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Conversando com os leitores sobre os

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40 anos de ''Catolicismo''

SEALGUEM TIVESSE, UMA SUBITA PERTURBAÇAO NOS OLHOS, NOS NERVOS OU NA MENTE ...

ATOLICISMO: 40 a nos de cruzada em pleno século XX. Corno um farol em meio à tormenta, contra ventos e marés, oposições e calúnias, durante quatro décadas CATOLICISMO resistiu, proclamou e orientou, permanecendo igual a si mesmo na fidelidade à ortodoxia católica. Feito incomum para um jornal transformado posteriormente em revista que, neste conturbado fim de milênio, tem exatamente como seu mais alto título de glória essa fidelidade à doutrina católica, a qual, como Jesus Cristo, é sempre a mesma " heri et hodie, ipse et in saecula" (ontem e hoje, e também por todos os séculos) (Heb. 13, 8). À luz dessa fidelidade aos princípios imutáveis, nossa revista foi analisando os acontecimentos, todos eles mutáveis, que em turbilhão foram se sucedendo ao longo de oito lustros.

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AMBIENTES COSTUMES CIVILIZAÇÕES

segundo clichê reproduz a cópia, feita por Plcnssn, 1111 de Velazquez. Sem comentário.

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2 - J a n e iro 1991

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balizas de julgamento que lhe eram fornecidas pela Fé católica, voga nesse mar tempestuoso corno destroço de um navio, que os ventos e as ondas carregam para onde querem, em movimentos convulsivos e contraditórios. Não encontrando nos fatos explicação satisfatória para nada, nem q uem lhe indique rumos segu ros, o homem moderno, confu o e angustiado, tendo já perdido a fé, chega muitas vezes até a renuncia r ao que de mais precioso Deus colocou em sua natureza: a razão . Esta parece ter-se evanescido como inútil, e a lgumas teorias mais perniciosamente ousadas já chegam mesmo a quali ficá- la de maléfica e prejudicial. Em meio a este caos espantoso, que nem as mais impressionantes das tragéd ias gregas conseguiram representar, CATOLICISMO convida continuamente os fiéis a formar, "sob o estandarte da Cruz, um exército em boa ordem de batalha e bem disciplinado", segundo as palavras de São Luís Maria Grignion de Montfort em sua Oração Abrasada. Exército espiritual, sem dúvida, mas muito eficaz em sua luta. ·

A Igreja e o Mundo - De janeiro de 1951 até hoje a Igreja e o Mundo passaram por enormes viciss itudes, q ue em muitos casos poderiam qualificar-se de apocalípt icas. Basta lembrar, no que se refere à sociedade temporal, o espetacu lar desmoronamento do império comunista, cujos escombros a perestroika procura agora reaproveitar na construção de um enigmático mundo novo, certamente socialista e autogestionário, pouco o u nada condizente com o que foi outrora a feliz Cristandade. E se nos voltarmos para a Igreja - oh dor! - · foi no decorrer desses 40 anos que se preparou , se realizou e vem produzindo seus efeitos o Concílio Vaticano li, co m tudo quanto ele significou de uma surpreendente guinada nos rumos da barca de Pedro, deixando perplexos milhões de fié is e lançando a perturbação em inco ntáveis almas. O assim chamado "progressismo católico" foi fazendo devastações na doutrina, na moral, na liturgia, nas leis, nos costumes. Quadro a tal ponto terrível, que Paulo VI não hesitou em descrevê-lo como sendo um processo de "autodemolição", no qual "a Igreja é golpeada também pelos que dela fazem parte" (Alocução de 7/12/1968). Essa mesma Igreja fundada por Jesus Cristo, cimentada no sacrifício dos mártires, dirigida por santos Papas, iluminada pelos Doutores, se vê agora, segundo o mesmo Pontífice, empestada pela fumaça de Satanás. De fato, Paulo VI afirma ter a sensação de que "por a lguma fissura tenha entrado a fumaça de Satanás no Templo de Deus ..... Acreditava-se que depois do Concílio viria um dia ensolarado para a História da Igreja. Veio, pelo contrário, um dia cheio de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza" (Alocução de 29/6/ 1972) .

Variado, comentante e noticioso - Daí se segue o ca ráter sobretudo comentante, e menos noticioso, de nossas páginas. O importante não é saber novidades - elas pululam por toda parte, a di zer-nos como a esfinge: "ou me decifras ou eu te devoro" - o importante é saber interpretá-las, para conhecer o rumo dos acontecimentos e não se deixar arrastar cegamente por eles. Não obstante isso, CATOLICISMO - que conta com correspondentes em quase todas as grandes capitais da Europa, América do Norte e do Sul e até nas longínquas Filipinas, Austrália e Índ ia - tem sid o também um importante órgão noticioso. Pois divulga o que freqüentemente certa mfdia não se sente bem em publicar, dando realce a notícias-chaves que só com lu pa na mão o leitor poderá encontrar na imprensa diária, num ca nto de fo lh a, perdidas em meio a banalidades ovantes, ou que pura e simplesmente são Of!litidas. CATOLICISMO procurou atender - dentro de variadíssima gama de assuntos - também os anseios de alma, nem sempre expressos, daqueles que se sentem sufocados pelo baixo ambiente religioso e cultural do mundo moderno, elevando-os, sempre que possível, às altas regiões do pensamento e da cultura, quer a propósito das coisas sagradas, quer das profanas. Enquanto pugnaz, nossa revista tem levantado consideráveis barreiras ao progressismo e à esq uerda católica; contribuiu também para impedir que certos males desabassem sobre a Nação de modo irreparável - como no caso da Reforma Agrária socialista e confiscatória, e das conexas reformas urbana e empresarial - e atrasou a implantação de outros como o divórcio, atenuando portanto, sua devastação.

Opinião Públlca - A opinião pública ocidental, para falar só dela, aturdida diante de tais descalabros - no campo temporal como no religioso - tendo perdido as seguras

Razão da unidade - Mas como é possível - nos tem sido perguntado - que em meio a tanta confusão, vacilações e traições, CATOLICISMO possa permanecer tão fiel


EDITORIAL ao espírito e à doutrina tradicional da Igreja, e, udcmuis, ter visão tão clara dos acontecimentos tumultuosos, e mcs mo prever com segurança e indicar rumos? Sendo todos os redatores - a começar pelo próprio diretor, Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho - sócios ou cooperadores da TFP, participam eles com freqüência de reuniões em que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira analisa os acontecimentos internacionais e nacionais, hierarquizados segundo sua importância e atualidade; prevê seus possíveis desdobramentos, próximos ou remotos; e a{>onta os rumos que em face disso deve seguir a entidade que dirige. Esse patrimônio moral, cultural e intelectual que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira de modo tão despretensioso e generoso põe em comum, na medida das possibilidades é aproveitado na revista sob forma de citação direta, ou então de aplicação a outras realidades ou mesmo de inspiração geral - tão preciosa - para o que é publicado. Tainbém consultas freqüentes são feitas pelo diretor da revista - e, eventualmente, por um ou outro colaborador dela - ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre a orientação a dar a este ou aquele tema, sobre a publicação ou não de determinado artigo, sobre o modo de abordar um pormenor complicado num estudo ou num editorial etc. A colaboração do P,rof. Plinio Corrêa de Oliveira para CATOLICISMO não se reduz, pois, a seus artigos assinados, tão preciosos mas que seus inúmeros afazeres tomam tão menos freqüentes do que desejariamos. Ela vai além: comunica à revista sua inspirção geral e sua unidade. Um pouco de história - Aliâs, esta relação íntima do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira com a revista se prende também a razões históricas . Foi ele, nas décadas de 30 e 4-0, diretor do jornal "Legionârio", então órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo. Porém, dado o progressismo nascente, em dezembro de 1947, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira viu-se afastado da direção daquele semanârio; e com ele se desligou do jornal o grupo de redatores e amigos que formavam uma verdadeira família de almas. O "Grupo do Plinio" - como era chamado - passou os anos de 1948, 1949 e 1950 sem os meios adequados para se dirigir ao público. Em janeiro de 1951, sob a égide de D. AntO nio de Castro Mayer, então Bispo de Campos-RJ, foi fu11dn do CATOLICISMO - jornal com 16 pâginas e formatei qut• se aproximava do tablóide - para dar voz a esse g1 upo dt· uh negados combatentes pela Fé católica. Embora 1H1lll'II ll'llhn si do órgão da Diocese, seu primeiro diretor nominal foi Mom . Antônio Ribeiro do Rosârio (de Campos), mu, m pt·sndm rn cargos da direção recaíram de fato, desde o i11kio, ,ohu· o ombros do saudoso Dr. José arlos Casti lho ck Amhndr, o qual, só em janeiro de 1974, assumiu ofkinlmc11tt· 11 dlrr\ o do jornal. Entretanto, dois anos mnis tnrdc, ,ohH·c1111c1111do n,111 1 funções de advogado da Fktrnpnulo, lll'll'sddn dn t·xr111pl111 dedicação que demonstruvu 1111 rnmhu; o dm I Mllltm 111ild1 cos da TFP, viu-se Dr. C'n.stilho 1111 11 l"Cs ldndc dr 1mss111 11 d1 reção do mensário ao P1of. 1'1111l0 ( ·1111 11 dr 111 ito l•1lho, que até o presente a vem cxerl'cndo nu 111es111n li11h11 tk rnc1 •ndu de pensamento de seu prcck~·cssor . Durante o ano de 19KI, I> . A11t/\11io de <'nstm Mayer, prevendo seu próximo dcslip;amcnto do 11ovt•1110 da Diocese de Campos (nessa época ele jó t:ontnvu mnis dt· 75 anos), manifes-

Número 481

Janeiro de 1991

1011 desejo de que CATOLICISMO deixasse de ser publicado soh II tgldc do Dispo de Campos. Em atenção a seu pedido, a purth ck• IIHOSIO desse ano a direção do mensârio passou a figu1111 c:0111 novo t·ndt.'l'l'<,:O; e deixou de constar, no expediente, a "aprovm;no l"t'lt•sióstkn". Qua11do, polN, 110 1111111 ck 1982, D. Antônio de Castro Mayer (u essa nlt 11111 1t.·sl1111nt(11 ln da Diocese de Campos) marcou seu distancio111c11to tkf 11ltivo l'III 1l'l1u; o à TFP, jâ havia mais de um ano que 'ATOi ,t( 'ISM< >\l' p11hlkav11 regularmente sem qualquer referllncia u suo aprovnç n. Douto P.-.c:er - Aliás, segundo douto pur t.' ·t·1 CSl'I iw de um conceituado canonista residente cm Romu, ( 'ATOLICIS MO "se encontra entre as formas de apostolado leigo previstas no Cânon 216 e que, portanto, gozam de legitimidade, como também de autonomia relativa, em relação à Autoridade Eclesiâstica local e à própria Conferência Episcopal". E prossegue: "O título de CATOLICISMO é genérico: ou seja, não indicu que se trate de uma revista, de um boletim de uma associaçilo católica, de um órgão de sindicatos, nem de um mensário pa ra a Comunidade de Base. Como argumento pode-se aqui ll' cordar que existem publicações dirigidas por católicos mm 11 título 'Induísmo', 'Islam' etc. Ninguém acreditun\ qut• 1·~111~ publicações significam que o diretor da revista st·in 11111 l1111d11 ou um muçulmano .... não se pmk tkd111it q111· o jornal esteja submetido à dill'lil Vil(Jl/1111 h1 cl11 Autoridade Eclesiâstica .... l111q111111111 tnl p1·11111II co não é um manual escolar m·111 11111 flv111 q111 11 1 te de problemas catalo11adm no c1111. H1 7 p,11 1, o Ordinârio do luga1 11, n podt• t· lv.11 1111111111111 o que a direção do jo111111 ,11h111r111 11 l'II 1111111 1111 publicações" .

Olhando P•• o futuro - < 111111·111111 ,._ 11 1111 meio à luta l1 11pt•1111\ 1111111 pnu 11 1 1111111 1 111111111 11 eonihull' c:o111 1111i, vl11111. Nt·111 1 rn11111h d 11111111 trário, poi, o 11111111111 vnl 111111ul11 k 11•11111111 l 1 dl'iru uhnlxo, 1111111 11111111 d1 th v111111 1 l11ili11I 11 , 0111111 (111111 li '1 , 1111, 11111 11 11 p,1111 d1 1111 11 li hll' 1<11110; 111111 \!' dr 11111hlt1li111 l111i,11 hll11, m 1r,11ltnilm ohliilo, 1111111, 111111 111111111111111111~·11 cm Nm,a St•11h111 1, 1rn1lhr1 li r11 11111111 11111 du I Hpt·111111111 ,. n·dohn11 11 11h110 1111· 11 1111111w11111 111 q11, 1 l,1 11111 il I p, 1 1h11 th 1111,1•1111~ p1t·~1·111t• l>r 111111111 qlll I lljK l l I Ili 111111 1 ( li 1111 1 1\11 l 1111111 111111 p1t·M·11tr 11111· 1111,1.tn , 11lh11ul11p,111111111111111, 111111,1 np1r l'IIS II tl11 p111d1 llil' , 11 11111liJIII\ 1 dt1 ljlll I Ili 1 1 li ,\11111111 d11 , 11v11ll'1111 q111 vlvt p111 1 11 hnt 11h11 i\ IIIIVlll ljllt 11111111111111 1111 h,1111111111 li 1111111111 No 111111111l111 lfllt ~Ili 1111 1111 •r 11 0( p1rw11h' 1111 111111111 1111111111 ,h Mu,111, 11 tu 1111 11111 h 111p11 1111h-lr111111111111 1k 11111 rn1 1111111 11111111 n11 11 · n , t11lv1·1 dr 11t·1,t•1111i~·1k,. <'/1. 1O 1 I« ISMt 1, 111111111111 1111 Jlh111 r M t 11111111ho, d1spohlll li tudo cm p1 1·111k1 , t11d11 ,11 h1·1, ,11h o 0111111 111atc1110 e misericordio11 ,k Nm 11 , ·r11h11111, pma a glória de Deus. Pois sabe que 11111 dl'lr \, ,. 1d11111 das nuvens brilha o Sol de Justiça, Nosso Srnl1111 lt·,us ( ilsto, que por meio do Imaculado Coração de Murin t11unfará conforme prometeu, em Fâtima, a Virgem Snn!lssima. orno não estar confiantes? É para esse caminho que nossa revista convida seus leitores, esperando firmemente que no dia do Juízo, ao ser lida diantt· do Soberano Juiz, possa ter sua linha de ação incluída no llv111 da Vida.

"Em breve causaremos surpresas a muita gente"

Denunciando, prognosticando, prevendo

O Presidente do CN da TFP afirma: Catolicismo visa aglutinar minorias esparsas e desarticuladas para formar uma considerável frente-única que pode ter resultados surpreendentes na vida nacional. ENTREVISTA 6

Pelas páginas de Catolicismo, Plinio Corrêa de Oliveira prognostica e denuncia, o que por moleza, comodismo ou até traição, quase ninguém quer ver: o ocaso da Cristandade e a certeza da aurora do Reino de Cristo. PREVISÕES 49

0

DIREÇÃO E CORPO REDA'! OKIAI

Catolicismo joga e ganha Não à carolice

Ante-sala do Céu ou antecâmara do Inferno

A "aceleração da História" pede diagnósticos rápidos. É a que se propõe nossa revista. INTERNACIONAL 33

Evitando as melúrias da religiosidade sentimental e os desvarios do progressismo. RELIGIÃO 21

Uma luta contínua pelo maravilhoso e contra o hediondo. ARTE 30

= A_M_B_IE_N_T_E_S_E_ C _O _S _ T_U.....:M .....:E::..:S:___ _.= 2

HISTÓRIA

PROGRESSISMO

18

_ E_D_ IT_O_R_IA_L_ _ _ _ _ _ _ _..=. 3

LEGIONÁRIO-CATOLiCISMO

REFORMA AGRÁRIA

= F_ AL_EC_ID _O _S_ _ _ _ _ _ _.......=: 5 ..::: 3

LIVROS

_F A _M _ ÍL_IA_ _ _ _ _ _ _ _.= 2:..=. 3

P.A. NA REDA ÃO

26 54 42

7

29 12

38 45

TERCEIRO MIL~NIO TFP

"CATOLICISMO" é uma publicação mensal da Empresa Padre Belchior de Pontes Lida. rn,.Clor: PaulRoJCor~~ de Brilo Filho ~omallst~ Rnponsávcl: Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob o n! 13478 Rt'Cla~o: Rua Manim Francisco, 665 - 01226 - SAo PauJo SP / Rua Sete de Setembro 202 - 28100 ampos, . UoCrfncla: Rua Martim Francisco 66.S - 01226 - Sa.o Paulo SP T !· (01 1) 82.S 7707 F · · · ' ' Rua Mairinquc, 96 - sao Pau lo, SP. t' otolllos: [}, Artagnan Estúdio Gráfico s/c L~a ~ R S . 18611:!ocomsapo,lo: (d1re1a, a partir de arq uivos forncc~dos. por "Ca1olicis.mo") Bandeirante S/ A Gráfica e Editor11 0 au lo , SP. lmprnslo: Artpress - lndustna Grtfica e Ed 11ora Ltda. - Rua Javaés, 681/689 - 01 130 _ Slo Paulo SP Param d . . · .ºª uzana, Paulo, SP. ln1em~1i::: :~.::!:~~ria~~:s:.:~ :,c~~~~~;;~;m'oêm o endereço antigo. A correspondência relativa a assinatura e venda avulsa pode ser enviada• Gcrbicia: Rua Martim Francisco , 66.S -0 1226 -·São

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ENTREVISTA EXCLUSIVA:

PLINIO

C0RRÊA DE OLIVEIRA

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"Em ., breve cau aremos O Presidente do Conselho Nacional da TFP afirma: "Catolicismo" visa aglutinar minorias esparsas e desarticuladas . para formar uma considerável frente única que pode ter resultados surpreendentes na vida nacional

QUESTÃO DE ESTILO Nosso entrevistado, nesta edição comemorativa, é Plinio Corrêa de Oliveira. Nem poderia ser outro.

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"O estilo é o homem", observou um autor francês, pondo assim em realce que a marca distintiva, única e inconfundível de uma produção artística - literária, musical ou outra - lhe advém de seu aut_or. Toda revista que se preze possui também, a seu modo, um estilo, decorrente de uma certa orientação geral, de uma inspiração que ela recebe. . Quem analisar detidamente a trajetória de CATOLICISMO encontrará ·n·e1a.um estilo - não apenas literário, mas que inclui a escolha de matérias, o modo de analisá-las, comentá-las, mesmo a paginação - , um trans-estilo se se preferir. Qual é ele? . É natural que a revista reflita características e virtudes de seu inspirador, das quais nasce o trans-estilo da publicação.

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Vir catho/icus et totus aposto/icus é bem um qualificativo qu • ca

be a Plínio Corrêa de Oliveira, inspirador e alma de CATOLICISMO. Antes de tudo, esse qualificativo lembra uma Fé inquebrantúvl'I - ela também apanágio de nossa revista. Fé indissociável de uma pureza ilibada - sempre defendida 0111 denodo por nosso periódico, em meio ao lamaçal de i1111n11 l·111 do mundo contemporâneo. Além disso, o verdadeiro vir catholicus é dotado dt 11111 seletivo-e hierárquico, que ordena todas as coisas, bus ·a11d11 11 11 11 aquela ponta de elevação e de requinte, por onde das 111 11 1 1 1111 lham a Deus. Tal é o espírito que preside toda a l'om I Jl\ 11 1 oi 1 ca, filosófica, político-social e cultural tk <'/\ 1<>I 1< 1 'Mt > Porém, o vir catho/icus, sendo tamh III t1/11nt11/I, '"· 111h11 11 te combativo. Não se compreende um amor d, 111 d 11 Ili p lo 111 111 que não lute contra os males qu · o assalt 1111, 111 1h 11 1 li 1111 1 resco, é verdade, mas implad,v ·I 1• sl·111 t 1 11 , 1111, 1 11 de Deus, hoje prototipicamentt H pr 1·111 1d11 Jl l 1 tária, imoral e gnóstica que as. oi,, o 1111111 ln 111dc Ora se há uma virtu k qu • b 111 \1 , 1 1I 1 1111 1 v1 1 ,, · a 1111 taleza ~ontra-revolucion(11i11, dot 1111 , 1 1111 de 1111111 ,1 mrbtlidadc marcante cm rclaç:lo a~ 111.111il 1 1\ 1 li 111 dr 111.il 1•111 11osso ~ culo. Com unu, no\· o ·l,111 1111, d q11 111d , t postc;õ s i111crmed1árias mesmo quando 111 rp 11 11 11 1 , 1 ·a111i11ham ~ara um dos dois pólos: o do S1111111 B •111, 1) u , 11111 do Mal que leva ao inferno. Ai estaria, 111 , . 111111, o t, 111 1 li) d 11111 homem e de uma revista "por dt· i11spi1 1d 1!

6 - Janeiro 19<11

CATOLICISMO - Que metas o Sr. e o chamado "grupo do Legionário" tinham em vista quando constituíram o corpo redatorial de CATOU 1 MO? Prof. Plinio Corrêa de Oliveira As metas eram as mesmas qm· st· apresentavam para o' 'Legionário", ó1 p o oficioso da Arquidiocese d · S, o P 11110, no momento em que cl · saiu dl' ooss 1s mãos. E digo "quando ~ai11 dl' nossas mãos" porqu ', 1wss11 { p,1 ·a, muito diferente a situac; O do 1111 IOS católicos brasileiros, claqudu 1• 1 11•1111 1•111 meados da década tk 10, 111111 1 q111• l'o11 spondcm minhas 111 i111ll l 1 11111111 dlt ·tor do j rnal. D f.110, ., lp11·1, < 111111 ,1 110 Brasil Ul'Hhav11 d1 ohln 11111 1.i11dl' lriunfo. ( 0111 a p1111111tl ,~. 11 cl,t t '011~1i1uição dt 11, 11, .i l.111 1, ,~ 11 cl11 I• 1.1110 hrasilei111 111t1111limd 1 111111 l1111d,1dorc da 11p11hl11 ,, 1(1 IVI d, ( 111111111ic;,o de IH 11l pt 1 1 t 111 11111,1 lo11alidade

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gioso. Isso tudo, para quem havia sido formado na escola de rigido laicismo do regime de 1891, rcprt'Sl'lll,1v11 um a influência muito grande da 1~ 11· 1,1. ln· fluência decorrent • cl, v1t111 , 11htida

"O estilo é o homem", observou um autor francês, pondo assim em realce que a marca distintiva, única e inconfundível de uma produção artística - literária, musical ou outra lhe advém de seu autor. Nosso entrevistado, nesta edição comemorativa, é Plinio Corrêa de Oliveira. Nem poderia ser outro.


111111111111111111-AÍoUCISMOlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll!IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

''A divisão dos católicos parecia (na década de 30) uma situação mórbida, e o é realmente. Hoje ela está se tornando um espetáculo tristemente banal dentro da vida cotidiana''

8 - Janeiro 1991

pela Liga Eleitoral Católica nas eleições para a Constituinte de 1934. Nessas condições, o "Legionário" era um órgão muito adequado, por sua influência sobre o movimento mariano - principal força integrante do movimento católico daquele tempo - para conduzir uma luta com a intenção de ampliar o mais possível, em nossas leis e nossos costumes, a influência benéfica da Santa Igreja Católica no Brasil; e acabar com os restos de laicismo, que ainda existiam em nossa legislação. Porém, no final de 1947, quando o "Legionário" saiu de nossas mãos, encontravamo-nos na orla de um período de tempestade interna nos meios católicos, tempestade essa que não veio senão crescendo até o inimaginável em nossos dias. E a quase totalidade das pessoas de então não tinha idéia das terríveis conseqüências a que nos arrastaria aquele mal incipiente. Assim, por exemplo, a série de atitudes de franca revolta que os padres da esquerda católica têm tomado ultimamente contra o Arcebispo de Recife, D. José Cardoso Sobrinho, repercutiria naquela época como um escândalo incrível e impensável em todo o Brasil católico. A divisão dos católicos parecia uma situação mórbida, e o é realmente. Hoje ela es tá se tornando um espetáculo tristemente banal dentro da vida cotidiana ... Posto ante o inl io dt penetração progrcssist 1 110 Brasil, nos anos 40, o "l ,l· gionário" lutou , 11dl'llll ntl', e C/Xl'OU( 'ISMO Pll'lt•mlia lutur ainda III lis. 1~ l\ o que vem fazendo l'tHII exemplar fidelidade e d ·dlcuç. o. De outro ludo, o "Legionário" fora um campeão do anticomunismo nos meios católicos, o que teve sua continuidade em CATOLICISMO. CATOLICISMO 1àis metas vêm sendo atingidas pela revista ao

longo desses 40 anos? De que forma? PCO - Antes de tudo, essas metas t m sido objetivadas por CATOLICISMO através de uma pregação escrita, sistemática, metódica, inteligente, de verdadeira eficácia, contra o que representa hoje o pior inimigo. Ou seja, não só o comunismo e o socialismo expressamente tais, mas as formas mais ou menos veladas do que eu chamaria "comunismo-católico" e "socialismo-católico". De outro lado, também contra o progressismo a revista tem conseguido grandes resultados, pelo próprio fato de sua divulgação e pelo valor da matéria que nesse sentido tem publicado. Logo que CATOU l MO começou a circular - parece-me sobretu-

do importante realçar - agrupou em torno de si simpatias em vários Estados da Federação nacional, e a partir delas formaram-se grupos de rapazes entusiastas da revista, que compareciam às anuais Semanas de 11st udos por nós promovidas.

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Essas Semanas de Estudos atingiram seu auge no Congresso de Serra Negra (1961), que na época representou um grande sucesso, tendo a ele comparecido cerca de 400 pessoas. As Semanas de Estudos, nesse sentido, morreram por excesso de crescimento. Quer dizer, pareceu-nos menos eficaz congregar grande número de pessoas - o que acarretava, inclusive, uma despesa muito considerável - do que reunir pequenos grupos ao longo do ano, para manterem contatos e trocarem pontos de vista com os dirigentes de CATOLICISMO. Foi a concatenação de todos esses grupos que possibilitou a formação da Sociedade Brasileira de Defesa da lradição, Família e Propriedade, a tão celebrada e tão odiada TFP, hoje em dia

"Cato/leismo" desde sua fundaçlo reuniu em tomo de si grupos de rapazes de vllrlos Estados do Pafs, entusiastas da revista, que compareciam a Semanas de Estudo. Na foto, encerramento de uma delas no Teatro Municipal de S. Paulo

conhecida em todos os rincões do Pais. Há aqui um aspecto a salientar. Pressupõe-se geralmente, como indispensável para que uma organização prospere, e seja conhecida, que ela conte com o apoio da mfdia. Ora, desde o inicio a mfdia fechou-nos as portas. Porém, por meio da propaganda de rua - feita pelos nossos sócios e cooperadores, ostentando nossas insígnias - conseguimos uma notoriedade tal que, sem o apoio da mfdia, a TFP é uma das organizações mais conhecidas no Brasil. E não só no Brasil; ela é conhecida em muitos outros países, onde se abriram "bureaux-TFP" ou TFPs coirmãs e autônomas, que ali difundem os ideais da tradição, familia e propriedade. Assim, nós temos um belo fenômeno de exportação doutrinária e ideológica feita pelo Brasil, creio que sem precedentes na História nacional. CATOLICISMO- Qual o sentido do título da revista? Não será ele muito categórico para o relativismo do homem moderno, no qual a própria Fé se vai evanescendo? PCO - A pergunta é muito compreensível, mas ela joga com vários conceitos que, pelo próprio fato do relativismo imperante, já não são tão claros. Em primeiro lugar, o que é o homem moderno? Antigamente se entendia como homem moderno quem era favorável a todas as transformações que o mundo sofrera desde a Revolução Francesa até nossos dias; e, maís ainda, favorável às mudanças que o mundo sofreria mais tarde, segundo se pressentia, em virtude da persistência dos princípios da Revolução Francesa na ponta da propaganda internacional. É ainda esse o conceito de homem moderno, hoje em dia? Não me parece claro. Por exemplo, trinta anos atrás, ser monarquista era tido por antiquado, considerava-se moderno ser republicano. Atualmente não é mais assim. Vemos pessoas reputarem

"Trinta a.nos atrás, ser monarquista era tido por antiquado. Atualmente não é mais assim. Vemos pessoas reputarem as restaurações monárquicas como sendo o auge da modernidade. É ainda, então, o mesmo o conceito de homem moderno, hoje em dia?''

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111111111111111111 {IIAfoLICISMOlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll!IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII I IIII I IIIIIIIIIIIIIIIIIIII IIIIII

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"O exercício da presidência do CN da TFP brasileira tem sido muito absorvente. Não só porque a TFP se estendeu enormemente pelo Pais, mas temos também um contacto continuo com as TFPs e Bureaux TFP do Exterior ... "

as restaurações monárquicas como sendo o auge da modernidade. É característica nesse sentido a volta da monarquia na Espanha. Então, o homem moderno é monarquista ou republicano? Também não se tem elementos claros para saber . De outro lado, o homem moderno, o cidadão do mundo de hoje, já passa por antiquado para outro tipo de homem que vai surgindo; para os ecológicos e os verdes, por exemplo, um burguês comum é antiquado quase como um troglodita, como seria antiquado um entusiasta da monarquia de Luís XIV no ano de 1950. É preciso portanto definir os conceitos para podermos conversar sobre o assunto. Pois se se entende por homens modernos aqueles que vivem hoje em dia, então modernotem o mesmo sentido de hodierno. Para esses homens, a palavra catolicismo tem sentidos variados, de acordo com os matizes psicológico, mental e ideológico de cada um deles . Para alguns representa a Igreja de sempre, a verdadeira, única e santa Igreja Católica Apostólica Romana, com sua doutrina fixa, imutável, hoje combatida por inimigos não só externos mas também internos. É a acepção que tem pa-

ra muitos católicos, entre eles os da revista CATOLICISMO. Para outros, catolicismo representa uma igreja inteiramente em evolução, eu diria em fase de destruição, um outro poderia dizer em fase de autodemolição, segundo a famosa expressão empregada por Paulo VI. Portanto, neste sentido, catolicismo seria como um bolido solto pelas vias da História, em contínua transformação, sofrendo mudanças que seriam mais radicais ou menos segundo a mentalidade de cada um. A respeito desta última noção do que seja catolicismo, cabe uma observação. O que pensar de uma religião católica em perpétua trans formação? Que se trata de um catolicismo relativista, com Ludo quan to ele representa, ao mesmo tempo, de destruidor e de arruinado, tcn dente por fim a se dissolver . Dele · se pode pensar tudo, menos que se ja verdadeiramente sério como ideologia e como doutrina. Aliás, a própria palavra ideologia é muito mal empregada quando se trata de as untos de Fé. A Fé católica não é uma ideologia; é uma Revelação feita por Deus ao homem, e que um Magistério instituído pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo e revestido do carisma da infalibilida-

de - sobretudo naquele que é o ápice desse Magistério, o Papa ensina com as garantias de verdade que a infalibilidade traz consigo . CATOLICISMO - Diversos leitores pedem para que seja retomada pelo Sr. a seção "Ambientes, Costumes, Civilizações", outros insistem para que seus artigos na revista sejam mais numerosos . O Sr. não poderia honrar a revista atendendo a essas solicitações? PCO - A seção "Ambientes , Costumes, Civilizações" era de fa .. to publicada por mim em CATOLICISMO, e eu me sentiria muito honrado em retomá-la, e o faria com prazer, porque o tema sobre o qual ela versava é muito atraente e matéria habitual de muitas reflexões mi-

nhas. Mas o exercício da Presidência tio Conselho Nacional da TFP brasi-

l ·ira tem sido muito absorvente. Não só porque a TFP se estendeu enormemente pelo País - nós temos sócios, cooperadores, correspondentes mais ou menos esparsos por todos os Estados ; e com um antigo relacionamento conosco - mas temos também . um contato contínuo, e em um certo sentido mais. absorvente, com as TFPs e bureaux-TFP do Exterior. Os bureaux-TFP, é verdad ·, não dão ocasião a tanto emprc!{o de tem-

11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111]111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111114{)osllllllllllllllllllllll

po quanto as TFPs. Mesmo sendo elas entidades civis coirmãs e autônomas em relação à TFP brasileira, na complexidade das circunstâncias de hoje, é muito freqüente uma ou outra delas me encaminhar perguntas, às quais devo responder. De outro lado , são muito freqüentes visitantes de outras TFPs que vêm ao Brasil com o intuito de tomar contato comigo e com outros elementos da TFP . Isso tudo me absorve o tempo de tal maneira que, infelizmente, não posso pensar em retomar a seção "Ambientes, Costumes, Civilizações", nem tornar mais assídua a publicação de meus artigos na revista. CATOLICISMO - Que perspectivas o Sr. vê para o futuro da revista, nesta época em que os valores por ela defendidos parecem ir desaparecendo? PCO - CATOLICISMO não é tanto uma revista que se destine a transferir para o seu próprio campo os leitores que não concordam com ela, quanto de obter outros resultados. Em primeiro lugar, atrair e aglutinar as pessoas de mentalidade idêntica a ela, que se encontram esparsas mais ou menos por toda parte, mas em condições minoritárias. Trata-se de transformar essa minoria, aparentemente insignificante porque constituída de elementos esparsos e sem coordenação, em uma minoria aglutinada, ordenada, estruturada. Isto representa para essa minoria um grande êxito, pois se poderá ver que ela é muito maior do que parece à primeira vista. Em segundo lugar, CATOLICISMO tem como finalidade comunicar aos elementos hoje esparsos, e · por causa disso pouco atuantes, o entusiasmo e a coragem que toda organização bem orientada confere a seus membros. CATOLICISMO é, nesse sentido, um precioso auxiliar da TFP. Por fim , CATOLICISMO visa também atuar junto às pessoas que têm idéias afins, ou então simpatizam com as que são defendidas pela revista, levando-as a lutar ativamente por esses ou aqueles pontos de vista que têm em comum conosco. Como se vê, trata-se aí da formação de uma considerável frente úníca, que pode depois ter resultados surpreendentes na vida nacional.

Com efeito, eu tenho observado que as teses sustentadas pela TFP são tidas por muitas pessoas como inviáveis; mas, desde que elas as considerassem viáveis no mundo de hoje, adeririam a essas teses com calor. A partir do momento em que nós sejamos uma minoria atuante e bem estruturada, seremos tidos como mais viáveis, e a partir desse momento veremos a adesão a nós como uma bola de neve que vai rolando em avalanche do alto da montanha: cada dia representaria novas incorporações ao movimento que nós constituímos. CATOLICISMO - O Sr. gostaria de acrescentar algo, tendo em vista a edição comemorativa dos 40 anos de CATOLICISMO? PCO - Sim, esse algo é apresentar a todos os leitores da revista, e

' 'uma máquina crescente de simpatias, de apoios, de entusiasmos, está se avolumando em torno de nós , ,

naturalmente, afortiori, aos que colaboram na direção e na confecção dela, as minhas felicitações muito cordiais e sinceras. Com efeito, representa qualquer coisa de grande valor, que um homem ou um grupo de homens, movidos por um alto ideal, tenham a coragem de se reunir e de proclamá-lo mesmo quando tal ideal não é o da maioria, e quando os meios de comunicação social apresentam a maioria como sendo muito mais ampla e muito mais forte do que ela na realidade é. O homem tem, por seu próprio instinto social, uma tendência a concordar com a maioria, que chega até à subserviência. Por exemplo, no grande número de soldados que costumam atender à convocação militar e ir para a guerra, uma parte muito ponderável é movida pelo patriotismo; mas há uma outra parte, cuja amplitude as estatísticas não podem revelar porque o fenômeno não é atingível pelos meios de observação comuns - que, embora não ousando dizê:lo, preferiria muito mais não se expor ao risco da guerra. E esses soldados entretanto vão para a guerra, por medo do ridículo em que incorrerão se se souber que eles não quiseram ir, porque tiveram medo. Ou seja, o homem chega a ter mais medo da gargalhada e do vexame que ele possa sofrer na retaguarda, do que do tiro mortífero disparado contra ele nofront de batalha. Isso prova bem quanta tendência o homem tem de portar-se de modo servil em relação à maioria. Eu, portanto, elogio a coragem desses meus companheiros de ação, valorosamente minoritários, animados por um espírito de fé indomável e por uma grande confiança na Providência. Eu estendo essa homenagem a todos os benfeitores de CATOLICISMO, sem os quais nossa revista seria impraticável e a estendo também aos propagandistas e leitores dela. Isto tudo faz com que uma máquina crescente de simpatias, de apoios , de entusiasmos vá se avolumando em torno de nós, de maneira tal que, em breve, nós causaremos surpresas a muita gente. • Janeiro 1991 -

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LEGIONÁRIO

A passagem da tocha "Legionário", de folha paroquial a órgão oficioso da Arquidiocese de S. Paulo: um alerta contínuo contra o neomodernismo. Após a ruptura com o progressismo nascente, que leva à perda do jornal, o "Grupo do Plínio" passa a tocha da fidelidade para as páginas de "Catolicismo" · - Plinio, o que estamos fazendo anos 30 - quando se deu o diálogo aqui? Porque não nos reunimos nos acima narrado - era uma cidade tranbonitos salões com mobílias doura- qüila. Fundamentalmente tranqüila, mesmo quando agitada pelos sismos das da casa de sua avó? - Não, nós aqui estamos fazen- políticos que a História pátria regisdo apostolado, estamos plantando tra, e que se deram nesse período. A sociedade era calma porque não uma semente. Você espere e verá coestava ainda imersa na febricitação mo este movimento se estenderá peindustrial de hoje. E os meios católilo mundo a fora. . Este diálogo, narrado por um con- cos o eram, porque ainda não existemporâneo, deu-se no porão do pré- tiam os motivos de divisão que se tordio da Paróquia de Santa Cecília·, naram patentes na Santa Igreja. Nas décadas de 20 e 30, as Conna rua Imaculada Conceição, em São Paulo. Várias gerações de paulistanos gregações Marianas do Brasil deixaconheceram tal prédio - um casarão ram de ser apenas unidades paro- po.rque, anos depois, nele se insta- quiais, para se tornarem uma força lou o conhecido Colégio Santo Amé- social. Diga-se de passagem que, inferico, que se mudou dali por .v olta dos lizmente, na década de 50 aconteceu o inverso, ou seja, elas se confinaram anos 70, para dar lugar a um edifício. As reuniões, é claro, não se faziam nas paróquias e mergulharam numa no porão por alguma preferência esté- tal ou qual inconsistência, até desapatica ou funcional, mas simplesmente recerem quase completamente. Os católicos por não haver espaço, dos anos 20 e 30 em outros pavimentos, começavam a para o "grupo do PliPosto ante o Inicio dar-se conta de nio" - como depois fida penetraçlo seu papel primorcou conhecido - que , progressista no dial na sociedade Brasil, nos anos ali se iniciava. Esses jo40, o "Legionário" brasileira e comevens universitários, na luta rudemente ... çaram a reivindiforça de seus vinte anos car o "espaço", (certamente pensava o como hoje se diVigário), bem poderiam ria, que lhes comarranjar-se em qualquer petia. As Congrelugar. gações Marianas Foi o que, transboreram a ponta de dando de boa vontade, lança desse esforeles fizeram. E é ali que ço. devemos situar o início da - se assim quisermos chamar LEC-Em 1933, Plinio Corpré-história da revista CATOLICISrêa de Oliveira, um dos univerMO. sitários que anos antes converAmbiente tranqüllo - A São Pau- savam no porão da Rua Imacufoi chamado lo do fim dos anos 20 e inicio dos lada Conceição, 1 12 - Janeiro 1991

a prestar um serviço insigne à causa católica no Brasil. Atuou decisivamente para o surgimento da Liga Eleitoral Católica (LEC). Os historiadores, brasileiros ou brazilianists, debruçam-se atualmente sobre a LEC, essa interessante instituição a respeito da qual Oswaldo Aranha declarou: "Se os católicos não se tivessem congregado para interferir nas eleições de 1933, o Brasil estaria hoje definitivamente desviado para a esquerda" (1). Um Ministro da Justiça da Nova República, não há muito, asseverou que "A LEC foi a organizaçtio extrapartidária que na história do Brasil exerceu maior influência polftica eleitoral" (2). Plínio Corrêa de Oliveira assim fixa para a História sua participação no episódio: "As sugestões por mim

apresentadas foram tomadas como pano de fundo do projeto elaborado. Como resultado de várias conversas entre nós três [Plínio Corrêa de Oliveira, Tristão de Ataíde e Heitor Silva Costa], a LEC foi constituída" (3). Chamado a participar da Constituinte de 1934 por quase lOOJo de todo o eleitorado do Estado de São Paulo - como o candidato mais votado de todo o Brasil, obtendo o dobro de votos do segundo colocado - Plinio Corrêa de Oliveira muda-se para o Rio de Janeiro e desenvolve brilhante atividade parlamentar. lnterlúdlo - Residindo na capital do País por causa da Constituinte, Plinio Corrêa de Oliveira não se desinteressa de seus leitores do "Legionário". Pelo contrário, ele os mantém informados de tudo e até traça para eles, num artigo que poderia figurar numa antologia, um "croquis" saboroso da magna assembléia, que compara "a um enorme e suave aquário de água morna, banhado por uma luz brandamente pálida, em que evoluem, com a discreção silenciosa com que só os peixes sabem evoluir, os tubarões ou as sardinhas da política nacional". Mais adiante, pinta com cores tão vivas a personalidade de Oswaldo Aranha que é impossível deixar de transcrever aqui tal perfil psicológico: "Ora sua Exa. conversa discretamente com algum colega, alheio ao discurso, mesmo quan-

do está em causa na verrina do ora- sé Fernando de Camargo prestava dor, ora intervém nas menores ques- sua colaboração à seção 'Noticiário tões, aparteando com frases proferi- da Semana'. José Gustavo de Souza das no tom em que Júpiter tonante Queiroz se incumbia do 'Santo do desfechava seus raios. Mês'" (5). "Dado o aparte, volta-se para os Plinio Corrêa de Oliveira entregacircunstantes, a procurar com os olhos va o artigo de fundo por volta das um contendor, para continuar mais 22:30 horas das 6~s feiras. Era a últibaixo a discussão entabolàda. ma peça do jornal, pois precisava "Retira-se depois do recinto, com sair com a marca da atualidade. No a fisionomia satisfeita de si mesmo, sábado de manhã bem cedo, todo o distribuindo, para a esquerda e para jornal era impresso. No mesmo dia a direita, sorrisos mágicos que eletri- já estava distribuído, em São Paulo zam e enchem de sol o e também no Rio, para semblante dos beneficiaonde seguia por via aérea. Escreve o insuspeito dos. ... e "Com o olhar admiSr. Bispo de Nova Fri''Catolicismo'' rado e solícito, certos burgo, D. Clemente Jopretendia lutar ainda mais. E é deputados ainda o acomsé Isnard: o que vem panham de longe, com "Em São Paulo, o fazendo com a vista. movimento mariano era exemplar muito forte, e dispun.ha "E, no seu porte dofidelidade e bradiço e na sua atitude de um órgão, o 'Legiodedlcaçllo. reverente, há alguma coinário', jornal semanal, sa que diz aos profanos: bem ,:edigido e de gran'Voilà le solei/'" (4). de irradiação . Quem orientava o jornal era Forjando a arma o Dr. Plínio Corrêa de De volta a São Paulo, Oliveira, atual chefe da Plinio Corrêa de OliveiTFP" (6). ra põe mãos à obra imediatamente e consegue em pouco temCervantes - O "Legionário" se po transformar em um jornal influen- firmara, pois. Em boa hora! Porque te o único instrumento publici- em pouco tempo mudara radicalmentário que a Providência lhe co- te a situação político-social do País, locava nas mãos. De bimensal, e principiava a estremecer a grande o "Legionário" passa a sema- tranqüilidade religiosa de que acima nário, e de folha paroquial, se falou. transforma-se em órgão oficioEnquanto a explosão da Intento"'so da Arquidiocese de São Pau- na Comunista (1935) deixava ver os lo. pérfidos desígnios dos lacaios de "Plinio Corrêa de Olivei- Moscou, o progressismo começava ra, além .de exercer a direção, a se infiltrar, de modo discreto, na escreviq no 'Legionário' o ar- cidadela católica. Principiou a se afirtigo de fundo e a coluna '7 mar a obsessão de conciliar a Igreja dias em Revista'. Fernando com o mundo neopagão, por meio Furquim de Almeida era ores- de uma nova formulação do Dogponsável · pelos artigos sobre ma, da Moral e da Liturgia. a História da Igreja no sécuO "Legionário", que a essa altulo XIX, e cuidava da revisão ra já era o órgão católico de maior geral dos artigos. Mais tarde, influência no País, entrou logo na José Carlos Castilho de Andra- peleja. E o fez com denodo e elevade seria o secretário da Reda- do cavalheirismo cristão, sem deixar ção. José de Azeredo Santos de denunciar, paralelamente, o que, redigia os artigos de cunho so- em linguagem cheia de colorido, Pliciológico. Adolpho Linden- nio Corrêa de Oliveira denomina "criberg era o redator especializa- mes de Sancho Pança", ou seja, o do em assuntos econômicos e espírito de acomodação e de inércia de política internacional. Jo- diante do mal que avança: Janeiro 1991 -

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"Que surpresa sentiria Cervantes, se um telescópio profético lhe pudesse desvendar os acontecimentos futuros, e lhe mostrasse que, enquanto o valente Dom Quixote entraria definitivamente para a galeria dos dementes inofensivos, com sua lança, sua couraça e seu esquelético Rocinante, Sancho Pança, o tímido Sancho Pança, o medfocre Sancho Pança, o desprezível Sancho Pança, haveria de acometer dentro de alguns séculos uma grande nação, e atirá-la, ele sozinho, às beiras do mais negro precipfcio?" (7). Fal1cH - Foi no ano de 38 que o "Legionário" começou a alertar a opinião católica para os problemas internos da Santa Igreja. A partir de julho desse ano inaugura-se, pela pena de Plinio Corrêa de Oliveira, uma bem calibrada salva de advertências, aqui contra ós "cristãos acatólicos", ali contra os dirigentes católicos que "roubam" cargos que não podem, não sabem ou não querem exercer, acolá contra a tríade burocratismo, sociologite e pietismo. "Sociologite": como iria longe este filão, tão pitorescamente designado! Depois começou, de cheio, o combate contra os desvios da Ação Católica Brasileira, e os erros de um falso liturgicismo que algumas Encíclicas pontifícias haveriam de estigmatizar. O combate atingiu o clímax com a publicação, por Plinio Corrêa de Oliveira, do célebre livro "Em Defesa da Ação Católica" . "O pior é que o livro trazia um prefácio do Núncio Apostólico, D. Bento A/oisi Masella ", testifica, como que não refeito ainda de seu susto ou de seu horror, um cronista daqueles tempos. Realmente. E alguns anos depois foi objeto de uma carta de louvor da Santa Sé, assinada em nome do Papa Pio XII por Mons. João

espalhando desconfiança em relação ao trabalho que o Movimento Litúrgico desenvolvia no Brasil" (8).

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Várias gerações de paulistanos conheceram o prédio da R. Imaculada Conceição, pertecente à Paróquia de Santa Cecília (acima), onde se reunia o chamado "Grupo do Plínio". É aí que devemos situar a pré-história da revista ''Catolicismo ''

Batista Montini, o futuro Paulo VI. Para não falar dos 23 Arcebispos e Bispos brasileiros que elogiaram a obra. "Nas páginas do 'Legionário' safam f afscas contra os chamados 'pseudo-liturgistas' . . . . O livro de Plínio Corrêa de Oliveira fazia sucesso,

Depoimento do pai da TL Um apressado leitor de hoje talvez possa julgar que as polêmicas do "Legionário" não passavam de pequenas querelas do passado, insignificantes e sem relação com os males, estes sim ingentes, que afligem os católicos de hoje, como sejam o permissivismo moral, a revolta contestatária, os católicos comunistas, as freiras abortistas, os padres guerrilheiros etc. Na realidade, as mazelas que agora nos assaltam começaram a germinar precisamente naquela época. Os monstros de então engendraram novos monstros, estes ainda outros, e de uns para outros é fácil estabelecer uma seqüência genealógica perfeita. Para ilustrar essa tese, pode-se tomar o caso da Teologia da Libertação, que hoje a justo título alarma os bons católicos. Vejamos alguns fatos. É do conhecimento geral que o "Legionário" empenhou-se em denunciar os erros que grassavam em amplas áreas da Ação Católica Brasileira, fazendo eco ao livro "Em Defesa da Ação Católica'' , de Plinio Corrêa de Oliveira. É também notório que, ai fin y ai cabo, como se diz em castelhano , t~.is denúncias não foram reconhecidas, ampla e firmemente, como procedentes. Muito pelo contrário, até. E portanto, também é fato que a Ação Católica dos anos 50 e 60, à falta de uma grande retificação, não poderia senão repetir e ampliar - como realmente aconteceu - os erros já delineados nos anos 40. Se se pudesse comprovar que os erros da Teologia da Libertação nasceram da Ação Católica dos anos 60, ter-se-ia estabelecido com toda a solidez a filiação desejada ... Ora, essa é precisamente a tese do sacerdote peruano Gustavo

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Gutierrez, merecidamente tido como o pai da malsinada Teologia da Libertação. Com efeito, diz textualmente o sacerdote peruano: "Foi no Brasil e mais precisamente na JUC (Juventude Universitária Católica, órgão da Ação Católica Brasileira), no inicio dos anos 60, que muitas das intuições do que constituiria mais tarde a Teologia da Libertação latino-americana começaram a concretizar-se" (9). Se o "Legionário" tivesse sido ouvido ... Calafrios - No campo mais estritamente religioso, fala o Cardeal Joseph Ratzinger em seu famoso livro "A Fé em crise?" de uma "certa liturgia pós-conciliar, tornada opaca ou enfadonha por causa de seu gosto pelo banal e pelo medíocre, capaz de provocar calafrios". E refuta aqueles que "pensaram e disseram que a liturgia deve ser 'feita' por toda a comunidade para ser realmente sua" (10). Ora, com 40 anos de antecedência o "Legionário" batalhava para atalhar erros como estes, aqui no Brasil. Quem este artigo escreve não é da geração do "Legionário", não tendo tido por isso nenhuma participação em sua luta. Daí sentir-se à vontade para repetir: ah! se o "Legionário" então tivesse sido ouvido ... Sumariamente - É tempo de terminar este artigo, dizendo uma palavra sobre como deixaram de colaborar no "Legionário" os membros do "Grupo Plínio Corrêa de Oliveira". Em 1943 falece em acidente aéreo o Arcebispo de São Paulo, D. José Gaspar de Affonseca e Silva, sendo nomeado para substituí-lo D. Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta. Conta Dom Polycarpo Amstalden OSB que, mesmo antes de tomar posse o novo Arcebispo, Dom Paulo Pedrosa, Abade do Mosteiro de São Bento, logo advertiu D. Carmelo Motta a respeito do ''problema Plínio Corrêa de Oliveira e o grupo ligado a seu livro Em Defesa da Ação Católica" (11).

Empossado, o novo Arcebispo mostra-se a principio conciliador. Mas em fins de 1947 substitui sumária e repentinamente toda a direção do "Legionário". Essa terrível e injustificada destituição bem poderia ter desanimado almas com menos espírito sobrenatural. É ainda Plinio Corrêa de Oliveira quem descreve a situação que daí se originou: "O esquecimento e o olvido nos envolveram quando ainda estávamos na flor da idade: era este o sacrifício previsto e consentido. Mas o progressismo nascente recebeu um golpe de que até hoje não se refez" (12). Não se desalentaram, não se

de secretário mundial das CC.MM., em Roma. Depois de três anos de ostracismo, em que tiveram a alegria de ver sua atuação legitimada pela carta de louvor de Pio XII ao livro "Em Defesa da Ação Católica" (de que acima já se falou), foi possível preparar e lançar o primeiro número de CATOLICISMO. Epilogo - Como se vê, a história desta revista é parecida com a de um navio que recebe um forte impacto e vai ao fundo. Seus tripulantes, entretanto, se salvam. Com os restos da embarcação naufragada, mais alguns elementos novos, eles constroem uma nova nau. Foi o que fizeram Plinio Corrêa de Oliveira e seus amigos. "E, como é já no mar costume usado, A vela desfraldando, o céu ferimos, Dizendo: Boa viagem! Logo o vento Nos troncos fez o usado movimento" (Camões). A navegação recomeça, melhor ainda do que antes se fazia.

LEO DANIELE

Enquanto a exploslo da Intentona comunista (1935) deixava ver os pérfidos desígnios dos lacaios de Moscou, o progressismo começava a se Infiltrar na cldsdels cst6llcs

dispersaram, juntaram os como que destroços e continuaram a se reunir em torno da mesma imagem de Nossa Senhora Auxiliadora que os acompanhara desde os primórdios, e que hoje se encontra na capela da sede principal da TFP. A eles se juntaram alguns jovens de escol, membros de uma Congregação Mariana que fora dirigida· pelo Rev. Pe. Walter Mariaux SJ, o qual, antes de vir para o Brasil, ocupara o cargo

(1) Cfr. "Legionário", n~ 223, 20-12-36. (2) Paulo Brossard, "Jornal de Minas", Belo Horizonte, 3-7-86. (3) "Um homem, uma obra, uma gesta" . Ed. Brasil de Amanhã, São Paulo, 1989. p. 52. (4) "Legionário" , 10-12-33 . (5) "Meio século de Epopéia Anticomunista" . Ed. Vera Cruz, São Paulo, 4~ ed ., 1981, p. 418. (6) Apud D . Bernardo Botte OSB, " O Movimento Litúrgico". S. Paulo , 1978. p. 221. (7) "Legionário", 8-12-35 . (8) Fr. José Ariovaldo da Silva O.F.M., "O Movimento Litúrgico no Brasil", Vozes, Petrópolis, 1983, pp. 184 e 195 . (9) Apud Luis Alberto Gómez de Souza, " A JUC : os estudantes católicos e a politica''. Vozes, Petrópolis, 1984, p. 9. (10) pp. 91 e 94. (li) Fr. José Ariovaldo da Silva OFM, op . cit., p. 352. (12) Plínio Corrêa de Oliveira, "Kamikaze", "Folha de S. Paulo", 15-2-69

14 - Janeiro 1991 Janeiro 1991 -

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AC'ff RI O BRANCO

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O assinante abre o envelope e, dq acordo com sua maior ou menor boa-vontade, lê ou folhe ia a revista. Depois, ela ''fica por aí", em mesinhas de centro ou móveis semelhantes, onde é possível que outras pessoas, de acordo com sua maior ou menor boa vontade, também a leiam, ou a f alheiem. Passa-se algum tempo, maior ou menor conforme os usos e costumes de cada um, e depois ... é a liquidação final! Aquelas páginas tão valorizadas por seus autores, revisores, diagramadores, aquelas páginas vão ao lixo (hipótese de longe mais provavel) ou então, através dos acasos de uma singular aptidão para colecionar coisas ou de uma prodigiosa e rara admiração operativa, vão para _um arquivo ou uma estante, túmulo de luxo em que poderão ficar tomando poeira por cinco, dez ou até mais anos. Este é o itinerário melancólico mas normal de uma revista qualquer. Mas não necessariamente de CATOLICISMO. Por quê? CATOLICISMO é uma revista que "acontece". Ela fura os esquemas habituais, descendo muitas vezes às ruas pelas mãos dos propagandistas da TFP. Ela se faz voz através dos "slogans" com os quais seu conteúdo é . proclamado em praça pública. E assim, ela se transJorma em fato, interJermdo no cotidiano de milhares de pessoas. Desta forma CATOLICISMO denuncia, mobiliza e entra em todas as conversas. CATOLICISMO não se contenta em ser lida. Ela tem sido e continuará sendo protagonista ativa no cenário brasileiro. Por isso, quando CATOLICISMO brande a espada da verdade e do bem, muitos são os que se encolhem ou ficam preocupados. Nas próximas páginas, leia algumas das lutas deste jornal, sem se esquecer de um pormenor importante: o nome de CATOLICISMO é seu programa.

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PROGRESSISMO

Especialidade imposta pelos fatos O progressismo "católico" é a grande esperança das esquerdas no País denunciá-lo continuamente: uma das principais bandeiras de nossa revista ATOLICISMO se ufa- Satanás" havia entrado no templo mo quis adaptar a Igreja ao liberalisna de ser no Brasil a de Deus, e que - em palavras ainda mo racionalista triunfante no século mais importante revis- suas - sofria a Igreja um misterio- XIX e início do XX; seu sucessor, o ta antiprogressista e con- so processo de "autodemolição". progressismo, em seus movimentos trária ao "esquerdismo Ora, todo poder existente na Igreja primeiros, se adaptou à mentalidade católico". Nenhuma pu- está na sua Hierarquia. Portanto, nin- otimista e paganizante do "american blicação entre nós se guém A pode autodemolir, senão way of life", então nos galarins; posiguala a CATOLICIS- membros de sua Hierarquia. Paulo teriormente seus setores mais radicaliMO na luta contra o VI denunciava, assim, que da própria zados, tendo como bandeira a Teoloprogressismo, seja pela amplitude e Hierarquia partiam poderosos impul- gia da Libertação, procuraram atreprofundidade dos temas tratados, se- sos destrutivos. Que de mais trágico lar a Igreja ao que lhes parecia o futuja pela agudeza em detectar e saber pode sobrevir? ro, o socialismo marxista. denunciar até suas mais larvadas e A segunda tendência - a de readisfarçadas formas. Pactuar ou resistir?- Com o avan- gir e resistir - foi seguida pelos colaA revista não disputa a primazia ço do processo revolucionário, que boradores de CATOLICISMO, continos esportes, na economia, no noticiá- há séculos desagrega o Ocidente cris- nuadores, aliás, do "Legionário" . rio da política partidária e em várias tão, o Clero e o laicato viram-se dianoutras rubricas da imprensa. Para al- te de uma encruzilhada. Cederiam Remédios-CATOLICISMO não gumas delas faltam-lhe meios; para diante das novas idéias e costumes teve como missão tarefa simpática. outras, apetência. EsAdvertiu continuasa primazia, ela a tem mente os católicos a na análise do progresrespeito dos desabaConceitos mentos que a aceitasismo. Nunca estadeou tal. Não precisação do espírito moderO termo "progressismo", usualmente, designa o movimento va. Os fatos encarreno causaria na Igreja religioso, herdeiro do Modernismo, condenado por São Pio X, gam-se de apregoá-la. e na sociedade tempoque procura adaptar a Teologia, a Moral, a Liturgia e a Pastoral Dispõe do mais abaliral. Infelizmente foi ao mundo moderno, ou seja, a uma concepção revolucionária zado corpo de colaboouvido menos do que de Modernidade e de Progresso. radores de língua porseria de se desejar. E A moral progressista contém noções a respeito do tuguesa para tratar a conseqüência foi relacionamento entre governantes e governados, patrões e do tema. que os desabamentos operários, pais e filhos etc. A partir daí, dá origem a uma Tal preeminência, se deram. Poderiam doutrina social e política, o "esquerdismo católico", que é o ter sido ainda piores, CATOLICISMO não reverso político e social do progressismo. a buscou. Decorreu se tais advertências Neste artigo, em algumas passagens, por comodidade de de situações concrenão tivessem coberto linguagem, mas também seguindo prática jornalística que se vai tas, amiúde dolorosuas páginas durante generalizando, o termo progressista designará ambas as posições. sas, que os colaboradécadas. dores da revista prefeO tom de seriedaririam que não tivesde dos artigos antiprosem existido. aparentemente avassaladores, aceita- gressistas decorre necessariamente Este corpo especializado é todo riam a modernização revolucionária? do tema. Pois se trata de contribuir composto de católicos de militância Ou, pelo contrário, reagiriam, resig- para barrar o passo a uma crise que devasta o interior da Igreja, o que imintensa. Presenciaram eles na dor, ina- nando-se talvez ao isolamento? baláveis em suas convicções, um dos A primeira tendência a de reagir plica não raras vezes censuras nomiperíodos mais trágicos, senão o mais e resistir - levou nutridos setores nais aos responsáveis, e mesmo relaterrível, da História da Igreja. E o da Igreja a capitular, passando a agir tos de fatos escandalosos. Este pugiestudaram a fundo. Fase na qual Pau- como companheiros de viagem de cor- lo, que anelou viver na harmonia da lo VI constatou que a "fumaça de rentes revolucionárias. O modernis- autêntica irmandade católica, tran-

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qüilo sob a autoridade de bons Pastores, combatendo apenas inimigos externos, viu-se obrigado a dedicar o mais sensível de sua vigilância a detectar insídias e maquinações que minam por dentro a fortaleza sagrada. Dura tarefa! Cruzados do espírito, a sinuosidade do adversário lhes negou o que constituía seu maior anseio: a pugna em campo aberto e de viseira erguida. Ocorre-me ainda ao espírito outra comparação, de natureza diversa, mas que terá o dom, creio, de lançar luz sobre o dramático da situação. Se um cirurgião, bom filho, se visse obrigado a extirpar um tumor maligno da própria mãe, faria a incisão com todo o tamanho requerido, mas não levaria o bisturi um milímetro além; retiraria com minúcia todos os tecidos afetados, mas preservaria cuidadosamente as partes sãs. Alegrar-se-ia com o êxito da intervenção, contudo lhe pesaria o ser ela necessária. Tal é a tarefa de CATOLICISMO.

Linhas de combate - Num relance, vejamos agora as linhas principais da atuação de CATOLICISMO contra estes dois aspectos da autodemolição eclesiástica: progressismo e "esquerda católica". Denúncia dos erros infiltrados na Ação Católica. CATOLICISMO deu seqüência, a partir de 1951, ao combate anteriormente levado a cabo pelo "Legionário". O lance principal na pugna anterior havia sido a publicação; em 1943, do livro "Em Defesa da Ação Católica", verdadeiro compêndio dos erros neomodernistas que

Defesa da ordem temporal -

Há mais. Os colaboradores de CATOLICISMO, por amarem muito a Igreja, amam ainda a civilização cristã, fruto temporal da aceitação efetiva do Evangelho. Nesta, a Igreja está em casa, tem condições propícias para cumprir sua missão; fora dela, as condições são adversas, não raro impossibilitando a missão. O fato explica-se facilmente. Quando os homens vivem numa ordem moldada pelo espírito da Igreja, observam com menos obstáculos os au.s teros, suaves embora, preceitos cristãos. Numa sociedade revolucionária, inchada de orgulho e atolada na sensualidade, membros seus precisarão de marcante abnegação, autonomia de juízo e força de caráter para vencer a onda dominante, e assim subjugar as próprias más inclinações. Se contra a Igreja age muito especialmente o progressismo, a "esquerda católica" assesta suas baterias preferentemente contra a civilização cristã, secundando os esforços da grande investida socialo-comunista.

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ameaçavam os meios católicos. Nas páginas de CATOLICISMO, sobretudo nos primeiros anos, abundavam análises a respeito dos erros que devastavam a Ação Católica. Nas esferas social e política, CATOLICISMO condenou documentadamente as escandalosas atividades da JEC, JOC, JUC (da qual mai~ tarde se destacou a AP, que aderiu ao marxismo-leninismo e entrou para a guerrilha), companheiras de viagem do comunismo. Aliás, parte dos atuais quadros do PT, PCB e PC do B militaram em tais organizações nas décadas de 50 e 60.


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Campanhas memoráveis- Cumpre destacar duas campanhas, das quais CATOLICISMO participou intensamente, e que deixaram marca indelével no Brasil contemporâneo. A primeira foi a Reverente e Filial Mensagem a Paulo VI pedindo medidas contra a infiltração comunista na Igreja. Este grito de socorro, promovido pela TFP em 1968, recebeu mais de 2.000.000 de assinaturas em quatro países da América do Sul. Dele, CATOLICISMO se fez caixa de ressonância. Teve o efeito de um aviso. Outra campanha, em 1969, aprofundou os efeitos desta última . CATOLICISMO reproduziu denúncia publicada na Espanha e Inglaterra de que grupos ocultos, autodenominados "proféticos", tramavam no interior da Igreja sua transformação num organismo igualitário, "desalienado", a serviço de fins revolucionários. Dispunham de vastos apoios eclesiásticos e publicitários, dos quais o mais notório era o IDO-C. Caravanas de sócios e cooperadores da TFP divulgaram esta edição,

ao longo de 1969, pelo Brasil inteiro. A doutrina de tais grupos, versão radicalizada do progressismo de então, depois circularia amplamente nas CEBs e nos demais ambientes infectados pela Teologia da Libertação.

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Teologia da Libertação - Nos últimos anos, CATOLICISMO combateu muito especialmente a Teologia da Libertação, versão extremada de erros já incubados na Ação Católica, na década de 30, e contra os quais o "Legionário" havia se pronunciado. A Teologia da Libertação quer fazer da Igreja uma comunidade igualitária, destruindo nela o caráter hierárquico que Lhe é inerente, uma vez que procede de sua instituição divina. A TL pretende ainda fazer da esfera temporal o "Reino" da total liberdade, completa igualdade e fraternidade inteira. Anela assim pela utopia comunista, que é causa, ela mesma, de pavorosas tragédias e inomináveis sofrimentos na História do século XX . CATOLICISMO trairia suas ori -

gens se não prosseguisse contra a TL o combate que já levou a cabo contra formas menos explícitas da mesma doutrina revolucionária.

*** O que dá unidade a este período de 40 anos, somados, se quisermos, aos anteriores 17 do "Legionário"? Pela graça de Nossa Senhora, uma adesão adamantina (que tem a rigidez e a pureza do diamante) à doutrina tradicional da Igreja é o principal fator . Tal adesão permite o cotejo rápido e seguro com as doutrinas e fatos contemporâneos. Ademais, o caráter processivo de muitos deles fica nítido à luz das teses expostas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em "Revolução e Contra-Revolução" . O concurso harmônico destas duas características confere ao conjunto dessa luta de quatro décadas a nota de particular unidade que desperta a admiração dos amigos e provoca o ódio dos adversários. PF RICI

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RELIGIÃO

Não ao progressismo; não à carolice Através da verdadeira piedade o fiel fala a Deus - evitando as melúrias de uma religiosidade sentimental e os desvarios do progressismo OSSA REVISTA é de ação, de oração e desalão. Também, quando necessário, de praça pública. Mas, se é assim, perguntará o leitor: como "reza" CATOLICISMO? Como é sua atitude nas ocasiões em que se coloca no campo especificamente religioso? Conforme o célebre "princípio e fundamento" de Santo Inácio de Loyola, o ''homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor, e mediante isto salvar a sua alma" (1). Assim, dentre os vários temas para os quais o ser humano está voltado, os mais importantes são os de or· dem religiosa, pois se referem mais diretamente à finalidade dele. E, tratando de outros assuntos, o homem nunca deve perder de vista o "princípio e fundamento". Compulsando a coleção de CATOLICISMO, ao longo de 40 anos, veri-

fica-se que a revista afina inteiramente com essa linha de ação. Nosso Senhor Jesus Cristo - Sendo Deus o Autor da graça, CATOLICISMO volta-se sobretudo para a Pessoa do Divino Salvador, o Verbo de Deus encarnado. Nesse sentido, CATOLICISMO já teve a honra de estampar, na íntegra, dois magníficos textos de Via Sacra, compostos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. E, em abril último, um desses textos foi re-impresso, em forma de folheto, e distribuído gratuitamente aos nossos leitores. A Sagrada Eucaristia - Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo - tem sido objeto de muitos artigos em CATOLICISMO. Ocupam também lugar de destaque na revista os artigos e reportagens sobre o Santo Sudário . A campanha publicitária, promovida recentemente contra a Sagrada Relíquia, com base num teste de Carbono-14, ficou desmoralizada depois que importantes cientistas ates-

taram a autenticidade do Sagrado Lençol. CATOLICISMO analisou detidamente o importantíssimo assunto, tendo inclusive entrevistado cientistas e utilizado a melhor bibliografia a respeito. Nossa Senhora - A devoção a Maria Santíssima, propagada por CATOLICISMO, baseia-se em tudo quanto de sólido e admirável se disse na Igreja a respeito da Mãe do Verbo Encarnado, e largamente nessa obraprima da mariologia que é o "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem", de São Luís Maria Grignion de Montfort. CATOLICISMO tem como ponto de honra realçar - e o faz com enorme gáudio - as grandezas daquela que pôde dizer de Si mesma, no Magnificat, "Quia fecit mihi magna qui potens est" (Grandes coisas fez em mim Aquele que é poderoso). A Virgem Santíssima, enquanto esmagando, no dizer da Sagrada Escritura, os inimigos da Igreja e da ci-

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FAMILIA n, '.

vilização cristã, é tema freqüentemente lembrado. As impressionantes intervenções de Nossa Senhora a favor dos católicos na batalha de Lepanto e no monte das Tubocas (Pernambuco) são alguns exemplos, entre outros. Dentre os múltiplos e ~antos títulos com que legitimamente se pode invocar a Mãe de Deus e nossa, nenhum tem sido tão inculcado em nossas páginas quanto o de Nossa Senhora de Fátima. Tendo a Virgem Santíssima, na Cova de Iria, advertido o mundo contra os erros espalhados pela Rússia, CATOLICISMO dedicou-se, e continua a dedicar-se com ardor, a difundir essa mensagem essencialmente contra-revolucionária. Em suas edições de maio de 1967 e julho de 1975, por exemplo, publicou a obra séria e já famosa do engenheiro Antonio Augusto Borelli Machado, "As aparições e a Mensagem de Fátima, conforme os manuscritos da Irmã Lúcia". Sendo o ideal de CATOLICISMO a exaltação da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, a única verdadeira, em suas páginas a revista procura sempre "aproveitar todas as ocasiões para apontar a missão da Igreja como mestra da virtude, fonte da graça, e inimiga irreconciliável do erro e do pecado" (Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e ContraRevolução, p. 52). Virtudes esquecidas -Adulterando o sentido da magna virtude teologal chamada caridade, a Revolução a apresenta, em geral, como consistindo numa mera manifestação de sentimentalismo ou filantropia. Esquecese de que ela é, em sua raiz, amor a Deus, e que portanto comporta, contra os inimigos do Senhor, o "ódio perfeito" de que nos fala o Profeta David. É o que ensina São Tomás de Aquino. CATOLICISMO, ao explicar o verdadeiro significado da caridade, tem mostrado também o importante papel da cólera santa para a perfeição dessa virtude. Eis um texto de São João Crisóstomo, publicado em nossa edição de setembro de 1951: "Só aquele que se enraivece sem motivo se torna culpado; quem se en-

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São Nicolau de Flüe

Santo Inácio de Loyola

Santa Gemma Galganl Santa Maria Magdalena de Paul

raivecer por um motivo justo não tem culpa alguma. Pois, se faltasse a ira, a ciência de Deus não progrediria, os julgamentos não teriam consistência e os crimes não seriam reprimidos. Mais ainda: aquele que não se enrai- · vecer quando a razão oexige, comete um pecado grave; pois a paciência não regulada pela razão propaga os vícios, favorece as negligências e leva ao mal, não somente os maus, mas sobretudo os bons. (Horn. XI, in Nath.)". A humildade, segundo a interpreta a Revolução, leva-nos em última análise a considerar como maus em si mesmos o poder de mando, as honras, as dignidades, os trajes faustosos. Assim, dever-se-ia almejar um mundo onde todos fossem iguais, vivendo na pobreza e na simplicidade. CATOLICISMO mostra que o igualitarismo é fruto do orgulho, e não da humildade. Participa do ódio luciferino a toda superioridade. A verdadeira humildade nos conduz a amar as desigualdades que Deus estabeleceu na criação, quer na Igreja hierárquica, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, quer na sociedade temporal cristã. Esta deve ser profundamente ordenada e harmônica nas suas classes sociais, famílias e indivíduos. E a ordem só é possível onde há desigualdade. CATOLICISMO sempre inculca as virtudes mais omitidas pela Revolução, tais como: a combatividade, a intransigência, a vigilância, a magnanimidade, a magnificência, a castidade, a obediência. Essas virtudes esquecidas são recordadas não apenas teoricamente, mas também nas biografias dos heróis da Fé. E as grandes figuras do Antigo Thstamento vêm sendo lembradas na seção "História Sagrada em seu lar". Assim fazendo, CATOLICISMO tem em vista ainda preparar as almas para os acontecimentos que deverão atingir o mundo, caso este não se converta, bem como para o Reino de Maria, previstos por Nossa Senhora em Fátima. PAULO FRANCISCO MARTOS (1) "Exercidos Espirituais" , Livraria Apostolado de Imprensa, Porto, 1966, p. 27.

A imoralidade avança, "Catolicismo" cresce para a luta Batalha com denodo pela família, instituição de ordem natural, cuja estrutura interna e finalidades foram determinadas pelo próprio Deus defesa da família consiste, como é de boa norma, na exposição clara e precisa da verdadeira doutrina católica a seU respeito . E isto foi feito por CATOLICISMO, principalmente pela transcrição da palavra do Magistério Eclesiástico, quer na publicação integral de documentos pontifícios, quer por meio de abundantes citações deles extraídas. Porém, para a boa compreensão do que deve ser uma verdadeira família católica, não basta a exposição teórica dos princípios e das normas que devem regê-la. É preciso também dar exemplos, mostrar como a família católica se realizou na História, realçar suas características peculiares a esta ou àquela região, a este ou aquele país, a esta ou àquela classe social; apontando, ademais, como a generalidade dessas famílias, dentro da variedade de modos de ser próprios a cada uma, manifestava uma possante unidade, reflexo de sua conformidade com os princípios que regiam a civilização cristã. Moral - Defender a família implica em defender essa moral, explicitála e refutar os ataques que lhe dirigem os progressistas, adeptos de uma ''mo.ral nova" ou de uma "moral de situação". É o que vimos fazendo, com base sobretudo na palavra dos Papas. Artigo publicado em nosso número 192, pelo Dr. Antonio Rodrigues Ferreira, refuta as teses do já falecido sacerdote Pe. Paul-Eugene Charbonneau, o qual se mostrava adepto da "moral de situação", especialmente em sua aplicação ao uso dos métodos artificiais de controle da natalidade. O artigo, publicado 18 meses antes do aparecimento da encíclica Humanae Vitae, de Paulo VI, mostra

como a doutrina tradicional da Igreja na matéria se mantém imutável. O que foi confirmado depois pela referida encíclica. Distribuído durante o Congresso Católico de Medicina, realizado em São Paulo, em janeiro de 1967, esse artigo contribuiu para quebrar o ímpeto da corrente progressista favorável à utilização dos meios artificiais de limitação da natalidade, o que provocou grande polêmica e enorme repercussão. Casamento - Defender a família é principalmente defender o funda-

mento indispensável sobre o qual ela se mantém: o casamento monogâmico e indissolúvel. Seria por demais longo enumerar tudo o que CATOLICISMO publicou para sua defesa, merecendo menção especial as numerosas citações de textos pontifícios; as campanhas contra a introdução do divórcio no país, em 1966, 1975 e 1977. Convém lembrar aqui as batalhas contra a limitação da natalidade e o aborto. Nossa revista nunca deixou de afirmar que o aborto direto e voluntário constitui um tipo de homicídio que


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deve ser inteiramente banido das leis, sejam quais forem as causas alegadas para sua realização. Essa argumentação vem claramente explicitada no pronunciamento da Comissão de Estudos Médicos da TFP, publicado no n? 467, novembro de 1989.

por meio de livros, opúsculos ou folhetos com desenhos e fotografias. Ela foi condenada por Pio XI na encíclica "Divini Illius Magistri" . CATOLICISMO, em diversos artigos, além de mostrar qual é a verdadeira doutrina católica sobre o assunto, comenta e critica vários livretos de orientação progressista que veiculam essa educação sexual naturalista e freudiana. CATOLICISMO sempre enalteceu a virgindade, a pureza e a castidade, atraindo para elas a atenção e a admiração de seus leitores. Outrossim, sempre combateu as leis estatizantes sobre a herança, onde o Estado aparece como o principal herdeiro por meio de impostos extorsivos sobre os bens legados.

Educação- CATOLICISMO sempre teve sua atenção voltada para denunciar e combater a elaboração e aprovação de leis estatizantes de ensino, que privariam a família de exercer com liberdade sua função de educar. Foram muito numerosos os artigos, os textos pontifícios, as notícias e os exemplos de como deve ser uma verdadeira educação católica, e também apontando os malefícios de uma "educação" laica, atéia e socialista. De especial valor são os textos transEfeitos do mundo moderno - Por critos da encíclica "Divini Illius Ma- outro lado, CATOLICISMO sempre gistri" , de Pio XI, e as alocuções de advertiu para os perigos que os hábiPio XII sobre a educação dos filhos. tos e costumes de um mundo moderBem como a matéria sobre este assun- no laico, neopagão e permissivista, to publicada nas seções "Nova et Ve- constituem para a preservação e o detera", "Verdades Esquecidas", e "Am- coro da vida familiar. bientes-Costumes-Civilizações''. Os males decorrentes da masculiForam ainda criticados: a lei estati- nização progressiva da mulher e a dezante do ensino na Espanha; os casos terioração das qualidades próprias de absurda interferência do Estado ao sexo feminino foram salientadas nas relações pais-filhos, ocorridos na por diversas vezes na seção AmbienSuécia, Alemanha e Estados Unidos. tes-Costumes-Civilizações. Do mesDentre os diversos aspectos atinen- mo modo foi realçado o perigo dos tes à educação dos filhos - todos bailes e trajes modernos para a preeles de alto interesse para a preserva- servação do recato próprio à mulher ção da família - queremos salientar cristã. aqui a chamada "educação" sexual. A deformação da mentalidade e Ela vem sendo ministrada tanto na dos hábitos da juventude, de seu moescola, em aulas para crianças ou ado- do de ser, de comportar-se, de distrairles~~.s :.-de ambos os sexos, como , se - desde a "beat generation" da

''Que vida familiar restaria em um lar onde os pais matam os filhos e os filhos matam os pais?'' 24 - J a neiro 1991

década de 50, passando pelos hippies e pelos punks, até o hábito das discotecas, o entusiasmo frenético pelo rock satanista, o vício das drogas tudo foi apontado por CATOLICISMO como um fenômeno que tende para a destruição da família. Outro fator desagregador da moral social é uma atitude complacente diante da prostituição e da homossexualidade. Foi ela objeto de duras críticas nas páginas de CATOLICISMO. Também diante do crescente número de suicídios e, muito especialmente, da difusão assustadora da prática da eutanásia, a sociedade se vai tornando cada vez mais "compreensiva" e concessiva. Se os pais não querem ter filhos e os matam antes de nascer, também os filhos acabam por querer livrar-se de seus pais quando estes, já idosos demais ou portadores de doenças incuráveis, só lhes trazem cuidados e despesas. E para isso serviria a eutanásia. Que vida familiar restaria em um lar onde os pais matam os filhos e os filhos matam os pais? É o que pergunta CATOLICISMO. Porém essa matança entre pais e filhos não ocorre somente por meio do aborto e da eutanásia. A violência familiar é um fenômeno social que vem merecendo divulgação crescente através dos meios de comunicação social. Essa divulgação assume muitas vezes um caráter exagerado e alarmista para dar pretexto a uma intromissão - freqüentemente precipitada e injustificada - do Estado na vida familiar. Mas a violência realmente exis-

llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllli,iilllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll40osllllllllllllllllllllll te e as vítimas são, naturalmente, na maior parte das vezes, as crianças. Elas sofrem maus tratos e espancamentos por parte de um dos progenitores, ou de ambos, não raro com tal violência que as levam à morte. Infelizmente as violências não se limitam às injúrias físicas; as crianças muitas vezes também sofrem violências sexuais por parte de pais degenerados. Televisão- Uma palavra final sobre a televisão, enquanto elemento profundamente desagregador do ambiente familiar. Em um dos artigos publicados em CATOLICISMO sobre a TV, uma das testemunhas citadas chegou a dizer: "Desde que adquirimos uma televisão, não existe mais vida de família''. Realmente, a presença de um aparelho televisor numa família dificulta - e até mesmo impede - a interlocução normal que deveria haver entre pais e filhos, e entre os membros da família em geral. A TV chega mesmo a tirar dos pais sua função de educar os filhos, os quais são submetidos, sem defesa, a um as-

A presença da TV impede a interlocução entre pais e filhos

sédio constante de mensagens revolucionárias, onde pontificam a imoralidade, a corrupção e a revolta contra as autoridades legítimas . Isso para não falar em todos os problemas de ordem mental e educativa que podem surgir em crianças habituadas a permanecer diante do vídeo durante muitas horas diariamente.

Diante da TV imoral, onipotente e onipresente, CATOLICISMO é uma revista sem concessões. Ela cumpre seu dever, e não foge à luta, da qual tantos órgãos católicos infelizmente desertaram.

MURILLO MARANHÃO GALLI EZ

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REFORMA AGRARIA

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A maior batalha ideológica do Brasil contemporâneo A propriedade privada e a livre iniciativa nO tufão das refarmas de base: ''Catolicismo'' na ribalta Brasil estava, no ínício da década de 60, submergido na propaganda socialista e comunista que, aliás, assolava o mundo todo. Havia para as correntes de esquerda um ponto de concentração dos esforços: as reformas de base. Eram justas, necessárias e inevitáveis - bradavam - todas elas. Na marra ou na lei, conosco, sem nós, ou contra nós, continuavam. Dentre o conjunto de reformas de base (no campo e na cidade, na indústria, no comércio e na agricultura), uma se destacava ameaçadora: a Reforma Agrária. Era fácil perceber a razão da preferência esquerdista. Aplicada a Reforma Agrária, a classe mais conservadora do Brasil - seus proprietários rurais - perderia a maior parte de seus haveres, de seu poder e de sua influência, ainda muito expressivos. Após a Reforma Agrária, as outras viriam de cambulhada. Sem ela, o curso do reformismo sócioeconômico ficava estancado. A investida com uno-socialista contra a estrutura tradicional do nosso "ager" contava com preciosos companheiros de viagem, e era daí que lhe vinha sua maior capacidade de impacto. Ajudavam-na democratas-cristãos, progressistas das mais variadas origens e ainda, por paradoxal que pos-

sa parecer, expressivos setores da plutocracia nacional. Era aparatosa a montoeira dos agro-reformistas (e ainda o é). Dela faziam parte, ou ainda estão por aí, entre muitos outros, Tristão de Athayde, Luís Carlos Prestes, Jango, Brizola, Arraes e assemelhados. Seria irreverente colocar na mesma pilha os setores eclesiásticos que a vêm favorecendo. Ponho-os ao lado. Dom Hélder, Dom Ivo, Dom Scherer, Dom Luciano, a CNBB enfim, juntaram suas vozes ao berreiro agroreformista. E o conjunto foi amplamente prestigiado pelos meios de difu-

Reforma Agrária: na marra ou na lei

são, em mãos do macro-capitalismo. Diante da impressionante frente agro-reformista, boa parte das lideranças rurais preferiu acomodar-se, fazer concessões, ceder um pouco na esperança de não perder tudo. Tática que iria fazê-las entregar cada vez mais até ficarem sem nada, já que a sanha do agro-reformismo não se aquietaria senão com a vitória integral.

Reforma Agrária e comunismo O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e o grupo que se articulava em torno do CATOLICISMO - ainda não havia a TFP - não aceitaram este derrotismo a prestações. Mesmo sendo por vezes injusta e injustificadamente incompreendidos por muitos daqueles a quem faziam o bem, lançaramse desassombradamente no combate doutrinário; pugna que a ampla utilização de dados técnicos seguros e a objetiva análise de situações concretas tornava ainda mais eficaz. Artigos, noticiários sobre livros e campanhas contra a Reforma Agrária, denúncias de grande impacto foram características constantes do mensário. CATOLICISMO colaborava assim com a que certamente foi a maior luta ideológica do Brasil contemporâneo. O grande embate doutrinado comunismo-an ticom unismo tem se travado, no Brasil, sobretudo em torno da Reforma Agrária, luta em que a posição de liderança doutrinária da TFP não é contestada. CATOLICISMO

abriu caminho para a fundação da TFP e depois somouse a ela, sendo, ao longo dos anos, sua principal caixa de ressonância. Quando em fins de 1960 surgiu o livro "Reforma Agrária - Questão de Consciência", foi ele logo anunciado e comentado amplamente nas páginas de CATOLICISMO, que se transformou em um de seus veículos preferenciais de divulgação.

Jangulsmo sem Jango - Logo depois veio o conturbado período janguista, encerrado em abril de 1964. Afastado o perigo imediato, a opinião pública, antes sobressaltada, afundou numa letargia despreocupada. Pode então o agro-reformismo desfechar um golpe que lhe havia sido impossível no agitado triênio janguista. O governo do Mal. Castelo Branco, alçado ao Poder como expressão de vivíssimo movimento conservador, para surpresa de muitos, patrocinou uma emenda constitucional e um projeto de lei (o Estatuto da Terra - ET) marcadamente socialistas. CATOLICISMO publicou dois importantes "Catolicismo" mostrou como as agitações não eram autenticamente populares manifestos contra o ET, um assinado pelos quatro autoDifundia-se a impressão de estar do economista Carlos dei Campo. A res da "Reforma Agrária - Questão em curso um empobrecimento geral bem dizer, "estraçalhava" o aparatode Consciência" e outro pelo Conse- e uma impetuosa insatisfação popu- so PNRA (Plano Nacional de Reforlho Nacional da TFP. Nesta época lar, cuja ponta era constituída por ma Agrária) da chamada "Nova Reas páginas de CATOLICISMO tra- um setor incandescente, que não re- pública". Punha a descoberto seus ziam com freqüência a expressão "jan- trocederia nem diante do crime. aspectos demagógicos, suas incoerênguismo sem Jango" para se referir à Só concessões muito pronunciadas, cias gritantes, sua superficialidade e legislação agrária que estava sendo por meio de reformas sociais nivela- grandiloqüência fátua. aprovada. doras, desestufariam a insatisfação . As previsões do trabalho realizaA partir de 1965, a luta de CATO- Do contrário, viria a revolução, a ram-se logo depois. LICISMO contra a Reforma Agrária guerra civil, o morticínio. No fim Obstinado, o Governo estabeleceu já não é preponderantemente destina- do horizonte, delineava-se a pers - a unidade de produção agrícola preda a impedir a aprovação de uma legis- pectiva de um governo proletário vista no PNRA, o tal "assentamenlação socialista e confiscatória. Ela exis- que imporia pela força as reivindica- to". Reportagens de campo de CATOtia, era o Estatuto da Terra. Tratava- ções dos "esfomeados". Era esse LICISMO visitaram alguns deles, inse então sobretudo de inibir sua aplica- o "show mentiroso" destinado a im- clusive um considerado modelo, em ção e trabalhar por sua derrogação. pressionar a opinião pública e fazê- Pirituba (SP). A amostragem faria la ceder. supor o estado dos demais. ObviamenVolta o radlcallsmo agrário CATOLICISMO em suas reporta- te, os antigos proprietários não haMais ou menos a partir do início dos gens, mostrou como as agitações não viam recebido em troca de suas terras anos 80, com o aprofundamento da eram autenticamente populares. o· valor de mercado. Tinham em abertura política, organizações radi- Constituíam uma encenação bem mãos montes de papéis fortemente cais de esquerda, como a CUT, Pasto- montada. depreciados ... os tais títulos da díviral da Terra e ainda outros micro-moEm 1985, um número duplo estam- da agrária. vimentos marxistas impulsionaram pou substancioso resumo da obra "A No interior dos assentamentos, o fortemente não só a agitação urbana Reforma Agrária socialista e confisca- quadro era dramático. A produção, (saques de supermercados, por exem- tória - A propriedade privada e a muito baixa. O trabalho "comunitáplo), mas também a subversão rural livre iniciativa no tufão agro-reformis- rio" se desenvolvia num ambiente (as invasões, levadas a cabo por "sem- ta", de autoria do Prof. Plínio Cor- de confusão, desestímulo, favoreciterras" e posseiros). rêa de Oliveira com a colaboração mentos e perseguições. Os assentados

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HISTÓRIA não haviam recebido os títulos de propriedade e viviam ali desanimados e sem perspectivas de progresso. Muitos pensavam em se empregar em fazendas de conhecidos ou nas imediações para melhorar a sorte. Dinheirama Jogada fora - Ainda com o intuito de apresentar os efeitos

Uma dinheirama foi jogada fora num país que não tem recursos nem para atender muitas de suas maís básicas necessidades. Dinheirama que em certos casos desorganizou a produção em fazendas, intensamente aproveitadas. Se a demagogia esquerdista quisesse passar a ter a ação positiva, poderia clamar contra o enorme prejuízo que

já trouxe aos pobres a aplicação aínda relativamente moderada da Reforma Agrária no Brasil. Porém, CATOLICISMO não tem ilusões a respeito da eficácia das lições que a realidade impôs ao agro-reformismo. Seus adeptos fogem da objetividade de espírito, dos dados estatísticos, das considerações de bom senso.

Reunido em Itaici, em 1980, o Episcopado aprova documento que exige a execução imediata da Reiorma Agrária. Muitos católicos se mostram desorientados. Plínio Corrêa de Oliveira, com base em documentos pontifícios, afirma em seu livro: o católico pode e deve ser contra a Reforma Agrária da Reforma Agrária, CATOLICISMO reproduziu integralmente em suas páginas o penetrante livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira "No Brasil: a Reforma Agrária leva a miséria ao campo e à cidade" e apresentou substancioso resumo da obra "Re-

forma Agrária: 'terra prometida', favela rural Oll 'kolkhozes'? - Mistério que a TFP desvenda" do advogado Atílio Faoro, sócio da TFP. Meses atrás, o Ministro Cabrera comentou desalentado a situação calamitosa em que estão os assentamentos.

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Continuarão desejando a destruição da estrutura social e econômica no campo brasileiro. Infelizmente não é fácil curar a obsessão igualitária... Por seu turno, . a revista também será tenaz. Continuará a lhes dar na cabeça. P . FERREIRA E MELO

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Desfazendo a "conspiração contra a verdade" A História· dita oficial - tem com freqüência "arrumado" os fatos para favorecer idéias revolucionárias. Nossa revista, baseada em autores atuais, tem desmascarado algumas dessas versões

As guerras contra os mouros do século XVI bem podem ser vistas como uma revivescência do antigo espírito medieval de Cruzada, fruto da fé. Por ocasião do quarto centenário (1971) da histórica batalha de Lepanto (no mar Jônico), onde a Cruz de Cristo quebrou o poder do crescente maometano, CATOLICISMO consagrou destacado espaço à celebração do evento. res. Poucos brasileiros sabem CATOLICISMO tem publicaque, no século XVII, acidado diversos trabalhos a resde do Rio de Janeiro teve peito de fatos históricos paa glória de armar e custerabólicos, dos quais 'é tão ar, com pesados sacrifírica, por exemplo, a Revocios, a expedição comanlução Francesa. Sobretudada pelo seu Governado no decurso de 1989, dor, Salvador Correia foi a Revolução de 1789 de Sá e Benevidez, que objeto de particular enforestaurou para a Igreque em nossa revista, ja e para Portugal o por ocasião de seu bicenReino católico de Antenário. gola, dele expulsando Um breve histórico o invasor calvinista hodo modo pelo qucal o landês (cfr. CATOLIcomunismo se implantou CISMO n? 257,de maio e se manteve na Rússia de 1972). - publicado em junho No mesmo século, de 1976 - põe em realce também nossa Pátria o cumprimento da primeifoi assolada por inclera parte da mensagem de mente e prolongada perseNossa Senhora em Fátima guição religiosa, movida (1917): "A Rússia espalhapelos calvinistas holanderá seus erros pelo mundo". ses. Perseguição que assuA respeito da Idade Média, miu face ora terrível, ora disque a mesma Revolução Francesimulada, e que revigorou sa, e depois dela a comunista, nos luso-brasileiros seu devotapretenderam obscurecer para semmento à Santa Igreja. O fogo pre, sob uma avalanche de acusado ataque inimigo com seu efeito ções, CATOLICISMO tem consagracauterizador, por assim dizer, condo espaço todo especial. tribuiu para retemperar a alma dos Com efeito, grandes historiadores hoque nos precederam neste solo pátrio, prediernos consideram aquele período históridispondo-os para iniciar a gloriosa Insurreico sob um. ângulo oposto ao de seus detratores. Demonstram a inconsistência da posição dos que ainda ção Pernambucana, à qual CATOLICISMO dedicou tentam incutir a falsa idéia, hoje superada: época de tre- uma série de artigos, nos anos de 1986/87. LUIS CARLOS AZEVEDO vas, de despotismo, de atraso e de barbárie ... o dizer do Papa Leão XIII, a História tem sido, infelizmente, uma conspiração contínua contra a verdade. Retificar as mentiras da História revolucionária é contribuir de modo eficaz para a formação cultural e mesmo religiosa de nossos leito-

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ARTE

Ante-sala do Céu ou antecâmara do Inferno Uma luta contínua pelo maravilhoso, o qual predispõe os homens para a aceitação da verdade e a prática do bem ATOLICISMO é a revista das verdades e das virtudes esquecidas. Esta frase, tantas vezes repetida por redatores, leitores e amigos de nosso mensário, transformou-se num dos seus leit-motiv ao longo de 40 anos. Mas CATOLICISMO é também a revista das belezas esquecidas? Nossa resposta é: Sim. Mais ainda, é a revista de repúdio às feiuras e às hediondezas da chamada arte moderna! Como revista de cultura universal, procura abarcar - além dos terrenos intelectual e moral, mais diretamente relacionados com a verdade e a virtude - o campo da sensibilidade, através da arte e do belo. E fazendo-o, rejeita conseqüentemente a anti-arte, chamada moderna, com suas feiuras e hediondezas. Seria uma grave omissão não agir assim, pois o multissecular processo revolucionário, que vem desagregando o Ocidente cristão, tem se empenhado em extirpar o belo não só das manifestações de cultura, mas de qualquer atividade humana. De que modo CATOLICISMO trava essa luta? Um quadro referente a '' Ambientes, Costumes, Civilizações" (p.32) ressalta bem a excelência dessa seção . A respeito dela, cabe-nos apenas uma observação complementar sob o ângulo estético: aqueles comentários de Plínio Corrêa de Oliveira constituíam uma justa exaltação, embebida de espírito admirativo, das escolas e manifestações autênticamente artísticas. E especialmente daquelas nascidas sob o influxo da Igreja Católica durante a realização histórica mais perfeita da civilização cristã, isto é, a Cristandade medieval. E, em sentido contrário, a referida se-

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ção representava um repúdio absoluto a todas as manifestações pseudoartísticas das escolas ou tendências criadas pelo mencionado processo revolucionário.

Verdadeira arte - Em sua trajetória, CATOLICISMO sempre realçou as excelências de qualquer manifestação autêntica de arte, mesmo que ela tenha ocorrido em civilizações pagãs. E para que o leitor pudesse formar um juízo de valor a respeito do que é, e do que não é, verdadeira arte, foram-lhe apresentadas em CATOLICISMO alguns sintéticos elementos de teoria da arte, segundo a filosofia escolástica, a filosofia perene, endossada pela Igreja Católica. Tal critério, embora apresentado, do ponto de vista teórico, de modo muito sumário em CATOLICISMO, norteou os comentários das colaborações relativas à arte não só em "Ambientes, Costumes, Civi~~~~~~~~~~

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O quo ,em • m o bolo, no sentido de belas artes, de acordo com a escolástica? É o esplen~ dor (i~to é, a ~x~elência) da for~ ma que se venf1ca em tres cam~ pos: ~ 1) artes plásti_cas: arquitet~~ ra, escultura, pmtura; const1t!!I tuem partes da matér_ia, dispos~ tas de modo proporcionado; ~ 2) artes fonéticas: música e ~ declamação poética (utilizando~ se nesta só a voz humana, sem ; ;;:~iculação); são energias sono-

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3) artes mistas: declamação poética (com voz e g~sticulação), dança e teatro; constituem ações.

lizações", mas também em artigos de análise histórico-artística como, por exemplo, "Arquitetura gótica, escolástica de pedra", de Cunha Alvarenga, no qual se acentuava a profunda correlação entre as chamadas "sumas" - sínteses filosóficas da já mencionada filosofia escolástica - e o estilo gótico, manifestações culturais estas consideradas como do apogeu da civilização medieval. E por fim numa série enorme de colaborações, iniciada em 1976 - que abrange ainda a fase de CATOLICISMO em forma de jornal - e que prosseguiu, a partir de abril de 1984, na etapa atual, em formato de revista.

Páginas "douradas" - Entre os redatores, a sétima página do então jornal CATOLICISMO passou a ser denominada "página dourada" e a contracapa da atual revista ficou conhecida como "página do maravilhoso". Trata-se de uma janela ou de mostruário para que CATOLICISMO possasatisfazer, de alguma forma, os justos anseios de seus leitores que buscam manifestações do belo, em meio a uma cultura que sempre mais reverencia e difunde o feio e o horrendo. Compreende-se, pois, a publicação de "páginas douradas " ou "páginas de maravilhoso", ressaltando belezas da arquitetura, esplendores da pintura ou da escultura, harmonias de ambientes, todos eles reflexos da alma humana impregnada pelo espírito da Igreja. O homem de hoje, farto de tantos horrores que o circundam, tem fibras de sua alma sequiosas do contrário deles. Tais fibras clamam pelo maravilhoso, pelo sublime, em última análise, pelo celeste. Como atender a esses clamores de alma dos leitores de CATOLICISMO?

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des exposições internacionais da chamada arte moderna, que se orga-

nizam na capital paulista. Nessas exposições, a partir da década de 80, começaram a tomar realce manifestações da chamada pop art, que insere ou transforma objetos vulgares preexistentes em '" obras de arte"; ou propõe o apro"C t . . .. • _ veitamento de feEm a o1,c,smo a continua exaltaçao das escolas e manifestações autenticamente artfstlcas , · e po_ nomenos a t ua1s Destinando, por exemplo, uma contrar também numa jóia de cate- pulares, muitas vezes prosáicos, copágina fixa para a publicação de ilus- goria, como o ovo de Páscoa deno- mo elementos estéticos. trações com belos coloridos, que pro- minado "Flores da Primavera" Nas últimas Bienais a irracionacurassem atender tal sede de maravi- obra do famoso joalheiro Fabergé lidade e a loucura das exposições lhoso; que, por alguma forma, lem- - que tem em seu interior magnífi- anteriores começaram a ceder lugar brassem o Céu, e fossem um reflexo, co cesto de flores formadas por pe- ao macabro e ao horrendo infernal. o quanto possível adequado, da bele- dras preciosas; e ainda numa cena Eis aí o termo final do processo za de Deus! Assim, a "página do ma- - que pode atingir o sublime revolucionário, mesmo em matéria ravilhoso" focaliza não só obras de do enterro da Imperatriz Zita, em de arte: após o irracional, a loucura, arte, no sentido estrito, mas também Viena, há pouco mais de um ano. o hediondo chega-se ao inferno! · outras maravilhas que só de modo im- E até num simples balão de São Em sentido contrário, após admipróprio poderiam ser assim qualifica- João, cruzando os ares como um fo- rar as manifestações do belo e da verdas. go celeste. dadeira arte - vestíbulos do Céu nI foi a intenção do redator quanA lista dos temas desenvolvidos o homem torna-se mais semelhante do comentou uma portentosa foto que na "página do maravilhoso", mais aos santos, aos anjos e ao próprio retratava os raios do sol, no ocaso, diretamente relacionados com a arte, Deus, preparando-se assim para a circundando e penetrando uma das cin- nos levaria longe ... Recordemos entre- bem-aventurança eterna! Como o resco cúpulas da Basílica de São Marcos, tanto apenas mais uma foto feérica: saltava uma das contra-capas, ao faem Veneza. Ou então, quando descre- os raios de um pôr-do-sol, refletindo- lar do Céu empíreo. veu a legendária e austera Torre de se nas águas do rio Cher, que rolam Completa-se assim a mensagem Londres, como também os. fogos de por baixo do soberbo castelo de Che- artística de CATOLICISMO. artifício, na festa de Ano Novo, em nonceaux, na França! Bamberg, cidade medieval alemã. PAULO CORRÊA DE BRITO F? Mas o maravilhoso po<;le-se en- · Bienais - Nossa revista não cumpriria sua missão, caso apenas se limitasse a exaltar, desta vida, as belezas artísticas, o maravilhoso e o sublime. Como órgão de combate, ela denuncia e se volta contra as falsas manifestações artísticas. Assim.sendo, compreende-se a insistência com que, especialmente nas décadas de 50 e 60, CATOLICISMO alertou seus leitores contra produções pseudo-artísticas de escolas da chamada arte moderna. A mesma posição contra-revolucionária militante explica que nossa revista se tenha ocupado das mais recentes Bienais, isto é, as gran-


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INTERNACIONAL

''Ambientes, Costumes, Civilizações' ' "Ambientes, Costumes, Civilizações", no espírito de muitíssimos leitores, se identificava com CATOLICISMO, e este com aquela. Qual a razão de tão extraordinário sucesso? O homem, vivendo no seu meio ambiente, na cultura e na civilização de seu século, sofre cçmtinuamente as influências destas, e a estas, por sua vez influencia. É desta interação que, em larga medida, vai germinando o dia

Tais mutações tendenciais contêm sempre, em seu bojo , um sentido doutrinário e moral ligado à Revolução ou, muito mais raramente nos dias de hoje, à ContraRevol ução. São pois sociedades inteiras, povos, ou áreas de civilização que através do binômio realidade concreta-idéias, idéias-realidade concreta, podem caminhar para a Contra-Revolução ou dela afastar-se, aproximandose ou distanciando-se , em suma, de Deus Nosso Senhor. Nessa seção , o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira encaminha o espírito do leitor a· observ ar a realidade o gato, o edi fício , a obra de arte, a pessoa, etc. -, a analisá-la e a encontrar os critérios religiosos , fi losóficos e morais .qu e o habilitarão sempre mais a p reca ve r-se contra a Revolução e a compreender e admirar a Contra-Revo de amanhã de nossos povos . lução . Com efeito, a realidade que Reproduzimos , na segunda canos cerca é uma realidade viva. pa, um dos '' Arn bientes, CostuHábitos, costumes, modos de pen- mes, Civilizações" já publicados sar e agir, preferências, simpatias em CATOLICISMO. Como o leie antipatias, sistemas literários e . tor poderá verificar, o método suartísticos vão· se alternando conti- mamente didático e atraente utilizanuamente. Concomitantemente, e do pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliao sopro dessas mudanças, vão se veira consistia, muitas vezes, em modificando também as mentalida- comentar duas fotos contrastantes, dizendo ambas respeito a um mesdes. O homem de nosso tempo é, mo tema. Pelo choque, torna-se pois, agente e paciente dessas muta- mais fácil apanhar o fundo doutrições, tendo, via de regra, uma cons- nário e mesmo religioso das duas ciência pouco clara delas. realidades opostas . •

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té há bem pouco tempo, apresentava-se como sendo o grande inimigo da civilização ocidental e cristã o comunismo, o qual desenvolvia a luta sem tréguas contra os restos ainda não destruídos da Cristandade medieval e das nações dela nascidas. Esse inimigo mostrava-se coeso na sua doutrina, metódico em executar seus planos, sagaz em obter vantagens em seus empreendimentos. Dirse-ia invencível para chegar à sua última meta, a autogestão, via abolição do Estado, e à implantação dela no mundo.

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Assim descrevia alegoricamente o charneiras .. Essa faina, que faziam com Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em o mutismo, a solércia e a agilidade de artigo publicado nas páginas do "Le- conspiradores, progredia com frieza gionário", e posteriormente transcrito inexorável, sem perda de um instante, em CATOLICISMO, a sociedade às sem desperdício de um segundo. Revezavam-se os operários, vésperas da II Guerra · Mundial: "A Cristanda- Gorbachev: "Nyet" mas de dia e de noite, aos Pafses Bálticos enquanto os homens de parecia um imenso se divertiam, dormiam, prédio em trabalhos fitrabalhavam ou passenais de demolição. Não avam, a tarefa não se havia o que não se fiinterrompia. Mais zesse para o desÚuir. além, monstros de fiAqui, especialistas silengura humana assaltaciosos e metódicos ar vam os muros vetustos rancavam uma a uma da Cristandade com as pedras, desconjuntao furor delirante e imvam as traves, tiravam petuoso com que se as portas a seus batenatacaria, não um edifítes, e as janelas a suas


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cio de pedra, mas um edifício de car- las jamais vistas. De outro ne viva, um grande corpo. Era a esca- lado, países dominados lada de multidões raivosas, que entra- pelo urso vermelho covam pelas portas e pelas janelas, sa- meçaram a sacudir queavam relíquias indefesas e tesou- o seu jugo, paradoros abandonados, arrebentavam vi- xalmente estimulatrais, profanavam altares, destruiam dos pela batuta de imagens, ou abatiam com um só es- Mikhail Gorbachev tampido de dinamite torres centenâ- e seus êmulos. rias, muralhas imensas, contrafortes O mais espetaaté hâ pouco inexpugnâveis . E a algu- cular destes eventos ma distância, aos aplausos dos "gra- foi a derrubada do · voches" [moleques], dos vadios, dos Muro da Vergonha petroleiro.s, outros operârios procura- e a união das duas vam, com o material roubado à Ca- Alemanhas, encersa de Deus, construir em suas linhas rando quarenta extravagantes e sensuais, a orgulho- anos de dominação "Catolicismo" denunciou desde o início o embuste: "Como sa Cidade do Demônio" (CATOLI- comunista no Les- foi lançado no mercado internacional, o produto Fidel Castro". Na foto o ditado~ cubano com Kruchev CISMO, maio de 1965). te alemão. A ponta-de-lança, o promotor viBaseada neste sível desse ataque, era o comunismo conjunto de fatos, a idéia que se pro- mo. Que ele queria corrigir os "desinternacional, infatigavelmente denun- cura difundir é a da morte do comu- vios" do regime, etc. Apesar disso, ciado por "Catolicismo" nismo. Ele até já estaria adotando o otimista ocidental continua a crer princípios mais ou menos capitalistas. nesse homem, que dispõe de mais poMorte do Comunismo? - Como E difunde-se a impressão de que eli- deres do que Stalin! num passe de mágica, porém, o Mo- minar a velha doutrina marxista é À clara divisão do mundo em loch comunista começou a deixar trans- apenas uma questão de tempo. dois grandes blocos opostos e irreparecer de repente os malogros, aliás A poeira da propaganda em tor- conciliâveis, que vigorava desde o forçosos, da aplicação de sua péssi- no desses fatos impede que eles sejam fim da Segunda Guerra Mundial, ma doutrina. Aos olhos do Ocidente, vistos com clareza. Entretanto, CA- sucedeu uma situação com limites começaram a desfilar as piores r,1aze- TOLICISMO os veio comentando, indefinidos e profundamente confupondo em realce quan- sa, a qual parece levar ao caos. to eles têm de enigmâA Idéia que se procura difundir é a da morte do tico e quanto parecem A traição mais recente - Exemcomunismo: que futuro nos aguarda? conduzir, por vias no- plo frisante de como é a URSS que vas e mais elaboradas, lucra com essa nova política peresà autogestão. marxista. troikiana, deu -se no encontro realiAssim, fracassada a ten- zado em novembro último, do Contativa (mais de 70 selho de Segurança e Cooperação anos!) de impor o comu- Européia, em Paris. nismo ao mundo a parNessa ocasião, as três repúblicas tir do PC russo, um no- bâlticas, Lituânia, Letônia, e Estôvo caminho, todo ele nia, anexadas à União das Repúblifeito de confusão, de cas Socialistas Soviéticas por efeito enganos, de manobras do espúrio tratado nazi-comunista psicológicas, procura Ribbentrop-Molotov, de 1939 levar ao mesmo fim, não reconhecido pelo Vaticano nem desta vez com o apoio pelos países ocidentais - foram conmaciço do Mundo Li- vidadas a assistir à Conferência. vre (cfr. Plinio Corrêa Participariam com um status diferende Oliveira, "Morto o ciado, proposto pelo governo francomunismo? E o antico- cês. Tal artifício visava contornar munismo também?", uma delicada conjuntura: trata-se CATOLICISMO, outu- de países que se recusam a contibro de 1989). nuar sob o jugo soviético. Gorbachev reiteraOs Estados Unidos da América, das vezes declarou que de acordo com o Secretár.io de Estasuas reformas visavam do, Baker, convidou as repúblicas introduzir mais socialis- bâlticas a participarem da reunião co-

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mo observadoras. Os representantes desses três países ao chegarem ao local da conferência, em Paris, não puderam participar do evento. Por quê? Um "nyet" [não] de Gorbachev obrigou os 34 países - participantes e observadores - a se curvarem, fechando as portas da justiça e liberdade às nações bâlticas. O encontro, coroamento da "coexistência pacífica" e do fim da "guerra fria", iniciou-se, pois, com a humilhação da França, a anfitriã, e dos EUA. E também de um silencioso observador. .. o Vaticano. A nova política gorbacheviana busca tornar esquecido o passado do comunismo, para facilitar a aceitação do enigmático futuro em vias de preparação. Nesse contexto, foi de transcendental importância a publicação em vários países - reproduzida por CATOLICISMO, março de 1990 - do monumental manifesto "Comunismo e Anticomunismo na Orla da Última Década deste Milênio". Nele o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira analisa o Descontentamento dos povos subjugados pelo comunismo e suas possíveis conseqüências. Entre estas um julgamento dos que, mesmo no Ocidente, contribuíram para a manutenção daquele estado de opressão e de miséria. Rol de catástrofes. Esperança CATOLICISMO, no que concerne ao acontecer internacional, registrou alertas e denúncias com relação às políticas suicidas, às traições e entregas vergonhosas. Pôs a nu mentiras e mitos - instrumentos do inimigo vermelho em sua guerra psicológica contra o Ocidente.

Em suas primeiras pâginas encontra-se a denúncia dos efeitos calamitosos do Tratado de Yalta, a grande entrega da Europa Oriental à Rússia, e ratificado no Acordo de Helsinque, em 1975. A partir de Yalta, a lista das políticas nefastas para o Ocidente anticomunista, postas em prâtica por seus líderes, ou apresentadas como soluções vantajosas pelos comunistas, seria longa e fastidiosa. CATOLICISMO tratou delas. As mais célebres são: a política da "mão estendida"; o eurocomunismo, desenvolvido principalmente pelos partidos comunistas italiano e francês, pretensamente independentes de Moscou na sua política continental etc; a falsa oposição China x URSS, tâtica comunista mediante a qual a primeira representava o lado feroz, não concessivo, em oposição a uma URSS "aberta" (desde que se concordasse com ela). O enclave marxista cubano na América Latina representou um dos lances paradigmâticos da cegueira ocidental. Fidel Castro, "libertador" da ditadura Batista, e seus sequazes, apresentava-se com o terço no pescoço. O Ocidente praticamente em peso o apoiou. Sem ilusões, CATOLICISMO denunciou desde o início o embuste: "Como foi lançado no mercado internacional, o produto Fidel Castro" (CATOLICISMO, agosto de 1959). Ainda a respeito do continente latino-americano, nossa revista denunciou vários movimentos guerrilheiros inspirados no exemplo cubano. Arespeito da Nicarágua, CATOLICISMO apontou desde o início o caráter marxista do movimento sandinista.

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Do mesmo modo, a ação comunista na África e na Ásia, principalmente na Coréia e no Vietnã, onde os EUA foram vergonhosamente derrotados, foi meticulosamente analisada nas pâginas deste mensârio. A tentativa de comunistização de Portugal, em 1974, e mais proximamente, o avanço socialista no continente europeu, foram objeto de artigos elucidativos. Um dos aspectos mais pungentes e dolorosos nesse quadro foi a Ostpolitik vaticana que paralisou a reação anticomunista de milhões de católicos. Desenvolvida a partir da Ostpolitik

do socialista alemão, Willy Brandt, teve na viagem a Cuba do Cardeal Agostino Casarolli uma de suas mais salientes manifestações. A resistência respeitosa mas firme a essa posição política da Santa Sé, CATOLICIS-

MO a registrou em suas pâginas (edição d maio de 1974). Que futuro nos aguarda? Relembrando a alegoria citada no início, pouca, muito pouca coisa parece restar para a destruição dos valores fundamentais da civilização cristã e a implantação da cidade do demônio. Entretanto, ressoa em nossos corações a promessa tão doce e maternal de Nossa Senhora em Fâtima: "Por fim meu Imaculado Coração triunfará"! R. MANSUR GUÉRIOS

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1n1cios d 1 de Plínio Corrêa ; 095! º. grupo funda um nov . e '/Jve1ra .... CATOLICIS;; Jornal, o "P O. ... ara se dar . CATOLICISMO conta de como o antigo 'Le . ,s~gue a linha do , O g1onano, b os titulos de vário .' asta notar sobre a Liturgia s;~t1g~s publicados textos traduzido~ d ods1mplesmente pontifícios sob. e ocumentos D e~. ., Pelos' títulos retudo da 'Medíator estJlo polêmi ' percebe-se o

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(JO~É ARIOVALD Ltlurgico no Bras,z' OVozes, DA SILVA, OFM . Petrópoli O Mo s, 1'983, pp.vimento 328-330)1

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A história de sete best-sellers começou nas páginas de "Catolicismo" orno tudo o que é humano, também o êxito comporta graus. Assim sucede com estudos publicados em revistas. Quando um deles chega a agradar aos leitores, seu autor, na escadaria do êxito, sobe um primeiro degrau. Se a matéria repercute intensamente, pode ele pretender o segundo . Mas se o texto, depois de sair em revista, é editado em forma de livro, então já se ascende a um patamar superior. O êxito evidentemente é ainda muito maior, quando o estudo, transformado em livro, torna-se um bestseller. É uma verdadeira consagração. CATOLICISMO constata com alegria que esta forma de sucesso coroou várias matérias que publicou em primeira mão, e que a história de diversos best-sellers famosos em nosso País se iniciou nas páginas de nossa revista. Veja ao lado matéria sobre o mais importante deles: "Revolução e Contra-Revolução", de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, livro de cabeceira dos sócios e cooperadores da TFP. A seguir, leia em rápidas pinceladas a história de várias obras que seguiram a trajetória acima descrita. E com relação às tiragens, tenha como ponto de referência o fato de que no Brasil uma edição de 5 mil exemplares é considerada boa até para romances!

38 - Janeiro 1991

O adversário: a Revolução

Plínio Corrêa de Oliveira publica, no centésimo número de "Catolicismo", a obra que virá a ser livro de cabeceira de todos os que lutam pela Contra-Revolução

ATOLICISMO chegava a seu centésimo número! Um feito cronológico que seria marcado por um feito ideológico. Na verdade, quem com atenção acompanhava .o jornal, já ao longo de nove anos, nele percebia uma pluralidade de aspectos, a qual parecia denunciar uma igual pluralidade de fins. Suas páginas eram marcadas por ataques ao comunismo e ao socialismo; denúncias do progressismo católico; alertas sobre o crescente permissivismo moral; análises das tendências que - na arte, na moda, nos costumes - se contrapunham à tradição da civilização cristã e conduziam a uma contra-civilização; rememoração de fatos históricos referentes àqueles que no passado haviam travado lutas insignes contra doutrinas pérfidas e agentes demolidores da Igreja e da Cristandade; recordação das verdades e virtudes que muitos tentavam relegar ao esquecimento; enfim por tantos e tantos aspectos. Haveria em facetas tão díspares de CATOLICISMO uma unidade? Ou seriam na verdade múltiplos os fins do periódico? Estas perguntas e o grande desenvolvimento que, por outro lado, alcançara o chamado "grupo de Catolicismo", exigiam aos olhos do público uma definição dos traços essenciais do ideal que o movia, uma exposição metódica e abrangente da luta que travava, uma enumeração dos fins que desejava alcançar e dos métodos que para tal devia empregar. Plinio Corrêa de Oliveira que, desde. os anos 30, conduzia nos meios católicos esta luta sem trégua, decidiu-se então a escrever "Revolução e Contra-Revolução". As páginas do centésimo número de CATOLICISMO estamparam esta obra mestra. Nela, o adversário era apontado: a Revolução, ou seja, o processo já várias vezes secular que vem minando o edifício outrora magnífico da Cristandade, a qual tivera seu apogeu na Idade Média.

O autor descrevia e analisava as causas profundas deste f enômeno. Mostrava como certas correntes, a partir do século XV, foram manipulando as paixões desregradas do homem - em especial o orgulho e a sensualidade - criando sofismas, articulando manobras políticas e econômicas, fomentando movimentos sociais a fim de apagarem paulatinamente da cultura e da civilização ocidentais suas notas especificamente cristãs, trabalhando assim a favor de uma socie~ dade não sacral, inteiramente igualitária e anárquica, e conseqüentemente pela destruição da própria Igreja. Vinha também descrito o trajeto histórico deste processo, apontando suas mais marcantes etapas: o Humanismo, a Renascença e a pseudo-Reforma protestante, constituindo a primeira Revolução; a Revolução Francesa, a segunda; e a Revolução comunista, a terceira. Mais tarde, Plinio Corrêa de Oliveira, acrescentaria uma terceira · parte a sua então já célebre obra, nela descrevendo e denunciando uma nova etapa do processo: a IV Revolução nascente. Fase revolucionária, que teve na revolta estudantil de 1968, na Sorbonne, seu paradigma; profundamente libertina nos seus aspectos morais, e autogestionária na sua concepção sócio-política e econômica. Face a tal adversário, Plínio Corrêa de Oliveira delineava as metas e apontava os meios a oporlhe: ou seja, a Contra-Revolução. Nobre ideal que convida o homem contemporâneo a recusar em bloco as polimórficas características da Revolução gnóstica e igualitária, e a restaurar em seus fundamentos as ordens espiritual e temporal cristãs. "Revolução e Contra-Revolução" - a RCR como ficou conhecida - logo passou a ser o livro de cabeceira··dos componentes do "grupo de Catolicismo". Mas a publicação do ensaio de Plínio Corrêa de Oliveira mudaria a pró-

pria fisionomia desse grupo, pois deu sólido embasamento doutrinário e histórico para a fundação, pouco depois, da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, TFP. A partir de então TFPs e organizações similares, autônomas e coirmãs se constituíram pelos cinco continentes, tendo sempre como peça mestra de seu pensamento e de sua ação "Revolução e Contra-Revolução ". TFPs que, agindo em campos diversos, com intensidades variadas,

Os homens-slmbolo das trls Revoluç6es

procuram opor, à unidade revolucionária profunda dos acontecimentos, das mais. diversas ordens, a unidade da Contra-Revolução. Por isso John Steinbacher, editor da versão americana da obra de Plínio Corrêa de Oliveira pôde dizer: "&te livro é um catecismo da ContraRevolução. A história registrou catecismos revolucionários no passado: Mein Kampf de Adolph Hitler; Das Kapital de Karl Marx e o Catecismo Revolucionário de Netchaev. Mas nunca houve um livro como este".•

Acordo lmpouivel - A partir da Conferência de Yalta, um clima distensionista em relação ao comunismo se foi espalhando em vários ambientes do mundo, o que levou o Papa Pio XII a fulminar uma vez mais qualquer tipo de colaboração com os vermelhos até sob pena de excomunhão. Às vésperas do Concílio Vaticano II, voltou à carga o pretenso "espírito colaboracionista", tendo o comunismo em algumas situações insinuado à Igreja uma barganha torpe. Haveria um abrandamento significativo na perseguição aos católicos ... em troca de abandonarem, estes, seu combate ao regime! Esta manobra foi denunciada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na obra Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição? O livro foi elogiado e recomendado em carta da Sagrada Congregação dos St-minários e Universidades um dos principais dicastérios da Santa Sé - como "eco fidelíssimo" dos documentos do Supremo Magistério da Igreja. Publicada originariamente em CATOLICISMO, sob o título "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista", a obra foi distribuída aos 2.200 Padres Conciliares bem como aos jornalistas do mundo inteiro que faziam a cobertura da magna Assembléia. CATOLICISMO foi, além disso, um dos pólos da controvérsia internacional que se originou com sua difusão (V. sobre o assunto, nesta mesma edição, o artigo: "P. A. na redação").

Palavra tallsmi - Em desdo- , bramento desta polêmica, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira publica em 1965, mais uma vez nas páginas de CATOLICISMO, "Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo". Como seu sugestivo título sugere, a obra por assim dizer filma em câmara lenta o processo sutil pelo qual, através do diálogo pacifista, muitos católicos se transformam inadvertidamente em comunistas. Janeiro 1991 -

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Em particular é analisada a utilização de. palavras ou expressões talismãs, ou seja, carregadas por assim dizer de um efeito mágico, como por exemplo diálogo, ecumenismo, coexistência pacífica. O uso "torcionado" de tais termos leva a desarmarem-se nos espíritos todas as legítimas prevenções contra o comunismo, fazendo com que, de modo simples e até irresistível, mudem as convicções de muitos. Em janeiro do ano seguinte, a Editora Vera Cruz lança a primeira edição em forma de livro . Foi o marco-zero de uma prodigiosa difusão no Brasil e no Exterior. Frei: o Kerensky - "Puseram-lhe uma etiqueta terrível: Kerensky . Ela lhe causa uma cólera sombria, pois se pergunta no fundo de si mesmo se não é verdadeira". Com penetração, precisão e síntese francesas, assim definiu a conhecida revista o KERENSKV "Paris Match" a triste siCHILENO na de Eduardo Frei, o mal~ fada?º president~ democra\t ,l~ ti' ta-cnstao do Chile. .... Mas quem lhe pôs esta "etiqueta terrível"? Onde foi ela colocada pela primeira vez? Nas páginas de CATOLICISMO, pela pena ágil de Fábio Vidigal Xavier da Silveira. O texto previa que a política deste prócer esquerdista preparava a ascensão de um governo marxista no Chile. Publicado em forma de livro, sob o título Frei, o Kerensky chileno, repercutiu intensamente e foi considerado profético quando, em 1970, se cumpriu este vaticínio. Nesse ano, CATOLICISMO reeditou o texto em suas páginas, tendo sido ele difundido em todo o país, nas ruas e praças públicas, pela TFP.

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Ideal humano do futuro - Como ninguém ignora, existe em nosso País uma corrente de eclesiásticos que se opõe à catequese e à civilização dos índios, e prega uma espécie de "luta de classes" entre silvícolas e brancos . Na obra intitulada "Tribalismo indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil do século XXI", o

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira im- no envolvido com a subversão: Frei pugna esta posição, de forma irretor- Betto. As importantes figuras de uma quível. Junta Revolucionária: Daniel Ortega Na verdade, por trás de uma visão - o comandante Ortega - e o Pe. idílica do índio selvático, o que tais Miguel D'Escoto, tristes expoentes demolidores utopistas propugnam é da Revolução nicaragüense. O Prelauma sociedade transcomunista. do com uniforme de guerrilheiA denúncia de Plinio Cor-cr-:=~::;;:mn ro: D. Pedro Casaldáliga, Bisrêa de Oliveira ressaltava: "O !?º de São Félix do Araguaia. maior problema suscitado por A saída da sessão, uma jovem esses delírios não está nos próvendia posters coloridos do prios missionários, nem nos ín"Che" Guevara. dios, cumpre repetir. Está em · CATOLICISMO lá estava saber como, na Santa Igreja • também ... mas para registrar. Católica, pôde esgueirar-se im- ·· Daí resulta uma reportapunemente essa filosofia, intoxican- gem-bomba, que a TFP difunde, de do seminários, deformando missioná- início nas grandes cidades do País, e rios, desnaturando missões. E tudo depois, por meio de suas caravanas, com tão forte apoio eclesiástico de por todo o imenso território nacional. retaguarda" . Foi também reproduzida na Espanha e em outros quatro países da AmériNoite Sandinista - Em um teatro ca Latina, repercutindo até na longínda capital paulista se reúne uma singu- qua Ilha de Malta. lar assembléia . Em meio ao público frenético, não faltam punhos erguiProposta não ouvida - O chamados e freiras em mini-hábito: um tris- do processo de abertura política camitemente famoso dominicano, envolvi- nhava para um de seus pontos crudo com a subversão, compõe a mesa, ciais: a elaboração de uma nova Consjuntamente com importantes dirigen- tituição para o Brasil. tes de um país comunista, que são CATOLICISMO não se omitiu convidados de honra; no clímax da em hora tão decisiva. Plínio Corrêa noite um bispo recebe e veste um uni- de Oliveira escreve Projeto de Constiforme de guerrilheiro marxista em tuição angustia o Pameio a aplausos, gritos e assobios de ís, que terá três ediuma platéia em delírio . ções estampadas em · · Sonho doentio? Sombrio pesade- número especial da lo? Não! Triste realidade. revista. Os debates O teatro da capital paulista: o TU- que se travaram a ~ ~~ír CA, da Universidade Católica. A ses- propósito da Magna são: a Noite Sandinista. O dominica- Carta atingiam, com a publicação desta § obra, um de seus momentos-ápice. "' Um exemplar da revista é oferecido a cada constituinte, acompanhado de carta do autor. Ao mesmo tempo, a TFP desce às ruas e começa com galhardia a difusão da obra. Durante dezenove dias de campanha intensiva na Grande São Paulo, uma média-recorde de vendas é atingida: 1083 exemplares diários. Segundo importante órgão de imprensa, a obra de Plínio Corrêa de Oliveira é um dos dois livros mais vendidos no ano em São Paulo e no Rio. O outro: Perestroika, de Mikhail Gorbachev.

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TFP

Simbiose perfeita A TFP brasileira e nossa revista são instituições correlatas. Tudo o que acontece de grande - e por vezes até de cotidiano - na entidade ou em suas coirmãs do Exterior, repercute em nossa revista ATOLICISMO está intimamente ligado à histó-

ria da TFP e também à sua pré-história.

Em 1961, realizou-se um encontro que marcou época: o Congresso Latino-Americano de CATOLICISMO, mais conhecido nos círculos da TFP como o "Congresso de Serra Negra", devido ao nome da estância hidromineral na qual este se reuniu. Para o certame concorreram cerca de 350 participantes brasileiros. Estavam presentes também vinte hispano-americanos de várias nações: eram as primeiras sementes de uma vasta floração de TFPs que, a partir de 1967, se desenvolveriam além de nossas fronteiras.

mais TFPs, coirmãs e autônomas, espalhadas pelo mundo. Nos últimos anos, nossas páginas têm estampado até uma seção especial com esse fim, sob a epígrafe "TFPs em ação". Nesta edição comemorativa quisemos apresentar ao leitor apenas alguns exemplos característicos desse noticiário sobre a gesta que as TFPs vêm realizando em meio a grandes sacrifícios, esforços sem conta, mas também com a alegria de servir a Nossa Senhora num mundo que tanto e tanto dEla se afasta. O difícil foi escolher os exemplos, numerosos são eles, magnífica é a gesta. Em "TFPs em ação", freqüentissimamente são noticiados lances importantes e grandiosos, da TFP brasileira e de suas coirmãs. Estamos, entretanto, comemorando com os leitores nossos 40 anos como que numa

A fundação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade TFP, deu-se em 1960. Muitos daqueles que então fizeram parte de seus quadros, já atuavam há anos, ou décadas, em prol dos mesmos ideais, na qualidade de propagandistas ou redatores de CATOLICISMO e, antes, do "Legionário" . Os membros do "Grupo de Cato*** licismo" -,-- como eram conhecidos - uniram esforços na tarefa de exCATOLICISMO tem noticiado pansão do mensário, realizando via- habitualmente, desde sua fundação, gens a várias capitais do País, onde tudo quanto diz respeito à TFP brasimantinham contatos, organizavam leira e também as atividades das dereuniões, expunham as doutrinas e objetivos propuganados Em 1961 realiza-se o Congresso Latino-Americano de "Catolicismo " , o qual fica conhecido como "Congresso de Serra Negra" pelo jornal. Aqui e acolá, a adesão ia além dos simples aplausos. Em 1953, no Rio, em Belo Horizonte, em Porto Alegre e em Campos, começaram a aglutinar-se muitos jovens para o estudo das teses defendidas pelo jornal. Alugaram sedes em cada uma dessas cidades, servindo como ponto de encontro para reuniões e atividades de propaganda de CATOLICISMO. Um convívio assíduo de tais elementos propiciou assim a formação dos primeiros núcleos de propagandistas fürá de São Paulo. Seguiu-se a formação de "grupos" em Fortaleza, Salvador, Curitiba e Florianópolis e, consecutivamente, em diversas cidades do interior de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 42 - J a neiro 1991

certa intimidade. Por essa razão, incluímos neste artigo algumas notas predominantemente de pequena história, certos fatos por vezes minúsculos, mas que dão sabor à vida de CATOLICISMO como de qualquer revista. O médico e a fanfarra - Há alguns meses telefonava para a administração de CATOLICISMO um médico da cidade de Patrocínio de Muriaé-MG, para formular um pedido. Tendo presenciado a passagem de uma caravana da TFP por sua cidade, causaram-lhe especial impressão as músicas de trompetes, intercaladas aos slogans transmitidos pelo alto-falante da kombi dos caravanistas. E agora, desejando colaborar com a banda de música da cidade na ampliação de seu repertório, solicitava a CATOLICISMO uma cópia da fita magnética ... Perguntado sobre a ocasião em que a caravana passara por aquela cidade, informou que havia sido há treze ou quinze anos ... O pedido foi atendido. O episódio é pitoresco e constitui - convém ressaltar - uma amostra da capacidade de impacto que têm os recursos utilizados pela TFP. Cardeal Sllpyj visita a TFP - A TFP ofereceu, na sede de seu Conselho Nacional, em São Paulo, uma recepção a um ilustre visitante: o hoje falecido Cardeal ucraniano Josyf Slipyj, Metropolita Arcebispo-Maior de Lvow. O prelado havia oposto firme resistência ao comunismo em sua pátria. Por causa disso, desde abril de 1945 até o início de 1963, foi submetido a longo cativeiro e sujeito a trabalhos forçados na Sibéria. A 26 de setembro de 1968, o Cardeal foi recepcionado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira na sede do Conselho Nacional da TFP, então à rua Pará, 50, no bairro de Higienópolis. Encontravam-se presentes elementos de destaque do Cl ro, das Forças Armadas, da sociedade paulista e da colônia ucraniana, bem como centenas de sócios e cooperadores da entidade. Assim, numerosas são as visitas de personagens ilustres recebidas pelas TFPs e registradas para a História em nossas páginas.

Cardeal Mlndszenty- Por ocasião da visita do Cardeal Josef Mindszenty à Venezuela, em 1975, a TFP local divulgou uma mensaiem de boas vindas ao heróico Purpurado, e teve a honra de acolhê-lo com seus estandartes no aeroporto de Maiquetia. O Cardeal recebeu por duas vezes os diretores e cooperadores da TFP, e os distinguiu com expressivas mostras de simpatia. A TFP venezuelana sofreu, como se sabe, uma injusta perseguição movida pelo Governo do Presidente Lusinchi - hoje é ele quem responde a processos por corrupção, em seu país - que resultou num arbitrário decreto de fechamento da entidade. Posteriormente, os tribunais venezuelanos reconheceram não haver crime algum nas imputações que foram lançadas contra a TFP. Peregrinação de desagravo - Cerca de 500 sócios e cooperadores da TFP realizaram uma peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em desagravo à imagem que fora sacrilegamente despedaçada no dia 16 de maio de 1978. Os últimos 22 quilômetros do percurso, entre São Paulo e a cidade de Aparecida, foram percorridos a pé pelos membros da entidade. Ademais, durante três dias, a partir da divulgação da notícia do atentado, a TFP hasteou, em suas sedes de todo o Brasil, seu estandarte marcado com um crepe em sinal de luto . E num comunicado à imprensa, a entidade manifestou sua profunda consternação e enérgica repulsa pelo atentado sacrílego. Muitas outras peregrinações e desfiles realizou a TFP, o que o leitor facilmente constatará percorrendo a coleção de CATOLICISMO. "Pela Utuânla..." - Veja-se a foto que ilustra a página seguinte. Em Paris, o Presidente da Lituânia, Sr. Vytautas Landsbergis, agradece ao correspondente de CATOLICISMO o oferecimento de um exemplar da revista. O episódio está ligado a toda uma grande campanha efetuada pelas TFPs e Bureaux TFPs em 20 países, na qual nosso periódico teve papel importante .

J aneiro 1991 -

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111111111111111111 -AfolLICISMOllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll!IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

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oca a campainha da sede de CATOLICISMO , à rua Martim Francisco, em São Paulo. É alguém que, como vários outros antes dele, deseja fazer uma pesquisa nas coleções, hoje quadragenárias, de CATOLICISMO. Qual o seu nome? Ninguém o conhecia, mas em sua vistosa pasta de couro colocada em uma mesinha, viam-se duas iniciais em letras grandes de latão amareloouro: P. A .. Parecia uma pessoa séria e inspirava confiança. Resolvemos recebê-lo com o tradicional cafézinho. Deixado logo à vontade, ele se atira à tarefa a que se propusera. Enquanto sobraçava as pesadas coleções encadernadas em couro com letras douradas, P. A. parecia se perguntar: precisamente em quê este mensário se distingue de outros órgãos do gênero? Por que CATOLICISMO goza da fama de ser uma revista original? Por que, de modo tão marcante, atrai o interesse e sobretudo a confiança de seus leitores, a ponto de se tornar pólo de pensamento de uma vasta corrente de opinião espalhada por nosso território continente? P . A. abre o primeiro volume, e pensa no nome da revista: CATOLICISMO. - No século XX, diz de si para consigo, quão raro é encontrar quem assim se ufane da condição de católico. Em seguida seus olhos caem no título que encima o primeiro artigo do n? 1: "A Cruzada do século XX". O interesse de P. A. cresce: então, católico, apostólico, romano, há quem se proclame ainda cruzado, à frente de uma cruzada ... e em nosso século! Plínio Corrêa de Oliveira é o autor, não poderia ser outro, conclui ele, embora a matéria não esteja assinada. P. A. vai folheando a revista. Saúda de passagem alguns títulos extremamente musicais, e que dizem por si sós, com arte e precisão, muito do que seu autor desenvolve no corpo da matéria. "Deixemos de circunlóquios" "Sob o signo da confusão e da esperança" "Ataram-Lhe as mãos porque fazia o bem" "Moderação, moderação, slogan que enche o Ocidente", acompanhado do saboroso subtítulo: "Deve-se ser moderado em tudo, até na própria moderação" E ainda: "Moderação, o grande exagero de nosso século" Que talento para os títulos!, exclama, enquanto logo descobre outros:

T

O Presidente da Lituânia, Sr. Vytautas Landsbergis, agradece ao correspondente de "Catolicismo" em Paris o oferecimento de um exemplar da revista

"Pela libertação da Lituânia", era o brado largamente ouvido nas ruas e praças públicas, ou então argumentavam em conversas pessoais, os sócios, cooperadores e correspondentes das TFPs, em 20 paises. Pediam assinaturas para que a simpaticamente chamada "Terra de Maria" pudesse de vez subtrair-se ao tacão soviético. A adesão do público - excetuados, é claro, os anti-tefepistas radicais que, aliás, nesta campanha se manifestaram muito pouco - foi generalizada, desde os que ficavam perplexos ante a atitude dúbia de Gorbachev, que fala em liberdade mas quer manter sob seu jugo aquela (e outras) nação, até os que já não ti-

nham qualquer ilusão com o líder russo. Ponto alto da campanha foi um monumental desfile que atravessou, com muita animação, o centro de São Paulo, acompanhado de fanfarra, bradando slogans e portando faixas. Tudo isto CATOLICISMO registrou, apoiou, e com detalhes, como quem entra na liça. Entrevistas, notícias, fotos, descrições encheram nossas páginas; só não nos foi dado reproduzir o som dos slogans e da fanfarra, e ainda aí não faltou vontade de fazê-lo ... As assinaturas obtidas passaram de 5 milhões. Êxito total. O maior abaixo-assinado da História!

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., "Razões e contra,.razões em torno de um tema efervescente" "Passado esplêndido, futuro ainda mais belo" '' Arquitetura gótica, escolástica de pedra" "Pensando, criticando, matizando e esperando na borrasca do século XX" (*) Decididamente, P. A. caíra sob o charme da distinta harmonia desses títulos, e deles passara sem esforço à apreciação da nobre carga de cavalaria representada pelos argumentos contidos em tais artigos. Longe de se dar por satisfeito, o exigente pesquisador tem sua curiosidade ainda mais estimulada. Seu olhar penetrante percorre sucessivos números de CATOLICISMO. Vê multiplicarem-se os artigos, comentários, informativos, seções, etc. nos quais refulge sempre um espírito de fé inabalável, um entusiasmado e filial amor à Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.

Ademais, uma certeza inamovível de que Ela voltará a brilhar com todo o esplendor de sua santidade, iluminando as sociedades humanas já então a Ela obedientes - para constituírem uma nova Cristandade, sob a proteção maternal e régia da Virgem Santíssima.

P.A. NA

AHemAncla - Nosso pesquisador se dâ conta, a essa altura, de que há em CATOLI CISMO certas seqüências marcantes: as seções. Diversas delas deixaram de ser publicadas, por diferentes razões: ora tratavam de temas que tiveram sua maior projeção em certo período ("RA-QC em 30 dias" por exemplo), ora devido à sobrecarga de trabalho ou mesmo falecimento de seus autores, ou por razões de oportunidade etc. P. A. considera a secão "Nova et Vetera" (coisas novas e antigas), sustentada por mais de 30 anos, na qual sobressai como principal colaborador o saudoso Dr. José de Azere-

REDAÇAO

do Santos, ardoroso polemista a quem Deus chamou "ad maiora" em 10 de julho de .1973. O progressismo e o esquerdismo "católicos" nascentes, tão terrivelmente danosos à civilização cristã, foram objeto de vigorosas e clarividentes denúncias por parte desse autor, em seus 22 anos de pugna através das páginas de CATOLICISMO. A seguir, sob o sugestivo título "Verba tua manent in aeternum", vê sucederem-se citações pontifícias com que CATOLICISMO faz eco às palavras sagradas provenientes da Cátedra de São Pedro. Deparar-se-á com outra seção, extinta pela morte de seu valoroso colaborador, o Prof. Fernando Furquim de Almeida. Manteve ele uma coluna inicialmente intitulada "Católicos franceses [ingleses ou irlandeses] do século XIX", posteriormente "Calicem Domini biberunt". A obra de heróis católicos contrarevolucionários do último século foi posta a lume por esse insigne colaborador, à maneira de um convite aos verdadeiros católicos, a que cerrem

fileiras a favor da Contra-Revolução em nossos dias. Uma das mais originais seções deste mensário, pensa P. A. , são as "Verdades [ou virtudes] esquecidas". Nela são trazidas à luz do dia verdades e virtudes que a poeira da modernidade procura sepultar, em detrimento da integridade da Fé Católica. P. A. se interessa muito por essa seção e comenta o assunto com um dos redatores, que transitava pela sala. Este lhe informou que as "Verdades Esquecidas" jâ publicadas, reunidas em separata, iriam ser editadas, já se encontrando no prelo. E que a seção, suspensa há alguns anos, iria ser retomada a partir de fevereiro de 1991, ou seja, do primeiro número após a comemoração dos 40 anos da revista. A essa altura da pesquisa, a atenção de P. A. já estava sendo fortemente solicitada por uma seção que, entre todas, se distinguia. Quanto mais se adiantava na pesquisa, tanto mais "Ambientes, Costumes, Civilizações" lhe atraía o interesse. Ao abrir um novo número ia, instintivamente,

à busca dessa seção para lê-la de um

só lance. Depois então se detinha nas outras matérias. Sem o saber, nosso diligente leitor outra coisa não fazia senão repetir a atitude de milhares de leitores, durante todos os anos em que CATOLICISMO estampou essa magnífica coluna de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira.

Pol6mlcu - O que pode haver de um pouco estático nas seções, por serem fixas - pensa P. A. - não demora a ser sacudido por um aspecto notório da revista. É seu caráter polêmico. Polêmica cavalheiresca, respeitosa, cortês, mas enfim, polêmica. Porque - logo percebe o visitante - CATOLICISMO não é desses órgãos relativistas, para os quais todas as idéias se equivalem, e são tão "descartáveis" como um guardanapo de papel ou uma lâmina de barbear. Algumas polêmicas de CATOLICISMO ficaram famosas, como por exemplo o artigo de Cunha Alvarenga intitulado "Rosa dos Ventos - História das variações do Sr. Tristão de Ataíde". Ou "Reforma Agrária Questão de Consciência, livro que o Sr. Corção não leu", do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Até protagonistas conhecidos da Velha e da Nova República tomaram parte em tais polêmicas. É o caso do

P.A. NA

Revista adaptada - Os anos se passaram, as gerações se sucederam e CATOU CISMO, guardando perfeita coerência com seus princípios e finalidades, adaptou-se às necessidades psicológicas das novas gerações. P. A. vê nisso a síntese perfeita entre o perene e imutável de um lado, e o hodierno de outro, com suas características próprias. Tui é o verdadeiro sentido de Tradição. Nosso visitante passa a apreciar as atuais seções de nosso mensário, que são familiares aos leitores e não cabe descrever ~qui.

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lllllllllllllll\llllll\llllllllllll\\llllllllllllllllllll\lllllllllllll]lllllll\llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll40os\jljllllllllllllllllll 40ANOS

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Sr. Antonio Delfi~ Netto, que no n? 162 publicou "Fórmula cabalística a serviço do agro-reformismo". No n? 188 encontra P. A., em muito bela apresentação gráfica, a seguinte peça: "A TFP ao público: Respeitosa defesa em face de um comunicado da Veneranda Comissão Central da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - Filial convite ao diálogo" 1ratava-se da refutação a uma censura da Comissão Central da CNBB à TFP, que então se encontrava em campanha contra o divórcio (1966). A réplica da TFP não teve resposta. A própria censura ficou sem efeito, porque não foi ratificada na Assembléia Geral do órgão episcopal. Os documentos publicados em CATOLICISMO - constata P. A. -possuem um estilo inconfundível, cheio de distinção e de força. E também de eficácia. Talvez a maior polêmica em que esteve empenhada a revista tenha sido a que se travou em torno de duas obras do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, a saber, '' A Liberdade da Igreja no Estado Comunista" e "Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo". A polêmica se estendeu por vários meses, e teve como contendores, de um lado, o autor dessas obras, de outro, intelectuais de além Cortina de Ferro, entre os quais o S~. Z. Czajkowski, membro destacado do movimento ''católico'' -comunista Pax, da Polônia. Thmbém interferiram na mesma polêmica -ai; conhecidas revistas francesas "L'Homme Nouveau" (favorável ao autor) e "Témoignage Chrétien" (contrária). - Plinio Corrêa de Oliveira conclui P. A. - reduziu ao silêncio seus opositores. A admiração do pesquisador aumenta quando lê: 213 padres conciliares pedem ao Concílio a condenação do comunismo: CATOLICISMO tem a honra e a alegria de ser a primeira folha do mundo a publicar a tradução do texto integral dessa petição. Sim senhor! pensa P. A .. Para conseguir tal "furo", no mínimo dos mínimos deve-se pensar que a revista estava muito próxima da fonte da qual a redação de tal documento ema48 - Janeiro 1991

nou. P. A. está certo, realmente.

ao lhes devolver os volumes da cole, ção completa da revista. Ele diz ainPolêmicas - Cai no Chile o go- da algumas amabilidades de estilo soverno Allende. CATOLICISMO envia bre CATOLICISMO, que evidenteàquele país uma equipe de observado- mente não foram tomadas ao pé da res, repórteres e um fotógrafo, resul- letra. tando daí o número especial intitulaP. A. se despede, sai, e seu vulto do "O panorama de injustiça, misé- desaparece ao dobr.a r a esquina do ria e sangue da 'exSantuário do Coraperiência chilena'''. ção de Maria. A partir daí coMas quem seria meçam a aparecer, afinal P. A.? VenConclusões de P.A. cada vez com mais do estas iniciais, talQuem procura uma freqüência, grandes vez alguém possa surevista que lhe dê a conhecer reportagens exclusipor que elas signifia opinião de ''todo mundo'', vas, levantadas em quem "Paciente não deve assinar campo por repórteAplicado", pois a CATOLICISMO! Se deseja res e redatores da massa de documenum periódico que faça eco revista. This reportatos lida por ele é à mídia, salientando o que gens, com cobertumuito considerável. esta põe em realce e ra fotográfica excluOu, quem sabe, ocultando o que e!. não siva, geralmente re"Pensador Apartidáquer que apareça, não leia velam o que certa rio", já que a imparsuas páginas. Se quer ouvir mídia por sistema cialidade é caracteríso que todos dizem, repetir deixa de pôr ao altica de todo analiso que todos afirmam, pensar cance de seu públita objetivo. como todos pensam, ser ... co. Caberia denomium qualquer, desista: não - Uma lição, ná-lo "Plinista Ardoassine CATOLICISMO. em especial, sobresroso"? É uma hipósai dessas reportatese, pois um leitor Quem quer que preze gens. É que a esaberto e sem preconsua personalidade, recuse querda em geral, e ceitos, ao cabo de os "clichês" surrados com em particular a estoda essa labuta, poos quais a imensa maioria deria realmente tor querd~ j~tólic_a, não de nossos contemporâneos POSSUI .-o· apo10 ponar-se entusiasta do intoxica seu pensamento e pular que à primeiinspirador de nossa critérios de julgamento, ra vista parece ter revista. Outros, mais encontrará nesta revista o - conclui com seus discretos, farão de desejado alimento para seu botões o bom P. A. P. A. apenas um espírito. A partir do nú"Pesquisador Atenmero 400, CATOLIto" - o que hoje Os medíocres, os CISMO muda de em dia já é, de si, obstinadamente formato. Começa um muito bom elodespreocupados e pouco depois o desgio. - Mas como desprevenidos em relação a file das capas colose trata de um persotudo, satisfeitos em pensar ridas, algumas das nagem de ficção, e querer como todo mundo, quais P. A. consiabandonamos ao leinão interessam a dera esplêndidas. tor o encargo de imaCATOLICISMO e nem eles, Mas, a respeito deginá-lo de acordo por certo, se interessarão las, prefere seguir com suas preferênpor essa revista. o refrão: "quem cias e inclinações. viu, viu, quem não Interessar-se-ão, pelo ARNÓBIO GLAVAM contrário, aqueles que viu, veja". buscam em profundidade conhecer as causas e P. A. chega ao (") Artigos de J. Azeredo conseqüências do acontecer fim - "O trabalho Santos (o primeiro), não asmoderno. sinado (o terceiro), de Cufoi árduo mas valeu nha Alvarenga (penúltimo), a pena", comenta sendo os demais de Plinio Corrêa de Oliveira. com os redatores,

Denunciando, prognosticando, prevendo · Pelas páginas de "Catolicismo", Plinio Corrêa de Oliveira prognostica e denuncia o que por moleza, comodismo ou até traição, quase ninguém quer ver: o ocaso da Cristandade e a certeza da aurora do Reino de Cristo a mirra austera mas odor(fera do "sim, sim; ndo não". Que Maria Santfssima aceite essa mirra em suas mdos indizivelmente santas e Vô-/a ofereça. Ela terá para Vós então o encanto do ouro e do incenso, com alguma coisa a mais: e isto lhe virá do suor, do sangue de alma, e das lágrimas de um apostolado que tem suas horas muito amargas ... Mas na Cruz está a luz. E neste amargor o melhor da alegria e da beleza de nosso apostolado (CATO-

que é CATOLICISMO? Qual seu lugar na Casa de Deus? Respondendo a esta pergunta, teremos encontrado nosso próprio lugar junto a Jesus, escrevia, comentando a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus, no Natal de 1955, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. E prosseguia: Nossa obra é principalmente de mirra. Jornal feito para católicos militantes e praticantes . . . . queremos que eles sejam um sal muito salgado, uma luz posta no mais alto da montanha, e muito brilhante. Nesse sentido, Senhor, é nossa cooperação. Este o presente de Natal que acumulamos o ano inteiro, para Vos oferecer. Outros Vos darão o incenso de suas inúmeras obras, capazes de um bem inapreciável. Nós nos inserimos nessa grande obra queimando em abundtincia, no solo bem amado do Brasil,

sos - o desprezo, o silêncio, o ódio e mesmo a calúnia. É bem este o caso do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Neste artigo, a título de exemplo, transcrevemos ufanos - com júbilo e gratidão - alguns dos prognósticos, previsões e denúncias por ele efetuados em CATOLICISMO, ao longo destes 40 anos. Cortina de Feno - Há 20 anos previa ele a queda da Cortina de Ferro. Comentando declarações feitas pelo comunista italiano Amêndola, no Comitê Central do PCI, assim se exprimia o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 1971 : Espera, então, Amêndola, que a Europa Ocidental, dirigida pelos governos nascidos dessas eleições (de 1973), possa acelerar muito a formação dos Estados Unidos da Europa e inaugurar um sistema de segurança coletivo, que supere a cortina de ferro. O que implicaria - comento eu - em expulsar do continente os nor-

LICISMO, dezembro de 1955). Denúncia sem comodismo - Ser um varão católico, vigilante e previdente constitui um tipo de apostolado que tem suas horas muito amargas. Sem respeito humano, movido só pelo desejo da glória de Deus, prognostica e denuncia ele o que por moleza, comodismo e, até traição, quase ninguém quer ver. Arrostando muitas vezes - raramente em meio a aplauJaneiro 1991 -

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te-americanos, acabar com /ismo traz consigo . . . . muia cortina de ferro, e fundir tas outras questões, como as forças da Europa Ocidena da permeabilidade das an~~o~~o~n~A~~o tigas colônias à influência tal e Oriental num só todo (CATOLICISMO, nov.-dez. comunista, e a ressurreição de 1971). DENUNCIANDO de um paganismo agressivo Há pouco se celebrou o e exacerbado . .... primeiro aniversário da queSeja dito isto em função da da Cortina de Ferro. Todo problema da emancipados nos lembramos de que ção dos territórios ultramariesse acontecimento foi apresentado nos de Portugal. .... Todavia, a quespela mídia do mundo inteiro como tão (da independência) não pode ser completamente inesperado, uma das tratada como se não existisse o risco grandes surpresas do ano de 89, o grave de que toda a África portugueque mais ressalta o acerto desta previ- sa, entregue a si mesma venha a ser são. objeto da mesma fermentação que Recentes fatos, como as viagens constitui a desgraça do Congo e do de Gorbachev propondo a Casa Co- Camerum (CATOLICISMO, abril mum Européia do Atlântico aos Urais, de 1961). na reunião do Conselho de SeguranCatorze anos depois os mentores ça da Europa realizada em novembro da malfadada "Revolução dos Craúltimo, propondo o fim dos blocos vos" entregavam as colônias portumilitares e o desarmamento das na- guesas a movimentos guerrilheiros coções européias, também não fazem munistas, lançando essas novas nasenão corroborar o acerto do restan- ções - pretensamente libertadas do te da previsão. colonialismo - na miséria e na luta fratricida, estabelecendo nelas regiChina comunista na ONU - A pro- mes marxistas. pósito das declarações de D. Hélder Câmara - o Arcebispo Vermelho "Os dias que correm nas quais pedia que a Chiapresentam na comunista fosse admitisituações totalmente da nas Nações Unidas, alercontraditórias. Ora tava o Prof. Plinio Corrêa abrimos o jornal e de Oliveira: as últimas novidades Isso constituiria uma da crise do Golfo imensa vitória diplomática para o regime de PePérsico, nos fazem quim . .... Tanto mais quanesperar, a qualquer to, em princípio, o ingresmomento, uma ação so da China comunista militar, que pode na ONU importará na eximplicar numa clusão da China Nacionaguerra química, lista, cujo governo, sediaatômica, ora as do em Formosa, se reputa, a justo tftulo, o reprereuniões de cúpula sentante legítimo do povo das grandes chinês naquele organismo potências se internacional (CATOLImultiplicam, e nos CISMO, fevereiro de 1969). lábios otimistas de Em 1971 a China comuBush e enigmáticos nista substitui a China Nade Gorbachev, junto cionalista na Assembléia Geral da ONU e em seu com os sorrisos Conselho de Segurança ... bailam as promessas

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"Há método na loucura" - Os dias que correm apresentam situações totalmente contraditórias. Ora abrimos o jornal e as últimas novidades da crise do Golfo Pérsico, nos fazem esperar, a qualquer momento, uma ação militar, que pode implicar numa guerra química, atômica, ou então generalizar-se e tornar-se um novo conflito mundial; ora as reuniões de cúpula das grandes potências se multiplicam, e nos lábios otimistas de Bush e enigmáticos de Gorbachev, junto com os sorrisos bailam as promessas da paz mundial mais fascinante. Será todo este estado de coisas fruto de mero acaso? Plinio Corrêa de Oliveira o denunciava há 25 anos, quando uma situação parecida com a dos dias que correm seria considerada inverossímil. E mostrava que havia método na loucura: No plano internacional .... quantas vezes pareceu definitivamente assegurado o convívio pacifico entre Ocidente e Oriente! Quantas vezes pareceu irremediavelmente comprometi-

da a paz mundial! Do extremo otimismo para o extremo pessimismo, a marcha da diplomacia se fez sempre num zig-zag irregular, caprichoso, que ora dilatava de esperança, ora contraía de angústia, sempre inesperadamente, este grande coração que é sob certos aspectos a opinião mundial .... Assim visto o curso caprichoso dos acontecimentos, pergunta-se: para onde caminhará ele? Quem o pode dizer! Este zig-zag satânico, imprevisível em todos os seus movimentos, só tem um efeito certo e indiscutível. É o completo embrutecimento da opinião ocidental. . ... Ninguém contesta que uma nova guerra seria não só a subversão de toda a vida pública, mas de todas as existências particulares. Esta hipótese que influi em tudo, condiciona tudo, mantém tudo mais ou menos em suspense, ora vai, ora vem, ora se distancia, ora se aproxima, e ninguém sabe ao certo se daqui a um ano, daqui a alguns meses quiçá estará distendendo os nervos na delectação de uma larga normali-

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111111111111111111-ÂÍOUCISMOIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII IIIIIII IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII IIIIIIIIIIII I I IIIII IIIIIIIIIIIIIII I III IIIIIIIIIIII dade incondicional por fim alcançada, ou estará envolto com seus negócios, seus bens, sua família, no torvelinho apocalíptico da gue"a atômica. Se cada pessoa quisesse colocar-se bem nitidamente diante deste quadro de uma insofismável realidade .. . . evidentemente, embotar-se-iam nele o medo, a esperança, e o próprio instinto de conservação. Tal estado de alma tornaria toda a sua sensibilidade incapaz de vibrar retamente. Num primeiro período, tudo o excitaria exageradamente. Viria depois uma atonia profunda, que passaria dos nervos à própria inteligência. Vida ou morte, verdade ou erro, bem ou mal, beleza oufeiura... que importa? O essencial é vegetar sossegadamente, gozando o modesto prazer de respirar no minuto presente, 'Sentir a normalidade da circulação e da digestão, e deixar aparvalhadamente que o mais siga seu rumo

contanto que não se perturA continuação deste panbe a quietude estritamente demônio por mais alguns vegetativa do instante que anos não poderá deixar de ~~o~~o~n~~~~o levar a um grau imprevisípassa..... Ora, decair da vida humavel o embrutecimento geral, na para a vida vegetativa o DENUNCIANDO a decadência do padrão huque é, senão passar de ser mano, e declínio da capacihumano, para ente bruto? .... dade de resistir, de lutar, O Dâmocles clássico estade vencer, de todo o Ocidenva sentado em um trono, te, quer no plano ideológigozando das honras e delícias do po- co, quer no plano militar. Como sob der. O homem moderno é um Dâmo- um vento pestífero, vão minguando cles prosaico, sentado sobre uma ca- todas. as nossas energias vitais. Dendeira de três pés, comido pelos inse- tro de mais alguns anos, estaremos tos das mais enervantes pequenas pre- talvez maduros para aceitar sem resisocupações pessoais, e que tem por tência alguma imensa surpresa, alguúnico lenitivo humano esperar que ma defecção vergonhosa, súbita, comlhe caia sobre a cabeça o buquê de pleta. rosas em lugar da bomba de hidrogêOra, .... parece bem claro que 'há nio. Em matéria de técnica de embo- método na loucura' da nossa situação tamento, de embrutecimento, de avil- política (CATOLICISMO, janeiro tamento a fogo lento, não se poderia de 1955). excogitar meio melhor. . ... Reino de Cristo - Os prognósticos, denúncias e previsões aqui citados apontam como constante um avanço da Revolução rumo à total destruição do que ainda resta da Cristandade. Será o aniquilamento irremediável e total da Cristandade o fim último de nossa era? A tal pergunta respondem as próprias palavras de Plinio ''Como não Corrêa de Oliveira no primeiro númequeremos nós ro de CATOLICISMO, em artigo intifilhos da Igreja tulado "Cruzada do século XX": É esta nossa finalidade, nosso grancomo os cruzados de ideal. Caminhamos para a civiliza- lutar e morrer ção católica que poderá nascer dos para restaurar algo escombros do mundo de hoje, como dos escombros do mundo romano que vale nasceu a civilização medieval. Camiinfinitamente mais nhamos para a conquista deste ideal, com a coragem, a perseverança, a redo que o solução de enfrentar e vencer todos os obstáculos, com que os Cruzados preciosíssimo marcharam sobre Jerusalém. Porque sepulcro do se nossos maiores souberam morrer Salvador, isto é, seu para reconquistar o Sepulcro de Cristo, como não queremos nós - filhos reinado sobre as da Igreja como eles - lutar e morrer almas e a para restaurar algo que vale infinitamente mais do que o preciosíssimo sociedade?" sepulcro do Salvador, isto é, Seu reinado sobre a~ almas e a sociedade, que Ele criou e salvou para O amarem eternamente? (CATOLICISMO, janeiro de 1951).

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FUTURO

Perspectivas para o terceiro milênio As crises do mundo moderno fundem-se numa só: a crise do homem; a desagregação é tão pronunciada que se pode supor não estar longe o momento da Providência

ara onde vai o Ocidente, e com ele o Brasil? CATOLICISMO tem tratado largamente em suas páginas deste magno problema, durante estes 40 anos. Damos a seguir, resumidamente, quase diríamos esquematicamente, o que o leitor poderá encontrar por extenso se se der ao trabalho de percorrer nossa coleção.

e os complexos industriais, com seus males e também com o que ainda representam de ordem e de civili-

Em face da Revolução - Do ponto de vista político-social-econômico, doutrinas e leis . cada vez mais igualitárias vão produzindo o desmoronamento das instituições b'ásicas da civilização ocidental (hoje, infelizmente, ex-cristã), como a família e a propriedade; a ·caminho de um mundo anárquico (no sentido etimológico, an-arquico, sem governo), sem Estado, em que incontáveis pequenos aglomerados autogestionários, à maneira de tribos, se dispersassem pela face da Terra, co- zação. mo outrora os povos construtores Do ponto de vista cultural, múda Torre de Babel. Desapareceriam sicas e danças como o rock-andnesse sorvedouro igualitário, rumo roll, com ' seu caráter frenético, e à neobarbárie ecológica, as cidades mesmo satânico; a derrocada das 54 - Janeiro 1991

I tradições

indumentárias rumo ao nudismo total, passando pelas mini-saias, bermudas, top-less e ou-

"tio" etc.; a mania ecológica que vê no campo, e quiçá na selva, um paraíso; tudo isso caminha célere para um estado de coisas que algum tempo atrás se costumava chamar de "contra-cultura", ou seja, a destruição de qualquer hábito ou modo de ser que lembrem sequer um ambiente culturalizado. Do ponto de vista moral, a completa libertinagem de costumes, nas ruas, nas praças, nas casas, tão facilitada e impulsionada pela mídia, pelos modernos métodos anticoncepcionais, pela disseminação do aborto e da eutanásia, pela "naturalidade'' com que a homossexualidade vai se expandindo, prenuncia um mundo totalmente permissivo, depravado e sem leis. Do ponto de vista religioso, a autodemolição da Igreja e um ecumenismo sem fronteiras vão deglu-

pentecostalismo. Fato que propicia o aparecimento de "gurus" ou "pajés", "investidos" de "carismas" ou "poderes" que fariam de cada comunidade religiosa uma "igreja" autogestionária, animada por um "inspirado" ou um "sensitivo". Seria o equivalente religioso da tribo.

•••

Para viver nesse mundo novo, um tipo humano também novo está em gestação, desde a beat-generation, passando pelos hippies e pelos punks. Um neobárbaro capaz dos maiores crimes como das maiores ingenuidades, sempre com o mesmo estado de espírito amorfo e indiferente, dir-se-ia abobalhado. Nesse novo homem a razão não tem mais papel, entregue que está ele a seus instintos mais primários e presa fácil de impulsos coletivos vindos da tribo ou comunidade, com

ao inferno - pois, o que tal situação é, senão a de um mundo sem defesa contra as incursões do poder das trevas? - a que estágio dessa caminhada Nossa Senhora deterá o processo, por meio do espetacular triunfo de seu Imaculado Coração, previsto em Fátima? Não o sabemos, mas a julgar pelo estado adiantado de decomposição geral, não deve demorar.

Tal vitória marial é a grande, a magnífica perspectiva que se abre diante de nós. Peçamos a Nossa Senhora que apresse a chegada desse dia bendito, cheio de glória para Deus, de confusão para seus inimigos e de perdão e alegria para os que, apesar de suas faltas, não tiverem dobrado o joelho diante do Baal revolucionário. Ainda que para isso tenhamos de passar pelos castigos regeneradores por Ela também anunciados, caso a Humanidade não se covertesse. Se, de um lado, CATOLICISMO não tem cessado de precaver seus leitores contra tão espantosa Revolução em curso, de outro, nosso periódico se tem feito arauto de Fátima e de sua celestial Mensagem. Certo de que a confiança na intervenção da Santíssima Virgem é o que pode nos dar ânimo para a luta presente, e fazer-nos participantes de sua vitória num futuro que, esperamos, não esteja longe de nós. Tais são as perspectivas para o terceiro milênio. GREGÓRIO V. LOPES

tras vestimentas sumárias do gênero; a decadência das fórmulas de cortesia no trato, substituídas muitas vezes por sons inexpressivos e quase guturais como "oi", "bicho",

tindo a Religião católica e com ela as assim chamadas igrejas ou denominações religiosas, em favor de um vago espiritualismo, com certas notas comunitárias e de marcado

a qual se identificaria psicológica e até psiquicamente. Em face do Reino de M111rl1 - A que estágio dessa caminhada rumo Janeiro 1991 -

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IN MEMORIAM

"Marcados com .sinal da Fé" Ao comemorar seus 40 anos de existência, "Catolicismo" não poderia deixar de homenagear a memória de alguns de seus colaboradores que mais se destacaram ao longo desse trajeto, e que "nos precederam com o sinal da fé e dormem o sono da paz"

m primeiríssimo lugar, destacamos a figura de José Carlos Castilho de Andrade, que diversos de nossos leitores tanto conheceram. CATOLICISMO encontrou nele o apoio necessário para dar seus primeiros passos e uma orientação jornalística segura, cheia de zelo meticuloso, acurado e despretensioso. Foi seu diretor competente e admiravelmente abnegado durante anos a fio. · Desde a juventude militou no movimento católico e na atividade jornalística. Ingressou na Juventude Estudantil Católica (JEC), quando aluno do Colégio São Bento, tomando desde logo liderança entre seus companheiros. Ainda estudante universitário,

dirigiu a secretaria da Junta Arquidiocesana da Ação Católica, da qual era presidente o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Convidado a trabalhar no semanário "Legionário", então órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo, exerceu por vários anos o cargo de secretário da redação do jornal. 56 -

Janeiro 1991

Em 1951, com a fundação de CATOLICISMO, o Dr. Castilho exerceu o cargo de diretor de fato de nossa publicação, embora seu nome tenha figurado no expediente do mensário, nessa qualidade, somente nos anos de 1974 e 1975. Em 1976, tendo assumido importante encargo na estrutura administrativa da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, deixou a direção de nosso mensário, interrompendo assim sua atividade jornalística, exercida com brilho durante bem mais de um quarto de século no "Legionário" e em CATOLICISMO. Graças à sua dedicação constante e desinteressada - não sem grandes sacrifícios de sua parte, devido à sobrecarga ocasionada por suas ocupações profissionais como advogado exímio - sempre encontrou tempo para dedicar atenção e estudos com vistas ao aprimoramento desta revista , então jornal, sacrificando habitualmente horas de descanso e lazer. A preocupação de Dr . Castilho à frente de CATOLICISMO foi sempre a de que a publicação tivesse muita substância, não só do ponto de vista doutrinário, como também da observação diligente e acurada da realidade; ao lado de um requinte de ornato literário e jornalístico. Dr. José Carlos Castilho de Andrade deixou o legado de uma verdadeira escola de jornalismo; seguindo-a, pudemos manter o tônus de distinção e nobreza que ele soube imprimir a esta folha. Seu falecimento ocorreu no dia 24 de junho de 1988. No dia 25 de julho de 1981, CATOLICISMO perdia um dos colaboradores que mais contribuíram para en-

MO combater os erros que circulam nos meios católicos de nossa época, inteiramente conforme à mais genuína tradição da Igreja. Seus estudos trouxeram à luz do dia a verdadeira imagem do fiel e dos santos, sem as deformações infelizmente correntes de uma hagiografia mal orientada.

Responsável habitual pela seção "Nova et vetera", escreveu também artigos memoráveis sob os pseudônimos de Cunha Alvarenga e C. A. de Araújo Viana. , . CATOLICISMO recorda com afeto e saudade esse valoroso companheiro de luta.

Jornalista profundo e brilhante, José de Azeredo Santos foi, na força do termo, um ·polemista. Enérgico, corajoso, lúcido e perspicaz em

No dia 28 de dezembro de 1971, outro colaborador insigne de CATOLI CISMO foi chamado, ainda jovem, por Deus: Fábio Vidigal Xavier da Silveira. Desde moço, militou nas fileiras das Congregações Marianas, quando aluno do Colégio São Luís dos RR. PP. jesuítas de São Paulo. Nos bancos acadêmicos da histórica Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, destacou-se como militante católico. · Mesmo antes de ser colaborador desta folha, ainda jovem advogado, já era nosso propagandista entusiasta. Tornou-se célebre por sua obra

riquecer suas páginas: Prof. Fernando Furquim de Almeida . Iniciou este, ainda muito jovem, suas atividades no movimento católico. Destacou-se nas Congregações Marianas, que entravam então na sua fase de maior brilho e expansão. Colaborou, também ele, no hebdomadário "Legionário", dirigido pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

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Foi catedrático de Matemática na Universidade de São Paulo, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e na Faculdade de Engenharia Industrial (FEi) de São Bernardo do Campo. Apesar de sua atividade profissional estar voltada às ciências exatas, era exímio conhecedor de História. A esse título, foi o Prof. Fernando Furquim de Almeida colaborador de CATOLICISMO desde sua fundação. Tirando da História da Igreja na qual se especializara - os exemplos de santos e pessoas virtuosas, ilustrou suas duas colunas nesta revista: "Católicos franceses, irlandeses, ingleses no século XIX" e "Calicem Domini biberunt". Confirmava assim - relatando as vidas daqueles varões de fé - o modo de CATOLICIS-

descobrir o inimigo e denunciar o erro, soube manter o nível elevado de suas polêmicas, que conduzia de modo verdadeiramente cavalheiresco. E como tal fica seu nome inscrito em nossos anais, com letras de ouro. Publicando sobre o "maritainismo", isto é, a corrente de católicos que perfilhava as idéias do escritor francês Jacques Maritain, falecido anos atrás, as quais se afastavam da ortodoxia, especialmente nos planos teológico, filosófico e político-social; a "política da mão estendida", manobra inicie.da na década de 30 pela esquerda francesa para enganar os católicos; a arte moderna, a gnose, o esquerdismo católico, artigos substanciosos e chispantes de verve; defendeu a ortodoxia católica e manteve o inimigo da boa doutrina emudecido, o qual jamais teve a audácia de responder-lhe abertamente. Colaborador desta folha desde seu primeiro número, tornou-se logo um dos seus esteios até o dia 10 de julho de 1973, quando Nossa Senhora o chamou para receber o prêmio pelo bom combate que travou durante toda a sua vida de católico e pai de familia exemplar.

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"Frei, o Kerensky chileno", publicada em primeira mão em nosso n ~ 198/199. Leitor apaixonado do teatro clássico francês, tinha na alma alguns reflexos cornelianos . Inteligente, culto, sagaz, sabia transmitir nos escritos sua vivacidade extraordinária, sua verve originalíssima e suas lúcidas observações.

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J a neiro 1991 -

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ESTA OTONÃOÉMONTAGEM - O que querem, camaradas? - Nós não somos camaradas! Nós somos senhores. - Então, o que querem os senhores?... Esse diálogo deu-se no Kremlin, ::t::~~~ entre alto funcionário do governo soviético e membros da comitiva das TFPs, no ato de entrega de um dossiê especial. Este continha mensagem dirigida.a Gorbachev mostrando a amplitude e os Hns da campanha empreendida pelas TFPs, nos cinco Continentes, em favor da independência da Lituânia. A comitiva chegara de Vilnius, capital da Lituânia, onde entregara ao Presidente Vytautas Landsbergis os microfilmes das 5.218.520 assinaturas do monumental abaixo-assinado. ' f ) ~..

QUE DOR DE CABEÇA PARA GORBACHEV! Já pensou a dor de cabeça para Gorbachev, o prestidigitador político ambíguo e viperino? A comitiva da TFP, num lance surpreendente, transpôs as históricas e sombrias muralhas do Kremlin para fazer saber ao ídolo da mídia mundial que 1 dentre cada 1.000 habitantes da Terra exige dele autenticidade em sua política aparentemente pacífista: ou seja, que dê

LIBERDADE PARA A LITUÂNIA CRISTÃ! Conheça, em todos seus pormenores este audacioso lance das TFPs: um dos maiores abaixo-assinados da Historia! A~.ar~~ essa candente matéria nas páginas de CATOLICISMO.



A Comissâo de cruzados-TFPs entrega ao Presidente Lituano Vytautas Landsbergis microfilmes das 5.212.580 assinaturas - manifestativas da solidariedade do Mundo Livre com a causa lituana acompanhados de mensagem escrita em artístico pergaminho


Número 482 A

· LITUANIA- TERRA DE MARIA Festas nacionais: 8 de setembro, dia do Reino da Lituânia. 16 de feverei ro, dia da 1ª Restauração da Independência. Cronologia:

Dados principais Superfície: 65.200 Km-2 Limites: Rússia a leste, Mar Báltico a oeste, Letônia ao norte, Polônia ao sul. População: 3.215 .000 em 1939, 3.234.000 em 1973. Religião: 80% da população é católica. Capital: Vílnius, com 510.000 habitantes. Bandeira nacional: Listas horizontais amarela, verde e vermelha. Emblema do Estado: O "Vytis" cavaleiro e cavalo galopando, brancos sobre fundo vermelho. Dístico do emblema: Terra Mariae.

1251.- Fundação do Reino da Lituânia. - O rei Mindaugas abraça a Fé católica e recebe a coroa real do Papa Inocêncio IV. 1387.- Conversão definitiva do Reino lituano. O 600° aniversário de sua cristianização foi celebrado em 1987 a despeito dos obstáculos colocados pelo governo soviético de Mikhail Gorbachev. 1484.- Em 4 de março, morre o príncipe São Casimiro, hoje Padroeiro da nação lituana. A devoção a este santo tem sido fator ponderável de preservação da Fé católica no país. 1518.- São Casimiro aparece milagrosamente a cavalo sobre o exército lituano, em situação de grande apuro, e o guia à vitória contra os cismáticos moscovitas.

1569-1795.- Estabelecimento da Comunidade lituano-polonesa. 1795-1915.- A Lituânia é submetida ao domínio russo até a Guerra Mundial. 1918.- E m 17 de fevereiro, restauração da independência li tuana. 1939.- O infame pacto nazi-soviético (Ribbentrop-Molotov) cede à URSS os três países bálticos. 1940.- 15 de junho: Soviéticos in vadem a Lituânia. Em julho , os primeiros 35.000 lituanos sã d eportados para a Sibéria. m a sto, anexação forçad a d pai s à URSS. 1941.- Ocupação alemã. 1944.- Nova ocupação s vi I i ·a. 1nicia-se a guerra de guerrilh us ·0111 ra os comunistas; deportaç. ' 111 111 assa de lituanos efetuada 1 ' los sovi ticos. Mais do 20% da pop11ln ç o do país - 600 .000 homens, mulh •r •s e crianças - são desl rrados pnrn a Sibéria. 1990.- Em 11 de março, a 1, 111 nia recupera sua ind pcnd ·n ·i11 .

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Fevereiro de 1991

Assestando o foco nos

- ~ pontos nevrálgicos

OB INTENSA pressão econômico-política do Kremlin, a Lituânia aceitara, em junho passado, "congelar" temporariamente sua independência (cfr. ''Catolicismo", nº 476, agosto 1990). Seguiram-se tensas negociações com os soviéticos. No final do ano, estas se encontravam num virtual impasse: enquanto Moscou exigia que a separação da Lituânia em relação à URSS fosse apenas parcial, e pautada por um emaranhado e lento processo previsto na Constituição soviética, o povo lituano reclamava a independência total e imediata. As posições de ambas as partes eram, pois, basicamente inconciliáveis. Gorbachev começou então a dar sinais de irritação atrás de sua máscara perestroikana. Mas nem por isso os movimentos favoráveis à independência dentro da URSS, sobretudo no Báltico, se retraíram. A grande maioria dos jovens dos três países bálticos, em idade militar, que deveriam no início do ano incorporar-se ao Exército Vermelho, recusou-se a fazê-lo. Gorbachev anunciou então o envio de tropas suplementares a essas três nações, com a missão de recrutar - "caçar" seria o termo mais próprio - os jovens à força. Milhares de paraquedistas e tropas de elite foram destacados para a Letônia, a Estônia e a Lituânia. As populações os receberam com aberta hostilidade. Estava já redigida a matéria desta edição, quando, em 12 de janeiro, tropas soviéticas cercaram o prédio da televisão de Vilnius, a capital lituana. Uma multidão desarmada acorreu para defendê-lo, formando uma barreira humana. Na madrugada do dia 13, os tanques russos atacaram: 14 civis foram mortos (dois deles esmaga-

dos pelas lagartas dos tanques) e 240 feridos. Pouco depois a Letônia sofria tratamento semelhante. Caía a máscara da perestroika. Stalin revivia na pessoa de Mikhail Gorbachev, cuja face cínica se patenteou ao mundo. A TFP norteamericana recebeu, no mesmo dia, uma mensagem do Governo lituano, relatando a agressão e suplicando: "A Lituânia se encontra em perigo, a aju-

da do mundo é necessária. Transmitam isso a todas as organizações TFP e Bureaux". A mensagem era acompanhada de uma carta do Presidente Landsbergis, que assinalava: "A responsabilidade por cada vítima cairá

sobre Mikhail Gorbachev". No mesmo dia 13 de janeiro, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira dirigiu, através do Escritório da TFP norteamericana em Washington, uma resposta ao presidente lituano solidarizando-se em nome das 20 TFPs e Bureaux-TFP com "a nobre resistência que seu governo e todo o povo lituano estão opondo à ofensiva com carac-

terísticas nitidamente stalinistas que Mikhail Gorbachev e seus agentes vão desenvolvendo de um modo implacável contra a independência da Lituânia". Depois de comunicar as medidas que as TFPs tomariam para denunciar ao mundo essa agressão soviética (ver matéria na contracapa) - inclusive na imprensa e no Congresso norte-americanos - a mensagem do Prof. Corrêa de Oliveira concluía:

'"Amicus certus in hora incerta cernitur'. Nesta hora incerta, o Sr. e a Lituânia podem contar com a amizade certa e a fidelidade intransigente das vinte TFPs e Bureaux TFP".

Há 25 anos ... "CATOLICISMO" é uma publicação mensal da Empresa Padre Belchior de Pontes Ltda .

SUMÁRIO Em 1965, num discurso pronunciado durante o III Congresso Lituano Interamericano, que se realizou em São Paulo, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira propôs a realização de um abaixo-assinado de âmbito internacional a ser dirigido ao Presidente norte-americano Lyndon Johnson. O orador sugeriu que nessa mensagem, fosse solicitado ao Chefe do Executivo norte-americano que ele colocasse como condição para continuar o diálogo com a Rússia soviética a restituição de independência dos países bálticos por parte do Kremlin. Pondo em curso, no ano passado, sua monumental e histórica campanha de abaixo-assinado em prol

Interpretando uma proeza publicitária lFPs analisada em função de suas metas

• TFPs empreendem vitoriosa cruzada mundiais

da libertaçã da Lilu. 11i11 , n TFI', l'I •I 11 ·ss · id ·ui, e ncretizou d e ·ri 111 otlo u propostu qu · seu p re identc havia en unciado na 111 ·n ·lo nudu · 11 ferência, há 25 anos. Na f to, os or a11izadores do referido Congresso extcrn·,m B I ror. Plini orrêa de Oliveria seu agradecim nt , na sede cio Conselho Nacional da entidade, cm I aulo. Mons. Pio Ragasinkas oferece ao Pr sid ·nt e do .N. da TFP um álbum comemorativo claque! evento.

• •

A campanha das 4

Um aviso para os poderes 7

O balanço de uma campanha histórica campanha, pais por pais

A narração da

As TFPs no epicentro do mundo comunista império gorbacheviano

9 Dez dias no 16

Nossa capa: No quadro, Comissáo Inter-TFPs com o Presidente da Lituânia. Foto do fundo: cena da campanha da abaixo-assinado em prol da libertação da Lituânia, no centro de São Paulo.

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob o nº 13478 Redação: Rua Martim Francisco, ·665 - 01226 - São Paulo, SP. Gerência: Rua Martim Francisco, 665 - 01226 - São Paulo, SP - Tel: (011) 825 .7707. Fotocomposição: (direta, a partir de arquivos fornecidos por "Catolicismo") Bandeirante S/ A Gráfica e Editora - Rua Mairinque, 96 - São Paulo, SP. Fotolitos: D' Artagnan Estúdio Gráfico SIC Ltda. Rua Suzana, 786/794 - São Paulo, SP. Impressão: Artpress - Indústria Gráfica e "Editora Ltda. -Rua Javaés, 681/689- 011 30-São Paulo, SP. Para mudança de endereço é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa a assinatura e venda avulsa pode ser enviada à Gerência: Rua Martim Francisco, 665 - 01226 - São Paulo, SP. ISSN - lnternational Standard Serial Number 0102-8502 (Ésla edição foi impressa cm março de 1991)


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INTERPRETANDO UMA PROEZA PUBLICITÁRIA O duplo objetivo de um abaixo-assinado monumental: Solidariedade na Fé e na resistência anticomunista, teste de autenticidade da Perestroika MAGINE-SE um homem gigantesco a espancar cruelmente outro, franzino, por motivo claramente injusto. Quem fosse testemunha dessa cena, evidentemente só poderia agir bem se interviesse a favor do fraco. O mesmo princípio vale quando se trata da agressão injusta de um país pequeno praticada por outro muito maior. Tal foi o caso da invasão do Kuwait pelo Iraque, merecidamente repudiada pelo mundo inteiro. E, se o motivo da agressão é o fato de o país menor ter defendido seu direito à independência, que até pela propria ordem natural das coisas lhe

I

Mediante o Pacto Ribbentrop-Molotov (na foto, o primeiro junto a Stalin}, ficou aberto o caminho para o ditador soviético anexar os palses bálticos.

4 - CATOLICISMO -

cabe, então todo homem de honra está engajado na obrigação de fazer o que puder em favor do fraco contra o forte. Tal é a situação em que se encontra a Lituânia em face da URSS. Vlolêncla e chantagem, a resposta de Gorbachev - Depois que o pre-

sidente soviético, Mikhail Gorbachev, viu-se obrigado por múltiplas circunstâncias a iniciar no império comunista uma política de relativa liberalização, conhecida como perestroika, as nações bálticas -Lituânia, Letônia e Estônia - começaram um movimento tendente à separação do conjunto soviético. Em 11 de março do ano passado, a Lituânia foi a primeira dessas três nações a se declarar oficialmente independente da ·chamada União Soviética. A medida, aprovada por aclamação no Parlamento, visava pôr fim à injusta anexação do país pelos russos. Anexação consumada pela força pouco depois de o comunista Stalin e o nazista Hitler - duas caras da mesma moeda- se acumpliciarem em 1939, mediante o Pacto Ribbentrop-Molotov, para conquistar e dividir entre si os territórios situados entre a Rússia e a Alemanha: isto é, a Polônia e os países bálticos . · Evidentemente a ousada declaração de independência lituana não podia agradar ao Kremlin. Gorbachev, que até há pouco ainda era apresentado como um arauto desanuviado, gentil e atraente da democracia e da paz mundiais (miragem na qual muitos líderes do Ocidente burguês pareciam acreditar sem reservas), abandonou de repente seu habitual sorriso publi-

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citário, e tentou impor aos lituanos uma volta atrás. Após várias tentativas de pressão política, reforçadas por ameaças de retaliação - todas mal sucedidas- o presidente soviéti-. co finalmente aplicou, em junho último, um bloqueio econômico contra o pequeno e sofrido pais: interditou seus portos e acessos terrestres e cortou-lhe os suprimentos de petróleo e de gás. Isto feito, exigiu, como condição para levantar o bloqueio, que o Parlamento lituano "congelas e" a declaração de independência por dois anos. Tratava-se, pois, de chantagem, no mais puro estilo comunista: o estrangulador apresenta, à sua vllima algemada e semi-asfixiada, as concliçoes para afrouxar a corda cm t rno de seu pescoço ... "Congelamento" ou lmobllldade cadavérica - Seguiram-se tensas ne-

gociações, até que em julho o Parlamento lituano foi obrigado a aceitar o "congelamento" da indcpcncltncia do país por 100 dias. Prazo este para que uma comissão bipartite russolituana começasse a discutir os termos e condições da eventual independência definitiva. Mas, já de antemão, Moscou "sugeria" que a Lituânia permanecesse federada dentro da URSS. Ou seja, o "congelamento" da independência lituana imposto por Gorbachev significava prolongar, por tempo indefinido, a vigência do infame pacto Ribbentrop-Molotov, isto é, a incorporação do país pela força ao império soviético.

O próprio termo "congelamento" utilizado pelo chefe comunista, já não deixava dúvidas a respeito. Qualquer um sabe o que é uma mercadoria congelada, por exemplo carne. O "congelamento" da independência de um país significa comunicar a este uma rigidez, semelhante à imobilidade cadavérica. No caso da Lituânia, "congelar" sua independência equivalia a confiscá-la por 100 dias, de maneira que as negociações se desenrolassem só depois que as forças soviéticas tivessem montado de novo sobre esse desditoso país, imobilizado como um cadáver. Ora, que "negociações" soviético-lituanas podiam ser essas, com um parceiro montado sobre o outro previamente reduzido à imobilidade cadavérica? Pode-se falar em verdadeiras negociações, ou antes em um diktat a que a Lituânia era forçada a se submeter?

da mais era do que um passo necessário do regime soviético rumo à autogestão, isto é, a uma forma de comunismo ainda mais radical. Um comunismo que, aparentando diluir-se, na verdade se requinta: o Estado soviético é desmantelado, e seus poderes são transferidos a uma rede de núcleos menores, os sovietes autogestionários, nos quais tudo é comum e partilhado por igual; e aos quais o próprio Gorbachev qualifica de "se-

conduzir passivamente nessa direção, a liberdade continuará; se tentam safar-se dessa bitola revolucionária, a liberdade cessará. Por isso, em fevereiro do ano passado, no auge da " lua de mel" entre o Ocidente e Gorbachev -da qual as entrevistas deste com João Paulo II e com o presidente Bush foram pontos culminantes- o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira advertia que os massacres promovidos pelos comunistas chineses em Pequim Gunho de 1989) e pelos soviéticos no Azerbaijão Ganeiro de 1990) poderiam "reeditar-se ainda várias vezes em outros /ocos de Descontentamento" surgidos no império comunista. Os recentes acontecimentos na Lituânia vieram a confirmar tragicamente aquela hipótese . Teste de autenticidade da perestroika - Assim, o caso

lituano transformara-se num verdadeiro teste de autenticidade da perestroika, um teste de alcance universal. Se os reiNessas circunstâncias, a camterados protestos democrátipanha de assinaturas lançada cos e anti-stalinistas de Gorbapelas TFPs a partir de 31 de chev eram sinceros, cabia-lhe maio, festa da Realeza de Nosprová-lo restituindo à Lituâsa Senhora, passava a simbolinia a independência que Stazar o protesto dos infelizes e lin lhe arrebatara. Se eram invalorosos lituanos que não posinceros, o chefe soviético não diam protestar, o gemido dapermitiria -foi o que agora queles a quem nem sequer se acabou acontecendo- que a reconhecia o direito de gemer. ''Terra de Maria'' saísse de Nos 26 países abrangidos peseu atual cativeiro. Mas, nesla campanha, os mais de cinta hipótese; o Ocidente inteico milhões de assinantes das ro ficaria sabendo que a pereslistas das TFPs viam nesta iniciativa a vazão do gemido dos O massacre que os soviéticos promoveram no Azerbaijão, troika é uma imensa fraude . em janeiro de 1990 (foto}, iria repetir-se um ano E revelada a fraude, os dias lituanos esmagados . Eles quidepois nos países bálticos. dela estariam contados. seram afirmar com sua adesão Nessas circunstâncias, a que ainda há no mundo quem campanh,a lançada pelas possui senso de justiça e sabe TFPs no Ocidente punha protestar . nhores plenipotenciários", isto é, em realce a posição sibilina de Gorunidades soberanas. bachev, caso este não provasse a sin*** Tudo parec~ indicar que a tênue ceridade de seus alegados propósiliberdade conferida aos cidadãos sovi- tos democratizantes. E, sobretudo, A perestroika, liberdade com mão éticos sob a perestroika é uma liberda- servia de encorajamento -tanto única - Ademais, os elementos pa- de condicional, subordinada a esse mais valioso, por proceder de irra considerar a perestroika como sen- objetivo estratégico: passar do Esta- mãos na Fé católica- aos lituanos do uma fraude eram ponderáveis . do comunista para o comunismo sem para que não cedessem em sua indoPois o próprio Gorbachev afirmara Estado, um comunismo ultra-radical. mável resistência contra a ditadura reiteradamente que a perestroika na- Se os súditos do Kremlin se deixam do ateísmo.

Campanha das TFPs: a voz dos lituanos silenciados -

CATOLICISMO -

Fevereiro 1991 -

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Em prol da Lituânia livre

llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll lll lllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll llllllllllllllllllllllllllll l Essa dupla finalidade foi p~rfeitamente captada pelo público ocidental, que a ela quis associar-se maciçamente, como o testemunham os mais de cinco milhões de adesões colhidas

em 100 dias de campanha. Daí o fato de um dos maiores abaixo-assina dos da História ter sido também o maior gesto de solidariedade coletiva da História com uma nação oprimi

da pelo comunismo. E as TFPs não podem senão agradecer a Nossa Senhora a honra de terem sido o veículo dessa ardorosa solidariedade. A.E .N.

TFPs empreendem vitoriosa cruzada Plinio Corrêa de Oliveira

semelhantes aos protestantes, e não são mais aqueles que lutaram contra Hitler .. .. É um sintoma de bancarrota espiritual", disse o sacerdote lituano, Cônego Al-

tP ARA LEMBRAR: * Há um ano, previsto esmagamento

dos anti-comunistas na URSS "A vitória desse gigantesco Descontentamento [contra o regime comunista no mundo soviético] ainda não é indiscutível. Pois ninguém pode garantir que o esmagamento da rebelião, realizado com tanto êxito na Praça da Paz Celestial (!) em Pequim, e repetido nestes últimos dias com êxito ao menos aparente, na cidade de Baku, capital do Azerbaidjão, não possa reeditarse ainda várias vezes em outros focos de Descontentamento" (Plínio Corrêa de Oliveira, em manifesto Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio, "Folha de S. Paulo", 14/2/1990). * Justa censura à indiferença do Ocidente.

fonsos Svarinskas, em entrevista á revista alemã "Der Fels" (julho-agosto 1989). O Con. Svarinskas foi condenado em 1983 a 10 anos de prisão e internado num campo de concentração na Sibéria. Libertado em 1988, esteve com a delegação das TFPs, em dezembro último, na Catedral de Kaunas.

* Cegueira -

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"O nosso lema deve ser: acreditemos na palavra de Gorbachev" - Hans Dietrich Genscher, Ministro das Relações Exteriores da Alemanha Ocidental, discurso em Da vos, Suíça, 1-2-1987.

* Cegueira -

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"No momento reconhecemos apenas a URSS " "Nós achamos que a 'abertura' momentânea e de curta duração ... Debalde o Ocidente procura, por motivos egoístas, prolongar a nossa escravidão. Por que não quer o Ocidente livre nos reconhecer esse direito à liberdade? .... Os católicos no Ocidente se tornaram

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Jacques Delors, Ministro das Relações Exteriores da França, em entrevista coletiva à imprensa durante visita a Moscou (20-7-1990), referindo-se ao pedido de apoio das nações submetidas aos soviéticos, que reclamam sua independência.

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6 - CATOLICISMO - Fevereiro 1991

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UANDO AS tensões existentes entre a União Soviética e a Lituânia, em março do ano passado, se agravaram a ponto de conduzir a uma situação claramente conflitiva, poder-se-ia perguntar qual o alcance da agressão soviética, então levada a cabo. E a resposta seria: nenhum. Porque já anteriormente houvera conflitos sérios em outras regiões da URSS, como, por exemplo, no Azerbaidjão, e na Geórgia,as quais sofreram brutal repressão por parte do Kremlin.

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que ocorreria o mesmo que naquelas outras regiões,por serem análogas as circunstâncias. Contudo, dá-se um fato diametralmente oposto: o mundo inteiro se interessa a fundo pela situação criada naquela nação báltica, apesar de a mídia não ter feito nenhum

Daí resultou um efeito colossal. Por que razão o caso lituano levantou tanto mais os ânimos do que os outros casos análogos? Resposta:porque se deu num momento em que seu clamor se somava ao outro clamor tão emudecido que parecia morto, mas que vivia na memória de todos - isto é, o clamor das nações anteriormente esmagadas .

- '' Agora mais uma? Depois mais duas? Mais três nações?! Nações às quais nos vinculam laços como o da comum pertencença à civilização ocidental, que reconhece o direito de cada povo a viver sua própria vida? Como não indignar-se venSão nações pequedo agora tais nações trunas que, como toda etcidadas pela brutal nia, têm, de si, um natuagressão soviética?'' ral direito à própria inVeio de tudo isso o dependência. Desejadesejo de dizer um basvam escapar da colonita a Moscou . Desejo zação e também das fauque merecidamente gaces de um regime que O estandarte da TFP, que foi alçado na Praça Vermelha pelos membros nhou muito em força da Comissão lnter-TFPs, é colocado em lugar de honra após ter sido lhes era imposto de fode impacto, quando a apresentado ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, o qual ressaltou, ra para dentro, sem raadmirável resistência lina ocasião, seu alto significapo simbólico ízes no pensamento, tuana se foi desdobranna História e nas tradido em atos de fé e de ções nacionais. Regime, ademais, cau- empenho especial em levantar con- valentia, que tem deixado assombrasador da espantosa miséria que a to- tra o governo soviético a opinião do o mundo vil e utilitário de nossos das afligia. pública. dias. Desejo esse que desfechou na realização do momunental abaixo-assinaNada mais simpático,portanto, Mas as TFPs e Bureaux-TFP, exis- do promovido pelas TFPs, que reuniu do que a causa da independência des- tentes em 20 países, souberam sentir 5,2 milhões de assinaturas em 26 países. sas pequenas nações. E o mundo pre- a indignação espontânea, natural, ausenciou desagradado a intervenção têntica, da opinião mundial, não susTodo mundo sentiu que se tratasoviética. em todas aquelas regiões. citada artificialmente pela mídia co- va de uma mensagem para dizer ao Apesar disso, entretanto, a repressão mo por mais ninguém. Kremlin: "Desta vez, saiba que há se consumou e a bota soviética contino Ocidente quem brade: Pare! Panua até hoje a exercer sobre tais naIsso as TFPs o captaram a tal pon- re porque isto nós não queremos ções sua pressão humilhante. to, que ousaram um passo enorme: mais presenciar de braços cruzaa promoção de um abaixo-assinado, dos!" Isto explica a solidariedade Quando se deu a intervenção sovi- que, se alcançasse um resultado pe- de todos os signatários em relação ética na Lituânia, talvez se pensasse queno, seria nocivo à própria Lituânia. à Lituânia.

CATOLICISMO - Fevereiro 1991 - 7


Pró Lituânia livre

Balanço de uma campanha histórica

No caso do Brasil e das muitas outras nações em que o abaixo-assinado se realizou, tal solidariedade é acentuada pelo fato de a Lituânia ser uma nação católica. Constituiu-se ela, por primeira vez, em reino cristão, nos remotos idos de 1250, quando o rei Míndaugas abraçou a Fé e recebeu a coroa real do Papa Inocêncio IV.

Durante 130 dias, o esforço concentrado das TFPs e Bureaux-TFP, em 26 países, obtém 5.212.580 assinaturas e congrega em todo o Mundo Livre impressionantes adesões a uma causa anticomunista

Em 1322, o rei Gediminas apoiou intensamente as atividades missionárias dos franciscanos naquela nação. Em 1386, o grão-duque Jogaila desposou a herdeira do trono da católica Polônia, Edwiges, tornando-se, no ano seguinte, rei de um todo político constituído por duas nações, o que, por sua vez, favoreceu ainda mais a cristianização da Lituânia.

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O apogeu político da Lituânia ocorreu no goSangue de heróis é derramado em Vílnius, em 13 de janeiro: o sacrifício dos patriotas esmagados verno do grão-duque pelos tanques soviéticos durante a tomada do edifício da TV lituana pelos paraquedistas russos, Vytautas (139i-1430), o robusteceu a resistência anticomunista em todo o país. qual deteve as hordas tártaras que ameaçavam invadir a Europa, e estendeu as frontei- soviéticos e para Gorbachev: "Não que, este: o que fazer diante do caras de sua pátria do Mar Báltico até esperai iludir-nos ainda mais com so da Lituânia. E as TFPs se proo Mar Negro. vossos manejos realizados pela exi- põem a acompanhar o desenvolvibição de falsas tendências modcran- mento dessa questão, e ir noticianVytautas, o Grande, foi eleito, tistas, quando alguns povos já estão do nos países onde o abaixo-assinano Concílio de Constança, chefe de prostrados em terra, como o Azer- do foi promovido (e, eventualmentodos os exércitos cristãos contra a baidjão e a Geórgia. E agora três te, em outras nações ainda) como invasão turca (1415). outros começam a sangrar e a mor- vai se desenrolando a agressão sovirer em vossas mãos. Acabou-se, esta- ética. Assim, o catolicismo, embora in- mos descontentes! Sabei Gorbachev, troduzido tárdiamente, se consolida- sabei soviéticos: um descontentamenE isso de maneira tal que, se a va. Para isto contribuiu o longo perío- to universal faz eco à voz das TFPs Lituânia - como também a Letônia do de paz durante o reinado de Casi- e vos diz: basta!" e a Estônia - chegarem a perder efemiro IV, grão-duque da Lituânia tivamente sua independência, haja (1440-1492). Seu filho Casimiro (faleÉ também esse "basta" para os um clamor universal ainda muito cido em Vílnius, em 1484) foi inscri- Governos, cujas chancelarias tantas maior, que cause ao comunismo to pela Igreja no catálogo dos Santos e tantas vezes ignoram a opinião pú- um prejuízo muito mais ponderável como Padroeiro da Lituânia. blica em matéria de política interna- do que o lucro, tão relativo, que cional. Saibam tais Governos que Gorbachev espera alcançar com o Nessas condições, o abaixo-assi- entre os motivos de popularidade e sacrifício dessas três vitimas inocennado das TFPs é um aviso para os impopularidade figura, com desta- tes.

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CATOLICISMO -

S LÍDERES DAS grandes potências ocidentais e - dói dizê-lo - também os mentores da diplomacia vaticana, pareceram desinteressar-se pela sorte da pequena Lituânia, precisamente quando esta lutava para conservar sua recémconquistada independência. Contudo, houve quem não fosse indiferente. E pelo mundo inteiro fez ouvir, em favor daquela nação - "Terra de Maria'' - um clamor que entusiasmou e despertou inesperadas dedicações. Quando o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, fundador e presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, lançou esta campanha no Brasil e propôs estendê-la a todos os continentes, sua iniciativa recebeu a adesão calorosa das entidades coirmãs. À sombra dos altaneiros estandartes rubros com leões dourados, as TFPs cantaram a gesta daquela nação heróica em seus slogans de campanha:

Fevereiro 1991

"Agora já se ergue em teu favor, ó Lituânia, um protesto nobre e altaneiro. As 20 TFPs e bureaux-TFP, recolhem assinaturas dos homens que amam e admiram o vigor indomável com que defendes tua independência, ó nação cheia de Fé, que repeles a ditadura do ateísmo! "Lituânia cristã, Lituânia livre, mantem-te erguiaa com resolução e valentia. Em todo o mundo,

os corações de milhões de homens palpitam por teu destino e oram por tua independência".

firmado, ficavam ajudando a coletar assinaturas, às vezes por longo tempo.

Dir-se-ia que, por toda parte, o fervor dos coletores de assinaturas se comunicava ao público, tal era a facilidade com que este firmava as listas das TFPs. Assim, em 130 dias de campanha, iniciada a 31 de maio, festa da Realeza de Nossa Senhora, as TFPs e bureaux-TFP reuniram em 26 países 5 .218.520 assinaturas para um dos maiores abaixo-assinados da História. Junto com as adesões acumularam-se também dezenas de milhares de repercussões cuidadosamente anotadas pelos coletores e bem mostram as reações do público. A limitação de espaço obriga a darmos apenas algumas delas, que ilustram eloqüentemente o grau de apoio tributado à campanha.

ESPANHA Na católica Espanha, a campanha teve início na célebre Puerta dei Sol, no centro de Madri, com grande número de cartazes explicativos, estandartes e cooperadores.Contou ainda com a presença de uma fanfarra. Posteriormente, a campanha expandiu-se por todas as províncias do país, inclusive Ilhas Canárias e territórios africanos. Algumas repercussões características:

Do mundo inteiro - pelos locais de campanha passavam pessoas de todos os lugares a grande maioria assinava tão-logo se lhes explicava a finalidade da ação das TFPs.' Arcebispo e cônegos - de célebre santuário espanhol assinaram as listas da TFP. Também o fizeram outros prelados, além de numerosos sacerdotes e religiosos de congregações de ambos os sexos, em toda a Espanha. Silêncio suspeito e inútil - o silêncio suspeito da grande imprensa sobre a campanha foi comentado por muitos dos que assinavam: "Mas a Dom Demetrio Mansilla Reoyo (esquerda), Bispo emérito de Ciudad Rodrigo, na Espanha, um dos numerosos Prelados de todo o mundo que subscreveram as listas das TFPs.

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Coletores espontâneos - tratase de pessoas que, desde o primeiro dia de campanha, depois de terem

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Fevereiro 1991 -

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notícia da campanha já correu a Espanha de Norte a Sul, de Santiago de Compostela e Zaragoza a Málaga", garantia um jovem universitário. .. e os fatos o demonstravam.

dão pelo que fazem a favor de meu país. É incrivel como se dedicaram. Também estou coletando assinaturas com suas listas e é necessário dedicação. Completei 50 listas, isto é, mil assinaturas. Fui a igrejas, colégios e bares coletá-las". Esse coletor exemplar não poupou esforços, apesar de seus ... 80 anos!

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PORTUGAL "Fascistas!" - um grupinho de comunistas de uma cidade do norte, ao saber do que tratava a campanha, não discutiu, mas passou gritando os insultos clássicos:"Fascistas! Nazistas! Parasitas! ... " Duas senhoras, tomando conhecimento do ocorrido, ao assinar afirmavam: "Pena que se foram ... porque senão ouviriam algumas boas!" O "Diário de Aveiro" e "0 Comércio do Porto" - publicaram com destaque notícias da campanha. Muitos outros periódicos, assim como várias rádios, noticiaram a manifestação convidando a apoiá-la.

em assinar. Conheci o pai do Presidente Landsbergis. A Lituânia é como uma grande família", afirmou um prelado lituano residente na Baviera, dando uma bênção solene aos que partiam para a coleta de assinaturas.

Avidez e emoção - ''Todos querem o folheto", reclamou um senhor. "Assinei e não me deram. Quero relê-lo". Nas zonas de campanha não se via no chão nenhum dos folhetos explicativos. Nas filas de ônibus, nos cafés e nas esquinas sempre se observava gente lendo o folheto.

No congresso Pró-Vida - Realizado em setembro último, na cidade de Dresden (ex-Alemanha Oriental), com centenas de participantes de 18 países, um grande número dentre eles aderiu à campanha. Com assentimento unânime, um deles afirmou: "É uma obrigação auxiliar a Lituânia que exige se respeite a sua existência livre''

FRANÇA

ITÁLIA

Imperiosa necessidade - Um senhor muito decidido afirmou: "Há uma imperiosa necessidade de apoiar a Lituânia em sua justa reivindicação''. Ficou espantado pela falta de interesse da mídia. Acrescentou que já havia escrito ao Presidente Mitterrand exigindo-lhe coerência no caso lituano.

Nos jardins do Vaticano - Nesses célebres jardins também circularam as listas de pedido de assinaturas pela Lituânia. À saida de uma Missa,

o sacerdote convidou os fiéis a que aderissem. Muitos o fizeram ''com a alegria de realizar essa tão boa obra de apoiar a Lituânia", como observou um deles.

presentes a que adiram assinando", acrescentou. Quase todos o fizeram.

Superior Geral de Congregação religiosa - com grande expansão nos países do Leste: ''Consola-me sua campanha. Adiro, confiando que terá grandes frutos".

Dezenas de Arcebispos e Bispos de todo o mundo distinguiram com sua assinatura a carta das TFPs ao Presidente Vytautas Landsbergis. Mais da metade pertence às três Américas. Com eles, altas autoridades nacionais e regionais de vários países americanas, como parlamentares e dirigentes de entidades de classe prestigiaram a campanha. Assim, o apoio maciço recebido abrangeu todos os setores da sociedade. Segue uma especificação por países.

GRÃ-BRETANHA A campanha pública teve 1mc10 em Edimburgo, na Escócia, simultaneamente com um mass-mailing a partir de Londres. Ademais das assinaturas, a adesão incluiu, por vezes, sugestões concretas. O sacerdote de uma igreja de Edimburgo, além de exortar os fiéis a assinar, convidou o representante das TFPs na Inglaterra a falar na igreja, fazendo colocar, durante a Missa, o estandarte da entidade no presbitério.

IRLANDA DIiigente determinação - Como muitos outros franceses de todos os setores da sociedade, o presidente de uma Câmara Honorária vinculada à Justiça francesa, além de assinar ele próprio, coletou numerosas outras assinaturas.

ALEMANHA Bispo lltuano assina e abençoa a campanha - "Tenho enorme alegria

Vários dos que assinavam as listas comparavam a atual perseguição comunista à Lituânia com situações semelhantes sofridas pelos católicos irlandeses no passado. E por isso consideravam um dever assinar a carta ao Presidente lituano. Durante a recitação pública do rosário, em uma praça na cidade de Cork, o dirigente ofereceu-a pela Lituânia. E não só isso: "convido também os

TRÊS AMÉRICAS

ARGENTINA Crítica vazia, réplica substanciosa - "Lutam pela Lituânia e não fazem nada por nosso país", dizia a um colega uma jovem universitária. Aquele replica prontamente: ''Como? Eles não fazem campanha em defesa da família, contra o aborto, a favor da propriedade etc.? Além do mais, se nós ajudamos a pequena Lituânia, a Providência ajudará a nós!" Empresário gorbacheviano "Não assino porque é melhor que a Lituânia espere e que Gorbachev fique no poder" - "Mas ela já padece há 50 anos", replicou o coletor - "Pois bem, alguém tem de sacrificar-se" ... - "Não lhe parece egoísta pedir que outros se sacrifiquem

para a gente poder viver bem?". Não houve tréplica.

Que libertação quer esse teólogo? - De um sacerdote abordado: "Sou da Teologia da Libertação, portanto não vou assinar" - "Mas é justamente para a libertação da Lituânia", respondeu o coletor. "Para mim libertação é socialismo, para vocês é outra coisa", respondeu enquanto se afastava ...

BRASIL

CANADÁ

A campanha realizada pela TFP brasileira - a mais antiga e maior das TFPs - foi impressionante. Seus cooperadores atingiram 141 cidades de 18 Estados da Federação. O resultado: só no Brasil - o país de maior população católica da terra - obteve-se mais da metade das cinco milhões de assinaturas coletadas no mundo. E destas, um milhão só em São Paulo, onde está localizada a sede do Conselho Nacional da entidade.

Funcionário ministerial - ''Estou totalmente de acordo com os valores que defendem. É importante apoiálos. Adiro à independência da Lituânia", disse um alto funcionário de Ministério. Levou duas listas e folhetos. Numa igreja, o sacerdote, comentando o Evangelho do dia: "Não negueis água a meus apóstolos", dizia: '' Assim, não negueis a água fresca de vossas assinaturas à TFP que pede pela Lituânia".

Entusiasmo recompensado- ''Que assunto interessante!'' exclamou um estudante secundário, acrescentando. "A liberdade da Lituânia atrairá o pessoal do colégio. Dê-me 10 listas e folhetos para eu poder explicar-lhes e pedir que assinem lá". Ufano, retornou depois com quase todas as listas cheias.

COLÔMBIA Açoitada, desde 1948, por um endêmico terrorismo de origem comu-

"Não resolve nada uma assinatura" - disse cético um homem de meia idade ao ser abordado. Outro interpelou-o. "Queria ver o que diria o senhor se lhe negassem a assinatura da qual dependesse aliviar sua situação ou ter um pouco mais de ânimo, se estivesse injustamente preso. Como negar uma assinatura para a Lituânia?" Lituanos entusiasmados e apreensivos - "Tenho extraordinária grati-

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CATOLICISMO - Fevereiro 1991

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nista, promovido em grande medida a partir de Cuba com apoio de sacerdotes da Teologia da Libertação, e abalada também pelo narcotráfico, a Colômbia deu, contudo, um dos maiores apoios ao esforço das TFPs na coleta de assinaturas pela independência da Lituânia. "0 comunismo é contra os pobres" - Era a afirmação de uma pes-

soa de condição modesta, acrescentando: "Residí num bairro de influência comunista de Bogotá. Fui perseguido e expulso pelos dirigentes por ser católico e não obedecer às ordens da agitação comunista" Apoios eclesiásticos- Muitos sacerdotes convidavam os coletores para ir a suas paróquias coletar assinaturas. Um deles fez comovente sermão e leu a Carta ao Presidente Landsbergis, concluindo: "Convido todos a assinar a carta. É uma obrigação moral, um dever de justiça apoiá-los nesta emergência. Agradeçamos à TFP, que nos dá essa oportunidade'' Bispo propulsor -

depois de ter assinado, um bispo dirigiu uma carta aos sacerdotes de sua diocese recomendando-lhes anunciar a campanha da TFP nas Missas.

CHILE O lançamento da campanha em Santiago foi no centro da cidade, na 12 -

Rua Ahumada. Houve muito boa acolhida para os estandartes auri-rubros e muito interesse do público em apoiar a campanha. Mas agitadores marxistas, tomados de indignação diante de tal êxito, reuniram uma centena de seus adeptos e, depois de promover violenta agressão, que não ficou sem réplica, conseguiram roubar e destruir material utilizado na coleta de assinaturas. No dia seguinte, uma caravana de automóveis de sócios, cooperadores e correspondentes da TFP percorreu todo o centro da capital chilena, denunciando a agressão comunista. Foram distribuídos dezenas de milhares de volantes comunicando o ocorrido. Dois dias depois, retomou-se a campanha no mesmo local da agressão anterior. Desta vez os comunistas não reincidiram no anterior erro e a campanha transcorreu com tanto êxito que atingiu em apenas dois dias ... 10.000 assinaturas!

BOLÍVIA Neste país andino, a campanha recebeu caloroso apoio do público desde o inicio. Também autoridades civis e religiosas, clero secular e regular, bem como grande número de religiosos favoreceram a campanha com suas assinaturas. A televisão deu boa cobertura ao início da campanha. Dois pequenos exemplos ilustram essa acolhida. O prefeito de importante cidade parou o carro na praça principal ao ver os estandartes de campanha: ''Quero assinar pela Lituânia", declarou, felicitando e animando os jovens coletores para que tivessem vigor na luta até o triunfo final. Um dirigente da Central Operária também não se omitiu de colaborar. ''Claro que apoio a independência da Lituânia!" Recomendou a campanha a seus subordinados.

EQUADOR Se em todas as nações a campaMiséria insuportável - uma senhora, enquanto assinava dizia: "Acabo nha das TFPs foi gloriosa, nas terras de vir de uma excursão pela Hungria · de Garcia Moreno o foi de modo ese Rússia. A miséria era tão insuportá- pecial. Nelas o regime esquerdista - seu vel que alguns não agüentaram o gipresidente é filiado à Internacional ro e voltaram na metade". Socialista - havia impedido até agoNas universidades- houve muitís- ra as campanhas de rua da TFP. Em declaração veiculada pelos simas adesões em meio a discussões com a esquerda, muito ativa. "Não grandes jornais do país, a entidade lhes façam caso, são stalinistas", di- manifestou ao governo socialista seu desejo de fazer campanha em favor ziam os universitários.

CATOLICISMO - Fevereiro 1991

da Lituânia. E acrescentava que, se impedida de realizá-la, esclareceria o público sobre o fato de que as autoridades lhe havia atado as mãos favorecendo os comunistas opressores da Lituânia. Posteriormente, a TFP realizou campanha sui generis, sem usar seus distintivos próprios (capas e estandartes) atuando em pequenos grupos, em lugares semi-públicos, como mercados, estações de ônibus, colégios, universidades. O governo se absteve de intervir e a acolhida superou todas as expectativas. Foram coletadas, assim, dezenas de milhares de adesões entre as quais cabe destacar as de muitos Arcebispos, Bispos, parlamentares, militares, sacerdotes e religiosos.

acolheram também a campanha da TFP com artigos ilustrados. Entrevistas de rádios e TVs foram freqüentes. Coube a essa TFP a glória de ter dois de seus membros caídos no campo de batalha, em acidente automobilístico. Deram eles suas vidas enquanto batalhavam pela independência daquela católica nação do Báltico. Cobrindo a 5ª Avenida - A mais

famosa avenida de Nova York - babel de povos e de línguas - ficou coalhada pela multidão de estandartes. Nela ecoaram as sonoridades da fanfarra da TFP. Pessoas de todas as partes do Globo alí assinaram pela independência da Lituânia. Foram numerosas as pessoas que afirmavam, ao dar sua adesão: "Se Gorbachev é sincero, que dê liberdade à Lituânia e aos países bálticos".

ESTADOS UNIDOS Em 127 dias de campanha, a TFP norteamericana percorreu mais de 180 cidades de 33 Estados de seu gigantesco território, visitou 108 câmpus universitários e reuniu mais de 800 mil assinaturas de adesão à carta ao Presidente landsbergis. · Aderiram à campanha da entidade 41 parlamentares. Centenas de artigos de imprensa foram dedicados a essa ação em todo o território nacional. Publicações de cidades pequenas, de entidades universitárias e outras,

Idealismo - "Somos defensores de nossos direitos'', dizia em Washington uma senhora de país báltico '' e ficamos muito contentes ao ver jovens católicos que defendem a Lituânia só por idealismo".

PARAGUAI A receptividade do público paraguaio à campanha em prol da independência da Lituânia foi muito grande, levando em consideração que até

as pessoas de nível social e cultural simples se mostEravam a par da situação naquele país báltico. Algo sério e importante - "Assine aqui - dizia um estudante a seus amigos - porque isto é fazer algo sério e importante". Também em Assunção?! - exclamava impressionado um senhor. "Vim dos Estados Unidos e os vi no Texas e Nova York. Passei por Santiago e os vi nas ruas. E agora ... aqui!"

PERU Também nas terras de Santa Rosa de Lima houve boa acolhida à coleta de assinaturas, em todos os níveis sociais. Nas universidades, a maioria dos estudantes contatados


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URUGUAI Uma enorme faixa de 20 metros, na praça central de Montevidéu, anunciava a campanha da TFP pela independência da Lituânia. Desde o início, as adesões foram numerosas e entusiasmadas. A campanha abrangeu 25 cidades . Na TV e nas rádios foram transmitidas notícias e entrevistas, sendo publicadas também repercussões e reportagens em jornais e semanários de todo o país . apoiou a independência da Lituânia, mesmo nas que tinham fama de esquerdistas . Que tenho a ver com a Lituânia?

- perguntou um senhor sem manifestar simpatia. "Muito - respondeu o coletor. A Cristandande era um conjunto de nações irmãs inspiradas no Evangelho. A Lituânia tem também aí sua origem e sofreu 50 anos de comunismo. É justo que seja independente" - "Tem razão" , retomou o primeiro. Assinou e saiu contente. Estudantes anticomunistas - Nu-

ma lanchonete de universidade, um estudante diz ao assinar: "Se é contra os russos comunistas, vamos todos assinar. Quiseram fazer conosco o mesmo que com a Lituânia". Outro acrescentou: "Gorbachev deveria estar tremendo agora ... " E outro ainda: "Apóio tudo o que seja contra o comunismo", pedindo mais listas para ajudar na coleta.

CATOLICISMO -

nação soviética, paravam, ouviam e assinavam com decisão . "Ontem assinei em Nova York", dizia uma senhora, impressionada com a campanha. Outra senhora abordada já tinha assinado na Austrália e uma

mídia internacional como foco de agitação esquerdista, também foi visitada. As repercussões em favor da Lituânia foram excelentes. Na cidade do Cabo, sede do Poder Legislativo, vários parlamentares

ÁFRICA DO SUL

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meramente cosméticas, e não algo autêntico . Apóio a campan ha" Jovem iugoslavo residente em Melbourne - "Conheço na própr ia

vele os horrores do co muni smo. o Ocidente es tá cego quanto a essa du ra realidade. Apóio tal ini ciativa pela liberdade da Lituânia" . A impo rtante colônia li tuana da Austrália deu sua adesão com ent usiasmo à campanha das TFPs . Cubano exilado - "O drama de Cu ba, minha sa udosa pátria, é pa recido ao da Lit uânia. Que tenham êxito nessa iniciativa'' .

O encerramento da campanha teve lugar no salão de conferências do conhecido Parque Hotel em um brilhante ato. Foi também lançado na ocasião o mais recente livro das TFPs: "Um ideal, um lema, uma gesta - A Cruzada do século XX". Um dos fundadores da Comunidade Lituana Mundial pronunciou um discurso, no qual realçou a "frutífera, abnegada e altaneira solidariedade" das TFPs que, com suas milhões de assinaturas, davam aos lituanos ''um toque de alento e de esperança''. Encerramento -

No sul do Continente africano, onde o Atlântico e o Índico se encontram, também se levantaram os estandartes da TFP em favor da Lituânia. A receptividade foi excelente entre a população branca, "colored" (mestiça) e negra. Era freqüente pessoas fazerem sinal não querendo saber do que se tratava; mas ao ouvir que era sobre a Lituânia, e contra a domi14 -

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Turistas norte-americanos - " Nós os vimos

ontem, na 5a Avenida de Nova York, co m esses estanda rtes resplandesce ntes. E ass inamos".

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CONCLUSÃO

terceira no aeroporto de Toronto (Canadá). "Excelente Iniciativa", exclamou um alto oficial do Exército , enquanto assinava a carta de apoio à Lituânia.

aderiram à carta da TFP ao Presidente lituano .

"Apoiemos a Lituânia! Com a

Na mesma hora em que, nos países sul-americanos, acaba mais um dia de campanha, nas antípodas - Austrália - levantam-se os estandartes para começar outra jornada em favor da Lituânia. Na área abrangida pela campanha, podia dizer-se que nunca o sol se punha.

África do Sul acontece algo semelhante: os outros países não nos apoiam e corremos o risco de cair nas mãos do comunismo" , comenta..'. va um profissional. Muitos transeuntes faziam comentários do mesmo tipo. " Meu país foi vendido aos comunistas", dizia uma senhora, vin da da Namíbia . Soweto, grande área negra de Joh a nnesburgo , apresentada pela

AUSTRÁLIA

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Proflsslonal de Sidney - '' As mudanças na União Soviética são

Estes são apenas alguns flashes ilustrativos da épica ação das TFPs que, em 26 países dos cinco contine ntes, deram voz a um clamor univer sal de solidariedade com o gesto magnífico da católica nação lituana, querendo livrar-se do jugo co munista . Foi também um brado de indignação e de inconformidade em relação à atitude de Moscou negando -lhe a independência . Antonio de Monfort

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C ATOLICISMO -

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O que viram, ouviram e fizeram 11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

TFPs no ,.picentro do mundo comunista Dez dias no império gorbacheviano: diário de viagem da delegação das TFPs pela Lituânia e Rússia. "De Maria esperávamos o impossível. Uma parte Ela já realizou".

2-12-90 CHEGADA A MOSCOU

A delegação das TFPs, 11 membros, parte de Bruxelas pela manhã, em vôo da Lufthansa. Após escala em Frankfurt, chega a Moscou às 18.05 hs. O grupo viaja como convidado oficial do Parlamento da Lituânia. Aguardam no aeroporto moscovita, entre outros, o deputado Antanas Racas, membro da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento lituano; representantes do lnternational Lithuanian Center (Centro Internacional Lituano);e uma equipe da TV lituana. O deputado Racas declara que a situação na Lituânia é tensa e a chegada da delegação, providencial. Na sala VIP, reservada para a Nomenklatura (altos funcionários do regime comunista) a delegação é recebida pela primeira ministra lituana Kasimiera Prunskiene, que acaba de chegar do Exterior. Dirige ela, em português, palavras de boas-vindas e, em seguida, pronuncia um discurso em alemão sobre o delicado relacionamento político entre a Lituânia e o Kremlin.

Durante o jantar, na embaixada lituana em Moscou, chega o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Lituânia, deputado Emanuellis Zingeris, procedente de Vílnius, trazendo uma mensagem de boas-vindas do Presidente daquela nação, Vytautas Landsbergis. O deputado agradece a presença da delegação, em um momento crucial para seu país. À meia noite, o Presidente Landsbergis procura por telefone o Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira, presidente da delegação das TFPs, a fim de cumprimentá-lo e agradecer a visita. Manifesta seu desejo de receber

CATOLICISMO -

3-12-90 NO A VIÃO PRESIDENCIAL

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Pela manhã, novo telefonema do Presidente Vytautas para Dr. Caio V. Xavier da Silveira, comunicandolhe que enviará a Moscou o avião pre-

O Presidente lituano impõe a cada um dos membros da Comissão Inter- TFPs um distintivo com o cavaleiro lituano, símbolo da nação.

A presente crônica é uma síntese de entrevistas com os 11 membros da delegação das TFPs, contidas em mais de 800 páginas datilografadas. E a delegação gravou em fitas magnéticas, que se encontram arquivadas, a íntegra dos discursos de autoridades religiosas e políticas lituanas, consignados nesta reportagem.

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a delegação em Vílnius, sede de seu Governo.

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sidencial,a fim de trasladar a delegação a Vílnius. O vôo fica combinado para a noite. Ao meio-dia, o programa oficial contempla uma visita ao Soviete de Moscou (Câmara Municipal). A comitiva se desloca em três automóveis da embaixada lituana, que estacionam no pátio interior do edifício. Serve de anfitrião um jovem deputado que lhes mostra diversas dependências do prédio, construído antes da Revolução de 1917. A seguir realiza-se uma reunião com uma comissão de 12 deputados de orientação contrária ao Partido Comunista. O Dr. Luiz Daniel Merizalde, da TFP colombiana, explica o que são as TFPs e sua atuação doutrinária anticomunista. Vários deputados fazem perguntas e tomam notas. Em meio à reunião chega a TV lituana e, pouco depois, uma equipe da principal TV soviética. Membros das TFPs concedem diversas entrevistas. Às 23:30 hs. chegam a Vílnius (570.000 habitantes), no avião Yakovlev 40, do Presidente lituano. 4-12-90 COM O CHEFE DE ESTADO

Dr. Calo V. Xavier da SIiveira narra o cordial encontro

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"No dia 4, às 11 :35 hs., somos introduzidos no amplo gabinete presidencial. Portamos todos nossas capas rubras, com o leão dourado das TFPs . Levamos conosco numerosas caixas de microfilmes com os cinco milhões de assinaturas de apoio à independência da Lituânia. "O Presidente Vytautas dirige-se ao centro da sala, para cumprimentar-nos. Apresento-lhe cada membro da comissão. O encontro é muito cordial. O Presidente pronuncia um discurso de boas-vindas e agradecimento. Dele, destaco o seguinte trecho: 'Não esperava ver aqui um grupo tão maravilhoso de jovens de tantos continentes .... Entendo que estão representando muitos países e muitos continentes, e poder-se-ia mes-

Após serem apresentados os microfilmes das 5,2 milhões de assinaturas (na foto, sobre a mesa) ao Chefe de Estado lituano, este presenteia o presidente da delegação das TFPs com um álbum, que documenta as perseguições sofridas pelo povo lituano.

mo dizer que estão representando o mundo ocidental.. ..Toda a Lituânia ficará agora sabendo de sua ação por nós. Cincounilhões de pessoas que nos apoiam, mais do que a população lituana (ri). Espero que sua mensagem atinja as consciências das pessoas no mundo todo.' Respondo com um breve histórico da campanha das TFPs, e termino com um 'Tegui-

voia laisva Lietuva!' (Longa vida para a Lituânia livre!) . "Seguem-se trocas de presentes . Entregamos-lhe, primeiramente, um artístico pergaminho, com o texto da petição em prol da liberdade da Lituânia. O pergaminho possui uma única assinatura: a do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, inspirador da campanha. A seguir, lhe são apresentados os microfilmes. Depois um álbum

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te reflete o contentamento pelo apoio recebido da opinião pública ocidental. A despedida é efusiva. Pouco depois, viajará ele para os Estados Unidos e Canadá. Um membro de nossa delegação lhe oferece a colaboração da TFP norteamericana. Ao sair, meu olhar se fixa, em uma pequena mesa da sala, sobre expressiva imagem do Cristo Pintójelis, muito venerado pelos lituanos: coroado de espinhos, sentado e apoiando a cabeça em uma de suas sagradas mãos". Às 19.00 hs a delegação retorna de trem a Moscou, no vagão do Presidente da Lituânia. 5-12-90

EM MOSCOU

9:30 hs, chegada à capital soviética. Contatos de imprensa e um giro pela cidade. 6-12-90

GRANDE OUSADIA

Fernando Antunez A., integrante da delegação das TFPs, relata o episódio altamente simbólico. "Na quinta-feira, dia 6, às duas da tarde, saímos da embaixada lituana, nossa residência em Moscou, e nos dirigimos à praça Vermelha. Nosso guia explica que 'vermelho', em russo, significa 'belo' e que a praça já se chamava assim à época dos Czares. "Sopra um vento gelado. O frio Junto ao quadro de Nossa Senhora Porta da Aurora, na capela da atinge alguns graus abaixo de zero. Padroeira da Lituânia, os membros da Delegação das TFPs desfraldam seu estandarte e rezam a primeira dezena do Rosário. O céu está coberto, branco, prestes a nevar. Diante das cúpulas da Basílica de São Basílio revestimo-nos logo com fotografias da campanha em 26 tuano, e impondo a cada qual um disde nossas capas e desfraldamos o espaíses, que o Presidente folheia deti- tinti_vo com o cavaleiro lituano, símtandarte 'belo' da TFP ... A seguir, bolo da nação. damente e comenta. Por fim , uma Logo após somos fotografados passando em frente à porta do Salvaárvore de artesanato brasileiro feita junto ao primeiro mandatário litua- dor (enuada principal do Kremlin) toda de topásios. "É meio-dia. O Presidente Land- no, com a bandeira de sua nação e caminhamos em direção ao centro sbergis assina um documento atestan- o estandarte da TFP (o mesmo que da praça. Adiante, à esquerda, divido a recepção oficial de um dos maio- dois dias depois tremulará na praça sa-se o sinistro mausoléu de Lênin ... "Reunimo-nos em torno do estanres abaixo-assinados da História. Re- Vermelha de Moscou). darte, de costas para as muralhas do " No final da audiência, de cinqüentribui com um álbum documentando as perseguições sofridas pelo povo li- ta minutos, a fisionomia do Presiden- Kremlin. Atônitos, os transeuntes de18 -

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têm-se para olhar. Mas nada pergunnho natural de reis e grão-duques. tam ou comentam, ensimesmados e A Catedral, transformada em deabsortos em seus próprios pensamenpósito durante os primeiros tempos tos. Muitos fotografam. Um turista da ocupação comunista e, mais tarsueco, desgrenhado, aproxima-se e, de, em museu, foi devolvida ao culem inglês, comenta que parecemos to em 1989. pessoas perigosas. Afirma que somos Nessa capela, na presença dos Bisfascistas, ao que nosso guia, apontanpos de Vílnius e Mariampole, um sado o túmulo de Lênin, lhe responde cerdote explica aos fiéis a campanha com ênfase: 'O maior fascista da Hisdas TFPs, em favor da Lituânia e tória é aquele que está deitado ali, agradece em nome de São Casimiro. sou lituano e sei o que estou dizendo!"' Os fiéis cantam; e os membros da de"À distância, dá-se uma troca da legação também: Ave Maris Stella, guarda diante do túmulo de Lênin. Anima Christi, Salve Regina ... Na saO passo dos soldados - com algo de ída, o público se aproxima para cumautômatos - é lento, frio, soturno. primentar. Uma senhora, emociona"Guardas russos se aproximam: da, comenta que a campanha de assiinterpelar-nos-ão? Após instantes de naturas das TFPs é o começo da saldúvida, vemos que eles continuam vação para a Lituânia, brutalmente seu caminho. pressionada pelo Kremlin. "O momento é especialmente soleO programa, elaborado pelos anfine. Esse estandarte que tremula repretriões do Parlamento lituano, prevê senta valores da civilização cristã peuma visita à sede do movimento "Salos quais estamos disposjudis' ', conglomerado tos a dar nossas próprias de partidos e movimenvidas. E tremula não só tos em sua maioria decino centro da praça Verdidamente anticomunismelha, no coração de tas, que canalizou os aneMoscou, mas no epicenlos de independência do tro mesmo do império povo lituano. Nas últicomunista. Mal podemos mas eleições, esta coaliesconder a emoção. Um zão obteve maioria no sonho que parecia imposParlamento. sível começa a realizarA reunião com diretose. Rezamos pela converres do "Sajudis" é lonsão da Rússia, pela catóga e cordial. Expõe-se a lica Lituânia, por tantas eles o que são as TFPs outras intenções . O prie seus métodos de ação meiro brado - 'Tradidoutrinária no Ocidente. ção, Família, PropriedaOs membros c!o "Sajude!' - é merecidamente dis" falam da necessidaem honra do Prof. Plínio Na viagem pelo interior da Lituânia, a delegação inter-TFPs desfila pe- de que têm do maior Corrêa de Oliveira, inspi- las ruas de Tituvenai, e reza pelos mártires lituanos no "Monte das apoio possível das TFPs, Cruzes". rador das TFPs. neste momento crucial "Anoitece cedo no ripara a Lituânia goroso inverno moscovita. Enquanto bros da delegação desejam comungar, Às 17 .00 hs, a delegação dirigenos retiramos, caia uma chuva gelada". tendo a satisfação de fazê-lo na cape- se à Universidade de Vílnius, fundaÁs 20.00 hs., realiza-se a segun- la de São Casimiro, Patrono da Lituâ- da pelos jesuítas no século XVII. da viagem a Vílnius, no vagão presi- nia, na Catedral, por sugestão do BisÀ noite, realiza-se conferência no dencial da Lituânia. po de Mariampole, que viaja com anfiteatro da Casa da Cultura de Vilnius. eles desde Moscou. Da estação ferroviária todos se dirigem para ali. A capela de São Casimiro, patro7-12-90 8-12-90 no da Lituânia, construída com belos CAPELA DE S. CASIMIRO PEREGRINOS NA LITUÂNIA mármores, contém no centro do altar-mor uma urna de ouro e prata com as relíquias do Santo. No recinÀs 7.30 hs, chegada a Ví!nius. É to, chamam também a atenção oito É a festa da Imaculada Conceição. a primeira sexta-feira do mês .Os mem- magníficas estátuas de prata em tama- O programa oficial contempla uma CATOLICISMO -

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visita aos dois principais san't'uãrios marianos do país, bem como acidades da região de Kelme . Este distrito elegeu o deputado Antanas Racas, membro da Comissão de Relações Exteriores e acompanhante oficial da delegação durante toda a estadia. A partida é às 6.30 hs, quando ainda é fria madrugada em Vílnius. A primeira etapa é a capela da Patrona da Lituânia, Nossa Senhora Porta da Aurora.A pequena e histórica capela está situada sobre um dos portões das muralhas que cercavam a antiga _Vílnius. Desde horas matutinas, mulheres e crianças se alternam rezando de joelhos junto ao quadro da Virgem, como puderam constatar os membros da comitiva, no dia 8 de dezembro. "Colocamos nossas capas, desfraldamos o estandarte e rezamos a primeira dezena do Rosário", comenta um de seus integrantes. "O deputado Racas explica que estamos fazendo uma peregrinação para pedir à Virgem a independência da Lituânia". Uma senhora entoa o cântico "Maria, Maria", súplica dirigida à Santíssima Virgem, na qual se pedem forças para suportar a dor de ver a Pátria ocupada, e a Religião oprimida. Os integrantes da comitiva atraves-

sam, com capas e estandarte, a Porta da Aurora. Logo após, são conduzidos de ônibus pelo interior da ''Terra de Maria". Umas duas horas mais tarde, na cidade de Raisenai, vêem cair os primeiros flocos de neve na Lituânia. Guillaume Babinet, da TFP francesa, narra alguns "flashes" de uma fecunda viagem.

"Em todas as cidades visitadas a recepção é calorosa e comovente. As igrejas, cheias de fiéis e especialmente decoradas para a ocasião. A igreja de Raisenai está ornada com ramos de pinheiros, grinaldas e fitas com as cores da Lituânia, que pendem do teto.Os fiéis entoam o ' Maria, Maria', cântico que já ouvíramos na capela da Patrona da Lituânia. "Em Siluva, a comitiva dirige-se em cortejo pelas ruas, acompanhada por um sacerdote e seus fiéis, até o Santuário onde Nossa Senhora apareceu em 1608. O fervor então suscitado por essa aparição permitiu aos lituanos vencer a ameaça protestante: A Lituânia continuou sendo a 'Terra de Maria', segundo antigo título pontifício . "Em meio a cânticos religiosos,

Monte das Cruzes: pungente manifestação de Fé que o Regime não ousou coibir

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todos osculam a pedra onde a Virgem apareceu. Os membros da comitiva entoam o Magnificat. Neva cada vez mais. O deputado Racas lembra que a agenda é apertada e o tempo escasso. O ônibus aguarda a delegação. Seus membros cantam o Hino Pontifício, despedem-se do sacerdote e dos fiéis e prosseguem seu caminho. "Em 1ytuvenai somos recebidos no limite do município por populares com trajes típicos, os quais, segundo costume tradicional, nos oferecem um saboroso pão negro e sal . Ao aproximarmo-nos da igreja, os sinos começam a tocar. O pároco nos recebe na porta, rodeado de pequena multidão. "O órgão da igreja toca, e os fiéis entoam um cântico religioso composto no exílio da Sibéria, enquanto o sacerdote impõe a cada membro da delegação pequena cruz de metal feita clandestinamente durante a perseguição religiosa. Uma tradutora comenta: 'O povo viu que vossas almas são belas!' "O ônibus passa pela cidade de Siauliai, onde se acha acantonada enorme guarnição russa, com um dos maiores aeroportos soviéticos . E dirige-se ao histórico e comovente Monte das Cruzes, junto ao Rio Kulpe. Ali, desde o século XV, foram eretas muitas

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O Cardeal Primaz da Lituânia abençoa os membros da Comissão Inter- TFPs, no palácio cardinalício da Kaunas.

da delegação pequena cruz de metal feita clandestinamente durante a perseguição religiosa. Uma tradutora comenta: 'O povo viu que vossas almas são belas!' "O ônibus passa pela cidade de Siauliai, onde se acha acantonada enorme guarnição russa, com um dos maiores aeroportos soviéticos. E dirige-se ao histórico e comovente Monte das Cruzes, junto ao Rio Kulpe. Ali, desde o século XV, foram eretas muitas cruzes. Na década de 70, funcionários comunistas locais destruíram as 5000 cruzes que o Monte contava então. Novas cruzes se reergueram não só por obra dos habitantes da região , como também de outros lituanos e ainda de estrangeiros, que ali vinham agradecer graças recebidas. Naquele famoso local o Ministro da Educação e Cultura espera a delegação das TFPs. O lugar é impressionante! Sente-se a imensa tragédia, o imenso sofrimento, a imensa Fé da 'Terra de Maria'. "O giro pelas cidades da região termina na cidade de Kelme, com uma recepção no teatro da Casa da Cultura, seguida de visita à igreja Matriz e jantar com personalidades locais na casa paroquial.

"Na igreja, transbordando com mais de 1.200 fiéis, a delegação entra precedida por bandeiras lituanas e pelo estandarte da TFP. Nove meninas de cada lado do corredor, vestidas com trajes típicos, conduzem até o presbitério a comitiva, que foi rodeada com fitas coloridas. Ali, as fitas baixam, e a comitiva avança por sobre elas. Trata-se de antiga tradição do lugar, que simboliza respeito para com pessoas a quem se quer honrar exprimindo suma deferência. "Um sacerdote diz algumas palavras explicativas sobre as TFPs e celebra a Missa, acolitado por dois outros, pela independência da Lituânia. A seguir, as meninas entregam flores a todos. Sacerdotes, cooperadores das TFPs e fiéis se dirigem então , sob a neve, ao cemitério. "Junto a uma antiga vala comum, utilizada pelos soviéticos para dissimular os cõrpos dos combatentes anti-comunistas, os sacerdotes cantam o Réquiem. Todos vão depositando suas flores. O presidente da delegação das TFPs, em breves e sentidas palavras, afirma que aqueles que ali estão sepultados precederam o povo lituano e as TFPs, na luta contra o cornu-

nismo; e os precederam também no Céu, pois, sem dúvida, são mártires da Fé. "Cantando 'La Virgen Maria', a comitiva se dirige, a pé, até a casa paroquial, onde é oferecido um jantar aos visitantes . Estão presentes os três sacerdotes, o Ministro da Cultura da Lituânia, o deputado Racas e personalidades do lugar. Discursos, brindes pela Lituânia e pelas TFPs, em um ambiente de verdadeira amizade e calorosa confraternização. "Aquela cordial refeição encerra com chave de ouro o circuito da delegação das TFPs pelo interior do país, nesse dia. "Nosso ônibus ruma para Vílnius, chegando à capital às 2.20 hs. da madrugada".

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VISITA AO CARDEAL

O programa dedica todo o dia à visita à segunda cidade do país, Kaunas (420.000 habitantes)

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A delegação assiste a uma Missa, rezada em sua homenagem, na Catedral da cidade.O celebrante, Cônego Alfonsas Svarinskas, passou 20 anos em campos de concentração da Sibéria. Estão presentes ainda, o Cardeal Primaz da Lituânia, Vincentas Sladkevicius, e seu Bispo-auxiliar. Diante deles, do lado do Evangelho; o estandarte da TFP escoltado por dois membros da delegação. A Catedral acha-se repleta com 2.500 fiéis. O Cônego Svarinskas aplica uma passagem do Evangelho do dia à campanha das TFPs: São João Batista endireitou os caminhos para a vinda do Senhor, selando sua missão com o próprio sangue. Analogamente, a campanha prepara caminhos para que a civilização cristã possa renascer na Lituânia; e essa tarefa foi selada com a morte de dois membros da TFP norte-americana (os Srs. Frederick Vincent Porfilio e Daryl Huang Huang, que participavam ativamente da coleta de assinaturas, e faleceram em acidente automobilístico nos Estados Unidos). Terminada a homenagem, os membros da comissão encontram centenas de pessoas diante da sacristia que desejam encomendar Missas pelas intenções das TFPs e dos cinco milhões de assinantes. A seguir, dirigem-se ao palácio cardinalício, onde o Cardeal Primaz pronuncia significativas palavras referentes à delegação das TFPs, das quais se destaca o seguinte trecho: "Temos o que aprender com os senhores. Os srs. afirmaram estarem encorajados com a coragem de nosso povo. Mas podemos dizer que os srs. é que nos encorajam mediante esta petição. E estamos encorajados por vosso sacrifício e profunda fé. Muito obrigado pelo enorme presente feito a nosso país''. Dali a delegação dirige-se .a té o antigo palácio episcopal, para um encontro com associações católicas; e, a seguir, para o Seminário de Kaunas. Durante o almoço, o reitor do Seminário, sacerdote jesuíta,que durante anos padeceu em campo de concentração soviético, comenta que as graças que atraíram os 200 seminaristas são fruto da perseverança e da Fé dos católicos lituanos, enfrentando as perseguições à Igreja.

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Com oCardeal Primaz da Lituânia Juan Miguel Montes,Diretor do Ufficio TFP, de Roma "No domingo, dia 9, terminada .a Missa na Catedral de Kaunas, o Cardeal Vincentas Sladkevicius nos recebeu em um belo salão de seu Palácio arquiepiscopal. Com voz embargada, lembrou que várias pessoas, anteriormente, já lhes haviam levado presentes. Mas que o único presente verdadeiro recebido até o momento pela Lituânia, constituíam os cinco milhões de assinaturas de apoio trazidas pelas TFPs. "Tive ocasião de recordar, respondendo-lhe em nome da comissão, o dia do Consistório em que ele havia sido nomeado Cardeal: em meio da pompa do palácio pontifício, Sua Eminência representava a dor da Igreja perseguida. Externeilhe também que, sem dúvida, seus sofrimentos tinham contribuído para preservar, na Lituânia, 'Terra de Maria', a Fé católica.

"0 Cardeal nos deu a bênção, segundo o rito tradicional. Em seguida, caminhou rapidamente em direção a Dr. Caio V. Xavier da Silveira, Presidente da delegação, que ainda se achava ajoelhado. Osculando-lhe a fronte, disse: 'Tu és um cidadão da Lituânia', repetindo depois o gesto com cada membro da comitiva".

Posteriormente, apresentação das TFPs aos professores e seminaristas rio auditório do Seminário. O reitor, em suas palavras finais, lembra que João Paulo II disse que é hora de dar voz à Igreja do Silêncio. E afirma que, no momento atual, as TFPs são essa voz.

10-12-90

NO PARLAMENTO LITUANO

No programa oficial, está prevista uma despedida no Parlamento. Ali a delegação é recebida pelo presidente do Parlamento, pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, e por outras personalidades. Um dos deputados afirma que a comitiva marca sua presença num momento em que o Ocidente parecia abandonar a Lituânia à sua própria sorte. Na reunião, guarda-se um minuto de silêncio em memória dos dois cooperadores da TFP norte-americana falecidos em desastre automobilístico, aos quais o Cônego Svarinskas já havia se referido em seu sermão, proferido na catedral de Kaunas. À tarde, na Universidade de Víl-

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nius, a comitiva é recebida na sala do Conselho Superior pelo seu ViceReitor, que agradece a visita, bem como a doação de livros editados pelas TFPs, pois pretende que a Universidade faça reviver as tradições nacionais. A autoridade universitária externa seu desejo de restabelecer o culto católico na bela igreja da Universidade, transformada pelos comunistas em "Museu do Pensamento Científico" ... À noite, na estação ferroviária da capital, grata surpresa aguarda a comitiva. Uma pequena multidão se reúne espontaneamente para a despedida. Flores, doces, álbuns, trabalhos artesanais em âmbar e vários outros objetos são ofertados pelos presentes, que também entoam músicas populares e religiosas. O secretário do movimento "Sajudis" entrega carta oficial de agradecimento, numa pasta de couro. O cântico "Maria, Maria" é entoado pelos presentes. O presidente da delegação das TFPs brada "Teguivoia laisva Lietuva! '' (Longa vida para a Lituânia livre!). Um membro da comitiva oscula a bandeira lituana e, diante daquele gesto, a multidão emocionada avança para oscular o estandarte da TFP. Lentamente o trem começa a por-se em movimento e os circunstantes fazem o sinal da vitória

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gritando ritmadamente "Atchu, Atchu!" (obrigado! obrigado!). Do vagão vêem-se lituanos correndo atrás do trem, na neve, para prolongar por alguns instantes aqueles breves, mas reconfortantes dias na Lituânia.

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PARA GORBACHEV REFLETIR

Último dia da visita à Lituânia e Rússia. Tanto o Presidente Landsbergis, quanto membros do Parlamento lituano insistiram para que a delegação entregasse a Gorbachev uma carta na qual expusesse os resultados da campanha empreendida pelas TFPs em prol da Lituânia. Atendendo a esse apelo,a comitiva dirige-se aos escritórios do presidente soviético. Lá chegando, a funcionária comunista que os atende, ao se inteirar do

que se trata, e notando a presença de máquinas filmadoras, câmaras fotográficas e gravadores, resolve consultar alguém por telefone, antes de assinar o íecibo de entrega da carta: "São das Sociedades Tradição, Família, Propriedade", anuncia em russo. Alertado por ela apresenta-se um agente, de maneiras abrutalhadas e ar sombrio: "O que querem, camaradas?", pergunta ele . Nosso guia lituano retruca: "Não são camaradas, mas sim senhores!". O agente interpela: " que são estas câmaras todas, é para documentar?" - "Sim", diz nosso guia. "Vocês não sabem que é proibido filmar em repartições públicas como esta?" Nosso guia, uma vez mais intervém : "Não há nada escrito proibindo isso, e o que não está proibido está autorizado ... " Lívido, o agente se controla a duras penas . Nesse momento, a funcionária, que durante todo o tempo esteve ocu-

pada com tratativas telefônicas, recebe uma resposta. Assina o recibo, colocando inclusive a hora de entrega: 13.01 hs .

*** Três membros da comitiva que fi caram em Moscou por mais três dias levam um "press release" a agências internacionais de notícias, assim como enviam fax a cerca de 20 representantes da mídia internacional, contendo tanto a cópia da carta entregue a Gorbachev quanto o comunicado de imprensa alusivo a esse documento. A rádio e a TV lituanas dão informações completas de todo o programa de visita da comissão inter-TFPs à Rússia e à Lituânia. Pelo contrário, as agências de notícias ocidentais, acreditadas em Moscou, fizeram um silêncio unânime. Gonzalo Guimarães

Depois de várias consultas, a funcionária do expediente dos escritórios de Gorbachev assina o recibo de entrega da carta das TFPs dirigida ao presidente soviético

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MOSCOU

Pesadelo de horrores emiséria A crua realidade reinante na capital soviética: antecâmara do inferno, local de tortura para os cinco sentidos

TÉ NOS MÍNIMOS detalhes da vida cotidiana, o sistema soviético tudo impregna com seu mau hálito . É como se a meta do regime, desde Lênin até Gorbachev, tivesse sido destruir minuciosamente, radicalmente, qualquer reflexo de Deus, qualquer resto de verdade, de bondade e de beleza", comenta um integrante da delegação das TFPs que visitou Moscou. "Vimo-nos imersos em um mundo inverossímil e inimaginável. O desmantelamento e a desarticulação da sociedade soviética, depois de sete décadas de comunismo, é total", acrescenta outro dos viajantes. "No mais deteriorado país do Ocidente, não se encontram situações análogas, que sirvam de termo de comparação".

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Sujeira e maus odores - Saindo do túnel que liga o avião da Lufthansa

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ao edifício do aeroporto de Moscou, sente-se o primeiro choque com a realidade soviética: um prosaico mau cheiro, extremamente penetrante, mescla de gente suja com roupas malcheirosas e ensebadas e comida em estado de decomposição. "Um mau odor que encontraremos por todos os lados, inclusive nos melhores restaurantes de Moscou, reservados para a Nomenklatura, e até nas ruas da capital soviética, apesar do frio e vento invernais", destaca outro membro da comitiva, narrando suas impressões da viagem à Rússia. Não deixa de ser curioso que essa nota tão marcante e deprimente do universo soviético é praticamente silenciada pela mídia ocidental. Brutalidade no relacionamento Se a sujeira é abundante, estão ausentes as mais elementares normas de educação. No aeroporto internacional de Moscou , cena chocante: uma carregadora enorme, de aspecto masculinizado, roupa suja e tosca, tenta entrar à força em um elevador cheio de passageiros . Forcejos, gritos, insultos, até que a mulher é repelida. "Episódio comum: no país dos sovietes, onde todos são 'camaradas', jamais vocês ouvirão a palavra 'desculpe"' , comenta um dos guias .

Visão de Moscou focalizada pela revista "Time" (14/5/90), pouco comum na mídia ocidental, "edifícios destruídos e ruas não consertadas são a norma, não a exceção"

Estações de trem, cloacas humanas - "Se a atmosfera que encontramos no aeroporto internacional é malcheirosa, não é difícil imaginar o ambiente nas estações ferroviárias de Moscou", prossegue um integrante da comitiva. "Fomos a três esta-

ções, todas semelhantes. Público imenso , muita sujeira, ar nauseabundo, mescla de vodka e de objetos em decomposição. As pessoas passam as noites apinhadas no chão, aguardando os trens; rostos enormemente sofridos, tr:ijes miseráveis. Não conversam entre si. Muitos transeuntes, de ambos os sexos e diferentes idades, são vistos embriagados ou drogados . As cenas de violência, por trivialidades, são freqüentes". Um integrante da comitiva descreve uma viagem de trem: "Tive de passar por vagões-leito sem portas nem separações internas, onde se amontoam desde soldados bêbados até famílias de camponeses que chegam a Moscou . Os dormitórios são coletivos e se vêem os seres humanos mais andrajosos e miseráveis dormindo em trajes menores" . Aspecto opressivo e cinzento O aspecto de Moscou é mórbido e opressivo . Os edifícios construídos antes da Revolução de 1917, incluindo o Kremlin e diversas igrejas, são muito bonitos. Mas o resto da cidade é uma seqüência de "caixotes" de cimento, de cor cinza, toscos, sem ornatos. A falta de manutenção agrava a feiúra de Moscou : tudo funciona mal, construções sem pintar, malcuidadas e sujas. A poucos metros da praça Vermelha, a pavimentação está destruída, com crateras cheias de barro. Neste inverno moscovita, escurece cedo. A cidade fica envolta em uma luz mortiça. Praticamente não se encontram letreiros luminosos. Pe-

las janelas dos prédios (absolutamente padronizados, e às vezes, sem vidros) vê-se quase invariavelmente a mesma lâmpada pendente do teto, com a mesma lânguida intensidade. Nas ruas, automóveis, ônibus e caminhões incrivelmente velhos e obsoletos, muitos deles literalmente caindo aos pedaços. As peças de reposição são raras.É freqüente encontrarse veículos parados com os seus condutores tentando repará-los. Sede: fantasma que ronda o povo russo - Na Rússia, não é fácil matar a sede. A água corrente que os russos tomam sai de tal maneira turva do encanamento, que ninguém sente apetência de bebê-la. Não havia água mineral. O grande luxo é - quando se tem sorte - aceitar o que há de mais banal no Ocidente: uma cocacola ou uma fanta ... O açúcar não adoça, leite fresco não existe - Para tomar café ou chá (enigmáticas poções de má qualidade) quase não adianta usar o açúcar que se distribui na Rússia, pois este pouco adoça. Vem em pequenos cubos. Narra um integrante da comitiva: "No campo, coloca-se um dos pequenos cubos no centro da mesa para que, olhando-o, ao menos se possa imaginar a sensação do doce! Isto tem até um nome: 'prigladnuk' Em vários lugares visitados, escandalizávamos nossos anfitriões quando nos servíamos de dois ou três cubinhos para tentar adoçar um café . "Leite fresco, não provamos em toda a estadia, é praticamente inexis-

. Filas intérminas de moscovitas enfrentam o frio rigoroso diante de vitrinas quase sempre vazias

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tente. Para tentar consegui-lo - o jas, decoradas com objetos escassos, acesas que a Santíssima Virgem preque é quase impossível - · é preciso de péssima qualidade e nem sempre serva para o momento da conversão ter um atestado médico, o qual só é à venda. Aí se vêem igualmente al- da Rússia, prevista por Ela em Fátiformecido às pessoas que têm algum guns televisores e raros aparelhos ele- ma? Na igreja São Luís dos Francebebê em idade lactante. Vimos uma trodornésticos, que no Ocidente equi- ses, a única católica aberta em Mosfaxineira do famoso hotel 'Rossia' valeriam, na melhor das hipóteses, a cou, há uma piedosa imagem da Virgem de Fátima. ser pega no controle de saída pois le- modelos da década de 50. vava ... um litro de leite. Que garraUma filmadora fixa, instalada Um único sabão...que não faz espufa, e que cor a do leite, meu Deus!", em um prédio da KGB, que faz paracrescenta outro dos viajantes. "Em ma nem lava - Em matéria de artite do conjunto de edifícios da temíum bar onde vendiam 'blinis' (espécie gos de toilette e higiene, o panoravel prisão denominada Lubianka, conma é também desolador. Comenta de panquecas, tipicamente russas), trola a entrada da igreja São Luís um dos viajantes: "Em toda a chamapedimos um café com leite. Trouxeram-nos uma espécie de água suja, da União Soviética, existe um tipo dos Franceses. Ironias da 'perestroicom vagas manchas esbranquiçadas. estereotipado de sabão, se é que se ka' ... As colherinhas estavam em uma lata pode chamá-lo assim: ordinário, corPor motivos de "segurança", na com água também suja, do mesmo tado em pedaços desiguais, sem invólucro, e com odor desagradável. Com Rússia não existem guias telefônicos. aspecto que nosso 'café com leite'". ele não se consegue fazer espuma. Não existem os PABX. No ParlamenTem-se a incômoda sensação de que to, existem pouquíssimos telefones. FIias para disputar restos - Em Com o "golpe-branco" de Gorbanão limpa. um supermercado de produtos alimenchev e o massacre ocorrido em Víltícios, no setor de carnes estava à venFilmadora controla igreja - As nius Ganeiro de 1991), teme-se nova da um só tipo de salsichão. O mespessoas caminham por Moscou imer- escalada de repressões. mo à venda em Vílnius, fazendo suspeitar que, como o sabão, seja ele sas num silêncio acachapante. Os Em Moscou, todos andam com praticamente um único tipo para to- moscovitas dão a impressão de estauma bolsa plástica, para a eventualirem nauseados do comunismo, mas, do o império soviético. Lá voltamos dade de encontrarem algo para comao mesmo tempo, desesperançados; num outro dia: na seção de carnes, não havia senão um pequeno punha- muitos, muitíssimos, inteiramente atei- prar . Correm em toda a URSS gracejos de fundo político, que descrevem do de uma carne de aspecto escuro, zados. a realidade: um moscovita entra em envolta numa enorme quantidade de um supermercado e pergunta se há Aqui e ali, percebem-se restos de sebo, e, evidentemente, uma longa fila para comprá-la. "lmpressionou- religiosidade popular. Serão brasas peixe. O vendedor responde: "Não , nos a ansiedade dos pobres russos que faziam fila, para comprar esses Dois homens tentam vender pedaços de carvão, restos. Por falar em filas , estas se na estação ferroviária de Kievsky: cena publicada pela revista "Newsweek " vêem por todas as partes, intérminas, (17/12190), com o comentário de que as estações russas tornaram-se a e nelas se aguarda para adquirir artiresidência de viajantes, que não obtêm permissão para morar em Moscou gos de primeiríssima necessidade, diante de vitrinas vazias e enfrentando temperaturas abaixo de zero", comentam os viajantes . Em um conjunto de lojas, na Avenida Kalinina, considerado um dos maiores de Moscou, o panorama não era diferente. Seções inteiras absolutamente vazias. Os poucos artigos que estavam à venda eram de péssima qualidade. Também aqui, fila para tudo. Em uma loja para turistas, que em teoria deveria ter maior disponibilidade de produtos, só se encontraram, para variar, prateleiras vazias e sujeira ... Os trajes soviéticos são ordinários e fabricados sem nenhuma preocupação estética. A grande loja moscovita, o "Gum", localizada ao lado do Kremlin, é um oceano de vitrinas su-

esta é a seção que não tem carne. A seção que não tem peixe fica ao lado'' ! A Nomenklatura comunista domina os "mercados negros" existentes em Moscou e se enriquece enquanto o povo jaz na miséria. Também controla muitas "joint ventures" com empresas ocidentais. A Nomenklatura comunista faz ponto de encontro no restaurante "Praga", construído antes da Revolução. Ali concorre o "tout Moscou". Deixa-se entrar os turistas, mediante o pagamento prévio de propinas (instituição nacional). O que ali se nota: abandono, ensebamento e sujeira tipicamente moscovitas. Comida mal preparada e sem gosto. A única coisa que se salva é a vodka, muito boa (trazida da Polônia ... )

"Vitrinas" do regime - A viagem da delegação das TFPs à Lituânia e Rússia deu-se na primeira semana de dezembro de 1990. Em números redondos, o giro realizou-se um mês antes dos episódios que, a seu modo, sepultaram a perestroika: primeiro, o "golpe-branco" de Gorbachev, arrancando do Parlamento soviético poderes como nem sequer Stalin conseguiu reunir em suas mãos; e segundo, o massacre de indefesos lituanos sob os tanques e baionetas do Exército Vermelho, em Vílnius. A esse respeito , pondera um membro da comissão: "Por uma coincidência providencial, nossa viagem realizou-se num momento em que o 'show'da perestroika gorbacheviana para impressionar o Mundo Livre chegava a um clímax. Gorbachev precisava de comida e dinheiro ocidentais para não sucumbir politicamente durante este rigoroso inverno russo.Nessas circunstâncias, qualquer medida contra a delegação das TFPs, poderia desencadear conseqüências publicitárias desfavoráveis nas relações do Kre-

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Os freqüentadores da igreja São Luis dos Franceses (foto) ...

... são sistematicamente filmados na porta do templo por câmara instalada no vizinho prédio da KGB

mlin com o Mundo Livre". Sobre os locais visitados, sem que se encontrassem restrições de acesso, outro integrante da delegação comenta: "Deve-se ter em vista que, por exemplo, a praça Vermelha e outros lugares como a rua Arbat, passagem obrigatória de qualquer viajante estrangeiro, foram transformados , na era perestroikiana, em verdadeiras 'vitrinas do regime'. Na gigantesca montagem que é a glasnot, há aspectos de liberdade real. Na praça Pushkin é na rua Arbat, encontram-se pessoas que chegam a declamar sátiras contra Gorbachev e Raíssa, sem que lhes aconteça nada. Isto impres-

siona os turistas, que são levados a pensar, a partir dessa 'vitrine', que as mesmas regras de jogo se aplicam no resto de Moscou, e até da própria Rússia. É uma encenação política muito bem montada e com riscos calculados". Presença militar - Nas ruas de Moscou, a presença militar era ostensiva. Continuamente viam-se circulando, pela· capital soviética, caminhões militares toscos. Um membro da comitiva, baseando-se em estimativas confiáveis, calculou que uma em cada trinta das pessoas que circulam pelas ruas da cidade é militar. A.C. Ghiotto

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Na católica Lituânia, estigmas do comunismo ,.

M Vílnius, muitos lituanos pressentiam os episódios que culminariam com a matança de 13 de janeiro , Para uma população de três milhões e meio de pessoas,como é a da Lituânia, consta que o Exército de ocupação russo é de 400.000 soldados. E a KGB tem instalado seu quartel general em pleno centro de Vílnius.

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*** Providencial lenitivo - Quando da chegada à Rússia da delegação das TFPs, seus membros puderam dar-se conta do desânimo cheio de confusão que reinava entre as autoridades e o povo lituano. Foi a primeira coisa que os chocou. Já no aeroporto de Moscou, esse era o ambiente reinante entre os lituanos que os foram esperar . Chegados à embaixada lituana em Moscou, o que marcou os primeiros contatos com os três lituaNo prédio do Parlamento lituano nos que receberam a delegação - os cercado por tanques soviéticos, em janeiro, deputados Zingeris e Racas e o inter- junto a improvisado oratório, a tensa vigília de um resistente: prete oficial - foi o relato feito por o desânimo ficou para trás. membros das TFPs do apoio que a campanha recebera no Ocidente, encontrando ela extraordinária recepti- cou diante do isolamento mais com- palestras, nos contatos que ~stavam vidade. O que significava um apoio pleto e do abandono mais total por programados com o povo. "E o que maciço à causa da liberdade da Li- parte do Mundo Livre. Representa- eles precisam ouvir", repetiam eles va um golpe fatal a suas pretensões amiúde, "falem, falem, é o que é netuânia. Eles contaram então o cÍima de de se libertarem do jugo comunista, cessário falar". E acrescentavam repedecepção e de confusão que se asse- produzindo grande desânimo, teste- tidamente: "esta visita chegou na honhoreou do povo e autoridades litua- munharam eles. Não adiantava rea- ra exata, no momento preciso, e mesnos, especialmente após terem sido, gir, ninguém no Ocidente jamais os mo na semana precisa, pois começaa pedido de Gorbachev, expulsos apoiaria. O que a visita da delega- rão na semana próxima as conversada reunião de Segurança Européia, ção das TFPs vinha justamente des- ções com o Kremlin sobre nossa independência". três semanas antes realizada em Pa- mentir. O desenrolar da viagem pela LituâEles insistiram então para que se ris. E isto quando há já três horas nia veio provar que tal situação era falasse sobre a receptividade alcançaparticipavam da sessão como obserinteiramente verdadeira. Foi possível da pela campanha, na televisão, nas vadores! Esta brutalidade os colo-

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ir apalpando e medindo cada vez mais a decepção, e sentindo, por outro lado, os efeitos do extraordinário lenitivo que a visita da delegação ia representando para ó povo e as autoridades, à medida que a viagem se desenvolvia. O que fez com que alguns membros da comitiva comentassem entre si: "Gorbachev não poderá mais atacar impunemente a Lituânia, pois agora o povo, como um só homem, se levantará para resistir; haverá muitos mortos e a perestroika estará acabada" Os acontecimentos que se seguiram, tristemente conhecidos do Ocidente, hoje, não vieram senão confirmar essa impressão. Preservações e mazelas - Vílnius, a capital da Lituânia, está inimaginavelmente golpeada pela pobreza. Contudo, causa melhor impressão que Moscou. As casas, edifícios e ruas são mantidos em ordem e com dignidade. O racionamento é terrível; o abastecimento, deplorável,agravado pela sanha do Kremlin. Um depu-

tado lituano ganha mensalmente 22 dólares, um terço do salário mínimo no Brasil. Os comunistas nunca se atreveram a pôr as mãos no Santuário da Padroeira da Lituânia, Nossa Senhora Porta da Aurora. "O Santuário resistiu primeiramente aos muçulmanos, depois aos protestantes, a seguir aos cismáticos e, agora, aos comunistas. Sem dúvida, significa uma promessa da Providência para a Lituânia", comenta uma alta autoridade civil. Numerosos e belos ícones da Virgem são encontrados por toda parte: é a "Terra de Maria" ...

*** Em Vílnius, não se sente tão intensamente a pressão psicológica, verdadeiramente diabólica, que se sofre em Moscou. Apesar disso, as seqüelas do comunismo deixaram marcas profundas na católica Lituânia. É comum encontrar, em jovens entre 20

e 35 anos, um sentimento de irreligiosidade e desconhecimento de valores morais fundamentais. As gerações mais novas são responsáveis pelos quase 50.000 abortos anuais (50 por cento das concepções) que se produzem na Lituânia. Por outro lado, muitos jovens lituanos sentem uma espécie de magnetismo por modas e costumes revolucionários de países ocidentais, sem perceber o que a vulgaridade destas tem de afim com o comunismo. Os católicos lituanos olham Roma com profunda veneração. Mas não escondem sua perplexidade ante o que julgam um abandono de parte da Secretaria de Estado do Vaticano, durante os momentos mais sangrentos da perseguição religiosa. Os lituanos cantam bastante, e muito bem. É um povo com muitos dotes artísticos. A arquitetura précomunista é graciosa e agradável. O estilo mais difundido é o barroco, com especial bom gosto e magnificência de ornato . J.Domingues

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Steven Schmieder, da TFP norte-americana, conta o que ouviu: "A era de Gorbachev já havia começado. Em 1986, em certa região da Rússia, vários prisioneiros políticos reunidos em uma sala são convidados a assistir a um noticiário de televisão: aparece no vídeo o presidente soviético durante um giro pela Europa ocidental e anuncia bombasticamente que 'na União Soviética já não há presos políticos'. Os telespectadores olhamse atônitos. E não é para menos. A região onde foi captado o noticiário: Sibéria ... O local: um campo de concentração! A testemunha: um sacerdote jesuíta, ex-prisioneiro."

Edivaldo José Ciryllo Rangel Ocidente ajuda ... a KGB -:-- 1

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Fernando Gonzalo Elizondo, da TFP espanhola: "Na Rússia e na Lituânia, muitos amigos nos pediam que fizéssemos algo para que certos governos ocidentais não continuem enviando toneladas e toneladas de alimentos que deveriam beneficiar os famintos povos sob domínio soviético, mas que, na realidade, vão parar. ..nos depósitos da KGB" .

Ocidente ajuda ... a KGB -

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Guillaume Babinet, da TFP francesa: "Perguntei ao Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento lituano, Emanuellis Zingeris, quanta ajuda havia chegado à Lituânia, do total que o Ocidente enviou a Gorbachev. A resposta foi "nada, absolutamente nada".

KGB passa recibo "Sob instruções' de Mikhail Gorbachev", assinala o "Le Figaro" de Paris, de 13 / 12/90, Vladimir Krioutchov, chefe da KGB, a temível polícia política soviética, declara pela TV de Moscou, em 10 de dezembro - quando a delegação das TFPs ainda se encontrava na capital russa que "não tolerará a ingerência

nos nossos assuntos internos ... desses organismos e grupúsculos que, no estrangeiro, ... moveram durante décadas e continuam a mover, uma guerra secreta contra o Estado soviético". O leitor conhece, no Ocidente, além das TFPs, outros "organismos e grupúsculos" que tenham incomodado tanto o Kremlin? Kryuchkov: rosnando contra "grupúsculos" anti-comunistas

CATOLICISMO

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Cocheando para sempre

(

Benoit Bemelmans, da TFP francesa : "Na

Lituânia, conhecemos um jovem seminarista que havia passado cinco anos na Si béria, três dos quais em um campo de concentração. Sendo adolescente, foi torturado pelos esbirros da KGB, que golpearam seus joelhos com barras de ferro a fim de que delatasse seus companheiros anticomunistas. Heroicamente, negou-se a fazê-lo. Ficou inválido durante muito tempo. Depois passou a andar, mas claudica para sempre".

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30 - CATOLICISMO - Fevereiro 1991 C ATOLICISMO -

Feve reiro 1991 - 31


Otremular de um glorioso estandarte

FANO, o estandarte rubro da TFP ondeia ao vent5>, como que impulsionado pela alegria da proeza. E o estandarte do leão heráldico, símbolo de virtudes que harmonicamente se completam: a fortaleza e a astúcia.

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Na beleza imponderável que se evola desse símbolo, há uma nota de glória: a de representar a causa sublime da Civilização Cristã. Glória tanto maior quanto mais essa causa se encontra abandonada e traída, em nosso século de defecções e neopaganismo. Glória agora acrescida por nova proeza: tal como atuavam os cavaleiros da Idade Média, dedicados ao serviço dos fracos, as TFPs, no século XX, acorreram em defesa de uma pequena nação desamparada, a católica Lituânia. O Ocidente a abandonara à sanha comunista. E para atender ao apelo dessa heróica nação, as TFPs não hesitaram em levar seu estandarte até o próprio ep~centro do poder soviético: a praça Vermelha, em. Moscou. Assim, a 6 /ié dezembro de 1990, diante das muralhas do Kremlin e do soturno túmulo de Lênin, elevouse o estandarte que tem marcado já sua presença nos cinco continentes. Uma das glórias desse estandarte é sua inabalável fidelidade, pois ele jamais abandona os ideais e causas que defende. Assim, quando em janeiro último os tanques do cambaleante império soviético tentaram mais uma vez submeter a pequena Lituânia, ergueram-se os pendões au-

ri-rubros das TFPs, em protesto, um pouco por toda parte. Por exemplo, na 5a. Avenida de Nova York, na calfe Florida de Buenos Aires, em Madri, Montevideu, Johannesburg ... E, naturalmente, na cidade que abriga a maior da TFPs, a capital paulista. O mesmo estandarte que foi , Rússia e à Lituânia deslocava-se pelas ruas do centro d São Paulo, escoltado por guarda de honra de coop radores, em traje de gala, fazendo parte do imponente d '· file que a TFP relizou no dia 14 de janeiro. A chuva até contribuiu para realçar aos olhos do respeitoso e admirado público presente uma característi a da TFP: o espírito de sacrifício e a profunda d ·dicação a tão nobres ideais. E, à medida qu ' o cortejo passava, frases como esta eram br, dadas para alertar os circunstantes: "Slali11 revive na pessoa de Gorbachev!... A perestrolko ainda ontem era a última moda. / Hoje, ela já é """' velheira." E ainda: "Brasileiros!: não nos iluda1110s. / A Guerra Fria não morreu. / E amanhã poderá er / a Terceira Guerra Quente mundial..."

*** De Maria esperávamos o impossível. Uma p rl , 1(11 já realizou. Que outras glórias - e tragédia - ai nd a oguar dam o glorioso estandarte? "Qui vivra, verra ", dizl' lll OH franceses. Verá o quê? No fim do caminho, a gl ria supn•n11 : o triunfo universal do Coração Imaculado d Maria, 1 o,· liln mesma prometido em Fátima.



Número 483

Março de 1991

Discernindo, distinguindo, classificando ...

CUIDADO COM A MODERNIDADE Levados pelo mito de que o "moderno" é sempre melhor, muitos centristas apoiaram o comunismo. Agora que este fracassa espetacularmente, qual será para eles o novo "moderno", que merecerá seu apoio? resenciando o atual esboroar do império soviético, produzido peP lo espetacular fracasso social e econô-

ma sucessão inelutável de acontecimentos históricos. Tal idéia estava confusamente presente nos espíritos de muitos centristas. Os tempos modernos, desd e a época da Revolução Francesa, vêm marcados por· um concei to evolucionista da História : o mi to de que os homens estariam fada dos a progredir sempre. E nesse ca mi nhar, o comunismo era co nsid erado como o que havia de mais modcrn atualmente, de mai s arejado, rcprcsc n-

Rússia seria um a supc q tên ·ia tecno lógica; dura nte algum tempo che >ouse a propaga nd ca r inv entos fant ásticos qu e os s viéticos esta ri a m fazendo ; cm certos pontos teriam pa ssado à frente dos Estado s Unidos. Hoje se sabe que as "co nqui tas" tecnológica dos ov iéticos pr vi11 ham de " know -how" norte-amcri ·an o, e o rc to era bluff.

mico do comunismo, torna-se difícil não perguntar: como foi possível, ainda até há pouco, que tantos no Ocidente considerassem aquele impér io como algo firme, praticamente indestrutível e mesmo com certos aspectos atraentes? Até pessoas de mentalidade centrista, sem qualquer ligação com * * o comunismo, eram entretanto levadas a ter parcelas de simpatia para com o regime verMod erniclud • técn ica, melho. moderniclaclc icl ·oló i ·a, a moQual a razão dessa dernidade seria d •stino dos simpatia por um sistema popovos. era ·1 udoração ela lítico-social que a nenhum modernidade qu • 1·vava tantos título a merecia? A perguna essa sim pai ia 111 ·io hipnotizata está longe de ser ociosa, da, e contra todo o bom senpois conhecido o móvel psi so, pelo cornunis1110. cológico que levou tanta A ra, o frn ·asso soviégente não-comunista a tico se l rn u por d ·mais evisem fundamento na realida dente para qu ' a respeito dele de - fazer -se uma idéia atrase pos a c n1i1111u1· a pensar ente do comunismo, co m em moclerni lad ·. Subtilmente maior fa cilidad e poder- c-á então vai-. e coln11do nesse fraindicar o antidoto para tão casso o fci s r I ulos d • "staliperi goso veneno de alm a. E assim evitar , de futur o, As chaminés das fábricas já foram sintomas de modernidade. nismo" ou 111cs1110 d · "c:apilalismo de stacl ", ·omo quem nov as e indesej áve is reinei Hoje são símbolos da poluiçao ambiental. prepara um pa ·01 • sujo para dências no mc~mo erro . * Fábrica de locomotivas na Alemanha 1837 jogar no lixo. E o pr •stigioso Uma a firm ação do ' Prof. Plinio Corrêa de Oliveira encer- tava o progress o na sua expressão rótulo de "modernidade" vais •ndo transferido - também subtilmenl • para oura, em poucas palavras, a chave da mais mag nífica. questão. Em seu monumental manifesAs sim, apesar de toda a fuma- tras formas de socialism , i ual111 ·111 · pésto de repercussão mundial, "Comu- ça malcheirosa que escapava pelas fen - simas ou, se po sível f' r, ai pior ·s. omcça- e a falar com insisl ·ncia nismo e Anticomunismo na Orla da das do edifício comunista, este juízo última década do Milênio" ("Catoli- sobre a modernidade levava muitos a em convcr ' ncia •ntr · "os lados bons" cismo", março/ 90), o Presidente do achar que o comunismo estava na or- do socialismo ' tio cupilalismo ; •111 autoest, o; ·m marxismo purn , isento das ga nConselho Nacional da TFP mostra dem do dia. O anticomunismo, pelo as do ·api talis111 > d · Estado; e até em que só foi possível aos líderes mosco- contrário, era a posição dos que não vitas espalhar tantos partidos comu- se incomodavam com a tal modernida - tribalismo • ·oi ic:o e volta à taba. Tudo nistas pelo mundo, devido ao "prestí- · de e fincavam o pé declarando : "M - isso til oru seria m demo! E aquele centristas - infelizmengio da pretensa modernidade ideológi- derno ou não, o comunismo n é ca e tecnológica do comunismo". aceitável; ser moderno não é a rgum •11 - t •q u.o numcrosos! - quesósabemguiarse pela bússola da modernidade, sem atenA tese do Prof. Plinio Corrêa to" . Tal era o fundo da ai il ud · u11 1i de Oliveira é, pois: o que espalhou o comunista, mais preocupada ·0 111 ti tar com inteligência para o conteúdo dacomunismo pelo mundo não foi senão verdade e o bem do qu e e m u pr 't ·n- quilo que lhes é apresentado, facilmente de modo muito negligenciável a for- sa modernidade . Por iss , m11i1os cen - desejarão trasladar-se do barco que ora ça dos argumentos lógicos; o que espa- tristas, sempre prontos a simpatizar afunda para um outro, pintado por fora lhou essa lepra foi o prestígio da mo- com o comunismo , antipai izavam pro- com as cores do prestígio moderno. E nele navegar eufóricos até um novo frucasdernidade. Isto é, a idéia até há pou- fundamente com a 111 ic 111u11ismo. co em voga de que o comunismo rePara prova r a rn od •midade ide- so ou, quem sabe, até o clesastr · · o naupresentava o última "grito" da mo- ológica do co muni smo alegava-se ain- frágio finais. C. A. dernidade, o passo mais avançado nu- da sua modernid ade tecnológica. A

MA IMAGEM há que nos parece muito apropriada para descrever o contínuo oscilar da opinião pública. Trata-se do mar, que na alternância incessante das marés, espelha o cambiante dos estados do espírito público. Nas marés, o difícil não está - aos olhos de um leigo no assunto - em constatar a preamar e a baixa-mar, e sim aquele preciso momento em que se deu a mudança. O mesmo ocorre com a opinião pública.

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Ao analisarmos dois grandes acontecimentos internacionais recentes, aflora o paralelo com a transição das marés. Tal como ocorre nos oceanos, houve uma mudança de rumo. O povo lituano levantou-se como um só homem reagindo à agressão brutal soviética. Naqueles dias de janeiro, a atenção pública voltava-se para outro drama: a iminente eclosão da guerra no Golfo Pérsico. Parecia o momento propício para que o esmagamento dos lituanos passasse desapercebido, silenciado pela escalada bélica no Oriente Médio. Apesar disso, o gemido lituano encontrou eco no mundo inteiro, indicando uma reatividade sadia. O outro acontecimento é a própria guerra no Golfo - o primeiro conflito televisionado da História. A opinião pública dos países-membros da coalizão ) e a dos Estados Unidos em particular, suportariam o im-

pacto desgastante das imàgens da guerra? Concordariam em financiá-la? Valeria a pena lutar por um pequeno país, pondo em risco a segurança e tranqüilidade que se imagina ter alcançado no mundo pós-guerra-fria? O apoio público à ação bélica foi maciço até a vitória. Os movimentos pacifistas não conseguiram mobilizar número significativo de pessoas contra o conflito. Coincidentemente, num e noutro caso a URSS e seu presidente, Mikhail Gorbachev, foram perdedores. Com efeito, o fogo das armas disparadas contra a população lituana, chamuscou-o; as vítimas tombadas sob os tanques russos salpicaram com seu sangue os já débeis mitos da perestroika e da glasnost. No Golfo, a desajeitada tentativa do líder soviético de emergir como grande negociador de um cessar-fogo, quando a vitória estava praticamente assegurada, não foi aceita. Isto reduziu suas perspectivas de influência na região e aumentou seu desprestígio.

* * *

É inegável, pois, que houve mudanças - esperançosas - na opinião pública desde os tempos do Vietnã e dos movimentos "hippies" pela paz, quando o Ocidente era quase sempr~ o perdedor. Tal como sucede nas marés, dir-se-ia que - pelo menos no que diz respeito ao caso da Lituânia e à guerra do Golfo Pérsico - ocorreu uma alteração no curso do acontecer humano. Em ambos os casos, para melhor.

SUMÁRIO RELIGIÃO - Nosso Senhor, no alto da Cruz, sofreu indizivelmente ao contemplar a ilogicidade que percorre o mundo moderno e penetra dentro da Igreja .......................................................... . .. 6 INTERNACIONAL - Como balanço cta guerra no uouo .t'ers1co resultou que o poderio de Saddam Hussein, tão decantado pela mídia, era o de um tigre de papel.. ................. . ............................ ..... 11 "Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio": completa um ano o monumental Manifesto que percorreu o mundo ....................................................... . ...................... 13 NACIONAL - Apelo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para que o Brasil estabeleça relações diplomáticas com o governo lituano, que se declarou independente em relação ao Kremlin ..... .... ~................ 9 DOSSIER ESPECIAL - A negativa do Concílio Vaticano 11 ,em condenar o comunismo deveu-se a uma exigência do Kremlin, a que o Vaticano acedeu. O Patriarcado de Moscou serviu de biombo para a Rússia soviética, nas negociações ................ , ...................... 15 Nossa capa: Cristo da Clemência, escultura de Martínes Montafiez, conhecido como Cristo dos Cálices, por venerar-se na sacristia desse nome, na Catedral de Sevilha (Espanha), Foto de fundo: procissao de Semana Santa em Málaga

"CATOLICISMO" é uma publicação · mensal da Empresa Padre Belchior de Pontes Llda. Oirelor: Paulo Corrêa de Brilo Filho Jornalisla Responsável: Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob o nº 13478

Redação : Rua Martim Francisco, 665 - 0)226 - São Paulo, SP.

Gerência: Rua Marlim Francisco, 665 - 01226 - São Paulo, SP - Tel: (0 11 ) 825.7707.

Fotocomposição: (direla, a partir de arquivos fornecidos por "Catolicismo") Bandeirante SI A Gráfica

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Fotolitos: D' Artagnan Estúdio Gráfico SIC Llda. Rua Suzana, 786/794 - São Paulo, SP.

Impressão: Arlpress -

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ISSN - 0102-8502 (Esta edição foi impressa cm abril de 1991)

CATOLICISMO, março 1991 -

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concisamente lraque-1: 'bluff' da mídia

Soldados iraquianos se entregavam até a fotógrafos estrangeiros, ora beijando pés e mãos de seus captores, ora entoando vivas a Bush, e implorando o "favor" de serem aprisionados para obter roupa e comida- eis o retrato eloqüente da fanfarronada grotesca, levada a cabo por um delirante megalômano que se pretendia o novo Nabucodonosor. O que foi mais surpreendente: os fatos, ou a desinformação provocada pela imprensa diária? "Armas químicas devastadoras", a "terrível" e fanatizada Guarda Republicana, ultra-bem equipada, escondida em tenebrosos e inacessíveis "bunkers", pronta a rechaçar qualquer ataque - foram outros tantos mitos que a mídia intentou sustentar, ao longo dos últimos meses que antecederam a guerra terrestre no Golfo. Por que essa farsa? Delírio nacionalista

Fala-se muito em reformar a atual Constituição por conter ela dispositivos que, nos mais variados cam ~ pos, aberram do bom senso. Há, porém, quem considere essa hipótese inviável,

tal o número de despautérios presentes em nossa Carta Magna. Lugar de honra no elenco mereceria, sem dúvida, o dispositivo que proíbe a professores estrangeiros ocupar cátedras no país. Matéria, aliás, aprovada em boa medida graças à atuação dos mesmos parlamentares esquerdistas, que na época dos governos militares, tonitruavam contra o exílio de professores não-brasileiros com os quais eram afinados ideologicamente. Na Universidade de São Paulo, por exemplo, há 170 professores estrangeiros. Serão enxotados, sem apelação, do Brasil? A que título? Por qual razão? E a cultura nacional não perde com isso? Nosso país, cordial e hospitaleiro, ver-se-á na contingência de perpetrar uma agressão contra as leis da civilidade e da cultura para satisfazer imposi ções que a esquerda im pingiu à Constituição? Velhice precoce

As neuroses aumentam, recrudesce o número de suicídios; paralelamente, há uma média de um assassinato a cada 32 horas, em meio a centenas de

4- CATOLICISMO, março 1991

milhares de favelas e cortiços que constituem triste espe-táculo para o visitante ... Brasília - a cidade-modelo, construída sob inspiração ferrenhamente igualitária e socialista - atinge sua terceira década ele existência ostentando oJtro recorde nada lisonjeiro: lidera as dez principais cidades brasileiras no consumo de dro gas nas escolas. Em 1960, pouco ante.5 de inaugurada a cidade, desembarcou na capital a professora Mariana Alvim, primeira psicóloga a estabelecer-se no local. - O sonho acabou. Brasí lia envelheceu, no mau sentido da palavra - comenta a especialista, agora com 81 anos. Hoje, a cidade possui cerca de 2 mil psicólogos, número que supera o do Estado de Goiá ; ou ainda o total que Amazonas, Pará, Mato Grosso, Maranh ão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe possuem juntos! Geração-vídeo

As crianças precisam voltar a pular corda, brincar de amarelinha, bola de gude e pião. A troca desses brinquedo tradici nais pelos eletrônicos vêm provocando o at ras no amadureciment infantil. "O desenv !vim nto da coordenação motora ... a noção de tcmp e de espaço que as brincadeiras de

outrora desenvolviam são essenciais para que uma criança com seis ou sete anos seja alfabetizada", afirma a psiquiatra infantil Eneide Matarazzo, chefe do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Hospital das Clínicas. Conforme a pedagoga Berenice Ferreira de Abreu, professora de psicomotricidade do Instituto Pieron de Psicologia Aplicada "as crianças confinadas em apartamentos, que conv ivem praticamente apenas com adultos e passam os dias diante da TV, apre. entam dificuldades motoras". O diretor superintendente da imobiliária Rossi Residencial, José Paim de Andrade Júnior, por sua vez comenta: "rua, agora, sign ifi ca perigo e não há mai s quintais; por isso, ao ideali zar o prédio, pensamos nas crianças que deixaram de brincar como nós fazíamos" Como, entretanto, substituir a sadia espontaneidade dos folguedos de outrora pelo lazer planejado e insípido dos edifícios modernos?

... Em tempo

No Brasil, incitamento à desobediên- ·

"Back to basics" "De volta ao básico" é como se denomina a iniciativa a favor do latim nas escolas americanas. "Faz parte de um movimento nos EUA a favor de uma formação básica mais ampla", afirmou Edward Phinney, chefe do Departamento Clássico da Universidade de Massachusetts. A estrutura lógica das palavras e das frases latinas propicia a boa concatenação das idéias.

Idade M'êdia é atual É crescente o número de publicações nos EUA e Europa, que põem em realce os valores superiores da civilização medieval, como o amor ao maravilhoso e ao épico, tão presentes naquele período histórico. "La actualidad de la Edad Media", por exemplo, é o título de um volume, de máximo rigor acadêmico, enfeixando um ciclo de 13 conferências sobre o tema. A promoção parte da Universidade de Granada, na Espanha.

A viso aos pacientes ... Foram aprovados a}.enas 20% dos alunos da Universidade de Brasília (UnB) insc,ntos para exame como estagiários no Hospital da Universidade (HUB). Outros alunos, da Faculdade de Ciências da Saúde, também da UnB, inscreveram-se para exame semelhante no Hospital das Forças Armadas (HFA). Nenhum foi aprovado! Falência da educação, alerta para o pacientes ...

Privatização A dívida das estatais brasileiras está estimada em 1,6 trilhão de cruzeiros. Os credores (se quiserem ... ) serão pagos assim: 10% em dinheiro; 90% em debêntures de 10 a 15 anos. Enquanto isso, no Brasil, a privatização ainda é uma promessa.

Stalin revive Tal é a miséria socialista que a emigração da União Soviética é estimada, até o fim do ano, em 20 milhões de pessoas. Já no dia 23 de janeiro, um grupo de 50 fugitivos russos foi alvejado por soldados soviéticos. Como no caso da Lituânia, Gorbachev finge não saber de nada. Vale o alerta da TFP; "Stalin revive na pessoa de Gorbachev". É pasmoso!

Destaque

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O ministro Francisco Rezek não confirmou a notícia, mas não descartou a hipótese, de que o Brasil possa vir a representar os interesses cubanos (leia-se: da ditadura de Castro) em Washington. Causa pasmo ver a possibilidade de o Brasil defender os interesses dos carcereiros de uma ilha-prisão, que já completa 32 anos de cruel opressão marxista.

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A rebelião social parece ser a ribanceira pela qual o Arcebispo de João Pessoa, D. José Maria Pires, quer lançar o nosso já tão sofrido Brasil. Afirma ele que "a autogestão é um elemento indisp1'ensável numa sociedade comunitária, ou socialista". É talvez devido à sua familiaridade com a dialética marxista, que o vemos assim prepar para nossa pátria o regime de autogestão, preconizado no primeiro parágrafo da Constituição leninista soviética. O meio de chegar até lá, defende D. Pires, é a desobediência civil às leis que "massacram o povo·" . Como exemplo desse método citou a ocupação de terras, ou seja, a reforma agrária na marra. Para o Arcebispo de João Pessoa, como aliás para muitos "progressistas" ligados à Teologia da Libertação, "não existe outro caminho para sair do subdesenvolvimento que não seja o socialismo". Quererá ele fazer do Brasil uma imensa Cuba?

... e, em Cuba? "Alguma coisa vai acontecer neste país (Cuba) um dia desses, porque somos como ovelhas que perderam o caráter individual" - reclama uma dona-de-casa ao correspondente do jornal "Independent ", em Havana. Havia ela percorrido quatro lojas sem achar um desodorante. E prosseguiu: "Se eu não encontrar hoje, precisarei esperar at.é o mês que vem". Mas não param aí os efeitos do socialismo na ilha. Fidel Castro substituiu os tratores por arados de tração animal, segundo informe oficial do governo cubano. Ademais, nesse "paraíso" socialista, as roupas estão racionadas: um par de calças e uma camisa por ano; no máximo também, um par de sapatos. O governo racionou ainda os ovos: cada cubano só poderá comer até quatro ovos por semana. Carne e peixe são raros e a manteiga sumiu. Os poucos cubanos que têm um carro (geralmente da década de 50/60), se ainda possuírem dinheiro, só poderão comprar, a cada três meses, até 160 litros de gasolina. Cerca de 15 mil cubanos, entre técnicos e professores, foram enviados compulsoriamente para trabalhos no campo. Não nos consta que algum bispo cubano tenha pregado a "desobediência civil" como meio de acabai com as "leis que massacram o povo". Não seria o caso de o Arcebispo de João Pessoa ir até lá para pregá-la? CATOLICISMO, março 1991 -

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RELIGIÃO

A PAIXAO DE CRISTO E O GENOCÍDIO DAS MENTES Apesar de sofrer a Igreja em nossos dias um .misterioso processo de autodemolição, e de ser assolada pela crise progressista, lembrando assim os indizíveis sofrimentos do Redentor, Ela possui uma força interior e sobrenatural, que Lhe assegura triunfo esplêndido e completo

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Semana Santa! O qua~ dro que temos diante dos olhos é lancinante. O Corpo sagrado de Nosso Senhor Jesus Cristo está cravado na Cruz. A ....__ vida se foi. Ele levou seu holocausto até o fim, nada Lhe restando a cumprir. · A natureza inteira se perturba: O sol vela seu esplendor. O céu perde seu colorido. A terra estremece. O véu do Templo se rasga. A desolação cobre todo o universo. Nesse lance, nosso olhos se voltam para Nossa Senhora, que tem o Corpo santíssimo de Seu divin~ Filho sobre os joelhos, enquanto O preparam para ser embalsamado, pouco antes de ser conduzido à sepultura. Nesse momento, em que as lágrimas de Maria vertem com tanta abundância e de modo tão pungente, que reflexões convém fazer, a nós, homens do século XX, deste século ele mesmo moribundo, que já expira, imergindo ingloriamente nas recordações da História?

de nossa alma exige reflexão c9ntínua, metódica, solerte, vigilante, a respeito de tudo quanto se passa em nós e em torno de nós, com o objetivo de cumprir o dever fundamental formulado pelo Apostólo São Paulo: " Aborreci o mal, aderi ao Bem" (I Rom, 12-9). Sucede, entretanto, que de tempos a esta parte vem se acentuando nos espíritos um tal ou qual adormecimento dos sensos de observação e de lógica, por onde, colocadas diante das aberrações mais contudentes, as pessoas já não reagem na proporção devida. E já não refletem. Ora, é mediante a reflexão que aguçamos nossos princípios, e sobretudo preparamos a nossa alma para o amor de Deus, sem o qual não há progresso espiritual. Não refletindo, a conseqüência é inevitável: nossa mente se embota. E esse hábito, ou melhor esse vício, dà irreflexão constitui pavorosa deformação, da qual, infelizmente, poucos de nossos contemporâneos parecem dar- se conta.

Abdicação da lógica e da reflexão

Tolerância ante o intolerável

Todo espírito humano bem constituído reclama princípios claros e firmes e, a partir deles, lógica, coerência. A natureza espiritual e racional

Desse estado de espírito decorre, por exemplo, que pessoas de idade provecta toleram, com toda naturalidade - ou até aprovam - coisas

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que há vinte anos reputariam loucura. Essa insensibilidade diante de extravagâncias, das contradições mais absurdas, a aceitação complacente do irracional, do disparate, procede de uma deformação profunda da alma, em razão da qual a lógica, em nossos dias, parece ter deixado de existir, e as J?essoas vão se habituando ao caos. E como se uma AIDS intelectiva e moral tivesse tomado conta dos homens. Nosso Senhor Jesus Cristo, no alto da Cruz, sofreu indizivelmente na antevisão desse terrível genocídio de almas. As condições de vida modernas, e sobretudo a propaganda, procuram eliminar a faculdade de ter princípios firmes e de agir em conseqüência, portanto de raciocinar. Essa obtusão de espírito é responsável, em larga medida, pela indiferença ante os extremos de pecado que presenciamos em nossos dias: a marcha avassaladora do neopaganismo moderno, a depravação inominável dos costumes, a limitação da natalidade, a proliferação das práticas as-

sassinas do aborto e da eutanásia, as violações freqüentes do direito de propriedade, o crime organizado, etc. Diante desse quadro de tanta dor e desolação, a pergunta de uma alma fiel é inevitável: o sacrifício que de mim é exigido para ser assim tão lógica, tão refletida, tão coerente com meus princípios é grande. Será grande também a minha força? Agüentarei eu o fardo dessa cruz que deverei levar até o alto de meu próprio Calvário? Sendo débil e defectivo todo o homem concebido no pecado, é no Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo que encontrará as forças necessárias para os heroísmos que tiver de praticar nesta vida, a fim de se manter no reto caminho. Este Sangue é o precioso líquido que inebria com a "casta embriaguês'' do Espírito Santo, e produz o élan necessário para o cumprimento

Jesus diante de Pilatos - Fra Angélico (séc. XV). ABAIXO: Jesus carregando a Cruz - Aleijadinho

de todos os deveres, por mais árduos que eles sejam. Santo Inácio de Loiola pedia freqüentemente: "Sangue de Cristo, inebria-me". É para isso que Nosso Senhor verteu Seu Sangue, e quis vertê- lo até a última gota, e tão completamente, que já morto e transpassado pela lan~ ça de Longino ainda verteu Ele uma certa linfa, a fim de que tudo, absolu.: tamente tudo, fosse derramado pelos homens . Quando sentirmos que nossos pés vacilam, peçamos os recursos inesgotáveis que Nosso Senhor Jesus Cris 1 to nos conseguiu com a Sua Cruz. E contemplando uma imagem de Cristo crucificado, digamos com adoração, ternura e esperança: "Nós Vos adoramos ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz redimistes o mundo". Reze leitor, e peça essa graça de fidelidade a toda prova. Rogue pela mediação de Nossa Senhora, cujas lágrimas foram por nós copiosamente vertidas, enquanto Ele vertia Seu Sangue. As graças que nossos pecados rejeitaram muitas vezes, e que nos haviam sido obtidas pelos méritos do Sangue de Cristo, as lágrimas misericordiosas de Maria, e Seu poder intercessor onipotente junto a Deus, nos obtiveram uma vez mais. E uma vez mais os méritos do Sangue de Cristo desceram até nós, nos perdoando e nos incitando à luta, porque Nossa Senhora rogou por nós. Ó Maria Santíssima, que a Vossa misericórdia preencha o abismo que nos separa de Vosso divino Filho, fazendo descer até nós a plenitude da misericórdia dEle; que a Vossa intercessão alcance para nós aquela perfeição moral, aquela integridade de doa_ção de nós mesmos, aquele cumprimento inteiro do dever que a hora histórica está a exigir de cada um de nós. Paixão da Igreja, Paixão de Cristo A esta altura de nossa meditação, não podemos deixar de lançar um olhar cheio

CATOLICISMO, março 1991 - 7


DIPLOMACIA

de dor para o supremo fator de ilogicidade no mundo moderno: a tristíssima "autodemolição" da Igreja, à qual se referiu Paulo VI. Igreja que é o Corpo Místico de Cristo, infelizmente dilacerada hoj,e em dia por toda sorte de erros e de divisões internas decorrentes da crise progressista, E a despeito de tantos motivos de tristeza, de causas que fazem pressagiar para o mundo inteiro uma terrível catástrofe, como a que Nossa Senhora profetizou em Fátima, a Igreja - contra A qual as portas do inferno não prevalecerão - faz resplandecer ante nossos olhos a luz da esperança cristã, Pois a Igreja tem em Si mesma uma força interior e sobrenatural, que Lhe vem de Deus, e que Lhe assegura uma vitória tanto mais completa e esplêndida, quanto mais inesperada. Assim, a Santa Igreja serve-se das alegrias vibrantes e castíssimas da Páscoa para fazer brilhar aos olhos de seus filhos, mesmo nas tristezas da situação contemporânea, a certeza triunfal de q~e Jesus Cristo é o Rei da Glória, venceu a morte e esmagou o demônio. E de que sua Igreja é a Rainha de imensa majestade, capaz de Se reerguer de todos os escombros, de dissipar todas as trevas, e de refulgir com mais esplendor ainda, no momento preciso em que parece aguardá-La a mais terrível, a mais irremediável das derrotas. FERNANDO DE ALMEIDA Nota: Esta meditação é inspirada em palavras dirigidas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na a Sexta Feira Santa de 1990, a sócios e cooperadores da TFP.

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TFP PEDE A COLLOR RECONHECER LITUÂNIA LIVRE O Prof. Plinio Corrêa de Oliyéira remeteu carta ao Presidente Collor, datada de 15-2-91, cujo teor levamos conhecimento dos leitores de CATOLICISMO, devido à importância e candência do tema nela versado

Nosso Senhor ultrajado, Mestre da Paixão de Lijverberg.

Sendo débil todo o homem concebido no pecado, é no Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo que ele encontrará as forças necessárias para os heroísmos que tiver de praticar nesta vida

no exército - por eles tido como es- povo inteiramente indefeso, alentaSenhor Presidente trangeiro - da URSS, mandou esma- do tão-só por suas armas espirituais O que me leva a escrever a V. que são a Fé católica Exa. é a sensibilidae a determinação inde de nossa abria anquebrantável de asse~e o gemido de um gurar sua independênpovo e a defesa de eia. um direito. Assim, as multi1. A Lituânia, dões desarmadas da outrora cativa, e sujeiLituânia, entoando ta a toda a tirania hinos de Fé e de pado regime comunista, triotismo, se ergueram adversário irredutível como barreiras vivas da Religião, como ante os tanques soviéda Família e da Proticos, e não recuaram priedade, durante quando - com asmeio século sofreu fosombro para os agresme, miséria e persesores a mando do Kreguições debaixo do tamlin, como para o cão da bota soviética. mundo - verificaram Afinal viu ela, por que as primeiras vítium momento, raiar mas se deixavam truo sol da independêncidar barbaramente, cia, e, conseqüenteporém não desertavam mente, sentiu aberto do campo da honra. diante de si o camiO que faria ennho de retorno à civitão o governo de Moslização e à prosperidacou? Compreendende de outrora, das do que o prosseguiquais o regime comumento no ataque genista a privara de monocida levantaria condo inclemente. tra Gorbachev a jusAto contínuo, ta indignação de toafirmou ela sua indedos os povos livres, pendência, constituiu o Kremlin desautorou seu governo e comeo ataque, atribuiu ao çou a reconstrução comandante das forda pátria. ças comunistas sediaGorbachev, das na Lituânia a resfrustrando as vãs espepo nsa bili dade pela ranças que sua polítiagressão e mandou ca da "perestroika" retirar desse país parfizera nascer no Ocite dos para-quedistas, dente, violou a soberaque há pouco ainda enviara contra ele. nia dessa nação que acabava apenas gar as reações na Lituânia. Mas ... há nisto um "mas". Pou2. Sr. Presidente, tanques comude renascer. E, sob o pretexto de que os filhos dela se recusavam a servir nistas se atiraram então contra um co depois, o ministro do Interior, coCATOLICISMO, março 1991 - 9


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ronel Boris Pugo, apontado como um dos instigadores da ação feroz das tropas russas na Lituânia, foi promovido a general. Assim, mal fora divulgada a repreensão daquele coronel por seu violento procedimento - com evident~ vantagem publi-citária para o sr. Gorbachev no Ocidente - sobreveio a promoção do "culpado" ao generalato. E assim ficava mostrada a evidente inconsistência da referida censura! À violência, se somava a duplicidade. 3. Foi nessa atmosfera, entretanto · tão desfavorável, que o Presidente Vytautas Landsbergis, Chefe de Estado lituano, convo-cou leal e corajosamente um plebiscito, para dar a cada lituano a ocasião de se pronunciar livremente sobre se queria continuar sob a dominação comunista do Kremlin ou prosseguir - quaisquer que fossem os riscos - na gloriosa via da independência nacional. Tal plebiscito, Sr. Presidente - V. Exa. o sabe, sabe-o o mundo inteiro - transcorreu do modo mais liso e ordeiro. E, feita a apuração dos respectivos resultados de forma igualmente exemplar, chegou-se ao que segue, diante de Deus e dos homens, diante do Presente em que se encontram e do Futuro que os aguarda: a) 90,47% dos votos se pronunciaram a favor da indepen-dência: da independência, sim, plena, total e imediata, como é óbvio; b) 6,56% dos votantes foram contrários à independência; c) compareceram às urnas 84,52% dos eleitores. 4. Isto posto, isto proclamado, ou todas as nações livres da terra acorrerão solícitas em prol da independência da Lituânia, e com esta entabolarão imediatamente relações diplomáticas, consti-tuindo embaixadas em Vilnius e abrindo-se para que a Lituânia constitua embaixadas nas capitais delas; ou hesitarão, tergi-versarão, e quiçá só algumas se animem a defender essa pequena nação coberta de glórias, contra o que a mídia insiste em apresentar como o "colosso" soviético.

10- CATOLICISMO, março 1991

Mas as nações que vacilarem reconhecerão implicitamente que elas mesmas não têm o direito líquido e certo à sua liberdade. Pois quem hoje vacile em reconhecer os direitos incontestáveis do mais fraco torna automaticamente contestáveis os análogos direitos que tenha a defender amanhã

Aconteceu o (1ue se poderia prever: tropas soviéticas invadiram a Lituânia contra o mesmo agressor mais forte. Quem nega direitos - não obstante líquidos e certos - de terceiros, só porque é poderoso o injusto contestador desses direitos, deixa ver que, quando amanhã esse contestador lançar sua sanha contra o país que de braços cruzados e lábios cerrados p'resenciou a agressão, este último nada terá a alegar em sua própria defesa. Por certo, Sr. Presidente, V. Exa. não consentirá em que nossa nobre e valorosa Pátria se veja eventualmente colocada nessa postura. Assim, representando a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, de cujo Conselho Nacional sou presidente, bem como - devidamente credenciado - as outras 14 TFPs coir-

mãs e autônomas da entidade brasileira, existentes respectivamente na África do Sul, Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela, peço a V. Exa. que entre urgentemente em contacto com o governo lituano sediado em Vilnius, a fim de estabelecer desde logo relações diplomáticas com essa heróica nação, e entabolar entendimentos para a abertura de embaixadas nas respectivas capitais. Pedido idêntico ao presente está sendo por mim enviado a todo os Chefes de Estado do mundo livre. 5. V. Exa., Sr. Presidente, tudo quanto acabo de afirmar se a figura por certo com cristalina evidência. E é por isto que estou seguro de caminhar ao enconlro dos mais fundamentais i111pera1ivos de consciência de V. Exa., quando peço que faça sua a causa pleileada nesta mensagem e que a tome como o que realmente é: um apelo em favor da causa da Lituânia, que é coidêntica com a causa da independência do Brasil e com a causa da própria civilização cristã. Nosso país passaria por uma terrível crise de iden tidade se visse que, em socorro da pequena e heróica Lituânia, não correm céleres, nas vias da diplomacia e da paz, as autoridades de nossa imensa nação, que a Providência destina a ser nação-chave do mundo novo. Deste mundo novo que se vai abrindo com o advento do terceiro milênio. Queira V. Exa. receber meus antecipados agradecimentos, Sr. Presidente, por tudo quanto nesta luminosa perspectiva, nosso país ficar devendo a seu watriotismo e a seu espírito empreendedor. E me valho do ensejo para lhe apresentar a expressões de meu alto apreço e distinta consideração. PLIN/0 CORRflA DE OLIVEIRA • CaFta de análogo teor foi dirigido ao Ministro da Relações Exteriores, r. rrancisco Rezek.

INTERNACIONAL

O Tigre de Papel Guerra de libertação do Kuwait desfaz o mito da 4 ª potência militar UANDO EM 2 de agos- sua independência. Se não houvesse ra tanto, lançou pequeno número de to as forças de Saddam reação à altura cessaria toda ordem imprecisos mísseis Scud, de procedênHussein conquistaram o entre os países, que ficariam sempre cia (e má qualidade comprovada) soKuwait, o mundo encon- à mercê dos mais fortes. Em outras viética, contra Israel, sem entretanto conseguir seus intentos. trava-se na euforia do fim palavras, vigoraria a lei da selva. O ataque aéreo da coligação Aprazado pela ONU para que da guerra fria. Já no dia seguinte ocorreram as abandonasse o Kuwait até o dia 15 avassalador e sistemático - voltado .._______....,. p rim éir as conde nações de janeiro passado, data a partir da contra a infraestrutura militar e indeste ato bárbaro. Os protestos foram qual se expunha a um ataque que se- dustrial do Iraque, preparou a derracrescendo à medida que aumentava ria desfechado pela coligação, Saddam deira etapa da operação bélica: o ataa arrogância do dita.-=:-:=-------------------------, que terrestre. Vendo-se derrodor iraquiano. Contado, Saddam prodenado pela ONU pôs retirar-se do a aceitar doze reKuwait, ousando soluções que inporém ditar condicluíam a ordem de ções! Nesse momense retirar daquele to crucial, a URSS país, embargo eco- que não particinômico total etc., para militarmente e ainda na iminênda campanha aliacia de se defrontar da, entrou em cena com portentosa colicomo mediadora gação militar de dida paz, oferecendo versos países, o chealternativa ao plafe do partido sociano do Iraque, alterlista Baath permanenativa esta que aincia irredutível. da representava uma Mais ainda. saída nitidamente Diante das medidas tomadas pela ONU contra o Iraque, Hussein recusou também esta derra- desfavorável à coligação. Arvorarase, gratuitamente, em árbitro da quesSaddam agiu de modo profundamen- deira advertência. O conflito, iniciado em 17 de ja- tão. te antipático em relação à opinião púA rejeição de ambos os planos blica mundial, transformando estran- neiro, que num primeiro momento geiros, que se encontravam no Iraque pareceu ser de brevíssima duração, - iraquiano e russo - pela coalizão apresentou aspectos novos e surpreen- não se fez esperar. ou no Kuwait, em reféns A contraproposta dos aliados era Engajaram-se militarmente 28 pa- dentes das artes marciais. A estratéises para o dissuadir de sua aventura gia precisa e meticulosa, levada a ca- clara: aceitação imediata das doze reexpansionista. Muitos outros declara- bo com requintes de eficiência pelas soluções da ONU, em bloco, eqüivaram-se solidários, a um ou outro títu- forças aliadas, contrastava com a au- lendo a uma rendição sem este nome. lo, com a coligação. Entre estes esta- sência de reação consistente por par- A primeira delas - a retirada incondicional das tropas iraquianas do terva a URSS, que votou pela adoção te do Iraque. Não podendo revidar no campo ritório kuwaitiano - deveria dar-se das resoluções aprovadas na ONU das armas, Saddam recorreu a um num prazo exíguo, impedindo assim contra o Iraque. subterfúgio político que ainda mais o repatriamento das armas pesadas. o degradou aos olhos do público: pro- Tal condição - considerada humilhanDireito violado curou por todos os meios engajar Is- te - foi ignorada por Saddam, o que A opinião pública ocidental apoiou rael na luta contra o Iraque, na espe- provocou, ipso facto, a invasão tera coligação: fora violado um princí- rança de que, se o conseguisse, uniria restre pelas forças coligadas. Essa etapa do conflito - que a pio básico do Direito Internacional, em torno de si os países árabes e muisto é, o direito das nações livres à çulmanos e fenderia a coalizão. Pa- generalidade da mídia e dos observa-

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CATOLICISMO, março 1991 - 11


d.ores apresc:11tara como arriscada para a coall.ZAD - revelou-se, na verdade, um passeio, a1::mead.o de cenas patéticas: aoldadoa 1ri,.qula.noa entregando-se sem a menor r1::alstênc1a, pedindo a.té para serem !eltos pr1a1one1roa, em troca de allmentaçào e &.gua; outros, em estilo tipicamente oriental, Jogando-se ao chl!.o e be1Ja.ndo p&s e m4DB doa soldados alladoe, sem contar os que, em unlssono, entoavam lob.8 ao presidente americano, George Bush.

Iraque aceitasse as condições dos aliados e se procedesse à troca de prisioneiros. No momento em que escrevemos, tal desfecho - espetacular e brilhante para os Estados Unidos e aliados - não apresenta sinais da velha síndrome do Vietnã. Mas, isso não exclui, de modo algum, insucessos na mesa das negociações, num período de turbulência no pós-guerra, o que poderia redundar em imprevisíveis complicações para os norte-americanos. Seria imprevisível

O tigre iraquiano era apenas de papel. .. Após ataque fulminante que expôs ao ridiculo a "terrível" Guarda Republicana, tropa de elite do ditador iraquiano, - que se deixou envol.ver e dizimar supreendentemente, embora equipada com os "superpoderosos" tanques soviéticos os coligados chegaram a 160 quilômetros da capital, Bagdá, só não a conquistando porque havia ordens expressas para niio fazê-lo, conforme revelou o comandante geral das operações militares no Golfo, General Norman Schwartzkopf. Bush, com o domínio completo do adversário, ordenou o cessar-fogo, para que o

Saber responder ... Na época do Consulado, na França, a marquesa de Condorcet mantinha um salão , verdadeiro foco de oposição ao regime. Sabendo disso, Bonaparte disse secamente à dama: - Não gosto de mulheres que se ocupam de política. - O senhor tem razão, general, mas num país onde cortam suas cabeças, é natural que as mulheres tenham vontade de saber porquê.

Grandeza O grande Afonso de Albuquerque, conquistador da Índia, o qual Camões celebrou nos Lusíadas, teve o supremo desgosto de ver, em seu leito de morte, serem nomeados por El Rey para as rin12- CATOLICISMO, março 1991

Num rápido balanço retrospectivo afloram, contudo , a lgumas questões inexplicáveis. Como foi possível ignorar o total despreparo das tropas "fanáticas" de Saddam Hussein? A incapacidade de oferecer resistência digna desse nome, quer face aos ataques aéreos, quer no campo de batalha, não terá sido prevista por nenhum dos serviços de inteligência aliados? E alguns analistas, que classificavam o Iraque como quarta potência militar do mundo, não teriam podido antever, depois do ataque aéreo, que a batalha terrestre se resu miria a uma como que parada militar e com pouquíssimas baixas? O própi:io

cipais funções muitos de seus inimigos. "Os homens que mandei presos, e de que escrevi mal, vem honrados e beadantes ! '', queixa-se ele. Pediu o crucifixo que pen 7 dia na parede, e recomendou,L se a Deus. Durante a noite, seu confessor lhe lera o Evangelho de São João. Ao alvorecer, o moribundo foi até a porta do camarote, e de seu navio "Frol da Rosa" contemplou Goa, a mais querida de suas conquistas. Depois deitou-se pela última vez. Os naturais da terra sairam à rua com choros e lamentações de partir o coração. Diziam: - Certamente está havendo guerra no Céu, visto que Deus o mandou chamar! Nem Camões com todo seu talento cantou a glória de Afonso de Albuquerque tão bem, quanto o fizeram com este dito os nativos de Goa.

Bush não acabou supervalori zando o inimigo? Desde os primeiros ataques aliados, a URSS foi tomando um a posição cada vez mais reticente, mais crítica em relação às manobras efetuadas. Nos derradeiros momentos que precederam o ataque terrestre, Gorbachev procurou por todos os meios evitar os lances eficazes e decisivos, os quais trariam para os a li ados, e sobretudo para os EUA, os louros da vitória. Apelos pseudo-dramáticos acompanhados, em alguns casos, de ameaças veladas, se os coligados passassem à última fase do combate, eram a tônica das declarações soviéticas . Os fatos descortinados por esse confl ito provaram, de sobejo, o valor do velho adágio latino : "Se vis pacem, para bel lum" (Se queres a paz, prepara a guerra), quando se está em face de inimigos incs- . crupu losos. É sempre melhor, mais sábio, numa negociação, partir de uma_ posição de força do que, segundo diria o Conselheiro Acácio , de fraqueza ... Posição esta tão cara aos pacifistas e pusilânimes de todos os naipes. R. MANSUR GUÉR IOS

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CATOLICISMO

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O CONTEXTO das mais recentes reformas gorbachevianas, um lance espetacular haveria de chamar a atenção geral: a queda do muro de Berlim, em setem-

N

bro de 1989. Alguns meses após ruir o "Muro da Vergonha", as TFPs e "bureaux"-TFP existentes em 22 países publicaram, a partir de fevereiro de 1990, o magistral estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, intitulado: Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio.

COMUNISMO: IMENSA , TRAGEDIA SEM CULPADOS? Plínio Corrêa de Oliveira interpela os responsáveis, pelas calamidades - A resposta é o

povos, evidenciado por estrepitosas manifestações de caráter autonomista em várias regiões. Dando voz aos descontentes, o documento interpela os responsáveis diretos pela desgraça imensa que há mais de 70 anos a todos oprime: isto é, os supremos dirigentes da Rússia soviética e das nações cativas. Interpela da mesma forma, no Ocidente, os ingênuos, os moles, os "colaboracionistas", a respeito do apoio direto ou indireto que deram para a sustentação daquele regime opressor. Os dirigentes dos diversos PCs ocidentais são também chamados às contas, a propósito de sua intenção de importar para as respectivas pátrias regimes análogos ao do calamitoso modelo russo. O documento interpela, por fim, os que combatiam implacavelmente os anticomunistas, enquanto estes de modo benemérito erguiem barreiras contra a penetração da desgraça soviética em suas nações.

Concebido com excepcional agudeza de vistas e possante consilêncio catenação de idéias, o trabalho aponta com clareza o imenso Descontentamento (com "D" maiúsculo) existente nos países de além ex-"Cortina de Ferro", resultante de inúmeros descontentamentos parciais como a miséria, NA FOTO: Drama no muro de Berlim. a opressão, a fome, etc. E inter- O terror da Revolução Francesa durou menos de dois pela os responsáveis, diretos ou anos, o do nazismo pouco mais de dez, mas o terror verindiretos, pela monumental tragé- melho já ultrapassa 70 anos. E continua dia a que foram arrastadas todas aquelas nações, acenando com a pos- Interpelações Repercussão sibilidade de um julgamento dos culpados. O documento põe em realce o estaA palavra ficava, assim, com os O documento alcançou larga re- do de aguda indigência e de generali- interpelados. Embaraçados e acuados, percussão internacional. Foi ele publi- zada miséria em que se encontram os responsáveis por esse desastre de cado em 81 dos maiores jornais de os países comunistas, patenteando as- proporções monumentais, longe de 22 países, incluindo a imprensa de sim o completo fracasso do regime replicarem à altura, esboçaram consmuitas cidades importantes do Brasil. marxista nos territórios em que lo- trangidos e incongruentes "meas culCATOLICISMO estampou o estudo grou se implantar. pas", na vã tentativa de darem rescom grande destaque em sua edição Tais circunstâncias estão na origem posta a interpelações como as do made março último. do crescente descontentamento desses nifesto.Nesse sentido, merecem desta-

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CATOLICISMO, março 1991 - 13


que, por exemplo, os pronunciamentos do líder comunista francês Marchais, do líder comunista português Cabral, do Chefe do Partido comunista inglês, do Chefe do Partido comunista norte-americano, e os do próprio "camarada" Gor~achev .. Fidelidade da TFP à Igreja

Com o subtítulo "A Grande cruz: luta contra os irmãos na Fé", o Pre-

sidente do Conselho Nacional da TFP brasileira conclui seu estudo, introduzindo o delicado problema do vazamento de católicos para as fileiras comunistas e a correlata infiltração marxista nos meios católicos. Depois de lembrar as sucessivas e peremptórias condenações de Papas ao comunismo, o documento analisa a mudança diplomática efetuada pela Santa Sé, conhecida por "Ostpolitik" vaticana, salientando o descon

certante silêncio do Co-ncílio~âticano II a respeito do pior ini igo da Igreja (ver sobre o assunto artigo acima mencionado). Em termos pungentes, é narrada ainda a situação ingrata em que ficou o pugilo de católicos que mais tarde veio a compor a TFP. Por sua fidelidade à Igreja, foram eles obrigados - sob a liderança do autor do documento - a dar um brado de alerta contra os desvios que despontavam nos meios religiosos, já nos remotos anos 40. Contudo, em relação aos católicos transviados, a análise ci.o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira não contêm uma interpelação e sim um apelo: para que reconheçam seus erros e voltem à fidelidade integral!

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14- CATOLICISMO, março 1991

Por que o último Concílio Ecumênico não condenou o comunismo? Tal atitude se prende à presença de eclesiásticos da Igreja cismática russa, como observadores, na Aula Conciliar? Conheça o acordo sigiloso que antecedeu esses eventos.

atura

1

Os transeuntes que passavam diante do convento das Pequenas Irmãs dos Pobres, situado em Borny - bairro periférico de Metz, pequena cidade francesa - não podenam supor que na residência do Padre L_agarde, caJ?elão daque_Ia casa~ rel_ig10sa, sucedia algo de 1mportanc1a transcendental. S1m 1 numa sala daquela residência rehgiosa, antes de outubro de 1962 - mês em que se ·reuniu a Magna Assembléia - efetuou-se um encontro sigiloso, que marcou época, entre duas altas personalidades. Representando o Papa João XXlll, ali estava o Cardeal de Cúria Euiene Tisserant; e, em nome da lgreJa cismática russa, o metropolita Nikodin. Aquela reunião iria trazer conseqüências que acarretariam a mudança de rumos do Concílio, prestes a ser inaugurado. Em decorrência disso, tal encontro determinaria uma alteração de trajetória na pró-

pria História da Igreja no século XX. O que de tão importante se combinou nessa entrevista? A julgar por documentos recentemente dados à luz, ficou estabelecido que o comunismo não seria condenado pelo Concílio Vaticano II. A propósito dessa histórica e inexplicável omissão, assim se exprimiu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira na III Parte de seu ensaio "Revolução e Contra-Revolução", publicada em I 977: "O êxito dos êxitos alcançado pelo comunismo pós-staliniano sorridente foi o s'lênc10 enigmático, desconcertante, spantoso, apocalipticamente trágico do Concílio Vaticano li a respeito do comunismo" (1) Já em 1971, o Prof. Plinio comentava: "Em 1962 reuniu-se em São Pedro de Roma o Concílio mais numeroso da História. Para ele, João XXIII convidara observadores de todos os cultos, entre os quais os ,da 1.0. [a 'soi-disante' Igreja Ortodo-

xa] pró-comunista. Segundo constou largamente naquela ocasião, a con dição imposta por esta 1.0. para que se dignasse aceitar o convite, era que na Sala Conciliar fosse proibido qualquer ataque ao comunismo, e que o Concílio Vaticano lI se abstivesse de dizer contra este qualquer palavra. Não conheço provas concretas de que essa irri.posição tenha sido formulada. Mas o fato é que, no tocante ao comunismo, tudo se passou assim ... " (2) As 'provas concretas'que faltavam a Plínio Corrêa de Oliveira, na ocasião em que escrevia esse artigo, tornaram-se conhecidas a seguir. Hoje sabe-se que, em 1962, o Vaticano e a igreja cismática russa estabeleceram um compromisso - conhecido pelo nome de Pacto de Metz - , segundo o qual a 1.0. russa exigia como condição para mandar observadores ao Vaticano II que não houvesse qualguer condenação ao comunismo (3).

C:ATOT .TClSMO . marco 1991 -

15


·~ ' Desde Stalin

PARA SE ENTENDER ESTE 'DOSSIER' ESPECIAL 1 A doutrina Católica sempre condenou enfaticamente o comunismo. "Cátolicismo" poderia, se fosse o caso, publicar um número especial, composto exclusivamente de documentos pontifícios anticomunistas.

2 Seria natural, assim, que o Concílio Ecumênico Vaticano II, reunido em Roma de 1962 a 1965, corroborasse essas condenações contra o maior inimigo da Igreja ·e da Civilização Cristã neste século.

3 Além disso, 213 Cardeais, Arcebispos e Bispos solicitaram a Paulo VI que o Concílio fizesse tal condenação. Mais tarde, 435 Padres Conciliares repetiram o mesmo pedido. As duas petições foram devidamente entregues, em tempo hábil, segundo o Regimento Interno. Mas, inexplicavelmente, não entraram em debate. A primeira, não foi levada em consideração; quanto à segunda, alegou-se, depois de terminado o Concílio, que fora "perdida" por Mons. Achille Glorieux, secretário da comissão competente para dar seqüência ao pedido.

· 4 O Concílio se encerrou sem ter emitido nenhuma censura expressa ao comunismo. Por que não o fez? O assunto ficou envolto nas brumas do enigma. Recentemente apareceram revelações importantes sobre o caso, as quais são o objeto deste dossier especial.

NOTA: CATOLICISMO (fevereiro/64) foi o primeiro órgão em todo o mundo a divulgar a íntegra da petição dos 213 Padres Conciliares. Nela, aliás, ie pode encontrar a tese do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, familiar aos leitores da revista, de que os erros da Revolução Francesa tornaram os espíritos, especialmente no Ocidente, propensos a aceitar as doutrinas marxistas (Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, "Revolução e Contra-Revolução", cap. III, item 5). Um pacto "quase secreto" Com efeito, ao considerar a liberdade de que gozou o Vaticano II para tratar dos diversos temas, o Prof. Romano Amerio observava em 1985, revelando dados inéditos: "Mas o ponto saliente e quase secreto que é necessário tocar ao tratar da liberdade do Concilio é a coerção dessa liberdade com a qual João XXIII, poucos meses antes [do início do Concílio], havia consentido, realizando com a Igreja ortodoxa um acordo em razão do qual o Patriarcado de Moscol! teria acolhido o convite papal de enviar observadores ao Concílio, e o Papa por seu lado assegurava que o Concílio se absteria de condenar o comunismo. A tratativa

16- CATOLICISMO, março 1991

teve lugar em agosto de 1962 em Metz e todos os particulares de tempo elugar resultam de uma entrevista de imprensa feita por Mons. Schimitt, Bispo daquela diocese Uornal "Le Lorrain", 9-2-63). A negociação se conclui com um acordo assinado pelo metropolita Nikodin, em nome da igreja ortodoxa, e pelo Cardeal Tisserant, decano do Sacro Colégio, em nome da Santa Sé. A notícia do acordo foi dada pela "France nouvelle", boletim central do Partido Comunista francês, no número 16-22 de janeiro de 1963 nestes termos: 'Porque o sis-. tema socialista mundial manifesta, de uma maneira incontestável sua superioridade e que conta com a aprovação de centenas e centenas de milhões de homens, a Igreja não pode mais se satisfazer com um anticomunismo grosseiro. Ela assumiu mesmo o compromisso, por ocasião de seu diálogo com a igreja ortodoxa russa, de que não haveria mais no Concílio ataque direto contra o regime comunista!. Pelo lado católico o quotidiano "La Croix" " de 15 de fevereiro de 1963 informou sobre o acordo, con<:luindo: "Em conseqüência desse encontro Mons. Nikodin aceitou que alguém vá a Moscou levar um convite, com a condição que sejam dadas garantias no que concerne à atitude apolítica do Concílio. "A condição posta por Moscou, isto é que o Concílio calasse sobre o comunismo, não é portanto secreta, mas as publicações isoladas não tiveram efeito sobre a opinião geral, não tendo sido retomadas pela imprensa nem propagadas, seja por uma apatia e anestesia dos meios eclesiásticos, seja por uma ação silenciadora desejada e imposta pelo Pontífice. Entretanto poderoso, se bem que silencioso, foi o efeito sobre o desen-

João XXIII. Na página anterior: Nikita Kruschev, o Gorbachev de ontem,com o camarada Stalin. Kruschev se empenhou para o Concílio não condenar o Comunismo

volvimento do Co ncílio, no qual o pedido de renovar a condenação do comunismo foi rejeitada para observar a pactuada omissão" (4).

Negociado entre o Kremlin e o Vaticano Estas importantes informações são co rroboradas pelo artigo 'O mistério do pacto Roma-Mosco u' publicado na revista "30 Dias" de outubro de 1989. Ali vêm transcritas as declarações do Bispo de Metz, D. Paul Joseph Schmitt. Dizia ele ao jornal "Republicain Lorrain" de 9 de fevereiro de 1963: "Foi na nossa região que se realizou o encontro 'secreto ' do Cardeal Tisserant com o arcebispo Nikodin. O local exato foi a residência do Padre Lagarde, capelão das Pequenas Irmãs dos Pobres, em Borny (na periferia de Metz, n.d.r.). Foi então que se falou pela primeira vez na vinda de prelados da Igreja russa. Depois desse encontro, a modalidade da presença da igreja russa foi estabelecida por Mons. Willebrands, auxiliar do cardeal Bea. O arcebispo Nikodin concordou com o envio de um convite oficial a Moscou, com a garantia do caráter apolítico do Concílio" (5). A mesma fonte transcreve também uma carta de Mons. Georges Rache sobre o Pacto de Metz: "

esse acordo foi negociado e ntre o Kremlin e o Vaticano no mais alto nível. .... Mas eu posso as egurar ... que a decisão de convidar observado res ortodoxos russos ao Concílio Vaticano II foi tomada pessoalmente por S.S. João XXIII co m o encorajamento do ca rdeal Montini, que foi conselheiro do Patriarca de Veneza no tempo em que era arcebispo de Milão ..... O ca rdeal Tisserant recebeu ordens formai s para negociar o aco rdo e cu idar para que fosse observado durante o concí li o" (6). Em livro recentemente publicado, o teólogo alemão Pe. Bernard Hãring - que durante o Concí lio foi secretário-coordenador da Comissão de redação da Gaudium et Spes - informa a razão mais profunda do 'engavetamento' da petição anticomunista: "Quando cerca de duzentos bispos pediram uma condenação so lene cio comunismo, monsenhor Glorieux .... e eu, fomos acusados como bodes expiatórios. Não tenho motivos para negar que fiz todo o possível para evitar essa condenação, que soava claramente como uma condenação política. Eu sabia que João XXIII havia prometido às autoridades de Moscou que o Concílio não condenaria o comunismo para possibilitar a participação de observadores da Igreja ortodoxa russa" (7) .

A idoneidade das informações destes autores não permite dúvidas sobre a efetivação do · Pacto de Metz. O que nos possibili ta dar crédito a outras, apresentadas no romance The Jesuits, do conhecido escritor norte-americano Malachi Martin - um ex-jesuíta bastante hem informado - , que apresenta detalhes verossímeis sobre os antecedentes, a realização e as conseqüências do Pacto de Metz. Malachi Martin figura o Cardeal Secretário de Estado, sob o pseudônimo de 'Stato', 'relatando' os entend im entos da Santa Sé com o Kremlin desde 1942 a nossos dias: "Stato recordou a seus Venerá veis colegas que ele havi a estado co m o atual Pontífice [João Paulo 1I] nos dois encontros de Sua Santidade com o emissá rio soviético, Anatoly Adamshin, o mais recente dos quais no início de 198 1. Sua Santidade deu aos soviét icos a garantia de que nenhuma palavra ou gesto seu, dos Bispos poloneses ou dos líderes de Sol id aredade violaria o Pacto Moscou-Vaticano de 1962 . "Stato não precisou exp licar a seus ouvintes que, no fim da primavera de 1962, um certo Cardeal Eugen ia Tisserant fora env iado pelo Papa João XXIII para se encontrar com o Prelado russo, o Metropolita Nikodin, representando o Politburo soviético do primeiro-ministro Nikita Kruschev. O Papa João [XXIII] desejava arden temente saber se o governo soviético iria permitir que dois membros da Igreja Ortodoxa Russa assistissem ao Co ncílio Vaticano I 1. .. O encontro de Tisserant com Nikodin realizouse na residência oficial do então Bispo de Metz, Paul Joseph Schmitt. Aí, Nikodin transmitiu a resposta soviética. Seu governo concordaria, desde que o Papa garantisse duas coisas: que seu próximo Concílio não fizesse qualquer condenação do comunismo soviético ou do marxismo; que o Vaticano estabelecesse doravante --..

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como norma abster-se de semelhan- tantes fulminações de Pio XII con- à matéria, a começar pelo Relatótes condenações oficiais. tra o ditador soviético e o marxis- rio OSS JR-1022 de 28 de agosto "Nikodin recebeu suas garan- mo. O próprio 'Stato' estivera pre- de 1944" (9). tias. As coisas foram acertadas sente nas conversações entre Monposteriormente pelo Tais são os docuCardeal jesuíta Agostimentos e informações no Bea até a conclusão extra-oficiais sobre o final do acordo em Pacto de Metz, que exMoscou. Esse acordo plicam em profundidafoi observado por Rode a incrível omissão ma tanto no Concílio do Concílio EcumêniVaticano II quanto co Vaticano II. na política da Santa Sé aproximadamente ATILA SINKE GUInas últimas duas décaMARÃES das" (8). Adiante, o ex-jeNotas suíta 'relata' que este ( 1) " Di i1rio das Leis" , 1982, S. Paulo, 2" ed.,p 67 pacto Vaticano-Mos(2) A 1.0. no " wa1er shoo1", in cou de 1962 não foi FOLHA DE S. PAULO , 3/ 10/71. senão "mera renova(3) Cfr. Uli sse Floridi, Moscou et /e Va1ica11 , Fra nce-Empirc, Paris, ção de acordo anterior 1979, pp. 147s; Rom ano Am erio, entre a Santa Sé e O encontro do Cardeal Tisserrant com o metropolita lota U1111111 , R. Ri cciardi , MilanoNapoli , 1985, pp. 65s; Ricardo de Moscou'', por ocasião Nikodin foi um acontecimento marcante, com pesadas la Cierva, Osrnra rebelión e11·1a lgledas conversações realiconseqüências para a história do Vaticano II sia , Plaza & Janes, Barcelo na, 1987, zadas em 1942, no ponpp . 580ss. tificado de Pio XII. "Foi nesse tini e o chefe do Partido Comunis- (4) Roma no Am erio, op. ci1. pp. 65s. (5) "30 Dias" , oulllbro de 1988, pp . 55s. ano que Mons. Giovanni Battista ta Italiano, Palmiro Togliatti, em (6) Idem, p. 57. Montini .... conversou diretamen- 1944. (7) Apud "30 Di as", ou1ubro de 1989, p. 55. (8) Malachi Manin , Th e Jesuits - Th e Socie1y of Jete com um representante de J o '' ... . Stato se prontificou a for- s11s and lhe Betrayal of the Ro111a11 Catho/ic Ch11rch , seph Stalin. Essas conversações ti- necer documentos do 'Allied Offi- The Linden Press, New York , 1987 , pp. 85. (9) Idem, ibi dem, p. 92. nham por objetivo sopitar as cons- ce of Strategic Services' relativos

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Não nos tirem nossos tapetes Gramáticos, ditos modernos ou pós-modernos, tentam amputar de nossa língua o que lhes parece supérfluo

MAGINE, leitor, o se- inconformidade com a desigualdade guinte decreto do gover- posta por Deus na Criação, que lhes no socialista francês: atiça o orgulho. Uma tendência igua"Depois do dia 30 de litária não combatida na alm a pode abril próximo fica proibi- levar o indíviduo a detestar não só do o uso, no interior de que alguns tenham mais do que ouresidências, de objetos tros, mas até que saibam usar das considerados supérfluos, coisas melhor do que outros. Princitais como tapetes, corti- paimente em se tratando daqui lo que nas, quadros, esculturas, vasos de flo- consideram como supérfluo; ainda res ... " e por aí vai a lista. Justificativa mais se voltado para o belo. número um: é injusto que alguns possaro ter esses objetos dentro de casa e Cysne ou Cisne outros não. Segunda justificativa: é ainda mais injusto que, dentre aqueles que Não é fora de propósito, então, os podem ter, alguns (especialmente ai- admitir que, por esta razão, queiram gumas) mostrem saber utilizá-los me- eliminar o "supérfluo" até na ortolhor, ter mais bom gosto, obtendo, às grafia. Está na coerência do socialisvezes até com menos recursos, resulta- mo e quejandos desejar que a escrita dos superiores. O supérfluo na decora- seja simplesmente fonética, despida ção agride a igualdade absoluta que deve haver entre os homens. O decreto acima não existe, é meramente imaginativo, mas já podia ter sido publicado. Os socialistas coerentes, bem gostariam de poder fazer isto; seria até condizente com o programa de seu partjdo na França. Faltamlhes entretanto as, condições de opi-· nião pública necesO elegante cysne após lJ reforma virou .. . sárias para um lance tão arrojado. de qualquer "supérfluo". A riqueza Quem não está inteiramente encharca- de uma língua, a ponto de permitir do de idéias igualitárias percebe o ab- que alguns a dominem mais perfeitasurdo que constituiria um decreto des- mente do que outros, não! Tornemos ses. Mas ele está na lógica do socialis- a ortografia tão simples, que esta demo, comunismo e quaisquer outras dou- sigualdade também acabe! - pensam. trinas de esquerda. Raciocínios desse tipo não parecem De onde vem aos esquerdistas esta alheios a tantas reformas ortográficas mentalidade? Vem, no fundo, de sua da língua portuguesa em nosso sécu-

rn

lo. Reformas que a privaram de quase todos os seus lindos tapetes, cortinas, veludos e lu stres. E já an unci am para breve nova reforma. O que virá desta vez? Como, de modo geral, as reformas de qualquer tipo têm, em nossa época, um sentido igualitário e empobrecedor, é de se receiar que esta tenha o mesmo caráter das anteriores, vindo a ser mais uma depredação de nossa língua, para lhe arrancar o "supérfluo" Com isto não quero afirmar que todas e cada uma das pessoas comprometidas nessas reformas tenham malévolas intenções. Seja como for, o fato concreto continua: o empobrecimento da ortografia, acarretando a diminuição daquela forma de beleza que é expressa pela grafia das palavras . Sim, nas línguas civilizadas este belo é bem real , e perceptivel por qualquer pessoa de mediana cultu ra. Ou seja, não apenas o som, a fonética, tem papel na expressão de uma idéia, mas tambem a grafia dos vocábulos, como costuma dizer o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Assim, exemp li fi ca ele, um cysne, cisne no qual o "y" lembra a elegância da cabeça e da curvatura do pescoço da ave. Cortar o "y" do cysne é o mesmo que arrancar-lhe o pescoço e colocar ali uma bengalinha. O mesmo acontece com um rio que dê uma bonita volta e depois termina seu percurso. Para os espíritos superficiais, que só vêem o lado prático das coisas, essa volta é inútil. Ora,

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TEOLOGIA AUTODEMOLIDORA dos em palavras estrangeiras. O pouco de bem não compensa o mal feito. Isto posto, resta-nos protestar. E protestar energicamente. Em Portugal a reação está muito mais viva do que no Brasil. Professores, escritores, poetas, jornalistas e outros ameaçam pura e simplesmente desconhecer o decreto governamental e contivida mais subtil do que uma simples suti- nuar a escrever como antes. Lá só os socialistas é que estão defendendo com unhas leza. Assim, o "supérfluo" revela-se valio- e dentes a reforma ortográfica. E nisso se so, até mesmo indispensável, especialmen- mostram coerentes em seu erro, pois é a te ao enriquecer o belo. Os portugueses mesma tesoura igualitária a que recorta as terras na reforma bem compreend_eagrária, os edifíram isto, e procucios na reforma urbararam salvar o que na e as palavras na puderam nos assaltos reforma ortográfica. anteriores: para eles Infelizmente não ainda valem "acto", são muitos os nossos "coleccionar", "amcompatriotas que panistia", "óptimo" recem perceber o aletc. Na próxima recance de uma reforforma ortográfica ma ortográfica para eles serão atingidos influenciar todo o mais do que nós, e modo de ser de um obrigados a se desfapovo; ou, se percezerem desses resquíbem, fal~-lhes ânicios das belezas de mo para expressar outrora, esses poucos seu desacordo. De tapetes e cortinas. nossa parte, declaraNão só entre nós mo-nos inteiramente há os que querem eminconformes com tupobrecer a língua. do o que signifique Essa tendência exismais um atentado à te em todo o mundo. "última flor do LáA Revolução igualitácio". ria é universal. Não As gerações mais sabemos a que barbaantigas certamente leridades ela nos convaram a melhor poduzirá, caso alcance dendo louvar um caêxito. Um amigo nosvalleiro christão, que so anglo-saxão nos cumprimentará com Carlos de Laet enviou espirituosa car- parte em defesa do Santo Sepu/chro; ou "rrau ariú" em vez ta a Machado de Assis - o 'sidadão de "how are you?". Maxadu Dasis - sobre a reforma orto- censurar o tyranno E quem quererá visi- gráfica, que já agitava alguns gramáti- blasphemador (que derrubou o throno, tar o ''xatô de xenon- cos no começo do século. 'Para uma triumphante numa sô" no lugar do "chârevolusão é muito pôku, i para uma /ucta desleal, apodeteau de Chenoncedesorden já é demais', dizia ele rando-se mesmo do a ux"? Será que castel/o real) . Cer"Dóitxiland" ainda terá algo a ver com a novamente uni- tamente lhes pareceram mais valiosos os thesouros do Egypto, escondidos desde os da e poderosa "Deutschland"? tempos dos pharaós, mais imaginosas as phantasias, mais activo o commercio, mais Portugal: reação salutar bel/os os hymnos e mais convincentes os Houve, é claro, alguma coisa de posi- ® methodos. Até as borboletas tinham retivo nas diversas reformas ortográficas. flexos mais coloridos quando eramchrysa/Basta citar a eliminação dos acentos dife- lidas. Ainda bem que, em meio a tantos renciais na reforma de 1971, aí sim, quin- saques vandálicos, à charmosa e poética quilharia supérflua. Assim também, cons- Bahia lhe deixaram o seu "h" ... ta que na próxima reforma devólver-nos- Senhores gramáticos, chega! Não nos tirem ão alguns de nossos vasos de flores: vol- nossos tapetes, cortinas e lustres! tam "k", "w" e "y" a fazer parte de J. BETTINEK CARVALHO nosso alfabeto mas ... só poderão ser usa-

há ocasiões em que a beleza está em conter algumas sinuosidades. Querer retificar um rio, em quaisquer condições, é falta de sensibilidade, é passar para si mesmo um atestado de asnice. Assumpção de Maria corresponde mais à excelsitude do acontecimento do que Assunção. E uma subtileza é sem dú-

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Uma sociedade de tipo tribal, trans-comunista, cujos membros vivam num regime de miséria e irracionalidade, eis o "ideal" que teólogos da libertação querem nos impingir As teses radicais neles defendidas o de um grupo homossexual "cristão" M NOME do Padre de indicam bem o rumo pelo qual con- Coesão,, o qual defendia com todo todos os povos, Maíra tinuarão a ser conduzidas a Santa Igre- o descaramento o ''reconhecimento de tudo, excelso Tupã. ja e a sociedade temporal, se não se sacramental à união amorosa entre Em nome do Filho puser termo ao processo de autode- pessoas do mesmo sexo". Horrores que a todos os homens molição apontado por Paulo VI. semelhantes a este foram propostos nos faz irmãos no San- Os congressos de 1989 e 1990 foram também numa mesa-redonda por um gue mesclado de todos muito esclarecedores a esse respeito. indivíduo que se dizia "ermitão" (sic). os sangues. Vejamos. O Pe. Jtr.i.n Antonio Estrada intituEm nome da Aliança de Libertação. lou sua conferência - a de encerramenEm nome da Terra-sem-Males .. -" Em 1989: Tribalismo to dos trabalhos - de "Utopia de uma Assim começava a Missa de encerIgreja igualitária, fraterna e libertadoramento do IX Congresso de TeoloA Missa citada simbolizou bem o ra". Para ele, a utopia que as esquergia realizado em Madri, no auditório leitmotiv do congresso de 1989: o tri- das querem realizar está sintetizada do colégio Bispo Perelló, de 13 a 17 balismo. no lema da Revolução Francesa: igualde setembro de 1989. dade, liberdade, fraMissa inventada por ternidade. Esta utoD. Casaldáli ga - e pia, afirmou, "comeque já andou sendo çou com o Protestanrepresentada no Bratismo, firmou-se com sil - intitulada Missao iluminismo e foi proda-Terra-sem-males. clamada pela RevoluTrata-se de um exótição Francesa". A toco culto, com nítida cha da Revoluç ão influência pagã, que Francesa, prosseguiu, se desenrola ao som foi retomada pelo de instrumentos pri marxismo que "busmitivos, com alternâncou dar-nos as mediacia de textos litúrgições de praxis e de tecos e invocações a "dioria que tornariam vindades" indígenas, possível... um projeconclamações à reto de futuro". Dir-sevolução ecologista e ia que esse sacerdote exaltação da nudez e leu a obra "Revoluda vida tribal. Aliás, ção e Contra-Revoluo ecologismo indígeção" do Prof. Plinio O sacerdote africano Mpundo-E-Boot-Bosawa, apresentado na foi a meta preferida Corrêa de Oliveira, na no X Congresso como uma espécie de profeta tribal dos expositores desse qual este, já em 1959, e6congresso, e também do realizado Além dos Bisp s de Málaga e Hues- tabelecia o nexo profundo existente no último ano. ca, que estiveram presentes à sessão entre a pseudo-Reforma protestante, Quem promove tais congressos, de abertura, o Bispo de Argel, o fran- a Revolução Francesa e o comunisrealizados anualmente na capital es- cês D. Henri Teissier, participou dos mo, três eventos históricos de um mespanhola? Uma singular "Associação trabalhos. Falou tambêm um expoen- mo processo revolucionário. de Teólogos João XXIII", ligados te brasileiro da teologia da libertação, à chamada teologia da libertação. Hugo Assman, sacerdote católico após- Em 1990: miséria e irracionalidade Recebem apoio de diversos grupos tata. católicos, que dizem representar os Nos corredores, entre stands de O congresso de setembro de 1990, oprimidos. socialistas e ecologistas, fazia figura com dois mil participantes, foi patroCATOLICISMO, março 1991 -

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ctnado por mate de 12 organtzacões e 20 revistas da esquerda católica. Defrontando-se agora com o fracasso ovante do comunismo russo, partiram eles para aprofundamentos da sociedade 1ndtgeno-soc1al1sta que querem implantar no mundo. Pois, dtz a Mensagem final, "o soctaltsmo tem futuro porque continua. sendo um ideal". E acrescentam que, desaparecendo a. tensa.o Leste-Oeste, "fica a descoberto uma. outra ma.te grave entre o Norte e o Sul". O Sul seriam os pa.1ses pobres, e o Norte os ricos. Ou seja, a. temática. da.e esquerda.e continuará a. ser uma. luta. de classes em n1vel de nações, Jogando os pa.1ses ditos do Terceiro Mundo contra. os chama.dos desen vol vldos. Miserabilismo. Desejam a destruição da civilização industrial, não para restabelecer a ordem e a calma próprias da esplêndida Cristandade de outrora, mas sim para impor uma pobreza social a toda Humanidade. Jon Sobrino, teólogo jesuíta, afirmou de forma expressiva que a Igreja e a sociedade "devem fazer uma opção pela pobreza, devem assumir o princípio da pobreza" como seu fundamento. Enganam-se redondamente os que acham que a esquerda visa a melhoria da condição dos pobres; ela quer realmente empobrecer a todos. "É preciso extinguir a mentalidade consumista", pediam vários expositor~s. O novo homem, disse o sociólogo J. Martinez, deve ser "solidário" e "austero", pois "a sociedade de consumo nos perverte''. Trata-se de uma "austeridade coletiva".

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Ou seja, a pobreza generalizada, de fato a miséria. Um militante de uma comunidade de base de Madrid, Alberto Giraldez, de-lineou a nova sociedade que se quer implantar: "carente absolutamente de dinheiro", na qual "não exista o intercâmbio econômico, nem mesmo em forma de troca". Para ele a "produção comunal de bens" traria a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Como exemplo do que deseja para o mundo futuro disse: "Nas grandes tribos não há intercâmbio econômico. Tudo é de todos". Elogiou ainda os kibutz israelenses e os "ayllus incas, comunidades onde não há propriedade privada" . Victor Renes assim criticava a sociedade de consumo: "Há pobreza porque há abundância; há fome porque há excedentes agrícolas; há pobres, não po\que haja pouco, mas porque há demais". Ou seja, havendo abundância, uns acabam por ter mais do que outros, são os ricos. E os que têm menos, são os pobres. Se se reduzir todo mundo à extrema miséria não haverá mais ricos e, conseqüentemente, não haverá mais pobres . Fica assim expressa com um cinismo lapidar, a igualdade radical na miséria que se deseja para todo mundo. Irracionalidade. Indiretamente advogou-se para o "homem novo" em gestação, a cessação da atividade de pensar .Deve-se entrar no novo sistema socialista-tribal cegamente, como um bicho o faria. Assim se exprimiu Martinez: "Não sabemos a que conduz nosso processo; mas épreciso entrar dentro dele sem saber".

Quem dirige esse barco no qual "é preciso" que entremos? E por que "é preciso"? Muito estranho! O máximo que Martinez nos adianta é que se deve ter "confiança que o Espírito soprará". No que se baseia essa confiança? Que espírito é esse? Convém não esquecer que o Papa Leão XIII já nos advertiu contra "os espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder as almas". A grande vedete do congresso foi o sacerdote africano Mpundu-E-Booto-Bosawa, apresentado como uma espécie de profeta tribal, modelo para o futuro. Vestindo uma túnica multicolor, vituperou "o costume de cálculo e previsão" da sociedade capitalista. Mais uma vez a renúncia à razão: não calcular, não prever, deixar que nos arrastem. Mostrouse ainda contra a "dominação da natureza'', em favor de uma sociedade ecológico-tribal de tipo africano. "Choque" não resolve. Não há pois lugar para ilusões. A vitória desta corrente - hoje em dia muito bafejada pela mídia e que não encontra oposição eficaz nas altas esferas civis e eclesiásticas significa o triunfo da pobreza total, da irracionalidade e do tribalismo autogestionário. Talvez isto choque a muitos. Mas se ficar apenas no "choque", e não se tomarem as medidas necessárias, tais horrores irão sendo "absorvidos", transformar-seão em hábitos e por fim se implantarão. Fale, pois, divulgue, comente, alerte, combata. GREGOR!O LOPES

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22- CATOLICISMO, março 1991

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Escrevem os leitores ' ra. O termo é tentar, e o faço , não deixando de explicar que a Dentre os atualíssimos assun- passagem de substâncias proteitos veiculados por CATOLICIS- cas inertes (precursoras da viMO, chamou sobremaneira mi- da nos seres) para substâncias nha atenção o artigo 'Seminário vivas só foi possível através de debate pornografia e violência uma FORÇA criadora que chana TV'. Pelo que depreendi os mamos Deus. Que substâncias organizadores do evento convi- seriam estas? Pequenas molécudaram 'caprinos para tomarem las de DNA, que possuem capaconta da horta', tão comprome- cidade de auto-reprodução. tidos estão, os 'palestristas' conQuanto ao termo evolução, vidados, com a tarefa de des- é bastante aceitável. Se nele não truir as famílias brasileiras e cremos, como explicar os fósos princípios morais e cristãos. seis macro e .microscópicos? E A quase totalidade dos convida- as novas formas de vida que dos são assíd uos freqüentadores . surgem até os dias atuais? Estade canais de televisão, e por is- vam por aí escondida's? to mesmo comprometidos por Os fósseis dos grandes Sáurelacionamento de emprego, on- rios são provas concretas de sede sempre pregaram abertamen - res que viveram e não mais tivete a total liberdade de comporta- ram condições de sobrevivência. mentos sem o mínimo de princí- Por que não falar que estas· espios morais.Lorival José de AI- pécies, perfeitissimas para o plameida, Cândido Mota-SP). no de Deus, já tiveram seu tempo de louvar e desapareceram - tudo tem seu tempo. Quarenta anos Nós, humanos, guardamos Lemos com muito júbilo o em nossos corpos estruturas preesplêndido número de CATO LI- sentes em plantas e animais infeCISMO comemorativo dos qua- riores. Durante o desenvolvimenrenta anos de atuação. Quere- to o embrião percorre toda a mos felicitar a toda a direção e filogênese animal. colaboradores da revista, e soO homem evoluiu de um rabretudo pedimos que o Sr. trans- mo semelhante do dos macacos mita ao Dr. Plínio nossos cum- e não diretamente deles; não primentos. podemos ser descendentes de Agradecemos a honrosa men- seres que vivem até os dias atuais. ção que CATOLICISMO fez a O homem foi criado à imanosso saudoso pai e colabora- gem e semelhança de Deus. Por dor, bendizendo o dia e a hora que não crer em que'''õºsenhór em que ele conheceu Dr. Plínio da vida só concedeu a Alma e seguiu sua orientação. Maria quando esta forma primitiva Jzabel, Maria Henriqueta e Ma- já havia evoluído suficiente paria Eugênia de Azeredo Santos, ra ser guardiã de tal tesouro? São Paulo-SP) É mais racional e simples acreditar na evolução, tendo Evolução por premissa de ser mais plausível a energia de um ser SupeSou leitora desta revista, com rior, do que imaginar Deus tomuito gosto, e acabo de ler o do poderoso, sujando as mãos artigo 'Um estranho gosto de no barro para moldar um carnos aparentar com o macaco', neiroMaria JgnezMenezes, Forde Agosto/90 e pus-me a pen- miga - MG). sar nos desacertos das informações ou má interpretação da evo- Nota de Redação - O fato de a lução dos seres. missivista declarar que lê nossa Como profa. de Biologia, revista 'com muito gosto', mostenho por obrigação tentar ex- tra tratar-se de pessoa que não plicar a origem da vida na Ter- só concorda, ao menos de moPreocupação

do geral, com a orientação de CATOLICISMO, mas até tem prazer em lê-la. Ficamos-lhe, pois, agradecidos por essa declaração. Manifesta ela, porém, em termos elevados, sua discrepância quanto a um artigo que publicamos a respeito do evolucionismo. Suas objeções nos mereceram toda atenção, embora não nos pareça que elas abalem o artigo citado. Compreendemos que, sendo professora de biologia, a Sra. Maria Ignez, mesmo com boa intenção, esteja mais sujeita do que outros à influência de certa literatura evolucionista corrente, que tende a fazer dessa doutrina um 'dogma'. Seja como for, tratandose de problemas cuja explanação exige um certo espaço, não caberia tratá-los nesta seção. Por isso remetemos a Profa. Maria lgnez para artigo alusivo a essa temática, que publicaremos em nossa próxima edição. Posição social

Sempre apreciei incondicionalmente CATOLICISMO, e já há muito tempo desejava enviar-lhes estes excertos de "O Diálogo" de Sta. Catarina de Sena (Edições Paulinas). (Valério Gozzano, Sdrocaba-SP).

Nota da redaçao: Por ter bastante interesse publicaremos o texto em uma proxima edição, na seção "Verdades Esquecidas". CEBS

(O Dr. Sílvio Reis Costa, de São Paulo-SP, assinante de nossa revista, recebeu carta de um amigo seu, das CEBs, e nôla enviou. Seguem alguns trechos): · Pedimos o livro 'O que é CEB', do Frei Betto, pois o achamos importante ao vermos que 'ffós que trabalhamos nas CEBs estávamos sendo enganados. Depois recebemos sua revista CATOLICISMO sobre a Teologia da Libertação. As coisas estão acontecendo, deve ser o dedo de Deus para vermos estes erros, pois o livro· 'O que é CEB' anarquiza a Igreja de Cristo, chama-a de prostituta e outros adjetivos. Acordamos dessa escuridão e quero dar-lhe muito obrigado pela prova de amor a seus irmãos em querer abrir os nossos olhos. Seremos agora mais irmãos com a graça de Deus. Também fiquei muito ansioso por adquirir as revistas que relatam tudo sobre a Revolução Francesa. Já conhe-

ci na semana passada o tal livro da Arquidiocese de São Paulo 'Brasil Nunca Mais'. Deve ser a Bíblia para ensinar a seus diocesanos, por isso o sanguinário Fidel Castro foi tão aplaudido pelas CEBs de São Paulo, parecia ser Jesus Cristo. Deusdete Junqueira Miranda, SerrinhaBA). Imoral

Gostaríamos que V.Sa. autorizasse a publicação da matéria em anexo na coluna 'Cartas dos Leitores'. Itamar Ribeiro de Carvalho, Rio de Janeiro-RJ) .

Nota da Redação: O pedido de publicação tem por objeto um artigo do missivista. Não sendo próprio a esta seção publicar artigos, inclusive por razões de espaço, damos entretanto excertos dele: '' A esdrúxula CHA, Comunidade Homossexual Argentina, tentou inutilmente seu registro como entidade jurídica. A Câmara de Apelação Civil rechaçou esse imoral pedido, sob os legítimos fundamentos de que tal pretensão é um verdadeiro atentado à moral e aos bons costumes, à preservação da família e aos princípios do direito natural e da ética católica ... Esse indecente movimento homossexual induvidosamente faz parte de um grande projeto existente no mundo atual que tem por objeto degradar a moral, a família e desmoralizar a própria Igreja Católica. Escândalos como este vão se tornando quase rotina, desde o famigerado advento do progressismo que assola a Santa Igreja Católica". Falência comunista

Pouco antes do lançamento de CATOLICISMO - essa vibrante e sonorosa ponta-de-lança contra o comunismo, sempre vigilante como o quero-quero das coxilhas rio-grandenses -, lá pelos idos de 1939 publicava eu, no bi-semanário local '.'Sul do Estado", de minha propriedade e direção; no matutino "Eco do Sul", de Rio Grande (RS) e na antiga "Revista de Contabilidade" que se editava no Rio de Janeiro (RJ), audacic,so e desassombrado artigo epigrafado "A falência do regime comunista". Escrevera-o eu a propósito dos badalados planos quinquenais, que acabaram por fracassar fragorosamenteMario Russomano Anselmi, Sta. Vitória do Palmar-RS).

CATOLICISMO, março 1991 - 23


olhos da imagem per~tiu ver nele refletido o próprio rosto cio índio.

Tiros no Oratór~o

TFPsemação

COMENTE, COMENTE

O Oratório de Nossa Senhora Aparecida, dando diretamente para a rua, junto ao portão de acesso à Sede J asna Gora, que a TFP mantém no bairro de ltaquera, em São Paulo, foi alvo de sacrílego atentado na madrugada do dia 22 de novembro último. Na ocasião, elementos desconhecidos dispa-

Denúncia: revolução rumo ao tribalismo indígena QUITO - Na Igreja de São Domingos, onde se encontram verdadeiras jóias da arte colonial equatoriana, comungou pela última vez, no mesmo dia em que foi martirizado, no século XIX, o presidente Garcia Moreno. Essa mesma igreja esteve ocupada, no ano passado, por um grupo de indígenas, que ali permaneceu ao longo de onze dias, cozinhando e morando em meio aos bancos e altares do templo. Sem qualquer precedente na História do país, essa invasão, entretanto, TFP equatoriana, tendo descido às ruas, ergueu seus estandartes contou com o apoio ostensivo do Bisno centro histórico de Quito (foto). E em muitas outras cidades po de Riobamba, D. Victor Corra!, Ao mesmo tempo, a TFP equato- raram três tiros contra a imagem, um bem como do Padre Superior dos Dominicanos de Quito e de outros sacerdo- riana dá destaque especial à obra "Re- dos quais a teria atingido, caso o vidro tes, os quais promoveram como ato volução e Contra-Revolução", de auto- que a protege não fosse à prova de bala. Um ato público de desagravo a de solidariedade aos indígenas, a cele- ria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, bração de uma chamada "Missa do a qual, em sua Terceira Parte, focali- Nossa Senhora, por esse execrando atenTriunfo". Um dos objetivos do movi- za o tribalismo como sendo a meta da tado, foi realizado poucos dias depois, mento é a efetivação de uma Reforma Revolução universal neste final de sécu- com a presença do Prof. Plinio Corrêa Agrária socialista radical, sintetizada lo, após haver sucessivamente passado de Oliveira. Formados ao longo da rua por esta frase: "1992 - nenhuma fazen- pelo Protestantismo, pela Revolução Sábado d' Angelo, onde fica aquela SeFrancesa e pelo Comunismo. da mais no Equador". de, centenas de sócios e cooperadores Entusiasta da verdadeira harmo- çia TFP entoaram os hinos "Do Prata A propósito desse acontecimento sintomático, a Sociedade Equatoriana nia social, na qual classes e grupos ét- ao Amazonas" e "Viva Mãe de Deus de Defesa da Tradição, Família e Pro- nicos convivem sob a influência benéfi- e Nossa" após as orações rezadas pepriedade publicou recentemente em for- ca dos princípios católicos, o estudo lo Revmo. Pe. David Francesquini . mato de revista, uma substanciosa aná- da TFP equatoriana - amplamente feslise da documentação esparsa em livros divulgado em campanhas nas princi- Fanfarra dá brilho e entrevistas de imprensa, em que tais .pais cidades do país - põe em realce eclesiásticos progressistas expressam a predileção manifestada pela Santíssi- ta dos Vicentinos suas doutrinas e seus objetivos sociais. ma Virgem às populações indígenas, A Fanfarra dos Santos Anjos, comTranscrevendo e comentando tre- ao aparecer no México, no século posta por jovens cooperadores da TFP, chos mais significativos dessa documen- XVI, ao índio Juan Diego. Aparição e sob a direção do Maestro Cláucio Stetação, a revista da TFP demonstra o seguida da conversão de milhões de ín- phan, proporcionou na Vivenda Vicenobjetivo último desejado por esses ecle- dios à Fé católica. Como se sabe, por tina de Bussocaba, localizada na cidasiáticos: implantação de um regime so- ocasião daquela aparição, a imagem de de Osasco-SP, por ocasião das festicialista e tribal, em contraposição ao da Santíssima Virgem ficou indelével vidades da Imaculada Conceição. sistema baseado na propriedade priva- e milagrosamente impressa a cores na A programação incluiu Missa, palesda, modelado pela Igreja ao longo dos túnica de Juan Diego. Recentemente, tras e admissão de novos associados . a ampliação fotográfica de um dos séculos.

à

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Louc~s? Do lado de dentro, ou de fora? Querem, mesmo, acabar com todas as diferenças. As desigualdades de sexo, raça, nível social ou cultural, e até de religião, vão sendo relativizadas cada vez mais. São tratadas como se fossem doenças. Como não é possível acabar com elas - ainda o reconhecem querem que desapareçam em toda a medida em que a natü.reza o permita. Não basta que o pouco inteligente seja, . muitas vezes, tratado como o sábio. Exigem que os próprios dementes sejam vistos como pessoas normais, e que os loucos furiosos não mais sejam recolhidos aos manicômios. Isto faz parte de uma tendência da qual são porta-vozes alguns intelectuais, como por exemplo Michel Foucault; para o qual a própria razão não é superior à desrazão" No nosso Brasil há um projeto de lei do deputado Paulo Delgado (PT-MG), que estabelece a extinção dos manicômios. Já foi aprovado, meio na surdina, na Câmara dos Deputados em 14 de dezembro p.p. e está para ser discutido no Senado. Segundo um matutino paulista, ele proíbe a construção de novos asilos psiquiátricos no País, e propõe a criação dos chamados "lares abrigados", onde passariam a viver os psicopatas. Tudo depende do que se deva entender por "lares abrigados". A expressão não é clara. Que se procure sempre que possível resolver o problema dos doentes mentais no âmbito familiar, parece coisa justa e sensata, desde que factível. Que se busque substituir imensos sanatórios psiquiátricos, semelhantes a prisões, por asilos menores, em que os loucos vivam como num lar, é algo que pode ser visto com simpatia, uma vez que tudo

quanto é massificante, comprime a natureza humana e só pode produzir efeitos indesejados. Resta ver se isto é exequível. Mas daí a meter os psicopatas em promiscuidade com as pessoas sãs, vai uma grande diferença. E um passo maior ainda é abolir os manicômios judiciários_, colocando em risco a sociedade·, de maneira

grave e irresponsável. Há quem afirme: "Louco recolhido a manicômio é duas vezes louco". Isto depende das condições do hospital. Se não forem boas, a solução está em melhorá-las, e não em abolir a reclusão . Não é porque uma penitenciária pode tornar um criminoso " duas vezes criminoso" - o que por vezes

é verdade - que se vai abrir as portas das prisões, ameaçando a sociedade. O mesmo vale, guardadas as diferenças, para os criminosos, os portadores de doenças contagiosas, etc. Uma época de robusta saúde mental talvez pudesse prestar-se a certas experiências. A nossa, infelizmente, não pode dar-se a este luxo. Se alguém tiver dúvidas, comece a reparar no número de pessoas que, em grandes centros como São Paulo e Rio, andam pela rua falando sozinhas. Será que vamos acabar :veil.do dementes atuando como professores, nós que não estamos longe de ver criminosos como delegados, zarolhos como motoristas, tarados como babás? meu Deus, ateus como sacerdotes? No Canadá, pasmem os leitores , os loucos tem direito a voto. Assim vai o mundo. Dizem que hoje os ladrões andam soltos, e que são as pessoas honestas que ficam por detrás das grades . Sim, atrás das grades que hoje guarnecem todas as janelas . de pessoas um pouco previdentes. Estando os loucos furiosos soltos do lado de fora dos hospícios, talvez as coisas cheguem ao ponto de que queiram eles passar para o lado de dentro a nós, que estamos no gozo de nossa razão. Os loucos, pelo menos, acharão isso razoável. E há quem julgue que todos os seus pontos de vista· · devem ser respeitados ... Na confusão entre a saúde mental e a loucura, é a primeira que tem mais o que perder. Pois, como disse Donoso Cortez, o espírito humano tem fome de absurdo e de pecado. Uma forma de reagir é comentar. Pois então

comente, comente ...

CATOLICISMO, março 1991 -

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História Sagrada

em seu lar

noções básicas doze irmãos; o menor ficou em casa; o outro ... morreu' . "Continuou José: 'Não posso acreditar em vós; se é verdade que tendes outro irmão, mandai um de vós buscá-lo, e os outros ficarão aqu i prisioneiros até que ele chegue' . E ordenou que fossem presos e vigiados.

Simeão fica retido como refém

JOSÉ PROVA SEUS IRMÃOS JOSÉ, TENDO sido vendido, aos 16 anos, por seus irmãos, foi conduzido como escravo ao Egito, onde, por especial proteção de Deus, tornou-se, aos 30 anos, vice-rei. Porém, Jacó, seu pai, o dava por morto. Conforme predissera José ao Faraó do Egito, durante sete anos "foi tanta a abundância do trigo, que igualava a areia do mar, e a quantidade excedia toda medida. E nasceram a José dois filhos: Manassés e Efraim. E atado o trigo aos molhos, foi recolhido aos celeiros do Egito" (1).

"Três dias depois, mandou-os chamar e lhes disse: 'Eu temo ao Senhor e não quero ser injusto convosco. Se é verdade que sois homens de bem, voltai à vossa casa com o trigo; um só ficará como refém, até que um de vós traga à minha presença o irmão menor. Então prestarei fé ao que me dizeis'. "Submeteram-se a essa condição, e, pensando não serem entendidos, disseram entre si, em sua língua: 'eis que Deus nos castiga pelo crime que cometemos, vendendo nosso irmão. Ele nos pedia compaixão e nós não o escutamos. Por isso, merecidamente, encontramo-nos, agora, em tão dolorosas circunstâncias'. "José compreendeu aquelas palavras e, comovido, retirou-se para chorar. Mas logo acalmou-se e, retendo Simeão como garantia, ordenou aos criados que enchessem os sacos e colocassem, em cada um, o dinheiro que lhes dessem em pagamento do trigo" (2).

nhor daquela terra falou-nos com dureza: ... 'trazei-me o vosso irmão mais novo, para que eu saiba que não sois espias, e possais recuperar este que fica em prisão, e tenhais depois licença de comprardes o que quiserdes'. "Dito isto, ao despejar o trigo, cada um deles encontrou na boca do saco o dinheiro embrulhado; e tendo ficado todos espavoridos, o seu pai Jacó disse: Vós levastes-me a ficar sem filhos. José já não existe, Simeão está em cadeia, e haveis de levar-me Benjamin. Sobre mim caíram todos estes males ... O meu filho [Benjamin] não irá convosco; seu irmão morreu e ele ficou só; se lhe acontecer alguma desgraça na terra para onde ides, fareis descer os meus cabelos brancos com dor à habitação dos mortos . "Entretanto a fome oprimia cruelmente toda a terra. E, consumidos os víveres que tinham levado do Egito, Jacó disse a seus filhos: Voltai e comprai-nos um pouco de víveres ... Levai também convosco dobrado dinheiro; e tornai a levar aquele que encontrastes nos sacos; não tenha acontecido isso talvez por engano. Tomai também o vosso irmão [Benjamin], e ide ter com esse homem. E o meu Deus onipotente vô-lo torne propício, e remeta convosco o vosso irmão que retém preso, e este meu Benjamin; eu entretanto serei como um homem que fica privado de filhos" (3).

Jacó manda seus filhos ao Egito Jacó envia Benjamin "Mas sobrevieram, depois, os anos da mais terrível carestia, que atingiu quase todos os países vizinhos. Em face dessa desolação, José abriu os seus armazéns aos habitantes do Egito e aos demais povos que recorriam ao seu auxílio. "A carestia chegou até o país de Canaã (atual Israel), onde morava Jacó que, para não morrer de fome, enviou seus filhos ao Egito, em busca de mantimentos. Como, porém, depois do desaparecimento de José, votava especial afeto ao filho menor, chamado Benjamin, quis que este ficasse em casa, temendo que lhe acontecesse qualquer desastre durante a viagem .

Os irmãos de José na prisão "Os filhos de Jacó, chegando ao Egito, apresentaram-se a José [sem o reconhecer), e inclinaram-se, respeitosamente, perante o vice-rei. Este imediatamente os reconheceu e, fingindo tratar com estrangeiros, disse, em tom severo: 'Vós sois espiões e aqui viestes a fim de descobrir as fortificações do país'. '"Não, senhor - responderam eles trêmulos ~ nós somos teus serv_os, aqui viemos umcamente comprar tngo. Eramos

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"E foram para casa de Jacó seu pai, na terra de Canaã e contaram-lhe tudo o que lhes tinha acometido, dizendo: O se-

Notas (1) Gen . 4 1, 47-51 (2) São João Bosco , "História Bíblica do Velho e Novo Tcstamenio" - Livrari a Salcsíana Editora, São Paulo, 1920, pp . 43-45 (3) Gen. 42,29 a 43, 14

Todos deveriam ajoelhar-se diante de José, vice-rei do Egito

"OPÇÃO PREFERENCIAL PELOS POBRES", MAS ... ..• QUAIS POBRES? "Porventura não há pobres por tod a parte? . Porventura não são abundantes os órfãos? E ntretanto , procuro o pobre, procuro o órfão . ... É preciso entender de modo mais profundo este pobre; dele foi dito: 'Bem-aventurados os pobres de espírito, porque desses é o reino dos céus' (Mt. V, 3) . . .. " E scuta-me a respeito do que me propuseste, senhor pobre. Quando dizes que és aquele santo coberto de chagas, tenho medo de que, por causa do orgulho, tu não sejas o que dizes. Não desprezes os ricos misericordiosos , o s ricos humildes; em breves palavras, não queiras d es prezar os ricos pobres . Ó pobre, sê pobre também tu; pobre , isto é , humilde" (" Retto uso dei/e richezze nella tradizione patrística ", a cura di Mauro Todde e A lie/o Pieri, Ed . Paoline, Milão, 1985,

P~lr-..JEL Soldados russos no Leste europeu. O que o comunismo não paga em êxito, esbanja em empáfia e insensibilidade


. ·Na agonia do horto, submissão total ao Padre Eterno A agonia de Nosso Senhor Jesus Cristo no Monte das Oliveiras é por certo um dos episódios mais tocantes da Paixão do Salvador. O quadro artístico, de inspiração chinesa, que o leitor contempla, fixa o momento em que o Filho de Deus, completamente desligado de tudo quanto é terreno, se entrega a um inefável e íntimo colóquio com o Padre Eterno, suplicando: "Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a Vossa vontade" (Mt. 26,42). A força admirável dessa súplica e instante oração, quem contempla o quadro a pode perceber na elevação da cabeça e na posição ligeiramente inclinada para a frente do tronco de Nosso Senhor. O empenho colocado pelo Divino Mestre no pedido que está fazendo se reflete em todo seu corpo. Dir-se-ia que Ele quase se desprende da terra de tanto falar com Deus!

se aproxima. Bem corno o traçado horripilante da vegetação que O circunda, e o pico montanhoso de forma abrupta. "Então, apareceu-lhe um anjo do Céu, que o confortava" (Lc. 22,43) A delicadeza de sentimentos aparece por inteiro na representação do anjo. Ele se apresenta numa atitude de muito respeito, parecendo receoso de perturbar a manifestação daquela dor insondável. Num segundo plano, contemplamos São Pedro, São Tiago e São João que dormem, "porque os seus olhos estavam pesados" (Mt. 26,43). Depois de ter rezado três vezes, Nosso Senhor levantarse-á, e, dirigindo-se a eles, dirá: "Basta; é chegada a hora; eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores ... " (Me. 14,41). LEGENDA:

O branco de sua túnica inconsútil, li- A Agonia no Horto: Pintura de Ch 'en Yüan geirarnente rosada, é simbólica da inocên- Tu, conhecido como Lucas Chen, da Escola de eia que Ele jamais perdeu. O tom escuro Pintura da Universidade Católica de Pequim, do cinto, entretanto, evoca a tragédia que Fu Jen (SVD) .


,,,.,,

CRIAÇAO DIVINA E PSEUDO · CIÊNCIA


1

j" \

Abril de 1991

Assestando o foco nos

Discernindo, distinguindo, classificando .. .

pontos nevrálgicos

STALIN E O CAVALO AMARELO ''Assim

me sep ara de tudo a morte sa aos olhos do Senhor a morte de seus amarga!?"(/ Reg. XV,32). Tal samos" (Ps. CXV,15). é a pergunta, che ia de perplexidade e dor, do rei de um daqueles povos * * * citados no Antigo Testamento, os amalecitas, no momento em que ia ser morto. VeA morte do ímpio, porém, é terrível. lha como tudo, entre tanto quão atual é esta indagação! Retrata de modo preciso a pos ição daqueles que passam sua vida sem cogitar na morte que os esprei ta numa curva do caminho, talvez já na próxima. E quando por fi m a vêem chegar, não se conformam com a separação que lhes é imposta: de seus bens, dos prazeres, de tudo quanto amam e a que estão apegados. A morte é para eles uma dilaceração. É d ife rente a d isposição do justo. Lutando continuamente para que Deus re ine nesta terra, sabe entretanto que a qualquer momento pode ter sua carreira interrompida, e para isso se prepara . "Não há senão um degrau. entre mim e a morte" (! Reg. XX,3), exclamava em paza Profeta David, já em s ua juventude. De fa to, é o próprio Espírito Santo quem nos adverte: "L embra-te que a morte não tarda e que te foi intimado a ir para o sepulcro" (Ecl. XlY,12). E não ad ianta querer fugir-lhe, po is não há esconderijo a que ela não tenha acesso, não há porta que a impeça de Morto São João Bosco, seu corpo, sentado entra r: "a morte subiu. pelas nossas revestido dos paramentos sacerdotais, janelas e entrou. em nossas casas" foi exposto à veneração dos fiéis. Na (ler. IX,21) . fisionomia, uma paz profunda denota a Como é possível ao justo ter santidade de sua morte este quadro diante dos olhos e permanecer em paz ? É que Nossa Senhora o Voltaire, nos últimos momentos de sua ajuda, e ele sabe que para além das cortinas vida, desesperado, engolia seus próprios da morte, Jesus Cristo o aguarda com seu excrementos e soltou um brado tão lanciperdão e s ua misericórd ia. Ao vencer o nante e assustador, que petrificou de medo pecado, por s ua Redenção, fo i Ele também e horror os c ircunstantes. Apavorado, dizia o vencedor da morte, por sua Ressurreição. ver o diabo querendo pegá-lo. E ela não tem verdadeiro poder sobre os Assim, ao que pare··, nüo s6 os jusque são fiéis ao Cordeiro de Deus: "Traga- tos mas também os ímpios p(XI ·m ter visôda foi a morte na vitória. Onde está, ó es nos últ imos instantes. Só qu · no caso tios morte, a tua vitória? Onde e ·tá, ó morte, o primeiros, elas lhes trnzem ui ·gri11 · Cxtus ·; teu aguilhão ? O aguilhão da morte é o e, n que se rcr ·rc aos (11l imos, ·spnlhum a pecado .... Porém graças a Deus q11 nos dor e o desespero. deu. a vitória (sobre a morte) por Nosso talin teria tido um11 visfto d ·stc úlSenltorlesus Cristo" (/ Cor. XY,54). Por- ti mo tipo ao morrer? Níi o sabemos, mas que voltados sempre para Deus, "é precio- a dcscriç'io que tios dcrrud •iro.'> momentos

Número 484

de sua v ida faz s ua fil ha, Svetlana, dá margem a essa pergunta. Conta ela: "A resp iração f azia-se cada vez mais of egante. Nas últimas doze horas tornou-se claro que a fome de oxigênio crescia. A f ace escurecia e se a lt erava. G radualmente seus traços tom avam-se irreco11hecíveis, os lábios negros. Na última !tora, ou nas últimas duas, ele simplesmente foi se sufocando. A agonia foi espamosa. Um !tomem era estrangulado sob os olhares de todos. Em dado momento... evidentemente já 110 último minuto, de rep ente, ele abriu os olhos e os voltou para todos aqueles que estavam em tom o. Foi um olhar terrfve~ talvez louco, talvez fu ribundo e cheio de terror em fa ce da morte e diante dos rostos desconhecidos dos médicos que se inclinavam sobre ele; e seu olhar passeou sobre todos durante uma certa fração de minuto; e, a essa altura - foi uma coisa incomp reensível , ltorrlvel, que ainda hoje não entendo, mas 11.ci.o posso esquecer - ele ergueu improvisadamente para o alto o braço esquerdo e com ele apontou para o alto ou talvez 110s ameaçou a todos ... " (Svetlana Alliluyeva, Vinte Cartas a um amigo). O que teria ele v isto no alto que tanto o aterrorizava? É preciso considerar que o grau de impiedade e de Stalin fo i tal, que houve quem o considerasse um precursor do Anticristo. Se assim é, uma eventual visão tida por ele deveria Ler proporção com aquelas descritas por São João, no Apocalipse. Por exemplo, a do cavalo amarelo: "E eis 11111 cavalo amarelo; e o que stava s '11tado sobr le tinha o nome de Morte, eseg11ia-oo fnj. ,r,w" (Ap. Vl ,8). No Juízo Final

C.A.

STALIN

CONTROVÉRSIA a respeito do evolucionismo continua acesa. Novas tentativas de provas vão sendo forjadas pelos adeptos dessa teoria (pois é de s imples teoria que se trata) à medida que fracassa m as antigas. O estranho gosto de aparentar o homem com o macaco já tem exposto à contradição e ao ridículo muitos de seus mais fervorosos defensores. Mas eles não desistem. Foi publicado na ed ição de "O Estado de S. Paulo", de 28 de fevereiro último, o artigo Descoberta ref orça Darwi11, proveniente da "consultoria do prof. Clézio Morandini , coordenador de biologia do Curso Objeti vo". Dá ele a entender que uma recentíssima descoberta de fósse is na África (" há um mês", diz) - portanto descoberta que nem teve tempo de passar pelas demoradas e indispensáveis análises cient íficas comprova sem mais a teoria de Darwin (criador do evolucionismo). E aproveita para incutir a idéia de que as pesquisas no DNA (ácido que se encontra somente nos seres vivos) reforçam de modo incontestável a doutrina evolucionista .

É pena que o autor desse apressado artigo não tenha tido tempo de ler antes as declarações de um renomado especial ista - publicadas em "El Pais", Madrid, 6-2-91 - o fís ico alemão Wilhelm Ansorge, di retor do grupo de tecnologia bioquímica do Laboratório Europeu de Microbiologia, de 1-Ieidelberg: "Com a tecnologia atual não se deve nem sequer tentar a seqüenciação (leitura da informação contida 110 DNA) do genoma humano. porque se demoraria de 20 a 50 anos para completá-la". E acrescenta que "há uns 100.000 genes 110 genoma humano, dos quais se conhecem apenas 3 ou 4.000", e mesmo ent re os que são conhecidos não se identifico u a função de muitos deles. Cabe esclarecer que ,o gene é uma unidade hered itária ou genética

existente no ser humano, sendo o genoma o conjunto dos genes que cada homem possui. Ansorge acrescenta que a técnica atual só pode pretender descodificar o DNA de bactérias, de moscas e de alguns peixes. Nem os mais poderosos computadores modernos são capazes de descodificar o DNA humano, devido a sua extrema complexidade. Em resumo, a estrutu ra do DNA humano permanece ignota em s ua quase totalidade. Mas açodados evoluc ionistas, bafejados por certa mídia ávida de sensacionalismos, dão a entender que o DNA não só foi descodificado, mas até que reforça o evolucionismo!

* * * No século XIX e início do XX, para tentar justificar a pretensa ori gem macacóide dos humanos, foram incontáveis os rabos de fósse is encurtados ou esticados, os crânios e mandíbulas de homens e macacos misturados para confu ndir. Forjaram-se "descobertas" como as do Pe. Teilhard Chardin, vergonhosamente desmentidas depois. Trombetearam a existência de "provas" em locais inacessíveis na época, como o fu ndo dos oceanos. Hoje, o avanço da tecnologia inviabilizou essas fraudes. A imaginação e a pertinácia dos darwinianos se refugia então nos recônditos ainda largamente inexplorados do DNA. Enquanto isso, nas escolas, as crianças indefesas têm de engolir como dogma que o homem é um macaco penteado e melhorado.

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Nesta edição, CATOLI CISMO apresenta a seus leitores mais um artigo sobre o evolucionismo, tema muito presente nas seções científicas de jornais e revistas. Tal doutrina continua sendo enfa ticamente endossada nos manua is do curso secundário.

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(Esta edição fo i impressa cm maio de 1991)

CATOLICISMO, abril 1991-3


concisamente eia econômica na Rússia e em Cuba, acrescentou o "príncipe herdeiro" de Havana: "não abriremos mão

Subsídio aos ricos Entre os absurdos constitucionais merece relevo a idéia de generalizar a "educação gratuita". O Presidente do Banco Central, lbrahim Eris, fá-lo notar com acerto: o ensino gratuito não passa de um "subsídio" assegurado pela atual Carta às famílias mais ricas. Com efeito, tais famílias que poderiam proporcionar a seus filhos um ensino pago terminam apropriando-se de grande número das vagas do ensino superior oficial, de que se vêem privados assim os menos favorecidos. E isso por uma imposição constitucional!

comum. De súbito, irrompem os sucessivos casos de suicídios entre indígenas matogrossenses. Então se informa que para certas tribos o suicídio e o infanticídio, por exemplo, costumam ser tidos como atos heróicos ou ritualísticos. Triste panorama "idílico"! Por que não ajudar os pobres índios a se civilizarem, em lugar de silenciar o cruel relrato da vida selvagem?

cnas de antropofagia, conllito tribais com matanças hedionda , rituais masoquistas ou satlln icos, todos os aspectos horrendos cxi 'lentes em povos primillvos ou decadentes iam caindo no olvido do homem

Em resumo, esconde o fracasso econômico, proclama "conquistas" inexistentes e finca o pé na manutenção da ditadura socialista. É um digno herdeiro do pai.

Cuba tem um digno herdeiro Fidel Caslro Sanchez, filho do ditador cubano (herdeiro?!), assim explicou as reformas na URSS: "Gorbachev está ten-

tando aplicar a teoria da conSuicídio indígena vergência, isto é, 4 união das conquistas sociais (sic) ao deDécadas a fio, ------.:---,.. senvolvimento temos sido econômico e agredidos por tecnológico". uma intensa e irracional campanha veiculada por sociólogos ou missionários neotribalistas. fim: exaltar o índio como portador de todas as virtudes na linha do pensamento de Rousseau, pseudo-filósofo que séculos atrás já apregoava o mito do "bom selvagem".

do socialismo .... O socialismo é a identidade nacional de nosso país .... A independência e a soberania estão vinculadas ao socialismo".

Eximiu-se, é claro, de expor quais teriam sido as "con-

quistas sociais" obtidas pelo desastroso PC soviético.

"Nós, socialistas, -

prosse-

gue o filho de Fidel - priorizamos as questões sociais. O que não significa que nos tenhamos distanciado das questões econômicas e industriai ·. Mas, sem d1ívida, ficaram 'Ili segundo plano. Gorbach •v está tentando unificar estes dois polos''! Procurando, dessa forma primária, escamotear a lndigôn-

4 - CATOU ISMO, abril 199 L

Socialismo falido I Auditoria realizada por ordem da administração petista de São Paulo bem demonslra quão perdulária e insolvente é a empresa municipal de transportes (CMTC). Entretanto, insensível ao festival de ineficiência, empreguismo e desperdício do dinheiro público que lá impera, a prefeita Erundina continua avessa à idéia de privatização do órgão. Há mais: pretende, a todo custo, estender às empresas privadas de ônibus os desastrosos padrões da CMTC. E quer até implantar a chamada "tarifa zero" (ônibus grális e concomilantc aumento de impostos), o que certamcnle arru inarú u in iciat ivn rarllc ulur nos ·tor.

Soclullsmo l'ulldo 11 "O q11c t<·11u1111os aqui não funcío11011, o q11 ' os iugoslavos t •11tarnm Iautogcstão] tam-

bém não. Temos de admitir que o capitalismo é o sistema mais eficiente e flexível. Tudo o mais é auto-enganação .... Veja, tentamos e falhamos" . . A declaração acima não provém de nenhum capitalista matreiro ou embuçado; pelo contrário. É uma das grandes figuras do PC da antiga Alemanha Oriental, Gunter Schab o w s k i, membro do Comitê Central e chefe do partido em Berlim, quem confessa com amargura e franqueza sua desilusão com o socialismo. No Brasil, PCs e PT lucrariam, sem dúvida, em refletir a respeito.

Deslizes parlamentares A Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional decidiu, em dezembro último, aumentar artificialmente a receita da União, para 1991, em 752 bilhões de cruzeiros. O acréscimo tornou possível incluir, do lado das despesas, as obras que os parlamentares desejam ver executadas cm suas regiões, para atender suas clientelas eleitorais. Tais obras, por não ercm prioritárias, não foram incluídas no rrojeto orçamentário preparado pelo Ministério da Economia. Além de "fisiológica", a iniciativa é inconstitucional: somente o Executivo tem a faculdade de alterar as estimativas de receita. Onde o interesse dos políticos pelos reais problemas do País?

•••

Em tempo

Turbulência grevista e invasora Decisão dos petroleiros de continuar a paralisação, embora declarada abusiva pela Justiça do Trabalho; decretação de greve dos motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo, articulada por minúsculo grupo, sob o bafejo do PC do B e Convergência Socialista; movimento análogo desencadeado pelos professores da rede pública na Capital paulista ... O panorama se completa com a invasão de imóveis no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Ciclicamente, o quadro se repete. Com que objetivo?

Omissão e complacência No Rio, a polícia tem-se limitado a contemplar as ocupações ... E o Executivo carioca, de forma mal velada, chega a estimulá-las. Não menos expressiva é a posição da prefeita Erundina. Indagada a respeito das ocupações de prédios no Rio, retrucou ela: "apóio, sim, o

direito de a população morar com dignidade". Assim, à margem das regras e dos poderes, a desordem vai adquirindo direitos de cidadania no Brasil.

Peças de museu Com o PC francês alinham-se apenas China, Cuba, Coréia do Norte e Vietnã. As pesquisas de opinião apontam minguados 6,5 % na preferência eleitoral. Desalentado com "o deslizamento para a direita da sociedade francesa", o PCF continua, entretanto, a ser esclerosadamente stalinista. Fidel Castro é o grande interlocutor de MarchaIS. - Quem os sustenta?

Soviete dos sem-casa? " O mercado de casas e apartamentos de aluguel foi destruído [no Brasil] pela intervenção estatal populista .... As sucessivas leis do

PC na UTI -1 Um representante do PC brasileiro, muito sagazmente, comentou que o único meio de os comunistas sobreviverem seria ocultar a sigla partidária, de tal modo o nome provoca arrepios. Na Itália e Inglaterra, já foram tomadas providências nesse sentido. Entre nós, o deputado federal Roberto Freire (PCB-PE) fala em rejuvenescer o socialismo, e sentencia: "a estatização e a planificação da economia se esgotaram .. .. é [precisoJ acabar com aquele Estado de Lênin e passar ao da época de Gramsci, em que se pensa construir o socialismo pela via democrática ". Ao comentar o diagnóstico de Roberto Freire sobre os "novos rumos" do "Partidão", o jornalista Milton Temer -ex-candidato do PT ao Senado pelo Rio - ironiza: "Freire apresenta como redentoras teses antigas ar tido Comunista Italiano. Esquece-se de que o PCI, mesmo depois de adotar esse figurino de nova esquerda, já perdeu 400 mil filiados". Ainda mais concludente - sobre o fracasso e impopularidade de todo e qualquer "modelo" socialista - é a observação de Delfim Netto: "mesmo a experiência iugoslava de autogestão produziu resultados desastrosos ".

inquilinato acabaram por prejudicar os próprios inquilinos, além dos proprietários .... Por uma simples e boa razão: ninguém mais compra ou constrói imóvel para locação residencial. O mercado acabou sovietizado ". O comentário é do economista Joelmir Betting, estampado num diário brasileiro.

PC na UTI -II

Veracidade estatal

No tocante à derrocada do comunismo, tem havido muito debate ocioso e inconseqüente nas reuniões prévias ao IX Congresso do PCB. Além dos irredutíveis defensores de um retorno ao stalinismo - porção minoritária nas hostes vermelhas -há quem simule esboçar um ligeiro meaculpa. Destes depoimentos, um é frisante pelo seu caráter patético e, sobretudo, incongruente. Provém de Sérgio Arouca - médico comunista idealizador-mor da malfadada "Reforma Sanitária", de inspiração fidelcastrista. Ei-lo: "o partido -aqui ou na URSS - não conseguiu entender o que quer o cidadão.

70% dos escassos recursos federais aplicados no campo social são consumidos por uma máquina administrativa sabidamente obsoleta; há uma multiplicidade de órgãos encarregados de desempenhar a mesma função.

Analfabetismo em marcha

'

Declarando-se preocupada com o número de vagas ociosas, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) admitirá a nota mínima 3 em cada disciplina, para que o candidato não seja eliminado. Iniciativas dessa natureza, longe de atenuar a crise educacional que grassa no País, servirão apenas para acentuá-la, provocando uma inflação de ignorantes na Universidade.

CATOLIC1:SMO, abril 1991-5


CIÊNCIA

EVOL'ü CIONISMO MITIGADO: ''BATISMO" IMPOSSÍVEL

monstrado o que não o é "gato por lebre", segundo o ditado popular - que o artigo

É legítimo conciliar o dogma católico

Um estra11lto gosto de 110s aparentar com o macaco re-

da Criação com a doutrina evolucionista? - Compreendo que um católico não católica. De início, os modernistas conde* * * admita o evolucionismo puro, de tipo darnados por São Pio X, e depois os progreswiniano, porque é ateu e materialista. Mas, Tal diálogo poderia perfeitamente ter sistas a partir da década de 40, passaram a por que não poderá ele aceitar um adotar uma posição insustentável evolucionismo abrandado? mesmo no terreno da ciência paleon- Veja bem, meu caro. Esse evotológica. Defendem eles que Deus telucionismo abrandado, mesmo quanria infundido alma humana no corpo do concede que as almas humanas de um animal superior, o qual passara foram criadas imediatamente por por fases anteriores de evolução. Deus, supõe como demonstrado algo O objetivo dessa convergência foi que jamais se comprovou. o de fazer adotar pelos católicos - ou - O que não se demonstrou? Que pelo menos dar livre trânsito entre eles o corpo humano tenha se originado do - o inaceitável evolucionismo de corpo de um animal mais desenvolvitipo darwiniano, com aparência amedo? nizada. - Exatamente. Apesar dos esforços que os evol ucionistas de há muito Infelizmente, tal convergência vêm realizando nesse sentido, jamais produziu seus efeitos maléficos. Catóse provou cientificamente que deterlicos aggiomati, sempre propensos a minado corpo tenha evoluído até o "batizarem" doutrinas da moda, coestágio de um animal superior, para meçaram a endossar os princípios do receber, em dado momento, a alma evolucionismo mitigado. Assim esp iritual infundida por Deus. como, analogamente, lentou-se e ain- E se, no futuro, se conseguir da se procura, no plano sócio-econôdemonstrar isso? mico, "batizar" o marxismo como - Curiosa pergunta! É tanta a fazem os "Cristãos para o socialismo" vontade de que um tipo de macaco c, mais recentemente, a Teologia da tenha recebido alma humana, que alLibertação. guns simpatizantes do evolucionis- Charles Darwin (1809-1882), fundador do evoluEvolucionismo demonstrado, mo, desejando como que batizá-lo, cionismo, doutrina nitidamente materialista uma temeridade transformam essa sua pergunta numa sido travado, pôr exemplo, entre um jovem afirmação. E, na prática, comportam-se estudante universitário do curso de biologia A esse respeito, convém recordar precomo se isso já estivesse demonstrado. e um católico com sólida formação doutri - viamente as orientações da Igreja na maté- Mas a evolução que se nota nos fósseis, não é indício da existência de um nária. E um debate assim - esta é a razão ria. de o termos inserido acima -sintetiza bem evolucionismo pelo menos mitigado? Segundo a encfclica Huma11i Ge11eris, - Nem indício e muito menos prova o âmago do tema a ser abordado no presente de Pio XII, o Magistério da Igreja "11ão com fundamento científico na paleontolo- artigo. · Não se trata mais de demonstrar aqui a profbe que, em co11formidade com o atual gia (1). É mera hipótese, que só deixaria de sê-lo, quando e se ocorresse a descoberta de falsidade que o puro evolucionismo de ca- eswdo das ciências e da teologia, seja obráter materialista encerra, como já se fez no jeto de pesquisas e de discussões por parte um fóssil que a comprovasse. artigo Um estra11ho gosto de 110s aparentar dos competentes em ambos os campos, a com o macaco (Cfr. CATOLICISMO, nº doutrina do evolucio11ismo, enquanto ela 476, agosto/1990). O objetivo visado agora i11vestiga a origem do corpo hu.ma110, que é mais sutil. proviria de matéria orgtJ11ica preexiste11te Após Darwin, fundador do evol ucionis- (a fé católica nos obriga a professar que as mo, procurou-se estabelecer uma conver- almas são criadas imediatamente por gência entre esta doutrina e a Revelação Deus)". E isso, "co11tanto que todos este-

6-CATOLICISMO, abril 1991

provava em determina d os 1ivros escolares. Ensinamento tradicional

Não havendo base científica para especulações teológicas, mais ou menos conciliantes com a evolução, é mais razoável e tranqüilo conformar o nosso pensamento com o do grande Doutor da Igreja, São Tomás de Aquino. Ele censura teologicamente os que "susten-

Os cientistas James Watson (esquerda) e Francis Crick descobriram, em 1953, a estrutura molecular do DNA, abreviatura do nome Inglês do ácido encontrado somente nos seres vivos

jam dispostos a se sujeitaram ao juízo da Igreja".

Na mesma encíclica, Pio XII ressalta: "Mas algu11s ultrapassam temerariame11te esta liberdade de discussão procedendo como se estivesse já demonstrado com certeza ple11a que o c01po humano se te11ha originado de matéria orgi111ica preexistente, argume11tando com certos indícios achados até agora, e com raciocínios baseados . sobre tais indícios; e isto como se nas fontes da Revelação não existisse nada que exija 11este assunto a niaior moderação e cautela" (2) .

É esse procedimento, abusivo e temerário, que consiste em fazer passar por de-

tam que o c01po humano teria sido formado num tempo anterior e, uma vez formado, Deus lhe teria infu11dido a alma". Pois tal "é contrário à perfeição da primeira produção das coisas", (Suma Teológica, I, q.91, a.4); dado que "não é conveniente para Deus dar in{cio às suas obras imperfeitamente" (id. ibid, I, q.118, a.3). E é mais

de acordo com a Fé e a razão que o primeiro homem tenha sido criado num estado de perfeição insigne, tanto no referente ao corpo quanto à alma, para poder engendrar,

instruir e governar o gênero humano (cfr. id. ibid. I, q. 94, a.3). Negar isto acarreta o risco de cair em precipícios lógicos, morais e religiosos insondáveis. Pois, aceita a procedência por evolução do corpo humano, não se consegue saber por qual arbítrio ele não seguiria evoluindo. Neste caso, a alma também evoluiria? Se não o fizesse, chegar-se-ia ao absurdo inaceitável de imaginar almas que não "caberiam" no corpo, embora fossem a forma substancial dele. E se elas evoluíssem, então a moral - como querem os progressistas - também teria de evoluir... As aberrações da Teologia da Libertação são algumas das conseqüências estridentes que se percebem na ponta da tal visão evolucionista do homem ... Deus pode perfeitamente dar existência a suas criaturas sem qualquer forma de evolução. E também sem "sujar as mãos no barro" como dizem alguns evolucionistas, numa formulação que ganharia em ser mais respeitosa para com o Criador. Um simples ato de vontade dAquele que é a Suma Perfeição, e que toca sem ser tocado, basta para criar este ou infindos outros universos, sem mácula alguma, numa operação que só redunda em glória para Si. Nada é mais simples e mais razoável do que o ensinamento tradicionalmente admitido na Igreja sobre a Criação. É manifesto, ademais, que o criacionismo em nada diminui a biologia. Pelo contrário, a dignifica, a leva a conhecer mais segura e perfeitamente as maravilhas da vida, e afasta dela as incongruências, dilemas insolúveis, obscuridad cs e absurdos do evolucionismo

PRIMATAS

Exemplo característico de concepção evolucionista e materialista da História, em manual.do 1º. grau: evolução dos primatas (os mais primitivos animais que antecederam os macacos) no fim da qual figura o homem (Ricardo de Moura Faria e outros; Construindo a História, Editora Lê, Belo Horizonte, 1988, p. 22)

Alguns com dedos, os demais com unhas.

Segun~o dedo

com garras, os demais com unhas.

Lêmur

Todos os dedos com unhas.

Sem cauda.

Segundo e Terceiro dedos com garras , os d ema is com unhas.

Társio

Postura Ereta

·1

,rt;

a

Macaco do Novo Mundo

Macaco do Velho Mundo

Antropóides

Homem

CATOLICISMO, abril 1991 - 7


neopagão de nossos dias e das tentativas de uma aliança espúria da Revelação com ele.

A ciência não justifica Aprofundando um pouco a teoria da convergência entre o evolucionismo e a Revelação divina, teríamos que a ação de Deus, na Criação, consistiria essencialmente em duas fases: 1) A criação do DNA (3) produzindo a " ilia, a qual engcntlrnria micro e macroor-

provas concretas de que o corpo do homem provém da evolução de uma espécie preexistente. Encontramos, a esse respeito, resposta taxativa em dois eminentes cientistas europeus: o Dr. G. Sermonti, especialista em genética dos microorganismos, diretor da Escola Internacional de Genética Geral e professor da Universidade de Peruggia; e R. Fondi, professor de paleontologia da Universidade de Sicna. No livro / J,, ·, , · / >on vi11. Critica ali 'cvo-

deve ser considerado como um fenômeno primordial da natureza" (4). Em poucas palavras, dois séculos de pesquisas desacreditam o evolucionismo nas suas várias versões, e tendem a confirmar a doutrina da Criação acabada dos seres desde o primeiro instante. Os dados científicos conduziram também o Prof. P ierre-Paul Grassé, membro da Academia Francesa de Ciências, a afirmar: "Hoje temos o dever de destruir o mito da evolu ção .... é p rcci.111 levar os hi,ílogos a

parecem resolver pe1feitame11te as dificuldades, tanto as que os antigos 1ws deixaram sem solução, como as que de novo criaram as descobertas das modernas investigações. Em conseqüência, vemos que o crédito da Bíblia e do seu. valor histórico, um tanto abalado na opiniã.o de alguns por talltos ataques, hoje está plenamente restabelecido entre os católicos; antes 11cio faltam escritores acatólicos que, em conseqüência de estudos Jeitos com seriedade e ânimo desapai.xo11ado, chegaram a abandonar as opiniões dos modernos, para toma,; ao menos em alguns pontos, às antigas sentenças" (6). Isto posto, o bom senso pede que se recuse o "gato por lebre" oferecido às crianças, vítimas inocentes, em livros escolares como os denunciados por CATOLICISMO no artigo citado. Deve-se ensinar que os dados da ciência atual não fornecem base para o evolucionismo, ou para alguma mistura espúria dele com a Revelação. As suposições ou elucubrações evolucionistas, fundadas em meros indícios ou suspeitas, devem ser apresentadas tais quais elas são: construções teóricas sem demonstração. O contrário é cair no erro censurado por Pio

XII. Dissipando outras confusões

Reconstituição de paisagem da Tailândia, de 220 milhões de anos atrás, com base em fósseis de peixes, anfíbios e répteis

ganismos por dinâmica própria; 2) Insuflando a alma num ser particularmente evoluído, a partir de antepassados ignotos (um filão nobre, ou uma raça pura entre os macacos?), criando assim o homem. Para tomar posição ante esta idéia de fundo, trata-se, em primeiro lugar, de saber se ela é conforme aos dados atuais da ciência. Pois se não o é, todo o resto falha pela base. Para provar cientificamente a primeira suposição - pois é de uma suposição que se trata - seria preciso encontrar restos fósseis daqueles microorganismos primigênios e dos seus sucessores na evolução. Mas isso é impossível. Sendo moléculas microscópicas, não deixam rasto algum de sua estrutura depois de mortas. Daí a primeira fase acima ficar no plano da mera especulação. Para se sustentar com algum fundamento a segunda suposição, seria necessário ter

8-

CATOLICISMO, abril 1991

/11zio11ismo, Milão, 1980 (Após Daiwin. Crítica ao evol ucionismo), afirmam: "em quase dois séculos de i11te11sa pesquisa, os resu /todos da paleontologia não têm f ornecido senão escassos e discuttveis pontos de apoio à hipótese evolucionista, em lugar de fornecer muitos e inequívocos. Nenhum só fóssil de vital i111portl111cia para a lripótese analisada foi, até agora, trazido a lume". E ainda: "é-se constra 11gido a reconlrecer que os fósseis não dão mostras de Je110me110 evolutivo nenhum .... Cada vez que se estuda uma categoria qualquer tle organismos e se acompanha sua história paleontológica .... acaba-se sempre, mais cedo ou mais tarde, por encontrar uma repentina illterrupção exatamellte 110 ponto onde -segundo a hipótese evolucio11ista - deveríamos ter a conexão genealógica com uma cepa progenitora mais primitiva. A partir do momellto em que isto acontece, sempre e sistemáticamente, este fato não pode ser interpretado como algo secundário, alltes

refletir sobr~ a ligeireza das illterpretações e das extrapolações que os doutrinadores apresentam ou impõem como verdades demonstradas. A fraude às vezes é i11co11scie11te, mas nem sempre, pois existem aqueles que, por sectarismo, ignoram volu11tariame11te o verdadeiro e recusam-se a reconhecer as insuficiências e a falsidade de sua crença" (5). À luz destes dados, a possibilidade de conciliação da Revelação com o evolucioni mo torna-se intransitável, em virtude da inconsistência medular da hipótese evolucionista. Aliás, nem a Igreja nem as Escrituras nada têm a temer da verdadeira ciência. Já em 1950, retomando o ensinamento de Leão XIII, Pio XII afirmou: "os exegetas católicos, manejando retamente as mesmas armas da ciência de que os adversários não raro abusavam, encolltraram i11terpretações conformes à doutrina católica e à ge11ut11a tradição, e que ao mesmo tempo

Tentar explicar a origem da vida, suben~ tendendo que só a conciliação com o evolucionismo serve a tal efeito, não é idêntico a conseguir. Do mesmo modo que tentar fazer um bolo gostoso não significa que o bolo de fato saiu bem feito, por melhores que sejam as intenções da cozinheira ... Não basta, pois, que o evolucionismo, mesmo o mitigado, tente ex:plicações. É preciso provar. E provas não há; pelo contrário. São Tomás de Aquino ensina que Deus fez os vegetais, os animais e o homem, a partir de minerais que Ele criou previamente (7). Ora, se Deus fez só o DNA, quem ou o quê produziu as substâncias inertes com que se constituem as vivas? Terá sido o inexplicado "Big-I3ang" (ver quadro) dos puros evolucionistas modernos? Ou o mero acaso, ou o ser semi-divino dos antigos evolucionistas pagãos?

A l guns argumentam com os fósse is que são encontrados. Mas, da ex istência de espécies hoje desaparecidas, como os sáurios (animais aparentados aos lagartos), não se conclu i o evolucionismo! Para isso seria preciso provar que elas apareceram por evolução. Mais uma vez, nenhuma alusão a provas.

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Igualmente, há quem alegue que a evolução se mostra pelas novas formas de vida que vão aparecendo. Ora, como fo i visto acima, a paleontologia não fornece prova alguma de s urgi mento, recen te ou remoto, de novas espécies superiores. E se se considerar as incontáveis bactérias, microorganismos e seres muito elementares que continuamente se descobrem - e até se produzem de modo artificial nos laboratórios-tal proliferação foi sempre tida como uma caraterística restrita aos seres vivos muito imperfeitos e de formas tão indefinidas que, em incontáveis casos, não se sabe se pertencem ao gênero vegetal ou ao animal. Por isso, extrapolar para os animais superiores - e, com maior razão, para o homem - princípios válidos para formas de vida inferiores, equivale a um pulo vertiginoso, sem fundamento. Aliás, acrobacias pseudo-científicas análogas têm dado lugar a aberrações monstruosas, como a criticadíssima "sociobiologia" de E. O. Wilson, ou seja, a tentativa de julgar a sociedade de acordo com as normas que regem os insetos. Nada há, pois, neste campo, que abone o evolucionismo.

(~MMiP@fün9pt9Am~~t@i,lyMIJ:t::i::

Também não pode ser considerado um argumento pró-evolucionismo a existência, no corpo humano, de estruturas presentes também em plantas e animais; nem o processo de desenvolvimento do embrião, durante o qual este percorre o processo evolutivo animal.

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Os fatos de que no corpo humano haja qualquer coisa de vegetal e de animal, e de que o nascituro atravessa sucessivas formas, desde a vegetativa até a humana contendo desde o início todas as informações genéticas necessárias - , foram afirmados já por São Tomás de Aquino, insigne defensor do criacionismo, séculos antes de serem confirmados pela ciência moderna e de que aparecesse o evol ucionismo contemporâneo. Além do mais, extrapolar o processo da gestação humana para todo o Universo é assaz infundado e imprudente. Pois conduziria a achar que a evolução é a "mãe da Natureza"!

Santiago Fernandez (1) Paleontologia é a ciência que trata dos seres orgâ nicos, cujos restos ou vestígios se encontram em estado mais ou menos petrificado nas camadas da terra. (2) Pio XII, Encíclica H11111a11 i Ge11eris, Vozes, Petrópolis, 1961. (3) DNA é abreviatura do nome inglês do ácido desoxirribonucleico. Ele se encontra somente nos seres vivos e aceita-se geralmente que seja o transmissor dos caracteres hereditários. (4) Apud P. Chalmel,BiologieAct11elle etPhilosop1,ie Thomi.ste, Téqui, Paris, pp. 56-57. (5) Pierre-Paul Grassé,L 'évo/11tio11 d11 viva11t, Paris, 1978, in Chalmel, op. cit., p. 51. (6) Pio XII, Encíclica Divi110 AIJ1a11te Spirit11, Vozes, Petrópolis, 1950. (7) C(r. Gen. 1, 1-31.

CATOLICISMO, abril 1991-9


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ROCK IN RIO li

FESTIVAL DE HORROR E DESVARIO Empresários financiaram o evento, ao qual a mídia concedeu generosa cobertura; A ECT lançou selos comemorativos exaltando dois cantores homossexuais; Vítimas do alucinante espetáculo: 671.500 jovens "Costumamos fazer nossos shows semprç sob efeito de drogas". A confissão é do vocalista Shaun Ryder, da banda inglesa TheHappy Mondays, que participou do recente foslival de rock realizado no Rio. Não só os cantores aluaram sob a ação de drogas. Também no "gramado lotado do estádio, não foi difícil encontrar pessoas injetando cocaína nas veias" (FSP, 22-1-91). Assim, entre os dias 18 e 27 de janeiro último, o estádio do Maracanã viu-se invadido por uma lurba juvenil, cansada deste mundo sem fé e sem esperanças que lhe foi legado, disposta a viver no caos, a afundar no irracional e a entregar-se a práticas religiosas vizinhas do satanismo. Era o Rock in Rio li, organizado pelo empresário Roberto Medina, com 20 milhões de dólares financiados pela Coca-Cola. Por que fazem isso com a nossa juventude? A resposta mais profunda a essa indagação nos leva a tecer considerações sobre o futuro. O festival apresentou uma idéia do que seria o mundo se o demônio conseguisse levar até , o fim seus planos de domínio da sociedade humana. Espetáculos como esse vão preparando os espíritos, amolecendo as resistências, adormecendo as repugnâncias para a aceitação do caos no qual estamos entrando. Ao mesmo tempo que são ensaios desse caos, constituem também sintomas dele. O que se passou no Maracanã, nessa ocasião, sugere um mundo em preparação; é uma descrição da humanidade de amanhã, se não considerarmos a pronta e radical intervenção de Nossa Senhora,

10- CATOLICISMO, abril 1991

prometida em Fátima.

*

*

*

As apresentações do Rock in Rio II são exibitórias, vistosas e espalhafatosas, representando assim um auge de mau gosto, porquanto todo o verdadeiro espetáculo é discreto, distinto e comedido. São agressivas, pois agridem no homem o que nele ainda há de equilibrado e são, para o destruir. Assim como é normal que a civilização cristã procure atingir o extremo da correção, da linha, da proporção, da formosura, assim a feiúra deliberada e procurada com requintes caracteriza o reino do demônio . Sendo seu paradigma o inferno, sua meta é o hediondo, o monstruo o. Há uma cs pécie de "entusiasmo" nos que fazem ou seguem estes espetáculos, um contentamento em produziro estardalhaço sem sentido, dar urros mórbidos, convulsionar-se na sujeira, atingir o frenesi. O que naturalmente não conduz à paz, à cortesia, à distinção, às boas maneiras, mn; violência própria de um antro de bandidos ou de uma feira de demônios. O prazer de fazer parte de um a multidão, lhes dá a sensação de força. A

multidão, se em si mesma é muito forte, de outro lado exige uma submissão completa da parte daqueles que a compõem. Da soma de tcxlas as submissões individuais a uma mesma idéia, a uma mesma

locauslo ao qual se quer fazer alguma coisa, a multidão não teria essa força. O poder de imantação de um totem é o ponto de partida da força da massa reunida. Estamos em presença da fruição do disparate, da coisa que saltou para fora de todas as regras e que por isso faz sentir a volúpia da liberdade anárquica. O caos, no qual vamos progressivamente entrando, deve gerar multidões com esses im pulsos, com esses movimentos desordenados, arrastando atrás de si o mundo. O que é o Rock inRio? É o desatarse de tcxlos os maus instintos, de tudo aquilo que, dentro do homem - por efeito do pecado original e das tentações do demônio - sofre de estar em ordem, e

O inimaginável que agride Se alguém imaginasse um homem que desejasse ser atormentado em seus sentidos como se estivesse, nesta vida, metido numa antecâmara do inferno, dirse-ia uma elucubração mórbida. A promoção "cultural" do

No entanto, o Rock in Rio li que algum tempo efetuada pela ECT: lançaatrás poderia parecer mento de uma previsão absurda, tornou-se realida- selos com fotos de dois de até superlativa não roqueiros hosó para um homem, mossexuais ... mas para um conglomerado juvenil composto por centenas de milhares de pessoas. E eles até mesmo sentiram avidez de absurdos cada vez mais paroxísticos. Queriam atormentar-se com mais barulho, ver cenas ainda mais chocantes e que repugnam, numa conaturalidade perfeita com o gosto brutal da droga e do álcool, com a sujeira e os maus odores, batendo a própria cabeça na parede, sendo espremidos pela massa humana e sob o impacto de empurrões. Mas nossa apreciação a respeito da realidade não estará exagerada? Terá sido ela tão abjeta? O próprio leitor julgará. Passaremos sim plesmen~ te a expor abaixo alguns ~· fatos significativos veicula~ dos pela mídia.

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É Alcool, Drogas e ~ Imoralidade )>

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imposição ou a um mesmo crime, nasce uma força coletiva. Se tal multidão assim se reúne, produzindo esses esgares, caretas e delírios, é porque no fundo idolatra algo. Caso não houvesse um objeto a idolatrar, e em ho-

que pensa encontrar uma libertação en louquecendo-se e enfurecendo-se dessa maneira. Tal fato se assemelha ao show de caos que a presente situação política, em escala universal, nos vai dando, ao conduzir a festa da anarquia.

~

Bebidas de alto teor " alcoólico eram vendidas sem o menor controle" (JT, 21-1-91). "De acordo com os dados da Golden Cross, houve, neste segundo Rock in Rio, um aumento de 1.000% no número de atendimentos por excesso de ingestão de bebidas alcoólicas. A idade varia de 10 a

25 anos" (FSP, 25-2-91). Um dos coordenadores da equipe médka da Golden Cross: só no domingo foram registradas "750 pessoas por consumo da tríade (maconha, cocaína e álcool) nos 4 postos médicos. Essa mistura foi apelidada Coquetel Molotov" (UN, 23-1-91). "A segurança foi incapaz de conter a multidão sem educação, e a Polícia Militar se limitava a retirar do gramado fãs já completamente derrubados por álcool e drogas" (.IB, 24-1-91). "Foi exatamente essa dose extra de sexo nos seus versos que tornou Prince um mito: da simples intenção sexual aos versos incestuosos" (OESP, 12-1-91). A coreografia de Prince e de Michael Hutchence tem um ponto comum: "uma espécie de strip-tease que começa com um figurino completo que vai sendo depenado aos poucos" (OG, 26-1-91). "Tronco nu, tatuagens, simulação de sexo, calças justíssimas confirmam que o rock está mais sensual do que nunca" (idem). Poupamos aqui a nossos leitores numerosas descrições que a imprensa trouxe a respeito de perversões sexuais inimagináveis que ali tiveram lugar. Mas, se a relação entre drogas e imoralidade é geralmente conhecida, fala-se menos do ambiente próprio onde proliferam: a imundície. "Nos corredores do Maracanã pessoas se espremem para conseguir passar, mergulhando os pés na lama formada pela mistura de água e urina que transborda o tempo todo dos banheiros. São estas, até agora, as imagens mais poderosas do II Rock in Rio" (JT, 21-191). "O Maracanã mais parecia uma cloaca" (OESP, 29-1-91).

Violência "As correrias por brigas causaram pânico diário" (JB, 27-1-91 ). "Clima de pânico" (FSP, 22-1-91); "possibilidade

CATOLICISMO, abril 1991- J J


·~ . de tragédia" (JT, 21-1-91). "Na lata de sardinhas em que o estádio foi transformado, centenas de pessoas que estavam nas primeiras filas do gramado saíram feridas. Com a pressão que a multidão fazia, elas eram comprimidas contra as cercas de proteção. Sair dali então era um sufoco ainda maior. 'Vi muita gente sendo pisoteada' contou a estudante Eileen Kathryn, 17, atendida no posto médico" (JB, 22-1-91). Só no dia 23 contaram se três mortos: um por overdose de ácido lisérgico, outro foi encontrado com três tiros no abdômen (JB, 24-1-91) e um terceiro "subia nas catra-

cas colocadas no portão e se jogava sobre a multidão, até que as pessoas abriram um clarão, ele caiu no chão e quebrou o pescoço" (OG, 25-1-91). Antes da apresentação do grupo Sepultura, a platéia "se contentava em

dar cabeçadas na parede e rolar pelo chão ao melhor estilo headbanger" (JB, 24-1-91). "Uma tragédia de proporções incalculáveis ameaçava desabar ontem sobre o Estádio do Maracanã; houve até tiros para o alto, disparados por policiais civis. O atendimento médico começou assim que os portões se abriram; as ocorrências médicas ameaçavam superar em muito as 450 do dia anterior. Um garoto saltou da arquibancada para o gramado - cerca de 20 metros de altura - e foi removido com fraturas expostas" (JT, 21-1-91). "As mortes, as brigas e a overdose da noite heavy metal foram consideradas incidentes 'superleves' por André Midani, diretor da gravadora ~A"; os metaleiros "se matam sozinhos, gostam de se matar em qualquer lugar" (JB, 27-1-91). A respeito dos mortos e feridos, Roberto Medina limitou-se a declarar: "qualquer festival de rock tem dessas

coisas" (FSP, 25-1-91). Religião (satânica !) Os nove dias do Rock in Rio II foram de sofrimento atroz para os que freqüentaram o Maracanã, de verdadeira

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tortura. Como entender esse sofrimento voluntário, senão em função de uma nova religião que desponta ?

"Poucas finais de campeonato terão feito do Maracanã um monumento à histeria coletiva cercado por tamanho fervor religioso. O 'santo-mor', AxlRose. Por ele, meninas e meninos se jogavam no chão, choravam, se ajoelhavam" (OG, 22-1-91). "Judas Priest, este demônio do heavy metal" (FSP, l 6-1-91). Prince "transfigura a música dançante numa arte refinada, cheia de apelos sexo-religiosos" (FSP, 20-1 91). "Prince mandou cortar as luzes principais do seu camarim e, na penumbra, antes do show acendeu. sele velas, cada uma de uma cor. Ele próprio cobriu os sofás com rendas roxas, vermelhas e amarelas e por todos os lados colocou incenso. Aquilo só podia ser um ritual, contaAmin Khader" (OG, 24-1-91).

Siglas dos jornais: FSP (Folha de S. Pa~lo); JB (Jornal do Brasil, Rio de Janeiro); UN (Ultimas Notícias, Rio de Janeiro); OG (O Globo, Rio de Janeiro); JT (Jornal da Tarde, São Paulo); OESP (O Estado de S. Paulo).

Gregorio Lopes Prince, antes de se apresentar ao público, praticou um ritual ocultista em seu camarim

Num dia de maior confusão,

"uma assessora de imprensa da Artplan (a empresa de Medina, que organizou o evento] se limitou a

acender um incenso e rezar" (JT, 21-1 91). "Santana: uma guitarra satânica" (JB, 21-1-91). "Não manifestam nada, a não ser idolatria .... Parece claro o gosto do rock pelo demoníaco .... há os grupos que se apresentam com cobras .... há os andróginos, os esquisitos, os mórbidos .... adoração e violência " (FSP, 23-1-91 ). E, agora, caro leitor, emita o seu juízo!

Funcionários de uma empresa de segurança foram Incapazes de conter a multidão alucinada

Escrevem os leitores

sagrei a minha vida são hoje mais atuais do que nunca. Mais ainda. Eles apontam os rumos que o mundo seguirá nos próximos séculos" (A11to11io Augusto R. Soa-

res, João Pessoa-PB).

'

Verdadeirn cristão Meus parabéns! faço votos que CATOLICISMO se divulgue para que possa atingir os objetivos de levar aos lares paganizados de hoje o sentido verdadeiro cristão da família, da pátria e dos ensinamentos tradicionais da Bíblia, único meio para trazer a paz e o progresso da nossa sociedade. Um fraterno abraço deste seu amigo que lhe envia sua bênção sacerdotal (Pe. Miguel Ollé Ro-

vira, Porto Alegre-RS). Rock in Rio (A associação "O Amanhã de Nossos Filhos" recebeu a carta que segue e no-la enviou, sugerindo publicação): O malefício danoso da TV brasileira lançou seus tentáculos sobre a Divisão filatélica da ECT, órgão encarregado da emissão de selos. Nossos correios lançaram, no dia 9-1, um se-tenant (união de dois selos) no valor de Cr$ 210,00 em homenagem ao Rock i11 Rio, promoção Rede Globo/CocaCola/Artplan. Pior, inseriram os "roqueiros" Cazuza e Raul Seixas no selo comemorativo. Sabemos que milhares de jovens brasileiros são incentivados a colecionar selos, dentro da perspectiva de que, através de seu colecionismo, aumentarão conhecimentos culturais. "Selo é cultura" diz o sloga11 da ECT. Na verdade a finalidade dos selos comemorativos é resgatar vultos e fatos importantes de nossa História, divulgar eventos culturais, tornar conhecidos nosso folclore, arquitetura, música, literatura etc. Desnecessário dizer o que representa um festival de rock a11d rol/, com suas · músicas de orientação satânica. Também não falamos o que foram em vida Cazuz:a e Raul Seixas. O que a Divisão Central Filatélica devia

fazer era resgatar fatos importantes de nossa vida. Por exemplo: este ano se comemora o centenário do falecimento do nosso último Imperador, D. Pedro II, ainda hoje considerado "o maior dos brasileiros". E vultos importantes como a Princesa Isabel, a Imperatriz Leopoldina que nunca foram homenageados. Tornar conhecidas as Condecorações e Ordens brasileiras (Ordem do Cruzeiro do Sul, Ordem Imperial da Rosa, Ordem do Mérito Naval etc.). Divulgar nossas manifestações religiosas, nossos recursos naturais etc. (Armando Lopes

inspirada, mas o n 2 • 475, de julho, foi excelente. Gostei da história dos pais de Maria. Devemos sempre divulgar Maria, ela é nossa medianeira. Os assuntos muito me servem para as reuniões de grupo na minha igreja (Edalzina

Nunquam satis

Ulia11 Gouveia, Macaubal-SP).

Foi com imenso júbilo que recebi o encarte sobre a Medianeira de Todas as Graças. Tenho-A como protetora desde que pela primeira vez tive conhecimento de sua existência (é uma história), isso então nos meus 5 anos. Creia, senhor, nunca fui por Ela desamparado nem tive algum pedido por Ela negado. Peço à Senhora das Graças, peço à Senhora da Medalha Milagrosa que derrame graças em abundância sobre todos os responsáveis direta ou indiretamente pela publicação de tão linda manifestação de amor a Maria. faço minhas as palavras de São Bernardo, c itadas aí: "De Mariam nunquam satis" - De Maria, queremos sempre mais

Contra-Revolução

Rafae~ Juazeiro do Norte-CE).

(Beires Eduardo Martins, São Bemardo do Campo-SP).

40 anos

Dentro e fora

Li de "fio a pavio" toda amaravilhosa edição comemorativa dos 40 anos de CATOLICISMO. 40 anos! Quanto se fez em favor da Igreja e da Civilização Cristã nesse tempo! Durante este período foi como uma luz contínua de doutrina firme e segura servindo de bússola a todos os que navegam nas tempestuosas águas deste nosso sensual e igualitário século XX. De todas as suas páginas comemorativas não sei realmente dizer qual delas é a mais bela. Certamente uma outra que não foi escrita mas que é o pano de fundo de toda a história de seus 40 anos. É a maternal, misericordiosa e constante proteção de Nossa Senhora que na contra-capa desta edição é mostrada com sua celeste fisionomia suave e séria a nos convidar a todos a sermos cada vez mais fiéis aos sublimes e sacrossantos princípios que CATOLICISMO difunde, dando-nos a certeza de que o "Seu Imaculado Coração triunfará". CATOLICISMO poderá dizer de si o que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira disse numa ocasião: "Estou certo de que os princípios aos quais con-

Queremos continuar recebendo mensalmente o exemplar de CATOLICISMO, que com tanto interesse e agradecimento lemos sempre. Desejo a CATOLICISMO mui tas bênçãos de Nossa Senhora, para que prossiga difundindo a verdade e o bem para tantas almas, dentro e fora do Brasil (Marina O. de Calvo,

Bogotá-Colombia).

É com imensa satisfação que leio CATO LI CISMO. É um farol que ilumina nossa mente, nos mostrando o caminho que devemos seguir que é o da Contra-Revolução. Os assuntos são importantes e atuais e tratados com muita clareza e seriedade. Esta revista é para nós um alento neste triste fim do século XX (Creuzeny Ferreira Blank, Sto. Antonio de Pádua-RI). Sudário Interessa-me receber o livro sobre o Santo Sudário de Turim, para enriquecer o meu acervo de publicações sobre o assunto. Remeto-lhe, para seu conhecimento, parte da última série de artigos por mim publicada sobre o Santo Sudário no Diário do Nordeste

(Raimundo Aristides Ribeiro, Fortaleza-CE). Nota da Redação: Agradecemos os artigos, muito interessantes, e que estão na mesma Iinha de pensamento das matérias que temos publicado sobre esse importante tema.

Magnífica

Cativa Tenho recebido os exemplares da vossa magnífica CATOLICISMO. Estou cativa de tudo que estou conhecendo. CATO LI CISMO é uma leitura agradável, tem um estilo formidável. Não é só pelo fato dessa revista tratar sobre o catolicismo que eu estou entusiasmada. É uma revista noticiosa sobre assuntos bons e nos dá conhecimento de tudo que acontece por toda parte no mundo (Oscarina Rita de Castro

Fontes, Salvador-BA). Medianeira Todos os assuntos da revista CATOLICISMO me deixam muito

É uma revista simplesmente magnífica sob os mais diversos aspectos: diagramação primorosa, ilustrações de bom gosto, colaborações bastante escolhidas, e acima de tudo de acordo com os ensinamentos da Igreja (Geraldo Pellteado Miranda, CampinasSP).

TFP É uma excelente revista de cultura contra-revolucionária, verdadeiramente católica, difusora da atuação e idéias dos bravos cruzados do século XX que integram a TFP (José Joelso11 Henrique de Souza, Três RiosRl).

CATOLICISMO, abril 1991-13


Logo à porta da igreja, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, foi saudado pelo Revmo. Pe. Pranas Gavenas, à frente de uma delegação de membros da colônia lituana, em seus trajes típicos. Durante o ato rei igioso, o Coral Lituano de São Paulo entoou músicas sacras do repertório ue seu país, alternadas com cantos gregorianos e polifónicos a cargo do Coral São G~ório \1agno, da TFP. Entre os hinos lituanos desta-\ cou-se o cântico intitulado "Maria, Maria", cuja 1radução é a seguinte: f>urfssimo Lírio, Vós brilhais 110 alto do céu, Aliviai a escravidão, Socorrei a humanidade, Defendei-nos do terrfvel inimigo. Nós home/lS errantes, Pedimo-vos vossa graça. Ó Maria, não rejeiteis as nossas súplicas. Entre as tormentas deste mundo, Fortalecei e guiai Aqueles que sucumbem.

TFPsemação Realce à bandeira, nas comemorações da vitória NOVA YORK - Em mensagem ao presidente George Bush, a Sociedade Americana de Defesa da Tradição, família e Propriedade propôs que seja dado realce especial à bandeira nacional dos Estados Unidos, por ocasião do retorno festivo dos soldados que participaram dos combates no Golfo Pérsico, na recente campanha "Tempestade no Deserto". Para esse objetivo, a TFP sugere que Bush dirija um grande e solene apelo à nação, para que, no dia da chegada de seus combatentes, a bandeira seja hasteada, não só nos edifícios públicos, como também privados, nas fachadas de cada local de oração, de cada lar, de cada edifício destinado ao trabalho. E em outros lugares particulannente visíveis, das praças e vias públicas de grande circulação. A mensagem salienta que a TFP "se sente pmticularmellte à vontade para fazer essa proposta", tomando em consideração que no ano de 1989 promoveu uma campanha pública de grande envergadura, em protesto contra a ação altamente censurável de cidadãos norte-americanos, os quais se julgavam no direito de praticar atos gravemente ofensivos à bandeira, sob a alegação de que esses atos eram declarados impunes por emenda constitucional. Esta campanha obteve o total de 135 mil assinaturas. O documento da TFP ressalta também que a História registrará para todo o sempre que "as próprias famllias dos jovens combatentes não recuaram diante do perigo a que estavam expostos seus elltes queridos" no conflito do Golfo Pérsico. Tal atitude, de magnífica lealdade patriótica, "se patenteou pelo fato de que os inquéritos de opinião pública fo ram indicando continuo aumento de popularidade de Bush, o qual chegou a obter em seu favor o sufrágio de 90 % dos norte-americanos", omaiorjáobtidoporumPresidenteamericano.

Ato comemora restauração da independência lituana Em São Paulo, a comunidade lituana, em colaboração com a TFP, realizou, a 10 de março último, solene ato comemorativo do primeiro aniversário da restauração da independência da Lituânia em relação à URSS. Inicialmente, o Sr. Antonio Carlos de Azeredo, presidente da TFP de Portugal - o quàl integrou a comissão Inter-TFPs, que esteve em dezembro passado na Lituânia para a entrega dos microfilmes das 5,2 milhões de assinaturas coletadas pelas TFPs em 26 países - proferiu uma palestra em que relatou, com a projeção de slides ilustrativos, essa histórica viagem. Em seguida, na igreja São José, da comunidade lituana de Vila Zelina, realizou-se uma sessão, que constou inicialmente de uma parte musical, seguindo-se a ela a reza do Terço e a bênção do Santíssimo Sacramento. 14 -

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Encerrando a solenidade, a Fanfarra dos Santos Anjos, composta por jovens da TFP, executou o Hino Pontifício, bem como os hinos nacionais da Lituânia e do Brasil. A execução do hino lituano comoveu profundamente os presentes, tendo em vista a gloriosa luta que vem sendo travada por aquela nação católica. Os Integrantes da Fanfarra dos Santos Anjos, da TFP, após sua apresentação no início do programa, retiram-se pelo corredor central da igreja

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( SANTA CATARINA DE SIENA

IRRUPÇAO DO SOBRENATURAL ILUMINA O MUNDO RENASCENTISTA Estabelecer a paz entre católicos, mover a Cruzada contra os infiéis e restaurar a sede do Papado em Roma constituem a tríplice missão providencial daquela que foi o sustentáculo da Igreja em seu tempo

Quem é essa Catarina, modesta filha de tintureiros, que para os homens de seu tempo, mas sobretudo para os caterinati (seus discípulos) é o prisma através do qual vêem a Nosso Senhor, a Igreja e ,1 sua doutrina; a mulher prodigiosa cujo contacto torna claro o que a Pé lhes ensin,1 de modo obscuro? Essa "mulher forte" (Ecl. XXVI,2) . cuja plena consciência de sua missão n,! Igreja e identificação com a vontade de Deus tornou célebre o seu "Eu quero!''. Aos Papas, fala em nome de Cristo crucificado: "eu quero" que façais tal coisa. Ao Rei da França: "fazei a vontade de Deus e a minha". Ao temível déspota milanês Bernabó Visconti, à Rainha de Nápoles, aos Cardeais, aos homens de letras e de armas sempre dizia: "eu quero". E mais. Ao próprio Deus Nosso Senhor ousava também filialmente dizer· "eu, Catarina, servaeescravadosservos de Jesus Cristo, quero!" . Quem é essa virgem toscana que Ludovico Pastor, o célebre historiador dos Papas, qualificou como sendo um "dos mais admiráveis prodígfos da lüstória do mundo"?

nínsula. Foi ness,1 conjunturn que. ainda em

Missão de Santa Catarina A cidade de Avinhão (frança) constituiu, até a 'Revolução Francesa (1789), um feudo dependendo tem poralmcntc da Santa Sé, sob a soberania dos Reis da França. Ali residiram os Papas de 1305 a 1377. Durante esse período, a ausencia dos Papas, em Roma, muito contribuiu para lançar a Itália num verdadeiro caos: principados e repúblicas se digladiavam, bandos de mercenários atacavam por toda parte e até a peste se disseminou na Pe-

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Santa Catarina de Slena -Afresco de L. Vecchletta (séc. XV), Palácio da Senhoria, Slena

casa de seus pais, em Siena, durante um êxtase místico, Nosso Senhor se manifesta a Catarina, e lhe diz: "Coragem, minha Filha. Doravante executa virilmente e sem nenhuma hesitação todas as obras que minha Providência te confiará .... "Há nestes tempos tal transbordamento de orgulho, sobretudo entre os que se crêem letrados e sábios, que minha justiça não pode esperar mais tempo para confundi-los por um justo julgamento. Mas, porque minha misericórdia reina sempre sobre todas as minhas obras, vou começar por infligir a esses orgulhosos uma confusão que lhes será salutar e IÍtil, se quiserem se humilhar .... Vou, pois, para confundir-lhes a temeridade, \'1/Scitar-lhes mulheres ignorantes e fracas por natureza, mas que terei dotado de sabedoria e poder divino .... Serei misericordioso para com os que receberem e seguirem com o respeno devido, e segundo sua medida de graça, a doutrina que farei apresentar-lhes em vasos frágeis, é certo, mas que escolhi para isso" (Frei Raimundo de Cápua, OP, Legenda). A lamentação aqui manifestada pelo Divino Salvador nos introduz no âmago da chamada Renascença, período histórico que, com palavras magistrais, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira assim caracterizou: "Procurando muitas vezes não colidir de frente com a velha tradição medieval, o Humanismo e a Renascença tenderam a relegar a Igreja, o sobrenaUtral, os valores morais da Religião, a um segundo plano. O tipo humano, inspirado nos moralistas pagãos, que aqueles movimentos introduziram como ideal na Europa, bem como a cultura e a civilização coerentes com este tipo humano, já eram

os legítimos precursores do homem ganancioso, sensual, laico e p ragmático de nossos dias, da cultura e da civilização naturalistas em que cada vez mais vamos imergindo. Os esforços por uma Renascença cristã não lograram esmagar em seu germe os fatores de que resultou o triunfo paulatino do neopaganismo. "Em algumas partes da Europa, este se desenvolveu sem levar à apostasia formal. Importantes resistências se lhe opuseram. E mesmo quando ele se instalava nas almas, não lhes ousava pedir -de início pelo menos uma formal ruptura com a Fé" (Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Diário das Leis, S. Paulo, 1982, 2ª. ed., p. 19). Vem daí a providencial missão de Santa Catarina de Siena.

Síntese biográfica

desígnio dependia, sobretudo, de três condições: a paz entre os cristãos, a Cruzada contra os fiéis, e o restabelecimento da sede do Papado cm Roma, depois de tantos anos de exílio em Avinhão. Trilhando freqüentemente os caminhos precários da Itália, desempenhando missões diplomáticas e políticas junlo a magistrados, visitando castelos, pregan-

rio XI lembra ela que, durante a guerra, "acreditando ter necessidade dos Príncipes e dos grandes, Vós vos julgais obrigado a dar-lhes pastores segundo suas vistas e não segundo as Vossas. É um grande mal, no entanto, e não deveria haver mais desses pastores inchados de orgulho, que são como porcos imundos ou folhas agitadas pelo vento dos séculos" (carta 206 a Gregório XI). Nossa mantellata não hesita ainda em insistir com Gregório XI e Urbano II para que terminem a guerra com os adversários italianos da Santa Sé. Mais ainda. Ao Rei da França, Carlos V, empenhado numa guerra contra a Inglaterra, a jovem dominicana pede que deixe de ser "autor de tanto mal e impedimento de tanto bem" (carta 235).

Durante o exílio dos Papas em Avinhão, Clemente VI construiu, em meados do século XIV, o famoso palácio para abrigar a corte pontifícia

1cndo Catarina iniciado sua vida pública na quaresma de 1370, aos 23 anos de idade, cm pouco tempo se espalha pela península itálica a fama de seus êxtases, de seus milagres na ordem da graça e da natureza, de sua sabedoria, da vigorosa pujança de sua personalidade. A jovem toscana se apresenta como enviada de Deus, a ação divina se manifesta nela de modo excecional, e seu século, que apesar de tudo conservava a Fé, acolhe com humildade essa autc'.\ntica irrupção de sobrenatural na vida dos homens. Dos 23 aos 33 anos - idade da morte de Cristo e também de sua serva fiel - a virgem mantellata (terceira dominicana secular) desenvolve uma ação apostólica tão intensa quanto variada. Entretanto, nenhum de seus atos se afasta da meta suprema que lhe fora apontada por Deus: a reforma da Santa Igreja. Caridosa, piedosa, inteligente, franca, fiel e corajosa, cheia de espírito prático e realista, como os de sua terra, desde logo compreende ela que a consecução de seu

do a palavra de Deus aos monges de diversas abadias e mesmo em consistórios, viajando paraAvinMocom a embaixada de paz de Florença, correndo até Roma quando o Papa a chama, ela ainda encontra tempo para dirigir almas - os caterinati - e para escrever numerosas cartas (conservam-se 382, dirigidas a Papas, Cardeais, Reis, eremitas etc.) que um famoso historiador qualificou de "grandioso livro de edificação, onde há coisas que mais parecem escritas com o estilo de um apóstolo, do que com o de uma donzela sem particular instrução" (Pastor, Historia de los Papas, Buenos Aires, 1948, volume III, p.2'i7).

Paz entre cristãos Acabo de me referir à paz entre os cristãos. Nossa santa a vê como uma necessidade imperiosa para a reforma da Igreja. Com efeito, em carta ao Papa Gregó-

Cruzada contra os infiéis

Na concepção catariniana, a cruzada constitui um complemento e uma condição da paz no seio da Cristandade. Em carta a Gregório XI ela expõe seu pensamento a esse respeito: "Santíssimo Padre, não encontrareis meio melhor que a cruzada para estabelecer a paz entre os cristãos. Esses homens de armas, que entretêm a guerra entre os fiéis, irão de bom grado lutar a serviço de Deus. Poucos, com efeito, são tão maus que não consintam, de boa mente, em prestar a Deus um serviço que, ao mesmo tempo, lhes é agradável e lhes permite resgatar seus pecados. Extinto o foco das discórdias, não haverá mais incêndio. É assim, Santíssimo Padre, que obtereis muitos proveitos: .... a paz da Cristandade, a penitência dos soldados e a

CATOLICISMO, abril 1991-17


eleição de Urbano VI - que sucedera a Gregório XI - e criaram, a 20 de setembro de 1378, o antipapa Clemente VII. Deflagrava-se, assim, o Grande Cisma do Ocidente, que haveria de durar 39 longos e terríveis anos.

será então imaculadamente bela, e coroada do diadema de todas as virtudes. Os povos fiéis se alegrarão com a glória que lhes advirá de tão santos pastores, e os infiéis, atraídos pelo bom odor de J esus Cristo, voltarão ao verdadeiro Pastor" (Beato Raimundo de Cápua, Legenda, 2a. parte, cap. X).

Esperança em meio à crise da Igreja

Para concluir este brevíssimo retrospecto histórico da vida e obra de Santa Catarina, convém acrescentar, para o homem de nossos dias, que a virgem de Siena, tendo ânimo varonil, nada tinha de comum, entretanto, com certas feministas masculinizadas que se agitam no firmamento do mundo contemporâneo. Sua alma possuía toda a delicadeza própria ao sexo feminino. Para seus discípulos ela é a "doce Mamãe", que os chama de "doces filhos". O Santo Padre o Papa ela o trata de "Babbo mio dolce" (meu doce paizinho). E mesmo as realidades mais austeras da Religião são para Catarina - sem nada perder de sua austeridade, aliás - "a doce Cruz", "o doce

Sim, oh dor! A corrupção e a desordem tinham invadido o lugar sagrado! Em seu livro Diálogo (cfr. caps. 121 a 130) narra-nos a Santa que Deus Nosso Senhor, depois de "entretê-la sobre a excelência do sacerdócio e as virtudes dos bons clérigos" adverte que nos maus sacerdotes "ações, gestos, palavras, tudo é lascivo, e é nisso que se comprazem". "Mais demônios que os próprios demônios". "Seus vícios tornaram-nos medrosos .... Deveriam estar prontos a suportar a morte para arrancar as almas das mãos do demônio, e são eles mesmos que O Papa Gregório XI atendeu o insistente apelo as entregam ao inimigo inferde Santa Catarina de Siena: abandonou nal". Avinhão e estabeleceu-se em Roma E, em outro lugar, aponta-nos ela a raiz da decadência da virtusalvação de muitos sarracenos" (Beato de, honestidade e santidade do povo: "Os Raimundo de Cápua OP, Legenda, 2a. súditos são maus, porque maus são os parte, cap. X). pastores!". Trata-se para Catarina, sobretudo, de * * * vingar a honra católica e afastar o perigo muçulmano: "grande vergonha é para os cristãos, por ce1Jo, deixar os infiéis na Também nós temos a imensa tristeza posse daquele santo e venerável lugar, de viver hoje, considerando-se a atual que de direito é nosso" (carta 145). crise que assola a Igreja, em situações análogas às que a virgem toscana presenO Papado volta a Roma ciou em seus dias. A exemplo dela, vivamos igualmente Santa Catarina de Siena conseguiu, na esperança de que "Deus saberá, por por fim, que o Papa Gregório XI pusesse 111eios invisíveis aos homens, purificar termo ao longo exflio de Avinhão, esta- sua Santa Igreja. Ele dará vida nova ao belecendo-se na Cidade Eterna. Entretan- espírito de seus eleitos, e daí resultará to, as desgraças da Igreja não estavam tão grande reforma na 1greja de Deus, e terminadas. tal renovação de santidade entre seus Dois anos depois da volta do Papa à pastores" que só de pensar nisso nossos sua Diocese, a quase totalidade do Sacro corações de católicos exultam no Senhor. Colégio, alegando coação do povo roma- "A Esposa de Cristo - prossegue a Santa no sobre o Conclave, declarou nula a - hoje desfigurada e vestida de farrapos

18 - CATOLICISMO, abril 1991

sofrimento"!

História Sagrada

noções básicas

EU SOU JO~É, VOSSO IRMAO CoM O CORAÇÃO partido, Jacó permitiu que seus filhos voltassem ao Egito para conseguir alimentos, e levassem consigo Benjamim, o mais novo. Tendo lá chegado, foram conduzidos ao vice-rei, que não haviam ainda reconhecido como sendo José, seu irmão, o qual fora por eles vendido como escravo há muitos anos.

Luiz Carlos Azevedo Emoção de José Obras consultadas 1. Santa Catarina de Siena, O Diálogo, Edições Paulinas, 1984. 2. Chanoine Jacques Leclerq, La Mystique de l'Apostolat- Sainte Catherine de Sienne, Catholíque Romaine, Casterman, Paris, 2a. ed., 1947. 3. Fr. Francisco Barbado Viajo OP, Obras de Santa Cata/ina de Siena, Prólogo, BAC, Madrid, 1955. 4. Angel Morta, Obras de Santa Catalina de Siena, lntroduccíon, BAC, Madrid, 1955. 5. Johannes Joergensen, Santa Catarina de Siena, Editora Vozes, Petrópolis, 1944. 6. Ludovico Pastor, Historia de los Papas, Ediciones G. Gibi, Buenos Aires, 1948, vol. Ili. 7. M. L'Abbé Rohrbacher, Vie des Saints, Gaume Fràres, Libraires-Éditeurs, Paris, tome li.

em seu lar

"Ao v~-los, José disse a seu mordomo: 'Manda entrar essa gente em meu palácio e prepara um banquete, pois hão de jantar comigo'. "Logo que José entrou, inclinaram-se até o chão e ofereceram- lhe presentes. José saudou-os afavelri,entc e perguntou: 'Vive ainda vosso velho pai? Está de saúde?' Responderam: 'Nosso pai, teu servo, ainda vive e está de saúde'. "Quando viu Benjamim, perguntou: 'É este o irmão mais moço? Deus te abençoe, meu filho! ' Não pôde por ma is tempo dominar sua comoção e saiu, chorando. "Depois de ter lavado o rosto, voltou e disse aos criados: 'Sirva-se o jantar!'

dize-lhes: l'or que pagastes o bem com o mal, vindo aqui como ladrões? A taça que furtastes é de meu senhor!'. "O mordomo assim fez. Assustados, os irmãos responderam: 'Não é possível; nunca nenhum de nós roubou coisa alguma; aquele com quem estiver a taça, seja castigado de morte; e nós seremos teus escravos!' . "Descarregaram logo os sacos dos jumentos, abrindo cada um o seu. O mordomo revistou todos e achou a taça no de Benjamim. "Então eles rasgaram suas vestes e, carregando novamente os jumentos, voltaram à cidade, prostrando-se por terra na presença de José. "Este perguntou-lhes: 'Por que procedestes assim?' Judá respondeu: 'Que havemos de dizer? Deus encontrou iniqüidade em nós e por isso nos castiga. Seremos todos teus escravos!'. "Ao que José replicou: 'Longe de mim tal -injustiça! Aquele que furtou a taça, esse será meu escravo; vós outros podeis voltar em paz para casa de vosso pai!'. "Judá aproximou-se então de José, dizendo: 'Senhor, eu me tornei responsável pelo menino, porque o pai não o queria deixar sair de casa; se ele não voltar agora, nosso velho pai morrerá de tristeza. Ficarei, pois, como teu escravo, em lugar do menino; masdeixa-ovoltarcomseus irmãos'.(*) "Então José não se pôde conter mais. Mandou que saíssem da sala todos os egíp-

cios e, cstantlo a sós com os irmãos, começou a soluçar, bradando:' Eu sou José! Vive ainda meu pai?' "Os irmãos, possuídos de terror, não puderam responder uma única palavra. José, porém, falou-lhes amigavelmente: 'Aproximai-vos de mim! Eu sou José, vosso ir mão, que vendestes aos egípcios. Mas não temais! Não é por vontade vossa que me acho aqui, mas por desígnio de Deus, que me fez vice-rei de todo o Egito. Apressaivos agora cm ir ter com meu pai e conduzi-o até cá; eu me encarregarei de seu e de vosso sustento, pois restam ainda cinco anos de fome'. "Então abraçou a Benjamim, chorando de alegria; Benjamim também chorava. Beijou e abraçou a cada um dos irmãos .... Só então tiveram coragem para lhe falar . 0

A volta pam Canaã "Também o Faraó teve notícia de que os irmãos de José tinham chegado. Alegrou-se e disse a José: 'Manda vir para o Egito teu pai com toda a sua família, e dá-lhes a melhor parte do país'. "Por ordem do rei, José deu aos irmãos carros e presentes valiosos. À despedida aconselhou-lhes: 'Não brigueis em caminho'" Nota: (*)Frei Bruno Heuser, "História Sagrada do Antigo e do Novo Testamento" - Vozes. Petrópolis. 1957, pp.41-43.

José dá-se a conhecera seus irmãos

A taça de prata "Depois do banquete, José ordenou ao mordomo: 'Enche-lhes de trigo os sacos e põe por cima o dinheiro de cada um. No saco do mais moço esconde também minha taça de prata'. "Na manhã seguinte, apenas tinham saído da cidade, chamou José o mordomo e ordenou-lhe: 'Persegue esses estrangeiros e

CATOLICISMO, abril 1991-19


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;~ Ufania de ser militar católico

N

ODIA3ldejaneiroúltimo,após brilhante carreira militar, passava para a reserva, a pedido, um insigne propagandista de CATOLICISMO, Cel. Carlos Antonio Espírito Ilofmeister Poli. · Aqui prestamos merecida homenagem ao nosso caro Cel. Poli, pois desde cadete - e depois como oficial- sempre se mostrou um excelente divulgador de nossos ideais comuns entre seus companheiros. Ademais deserum tão querido amigo e um exemplo frisante de cavalherismo católico. O que ele deve ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, bem como a atividade a que pretende agora dedicar-se, ele mesmo no-los indica no discurso pronunciado por ocasiào da cerimônia de sua passagem para a reserva, o qual transcrevemos na íntegra. *

*

*

"As boas praxes militares exigem que nos reunam os hoje para a formalidade de uma despedida, motivada por minha solicitação de transferência para a Reserva Remunerada. Garanto-vos que tal decisão foi tomada após uma análise muito refletida, e fundada em razões relevantes. Assim, ufano da trajetória que percorri como Oficial de Cavalaria e Estado-Maior, põe-se para mim a oportunidade de expor-vos, caros amigos, opacb·ão de militar que procurei realizar nestes 36 anos, e que espero continuar a ter sempre como bússola pelo resto de meus dias.

O mestre Com efeito, cedo, ainda como jovem cadete, tive a felicidade de conhecer o Prof Plinio Corrêa de Oliveira, que me fez admirar a Civilização Cristã e a ela dar todo o meu entusiasmo e dedicação. Ele me mostrou que ser militar, na perspectiva da Civilização Cristã, é um alto ideal, consubstanciado na figura do Cavaleiro Medieval, historicamente o símbolo máximo de todas as virtudes do

varão católico na sociedade temporal, ou seja, no Estado. Então, associei minha condição de Oficial de Cavalaria à de Católico Apostólico e Romano, persuadido de que mmca se é mais autenticamente militar do que quando se é um militar católico. O ideal de militar católico, procurei conhecê-lo em seus aspectos doutrinários e o realizar através das atitudes correlatas: a bra: 1.u-a sem arrogância e sem prepotência; a lealdade sem conivência com a mediocridíJde; a astúcia sem felonias e sem baixezas; a dedicação sem ambições pessoais; a cordialidade sem transigir nos princípios; a distinção de atitudes sem frivolidade. Foram esses alguns dos aspectos do cavaleiro medie11al - o forte porque é bom e o bom porque é nrte -que inspiravam minha vida de piedade, de estudos e de 11ção. 1

A Nossa Senhora recorri em todas as minhas dificuldades e em sua misericórdia confiei como u.m filho que necessita muito perdão.

O Cel. Poli é condecorado, em 19-11-1986, com a Medalha do Pacificador, distlnç~o concedida pelo Exército aos militares que se destacaram por seu valor pessoal

20- CATOLICISMO, abril 1991

Também orientado por Dr. Plinio, compreendi ser inerente a um certo padrão 111ilitar do século XX uma 1·ida de pensamento. Por isso dediquei-me aos estudos de Estratégia e de Guerra Psicológica, sem descurar, no entanto, do conhecimento da doutrina de guerra vigente. Desses estudos concluí que o grande fator de conquista, no mundo moderno, maior que a força das armas (convencionais ou OBR) é o Psicológico; que tal elemento, estratégico-psicológico, estápresen-

te quando se considera o inimigo, interno ou externo, se é que ainda é válida tal distinção; que a grande deficiência dos bons, em todos os exércitos atuais, reside na falta de um "know how" de Guerra Psicológica.

Autoridade, respeito, camaradagem

O Comandante da 2ª. Região Militar (esquerda) cumprimenta o Cel. Poli, na cerimônia de passagem deste para a reserva

Como homem de ação, pratiquei intensamente, em toda sua variedade, o que é próprio a um oficial de Cavalaria e de Estado-Maior. Da equitação militar, cuja audácia toca no temerário, procurei absorver muito do espírito da minha Arma, para aplicá-lo, com igual ardor, nas unidades mecanizadas e blindadas em que servi. Como oficial do Estado-Maior, a par de minha atividade nos Estados-Maiores que integrei, apresentei aos escalões superiores tantos estudos de atualidade militar de iniciativa pessoal, quantos senti que eram considerados oportunos por eles. Em minhas atitudes procurei ser coerente com o ideal abraçado. Exerci a autoridade própria a minha condição e tive a alegria de receber a amizade de meus subordinados. Aos superiores foi sempre com agrado que manifestei meu respeito e minha estima. E com os pares cultivei uma digna mas intensa camaradagem. Ademais, honrado de exercer a carreira das armas, enverguei nosso amado uniforme em toda a medida que as conveniências o permitiram, e almejei realizar, no élmbito de minhas limitações, um padrão de homem inspirado na velha tradição militar, mas voltado para a realidade dos dias atuais.

Atividade futura Ingresso hoje na Reserva Remunera-

da, mas não me afasto da atividade militar. Pelo contrário, tenho a intenção de dedicar-me ainda mais à nossa profissão - sempre no campo estritamente legal do qual nunca me afastei-agora aliviado do ônus representado pelas funções

meramente acbninistrativus que infelizmente absorvem, talvez, o melhor de nossos esforços. Com efeito, quero continuar a trabalhar pela grandeza do Brasil e de nosso Exército. Grandeza esta que só será inteiramente brasileira, se for autenticamente cristã e vinculada a tantas tradições que, oficialmente aceitas pelo Poder Público, fizeram do Brasil, em outros tempos de muita glória e de muitas esperanças, uma imensa família. Família esta, cuja vivência mais característica se verificou. no 2!! Reinado, quando teve por pai o magnélnimo D. Pedro II, ainda hoje o avô de todos os brasileiros. Os lazeres que minha condição de oficial da Reserva me proporciona, pretendo dedicá-los ao Serviço de nossa Pátria, cuja situação no cenário internacional me preocupa hoje mais do que nunca, e, tenho certeza, também preocupa a todos vós, quando o borbulhar cotidiano dos trágicos e confusos acontecimentos atuais retém vossa atenção em fenômenos pejados de ameaças.

Refiro-me à crise do CiolfoPérsico, e bem distante dela, ao trucidamento implacável dos Estados Bálticos. Mais do que tudo, às múltiplas incógnitas que germinam no imenso território que vai dí1quele Golfo até a gélida atmosfera da Lituânia, da Estônia e da Letônia, todo ele coberto pela dominação enigmática dos czares vermelhos do Kremlin moderno. É para servir o Brasil em qualquer eventualidade que eme,ja de tantos e tão diversos caos, que me proponho a aprofundar mais e mais o estudo de Guerra Psicológica Revolucionária.

A todos vós, meus caros companheiros, o testemunho da minha amizade. Estimado Gen. Camargo. Manifesto a honra que tive em servir sob seu comando neste Quartel General da 2ª Região Militar e, muito comovido, agradeço o elogio que Vª. Excia. teve a bondade de me atribuir." (*) Os intertítulos são da redação.

"FIRMES SENTIMENTOS RELIGIOSOS COMO ESCUDO, E A FÉ COMO LANÇA" Em uma cerimônia, singela mas que chegou a ser tocante, o General Rômulo Nunes Camargo, Comandante da 2ª Região Militar, fez o elogio do Cel. Poli "após 35 anos, 10 meses e 16 dias de excelentes serviços prestados durante retilínea carreira militar". Tendo assentado praça ainda muito jovem, em Porto Alegre, em 15 de março

de 1955, ingressou depois na prestigiosa Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, onde recebeu o espadim de Caxias em maio de 1958, escolhendo a tradicional Arma de Cavalaria. Após o curso, serviu por primeira vez em Pirassununga-SI>, onde "demonstrou destacadas qualidades de Oficial da Arma de Cavalaria".

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O elevado conceito de que gozou no Exército bem o atestam "os 19 elogios

CPOR, em São Paulo, foi Instrutor-Chefe do Curso de Cavalaria e Oficial de Relações Públicas, tendo demonstrado "sóli-

consignados em Boletins, reconhecendo as qualidades de militar muito dedicado da formação profissional e esmerado ao serviço, devotado à carreira e possui- ,preparo intelectual". dor de exemplar espírito militar". No Freqüentou o Curso de AperfeiçoaO Cel. Poli, quando capitão e comandante do Esquadrão de carros de combate, durante manobras na região de Rio Negro - PR

mento de Oficiais, em 1973, "obtendo

MB (muito bem) como reconhecimento por suas qualidades intelectuais, aptidão para a Chefia, · devotamento, e:,pírito militar, interesse e muita iniciativa". a

menção

Como major, serviu em várias unidades do Exército no Paraná

"contribuindo com sua experiência e com seus conhecimentos e:,pecializados, para o êxito e eficiência da OM

,

( organização militar), como compro-

vam os inú111eros elogios de seu Chefe transcritos em Boletins". Em 1980, concluiu o Curso de Comando e EstadoMaior. Posteriormente, servindo em Ponta Grossa, "imprimiu a suas funções

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Quando de sua passagem para a reserva, servia há 7 anos e 10 meses na 2ª Região Militar (SP), no posto de Tenente-Coronel e depois de Coronel: "a comp l ex ida d e de seu Esc (escalão administrativo) nunca o intimidou, mes-

mo diante das dificuldades conjunturais de nossa força terrestre".

"Oficial dotado de excepcionais atributos morais pautou sua carreira militar pelo exe111plo, utilizando firmes sentimentos religiosos como escudo, e a fé como lança, pela deter111inação na conquista de seus objetivos".

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ESCALADA DA BLASFÊMIA A imagem do Cristo Redentor no alto do Corcovado, dominando a incomparável Baía de Guanabara, é um dos símbolos religiosos mais importantes de nosso I3rasil católico. Ele exprime assim a alma do nosso povo. Desrespeitá-lo constitui, pois, não só grave blasfêmia, mas também ofensa aos brasileiros. Entretanto, todos nós há pouco fomos atingidos por uma propaganda blasfema, difundida pela agência Lage Stobel & Magy, que, através de 1.200 out-doors espalhados nas principais cidades do País, mostrava o Cristo Redentor com a mão direita sobre os olhos, e os seguintes dizeres:' Ai, meu Deus, chegaram os maiôs (de tal marca]'. Alguém poderia objetar que a intenção dos promotores da propaganda não foi ofender a Deus. Ora, determinados atos são objetivamente maus, independentemente da intenção de quem os pratica. Se, por exemplo, os Tribunais, ao julgar os criminosos, fossem admitir sempre a boa intenção destes e os inocentassem, a Justiça teria desaparecido. Um espírito matreiro poderia dizer que o

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CATOLICISMO, abril 1991

out-door, mostrando o Redentor velando os olhos, indica o repúdio de Jesus Cristo aos maiôs. Assim, o cartaz seria uma propaganda anti-maiô, e não pró-maiô, como estamos imaginando. Isso não passa de um infame sofisma, pois o fato de a imagem estar tapando os olhos diante dos maiôs dá a entender a impotência de Nosso Senhor Jesus Cristo para impedir a expansão daqueles trajes imorais. O Divino Salvador, que é onipotente, fica assim apresentado como um fujão, derrotado pela ofensiva comercial lucrativa de uma empresa que se coloca dessa forma como anti-Jesus Cristo. Ora, que uma firma se jacte de ser anti-Jesus Cristo é, em si, uma atitude blasfema. Além do mais, a idéia de uma imagem solene e séria, como a do Corcovado, mover-se para vedar os olhos diante desses maiôs, provocará evidentemente o riso e o escárnio de muitas pessoas. Sob nenhum pretexto tem um anúncio o direito de fazer isso. Diante de tal blasfêmia, as autoridades eclesiásticas deveriam protestar energicamente, e organizar cerimônias de reparação.

Entretanto, exceto o Arcebispo do Rio de Janeiro, que simplesmente pediu a suspensão do anúncio, as demais autoridades - a julgar pelo noticiário da mídia -não condenaram a propaganda blasfema. Pior. Em Fortaleza, dói dizê-lo, o vigáriogeral da Arquidiocese, Mons. Antônio Souto Ribeiro, chegou a declarar ao jornal "O Povo" (20-11-90), daquelacapital,que

"não compartil/111Tnia de que a Igreja deve censurar ou inte,ferir nesse tipo de publicação ... A Igreja deve emitir a sua opinião sobre o assunto, através do posicionamento dos fiéis". Paulo Francisco Martas Diante da Imagem do Cristo Redentor, drapejam os estandartes da TFP

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CATOLICISMO , abril de 1991-23


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SANTO SUDÁRIO DE TURIM Maria Siliato indagou se não houve uma intenção prévia de provocar esse alarido, mesmo sabendo-se que as razões apresentadas pelo teste Carbono-14 viriam a se esboroar mais tarde, no confronto com as ciências. Qual poderia ser tal intenção? "Talvez o Santo Sudário não tenha sido protegido contra aqueles [ operadores do teste Carbono-14) que pudessem ter preconceitos ideológicos ou pseudoculturais, ou que encontrassem nessa oportunidade ocasião de obter uma celebridade fulgurante e indiscutível", acrescentou.

Autenticidade que se impõe A realização do Simpósio Científico sobre o Sudário de Turim, em Paris (cfr. "Catolicismo", dezembro/89), representou marco decisivo na história das investigações há tantas décadas efetuadas com a preciosa relíquia. PARIS - Por que um marco decisivo? Os resultados a que o Simpósio de Paris chegou não permitem mais que os estudos a respeito do Santo Sudário partam da discussão sobre sua AUTENTICIDADE. Ela se solidificou desde então, tornandose a novos títulos mais seguramente INCONTESTÁVEL. Cientistas franceses, promotores do Simpósio de Paris, realizaram uma Conferência em 28 de novembro de 1990, naMaison de la Chimie, na capital francesa, fazendo um balanço do ocorrido durante o úllimo ano a propósito do Sagrado Lençol.

então pasmo no mundo científico, bem como entre muitos católicos. Grande número de órgãos da im prensa valeram-se dessa comunicação bombástica como ocasião propícia para estardalhaço, pondo em dúvida a autenticidade do Sudário: o majestoso vulto nele impresso não seria de Nosso Senhor Jesus

Mudança de panorama O principal promotor da Conferência foi o Prof. Arnaud Upinsky, que já se distinguira no Simpósio do ano anterior como notável analista dos resultados alé então obtidos pelas várias ciências que se ocupam da preciosa reliquia. Desta feita o Prof. Upinsky ressaltou algumas conquistas obtidas pelo Simpósio de Paris. As provas técnicas de laboratório, então aduzidas, fizeram com que mais de quarenta associações científicas internacionais não mais levantem dúvidas a respeito do Sudário. "O Simpósio, afirma Upinsky, trouxe um VEREDITO à questão da autenticidade". Ele teve também como cfeilo derrubar definitivamente a lese do inglês M. Tite e do francês J. Evin, manipuladores do discutido processo de análise de amostras do Sudário pelo processo Carbono14. Para estes dois cientistas - em comunicação feita ao público em outubro de 1988 - a análise arqueológica pelo método Carbono-14 apontava a origem do tecido do Sudário nos séculos XIIIXIV. Tal afirmação dissonante causou

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CATOLICISMO, abril 1991

M. Tite, tão absorto com suas partículas de carbono, parece ignorar quedesde o início do séc. IV não foram mais praticadas crucifixões na Palestina! Quase ao mesmo tempone no mesmo sentido, declarava na França J. Evin parceiro de Tite na determinação da idade de objetos arqueológicos - que a imagem do Sudário "bem poderia provir de um monge louco, do séc. XIV, que se fizera crucificar". "Cruzado crucificado" ou "monge louco" são suposições que nada mais têm a ver com o campo da ciência ou da História. Assemelham-se, sim, adivagações de quem não dispõe de argumentos para se defender. Um falsário piedoso e genial?

Sagrada Face do Sudário de Turim

Cristo, alardeou a mídia. Tudo não passaria de obra de um falsário medieval, era a conclusão que se queria fazer admitir. falando cm Londres a um grupo de cientistas especializados em estudos arqueológicos, a 10 de março de 1990, M. Tite, pretendendo defender-se, afirmou que "a imagem representada no Sudário é a de um cruzado do séc. XIV, crucificado pelos sarracenos no OrienteMédio "...

Um falsário da Idade Média não poderia jamais reproduzir sobre tela aquela forma humana. Pois para isso precisaria utilizar um processo perfeito, de ORIGEM até agora ignorada, e possuir um grau de conhecimento, de várias ciências, superior ao alcançado em nossos dias (mesmo hoje não se consegue imitar tal reprodução). O que é impensável. Mas há mais. Em agosto de 1990, o próprio Museu Britânico, do qual M. Titc era o diretor do laboratório de pesquisas históricas (ele deixou recentemente suas funções ... ), retirou de seu catálogo de objetos já analisados o nome de "falso", anteriormente atribuído ao Santo Sudário. No mesmo catálogo confessa o Museu ler havido "muita desinformação" a respeito da origem do Sudário. Sir David Wilson, diretor do Museu Britânico, em carta dirigida ao Prof. Gonella, em 23 de agosto de 1990, explica que "os editores desse catálogo não tinham autorização do Museu [para classificar o Sudário de "falso"], e o fizeram por inadvertência". Trata-se pois de um

Tranqüiliza-se a mídia, move-se o Vaticano

Aspecto da assistência na Maison de la Chimie (novembro de 1990)

claro recuo da investida contra a autenticidade do Santo Sudário. O que mostra bem que tal investida não se fazia com base científica, mas sim por razões pouco claras. Irregularidades de um teste impreciso A Dra. Maria Grazia Siliato, presidente da Associação de Arqueologia e Antigüidade clássica e Paleocristã, de Roma, mostrou, com a adução de cabais provas científicas, que a coleta da amostra posteriormente analisada pelos técnicos do Carbono-14 não correspondeu absolutamente às normas idôneas de laboratório, requeridas cm tal caso. A conferencista explicou que as fibras analisadas foram retiradas de um tecido, sabidamente costurado na borda do Santo Sudário, a fim de protegê-lo durante as exposições para a veneração pública, que se fizeram ao longo dos séculos. Essa bordadura foi sempre conhecida dos cientistas, e nunca prejudicou a análise do precioso pano que envolveu Jesus morto.

Irregularidade grave ao colher as fibras de uma parte do Sudário; irregularidade dentro do laboratório, onde se dispensou - inusilad~1mentc - toda fiscalização por parte de outros cientistas. Dstas anomalias bastam para desqualificar inteiramente o teste, afirmou. Alarido publicitário Logo após a publicação do resultado do teste Carbono-14, em outubro de 1988, a imprensa fez grande alarido. Nos dias subseqüentes, o Cardel Ballestrcro, então Arcebispo de Turim, precipitadamente, e contrariando a posição até então assumida pela Igreja, saiu a público, parecendo dar fé à insólita experiência do Carbono-14, que indiretamente punha no rol das falsificações a preciosa relíquia. Desde o início dos estudos científicos, a Igreja manifestara o propósito de "não intervir na questão, dando liberdade à ciência de estudar, fazer experiências e informar".

A própria mídia mostrou-se, na França, no último ano, muito mais discreta em criticar o Santo Sudário. Ao mesmo tempo, ela passou a aceitar com maior facilidade, contrariando assim sua posição anterior, a divulgação de notícias sobre sua autenticidade. Aliás, constatada a inaptidão do teste Carbono-14 para determinar a data de origem do Sudário, no que basear-se para impugná-lo? O Vaticano, tão cauto no curso dos longos anos em que se desenvolveram as mais variadas investigações a respeito do Sudário, lançou, por fim, em 18 de agosto de 1990, a dúvida sobre o resultado a que chegou o teste do Carbono-14, classificando-o de "estranho". A nota foi distribuída à imprensa pelo porta-voz oficial da Santa Sé.

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Em vista deste procedimento observado pela Igreja, a ilustre conferencista classificou o comportamento daquela personalidade eclesiástica de "incoerente e substancialmente injusto ".

CATOLICISMO, abril 1991 - 25


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' Neste mesmo ano, o Vaticano nomeou um guardião oficial para o Santo Sudário. Gesto este de molde a afastar a dúvida sobre sua autenticidade. Não se nomearia um guardião para um objeto falsificado.

*

*

UM VERDADEIRO POBRE DIFICILMENTE SE ENCONTRA NA MULTIDÃO

*

"Lázaro tinha sido pobre; o seio para o qual foi transportado tinha sido rico. 'Acontece u' , diz a Escritura, ' que o pobre morreu e foi transportado pelos anjos'. Para onde? 'Para o seio de Abraão' (Lc XVI, 22) .... Verás que na terra Abraão tinha sido muito rico em ouro, em prata, em família, em rebanhos, em posses (cf. Gn Xlll), e entretanto este rico era pobre, porque era humilde .... Vê: ainda que os pobres sej am numerosos, com cuidado procuramos um pobre: se o procurarmos em meio à mullidão, dificilmente o encontraremos .... Tu dizes: sou pobre como Lázaro; este meu rico humilde não diz : sou rico como Abraão. Portanto, tu te elevas na soberba e ele se humilha. Por que te orgulhas e não o imitas? O pobre é levado para o seio de Abraão. Não vês que o rico sustenta o pobre? De fato, se te ensoberbeces contra os que possuem dinheiro, e afirm as que a eles não pertence o reino dos céus, quando talvez neles se ache a humildade que não se encontra em ti, não tens medo de que, depois que estiveres morto, Ab raão te diga : Afasta-te de mim, por que me ullrajaste?"

Nenhum objeto histórico foi submetido à mesma q uantidade de análises científicas e arqueológicas que se fizeram com o Santo Sudário. Nenhum outro apresentou resultados que deslumbrassem tanto os analistas. Poram estes que, indignados, lançaram por terra, em nome da Ciência, os resultados obtidos em 1988 pelo contraditório teste do Carbo- . no-14.

A Dra. Maria Grazia Si/iato explicou a falta de seriedade que caracterizou a coleta da amostra do tecido do Sudário, destinada à prova do Carbono-14

E a autenticidade do Sudário de Cristo brilha agora com fulgor ainda maior.

(Retto uso dei/e richezze nella tradizione patrística, a cura di Mauro Todde e Alieto Pieri, Ed. Paoline, Milão, 1985. p. 4 14 ss.) .

Nelson Ribeiro Fragelli

Bruxaria à luz do sol Clinica Médica

"Progressismo" e esquerdismo vêm provocando esvaziamento das igrejas, além de favorecer o afloramento de bruxos, hoje na moda, outrora movendo-se nas sombras UMA LISTA telefôn ica, onde constam nomes e endereços de curandeiros, gurus, numerologistas, tarologistas etc., foi lançada em Hollywood (EUA), propondo "aju-

dar você a abrir todas as portas que quiser". Seus anúncios prometem soluções para dificuldades espirituais e psicológicas. Até mesmo o tormento causado pela AIOS seria resolvido ... Vários participantes dessa lista afirmam que incluíram o seu nome porque "muitos illteressados em ajuda es-

piritual não sabiam a quem recorrer". O lançamento dessas "Páginas Amarelas" de bruxos, justamente em Hollywood, leva-nos a refletir sobre a ilusão do "gozar a vida". Apresentada, há décadas, como o símbolo de uma nova mentalidade - que o cinema espalhou pelo mundo inteiro I lollywood induziu multidões a adotar um ateísmo prático, caracterizado pelo gosto de viver sem preocupação e pela fruição de prazeres desregrados, o que resultou no auge da degradação moral que hoje se presencia.

26 - CATOLICISMO, abril 1991

Contudo, o dourado daquele símbolo era enganoso e cedeu lugar ao cinzento da angústia, das drogas, do suicídio, como se vê correntemente nos noticiários. Desfeita, assim, a miragem da felicidade, o colorido do símbolo novamente se altera, e aparece o negro do misterioso mundo da bruxaria, prometendo superar os problemas que foram criados. Ora, a solução de tais problemas só se encontra na observância da Lei de Deus. Se o desrespeito ao Decálogo e à Lei Natural estão produzindo um verdadeiro caos, o remédio é restaurar a ordem desrespeitada. Entretanto, devido ao surgimento do "progressismo" rel igioso, a propaganda de um esquerdismo político vai se substituindo à pregação católica, produzindo assig:i grande quantidade de órfãos espirituais. E quando os bruxos se apresentam e lançam suas promessas, visando ocupar os espaços vazios. Eles, que antes se ocultavam, agora, diante dessa grande oportunidade, passam a se revelar. Edson Siqueira

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Tel.: 67-1721 Rua Aureliano Coutinho, 87 Santa Cecilia - São Paulo


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ecolhimento, silêncio, isolamento foram, em todos os tempos, notas distintivas dos religiosos cartuxos, da Ordem fundada por São Bruno, no século XII. O homem de nossos dias, em contacto com os cartuxos, tê-los-ia em conta de almas anquilosadas, sem estímulo nem vitalidade ou qualquer forma de dinamismo. Ora, duas esplêndidas realizações desses religiosos, até fortemente contrastantes, embora harmônicas, desmentem essa falsa impressão: são eles os criadores do internacionalmente renomado licor Chartreuse e dos esplendorosos e não menos renomados cavalos cartusianos. Um magnífico exemplar dessa raça, o leitor pode contemplar nesta página.

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espécie de aeronave viva fendendo os ares - nenhum artista poderia tê-la imaginado tão bela. Sob o céu da Andaluzia (Espanha), esvoaçando sobre o Contribui possantemente para a perfeição da cena, o campo raso e aberto de uma alegre manhã ensolarada, um movimento do tecido que o cavaleiro traz ao pescoço. O vento cavaleiro radiante de vitória e de glória realiza uma das mais levanta essa echarpe como o cavaleiro o cavalo. E há nesse belas e expressivas manifestações da coragem humana: a tecido uma como que palpitação imponderável da vitória e da força de ousar e de avançar. glória alcançadas pelo cavaleiro no completo domínio da Há uma inegável beleza em se contemplar um homem situação. que flutua sobre as incertezas dos mares rumo a um destino Também a crina do animal, que esvoaça ao vento, é de distante. Mas não se pode negar beleza a este nosso cavaleiro, uma beleza que se diria pictórica e perfeita. Assemelha-se a que parece navegar pelos ares em circunstâncias que o avan- uma labareda escultural, entretanto cheia de movimento. O tajam em relação a qualquer piloto de avião: ele não pilota olhar do cavalo parece devorar o perigo; e sua boca mastigar uma máquina, mas um ser vivo, cuja vitalidade e mutabilida- o risco. Contudo, ele avança confiante no domínio de quem de são superiormente governadas por ele. É admirável a força o guia, e suas patas dianteiras esboçam até elegante repouso. com que o cavalo, tão bem conduzido, conseguiu vencer a Há nele um equilíbrio nervoso, uma flexi bilidade e uma atração da gravidade e se elevou no ar. obediência perfeitas. Percebe-se ademais uma espécie de domínio psicológico Estamos em presença, propriamente, de uma bela expresdo cavaleiro em relação ao cavalo, de maneira que a ousadia são de autêntico heroísmo humano, o qual não consiste tanto daquele se reflete neste como num espelho. É uma só ousadia, no poder de destruir, quanto em enfrentar o risco. Tal noção, um só élan em um só vôo! o homem pragmático, securitário e tantas vezes vil de nossos A luz que se reflete sobre o cavalo - de modo a lhe .dias a perdeu de modo quase completo, senão inteiramente. realçar a musculatura e a força do corpo, o que faz dele uma Que a esplendorosa cena nos sirva de lição, e de exemplo !

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Número 485

Maio de 1991

Assestando o foco nos

Discernindo, distinguindo, classificando ...

pontos nevrálgicos

TRADIÇÃO QUE DÁ ESPERANÇAS À chegada de Pentecostes -que se comemora a 19 deste mês - num erosas localidades alemãs

celebram a vinda do Espírito Santo, ligando-a aos festejos da prim avera. A tradiçâo p erpetuou essas festas, à esp era de que novas graças venham a derramar-se sobre a terra a resta rei igiosa de Pentecostes, pio, com a J'orm açflo ele cort ej os ou a deocasião em que a primave ra atin ge gustação em comum de biscoitos. seu ponto culminant e na maior parte dos países da Europa do nort e, o aconteHá cerca de 600 anos uma grande ciment o é bastante celebrado. Na Al ema- procissão a cav alo tem lugar, du ra nte o nha sobretud o, cm quase todas as regiões Pentecostes, na loca liclade bávara de Kõtrurais, presta-se homenagem à trad igio. zing. Esta "cavalgada de Pentecostes" atraMuitos desses costum es são circunsvés dos ca mpos e llorcstas (ver foto) é um crit os a um povoado ou a uma pequena região, como em Bad Sooden-Allendorf, ao nort e do 1-Iesse . No domingo e segundafe ira de Pentecostes, a população aí cel ebra a /Jrwm enfest festa da font e - na qual se rea l ça a v irtude cura tiva das nascentes sa lgadas do luga r. Du rante a cerim ônia rei igiosa é pronunciado o "serm ão do sal " cm agradcc i m e n to p e l as ág uas co m propriedades tera pêuti cas, pelo sal e pelas salinas. T ra ta-se de uma trad ição que remonta ao século XVI : na ori gem era um,1 festa religiosa celeb rada na cidade, onde se encont rava a corporação dos sa lineiros. E m diversas partes da Al emanha, os ga lhos coberto. · de fo lhas têm espec ial rea lce nessa pl enitude de primavera . Casas e estábul os, andaim es, barcos e moinhos são ornados com folhagens. Em numerosos luga res é costume também s1.: enfe itar o rebanho com verdura ou com buquês de fl ores. N o sudoeste da Al emanha, em certas regiões do Sarre e das terras da Renâni a-Palatinado, o Pfings1quack · cios numerosos costum ·s que 111ur ·11m i.:ss11 personagem envol to cm folhas e llores época do ano cm quns' todos 11s r •g ioi.:s d11 passeia pelas rua da aldeia durante o Pen- Al cmanhn. tecostes. As cri anças e os j ovens aproveitam a ocasião para fazer uma coleta ele dinheiro. Certas alclc ia · do Eifo l ainda man1J{i L1111 pont o II l11 111c11t111 . 'l'mlus 11s têm cm u ·o os Pfings1eiersillge11 - cQnti mencionullus rcstus, de ori g ·m r ·li giosa, cos de Pent ecostes. A recompensa aos 1uc vüo 110s pou ·os torn1111do-s · proli 111us. ada ca ntam e f'az sob a form a llC ovos. /\pós o v •z 111 ·nos s · ·0111 ·moru ;i vinda do Espíri quê, dá-se a grande resta, modelada segun - t0Su nt o 1m P ·ntc ·ost ·s, ',lll,1vcz mcnos há do as trad ições de ca da IL1gar - por cxc m· ·rim ()ni us r ·li •ios1 1s, c cada vez mais se

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exalt am a prim avera , a · fo lhas, as fl ores etc. Quando nn verdade o espírit o cat ólico ped iria que ambas as co isas v iessem juntas, sendo a legítima alegr ia com os ratos ela natureza li gada e posta a serv iço do sob renatural. Como não poderi a deixar ele ser, porém, tais festas também so rrcm o im pacto do terrív el vent o ele lé1icizaçf10 que pcrcorre o muncl o mtxlern o. Niio obstant e isso, é di gnt de nota que comcmornções tio gl'.:nero él i ndél resistam cm tão ~rnnd ' n(1111 cro e, em muitos lugur ·s, ·hcias ele puj ança. É a l'orç,1 tia trn di çiio. Quinhent os ,mos uprnx immlé1ment c ele pro1·L111do pro · ·sso rcvolucionúri o :-- · c1 ln 1t ·rum sobrc ,1 Europa, ·orn o solw · o Ocidente cm gcni l. A A I ·munha ro i elas nações muis mu lt l'll lfü las. 13asta lembrar qu ' j(1nu ~po ·u de Lutero o prol ·s1c1 n1 is1110 re,. ali devastações ·0 111 0 , lnlv •z, cm ne nhu m out ro lugm . 1(. ·sn r ·sistl'.:ncia da trad i<_:,10, upcsur d • tudo, é um element o im po rt unt c el e espera nça p<1 ru s · .ivuliur o ·studo das cois11s no lllL1m lo modcrno, no 1110 111 ·nto cm qu · :1 r ·ulização das p1·ev isfl ·s d · 1!(li i 111u pmccc mais urgcnt ' , por1unt o ma is próxi111,1.

( LH1 ndo Nossu Scnhora

l'i, . ·r ti •s · ·r sobr · todu u terra , quusc ·0 1110 um novo l'enlccoslL'S, o orv;i lho l'c ·und,111tc ele sua grrn;u suuv · c avassal,1dora, Ela 111 de vivi l'i car tudo qunnto ele bom ainda rl':-- lsl · como é o caso dessas trad ições, mesmo se depauperadas, Aí então um rcll orcsc.:i mento da r é há de renovar a race da terrn, como a chegada da pr im avera torn a estu ant e de vida tudo quanto, debaixo do gelo e da neve, ainda não morreu . (*) Os dados pam este co111 cn1 fü- i fnrnm cx lrafdos do bolc1i111 "F/r~·I, s11rl 'Allc111(1f!11 •" . n'' lll, 4 -S 1990, al'l igo ele. Sigri cl 13orn. intilul.1c.lo /\ primm•t:rfl f.'dd>rtula <'Om clmth·os e da11~·t1.\',

ALM A , Q U E O B RASI L É N OSSO ! Essa ex pressão, apro pri ada para cert as ocasi ões, é co nhecida de todos os bras il ei ros , em bo ra tenha caído em certo des uso. O q uc es tava po r detrás ele nossa cabeça, quando ped íam os ca lma, l embrand o q ue "o Bras il é nos so"? Sem dúv ida pensáv am os que, sendo nosso o Bras il, não haveria razão para nenhum nervosism o. N ascemos num dos co lossos d a geogra fi a e da natureza. Temos so b os pés muita terra, e essa terra encerra muit os teso uros. N osso País, e po rt anto nós todos, estam os col ocados sob o sig no da grandeza c ri stã, ex pressa no C ru zeiro ci o Sul , e essa grand eza - g rand eza atu ai q uc aind a se pode v er, grandeza futura que se pressent e - traz ele sobra, co nsigo, todo o necessário para resol ver co m tra nqüilidade q uaisquer tipos de probl em as . Grandeza - abund ânci a - l arg ueza - e Brasil, são term os correl atos.

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D ir-se-i a que quando j á não há q uase ab undânci a pec uniár ia, como aco ntece hoj e, tamb ém não dev eri a hav er l argueza . Os b ras ileiros, entretanto, num ato el e int eligênc ia col etivo, descobri ra m um j eito ele ter cert a l arg ueza de espírit o m es m o send o pob res, e até miseráveis. Se alg uém tiver dúvidas, faça uma v i sita atenta e sem preco ncei tos a uma favel a, o u uma v i agem cm trem de subúrbi o nos grandes centros , o u então perco rra as reg i ões mais secas ci o

sertão nord estin o . O u aind a, engagc-se c m uma elas caravanas permanentes d a TFP, que desd e 1970 perco rrem nossas c id ades e v il as. Enco nt ra rá l ado a l acl o a pobre,,a e uma cert a larg ueza. São co isas ci o B rasil. .. É própri o ao brasil ei ro ter segura nça. E po r i sso nosso País é um ci os m enos "c hauv ini stas" d a Terra. T udo isso co nduz à calma e a fas ta a agitação.

O Brasil está sendo v io lent amente sacudid o pel as conv ulsões des te f i m de mil ênio. Perd eu po r isso o brasilei ro as ri q uezas de sua alm a? CAT OUC[SM O sustenta que, em boa m edida, não as perd eu. E q ue essas riqu ezas va lem m ais d o que muit os dos háb itos que se int roduze m entre nós atrav és d a industri ali zação . A qui está algo que pode animar nas duras co ntingênc ias cm que nos enco nt ra m os . E animar é um dever urgente. U rge reco rd ar esses val ores, tanto ele nosso present e, q uanto de nosso passad o. O passado, ali ás, se to rn a presente no i m aginário po pul ar, no q ual se anin ha. N esta edição, e tam bém nas seguintes, poder-se-á enco nt ra r m atéri a desc revendo traços el e al ma bem b ras ilei ros, alg uns de les i nsuspe it ados. E nq uan to es tas riquezas es ti verem v i vas na alma el e nosso povo, poderem os olh ar ele cima todos os prob l em as , di zendo co m o ant es: " C alma, q ue o Brasi l é nosso! " E assi m , estarem os a um passo ele reso l vê-l os.

"C ATOLI CISMO ' "é u ma publi cação me nsa l ti a Emp resa Pad re 13c k hi or de Po n1cs L.i~la. Oi n- 1.o r : Paulo Corrêa de Brito Filh o. J orna li st a Responsável: T aka o Tab has hi - Reg islrado na l)RT-SI' sob o n' . 13478. Recla ç,io: Rua Ma riim Fra ncisco, 665 - 01226 . São Pa ulo, S P. G t·rência : Rua Marl im Fran c isco. 665 - 01 226 Süo Paulo, S P - T e.l: (01 l ) 825.7707. Fotoco m pos içiio : (cl irela. a pan ir de arquivos fornec idos po r ' ·Cato li cis mo .. ) Al'lpress - lndú stri;i G r:ifica Lttl a. Fotolitos: D' i\ rtag na n Estúdio G ráfi co SIC L.tcla. Rua S uza na, 786/794 - São Pau lo, S P. Im pnss,io : i\r1rress - Ind ústria Gráfica e Ed ilo ra Lida. - Rua .l nvaés, 681/689 - O1130 - Siio Pau lo. S P. Pa ra mudança el e e nde reço é nccessfü' io me nciona r 1a 111bé 111 o e nde reço a nligo. A correspondência relativa a ass inatura e venda avulsa pode ser en v iada i'l Ge rência: Ru a M artim F ran ciSco. 665 .

01226 - Sflo Pa ulo. S P. ISSN - OJ 02-8502. (Es 1,t ccl içiio fo i im pressa c m junh o ele 199 1)

CATOLICJSMO, m aio 1991 -

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concisamente

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Em tempo

Destaque

Chantagem polonesa Felizmente contra a maré

"Mea-culpa" surpreendente ... Tornou-se quase um modismo nos países do Leste europeu e nos fossilizados PCs ocidentais. Altos dirigentes partidários vêm a público pedir perdão pelos crimes cometidos contra suas respectivas pátrias durante décadas de ditadura (ou propaganda) comunista. Há pouco, foi a vez do antigo PC búlgaro - hoje autoproclamado socialista fazê-lo.

... e tardio Reconhecem aqueles chcl~s comunistas que ludibriaram o povo (ou que foram, eles próprios, logrados pelas cúpulas partidárias) ao conduzirem seus compatriotas à mais negra miséria e falência econômica. Outros admitem que, se tivessem galgado o Poder, teriam arruinado seus países. Curiosamente, só agora parecem ter-se dado conta disso. Não haverá método nessas tardias e sucessivas explosões de arrependimentos platônicos? Se tais sentimentos fossem verdadeiros, dever -se-ia esperar desses réus confessos que se afastassem da vida pública ou então passassem à militância anticomunista. Nada! Apenas tornam mais róseo o seu comunismo.

Invasores premiados Os ocupantes da Fazenda São Pedro, localidade próxima a

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CATOLICISMO, maio 1991

Bagé, no Rio Grande do Sul, acabaram premiados. O Governo estadual resolveu comprar a propriedade para entregá-la aos invasores! Agravante n2 1: a venda foi praticamente imposta ao proprietário por parte do Executivo gaúcho. Agravante nº 2: a propriedade estava longe de ser ociosa, pois era empresa agrícola, em plena atividade econômica. · Desfaz-se assim, ainda uma vez, a surrada alegação de que · os "sem-terra" só têm em vista as glebas improdutivas. Mais ainda: a desconcertante saída encontrada pelo Governo local é muito útil para incrementar as invasões.

"Quero render-me aos americanos"

"Trabalhamos em condições grotescamente inseguras, por salários ridiculamente baixos. Vimos com inveja, na televisão, soldados norte-americanos darem maços de cigarros Marlboro aos prisioneiros de guerra iraquianos. Muitos de nós temos de trabalhar um dia inteiro debaixo da terra para poder comprar um maço desses. Quero [pois] render-me aos americanos". O patético apelo é de um mineiro de Donetsk (Ucrânia Ocidental), cm greve. Os trabalhadores da região vinham exigindo a renúncia de Gorbachev e o fim do comunismo, que responsabilizam, acertadamcnc, por todas essas misérias.

D. Jorge Tobias de Aguiar, Bispo de Nazaré da Mata (diocese pernambucana), proibiu seja veiculada a música da Campanha da Fraternidade 91, intitulada Boca do Povo. A letra é de autoria do ex-pároco da igreja do Morro da Conceição, padre Reginaldo Veloso, sacerdote que se rebelou contra o Arcebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso Sobrinho. O Bispo de Nazaré da Mata, cuja enérgica atitude destoa felizmente da de tantos outros, fundamenta sua condenação: "é uma paródia de marcha carnavalesca .... podendo inclusive atingir níveis de histeria coletiva e erotismo .... , pois incita as pessoas a tirarem a roupa e ji ·arem extasiadas, como nos templos de candom blé". D. Jorge Tobias afirmou que pretende formular um protesto junto à

C N B B. Para isso, espera obter apoio de outros Bispos que, como ele, são contrários "às conotações de esquerda e ao incentivo às invasões de terra".

Declarnçúo de Gucrru O cenário do evento é característico: igreja de Nossa Senhora Aparecida , na vila do m ·smo nome, Pará. O recinto s~lgrndo, repleto. Participaram do ato representantes da CPT ( 'omissão Pastoral da Terra,

da CNBB), PT e outras agremiações de esquerda. Era uma manifestação de protesto contra a morte de um "sem-terra", atribuída, como de hábito, a latifundiários. O teor geral das declarações foi dado pelo Prefeito: "é preciso que os trabalhadores revidem, senão os latifundiários vão continuar nos matando. "Já é hora de os trabalhadores começarem a fazer as suas listas também", afirmou José Nery Azevedo, representante da FASE - órgão de assessoria sindical do município de Abaetetuba. O esforço das esquerdas, para lançar os trabalhadores agrícolas contra os proprietários de terras, continua, pois, bastante grande.

Uepugnante e escabroso Uma loja de roupas femininas, Shopping Astúrias, decidiu promover desfile de moças em trajes íntimos no centro de Londrina (PR). A proprietária do estabelecimento afirmou que intentara com isso atrair novos clientes. Manifestações grotescas desse tipo, difundidas um pouco por toda parte, em que o pudor e o decoro são vilipendiados, não mais suscitam indignação proporcionada. Tampouco consta que as autoridades eclesiásticas se tenham erguido contra isso, pedindo exemplar punição.

Walesa ameaçou: a Polônia empurrará para as na<iões ricas da Europa os soviéticos famintos que queiram entrar no país. Unico meio de evitá-lo: que a Comunidade Econômica Européia faça tudo quanto Walesa exige em termos de ajuda econômica. Se a moda pega ...

Fazendo justiça ... Acredita-se que não só os demais países do Leste europeu, mas também os latino-americanos, reivindicarão junto a Bush e ao Clube de Paris os mesmos privilégios concedidos à Polonia, que teve sua dívida externa substancialmente reduzida. Afinal, o Brasil não foi sempre nação aliada dos EUA e da Europa?

Banalizando a blasfémia As "católicas" Edições Paulinas anunciam em seu catálogo - perdoe-nos o leitor-a seguinte obra:A Prostituta Sagrada, de Nancy Qualls-Corbett. Calcado em Jung, o livro intenta mostrar um pretenso nexo entre espiritualidade e paixão! Faz lembrar o comentário de Paulo VI, sobre a fumaça de satanás no Lugar Santo.

Lições de bandido Foi lançada pela Editora Vozes a autobiografia de um assaltante de bancos, William da Silva Lima, que vive no presídio de segurança máxima Bangu I, Rio. O livro é intitulado Quatrocentos contra Um, e faz parte do programa Marginalidade e Auto-Estima, do Instituto de Estudos da Religião (!SER), entidade ecumênica. Depois das invasões de terra, agora é o assalto a banco que é mitificado. Até lá chegamos!

Greve milionária A CUT e as duas CGTs pretendem investir mais de 200 milhões de cruzeiros na organização de uma greve geral, a ser deflagrada proximamente. Dinheiro e vontade de conturbar o cenário político não são escassos ... Falta-lhes entretanto a participação do trabalhador!

Vacinas cubanas Três empresas paulistas do setor médico-hospitalar - Biotecno, Impol e Macchi - até agora não receberam cerca de 300 mil dólares que a Cuba castrista lhes deve em função de exportações feitas no ano passado. A revelação veio a lume no contexto do desastroso negócio em que se transformou a importação das vacinas cubanas contra a meningite.

Prepotentes "sem-terra" Nossos autodenominados "sem-terra"são ex igentes: alegam padecer fome e miséria onde vivem, mas se recusam sistematicamente a abandonar os lugares de origem, quando o Governo lhes oferece áreas para cultivar em regiões desabitadas do território nacional. O que lhes agrada mesmo ~ invadir a propriedade alheia! Questão de comodidade ...

Piauí espoliado Há uma tonelada de milho a apodrecer no Estado, um dos mais pobres do Brasil. A doação foi promovida pela FAO a agricultores que perderam suas safras. Toneladas de arroz, feijão e açúcar, assim como 47 mil latas de óleo de soja completaram o envio. Atravessadores, porém, açambarcaram quase a metade da remessa ...

Rejeitando velhos clichês: No país da modernidade, divórcio perde a força Nas décadas de 70 e 80, muitos acreditavam que a introdução do divórcio na lei possibilitaria uma "segunda oportunidade" de vida feliz a certos casais em crônica discórdia. Em nossos dias, várias pesquisas de opinião atestam entretanto algo diverso: considerável percentagem de norte-americanos acredita que o divórcio nada resolve, sendo menor a incidência deste no momento: enquanto a proporção era de 5,3 divórcios por ano em cada mil casamentos, em 1979, hoje o índice caiu para 4, 7por cento. Outra pesquisa, realizada com aproximadamente duas mil pessoas, demonstrou que "ser uma boa mulher e mãe" ou "ser um bom marido e pai" são considerados aspectos fundamentais para o sucesso de uma pessoa. Há quatro anos, os norte-americanos afirmavam que "ser verdadeiro consigo mesmo" era o que basicamente importava.

No país dos sovietes, jovens desafiam a igualdade comunista O nome parecerá irônico ou depreciativo: clube dos jovens milionários russos. Talvez o seja, de fato, numa visão superficial. Não é o que pensam, porém, seus idealizadores. "[Somos] contra o sentimento igualitário, nascido com o sistema comunista, que neutraliza qualquer desejo de superação pessoal", afirmou Guerman Sterligov, empresário moscovita de 24 anos que preside uma companhia de material de construção. Os membros do clube convidam todos os pioneiros da livre iniciativa à união: "o único jeito de nos protegermos das regras arbitrárias que nos impõem as autoridades soviéticas", explicou Sterligov. Ao lhe perguntarem se não sentia vergonha de ser milionário num país faminto, Sterligov respondeu prontamente:"nosso país tem fom e, mas também é apático; aqui, uma pessoa se contenta não em comer, mas em ter menos fome do que o outro". Segundo ele, o igualitarismo pregado pelo comunismo, "provoca a inveja do êxito alheio". Mais uma vez, a experiência encarrega-se de comprovar o que a doutrina social católica sempre sustentou: o comunismo, violando frontalmente o 7'2 e 10º Mandamentos do Decálogo, é um roubo institucionalizado e induz à inveja dos bens alheios, redundando na generalização da miséria e da fome. A situação atual na URSS demonstra-o bem.

CATOLICISMO, maio 1991 - 5


Imagem da Santíssima Virgem da Infesta (Igreja de São Julião, Sevilha), escondida durante a Invasão muçulmana na Espanha (século VIII), e descoberta num monte da Catalunha, em 1380

Se tudo isto se aplica ao comum das mães em relação ao comum dos filhos, com muito mais razão se aplica à mais perfeita das mães - Maria Santíssima - em relação ao mais perfeito dos filhos, Nosso Senhor Jesus Cristo. Este é um tema especialmente adequado para a edição de maio, mês que a Santa Igreja dedica a Nossa Senhora. Co-Redentora

"Santa Maria, Mãe de Deus": essa verdade, que a Igreja proclama com gáudio, tem importantes conseqüências para a Redenção do gênero humano, e encontra fundamento até nos aspectos naturais da maternidade

A maternidade divina de Maria Santíssima Luiz Sérgio So/imeo Um dos sentimentos mais puros e mais profundo da alma humana é o amor materno. Nos próprios irracionai , sob a forma de instinto, esse sentimento se reflete no desvelo com que as fêmeas cuidam de seu filhotes. (~ comovedora a comparação que o Divino Mestre faz de i mesmo com a galinha que ternamen te abriga sob suas asas seus pintinhos, figura do amor e solicitude que Ele tem pelos homens (Mt. 23, 37). Na criatura racional, esse sentimento não é um puro instinto, mas decorre dos vínculos especiais de alma que se estabelecem entre a mãe e o filho, desde a gestação. Esta não é um mero processo fisiológico, no qual a mãe transmite ao filho os elementos orgânicos necessários ao desenvolvimento da vida física, mas uma sucessáo de relações na qual, de

maneira misteriosa, a mãe comunica à criatura que está gerando algo de seu próprio ser. Essa intimidade entre mãe e filho torna-se tão estrei ta, que suas vidas ficam ligadas para sempre, afetiva e moralmente. Quase se pode dizer que não são duas vidas, mas como que uma só, de tal maneira as alegrias e as dores, os interesses e as preocupações, os êxitos e os fracassos do filho são partilhados pela mãe como coisa própria, como acontecimentos de sua própria vida. E tanto é assim, que até aos olhos de terceiros as vitórias e triunfos do filho redundam em glorificação da mãe, como suas derrotas e insucessos fazem dela objeto de comiseração, quando não de opróbrio e rejeição. Reciprocamente, em todos os povos, a maior injúria que se pode fazer a um homem é insultar a sua mãe.

Essas considerações nos ajudam a compreender o papel único de Maria na história da salvação, pois, associando-a Deus Padre ao mistério da Encarnação, associou-a ao mesmo tempo à obra da Redenção. Ao aceitar o convite do Anjo para ser Mãe de Deus, estava a Virgem Santíssima aceitando o convite para ser Mãe do Redentor. Desse modo, Ela escolheu livremente participar de seus terríveis padecimentos e morte na Cruz para nos salvar. Esta é a verdade católica, tão belamente exposta pelo Padre Bainvel: "que é que Deus propõe a Maria pelo Anjo Gabriel? E sobre o que recai o sim de Maria às proposições divinas? .... Pede Ele a Maria que queira ser unicamente a mãe de Jesu:,~ sem empenhar-se, depois, na salvação do mw1do? Não é assim que o entende a tradição católica; não é essa a idéia que sugere a simples leitura do texto evangélico. O A11jo não fala somente das grandezas pessoais de Jesus. Ele é o Salvador, o Messias esperado, o Rei eterno da humanidade regenerada; é e/Ele, enquanto ta~ que é proposto a Maria ser a mãe. Portanto, propondo-lhe ser a mãe de Jesus, propõe-lhe por isso mesmo cooperar na salvação da humanidade, na obra messiâ11ica, ,w estabelecimento do Reino anunciado". (Apud Pe. Gregorio AJastruey, Tratado de laSantísima Virgen, BAC, Madrid, 1952, p.542). A maternidade divina de Maria não foi, nem poderia ser, algo de inteiramente alheio à missão salvífica de Jesus. Foi, ao contrário, a raiz de uma cooperação afetiva, contínua e eficiente, que das suaves alegrias da Anunciação chega à dolorosa oblação do Calvário. A compaixão de Maria Santíssima, sua união e cooperação com a Paixão de seu Filho, no dizer dos teólogos, tem dois momentos de aceitação voluntária: o fiat da Anunciação, pelo qual principiou a nossa Redenção; e o fiat do Calvário, pelo qual ela se consumou. Na Anunciação, Maria deu o seu consentimento para a Encarnação do Verbo em seu seio virginal; aos pés da Cruz, Ela consentiu em que seu Filho fosse imolado para redim ir os homens.

"Assim como Ela padeceu e quase morreu com o Filho quando Ele padeceu e morreu - escreve o Papa Bento XV assim também Ela abdicou dos direitos maternos em favor da salvação dos homens; e, tanto quanto estava em seu poder, ainda inwlou. seu Filho para aplacar a justiça divina, de modo que se pode dizer com razão que Ela, com Cristo, redimiu o gênero humano". (Carta Apostólica Inter Soe/alicia, apud J. A. de Aldama SJ,Mariologia, in Sacrae Theologiae Su.mma, BAC, Madrid, 1961, t. III, n2 • 185). Mãe de Deus Não se pode, pois, como fizeram muitos hereges ao longo de toda a História, querer separar a Mãe de Deus de seu Divino Filho. Seria uma monstruosidade que repugna a própria natureza. Assim, quando o ímpio Nestório, Bispo de Constantinopla, ousou negar a materni-

dade divina de Maria, ensinando que Ela teria dado à luz um simples homem, ao qual depois se uniria o Verbo, a Igreja, no concílio de Éfeso (ano de 431), proclamou que "a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, pois deu. à luz carnalmente o Verbo de DeusJeito carne". (Denzinger, n2 • 113) . E anatematizou aqueles que se atrevessem a ensinar o contrário.E o povo de Éfeso, devotíssimo da Santíssima Virgem, acolheu com entusiasmo a condenação do herege: a cidade foi toda iluminada e os Bispos conduzidos - em cortejo pelas ruas à luz de tochas e com o perfume de incenso - pelos efesinos que proclamavam cantando a maternidade divina de Maria. Nesta hora de tanta confusão, de indiferentismo religioso, de imoralidade, façamos nossa a prece dos efesinos: "Sama Maria, Mãe de Deus, rogai por nós".

Mãe de Deus, dignidade quase infinita Necessário seria compreender quão sublime é a grandeza de Deus, para também se compreender a altura a que foi Maria elevada. Bastará, pois, somente dizer que Deus fez desta Virgem sua Mãe, para entender com isso que não lhe era possível exaltá-Ia mais do que a exaltou. "Por isso ninguém se maravilhe, adverte S. Tomás de Vila nova, se os salltos evangelistas, tão prontos em registrar os louvores de São João Batista, de Madalena, foram tão parcos em descrever as prerrogativas de Maria. Contentam-se em dizer que 'e/Ela nasceu Jesu.s'.Baste-nos isso. Com tais palavras dizem tudo, resumem-lhe todas as excelências, sendo por isso desnecessário que as fossem descrevendo uma a uma". . E descrevê-las para quê? Maria é Mãe de Deus, e já não excede com isso a toda grandeza e dignidade que se pode exprim ir ou imaginar depois de Deus? pergunta Eádmero. A Virgem devia ser Mãe de Deus. Precisou, portanto, na _Ii~guagem de_ São Bernardino, ser exaltada a uma certa igualdade com as Pessoas Divmas, por meio de uma quase infinidade de graças. _ ·Segundo S. Tomás, tendo Maria sido feita Mãe de Deus, em razao dessa untao tão estreita com o Bem Infinito, recebeu uma certa dignidade infinita, a qual Suarez chama de infinita no seu gênero. Eis a razão das conhecidíssimas palavras de Conrado de Saxônia: Deus pode fazer um mundo maior, um céu mais extenso, mas não pode fazer uma criatura mais excelsa, do que fazendo-A sua Mãe. Razão teve, pois, o autor da Salve Rainha de dizer que Deus Criou o mundo por causa dessa Virgem que havia de ser sua Mãe. São Boaventura pôde dizer que o mundo persiste por disposição de Maria. . . _ Que, por amor de Maria, Deus não destruiu o homem depois do pecado de Adao, é sentença de São Bernardino (Glórias de Maria Santíssima, 2ª. parte, cap. II, IV, trechos). Santo Afonso Maria de Ligório

CATOLICISMO, maio 1991- 7


~Atoucr.SMO ~ Escolarização obrigatória Pelo projeto, num futuro próximo ou remoto, todas as crianças "de zero a seis anos" deverão ser retiradas do lar e levadas para creches. Evidentemente, traia-se de um dispositivo antinatural. Além do mais, está completamente superado. Só para citar um fato, esse sistema é o que estava vigente na Alemanha comunista, país que, como todos sabem, pediu recentemente para ser anexado à Alemanha Ocidental, e o foi.

EDUCAÇÃO

NOVA LEI DAS DIRETRIZES E BASES: EM PERIGO O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO

A "Liga Alemã pela Criança" realizou em Berlim um seminário, em que a escolarização obrigatória foi veementemente criticada, e de modo especial pelos conferencistas do Leste, como um sistema que "causa danos p ermanentes, principalmente às crianças mais novas".

O projeto que, neste mês, entrou em votação no Congresso Nacional, é socializante, podendo custar às futuras gerações suor, luta e tensões para reparar o mal feito agora IMAGINE-SE QUE alguém resolva apresentar um projeto segundo o qual o Brasil passará a importar em grande escala os "Trabant", carros fabricados pela antiga Alemanha comunista, tão deficientes que estão sendo atirados diretamente ao lixo ou vendidos como sucata. Ou então, propositura para a com pra de "Scud" soviéticos, que não ·primaram pela pontaria na Guerra do Goll'o. Ouviríamos uma gargalhada geral, seguida de forte repulsa.

ca, tal reconhecimento bastante limitado, em virtude dos encargos que o Estado

• • " i zero a seis anos" poderão ser arranPor força de lei, todas as cnanças das em creches cadas do lar e interna,

lançará sobre os estabelecimentos privados.

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Não haverá qualquer forma de subsídio para escolas particulares que não sejam comunitárias, confessionais ou filantrópicas. Ora, segundo o princípio de complementaridade, expresso por exemplo nas encíclicas "Quadragesimo Anno", de Pio XI, e "Mater et Magistra", de João XXIII, o Estado deve favorecer o ensino particular, e a penas corrigir e com pletar sua atuação. O monopólio total ou parcial do ensino pelo Estado aberra desse princípio básico da doutrina social católica. Os estabelecimentos particulares não comunitários, confessionais ou filantrópicos serão, portanto, discriminados.

Em termos de educação é, nada mais, nada menos, o que está sendo proposto na Nova Lei das Diretrizes e Bases (LDD) por alguns legisladores que teim am cm abstrair dos ventos mais recentes, para seguir com fidelidade a penúltima moda, de comprovadíssimo fracasso .

Autogestão Discriminação e sufocamento das escolas particulares Em nossa época em que a privatização está sendo pleiteada até por governos comunistas, o projeto rum a resolutamente para o sentido oposto. Reconhecendo embora, de forma teórica, o direito de ensino à iniciativa particular, ele torna, na práti-

8 - CATOLICISMO, maio 1991

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A autogestão será introduzida nos estabelecimentos de ensino (é a "gestão democrática"). As escolas públicas estão especialmente visadas, mas em certa medida também o são as particulares. Trocando em miúdos: as crianças ou jovens e os funcionários de todo e qualquer tipo de preparo participarão da direção das escolas.

Uma professora russa, presente ao evento, informou que até em seu país o sistema está sendo substituído pela educação em família. Segundo a pediatra Dra. Kelz, as conseqüências do sistema na Alemanha Oriental estavam sendo (anotem os legisladores esquerdizantes): agressões, altas taxas de infecção, desenvolvimento defeituoso da fala e pouco relacionamento social. Ela concluiu: "O sistema de creches nada tem que seja digno de consideração " (cf. "Frankfurter Allgemeine Zeitung", 10-10-90).

PENA DE MORTE EM TERMOS: Declarações do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira à imprensa sobre a pena de morte "Em princípio, sou a favor da pena de morte para crimes particularmente sangüinários ou infamantes. Porém, a aplicação dessa pena pode conduzir facilmente a terríveis injustiças, nos países em que o desgoverno psicológico e moral da opinião pública, sujeita às violentas pressões de interesses econômicos escusos ou a paixões políticas exasperadas, cheguem a arrastar a polícia e o Judiciário a unilateralidades de toda sorte.

Em suma, nos países sujeitos a múltiplas e graves crise~~ a im"Projeto Trabant" plantação da pena de morte pode Só resta concluir, apelando para que resultar muito imprudente.

nossos legisladores optem por soluções que constituam verdadeiro progresso para a educação no Brasil. Rejeitem eles fórmulas obsoletas que poderão valer para a propositura, se aprovada sem correções, o cognome de "Projeto Trabant": já ao nascer, tão fracassado quanto o carro alemão-oriental, mas certamente muito mais funesto para todos nós.

J.. BETIINEK CARVALHO

Ora, temo que o Brasil não tarde muito em achar-se nestas condições. E em tal caso a pena de morte que poderia ter concorrido para evitá-las, não bastará por si só para as remediar. Antes, pelo contrário, poderá agravar o mal. Assim, de momento, não sou favorável à pena de morte ".

CATOLICISMO, maio 1991-9


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IM, UMA SALVA de palmas para comunistas como Gorbachev, que continua a se proclamar marxista e leninista para quem o deseje ouvir, mas nem por isso perde sua pose de "homem bom", "homem de boa fé". Na folha de serviços que o Ocidente julga prestados por ele à causa da humanidade, na melhor das hipóteses pode-se encontrar o de ter engolido os fatos consumados gerados pela clamorosa falência do comunismo na Alemanha, Polônia, Hungria e outros países do Leste. Ora, quem engole fatos consumados nada mais faz do que aceitar o inelutável. Mas, mesmo depois da trágica repressão na Lituânia, em janeiro deste ano, as palmas e as subvenções continuam a recompensar Gorbachev pelo que não fez, e a ajudar a perpetuá-lo no poder. - "Se ele consentiu no massacre de Vilnius, é porque não tinha outra alternativa", ouve-se de cá, de lá e acolá. "Porque ele é um homem de boa-fé", acrescentam. Normalmente os homens são julgados pelos seus atos. Com os comunistas como Gorbachev, não acontece assim. O postulado é de que são "homens de boa-fé". Seus atos são classificados conforme este po.stulado, e não o contrário. No Brasil, sucede o mesmo. Por exemplo, a glorificação de Fidel Castro, por ocasião da posse de Collor, e a de Luiz Carlos Prestes, ao ensejo da morte do veterano e irredutível stalinista, não teriam ocorrido se tais "duros" do comunismo não fossem considerados "homens de boa-fé", por certos centristas.

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ACONTECEU,SENHORES INFELIZMENTE SUCEDEU, EMINENCIA A

O Terror, na Revolução Francesa, dunu menos de dois anos, e terminou com a decapitação de Robespierre e outrcs revolucionários -o Terror nazista durou mais de dez anos, e terminou C(l!n o suicídio de /-Iitler e as execuções promovidas pelo Tribunal de Nürem.)erg-mas o Terror comunista, que continua presentemente depois de ,nais de 70 anos, está ameaçado de terminar... com uma salva d( palmas para os comunistas.

Essa "boa fé" é um mito. Ele se sustenta em alguma realidade? Objetivamente, não. Se as condições do chamado "socialismo real", ou seja, da Rússia soviética e seus satélites, eram tão calamitosas como hoje todos reconhecem, por que não no-lo contaram? Se o "remédio" era péssimo e seus efeitos terríveis, por que continuaram a fazer propaganda dele para seus "clientes"? Portanto, houve má-fé.

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Como sabem os leitores de CATOLICISMO, o desmascaramento da chamada boa-fé comunista foi a tônica do manifesto "Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio", de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, publicado por esta revista e por muitos importantes órgãos de vários países, entre os quais a Alemanha, a Itália e os Estados Unidos. Uma saborosa entrevista do correspondente de "L'Humanité" (órgão do PC francês) em Moscou, sr. Bernard Frédérick (ver quadro), dá ensejo a curiosa aproximação de textos, em que vem à tona com ênfase o assunto da boa-fé comunista: O texto do Sr. Frédérick é realmente muito curioso. Ele reconhece com todas as letras: "nós sabfamos". Se sabiam, uma dedução se impõe: então, não estavam de boa-fé. Pois sabiam e, sabendo, promoviam o erro, fomentavam a miséria. Este sr. pelo menos hoje reconhece sua situação (embora continue a acreditar no

saber que veneno mata. E, no que dependesse deles, continuariam distribuindo cicuta como se fosse aspirina ... Há uma terce ira escola, a dos ambíguos. A ela pertence Gorbachev, e todo um lote de comunistas mais avisados. Mas ... existe boa-fé na ambigüidade? O naufrágio do comunismo, portanto, se faz num oceano de falta de boa-fé. A aproximação de textos, fe ita acima,

Partido). Outros, segundo o mesmo jornalista, se obstinam em dizer: "Nosso partido pode olhar para o passado sem enrubescer". Clamorosa má-fé. As duas escolas em que implicitamente o Sr. Frédérick divide os comunistas não escapam, cada uma delas a seu modo, da pecha de má-fé. Pois uns reconhecem que deram cicuta a seus doentes, sabendo que era veneno. Outros fi ngem até hoje não

Lenin

Padre Camilo Torres

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O

S

convi da a u m a o utr a, sobre assunto bem diverso. É com muito respeito que entramos no tema. *

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A doutrina social católica é fundamentalmente anticomunista. Ela qual ifica ocomunismo como "intrinsecame/1/e mau", e também condena o socialismo. O povo brasileiro é profundamente infenso ao esquerd ismo. A isto o levam sua inteligência e seu bom senso. É com dor que todos os católicos sabemos que diversos Prelados de nosso País iniciaram, ampliaram e levaram a um auge surpreendente certa colaboração com a extrema esquerda, e até com a subversão. Sendo o povo brasileiro infenso a tais tendências,seria pre isível que se produzisse, em conseqüência, um distanciamento entre ta is Prelados e a população. Essa probabilidade fo i logo notada pela TFP, que não deixou de chamar a atenção do público sobre ela. O restante da história, todo católico e lodo brasileiro conhece. Dizem que "recordar é viver". A este

título, perm itimo-nos aprox imar o texto de um alerta da TFP, redigido pelo Prof. Plínio Corrêa de Olive ira e amplamente publicado cm 1975, e recente declaração do Sr. Cardeal Aros, bastante expressiva e eloqüente (ver quadro). *

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Isto posto, perguntamo-nos: à luz do passado, que futuro nos espera? Não sabemos. Mas é bom rezar. NOTAS: (1) Plíni o Corrêa de Oli veira , "Co munismo e ant ico muni smo na orla da últim a década deste milênio". CATOLI CISMO, março de 1990. "Die Well ", Hamburgo; "The Wall S treet Jo urnal", Nova York; " li Te mpo", Roma; '·Ya", Madrid; "Tygodnik Sotidarnose", Varsóvia ; "Folh a de S. Paulo" (SP) e mai s 77 jornais de 21 países, in cl usive 31 órgãos de diversas cidades do Brasil. (2) " L' Événe me nt du je udi ", Paris, 13 a 19-12-1990. (3) Docum ento "Não oprim as te u irm ão" , da Com issão Episcopal Regional S ul Ida CNBB. Datado de 30-10-75. (4) Datado de 13- 11-75. Publicado cm C ATOLICISMO (nov/dez 75) e em mais 30 jorn ais do País. (5) "O G lobo", l° de abril de 1991.

CATOLICISMO, maio 1991 -11


TELEX RURAL

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TELEX RURAL

SERIEDADE

REFORMA AGRARIA: REG0MEÇA O VELHO JOGO

Plinio Corrêa de Oliveira Nada é mais brilhante do que a seriedade. A mais séria das pedras é o brilhante. Para quem sabe ver, o mais brilhante dos estados de alma é a seriedade. A seriedade é hierárquica, visa os cumes, visa o absoluto. O desejo do absoluto é o bater de coração da seriedade. É a alma da intransigência, o impulso da • combatividade, a ponte do caminho. A seriedade é o clima interior segundo o qual se ama a Deus. Um amor não sério a Deus é como o sacrifício de ~

Caim: um sacrifício não sério, de frutas podres, que

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exala uma fumaça e não sobe até o Céu.

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Em pauta, a desapropriação de nada menos que 43 milhões de hectares -Cabrera declara "torcer" pelo plano do PT

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Á TRINTA ANOS, as forças agro-reformistas procuram implantar a Reforma Agrária no Brasil. E sempre as tentativas seguem um esquema monótono que sedesdobra em duas etapas. Tudo começa com ruidosas invasões de terras. A mídia se encarrega de anunciar com grande espalhafato que está iminente uma convulsão social. Espalha-se pelo País um clima de agitação generalizada. Aviolência estoura aqui, lá e acolá. Algumas vezes os agitadores chegam mesmo a pôr em cheque a ordem legal, investindo contra os poderes constituídos que, a custo, conseguem se manter de pé diante da pressão revolucionária que ameaça se alastrar. Quando o ambiente está assim aquecido, os líderes políticos da esquerda exigem a realização de uma Reforma Agrária na lei, antes que esta seja feita na marra pelos trabalhadores sem terra ... Curiosamente, dentro deste clima artificial, a "reforma na lei" parece aceitável e mesmo inevitável. Tudo está pronto para começarem as desapropriações, saudadas pelos invasores como "vitórias sobre o latifúndio". O esquema é banal e até monótono. As forças agro-reformistas não têm imaginação para inventar outra coisa melhor. Talvez tenham eles a esperança de, num desses

empurrões, conseguir afinal sua meta: eliminar a propriedade rural no Brasil. O trágico realejo das desapropriações Desde o ano passado, o Brasi l vem sendo palco de uma agitação rural crescente, que seguia em tudo o esquema clássico. Da parte das autoridades governamentais havia porém declarações de que seria evitada "uma reforma agrária maluca com excesso de desapropriações". E de que seria feita uma "radiografia" das terras desapropriadas nos governos anteriores, com a devida avaliação da situação das famílias assentadas por técnicos contratados pela FAO. A avaliação era necessária tendo em vista que, nos assentamentos já realizados, a evasão tinha chegado a 60% das famílias. Ao mesmo tempo, foi oficialmente anunciado que o Governo Collor não tinha dinheiro para resgatar 5,6 milhões de Títulos da Dívida Agrária vencidos até dezembro de 1990. E também não teria dinheiro para novas desapropriações. Por isso mesmo, causou grande surpresa e perplexidade as declarações do Ministro da Agricultura, Sr. Antônio Cabrera, anunciando uma série de desapropriações para fins de Reforma Agrária. Segundo o minis-

tro, a meta é desapropriar seis milhões de hectares somente este ano. A informação foi dada a representantes do PT que, no dia 11 de abril último, apresentaram ao ministro um projeto daquele partido para o que julgam ser a solução dos problemas fundiários. O plano do PT prevê, para os próximos cinco anos, o assentamento de 3 milhões de famílias em 43. milhões de hectares.

O amor sério a Deus é como o sacríficio de Abel: queima a oferenda, cujo perfume se estende aos circunstantes e cujo fumo sobe ao trono do Altíssimo. Aquele que quiser ser infeliz, evite a seriedade: a frivolidade, o vazio, o vácuo, a frustação, a derrota sentar-se-ão na cabeceira dele, e o acompanharão como fadas más, o dia inteiro. Querendo ou não, todos estamos escrevendo

O Ministro Cabrera, depois de elogiar a preocupação dos pelistas em passar três meses preparando um projeto de Reforma Agrária, afirmou que "torce pelas propostas do partido". E mandando um recado para seus colegas de classe - o ministro é também fazendeiro e pertence a conhecida famíl ia de produtores rurais do Oeste paulista - fez ainda esta insólita afirmação: "Nós não temos compromisso com nenhuma classe 110 sentido de impedir a Reforma Agrária" (cfr. "O Estado de S. Pau lo", 12-4-91).

nossas biografias. E no dia do Juízo, o volume é aberto e lido. Deus toma profundamente a sério nossa falta de

Na sara banda política que predomina no Brasil de hoje, não se pode saber com certeza se o velho esquema dos agro-reformistas vai seguir até o fim sua marcha. Entretanto, as peças do tabuleiro estão postas, e novo jogo já começou.

(Estas frases foram pronunciadas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em ocasiões diversas, e compiladas por CATOLICISMO, sem revisão do autor)

seriedade. Seriedade digna, seriedade grave, seriedade gen-

' til, seriedade respeitosa, seriedade afetuosa: é a verdadeira escola de viver.

Ao lado: Jovem rei, Catedral de Chartres, entrada da direita


RELIGIÃO

Pierre Toussaint Modelo de concórdia racial e entre classes sociais Ex-escravo, sem nenhuma revolta por sua condição ou cor, cabeleireiro na Nova Iorque de século e meio atrás e um dos pioneiros das obras católicas de beneficência na cidade, foi recentemente distinguido pela Santa Sé, que introduziu seu processo de beatificação.

E

M UMA DAS mais suntuosas mansões da Nova Iorque do princípio do século passado - então capital das 13 províncias confederadas que formam a nação americana - uma jovem senhora, "Alice está sentada diante do espelho. O cabeleireiro mais em moda foi chamado: é o ilustre Toussaint com seu rosto agradável que exprime bom temperamento.... e brancos dentes que entra na sala. Sua alta e imponente figura atrai todos os olhares .... Sua negra e expressiva face é a coisa mais agradável para se ter em vista enquanto ele executa seu trabalho. Rapidamente o elaborado penteado é concluído e Toussaint fica encantado com ele" (1). Quem é esse ilustre personagem? Embora filho de escravos e escravo ele mesmo, segundo notícias publicadas na grande imprensa da época por ocasião de sua morte, "associou-se às melhores famílias de Nova Iorque. As esposas e filhas gostavam de ouvir suas reminiscências tropicais ou seu alegre comentário sobre notícias do dia, enquanto ele adornava suas cabeças para a festa da noite" (2). "É descrito por todos

14- CATOLICISMO, maio 1991

aqueles que o conheceram como um homem da mais calorosa e ativa benevolência, o mais gentil temperamento e o mais cortfa~ gracioso se bem que despretensioso comportamento"(3). Esse homem é Pierre Toussaint, nascido no Haiti em 1766 e falecido aos 87 anos em odor de santidade, em Nova Iorque, e cujo processo de beatificação foi recentemente introduzido na Cúria Romana. Apraz a CATOLICISMO, neste mês em que comemoramos mais um aniversário da abolição da escravatura no Brasil, apresentar alguns traços da vida de um negro que parece ter compreendido de modo excepcional até onde deve ir, da parte de um servidor católico, o cumprimento dos preceitos e dos conselhos evangélicos , no que diz respeito a seus patrões ou superiores.

Abnegação: herança familiar

No lado oriental da ilha de Hispaniola, primeiro contato de Colombo com terras do Novo mundo, os franceses fundaram a colônia de São Domingos,

que cm pouco tempo se tornou a mais próspera de suas províncias no Caribe. Entre os vários membros da pequena nobreza da metrópole, atraídos pela nova Eldorado, Jean Bérard du Pithon obteve considerável fortuna. Foi em sua plantação de L 'Artibonite, em Saint Marc,que nasceu Pierre Toussaint, filho da escrava Úrsula. Sua avó materna, Zenóbia .Tulien, ama-seca dos vários filhos da casa, era uma escrava tão capaz e fiel que foi in-· cumbida de acompanhá-los sucessivamente a Paris, à medida que a época de sua formação chegava. Ao pequeno Pierre - desde logo um dos prediletos da plantação por seu bom genio e alegria contagiantes - foi dada como madrinha de batismo a caçula da família, Aurora, pouco mais velha que ele, mas a quem o pequenino escravo procurou sempre dar todas as mostras de afeição. Quando o filho mais velho dos Bérard, Jean Jacques, atingiu a maioridade, o pai lhe passou a direção da fazenda e retornou à França com o resto da família. Foi em Zenóbia e nos seus descendentes que o novo senhor encontrou auxílio sempre pronto e fiel em seus inexperientes anos. Por isso, talvez, quando os ventos revolucionários que começaram a agitar a

1 J,

nação fi- Acima: Pierre Toussaint com sua esposa Juliette e a filha adotiva lha primo- Euphemia, segundo reconstituição da pintura norte-americana gênita da contemporânea Marie-Antoinette. Abaixo: Maria E/isabeth BéIgreja rard-Nico/as, de quem Toussaint fora escravo. atingiram a ilha, dando novo impulso a uma revolta gos, Jean .Tacjá latente de escravos e mulatos, anteven- ques resoldo o perigo, Jean Jacques escolheu três veu redosmembrosdaquela família fiel-Pier- tornar re, sua irmã Rosália e sua lia Maria entre os cinco escravos que levaria para Nova Iorque. Com sua jovem esposa e duas primas desta, ele ia procurar, naquela cidade, refúgio até que passasse a possível tormenta que ameaçava eclodir de um momento a outro. Tendo consigo fundos para viver confortavelmente durante pelo menos um ano - prazo que ele julgava suficiente para as coisas retornarem ao seu lugar - embarcou para o grande país do norte, em 1787. Um ano passa rápido, e os Bérard o viveram alegres e sem preocupações, em meio a intensa vida social e entretenimentos. "Eu me lembro de Toussaint entre os escravos - comenta pessoa da época, relacionada com a família - vestido com jaqueta vermelha, muito espirituoso, en- para tusiasta de música e dança e devotado à tentar sa 1sua senhora, que era jovem e alegre"(4). var algo do Findo esse tempo, como a situação se imenso palrimôdeteriorasse a cada dia em São Domin-

nio familiar. Antes, porém, quis que Pierre aprendesse um ofício que lhe permitisse auxiliar nos gastos domésticos, escolhendo, com um discernimento surpreendente, o de cabeleireiro de senhoras, naquele tempo uma verdadeira arte. "Nisso deve ter entrado a mão da Providência", comentará o escravo mais tarde, em vista das enormes possibilidades que lhe trouxe esse ofício, não só de socorrer seus amos e familiares, mas de dar livre curso à sua imensa caridade. Toussainl, com aptidões singulares, em pouco tempo superou o mestre francês que lhe ensinara a profissão. Suas maneiras corteses e agradáveis, o idioma bem falado que havia aprendido dos Bérard e a facilidade com que sabia adaptar os penteados ao rosto ou à personalidade de cada cliente fizeram-no logo o preferido da colônia de refugiados franceses; e, por imitação, da alta sociedade novaiorquina. Durante a ausência de Jean Jacques, Pierre, como único homem na casa, ficou responsável não só por Madame Bérard e suas irmãs, mas pelas outras quatro escravas da família, desajustadas em paísestranho. Ele as animava com a perspectiva de uma volta à ilha, guardando para si a preocupação com um tão incerto futu-

ro. As desgraças, entretanto, começaram a se abater como que em cascata sobre sua senhora. Sucessivamente ela perdeu não só todas as propriedades, confiscadas em São Domingos, mas o próprio marido, vítima de uma pleurisia naquela ilha, e ainda os bens que tinha em Nova Iorque, pela falência da firma na qual estavam depositados. Madame Bérard perdeu 1ambém suas duas irmãs, mortas de tristeza ao verem que a bela ilha, para onde haviam voltado, estava arrasada e suas plantações queimadas. Foi então que Pierre Toussaint pôde mostrar toda a grandeza de seu coração, e até que ponto chegam a fidelidade e a dedicação de um servo quando

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têm como causa o amor del)eus. Ele não só socorreu financeiramente sua senhora com o fruto de seu trabalho, mas esmerou-se em lhe proporcionar o luxo a que estava acostumada! Mesmo quando ela contraiu novas núpcias, não deixou de amparar os recém-casados. Pois o marido, também refugiado, perdeu sua fonte de renda como músico em alguns teatros de Nova Iorque, que foram fechados por pressão de rígidos pregadores protestantes. Quando sua ama faleceu, aos 32 anos, ela concedeu-lhe, no leito de morte, a liberdade, dizendo que só no Céu pod1::ria retribuir-lhe toda sua generosidade e abnegação. Conselheiro, confidente, amigo

acrescenta um gentil-homem francês que se hospedou certo tem poem sua casapoderia ele ter sedesincumbidocomêxito das funções de conselheiro tanto p rivado quanto de Corte" (6). "Carregando umapequenamalacom seus li.tens íli os- narra outra biagrafia Pierrecaminhavaapé declienteemcliente. Como negro, ele não eraautorizadoa dirigircarroacavalos.Mas não tinha ressentimentos. Gostavadeandaresuagraciosaeprazenteirafacejormava umjovial quadro nas ruas de N ovalorque " (7). Desde que chegou a Nova Iorque, Toussaint começava o dia assistindo Missa na igreja de São Pedro, na Rua Barclay, a única católica da cidade, construída em 1785 por um gruro de 23 fiéis liderados

dignidade-Toussaint faz p enteados, não é porta-notícias. Outra vez lhe p ediram que transmitisse desagradáve l mensagem. E le respondeu prontamente: 'eu não tenhomemóriapararecados' "(8). É bastante significativa a informação prestada por zeloso sacerdote norte-americano, redescobridor do túmulo de Toussaint - perdido com o tempo - a respeito do admirável ex-escravo: "Por causa da luz interior de sua alma, alimentada por uma hora de prece, contemplação e missa diárias por mais de 60 anos, crianças ó1fãspuderam comer e se vestir. [C_o m efeito] ele foi capaz de arrecadar um terço das desp esas de manutenção do Saint Patrick's Childrens /-fo me [Lar das Crianças São Patrício] durante 20 anos. Tenho tido algumas impressionantes respostas apreces dirigidas através de sua intercessão" (9). N este mundo igualitário, no qual tanto se alimentam a inveja e a lula de classes, prega-se freqüentem ente a revolta e fa la-se apenas em reivindicação e não em obediência. Convém, pois, salientar sobrem a nei ra a hi stória deste escravo serviçal, abnegado, amante da hierarquia e da poToussaint sição em que Deus o fez nascer. Tal biografia verdadeiramente impressiona e dá alento. Por isso CATOLICISMO julga oportuno voltar ainda ao tema, em próxima edição.

Toussainl comprara a liberdade da . irmã para que ela pudesse casar com as mesmas vantagens do futuro marido. Entretanto, continuava morando e servi ndo Gabriel Nicolas, viúvo de s ua antiga senhora. Mudando-se este de Nova Iorque, Pierre sentiu-se então inteiramente livre para pensar em suas bodas. E já era tempo, pois alcançara os 45 anos. Assim, em Cardeal Spellman coloca placa no túmulo de Pierre 1811, contraiu matrimônio com Julielle Noel, também ex-es- pelo cônsul francês Saint Jean de Crevecrava de quem comprara a liberdade e que coeur. Os católicos de Nova Iorque não foi, até sua morte, auxiliar e incentivado- passavam então de 200 adultos, numa população de 30 mil habitantes . Mesmo ra das boas obras do marido. Alloebem proporcionado, Toussai nt assim, o ex-escravo, pela admiração e PUNJO SOLIMEO era ágil, de ma nei ras gentis e corteses. respeito que lhe tributavam também suas Nolas: clientes protestantes, conseguia angariar "Suas atitudes eram fáceis e graciosas", (1) Descrição conlcmporâ nca anônima, apud Fr. afirma um a senhora da sociedade nova- sempre novos fundos para as obras cató- Sa lvalor Fi nk OFM, 11,e A11th o11ia11 , Thc Francislicas de beneficência, das quais se tornou ca us of Pa tcrso n, NJ (USA), 1974, pp. 15, 18. iorquina que o conheceu. "Era, porém (2) Henry T. Tuckenna n, Notícia f,ín ebre sobre continua ela-todo o seu ser que m e im- uma das peças-chave. Pierre Toussaint em " Hom e Jo urnal" Ncw York Tidocomoconfidenteemcsmoconse- julho de 1853, ap ud Ellen Tarry, Tire' olher To us'. pressionava. Sua perfeita benevolência cristã, sua fé íntegro, seuamorecaridade, lheiro por muitas de s uas clientes, jamais sai111,S1. Paul Edilions, B0s1011 (USA), 1981, p. 333. (3) Pai Tomás 11 cio é 11111 personagem apócrifo "New seu marcante tato e finura de sentimentos, Toussain t traiu algum segredo que lhe ti- York Evenin g Posl", julh o de 1853, Seção de Corsua justa apreciação dos que estavam a vesse sido com unicado. "Certavezuma respondência , apud Hannah Sawyer Lce,Memoir of Toussaint, bom a slave i11 St. Domingo, seuredor, seuperfeito bomgostoemmaté- senhora, cuja cu rios idade era maior que Pierre Crosby, Nich o ls and Co mpa ny, Boslon, 1854, p. riadevestesedemobiliário "(5). Note-se seu senso de adequação, pressionou-o 119. (4) Hannah Sa wycr Lce, op. cit. p. 15. (5) !d. que Ludoi stoéditode um ex-escravo! para que dissesse algo sobre os negócios p. 107. (6) !d. p. 84. (7) Fr. Salvator Fi nk, op. cit., p. l4. (8) Hannah Sawycr Lcc, op. cit., pp. 35-36. "Peloseucomportam ento, discrição, particularesdeoutracliente: 'Madame' (9) Rev. C harles McTaguc, caria de 13 de março de -respondeu e le com respeito mas com bomsenso, veracidadeefidelidade 1991, c m resposla ao aulor do presenle arligo.

16 - CATOLICISMO, maio 1991

CATOLICISMO, maio 1991 - 17


INTERNACIONAL

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Sim, sim, não, não; sim, não; - sim: . nao, quem sa be ?....

Sutileza

Plebiscito na URSS: arte consumada em ludibriar o eleitor - "não" significa "sim "; "sim" vale "não "

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UANDO DEUS CRIOU a noite e o dia, pondo astros que iluminam a noite e o sol o dia, fê-lo precisamente para separar as trevas da luz. Do mesmo modo, quando Nosso Senhor Jesus Cris to disse: "seja tua linguagem sim, sim; não, não", (Mt 5,37) manifestava rejeição de toda ambigüidade. Seria altamente preocupan te se o "sim", ao mesmo tempo que indica um a afir m ação, ocultasse um "não". E o "não", indi cando a negação, ocultasse um "sim".

está: sim ou não. Isto é, se deveriam continuar unidas as 15 Repúblicas Socialistas Soviéticas. Ou ao menos nove, pois seis recusaram-se a participar de tal consulta. Algumas destas, aliás, já haviam realizado seus referendos por própria conta, pois duvidavam da objetividade dos critérios que seriam adotados por Moscou.

Pergunta-propaganda Tal questão se com põe de dois elementos: A descri ção de uma estrutura : A União das Repúblicas Socialis tas Soviéticas, com o federação renovada de repúblicas soberanas e com iguais direitos. U m a pe rg unta involuc r a n do pro m essa: a de qu e essa es trutu ra será d i r igida de forma qu e "seja m garantidos inteir run ente os di rei tos e liherdades dos indivíduos de quaisquer nacionalidades".

Ponha-se o leitor diante de um juiz-malévolo, apesar Co nt ra das aparências Preencham, por favor, o questionário do comandante Gorbachev: A - Tem você confianisso cabe obem contrário ça na habilidade de seu comandante ? B - Quereria voltar a pé? Responda Sim ou Não! j etar: um a - que decidirá sobre seu fut uro e ao qual seja dado Com efeito, o texto da cédula utiliza- cédula pleb iscitária não pode conter interpretar o seu "sim" como "não", e da no plebiscito da URSS é confuso, promessas nem propaganda de nenhuvice-versa. Toda cautela seria pouca. E como se verifica no quadro apresentado ma espécie . A isenção da pergunta deve ser total. Mas isto não no mais mesmo assim, sob pressão das circuns- nesta página. grave. tâncias, facilmente se poderia optar contra o próprio interesse. "Você acha indispensável a manutenção da União das Repúblicas SoviéA resposta natural de um comunisticas Socialistas como uma federação ta pró-Go rb achev se ri a, portan to : Os fatos renovada de rep úblicas sobera nas e "Sim , acho indispensável", e deveria, com iguais direitos, na qual sejam ga- e m conseqü ência, assinalar com um O plebiscito na União das Repúblicas rantidos inteiramente os direitos e liber- "X" o "sim ", indicando sua escolha, Socialistas Soviéticas, em 17 de março dades dos indivíd uos de quaisquer confo rm e a praxe corrente. Ora, no último, pretendia auscultar o público so- nacionalidades?" ("Pravda", 16 de mar- caso em questão, ele se teria enganabre se tal União deveria ser mantida como ço de 1991). do redondamente!

18 - CATOLICISMO, maio 1991

Aqui a malícia comunista é mais sutil. O"X", no caso concreto, é uma marcação ambígua, pois significa um cancelamento, e não o simples assinalar, que indica a opção feita. Ou seja, assinala-se o "não" e vale aquilo que não se marcou, isto é, o "sim". Não creia, leitor, que estamos imaginando. O "Pravda", jornal oficial do PC da URSS, fazia propaganda pelo "não", dizendo que significava apoio à União. Eis a nota do jornal: " Vote como você julga necessário. A escolha será correta se você assinalar a palavra 'não' na cédula para a votação. Isto quer dizer: você é [sim] a favor da manutenção da União renovada." (Idem, ibidem). Esta confusão, entre o "não" e o "sim", torna duvidosos os votos de muitos eleitores, e inquina de nulidade o plebiscito. Nesse sentido, chama a atenção o seguinte fato: em regiões de fortes movimentos separatistas, como o Turquestão - que engloba seis repúblicas soviéticas - a proposta gorbacheviana obteve sig-

nificativa "vitória". A explicação deste surpreendente resultado não estaria neste absurdo critério de marcação? No Ocidente, de modo geral, considerou-se falho o plebiscito por outros motivos: era desnecessário, porque seis das 15 repúblicas, como já foi dito acima, recusaram-se a participar desse referendo; comprovadamente fraudulento (pessoas que votaram mais de uma vez). Além disso, não foram admitidos observadores internacionais etc. Engodos plebiscitários e irregularidades do gênero também os têm havido no Ocidente. O leitor, entretanto, terá notícia de algum que se compare a este? Desconcerta o silêncio da mídia ocidental diante de tão clamorosa fraude! Se essas primícias de "reforma" servirem como teste, já se pode aquilatar o gênero de "renovação" em curso na URSS. "Sim" ou "não"? Quem sabe?... - Pouco importa. Logrado, o povo, continuará a ser mero joguete da "nomenklatura", como sucede há mais de sete décadas.

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O furto por fome não é lícito nem em caso de .necessidade grave, mas apenas extrema Erros diversos sobre matéri~ moral, condenados por decreto do Santo Ofício, de 4 de março de 1679:

• "É permitido ~oubar, não só em caso de necessidade extrema, mas também de necessidade grave" (condenado). • "Os criados e criadas domésticas podem ocultamente tirar algo a seus patrões para compensar seu trabalho, que julgam superior ao salário que recebem" (condenado). • "Ninguém está obrigado sob pena de pecado mortal de restituir o que tirou por meio de roubos pequenos, por grande que seja a soma total" (condenado). (Henrique Denzinger, "EI Magisterio de la lglesia", Edllora HenJer, Battelona, 1%..l, n•s 1186, 1187, 1188, p. 305)


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ABatalha de Oliveiros contra Ferrabrás E ram doze camlheiros, J/omens muilo valorosos, Destemidos e anim osos Entre todos os guerreiros [. ..] Todos eram conhecidos Pelos Leões da Igreja Pois nunca foram a peleja Que nela f ossem vencidos. E ram pelos turcos temidos Pela Ig reja estimados, Porque, quando esta vam armados. Suas espadas luziam E os inimigos diziam: -Esses são endiabrados! Assim começa " A Batalha de Oliveiras co m Fcr rabrás", do poeta de cordel Leandro G om es de D arros. T rata-se, com o vê o l eitor, dos D oze Pares de r rança, cav alei ros de Carlos M agno imortali zados na "Chanson de Roland". llá certos sociólogos que I êcm at é o excesso as prod uções de ... outros soció logos, mas se julgam dispensados de "ler" os fatos, usos e costumes da autêntica vida do País. O resul tado é que em suas descrições não encontram os o verdadci ro 13rasi 1. Onde estará ele? Po r exempl o na literatura de cordel , de poetas improvisados cuja criativi dade por vezes supera até a de alg uns imortai s. M as voltemos aos D oze Pares de França, pint ado pelo verbo do v ale para ibano. Fcrrabrás, fil ho do Al m ira nte 13alão, vem à França desafiá -los, em nom e do C rescente infi el. E O livciros, embora feri do, que acode para enfrentá-l o, depois de devidamente autori zado por Carlos Magno . A pelej a começa. Olivcirossecncontra cm desvantagem e com as forças aba tidas. M as não entrega os pontos.

Beijou a cruz da espada Prosseguiu numa oração: -Ó Virgem da Conceiçcio, Maria Pia e Sagrada! Mãe de Deus, Imaculada, Esposa casta e fiel! Pelo vinagre e o fel Que Cristo bebeu 11a cruz, Rogai por mim a .lesus, Nesta batalha cruel!

OliFeiros viu com calma Que o turco s6 tinha a alma O corpo estava acabado! - Jesus~ filho do Eterno Exemplo da redenção! Livrai a este pagão [. ..] Do abismo do inferno! Dai-lhe isso como prelllla: Que de tudo se arrependa, Creia em Vós e se batize!

Ncio p or ter-te eu vencido Mas sim p or seres cristcio. Porque a Religião Abraça todo rebelde Desde a hora em que pede De suas culpas p erdcio! *

Cavalheiro, Isso não hei de fazer! Eu me sujeito a morrer No campo do desespero, Tenho os louros de um guerreiro, /Jrazão, honra, assim p or diante.

Eis um Brasil bem diverso do cli ché ca rnaval-macumba-futeb ol. Um Brasil forte, magnânimo e bo m. V oltaremos ao as.sunto ... com fat os, não com citações pse udo-socio lógicas.

M as, vendo "se ultimando sua vida" , 0 sarrace no repentinamente se sente tocado pelo Di v ino Espírito Santo:

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NEle ncio ltá quem O '1

P_):·~~ço que me batize Depoisfaçao que quiser! O s ublim e O livei ras vai além de tudo aq ui lo que Fcrrabrás poderi a desej ar:

-Hoje serás Pelos Pares recebido-

Por fim , Oli veiras começa a levar a mel hor. Mas ... embora a ação se passe na França, estamos no Drasil. O rude cavaleiro franco recebe oi nfl uxo da compa ixão católica e bem brasi leira, sem nenhuma q uebra de sua firmeza e combati vidade:

20-CATOLIClSMO, maio 1991 \

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Em várias regiões do País, até os analfabetos conhecem a hi stóri a de Carl os M agno e seus D oze Pares, muitas vezes por tradição fa miliar.

Com " mui ta amabi I idade", o rude cav aleiro se põe a tentar converter o moribundo Ferrabrás. Este, altivo, responde:

-_Nobre e grande cavalheiro! Disse o turco, arrependido. Agora estou convencido Que teu Deus é _Fer~lac(~iro G1ande, bom e 1ust1ce11 0, Ente de grande mister Faz tudo

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HISTÓRIA

CAR-GA~TRIBUTÁRIA MODERADA PAGAMENTO SEM FRAUDE Bons tempos aqueles em que o contribuinte chegava a estipular, segundo sua consciência, a quantia que poderia pagar como tributo UANTAS E QUANTAS vezes se no, desde os mais altos senhores feudais até um grande movimento de solidariedade naouve dizer que as épocas passadas os últimos soldados que irão combater a pé cional como se diria hoje, devendo dirigir- é preciso armar .e sustentar toda esta se a todos, sem exceção. - especialmente a Idade Média foram épocas de opressão, de obscurantis- brava gente. Ou seja, em termos hodiernos, * * * mo, de exploração dos mais fracos pelos é necessária uma verba que permita execumais poderosos. Contudo, a realidade histó- tar o projeto em seus aspectos mais chãos. A descrição desta operação foi-nos lerica, como por exemplo a do tema que ora Porém, as finanças do Reino estão mais gada por um célebre cronista da época, Guillaume de Tyr, e reabordamos, não raro produzida por Paladiatesta o contrário. lhe. Nos dias atuais, em que os assuntos econôO imposto deveria micos e financeiros ter o consentimento chegaram a dominar unânime dos príncipes quase todos os aspectos tanto eclesiásticos (bisda vida, não será despos), quanto seculares. proposita do analisarmos como outrora a O modo perfeitasociedade encarava a mente equitativo e, sustentação financeira quase se poderia dizer, de suas atividades. Esdemocrático, da coleta pecialmente a coleta de do imposto é digno de impostos, que em todos nota. As maiores preos tempos sempre suscauções foram tomacitou desagradas digdas para evitar fraude nos de nota (quão Uá naquela época ...). justos, tantas e tantas Em cada cidade vezes), merece ser vista seriam ele itas quatro no contexto de outras pessoas, entre as mais situações históricas. sábias e as ma is seguA este propósito, ras, que deveriam caiu-nos debaixo dos prestar compromisso olhos a atraente biograde agir de boa fé . fia do rei leproso de Jerusalém, Balduíno IV, O imposto foi fixade autoria do conceido em 1% da fortuna e tuado historiador con2% da renda de cada temporâno Dominique um . Eleitos os 11otáPaladilhe (Le Roi Léveis, deveriam estes Após a Idade Média, a "doce primavera da Fé", começou a carga preux, Perrin, Paris). comunicar a cada qual tributária escorchante que não fez senão avolumar-se, até hoje. A o valor respectivo a papintura acima exprime bem a Insensibilidade, e mesmo a ferocidade, * * * gar. Bem e ntendido, com que são cobrados os Impostos nos tempos modernos. Quadro de aceitar-se-iam reclaEm pleno coração Marinus van Reymerswaele, século XVI mações. O reclamante do Reino Franco de Jerusalém, conquistado durante a I Cruzada, do que combalidas. A sucessão de ataques estipulava, segundo sua própria consciênBalduíno IV (1160-1185) necessita levan- muçulmanos fez com que nenhuma reserva cia, a soma que deveria pagar (que época tar um exército para fazer face aos ataques pudesse permanecer. Que fazer? Os mem- maravilhosa esta em que a consciência da repetidos do inimigo muçulmano. Não pai- bros do Conselho Real chegam à única so- pessoa era comumente aceita como sendo ram dúvidas de que o apelo do rei será lução cabível no caso: o levantamento de valor seguro de referência). E após ter presprontamente ouvido. Todavia - apesar do um imposto excepcional, destinado exclu- tado juramento de que não deveria contriporque estava ímpeto de generosidade que percorre o Rei- sivamente à guerra. Deveria ele ser fruto de buir com mais -

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22 -

CATOLICISMO, maio 1991

impossibilitado - poderia ir-se tranqüilamente. Igrejas e mosteiros, sem exceção, bem como os barões do Reino e todos os seus vassalos também deviam pagar esta contribuição excepcional, com base em 2% de suas rendas. Todos eram convidados a participar portanto deste auxílio extraordinário destinado à defesa do Reino de Jerusalém. Digno de atenção ainda é o fato de que os controladores deviam manter segredo

"em virtude de seu compromisso, de tudo que Lhes tiver sido dado pelos cidadãos, seja a maú~ seja a menos, e <le não revelar suas riquezas, nem suas pobrezas". Estabelecia ainda a decisão real que "o dinheiro assim recolhido não seja gasto em coisas miúdas do Reino, mas uio-somente com a defesa do território. Durallle sua vigência, deixar-se-á de cobrar o imposto básico sobre as igrejas e as cidades". Este

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Como vemos, também naquela época, digna de imitação a tantos títulos, problemas financeiros existiam e não dos menores. Nunca porém esses foram motivo para que se deixasse de cumprir o dever, mormente para com Deus e a Santa Igreja. A cruzada contra Saladino - pois é dela que se trata - realizou-se inteiramente, não sendo a razão financeira motivo para retardá-la ou amenizá-la. Por outro lado, a situação financeira - em especial a coleta de impostos - era conduzida com mais sabedoria e de modo a sobrecarregar o menos possível os súditos. Quão diferente dos Estados modernos, nos quais os impostos se multiplicam desmesuradamente ... em nome da liberdade. É este um exemplo magnífico de como uma civilização católica faz face a profundas e por vezes dramáticas situações financeiras.

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CATOLICISMO, maio 1991 -

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Escrevem os leitores 40 anos Um abraço pelo aniversário de CATOLICISMO, grata realidade nos meios de comunicação, beneficiando a Igreja e a cultura de nosso hoje tão tumultuado Brasil. Junto um recorte da nota que demos em "O Taubateano", onde tenho uma coluna habitual: "revista de cultura e atualidades, 'Catolicismo' está comemorando 40 anos de fecu11da existência, a serviço da Igreja e da Pátria, reunindo um grupo seleto de jornalistas e escritores e com ampla circulação 11acio11al. Ligada à e11tidade Tradição, Familia e Propriedade que, embora vista com reservas por alguns setores da Igreja, tem desenvolvido enérgica e decidida campanha contra o comunismo e em defesa da tradicional e universal instituição da Fé, esta publicação pode ser hoje inserida entre as grandes revelações da imprensa e das letras brasileiras" (19-2-91 ). Como vai Dr. Plínio? Fomos, num passado tão belo, tão saudoso, tão bom, companheiros de luta para a Constituinte, Retiros Marianos etc. (Eva11dro Campos, Taubaté SP).

Qualidade Não pude deixar de me sensibilizar com ,a elevada qualidade da revista. E um trabalho incansável, de aprimoramento constante em que, além de assuntos sérios e diversificados, abordados com maestria, ressalta o excelente nível técnico dos profissionais quanto à apresentação e diagramação. Registrando meus sinceros elogios, a provei to a oportunidade para reiterar os protestos de apreço e consideração, permanecendo ao inteiro dispor na Edilidade paulista (Ve-

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reador JJruno Feder, São Paulo -SP).

Abaixo-assinado Causa alegria, emoção, entusiasmo ver estampada nas páginas de CATOLICISMO a entrega do abaixo-assinado pela delegação inter-TFPs na Lituânia, Terra de Maria. Parabéns (Francisco C. do Nascimento, Cubatão - SP).

Fátima Sou uma garota apaixonada pela história da Virgem de Fátima, por isto estou escrevendo para adquirir a revista do 70 2 aniversário das aparições, maio/87, tendo na capa a imagem de Nossa Senhora de Fátima que verteu lágrimas em Nova Orléans. Eu li esta revista de uma colega e fiquei apaixonada pela revista . Também gostaria de conseguir o livro da Senhora do Bom Sucesso que rondava à noite em volta do colégio de freiras. A Senhora tem rostinho rosado que foi feito pelos anjos e deixou uma mensagem para o século XX como Nossa Senhora de Fátima deixou . Por favor, não me deixem ansiosa e me ajudem a encontrar a Mãe de Deus (Ana Pereira da Silva, JJelo Horizonte - MG).

Manifesto DesejoqueosSrs. me enviem um exemplar do número de CATOLICISMO que publicou o Manifesto Comu11ismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Desejo receber dessa mesma importante revista os números atrasados de fevereiro, abril, maio e junho/90, que por um descuido de minha parte, em não ter renovado a minha assinatura a tempo, deixei de

CATOLICISMO, maio 1991

receber (.José Paulo Garcia, Florianópolis - SC).

Mistério Eucarístico Sobre o estado caótico em que se encontra o mundo atual - não escapando sequer a nossa muito amada Santa Igreja Católica Apostá! ica Romana - conheço, a respeito, o papel do "bom combate" que há muito vem desempenhando CATOLICISMO, baluarte da boa imprensa, luz entre as trevas do presente momento histórico de nossa terra que foi batizada com o nome de Sallta Cruz, e por isto mesmo, predestinada a grandes feitos ... Conheço, repito, a voz de CATOLICISMO que "a tempo e a contra tempo", e sempre no momento oportuno, vem , qual Isaías, "clamando colltra o erro e mostrando ao povo o seu pecado" (58,1), porque tenho o privilégio de ser um dos seus antigos assinantes (há ma is de 15 anos). Quanto ao meu livroMistérioEucarfstico na Voz do Magistério da Igreja, tenho o prazer de lhe enviar, em anexo, um exemplar (Thomaz Lodi, Rio de .!aneiro - RI). NOTA DA REDAÇÃO: Para conhecimento dos leitores, transcrevemos um trecho do livro citado: "o Milagre Eucarístico deLanciano, que há doze séculos desafia as leis naturais, tem sua origem num monge de São Basílio que, após terminar as palavras da Consagração que pronunciara durante a Santa Missa que estava a celebra,~ duvidou que sobre o altar, ao invés do pão e do vinho, estivessem a Came e o Sangue de Cristo. Estupefato, percebeu então que a hóstia e o vinho que consagrara haviam desaparecido e sobre o altar estavam somente Carne e Sangue .... estas preciosas relíquias têm sido guardadas .... Com o decorrer dos anos - desde o século VII quando se realizou o Milagre que perma11ece várias pesquisas cielll{ficas têm sido feitas, confirnumdo sempre a autenticidade da sobrenaturalidade do evento ".

guesa, nosso maltratado idioma, mal falado e mal escrito ultimamente no Brasil. Especialmente aprecio os artigos e crônicas bem escritos e elucidativos que a revista publica. Estou por essa razão, colecionando-a e xerocopiando alguns assuntos para enviá-los a parentes e amigos. Posso adiantar-lhes que aqui em minha casa somos monarquistas, porque acreditamos piamente que esse seja o melhor, senão o único caminho para que o nosso infelicitado país tenha um futuro promissor. Reiterolhes meus efusivos cumprimentos pelo trabalho construtivo, patriótico, meritório que estão exercendo em prol do desenvolvimento moral, religioso e intelectual dos povos, dos quais o Brasil é um dos mais necessitados (Norma de Lourdes Abreu Guimarães Ribeiro, CampinasSP).

TFPsemação Bush agradece mensagem

Instrutiva

NOVA IORQUE - Em carta dirigida ao Sr. Raymond Drake, Presidente da TFP norte-americana, o President George Bush agradeceu a mensagem que a entidade lhe endereçou anteriormente ao início do ataque desfechado pelas fôrças aliadas contra Saddan Hussein. Nessa mensagem, a TFP apresentava uma substanciosa análise da crise no Golfo Pérsico e fundamentava doutrinariamente a necessidade de uma ação firme ecoraj osa contra as violações do direito internacional efetuadas pelo exército iraquiano. Transcrevemos abaixo os principais excertos da missiva do Chefe de Estado norteamericano: "Agradeço sua atenciosa me11sagem. Fiquei muito sensibiliz ado por seus calorosos comentários acerca do que nós e a coalisão internacional estamos objetivando alcançar através da Operação Tempestade no Deserto. "Quando Saddan Hussein rejeitou todos os esforços diplomáticos no sentido de retirar suas forças de ocupação do Kuwai~ convoquei nossas Forças Armadas, em cooperação com a de nossos aliados, a fim de restaurar a liberdade do povo kuwaitiano. Sou muito grato às nossas corajosas tropas ante esse histórico desafio, sabendo que elas tiveram o apoio de milhões de pessoas em todo o mundo, e nós estamos muito orgulhosos com seu trabalho".

Não tenho palavras para expressar-me a respeito de tão boa e instrutiva que é esta revista (Maria Lufza Agostini de Oliveira, Serra-ES).

Retirada de crucifixo na assembléia causa protestos

Monarquista

Atualíssima

Meu esposo, Arly Gomes Ribeiro, é assinante da excelente revista CATOLICISMO, que se esmera no uso da língua portu-

É uma ótima revista, bem informativa, atualíssima (Cipriano Pires de Menezes .Ir., .João Pessoa-PB).

SÃO PAULO - O artístico Crucifixo, entronizado em 1947 na sala da presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo, foi dali recentemente retirado para ser encaixotado, por determinação do deputado Carlos Apolinário, pastor de uma seita protestante,

Atraente Tenho gostado imensamente de CATOLICISMO pela cultura revelada em seus artigos, pelo estilo simples e muito atraente. Para o ano quero renovar minha assinatura logo em jane iro, para ter o direito de recebê-la mensalmente (Orie!Ramos Wanderley, Águas Belas-PE).

De momento Revista com assuntos de momento, colocados de forma direta com objetividade e clareza (Celso Antinio Bevilaqua, .!oaçabaSC).

Comgem Tem coragem de dizer o que ninguém diz (Terezinha Bezerra Neto, Natal-RN).

nesse respeito, assim se expressou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: ··' Tenho por certo q11e, do alto da Cruz, Nosso Senhor J esus Cristo anteviu com olhar profético o futuro do gênero humano ao longo da luta entre a verdade e o erro, o bem e o mal, a luz e as trevm~ até a consumação dos séculos. E que ao seu coração chagado de dor causa especial tristeza todos os fatos opostos à realização do seu desígnio. Isto é, de que sobre a terra houvesse um só rebanho e um só Pastor. Ou seja, que todos os homens pertencessem à Santa Igreja, nascida de seu flanco aberto pela lança de Longino. "Em conseqüência, fazer parte de frente única com uma religião que não é a católica, não é coisa que esteja em minha índole. Tenho uma providência assente - toda legal e pacífica -sobre o caso do Crucifixo da sala da presidência daAssembléiaLegislativa, da qual darei notícia, conforme o c11rso dos fatos. Mas, máxime nesta época de denso e poluído nevoeiro ecumênico, não caminharei ao lado dos cultores da umbanda, como dos de qualquer religião que não seja a da. única Igreja fundada por Nosso SenhorlesusCristo". Em várias de suas reportagens, o jornal estampou também opiniões de pessoas do povo, as quais majoritariamente manifestavam repulsa a esse gesto anticristão do deputado protestante.

Aplausos ao governo canadense Pllnio Corréa de Oliveira

há poucas semanas empossado como presidente daquela Assembléia. Em declarações ao jornal "Folha da Tarde", que noticiou o assunto por vários dias, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ressaltou que "a sala da presidência não é propriedade privada de seu presidente. É' propriedade do Poder Público. E, estando vigente uma disposição da Assembléia de que na sala esteja a Santa Cruz de Nosso Senhor.!esus Cristo, dali não pode ser retirada tal imagem, por mera deliberação do presidente. Máxime, se é par,a encaixotá-la. Pois melhor seria, então, colocá-la num outro local adequado da Casa, para ali ser cultua-

da". Dias depois, o mesmo jornal voltou a solicitar o parecer do Presidente do Conselho Nacional da TFP, desta vez sobre uma suposta campanha a ser encetada por umbandistas, os quais seriam favoráveis a um retomo do Crucifixo ao seu lugar original.

MONTREAL - Em carta dirigida ao Sr. Joe Clark, Secretário de Estado para Assuntos do Exterior, a Sociedade Canadense de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, manifestou seu caloroso apoio à posição assumida pelo governo canadense, de condenação frontal à política levada a cabo pela União Soviética de reprimir os movimentos de independência na Lituânia e demais países bálticos. Em resposta, o titular daquela secretaria do Governo canadense expressou seus agradecimentos à TFP, e voltou a afirmar que o Canadá "jamais reconheceu a anexação imposta pela URSS aos países bálticos. Nós defendemos o direito desses povos de determinar seu próprio fitturo e expressamos isso em nosso reconhecimento 'de jure' da soberania deles". Já em discurso proferido em 21 de janeiro de 1991, o Sr. Joe Clark chamava a atenção para o fato de que "se a ação soviética nos países bálticos não parar, ela terá um efeito negativo nas relações entre o Canadá e a URSS. Mais importante ainda será a quebra do entusiasmo que a perestroika havia despertado". CATOLICISMO, abril 1991 -

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História Sagrada

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em seu lar

noções básicas A mo1·te

MORTE DE JACÓ E DE JOSÉ Os

IRMÃOS DE JOSÉ saíram do Egito, regressaram à terra de Canaã (Palestina) e "anunciaram ao pai: 'Teu filho José ainda vive: é vice-rei de todo o Egito'. Ouvindo estas palavras, pareceu a Jacó que acordava dum profundo sono e não quis acreditar neles. Mas, vendo os carros e os ricos presentes que José lhe mandara, reanimou-se e disse: 'Nada mais tenho que desejar, pois meu filho José ainda vive. Irei vê-lo antes de morrer'. "Jacó partiu com tudo quanto possuía. Nos confins de Canaã ofereceu um sacrifício ao Senhor. De noite, Deus falou-lhe numa visão:'Eu sou o Deus fortíssimo de leu pai; não temas ir ao Egito. Lá farei de ti · um grande povo e reconduzirei um dia teus descendentes para a terra que prometi'. Jacó continuou a viagem e chegou ao Egito com toda a família, em número de 70 pessoas. Encontro de Jacó com José

"Imediatamente José .... saiu a seu encontro. Logo que o avistou, .... abraçou-o, derramando lágrimas de alegria. O pai disse a José: 'Agora morrerei contente, porque vi ainda uma vez teu rosto'. "Depois o apresentou ao rei, que lhe perguntou: 'Quantos são os anos de tua vida?' Jacó respondeu: 'Os dias de minha peregrinação sobre a terra são 130 anos, poucos e trabalhosos, e não se comparam com a longa vida de meus pais'. Jacó abençoou o rei e despediu-se"(l). "Nenhum nasceu sobre a terra como José, que nasceu para ser príncipe de seus irmãos, o esteio da nação, o guia dos seus irmãos, o firme arrimo do povo"(2).

26- CATOLICJSMO, abril 1991

"Jacó viveu ainda 17 anos no Egito. Estando para morrer .... reuniu todos os filhos e netos em torno de seu leito, dando uma bênção especial a cada um. A mais preciosa, porém, recebeu-a Judá, a quem disse:(3). "Teus irmãos te louvarão; a tua mão estará sobre as cervizes de teus inimigos; os filhos de teu pai se prostrarão diante de ti .... O cetro não será tirado de Judá, nem o príncipe da sua descendência, até que venh? aquele que deve_ser enviado. E _ELE SERA A EXPECTAÇAO DAS NAÇOES; .... Lavará a sua túnica no vinho"(4). Jacó "abençoou cada um dos filhos de José,e prostrou-se ante a extremidade docetro dele"(5). "Enfim recomendou a todos: 'Sepultaime ao lado de meus pais, na terra de Canaã'. Foram estas suas últimas palavras e morreu. "José inclinou-se sobre o rosto de seu pai, chorando e beijando-o. Depois mandou embalsamar o corpo, dando-lhe sepultura na caverna dupla, perto de Hebron. José, os irmãos e muitos egípcios notáveis acompanharam o préstito fúnebre até Canaã. "Os irmãos de José receavam que este, depois da morte do pai, os quisesse castigar pelo mal que lhe haviam feito. Por isso vieram pedir-lhe perdão em memória do pai. José acolheu-os benignamente, dizendo: 'Vós intentastes fazer o mal, mas Deus o converteu em bem. Não temais. Sustentarvos-ei e a vossos filhos'. "Chegou José à idade de 110 anos, conhecendo netos e bisnetos.Sentindo aproxi-

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Um 'Trabant', carro símbolo da antiga Alemanha comunista por seu péssimo desempenho, é atirado ao lixo. Quando nós, brasileiros, faremos · o mesmo com nossas estatais?

mar-se o fim da sua vida, disse aos irmãos: 'Deus conduzir-vos-á ao país que sob juramento prometeu a Abraão, Isaac e Jacó. Ao partirdes, levai convosco também meus ossos! Dito isto, faleceu. Governava durante 80 anos o Egito. Os irmãos embalsamaramlhe o corpo e o puseram num sarcófago"(6). "Os seus ossos foram visitados, e depois da sua morte profetizaram"(?). P1·é-figura do Messias

José é uma das mais marcantes pré-figuras de Nosso Senhor Jesus Cristo. "Por trinta moedas de prata, José é vendido a negociantes estrangeiros, assim Jesus será entregue a seus inimigos pelo apóstolo Judas; mas também, como patriarca levado ao Egito, vem a ser o salvador de seus irmãos, assim Nosso Senhor, tendo sido condenado por sua inocência, há de salvar toda a nação de Israel. Da prisão, José passa para o ápice da glória; Jesus Cristo passará da cruze do túmulo para o triunfo da ressurreição"(8). NOTAS: 1. Frei Bruno Hem;er OFM, História Sagrada do Antigo edo Novo Testamento, Vozes, Petrópolis, 1957, 24a. ed., pp. 43-44. 2. Ecl. 49, 16-18. 3. Frei Bruno Heuser OFM, op.cit., p. 44. 4. Gen, 49, 8-11. Jacó profetiza aqui a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nasceria da tribo de Judá, era a "expectação das nações", e cujas vestes ficariam tintas de sangue na Paixão. 5. Heb. 11,21. 6. Frei Bruno Heuser, op. cit., pp. 44-45. 7. Ecl. 49, 18. 8. Mons. Cauly, Curso de Instrução Religiosa - História da Religião e da Igreja, Livraria Francisco Alves, São Paulo, 1913, p.45.

FR...A.SES

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P ..A. 1 r--.J E L

Em qualquer país, um olhar é um idioma (G. Herbert) -~ .-::=--u,

Jacó chega ao Egito, recebido com alegria por seu filho José

Os olhos se fiam em si próprios, os ouvidos em outrem (Provérbio alemão) Quanto ,nais o rosto é sério, mais o sorriso é belo (Chateaubriand) O homem que não sabe olhar, de nada vale. Todo o restante das expressões

do rosto, e até mesmo o timbre c{a voz, são apenas um comentário do olhar (Plinio Corrêa de Oliveira) O aspecto dos guerreiros tem sua parte na vitória (Provérbio latino)

Ele trazia a vitória nos olhos (Bossuet, a respeito do Príncipe de Condé)


PALÁCIO DOS CAMPOS ELÍSEOS

Afunção social do esplendor,

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iversas épocas marcam a vida de um povo: algumas assinalam sua aparição na História e ascenção em todos os degraus da civilização, outras registram seu estancamento ou retrocesso e, mais triste ainda, há épocas em que povos se degradam. Tanto na Antigüidade como na História da Cristandade, ou mesmo nos povos orientais não-cristãos, tais idades podem ser nitidamente identificadas. Cada época modela os monumentos que nos "narram" a História do povo, no momento em que os construiu: falam-nos eles de seu desenvolvimento, seus fatos notáveis, seu esplendor, suas aspirações ou sua tragédia. Assim, as catedrais beneditinas do início da Idade Média ostentam os sinais da conversão dos povos ocidentais, saindo ela barbárie e do paganismo, e recebidos pela Cristandade nascente. Castelos retratam o espírito guerreiro de seus defensores, assim como palá~ · cios refletem a sociedade elegante que os plasmou. Aldeias alemãs - cuja arquitetura simples, de madeira e pedra, se incrusta em pinheirais escuros - são expressão da vida sã e ordenada de um povo cheio de alegria de viver e de apreço pela estabilidade.

* * * O Palácio dos Campos Elíseos, em São Paulo, pode ser considerado expressão simbólica da elite social paulistana há pouco mais de um século. Uma família pertencente à aristocracia paulista da época, a de Elias Antonio Pacheco e Chaves, com numerosas relações comerciais, políticas e sociais, com bom gosto e proporcionado luxo, construiu um verdadeiro palácio destinado a tornar-se sede de seu viver quotidiano. O edifício é uma réplica, ainda que em escala menor, do castelo francês de E.couen, construído para os príncipes de Condé, entre 1535 e 1540, pelo arquiteto Bullat. A foto superior desta página focaliza a fachada do Palácio dos Campos Elísios, e a inferior, os fundos. O palácio estava reservado ao exclusivo bem-estar da família que o construiu e nele residiu de 1899 a 1911, ano em que foi

adquirido pelo Governo do Estado ele S. Paulo. Desde então, tornou-se residência oficial dos governantes paulistas até 1967.

* * * Quando as famílias modelavam para si moradias solidamente estabelecidas, elas possuíam maior coesão. Quando as moradias expressavam com refinamento o ideal da estirpe ou do patriarca, seus membros podiam unir-se mais em torno do espírito que lhe era próprio, identificando-se assim melhor com sua missão. Quantas famílias passaram a ser relevantes quando se lhes tornou claro o papel chamado a representar! É que a grandeza dos povos tem sua origem na grandeza das famílias. Quando a sociedade moderna foi abandonando as grandes residências, começaram a desintegrar-se as famílias. Não t notável a coincidência entre a adoção generalizada de apartamentos, que compartilham estreitos condomínios, e a sombra ameaçadora do divórcio projetando-se no santuário dos lares? Mera coincidência? A realidade é que família e propriedade se entrelaçam como os anéis matrimoniais de uma união perfeita para a consolidação das estirpes e a constituição de um povo vigoroso. E o Palácio dos Campos Eliseos, servindo à família que o construiu, cumpriu admiravelmente com sua função social ao motivar outras famílias a edificar o solar que melhor as representasse. O que de fato aconteceu na São Paulo de outrora, onde em tantas outras mansões reluzia o brilho de valores de alma, que tanto contribuíram para o engrandecimento de nossa Pátria. Uma visita ao Palácio dos Campos Elíseos é uma interrupção na banalidade insípida, por vezes agitada e vulgar, do quotidiano. Ali se tem um maravilhoso e esplêndido vislumbre das grandezas que a Providência prometeu aos povos de nosso continente, e que um dia hão de realizar-se, passadas as convulsões deste fim de século.


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Número 486

Junho de 1991

Assestando o foco

O VELHO E O MÉDICO "Jamais terá boa saúde quem pratica o mal" , afirma um especialista. O idealismo do jovem frutifica na sabedoria do velho

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ASSANDO UM dia desses pela ~ua da Quitanda, no centro de São Paulo, ocasionalmente cruzei com um velho. Não sei quem era, mas seu aspecto penalizoume profundamente. Sem que ele notasse, cheguei a parar para observálo melhor. Olhar vazio, a caminho da decrepitude; lábios moles, dos quais facilmente escorregaria uma piadinha sem graça ou mesmo imoral; andar indeciso, como o de alguém que teve uma existência sem rumo. Causava a triste impressão de um homem que não refletira sobre a vida que levara; nunca lutara por nada de mais elevado do que ele próprio e seus interesses imediatos; não sabia bem por que vivera nem para onde ia: "o que não ajun-

taste na tua mocidade, como o acharás na tua velhice?"(Ecl. 25,8). Aquele velho da rua da Quitanda, porém ... Quem, olhando para ele, sentiria segurança em pedirlhe um conselho numa dificuldade, procurar um consolo numa aflição? Assim como ninguém se arrima a um muro de papelão, também não buscamos apoio na velhice sem sabedoria. Se, porém, desde a juventude o homem se orienta para o bem, a inevitável decadência física que acompanha a ancianidade é largamente compensada pela sabedoria, a qual então floresce como a mais preciosa flor do jardim da vida. Ela é como uma luz que se esparge agradavelmente por todo seu ser, e se reflete beneficamente sotre sua prqpria saúde. A saúde ... Aqui deixo eu a pena, e a passo a um especialista.

* * * Na coluna "Medicina" do "City News" (São Paulo, 3-8-86), o Dr.

Salomão A. Chaid publicou um in teressante artigo:0 ideal e a moral, fon tes de juventude. Eis alguns trechos:

"Temos falado sobre as causas materiais que atuam sobre o organismo, desgastando-o e levando-o ao envelhecimento precoce. Mas esta é

São Felipe Neri, já idoso Sabedoria e juventude de alm 11

apenas uma parte do problema. Sendo a alma quem dá vida ao corpo, sua influência é tão ou mais importante que os fatores físicos .... A juventude adquire-se mediante a elevação espiritual que liga o homem a um ideal superior a si mesmo e o dif erencia dos animais. O segredo da eterna juventude está na dedicação a um ideal que obriga o homem a superar-se a si mesmo e a encarar o f uturo. Mas apenas os ideais nobres têm

esse poder.... O mal é não ter ideal e viver apenas para o atendimento das necessidades im ediatas. Essa falta de entusiasmo leva à atrofia da inteligência e das funções cerebrais, reduzindo seu estím ulo indispensável para o bom desempenho dos órgãos vitais. "Uma pessoa torna-se velha quando foge à luta e à confrontação, acomoda-se com o dia-a-dia passivo e não tem planos futu ros, justificando-se com expressões imobilizado ras como: Para quê? Agora é tarde. Não vale a pena. Eu quero é sossego. "Mu ita vezes confunde-se o ideal co m uma ambição egoísta, como a ganância pelo dinheiro ou o ideal do poder político que facilm ente resvala para interesses pessoais. Ao contrário dos ideai nobres que são qualitativos, es es raramente trazem a beleza e o ardor da juventude. Eles Oo quantitativos, podem apreciar o mais e o menos, mas nunca sabem distingu ir o melhor e o pior, a bondade da maldade, a moral do vício. Em suas almas as crostas se endurecem, tornamse empedernidos, insensíveis, voltados para dentro de si próprios, único deus que veneram . De sua mente, sob o signo da ganância, sujeita ao stress pela falta de paz e equilíbrio emocional, o organismo só recebe estímulos negativos, que perturbam e interferem no bom funcionamento dos órgãos, levando-os à exaustão e à do ença. " Jamais terá boa saúde quem pratica o mal, le a, engana, pois muitas doenças in explicáveis que abatemprematuram enle um homem forte podem ter sua origem numa consciência pesada" C .A.

ciência progride com velocidade cada vez mais vertiginosa, ninguém o nega, e com ela por exemplo a Medicina, arte de curar, vai atingindo ápices cada vez mais altos. Entretanto ... Entretanto enquanto a Medicina progride, uma maldade qualquer dos dias que correm faz com que o ideal de uma humanidade saudável pareça ir se afastando, em vez de se aproximar. Será que as doenças estão crescendo mais do que a Medicina? As enfermidades de antigamente, por absurdo que pareça, eram mais amigas do homem. Enquanto gigantes da ciência - por exemplo um Pasteur, um Koch, um Fleming - não encontravam as soluções, lá ia o doente para as Campos do Jordão de todo o mundo, a fim de, numa calma melancolia, morrer como que num vagaroso pôr do sol. · As outras doenças ... bem, a farmacopé ia era ainda tão primitiva, que os enfermos eram obrigados muitas vezes a lançar mão do célebre "chá de pouco caso", que era (e em certo sentido ainda é) o melhor dos remédios. Depois, o câncer ocupou o centro do panorama, invicto através de décadas de luta. Agora, a AIDS se agiganta como uma outra calamidade mortal e incurável. Além disso, ao menos no Brasil, alguns flagelos atacam pelos lados. Nos meses ch uvosos, a leptospirose, nos frios, a meningite. O dengue surge de repente com seu mosquito, e parece que até a malária, já erradicada, retornou. O velho e terrível espectro, que é o cholera morbus, pula para dentro da cena, e parece dizer, cinicamente: ''voltei''! Nosso assunto não são as doenças. Delas apenas queremos tirar um exemplo, entre outros, da confusão

que invade tudo. O que acontece com as enfermidades se repete em outros campos. A ciência econômica, por exemplo, progride, entretanto ... a inflação se avantaja mais do que ela . No campo da educação, não se sabe se é a Pedagogia que não avança, a ignorância que se torna mais crassa, ou ambas as coisas. O fato é que o nível cultural se degrada a cada dia . Que dizer da segurança? A Polícia se aperfeiçoa, mas a criminalidade se requinta ainda mais, e põe em xeque a sociedade. E assim por diante . O mesmo acontece no panorama internacional e, dolorosam~nte para nós, na Santa Igreja. Nesta última, enquanto os escândalos se sucedem, Ela parece mirrar por dentro ... e tudo fica por isso mesmo. É sempre o mesmo esquema: uma cr ise, que facilmente pode complicar-se com outras, trazendo resultados muito graves. Os diagnósticos não convencem, as soluções não solucionam. Nada piora muito, mas sobretudo nada melhora. Digamos claramente: estamos num beco se m saída . *

* *

Mas nem tudo está perdido. Os problemas são ingentes, mas há ainda potencialidades e fl ex ibilidades em nosso País, com os quais pode-se enfrentar as vicissitudes. Acontece que certa mídia não coloca em realce este outro lado da questão. CATOLICISMO deseja pintar o panorama completo. Para isto, publicamos n7esta ed ição uma reportagem sobre um detalhe bastante significativo desse panorama, cio qual muito pouco fa la a mídia. Trata-se das caravanas da TFP. Ficaremos felizes se constituir uma lufada ele ar fresco no ambiente opressivo em que nos encontramos.

SUMÁRIO

2 Comentário 4 Breves 9 Invasões

Grandezas e raridades de Nossa Senhora

O fechamento dos manicômios e os doentes mentais

O índio autêntico não é o que certa mídia apresenta

expostas pelo grande santo mariano, São Luís Maria G. de Montfort

O prof. Edmundo Maia condena projeto em entrevista a CATOLICISMO

Um indio qu e praticasse a Lei Natural seria provavelmente ignorado e perseguido

25

7

8

18 Cultura

i 4 Eva n~elho

21 Esquecidas

25 ltcs11cilo humano 26 Histúria Sagrada

22 Cartas

Capa: As caravanas da TFP bateram 4,5 milhões de km. de estradas do Brasil

AfOLICESMO "CATOLICISMO" é uma publicação mensal da Empresa Padre Belchior de Pontes Lida . - Diretor: Pau lo Corrêa de Brito Filho - Jornalista Responsável: Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob_o_n• 13478-Redação: Ru a Martim Francisco, 665 _- 01 226 - São Paulo, SP . · Gerência: Rua Martim Francisco, 665 - 01226 - São Pau lo, SP - Tel: (011) 825.7707. • Fotocomposiçao. Bandeirante S/A Gráfica e Editora - Rua Mamnque, 96 - São Paulo, SP . - Fotolitos: D'Art agnan Estúdio Gráfico S/C Lid a. - Rua Suzana, 786/794 - São Paulo, SP. • Impressão: Artpress - l_ndústria Gráfica e Editora Lida. - Ru a Javaés, 68 1/689 - 01130 - São Pau lo, SP . . Para mudança de endereço é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspondência pode ser enviada à Gerência: Rua Martim Francisco, 665 - 01 226 - São Paulo, SP .. ISSN - tnt crna tional Standard Seria l Numbcr - 0102-8502

(Esta edição foi impressa em julho de 1991) -

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Foto da página 27: Jorge Araujo

CATOLICISMO, junho 1991 -

3


concisamente , Cristãos na mira do Islã Nas terras do Oriente Médio e da Turquia, os sofrimentos dos cristãos vão num "crescendo" . Mais de três quartos dos cristãos siríacos (católicos e não-católicos) da Turquia tiveram de abandonar sua pátria nos últimos anos e buscar asilo na França e Alemanha. Em 1987-88, os cristãos caldeus do Iraque foram vítimas de ataques com gases venenosos, ordenados por Saddam Hussein, de que resultaram cinco mil mortos. Entrementes, milhares de cristãos que fugiram do Iraque estão vivendo em péssimas condições nos campos de refugiados na Turquia. No Egito, muçulmanos que se convertem são, muitas vezes, presos sob diversos pretextos e torturados até a morte. A grande imprensa ocidental, entretanto - tão ciosa na defesa dos direitos humanos de esquerdistas - mantém quase completo silêncio sobre essas perseguições. É a política de dois pesos e duas medidas.

"Marketing" da indigência - I Em busca de popularidade, os grandes jornais vão se transfc!"mando, pouco a pouco, em revistas ilustradas diárias, repletas de

fotografias coloridas. A seriedade, o conteúdo, o critério de importância das notícias e informações tendem a perder terreno, não só nas seções internacionais, emagrecidas e diluídas , mas até na economia e na política. Ao retratar tais mudanças, um renomado jor-

aumente . Recente pesquisa realizada pelo jornal norteamericano "Times Mirrow" com 4.890 entrevistados, escolhidos a esmo em várias classes sociais, tornou claro que, nos Estados Unidos, lê-se pouco e mal. E - o mais frisante - verificou-se que as notícias mais importantes desaparecem rapidamente da memória do leitor. Particularmente entre jovens (de 18 a 30 anos) o interesse pelos acon-

1, 1

~~ nalista observa: esta é a '' revolução" do "marketing" - ou seja, fazer um jornal menos pa(a leitores (que lêem cada vez menos) do que para consumidores!

"Marketing" da indigência - II Não assombra, pois, que a inteligência do leitor se avilte e seu desinteresse

4- CATOLICISMO, junho 1991

tecimentos manifestou-se muito menor em relação às gerações anteriores. O fenômeno, aliás, é sabidamente universal. Com o mau quilate de seus serviços, a imprensa internacional acentua essa péssima tendência hodierna , que torna a juventude cada vez mais alheia aos grandes acontecimentos.

... Em tempo

Predadores da natureza

''Boat-people''

Segundo mito amplamente divulgado por partidários do neotribalismo, os índios seriam protetores naturais do meio-ambiente - autênticos sacerdotes do culto ecológico . A realidade, porém, é bastante diversa. Estudos antropológicos permitem hoje comprovar que no passado, em várias partes do mundo, os selvagens agiram como verdadeiros predadores da natureza. Entre nós, o quadro é o mesmo - como se pôde verificar no caso do incêndio que consumiu, faz algum tempo, as reservas do Parque Nacional do Monte Pascoal, no sul da Bahia. Segundo o engenheiro-agrônomo do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, Brechbuelher, os 8,5 mil hectares da "reserva" dos índios pataxós já estão praticamente destruídos. E explica: "cansamos de flagrar índios roubando madeira em nossa área [para vender] .... Eles estão [ainda] fazendo pressão para dominar o restante do Parque Nacional, com o objetivo de ampliar a extração de madeira " .

O A lto Comissariado para Refugiados das Nações Un idas forçará o repatriamento das dezenas de milhares de vietnamitas hoj e dispersos pelo Mundo Livre, que arriscarain suas vidas para fugir do regime comunista em sua pátria. Enquanto se fa la da tragédia dos curdos ...

Destaque URSS I:

REVOLVENDO O LIXO ...

O roto dá ao esfarrapado A URSS receberá, a preços subsidiados, um milhão de toneladas de trigo, bem como remédios.. . da Índia - país tido como miserável por excelência. Estará o roto ajudando o esfarrapado?

Partidão na Funerária ... o atestado de óbito do PCB! Bastou que um dos líderes vermelhos reconhecesse, num recente encontro partidário, que o PCB, "enquanto 'jorma-partido ', está inteiramente esgotado e ultrapassado", para que outros próceres tentassem remediar a situação, formando uma "base viva" do PCB no Serviço Funerário de São Paulo, cuja direção foi entregue por Erundina aos comunistas. Foi em vão. Mas merece, contudo, um lúgubre registro!

Malocas de papelão e lata velha numa grande praça, em torno de célebre Catedral; no mercado, enormes f ilas diante de prateleiras vazias; hospitais totalmente sucateados, onde fa ltam medicamentos e os aparelhos estão enferrujados ou quebrados, impróprios para o uso. Um enorme " lixão", onde homens, mulheres e crianças vão à cata de algo para aproveitar ou comer... Cenas do Terceiro Mundo? Não, imagens de Moscou 1990/91, após setenta anos de comunismo. As fotos e o relato são da conhecida revista alemã "Stern", edição recente.

Favelizando ... 1 O Secretário de Desenvolvimento Social, Pedro Porfírio, vem cumprindo a determinação de preservar incólume cada barraco que se instala em logradouro público no Rio! É uma política de favelização.

URSS II: "FUGIR A QUALQUER PREÇO ... "

Favelizando ... Il Também em São Paulo, a prefeita do PT propõe regulamentar a posse nas áreas da Prefeitura já ocupadas por favelados.

Contra-!avelização O presidente do Conselho Coordenador das Associações de Favelas de São Paulo (Corafasp), Messias José da Silva, por sua vez, denuncia: os favelados estão cansados de ser massa de manobra das esquerdas e do clero ' 'progressista". Querem - isto sim - sair das favelas!

Fumaça de Satanás

1

Rússia: o metrô, as portas de igrejas, proximidades de hotéis e estações estão, de fato, repletas de mendigos. Em todo o país milhões de jovens passam o dia procurando alimentos. Não há nenhuma perspectiva de melhora. A criminalidade recrudesce: informa a polícia que, no império soviético, já se mata por um casaco de inverno ou por uma bebida. A prostituição campeia. Uma só idéia persegue a maioria dos jovens em Moscou e Leningrado: "fugir a qualquer preço e para qualquer lugar". A constatação é da revista francesa "L 'Express", de onde colhemos os dados.

Os estudantes do colégio católico de Maynooth, perto de Dublin - um dos mais importantes seminários da Irlanda - reivindicam em sua maioria (688 votos a favor e 3 78 contra) a instalação de distribuidores automáticos de preservativos no Colégio. Que ensino moral recebem esses jovens? CATOLICISMO, junho 1991 - 5


I

LOUCURA, ESSA DOENÇA CONTAGIOSA O projeto do petista Paulo Delgado, em tramitação final no Senado, trará como resultado a disseminação de um exército de infelizes na sociedade

s

IM, A LOUCURA é

Senado projeto do petista Paulo DelO assunto já veio à baila recenuma doença contagiosa. gado (MG), que proíbe a construção temente em CATOLICISMO. Na Quem o afirma não de novos hospitais psiquiátricos pú- medida em que o efeito seja desmasé um articulista empenha- blicos. A intenção do projeto é for- sificante, pode-se ver até um ou oudo em atrair a atentro aspecto simpático no projeção de seus leitores. to. Se um louco pode ser trataMuito menos um do em casa, ou em unidades cientista desejoso menores, por que atirá-lo em de ganhar o Prêmio Nobel, a imensos manicômios, que por anunciar a descoberta do vírus vezes podem ter a dimensão da demência. Como se sabe, esde pequenas cidades? se vírus não existe. A realidade do projeto, A expressão "contágio entretanto, é outra, e dela se mental" está na própria lei que ocupa com brilho o Prof. Eddispõe atualmente sobre a protemundo Maia, em rápida mas ção dos psicopatas. Fala mescontundente entrevista a nosso mo em "contágio mental imiórgáo. Não há dúvida possível: nente", que pode ocorrer quanos doentes mentais serão os grando pessoas quase saudáveis fides prejudicados pelo projeto . cam reclusas com outras em esAlém dos interesses dos tado de loucura mais adiantado. alienados, há também os da soNão há dúvida. O desequiciedade. A respeito deles, é o líbrio mental é contagioso. caso de dizer duas palavras . Claro está que não se transAprovado o projeto, não mite como a cólera ou um resmais serão constru ídos manicôfriado. Mas é de bom senso, e mios. Com o crescimento da está cientificamente comprovapopulação, em breve os atualdo, que a contaminação existe . mente existentes ,serão insuficien"De médico, poeta e loutes. O Estado, com sua mão lerco, cada um tem um pouco", da e seu pé de chumbo, não tediz o ditado. Não admira que rá providenciado em número esse "um pouco ~' possa se transsuficiente os tais "centros de formar em "um tanto" ou mesatenção", "centros de convivênPintura executada por paciente psiquiátrico . mo "muito" em circunstâncias cia", pensões especiais etc., obviaColeção Clínica Maia (Taboão da Serra, SP) de promiscuidade. Pois a sociabilimente mais difíceis de erigir e de dade da natureza humana propimanter do que estabelecimentos cia a permeação dos estados mentais çar, com o tempo, a que os loucos grandes . Faltará lugar onde colocar das pessoas colocadas em contato. só sejam tratados com recursos "não os loucos, como falta - e é oficialmen manicomiais". Como exemplo, o tex- te reconhecido - lugar onde colocar to fala em "unidade psiquiátrica em os crim in osos que deveriam estar pre* * * hospital geral, hospital-dia, hospital- so , pois o Estado não consegue consJá aprovado na Câmara dos noite, centro de atenção, centros de truir um número adequado de prisões. Deputados, está em tramitação no convivência, pensões" . 6-

CATOLICISMO, junho 1991

Essa .filmagem em câmara lenta do futuro leva a que, em breve, muitos loucos estarão disseminados na população. Sem emprego, sem rumo, sem família - como freqüentemente acontece - sem teto - caso também freqüente - sem meios de subsistência, alvo de chacotas e de toda sorte de abusos, um novo exército de infelizes virá se misturar, nos grandes centros, aos mendigos e aos favelados, para serem pasto dos criminosos. Ensaios dessa situação já existem . Há psicopatas "relativamente restabelecidas'' que estão sendo orientadas para obter trabalho como domésticas ocultando sua verdadeira situação (cf. "O Estado de S.Paulo", 22-3-91): Com a aprovação do projeto, tais casos passarão a ser correntes

(se é que já não o são e não sabemos ... ). "contagiado" por um mais louco, Até parece que a ordem é amal- um não louco, mé;ls com predisposigamar tudo, numa confusão dantes- ções, o pode ser por um verdadeiro ca. Os criminosos com os homens louco, o qual circula pelas vias da de bem, os vagabundos com os traba- vida em estado " não manicomial". Como se defenderá uma sociedalhadores, as prostitutas com as mães de família, agora os débeis mentais de em que a saúde mental geral ancom as pessoas lúcidas. Nos grandes da tão cambaleante? Que lucrarão centros, nós que já temos marretei- as crianças, obviamente mais sensíros no leito das ruas e trombadinhas . veis às influências? Em definitivo nas laterais, veremos loucos e mendi- que ganharão os loucos, tão dignos gos por toda parte. E quando tudo de compaixão, com o fato de que ouestiver bem ruim, alguns dos respon- tros fiquem como eles? No que com sáveis pela piora virão posar de revo- isto melhorarão as condições gerais lucionários ou reformadores, "por- da sociedade? Poderemos nos dar ao luxo de sermos, juntamente com que assim não pode continuar" . os loucos, as cobaias de experiências * * * Voltemos à problemática do iní- como estas? A resposta só pode ser: não . cio. O "contágio mental" existe. A própria lei vigente o reconhece. LEO DANIELE Se um menos louco pode ser

A refortna prejudicará os doentes tnentais Em entrevista telefônica concedida a CATOLICISMO, o Prof. Edmundo Maia põe em foco os efeitos catastróficos da lei nº 3.657-A. • Prof. Edmundo Maia, sabe-se que o projeto do Dep. Paulo Delgado inspira-se principalmente na lei italiana nº 180. O que o Sr. pode nos dizer a respeito desta experiência?

+ A lei 180, do deputado comunista Franco Basaglia, que fechou os manicômios na Itália, só vigorou de 1978 a 1984. Tantos foram os problemas médico-sociais causados, que o governo a teve de revogar e autorizar a reabertura dos manicômios, evidentemente em melhores condições do que se encontravam. Somente nas cidades de Trieste e Gorizia, por exceção, os "modelos" do programa basagliano permaneceram funcionando. Só que os doentes mentais da região, necessitados de tratamento psiquiátrico, estão internados em frenocômios de cidades vizinhas. • E no Brasil, houve experiências de tratamento psiquiátrico "extra-manicomial"?

+ Franco da Rocha, por volta

de 1929, criou no Juqueri uma Assistência Domiciliar, um tipo de Lar protegido. A experiência fracassou . No Hospital São Paulo, uma Unidade de Psiquiatria para mulheres criou

sérios problemas internos, porque as doentes mentais invadiam outros andares, assustando doentes clínicos e cirúrgicos, o que forçou a colocação de uma porta de separação, logo incendiada pelas doentes confinadas. Em Santos, desde maio de 1989 está havendo uma experiência da corrente basagliana (liberdade total dos doentes mentais) na Casa de Saúde Anchieta, sob intervenção municipal. Surgiram problemas sociais : doentes em surtos psicóticos foram recusados e tiveram de ser internados em hospitais conveniados distantes, longe de seus familiares. Os internados, desfrutando de porta aberta, entram e saem livremente do hospital, uns regressando embriagados, outros perturbando o ambiente no velório da Beneficência Portuguesa de Santos ... • Que resultado se pode prever, se a lei for aprovada e os manicômios forem fechados?

+ Convém saber que, no Hospital do Juqueri, 400 pacientes estão com alta. Mas permanecem no hospital, porque, abandonados pelos familiares, não têm para onde ir.

o s doentes mentais de recursos, internados em frenocômios particulares, não serão atingidos pela lei. Mas os doentes desprotegidos, cronificados e incapacitados, terão de ficar soltos, nas ruas, praças, viadutos, aumentando a mendicância. E os que estiverem corh crises de agitação com impulsividade, auto e heteroagressividade, terão de ser recolhidos às superlotadas cadeias públicas, como já aconteceu no passado. O entrevistado é Professor Titular de Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas de Santos, ex-Diretor da Divisáo Nacional de Saúde Mental e ex-Coordenador de Saúde Mental do Estado de São Paulo

CATOLICISMO, junho 1991 -

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~ lRU~\~íllL [gl~fa\lL ~[glfa\~íllL ~lRlfa\~íllL~íllRJ(Q)

O patriarca e os jurunas NCHIETA ENTROU so- zada, por vezes canibalismo. Assim 1.225 hectares (por índio!), como zinho em um grande bos- eram não poucos nativos antes dos por exemplo acontece na reserva dos . que. Lá encontrou um contactos com o homem civilizado. ianomani, no Território de Roraima, índio velho, tão decrépiQuais são os mais autê.nticos ín- a qual é do tamanho de Pernambuco. to que não podia levan- dios brasileiros de 1-!oje? Aqueles dos Ou então devem ser tidos por caractetar-se. Este diz: quais o sublime ancião batizado por rísticos aqueles que servem de massa - Ansioso te espe- Anchieta foi uma espécie de Patriar- de manobra para a agitação? Em ro há muito tempo, pa- ca espiritual, ou os sucessores da bor- suas cabeças é colocada a balela de ra me ensinares o camique seriam eles os verdanho da vida perfeita. deiros proprietários das Em minha longa vida, iluterras brasileiras. Que minado por uma escura teriam sido esbulhados luz, sempre imaginei condelas pelos brancos. É fusamente haver algum curioso . Os mesmos que Altíssimo Criador e surepetem este chavão são premo Juiz, que diferendefensores do usucapião cia os bons dos maus, em curto prazo. Querem com prêmios e castigos que a propriedade preseternos. creva depois de apenas Por meio de perguncinco anos sem posse efetas, Anchieta certifica-se tiva, mas para os índios, de que o índio observadepois de quase cinco va a lei natural inviolaséculos, não há prescrivelmente. O jesuíta lhe ção. explica a doutrina católiTranscorrendo no ca e o batiza. O velho dia 6 de junho a festa morre em seus braços . do Bem-Aventurado AnHá grandeza nisto. chieta, parece oportuno E se trata de um fato hisrecordar a fi gura portentórico (1). tosa, mas ignota, do anAnchieta encontrou cião por ele batizado. -~ este índio, que seguia a Este gigante na ordem Lei Natural sem conhemoral, tendo seguido a A Capela de São Miguel, erigida pelos índios cer os Mandamentos, isoLei Natural sem conheno bairro do mesmo nome, em São Paulo, lado numa floresta , e não cer os Mandamento s, é um belo exemplo dos predicados dos autênticos indígenas numa taba. A razão não sem dúvida merece partié dificil de entrever: sua conduta não ra descrita por Paulo Prado? Fala- cipar do glorioso cortejo ao qual perdevia ser apreciada pelos membros se muito dos silvícolas, mas não se tenceram homens do porte de Henoc de sua tribo. Não é difícil imaginar procura responder a esta pergunta. e Noé. A que ele acrescentou a glória que assim fosse, considerando-se o Serão os representativos da ra- de ter sido batizado . que diz de nossos índios por exemplo ça "vedetes da mídia" como Juruna Estes são os índios mais autêntiPaulo Prado, em seu livro "Retrato e Raoni, o primeiro, parlamentar fra- cos. São também os mais esquecidos. do Brasil". O quadro que este autor cassado, e o segundo, mestre em paje- Lembrá-los é um dever urgente. pinta, baseado em muitos documen- lanças sem eficácia curativa e em viaJOSÉ BELMONTE tos, está bem longe de ser lisonjeiro: gens milionárias? São os maiores latiNOTAS: vagabundagem, corrupção, homosse-. fundiários do País pois, tendo ape- (1) Francisco de Brito rrcirc, Nova Lusitânia, xualismo e outras taras sexuais, cruel- nas o trabalho de nascer, já são aqui- História da Guerra Brasflica, Lisboa , 1675 , dade, assassinato, robalheira generali- nhoados com uma quota parte de apud Co l. Pern a mbuca na, vo l. V, Rec ife, 1977.

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Os São Paulo não é como a maior tem a degola de um miliciano com parte do mundo, onde o tempo uma foice, em Porto Alegre. passa entre a claridade do dia e O motivo alegado para as ina escuridão da noite, separadas vasões é a carência. Mas neste pelo crepúsculo multicolorido. vale de lágrimas, todo homem é Nos grandes centros tudo é cin- carente. Para não falar dos bens za; é cinza-pálido o dia, em que o sobrenaturais, basta pensar na ar é manchado pela poluição; cinza-escuro a noite, cujo negrume é adulterado pelos clarões frios da iluminação; e cinza o entardecer, mera mistura desse dia que não é bem dia, com essa noite que não é bem noite. Pois no anoitecer de um dia cinza, um rapaz voltava para sua casa, depois do trabalho estafante, quando viu acesas as luzes da igrejinha de seu bairro. Não se imagine uma poética igreja com· uma pracinha e seu campanãrio, como tantas há pelo Brasil. Era um galpão de blocos mal rebocados, com uma torre furada, onde tanto podia haver um sino, como uma bateria de altofalantes ou uma sirene. O fato é que o rapaz viu luzes, e resolveu ir rezar um pouco. Entra na igreja e que encontra? Em vez de uma reza, um meeLing, e em vez de um padre na frente, um agitador. Este dizia: - Agora coloquem neste formulário quais os terrenos que cada_um acha que deve ser invadi- tríade afeto-saúde-dinheiro. do. Ponham todos os dados concre- Quem possui dois desses bens, getos: localização exata e, se for ralmente não tem o terceiro, e possível, façam um croqui. - O muitos não têm nenhum, o que é narrado é inteiramente verídico. ·-bem pior que não ter terra ou teto. O rapaz, aliás, não se limitou a Os velhos são sem-juventuouvir. Colheu um formulário que de, e os moços, sem-experiência. conserva de lembrança ... Muitos ricos são sem-alegria ou Isto tornou-se quase corri- sem-inteligência, e muitos dos inqueiro. É ainda de ontem. o caso teligentes, "sem-graça". Nem faleda "Vila Socialista", ocorrido mos dos sem-Deus e dos sem-lei; em Diadema. Os invasores resisti- pesemos apenas a desventura de ram aos policiais, utilizando até ser sem-educação .•• bombas caseiras. E é de ante-onComo a todos nos falta mui-

-- ta coisa, a civilização cristã criou ao longo dos séculos um ambiente, pelo qual a inveja sempre foi proscrita com horror. De todos os defeitos, talvez seja o que fica pior para seu detentor. Existe quem se gabe de sua luxúria, de sua avareza, de ser mentiroso, assassino, de ser ladrão. Não se encontra alguém que se glorie de ser invejoso. Evitando a palavra, o que o socialismo faz é inflar a in veja. A esquerda chama de "conscientização" a filmagem, em câmara lenta, do que outros têm, e nós não temos. Para usar uma execrável expressão russa, ela ensina seus adeptos a "contar o dinheiro no bolso dos outros". No outro extremo estão os Mandamentos, que proíbem até de cobiçar as coisas alheias. A moral admite que se alguém passa fome a ponto de estar em perigo de vida, pode apossar-se de um pedaço de pão. Mas não de uma padaria ... A Igreja só admite o "furto famélico" em caso de necessidade exLJ• mu. Será que os sem-terra e semteto invasores estão em necessidade extrema (isto é, em perigo de vida)? Os guapos rapagões que enfrentam a polícia com suas mulheres não têm saúde para conseguir um emprego? É tempo de concluir. Todos nós somos sem-alguma-coisa. Não podemos aceitar a equação: carência mais inconformidade = violência. Se nos falta algo, saibamos aceitar a realidade, embora sem fatalismo. Solução é trabalhar e rezar, não invejar. O assunto puxa comentários. Então ... ... comente, comente

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MILHOES de q tiilômetros !

4,s

Em defesa da civilização cristã, quatro caravanas da TFP já per:orreram 4,5 milhóes de Km. do território nacional, no decurso dos quais efetuaram mais de 20 mil campanhas públicas em todos os Estados ... rumo a maiores records Isto existe. No Brasil. Sim, há mais de 20 anos - Isto não ex iste, tchê! H avia qualquer coisa de categórico, não só na postura viril daquele gaúcho , como também na maneira clara, enfática e um pouco cantada com a qual martelara estas quatro palavras. r,chei que no fundo ele tinha razão. Essas coisas não existem 1nais. Quase se diria que não há mais lugar para elas. A juventude corre para o prazer. E o conjunto da sociedade, paraº interesse. A imaginação está sempre do lado da desordem. A n1a ioria antiesquerdista, cada vez maior, por um infern al pa\·adoxo se inibe cada vez mais diante de uma minoria soiialista cada vez menor e mais d'esprestigiada. Os católi(OS nunca vão às ruas, deixando o domínio delas pad todo tipo de seitas. E a generos idade, quando exis1e, é sempre por assim dizer "no varejo", enquanto eu fa lava de largos lances de abnegação, durável, despretensiosa, desinteressada. Depois de um pouco de conversa, meu interlocutor acabou se convencendo de que realmente existia, aquilo cuja existência eu afirmava. Olhando-me fixamente nos o lhos, disse com certa amizade: precisares alguma coisa de mim, "me pega um grito!" (o que, sem a"garra" do Rio Grande,se diz: "basta av isar que estarei pronto para ajudá-los"). Ele se afastou, e a campanha - pois se tratava de uma campanha da TFP, realizada por uma de suas quatro carava-

- Se

d


.

Uma realidade que conJunde os mais céticos. • •

. Algumas informações sobre as caravanas da TFP As caravanas permanentes da TFP sdo quatro. Por ordem de antigüidade: Santiago, Regina Angelorum (Rainha dos Anjos), Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora de Fátima. Por ocasido das grandes campanhas da entidade, ou nas férias, geralmente formam-se ainda mais várias caravanas temporárias. Sua finalidade é a de promover manifestações-TFP em todas as cidades grandes e pequenas de nosso País, por exemplo divulgando obras, manifestos, ou passando abaixo-assinados . Foi em 1970 que elas se tornaram permanentes. Alguns cooperado~ res manifestaram o desejo de prosseguir em caravanas, ndo retornando a seus afazeres privados com o término da campanha de setembro/outubro daquele ano. Foram atendidos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, fundador e Presidente do CN da TFP, que desde então vem estimulando vigorosamente este épico trabalho. E as caravanas rodam até hoje. Com alguns velhos "lobos do mar" mas principalmente com novos elementos que vêm engrossar suas fileiras todos os anos.

As caravanas em números Campanhas em cidades: 20.278

Quilômetros rodados: 4.455.430

Obras vendidas: 1.516.113

Visitas a hospitais, com a finalidade de confortar os enfermos: 1.607

Doentes visitados 19.165

Does. de autoridades atestando o caráter ordeiro das campanhas: 4.047 nas permanentes - continuou, ali no "calçadão" de sua cidade. A beleza épica e a eficiência publicitária de tais manifestações têm sido reconhecida até por adversários da entidade. Por exemplo, certa folha universitária paulistana dizia: "São Paulo foi assaltada por anjos medievais .... De repente, surgidos das entranhas obscuras da mnitologia, eles invadem as ruas, dominam as praças, fixam posições de ataque ... . Não podemos negar que há certa beleza imemorial nesses estandartes que lembram leões dourados em campos vermelhos". O jornalista de esquerda Olivei12- CATOLICISMO, junho 1991

ra Bastos assim se exprime: "A TFP estava em sessão de Uma parte do te_mpo das viagens é consagrado à rec itação do Ofício Parvo de Nossa Senhora. gala. Confesso que, vendo-a de lonA direita: assoalhos dos mais diverso s tipos são o leito habitual ge, ela me agrada. Há bom gosto nas dos jovens caravanis· tas da TFP cores que leva para as ruas .... E há instituições" ("Tribuna da Imprenum sentido de teatro total nas suas no às ruas" ("Gazeta Mercantil", sa", Rio, 26-7-69). evoluções. Enquanto um rapaz grita São Paulo, 2-12-88). num alto-falante a presença de gruAssim se exprimem até os adverPor que isto é assim? sários da TFP. pos ·ocultos tramando a subversão Em parte, porque as caravanas na Igreja .... outros correm, em harEsse desempenho não é exclusinunca hibernam. Os números das camoniosa coreografia, em direção aos vo das grandes campanhas . Veja-se ravanas permanentes (ver box ao lapedestres que se aproximam e oferea respeito o que diz a jornalista Sylvia do), em sua eloqüência fria, o demonsLeite: cem um jornal .... Se toda propriedatram claramente. de, se toda família e toda tradição "Ninguém se engane: o fervor Convém recordar que a kilometivessem um terço da harmoniosa aprede seus militantes [da TFP] se refaz tragem rodada corresponde a 11 viasentação deste grupo - eis que eu a cada campanha e, quanto maior o gens da Terra à Lua! próprio seria capaz de ir pra as ruas, período de hibernação, maior o poestandarte nas maões, defender estas der de fogo da organização no retor[> CATOLICISMO, junho 1991 -

13


Acima: campanha em Belém. Embaixo: outra imagem da campanha em Ibiapina

Em Sobral , Ceará. Abaixo: cm lbiapina, no mesmo Estado

4047

AUTORIDADES 2422 prefeitos e 1625 delegados de polícia atestam o caráter

pacífico e ordeiro das campanhas da TFP


de Marcha", de Mao Tsé-Tung. A primeira percorreru 36 mil km . do interior brasileiro cm quase três anos, e a segunda, em um ano, 10 mil km. do imenso território chinês. As caravanas permanentes da TFP também ex istem para propagar idéias. Mas essas idéias são as do Magistério Tradicional da Igreja, no tocante aos problemas da civilização cristã. As finalidades das caravanas da TFP são, pois, completamente outras. Todos _conhecem o caráter essencialmente anticomunista da entidade. Quanto aos métodos, ao contrário da "Coluna Prestes" e da "Grande Marcha", as caravanas permanentes nada possuem de militar ou paramilitar, nem visam efeito militar. Co m nítido caráter não violento, demonsOs caravanistas, em suas caritativas tram elas que se pode dese nvolver visitas a hospitais, também lucram: no terreno civil e legal, no âmbito saem com uma visão realista da vida extritamente id eo lógico, toda forma Não deixa de ser interessante, de coragem e até de heroísmo. para ressaltar o que possuem de inteiAs caravanas most ram por toramente original tais caravanas, con- . da parte que os idea is da Tradição, frontá-las com a "Coluna Prestes" Família e Propriedade constituem a que dedicam tanto espaço a mídi~ um a força ativa e cheia de futuro. e nossos livros de História. Não obstante seu caráter mili* ** tar, a "Coluna Prestes" constituiu sobretudo uma gigantesca operação Outra diferença, também basde propaganda. O mesmo se pode tante considerá vel: esse esforço prodizer, sem dúvida, da chamada "Gran- pagandístico da TFP quase não recebe cobertura da mídia.

COMPARANDO... Coluna Prestes Boas idéias:NÃO; Sangue: SIM; Percurso: 36 mil km. (ao lado}; Cobertura Jornalística: ensurdecedora. Caravanas-TFP Boas Idéias: SIM; Violência: NÃO; Percurso: 4,5 milhões de km.; Cobertura }orna-. lística: quase inaudível

16- CATOLICISMO, junho 1991

As caravanas não existem para certa mídia. A prese nça no quadro nacional deste tipo ímpar de at ividade, esta invenção inteiramente bras ileira, esta pe,jormance invejável, este recorde sem seg undo lugar, é algo de descomunal. Mas o que todo mundo vê, as poderosas e sofisticadas antenas desta certa mídia não captam. Por que isto é assim? Porventura não é mais im-

portante do que um jacaré ter aparecido no rio Tietê, o fato de que jovens brasileiros lutem por uma causa nobre, que se sacrifiquem, que obtenham êxito em seu sacrifício, e contribuam para a grandeza do Brasil? Muitos morrerão sem entender este silêncio que está se tornando clamoroso. Mas os jovens caravanistas da TFP não trabalham para sua notoriedade, e sim pela restauração da civilização cristã, sob as bênçãos de Nossa Senhora.

*** Mais importante do que receber a cobertura da mídia, é ser aureolado pela legenda. E estes mais de vinte anos de labuta de sol a sol, transformaram as caravanas da TFP, para incontáveis pessoas, numa espécie de mito. Do solo fértil da legenda, nasce muitas vezes a planta cheia de charme da poesia. De cá e de lá surgem versos a respeito dessas andanças, sempre com muita inspiração, embo-

ra por vezes fora dos cânones acadêmicos . E vêm nos contar fatos grandes ou pequenos ocorridos em torno das caravanas. Por exemplo ... ... em Santa Cruz do Belmon1e, na Bahia, numerosa família vem sa udar radiant e a chegada do áureo Leão Rompante. O velho 'patriarca', toma ndo a dianteira em versos explica a inu sitada alegria: 'Desd'ontem era esperada vossa bandeira, anunciada por mui rara feeria. Ao deitar cio sul, cm seu leito ele fogo com averm elhado manto, o mais formoso, a todos lembrou estandarte tão charmoso. E um não sei quê anun ciava a todos peitos, nem sei dizer por quais modos e j eitos, que estáveis a chega r, a qualquer momento. Assim explico tão vivaz contentamento!'

Os fatos narrados são estritamente verdadeiros. Em uma próspera cidade, o prefeito ... deixa ndo a roda de am igos no bar dirige-se ao porta-estandarte, emocionado: - Jovem, ames de mais nada um recado: parabéns ao hom em que lhe deu formação, pois o que fazem é gesto muito ousado: erg uer este estandarte com este leão rezar e ca ntar na rua, sem respeito humano, com es1e destemor, assim tão ufa no é coisa que fa z palpitar o coração e despertar in veja ou admiração!

De minha parte a ug uro total s ucesso e se em algo puder servir, me apresso!

Obviam~nte, não são só, nem principalmente de pequenos raios de luz como estes, qu e é formado o quotidiano dos caravanistas. Basta pensar que, quase sempre, seu leito é o chão duro de colégios, cedidos por seus diretores para hospedagem; seu alimento habitualmente o recebem como donativo . Até lavagem de roupa é fruto da generosidade de pessoas a quem o pedem. Neste regime, as dificuldades financeiras não são pequenas, e também elas são celebradas - é um consolo - em versos: Sobre uma 'co luna' ela cava laria anda n1e, desastre sucede a desastre: numa colisão a kombi se ava ria, nolllra tem que arcar com pesado resga1e. Mas nunca se ouviu dizer que a Virgem Sa nia fal1asse a quem Seu es tandan e lava nta! Por trás da plúmbea nuvem, um sol que brilha! E não tarda a aurora de no va maravilha! Premidos num beco sem saída, todo anuem, pois a hora nã é de desacordos: E de casa em casa lá vão, cidade afora: 'Bom dia, minha senhora, somos ca tólicos da TFP; estamos em campanha para defender nosso Brasil dessa desgraça do perverso com uni mo que o ameaça. E a senhora pode também participar ajudando com refeições. A Santíssima Virgem va i lh e compensar, e prometemos-lhe orações'.

O sistema invariavelmente dá bom resultado. As caravanas da TFP são sustentadas pelas populações que visitam, e este é um índice mais do que exp ressivo da popularidade que a TFP desfruta em todo Brasil. Assim ava nça a cava laria andant e, semea ndo estrelas por todos os quadrantes,

Os megafones levam para longe o som das proclamações dos caravanistas à espera ele colh er constelações nos vindouros dias da gra ndes a{/jçõe !

São versos despretenciosos, mas sugestivos. Concluímos esta reportagem lembrando que nem tudo o que é inverossímil é inverídico . E as caravanas da TFP constituem uma prova disto. Sobretudo, nem tudo o que é impossível aos homens é irreal. Um empreeendimento de tão grande envergadura, trazendo consigo tantas dificuldades, supera de muito a humana fragildade dos que o executam. Por isso, é preciso terminar agradecendo de coração Àquela que persevera, luta e vence neles: a Virgem Padroeira do Brasil. CATOLICIS


UMA ÚNICA RUA E INCONTÁVEIS MILAGRES

O santuário de

Rocamadour NELSON RIBEIRO FRAGELLI Nosso correspondente

Paris - Zaqueu, judeu de Jericó, era tão pequeno que, dele dizem os Evangelhos, para melhor contemplar a passagem do Mestre por sua cidade, subiu numa árvore. Notando seu enlevo, Jesus o chamou e lhe diss~ que pernoitaria en sua casa. Essa honra marcou sua conversão. Segundo imemorial tradição existente entre católicos franceses, após a Ressurreição de Jesus, não podendo nais servir o Mestre, Zaqueu tornou-se criado de sua santa Mãe. Após a Assunção aos Céus de Maria Santíssima, não podendo mais servir à Mãe do Mestre, fez Zaqueu como fizeram Lázaro e Maria Madalena: veio servir àquela que futuramente seria, entre as nações, a primogênita da Igreja, a França, então denominada Gália. Nesse território de missão, Zaqueu era chamado de Amadour. Viveu no sudoeste francês, não longe da fronteira espanhola, solitário, nas grutas do penhasco hoje conhecido como Rocama-

dour.

Foram essas grutas que visitei no frio mês de fevereiro último. Elas · estão hoje transformadas em oratórios, ou fazem parte de igrejas construídas de modo a contê-las. Havia neb lina e um pouco de neve na tarde em que cheguei. Poucos ousavam circular pela única rua da cidade, à qual a névoa emprestava um acréscimo de silêncio e tranqüilidade. O ar gélido, agradavelmente defumado pelo odor de lenha queimada, fazia pensar em lareiras acesas e chocolates fumegantes, notáveis na região . Aqui, um morador encapotado desponta num portão rústico de velha moradia. Lá, atravessa, , também encapotado, o portal gótico de um antigo edifício, um religioso, talvez. Vendo um estranho naquele mundo tranqüilo, esboçavam um movimento de desagradável surpresa. Entre cachecol e touca, notava semblantes franzidos. Mas um rápido raciocínio, logo desfazia neles a má impressão. Não sendo esta a estação de turistas, o visitante - no caso, eu - bem poderia ser um peregrino. E se o fosse realmente, não seria um intruso . Era bem-vindo. Vinha honrar os lugares de sua cidade. E assim ... a aproximação se dava, transformava-se em troca de amabilidades, informações e relato das mil histórias locais, milagres portentosos ali realizados. Foi as im que fiquei sabendo bem mais do que aqui narro. E, na previsão de fazer chegar estas notas a CATOLICISMO, muni-me, enquanto lá estive, de alguns documentos para melhor apoiar a narração . Em grande parte eles me foram cedidos por um apaixonado colecionador de crônicas históricas da cidade, antigo tabelião do município, com quem mantive boa camaradagem. Pudera: ele tinha em mim ouvidos frescos a quem narrar suas antigas novidades. Eu não me saciava de seus contos.

E quantos ouvi! - junto a vidraças embaciadas de um pitoresco restaurante, onde crepitava em magnífica lareira um fogo aconchegante. Remexíamos intermináveis xícaras de chá (o café torna trêmulas as mãos, o que não vai bem para um tabelião - explicava-me com mesuras e desculpas, pois sendo eu brasileiro e o Brasil grande exportador do produto recusado ... ), ele falava, eu ouvia

em seus últimos instantes, pediu aos seus, sem dúvida por inspiração divina, de enterrá-lo à entrada do oratório . Cavando a terra, encontrou-se o corpo de Amadour, bem inteiro; foi colocado na igreja, junto ao altar, e assim é exposto, integro, aos peregrinos''. A descoberta do corpo de Santo Amadour multiplicou as peregrinações. Reis e santos ali foram rezar ao longo dos séculos. Multidões passaram contritas por aquelas rochas. São Francisco de Assis lá esteve. São Luís com sua mãe, Branca de Castela, e seus irmãos juntaram-se ao longo cortejo dos peregrinos. NA V AS DE TOLOSA

PRODIGIOSA DESCOBERTA

Rocamadour foi sem dúvida escolhido pela Providência para ser um desses lugares onde grandes prodígios se sucedem. Desde os primeiros tempos do cristianismo sabia-se que por ali rep~usava o corpo de Amadour. Mas onde exatamente? Numa das grutas, um oratório, dedicado ao Santo, é há séculos lugar de oração e milagres. Eis o que relata o abade do mosteiro-fortaleza do Mont SaintMichel, Robert de Torigny, em 1170. "No ano da Encarnação de 1166, um habitante da região, achando-se

Dentre as crônicas, a do monge Alberico, constitui uma das mais b,elas páginas dos milagres de Rocamadour "havia em Rocamadour um religioso sacristão a quem a Bem-aventurada Virgem apareceu três sábados seguidos, tendo em sua mão um estandarte enrolado e ordenando-lhe que fosse levá-lo de sua parte ao pequeno rei de Espanha, que deveria combater os sarracenos. O sacristão alegou a pouca consideração dada à sua pessoa - não acreditariam em suas palavras. O preço de suas resistências foi sinal para sua morte, ocorrida no terceiro dia. Mas só morreu depois de comunicar esta revelação ao prior, que recebeu então o encargo de cumprir o desígnio, ao qual estava ligada a ordem de não desdobrar o estandarte antes do dia do combate; e, mesmo nesse dia, não desdobrá-lo antes de uma necessidade extrema. O prior de Rocamadour executou fielmente o desígnio, comparecendo pessoalmente ao campo de batalha. O estandarte levava a imagem da Bem-Aventurada Maria tendo em seus braços seu Filho, e aos pés o símbolo que o rei de Castela, chamado o pequeno rei, tem o costume · de levar em seu próprio estandarte". Essas aparições ocorreram em 1212. Os mouros ocupavam uma parte da Espanha. Os reis de Castela, Navarra e Aragão unem seus guerCATOLICISMO, junho 1991 -

19


reiros para expulsar o inimigo. Afonso VIII dirige as operações. Perto de Navas de Tolosa confrontam-se os exércitos cristãos com as tropas do emir Al-Nacir, cinco vezes mais numerosas. Começada a luta, a primeira linha dos combatentes de Afonso VIII é esmagada. A segunda é pouco depois dispersada. O resultado parece fatal. É então o momento em que o estandarte de ~assa Senhora de Rocamadour é · desfraldado e mostrado a todos os guerreiros. Imediatamente os cristãos retomam coragem, avançam impetuosamente, pondo em fuga o emir e suas tropas . A vitória foi esmagadora .

mil. Acampam nas redondezas. Rezam e fazem penitência. O resultado não tarda .. . No ·a no seguinte, acossado o rei no castelo de Chinon, dirige-se a ele uma jovem, dizendo vir da parte de Deus para expulsar os ingleses do reino . Recebida com sorrisos céticos e olhares altivos, sua sagaz inocência acaba por se impor . Essa jovem camponesa, que em breve assumiria o comando dos exécitos franceses, chamava-se Joana d ' Are. Sua história entusiasmante nos é por demais conhecida. A França estava salva. E ela venerada como santa.

SANTA O A N A

J

D'ARC

Dois séculos mais tarde, Nossa Senhora de Rocamadour intervém na história da França. Corre o ano de 1428. O país está em plena guerra dos cem anos. Os ingleses o invadem e ameaçam dominar inteiramente o reino. O rei Carlos Vil não dispõe mais de exército nem de recursos. Faltam-lhe alianças. Ocorre-lhe então pedir ao Papa Martinho V que suplique a Nossa Senhora de Rocamadour a salvação da França. Diante de tão angustiado pedido, o Papa decide instituir um jubileu extraordinário com a duração total de dez anos, durante os quais particulares indulgências seriam concedidas. Ele atrai com isso multidões de todas as nacionalidades. Até ingleses acorrem em grande número. Por vezes , os peregrinos atingem trinta

20 -

CATOLICISMO, junho 1991

de Amadour, incorrupto e flexível como em vida, nunca mais se ouviu falar. Diante de sua perfeição, não se detiveram as mãos sacrílegas dos que alegavam "reformar" a Religião. Sem ele, as peregrinações diminuíram enormemente. E quase desapareceram. A Revolução Francesa de 1789 não fez senão agravar o estado de ruína daqueles lugares. Animado pelas aparições de Nossa Senhora - sobretudo em La Salette, na rue du Bac (Paris) e em Lourdes - o fervor católico se reacende no século XIX. Oratórios e capelas de Rocamadour passam por restaurações, e hoje podem ser vistos em bom es ta do. E ainda envoltos na aura de santidade que não os abandonou jamais.

Precocidade Firmeza Integridade Nobreza ... São palavras que acorrem à mente à vista do quadro ao lado . Este menino de 14 anos, então pagem do Príncipe das Asturias, herdeiro do trono, na corte de Felipe II (Espanha), passaria para a posteridade com o nome de

SÃO

Luís

GONZAGA.

Por ocasião do IV Centenário de sua morte, a celebrar-se no próximo dia 21 de junho, CATOLICISMO presta sua homenagem ao invicto Patrono da Juventude, e anuncia para uma de suas próximas edições a publicação de matéria sobre sua biografia.

* * *

ÓDIO REVOLUCIONÁRIO

Terrivelmente impressionante é o relato deixado nos arquivos de Rocamadour por uma paroquiana, arespeito da pilhagem do santuário, praticada pelos protestantes em 1562: "quando os huguenotes [calvinistas franceses] fizeram uma fogueira dentro da igreja paroquial de Santo Amadour, desejando assim queimar o seu

corpo, Deus não o permitiu . Eles o despedaçaram então, roubando o relicário de prata". O santuário foi pois saqueado, e por dois séculos aqueles lugares veneráveis se degradaram. Do corpo

Não foi fácil deixar Rócamadour no dia seguinte. Meu ta belião acompanhou me até a estação ferrovi ária, recontando a conteci mentos, ajuntando novo s detalhes . Pela primeira vez, quase não o ouvia . Tentava discernir à distância, num último olhar, aquela aldeia grandiosa, ·de pedras brancas en voltas na névoa. Sem poder explicarlhe o que são saudades, pois não se encontra vocábulo equivalente na língua francesa, eu já estava dominado por esse sentimento.

Acima: Vista geral de Rocamadour. As fotos das páginas precedentes nos foram gentilmente cedidas por S.A.I.R. o Príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança. Pag. 19: A "Porte Salmon ", uma das entradas fortificadas da cidade.

RICO NESTA VIDA COM MERECIMENTOS NA OUTRA "Grande diferença há entre ter o veneno e ser envenenado. Quase todos os farmacêuticos possuem venenos para diversos usos de seu ofício, mas não se pode dizer que estejam envenenados porque têm o veneno em suas farmácias. Assim também podes possuir riquezas sem que o seu veneno natural penetre até tua alma, contanto que as tenhas só em tua casa ou em tua bolsa, e não no coração. Ser rico de fato e pobre no afeto é a grande ventura dos cristãos, porque ao mesmo tempo têm as comodidades das riquezas para esta vida e os merecimento da pobreza para a outra .... Nunca fomentes um desejo completo e voluntário por uma coisa que não possuis; não prendas o coração em bem algum teu; não te entristeças nunca das perdas que sobrevierem; então, sim, terás um motivo razoável de pensar que, sendo rico, de fato és, entreta rto , pobre de espírito e, por consegüinte, do número dos escolhidos, porque o reino dos céus te pertence" (" Introdução à Vid a Devota" ,Ill,14)

CATOLICISMO, junho 1991 -

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(1d

Comenta "L'Humanité" (6-5-91), cotidiano comunista de Paris: "No dia 4 de agosto de 1982, a França abolia o famoso decreto .... que penalizava a homossexualidade .... A França celebrava nova união com os revolucionários que haviam abolido na noite de 4 de agosto de 1789 toda perseguição contra os infames''. Em outras palavras, em 4 de agosto de 1982 completava-se a obra iniciada em 4 de agosto de 1979, quando a Revolução Francesa aboliu as penalidades legais aplicadas aos infames.

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~TT aquele tempo (como era a prepa1.l\] ração da Páscoa), para que não ficassem os corpos na cruz no sábado, porque aquele dia de sábado era de grande so.Ienidade, rogaram a ~ilatos que lhes fossem quebradas as pernas ao pri;meiro e ao outro que com ele fora crucificado. Mas, quando chegaram a Jesus, tendo visto que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma

São Luís Maria Grignon de Montfort lança, e imediatamente saiu sangue e água. E aquele que viu, deu testemunho disto; e o seu testemunho é verdadeiro. E ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. Porque estas coisas sucederam para que se cumprisse a Escritura: não quebrareis dele osso algum. E também diz outro lugar da Escritura: Lançarão o olhar para aquele a quem traspassaram (.1).

Comentários do R. Padre Berthe §oldados, enviados por Pilatos, subiam silenciosamente o monte Calvário. Os romanos aiJandonavam aos pássaros de · presa os cadáveres dos supliciados, mas a lei dos judeus proibia de os deixar suspen_sos à forca depois do pôr do sol. Como o sábado ia começar, tornava-se mais urgente ainda observar as prescrições legais. Os príncipes dos sacerdotes tinham pois pedido a Pilatos de mandar dar o golpe de graça aos três supliciados e de retirar a seguir seus restos. Era para essa última execução que os soldados, armados de enormes porretes, subiam o Gólgota Eles se aproxima-raro de um dos ladrões e lhe quebraram as pernas e o peito. O segundo ladrão teve a mesma sorte. Chegados a Jesus, eles perceberam imediatamente, pela palidez do rosto, pela inclinação da cabeça, JJ.ela rigidez dos membros, que ele havia cessado de viver há já muitas horas. Julgaram pois inutil quebrarlJ;i.e as pernas. Entretanto, para maior segurança, um soldado lhe abriu o lado com uma lançada. O ferro atingiu o coração, e da ferida saiu àgua e sangue. Assim se cumpriu esta palavra da Escritura: "Verão aquele. a quem traspassaram "; e esta outra referente ao Cordeiro Pascal: "Não lhe quebrareis osso algum". O apóstolo João, entre as santas mulheres, viu com seus próprios o.lhos todas 24- CATOLICISMO, junho 1991

as particularidades desta cena misteriosa. Viu o ferro entrar no coração de Jesus, viu jorrar sangue e água, as duas fontes de vida saídas do divino coração: a água batismal que regenera as almas, e o sangue eucarístico que as vivifica. E João prestou testemunho do que tinha visto, a fim. de inspirar a todos a fé e o amor (2).

Comentário da 'Catena Aurea' de Santo Tomás de Aquino (trecho) ~om muita precaução o Evangelista se absteve de usar as palavras feriu seu lado, ou ·o rasgou, mas abriu, a fim de que de certo modo se franqueasse a porta de onde brotaram os sacramentos da Igreja, sem os quais não se entra na verdadeira vida. E prossegue: 'E imediatamente saiu sangue e água'. O sangue foi derramado pela remissão dos pecados, e a água para suave bebida e purificação. Ó morte que aos mortos ressuscitas! O que é mais puro do que este sangue? O que mais salutar que esta ferida? (São João Crisóstomo)(]).

~ SANTÍSSIMA Virge_m é o verdadeiro paL.fü.raíso terrestre do novo Adão, de que o antigo paraíso terrestre é apenas a figura. Há, portanto, neste paraíso terrestre, riquezas, belezas, raridades e doçuras inexplicáveis, que o novo Adão, Jesus Cristo, aí deixou. Neste paraís9 ele pôs suas complacências durapte nove meses, aí operou suas maravilhas e a;j acumulou riquezas com a magnificência de um Deus. Este lugar santíssimo é formado duma terra virgem e imaculada, da qual se formou e nutriu o novo Adão, sem a menor mancha ou nódoa, por operação do Espírito Santo que aí habita. É neste paraíso terrestre que está em verdade a árvore da vida; a árvore da ciência do bem e do mal, que deu a luz ao mundo. Há, neste lugar divino, árvores plantadas pela mão de Deus e orvalhadas por sua unçã9 divina, árvores que produziram e produ-

zem, todos os dias, frutos maravilhosos dum sabor divino; há canteiros esmaltados de belas e variegadas flores de virtudes, cujo perfume delicia os próprios anjos. Ostentam-se neste lugar prados verdes de esperança, torres inexpugnáveis e fortes, habitações cheias de encanto e segurança etc. Ninguém, exceto o Espírito Santo, pode dar a conhecer a verdade oculta sob estas figuras de coisas materiais. Reina neste lugar um ar puro, sem infecção, um ar de pureza; um belo dia sem noite, da humanidade santa; um belo sol sem sombras, da Divindade; uma fornalha ardente e contínua de caridade, 11a qual todo o ferro que aí se lança fica abrasado e se transforma em ouro; há um rio de humildade que surge da terra, e que, dividindo-se em quatro braços, rega todo este lugar encantado: são as quatro virtudes cardeais (4).

rara meditar e para rezar (Salmo 79, trechos)

Respeito humano (5): Conselho de São Francisco de Sales

-illJ MA VIDEIRA arrancaste do Egito, ex&SSIM QUE TUA devoção se for tornando . pulsaste as gentes e a plantaste. conhecida, maledicências e adulações te cauPreparaste-lhe o terreno, e lançou raízes, e encheu a terra. A sua sombra cobriu os montes, e os seus sarmentos os cedros de Deus. Estendeu a sua ramagem até ao mar, e até ao rio os seus rebentos. Para quê de,,truiste. sua cerca, de modo que a vindimem todos os que passam pelo caminho, e a desvaste o javali da selva, e se apascentem nela as bestas do campo? Ó Deus dos exércitos, volta-te, olha do alto do céu, e vê, e visita esta videira. E protege aquela que a tua dextra plantou, e o rebento que para ti fortaleceste. Os que a incendiaram e talaram pereçam a~te a ameaça do teu rosto. Esteja tua mão sobre o homem de tua dextra, e sobre o filho do homem que para ti fortaleceste. Não nos afastaremos mais de ti; tu nos conservarás a vida, e proclamaremos o teu nome. Senhor, Deus dos exércitos, restaura-nos, e mostra-nos sereno o teu rosto, para que sejamos salvos(l)

sarão sérias dificuldades de praticá-la. Os libertinos .... dirão que alguma desilusão sofrida no mundo te levou por pirraça a recorrer a Deus. Os teus amigos, por sua vez, se apressarão a te dar avisos que supõem ser caridosos e prudentes sobre a melancolia da devoção, a perda do teu bom nome no mundo, o estado da tua saúde, incômodo que causas aos outros, a necessidade de viver no mundo conformando-se aos outros e, sobretudo, sobre os meios ·que temos para salvar-nos sem tantos mistérios. Quem não vê que o mundo é um juiz iníquo, favorável aos seus filhos, mas intransigente e severo para os filhos de Deus?(6) NOTAS (l) Salvo indicação e111 contrãrio, cm todas as citações da Sagrada Escritura deste e de futuros números do Caderno Especial utilizaremos a tradução do Revmo. Pe. Matos Soares, Ed. Paulinas, S.~o Paulo, 1954, com carta de louvor da Secretaria de Estado de S.S. o Papa Pio XI, subscrita pelo Cardeal E. Pacelli , futuro Papa Pio XII. (2) " Jésu -Christ, Sa vie, Sa passion, Son triornphe". Paris, Plon, p. 435. (3) Ed. Curso de Cultura Catolica, Buenos Aires, 1946. (4) " Tratado da Verdadeira Devoção à Santlssirna Virgern",Vlll,2. (5) Respeito humano: vergonha de pensar, falar ou agir como católico. (6) " lmródução à Vida Devota", !V,1.

CATOLICISMO, jun,ho 1991 - 25


História Sagrada

em seu lar

noções básicas nás : Pois bem, tudo o que ele tem esté em teu poder; somente não estendas a_tua mão contra ele" (1). Satanás persegue Jó

PROVAÇÕES DO INOCENTE JÓ ENQUANTO OS descendentes de Jacó multiplicavam-se no Egito, "havia na terra de Hus [situada entre o Egito e Israel] um homem, chamado Jó, e este homem era sincero e reto, e temia a Deus, e fugia do mal. Riqueza e santidade de Jó

"Um dia chegou à casa de Jó um servo ofegante que lhe disse: Meu Senhor, enquanto os teus bois aravam e as tuas jumentas pastavam, vieram os sabeus, roubaram os animais e passaram a fio de espada todos os teus servos. Só eu pude escapar para trazer-te a triste notícia. '' Aind~ não havia este terminado, quando cbegou outro servo dizendo: Caiu fogo do céu sobre os teus rebanhos e pastores e a todos consumiu. ''Este foi interrompido por um terceiro: Muitos ladrões da Caldéia roubaram os teus camelos e trucidaram a tua gente. "E quase ao mesmo tempo um quarto entrou dizendo: Os teus filhos e as tuas filhas comiam alegremente em casa do teu filho mais velho, quando subitamente um furação medonho arrasou a casa, sob cujas ruínas todos pereceram" (2).

"E nasceram-lhe sete filhos e três filhas, e possuía 7.000 ovelhas, 3.000 camelos, 500 juntas de bois, e 500 jumentas, e um grande número, de servos; e este homem era grande Paciência de Jó entre todos os orientais ... .levantan"Então levantou-se Jó, e rasgou do-se de madrugada, oferecia holocaustos por cada um [de seus filhos] os seus vestidos, e, rapada a cabeça, porque dizia: Talvez meus filhos te- prostrou-se por terra, e nham pecado, e tenham ofendido a Deus nos corações. Assim fazia Jó todos os dias". Certo dia, Satanás apareceu entre os anjos, diante do trono de Deus. ' •E o Senhor disse-lhe: Donde vens? f:le respondeu: Dei volta pela terra e., percorri-a. E o Senhor disse-lhe: Porventura consideraste o meu servo Jó que não há semelhante a ele na terra, homem sincero e reto que teme a Deus e que foge do mal?". O demônio respondeu: Jó é justo por ter sido cumulado de bens; se cair na miséria, amaldiçoará a Deus. "Disse, pois, o Senhor a Sata-

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CATOLICISMO, junho 1991

adorou (o Senhor) e disse: ''Nu sai do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá (para o seio da mãe terra); o Senhor o deu, o Senhor o tirou, como foi do agrado do Senhor, assim sucedeu; bendito seja o nome do Senhor''. Tendo Satanás novamente se introduzido entre os anjos, Deus disse: "Não consideraste o meu servo Jó .. .. que ainda conserva a inocência?". Satanás respondeu que Jó continuava fiel porque não fora atingido em sua carne. Deus, então, autorizou o demônio a ferir o próprio Jó, conservando-lhe porém a vida. "Satanás, pois, tendo saído da presença do Senhor, feriu Jó com uma chaga horrível, desde a planta do pé até o alto da cabeça; e Jó sentado num monturo raspava a podridão com um pedaço de telha. E sua mulher disse-lhe: Ainda perseveras na tua simplicidade? .... Jó respondeulhe: Falaste como uma das mulheres insensatas: se nós recebemos os bens da mão de Deus, por que não havemos de receber também os males?"(3).

FRASES EM PAINEL Os espíritos medíocres condenam geralmente tudo o que os ultrapassa (La Rochefoucauld) A mediocridade sempre recusa admirar, e freqüentemente, aprovar (Joseph de Maistre) ·

Os pequenos espíritos triunfam dos defeitos dos grandes gênios, como as corujas se alegram com uma eclipse do sol (Rivarol) É um grande sinal de mediocridade, sempre elogiar moderadamente

(Vauvenargues) A moderação é o grande exagero de nosso século (Plínio Corrêa de Oliveira) Se a palavra exagero não existisse, o medíocre a inventaria. Ele tem medo e pavor dos santos e os homens geniais. Acha-os exagerados (Ernest Hello)

IMAGEM EM PAINEL

Notas: 1. Jó 1.1-12.

2. São João Bosco, Historia Sagrada, Livraria Editora Salesiana, São Paulo, 1965, 14ª ed., p. 62. 3, Jó 1, 20-21; 2, 3-10.

Servos anunciam a Jó a série de catástrofes. A fisionomia de Jó exprime dor e resignação à vontade de Deus

Quando certa juventude perde a esperança, m:ga a Fé e esquece o heroísmo, só lhe resta a podridão da sepultura - Na foto, show do grupo Sepultura, realizado diante do Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Saldo: um jovem morto, cinco feridos e 29 intoxicados. O grupo partiu para Londres, deixando atrás de si "um rastro de fanatismo e sangue" ("Folha de S. Paulo", 13-5-91)


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ESTRATEGISTA DA

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Julho de 1991

Número 487

Assestando o foco

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CONSENSO: O QUE E? A mais nova fórmula para acabar com as disputas e mesmo com as certezas: apagar a luz da razão o entardecer daquele domingo, o escadas, ajudando-se uns aos outros, até a a respeito cios princípios fil sófico , po lítiMuseu de Arte estava espec ial- porta da rua. E quando afi nal se acham do cos, sociais, artísticos etc. O comuni smo, por exemplo, produmente concorrido. Muitos quadros lado de fora, alivi ados, são todos bons am ifamosos hav iam chegado do Louvre, do gos . Os mesmos que há pouco quase se ziu mai s ele 70 anos ele mi séria e opressão Vaticano, do Prado e de outros grandes esbofeteavam diante de A menina com o em extensíss imos territórios do planeta. museus para a exposição internac ional de feixe , de Renoir, quando a viram desapare- Todos o constatam, mas ninguém quer pintura que ali se reali zava. Estavam ex- cer na escuridão, esqueceram-se dela e o apontar os cu lpados. Não se fa la ni s o; 6 preci so agora estabelecer o cons nso! A postas obras dos mais conhecidos autores desacordo desapareceu. sim também os temas levados a público de todos os tempos: desde Tintoretto, Vepela mídia ão closaclos ele man ira a não lasq uez ou Zurbarán até a rejeitável arte * * * despertar clcsac rei s nt r as p ·sso11s, bu smoderna, passando por Claude Lorrain e Esta é - dizia o Prof. Plínio Corrêa ca ndo-se um unanimi smo ons •11suul. pelos impress ionistas. ra, a luz ela razão - · ·0111 ela a Cá e lá, ao longo dos corredores de de Oliveira numaconver a - a imagem do 1u ' ·aracparedes cobertas de obras-primas, gru pos CONSENSO que hoje em dia se pro ura poss ibi li clad de Ler cert ezas l ri:,.11 o s ·r huse for mav a m m11nol Sem ela, para ap rec iar e no qu · l'i ·a o hocomenta r certas m •111 '/ Parecepintura s . N e m mo s ·11111 inha r sempre homogêpum uni ·onscnneos, esses grus o m •r11 111cnle pos co ntinh am insti11t lvo (e não por veze opiniõni ·io 11 11I ), como es d isso nantes. o lo s 1111 imai s E, co nform e o caso, seus componentes se acaloravam e entravam em polêmica aberta. Formavam-se então, em torno dos contendores, as inevitáveis rodas de curiosos, das quais sa iam Para alcançar um unanimismo consensual com Gorbachev e os comunistas com isso ... apoios ora a uma externado por largos sorrisos-, Bush não lhes faz a pergunta embaraçosa: J>11 r11 se das opi niões em quais são os culpados pelos mais de 70 anos de miséria e opressão em ·h • 1 11r ui 16, há choque, ora à ouextensos territórios do mundo? t •111pos •stá cm tr a. Fo i assi m ·urso uma pr ·p11rn~·110: o retal ivi smo. Para que, diante de um conjunto de quadros de impingir aos homens. O consenso - visto Renoir, a temperatura subiu tanto que a luta não em tese, mas como concrctam nt vu i os •sp rit os r ·lati vi stas, não há verdade de arg umentos já ameaçava chegar às vias se delineando - nãoé acon órdi a d· todos obj ·ti vas q u mereçam er defe ndid as. numa mesma opin ião, mas a supr ' SSl o dus S ·mpr que surgem opin iões dife rentes, de fato . Inteirado do desenrolar dos aconte- opin iõe . Cons iste cm aba far as ·011t rad i- d ver-se-ia procurar nelas o que une os cimentos, o diretor da exposição resolveu ções, fazer com qu as p ·ssoas 111o p ' ll S ' 111 contendo res e não o que os epara. •I s in tervir. E o fez de um modo inesperado : de modo d iscorclant ·. E para tal só llá um se ligariam consensualmente cm torno de um resíduo com um ex istent e nas di stint as meio: fazer com qu ' rn o p ·ns ·m. mandou apagar as luzes do Museu. Ou . ja, pro · ·ssa-s • um mi sterioso posições, o qual perman · •ri a <kpoi s de A :partir do momento em que os corredores foram invad ido pelas trevas, desa- apa ar ela luz da nm o, p r ncl as pessoas se terem posto ele lado as di sl•m·d 11rias. Não mai d 'V •riu l111v1·1·, plli s, hopareceu o pomo da discórdia, e as pessoas não t ·m mais ·onvicçõcs a respeito de cessaram a disputa. Não porque tenham nada . N, o há mais di sputas religiosas, não mens de fé nem d • pl'in · pios. ( )1•11 , p111 11 que passado a pensar do mesmo modo sobre os porq u ' s' 1 ·nha chegado a um aco rdo dou- isso pude s s ·r i11t t· irn 111 ·nt • posstvl'I, sequadros, mas simplesmente deixaram de trinário ( ·o isa, ·1li ás, imposs ível entre a ria prec iso qut· 111 o houvcss · 1111d. seres pensar neles. Só queri am saber ago ra ele v ·rda I os erros), mas porq ue um ecume- humanos: · o Ili ·la> que s cs rr ·1 1 11 1111outro encontrar o caminho de saída, poi ... a lu z ni smo con scn uai vai fazendo evanesce- bicho. . A. rcm -sc a · certezas ela fé. O mesmo ocorre se apagara. Vão tateando por labirint os

N

m nossa ed ição de junho, urna s urpresa estava reservada a nossos leitores: o primeiro número de um Caderno Especial. Seria natural que, então, o cornentássemo nesta seção, pois se tratava de um novo empreendimento editorial de CATOLICISMO. Entreta nto, pareceu-nos preferível deixar os le itores formarem a s ua própria opinião a respeito desse primeiro número, para depois dizer-lhes urna palavra do porquê de um Caderno Especial. Nas quatro décadas de sua existência , CATOLICISMO,em meio à grande crise moderna, vem res istindo, proclamando e orientando, sempre fiel à ortodoxia católica. À luz dessa fidelidade aos princípios , nossa revista foi analisando os acontecimentos no plano espiritual e no terreno temporal. Vários de nossos leitores, entretanto, vinham insistindo num aspecto , que caberia à revista realçar, nos dias de hoje. São leitores, em geral , saudosos da leitura de matérias religiosas , - de acordo com a tradição da Igrej a - que, infelizmente, se tornaram cada vez mais raras na atualidade, devido ao tufão desencadeado pelo "progressismo" católico. Isso nos levou a ir armazenando sólida bibliografia re ligiosa para lançar nosso Caderno Especial, hoje em seu segundo número. Nele , os leitores poderão encontrar, na

segunda página, com en tários feitos por Doutores da Igreja, consagrados exegetas e renom ados autores de vida espiritual, de textos evangélicos referentes a grandes fes tas re i ig iosas. Também lhes serão apresentados, além de m atéria seleta para meditação, ep isód ios espec ialme nte significativos do Novo Testamento, iluminados pela análi se penetrante desses mesmos comentadores. Na terceira pág ina do Caderno Especial, serão inseridos ainda textos relativos à g loriosa Mãe de Deus e de todos nós. Sermões e escritos de grandes Doutores e Santos, especialmente aqueles que se disting ui ram por s ua devoção mariana , deverão aí figurar, bem como trechos muito oportunos de mestres da vida espiritua l, com vistas aprevenir os leitores contra o respeito humano e o pennissivismo moral. A quarta página do Caderno está destinada à seção já bem conhecida dos leitores: " História Sag rada em seu lar". Conserv a e la o mesmo esti lo de redação, com base nos consagrados a utores que figuram em sua bibliografia, e idêntico teor de ilu strações. Esperamos, assim, q ue CATOLICISMO , com este novo passo de sua trajetória, venha atender aos anseios de leitores especialmente desejosos de progresso espiritual,n m me io ao neopagani smo e ao caos cresce ntes da época contemporânea, prestando-lhes ass im um serviço.

SUMÁRIO Sto. Inácio de Loiola -

Impediu o alastramento do câncer protestante e levou a Fé a I ugares remotos

6 2 Comentário 4 Breves 10 Santidade

Prof. Plínio Corrêa de Oliveira fala sobre:

Cenário internacional: Brutalidade Contra-senso Cini smo

-

Jogos ele azar Extinção dos manicôm ios - Aborto - Lituânia

18

14 15 Justiça 17 Aborto 19 Esquecidas

Capa: Montagem de quadro de Sto. Inácio (Ribera?) com mapasmundi, ao fundo

s 20 Cartas 21 Brasil 24 Espiritualidade

~ """"''"~/li

AfOJL]CESMO

" CATOLICISMO" é uma publicação mensal da Empresa Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Fi lho. Jornalista Responsável: Takao Takahashi Regi strado na DRT-SP sob o n• . 13478. Redação: Rua Martim Francisco , 665 - 01 226 - São Paulo, SP. Gerência: Rua Martim Francisco, 665 - 01 226 - São Paulo, SP - Tel : (011) 825.7707. Fotocomposição: (direta, a partir de arquivos fornecidos por " Catolicismo" ) Artpress - Indústri a Gráfi ca Ltda. Fotolitos: D'Artagnan Estúdio Gráfico S/C Ltda. - Ru a Suzana, 786/794 - São Paulo, SP. Impressão: Artpress - Indústri a Gráfica e Editora Ltda. - Rua Javaés, 681 /689 - 01130 - São Paulo, SP. Para mudança de endereço é necessário mencionar também o endereço antigo . A correspondência re lativa a assinatura e venda avulsa pode ser enviada à Gerência: Rua Martim Francisco , 665 - 01226 - São Paulo, SP . ISSN - 0102-8502 . (Esta edição foi impressa em agôsto de 1991) .

CATOLIClSMO, julho 1991 - 3


concisamente

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em tempo

Destaque

Invadir, um direito?

"Sa bíamos e mentíamos"

"Eu não creio qu e possamos olhar para o passado sem nos envergonharmos. - Como não ter hol'l'or? Afirma-se agora que fomos 'enganados' ou 'usados' pelos dirigentes do Leste, e que não sabíamos de nada ... Diante disso devemos nos envergonhar. Quem pode acreditar que nós não sabíamos de nada? Outros , dentro e fora do Partido, sabiam e não .foram ouvidos. É preciso reconhecer publicamente: nós nos enganamos e, de.fato, enganamos outros". A patética conf'i s ão - à qual j á se íez alusão cm nossa edição de maio - é do jornalista Bernard F r édé ri c k , qu e ent ro u para " L'H umanité" (órgão do PCF) em 1973, tendo-se fix ado em Mosco u, como correspondente do j orn al com uni sta, a partir de 1986 . Ponanto, muito bem situado para opin ar sobre as mazelas do comuni smo russo, que ele como tantos outros - fez questão de ocultar, durante longo tempo. Por que somente agora tai s revelações cínicas vêm à tona? om que intl1ito? Se são sinceras, cm rigor de lógica seu autor a I artir de agora deveria traba lhar contra o comuni smo.

TV , propriedade e família O conhec ido hi storiador medievali sta francês, Georges Duby, cm entrevi sta ao "ABC", de M adrid, expôs com ela.reza e acuidade um aspecto insuficientemente ressaltado da cri se moral contemporânea: o nexo entre a difusão da TV e a desarticulação dos víncu los familiares. Segundo ele, a revolução primordial do sécul o XX fo i essa detc-

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CATOLICISMO, julho 199 l

rioração ela es trutura familiar, como um fenômeno simultâneo e intern amente relacionado com o evanesc imento do conceito de propriedade e a. dessacralização das religiões, trnn sformadas em produtos à la carte. Ressalta. o pensa.dor "o casamento foi sendo

destruído .... quando não mais havia possibilidade de estabelecer um pacto entre patrimônios, porque j á não existia propriedade. Foi uma exacerbação do individualismo. Penso que o mal-estar fundamental de nossa época provém dessa carência de patrimônio e de âmbitofamiliar.firme, pois os homens se sentem desarraigados". E o papel da TV nessa desarticulação familiar não é pequeno.

Nauseantes fetiches Entre as maniícstaçõcs mais característi cas ele inversão dos va lores cm no. sos dias, es tá o culto aos ídolos cio rock símbo l os el as pc rvcrs id ades mora is mais hcclionclas. Faz pouco, a célebre casa ele l e il ões Christie' s, ele Londres, incluiu em seu catálogo um recibo com a assinatura de um desses cantores, fal ec ido há ·m uito. Seu preço: mil dólares. A casa Phillips juntam ent e co m a Christie' s têm posto à venda milhares ele discos originais, fotos autografadas, caI1as, peças ele ro upa e quinqui lh aria desse gênero. Segundo o diretor

da loj a, inves tir em certos objetos ligados ao rock ou ao cinema como um rej eitável cu lto religioso - constitui, hoje, um negóc io mais vantajoso do que colocar dinheiro na caderneta ele poupança.

Fornos de assar crianças O Governo Federal propôs-se a constru ir cinco mil escolas nos moldes ci os CIEP (Centros Integrados ele Educação Popular) do Ri o. A lém di sso, pretende concluir mai s de uma centena deles iniciados na. administração Brizola, vfü·ios dos quais hoje transformados em favelas . Só esta última med ida custari a a.os cofres da U nião 1,3 bi lhão de cruzeiro . ErgucrouIros 2 16 previ stos para se completar o Programa Especia l ele Educação, lançado cm 1983 pelo Govern ador do Ri o ele Janeiro, representa.ria dispêncli de ou tros 2,8 bi lhões . Ao todo, 4, 1 bi lhões ... Em Minas, tentou-se, algum tempo atrás, repetir a experi ência do Rio . O Governo local erg ueu umas 30 CIEPs que passaram a ser conhecidas como ''.for-

'

cs de dólares. Também os setores de bens de capital , consultoria de engenhari a e montagens tinham, até então, cerca de 700 milhões de dólares a receber do setor público. Os inimigos da privati zação, contud o, seguem mais ativ os do que nunca.

Estatais: a quem aproveitam?- II Dentre os 24 órgãos públ icos considerados inúteis pelo Governo - e que tiveram sua liqu idação dccrclada no dia 15 de março de 1990 - apenas três foram ex tintos de fato; 2 1 ainda sobrev ivem, consumindo 53 bilhões de cru zeiros do Erário, no ano passado. Os políticos tran sform aram asestatais e os órgãos públicos em grandes caitóri os eleitorais, fonte ele financiamento de suas campanhas e de empregos para parentes e apaniguados. Ainda há pouco, referi ndo-se ao intento ele "sociali zar" os transportes coleti vos cm São Pau lo, o líder do PT na âmara, Arselino Tatto, afirmou : "a estatização é

uma bandeira sagrada para n6s" !

nos para assa r crianças", pelo calor que provocam noverão. Repetiremos os erros - e gastos - cm âmbito federa l?

Estatais: a quem aproveitam'? - 1 O alol ' das ' mprcsas públi ·us cm relação us pri vadas pross ·g uc. 'o nsiclerando-sc tão-só a cmpr · itc ir as co nfo rm e l evantament o du âmara Brasileira de onstruçao - nos três primeiros meses d ·stc ano, a dívida elas estatais l'cdcra i alçava-se a 3 bilhõ-

Estalais: a <1uem aproveitam ? - Ili 0111 issao

Parlamentar solicitará

,10 Oovcrno um a devassa nas es-

tatai s. 1 •pulados e senadores desejam saber onde se acha o patrim ônio dessas companhias, avaliado oficialmente em 150 bilhões de dólares - isto é, o equivalente à metade do PIB brasileiro. Por sua vez, o Senador José Eduardo Andrade Vi eira (PTBPR) pleiteia, via projeto de lei, o fechamento de toda • qualquer estatal defi citária . Nada indica qu • ll' rllo Gx ito. Toda as es tatais, l' 11110 só a Petrobrás, pare · ' lll i11Ioc v ' is...

Ao participar ela I Jil Romaria da Terra, em Santa Cru z ci o Sul (RS), D . Tomá s Balduíno, Bispo de Go iás V elho, declarou: "sou totalmente a favor da ocupação, na .forma em que os nossos irmãos .fheram", referindo-se às invasões de terras no Estado. A incendiária proclamação parece fazer tábula rasa do direito de propriedade.

Ser proprietário é pecado? Também paiticipante qessa singular " Romaria", D. Orlai1do Dotti , Bi spo de Vacaria (RS), foi além em sua. fúria contra os proprietários de terras. Fu lm inou a sentença: "aquele que tem latifúndio pode ser considerado pecador e pecaminoso [sic]. É um pecado social e ele será cobrado por Deus" . E is aí um modelo de " tol erância" do cl ero " progressista" !

Vandalismo vermelho Especiali stas ru ssos descobriram um acervo com mais de mil obras de arte que o Exército soviético roubou da A lemanha e da E uropa Oriental, nas últimas décadas. Acreditava-se que tinham sido des truíd as durante a G uerra. Telas de Velazquez, E l Greco, Renoir e Monet fi guram entre os achados!

A preço de banana Tão desmorali zado se acha o ofício, que numerosa leva de espiões comuni stas do Leste europeu têm procurado os Govern os oc identais, numa autêntica debandada, oferecendo inform ações em troca ele asil o. Negóc io barato e promissor .. .

Fé comunista Não obstante ter vindo a lume parte dos ho,'rores, misérias e mazelas do comunismo instalado na Rússia e, até há pouco , no Leste europeu., os arraiais da esquerda católica permanecem imutáveis. Não se alteraram os rumos da pregação de tantos eclesiásticos ou leigos "progressistas" . Dentre esses, um acaba de trombetear sua pro.fissão defé comunista. Tal se deu. com Frei Betto, meses atrás, ao proferir palestra no seminário de abertura do 4º Congresso da C UT - Regional da Grande Florianópolis, sob o tema: "A Crise do Socialismo no Leste Europeu.". Reconheceu na ocasião que a esquerda brasileira está numa crise de identidade; porém , não arredou pé ao proclamar: "sou comunista, graças a Deus". O socialismo continua a ser a solução que ele descortina para o Brasil e o mundo. Seu modelo ainda é Cuba comunista!

Naufrágio do "Pravda" Falta de tinta para impressão, inefici ência do servi ço de di stribui ção e até escassez de canetas ... Este o fim inglório do diário comuni sta da URSS, que até aqui só vivia à custa de subsídi os estatais. " Pravda" significa "verdade", em russo. Era bem a hora de chegarm os à verd ade ...ainda que tardiamente.

Devolvendo as carteirinhas ... Só no último ano, o PC sovi ético perdeu l ,8 milhão de membros, princ ipalmente jovens, dec larou o vice-secretário-geral do Partido, Vladimir lvashko. Essa ci fra representa apenas 11 % das baixas reg istradas nos últimos anos. Hoje, fatos como este ai nda são notícia. D entro em breve ...

Cambodge cubano Fidel adm ite: H avana, em razão do desastre econômico que enfrenta, poderá ter em breve "legiões de desempregados" . Sugere, então, deslocamentos mac iços ele trabalhadores para o campo. Os comuni stas cam bodgeanos, na década de 70, executaram pl ano semelhante, que teve como epíl ~go o genocíd io de milhões .. . Farão outra vez?

"Pedalando" a miséria ... Levantamento recente atesta: na C hina comunista só há 4 mil automóveis pertencentes a particulares - isto é, um carro para cada 283 mil habitantes ! A média é bem inferi or à da Etiópia... 0 único "engarrafamento" poss ível é de bicicletas ...

"Teologia" ecológica D. Michael Pf'e!f'er, Bispo de San Angelo (Texas), publicou Pastoral que se apresenta como "Teologia da ecolog ia, ligando a Criação à Redenção ... " . Eis alguns preceitos da li extraídos: - Fechar as torneiras enquanto se escovam os dentes; - Trocar lâmpadas por outras mais.fi·acas; - Re-utilizar latas, sacos plásticos, garrafas; - Não j ogar lixo na rua e recolher qualquer espécie de lixo encontrado no caminho ; - Usar bicicleta (ou caminhar) em lugar do automóvel. Instruções humorísticas? Desvario mental No momento em que a Fé e a moral são vilipendiadas e rejeitadas pelo mundo ocidental ex-cristão, instauram-se outros princípios, em nome de uma nova "religião" ecológ ica, de fundo panteísta. Afirmações aberrantes, como as enunciadas acima, vão ganhando direito de cidadania em ambientes mesmo ditos "católicos" . Que uma Carta Pastoral veicule disparates dessa espécie - eis um sintoma .fi"isante de obscurecimento da razão humana!

CATOLICISMO,julho 1991 - 5


faria, outrora uma das mais altas expressões da austeridade cristã, se torna amorosa e sentimental, a literatura de amor invade todos os países, os excessos do lux o e a conseqüente avidez de lucros se estendem por todas as camadas sociais" ( l). Sublimação do ideal de Cavaleiro

Fundador de Cavalaria Apostólica, baluarte da Contra-Reforma 5º centenário do nascimento de Santo Inácio, o homem providencial, que não só impediu o câncer protestante de alastrar-se por toda a Europa, mas, como verdadeiro estrategista, levou a Fé de Cristo aos lugares mais remotos da Terra Dom Iíii go de Loyola - como se chamava-é um desses grandes lu zeiros da Cristandade. Fez tantas coisas notáveis, merece ser louvado numa tal multiplicidade de aspectos, que quase não se sabe por onde começar e o que dizer, dentro dos limites de um simp les artigo, forçosame nte breve. Percorrendo os pontos culminantes de sua ex istê nc ia, e nquanto "presbítero, confessor ,lundador da Companhia de J esus, ilustre pela sua santidade e milagres, zelosíssimo em espalhar por toda a parte a Religião Católica" (do Martirológio Romano) seria um não mais acabar... Decadência da Cavalaria medieval

Iíiigo nasceu em Loyo la (norte da Espanha, em 1491) de nobre família, aind a jovem entrou como pagem na corte do rei

6 - CATOLICISMO, julho 1991

Fernando V (1452- 1516) de Aragão e Castela. Dotado de temperamento ardente e belicoso, a carre ira das armas logo o seduzi u. Em seu tempo, a tradição da Cavalaria med ieva l ainda era fortíssima. Entretanto, tinha ela passado por uma adulteração em um de seus e lementos mais imporlantes. Conservavam- e ainda os m sm s ri tos de armação e degradação ele um cavaleiro, a varoni lidade e o brilho ex t rno. Contudo, evanescera-se aqu il o que a in stituição tinha de mais essencia l: a ded icação aos interesses sob re naturai s, o serviço ele Deus, de Je. us Cristo, de Nossa Senhora e da anta Igreja. Heroí mo e combatividade já não se voltavam mais para o serviço da Santa Igreja, senão indiretamente, inclinando-

Santo Inácio entrega ao Papa Paulo Ili

a "Summa lnstituti"

se, o mai s das vezes, para ideais que, embora I gítimos, eram ele menor valor, c mo um re i, uma nação. Ou até resva lavam para posições ele alma meramente sentime ntai s, em torno da dama tida como perfe ita etc. A nobre concepção do cavale iro sacral se esva ia, dentro da decadência geral da Idade Média, ass im descrita pelo Prof. P líni o Corrêa de Oliveira:

As diversões se vão tornando mais freqüentes e mais suntuosas. Os homens se preocupam sempre mais com elas. Nos trajes, nas maneiras, na linguagem, na literatura e na arte o anelo crescente por uma vida cheia de deleites da fantasia e dos sentidos vai produzindo progressivas manifestações de sensualidade e moleza. Há umpaulatinodeperecimentoda seriedade e da austeridade dos antigos tempos . Tudo tende ao risonho, ao gracioso, ao festivo. Os corações se desprendem gradualmente do amor ao sacr(ffcio, da verdadeira devoção à Cruz, e das aspirações de santidade e vida eterna. A Cava-

Uma transformação de mentalidade "ao longo do século XV cresce cada vez mais em nitidez. O apetile dos prazeres terrenos se vai transformando em ânsia.

Gravemente fe rido no cerco de Pamplona, na g uerra contra os franceses, ficou D. Iíiigo retido num le ito no Caste lo de Loyola. À falta de romances de cavala.ria, resignou-se em ler a Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos santos. E então, por uma admirável obra da graça, o ideal da Cavalaria, que em nenhum momento se afastara de seu espírito, passou ne le por um a subli mação, retornando a suas raízes. Não propriamente para restaurar o esplendor da antiga cavalaria. Mas, compreendeu D. Iíii go que também a Igreja devia possuir uma milícia espiritual para defender, às ordens do Vigário de Jesus Cristo, os interesses invioláveis de Deus. Assim, concebeu Santo Inácio sua obra em termos estritamente militares. No exército foi e le buscar o termo Companhia para fundar sua Companhia de Jesus. Implantou uma hierarqui a e obediência de insp iração militares, onde o chefe era um General (Geral) e o estilo de apostolado combativo. Era uma espéc ie de Ordem de Cava laria voltada exc lu sivamente para os valores es pirituais, restaurando a idéia de luta pelo Rei dos reis Nosso Senhor Jesus Cri sto - contra o herege, seu inimi go. Aos sacerdotes-guerreiros de sua Ordem não competia o derramamento de sangue, mas o combate através da pregação, atendendo os p~nitentes no confessionári o, aconselhando os reis, fundando esco las e sem inári os, reconquistando o mundo para. Jesus Cristo, em arm as contra os erros da Pseudo-Reforma Protestante. Dessa forma, a Companhi a de Jesus e seu fundador fora m autênticos este ios da ação benéfica efetuada pela ContraReforma.

No di a 25 de março de 1522, prec isame nte três semanas de pois qu e esse "trânsfu ga do sacerdócio e do claustro", que foi Martinho Lute ro, de ixava acidade de Wartbourg, transformando-se no "lugar-tenente de Satanás" - segundo as expressões de D. Guéranger - "na gloriosa noite em que o Verbo se fe z carne, o brilhante soldado dos exércitos do reino católico [Santo In ác io] ....passa em orações [na abadia be ned itina] no Montserrat, em vigília de armas, deixando sobre o altar de Maria sua valente espada" (2). Desta forma, a própria Mãe de Deus armou-o cavaleiro de Cri sto e da Igreja Militante (3). Implacabilidade contra si mesmo

Depois di sso, na gruta de Manresa (Barcelona-Espanha) , praticando as mais austeras pe nitências, Santo Inácio escreve, sob a inspiração de Nossa Senhora, a formidável arma ascética com que há de travar o bom com bate: os Exercícios Espirituai s. Se a sua grande obra foi a criação da Companhia de Jesus, pode-se di zer que não existiri a essa ínclita milícia se não fosse aque le peq ueno livro. Em uma época de orgulho intelectual, de vaidade, de mundani smo, e de revo lta contra a ordem ela sa lvação insta urada por Nosso Senhor Jesus Cri sto, prega Santo Inácio a rude vitória dos homens sobre si mesmos: por me io de uma ascese rigorosa, que leva à e liminação reso luta e minuciosa dos defeitos, ao triunfo sobre o amor próprio, à prática das virtudes e à entrega total à soberana vontade de Deus. E esta disposição de alma, e le a pôs em prática como ninguém, faze ndo da luta implacáve l contra si mesmo o poema de sua própria vida. Foi nesta escola que depois Inácio formo u seus discípulos. Formação de heróis

Fundada a Companh ia de Jes us, foi ele ele ito Geral. Não obstante isso, exercia os mais humildes ofícios com o semblante sempre alegre, mostrando aos seus súditos, que tal era a honra em serv ir a Deus na Companhi a, que qualquer ofício era dignificante se exercido "ad majorem Dei gloriam" (para a maior glória de Deus). Esta era sua divisa e ao mesmo tempo seu brado de combate.

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Certo dia viu Inácio um irmão Outro contemporâneo do Sancoadj utor desempenhando com to, é o célebre jesuíta saboiano, fro uxidão a tarefa de que estava Cláudio Le Jay , miss ionário na incumbido. Aproximou-se dele e Alemanha desde 1542, nação onde perguntou: sofreu verdadeiro martírio por par- A serv iço de quem entrou na te dos hereges protestantes. Companh ia, meu irmão? Devido à sua atuação, a dinas- A servi ço de Deus, reverenti a dos Habsburgos e, mai s ainda, do Padre. a dos Wittelsbach, da Baviera, to- Para quem trabalha neste maram atitude decidida contra o momento? A quem serve? indaga o protestantismo e a favor da Restausanto. ração cató lica no Império da Casa - Trabalho para Deus e é a Ele d' Áustria. a quem sirvo. - Se servi sse aos homens Expansão missionária interrompeu Inácio com ardor e irradiação cultural compreenderi a eu a sua indolência e pouco zelo. Mas , quando se tem a Sob o governo de Santo Inácio, honra imerecida de estar empregadesde 1540 a 1556 - ano em que do no serviço da Divina Majestade, É notável a atuação universal exercida por Santo vem a falacer em Roma - a ComInácio em prol da Igreja no plano panhia de Jesus consolida e expandiante da qual nunca cumpriremos político e diplomático de sua ação mi ss ion á ria . São todos os nossos deveres apesar dos maiores esforços, como se pode não Francisco Xav ier leva a Fé católica lhe dar tudo o que se poss ui de força e sou mancebo, de pouco saber e experiên- até o centro do Japão; outros espa lham-se cia , e este ofício é tido aqui como de pelas ilhas da Oceania, nunca visitadas vontade? (4). por qualquer apóstolo; outros ainda cheAss im se modelam heróis! Nesse es- muita honra .... pírito formou ele um São Francisco Xa"Sou inábil para tão grande encargo, gam ao Industão, ao Brasil, além de ouvier, Apósto lo das Índias; um duque de pois os negócios do Reino são muitos e tros países da América, e à Etiópia. Gândia e "Grande de Espanha", São sobrecarregam o co11fessor, e são tais Abrem-se colégios e universidades em Francisco de Bo,ja; um Beato Inácio de que é quase impossível realizá-los sem toda a Europa, e em Roma os Colég ios Romano e Germânico para a fo rmação de Azevedo e seus 39 companheiros, márti- descontentar a muitos .... res do Brasi l; o Pe. Manoel da Nóbrega e Nem o rei e nem o Príncipe [herdeiro, mi ss ionários. o Beato José de Anchieta, cava leiros Dom João] deveria eu confessar. Nem Dos filhos de Santo Inácio , 27 já foapostólicos da Companhia que evangeli - mesmo andar na corte, onde tenho tantos ram canoni zados e 143 beatificados. 207 zaram o Brasil. parentes e tanta ocasião de retornar às de les têm já inic iado o processo de beaticoisas do mundo. Digo isto de justiça ficação. 1.040 são mártires da Fé católica, Atuação junto a Reis e Imperadores ordinária ; e se a obediência mandar o apostó li ca, romana. Por oca ião das celebrações deste 5º contrário, Deus o manda, e não há outra Na obra evangeli zadora empreendida centenário de seu nascimento, peçamos a coisa senão di zer: Meu coração está por Santo Inácio e seus filhos espirituais, Santo Inácio, que tantos exemplos nos pronto. "(5). é notável a atuação decisiva em prol da deu de lógica e coerência a serviço de Pasquier-Brouet e Afonso Salmeron , Deus, que nos obtenha da Virgem SantísIgreja no plano político e diplomático. primeiros di sc ípul o de Santo Inácio, por sima, Medianeira Universa l de todas as Desde cedo a Companhia de Jesus foi assediada por todos os lados com pedidos de legação papal foram em missão secreta graças, aquelas de que necessitamos para de que ela ass umi sse os mais variados e à Irlanda, então cruelmente opressa por combater os atuai s inimigos da Santa importantes encargo e pirituai , desde a Henrique VIII. Lá, enfrentando mil ri s- Igreja e da Cristandade, como ele combadireção da consc iência dos Prínc ipes à cos, conso laram os católi cos privados de teu os de sua época. criação de escolas para a formação - a seus pastores, despertaram o ânimo da partir da mais tenra idade - de verdadei - resistência às maq uinações protestantes, e somente de ixaram a ilha quando sua Luiz Carlos Azevedo ros católicos. presença foi percebida,o que poderia proA 25 de abril de 1552, por exemplo, da cidade de Lisboa, o nobre fidal go por- vocar represálias contra os habitantes. Notas tuguês, Pe. Luí s Gonzáles de Câmara, Pedro Léfevre, também ele jes uíta da fi lho espiritual e confidente do Santo, prime ira hora, foi enviado à Dieta de 1. " Revo lução e Co ntra-Revolução", Diário elas escreveu-lhe a seguinte carta: Worm s (Alemanha), que seria tão decisi- Le is, São Pau lo, 1982, 2" edição. "Bem pode ser que Sua Alteza [o Rei va para a causa do catoli cismo na Alema- 2. "L' Année Liturg ique", festa ele 3 1 ele j ulho . Cfr. Dom Le febvre, " Missa l Quotidiano e VespeD. João III, de Portuga l] me queira esco- nha; e só não obteve bons resultados em 3. ra l", Abbaye ele S. André, Bru ges, 1950. lher para seu co11fessor. Peço a Vossa sua atuação devido à corrupção interna do 4.C fr. J.M .S. Daurignac, "Sa mo Inácio de Loyo/o", Paternidade queira ver bem isso, pois eu clero naquela região. Apostolado ela Imprensa , Porto, 1937 , 3" edição.

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s peixes "chegavam lit:ralme_nte a encos: ta, a boca - e quase o mesmo se diria, também , do olho - na placa de vidro. Mas tudo quanto se passasse para além dessa deixava o peixe insensível: mão encostada no vidro , gesticulação com os dedos, p erc ussão na chapa, nada disso lhe causava a menor sensação. O mundo podia ruir fora do aquário sem que o peixe desse importância ao fato, desde que dentro do seu pequeno mundo líquido nada sucedesse" (Plínio Corrêa de Oliveira, "Folha de S.Paulo", 30-9-82). Também as esquerdas de nosso País - inclusive as eclesiásticas - vivem num aquário. A realidade externa não as impressiona. Elas têm as suas palavras de ordem, os seus livros, os seus "dogmas" ateus. Que fazer com esse trambolho, chamado reaLidade objetiva? Um dos "dogmas ateus" mais renitentes diz respeito ao povo. Os teóricos já definiram o que o povo pensa. Este, nada tem a ver com o caso. Que não se intrometa... Aconteceu por exemplo que, no início do mês de junho p.p., a TV Globo resolveu aumentar o "apelo popular" de seu Jomal Nacional. Além de canegar na imoraLidade, "abria com chamada para reportagens policiais", "mostrava 'closes' de imagens agressivas. Mostrou, por exemplo, a jovem atingida com ácido pelo namorado" ("Folha de S. Paulo", 25-6-91). Como o povo não é o que se pensa no "aquário", a audiência despencou. E em menos de um mês, a "Globo" resolveu renw1ciar ao tal "maior apelo popular" para tentar recuperar seu público (ibidem). DeLiciosa contradição! A imoral idade, entretanto, continua. W eLizmente - dizemos isto com todo respeito - muitos setores eclesiásticos também se encontram em situação semelhante. O resultado é que elaboram táticas para atrair um povo que, se existe, não é seguramente o brasileiro. O desfecho é semelhante ao da "Globo": o público desaparece. Para a TFP, a realidade mesmo amarga, talvez sobretudo se amarga, tem de ser vista

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cheirismo esquerdizante pelo povo salta logo aos olhos. Leio logo na primeira página: "Uma senhora, 30 anos aproximadamente, classe média baixa, depois de lhe ser dito que a Igreja passa por uma crise, concluiu: A Igreja está muito mudada, meus fiU1os estão no catecismo e não sabem nada. No finaleu é que tenho de ensinm·. Quando era pequena, uma das primeiras coisas que aprendi na aula de catecismo foi fazer o sinal da Cruz. Hoje nem isso eles explicm11". Vou adiante: Cidade "x": Celebração litúrgica ultra-avm1çada. Várias pessoas se retiraram durante a Missa. Um disse: "Com esse padre não dá pm·a fiem·". Cidade "y": Um Sacerdote aforna: "O povo quer é saber de Nossa Senhora.... Como a cidade aqui é pequena e afastada, posso trabalhar em paz. Rezo o terço todos os dias com a comunidade e faço outros trabalhos de que o povo gosta. Não adim1ta vir com essa história de Teologia da Libe,tação". Uma senhora de 60 anos aproximadamente, classe baixa, diz: "Quanta saudade! Antigamente a gente não entendia, mas tinha Fé. Hoje se entende, eu pm·ticulan11ente tenho Fé, mas qum1do saio [da Igreja] a tranqüilidade e a paz de alma que tinha acabou. Vai-se initada à igreja e se volta pior". Não há espaço para continuar. Pm·o na página 9. As restm1tes, centenas de páginas, vão no mesmo sentido. O queoscaravanistasda TFP vêem, qualquer pessoa vê. Por isso, termino com o Prof Plinio Corrêa ele Oliveira: "Assim como me vinha , ante o aquário, a vontade.felizmente contida, de praticar um orifício no vidro, meter através dele meu dedo indicador, e tocar no peixe para lhefazer sentir ao vivo a realidade desse mundo externo em que eu estava, e que ele, com tão ininteligente desdém, ignorava, assim também tenho vontade de furar não sei que 'vidros' atrás dos quais vivem ind(f'erentes ao mundo externo, e encaixados exclusivamente em seu mundo espec(fico, alguns 'peixes' do mundo hodierno".

No Aquário por inteiro, sem torções, exatamente como é. Ainda que doa. Por isso, já há décadas, entre outros modos de aferir o que objetivamente ·e passa, funciona um sistema centrado nas suas caravanas permanentes. Ao longo dos 4,5 milhões de km. de Brasi l que já percorreram, a par de sua finalidade de propaganda, que é a principal, f~ram sendo feitas observações concretas: local, época, idade e classe social da pessoa abordada, e o que cada w11a diz. São as chm11adas "repercussões". Estas são enviadas para uma central que as processa. E com isso se sabe o que se passa no nosso imenso e diversificado País. Tenho em mãos um maço dessas observações fe itas "in loco". A rejeição do popula-

Leo Daniele

CATOLJ CISMO, julho 1991 -9


tura e a civilização coerentes com este tipo humano, j á eram os legítimos precursores do homem ganancioso, sensual, laico e pragm.ático de nossos dias, da cultura e da civilização materialistas em que cada vez mais vamos imergindo" ( l). Foi no próprio foco do Humanismo e do neopaganismo renascenti sta, o norte da Itá lia, que São Luís nasceu.

RADICALISMO NA PUREZA Principado e virgindade: binômio característico da santidade que iluminou uma época e repudiou o neopaganismo renascentista

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Príncipe do Sacro Império

A

vida de São Luís Gonzaga (1568 - 1591) - c ujo 4º centenário de morte se comemorou a 2 1 de junho - prov anos à saciedade sua infl ex ibi lidade nos princípios. Traçando breve resumo de sua ex istênc ia, foca lizaremo s es pec ia lm e nt e sua radicalidade na prática da virtude da castidade. O exemplo extraordi nário que e le nos deixo u nesse terreno foi determinante para que a Santa Igreja o proclamasse Patrono da juventude. Radical provém do latim radix, radieis , que se traduz por raiz. Dessa forma, radical é aque le que defe nde seus princípios até a raiz, ou sej a, até seus fundamentos ma is profundos. Tratando-se de princípios inequivocamente verdadeiros, isto é, os da doutrina cató lica, devemos ser radicais, infl ex íve is . Pois do contrário facilmente cairemos no re lativi smo e ren unciaremos à Fé. Os santos são mode los perfe itos do cató lico. E todo santo necessariamente é radical. Basta percorrermos a História da Igreja para constata r que os santos defenderam os princípios católicos até as últimas conseqüênc ias .

Itália renascentista No século XVI, o Humanismo e a Renascença atingiam seu clímax, levando os homens para a sensualidade e a moleza. "O tipo humano, inspirado nos moralistas pagãos, que aqueles movim entos in troduziram como ideal na Europa, bem como a cu/-

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São Luís Gonzaga aos 17 anos de idade. Quadro a óleo de autor desconhecido - Capela de São Luiz, Colégio Romano

A pequena cidade de Castig lione, situada próx ima a Veneza, teve a g lória de ser o berço de São Luís. Seu pai, Dom Fernando Gonzaga, era marquês e príncipe do Sacro Império Romano Alemão. Militar, como todo o nobre, D. Fernando qui s de Luís, seu primogênito, que segui sse a carre ira das armas. Assim , levava o menino aos acam pamentos para se habitu ar à vicia de guerra.

viver na corte do g rande Fe li pe 11, como pagem de D. Diego, fi lho do monarca e herde iro do trono . E m 1581 , com a morte do Cardea l D. Henrique, re i de Portuga l, Fe lipe II apo iando-se em direitos que teria sua pri me ira esposa, o~Mari a - para lá se dirig iu e anexou a nobre nação lusa aos seus domínios. Regressando o Re i à Espanha, o honroso encargo de saudá-lo, no dia de s ua so lene e ntrada na capital, foi confiado a Luís, que tinha apenas qu inze anos. Falando em latim, nosso santo louvou as virtudes cio Re i e s uas vitórias contra os maometanos, sa lientando de modo especial a justiça de suas e mpresas militares (2).

Vocação para a Companhia de Jesus

Voltando a Castigli one, L uís resolve entrar para a Companhi a de Jesus, que Voto de virgindade havia sido fund ada por Santo Inácio de Loyola em 1540. Mas, a lém de militar, o nobre dev ia Levaram-no a essa esco lha, diversas ser também um homem de sa lão, isto é, razões: saber conversar, dançar, ter boas manei- na Companhi a notava ele o vigor e ras. E, para isso, era necessário ter c ultu- pureza primeiros do espírito reli g ioso; ra. - fazia-se o voto de não pretender Com tal objetivo, tendo Luís ape nas dignidade ecles iástica; e não a aceitar, nove anos, o pai o enviou à bela c idade exceto se fosse por ordem cio Sumo Ponde Florença, onde freqüentou a corte do tífice; duque de Toscana, até a idade de doze - dedicav a-se e la espec ia lmente à anos. formação da juventude, inA vicia ele corte estava cutindo-lhe amor à pureza; então - po r efe ito da Re- oc upava-se particuSão Luís nasce nça - impregnada de larmente cio combate às helouvou as fr ivo lidad es. As músicas, resias e à conversão dos paas danças, os trajes já congãos nas Índi as, no Japão e virtudes de tinham co notações senno Mundo Novo (3). Felipe li e suas sua is. Luís, entretanto, não se vitórias contra Oposição paterna deixou leva r pe lo ambi ente. Sentindo-se chamado para O grande desejo de D. os altíss ima vocação, tomou Fern ando era que seu primaometanos, uma atitude radical: d iante mogê nito lhe sucedesse, d e um belo quadro da co mo marquês de Casti salientando de Anunciação de Nossa Seglio~e. Assim, fi cou e le fu modo especial riosíssimo com o ped ido de nhora, fez voto perpétuo de v irg indade. Luís para entrar na Compaa justiça de nhia. Na corte de Felipe li Entretanto, não consesuas guindo demover o fi I ho, reempresas Aos treze anos, Luís vai comendo u-1he que se torpara Maclri, onde passa a nasse padre sec ul a r, o u militares

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UM SANTO FALA SOBRE OUTRO SANTO

* Estando São Luís Gonzaga ainda vivo, o Cardeal e Doutor da Igreja São Roberto Belarm ino , seu confessor, afirmou numa conferência: "Em todos os tempos [Deus] mantém em Sua Igreja alguns santos confirmados em graça, enquanto vivem; e acrescentou: Tenho para mim que um destes confirmados em graça é nosso irmão Luís Gonzaga, porque conheço tudo o que se passa em sua alma" (l ). * Em carta ao Pe. Virgílio Cepari, datada de 17 de outubro de 1601 , escreveu o mesmo São Roberto Belarmino: "Atendi em confissão, durante muito tempo, o nosso caro e muito santo Luís Gonzaga. Ouvi até uma confissão geral de toda sua vida. "Ele ajudava minha missa e gostava de conversarfreqüentemente comigo sobre as coisas de Deus. De acordo com.suas confissões e com essas conversas, creio poder ajtrmar, em toda a verdade, o seguinte:.... "Ele jamais cometeu pecado mortal; .. .foi um modelo de obediência, humildade, mortificação, abstinência, prudência, devoção e pureza . .... "Tenho para mim que [ele]foi direto ao Céu, e sempre tive escrúpulo de rezar para sua alrna, parecendo-me que fazia injúria à graça de Deus que reconheci nela ; e pelo contrário jamais tive escrúpulo de encomendarme a ele, porque tenho g rande confiança em suas orações" (2 ). 1. Pe. Virgíl io Cepar i SJ, op.c it. , pp 13-14. 2. ld., pp. 242-243.

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mesmo rei igioso de qualquer o1·dem, mas não da Companhi a de Jesus. Esperava, dessa forma , obter posteriormente para Luís altos cargos na Igreja. Luís não se deixou dobrar pela oposição do pai. Tanto insistiu que conseguiu sua autorização, e, com dezessete _anos, entrou para a Companh ia ele Jesus, em Roma. Seis anos mais tarde, ating ido pela peste que dizimava a Cidade Eterna, fa leceu aos vinte e três anos de idade.

Modelo de pureza

Jogos, palavrões, olhares

Quando criança, participava ele com outros meninos do jogo das prendas. Che-

se. E nunca mais tomou parte em diversões do gêne ro. Tendo apenas cinco anos, o pai o levou a um acampamento, a fim de acostumar-se à vida militar. Ali, ouv iu palavrões sem conhecer seu significado. Voltando para o castelo, Luís repetiu essas expressões diante de seu mestre, que o repreendeu com energia. Luís ficou de tal modo envergonhado, que não só nunca mais as repetiu, mas sempre considerou ser essa a maior fa lta que cometera, pela qual chorará e fará penitência durante toda a vida. Sempre evitava fa lar com mulheres, e nem mesmo as olhava. "Luís fe z o propósito de nunca olhar para o rosto de uma mulher, nem mesmo para a marquesa, sua mãe. Ele nunca permitiu que seu criado de quarto o ajudasse a vestir-se, e seu pudor era tão grande que ele não lhe deixava nem mesmo ver a ponta de seus pés nus" (4).

Se São Bernardo espelha particularmente a contemplação, São Francisco ele Assis a pobreza, São Luís Gonzaga é o modelo da pureza. Um importante meio para não sermos arrastados pelas torrentes de impureza que, em nossa época, inundam toda a terra, consiste na admiração da virtude da castidade. Não só da virtude em tese, mas praticada concretamente por aqueles lncrepação a um que, por amor de Deus , a sexagenário levaram ao pináculo. Para faci litar essa admiração, narraremos alEstando Luís com deguns exemplos que moszesseis anos de idade, o tram o altíssimo grau de pai ordenou-lhe que visipureza cio Santo. Não são tasse todos os grandes noe les fac ilm ente combres da Itália. preensíveis, neste mundo Em Turim, Luís conem que a castidade setorversava com vários cavanou uma virtude não apeleiros jovens. Entre eles nas esquecida mas abohavia porém um de sesminada. E contra os que senta anos, o qua l comea praticam se maneja haçou a proferir imoralidaRezando diante da milagrosa imagem de Nossa Senhora do Bom bilmente a arma do ridídes . Conselho, na igreja do Colégio Imperial de Madri, o Santo sentiu culo ou então se procura Indignado, Luís vol o chamado para entrar na Companhia de Jesus relegá-los à categoria dos tou-se para ele e disse-lhe: doentes. No fundo, é a "Não fica envergonhado inveja que o impuro voto ao puro. É des- gando sua vez, mandaram-lhe beijar a um velho, da categoria de Vossa Senhoprezando esses vitupérios, e colocando- sombra de uma menina, projetada num ria, tratar estas coisas com estes cavaleinos bem na perspectiva da santidade, que muro. Com a clara noção que possuía dos ros moços aqui presentes? Este é um compreenderemos melhor os exemplos cuidados que ex ige a prática ela castidade gravíssimo escândalo e mau exemplo". E perfeita, Luís ficou indignado e retirou- retirou-se do salão. abaixo.

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Dona Marta Tana, Marquesa de Castiglione, mãe do Santo

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D. Ferrante, Marquês de Castiglione e Príncipe do Sacro Império Romano Alemão, pai do Santo Glória imortal O pai de São Luís fez grande oposição a que seguisse sua vocação, pois o queria conservar para fazer brilhar o nome da família. O que aconteceu com os Gonzaga? O caste lo de Castig li one foi destruído em l 706. E o último dos Gonzaga morreu em 1807. Se não fosse São Luís, os Gonzaga nem seriam hoje conhecidos pelo grande púb li co. Podemos tirar desses fatos uma importante lição: a verdadeira glória não provém da fortuna, da c ultura, do prestígio, embora tais fatores possam ser legiti mamente adquiridos e, conforme o caso, até ajudar a prática das virtudes. A verdadeira glória reside na santidade! Um santo cano-

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nizado é cultuado pela Igreja em todo o mundo, e em todos os tempos, tenha e le sido rico ou pobre, nobre ou plebeu, c ulto ou ignorante.

São Luís Gonzaga fo i béatificado em 1605 e canoni zado em 1726.

Paulo Francisco Martos

Parte exterior do solar dos Gonzaga (Castelo di Corte), em Mâncha (Itália)

Agradecemos ao Dr. Júlio César Paraguassu, Juiz-de-Direito, Titula r da 15ª Vara de Família da cidade do Rio de Janeiro, o valioso subsídio que nos ofereceu para a elaboração deste artigo.

Notas 1. Plíni o Corrêa de O li veira, Re volução e Co111ra-Revolução, Diário elas Le is, São Pa ul o, 1982, 2". ecl., p. 19. 2. C fr . Pe. M. Meschler SJ , S. Luís Gonzaga - Protector da .Juventude Cristã, Livraria Aposto lado da Imprensa, Porto, 1953, 2". ecl. 3. Cfr. Pe. Virg ílio Cepari SJ, Vida de San Luis Gonzaga - Patrono de la .luventud, Einsiecleln , Benzinger & Co., Nova Iorque, 189 1. O Pe. Cepari foi contemporâneo de São Luís Gonzaga . 4. Vie eles Sairlls illustrées pour tous /es jours de/' année, mai -juin , Mai son ele la Bon ne Presse, Paris

CATOLICISMO,ju lho 1991-13


PENA DE MORTE NO BRASIL -91

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A solução criteriosa da questão -pena de morte no Brasil de hoje? - supõe conhecimento doutrinário e avaliação correta da opinião pública

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Soldado soviético investe contra a janela de um patriota, na República da Geórgia: é isso perestroika?

Apoteose de escárnio e cinismo A Lituânia é, mais uma vez, vítima da insensibilidade Ocidental

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o dia 4 de junho passado a imprensa apresentou quatro notícias intimamente relacionadas : - Vyta utas L andsbe rg is de nun c ia novo ataque das hostes vermelhas de Gorbachev à pequena, heróica e indomável Litu ânia , as qu a is ce rcam o baluarte da res istência: o Parlamento lituano; - Bush autori za linha de créditos à URSS para aqui sição de cereais norte-americanos, suspensa por ocasião do massacre soviéti co na Lituânia, em janeiro pp.; - O relatóri o cínico do procurador geral da URSS , Nikol ai Trubin , sobre o massacre de janeiro na Lituânia; - E, por fim , a entrega do prêmio Nobel da Paz a Gorbachev.

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As cenas trág icas vistas pelo mundo inteiro - laga rtas dos tanques russos esmagando pessoas indefesas na Lituânia - jamais se apagarão da memória dos que têm entranhas humanas. Entretanto, para o camarada (perdoe-me, leitor, o arcaísmo) Trubin , foi o povo litu ano que ataco u os indefesos e gentis soldados e tanques soviéti cos ... , os quais apenas queriam, manu mi-

litari, restaurar a "ordem" soviética naquela " província" da U RSS ... O camarada Trubin relata, inspirado no melhor estilo stalini sta (releve-me, leitor, este outro arcaísmo), que os bons "soldados, embora armados com balas de verdade , não atiraram conlra os civis, nem os perseguiram com seus Ianques, e que não há provas de que eles sejam responsáveis pelas mor!es" ("Jornal do Bras il ", 4-6-9 1). É verdade que o mundo horrori zado viu tanques passando por cima de pessoas na Lituâni a. Quem mandou os lituanos não res istirem ao peso dos tanques e ao ímpeto das balas soviéticas? Alguém ousa contestar a '-'hi stória oficial "do Kremlin?! "O Parlamento da Lituânia f oi cercado por tropas de Moscou, que detiveram os guardas locais, disse o Presidente lituano Vy1autas Landsbergis" ("Folha de S. Paulo", 4-6-9 1). Class ificadas cu fcm isticamente por Moscou como "manobras normais", elas consistem na movimentação de "tropas soviéticas com veículos blindados perto dos principais prédios governamentais em Vi/na" pedindo( !) aos passantes documentos de identidade (ld. , ib.). Como se vê, nada mais " normal" do que isso ... Talvez os soviéticos julgassem mais apropri ado repetir

o massacre de janeiro, faze ndo com que o gemido de um povo servi sse de fund o musical à apoteose de escárnio do sécul o XX - a entrega do Prêmio Nobel da Paz a Mikhail Sergueie vitch Gorbachev... Como se não bas tasse isso, no mesmo dia em que a im prensa reg istrava tais desvarios, outro fa to vinha acrescentar-se a estes, somando, por assim di zer, ao escárnio o cini smo: Em dezembro de 1990, o presidente Bush suspendia a anteri or interdição de li nhas de créditos à União Soviética para a importação de cereais norte-americanos . Em jane iro, devido ao massacre ordenado pelo Kremlin na Lituânia, Bush vetara a continuidade dos c réditos, permitindo apenas o embarque do que já fora negoc iado. Numa singul ar co incidência, no mesmo dia de junho em que recrudescia a perseguição sov iética na Li tuânia, Bush autori zava novamente a linha de créditos à URSS por mais seis meses ! Nesse ínterim , face iro como sempre, certo de contar com o apoio incondicional do Ocidente, Go rbachev va i receber seu "justo prêmio de pac ificador" ... É ve rdadeiramente comovente .. . Até onde irão a cegueira e a insensibilidade ocidentais?

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diálogo que apresentamos a seg uir reflete be m a candênc ia do te ma e m nosso P aís: - Com a assombrosa e xpansão da criminalidade no Bras il de hoje, a única forma de solucionar esse proble ma é a adoção da pena de morte. Se e la não vie r, o povo fará a justiça pe las própri as mãos, como já vem sucede ndo na séri e de linchamentos recentes de bandidos, especia lmente na Bahia! - Pois se isso acontecer, assistiremos ainda a maiores inju stiças ! Quem pode rá conceder a um home m - mesmo que e le exerça um cargo público e re presente o Estado - o direito de elimina r a vida de um semelhante? Se e la provém de De us, só o C ri ador tem a fac uldade de tirá- la. - M as, sendo a autoridade legítima representante de De us na Terra, em casos muito espec iai s ela só defenderá ple name nte a sociedade que governa, condenando à morte certos malfeitores. Caso contrá rio, a delinqüê ncia chegará ao ponto de desagregar uma sociedade. É o que já esta mos ve ndo no Brasil. .. - Di scordo. Nunca o Pode r Públi co te rá o direito de eliminar vidas huma nas, porque ele é falíve l. E ass im e ndo, ha verá o ri sco de conde nar inocentes à morte. E aplicadas as sentenças, serão cometidos e rros e injustiças irrepará veis. A morte é inape lável!

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T al de bate pode ri a prosseguir inte rminame nte, apresentando cada um desses conte ndores a rgumentos (o u sofi smas) que impress ionariam os es píritos, dividindo os alunos de uma classe, os ass iste ntes de um d e bate te le vi s ivo , o s membros de uma famíli a, os colegas de um escritó rio de advocacia, de engenha-

ri a e tc. E não é isso o que estamos presenciando mais ou menos de todos os lados? No entanto, são muito poucos aqueles que tomam em re lação ao tema uma posição solidam e nte fundam e ntad a do ponto de vista doutrinário; e prud e nte e e quilibrad a, quando se trata de aplicar os princípios doutriná rios ao caso concreto do Brasil de

91. O di álogo fi g urado no iníc io deste arti go é um e xe mplo de di sc ussão e m te rmos mal colocados, que e xprime m um falso dilema. Sim , porque as posições dos de batedores não correspondem ao ponto de equilíbrio necessário pa ra uma ve rdade ira solução do probl ema. Ponto de equilíbrio que e xige o conhecime nto de princípios verdade iros, baseados na razão e na Lei moral na tura l; m as c uj a a pli cação reque r també m um conhec imento inte irame nte objetivo, desapa ixonado, em suma, reali sta das co ndi çõ es da s o c ie d ade brasile ira atual , com todas as s uas caracte rísticas e debilidades. D o ponto de vi sta doutriná rio, é lícita cl pena de mo rte, cabe ndo à autoridade legítima e compe te nte aplicá- la, e m casos de de litos especiais e partic ularme nte infa ma ntes, a fim de restaurar a ordem jurídica vio lada e visando a defesa do bem comum da sociedade. A doutrina católica, e xpressa pe los

grandes Doutores da Igreja, é clara nesse sentido, como o declara São Tomás de Aquino, o Doutor Comum: "Se algum homem é p erigoso à sociedade e a corrompe com algum delito, é lou vável e salutar tirar-lhe a vida para a conservação do bem comum" (Sum a T eológ ica, 2a-2ae, q. 64, art. 2). Por conseg uinte , não têm ra zão aqueles que reje itam a pena de morte e m toda e qualquer circunstância, considerando-a i Iícita do ponto de vi sta moral. O be m comum da soc iedade, e m de te rminado s casos, de ve primar sobre o bem individual - a vida do de1inqüente - poi s a parte de ve se subordinar ao todo. E o bem individual te m a razão de parte e m re lação ao be m comum, o qual pode se r comparado ao todo. M as e ntão, esta rá com a razão aquele de batedor que propõe a adoção da pena ca pital, no atual contex to brasil e iro? Nossa res pos ta é : na medida em que esse conte ndor defende a liceidade da pe na de morte teoricamente, s ua posição é certa. M as, qua ndo e le, na práti ca, que r aplicar a pe na capital no Bras il - 9 1, e le e rra. Po r quê? E m nossa Pátria, nos di as de hoje, é notório que a opinião pública está suje ita a fortes pressões de inte resses econômicos escusos ou

C ATOLI CISMO, julho 1991 -

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a pai xoes políticas destemperadas. Ora, tais fato res - qu e re ve la m uma ponderável debili dade da razão e da mora1id ade no públi co e m geral - podem mesmo se di spor a arrastar a po1ícia e o Poder Judi ciário a unilate ralidad es de todo gênero. E quando esta é a situação de f ato, a adoção da pena de morte torna-se mui to arri scad a. É a virtud e d a prud ência que fornece, então, e lementos para se julgar preferíve l não se adotar esse rec urso penal ex tremo, pois os males que ele trará podem ser maiores do que as desvantagens de não se contar com a pena cap ital em nossa legislação.

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Aumenta a delinqüência no País; pena de morte: remédio mais adequado?

Ensino prejudicado Divórcio, televisão, calculadoras, métodos revolucionários de ensino,fatores de mau aproveitamento nos estudos "Nossos estudantes fo ram realmente e xcepcionais e nos orgulhamos de les !", foi a exc lamação de Wayne Sanstead, superintendente das escolas do Estado de North Dakota, nos-Estados Unidos, após recente e ampl a pesquisa (Ava li ação Nacio nal do Prog resso da Educação em 1990). Houve surp resas nos resultados. Calc uladoras, computadores, métodos revo1uc io ná ri os de e ns in o ti ve ram co mo resultado o fracasso ! Em Estados como os de North Dakota, Montana, Iowa e Nebraska, utili zando métodos tradicionais de ensino, os alunos tiveram sucesso nas sa las de aul a, ao contrário do q ue ocorreu, por exemplo, na Ca lifórni a e no

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ONDE FICA ''0 FIM''?

Restaurante italiano Almoço e jantar

CATO LICISMO, julho 199 1

Texas, onde ho uve mudanças rad icais nos sistemas de aprendi zagem. Ta l res ul tado se to rnou patente, sobretudo, no teste de matemáti ca. Os estudantes com me lhores class ificações foram os que empregam habi tualmente mais tempo reso lve ndo proble mas de li vros de exercício para estudo individual, sem uso de calcul adoras o u computadores. Aqueles cujo ensino ex ige menos exercícios e cá lcul os, fac ilita o uso de máquinas e incentiva o estudo em comum , com di scu são dos conceitos matemáticos, fora m os que obtiveram pi ores notas . Mas a pesquisa não se limitou ao âmbito estri tamente escolar, já q ue incluiu outros fato res importantes, como hábi tos soc iais, comportamentos de alunos e pro-

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Computadores, um dos fatores demau aproveitamento nos estudos

fesso res fora das salas de aula, dados fa mili ares etc. No vas e signifi cativas conclusões: Estados como No rth Dakota ou Mo ntana, onde os alunos obtiveram me lhores resul tados, têm alta percentagem de fa míli as bem consti tuídas, com os do is cônjuges vivendo juntos; nos lai·es há mais hábito de le itura de jo rnais e livros, e as pessoas vêem me nos horas de televisão. Por isso o já mencionado Wayne Sanstead concluiu a propós ito do exce lente aproveitamento dos aiunos de seu Estado: "A lgo di sso é resul tado do vigor da fa míli a".

Isto aconteceu no Rio e foi noticiado pela imprensa . Numa via expressa, um auto bateu num carrinho de supermercado e atirou ao chão o menino que o levava. O veículo parou e seu motorista desceu. Até aqui, tudo se passou como se poderia prever e esperar . A seguir, deu-se o inimaginável. O homem olhou atentamente para a criança, certificando - se de que ela estava, realmente, sem sentidos. Com movimentos rápidos, transferiu para seu automóvel o conteúdo do carrinho e arrancou a toda velocidade . O atropelador não apenas não presta socorro algum à sua pequena vítima, como ainda rouba as mercadorias, num ato em que rapina, crueldade e cinismo vão de par . Comentando este caso mons truoso com várias pessoas, todas se horrorizaram . São casos raros assim esperamos! - mas simbólicos de uma situação . Uma senhora disse : isto é o fim! Um comentário que parecia definitivo .

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be: trata-se de seres humanos plenos, desde o primeiro instante da concepção. Não há condições de escapar ao paralelo. Então, vejamos . No caso do atropelamente se tratava de alguém de pouca idade. No do nascituro, as razões se reforçam. O atropelador devia proteção e bondade ao menino . Em um aborto, trata-se da própria

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Mas não, infelizmente isto ainda não é "o fim" . Que um estranho faça isso, toca à monstruosidade . Podese imaginar que uma mãe o faça? A mãe da própria v í tima? Que não só não socorra o menino, mas aproveitando - se de sua condição de mãe, o estrangule? Pois não há como escapar, o aborto é isto . Esta comparação pode, talvez, irritar algum abortista. Vão dizer, possivelmente, que a mulher tem direito sobre seu próprio corpo, deduzindo daí que podem negar o mesmís simo direito aos nascituros. Poderão afirmar que estes ainda não são seres humanos , enquanto a ciência "de ponta" confirma o que sempre se sou-

forte que ao amor filial . Por que deve alguém chocar - se com o fato de que um filho mate a mãe, mas não qn a mãe faça o mesmo com o fruto de suas entranhas? Para o atropelador tudo aconteceu de repente. Mas quem aborta comete um crime preme ditado. Com hora marcada e cúmplices, e talvez anestesia . .. para a abortante. Alguém dirá: pelo menos, quem pratica o aborto não rouba . Sim, não rouba, mas busca pelo aborto seu próprio interesse, sua própria como didade, exatamente o mesmo que o homem da via expressa procurava pelo roubo. O que um procura pelo furto, outra o faz pelo assassinato . Se a algum católico isto pode parecer por demais forte , recordamos que recentemente o Vaticano reafirmou que " estão automaticamente excomungados" todos os católicos que, de algum modo, provocarem "a morte do nascituro", não importando o método utilizado ou estágio de gravidez . Não foi no século passado, mas no dia 25 de novembro último que a Santa Sé emitiu esta declaração .

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mãe , esta palavra que representa tudo o que o gênero humano dest i lou de mais extremo em bondade e proteção. O atropel ador se aproveitou de que sua vítima se encontrava i ndefesa . No aborto, é o que acontece . Imaginemos que um homem de 25 anos bata e por fim mate sua mãe. Aqui, é a situação inversa que temos . Só que a natureza conferiu ao amor materno uma ênfase ainda mais

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Caro leitor, um grande embate se aproxima, pois o Congresso está atapetado de pro jetos abortistas. Como avivar o senso moral da sociedade? Não é tão difí cil. Por mais poderosos que sejam os meios de comunicação soci al, a sociedade humana é feita de tal modo que ainda não conseguiram, e nunca conseguirão, inventar nada de eficácia comparável à conversa. Assim sendo, é preciso continuar insistindo no estribilha: não fique indife rente, mas . .. .. . Come n te , come nt e

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QUATRO ENTREVISTAS,

QUATRO POSIÇOES

CLARAS E COERENTES Em recentes declarações à imprensa~ o Presidente do Conselho Nacional da TFP, Prof Plínio Corrêa de Oliveira, tomou categórica atitude em face de temas candentes. Alguns deles, estão entregues ao debate no Congresso Nacional.

JOGOS DE AZAR "A experiência prova que os jogos de azar, e notadamente a roleta, fascinam. E freqüentemente a tal ponto que arrastam os jogadores pela via das mais extremas temeridades. Na ponta desta encontra-se a ruína . E não raras vezes a ruína se apresenta, desde logo, de braços dados com o suicídio" ("Folha da Tarde", São Paulo, 8-5-91; " A Tribuna", São Carlos (SP), 16-5-91; "Tribuna de São José", São José dos Pinhais (PR) , 21/22-5-91; "Jornal da Mantiqueira", Poços de Caldas (MG) , 22-591; "O Pedritense", Dom Pedrito (RS), 24-5-91; "Tribu na Popular", Jardim (MS), 6-6-91 ; "O Taquaryense", Taquari (RS), 8-6-91; "Shopping News do Grande ABC", São Bernardo do Campo (SP), 9-6-91; "Jornal Independente", Campo Grande (MS), 13-6-91).

/ 8-CATOLICISMO,j ulho 1991

0ABORTO "No atual debate acerca da ampliação do número de casos em que a lei permite o aborto, minha posição jamais variou: sempre fui e sou contrário a qualquer forma de aborto. "Com efeito, imagine-se um projeto de lei dotando os pais do direito de matar seus filhos nas primeiras 24 horas de vida deste: o projeto naufragaria em meio a um clamor gera l de indignação. Falar-se-ia da matança dos inocentes etc. E a justo título. " Que crim e cometeu o nascituro para que se lhe possa tirar o direito à vida até o momento em que tenha nascido, tratando-o em certos casos, como um delinqüente, de maneira que, só depois de nascer é cercado do carinho geral, aclamado como um bebê encantador e amparado pela proteção legal, em todo e qualquer caso?" ("A Cidade", Campos (RJ), 1-6-91; "Tribuna de São José'',São José dos Pinhais (PR), 1-691; "Tribuna Popular", Jardim (MS)

6-6-91; "Jornal de Pirajuí", (SP), 16-69 1).

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destruído o ambiente, e o próprio psicopata faz o vazio em torno de si. "Dar a esses infelizes a liberdade de se meterem em toda a parte importa em, por piedade para com eles, aumentar incalculavelme nte o número dos outros infeli zes, para os quais a simples presença de um psicopata pode destruir a tranqüilidade de um lar, a normalidade de uma instituição de ensino e ass im por diante. "Afirmá-lo importa em dizer quanto discordo do projeto de lei 3.657 /89 do deputado Paulo Delgado, atualmente em debate no Senado Federal, que prevê a extinção progressiva dos manicômios do País e confere ao doente o direito de so licitar uma reavaliação do motivo de sua internação" ("A Tribuna", São Carlos (SP), 22-5-91; "A Cidade", Campos (RJ), 25-5-91; "Jornal da Mantiqueira", Poços de Caldas (MG), 28-5-91; "Diário do Grande ABC", Santo André (SP), 1-6-91; "Folha de S. Paulo", 5-6-91; 'Tribuna Popular", Jardim (MS), 6-6-91; "Jornal de Brasilia", 7-6-91; "Timbauba Jornal", Timbauba (PE), 8-6-91; "Shopping

News do Grande ABC", São Bernardo do Campo (SP), 9-6-91, "Jornal Independente", Campo Grande (MS), 13-69 J; "Tribuna da Tarde", Juiz de Fora (MG), 20-6-91.

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ti) CHURRASCARIA EPIZZARIA

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NAÇOES BÁLTICAS

Recentemente, o governo brasileiro afirmou na Noruega a nocividade da independência dos países bálticos, na medida em que atrapalhem Gorbachev, tido como indispensável para a paz mundial. A esse propósito, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira declarou: "Esta é uma grande injustiça, oposta à paz, a qual só pode resultar de relações justas entre as nações, como afirmou Pio XII: 'o efeito da justiça é a paz'. E não o estrangulamento dos mais fracos pelos mais fortes" ("Correio de Maxambomba", Nova Iguaçu (RJ), 22-6-91; "Tribuna de São José", São José dos Pinhais (PR), 22-6-91; "A Cidade", Campos (RJ), 26-6-91).

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MANICÔMIOS

O Presidente do CN da TFP, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, manifesto u sua inteira discordância com o projeto de lei 3.657 /89, do deputado federa l petista Paulo Delgado (MG), que propõe a extinção gradativa dos manicômios do País. "A presença de um portador de forte desequilíbrio nervoso ou mental em qualquer instituição ou ambiente freqüentado por pessoas normais, em via de regra, torna impossível a convivência entre estas últimas. Pois o anormal se esforça por introduzir assuntos que a ninguém inte ressa, por intervir de modo desordenado no trato de assuntos que interessam, por marcar o ambiente com reações de cólera, tédio ou hilaridade fora de propósito ... quando não de escancarada lubricidade. Com o que fica

Rico não é sinônimo de ladrão, nem de avarento "Não me cansarei de dizer que não acuso ao rico, mas ao ladrão. Rico não é sinônimo de ladrão, nem opulento o é de avaro. Distingüi bem, e não confundai coisas tão diversas. Sois ricos? Não há nenhum mal nisto. Sois ladrões? Eu vos acuso. Tendes o que vos pertence? Gozai-o em boa hora. Vos apoderais do bem de outro? Levanto minha voz para vos delatar ... Os ricos são meus filhos; os pobres também. Sem embargo, se atacais ao pobre vos acuso, porque atacando-o vos fazeis mais dano a vós mesmos que o que a ele fazeis. Ele perde seus bens, mas vós perdeis vossa alma". (Homilia De capto Eutropio, cap. 3, apud Enciclopedia Universal Espasa-Calpe, volXLVIl,p. 913).


Escre·vem os leitores Coleção Desejaria completar nossa coleção de CATO LIC ISMO que, como sabe, temos completa, desde o primeiro número, em microfichas. Gostaríamos de receber os atrasados e fazer a ass inatura para continuarmos recebendo a publicação com reg ul aridad e. Envio uma saudação respeitosa ao Dr. Plínio . Desejando-lhe todo o bem e toda a graça do Senhor Ressusc itado (Pe. José de Vasconceflos, sa lesiano, Barbacena-MG).

Modernidade Li seu artigo " Discernindo, distinguindo, classificando" , sob o título Cuidado com a Modernidade. Como vemos, os alienados pela propaganda dos donos dos meios de comuni cação são quem faziam e ainda faze m a propaganda do marxismo-lenini smo, acreditando na modernidade do comunismo, por má fé ou por interesse. Esta tragédia que começou com a Revolução Francesa , depo is a ma is recente, a revolução bolchevista de l9 l 7, todas elas visando o Cri sti ani smo. Só os ingênuos dão outra interpretação a este ódi o a Cri sto. Os inimigos cio Cristianismo mudam de roupagem ele acordo com as épocas, aparecem com o nome de " progress ismo", " liberali smo", " igualclacle-fraternidade", "d itadura do proletariado" etc. Vejamos o que foi a hi stória de Elias Calles no México, a perseguição aos católicos naquele país catolicíss imo, enquanto os governos "democráticos e liberais" dos Estados Unidos da América diziam que não podiam intervir nos ass untos internos daquele país. A própria ONU se encarrega de pôr uma pá de cal nos maiores absurdos. Estão aí diante ele

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nossos olhos em pleno séc ulo XX os países ela Europa Oriental , o problema ela China. Portanto esta modernidade do comunismo foi promovida (indiretamente) pelas nações ocidentais, que fi zeram sua propaganda maq uiavélica, na qual in oce ntava m os crimes cio comunismo. Desde a revolução bolchevista até nossos dias, os meios de propaganda e divulgação não fi zera m outra coisa a não ser esconder os crimes cio com unismo. Não sei se há combinação .. . Calaram durante 70 anos os crip1es de Stalin a.migo de Hitler mas também dos Roosevelt. O tirânico Stalin, durante seu longo reinado verme1ho , com a ajuda americana, francesa e inglesa matou 49 mi lhões de cri stãos. Como vemos, Hitler foi pinto em comparação. Todos os meios de divulgação desse poder econômico conivente, donos dos cinemas, dos teatros, dos jornais, ele revistas e agências ele notícias internac ionais não fizeram outra coisa. a não ser inocentar o bolchev ismo e seus crimes contra a Humanidade. Quem não se lembra cios filmes americanos O Barqueiro do

ta, quando forem estudados os crimes do comuni smo iremos fi car pasmos: quem engendrou a " ditadura do prol etari ado" e quem fin anciou a tirania do bolchev ismo qu e ensangüentou a Rú ss ia durante 70 anos. Os verdadeiros autores daquela tragédia que e n sa n g ü e ntou a Humanidade serão um dia descobertos pela Hi stória, pois nada ficará encoberto que não venha a ser mostrado ao mundo (Manoel

CATOLICISMO, julho 1991

der , Vafença -RJ ).

Importância

Lopes, Rio de Janeiro-Ri) .

Certeza Rezo o Rosário di ariamente e nas minhas intenções peço muito para que Nossa Senhora os proteja e ilumine para que continuem nos esc larecendo e nos orientando, dando-nos muita força e aumentando cada vez mai s a nossa fé e a nossa esperança. Tenho a certeza que todos juntos, rezando pelo mesmo ideal, Nossa Senhora nos ouvirá (lvanilde Giroto Fioramonte, Olímpia-SP).

Além de outras atividades paroqui ais, sou secretário geral da igreja local (Capela da Sagra.da. Família.), e venho por meio desta pa.rabeni zá- los pelo magnífico trabalho de vocês e pela importância. que a rev ista. CATOLIC ISMO exe rce e m toda comunidade católica (Lúcio Paulo de Souza Gouvea, Rio de Janeiro-R.!).

Satisfeita

CATOLICISMO está de parabéns. Durante 40 anos so ube manter de pé a gloriosa luta contra- re vol uc ionária, in sp irada pelo Dr. Plínio Corrêa ele Oliveira: luta da verdade contra o erro, do bem contra o mal, cio maravilhoso contra o hed iondo, cio ideal contra o pragmatismo, enfim, a luta cios que são ela Virgem contra os filhos da serpente (.João

Estou escrevendo por estar eu sati sfeita. com os assuntos trata.dos em CATOLICISMO . Sou ass inante há um ano, acompanho com muita alegria. todos os assuntos desenvolvidos na rev ista, leio um por um. Adoro a Hi stóri a. Sagra.ela em seu Lar, isto faz desenvolver dentro de nós uma paz muito grande. Sou muito fe rvorosa. de Ma.ria, porisso quando os ass untos trata m de Ma.ria le io mais que depressa. É ótima a nota, pois os assuntos abordados são de primeira categoria (Eda l-

lrisji·âncio Rofim Safes, Fortaleza-CE).

zina Ufian Gouveia, MacaubalSP).

Compan heiros

Verdades

Esto u a bso lutamente co nvicto que com ungamos nos mesmos ideais, o que muito me conforta; é bom podermos contar com companheiros ciosos ao atravessarmos um mar proceloso e traiçoeiro, corno o que enfrentamos nestes tempos difíceis por que passa a humanidade. Acuso outrossim o recebimento ela rev ista comemorativ a dos 40 a.nos de CATO LI CISMO. Em essência, bem como em excelência, não se podia superar. Efusivos cumprimentos. Ler CATOLICISMO tem sido para mim um bálsamo que se renova a cada visita do

CATOLIC ISMO é excelente. Trata de verdades não veiculadas em outros jornais, e de maneira. objetiva e clara (Acildo Tschoe-

Luta

Vo lga, Rasputin e a Imperatriz e

muitos outros, apresentando o comuni smo como o salvador e os comunistas como pobres perseguidos pelo Tzar, ou hipocritamente como vítimas cio cap itali smo? Sem dinheiro o comunismo não duraria. uma década (sem propaganda), pois o comunismo nunca teve raízes na alma russa, era mantido a ferro e fogo com a conivência do capitali smo internacional. Agora arranjaram um Gorbac hev qualquer para que continue o marxismo. Depois de espalhar os seus erros, como disse Nossa Senhora em Fátima, para querer reparar o irreparável será muito difícil. Portanto, ilustre jornal is-

correio. Comparo CA TOUCISMO a um oásis onde repousamos e recuperamos as forças esp irituais para enfrentar uma nova eta pa na viagem ag res te, em meio a inimigos e peri gos ele toda a ordem, nesta era ele turbulência. que brota até mesmo onde somente deveria existir identidade e amparo (Rogério da Silva Tja-

ke, Rio Negrinho -SC).

Vitória Confi o em quem venera Maria, co nfio e m CATOLICISMO. Ante a ava lanche de revi stas mund anas , é CATOLICISMO algo do Espírito. É o pequeno David, às vezes escarnec ido , pronto a enfrentar Gol ias. A vitória é certa! (Luiz Jor ge Saliba,

UM "BOOM" MAIS IMPORTANTE QUE ODA BOLSA Um bal ão subia: era uma alegria. para os cam de lado seus vinténs, para fabricar tra os cigarros, que provocam muito mais que o soltavam, uma esperança para os que modestos papagaios (também chamados incêndios, e pouco trazem de bom para o o acompanhavam com o olhar. Até onde pipas e, no Rio Grande cio Sul, pandorgas), ambiente de uma cidade? Por que saem ele irá? Outro, depois de embalar as melhores e homens de todas as idades, à margem de seus cuidados para investir contra os balõexpectativas, não conseguindo navegar em todos os pacotes e de todos os problemas cio es? meio aos ventos hostis, ardia inteiro nL11na cotidiano, gastam pequenas fortunas para Eles com o estrépito de seus fogos pergrande labareda que pincelava o céu de que seus lindos balões cintilem nos céus turbam o sono ... Li esta afirmação na seção vermelho alaranjado por um instante, en- cariocas ou paulistanos, e de quantas cida- de cartas de um cotidiano. Imagino o misquanto a mecha, tranfom,ada num ponto des do Brasil. sivista num quaito confortável, metido num luminoso, despencava rumo à terra: era Tinha que acontecer! Esboça-se pre- pijama quente de cores claras, tentando doruma decepção sem amargura, que tennina- sentemente uma campanha contra os balõ- mir enquanto a mai·avi lha de alguns dos va com um riso leve: "que pena! ". Ainda es. As razões alegadas são vári as: causam balões se manifesta com um ruído que de outro caía de mecha apagada, em noite sem incêndios, perturbam o sono, são (ao menos minha parte tainbém considero dispensálua, vaga sombra, silenciosa visão, triste em São Paulo) ilegais. vel. Mas por que não investe e le contra o símbolo de tanta coisa na vida de estrondo de apocalipse que atorcada homem. doa os grai1des centros por ocaBalões , ex istiam desde o sião de jogos de futebol e outras Brasil Colônia. Nada di sso acacompetições? Boça lidade pri bou. Mas eles se transfiguraram. mária e ensurdecedora do estréFoi talvez quando menos se popito, em que nada de belo é aprederia esperar, há cerca de dez sentado. Por que dois pesos e anos, que se deu este "boom" duas med idas? mais importante que o da bolsa O "boom" dos balões de u-se de valores. Superaram-se a si num momento de depressão namesmos em tamanho, esplendor cional. Ele se firmou quando tal e categoria, e começaram a apadepressão aumentou. Tudo se recer em profusão, em todas as passou como se, agredido pela épocas do ano (e não apenas por realidade, um filão de brasileiocasião das festas juninas, como ros, dando mostras de superioriantes). Sem substituir seus irmãdade de espírito, se tenha refuos menores, apa receram como giado no marav ilhoso. Acoçado verdadeiras caravelas dos ares, pelos lados, eles resolverai11, em capazes de enfrentar os ventos vez de fu gir, subir. Exatamente com sobranceri a, em lindas forcomo os balões. mas, e ostentando lampadá rios Que acontecerá se estes pemulticolores. Como remate, ao quenos aerostatos forem difaatingirem uma altura cuidadosamados e, depois, varridos cios mente calculada, emitem do alto céus? Vem-me a mente um cofogos de artifício, decorando e mentário feito por um jornalista despoluindo psicologicamente a respeito de um show do grupo céus habitualmente carregados, rock "Sepultura", ele que resul como os do Rio e de São Paulo. tai·am dois mortos (bom motivo, - Não consigo atinar com a realidade brasileira? Dir-se-ia quase que, da boa - É muito fácil. Tire os livros da janela e olhe para fora ... ai iás, para caitas às redações, vontade e da perserverança da Olhe para os balões, por exemplo. que ficam nos tinteiros):"Se o plebe dos antigos balões de São sonho acabou, decidiram comeJoão, floresceu em determinado çar o pesadelo" (Marcelo RuEste a1tigo não pretende entrar no estu- bens Paiva). Se se começar a interditar a momento uma nobreza, levando ao píncaro de si mesmo o mundo dos luzeiros aéreos. do da legislação 1 municipal, mas apenas passagem., nos caminhos que levam ao soRumo, quem sabe, a novos píncaros ... abordar o tema por seu lado sociológico. E, nho, não ter em.os em breve a generalização nesse mesmo campo, pode-se perguntar: do pesadelo ? Os srs. sociólogos que am iúde buscam será que não há uma implicância de alguns Pensem nisso aqueles que nos encantaa realidade social em livros ... escritos po1' contra os balões? mos com os balões, e tainbém - e não outros sociólogos, talvez ganhassem algo (e nós também) se explicassem esse fenôSe os incêndios forem razão para acabar pouco - os que clesejain donnir pl acidameno: violando sem hesitar as leis de Marx, com eles, por que - lembrou com muito mente, como o missivista mencionado ... pelas quais todo o acontecer humano é acerto no fim de sua vida Guilherme de motivado pela economia, os meninos colo- A lme ida - não fazem umacampanhaconJosé Belmonte

Bag é-RS) .

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Nossa Senhora do C armo, sempre a da época de El.ias a, nossa mesma 22 -

CATOLICISMO, julho 1991


...

'Evange{fio áe São João, J,1-14

~io princípio era o Verbo, e o Verbo estava em · 1'\J Deus, · e o Verbo era Deus. E le estava no princípio em Deus. Todas as coisas foram fe itas por Ele, nada do que foi feito, fo i feito sem E le. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem enviado por Deus, que se çhamava João. Este veio por testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. Ele não era a luz, mas era para dar testemunho da luz. (O Verbo) era a luz verdadeira,

Comentários do Padre Luís Cláudio Fillion

~iestas linhas sublimes que se devem colocar à

! '\J testa do que de mais formoso jamais se tenha escrito, temos o majestoso pórtico da vida de Jesus. ·com que frases tão cheias de movimento e dramáticas nós mostra o evangelista como o Verbo, o Filho glorioso do Padre, se faz homem por amor do hom~m. a fim de trazer à nossa pobre terra, rodeada de espessas ttevas e ameaçada de condenação eterna, a verdadeira vida, a luz e salvação verdadeiras! Ao mesmo tempo nos faz assistir por antecipação ao fracasso parcial, doloroso, do desígnio de uma misericórdia infinita. Esta magnífica página co11tém um resumo fiel da história de Nosso Senhor. Sobretudo, nos revela claramente desde o princípio sua natureza superior. Jesus, apesar das aparências e disfarces humanos como que se nos irá manifestando - débil menino, pobre trabalhador de Nazaré, missionário fatigado percorrendo a Palestina apregar o Evangelho, e sem uma pedra nua em que reclinar a cabeça, varão das dores que experimenta todas as humilhações e padecimentos, - Jesus é "Deus verdadeiro de Deus verdadeiro", Filho de Deus em sentido próprio, eterno, infinitamente poderoso, infinitamente grande, revestido com todos os atributos da divindade (1 ).

24 -CATOLICISMO,julho 1991

que ilumina todo o homem que vem a este mundo. Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas a todos os que o receberam, deu poder de se tornarem filhos de Deus, àqueles que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (pela graça). E (para isso) o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, glória como de (Filho) Un igênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

g{çssa Senhora do Canno ~To dia sagrado de Pentecostes .... muitos ho-

. 1 '\J mens ,... abraçaram a fé do Evangelho , e de tal modo começaram a venerar com singular afeto a Santíssima Virgem, de cujos colóquios e fam iliaridade gozavam, que foram os primeiros a erig ir uma ermida para a Virgem puríssima no lugar do monte Carmelo, em que Elias viu subir uma nuvenzinha, prefigura insigne da Virgem Maria (2). Segundo Cornélio a Lapide, "os primeiros carmelitas que houve depois de Cristo .... eram discípulos de El ias" (Comentário ao Cântico dos Cânticos, cap.7,5). Começou-se a chamá- los: "Irmãos da Bemaventurada Maria do Monte Carme lo". No sécu lo XIII, quando os sarracenos se tornaram donos da

Palestina, e a Ordem teve de se difundir no Ocidente, a insígnia do escapulário foi entregue pela própria Virgem a São Simão Stock, para que esta vestimenta do céu fosse uma proteção por sua Santa Ordem; e a Virgem apareceu também ao papa Honório III para o dec idir a promulgar neste dia, 16 de julho, o Breve de aprovação. Em reconhecimento por tantos benefícios, a Ordem estabeleceu, para ser celebrada à perpetuidade todos os anos, esta solene Comemoração da Bem-aventurada Virgem. Estendida por Bento XIII à Igreja Universal, todos os cristãos podem participar, graças à Confraria do Santo Escapulário, da munificência da Rainha do Carmelo (3).

Comentário da "Catena Aurea", de Santo Tomás de Aquino (Trechos) ~ ão Basílio - Mas este verbo não é o humano; ~porque como podia existir no princípio o verbo humano, quando o homem ocupa o último lugar na geração? Assim , pois, o verbo humano não existia no princípio, nem o dos anjos; porque toda criatura está dentro dos limites dos séculos, tomando do Criador o princípio de seu ser. Ouçamos, pois, o Evange lho de um modo conveniente: chamou de.Verbo o próprio Unigênito. São Beda - Os Evangelistas falam de Jesus Cristo nascendo no tempo; mas São João atesta que era o mesmo no princípio, dizendo "No princípio era o Verbo". Os outros dizem que apareceu de repente em meio dos homens; ele atesta que sempre esteve com Deus quando diz: "E o Verbo estava em Deus". Os primeiros dizem que era um verdadeiro homem, e o último que era verdadeiro Deus, dizendo: "E o Verbo ç!ra Deus". Os demais evangelistas o consideram como homem que vive temporalmente entre os homens; mas São João o considera Deus com Deus, subsistindo no princípio, dizendo: "Este. estava no princípio em Deus". Os outros expõem as grandes coisas que fez depois da Encarnação; mas São João ensin,a que Deus Pai fez por Ele toda criatura, dizendo: "Todas as coisas foram feitas por Ele, nada do que foi feito se fez sem Ele".

Promessa de Nossa Senhora sobre o Escapulário,feita a São Simão Stock:

Respeito humano (4): Um dos inimigos capitais dos católicos de hoje

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ecebe, filho queridíssimo, o Escapu lário de -~tua Orde~n, signo de minha confraternidade, e privilégio para ti e para todos os carmelitas: o que morra com ele não sofi'erá o fo go eterno; este é o sinal de salvação, salvação dos perigos, aliança de paz e pacto sempiterno".

Para meditar e para Rezar (Salmo 143 - trechos)

IIB

endito seja o Sen hor, minha rocha, que adestra as minhas mãos para a batalha, e os meus dedos para a guer a; 1ni.nha misericórdia e minha cidadela, me u presídio e meu libertador, meu escudo e meu refúgio, que me submete os povos. Senhor, que é o homem, para que cuides dele, o filho do home , para que penses nele? O homem é semelhante a um sopro da brisa, os seus dias à sombra que passa. ' Senhor, inclina os teus céus, e desce, toca os montes, e fumegarão; despende um raio, e dispersa-os, lança as tuas setas, e conturba-os; estende-me a tua mão lá do alto, tira-me e livra-me das muitas águas (da tribulação), da mão dos estranhos, cuja boca fala mentira, e cuja direita jura falso.

]E

ntregarmo-nos à vida espiritual é incompatibili zar-nos com o mundo que nos cerca. Separamo-nos de muita coisa afável e boa que, à semelhança das virtudes naturais , merecem nossa simpatia. Vivemos num mundo diferente, temos interesses diversos, fa lamos outra linguagem, e os dois mundos não se conciliam. A graça retém-nos m,m; a natureza arrasta-nos de novo para o outro. Tal o segredo do poderio que sobre nós exerce o resp eito humano .... , Vede tal pessoa, a quem o respeito humano domina. Observai -a na sociedade, na vida pública, no seio da família, ou na intimidade da amizade, na confissão, em conferência com o diretor, em oração com Deus, ou na absoluta so lidão. É como se a presença de Deus fosse absorv ida em redor, e que algum outro olhar poderoso nela se fixasse, governando-a com uma força semelhante à luz solar, e causando-lhe, a todo momento, um mal-estar anti-

natural. Não é difícil prever os males que resultarão do vivermos sempre assim em presença do mundo (5). NOTAS: (1) "Nuestro Sefíor Jesucristo según los Evangelios", Ed. Difuslón, Buenos Aires. P. 54. (2) Breviário Romano, resp. 1,2, 3 do 1 Noel. do Oficio da Ssma. Virgem do Carmo. (3) "Calendrier Marial", 1935. Com imprimatur de Mons.Angelo José Roncalli, futuro papa João XXIII. (4) "Respeito humano": vergonha de pensar, falar ou agir como católico . (5) "Progresso na vida espiritual", Padre Frederico W. Faber. Ed. Vozes, Petrópolis, 1947, p. 174.

CATOLICISMO,julho 1991 - 25


História Sagrada

em seu lar

noções básicas verdades não se originavam senão na Revelação primi t iva [qu e vinha des de Adão]"(4) .

Jó, instituído medianeiro para os amigos, 'torna-se rico

GLORIFICAÇÃO DEJÓ "Jó TINHA TRÊS AMIGOS. Tendo tido notíci a de suas desgraças, vieram eles para consolá- lo; e dificilmente o reconhece ram. Começaram primeiro por soluçar e rasgar os vestidos, e passaram sete dias e sete noites sem dizer-lhe uma pal a vra, tão extrema viam que era sua dor. "Quando, porém, Jó começou a fa lar, last ima ndo-se de s ua aflição, ousaram sustentar que Deus o castigara por seus pecados"( !).

Jó increpa os amigos Jó, porém, lhes di sse: "A vida do homem sobre a terra é uma luta". E acrescentou: "Vós so is uns forjadores de mentiras, e sequazes de máx imas perversas. E oxalá que vos calásseis, para poderdes passar por sábios" (2).

Profetiza Nosso Senhor "Porque eu sei que o MEU REDENTOR VIVE, e que no último di a ress urgirei da terra, e serei novamente revestido da minha pele, e na minha própria carne verei o me u Deus. E u mesmo o verei , e os me us o lh os o hão de contemplar, e não outro; esta é a esperança que está deposi tada no meu peito "(3). "Quem terá ensin ado estes dogmas profundos [existência do Redentor, ressurreição da carne no fim do mundo e visão no Céu] a um homem que não pertence ao povo de Israel? É ev idente que tais

"Depoi s que Jó e seus amigos cessaram de falar, o Senhor apareceu num turbilhão e dis se aos três amigos de Jó:' Acendeu-se minha có lera contra vós, porque vossas palavras não fora m jus tas. Oferecei em ex pi ação um hol ocausto e Jó, meu servo, orará por vós'. Assim o fizeram e o Senhor teve compa ixão deles por causa da oração de Jó"(5). Deus o curou da lepra, e deu-lhe o dobro do que antes tinha possuído. "E chego u a ter catorze mil ovelhas, e se is mil came los, e mil juntas de bois, e mil jumentas . Teve também sete filhos e três filhas" (6) .

Pré-figura de Jesus Cristo "Jó é uma das mais express ivas figuras de Cristo. Da mesma maneira, o Justo por exce lê ncia há de se r despojado de tudo, a bandonado pelos se us ami gos, todo chagado, dos pés à cabeça, ultrajado pelo povo, obj eto de blasfêmia na cruz; mas não abrirá a boca para queixar-se, e, se falar, será para confessar e publicar a

sua humilde submissão à vontade de seu Pai. "E De us há de premiar esta pac iência sublime, de volve ndo- lhe , na sua carne ressuscitada, todas as riquezas e todas as glórias" (7).

FRASES EM PAINEL A corrupção dos melhores é a pior (Santo Tomás de Aquino) 1 , É na parte queimada da torta que se coloca mais açúcar

(provérbio holandês) Os profetas são nossos modelos "Jó é um perso nagem históri co, e a Ig reja ce lebra sua festa no dia 10 de maio"(8). O Apóstolo São T iago assim se refere aJó: "Tomai, irm ãos , por modelo no s uportar os males e trabalhos,e na paciência, os profetas que falaram em nome do Senhor. Vede qu e proclamamos be maventurados aq ueles que sofreram. Vós ouvistes falar da pac iência de Jó, e vi stes o fim do Senhor, porque o Senhor é misericordioso e compassivo"(9). Notas: 1. Pe. Tiago Ecker, 81blia da s Escolas Católicas, Vozes, Petrópolis, 1964, p. 48 - obra honrada com um breve de São Pio X. 2. Jó, 7, 1 e 13, 4-5. 3. Jó, 19, 25-27 . 4. Mons. Cauly , Curso de Instrução Religiosa · Histó· ria da Religião e da Igreja, Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro , 1913, p . 52. 5. Pe. Tiago Ecker, op. cit., p. 48. 6. Jó, 42, 12-13. 7. Mons. Cauly, op.cit. , p. 53. 8. Pe. Matos Soares, Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo , 1933, 61 . ed., p . 561. 9. Tiago, 5, 10-11 .

Quem esconde urna podridão, cheira mal (provério nigeriano) No pecado declarado, perdem-se os maus; no relativismo, perdem-se os bons (Plínio Corrêa de Oliveira) O lírio que apodrece cheira mais mal que .a erva daninha (provérbio inglês)

IMAGEM EM PAINEL

Os filhos de Jó oferecem-lhe presentes, e fazem-lhe um dossei decorado com flores

"Estamos em greve", grita o pigueteiro. "É bom avisar" , sussurra um passante, enquanto o banco funciona normalmente. O fracasso das greves se repete, mas o mito da força das esquerdas contínua impávido em certas cabeças particularmente crédulas.


SANTA RELÍQUIA CONQÜISTADA POR CRUZADOS João Llffl Vidigal Especial para Catolic~mo

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erusalém, 15 de julho de 1099. Após longo e árduo cerco, os cruzados conseguiram finalmente romper as muralhas da Cidade Santa e tomá-la de assalto aos infiéis muçulmanos. Um grito de júbilo_ressoou então por todo Próximo Oriente e repeicutiu do outro lado do Mediterrâneo: o sepulcro sacrossanto, onde o corpo divino do Salvador repousou por três dias encontra-se agora em mãos dos soldados de Cristo. Diante desse lugar bendito entre todos, as legiões cristãs dobraram joelhos e prostraram-se por terra em sinal de veneração. Entre os bravos cruzados que chefiaram tão bela epopéia, se encontrava o belga Roberto li, conde de Flandres. Esbelto, forte e de uma coragem sobrehumana, este valente guerreiro recebeu do Patriarca de Jerusalém, como recompensa por seus heróicos esforços, uma relíquia de valor inestimável: um pedaço da rocha do Calv {irio impregnada do sangue que Nosso Senhor vertera durante a Paixão. Ao retornar do Oriente, o conde de Flandres mandou erigir em Bruges, capital do Condado, uma linda capela gótica para abrigar o relicário de ouro contendo as gotas do preciosíssimo sangue.

Em volta dessa relíquia venerável, os senhores feudais se reuniam para prestar o juramento de fidelidade ao suzerano da região. A partir de então, surgiu o costume de se abrir à veneraçáo pública o santo rei icário. Com o passar do tempo, tal solenidade transformou-se numa grandiosa procissão religiosa durante a qual toda a população da cidade se reúne para venerar o sangue que Cristo derramou por nós no alto da Cruz.

* * * Séculos depois da libertação de Jerusalém pelos cruzados, ainda se comemora em Bruges aquela gesta memorável, que deu ensejo a que a cidade adquirisse tão preciosa relíquia. Anualmente, sempre na festa da Ascensão do Senhor, clérigos, nobres e magistrados se unem aos burgueses e à gente miúda do povo para evocar, numa verdadeira explosão de cores e sons, a entrada solene do Conde e da Condessa de Flandres cm Bruges, cena que vem reproduzida na foto abaixo. Nela, o nobre casal aparece a cavalo, trajando a indumentária típica do medievo cristão.

Cabeça protegida pelo cimo encimado pela Cruz, cota de malha, olhar altivo e sereno, próprio a quem está compenetrado do valor transcendente do objeto que porta, o Conde segura firme às rédeas de sua montaria, como se estivesse pronto a reconquistar, mais uma vez se necessário, Jerusalém e os Lugares Santos. A seu lado, coberta por linda capa rub ra e trajando um faustoso vestido de sccla dourada, a Condessa o acompanha no solene cortejo. Nas ruas da cidade, o povo se rejubila e manifesta entusiasmo. Repicam o sinos das igrejas, arautos tocam seus trompetes anunciando a chegada da relíquia, como se vê na foto acima. Bruges retroage assim, por algum tempo, àq uela época que fi cou gravada na História como a doce prima.vera da. Fé, época que viu fl orescer as un iversidades, constru iu as cateclra i e e mpree ndeu as cruzadas!



Agosto de 1991

[Q)o@©@IT'ITi)OITi)(Q]@9 CQJo~UDITi)~ lliJDITi)(Q]@9 ©íl@@@o~o©@ITi) (Q]@ººº

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A_ssesta.n.do o

INDIOS URBANOS Um singular spray vem ejetando nas cidades brasileiras bandos de desocupados. O que se visa com isso ? ndar pelas ruas do Rio de Janeiro mantê- los ali , na mai s abjeta pregui ça, na ri cos. O que é patente é que es tamos d iante tornou-se peri goso", dizia- me bebedeira e na desra zão. Será a mesma de um empobrec imento genera lizado, com um amigo carioca, acrescentan - " mão" que im pede uma leg islação mai s toda s as característi cas ele ser indu zido. O do: " aumenta o número de assaltantes, desevera contra o crime, e que agora es tú Brasil é um ci os países potenci almente mais paramo-nos a todo momento com gente interessada em abrir as portas dos manicôri cos ela T erra, por sua capacidade e variemal -encarada" . mios para que os pobres loucos circul ' 111 dade ele produções e pela imensidão ainda Enquanto ele ass im falava , eu ia me pelas c idades ao bel pra;,.er de s ·u s des vainex pl orada ele seu território. Há tempos, lembrando de São Paulo, em cujas ruas rios? porém , vem nossa pátria sendo vítima ele cresce o número de " acampamentos" de Mas nem a Praça da é, '111 São Paul o, políti cas econômicas desastrosas, sempre desocupados (e desocupadas), movidos a ou certo morros do Rio se tornaram tão mai s igualitárias, concess ivas à esquerda, álcool, na maior promi scu idade, que se fitemív eis quanto o centro el e Salvador, sofav orecedoras da es tati zação e que desesti xam em determinadas cal çadas e ali ficam bretudo o trecho que se es tende da fam osa mul am o capital nacional , além de afugenindefin idamente. Cozinham alimentos em igreja de São Fran cisco at é a atedral. O tar o capital estrangeiro. São elas que vão fogões improvi satornando a situação dos, dormem ao recada vez mai s irres1en to e espalham pin1vel. pelos arredores um E é nesse conodor in suportável. texto que vão surUm grupo del es g indo , sobretudo " mora" atua lmente na s c idades maiojunto ao muro doceres, esses bandos de m itério da Consolade socupados. A s ção (o mai s tradi ciopopulações tendem nal da c id ad e), a se habituar a um e parramando ao panorama urbano l ongo dele seu s bizarro, e a ac har "pe rt enc es". /\o "norma l" que seja lado de todo tipo de assim. cacareco s, tra stes Ex iste para isso velho s, uten sílio s uma explicação de enferruj ados , trapos fundo ? Há muito e muita sujeira, rou tempo o Prof. Plínio pas são estendidas Corrêa de O li veira na ca lçada, após sevem nos advertindo rem molhadas nos para a decadência tanques cio cemitégeral do s hábitos, rio. co stume s, traj es , Na rua Martim Francisco (SP), dia e noite: ojeriza ao trabalho. Quom os mantém? fórmul as ele cortesia E é só andar mais um pouco em diree da própria razão ção a Santa Cecília, humana, e também e já na rua Martim Franci sco, esquina ele belo c pitoresco T erreiro de Jes us, 11a ·upital pmn 111na propaganda crescente que exalta Jaguaribe, vemos outro " conjunto" do gêbahiana, virou um antro de desocupados, um n ·rto r o1nuni s1110 indigcni sta. nero. Chama a atenção que além da ojeriza . traves ti s, prostitutas, ladrões, gente esqui si /\ 1wrgunt11 que fi ca, é: esses " índios" total ao trabalho (e há entre eles homen s ta deitada nos bancos ela praça. Atrav essá- lo urb1111os con1 q11L' nos deparam os no Rio, fortes e mu lheres robu stas), raramente pecm pleno dia mete medo. À noite, nem é ' lll Suo Pmrlo, S11l v:rdor, Rec ife e de modo dem algo aos passantes. Ademai s das garbom tentar. Recife anda pela mesma linha ; gcrnl pclas c id;rdcs brasil ·iras não prerafas de aguardente, sempre presentes a seu e é o que se vê um pouco por toda part e no p11rn111 psicologi<.:ant ·nt c o públi co para a lado, de que se alimentam? Onde obtêm os Brasil. aCL' ita~·no progress iva de uma situação que cobertores nos quai s se enrolam nas noites '1tca111i11ht1 paru a taba? N ão es taremos cm *** frias? Nada têm eles a ver com os tradiciopresença da mai s espantosa guerra psicol ónais mendi gos - estes sim di gnos de com A esta altura , um " progress ista " de dedo gica revolucionári a movida contra uma napaixão - que ostentam suas mazelas ou sua em ri ste poderia repetir, com ênfase va zia, ção (e o fato não é só brasileiro) para habipobreza ao público para pedir ajuda. o slogan bem-amacio elas esquerd as: "os tuar aos poucos se us habitantes a um a Tudo se passa como se uma mi steriosa ri cos estão cada vez mais ri cos, e os pobres condição sub-humana , quase an imal ? " mão", interessada em produzir esse "especada vez mai s pobres". Soa fal so ! Não se vê tácu lo" nas c idades, se encarregasse de que no Brasi I o ricos estejam cada vez mai s C.A.

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M ESTADO, DENTRO DO ESTADO? - O Movimento dos Sem Terra-MST transforma seus acampamentos em verdadeiras repúblicas independentes, com leis e milícias próprias, confo1me decisão do I Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurai s Sem Terra reunido em Curitiba, em janeiro de 1985: "Os trabalhadores, ao ocuparem as terras, devem ir criando as suas próprias leis e organismos".

Os acampamentos dos invasores são cuidadosamente vigiados por elementos armados, e as próprias autoridades não podem ali ingressar senão sob a proteção de fortes contingentes policiais. Neles têm sido retidos como reféns oficiais de justiça, policiais, fazendeiros, empregados rurais.

Coco

Um jornalista. descreve o acampamento de Granja Arvoredo, Rio Grande do Sul: "A segurança éfeita por três grupos, cada um com 20 pessoas, que se revesam a cada duas horas. Ali a vida é um exercício de trabalho comunitário, de divisão de tarefas, onde armas, religião e revoltas convivem com atribuições cotidianas .... Os coordenadores se encarregam dos grupos de discussão e divisão de atribuições. Os d!ferentes grupos cuidam de limpeza, segurança e saúde" ("Jornal do Brasil", 2-10-89). Tais acampamentos funcionam como redutos de onde os ativistas do MST partem para as novas invasões.

Segundo denúncias das autoridades, nesses acampamentos fazem-se treinamentos de táticas de guerrilhas e de agitação, bem como a doutrinação. O jornal do MST chega a fazer referência a uma Escola Nacional, na qual se ensina cientificamente a invadir a propriedade alheia ("Sem Terra", março 1991).

Ligado à igreja progressista, o movi mento recebe financiamento até do Exterior, para sua tentativa de cubanizar o Brasil. É o que o leitor poderá facilmente ver na documentada reportagem que publicamos. Denúncias como esta são da maior importância para evitar o alastramento de tamanho flagelo. E a TFP, tendo à frente o Prof. Plinio Corrêade Oliveira, não tem deixado ele fazê-las sempre que a situação o exige.

SUMÁRIO Invasões rurais -

Movimento subversivo, estruturado e bem financiado

6

4 Breves LO Progressismo 14 Espetáculo

Londres e Guadalajara

TV imoral em xeque

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-

Em cena, novo mito: ri cos x " pobres"

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17 Brasil Real

22 Cartas

L8 Nacional 19 Comente...

22t Verdades esquec idas 23 Espiritualidade

Atuação ele " O Amanhã ele Nossos Filhos"

21 CAPA : O MST incendeia o Brasil : invasores de terra entrincheirados em Rond a Alta (RS) - 1:.:m,ida Serrano / 1\/Jri/ Imagens.

AfOJLJCESMO "CATOLICISMO" é uma publicação mensal d_a Empresa Padre Belchior de Pontes Lida. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho. Jornalista Responsável: Takao Takahashi . Reg,strado_n_a DRT-SP sob o N' . 13_748 . Redaçao e Gerência: Ru a Martim Francisco, 665 - 01 226 . São Paulo , SP . Tel: (011 ) 825.7707. Fotocomposição: Microformas, Fotolito e A:tes Graf_1~as, Lida. - Ru a Javaes 68 1/689 • 01 130 - São Paulo_· SP; D'Artagnan Estúdio _Gráfico S/C Lida. - Ru a Suzana, 786/794 . São Paulo , SP. Impressão: Arlpress . Industria Graf1ca e Ed1lora Lida. - Ru a Javaés, _68 1/689 - 01 130 • Sao Paulo, SP (direta, a partir de arqui vos forn ecidos por "Catolicismo" ). Para mudança de endereço é necessário mencionar também o endereço anligo. A correspondência relativa a assinatura e venda avulsa pode ser envi ada ao endereço da Gerência de " CATOLIC ISMO". ISSN lntern ation al Standard Seri al Number - 0102-8502. (Esta edição foi Impressa em setembro de 1991)

CATOLI CISM O. A GOST O 199 1

3


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concisamente ~

No Reino dos primatas-!

" Para algumas pessoas , o vocabulário do adolescente brasileiro seria pouco superior a 400 palavras, número que equivaleria ao usado na TV". O comentári o é ele José Carl os Azevedo - ex- reitor ela Universidade ele Brasili a, que no mesmo arti go para um co tidi ano paul ista acrescenta: "em alguns centros de primatolog ia Ltarnbéml h á

animais capazes de corre/acionar várias e várias de zenas de palavras, aos objetos e às ações correspondentes ..." Prossegue el e: "o advento da República agravou Lnosso I desastre Ied ucac ional I não apenas porqu e interrompeu os e.\fórços de D. João VI e de D. Pedro li para modernizar o Brasil, mas porque trouxe o vírus do positivismo, irmão mais velho do marxismo .... cujo número de adeptos, paradoxa lm ente, cresce u em nosso país a partir de 1964 e inundou a educação com o mais estridente 'besteiro/' de que se tem notícia".

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Pesqui sa levada a ca bo pela Un iv ersid ade Federa l ele São Carl os (SP) revela: dentre um grupo ele 65% ele calouros daquela in stituição, 4 1% não sabiam manu sear os catálogos ela Bib li oteca e, deste s, 66% ignoravam corno locali zar as obras no ace rv o; 45 % desconh ec i am como se organi za um pl ano ele pesqui sa ou tr aba lh o, se ndo qu e 15% não costum am citar referênc ias bibliográficas no s se us tex to s. Pormenor fri sante: 73% dispunham ele biblioteca na res pectiva esco la ele seg undo grau. Não obstante isso, crêem algun s que a so lução esteja no "concreto pedagóg ico", i sto é, na co nstru ção ci os tai s CCEPs, ele tipo bri zoli sta, como se o probl ema residi sse na form a e não no conte úd o cio ens in o. O qu e é urgente é a va lori zação ela Magi stéri o, a reformula ção cio s currícul os e outras medidas ci o gênero. •

Lênin albanês espatifado

Operários derrubaram e retiraram ela praça cen tral ele T irana, cap ital ela A lbânia, uma es tátua ele bronze ele Lên in , último monumento público ao comuni smo no país. Apesar ele ser alta madrugada, milh ares ele pessoas ass isti ram à cl emol ição e apl audiram longa mente quando ela caiu. No di a seguinte, quase toda a popul ação local (cerca ele 200 mil pessoas) diri giu -se à Praça Skan clerberg, a fim ele saudar um visitante: Baker, Secretári o ele Estado norte-americano. "D us salve a A méri ca", "Aba ixo os comuni sta s", eram os slogans preferidos pela mu ltid ão. •

No Reino dos primatas- li

Escombros do comunismo

• • •

Nada funciona no l ado oriental ela A lemanh a. As estradas na ex-A l em anh a co muni sta são cheias ele buracos, mal iluminadas à noite e ele constru ção estreita. A meia hora elas bem cuidadas viv enci as e elas iluminadas ru as comerciai s ele Berlim oc idental, encontram-se, no outro lado, aldeias sem banheiros dentro ele casa, ou mesmo água corrente. Exasperado, o diretor ela casa ele leil ões Chri sti e's, Juerg-Michael Bertz, desistiu ele procurar um escritóri o adequado para in tal ar um a fili al a leste cio antigo Muro. Ex plica ele: "não existe

infi·a-estrutura; não há restc111rcmtes; não se conseg ue tomar uma xícara de café decente". "Co loca r a econornia alemãoriental para .fúncionar é mais diffci l do que foi a criação da Alemanha Oc idental a partir

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Povo saturado de pornografia

"Uma televisão sem um códi go de responsabilidade é amesma coisa que entregar uma navalha a uma crian ça de dois anos ....

Sucata comunista - O Threnhandastalt, organi smo encarregado de promover a privatização de oito mil empresas da parte oriental da Alemanha (ex-comunista) chegou, no ano passado, à desalentadora conclu são de que só poderia vender 17 delas. O resto é apenas sucata indesejável e sem perspectivas de recuperação! 5 Dívidas Externas - É a maior massa falida de que se tem notícia. Só para equiparar a indústria e a infra-estrutura da Alemanha ex-comunista ao nível de sua irmã capitalista calcula-se que serão necessários mais de 500 bilhões de dólares - ou sej a, cinco vezes a dívida externa brasileira!

Leipzig em ruínas

dos escombros da li Guerra", dec larou Vo lker Rühe, alto diri gente ci o Partido Democrata C ri stão germ âni co. •

pessoas estarem estabelecendo padrões d e com portam ent o para a sociedad e brasileira , quando não é assim .... O calcanhar de Aquiles está nas novelas e em alguns programas de auditório rem} que se . fa lam palavrões".

/ lá preoc11pação em mostrar a ca11alh ice como se fosse um standard do povo brasileiro .... O povo é conservador .... É chegado o momento de repensar 110/ato de três ou q11atro

O significa ti vo depoimento ele Augusto M arzagão, consultor ela Telev isa e ele algumas emi ssoras cio interi or brasil eiro, bem acentua: "o povo está cansado

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O "solo cri ado" é um mecani smo que obriga o proprietário a pagar uma sobretaxa à Prefe itura, sempre que constru ir um ed ifício com área super ior à metragem quadrada cio terreno - e é este o caso ela grande maioria ci os prédios . •

Repúdio ao confisco

O Conselho ela Ordem cios Advogados cio Brasi l, secção cio Rio ele Janeiro (OAB -RJ ) aprovou , por un animidade, o parecer cio Conselheiro José Dav id Rosas, considerando inconstitu cional a taxa cio "so lo cri ado", previ sto no Plano Diretor ci o Mun icípio . "Se assim acontecer - faz notaro Conselheiro Rosas - , o Pla-

no Diretor estará tornando letra morra a garantia constitucional da propriedade" . E - acrescentou o Pres idente cio Sindicato da Indústri a ele Construção Civi I cio Rio de Janeiro (S incluscon), LuizChor- , fará com que o "Poder Público se

torne sócio do dono do terreno".

em tempo

de sexo e violência".

Negócio do Iraque - Saddam Hussein levou 28 bilhões de dólares de nossas importações de petróleo e quase conduziu à fa lência a Mendes Júnior, E ngesa e Avibrás, além de imensos prejuízos à Petrobrás. Foi o resultado de nosso " relacionamento privilegiado" com Bagdá ... Satanismo na juventude - Na Alemanha, país muito dado à organi zação racional, o ocultismo entreta nto campeia nas novas gerações. A agência de notícias rei igiosas alemã EPD considera a "situação alarmante", lembrando que adolescentes entre 13 e 17 anos voltam-se hoje, em grande número, para as mi ssas negras, o culto a Satã e outras fo rm as de ocultismo. Vida de cão - O prime iro alimento enlatado para cachorros "Dick" - foi colocado à venda nas lojas de animais da URSS. Ex plicou um funcionário da fábrica, empresa mista austríaca-soviética: "Esperamos com isso aliviar as ten sões causadas pela escassez de carne", pois a parte da carne que era dada aos cachorros poderá agora ser destinada às pessoas. Descalabros I - O Estad o do Rio clispendeu, nos últimos quatro anos, cerca de 25 milhões ele dólares no alug ue l de terrenos, guarda de material e pagamento fe ito a dez empreiteiras para manutenção dos canteiros ele obras dos famosos CIEPs que permanecem inacabados. Descalabros II -A multa diária que o Brasil vem pagando por não retirar do porto da Argentina as 300 toneladas de trigo importado já somava 4 milhões de dól ares no fim de junho. "Lobby" - A Rúss ia, a maior das repúblicas soviéticas, paga 3 milhões ele dólares ao ano a um " lobbi sta" norte-americano que se encarrega de convencer o Ocidente a fornecer as ajudas eco nômi ~as necessárias para reerguer aquela economia. Surpresa - Desta vez o povo, em nome do qual os co muni stas tanto gostam de falar, surpreende u-os: em virtude de um pleb iscito, a fam igerada Leningraclo voltou a ser São Petersburgo, apesar das ameaças como a cio Coronel Yakubenkov: "Não permitiremos que mudem o nome da cidade".

Destaque Etiqueta e Charme "Há três anos, esse tipo de escola provocaria risos", afirma Mm e. Piatek, professora polonesa de etiqueta. Ela explica: "meus amigos me teriam perguntado qual a utilidade de uma escola [do gênero / e me arnsariam de e/espere/içar dinheiro. 1-/r~je, eles acham issofantásrico e desejam aprender tudo". Mu itos alunos - segundo os professores dessa primeira escola de polidez no país desde o posr-guerra -- estão à procura dasfórmas tradicionais de cortesia e dos sinais de distinção, que .fóram erodidos por quatro décadas de vu lgaridade e grosseria comunistas. O estabelecimento de ensino tem conhecido tal popularidade que já há escassez de vagas' Chassez /e nature/, il reviendra à galop - "expulsai o natural, ele voltará a galope" , acentuam osji-anceses. No momento em que os po/oneses sacodem os grilhões igualitários do marxismo, vêm a lume amigos e nobres anseios de alma que a massificante propaganda vermelha não logrou proletarizar. Em lugar do utilitarismo pragmático e ateu, refloresce a apetência pelas be/asfõrmulas de tratamento , nascidas e requintadas sob o bc!f'ejo da civilização cristã.

Discórdia e Caos "As empresas/ nos anos 60 /foram encorc(jada.1· a redu: ir hierarquias, arnpliar a igualdade entre os.fi111cionários e diminuir os símbolos de autoridade, para aumentar a participação dos empregados na organização" historia Abraham Zaleznik, qu e leciona na Harvard Business Sc hool, em Boston. Observa e/e,ainda, que tais mudanças inspira vam-se na revolução dos costum es, imperante naquela década. A parrir daí, a chamada "ética da in/órma/idacle" generalizou-se. Na indumentária.jeans comjaquetas suhstituiram o terno sóbrio, e no trato , a sem-cerimônia passou a ser a norma de conduta entre diretores e .fimcionários, que se tratavam só pelo primeiro nome. Como conseqüência , instalaram -se no convívio a rispidez. o desrespeito , criando uma atm osfera de mal-estar e incompreensões. Letitia Baldrige - renomada especialista em etiqueta nos Estados Un idos - resolveu escrever um guia de boas maneiras para executivos, tal a rudeza existente nas relações entre empregados de grandes corporações norteamericanas hodiernas. Ao contrário do que se apregoa comumente, o trato igualitário - seja na Polonia do comunismo, seja nos Estados Unidos capitalista - não é fon te de maior liberdade e c1f'eto mas, isto sim, corrói, com _fi-eqüência, a harmonia e o hom entendimento entre todos.


O INVASÕES RURAIS j .., . , '

Sangue eviolência aserviço do comunismo As invasões de fazendas se sucedem num ritmo alarmante. O clero progressista tenta fazer crer que as massas rurais estão se levantando desesperadas contra os proprietários. A realidade, porém, é outra: um movimento muito bem estruturado e misteriosamente fznanciado é que promove a subversão rural em todo o País, ao qual pretende impor o modelo socialista de Cuba O MST conta com o apoio logístico e direção política de setores da Igreja Católica

A esq uerda e o c lero progressista vêm Salto do Jacuí - Rio Grande do Su l, da São Pedro. No confronto com a Brigada apresentando essa violência como maniMilitar um cios invasores ca i morto. Os março de 1989. Invasores da Fazenda Santa E lmira rasgam a ordem judicial de solcl aclos e o fazendeiro são clorninaclos festação do desespero cios trabalhadores desocupação da área e enfrentam as tro- pelos invasores e submetidos a toda espé- rurais, e pedem em altos brados a Reforma Agrária. pas da Brigada Militar, com tiros, arma- c ie ele vexames e ameaças físicas. A verdade é bem outra: não estamos dilhas e armas brancas. A li sta elas inv asões ele fazendas, esbuPedro Canário - Espírito Santo, ju- lho e violências poderia se alongar indefi- assistindo a nenhum levante de verdadeinho de 1989. O fazendeiro José Machado nidamente: uma pesquisa não exaustiva ros lavradores contra os proprietários ruNeto e o so ldado ela PM Sérgio Narciso nos jornais reve lou nada menos ele sete nta rais, e sim à ação ele uma minoria longaela Silva são mortos numa e mboscada casos, em dezoito Estados, somente de mente conscientizada, _bem treinada e arregimentada em um movimento cuja meta pelos in vasores. jane iro de 1990 a abri I deste ano. confessada é cubanizar o Brasil: o MoviGuaruva - Santa Catarina, junho ele Houve mortos e feridos, tanto fazen- mento dos Trabalhadores Rurais Sem Ter1990. O fazendeiro Marco Antonio Stede ldeiros e seus empregados, como policiais ra, o já tristemente célebre MST. le é morto pelos invasores ele ua fazenda. Pontal do Parana1>anema - São Pau - e também invasores. lo, julho ele 1990. Dois OfiMovimento de agitadores ciais ele Justiça vão entregar Llvreto destinado às CEBs, com texto original de Frei Betto, compara a Ao lado cio MST, aparece quase luta pela Reforma Agrária à conquista da Terra Prometida pelo povo judeu intimação judicial ele desocusempre nas notícias sobre inpação aos invasores ela Favasões rurais a Com issão Paszenda Nova Pontal, são preli tora I ela Te1rn -CPT, vi ncu lacla sos por eles e mantidos como à Conferência Nacional cios reféns, sob a ameaça ele serem BisposcloBrasil-CNBB.Com degolados se as reivindicafreqüência aparece também o ções dos subversivos não fobraço sindical cio PT, a CUT. Esse rem atendidas. amálgama po lítico-religioso Itapeva- São Paulo,julho tomou-se patente nLIITla elas con· ele 1990. A Fazenda P iritu ba clusões cio Encontro de CEBs em é invadida e o fazendeiro Be1t julho ele 1990, em Lins (SP): "InLoman tomado igualmente como tegrarCEBs,CPT,PT,MS"f,CUT, refém. buscando a construção de urna sociedade socialista" ("Sem Bagé-Rio Grande do Su l, Terra", julho-agosto 1990). abri l ele 1991. InvasãodaFazen6

ATOLJ ISMO , AGOSTO 1991

Algumas notícias apenas, a título ele apelos da religiosidade popular e usando O l º Congresso Estadual Rural ela CUT ilustração, extra ídas ele urna massa de a religião como elemento político" re uniu-se no Seminário ele Passo Fundo (RS); mai s ele trezentos recortes ele imprensa. escreve Grzybowski (op. cit., p. 68). e o Sem inário de ftarnaraju (BA)-segunclo Na Fazenda Collorado, ]tum.na (MG), Não é por acaso que a sede do MST denúncias - serve ele base para as invasões "segundo representante da Central Única em C hapecó (SC) funciona no Seminário ele terras na região ("Jornal cio Brasil", 18-8dos Trabalhadores -CUT, o movimento de loca l: o Bispo D. José Gomes, é ex-pres i- 90; "Tribuna da Bah ia", 23-2-89). ocupação está sendo apoiado pela própria dente da CPT. E m Unaí (MG), foram presos mi li tanCUT,pelo ParlidodosTrabates ela CUT, CPT e MST lhadores - PT, a Comissão que se reuni am em um conPastoraldaTerra- CPT,Movento para o cadas tramento virnento dos Sem Terra- MST do pessoal e a preparação de e políticos da região" ("Estado invasões ("O Globo", 1-8ele Minas", 24-1-90). 90; "Estado ele Mi nas", 29Em São João do Piauí, a 7-89). Fazenda Marrecas fo i invaA Diocese de Uberl ândia dida "por agricultores orga(MG) "anu nciou que em tonizados pelo Movimento dos das as missas do próximo Trabalhadores Sem Terra dom ingo serão recolhidas (MTST) e Comissão Pastoral doações em dinheiro e proda Terra". O fazendeiro Raidutos de primeira necessimundo Rodrigues foi morto dade para encaminhar aos pelos invasores ("Folha de S. acampados de Vila União" Pau lo", 6-9-90). ("Hoje em Dia", 5-2-90). No Pontal do ParanapaneOs Bispos do Paraná, em rna (SP), a Fazenda Nova Poncomunicado oficial, afirmam tal ' foi invadida por duas mil que "Igrejas da Europa, Diopessoas .... segundo os próceses do Paraná e comunidaprios invasores, comorganizades têm enviado suas constcmçãofeita pela Comissão Pastotes qjudas" para invasores ral da Terra (CPT) e pela Cen("Gazeta cio Povo", 12-3-89). tral Única dos Trabalhadores Convém lembrar que a (CUT)" ("OGlobo", 20-7-90). Invasões, esbulho e violências no campo CPT recebe quinhentos mil O jornalista Rica.relo Kotsdólares anuais ela organizacho, ligado ao PT, apresenta o Abelardo Luz - se Crato - CE ção católica alemã Misere01· Prudentópolis - PR MST, CUT e CPT como "as (o que representa apenas um Alcobaça • BA Curitibanos - se Quedas do lquaçu • PR três principais entidades resterço ele seu orçamento) ("O Andradina - SP Esperança • PB Redenção - CE ponsáveis pela mobilização Estado ele S. Paulo", 26-2Aquidauana • MS Espigão d'Oeste - AO Rosana-SP dos trabalhadores rurais" 89; 4-6-89). E a CPT é uma Araruna PB Flexeiras AL Saluá • PE ("Jorna l do Brasi l", 29-7-90). das organizações que garante Bagé· AS Floresta • PE Santa Luzia do ltanhy - SE o apoio logístico ao MST. Apoio e direção da CPT Bataiporã - MS Fortaleza dos Valos - AS E difícil ava li ar o mon Santana do Acaraú - CE C. Grzybowski escreve sobre tante ela ajuda financeira reBom Jardim • MA Garuva - se Prado - BA o MST: "O movimento conta ceb ida pelo MST. Um jorBonito-MS Imperatriz - MA São Mateus - ES com o apoio logístico e direnal gaúcho come nta em ed iBoqueirão - PB ltá - SC São Mateus • SP ção política de certos setores torial: "Chama a atenção Camacã - BA ltapeva-SP Tabosa - CE da Igreja Católica, particu.. .. o volume de recursos de Camamu-BA lturama-MG Tacuru - MS larmente a CPT" (Caminhos que dispõem suas liderane Descaminhos dos MovimenCanindé · CE João Câmara - RN Tamboril· CE ças (do MST), pois nada tos Sociais no Campo, Vozesmenos de 140 cam inhões Capela Santana - AS João Lisboa - MA Taquarussu • MS FASE, Petrópobs, 1987, p. 24). foram utilizados no transCarajás - PA Massapé-CE Telêmaco Borba - PR Esse apoio logístico se maporte dos que pretendiam Cascavel - PR M. do Paranapanema - SP Teodoro Sampaio. SP nifesta sob diversas fo1111as: ocupar pela força proprieCerejeiro - AO Mombaça-CE Teresina - PI cessão de imóveis, financias dades disseminadas por Colorado - AO Oeiras- PI Touros - RN mento, pessoa l; a direção pouma vasta região de nosso lítica vem através ela consConceição do Araguaia - PA Palma Sola • se Coroados - SP Estado" ("Zero Hora", 2 1cientização, da organ ização 9-90). Esse agitadores são dos quadros, estabelecimento transportados a lugares disde estratégias etc.: "O chamado 'serviço' Em São Paulo, o mov imento encontra tantes às vezes 400 quilômetros, como da Igreja é mais do que um serviço, é uma abrigo numa escola cató lica, o Instituto ocorreu com os acampados de C ru z Alta , atividade político-educativa e organizativa, Sedes Sapientiae, onde funciona a reda- · levados até Porto Alegre para acamparem associada à religião .... Os organismos da ção do "Jorna l dos Trabalh ado res SEM diante do Palác io cio Governo ("Zero Igreja jàzem educação política atendéndo a TERRA", órgão ofic ial do MST. Hora",9-8-90).

CATOLICISMO, AGOSTO 1991

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Uma imensa Cuba - "Errar é l111mano. Perman ecer no erro é cim7Jó lico" d i z o d it ado. Tanto mais quando esse err o se r evel a não só uma in se nsa tez no plano teóri co, mas i gua lm enle 1111·1 absurdo na ordem prática. Q ue o clero progress ista, e a esquerda em geral , pregassem o soc iali smo antes elas tran sformaçõe s no Leste europeu, as quais mostraram o óbv io - isto é, que o regime soc iali sta só pode trazer adi tadura e a mi séri a - era inconcebíve l. Mas fazê- lo agora reve la um a obstinação e um fanatismo · que não há como não chamar ele sectário. Pois é exatamente o que se dá com o MST, cujo modelo para o Brasi I é C uba, sustentada pe la Rússia, ela mesma uma imensa fave la. Pode-se ler no jornal cio mov imento : " Mu it a gente, esp ecia lmente a b11rg uesia e seus meios de comun icação ,.fizer am propaga nda qu e, após a queda do muro te· Berlim , havia acabado o soc ialismo. E muitos p equenos burg ueses entraram na onda . ... N ós qfirmamos que o socialismo vi ve 1 Afirmamos qu e a classe traba lh adora d eve co ntinuar luta ndo p elo socia lismo".( "SEM TERRA" , ma r ço

199 1). E em outra edição: " Para nós traba lh adores é imp ortante compreender , q11e graças à destruição do cap italismo ern C uba , e com o processo de constmção do socia lismo , o povo cubano conseguiu r esol ver suas principais necessidades" (icl ., mai o I 99 I ).No aniversári o ela revolução cubana, o jornal proclama sua " so lidariedade a este her óico povo irmão" e o f elicita pelos "32 anos de socialismo" (id . janeiro, 199 1) . Essa adm iração por uba não é meramente platônica: há anos as autorid ades po li ciais e mi li tares vêm denunciando a influência cubana nas táti cas de guerri Iha adotadas pelos MST nas invasões ele fa - · zenclas. Em junho último, a pri são ele sele mi litantes cio MST no sul do Pará, quando preparav am novas in vasões ele fa zendas, tornou patente essa influência. As dez ou doze ca i xas de documentos e fotografias apreendidas ev idenciavam que pelo menos três deles havi am feito cursos na ilhapris ão el e Ficl el. O de legado Romeu Tuma , Superi ntendente ela Polícia Federa l, dec laro u: "Consta da docum entaç·ão · 8

res cio esbulho e cio desrespeito ao Judi ciário (os invasores rasgaram a intim ação judic ial ), os Prelados se vo ltam contra as autoridades constituíd as, encarregadas ele fa zer preva lece r o Direito e a ordem públi ca! "Co nsta tamos com tristeza - di zem os Bispos que em casos de cor!flitos asfor ças r epressivas do Estado parecem posicionar -se, com demasiada fa cilida de, em favor dos poder osos or ganizados" . E acrescentam: "Compreendem-se as atitudes de impaci ência, e até de desespero dos trabalhador es mrais" ("Jornal ele Opini ão", B elo Horizonte, 26-389). E os Bi spos cio Paraná apresentam -se "Escudo protetor" - É di fíci I entend er o que leva o como garantia de que os ag itadores do clero progress ista a se tornar· MST não são subversivos: "Conhecedoum cios principais sustentácu- r es da vida dos acampados , não aceitalos ele um movimento cuja 1nos as acusa ções general izadas e fác eis doutrina e cujas metas são in - d e que são sub versivos, ociosos, bandicom patíveis com os ensina- dos, exp lorador es" . E decl ara m estarlhes enviando ajuda vinda ela Europa, das mentos do M ag istério tradicional ela I grej a, e cuja prática dioceses paranaenses e das comunidades co nstitui uma violação da ("Gazeta cio Povo" , 12-3-89). Quando agitadores cio MST mataram mora l ca tólica. A menos qu e se tenha em mente a Teo log ia ela Libertação, que em Porto A legre o soldado Valcleci ele Abreu Lopes, ela Brigada, em agosto ele identifica o Reino de Deus na Terra com 1990, um singul ar manife to foi divul gaa utopia comuni sta igua li tária. do pela imprensa, sob o título Clamamos : E. es setores ecl es iásti cos funcionam como um escudo protetor, que acoberta Reforma Agrária já! Ass inavam, entre os in vasores e lhes gara nte a impunidade. outras entidades: PCB , CUT, MST e... Exercem ainda um papel leg itimado r aos CNBB! ("Zero Hora", 10-8-90). olhos ele muitos fi éis ingênuos, que ele outra forma condenariam com v igor as O comunismo está morto? - Enquanto o comuni smo intern ac iona l proin vasões. Ilu strativ a desse duplo papel é a nota cura fazer crer que está em vias de desaemitida pelos Bi spos ga úchos, por oca- parecimento e que j á não constitui uma sião ela vio lenta invasão ela Fazenda Santa ameaça para os países cio Ocidente, esta Elmi ra. Ao invés ele condenarem os auto- brev e resenha mostra o con trário: ele está

que entreguei à C P! (sobre a violência no campo) que essas três pessoas tiveram aulas de tiro e proselitismo". Foram encontrnclos ainda levantamentos detalhados de áreas rurai s e vários relatórios . Em um destes, doze sindi catos rurais ped iam ao MST material didát ico e orientação para assum ir as inva sões na reg ião. O contato cio movimento em M arabá(PA) era o Pe. Renato Roque Barth, ela igrej a ele S. Francisco (cfr. "Correio cio Tocantins", Marabá, 2 16-9 1; "O Estado ele S. Paulo" e "Folha ele S. Pau lo", 27-6-9 1).

bem vivo e atuante em nossa Pátria. Não, poO papel das rém, através cio desgasCEBs na tado PCB. subversão Aqu ilo que o comunismo não conseguiu efetirural e urbana var por meio cios Pruticlos em nosso País Comw1istas, o clero esfoi denunciado há quase dez anos querdista está real izando através ele movimentos por um livro que conserva toda a como o MST, ele organissua atualidade: As mos como a CPT e as CEBs, em espúrio amalse gw11a com o PT e a CUT. Pela man ipu lação cio de autoria do Prof. sentimento religioso ele nosso povo, esses setores Plinio Corrêa de Oliveira, Gustavo eclesiásticos vão incenAntonio Solimeo e Luiz Sérgio diando o País e levando-o Solimeo. para o abismo cio qual procuram penosamente sair as clesven tu radas naA TFP tem clifuncliclo essa mensagem ções cio L este europeu, tantos anos escra em contato direto com a popu lação, por v izaclas pela seita vem1elha. meio ele publicações, ele campanhas públi Luz no horizonte - Nem tudo está , cas, ele caravanas que percorrem todo o País, de palestras para fazendeiros e empreporém, perdido. sári os, para estudantes e profiss ionais, para Se o clero ele esquerda vem procurando atear fogo ao País, por meio elas in va- operários e trabalhadores ru ra is. É prec iso que todos aqueles que ama m sões rurai s, este custa a entrar em comverdadeiramente nossa Pátria se unam bustão. E a razão dessa fa lta ele combuspara fazer face a um inimigo tanto mai s tibi licl acle es tá, em larga medida, na perigoso quanto se reveste ela roupagem atuação cio Prof. Plin io Corrêa ele O I iveira e ela TFP. Ao longo ele cinco décadas o reli giosa. ilu stre pensador e l íder cató li co vem esCom a ajuda da Senhora Aparec id a, clarecendo a opinião pública sobre a atua- Padroeira cio Bras il , nossa querid a Pátria ção ela esquerd a ca tóli ca e relembrando ainda pode ser salva! • os princípios da doutrina tradic iona l ela fgrej a, sobretudo no que se refere ao di reito ele propriedade e à concó rdi a que LUIZ SÉRC IO SO LIMEO eleve rein ar entre as classes sociais. GUSTAVO ANTON fO SoUMEO

CEBs ... das quais muito se fala, pouco conhece-A TFP as descreve como são,

NA ORIGEM DO MST, AS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE A origem do MST é geralmente apontada nas Comunidades Eclesiais de Base - CEBs formadas no Acampamento da Encruzilhada Natalino, no Rio Grande do Sul, e no movimento contra a construção da barragem de ltaipu, promovido pelas CEBs da região. Escreve uma revista paulista: ''.4s Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) foram instaladas logo depois das primeiras ocupa-

ções de terra a fim de organizar os acampamentos , transformando - os em verdadeiras universidades dos movimentos populares. Nesse caso, o reitor seria o padre Arnildo Afonso Fritzen, da Paróquia de Ronda Alta, e os alunos mais ilustres teriam sido o deputado estadual Adão Preto (PT) , o sindicalista Ademar Bento e o líder do movimento (MST), Darci

Maschio " ("lsto é/Senhor", 4-10-89). O caso de Arnaldo Milan , outro dirigente do MST , permite medir o efeito da conscientização rel igi osa para transformar operosos lavradores em invasores de terras . Ele mesmo conta: 'Wé 1987, eu achava que os sem-terra eram um grupo de baderneiros e sonhava em ser fazendeiro. Tinha 24 anos quando tive o pri-

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O PROGRESSISMO

O INTERNACIONAL

Seminários e "fumaça de satanás"

Ricos, "pobres" e mendigos

O que terá levado a Congregação Salesiana a admitir marxistas revoltosos em seu.seminário, no Recife? - "Sociologicamenre f alando, sempre houve e sempre haverá uma luta de classes . Não há como fec har os olhos à realidade. Marx atinou para certas coisas importantes, que não podem ser negadas. - "O marxismo tem cerLOs mé todos de análise social que são aprovados. Nesse sentido, é inegável a irifluência do marxismo na Teo logia da Libertação. - "O comunismo não é uma ameaça para a sociedade brasileira". Rebelião - Essas desconcertantes declarações, prestadas pelo Pe. Gera ldo Penuk, diretor do Seminári o Regiona l No rdeste (Serene-2), em Rec ife, du ra nle a entrev ista que me concede u em 1989, publicada em CATOLICJSMO, na edi ção de novembro desse mesmo ano, afloravam à minh a memória, quando li na revi sta "Veja", ele 17 de abril último, a seguinte notíc ia, sob o título Desobediên-

Absurdo: "O marxismo nos faz entender melhor a sociedade " (Pe. Cláudio Sartori)

Marxismo - R ecorde i-me também da s espa ntosas palavras proferid as pe lo di retor do ITER, o iugos lavo na turali zado ita li ano, Pe. C lá udi o Sartori , quando lhe pergunte i, por oca ião da menc ionada re portagem , qua l o pape l do marxi s mo no c urr ícu lo do !TER: "O marxismo é o instrumenta l que nos fa z entender melhor a sociedade, atra vés da intuição de que os asp ectos econômicos condicionam os outros aspectos da vida. O ser humano é um ser econômico e quem me lh or desc reveu tal rea lidade foi Ma rx . Por isso, o !TER procura interpretar a realidade social à luz do marxismo" .

cia em Recife: "o seminário salesiano de Recife, que seg ue a Teo logia da Libertação, dec idiu. admitir os alunos dos três seminários de orientação marxistas f echados nos últimos do is anos por ordem do Vaticano. Os seminaristas ... .com essa saída vão poder sagrar-se padres". O Serene-2 fo i ex tinto em 1989, juntamente com o Instituto Teol óg ico de Recife (ITER), por um decreto eman ado ela Congregação Romana para a Ed ucação Cató lica. O corpo docente e o di scente desses do is seminários , há dois anos, entraram em franca re beli ão contra o Arcebispo de Recife, D. José Cardoso Sobrinho. A rebe li ão fundav a-se no fato de aq ue les eclesiásticos seguirem a orientação rnarx ista do antigo A rcebispo loca l, o hoje quase esquec ido D. Helcler Câmara, cognomi nado o A rcebi spo Verme lho. 10

Conferências de Londres e Guadalajara prenunciaram nova ordem internacional. Cai o velho antagonismo Leste x Oeste; entra em cena o dos ricos x "pobres", com a participação especial de Gorbachev e Fidel

O le itor, após tomar conhec ime nto desses doi s impress ionantes depoimentos, poderá calcular minha perpl ex idade diante ela notíc ia ele " Veja". D ir-se- ia que, depois ela intervenção vaticana, o caso estava encerrado. Mas não ! A penetração " progress ista" no inte rior ela Igreja va i ma r a lto e os revo ltosos se ac ham bem apo iados. Ta nto ass im que encontrara m a bri go num a im portante congregação reli g iosa: a cios sa les ianos.

Fumaça de Satanás - Até o momento, não consta nenhuma intervenção cio Superior Geral cios sa les ianos para impedi r essa admissão, numa das casas co locadas sob s uajuri sclição. Dentro de alg um tempo, poi s, aque les mesmos seminaristas que afi xavam nas paredes cio Serene-2 confo rme ateste i medi ante a foto que é re produzida nesta pág ina - um poster com a fi gura cio fa mi gerado guerrilhe iro arge ntin o-c ubano e a inscri ção "C heG uevara vive", poderão ser ordenados ... E de veremo ter mai . uma fo rnada de padres marxistas, saídos ele uma casa reli g iosa ela Congregação fundada pelo admirável São João Bo co, tão c ioso da formação cios sacerdotes sales ianos ! A h! se e le vivesse ... O que s ignificam tai s fatos? Um favorecimento da Congregação Sa les iana à revo lta desses se min a ri s tas co ntra Roma? Ou terão os revo ltosos importantes apoios, que lhes obtiveram essa "saída"? Não se sabe. T udo fi ca imerso na bruma, ou me lho r. .. na "fum aça de Satanás", que entrou no " templo ele Deus", valendo-me da conhecid a ex pressão empregada por Paulo VI.. .

Seminaristas, que afixavam nas paredes do Serene-2 posters de "Che Guevara ", poderão ser ordenados

• BRÁULIO DE A RA ÃO

CJ\TOLT ISMO , AGOSTO 1991

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oi s eventos marcaram o mês ele não foram a lém ele inconseqüentes meas Bori s Yeltsin , ex-comunista e atual pres ijulho. Apesar ele distintos, estão culpas. Procuraram eles cavilosarnente per- dente ela Federação Russa - ele ito por profundamente interl igaclos. petuar os mesmos princípios igua li tários ma iori a esmagadora ele votos - , declaEm Londres, a re uni ão cios sete países que gera ram a derrocada cios respectivos rou recentemente em Was hington que a ma is industrializados (G-7), con"sociedade soviética .... não tou com a estranha presença ele tem respeitado os valores ciGorbachev, re presentando uma vilizados (sic) da igreja,faURSS ele indústria desqualificamília , propriedade privada e da. Em Guada lajara, o encontro li vre empresa" ("Notícias ele Cúpul as ele 2 l Países Iberode i M undo", New York, 28-6Ame ricanos, bem corno Espanha 9 l). e Portugal. Presente, com g rande Um observador imparcial estarda lh aço, o único governante diria que o único meio ele não-democ rático da região, F iremediar o desastre e reconscle l Castro. truir os países fl agelad os Ambos os aco ntec ime ntos pelo comunismo, seria o reprenunc iari am um a nova ordem torno à adoção integral desele co isas inte rnaciona l. Isto se ses "va lores civi li zados". ex plica. Gorbachev, na verdade, Até há po uco, o panorama era vem reiteradamente d izendo nítido: do is blocos se op unham que jamais restaurará na sua -comuni stas e não-comuni stas . pl enitude a propriedade priSeg undo uma idé ia muito difun vada ela terra. O que pretende dida no Ocidente, o fu turo estari a ele, então? com os ve rme lhos. O mundo capita li sta representaria a ordem ele Morte das ideologias? coisas a ·er s uperada, em march a E m lu ga r el a confrontação ine lutáve l rumo à esquerda. ideológ ica, entre os doi s bloPorém, o súb ito desmoronar cos, inte nta-se agora maquicio Muro ele Berlim inic io u um nar outro antagonismo, baprocesso ele clesmascararnento seado não mai s em idé ias, ela pior mi é ria ocorrida na Hismas na diferença ele riquezas tória . S iste maticamente, os paídas nações. Isto não constitui ses ela e x-cortina-de-ferro, tidos propriamente novidade. Há como auto-s ufi c ie ntes, reve lamuito, o líder sociali sta a leram-se carentes não só cio supér.. , mão Willy Brandt, com o befluo , mas do fund amenta l. E tor' neplácito de D. l-Íelcler Cânou -se corriqueiro vê-lo todos Fidel Castro no México: "Cuba está disposta a derramar sangue por rnara e ela esquerda católica, - URSS e C uba à frente - ele aquilo que é hoje a primeira trincheira da soberania de nosso povo " ins inu ava a existênc ia ele "chapé u na mão", a mendigar auuma ún ica divergência, a de xílio mesmo para necess idades caráter econôm ico. países, e que consistem na negação, em básicas. graus dive rsos, cios va lores fund amenta is De acordo com este e nfoque, a velha Mendi gar, não. Ex ig ir, como ad iante ela tradição, fam ília e propriedade, s usdivi são entre com uni stas e não-comunisve remos. tentáculos ela ordem natural e c ri stã . tas seri a subsituída por outra: ricos desenLonge ele reconhecer o fracasso patenA li ás, ele fil e iras bem insuspe itas, e is volvidos em opos ição a elos "pobres" subte cio reg ime, alg un s líderes com uni stas um Lestem unho express ivo a respeito: desenvo lvidos. Estes seriam os "ex plora-

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CATOLICISMO, AGOSTO 1991

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dos", e aque les os "ex ploraÀores" . No fundo , é a errô nea e obsoleta teori a marxista ela luta ele c lasses ap licada às re lações intern ac iona is. Ao contrári o cio que foi dilo em Guadalajara, é ilu só rio imaginar qu e te nha cessado o embate ideo lógico no mundo. Apresenta-se apenas com nova roupagem, ma is apta a embair o homem moderno, pouco afe ito a conside rações abstratas.

Pobres e ricos - O que caracteriza ri a um país ri co? É aq ue le que, poss uindo co ns ide ráve is riquezas naturai s,mostrase capaz de ap rove itar adequadamente suas potenc ia lidades. Pobre seri a o pa ís que é dete ntor de poucas riquezas, o u, embo ra te ndo muitos ben s, nem os ex pl ora ,nem o fa z e fi cazmente. Neste sentido, sabe-se que a URSS é, presenlemente, paupérrima , mas é potencia lmente, um dos impéri os ma is ri cos do mundo. Entretanto , décadas de com uni smo produ ziram a mi séri a desse moloch , es tarrecedora para os que a conhecem.

Bush se disse convencido de que as mudanças na URSS - . , . sao irreversiveis, mas Gorbachev quer dinheiro sem nenhuma espécie de monitoramento por parte dos que lhe emprestarem 12

TomeNota !ZJJ

A idé ia de que os países se dividem entre produtores de malérias-primas (pobres) e consumidores industri a li zados (ricos), e ntre os que são "s ubdesenvo lvi dos" e "ex plorados", e os que são "desenvolvidos"·e "ex ploradores", não é exata. É prec iso saber em que medida determi nado país "subdesenv o lvido" é pobre devido a "ex ploração" de o utro ; ou se a pobreza é frulo da incompetência dos governos, de sua excess iv a ingerência na economi a, da corrupção, o u ~1 soma desses fato res. Só então pode-se objetivamente ponderar se a remuneração o btida pelas matérias-primas vend idas e pela e laboração fin a l dos produtos corresponde a seu valor real. O que não for isso, é me ra demagog ia. E da pior espéc ie.

O tão celebrado "liberal" e opositor de Gorbachev foi um fiel burocrata do PCUS, que mandou destruir a casa l.iólllllliai!Wi.'..!ll do engenheiro lpatenko, onde foi barbaramente assassinada a família Imperial russa, com o intuito de eliminar os vestígios de tão brutal regicídio. (V~ja) FRANCIS FUKUYAMA

O teórico do chamado "fim da História" afirmou que o socialismo era visto como uma onda do futuro. Depois da queda do Muro de Berlim - acrescentou - o comunismo passou a ser associado ao atraso econômico e tecnológico. (Veja)

Sete ricos - O 17" encontro anual do Grupo dos Sete - Inglaterra, França, Itáli a, Alemanha, Japão, Ca nad á e Estados Unidos - encerrou-se no dia 17 de julho com uma declaração visando a " reordenar a econom ia mundial ". Manifestaram também o desejo de fo rta lecer a Organ i. zação das Nações Un idas (ONU); a nãoproliferação de armas nuc lea res, quími cas e biológ icas. No campo econômico, os sete ricos reconheceram que os paí es pobres precisam de ajuda finance ira, recomendando medidas tendentes ao perd ão de sua dív ida ex terna. Conc lamaram o C lube de Paris a di scutir e a impl ementar estas medi das (Cfr "Jorn al do Bras il ", 18-7-9 1). Quanto aos países cio Leste europeu, o Grupo dos Sete mani festo u o desejo de que a li as reformas sejam comp lementadas com a "privalização e reestruturação de empresas", e pelo ''.fortalecimento do direito à propriedade" (id ., ib.). Medi das, ali ás, muito razoáveis.

A mídia ressa llou a presença de Mikhail Gorbachcv, que se havia auto-convi dado para a reuni ão. Gorbachcv obteve tudo aqu ilo que, sem despe rtar da indo lência a o pini ão -pública ocidenta l, as c ircunstânci as permiti am. Por ou tro lado, recla mou ele de supostas barre iras ocidentais cri adas pe lo Gatt - Acordo Gera l de Comércio e Tarifas; o FMI - F undo Monetário InLernac iona l; o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolv imento, criado para a cooperação com a URSS e os países cio Leste e urope u. Segundo o pres idente soviético, tais "mecanismos e regulamenlações é que tornam in viáveis, do ponto de vista ocidental, os projetos de desenvolvimento por ele aprese111ados" (id., ib.).

CARD. GIACOMO BIFFI

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para Gorbachev, o representante da miserável Rússia

Em o utras palavras: Gorbachev quer dinheiro sem nenhuma espéc ie de moni toramento por parte cios que lhe emprestare m. A esse d ispara te acresce nte-se uma mal ve lada ameaça: "Os sete puderam interroga r Gorhachev e pedir-ll,e por exemplo garantias sobre a soberan ia das repúblicas soviélicas, o i1i/luxo de capilais estrangeiros, a suspensão da ajuda a Cuba, a estabilidade polí1ica 11a URSS, o empenl,o de privalização ele .. . "Gorbacl,ev - e aq ui está a ameaça - relru cou, seg undo fon le diplomálica, que há um limile para o soji·imenlo que os líderes do G-7 podem exigir do povo soviélico" (id ., ib.). Isto significa: Iº) que, segundo e le, são as ex igê nci as impostas pelos ricos à concessão dos empréstimos que mantém o "so.fi'imen/o do povo soviélico", e não sua rec usa em aba ndo nar clara e inte iramente os erros de setenta anos de comunismo; e 2g) que tal sofrimento tem limites, além dos quai s subentende-se - as conseqüências seri am imprev isíve is ... A tal in so lênc ia, o c itado jornal reg istra desconcertante reação: "À saída elogios. Bush se disse con vencido de que as mudanças na URSS são irreversíveis". CATOLICISMO, AGOSTO 1991

Como os ri cos estão sa in do de uma recessão, " não haverá dinheiro por enquant o". Porém, como sina l de que a ajuda virá, tanto o prim e iro-mini stro ca nade nse, Brian Mulroney quanto o japonês, Tosh iki Ka ifu, liberaram créditos ele US$ 130 milhões ,e US$ 100 milhões, respecti vamente. E um bom cachel para um sl,ow ele doi s di as.

No México: mesuras - Em Guada lajara, à retórica ultrapassada do encontro, somou-se um descabido e li sonjeiro tratamento conferido ao ditador cubano. A que títul o se trata com mesuras Fide l Castro? Por sua obs tinação na defesa de prín c ipi os revoluc ionários marxistas - que na URSS e demai s países do Leste e uropeu produziram a mi séria q ue presenciamos? Pe lo surrado anti -a mericani smo, em voga nessa reuni ão de cúpula? "Cuba eslá dispos/a a derramar sa11 g11e por aquilo que é hoje a primeira lrincheira da defesa da soberania de nosso povo" ("Jornal cio Brasi l", 19-7-9 1), declarou teatra lme nte Fidel. Para logo em seguid a ac rescentar: "C uba não pode

CATOLICISMO, AGOSTO 1991

sair da crise econômica sozinha. Cuba precisa de ajuda e cooperação". É, no fund o, o mesmo ling uajar de Gorbachev : temos dire ito ao d inhe iro do Ocidente, caso contrário .. . Para não melindrar Ficle l e m seu empedernimento, o documento fin al sa iu a seu gosto: a Íbero-Amé ri ca "se assenta na democracia , respeilo aos direitos hurna11os e às liberdades .fitndarne11tais" e 110 "direi/o de cada povo constnrir em pa::., com eslabilidade e ju sliça, seu sistema polílico e s11as instiluições" ("O G lobo", 20-7-9 1). Entenda-se: " povo", no caso, é o governo castrista. O verdadeiro povo cubano, no máximo , pode gemer desde que não seja muito alto ... Em su ma, tanto em Londres como em Gua lalajara, por detrás da aparen te queda das barre iras ideo lóg icas, foi uma ideologia - a igualitá1~a - que predominou . Tudo fo i fe ito para que os totens do ig ualitari smo nas duas conferênc ias Gorbachev e Fidel - fossem preserv ados. Porquê? Para qu ê? É uma in cógnita. R. MANSU R GUÉR IOS

Diante da assustadora queda do crescimento demográfico (-0,4%) na região de Emilia Romagna (Itália), o Cardeal de Bolonha fez um apelo : "Peço aos homens públicos que, para favorecer os nascimentos, façam alguma coisa, pelo menos com o mesmo empenho e a mesma efetividade que colocaram para favorecer O aborto". (LaR,p11/Jhlica .llmm) FRANK CARLUCCI

O ex-Secretário de Defesa dos Estados Unidos alertou: "O que entrou em colapso nos últimos anos foram o Pacto de Varsóvia e o sistema político do partido comunista. A máquina militar soviética não ..... Ela ainda é bastante Sofisticada". (Veja) ALAIN TOURAINE

O insuspeito sociólogo esquerdista francês declarou: "A esquerda andava sobre duas pernas: '--"''-""''--''- a defesa da classe operária e a fé no Estado enquanto agente do progresso. A primeira está paralisada; a Segunda desfeita". (DiftriodeNotfcias,U.ihoa)

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O ESPETÁCULO

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·Viagem no Tempo Na França, numerosos castelos revivem suas glórias passadas, em espetáculos de "son et lumiere". No Puy du Fou, o suceder dos séculos da heróica Vendéia PARIS - Na pequena cidade do Lude, nasc ida à sombra do castelo do mesmo nome, junto ao legendário rio Loire, a escola privada necessitava de fundos. Além da tradicional quermesse, os pai s dos alunos, seguindo o conselho da caste lã, decidi ram abrir velhos guarda roupas e revestirse de antigos trajes para reviver um faustoso baile do século XIX. "Quinhentos espectadores na primeira noite, mais de três mil na segunda", recorda Louis Jean de Nicolay, o atual proprietário do castelo. Nascia assim, em 1957, o primeiro "son et lurniere" (espetáculo de som e luz) da França. A moda dos espetác ulos hi stóricos se espalhou. Desde então, o Lude criou urna meia centena de êm ulos; castelos que revivem um passado rico em batalhas, re is e revoluções, em grand iosas encenações.

Puy du Fou - Particularmente rico em detalhes, cenas e perspectiva hi stóri ca é o espetác ulo que se reali za, desde 1978, no O Rei Francisco I, é recebido por Catarina, coração da Vencléia, face ao castelo de a castelã do Puy du Fou, na volta de Bayonne Puy du Fou. Os Maupillier - A representação conta Parcialmente em ruínas, o castelo é o a hi stória e a tradição de uma longa e imponente cenário ante o qual se desenverdadeira dinastia de camponeses - os rolam as memórias de uma população e ele Maupillier - que habita no Puy du Fou toda uma região: o " bocage vendeano", desde a Idade Média e cujo primogênito, tão ofredor com as atrocidades da Revode sécu lo em sécu lo, de geração em geralução Francesa, tão heróico na sua resisção, sempre se chamou Jacque . tência à mesma, e pouco antes evangeli A noite baixa sobre o castelo, e para zado pelo grande apóstolo mariano dos iluminar seus muros secu lares acend mséculos XVII e XVIll, São Luís Maria se as lu zes elas recorclaçõ s. Recordações Grignion ele Montfort. · de um povo inspirado por sua hi stória. Aqui, a voz e a música vibram,juntanUm vencleclorambulanteaproxirna- e, do-se aos jogos de água, aotrernu lardo fogo, à variedade das luzes, aos efeitos ele órgão, lentamente, para passar o serão, junto à aos deslumbramentos pirotécnico , para lareira, com a mãe e o pai Maupillier e as evocar uma epopéia rica em significado . crianças que o esperam ansiosas, sobretudo o pequeno Jacques. A fé , o amor à região, o gosto pelo "Eu levo comigo a história , a todas as passado redescoberto, pelo belo, pelo teatro levam mais ele 600 habitantes de 14 crianças do país. Cantarei a canção de comunas da região a apresentai' e animar todos os Maupillier sobre esta terra de o espetácu lo, representado para um públi- gigantes e de giestas emflor". Ao pé da lareira, as palavras surgem, co superior a 12.000 pessoas. Em doze as imagens tomam forma: é o grande suceanos, mais ele 2.500.000 espectadores ! 14

der do · séc ulo , o passar das gerações. A História surge em múltiplos quadros vi vos que narram a glória, a guerra, o fausto, o trabalho, as pompas reais , a vicia nos campos, as lutas da Vendéia.

Honra e heroísmo - Cavaleiros com reluzentes armaduras, distintos penachos, montando corcéis ricamente ajaezaclos, avançam com ímpeto, e nos fazem remontar aos tempos medievais: um aguerrido torneio se desenrola a nossos olhos, lembrando as épocas de Fé, de honra e de heroísrnç cavalheiresco.

Visita real - O tempo passa. O séq uito medieval dá lugar às pompas da Renascença: Com abundância ele detalhes, é recordada a visita do Rei Francisco I ao caste lo de Puy du Fou, na volta de Bayonne . São os faustos reais que nos deslumbram, com as carruagens, a gente de caça, com seus imponentes mastins e falcões, o esplendor dos trajes, as mil festas do povo que recebe seu rei. Antigo Regime - Os anos correm. E é relembrada a nossos olhos a vida quoti diana do caste lo e da região, nos tempos brilhantes doAncien Régime. Homens es forçados, de andar seguro, madru gadores, homens de granito, que enfrentam a vida como e la se lhes apres nta. Homens de bom humor e de muito trabalho, que cravam a forquilha e que encontram tempo para o ri so alegre enquanto com o arado lavram a terra. Homen s ele fé . Homens elas missões ele Montfort.

Genocídio revolucionário - Mas, decorrido o tempo, a Revolução France a estende suas lúgubres garras de revolta, de crime e de ódio sobre a filha primogênita ela Igreja. Um rufar de tambores anuncianos o perigo que se aprox ima. A borrasca de 1793 - o Terror - vai-se desencadear sobre a região. CATOLICISMO, AGOSTO 1991

A fé, o amor à região, o gosto pelo passado

descoberto, pelo belo, pelo teatro levam mais de 600 habitantes da Vendéia (alto à dir.) a representar, em quadros vivos, a glória, a guerra, o fausto, o trabalho, as pompas reais, a vida nos campos, as lutas da região, desde a honra e o heroísmo cavalheirescos da Idade Média (alto) até às cintilações aristocráticas da sociedade da Belle Époque Na contra- luz de tons trágicos avançam os so ldados da Revolução, vindos de Paris. Vão iniciar a ferro e fogo o ge noc ídio de todo um povo. As Igrejas são suprimidas. Em nome da liberdade,aprisionarn milhare de pessoas. Em nome da fraternidade, matam até mulheres e crianças. A narração cênica mostra-nos, entretanto, o vendeano que, emboscado nos caminhos, é capaz de todos os heroísmos. A Vencléia se recusa, se levanta, se abrasa e depois se lança contra a Revolução. Cada homem ele pé é um cruzado. Cada homem por terra é um mártir. Vemos partir os homens, com o escapulário sobre o coração e forqu ilha na mão. Cantam , ao longo dos caminhos, estrofes de Fé e de fogo. Vemos chorar as mulheres, que ficam à porta das casas, de braços pendidos , com os olhos fixos em seus maridos que se afastam . Ouvimos gritar os chefes, temíveis e altivos: Catelineau, D'Elbée, Boncharnps, Stofflet, La Rochejaquelein, Lescure, Charette. Curiosamente, noto que o público, que até então a tudo assitira com uma unan iCATOLICISMO, AGOSTO 1991

midade de sentimentos, se divide. Ora alguns se manifestam pró Revolução Francesa, ora muitos outros se mostram contrários a ela. Reflexo da divisão dos espíritos que até hoj e a Revolu ção Francesa deixou no povo daquela nação.

Belle Époque - Fi nalmente das cinzas de urna região desolada pelas ondas da Revolução, se ergue de novo um povo marcado de cicatrizes. E é a vicia quotidiana camponesa, com as atribulações do pós-Revolução, mas também iluminada com as cintilações ari stocráticas da alta ocieclacle da Belle Époque, que nos é recordada. A Guerra - Eclode a I Guerra Mundial. Um outro Maupillier, um outro Jacques, na longa seqüência cios primogênitos, nos é recordado. Aquele que vai para o campo de batalha. É a guerra das trincheiras, com suas agruras, suas novas armas, sua destruição em grande escala. São as 'incertezas ela

distância ... Depois, um dia, dizem: é a paz. É a esperança do regresso. O mundo vai aos poucos retomando a vida de todos os dias. Cada um se refaz de seus lutos. E vemos desenrolar-se a nossos olhos urna festa dos anos 30, a relembrar o "entre-deu x-guerres ", que conserva ainda algum brilho ela existência de outrora. Mas a vida corre mais rápidamente. O chamado progresso entrou.

Epílogo feérico - Na janela cios Maupillier, apaga-se a última candeia. Ocastelo parece imerso no silêncio. É a feeria final que se avizinha. Fogos ele artifício, jogos de água e de luz an unciam o epílogo do tempo das recordações. Silhuetas azu ladas, que deslizam e bailam, parecem simbolizar almas e legendas, que rev ivem, ao som de melodias ligeiras, os sonhos e visões fulgurantes ela História, sobre as ág uas ele um tom profundo. 1 FRANCJSCO DEL CAMPO Especia l para Ca tolici smo

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O REVOLU ÃO E CONTRA-REVOLU ÃO

O BRASIL REAL - BRASIL BRASILEIRO

Muitas crises? Ou uma só?

Jeitinho e sonho

Plinio Corrêa de Oliveira mostra qual é, em profundidade, a verdadeira crise que devora todas as outras Se ex istem duas pa lavras que estão nos lábios de muitos, são e las "confusão" e "crise". O que se vê de todos os lados, senão coisas que não se entendem e problemas que não se resolvem? A confusão cm boa parte decorre ela impressionante .-orna ele crises com que nos deparamos: crise ela moralidade pública, crise da economia, crise da segurança, crise da ed ucação, crise da saúde, "crise dos sistemas democ ráticos" (ele q ue fa la João Pau lo li na "Centesim us Annus"), crise cio Estado, crise da família, crise dos indivíduos ... repete-se continuamente a palavra c ri se que, aliás, é em si mesma bastante express iva: o cr, depois o i, parecem evocar, pelo som, um pequeno choq ue elétrico, que embora quase imperceptível, semeia o desassossego por toda parte, em muitos momentos da vida. O fenômeno pede uma aná lise mais profunda. Imaginemos uma pessoa que simu ltaneamente passa a sentir diversos sintomas de doenças: ela tem dores ele cabeça, tosse, perde a fome, sua temperatura sobe, etc. Cada um desses sintomas é uma pequena crise. Mas tal pessoa seria uma desatinada se não procurasse encontrar uma causa unitária que os explicasse todos, tentando curar a dor de cabeça com uma terapia, a tosse com outra, a perda da fome e a febre com <1inda outras mais, etc. O exemplo é corriqueiro e está ao alcance ele todos. O mesmo acontece com a sociedade. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu, justamente para os leitores desta revista , a obra Revolução e Contra-Revolução, na qual ana li sa o tema. Suas considerações sobre este problema ultrapassaram logo nossas fronteiras , tendo o referido livro repercutido

T

intensamente em o utros países, ainda mais do que no Brasil. As problemáticas complicadas têm muitas vezes, so luções simpl es, e o diagnóstico cio in sig ne co laborado r desta revista vai diretamente ao ponto: essas muitas crises "não constituem se-

não múltiplos aspectos de uma só crise fundame ntal" : a crise do homem (I, 1). Em sua obra, e le exemp lifi ca de forma bela e express iva :

"Quando ocorre um incêndio numa .floresta, não é possível considerar o f enômeno como se fo sse mil incêndios autônomos e paralelos, de mil árvores vizinhas umas das outras. A unidade do fenômeno 'combustão' , exercendo-se sobre a unidade viva que é a floresta , e a circunstância de que a grande.força de expansão das chamas resulta de um calor no qual se fundem e se multiplicam as i11co11táveis chamas das diversas árvores, tudo, enfim , contribui para que o incêndio da.floresta seja um fato único, englobando numa realidade total os mil incêndios parciais, por mais dUerente, aliás, que cada um destes seja em seus acidentes" (1,3,2). Fala-se das queimadas e dos prejuízos que acarretam para o meio amb iente. Mas que é isso em comparação com esse incêndio que tomou conta da antiga C ri standade e q ue "acabou por atin -

gi-la toda inteira, pelo calor somado e, mais do que isto, fundido, das sempre mais numerosas crises locais que há séculos se vêm interpenetrando e entreajudando ininterruptamente"? Ensina o Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira que a crise, da qual nos estamos ocupando, é universal, una, total, dominante e processiva. Hoje nos detivemos em uma dessas características: a uni dade. Pretendemos vo ltar ao ass un to.

JOSÉ BELMONTE

CATOLICISMO, AGOSTO 1991

alvez se possa dizer que "je itinho" é como a palavra "saudade", intraduzíve l para qualquer outra língua. Pois o "je itinho" brasile iro tem a lgo de inconfundível e nossos co-nac ionai parecem haurir isto j á com o le ite matern o ... para grande es panto ele uma ed ucadora alemã como Ina von Binzer, autora de saborosas cartas, publicadas em co letânea sob o título de "Os meus romanos". Co m muita vivacidad e narra e la a s ua ami ga Grete: "Imag ine isto: outro dia, ao entrar na c lasse, achei-a muito irreq uieta e barulhenta e na minha confu são recorri ao Bormann lpedagogo alemão, cujos livros enchiam a bagagem de Frau lna]. Quando obtive sil ênci o para ser ouvida, ordene i: 'Levantar, sentar', c inco vezes seg uidas, o que no nosso país nunca deixa ele ser considerado vergonhoso para uma c lasse. Mas, aq ui , - oh! Santa S implic itas! - quando cheguei a faze r-lhes compreender o que delas esperava, as crianças estavmn tão longe ele _ imag inar que aquilo representasse um ~ ~ -:~:''-- , ~' castig?, que julgaram tratar-se de uma__ ~~~ ~ boa bnncacle 1ra e pul avam perpen- é -e-· ~ "' . ...~ dicularmente como um prumo, = -~~, para cima e pm-a baixo, feito autô·lf'matos, divertindo-se regiamente". {

f

Cre io que a boa ed ucadora não viu tudo. Os meninos haviam intuído rapicla e confusamen te a situação, e instintivamente estavam dando um 'Jeitinho" ... Esta instituição nacional, que não está por pouca coisa nas g lórias passadas de nosso M~nistério elas Relações E~erioreS,Jk; / mternac ,onalmente famoso~ ~~= maraty, também agiliza e.;.~ .- f< / :ef21 . --=- --r:>--· -,;:J_,<'. as pequenas s1tuaçoes, ..--,,:~ _/ . ca usa ndo pasmo aos não -;.:-:::=brasileiros, entre outros ao jo rn ali sta Gilles Lapouge, com o qual tantas vezes "Cato li c ismo" não se encontra el e acordo, mas que descreve com bastante cor loca l muitas co isas ela viagem que fez ao Nordeste. Diplomacia, aliás, e jeitinho, são termos corre latos. E se a verdadeira diplomacia consiste muitas vezes em dizer rombudamente "não", também é certo que por vezes é preciso saber fazê-lo, como se fosse um "s im". Isto se faz com jeitinho: CATOLICISMO, AGOSTO 1991

No Maranhão , di z Lapouge, "jamai s se di z não .... Peça seja o que for, um nav io , um a pimenta verde, um revó lver, um serpent-minute, a res posta será favorável. Em seguida começa um jogo extravagante cujas regras são muito simples : é preciso dar um je ito para abolir este sim , para roer e desgastá-lo, mas pelo simples emprego ele outros sim , jamais por um não. Empilha-se os sim uns sobre os outTOS até o momento em que a soma ele todos estes sim , sorrate iramente, confecc iona um não" ("Equinoxiales"). Lapouge exagera ... mas ex iste a lgo que tem parentesco co m seu exagero. Todos sa bemos que no Brasil uma co letânea cio jeitinho teri a ele ter o tama nho de um enciclopéd ia. Houve até um húngaro, cujo nome escapa no momento, que escreveu a respeito um livro céleb re, intitulado expressivame nte "Bras il para principiantes". Vê-se que este aspecto do Brasil o fascinou. Fazer narrações históricas para turistas / será apenas um mero je itinho? Sobretudo no Nordeste, os narradores são abundantes. Eles "são minúsculos, c inco Õu seis anos, dez na pior das hipóte-- ses .... Eles se colocam na praça principal da aglomeração. Não há necessidade ele ~ que esta seja fa ustosa. O narrado r se ' contenta com pouca co isa. E le conso me mui to poucas matérias primas, mas ele lhes ac rescenta sonhos .... A mais apagada das cidades brilha como fr.c..a.uma Babilônia, uma Ca lic ut. E les adotam ele ~.ll.lª- históri a heróica, fab ul osa, a ser in sc rita em fo lhas ele ouro. :,;:::::::::=:• .-::::::::..-;=:::~_- · Eles a povoam de conq ui stadores e ele escravos ensangue ntados, ele profetas e ele mulheres fa tais, ele Beresina, ele barro e de sol, ele exércitos em derrota, ele t1/ nfos e ele em bl emas (ibid.).

: , -:~-=-. ~

,

Concluindo , o je itinho é um valor do Brasil. Mas ele será um mero exped iente prático se não estiver a serviço ele um País que sabe voar nos grandes horizontes cio pensamento, ela ação ... e cios sonh os, como o destes meninos.

LEODAN IELE

17


O NACIONAL

...

Importa saber...

MORALIDADE

Miracema repudia gays Os ca tóli cos da cidade de Miracema no Norte Fluminense, tendo à frente ~ Revmo. Pe. Olavo Pires Trindade, obtiveram bri lh ànte vitóri a contra a imora li dade ao impedir, medi ante dili gente atu ação junto às autorid ades loca is, a reali zação de um torpe evento denominado " Noite Gay", na qual se elegeri a a miss gay da região.

dar o casligo . .... São os pecados que 'clamam ao céu pedindo vingança', como diz a Sagrada Escrilura . "Mas, mais gra ve do que comeler o pecado é assumi-lo, é ostentá-lo é glori.ftcá- lo, é se aprese11tarfesti vam; nt~ nesla condição, como pretenden·, com este aviltante concurso" . O repúdio geral - Em face da atuação do exemplar sacerdote e de seus co laboradores , a reação do povo e elas autoridades locais não se fez esperar: - A Câ mara Muni cipal discutiu o ass unto e apro vou no di a 20 ele maio um a vigorosa Moção ele Repúd io, na qual se lê, entre outros considerandos: "a re-

Longe de restringirse a um simples fato local, o repúdio da população de Miracema aos degenerados -em percussão deste lamensua maioria vindos de tável evento no Estado outras cidades maioe p ossi ve lm ente no res , sob a Liderança de Brasil não dign(ficará um elemento que chegou do Ex terior - rep- Pe. O/avo: "Torpezas tão graves e ,,em honrará nossa ciresentou o tiro certei- hediondas, a justiça divina não espera dade, mas, ao contráa eternidade para lhes dar o castigo " rio, a colocará como ro num bal ão que devanguarde ira d e termin ados meios de aberrações degradantes; ainda mais que, comunicação social gostari am de infl ar e a verdadeira seg urança contra o contáfazer circular por todo o Brasil.

Ação eficaz - Na segunda metade de maio, vários fi éis procuraram o Pe. Olavo Pires Trindade informa ndo ter ouvido, em programa da Rádio Princes inha, convite a toda a popu lação, para o concurso "miss gay da região". Comentava-se que algumas pessoas influentes da cidade também estari am dando seu apoi o à " Noite Gay".

gio da AIDS .... éa moralidade e a prática da virtude". E conclui adu zindo a mais alta razão: "não poderíamos deixar de repudiar essa promoção tão contrária à Lei de Deus e aos bons costumes". - O Prefeito Municipal , Sr. Jairo Barroso Tostes, apressou-se em escrever ao Pe. O lavo negando "qualquer intenção

de ceder um próprio rnunicipal para a · Sob orientação do sacerdote, um gru - realização do evento".

po de cató licos começou a agir, a fim de evitar tal infâmia. Pe. Olavo organ izou logo um a vi gília de orações com a reza do Rosá ri o diante do Santíssimo Sacramento, em sentido reparador e propiciatório. E fez distribuir à popul ação um pronunciamento seu, no qual , entre outras refl exões, assina la tratar-se "de 10,pezas

tão graves e hediondas, que a justiça divina não espera a eternidade para lhes 18

COMENTE - COMENTE

O clima ele repúd io manifestado pelos setores sadios da população privou assi m os promotores ela fes ta "gay" cios proveitos publicitários que certamente pretendiam aufe rir. O máximo que conseguiram fo i reunir algun s poucos num salão ele baile mal-afamado, que j á foi palco ele crimes. E ainda ass im, a portas fechadas. Enquanto isso, os bons católicos de Miracema continuavam sua vigília ele oraçõ-

O DIREITO DOS DOENTES MENTAIS

es, agrad ecendo a vitória obtid a, depoi s ele ter encerrado o M ês ele Maria com uma 1i nela procissão, levando a imagem de Nossa Senhora ele FMima pelas rua s da cidade, em destemida proclamação públi ca ele sua filia l devoção à Virgem M ãe ele Deus.

SAÚDE

Extinção dos manicômios: um "trailer" Do noti ciári o ele julho:

O aposentado José Figueira de Araúj o Primo, 58 anos, morreu ontem , depois de ler sido baleado várias vezes durante um tiroteio com a Polícia Militar, de São Paulo. Ele chegou a acertar um tiro na cabeça do soldado Walter Araújo Couto , que f oi internado em estado grave no Hospital Militar de Santana .... , onde.foi submetido a uma cirurgia. Seg undo sua mulher , Arlinda Maria ele Souza, Araújo era psicótico e nos períodos ele cri se, em que demonstrava verdadeiro pavor da polícia, costumava manter a famíli a trancada dentro ele casa ... . Ontem sua mulher fu giu ao ser ameaçada com um revólver ca libre 38 e chamou a polícia . ("O Estado ele S.Paulo", 2-7-9 1). Não fi ca claro, na notícia, se este pobre doente mental já estivera intern ado em manicômio e se não seria um cios tai s " relativamente curados" que se começa a di sso lver iia soc iedade, enquanto se prepara o abandono à própria sorte ci os completamente doentes. Caso seja aprovado o projeto Delgado, ora em fase final de aprec iação pelo Senado, não haverá no futuro hosp itais onde internar pacientes como este, com ev idente indi cação para a reclusão. Quem ganha com o caso? O doente mental? A famíli a? A sociedade? José F igueira não se encontra mai s no mundo cios vivos, para dar se u depoimento, e o so ldado W alter Araúj o Co uto, se sobrevi veu, prov ave lmente não estará em co ndi ções ele fazê- lo, neste momento.

Creio que quase todos os leitores Jª sofreram aqueles pesadelos, muito comuns às crianças, em que se sentem perseguidos, tentam correr mas não conseguem, e quando o perigo se aproxima, acordam . "Ufa! Ainda bem que não passou de um sonho!" A cama, o lençol, o travesseiro, que muitas vezes se lhes afiguraram banais, agora se lhes parecem afigurar o lugar mais seguro da face da terra. Pois bem. Todos nós, brasileiros, estamos ameaçados de ver um autêntico pesadelo transformar- se em realidade para todo o País . Senão vejamos.

ele que lutar por si mesmo para conseguir o sustento de sua vida! Ele sofrerá o vexame de ser perseguido por moleques de rua, que lhe atirarão pedras e farão caçoadas ... Quantas e quantas vezes não se perderá pelas ruas e, em conseqüência, dormirá ao relento! Conforme as caracterís ticas de sua doença, poderá agredir, mas também ser agre -

* * * Imaginem os leitores que tivéssemos um governante "Neromaníaco", ou seja, que acreditasse ser Nero, ele próprio. E que, em determinado momento, decidisse incendiar a capital de sua Província, Reino ou Império a fim de alcançar inspiração para a composição de uma ária. Ou um outro que se julgasse Napoleão, por exemplo, e que decidisse invadir os países vizinhos para constituir o seu impé rio! Quem não conhece aquela anedota do louco que se julgava um grão de milho, ou daquele outro que puxava um tijolo preso por um barbante e julgava estar conduzindo o seu cachorrinho? Digo isto, não com o intuito de provocar· hilaridade, mas para mostrar como pessoas atingidas por certas deficiências têm o direito a um tra tamento especializado em clí nicas também especializadas. Pois, caso contrário, parti cipando da vida social, serão vítimas de chacotas, maus tratos, além de provocarem danos , elas próprias, à sociedade .

dido por outros. E no auge do abandono e do desespero, quantos deficientes mentais não recorrerão à bebedeira, às drogas e até mesmo ao suicídio? Incapazes, ou elativamente tais, serão tantas e tantas vezes vítimas de exploradores que, percebendo sua condição de inferioridade, abusarão deles. * * *

Imagine-se um pobre doente mental, cuja família não tem condições de ampará-lo, tendo

Prezados leitores, o incrível está por acontecer! Na Câmara dos Deputados, em Bra -

sília, foi aprovada uma "Lei Delgado" que prevê a abolição dos hospitais e clínicas psiquiátricas. No segundo semestre, esta lei deverá servotada no Senado. Se também lá for aprovada, aquilo que considerávamos um pesadelo - ao qual nos referíamos no inicio - transformar - se - á em realidade. O mais incrível é que defensores desta lei pertencem a uma corrente conhecida como anti-psiquiatria, e sustentam que a locura é uma opção de vida como outra qualquer: se o louco escolheu ( ! ) esta via, ele deve ter a liberdade de segui-la. Portanto, interná - lo numa clínica seria atentar contra um direito fundamental: a liberdade! É difícil imaginar que se possa levar mais longe o absurdo! Os hospitais e as clínicas psiquiátricas são refúgios onde os infelizes deficientes mentais encontram abrigo e assistência . Mas se for aprovada a "Lei Delgado", tais portas também se fecharão para eles. Essa mesma experiencia que se quer hoje aplicar no Brasil, já fracassou anteriormente na Itália e nos Estados Unidos . A "alforria" concedida à loucura aumentou extraordinariamente a criminalidade, os suicídios etc. Estudos estatísticos revelaram : dos doentes que foram "abandonados" pelos hospitais, cerca de 40 % ou foram parar nas cadeias, ou terminaram seus dias debaixo de uma ponte . Será esse o futuro que aguarda os doentes mentais brasileiros? Será tal futuro que os propugnadores da referida lei querem para esses pobres infelizes? Caro leitor, não fique indiferente .. . ... Comente, comente

CATOLICISMO. AGOSTO 1991

(;ATOi .I r. ISMO Ar.OSTO I qc:n

19


aticano apóia campanha da TFP p• controle da programação pelo Estad ./H i11i-.; tro J~1 r/J11s Pussari11ho diz que TV é "viufo11lu e imun, I", m as mio pretcnrlc ce11sw

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o compl eta r dois anos de ex istência, " O Amanhã de Nossos Filhos" conta com cerca ele 14.000 aderentes em 830 cidades brasile iras. Entre esses, 43 Arcebispos e Bispos, e cerca de 500 sacerdotes, religiosos e re li giosas. Cabe destacar a carta de apoio que a assoc iação rece beu do Cardea l Edouard Gagnon, do Pontifício Conselho para a Família, encorajando sua atuação. Ampliando con tinuamente seu raio ele ação , "O Amanhã de Nossos Filhos" já fez c hegar ao Mini stério ela Justiça 12 mil

A

petições soli cita ndo a e laboração ele um projeto de lei que asseg ure às famíli as e às pessoas meios lega is ele (/ defesa contra os programas ( de rádio e TV que contrariam os valores éticos e so- \ c iais dos bras il e iros . O números acima referi dos refletem uma inconfonniclacle pública muito amp la quanto ao desempenho das rád ios e TVs, em nossa Pátria.

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Nesse senti do, convé m regis trar, ele um lado, o aparecimento ele ed ito riais na imprensa, de norte a sul cio País; e, de o ut ro, o pulul ar ele cartas , nas seções de correspondênc ia cios órgãos ele imprensa , externando profunda insati sfação em face do ba ixo nível cios programas telev isivos. bater as incidências imoTomadas de posição: rais e violentas nos prograComo repercussão dessas ini ciativas, > Envio pelo correio de 315 mas de TV. Resultado: mil cartas circulares mecomeçam a chegar protestos ao Congresapós o seminário, aquele diante a campanha "TV so Naciona l, no sent ido de se dar um Ministério baixou a portaria Plebiscito". Das respostas " basta" às afro ntas ao pudor, que invanº 733 estabelecendo medirecebidas, 95% afirmaram: dem, med iante os programas te lev isivos, das classificatórias para os "sim, estou de acordo em a privacidade dos lares brasile iros. Pelo programas televisivos. denunciar a degradação menos o ito cong ressistas já ocuparam a > Envio de várias cartas de moral na TV". tribuna para proferirem discursos abordiretores da entidade ao Mi> Solicitação a seus aderendando temas levantados por "O Amanhã nistério da Justiça insistintes para que enviassem do no pedido de garantias de Nossos Filhos ". cartas aos dois candidatos constitucionais. A campanh a realizada pe la associação que disputaram, no 2º turno, a Presidência da Repú- > Nova solicitação aos adeatravés de mal a direta tem alcançado s igrentes de "O Amanhã de blica em 1989. Resultado: ni ficativa repercussão na imprensa di ária . Nossos Filhos" para que re1Omil cartas foram remeti Mais de cem pub licações já fizeram refemetessem "apelo urgente das aos dois desti natários. rê ncias ~1 at ividades ela entidade. Me rece ao Ministro da Justiça". ReRemessa, para um público menção a notíc ia publi cada com destaque sultado: comprovadamenaproximado de 500 mil pespela "Fo lha ele S.Paulo", no caderno Tete, mais de 12 mil cartas soas, de petição a ser enlev isão, em 28 de ju lho último\ ver foto \. chegaram às mãos do Miviada ao Ministério da JustiEm próxima ed ição, apresentaremos uma nistro da Justiça, atendença. Até o momento, mais do a esse pedido. entrev ista sobre "O Amanhã de Nossos de 15.000 petições já foFilhos" com sua pres idente, D" Laurice ram assinadas. Endereço: Rua Maranhão, Participação ativa em um M. Haclclad, que explicará com mais pro620 - sala 13 e - CEP seminário promovido pelo fundidade a atuação desenvolvida pela 01240 - São Paulo - SP. Ministério da Justiça, em e ntidade. Fone: (011) 66-004 1. outubro de 1989, para de-

"O Amanhã de Nossos Filhos"

(/

Forno a lenha -

Um vigoroso não à imoralidade

O que é: sociedade civil fundada em 1989, com sede na capital paulista. Presidente: Dª Laurice Massad Haddad. Em sua atuação, conta com o trabalho voluntário de diretores, sócios e aderentes. Objetivo: fazer com que seconheçam e se articulem num esforço comum, todos aqueles que estão com as mesmas preocupações, visando sensibilizar os diretores de TVs, para melhorem o nível dos programas. E sensibilizar também as autoridades públicas para que, dentro de suas atribuições, intervenham junto aos canais de TV, num sentido moralizante. Meios de ação: apelos dirigidos às famílias pedindo que se manifestem em apoio às iniciativas da associação. Origem dos recursos: de aderentes, que enviam generosamente suas pequenas e médias contribuições. A entidade não tem fins lucrativos.

O TFPs EM A ÃO

Encontro Regional os dias 27 e 28 de julho último, reali zou-se e m São Paul o um Encontro ele Correspo ndentes e Simpatizantes ela TFP, que contou com mai s ele 600 partic ipantes procedente de diversos pontos cio País. Os corresponde nte e simpatizantes ela TFP, devido às suas obri gações fam ili ares e profissiona is, não podem dedi car à entidade tempo integra l, mas prestam a

N

CATOLICISMO, AGOSTO 1991

e la uma colaboração mu ito va1iosa: difundem , sempre que a ocasião se apresente, os princípios e os idea is da TFP, nos

círcu los de suas re lações, distribuem aos órgãos de imprensa locais os boletin s e comunicados da entidade, e exercem d iversas o utras atividades nesse sentido. O ponto alto do Encontro foi a conferência de encerramento, proferida pe lo Pror. Plinio Corrêa de Oliveira \ foto\ come ntando a presente situação internac io na l e também as perspect ivas ela ação desenvo lvida pe la TFP e seus correspondentes.

21


Única

; . .-

.•

Catolicismo é a única co isa que lenho de bom e verdadeiro, é marav ilhosa. Parabéns (Va lde-

,.

mar Pinhata, Olímpia- SP).

!

Desmascarando

t

É uma rev ista que alua no mun1 J:

do desmascarando o comun ismo e o progressismo ( Maria d' Ajuda

mR~ todos os assuntos são bons

(GlacydosSantosCeza1·,E11eio-RS). ~

Divulgação

Seeu soubesse da ex islênciadesta rev ista leria fe ito a assinatura antes. Gostei muito. É atual izada e traz temas interessantes, deveria ser divu lgada mais (A ntonio Tei-

xeira de Arat(jo, Osasco-SP).

Sena Araujo, Salvador-BA).

,._..,_ ..........

Prestígio

Conteúdo

Índice Como leitor e assinante que sou de Catolicismo sugiro a adoção de um índi ce remi ss ivo de seus assuntos, o que nos facilitará em muito o uso práti co da referida rev ista em pesqui sas e citações

(J . Lopes dos Santos, São Pau lo--SP).

Previsão Ótim o veículo esclarecedor, com antecipação de notícias que irão

suceder - por prev isão - além de, anali sando fri amente, desmentir outras devido sua inverdade (Silvio Augusto de Moura,

Rio de .Janeiro-R.I ).

Verdade Eu acho Catolicismo o máx imo de bom para ler, sinto-me muilo feli z em rece bê- la, tudo é a vcrda lc. Catolicismo tira as dúvidas e leva à fé, é tudo o que eu penso da reli gião (Maria El-

vira Dalcastagne, Timhó-SC).

Excelente sob todos os aspectos, cspecialmenlequmdosealcnta para o conteúdo que oferece (Amarílio

FurtadodeAquino,Fortaleza-CE).

Faz a História M ensário de luta, ímpar, conci so e prec iso, participa da Históri a e a faz, mostrando os rumos da C ivi li zação . Avante! (A /do

Alves Peixoto, Campos- RJ) .

Religião É revista das melhores. Fico feliz quando ela chega. M eu esposo também gosta muito de lê-la. Gosto mais quando ela me fala de religião,

Quando uma rev ista tem seus artigos reprodu zidos por outros órgãos de imprensa, é sina l de que ela tem pres tígio e produ z co isas boas. Ass im é que fiquei con tente em ver que o arti go "Crim e impune: até quando?", publicado em Catolicismo (oulltbro/90) fo i integra lmente reprodu zido no " Jorn al da AD PESP" da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Pau lo (março/9 1). Ademai s, na p. 15, há um a foto da capa dessa mes ma edi ção ele Catolicismo. Parabéns! (J oão

Zam /Jotti San ches, São Pa11 lo-SP).

Grandes corações, grandes obras, grandes despesas ''É próprio da magni;ftcência, como já se disse, tender à realização de uma obra grande . Mas para fa zer convenientemente uma obra grande são necessários gastos proporcionados, porque só se podem levar a cabo grandes obras com base em grandes dispêndios. Pelo mesmo motivo, é próprio da magniftcênciafazer grandes despesas .... Por isso pode-se dizer que são matéria da magniftcência tanto os dispêndios que fa z o magniftco para realizar sua obra grande, como o mesmo dinh eiro de que se serve para jazê-lo, e o amor ao dinheiro, o qual é moderado por esta virtude para que não ponha obstáculo aos grandes gastos .... Também o pobre pode ser magniftco. Mas os atos exteriores da virtude necessitam como instrumentos dos bens de fortuna , e sendo assim o pobre não pode realizar o ato externo da magnificência em obras absolutamente grandes" (S umma Theologica, 2-2, q. 134).

"A /maculada Mãe de Deus, a sempre li,xem Maria, terminado o curso de Sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial"

SÃO TOMÁS DE AQUINO 22

(Pio XII, Constituição Apost6lica de 13/11/1950, que definiu o Dogma daAssumção)

CATOLICISMO, AGOSTO 1991


i~, '

i 'Visão de Zacarias

Assunção de Nossa Senhora

~ su6fimidade do <Trono de Maria

Evangelho de São Lucas, 1, 5-25

TTJT ouve no tempo de Herodes, re i da Judé ia, um i l l lsace rdote, c hamado Zacari as, da turma ele Abias, e s ua mulher e ra uma elas filhas de Arão, e c ham ava-se Isabe l. E ambos e ram justos di a nte de D e us, caminhando irrepreensive lme nte em todos os m andame ntos e prece itos do Se nho r, e não tinham filh os, p o rque Isabel e ra esté ri 1, e ambos se ac hava m em idade avançada. S ucede u, po is que, exercendo (Zacarias) dia nte de D e us as fun ções ele sacerdote na o rde m da sua turma, segundo o costume do sacerdóc io, tocou- lhe por sOrte e ntra r no templo do Senho r a oferecer o incenso; e toda a multidão do po vo estava faze ndo oração da parte ele fo ra, à ho ra do incenso. E apareceu- lhe o anjo do Senho r, posto em pé no lado dire ito do a ltar do incenso . E Zacari as, ao vê- lo, fi cou pe rturbado, e o temo r o assalto u. M as o anj o di sse-lhe: N ão te m as, Zacari as, porque foi o uvida a tua oração ; e tua mulhe r Isabel te dará à luz um filh o, e po r-lhe-ás o nome de João; e será para ti (moti vo) de gozo e ele alegria, e mui tos se a legrarão no seu nascimento; po rque e le será grande diante do Senho r; e não be berá v inho ne m ( outra) bebida ine bria nte; e será cheio do Es píri to Santo desde o ve ntre de su a mãe; e conve rterá muitos cios filhos de Israel ao Senho r seu D e us; e irá adi ante de le com

Santo Afonso Mari a de Li góri o

o espírito e a virtude de E lias, a fim de recondu zir os corações dos pai s para os filhos, e os incrédulos à prudê nc ia cios justos, para prepa rar ao Se nhor um povo pe rfe ito. E Zacarias di sse ao anjo : Como conhecere i (qu e) isto (aco ntecerá)? Porque eu sou ve lho, e minha mulher está avançada em anos. E, responde ndo o anjo, di sse- lhe : E u sou Gabriel que assisto dia nte de De us; e fui e nviado para te falar e te dar esta boa nova. E e is que ficarás mudo, e não pode rás fal ar até ao dia e m que estas coisas sucedam , visto que não ac reditaste nas minh as palavras, que se hão de c umprir a seu te mpo. E ntre tanto o povo estava esperando Zacari as, e admirava-se de ve r que e le se de morava (tanto tempo) no te mplo. E, quando saiu , não lhes podia fal a r, e compreenderam que tinha tido no te mplo a lg uma visão, o que ele lhes da va a e ntender por ace nos; e fi cou mudo . E aconteceu que, de pois de te re m acabado os dias do seu mini sté ri o, re tiro u-se para s ua casa; e, alg uns di as depoi s, Isa be l, sua mulhe r, concebe u, e dura nte c inco meses esteve escondida, di zendo : Isto ( é uma gr aça que) me fez o Senho r nos di as e m que m e o lhou pa ra tirar o me u opró brio de e ntre os home ns.

Elevação de Maria sobre todos os santos. Um santo autor, P adre La Colombie re, observa que a glória de Mari a foi uma g ló ria plena, s ompleta, ao contrário da gló ria dos dem ais santos. E ve rdade que todos os be m-ave ntu rados gozam pe rfeita paz e pleno contentame nto. Entretanto, é inegável que nenhum deles goza a glória que te ria podido merecer, se com maior fidelidade tivesse amado e se1v ido a Deus.... M aria no cé u nada desej a e nad a te m que desejar. Q ual dos santos, no pa raíso, di z S. Agostinho, pe rguntado se comete u pecados, pode responde r que não, exceto Mari a? Segundo a defini ção do Sagrado Concíli o de Tre nto, M aria nunca come te u alguma c ulpa, alg um mínimo defe ito. Não some nte ela não pe rde u jamais a graça divina, nem jamais a ofuscou, mas nunca a te ve ociosa. Nada fez que fosse sem mé rito. Não disse palavra, não teve pensamento, não deu respi ração, q ue não dirigisse à maior glória de Deus.

Oração da manhã Uma ex plicação destas palav ras enche rá ele c laridade esta mensagem. A fe rvorosa o ração que Zacarias fez a Deus, e nq ua nto a fum aça do incenso subi a ao céu, era a que sem cessa r saía do coração de todo israelita p iedoso - a que o profe ta Isa ías torno u imo rtal nesta eloqüe nte fo rmul ação: " De rrama i, ó céus, elas a ltu ras o vosso o rvalho, e as nu ve ns façam chove r o Justo; a bra-se a terra e germine o Salvado r, e n asça com E le a justiça" (Is., 45 , 8). Ao di zer, po is, o Anjo: "tua o ração fo i o uv ida", s ig nifica: "o M ess ias virá logo". O resto são promessas pessoais de sing ul ar acréscimo do gozo de Zacarias. Há muito tempo os profetas hav iam a nunc iado que o M ess ias teria um prec ursor para lhes pre pa rar os caminhos e m me io a seu povo; e essa mi ssão g lo riosa será desempenhada pelo filh o que irá nasce r ao ventu roso sacerdote. Era para Zacarias uma honra tão grande quanto inesperada, porq ue seu casamento com Isabel, tam bém de família sacerdotal, tinha sido estéril. Esta solidão do lar doméstico causava constante amargura aos santos espo-

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sos, os quais uni a m à no breza da raça, segundo faz notar o sagrado texto, a no breza ela virtude: "Ambos eram justos di ante de De us, observ a ndo os prece itos e leis divinas irre preensive lme nte". A pro messa e ra tão espl êndida que Zacarias, confu ndido do fund o de s ua a lma, não o usou da r-lhe fé . E atreve u-se a pedir ao Anjo um s inal o u gara nti a da ve rac idade de sua emba ixada. Para justificar-se, alegou ao Anjo a idade ava nçada, sua e de s ua esposa, pe la qual não lhes era possível te r filhos. A isto o Anjo de u uma dupla resposta, apresentando prime iro s uas c rede nc ia is, po r assim di zer, e concede ndo o s inal soli citado: "Eu so u Gabri el .. .. E e is que fi carás mudo ... ." O s inal fo i, po rtanto, també m um castigo. Porque o anjo, mostrando que hav ia lido no mais íntimo da a lma de Z acari as - posto que conhecia o o bjeto de seu pedido - pe la mesm a razão se faz ia acredita r como e nvi ado de De us. M e rec ia, poi s, ser c rido e ntão por s ua palavra"( 1).

CATOLICISMO, AGOSTO 1991

Mas a Santíss ima Virgem, te ndo sido che ia ele todas as graças, foi mai s s ublime que cada um dos santos, e m toda espécie de virtudes. Foi apóstol a dos apóstol os, foi Ra inha dos mártires, po rquanto padece u mais que todos. Foi o modelo das virgens, o exemplo das casadas . Uniu e m si a inocência perfe ita à perfe ita mo rtificação. Em suma, possuiu em seu co ração todas as virtudes m ais he ró icas, que jam ais praticou algum santo. D ela se di z isto: A tu a dire ita assiste a rainha, e m vestes tec idas de o uro , cobe rtas de variegados atavios (S I 44, 10). Poi s que todas as graças, dotes e me rec ime ntos dos o utros santos, todos se ac ham re unidos em M ari a.C 2)

Nos sa ntos as g raças tê m s id o div e rsas, como di z S. P a ul o: Há, e m ve rd ade, dife re nças de graças

SALMOS

Comentário do Pe. Luís Cláudio Fillion

( l Cor 12, 4). Cada um deles, correspondendo à graça recebida, se tornou excelente em alguma virtude : este no zelo da salvação das almas, aquele na vida penite nte, este nos sofrimentos de to1mentos, aque le na con te mplação .

Ouve a voz ela minha súplica, rei me u e Deus meu! Por que é a ti que suplico, Ó Senhor: de manh ã ouves a minha voz; ele manhã te apresento as minhas preces, e espero. Porqu tu não és um Deus que ame a iniqi.iiclade, nem habita junto de ti o pérfido. Nem os ímpi os podem pe1111anecer diante dos teus olhos. Aborreces todos os que praticam a iniqüiclade; Perdes t dos os que dizem a menti ra. O homem sang uin ári o e fraudul ento o Senhor o abomina. Eu , por 111 , confi ado na abundância da tua graça, entrarei na tu a casa, prostrar-me-ei no te u santo templo com a reverência que te é devida. Ó Senhor, Senhor, guia-me na tua justiça, por causa cios meus inimigos; aplana o teu caminho diante de mim. Porque na boca deles não há sinceridade o seu coração maquina c ilad as; a sua garganta é um sepulcro aberto, com as suas línguas li songeiam. Castiga-os, 6 Deus, fru strem-se os seus desígnios , expulsa-os (ela tu a presença) por causa dos seus muitos crimes, pois são rebeldes contra ti . Alegrem-se, porém, todos os que se acolhem a li; ex ultem eternamente. Protege, e regozigem-se em ti os que amam o te u nome. , Porque tu , ó Senhor, abençoarás o justo, envolvê- lo-ás com a tua benevolência, como com um escudo.

CATOLICISMO, AGOSTO 1991

O Respeito Humano Comentário do Pe. Faber LO res peito humano] é um espíri to que abrange toda a humanidade num só olhar e lança a sua fasc inação po rte ntosa sobre a alma. Po r s ua causa os home ns são falsos e hipócritas nas re lações mútuas e procede m incorretame nte uns com os outros. Faz-se acompanhar de uma multid ão de pecados ele omissão, o riundos da vergonha e cio receio do rid íc ulo, e outra multidão de pecados de ação, prove nientes do desejo de agradar. [No correr dos tem pos - esse corre r não é le nto - estabe lece-se em nós e to rna-se distração habitu al na o ração e na medi tação. Q uanto ao exame de consciê ncia, o m ais real dos exercíc ios espirituais, parece qu ase fo rnecer a limento à voracidade do respeito huma no].(3)

NOTAS: (1) Nuestro Set'íor JesuCristo según los Evangelios, Ed, Oifusion, Buenos Aires, pp, 58 s. (2) Glórias de Maria Santíssima, Vozes, Petrólis, 1957, V ed,, pp. 284 s. (3) F. W. Faber, Progresso na Vida Espiritual, Vozes, Petrópolis, 1947, pp 133 s,

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AfOILliCliS

História Sagrada em seu lar noções básicas

NASCIMENTO DE MOISÉS A Pós A MORTE DE JOSÉ e de seus irmãos, os israe litas se multiplicara m prodigiosamente no Egito.

"E e is que a filh a cio Faraó vinha lavar-se no ri o; e as suas cri adas caminhavam ao longo da margem do rio. Tendo e la vi sto o ces to no cana vi al, mandou uma elas suas criadas trazer-lho; e abrindo-o, e vendo ne le o menino, que vag ia, compadec ida de le, disse: Este é um dos meninos dos hebreus. "E a irmã cio menino di sse- lhe: Queres que vá e que te chame urna mulher he bré ia, que possa ale itar o menino? E la respondeu: Vai. A donze la partiu e chamo u sua mãe. E a filha do Faraó di sselhe: Toma este menino, e ale ita-mo; eu te dare i a tua paga. A mulher tomo u e ale itou o menino; e, quando estava c rescido, entregou-o à filh a cio Faraó, que o adoto u por filho , e pôs- lhe o nome de Mo isés" <5), qu e s ig ni fica salv o das águas.

Moisés mata o egípcio Os egípcios oprimem os israelitas "E ntre ta nto, le vanto u-se no Eg ito um novo re i, que não conhec ia José" (1 ), o qu al " teme ndo qu e aqu e le povoestra nge iro se to rn asse mui to pode roso, resolve u oprimi -lo crue lm ente e assim exterminá- lo" (2). "E os egípcios od iavam os fi lhos de Israel, e os afli giam com in ·ultos; e faziam-lhes passar uma vi da amarga com penosos traba lhos de barro e de tijolos, e com toda a espéc ie de servi ço com que os oprimiam nos traba lhos do campo" (3).

"E vendo, a despe ito di sso, a umentar o número deles, [o Faraó] deu a o rdem crue l de que os filh os varões dos israe I i tas fosse m , logo d epo is d e nascidos, afogados no Nil o" (4).

Moisés, salvo das águas

egípcio. Este fato trouxe-lhe a indignação do re i, que queria mandar matá-lo. Moisés, vendo-se assim em perigo de vida na corte, fugiu cio Egito para Madiã [situada a oeste ela atual Arábia Saudita·1. " O Senho r, que conhec ia as puras in tenções de seu servo, não o abandonou. Moisés teve ótimo acolhimento em casa de um sace rdote chamado Jetro, o qual depois lhe deu corno es posa a sua filha Séfora. Quando Moisés fugiu cio Egito tinha 40 anos" (8). "Se Moisés se atreveu a matar um egípcio, foi por um zelo ardente pelo bem ele seus irmãos, e para lhes mostrar que Deus os havia ele livrar por suas mãos. Eles porém não compreenderam esta primeira demonstração do ministério para que ele era destinado, antes a desaprovaram, deixando-se ficar na mesma apatia" (9).

.R.

E

' ' Os,. grandes homens ~ são por rezes ate nas pequenas c01Sas

Quem não sabe passar das estrelas aos wrmes, não é digno nem das estrelas, nem dos wrmes

(Vauvenargues)

Não há pequenas e grandes serpentes, há serpentes

(Plinio Corrêa de Oliveira)

Nada marca tanto a vasta extensão de um espírito do que o poder elevar-se simultaneamente às gra.ndes coisas e abaixar-se até às mais pequenas

(provérbio indiano)

Os espíritos extra.ordinários têm em grande conta as coisas comuns e familiares, e os espíritos comuns não amam e não j:trocura.m senão as coisas extraordinárias

(Pemmlt)

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( ,oethe)

EL

NOTAS :

" Moi sés , já adu lto e in struído nas ciências dos egípcios, gozava de grande pres tígio na corte do Faraó. Afligia-o, porém, a opressão de que eram vítimas os seus compatriotas, tratados como vi s esc ravos, e an tes qu eri a sofrer com o povo de De us, do que parti lhar com os ímpios as riquezas do Eg ito" (6) . "Pela fé, Mo isés, depo is ele grande, nego u se r filh o da fi I ha do Fa ra ó, esco lhend o antes se r afl ig iclo com o povo de De us, que gozar a de i íc ia transitória do pecado, considera nd o maio r riqueza o o pró bio co m C ri s to, qu e o s teso ur os d os eg ípcios; porque olhava .para a recompe nsa"

1. Ex. 1, 8. 2. São João Bosco, História Sagrada, Livrari a Editora Salesiana, São Paulo, 1965, 14º. ed ., p. 64. 3. Ex. 1, 13-14. 4. São João Bosco, op. cit. , p. 64. 5. Ex. 2, 1-10. 6. São João Bosco , op. cit., p. 66. 7. Heb. 11 , 24-26. 8. São João Bosco, op.cit., p. 66. 9. Cônego J. 1. Roquete, História Sagrada do Antigo e Noto Testamento, Guillard , Ai llaud, Lisboa, 1896, 9 . ed ., p. 176 .

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"Um homem da família de Levi .... tomou para esposa uma mulher da sua estirpe, a qual concebeu e deu à luz um filh o· e vendo-o belo, escondeu-o por espaço 'c1~ três meses. Mas, não podendo mais tê-lo escondido, tornou um cesto de junco, e barrou-o com betume e pez; e meteu dent:ro o menino, e expô-lo num canavial,junto da margem cio rio, estando ao longe a sua irmã a observar o que lhe sucedia.

"Um dia viu um egí pc io es pa nca r barbaramente a um he bre u; indi g nad o por tanta desumani dade, Moisés tomou a s ua defes a. T ravou-se renhida luta e, no ardor da pe leja, Moisés matou o

Moisés é salvo das águas do Nilo pela filha do Faraó

Um zulu é espancado, esfaqueado e queimado vivo por simpatizantes do Congresso Nacional Africano (ANq, movimento comunista liderado por Nelson Mandela. É este o tratamento "democrático" que os seguidores de Mandela reservam aos que fl p '-IUI

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Número 489

Setembro de 1991

Discernindo, distinguindo, classificando ... A_ssesta.:n_do o

O HOMEM, EIS O INIMIGO Para a ecologia radical, o ser humano é um predador incorrigível da natureza; cumpre eliminá- lo ss im como na época ela Renas- os devaneios mai s ou menos simpáti co., xo u b m claro: "o homem não é mais cença era boni to dizer-se hu ma- ou mais ou meno. imb eis, cios que os i111porla111e que nenhuma outra espécie ni sta, repu bli cano durante a Re- seg uem. Importa, pois, max im am nt , 1anim al ou vcgclal I". Ass im, "a lguns devo lução Francesa, e igualitári o na Rúss ia saber o que qucrcm sscs lídcrcs,sc clcs - cidiram que até as pla111as e objelos inabo lchevista, agora o chá está em ser eco- jamos conhece r o que es tá I or d Irás da nimados lê/// o direilo de não serem utilizados pelos l111ma11os" . lógico. É a moela, o impéri o ela moel a ao ecolog ia. Por 111 , nem essa absurda igualdade os qual é mais fác il submeter-se cio que anaÉ claro qu e não ca b ria nesta co luna li sá-lo. Rea lmente; é tão penoso ir contra fazer um cstucl , 111 smo sup ' rf'i ·ial, a sac ia, a 111 la é a inversão ele va lores e a a moela, exige tanto esfo rço, personali da- re. peito ele ass un to tão vasto qu ' 1cm busca ele um culpado. Transparece já, na eco log ia rad ica l, o ódi o satâni co de, pensamento. Para quê? É tão que visa ex term in ar o própri o mais agradável deixar-se lev ar homem ela face da terra. pela correnteza ... Predador, ta l é a acusação O prob lema é que a co rque vem sendo montada contra renteza mui tas vezes nos leva o ser humano, apontado como pa ra o ab ismo. Atraq ue mos, um " peri go" para a natureza. "O pois, um instante ao menos, o homem - rosna Michae l W. noss o barco num rec ôncavo Fox em seu li vro Retornando ao qu alquer, à ma rgem cio turbiÉden - é o an imal rnais perilhona r elas águas ela moela, e anagoso, destruti vo, egoísta e semli semos para onde elas nos leética da f ace da Te rra". Para vam. Foreman, "~ bem possível que, O Prof. Robert James Bicl ia fim de colocar as coisas em notto, cio corpo redatori al cio ordern , seja necessária a ex!inReader' .s· Digest, pro nunc iou, ção dos seres humanos". E Daem Was hington (EUA), imporvid Graber, biolog ista cio Na 1iotante conferência sobre ambiennal Park Se r vice, ac rescenta: lalismo ("The Freeman", Nova "Nós lhu manos I nos lra nsfórIorque, nov./90). D isti ngue ele mamos num câncer; passamos a com ac uiclacle, ele um lado, os ser uma peste sobre a Terra objeti vos muito claro. e deteralguns de nós só podernos espeminados cios líderes ci o movirar que venha o vírus cer10". Ou mento ecológico, e de outro as eja, um víru s ta l qu li quide a impressões, aspirações, se nti espéc ie hu mana! mentos vagos do conjun to cios Pa ra outros, o "vírus certo" já eco logistas de base, espéc ie ele está aí. A pub li cação ofi cial cio ''aprendi zes ele fe iticeiro" no a grupo Primeiro a Terra afirm a: sun to. Estes úl timos são , em ge"como radicais ambie111a/is1as ra l, levados a sim patizar com a que somos, vemos a AIDS não ecologia por um a compreensí- Esta população pobre, contente com os frutos que colheu, como um problema, mas como vel aversão aos horrores cio in- será "predadora da natureza "? uma solução necessária" . dustri alismo moderno, ou então Na última fímb ria do horizonte eco lópor algo à maneira de um romantismo em forn ec ido matéri a abundante para volurelação à natureza (um neo-ro usseaunia- mosos li vros. Vejamos apenas algun s as- gico - para além das simpáticas campanhas anti-po lui ção, preservação el a n·ttunismo) ou mesmo pelo desejo de uma pectos, abord ados pelo Prof. Bicl inotto. reza etc. - é com e.- panto que vemos es péc ie de hi giene menta l natura li sta. *** Acontece, porém, que "o quadro de Roderi ck Frazier Nas h, no livro Os levantar-se como uma co hra o anti go ódio liderança não está primariamente inte- Direitos da Na !ureza, defende o que ele ele Satanás contra o hom ' 111 , por ter sido ressado em ar puro, terras, água , recur- chama " igual itari smo eco lógico", segun- este cri ado "à ima , ' 111 • s ·11 1 ·lhança de sos abundantes .... eles têm um programa do o qual o homem não seri a superior à Deus". O hom · 111 , ·is o i11i111 igo da eco logia be111 dif erente", afirma o Prof. Bicl inotto. natureza irrac ional, mas, na melhor chs Ora , está na ordem natural das coisas hipóteses, igual a ela, apenas um clcmcn- n1di ·ai. Yo lt 111'l· 111os ao ;1ss11n10. qu um mov im nt o aminha I ara onde o to dela. Por sua vez, o Iíclcr cio mo vim ' nt o C.A. l •va m s us lí l ·r ·s , ' não d acordo com Pri111 eiro a '/'erro, D av id For •ni:in , d ' Í ( 'A' l'l H ,l l ' IHM ll, H1,:•1•1,:MllRO 1991

Infe lizmente, no atual contexto brasileiro, tudo concorre para arraigar nas almas o indiferentismo e o relativi smo moral. Os órgãos da mídia os difundem a jato contínuo.

tema. crimin alid ade e violência, segundo pesqui sas ele opini ão, é cios que mais preoc upa o brasileiro ele hoje. Em vista di sso, Catolicismo dedica a ele o arti go el as pág inas 6 a 9. Nossa revi sta já havia abordado o mesmo assunto , na edição ele outubro ele 1990: C rime Impun e: até quando? Nessa matéria fo i dada ênfase especi al às lacunas de nossa legislação pena l, à debilidade de sua aplicação e à impunidade do crime. No prese nte arti go, aprofunda-se a temática sob outros prismas, pouco ressaltados nos dias ele hoje.

A

Coco

Os heróis e heroínas elas novelas de TV costum:.tm ser modelos da anti-mora l em voga: ímpios, adú lteros, aproveitadores, desonestos, farsantes etc., enq uanto os que destoam de~sa " modern idade", ele alguma fo rma representa ndo a virtude, são ridi cul arizados. Nesse ambiente, em que tudo tende a rebaixar os espíri tos e nad a os impele rumo a Deus, seu Cri ador, ou a aspectos superiores da vida, o que se pode esperar senão o avanço impressionante cio amoralismo? E cio amoralismo para a delinq üência, e mesmo para o crime mais hediondo?

Uma constatação cada vez mais preoc upante para os brasileiros responsáveis é a ele que a barreira ele horror que separava o delinqüente do homem honesto - a mais efi ciente repressão ao crime - está se evaporando. As causas de tal evaporação são profund as e complexas. Antes ele tudo, sobressa i dentre elas o fato de quase não have r mais pregações religiosas sobre o ass unto, que em outras épocas avivavam as consc iências cios homens.

* * * O que fazer diante de quadro tão sombrio? Prezado leitor, para quem professa a verdadeira Fé, antes de mais nada há o recurso à oração confiante. Mas, no plano ela ação sempre resta aind a um trabalho ele esc larec imento cios espíritos. Qual?

Ass im, mesmo no delinqüente, suas reserv as mora is contra o mal já haviam sido eli minadas ele seu espírito, muito antes de ele cometer o crime. E elas também vão sendo gradativamente abaladas naq ueles que, embora rejeitem o delito, não lhe votam, contudo, indignação proporcion ada.

Lançar um brado de alerta contra esse indife rentismo onipresente em nossa sociedade; e avivar nas mentes o horror e a indignação contra o crime.

SUMÁRIO Crim inalidade -

Neccss ielaele de leis mais enérgicas e ele uma mobi li zação ela soc iedade

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Breves

13 Esp ir itu aliclaclc 17 Hagiogra fi a 19 Comente...

GorbaSHOW? -

O go lpe e a situ ação atu al da U RSS

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20 21 23 24

Te lex Rura l Verdades Esq uecidas Bras il Real Cartas

"O comunismo pode ressurgir" -

Entrevi sta ele Plí nio Corrêa ele O li veira à rev i sta chi lena "COS A S"

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25 Revo lução e Contra-Revo lução 26 TFPs em ação 27 Pa i~el

AfOJl.J CISMO Catolicismo é uma publicação mensal da Empresa Padre Belchior de Pontes Lida. Diretor : Pau lo Corrêa de Brito Filho. Jornalista Responsável: Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob o N' . 13748. Redação e Gerência: Rua Martim Francisco, 665 - 01226 - São Paulo, SP - Tel: (0 11 ) 825.7707. Fotocomposição: (direta, a partir de arquivos forn ecidos por Catolicismo) Microform as, Fololi lo e Artes Gráficas, Lida. - Rua Javaés 68 1/689 - 011 30 - São Paulo - SP; Impressão: Artpress - Indústri a Gráfi ca e Edilora Lida. - Rua Javaés, 68 1/689 - 011 30 - São Paulo, SP. Para mudança de endereço é necessári o mencionar também o endereço anti go. A correspondência relati va a assinatura e venda avu lsa pode ser enviada ao endereço da Gerê ncia de Catolicismo. ISSN lnternational Standard Serial Number - 0102-8502.

CATOLICISMO, SETEMBRO 1991

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~ "Perestroika" cambodgeana

concisamente ~ Panela furada - 1

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Sob esse sugestivo títu lo, o economista rural da Fundação João Pinheiro, de Be lo Horizonte, João Batista Rezende, bem como Re'n ata Farhat Borges e Aparecida Kimie Sakotani, da Columbus Cultural Editorial de São Pau lo, pub licaram os dados colhidos em amplo levantamento sobre os altos ín dices de desperdício no Brasil. Calculam eles que, por negligência e oportunismo, perdemse 4 l bi Ihões de dólares por ano. Exemp lo, colhido a esmo: em julho de 1990, técnicos do Ministério da Agricultura recolheram 102 mi l toneladas de milho e arroz, sendo que 15 % dos produtos estavam estragado . Somente com e e desperdício, o Governo estimou um prejuízo de 1,3 milhão de dólares. Motivos: máquinas colhedeiras desreguladas, precariedade na a,mazenagem e negligência de Lerceiros na estocagem e transporte ...

Um dos convênios assinado entre o antigo MIRAD (Ministério da Refonna e Desenvolvimento Agrário) e o governo de

~ Comunismo africano Bebem ág ua mineral portuguesa, escovam os dentes com pasta alemã, tomam cerveja do mundo inteiro, uísque escocês, vinho italiano, iogurte ho landês etc. Trata-se, é claro, de ínfima minoria. Aliás, nem mesmo lojas para a venda desses produtos existem. Todo o comércio é feito no "para lelo". A grande maioria ela população

Panela furada - li

O Khrner Vermelho-orgaCamponeses que vivem nas nização guerrilheira com uni s- regiões próximas à fronteira com ta, que assassinou m ilhões de a Tailândia, na área controlada inte lectuais e praticapelo Khmer Vermemente toda a classe lho, afirmam que a fi méclia do Carnbodge, losofia e os métodos na década ele 70 ela guerrilha contiproclama-se, agora, nuam os mesmos. defensor dos "direitos Urna pessoa pode ser humanos". Na realidaexec utada si mplescle, é um mero lance me nte por trazer conpropagandístico para sigo uma caneta ou granjea,·oapoiodoOci- ~~~--'---""-'"--'-'.... um láp is, consideradente - cuja avidez em deixar- dos símbolos de dominação de se ludibriar é desconcertanLe! c lasse.

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Minas, previa a perfuração de 50 poços artesianos, aquisição de 100 mil _metros de Lubos e conexões ele PVC e de 90 mil cestas básicas ele alimentos. A auditoria do Tribunal ele ontasda União (TCU), entretanto, apurou que " nenhum poço foi perfurado, nenhuma cesta básica foi adq uirida". Eis um dos casos sem-conta de ma Ivcrsação de d in hci ro público levada a cabo por órgãos agro-reformistas brasile iros.

bebe a água que houver, não escova dentes - pois não há escova nem pasta etc ... Os melhores hotéis da cidade mantêm nos apartamentos água em baldes, pois, pelas torneiras , ela raramente aparece. Veículos, escassíssimos, caem aos pedaços pelas ruas. Quase não há velhos - a expectativa de vida é baixíssima. O país retratado - grande produtor ele petróleo e diamante - é Angola. A isto o reduziu quinze anos ele dominação comunista. O presidente corn unisLa de Angola, José Eclua,·do dos Sant s, reco nhece u às e câncaras: a econo mia cenLralizacla " não vingou •m Angola nem cm péu·tc nenhuma".

Couves "patrióticas"

Não só entre nós a cstatolaLria tem provocado siLuaçõcs insólitas. Na hina comunista,orecenLe episódio conhecido como "revolta das couves" é muito ilustrativo dessa mesma mentalidade. Um erro de pla,1ejarnento central gerou uma superabundância ele couve. O govemo exigiu, então, que, por patriotismo, os pa,ti-

~

A vitória do gregoriano

Para o compositor francês OI iv ier Messiaen não há corno negar a supremacia do canto gregoria,10 sobre as músicas adotadas pela liturg ia moderna. O que se vê hoje nas igrejas? "Vozes desafinadas gritando, vi oIões agredindo os ouvidos dos fiéis, hinos com letras ruclirn ntares ... Enfim, um inferno. Exatamente o oposto do canLo gr 'goriano, sólido corno a temi e tranqll ilo como a esperança", na d ·liniç. o de Gounocl.

~ Dolorosamente Ineptos

cu lares comprassem mais couve do que necess itavam . Como o produto é perecível, os consum idores compulsórios foram obrigados a jogar fora o produto. Ora, enquanto isso ocorre, continuam a escassear, naquele país, os produtos básicos ... Quanto a nós , cabe ponderar: Até lá chegam os disparates do estatismo sociali sta.

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em tempo

"Paredón" atualizado -

Organizados pelo Governo cubano, destacamentos paramilitares tentarão impedir manifestações de "pessoas com problemas políticos ou ideológicos" (eufemismo para designar os anticomunistas) durante os Jogos Panamericanos, em Havana. É incrível, mas os participantes das olimpíadas mantiveram-se calados a respeito ...

Nova Colômbia? - A deputada Raquel Cândido (PRN-RO) afirma possuir documento do Ministério da Aeronáutica atestando que "90% das grandes fortunas da Região Norte do Brasil são forjadas e servem de fachada do narcotráfico e da produção mineral clandestina". Segundo e la, há "sério risco de o Brasil, dentro em pouco, transformar-se numa nova Colômbia" .

Doentes em perigo - O Conselho Federal de Medicina decidiu enviar questionário acerca de 80 escolas de Medicina para avaliar como anda o ensino da matéria em nosso País. Explica-se a medida: no ano passado, a média de reprovação dos médicos brasi leiros foi da ordem de 60%! A escória do ensino -

ln Proosentatione B. Marioo Virginis. 0.,1.. __._,

0,,.11ú, dit w,ih" wl i11 1-iJHt IJ, M. V ,. pri.~r uq,u11h·11 .

lnutrl1,queV ..peri•,MI Mqnlftai1,

Al\a,1, 0

Jmo uilhcrme Ripper, reg nt ' do oro Opus Cantorum, cspccia li ;,,ado cm música sacra, c lassifica o gr goriano corno "a n1úsica cristã por excelência. É um canto que serve como nenhum outro para exprimir uma r •a iidade cspiriLual !"

Tal o dcspr·paro da maio- ' pouco fami liar aos concorria dos ca ndidalos u .lui;,,, que há rentes. c m , o Puulo mais d' 400 vaAgravante notável: cogitagas p · rman · 111 •s para a car- se realizar urna espécie de t:écr'ira . lintr ·1:11110, os sucessivos nica reeducativa de apoio para con ·ursos nilo logram preen- estimular o amadurecimento e h •r ·ssas vagas. cios iniciantes! /\ Escola Pauli ta de MaCertos fatos são cl qücnLes: >ist ral u ra prcLende introdu- o Tribunal de JusLiça do Rio rea;,,ir, nas aulas, diversas disci- lizou,mesesatrás, ·on ·urso para plinas do Direito e até Língua juízes. Denlrc os 330 inscritos, 1 ortugucsa, visivelmente 329saíram rcprovudos ...

Destaque

Enquanto os países do Leste europeu procuram despoluir-se do comunismo, continua o ensino, no Brasil, em boa medida aferrado ao marxismo. "A Visão dos Ed ucandos", por exemplo, trabalho utilizado na rede escolar da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME) é vazado em puro jargão marxista.

Para evitar a AIDS - Neste verão os turistas de todo o mundo que se hospedaram nos hotéis da Côte d' Azur (França) encontraram nos toillettes preservativos gratuitos. "É uma medida para prevenir a difusão da doença (AJDS)", afirmou Dominique Charnet, director da associação francesa para a luta contra a AIDS. Com o incentivo ao pecado e não com o apelo à moral pretendese ... evitar a AIDS! Símbolo - Na Polônia comunista, a nomemklatura (classe dirigente) era chamada "o pessoal da banana", pois eram os únicos que tinham acesso a esse "bem" raro, de "l uxo". Erro premiado - Segundo o diretor do Colégio Etapa, de São Paulo, Carlos Bindi, "na Fuvest existe até um caso em CjUe o estudante tirou de z de redação embora escrevesse a frase 'há muito tempo' ... sem h".

Quem será aprovado?- "Se os professores forem rigorosos [na correção das redações], poucos se rão aprovados, tal o nível das novas gerações de estudantes", adverte o cordenador de português do Colégio Objetivo, José Francisco Lé.

Massificação e "robotização" pela TV "Sabe-se pe1feita111ente que a televisão , em seus noticiários , reproduz menos de três colunas de um diário. Destaca mais o pathos afetivo-isso é próprio da imagem-do que o raciocín io. O exarne crítico .... a análise em perspectiva , conlinuam a ser o apanágio da escrita. O público em geral acha-se mais informado do que no passado, uma vez que antes ele pouco ou nada lia. Mas o público tido como de elite se encontra hoje, pelo contrário, menos informado do que anteriormente , pois substituiu a leitura dos diários pela televisão .... "[No tocante à leitura cios jornais] a França ocupa 11111 humilhante 32º lugar, 110 conjunto das nações. Tal abstencionismo, inquietante entre nós .... é um dos sintomas principais da descullurização jim1cesa" . Esse comentário do jornalista Claude lmbert , publicado pela revisra parisiense "Le Point" , bem ilustra o fenômeno: os homens de cultura vão deixando de ler os jornais, pois a TV noticia "tudo" . Conclusão : os dotados de maior capacidade e instrução ficam menos iriformados. Os menos cultos crêem-se mais "instruídos" do que realmente são. Uns e outros saem perdendo com esta falsa igualdade informativa . Imprevisíveis, as conseqüências. Na obra Guerre clu Golfe, le Dossier Secret, Pierre Scili11ger e Eric Laurant contrapõem os fatos realm e111e ocorrido.1· com o que é noticiado. Concluem os a11tores:.focalizar pura e simplesme11te um eve11to com a câmara de TV não é informar. Gera (apenas) emoção, a qual paralisa a capacidade de refletir. Não é assim que se preparam os robôs?

"Inquisição" da mídia Alain Woodrow, de "Le Mo11de", reconhece em sua obra lnformation Manipu lation (Ed. du Felin, 204 páginas): "A credibilidade dos jornalistas diminui, de ano em ano, de sondagem em so11dagem" . A ausência de ol~jetividade e critérios na imprensa noticiosa não serão alheios a tal descrédito? Com efeito, uma das .formas características de distorção consiste 110.f'ato de certos Governos utilizarem a rnídia para a detração sistemática dos que se lh es opõem. Philippe Guillaurne, ex-presidente do Conselho do Audiovisual .fi'an cês, assinala: a mídia posta a serviço do Poder estatal gera "desinformação , retenção de informação, li11 guagem dupla, emissão de rumores, a tortura que poupa o corpo para melhorferir o espírit o". Sua conclusão é contundente e precisa: "não mais estamos sob a Santa Inquisição, nem à mercê das penas de aluguel , nem sob o golpe da lei dos suspeitos. Todavia, como ontem, a mutilação continua sendo a marca do poder, e por ter-se tornado menos visível, nem por isso se pode dizer que desapareceu. Muito ao contrário". Ele bem sabia do que.falava ...


O CRIMINALIDADE

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Escalada do crime e da violência O problema da delinqüência pede leis mais enérgicas e policiamento mais efica z. Mas nada se solucionará se a sociedade não se mobilizar Descrever o quadro geral da crimin alidade e da violência no Brasil, é o mesmo que pronunc iar uma Ladainha de mal-

A pessoa, não raro, sentindo-se impotente diante da ameaça, decide esquecê-la. Entretanto, esta logo se fa z lembrar: um am igo é as aJtado, um vi zinho assassinado. Por toda parte e la vê rcalidaclcs-s ímbo lo dições. que lhe recordam o peri go: uma g uarita Nada, abso lutamente nada é poupado em banco, o I o lic ia l milita r montando nessa matéria aos hab itantes das grandes guarda nos co légio., a rc lranca dos escri cidades e, em proporções cada vez maio- tórios e dos apartamentos, os detectadores, das médi as e peq uenas. O crime oni - res de m tai s nos ae roportos, quando não presente faz com que o ar se torne rare- correrias e tiros. Ela não tem como escafe ito, a cam inho de ficar irres piráve l. par a essa pressão cio pe ri go , e não con T udo aq uilo que jamais poderia acon - segue viver inte iramente despreocupada. tecer, aco ntece. Talvez seja ligeiraSe se consegue avisar a polícia, não é mente excessivo raro que e la tenha menor poder de fogo qualificar esta que os criminosos. situação ele "cliSe ela logra apanhá-los, podem eles ser ma de gue1rn", soltos em seguida por fo rça da própria lei. " guerrilha Presos afina l, ergue-se uma gritaria urbana", e para que não sejam violados seus direitos · outras ex humanos, manipul a-se a compa ixão a seu · pressões favor. Q uanto à vítima, é coberta de indi - enfát icas ferença, quase de desprezo. que se lêem Apenas 30% dos reg istros policiais re- nos notic iásul tam em inquérito. ri os. Mas não Sobrevém a sentença, o criminoso é con- se pode negar denado. Pode não ser preso, pois há no País que o fenôme no cerca de 280 mil mandatos de prisão expe- esteja afetando os didos pela Justiça, que não foram cumpri - nervos das pessoas dos (50 mil em São Paulo e Rio). menos resistenSe reco lhido à pri são, e le tem poss ibi - tes. E ameaçanlid ade de ensi nar a outros dez s uas t:át"i - do tocas de crime. S ua pena pode se r abre- da . viada, o grupo (e le e se us " di scípu los") vai sendo so lto. 50 % do de tentos vol tam a delinqüir, desta vez mais organi zados. O u a difundir a AIDS que atinge entre 20 e 30% da população carcerária. A vítima potencial , assustada, cobre sua casa de grades e de alarmes. Os bandidos esperam calm ame nte que e la saia para ir ao trabalho, e então a assaltam . Reso lve e la (se tiver dinheiro para tanto) contratar uma firma de segurança. Mas um dos agentes é olheiro do crime e vai ser, precisamente , a porta por onde este se há de esg ue irar. 6

Números que consternam - Essa vivência quotidiana da e ca lada do crime é confirmada impiedosamente pe las estatísticas. Transcrevemos al g umas: Durante os anos 80, 43.60 1 pessoas foram assass inadas no Rio ele Janeiro ( 12 homicídios por dia) ; 2 1.38 1 residências foram assa ltadas (se is por dia); 3 13.691 pessoas fo ram ag red idas a tiro, facadas, pau ladas , go lpes de machado, além de o utros in strumentos. 283.000 carros foram ro ubados. De ano para ano a crimina lidade aumenta. Os hom icíd ios no Rio ele Ja ne iro, por exemp lo, que fo ram 2.826 em 1980, passaram a 7.654 no final ele 1989. Quase três vezes mai s. Em São Paulo, no ano passado ocorreram 6.650 assassinatos. Foram rou bados 115 mil carros. Por dia são furtados cm média 3 15 carros, e 200 ado lescentes se s uic idam mensalmente, na capital. A média anua l ele estupros tem sido 8.800. Doi s em cada três pauli stanos têm medo ele ser assaltados ou se tornar vítima ele al gum crime. E nas médias e pequenas cidades? Pelo menos no interior ele São Pau lo , os crimes contra a pessoa e contra o patrimônio têm aumentado em cerca de 10%, de ano para ano . O interior de São Paulo é responsáve l por ma is de metade da droga apr 'ndida no Estado.

A vi o lênc ia é hoj a terceira ·ausa ele morte no Brasil. Se8 1°:Tl~MBRO 1991

g und o o Ministério ela Saúde, as ag ressões externas só perdem p,u-a as doenças cárcliovasc ulfü·es e para o câncer. Em várias zonas ela cidade ele São Paulo, a violênc ia já mata mais do que o próprio câncer. De cada 100 jovens do sexo masculino mortos em São Paulo, 49 são vítimas de homicídi o. "Tem os mais do que uma g uerra do Vietnã por ano" , afirma Úlpi o M ira nda, médico da Pres idênc ia da Re públi ca e integrante do Programa de E nfre ntamento às Emergências e Trauma.

Um exempl o pode contribuir para demonstra r se, e quanto, pode influ ir uma le i. A escalada dos seqüestros na Itáli a (como também no Bras il) começou nos anos 60 , atingindo seu á pice em 1977 , ano em q ue ho uve 75 ocorrências. Um número se nsi velmente parecido com o cio nosso Seqüestros: a solução italiana - Muitos P aís, pois no corrente vêem em novas leis a chave da questão. ano (até agosto) só no E ntre estes, avultam Rio ele Jane iro já se reos que são fa vo ráve is gistram 55 seqüestros. à instauração ela pena Ta l como aqui , inide morte, em nosso cia lmente a preocupaPa ís. ção na Itá lia era a de proNada há, por ce1to, teger a vida da vítima . na doutrina católica, E m conseqüênc ia, freque se possa alegm· con- qüentemente os seqüestra sua aplicação, onde trado res embolsavam o for conveniente. Sê- preço do resgate. E se u lo-á para o Brasil de êx ito, tro mbeteado pe la hoje? Com muita sa- m ídi a, esti mul ava novos gacidade, o Prof. Pli- crimes . nioCorrêa deOliveira, Uma nova le i ve io em entrevista publica- pôr um parade iro a es te da nesta revista, pon- desastre. Seus dispos iti- Droga: um dos fatores do crime derou que "nos países vos (ver q uadro) faze m sujeitos a múltiplas e com que, pe lo menos neste caso, o crime tác ulo mais em foco do crime: o seqüesgraves crises,a implan- não com pensa. Res ul tado: no ano passa- tro. Estari a tudo resolvido? tação da pena de morte pode resultar muito do ho uve apenas seis seqüestros na Itáli a. A experiência mostra q ue não. A vaga imprudente". O insigne pensador declarou Trata-se de um dipl oma lega l muito dos raptos cresceu, na proporção em que temer que o Brasil não tarde muito em achar- inte ressante, digno da me lhor atenção dos a onda dos assaltos a bancos di minuiu . se nestas condições, pelo que, de momento, legisladores para ve r o q ue podem apro- Com efeito, uma séri e de med idas fora m não é fa vorável à pena de mo1te. veitar de le para o Bras il. Nossa rev ista tomadas, que desencoraja ram aque le tipo É certo, de qualquer fo rma, que uma põe seu texto compl eto à di spos ição cios de atividade c riminosa. Os bandidos, e natua li zação de nossa leg islação pode rá inte ressaclos. tão, pre feri ra m passar para o campo mais contribuir para refrear a c rimina lidade . A rentáve l dos seqüestros. esse respeito, Catolicismo já se pro nun- O crime migra, mas não se rende - DigaDaí se pode tirar uma conc lusão im c iou rec lamando urgentes prov idênc ias mos q ue a le i italiana fosse considerada portante . Se se fi ze r cessar os raptos, o para esta s ituação de im punidade em que interessante para o País, e que, devida- crime, de po is de um período de descono cri me ... compensa (outubro de l990). mente adaptada, tivesse extirpado o ten- certo, vai mi grar para outro tipo de ati v idade. Não será por medo de uma le i que os bandid os vão entregar suas arm as e se LEI ITALIANAANTI-SEQÜESTROS tornarão homens ho nestos. 9ual será o novo campo de atuação? .:;;;:, Ela impede, na prática, o pagamento do resgate. E difícil fazer essa conjectura agora. .:;;;:, O seqüestro dos bens da família do refém é Chesterton diz ia que "o criminoso é o arobrigatório e não depende da aprovação de um juiz tista criador. O detetive é apenas o crítico". instrutor. A única coisa ce11a é que , se não pude rem fazer raptos nem assaltar bancos, vão in.:;;;:, Todos os que tentarem contribuir para o pagamento ventar outro sistema de delinqüi r. do resgate podem ser punidos com três anos de prisão. Que fazer então? A ntes de mais nada, .:;;;:, Também pode ser condenado a três anos de prisão quem tiver informações sobre a profundar um pouco o tema.

o seqüestro e não as comunicar à polícia - exceto os familiares da vítima. Mesma pena para os que venderem seguros anti-seqüestro. O dinheiro que for apreeendido com os bandidos fica definitivamente seqüestrado (Cfr. "Veja", 24-7-91). .

CATOLICISMO , SETEMBRO 1991

LEO DAN I.ELE

7


O CRIMINALIDADE

Ao alcance de sua mão - Catolicismo julga que há muitas providências concretas que podem ser tomadas contra o crime, e que elas não devem ser negligenciadas. A impunidade legal que muitas vezes protege a e le, deve cessar. A propaganda indecente que recebe de certa mídia , absolutamente não pode contin uar. Conviria, em particular, estudar com cuidado a aplicabilidade da lei italiana antiseqüestros. Conviria tomar todas as demais medidas cabíveis. Se o leitor está em condições ele propulsionar algumas delas, é de seu dever fazê-lo, o quanto antes. Algo mais , entretanto, deve ser executado, numa esfera especial. Trata-se do amb iente geral cio País, que não pode ser mudado, nem pela po lícia , nem mesmo pelas leis. Já que o fundo do problema está numa crise do próprio homem , a solução eleve partir de cada um. Permita-me indicar algumas maneiras de como isto se poderia fazer:

Verdadeiras e falsas soluções Pense comigo, le itor: é a po lícia que mantém a ir.i~MEl"lllllllt*!l+:il ordem nas cidades? Dir-se-ia que sim. Se a polícia desapa recesse, num instante o crime tornaria conta de tudo. Com a polícia, a cidade entra em ordem. Logo, é a polícia a causa da ordem. Esta é urna meia verdade. Pois pela própria natureza elas coisas os policiais são urna escassa minoria na população. O que pode um homem, ainda que fardado, armado, super-armado, contra cem, mil, dez mil pessoas? "É que, por detrás deste homem, ex istc a força da lei". Quanta ingenuidade! Sem dúvida a força da lei ex iste, mas é insuficiente para que a ordem se manten ha. Pois, como diz um Um criminoso dorme em cada homem que não segue inteiramente a moral provérbio italiano, ''.fatia la legge, lrovatto · As conexões cio crime com a droga, o ela cabeça de seu hospedeiro, causando /' imbroglio" . Ou seja, logo depois de feita permissivismo, a televisão (que freqüen- nele uma tendência para ser indiferente a lei , é possível encontrar o furo pelo qual temente faz propaganda dele), têm sido ou indulgente para com o crime. freqüentemente ela se torna inoperante. No fundo de seu subconsciente, esse estudadas. Seria de desejar que o fossem O que, então, faz com que ainda haja homem pensa: "Eu não vou ser muito também a lgumas "conexões psicológinas cidades um resto de ordem? Que por severo para com o delinqüente, para não enquanto não tenhamos resvalado para o cas", ainda mais importantes. Elas abater de ser severo comigo mesmo". lam justamente a convicção ele que a orcaos absoluto, e não estejamos deband,111Por exemplo: será fáci 1, a quem não recua dem eleve reinar na sociedade e conduclo para a selva, cujos tambores, segundo diante ele pequenas trapaças nos negócios, zem à indiferença. música popular eco-fanática, estão rufanParafraseando Rui Barbosa, poder-se- rejeitar inteiramente o roubo? Será fácil, para do para nos chamar? ia dizer que um criminoso dorme em cada quem se apoderou de milhões numa "jogaO principal fator de ordem é a convicum dos homens honestos que não seguem da", condenar o pequeno ladrão, que fw1a ção da maior parte dos que obedecem, de inteiramente a moral. Talvez esse crimi - uma ca11cira numa leira livre? Essa situação que devem obedecer. De que este é um noso não acorde nunca, ou seja, o homem psicológica cnrraquece tc1Tivelmcnte a sandever e uma vantagem. não se torne um bandido. Mas atua dentro c;ao social que deveria haver contra o crime. A força do Estado não é ideacla, não é construída para manter em ordem urna população que queiBarreira do horror - Dito isto ra, inteira, s ublevar-se; se isso de passagem, convém voltar acontecesse, também os so ldaao terna anterior. dos ficariam so lidários com e la Havia, não há muito tempo, e adeririam ao motim. uma barreira de horror que seO eixo principal ela ordem parava o delinqüente do hoconvém repetir - não é a força, é mem honesto. Essa barreira a convicção, ainda que implícita. constituía a mais eficiente reOra, tal convicção está se evapressão ao crime. l loje, está porando. E aí se encontra o cerne minguando a olhos vistos. do problema ela criminalidade. Ao par de muita reação temperamental diante da deli"Conexões psicológicas" qüência, há também uma atoQuais as causas dessa evaporania espantosa e uma quase inção? Poderia falar das omissões, dulgência cm muitas rodas, de tão graves, inclusive - infelizsorte que já nao pesa sobre o mente - de muitos eclesiásticos. criminoso a unanimidade ela É interessante, de passagem, Por vezes o homem da lei é visto, pela sociedade, com antipatia recusa nacional. abo rdar outro aspecto. enquanto o delinqüente é considerado uma "pobre vítima"... 8

CJ\'1'0 1,l<'IHMO, 81,;TEMBRO 1991

Quantas vezes o bandido presenciou na TV com indiferença, cenas infames que o leva/am à conaturalidade com o crime?

Por outro lado, as autoridades que levam à indiferença. E, a partir da indifeaplicam a lei poderiam receber mais rença, muitos caminhos levam ao crime. Um exemp lo ele autofagia de segmenapoio. A sanção social poupa o crime, mas muitas vezes não poupa o homem da tos de nossa soc iedade. Dois jovens de lei que o reprime. Pelo contrário, o cum- classe média, no mês passado, mataram primento do dever por este é visto com um policial e morreram tragicamente no indiferença, quando não com antipatia: Rio, em uma tentativa de rapto. Certa Fulano é um duro, um "radical", um ex- mídia os transformou em cavaleiros românticos, em busca de aventutremado, quase um extremista. E os delinqüentes são "pobres vítiTodos ficaram com pena de~ ra. mas do capitalismo" ... les. Falou-se um pouco das arQuase sempre é certo que o prótistas famosas que seriam suas prio bandido não praticaria o crime SAIA DA vítimas. Do soldado que morreu, quase nada. se tivesse sentido essa barreira de DIVAGAÇÃO. FAÇA· Invenções engenhosas tamho1rnr em seu quotidiano. Em sua ALGO DE PRÁTICO, EQUE ESTÁ AO bém são co locadas a serv iço da casa, quem sabe, quantas vezes viu ALCANCE DE SUA ele a família inteira presenciar na MÃO. COMECE insensibilidade. Veja-se esta notícia, vinda da Alemanha: televisão, com indiferença, cenas HOJE. CONTRIBUA infames? Faltou-lhe formação reli- PARA FAZER "Pernas e braços sangrando, corpos esquartejados ou até giosa e moral adequada. Geralmen- CESSAR ESSE te, tudo quanto podia desmontar ESTADO DE COISAS, cabeças têm aparecido em diversos pontos do país, criando nele as reservas morais contra o mal QUE AO PÉ DA LETRA SE PODERIA pânico enlre a população e foi desmontado, antes da queda. por incrível que pareça-diverE le cai. É ainda a ausência CHAMAR "UMA DISSOLUÇÃO". tindo alguns engraçadinhos. É dessa barreira ele horror que faz que os 'cadávl!res' são de lá/ex com que ele possa contar com a imporJados da /Já/ia" ("Folh~ passividade dos que presenciam o crime. Que tenha onde se esconder de- de S. Paulo", 17-8-91). pois ele praticá-lo. Que conte com uma Desta e de muitas outras maneiras punição leve, se apanhado. tudo aquilo que causa horror à naturez,; O c riminoso sente que não há freios humana vai se banalizando. para sua tendência a fazer o mal. Então ... É como se a sociedade dissesse: Crime, conlinue, você 110s diverte. faz o mal. Assim como se diz que "todos os cam iNão é ele estranhar que, como dissemos, nhos levam a Roma", também poder-se-ia o quadro da delinqüência em nosso País dizer que hoje quase todos os caminhos pareça com uma ladainha ele maldições.

...,

CATOLICISMO, SETEMBRO 1991

./ Não perdendo nenhuma ocasião

para manifestar, com calma e com argumentos, sua indignação contra o crime e os criminosos. ./ Mostrando que,

mesmo quando

possam ter atenuantes, são culpados. E não meras vítimas da sociedade. Sua consciência certamente os acusa. ./ Protestando contra a banalização

da delinqüência, subproduto da indústria cultural de certos jornais e TVs. ./ Apoiando e elogiando, nas conver-

autoridades que mais se destacam na luta contra o crime.

sas, as

./ Lembrando estar muita gente do

lado delas, como se observa de maneira insofismável pela votação obtida em eleições por parte de algumas dessas autoridades que se candidataram. ./ Criticando com severidade os omissos.

./ Despertando o senso moral dos in-

diferentes. ./ Analisando com cuidado as pró-

prias eventuais "conexões psicológicas". Pois a ordem começa dentro

da própria casa. ./ Comentando, por exemplo, este artigo. Saia da divagação. Faça algo de prático, e que está ao alcance ele sua mão. Comece hoje. Contribua para fazer cessar esse estado ele coisas, que ao pé da letra se poderia chamar "uma di sso lução". A Providência divina o ajudará. L.D.

9


O INTERNACIONAL

No Oc idente, entre os govern antes dos diversos países , eclodiu verdadeira hister ia pró-Go rbachev. Poder-se-ia talvez compará-los a um bando de men inos reclamando a volta de seu parceiro de folguedos. A máscara de cordeiro de a lguns esquerdistas , tidos corno moderados, caiu ao apoiarem açodadamente o golpe. É o caso de Franço is M itterrand.

"I'

Gorba.SHOW? O recente golpe e a situação atual da URSS parecem resultar de um conjunto - autêntico ou de aparência - de obscuras manobras, cujo ef eito é imprevisível A ambigüidade do pre" semana q ue modificou a Hi stóri a da URSS ", como classifi cam side nte da URSS - por alguns os dias de go lpe e contra- um lado diz ia-se favoráve l golpe na Uni ão das Repúblicas Sociali s- à livre iniciativa e por o utas Sov iéticas, poderia ser qualifi cada de tro confessava-se socialista convicto - está entre as causas da reser"semana confu sa". Ante um Ocidente otimi sta e despreo- va Oc idental em auxil iá- lo ainda mais cupado, o dia 19 de agosto tro uxe de volta largamente, permi tindo-o vencer a crise o espectro sombrio do que ac reditavam de seu país. Há cerca de três anos, Gorbachev passou para sempre afastado : a perspectiva de retorno à guerra fri a e, quiçá, de um con- · a aproximar-se da velha guarda do Partido, fronto nuclear. Nos dias subseqüentes, aparentemente para se colocar como meio desenro lou-se, em ve locidade frenética, tenno entre os reformistas extremados e os um verdade iro "show" de notíc ias que assim chamados "conservadores". Mesmo sucess ivamente confirmavam, desmen- assim -como pseudolíde r do meio termo - não conseguiu e le os aux íl ios que pretiam e a lteravam tais apreensões. A tentativa de tend ia do Ociden te. U lti mamente GorbaT d e rrub a d a e a chev parec ia decid ido a se afastar da ala volta desajeitada "d ura" do PC soviético, o q ue teria proGorbachev de Mikhail Gor- vocado nestes o desejo de derru bá- lo. retornou, Na realidade, os fatos levantam indabac hev, o infl aproclamando damente podero- gações a esta visão si mplista dos acontemais uma vez so Pres ide nte da cimentos . Sec retásua crença no URSS, ri o Gera l do o- Sem segredos- om cfci to,já cm dezemsocialismo bro de 1990, o ex-Ministro das Re lações mitê Centra l d Pa rti do Comu- Ex teriores da UR , Edvard Shcvard.Â. ni sta, é de mo lde nadzc, afastava -se do governo denuna levantar pergun tas sem todavi a obte r-se c iando a pre1 aração de um golpe. Dois respostas c laras, seguras e conc ludentes. d ias antes do go lpe, Alexander Yakovlev, E xceto, parece, num ponto, adiante apre- anti go auxili ar de Gorbachev, den unciou o mesmo fato. E ntre estas duas denúnsentado. Para se compreender essa "semana con- cias, várias o utras fontes seguras fusa", é preci so con siderar, s umari amen- . "Time", "TheEconomist", "Newsweek", te, o contexto da UR SS, nestes úl ti mos "L'Express", "The International Herald T ribune" - alardearam, de modos divertempos. sos, ta l preparação. É inexplicável que Reformas - Gorbachev e suas tão propa- Gorbachev não ten ha tomado medidas ladas reform as - sem abandonar o comu- ap urando o fundame nto desses rumores. Gorbac hev, ao contrário, com uma nismo - , ao contrário do prometido, não estavam conseguindo tirar a URSS da pro- tranq üilidade q ue os fatos desmentiam, funda crise que a domina de alto a baixo. fo i tirar fér ias na Criméia. Ocas ião esta Às dificuldades econômicas, políticas, ét- esco lhida pe los golpistas para executar nicas etc., somavam-se as reivindicações de seus pl anos. Os desdobramentos do go lpe levantaindependência de países que há décadas ram perplexidades: sofriam sob o tacão comunista.

Conluio?-Dominada a situação por Yelt-

A

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- Seus protagonistas: homens escolhidos pelo próprio Gorbachev, alguns expressamente indicados para evitar traição; - A execução do go lpe: inteiramente amadorística. Os tanques só apareceram nas ruas muitas horas depois da "Comissão de Emergência" ter assumido o poder, substituindo um Gorbachev "doente". Sequer inventaram uma "doença" similar para o "reformista" radical, Boris Yeltsin. Este ficou livre e desimpedido para chamar a atenção do povo e arengar a massa que, aliás, só morosamente se pôs em movimento e se diri g iu a logrado uros públicos, atraída pelos acontecimentos (cfr. "Thc Economist", 31-8-9 l, p.19). cnas patéti cas: por ex., um civil tirando soldado de dentro de um tanque, ilustram a ilogicidacle dos acontecimentos . Só muito depo is de iniciado o go lpe, quando a chamada "Comissão de Emergência" já dava mostras de fraqueza, começaram algumas escaramuças. Estas causaram proporcionalmente poucas vítimas para uma ação de tal envergadura.

sin, e seus fiéis seguidores --cap italizando um descontentamento crescente, que tornou proporções de categórica reação anticomun ista - procedeu-se ao reto rno de Gorbachev. Este, para desconcerto de muitos, proclamou mais urna vez sua crença no socialismo e voltou a indicar o Partido corno o meio de conduzir as reformas. Diante das inexpl icáveis incongruências manifestadas na execução do golpe, começaram a surgir, de fontes idôneas, veiculadas por órgãos da mídia, suspeitas ele um conluio entre Gorbachev e os golpistas. Vários pronunciamentos de personagens internacionais aventaram tal hipótese. Entre eles Shevardnaclze, em entrevista a urna TV francesa, insinuou essa possibilidade. O jornal "Troud", órgão dos sindicatos da Bulgária, disse que o golpe não passava ele uma farsa. O presidente ela Geórgia, Zviad Garnsakurd ia, enumerou, em termos contundentes, as falhas primárias na consecução do golpe, conc luindo ter sido tudo uma comédia. Além disso, há o famoso caso da "caixa preta", contendo os códigos que permitem o lançamento de artefatos nuc leares . Num primeiro momento, membros ela "Comissão de Emergência" declararam deter a mesma. Depois, noticiou-se que ela jamais saíra do alcance ele Gorbachev. Se confirmado tal fato, este nunca fora deposto, pois sempre estivera no comando de 287.000 homens, que cuidam, em terra, mar e ar, das 12.000 ogivas

nucleares e 18.000 bombas atômicas táti cas. Finalmente, procurou-se desmentir tal h ipótese, d izendo que os golpi stas, depois de vis itarem Gorbac hev na C rirné ia conv idando-o para associar-se a e les, levaram a "caixa preta".

Farsa? - Q ua lq uer q ue seja a verac idade dessas hipóteses, d ific il me nte teremos urna resposta cabal para e las. É estarrecedora a idéia de urna fa rsa de tal monta. Por quê? Para quê? Após o golpe-real ou de opereta - fico u patente a inconsistência das alegações de Gorbachev quan to ao "poderio" da " linh a dura". Acenava e le para um "perigo" que não passou de fantasmagoria. Seguiu-se, também, o desmontar em cade ia dos diversos comitês do Partido comuni sta di sseminados pe la URSS. E o esface lamento do império soviético tomou impul so vertiginoso. Até o presente, dez das 15 Repúblicas que constituíam a URSS declararam-se independentes. É de notar que à testa dessa onda secess ion ista, supostamente prejudic ia l ao comunismo, encontram-se na q uase totalidade elas vezes ... comun istas; d iss identes ou não, dizendo-se ma is ou menos "arrepend idos". Em face de todo o ocorrido na União Soviética, urna pergun ta se impõe: extinto o PC, o comuni smo realmente deixo u ele existir? Indenização - M ui tos esquerdi stas, entre os quais fig uram diversos cripto-comu-

ni stas, têm afirmado que sim . E daí ded uzem açodadarnente que ... tam bém o anticomun ismo perdeu sua razão de ser. Esse úl timo ponto é para os comun istas ostensivos, os cripto-cornuni stas e os soc ia listas, de importância capital. Po is, a extinção do anticomun ismo os inde ni zaria, em boa med ida, pe los inconve nie ntes q ue a e liminação do PC e o desmoroname nto pa rc ia l o u tota l d a URSS parecem lhes estar ca usando. E isso a tal ponto, que não fa ltou q uem se pe rg un tasse: não será essa aparente ru ína do comuni smo manobra para tenta r p ul verizar o anticom uni smo? Na realidade, tudo não passa ele dúv idas, confusão e um sin istro amálgama de manejes, acerca de cujo resultado fi nal é prematuro fazer q ualquer prognóstico. Com tal visão, parece c oncord a r a im ensa maioriados que, noOcidente, acompanham os acontecimentos com olhar lúcido. E ntre esses, não estão os ingênuos. O ingênuo é, por exce lênc ia, otimista. Como , reciprocamente, o otimista é por exce lência ingênuo. Uns e o utros - otim istas e ingênuos -acham , a inda agora, q ue esse estranho curso dos acontec imentos resulta excl usivamente de propós itos e levados. E q ue, de tal conjuntura nascerá forçosamente para o mundo, dentro em breve, uma era idílica, de paz, bem-estar e concórd ia. Destes, positiv amente diverg imos. E d iamentralmente.

R

Dominada a situação por Yeltsin, capitalizando um descontentamento que tomou proporções de reação anticomunista, procedeu-se ao retorno de Gorbachev

MA NSUR GU ÊRIOS


O ENTREVISTA ;~, i '

"O comunismo pode ressuscitar a qualquer momento" Com este título a revista "Cosas", editada em Santiago do comunista não fez outra coisa senão combater nossos três Chile e de larga divulgação naquele país, publicou em sua princípio s, que são a tradição, a família e a propriedade, edição de 20 de agosto último, en trevista que o Prof Plinio procurando impor uma ordem de coisas, cujos resultados Corrêa de Oli veira, Presidente do Conselho Nacional da o Sr. vê. Nós trabalhamos por um mundo livre. TFP, concedeu ao jornalista André Jouffe, COSAS - As TFPs dos diferentes países são autônomas? Tendo ela sido concePCO - São irmãs, mas dida em julho, aproximaautônomas. Cada uma damente dois meses antes trabalha para seu país a do recente golpe militar fim de preservar estes e ocorrido na URSS, vê-se outros princípios e evitar a que, de ceriaforma, o enderrocada, a chegada do trevistado o previu. A prócomunismo. pria revista parece ter proCOSAS - Sem embarcurado a centuar isso, go; este temor do comucolocando como título da nismo pode parecer um matéria uma.fi-ase textual pouco fora de moda condo pensador católico. siderando os fenômenos Essas palavras são tão do Leste europeu e a pomais significativas se se sição de Gorbachev. considera que a matéria PCO - Gorbachev goza foi publicada no dia posde um apoio verdadeiraterior ao golpe efetuado mente surpreendente cios pela "Comissão de países ocidentais, mas Eme,gência", em Moscou. quem sabe até que ponto há Parece,pois, oportuno reGorbachev goza de um apoio verdadeiramente base e s inceridade para produzir em nossas págital apoio ... Só o sabem os surpreendente dos países ocidentais, nas alguns excertos dessa intelectuais soviéticos, entrevista. mas quem sabe até que ponto há base e mas o povo não.Ninguém COSAS - Qual é o pro-> sabe quais são os planos sinceridade para tal apoio ... jeto histórico da TFP para depoi s ela fase ele quanto ao futuro? transfo,rnação, na Rússia. PLINIO CORRÊA DE COSAS - Para quem esteve recentemente no bloco ex-coOLIVEIRA -Temos a impressão de que o mundo aluai munista (como ocorrera com o entrevistador), afigura-se caminha rumo a uma grande catástrofe . A Lodo momento , como quase impossível um retorno ao passado ... a imprensa nos es tá colocando diante da eve nlualiclacle de uma próxima g uerra. Heca tombe mundial da atual ordem PCO- Uma volta para Lrás não é fác il , nem tampouco difícil. de coisas é uma hipótese que se deve considerar. Em face Al g uns (na Rússia) querem a civ ili zação ocidental, porém de ta l eventualidade, a TFP torna possível a preservação muitos estavam acostumado a um regime de subtrabalho e a dos princípios bás icos da civilização cris tã. A propaganda uma re lativa despreocupação.

TFP APOIA LITUÂNIA: TRIBUNAL PARA JULGAR SOVIÉTICOS São Paulo O Prof. Plinio Corrêa de Olive ira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou mensagem ao Presidente da Lituânia, Vytautas Landsbergis, manifestando ojúbilo e apoio das várias TFPs e Bureaux-TFP dos cinco continentes à proposta daquele Chefe de Estado de se formar um

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tribunal intemacional do gênero de Nüremberg, para julgamento dos crimes dos comunistas soviéticos. E, ademais, de se utilizar o território lituano para que nele o dito tribunal realize as suas sessões. A mensagem salienta que "o senso de justiça inerente a todos os espíritos retos e elevados, está a clamar por uma punição adequada dos grandes crimes que o comunismo internacional praticou no mundo inteiro". As várias TFPs também se congratulam, na mesma comunica-

ção, pelo fato de um crescente número de países ter estabelecido relações diplomáticas com a Lituânia. Como se sabe, no ano passado as TFPs tiveram destacada ação em favor do reconhecimento da independência lituana, promovendo a coleta de 5,2 milhões de assinaturas, durante 130 dias, em 26 países - um dos maiores abaixo-assinados da História. Os microfilmes dessas assinaturas foram entregues ao Presidente Landsbergis, por uma delegação de

representantes das várias TFPs, que viajou a Vilnius. Em Moscou, a referida delegação deixou no Kremlin vigoroso protes- I.UI~_,;&."""""'_..._ to contra a persistência da ocupação soviética na Lituânia, endereçado a Gorbachev, tendo também desfraldado o estandarte rubro da TFP na Praça Vermelha. CJ\' l'OL IUTSMO, SETEMBRO 1991


'Visitação de %aria o/irg,em aSanta lsa6e{ OAfagníficat Evangelho de São Lucas, 1, 39-56

~7raqueles

dias, levantando-se Maria, foi com ~ pressa às montanhas , a uma cidade de Judá. En trou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Aconteceu que, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Exc lamo u e la em alta voz e disse: Bendita és tu. entre as mulheres e bendito é o ji-uro do teu ventre . Donde a mim esta dita, que a mãe do meu Senhor venha ter comigo? Porque, logo que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas. E ntão Maria disse:

l

Minha alma glorifica o Senhor; e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Porque lançou os olhos para a huniilhação da sua serva ;

Portanto, eis que, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada. Porque o Todo-poderoso fe z em mim grandes coisas, o seu nome é santo. E a sua misericórdia (se estende) de geração em geração sobre aqueles que o temem. Manifestou o poder do seu braço; dissipou aqueles que se orgulhavam com pensamentos do seu coração. Depôs do trono os poderosos, e elevou os humildes. Encheu de bens osfamintos, e despediu vazios os ricos. Tomou cuidado de Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia; conforme prometera a nossos pais, a Abraão e à sua posteridade para sempre.

1esta da g{atividade de 1\[çssa Senhora 1 J

A Natividade da Bem-aventurada e Imaculada Mãe ele Deus dá aos homens uma alegria particular e preciosa: inaugura a salvação da natureza humana ... Deus, antes de criar o homem, viu com o inefáve l o lhar de sua Providência que o homem iria ser vítima elas maquinações d iabólicas e, por isso, resolveu, no mais fundo ele sua infini ta m isericórd ia, o plano ela redenção do gênero hum ano e determinou previamente todas as circunstânc ias . Por conseguinte, sendo impossível que a redenção humana se reali zasse sem que o Filho ele Deus nas cesse da Virgem predestinada, ele igual modo era necessário que primeiramente nascesse essa Virgem, na qual o Verbo se fa ria carne. Haveria de construir primeiro a casa na qual o Rei celestia l baixaria e onde encontraria hospitalidade ... 3

(excertos)

Na Catena Aurea, S. Tomás de Aquino comenta a terceira estrofe do Magnificar citando este trecho de Santo Agostinho 2 : Ó verdadeira humildade, que deu aos homens um Deu.s, aos mortais a vida, renovou os céus, purijkou o mundo, abriu o paraíso e li vrou as almas de rodos os homens! A humildade de Maria converteu-se em escada para subir ao céu, pela qual Deus baixa até a terra.

São palavras da mãe do precursor à mãe cio Messias. Divinamente esclarecida, Isabel soube do que se passou entre o Anjo, Maria e Deus. Pe las manifestações cio menino em seu seio, sab ia que se encontrava diante do Verbo Encarnado. Ao louvores de Isabel, Maria, cheia do Espírito Santo, transforma-se numa lira harmoniosa e responde com louvores a Deus, sob a forma suavíss ima do Magnij1ca1 , cântico ublime na sua simplicidade. É um poema lírico de uma beleza ao mesmo tempo majestosa e serena, que nos transporta a uma atmosfera de paz, de luz, de calma alegria, de celeste piedade em que vivia a alm a de Maria, tornada Mãe do Verbo.

O que quer dizer "lanço u os o lhos", senão "aprovou"? M ui tos parecem humildes aos o lhos cios homens, mas Deus não o lha parn a humil dade deles, porque se fossem verdadeiramente humildes, q uereriam que Deus fosse louvado pelos homens e não que estes os louvassem; e seu espírito se alegrar ia não neste mundo, mas em Deus.

famíli a sacerdotal de Aarão por parte da mãe, Santa Ana. Nossa Senhora nasce u provavelmente entre os anos 728 e 733 ela fundação de Roma. A Natividade ele Maria era celebrada no Oriente desde o sécu lo V, te ndo sua ce lebração s urg ido em Jerusalém, ao que tudo indica. Uma bela tradição atribui ao B ispo de Angers (França), Maurílio, a in stitu ição dessa festa , em 430, quando Nossa Senhora lhe teria aparecido nas pradarias de Marillais e um misterioso canto ele Anjos se o uviu de 7 para 8 ele setembro. Em Roma , a festa era ce lebrada já no in ício do século vn, como também as da Anunc iação, da

(trecho)

Comentários do Pe. Luís Cláudio Fillion 1

Comentário de Santo Agostinho

~ if aria Santíss ima descende da fa míli a real de l \lfJlDav i por parte do pai, São Joaquim , e da

Sermão de São Pedro Damião

Maria ficou com Isabel cerca de três meses; e (depois) voltou para sua casa.

Nas últimas palavras de Gabrie l, "eis que Isabel rua parente concebeu um.filho na sua velhice .... ", a humil de e fie l serva do Senhor vira, senão uma ordem formal, ao menos uma sugestão, um convite, que lhe era impossível não levar em conta. Por isso, "naqueles dias, levantando-se Maria, foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá". Ao transpor a so le ira da porta, "saudou Isabel". A graça só esperava esse sina l para operar um duplo milagre, que já nos mostra a Santíss im a Virgem com um títu lo caro aos cató licos de toclos os tempos: o de Medianeira das bênçãos divinas. Tomada de violenta em oção, entoou Isabel cm alta voz o "bendita és tu entre as mulheres" .

8 de setembro Purificação e da Assunção. E o Papa Sérgio (687701) tornou-a solene com uma grande procissão. A cidade de Chartres rec lama para seu Bispo, F ulberto (+1028) uma importante participação na difusão da festa da Natividade ele Maria por toda a França. O Rei Roberto, o Piedoso, quis musicar os três be los responsóri os, Solemjusririae, Sti,;ps lesse, Ad Nu.tum Domini, em que F ulberto celebra a aparição da misteriosa estrela que faz nascer o sol. Na terceira sessão cio I Concíli o ele Lyon, em 1245, Inocêncio IV estabeleceu para toda a Igreja a oitava da Natividade da Virgem Santíssima, em cumprimento ao voto que ele e os demais cardeais haviam feito durante a vacância da Sé de Pedro por 19 meses.

Para meditar e para rezar Salmo 78, que São Pio V mandou os fiéis rezarem por ocasião da batalha de Lepanto (trechos)

Ó Deus, vieram as nações à tua herança, contaminaram o te u santo temp lo, e fizeram de Jerusalém um a como cabana de guarda de frutas. Até quando, Senhor, te hás de irar sem te aplacar? Até quando se ace nderá como fogo o teu zelo? Não te lembres de nossas antigas maldades, antecipem-se quanto antes as tuas mi sericórdi as, porque fomos reduzidos à última miséria. Ajuda-nos, ó Deus , sa lvador nosso, e pela g lória do teu nome, Senhor, livra-nos, e perdoa os nossos pecados, por amor cio teu nome; para que se não diga entre os gentios: O nde está o Deus deles? Nós, porém, teu povo e ovelhas de teu pasto, nós te glorificaremos para sempre; de geração em geração publi caremos os te us lo uvores.

O perigo do respeito humano, pelo Pe. Frederico Guilherme Faber4

l J

O peri go do respeito hum ano está sobremodo o utro essencialmente falso, destrói fatalmente a esnessa semelhança com uma religião falsa ..... (•) , piritualiclade. Assim , pois, é um cios instrume ntos O respeito humano abafa o caráter sobrenatural de mais poderosos, postos pe la natu reza corrupta nas ações que são boas em si. Destrói o nervo da inten- mãos do demônio, para a destruição das almas. ção, mas, ao contrário do nervo ferido cio corpo, o de um dente, por exemp lo, quando morre, não nos ad- NOTAS: 1. ln serm. de Assumpt. verte de nada. É qual verme na noz: rói a amêndoa Dom P. Guéranger, EI ano liturgico, p. 374. da intenção, e deixa a fru ta na árvore, bela e frondosa. 2. 3. ld. A religião é tão intrinsecamente questão de inte nção 4. Progresso na vida espiritual, Vozes, Petrópolis, 1947, p. 137. que isto equivale a destruí-la de todo. Como o respei- (*) Respeito humano: vergonha de pensar, falar ou agir como to humano substitui sempre um motivo bom por católico.


História Sagrada

em seu lar

noções básicas virgindade conservada intacta, ao passo que vos tornáveis a Mãe de Deus" <3l. "E o Senhor disse a Moisés: Eu vi a aflição do meu povo no Egito, e ouvi o seu clamor .... E, conhecendo a sua dor, desci para o livrar das mãos dos egípcios, e para o conduzir daquela terra para urna terra boa e espaçosa, para urna terra onde corre o leite e o mel .... E eu te enviarei a Faraó, a fim de que tires do Egito o meu povo, os filhos de Israel ....

VOCAÇÃO DE MOISES

"Moisés disse a Deus: Eis que eu irei aos filhos de Israel, e lhes direi: O Deu s de vossos pais enviou-me a vós. Se eles me perg untarem: Qual é o seu nome? Que lhes hei ele responder?

MOISÉS TINHA 40 ANOS quando saiu cio Egito, e permaneceu mais "Deus disse a Moisés: EU SOU O 40 a nos em Madiã (atual Arábia SauQUE SOU ... . Ass im dirás aos filhos dita), pastoreando os rebanhos de Jede Israel: AQUELE QUE É envioutro, seu sogro. Tinha e le, portanto, 80 · me a vós .... anos de idade quando Deus o chamou Milagres para uma elas maiores vocações da "Mo isés disse: Não me clarão créHistória. dito .... mas dirão: O Senhor não te Deus aparece a Moisés apareceu . "Certo cl ia, Moisés levou o rebanho "Disse- lhe, pois, (o Senhor): Que é pelo deserto até o monte Horeb [junto o que tens na mão? Ele respondeu: ao monte Sinai]. A li viu um espinheiro Uma vara. E o Senhor disse: Deita-a (ou sarça) que ardia em chamas sem se consumir. Moisés aproximou-se para ao chão. Deitou-a, e ela converteu-se ver ele perto esse fenômeno. Mas uma numa serpente, de sorte que Mois6s fugiu. voz, que saía cio meio da c hama , bradou:" Cll "Moisés, Moisés. E ele respondeu: aqui estou. "E (o Senhor) disse: Não te aproximes claqu i: tira as sandálias de teus pés porque o lugar, em que estás, é uma terra santa. E ac rescentou: Eu sou o Deus ele teu pai, o Deus de Abraão, o Deus ele Isaac, e o Deus ele Jacó. Cobriu Moisés o rosto; porque não ousava olhar para Deus" c2l. "Na sarça que Moisés viu arder sem se consumir, reconhecemos [ó Marial vossa admirável

Na sarça ardente, "AQUELE QUE É" fala a Moisés

"E o Senhor disse: Estende a tua mão, e pega-lhe pela cauda. Estende u a mão, e pegou-lhe, e transformou-se numa vara. (Assim farei) disse (o Senhor), para que cre iam que te apareceu o Sen hor Deus ele teus pais .... "E outra vez disse o Senhor: Mete a tua mão no teu seio. E, metendo-a no seio, tirou-a leprosa, (branca) corno a neve. Torna a meter, disse (o Senhor), a tua mão no teu seio. Tornou a metê-la, e tirou-a de novo, e era semelhante à outra carne ....

Moisés é gago "Moisés disse : Perdoa, Senho r, e u não sou de palavra fác il .. .. ; e, desde que fa laste ao teu servo, a minha língua está embaraçada e mais tareia .... "O Senhor irou-se contra Moisés, e disse: Eu sei que Aarão, teu irmão levita, é eloqüente .... Ele falará por ti ao povo, e será a tua boca; e tu clirigilo-ás no que diz respeito a Deus" c4 >_

Moisés volta ao Egito "Moisés regressou para o Egito. Por ordem ele Deus, Aarão foi a seu encontro. "Moisé referiu-lhe os desígnios do Senhor. Logo que chegaram, reuniram-se os filhos de Israel. Aarão expôs tudo que Deus tinha ordenado a Moisés, e este, por sua vez, fez os milagres. O povo lhes deu crédito e adorou o Senhor"<5l.

Notas 1. Frei Bruno Heuser OFM, História Sagrada do Antigo e do Novo Testamento, Vozes, Petrópolis, 1957, 24g. ed., pp. 48-49. 2. Ex. 3, 4-6. 3. Nossa Senhora - Curso Médio de Catecismo Mariano, Co leção FTD, Livraria Francisco Alves, São Paulo, 1937, p. 15. 4. Ex. 3, 7-14 e 4, 1-16. 5. Frei Bruno Heuser, op. cit., p. 50.

O HAGIOGRAFIA

Flagelo dos hereges

S. Jerônimo era o maior conhecedor das Sagradas 1=scrituras em toda a Cristandade

Confessor e Doutor da Igreja, São Jerônimo traduz para o latim as Sagradas Escrituras e verbera com o fogo de seu gênio e eloqüência as heresias de seu tempo

S

ão Jerônimo é um dos santos mais criticados pelos "ecumênicos " de nosso século, pois não havia látego que poupa se ao lombo dos hereges de seu tempo. Ele é célebre pelo fogo de alma com que defendia a Fé cristã e pela monumental tradução cios Livros Sagrados que legou à Igreja. Conhecidos, de nome, praticamente por todo o mundo, os seus escritos, infelizmente, são quase inteiramente ignorados. Entretanto, o menor mérito deles - sua beleza Literária - os coloca no ápice ela literatura católica de todos os tempos.

Síntese biográfica-São Jerônimo nasceu em 345 na pequena cidade de Striclon, nos confins ela Dalmácia e da Panônia (atual Croácia). Sua família era católica e pertencia à burguesia rica. Chegando à idade cios estudos, seu maior desejo, ele acordo com o costume de então, foi fazê-los em Roma, nesse tempo o maior centro cu ltural do mundo. Na capital cio Jmpério, o jovem foi cliscí pulo de dois grandes mestres, o orador Vitorino e o célebre gramático Donato. Infelizmente, sob a influência do meio estudantil cosmopolita que freqüentava, o futuro Doutor da Igreja se entregou aos prazeres fáceis que lhe eram orereciclos em abundância, embora conservasse a fé recebida ele seus pais. Por essa época, a crise provocada pelo arianismo chegava ao auge. A Providência, porém, suscitou diversos Padres ela Igreja para esmagar essa perigosa heresia. Entre eles se destacará Jerônimo. Tocado pela graça, abandonou Roma e, depois de peregrinar por várias cidades, converteu-se e foi chorar os se us pecados no deserto de Chalcis (na Gréc ia), onde passou quatro anos.

Estudo do hebraico - Após expiar no deserto os seu. pecados, Jerônimo dedicou-se ao estudo do hebraico para melhor compreender as Sagradas Escrituras, lendo-as no original. Até então, os valores da civi lização romana pagã tinham sido os ideais ele sua existência, e a cu ltura do mundo antigo gu iara a formação de sua inteligência. Precisava, pois, fazer violência a si mesmo para dest111ir apegos e reformar completamente a sua vida intelectual. De fato, em carta ao monge Rústico, relata ele as dificuldades que encontrou, e confessa quanto lhe foi penoso acostumar-se à leitu ra elas Santas Escrituras, sobretudo à língua hebraica. Vulgata Latina - Jerônimo tornou-se o maior conhecedor das Sagradas Escrituras em toda a Cristandade. A ele várias vezes recorrerá o Papa São Dâmaso, ele quem era CATOLICISMO, SETEMBRO 1991

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secretário, pedindo esclarecimentos soAbrasado pelo amor ele Deus, não subre comp lexas questões exê'géticas. As portava. que hereges e pagãos insultassem a respostas plenamente satisf' tórias, que reve- verdade ensinada. por Nosso Senhor Jesus lavam não só os profundos conhecimentos, Cristo. As suas respostas mordazes, cheias como a piedade e a fé ardente do presbítero, de verve e cintilantes ele inteligência, salevaram o Pontífice, penetrado de admiração, biam apontar no adversário os defeitos moa conceber o projeto de pedir-lhe uma tradu- ra.is que o levavam a defender o erro. ção completa da Bíblia, de que a Igreja então muito necessitava. Apoteos, de São Jerônimo, De fato, nessa época per Zurbarán era usada comumente pelos católicos uma versão latina, conhecida por "Itálica.", que fôra. prepara.da de acordo com uma versão grega chamada. dos Setenta. Desta versão foram feitas muitas cópias eivadas de erros. Impunhase, pois, uma nova tradução, que afastasse esses inconvenientes e ao mesmo tempo conservasse o ma.is possível elementos do texto com Disso resultava o ódio contra e le, que o qual os fié is já estavam acostumados. Foi esse trabalho hercúleo que São Dâ- extravasava em injúrias, perseguições e tudo quanto a malcla.cle humana sabe inmaso pediu a São Jerônimo. Este, prevendo embora as conseqüências ventar ao ver-se desmascarada. Um desses espíritos heréticos era o que teria de enfrentar e as críticas de que extravagante e faceiro Helvidius, que esseria alvo, aceitou a incumbência. creveu um tratado atacando a virgindade Defensor da virgindade de Maria - É co- de Nossa Senhora. São Jerônimo refutou-lhe completanhecida a energia com que São Jerônimo defendia a doutrina cató lica contra a he- mente os débeis argumentos,e te rminou o res ia, a ponto ele a liturgia ela Igreja cele- seu escrito com uma advertência: "Bem brá-lo g loriosamente como "flagelo cios sei, Helvidius, o que posso esperar agora de tua parte. Eu te conheço: és daqueles hereges".

que costumam esperar as pessoas nas esquinas para as enlamear. Previno-te, no entanto . Tuas injúrias serão minha glória . Vem, insulta-me com essa boca que blasfemou a Virgem Maria: é uma honra para o humilde servidor ser tratado como a Mãe de seu Senhor". Análogas manifestações ela eloqüência polêmica cio Santo tiveram de sofrer Joviniano, Vigilância, Pelágio e outros hereges ainda. Na festa ele São Jerônimo (30 de setembro), peçamos a Deus Nosso Senhor, por intercessão de Mruia Santíssima, que nos conceda tanto a finneza doutrinária cio gi-a.ncle Doutor quru1to sua fo1taleza. contra os hereges, em meio à crise progressista. que assola a Santa Igreja, em nossos dias.

• LUIZ CARLOS A Z EVEDO

Obras consultadas: 1. Vies des Saints illustrées pour tous les jours de l'Année, Bonne Presse, Paris, setembro/outubro. 2. Dom Guéranger, L'Année Liturgique, Maison Alfred Mame et Fils, Tours, 1922, Tomo V. 3. Dom Gaspar Lefebvre, Missei Quotidien et Vespéral, Societé Liturgique, S.A., Paris, 1950. 4. B. Llorca et alii, Historia de la lglesia Catolica, BAC, Madri, 1955, Tomo 1. 5. Doctrina Pontifícia, Documentos Bíblicos, BAC, Madri, 1955. 6. Le Breviaire Romain - Propre des Saints, Labergerie, Paris.

PARA ENTENDER ESTE ARTIGO ARIANISMO: Doutrina do Bispo Ario (século 11 1) que nega a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao negar a unidade e aconsubstancia.lida· de das três pessoas da Santíssima Trindade. Essa heresia foi condenada pelos Concílios de Nicéia (325) e Constantinopla (381 ).

C linica Médica

[j] Nossa Senhora de

MONT~ERRAT

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DOUTOR DA IGREJA: É aquela fi· gura ilustre da Santa Igreja, que por sua santidade, ortodoxia de Fé, e sobretudo por sua ciência eminente nas coisas sagradas, foi honrado com esse título por decreto especial da Santa Sé. Foi posto na Igreja para ensinar.

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CATOLICISMO, SETEMBRO 1991

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UM IMAGINÁRIO MITRIDATES O leitor bem conhece a história do rei Mitridates, um soberano da Antiguidade pagã que, devorado pelo receio de ser envenenado, se pôs a ingf!rir doses ·s ucessivamente maiores de veneno, e acabou por tornar seu organismo insensível a este. Imagine-se um outro "Mitridates" hipotético, que se tornasse inconscientemente, objeto de uma ação maléfica de inescrupuloso adversário, interessado em embotar sua lucidez intelectual e amortecer sua consciência moral. E para isso, lhe fosse ministrando, paulatinamente, doses de misterioso veneno. Ao fim do processo, o pobre homem teria sofrido, sem o saber nem querer, uma imensa transformação: teria ficado insensível ante o belo e o feio, ante o bem e o mal, a verdade e o erro. Que juizo faríamos do criminoso que assim procedesse? Que providências tomaríamos para ajudar a pobre vitima tão maltratada? Isso não existel diria alguém. Sim, um tal veneno, na ordem material provavelmente não existe. Mas, o leitor está igualmente seguro de que não existe na ordem psicológica? Para muitos, algumas reminiscências do tempo em que eram crianças poderão aclarar as idéias. Considerem, por exemplo, como se vestiam os jovens daquele tempo. Imaginem que numa reunião familiar irrompesse um parente trajando jeans desbotados erasgados; cabelo à uporco-espinho", brincos nas orelhas e eum alfinete de gancho atravessado na boca, à moda punk? É difícil calcular a reação de espanto e horror produzido naquele ambientei Encontraríamos, hoje em dia, uma reação assim por parte daqueles que, entretanto, são contrários a essa moda? o que se teria passado nas mentalidades de incontáveis pessoas para de tal modo se habituarem ao feio, ao desordenado, ao horrendo? CATOLTCTSMO, SETEMBRO 1991

Mas, se o leitor se der ao trabalho de investigar a mudança de atitudes das gerações que se vão sucedendo, diante daquilo que outrora era reputado intolerável, certamente se surpreenderá com as revelações obtidas. Experimente, pois, e se quiser nos escreva comunicandonos seu depoimento; na medida do possível, com prazer o

transcreveremos em nossas páginas. Para facilitar seu trabalho, segue um exemplo: o verdadeiro católico, cumpridor dos Mandamentos, ao ver uma afronta feita a , Nosso Senhor Jesus Cristo, à Nossa Senhora, isso lhe fere mui·tissimo mais do que se fosse feita a si próprio. A razão é evidente: o amor a Deus está acima do legítimo amor a si próprio. Ora, a blasfêmia é uma ofensa direta a Deus Nosso Senhor, e deve provocar a mais indignada repulsa da parte de um filho da Igreja.

Houve tempo em que as coisas se passavam assim. Não muito distante de nós traços marcantes dessa integridade moral ainda se fizeram sentir. Muitos talvez se recordem de que, no inicio dos anós 60, a propósito de um campeonato mundial de futebol ganho pelo Brasil, um certo matutino paulista publicou uma charge em que a imagem de Nossa Senhora Aparecida figurava com os traços fisionômicos do jogador Pelé. O repúdio da população católica brasileira foi unânime e imediato. Protestos ecoaram dos púlpitos das igrejas, e ganharam as páginas dos jornais. Atos religiosos de desagravo como Santas Missas, adoração ao Santíssimo Sacramento, procissões de reparação se multiplicaram. O jornal em questão viu-se obrigado a se retratar. Ora, as blasfêmias que se propagam hoje em dia. . . são torrentesl Pouco tempo atrás, um cartaz blasfemo reproduzindo o Cristo Redentor, do Corcovado, foi usado para a propaganda de maillots; recentemente, uma emissora de TV levou ao ar o infame filme Je vous salue Marie; conhecido programa humorístico de uma das mais poderosas emissoras de televisão, utiliza-se de uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré como elemento de seu número, repleto de vulgaridades e obscenidades ... Iríamos longe nessa enumeração. Onde, entretanto, os protestos da população católica? O que se passou com o nosso Brasil católico nesses 30 anos? Foi "mitridatizado"?l Se o leitor se interessa, como nós, por tais assuntos, procure amigos e conhecidos, converse com eles sobre isso, e escreva-nos, se quiser ... Estaria assim contribuindo para despertar do letargo, o nosso imaginário "Mitridates" . ... Comente, comente.

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pio, aos 180 invasores da Fazenda Capela, área de 1500 hectares a 70 quilômetros de Porto Alegre, o Governo estadual dispensou 12 milhões de cruzeiros para compra de alimentos e ag asalhos. Outros 1O milhões foram liberad os para os acampados em Bagé. Também o Governo Federal, através da Legião Brasileira de Assistência contribuiu para a manutenção financeira dos acampados. E o Conselho de Apoio a Ações Comunitárias , presidido pela Primeira Dama do Estado, ficou encarregado de fazer cheg ar comida e agasalho aos invasores (cfr. "Zero Hora", 11 -7-91 e3-8-91).

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Aos poucos , o direito dos proprietários vai ficando abalado. E vai emer-

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As más interpretações das Sagradas Escrituras

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''As heresias, dizia Santo Agostinho, não nasceram senão porque as Escrituras boas são mal entendidas, e o que nelas se entende mal, afirma-se também temerária e audazmente" (ln loh, tr., 18, c. 1 - PL 35, 1536). Ora, se nos lamentamos pelo f ato de que homens muito conspícuos por sua piedade e sabedoria tenham falhado não raras vezes na interpretação das Escrituras, o que não é de temer se estas são entregues para serem livremente lidas, traduzidas para qualquer língua vulgar, em mãos do povo ignorante, que o mais das vezes não julga por nenhum discernimento, mas levado por certa temeridade? (Pio VII, Carta Magno et acerbo, ao Arcebispo de Mohilev, de 3 de setembro de 1816 - Denzinger, nº 1604).

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No Rio Grande do Sul, invasão de terras é premiada A afirmação poderia passar por exagerada, se não estivesse solidamente colada na realiada e amplamente noticiada pelos jornais nos últimos anos. Com efeito, é público e notório que, ao menos no Rio Grande do Sul, quem invade terras recebe tantos benefícios que é como se tivesse ganho bilhete premiado. O governo gaúcho, sobretudo a partir da gestão do Sr. Pedro Simon, adotou como política apadrinhar os invasores, dispensando-lhes toda sorte de ajuda material e moral. Sempre que há uma invasão, o Executivo gaúcho pressupõe que os invasores estão no

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PAPA PIO VII "BISPO, PRISIONEIRO E MÁR11R DO COMUNISMO" Com prefácio de Plinio Corrêci de Oliveira

...i o seu "direito" de invadir, uma vez que estariam passando fome ... Ora, até hoje, nenhum estudo ou investigação séria demonstrou que isso seja verdade. Deixando de lado esse aspecto importantíssimo da questão, e esquecendo que a invasão de terras ó crime de esbulho possessório, perfeitamente qualificado pelo Código Penal, o Sr. Adão Eliseu de Carvalho, Secretário da Segurança do Governo gaúcho, emitiu recentemente Inusitada dedaração. Ao explicar a passividade dos soldados da Brigada Militar, em relação a uma ameaçadora coluna de 800 pessoas que participavam da chamada "Marcha sobre Bagé", disse o Sr. Secretário: uo problema dos sem-terra não é policial, mas saciar ("Zero Hora", 31-7-91). Assim, explica-se que polpudas verbas venham sendo despejadas pelas autoridades gaúchas. Por exem-

gindo um novo "direito soci al", que justifica as invasões de terras alheias. Com o tempo, este "direito social" acabará prevalecendo sobre o direito de propriedade no Brasil. Talvez já dentro desta filosofia, o juiz de Palmeira das Missões, Alfeu Bisaq ue Pereira não decretou o despejo imediato dos invasores da Fazenda Boa Vista, mas deu-lhes prazo de 10 dias para saírem da área alegando "uma evolução do direito de propriedade no Brasil". O magistrado, que permitiu também o livre trânsito de médicos e alimentos no acampamento, explicou que u é simpatizante do Gru po de Juízes Alternativos, que fundona em Porto Alegre, e leva em conta as questões sociais em suas decisões" ("Zero Hora", 3-8-91). "Direito social", "direito comun itário": iremos nós, agora, importar o modelo soviético, que os russos estão jogando na lata do lixo?

Formato: 14 cms . x 21 cms . 144 páginas, sendo 20 delas com fotografias .

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O Cardeal A . G . Cicognani já em 1935, ao conhecê-lo (a D. Matulionis), disse ter-se sentido "Em presença de um santo". í'R,,\NAS CiAII>/\ "No decurso de toda a minha existência, poucas foram as fisionomias que encontrei tão profundas e tão lúcidas, e ao mesmo tempo tão impregnadas de bondade, qu anto a do falecid o bispo de Kaisiadorys, na Lituânia. E enquanto, em torno dele e de sua atuação, de sua diocese e de sua pátria queridas, nos acontecimentos do cenário político internacional, o nazismo e o comunismo dançavam incessantemente sua farândola criminosa e macabra, D. Enderece seu pedido do livro Matulionis se mantinha altaneiro, e atraves de cheque nominal ao sempre fiel à Igreja de Cristo, cuja Pe. Francisco Gavenas Santa Cruz sua destra empunhou e Caixa Postal: 53.264 CEP 08201 - São Paulo - Capital. levantou bem alto, desde os primeiros Preço: Q$ 2.000,00 (dois rril auzeiros). passos da vida até os últim os" (trecho Válido atê 31 de outubro de 1991 do prefácio do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira). Para despesa postal acrescentar Cr$ 400,00.

CATOLICISMO, SETE MBRO 1991

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Falta de jeito e maus sonhos

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m Amazonas de fa lação, é o que se ouve neste País a respe ito da reforma agrária. Nos anos 60, o esq uerdista Vini cius de Morais fez c ircular a ameaça de uma terríve l ex plosão soc ial, se não se fi zesse a re ferida re forma, num poema que começa com os seg uintes versos:

"Senhores Barões da Terra, Preparai vossa mortalha". De sua parte, o então Sr. Bispo de Campanh a (MG), Dom Inocêncio Enge lke, pôs no ar um a frase muito repetida, na rea lidade bastante infe li z: "Conosco, sem

nós ou contra nós se fa rá a reforma ru ral". Donde, imp unha-se um a conc lusão: os cató licos deveriam promover a reforma agrária, sob pena de pe rder o bonde da História. Nada disso aconteceu. A dec laração do Sr. Bispo de Campanha está completando neste mês seu 409 aniversário (é do dia 10-9-5 1), mas o vaticíni o não se cumpriu. Por outro lado, se algum "barão da terra" tivesse seguido o conse lho de V. de Morai s e preparado sua morta lha, hoje, depo is de tanto tempo, esta já estari a amare lada e mofada. Embora alg un s faze nde iros tenh am tombado e, até, co ntinuem tombando na luta contra invasores ou agitadores, a ex plosão soc ial anunciada não sucedeu. Há apenas surtos de violência, em boa parte artific iais. De lá para cá, surgiram dois organ ismos como que ge mina dos, li gados à CN BB : a CPT (Comi ssão Pastoral da Terra) e o CJMI (Conse lho Indi geni sta Missionário). Enquanto a prime ira prega a divi são dos latifúndi os dos fazendeiros , o CIMI defe nde com fe rvor os imensifúndios dos se lvage ns (em média , 900 hectares por cabeça). Ou sej a, cada índi o deve se r um co nd ôm in o de rese rva s ma io res do que vári os países , com fronte iras invio láveis e sagradas. Reg istro perplexo a a legre e loquaz contradição desses organismos gem inados, que trabalham juntos e em boa uni ão entre si. O que seria bom para o índio, é perve rso para o "cara-pálida" ...

*** CATOLICISMO, SETEMBRO 1991

Se uma pequena parte do Amazonas de tagarelice esquerclizante a que me referi no iníc io fosse utili zado para expandir nossa fronte ira agrícola, a situação dos autênti cos homens com po uca terra se ri a o utra . Pois have ria um e norm e a ume nto de oportunidades para todos. De muitos modos isto poderia ter sido feito. Um de les, a valorização de nossos rios, como forma de transporte. Mas quase não se fala disso. Por quê? Nesta seção "Brasi l real - Bras il brasile iro" as qualidades de nosso povo têm sido enaltec idas . Por exemp lo no artigo de nossa última ed ição, intitulado "Jeiti-

nho e sonho". Não é o caso de se cair num fa lso ufa ni smo. É prec iso mostrar também o outro lado da rea lidade. A não ex ploração das hidrov ias foi uma falta de jeito, devida a maus sonhos. Eos maus sonhos são o contrári o da legenda.

Do pesade lo quad ragenário da refo rma agrária "conosco, sem nós ou contra nós" j á se fa lo u. Se se tivesse gastado, em providênc ias como o aprove itamento de nossos rios, um centésimo da e ne rgia d ispendida em pregar ta l re forma, confiscatória e anticristã, a situação da lavoura estaria por certo mu ito me lhor. Houve também o mau sonho de um progresso, errada me nte entendido. Este - segundo uma conce pção irrea l - teria de se fazer num turbi lhão de ve locidade, de fumaça, de trepidação, ele frenesi. Um progresso dentro da ca lma foi exc luído do panorama. Não ficava bem. Tinha de ser suare nto e che io de fumaça. O transporte lento mas efic iente, ao sabor das ág uas caudalosas de nossos ri os, foi cons iderado "atrasado" . E com isso, o Brasil, com bacias fluviai s entre as mais extensas do mundo, voltou as costas pa ra suas hidrovi as, e m benefício das ferrov ias. Depois , por razões psicológicas aná logas, trocou estas, em não desprezível parte, pelas rodov ias. E tudo acabou no asfa lto. *

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Por tudo isso, é g rato divulgar que já se antevê o pleno fun c ionamento da hidrov ia Tietê-Paraná, com 1.600 qui lômetros ele vias principais e 800 de ramais sec undári os, pelas quais, segundo levantamento da Portobrás, serão transportadas anualmente 2,2 bilhões de toneladas ele mercadori as. Veja-se o pote ncia l do tran sporte por rio: um úni co conjunto de quatro chatas transporta o mesmo que 70 caminhões, utili zando apenas um sexto do combustível! Vamos ver se o transporte fluvi a l passará a ser va lorizado por determinada mídia. Ou se, voltando as costas para nossos rios, as ante nas desta vão continuar a celebrar certa falta de je ito o u a mitificar conhec idos maus sonhos.

J. J. A LENCAR 23


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181 Competência 181 Pena de morte (Mons. Emí lio Silva de Castro, ilustre sacerdote espanhol e grande amigo do Brasil, solicitou-nos a divu lgação ele carta env iada por e le a D. Antonio Celso ele Queiroz, Bispo Auxi li ar ele São Paulo. Devido à ex ig uidade de espaço desta seção, reproduzimos excertos ela referida missiva): Exce lentíssimo Senhor Bispo: Estarrecido fiquei ao ler na imprensa sua Dec laração contra a pena capita l. Por favor, senhor Bispo, repasse o texto de Teologia Moral que estudou em sua carreira. Não sei qual teria sido esse texto; sei, porém, que não se acha um só Teologia Moral aprovada pela Igreja, em toda sua história, que não justifique a pena ele morte, infligida pelo Poder Superior cio Estado, aos autores ele gravíssimos delitos. Co m certeza que, como a CNBB ainda não existia, não pôde aconselhar o grande Pontífice Pio XII para que não estabe lecesse, como de fato a estabe leceu, a pena ele morte no Estado cio Vaticano. Envio-lhe este meu livro: PENA DE MORTE, JÁ, onde poderá V. E. recordar os ensinamentos bíblicos, especialmente os evangélicos, sobre a pena ele morte. Nele verá também (págs. 1020) quais os ensinamentos cio Magistério da Igreja, que em todos os tempos - até o "progressismo" atual - ensinou invariavelmente a licitude ela pena ele morte (Mons. Emílio Silva , Rio de Janeiro - R.I). 24

S irvo-me deste exped ie nte para reg istrar minha renovada satisfação em ler Catolicismo. Os assuntos, além ele atuais, são discutidos com grande profuncliclacle e inegável competência. Dentre os inte li gentes artigos publicados no n2 487, faço questão ele destacar as concisas manifestações do Prof. Plin io Corrêa de Oliveira que, cio alto ele sua cultura e vivência, expressa-se sobre os mais atua is e controvertidos temas ele nossa realidade (Vereador Bruno Feder, São Paulo - SP).

empreendimento di gno ele altos e logios. Parabéns a todos: idealizador, como aos so ldados ele C ri sto que não med iram esforços para o êx ito que fo i total. Goste i imen same nte el e aprender que o vermelho em · russo significa " belo". É por esse motivo que vocês se engalanam para as campanhas e os g randes acontecimentos? Graças a Deus, ai nda há muita coisa be la para av ivar a esperança cios povos! (Irmã Coelho, Lafaiete - MG).

181 Rejuvenesceu Dizem por aí que av ida começa aos 40. Não se i se é ve rdade, mas o que me parece certo é que Catolicismo, que já era jovem, rejuvenesceu em seu 40 2 aniversário. As matérias estão mais leves, a diagramação mai s atraente, os textos mais substanciosos e, como sempre, muito ortodoxos. Parabenizo a redação pelo progresso (Paulo Oliveira Souza, São Paulo - SP) .

181 Um batalhador 181 Números atrasados Tenho recebido Catolicismo desde março de 1991 e le io com grande interesse a matéria nele publicada. A adm irável clareza ele raciocíni o ele seus artigos é para mim, nestes dias ele confusão e erro, uma grande conso lação. Por atrasos no corre io, a minha ass inatura de Catolicismo só chegou ao Brasil em março. Seria possível retrocedê-la para janeiro para que cu possa receber os números de janeiro e fevereiro? (Anne L. Drake, Great Bend - Kansas, Estados Unidos).

Sou cató li co ele nasc imento e já h á vários anos venho acompanhando a luta ela TFP sob a direção do inte ligentíss imo D r. P línio Corrêa ele O li ve ira. Estando numa re lojoaria na Rua 25 ele Março, li , numa placa afixada na parede, um pensamento que acho tem muita apli cação à vida cio Sr. Plí nio. É a segui nte: "Aq ue le que pára esperando que as coisas me lhorem, verificará mai s tarde, q ue aquele que não parou e colaborou com o tempo, está tão ad iante, que jamais poderá ser a lcança do . Ass. Um batalhador" (F. Bezerra, São Paulo - SP) .

181 Arrojo e bravura Devo-lhe mil agradec imentos pelo envio ela formidáve l revista Catolicismo. O n2 de fevereiro deste ano é fantás tico.

181 Perguntas oportunas Gostar ia de fazer algumas perguntas àque les que tiveram tanto interesse em co lo-

car milhões na pesquisa do li vro "Brasil nunca mais". Por que não fazem uma pesq ui sa "Cuba nunca mais" ou "Chin a nunca mais"? Se rá que se esquece ram elas milhões ele víti mas da URSS e países saté lites? Esq uece r am-se dos tanques passando por cima de seres humanos na Praça ela Paz Celestial? Será que para a Arquidiocese de São Paulo só são vítimas humanas os comunistas? Por que o livro "Brasil nunca mai s" não menc io na as vítimas da Intentona Com uni sta ele 1935? Não fo i no B rasil ? Não foram vítimas? (D eusete ./. Miranda , Serrinha BA).

181 Sugestão Sugiro a divul gação ela importância, a necess id ade e como se reza o Santo Rosário. (Á lvaro V. Bermudez, Curitiba - PR) . 181 Caderno especial Reportando-me à seção "Assestando o Foco", ed ição de Jul/9 1, desejo congratu lar-me com Catolicismo pela inserção, na rev ista, ele um Caderno Espec ial com temas de cunho explic itamente re ligioso, para ilu stração e evangelização dos le itores. Gostaria de sugerir que as quatro fo lhas do caderno fossem inseridas na Rev is ta como um encarte central , q ue faci li tasse sua remoção para orga ni zação de uma coletânea espec ífica. Sem mais para o momento, peço receber e transmitir à equipe de Catolicismo o sinal de minha admiração e do meu apreço (Clésio Fe rreira da Costa, Brasília - DF). N. da R.: Atendendo a este e a outros ped idos idê nticos , já nesta e dição o "Caderno especial" é inserido como um encarte central de nossa revista.

• CATOLICISMO, SETEMBRO 1991

O REVOLUÇÃO ECONTRA-REVOLUÇÃO

A rainha do ·caos Crise moderna: tema, infelizmente, atualíssimo. Adaptando o refrão, poder-se-ia dizer: "crises, as há de toda casta, porque a espécie é muito vasta".

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á c ri ses universais, crises tota is, cr ises dominantes. Fe li zmente para nós, poucas são universais, totais e dominantes ao mesmo tempo. Um exemplo corrique iro: a gripe. Praticamente nenhum povo há imune a esse incômodo passageiro . Trata-se de um fenômeno universal, que cobre toda a face da Terra. Mas não é tota l nem muito menos dominante, a não ser em casos muito excecion ais. Uma anem ia le ve seri a, para um indi víduo, o exemp lo de mal total, não dom inante: afeta todo o organismo, mas não o domina por inteiro. A cólera torno u-se uma pandemia, um a ep idem ia que cobre toda a face da Terra. Flage lo universal, pode vir a se tornar também dominante, se vier a atin gir g randes proporções, como as que asso laram na Europa, no séc ulo passado. Cri se total e dominante seria a gerada por um terremoto: atinge tudo, monopoli za completamente as atenções. Mas não há reg istro, até hoj e, ele que algum sismo tenha sido uni versal. Uma cri se que fosse universa l, tota l e dominante seri a terríve l espectro para a humanidade. Ora, estamos nisso. Catolicismo publicou em primeira mão o livro R evolução e Contra-Revolução, do Prof. P líni o Corrêa de O live ira, hoje traduzido para numerosos idiomas. Trata-se ele um estudo em profund idade a respeito dos males cio mundo moderno. No referido ensa io, o insigne pensador católico descreve a crise cio homem contemporâneo em termos preciso . E afirma q ue tal cri se, além de una, é universal, total, dominante. *

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Essa tese pode parecer algo extremada. D irá alguém: j á fazem 46 anos que não temos uma guerra mundial! Portanto, estamos bem. Argumento, para alg un s, deci sivo. A guerra, entretanto, não é o maior dos males. Além disso, só em nosso écul o houve g uerras mundi ais. Por isso, a se CATOLICISMO, SETEMBRO 1991

tomar as coisas por esse prisma, dever-seia concluir exatamente o oposto: nosso século é o pior de toda a História. Há pessoas que possuem a convicção íntima ele que tudo vai bem, no melhor cios mundos, apesar ele quaisquer razões que se apresentem em contrário. Outras desconfiam dessa posição, mas repetem a torto e a direito "tudo bem! tudo bem!", para ver se a si mesmas convencem ou se assim as co isas tomam outro rumo. Por falta de espaço, não há reméd io senão deixar que uns e outros se embalem e m suas respectivas ilusões.

um emaranhado caótico e inextricável, e de.fato o são de muitos pontos de vista. Entretanto, podem-se discern ir resultantes, profundamente coerentes e vigorosas, da co,~junção de tantas.forças desvairadas, desde que estas sejam consideradas do ângulo da grande crise de que tratamos [a Revolução] . Com efeito, ao impulso dessas.forças em delírio, as nações ocidentais vão sendo gradualmente impelidas para um estado de coisas que se vai delineando igual em todas elas, e diametralmente oposto à civilização cristã.

Um terremoto sem dúvida provoca uma crise total e dominante. Mas não há registro de que tenha havido um sismo universal. A crise gerada pela Revolução, pelo contrário, é universal, una, total, donfinante.

Para os que já estão convenc idos de que estamos submersos em uma crise sem precedentes, será útil uma descrição, uma exp licitação dela. E neste sentido, importa transcrever algumas palavras do Prof. Plínio Corrêa ele Oli veira na obra citada: "Encarados supe,j,cialmente, os acontecimentos de nossos dias parecem

De onde se vê que essa crise é como uma rainha a que todas as.forças do caos servem como instrumentos eficientes e dóceis" (l,Ill,4).

JosÊBELMONTE 25


AfOLICliS O TFPsEMA ÃO

Plinio Corrêa. de Oliveira e TFP no ''Larousse'' T FP e seu Fundado r, Prof. Pli nio Corrêa de O liveira, com suas obras ecam panhas, já marcaram profundame nte a Hi stó ria do B rasil e do m undo. Essa ve rdade vai sendo reco nhec ida també m nos me ios c ul turai s : 402 liv ros fa zem referê nc ia à TFP e seu Fundado r;

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A posição da indústria têxtil em 1989, em relação aos demais setores, é dada na tabela 3.

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA

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TRAD IÇÃO. FAMÍ LI A E PROPRIEDADE.

TH IRÉ ( Ceei! ), ator e diretor bras ileiro de Janeiro 1~ 1943 ). Atua no teatro e ( Descalços no parque, 1964 ) e d ire 1e dos campeões. 1975; A resis,~nci

na Uni ve rs idade de São Pa ul o, um professo r defe nde u tese sob o títul o:

Plín io Corrêa de Oli veira : o Cruzado do Século XX , sendo a p rovado co m d ist i nç ão . Agora, o utro marco fo i transposto. A e ncic lopédia " Larousse", uma das mais importantes do mundo, era editada apenas na França. Atualmente, é impressa em vários países, e ntre os quais o Bras il. A ed ição brasile ira de 199 1, pub li cada no último mês de ju lho, reg istra os seg uintes ve rbetes:

R.

1. TFP, s igla de Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (p. 8 1O); 2 . OLIVEIR A (P líni o Corre ia ls icJ de), advogado, professor, po lítico e jornali sta, bras ile iro (São Paul o SP 1908). Este ve e ntre os fund ado res e d irigentes da Li ga Ele itora l Cató lica, c ri ada e m I 932, com o a po io do Ep iscopado bras ile iro , com a fin a lidade de indi car candidatos para o e le itorado cató lico. Fo i e le ito de putado constitu in te e m 1934 . É fu ndado r ( 1960) e pres ide nte do Conselho da Soc iedade B ras ile ira de Defesa da Tradi ção, Família e Pro priedade, e ntidade cató lica conservado ra c uj a finalidade é combate r a infl uênc ia com unista e soc iali sta e m fa vor do que cons idera os valo res básicos da civ il ização c ristã - tradição, a fa mília e a propriedade (p. 577).

3. Sociedade Brasileira de Defesa da Tra di ção , Fa mília e Propriedade (TFP). E ntidade conserv adora fund ada e m 1960 pe lo professor e jo rna lista P lín io Co rrêa ele O liv e ira, c uj a fin a lidade é

' ' Nos~so J?ªÍs torn~u-s~ uma grande potencia mas nao criou para a populaçã,o condições de vida dignas de um Estado civilizado

combate r os princíp ios do soc ialismo e cio comun ismo . Propõe a adoção dos três co nce itos c itados em seu nome por conside rá-los a base ela c iv ili zação c ri stã. A TFP te m por hábito promove r manifes tações públicas pa ra ma rcar suas posições . Nessas ocas iões, seus simpatizantes saem às ruas traj ando capas verme lhas e e mpunha ndo estand artes. O s ade ptos ela TFP são co ntrá rios à re forma ag rária e urba na, à estatização do e ns ino e à socialização da med icina no pla no po lítico. No plano mora l, opõe m-se ao d ivórc io (A T FP promove u vá rios aba ixo-ass inados contra a med ida no B ras il), ao abo rto e a todos os mé todos contraceptivos, incl ui ndo d ispos itivo intraute rino (DIU ). (p. 777).

E Como fantasmas vazios de cérebro, de coraçã,o e de entranhas, os Partidos Comunistas ainda se obstinam em sobreviver por toda parte

(Mikhail Gorbachev)

(Plinio Corrêa de Oliveira)

Chegou a hora de um Nürem berg para o bolchevismo

Estou convencido de que o socialismo é correto

(Vytâutas Lansbergis)

(M. Gorbachev, depois do golpe de agosto)

Sou comunista, graças a Deus

S ocialismo ou morte!

(Frei Betto)

(Fidel Castro)

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26

CATOLICISMO, SETEMBRO 1991

Quem são os personagens da foto? Esforçados trabalhadores? Jogadores assistindo tele visão? Membros de um conjunto musical? Nada disso: trata-se de "sem-terras" que invadiram o INCRA de São Pauto, no úttímo mês de abril. Seriam - alega certa esquerda - pessoas em estado de extrema necessidade, sem outro recurso a não ser invadir, para sobreviver. Será mesmo? Seja psic ólogo, tire suas próprias conclusões.


Xadrez de rara be[eza ,, '

O

encanto, a poesia, a beleza de épocas passadas, marcadas a fundo pela doçura inigualável da civilização católica, cá e lá afloram neste nosso século insípido e sem-graça, como um maravilhoso banco de corais poderia emer~r, emitindo luzes coloridas, em meio a poluição e ao cinza do mundo moderno. Está nesse caso o magnífico espetáculo de bandeiras, trajes, cores e atitudes que viu a luz em São Bernardo do Campo (SP), no mês de agosto último, quando se comemorava o aniversário da cidade, sendo a representação efetuada no pátio do Pavilhão Vera Cruz. Um jogo de xadrez ao vivo, evocando em terras do Novo Mundo o atraente pitoresco da época medieval, cognominada com propriedade a doce primavera da Fé"! A história se inicia em 1454, numa pequena mas poética localidade do Vêneto italiano, chamada Marostica.

lheiros, damas e embaixadores de todo o Vêneto. Após o desfecho dela, o vencedor viu luzirem em sua homenagem todos os fogos do castelo, que Lionora mandara acender. Foi em 1923 que, pela primeira vez, um professor italiano fez reviver o legen-

11

Dois nobres senhores querem casar-se com Lionora, a bela filha do senhor feudal do lugar, possuidor de esplêndido castelo. Desafiam-se para um duelo, porém a Sereníssima República de Veneza proibia tais disputas. Como fazer? O pai de Lionora engaja então os rivais a efetuarem uma partida de xadrez. O vencedor casaria com a nobre dama, e o vencido também teria s.ua compensação: receberia a mão da filha mais nova do Senhor de Marostica. Assim foi efetuada a "Partida do Nobre Jogo de Xadrez", assistida por muitos cava-

dário acontecimento, encenando-o num espetáculo. Reapresentado em 1954, a mesma encenação vem maravilhando, a cada dois anos, milhares de pessoas que se dirigem a Marostica - cidade das cerejas e dos bichos-da-seda - para apreciála. Outras cidades, italianas ou nãQ, tiveram o bom gosto de reproduzir o espetáculo. E agora foi a vez de São Bernardo, considerada cidadeirmã de Marostica, em convênio de 1987. Para a representação vieram 117 figurantes italianos, aos quais se juntaram 180 brasileiros. Foram feitas cinco apresentações,todas elas lotadas por um público de 5 mil pessoas, mostrando bem a atração que o maravilhoso medieval exerce sobre este nos-

so povo do século XX, tão carente de verda-

deira beleza. Os trajes eram do século XV, como também as armaduras de aço, as espadas, as coberturas dos cavalos, as trombetas e tambores e a multidão de belas bandeiras. Um portentoso castelo foi instalado no local, e à sua frente, no chão, um imenso tabuleiro de xadrez. A medida que os dois contendores moviam as peças num tabuleiro de tamanho normal, as grandes peças - cavalos, torres etc-, do grande tabuleiro, moviam-se também, diante do público, num xadrez humano de rara beleza. Desfiles e um magnífico jogo debandeiras precedeu a partida de xadrez. E o encerramento - para lembrar as luzes do castelo que Lionora mandara acender - traduziuse num estupendo espetáculo de fogos de artifício, que encantou os presentes.



Número 490

Outubro de 1991

Discernindo, distinguindo, classificando ... '

_A_ssesta.:n.d.o o

BICHOS SAGRADOS ... O sentimentalismo em relação aos animais é perigoso; pode preparar a aceitação da ecologia radical, aparentada ao maniqueísmo

O

utro dia presenciei uma cena curiosa, que talvez algum leitor tenha vi sto semelhante: um cachorro passava, tendo presa arbitrari amente ao pescoço uma cord a, por meio da qual puxava uma velha. O animal se entregav a arbitrari amente aos in stintos de sua natureza: cheirava o poste , escavava a terra, ia para frente, vo ltava para trás. A v lh a, pelo contrári o, parecia en ·inada: parava quando o cachorro parava, andava quando ele andava, e só se mov ia em fun ção do bi cho. Se até aqui os esq uerdi s~ tas nos encheram os ouvidos com a ex pressão "d ireitos humanos" (entenda-se, dos terroristas, co muni stas e qu ej ando s), prepa r em os agora nossos pav ilhões audi tivos para captar a mais recente mensagem emanada dos centros eco lógi cos: " direitos dos animai s" . O Prof. Robert James B idinotto, redato r do "Reader's D igest", em importan te conferência pronunciada cm W ashingi-on -EUA (" The Frcc man ", Nova Iorq ue, nov ./90; ver lamb m " I is, rnindo ... ", ·m nossa (1ll imu ·di ·: o) ·x pl:inu : " O 11w-

11i111 1•11to dos dirl'itos do.,·011i 111//i.l' ,\'/11'.l.( itl 1'0111 (I //t,/1/il'II çllo dn li1'1'11 do Jtlrí.w1/i1 / 11•t1•1· Sing<'I' A / ,ih1•rl"(' 11 dos A11i111"i,1·, / 1',1·/ I' l/\•1·0, 1•,1· 1·r1•11• 11 Sing1•1·, '//'1/111 do lil'<l11i<1 dos /,11 11111110,1·.w l11·1• 0 .1· ,111 /11111/s 111111 /11111111110.1" " .. D ·sd · 11s vurns til l' os p ·ix ·s ou mi 1

11ilorns, l11do Sl· 1·i11 sagrado, nno pod •ndo s ·r 11tili ,r,udos 11 · 111 s ·qu ·r para p ·squi sas lll ·di ' (I S, "Seg 1111do tl"(?,1· outros Jtlós<~/os

dos direitos dos animais, 'não há descul/W racional para matar animais, seja para .ftn.1· de alimentação, cient(ficos ou por mero comprazimento pessoal' . Quer dizer, não às experiências medicinais ou cirúrgicas com an imais, não às caças, circos ou rodeios; não às gaiolas ou casinhas de cachorro; não aos couros, car-

nes, leite ou ovos; não ao uso de animais e ponto.final" . E são violentos esses senhore : "em abril de 1987 a Frente pela Libertação dos Animais incendiou um ediffcio de pesquisas na Universidade de Davis, na Califôrnia . Em outubro de 1988, o mes-

s órgãos de comunicação social são poderosos instrumentos do pecado, que propagam modelos aberrantes de conduta". A incisiva acusação foi proferida por João Paulo 11, em setembro do ano passado, ao encerrar um retiro espiritual de 4 mil sacerdotes em Roma. Suas palavras provocaram, na ocasião, certo alvoroço junto aos diretores de cadeias de televisão, que se sentiram atingidos pelas palavras do Pontífice. Sua Santidade chegará ao Brasil, dentro de poucos dias, encontrando uma situação ainda mais grave do que a do ano passado. Acumulam-se queixas de pais e mães de família contra o festival de sensualidade, violência e 'vulgaridade projetado no vídeo. Muito_s aguardam com ansiedade nova admoestação de João Paulo II. Neste sentido, oportuníssimo apelo está sendo promovido pela associação "O Amanhã de Nossos Filhos", em simpática campanha de coleta de assinaturas que

D iz São Tomás de Aquin o: "Se o homem usa dos animais para sua própria utilidade nada realiza de ilícito, como o expressa Aristóteles .. .. É lícito matar os animais para o uso dos homens, segundo o mandato divino consignado no Antigo Testamento: .... 'tudooque se movee vive vos servirá de alimento' . Por disposição divina se conserva a vida dos animais e das plantas, não para si mesmos, mas para o homern. Daí que, como di z Santo /\ gostinho, 'por justíssima ordenação do Criador, a vida e a rnorte desses seres estão entregues a nossa utilidade' . Os animais não têm vida racional .. .. e isto é sinal de que são naturalmente escravos e modelados para o uso de outros" (// -// , q.

64, a.J ). Co mentand o esse texto de São Tomás, Frei Teófilo Urdanoz OP, professor ele teologia na Fac uld ade de Sa lamanca, fa la dos "erros dos rnaniqueus , que

11111 gr11110 j11go11 ti11t" ,, 1Íl'ido nus('//,\'//.\'<' 1111/011101•1•is dos 111·.1·.1·011,·1111<' 1rnlw llwva111 /U I/ '(/ o • ool<ígi('() d<' Su 11 Oiego. Foram 1·11l()('(l(la.1· /10111//a.,· e111 lr~jas de peles in gll'.1·0,1·, e, e,11 I 990, em centros comerciais 110 área de Sa11 Francisco. As mulheres q11e 11sam peles têm sido atacadas nas m as de Nova Iorque" . *** A nte esse quadro, que tem al go de ridículo e algo de satânico, resta-nos a tri ste tarefa de provar que os animais ex istem para o homem, como alguém que devesse demonstrar a liceidade de se beber água quando se tem sede.

viam na vida dos animais 'partes de Deus' e ensinavam que era ilícito e ímpio sacrificá-los para uso do homem; erro que fo i renovado pelos cátaros medievais .... A fa ntástica teoria de um direito 11a/ 11m l zoológico é renovada 1w r J,ió,w!(os modem os de /1•11d 'lll'ia 11011td sta , conw Spi110:.<1 .... Os c•xce.,·sos af eti vos de ta11tas pessoas se11time11tais para co111 se11s animaizinhos significam estéril desordem do verdadeiro amor, e vão sentimentalismo .... Os homens não têm deveres para com os animais" (BAC, M adri , 1956). É claro que a cru eldade para com os an im ais, sem nenhuma razão, não é l íc ita, mas isto pelo re peito qu o homem deve a si mesmo, fazendo ludo ordenadamente, e não por um di reit o cios bichos. Como símbo lo da in versão de va lores que se va i op •rnn(lo, o título deste artigo bem poderia s ·r: /1 l'(•/110 ensinada. C.A.

2

noticiamos nesta edição. "A TV se transformou numa escola de contracultura", afirma o Prof. Samuel Pfromm Neto, professor de psicologia na USP e autor de livros e artigos sobre a influência da televisão nas crianças e jovens. Denunciando a existência, na televisão comercial, deum "cmrículo oculto" que impõe um "estilo de vida", o psicólogo usa duras palavras para qualificar tal currículo: "uma escola de supe1ficialidade, cinismo, deboche, brutalidade, resolução violenta dos conflitos, desrespeito, exacerbação hedonista, excitação s~xual precoce e desenfreada, mau gosto , mediocridade e erosão dos valores morais" . Trilhando este caminho, a TV vai se transformando, conforme o atesta matéria que também figura na presente edição, no principal instrumento de demolição da família e dos valores morais e culturais da civilização cristã no Brasil.

SUMÁRIO TV imoral -

Sa lutares reações con tra emissões despudoradas

B reves Hag iogra fi a Bras il Real 13 Caderno Es pec ia l 4

10 12

"0 Amanhã de Nossos Filhos" -

17 .l8 .l9 19

Comente, comente .. . Revo lução e Co ntra -Revo lução Esc revem os le itores Ve rd ades Esqu ec idas

23

2'\ 27

Alemanha -

Entrevista com D" La ur ice Massade Haddad

No primeiro ani versári o da reunifi cação subs istem três Berlin s

20

8

6

Perseg ui ção re li g iosa TFPs em ação Frases em pa ine l

AfOJLICESMO Catolicismo é uma publicação mensal da Empresa Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor : Paulo Corrêa de Brito Fi lho . Jornalista Responsável: Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob o N' . 13748. Redação e Gerência : Ru a Marlim Francisco, 665 - 01 226 - São Paulo, SP - Tel: (011) 825.7707. Fotocomposição : (direta, a partir de arqu ivos forn ecidos por Catolicismo) Microformas, Fololi to e Artes Gráfi cas, Ltda. - Rua Javaés 681/689 - 011 30 - São Paulo - SP; Impressão: Arlpress - Indústri a Gráfica e Editora Ltda. - Rua Javaés, 68 1/689 - 011 30 - São Paulo , SP. Para mudança de endereço é necessári o mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa a assinatura e venda avulsa pode ser enviada ao endereço da Gerência _ de Catol icismo. ISSN lnternational Slandard Serial Number - 0102-8502.

CATOLICISMO, OUTUBRO 199 1 ( '.A' l't li ,l i ' IHMO, OUTUBRO 1991

Coco

3


<> ... nas multinacionais "As grandes multinacionais estão preferindo, presentemente, quadros superiores com conhecimentos de latim ou da chamada formação humanística clássica".

concisamente

<>

A afitmação é de Victor Jabouil le, professor da Faculdade ele Letras de Lisboa, durante o colóquio "A cultura Clássica e o III Milênio", realizado na capital portuguesa. Segundo ele, o latim favo-

Latim nas escolas ...

Associações li gadas ao estudo cio latim , naquel e país, rece bem número crescente de fi Iiado s.

• <>

Cobaias humanas

Pelo me nos 170 pessoas foram condenadas à morte e executadas na Alemanha Oriental, sob o reg ime comunista, desde 1949 até a queda cio Muro de Berlim, em 1989. Os métodos preferidos eram: tiro na nuca e guilhotina. A revista alemã "Der Spiegel", ao re latar a notícia, acrescenta que os corpos eram normalmente incinerados , e as cinzas mi sturadas à areia utilizada nas obras públicas.

Rapto de crianças

faria certamente bem a esta sociedade de comunicação, desprovida de gramática, que corre o risco de, com o tempo, perder o.fio do pensamento organizado".

tre estudar o latim e ter melhores notas em provas que envo lvem o uso do inglês".

"perceberam que a tendênc ia pragmática na educação básica estava errada .... !-fá hoje estudos que demonstram (por

Foram revelados à imprensa, pelo senador Thomas Krueger, os primeiros documentos mprovanclo qu o .u1tig r gim' com unisla alcmão-orienlltl pra1icava o rap10 de crianças, cujos pais haviam fugido para o ·,dente. Os dossiês a resp •i 10 que datam de 1970 - foram encontrados fortuitamente cm arquivos. Referem-se a famílias que adotaram arbitrariamente três crianças desconhecidas, e a cinco crianças que se encontravam num " lar de trânsito". Havia 13 desses " lares" na RDA para alimentar os filhos dos fugitivos. Estavam sob a

Philipe Rossion, SecretárioGeral ela União Latina (organização inte rnac iona l para a divulgação do latim) acentuou com propriedade: " um pouco de latim

exemplo) a correlação en-

Autor de livros sobre a matéria, diretor cio Departamento Clássico da Universidade de Geórgia (EUA), Ric hard LaFleur afirma que os EUA

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rece o "poder de decisão e a capacidade de análise rápida".

tutela do Ministério da Educação, dirig ido por Margot Honecker, esposa do ex -presi dente l lon ckcr, que tud o faz.ia paru não d ·ixar pistas.

No célebre Hospital de Caridade (sic!), ele Berlim Orien ta l, o méd ico realizavam experiências com seres humanos e outras práticas criminosas. Boa parte desses médicos era constituída por ex-agentes da Sra si (polícia secreta). As autoridades comunistas ofereciam aos laboratórios ocidentais cobaias humanas para experiências com novos medicamentos, com promessa de total discrição e impunidade, em caso da morte de um dos pacientes.

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Calamidade nacional

Em 1985 , no livro "Nova Ed ucação" (Bloch), o Prof. Arnaldo Niskier bem descreveu o descalabro que já então imperava na remuneração ao mag isté rio:

"milhares de professores dasescolas públicas estaduais e municipais comem de marmita,fazem apenas uma refeição, percorrem quilômetros a pé ou de ônibus e trabalham até 16 horas por é/ia".

O quadro agrava-se a cada ano. A par disso, o Governador carioca propõe o acesso automático dos alunos brasileiros do primeiro para o segundo grau. No reino da mentira Nc. se diapasão, que restará om o inte nto ele compro- do ensino? var a teoria da evo lução, d sd' 1930 al1uns ci·n1i s1as procuE. chute, cienti ta renomaram -riur ·xp •rim ·n la lm ·nl • do, contrário à absurda tese, exnovu s •sp ci •s ·m laboratório. pi icita bem essa profissão de fé ln variav •lm ·nt •, porém, o que materialista e atéia: "a evolus • v •ri rica o contrário, isto é, ção tornou-se a religião intoleo ndosso à tese ela imutabilidarante de todo ocidental culto; de das espéc ies, e não de s ua domina seu pensamento, seu transformação. discurso e as esperanças de sua Diante dessa evidência, o civilização" (Flaws in the theoconhecido biólogo Jean Rostancl exprimiu , certa feita, s ua ry of evolut.ion , Nutley). Se o leitor tiver dúvidas, sofé cega no evolucionismo da rbre o que diz hute,basta perwinista, com estas palavras: "apesar de toda a incrível im- correr os livros de texto e o probabilidade, continuo acre- programa d nossos estabe leci m ntos d ' ·nsino.

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ditando no evolucionismo".

•••

em tempo

Seminaristas no futebol - "O maior número de futuros padres na França não é reunido para uma missa solene, nem para uma reunião muito importante, mas para um torneio de futebol". São palavras de Didier Noblot, capitão da equipe que organizou, em Reims, a sexta competição inter-seminários, ganha desta vez pelos carmelitas de Paris.

Água benta para limpar seringas!- Não haverá mais água benta na Basílica de Santo Isidoro, em León (Espanha). O capítulo dos religiosos assim o decidiu, tendo constatado que drogados limpavam suas seringas nas pias de água benta. A basílica possuía o privilégio de manter suas portas abertas dia e noite, o que explica sua freqüentação por marginais, que aí se reúnem para consumir todo tipo de drogas. Comércio humano - Entre 1964 e 1989, a Alemanha então Ocidental comprou a liberdade de 33 mil presos políticos da vizinha - e então comunista - Alemanha Oriental, hoje unificadas. O preço por cabeça chegou a 60 mil dólares.

Brincos para homens - A moda de brincos para homens, em Londres, é o fator responsável por excelentes resultados nas vendas dos joalheiros britânicos. Em nome da igualdade, chega-se à degradação. Também com uniforme - Militares norte-americanos do sexo masculino, d~ qualquer patente, foram autorizados - via portaria do Exército - a utilizar brincos, mesmo com uniforme, desde que fora do serviço. Até lá chegamos ...

Massacre croata - Eduardo Flores, jornalista espanhol de origem húngara, em entrevista à rádio espanhola Antena 3, explicou ter-se desligado das funçõe s de repórter do "La Vanguardia", para alistar-se nas forças militares croatas. Indignou-se ele com os massacres que vão ocorrendo na população civil. Tempos atrás, o Líbano- país que era maciçamente católico foi destroçado pela guerra civil. O mesmo parece dar-se agora com a católica Croácia. A quem aproveita?

Heroísmo materno - O órgão oficioso do Vaticano, "Osservatore Romano" (edição italiana) informa que, em 6 de julho último, foi promulgado decreto da Santa Sé reconhecendo "as virtudes heróicas da Serva de Deus Gianna Beretta Molla" (1922 - 1962). Conscientemente escolheu ela morrer num parto difícil, antes que praticar o aborto para salvar sua vida. Que diria ela de tantas mães que... , Novo Evangelho- "Evangelizar não é ensinar a rezar; é difundir a Boa-Nova, lutando por um sistema sem discriminação e sem distinção". Não é esse precisamente o regime socialo-comunista, cujo rotundo fracasso se tornou hoje universalmente notório? Cabe ao autor da desconcertante assertiva, D. Erwin Krautler, Bispo de Altamira (Pará), esclarecer...

Destaque GOLPE ENCOMENDADO? /-lá cerca de três meses, Gorbachev deixava Londres com o pires vazio, após mendigar ajuda às grandes potências. Estados Unidos, Japão e Inglaterra foram os mais reticentes em relação aos apelos, pois Moscou não apresentava planos concretos de reforma Depois disso, um golpe de Estado, que mais pareceu um show do que outra coisa, tentou depor Gorbachev, e o reteve aparentemente preso, na Criméia, por dois dias. Mal colocou os pés em Moscou, após retornar do surpreendente cativeiro, Gorbachev recebeu notícias de que países da Europa e o Japão dispunham de bilhões de dólares para serem aplicados na URSS, sob a forma de ajuda tecnológica e alimentos. Mais recentemente, o presidente da Comissão Econômica Européia (CEE) , Delors, prometeu estudar pedido da URSS concernente ao envio de outros 7 bilhões de dólares ... para a mesma finalidade! Há pouco, ainda, os EUA-contrariando orientação anterior - propuseram-se também a ajudar a URSS sem condições. Cabe a pergunta: a quem aproveitou o malogrado putsh ?

A "SAÍDA": MODELO FALIDO No desastrado intento de justijkar sua inalterável adesão ao socialismo, Gorbachev citou o chamado "modelo sueco" como uma saída para o caos reinante na URSS. Segundo certa propa,?anda, tratar-se-ia de um socialismo não-marxista, coroado de êxito. Pena é que Gorbachev e seus tur(ferários estejam fora de moda . O modelo sueco,jáfaz anos, vai desmoronando a olhos vistos. A documentação a respeito é escachoante e arrasadora. Segundo a revista "The Economist", a atual política econômica sueca é "works like a dream" (uma atividade que parece um sonho). Ora , em matéria de economia, a fantasia do sonho não funciona na realidade -apenas entorpece. O ex-ministro das Finanças sueco (1982 - 1990) escreveu uma obra relatando suas experiências naquele governo social-democrata. O insuspeito depoimento põe a nu as mazelas do socialismo escandinavo. É best-seller na Suécia. Aliás, o eleitorado sueco acaba de prová-lo, derrotando, nas urnas, os socialistas que há décadas vinham arruinando aquele país. Gorbachev parece visivelmente superado pelos fatos ...


O TELEVISÃO

O personagem principal, o cirurg ião plástico Felipe, proprietário de conceituada clínica, lança um plantel de conspirações sórdidas para alcançar seus objetivos de devass idão moral. Cenas de nudismo são filmadas no consu ltório desse médico, sem qualquer compromisso com a moral e com a ética profissional.

TV imoral satura brasileiros O povo brasileiro está fi cando saturado com a

indecência que campeia nas programações. Conseqüência : salutares reações contra as emissões despudoradas

U

sando de seus potentes recursos, a TV promove hoje, em muitos de seus programas, verdade iro festiva l de sens ualidade e depravação, de incitamento dissimulado, e às vezes aberto, ao ad ul té rio, à liberdade sex ual, à homossexualiclacle, à criminalidade e à violênc ia. A soc iedade, ass im agredida, de tempos em tempos reage, protesta, reclama. Ao que tudo indica, estamos vivendo no Bras il um momento de saturação, de cansaço, em que a população mostra-se farta do baixo nível moral e da violência propagados pela mídia eletrônica. E ntretanto, se a reação que ora se observa não atingir o nível de indignação proporcionado ao ma l, - a qual, para ser autêntica e integral, tem que se fundar nos verdadeiros princípios da moral - correse o ri sco de que os responsáveis pela TV es bocem apenas uma retirada estratég ica e temporária. Como já o fi zeram em ocasiões anteriores, não encontrando uma rejeição sólida e doutrinária, eles voltarão à carga oportunamente com mais intensi dade, para atingir um grau ele devassidão ainda maior do que o atual.

"Aq11ilo que antigamente era circunscrito a ambientes fechados, hoj e se espraia em programas dominicais de grande d(/i,são . O palavrão e a pornogrqfta tra11sita111 direta111e11te da tela para os lares, como se a televisão e o se11111odelo, o rádioJ0Jse111 vefrn /0.1· 11âo dl' 11111a rnltura popular, 111as ca11ais para d(/itsâo da grossura , adu ltério, lwmo.1·se.rnali.1·11w, corrupção, drogas". A situ ação chegou a

padrões na moral púb lica, a partir dos anos 70. "A imo-

ralidade agravou-se , e espalha-se por todo o lugar. Vive-se uma situação em que o ma/Jeito, o precário, o propositadamente ruim e grosseiro, o lixo, são canais legítimos de exp ressão" (Marce lo Coe lho, "Fo lha de S. Pau lo", 3 1-7-9 1).

Enquanto atrai pelos programas recreativos, a televisão é um canal de difusão, dentro dos lares, do adulterio, do homossexualismo, da corrupção e das drogas

Além das críticas - Esses comentários podem parecer fo1tes. Nunca exagerados. Os fatos vão, muitas vezes, além elas críticas. A lg un s exemplos característicos: A apresentadora Hebe Camargo, no dia 9 de maio último, não hes.itou em afrontar os te lespectadores: sob a máscara de "nu artístico", e la apresentou um extravagante conjunto mus ical, composto ele dois homens e uma mulher, completamente despidos! Jô Soares, em seu programa ele entrevistas no SBT, levou um diretor de filmes de sexo exp lícito para fa lar c laramente e com natura lidade sobre o exercício de sua profissão. Fazendo propaganda do ad ultério, a nove la Mico Preto, na Globo, apresenta com naturalidade diálogo da " namo rada do pai", com os filhos d st , aos quais e la confessa sua condição p cam inosa. A TV Ma11cltete resolveu repetir a novela Pantanal, que no ano passado escan -

dali zou pelas cenas de incesto, e de "nudismo ecológico", em sens uais banhos em águas transparentes. O SBT lançou o programa Aqui e Agora, no gênero submundo degradante, no qual desfi lam prostitutas, homossex uais, drogados etc.; e são filmadas ce1ias rep ugnantes de carnes queimadas ele vítimas ele um acidente, ratos atacando crianças em cortiços, e tudo aqui lo que a sociedade produz de mai s fétido, sórd ido e abjeto. Essas duas últimas programações são apresentadas entre 18:00 e 19:00 hs. , quando crianças e jovens costumam estar diante cio vídeo. Dercy Gonça lves, hoje com 84 anos, apresentou-se no programa Bravo, Bravíssimo, da Globo, à 2 l :30 horas do dia 2 ele julho, fazendo apo log ia da vicia d pravada. Na casião lançou um sonoro palavrão ao rcl'crir-se à sua profi são de " mulh r de teatro".

Sensualidade e depravação - Estes exemp los, tirados ao acaso, exprimem a que ponto chegou o mencionado "festiva l de sens ualidade e ele depravação". O pior continuam sendo as nove las. Causando furor, já no seu lançamento, em maio último, a nove la Dono do mundo, da TV Globo, chocou pela exa ltação do mau caráter, pe la cena imorais.

tal ponto q ue até um con hec ido jornal carioca fez essa constatação, juntando-se ao coro de críticas que se levanta atual mente contra a televisão ("Jornal do Brasil ", 7-6-9 1, ed itorial L uta livre). No mesmo sentido, um articulista da "Folha de S. Pau lo" aponta a queda de

EM JULGAMENTO

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Público chocado, reage - A conduta depravada do c irurgião, que escarnece da virgindade e procura satisfazer caprichos e taras sex uais, chocou o público. A reação não se fez esperar: a assistência mi grou para outro canal, que apresentava a novela mex icana Carrossel, um me lodrama infantil com aspectos reprováveis , mas, ao menos, sem apelos ao amor livre, sem palavrões, sem chocar o telespectador com cenas imorais. A rev iravolta abalou o império da TV Globo, até então líder absoluta da audiênc ia no horário considerado nobre. A novela Dono do mundo, em apenas três semanas, baixou de 50 pontos para 41 pontos, o níve l menor ele audiência de uma novela da Globo. Chegando, posteriormente, ao índice de 33 pontos depois de um mê do lançamento. Até o Jornal Nacional, que possui na sua história uma médi a habitual de 60 a 80 pontos, caiu para a marcade44 pontos, após o lançamento de Carrossel, que é levada ao ar no mesmo ho rário. As perdas continuaram , e a programação ela Rede Globo acabou tendo o humilhante índice de 34 pontos, no fim da apresentação de Carrossel. Paralelamente, o SBT, antes de lançar essa novela, detinha 6 pontos percentuais do público neste horário. A partir de Carrossel, este índice cresceu vertiginosamente, alcançando nas três primeiras semanas 2 .1 pontos e, posteriormente, 26 pontos. Recuo tático - A direção ela Globo, não escondendo seu ne rvosismo, tudo fez para reconquistar a audiência. Os roteiros da nove la Do110 do mundo foram reescritos às pressas. O Jornal Nacional esticou seu horário para segurar ao máximo o telespectador que, no final do programa, logo evadia-se para a concorrente. Tudo em vão. O público se distanciara da emissora pertencente ao grupo liderado pelo Sr. Roberto Marinho que, agora, tinha tudo para aprender a lição. CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

De fato, esta não é a primeira vez, nos últimos anos, que a Globo perde fatias cio mercado consumidor, o qual tem manifestado seu d esag rado quanto às doses de sexo, violênci a e vulgaridade presentes na programa24{8 ção da emissora, empresa líder cio setor no Brasil. O Em 1989, quando da apresentação da nove la O Salvador da Pátria, o público queixou-se dos excessos da programação, que apresentava cenas imorai s do mais ba ixo nível, além de ass umir uma linha política esquerdi sta. A reação levou o autor ela nove la, o dramaturgo Lauro Cesar Muni z, a refazer o roteiro, diminuindo as cenas de sexo e a orientação esquerdi sta da nove la. Entrev istado pe la "Folha de S. Paulo" (10-4-89), Cesar Muniz fez esta ve lhaca declaração: "Começamos a sentir que

havia uma reação muito forte do grande público com relação às cenas de política e às de sexo- principalmente na pequena burguesia. Então o que nós fi zemos ?

Nós recuamos na temática sexual e na temática política. Mas é um recuo tático momentâneo, porque nojuturo, com habilidade, a gente vai dosando essas temáticas". De fato, o sistema cio " recuo tático" vem sendo adotado com bastante " habili dade". No ano passado, te ndo em vi sta novas queixas contra as programações da Globo, o próprio Sr. Roberto Marinho escreveu um artigo para a imprensa, com o título "Re iteração de comprom isso". Nele, o líder das Organizações Globo prometia dar ao País uma te lev isão "que

proporcione bom divertimento e seja boa companhia, moralmente saudável" (0 G lobo, 9-8-90). Suas palavras ficaram .l etra morta.

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DECLÍNIO DA GLOBO

Além da oração, vigilância - Hoje, a opinião pública parece dar-se conta de que vem se tornando vítima de um engodo: táticas que, no fundo , e reduzem a doi s passos para a frente, um para trás. Ou , me lhor di zendo, c inco para a frente, um para trás . Se as forças viva do País reag irem com energ ia, ainda a lgo ele bom e sad io pode-se esperar. Essa espera só será coroada de êx ito se os brasile iros, voltando-se para sua Padroe ira, a Senhora Aparec ida, co locarem em práti ca o conselho evangé lico ele " vi g iar e orar para não cair em tentação". É o que vem fazen do a benemérita associação "O Amanhã de Nossos F ilhos", cuja presidente, Dª. Laurice Massade Haddad, é entrev istada nesta ed ição de Catolicismo . Isso eq uiva le a adotar uma atitude corajosa, an imosa e firme, no sentido de rep udiar fó rmulas consensual is tas que, na rea lidade, recusam o ensinamento da do utrina católica de distinguir o bem do ma l, o joio cio trigo. É preciso rejeitar tudo o que viola a Lei de Deus e a Lei Natural. E, além di sso, cobrar das autoridades c ivis e ec les iásticas a tutela da moralidade pública, a que são chamadas em razão de seus altos cargos. ATILIOGU IU-!ERME FAORO

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·~ ' Repúdio nacional àimoralidade e violência na TV

O ENTREVISTA

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argos setor es do público brasileiro vêm se sentindo cada vez mais aji·ontados pelos desca labros morais que têm aparecido na televisão. H á mais de dois anos corre pelo Brasil afora, via mala-direta , uma campanha concitando os brasileiros a dizer "Basta à imoralidade e à violência na TV!" Trata-se da ampla atuação desenvolvida pela associação "O Amanhã de Nossos F ilh os", entidade de.fins não econômicos nem lu cra ti vos, com sede na cap ital paulista. Em São Paulo , nossa reportagem esteve entrevistando, no bairro de l ligie116polis, D ª. Laurice Massade I /addad, presidenle da associação. Catolicismo - D 11 • Laurice, como surgiu essa ini ciativ a de "O A manh ã de Nossos Fi lhos"? Dª Laurice - Conversando um dia com um grupo de pais e mães (sou mãe de 6 filhos) profundamente alarmados com os abusos da televisão brasileira , decidimos que era preciso fazer alguma co isa para imped ir que nossos filhos fossem arrastados por tal ava lanche. Catolicismo - E quai s eram os objetivos, as metas, desse grupo? Dª Laurice - Naquela ocasião, alguém sugeriu que o passo prioritário a ser dado 8

PIZZARIA

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consistiria em aglutinar os que estão com as mesmas preocupações. Depois, leválos a uma denúncia ele âmbito nacion al, com o intuito ele fazer sentir às autoridades e aos diretores ele cadeias ele TV, a enorme extensão cio descontentamento popular, em relação à degradação moral na televisão. Catolicismo- A Sra. se refere à degradação moral na TV. Dada a confusão ele idéias hoje em dia, poderia ex plicar para nossos leitores o que a Sra. entende por moral? Dª Laurice - Entendo por moral o que a Igreja atóliea , Apos tóli ca, Romana , cuja F prof'csso, sempre entendeu por tal. O u seja, o conjunt o de preceitos revelados por Deus no all o cio Sinai, isto é, o Decálogo, mais os preceitos e os conselhos evangélicos revelados por Nosso Senhor Jesus Cristo, que dão o procedimento do cri stão, e definem o espírito do cristão, a alma do cató lico, enfim . Es ta é a Moral católica. E a famí li a deve estar baseada na Moral católica. Catolicismo - Quais são as atividades desenvolvidas pela associação que a Sra. preside? Dª Laurice - Está previsto nos estatutos de "O Amanhã de Nossos Filhos" que, além de servir-se de mala-direta, poderá

a associação: publicar nos meios de comun icação, em geral, arti gos de esclarecimento acerca de programas atentatórios aos prin cípios defendidos pela entidade; promover palestras e cursos de enaltecimento dos valores morai s, que devem nortear a moral idade públi ca e privada; enfim, utili zar-se de quaisquer outras formas que poss ibilitem transmitir as mensagens e os princípios professados pela associação. Graças a Deus, muita coisa tem sido feita nesse sentido. Catolicismo - E com que resul tados concretos? Dª Laurice - Os res ultados têm sido palpáveis e muito variados. Notamos com satisfação, de um lado, que parlaméntares têm feito no Congresso Nacional di scursos que retomam temas levantados por "O Amanhã de Nossos Filhos". Outros, ainda, têm feito dec larações num sentido muito afim com as nossas tomadas de posição. Por outro lado, em mais de cem publicações j á fi guram referências às atividades da entidade. É muito consolador para nós, ademai s, constatar o considerável número de sacerdotes e reli giosos que têm incrementado nossa campanha. Até o momento, 43 Arcebispos e B ispos, e cerca de 500 sacerdotes, religiosos e reli giosas deram sua adesão. Partic ul armente express ivo foi o apo io que nossa assoc iação recebeu do ard ea l Edouard Gagnon, do Pontifício Conse lho para a Famíli a. Catolicismo - A Sra. gostari a de di zer uma palavra final para os leitores de Ca-

tolicismo? Dª Laurice - Gostaria de lembrar que os pais de família, preocupados com a formação de seus filho s, poderão aderir à nossa cam panha nacional ou pedir mais informações, escrevendo-nos.

REPORTA EM DE

Lurz CARLOS AZEVEDO "O Amanhã de Nossos Filhos": Rua Maranhão 620, sala 13-C - CEP - 01240 - São Paulo - SPTelefone (011 ) 66-0041 CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

Apelo a João Paulo II

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No dia 7 de julho, uma com itiva de diretores, sócios e aderentes de "O Amanhã de Nossos Filhos" esteve no Santuário de Aparecida para implorar à Padroe ira do Brasi l suas especiais bênçãos em favor das in iciativas contrárias à televisão imoral. Durante a celebração da Missa solene, transmitida ao vivo pela TV Cul tura, da capital pau lista, a oração dos fiéis foi lida por um dos assistentes. Term inadas as intenções, o Arcebispo, D. Geraldo de Morais Penido, tomou a palavra para incorporar nova intenção, que ele improvisou com voz pausada e enfática: "Pelos componentes da romaria da instituição O Amanhã de Nossos Filhos - que estão aqui presentes para que o seu trabalho feito com amor, com humildade e sem vaidade possa alcançar a moralização dos meios de comunicação social, preservando assim a inocência dos filhos, rezemos ao Senhor". Na manhã de 8 de setembro , havia algo de novo sob o so l que iluminava com seu esplendor o Santuário marial de Aparecida, no Vale do Paraíba. Dois ônibus fretados e vários automóveis compunham a caravana de 100 aderentes da Associação "O Amanhã de Nossos Filhos" que afluíram para junto da Padroeira a fim de promover abaixo-assinado para um Apelo dirigido a João Paulo li, ao ensejo de sua visita a nossa Pátria, em outubro. Na realidade, tratava-se de um episódio da mobilização nacional da entidade, em 810 cidades, abrangendo todos os Estados de nossa Federação, para coleta de ass inaturas.

CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

Entre outras coisas , dizia o referido Apelo: "Santo Padre .... A família é continuamente agredida pela imoralidade e pela violência dos filmes, das novelas e dos comerciais na TV. E, em conseqüência, caminha ela a passos largos para sua destruição. "A exploração do sexo atingiu graus inimagináveis! O despudoramento chegou a tal ponto que a infidelidade conjugal, o incesto, o homossexualismo e todas as formas de aberrações sexuais são apresentadas como legítimas .... "Esclarecei, orientai e admoestai de modo todo particular os que fazem mau uso dos meios de comunicação social. Condenai com apostólico ardor a imoralidade dos programas de TV e reafirmai o que a Santa Igreja sempre nos ensinou. "Santidade, pedimos vossas bênçãos e vossas preciosas palavras de estímulo para quantos, com a associação 'O Amanhã de Nossos Filhos 'e conosco, se acham engajados numa salutar campanha contra tão imenso descalabro morar. Em poucas horas de campanha, que contou com o incentivo de D. Geraldo Pen ido, foram coletadas mais de 12.000 assinaturas, nas proximidades daquele Santuário. Essa iniciativa se insere no contexto de mu itas outras promovidas pela associação no decurso de seus dois anos de intensa atividade. Na edição de agosto, sob o títu lo "Um vigoroso não à imoralidade", já publicamos as tomadas de posição de "O Amanhã de Nossos Filhos".

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O HAGIOGRAFIA

Seus espíritos deveriam estar abertos para a realidade total. Era mister que seus olhares abrangessem os interesses da Igreja militante em seu conjunto, pugnan-

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Sustentáculo da Contra-Reforma

Ide entrada da Catedral...

"Não é tempo de tratar com Deus negócios de pouca importância" é a advertência da Santa que se opôs tenazmente às heresias e vícios do século XVI o dia de finados de 1535, aos vinte anos de idade, m01Tia para o mundo e ingressava no Mosteiro da Conceição, na cidade espanho la de Ávila, uma alma eleita, abrasada pelo amor de Deus, que haveria de tornar-se uma das maiores figuras femininas de todos os tempos, um dos sustentáculos da Contra-Reforma católica empreendida pelo Concílio de Trento (1545 1563) e grande reformadora da Ordem do Carmo: Santa Teresa de Jesus (15151582). Sua festa comemora-se no dia 15 deste mês. Favorecida por visões e revelaçõe ex - · traordinárias, recebeu a grande mística em certa ocasião, admirável promessa de Nosso Senhor: a de atender sempre a todos os seus pedidos. A Grande Teresa tornou-se assim, já em vida, uma poderosa intercessora junto a Deus, e ela mesma conta em sua autobiografia vários milagres alcançados por seu intermédio, especialmente a conversão de almas. "O mundo está pegando fogo", dizia ela a suas reli giosas carmelitas descalças, ao analisar o tristíssimo espetáculo que ofereciam as heresias que então devastavam a Cristandade, notadamente os erros de Lutero e Calvino. A Santa se lamentava vivamente ao receber " notícias dos danos e estragos que os luteranos faziam na França .... suplicando ao Senhor para que remediasse tanto mal". Os erros do Protestantismo geraram ao longo dos séculos seus frutos nefastos, deles nascendo, no século XVIII, no plano político, a Revolução Francesa e, por via de conseqüência, no econômico-social, o sociali smo e o comunismo, flagelos atuais da humanidade (cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e ContraRevolução). A giganfesca crise, fundamentalmel}te moral e religiosa, de nossos dias, causa aflição e perplexidade a todos os homens conscientes e sérios. E o erro estadeia-se desinibidamente por toda parte ... inclusive no lugar sagrado, entregue a um "mis-

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terioso processo de autodemolição", segundo as expressões de Paulo VI.

Diante de tal quadro, que pensar e o que fazer? - A vida e o exemplo de Santa Teresa - que tinha por lema "sofrer ou morrer" e cuja meta era batalhar heroicamente por Deus com as armas espirituais - contêm para nós admirável lição, própria a impressionar o coração que sinceramente ame a Deus. Seu juízo sobre os fautores de tantos "danos e estragos", isto é os hereges, era claro e preciso: "Pertencem ao demônio". São traidores que desejam crucificar novamente a Nosso Sen hor Jesus Cristo.

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Uma visão do inferno

A heróica fisionomia aqui estampada - comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira retraça admiravelmente o perfil moral da grande mística do século XVI. Transparecem aí harmonias suavemente justapostas: ação e contemplação, altaneria e misericórdia, determinação e bondade, características da vida da Santa.

impressão de estar povoada pelos mais altos pensamentos, exercendo certo reflexo sobre o resto da face, inteiramente tranqüila. Em suma, a impressão causada pela fisionomia poderia resumir-se nestas palavras: amor seráfico supersónico ...

Certa vez, por perm1ssao divina, Santa Teresa foi introduzida no local do inferno para onde iria, caso não correspondesse à sua vocação. Ela mesma conta em sua Autobiografia: "Estando em oração, achei-me subitamente, ao que me parecia, metida corpo e alma no inferno. Durou brevíssimo tempo, mas, ainda que vivesse muitos anos, é-me impossível olvidá-lo. Pareceu-me a entrada um beco bem longo e estreito, semelhante a um forno muito baixo, escuro e apertado. O solo tinha a aparência dum lodo sujíssimo e de pestilencial odor, cheio de répteis venenosos. Nofundo, havia uma concavidade aberta numa parede, a modo de armário, onde me vi encerrada estreitissimamente . Tudo isto seria deleitoso à vista, em comparação com o que ali senti. Entretanto, o que escrevi está muito aquém da verdade. "O tormento interior é tal que, segundo me parece, não há palavras para bem indicar, nem se pode entender como é realmente. Na alma senti tal fogo, que não tenho capacidade para o descrever. No co,po eram incomparáveis as dores. CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

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nossas almas com análogas aspirações de heróica combatividade em defesa do Bem, que nos "alimente com o pão de sua doutrina e nos inspire no exemplo de sua piedade" militante, corno reza a sagrada liturgia, na festa da grande mística espanhola.

,..e muralha de Avlla, cidade que viu florescer uma das maiores figuras femininas de todos os tempos

Em hora tão grave como essas - ensina a Santa em seu Caminho de Pe,f eição, cap. III - a atenção principal da alma verdadeiramente fiel deve recair sobre a glória de Deus e de sua Igreja. "Não é tempo de tratar com Deus negócios de pouca importância", aconselhava ela. E acrescentava que, estando o mundo tão conturbado, já em sua época, e tantas almas perdendo-se miseravelmente nas fauces do erro e da heresia, as religiosas - e também todo católico fiel, podemos acrescentar - não deveriam preocuparse exclu sivamente com a salvação da própria alma.

Santa Teresa de Jesus - Quadro de pintor anônimo do século XVII, que conheceu uma tela de um contemporâneo da Santa

O olhar, posto em altas considerações, reflete ao mesmo tempo uma personalidade muito realista,_positiva, concreta e batalhadora. E como alguém que executa as atividades terrenas apenas com a ponta de sua personalidade. O melhor de si está posto numa realidade superior, num horizonte maravilhoso e transcendente. A fronte nos dá a

do pela máxima glória de Deus, pela glorificação da Santa Igreja e salvação do maior número possível de almas. É para tal objetivo - insistia Santa Teresa - que se voltam "todos os meus desejos". Peçamos a Maria Santíssima, Medianeira universal de todas as graças, que, por intercessão de Santa Teresa, abrase

CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

"Tenho passado nesta vida outras gravíssimas e, ao dizer dos médicos, as maiores que se podem aqui passar, como foi quando se me encolheràm todos os nervos e fiquei tolhida, semfalar de outras muitas de diversos gêneros, e até-c,omo disse-algumas causadas pelo demônio; mas posso afirmàr que tudo foi nada em comparação com o que ali experimentei. E o pior era ve1' que havia de ser sem fim e sem jamais cessar. Sim, repito, tudo mais pode chamar-se nada em relação ao agonizar da

alma: é um aperto, um afogamento, uma aflição tão intensa e com uma tristeza tão desesperada e pungente, que não sei como encarecer semelhante estado! Compará-lo à sensação de que sempre vos estão a arrancar a alma, é pouco , porque em tal caso seria como se outro vos acabasse a vida, mas aqui é a própria alma que se despedaçá. O fato é que não sei como encareça aquelefogo interior e aquele desespero que se sobrepõe a tão gravíssimos tormentos" (Livro da Vida, Capítulo XXXII).

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O BRASIL REAL BRASIL BRASILEIRO

O Círio de Nazaré

S

anta Mari a do Belé m do G rão- zar cordas fornec idas pelo comerc io e Pará! Qua l o brasileiro, em cuj o arranca r o carro com a força humana, só peito pul sa um autê ntico amor a superada na energia pelo ardor ela devosua terra, que ao ouvir este nome não sinta ção dos bravos paraenses pe la Mãe de uma nota de peculiar grandeza? De us. O territóri o continental que a Prov iDurante o trajeto, Nossa Senhora recedência nos deu, s uas insond,'í ve is rique- be as homenagens das várias assoc iações zas, o misterioso murmurejar das ág uas do Amazonas, a inte1igênc ia viv az e intuitiva de nosso povo, dotado de uma visão universal das coisas e de um coração dadivoso e forte, tudo isso e algo ma is vem ao espírito quando se ouve pronunciar o nome antigo, tão piedoso quão so lene, da capita l do Pará. É sobre um grande acontecimento que ocotTe nessa cidade, inexplicavelmente ignorado pelos especiali stas noite-americanos em assuntos brasileiros, os celebrados "brazilianists", que chamamos a atenção de nossos leitores. Tratase de uma das maiores festas religiosas do Brasil. O Círio de Nazaré vem a ser uma proci ssão que congrega hab itualmente vári as centenas de mi I ba res de pessoas, as qua is, portando ve las, percorrem as principais artéri as de Belém , cond uz indo numa encantado ra berlinda toda florida a pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Já no fina l de setembro começam a chegar os peregrinos provenientes dos ma i di tantes pontos da bacia amazônica, movidos por uma fé arde nte e simples - a de classe que porfiam em melhor cultuálegendária e ins uperável " fé do carvoei- la. Balõe , sirenes, palmas, vivas, papel ro" - que na proci ssão, juntame nte com picado, fogos etc., servem para ex travacentenas de milhares de fi é is, terão a a le- sar a devoção do povo pela Senhora que gria de " puxarem a corda" que conduz a reina sobre a Amazônia. A atmosfera de berlinda. Eles " puxam a corda" com tal · sad io mi stic ismo é tão grande que por ela devotamento e alegria que mais se d iria se mede bem como a devoção a Nossa tratar-se de crianças, que num élan de Senhora de itou raízes profundas no povo intimidade respeitosa para com sua Mãe brasile iro. Só isso exp li ca ao observador pedem a lgo puxando pela borda ele seu ate nto que esse tesouro da Fé tenha sido mantido, em plena borrasca ela atual crise vestido ... O singular costume de conduzir a ber- pós-conc iliar que as o la a Santa Igreja. É linda "puxàndo cordas" deve-se ao fato que a Virgem de Naza ré tem o segredo de de que, numa das proci ssões do Círio, as tocar os corações! Nos últimos tem pos, porém, um fator rodas do carro, que era puxado por bois, atolaram-se nas imediações do fa moso negativo vem se tornando presente nessa mercado " Ver-o-Peso". Foi prec iso utili - grande manifestação popu lar de piedade

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mari ana. Devido à crescente paganização dos costumes, muitos devotos e devotas da Virgem de Nazaré participam da proc issão do Círi o com trajes mora lme nte reprováve is. Estes certamente entri stecem a M ãe de Deus, que, em Fátima, verberou os pecados de nossa época. E incitou os homens à penitênc ia e à oração como um modo abso lu tame nte necessá rio para ev itar os castigos divinos. Parece-nos indispensáve l fazer este reparo à procissão do C írio de nossos dias, tão digna de louvor por tantos lados. E não seríamos obj etivos neste notici ário comentado se não lame ntássemos o mencionado aspecto pagani zante, que vem tisnando o fervo r mariano daquela concentração. Peçamos à Virgem das virgens que desperte nos partici pantes da famosa manifestação re li giosa de Be lém , uma rejeição crescente à impureza, tornando-os assim devotos marianos integrais.

*** Se bem que a devoção à Virgem ele Nazaré tenha s ua origem em nosso que rido Portuga l, na c idade de Vi g ia, onde fora introd uz ida pelos jesuítas - e daí transplantada para o Grão-Pará, dada a influência marcante que sobre esta provínc ia tinha a Mãe-Pátria - é no estuário amazônico que e la tomou toda sua dimensão. Foi na festiv idade do nascimento da Virgem, cm 8 de setembro de 1793, q ue houve a primeira procissão conduzindo a pequena imagem da Capela do Pa lácio do Governo para a então ermida ele Nazaré. A partir dessa data, fo i-se firmando a tradição do C írio de Nazaré. Na ime nsa massa humana, irmanam -se brancos e ín dios, indiferentes à voc iferação fa nática de eco log istas que quereriam vê- los engajados numa luta de morte. Eis aí um dos mais belos florões da Civilização Cristã na Terra de Santa Cruz.

JOSÊ ÜLIVE [RA SARTO CATOLICISMO, OUTUBRO 1991


~ bata[ha de Lepanto na origem

O.nascímeiito de São Joãv 1làtfsiâ

daresta do !Rpsário

A festa do Rosário foi instituída no século ~XVI por São Pio V em memória da vitória de Lepanto sobre os turcos. Como se sabe, os sequazes de Maomé, depois de se terem apoderado de Constantinopla, Belgrado e da ilha de Rodes, puseram em sério perigo a Europa cristã. · Em aliança com Filipe II, Rei da Espanha, e com a República aristocrática de Veneza, São Pio V declarou-lhes guerra. D. João d ' Áustria, comandante da armada católica, recebeu ordens de ttàvar combate o mais depressa possível e saiu de encontro à frota turca, para atacá-la no golfo de Lepanto. A batalha travou-se ao largo das ilhas Corfú, a 7 de outubro de 1571, enquanto as confrarias do Rosário rezavam em todo o mundo pela vitória cristã. Os soldados de D. João d' Áustria puseram-se de joelhos para implorar o auxílio do céu e, apesar da inferioridade numérica, iniciaram o combate. Depois de quatro horas de terrível luta, das trezentas embarcações inimigas, apenas quarenta lograram escapar. O restante da frota muçulmana foi posto a pique e 40.000 infiéis encontraram a morte. A E uropa estava salva! Ao mesmo tempo, São Pio V tinha em Roma a visãó da vitória. Recolheu-se à capela para dar graças a Deus e determinou que daí em diante se celebrasse no dia 7 de outubro uma festa em honra de Nossa Senhora da Vitória, cujo título foi mudado para o de Nossa Senhora do Rosário pelo Papa Gregório XIIl <1>. O Rosário e a doce primavera da Fé na Idade Média O costume de rezar Padre-Nossos e AveMarias- remonta à mais rei;nota Antiguidade cristã, mas a oração meditada do Rosário, tal como a conhecemos, deve-se a São Domingos. Foi o Rosário a sua principal arma na luta contra os hereges albigenses no sul da França, no século XIII. Passada essa esplendorosa época, começou a diminuir pouco a pouco a influência dessa devoção. Dois séculos depois, em 1460, de acordo com várias tradições, Nossa Senhora apareceu

ao santo dominicano Alano de la Roche, lançou-lhe ao pescoço um Rosário _de pérolas e disse-lhe: · "Meuftlho , conheces perfeitamente a antiga devoção do meu Rosário, pregada e difundida pelo teu Patriarca e meu servo Domingos e pelos religiosos, seusfilhos espirituais e teus Irmãos. Pois esse exercício nos é extremamente agradável, a meu Filho e a mim, e é santamente utilíssimo aosfiéis. Quando meu servo Domingos começou a pregar o meu Rosário na Itália, França, Espanha e noutras regiões,foi tal a reforma do mundo, que parecia haverem-se transformado os homens terrenos em espíritos angélicos ou que os Anjos teriam descido do céu a habitar a terra. Os hereges convertiam-se maravilhosamente aos milhares e os católicos ansiavam ardentissimamente o martírio em defesa dafé. Graças a essa devoção, renovaram asesmolas,fundaram-se hospitais e ed~ficaram-s e templos. A santidade dos fiéis, o desprezo do mundo, a autoridade do Pontífice, a justiça dos príncipes, a paz dos povos f a honestidade das famílias, tudo então florescia prodigiosamente. Ninguém, pois , era considerado verdadeiro cristão, se não tivesse e recitasse o meu Rosário. Inclusive os operários, nunca lançavam mão de suas ocupações antes de oferecerem um minha honra esse tributo e a Deus esse sacrifício. Tal era a grande reputação do santo Rosário que para mim não havia nem há culto mais agradável, depois do augusto Sacrifício da Missa. Ora, eu desejo imensamente a salvação e o bem de todos os fi éis e podem todos obter facilmente esta graça por meio desta devoção tão agradável a mim e a meu divino Filho. Quero,pois, que ela se restaure novamente na l greja, para consolação de grande número de almas. Será tu quem agora pregará o meu Rosário, exortando todos os fiéis a recitá-lo devotamente" <2J.

Evangelho de S. Lucas, 1, 57-80 ~ompletcm-se para Isabel o tempo de dar ~ à luz ·e deu à luz um filho . Os seus vizinhos e parentes ouviram que o Senhor tinha assinalado com ela a sua misericórdia e congratulava1n~se com ela. Aconteceu que, ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e chamavam-lhe Zacarias do nome de seu pai. Porém, intei:veio sua mãe e disse: De nenhuma sorte, mas será chamado João. Disseram-lhe: Ninguém há na tua geração que tenh~ este nome. E perguntavam por acenos ao pai do

menino como queria que se chamasse. Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu .assim: o seu nome é João. Todos ficaram admirados. Logo se abriu sua boca, a sua língua se desprendeu e falava, bendizendo a Deus. O temor se apoderou de todos os seus vizinhos. Divulgaramse todas estas maravilhas por todas as montanhas da Judéia; e todos os que as ouviram, as ponderavam no seu coração, dizendo: Quem virá a ser este menino? Porque a mão do Senhor era com ele.

Come11:tários compilados por São Tomás de Aquino na "Catena Aurea"

Comentários do Pe. João C. Fillion

São Gregório N azianzeno - Tendo nascido São João, ipterrompeu-se o silêncio de Zacarias. E por isso continua o texto: "Logo se abriu sua boca" etc. Era, pois, absurdo que, no momento em qµe a voz do Verbo fosse ouvida, o pai continuasse mudo. Santo Ambrósio - É com razão que se desatou logo sua língua, porque se a incredulidade a atara, era pela fé que ela deveria ser solta. Creiamos também, nós , para que nossa língua (atada pelos vínculos da incredulidade) se desate pel~ voz da razão: inscrevamos os mistérios em nosso espírito, se desejamos falar; inscrevamos o Precursor de Cristo, não em tábuas de pedra, porém nas tábuas de carne de nossos c;:9rações; pois aquele que chama a João, prenuncia a Jesus Cristo. Prossegue, pois, o texto: "E falava bendizendo a Deus" etc. ~~s 1.- Dom P. Guéranger, EI ailo litúrgico, Aldecoa, Burgos, 1956.

2.- Prefácio ao "Método de Rezar o Rosário", de São Luís Maria Grignion de Montfort, Santa Maria, Rio de Janeiro, 1953, pp. 79 s. 3. - Nuestro Seííor Jesucristo según los Evangelios, !=d. Difusión, Buenos Aires, p. 64.

'

Pouco depois da partida de Maria, Isabel deu à luz o filho prometido, e por esse motivo recebeu os cumprimentos de parentes e vizinhos. Como era costume, celebraram uma festa no oitavo dia do nascimento, que, conforme a lei mosaica, era o dia da cerimônia religiosa da circuncisão. Por esse rito, as crianças de Israel passavam a ser oficialmente membros do povo de Deus. Ainda segundo o costume antigo, o dia da cerimônia era também o da imposição do nome que a criança israelita haveria de levar por toda a sua vida. A escolha cabia quase sempre ao pai, mas, neste caso, os assistentes julgaram agradar a Zacarias dando logo seu nome ao menino. Porém, Isabel, seja porque seu marido a houvesse instruído por escrito sobre a aparição do Anjo, seja por inspiração divina, protestou vivamente. "Não, disse, mas se chamará João". Era o nome indicado pelo Anjo. E objetando que ninguém em sua família tinha tal nome, os parentes e amigos pediram a Zacarias seu parecer e conselho por sinais. Ele, pedindo a tabuinha de escrever, da qual se servia desde sua mudez, escreveu, para espanto e admiração de todos: ''João é o seu nome". Nome característico, pois significa em hebreu: "O Senhor é propício" <3) _


História Sagrada

COMENTE, COMENTE ...

em seu lar

noções básicas Incompreendido pelos israelitas "E saindo (os israelitas) da presença do Faraó, encontraram Moisés e Aarão e disseram-lhes: Vós nos pusestes em mau odor diante de Faraó e de seus servos, e lhe metestes a espada na mão para nos matar.

A VIA. PROFÉTICA DE MOISÉS TENDO AARÃO exposto ao povo de Israel a missão de Moisés, de livrá-los do cativeiro do Eg ito, e tendo Moisés fe ito os milagres que Deus lhe mandara, o povo todo acreditou. "Depois disto, Moisés e Aarão foram ter com o Faraó e disseram-lhe: Estas coisas diz o Senhor Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me ofereça sacrifícios no deserto. Ele, porém, respondeu: Quem é o Senhor, para que eu obedeça à sua voz, e deixe ir Israel? Não conheço o Senhor, e não deixarei ir Israel .. .. Moisés e Aarão, por que distraís o povo dos seus trabalhos?" Extravasa ódio do Faraó a Moisés "Naquele mesmo dia ordenou aos prefeitos das obras e aos exatores do povo, dizendo: Não mais dareis palha, como antes, ao povo para fazer tijolos, mas eles mesmos juntarão a palha. E os obrigareis à mesma quantidade de tijolos que antes (faziam) sem lhes diminuir nada; porque estão ociosos, e por isso gritam, dizendo: Vamos e sacrificaremos ao nosso Deus. Sejam oprimidos com trabalhos e dêem-nos completos, para que não atendam a palavras mentirosas. "[Assim oprimidos], os que presidiam os filhos de Israel foram e gritaram ao Faraó, dizendo: Por que tratas assim os teus servos? Não nos fornecem a palha, e exigem a mesma quantidade de tijolos; e eis que nós teus servos somos batidos com açoites .... Ele disse: Estais ocioso , e por isso dizeis: Vamos e sacrifiquemos ao Senhor ....

virá .... E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando eu estender a minha mão sobre o Egito .... Moisés tinha 80 anos, e Aarão tinha 83, quando falaram ao Faraó" ( t)_

Bastão transforma-se em serpente Moisés e Aarão voltaram à presença do Faraó. Obedecendo à ordem de Moisés, Aarão "jogou ao chão o cajado que se transformou logo em serpente. Então o rei mandou chamar os seus mágicos que também, com auxílio de artificiosos encantamentos, ou talvez com o auxílio do demônio, mudaram seus bastões em serpentes; mas a de Aarão, saltando sobre elas, devorou-as no mesmo instante, e transfo rmando-se depois em cajado. "Faraó não fez caso desse prodígio e, chamando de ociosos os israelitas, usou para com eles maior severidade do que antes. Pelo que Deus, por causa da obstinação do Faraó, feriu sucessivamente aquele país com diversos castigos comumente chamados as Dez Pragas do Egito" <2l.

Deus sustenta o Profeta "E Moisés voltou-se para o Senhor e d isse: ... . Por quê me enviaste? Pois desde que eu me apresentei ao Faraó para lhe falar em teu nome, ele atormentou o teu povo, e tu não o livraste .... "E o Senhor disse a Moisés: Agora verás o que eu farei ao Faraó .... E u sou o Senhor, que apareci a Abraão, a Isaac e a Jacó, como o Deus onipotente .... Dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, que vos tirarei de sob o jugo dos egípcios e vos livrarei da escravidão, e vos resgatarei com o braço estendido e com grandes juízos .... e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus. "E Moisés contou tudo isso aos filhos de Israel; eles, porém, não o ouviram .... "E o Senhor fa lou a Moisés dizen- Notas do: Vai dizer ao Faraó, rei do Egito, 1. Ex. 5, 1 até 7, 7. São João Basco, História Sagrada, Livraria que deixe partir de sua terra os filhos 2. Editora Salesiana, São Paulo, 1965, 14• ed. , de Israel. Moisés respondeu na pre- p. 68. sença do Senhor: .;......~~~-,,,;,,.,.,,,.,......,.,r--~~,,..,,.,,,....,.....=~;-.,,--.-,-- ,:-.,-:--::;;;;;;i Eis que os filhos de Israel não me ouvem; e como me ouvirá o Faraó, principalmente sendo eu incircunciso dos lábios [gago]? .... "E o Senhor disse a Moisés: eis que · te constituí deus do Faraó; e Aarão, teu irmão, será teu profeta. Tu lhe dirás tudo o que eu te mando .... e multiplicarei os meus sinais e os meus prodígios na terra do Egito. E (apesar Ante O Faraó e seus magos, Moisés transforma o bastão em disso) não vos ou- serpente

~

COMO FOI POSSIVEi! Q

uem não conse1.·va no espírito as ressonâncias sagradas das palavras e das bênçãos de uma Via Sacra, quando dela teve a felicidade de participar no decorrer de uma cerimônia de Semana Santa? Segundo uma antiga tradição, foi a própria Virgem Santíssima quem deu início àquele piedoso costume, repetido ao longo dos sécu los por multidão incontável de fiéis . Nossa Senhora, após a morte de seu Divino Filho, teria querido meditar sobre sua dolorosa Paixão, percorrendo o mesmo trajeto que Ele, detendo-se em cada passo significativo deste, e elevando-se, a tal propósito, às mais altas considerações. Ela abriria assim a gloriosa coorte de fiéis que, por este meio, meditaram, meditam e meditarão, até o fim do mundo, os sublimes mistérios da Paixão e Morte do Divino Redentor. Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu todos os tormentos de sua Paixão por amor dos homens. É, pois, o exercício da Via Sacra, o ato pelo qual o católico, pondo de lado seus problemas, interesses e necessidades pessoais, eleva seu espírito à consideração cios sofrimentos e da infinita bondade de Nosso Senhor, para de algum modo unir-se ao Divino Redentor e retribuir os inestimáveis benefícios recebidos. O leitor, entretanto, que recentemente procurou alguma igreja ~ara participar do exercício da Via Sacra, talvez só tenha encontrado decepção. Ou seja, tenha presenciado algo de mui to diverso daquilo por que sua alma ansiava. Vejamos, por exemplo, dentre alguns textos desconcertantes, os seguintes extratos da Via Sacra divulgada pela CNBB, por ocasião da Campanha da Fraternidade deste ano ("Solidários na dignidade do trabalho - Via-Sacra", Editora Salesiana Dom Bosco, São Paulo, 1991). 1ª Estação: Após falar de Jesus diante de Pilatos, comenta: "Pressionados pela fome .. .. [trabalhadores rurais] saquearam alguns supermercados. Este incidente .... levou os trabalhadores a CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

sofrerem prisões, processos e ameaças de morte. A justiça não condenou a fome nem os responsáveis por ela". Segundo o mais característico estilo da demagogia comunista, essa Via Sacra identifica desordeiros com trabalhadores e dirige a atenção do leitor para os primeiros, afastando-a assim de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na 5ª Estação, em que se contempla Simão Cirineu ajudando o Salvador a

carregar a Cruz, tal fato é visto como o "encontro do trabalhador do campo com o trabalhador da cidade". Ou seja, Nosso Senhor Jesus Cristo é apresentado quase como uma figura simból ica, na qual se vê, de fato, o " trabalhador sofredor". A pessoa humano-divina de Jesus Cristo é posta num segundo plano. Sua.Paixão não aparece senão como figura dos "sofrimenfos" do trabalhador. Na 7ª Estação, a sublime queda de Nosso Senhor, pela segunda vez, sob o peso da Cruz, para a Via Sacra em exame aplica-se a uma representação dos reveses do movimento sindical: "A gente pensava - diz o texto - que ia dar certo desta vez. Os companheiros

prometeram aparecer para a assembléia do sindicato ... E vem a recaída. Quase ningúem na assembléia ..." Por fim, na 10ª Estação: - "As vestes de Jesus foram disputadas num rateio. Hoje a vida do trabalhador continua sendo sorteada". É sempre o intuito de atrair a atenção do leitor para a situação do trabalhador, como a concebe a mitologia esquerdista, desviando-a sistematicamente dos padecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Estes são quase um pretexto para atear a luta de classes. O que se patenteia ainda mais se considerarmos como é concebida a 11ª Estação, em que Nosso Senhor é pregado na Cruz. "Hoje - afinna o texto - muitos trabalhadores são pregados na cruz: do desemprego, da fome, da falta de casa, da repressão. Os trabalhadores são com freqüência equiparados a criminosos, inimigos da ordem social". O Sr. ou a Sr1! podem compreender que textos como esse - atiçando a rebelião social e a malfadada luta de classes - saiam a lume precisamente quando o regime socialista, que delas se utiliza, vem de revelar seu fracasso? Com a espantosa seqüela de sofrimentos, privações e miséria, deixados por ele no mundo do Leste! Quereriam o mesmo para nossa Pátria, os autores da Via Sacra em questão? O Sr. ou a Srª encontram neste texto o eco da verdadeira doutrina, e o autêntico espírito católico que receberam de seus maiores? O leitor poderá obter como resposta - caso seu interlocutor não seja progressista- uma reflexão muda e preocupada. Esteja certo, entretanto, de que abriu uma clareira de luz em espíritos possivelmente dominados pela incerteza e pelo desânimo. Nosso Divino Redentor terá, em sua Via Crucis, considerado profeticamente o desconcerto de tantas almas assim; e terá, talvez, servindo-se de suas palavras, caro leitor, tocado essas almas com graças de fortaleza interior e de verdadeira esperança. Fale, pois, comente e pergunte! 17


O REVOLU ÃO ECONTRA-REVOLU ÃO

. :·. ,:· r~ -

De mansinho e perversamente

D

e pompa e circunstância fo i o ambiente que cercou a duquesa de Berry, dama da mai s alta estirpe, nora do rei Carlos X, quando pel a primeira vez adentrou a pé pelas ondas do mar. O prefeito de Dieppe, na França, de cartola, a acompanhava segurando a ponta de sua mão, enquanto dos canhões do forte estrugiam salvas de tiros. Uma elegante saia-balão era o traje que a princesa escolheu para o evento. E o banho de mar,

banho era um episód io rápido, ao cabo do qual a decência recobrava todos os seus direitos. Depois, desapareceram as cabines à beira mar, e o trecho de casa até a praia passou a ser feito já em traje de banho. Depois, os maiôs começaram a ficar cada vez mais curtos, e passaram a ser de duas peças, deixando de cobrir a região abdominal. Depois, chegaram os biquinis. Depois, o topless.

vasse a retroceder. Por sua vez, se sua neta visse como se porta na praia a geração de hoje, teri a um espasmo de horror. Mas como todo o processo foi levado de mansinho, não houve maiores sobressaltos. Isto que ocorreu com os banhos de mar, sucede também em muitos outros campos em que se dá o avançar da crise hodierna, da qual temos tratado. "Essa crise não é um fato espetacular e isolado", afirma o Prof. Plinio Corrêa

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~ Perplexo

Quero parabeni zar a redação pela matéria " Sangue e Violência a serviço do Comunismo". É de pasmar a passividade das autoridades face às invasões de terra . Será que elas não percebem que os invasores, de colono, só têm o nome? Não posso compreender também como

Longo roupão, para antes e despois do banho de mar (foto em destaque), foi um dos muitos acessórios que caiu em desuso, na marcha gradual que levou à redução dos trajes de praia até ao topless e ao nudismo total

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que até então não se encontrava no rol das Depois, o nudismo total em certas ativ idades recreativas, passou a ser moda praias, e estamos nisso. O próx imo passo e se generalizou pelo mundo. será o nudi smo em um número cada vez Estávamos no despontar do séc ul o maior de lugares, e uma simplificação passado. E os tiros de canhão que festeja- express iva dos trajes, onde isto não se der. ram o acontecimento marcaram o in íc io Essa marcha gradual, que desarma as de um longo processo, o qual terminaria · reações pela sua estudada lentidão, consno nudi smo completo. E este, lamenta- titui o que o Prof. Plínio Corrêa de Oli velmente, vai ganhando um número cres- veira , em seu ensa io "Revolução e Contra-Revol ução", c hama de proces so cente de praias. Os trajes de banho foram se simp lifi - revolucionário. cando. No começo, suprimi ram-se simVeja-se como lucra a Revolução com ples acessórios. esse sistema. Se a duquesa de Berry puDepo is, a nudez começou a avançar desse observar, numa imaginária bola de de maneira a ofender definidamente o cristal, no dia do primeiro banho de mar, pudor. .. mas só na hora do banho de os trajes com que a geração corresponmar. Havia cabinas em que as senhoras dente à de seus netos iria se apresentar nas e trocavam, ali na areia da praia. O praias, teria um choque que ta lvez a le18

de Oliveira. "Ela constitui, pelo contrário , um processo crítico já cinco vezes secular, um longo sistema de causas e efeitos que, tendo nascido, em momento dado, com grande intensidade, nas zonas mais profundas da alma e da cultura do homem ocidental, vem produzindo, desde o século XV até nossos dias, sucessivas convulsões" . O processo revolucionário é o desenvo lvimento, por etapas , de certas tendências desregradas do homem oc idental e cristão, e dos erros delas nascidos. O mal vem de longe. Começou há vários séculos. Por isso, os reméd ios eficazes só podem ser profundos.

certos bispos protegem esse movimento de bandoleiros. O que é feito dos Dez Mandamentos da Lei de Deus? Onde fica o "Não furtarás" e o "Não matarás", meu Deus? (F. C. da Silva, Belém-PA ). ~ Olhovivo

Um destes "mendigos" que constituem essas "tribos" metropolitanas comentadas por Catolicismo (nº. 488) abordou-me para pedir

um trocado . Apesar de seu odor denunciar forte dosagem de álcool ele demonstrou ser bem "politizado". Os slogans que repetia era de causar inveja a um "cutista": capitalismo selvagem, reacionário, reforma agrária, marginais, exploradores ricos cada vez mais ricos, pobres cada vez mais pobres etc. Ond e aprendem isso tudo? Será que é mesmo espontâneo o aparecimento dessas tribos? (S. Biosa, São Paulo- SP). ~ Bondade

Pode crer, não é invenção minha. Eu não pretendia renovar minha assinatura. O dinheiro anda curto, não é? Mas como eu vi que se fir~ mou na revista a seção "Brasil Real, Brasil Brasileiro" renovei a assinatura antes do vencimento. Você pode chamar de saudosismo, do que

quiser, mas dá uma vontade enorme de rever o Brasil imerso numa atmosfera que muita gente hoje não conheceu. É o Brasil da bondade, do jeitinho, da descontração, sem ódio e sem violência. Autenticidade e confiança estão faltando na praça, mas no "Brasil Real" tem até para exportação (C. Verneck, Rio

de Janeiro- RJ). 0

O autor

No artigo de minha autoria, "Jeitinho e Sonho", de agoslo último, por um lapso no trâmite burocrático, não saíram algumas precisões. Di ziam elas respeito ao abuso que se pode fazer do jeitinho e também ao sentido cm que se deve tomar, no artigo, a palavra "sonho", talvez melhor expressa por "legenda". Se algum leitor se interessar, posso enviar-lhe a versão final do texto (Leo Daniele, São Paulo-SP).

A autoridade não pode sobrecarregar com impostos excessivos a propriedade particular "Condição indispensável para que todas estas vantagens se convertam em realidades é que a propriedade particular não seja esgotada por um excesso de encargos e de impostos. Não é das leis humanas, mas da natureza, que emana o direito da propriedade individual; a autoridade pública não o pode pois abolir; o que ela pode / regular-lhe o uso e conciliá-lo com o bem comum. É por isso que ela obra contra ajustiça econtra a humanidade quando, sob o nome de impostos, sobrecarrega desmedidamente os bens dos particulares ". (Encíclica "Rerum Novarum" de 15 de maio de 1891, Documentos Pontifícios, Vozes, Petróp_olis,fasc. 2, 69 edição, 1961, p. 30).

LEAO XIII

JOSÊ BELMONTE CATOLICISMO, OUTUBRO 1991 CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

19


O INTERNACIONAL ,, ,

Em Berlim Oriental vêem-se ainda prédios com fachadas perfuradas pelas balas... de 1945/

A terceira Berli11t Por ocasião do primeiro aniversário da reunificação da Alemanha, subsistem lado a lado três Berlins: a capitalista, a miserabilista e a anárquica

F

rankfurt - Quem, na Alemanha Essa, entretanto, sem pre fo i considerada A miséria ama rga, a tristeza sórd ida , o Oriental, viaja de Hannover a Ber- a parte mais " desenvolvida" dentre aque- entorpecimento moral que o regime colim , logo constata a presença de las do Leste e uropeu subjugadas pela m uni sta imprimiu a Berlim Oriental são comboios militares soviéticos. Soldados Rússia sov iética. Que dizer, então, da si- dificilmente imagináve is por quem não russos fardados e petulantes cam inham tuação das demais? teve a ocasião - o u a desdita - de pe las ruas em me io a estrelas vermelhas Afirma-se, e com razão, que no Oc i- visitar, nos dias de hoje, aq ue la parte da e placas com inscrições em sua língua. dente pompeia a mais pesada im ora li - cap ita l alemã. Em que pesem os c ic lópicos trabalhos dade. Mas isso parece pouco se comBerlim Ocidenta l é bem o contrário. de modernização ali empreend idos pe los parado à amora lid ade, ao prosaísmo Por certos lados , faz lembrar Manhattan , ocidentais, a pobreza imperante em Ber- puramente carna l - é ho rríve l dizê-lo o coração de Nova Iorque. Não obstante 1im Oriental é uma agressiva realidade: - ao animal ismo que o regime comu - certo mau gosto, que sempre acompanha pontes danificadas, asfalto estragado, não · ni sta d issemi nou nas nações cat iv as cio as coisas modernas, tudo ali é limpo, orse encontram telefones públicos, a sinali - Leste e uropeu. Os banheiro. públicos denado e efic iente. zação não ex iste. Vêem-se ai nda prédios mistos, em péss imo estado ~ - - -- - -- ~ Uma pergunta se põe natucom as fachadas perfuradas pelas balas ... de conservação, ão um cio ra lmente ao espírito: qual das da tomada de Berlim, em 1945 ! tantos exemplos que se podeduas Berlins prevalecerá? A Operários moram em casebres impro- ri a c itar. Nada a li fa la da perri ca e próspera, de tipo modervisados sobre velhas carretas, estaciona- manência de qualquer resto de no? O u a miserabilista, lúgudas em ruas desertas. Mas sua desdita, religiosidade, menos ainda de bre e entorpec ida, engendrada entretanto, não parece pior que a dos ha- espírito cató li co. Os berlinenpela revolução comu ni sta? bitantes das casas que a inda estão de pé: ses ori entais são bruscos e O lado orienta l poderi a ser casarões imensos, de aspecto sinistro, mal-educados, ao co ntrário comparado a uma laje mortuácom batentes onde as portas não fec ham dos ocidentais, amáveis e corri a, tão pesada, que nem os e as paredes vão ca indo aos pedaços. teses. '-----=-----.....l mais g igantescos investimen20

CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

tos materiais do Ocidente se mostraram até agora capazes ele a remover. As dific uldades enco ntradas na reconstrução do Leste e uropeu, a incerteza crescente do ambiente financeiro a lemão, a contestação artic ul ada e os reveses ele itorais do c hanceler Koh l, agravam a conjuntura. As ruas iluminadas, as lojas rep letas, os a utomóveis de luxo, a v ida o pul enta do lado ocidental trazem perspectivas em sentido oposto. As qualidades de alma do povo alemão, sua capac idade de enfrentar as advers id ades, o élan com que celebrou sua reunificação, a força do capita lismo privado parecem ter condições para vencer os enormes obstácul os que se opõem à reparação das ruínas deixadas pe lo comunismo. Vencerá mesmo? Há, entretanto, outro aspecto a cons_iclerar. Ex iste uma terceira Berlim , da qual pouco se fala. Ela pode ser encontrad a, por exemp lo, perto do Chec Point Char-

Acampamento anarquista em Berlim

fie, num cios antigos postos de passagem e contro le entre as duas Alemanhas. Ali, o aspecto das pessoas tem qual quer co isa de infe rnal : ondeia a bandeira ve rme lha no acampamento anarquista, em me io ao lixo e à sucata de caminhões, vagões de trem e carros novos e usados vindos das duas Berlins. Junto à célebre Porta de Brandemburgo, monumen to de antigas g lórias germânicas, e ncontram-se barracas onde muçulmanos ve ndem uniformes, insígnias e eq uipa mentos do ex-exército alemão orienta l. São urna amostra dos milhões de imi grantes mao meta nos, in sta lados na Europa para preenche r o vazio popul ac iona l de ix ado pe lo controle da natalidade. Essa terceira Berlim instalou-se dentro elas outras duas. Ela eng loba o mi serab i lismo, mas leva a decadência ainda mais fundo: é um produto avançado da Revolução anarqui sta, da droga, do punk e do rock, e também dos Verdes. É filha da ex plosão libertária da Sorbonne de maio de 1968, trabalhando pela ex tinção cio que ainda resta ele urna civilização da qual a Europa foi o centro, e a Re li g ião católica a alma. As três Berlins atuais constituem três gra us de afastamento e m relação à outrora pujante c ivili zação cri stã na Alemanh a. A menos afastada - embora j á lon ge do ponto de partida! - seria a Berlim ocidental, seg uida pe la Berlim até há pouco com unista. No extremo oposto da A lemanha católi ca está a te rce ira Berlim. Minha viva impressão é de que só urna intervenção de Deus pode ev itar que essa terceira Berlim, com o tempo, acabe se impondo e deg lutindo as outras duas.

BENO HOFCHULTE

Nosso correspondente

TomeNota íl:n MARGARET THATCHER

A ex-primeira ministra britânica advertiu sobre o perigo de um super-Estado europeu: "Não se pode pensar nos Estados Unidos da Europa. Não existe: trata-se de doze nações e quem procura colocá-las juntas em um único Estado não aprendeu as lições da História". (CorrieredellaSera, /rália) FIDEL CASTRO

Afirmando que o poderescraviza e que se considera escravo do poder, o ditador do Caribe ressaltou que "ja~-=--~ mais" vai abandonar a política, a Revolução e suas idéias. (FolhadeS. Paulo)

GRÃO-DUQUE VLADIMIR

O chefe da Casa Imperial russa afirmou que não regressará à URSS enquanto "o comunismo estiver em ascensão". E espera que os recentes acontecimentos na Rússia façam despertar ondas de nostalgia pela monarquia. (PIÍ/Jlico, Portugal) GILBERTO MESTRINHO

"É uma irracionalidade não permitir a caça do jacaré", afirmou o governador do Amazonas, pois o "jacaré tem uma proliferação fantástica ..... Além disso, o jacaré.... come muito peixe, tirando a alimentação do caboclo e até prejudicando um dos seus meios de obter renda. E quando o habitat fica sem alimento .... ele ataca os animais e ataca as pessoas". rvejaJ PAUL McCARTNEY

O integrante dos "Beatles", que afirma ser ecologista, confessou em entrevista a uma revista alemã, que a quase totalidade das composições do conjunto, após 1965, foi inspirada na droga, sobretudo maconha e LSD. (DerSpiegel,A lemanha)

1 CATOLICISMO , OUTUBRO 1991

21


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Herói da resistência anticomunista na Lituânia D . Teófilus Matulionis, Arcebispo lituano vítima dos cárceres soviéticos e qualijzcado de mártir p elo Papa Pio XI, investiu destemidamente contra os f unestos fruto s do comunismo em sua pátria - "Estou perdendo meu tempo", decl aro u bruscamente M. Gedvillas, presidente cio Conselho ele Comi ssários da Repú blica Soc iali sta da L ituâni a, diri gindo-se a D. Teófilu s Matuli oni s, na época Bi s po ele Ka is iado rys, naque le pa ís .

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"Vejo que o Sr. não quer mesmo colaborar. Saiba que na Rússia, sim , o clero aj uda o governo a derrotar seus inimigos internos" . - "Nós não somos seus popes orlodoxos" [padres da igreja c ismáti ca russaj ,

czari stas , fo i sentenc iado por um T ribuna l civil e removido para um con ve nto e m São Pe tersburgo , onde os sacerd otes cató li cos purgavam suas penas . Este estava situado jun to à igreja de Santa Catarina uma das ma is be las da cidade dos czares - o que pe rmitiu ao Pe. Teófilus ne la trabalhar como coadjutor, até ser nomeado vigário da igreja do Sagrado Coração ele Jes us, nos arredores da cidade, freqüe ntada por lituanos e po loneses. Eclodindo a revo lução ru ssa em 19 17, o sacerdote não fo i molestado até 1922, quando se viu condenado a três anos de pri são por "ati vidades subve rsivas". Nessa época, Pio X I - que estava e nvi ando ajuda às cri anças fa mintas el a R úss ia - encarrego u Mons. D ' Herbi gny, se u representante na tra nsação, ele esco lher c inco sacerdo tes alí em exerc íc io e os sagrar secretamente bispos, para preservar a hi erarqui a ec les iásti ca no país.

retruco u com di gnidade o Pre lado, embora sabendo , po r sua experiênc ia da "justiO Pe. Matulioni s - posto em liberdaça soc ia li sta", que j amais seri a pe rdoado. de em 1925 - fo i, em 1929, sagrado Essa corajosa resposta reflete bem a bispo auxili ar de Leningrado, com direito desassombrada e invariáve l atitude ele um à sucessão. Po uco depoi s fo i nov amente confesso r da Fé di ante da tirani a comupreso e condenado a dez anos de trabani sta. Pos ição esta que se transformo u lhos forçados nas Ilhas So lovki , no Mar num símbo lo vivo ela resi tência cató lica Branco. anti -sov iética do povo lituano. Tendo transcorrido no mês de junho Para Pio XI, um mártir- Ocorre ndo úl timo o cinqüentenári o do in íc io das eleuma troca de prisioneiros entre a Lituâportações em massa efetuadas pe los sonia, que reconqui stara sua liberdade em viéticos (1 94 1) na L itu ânia, é oportuno 19 18, e o governo soviético, o bi spo Maapresentar aqui alguns traços da vida destuli oni s, consultado, di sse preferir permase extraord inário eclesiástico, Monte das cruzes: símbolo terrfvel da perseguição comunista na necer na Rúss ia, po is "os catáfalecido em 1962 em odor de Lituânia , - , - - , - - ---, licos querem ter seus sacerdosanticlade, após ter sofrido toda tes perto de si, mesmo que seja sorte de perseguições ela parte li§ia.:.,;:;:::s-:,, na prisão . Sentem-se então em dos ve rme lhos. contacto espiritual com eles, e não ó1jãos" . Evidentemente, Nas prisões soviéticas - Teóele não podia reve lar que fo ra fi lus nasceu em 1873, na a ldeia sagrado bi spo. Inc lu ído a conlituana de Z ibi ec iai, e curso u o tra-gosto na li sta da troca pe lo seminári o cató lico cm São Peembaixador lituano, re torno u te rsb urgo, e ntão capita l da ao país, o nd e fo i recebi do R ússia imperia l, à qua l os paícomo confesso r da fé. Só aí é ses bálticos estavam anexado . que se to rno u públi ca sua saOrdenando-se em 1900, ocugração e pi scopal . po u-se de duas paróqui as na D. Matuli oni s reali zou enLetônia, na última das quais, tão o grande desej o de ve r o por ter batizado, in articulo Papa e receber sua bênção. mortis, um bebê recém-nasc iPio XI, e m audiência privada, do, filh o de pa i católico e mãe o chamo u de " mártir" e lhe cismáti ca, contrariando as leis pediu , de joe lhos, a bênção. CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

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lncrepação contr" o comunismo e o pecado Em sua primeira Carta Pastoral, como Bispo de Kaisiadorys, D. Teófilus Matulionis assim se refere ao jugo comunista: "No terrível ano de ocupação bolchevista conhecemos as prisões da KGB, as torturas e as matanças, e dezenas dos melhores filhos e filhas de nossa pátria foram desterrados para a longínqua Sibéria só por serem bons católicos e amar sinceramente seu país.... mas os bolchevistas não se limitaram a destruir-nos fisicamente: sendo ateus, tentaram .... perverter o ppvo lituano arrancando de seu coração seu tesouro mais apreciado - a fé em Deus - e aniquilar a Igreja Católica". Em conseqüência, "a fé de muitos se debilitou, descuidaram-se dos santos Sacramentos... proliferou o ódio mútuo, a crueldade, a injustiça, o desrespeito ao bem alheio; numerosas famílias se desintegraram ou se formaram só com o casamento civil.... Alguns casais, com menoscabo das leis divinas e naturais , profanaram a santidade do matrimônio evitando a procriação. Chegou-se ao horrível delito, digno da ira do céu, do assassinato dos nascituros. Propagou-se o alcoolismo, horrível desgraça para nossa pequena nação". Numa segunda Carta Pastoral, o combativo bispo afirma que "os pecados de nosso povo nos tornaram merecedores do flagelo da guerra. Para alcançar a misericórdia do Senhor, o Salvador nos convida a todos a fazer penitência .... por nossos pecados e pelos pecados do mundo".

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D. Matulionls foi o símbolo vivo da reslstencia católica anti-soviética

F ixando-se e m Kauna s, enq u a nto ag uardava oportunidade de retornar à sua di ocese na Rússia, o prelado a li trabalho u por dez anos como capelão das Forças Arm adas. E também como cape lão do convento das beneditinas, o nde instituiu a adoração perpétua ao Santíss imo Sacrame nto para atra ir bê nçãos sobre o país, imo rta li zar o 550º anive rsári o do surg imento do cato li c ismo e o 20º anive rsário da independê ncia da L ituân ia. A inda nessa c idade D. Matulionis parti c ipou, em 1934, do Congresso E ucarístico, quando a nação li tuana foi consagrada ao Sacratíssimo Coração de Jes us, fi cando " desde esse d ia - como dirá ma is tarde o pre lado - com o direito de portar o nome de ' Povo do Coração de Jes us"'.

Em l 94 l , após as gra ndes deportações de lituanos para a Rússia, D. Teófilus escreveu ao Papa solicitando- lhe "se for considerado necessário e útil", o pe rmi tir- lhe vo ltar à Rússia para retomar se u aposto lado. O Papa lhe concedeu a a utori zação so lic itada, mas o go ve rno nazista de Berlim , que e ntão ocupava a Lituânia, nego u-lhe o visto de saída.

Atitudes destemidas-Em 1943, D. Matu li onis fo i nomeado bi spo de Kaisiadorys, diocese lituana formada por uma fa ixa de 250 km. ao lo ngo da fronteira com a Polônia. Em 1945, quando os sov iéticos ocupavam novamente o país, dirigiu uma mi ss iva aos párocos a le rta ndo contra o pe rigo que constituí am as o rganizações comu-

CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

ni stas para jovens e cria nças. Escreve u também às a utoridades com uni stas ca rta de protes to co ntra a obr igatorie dad e de in sc rição nessas assoc iações, m esmo .sem a a utorização dos pais , para escolares. No iníc io de 1946, o episcopado lituano publico u urna Pastoral Co letiv a considerada subve rs iva e a nti -soviética pe lo go ve rno, o que provocou a pri são de vários bispos. D. Matulionis foi co nde nado a sete a nos, pena leve para os háb itos comuni stas ! Findo esse pe ríodo, fo i removido para um asilo de velhos , na Mordóv ia, a 450 km. de Moscou. Somente e m 1956, qua ndo tinha já 82 anos de idade, foi - lhe pe rmi tido voltar à Lituânia, mas negada e ntre tanto a permi ssão para re to rnar à sua diocese. Diri g indo seu rebanho do ex ílio, na própria Lituânia, D. Teófi lu s escreveu, em dezembro de 1957, s ua última carta pastora l, sobre a devastação q ue o a lcoolismo e a c haga do aborto estavam causando à nação. Sagrou também secretame nte um bispo para suceder- lhe . O gove rno comuni sta, qu e o tinha sempre e m mira , ex il ou-o na c idade de Seduv a, co loca ndo-o em prisão domicili ar. A lí e le faleceu e m 1962, aos 89 a nos de idade. Antes de sua morte, a Santa Sé o havi a hon rado com o títul o de "Bispo Auxiliar do Trono Pontifício" e, pouco depois, com o de Arcebi spo. A fa ma de santid ade desse confessor da fé difundiu-se rap idamente na Lituâni a, Letônia, Rússia e Estados Unidos, país que e le vi s itara em 1935. Hoje, quando a Lituânia tem s ua independênc ia conqui stada, mas dentro de um

CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

CRONOLOGIA RELACIONADA COM FATOS AQUI NARRADOS 1387 - Conversão definitva do Reino lituano. 1569-1795 - Estabelecimento da Comunidade lituano-polonesa. 1795-1915 - A Comunidade lituano-polonesa é incorporada à Rússia. 1915 - Invasão do país pelos alemães (1 Guerra Mundial). 1918 - Em 17 de fevereiro , restabelecimento da independência da Lituânia - Em dezembro, o exército vermelho invade o país e ocupa Vilnius, que é libertada pelos poloneses, os quais, por sua vez, incorporam a capital lituana à Polônia até a invasão de seu país pelos nazistas, em 1939. 1920 - 12 de julho: Tratado de Paz é firmado entre a Lituânia e a URSS restabelecendo a independência do país báltico. 1939 -23 de setembro: O infame pacto nazi-soviético Ribbentrop-Molotov, coloca os três países bálticos à mercê da URSS. 1940 - 15 de junho: os soviéticos invadem a Lituânia. 21 de julho: o exército vermelho cerca o prédio da Assembléia Nacional, a nova "Dieta do Povo" declara "unanimemente" a Lituânia uma República Socialista Soviética. Começam então as deportações dos "não patriotas". 1941 -15 de junho: 34.260 lituanos são deportados em vagões de gado para diferentes pontos da Rússia. - 22 de junho: invasão do país pelas tropas nazistas. 1944 -Nova invasão e ocupação do país pelos soviéticos. 1990 - 11 de março: O Parlamento lituano proclama a independência do país. 1991 - Referendo nacional consagra a independência da nação, proclamada no ano anterior. - Pouco despois, tropas soviéticas intentam tomar de assalto o Parlamento lituano, causando 15 mortes de populares que defendiam heroicamente a cidadela. - Por fim , a independência lituana é unanimemente reconhecida no Exterior. contexto inte rnac io nal confu so e sombri o, o exemplo desse destemido confessor da fé é um fator de alento para aq ue les

que continuam a lutar na "Terra de Maria". PUNIO SOUM EO

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AfOJLliCliS O TFPsEMA ÃO MORAL TRADIClbNAL PARA COMBATER A AIDS MONTEVIDÉU - Com manifesto inti tulado "Moralidade Pública e privada no Uruguai de hoje", a TFP uruguai a entrou no debate susc itado a propõsito de uma campanha governamental de combate à di sseminação da AIDS, e que-constou de mensagens pela televisão. Ta is mensagens causaram desconcerto e mal-estar no público, pois, não obstante visarem combater uma gravíss ima epidem ia, admitiam como natural a mais degradante liberdade sexual. Baseando-se na doutrina trad icional da Igreja, o documento da TFP sustenta

que qualquer c_a mpanha antiAIDS, que prescinda dos princípios catõl icos, está fadada ao fracasso. A entidade também se solidariza com o Min istro da Saúde Pública, Dr. Carlos Delpiazw, que, sensível às manifestações de desagrado e mal-estar do públi co, determinou a suspensão da transmissão dos anú ncios pela televi ão. A TFP form ul a um apelo aos setores sadios do Uruguai:

s

E Quando disserem paz e segurança, então lhes sobrevirá uma destruição repentina

A causa da paz é muito alta, muito nobre e muito justa para ser deixada na mão dos pacifistas

(São Paulo, I Tes, V, 3)

(Plínio Corrêa de Oliveira)

Não se encontram a paz senão na ponta de uma espada

Se queres a paz, prepara a guerra (Provérbio latino)

(Santa Joana D'Arc)

Uma paz má é pior do que a guerra

O temor da guerra é ainda pior do que a própria guerra

(Tácito)

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(Sêneca) ,:''

EL não se deixem intimidar por urna minoria "que erige corno símbolo da idolatria cio prazer aq uil o que a decência maneia calar" ; e pretende adernais uma sociedade em que desapareça tota lmente a família e com ela todo o vestígio ele inocên cia e ele moral.

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NOVA SEDE DE CORRESPONDENTES

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Ampliando suas ativ idades nas ci.clacles industri ais ele Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano (ABC), o Departamento de Correspondentes da TFP instalou sua nova sede à rua Miragaia 628, no bairro Paulicéia, em São Bernardo do Campo. Foi inaugurada com a visita do Prof Plínio Corrêa de Oliveira, que proferiu palestra para os correspondentes e seus familiares. Mais recentemente, houve no pátio da Sede uma apresentação da Fanfarra dos Santos Anjos, tocando marchas francesas, alemãs e obras de Corelli e Haendel, 26

sob a regência do maestro Cláudio Stephan. Neste mesmo dia, o ponto alto da festividade foi a entronização de uma cõpia da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, enquan to os membros da Fanfarra entoavam a melodia" Ave Maria", polifonia do século XL Os correspondentes da TFP são pessoas que, tanto quanto o permitem suas obrigações fami li ares e profissionais, dedicam seu tempo livre à divulgação dos ideais da TFP. No ABC, a entidade conta com numerosos operários entre seus correspondentes e simpatizantes.

STALINISMO NO EQUADOR QUITO-A Sociedade Equatoriana de Defesa da Tradição, Fami liaePropriedadedivulgou folheto contendo respeitosa mas contundente carta dirigida ao Intendente de Polícia de Guayaquil, por motivo da arbitrária proibição de a TFP realizar campanhas de difusão de material douo·inário naquela cidade. ' Entrevistado a respeito por uma rádio local, o intendente "ufanou-se de exercer suas atribuções em benefício da esquerda marxista e em prejuício dos anticomunistas". A carta diz: "na Praza Vermelha - símbolo durante décadas da tirania soviética - o estandarte da

TFP tremulou sem problemas. Será que em Guayaquil, por sua causa, Senhor intendente, os critérios stalinistas continuam em vigor? O folheto ostenta ainda prestigiosa foto [também publicada em nossa edição de fevereiro] da comissão inter-TFPs na Praça Vermelha, por ocasião da entrega ao Presidente da L ituânia do abaixo-assinado pela libertação daquela nação. Após a divulgação da carta, foi autorizada a realização da campanha em Guayaquil .

• CATOLICISMO, OUTUBRO 1991

Festa do peão de boiadeiro, Barretos (SP): os peões pedem proteção a Nossa Senhora Aparecida, cuja Imagem trazem dentro do chapéu. Segundo um Jornalista, foi um evento "de sabor medieval", com "desafios, coragem, vassalagem"




Novembro de 1991

Número 491

Discernindo, QJ$tinguindo, classificando ... . Assesta:r1..d.o o

NA RAMPA DA BARBÁRIE

foco

Pela atonia da razão ante os problemas de hoje, chega-se à barbárie

C

aminhava eu calmamente pela rua quando você não os via, não é o caso realidades contrárias, compreende que do Ouvidor, quando vejo ao lon- agora de elogiá-la pela sua clarividência? aceitando uma deve rcj c.itm· a outra, e que ge, vindo em sentido contrário, o E também de procurar saber o que o Prof. afinnando algo deve negar o que lhe é Gegé. Sim, era ele, não havia dúvida. Plínio Corrêa de Oliveira está pensando oposto. A inteligência sadia, colocada Como só era chamado pelo apelido, nem dos atuais acontecimentos? Pode lhe tra- ante uma contradição, tem a mesma senme lembro bem qual o seu nome. Parece- zer luzes cm meio à confusão, para enten- sação de repulsa que um ouvido musical me que era Geraldo. Lembro-me ainda de der o que significa a nova metamorfose diante de uma nota dissonante numa ornossa última discussão, há vários anos, do comunismo, em vez de ficar simplo- questra que toca, ou num coro que canta. Ora, quando um homem passa a preobastante quente. Ele, centrista com sim- riamente achando que está tudo resolvicupar-se somente com seus interesses patias pela esquerda, eu, anticomunista do. pessoais , s ó quer da TFP. Mostrei saber de sua vidilhe na ocasião dinha e m ais nada , versos escritos do esse egoísmo leva a Prof. Plinio Corrêa uma atonia quanto de Oliveira provanao funcion ame nto do que o comunisda ra zão. E s ta se mo produzia miséto rna preguiçosa, ria e opressão. Gegé voa pouco ou mesdiscordava mal -humo não voa. E asmorado. O comusim vai perdendo a nismo, para ele, ticapacidade de pernha vantagens: não ceber as contradiproduzia muito, é ções, chega a habiverdade, mas distri tuar-se com elas e a buía bem as riqueviver comodam enzas . Todos tinham o te dentro delas ... até suficiente. Ad e o momento em que mais, era o futuro elas o d e vor e m . dos povos. Chumbado no cirDepois dis s o, cuito restrito d e não mais o vi. Caiu O diálogo bem poderia ser: "s/mu/omos que o comunismo acabou". Mas, Se de !'ato, seus interesses, ele o Muro de Berlim, tivesse acabado, por que os chefes de hoje iio os mesmos comunistas de ontem? é como wn cego, ou rasgou-se a Cortina de Ferro e o que apareceu do outro lado - O ra bolas, ·11 qu ·ro é cuida r de na melhor das hipóteses um míope. A perda da luz da razão é uma para lisia foi espantoso: a mais negra miséria da His- minha v ida, a firmou ·om um gesto de tória, mantida pela opressão mais brutal. mau hum or · d ·sn pnr ·c ·u cm meio aos que progride. O m esmo fenômeno de raquitismo, que reduziu a visão da inteli Agora, lá estávamos novamente, Gegé passant ·s. gência apenas aos problemas pessoais, e cu, a poucos passos um do outro. Sem aos poucos faz com que o indivíduo só qualquer cumprimento ou gentileza, ele íu·o 1·it.or, o Sr. conhece a seu redor tenha em vista o que lhe é indispensável me perguntou de chofre: - Então, a TFP ainda existe? O comu- quem · ·Ja como cgé, nadando desinibi- para viver. E m certo momento, sua intenismo felizmente acabou; para que serve dam ente nas fíg uas da contradição, arespei- ligência está tão atrofiada, que ele est,'i pronto para abandonar a civilização e vio anticomunismo? lO desse ou de outrns assuntos? Eu conheço - Mas, Gegé, você que via o comu- muitos, pod ·-se mesmo dizer que o fenô- v er na taba, como um índio: tem fome, nismo como sendo o futuro, e com vanta- meno é bastante clifw1dido. Como se expli- come; tem sede, bebe; e o resto não o atrai, porque a preguiça o impede de se gens bem grandes, como vem hoje afir- ca isso? Sã.o loucos os Gegés? mar que ele ~felizmente acabou"'!! Loucos, como esses pobres doentes de interessar por qualquer coisa. Por isso, Gegé não é um doente menColocado assim em contradição con- hospício, evidentemente não. Mas há nos sigo mesmo, ele pareceu surpreso, e não Gcgés um amortecimento de de tennina- tal. É um homem escorregando pela ramsabia o que dizer. Aproveitei para acres- das reações internas face à contradição, pa da atrofia da razão rumo à barbárie e à que produz um apagamento da luz da brutali zação completa, avizinhando-se ao centar: animal. Quantos Gcgés o Sr. conJ1ccc? - Ademais, se a TFP viu com tanta razão. clareza os males do comunismo antes dos Quando alguém tem sua razão perfeimesmos se mostrarem abertamente, e ta, e está situado em presença de duas C.A. 2

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A doutrina dogmática do Purgatório encontra sólio dia 2 deste mês, celebra-se a festa li úrgica dos Fiéis Defuntos ou Fina- da fundamentação na Sagrada Escritura, na Tradição, dos. Para ressaltar seu transcendente no ensinamento de grandes Doutores, de Concílios, significado, apresentamos nesta edi- especialmente o de Trento (decreto 1563), e do Magistério da Igreja. ção algumas das si'grúficativas descriOcasiona no pecador alívio especial, ções que Santa Catarina de Gênova, segundo o parecer de alguns autores, famosa mística italiana do século XV, o contínuo amparo prestado a ele por faz do Purgatório. seu anjo da guarda. E também a visita Esse lugar de padec · entos, mas àquele lugar de outros anjos - mentambém de consolações e de esperansageiros de Deus - bem como de ça, é um dos temas da doutrina católiMaria Santíssima, a justo título cogca que mais contunde o espírito neonominada Conforto do Purgçttório. pagão de nossa época, especialm nte Sustentam mestres de vida espirivoltado aos gozos corporais e infenso tual que a Mãe de Deus, em dias de às noções de penitência e contrição. E festas a Ela consagradas, desce ao mesmo para certo número de fiéis, Purgatório, acompanhada de anjos, contaminados ou influenciados pelo progressismo, temáticas como a do Purgatório e do para levar consigo plêiades de almas para o Céu. É dogma de fé que as penas do Purgatório são Infemo - muito apropriadas para inclinar os homens ao temor de Deus, à fuga do pecado e ao aliviadas pelos sufrágios dos fiéis, e sobretudo pelo arrependimento das faltas cometidas - são bem Santo Sacrifício da Missa. Isso deve nos predispor, pouco apreciadas, transformando-se em "verdades especialmente na comemoração de Finados, a rezar fervorosamente na intenção de todos os falecidos esquecidas"... que nos são mais caros. ***

SUMÁRIO Bruxaria -

O que está por detrás da nova era de magos e bruxos

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4 Breves 12 Brasil Real 13 Caderno Especial

O Purgatório - Visões de Santa Catarina de Gênova

Educação - TFP contra a nova Lei de Educação

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17 Comente, comente... 22 História 20 Revolução e Contra-Revolução :!3 Verdades Esquecidas 21 África do Sul · 24 TFPs em Ação

AfOLICISMO Catolicismo é uma publicação mensal da Edttora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho. Jornalista Responsáve l: Takao Takahashi - Regislrado na DRT-SP sob o N•. 13748. Redação e Gerência: Rua Martim Francisco. 665 - 01226 · São Pau lo. SP · Te l: (0 11) 825.7707. Fotocomposição: (direta, a partir de arquivos lomecidos por Catolicismo) Mlcíofonnas, Fotoltto e Artes Gráficas, Ltda. - Rua Javaés 68 1/689 - 01 130 - São Paulo - SP; Impressão: Art press - Indústria Gráfica e Edttora Ltda. - Rua Javaés, 681/689 - 01130 - São Paulo, SP. Para mudança de endereço é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa a assinalura e venda avulsa pode ser enviada ao endereço da Gerência de Catolicismo. ISSN lnlemational Standard Serial Number - 0102-8502.

CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

3


concisamente

~

Técnicade destrui9ão

Psicólogos franceses e alemães aplicaram-se ao estudo das vertiginosas alterações no comportamento humano, manifestadas a partir dos anos 60. Suas conclusões merecem registro: animal racional dotado de inteligência, vontade e sensibilidade, o homem vaise tornando cada vez mais ilógico, frio, calculista, em suma, "maquinizado".

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Cárcere ou senzala?

As denúncias de que a China exporta para os EUA produtos fabricados por presos (muitos deles políticos) foram comprovadas pela revista "Newsweek". Harry Wu - especialista do Instituto Hoover, que passou 19 anos numa prisão chinesa - retomou secretamente a seu país para documentar as terríveis condições reinantes cm mais de 20 campos de trabalhos forçados. Embora o Governo comunista negue a transação (temendo perder o "status" de nação mais favorecida, renovado há pouco, inexplicavelmente, por Bush) há documentos oficiais de uso interno da Justiça Criminal chinesa que a confirmam. :'-:~~

A TV ocupa papel central - frisam os especialistas nessa descaracterização dos indivíduos, ao veicular todo gênero de violência e aberrações morais com requintes de sadismo. Conseqüência: cresce assustadoramente o número de desequilibrados mentais; sendo as crianças, sem düvida, as mais afetadas.

~ Expulsos da política Soa quase como refrão falar em descrédito dos políticos. Não seria, aliás, tarefa árdua encontrar explicações para o fenômeno. A imprensa diária, por exemplo, é pródiga cm informações a respeito. Haverá, entretanto, causas mais profunda para justificá-lo? ~

~ Destroços do comunismo A aparência atual de Moscou ciais), jornais ou um hamburé a de uma cidade semi-destruí- guer do McDonalds. da, imunda, esburacada, com A criminalidade cresce em trânsito caótico em ruas inter- ritmo vertiginoso. Cena muito rompidas por canalizações arre- comum no centro é ver alguém bentadas. Poucos metros adian- estacionar o automóvel e tirar te dos edíffcios históricos do os limpadores de pára-brisas: Kremlin, os prédios estão cain- com a falta de peças de reposido aos pedaços, com os pátios ção, os motoristas roubam esse internos cheios de lixo. acessório de outros carros. Filas continuam existindo Que tipo de sociedade emerpara tudo: cigarros ou vodka, girá desse abismo de horrores, carne ou leite (a preços ofi- prosaísmo e misérias?

•••

em tempo

Marxismo - cristão - Marx e Engels não estão no mesmo nível de Deus, porém, "posso conjugar a busca de Marx com Deus. Ambos querem mais vida. [Quanto a mim] continuo na Igreja para transformd-la" . As declarações acima são de Frei Boff, e foram estampadas num matutino gaúcho; dispensam comentários. Monstrengobrás - O secretário nacional de Energia propõe que se crie a Empresa Nacional de Suprimento de Energia Elétrica. Ela encamparia todo o sistema de transmissão e compra da energia produzida no País, revendendo-a, a um preço médio, às concessionárias estaduais. Vale lembrar: na URSS e no Leste Europeu, iniciativas congêneres deram resultados catastróficos ...

~ Ecoterrorismo impune "Estamos participando de uma revolução e ninguém nos poderá deter. O movimento cresce feito uma bola de neve. Qualquer empresa que abuse dos animais é considerada um alvo legítimo". A incendiária proclamação é da Frente de Libertação dos Animais (ALF), que vem promovendo atentados a bomba em frigoríficos da Grã-Bretanha. Na região metropolitana da Grande Manchester, pel0 menos mil açougues e mercadinhos tiveram suas vitrinas destruídas por esses ataques, recentemente. Por que essa forma abjeta de vandalismo e criminalidade não suscita indignação proporcionada nos paladinos dos "direitos humanos"?

m

"Porque os americanos odeiam a política" e "Parlamento de vida fácil" (este, uma sátira) são livros muito cm voga nos Estados Unidos. Ambos ostentam que o processo democrático foi seql.lcstrado por um grupo fechado de políticos profissionais, cujas aspirações e inte-

resses não representam o público, que fica alijado desse mesmo processo. As correntes de pensamento não se vêem retratadas nessa democracia sem-idéias. Daí a compreensível apatia e desinteresse do eleitor.

Bebês da cocaína

Hiclroccfalia, problemas cardiopulmonares, derrame e até mesmo perda do reflexo de sucção (o que conduz à subnutrição) são algumas das deficiências físicas e neurológicas verificadas em crianças recém-nascidas, cujos pais são viciados em drogas. Hospitais e instituições norte-americanas procuram encaminhar estas crianças

- freqüentemente abandonadas pelos progenitores - a órgãos de adoção. Porém os casais costumam recusar-se a adotá-los, pois temem que sejam portadores do vírus da AIDS. O drama desses infelizes é um sintoma manifesto da degenerescência moral hodierna.

A quilo :- Livros de autores marxistas estão sendo vendidos por quilo na India após o Departamento Cultural Soviético ter fechado sua biblioteca na cidade de Trivandrum. Entre nós, o entulho comunista ainda não foi removido das escolas, da imprensa ... sobretudo do clero progressista! Mentes em derrocada - Faltando ainda várias provas, inclusive as orais, o concurso para Magistratura no Estado do Rio aprovou, em sua primeira etapa, só 43 candidatos dentre os 617 concorrentes. Foi aberto um novo concurso - o número de vagas é 40. Neste, apenas um foi aprovado.

6 em 1.600! - O último concurso para Juiz do Trabalho, no Rio, só habilitou seis dos 1.600 inscritos, deixando 32 vagas a preencher. Boat people 1- Sair de Cuba clandestinamente é uma aventura das ·mais arriscadas. Indicam as estatísticas que, de três pessoas que a empreendem, em precárias balsas, apenas uma chega a Miami. Cresce número de fugas - Em 1984, apenas 19 fizeram a travessia de Cuba a Miami; em 1986 foram 26; em 1988, 59; e no último ano, 467. Na travessia, a desidratação causa a maior parte das mortes. Outros são devorados por tubarões. Animalesco - Um jornal do ABC retratou com as seguintes palavras a exibição de um certo cantor de rock, oriundo da Califórnia, em Santo André: "pula o tempo todo, cai duro, tem convulsões, rola no chão e lembra um porquinho se refestelanllo no chiqueiro". Rendoso e inexplicável - Não obstante o papel equívoco que desempenhou no malogrado golpe de Estado em seu país, Gorbachev pretende tirar do episódio vantagens concretas. Seu livro O golpe de agosto, que está sendo traduzido para o inglês, deverá render-lhe cerca de 500 mil dólares, segundo crêem os editores.

Destaque Uma Babel: a Bienal Uma verdadeira Torre de Babel: 168 projetos "artísticos", envolvendo cerca de 5 00 autores, provenientes de 32 países. "Foi uma Bienal confusa desde o início ", afirma um semanário paulista. Realmente, na 2lfl Bienal que acaba de encerrar-se, em São Paulo, o caos foi total. Ao que parece, visando habituar as pessoas à confusão do mundo atual, que está perderulo as noções de cultura e civilização. "O caos do trânsito" era um dos temas em exposição : 10 mil carrinhos de plástico (verdes e amarelos), dispostos de modo a formar a bandeira nacional. Os carrinhos estão caoticamente soldados uns nos outros. "É a bienal da instalação, das águas, das engenhocas. Dificilmente alguém vai dizer que é a bienal da pintura. As poucas telas se perdem rw meio da parafernália", comenta um matutino carioca. "Instalações que não dizem nada, não comovem, não refletem angústia, êxtase, vontade de conhecimento", observa outro jornalista. Num ambiente escuro, uma coisa no meio, quieta, iluminada, como um artefato sem utilidade, tal foi a Bienal. Tão grande era a degradação da mente e da sensibilidade aí refletida, que alguns críticos, na tentativa vã de salvar em algo a "arte" dita moderna, comentaram: "uma das piores bienais de que se tem notícia", "uma das mais fracas dos últimos anos". O custo ultrapassou os 3 milhões de dólares.

Ecológica e esotérica Na Bienal, "um espírito zen-californiano, horoscopal, relaxado, místico, ecologista parece orientar esse artesanato new age: águas correntes, barro cozido, estopa e parafina ",frisa um articulista. Uma ecologia em que a presença humana é supérflua e perigosa esteve ali representada. "Ritual do Sol" era um conjunto de três grandes painéis de fotos coloridas com uma visão da região do Sinai. A autora declarou: "eu quis mostrar a continuidade da natureza, independente das intervenções do homem". Numa sala escura, cestas de arame e carrinhos de supermercado. Do teto pendem cachorros, tatus e ja-. carés embalsamados. A instalação chama-se "Sacrifício " e é uma alusão a que o meio ambiente estaria serulo "sacrificado" ao progresso. Cinco mil quilos de velas apagadas num berço colocado no meio de uma sala de paredes queimadas... A idéia da autora dessa "obra de arte": sufocar o visitante comó acontece com o consumismo! Em suma, uma ecologia de cunho ocultista parece querer preparar os espíritos para uma "nova era " de desraz.ão e de bruxedos. Numa vitrina, uma quantidade exagerada de besouros consumia carcaças de perus!


O BRUXARIA

Os antros se abrem Uma "new age" - nova era - de magos e bruxos vem sendo anunciada para o 32 milênio. O que está por detrás disso?

N

ada de vassoura, chapéu, nariz (CN, 11-8-91).0 noticiário é de molde a Ocultismo a granel -O material escriou verruga .. .. Os bruxos mo- causar a impressão de que a bruxaria per- to que temos acumulado a respeito dos dernos estão chegando às pen- deu um certo ar horripilante que lhe era preparativos que vão se fazendo para a cas .... vestem-se com roupas absoluta- próprio, e, presentemente, é tão simpática chamada "nova era" comportaria vários mente comuns" (JT, 22-5-91). · quanto qualquer outro movimento. Tem- números especiais de Catolicismo. Mas Tal é o modo como vem sendo noticia- se a sensação de que se o demônio agora isso não é uma ameaça ao leitor! Daremos da a avalanche de bruxaria que se vai se apresentasse, seria vestindo trajes mo- aqui apenas alguns exemplos recentes de despejando sobre'o Brasil (e sobre o mun- dernos e com a barba feita. focos de irradiação do ocultismo, limitando) com maciço respaldo da mídia. Um O que se denomina, hoje em dia, bru- do-nos ao Brasil. Não estranhem o linjornal anunciava com estardalhaço, num xaria? O termo tomou-se fluido na im- guajar pernóstico, faz parte do cardápio. título ocupando seis colunas: "O misticis- prensa. Designa desde o culto direto a Em Florianópolis, um "Festival de mo invade o dia-a-dia do brasileiro" Satanás, promovido por certas seitas de- Magia", com velas, defumadores, estandarmoníacas, até a proliferação de gurus tes de orixás e pessoas vestidas de demônio orientais com suas filosofias, meditações foi aberto com discurso do Prefeito da cidaSiglas dos periódicos utilizados: ou práticas aparentadas à yoga ou à de, na presença de "místicos, médiuns, dráparapsicologia. E isto passando por ativi- culas, bruxos, ufólogos e cartomantes" o AT (A Tarde, Salvador); dades de feitiçaria ou magia, metempsi- (TB, 21 -7-91; E, 10 e 13-8-91). o CB (Correio Brazlliense, Brasília); Em São Paulo, um "shopping espiricose, curandeirismo (dito medicina altero CN (City News, São Paulo); nativa), futurologia (astrologia, tarologia tual" - investimento de 150 mil dólares etc) e mesmo pelos .. sensitivos" que di- com salas para consultas esotéricas (tarô, o DC (Diário Catarinense, zem comunicar-se com seres exastrologia, curas energéticas), Florianópolis); MAGIA tra-terrestres a fim de preparar a cursos, livraria e lojas com proo DGABC (Diário do Grande ABC, vinda dos discos voadores. dutos místicos, foi aberto no eleSanto André); É um cardápio variado, mas, gante bairro do Jardim América o E (Estado, Florianópolis); (JT, 27-6-91). Em grande estilo convenhamos, repugnante. o EM (Estado de Minas, Belo foi propagandeada a 4E ConfeA difusão se faz por todas as Horizonte); rêncialnternacional de Metafísipartes: congressos e feiras ditos · ..místicos" realizam-se em divero FSP (Folha de S. Paulo); ca, nos salões do Anhembi, onde "bruxos de todo o mundo se reúsas cidades brasileiras; vai setoro JB (Jornal do Brasil, Rio de nem "(JT, 22-5-91).Há,ademais, nando comum encontrarmos, nas Janeiro); BRUXARIA ruas e praças das grandes cidaa fundação da &cola de Iniciao JT (Jornal da Tarde, São Paulo); des, cartomantes, astrólogos, gução d Alta Magia, para "magia o OESP (O Estado de S. Paulo); rus e outros que tais, oferecendo seus branca e negra", alegando-se que "as "serviços". Muito de charlatanismo, algo escolas de bruxaria no passado deixaram o OG (O Globo, Rio de Janeiro); de ações naturais e também influência de existir por perseguição do Cristianiso R (Roteiro, Brasília); diabólica entram nisso tudo em proporçõ- mo"(JT, 8-7-91). Enquanto isso, um proo TB (Tribuna da Bahia, Salvador); fessor da Universidade de São Paulo (Dees difíceis de medir. o V (Veja, São Paulo); "O bruxo Erik assegura 'brotará uma partamento de Metereologia) é também nova consciência·, e passaremos então diretor da Fundação Cacique Cobra Coo ZH (Zero Hora, Porto Alegre). para uma nova era "(JT, 22-5-91). ral que garante ter o poder de alterar o

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clima através de "operações espíritas" curam "preparar uma (FSP, 12-10-90; ZH, 30-6-91). nova era " (EM, 30-6No ABC paulista, "uma cruzada em 91 ). busca do autoconhecimento faz com que Em Lagoa Santamagos, feiticeiros e místicos rasguem as MG, Jornada Xamânica cortinas do passado e tragam à tona co - · com candomblé em plenhecimentos das seitas secretas, como a na mata, relaxamento e Rosa Cruz e a Maçonaria". Vêm anun- meditação, convivência ciadas consultas de iridologia, mapa de com o oculto, 'Jazer de previsão astrológica (atendimento com sabrochar o mago que hora marcada), cristaloterapia, saída do háemnós"(EM, 14-10corpo consciente (curso de seis meses de 90). viagem astral), foto da aura etc (DGABC, Em Salvador, um 30-1-91). Cursos de "projeciologia" são babalorixá (macumbeiministrados na Livraria Espiritualista e ro) visitará o GovernaEsotérica Aquário, em São Caetano, e na dor do Estado para fcliassociação Shamballa, em Santo André ci tá-lo e "limpar a (DGABC, 2-9-90). sujeira deixada por No Rio de Janeiro: anunciado para o Nilo Coelho" (AT, 14Planetário da Gávea o 12 Encon8-91). D. Luciano Mendes de Almeida com o guru tibetano Lama MAGIA tro de Magos (11 dias) com bruChagdud Rimpoche xos, espíritas e cavaleiros de Lúcifer (JB, 18 e 21 -9-90; JT, 27-9Livros e OVNIS - As publica- Centro de Estudos e Pesquisas Ufológi90). A Prefeitura do Rio promove ções constituem um capítulo à cas, em São Paulo, afirma que pelo menos todas as terças-feiras palestras parte. Editam-se livros em quan- 120 brasileiros já foram seqüestrados em sobre esoterismo (JB, 27-6-91). tidade sobre esoterismo, alguns discos voadores (FSP, 10-3-91). A fim de preparar a realização de vendidos às centenas de milhaum evento ecumênico, o E,iocenres, com muitas traduções, como Um ocultismo "brando" - O desentro passa por uma "faxina espirios da ex-atriz Shirley Maclaine. volvimento de forças naturais pouco cotuar', limpado com defumadores, BRUXARIA Um ex-hippie, ex-drogado, ex- nhecidas constitui, dentro desse amálgaáguas doce e do mar, rezas (OG, roqueiro, atual ocultista chegou a ma que hoje genericamente se chama 14-5-91).Não é de estranhar, pois, que Frei ser o autor mais vendido no Brasil (V, bruxaria, um ramo muito em voga. É esInocêncio, considerado bom exorcista do 22-8-90 e OESP, 14-3-91). Há também pecialmente atrativo para os que, embora demônio, esteja sendo tão procurado que jornais esotéricos em circulação. fascinados pelo ocultismo, têm medo ele se não consegue atender senão a uma pequeOs discos voadores continuam na envolver com práticas de feitiçaria e ouna parte dos necessitados (OG, 12-5-91). pauta. Em Salvador, uma "comunidade tras, e desejam permanecer em cima do Em Belo Horizonte, terceira feira ufológica" trata de construir um campo muro, olhando para o lado de lá. mística no Central Shopping, com tarólo- de pouso para OVNIS (FSP, 9--4-91). O Para eles é anunciado: técnicas tibetagos, numerologistas, búzios etc. nas de relaxamento e automasOs mesmos "místicos" estivesagem, banhos de cachoeira, ciram na festa junina do rico dades ou ilhas ditas energéticas, Country Club (EM, 22-6-91). pedras energéticas, pirâmides No Minascentro realiza-se o II de cristal, estatuetas de gnomos Congresso Holístico Internacioe duendes, yoga, práticas indínal com físicos, esotéricos, religenas, meditação, mística giosos, descrentes etc., que proavançada, cabala, computado-

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D. Luciano na Holística D. Luciano Mendes de Almeida, Presidente da CNBB, esteve presente ao Congresso Holístico Internacional realizado em Belo Horizonte, de 8 a 13 de julho último, reunindo "físicos, esotéricos, religiosos, · descrentes", a fim de "preparar uma nova era" (EM, 30-6-91). A "abordagem holística" é muito próxima (senão idêntica) à visão panteísta, segundo a qual não há um Deus pessoal, criador do Céu e da CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

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CATOLICISMO.NOVEMBRO 1991

O Presidente da CNBB ocupa o último lugar à mesa. Aceita a promíscuidade religiosa, começa a ç amínhada para o último lugar.

Terra, mas tudo o que existe constituiria uma só unidade divina, tudo seria deus. Heresia professada pelos antigos gnósticos, e que a Santa Igreja já condenou diversas vezes, sob várias formas . "Os novos Xamãs", "Metaenergia e transmutação",

"Ecologia interna e externa", "Os ritos iniciáticos em psicoterapia", "Visão holística e consciência planetária", "Transformando o homem num ser cósmico", "A alquimia, o mito cristão e a vivência cósmica" são os títulos de algumas das palestras do Con-

grasso. Houve ainda "rituais de cura" . Um dos palestrantes, Paulo Vassilief, distribuiu panfletos, nos quais explica que ele "ensina a magia dos feiticeiros havaianos". Livros como "A ciência dos espíritos", "A ciência oculta" e muitos outros do gênero estavam à venda. Em meio a isso tudo, o Presidente da CNBB participava de mesas diretivas, confraternizava amistosamente com um guru tibetano - Lama Chagdud Rimpoche - e assim por diante! 7


Rituais caba/istlcos e satânicos vão sendo substituídos por um ocultismo "brando"

através dos sonhos e do conhecimento de vidas passadas, terapia sistêrruca (de tipo holística, toma o indivíduo como um todo) etc. Eclesiásticos aderem - Como uma E a medicina puramente científica das facetas mais perturbadoras que sempre combateu as práticas da autodemolição da Igreja, deMAGIA empíricas por ela não assimilanunciada por Paulo VI, vemos já das, mesmo quando razoáveis certos clérigos, situados em ponvai tendendo agora a aceitar de tos diversos da hierarquia católicambulhada o que é razoável ca, irem favorecendo a expansão com esquisitas "curas" mágicas. do ocultismo por diferentes modos. E sua impunidade parece Futurologia -A futurologia é prenunciar que grossos contina mais difundida das práticas gentes eclesiásticos os seguirão. ocultistas "brandas". DescontenO exemplo público mais frites com um presente que de todos BRGXARIA sante foi o do Presidente da os lados os agridem, muitos proCNBB. Mas outros exemplos não faltam: curam refúgio no futuro ignoto. O Lama tibetano Chagdud Rimpoche Daí a proliferação de astrologia, tarô, bolas de cristal, palitos chineses, búzios, parece ser muito acatado em certos setores eclesiásticos, pois pregou um retiro de 5 dias sobre budismo no MosteiMuitos procuram refúgio no futuro ignoto: proliferam as mais ro de São Bento, em Vinhedo-SP variadas "técnicas" adivinatórias (JT, 27-6-91). Enquanto isso, cm Santa Maria-RS, realizou-se o Congresso Internacional do Poder da Mente, promovido pelo Pe. Lauro Trevisan. A programação incluiu uma "Noite dos Bruxos", além de curas ""tirando bichos do corpo do paciente" (0ESP, 9-1-91). Em Santo Amaro da Imperatriz-Se, Frei Hugolino Bach promove sessões de curas ""energizando o ponto doente" pela imposição das mãos.O Arcebispo de Florianópolis, D. Eusébio 0scar Scheid ""salienta que não

res que falam uma linguagem espiritual, influência das cores na aura, zen budismo, expressão corporal, parapsicologia, aparelhos para diminuir a freqüência cerebral e pô-la como a dos yogas, gnoses, fotos da aura, música nova era, movimentos respiratórios, "filosofias", "metafísicas", cultura racional, plantas, fluidos, sufismo islâmico etc. Alguns exemplos que vão nessa linha: Um clube de futebol carioca se entrega, em conjunto, "d meditação transcendentar'(JB, 9-5-91). Na Bienal de São Paulo pretende-se montar um "espaço para meditação" (FSP, 22-6-91). O Movimento Gnóstico Universal realiza conferências na Universidade Federal de Viçosa-MG. É criado um acampamento ecológico-naturalista para crianças (0ESP, 10-1-91). Curas-As curas, evidentemente não poderiam faltar. Verdadeiras ou falsas, elas constituem um anzol sobre o qual se atiram, ávidos, muitos necessitados. A medicina que se intitula alternativa utiliza os mais diferentes recursos, com ampla difusão pela imprensa: energias, aromas, incensos, cristais, agulhas, luzes, cores, bio-dbemética-bucal (instalação de um aparelho nos dentes), massagens, paranormalidade, musicoterapia, ginásticas etc. Além de reflexologia (cura pela leitura dos pés), ação de terapeutas prânicos (tocam as mãos nas partes doentes), curas 8

baralho cigano, quiromancia, radiestesia, lalorixás, quimbandeiras, runas, talismãs. Os cursos de astrologia se multiplicam mesmo em Universidades, e as adivinhações já se fazem através de "vídeo esotérico" e computadores. Cresce o número de anúncios oferecendo diversos tipos de originalões que se intitulam profetas (e a imprensa finge levá-los a sério). A numerologia já tem até uma firma de assessoria empresarial para iluminar os empresários que desejam atrair bons fluidos para nomes de produtos, datas de lançamento etc. E enquanto no Rio astrólogos promovem uma "festa ecológica" no Flamengo (JB, 3-9-90), em São Paulo um shopping atacadista promoveu um "Festival da Boa Sorte", durante mais de 15 dias, para que seus fregueses lojistas vejam as chances do futuro através do tarô, búzios, quiromancia etc. (CN, 12-5-91).

CATOLICISMO,NOVEMBRO 1991

tem nada contra os curandeiros que utilizam ervas. Também não f az ne nhum tipo de campanha contra benzede iras .. .. admite a parapsicologia e a imposição das mãos" (DC, 11 -8-91). Para o Pe. Vito Fellcr, professor do Instituto de Teologia de Santa Catarina, "os católicos não estão muito preocupados" com a realização do ""Festival de Magia" em Florianópolis. ~ lo jeito, ele também não, pois afirmou "que ainda não havia refletido profundam ente sobre a p olêmica" em tomo do assunto (E, 6-7-91).

Práticas de feitiçaria cada vez mais em voga

BRASÍLIA TENEBROSA Em plena Universida- - "capital do 32 milênio", 0 Feira Mística, patrocide de Brasília, um ritual abriga mais de 700 instinada pelo Departasatânico: com o corpo es- tuições de caráter religiomento de Turismo do Governo do Distrito petado por vários alfine- so, a ponto de se compates, um estudante bebe o r á -1a ao Egito antigo Federal (A, 30-5-91 ). sangue de 4 galinhas pre- (DGABC, 19-5-91 ). A títu- 0 Guias gnósticos, contendo o catálogo dos tas e brancas, ao som de lo de exemplo, temos aí: agrupamentos hinos de magia negra (JB, 4-8-90). esotéricos. •OFUfURO EM SUIIS MAOS » Se é verdade 0 Sociedade Rumo ao Sol, que a difusão das aguarda·a chevárias formas de gada de um pseudo-misticismo ser, que chase faz livre e abund an temente por ma de "Cristo todo o País, entreCósmico", num de24'maio disco. voador tanto é fora de dúa02'junho vida que o grande (FL, 1-9-90). Centrode centro de irradia0 Collor teria Convenções ção ve m sendo convidado um Bras ília. A capital mago para asfed eral vai tomansessorá-lo. O mago esteve do ares de Meca no Palácio do do ocultismo não só brasileiro mas Planalto e foi fotografado internacional. Ali proli fe ram as junto ao Presimai s e stranhas dente. seitas, ch egam os Tarô • Numerologla • Runas • Astrologia mais esquisitos Um doloroso gurus, sempre postos entrechoque: o País de muito em foco pela propa- 0 Templo da Boa Vonta- maior população católica de, local de captação da Terra tem na sua capiganda. de energias (CB, 9-7- tal o maior centro de oculJá denominada - pe91 ). los que torcem por uma tismo do Mundo. Uma vitória do ocultismo new 0 Shopping esotérico chaga purulenta no cora(JB, 3-5-91 ). age (nova e ra) no mundo ção de um gigante.

Por que avança o ocultismo? - Vemos assim que práticas e crendices tidas outrora com merecido desdém, por serem nocivas e pela completa falta de conteúdo racional, avançam agora rapidamente. A que razões profundas isso obedece? D uas delas saltam logo aos olhos: um certo ecumenismo e as condições de vida contemporânea. Há uma concepção ecumênica dos problemas religiosos que leva a considerar, dissolvê-la, seus filhos sentem essa prelogo na primeira linha, que as religiões são cariedade e não têm mais na família a todas mensageiras de Deus, embora as confiança que tinham outrora quando o mensagens possam ser mais ou menos in- casamento era indissolúvel, nem o respeitensas. Assim, qualquer pândego, que to aos pais correlato a essa situação. Pior ache lucrativo ou pitoresco fundar uma ainda: o homem não tem mais a esperança nova religião, encontra nesse ambiente de vir a ter uma família como eram as de outrora, porque não sabe se a esposa dele ecumênico condições para prosperar. Até aquilo que por sua natureza tende - ou no total ele próprio - não resolve a ocultar-se, ciente de que atrai sobre si a trocar de marido (ou ele de mulher) e reprovação geral, agora, com uma ligeira lançar-se noutra aventura . De outro lado, os negócios são cada toilette de aparências, está se candidatando a sentar-se ao lado das ciências e da vez mais incertos, as moedas têm valor cada vez mais i rregular, os preReligião. Tal ecumenismo arreMAGIA ços são sujeitos a condicionadondou, e em alguns casos mesmo eliminou, os contornos entre mentos de inflações galopantes. o bem e o mal. Não há mais estabilidade econômica, de alto a baixo da escala social. Ademais, o homem contemA medicina, por sua vez, paporâneo é sofrido. Qualquer que rece ter progredido muito na arte seja o estado de sua fortuna, de de descobrir doenças, mas muito sua situação social, vive ele cm meio a incertezas. menos na de curá-las. Sua fam ília é precária, o di A a1nizade é um capítulo triste vórcio ameaça continuamen te BRGXARIA dentro do panorama. Quando não CATOLIC ISMO, NOVEMBRO 1991

é inteiramente falsa, tem uma conotação apenas comercial. Foi-se o tempo em que um amigo era para o outro amigo uma coluna na vida, e podia contar com ele em qualquer eventualidade ou risco. Não há mais - ó dor! - pregação de confonnidadc com a vontade de Deus: não se prega mais a oração para obter de Nosso Senhor que incline sua misericórdia sobre os homens. Mais ainda, não há pregação no sentido de fazer com que o homem compreenda que existe o mal, e que mesmo para escapar da pior das desventuras, ele não tem o direito de praticar o mal. Deus o recompensará. Tenha confiança! Tudo isso cria uma atmosfera de desvario, de loucura que faz com que os homens se apeguem a crendices para não soçobrar no desespero. Daí o surto de ocultismo, que promete sempre soluções fáceis para esses problemas.

GREGORIO LOPES

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O EDUCAÇÃO

TFF' defende valores básicos

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A entidade entrega a deputados terceiro estudo sobre o projeto de LDB da educação nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: a TFP tem mais uma palavra a dizer", é o

título do trabalho, de autoria da Comissão de Estudos Pedagógicos da 1FP, lançado em 25 de s~tembro último e distribuído, em Brasília, aos membros da Câmara dos Deputados. O objetivo é lutar contra a aprovação de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prejudicial aos verdadeiros interesses do País. No dia 10 de setembro, os lideres dos partidos tinham decidido que, entre os projetos prioritários a serem votados na Câmara, neste semestre, estava o da nova LDB.

coordenadores da educação; o sufocamento do ensino particular, com normas e método.s semelhantes aos do ruinoso capitalismo de Estado soviético; e a escolarização obrigatória, inclusive para crianças .. de zero a seis anos", em desrespeito aos direitos dos pais com relação à educação dos filhos. Projeto que nasceu torto -Tudo começou em 1988, quando o ex-deputado Octávio Elísio apresentou seu projeto de LDH. Era uma proposta que já nascia torta: em vez de se preocupar com a recuperação da educação nacional, tão deca-

..Monstro estatizante ameaça o ensino brasileiro" (11-11-89); .. Ameaça ao ensino" (5-12-89); ..Estatismo ameaça valores pedagógicos básicos de nossa Pátria" (24-4-91) e ..Amarga lição do mundo comunista deve alertar nossos legisladores" (30-4-91). A intervenção da entidade despertou muitas reações a ela favoráveis, especialmente de diretores de colégios e professores, mas também - era de se esperar oposições inconformadas. Entre estas, furibundo artigo publicado em jornal de circulação nacional, assinado por um dos expoentes da corrente esquerdista do

algo que poderia ser chamado de ..assembleísmo" (fazendo-nos lembrar os soviets do início do comunismo na Rússia). O que vem de mãos dadas com a tendência a diminuir a autoridade dos superiores, reitores, diretores etc., também presente no projeto. Na terceira parte do livro ..Revolução e Contra-Revolução", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira (já em 1977) previa que o

do projeto não satisfizeram: por essas ou por aquelas razões, muita coisa nociva restou. Daí, a necessidade de um novo pronunciamento da 1FP. E, desta vez, a associação não se limita a discorrer sobre autogestão, família e iniciativa privada no campo dos princípios. Considerando a hora decisiva, com a iminência da votação da LDB pela Câmara Federal, o documento da entidade desce ao campo

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':Jardim de infância soviétic<I: sistema educacional falido

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É difícil haver tema mais vital para um dente cm nossos dias, a redação original país, e mais intimamente ligado à tradi- era caracterizada por um espírito altação, à família e à propriedade do que o da mente socializante, intervencionista e nieducação. Por isso, a 1FP não poderia . velador. Um projeto, em suma, afeto a um deixar de intervir novamente, como o modelo ideológico que constitui a via vem fazendo desde o início dos debates. mais direta para a miséria e o caos, como O projeto recebeu 1263 emendas dos tem mostrado às escâncaras tudo quanto deputados, na fase final de apreciação. se tem passado nos países de além exNo documento elaborado pela Comissão Cortina de Ferro. de Estudos Pedagógicos da TFP são enuA 1FP sentiu-se obrigada a entrar na meradas aquelas emendas cuja aprovação liça desde o início, combatendo os inconé indispensável. Pois concorrem para cor- táveis erros do projeto original e das dirigir os defeitos do projeto, com referên- versas redações que se lhe seguiram, por cia a três pontos fundamentais: a implan- meio da divulgação de alguns estudos e tação do sistema de autogestão socialista artigos, publicados na imprensa ou entrenas instituições de ensino e nos órgãos gues a parlamentares e educadores: 10

ramo educacional. O autor, sem citar nominalmente a 1FP, dava indicações suficientes de que era ela a visada pelo ataque. Autogestão, educação infantil, sufocamento da escola privada - Focalizando os três pontos acima mencionados, a TFP denunciava a febre socializante do projeto: em vários de seus artigos, há normas nas quais está presente a doutrina da autogestão socialista. Como, por exemplo, ao prever-se a participação de .. comunidades interna e externa" (não definidas), na direção e administração dos estabelecimentos de ensino e nos órgãos coordenadores da educação, CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

comunismo - para realizar o velho sonho utópico de Marx e seus comparsas, de uma sociedade completamente igualitária - precisaria passar por uma enorme transformação, na qual seria destruído o capitalismo de Estado e implantado o socialismo autogestionário. Trata-se, este último, de um regime mais próximo da anarquia completa, uma espécie de .. comunitarismo" no qual o governo estaria nas mãos, não de um poder central, mas de pequenas comunidades. O caos atual reinante na_ Rússia pode _acabar ~ando para esse sJStema. E mwto esqws1to que um projeto de LDB do Brasil contenha pontos de inspiração autogestionária. O projeto continha ainda outros artigos nos quais a influência socialista era também discernível, com determinações intervencionistas e detalhistas - aliás, inconstitucionais. Tais artigos davam a impressão de serem copiadas não mais do modelo autogestionário, mas do agonizante modelo soviético. São dispositivos que, se aprovados, acabariam por estrangular a iniciativa privada no campo educacional. A influência socialista era perceptível, por fim, no teor de certos artigos que tomariam obrigatória a educação infantil. O que é inaceitável, pois ao Poder Público não é licito ignorar os direitos dos pais e da família, arrancando as crianças do lar desde a mais tenra idade. Lista das emendas - As melhorias introduzidas pelas redações posteriores CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

concreto, citando as emendas inteiramente consoantes às tradições cristãs do Brasil, a serem acolhidas num texto de LDB da educação, O âmago da crise educacional Pela mesma razão, o novo estudo da TFP trata também de outros aspectos da situação educacional brasileira, mostrando que a atual crise do ensino é uma questão de conteúdo, e não de forma. Em outros termos, não adianta aumentar a área construída, o tempo de permanência na escola, ou abarrotar as cantinas de alimentos. O necessário é reformular os currículos, rever os métodos pedagógicos, deixar de utilizar a escola pública como laboratório de experiências duvidosas. A 1FP aplaude, assim, não só as emendas anti-socialistas, mas também aquelas (não citadas uma por uma, para não alongar o documento) que visam o aprimoramento pedagógico e organizativo do ensino nacional, bem como o favorecimento de nossa tão maltratada classe docente. No fim de sua análise, a Comissão de Estudos Pedagógicos da entidade pede aos deputados que acolham favoravelmente as boas emendas, eliminando, da nova LDB da Educação, todos os pontos censuráveis que violam, no plano do ensino, o mais precioso de nosso patrimônio moral e cultural, fazendo com que o Brasil perca sua própria identidade.

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···. ~ AfOILliCliSMO

O BRASIL REAL, BRASIL BRASILEIRO

·~

CADERNO ESPECIAL Nº 6

'

Nãó simplifique ...

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brasileiro é naturalmente cor- conseguiu foi, em linhas gerais, dar o primeidial, inimigo de contendas... e ro impulso para tirar o Jeca Tatu de sua não gosta de trabalhar. Não gos- cabana. E depois para jogá-lo cada vez mais ta, também, de estudar". debaixo doo viadutos das grandes cidades. Se se fosse fazer uma enquête entre os Mas afinal, o brasileiro é indolente? nossos co-nacionais, perguntando quem Georges Clemenceau, cognominado acha verdadeira tal afirmação, creio que "'o Tigre", era um político agnóstico, perseos índices de aprovação seriam extrema- guidor da Igreja e um esquerdista para sua mente altos. época. Apesar disso, não se pode negar ter E aqui já aparece - por detrás do sido ele homem de visão penetrante, caracproblema da belicosidade ou não, opero- terística notória do espírito francês. Era tamsidade ou não, aplicação ao estudo ou não bém um espírito de notável energia, tendo - uma outra característica do brasileiro, sido, indiscutivelmente, o artífice da vitória que não deixa de ter sua nobreza: ele francesa na Primeira Guerra Mundial. geralmente reconhece sem grande difiArguto conhecedor dos homens, e tamculdade os defeitos nacionais. Assume-os bém um observador muito fino, esteve em com certa naturalidade, certa flexibilida- nosso país é consignou suas observações. de, certa tranqüilidade. Não há nele aque- Eis um trecho do que escreveu: le chauvinismo que leva habitantes de "'O Orissa atraca entre os grandes navios outros países a negar a falha que lhes de carga em que, através do vão escanimputam no momento da enquête. carado dos cais, filas de carregadores Este fato mostra que o brasileiro é . empilham sacas de café. O homem avannaturalmente bastante aberto. Será tam- ça para a rampa com um passo vivo e, a bém trabalhador? partir do momento em que o camarada O próprio Pero Vaz de Caminha pare- que o precede se desembaraçou de seu ce ter intuído algo, quando ressalvou que fardo, executa a mesma manobra, logo nossa terra daria de tudo, mas "'querendoª aproveitar". Li em um matutino paulista que Getúlio Vargas, desejando industrializar o País, -contratou alguns compositores para lançarem canções que estigmatizassem a indolência nacional. E que as modinhas vieram. O artigo mencionava uma música de carnaval, que descrevia a funcionária pública "'Maria Candelária", a qual batia o ponto e depois ia à modista, ao café e ao dentista, voltando no fim do expediente para bater novamente o ponto e ir para casa. Citava também a famosa música "'caipira": repetida atrás dele, e mostra uma cascata "'Eta vida marvada, ininterrupta de sacos amarelos, desde as Num diantafazê nada. docas onde se armazenam montanhas de Pr:á que se eeforçá café, até as vastas laterais do transporte. Se num dianta trabalhá.. ." "'O Sr. que ouviu muitas vezes, como Muita gente cantou estas músicas sem eu mesmo, criticar a indolência crio/a, se dar conta de que havia nelas segundas saiba que o brasileiro 'preguiçoso' não intenções, e de que por detrás delas estava ... interrompe este duro trabalho a não ser o Governo. Fazia parte das pretensões da para o estrito tempo da refeição e que, no Revolução de 30 acabar com a modorra extremo do verão, sob o sol mais ardente, nacional e industrializar o País. O que ela nem mesmo faz 'siesta"'.

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Clemenceau, portanto, vislumbrou um significativo contraforte à opinião não destituída de alguma realidade, de que o brasileiro é preguiçoso. Em outros termos, dando-se-lhe estímulo necessário e uma ambientação que o convide ao esforço, pode ser que o brasileiro manifeste condições de operosidade verdadeiramente privilegiadas. Ainda recentemente, chegou-me ao conhecimento nova ressalva no mesmo sentido. Uma firma japonesa, que fabrica computadores na zona franca de Manaus, verificou que oo operários brasileira, se desincumbiam de sua tarefa mais rapidamente do que oo seus colegas, do próprio Japãor embora famoS06, estes, por sua operooidade. De seu lado, um banco de nosso País publicou anúncios no Exterior, nos quais assegurava que, se alguém precisa fazer algo em um prazo impossível, o jeito é procurar algum brasileiro. Gastar-se-ia uma fortuna nesta propaganda se isto não tivesse algum fundo de verdade? Não é próprio do brasileiro (falo em geral) trabalhar apenas porque, nas vias de sua vida, ele encontra uma placa com uma seta que diz: "'Trabalhe!". Outros povos poderão fazer isso. O nosso não. Mas se ele se decidir a fazê-lo, por razões que considera verdadeiras, tem todos os recursos humanos para ser um bom planejador, um bomexecutor,é certo, mas, sobretudo, um excelente improvisador. O espírito de nossos co-nacionais não é complicado, mas é complexo. O que vale para o trabalho, vale para a luta. O escritor Hernani Donato publicou documentadíssimo "'Dicionário das Batalhas Brasileiras" (IBRASA, São Paulo, 1968) mostrando que "'dos 365 dias do ano, menos de meia dúzia deixam delembrar batalhas". De modo geral, não é esta a idéia que se tem da belicosidade de nosso povo. Por falta de espaço, fica este assunto para outra vez. LEODANIELE

CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

São José, Protetor da Santa Igreja


1 perpfe>dt[aáe de São José Evangelho de São Mateus, 1, 18-18 A geração de Jesus Cristo foi deste modo: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, achou-se ter concebido (por obra) do Espírito Santo, antes de coabitarem. José, seu esposo, sendo justo, e não a querendo difamar, resolveu repudiá-la secretamente. Andando ele com isto no pensamento, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que nela foi concebido é ( obra) do Espírito Santo. Dará à luz um filho, ao qual

porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta, que diz: "Eis que a Virgem conceberá e dará

Comentários compilados por São Tomás de Aquino na "Cate na Aurea"

Comentário do Revmo. Pe. Bertbe

à luz um filho, e lhe porão o nome de Emanuer', que quer dizer: "Deus conosco". Ao despertar José do sono, fez como lhe tinha mandado o anjo do Senhor, e recebeu em sua casa (Maria), sua esposa. Não a conheceu até que deu à luz um filho, e pôs-lhe o nome de Jesus.

A volta de Nossa Senhora a Nazaré tomou-se a ocasião de mortais angústias. Desde a primeira conversa com sua esposa, José não pôde deixar São João Crisóstomo, 7!! Homilia - O Anjo de notar os sinais não equívocos de sua. futura apareceu a José em meio a sua perturbação maternidade. Ignorando o mistério da Incarnatambém para que se mruu.{estasse a sabedoria ção, ele se perguntou o que devia pensar, e que deste justo, e que rústo se'Visse uma demonstra- decisão deveria tomar. Apesar das aparências, ção do que se lhe anunciava: pois ao ouvir da ele recusava crer Maria culpada de um crime .... boca do Anjo o mesmo que ele pensava em seu Maria lia no rosto de seu esposo as cruéis interior, era sinal inequívoco de ~~r enviado de perplexidades que transtornavam sua alma. Ela Deus o que falava, pois só Deus conhece os sofria por vê-lo sofrer, mas seu rosto conservou segredos do coração. Além disso, a narração do sua angélica sererúdade. Nenhum sentimento de Evangelista não admite suspeita, ao dizer-nos inquietude alterou a candura de seus traços. que José sofreu o que é natural que sofra um Como nenhuma palavra humana podia acalmar esposo. as legítimas ansiedades de seu esposo, ela espeTampouco pode ser suspeita a Virgem, dado rou em silêncio que aprouvesse a Deus colocar que seu Esposo, apesar de seus temores, tomou- fim a essa prova. a sob sua custódia e continuou em sua compaCom o coração rompido, José tomou enfim a nhia depois de ela ter concebido. E se a Virgem partido que lhe pareceu mais conforme à justiça. nãci' revelou a José o que o Anjo lhe havia Bastante seguidor da lei para continuar a morar anunciado, foi porque julgava que seu esposo com Maria antes da explicação do mistério, basnão acreditaria, principalmente depois de ter-se tante caridoso para entregar ao juiz uma mulher tomado suspeita. E o Anjo anunciou o mistério que ele persistia em crer inocente, resolveu abanà Virgem antes de esta conceber, para que ela doná-la discretamente .... Uma noite, ele fez os não ficasse em contínua ansiedade, se ele disses- preparativos para a partida, e adormeceu após ter se depois [da concepção]. Pois era converúentís- feito a Deus seu sacrifício. simo que se achasse livre de .toda perturbação Ora, durante seu sono, um anjo do céu lhe aquela Mãe que recebeu em seu seio o Criador apareceu e, com uma palavra, dissipou tcxlas as de tcxlas as coisas. suas inquietudes ("Jésus-Christ, sa vie, sa passion, son triomphe", Paris, Téqui, 1924. P. 17).

Oamor ou desprezo do santo !l(çJsário

distingue os gue são de 'Deus . · eos que sao do demônio

São Luís Maria Grignion de Montfort<*) No livro De dignitate Rosarii (Sobre a dignidade do Rosário)(cap. II), do bemaventurado Afano de la Roche, lê-se o seguinte que a Santíssima Virgem lhe revelou:

"Saibas, meu.filho, e comunica-o a todos, que um sinal provável e próximo de condenação eterna é a aversão, a tibieza, a negligência em rezar a Saudação Angélica, que foi a reparação de todo o mundo". Eis aí palavras consoladoras e terríveis, que se custaria a crer, se não no-las garantissem esse santo homem e antes dele S. Domingos, como, depois dele, muitos personagens fidedignos, com a experiência de muitos séculos. Pois sempre se verificou que aqueles que trazem o sinal de condenação, como os hereges, os ímpios, os orgulhosos, e os mundanos, odeiam e desprezam a Ave-Maria e o terço. Os hereges ainda aprendem e recitam o Pai-Nosso, mas abo-

minam a Ave-Maria e o terço. Trariam antes uma serpente sobre o peito do que o rosário ou o terço. Os orgulhosos também, embora católicos, mas tendo as mesmas inclinações que seu pai Lúcifer, desprezam ou mostram uma indiferença completa pela Ave-Maria, considerando o terço como uma devoção efeminada, suficiente para os ignorantes e analfabetos. Ao contrário, tem-se visto e a experiência o prova que aqueles e aquelas que possuem outros e grandes indícios de predestinação, amam, apreciam e recitam com prazer a Ave-Maria. E que quanto mais são de Deus, tanto mais amam esta oração. É o que a Santíssima Virgem diz também ao bem-aventurado Afano, em seguida às palavras que citei. (') Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, Vozes, Petrópolis, 1961, 6a. Bd., n. 250

ORAÇÃO DE ESTER (trechos) Ester, 14, 3-19 [A rainha Ester] orava ao Senhor Deus de nossa ruína; mas volta contra eles os seus Israel, dizendo: desígnios. Lembra-te de nós, Senhor, e mosMeu Senhor, tu que és o único rei, socor- tra-nos a tua face no tempo da nossa tribure-me, que não tenho outro auxílio fora de lação. . ti. O meu perigo está iminente. Dá-me força, Senhor, rei dos deuses e de Nós pecamos na tua presença, e por isso todas as potestades. Livra-nos com a tua mão entregaste-nos nas mãos dos nossos inimi- e socorre-me, que não tenho outro auxílio gos. Justo és, ó Sel)hor. senão a ti, Senhor, que conheces todas as Mas agora não se contentam com oprimir- , coisas; sabes que aborreço a a glória dos inínos com uma duríssima escravidão, senão que quos. pretendem transtornar as tuas promessas, desDeus forte sobre todos, ouve a voz daqueles truir a tua herança, fechar a boca dos que te que não têm outra esperança e livra-nos da louvam e extinguir a glória do teu templo e do mão dos iníquos; livra-me a mim do meu teu altar. temor. Não entregues, Senhor, o teu cetro àqueles que não são nada, para que não escarneçam da


História Sagrada

em seu lar

noções básicas "EoSenhorfezconformeapalavra de Moisés; e morreram as rãs das casas, das granjas, e dos campos. E juntaram-se em imensos montões, e a terra ficou infeccionada. "Mas o Faraó, vendo que lhe era dado alívio, endureceu o seu coração, e não os ouviu.

AS CINCO PRIMEIRAS PRAGAS DESPOIS DOS prodígios operados por Moisés e Aarão no Egito, diante do Faraó, pedindo-lhe que deixasse sair o povo de Israel, "o Senhor disse a Moisés: Obstinou-se o coração do Faraó; não quer deixar partir o (meu) povo"< 1>. Deus então, por meio de Moisés, "feriu sucessivamente aquele país com diversos castigos comumente chamados as Dez Pragas do Egito"<2). Hoje veremos as cinco primeiras. Primeira praga: água em sangue Por ordem de Moisés, Aarão "levantando a vara, feriu a água do rio na presença do Faraó e dos seus servos; e ela converteu-se em sangue. E os peixes que havia no rio morreram; e o rio corrompeu-se; e os egípcios não podiam beber da água do rio e houve sangue por toda a terra do Egito. E o coração do Faraó endureceu-se, e não os ouviu. E todos os egípcios cavaram nos arredores do rio para encontrar água. Segunda praga: as rãs "E o Senhor disse a Moisés: dize a Aarão: estende a tua mão sobre os rios e sobre os ribeiros e lagoas, e faze sair rãs sobre a terra do Egito. E Aarão estendeu a sua mão sobre as águas do Egito, e as rãs saíram e cobriram a terra do Egito. "Faraó chamou Moisés e Aarão e disse-lhes: Rogai ao Senhor que afaste as rãs de mim e do meu povo e eu deixarei ir o povo.

Terceira praga: os mosquitos "E o Senhor disse a Moisés: Dize a Aarão: estende a tua vara e fere o pó da terra, e eles fizeram assim. E todo o pó da terra se converteu em mosquitos por toda a terra do Egito. E os mosquitos existiam tanto sobre os homens como sobre os animais. Então os magos [do Egito] disseram a Faraó: o dedo de Deus está aqui; porém o coração do Faraó endure_ceu-se e não os ouviu. Quarta praga: as moscas "[E o Senhor fez com que viessem] moscas molestíssimas sobre as casas do Faraó e dos seus servos, e sobre toda a terra do Egito; e a terra foi devastada por tais moscas. "E o Faraó chamou Moisés e Aarão e disse: Eu vos deixarei ir. E tendo Moisés saído da presença do Faraó, orou ao Senhor. E ele fez o que Moisés lhe tinha pedido, e tirou as moscas do Faraó, e dos seus ser-

vos, e do seu povo. Mas o coração do Faraó endureceu-se de tal sorte, que nem desta vez deixou ir o povo. Quinta praga: peste nos animais "E o Senhor disse a Moisés: Vai ter com o Faraó e dize-lhe: eis que a minha mão será sobre os teus campos; e (virá) uma pestilência gravíssima sobre os cavalos, e jumentos, e camelos, e bois, e ovelhas. E o Senhor fará a maravilha de separar o que pertence aos filhos de Israel do que pertence aos egípcios, de sorte que não pereça absolutamente nada do que pertence aos filhos de Israel. "Ao outro dia fez o Senhor o que tinha dito; e todos os animais dos egípcios morreram; mas dos animais dos filhos de Israel não morreu nenhum. O coração, porém, do Faraó endureceu-se, e não deixou ir o povo" <3). "Todas essas calamidades (parece incrível!) não foram suficientes para mover o coração endurecido do Faraó. Açoitado pelo flagelo, prometia deixar em liberdade os israelitas; mas, apenas se via livre, não cumpria a promessa" <4>_ NOTAS 1. Ex. 7, 14. 2. São João Bosco, História Sagrada, Uvraria Editora Sa/esiana, São Paulo, 1965, 14• edição, p. 68. 3. Ex. 7, 15 até 8, 32. 4. São João Bosco, idem, p. 69.

COMENTE, COMENTE ...

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A LIÇAO DE JOAOZINHO

, demeio-dia, e o agradável aroma E uma refeição simples, mas cuidadosamente preparada, se evola

da cozinha de um modesto lar do interior paulista. Alegre e vivaz, Joãozinho chega da escola e encontra seu pai, João Fagundes, pequeno agricultor local, absorto na leitura de o "Indicador", único jornal da cidade.

tempo e pousar em não gratas recordações. - Em que pensa, papai? - Meu filho, este maldito vício do jogo marcou nossa família com um rastro de desastres, dores e angústias ... Isso se deu há muitos anos ... Eu tinha então a sua idade, 15 anos. Seu avô, homem enérgico e empreendedor desbravou terras

as exortações, as súplicas, as lágrimàs ...

E Fagundes prosseguiu

- Ótimo, meu filho - responde Fagundes, deixando cair o jornal sobre os joelhos e passando levemente o braço sobre os ombros de Joãozinho - seu trabalho já está feito!

- Não foi preciso muito tempo para se fazerem sentir as temidas conseqüências: o vício se exacerbou, as apostas cresceram, e de um momento para outro seu infeliz avô perdeu tudo o que tinha alcançado com tanto esfôrço, e se viu, com esposa e filhos, reduzido à extrema pobreza. D~esperado, optou pela solução dos pusilânimes: entregou-se à bebedeira. A tragédia tinha, pois, se abatido sobre nossa farru1ia. Sua avó - fervorosa católica - entretanto a todos nos confortava e animava. Anos de privações, angústias e lutas, sempre marcados por uma inabalável confiança em Nossa Senhora, Consoladora dos Aflitos, nos conduziram à situação digna, em que, pelo favor dEla, hoje nos encontramos.

- Como assim? interpela surpreso o menino.

- Puxa, papai, o senhor nunca me tinha contado tais coisas.

- Papai - interrompe pressuroso o menino - Dona Gertrudes, a professora de Educação Moral e Cívica, pediu-nos um trabalho sobre a liberação dos jogos de azar, tema que, segundo nos disse, já consta de projeto de lei a ser votado brevemente pelo Congresso Nacional.

- Precisamente acabo de ler no "Indicador" um pronunciamento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, càtólico brasileiro de grande valor, fundador da TFP, sobre este assunto. Você aqui o tem: "Os jogos de azar, e notadamente a roleta, fascinam. E freqüentemente a tal ponto que arrastam os jogadores pela via das mais extremadas temeridades. Na ponta desta encontra-se a ruína. E não raras vezes a ruína se apresenta, desde logo, de braços dados com o suicídio". Faça sua a opinião deste grande brasileiro, explique-a com palavras próprias, comente-a, e você terá assim cumprido seu dever. Ah... se essas verdades estivessem gravadas profundamente nas almas de todos os brasileiros ... O pensamento de Fagundes, a essa altura, parece retroceder no

em toda essa regiao, e tomou-se logo poderoso, rico e respeitado fazendeiro. Graças às riquezas que ajudou a construir, a cidade cresceu, o comércio floresceu,. e muitos aventureiros para cá foram atraídos. E ali, bem em frente à igreja matriz, um estrangeiro montou um restaurante-cassino, onde homens, até então probos e respeitáveis, passavam as noites a se distrair e jogar. Entretanto, como bem adverte Dr. Plinio, o jogo fascina. E seu avô foi um dos primeiros fascinados. Tornou-se logo um inveterado apostador. Nossa família, sobretudo sua avó, sobressaltou-se, mas de nada valeram

- Sim, meu filho, mas o faço agora porque você está atingindo a idade em que deve ir se preocupando com os interesses e o futuro de nosso País. Converse pois com seus amigos e colegas. Mostre-lhes a horrível chaga que o infeliz projeto - cuja votação é para breve-, transformado em lei, pode abrir no seio de uma nação católica como a nossa, e os incontáveis dramas que daí podem resultar. Se muitos brasileiros agirem assim, talvez ainda se possa opor uma eficaz reação a tão catastrófica medida. Ao leitor desta página fica também o nosso convite: Argumente! Advirta! Comente, comente ...

Quinta praga: peste nos animais CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

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O RELIGIÃO

O fogo purificador do Purgatório Santa Catarina de Gênova descreve a doce tranqüilidade e os terríveis tormentos das almas que se purificam

'11:ájá

dois anos que minha alma gatório que reproduzimos a seguir alguestá numa situação semelhante . mas descrições feitas pela admirável Sand das almas do Purgatório; ex- ta Catarina de Gênova ( 1447 -1510) a resperimento suas penas e a cada dia de peito de seus sofrimentos, enquanto modo mais sensível. Sofro tal opressão padecendo as penas do Purgatório (apeespiritual, que já não sei o que é descanso nas os intertítulos são nossos)<*>. nem consolo para a alma nem para o Inocência primeva-QuandoDeuscria corpo". Essas impressionantes palavras foram proferidas por uma grande mística, de ilustre família italiana, que padeceu nesta vida os tormentos das almas que se purificam no fogo do Purgatório. A gravidade de sua declaração nos incita a refletir com seriedade sobre as descrições por ela feitas das dores características do Purgatório (e mesmo do Inferno). A liturgia da Igreja abre o mês de novembro com a grande festa de Todos os Santos e a seguir comemora os Fiéis defuntos. São duas celebrações intimamente relacionadas. Os cemitérios enchem-se de modo especial nesta ocasião com grande número de pessoas e flores e, sobretudo, tomam-se locais propícios às orações pelos que se foram. Orações que podem ser altamente benéficas às benditas almas do Purgatório. Quem pode ter certeza de que seus familiares ou amigos já goz.am da visão de Deus? Se tal dita lhes cabe, que rezem por nós. Se não ... rezemos nós por eles. Se até grandes santos podem, por vezes, ter que passar pelo Purgatório, quem de nós, não sendo mártir, poderá livrar-se dele? Foi precisamente para estimular nossos leitores à oração pelas almas do Pur18

uma alma, da parte de Deus ela sai pura, simples, isenta de toda mancha de pecado e dotada de um instinto que a impele para Ele, como seu centro e beatitude. Mas o pecado original debilita muito este instinto, e ainda mais o pecado atual. Quanto mais diminui este instinto, pior se toma o pecador; e quanto pior é ele, menos Deus se comunica com ele por sua graça, embora nunca o prive inteiramente dela, pois senão sua salvação seria impossível. Quando, pois, uma alma culpada volta à sua pureza primitiva, àquela inocência em que foi criada, recomeçam suas comunicações com Deus. Então aquele instinto .beatifico, que havia perdido, volta e aumenta a cada dia. O Batismo dá a vida sobrenatural à alma, mas pennanece nela a concupiscência que a excita sem cessar ao pecado atual. Se a alma não resiste aos atrativos do pecado, seu primeiro pecado mortal lhe dá novamente a morte, e Deus a ressuscita por meio de outra graça singular que é a penitência. Mas a alma sai deste sepulcro de tal modo corrompida, tão afeada e hedionda, que para voltar à sua inocência primeva tem necessidade de

operações de Deus, sem as quais não a recobraria nunca. É, pois, nas prisões do Purgatório que as operações divinas terminam a obra, se esta não foi tenninada durante esta vida. A alma justa, ao sair de seu corpo, vendo em si mesma algo que empana sua inocência primeva, e se opõe à sua união com Deus, experimenta uma aflição incomparável. E como sabe bem que este impedimento não pode ser destruído senão pelo fogo do Purgatório, desce para lá de repente e com plena vontade, de modo que quem a detivesse em seu caminho, a serviria muito mal. Seus tormentos seriam muito mais intoleráveis em qualquer outro lugar do que naquele especialmente designado para sua satisfação. É tal a purez.a da essência de Deus, que uma alma afetada pela menor mancha preferiria precipitar-se em mil infernos a comparecer naquele estado ante sua divina Majestade. Sabendo, pois, que o Purgatório é o banho destinado a lavar esta espécie de manchas, corre para ali apressadamente e se precipita em suas chamas, pensando muito menos nas dores que a esperam, do que na felicidade de encontrar ali sua primeira purez.a. Se uma alma não inteiramente purificada fosse apresentada a Deus, padeceria um suplício mil vezes mais intolerável do que o do Purgatório, porque não poderia sofrer a visão nem da sua puríssima bondade, nem de sua severa justiça, nem sofrer-se a si mesma vendo naquele espelho sua feia defonnidade. CATOLICISMO.NOVEMBRO 1991

Diferença com o Inferno - O estado das almas do Purgatório é diferente do dos condenados ao Inferno, porque elas sofrem a pena mas estão isentas de culpa, e é a culpa que faz os condenados para sempre criminosos, os reduz ao desespero, e os fixa numa vontade perversa, inteiramente oposta à divina vontade. As almas do Inferno foram lá submergidas porque a morte as surpreedeu no amor ao pecado, e não haverá fim nem para a culpa nem para a pena, será eterno seu suplício. As almas do Purgatório, porém, sendo sua vontade inteiramente conforme à santa vontade de Deus, goz.am de uma doce tranqüilidade. São puras de toda culpa do peca. do, porque tendo-os confessado com contrição sincera antes de deixar a vida, Deus lhes perdoou generosamente a culpa, de modo que só lhes resta a mancha ou a ferrugem para ser devorada pelo fogo.

por meio da ação devoradora do fogo, e este efeito vai aumentando sempre, até que expire o prazo assinalado da pena. O fogo que as devora é absolutamente parecido com o fogo do Inferno. A pena que as almas sofrem nos sentidos é como a do Inferno. Seu suplício é verdadeiramente espantoso. Entretanto esta pena lhes parece suave em comparação com a pena da demora de sua união com Deus.

A pena da ausência de Deus - Não sucede o mesmo alívio com a pena que resulta da demora em ver a Deus, pois esta pena não diminui, mesmo quando se aproxima seu termo. O divino amor inflama a alma do Purgatório e a impele com tanta força para Deus, que todo impedimento que encontra em seu caminho constitui para ela um tormento insuportável.

tempo que sofrem o mais horrível tormento, sem que um prejudique o outro.

Indulgências - É certo que Deus não faz àquelas almas queridas nenhum desconto da pena que mereceram, e que não sairão de seus calabouços senão depois de haver pago o que devem à sua justiça até o último quadrante. Se as orações dos vivos, as indulgências, o Santo Sacrifício lhes obtêm alguma abreviação do tormento, isto não produz nelas nenhum desejo de considerar aquela esmola de outro modo que não seja o da balança da vontade divina. Elas abandonam tudo quanto lhes concerne à disposição de Deus, que aceita este pagamento vindo da Terra em dedução da dívida, segundo o beneplácito de sua imensa vontade.

Paz no sofrimento - A santa vontade de Deus, que dispõe das almas do Purgatório segundo seu beneplácito, lhes é tão agradável, que em meio a seus tormentos não estão ocupadas senão na consideração de sua clemência e de sua misericórdia. Sofrem no fogo, e sofrem cruelmente sem dúvida, mas sendo isso vontade de Deus, elas aprovam de todos os modos. Deus se ocupa das almas do Purgatório tão constantemente como se fosse esta sua única operação. Por isso, estão elas tão comovidas, que se houvesse outro purgatório mais cruel do que aquele que habitam, se precipitariam nele no mesmo momento para verem-se livres de seu funesto impedimento. Deus as mantém no fogo até que todas as suas imperfeições e todas as suas impurezas estejam destruídas. Se a bondade de Deus não temperasse sua justiça por meio da satisfação do preciosíssimo sangue de Jesus Cristo, um só pecado mortal seria digno de mil infernos. As almas do Purgatório acham pois seu suplício tão conveniente e tão justo que não quereriam que seu rigor fosse diminuído. E estão tão satisfeitas com o que Deus faz delas, como se Ele já as tivesse admitido às delícias eternas. A pena do fogo - O pecado é uma ferrugem que cobre a alma e a impede de receber os raios do verdadeiro sol, que é Deus. Mas o fogo do Purgatório devora aquela ferrugem, e, à medida que esta desaparece, a alma recebe com mais abundância aquela luz divina que traz consigo alegria e paz. Há portanto um aumento sucessivo de tranqüilidade nas almas do Purgatório, CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

É a demora do gozo do amor divino a causa dessa pena, pena tanto mais cruel quanto mais perfeito é o amor de que Deus a faz capaz. No momento pois em que está para entrar em seu estado de inocência primeva, é quando padece mais. Goz.am pois aquelas pobres almas da mais profunda tranqüilidade, ao mesmo

(•) Os discípulos da Santa a ouviam atentamente durante seus eX1ases , e tomavam cuidadosas notas, das quais resultou o "Tratado do Purgatório", texto que São Roberto Bellarmino e São Francisco de Sales tinham em grande consideração. Em 1666, o 'Tratado do Purgatório" foi examinado pelos doutores da Sorbonne, os quais o qualfoaram de "uma rara efusão do espírito de Deus em uma alma pura e amada; e um penhor maravilhoso de Sua solicitude pela Igreja e de Seu cuidado em iluminá-la e assisti-la". A edição que citamos nesta síntese é de 1938, Buenos Aires, Libreria Santa Catalina, e contém um "p uede imprimirse" de Mons. Antonio Rocca, Bispo de Augusta e Vigário Geral.

19


O ÁFRICA DO SUL

O REVOLUÇÃO ECONTRA-REVOLUÇÃO

Nas tendências, a chave da questão

H

á pessoas das quais talvez se possa dizer que, para elas, o Universo é um conjunto de galáxias que giram em tomo de um punhado de livros. Seriam exclusivamente os livros, e as idéias que eles contêm, que determinam a marcha dos acontecimentos. Para tais pessoas, a crise que estamos analisando nesta série de artigos teria sua origem apenas nas idéias falsas. Outros julgam que a crise moderna nasceu unicamente de uma grande conspiração feita pelos inimigos da Igreja. Sem negar o que há de verdadeiro nestas duas opiniões, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira vai bem mais longe e mais fundo, quando afirma que a crise hodierna não se situa apenas no âmbito das idéias e dos fatos, mas em uma camada ainda muito mais profunda: a das tendências humanas. "A maispossanteforçapro-

"E porque odeia toda autoridade, odeia também toda superioridade, de qualquer ordem que seja. E nisto há um verdadeiro ódio a Deus" (I,VII).

Exemplificando: um empregado orgulhoso primeiramente odeia seu patrão. Num segundo grau, passa a odiar todos os patrões, e daí, todas as outras autoridades. Por fim, toma-se contrário ao princípio de

pulsora da Revolução está nas tendências desordenadas. E por isto a Revolução tem sido comparada a um tufão, a um terremoto, a um ciclone. É que as/orças naturais desencadeadas são imagens mate riais das paixões desenfreadas do ho mem" (Revolução e Contra-Revolução, l,VI). As paixões que mais propul-

sionaram a crise em que o mundo hoje se debate são duas: o orgulho e a sensualidade. Elas conduzem a duas noções centrais no espírito contemporâneo: igualdade absoluta, liberdade completa. O igualitarismo é, no fundo, a metafísica e a religião do século XX. Ele é servido pelo vício do orgulho. Como isto acontece? É muito interessante ler em Revolução e Contra -Revolução, como que filmado cm câmara lenta, o processo pelo qual o orgulhoso acaba se tomando igualitário. "A pessoa orgulhosa, sujeita à autoridade de outra, odeia primeiramente o jugo que em concreto pesa sobre ela. Num segundo grau, o orgulhoso odeia genericamente todas as autoridades e todos os jugos, e mais ainda o próprio princípio de autoridade, considerado em abstrato. 20

autoridade, e inimigo de toda e qualquer superioridade. O orgulho, que o levou a odiar seu patrão, lhe fez penetrar na alma tudo o mais. Analogamente, alguém que deseje sentir e fazer tanto quanto as paixões desregradas - principalmente a sensualidade - exigem, acaba aderindo ao liberalismo, que pode ser resumido no famoso dístico: é proibido proibir. E assim vemos como tendências acabam engendrando doutrinas, e fazendo com que estas se alastrem dentro da sociedade, à maneira de cânccres. Não é demais lembrar que tanto o igualitarismo, como o liberalismo, são doutrinas condenadas pela Igreja. Seria

Homenagem silenciada...

extensa a lista dos documentos em que estes dois erros são estigmatizados pelos Papas. Através do permissivismo atual, o liberalismo está campeando por toda parte, e poucos são os que o negam. Quanto ao igualitariasmo, as opiniões talvez não sejam tão unânimes. E possível que alguém objete: com a "morte do comunismo", o igualitarismo também está desaparecendo. Vários partidos comunistas chegaram até a retirar a promoção da luta entre as classes de seu programa. Portanto, estão renegando o igualitarismo. Triste engano ! O que está sucedendo em boa medida é o contrário. Nas relações internacionais, a velha concepção da luta de classes vem se revigorando, sob as feições do alardeado conflito dos países do Sul pobre contra os do Norte rico. O velho Marx ressurge de suas cinzas, com roupa nova... Sobretudo, a sociedade oci' dental não comunista está impregnada de igualitarismo nos costumes, nos ambientes, no modo de encarar a vida e muitas vezes também nas leis. As diferenças baseadas em . sexo, idade, condição social, educação diminuem a olhos vistos, e as mentalidades vão se acomodando a uma espécie de amálgama onde todas elas se fundem, enquanto as convicções são erodidas pelo culto ao consenso. O que é isto, senão o triunfo da doutrina igualitária? Conclui-se que o igualitarismo e o liberalismo estão chegando a seu clímax na História da humanidade, e constituem os traços fundamentais desta crise do mundo de hoje. Qual a meta para onde encaminha o rumo geral dos acontecimentos? Sem dúvida o anarquismo, "o ideal simultaneamente mais liberal e mais igualitário que se possa imaginar".

JOSE BELMONTE

A falsa popularidade do líder esquerdista Nelson Mandela

E

m fins de julho passado, chegou ao Brasil um dos maiores mitos da m{dia universal: Nelson Mandela, presidente do Congresso Nacional Africano (CNA), movimento que se autodefine como o "irmão siamês" do Partido Comunista da África do Sul. Catolicismo, já em sua edição de agosto/90, denunciou o grande show propagandístico montado por essa m{dia e por governantes do Ocidente, ao receberem o antigo guerrilheiro sul-africano com honras de herói e mártir. Por ocasião da tournée que empreendeu pelo mundo, após sua libertação em junho de 1990, o líder esquerdista foi recebido triunfalmente por Chefes de Estado europeus, do Canadá e dos EUA.

Poster de propaganda da homenagem ao casal Mandela, cujos promotores foram a Auto/atina, o Governo do Estado de São Paulo e duas de suas Secretarias, bem como o Conselho da Comunidade Negra deste Estado.

WTE AO LADO DESTA FAMILIA, PELA SUA FAMÍLIA.

Um ano depois, Mandela faz novo giro por países ocidentais, incluindo o Brasil em seu roteiro. Acompanhado de sua mulher Winnie (que havia sido condenada pouco antes por um tribunal sul-africano ), o presidente do CNA foi acolhido festivamente por autoridades brasileiras. E o povão, como recebeu Mandela?

No show, muita música e pouco público...

A melhor resposta a essa indagação é deixar as fotos inseridas nesta notícia falarem por si. O episódio simboliza bem a indiferença e o pouco caso sagazes com que o povão encarou essa tão celebrada visita.

Estádio Municipal do Pacaembu (com capacidade para conter mais de 100 mil pessoas); 2 deagootopassado. Espetáculo: Exibição de mais de dez conjuntos musicais (de rock, lambada, música afro-brasileira, etc). Público presente: Aproximadamente 1.500 pessoas!. Mandela e Winnie: Os homenageados prudentemente não compareceram ... Mídia: Tão prolixa e incensadora de Mandela nas recepções oficiais, curiosamente silenciou por completo o show-homenagem fracassado ...

CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

MANDE1A

CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

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O HISTÓRIA

"Oh Virgem da Conceição": nossa canção de guerra Canções e poesias religiosas atestam a devoção de nossos soldados, que assistiam à Missa antes de batalhas, na Guerra do Paraguai

A

mais antiga música militar .em da entre a Tríplice Aliança - formada execução no Exército brasileiro, pelo Brasil, Argentina e Uruguai - e o desde as épocas coloniais até o Governo da República do Paraguai refim do Império, talvez tenha sido o Hino presentado então pela figura do Marechal a Nossa Senhora da Conceição, padroeira Francisco Solano Lopez, uma espécie de do Exército Imperial, também conhecida pseudo-Napoleão guarani, de melancólica memória. como Canção do Soldado. O general Raul Silveira de Mello em O general Cerqueira historia: ..Na vi..O Terço dos Soldados ou dos Militares" afirma que ..antes mesmo do advento do gz1ia do dia 23 de maio de 1866, antes da Hino Nacional, o hino a Nossa Senhora histórica batalha de Tuiuti, ao toque de da Conceição era a balada dos nossos recolher, às oito horas da noite, todos os avoengos, a nossa canção de guerra". corpos formaram. Depois da chamada, Esta canção era entoada por todos os sol- os sargentos puxaram as companhias dados do Exército, nos quartéis, após a para a frente da bandeira, e rezau-se o revista do recolher. · terço. Alguns praças, os melhores cantores, entoaram com voz vibrante, sonora e "Ajoelhar corpos" -A este propósito, cheia de sentimento, a velha canção do relata o general Dionísio Cerqueira, em soldado brasileiro: Oh Virgem da Consua obra Reminiscências da Campanha ceição, Maria Imaculada, vós sois a addo Paraguai, impressionantes fatos ocor- vogada dos pecadores, e a todos encheis ridos durante a Guerra do Paraguai trava- de graça com vossa feliz grandeza. Vós

sois dos céus, princesa, e do Espírito Santo, Esposa. Santa Maria, mãe de Deus, rogai a Jesus, rogai por nós. Tende misericórdia, Senhora. Tende misericórdia de nós. Maria mãe de graça, mãe de misericórdia, livrai-nos do inimigo. Recebei-nos na hora de nossa morte. Amém" C2). As músicas de quarenta batalhões acompanhavam, expressivas, aquela grande prece ao luar, rezada tão longe dos lares <3).

Tocava-se depois: ajoelhar corpos. Todos aqueles homens simples, rudes e cheios de fé, que iam bater-se como leões, .no dia seguinte, puseram-se de joelhos, e com as mãos musculosas, apertando os largos peitos valorosos, entoaram, cheios de contrição e de fé, o ..Senhor Deus, misericórdia, Senhor Deus pequei, Senhor misericórdia. Senhor Deus,por nos-

sa Mãe Maria Santíssima, misericórdia". Logo depois começavam a rezar o terço. "Bandeiras se batiam até o chão" Era notório o espírito religioso de que estavam imbuídos os brasileiros que participaram na Guerra do Paraguai, além da bravura militar que caracterizou os combatentes. Neste sentido, relata-nos o já citado general Dionísio Cerqueira as Missas e cerimônias religiosas realizadas nos acampamentos nacionais dos Voluntários da Pátria:

..No alto da coxilha do Potreiro Pires, construiu-se, por ordem superior, uma capelinha coberta de colmo e paredes de taipa de sebe. Todos os domingos ia à Missá a divisão inteira. ·Era digno de ver o grandioso espetáculo daquela infantaria,formada em colunas contíguas, ajoelhar no campo, de cabeça descoberta, as armas em adoração e batendo no peito, quando o sacerdote levantava a Hóstia e todas as cornetas tocavam marcha batida e todas as músicas do Hino Nacional e todas as bandeiras se batiam até o chão. A ordem da divisão era para a Missa às nove horas. As brigadas formavam às oito, os batalhões às sete e as companhias às seis ou antes. Para aquela soldadesca

não deixava de ser fatigante essa formatura, a pé.firme, tanto tempo. Entretanto, iam a ela satiefeitos"<4).

Nos trágicos cenários dos campos de batalha circulava o jornal, com título bem brasileiro, .. A Saudade", que os ruídos das armas não conseguiam silenciar. Em suas páginas diminutas mas cheias de sentimento e inspiração, corriam soltas as composições de nossos poetas e trovadores. De todos, o mais fecundo e que maior impressão fazia no meio da contenda era o Visconde de Albuquerque, que a 16 de outubro de 1866, publicava esta invocação a Nossa Senhora:

"Oh Maria Sacratíssima Estrela do mar bend{ta Que o Eterno procriaste, E no teu seio guardaste A majestade infinita, Dá-nos completa vitória Faz que do Brasil a glória, Pela tua intercessão, Oh Virgem da Concei,ção, Imortal seja na História. Ao Fillw querido teu, Recomenda, Santa Virgem,

Essa esquadra ciya origem

Do lenlw em que Ele sofreu, Traz o nome orgullw seu, Da Terra de Santa Cruz, Dá-nos, Senhora, essa luz que dirigiu IsraeL Sinta o inimigo infiel Que sois vós quem nos conduz" <5l _

• CARLOS SODRÊ LANNA Notas 1. Dionísio Cerqueira, Reminiscências da Campanha. do Paraguai, Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 1980. 2. Op. cit., p. 155. 3. Projeto Brasilidade, Instituto Cultural GBOEX, Porto Alegre, 1990, vol. 1, p. 40. 4. Dionísio Cerqueira, op. cit., p. 181. 5. Idem, ibidem, p. 189.

Defeitos, os há em todas as classes sociais "É talvez por causa dos maltrapilhos orgulhosos que a divina Escritura adverte, quando diz: 'Há quem pareça rico, não tendo nada' (Prov. XIII, 7).

De fato, se é com dificuldade que se tolera um rico soberbo, quem suporta um pobre soberbo? Portanto são melhores aqueles que se humilham, mesmo sendo ricos".

(Retto uso delle richese nella tradizione patristica, a cura di Mauro Todde e Alieto Pieri. Ed. Paoline, Milano, 1985, p. 429).

SANTO AGOSTINHO 22

CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

CATOLICISMO, NOVEMBRO 1991

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TFPs EM AÇÃO

S.O.S. Colômbia

PELA LIBERTAÇÃO DE CUBA

TFP colombiana denuncia um plano de genocídio espiritual, psicológico e material sem precedentes na América do Sul

Estandartes, faixas e fanfarra da TFP nas festividades da Padroeira da outrora "Pérola das Antilhas" New York - Em Union City (cidade anexa a New York), realizaram-se as festividades em homa de Nossa Senhora da Caridade, padroeira de Cuba, que a colônia de exilados cubanos promove anualmente a 8 de setembro. Neste ano, tiveram elas uma nota de especial súplica à Mãe de Deus: em prol da libertação da ilha escravizada pelo regime marxista de Fidel Castro, já debilitado pelo seu próprio fiasco e pelo caos atualmente reinante na União Soviética. A procissão, conduzindo a imagem da Padroeira, percorreu por mais de duas horas as principais vias de Union City, e

contou com a presença de autoridades municipais, bem como da associação ..Cubanos Desterrados" e outras. A Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade teve uma presença muito marcante no evento, com seus jovens cooperadores rezando o Terço e conduzindo estandartes e faixas. Esteve também presente à festividade a fanfarra da TFP. Entre as músicas apresentadas por ela causou vivo entusiasmo no público o Hino Nacional cubano, executado na abertura e no encerramento da procissão.

I

"Qual é a razão última, pela

o lançamento do livro qual a guerrilha emprega o "Colômbia S.O.S. Um país seqüestrado". seqüestro como uma arma O estudo pretende para desintegrar a sociedade obter a máxima difusão e permitir assim sua eventual no País, tendo sido de conquista? início distribuído nos Nada melhor do que responder com as próprias paambientes oficais e di- lavras de um revolucionário. O testemunho é do plomáticos, a começar guerrilheiro Luis Otero Cifuentes: por órgãos da Santa Sé, como a Secretaria de O conceito burguês de pesar, compaixão, dor, não Estado além de orga- existe. A revolução faz-se com sangue e este deve nismos internacionais ser vertido por quem estorve os propósitos revolucomo a ONU e Comis- cionários. Nada nos comove; o fim Justifica os sões de Direitos Ruma- meios; todo aquele que se oponha à conquista do nos. poder deve ser eliminado ..... Os seqüestros são Medindo a fundo os uma forma de conseguir expropriações. .... Não nos riscos de vida a que ex põe cada um de seus impressionam as lágrimas das vítimas, nem os chomembros, decidiu a ros da família. Só nos interessa seu dinheiro para 1FP daquele país de- sustentar uma guerra cada vez mais cara... " pp. 14 e bia. nunciar os mecanismos do implacável extermíuma visão de conjunto de até onde chegou Denúncia - A voz sempre corajosa, nio sócio-cultural a que está submetida a o trágico fenômeno de desarticulação sooportuna e esclarecedora da Sociedade Colômbia. cial e cultural. Colombiana de Defesa da Tradição, FaA forma confusa com que os fatos são Baseado sobretudo cm fontes da immília e Propriedade, uma vez mais se fez apresentados por alguns meios de comu- prensa colombiana, o livro aborda alguns ouvir em meio ao turbilhão do caos, com nicação, faz com que poucos possuam aspectos ilustrativos da realidade, alertando para o fato de o país estar sendo induzido a admitir fórmulas capitulacioO espectro da morte passou a conviver habitualmente com os colombianos nistas em relação à guerrilha.

mplacá':'ei? atentados, c~éis seqüestros, cnnunosos assassinatos tomaram-se rotina na vida dos colombianos. A nação inteira presencia a violação diária de numerosos direitos básicos, reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem, feitos especialmente por movimentos guerrilheiros marxistas, os quais recebem comprovado apoio logístico e militar do regime comunista cubano. Ao abrigo do caos produzido pela guerrilha, grupos de delinqüentes comuns e grupos armados ligados ao narcotráfico são responsáveis por numerosos atentados contra os mais elementares direitos da população. O seqüestro tornou-se o mais trágico e eficaz instrumento de desmembramento social, cultural e psicológico da Colôm-

Plano revolucionário - Ao encerrar a visão de conjunto de sua denúncia os autores da obra se perguntam se o fenô meno descrito é algo de espontâneo e irreversível ou um plano revolucionário meticulosamente planejado. Optando pela segunda hipótese - a favor da qual falam numerosos indícios - o livro afirma que podem opor-se a esse processo de decomposição energias espirituais e morais que despertem uma reação salvadora. Animar e revitalizar as fibras de alma de todos os colombianos que querem resistir à progressão dessa gangrena que ameaça a essência e a continuidade da nação é pois o desígnio que, com a ajuda generosa e solícita da Providência, almeja a TFP da nação innã.

Estandartes tremulam no castelo Porto - A TFP lusa promoveu no castelo de Santa Maria da Feira, nesta cidade, uma Semana de Estudos que constou de palestras de formação cultural, além de competições de estilo medieval, em ambiente decorado com estandartes e escudos. Uma das palestras esteve a cargo do Prof. Eduardo Sebastião de Oliveira, presidente da comissão que administra o castelo. A construção remonta ao século XI, e ao longo dos tempos ali se passaram importantes episódios da História de Portugal.

CATOLICISMO.NOVEMBRO 1991

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P..A..lr-..JEL

É preciso ser contra a poluição...

... mas, sem cair no eco-f anatismo



DOM PEDRO II N assa hon1enagen1 no

centenรกrio de sua n1orte (1891-1991)


• Dezembro de 1991

Discernindo, distinguindo, classificando ...

Mensagem de N atai

N atai da confiança O Natal evoca uma restauração próxima da civilização católica

C

orri a o ano 800. Era di a ele Natal. N aquele Natal, na ate Ira i ci o Vi gári o por 11111a f eliz t011córdia e pela perm11ta Entra na Catedral ele L atrão, em ele C ri sto, nasce o Impéri o ca tólico ci o 0111i.1·tosa de ho11s t!/fcios"; m ai. aind a, Rom a, a Catedra l ci os Papas, um Oc idente - nervura centra l ela ci v ili za- "organizada assim , a sociedade civil de11 hom em m aj estoso, qu ase sexagenan o, ção cri stã medi eva l - com o 800 anos .fi·1110.1· s11periores , todo expectati va" em cujos o lhos brilham idea is sem fim , antes, no mesmo di a, hav ia nasc ido numa (bncíc l ica l111mort ile I ei) . em cuja corpul ência e estatura quase ele manjedoura o M enino Jesus. *** giga nte notam -se a força indom ável ci o Ao fund ar a Sa nta Ig rej a Ca tó li ca g uerreiro, ·e nas cãs e na barba um a bonApostóli ca Rom ana, Nosso Senhor Jes us Em cert o 111 0 111 ' nl o, po rém, ve ndava is dade e um a doçura indi zív ei s. C ri sto co locou nEla, em sem ente, todas r vo lu ·ionCi ri os, soprndos pelo infern o, Não é um homem qu al·om \ :aram a percorrer a q uer, l ogo se v ê. É um 'I' ·rra . u ccleram -se as reRei ... M as que Rei! Já te ve vo lu ções : a pro tes tante que submeter, em territóri o (s e. XV 1), a francesa (séc. ci os francos, os aquitanos e V III ), a comuni sta (séc. os lombarcl os; passou os XX) demolindo partes suPirineus para quebrar, na e ss i vas cio magnífi co edi Espanha, o poder am eaçafíc io med ieva l. H oj e em dor ci os ára bes; reprimiu a dia, os ventos revo lucionáin surreição cios saxões e ri os se ai-i ra m com ódi o ci os bávaros; e está em pl emul tipli cado sobre o po uco na lut a com os ávaros . Sua que resta de ci v ili zação na fa ma ele batalhador só se soc iedade, de fé nas almas iguala à ele defensor ela Fé. e de lu z da razão nos esp íSob seu influxo, as artes e ritos. as ciências fl orescem por Nes te N ata l el e 199 1, toda a Euro pa. Ex tremosapa rece que chegam os ao mente amacio por seus súf i m. T udo é deso l ação, d itos, venerado por seus como após a morte de Nosg uerreiros , seus domíni o enhor. T udo, menos se estendem cada di a m ais um a co isa. A pós a cru ci fiem terra s pagãs, e com eles xão , restou na alm a sa ntísa benéfi ca influ ênc ia el a sima ele Nossa Senhora a Reli gião ca tó li ca. cert eza I uminosa da Ress uT rata -se ci o grande arreição . los M agno, perd oem -nos a Essa certeza, hoj e tamred und ância. bém, Ela a comuni ca às alPois bem , esse homem mas fi éis. Certeza ele uma ele tanta gra ndeza, esse Rei ress ureição el a ci v ili zação poderoso, penetra na Catecató li ca , to rn ada aind a dra l para reza r, com o um m ais esplêndida ci o que foi humil de se rv o el e Jes us outrora, luminosa com o o M enino. Aj oelha-se, baixa fora m as chagas ele C ri sto a cabeça, ado ra a Deus fe i- São Leão Ili coroa Carlos como Imperador de Roma na basílica de São ress urrec to : o R e in o el e Pedro, no Natal do ano 800

to homem e impl ora mi seri córdi a para seus pecados. B ate no pe ito, recorre à in tercessão ela doce Virgem M ari a, e não se dá conta ele que alguém se aprox im a devagar, em sil êncio res peitoso. É um sacerd ote? Um Bi spo? Não apenas . É um Papa. É um Papa santo. É São L eão m, que tra z algo nas mãos . Sem ser notado, o Pontífi ce chega junto a arl os M agno e sobre sua fronte cl escob ri a co loca uma co roa. U m a coroa nova, não já ele Rei ma· ele Imperad o r.

2

as potenciali dades para gera r uma grande ci v ili zação. 0 111 a expansão da I grej a, co m a conversão dos povos ao longo de oito séc ul os, a semente se desenvo l veu, torn o u-se um a poss ibilid ade co ncreta, desabroc ho u por fim , no ano 800, no Im péri o ele Carl os M agno, abençoado e ratifica do pelas m ãos ele um sa nto sucessor ele Pedro . Então, ensin a Leão XIII , "o Sacerdó-

M ari a anunciado por São Luís G ri gni on de M ontfo rt, pro fet izado em Fátim a pela Virgem Santíss ima. N as ce rá ele também num N atal , co m o o do ano 800 ? Num Natal muito, muito pró ximo? Q11e111 viver verá, di z conhec ido adágio. Podería mos acrescentar: Quem con-

fia r verá. C.A.

cio e o Império eslavarn ligados entre si

m meio às brumas, densas e obscu- cado e gyre uma nova civilização. Vitórias, ras, de tantas incertezas com que enfim, sobre os incontáveis fatores de desagrefinda o ano de 1991, ao olhar can- gação e de destruição que, de todos os lados, sado dos homens do século XX se assediam a Igreja, tão combalida, e apresentam, em número cada vez os pálidos restos de civilização maior, perspectivas de derrotas, de cristã no mundo. fracassos e de ruínas. E, nessa perspectiva, é o moEntretanto, é preciso esperar a mento de, na data máxima da Crisintervenção divina no curso dos tandade, voltarmos os olhos com acontecimentos. Por mais que mais confiança do que nunca para Deus tarde, nunca nos frustra. E a Nossa Senhora, Rainha de Glória, sempre vitoriosa. recompensa da confiança, na espera, é maior do que tudo quanto se Sim, para a gloriosa Virgem possa 1magmar. Maria, que reuniu em si todas as Deus eterno tem o direito de tardar! Basta . esperanças dos Patriarcas, posto que, de seu considerarmos as promessas do Antigo Testa- Fiat (faça-se), dependeu a realização delas. mento, arrastando-se através dos milênios, de Patriarca em Patriarca, de Adão a São José, até Respondendo aos apelos da Santíssima Vrro momento em que de uma Virgem nasceu um gem, Nosso Senhor Jesus Cristo veio à Terra, Menino e teve início a já longa História do e do mesmo modo, de geração em geração, Ele gênero humano finalmente redimido. visita com superabundantes graças as almas fiéis na Noite de Natal. Que Maria faça, pois, Quais são os nossos desejos, e 1que vitórias vir novamente até nós, neste Na tal de 1991, em ousamos esperar, neste Natal? espírito e em verdade, o Messias, Rei Libertador, para vencer Satanás, reinar eternamente Antes de tudo, que a Igreja de Deus, santa e sobre as almas e ser servido por todas as nações imaculada, triunfe por fim deste século de pe- até a consumação dos séculos!

Dez anos depois ... - Atualidade da Mensagem contra o socialismo autogestionário

- Análise de Plinio Corrêa de Oliveir com vistas ao plebiscito

Revolução e Contra-Revolução - Descrição da Revolução por excelência Capa: "Dom Pedro li" (1852) de Cav. de Almeida -<ileoe 'Vista do Rio de Janeiro" de Thomas Ender. Gentileza da Fundação M. Luísa e Oscar Americano.

Catolicismo é uma publicação mensal da Ed~ora Padre Belchior de Pontes Ltda. Di retor: Paulo Corrêa de Brito Filho. Jorna lista Responsável: Takao Takahashi · Registrado na DRT-SP sob o N•. 13748. Redação e Gerência: Rua Martim Francisco, 665 -01226 -São Paulo, SP -Tel: (011) 825.7707. Fotocomposição: (direta, a partir de arquivos fornecidos por Catolicismo) Microformas, Foto lito e Artes Gráficas, Ltda. - Rua Javaés 681/689 - 01130 - São Paulo - SP; Impressão: Artpress - Indústria Gráfica e Editora Ltda. - Rua Javaés, 681/689 · 01 130 - São Paulo, SP. Para mudança de endereço é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspo ndência relativa a assinatura e venda avulsa pode ser enviada ao endereço da Gerência de Catolicismo. ISSN lnternational Standard Serial Numbe.r - 0102-8502.

C /\TOLTCTSMO, DEZEMBRO 1D91 CATOLICISMO. DEZEMBRO 1991

Democraciasem-idéias

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-<> Nem os mortos escapam.:. A ditadura comunista chinesa c hega a requintes de sadismo e ferocidade. O Partido proc ura s ufocar ad i sidênc ia além-túmulo! Uma diretriz estipula que os testamentos de prisioneiros executados por crimes "contra-revolucionários" devem ser retidos pel o Estado se contiverem qualquer " declaração reacionária". Suas famílias tampouco podem externar ritualmente sua dor com um funeral, já que ele pode "afetar a ordem soc ial estabe lecida". Como se fora pouco, Bush acaba de renovar ao tirâni co regime de Pequim a concessão de "país mai s favorecido" para efe ito de comércio!

concisamente

-<> Gorbachev sem

-<> Na selva urbana

máscara

Quatro guardas do antigo Muro de Berlim estão sendo julgados por matar um alemão, o qual tentava fugir da ex-Alemanha Oriental. Seus advogados de defesa pleiteiam: Gorbachev deve ser convocado como testemunha. Conforme o advogado Johannes Eisenberg, Gorbachev encorajou os guardas a praticarem a política de "atirar para matar", numa visita à então Alemanha co muni sta, em 1987. Afirma ele: "Gorbachev

escreveu no livro de ouro da tropa de.fi·onteira que o trabalho daqueles soldados motivava a luta contra o inimigo imperialista". Subitamente, dois anos depois, Gorbachev apoiou a derrubada do Muro. Onde a sinceridade nesse lance?

Vestibular - "O livre acesso [à Universidade] é um absurdo. Tem de ha ver algum tipo de seleção", afirma Alejandro Katzin, pesquisador argentino, residente no Brasil. Lecionou ele na Universidade de Buenos Aires, no período em que - funesta experiência - o vestibular foi abolido pelo governo peronista. O Estado determina até o número de filhos! Isso acontece na China, onde dois funcionários estatais foram lice nciados, e ademais condenados a pagar urna forte multa. Motivo? Transgrediram as disposições de planejamento familiar do regime comunista, que só permitem um filho.

Velório dos comunistas - "Precisamos de um outro movimento parn a juventude", an unciou Vladimir Ziukin, primeiro-secretário do Kornsomol (órgão da Juventude Comunista da URSS) ao inaugurar seu 22Q- e provavelmente o último - Congresso. A agência oficial "Tass" qualificou o movimento ele "espiritualmente obsoleto".

<;, Eixo Mao-Fidel A Cuba castrista e a hin a maoísta andam de braços dados, curiosamente alheias aos vagalhõe que sacodem o mundo de além ex-Cortina de Ferro. O PC chinês "ex rta" o povo a estudar as obras el e Mao-TséTung e a cultuar s ua mem ria. E, em Cuba, Fidel Castro reitera: aqui não pr ciso haver leições, pois já existe democracia. Em ambo os país . , o voto é tido como s upérfl uo e "i noportuno ", à vista da "pop ularid ade" que os chefes comuni stas crêem possuir.

<;, Bispo recusa manto O BispodeJerezda Front ira (Espanha) recu ou o manl bordado a our , ofore ido p •la muni ipalicl ade ele Porto d Santa Maria para honrar sua padroeira. A alegação do c lesiástico é semelhant à d certos demagogos: o dinh iro gas-

Integrantes do PCB estão colhendo sugestões de desenhistas para a substituição da foice e martelo - símbolo comunista -por outro emblema que não esteja carcomido pela História. É burlesco: trocar o rótulo do veneno não altera a "qualidade" do produto ...

em tempo

Ditadura anti-família -

Uma revolução de costumes vai atingindo a família no Continente Europeu. Cresce o número de nascimentos fora do casamento. O índice chega a 50% na Suécia, 45% na Dinamarca, 28% na França e 26% na Inglaterra. Estudos mostram que a relação familiar ampla, típica das sociedades tradicionais, vai diminuindo na soc iedade moderna onde cada vez menos as pessoas se relacionam com os tios, primos, até com os irmãos. A família deixou de ser para muitos um universo de doçura e intimidade para se tornar "um refúgio" ou então "outra solidão no meio da seiva urbana", diz a revi sta "Expresso".

-<> Maquiagem vermelha

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to na ·onf·cção do objeto pod ria ser doado aos pobres. L ·mbru o episód io do Evangelho cm que Judas, vendo os pés ele Jesus serem ungidos com perfumes, perguntou: "Por que não se vendeu este bálsamo e não se deu aos pobres?" (Jo. 12,5).

A isto judiciosamente redarguiu o Prefeito local: como o Bispo se nega a ter o manto na igreja, a padroeira receberá a esp lendorosa vestimenta em plena rua, pois nela o Prelado não tem meios de impedi- lo .

Invasões patrocinadas - A Secretaria de Habitação de Santo André, sob a égide do PT, e a Empresa Municipal de Habitação Popular favorecem, sob várias formas - declarações de apoio, assessoria "técni ca" etc. - as ocupações de terras na região. Comunicado à impre nsa, tentando desfazer as acusações a respeito, nada esc lareceu. Quando a autoridade se alia à desordem ... "Bluff" do desarmamento - As revelações dos peritos da ONU demonstram que os programas internacionais de inspeção de armamentos são insuficientes para descobrir violações do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, do qual, por exemplo, o Iraque foi s ig natário. Qual é, pois, a seriedade dos rece ntes acordos de desarmamento entre EUA e URSS? Pobre contribuinte - A carta da Prefeita Erunclina, dirig ida aos contribuintes paulistanos com o fim de j.ustificar o aumento do Imposto Predial Territorial e Urbano, em 1992, contém um dado inquietante: prevê a compra de mais 2 mil ônibus para a CMTC com os recursos assim obtidos - o que exigirá novos gastos com a contratação de, no mínimo, mais 18 mil servidores! Cabral, o contraditório - O ex-Ministro Bernardo Cabral saiu a público recentemente para afirmar que o chamado "Ernendão" não resolveria a crise brasileira, pois deveriam ser feitas alterações mais profundas na Carta Magna. Ora, como explicar, então , que ele tenha sido o relator e principal propulsor da Constituinte?

s

Fim das cidades? -

O professor argelino Marc Emery, que planejou a construção de cidades na África, França e no Leste europe u, declarou, durante o 2Q Congresso Internacional de Urbanisno, em Maringá (Paraná): "há uma tendência enorme para as cidades se transformarem em inúmeras pequenas comunidades", com a redução dos bairros a guetos. Será essa um a tendência real ou induzida?

Destaque Neobárbaros em marcha O conhecido jornal italiano "Corriere dei/a Sera", em editorial a propósito do crescente fluxo de emigrantes do Leste europeu para a Europa ocidental.faz notar: "a guerra cujos contor/'IOS se vão delineando com o advento do Terceiro Milênio é bem distinta da que esperávamos por obra do Exército Vermelho". Em outras palavras, não se trata mais de uma invasão convencional da Europa por tropas soviéticas. O mesmo diário - reproduzindo comentários análogos veiculados por especialistas internacionais- ressalta ainda: a organização de imigrações em larga escala seria própria a arruinar países prósperos. Ademais, no plano jurídico, impor a absorção dessas levas a determinadas nações irnplicaria em fa zer com que estas abdicassem de sua soberania. Éjudiosa a análise.formulada pelo órgão italial'lo: "proclamemos com a devida solenidade que a invasão dos albaneses é um precedente legal .... ; [pois] como poderemos erifi·entar {depois disso] o assédio desarmado dos norte-a.fi·icanos, dos que procedem do Oriente Médio, bem como das multidões balcâl'licas e da Europa central postas em movimento pela déhacle do marxismo lel'linismo ?" Assim , ao que parece, o comunismo, em seu retumbante .fi'acasso, prepara nova e sinistra armadilha ao desarvorado Ocidente. ·

Verbas e intenções ocultas Numa avaliação conjunta o "Konsomolskaya Proveia" ex-porta-voz da juventude comunista soviética - e o semanário econômico "The Kommersant" estimaram em cerca de 100 bilhões de dólares o montante máximo clos.fimdos secretos do PCUS, disseminados em 7000 contas bancárias em todo o mundo. Ofahuloso total corresponde precisamente à verba que o chanceler soviético Pankin, em recenle entrevista à emissora de TV americana CNN, descaradamente pleiteou junto ao Ocidente. Ao mesmo tempo , outros órgãos da imprensa local revelam : polpudos verbas do PC soviético eram desviadas , até pouco antes do malogrado golpe, para os partidos congêneres no mundo promoverem a subversão em seus respectivos países. Confirma-se, assim, aquilo que os comunistas tentaram cinicamente negar ao lol'lgo das últimas décadas. É surpreendente que não se levem a cabo -sob.fiscalização internacional - levantamentos idôneos a respeito de matérias tão graves e decisivas. O que está ocorrendo efetivamente na URSS, 110 momento atual ? Muit o mais do que as verbas, permanecem ocultas as verdadeiras intenções dos líderes soviéticos. Um alto conselh eiro de Gorbachev, Yakovlev, qfirmou sem rebuços : "estou tentado a dizer a verdade: ninguém manda [na URSS]". Caos premeditado? Encenação publicitária para aboca nhar mais ajuda ocide111al?


O Dez anos depois ...

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Atualidade da Mensagetn sobre o socialistno autogestionário 187 publicações em 53 países, com repercussão em 124 nações e 34. 767. 900 · exemplares em 14 idiomas

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utogestão" é uma palavra-ta- Con tituição e munista russa já a inlismã, manipulada pela guerra dicava como ponto de chegada dosopsicológica revolucionária, ciali mo. • é por isso que Gorbachev que vem se conservando em moda há - que nunca deixou de proclamar-se já um bom tempo. Perdeu muito de comunista - tanto fez pela autogestão. sua coruscação inicial, mas a propaSeu propulsores, porém, camiganda ainda a apresenta de modo nham com cautela. E não é para me"arejado", atraente, interessante, nos. A primeira tentativa em grande como termo que "tem futuro". Do . estilo de levar a cabo a autogestão mesmo modo como pas.sou a soar mal antes na França, e depois no mundo dizer-se capitalista, fica bem dizer-se - deu-se através do socialismo de autogestionário. Pareceria mesmo que Mittcrrand, em 1981. Opôs-se-lhe a a solução "inteligente" para superar o famosa Mensagem do Prof. Plínio propalado impasse causado pelo fra- CorrêadcOlivcira, lançada e divulgacasso do comunismo seria a autogestão. da pelas TFPs no mundo todo, e que Assim o dizem muitos no Ocidente. Catolicismo publicou, historiandoDe fato, a autogestão outra coisa lhe depois os resultados. não é senão um comunismo ainda Hoje, quando se comemoram 10 mais aprofundado e requintado. A anos daquele histórico lance das 6

TFPs, algo dei mportantc há aqui a ser dito sobre assunto tão decisivo para os atuais rumos do mundo. Seis gforiosas páginas - França, 1981. Baseada nos sucessos eleitorais deste ano, a equipe do Presidente Mittcrrand se punha em marcha com passo resoluto rumo à depredação da propriedade individual no país e, no campo externo, à expansão ideológica e ao intervencionismo político, sobretudo no assim chamado Terceiro Mundo. A aura publicitária do socialismo autogestionáriofrancês atingia seu zênite. Diante dessa nova camuflagem do comunismo internacional - pois era disso que se tratava - era preciso a CATOLIC ISMO, DEZl':Ml3RO 1991

todo preço reagir! Tanto mais que se fechavam em inexplicável mutismo aqueles que por seu cargo, situação ou influência estariam obrigados a empreender a contra-ofensiva. A reação veio de onde talvez menos a esperavam, e com uma envergadura que deixou estupefatas as esquerdas do mundo inteiro: no dia 9 de dezembro de 1981, em publicidade no "Washington Post", dos Estados Unidos, e no "Frankfurtcr Allgemcine", da Alemanha, um estudo ocupando seis páginas de jornal (!) vibra um golpe monumental na autogestão, cavalo de batalha do Partido Socialista (PS) francês. Sob o título O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte?, o documento, de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, é assinado pelas TFPs e entidades afins de 13 países. A partir daí, foi ele sendo publicado em mui tos outros jornais dei mportância, pela tiragem e pela influência, na imprensa ocidental. O estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira impressiona pela documentação, pelo seu conteúdo, por sua análise meticu losa do programa do PS, por sua lógica férrea em dissecar as proposições socialistas, desvendando-lhes até os últimos desdobramentos. Demonstra que nelas há uma radicalidade màrxista desconcertante, embora disfarçada por um gradualismo pulr amentc tático.

Publicada em 14 idiomas, a Mensagem das 13 TFPs é divulgada em 53 países. Desde o seu lançamento começam a afluir às sedes das diversas TFPs

milhares e milhares de promissoras catias, provenientes de leitores de todas as condições sociais e de todas as otigcns étnicas: apoios, pedidos de exemplares, poucas críticas.

Autogestão, o que é? Ao contrário do que muitos talvez imaginem, a autogestão representa a meta mais radical do comunismo, se bem que se pretenda chegar a ela por etapas graduais, O termo foi sendo empregado, sobretudo a partir de 1961, para significar, em certos países socialistas, a gestão das empresas por comitês de trabalhadores. A pioneira em sua aplicação em escala nacional foi a Iugoslávia de Tito. Aempresa autogestionada não terá mais patrão, Sua direção competirá às assembléias gerais de trabalhadores. Os dirigentes das empresas serão eleitos por tais assembléias, soberanas em tudo o que diga respeito às atividades empresariais. Porém, pretende-se uma transformação fundamental não só das empresas industrial, comercial e rural, como também da família, da escola, da Igreja, e de toda a vida social. O objetivo da autogestão é a desagregação da sociedade atual - tanto a consumista do Ocidente,

CATOLIC IS MO, DI~ZEMl3RO 1991

quanto a miserabilista do Leste europeu - em corpúsculos autônomos, quase soberanos, Segundo teóricos neo-socialistas, na sociedade autogestionária o poder não deverá mais residir no Estado, mas sim em corpúsculos, nos quais se esfarele, É a anarquia, tomada em seu sentido etimológico (ausêrda de autoridade), imaginada como possível não se sabe por que transformações da própria natureza do homem, Trata-se, já se vê, de uma reforma total da sociedade e do homem - em frontal contradição com a verdadeira doutrina da Igreja - por meio de nova forma de luta de classes: na empresa, levantando os operários contra os patrões; na família, suscitando a revolta dás filhos contra os pais; na escola, a dos alunos contra os professores; e assim por diante (cfr. Mensagem das 13 TFPs, de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-deponte'?j.

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Despreparados para responder De fontes do Governo fra,pcês e do PS, a linha de conduta adotada é como a de boa parte da imprensa - a de se esquivar sistematicamente da denúncia feita, ou seja de analisar o denso cerne doutrinário da Mensagem. Uma das fontes do Ministério das Relações Exteriores francês chega mesmo fü declarar que "neste gênero de situações .... sempre é mais conveniente não dizer nada" ("Jeune Afrique", Paris, 3-3-82). · Um prestigioso diário de língua inglesa, divulgado no mundo inteiro, o "Internati ona l Herald Tribune", descreve assim, na edição de 11 de dezembro de 1981, a reação do governo socialjsta francês a propósito da Mensagem: "Em Paris, fontes governamentais autorizadas disseram que não estavam preparadas para responder a esta publicação .... 'Absolutamente não há pânico, e nós estamos mais bem interessados em saber quem ou o quê se acha por detrás dessa publicação'''. Como o ribombo internacional do documento torna impossível um mutismo absoluto, porta-vozes do "Elyséc" (Presidência da República), do "Quai d'Orsay" (Ministério do Exterior) e do PS escolhem a via do insulto, da impertinência e do desaforo para, cm rápidas declarações a correspondentes de imprensa, recusar um diálogo de elevado nível doutrinário, proposto com dignidade e cortesia (cfr. "Jornal da Tarde", São Paulo, 10-12-81; "O Estado de S. Puulo", 11 - 12-81; "Folha de S. Paulo", 1 1- 12-81, correspondência de J.B. Nutali) .

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Jornais recusam a publicação Tais reações deixam entrever o embaraço em que se encontrava o governo Mittcrrand diante da publicação da Mensagem, e ainda todo o proveito que lhe acarretava a inexplicável recusa dos jornais franceses cm publicar o documento. Diante dessa estranha impossibilidade de publicar a Mensagem na

Declínio da estrela socialista Por todas as partes começa-se então a questionar Mitterrand e seu programa autogestionário "de face humana". O primeiro obstáculo sério que se levantou contra o Governo socialista francês, logo no início, foi a Mensagem. Apesar do recuo empreendido pelo PS, praticamente não aplicando seu programa autogcstionário - tática que cmbaiu a opinião pública, possibilitando a permanência de Mittcrrand no poder - , as O autor da recentes pesquisas de memorave/ Mensagem: opinião indicam uma o Prof. Plinio Corrêa acentuada queda de de Oliveira prestígio daquele partido. O público francês, flagelado por tantos anos pelo socialismo mesmo não radical, aprendeu a lição, e hoje o rejeitaria por larga margem. O rechaço da fórm ui a autogcstionária na própria terra que lhe servia de foco de irradiação, arrefeceu-lhe o ímpeto e reforçou por sua vez o estado de sobreaviso em que a Mensagem havia colocado extensas áreas da opinião mundial. Presentemente, a autogestão ainda tem futuro? É difícil dizer. O quadro político internacional está ltansformado num imenso novelo de incógnitas que se agiFrança, as 13 TFPs divulgam, a partir tam, se entrechocam ou se cntrcajude 25 de fevereiro de 1982, um Co- dam em meio a um pulular de artifímunicado redigido igualmente pelo cios e a uma penumbra de informaçõProf. Plínio Corrêa de Oliveira, intitu- es que a cada instante se toma mais lado Na França, o punho estrangu- sombria. Nesse caos tudo é possível, lando a rosa ( o título é uma alusão até mesmo uma autogcstão de tipo ao símbolo do PS francês). O Comu- tribal. nicado é estampado grosso modo Seja como for, a Mensagem do nos mesmos jornais que divulgaram Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que a Mensagem. representou, como vimos, decisivo Posteriormente, a própria Mensa- brado de alerta cm 1981, permanece gem, acrescida do citado Comunica- como uma estrela a brilhar no panorado e outros documentos, foi afina l ma obscuro que nos envolve. publicada e divulgada na França sob forma de livro, intitulado les têtes Luls CARLOS AZEVEDO rombent ("As Cabeças Rolam").

CJ\TOUCISMO, DEZEMf3110 lO!ll

O História

Dom Pedro e a gratidão nacional O centenário da morte de nosso segundo Imperador é ocasião propícia

para recordar as virtudes do "maior dos brasileiros" ácemanos,nodia5dedezembrode 1891, falecia num modesto hotel de Paris o Imperador D. Pedro II. Exilado, em conseqüência do gol pc militar que implantou a República, ele nunca deixou de amar o nosso País, que dirigira com sabedoria durante 49 anos. A tal ponto o amava, que desejou ser sepultado junto a um pouco de terra que daqui levara. Em carta à Princesa Isabel, na ocasião, o Conde Afonso Celso declarou: "A história de D. Pedro II, ainda é cedo para tentar escrevê-la. Daqui a cem anos, assumirá proporções legendárias". Nesses últimos cem anos, muito se fez para tentar apagar da memória histórica nacional a imagem do nosso Imperador. Atribuem a outros as grandes obras que realizou; têm como natural essa impressionante unidade nacional que ele consolidou; ignoram o progresso do nosso País durante o seu governo; passam uma esponja sobre qua<,c todos os fatos bonitos do seu reinado. Para chancelar essa impressão negativa, apresentam sempre como um velhinho esse que envelheceu combatendo pela grandeza nacional. Uma operação tão meticulosa não pode ser obra do acaso. Tudo indica que mãos interesseiras orientaram a rota para o olvido, depois de ter-lhe imposto a rota do cxtlio. Porém a verdade histórica não i;ode ser encoberta indefinidamente, e hoje os historiadores sérios atribuem a D. Pedro II o título de "o maior dos brasileiros", confirmando o que ele mesmo enunciou em um soneto: "Sereno aguardarei, no meu jazigo, ajustiça de Deus na voz da História". O que fez esse homem para merecer tal título?

H

Unidade nacional em torno de uma criança Amigo leitor, você freqüentou escolas e colégios, como cu. E os conhecimentos que aí adquiriu, sobre a história do Império brasileiro, talvez não sejam muito superiores aos que cu tinha antes de me dedicar ao assunto. Hoje, depois de pesquisar em mais de cem livros, devo declararme um irrestrito admirador do nosso grande monarca. Entre outras razões, porque o Brasil não existiria, se não tivesse havido um D. Pedro II. Esta afirmação pode parecer absurda à primeira vista, mas corresponde à mais pura realidade. Em 1833, quando ele tinha apenas 8 anos de idade, e o governo era conduzido pela Reg ência, Auguste Saint-Hilaire escreveu: CNl'OLJCISMO, DEZEMBRO 1991


"Os destinos do Brasil repousam hoje sobre a cabeça de um 111ellino, o IÍllico, entre os brasileiros, que 11/1.e o presellte ao passado. É 11111a cria11ça que un e ainda as províncias deste vasto Império, e somente a sua existência opõe uma barreira aos ambiciosos que surgem de todos os lados, de igual medio cridade e prete11sões igual111e11te g igantescas. Os brasileiros não sabe riam estabelecer 11 0 seu seio o sistema federal, sem começar por desfazer os fracos laços que os unem ainda" . Sem o Imperador, e sem o regime monárquico, o Brasi l teria sido esquartejado, como oconcu à América espanhola, com suas repúblicas sem unidade, até a se guenearem. Bastaria isso parai mortalizar um soberano e o seu reinado. Para que se entenda bem a obra do nosso Imperador, não basta afirmar que isto ou aqui lo resultou da sua atuação. Muito mais, o espírito brasileiro deseja conhecer quem era esse homem, como ele agia, como tratava as pessoas, como era o seu dia-a-dia. No meu livro Revivendo o BrasilImpério, transcrevi Sobre a cabeça de D. Pe- relatos de fatos intedro li, menino, repousaram ressantes do Impéos destinos do Brasil. Era a rio, deixando transcriança que unia as provín- pa rec cr principalcias deste vasto Império, mente as característiopondo uma barreira aos cas pessoais dos váambiciosos. Desde então, e rios personagens. O durante seu longo reinado, conjunto de fatos é tratou de modo paternal e impressionante e familiar todas as pessoas surpreendente, em que o procuravam, rece- especial porque pouco conhecidos. E bendo em seu palácio qualevidenciam uma quer um que se apresentas- mentalidade diversa se. da atual, em muitos aspectos oposta, e que, se se tivesse mantido, não permitiria o atual descalabro que se nota cm vastos setores da atividade nacional.

UNIDADE NACIONAL E GOVERNO PATERNAL

Ouvindo a todos sem enganar a ninguém - Um aspecto cativante do modo como D. Pedro II encarava os seus deveres para com a Nação e o negócios públicos era o seu modo paternal e fami li ar de tratar todas as pessoas que o procurassem. Surpreende, por exemplo, saber que o Imperador recebia cm palácio qualquer pessoa que se apresentasse, de qua lquer modo que estivesse, e a tratava como um importante súdito. Ele se referia a essas audiências como "receber a minha família brasileira". E Joaquim Nabuco afirma que ele "ouvia a todos sem enganar a ninguém". Na impossibilidade de relatar tantos fatos interessantes no curto espaço de um artigo de Catolicismo, transcreverei apenas dois, cm que transparecem a bondade e o carinho do Imperador para com seus súditos. 10

C/\TOLlCIS:-.1O, DEZEM13HO 1001

Numa viagem ao interior de Minas, o Imperador observou, no meio de uma multidão compacta, uma negra que fazia grande esforço para se aproximar dele, mas as pessoas à sua volta procuravam impedi-la. Compadecido, ordenou que a deixassem aproximar-se.

MODELO PARA TODOS OS SOBERANOS DO MUNDO

Gladstone, um dos mais célebres estadistas ingleses, em discurso diante da Rainha Vitória e do Príncipe de Gales assim saudou nosso Imperador: "Esse homem é um modelo para todos os soberanos do mundo, pela sua dedicação e esforços em bem cumprir seus altos deveres". - Meu senhor, eu sou Eva, uma escrava fugida, e venho pedir a Vossa Majestade a minha liberdade. O Imperador mandou tomar as notas necessárias, e prometeu darlhe a liberdade quando regressasse. E efetivamente entregou à cativa o documento de alforria. Algum tempo depois, indo a uma das janelas do Palácio de São Cristóvão, viu um guarda tentando impedir que uma preta velha entrasse. Sua memória prodigiosa reconheceu imediatamente a ex-esr\ r..1 • l-\ ~< \ f Í .,U , ,,:J • J,,.:,; . j.) ' J/,.. , -'~- , crava de Minas, e ele ordenou: - Entre aqui, Eva! A preta precipitou-se porta adentro, e entregou ao seu protetor um saco de abacaxis, e, como era idoso, a intenção traduzia certa altivez nativa. colhidos na roça que plantara depois de liberta. Tinha ido a pé e sentia-se cansado, por isso sentara-se no chão da galeria. O Pederneiras, com sua barba branca, "O Imperador é nosso pai" - O conselheiro Nuno de chegou-se a mim, indicou o preto e disse filosoficamente: An<;frade descreveu uma audiência do Imperador: - Ainda querem mais liberdade nesta terra ... As cinco horas em ponto desci do tílburi,junto à portiInstintivamente olhamos para as portas, constantemennha baixa onde uma sentinela cochilava. Não se pedia te abertas a todos os brasileiros. licença para entrar. Tomei a escada da direita, e fui ter a ' O Imperador apareceu no extremo da galeria, e o preto um longo salão retangular quase sem móveis, com grandes levantou-se. Seria o primeiro a falar ao Soberano, e ninquadros nas paredes. O Freire, criado da casa, meu conhe- guém se lembrou de lhe disputar a precedência. O Impecido, disse-me: rador lhe perguntou: - O Imperador não tarda. - Então, como está? Que é que temos? Cerca de quinze pessoas esperavam D. Pedro II, e entre - Estou bom, sim senhor. E vosmecê? Eu venho dizer elas um preto vestido de brim pardo, sem gravata, com uns a vosmecê que fui voluntário na guerra do Paraguai. Na grandes sapatos muito bem engraxados. Depreendia-se do batalha, fiquei com um braço ferido por bala. Curei-me, e lustro do calçado que o preto cuidara de parecer asseado; continuei até o fim de tudo. Depois voltei e caí no meu CATOLICISMO, DEZEMBRO 1991

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ofício de empalhador. Há um ano adoeci do fígado, e o Dr. Miranda, na Santa Casa, me fez uma . operação. Nunca mais tive saúde. Agora, não posso mais trabalhar no ofício, e não tenho vintém para comprar farinha. Na secretaria do Império há falta de servente, e eu fui falar com o ministro. Mas o ministro não fala com toda a gente. &tão lá uns mulatinhos pernósticos, que me dizem sempre: - Você espere. Eu espero, sim senhor; e depois os mulatinhos me mandam embora, porque o ministro não recebe mais ninguém. Já três vezes isso me aconteceu. Então fiquei zangado e pensei assim: vou falar ao Imperador, que é nosso pai; ele não manda a gente embora. Ora, pois, eu queria que vosmecê me desse um bilhetinho para o ministro ... O Imperador chamou o general Miranda Reis, que então o acompanhava, e disse-lhe algumas palavras. Voltando ao preto, exprimiu-se assim: - Vá com Deus. Fico sendo seu procurador, e tratarei do seu negócio. - Mas eu tinha vontade de mostrar àqueles mulatinhos pacholas ... - Não tem nada a mostrar. Vá para sua casa e espere.

Alguns dias depois, contou-me o general Miranda Reis que o Imperador mandara alojar o antigo voluntário numa casinha da Quinta, e ordenara ao comendador João Batista que lhe suprisse a mensalidade de 40 mi l réis, pedindo desculpas de não poder dar mais. E o João Batista, honrado mineiro, prodigiosamente econômico, amofinava-se com as freqüentíssimas decisões desta espécie, sustentando, em voz fraca e lacrimosa, que das quatro operações o sábio Imperador só conhecia a de dividir.

*** Era assim o nosso Imperador. Era assim o ambiente da Monarquia. Lendo o meu livro Revivendo o Brasil-Império, o leitor encontrará muitos exemplos de honestidade, seriedade, honra, dignidade, desprendimento. Vale a pena conhecer como era aquele Brasil que não temos mais. Num momento em que se acumulam tantas crises de todos os gêneros, é um dever de justiça externar a gratidão nacional àquele que tanto fez pelo Brasil. LEOPOLDO BlOfANO XAVIER

~vivenáo o IJ3rasi{-Império "Quando a gente começa a ler, o difícil é parar". · "O livro nos transporta a um mundo tão bom, tão diferente ... " "É um livro de fatos da nossa história, mas a gente lê com prazer, como se fosse um romance". "Nunca me contaram nada disso. Eu me alegro em saber que o Brasil já foi co,mo eu gosta ria".

12

Estas são opiniões de alguns leitores de

Revivendo o Brasil-Império. Esse não é um livro de História comum. Ele narra fatos interessantes do Império, de modo agradável e acessível. São centenas de fatos, mostrando a realidade nacional do Império, tão esquecida e tão deformada pela História oficial. o

RrVIVENDO BRASIi IMl't ,10

Pedidos: Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. Rua Javaés, 681 - 01130 - São Pau lo, SP

CATOLICISMO, DEZEMBRO 1901

Um menino nasceu para nós, e um filho nos foi dado e foi posto o principado sobre o seu ombro (Is. 9, 6)


~ta{ Evangelho de S. Lucas, 2, 1-7 Naqueles dias, saiu um edito de César Augusto, para que se fizesse o recenseamento de todo o mundo. Este recenseamento foi anterior ao que se realizou quando Quirino era governador da Síria. Iam .todos recensear-se, cada um à sua cidade. José foi também da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, que se chamava Belém, porque era da

casa e família e Davi, para se recensear juntamente com Maria, sua esposa, que estava grávida. Ora, estando ali, aconteceu completarem-se os dias em que devia dar à luz e deu à luz o seu filho primogênito. Enfaixou-o e o reclinou numa manjedoura, porque não hav ia lugar para e les na estalagem.

Considerações do Pe. Berthe (excertos) O Imperador Augusto reinava então sobre o Oriente e o Ocidente. Nações outrora tão orgulhosas de sua independência, como Itália, Espanha, Grécia, Egito, Gália, e a Grã-Bretanha, foram transfonnadas em simples províncias do Império. Deu na fantasia do grande imperador conhecer exatamente a extensão de seus domínios e o número de seus súditos. Em conseqüência, edito imperial determinoti um recenseamento geral da população. A Judéia não escapava a esse edito, pois o reino de Herodes não passava de simples feudo do governador romano da Síria. Assim, a ordem foi dada aos chefes de família, às m'ulheres e crianças, de inscrever nos registros públicos seus nomes, idade, famíli a, tribo, fortuna e outros detalhes destinados a servir de base à cobrança dos impostos. Ademais, cada um devia inscrever-se não no lugar de domicílio, mas na cidade de onde sua família era originária, porque lá se conservavam os títulos genealógicos que estabeleciam a ordem de descendência, o direito de propriedade e de herança. Essa prescrição obrigava Jo é e Maria, de cendentes da tribo de Judá e da família de Davi, a viajar de Nazaré a Belém, terra ele nascimento de Davi, antepassado de ambos. Dirigindo-se rumo .às montanhas da Judéia, Maria, prestes a se tornar mãe, adm irava como Deus a conduzia ao lugar onde o Messias deveria nascer, e como um edito imperial punha em movimento os povos do universo, a fim de que uma profecia, saída da boca de um vidente de Israel sete séculos antes, tivesse cumprimento naqueles dias. O casal de viajantes chegou a Belém alquebrado de fadiga, depois de caminhar vinte e duas

léguas (14 1 km). Os últimos raios do so l iluminavam a cidade de Davi, assentada como uma rainha no topo de uma colina, entre risonhos outeiros plantados de vinhas e olivais. Era Belém, a casa do pão, a cidade das abundantes colheitas, Efrata, a fértil, a terra das verdes pastagens. Naqueles vales solitários, o pequeno Davi levava a pastar seus rebanhos, quando o profeta Samuel o mandou procurar para sagrá-lo Rei de Israel. Pisando aquele chão bendito, os santos viajantes evocavam piedosas recordações de sua família e de sua terra natal. Das casas da cidade, das montanhas e dos vales saíam mil vozes que lhes fa lavam ele seus ancestrais e sobretudo do grande rei do qual eram descendentes. Mas, naquela época, quem conhec ia a Virgem de Nazaré e José, o carpinteiro? Entrando na cidade, sentiram-se perdidos entre o estrangeiros vindos de todos os pontos do reino para o recenseamento. Em vão bateram em todas as portas, pedindo pousada por uma noite. Nenhuma se abriu para recebê-los! Com a casa cheia de parente e am igos , os belemitas se recusaram a alojar aqueles desconh ciclos, o quais, de resto, pareciam pobres e miseráveis. Jos e Maria dirigiram-s então à hospedagem públi a, ond habitualmente paravam as caravanas. Mas também lá encontraram um tal.regurgitam nto de viajantes e ele animais, que lhes foi impossível instalar-se. Rejeitado. de todos os lados, saíram da cidade pela porta de Hebron. Pouco depois perceberam uma sombria caverna escavada nos flancos de um rochedo. O Espírito ele Deus lhes inspirou o pensamento de aí ficar. Entrando no triste abrigo, viram que era um estábulo onde se refugiavam

pastores e rebanhos. Havia palha e um cocho para os animais. A filha de Davi, depois de longa e penosa viagem, sentou-se numa pedra. Logo os ruídos cessaram e um solene silênc io reinou sobre a cidade adormecida. Sozinha na gruta abandonada, Maria velava e abria seu coração a Deus. De repente, por volta da meia-noite, o Verbo encarnado deixa miraculosamente o seio de sua Mãe e, como um raio de so l que por um instante ofusca a vista, aparece aos seus olhos atônitos e maravilhados. Ela o adora, o toma em

seus braços, o cobre de pobres panos, estreita-o junto de seu coração. Depois, percebendo o presépio onde os animais comiam, deitou-o sobre um pouco de palha. Desse estábulo que Lhe servia de abrigo, dessa manjedoura que se tomara seu berço, dessa palha que Lhe feria se us membros delicados, o Menino Redentor oferecia a seu Pai celestial as primícias de seus sofrimentos e de suas humilhações. Ajoelhados a se us pés, com os olhos cheios de lágrimas, José e Maria se uniam ao seu sacrifício.

Imacu{ada Conceição de Afaria Santíssima 8 de dezembro A festa da Imaculada Conceição - a mai s solene do tempo do Advento - foi instituída pelo Papa Pio IX em 1854. É intenção da Igreja, com esta festa, não só celebrar o aniversário do momento em que começou a vida da gloriosa Virgem Maria, no cio de Sant' Ana, como também honrar o sublime privilégio em virtude do qual Maria foi preservada do pecado original, ao qual estão sujeitos todos os filhos de Adão e Eva. Com a solene proclamação desse dogma de fé por Pio IX, a Santa Igreja nos ensina que a alma

bendita de Maria não só não contraiu a mancha original, no momento em que Deus a infundiu no corpo, mas também que, desde aquele instante, ficou cheia de uma imensa graça, que a tornou espelho da santidade divina, em toda a medida que uma criatura possa sê-lo. Como Filha do Pai celestial, Mãe de Deus Fil ho e Esposa do Divino Espírito Santo, Maria tem com a Santíssima Trindade relações de tal modo elevadas, que não permitem a menor mancha, ainda que passageira. Cfr. comentário de Dom Guéranger sobre a festa.

Para meditar e para rezar SALMO 136 (trechos) Junto dos rios de Babilônia, ali nos assentamos a chorar, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros que lá havia, penduramos as nossas cítaras. Os mesmos que nos tinham levado cativos pediam-nos que cantássemos (os nossos) cânticos. E os que à força nos tinham levado diziam: Cantai-nos um hino dos cânticos de Sião.

Como cantaremos o cântico do Senhor em terra estranha? Se me esquecer de ti, Jerusalém, ao esquecimento seja entregue a minha direita. · Fique pegada a minha língua às minhas fauces, se eu me não lembrar de ti, se não me propuser Jerusalém, acima de todas as minhas alegrias.

Conselhos de São Francisco de Sales Só nos pervertendo com o mundo, poderíamos viver em paz com ele, e impossível é conte.-Har os seus caprichos. - Veio João Batista, diz o divino Salvador, o qual não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está possesso do demônio. Veio o Filho do Homem, come e bebe, e dizeis que é um samaritano. As nossas imperfeições, o mundo as considera pecados; os nossos pecados veniais ele julga mortais, e malícias, as nossas enfermidades; de sorte que assim como a caridade, na

expressão de S. Paulo, é benigna, o mundo é maligno. A caridade nunca pensa mal de ninguém e o mundo o pensa sempre de toda sorte de pessoas; e, não podendo acusar as nossas ações , condena ao menos as nossas intenções. Enfim, tenham os carneiros chifres ou não, sejam pretos ou brancos, o lobo sempre os há de devorar, se puder. NOTA: São Francisco de Sales, Bispo e Príncipe de Genebra, Filotéia ou Introdução à vida devota, IV, 1.


História Sagrada

em seu lar

O Atualidade

As incoerências da Dem.ocracia-sem.-i dé ias

noções básicas

PROSSEGUEM AS PRAGAS DO EGITO NÃO TENDO o faraó penni tido a saída dos israe litas, Deus puniu o Egito, como vimos, com cinco ten-íveis pragas . Entretanto, o coração do Faraó continuava obstinado. Por isso, novas pragas se abateram sobre aquele !"'..:ÍS .

Sexta praga: as úlceras Moi sés e Aarão " tomaram c inza da chaminé, e apresentaram-se ao Faraó , e Moisés lançou -a ao ar; e formaram se úlceras e grandes tumores nos homens e nos anima is. E os magos não podiam ter-se de pé di ante de Moi sés, por causa das úlceras, que estavam sobre e les, como sobre toda a terra do Eg ito. E o Faraó não os ouviu.

isto, a limentaste o te u povo com o alimento dos anjos. Porque este alime nto mostrav a a doçura que tens para com te us filhos. A neve e o ge lo aturavam a vi o lênc ia do fogo sem se fundirem, para que [os egípc ios] soubessem que destruía os frutos dos ini migos um fogo que ardia no me io do granizo, e que c intilava por entre a chuva"< 2>. "E o Faraó mandou chamar Moi sés e Aarão, e di sse-lhes: Eu peque i ainda desta vez; o Se nhor é justo ; eu e o meu povo somos ímpios. Roga i ao Senhor para que cessem os trovões de Deus, e o g rani zo, a fim de que eu vos dei xe ir. E M o isés ergueu as mãos para o Senhor , e cessaram os trovões, e o grani zo. O Faraó, po rém, vendo que tinha cessado a chuva, o g rani zo e os trovões, aumentou o seu pecado; e o e u coração se obstinou e endureceu ex trao rdin ariam ente; e não de ixo u partir o filhos de Israel.

Oitava praga: gafanhotos

tos que co briram tod a a supe rfíc ie da terra, de vastando tudo o que o grani zo tinha de ixado"< 3>. " [Os eg ípcios] foram mortos pe las mord eduras dos gafanhoto s e das moscas, e não se encontrou remédio para a sua vicia , porque eram dignos de ser ass im ex terminados. Porém, quanto aos teus fi lhos [6 Senhor] nem os dentes envenenados cios dragões os puderam vencer, porque sobrevindo a tua mi sericórdi a os curou "< 4>. "Pe lo que o Faraó chamou a toda a pressa Mo isés e Aarão, e di sse-lhes : Eu pequ e i co ntra o Se nh o r vosso De us, e contra vós. Mas agora perdoai-me ainda esta vez o meu pecado, e rogai ao Senhor que tire de mim es ta morte. E Mo isés orou ao Senhor, o qua l fez soprar um vento fortíss imo, e arrebatou os gafanhotos, e lançou-os no M ar Ve rm elho. "E o Faraó não deixou sa ir os fi Ihos ele IsraeJ"<5>. Notas:

"Mas os servos do Faraó di sseram - 1. Ex. 9, 10-26. lhe : Até quando sofreremos nós este 2. Sap. 16, 15-22. Ex. 9, 27 até 10, 15. escândalo? De ixa ir estes homens, a 3. 4. Sap. 16, 9- 10. fim de que ofe reçam sac rifíc ios ao 5. Ex. 1O, 16-20. Senhor seu De us; não ~~---.,.,..,.-.--,----,-------.--,...,.--=,,--------,-:::=-vês que o Eg ito está perdido? E tornaram a Sétima praga: granizo e fogo chamar Moi sés e Aa"E M o isés estendeu a vara para o rão à presença do Facéu; e o Senhor despediu trovões, e raó, o qu al lhes di sse: granizo, e raios que se precipitavam Ide, ofe rece i sac rifísobre a terra. E o granizo e o fogo caíam c ios ao Senhor vosso ao mesmo tempo mi stu rados. E o gra- De us. Mo isés responni zo feriu desde os homens até os ani - de u: H avemos de ir mais, e destroçou toda as árvo res do co m o ve lh as e co m país. Só na terra de Ges ém, onde gados. E o Fa raó di sestavam os filhos de Israe l, não ca iu se: Não há ele se r asgranizo"<'>. sim . E im di atamcnte " À tua mão é imposs ível escapar Ló · for a m cx 1 ul sos da Senhor]. Por isso os ímpios, que nega- presença do Faraó. vam conhecer-te, pe la fo rtaleza do te u "E M o isés es te nbraço foram açoitados, sendo ator- de u a vara sobre a terra .,..-1111'1~1.1..i.al mentados por chuv as extraordin árias, do Eg ito; e o Senhor e grani zos, e tempestades, e consumi - m a nd o u um ve nt o dos pe lo fogo. E o que ni sto havi a de a br as ad o r dur a nt e mai s admirável e ra que, na ág ua que todo aquele dia e no itudo exting ue, o fogo se ateava ainda te; e, quando fo i ma- !L:;::;;.;.i....__ _ _ _......_=mais, porque o unive rso é o vingador nhã, o vento abrasador o Faraó, pressionado por seus servos, diz a Moisés: "Ide, dos justos. Em contrapos ição de tudo levantou os gafa nh o- oferecei sacrifícios ao Senhor vosso Deus "

PUNJO CORRÊA DE OLIVEIRA

Manarquia parlamentarista, República presidencialista ou República parlamentarista?

P

ro x imamente, o Brasil decidirá. O assunto está no ar e Catolicismo põe ao alcance de seus leitores uma análise do Prof Plinio Corrêa de Oliveira sobre certo tipo de democracia, hoje vigente. A autenticidade do regime democrático repousa por inteiro sobre o caráter genuíno da representação. É isto 6bvio. Pois, se a democracia é o governo do povo, ela s6 será autêntica se os detentores do Poder Público (tanto o Executivo, como o Legislativo e, na sua ótica muito específica, também o Judiciário) f orem escolhidos e atuarem segundo os métodos, e tendo em vista as metas desej adas pelo povo. Se tal não se dá, o regime democrático não passa de vã aparência, quiçá de uma fraude.

Esta é a raziio pela qual a representatividade é focalizada com tanta atenção ao wngo das presentes reflexões.

***

1

Sócios e cooperadores da TFP difundem a obra "Projeto de Constituição angustia o País", na qual Plinio Corrêa de Oliveira denuncia a "democracia-sem-idéias"

A mais básica das condi' ções para que uma eleição seja representativa é que o eleitor tenha efetivamente opinião formada sobre os diversos as.suntos em pauta no prélio eleitoral. A opinião do eleitor sobre estes diversos assuntos constitui o critério segundo o qual ele escolhe o candidato de sua confiança. E m outros termos, se cada eleitor não tiver opinião formada acerca desses temas, o candidato eleito será livre de agir unicamente segundo suas convicções pessoais. Porém, neste caso, ele não representa a quem quer que seja. E uma câmara toda

Para entender este artigo Democracia é a forma de governo em que a direção do Estado cabe ao povo. O pressuposto da democratização política é a igualdade de todos perante a lei. A situação ideal na democracia é aquela em que a vontade popular é unânime. Ocorre então o chamado consenso. Mas, na prática, tal situação raramente acontece. E, quando isso se verifica, é por pouco tempo. Assim , na democracia se atribui força decisória à maioria. Nos países de muito pequena população, a democracia se exerce pela manifestação direta da vontade de cada cidadão, expressa em reunião plenária, em praça pública. A contagem dos votos se faz na hora. Tal é a chamada democracía díreta. Esta ocorreu, por vezes, em remotas eras. Por exemplo, na CATOLI CISMO, D EZEMBRO 1901

Grécia antiga. Mas, via de regra, é impraticável em nações contemporâneas. Excecionalmente, a democracia direta ainda tem vigência, no plano municipal, em alguns cantões da Suíça atual. Um vr stígio da democracia direta são o referendum e o plebiscito. Hoje, ademocracia é nom,almente índíreta, ou seja, representatíva. Os cidadãos elegem representantes que votam as leis e dirigem o Estado segundo as intenções do eleitorado. O poder político de fazer ou de revogar leis (Legislativo) é exercido habitualmente, nas democracias representativas, de modo colegiado, através de parlamentos ou congressos. As decisões são tomadas pela maioria dos representantes populares (deputados ou senadores). A maioria parlamentar representa - pelo menos em princípio - a maioria do eleitorado. 17


constituída por deputados sem representatividade é vazia de c8qteúdo, de significado, de atribuições, em um regime de democracia representativa. Ou seja, ela é inexistente e incapaz de atuar. O exercício autêntico da democracia supõe a existência, no País, de instituições privadas e públicas idôneas para estudar os problemas locais, regionais e nacionais, e propor-lhes soluções, bem como para a difusão

A mais básica das condições para que uma eleição seja representativa é que o eleitor tenha efetivamente opinião formada sobre os diversos assuntos em pauta no prélio eleitoral

É necessário ainda que tais instituições e órgãos de comunicação social se empenhem em erradicar do espírito público certa imprevidência otimista

A falta de seriedade no clima préeleitoral, simbolizada com dramático poder de expressão pela presença cada vez mais marcante de shows nos comícios políticos, prova que, no Brasil hodierno, o debate sério tende rapidamente a desaparecer. E, quando existe, interessa pouco. O que constitui uma prova a mais de quanto urge extirpar de nosso País o voto não sério, tomando freqüente, interessante, conclusiva a exposição - quando

observar que, no Brasi~ "político" tornou-se freqüentemente sinônimo de" político-profissional', sobretudo quando se trata de político que não tem haveres pessoais suficientes para se manter sem o concurso dos honorários correlatos com o exercício de funções na vida pública. Político-profissional é aquele que dedica à atividade política uma parcela muito preponderante (quando só isto) de seu tempo e de suas energias; que no êxito da carreira política põe o melhor de suas esperanças e ambições; e ao qual resta, para outras atividades, uma parcela pouco expressiva de sua atuação no exercício de alguma profissão rendosa. As pessoas notáveis de todos os ramos de atividade devem ser particularmente viáveis como candidatos a um mandato eletivo

O exercício autêntico da democracia supõe a existência de Instituições privadas e públicas Idôneas para estudar os problemas locais, regionais e nacionais e propor-lhes soluções

destas em larga escala, com o propó- e sistemática, muito disseminada cm sito de suscitar a tal respeito contro- nosso povo. Baseada no pressuposto vérsias esclarecedoras. de que "Deus é brasileiro", essa atiIgualmente é necessária, para a for- tude imprevidente induz a ncgligcnmação da opinião nacional, a coope- . ciar temerariamente o estudo e a reração dos meios de comunicação so- flexão sobre os problemas do bem cial que, por sua própria natureza, comum, e a imaginar suficiente o dispõem de peculiar influência na mero "palpite" (emitido cm via de remissão de informar e de formar seus gra tão-só com base cm simpatias ou leitores ou ouvintes. Para tal, devem fobias pessoais) para dar fundamento. eles refletir as principais tendências ao voto. Voto este que, assim obviada opinião e, pelo diálogo como pela mente inidôneo e irrefletido, só pode polêmica, manter o público informa- dar origem a leis ineptas e governos do da atuação e das metas das várias incompetentes, que singrem despreocupadamente os mares do absurdo. tendências ou opiniões. 18

não o debate dialético ou polêmico.:__ dos grandes temas nacionais. Se tal não se fizer, não adianta clamar, bradar ou uivar a favor da democracia. Presentemente, o principal fator da precariedade dela não reside em seus adversários, porém nela mesma, isto é, no estado de espírito com que a praticam tantos e tantos dos que a louvam e aclamam. ***

Considerada a problemática do ponto de vista não do processo eleitoral, mas dos representantes, deve-se CATOLICISMO, DEZEMBRO 1991

Assim, mesmo fora dos períodos pré-eleitoral e eleitoral, de si tão absorventes, o político-profissional passa o tempo cultivando o seu eleitorado para conseguír eleger-se, ou reeleger-se. Sobretudo está o político-profissional atento cm conseguir favores para os seus cabos eleitorais, a fim de que estes lhe consigam, por sua vez, os eleitores de que precisa. Uma vez eleito, o exercício do mandato lhe absorve quase todo o tempo. E pouco lhe resta para outras atividades. Tanto mais quanto, logo depois de eleito, deve começar apreparar sua reeleição. A situação normal do político-profissional é a de um candidato permanente. Em relação a tais políticos-profissionais, a opinião pública se mostra - por motivos diversos - bem pouco entusiasmada. Se bem que essa disposição de alma seja eventualmente injusta em relação a este ou àquele político-profissional, o fato é esse. E não há exagero em dizer que grande parte dos votos em branco ou nulos, das últimas eleições, se deveu à verdadeira saciedade que o público sente cm rel ação a candidatos que figuram habitualmente no amplo rol dos políticos- profissionais. ** * CATOLI ISMO, DEZEMBRO 1991

Para a formação da opinião nacional é necessária a cooperação dos meios de comunicação social

O que seria, de outro lado, um político não profissional? Alguém que, financeiramente independente, só faz política por amor à arte, pelo gosto da fama, ou até da celebridade com que o macrocapitalismo publicitário premeia os políticos do inteiro agrado dele? Ou o homem abonado, e ao mesmo tempo lutador desinteressado, que fosse levado à ação política por mero idealismo religioso ou patriótico? Ou, por fim, o homem idealista que, embora não abonado, arrisca para si e para sua famflia a aventura de sacrificar gravemente sua profissão habitual, com o objetivo de se consagrar, com honestidade modelar, ao serviço da Pátria? Tal é a elevação desse último gênero de perfil moral que, por isso mesmo, o político não profissional é inevitavelmente raro em nossos tristes e convulsionados dias. Ademais, parece certo que a essa última categoria não se ajusta bem o qualificativo de "profissional'. Pois, por homem "financeiramente independente" parece _entender-se mais bem o que vive de rendas, sem profissão definida. E, portanto, com possibilidade de consagra à política todo o seu tempo. O que contribui obviaA falta de seriedade no clima pré-eleitoral é simbolizada com dramático poder de expressão pela presença cada vez mais marcante de shows nos comícios políticos

Urge extirpar do Brasil o voto não sério. Se tal não se fizer, não adianta clamar, bradar ou uivar a favor da democracia

mente para serem ainda mais raros os políticos não profissionais. Pois o número de pessoas "financeiramente independentes", ou seja, abonadas, vai decrescendo rapidamente dia a dia. Talvez fosse preferível qualificar esse gênero de homem público, de político por mero idealismo. ***

Entretanto, além dos políticos-profissionais e dos políticos por mero idealismo, há que considerar ainda um terceiro gênero. Ou seja, o daqueles a quem, sem fazer mero jogo de palavras, se poderia designar como profissionais-políticos. Trata-se, neste caso, de profissionais que, tornando-se insignes pela categoria e abundância de seu trabalho profissional, adquirem realce na própria classe ou meio social. Tendo atingido esta situação, é normal que neles pensem muitos eleitores pat'd o exercício de altas funções públicas de caráter eletivo. Quando alguém se destaca de modo notável em qualquer setor de atividade, na respectiva profissão por exemplo, adquire com isso uma autêntica representatividade daquele setor. 19


A distinção entre democracia-com-idéias e democracia-semidéias leva a um tema que deve ser analisado com particular objetividade. Extrapartidária por definição, a TFP não opta por formas de governo. Ela aceita o ensinamento de Leão XIII, confirmado por São Pio X, de que nenhuma das três formas de governo - monarquia, aristocracia ou democracia - é intrinsecamente injusta. Segundo a doutrina tradicional da Igreja, qualquer dessas formas é legítima "desde que saiba caminhar retamente para seu fim, a saber, o bem comum, para o qual a autoridade social é constituída~ (Leão XIII, Encíclica Au Milieu des Sollicitudes, de 16-2-1892, Bonne Pressa, Paris, vol.11I, p. 116). A tese de que "só a democracia inaugurará o reino da perfeita justiçai", esposada pelo movimento modernista Le Si/lon, foi explicitamente condenada pelo Papa São Pio X, em princípios deste século: "Não é isto uma injúria às outras formas de governo que siio rebaixadas, por este modo, à categoria de governos impotentes, apenas toleráveisr- exclama, em candente apóstrofe, o imortal Pontífice (Carta Apostólica Notre Charge Apostolique, de 25-8-191 O- Coleção Documentos Pontifícios, Vozes, Petrópolis, 1953, 2ª ed., vol. 53, p. 14. Cfr. também Leão XIII, Encíclica Diuturnum 11/ud, de 29-6-1881 . Coleção Documentos Pontifícios, Vozes, Petrópolis, 1951, 3ª ed.; vol. 12, pp. 5-6). A TFP não exorbita de sua posição extrapartidária ao pleitear que, uma vez instalada uma forma de governo, esta seja aplicada com coerência. Assim, posto que estamos em regime democrático, cumpre que seja ele coerente. O que certamente conduz à vigência da democracia-com-idéias. E à rejeição da democracia-semidéias.

Assim, se um Carlos Chagas, ou um Oswaldo Cruz, estivesse vivo hoje, ele se destacaria certamente como representante natural da classe médica cm todo o País. Na Câmara, pela natureza de sua celebridade, e pelo cunho específico de seu mandato, seria ele o porta-voz dos colegas. Porém não só deles. Os habitantes da região onde nasceu, seus companheiros e amigos no campo das relações sociais e do lazer etc., todos os brasileiros inteirados de seus feitos e de seus méritos através da mídia, se sentiriam - a um título ou a outro representados por ele. Análoga coisa se pode dizer de outrdS profissões, como comerciantes, industriais, agricultores, professores, militares, diplomatas, bem como funcionários públicos das mais diferentes atividades, engenheiros, advogados e técnicos de toda ordem. 20

Em segundo lugar, cabe falar da mídia, a qual se tem mostrado muito muito mais autenticamente uniforme. uma democracia-com-idéias, Uma mídia mais ricamente difedo que o é, renciada, do ponto de vista ideológiao cabo de cem anos, co, doutrinário e cultural, poderia sero Brasil-República virde meio de expressão ede conseqüente aglutinação de inúmeras almas que se calam. E a vida pública brasileira adquiriria assim a am*** plitude e a vitalidade Já aludi anteriorque lhe faltam. Não é difícil admimente à missão das tir que toda essa vida, grandes instituições comprimida pelo anosociais, cm tal maté,nimato a que a relega ria. Convém tratar o capitalismo publicimais especialmente tário, se "vingue", rede duas delas. colhendo dentro de si Em primeiro luas riquezas de pensagar, cumpre ressalmento que muitas vetar o papel de uma zes possui. instituição de imDaí resulta em parportância ímpar, ainte a monotonia da nosda mesmo nos dias sa vida pública: "moque correm, isto é, a 1wtonia " no sentido Conferência Nacional etimológico do termo. dos Bispos do Brasil A "mono-tonia ", sim, (CNBB). que instila o tédio poEste organismo lítico no grande públiepiscopal se vem co. E produz a "a-to- . utilizando do enornia" de considerável me prestígio - do parte do eleitorado. qual gozou antes de Concluindo. Um eclodir a atual crise país que fosse movina Santa Igreja, e Visconde de Abaeté, Visconde do Rio Branco, os Conselheiros João Alfredo e do muito mais porinque, em certa medi- Zacarias de Góis Vasconcelos, o Duque de Caxias e o Visconde do Cruzeiro, na tuiçõcs do que por da, ainda conserva - abertura da Assembléia Geral em 1872 um pensamento polípara modelar a seu gosto a opinião pública, no tocante a Essa inversão de valores é grave- tico e por uma cogitação doutrinária determinados problemas sócio-eco- mente responsável pelo minguamen- séria, não poderia chamar-se um paísnômicos de relevo. Entretanto, com to progressivo do prestígio da CNBB. de-idéias. A ser ele democrático, consisto tem ele relegado para segundo Fizesse ela cessar essa inversão, e tituiria uma democracia-sem-idéias. plano uma série de temas de primor- reprimisse eficazmente tantas extravaO texto deste artigo é uma condensação bastante sucinta dial importância religiosa e moral no gâncias e abusos que, sob a ação da da primeira parte da obra do Prof. Plinio Correa de Oliveira que diz respeito, não só ao bem co- crise na Igreja, se tem alastrado no Bra- "Projeto de Constituição angustia o País", Editora Vera São Paulo, 1987. Esta obra empolgou a opinião mum espiritual, como ao bem co- sil como alhures, e esse prestígio pode- Cruz, pública a tal ponto, que os propagandistas da TFP mum temporal. ria voltar ao seu ptimitivo esplendor. chegaram a vender, dela, mais de mil exemplares diários.

E, portanto, é só excecionalmente que eles limitam tal atividade em benefício de sua notoriedade política. A notoriedade é a causa do seu mandato; não é o mandato a causa de sua notoriedade. É a esse elevado tipo de profissional que se deve designar honrosamente de profissional-político.

Plinio Corrê.a de Oliveira: o que a TFP pensa da Democracia-sem~idéias

Manda a verdade que se reconheça não ter o regime republicano, nestes cem anos de vigência, conseguido formar, nas camadas profundas do País, um conjunto de hábitos intelectuais e morais, bem como de instituições partidárias, culturais, e outras, que criassem entre nós um ambiente cívico-político denso de cogitações patrióticas, quer filosóficas, religiosas e culturais, como também políticas, econômicas, sócio-políticas e sócio-econômicas, voltadas para os grandes problemas do mundo contemporâneo, bem como para as realidades concretas do País. Cumpre confessar - sem qualquer eiva de partidarismo que o ambiente político do Brasil-Império apresentava, a esse respeito, maior riqueza de conteúdo intelectual. Questões como a libertação dos escravos, ou a alternativa monarquia-república, interessavam muito mais ao quadro eleitoral, nos dias remotos do Brasil-Império, do que a Reforma Agrária, a Urbana e a Empresarial vão interessando a massa da população nas grandes cidades do Pais. O Brasil-Império foi muito mais autenticamente uma democracia-com-idéias, do que o é, ao cabo de cem anos, o BrasilRepública.

Esta enumeração, meramente exemplificativa, de modo nenhum exclui, a seu modo, os representantes de quaisquer outros grupos sociais ou profissionais, desde

Um país que fosse movido muito mais por intuições do que por um pensamento político, não poderia chamar-se um país-de-idéias A ser ele democrático, constituiria uma democracia-sem-idéias os mais elevados na escala social, até os mais modestos: proprietários rurais tanto como bóias-frias ou colonos, proprietários urbanos tanto quanto locatários, empresários industriais ou comerciais como trabalhadores na indústria ou comércio. E há que incluir ainda, nessa lista, grupos ou catcgo-

rias naturais de outra índole, como associações de filatelia, de enxadrismo, de esportistas, de atividades recreativas honestas etc. Enfim, as pessoas notáveis de todos os ramos de atividade devem ser particularmente viáveis como candidatos a um mandato eletivo, especialmente quando este tem missão constituinte. Por sua vez, estes não aspiram naturalmente a ser deputados ou senadores ad aetemum. A eleição para um mandato legislativo lhes é honrosa, lh es enriquece o curriculum vitae. Mas a necessidade de estar sempre na vanguarda da profissão ou campo de atividade em que adquiriram destaque, impede que eles dediquem toda a sua existência à política. Sua notabilidade profissional é o pedestal de seu êxito político. CATOUCISMO, DEZEM13110 1991

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D Revolução e Contra-Revolução

Despenalização do adultério • e comunismo

A Revolução por excelência

"Era

Plínio Corrêa de Oliveira

os últimos números, Catolicismo apresentou rápida análise da crise contemporânea, com base no livro Revolução e Contra-Revolução, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Coroando esta série de artigos, transcrevemos a seguir a conceituação que o próprio autor faz de Revolução

N

Revolução pretende abolir, com o intuito de substituí-los por outros radicalmente contrários.

grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao favor dos Príncipes e à proteção legitima dos Magistrados. Então o SacerdóA Revolução por excelência cio e o Império estavam ligados entre Neste sentido se compreende que si por uma feliz concórdia e pela peresta Revolução não é apenas uma revo- muta amistosa de bons ofícios. Organilução, mas é a Revolução. zada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, cuja meSentido da palavra "Revolução" A destruição da ordem por mória subsiste e subsistirá, consignada excelência Damos a este vocábulo o sentido de como está em inúmeros documentos um movimento que visa destruir um poCom efeito, a ordem ele coisas que que artifício algum dos adversários poder ou uma ordem legítima e pôr cm seu · vem sendo destruída é a Cristandade me- derá corromper ou obscurecer (Encílugar um estado de coisas (intencional- dieval. Ora, essa Cristandade não foi uma clica Jmmortale Dei, de 1/ 11/ 1885 mente não queremos dizer ordem de coi- ordem qualquer, possível como seriam Bonne Presse, Paris, vol.11, p. 39). sas) ou um poder ilegítimo. Assim, o que tem sido destruído, do possíveis muitas outras ordens. Foi a reaséculo XV para cá, aquilo cuj a destruilização, nas circunstâncias increntes aos Revolução cruenta e incruenta tempos e aos lugares, da única ordem ção já está quase inteiramente consuNeste sentido, a rigor, uma revolução verdadeira entre os homens, ou sej a, a mada cm nossos dias, é a disposição dos pode ser incruenta. Esta de que nos ocu- civilização cristã. homens e das coisas segundo a doutrina pamos se desenvolveu e continua a se Na Encíclica Immortale Dei, Leão da Igreja, Mestra da Revelação e da Lei desenvolver por toda sorte de meios, al- XIII descreveu nestes termos a CrJstan- Natural. Esta disposição é a ordem por guns dos quais cruentos, e outros não. As dade medieval : Tempo houve em que a excelência. O que se quer implantar é, duas guerras mundiais deste século, por filosofia do Evangelho governava os per diametrum, o contrário disto. Porexemplo, consideradas em suas conse- Estados. Nessa época, a influência da tanto, a Revolução por excelência. qüências mais profundas, são capítulos sabedoria cristã e a sua virtude divina Sem dúvida, a presente Revolução dela, e dos mais sanguinolentos. Ao passo penetravam as leis, as instituições, os teve precursores, e também prefiguras. que a legislação cada vez mais socialista costumes dos povos, todas as catego- Ario, Maomé, foram prefiguras de Lude todos ou quase todos os povos hodier- rias e todas as relações da sociedade tero, por exemplo. Houve também utonos constitui um progresso importantís- civil.Então a Religião instituída por Je- pistas cm diferentes épocas, que conccsimo e incruento da Revolução. sus Cristo, solidamente estabelecida no bcr am, e m so nhos, dia s muito parecidos com os da Revolução. Houve A amplitude desta Revolução por fim, cm diversas ocasiões, povos ou A Revolução tem derrubado muitas grupos humanos que tentaram realizar vezes autoridades legítimas, substituinum estado de coisas análogo às quimedo-as por outras sem qualquer título de ras da Revolução. legitimidade. Mas haveria engano em Mas todos estes sonhos, todas essas pensar que ela consiste apenas nisto. prefiguras pouco ou nada são cm conSeu objetivo principal não é a destruifronto da Revolução em cuj o processo ção destes ou daqueles direitos de pesvivemos. Esta, por seu radicalismo, por soas ou famílias. Mais do que isto, ela sua universalidade, por sua pujança, foi quer destruir toda uma ordem de coisas tão fundo e está chegando tão longe, legítima, e substituí-la por uma situação que constitui algo de ímpar na História. ilegítima. E "ordem de coisas" ainda (" Revolução e Contra-Revo Iução", não di z tudo. É uma visão do universo parte I, capítulo VII, 1). e um modo de ser do homem, que a

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C ATOLI CISMO, DEZEMBRO 199 1

uma vez" uma família em cuja casa freqüentemente ocorriam fenômenos estranhos: abalos nos alicerces f aziam o prédio tremer; vez por outra ruídos esquisitos provinham das vigas que sustentavam o teto; cá e lá rachaduras surgiam nas paredes; o madeirame do assoalho rangia e nas extremidades costumava vergar-se. Em determinado momento, um canto de parede desabou. A família se assustou: "o que estará acontecendo com nossa casa? ... "

uma seita filosófica como a definiram os Papas-vão penetrando por toda a parte, independentemente da demolição das estruturas políticas dos regimes socialistas e dos PCs. E vão produzindo, deste modo, uma crise de fundo, cada vez mais grave, no edifício - já quase

Qual o risco a que se expunha essa imprevidente família? Certamente o de ser, de um momento para outro, sepultada sob os escombros de um total desabamento.

* ** otimistas vêm cantando em prosa e verso o que consideram o fim do comunismo. Isso porque grandes transformações - aliás ainda carregadas de indefinições e ambigüidades.....:... se produziram no que era outrora o mundo detrás cortina-de-ferro. Entregues a tal euforia, os mesmos otimistas não percebem que os erros da doutrina e do espírito do comunismo CA1'0 LI CJSMO, DEZE MBRO 1991

Recentemente, por exemplo, cinco deputadas do PT apresentaram emenda ao projeto de reforma do Código Civil propondo a despenalização do adultério, ou seja a eliminação da fidelidade conjugal como dever recíproco dos esposos. A esse propósito ironizou o deputado Roberto Magalhães (PFL-PE): "sem a fidelidade, é melhor acabar logo com o casamento, vamos direto para o amor livre" ("Folha de S. Paulo", 9-10-91). O amor livre, como se sabe, é uma das reivindicações clássicas do comunismo. Em declarações à imprensa, assim se pronunciou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, sobre a emenda petista:

O que estará acontecendo?! Então só agora esses infelizes otimistas se dão conta da realidade dos fatos!? Evidentemente não se tratava apenas de uma parede estragada, um teto necessitando reparos, ou qualquer outro pormenor arruínado. É o prédio todo que estava estruturalmente abalado!

1ncontáveis

Mas quem quiser aguçar o tirocínio e abandonar o funesto vício do otimismo, procure olhar em torno de si, e verá as "rachaduras nos alicerces" e as "paredes que desabam".

completamente em ruínas-no qual habitamos, e que constituiu outrora a veneranda e sagrada Civilização Ocidental e Cristã. Permanecei pois, em vossa alegre despreoc~pação, ó otimistas e imprevidentes! E quando menos esperardes, o comunismo aparentemente demolido - terá triunfado, em seus pressupostos filosóficos e "religiosos", sobre as ruínas de sagradas instituições da antiga Cristandade .

"O projeto das cinco deputadas do PT é perfeitamente comunista, pois, se os cônjuges não têm mais o dever de recíproca fidelidade, o casamento em nada se diferencia do concubinato. E fica extinta, ipso facto, a instituição da família, na sua acepção legítima que lhe é dada na doutrina da Santa Igreja Católica" .

Assim, pois, enquanto o comunismo se metamorfoseia no Leste europeu, no Brasil e demais nações ocidentais vai ele conquistando precioso terreno nos costumes, nos ambientes e na vida dos povos! 23


19 Centenário do 2 Batalhão de Polícia Militar Metropolitano "2 de Ouro"

Dois de Ouro

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ão foi necessário que o 2º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano de São Paulo completasse cem anos para que muitos soubessem que, entre as corporações que zelam pela nossa segurança, está uma que já fez história. Ombro a ombro com o Exército, enfrentou diversas revoluções. Fustigou a "Coluna Prestes"( 1J. Cumpriu com êxito missões bélicas no Paraná, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Depois de seu estupendo desempenho na repressão à Revolução de 1924 - batalhas da Rocinha, Formigas e Catanduva - mereceu a designação de "Dois de Ouro", tendo desfilado sob um arco de triunfo especial na Av. Tiradentes. E teve um papel decisivo na Revolução de 32< 2>. Um cético poderia dizer que isto não acrescenta nem tira nada à eficiência de seus componente$ no policiamento. É falso. Se o crime · tivesse história e suas escolas não

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simples de ser praticada, pode influenciar os rumos da História! ( Francisco Carlos do Nascimento, Cuba tão - SP).

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I fossem clandestinas, certamente temeríamos mais os bandidos que tivessem aprendido suas "artes" em "cursos" famosos, do que os com "currículo" comum. Por que isso não há de valer, em sentido contrário, para seus destemidos adversários, os policiais militares? Notas: 1) Marcha empreendida durante quase 3 anos pelo interior do Brasil, sob o comando do capitão Luiz Carlos Prestes, de onde toma o seu nome, a qual tentou derrubar o governo do Presidente Epitácio da Silva Pessoa. 2)Movimento armado que eclodiu em São Paulo contra o governo Getúlio Vargas, a qual visava a volta do País a um regime constitucional.

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TV Protesto

Tenho lido com viva atenção os últimos números de Catolicismo, e observo com agrado especial, que o tema da imoralidade e violência na TV tem sido largamente abordado. É ótimo que uma revista católica do porte desta tome a dianteira nessa luta, pois, até agora, víamos perplexos a <lnÍssão quase completa do clero e das demais revistas católicas. Parabéns. ( Luiz Martins Fernandez, Santo André - SP).

Caderno Especial

Leitor do Catolicismo há muitos anos, vejo com satisfação o aprimoramento que a revista tem tido. A introdução do "Caderno Especial" tem ajudado muito a reviver princípios e devoções católicas de há muito abandonadas pelo progressismo. Exemplo é o artigo do último número da revista sobre a batalha de Lepanto e o Rosário. Como uma devoção tão importante, mas ao mesmo tempo tão

Felicíssimo

Recebi, atrasadinho, o segundo número de minha assinatura de Catolicismo. Devorei-o. Pensei que coisas dessas já não existis.5em mais. Estou felicíssimo com a assinatura, pois há tempos procurava algo que tivesse a coragem de dizer a verdade. Olha, a TFP subiu no meu conceito. ( Waldomiro Gualberto da Silva, São Paulo - SP). (81

Sapos, serpentes e jacarés

"O homem, eis o 1nimigo" . Com este expressivo título um artigo de sua revis ta retratou bastante bem a tendência de

certos ecologistas de discriminarem o homem e privilegiarem os animais. Para eles, o homem é o grande vilão da Criação. Mas essa discriminação vai ainda mais longe. Entre os próprios animais há alguns que estão "out" e outros que estão "in". Tenho reparado que as pombas, por exemplo, que Raimundo Corrêa imortalizou no famoso soneto, estão "out", porque foram descobrir (só agora!) que elas sujam. As águias são chamadas de assassinas porque têm comido renas no norte da Noruega. Mas o prestígio das serpentes e dos sapos continua em ascensão, para não falar dos bem-amados e intocáveis jacarés. Essa falta de coerência mostra que há algo mais do que amor à nature za na cabeça de muitos ecologistas. ( Fábio Cardoso, Rio de Janeiro - RJ).

Deveres do operário para com o patrão O operário deve fornecer integralmente e fielmente todo o trabalho a que se comprometeu por contrato livre e conforme à equidade; não deve lesar o seu patrão, nem nos seus bens, nem na sua pessoa; as reivindicações devem ser isentas de violências, e nunca revestirem a forma de sedições; deve fugir dos homens perversos que, nos seus discursos artificiosos .... lhe fazem grandes promessas. (Encíclica Rerum Novarum, Vozes, Petrópolis, 1945).

LEÃO XIII C A'l'OLJCISMO, D EZEM13no 190 1

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AfOILICliS D TFPs em ação ;,.,

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Parlamento lituano agradece campanha das TFPs

E

Caro Senhor Presidente Uma delegação representando o Parlamento lituano está sendo enviada ao Brasil com vistas a estabelecer contatos e relações com essa importante nação sul-americana. O Vice-Presidente do nosso Parlamento, Sr. Bronius Kuzmickas, e o Presidente da Comissão de Relações Exteriores, Sr. Emanuelis Zingeris,foram designados para esta missão. Aproveitei a oportunidade para, pedir a eles que o visitassem, e lhe entregassem pessoalmente esta carta.

Emanue/is Zingeris com um representante das TFPs

O

Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento lituano, Sr. Emanuelis Zingeris, compareceu em5 de outubro último à residência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da TFP, na capital paulista. A finalidade da visita era a entrega de uma carta, manifestando em nome daquela Casa legislativa, gratidão em vista da campanha promovida pelas TFPs em favor da libertação da Lituânia. Acompanhavam o deputado Zingcris dois destacados membros da colônia lituana cm São Paulo, o Revmo. Pc. Francisco Gavenas SDB, vigário da paróquia de São Casimiro no bairro da Mooca (SP), e o Sr. Henrique Valavicius. Eis a íntegra da missiva:

De fato, Sr. Presidente,já era minha intenção, de algum tempo a esta parte, expressar-lhe minha gratidão pessoal e a de meu País, pela inestimável contribuição que as vinte TFPs nos cinco continentes deram à causa da independência lituana. Todos os lituanos estão bem cientes do abaixo-assinado altamente meritório organizado pelas TFPs em favor de nossa independência, o qual recebeu o apoio de 5.200.000 assinaturas de pessoas de diversas nações, tornando -o um dos maiores abaixo -assinados da História.

(adágio brasileiro)

Os cisnes pertencem à mesma fam{lia que os patos. Só que eles são cisnes (provérbio turco)

(Plinio Corrêa de Oliveira)

Se o sol não existisse, seria noite apesar da presença das outras estrelas (Heráclito de Éfeso)

Um universo de criaturas iguais seria um mundo em que se teria eliminado em toda a medida do possível a semelhança entre criaturas e Criador A natureza benigna e a bênção de Deus à humanidade iluminam e protegem os berços, beijam-nos, '' porém não os nivelam (Pio XII)

J:->~Ir----lEL EIVI

P.A.lr--JE

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Exprimo-lhe portanto, uma vez mais, a gratidão de nosso Parlamento, que peço transmitir aos Presidentes das várias TFPs e, por meio deles, a cada um dos jovens que participaram assim de nossa grande vitória. Com cumprimentos muito cordiais.

No dia 4 de outubro passado, a Assembléia Legislativa de São Paulo prestou uma homenagem à delegação lituana que visitou o Brasil para manter contactos com autoridades do País. Fazia parte dessa delegação o deputado Emanue/ís Zingeris, que foi o portador da carta acima mencionada. Na ocasião, a deputada Roselí Thomeu proferiu discurso alusivo à restauração da independência 26

Os paus, uns nasceram para santos, outros para tamancos

Liudvikas Sabutis Secretário do Conselho Supremo da República da Lituânia

lituana, no qual se referiu ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira como "fundador e Presidente da TFP, Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade que na passagem dos anos 89 e 90, foi autor e guia espiritual de uma obra inédita na história da Lituânia: coletou 5,2 milhões de assinaturas em apoio à independência desse país, cujos microfilmes foram levados a Vilnius (capital lituana), encaminhando o relatório da campanha a Gorbachev, em Moscou". CATOLIC!SMO,DEZEMBRO 19Dl

O homen de "La Cabana" perfila-se com o da KGB. Ambos ostentam certa teatralidade na expressão. Um brilha no drama, outro na tragi-comédia. A platéia, pouco exigente, não reclama na bilheteria. Falando claramente: o Ocidente ajuda Gorbachev, q }le, por sua vez, ajuda Fidel. O espetáculo continua ...



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