosom se vassalo de Portugal e pagar-lhe tributo, mente cercados. Cogeatar sentia-se devcras de mil trombetas, o tinir de clmbalos e a Albuquerque defendê-lo-ia de todos os fel iz. O inimigo não tinha possibilidade de gritaria atordoadora seus inimigos. Do contrário, a cidade eos salvação. Deu ordem para que fossem toComo a artilharia dos fortes que defen- navios seriam destruidos. Que escolhesse mados vivos tantos porlugucscs quanto posdiam a cidade estava muda, os portugueses cntreapazeaguerra. Albuquerque consi- sivcl, pois eram excelentes guerreiros e prepodiam supor que isto era uma recepçAo derava Ormuz como ddade que valia a pe- tendiautilicl.-losemguerrasfuturas. triunfal. O ministro não queria combate na conquistar. Terminado o prazo, Albuquerque ma naniesdachcgadadacsquadra que se aproOcapi1ão,assus1ado,retirou-se,eestan- dou diter que já tinha esperado basta111e do com o ministro Cogeatar preveniu-o de A resposta foi o grito de guerra dos muçulximaria a qualquer momento.

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manos a avançarem comra os navios por1u· gueses. Fogo! bradou Albuquerque, e cm breve fervia o combate. O troar da artilharia eraensurdeccdorealuzdo di aobscureceusccomafumarada .Osl)Ortugucscs,intciramentccercadospelosinimigos,nãocediam. O navio de Diu foi metido a pique, a enorme nau de Cambaia muito maltratada e os outros navios queimados. Dissemi nado opllnicoe111reosmaomc1a11os, queaba11do11aram o combate, Albuquerque entrou nos estaleiros e lançou fogo a todos os navios que restavam. Simultaneamente deu ordem a alguns dos seus capitães para incendiar os arrabaldes da cidade

A rendição do rei de Ormuz Cogcatar hasteou a bandeira branca e pediu paz. Foi um golpe de sorte para os portugucses,poiscmbornAlbuqucrqucquiscssc conquistar a cidade a golpe de espada, ele não dispunha de um homem para cadarua Reconhecendo a coragem dos portugueses, Cogcatar tornou-se vassalo do rei de Pom1gal, pagar-lhe-ia o tributo e dar-lhe-

iaconcessãoparaaedificaçãodeumafor-, taleza. E5tas condições foram redigidas cm duas cartas diferentes, uma escrita em persa, aou1raem árabe, assinadas ambas pelorcieporCogeatar,ecncerradasnum cofre de prata, à maneira de um livro, fe-

~~ª1~ 1:°:v::~~n:ol~~-r~g~r~m~n;~u:~~~~

persa ficou em poder de Afonso de Albuquerque. Ambos eram muito belos. A versão árabe estava gravada cm folha de ouro,a persacraescrita cmpapelcomlc1ras de ouro e azul. Ambas estavam guarnecidas de trk selos ornamentais - o do rei, ~~a~tº puro, os de seus funcionários, de Albuquerque,cercadoporscushornens, veio à terra para receber a rendição. O jovem rei de Ormuz, um menino de U anos, fitou com cu ri osidade o guerreiro, figura magra e desempenada, festivameme vestidodecetirnedeveludocarmczim,comaspccto dominador. Albuquerque cumprimentou o rei com solene cortesia, o tornou pelas mãos - que en1re os mouros ê sinal deami1,ade - e 1odossesentaram. Ormuz estava dominada, Albuquerque podia lançar-se a novas conquistas

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O milagre de Ormuz relatado nos Lusíadas A co nquista de Ormuz, assim é descrita por Camões: "Mas oh! que luz tamanha que abrir sin to .. "Esta luz é de fogo e das luzentes "Armas com que Albuquerque irá amansando "De Ormuz os pârscos (\), por se u mal valentes (2), "Que rcfusam o jugo honroso e brando (3). "Ali verão as setas cs1ridcntes "Reciprocar-se, a ponta no ar virando, "Contra quem as tirou (4): que Deus peleja (5) "Por quem estende a fé da Madre Igreja." (Lusíadas, e. X, 39-40) NOTAS (l)Camõeschama"párseos"aospcr5as. (2) e (3) "Por seu mal vaJcme5": o fa10 de serem valentes foi, para os persas de Ormut, um mal, pois acabaram por ser derrotados pelos portugueses, tendo de aceitar pela imposição das armas "o jugo honroso e brando" que haviam recusado ("refusam") (4) e (5) Estas setas que viram cm pleno ar, voltando·SC contra os que as atiraram, é uma alusão ao milagre ocorrido em Ormuz, referido pelo cronista Castanhcda (ll-62)comasscauinlespalavras: "Ao terceiro dia depois da batalha quis Nosso Senhor manifestar o milagre que nela fizera, em favor dos nossos. Começaram a aparecer sobre a água do mar muitos corpos mortos de mouros, pregados de muitas flechas. Isto foi dito ao capilllo.mor, gue espantado daquilo mandou tomar alfuns daqueles corpos: e viu que verdadeiramente eram de mouros, e as flechas tais como aquelas com que os mouros atiravam na batalha. E chorando de prazer disse a todos: que ai conheciam o milagre que Nos$0 Senhor fizera por eles, que as mesmas ílechas que os mouros lhes atiravam tornavam sobre eles e os matavam. E durante oi10 dias salram estes corpos sobre a Agua, e por isso os mouros da cidade puderam ver e estavam pasmados de tal cousa e diziam que Deus pelejava pelos nossos"

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CAT OLICISMO -

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Manifestação de um condenado ao inferno

"Por um justo julgamento de Deus, fui condenado ao Inferno" São Bruno (1035-1101) foi testemunha de uma revelação do Além, que o incitou a procurar uma grande per feição e que está na on'gem da fundação da mais rigorosa Ordem

da Igreja Católica: os cartuxos. O impressfonante fato é narrado por Jacques Lefévre em sua coletânea "Les Âmes du Purgatoire dans la vie des Saints" (*) 1 sendo oportuno meditá-lo~ por ocasião da Festa de Finados.

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Monte C-sslno, • 21 dfl merr;o d• S.U - AfrescodeSp/nell/ deAreuo(l390J, lgre~deSlo Mlnl•lo, pro11/mldades de Florenç•(llállaJ

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Finados: comemoração d e todos os fiéis defuntos "Lcs morts vont vite" (os mortos passa m rápido), constata, melancólico, conhecido adágio francês. O grande Santo Agost inho (354-430) queixava -se de serem os mortos muho esquecidos. Vai -se logo a memória dos defuntos com os últimos dobres do sino e as derradeiras ílores lançadas sobre a sepultllra O mesmo acontecerá, por certo. com cada um de nós, que jamais gostamos ~~ :~~v~~~i':~. Nilo obstante, a piedade católica recomenda que sufraguemos l>c$de o st<:ulo V tem-se no1lcia de missas na intenção dos defuntos. Mas é a Santo Odilon, quarto Abade do célebre mosteiro beneditino de Cluny (a ordem religiosa que, cm larp medida, Form~m a Idade _M~ia) que se deve a com~moraç~o geral de todos os fufü defunt os: Foi ele que a 111srnuiu no ano ~8. E a míluênc1a de sua Ordem fez com que logo se a adotasse em todo o mundo católico Segundo o Concílio de Trento (sessão XX II, cap. li), "as almas do Purgatório s.ãosocorridaspelossufrágiosdos fiéis,cprincipalmentepelosaerifíciodoaltar" O Sacerdote oferece oficialmcutc a Deus, para resgate das almas, o sangue infinitamente precioso de Nosso Senhor Jesus Cris to A cada dia, no memento do Canon da Missa, há urna lembrança por todos aqueles que repousam no Senhor, e o celebrante implora para eles o lugar de refrigério, detuzedepaz. Nilo há, pois, Missa em que a Igreja nllo reze pelos defuntos. Entretanto, na celebração de Finados seu pensamento se volta especialmente para eles, com apreocupação materna d.,e não deixar nenhuma alma do Purgatório sem so,::orro espiritual. Coisa de que Lutero não gostava. No dia 2 de novembro, peçamos a Deus, com a Igreja inteira, conceder aos defuntos, que não pQdem mais nada por si mesmos, a remissão de todos os seus pecados e o repouso eterno

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OM EFEITO, cm 10fJ2 morreu em Paris o reputado professor da Sorbonnc, Raymond !)iocres. Asc.crimõnias se realizaram na Catedral de Notre-Dame, e dela tomaram parte, alémd0$ fié1sedcnumerososprofessorcs,também alunosdodcfunto,cntreosquaisSãoBruno O caixão eslava colocado no meio da na\'e central, rccobcTto, segundo o costume, de uma simples morrnlha. Durante a cerimônia, quando o padre pronunciou as palavras rituais do salmo: "Respondei-me dcquantospeçadose dcquantasioiqüidadcsnãoestou cu culpado ... ", uma voz sepulcral fez-se ouvir, debaixo da mortalha. dizendo: "Por um justo julgamen10 de DEUS, cu fui acusado" Foi imediatamente levantada a mortalha, mas o defunto permanecia imó\·el e frio. A cerimônia, por um momento interrompida, foi rc1omada. cm meio a certa inquietação ... Quando se chegou novamente ao \'ersiculo mencionado anteriormente, o cadáver lcvantou-sediantedctodoo nnmdo, e gritou com umavo1.aindam11is for1c: "Por 1;1m j usto julgamento de DEUS , cu fu i julgado". Opa\'ordosassistentcsfoicnormc.Algunsmédicosaproximaram-sedodefunto, recaídoemsuaimobilidadc,econs1ataram que ele estava verdadeiramcn1e mor10. Contudo, não se teve a coragem de continuar a cerimônia neste dia, ela foi adiada para o di a seguin te Ncsteínterim,asau1oridadescclesi:ls1icas nllo sabiom que medidas tomar, para sair de tal impasse. Alguns diziam: "Ele cst!\ condenado, ele não é digno das orações da Igreja". Outros alegavam: "Nós nllotcmos provas suficicrucs para concluir que Diocrcs csleja condenado. Ele apenas dine que havia sido acusado e julgado" O bispo mesmo compartilhou esta hipótese e, no dia segui nte, o oficio fúnebre foi retomado Mas no mesmo versículo, "Respondei· me ... ". de novo o cadáver levantou-se do caixão e gritou. "Por um justo julgamento de DEUS, fui condenado ao inferno, para sempre". Em presença dessa tn-rívcl confis~o. a cerimônia fúnebre foi interrompida e decidiu -se não enterrar o cadáver no cemitério NumCr0$aspcssoasatestaramaautcnticidadcdeste fato,entrcclasSll.oBrunoque, de tal maneira impressionado, partiu para a lt!\lia, a fim de viver como eremita numagrandíssimaaustcridade.Scuantigoprofcssor,admiradissimo,tinhacaidonoinfer.

A celebração de finados é uma excelcnlC ocasião para meditarmos no conselho evangélico: " Pensa nos teus novíssimos e não pecarás".


01crmola1inonovissim1indicaasúlti·, mas coisas qucsucederlloa cada homem amortc,oj uiw,océuouoinferno. De fato , na sepultura não termina o nosso destino. Devemos aderir firm emente à.spatav rasdoCrcdo: "creio na ressurreição da carne e na vida eterna". A piedade para com os falecidos implica num aio de fénavidaeterna,umaccr1czadcqucnos· sosmortos qucridosn ãocstaoperdidospara sempre. E também im põe-nos a obrigação de reza r pelo repou so eterno de suas almas, as quais, eventualme rue, antes de ingressar no paraíso celeste, tenllam que se purificar no purgatório.

~ - - - - - -- -- -- -----------1

FERNANDO OE AlMEIDA (º) Jacques Lcftvrc, op. ciL, tditions Ré-

siac, Montsurs, 1984

Ft1chad• d• bel• c•tedral de Slo Pedro de S1/ntf!S

Da catedral de Saintes, o "Angelus" ecoa para todo o mundo O piedoso costume de rezar a Sa udaçiJo Angélica originou-se na cidade francesa de Saintes, que permaneceu fiel à recomendação do Papa Urbano li, em 1096, de se rezar à Sanrfssima Virgem pelo sucesso

da primeira Cruza da PA RIS - Saimcs é uma pequena cidade no sudoeste da França, nllo muito longe do mar. Duran te a an tiga dominação romana situava-se numa encruzil hada de estradas que a ligavam diretamente a Roma. Dessa circu nstância decorreu sua rápida cristianização, desde os primei ros stculos. Foi um de seus primeiros, bispos São Viv iano, que edificou sua igreja, dedicada aos Santos Apósiolos Pedro e Paulo, se m dúvida a primeira no Ocidente, depois de Roma . A igreja foi destruída e reedificada diversas vezes ao longo da gloriosa história de Saintcs. Nela a Mãe de Deus sempre foi particularmente honrada, eao longod05stculosope· rou milagres sem conta e por1cmosos. A Virgem pa$0u a ser venerada soba in vocação de Nossa Senhora dos Milagres Os calvinistas dcstruiram a igreja cm 1547. levados pelo ódio a Maria. A devoção entretanto continuou ininterrupta até a Revolução Francesa. Pelo ano de 1789 j:I o cntibiamentO das almas era grande. Profundamente go lpeada pela Revolução, ela não mais se rcstabcleccria cm scu antigo csplendor A Providlnciaquis,entrctanto,queatémesmonessc triste dccllnio de fervor, um a nQva glória encerrasse os stculos de Fé: seu último bispo, Luiz de la Rochefoucauld, foi massacrado pelos revolucionários cm setem bro de 1792, no convento do Carmo, si tuado na histórica rua de \laugirard, no centro de Paris, onde seencon1rava prisio neiro. Beatificado em 1926, co mo mánir da Fé. Ao longo dos stculos, a Revolução foi inclemente com a igreja de Saintes. Certamente atiçc,u o ódio revolucionário um fato que até hoje repercu te na Cris-

tandade: os íiéisdc Sain1es, levados por sua devoção à Mãe de Deus foram inquebramavclmentc observantes da dctcrminaçllo tomada pelo grande papa Urbano 11, no Concilio de Clcrmont. em 1096. Quis o Pontlficc que se tocassem os sinos, pela manhã e no fim do dia, a fim de que todos rezassem à Santissirna Virgem pelo sucesso do primeira Cruzado, por ele pregada A intenção do Papa era de que essa prática fosse apenas temporária. Mas ela se conservou na igreja de São Pedro de Saintes. MesmofindaaCru1.ada.alutadiáriapelaconquista do Céu não cessava. E aquela gente devota não mais podia dci,rar de se recolher, ,·oltando-se a Maria, no inicio de seu quotidiano - "o Anjo do Senhor anunciou a Maria" - e ao cessar as atividades. aoimergirnaescuridãoda noit e "paraquesejamoslevadoságlóriada Ressurreição", segun do reza a Igreja nas horas do "Angclus", Em 1318, o Papa João XX II , toma ndo conhecimento dessa piedosapcrsistencia,comoveu-se,erccomendouaprática à Igreja Universal. Mais tarde, o rei Luiz XI, assíduo visitante de Saintcs, determinou que se tocasse o "'Angelus'' também lio meio dia . E assi m foi que -segundo narraçl)es fidedignas.deixadas por penas de santos cronistas - graças à fidelidade de alguns,quandoarmascristllssebatiamheroicamcntecmtcrrasinfiéis, o "Angelus" começava sua co nquista pacífica do mundo católico

CATOLIC IS MO -

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concisamente • R6ula:

Terce iro Mundo

Num livro publicado em 1989, "The PovcnyofCommunism" (Transaclion Books), umadasmaisconhccidasautoridadcs em matfria de sall.de pública e demogrãfica, Nick Ebcrstadt,dedarasimplcsmcntc: "não pode haver engano: aUniloSovitticaC'itánasgarras de uma crise de saúde devastadora" . OjornalistaWilliamSafire, do "Ncw York Times", ao divulgar resultados colhidos pela Rand Corporation da Califórnia, concorda com o tcstemunhodedoisespccialistasrussos, Viktor Bclkin, membro da Academia Sovictica de Ciência, e lgor Binnan, economista dissidente radicado nos EUA. To. dos sao unãnimcs em afirmar que a URSS teria decaído ao nfvctdepa!sdoTercciroMundo.

Enquantoisso,aindaternos religiososcpollticoaquedcfcndcm a estatização da medicina

, da terra, do ensino, etc. Tudo segundo os moldes do regi·

mesovitticoou cubano!

• Esbanjamento - 1 Com vimu a apurar denúncias de desvio de CrS 1,8 bilhão na Portobrâs ("apenas a ponta do iceberg", segundo um dos administ radores nomeados pclo presidente), o Tribuna! da Contas da União aprovou a constituição de uma audi toria.Oex-liquidantedaPortobrás, Jorge da Silva Campos, organiwu lJ processos para comprovar as acusações. Em suma, pagamento por obras quenloforamfeitas-e.spccialmente de 88 mmilhões por uma cerca, como se fora ampliaçlo de contãneres num i,or10; construçlode terminais portuá· rios próprios, naBtlgicaeem Po rtugal. Não hâdôvida: onde o governo estatiza a produçlo, o

U -

CATO LI C ISM O -

resultado costuma ser desastroso. "Se os socialis!lls fossem administrar o deserto do Saara, logo haveria escassez de areia" - afirma uma anedota polonesa.

• Esbanjamento - li Economistas(deváriastendéndas ideológicas) concordam num pomo: o Brasil não sabe quantogastaemprogramassociais - sabe-se apenas que o dispêndioévultosoequasena da resolve. A esmo, citemos algunscasos(levantadosrecentementeporespeçiali.stas) -oGovemodestinouSCr 300 milhões, em dezembro de 1987, para combater a epidemia de dengue, no Rio - a doença,entre l986e l987,atingiu maisde60mi l pessoas. A SecretariaEstadualdeSailde contratou2200guardassanitáriosecomproucarros.Odinheiro acabou cm setembro de 1988, sendotodoo pcssoaldispcnsadoeomaterialcncostado; -do total de 1500fundonários da Companhia SiderilrgicaNacional,umterçopertencem à ârea adminiscrativa. A constatação foi feita pelos mi neiros da empresa, que estiveram em licença remunerada há45diase,ademais,ocupando e.s instalações da CSN no sulcacarinense."Trabalhamos para sustentar esse pessoal. Não precisamos nem de 100 funcionários para esse setor", adverteopresidentcdosindicato dos mineiros de Cridilma -goteiras, tetos, vidros e carteiras quebrados mantêm foradeusocarcadel5'!.das escolaJ brasileiras: - quase501Jt daàgualançada na rede perdem-se antes de chegar ao medidor das casas no Brasil. lncúria,máadministração, prodigalidade-tantas vezes, oõnusdab urocraciai ncptac das estatais paquidtrmicas .. Entretanto, segundo pesquisa

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dolnstitutodeEscudosEconõmicos, Sociais e Politicos de SãoPa ulo,79'1/t doslidercssindicais brasilciros são favoràveisàmanuiançãodasesta1ais - nãoobstan1e1odases5ll5clamorosas evidências sobre os gastos e abusos escandalosos aquc d!l.omargcm •

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Mllqulna de

bestklllzar"

Credibilidade, alto concci10,nomeada ... Eramestes,não fumuito,atribuiosdequegozavam certos diários junco a várias camadas sociais. Vemse erodindo, todavia. a olhos vistos,oprcstigiodctaísórgãos.Seaindadespertam inte• rcssecatenç!lo,tcadavezmenor - e menos ávido - o uniVC!'$0 de seus leitores.segun doatescampesquisasdeopinião. OjornalistaClaudc lmbert, de"Le Point"{28-5-90),formulaaseguin1eexplicaçãoparaodecrtscimodetiragemque se observa nos órgãos de im prensa: "O pilblico cm geral encontra-se hoje mais informa do do que no passado, uma vez que esse pilblico pouco ou nada lia. Contudo, o piiblico tidocomodeeliceenoomra-se, pelocontrário,maismalinfor-

O. t/mbo/oa comun1, tu nê •tc.Pflram ,11vt1/tmchet1ntl-11011"11c,, como a ealrela 11C1nn• lr.de um «lltklode/>,wga

mado do que outrora, uma vez quesubstituiua leituradosdiá· rios pela televisão". A análisedocnsaista franc& Guy Sorman é mais contundente e não menos provida de alcance: "Os jornalistas copiam-se uns aos outros, lerminam por partilhar as mesmas idtias e a originalidade se faz rara ... No caso de eventos complexos, t se mpre mais fácil usara peneira .... -Os jornalistas prefere m ser populares a ir con1ra a corrente". E conclui: "A mldia é {hoje) uma máquinadebestializar"("JornaldaTarde",8-9-90) O crescente desencanto do leitor cm relação à imprensa nãoencontrariaaísuara1..llo de ser mais profunda?

Estàtuas cm bronze e mármore de Lênin foram destruídas com bombas na Polônia, enforcadasemengiena Romé:n ia, derrubadas na Hungria, desfiguradas na Alemanha Oriental e emnbrulhadas num papelão - cognominado, "o lixo da História" - na llulgária. Tambtm na URSS as onipresentes está tuas do primeiro ditadorcomunistatêmsidoderrubadas, desmontadasou vcndidas Olivrodeu mfamosodramaturgorussoacusaLé:ninpclo"crimedostculo":achacinadoCzaredafamilialmperialrussa,em 1918. Deputados da Rep(lblka Russa exigiram um inqutrilo sobre a Revolução bolchevista. " Todo crime deveserinvcstigado'',declarou o deputado Viktor Mironov ao semanério " Kommersan1" A publicação pós1uma do romancedeVassilyGrossman, escrito em 1963, faz remontar o terror stalinista até à fundação da URSS por Lênin Quedit0orbachev7 Ambíguo e caviloso como sempre, o chefe sovittico afüma·se contra a "idolacria" a Lé:n in,masacrescentaserigualmente contrârio à "dessacralizaçao" do ve lho déspota. Emenda o leitor!


Destaque

... em tempo Bebês abandonados - Envolta em manta, uma recém-nascida de apenas dois dias foi encontrada, faz pouco, nas escadarias da igre jadaConsolaçao, em São Paulo. Segund? policiais e médicos da_Santa_Casa d~ Misericórdia, cenas dogêncroJáse1ornaram umatrág1carounanac1dade. S6 naque!eestabelecirnento de saúde são acolhidas cerca de três crianças por mês

Pior que nossas carroças! -

O Pus/dente Col/or qualificou, há pouco, os veículos ntlcionais

de "carroças ". Que pensar, então, dos modelos de a1.//omóveis russos que acabamos de importar? Ninguém ignora que a indústria soviética i quase pri-his1órica o próprio Gorbachev declara-o, a/10 e bom som. Diversas ,•etts, aliós, pudemo.t comprová-lo em transações com o mundo comunista - ora são produtos a,•ariQdos, ora negócios mal condu.Jdos (haja vista o citebre escândalo das "polonetas"). Porque reincidir no erro?

Enxunada universal - A decadência moral e religiosa que assola

Primazia do crime Matéria de capa da revista "Time", edição recente, consagra ampla anã!ise à expansão da violência em Nova Yorque Sob o titulo "The decline of thc New York", a reportagem informa que "a carnificina" nessa megalópole supera. em números absolutos, todos osrccordesdasgrandescidadesnortc-americanas Cita,aseguir,onúmerodeassass!niosocorridos na cidade em 1989: 1.905-duasvezesototal registrado cm 1.-0sAngeles NoRio,porém,em 1989, houve7.844assassinatos, segundo dados da própria Polícia Civil Em relação a !988, verificou -se um aumento daordemde27% Conforme a imprensa diária, no Rio hã quase lOOseqüestradoresem liberdade. A Políciare· velaqucosbandidosconsideramhojeessamodalídadaedecrimemaislucra1ivadoqueosroubos a bancos ou venda de drogas

o mundo não poupa a capital daCristandadae Uma pesquisa do Instituto de Estudos Sociais revela números assombrosos: cm Roma, há nada menos que 40 centros de esoterismo, 35 de ufologia, seis de parapsicologia e 31 tipos de religiões "novas" ,

- Camarad~, nllo jogue fora! - Depoimento do chanceler sov1élico Shevardnadu: "f::Squecemo-nos de que não podemos nem mesmo sonhar com a paridade /comparando-se aos &lados Unidos/ em. digamos, seringas descartáveis .... Os er(t/cos da perestroika acusam-nos de trair princ(pios classistas. Enquanto isso, o inimigo de classe /Estados Unidos/ nos fornece essas mesmas seringas, cadeiras de rodas, médicos e medulas óssell5!"

Chacina da memõrla - O Japão deportou quatro líderes estudantis chineses, asilados no país após o massacre na Praça da Paz Celestial, em Pequim Meses atrás, Tóquio já rompera o bloqueio comercial que o Ocidente tinha imposto á China vermelha como represália pela matança Onde se asilou a consciência moral dos povos?

Âgua de Lourdes racionada -

Desde há muito, os peregrinos costumavam voltar de l.ourdes com garrtifas e outros recipientes transbordando de água milagrosa. Em dificuldades e dO#!nças, utilitai•am-na para seu proveito, recebendo, por esse meio, graças, curas especiais etc. Recentemente, porém, a direção do Santuário - alegando que a quanlfdadedo /fquidojá não ttm proporção com o número de peregrinos - decidiu que cada qual poderá receber somente uma pequeno dose de água, e nada mais, Restringe-se assim indiretamente a natural irradiação do culw a Nossa S enhora de Lourdes, o que é lamentável.

Convergência comuno-cafõllca - "Reflexões sobre o marxismo" é o tema central da revista "Lua Nova", editada em São Paulo, de orientação esquerdista. O autor da matéria, Michcl Loewy, é claro e didãtico: afirma que, na América Latina, verificou-se uma convergência do marJ1ismo com a Religião católica, oonr.retizada historicamente como advento da Teologia da Libertação

Ex-bandido ... na Secretaria de Segurança A Secretaria de Segurança Pública e Justiça de Pernambuco - informa a impren~a diária -: passarã às mãos de um eJ1-pres1diãno, que fm presidente da Comissão Justiça e Paz, ao 1empo do Arcebispo emérito de Olinda e Recife, D. Hél· der Câmara. Esteve detido no DEOPS, por cinco dias, em 1969. Foi também condenado, com base na Lei de Segurança Nacional, por pichar ônibusedefcnderprcsospolilicos.Chegouacum-

priri~! :~!~~::rrisào ... Em tempo: está-se articulando um movimento de delegados pernambucanos, no sentido de obtcrqueserevogueessa escolhapeloGoverna-

dor.

CATOLICISMO -

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[Q]

LEITOR=1amo,«jão"';'

Freud delineia a sociedade do futuro

".'".''_P•.icanálisc.,,·m·a~rât1ca que se difundu,1 muuo,

em v1stadoabandonodoháb1to da d1r~llo cspmtual e da confissão, ocasionado pelo avanço progressista dentro da lgreJa. Uma pessoa angustiada,

deprimida, não confia mais no sattrdme Procura en\lloumpsicanalisla, paraser''a-

Um profeta com cartas marcadas

11atisado" com base em teorias que, com

maiorcsoumeno resvariações,provêmdas idéias de Sigmu nd Freud, ho mem ateu e inimigo da religião Para difusão de suas idéias Freud contou - e ainda conta, S0 anos após sua morte - com o poderoso e incst imâvel concurso dos mcios dc comunkação social. Isto tornou marcante a sua iníluência, não só noscírculoscientificosecuhuraisdoséculo XX, mas até sobre o homem comum, emsuu vida ind ividu al e familiar men~~~amos a esse propósi10 dois depoi" Altm do efeito profundo que exerceu sobre nossas idtiasa respeitodotratamcntodasperturbaçõesmenlais, Frcudinnuenciou de maneira exlraodinâria a psicologia emgeral,asartes,asciénciassociais,asrcformassociais, a educação das crianças e, de fato, todos os problemas concernentes âsrclaçõeshuma nas"(DavidBakan,"Freud et latradi1ionmystiquejuive, PctitcBib!iotheque Payot, Paris, 1977, p.25) "Sigmund Freud, tanto como pensador quanlo como terapeuta, causou um impacto notâvcl na sociedade do século XX Ele apresentou uma nova perspectiva para o comportamento humano ..... ~uas idéias innuenciaram historiadores, sociólogos e cientistas po lí ticos. Conceilos freudianos . se encontram firmcmemc implantados no modo de pensa r de homens e mulheres comuns. Em muitos casos, os pais adotaram meios radica lmente novos de educar seus filhos a fim de se conform arem com

as idéias psicanalí ti cas que aceitaram As teorias de Freud são agora uma parte bâsicadenossasubstâ ncia cuhural" .(Seymour Fish~ and Roger P . Grecnbcrg, "The Scientific Crcdibili!y of Freud's Thoories and Thcrapy", Basic Books lnc., New York, 1977, p. V[IJ)

Porém, ~pesar das mencionadas propaganda e iníluência, é pouco conhe,cida a concepçlloqueFreudtinhadasocicdade futura . Suas "profecias" a esse respeito se aj11s1am perfeitamemeaosdcsigniosda Revol ução Universal, da qual ele, arauto da liberali,.açllo sexual, foi um servo submisso. Part-ee ter sido, portanto, um profeta com cartas marcadas Con hecendo esse aspce10 importante e pouco difundido das teorias freudianas, o leitor terá ao mesmo tempo uma idéia mais dara dos objccivos para os quais nos em p urra presentemente a Revolução Universal. Entremos, pois, direcamente na maléria

A Revolução Universal vai gerando sua quarta etapa Velha já de cinco sécu los cm seu longo processo conspiratório, movida pe lo ódio a Deus. à Igreja e à Civilização Cristli, a RcvoluçlloUniversalvaiprocurandoestabelccersobretodaafaccdaTerra umasocie

dadcinteiramemelaica,libcral,'igualitária e anárquica, na qual todos os homens vivam - diz ela - na mais completa libcrdade e na mais perfeita ordem, scm neccssidade de governos que os dirijam ou de leis que os obriguem. Eis como o Prof. Plínio Corrh de Ol iveira descreve essa etapa avançada do pro cesso revoluci om\rio "Aefervescênciadaspaixõcsdesregradas, se desperta de um lado o ódio a qua!quer frciocqualquer lei, deoutro ladoprovoca o ódio contra qualquer desigualdade. Tal efervescência conduz à concepçãoulópica do 'anarquismo' marxista, segundo a qual uma humanidade evoluída, vivendo numa sociedade sem classes nem governo, poderia gozar da ordem perfeita e da mais in1ciraliberdade,semquedestascoriginassc qualquer desigualdade. Como se vê, o ideal simu ltaneame11te mai s liberal e mais igualitârioqucsepossaimaginar.''(''Revolução e Contra- Revolução", Ed. Diário dasLcis Llda .• São Paulo,2'edição, 1982, p.33) Uma sociedade d= tipo corresponderia, do ponto de vista político, a uma República Universa l pacifista . sem pâ1rias, sem guerras e sem Deus: "Um mundo em cujo seio as pátrias ,mi ficadas numa República Universal nllo sejam senão denominações geográficas, um mundo sem desigualdades sociais nem cconômicas,dirigidopelaciênciacpclatb:oica, pela propaganda e pela psicologia, parareali7.ar,5('1TlOSObrenatural,a fclicidade difinitiva do homem: cisa utopia para a qual a Revolução nos vai encaminha ndo" (idem, p.37) Aolongodomultissecularprocessorevolucionâriosu rgiram,comoésabido, três grandes Revoluções: a Pseudo-Reforma protestam e (Primeira Revolução), de cunho prcdominantcmcme religioso; a Revolução Francesa (Segunda Revolução), de cu nho político-social; a revolução comunista (Tcrcci ra Revolução), de cunho cconômico (cfr. op. cit .. pp. IS-20). Em todas elas, portm, estavapresentcoca ràt erli bcra l e igual itário que deveria co nduzir - por etapas, de

FrefJdem 1930:

:c:~n:.~,n!.~.,. .,,., naç/i,//lzaçlo", obralmpl•, n•qua/

alaeaalg~/•C•tóllca,

:':u':1~::• 16 -

CATO LI CISMO -

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"A e fervescência das paixões desregradas conduz à concepção utópica do anarquismo marxista"

modo gradual e continuo - ao estado de coisas acima dcscrilo, o qual pode ser identifiçado como sendo a Quarta Revolução, "um tipo de 'revolução cultural' geradora dcumasociedadenova,pós-industrial,ainda mal definida" (idem, p.72). E à qual, como se podcrà deduzir do tcxlo abaixo, não é alheia a atual "perestroika" 1orbachcviana · "Não é impossível .... prever como ser.à a IV Revolução. Essa prcvisào, os pr6priosmarxistasj.àafi:teram. Ela dever.à ser a derrocada da ditadura do proletariado cm conseqüCncia de uma nova crise, por força da quul o Es tado hipertrofiado serà vitimadcsuaprópriahipcrtrofia. Edesapa recer.à, dando origem a um csiado de coisas cientificista e cooperativista, no qual - dizem os co mu nistas - o homem ter.à alca11çado um grau de liberdade, igualdadecfraternidadeattaquiinsuspeit!ivel" (idem, p.71)

11osambientesa rtisticoseliteràrios - Freud contribuiu possamemcntc para transformar a mentalidade e o comportamemo do homem moderno no sentido revolucionàrio, muito especialmente no campo da scxuulidadc, da vida oonjugal, e da vida familiar em geral. Ateu co11fesso, adverSllrio militante da Religião católica, ele desejava para o homem no futuro algo muito se melhan1eao descrito pelo Prof. Plinio Corrêa de Oli~·eiracomosendoasociedadeda4' Revolução

A sociedade " profetizada" por Freud É verdade que nem tudo o que Freud cscreveuaessercspcitoseajustapcrfeita-

E após acusar a Civiliuiçlo Cristã de impor suas normas morais aos homens contra a vontadc destcs, e dc favorcccr a cJtiStCncia de classes ricas e opressoras, Freud decreta "Uma civili:taçAoquedeixa insatisíeito um nú.mero tão grande de seus participantes e o.s impulsiona à revolta, não tem nem mercce aperspectivadeuma cxistê11ciaduradoura"(idem, p.23) Freud parece assim faier eco e justificar a doutrina mantista da luta de classes para derrubar as assim chamadasestruturasdeoprcssllo, que seriam increntes à Civilização Cristã. Nas poucas vezes em que se refere ao comunismo, Freud nunca discorda de sua meta, ou .seja, o estabelecimento de uma sociedade libertària, anàrquica,igualit.ària,pacífica,etc.Suadiscordãncia, assim mesmo cheia de matiies, se verifica apenas noquedizrespcitoaosmécodos cotalil.àrios do comunismo russo cm sua época. Entretalllo, Freud cm\ disposto a aceitar até mesmoosprocessosviolcntosccruéisdo perlodostalinista,einclusive a agradecer aos seus executores, desde que sirvam para implantar um estado de coisasdifere111cda civi!izaçã0Cris1ã· "Existem homensdeação,inabalã.veis cm suastonvicçõcs, in'accssíveis :1 dúvida, destitui dos de se ntimentos pelo .sofrer dos outros que se opõem às suas intenções êahomensdessaespéciequc1cmosdcagradj!CCro fato de que o terrível experimento de produzir uma nova ordem desse tipo esteja sendo posto cm pràtica. atualmente, na Rússia. Numa época em que as grandes nações anunciam que esperam a salvação apenasdamanutfnçãodc fé cristã, a revolução na Rússia - apesar de todos os seus detalhesdcsagrad.àveis -asscmelha-sc,não obstante, com uma mensagem de futuro me lhor" ("A questão de uma Wcltanschauung", Edição Standard llrasilcira das

Freud contribuiu possantemente para transformar a mentalidade e o comportamento do homem moderno no sentido revolucionário

Freud: um agente da Revolução Para levar a cabo seus designios, a Revolução Uni versal sempre contou com agen tes capazes, poderosos e dedicados, sejam eles homens ou instituições. E é por meio de tais agentes que ela vem operando ao longodoss&ulospara transíormaros homens e a sociedade no sentido revolucionário "Produ1.ir um processo tão coerente, tão continuo, como o da Revolução, através das mil vicissiwdesdeséculos inteiros, cheios de imprevistos de toda ordem, nos parece impossivcl sem a ação de geraçl>e$ sucessivas de conspiradores jle uma inteligência e um poder extraordinários ..... O bito que até aqui têm alcançado esses conspiradores .... deve-se não só ao fato de possu[rem incontcstável capacidadc de sc articularem e conspirarem, mas também ao seu lúcidoconhecimentodoquescjaa cssência profunda da Revolução, e de como utilizar as leis nalUrais - falamos das da polftiça, da sociologia, da psicologia, da arte, da economia, etc. - para fazer progredir a realização de seus planos" (idem, p.27) Ora, é certo que neste s«ulo XX um dos mais eficazes agentes da Revolução, muito especialmente no importandssimo terreno da psicologia, foi Sigmund Freud, o criador da psicanálise. Emseuscscritoseemsuaintensaatividadc pessoal na difusão do movimento psicanaHtico - favorecido além disso, como vimos,pelaam plissimarepercussãodesuas idéias nos meios de comunicação social e

memcaoquefoicxposto,maséfácilpcrcebcr que a linha geral de seu pcnsamcmo caminha neste sentido: "Pensar-se-ia ser possível um reordena mento das relações humanas, que rcmoveriaas fontesdcinsatisfaçllo paracom acivilizaçãopclarcnúnciaàcocrção c àrcprcssãodosinstintos,desoneque, imperturbados pela discórdia interna, oshomenspudessemdedica r-seàaquisiçãodarique1.ae àsuafruição.Essascriaaidadedeouro" {"0 futuro de uma ilusão", Edição Stan-

Freud deixa transparecer sua simpatia por uma fu tura vitória da "forma comunista de pensar", como meio de evitar as guerras dard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, Vol . XXI, Im ago Editora Lida, Rio deJaneiro,1974.p. 17) Na via rumo a essa "idade de ouro", areligiãoeacivilizaçãocristãdevcriamdesapareccr· "Nocaminho paraesscobjetivodistantc, suasdoutrinasrcligiosas(as deum irnaginli.rio interlocutor) terão de ser postas de lado. .. A longo prazo nada pode r~isiir à razão e à experiência, e a contradição que a re!igilloofcrecea ambasépalpàvel dcmais"{idem, p.68).

Obras Psicológicas Completas. Vol. XXII, [mago Editora Ltda, Rio de Janeiro, 1976, p.2 19)

Pacifista intolerante e ditatorial Outro ponto de conson!lncia de Freud com o mundo da 4• Revolução diz respei10 ao pacifismo e à Repilblica Universal. Frcudsccoosidcravaumpacifistaradical: "A principal razão por que nos rebelamos contra a guerra é que não podemos

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fazer outra coisa. Somos paciFistas porque somos obrigados a st-lo, por motivos orgãnicos, básicos. ... bto não é apenas um rep(ldiointelectual eemocional; nós,ospaciíistas, temos uma intolerãncia constitucional à guerra, digamos, uma idiossincrasia eucerbadano mais alto grau" ("Porque aguerra1",ídern,pp.257,258). Para ele a melhor maneira de evitar as guerrasacurtoprawseriaocstabelecimento de um Poder Universal dotado de meios ditatoriais para impora paz pela força ''Asguerrassomenteserlloevitadascom cer1ci;a,seahumanidadeseunir paraestabelccer uma autoridade central a que será conferidoodireitodearbitrartodososconílitos de interesses. Nisto estao envolvidos claramente dois requisitos distintos: criar uma instância suprema e dotâ-la do nectssãrio poder" (idem, p.2SO). Freuddeixaaindatransparecersuasimpatiaporumafu1uravitóriada "forma comuni sta de pensar", como meio de evitar asguerras.Enquantoisson.loocorre,advogaa manutençaoda pazpormeioda "forçareal" "Algumas pessoas tendem a proícti1.ar quenloserá posslvel pÕrum rim à guerra, enquantoaformacomunis1adepcnsarnão tenhaencontradoaceitaçllouniversal.Mas

Nas poucas vezes em que se refere ao comunismo, Freud nunca discorda de sua meta, ou seja, o estabelecimento de uma sociedade libertária, anárquica, igualitária, pacífica esse objetivo, cm todo o caso, está muito remoto,atualmcnte,etah·ezsó pudcsseser alcançadoapósasmaistcrrivcisguerrascivis. Assim sendo, presentemente, parece estar condenada ao.fracasso a 1enta1iva de subs!ituiraforçarealpclaforçadasidéias" (idem. p.2S I).

Sem jamais dizer-se comunista, Freud cont ribuiu poderosamente na preparaça:o de um novo tipo de homem e de socieda.: de.quc scc nquadramperfdrnmentedemro do ideal revolueionáriocomunista. Suadoutrinasobrea.scxualidadeindu· ziu 05 homens a uma revolta, 11ão sócon• tra as normas morais vigcn1es na Civilii:ação Cris1ll - qu e passaram a ser tidas por injustas e contrárias aos instintos naturais

A doutrina sobre a sexualidade de Freud levou os homens a desejar um tipo de sociedade, na qual não houvesse repressão, nem hierarquia, nem autoridade

do homem - mas também comra o próprio modelo de sociedade. em que tinham vigor aquelas normas. E os levou a desejar um tipo de sociedade. naqua! nllohouvesscrepressão,ncrnhiera rquia,ncma111orida d,. O entrosamento das idéias de Freud com omarxismo.paraefeitodeumarevolução total freudo-marxis1a, a 4" Revolução. foi fcitoprincipalmen1eatravésdeseusscguidores - como Wilhelm Reich, Herbert Marcuse e outros - e teve sua primeira cxplosão na revolta cstudan1il da Sorbon11c, cm maio de 1968. que se constituiu como bandeira e marco inaugural desse novo tipo de revolução. Fica assim constatada de modo incquivooo a ação de Freud como poderoso agen1e da Revolução Universal, pois a1ualmen1ennoseconcebcmnisomovimentorevo!ucionário sem o seu indispcnsãvcl e decisivo componente freudiano Que o acima e~posto sirva de alerta para que os leitores não se dcixem inílucnciar passivamentepclovenenocontidonasid6as deFrcud,infelizmcntchojetãodifundidas nosmeioscatólicospelacorremeprogressista. Adernais. cabe indagar até que polllo asociedadeporcle"profetizada".n noestA sendo gerada cm rn eioàconfusàoe aos enigmasdaperestroika MURILLO GALLIEZ

Freud e a Psicanálise SigrnundFreud(l856-19J9),ofundadordapsicanãfüc,nasceu em Freibcr1,umapcquenaddadedaMorliviaffchecoslováquia). Ainda era criança quando sua familia mudou-se para Viena, onde residiu até 1938, quando se 1ransferiu para Londres devido à pcr.scguiçãomovidacontraosjudeuspcloregimenazisrn. Faleceu nacapitalinglcsaern1939 EmVicna,diplomou-sccm mcdicinaepa.ssouaexerceraprofissllo, especializando-se cm neurologia. Em 1885, ÍC'l um estàgio na clinica do renomado neurologista Jean Martin Charoot, c111 Paris, tendo ficado especialmente imp ressionado com a cura de neuroses pormeiodahipno.sc.rcaliz.adasporaquelemestrefrantt'S.Esteintcresse pela hipnose como método terapànioo motivou um ou1ro estágio de Freud na França, em 1889.naclinicadeBernhcim,emNancy De volta a Viena, resolveu <ledicar-se também ao emprego da hipno5en0tratamcntodccertas neuroses,comoahisteria.~angtistirui, a neurose obsessiva. etc. Porém não tardou a desiludir-se de seu valor como mélodo terapêutico. Após um bre,·e pcrlodo em que tentouométododasugestllo,passouaempregaraquiloquepcrmancccucomocaracterlSlicodapsican:!Jise:alivreassociaçãodei~as Con1isieelaempcdiraopacientequedigatudooquelhevemàcabcça, sem qualquer preocupação lógica ou racional, deixa11do-se levar pelos impulsos do inconsciente. As informaçllcs as.sim colhidas devem ser então analisadas e ioterpretadaspelopsicanalistacorno dementoessen<:ialparacon<luziroprocessoterapêutico. Estc,quast~predelongaduração,cstendcndo-sepormesesoullllOSafio Muito mais que um simples mtlodo diagoóscico e terapãu1ico, a psicanálise passou a ser, de acordo com o próprio Freud, uma

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CATOLICISMO -

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nova dou trina ~obre o homem, urna "psicologi~ do profundo", ondcoinconscientetomavaaprimazianadircçãodosatoshuma· nos,comaconseqüemencgaçãodolivrearbitrio,daresp0nlllbili· dadccdaculpa. Para Freud. a maioria das neuro~ tinhaorigemcmconílitos inconscientes de fundo sexual, ocorridos na infãncia. Surgiram dai teorias francarnenle come~táveis, como a sexualidade infamil eo"complexodeEdip0". Apesardaaf\rmaçãoemcontráriodcFreud,adoutrinapsicanalitica sobre o homem~ um reílexo dos pressupostos doutrinários e filosóficosdeseuau1or.A1eu. malerialistaccvolucionista, Freudnuncacscondeusuaa,ersàoãreligiãoemgcrate,emparti· cular. à lgrcjaiõ Católica, com seus dogmas e sua moral. As iMias de Freud sobre religião, suas ,Titicas e ataques contra ela, e~1ao con1idos principalmente nas seguintes obras: "Totem e tabu" (1913),"Ofuturodeumailusão"(!927),"Omal-estarnacivilização"(l929)."AquestàodeurnaWeltanschauung"(l932)e"Moiséseomonoteismo"(l939). A psicanálise, não só enquanto métOOo diagnóitíco e tcrapEutico, como também enquan10 visão geral do homem, sempre foi contes1ada, global ou parcdmcn1e, nosmrioscienlifieosccullUrais, a1ravésdcescritosde mMkos,psiquia1ras, psicólogos, filósofos, catédepsicanalistasdissidentesdeváriascorrentes.Aprópriaho• nestidadeprofissionaldeFreudfoip0staerndúvida,1cndosido ele acusado, maisdeuma,ez,demanipularahistóriaclínicade scuspacicn1esparascniraos.scusp0stuladosdou1rinári~. A fama de scu nome vem muito mais da propaganaa que a midiacosmciosliteràriosfizeramdesuape$$0a,quedovalorin· trinsecodesuaobra.


OR TODA PARTE,

nos dias

de hoje, o.uv imo! fal.ar ~e

um certo ecumcmsmo, CUJa

preocupação prcdommante

parea:SCTadeoonfundira

verdade com o eno, o bem como mal

Diantedesscfato,avass.a!ador, nada melhor para ter-

São Leão Magno:

Salvador de Roma e Doutor da Igreja Em contraste com o neopaganismo desagregador de nossos dias, reluz o exemplo de combatividade católica e desassombro de São Leão 1, Papa

mos uma idéia clara do que I; um vi r u lho-

lkus et tohu apostolkus (um varão cat61ico e todo apostólico) do que conhecermos alguns episódios da cdifii;arne vida de São Leão Magno (Papa de 440 a 461).

De grande coragem, ele enfrentou bãrbaros terrlvcis de sua época como Átila e Genscrico. E no campo da fé, foi um baluar-

tecomra as heresias que então proliferavam, como por exemplo, o maniqueísmo, (a res-

pei10 do qual nouasediçõesde julho c agosto trouxeram elementos) e o eutiquianismo.

Como um leão ... Quem, em meados do século V, navegando pelas plãcidas águas do rio Tibre, pcne1ra5sc no coração de Roma. depararse-ia com uma imponente cidade de um milhão e duzcnl05 mil habitames, dotada dc31 portas,424tcmplose29aqucdut05, estes tio largos que íadlmcmc por eles poderia transitar um barco. Era a capital do mundocivilizadodeentão,entrctantoatolada na vida molee de prazcres Fáccis, dcsíi brada cem Franco proccsso de desagregação moral. Durante mais de 600 anos nao vira ela diantedcseusmuroscxérdtoinimigo;contudo,noanodc408, tornara-sepresa íácil do visigodo Alarico. Em452,novamemescushabitantcstrcmeT"amdiantedaameaçadoshunos,cheíiados pelo tcmivel Átila, que a si mesmo se chamava "flagelo de Deus ... Desta vez, porém, havia cm Roma um homem de Deus que, pondo sua confiança no Altíssimo, nada 1emia. Era Silo Leão 1, Papa. "Como um leão que não conhece medo nem tardança - escreve seu biógrafo, Jordancs -este vario apresentou-se, pei-tode Mântua, ao rei dos hunos e moveu o vencedor a retirar-se" (J.B. Weiss, "História Universal", Tipografia La Educación, Barcdona 1927 - Tomo IV, p. 303). Era 1al a imponência do sucessor de São Pedro, em seus trajes pontificais, que o huno, desa fiador destemido dos mais poderosos cxfrcitos de então, bateu em retirada atemorizado. Tr& anos mais tarde, o imorlat Pontlíice haveríade sair aoencontrodo chefc vãn da loGcnserico,obtcndodeleurnsaquepaclfico da Cidade Eterna, tendo sido poupadas muitas vidas.

Slo Leio .v,gno e Álil• - Tel, de A. Algttr• d/(11150), ttll.rdeSloLalo.Vagno, BllsslJ. e, de Slo Pedro (Rom,)

cheiiou a tornar-se um dos mais famosos Prelados da Igreja sob os Pontificados dos PapasCelcsti noeSixto Ili . No ano de 440, sucedeu ele a Sixto Ili no sólio pontilkio. O timão de Pedro necessitava ser dirigido, naquela época, por mãos muito capazes. Além da debade moral e ma1erial do Império Romano do Ocidente, vãrias heresias tentavam di la~rar a Igreja ncsla fase de sua existência. E Silo Leáo I socorreu tanto o Império quanto a Igreja, livrando o primeiro dos btirbarose a segunda das heresias

"Abriu-lhe a boca no meio da Igreja, eoSenhoroencheucomoespírimdesabcdoria e dc intcligência, e o vestiu com um mantodeglórias"(Eclcs. 15-5)sãoaspalavras empregadas pela Santa Igreja para qualificá-lo no Introito de sua Missa. Com cícito, São Leão Magno 1110 só convocou Concilios, promulgou leis,escre,·culivros, .sermões e q,istolas, mas 1ambém combateu todasasheresiasquesurgiramemseulempo Entre clas,a maispcmicios.a,talvez,tenha sido a difundida por um monge de Cons1a11tinopla chamado Eutiques (ver quadro) Encontrando apoio entre cortesãos de Tcodósioll,lmpcradordoOrien1e,aheresiapareciatriunfan1e.Sllof1aviano,Pa1riarca de Consiantino:,1a, que o condenou, foi martirizado p0r parl,uários de Eutiques No auge da celeuma, com o Falecimento do débil Teodósio, suairmã,Santa l'ulquéria-quejápossulaotítulode Impera triz - cníeixou cm suas mãos 1odo o podei'" imperial. Foi um golpe decisivo para a heresia, uma vez que Pulquériasempre Fora filha obcdicntissima da Sé Apos1ólica EncssaSé,Fclizmente,Sllol.dolcondenavacom força e sabedoria todos os erros.

O exeinplo de Silo Le3o 1, que de modo inflexível comba1eu as heresias de seu tempo, é um possante es1imulo para todos os autênticos católicos, quehojesedcfrontarn corntantoserros,cspccialmen1edccaràtcr1cológicoes6cio-polí1ico. Estes, infelizmcn!e,grassamdcmodoveladoouabcrto em ambicntC5 católicos, veiculados por "progrcssis1as"detodososma1izcs,dentrc os quais sobressaem os adeptos da Teologia da Libertação LUIZ CARLOS DE AZEVEDO

Firmeza de um santo em face da heresia

Douto r da Igreja Pela grandeza e valor com que conduzi1! o seu pontificado, São Leão fo i cognommado "Magno", isto é Grande Era ele originário da Toscana. Desde cedo apl icou-se aos estudos de humanida des e teologia, progredindo tanto no aprofundamento desta última ciência que, mesmo antes deasccndeT"à Cátedra de Pedro, CATOLIC ISMO -

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URSS:

estertores de um regime falido

Misén'a e caos social propagam-se na URSS como fag ulh as de um incêndio, que Gorbachev não consegue apagar. Não sabemos que surpresas

ainda nos reserva o regime soviético em decomposição.

Pr•lelelras vazias

n.a• padarlH de Moscou... OMEÇAR O DIA de pé nu· ma fila é gesto sintomáiico para o homem comum da União Soviética. Isto nunca foi propriamente novida de - dcsdcaRevoluçaobol chcvista é uma constante no pais. Ultimamente, contudo, as filas têm sido mais lo ngas e as pessoas que espe ram

encontraralgoemarmazénsepadariasandam mais irritadas e tensas. Comentàrios en0tkiasdcscncontradassobre novospla-

nos econômicos a serem anunciados que incluiriam bruscos aumentos de prc• ços - vêm provocando início de pânico em Mosco u (onde falta até mesmo pão, embora a capital seja a mais abastecida das cidades soviéticas). No interior e cm cidades menores, a situação econômica e oestadodecsplritodapopulaçãosãoaínda mais desesperançados, poisa escassez dc gêneroscbcnsdcconsumoassumeproporções catastróficas. Tudo rareia: carne, leite, frutas, legu mes, cigarros, s.abão, cereais (que apodrecem nos campos). 20 -

CATOLI C IS MO -

... oc•sJonaram, em setembto Ultimo, • fonnt1Çla de longH filu de compradores, lvldos de obter ,,o m&nos um pio

Escassez crõnica e generalizada Circula,emrea população, uma anedota: "Você vai ao açougue comprar carne, pede o produ10, mas ouve o açougueiro dizer:carnenãohá , procurenasapataria. Você vai à sapataria, desta vez para co mprar sapatos, pede um ao vendedor ceie responde: sapatos não há, procure no açougue". Asituaçãointernaétãolastimável,que o Mossovict (Câmara da Cidade de Moscou) convidou a população, semanas atrás, para colher batatas, an1es que toda a safra sepcrcanalamapcladesorganização efracasso das fazendas co letivas. Consta que até elementos do Exército teriam si do convocados para a tarefa. Ao mesmo tempo, hãosquevêemnessainusitadamovimcntação de tropas prenúncios de go lpe militar ougucrracivil - referemoscorresponden tes da imprensa ocidentalem Moscou. Entretan to,aquestãodasbatataséapenas umaentrcas muitascrisesdcabastecimento e filas. Alexei Pookrovov, analista de"Sels kayaZhiin"-publicaçãodedica-

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da à vida rural - , revelou que as perdas nas.aíra serão colossais - estima-se que cheguem a80'11oumais. "Depois de 70 anos de socialismo, não hã nada para comprar. A transição para o sistemademercadoénoss.aímicaesperança", afirma Vladimir Nosovich, consultor econômico da Bolsa de Moscou ("Jorna l da Tarde", 20-9-90). Seguindo estatísticas do Ministério da lndllstria Médica. citadas pelo "Pravda", as77 ma rcasdemedicamentosatualmente disponíveis - das 47) existent es na URSS - satisfazem tão-só um terço da demanda. Muitas vezes, os remédios ficam armazenadosdu rantemcseseseuprazodevalidadeexpiraantesquecheguemaosdoentes. Nãohàcalman1es,an1i-innamat6rios,a11tiãcidos, ant itérmicos, nem tampouco remé· dios para o coração. Conforme o "Pra·vda", a produção desses medica mentos está paralisada. "Pão,PazeTerra"erao"slogan"preferido dos bolchevistas, no inicio do século, quando Lenin subiu ao Poder. Após sete décadasdecomunismo, os soviéticos sentem-selogradosetraidos.


v.,e,.no da gu'"' do Ateganlt tlo; , drog• • • /oucu,. do problflmH f,-qüente,,nlreo, ,•-combat, nte, neue (M{• - tlntomD do H l9do de d e ~ d n t o r ça, ~ savUtlcn

Alémdas atrocidades de queforam vlt imas,dcsde l91 7,os russos no rn bi· mo ganharam do regime bolchevista migalhas de pao, minúsculas porções de terra ou cubículos para morar ... Assim, o projeto governamen tal de conuder a cada familia, até o ano doismil ,umacasaouumapart amento, não passou de sonho. Cerca de 14 milhõcsdepcssoases1ãoatéhojeàespera simplesmente de uma moradia decente. Mais de seis milhões de n•s· sosvivememapartamentoscomunitàrios, nos quais 61.o obrigados a com· partilhar cozinhas e banheiros!

Chacinas e decomposição no Exército Orecenteretornodctropasda Eu· ropa Oriental 5Ó serviu para tornar maisagudoocaoshabitacional. A crise de moradia tornou-se tão grave cm Moscou ao pomo de o corpo diplomá1ico ter de hospedar embaixadores e funcionários cm hotéis, como no caso do Chile, ou da Argentina, cuja rcprc· sentaçãocstásendovirlualrncntedcspe· jada de um imóvel, no centro de MOS· couparaaperiferiadacidade. Militaresesuasfamlliasestãoacampados em colégios, clubes ou instalações militares desa1ivadas, graças à política de dcsarmamenlo, informou a "0 Globo" (S· 7-90) o General da reseu·a Yuri Lcbediev. Há 200 mil oficiais à espera de umalojamcmoeondigno. Os oíiciais jovens querem uma reforma drástica, um Exército profissional dcspolilizado.Osrecrutas,depoisdosenfrcntamentos no Azerbaijão, não desejam mais servir - afirmou Lebediev. Somente no últimoano,59oficiais foram assassinados.

"Corno é possível que, unicamente em tempo de paz, durante os últimos quatro anos, tenham morrido IS mil homens no Exército, tantos quantos perdemos em 10 anos no Afeganistão?", pergunta um grupo de eminentes poHlicos, cientistas e oíiciais militares,emcarta aberta dir igida ao Governo,publicadanacdiçãodo"Komwmolskaya l'ravda". O llhimo soldado sovio!tico saiu do Afeganistão hã quase um ano e meio. Entretan-

to, muitas mães soviéti cas ainda hoje recebem seus fil hos, de ~o ltadoserviço mi litar no Exército, em caixões de metal... Lesõese fcrime ntosàbalavêmcobertoscom maquiagem. Os caixões são fec hados, de forma que os pais não vejam os corpos mut ilados dos íilhos. Estes só podem ser co nt emplados por meiode umajanclinhaquemos1raapcnasoros10.0sesquifesdemetalocul• tamhorri,·cish istóriasdejovensa55Usinados em tempos de pai - vitimas da brutal covardia de companheiros. Maisdcurnquinto dessasmortcsdeve m-se ao suicídio. Num Ex~rcito de 4mil hõesdehorncns,dc IOOnacionalidades diversas, a hostilidade radal igualmcmevemcausandomortes Os jovens mostram-se amedronta dos. A fuga ao alistamento e a deser ção são cada vetmaisfrcqücmcs, não obstantcosinfrntoressercrnpassivcis de penas que podem chegar a até sete anos de prisão. Na Armênia, por exemplo, apcnaspoueornaisdel{)ll.dosqucseaeham cm idade hãbil apresentaram-se este ano p.ira o reçrutarnento nacional. A informaçDo é do próprio vice-ministro da Defesa, general Valentin Varennikov. Nos palses E,remp/o de manlfe1taçlo

-,il/govemamenrel, cad• vez mais l~Ci#mte: membro de grupo opotlclomlla rlllflll foto dfl Gorl,ae/lev, na praç• Puthllln

de Moscou, ,mdfízflmbropafllldo

CATO LlCISM O -

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Flfllonomlaexter~ndo descontentamento e de8'nl11W - casa!I em péssimas condlç6es de conservaçlo:duaa con!ltantesquerefletema deterloraçilo da sociedade !lovlétlca

Única superprodução nas cidades: os mendigos Nas grandes cidades, como Moscou. proliferamos mendigos nas ruas, estações do metrô e terminais rerroviários. Numa cartaao'' lzvcstia '',umcletricistaaíirmou que há três anos mora com amigos numa tubulação. Outro missivista - veterano dcguerra - eonfessaque,ànoite,revira latasdclixoàprocuradealgumacoisaaproveitável Que dizer, entao, do interior da URSS, onde há maisdemilcidadesemestadode calamidade? Em Vologda, por exemplo, localiuda nas planícies do norte do pais, (onde nun ca há água e as prateleiras dos mercados cscãopcrmancntcmcncevazias), metade da população de 280 mil pessoas vive em casasdemadciradoséculo passadoc prédios dec·mcntocomc'ncoouse·sandarcs,construidos há maisde50anos. Maisde)0 mil pcssoasvivememdormi16riosdepropriedadc das fábricas onde trabalham, sem um mínimo de conforto.

Socialismo continua

bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), a proÀ,rv~!~a éd~:~º=~~dro, não surpreende que dissidentes soviéticos, reunidos, faz pouco, cm Praga, num Congresso pela de mocratiração da Rússia, lenham declarado: a politica de Gorbad1cv "está transformando a URSS numa gigantesca Beirute"

"Se alguém trabalha e trabalha, sem pcnsarparaondevaioprodutodeseutraba!ho, ele acaba virando um escravo. Não qucremosscrescravos.Queremostrabalhar e receber por nosso trabalho uma vida normal, com comida suíiôcn1e", afirmou um mineiroàTVsoviética,queconcedeugrande de5taque á recente greve empreendida por essa categoria proíissional

Suicídios

também de mineiros

"Incêndio de verdadeiro furor"

Recentemente, dois representantes da ''Case Communications'' (empresa britânica) chegaram ao saguão do hotel, na ilha de Sakahlin, no extremo leste da Sibéria, e foram recebidos com sorrisos pelo guia "Só temos um problema", disseram eles ''Não há água quente''. O guia, incrédulo, arregalou os olhos: "No quarto de vocês háãgua?" Eisumaamostradasprovaçõesqueespcram os pioneiros do comércio, que vão penetrando Rússia adentro. Contudo,talvez.emnenhum dos setores da vida social o quadro seja mais patftico do que entre os mineiros e garimpeiros da Sibéria e da Ucrânia Em protesto contra as péssimas condições de trabalho, 31 garimpeiros de ouro suicidiram-se no últim o ano. Outros 47 tornaram-se inválidos, após malograracm na tentativa de suicidio. A informação é do jornal "A Rússia Soviftica", num estudo sobre o assunto. Segundo outros depoimentos, o número de mineiros que morrem a cada ano na URSSultrapassaodesoldadosque tombaram na guerra do Afeganistão. Conforme o telejornal oficial "Vremlya", cerca de 800 morrem em acidentes de trabalho anual mente. Muitos moram em barracas de lona 22 -

CATOLICISMO -

Daísedcprccndcqucodcscontcmamcntoem relação ao sistema comunista écla moroso e monumental Em fulguramceirrefutávelan:ílisesobrc "Comunismo e an1icomunismo na última décadatll"Stcmilénio",publicadaem"Catolicismo'" (março/1990, n? 471), bem como cmcxprcssivonúmcrodeórgaosdaimprensa brasileira e internacional, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira descreveu esse "Descontcntamcnto com D maíusculo", nosscguintcstermos: "Sccontraesteouaqueleaspectoda realidade soviética se enunciam quei~as, contra o conjunto dessa realidade os fatos mais recentes tornam evidente que lavra um incêndio de verdadeiro furor Provavelmente, o mais abrangente e total descontentamento que a História conheça. [pois]põeemfogotodasascapacidades deindignaçaodapcssoahumana" O Primeiro-Ministro soviético Ryzkov nõ-loa1es1a, deforma insuspeita e desembaraçada: "As manifestações [dos mineiros]tivcramumconteúdoantigo vernamental eantkonrnnista'·, reconheceu ele, rcferindo-se aos sucessivos protcstos dc due nasdel"rtilharesdetrabalhadoressoviéticos, em diversos pomos do pais ("Jornal do Brasil", JJ-7-90)

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Gorbachev, reiteradas vezes, temacen tuado: a URSS deve passar por uma profunda transformação, sem o que marchará rumo ao abismo Sc,cntrctanto,oleilordedu:.:irdaiquc o líder soviético renunciou ao socialismo, equivoca-se rornndarnentc. Em dcclaraçao reccntc,Gorb,Kl1evacentuouqueaprincipal causa da crise econômica do pais "foi


o domínio dos monopólios e a completa estatização do setor produlivo", acrescentando todavia: "A privatiuçiol.wri feita] dtntrodtnossaopçiosocialista"{"Jornal da Tarde", 18-9-90, destaque nosso). Curiosamente, porém, a m!dia pretcndt inculcar, de mil formas, na memcdos dcsavisados,queGorbachcvscriaumbcncmérito c inLCépidodemolidor do comunismo e do socialismo ... Ao mesmo tempo, o Ocidente prossegue cm sua política insensata, fornecendo recursos e créditos à percstroika como se es1a fora a panacéiaparasalvarorcgime comunista do caos e da miséria. Cinco anos ill'pois de Gorbachev assumir o Poder, cisa URSS reduzida a frangalhos!

"Assim não dá para viver mais" Es1eto1irnlodcum filme-scnsaçãona Rússiadcnoswsdias. A pelicularetrataasdécadasdetotalitarisrnocornunistacscudire!or,S!anislav Govorukhin. propõc:paraosdirigcntcsdopaisumjulgamcntosemelhan!e ao realizado com os criminoSO! nazistas em Nurcmbcrg. Nãoédi!icilcomprcc11dcrosuccs• sodapelícula,quandoseoonhcccm osrcsultadosdcumapesquisadeopinião pública divulgada hã pouco pelo Cen1:·o Nacional de Estudos So· ciais, da URSS. Osrcsultadosindicamqucsomentcl8-,. dos280milhõcsdesovié1icos voiariam no Pa:tido Comunista, caso houvfssc elciçõcs livrcs. O rcpúdio

estcndc-seaoGoverno:46'7,~ofavoràveis à rcnüncia pura e si mples de Gorbachev. Entre os jovens, o quadro é ainda mais desalentador para os comunistas. A titulo de amostra, narcgiãodcUpetsk,otablóidc semanal da Liga da Juventude Comunista ("Komsomol'") publica estes dados frisantcs: .w-?t dcsejam a dissolução imediata do organismo, sendo que outros 40•/o não têm "idéias concretas" sobre o assunto ou se mostram indiferentes. Um por cento dos en trevistados acredita que o "Kom• somol'·tticscnsinou"honcstidadecprincipios''.cnqua1110 ll 'i'tdescjam que o órgão se1ornemcnosburocráticocmenosdcpcndcn1c em relação ao PC. À vista disso, não espanta que, só no primeirosemestredestcano,1enhamabandonado o PC da URSS J7l mil pessoas. E a proporção de deserções es1á crcsce11do

assustadoramente: cm apcnu dois meses, agosto e setembro passados, 311 inscritos no partido o deixaram!

''Os crimes de Hitler ao pouco, se com· paradosaosqucocomunismocomctcucontraopovosovittico", dcclarouosupracitadoautordofilme''Assimnllodáparavivcr". lerá o povo russo direito a uma Nurcmlxrg parajulgar os govcrnantesq ueo oprimiram décadas a fio? ARMANDO BRAIO ARA N()'l"A

Panaclabo<a,;lo<lcil<ani,ofo,amcompuhaduu ediçOc,d,.riudo·"Jo,,..ldoBr.nil'',""OGlobo'',""Folhad<S. Paulo"", "OE.ta<lod<S. Poulo .. <""lomll

t~;!:,"'~~mcon,oa ,c,i"a "Veja"". rclahv11 aos

0 11nvl•do d11 MOIICOU, SChchadov, que deviria punir osmlnelrosg,•vl•l••1111 Joc•lld•d11 ,lbflrllln• de Kuzbus, em Julho do ano pa"8do, dir/911-lhHspal•vr•,

recu•etuconceu6ea,premldo ~nredamaç~ados ope,,rioa,queexlgem~lhores condlçóesdev/da

CATOLICISMO -

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Escrevem os leitores

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• Garças e tuca nos Sou assiname de CATOLICISMO hã muitos anos e acompanho com alegria o desenvolvi-

mento da revista. Como também tenhoahonradescrcorrespondcntc da TFP, estive prcsen1c ao VII Encontro de Correspondcntcs noqualcolhi várias pérolas epedraspra:íosasqueguardo no tesouro do coração. Dcntre cstas jóias brilham com destaque as ooníerências do Sr. Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. E especialmente reluz.cm certos trechos delas, como foram os das comparações com a garca

e com o tucano. Paraqueaagitaçãodavida moderna não viole o cofre do tesouro fazendo

comquescevanesçamessaspreciosidadC$,gostariaqueCATOLI C JSMOpublicassc csscst rechos acompanhando-os de fotos desses animais. Se me permite, minha sugestão vai um pouco mais adiante: gostaria quc,scndopossivel,publicassem trcchosdeconferênciasemque o Sr. Dr. Pliniofazanâliscs de animaiJ, minerais, enfim dos scresdaeriaçll.o,acompanhadas de fotos. Estou convicta de que estas anàliscs são uma forma de comcmplação da natureza qucnosajudammuitoaaprox.imarmo-nos de Deus (Angtla Maria Tomf!, São Caetano do Sul-SP).

• Lapso Leitor assiduo de CATOLICISMO, particulanncnte interessado nos assuntos da cditoria religiosa,minhaatençãovoltouse especialmente para o artigo sobre São Miguel Arcanjo, estampado na edição de setembro passado. Noterceiroparâgrafo da p. 17 l!-sc: "foi São Miguel quemmoveuasâguasdapiscina probãtica (de Sil~)". Em todos os lugares em que aparccem refcrCnciasà piscina dc Sil~ nosEvange lhosnãoseencon1ra o qua lificativo "probAtlca", q ue figura na citação acima. 24 -

CATOLIC ISMO -

Assim, venho pcrdir-lhe uma c;,tplicaçãoarcspeitodesscassunto(LuizM11rlinsfcrn11ndes, SantoAndré-SP). NoladaRtdaçio-Atendemos com prazer à solici1ação do prezado leitor. Elo nosofcreceaoportunidadedeapontar inicialmente um lapso de revisão. Etambémdeexporanossos leitores a diferença entre a piscina probática e a piscina deSiloé,poiselassãodisti ntas. É e,;pliclvel que o leitor nunca tenha visto o qualificativo probA ticajuntoà piscina de Siloé, nos Evangelhos, como o texto do artigo equivocadamente apresenta, uma vez que as duas piscinas estão situadas cmlocaisdiferentcs, sendotambémdiversasasutilizaçõesque cada uma delas tinha. A piscina probâtica, com cinco pórticos, é aquela situada a nordeste de Jerusalém, onde Nosso Senhor curou o parali1ico de 38 anos (cfr. João S, 1-9) e cujas âguas eram movidas pelo Arcanjo São Miguel. O nome hebreu da pisciua vem escrito de três maneiras distintas: 81!thesda, Bcths.aida e lkthzétha. É conhecida também como "piscinadasovelhas"ou "dos rebanhos".poisalieramrcunidas e lavadas as rcses destinadas ao sacrificio no Templo de Jerusalém. J:i.Silof!éonome, ao mesmo tempo, de uma fonte, de um canal por onde correm suas ãguas, da piscina ondeelasdesaguamedaregião. no ex1remo sul de Jerus.a lf!m. É a única fonte existente dentro das muralhas da cidade.

• Agradec imento Obrigado pelo que aprendi em sua revista (Btnedklo Pires de Almeida, T iete-SP).

• Instrutivo Recebi o n~ 474 de CATOUC ISMO, como sempre, aliãs, muito instrutivo (Rai mundo Aristides Ribdro, Fortalei.a-CE).

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• Ardente d ese}o Recentemente chegou-me às mãos um Cll.emplarda revista CATOLICISMO, edição de julho, enviada que foi pelo meu primo e amigo Milton Araujo de Sousa, residente cm Londrina-PR. Ao ter lido a reícrida revista, veio-me logo um ardente desejo de ser um dos aninantes da mesma. Evidentemente, resolvi logo me dirigir aos senhores para solicitar-lhesopreçoparauma assinaturaanua l (Osca rd eCaslro, Fortaleza-CE). "'

• Pensamento crlsttio CATOLICISMO é como büssola a nortear o pensamento cristllo, o único que vale a pena seguir (L ui z Newton No11, uel ra, ltalva-RJ).

• Melhorando CATOLICISMOestA melhorando dia a dia, possui uma elarezanospensamcmos,umaatualidadesurpreendenteeumaaprcsentação primorosa (Dlsl . Jost ph de Mais ln, U da, Florianópolis-SC).


Música para crianças Por ocasião da semana da criança, a fanfarra "Santos Anjos", composta por cooperadores da TFP, apresentou-se no auditório da escola da Associação da Criança Deficiente, na capital paulista. So b a direção do maestro Clá udio Stephan,aaprcsentaçaotevc umcarátcrdidático,comcxplicaçõcssobrcosvàriosinstrumemos,anccessidadcdcrcgtncia,bcmcomo a respeito do repertório, do qual constaram peças medievais para ílautas,eobras decompositoresbarrocosdossécu!osXVII e XV III , como Corelli, PurceU, além de diversas marchas alemães. Também no Conjunto Habitacional Padre Anchieta, localizado no bairro de llaquera, a fanfarra da TFP abrilhantou as fcstividadesdodiadacriança,promovidas pelocomb-ciolocal.

A Sede do Setor Operário da TFP, em Campos (RJ), dispõe de uma oficina de ar1esa11ato, na qual jovens cooperadores da entidadeoonfcccionamobjetos depiedade e outros. especialmente crucifixos e imagens de Nossa Senhora . Esses objetos de piedade recebem um acabamento que lhes dáaparfociadeantigíiidade,sendomuito aprcciadosparaprcscntes.

Em Lages (SC), a campanha de coleta de assinaturas em favor da independência da Lituânia foidescnvolvidaemplenoinverno, mesmo nos dias cm que nevou na região. "Percorremos o interior brasileiro divulgando obras da TFP, e esta foi a primeira vez que hasteamos o estandarte sobre a neve. Porcausadofrio,foi uma campanha dificil, mas apesar disso coletamos 1.900 assina1ura.s nesses dias", comentou Paulo Mikio Umebayashi, dirigente da cara-

Vinte anos percorrendo o Brasil Poucossãoos municipios brasileiroscujos habirnnte~ não presenciaram alguma campanha da TFP, promovida cm geral porumadascincocaravanasdepropagandistasdaentidade. Jovensqueperrorreram o Brasil viajando em kombis, e queaochegar nas vilas e cidades erguem o es tandarte rubro com o leão rompan1e, põem-se em formação junto a ele, rezam, cantam o "Queremos Deus", passando em seguida a abordar as pessoas nas ruas e nas casas, paraofereccralgumaobrada TFP, Aprimeiraca ravanapartiudeSãoPaulo, em setembro de 1970. Alguns de seus integrantes manifestaram então o desejo denãointcrromperesset rabalho,ronsagrando-se assim, em caráter defi nitivo, a es$a miritóriaatividade. Mais tarde, a exemplo

dela,vãriasoutrascaravanas foramseconstituindoeatuam até hoje. Nadamenosquc3.7 13prefei1ura.sedetcgacias de policia forneceram declaração atestando o carãter pacifico e ordeiro da propaganda promovida pelos sócios e COO· peradoresdaTFP. Um fato que atesta a simpática acolhida que elas tfm recebido na generalidade das regiõespcrcorridas,éofrcqúentecus1eio de boa parte dos gastos de viagem e estadiadoscaravanistaspeloshabitantes do lugar visitado. Ora oferecem refeições e hospedagem, ora gasolina e consertos dos velcu los. E não raro colaboram com a campanhaconcedendoambasascoisas. CATOLIC ISMO -

Novembro 1990 -

2.S


MOLDU RAS BARONEZA

O inferno ruge, enfurecido

lnd.eCom.dc:Moldur.l'l,Qu:idroseVld~Wl:I

l'abricação própria Exposição o lhos/tela Mo ldurns ouro e p ra t:1

CURITIBA - O que ocorre nesta capita l, segundo especialistas cm pesquisas, frcqüememcnteindica tendências gerais dos demais centros urba nos do Pais. Agora, ela vem sendo palco de uma cslranha man ifestação de ódio anticatólico.

Ruoll><on,,a<1r1,u.1S t"onesi, .1110 CEl'Oll.11

'»m• Cc,;;,1,a - 5. P;ulO

Em setembro Ultimo, và rias igrejall foram danificadas por incêndios criminosos: e sacenlotes receberam amcaças dc agrcssõcs, por tclefonc.

Na Catedral Metropo litana, construida no inicio do stculo em estilo neogótico, cinco das janelaslateraiscstll.ocomseusvitraiscmrcstauração. Um vidro incolor substitui neles a pane que foi estilhaçada por violentas pedradru;.

D E CORAÇÕE S LTOA.

Carpetes Cortinas Tapetes

Seria tudo isso obra de um louco? As au10-

ridadcs policiais mostram-se incapa1.cs de esclarecer, como tam~m de evitar novas ações do gênero.

Tais agressões e manifesrnçõcs de ódio à Igreja, entretanto, não const ituem iníelizmente fa. 10 novo. Dele a História jâ regis1ra exemplos na França de 1789e na Espanha de 1936. No final do stculo passado, o escritor J. Huy.~mmans iniciou sua conversão ao presenci11r o ódi o com que os pro motores de uma missa negra ultrajavam a Eucaristia. Urna lição de afervora mcnto e lambém de vigilância devem os católicos de nossos dias e~ trair desses sintomâticos episódios que ocorrem cm Curitiba.

Especializado em colocação de carpetes pelo sistema Robert's

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r.

c onstrutora

1

26 -

CATO LI C ISMO - Nove mbro 1990

g:ara

Santa Ceeiha -

São Paulo


História Sagrada em seu lar -

José vendido como escravo " ISRAEL (Jacó) amava José mais que todos os seus (ou1ros) filhos, porque o gcrar.1 na velhi~: e ft:t-lhc uma túnicadevàriucorcs"(i). l nvej;i, dos irmãos

o Egito. J ~ contava, então, dezessete anosdcidudc.

Josê atirado na cisle rna

Jacô cho ra o filho predile lo

"Um dia, os filhos de Jacó tinham kvadoosrcbanhospar,1!ongínq uaspas tagcns: então, disse o pai a José: 'Vai V"1" se teus irmãos estão passando bem e traze-me.depressa, nollcia deles'. "O bom filho obedttcu. Seus irmãos, quando o viram, di~seram emre si: ' A! vem o so nhador: ma témo-!o e atirêmo-loa um fosso . Diremos ao pai que uma fera o devorou . Assim havemos de v"1" de qt1e lhc valeram scus sonhos'. "Rubem, que era o 111ais velho, opôs-se a isso e d isse: 'Nfo o mateis, serà melhoralirà-loao fundo desta cisterna abandonada'. Assi m disse com o intuitodetirâ-lodepoiselevá-lo,oct1lla· mente, ao pai. "Apenas José chegou, dcspojara11l· nodesuasvcs1escdescerarn -noàcistcrna.

"José, possuidor de 61imas qualida· dc:s, nao pôde evitar a inveja de seus ir-

mãos. Eles viam com maus olhos as mostras de predileção que o pai lhe dava. A inveja é um vicio íuncstissimo, que gerou nosirmãosdeJoséódios ter ríveis e desejos de vingança.

" J~1inhaapcn115deiesseisanose guardava, com seus irmãos, os rebanhos dei;eu pai. Cometeram estes, um dia,umafaltagrav[ssima. Josénãoquis seguir- lhes o mau exemplo .. .. e julgou de seu dever relatar o fato ao pai. " Dai cm diame, ainda maior afeto lheconsagrou Jacó .... Seus irmãos não lhedirigirammaispalavrascorteses. " Maior se tornou araivaqucjálhe votavam, quando José revelou- lhes al guns sonhos que paredam pressagiar sua futura grandeza.

noções bá s icas

sigosobreosentidodescmelhantcsacontccimemos"(3 ).

Ve ndido aos mercado res "Depois puseram-se a comer e a bc· ber, tranqílilamente. Rub-cm, porém, não conseguiu comer; c, muito inquieto,afastou-sepcnsandona maneira pela qual poderia salvar seu irmão. "Poucos instantes depois passaram, casualmente, por ali alguns mercadores deMadianquesediri giamao Egito. A eles José foi vendido por vinte moedas .. •. Os mercadores .... o levaram para

" Rubem, ao voltar, reprovou com pa lavras severas o procedimento indigno dos irmãos, os quais. por cúmu lo de perversidade, ha,·iam mor10 um cabritopara,comosanguedoanimal, tingirem as roupas do irmão e enganarem o pai infeliz. "Mandararnumportadora Jacó,levan doas vestcscnsang(icntadas de J osé, com es1e recado: 'Encontramos no ca mpo estas vcstl'S; vê se são as de teu filho'. "Assim que o bom velho as vit1, reconheceu-as e exclamou, no auge da dor: 'Sãoasroupasdemcu filho;a lguma fera devorou o meu querido J osé'. E, julgando-o morto, chorou-o arnargameme". (4) ''Eenquantocleperseveravanopranto . os madianitas venderam J~ no Egito a P utifar, eunuco do Furaó, general dosexé rci1os" (5). "José tinha sido vendido comoescravo" 16). D NOTAS (1lGcn . J7,J

(Z) Slo Joio llofco, ltish\ria lllblica do Velho~ r,1.....,Te>1amtn10. u .. ariaSalaia"" Editora, Z' ..i., 19ZO, P!>.J7-JS. (J) Pé. Tiqo l'.d ot. Bíblia das Escola. C•1ólica,. Vo,e<,1964.p . .ki (()SãQJ olQlto.«>,OJ> .<Ít.,Pfl.]8·'40

(l)Gcn . l7,J,6. (6)1'1.ICM,17 .

r:-:.;;;~ -:.-:;:::,.=:;.~;;;;;;;;~õõi

=~=,,mae11,a,. Jos, ,

conduzido ao Eg/fo

So nhos de José "Um dia José disse a seus irmãos: ' Pareceu-me vu em sonho que estharnos juntos a amarrar feixes de trigo: o meu pôs-se cm pé, enquanto que os vossos inclinaram-se perant c clc, em atitude de adoração'. Os irmaos c~clamaram: 'Como? Tu, cmão, serás nosso chefe, e nóssercmostcusservos?' "Em outra ocasião lhes disse: 'Parcceu-me ver o sol e a lua eom onze cstrelasprostradasa adorar-mc"'(2 ). "Seus irmãos, enciumados de le, o odiavam:en1rctan1oscupaircíletiacon-

CATULIC ISMO -

Novembro 1990 -

27


Em 1990, uma gota de Idade Média Benno Hofschultc nosso correspondente FRANKFURT - Às margens do majestoso Reno, em pleno coração da Alemanha, ergue-se uma pequena cidade, cuja origem se perde nas brumas do tempo: Obcrwesel. Uma robusta muralha de origem mt.'dieval circunda ainda parte do burgo, destacando-se da sua massa

algumas torres que desafiam altaneiras ocorrerdosséculos.Suasestreitasruas entrccruzam·s(' formando pequenos labirintos, e descmbocilndo por vezes em pequenas praças onde a água jorra de a!gumu fonte artisticamente trabalhada ou se levanta um cruzeiro lembrando o fim último do homem, ou ainda uma imagem de Nossa Senhora sorri maternalmente para os passantes. Seus habitantes, de dois em dois anos, abandonam as trepidações da vida moderna para viver durante três dias em plena Idade Média. E vale a pena, com espírito mais de peregrino do que de turista, no conturbado ano de 1990, acompanhá -los nessa evocaçào histórica, que representa um mergulho naquela época de esplendordacivilizaçàocristã,cognominada por um autor francês "doce primavera da Fé". Cada dia a festa chamada pitorescamente Spektaculum é aberta por um cortejo de arautos, com fanfarra, anunciando a chegada do Imperador. O séquito é composto pelo Conde. senhor feudal da cidade, e por cavaleiros vassalos. O cerimonial de recepçào determina que o burgomestre vá ao encontro do Imperador e lhe apresente saudações em

três pontos distintos do percurso. A festa écaracteristicamentemedieval,inc!uindo ::Ftf;1ea~~is~e~ut~et!~~~~ ~~~\~:!~es; um sem número de outras diversões inocentes, das quais está excluída a agitação. Agitação essa que é deixada às portas da cidade, pois curiosamente os visitantes mudam de atitude ao transpô-laseaopagaropedágioqueali é cobrado, segundo velha tradição. Seus passos se tornam paulatinamente mais lentos, e seu espírito abre-se à consideração de aspectos encantadores da realidade, para os quais, via de regra, não há lugar na voragem do dia-a-dia. Crianças, cuja altura nào exceda à de uma espada, não pagam nada.

Nointeriordovelhoburgo,osartesãos expõem suas pequenas obras de arte, fabricadas rigorosamente segundo métodos medievais. A noite, tochas, lampiões e candeias iluminam com seus fulgores dourados as velhas ruas e casas da cidade, comunicando-lhes um novo colorido, todo ele envolto em mistério. A alma do homem moderno, aparentemente saturada deprazeres,évaziadesobrenatural. Eocontatocomessa gotadeldadeMédiaqueéOberwcsel, reanima fibras de alma adormecidas. Talvez disso não se apercebam os turistas que entram na pequena capela gótica da cidade; ali, uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus nosbraçoslheslembraondeestáaverdadeirafelicidade. Como gostaríamos de poder repetir os versos de Camões acadaumquepenetrassenaquelerecinto: Tu que descanso buscas com cuidado Neste mar do mundo tempestuoso, Não esperes achar nenhum repouso Senão em Cristo Jesus crucificado

Tendocomo f undode qu adroabe l• por1e de prel eiturede0berwesel , eo som das t rombetas douradas, oa g uerreiros, com elmos e armaduras, s.lio apresentados ao público



Discernindo, distinguindo, classificando ..

A PRINCESA E O COMUNISTA N~eMpc::ç~~~o ~:1;~~~ª~

.sentia uma fllria surda subir de11tro de mim . Eu percebia que aquele se r odioso agia de propósi lo, para despreiar-me, atormentar-me, para me rid icula rizar. Por fim, às scis horase um q uano,q uan do não hàvia mais ningu~m, o continuo chamou: a c1dadãPaleycocidadãoObn iss ky ''Penetramos no salão vermelho noqual ,_se n1ado a~tc umamesa,Oun ts ky cscrevm. Ele levantou a cabeça e diri gindo-se ao doutor, num tom

mentoe nt rcosviciososé normalmcnte bruto, com freq~ cia regado a pala vrõcs e mJ ú-

rias,econformeocaso,mtrcmeado de agressões íisicas, podendo chegar até o mort ici-

nio. Enquanto numa corte vcniadciramcntecatótica,num oonvcntodefradesoufreiras

virtuosos, ou numa familia que pratica os Mandamentos daLeidcDeusoconv!viotende a ser ameno, o trato das pcuoas ent re si é respeitoso,

~~~~c~,a~t~~i~à~~~s;t2$~~e

cheio de perdão e de afeto.

A virtude pode flo rescer em qualquer clasK social, en-

tre rkosou pobres, scja em re pessoas com uma educação esmerada,sejascm cla. Mas, ondequcrquec,ista, a vi rtu de_propcndealcvaraui:naperfe1çoame n10dasmanc1rasutcr iores de portar-se e dos modos de ser dos indi víduos

!'t~-

e das fa mili as. Assim, um homem ou uma mulher que pro-

gridam na virtude, qualquer qucseja sua co ndiçãosocial o u econômíca,tenderãoaser mais bem ed ucados e mais cortcscs 11o natodoqueeram antes. Avirtudeéumaãrvore frondosa que produz flores de civiliiaçao temporal e fru los de salvação eterna. A con~·ersão religiosa e moral dos bârbaros 110s primórdios da Idade Média, por exemplo, trouxe comoconscqüência aesplêndida civi li111ção temporal cri stã, cm que os costu· mes oriundos da barbãric aos poucos foram sendo substituídos por outros c hcios dcesmcro, dedeli cadcia mesmo e de brilho social Nadahâmaiscontrãrioãvirtude cristã do q ue o comu nismo. Assim, não espanta ter de procurado tornar o fi cial, desde seu advento na Rússia, um modo

:im~i{t~~~

~r~~1:efh::~~~o~~~ gens. A cena, cuja descrição colocamos aseguir sobosolhosde nossoslcitores. fala por si.

Den tre os 11obres assassinados pe los bolcheviques, de 1917 a 191 9, estava o grão-duque Paulo Alexandrovitch, ti o d_o C~ar Nico~au li. Sua esposa, conhecida como Princesa Paley, tendo conseguido depois fugir com suas filhas, cm 1919, para a Fra11ça, lã escreveu suas

2-

CAT O LIC ISMO -

Dezembro 1990

T endo o m6:lico declaradoquequeri a verseupaciente, foi-l he negada pcrcmptoriamcnte tal permissãoeteve d e rct irar-sc "Depois, voltando-se pa6 ~~:~~~~~,~~v:1.ºe~1 ~ do num instante. "Ele apertou um botão e um homem apareceu com umabandejaqu cco loco u so brc a escrivaninha. Eu estava se ntada em frente dele, do o utro lado do escritório · •ouritsky se pôs a tomar sua sopa, um prato che io. Ele a tomava avid ament e, como um glul llo, lançando no prato grandes pedaços de pão q ue mastigava fa1:cndo ruido . Ele se serviu d e um grand e copo de vi nh o verm elh o , que 1omou de um tra go Terminm,la a sopa, ele se ap,oderou d e um pratoche iodepcdaçosdevitelac de ba1atas, ~ejad_os co m mo lho _de tomate. Um s1!cnc10 profundo remava. nBose ouviasenãooruldodamasti gação daquelco rdinãri o. Apc sardador. da angústia, do cansaço, da fome, e u olhava para esse ser odioso e me se ntia tomada por uma insc11saca vontade de rir . Eu pensava: - Tu crês q ue me humilhas con d uzi11d o-te assim como um boçal qu e és; se soubesses como isso me é indi ferente e qu ilo pro fundament ee u tedespre1.o! "Eu espereicertamente2S mi11u1~ para que o ogro lser espan1oso) apaziguasse sua fom e. Ele devoro u a inda algu ma co isa, uma torta de maçã,creio;

Princffl!Paley

memórias: 'Souvc11i rs de Russic , 1'10 11, Paris, 1923. Quando da prisão de seu marido, cm agosto de 1918 - após um longo processo d_epers_eguição econfisco de bens - fo i ela, Jtrntamern e co m o Dr Ob_nissky, médico do grão-d uqu e. pedir a li be rla~ão deste. Para isso, dirigiram· se à tem1vcl Tchcka de São Petersburgo (~oje Leningra_do),. onde havia m ~ou s~guido uma au~1êncm co m o ~ormssãno do lu gar, Moisés Salomouov1tch Ourits ky, à uma h~ra da tarde. Chegaram co m a nt eccdêncm,osalãodcespcraestavacheio "Sentamo-nos num canto. Novas pessoas chegavam ; de tempos em tempos .... um co ~t!nuo pronunciava um nome e novo v1s1tante era introdu zido no aposemo. Uma hora, duas horas, três horas se passaram. Eu nornvo que nãoapenasaq uelesque chegaram antes de mim, mas t~mbém _muitos d_os que chegaram depo is, haviam pa rtid o lu\ muito tempo" Aprincesapreocupava-scco momédico, "confusa de o pri~ ar do a lmoço

~a~~ ~i!:ie~g:;:_cÀ~e~i~~~ ~~~~1. h~~

~;s;;i;se ~~~~td~~~ :i~~l!~~~"X~~~:

senhora, eu vos ouço" (pp. 230-2). Evidentemente, o comuui sm 11ada co nccdeu aosjust osreclamos daPrincesa. Mas most rou bem quem ele era! C A


~AtrnJCISMO SUMÁRIO INTERNACIONAL

- Deputado ao "Parlamento do Povo", da Federação Russa (a maior das repúblicas da URSS), Victor Aksiutchiu, faz impressionantes dccl!',raçõcs sobre a vacuidade da peratro1ka e o desmoronamento do re1imc soviético, ao nosso eorrespcmdentcna Btlgica 4 - A unificaçlo da Alcmanh11: uma bela ccrimõnia confirma a rejciç!\o da ti·

rania comunista. Porém, o espectro de uma legislação abortista ullra permissiva, que atava em vigor na antiga Alemanha comunista. paira !!Obre

a nação reunificada

16

NATAL

- Conto põe cm evidêncin a fé de um pobre sapateiro e a bondade do Menino Jesu s e sua MRc Santíssima, cm pleno Natal .................•....... 8

-Alegcndaearealidadca respeito dograndcBispoSãoNicolau, padroeiro do Natal infantil em muitas regiões

da E u r o p a - - - -

'8

E

STAMOS EM DEZEMB RO de 1990. De modo que, é bom esclarecer; Natal é a comemoração do nascimento do Menino Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Redentor nosso. Não é uma festa pagã, nela não se cultua nem Júpiter nem Minerva. Também não é um feriado a mais para descanso. De fato, vai longe a decadência religiosa, mas também mental e psicológica (psiquica'?!) do homem comemporâneo. Nesta rampa descendente vale a pena voltar-se para o passado, ao menos para relembrar de onde viemos, o que fo. mos, enfim reavivar a memória Nesse sentido, a interessante história - à qual juntou-se uma legenda de São Nicolau, como também o expressivo conto do sapateiro de Burgos, que o leitor encontrarã adiante, podem ajudar. Na contra capa: as palavras cheias de fé de Sa.o João Crisóstomo, com a figura do Menino Jesus, pintada por Fra Angélico. O nono centenârio de São Bernardo de Claraval, gra ndíssimo santo, devoto da Virgem. terror dos hereges, não foi aqui esquecido.

RELIGIÃO

- !ao Bernardo de aaraval nasceu hã 900 anos. Considen1do "o homem mais contcmplBtivoe, ao rne~mo tempo. o homem mais ativo de seu ~éculo",ocupou-sedasquestõts maisçandcntesccmprecndcu as lutas mais ãrduas do s&ulo Xll . .. ...... 11 NACIONAL

- Bem anali~ada~. as reccn1c1 eleições rcalizadasnol'alsconduicmarcsulta· dos objetivos: abstençõei, votos bran cmcnulosmostramodesintcrcs1.Cdo elci,or pelos políticos rrofiMionais, e portamo a falta de representatividade ~C:!cs. A esquerda tambtm sai u1~ NOSSA CAl'A Pifttura,eal1U<ll,noa,n~:ud11t«tda TFP

OMO SE VÊ, houve tempo cm que o mundo era cristão, as pessoas ti· n~am fé, desde criança se aprendia a amar os aspectos maravilhosos da v1da.Quesaudades! Hoje nno temos nada disso. O que encomrarnos alualmcntc é a unificaçtlo das Alernanhas (em principio boa coisa). mas sob o signo sinistro do aborio! Deparamos uma tâtica enganosa dos soviéticos - a perestroika - que um deputado russo mostra ser um mito criado em Moscou para uso do Ocidente. No Brasil'? Eleições vazias de conteúdo, sem idéias, sem verdadeira representatividade. Tudo isso vem adiante Fato simbólico do choque entre esse passado luminoso e um presente cheio de trevas, encontra-se aqui, na página ao lado: a princesa e o comunista E o futuro '? Apesar de tudo ele é cheio de esperanças. Sim, porque o Menino Jesus nasceu. Porque Nossa Senhora reza por nós. Essas esperanças paradoxalmente nao partem do presente, elas partem do passado. f:: esse passado que se trata de recolher; pois, elevado pela graça de Deus, ele poderá gerar um futuro ainda mais esplêndido. Ê o que, neste Natal de 1990, nos lembram aquelas frases poéticas, mas dessa poesia cheia de realidade, que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira deixou consignadas em uni dos livros da TFP;

C

''QuA':"00

ainda muilojovem Cons1dere1 enlevado as rn(nus da Cristundade, A elas entreguei meu coraçllo Vollei as costas ao meu futuro, e fiz daquele passado carregado de bénçllos O meu Porvir ... "

"Catolicismo" deseja a codos os seus leitores e amigos um Santo Natal cumulado de bênçãos celestiais.

CATOLICISMO -

Dezembro 1990 - 3


Entrevista exclusiva para "Catolicismo"

Ante o fracasso do regime soviético, retorno às raízes profundas do país Deputado anticomunista ao Parlamento do Povo, da Federação russa, denuncia o engodo da perestroika, ressalta a importância da propriedade privada e da livre iniciativa e propõe uma volta às instituições e à cultura da velha Rússia

OSSO ,m~poadem, a, llól gica, LuisMeneiesdeCarvalho, manteve comacto, no Hotel"La·f.ayetteCo_a.çorde.",

com o deputado do Parlamento da Rússia (Parlamento do Povo) Victor Aks1utchus, em 26 de Julho último. Nes-

sa ocasião, o parlamentar concedeu uma entrevista a "Catolicismo", da qual publicamos a seguir os eJ<certos principais Parece-nos oportuno esclarecer que o Parlamento do Povo, do qual o entrevista-

do faz parte, é o Legislativo de uma das Repúblicas que compõem a União Soviéti· ca - a maior e mais importante delas a Federação russa. Distingue-se, portanto, esse Parlamento, do Legislativo do conjunto das Repúblicas da URSS,que éoSov ie· te Supremo Victor Ak siutchits , nasceu na Bic!orús· sia, tem40anos, cdcsdeamocidadcdedicou-se à luta contra o regime comunista Preferiu agir nas camcumba~, formando pequenos grupos de amigos, que se reuniam discretamente,tendoevitadoassimaprisão e eventualmente a morte Logoqueascircunstãnciasopermiliram, começou a publicar seus próprios "samizdats" (panfletos clandestinos de oposição ao regime comunista). Em 1987 tais "samizdats" transformaram-se numa revista de debates de idéias, masaindaclandestina,comvistasàformaçãodeumanovaso· ciedaderussa, libertado regime comunista Tal revista, cujo título é "Escolha", passou a sairà luz dodia hà um ano Victor Aksiutchits é também criador da "Fundação Aurora", que visa promo verumrenascimentodaculturarussasobretudo no seio da juventude. A~sim, quando um dia a nova Rússia vier a se libertar das garras do comunismo, empenha-se a referidaFundaçãonosentidodequeopals jâencontreoselemcntosdeumacivilizaçao crista. Paraesseefeito,a"FundaçãoAurora" promoveconferên"ciaseducativassobre ahistória 'e aculturarussas No inicio do presente ano, o parlamentar fundou igualmente o "Movimento por uma Democracia Cristã". Convém notar, porém, que apesar do nome, mi movimen -

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CATOLICISMO -

Dezembro 1990

No palanque ds manlf11Staçlo enlieomunlstll ,e11/lzada na Praça Vermelha, em 16 de Julho último· o entrevistado, deput11do Victor All.slutchlts (e!UluardaJ e o deputado Andral Tarosov, ambosrepresenrantesno Parlamento da Federaçlo russa


todiícrc profundamente dos Partidos Democrata-Cristãos do Ocidente, sobejamente conhecidos por sua tendência esquerdista e até ultra-csqucrdistaecomunistizante cm alguns palscs. Sua plataforma prevêa mudança completa do sistema comunista paraumrcgimebascadonapropriedadeindividual e na livre empresa. Ele propugna também um governo deso::cntralizado, com base no princípiodesubsidiaricdadc. Quamoàformadegoverno,o"Movimento por uma Democracia Cristã" julga que o povo russo não está preparado para fattr uma escolha tão complexa. Propõe ele a eleição por voto direto de um governo provisório, com um parlamento. E dentro de um lapso de tempo, quc seria dc quatroa cinco anos, far-se-ia a escolha do regime definitivo para a Rilssia. Tui eleição não se faria mediante voto popular direto, masatravésdcumaantiquissimaasscmbléia russa denominada "Zemskyi Sobor" (cuja tradução literal~ "Assembléia da Torra"), que seria restaurada. Esta correspondia a uma espécie de Estados Gerais da nação, e nela estavam representados os notáveis, as diver= profissões e todas as regiões dopais Apesar do ''Movimento por uma DemocraciaCrístã" nDoscrrcgistradooficialmente, nllo ter acesso a nentrnm órgão dos meiosdecomunicaçllosocial ede ter sido impedido pelo regime comunista de realizar comícios, Victor Aksiutchits e quatro membros de seu movimento fon11n eleitos para o Parlamento russo, com significati-

vas votações. Os cinco deputados derrotaram oslídercscomunistasdasrcspectivas zonasemqucscapresentaram.

Publicando cm primeira mllo no Brasil cxccrtosdcss.arcveladoraentrevistaofcrccemos a nossos leitores uma ~ic de dados muito pouco conhecidos no Ocident e, pois ageneralidadeda"mídia"ocidemal ébastantc parcimoniosa cm divulgar noticias que apresentam as profundezas da verda-

et.ri :::i:a~!~t~ :1 1

~~~~a~~~ê;:i:c:: ra inculcar, contra todas as evidências, que 11.pcrestroikatdigna decr&litoe queGorbachev, seu idcalizador,éumnarvcrrnclho quase oniJ)Olemc, e não um gigante de ~de barro. O depuiado Victor Aksutchils desempenhou papel destacado na manifestação an ticomunista rea li zada na prnca Vermelha, no dia l6dejulho Ultimo, na qual foi um dos principaisoradorcs(ver fotos). Arespos!aà Ultima pergunta de nosso correspondente apresenta especial interesse para o lei tor brasileiro

CATOLICISMO - Pessoas que chegam da União Soviética dizem que a perestroika fracassou. Isto é verdade? Caso sim, por quê?

VICTOR AKSIUTCIIITS - A palavra percstroikasignifica um ccrtomitoqucfoi criado cm Moscou, portm que tem um grande curso e difusão só no Ocidente. Este mitoconsisteemcrerquenotopodoPartido Comunista enfim chegaram pessoas de· mocráticas,quefinalmcntequcremafclicidade e o bem do seu povo, e, por isso, adotaram as transformações dcmocri1icas. É comoseGorbachevdirigisseestaspessoa5 e elepróprioe ncarnarnauecstas reformas. A realidade t co mpletament e outra: durante décadas a sociedadccaspessoas lutam contra o regime comunista. E esta luta se fortaleceunasúl1imasdécadaseparticularmente nos anos mais recemcs. Ela fez com queoregimecomunistascenfraquecessec caducasse. Finalmente chegou o tempo cm que o Partido Comunista não consegue manter o poder sem libertar algumas esferas da vida. Em outras palavras, o Partido Comunista jã não tem forças internas e nem externas para o co ntrole total so bre todos os campos da vida da sociedade. Pa· ra a manutenção de seu poder, ele (PC) t obrigado a li bertar algumas esferas da vida. Isto t uma tarcíaidcológicainternae t exp ressa por pessoas co mo Gorbachcv. Eles adotaram as reformas soment e para conse rvar o pncler e a ideologia do Partido Comunista. Em sã lógica, essas rcfOf'mas significam que na arc-na histórica entraram novas forças sócio-políticas. Todo o futuro depende do resultado da luta develhas forçasideológicascomasnovasforças sócio-politicas. E o resultado desta luta nllo

Mult/dAo, enabeçeda (primeira li/eira) pela "Coml"6o N frente .., proveniente d• zona norte de Afo9cou, dlrig..H é Pnç. VermellMI pera• menlfellaçlo anlleomunlsta CATOLIC ISMO -

Dezembro 1990 -

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Aspecto d11 msnllestaçlo sntlcomunlsf11: à frente. bsndelr11 da época do ts11rlsmo: ao fundo, um edilicio do Kremlin.

é inteiramente previsível. O Partido encetou as reformas para se forta!eeer nas novas condições e manter o seu poder. Mas as novas forças da sociedade lut am para privar o Partido Comunis1a de seu poder no pais. E o que temos diante dos olhos é o resultado dessa luta. A própria palavra perestroika significa um aspecto da política do Partido Comunista. E nesse sentido apcrestroikafracassou.MuitodoqueGorbachevquis fazer, ele não o conseguiu. Isto porque a sociedade não aceita. Gorbachev, e na sua pessoa o Partido Comunista, quer liberdades, bem como mudanças lentasedosadasparaasociedade. Mascsta deseja uma liberdade imeira, e não para amanhã, mas para hoje. E por isso, muitosprojetosdeiniciativadeGorbachev eseuscolaboradoresfracassaram.Scusprojetos econômicos se reduzem a libertar a economia em parte. Porém, esta não pode estar ent re dois trilhos. Se ela está presa à economia totalitária e não é colocada nos trilhosdacconomiademercado,entãocla sem dúvida patina e se destrói. Eis o que ocorre agora. E neste sentido a pcrestroíka fracassou. A tentativa de abandonar algumas tendências do totalitarismo e ao mesmo tempo defendê-lo e não passar à sociedade democrática e à economia normal de mercado fracassou . Por~m. de outro lado. indubitavelmente cada vez: mais na are-

na histórica ru ssa amam e se manifestam novasforçassócio -politícas.Sobretudocrescc a sociedade civil, isto é, a esfera econômica.acu!turacaimprensaindcpcndcntcs dosrneios dcinformaç:ão,daopiniãopúblicaeda politica. Ocre5cimentodessa sociedadeciviléurnagrandeconquistaparanosSO pais, e o seu surgimento e desenvolvimento são urna garantia de salvação para nossopa, s. Es1ou. se m dúvida, otimista, porque achoque11ofimdascontas,ocomunismo jãperdeuaforçanamentedaspcssoasna Rússia. O Partido Cornunisca nos dias de hoje ainda domina os recursos do pais, fi. nanças, imóveis, meios de informação, tipografia, e finalmente o papel. Porém, com o tempo, e o fortalecimen10 da luta, estes recursospassarãoparaasmãosdasnovas forças sócio-polít icas dopais. CATOLICISMO - Como deputado cris· tão no parlamento russo, qual é o seu programa? O Sr. quer o caminho soci~!ista de desenvolvimen10 da eco nomia ou apóia apropriedadeprivadaealivreiniciativa? V. A. - Nosso programa se baseia nos seguintes postulados básicos: prioridade dos valores cristãos cm todos os campos davidadasociedade,amesdetudoempo· Htica, na medida em que somos um parti-

6 - CATOLICISMO - Deze mbro 1990

do político. Em seguida, naquiloquesepodcriacharnar patriotismo instruído. Temamos nos apoiar na tendência democrática liberal, na cultura e na história da Rússia esabcmosoqueéisto. Duramelongasdécadasaculturanacionalrussafoianiqüíladae11ossopovofoiprivadodosmonumentos históricos. Isto foi esquecido. porém queremos restabelec~-la. Sabemos que a grandep!êiadedepcnsadorescsclarccidos e geniais, filósofos, sociólogos e economistas do século XX está preocupada com o destino da Rússia não menos que nós. E eles escreveram diversos trabalhos que são muito atuais para as mudanças na Rússia dehoje.Eessestrabalhossãocomplctarnenteinacessíveisparaasociedaderussa. Nem atualmente eles são publicados, após cincoanosdeglasnost. lssornostraqueosideólogoscomunistas sentem que ellatarnente desse setor é que parte o perigo para eles. É a tentativadcvoltaraopatrimôniodanossasociedade e colocar em circulação os valores que encarnam e exprimem aquilo que se cham,a o Patriotismo instruído. Ao mesmo tempo este exclui toda sorte de orgulho nacionalista desmedido. bem como a agressão e inimizade nacionalistas. E ele, de acordo com o terceiro artigo do nosso programa, éo anticomunismo de principio, istot,recusadaideologiacomunistaelu-


ta contra ela. Porquê? Porqueocomunismofadoulrinae formamais radicalmente anticristã da História. Nunca no mundo foi tão claramente formulada uma ide· ologia conlra Deus e ao mesmo tempo tão desumana. Nunca no mundo a humanida de sofreu tal experiência desumana, de aniquilamento e destruição como no regi me comunista. Por isso todo cristão e conscqíientcmemc todo polltico cristão f anticomunista. Naturalmente o nosso programa no campo da economia ~ a volla para os valorestradicionais. E isto significa - o que ~ sabido e comprovado - que a propriedade privadaemtodosossét:uloseemnossotem • po constitui a única garan tia econômica nãos6dasliberdade5cconômicas.mascarnbém das civis e políticas. Sabemos quanlo o sistema econômico totalitirio comunisca dC$truiu a economia. Nós, sem dúvida. pregamos iguais direitos para as diversas for mas de propriedade com prioridade para a forma privada. Não podemos querer o caminho socialista para a economia, porque vemos pela experiência aplicada cm nosso pais e em outras nações que.onde a ideologia co muni sta chegou ao poder. tudo foi destruído, inclusive a própria cconomia.Foramdes1rnidososrecursosnaturai s, o mccanismocronômico, a experiência de produçãoebruscamenlediminuiuo1rab.tlho produtivo.

CATOLICISMO- Na América Latina aílldaexistcumafoncpropagandaquedefende a tese de que o comunismo ajuda os pobres. Como russo vivendo sob o sistema ro-munisca mais descnvotvido. oque o Sr. gostariadcdizeraospovosdaAmérica Latina? V. A. - Eu dou testemunho com plena responsabilidade, ser isso um mito quenão1em ncnhumarclaçãocomarcalidade. Observemos a experiência do nosso pais. Att 1917a Rússiaocupava,deacordooom todos os indicadores econômicos bâsicos, do quinto aosttimolugar mundial no plano econômico. Atualmente ele ocupa do quinquagésimo ao septuagésimo lugar no mundo. segundo todos os indicadores básicos. Até o ano de 1917 o ritmo de cresci· menco econômico da Rússia superava o de qua.setodosospaisesdescnvolvidos. A1uat. mente sobre isto é impossível falar. porque ele não existe. O desenvolvimento do pais simplcsmcnlc estancou. O riqui,,imo pais que possui r~ursos .sem medidas, no qual vivcumpovoqueamao1rnbalho,qucpossui uma cuhura milenar, chegou aos limitesdaruinacdamiséria. Neste pais existe a mais alrn rnxa de mortalidade infamil e a perspectiva de ~ida mais cuna. E a Rl1ssia aprcsenrn o mais baixo nívddcvid.icntrc naçôe~ européias civilizadas. A Rússia chegou a tal rcsulladodcvido ao regime comunista.

Parece que disto. indubitavelmente, se tira a conclusão de que a ideologia comunista não é capaz de ajudar os pobres. Ela arruina tanto os ricos como os pobres. Ela esmaga não só as riquezas narnrais,eos dispositivos e,;;onômicos, mas uma grande quantidade de pessoas. Frcqücntemcntenosdizern,quandodamostestcmunhosobrea Rússia,quca culpa não é da ideologia co munista. mas da Rússia asiâlica. que não soube construir corre1amc-nte o comunismo. Obsen·cmos a mesma experiência cm outros países. Em todos os que -semc~clusão-o regime cornunistac hegouaopodcr,talscdcu scrn• prc pela força e de modo sangrento. destruindo a economia e ;1 cu ltura median1c um genocidiosem precedentes para as rcspec1ivasnações. Nlloconh~oe~ceçãoacssa regra. Fica evidcnlc que a 1...w d~ quc_o conrnnismo ajuda os pobres é só m,10. Eu gosrnrla que me mostra sse m alguma região do 111undo onde o comunismo ajudou os pobres. Sou politólogo. estudo não s6 História, mas 1ambém a cultura de todos o~ pal~domundoetalcasonãoconhe-ço. l;precisolcmbraruma, erdadcsi mples: na Rússia e em todo o mundo o comuni>1110 scrnpre dominou ba<.cado em dois fato· res: for~a ea mcn1ira. Agora o sistema de força do rcgim<· (0rnunisrn foi des1ruido, a111ando porém o ;is1cma de memira de modo mais efeth·o. L preciso lembrá-lo.

Our•nte a manlfest•flo •ntlcomunlsl•, pollclal, ,ov1'f/co, cercam port6H do Kremlin

CATOLICISMO -

lkzcrnbro l990 -

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Conto de Natal

O sapateiro de Burgos No século XVI, a Virgem do Pilar rea liza no Na tal um portentoso milagre, que se repete depois, à vista da população da antiga e bela cidade espanh ola .

dosa,pront ilicou-seacuidardasduasrneninaslcvando-asconsigoàa \dciaonde1norava,afondccriá- laseeducá -las.Omc11ino, Juan , ccndoapenascincoanosdcidade, ficou cm companhia do pai: mas ele também constiwia um peso naquela casa onde faltava méoest ritarneme necessá rio. Emretan10,apesardapoucaidadc,procurava ajudar o pa i nos afazeres diários: coi1ado, era tilo pequeno e franzino qt1c seu au xílionilovaliarnuilo,rnasaopai represen tava a única felicidade 1ê-lo junto e poder contar com seu carinho Naquelcano,Uurgosesrnvascndodurarne111c castigada, pois há muito não se vi ra inverno Ião rigoroso. Em conscqi,('rn;i~, parn lizararn os trabalhos, a gente não se animavaasairdccasa,osquctinhamafazcrcs na rua usavam bolas especia is, muitorcsistcntes.Assimscndo,osapatcironão tinha serviço e a miséria tornou -se ainda maiscruclnopobretugúriototalmcntedcsprovidodcconforio. Aquele homem sofredor, corno autêntico espanhol brioso, sofriacalado,scm rcvclaraosou trossuasangústias. Ningui:mja maisouv iu de seus lá bios a menor queixa, umped idodeauxi!io, ou qualquer palavra de rc,·olta. Silencioso, triste e digno, confiava na P rovidência.

A Virgem sorri

ESPANHA FO I desde s<"rn -

pre um p· ,· is quc brilhou c,.,".' asprinc1paisnaçôescatólicas do mundo pe la sua fidelida de à Igreja , pelo fervor rel,giosodescupovoequclegou, para cd1f1caçilo da posteridade, belíssimos e~crnplos de espirilualidadeaindavivanaliteraturae no rico folclore nacional. A lenda de Natal aqui descrita datado século XVI e é muito divulgada além das fronteiras espanholas. Vamos revivê-la. 8 -

CATOLICISMO -

Dezembro 1990

Mendigo t riste e digno Na cidade de Burgos, vivia um sapateiro chamado Estcban, tão pobrccomoasenhora pobreza. l lomcm honcs10, trabalha -

dor,mu;1opicdoso,inasdcsaúdcpredria, enfraquecidopclafalrndcalimemaçãocon. venieme, nãoeonscguindoproduzirosufi cieme para sair da miséria Tendo enviuvado, ficou com trés filhos paracriar:oqueganhava,porérn,nãochcgava paraosus1emode1o<los. En!llo, urna paremcsua,tambémpobremasmuitoeari-

No dia 25 de dezembro, um prcsse nlirncnto cheio de consolo tomou a alma do sapateiro: tudo se resolveria. Sem saber bem porque, agasalhou o filho o melhor que pôde, e segurando-o pela mão saíram a enfrentar a indcmência do tempo, caminhando por ruas desertas, palmilhando o lodaçalcscorregadio, cas1anholandoosdcntes de frio,C3daqual mergulhado cm seus própriospcnsamentos.Ofilho, porém,cstavacontcntcporse ter livradoda longaso!idão no quarto gelado e poder olh~ r as coisas interessantcs da cidadc cngalanada parao Natal. Com as lágrimas caindo-lhe uma a uma dos olhos , o velho caminhava sem vcron depisavacporondcandava. Exausto,camb,1 lcando dc eansaço, batendo os deu1cs de frio, viu -se, sem sabcrcorno,cm frente á Catedral. Ali dentro, pensou ele, pelo menos está-se agasalhado e é possível descansar um pouco. Seria melhor entrar, Entrou. Assolcnidadesdatardehaviam 1erminado hã al gum tempo. O povo já se


recolheraasuascasasparaaconchegar-se ao fogo, e gozar em familia as últimas binçãos daquele dia santificado entre todos. O imensoeesplêndidotemploe1;1avade1;er10. DiantedoSantlS$imoSacrament otremeluzia a lamparina quebrando a ol»curidadereinante. Aoladodirei1odanavcenoontrava-se a capela dedicada a Nossa Se nhora dei Pilar, na qual sobressaía a imagem da Virgem, ataviada com suntuosa roupagem guarnecida de rendas e bordados de ouro, trazendonacabcçariquíS$imodiademacravejadodediamanteseou traspedras preciosas,oferrndopelarainha lsabelaCatólica, que o mandara confeccionar por um célebre artífice com o primeiro ouro levado das Américas por Cristóvão Colombo. Esteban,menosquetodosinvejavaaquclariqucza, poisdesdepequcnoscmpretivera pela Mãe do Cfo uma dev0ção profunda e sentia um pruer inefável ao oon1amplà-La. Nesse dia, portanto, mesmo acabrunhado pela angústia, volveu os olhos para a rica imagem, ansioso por desafogar as màgoas.Mentalmen1e,semquerer,oonsiderava o valor imenso daqueles diamantes, um só dos quais seria suficiente ixira alimentar o filho durante bastante tempo. Mas não os cobiçava. Seu coraçãoabriasedoloro~o. coníiando-setotalmentell Virgem Santa. - Boa e santa Mãe, - dizia - em nome de teu Filhoque tensnosb raços, agasalhado e alimentado, tem pena do meu pobre Juan! Olha para elc, vê oomo estâ fra co, maltrapilho, tiritando de frio, com os sapatosjâgastosesem conserto ... Sapatos. Por fôrça do hàbi10, como bom sapa1ciro fitou os pc5 de Jesus, murmurando encantado: - Que lindas sa patilhas! Comocstao bem trabalhadas, foi certamente um sa pateiro muito hâbil quem as confeccionou! Oh, com que gosto colocou u pérolas ecomo ressaltou bem o diamante no centro. Eu jamais teria feito trabalhoaS$inl caprichado. Como são lindas, e ricas! Assimembevecidoanteaobradearte, quasecsqueceuofilhodcitadono1apcte fofoequentequeoobriaosdegrausdoaltar. Sentindo o calor agradável a envolvê· lo, o aconchego gostoso, o menino dorm ia tranqüilamente Pensando na saúde sempre mais prcclria, que talvez não lhe permitisse viver o bastanteparacriarosfilhos,Es teban co meçou a chorar. ~rcpente,quandocrguiaoolharsuplicante, viu a imagem da Virgem animarse. Estremeceu de susto, Estaria perdendo o uso da razao por causa dos sofrimentos? Não, não. A Virgem sorria de fato. Olhava para ele com extrema bondade, com pena. Enquantoisso,oMeninoJesus descalçava o pezinho e, graciosamente, atirou- lhe uma das sapa1ilhas. Como um prese nte. Esteban, na sua grande si mplicidade, apertoucarinh0$8.menteoriooprescntee com gratidãoinfini1aprofcriuosmaiscàlidos agradecimentos. Em seguida, muito alvoroçado, despertou o fi lho e com o coração aliviado das angústias, regressou rapidamente à casa.

Não tendo jamais praticado qualquer ação feia ou desonesta, Es1eban desoonheciaa malkia, osescrúpulos da intranqüi!idadede oonsciSncia; assim, pois, saiu calmamente li procura de um joalheiro para venderodiamantequchaviadcstacadoda sapatilha. Umjoalheiro,aoqualosapateiroprocurou em sua casa, para tentar obter algum dinhciroaindanaqueledia,talasuaneccssidade, quando viu o diamante, de tanto valor, nas mãos do p<>bre homem maltrapilho, desconfiou tratar-se de roubo. Perguntou de onde provinha, como o obtivera e mil coisas mais. Esteban, parém, achou melhor não revelar a procedência, temendo que o oomercian!e não acreditasse num milagre da Virgem. Ahistóriaverdadeiraelcsócontariaaol'riordo convento,seuarnigo,assim que este regrosasse da viagem cosrnmcira cmvisitaaoutrosoonventosvizinhos. Agorasóqucriaodinhciroparaassuas nc,cssi dadcs. O joalheiro, perplexo e desconfiado, entregou -lhe certa quantia l)OfCOnta doncgócio,dizendo-lhequevollassenodiascguinte;ajóiaprecisavaserdevidamentcavaliadaesó umoolcga. bomcmcndcdor, poderia estipular o valor justo. Esteban, longe de qualquer suspci1a, concordou. Rt'Cebcu apequenaquamiae,comela,adquiriualimcntos e roupas, e cm seguida voltou para casa radiante de felicidade. Até que enfim o seu querido Juan ia ter no Natal llmjantarsubstanciosoe uns agasalhos Fora o sorriso da Samissima Virgf"m que ob1ivcra para o sapateiro e seu filho aquela graça natalina

Dura provação O joalheiro, porém. usim que o estranho vendedor do diaman1ese afastou, foi

diretamente comunicar o fato ã polícia, querendo livrar-se o quanto antes dares ponsabilidade de uma aquisição illcirn No dia seguinte jâ não era Natal! E enquanto Es1ebane Juan saboreavam felizes a mudança ocorrida com o dinheiro cmrado em casa, surgiram doi s esbirros e puse• ram-se a vasculhar cantos e recantos. Não lhes foi difícil encont rar asa.patilha, que Esteban tinha colocado como uma relíquia àcabcceiradacamadeJuan. lndiferemcs aos protestos, os esbirros algemaram o infeliz sapalciro e conduziram-no à presença do Juiz, o qual mandou logo ins1aurar o devido processo por crime de roubo. O réu ficaria na cadeia aguardando a sentença. Esteban,aílito,aiormentadooomasortc do filho, pcdiu e obtcvc a graça dc scr eleentregueaoscuidadosdosenhor Prior, atéqucludoseresolvesse, Mais tranqüilo, dcixou-e,ees1arnaprisaosem 1emoralgum. O processo chamou u urençllo do povo cm geral. Ninguém acrcdi1ava em coisa tão absurda. O sapateiro era por demais conhecido e ninguém duvidava da sua intcgridade moral. Todavia, por mais que jurasse a sua inoc~ncia, afirmando que o sapatinho lhe fora dado pelo Menino Jesus da Virgem dclPi!;1r, ninguémacrcdirnva. Foisubmetidoaterriveistorturasparaconfcssaroroubo; aprindpioEstcbanre$iM iu, mas ossofrimentos airozes acabaram por anu lar-lhe aconscii'nciaeelcconfcssouumcrit11cn1lo cometido,sóparatcrminarcomaquelatortura insuportável. Na Espanha do século XVI, punia-$<! com a morte qualquer sacrilégio contra as roisas sagradas, sendo, pois, Es1eban condenado à forca. A scnlcnça emocionou a cidadcimeira,ondcobornsapatcirogosavaajuslafamadecidadaohonradoecicrnplodepiedadccris1ã.

CATOLICISMO - Dezembro 1990 - 9


Antesdaexecução,cxigiaa lei queo condenado fizesse confissão pública do crime cometido. Por isso, vestindo o camisolão que então usavam os rfos, com a corda ao pescoço e uma vela na mão, Esteb;i.n foiretiradodaprisãoeconduzido ao local do furto; foi obrigado a atravessar grandepartedacidade,escoltado por soldados e pelamultidãode povoqueaumentava a cada esquina. Padres e coroinhascarregando a cruz encabeçavam a dolorosa procissão; logo após vinham os magistrados e a seguir o pns1one1ro entre um piquete de soldados e a população quase toda dacidade. Enquanto isto se passava nas ruas, Juan , acompanhadopeloPriordoconvento estava na Catedral, ajoelhado num canto escuro da capela de Nossa Senhora e ambos rezavam com o maior fervor. O Prior, e;,;tremament e emocionado,acariciavaacabeçadoinfelizmenino, murmurando palavras decarinhoedeconforto, falando do poder misericordioso da Virgem padroeira esugerindo-lheaspreces e súplicas em favor dopai. Eis que o ru!dodagrande massa popular chegou até eles. A mu!tidãoapro;,;imava-secomoondasimpetuosaselogo,pelas portas escancaradas, invadiu o sagrado recinto. Esteban foi quase arrastado ante a imagem da Virgem e intimado a fazer a pública confissão, a penitenciar-se do crime cometido. Ajoelhado ant e a Virgem, o pobre homem volvia para ela o olhar agoniado;deseus!ábios, porém, não saía palavra alguma;ossoluçosimpediam-nodefalar, só o coração, torturado, elevava-se numa angústiainfindaparaaMãequetantovenerava. O pequeno Juan viu o pai. Num assomo de d=spero soltou-se do braço que o cingiaearrojou-se comodoidoaooeu pescoço,chorandoesoluçandodecortarocoração. Fez-se profundo silêncio. Naquela multidão ali apinhada bem poucos olhos estavam enxutos.

"Vede, homens incrédulos" Em meio a seu desespero, Juan volveu o rosto desfigurado para a imagem e com voz despedaçada pelos soluços, suplicou: - Meu bom Jesus, tu bem sabes que papai não roubou teu sapatinho, bem sabesquee!cseriaincapazdisso. Então, porque permites que o condenem à morte? Dize aos senhores esbirros que o soltem, elenuncafezmalaninguém.SenhoraMãe de Jesus, por favor, dizei a essa gente que papai não é ladrão! 10 -

CATOLICISMO -

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Um esbirro tentou afastar a criança, quemaisfortementese agarrouaopai. Esteban soluçava; do peito arquejamc saiu-lhe um lamento, uma só palavra: Mãe! Eis que milhare5 de olhos se fi;,;aram arregalados na imagem. Todos perc~biam que ela se animava, como se fosse viva. E viramoMeninoJesus,comsuamãodescalçarasapatílhaquelherestavae,sorrindo,atirà-laaocondenado,enquantoa Virgem parecia dizer: - Vede, homens incrédulos, o ato de bondade de meu Filho. A multidão prorrompeu em aclamaçôcs retumbantesequaseemdilirioseapodcrou do prisioneiro e do filho carregando-os emtriunfoparaforadaCatedral,gritando: - Foi milagre, foi milagre! Viva a nossa Santa Virgem del Pilar, viva o nosso amado Senhor Nino!

Decorridos alguns dias, o Arcebispo de Burgos,acompanhadodoPrior,dirigíuse à modesta casa do sapateiro e, mediante avultada quantia, resgatou as sapatilhas pararecolocà-lasnospésdoMeninoJesus. Graças a esse dinheiro, Esteban pôde instalar-senumacasamaisconfortàvel,tra· zendo para junto dele as duas filhas, semprecercado docarinhoeda admiração de todo o povo de Burgos. D

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São Bernardo de Claraval

Há nove séculos, modelo irradiante de espírito contemplativo e de combatividade Festeja-se neste ano o nono centenário do nascimem o de São Bernardo (1090-1990), Abade de C/ara va l, ex tirpador de cismas e heresias, defensor do Papado, pregador de Cruza das e cant or da Virgem G RAND I· fi11ura dcSào lkrnardo domina o sb:ulo X II 11s~im como :1 de San10 Agos

linho. havi·"·do mim ~oosécu lo V e a de San10 l"omás de Aq u111 ovm11 do min,1roséc ulo X II I (l i,

Nada escapa va ao seu ,.clovigi la111c: "Nadadoq11cserclacio11acom a 11lória de Deu s me é alheio" - escrevia clcaoCardcal lclnmc{cartan.20)

A alma de todo o apost olado Rcno,:1dor da Ordem de Cisicr, rt•for1011dorda,idarchgio~:1cda'>l)cil-dade1,..mporal. dcfcmor do Papado (' nlirpador de dstrn1\, impuguador e 11er<;l'guidor da~

hcrc\ia,.1i;1díkadordcd",·órd1;1,,·di\Wn ~\. pregador de ( nu.ida, e camor da Virgem, Bernardo foi. no di,er de I>. Chaurnrd ··o homem mai, m111empla1i ,·o e. ao m~mo tempo. o hmnern rnai, au ,·o deseu .\.t-çulo"(2), E aqui CM.'I o s..·gredo do é\ilo de -.cus numeroso\ ,·mprC<'nd1rncn10,: a \lia vida de oraç!lo. Por meio da 01aç.'lo ck a1ua,a dirc1amc111c sobre :1 Ca11su primt•rm Deu,. Dc,sc modo, tmha cm sua., 111/lo,; 10da, as rouws .\'t'g1111,lus. ,üto co1110 esta\ somenlc dc\W 1)rincipio superio r rccchcm a sua eficácia()). São lkrnardo, com sua vida, ,u:, at ividadec~cuscscri10sensina de modochx111c11tc :1q11cla ,crdadc q11c in,pirou o 1it 11lo dc u1n gra ndclivro - hojcinfcli1111cn1ccsquccido - dc urn dcscu,fil hosc,piri tua is.o zclos.oAbadcdcScpl- l'ons. D. Joào Uatis rn Chautan.l: a vidai n1crior l:uu/111udc10doo111>vsroludo.

"E com efeito - e-..:rnc Pio Xl l -. emboradcscjcficarimcrs.ocrnaltacontemplaçàoc suavemcdi1açào.que.'i<'nutrcdo espírito divino, l odaviao Dou1or dcClara· vai não se fecha na sua ~-ela - a qua l. 'quando habi1ada aoisiduamente se torna agradável' (De JmiL Chri51i, l. 20. 2) mas onde quer que M' trate da causa de Deus e da Igreja, e51á imediatamente presente com o conselho, com a palavra e com a ação" (4).

Nascido de pais nobres, ricos e p iedosos 5'o Bernardo de Cl•,..vlll - pinlu,.. d• S.b11Stllo d~ Plombo (séc. XVI), pin11Coleca vatlc• na, Ro ma. O arflala representou adequadamente o santo - o g ,...nde baluarte da lgr• J• contra seus Inimigos, no skulo XII - 1tnquanto subjugando o demónio.

São llernardo, o Ul1imo dos Podrf's do Jgrf'ja (5), venerado ao mesmo tempo co-

CATOLIC ISMO -

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mo Santo e como Doutor, nasceu cm 1090, em Fontaines-lês-Dijon (França), de pais nobres,ricosepiedosos. Amigo do silêncio e do recolhimento, revelavadesdepequenoforteindinaçãopara a vidacontemp!ativa. Seutcmperamcntoconcentradoepacificoindinava-o para osestudos,queseguiuconscienciosamcme, preparando-se para a grande missão a que o destinava a Providência. Alma varonil, lutou heroicamente para guardarintactaapreciosajóiadacastidade. Assim,certaveL, em pleno rigor do in verno europeu, para vencer os ardores da carne,lançou-seaumtanquegelado,ficando ali tanto tempo com a água pelo perco~,m~r~o~uando foi retirado estava já qua-

Martelo dos hereges Porém, Bernardonãonasceraparadescansar. DevoltaàFrança,tevedededicarseadelicadasquestôesdogmãticas, levantadaspelocélebreprofessordaEsco!adeSanta Germveva, Pedro Abelardo. Homem de grande talento, ambicioso e apaixonado, Abelardo havia-se dedicado aoestudodaFilosofiaedasletras.Aosvinteanos, dera porconcluldasua formação e passara a rivalizar com os mais ilustres professores. Sem ter recebido licença de nenhumMestre(coisaqueentãoserequeriacqueequivaliaaumdiplomauniversitário),abriuumaescolanamontanhadeSanta Genoveva, cm Paris, e ali se pôs aensi-

Aos 21 anos resolveu in gressar na vida religiosa.e taleraseuardordeproselitismo,quearrastouconsigotrinta companheiros, entre os quais quatro de seus irmãos e um tio materno (mais tar dcscguiram-noooutroirmão e o próprio pai; a irmã, Umbclina, e a cunhada, Isabel, fizeram-se monjas beneditinas, sob sua direção).

Os "novos cavaleiros de Cristo"

Os sequazes de Abelardo logo começaramaespalharoboatodequeSão Bernardo não queria o debate por não ter argumentos pararcfutar seumestre. À vistadisso, e por pressão de vários bispos, Bernardo acabou acedendo. No dia certo, mal se abriu o concilio, o Santo Abade tomou a ofensiva, antes qucoheregcpudcsscabriraboca. Pronunciou um vibrante discurso, noqualdenunciavaoserrosdo professordeSantaGenoveva, eo intimavadiantedasolencasscmbléia,aqueprovassequeassuasproposiçôesnãoeramcontràriasàdoutrinacatólica ou que, senão, as abjurasse. Colhido de surpresa e cheio de despeito, Abelardo negou-seadarexplicaçôeseapcloupara Roma, retirando-se com os seus .sequazes. O concílio, por unanimidade, condenou os seus erros. Em Roma, o Papa Inocêncio li mandou queimar publicamante na BasllicadeSão Pedro as obras de Pedro Abelardo, e condenous uad outrinaesua pessoa.Amarguradoedesprestigiado, o soberbo professor retirou-se para um mosteiro, cessando sua pregação daninha. Entretanto, um disdpulo seu,ArnaldodeBrescia,continuava a agitaros esplritos na França. O Abade de Claraval fezexpul sá-loefoiaoseuencalçonaSuiçaenaAlemanha, denunciando-o ao Papa como perturbador da ordem pública. Arnaldo fingiu submeter-se, mas pouco depois sublevava o povoromanocontraoPontifice. Finalmcme,foi prcsoecondenado.

A jovem Ordem de Cistcr passavapormomentoscriticos. Fundada em 1098 por São Roberto, abade de Moksmes, emumlugarsolitárionomeio dos bosques, chamado Cis1crcium, a nova abadia tornouselogofamosaporsuaausteridadc. Seus monges eram chamados os "novos cavaleiros Em socorro dos cristãos de Cristo". Entretanto, as vo do Oriente cações eram escassas e uma pestelevouaindaamaiorparOzclodoAbadcdcClaraFIiho de pais nobres e piedosos, Slo Bernerdo tedos religiosos. Parecia ser o val não conhecia fromeiras nssceunocastelodeFontalnes-les-Dijon(FrsnçsJ fim de Cister. A Providência, Estando os cristãos do Orienporém, velava pela Ordem, e te novamente oprimidos pelos enviou-lhe Bernardo e seus companheiros, nar as mais audaciosas doutrinas. Precur- maometanos, o Papa Eugênio 111 (que hasor dos racionalistas modernos, Abelardo via sido monge em Claraval) e o Rei da cm 1112 Três anos apenas permaneceu Bernar- rejeitava na demonstração da vcrdadeto- França, Luls VII, desejavam promover do como simples monge de Cister,já que do argumento tirado da Sagrada Escritura uma nova Cruzada. São Bernardo fez-se em junho de 1115 foi mandado pelo abade e da "Tradição, e dizia que só tinham força seu intérprete em Vézélay (31 de março de Estêvão para fundara abadiadeClaraval, asprovasdarazão.Seuprestígioeratal 1146). Ele envia ainda cartas em todas as daqualfoifcitoSuperior. Claravaliriator· que ninguém ousava enfrentá-lo. Só um direçôes:nãocontcntcdeescrcvcr,vaipesnar-se amilcde muitasoutrasabadias,cu- homem podia fazê-lo: o AbadedcClaraval. soalmenteaci<ladesevila.sacxortarosnojo número, à morte de São Bernardo, cheSão Bernardo procurou em particular o bres a "tomarem a Cruz" - como se dizia gava a 68. professor de Santa Gcnoveva, mostrou-lhe então. Areformaquecmpreendeudavidamo- seus erros e o instou a que se corrigisse. Convence.assim ,olmperadordoSacro nàsticaalcançouatodasasdcmaisOrdens. Abelardo prometeu emendar-se, mas pou- Império, Conrado Ili. Desgraçadamente, AiníluênciadoAbadedeClaravalirradiou- codepois retomava seu perverso ensinamento. porfaltadeorganizaçãomilitaredesério se por toda a Jgreja na França e alcançou Cheiodesoberbacconfiadoemsuaha- empenho dos Príncipes cristãos, a emprea própria Cidade Eterna, depois de ter rege- bilidadeoratória,desafiouoAbadedeCla- sa fracassa. Os descontentes, invejosos e nerado a Corte do Rei Luls VI. ravalpara um debate público, por ocasião despeitados - semprepron1osa procuraA!ém de reformador, São Bernardo de- do concilio que cm breve se reuniria em rem um culpado para seus próprios erros sempenhou papel decisivo para a extirpa- Sens. São Bernardo a principio recusou. -passaramaacusaroAbadedcClaraval ção do cismados anti-PapasAnacleto li e NãoquetemesseenfrentaroarroganteprO· por haver pregado a Cruzada. ChamavamVítor IV. Seu judicioso pare<:er confirman- fessor,masreceavaqueainsolênciadohe- no embusteiro, charlatão, falso profeta ... do a legitimidade do Papa Inocêncio li foi regeatemorizasseosespíritospusilãnimes Essa nãotinhasidoaprimeira, nem seacatado pelo Concilio de Etampes (França), cqueaoratóriacapeiosadodemagogoim- ria a última vez que o Santo foi perseguipelo lmperadoralemãoepelosdemaisso- pressionasseosesplritossuperficiaisoudes- doecaluniado, apesardosportcntososmiprevenidos. lagrescom que ratificava a origem divina beranosdaCristandade

12 - CATOLICISMO -

Dezembro 1990


Hnlereclnlo- Jnlftrlor dti bnlllc• romlnk• de veze/ey (França} ~ Bernardo ,-gou a ~ncNICruzllda

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de sua missão. DcsigniosdcDeuspara íor tifk.i-lo na vir1udc e purifid-lo de qualquer afeto rcrreno, e lição para o homem moderno, para quem só o sucesso coma.

Os demais Doutores ensinaram nu Igreja -diz o Papa Bento X I V. Hcrnardo. 1)()rém, ensinou o Igreja. Pode han:r glória maior para um "'degrc-dado filho de faa"? GUSTAVO ANTONIO SOi.lMEO

Traição do secretário e morte do Santo Jàve lh ocdoente,consumido dccrabalhos e fadigas, teve o Santo de enfrentar outra prova, que o assemel haria ainda mai1 ao Divino Modelo: a iraiçllo de um daquclcsquccomiamàsuamcsa. Seu s«retàrio Nicolau, 1cr1do adquirido habilidade cm imitarocs,ilo do Santo, e tendo fa lsificado o sinele com que este autentica,·a suas cartas, C'!;Crcvcu I altos personagens - att mesmo ao Imperador -fomcntandointrigascdiscórdiascm nomc do venerado Abade de Claraval. Acabrunhado de dissabores, chc-1ava Bernardo ao fim de sua carrei ra terrena. Emjulhodel 153rc«bcuanotlciadamOT"tc de seu caro disdpulo, o Papa Euglnio Ili . Em 20dcagos1osc:gu1ntccmrqava ele próprio a alma ao Criador, na idade de 63anosc1rhmcses. Vin1e anos mais !arde, por bula datada de 18 dejancirodc 1174,Alcxandre Ili o inscrevia no número dos Sant05. O Papa Pio VIII , cm 18.10, confrria-lhc o 1ilulo de Doutor da Igreja. Ele ~ conhecido comumente - desde o ~ulo XV - como o Doutor Mtl{/luo - Do<1or Mtllifluus.

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Dezembro 19'JO -

13


concisamente • Ex-estatal dó lucro

Logoemscuprirneirobalanço semestral, a Thamcs Water Pie- empresa par1icular que abasteccdeâ1uaacidadede Londres - apresentou bons lu-

cros, com uni faturamentode USS220m ilhõe$.Scuprcsidente, RoyWatts,rcssaltouaeliciência dos serviços prestados pelaempresaprivada,emsu~tituiçãoàcstatalqucsearrastava com fraco desempenho no ramo. O governo conservador pretende, agora, pri_vaci~a~ o

fornccin1c11todeencrg1aeletnca. NoBrasil,umdosrccordistas mundiais cm estatização da «onomia, continuamos a colheita dos amargos frutos

das numerosas empresas do go-

deral, Romeu Tuma, aumentaram depõiS que os policiais de vàrios Estados resol,·eram ceder às exigências dos ladrões, fornecendo-lhes armas, munições e carros blindados. Além dessasconcessõe5,obscrvaainda 'íuma,osenvolvidosrcspondemaoinquéritoemliberdadc. Segundo conhecido escritor francês,umasociedadenãodeveseravaliadatãosópelosfací noras que a infectam, mas sobretudo pelas liberdades que lhesfacultamosch.amados''homensdebcm".

• Execução festejada • Desvario ecol6glco Enqua1110 Thoodore Burky, rcspons:\velpelocstuproseguidodeassassi natodcix,lomenos 24 mulheres, era executadona cadeiraelétrica, naF16rida (EUA), do lado de fora da prisãomanifcsrnntcsfestejavam o acontecimento. Apesar das campanhas de certa imprensa oon1ra a pena de morte, ela con1inua popular.

• Atiçando o crime? O "succuo" de tantos se-

• Espetáculos deprimentes

qücstros.noRio,serviudcestl-

muloaqueosassaltantesuscm o mesmo método. Os roubos

de residências com reféns, segundo o diretor da Polícia Fe-

14 -

debates ... Não,leitor;éilusório crer que a descrição seja pcculiarao cenilriopolhicobrasileiro. O recurso freqüente ao insul!o gratuito, ao exagero e à mentira vai-se !Ornando corri queiro nas pugnas eleitorais de quase todos os países. Esteve, por eKemplo, presente ecomqueintensidade! - na recente campanha para eleições norte-americanas a cargos estaduais e federais. Michael Robinson, an ali s1a pQllticoda Georgciown University, de forma clara e concisa, ao explicar o fenôme110, põe cm evidência o oportunismo de muilos políticos hodiernos: "É mais fácil destruir o cariltcr de um adversàrio do que explicitar uma posição em questão complexa e que pode afas1arelei1ores".

Contendores trocam ix,sadosagravos:fa!1adccomposturaedeco111eúdoideológico11os

CATOLICISMO - Dezembro 1990

O município de l baiti, no Param\. possula uma cancleiracentenllria. Acontece porém que o ccrnpo havia feito suas devastações,eaànoresesustcn1ava apenas sobre um fra· co lripé de rai1.es. Por isso, em 1988,aCámaradosVereadorestocalaprovouadcrrubada da caneleira. que ameaçava cair sobre uma i:si..'Ola ou outras casas próximas. Os ecologis1as, en tre1anto, levan1aram-secontraessadccislio, chegaram a provocar um "julgamemo"daàrvore,epressionararn tanto que a caneleira não foi derrubada. Em conscqiiência,cadavezquechovia a si1uação na esco la próxima ricava1ensa,eadirewrarelirava as crianças das salas sob maior risco. A 12 de outubro último, umvendavalsacudiulbaiti,galhos da ãrvorc comaça ram a cair sobre a escola, e menos de cinco minutos depois de a diretoraprudcntement e1errctiradoascria 11çasdassalas mais alingidas, a ca11clcira desabou comtodoseupcsosobreacscola,causandosériosdanosmateriais. "Começamos a chorar e a rezar. As crianças gritavam

e foidiflcil acalmil-las", concou adire1ora, lvani Maria da Silva. Foi um desastre, e não fosseaaçlioprevidentedadiretorapoderiatersido umalragédia. A tamoconduziu aaiual mania ecológica.

• Em nome da modem Idade As cxiravaga mcs "novidades''(dcoucrora)aindacons!i1uem modismos? Ao que parece, é difíci l liber1ar-seda mitologia dila moderna. Assim, a1,i1udes insólitas cominuam a 1er livre trânsito em nossos dias, maisdemeioséculoapósaSemana de Arte Moderna, que pôs em foco o disimra1ado e ocaótico. Agora, cm São Paulo, em plena Avenida PauliMa, o cscuho r A!ex Flcming expôs 18 cabeças de gado embalsamadas e pin1adas com tinia azu l-metálico, sa ind o de ces ta s de lixo em forma decolunadórica,masdecabeçaparabaixo! Mais que si mples loucura. o comportamcn!o é metódico e cons1ante de certos meios "culturais" brasileiros. Tem por efcho induzir o público a !Omar como "normais" essas formasdeagress.lloaobomsen. so. Sempre em nome da 'modernidade'' .


... em tempo

Destaque

Príncipe O jomaf aJmiiJo "l-'rank/urttr Allgtmtint 7.tiluni" publica tntrniista do prlnr:iM J'lnctnt ron litth1tnsttin, trmdldato ao parlamento ausuiaco. O prfnclM achQU insuficiemt o ftma dt stu partido: "MaiJ futuro, mtnos socialismo··. "Osoc/alismotstártttbtndo na cara oiélido tcortantt •·tntofrio do l.tstt. A Áustria não t.ítá precisando dt menos socialismo, mas dtntnhum:nx:lalismo", arrematou oprlndpt.

Rocinha Quando o BANERJ decidiu instalar uma agência na favela da Rocinha, esperava tudo ... menos essa surpresa: decorridos meses de funcionamcruo, não receberam nenhum cheque sem fundos. Há mais. Já estão operando l.200 contas de poupança, 70 clientes de Fundos e Ovcr e 300 contas correntes. Vem de uma favela a liçllo para intelecmalóides que instigam o desrespeito à propriedade, cm nome do povo.

Bestificação A Justiça 11r11,enlin11, num11 scnlenç11 que desmerccesua hma de cru• diçi o, conc:tdcu "habeu corpus" a lrh cilcs que cs111.nm "incomuni· civeis", por lerem mordido um homem dunmte um11 dispu ta de 1crr11 dcs1c com se u vizi nh o, dono dos anlm11ls. A juiza de primcir11 instância, S1m1 na Dias, rccus.11111 o pedido, argument ando que esse rccurso só vale par11 homens. Enl relanlo, a Cl m11r11 de Apelações rc,,·crleu a senlcnça, libertandoos"pruos".

SIiêncio e esquecimento - ontem Hâ setedtcadas, o tacão comunista tudo vinha ousando para subjugar a Igreja. Começando por negar aos fitis o mais sagrado dos direitos, isto t, o de seguir livremente a Religião verdadeira (ou mesmo qualquer prática religiosa). logoinvcst iu co ntraos hcrói cosrcs istcnt es. Porém, nem todas as masmorras da Lubianka, nem todasas ge leirasda Sibtria conseguira m arrcfccer o zelo dos co nfesso res da rt que, aos milhões. desafiaram a sanha dos verdugos e a criminosa atrocidade do regime, muitas vezes ao preço da própria vida. Cada vez menos vigorosas - seja por desâni mo, seja por acomodação - as reações no Mundo Livre, em especial nas fileiras católicas, foram cedendo lugar à indolencia abúlica e ktârgica, quando não aoentreguismo. Sobre a " Igreja do Silencio', abateu-se o silêncio da Igreja ...

Balelas ... Tese cara às esquerdas foi rebatida por um de scus próceres. Atfrcd Sauvy, economista francês rcctm-falccido, demonstrou ser falsa a esti mativa segundo a qual 5Ó de fome 60 milhões de pessoas morrem anualmem c, no chamado Tercei ro Mundo. A razão t simples - aduz ocspccialista:ototaldeóbitos - eporcausasdivers.as-no Tcrceiro Mundo não ultrapassa os 40 milhões. Pura mistificação...

'" Crime" O Sr. HermanoJ ordil.o, prodolorrural, foi preso na Uclegada de Serliozinho-SP e scni processitdo por cri me ecológico e resistência à prisão. O "crime" fol ler esvaziado II represa que fn em sua propriedade, irritado pelas co nst11 ntes lnvuües de es tra nhos que a li vinham pescar. Eco rn isso põsem risco de vld1111sg11rças, os sa pos e os ralos doban hadnetc.,quevlvem porall. ~r,queosanimalsdcvem11gor1tcondlclon11rarxlstênciahumana?

Camarada "Camaradaprofessor","ca maradapreside ntc".Apartirdcjunho deste ano, deixou de ser obriga1ório na CrOOcia esse tratamento, marca registrada do marxismo, num de seus aspectos mais fana1icamentc igualitários. "Senhor", "senhora" e "scnhorila" voltaram a ser usados,evocandoosstculosdecivili1.açJlocristJl,sacralizadachierârquica.

Receita O insuspeito /rtl &110 acaba dt dar a rtctlta para seus irmãos de ideal (marxisuu, embora com a " protmmaçiio" a11acr6nica). Para tlt. ts:sn marxistas c:arttsltmos ("quadradas'') ainda não se dtram conta dt qu, "'a tco/01/11 não i tslranha ao projeto de 1/bertaçlJo da cltUSC trabalhadora". E ironiu,: "A tsqutrda costuma ttr uma cabeça qut dificulta o mo11lmtn10 dos ph".

Hoje - clamorosa atonla À nova política sovittica, toda feita de sorrisos e "aberturas" - embora de autenticidade duvidosa -, não poderia obviamente faltar um lance de grande l)Orte, cujo alcance real não é difícil aval iar : Gorbachev há pouco concedeu liberdadea todasasreligiõcsexistentesnovastlssimo - hoje fragmentado - império moscovita. O resul1adonatural dessa medida deveria ser bombâ.stico: sinosdosigrcjasrcpicandoemsinal dejilbilo,grandesmanifestaçõcsdeautoridadc.s religiosasedvis arespcito,púbticascongratulaçõeietc. Verifica-se,pclocontrârio,umaatoniageneralii.ada. Este t um falo preponderame nos dias atuais, pois agora - mais do que nunca - seria o momento deconquis1ar para a Ft esses mund05 recónditos a1t aqui mergulhados, cm boa medida, na ignorãnciaou na distorção religiosa. Mais anormal ainda t que não cause cstranhe-i.a a ausencia desses festejoseregozijos! l:ocasodediicrqueasvitímasdapcrscguiçãocstavam bem esquecidas no Ocidente ... Masscnadamais provocareação,aqueaparvalhamen togeraldosesplritoscstamosscndooondoridos?

CATO LICISMO -

IXz.embro 1990 -

15


Alemanha: festividades majestosas e simbólicas

A alegria de um povo que se une Col orida e esfusiante cerimônia da reunificação,

tisnada pelo espectro do aborto

Em frente

MJ

[Q]

Relch•l•g, em ~rtlm, I hatteada prestigiosamente uma grande bandeire d11 Alemanha

ENT/\RDECERC$tavamagnlfico, co mo a prenunciara bela ceri mônia da reunificação. Tudo contribu1a para o

pleno sucesso das festividades.

Aoscdescnrolaremascomcmorações, ano1acomposta esolcnedopúblicosobrcssaia peramc a "va1erland", a pinria, vista com traços patriarcais, sacrais e de rel igiosi dade. Havia uma nota de ordem discretamente militar, e muito espiritodegrande familia. O ''passado simbólico'' foi cspecial mcn 1e ressaltado pela ~ lha do local da cerimõnia principal: um parque cm frente ao neoch\ssico edifício do Reichstag, muito bem iluminado com cores discretas, em contraste acentuado com o verde intenso

da vegetação. A mole de pedra do prédio. maci_:a cm meio à escu ridão, era mui10 imponente. Um dos aspectos simbólicos: foi no tetodcsscedifícioqucos russos co locarama bandeira vermelha, cm 1945. ao tomarem Berlim em ruína$. Perto dali, milhares de pessoas vindas de !oda a Alemanha e do Exterior (havia até um rapaz agitando uma bandeira do Brasil) - íalou-sc em dois milhões no total - passeavam por baixodaportadeBrandcmburgo,combandeiras, c&T!3ZC$, etc. O número foi aumentando até chegar ao auge, pouco antes da meia-noit e. A festafoimarcadapelosseguintcsaspecios: o triunfo dos valores perenes do passadoemcaràterderevide,eaderro1a estrondosa do socialo-co munismo. Notei uma comentaris1a de Moscou salicmar a

16 - CATOLICISMO - Dcu: mbro 1990

dor que a imprensa russa exprimia ao se rcfcriràperdadaAlcmanhaOricntal. Nas escadarias do Rcich stag, um coro magnlfícoe um conjumo de mcrnis CM'Cul~va mi,sicas Hadicionais, inclusive as de l-l enry Purcdl. oomposi10r inglês do século XVII.

O âpice: hasteamento da bandeira Após a chegada do Presidente Weinsãc1:.cr, do Chan celer Hclmu1 Kohl e de polilicos dcsrncados à tribuna de honra, pouco antes da meia-noite, em meio à expectativa geral, fogos de artificio começando a crepitar. murmúrios damultidàocmúsica, um grupo formado embaixo das escadarias deslocou-se lemamente: apareceu uma dllzia de joven.1 de ambos os sexos, com rou -


pas típicas, carregando enorme bandeira dcsfraldada".schwan-rot -gold",preta- vermelha-dourada. Lentamente se dirigiram attocentrodoparque,onde haviaum grande mastro iluminado. A meia-no ite a ban· dciracomcçoua subirlentamcnt c, prcstigiosamentc, enquanto lodos entoavam o hino nacional da Alemanh a. lhe inicio o cspetàculo de fogos de art incio acompanhados por mllsica exuberam c. lbdos agirnndo ba ndeiras com entusi asmo co ntagian!e. Em seguida, toq ues de fa nfa rra militares saudaram as bandeiras das regiões qu e se reintegraram à Al emanh a Feder~l. Ao final, o cham:cler Helmut Ko hl retiro u-se oomdificuldadeentrea mult id!l o,que ro mpcu o cerco policial e entro u no parque. Vá.rios bradaram "Helmut, Helmut" . Simultaneamente, reali1.avam -se fes tas em toda a Alemanha, des.d c Chemniu. at é Ttier:música,cervcja, corosespernculares, danças populares com lrajes tlpicos, pessoasdeidadeavançadaemocionadas, etc. Tonto Kohl como o presidente George Bush, dos Estados Unidos, em men sagens especiais, pediram a bênção de Deus sobre o "va1erland" e o "Gcrmanpeo plc". Houvc tam~ma aprcscntação,em salaprcstigiosadeBerlim Lcs tc,da 9" Sinfonia de Beethoven com int érpre tes de fama mundial, prese ntes todos os po lí ticos im portantes com as res pectivas esposas. Rcalmeme. a festa da no ite de 2 para 3 de outubro marca.rã época na hisiória desta bela nação. Porém, M um grave senão. O Episcopado alemão recusou q ue os sinos das Igrejas repicassem por ocasião da reunificação. O motivo: a legislação do abono na Alemanha O ritntal, pr~vada ptlo aoordo dt rt uniíicação. Tol legislaç!lo é absolutamcm e rejeitável e mu ito mais permissiva qut a lei abortista da Alemanh a Ocidc ntal.Os habirnntcsdcsta região ,minados pelo neopaga ni smo , tendcr~o a prat icar aquele crime , ~nde a legislação ~ mais "avançada'', ou seJa,naAlemanhaOncntal. Se essa e outras leis do antigo Estado comunista continuarem vigorando, um sombrio futuro aguarda o povo gcrm Ani co reunificado.

Na Alemanha ex-comunista, vitória do supérfluo Expressiva rejeição do "miserabilismo" comunista, revela bom senso do povo TERMINADAS as festividades por ocasião da reuniíicação das Alemanhas, procedcu-seàseleicõcsparaoBundesrat (equivalente ao Senado), ~oscincorccémrestauradoslinder [estados] da paneoriental,eadernais na Bav:1.na Em quatro das cinco regiões, venceu a UnHlo DcrnOCriltD Cris1a (CDU)do chanceler Helmut Kohl, partido que na Alemanha ocupa a posição mais conservadora e direitista no espectro político. Excemou-sc o eitado de Brandcmburgo,.de exp~essiva maioria protestan.tc, onde venceu o pastor Manfrc~ Stolpe, do Pamdo ~1aldcmocrata, oposiciomsta. Convém nota r que tol partido normalmente vencia as eleíçõc:snessarcgiãoantesda llGucrraMundial. Nesse pleito houve "letargia política", como vem scnd? chamado o crescem.e desinteresse popular pefos eleições, fenômeno cada vez mais umversal. Com efeito, comparada às eleições gerais de março úllimo, a diminuiçll.o foi de 24 pontos percentuais no comparecimento às urna~ [ver quadro[. Mesmo assim é importante ressalfar a considcn\vcl diminuição de sufrágios.interesse ira apenas? - para o Pa(tidodoSocialismo [)ernocrát!oo, oex-pamdo comunista. Embora tenha consegmdo eleger representantes nos cmco linde r [esrndos], a continuar essa tendéncia, 11ão estranharia seu alijamento a médio prazo do quadro politico. O crescimento dos Verdes ou partido ecológico e seus aliados não foi pro~rcional ao mito propalado pela mldia relativo à Alemanha. O meio,ambiente dan~ficado por mais de 40 anos de dominio comuni ~ta, - a ser verdade o que se diz da preocupação ambiental alemã - representava oportunidadt un1ca para um sucesso es magador dos Verdes. No entanto, o bom senso prevaleceu. A opinião pública alemã oriental, que tam~m estava profundamente ~rente de bens materiais, mostrou, ao sufragar o partido da prosptridade, o deseJo pelo su~ríluo - "csrn coisa tão ncçessària" - no di1.er do impio Vol!aire. A supres· sao do su~ríluo - tiranicamente negado pelo "m,serab1lismo" comuntsta e. seu oongfncrecatólioo-progrcss1srn - acarrctou,paradoxalmente,afalta_a1é docsscnc1al ... lmagina,·a-sequeareunificaçãoràpida,corn seus custos al1i ss1mos, f<:15se.desaprovada na parle ocidental da Alemanha. PorC.m, tal não ocorreu. HaJa vma a vitória na Bavària da União Social Criq!I, pamdo irmão da CDU de Kohl. que, apesar de ptrder um assento na Câmara alta, foi esmagadora. Ainda sem os resulrndos finaisdasclciçõesgcraispara presideme, realizadas a 2 do corrente mfs, e não obstan1e as incertc1.as increntes à poli1ica, tudo l~va a crerque-devidoaosucessoobtidoporKolllnes;edehcad.oprocessodereun1fica· ção alemã e na condução geral do governo - a Democracia Cristã alemã obtenha significativa vitória A MAN SUR GU ÊAIOS

JULIO CAM ERON UBBELOHOE

nosso correspondente

'/l dr rnltl:!nan-,:iiod15rinro"/.imlH'\l)d1Alfmanh10IWnlal 0 1aubro 1990(2)

O..moc racasCristãos Sodal Democ rata~ l'anido doSoc:ia1ismo0..mocr:11ico O..mocratas liv,05 Un iãoSoc:ia!Oerm:!rn ica "Vtrde5",A lian.ç190ca liados Out ros

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••nrolad•pelaúltlmavez • Inglória bllnde/r,, comunlst•dll Altlmsnlui Orlfml•I

C:ATO I.I C: IS M O -

Oc1.embro 1990 -

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São Nicolau

Harmonia entre realidade e legenda Ressuscitar um morw, acalmar uma tempestade a exemplo de N osso Senh or, aparecer a um I mperador Romano são alguns dos milagres operados pelo legendário São Nicola u, cuja memória sempre empolgou as imaginações infamis, em outros tempos. o bimbalhar de pequenos si nos,eotropcldea11imais em marcha sobre a ne\·e. Corriam para a janela, encostavamonarizin honovidro, e viam, na curva do caminho, um 1renó dourado, puxado por quatro renas. Nele estava sentado pomposamente um Bispo de barba branca: era São Nicolau. o legcndàrio bispo de Mira (Licia) - amai Turquia -, que ench ia a imaginação das crianças. Ele estava Lodo para mcn 1ado. Na mio direita trazia umbárnlodeourotavrado. cnaesqucrdaumgrnndelivro, cuja capa era de couroe m al1orclcvo,ecravejadoderubiseoulraspedras prcciosas.Seucriadoconduziaotrenó.Ao ladodocriado encontrava-se um saco repleto até os bordos, e um grande bordão Chegando à casa, o Bispo mandava parar o tre nó O criado tornava o saco e o bordão, e batia à porta. O dono vinha recebê-los, com a alegria estampada "Slo Nlcol11u ", com kmfl- bartMt branc•, mitra e bkulo, no rosto, e em atitude de numa cidade holande.. dfJ nosso, dl••: s«ult1r tnidlç•o granderespeí10evcncração. natal/na, que tonlflc• o HnllO do m11ra vllhoso das cr/11nçaa, Oaltoportedo Prclado, na fasedesu11 /noclmc/11 prlm11v11rll sualongabarbabranca. a rnitraeobtlculoquctrazia, AUDOSOS tempos aqueles tudoiss.olheconferiaumardesolenidade. em que. no dia 6dcdc,;cm- quese entremeavacomaafabilidadeda fibro,especialmentecmcerta!i sionomia e a doçura do olhar. Ele sorria regiões da Europa, as fam[- para as crianças, saudava aos de casa. Er!ias reuniam-se à noite, em guia depois a mãodcmodoso!ene, traçanprcparaçãoparaoSmuoNa- do o sinal da cruz e abençoando a 1odos ta l de Nosso Senhor Jesus Oan<:iãodirigia-seàscriançast'OmternuCristo. Em algumas aldeias ra. A uma pedia que cantasse uma canção alemãs, por exemplo, todos sentavam-se de Natal . A outra que re<:itasse uma poesia. cm volta da mesa, a qual estava cheia de A umatercciraquerezasseumaoração. bolos, doces, frutas perfumadas. O ambienE todas as crianças, vivendo sua fase 1e cra iluminado à luz de muitas vc!as. Ao deinocênciainfantil eabcrtasparaomaralado do presépio, perto da lareira, brilha- vilhoso e o sobre na tural, estavam certas va uma lindaàrvorede Natal. Fora, a ne- dequcaqucleshomens,queiãobcmrepreve cala em ílOCQs leves, e lentamente. A sentavam São Nicola u e seu criado, eram at mosfera era de grande rc-colhimento, de entes que haviam descido do Céu! umaalegria discretae5tria. Dando-se por satisfeito, o respei tável Em determinado momento, o roslo das visiiante abria enl!lo o grande livro - o "licrianças se iluminava. Ao longe, ouviam vro de couro". Nele havia sido registrado,

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CATOLIC ISMO -

Dezi;mbro 1990

durante o ano, o comportamento das crianças. Após consultá·lO. o bispo chamava uma por uma. A algumas dava bolos, doces, bombons efrn1ascomo presente: haviam sido bem componadas. A outras, porém, sentava-as no joelho. eem rom afável, mas sério, re• prcendia o mau comportamento que tiveram. Faziam-nas prometer emenda. Caso comrãrio, no próximo ano mandaria seu criado aplicar-lhes com o bordão uma boa sova ... As mais especialmente insubordinadas, de ameaçava colocar den1ro do saco e levá-las, caso não se corrigissem. Assim, São Nicolau ia de casa cm c:1sa, dando bons conselhos, presentes ... e tam bém reprimendas. Nas casas em que ele nao podia pa)sar, deixava presen1es, nos s.upatos postos ,to lado de fora da janela. A ninguém o san10 bispoesque<:ia. Uons tempos aqm:ks cm que vigorava cssa1llobelatradiçãocatóliea,qucfoiçolhcrnahagiografiaumgrandcSanto.l'reladorespe-itá1·cl,eriandoumambientefavoràvclparapremiaroureprcenderascrianças, 11a fase de sua inocência prima~·cril. Com a pagani1.açào dos costumes. infelizmente também essa tradic;ao foi se ndo dc1urpada ou esquecida. Em lugar de um vcncrávelbispoçanoniuidopdalgrcja,surgiu uma figura laica.o Papai Noel,carica• tura de sao Nicolau. O aspecto didático e justiceirodaatitudedestcperameascrianças - premiando umas e castigando outras - foi substituído pelo bonachcironismo dovc lhode ba rbasbrancas,vcstidodeverme lho,quedeixaprcscntcsem todos os sapatos, indiscriminadamente. Tal era o Papai Noel de ontem. O Papai Noel de hoje decaiu ainda mais: tornou-se uma figura quase de circo para animar vendas comerciais 011 programas de Natal , cm emissoras de tclcvisllo, para crianças. cujos brinquedos preferidos são monstros ...

Voltemos a São Nicolau: pura fomasia? Lenda dourada? Sonhos de rea lidade? Casos há, porém, cm que a realidade não se deixadetodosuplantarpela legenda.Jul• gueoleitor. O grande taumaturgo São Nicolau (.sá.:. IV) nasceu cm Pátara, cidade da Llcia, fi. lho de pais ricos e piedosos. ô rfaoj:!i dcsdcsua adotcscência cledistri bui u todosos


seus bens aos indigentes. Narra~sc, entre outros,estebelo exemplodesuagenerosidade cristã: um pobre homem, não encontrando meio de casar suas três filhas moças, pensou em entregá-las à prostituição. Sabendo-<J,osanto, certa noite,jogoupara dentrodacasadopobrc,pelajancla,aquantia suficiente para o dote de uma das três donzelas. E assim o fez ainda uma segunda e uma terceira vez, de tal maneira que astrêsfilhasacabaramconseguindomuito bons matrimônios. lendo se consagrado inteiramente a Deus, após a morte dos pais, o santo partiu em peregrina,;ao para a Turra Santa. Durante a viagem por mar, e!e predisse aos marinheiros o advento de uma tcrrivcl tempestade, quando o céu estava sereno e o mar tranqüilo. Subitamente, ela desata e todaatripulaçãosepõeempãnico. Mas, devidoàoraçãodeSão Nicolau, ornar se acalmou milagrosamente Encontrando um morto pelo caminho, São Nicolau o ressuscitou. Como o santo pregasse em Mira, sua Diocese, a verdade da Fé católica, o que contrariavaocditodolmperadorDiocleciano, este o fez prender pelos seus sicários. Com o advento do Imperador ConstantÍ· no, que em 313 concedeu liberdade à Igreja Católica, São Nicolau foi libertado de seu cativeiro e participou do Concílio de Nicéia, onde, juntamente com 318 Padres conciliares,condenouahercsiaariana. Scuzeloemaliviarosoprimidoschcgou atalpontoquetrêstribunosromanos,ten-

do sido condenados por Constantino, devi do a calúnias, conheçendo o poder milagroso do santo, apesar da enorme distância, resolveramrecomendar-seàssuasorações. Osantoapareceuentãoaolmperadorcom ar ameaçador: "Os inocentes que manténs sobferrosnãomereceminjustosuplício;e se tu desprezas minhas palavras, ó Príncipe, eu levantarei contra ti minha queixa aoScnhor".Eostribunosforamlibertados ... Surpreendido pela morte, no ano de 342, São Nicolau vê os Anjos que caminham cm sua direção. Recita então o Sal· mo que começa com estas palavras: Em Ti Senhor eu esperei e termina assim: Em Tuas mdos entrego minha alma. Desde o ano 1087, seu corl)Osc encontra na cidade de Bari (Itália), sendo muito venerado no Oriente. Hã séculos, um óleo milagroso ílui da sepultura do Santo Bispo, por meio do qual Deus tem freqüentement e operado grandes milagres. No hino que o Breviãrio Romano canta em seu louvor, se lê: "Dos Pontífices ornato, honra e glória. Nicolau, que a graça de que estais repleto venha em auxilio do povo e do Clero". Êasúplicaqucfazemosnossa, àvistadasatuaisnecessidadesdaSamalgreja,tãonccessitada,hojcemdia.deeclesiástioos daenvergaduradeumSãoNioolau!

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CATOLICISMO -

Dezembro 1990 -

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Eleições 1990 -

ocaso da representatividade?

O artificialismo do sistema político-partidário e a demagogia esquerdista foram repudiados, em larga escala, no recente pleito. Cantsenlold"as: co,is fanfa m, propaganda polltlce da•últlma,alelçff., lell6<rnMoqueu1omcwhabltual, gerando o repúdio porpartadoe/11//oredo

"=

ONGE DE ""'""· 11.martpublicitâriacm tomo do rece.nlc pleito, alimenta.du pelas uprcciaçõcs dosco.mentansmspoliticos. Ovcrtiginosoritmodcv1d11 contemporâneo não cria condições propicias para a absorçllodotorrcncialvolumcdcinformações que a mfdia nos fornece. No tocante às eleições, consoamccom a indole nacio.-

nal,tantoscmcsclamfortcsemoçõcsc''torcidas" às disputas poli1icas, qucdificullarn sobremaneiraumavisãodeconjumodesapaixonada. Não comportando, é claro, a extensão do presente artigo um balanço amplo desse evento, cingimo-nos a salientar alguns aspectos insuficientemen1e realçados pela imprensa diária. numcsboçoderápidacoordenação.

Dia 3 de outubro de 1990: ru1anuit1,morimfilfaçloclepa111011a eorglaclepropt1gandaeleflor,I;

nea urMs, o maior Indica de vola. nuio. e em branco de nona hlllórla polftlce

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CATOLIC ISMO -

Scg undooprcsidentedo TribunaJSupcrior Eleitoral, ministro Sidney Sanches, os grandesvenccdorcsdcstaelciçaosãoosvonu los e em branco: constituem o mais altoindicede nossa história. Oarticulistado "JornaldoBrasil" Villas Bõas Correa, na edição de 6 de outubro, comentou: "Estima-scqueasornadeabstençõcs, votos em branco e nulos, alcance em torno de dois terços do eleitorado na renovação da Cãmara de Deputados. Os 31 scnadorcs(rdativosàrenovaçãodcum terço do Senado, mai s as bancadas do Amapâ e Roraima) respiram o alivio de ln-

10s

Dezembro 1990

dices[apcnaslumpoucomenosultrajantes (em tornode45 porcento)". O IBOPE, por seu turno, concluiu que 55 milhões de brasileiros - 60 por cemo do eleitorado - se abs1iveram de votar ou votaram em branco ou nulo para deputado federal. Quanto ao Senado, são 42 milhões, enquanto 30milhõcs (30 porcento) recusaram-se a escolher governadores ("0 Globo", 6/ 10/90). Apuradososrcsuhadosfinais,verificouse, com irrelevantes alterações, o aceno dt-ssescálcu los. Significativam ente, o IIJOPE constatou, ainda, que os votos em bnmcoc nulos foram genéricos e manifestaram-se em todas as camadas sociais. Ounodadoda pesquisa: 38 por ce nto dos entrevistados co ncordaram com a afirmação de que votar cm branco ou nulo "dà na mesma porque não mudanada"(''JornaldaTarde",27/10/90).

Fastio do eleitor Forçosoéquc,diamc desse quadro, especialistas se debrucem sobre os nllmeros à cata de explicações. Umaqucstãoprévia,contudo, sei mpõc· seriamesmotãosurprecndcnteoresultado7 Dcixemosapalavraaoscrítioosabaliza• dos. A titulo ilustrativo ouçamos. por exemplo, LeôncioMartinsRodrigues-professor titular de Cifocia Política da UNI· CA MP e da LISP e pesquisador do CEDEC - que assim avalia o ocorrido: "Todas as campa nhas individuais se parecem. Como a publicidade do guaran:i , da Coca-Cota ou da Pcpsi, todas seguem 11m mesmo esti• lo: ce nas de comidos, abraços ca lorosos noselcitorcs,bcijinhospaternaisnascrian• ças,declaraçõcsdepopularesdcváriasclasses sociais, etnias, idades c1c. O mesmo ritual deve ser cumprido por todos . ... Deuparece ]pois) o lado pedagógico da ação polltica .... 'Parecer· tornou -se mui10 mais importante do que 'ser'; .... - é a vitória do ' marketing' sobre a ídeologia ..... Nesse contexto ... , ser diferente da maioria é perigoso .. . Mas como ser melhor se todos se parecem .... se todos participam da mesma encenação, se todos fazem asmcsma.spromessas?"("OEstadodeS. Paulo", 23/9/90).


Nãoadmiraquenessapropagandaeleitora l marcada pelo "show" obtivessem especia!êxitooscandidatosradialistas eaprese ntadoresdeTV,como nasve1.esan teriores. Acrescenta ele, à guisa de conclusão: desta forma "o aparecimento do políiico profissional .... odcclinioda política ideO· lógica ... . entre outros fotores, são conseqüências da 'massificação da 11olí1ica. a qua lvai rumandosemprenadireçãodoigualilarismo .... Oresultadoéumrcbaíxamcnto do nível das campanhas e dos debates .... ,lem que) o jogo político .... e mais vulgar, mais demagógico. porque visa a conquistar (ou a enganar) um eleitorado muitocarentcemuilornenosiníormado" Este, por sua vez, notando o "bluff" dascampanhas,ni'loscvêconveniemcme11te espelhado nos políticos que se lhe apresentam, distanciando-sedas eleições e dos candidalos(cfr. "O EstadodeS. Paulo", 23/9/90 e 30/ 9/90; "Folha de S. Paulo", 4/10/90,destaquesnossos). Nopenc1ranteestudo"Proje10dcConstituição angustia o País", Editora Vera Cruz, São Paulo, 1987,publicadoem 1987, o Pror. Plínio Corrêa de Oliveira propuse· raqucaaltos cargosclct ivos ti vessernaces· so figuras representativas e prcc rnincn!cs da vida nacional - isto é, proíissionais não-políticos. Destes, a notoriedad e seria acausadosfurnanda10-enãoomanda10a causa da notoriedade, comosed:í no presente A vista disso, ecorroborandoumaopi niãoque segeneralil.a emrcpoliticosejornalistas. Newton Rodrigues, por exemplo, colaborador da · ·Fol hadcS. Paulo'', acentua. com acuidade: "O legislativo que está saindodas urna s (cornplementado pelos remancscen1es das eleiçôes de 1986)carece de autoridade moral e polí tica para proceder il refor111acons1i1uciona l . A lt'1:i1imidade para is~o fxii:iria nova ckiçiio" (e· diçãodel0/9/90). Pronuncia-se na mesma dire~a o Luiz Alberio Uahia . membro do Conselho Editorial da ··Folha de S. Pm!lo", ao írisar "Ao cleil or nlo Foi oferfôdo

Oesquijl/do"stand" depropagandaelelloral do PCB, na praça Ramos de Azevedo, em Slo Paulo: sfmbolo deumpar11do emdecomposlçlo. cu/osdirigen1es/it discutem a mudança de sigla, ó abandono da foice edomar1elo, e11t611mudanç11 de estatutos

teaodcba tesobreosg randcstfmasinstitu· c1ona1s .. [Nessa) falta de assunto, les t:íl a raizdaapatia(edic,:ão<.k6/ I0/ 90 )

Caras e não idéias Com efeito, <liame des.1a propaganda clcitoralqueconstituiwrdadeiro··show", aome smotempo caotica mcnte diversifi cado e insuportavelmente monótono, não é dc<'spar1tarque significativaparccladoclcil0rado votasse em branco. Ede outrn par1e, também n:"losurprcendcqu<'grandcnilme ro de votos fosse emitido por eleitores

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No dia do pleito, o próprio Lula tez umaprevlsãoacet111da: ase confirmaremos prognósticos, aelelçilode90serla "amalorderrotadoPT em toda a sua história"

tãodisplicenl<'sedesi11formadossobrco modo de votar, que ti vera m de ser anulado~. Em su ma. quando a publicidade gi ra emtornodecarasenãode idéias, oelcitor protcstaà suamancira,qucrpcladisplicência do voto nulo. quer pelo mutismo do vo10cm branco. fazendonotar q uenão se s('ntercpresentado Isto, aliás , sccompreendcfacilmeme. A mais básica das condições para que urnaeleiçliosejarepresentativaéqucoeleitortenhaefe1iva111e111copiniàoformadasobreosdivcrsosassunto.1e111pauta nopré lio eleitoral. A opin ião do eleitor sob re estes diversosassuntosconstituiocritériosegun dooq ualc leescol heocand id.itodesua confia nça. Em casocon1r:írio,ocleito não representa ninguém. Dai provém. emgrande rn('dida, o alheamen to doelcilor. Analogamfme, uma Câmara toda constitulda por deputados sem rcpresentatividadcévazia decon tcúdo.design ificado.de atribuições num regime de democracia reprcsentauva. Bem o assinala Víllas UôasCorrêa: "[O cleitor]permimt-ecuindccisoa n1 ea lt crna ti va s quc não atendiam às suas ansiedades. Desdenhou da campanha que nilo buliu com suacmoçào. (Não hácomodcsconhcccr quc a propaganda polltiea] precisa se r enriqu ecida pelos temas que o eleitor está propondo na manifestaçfo do voto negado" (""Jornal do Brasil", 6/I0/90) O corolário inevitável dessa impostação é a inviabilidade do voto obrigarório. Em funçãodeste,impõe-scaoseleitoresqueaceitemdeumoudcoutromodo,o"cardápio" deprogramascdecandidatos quel hes apresenta uma legen da ou coligação partidária.

CATOLICISMO -

Dczctnbl"O 1990 -

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OCHIC//nlo do PT

nopanor•ma n11c/onal,~undo cerlotórgjo,d11 lmprensa,dev&-M aomanlfe:slo

insuce.uodos mü/1/plo, organismos

eciesJ,stlco,sou Jelgoa, como, por U-p/o,H comunldldes eeles/11/sdebase. Nafoto.Fre/Betto

coordeivreunlla CHumadessas

assocleçóes.

Refratãrio a tal imp()siçlloocleitor "'vin-

ga-se", usando no segredo da cabioc sua liberdade natural. A larga divulgação, segundo as mclho· rcs1&nicaspublici1àrias,d11.scomrovtrsias

doutrinárias ou técnicas de alto nivcl, bem comodeprogramaspar1id:\rioscdcbiogra.

fiasdoscandidatos,supririacs.sadcficiênciacrônicadc nossoprocessoelcitoral.Caberiaàsagrcmiações partidãrias fazé-lo. Jã o voto obri garório dispensa de tais

prcocupaçõcs,esforçoscdesgostosurnscrnnllmcrodcp<>liticos ...

"PT: como despir-se do rótulo comunista " Quanloàorientaçãoidt'Ológicadosvito· riosos, rcstringir·nos-cmos a referir algu. mas particularidades notâveis. Um "dcsabafo"(nãoserâ ames um as. somodefranqueza?)doex·deputadofede· ral Lulaéexpressivo11oqueconcerncàfor. ça da esquerda: "O PT superestimou suas forças. Estamoslongedeconseguira voiação do Lula (falando de si mesmo) no SC· gundoturno daseleiçõespresiden ciais:31 milhõesdevotos.Arcalidadecstámaispró· xi ma dos VOI(» do primeiro turno: 12 rÍli· !hões". E fei uma ressalva: •·Mesmo as· sim, acho que quem tem essn votos é o Lu la e nio o PT. O partido precis.a fazer um gigantesco esforço para ligar o Lula 22 -

CATOLIC ISMO -

Dc-a:mbro 1990

aos candidatos pelistas" e·Jornal do Dra· sil'', 4/9/90.secção''lnformc JB '')(Deorn· QllC110SSO).

Adcclaraçãosugereu mbrevecomcntârio. No contingente eleitoral angariado por Lula - por e~emplo, nas eleições pre~iden· ciaisde l989 - haviaum11(1clcocvidcnlc· mente esquerdista, co mposio por adeptos do .socialismo, do comunismo, membros radicais das CEBs e quejandos. Entretanto, sem pre nos pareceu que a maioria da votaçãolulistaprovciodcce111ristas,dcpessoasa.jdcol6gicasoucquivocadas,paraur· rebanhamcntodasquais tcràsidodedsiva a pregação do clero "progressista". Embo· ra de forma indireta, o reçen1edepoimen· to (arquí-insuspei!O) do próprio Lufa é de moldeaconfirmaraan:íliscacima. No dia da eleição. Lula chegara aprever,combasenaspesquisas,quecstapode· ria ser ••a maior derrota do PT em ioda a suahístóría'".Asurnasnãoodesmentiram. O prefeito petisca de São Bernardo, Mauricio Soares, admite. sem rebuços, que o PTterã de ''despir-sedo rótulo de comu· nista, subversivo, raivoso e corporativista" pois tudo isto está "fora de moda" (" Jor. n~I da Turdc", S/10/90). O colunista MnrceloParada,da"Folha de S. Paulo"', não t menos e,;plici10 ao eOn· siderar as razões do revts eleitoral do PT: "Na área cronômiea , o PT defende lain· dai hojeoaparatoeslatal formado d uran·

teosgovernosrnilirnres .... 1Poroutrola· dol,a.1mudançasn0Lestecuropeu1ambém aco111~~eram sem que o PT se desse conta .... [Ao mes mo tempol, [o PT] cala-.se diantedaditaduradeFidelCastroemCu· ba"(l6/9/90). Sintoma vislvel da derrocada pctisla é queemseupróprioredutooriginário - o ABC-, Plínio de Arruda Sampaio. candida10 ao Governo do Estado, tenha sido derrotado, em todos os municípios, e com amplamargcmd c difercn çap,:locon tcndor do PDS. Maluf. Onde, contudo, o PT ainda manifesta vigortnasdasses mais cultas e ricas, pois entre os eleitores mais pobres. somente um por cento - conforme as pesquisas sufragaria o nome de Plínio de Arruda Sam· paio(cfr.LeõncioMartinsRodrigucs,apud "Folha deS. Paulo", l/ 10/90). Acsqucrda-nuncaseràdcmaisinsis1ir -é. cmrenós,fcnômcnodcsacris1 ia esalfo ...

Revés do clero " progressista " Jair Meneguelli, presidente da CU T braço sindical do l'T - n~oocullascudcsa· pontamento em face da realidade: "Os discursos dos si11dicalistas 11as portas de fâbricascstão muito idcologizados ..... Não clã para sair com um livro de Mar~ ou de U'nin dcbaixodobraçoediscutircomostraba!hadori:s nas portas de f:lbricas ..... Osdirigen.


tessindicais .... nãoestãoenoontrandoformasdidáticasdeserelacionarcomapeãozada" (" Jornal do Brasil", 24/9/90). Nãoesta ráoPT encontrandodificuldades similares no tocante ao re lacionamen10 com todoo operariado nacional? De nada vale objetar com a eleição de Suplicy para o Senado. OconccimadoarticulistaCarlosCastello Branco, em sua coluna para o "Jornal doBrasil"(ediçãodel2/ 10/90), observa com fundamento: "De São Paulo vem a versão de que Eduardo Suplicy foi beneficiado pelo vo to popular ... não por sua ldeologia,maspeloexercíciodavigilãncia mora l na Câmara Municipal paulisiana. O vo to não fo i pelo PT, mas pelo político. queseopôscomhitoàmápráticadomandatodevereador' ".Acresceaistoqueavotação colhida por Supplicy ficou aquém dosnuloseernbranco Adernais, adespreocupaçãodoseleitoresem dar um voto coerente - caso tipi codas"dobradinhas"deconteiidoideológicoantagõnico,como MalufparaoGovernoeSuplicyparaoSenado,alémdcoutrasdogênero, havidaspc!oPals - atesta,urnavezmais,ocar:íterp,et:uliardessas votaçõcs,dest i!Uldasdeumsentidodoutrináriopreciso. Na verdade, embora eleja mais depu1ados es1e ano do que em 1986 - naCârnara a bancada pelista dobrou de número, em razão de múltiplos fatores circunstanciais ou locais, que seria longo analisar aqui - , o PT declinou consideravelmente no panorama nacional. Essa infeliz "pcrforrnancc" tern sido tributada, por certos orgãosdeimprensa,aomanifestoinsucessoda [greja "progressista" que, por meio de seus múltiplos organismos eclesiásticos ou leigos (CEBs, CPTs etc.)ernprestou, comojá é praxe, decidido apoio às candidaturas petistas, engajando-se de mil modos empro l daesquerda(emalgunscasos,também a favor do PSDB, que perdeu mai s dametadedesuabancada). É expressiva, sobial ãngulo,aponderação do articu lista Fernando Pedreira, cm artigoparao''JornaldoBrasil"(2 1/I0/90)· " O PT está deixando de ser o partido dos si ndica listasdoABCparatornar-se opartido da Igreja progressista, isto é, dos pad res marxistasdaCNBB, de cujos redutos (ou de cujas paróq uias) espalhados pelo pa is vêm a maioria dos novos deputados pelislas".Analogamcnte,"observaLuii Carlos Lisboa, em suacoluna parao "Jornal da Turde" (9/ 10/90): "A Igreja do Brasil, aquela que só abençoa o PT, acaba de ser derrotada no pleito". O malogro da esquerda católica não é porém fenômeno tão recente. No final del989, alguns re ligiosos já havia m manifestado o desejo - informa a "Folha de S. Paulo" (3 1/ 12/89) - de reformular o discurso"progress ista"da lgrcja,cm face àconstataçãodequeeste, da forma como tems idoemprcgado,nãoestásurtindocfeito junto às camadas mais pobres da população. Pelo que sevê, a lição não foi aprendida ... Quanto aos PCs, prosseguem com as dimensões raqu íti cas de sempre. Nemmes-

moseva!endodohabitual recursodascoligaçôes conseguiram algum êx ito: o PCB mantémscustrêsreprescmantesnaCãmara. sendo que o PC do B terá uma cadeira amenos(passa ndodeci ncoaquatrodcpntados). A derrota do PCU é reconhecida por seus dirigent es, que discutem a mudança desigla,oabandonodafoiceedomartelo.eatéarnudançadoscstatutos("Jornal do Brasil" . l~/ 10/90). Em favor de um suposto fortalecimento das hostes esquerdistas, será inútil alegaroindiscutivcl hi1oakançadoporArraes - maisdc330milvotos,destafeitao deputado federa l mai s voiado. No dizer de seu colega da bancada pernamb ucana Maurílio Ferreira Lima, Arraes montou a mais formidável máquinaassistcncialistadoPais,rcaliwndoumacampanhadecunhoa-ideológico. ernrazão do que conseguiu eleger-se a si mesmo (pelo minúscu loPSB), favorecendo igualmen teoutrosquatrodalcgenda.Ccrtoscsquerdistas (do PDT e PMDB), viwriosos cm ccrtamcns passados, acusam Arraes de os havergravementeprejudicadoagora . impedindoquescreclcgessern. Comefcito,quase toda a esquerda pernambucana saiu destroçada destas eleições ("O Estado de S. Paulo", 23/10/90). Quejulgar,ncssamesmalinha,dotriunfode Brizola , já no primeiro turno? A rcspostavcmprontadas próprias fileiras brizolistas. César Maia, deputado federal pelo PDT. chegou a calcular que não mai s de 40 por cento dos eleitores tenham votado para a Câmara Federal , no Rio . Destes, 40 por cento escolheram o PDT. Como 40 por cemo de 40 por cerno significam, na realidade, 16 por ccmo, dai se conclui que os parlamenrnrespedctis tas - sig!aviwriosa no Estado do Rio - de fato não foram prest igiados por mais de 16 por cento do eleitorado0uminense("JornaldoBrasil", 6/l0/90). Embora a análise tenha sido feita com base em resultados parciais, não ficou infirmada pelas apuraçõcs finai s. Mais doqueisso,"oqucficouclaro . .. foia falta de opção que marcou este pleito [no Rio], aumentando o desinteresse e o tédio {dos eleitores]", observa o editor Sérgio Lacerda, em artigo para o "Jornal do Brasil ' ' (27 / 10/90). Como quase todos os candidatos do País, Brizola procurou "jogar na emoção e [só] nos últimos dias, fez concessões a planos de governo ("Folha de S. Paulo", 13/9/ 90, de Fernando No!i ca, sucursal do Rio).

À vistadoexposto,corno íugiràsensação de vazio e dc inautenticidade quc vern caracterizando nossa vida político-partidária? Candidatosrepresentativosdc"massassem-idéias",dirigindo-seaumpúblicoinapctemedeouvi-los -eisumairnagembastanterepresemativa(estasirn!)davidapúblicanacional,noquetemdemaisdesgastado e vexatório.

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C ATOLICISMO -

De7.embro 1990 -

23


• Doutrina

Escrevem os leitores • Preocupaçi:lo Satisfeito co m os assun1os tratados em CATOLICISMO,

tstoueompreocupaçãoqu:into ao nosso futuro; quando digo "nosso", quero dizer do mun• do. Parabéns (Carlos Albcr10 llu el deOllveln.1Sa mpa lu, Três

Lagoas-MS)

• Esclarecimento CATOLICISMO é um órgão deoornunicaçllodecsc larecirncn to da opinião pública, que se amepõcaocomunismo{ Lni lo n l,uii Braga, Porto Alegre-RSJ

• Favelas, etc. Não poderia deixar de parabcnizll-losporcsscsdoisexcclcntcs ar1igos (pois foi só os que li; por falta de tempo ainda não liosoutros)dcsscúltimonúmc-

ro de CATOI.ICISMO (rcfcrcsc a fcvcrciro/90). Esse.do Dr Pl inioestã si mplcsmcntescnsacional e o oucro foque versa sobrcaTeologiadaUbcrtação Aqui seguem algumas sugestões parafuturosartigosouesclarccimcntos para o público: l?)O temada"campanhadafratemidade" desse ano é: mulher e homem, imagem de Deus. Os padres é só no que falam nos sermões; cm Gfnesis 3,16 cslâ dito: " ...cstarb debaixo do Poder de teu marido, e ele te dominar:'!". Scri que os padres atuaisqucremircontra~cnsiname mo?; 2~) Por que a CN BB não faz uma Campanha da Fraternidade com relação ao aborto?: 3~) POI'" que mudam osnomcsdascidadcsoom nomes de santos? Exemplos: Fonaleza de Nossa Scnhora da Assun ção; tiraram o nome de Nossa Senhora da Assunção e deixaram só Fortaleza; 4~) Artigos esclarecendo-nos os motivos Porque a televisão nas novelas efilmcs queremdeturpar ossontos, os padres e a Santa Madre Igreja; 5?)Aoinvbdeusarem o termo "leologia da liberta24 -

CATOLICISMO -

ção'" não poderiam usar o da "demonologia da escravização"? E ao invés de Praça da Paz Cclc.1tial o de Praça da Guerra Infernal? 6?)Aqui no Ceará uns pescadores mataram umatar,aruga,entãoaimprensa fez o maior estrondo. Enquanto isso, crianças são assassinadas nas clínicas abor1ivas e o seuibama(cornlctrasminüsculas)ecia. nãodiicm nada; 7~) Os comunistas falam que nas favelas mui tos passam fome, ora aqui no Cea rá (para não d ízercmlodoo Brasil)nosmangues, é uma riqueza de alimcntos(crusticeos)quesóvendo Desde o camarão até o guaiamum; é só ter um pouquinho de corngem para irem pegar; 8?)Est!lofa!andomuitoemclcições nospaisescomunistas. Essacambadadecomuniscasquando assumiu o poder, não matou os anticomuniscas autênticos? 9~) Minha mãe mora em uma favela em Fortaleza: olhe, o que cr·arn de gatos e cachorros nesses locais não cst(l escrito E ainda dllo nomes de pessoas aos animais. Será que nos pai· ses comunistas (com 1oda glas110s1 ou perestroika)é também assim? 10~) Esses indivlduos que íazcm parte do chamado partldoverdesãoiguaisamelancias:verdesp()rfora, vermdhos por dentro. Engraçado, se por acaso em uma cidade, dcterminadapcssoa forcortarumaárvore, eles fazem o maior auê No entanto, nas clinicas abonivas, crianças são assassinadas e eles não dizem noda. O ser humano para eles parece que não faz parte da ecologia; li?) Esses pad res e polí1icos denominados progressistas deveriam, issosim,seremchamadosde"regressistas". E com o fiasco do comunismo vindo a público está provado que o tal Karl Marx nãoéogtnioquetantoseapregoa; 12~) Esse tal Nelson Mandela de que tanto se fala esta· va preso por dekndcr os nossos irmãos negros ou por ser chefe de umagangue de assas.sinos? {Jl.fflll' Haroldo, Paracuru-CE)

Dcicmbro 1990

Hâmui1otemp()tenhovonladedeman ifcstararninha imensaalegria deserumdosassinan tcs e leitores de CATO LI C ISMO. Esla alegria não é só comoadealguémquee:.tâcontcnte por ler conseguido algo. É algo que estâ no mais íntimo do Intimo. Encontro-me com dificuldadcatémesmodeexplicarcste bem estar que sinto de saber que faço parte dcs1e elo crist!lo.Todososelogioseparabénsqueeu imaginavacstavam semprcabaixodoq ucestarevista mereeia. Por1anto cheguei á conclusãodcsomentelerasmaravilhasquecscrevemosout ros carissimosleitores."Pois,quem ni'losabe fazer, deixa quem sabe. pois assim sairá me lhor". Assimofizatécstadata.Opróprionomeda revista,tantoquantocstapequeninafiguradeSão l'cdroe5aoPaulonacapa faz.

hâ uma Pobreza de doutrina nos dias de hojc7 E principaln1en1eo"CatecismodaDnutrina Cristã" , cujo sentido vai-se perdendo nas paupérrimas explicações que se dAo. Preferiria que esses nada dissessem, que dcixassemodamordospequeninosinoccmcsbailandonoar Qucmsabeseodivino Menino Jcsusselembraquefoipequcninotambémeassimenviasocorro do Céu. Lembro-me de um número de CATOLICISMO que li,equc foioprimeiro,era sobre o catecismo. Tinha na capa um majestosomeninoestudando.Quemcscreviaeraoprofcssor Dumas Louro. Nllo quero di,.cr queosoulros são despre1,iveis, citei aclc porque me ocorreu na memória. P~ também que fak mais sobre as fcs1asreligiosas,suasorigcnseas razõesdclas.Dcstacoaquios ~~ti:~~~~:ª~!~:~:!dªo~!~i~: tóriaSagradacmseu!ar " . Pois só lamento de ter que ler um pouquinho, e depois ter que esperar o próximo número no m~ segui nte (Cla udinei Ant oni o dos Anjos, Diadema-SP).

• Lltuõnla e Judas Congratulo-me com a revista CATO LI CISMO pela solidaried ade man ifestada à heróica Utuãnia,subjugada,atéhâpouco, como tamasoutras nações, pe lo anti-Cristo moscovita.

Apósa2' suerramundial anexou a Rússia sovictizada a seus dominios41mil hõesdeucranianos, 9 milhões de usbeques, 9 mi lhões de bicio- ru ssos, 6 milhões de làrtaros, 5 mil hões e meio de casaques, 4 milhões e meio de azerbaidjanos, 3 milhõcseseisccntos mil armênioo, 2 milhõesesctecentosmitmo ldávios, 2 milhões e d uzentos rnil judeus,2mi lhõeseccrnmil tadziques.2milhõesenovecen1osmil lituanos,etc.e1c.Aotodo,pelocensode 1970, 129milhõcsderussose ll2mi lhõese setecentos mil de não russos; e n!lo estamos me ncionando os que foram escravizados no Aíganistllo, na África, na Ásia e os que na América Central se tornaram satélites do Krernlim E se m que, através de eleições livresouplcbiscitos,semanifes1asse o t!lo decantado respeito aosdireitoshumanoseàaUlodclerminaç!lo dos povos ... Depois de vàrios séculos de vicissitudes, de 120a nosdedomlnio russo-ttarista, conseguiu a Lituânia proclamar, a 16de fevereirode l918,asuaindcpendência política, vivendo, porém, apenas 22 anos como nação soberana. É q ue , anexada pelas armas, a 15 dcjunhode 1944, viu ocupar-se.em menos de dois meses, juntamente com a Lt'tõnia e a Estônia, 1oda a região bâllica, transformada em feudo de Moscou. Vários movimentos eclodiram de resistência aos assaltantcs, perdendo a Lituãnia40mil de seus filhos na luta contra o opressor Tendo resolvido Stalin sufocar comp leta men teaopos iç!lol iiuana, enviou, dc l945a l953, paraoscamposdet rabalhoforçado ou para a Sibéria cerca de 600 mil pessoas, cuja maioria morreu por lá. Mas o povo litu a no, prcdominan tementccatólicoeoonvicto, tem resistido rezando e lutando com valor pela sua liberlação. 50 mil lituanosseabrigaram aqu inoBrasil, dois terços dos quais em São Pa u lo, q ue coma, assim, com a maior comuni dade lituana da América do Sul. O numero de julho de CATO LI C ISMO fe,. uma resenha comp leta d a história da heróica naçãocris tA, nada mais havendo, pois, de im p()rtant e a acrcsccnta r.Continuemosamanifcslar não apenas Por palavras mas sobretudo pclasnoosasoraçõesanossatotal solidariedad c à " Terra de Mar ia", como sempre fo i chamada a Lituãnia.Quesecompletcaimplosã.o q ue, surprcendentemen-


teeprovidencia lmente,estáliquida 11dooimpér iobolchevista, Thmbém remeto uma xerox da revis ta alemã "Timor Domini", de 20/3/90 que me foi enviadaporu massessordoCardeal Ratzinger, a respeito do pre se nte de UM MI LHÃO DE LIBRAS dado por um grupo de ''amigosanônimos"aoHonorab!e Prof. Dr. Edward Hall por sua efieieme atuação no a//airedoCarbono-14. Éccrtamenteacorreção monetária das 30 moedas de Judas ... (E:urlpides Cardoso de Menezes, Rio de Janeiro- RJ)

• Mães de aluguel Venh.o por meio desta cumprimentar a redação de CATOLIC ISMO, revista simplesmente fenomenal. Comolcitoraassidua,estoucadavezmaisentu siasmada pelos assumas e arti gos que cada revista nos traz Cumcsrnrevistaminh.afamilia está sempre aprendendo mais A " História Sagrada em seu lar"muitomeajudaatransmitir os ensinamentos da Igreja aos meus filh.os; e por falar deles, eles gostaram muitíssimo doartigo"Omongeeopassarinho". Este ajudou -nos muito a compreender assuntos nos quaisacreditamos,masnãoconseguimosexplicaranossosfilh.os làmbém o "Discernindo. D.C. " da revista n? 475 sobre "Cor, Realidade e Arte" me impressionou muito. Sempre achei acorcinzaapagada,umconheddo nosso a chamara de cor protestante, mas nunca pensei maisnadasobreela , cestaexposiçãodo Sr. Dr. Plínio é maravi lhosa, e mais ainda o aceno queareportagemdeixousobre as cores próprias às virtudes de um povo. Gostaria de saber seosSrs. têma exposição sobre este assun10 e se é possível me enviarem uma xerox. Gostaria também de ser informada se a obracompiladaintitulada''Am bientes,Costumes,Civi lízações'' ainda tem volumes à venda, e qualseráovalordela Estou aproveitando esta correspondência para enviar-lhes uns recortes de jornal deste fim de semana, que acredito talvez lhesintcrcssem,talvczparaalguma seção da revista ou talvez os Srs. possam fazer um comentário aos nossos leitores do que diz a Igreja Católica sobre este assumo. Se Tl"<:Ortcs assim lhes interessarem, prometo enviarlhes sempre que os tiver cm mãos (Clolild e Cardoso Buerra , Londrina-PR)

Agradecemos as apreciações elogiosas.Arespeitodasconsul tas acima, seguiu carta. Restanos dizcr umapa lavrasobreos recortes enviados (extraídos da " Folha de Londrina", de 2 a 4/9/90). Trata-se de noticias e rcportagensemqueveladamentese fazpropagandadas"mãcs dea luguel",ousejaa"maternidade subst itutiva" pela qual mulheres sedísporiamarccebcr em seu seio embriões humano s (óvulos previamente fecundados emlaboratóriopoimeiodachamada "fertilizaç/lo in vicro") paraconduziroprocessodeges tação A esse respeito, reproduzimos as normas emanadas da Congregação para a Doutrina da Fé, subordinada ao Papa, intituladas "Instrução sobre o Respeito da Vida Hi..mana Nascente e a Dignidade da Procria ção'',publicadasno''Osservatore Romano", de 11/3 / 1987 l)Feeund aç ii oll rlificialin vilro:écondenadaemqualquer caso, seja quando o material (gametas) é colhido cm homem e mulher não casados um com ooutro - fecundaçãohe1eróloga - , seja quando é colhido cmpcssoas unida s entresipelo matrimônio - fecundação homóloga: a)"A fecundaçãoarti ficialhetcrólogaéeontráriaà unid adc domalrimfm io,àdignidade dos esposos, à vocação própriados pais caodireito do filho de ser concebido e posto no mundo no matr·m· n·oe pelo matrimônio. O respeito à unidadcdomatrimõnioeàfidelidadceonjugal exige que o filh osejaco ncehido nom a1rimfo nio"(II- A- 2):b)Afecundação artificial homóloga "'leva

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~u~i!~~i~~:sn::~e à ºfec~C:~~~ ç~o ;~~ :;:cee u~ti~c~fc~~.~'. ralmente ilícila porque priva a procriaçàohumanadadignjdadequelhcé própriaeco-natural .... A lgrejaperma nect"co ntrári a, do po nlodcvista moral, àfttundaçãohomótoga in ~itro; esta é em si mesma il íc ita c contra stante com a dignidade da procriaçãoedauniilo conjugal' (11-B-5)(grifos nossos) 2) Mães dealuguel; "A ma ternidade substitutiva é licita? N:io, pelas mesmas rai õcs que levam a recu sar a fecundação artilicialhe1eróloga:écontrá ri a à un idade do mnlrim ônio e à dign idadcdaprocriaçãodapessoa humana. A maternidade

to que todos os métodos anticoncepcionais art ificiais - mcsmo os temporários, como as píl ulas - estãoconi:lenadospela Igreja, são moralmente ilícitos (cfr. Enclclica " Humanae Vitae" , de Paulo VI). Portanto, com maior razão é moral mente ilícita a laqueadu ra de trompas que esteriliza defini tivamen te a mulher. Diz Paulo VI "ÉdeexcluirdeigualmodoJcomo via legitima para a regula ção dos nascimentos], como o Magistério da Igreja repelida men ledcclarou,acstcrilímção direta,tamoperpétuacomotcmporária, e tanto do homem como da mulher" (n~ 14)

substitutiva represen ta uma falta objetiva em face às obrigaçõesdoamormatcrno,dafidelidadeconjugaledamaternidaderesponsável; ofend eadignidadeeo dirtltodo filh.o descr concebido, trazido no seio, posto no mundo e educado pelos próprios pais" (l l-A-3) (grifos nossos) Os recortes falam ainda de uma proposta feita na Câmara Municipa l deCascavelparaque o Município ·•se responsabi lize porumServiçodePlanejamen roFamilíarqucfariaalaqucadura de trompa s' ', ou seja, a es1erilização definitiva da mu lher.Convém lembrararcspc i·

Nota do Redaçõo

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IY. BMãode linei!a,44 - Reserlas: PBt(011)2219166-CEP01ro2-SÃOPAULO

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' ~ - - - -- - - - - - - - ~ C ATOLICISMO -

Deze mbro 1990 -

25


~ - - , . · - - - - - - - - - - - - - - - ~ ,,ados íatos1omaclaroq uc,apesardclances publicitãrios de grande enverga dura, co mo foram os encontros de Gorbachcv

com João Paulo 11, e com o presidente Bush em Malta, o Hder soviético tem rcafir~=t~~ sua inleira adcsllo ! idoologia comu Res.sal!ando a ambigüidade adotada por Gorbachcv, o documento de TFP-Covadonga aponta as medidas repressivas com quetemclercspondidoaosanseiosdcliberdade das naçõessubjugad_as na UR ~S. como por exemplo a L ltuâm a, oo nhec!da co-

mo Tem de M•ri•. Anexada à órbita soviética em conseqüfnciadc um acordoen1re

ASSUNÇÃO -

Os esrnndartcs rubros

com o leão rompante tremularam nas ruas desta Capital, por iniciativa de uma entida-

de co-ir~ã das TFPs, "Jovens Par~guaios

pró Civ11Jução Cristã", Eles par11c1param de uma grande passeata promovida pela Arquidiocese de Ass unção para pedir ao Legislativo a rejeição do projelo de lei que institui o divórcio no Paraguai. Um folhetodistribuido largamente pelos "Jovens Paraguaios pró Civilização Cris\ã" ati nha q~inz~ argumentos ai:itidiVOf"Clltas,dosquaJliSahen1amosQliscgumte5: Odiv6rcio,queéumalei civil, não pode revogar a indissolubilidade do vínculo conjugal, que é lei de Deus. Além disso, é para os libertinos uma festa, paraosdébcis, uma ten1aç.lo; para os lmcgros algo ~~ei1~~~p~cbji!~od~~~i1f~~r~{}:t~~~up~~!~ Paraguai uma tcrrlvclcausa de dccadencia moral .

Campanha da TFP elogiada em jornal lituano O semanário "Musu Uetuva" (Noua Litulnia), editado cm sao Paulo pelos lituanos da paróquia sao Casimiro, focali~ou cm sua edição de 19dcsctembro passado a campanha de abaixo-assinado promovida pela TFP cm prol da independê ncia da Lituãnia. A mat&ia apresenta declarações do Prof. Plínio Corria de Oliveira, e ressalta também o a lcance da passeata gigante promovida pela TFP nas ruas centrãis de São Paulo, quando havia sido alcançado o total de 3 milhões de assinaturas. Na mesma edição, os Revmos. Pcs. José Scskevicius e Petras Urbaitis tecem clof~~i~o ªf:t~~k>:atOªi~n~~P!~~~b~[tis congratu la-se com um de seus paroquianos que, apesar de seus 82anos. colaborou ded\cad.amcmc com a TFP, preenchendo 50 hSlasdeassinaturasdcp-essoasabordadas cm portas de igrejas e colégios O semanário estampa também carta cm que o Sr. Algirdas Mosin~is defcn~e a TFP e sua campanha, as quais, cm edição anterior do jornal, haviam sido objeto de criticas por parte de uma leitora 26 -

CATOLICISMO -

O.sll/e de protes to de TFP-Covlldongs, na• ru•• centr•I• de Madrl, de-nune/atldo • politlea de amblgO/dade lldotada pelo presidente do Sovlet Supremo d• URSS, Mlka/1 Gorbach•v

Gorbachev na Espanha ocasiona protestos MADRI - Por ocasião da recente visita de Mikail Gorbachcv a Madri e Barcelona, cm oulllbro úl1imo, a Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (fFP-Covadonga) realizou desfiles de protesto nas ruas centrais dessas cidadcs, denunciandoapoliticadeambigüidadeadotada pelo prcsidentedoSoviet Supremo da URSS Nosdcsfiles,cncabeçadosporsuafa nfarra. os sócios e cooperadores de TFP-Covadonga conduziam cartazcs com dizercs incisivos salientando a natural rejeição do povo espanhol a essa polltica, como também denunciando a inconsistência da propalada liberdade concedida por Gorbachcv.

Moscou e a Alemanha na zista, em 1939, esta nação proclamou sua independência cm março passado, sem obter.entretanto, orcconhec1mentodeGorbachev. Contra esse estado de coisas que afeta a Lituãnia - e analogamente a Letônia e Estônia - levantou -se, suscitad o pelas TFPs e Bureaux-TFP em 20 países, um clamor dc inconformidadc indignada, cxprcssana monumental mensagem jã subscrita por cinco milhões de pessoas. Tal mensagem será entreg ue em breve ao seu destinatário, o Presidente da Lilll ãnia, Sr. Vytaurns Land sbcrgis Protesto

Em substancioso documento - "Mikail Gorbachev: ogenialartificedaconfusão"-distribuídoaopilblico, TFP-Covadongaafirmaqueestaríaabcrtaparaasim-

Ao conclu ir, TFP-Covadonga formula seu protcst.o pelo fato de.º ti.der. mb:imo dos comumstas no mundo m1c1ro 1r à Espanha inaugurar o Ccnlro dc Estudos Soviéticosna UnivcrsidadcComplu tcnsc, "sendo recebido com ícscas. que simboli:tam alegria ccspcra11ça,as qua1 sparccc m se r produtos desuagenialalquimiapolitica. "Que a confusão desperte apreensão, prcocupaç.õcsetemorcscstánaordemna1Uraldasco1sas; que desperte alegria, provoque aplausos, noresçaem festcjos,éacon fus!io mul!iplicada pe la confusão. Contra

~t/f~r~a~~e:!cu~~ª~;!, :saco~=~ ça tivesse: sólido fundamento na realidade l nfclizmente,cntretanto,umaanáliseaten-

dian! c de Deus e dos hom ens" , conclui o documento. D

Manifesto

Dezembro 1990

~~~~:~~~o~~rfcp.p~~o~~~:~! ~~~~:,:


História Sagrada em seu lar -

José interpreta os sonhos

No

EGITO, José foi comprado como escravo por Pu tifar, genera l do Exército do Faraó: "E o Senhor Deus era umcomelc,ctudooqucfazialhcsuccdia prosperamente, e habitava em casa de se u se nhor"{ l).

Put"far "amava-o mu·1·ss·moc, ad mirando-lhe a extrema diligência, confiou -lhcasuperintcndência dctodosos :rv·çosdcuacasa "Um triste acomccimcnto veio, po-

deaoFaraóquemetiredestecárcere,on de me puseram inj ustamente ' "O padeiro disse: 'Sonhei que levava à cabeça três cestos; o mai s alto continha toda a sorte de pastéis finíssimos para o rei;asavesvoavamemredoreoscomiam' " Respondeu José: ' Daqui a três dias seráspostonumpatíbuloeteucorposer virádepastoàsa vesderapina' "No terceiro dia, que era o natalício dorei,essasprevisõessereaharam. Opa dciro foiexecutadoeocopciro readmitido ao serviço real. Este, porém, foi ingrato para com o seu benfeitor; no meio da grandezaeda dissipaçãodacortc,esq ue ceuaspromessasquelhefizcra So nho s do faraó "Dois anos depois teve o Faraó dois sonhos que nenhum dos intérpretes e sá biosdoEg it osoubecxp li car "Cntilo o cope 'ro narrou ao re· o que lhehavia sucedido ,aclecaopadeiro-mor, naprisllo,ccomocraJoséótimoexplica dor de sonhos "!mediatamcntemandouoFaraóqu e o trouxessem :l sua presença e Ih.e disse 'T ive dois sonhos que nin guém so ube exf~!car;disscram-mcquc 1uésbomin1érpre

rém, pe r:urbar a fel icidade de José

Castidade de José

"Respondeu J osé, modestamtnl e: 'Eu nada sei; Deus pode muito bem, sem a m'nha ·mcrvcnçilo,daraore· uma respos-

''Amu lherdePutifarquisumdiaobri-

ta satis fatória: conta-me, cn1rc1an to , os

gâ-lo a co me!er um grave pecado, ao que

teu son hos' " E o Faraó c0ml-çOu: 'Parecia- me estaràmargcmdoNilo;visaíremdasãgua.s sete vacasm uito go rd asquesepuse rama pastar;emseguida, sairamdomcsmorio

ele respo ndeu, em altas vozes .. 'Como poderei eu faltar tãogravcmemc con tra as leis de meu Senhor e meu Deus?' E fugiu espavorido. A malvada mulher, ven-

noções básicas sele vacas muito magras, que devoraram as primeiras "Aomesmo1cmpo, pareceu-me ver sete espigas bonítaseche ia.s,que foram devoradasporomrassetemirradas e finas' "Respondeu J osé:'Osdoissohhossignilicama mesma coisa; asselevacasgor-

~~~se

d:sa~~~d~~:raªt a~h;~~: !~f~~ª:a:~!~ e as sete espigas mirradas indicam sete anosdccarestiacdemiséria,quesucederão aos dias de fartu ra, e consumi rão as gra ndes colheitas. O flagelo da fome far sc-á scmir em todo o pais. Eis o que di z oScnh.or '"Escolhe, portanto, um homem de confiançaecapa:.r:que,nosanosdcabun dância, reco\h aea rmazeneol rigonecessá· r"oparasocorrcropovonosd·asdc ·ncia"' (2) E o Faraó Ih.e di sse: "Vislo que Deus te manifestou tudo o que disseste, poderei cuencontraralg uémmaissábioesemclh.an 1ca ti ? Tu gove rn arás a minha casa, cao mandode tuavozobcd ccerátodoopovo E tirou o anel de sua mão, e meteu-o namilodclc;cvcstiu-lheumvcslidodelinho lino , e pôs-lhe ao pcscOço um colar de ouro. E fê-lo subir para o seu segundo coche, clamando o pregoeiro que todos ajoelhassem diant e dele e soubessem que eraosupcr intendentcdetodaatcrrado Egito"(J). O

(l)Gei, . J9,l m~oJoJo llosco, ll i,iór ia lliblicadoVdOOc NovoT 1amen1 0 - L"vrar"aSal<Sa na[d.tora Slol'aulo. 1920.pp .40-42 (l) Ocn .41, 39-43

do-se desprezada, caluniou-o ao marido

Este, muito crédulo, deu fé às suas palavras e mandou prendê-lo. Mas Deus não abandonou o inocente José " O Senhor fel conhece r a inocência de Joséaoseucarcereiro,quclhcconfiou ogovernoimernodaprisão

Porinspiraçlo divina,ocastoJos6

Interpreta os sonhos do faraó do Egito

Sonhos do copeiro e do p a d eiro "Acontcccuqucopadeirococopciro do Faraó, reido Egito, foram encerrados na mesma prisão (e tiveram, cada um deles, um son ho, que contaram a José): "Começou o copeiro: 'Pareceu-me ver uma v"dc"ra com três rebentos, os qua·s, crescendo, cobriram-se de fol has: pouco a po uco foram desabroc hando a.s flores; rebentaram,logoemseguida,asuvas,que foram amad urecendo, aos poucos· cu as esprem iaeofereciaovinhoaorei' "José, il uminado por Deus, disse: 'Eis a expli cação do teu sonho: Daqui a 1rC:s diasser:lsreadmitidoaotcu oficio de copeiro real. Então, lembra-te de mim , e pc-

CATOLICISMO -

Dezembro 1990 -

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Um menino nasceu para nós, e um filho nos foi dado e foi posto o principado sobre o seu ombro (Is. 9, 6)

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D12

SÃO JOÃO: 'Vimos sua glória, glória comp de Unigênito do Pai'. Os anjos mostrando-se como servos .... Jesus aparece como Senhor, ainda que em humilde forma; as criaturas, porém, o reconheceram como seu Senhor: a estrela guiando os magos, os anjos chamando os pastores .... Ademais, 0 6 5

!breinh~ ~~r:, ~é~ És;í~i~~r~a~~~r~~ i:i::s:~: sua cabeça. ,

"Também a natureza, toda ela, clamou anunciando a vida do Rei dos céus: os demônios fugiam, todas as doenças eram curadas,

os mortos deixavam seus sepulcros, as almas passavam do extremo da maldade para o mais alto píncaro da virtude.

"E quem explicará dignamente a sabedoria de seus precitos, a força de suas leias celestiais e a suprema ordenação de seu angelical trato?" (S. João Crisóstomo, in 5. Tomás de Aquino, "CatenaAurea'', V, cap. l, v. 14-b). Foi em meio a uma terrível situação espiritual e psicológica da humanidade que, em Belém, nasceu o Esperado das nações para restaurar na terra aquele convívio com Deus, perdido por nossos primeiros pais. Talvez ainda maior seja o caos das almas, em nossos dias, tão próprio a nos fazer clamar pela realização urgente das promessas feitas por Nossa Senhora em Fátima.


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