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CATOLICISMO

N2 517

Discernindo, distinguindo, classificando ...

Janeiro 1994

Desigualdade·e 01osaico O caos e a infelicidade crescentes no mundo moderno vêm em boa medida do igualitarismo em marcha

C

ada vez mais a igualdade vai harmoniosamente encaixadas entre vai caracterizando o mundo contemganhando posições no mun- si. Por outro lado, a perfeição indivi- porâneo: Nesse caso não há propriado de hoje. Igualdade cres- dual de cada pedra está em manifestar mente sociedade humana, há massa. cente entre filhos e pais, alunos e do modo mais exímio possível aquele Não há personalidades individuais, professores, trabalhadores e patrões. fragmento de desenho que está nela, ricas e autônomas, há apenas peças Todos notam o fenômeno e se deixam e só nela. É uma imagem da socieda- inexpressivas. Éo mundo da igualdade total. levar por ele, alguns com enSanto Tomás de Aquino, lutusiasmo, outros com relutânminar do pensamento católico, cia, indiferente a maior parte. vai à própria raiz do tema. As Nesses relacionamentos o criaturas, diz ele, existem para tratamento "senhor" está refletir, de modo finito, as perquase abolido, sendo substifeições infinitas de Deus. De tuído pelo igualitário "você". modo que cada criatura, e em Praticamente não há mais particular cada ser humano, manifestações de respei~o tem por assim dizer uma quota para com os mais velhos ou própria de perfeição que ela , pessoas de categoria mais deve exprimir e levar à plenituelevada. Até a simples cortede. Mas o tipo de perfeição de sia vai desaparecendo. A vulcada ser é diferente do outro. E gar "camaradagem" se geneé a conjunção de todas as perraliza: evaporam-se os sentifeições individuais, numa granmentos de a feto e proteção do de perfeição coletiva, o que maior pelo menor, bem como mais adequadamente reflete a os de admiração do inferior Deus (cfr. Suma Contra Gentipelo superior. les, livro II, cap. 45). Poucos, porém, se perÉ claro que entre os homens guntam se o fenômeno é bom há uma igualdade fundamental ou mau, se ele aperfeiçoa o de natureza, no tocante ao coconvívio social ou o deterionhecimento da Verdade, a uma ra, se os efeitos individuais Mosaico representando o Imperador b'izantino Justiniano. Detalhe do grande mosaico vida digna, a alimentação sufique produz tendem a ordenar reproduzindo a corte desse Soberano, Basílica de ciente etc. Mas, a partir desse o ser humano ou a desequiliSão Vital (547-548), &,vena (Itália). A beleza do fundamento, são incontáveis as brá-lo. O leitor já pensou no desenho vem da ordenação das pedras desiguais desigualdades legítimas que se assunto? afirmam, como as de inteligên*** Imagine-se um belo desenho cam- de humana, e das pessoas que a com- cia, de dons, de bens materiais. A desigualdade, qua ndo proporpestre feito sobre um mosaico de pe- põem. Mas, se todas as pedras do mosai- cionada e harmônica, é uma lei da dras irregulares, ou, se se preferir, mais simplesmente um quebra-cabe- co tiverem exatamente o mesmo natureza. Os mesmos Anjos são deças. Visto no seu conjunto, o mosaico tamanho e fonnato, e nelas estiver siguais entre si. E quando bem com(ou o quebra-cabeças) tem a beleza impresso o mesmo desenho - o chi- prce11did11 Amada, ela é uma fonte do desenho acabado. A perfeição dele fre do boi, por exemplo - não fonna- d · h ' 111 - s i.ar, virtude e amor de consiste em que cada pedra represen- rão conjunto, mas sim uma ropctiç.fo Deus. O ·11111i11ho do mundo moderno _te bem exatamente o que ela deve monótona do mesmo motivo. Nem representar (numa está desenhado, sequer terão um lugar próprio - e só pam II igualdade total é a via para o por exemplo, o fruto pendente de uma delas - no mosaico: podem ficar ·m caos pu m a infelicidade. árvore, noutra o chifre de um boi, e qualquer posição. • a ima, ' lll do e.A. assim por diante); e estejam, todas, conjunto amorfo, qu adn v "/, 11111is

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Assestando o Foco

e

o memorando-se neste mês 150 anos do nascimento de Santa Bernadete Soubirous, esta edição dedica-lhe a capa e substancioso artigo. Além de mostrar as qualidades próprias da nobreza, adquiridas pela Santa no contacto com Nossa -Senhora, o articulista de CatoUclsmo, que lá esteve em peregrinação, descreve sucintamente alguns locais marcados até hoje pela presença da Mãe de Deus e da vidente. Para não tornar por demais longa a matéria, o autor do artigo não quis tratar de aspectos qegativos que infelizmente observam-se na Lourdes de hoje, os quais são efeitos da terrível revolução progressista que grassa na Igreja Católica, em todo o mundo. Julgamos porém necessário, para o pleno conhecimento do tema, informar nossos leitores sobre alguns desses aspectos que presentemente maculam a cidade-santuário. Na ampla esplanada existente diante da tradicional Basílica,edificada no século pas-

sado em es ti Io neogótico, a funda-se - e não se ergue, note-se bem - uma horrenda construção, que é um insulto ao verdadeiro conceito de arte e ao bom gosto. Trata-se de imenso salão oval, de 80 por 200 metros, com paredes de cimento exposto, que dá ao visitante a sensação de estar sendo esmagado pela mole de concreto armado. Assim, tal récinto como que impede a oração, pois esta consiste numa "elevação da mente a Deus". Além do mais, é desconcertante o título que recebeu essa construção subterrânea: "Basílica São Pio X". O que diria o grande Papa santo, que condenou o modernismo heresia do início deste século, que está na raiz do progressismo - , se ressuscitasse hoje e visse seu nome atribuído a um salão que viola as mais elementares noções de estética? Semelhantes comentários podem-se aplicar ao "Novo Santuário de wurdes", situado no lado oposto do rio Gave, em cujas margens se encontra a abençoada gruta de

Massabielle. C.Onstruído em agressivo estilo moderno, mede 80 por 100 metros e constitui um aglomerado de caixotes de cimento exposto, colados entre si. Outra nota muito lamentável na atual Lourdes é o grande número dos que se dirigem ao.santuário para fazer turismo. E, em conseqüência, a proliferação de trajes femininos, como bermudas, mini-saias, shorts, contrários à moral tradicional católica, com a agravante de serem eles expostos num local marcado pelas aparições de Nossa Senhora e pela presença do sobrenatural. Apesar de todos esses horrores, continua presente em Lourdes - por misteriosos desígnios da misericórdia da Mãe de Deus - uma bênção palpável. Ea Virgem Santíssima opera continuamente ali portentosos milagres. Mas não nos esqueçamos de que Ela possui no mais alto grau todas as virtudes, e portanto também a virtude cardeal da justiça ...

Índice Discernindo Desigualdade e mosaico

2

A realidade concisamente Alfabetizados ... analfabetos

4

Destaque De mãos sudanesas goteja sangue aistão

5

6

Entrevista TFP: obstáculo à corrida para o caos

11

Caderno Especial A pesca milagrosa e o convite de Nosso Senhor aos Apóstolos

13

Brasil real, Brasil brasileiro As cavalhadas

17 18

TFPsem ação Livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira lançado na América Hispânica

19

Hagiografia Dom Próspero Guéranger, Abade de Solesmes

20

História Desenvolvimento das elites no Brasil Império e na República

23

Em painel Frases e imagens

Jornalista Responsável: Takao Takahashi Registrado na DRT-SP sob o N• 13748

Redaçio • Gerência: Rua Martim Francisco, 665 01226-001 • São Pauk>, SP Tel: (011) 824.9411

Dlagramaçio: Antonio Carlos F. Cordeiro

Escrevem os Leitores Direito Alternativo

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Rlho

Sesquicentenário Santa Bernadete: pobreza e distinção

Catolicismo é uma publicação mensal da Edit>ra Padre Belchior de Pontes Ltla.

27

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nlluru. Endereço: Rua Martin Frar.:isco, 665 • CEP 01226-001 São Poolo • SP- Tel.: (011) 824-9411

ISSN • 0008-8528 Nossa capa: Foto da grw da Massabiele e quadro de Santa Bernadete por Charles Belewe (1858)

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CATOLICISMO, JANEIRO


Alfabetizados .•. analfabetos . ------------·, As crônicas mazelas no En-

sino estão longe de ser excluvidade nacional. No momento em que o raciocínio e a reflexão são aviltados, de forma sistemática, no mundo hodierno, a ninguém surpreende, por exemplo, que os índices de aproveitamento escolar tendam a ser catastróficos - mesmo em classes elevadas ou abastadas, · ou em nações de grande poder econômico, como os Estados Unidos. Neste pais, foram entrevistadas por pesquisadores do Departamento de Educação, ao longo de quatro anos, 26 mil pessoas. As perguntas versavam sobre situações corriqueiras, apresentadas em textos simples, como obter uma informação lendo jornal, entender um folheto com o itinerário do ônibus ou preencher um formulário simples de.depósito bancário. Conclusão do levantamento: quase metade da população norte-americana revelou-se incapaz de redigir uma carta ou calcular a duração do trajeto de um ônibus, bem como assimilar explicações sobre como votar ou participar de um júri. Estatísticas de empresas estimam que o pais perde, anualmente, cerca de 30 bilhões de dólares, em função de problemas decorrentes da desinformação dos funcionários.

Demolição pós-comunista

"O Evangelho é um conjunto de histórias que provoca (sicl) a misericórdia e ajuda na con.strução do ser humano. O aborto não é pecado. O Evangelho nem trata disso .... A legalização do aborto é neéessária e não pode ser impedida por credos religio-

sos" . As declarações acima foram prestadas à revista "Veja", edição recente, pela Irmã Ivone Gabara, estabelecida em Recife desde 1973. Partidária da Teologia da Libertação e autora de livros sobre "teologia feminista", ela descreve, nestes termos desconcertantes, a filosofia igualit~ia e panteísta que norteia adeptos do chamado progressismo católico: "A raiz da experiência cristã é igualitária e as estruturas de poder na Igreja podem ser mudadas. Deus não é masculino nem feminino. É tudo. O divino está entranhado no ser humano e vice-versa". Acentuando, dessa forma, que as revoluções nos campos moral e polftico estão intimamente associadas e são, a bem dizer, reversfveis uma na outra, a entre vistada parece deixar entendido que, na atual fase pós-comunista do processo. revolucionário, a tônica deve incidir na derrocada dos costumes e não preponderantemente na agitação social, como até há pouco. Assim, à maneira de um de-

sabafo, explica: "A palavra socialismo, tão usada nos movimentos populares, caiu em desuso. Acentuamos um discurso utópico sem condições de se realizar. Não acredito mais nas CEBs, como único caminho de libertação". Correspondem tais declarações a uma etapa mais profunda de um processo revolucionário em marcha. E o mais grave é o fato de ser esse aprofundamento na desagregação proposto por religiosa católica, uma esposa de Cristo! Consciências entorpecidas

No Brasil, calcula-se existirem aproximadamente 350 mil pessoas envolvidas com o uso de entorpecentes. Trabalho recente da Polícia Federal revela que no País cerca de 400 pessoas comandam o tráfico internacional, aliadas igualmente aos cartéis de Cali e Medellin. Considera-se também que, nos morros e favelas do Rio, mais de 150 mil pessoas trabalham para os traficantes. Indícios dão conta, igualmente, de que nesses locais são comercializados anualmente 700 milhões de dólares em drogas. A vista desse trágico quadro, há quem- paradoxalmente - propugne, em nosso meio, a liberação dos tóxicos, quando o simples bom-senso e as estatísticas fazem ver que tal medida representaria, na verdade, um

estímulo ao consumo. Isso ficou provado, por exemplo, com o ocorrido na Espanha e Suíça, países onde - cessada a repressão na matéria - houve indiscutível aumento da criminalidade e proliferação da AIDS . A chamada "descriminalização" das drogas chegou a ser sugerida no inicio deste ano pela então presidente do Conselho Federal de Entorpecentes (Confen), Ester Kosovski, durante seminário realizado em Canela (RS). A proposta acabou felizmente sendo rejeitada. O presidente da CPI do narcotráfico, deputado federal Elias Murad, considerou-a, a justo título, "anomalia jurídica" .

Homossexualidade e fatores genéticos - A autorizada publicação científica Le Scienze (A Ciência), edição italiana do Scientific American, refuta a tese de que a homossexualidade ou sodonúa tenha causas genéticas. O periódico apresenta vários argumentos, sendo o mais simples e fácil de compreender o exemplo dos gêmeos. Pesquisa realizada entre estes, em que um deles tornou-se homossexual, mostrou que, na metade dos casos, o outro tem um comportamento norma 1. E isto apesar de terem, não só o mesmo patrimônio genético, mas também a mesma educação fanúliar e o mesmo ambiente social. Sodomia é um vício - Isto significa que, medicamente falando, a homossexualidade é um vício moral, dependendo portanto do livre arbítrio.

De mãos sudanesas goteja sangue cristão Quando da recente visita de João Paulo

.li ao Sudão, ao nordeste da Áfric.a os bispos

Pol-Jciais revistam suspeito na favela ck Rocinha- repleta ck traficantes-, no Rio

Paz cambaleia

Dissolvido o império soviético e derrubado o Muro de Berlim, a muitos pareceria que a ameaça de um confronto nuclear entre Estados Unidos e Rússia passara a tornar-se possibilidade remota. Graças a isto, a humanidade poderia, durante longo período, gozar de uma modorrenta e ininterrupta paz. Tais otimistas- incorrigíveis , por natureza - deixar-se-ão alguma vez sobressaltar em sua incorrigível sonolência anestesiante? Bruce Blair, especialista militar norte-americano, da Brookings lnstitution, em artigo para o "New York Times", acaba de sustentar que a Rússia possui um sistema computadorizado capaz de responder automaticamente a um ataque nuclear, lançando milhares de misseis atômicos, mesmo que ocorra a destruição total de seu comando militar e ·de toda Moscou . Isso se daria por melo de um computador que "apertaria o botão", sem nenhuma participação humana. Blair acentuou que a automação do sistema russo "o torna Intrinsecamente perigoso: um alarme falso, durante uma crise internaclonal, poderia por equívoco colocá-lo em ação ... " Em outros termos, o holocausto nuclear poderia desencadear-se eventualmente por engano .. . mesmo sem o concurso de um Stalin sanguinário, ou de um sinistro Breznevl

Míssil estraté8'ico msso SS- 17, escondido num silo nos arredores de Moscou, pod,,rá ser acionado automr.l lica"umte contr<1 o Ocidente por um sistema comptJtrulorlzrulo

de~ país lançaram um apelo patético ao Papa: "Santo Padre, as mãos que Vós ides estreitar estarão gotejando sangue cristão". A que se referiam, palavras tão dramáticas? No Sudão, os cristão são martirizados, exterminados, perseguidos, vendidoscomo escravos, lançados no deserto para aí morrerem de fome e de sede. Nossa imprensa, sempre tão farfalhante, entreta nto pouco fala disso. Dias a pós a visita de João Paulo li àquela nação afric.ana, uma impressionante denúncia era feita na Comis.são de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. O portavoz da As.5ociação Internacional para a Defesa da Liberdade Religiosa, Samuel Ericson, ali relatou as perseguições contra os cristãos e a existência "de um rei no de terror e de genocídio" no Sudão. Crianças cristãs são arranc.adas de seus pais e levadas para serem doutrinadas à força .no islamismo; destroem-se sistematicamente as igrejas; os cristãos são considerados cidadãos de segunda classe, oprimidos, privados de ter carreira importante e submetidos a pesados impostos suplementares; se um muçulmano se converte ao catolicismo, fica sujeito à pena de morte. Em nome de Alá, milícias organizam ataques contra as populações cristãs, separando as famílias, reduzindo-as à escravi-

Como as drogas, a sodomia deve ser combatida. E a única maneira de fazê-lo eficazmente é através do ensino e da prática da moral tradicional católica.

Pornocantora não encontrou patroçlnador na Itália - Em Roma, a cantora pornográfica Luísa Veronica Ciccone, que esteve recentemente no Brasil, não pôde realizar os slwws que pretendia. No Forum di Assago estavam marcados dois espetáculos com a cantora obscena mas, por falta de patrocinadores, os mesmos foram cancelados. Associações católicas, entre as quais destacou-se "Famil glia Domani" (Fanu1ia de Amanhã), protestaram contra tais espetáculos e, como conseqüência, não s_e encontrou nenhum empresário disposto a patrocinar os slwws. Bruxaria vai penetrando- Enquan-

to o culto aos Santos vai sendo posto de lado em nosso infeliz Brasil, a feitiçaria e quejandos progridem. Assim, no dia 31 de outubro - festa de Santo Afonso Rodrigues - em certos lugares do Rio de Janeiro comemorou-se o Dia das Bruxas.

Pães com a forma de aranhas e ratos-No RestauranteLokau, Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, o Dia das Bruxas foi festejado com os seguintes horrores, entre outros: pães tinham a forma de aranhas e ratos; mulher saiu de uma abóbora, completamente nua e usando longuíssimos dentes postiços. No Bar Excalibur, bairro da Tijuca, as pessoas só podiam entrar se estivessem fantasiadas ou vestidas de preto ou lilás. E no Teatro Tereza Rachel as comemorações duraram três dias, com o espetáculo "Terror na Praia".

dão, vendendo-as nos merc.ados. O rádio e a televisão condamam à "guerra santa" contra os "ímpios", isto é, contra os cristãos. A população cristã do Sudão vai sendo exterminada .

Apelo da TFP francesa Essa perseguição está se efetuando num panorama já bastante contu rbado, devido a uma guerra civil travada entre .o ref!ime de Kartum (que desde 1989 introduziu a Sharia, isto é, a Lei islâmica como legislação do Estado) e o Exército de Libertação do Povo Sudanês, co_m posto por não-muçulmanos do sul do país. Recentemente, tal movimento cindiu-se em duas alas que se digladiam, o que veio ainda agravar a situação de miséria dessa região e o c.a lvário por que passam os cristãos sudaneses. Para exigir o fim dessas atrocidades, a TFP francesa está promovendo uma c.ampa nha em sua pátria, utilizando o sistema de mala direta, pedindo ao governo Balladur que atue com todo o peso da influência internacional da França. Milhares de aderentes da TFP francesa querem que o governo, através de medidas diplomáticas e de retalração econômica, exija a aplicação do elementar princípio de reciprocidade. Isto é, que os cristãos sejam tratados no Sudão como os muçulmanos o são na França. Vítimas inocentes foram queimadas vivas, encerradas em igrejas em chamas, outras foram crucificadas. Em Juba, sul do país, 300 mil pessoas foram totalmente privadas de qualquer subsistência.

A guerra civil que abala o Sudão e principalmente a perseguição de seu governo islamita contra os cristãos do sul do pais tornaram trágicas as condições de existência nessa região Já em abril de 1992, Catolicismo se ocupou do tema. Mas as perseguições continuam. A TFP francesa lamenta também amargamente "a indiferença da comunidade internacional". Não sejamos nós destes indiferentes ante o sangue de nossos irmãos na Fé, que é derramado. Rezemos por eles e contemos a todo mundo o que se pasSil no Sudão. Se a indiferença internacional cessar e for substituída pela merecida indignação, algo ainda será possível fazer.

CATOUCJSMO,JANEIRÔ 1994

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final dão-lhe para oscular uma pequena imagem de Nossa Senhora de Lourdes, de madeira, e rezam em voz alta: "Nossa Senhora de Lo urdes, rogai por nós ! Santa Bemadete, rogai por nós!"

SESQUICENTENÁRIO

SANTA BERNADETE: ,., POBREZA E DISTINÇAO

Moinho de Boly

Há 150 ano$ nascia a vidente de Nossa Senhora de Lourdes. A Virgem Santíssima a tratava de modo cerimonioso, e a Santa, embora de origem modesta e vivendo na pobreza e até na miséria, adquiriu modos de ser nobres e elevados A gruta

O Moinho de Boly, onde Santa Bernadete nasceu há 150 anos

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ive a graça insigne de e mpreender uma peregrinação a Lourdes, da qual guardo profundas e gratas recordações, que procurarei transmitir sucintamente aos leitores de Catolicismo. Foi no mês de maio , em plena primavera. Logo após instalar-me no Hotel das Innãs do Amor de Deus, dirigi-me pressuroso ao local onde Nossa Senhora apareceu a Santa Bernadete Soubirous. Passando rapidamente pelas ruas, não pude deixar de me deter na ponte sobre o rio Gave. Suas águas límpidas de cor glauca - entre o verde e o azul - correm sobre pedras, espargindo espumas de prata. Penetrei na esplanada e deparei com diversas procissões de peregrinos, portando velas. Cada grupo rezava o terço em sua língua: francês, inglês, espanhol, al emão. Mas eu queria estar logo junto ao lugar pelo qual tanto suspirava: a gruta de Massabielle.

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C,\TOLJCISMO,jANEIRO 1!1\14

Já era noite. Assim que cheguei diante da gruta, ajoelhei-me e rezei por um bom tempo. Continuando de joelhos, pus-me a analisar a cena que tinha diante de mim. Numa concavidade da rocha encontra-se a imagem de Nossa Senhora de Lourd es, sob a qual está a inscrição em dialeto · patois: "Eu Sou a Imaculada Conce ição" . Os peregrinos faziam fila para penetrar na gruta. Chegando perto da image m da Virgem, levantavam as mãos co m seus terços, oscul avam a rocha e muitos nel a encostavam a cabeça. Rezavam com Fé. Havia também muitos doentes em carrinhos ou le itos m~veis, qu e vinham pedir milagres. Presas nas paredes da gruta há inúmeras muletas, bem como outros objetos, que pertenceram ;t pessoas curadas milagrosamente por Nossa Senhora. No interior da gruta, vi também grande número de velas acesas, uma delas de uns 2 metros de altura por 30 cm de diâmetro. Fiquei vivamente impressionado com a presença de muitos homens de idade madura, ajoelhados no granito. Aproximei-me da fonte, surgida milagrosamente quando Nossa Senhora ordenou a Santa Bemadete que cavasse a terra arenosa do interior da gruta, com ·seus dedos delicados. , De tal modo senti ali a presença sobrenatural de Nossa Senhora e de Santa Bemadete que a gruta se me afigurou como a uma porta entre o Céu e a Terra. De ambos os lados da gruta há muitas torneiras das quais emana água da fon te . As pessoas bebem-na, molham as faces, a testa, as orelhas, enchem fra scos para levá-los consigo.

As piscinas de água milagrosa

Próximo à gruta há várias piscinas com a água da fonte milagrosa. ficam elas em compartimentos totalmente fechados, e as imersões são fe itas de uma pessoa por vez. Há um conjunto de piscinas para ho mens e outro, be m separado, para mulheres. Qu is ser imerso em três ocasiões diferentes na piscina, para pedir especiais gra ças a Nossa Senhora. Os homens de idade madura que ajudam o peregrino na imersão pedem-lhe para rezar antes uma Ave-Maria. E no

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Enlevado com a gruta, devido à presença sobrenatural de Santa Bemadete que ali senti, quis ver a casa onde ela nasceu, em 7 de janeiro de 1844 - há precisamente 150 anos-, o Moinho de Boly. É uma casa simples, de paredes grossas e pé-direito alto, situada próximo ao centro da cidade. Ali se vê um moinho, uma mesa de marceneiro, a cama onde a Santa veio à luz. Em tudo se nota pobreza, mas também ordem e dignidade.

O calabouço Mas a pobreza da família Soubirous tomou-se tão grave que chegou à miséria. O que a obrigou a morar na antiga cadeia pública, o "cacbot" da cidade, não distante do Castelo-Fortaleza. Impressionou-me a exigüidade do único quarto - de uns 3,5 m por 4 m no qual toda a fanúlia (os pais e quatro filhos) residia. Foi exatamente no doloroso período durante o qual Santll Bemadete residia no

Santidade: Fonte de dignidade e decoro "Camponesa vestida com decência e sensata simplicidade, na qual se nota uma compostura que, mais do que no traje, se patenteia no olhar sereno, firme, profundo, puro e equilibrado até o mais alto grau: seu nome encheu seu século, perpetuou-se no nosso, e brilhará enquanto o mundo for mundo. "~o Céu os Anjos o cantam com louvor. E Bernadete Soubirous, incluída pelo Santo Padre Pio XI no rol dos Santos! "Ela não é burguesa, não quer ser burguesa; não quer parecer burguesa, e nem sequer extinguir a burguesia. Mas poucas burguesas, poucas Princesas até, têm tanta dignidade e decoro pessoal. "Eis a elevação, a glória, a força de uma plebe católica não deformada pelo bafo da Revolução" (PlinioCorrêa de Oliveira, in Catoliàsmo, nº 75; março de 1957).

"cachot", que Nossa Senhora lhe apareceu por 18 vezes, na gruta de Massabielle. No "cachot" encontra-se o terço usado pela vidente, bem como uma bonita imagem de Nossa Senhora das Graças pisando ·a serpente infernal. A Virgem está revestida com um manto dourado e mede aproximadamente um metro de altura. A-santa rezou diante dessa imagem, que estava colocada na igreja paroquial. Casa Paternal

Dirigi-me depois à Casa Paternal, assim chamada porque foi a única que pertenceu aos pais de Santa Bemadete. Ali pude ver a cama usada pela Santa, o moinho de seu pai, a cozinha com frigideiras e outros utensílios. Há também um missal que ela utiliz_ava e uma pequena gruta,de uns 50 por 40 cm, por ela fabricada para rememorar o local abençoado onde viu a Santíssima Virgem. As paredes da casa estão repletas de placas de mármore, com a inscrição "merci", obrigado.

dentemente explorado pelos diversos autores que se têm ocupado tanto de Lourdes quanto da vidente: a nobreza e a distinção que a caracterizavam, apesar de sua humilde extração social. E tambéma misteriosa fonte onde a Santa pôde haurir tais virtudes, que transcendiam tanto a natureza de uma compônia ignorante. O espírito revolucionário inclina as pessoas - mesmo as de elevada condição social - à grosseria no trato, ao deboche nas maneiras, à vulgaridade do vocabulário, tão comuns boje em dia. Em sentido oposto, a graça de Deus as eleva, fazendo com que procurem a perfeição em todas as coisas. A Virgem Santíssima operou maravilhas na alma de Santa Bernadete, fazendo

***

Fiquei tão maravilhado com Lourdes que, chegando ao Brasil, pus-me a ler vários livros sobre o tema. Entre os mi I aspectos interessantes da vida de Santa Bemadete, quero chamar a atenção dos leitores para um deles: as boas maneiras que ela adquiriu, após tomar contacto com Nossa Senhora, e a luz sobrenatural que emanava de sua pessoa.

O calabouço (Le cachot): quarto de 4,20 m x

3, 70m no qual Sarita Bernadete residiu com os pais e mais três irmãos

Pobre e analfabeta

A fanúlia Soubirous era plebéia e extremamente pobre. A tal ponto que muitas vezes o pai de Santa Bemadete, Francisco, não conseguindo trabalho, ficava deitado na cama para assim sentir menos fome e permitir que seus quatro filhos pudessem se alimentar. Quando Nossa Senhora lhe apareceu, Santa Bemadete não sabia nem ler nem escrever. E não fizera a Primeira Comunhão, embora já tivesse completado 14 anos de idade . .

A graça de Deus eleva a natureza Catolicismo já se. ocupou do tema Lourdes e Santa Bemadete várias vezes. Volto à mesma temática neste sesquicentenário do nascimento da vidente, mas para focalizá-la sob um ângulo não abordado nas colaborações anteriores. O assunto é muito rico, prestando-se a diversificados tipos de análise. E escolhi um prisma um tanto especial não sufi-

com que ela adquirisse qualidades próprias de uma nobre. Ea Santa conservouse sempre pobre, não tendo jamais aceito dinheiro que tantos e tantos peregrinos lhe ofertavam. Em sua magistral obra Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira afirma que o nobre autêntico possuía "boas maneiras, a etiqueta, o protocolo". E acrescenta: essas qualidades "exigiam da parte do nobre uma contínua repressão do que há de vulgar, de desabrido e até de vexatório em muitos impulsos do homem" 1• Quando admiramos algo, esse algo penetra em nós. Santa Bemadete, tomada de profunda admiração pela pessoa de Nossa Senhora, que era nobre, nobilitou-se pela distinção, cortesia, boas maneiras. Eis aí a explicação para a transformação operada na vidente: a fonte da nobilitação de sua alma residia na criatura mais nobre de


,, toda a História da humanidade: a própria Mãe de Deus. Alguém poderia objetar: - Mas Nossa Senhora era uma pobre Virgem de Nazaré. Nunca ouvi~izer que Ela fosse nobre ... Maria Santíssima, emb~ra vivesse na pobreza, pertencia à mais alta nobreza. São Bernardino de Siena (1380-1444) afirma que Nossa Senhora "foi mais nobre do que todas as criaturas que tenham existido na na tu reza humana, que possam ou tenham podido ser geradas. Pois São Mateus (cap. 1) .... mostra que Ela é descendente de catorze Patriarcas, de catorze Reis e de catorze Príncipes" 2 •

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O Sinal da Cruz

Trato cerimonioso da Mãe de Deus

Sempre que Nossa Senhora se dirigia a Santa Bemadete, Ela a tratava de vós e não tu 3. Declara a Santa: "Ela me saúda, sorri e faz uma reverência" 4• Na terceira aparição - que foi a primeira vez em que a Virgem falou a Santa Bemadete - Nossa Senhora empregou as seguintes palavras cerimoniosas: "Podeis fazer-me o favor de vir aqui durante quinze dias?" 5• A distinção de Santa Bernadete

Imitando Nossa Senhora, Santa Bernadete també1n utiliza fórmulas respeitosas e corteses. Como até 25 de março de 1858 data da 16ª aparição e festa da Anunciação - a Virgem não havia revelado quem era Ela, Santa Bemadete perguntou-Lhe: "Senhorita, poderia ter a bondade de dizer-me quem Vós sois, por favor?" 6 Santa Bemadete dizia que, nas aparições da gruta, a Santíssima Virgem aparentava 16 a 17 anos de idade. Daí o tratamento "Senhorita". E Nossa Senhora respondeu-Lhe: "Eu Sou a Imaculada Conceição". Depoimentos significativos

Dentre as várias pessoas que testemunharam a distinção e as boas maneiras de Santa Bemadete cito apenas as seguintes: - Marie Tardhivail, residente em Lourdes, que manteve com Santa Bernadete o seguinte diálogo: - Quem te ensinou a saudar tão bem? - Eu não sei como saúdo. - Mas na gruta?

das aparições. Encantado pelas boas maneiras da Santa, escreveu: "Freqüentei o mundo, talvez até demais! E conheci modelos de graça e de distinção. Mas nunca vi ninguém saudar com a graç.a e a distinção que tinha Bernadete" 9 •

Fachada da casa da família Soubirous a partir de 1863, denominada Casa Paternal -

Eu faço como [Nossa) Senhora 7 •

-O protestante inglês, R. S. Standen, que foi a Lourdes para informar-se sobre as aparições. Depois de ter conversado com Santa Bemadete, declarou: Ela é "uma menina muito amável, superior à sua idade e à sua posição social, quer pelas maneiras, quer pela educação" 8 • -João Batista Estrade, importante personagem de Lourdes que presenciou o êxtase de Santa Bemadete durante uma

Infelizmente, hoje é muito comummesmo entre os bons - fazer-se o sinal da Cruz de modo apressado e quase imperceptível, devido ao desleixo, ao atabalhoamento ou ao respeito humano. Mas isso não sucedia com Santa Bcrnadete, que procurava fazer todas as coisas de modo perfeito, como é próprio do espírito nobre. No convento de São Gildard, na cidade de Nevers, onde era religiosa, a vidente repreendeu uma freira pelo Sinal da Cruz fechado que costumava fazer. Disse-lhe a Santa: "É preciso fazê-lo com atenção, pois significa muito fazer bem o Sinal da Cruz. Se tivéssemos Fé, veríamos o bom Deus cm tudo" 10• "Bernadete é uma aparição"

Santa Bernadete de tal modo admirou e amou Nossa Senhora, que obteve uma das graças mais preciosas: a total união de alma com a Santíssima Virgem.

Santa Teresinha do Menino Jesus tinha seis anos e meio quando Santa Bernadete morreu. Suas vidas foram breves: a primeira viveu apenas 24 anos e a segunda, 35. Santa Bernadete era filha de moleiro e Santa Teresinha de joalheiro. Mas ambàs tinham almas guerreiras, o ·que é próprio .da nobreza. E suportaram, por amor de Deus, sofrimentos morais e físicos espantosos. Santa Bernadete: Estava ela lendo um livro - certamente sobre a invasão dos Estados Pontifícios - e, ao ser interrompida por uma freira, disse: "Oh! Este Santa Bernadete Soubirous, Irmã de Caridade e de Instrução Cristã rt-0 Convento São Glldat·d, em Nevers

Essa união foi tão excelsa, que transparecia no próprio rosto da Santa, como atestam os seguintes depoimentos: - Um religioso, depois de ter conversado com a Santa, disse enlevado: "A mais maravilhosa demonstração da Aparição é a própria pessoa de Bernadete" 11 • - E o Padre Leonardo Maria Cros, jesuíta, que foi vê-la em São Gildard, quando Santa Bemadete já estava com21 anos, escreveu: Embora os registros provem que ela tem 21 anos, "os olhos que a vêem afirmam, com efeito, que Bernadete é sempre a menina de treze anos do dia da Aparição. Acredito que não seja possível encontrar uma menina com rosto mais jovem, aos treze anos, do que Bemadete aos 21, e sua juventude tem um encanto sobrenatural que é impossível não sentir. Ela mesmo é uma aparição" 12•

não sabia fazer nada". A própria Mestre de Noviças do Convento de São Gildard, depois Superiora, Madre Maria Teresa Vauzou, chegou a dizer: "Se a Santíssima Virgem qufaesse aparecer em alguma parte, por que escolheria Ela uma camponesa grosseira e sem instrução, em lugar de uma religiosa virtuosa e instruída?" 13 • Mas havia pessoas que percebiam a santidade de Bemadete. Assim, uma religiosa, que estava doente na enfermaria do Convento São Gildard juntamente com Santa Bernadete, declarou: "Era-me fácil fazer a ação de graças, após a comunhão, pois eu contemplava o rosto de Santa Bemadete" 14•

Ação de graças de uma freira

Enquanto Mons. Dupanloup - Bispo que defendia princípios liberais e que se opôs durante o Concílio Vaticano I à proclamação do dogma da Infalibilidade do Papa - tinha conversado com Santa Bemadete sem contudo acreditar nas aparições, outro Prelado, "ouvindo a narração da Santa, dobrou os joelhos diante dela .... e disse à menina de 14 anos: abençoai-me" 15•

Essa luz sobrenatura I que transluzia do rosto de Santa Bemadete era percebida por todos os que não são cegos de espírito. Sim, porque há dois tipos de cegueira: a física e a espiritual. O atingido pela primeira não vê a luz do dia, e o segundo - o que é muito pior - não quer ver a beleza das almas. Certos Bispos, sacerdotes e religiosas, cegos de espírito, viam em Santa Bernadete apenas uma "ignorante que

Bispo pede a bênção a Santa Bernadete

*** Neste fim de século em que tudo decai, peçamos a Santa Bemadete a graça

livro me dá vontade de partir para a guerra" 1 • Santa Teresinha: "Sinto em minha alma a coragem de um Cruzado, de um Zuavo Pontifício. Quisera morrer -sobre um campo de batalha, pela defesa ·da Igreja" 2 •

NOTAS 1. Pe. René Laurentin, Bernadette vous parle, P. Lethielleux, Paris, 1972, vol. 2, p. 20 l. 2. Manuscritos Autobiográficos, Tradução do Convento do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha, Cotia, São Paulo, 2ª ed., 1960, p. 244.

Sarita Teresinha do Meriiriojesus, religiosa rio Carmelo de Lisieux

Cozmha-quarto da Casa Paternal

de execrar a vulgaridade e amar a sublimidade. Roguemos-lhe também que nos cure de toda cegueira de alma. E para tanto, aplicando as palavras a Nossa Senhora, rezemos como o cego do Evangelho: "Domina, ut videam" - Senhora, que eu veja! PAULO FRANCISCO MARTOS

NOTAS 1. Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradidonais análogas nas alocuções de Pio XII M Pairiciado e à Nobreza romana, Livraria Civilização Editora, Porto, 1993, p. 134. 2. Apud Plinio Corrêa de Oliveira, op. cit, p. 288. 3. Pe. René Laurentin, Bernadettevous parle, P. Lethielle ux, Lourdes, 1972, vol. 1. p. 212. O Padre Laurentin é um dos maiores especialistas sobre Santa Bernadete e Lourdes . Escreveu inúmeras obras sobre o tema, as quais, contudo, não podem ser lidas sem ressalvas, pois defende ele teses não conformes à doutrina tradicional da Igreja. Assim, acredita no "complexo de Édipo", mito difundido pelo·ateu Freud (cfr. op. cit, vol. 1, p. 364); baseia-se no ímpio Rousseau para explicar a baixa estatura de Santa Bernadete: 1, 40 m (cfr: vol. 1, p. 382). E, o que é mais grave e desconcertante, chega a perguntar se o século XX não é mais chamado a viver a "paixão de Camilo e Luther King", do que o sofrimento de Santa Bernadete. Como se sabe, Camilo Torres foi um padre guerrilheiro colombiano, e Luther King um líder negro revolucionário norte-americano (cfr. vol. 2, p. 416). 4. Michel de Saint Pierre,Bernadette et Lourdes, Les Éditions de la Table Ronde, Paris, 1958, p. 42. 5. Idem, ibidem, p. 29. 6. Pe. René Laurentin, op. cit., vol. I, p. 132. 7. Idem, ibidem, vol. 1, p. 143. 8. Idem, ibidem, vol. 1, p. 199. 9. Abbé Léonce Manent, Nouvelle Histoire de Lourdes, Éditions du Vieux C:olombier, Paris, 1955, p. 35. 10. Pe. René Laurentin, op. cit., vol. 2, p. 24. 11. Michel de Saint Pierre, op. cit, p. 146. 12. Idem, ibidem, p. 146. 13. Pe. René Laurentin, op. cit., vol. 2, p. 357. 14. Idem, ibidem, p. 46. 15. Michel de Saint Pierre, op. cit, p. 111.

CATOUCJSMO, JANEIRO


ENTREVISTA

Cripta da Basílica de Lourdes, cuja inauguração em 1866/oi assistida pela jovem Bernadete ainda residente nessa cidade

PROF. PUNI0 C0RRÊA DE OLIVEIRA

A luta da TFP em prol dos valores básicos da Civilização Cristã é largamente conhecida do público brasileiro, e a TFP não perde ocasião de proclamar e difundir esses ideais. Pela própria natureza das coisas, porém, são menos freqüentes as oportunidades de explicar as razões dos métodos utilizados pela entidade: capas rubras, estandartes, fanfarras, livros polêmicos, manifestos etc. Por isso, a reportagem de Catolicismo procurou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, colocando-lhe uma série de perguntas estratégicas, de flagrante atualidade, a fim de que os leitores de nossa revista possam conhecer a fundo não só as metas, mas também os métodos da referida associação. O entrevistado recebeu afavelmente a reportagem de Catolicismo em sua sala, na sede do Conselho Nacional da TFP, no tradicional bairro paulistano de Higienópolis. E foi respondendo com tranqüilidade, aliada a uma aguda penetração de espírito, às questões que lhe iam sendo propostas.

Naquele mesmo ano, a Santa entra no Novkiado das Irmãs de Caridade e de Instrução Cristã do Convento São Gildard, em Nevers, cuja capela se vê ao lado

Enfermaria do Convento São Gildard, em Nevers: à direita, cama e cortinado de Santa Bernadete, que ela chamava "minha capela branca"

O corpo incorrupto da Santa dentro da urna na capela do Convento São Gildard

TFP: OBSTÁCULO ' ACORRIDA PARAOCAOS

CATOLICISMO-Como explicar que a TFP, professando idéias tão opostas ao mundo moderno, tenha, contudo, tanta influência no Brasil de hoje? Plinio Corrêa de Oliveira - O chamado mundo moderno é fruto de um processo histórico multissecular, de.decadência e de pecado, que analiso em meu livro Revolução e Contra-Revolução. Como é fácil ver, o vocábulo Revolução designa, no título da obra, precisamente tal decadência. Ora, a Revolução tem atuado, ao longo de seu desenvolvimento, de modo duplamente astuto. Em primeiro lugar, levou para o mal muitos dos que eram bons. E depois criou em todo o Ocidente, e portanto também no Brasil, um ambiente em que 9s maus começaram a desprezar os bons, e estes não tiveram coragem de enfrentar a situação e retribuir esse desprezo com altivez cristã e energia. Os católicos se deixaram amesquinhar, diminuir, e isto foi o pior de tudo. Que os bons fossem menos numerosos não seria tão prejudicial, caso fossem mais ufanas, tivessem mais galhardia, mais santa altivez de serem católicos. E dessa galhardia a TFP procura dar

o exemplo, a fim de ser aquela mais eficazmente difundida. Embora a entidade não seja uma associação religiosa no sentido específico do Direito Canônico, seus sócios, cooperadores e correspondentes se declaram pública e sobranceiramente católicos. Seus estandartes simbolizam essa sobranceria. É como se afirmassem: "Sou católico, apostólico, romano, graças a Deus, e defendo os valores básicos da Civilização Cristã: Tradição, Farm1ia e Propriedade. E sou da TFP. Este mundo atual, eu o denuncio, com base em. razões proclamadas de cabeça alta e peito aberto". Ademais, isso é o que todo nosso modo de ser indica: as capas rubras e os estandartes, como os cânticos, a fanfarra e tudo o mais, fazem repercutir, nas cidades contemporâneas já tão fortemente paganizadas, a ufania de sennos católicos e defendermos a Civilização Cristã. E isso produz sobre a opinião pública um choque vivificante e salutar que simboliza a contra-ofensiva do bem. Certamente o Sr., que faz essa pergunta, já conheceu em sua vida muita gente boa, mas que tinha menos força de vontade e menos altivez em ser. boa do que

os maus em serem maus. Pois, infelizmente, nos dias de hoje, os bons freqüentemente são murchos, acanhados, sem coragem. E os maus, pelo contrário, costumam ser audaciosos. CATOLICISMO - O Sr. certamente sabe que correm por aí coisas contra a TFP ...

Plinio Corrêa de Oliveira -

É

verdade. Às vezes um grupo de rapazes nossos vai a um restaurante para almoçar ou jantar. Eles, antes de se sentarem, fazem o "Nome do Padre". Mas não é um "Nome do Padre" envergonhado. Não! É de cabeça alta, e depois, em grandes traços. "Em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo". Em seguida sentan~-se para tomar a refeição. As pessoas que estão no restaurante vêem aquela atitude. Algumas admiram o gesto. Entretanto, outras se manifestam indignadas. E, ou não dizem nada, ou, se dizem, recebem uma réplica à altura. O Sr. vê, através dessa atitude, a que situação minguada está reduzida a ofensiva dos adversários da Fé, quando atacam ostensivamente a TFP. Se nos atacam de frente, respondemos de frente. É só compulsar nossos livros, publi-


Plinio Corrêa de Oliveira

cações em jornais etc. E nossas réplicas são sempre apoiadas em sólidos argumentos. Os adversários ficam sem ter o que conteS'tar. É raro a TFP ser atacada d~frente. Nossa Senhora nos tem ajudado, de modo a sempre demonstrarmos cabalmente a afinidade de nossas posições com a doutrina católica. CATOLICISMO-A TFP é muito conhecida, mas ela aparece pouco nos jornais, no rádio, na televisão ...

- Não é verdade. Diminuindo sua velocidade, a Revolução vai perdendo o ímpeto e a capacidade de afirmar-se. A prova disso é que hoje em dia, apesar dos extremos revolucionários a que chegamos, a maior parte dos políticos, dos escritores que defendem posições contrárias à tradição católica, procuram ocultá-las. Não se sentem à vontade para exprimir por inteiro seus desígnios. Plinio Corrêa de Oliveira Exemplo característico disA campanha de silêncio contra a "As capas rubras e os estandartes, como os cânticos, a so ocorreu na eleição para a fanfarra, os megafones e tudo o mais, fazem repercutir, TFP é uma coisa evidente. A núConstituinte, em que vários nas cidades contemporâneas, a uf anía de sermos dia, de modo geral, pouco ou nada católicos e defendermos a Civilização Cristã" comunistas se fizeram eleger publica sobre a TFP, e, quando o camuflados, ou seja, por outras faz, via de regra, é para falar mal. teríamos mesmo o que dizer contra o legendas partidárias que não a comuQuando revidamos, os atacantes secaprocedimento e os costumes privados nista. Pois o rótulo comunista tomoulam. deste ou daquele, mas nada dizemos. se tão odioso no Brasil a ponto de o Ora, apesar desse silêncio, não há Nossas críticas situam-se no campo PCB ter mudado de nome. E tal disfarassociação anticomunista no Brasil tão da doutrina. Já as investidas de nossos ce tem se repetido em eleições mais conhecida quanto a TFP. Note que neadversários contra a TFP têm sempre recentes. nhum político aceitaria essa luta para uma pesada nota de ataque pessoal. Assim, os comunistas, ao avançar, alcançar notoriedade, nas condições Não conseguindo apresentar resposta têm de fazê-lo devagar, e nesse camiem que a trava nossa entidade. Mas, doutrinária à altura, eles lançam atanhar passo a passo vão perdendo seu com a ajuda de Nossa Senhora, sem a ques individuais: "quem não tem cão, élan. Eles gostariam que fosse viávél a qual nada se faz, a cuja proteção tudo caça com gato". existência de um Partido Comunista se deve, vamos para a frente. A maior Além disso, as invectivas contra com sua doutrina marxista claramente parte dos órgãos de comunicação social nós costumam ser furiosas. Nossas réexposta, a qual fosse ganhando a adefaz silêncio a nosso respeito. Nós, enplicas são calmas. são de todos para, ao final, impor-se ao tão, realizamos, alto e bom som, CATOLICISMO-A TFP temsido País. Isso .eles não conseguem mais. campanhas públicas para difundir noseficaz na luta contra esse processo revoluEntão apelam para o caos, em cujas sos ideais. E percorremos o País todo, cionário do qual o Sr. falava há pouco? névoas ninguém esposa doutrina clara mediante caravanas contínuas, para Plinio Corrêa de Oliveira - Sim, e coerente, ninguém pensa nada. E é à que o Brasil inteiro tome conhecimento sombra desse caos que eles vão tentanda luta empreendida pela associação. E nossa simples presença no panorama do impor um comunismo velado. nacional deixa furiosos os que desejam vamos com capas, estandartes e fanfarconduzir para a frente tal processo, que Tal atitude consiste numa prova de ra. O resul.tado é que a Nação inteira vai degenerando em caos. Só o fato de que os comunistas chegam ao fim do nos conhece. É a prova da eficácia da caminho com muito menos ênfase do TFP em neutralizar essa tática do silên- a TFP existir e estar de pé representa que se poderia pensar. A esse propósicio usada pelo adversário. A Fé prati- um obstáculo para eles. to, convém acentuar um ponto imporPor exemplo, há 20 anos era consicada com altaneria pode fazer - e, em tante: nosso povo está bem alertado alguns casos já tem feito - com que derado proibido, ilegítima, imoral, uma para tudo isso. A TFP tem denunciado alteremos o curso da História. Por série de ações que hoje se praticam largamente tal embuste através de exemplo, vá rios dos catastróficos "pro- abertamente. Doutrinas então qualificampanhas públicas, dentre as quais cadas como heréticas, hoje circulam à gressos" infligidos pelas esquerdas a convém salientar a atuação de suas cavontade. E um grande número de pesnosso desditoso País foram evitados ravanas que há 24 anos vêm percorsoas vê isso, e não faz oposição. Assim por dezenas de anos, em seu curso furendo o território brasileiro em todas as o País vai sendo levado de roldão. nesto: o divórcio, a Refonna Agrária direções. Tal percurso equivale a uma Ora, a TFP se levanta, faz suas desocialista e confiscatória, e principaldistância que corresponde a dez vezes núncias e diz as coisas como são. E a mente a vitória do comunismo. CATOLICISMO-Qual éa técni- marcha para o caos fica obstada. A o caminho de ida e volta à lua! Em vista do acima exposto, comcaminhada da Revolução, à qual me ca de resposta, adotada pelo Sr., medianpreende-se porque a TFP transformoureferi no início, teria sido muito mais te a qual o adversário sempre se cala? Plinio Corrêa de Oliveira - O Sr. rápida no Brasil se não tivesse encon- se num sério entrave ao processo revo~ lucionário, que tende a lançar o Brasil talvez tenha notado que, embora a TFP trado a TFP no caminho. CATOLICISMO - Bem, Dr. Pli- no caos. E a importante posição assumuitas vezes ataque os adversários da Cimida por nossa associação é largamennio, a Revolução anda devagar, é verdavilização Cristã, nunca lança ataques peste conhecida pelo público. de, mas, no final chega ao mesmo tenno. soais. São sempre doutrinários. As vezes

· 12

CATOLICISMO,JANEIRO 1994

,

aderno Especial Nº 29

Pr-.scn mil ag,ooa v::iti cann, Roma

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Detalh e de desenh o executa do por Rafael Sanz i(\ 15 17, para uma tn peça.ri a do Vati c ano, Pinacoteca

pt~ca mílagro5a t o conbítt be jl}o~~o ~tnbor ao~ ~pó~to lo~


ã ~esca -ílagrosa (São Lucas, 5, 1, 4-8, 10-11) E aconteceu que um dia, comprimindo-se ~s multidões em volta de Nosso Senhor Jesus Cnsto para ouvir a palavra de Deus, Ele estava junto do lago de Genesaré. E qua!ldo acabou de falar, disse a Simão: Faze-te mais ao largo e lançai as vossas redes para pescar. E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, tendo u·abalhado toda a noite, não apanhamos nada; porém, sobre a tua palavra lançarei a rede. ~. tendo feito isto, apanharam tão grande quanU-

dade de peixes que a sua rede se rompia. E fizeram sinal aos companheiros que estavam na outra barca, para q ueos viessem ajudar. E vieram e encheram tanto ambas as barcas que quase se afundavam. Simão Pedro, vendo isto, lançou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, pois eu sou um homem pecador. E Jesus disse a Simão: Não tenhas medo; desta hora em diante serás pescador de homens. E, trazidas as barcas para terra, deixando tudo, seguiram-no.

~OmtntátÍ05 compílabos por ~anto m:omás be ãquíno na "~atena ãurea" São João Crisóstomo -Acomodan~o-se Uesus) ás circunstâncias dos homens, assnn como chamou aos magos por meio de uma estrela, chama agora aos pescadores por m~io da arte de pescar. Os discípulos estavam umdos a Ele, O amavam, O admiravam e desejavam tê-Lo sempre consigo. Quem se separaria d Ele 9uando .fazia tais milagres? Quem não quena ver aquele rosto e aq~ela boca que dizi~ tais_coisas? Não só era admirável quando fazia milagres, senão que só seu aspecto abundava em graça de uma maneira extraordinária. Pelo que, quando falava, lhe ouviam com maior silêncio, e nunca interrompiam seu discurso . Teofilato - Como o Senhor havia instruído as turbas a partir do barco, não deixou sem recompensa o dono dele, dispensando beneficios de duas maneiras: primeiro dando-lhe

uma multidão de peixes, e depois fazendo-lhe seudiscípulo. Santo Agostinho - Pedro, representando a Igreja, cheia de homens carnais, diz: "Senhor, apartai-vos de mim, que sou um homem pecador"; como se a Igreja, cheia de uma multidão de homens carnais, e quase submersa por seus costumes, afastasse dEla, de certo modo, o reino das coisas espirituais (nas quais sobressai especialmente a pessoa de Jesus Cristo). Os homens não dizem isto com palavras aos bons ministros do Senhor, para afastá-los de si; mas os obrigam a que se separem deles, com a palavra de seus costumes e de suas ações. O Senhor, não se separando deles, dá a entender que homens bons e espirituais não devem assustar-se pelos pecados das turbas, nem ter a vontade de abandonar o ministério eclesiástico (para viver com mais segurança e paz).

~omentárío bo ~e. 1!.uís ~láubío jfíllíon Pouco depois de instalar-se em Cafarnaúm, indo certo dia pela costa do mar ou lago, rodeouo subitamente muita gente, desejosa desde suas primeiras profecias, de escutá-Lo mais ainda. Havia duas barcas amarradas perto da margem e com elas os pescadores, a quem pertenciam, lavando e limpando as redes, segundo o cost~m~, depois da pesca. Eram numa palavra os pnme1ros disápulos do Salvador: Simão Pedro e André, Tiago e João. Apertado pela turba crescente, que se arremessava contra Ele, entrou Jesus na barca de Pedro, pedindo-lhe que a afastasse um pouco da praia; logo _se sentou e a partir daquela cátedra improvisada e embalada suavemente pelas ondas ensinava a seus ouvintes entusiasmados. Quando acabou de falar, disse a Simão : Levaa para dentro e lançai as redes para pescar. A primeira parte dessa frase dizia-a Jesus ao dono da barca, e a segunda a toda a equipagem dela. Respondeu Simão com todo o ~espeito: Senho~, nós temos trabalhado toda a noite sem consegmr nada, mas agora, sob vossa palavra lançarei a rede. A noite tem sido sempre olhada como o tempo mais propicio para a pesca, _disse Pedro, indicando com isto que outra tentauva em pleno dia pouca probabilidade oferecia de resultado. Mas a palavra de Jesus foi para ele uma ordem que obedeceu sem dilação. Lançou a rede, a qual,

segundo conhecimento de Cristo em su~ ciência divina, caiu em um dos bancos de petxes que costuma haver nos mares, particularmente no de Galiléia. E em um instante ficou a rede tão repleta que já começavam a romper-se suas malhas. Pedro e André faziam sinais vivamente a Tiago e a João, que estavam na outra barca, para que viessem em sua ajuda. A pesca foi tão abundante 9ue as duas embarcações se encheram logo de petxes de maneira que por seu grande peso se afundavam. Ao ver isto Simão caiu de joelhos aos pés de Jesus, dizendo: Afastai-vos de mim, Senhor, que sou um homem pecador. Falou assim sob a impressão do assombro religioso que este milagre lhe produziu e da santidade perfeita que se manifestava no Taumaturgo. Mas, serenando-o com aquele amável "Não temas", acrescentou o Salvador: "A partir de agora serás pescador de homens";, Se~me, Eu vos farei pescadores de homens , dISse também aos demais - André, Tiago e João falando-lhes à maneira oriental. Profunda expressão que lhes prometia uma dignidade sublime. Quando trouxeram suas barcas à terra, deixando tudo com generosidade extrema, seguiram a Cristo aderindo definitivamente ao Mestre, que desde muito tempo era senhor de seus corações. Nueslro Seííor Jesucrist.o según los Evangelios, Ed. Difusi6n, Tucuman , 1859, pp. 119-120.

§parição be jl}ossa ~tnbora be ~ontmaín (1rrança) (17 de janeiro de 1871) A aldeia de Ponunain, nos confins do Departamento de Mayenne (França), na região oeste do país, foi escolhida pela Mãe de Deus para uma das mais impressionantes manifestações de sua bondade em época recente. Quatro crianças foram os privilegiados videntes das maravilhas que tiveram como palco o céu estrelado daquela pequena vila, na bendita noite de 17 de janeiro de 1871: os irmãos Eugênio e José Barbedette, de 12 e 10 anos, respectivamente, bem como Francisca Richer, de 11, e Maria Leboussé, de 9 anos. A França, naqueles dias, estava sendo submetida pela Providência Divina a uma dura provação: a invasão dos prussianos, cujas tropas já se aproximavam de Lavai, capital de Mayenne. Os habitantes da pequena vila, angustiados com a dolorosa situação em que se encontrava sua pátria, e exortados por seú vigário, o Pe. Guérin, já septuagenário, a terem coragem e resignação, reza.vam com espírito de confiança e entoaram à Mãe de Deus um belo hino mariano.

***

Como retribuição àquelas ferventes preces, a Virgem Santíssima manifestou-se nos céus de Ponunain, com uma bondade e doçura comoventes. Seu vestido azul-anil, semeado de estrelas doradas, caía, sem cintura, do pescoço aos pés. As mangas eram largas. Os sapatos, azuis como o vestido, tinham uma fita dourada em forma de pequena rosa. Um véu negro, cobrindo a parte superior da fronte, os cabelos, as orelhas e os ombros, pendia até a metade das costas. Sobre a cabeça cintilava uma coroa de ouro, que lembrava até certo ponto a forma de um diadema, ostentando, no meio, como único ornamento, um filete vermelho. Uma série de esu·elas, que de início apareceram de ambos os lados da Virgem, desceram e se colocaram sob seus pés. E sobre o longo vestido azul começaram a pulular outras estrelas cintilantes. A füionomia da Mãe de Deus era delicada, pálida, de µma beleza sem par, voltada para as quatro crianças, e esboçava um sorriso. A dama • celeste apresentava as mãos estendidas para baixo, como se costuma representar a Imaculada Conceição. Subitamente, desenrolou-se abaixo da aparição uma imensa flâmula de alvura brilhante. Uma mão misteriosa e invisível traçou nela um M dourado, seguindo-se a ele, lentamente, outras leu·as, que formaram duas frases: REZAI, MEUS

FILHOS, DEUS VOS ATENDERÁ DENTRO EM BREVE. MEU FILHO DEIXA-SE TOCAR A inscrição desapareceu depois de algum tempo, apagada pela mão invisível, e Nossa Senhora deixou de sorrir. Uma grande cruz rutilante surgiu, diante d Ela. Pregado à cruz, agonizava um Cristo cor de sangue. A Virgem segurou, nessa ocasião, a cruz com as duas mãos, inclinouse para os videntes, parecendo apresentar-lhes o Redentor no momento de sua morte. As palavras JESUS CRISTO foram escritas após, em letras maiúsculas vermelhas, sobre uma taboleta branca, ftxada ao pé da cruz. Os lábios da Virgem se moviam. E ~nquanto uma centena de habitantes da aldeia, dirigida pelo pároco, entoava o cântico "Poupai, Senhor, poupai vosso povo", uma das estrelas - que repentinamente haviam se alinhado aos pés da formosa Senhora - destacouse do grupo cintilante, elevou-se e fixou-se acima da cabeça coroada de Nossa Senhora. Os assistentes entoaram, nesse momento, o hino "Ave, Estrela do Mar". O crucifixo vermelho se evanesceu, a Virgem estendeu os braços e abriu as mãos, tomando a posição assumida por Ela na Medalha Milagrosa. Duas pequenas cruzes brancas se dispuseram sobre seus ombros. Então, voltou o sorriso a seus lábios. Uma fumaça branca recobriu, a seguir, seus pés, e, subindo lentamente, envolveu seus joelhos, sua cintura, seus ombros e velou seu sorriso e sua fisionomia. Depois, tudo se dissipou na escuridão da noite. Eram 20,45 h, quando terminou aquela maravilhosa aparição sobrenatural, que durara cerca de três horas. Onze dias após o miraculoso acontecimento, a 28 de janeiro, foi assinado o armistício entre a França e a Prússia, voltando sãos e salvos para seus lare~, em Pontmain, os 28 jovens recrutados para a guerra. Quatro anos depois, em 2 de fevereiro de 1875, por um decreto do BisP,o de Lavai, D. Wicart, a aparição foi reconhecida como verdadeira pela Igreja. Uma imponente basílica gótica, cuja construção se iniciou em 1872, com paredes coalhadas de ex-votos, atesta o grandioso evento e os numerosos milagres, especialmente as curas prodigiosas, obtidos mediante a invocação da poderosa Virgem das Estrelas.

FONTE DE REFERÊNCIA Pierre Molaine, L'itinéraire de la Vicrge Marie, Éditions Corrêa, Paris, 1953, pp. 247 a 278.


História Sagrada e·mseu lar (41) -

1.

FESTAS DOS HEBREUS "Os judeus celebravam todos os anos quatro festas principais: Páscoa, Pentecostes, Tabernáculos e Expiação dos pecados. Páscoa (significa passagem) "A festa da Páscoa, a maior de todas, lembrava a saída dos hebreus do Egito e a passagem do Anjo exterminador [que matou os primogênitos dos egípcios]. Imolava-se, em cada família, o cordeiro pascal, era assado sem se lhe quebrar nenhum osso, espetando-o em dois paus transversais em fonna de cruz. Pentecostes - "A festa de Pentecostes celebrava-se cinqüenta dias depois da Páscoa, em comemoração da Lei dada por Deus no Monte Sinai. Tabernáculos - "A festa dos Tabernáculos tirava o nome de celebrarem-na, os israelitas, abrigandose debaixo de tendas de ramos e folhagens, como lembrança do tempo passado sob a tenda no deserto. Celebrava-se com grande regozijo, numerosos sacrifícios, cantos e música. Expiação - "A festa da Expiação caía cinco dias antes daquele dos Tabernáculos. Era o dia de grande jejum, o único prescrito pela Lei" 1 • "Era o único dia do ano em que era permitido ao Sumo Sacerdote entrar no Santo dos Santos para reconciliar o povo com Deus. [O Sumo Sacerdote] recebia do povo dois bodes, e deitava sortes para saber qual dos dois havia de ser imolado, e qual

o bode emissário [isto é, o que se deixa partir]. Depois de imolar o bode destinado ao Senhor, aspergia com o sangue o propiciatório, e purificava o tabernáculo e o altar. Conduzia logo o outro bode diante do tabernáculo, e, pondo-lhe as duas mãos sobre a cabeça, confessava os pecados do povo dos quais carregava com imprecação a cabeça do bode. E um homem, para isso designado, afugentava para o deserto o animal maldito. Pré-figuras e simbolismo "Aquele cordeiro [imolado na festa da Páscoa) é expressa imagem de Jesus Cristo, que com seu sangue salvou o gênero humano dos golpes da divina justiça, e o tirou duma escravidão mais cruel que a do Egito; pelo que se chama no Evangelho o ·Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. E São Paulo diz que foi imolado para ser nossa Páscoa" 2• "Jesus disse aos seus discípulos: Vós sabeis que daqui a dois dias será celebrada a Páscoa, e o Filho do homem será entregue para ser crucificado" (Mt. 26, 2). "Cristo, nosso cordeiro pascal foi imolado" (1 Cor. 5, 7). "Na primeira Pentecostes dos hebreus, Deus desceu sobre o Monte Sinai em meio a trovões, raios, toques de trombetas e um fogo terrível. Na primeira Pentecostes dos cristãos, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos em meio ao estrondo de um vento violento, e lhes apareceu sob a fonna de línguas de fogo. Na Pentecostes israelita, oferecia-se a Deus as primícias dos frutos; na primeira Pentecostes cristã, as primícias dos fiéis da nova aliança são recolhidas por Pedro, chefe visível da Igreja; de uma só vez, três mil, cinco mil, frutos de sua palavra ou antes do Espírito Santo que o animava" 3 • "E quando se completaram os dias de Pentecostes, estavam todos juntos [Nossa Senhora e os Apóstolos] no mesmo lugar, e, de repente, veio do Céu um estrondo, como de vento que soprava impetuoso, e en-

Brasil Real Brasil Brasileiro

noções básicas cheu toda a casa. E apareceu-lhes repartidas umas como línguas de fogo, e pousou (uma) sobre cada um deles. E foram todos cheios do Espírito Santo .... E logo que correu esta voz, acudiu muita gente,. e ficou pasmada, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua .... Então Pedro, apresentando-se com os onze, levantou a voz .... e disse-lhes: Fazei penitência, e cada um de Vós seja batizado em nome de Jesus Cristo .... e os que receberam a sua palavra, foram batizados; e ficaram agregados naquele dia cerda de três mil pessoas" (At. 2, 1-41). NOTAS

1. Mons. Cauiy, Curso de Instrução Religiosa - História da Religião e da Igreja, Livraria Francisco Alves, São Paulo, 1913, p. 76. 2. Cônegoj . l. Roquete,HistóriaSagradado Antigo e Novo Testamento, Guillard Aillaud , Lisboa, 1896, 9ª ed., tomo I, pp. 193 e 234. 3. Padre Rohrbacher, H isto ire U niverselle de l'Eglise Catholique, Gaume Freres, Paris, 1842, tomo I, p. 399.

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s desfiles de cavaleiros em festividades oficiais são muito antigos, pois já os romanos no início da era cristã tomarám-nos habituais, na celebração de seus-triunfos núlitares e em suas festividades pagãs. Na Idade Média, a aristocracia utilizava o cavalo em torneios ou combates coletivos e nas justas ou combates individuais, exibindo desse modo sua valentia e perícia. Tais atividades dos cavaleiros nobres faziam reviver, a seu modo, os torneios dos gladiadores de Roma, se bem que despojadas do espírtto pagão e vivificadas pelo cavalheirismo cristão, que atingiu seu ápice na instituição da Cavalaria. Esta, conforme tradições legendárias, surgiu com o Imperador Carlos Magno e seus Doze Pares de França, no século IX. Em Portugal, a cavalaria teve início com o nascimento do próprio reino, e tomou-se um elemento sempre presente e de destaque nas festas religiosas, políticas ou guerreiras. Ela surgiu no Brasil-Colônia com as mesmas características portuguesas, no decorrer do século XVII. Cavalhadas no Brasil

O cordeiro imolado pelos hebreus na festa da Páscoa simbolizava Nosso SenhorJesus Cristo

O povoamento de nosso País deu-se justamente quando a Mãe-Pátria ainda lamentava as inúmeras perdas que sofrera nas lutas contra os invasores mouros. Aqui não havia somente o índio, o mameluco e o escravo a serem cristianizados. O próprio colonizador português e os nativos necessitavam de assistência religiosa. As circunstâncias em que se realizaram a colonização exigiram que eles se tornassem verdadeiros soldados da Religião. As festas populares visavam atingir essa finalidade. Ecomo mesmo objetivo a Igreja promoveu as cavalhadas, luta entre cristãos e mouros, dramatizadas com grandes festejos e difundida entre os senhores das terras, os fazendeiros, que apresentavam os animais enfeitados, numa festa de sedas e vel,udos. Atualmente, as cavalhadas que se realizam no Brasil nem sempre se ajustam às regras da cavalaria clássica, e nem conservam o esplendor de outrora. Variam muito, dependendo das regiões, quanto ao estilo, número de participantes e trajes. Contudo, os tradicionais perso-

nagens cristãos e mouros nunca faltam, lutando entre si, assegurada invariavelmente a vitória final aos cristãos. Sua apresentação .é comum durante as festas do Divino, em agradecimento a Deus pelos bons frutos das colheitas. Nossas cavalhadas têm início com a visita dos participantes à igreja do local onde serão realizadas. Depois seguem estes em cortejo, acompanhados de urna banda de música, para a sua apresentação.

Cavaleiros cristãos: cavalhada em Nova Por.te (MG), junho de 1993

Representações preliminares

A cav~lhada começa com o "jogo das argolas". E colocada urna argolinha enfeitada com fitas numa trave ou poste. Os cavaleiros devem retirar a argolinha com a ponta de uma lança, no momento em que o cavalo passar a galope embaixo do poste. Em seguida vêm as escaramuças, que exigem muita habilidade por parte dos cavaleiros. Eles deverão espetar com suas lanças, durante veloz corrida a cavalo, máscaras que giram em um pino; projetam estas sobre o cavaleiro determinado peso, que poderá atingi-lo se ele não escapar a tempo. Por fim, o ponto central das cavalhadas: a luta simulada entre dois partidos, o dos cristãos e o dos mouros - tema religioso, teatro de praça pública - , visando transnútir assim ao povo uma liç.ão mediante a qual o Bem, representado pelos cristãos, vence o mal, figurado pelos mouros. O Imperador Carlos Magno e seus Pares combatem os mouros, aparecendo na linguagem simples e poética do nosso povo como personagens célebres. A vitória do Bem

Cada um dos dois grupos apresenta um rei, um embaixador e 10 cavaleiros, ricamente vestidos com veludos, rendas, anninhos e bordados, portando lança, espada e pistola . Cada figurante monta um cavalo todo engalanado para a ocasião. A

banda de música acompanha todo o espetáculo. Os contendores - tornando de ponta a ponta posição na praça, com suas bandeiras e demais símbolos prestes para a disputa, partindo dos mouros a provocação inicial - avançam e a luta começa, renhida. O combate tem longa duração. Os cavaleiros mais adestrados são sempre escolhidos para integrarem o partido cristão, a fim de garantir a vitória do Bem. O cavaleiro atingido pela arma contrária trata logo de cair e se rende, evitando assim levar do adversário urna estocada ma is séria. Finalmente os cristãos triunfam e, senhores na luta, dirigem-se ao centro da praça, erguendo suas anuas e lançando brados de vitória. Rojões, fogos de artifícios em grande quantidade e acordes das bandas de música anunciam o epílogo das cavalhadas. RAUL SOEIRO BIBLIOGRAFIA L Brasil - Histórias, costumes e lendas , Editora Três, São Paulo, 1980. 2. Luis da Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro, Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1988. 3. São Paulo - Festa e Canção, Spala Editora, Rio de Janeiro, 1982. 4. Luiz Edmundo, O Rio de janeiro no tempo dos vice-reis, Athena Editora, Rio, 1960.

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CATOI.ICISMO, JANEIRO 1994

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TFPsEMAÇÃO ESCREVEM OS LEITORES

Direito alternativo

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" .. .. CATOLICISMO, com a interessante abordagem da questão do chamado 'Direito Alternativo'". Octávio Gallotti - Presidente do Supremo Tribunal Federal Brasília-DF

Em defesa de Aparício Li com grande interesse os dois artigos sobre o Aparício, os quais .Aizeram-me refletir mais seriamente sobre o comportamento humano, em face de sua responsabilidade perante seus semelhan~s. O linguajar a que se refere o missivista "E.R.S" - "ser moderno, democrático, descontraído" - denota muito bem a confusão que hoje em dia reina na mente da maioria das pessoas, dando a estes vocábulos sentido errôneo. Tais vocábulos estão diretamente relacionados com a decomposição dos valores morais e éticos, resultando daí o relativismo que hoje grassa no mundo. O homem vai, inadvertidamente, perdendo a sua identidade pessoal, sua personalidade, os rumos da sua própria existência, submetendo-se ao jargão da moda. C'.ertamente foi a caridade cristã que levou o articulista a censurar a profunda mudança operada no pobre do Aparício. E quantos Aparícios há por esse mundo afora!!! G.M. Okada - Nagoya - Japão

Fico com a TFP Parabenizo a revista Catolicismo por nos proporcionar tão preciosos temas. Ela é para todos nós o oxigênio de que precisamos para respirar ar puro, diante de tanta podridão do mundo moderno. Ainda bem que temos com quem contar. Vocês da TFPsão o futuro do nosso Brasil, e do mundo inteiro, pois só pregam a verdade. Admiro profundamente o fundador de tão magnífica sociedade. Tenho por ele um profundo sentimento de gratidão. Não podia deixar de lamentar que o leitor oü lei tora N. Bonise, de São Paulo, tenha dito no n° de julho 1993, que a revista Catolicismo não aceita novidades. Ele ou ela está completamente fora da atualidade, deveria pensar melhor e ver que está enganado, pois a revista é perfeita, ensinando-nos sempre que a Igreja Católica não tem que se adaptar aos tempos modernos, pois é justamente o que o Clero está fazendo. Isto não atrai as pessoas e sim afasta-as cada vez mais. Precisamos de algo que nos garanta pureza dos costumes, nos

proporcionando verdadeira segurança para o futuro desta nação, nos tirando as dúvidas que o próprio Clero incute em nossas mentes. Até agora não vi ninguém esclarecer tão bem o público quanto a TFP. Também estou com a TFP até o fim, esperando o Triunfo do Imaculado Coração de Maria. T. Carvalho - Campos - RJ

Rock Muitíssimo obrigado pela generosa atenção dedicada a minha carta anterior e, também, pelo valioso auxílio à pesquisa que venho fazendo sobre o livro do Pe. Regimbal (intitulado "Le Rock 'n' Roll -viol de la C'.onscience par les messages Subliminaux". A verdadeira Música (com M maiúsculo) deve refletir fiel mente a Ordem Natural instituída por Deus Pai Todo-Poderoso. Assim, portanto, teremos: a música sacra, os hinos e canções patrióticas, cantos folclóricos e a música clássica. Entretanto, de um lado totalmente oposto, aparecem o Rock, o Jazz, o Blues etc. não como gêneros outros da Música, mas, efetivamente,como pertencentes ao que chamaríamos de "anti-música" que, de uma forma implícita ou explícita, descamba para o satanismo. A nós todos, católicos, cabe o dever primordial de promover a verdadeira Música e, ao mesmo tempo, combater implacavelmente tudo o que se opõe a ela. M.V. Walsh - Brasília - DF.

Qualidades Venho ressaltar três qualidades dos sábios artigos dessa admirável revista. Eles Combatem, Edificam e Defendem. Combatem desmascarando as obras das trevas; edificam lançando a boa semente sobre a Terra; defendem as sementes que frutificaram . Pergunto se é possivel estampar no Caderno F.special o Arcanjo São Miguel com insígnias de general. Gostaria que fossem publicados em nossa revista artigos com os seguintes títulos: • Contra-Revolução: a continuação da luta começada no Céu por São Miguel Arcanjo, contra o Anjos rebeldes . • Reino de Maria: realização de um mundo melhor. • Dois Senhores, dois caminhos, duas eternidades. Que Nossa Senhora lhes ajude sempre mais e mais, nessa gigantesca obra de restauração da civilização cristã. L. Rangel. - Quissamã- RJ.

Vassalagem é virtude social O Céu e a Terra formam juntos um só reino feudal, indivisível. Nisto está o princípio supremo de toda maneira de pensar e de agir da Idade Média. Deus é o Rei desse reino homogêneo. Ele é o Senhor imperial Não é somente o Imperador das almas, mas também o Senhor mais alto que há sobre a Terra: o Imperador de todos os imperadores no mundo visível .... Maria_, de pleno direito, porta os títulos de seu Filho. Ela é honrada como a Mãe do Imperador eterno, como a Imperatriz, a Princesa do reino celeste e terrestre, a Superiora de todas as legiões angélicas, a Rainha de todas as criaturas .... Essas imagens cavalheirescas inspiram o pensamento e a vida inteira: o terreno e o celeste se completam, e um e outro partem, igualmente, da idéia feudal Somos todos vassalos de Deus. Tudo o que possuímos é como feudo de Deus. E é porque a fidelidade, o cumprimento das obrigações do vassalo para com Deus e para com os superiores terrestres é a mais alta das virtudes sociais (La missfon posthume qe Sai,nte jea:nne d'Arc et le regne social, de Notre-Seigneur Jésus-Christ, Ed. Saiote Jeanne d'Arc, Les Guillots-Villegenon, 1983, p. 165).

MONS. HENRI DELASSUS

Prefeito lituano visita a TFP

Livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira lançado na América Hispânica Para um ponderável número de pessoas, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, de autoria do Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, vem se constituindo numa verdadeira lufada de ar fresco, capaz de revitalizar em suas almas muitas das convicções, até agora adormecidas ou sufocadas, sobre a primordial missão das verdadeiras elites. Nos vinte e cinco países em que existem Sociedades de Defesa da Tradição, Fanu1ia e Propriedade ou Bureaux TFPs, seus sócios, cooperadores e correspondentes vêm se empenhando em dar a mais larga divulgação a essa portentosa obra através de reuniões, visitas a simpatizantes e contatos com livrarias. E a receptividade que as diveisas edições do livro tem alcançado é das mais auspiciosas. Além da portuguesa, já estão se escoando as edições em inglês, espanhol, francês, e italiano, encontrando-se em preparação uma edição alemã. URUGUAI - Fm Montevidéu, a TFP uruguaia promoveu o lançamento da obra no prestigioso Parque Hotel, tendo, na ocasião, o Sr. Alejandro Bravo Lira proferido uma conferência sobre o tema desenvolvido no livro. A fanfarra da TFP argentina executou várias peças de renomados compositores, especialmente dos séculos XVII e XVIII. O importante quotidiano "EI Diario" publicou uma página inteira sobre o livro, na qual figuram entrevistas com os diretores da TFP uruguaia. O "Canal 4" de televisão, além de mencionar a obra em seu infonnativo de maior audiência, transmitiu gratuitamente ao longo da semana uma propaganda diária do livro, o mesmo acontecendo na "Rádio Montecarlo". Além disso, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII encontra-se à venda em dezesseis livrarias da capital uruguaia, figurando na mais recente edição do boletim bibliográfico "Todos Libros".

Mesa d-iretora da sessão pública no Parque Hotel (Montevidéu). Da esq. para a direita: Sr. Car/,os Ibarguren, Vice-presidente da 1FP argentina; Alberto Arco Perez, Presidente da 1FP uruguaia; Akjandro Bravo Lira, conferencista; Julío Burone, Secretário da 1FP uruguaia

EQUADOR - A TFP do Equador promoveu sessões solenes de lançamento do livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em Quito, Guayaquil e Loja. Em Quito, a solenidade teve lugar no salão nobre do histórico Solar de Belalcázar, erigido no século XVII pelo fundador da cidade. Entre as personalidades presentes destacou-se Dom Bernardino Echeverría, Arcebispo resignatário de Guayaquil e atualmente Adnúnistrador Apostólico da Diocese de lbarra. Em artigo publicado sobre a obra, na oca~ião, Dom Echeverría diz textualmente: "Acreditamos que a publicação do livro de Plínio Corrêa de Oliveira é um brado profético, que chama a sociedade contemporânea a fazer um exame de consciência sobre a verdadeira nobreza que distinguiu os homens do passado, e das autênticas virtudes com que se deve contribuir para fonnar uma sociedade mais humana e mais cristã".

CHILE- Em Santiago do Chile, a obra do Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira foi lançada em sessão realizada no salão nobre do Hotel Carrera, no qual foi Jnontado amplo mostruário com as edições nos diversos idiomas, bem como as cartas de aprovação recebidas de Cardeais e destacados teólogos. O acadêmico Prof. Ricardo Krebs, convidado especial, proferiu palestra sobre o tema, seguindo-se a apresentação de um audiovisual e um coquetel.

O prefeito da cidade de Kaunas, na Lituânia, visitou a Sede do Conselho Nacional da TFP, situada no bairro de Higienópolis, na capital paulista, para externar seu agradecimento a essa entidade pela portentosa campanha por ela empreendida, de junho a outubro de 1990, a favor da independência daquele país em relação a exUnião Soviética. Em 130 dias de campanha, a TFP brasileira, bem como outras entidades afins e Bureaux-TFP existentes em 19 países obtiveram 5.218.520 assinaturas, o maior abaixo-assinado da História, registrado pelo Guiness Book of Records .

Na foto, da esquerda para a direita : Sr. Arimantas Rackauskas, prefeito de Kaunas, a cidade mais importante da Lituânia, sob o aspecto religiosos, histórico e cultural; Sr. Francisco Machado, cooperador da TFP brasileira; Sr. Antanas Kalinauskas, presidente da Associação lingüística daquele país, sediada na referida cidade.

Teatro infantil evoca Santa Teresinha Sob a orientação da Profª. Ângela Maria Thomé, filhas de correspondentes e simpatizantes da TFP, do ABC paulista, vêm rerebendo aulas de música e teatro, como atividades de entretenimento. Rece nte me nte elas aprese ntaram peque na peça teatral que focalizou fatos narrados por Santa Teresinha do Menino Jesus, em sua Autobiografia. Um desses epí~ia; refere-se ao crimiPranzini, con= - - - --., denado à morte, em 1887, por ,tríplice a~sassinato. Ao tomar conhecimento, através do jornal "La Ooix", da rerusa do criminoso em receber os sacramentos da Igreja, a então jovem Teresinha ofereceu orações por sua conversão final, tendo sido atendiGrupo teatral infantü da.

noso

CATOLICISMO,jANEIRO


HAGIOGRAFIA

Dolll Próspero Guéranger, Abade de SolesIDes A 30 de janeiro de 1875, falecia o Fundador do famoso Mosteiro de Solesmes (França), restaurador da Sagrada Liturgia, exímio escritor, que conq_uistou para si o louvor de que "os inimigos da Igreja eram também seus inimigos"

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Seu pai, Pierre Guéranger, abriu uma alvez para alguns católicos escola no antigo convento das religiosas aggiornati de nossos dias, infranciscanas de Santa Isabel, no bairro de fluenciados pelo chamado proSão Nicolau, e já desde muito cedo inigressismo, a grande figura de Dom Prósciou o filho no estudo do latim. pero Guéranger possa parecer desconcerAos 13 anos de idade, o menino gatante e até incompreensível. Como connhou uma bolsa no Colégio Real de Anciliar numa mesma personalidade o resgers, ali permanecendo até os 17 anos. taurador da Sagrada Liturgia no século Em Angers ele cultivou uma amizade passado e o combativo escritor que dudurável com Charles Louvet, futuro prerante 15 anos colaborou em Le Monde, feito de Saumur e mais tarde Ministro do cujo nome depois mudou paraL 'Un~vers Segundo Império. - famoso jornal católico que combateu Com um caráter sério e refletido, vigorosamente os erros da época? O órmuito acima de sua idade, já adolescente gão que defendeu extrenuamenle na Próspero se interessa pelos grandes autoFrança a causa da Igreja e do Soberano res de seu tempo: Chateaubriand, LamarPontífice, num ambiente religioso em tine, e particularmente os que tratavam que campeavam o galicanismo - espédas grandes questões religiosas do mocie de nacionalismo católico - e o libemento, Joseph de Maistre e Félicité de ralismo religioso? Lamennais. No entanto, para um católico bem Nos primórdios de 1821 sua família formado, os 120 artigos que o admiráse desloca para Le Mans. Ele entra no vel Abade de Solesmes escreveu duranPróspero Guéranger aos 20 anos Seminário desta cidade em novembro do te mais de uma década para o jornal dos Pintura de 1825 ano seguinte, cursando Filosofia no anultramontanos da época estão em pertigo Hôtel Tessé e Teologia no Semináfeita consonância com toda sua monurio São Vicente. mental obra empreendida no campo da ** * Desagradado com a mediocridade do Prosper-Louis-Pascal Guéranger liturgia. Pois uma visão autêntica das nasceu a 4 de abril de 1805 em Sablé, ensino eclesiástico em seu tempo, Prósgloriosas tradições litúrgicas - despero Guéranger supriu-o com esforço localidade não distante de Le Mans, no prezadas até então naquele século - só pessoal, abeberando-se sobretudo na leiDepartamento do Maine, célebre por poderia se formar na mente de um hotura, metódica e refletida, dos Santos Pamem que estivesse intimamente ligado suas mannorarias e fábricas de luvas. a Roma e ao Papa, situados ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , dres. A 7 de outubro de 1826ele é ordenado padre por Monseultra montes, isto é, além nhor de Montblanc, no oratório dos montes - os Alpes do palácio arquiepiscopal de que separam a França da Tours. Itália. Daí o qualificativo de De fevereiro a julho de 1830, ultramontanos, atribuídos Dom Guéranger publica, no biaos católicos franceses antimensário Mémorial Catholique, galicanos e anti-liberais, quatro artigos intitulados Consibem como aos católicos defensores do Papado também de outros países, no século XIX. Esses fiéis assumiram o apelativo como um título Abadia de Solesrnes em 1875, de glória, distintivo de sua ano da morte de Dom estreita vinculação à Santa Guéranger Sé e ao Soberano Pontífice.

derações sobre a liturgia católica, contendo já o substrato das idéias sobre liturgia que ele ampliará ulterionnente. Na primavera do ano seguinte, os jornais inseriam anúncios da colocação à venda do priorado de Solesmes, em Sablé. A notícia causou-lhe viva impressão, e ele mesmo relata o que a voz interior da graça lhe dizia: "Minha juventude, a ausência completa de recursos temporais .... nada disso me detinha. Eu me sentia impelido a ir adiante. Eu rezava com insistência a Deus para obter ajuda [a fim de comprar o imóvel]. "A necessidade da Igreja me parecia tão urgente, as idéias sobre o verdadeiro catolicismo tão falseadas e tão comprometidas no mundo eclesiástico e leigo, que eu não via outra coisa senão a urgência de fundar um centro para recolher e reviver as puras tradições". Homem de Fé, Dom Guéranger põese de joelhos no genuflexório, de onde roga a Deus a realização do inverossúnel. Ele pede e obtém, ele bate e as portas lhe são abertas: a epopéia espiritual do Mos'tei'ro de Solesmes começa e marcará a fündo a vida religiosa de sua época. Seu caráter

Dom Guéranger media 1,65 m. Tête carrée (cabeça quadrada) possante e ossuda; fronte alta, larga e luzidia de inteligência; seus olhos eram de um azul intenso que surpreendia seus interlocutores e cuja expressão era ainda mais acentuada pelos cabelos loiros. O olhar penetrante, capaz de sondar a fundo dos corações, era límpido, franco, leal e sereno. Seu temperamento particularmente vivo, com uma alegria jovial, fina e cheia de humor - que conservará até os últimos dias de sua vida - valeu-lhe o apelativo de "il abale allegro", dado por amigos italianos.

temente era a firmeza e a profundidade de sua Fé. Quem tivesse estado sob o efeito de sua irradiação pessoal, não podia deixar de reconhecer nele um autêntico Homem de Deus. O pensamento de Dom Guéranger sempre esteve orientado para a Igreja e tudo aquilo que toca à Igreja, e para desagravar o Papado de todos os desafetos de que ele era vítima. "Eu não vejo senão uma só coisa -dizia ele -a verdadeira constituição da Igreja, para vingar as alterações que lhe fez sofrer o ensino galicano". Graças à profundidade de seu pensamento teológico, amadurecido pelos ensinamentos dos Santos Padres e pela prática quotidiana da Liturgia Romana, ele arrostou vitoriosamente todas as controvérsias em meio às quais se viu envolto. Obras

Pio IX aos 85 anos (foto de 1877). O grande Pontífice pediu que Dom Guéranger lhe enviasse um relatório secreto sobre o pensamento moderno como subsidio para a redação do famoso Syllabus

Com uma natureza doce e firme, Dom Guéranger desfrutará sempre da segurança calma dos fortes, daqueles que não fazem caso de sua popu la rida de ou impopularidade, pois se sabem solidamente ancorados na verdade. Ele sempre detestou o conformismo, a submissão cega à moda do dia, preferindo remontar a corrente de opinião, antes que deixar-se arrastar por ela. Em suma, seu coração estava à altura de seu 'espírito e ambos se apoiavam num caráter com têmpera de aço. Deus o tinha evidentemente criado para organizar e para comandar. Sua fmaginação vivíssima tornava-o particularmente atraente em suas conversas e em suas cartas. Entretanto, aquilo que o distinguia eminen-

Duas das obras de Dom Guéranger, rubicundamente anti-galicanas e anti-liberais, merecem ser mencionadas, pois dizem respeito aos dois dogmas que a Igreja definiu no século XIX. Seu Mémoire sur la question de l'lmmaculée Conception (Memória sobre a questão da Imaculada Conceição) vem a lume em 1850. Com uma argumentação simples e persuasiva, Dom Guéranger põe em relevo os testemunhos dos Santos Padres e da Liturgia, mostrando como o dogma da Imaculada Conceição estava contido na Tradição e havia sido progressivamente desenvolvido há dezoito séculos. Essa obra repercute em Roma e o Papa Pio IX lhe confia um trabalho secreto sobre o assunto, com vistas à proclamação do dogma. Por volta de 1860, o Santo padre pediu a Dom Guéranger um relatório secreto sobre o pensamento moderno, trabalho

VARÃO JUSTO E CONTEMPLATIVO Participando de um retiro espiritual no Mosteiro de Solesmesem 1874, um ano antes da morte de Dom Guéranger, o célebre pintor Ferdinand Gaillard (1834-1887) reteve os traços do Abade, dando a públiro em 1878 uma gravura do religioso beneditino, que conquistou grande sucesso, pois, a bem dizer, com suas tintas ele retratou a alma do personagem. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, com a acuidade de discernimento das almas, já patenteada em tantas de suas obras e colaborações nesta revista, comentou nos seguintes termos a fisionomia aqui reproduzida:

"Grandes olhos claros, cheios de luz, nos

quais parece nunca se ter espelhado qualquer fraqueza ou qualquer l;,aixeza humana. Grandes olhos que parecem feitos para a exclusiva consideração do que há de mais transcendental nesta vida e para os imensos horizontes do Céu. Mas ao mesmo temfX) olhar de invencfvel força perfurante em relação às coisas da terra, capaz de transpor todas as aparências, todos os sofismas, todos os artifícios dos homens, mergulhando até o mais fundo recôndito dos acontecimentos e dos corações. Alma de varão justo e contemplativo que vê alto e vê fundo, porque vive imersa nas claridades de um pensamento lógico, iluminado por uma fé impecavelmente ortodoxa". CATOUCISMO,jANEIRO 1994


E se ele sente ma is intensamente a beleza de tal mistério, se ele dispõe de textos mais abundantes sobre tal festa litúrgica, se tem uma veneração especial por tal santo, então ele se detém mais longamente em contemplá-los. O calor de sentimentos e o ardor da Fé que animam suas páginas levam o leitor a viver os acontecimentos descritos. Lutador incansável

Mesa de trabalho na cela de Dom Guéranger

que seria utilizado na redação do famoso Syllabusde 1864,emqueoPapacondena os erros do liberalismo católico. Sua outra grande obra, a Monarchie Pontifica/e (Monarquia Pontifical), apareceu em 1870. Nela o Abade de Solesmes rebatia as vãs tentativas galicanas de "impor à Igreja uma constituição diferente daquela recebida de Jesus Cristo". E abordava a questão da possibilidade e da oportunidade da definição da infalibilidade pontifícia, situando a questão no conjunto do testemunho doutrinário da Igreja. Ele demonstrava que a Igreja tinha sempre crido nesse privilégio papal. Não se pode falarem Dom Guéranger sem dizer uma palavra a respeito de sua célebre obra L 'Année Liturgique (O Ano Litúrgico), vinda a lume a partir do outono de 1841, na qual seu velho amigo de Angers, Charles Louvet, via "um grande e belo estilo que lembra Bossuet", o grande orador sacro do século XVII. Uma das razões de seu sucesso residia na ordem e na clareza de seu estilo e no dom de colocar os trabalhos de erudição histórico-religiosa ao alcance do leitor comum. Essa obra é original e inigualável em seu gênero. Não é um missal, nem um florilégio, nem uma história da Liturgia, nem uma vida dos santos, mas encontrase nela um pouco de tudo isso. Talvez o melhor de seu channe se ache no seu lado personalíssimo. Nada ali é seco e sistemático. Dom Guéranger é levado por sua devoção contemplativa.

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CATOLICISMO,jANEIRO 1994

Dom Guéranger, que "combateu seu bom combate", entregou sua ai ma a Deus no dia 30 de janeiro de 1875. A Igreja, Ela mesma,pela pena de Pio IX, não tardou em reconhecer os serviços prestados pelo Abade extinto: o Breve Ecclesiasticis viris, de 19 de março de 1875, começava por louvar o zelo e a ciência de Dom Guéranger, e assinalava as três circunstâncias nas quais suas obras haviam exercido uma influência determinante sobre os espíritos de seu tempo: a definição dos dogmas da Imaculada Conceição e da Infalibilidade Pontíficia, e sobretudo o retomo das dioceses da rrança à liturgia romana. Pouco tempo depois, o Sober.ano Pontífice, que reconhecia nele "um ver. dadeiro fúho de São Bento", em dois Breves de felicitações dirigidos a Monsenhor Pie, Bispo de Poitiers, e a Monse-

nhor, Freppel, Bispo de Angers, ambos íntimos amigos de Dom Guéranger, afirmava que era na vocação monástica que residia a razão fundamental do devotamento do Abade de Solesmes à Igreja e à Cátedra de Pedro. Numa lápide em memória de Dom Guéranger, existente na igreja da Abadia de Solesmes, se lê esta síntese de sua vida: "Fomentou as sãs tradi~es da Sagrada Liturgia, que estavam decadentes; - E, lutador incansáve~ defendeu extrenuamente os direitos da Sé Apostólica; - Jamais poupou os fautores de falsos dogmas; - Doutor irrepreensível, conquistou para si o grande louvor de que os inimigos da Igreja eram também seus inimigos".

Luís

H ISTÓRIA

CARLOS AzEVEDO

OBRAS PE REFERÊNCIA 1. As inestimáveis colaborações para Catolicismo (a partir do nº 1, em 1951) do inesquecível Prof. Fernando Furquim de Almeida, na sua coluna "Os católicos franceses no século XIX". 2. Dom Louis Soltner, Solesmes & Dom Guéranger (1805-1875), edição da Abbaye SaintPierre de Solesmes , Sablé-sur-Sarthe, 1974 - obra editada por ocasião do centenário da morte de Dom Guéranger.

Ediflcio barroco da Câmara Municipal de Ouro Preto (MG), na época colonial. O governo das Câmaras constituía um privüégio da aristocrada rural

Desenvolvilllento das elites no Brasil llllpério e na República Como se formou no País uma aristocracia nativa e que papel teve essa elite nas diversas fases da nossa História

T

endo sido lançado recentemente o admirável livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e àNobreza romana, vem ele alcançando grande repercussão em diversos países da E.uropa e nas três Américas. Um importante apêndice da obra trata da nossa História, sob o título "No Brasil Colônia, no Brasil Império e no Brasil República: gênese, desenvolvimento e ocaso da 'Nobreza da terra' - O papel da incorporação de elementos análogos à nobreza originária". Nos estreitos limites de dois simples artigos, fazemos uma síntese dessa parte da obra do Presidente do Conselho Nacional da TFP, que é um estudo de caráter histórico e sociológico, baseado em renomados autores. Já no primeiro deles, em edição anterior, resumimos a formação das elites no Brasil Colônia, e neste apresentamos o desenvolvimento dessas elites no Império e na República.

Presbitério e nave (vendo-se ao fi~ndo o órgão) construidos em J 865 por Dom Guéranger, na Abadia de Solesmes

A "Nobreza da terra" perante o rei e a nobreza da Metrópole No Brasil Colônia, a elite que assumiu as características de

uma aristocracia em fonnação, ou já formada, passou a ser chamada correntemente "Nobreza da terra". Perante a "Nobreza da terra" que ia se constituindo na Colônia, qual foi a atitude dos Reis de Portugal, da Corte e da nobreza lusas? O senhor de Engenho era um título de nobreza entre fidalgos do Reino, que introduzia, por si mesmo, nos quadros da nQbreza e do poder. Não se deve d~duzir daí que o senhor de Engenho estava dotado, do ponto de vista nobiliárquico, de uma situação tão precisa e inequívoca, nem da atribuição de funções públicas tão definidas, quanto a nobreza, propriamente dita, de Portugal. • As elites constitutivas da "Nobreza da terra" deram sobejas provas de coragem, ora por ocasião da defesa do Brasil Iitorâneo contra as expedições de países estrangeiros, como a França e a Holanda, ora por ocasião do desbravamento e das lutas necessárias para que o povoamento começasse a se estender pornosso hinterland. Por esses destacados serviços concedeu o Monarca a tais elites assinalados privilégios, prêmios e honrarias. Entre tais privilégios destacamos o do governo dos municípios. CATOLICISMO, JANEIRO


A redução dos privilégios da "Nobreza da terra" &sa estrutura, embora em parte fonnada consuetudinariamente no Brasil, mas com o ag~il~º da Coroa portuguesa, passou a sofrer, por volta do final do século XVII, uma forte ofensiva vinda de fora da Colônia e que a poria em gradual declínio. A . influência dos legistas havia freqüentemente posto à margem da vida política dos municípios a "Nobreza da terra", que anteriormente acionava aqueles governos, dotados de apreciável faixa de autonomia. Eles tenderam então a refluir das cidades para as fazendas, nas quais lhes restava um campo de vastidão ilimitada para intensificarem as atividades do plantio e da criação de gado. Esta exis'tência tranqüila e digna não era desprovida de consideráveis méritos para o bem comum. Mas a tal respeito é preciso não alimentar ilusões. Longe do litoral, ao qual o comércio trazia as mais recentes merc:idorias inspiradas pelas modas que se sucediam na Europa, a vida e os modos de ser da "Nobreza da terra" foram se estagnando. Como era inevitáv(:), nessa estagnação ela se tornava mais sensível para alguma assimilação de costumes e modos de ser _l~cais. Numa palavra, traços de "caipirismo" misturavam-se à fis1ononúa aristocrática dessas elites interioranas. &se período de tranqüilidade bucólica cessou por um inesperado efeito das grandes guerras e revoluções, que sacudiram a Europa havia já 20 anos. Era a chegada à nossa terra de D: João , Príncipe e Regente de l>ortugal, em 1808, tendo aqm permanecido até 1821. D. João usava cumulativamente o título de Príncipe do Brasil, pois era herdeiro do trono luso e exercia todos os poderes de monarca, em vista do estado de demência em que caíra a sua mãe a Rainha D. Maria 1. &se grande acontecimento histórico marc<1, com efeito, uma época decisiva de considerável transformação na vida social e política de nossa nobreza territorial. Os títulos de Nobreza do Império Que reflexos teve, sobre a "Nobreza da terra", a criação dos títulos de nobreza do Império? Pequena. Quase se diria nula. A Constituição Imperial Brasileira de 1824 não reconhecia privilégios de nascimento. A idéia era de que o título de nobreza só seria compatível com os progressos daqueles tempos se premiasse méritos individuais. Os méritos dos antepassados d_e nenhum modo deveriam beneficiar os descendentes respectivos. De onde a não hereditariedade dos títulos. A declaração de independência do Brasil, em 1822, trouxe consigo a implantação da monarquia parlamentar e, portanto, do regime eleitoral representativo. Transformava-se profundamente, desta maneira, o quadro político. Diante de tais transformações, a "Nobreza da terra" não se deixou ficar inerte. Pelo contrário, tratou de perpetuar o seu poder político nas novas condições criadas pela implantação de uma monarquia coroada no Brasil. A maioria dos votos dependia da "Nobreza da terra", que exercia o seu poder através dos partidos políticos, pois o partido vive de ~ua força eleitoral, a qual estava em mãos dos nobres da terra. E pitoresca e inesperada a organização em que estes se constituíram para conservar o prestígio de outrora. O ciclo do café Em meados do século XVIII tivera início o ciclo do café, dando ocasião ao aparecimento de um novo aspecto da "Nobreza da terra". Nascera a chamada "aristocracia do café", cujo prestígio e influência marcaram sobretudo a vida do Império e, depois da queda deste, algumas décadas da República.

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Proclamada a República, em 1889, nem por isso desapareceu a influência política das famílias provenientes da antiga "Nobreza da terra". Entretanto, as transformações gerais da vida do Ocidente, quer durante o Império, quer durante as primeiras déca~as da República, foram influenciando inelutaveln~nte a ~oc1edade brasileira. E isso em detrimento das velhas elites rurais. Em fins dos anos vinte do nosso século, uma formidável crise abalou o cultivo do café existente sobretudo em Minas Gerais Rio de Janeiro e São Paulo. Fora ela ocasionada pela polític; inábil da República, ante uma produção maior do que o consumo do mercado mundial. &sa crise imprevista apanhou grande número de cafeicultores em plena crise de endividamento. A classe dos W~nd~s fazendeiros do café sofreu assim um golpe que lhe dlffimum muito consideravelmente o prestígio social, e ainda mais o prestígio político. Quando esses fatos se passavam no Sul do País, de há muito haviam entrado em decadência os senhores de Engenho de Pernambuco e de outros &tados do Nordeste brasileiro.

A Revolução de 1930 e o fim das elites rurais tradicionais no Brasil O curso dos fatos preparava para o País novas condições, cujas conseqüências importaram na virtual extinção da aristocracia rural. Na verdade, a Revolução de 1930 apeou do poder o Presidente Washington Luiz-que, pela sua figura, era um símbolo expressivo da ordem de coisas em desaparecimento - e colocou Getúlio Vargas na presidência. &sa Revolução deu origem a quinz.e anos, quase contínuos, de uma ditadura que, de um lado, se proclamava anticomunista, mas de outro apoiava as transfonnações sociais aqui reclamadas pela esquerda. O "gctulismo" inaugurou uma repúbli~ populista: Com isto, a classe dos senhores de terras ficou redu21da a restos esparsos, a raros destroços flutuando num Brasil cada vez mais povoado, cada vez mais urbanizado e industriali~do! no qual os filhos de imi~rantes das mais ~i~ersas procedências iam obtendo situações de destaque, e adqumndo no campo as fazendas que as energias exaustas e as finanças esquálidas dos antigos proprietários já não podiam reter. . . &tes constituíam cada vez menos uma classe defm1da e, salvo poucos dos seus membros, perdiam-se nu~ anonimato o_u semi-anonimato, dentro do tumulto de um Brasil sempre mais rico, e sempre mais diferente do que fora. CARLOS SODRÉ l.ANNA

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SEITA ASSASSINA Um garoto observa, curioso, o número impressionante de crânios expostos em prateleiras. Trata-se do "Memorial" às vítimas do comunismo, aberto ao público em Phnon-Pen. a martirizada capital do Camboja. Representam, na realidade, apenas uma pequena "amostragem" das 70 milhões de mortes provocadas pela seita atéia e materialista em todo o mundo, desde que eclodiu na Rússia, em 1917. Ao final da Segunda Guerra ;Mundial, as potências aliadas instalaram em Nuremberg, na Alemanha, um famoso Tribunal para julgar os crimes de guerra do n.azismo. Após a queda do Muro de Berlim, em 1989, por que ainda não se instalou o "Tribunal de N uremberg" do comunismo internacional?


Sede perfeitos como vosso Pai celestial

luminosidade diáfana confere à natureza cores matizadas e sombras discretas. Algo da atmosfera primaveril paira no ar. Do amarelo vivo à exuberância escarlate das rosas, passando por diversas tonalidades de verde, a vegetação par ece vestida para um dia de gala.

A

Se nem Salomão, em toda sua glória, se · vestiu como os lírios do campo (cfr. Mt. 6, 29), o que dizer da plumagem fascinante do pavão? Distinto e nobre, olha com categoria para esse jardim feérico como um marquês olharia para seu palácio. As árvores lhe servem de pedestal. Seu trono de glória se estende por todo o reino vegetal.

Criado por Deus para servir de símbolo vivo da nobreza, distinção e elegância, o pavão pode ser consider ado um autêntico "Salomão" entre as aves do céu. Mas onde estamos? No pare de Bagatelle, em Paris, a capital civilizada por excelência. Neste cenário paradisíaco, próprio a descansar a vista de quem o contempla, encontra-se o sinal inconfundível da Civilização ocidental e cristã, que transformou florestas agrestes em bosques encantados, pântanos em graciosas fontes. Civilização esta que soube unir·o esplendor dos lírios do campo com a plumagem edênica dos pavões para ensinar aos homens a serem perfeitos como o Pai celestial é perfeito ...



CATOLICISMO

Discernindo, distinguindo, classificando...

Nº 518

Fevereiro 1994

Realidade Virtual Notícias sobre a "Realidade Virtual" começam a freqüentar os espaços da mídia brasileira, vindas sobretudo da Europa, Estados Unidos e Japão. E já nos anunciam que ·em breve será tão fácil penetrar nessa ... realidade irreal, quanto é fácil hoje em dia assistir a um programa de televisão.

I

magine-se, caro leitor, sentado numa poltrona singular, que lembra uma cadeira elétrica. Colocam sobre sua cabeça um capacete do qual partem vários fios. Suas mãos são recobertas por luvas especiais é seus pés por botas est.ranhas. À frente de seus olhos são ajustados uns óculos esquisitos. A cadeira é capaz de movimentos os mais inesperados, inclinando-se fortemente para os lados, para frente ou para trás e, confonne o caso, sacudindo-se ou virando de cabeça para baixo. Eviqentemente você está bem amarrado nela para não cair. Tudo está pronto para o início da sessão. É bom avisar que não se trata de uma sessão espírita, embora os resultados não sejam tão diferentes. Produz-se uma concatenação de efeitos de computador com imagens de televisão. Aquela parafernália toda vai fazer com que seus sentidos sejam ativados de maneira a lhe dar a impressão de que você está imerso numa realidade que de fato não existe: a "Realidade Virtual" . Assim, por exemplo, você pode se encontrar de repente num deserto, andando em dorso de camelo, sentindo um calor tórrido e tendo sua pele chicoteada pelo vento quente saturado de areia, enquanto seus olhos são ofuscados pela intensa reverberação da luz do sol. Ou então você pode estar numa festa no século XVIII, num palácio cheio de salões, deslocando-se agradavelmente de um lugar para outro ao som de música clássica, conversando com príncipes que o admiram e lhe servem champanhe e quitutes. Ou ainda, se quiser, poderá participar ativamente de uma partida de futebol, sendo nela o principal jogador, ou de um massacre, de uma guerra, ou ecologicamente abraçar macacos na floresta. Também fazem parte do elenco cenas imorais, é claro, à vontade. A" Realidade Virtual" é, no fundo,

"Realidade virtual": droga técnica para a satisfação dos delírios mais inconfessados do egoísmo e da sensualidade a fuga da realidade para o sonho, podendo a pessoa e~colher entre os vários tipos de ilusão que a máquina lhe oferece. Fala-se em aplicações dela também para a engenharia, o exército, a medicina etc. Aqui nos ocupamos apenas do aspecto chamado " lúdico" , o mais difundido.

***

Do ponto de vista técnico, a "Realidade Virtual" é indubitavelmente um grande avanço. Mas, e do ponto de vista humano? Um dos temas-chave que tem dividido os homens em todos os tempos é a alternativa realidade-ilusão. A realidade, neste mundo marcado pelo pecado original, apresenta-se dificil, cheia de problemas e sofrimentos, e é necessário uma constante ascese para olhá-la de frente e tomá-la como ela é. Foi por isso que Nosso Senhor Jesus Cristo disse: "Quem quiser vir após Mim, tome a sua Cruz e siga-Me". Quão

poucos, porém, costumam ser os amigos da Cruzt As ilusões são mais fáceis de seguir, pois elas dependem apenas de nossa imaginação, que voa ao impulso de paixões desregradas, seja o orgulho, a impureza, a preguiça, o que for. · m épocas de racionalismo, a fu ga da realidade levou homens como pinoza, Kant e tantos outros a constru ir sistemas teóri co-imaginativos op stos à filosofia realista de Santo Tom(1s de Aquino. Em épocas de utopismo, arra stou aos desvarios so c ioli st.1 s de Proudhon. Depois, a própria razuo foi li ·1111do para trás, como e lemento ur ·ni ·o que mais atrapalhava do que ojuduvn u busca desenfreada do irrea l. Veio o 1 ·mpo das sensações, o c inema, 11 t I v1s1 o, época que Paulo VJ quolili ·ou d "civilização da imagem" . Mas a sensibilidade oindn t 111 um suporte humano que di fi cultu ·0 1111 1 in teiramente as amarras om o r 111. A partir do rock, a scns ibilidad · li ·ou para trás em fa vor de um i1 rn ·ionnl desatar dos instintos. E linulm 111 · ·0111 as drogas, parceiras quase insepurúv is do rock, produziu-se o de li ri o puro s ·m mescla de realidade. 'Nessa fu ga para sempre mui s longe da realidade , para sempre mni s d istnntc da Cruz de Nosso Senhor J ·sus (_ ' 1 isto, a "Realidade Virtual" repr ·s •11111 hoj~ um requinte. É a droga t lc11 i('(l, l'npnz de criar um mundo c m qu s~ v ive apenas para a sati sfaçt o dos dei h ios mais inconfessados do gols1110 ~ d11 sensualidade. "Chassez !e naturc l, il I vil 11d1 ,l 1111 galope" , diz um sábio dito ti lllll'l , 1-xpulsai o natural e e le vo lt 11n'1 11 f nlopc para vingar-se. Estamos II sis1i111lo 110 impressionante espct(1 ·ulo d~ 111 11 1111111 do que, na busca d ·s sp nuln d1 uh trair-se à C ru z de 'risto, v11i HL' 111111,,1111 do {).OS braços da irrcnlidnd 1otnl , por tanto da loucura.

Assestando o Foco A AVASSALADORA onda de corrupção que atinge a vida pública e privada, nos sombrios dias em que vivemos, domina o panorama nacional e internacional. No Brasil ela assume proporções inimagináveis, cujo desfecho poderá ser uma enorme surpresa. Entretanto, esse mal não é exclusivo de nações jovens, como é o nosso caso. Na velha Europa, o país que vem apresentando, com destaque especial, uma seqüela de escândalos envolvendo políticos e empresários, é a Itália. Foi nesse país que se instalou a operação cognominada das "Mãos Limpas" . Esperavase a punição de corruptores e corrompidos. Porém, surpreendentemente, o Parlamento peninsular votou uma lei extinguindo as penas de prisão aplicadas a políticos que receberam contribuições ilegais, destinadas a campanhas

eleitorais e, além disso, com efeito retroativo. Análoga auto-defesa de políticos que exercem o poder já ocorrera na França de Mitterrand. Comprovada uma corrupção praticada pelo Partido Socialista Francês, a Câmara dos Deputados, dominada na ocasião por essa agremiação política, aprovou uma lei de anistia para os envolvidos naqueles atos delituosos. Casos como os citados multiplicamse quase indefinidamente nos dias de hoje. Convém ressaltar a agilidade demonstrada pelos políticos na auto-defesa em ambos os casos. E se perguntar se agem com igual celeridade e presteza na defesa dos que os auxiliaram a galgar postos públicos ... Aproveitando-se da notícia referente à lei de auto-anistia aprovada na Itália, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira

focaliza o tema, em conferência dirigida a sócios e cooperadores da TFP. Em sua penetrante análise - cuj os excertos principais reproduzimos na presente ed ição - o Presidente do Conselho N acional da TFP aborda, entre outros temas, os seguintes: a liceidade do auxílio financeiro a candidatos a cargos públicos; a solidariedade de interesses entre homens de negócios e candidatos; se a corrupção é um mal do sistema de governo ou do sistema econômico; para onde se encaminha a sociedade? E indaga ainda se há solução para tão grandes males, universalmente difundidos nos dias atuais. Bastaria uma simples volta à prática religiosa e moral ou deveria haver algo mais para solucionar a crise atual? No que consiste esse algo mais?

Índice Discernindo Realidade virtual A Realidade concisamente Espírito de "Gu lag" Destaque Inverdades d esinibidas Atualidade Corrupção na sociedade atual: haverá solução? Nobreza e elites análogas A santidade, a nobreza e a hierarquia na Sagrada Família TFPs em ação Ilha-prisão de Castro rec ebe livros sobre Fátima Caderno Especial A milagrosa imagem de Nossa Senhora das Maravilhas (Madri) Entrevista Santuário de Bom Jesus d a Lapa: espírito de pen itência e oração Brasil real, Brasil brasileiro Ai do rebanho sem pastor, ai do povo sem guia! História A primeira página da História do Brasil Escrevem os leitores Aborto Em painel Frases e imagens

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Catolicismo é uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor:

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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

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1O 12

Takao Takahashi Registrado na DRT-SP sob o N2 13748 Redação e Gerência:

Rua Martim Francisco, 665 01226-001 - São Paulo, SP Tel: (011) 824.9411 Diagramação:

Antonio Carlos F. Cordeiro

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Nossa Capa: Foto da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que derramou lág rimas milagrosamente em Nova Orl eans (EUA), no ano de 1972, colhida durante a visita da mesma à Sede do Conselho Nacional da TFP, na capital paulista, em 1973.

Fotolitos:

Microformas Fotolitos Ltda. Rua Javaés, 681 - 01130-01 O São Paulo - SP Impressão:

Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. Rua Javaés, 681 - 011 30-01 O São Paulo - SP Acorrespondênciarelativaà assinatura e venda avulsa pode ser enviadaao Setor de Propulsão de Assinaturas. Endereço: Rua Martim Francisco, 665 CEP 01226-001 - São Paulo SP- Tel.: (011 ) 824-9411 ISSN - 0008-8528


Espírito de "Gulag"

----------Um grupo de repórteres ofereceu uma caneca de cerveja, na saída de uma estação de metrô, paraquemassinasse a lista de seu candidato ficlício. Em alguns cartazes ele era idenlificado pelafoto do Chanceler alemão Kohl , em outros pela do Presidente norte-americano Cl inton. Conseguiram recolher mais de uma assinatura por minuto. Orelato acima, obviamente imaginário - veiculado pelo "Konsomolskaya Pravda" - procura demonstrar como a população russa é carente de critérios e discernimento ao selecionar seus candidatos para as eleições na Rússia.

Afisionomia desta mãe russa reflete bem a apatia - fruto característico de sete décadas de regime comunista Ao falarem no horário eleitoral gratuito, os políticos só conseguem provocar sono nos telespectadores - embora opaís esteja às vésperas do pleito que determinará a escolha de uma nova Constituição eParlamento.

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Alguns candidatos são capazes de passar 60 minutos num cenário escuro, decorado com um vaso de flores artificiais, lendo relatórios intermináveis. Setenta anos de comunismo produziram o "homo sovieticus" - ser amorfo eapático, de existência quase vegetativa, com todas suas potencialidades intelectuais evolitivas atrofiadas. Está, pois, o comunismo ainda muito vivo nas almas. Émais frisante pôr em realce este ponto do que considerar os pouco significativos resultados eleitorais na Rússia.

Doçuras medievais O'Schwarzer Adler'', restaurante de Nuremberg (norte da Baviera), reformulou seu cardápio com algumas das 600 especialidades saboreadas pelos alemães, na Idade Média. Resultado: grande sucesso. Oprato mais cobiçado é o 'blamensir", com peito de frango, carne de vitela e cogumelos, temperado com leite de amêndoa evinho branco. Um feliz acaso - ou disposição por assim dizer providencial, corrigiriam os gastrônomos - tornou possível a conservação, séculos afora, de tão saborosos registros. No século XIV, cozinheiros e segredos da culinária corriam sério risco de serem dizimados em meio à peste que assolava a Europa. Precavido e industrioso, pois, um dono de restaurante deixou anotadas num livro centenas de receitas. Ei-las que agora deliciam os "gourmets"... "Luz da Idade Média", "Idade Média - o que não nos ensinaram", são algumas das obras da célebre histo-

riadora Régine Pernoud, que bem comprovam quão elevada e rica foi aquela era histórica. Ominúsculo episódio talvez sirva para reavivá-la em nós.

A "nomenklatura" indomável No Leste Europeu, particularmentenaRússia, em alguma medida, a oligarquia reinante deixou-se apear do Poder, ou simulou fazê-lo. Em outros casos, lançou mão de uns tantos disfarces, ao afivelar sugestivas máscaras "democráticas". Entre nós, contudo, não parece que o mesmo se dê. Assim, anos a fio, em meio à sucessão dos Governos, os apaniguados das estatais brasileiras continuam a gozar de extraordinários privilégios, recusados àmaioria operosa da Nação. Constituem, pois, quase um poder paralelo ao do Estado. Só em salários ebenefícios diretos e indiretos, ao longo de 1994, nossas estatais deverão dispender a expressiva soma de 24 bilhões de dólares! No total, são 610 mil empregados para 160 empresas. Em contrapartida, os investimentos das estatais, previstos para este mesmo ano, não deverão ultrapassar a casa dos sete bilhões de dólares ... Conforme dados fornecidos pelas próprias estataisao Ministério Público, estima-se que essas empresas transferiram ilegalmente para os fundos de pensão de seus funcionários nada menos que 3,7 bilhões de dólares entre 1988 e 1992. Ressalte-se que tal verba provém de dinheiro do contribuinte. Obenefício individual médio do complemento de aposentadoria pago

pelas estatais é150% superior ao das empresas privadas nacionais, e 92% superior ao concedido pelas multinacionais que operam no País. Projeto de Lei enviado ao Congresso pelo ex-Ministro da Previdência Social, Antonio Britto, pretende coibir o abuso. Conseguirá fazê-lo?

Sensacionalismo da ''mídia" Três antropó logos - Luís Eduardo Soares, Hélio Raimundo Santos Silva e Cláudia Milito - utilizaram como fontes de pesquisa inquéritos policiais e dados obtidos junto àsecretaria da Polícia Civil para conhecer a "contabilidade mórbida dos delitos criminais, particularmente dos assassinatos de menores (no Rio de Janeiro)". Graças ao levantamento, derrubaram uma série de mitos, em torno do propalado "massacre de crianças" que estaria em curso na antiga capital brasileira, conforme tem noticiado a imprensa. Intitulado "Homicídios dolosos praticados contra menores no Estado do Rio", o estudo demonstra que "não [há nenhum] massacre, não são crianças as principais vítimas, não são predominantemente negros e nem habitantes de rua os menores assassinados". Sobre a principal "causa mortis" entre jovens 'ludo aponta na direção do tráfico de drogas e de toda aviolência que ocircunda", afirma oantropólogo Luiz Eduardo Soares. Insiste amídia em falsear arealidade, com as versões fantasiosas e sensaciona listas, o que concorre ponderavelmente para o agravamento do caos.

Jerusalém sem cristãos? "As igrejas [aqui] converter-se-ão um belo dia em monumentos e curiosidades arqueológicas", declarou um jesufta irlandês radicado em Jerusalém. A assombrosa afirmação prende-se a um fato: o número de fiéis decai contínua e progressivamente na Terra Santa, berço do Cristianismo, como desgraçadamente ocorre, aliás, em todo o Oriente Médio. Cercados por 150 milhões de muçulmanos equatro milhões de judeus em ambos os casos, cada vez mais fanáticos e agressivos - os cristãos, em levas crescentes, vão emigrando rumo à Europa, Estados Unidos, Canadá e América do Sul. Ochamado Conselho das Igrejas do Oriente, com sede em Chipre, alerta para o fato de que o crescimento dos movimentos islâmicos poderá provocar uma onda emigratória de cristãos nos próximos anos. Retraídos, acovardados - profundamente descristianizados -, os cató licos do Ocidente, é provável que nada farão para impedir o evanesclmonto da Fé em toda aregião. Somente uma intervenção da Providência tornaria lmpos sível a consumação da tragédia. A Basílica da Agonia, edificada no sopé do Monte das 01/velras, em Jerusalém, converter-se-á em "curiosidade arqueológica"?

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conseqüências negativas das ce nas de Umbanda na Câmara de Vereadores eroti smo na mente das crianças. Mas Rompendo centenária tradição católica, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre contra isso - além da associação O foi colocada sob a "proteção" da umban- AMANHÃ DE NOSSOS FILHOS -, poucos ousam mobilizar-se. da. Em sessão solene, proposta por uma vereadora do PT, treze líderes umbandistas do Brasil , Argentina e Espanha , Prestígio da nobreza - Convidadas pela "abençoaram" o Legislativo Municipal e famosa empresa de modas Dior, joseu presidente, Wilton Araújo (PDT), ao vens recém-cas_adas, p_ ertencentes à som de tambores. Alguns dias antes, os mais alta nobreza da França, desfilaumbandistas tin ham sido recebidos, ram em Tóq uio com seus trajes nupcom toda espécie de homenagens, no ciais. Isso mostra como, apesar de Palácio Piratin i, pelo governador Alceu tudo, o prestíg io da nobreza europé ia, Collares. sobretudo a francesa, contin ua grande. Pois se gasta rios de dinheiro para 150 mil sofrem de depressão - Segundo a levar ao longínquo Japão jovens da nobreza para um desfi le. Sociedade Brasileira de Psiquiatria, 150 mil porto-alegrenses, com mais de 15 anos, estão atingidos pela depressão. Sonho de japoneses - O jornal parisiense Uma das importantes causas dessa de"Le Figaro" afirma: os japoneses sonham pressão é a imoralidade, propagada socom a vida nos castelos da Europa, a tal bretudo pela televisão. Em artigo para a ponto que vão se casar neles. Vê-se imprensa, o médico e psicólogo Bercomo a tradição ainda flutu a sobre os nardino Mendonça Carleial mostra as desastres, e que a fidelidade à tradição

cató!ica poderia fazer com que o mundo começasse a se soergu er.

Vez por outra, contudo, cientistas ou pesquisadores sérios resolvem estudar os fatos. E chegam a conclusões inesperadas para os que haviam embarcado em alguma dessas inverdades desinibidas. Vejamos só dois exemplos. Fala-se do desmatamento da Amazônia como se estivesse sendo praticado numa proporção tal, que se transformaria numa espécie de tragédia ecológica. Entretanto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) demonsEstudos recentes da NASA, com emprego de trou que de 1978 a 1988 o moderna tecnologia, confirmam que o desmatamento da desmatamento da AmaAmazônia é muito menor do que se dizia zônia foi quatro vezes menor do que se dizia. E de Inverdades Desinibidas 1988 a 1992, caiu ainda de 50%. Essa constatação do INPE foi agora confirmaFaz parte do quotidiano de nosso poda por estudos feitos pela NASA, usando bre Brasil de hoJe que urna série de afir- a mais moderna tecnologia. mações vão sendo feitas de modo insistente e desinibido. Tornam-se elas moeda A esse respeito, o ministro da Ciência corrente, sendo mal visto contraditá-las ... e Tecnologia, Israel Vargas, comentou: e no entanto nada mais são do que inver- "Está demonstrado que os dados usados dades. Não é pequeno o papel da mídia pela FAO (Organização para a Agriculnesse processo. tura e Alimentação, da ONU) e por orga-

nizações não governamentais (ONGS) estavam errados" (" Jornal do Brasil", 15-10-93).

Cubanos assaltam zoológico- Tal é a fome existente em Cuba, que habitantes de Havana assaltaram até o zoológico da cidade, para poderem alimentar-se. Dos · 500 patos existentes no zoológico, sobrou apenas um. Pavões reais e mesmo um casuar - ave australiana parecida com o avestruz - foram também roubados. Rock prejudica ouvido e cérebro - O Prof. Salomão Chaib, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em matéria para a imprensa afirma que a música estridente e alta - característica do rock - prejudica o tímpano e o nervo auditivo. E acrescenta: "exerce também sobre o cérebro efeito tóxico, semelhante a certas drogas, diminui a inteligência, embota a capacidade de crítica e percepção, criando uma espécie de anestesia mental" .

*** Outra afirmação insistente e desinibida é a de que, em nossa Pátria, os pobres • estão cada vez mais pobres. Ora, a pesquisadora Sônia Rocha, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), afinnou na reunião da Associação Nacional dos Pós-graduados em Ciências Sociais (Anpocs) que "o número de miseráveis brasileiros não seguiu o crescimento dos índices recessivos". Ou seja, diminuiu. "A pesquisadora tocou em privilégios [da demagogia] há muito adquiridos" (" A indústria da fome", in "O Estado de S. Paulo'.', 28-10-1993). A primeira" verdade inquestionável" que caiu por terra com a pesquisa "foi a de que há no Brasil 35 milhões de miseráveis urbanos". Ela provou que "se em 1981, 29,1 % da população total residente em nove regiões metropolitanas estava abaixo da linha de pobreza, em 1990 este número regredira para 28,9%". Moral da história: Cuidado com as afirmações da demagogia.


ATUALIDADE

Corrupção na sociedade atual: haverá solução? Na Itália e França, políticos suspeitos de suborno e malversação de dinheiro público se auto-anistiam. Tal epidemia de imoralidade representa séria ameaça ao que resta de civilização cristã e à própria existência do Estado, favorecendo o estabelecimento do caos. Nossa Senhorp, em Fátima, já indicara o remédio para essa situação. (*)

R!

centemente, na "Segundo o Comitê Jutália, escândalos diciário do Senado, as conem precedentes tribuições políticas deixam fizeram com que o Parlade ser ilegais, desde que mento votasse uma lei que voltadas exclusivamente extingue as penas de prisão para o financiamento de aplicadas a políticos, concampanhas eleitorais. A denados por receber contrinova lei é retroativa se bebuições ilegais destinadas neficiar os réus" (id. ih.). a campanhas eleitorais. Ela foi aprovada no Senado por É lícito financiar 139 contra 19, depois de ter candidatos? sido votada pela Câmara de Deputados em novembro Em princípio, poder-se último. Tal legislação estacensurar um homem rico, belece que contribuições um empresário, que pague ilegais para campanhas pouma soma importante para Prof. Plinlo Corrêa de Oliveira: "O que falta na sociedade atual são líticas não constituem crieleger determinado polítielites. Elites morais, antes de tudo. Mas elites, por excelência de me, tornando-se apenas famílias, nas quais algo se conserva pela recordação de seus m;lores, co, defensor de idéias "ofensa civil". Dessa forcélebres por sua honestidade, e que servem de modelo". semelhantes às suas?' ma, os condenados não seDaria provas de ser rão mais presos, devendo tão-só pagar ções ilegais para suas campanhas elei- muito sovina um homem que, podendo multas. facilitar, mediante contribuições finantorais. "A votação no Senado foi uma das poucas demonstrações de unidade da Câmara Alta do Parlamento da Itália" (cfr. "Folha de S. Paulo", 3-12-93). Comunistas e autonomistas da Liga do Norte juntaram-se aos integrantes dos partidos envolvidos nos escândalos de corrupção para a aprovação da lei. "Até hoje, políticos que recebessem contribuições ilegais para campanhas eleitorais po,deriam ser condenados até a quatro anos de cadeia. A maioria dos políticos italianos acusados nos recentes escândalos de corrupção - entre Manifestação de protesto, em Milão, contra as Imunidades parlamentares: slntome da eles cinco ex-primeiros-ministros repulsa popular à corrupção nas atividades polftlcas são suspeitos de terem recebido doa-

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mento da democracia é optativo. Isto é, se as pessoas que entram nesse jogo quiserem, podem assumir a atitude descrita acima, prejudicando singularmente o Estado e os interesses públicos. Se não quiserem, contudo, podem agir honestamente. Assim, não se infere daí um argumento contra a forma de governo, nem Agitação na Câmara dos Deputados na Itália: contra o sistema econôsímbolo da vida política do país mico capitalista. Dessa situação extrai-se apenas ceiras, o acesso a cargo público importante a um candidato que apresente um uma razão contra o falseamento da forprograma capaz de salvar o seu país, ma democrática de governo. Falseamento que pode ocorrer também em não o fizesse. Em tese, o fato de uma pessoa rica outros tipos de governo. fazer uma doação para a eleição de outra sem posses, não é, em si, ato Do ut des; facio ut facias desonesto. Pode até ser considerado As considerações precedentes são um ato de virtude. variações maiores ou menores de um mesmo pensamento central, que se poAcordo escuso deria descrever em torno da máxima do Ora, a situação muda de figura Direito Romano: Do ut des; facio ut quando se observa não ser por afinida- facias (dou para que tu me dês; faço de ideológica que determinado empre- para que me faças). É uma combinasário ou banqueiro apóia um candidato, ção, um arranjo que pode ser feito de por exemplo, à Presidência da Repúbli- modo desonesto ou honesto, conforme ca. Se ele financia tal político porque entendimento das partes engajadas no houve um acordo, no sentido de este lhe negócio. O falseamento pode facilmente se conceder vantagens na realização de dar em qualquer forma de governo viseus negócios, recebendo em compengente no momento, seja democracia, sação pelo dinheiro doado, um contrato comercial vantajoso, a combinação seja monarquia. E também ocorrer torna-se espúria. E isso implica, muitas tanto no sistema econômico capitalisvezes, que será contratada para a reali- ta quanto no comunista. Lembremos zação de uma obra pública não a em- que no comunismo os membros do presa mais eficiente, mas o empresário partido - especialmente a cúpula, que facilitou o candidato a obter o car- como a nomenklatura na ex-URSSgo público. Um acordo desse tipo trans- constituem uma casta, que obtém toforma um ato de idealismo em negocia- das as vantagens. Isto que já era sabita, e começa assim a aparecer o lado do, tornou-se patente após a queda do Muro de Berlim. escuso e espúrio da combinação. Além disso, o empresário pode cobrar do Estado um preço muito maior Grau de moralidade pública do que cobraria outro concorrente que O eixo da problemática não se ennão auxiliou a eleição do candidato. Este ato assume, pois, caráter ir- contra primordialmente, pois, na forma recusavelmente desonesto, porque o de governo nem no sisterpa econômico. empresário cobraria um preço despro- Ele reside no grau de moralidade pública e, em particular, no comportamento porcional pelo serviço prestado. dos homens públicos, numa ou noutra forma de governo, num ou noutro sisCorrupção e sistema tema econômico. Onde há pessoas que de governo tomam a sério a existência de Deus, e Consideradas as coisas em tese, cumprem, de fato, sua Lei, tais coisas não acontecem. pode-se dizer que este gênero de falsea-

Mas em países onde a população crê na existência de Deus sem seriedade, ou cumpre a sua Lei também de modo não sério, certo número de pessoas pode roubar, beneficiando-se de bens que não são seus. Não estamos, portanto, em presença de uma questão principalmente econômica, embora tenha algo de econômico; nem tampouco em face de uma questão principalmente política, se bem que tenha algo de político. Estamos diante de uma temática que, apesar de conter reflexos econômicos e políticos, é fundamentalmente religiosa e moral. Onde não há religião nem moral, onde há aniqüilamento do valor religioso, da Fé, as coisas necessariamente caminham rumo ao esboroamento completo de toda a ordem econômica, política e social.

E a repressão ao roubo? É claro que se deve reprimir de modo categórico toda espécie de ilegalidade e de imoralidade. Entretanto, simplesmente punindo os ladrões, nunca se chegará à eliminação do roubo. Porque o número de ladrões tende a crescer, a bem dizer indefinidamente, num país em que a maioria esmagadora da população não cumpre os Dez Mandamentos da Lei de Deus. Caso se prendam cinco ladrões, engana-se quem considerar que seu número diminuiu em cinco. Foram abertas, na verdade, cinco vagas, e para elas surgem cinqüenta candidatos, isto é, cinqüenta no-

Durante o governo socialista do presidente Mltterrand (foto), a Câmara dos Deputados francesa, na época dominada pelo Partido Socialista, votou uma lei de auto-anistia para livrar membros dessa agremiação política de processos

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Assim sendo, um vulgar ladrão de galinhas pode ser punido com prisão. Um político, porém, que entra numa negociata eleitoral, não fica desmoralizado e não vai para a prisão. Deve apenas pagar uma multa. E como ele recebe também algum dinheiro, tudo se arranja. Todos ganham dinheiro, todos roubam e o roubo torna-se um costume oficial.

vos ladrões. E crescendo o número de ladrões, aumentam os roubos. O problema é fundamen:., , talmente moral e, a esse título, envolve também um problema religioso [Ver quadro anexo].

A ingerência do Estado

As crescentes restrições impostas à propriedade privada conduzem atualmente a Fim da propriedade uma situação em que, para privada seu exercício pleno, ela de- Reunião do Soviet Supremo, em julho de 1987, na qual foi aprovado Quando se oficializa despende de a1,1torização do Es- o programa de reformas de Gorbachev. Seus membros faziam parte da nomenklatura da ex-URSS, a qual constituía uma casta que sa maneira o roubo, a protado, segundo a legislação usufruía todas as vantagens materiais priedade privada acaba deisemi-comunista de tantas naxando de existir. Se o roubo ções modernas ditas não-comunistas. Dessa forma, por exemplo, a bem que não lhe adianta de nada. Essa se generaliza, multiplica-se não apenas é a conseqüência forçosa da ingerência a obtenção de vantagens em negócios exploração de alguns bens no subsolo públicos, mas todos os negócios ten- que legitimamente pertencem ao desmesurada do Estado na economia. dem a se tornar velhacaria. proprietário do solo - só pode se dar Oficialização do roubo Em tal situação, o trabalho perde com permissão do Estado. Para obtê-la, prestígio e influência, restando apenas uma pessoa honesta freqüentemente Se até os honestos são obrigados a como meiq de ganhar dinheiro a prática tem que oferecer um suborno ao fundesonesta. O roubo torna-se o rei da cionário encarregado da autorização, . subornar, que se dirá dos desonestos? sociedade. E o sistema econômico, coseja para consegui-la, ou para que não O suborno se espalha como uma manmunista ou capitalista, afunda na prátidemore indefinidamente. Quem assim cha de azeite sobre um tecido, penetrando em toda a sua contextura. ca do suborno. O país torna-se uma procede, agiu erradamente? Em certo momento, quando o nú"roubolândia", onde uma minoria de Não. Ele deu dinheiro para obter um mero de ladrões torna-se tão grande ladrões se locupleta no poder. direito que legitimamente já era seu. Mais ainda, é o Estado que rouba, ao que é praticamente impossível reprimir limitar assim o direito de propriedade o crime sem pôr a nação inteira no A meta é o caos

Os /fderes Giulio Andreotti (à esquerda), do Partido Democrata Cristão, Bettino Craxi (centro), do Partido Socialista, e Umberto _Bossi (à direita), da Liga do Norte, não escaparam de investigações efetuadas pela Operação Mãos Limpas

injustamente. As irregularidades daí decorrentes criam na máquina política subornos de toda espécie. Tal procedimento se espalha pela população inteira. Quem paga suborno é tido como pessoa esperta, e quem não o faz, passa por bobo. O esperto ganha dinheiro. O que não suborna fica com um

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cárcere, adota-se a fórmula italiana: declara-se não ser crime o suborno, o qual passa a ser punido apenas mediante multa. Na verdade, duas multas. Uma para o funcionário, outra para o Estado. E a pessoa fica livre para fazer o que quiser. É a oficialização do roubo.

Esse desfazimento da sociedade conduz a uma adulteração da polêmica comunismo-anticomunismo. Isto é, os comunistas dizem que no regime capitali sta o roubo se generaliza. Entretanto , a situação dos países do Leste europeu mostra que, no regime comunista, o roubo e o suborno, na realidade, se instalam de modo generalizado. As acusações recíprocas de ladrões deixam de ter sentido. E o mundo mergulha na anarquia e no caos. Caminha-se então para um estado de coisas em que a discussão capitalismocomunismo perde sua razão de ser. Nada é mais nada! Comunismo equivale a capitalismo; capitalismo é comunismo. Todos tomaram-se ladrões e ninguém deixa de ser ladrão, exceto a lguns poucos que ainda crêem em Deus. Essa é a conseqüência da lei recentemente aprovada na Itá lia . Ú o primeiro passo para a genera li zação de um sistema lega l mais ou menos parecido

Gabriele Cagliari (foto 1), ex-presidente da gigantesca estatal de energia elétrica (EN/), e Raul Gardini (foto 2), ex-presidente do grupo agro-industrial Ferruzzi-Montedison, o segundo maior grupo privado da Itália: acusados de corrupção, suicidaram-se, como diversos outros atingidos pela Operação Mãos Limpas

como o descrito acima e que atingirá, cedo ou tarde, todas as nações do mundo. Aliás, é o que já ocorreu na França, durante o governo socialista do presidente Mitterrand. Comprovou-se uma corrupção praticada pelo Partido Socialista, e como este possuía, na ocasião, maioria na Câmara de Deputados, votou-se uma lei de auto-anistia. O resultado: perda total da moralidade pública, da compostura política e caminho rumo ao caos.

Que remédio há para isto? O que falta na sociedade atual são elites. Elites morais, antes de tudo. Mas

elites, por excelência, de famílias, nas quais algo se conserva pela recordação de seus maiores, célebres por sua honestidade, e que servem de modelo. Ora, a democracia, em concreto, arruinou o prestígio das verdadeiras elites. Se não se trabalhar para sua restauração, nada poderá ser feito. Com o intuito de favorecer as classes mais modestas da sociedade contemporânea, foi sendo dada a esta uma estrutura gradualmente mais igualitária. Daí resultou o esmagamento progressivo das autênticas elites e o desaparecimento paulatino das estruturas e

dos valores aos quais a sociedade devia até então a gênese de suas camadas mais cultas e capazes. A isso se deve a desorientação e a tendência para o caos, cada vez mais acentuadas nos dias que correm. A experiência brasileira mostra, por exemplo, toda a extensão do perigo e dos prejuízos a que o minguamento das elites pode conduzir uma nação. [*I Este artigo baseia-se em conferência pronunciada pelo Prof Plínio Corrêa de Oliveira, em 4-12-93, a sócios e cooperadores da TFP. Sem revisão do conferencista.

A ÚNICA SOLUÇÃO DE FUNDO Poder-se-ia argumentar: muitos que vêem. a justo título, na falta de religião a raiz de todo o mal , começariam a praticá-la, o que iria eliminando a corrupção. Na verdade, porém, muitas pessoas que admitem estar a irrel igiosidade na origem de todo mal. não desejam absolutamente propagar a religião, de maneira acriar um ambiente de austeridade. de severidade moral. Pois isso as obrigaria a mudar seu modo de viver. Aposição assumida por tais pessoas torna-se mais compreensível, se a compararmos com aatitude de certo tipo de jogadores: não se encontra um único adepto do jogo ilíc ito que sustente ser este honesto, bem como trazer ele vantagens para sua pátria. Assim. embora tal jogo não convenha ao país, convém aele, enquanto jogador.

A graça divina

Dom Jo/fo Batista Chautard, o famoso Abade cisterciense da Abadia francesa de Sept-Fons, em fins do século passado, escreveu uma obra admirável que se tornou clássica no plano ascético-apostólico: "A Alma de todo Apostolado"

Para debelar tal situação é preciso exercer-se um apostolado de caráter essencialmente religioso, que atraia agraça divina. E, com oauxíl ia desta, um apostolado que toque as almas, as inteligências. as vontades realmente, de maneira a alcançar verdadeiras conversões. Ea partir dessas, alguma coisa pode ser feita. Ora, tais conversões são evidentemente dificílimas de se obter em épocas de imora-

!idade generalizada, pois as pessoas estão muito afeiçoadas às vantagens que esta lhes traz. E, portanto, estarão pouco propensas a abandonar a má vida.

Apóstolos autênticos Para se descer aos aspectos mais recônditos do problema com vistas à sua plena solução, é necessária a presença de apóstolos como aqueles recomendas por Dom Chautard em sua famosa obra "A alma de todo apostolado". Apóstolos dotados de vida interior verdadeira. desejosos do Reino de Deus antes de todas as coisas, e da realização da vontade e dos desígnios divinos, assim na Terra como no Céu. Apóstolos que arrastem pelo exemplo, emovam pela palavra apopulação, elaborando as leis do Estado conforme as de Deus. E, assim, consigam alterar o procedimento das pessoas. Em suma, surgindo autênticos apóstolos, poderão estes com sua atuação tocar verdadeiramente as almas, as quais, correspondendo à graça, converterse-ão. Epara se converter, o homem contemporâneo deverá ser dócil à recomendação de Nossa Senhora de Fátima à humanidade, em 1917, a saber: penitência eoração.


~ 6 r e z a e eat::~; t::radicionais anáfugas "É próprio à nobreza e às elites tradicionais análogas formarem com o povo um todo orgânico, como cabeça e corpo" PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

A santid'a de, a nobreza 1e a hierarquia na Sagrada Família'*) Esta seção, que Catolicismo inicia hoje, apresentará em cada número da revista, comentários tecidos pelo Prof Plínio Corrêa de Oliveira ci mais recente de suas obras, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, no decorrer de coeferências pronunciadas para sócios e cooperadores da TFP, a pedido destes. Esse portentoso livro, lançado em vários países da Europa, nos Estados Unidos e em diversas nações latino-americanas, vem alcançando impressionante repercussão, da qual nossa coluna "TFPs em ação" tem noticiado alguns dos lances mais importantes.

A morte de S3o José - Gregorio Vásquez, Musep do Semif!ário, Bogotá (Colômbia)

D

iz o Evangelho que o Menino Jesus "crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens" (Lc. 2, 52). Se isto é verdade - e certamente o é, pois são palavras inspiradas pelo Espírito Santo - é sinal de que no HomemDeus ainda havia o que crescer. De qualquer natureza que fosse esse crescimento, era um crescimento da perfeição perfeitíssima para algo que era uma perfeição ainda mais perfeitíssima. Por outro lado, devemos considerar tudo quanto é NosSanta Ana, S3o Joaquim, pais de Nossa Senhora, sà Senhora: um tal acúmulo de S3o Joio Batista menino, à esquerda, com a Sagrada perfeições criadas, que um Família (1625-1630)- Francisco de Zurbarán, Papa chegou a declarar: dEla Marquesa de Campo Real, Madrl se pode dizer tudo em matéria porção com Nossa Senhora. Pode-se de elogio, desde que não se Lhe atribua a divindade. Foi concebida imaginar a que píncaro, a que altura São sem pecado original e confirmada em José deve ter chegado para estar em prograça a partir do primeiro instante do seu porção com Nossa Senhora! É sumamenser; o.ão podia pecar, não podia cair na mais te provável que também ele tenha sido leve falta, porque estava garantida por confirmado em graça. Então pode-se diDeus contra isso. Não tendo defeitos - tal zer que, na humilde casa de Nazaré, a é o aspecto importante desta consideração todo momento que se passava, aquelas - , também Ela crescia constantemente em três pessoas cresciam em graça e &antidade diante de Deus e dos homens. virtude. São José deve ter falecido antes do Ao lado do Menino Jesus e de Nossa Senhora estava São José. É dificil elogiar início da vida pública de Nosso Senhor qualquer homem, qualquer grandeza ter- Jesus Cristo. É o padroeiro da boa morte, porque tudo leva a crer que, em seu falerena, depois de considerar a grandeza de São José. O homem casto, virginal por cimento, foi assistido por Nossa Senhora e pelo Divino Redentor, excelência, descendente de Davi. São Pedro Julião Eymard (cfr. "Extrait des écrits que o ajudaram a elevar sua alma àquela perfeição pinacular para du P. Eymard", Desclée de Brouwer, Paris, 7º ed., pp. 59-62) diz que São José era o a qual ele fora criado. Não era a chefe da Casa de Davi, o pretendente legí- perfeição de Nossa Se\nhora, era timo ao trono de Israel, o mesmo trono que uma perfeição menor. Mas era a fora ocupado e derrubado por falsos reis, perfeição enorme para a qual fora chamado. enquanto Israel era dividido e, por fim, Quando seu olhar embaçado dominado pelos romanos. já se ia apagando para a vida, São José - ao contemplar Tríplice ascensão Aquela que era sua esposa e e três a~g~s Aquele que juridicamente era seu filho - extasiou-se com a São José era ~m varão perfeito, modelado pelo Espírito Santo para ter pro- ascensão contínua em santidade

de Nossa Senhora e de Seu Divino Filho. Ao vê-Los subir assim, também ele, por sua vez, subia. sem cessar na sua própria santidade. Esta tríplice ascensão contínua na humilde casa de Nazaré, constituiu o encanto do Criador e dos homens: três perfeições que chegaram todas ao pináculo a que cada uma devia chegar. Eram três auges que se amavam intensamente e se intercompreendiam intensamente; perfeições altíssimas, admiráveis, mas desiguais, realizando uma harmonia de desigualdades como jamais houve na face da Terra. Entretanto, a hierarquia posta por Deus entre tais sublimes desigualdades era de uma ordem admiravelmente inversa: Aquele que era o chefe da Casa no plano humano era o menor na ordem sobrenatural; enquanto o Menino, que deveria prestar obediência aos pais, era Deus. Uma inversão que nos faz amar ainda mais as riquezas e as complexidades de qualquer ordem verdadeiramente hierárquica; e que impele a alma fiel, desejosa de meditar sobre tão elevado tema, a entoar um hino de louvor, de admiração e de fidelidade a todas as hierarquias e todas as desigualdades estabelecidas por Deus.

Paradoxo: Príncipe e operário

sãos à altura dessa Casa são os Anjos do Céu. Porém, ainda por desígnio divino, tal chefe da Casa de Davi era, ao mesmo tempo, trabalhador manual, um carpinteiro. E também Nosso Senhor Jesus Cristo exerceu essa atividade antes de iniciar sua vida pública. Deus quis assim que as duas pontas da hierarquia temporal se ligassem naquele que é o HomemDeus. NEie está a condição de Príncipe real da Casa de Davi, de pretendente ao trono de Israel. Mas esta condição coexiste com a de mero carpinteiro, operário, no extremo oposto da escala social. Esta coexistência de perfeições, em ambos os aspectos - tanto no de Criador-criatura como no outro, incomparavelmente menor, de rei-operário- reúne os extremos para reforçar a coesão dos elementos intermediários da hierarquia, unindo tais elementos pela união dos extremos. Assim, a sacrossanta hierarquia no interior da Sagrada Família não nos aparece apenas como um conjunto de cimos tão altos que a nossa vista fisica e mental custa a alcançar. Ela representa também um amplexo hierárquico, desigual mas afetuoso, entre todos os degraus da ordem social. De tal maneira que, aquele que ocupa lugar mais alto abraça afetuosamente o que está mais baixo e diz: "Enquanto natureza humana somos todos iguais" .

Um outro paradoxo foi também colo~ - ~ r-iiiii-;;;;;;;;;;;;;;;;il cacto pelo Criador nas comple-

xidades desta nobilíssima ordem hierárquica. São José era o representante da Casa mais augusta:'que houve em todos os tempos, pois, enquanto de outras Casas nasceram reis, da Casa de Davi nasceu um Deus. E os únicos corteO ,el Davi em oraç3o - Jean Fouquet, detalhe de Iluminura de L'Heures d'Étienne Chevalier, séc. XV, Castelo de Chantllly (França). Tanto Nossa Senhora quanto S3o José pertenciam à estirpe real de Davi

Amor desinteressado à Hierarquia Escolhi o exemplo de São José, de Nossa Senhora e de Nosso Senhor Jesus Cristo para que se compreenda a hierarquia no que ela tem de mais puro, de mais límpido, de mais perfeito, na qual não há egoísmo nem pretensão. Porque existe esse puro amor de Deus, o qual gera amor às várias hierarquias, sem a preocupação de ser muito, de fazer muito ou de poder muito. É amar a hierarquia por amor de Deus. As almas que têm o verdadeiro senso da hierarquia amam deste modo os que

A coroaç3o de S3o José por Cristo ressuscitado (1631-1640)- Francisco de Zurbarán, Museu Provincial, Sevilha (Espanha)

lhes são superiores. A palavra "majestade" tem para elas um sentido, um mistério, um lumen especial que torna respeitáveis e veneráveis os reis e imperadores, mesmo quando estes, por seus defeitos pessoais, não merecerem a homenagem que lhes é prestada por serem quem são. Mas se, para aquilo a que foram chamados, em algo correspondem, esse algo, por pequeno que seja, é como o aroma de uma flor incomparável da qual se tira uma gota, cujo perfume produz sobre o homem reto um efeito semelhante ao que a santidade maiot produz sobre a santidade menor. E isto tem alguma analogia com o que se passava na Sagrada Família, entre as três pessoas indizivelmente excelsas - uma delas divina - que a compunham. Eis aí algumas considerações sobre o enlevo e o entusiasmo que as verdadeiras hierarquias - como aquela que existiu, em grau arquetípico, na Sagrada Família - podem e devem suscitar nas almas retas e autenticamente católicas. (*) Excertos - não revistos pelo orador- da conferência pronunciada pelo Prof Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP, em 2-11 -92, na capital paulista.


TFPsEMAÇÃO

Ilha-prisão de Castro recebe livros sobre Fátima •

PARIS - A Sociedade Francesa de Defesa da Tradição, Família e Propriedade vem desenvolvendo ampla campanha de divulgação da obra "Fátima, mensagem de tragédia ou de esperança?", de autoria do sócio da TFP brasileira, engenheiro Antonio Augusto Borelli Machado. Com donativos obti dos junto à sua vasta rede de simpatizantes, a TFP francesa já ed itou essa obra em idioma russo e lituano, a fim de d istribuí- la nos países da ex-URSS. A presente iniciativa da entidade consistiu no lançamento de uma eçJição em língua caste lhana do livro, de 10 mil exemplares, especialmente destinada ao infeliz povo cubano. Tal d istribuição não é realizada através do correio, como naqueles países do leste europe u, mas med iante a colaboração de cubanos exilados em Miami . Esses costum.::m remeter a seus famil iares , res identes em Cuba, pacotes com ajuda, em al imentos, para atenuar o terrível

racionamento a que são submetidos pelo regime comunista de Fidel Castro. Nos pacotes são inseridos exemplares do livro sobre a Mensagem de Fáti ma. Em Miami, a campanha conta com o especial apoio da organ ização Cubanos Desterrados e de d iversos sacerdotes, entre os q uais o Pe. Emíl io Val lina, da paróquia de São João Bosco, um dos primeiros a inic iar a remessa de exemplares da referida obra à antiga "Pérola das Anti lhas". A campanha foi noticiada pelo "Diario Las Américas" , med iante anúncio oferecendo a obra a quem quisesse remetê-Ja a Cuba. Cinco emissoras de rád io deram também ampla cobertura à iniciativa, inc lusive com a apresentação de uma longa entrevista com o Sr. BenoTt Bemelmans, da TFP francesa.

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aderno Especial Nº 30

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Presépio atraiu visitantes até final de janeiro Na Sede da TFP, no bairro de Vi la Mariana, em São Paulo, jovens coope radores da associação montaram artístico presépio, enriquecido com recursos de som e luz. O inte ressante espetáculo, com duração de 25 minutos, foi inaugurado nas semanas anteriores ao Natal e estendeu-se por todo o mês de janeiro. Diariamente , eram real izadas várias apresentações. "Nosso presépio é artesanal, apesar de numerosos componentes elétricos que utilizamos", explicou o jovem Miguel Vidigal, um dos operadores do sistema. Na cabine montada numa dependência anexa, depois de bom treinamento, o operador devia manusear dezenas de interruptores, reostatos e até manivelas para a movimentação das figuras, de modo sincronizado com a narração gravada em fita magnética. Quando se apagavam as luzes da sala, o público ouvia a narração do Evangelho, enquanto no fundo do cenário da cidade de Belém um tênue luar corneçava a·surgir, em meio ao cintilar das c9nstelações na abóboda ce leste. Cruzava lentamente este céu uma bela estrela: a que g uiou os Re is Magos até o presépio onde nasceu o Redentor da humanidade. A narrativa evocava diversos acontecimentos relacionados com a vinda do Messias: a Anunciação do Anjo a Nossa Senhora, a chegada

da Sagrada Família em Belém, a viagem dos Reis a Magos, a matança dos inocentes ordenada pelo rei Herodes. Durante a apresentação de cada um desses episódios, luzes focali zavam os respectivos fi gurantes, situados em áreas d iversas da rica montagem.

No páteo da mesma Sede , a atenção dos vis itantes era atraída para uma árvore de Natal com cinco metros de altura, esp l endidamente decorada.

Durante a narração de episódios da vida de Nosso Senhor, uma sucessão de luzes é orientada, em cabine instalada numa dependência anexa, por um operadar

Fanfarra dos Santos Anjos apresentou-se no Ano Novo A 2 de janeiro último, no Auditório Nossa Senhora Auxi liadora, da TFP, local izado no bairro paulistano de Santana, a Fanfarra dos Santos Anjos apresentou um concerto a um público de 400 pessoas, composto de correspondentes e benfeitores da TFP, bem como moradores das circunvizinhanças. Na mesma ocasião, foram entoadas algumas canções natalinas, pelo Coral São Gregório Magno. Do programa da Fanfarra constou a pitoresca peça "Passeio de Trenó" de Leopold Mozart, além de famosas marchas francesas, inglesas e·aIemãs. Pessoas que residem próximo ao mencionado aud itório manifestaram o agrado com que ouvem, ao !ongo do ano, os acordes da Fanfarra da TFP, bem como os tradicionais cânticos religiosos, entre eles o "Queremos Deus", habitua·lmente entoad os por ocasião de uma das reuniões semanais promovida pela associação.

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A milagrosa tmagl!m Ôl! Nossa jl!n~ora ôas Jiaraittl~as Aspecto da Fanfarra dos Santos Anjos, em sua apresentação a 2 de janeiro


3Jesus tura a sogra Õe jão Jieõro e opera outros prooigios (São Marcos, 1, 29-38) E eles, logo que saíram da sinagoga em Cafarnaum, foram à casa de Simão e de André, com Ti-ago e e João. Ora, a sogra de Simão estava de cama com febre, e falaramlhe logo a respeito dela. E Jesus, aproximando-se e tomando-a pela mão, levantou-a, e imediatamente a deixou a febre, e ela pôs-se a servi-los. E de tarde, sendo já sol posto, traziam-lhe todos os enfermos e possessos, e toda a cidade se tinha juntado diante da porta. E curou muitos que se

achavam oprimidos com várias doenças e expeliu muitos demônios, e não lhe permitia dizer que O conheciam. E levantando-se muito de madrugada, saiu e foi a um lugar solitário e lá fazia oração. E Simão e os que estavam com Ele foram procurá-Lo e, tendo-O encontrado, disseram-Lhe: Todos Te procuram. E Ele disse-lhes: Vamos para as aldeias e cidades vizinhas a fim de que Eu também lá pregue, pois para isso é que vim. E andava pregando nas suas sinagogas e por toda a Galiléia e expelia os demônios.

· Oiomenhrrios compilaõos por janto OComás õe Aquino na "Qiatena Aurea" São João Crisóstomo - Como esperavam que haveriam de obter com isso alguma utilidade, rogavam-Lhe os discípulos, sem esperar a noite,. que curasse a sogra de Pedro. São Beda - No Evangelho de São Lucas, lê-se que Lhe pediram por ela [a sogra de São Pedro]. Tão logo, pois, o Salvador é rogado, sem delongas cura espontaneamente os enfermos; mostrando assim que se aplac·a sempre com as súplicas dos fiéis no tocante às paixões e os vícios, e às vezes dá a entender aos mesmos o que não entendem de modo algum, ou perdoa também o não entendido aos que piedosamente lhe solicitam, segundo pede com instância o Salmista (SI. 18): "Purificai-me Senhor, dos meus erros ocultos". Por isto, depois de rogado cura. Continua, pois: "E aproximando-se a levantou tomando-a pela mão". São Beda - Místicamente, pois, o ocaso do sol significa a Paixão e a morte dAquele que disse (Jo. cap. 8): Enquanto estou no mundo sou a luz

do mundo; "e é o ocaso do sol quando é curada a maior parte dos enfermos e possessos, porque Aquele que durante sua estadia neste mundo ensinou a uns tantos judeus, transmitiu os dons da fé e da salvação a todos os povos da terra". Teófilo - Depois que curou os enfermos retirou-se o Senhor a um lugar solitário. Com o que nos ensinou a não fazer nada por ostentação e a não propalar o bem que façamos. E continua: "E fazia ali oração" . São João Crisóstomo - Não porque tivesse necessidade de rezar, posto que era Ele mesmo quem recebia as orações dos homens, senão que agindo dessa maneira se nos oferecia verdadeiramente como modelo, que devíamos imitar com nossas boas obras. Teófilo - Mostra-nos também que é a Deus a quem devemos atribuir todo o bem que façamos e a quem devemos dizer: Todo o bem de que gozamos nos vem de Vós, do Céu.

Oiomentários no Jiaõre 1.uuis Qiláuoio 1Jfillion Saindo da Sinagoga, retirou-se Jesus à casa de Simão Pedro com quatro de seus discípulos. Pedro estava casado e sua sogra sofria um violento ataque de febre que lhe fazia ficar na cama. Esta . enfermidade é bastante comum nas costas do mar de Tiberíades, onde sempre faz muitas vítimas. Os discípulos informaram disso a Jesus que, se aproximando da enferma, com. bondade lhe tomou a mão e a levantou suavemente. Ao divino contato, desapareceu a febre num instante e a cura foi tão completa que ela pôde servir à mesa aos seus hóspedes. Este novo milagre foi ocasião, pela tarde, de outros muitos. Depois do pôr-do-sol, quando odescanso do Salvador 'terminou, levaram a Ele grande quantidade de enfermos e possessos de Cafamaum. Toda a cidade, _e m breve, reuniu-se ante a casa de Simão. Cheio de compaixão como de poder, Jesus impôs as mãos sobre cada enfermo e curou-os a todos. Ao mesmo tempo, saíam os demônios de todos os possessos da cidade, gritando: "Tu és o

Filho de Deus", ou seja, o Messias. Mas, como na Sinagoga, o Divino Mestre lhes impôs rigoroso silêncio. Mal terminaram a noite do sábado para o domingo, Jesus estava já de pé e saía silencioso, sem avisar ninguém. Seu objetivo era certamente fugir das ovações dos habitantes, superexcitados pelos milagres da véspera. Perto do lago costuma haver lugares retirados. Entrou em um destes e, seguindo o costume tanto de seu gosto e têmpera divina, se entregou à oração. Quem poderá declarar o íntimo da união, o êxtase das relações que então tinha com seu Pai celestial? Mas seus discípulos notaram a saída de Jesus e muito intranqüilos e cheios de empenho se puseram a procurá-Lo sob a direção de Pedro. Quando O encontraram disseram-Lhe: "Todos andam em· vossa procura". Desde o alvorecer, as multidões haviam acorrido outra vez para alcançar de Jesus outros novos favores. Mas o Filho de Deus não se havia encarnado para reservar suas bênçãos a

uma região privilegiada. Por isto, respondeu recordando-lhes que outras muitas comarcas tinham direito à sua pregação: "Vamos às aldeias e cidades vizinhas, porque é necessário que também lhes anuncie a boa nova do reino de Deus, pois para isto fui enviado". Pôs-se, portanto, a

percorrer toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho e curando toda doença e toda enfermidade do povo. Pe. Luís Clâudio Fillion, Nuestro Sefior Jesucristo según los EiJãngelios, Editorial Difusión, S.A., Tucumán, 1859, pp. 122-3.

1Jfeshr õe Nossa jen~ora nas Jiarauil~as (Jiaõri) (1 º de fevereiro) A história dessa milagrosa imagem é verdadeiramente extraordinária. Ela estava ameaçada de destruição em um pequeno povoado vizinho a Salamanca, ignorando-se completamente como lá havia chegado. E hoje é uma das mais formosas que se veneram na Espanha. No final do século XVI, tal imagem contudo estava tão maltratada, com o rosto tão desfigurado, que o Juiz Eclesiástico ordenou fosse enterrada. Quando sua disposição estava para ser cumprida, o tumulto que se formou no pórtico da igreja, onde ela se encontrava, assemelhava-se a um enxame de abelhas dispostas a abandonar sua colméia. Eram os fiéis que, acostumados a rezar diante daquela imagem deteriorada, viam desaparecer, com dor, o sagrado objeto que por tanto tempo haviam cultuado. Em vão o pároco do lugar tentou cumprir a ordem do Juiz Eclesiástico. Entre os que se lhe opunham com prantos e brados destacava-se João González e, muito particularmente, sua esposa, os quais pediam que a imagem lhes fosse entregue. A solicitação foi-lhes recusada. Contudo, tantas e tão intensas foram as instâncias daquela mulher que, ao cabo de vinte e seis anos de perseverantes esforços, conseguiu ela que a autoridade eclesiástica satisfizesse seu desejo. E assim, com o coração palpitante de alegria e com respeitoso amor por haver salvo a imagem, levou aquele inestimável tesouro até sua casa. Graças, pois, à sua piedosa devoção, evitou-se o desaparecimento da imagem, sem que se saiba ao certo por que, durante tanto tempo, ficou sem cumprimento a ordem do Juiz.

Em Madri, os milagres se multiplicam Depois de passar por grandes vicissitudes, foi a iµiagem vendida em Madri a Ana Maria del Carpio, esposa de um escultor. Este, a seus rogos, retocou a imagem, apesar do estado lastimável em que encontrava. Segundo a tradição, antes de a imagem passar ao seu poder, Ana Maria, em sonhos, viu-a rogan- • do-lhe que não Lhe recusasse um albergue em sua casa, porque assim convinha que fosse servida. E abrindo-lhe as mãos, entre elas mostrava-lhe um Menino, que era seu Santíssimo Filho Jesus, a quem uma flor - a maravilha - servia de trono. Três anos permaneceu a imagem na casa de .Ana Maria. Os milagres que operou nesse período, porém, impeliram o Vigário Geral de Madri a intimar a esposa do escultor a depositá-la em algum convento ou igreja, para que recebesse o

devido culto público e a veneração dos fiéis. Obrigada a obedecer à determinação da autoridade, resolveu Ana Maria ceder sua imagem ao convento - hoje das Maravilhas-da Igreja de Santo Antão, o qual era ocupado por freiras carmelitas. Cumprindo-se a ordem do Vigário Geral, no dia 1° de fevereiro de 1627 a imagem foi transladada, em uma carruagem, da casa de Ana Maria dei Carpia para o convento. E, durante o cortejo, todas as pessoas do povo observaram que uma pomba seguia ininterruptamente a carruagem até chegar à porta da igreja, quando pousou uns instantes sobre o teto do coche. Depois, alçando vôo rapidamente, tão-logo a imagem entrou no templo, a ave dirigiu-se ato contínuo ao coro das freiras, deixando-se pegar por elas.

A imagem e a resistência antinapoleônica A sagrada imagem da Virgem, que se venera neste convento, não somente emprestou seu nome ao templo em que foi colocada - a Igreja das Maravilhas - como também ao bairro em que o convento está situado. É digno de menção que, a partir de uma praça de guerra, localizada nas imediações do convento, a coragem do povo espanhol tenha se manifestado de modo tão heróico, pois ali, em 1808, se lançou o primeiro grito de resistência contra as hostes revolucionárias napoleônicas. Brado que, ecoando intensamente por toda a nação, ao cabo de seis anos foi re.:;ponsável pela expulsão do solo espanhol das tropas de José Bonaparte, usurpador do trono dos Reis Católicos. Brado que também devolveu o cetro a seu legítimo monarca que o havia herdado de seus ancestrais. Os gloriosos lances históricos acima descritos fizeram com que os habitantes do bairro das Maravilhas, entusiasmados com á defesa heróica da Religião e da Pátria que levaram a efeito naquela ocasião, conduzissem a imagem de sua Padroeira em procissão de ação de graças, numa data muito significativa: 30 de julho de 1808, dia em que José Bonaparte teve que evacuar a capital espanhola - não tendo durado sua permanência em Madri mais que dez dias - , em conseqüência da batalha de Bailén. FONTE DE REFER SNCIA Conde de Fabraquer, Historia, Tradicion es y Leyendas de las imágenes de la Virgen, aparecidas en Espafia, tomo III, Imprenta y Litografi a de D. Juan José Martínez, Madrid, 1861, pp. 325 a 350.


ENTREVISTA

História Sagrada em seu lar noções básicas

Partida do Sinai

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Os israelitas estavam há um ano acampados ao pé do Monte Sinai (ou Horeb ), e Deus queria que se preparassem para a partida, rumo à Terra Prometida. Prevendo os grandes combates que teriam pela frente, o Senhor ordenou ao Profeta Moisés que fizesse o cômputo dos homens prontos para a guerra. Recenseamento - "Ê o Senhor falou a Moisés, no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano depois da saída dos filhos de Israel do Egito, dizendo: 'Fazei o recenseamento de toda a congregação dos filhos de Israel do Egito pelas sua famílias e casas, e nomes de cada um dos varões dos vinte anos para cima. E todo o número dos filhos de Israel, que podiam ir à guerra, foi de seiscentos e três mil quinhentos e cinqüenta homens'"(Num. 1, l a 46). "Este total não compreende nem os velhos, nem as mulheres, nem as crianças, mas apenas os homens válidos, de vinte a sessenta anos, aptos a portarem armas. Multiplicando-se estes seiscentos mil combatentes por cinco, para se calcular a população inteira, teremos aproximadamente três milhões". "Os levitas não estavam compreendidos neste número [de combatentes]; foram contados à parte, e somaram 22 mil homens, de um mês para cima. Deus designou-os para o serviço de seu tabernáculo, no lugar dos primogênitos" 1•

Trombetas de prata - "E o Senhor falou a Moisés, dizendo: Faze para ti duas trombetas de prata, com as quais possas convocar a multidão, quando se houver de levantar o acampamento. Os filhos de Aarão, sacerdotes, tocarão as trombetas" (Num. 10, 1 a 8). Sinal da partida - "No dia vinte do mesmo mês, a nuvem que repousava sobre o tabernáculo elevouse e deu assim o sinal da partida. A arca da aliança, com a coluna [de nuvem], iam à frente para indicar o caminho" 2 • "E quando se levantava a arca, Moisés dizia: Levanta-te, Senhor, e sejam dispersos os teus inimigos, e fujam da tua face os que te odeiam" (Num. 10, 35) 3 • Fogo do Céu - "Entretanto, levantou-se uma murmuração do povo contra o Senhor, como de quem se queixava da fadiga. O Senhor, tendo ouvido isto, irou-se. E o fogo do Senhor, aceso contra eles, devorou uma extremidade do acampamento. E o povo, tendo chamado Moisés, Moisés orou ao Senhor, e o fogo extinguiu-se. E (Moisés) pôs àquele lugar o nome de incêndio; porque ali se tinha acendido contra eles o fogo do Senhor" (Num. 11, 1-3). Saudades das cebolas do Egito - "A Escritura nos faz conhecer a causa primeira dessas murmurações: A multidão de estrangeiros, que estava no meio deles, cobiçava toda espécie de bens materiais. O mal se comunicava" 4 • "Porque a população que tinha vindo com eles ardeu em desejos, sentando-se e chorando, unindo-selhes também os filhos de Israel e d_isse: Quem nos dará carnes p;ra comer? Lembramo-nos dos peixes que comíamos de graça no Egito; vêm-nos à memória as cebolas e os alhos. A nossa alma está seca e nossos olhos não vêem senão maná" (Num. 11 , 4-5) . Moisés pede a Deus que lhe tire a vida - "Ouviu, pois, Moisés chorar o povo nas suas famílias, cada um à porta da sua tenda. E a cólera do

Senhor acendeu-se fortemente. E [Moisés] disse ao Senhor: Donde me virão carnes para dar a tão grande multidão? Eles choram contra mim dizendo: Dá-nos carnes para comer~ mos. Eu só não posso suportar todo este povo, porque se me torna pesado. Se te parece outra coisa, peço-te que me tires a vida, e que ache eu graça diante dos teus olhos, para me não ver oprimido de tão grandes males" (Num. 11, 10 a 15).

Santuário de Bom Jesus da Lapa: espírito de penitência e oração

NOTAS 1. Padre Rohrbacher, Histoire Universel/e de I 'Église Catholique, Gaume Freres, Paris, 1842, tomo I, pp. 344 e 457. 2. Idem, op. cit., p. 459. 3. Essa oração consta logo no início do exorcismo, mandado rezar pelo Papa Leão XIII. É a mesma do Salmo 67, versículo 1. 4. Pe. Rohrbacher, op. cit. p. 460.

Revmo. Pe. O/avo Pires Trindade

_Catolicismo tinha se proposto a publicar matéria sobre um dos santuários mais anti~os de no~s~ Pátria, o qual_sempre foi, de modo inexplicável, ignorado pelos órgaos da m1d1a, sendo relativamente pouco conhecido mesmo entre os católicos: o de Bom Jesus da Lapa, na Bahia. . O Santuário de Aparecida do Norte (SP), onde se venera a milagrosa imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida - Padroeira nacional e Sa~tuário de _Nossa Se~ora de ~azaré, em Belém, o principal do norte d~ Pais, sao os m~ts conheç1dos, atramdo anualmente milhões de peregrinos e devotos provementes de todo o Brasil. Dentr~ o~ demais santuários pátrios, seria natural que o mais antigo - ao que tudo md1ca o de Bom Jesus da Lapa, cuja fundação data de 1691 - fosse bastante co~e?ido, em âmbito nacional. Tal renomada explicar-se-ia não só !'ºr sua. antigmdade, como também por seu extraordinário histórico e pelo m~press10nante_ número de romeiros, pessoas em geral de nível modesto, oriundas especialmente do interior baiano e de Estados vizinhos imbuídas de profundo espírit~ reli_?ioso. A?ualmente têm sido atraídos àquele Santuário, as margens do no Sao Francisco, 1 milhão de devotos sendo que 30 mil somente no dia de sua festa. ' Todas essas razões pesavam para que Catolicismo - a revista das verdades e notícias esquecidas - se empenhasse em abordar semelhante assunto tão g_rato aos verdadeiros católicos e tão pouco atraente a um tipo de mídia'. engaJada em explorar temas sensacionalistas, quando não dissolventes do ponto de vista moral e cultural. Ten?o _e m ~ista o aci~a _exposto, é compreensível a enorme satisfação que c~usou a d_1reçao de Ca!~hc1smo tomar conhecimento da viagem empreendida ha po~co aquele santuano pelo Pe. Olavo Pires Trindade, residente em Miracerna (RJ), grande amigo desta revista. De passagem por São Paulo, convidamo-)o a conceder a Catolicismo uma entrevista a respeito do que ele viu e sentm em Bom Jesus da Lapa. O z~loso s~cerdote ~quie~ceu amav~lmente ~ nossa solicitação, comparecendo a r~d_açao da revista, a rua Martim Francisco, no bairro paulistano de Santa Cec1ha, onde respondeu a todas as questões propostas pelo repórter.

º.

Ao fundo, o Monte Sinai. Em primeiro plano'. o Mosteiro de Santa Catarina, edificado na Antigüidade cristiI

CATOLICISMO- V. Revma.Jáconhecia a história do Santuário de Bom Jesus da Lapa antes de visitá-lo? Revmo. Pe. Olavo Pires Trindade - Tinha ouvido alusões a esse santuário da parte de romeiros de ·Minas Gerais que se referiam a ele com admiração'. Mas não podia imaginar que, num interior tão longínquo do Brasil, pudesse haver um local de graças de tal modo extraordinário. Mais um sinal da munificência particular da Providência Divina como que a vigiar os rincões de noss~ grande Nação, e fazer surgir, na hora aprazada, fontes de graças para irradiar a Fé e preservar os costumes, dando continuidade às sementes abençoadas aqui lançadas por ocasião do Descobrimento com a Primeira Missa, e depois, com ~ Evangelização empreendida por Nóbrega e pelo Bem-aventurado Anchieta. CATOLICISMO- Há alguma obra conceituada que aborde a história do Santuário? Pe. Olavo - Fiquei conhecendo a história do santuário de Bom Jesus da Lapa através de duas obras: Resenha,Histórica de Bom Jesus da Lapa, de Mons. Turíbio Vilanova Segura (sacerdote espanhol, cape lão e vigário do santuário de 1933 a 1956, Gráfica Bom Jesus, Bom Jesus da Lapa, Bahia, 1987, 5ª edição); e Santuário de Bom Jesus da Lapa, do Pe. Lucas Kocik, CSSR (mesma editora, 1988, 6ª edição). Vários escritores e jornalistas brasileiros referem-se a esse santuário, dentre os quais Pedro Calmon, Afrânio Peixoto Santa Rita Durão em seu poema Cara~ muru. Todos se expressam com admiração ao escrevereJTI sobre o santuário. Mas há duas fontes fundamentais sobre a vida do fundador do santuário, Francisco Mendonça Mar, que datam de sua época: Santuário Mariano, de Frei Agostinho de Santa Maria, publicado em 1722, que colheu os dados biográficos daquele fundador com o então Arcebispo da Bahia, D. Sebastião Monteiro da Vide do Conselho de Sua Majestade, o R;i de Portugal. Foi esse Prelado que ordenou sacerdote o ermitão Francisco Mendonça Mar e que aprovou sua vida e atividades


grande arrojo impeliu-o a varar sertões imensos - 200 léguas - sob sol inclemente, arrostando a chuva, em meio a índios dos mais bravios, de feras, de cobras; um ennitão que jejuava ou comia apenas raízes, para buscar a Deus na solidão, e nela, levar uma vida de penitência e oração. Uma inspiração divina o fez caminhar meses e meses, conduzindo-o até a Lapa do rio São Francisco, após rejeitar outros recantos apropriados, entre os quais a margem do rio Paraguassu, onde deixou um companheiro de conversão, que construiu ali sua ermida. Por isso, não vejo nenhum exagero por parte de Mons. Turíbio Vilanova Segura, seu biógrafo mais atual, quando afirma que Francisco de Mendonça Mar - chamado depois da Ordenação Pe. Francisco da Soledade, em honra de Nossa Senhora da Soledade - "renovou na solidão da gruta de Bom Jesus da Lapa as Imagem do Bom Jesus da Lapa, esculpida em maio de 1903 pelo renomado escultor encantadoras cenas dos cenobitas do Ande Salvador, João Guilherme da Rocha tigo Egito e da Tebaida: São Paulo, priBarros, cognominado "Frade". meiro ermitão, Santo Antão, Santo HiláEsse artístico e milagroso crucifixo rio, São Pacomio etc" (p. 102). substituiu a Imagem original de Francisco Uma outra pergunta aflora sôfrega de Mendonça Mar, desaparecida no em nosso espírito: por que não se difunde incêndio ocorrido dentro da Gruta, no ano isso pelo Brasil? Por que se escondem acima referido essas maravilhas? · apostólicas; e História da América PorCATOLICISMO - Conservam-se tuguesa, de Sebastião da Rocha Pitta, ainda hoje no Santuário objetos de culto editada em 1730. da época de sua fundação? CATOLICISMO - Pode-se es1abePe. Olavo- Francisco de Mendonça lecer uma analogia entre Francisco Mar, quando distribuiu seus bens aos poMendonça Mar e os cenobitas da antiga bres, em 1691, e se embrenhou pelo serTebaida do Egito, como São Paulo Eretão baiano, levou consigo uma imagem mita e Santo Antão? de Cristo crucificado, do tamanho de três Pe. Olavo - Quando li o livro de palmos, que foi colocada num altar da Mons. Turíbio narrando a vida do ermicapela-mor da Gruta da Lapa, local onde tão, que posteriormente passou a se chao ermitão se estabeleceu. Junto a esse crucifixo - cognominado o "Bom Jemar Pe. Francisco da Soledade, fui dominado por grande entusiasmo e surpresa, sus" - , Francisco de Mendonça Mar," o pois não podia imaginar, em nosso BraMonge da Gruta", expôs à veneração dos sil, a existência de um homem tão heroiprimeiros devotos, que começaram a surcamente penitente, que praticou uma gir, uma imagem de Nossa Senhora da Soledade. austeridade de vida tão radical, e cujo As duas imagens pólos de intensa devoção popular durante mais de dois séculos - infelizmente foram consumidas pelas chamas, por ocasião do incêndio ocorrido na Gruta, na noite de 1º de maio de 1903. As causas deste são desconhecidas. Supõe-se, contudo, que uma vela deixada acesa no depósito de cera, localizado atrás do altarmor do santuário, pode Altar de Nossa Senhora da Piedade, localizado sob uma abóboda ter dado origem ao deda Gruta, da qual pendem várias estalagmites

vastador incêndio, que destruiu altares, imagens, ornamentos, candelabros de prata e vasos sagrados. CATOLICISMO- Qual a impressão que V Revma. teve ao entrar na Gruta da Lapa? Pe. Olavo - A gruta é realmente uma maravilha da natureza, como que preparada pela Providência Divina para se tomar um áspero e austero êremo e santuário recolhido. O colorido variado das rochas é muito bonito. Apesar da aspereza e irregularidade das conformações rochosas, há uma certa simetria entre as colunas naturais, que sustentam o teto de pedra, e, sobretudo, entre as estalactites existentes nas concavidades onde foram construídos vários altares. O piso

OPe. O/avo conversa com romeiros, na esplanada diante da porta da Gruta-Santuário: "Em nenhum outro local observei que um sacerdote, com batina tradicional, Inspirasse tanta confiança"

de ladrilho, os bancos, os altares, com os seus retábulos e outros entalhes dourados, fruto de uma arte popular, completam a obra da natureza, criando um ambiente propício para a oração. Mas, o que mais chama a atenção é tanto o clima de bênçãos, de recolhimento, que atrai o visitante e o convida a permanecer ali, quanto o fervor dos romeiros. CATOLICISMO - O Santuário exerceu alguma influência nos séculos da colonização do País? Pe. Olavo - Segundo o historiador Pedro Calmou, Bom Jesus da Lapa tornou-se uma" estação de viajantes, os que iam e os que voltavam [pelo rio São Fràncisco]; os primeiros leves de mão para ganhar a vida, os outros de surrão pesado, da vida ganha, se alternavam à porta daquele santuário ciclópico, cujas estalactites têm a forma de fabulosos capitéis". Caçadores de ouro, mascates e vaqueiros faziam pouso no santuário, por espírito de devoção, para rezar, fazer promessas ou render graças junto às imagens

do Bom Jesus e de Nossa Senhora da Soledade. Bandeirantes paulistas, como João Amaro Maciel, Bartolomeu Bueno Filho, e depois, o célebre Matias Cardoso, descendo o São Francisco para lutar contra o quilombo dos Palmares ou para sujeitar ín,dios sublevados, depositavam no chão suas armas, a fim de rezarem no Santuário de mãos postas. Todos ficaram tocados pela graça e pelas virtudes do "Monge da Gruta" Nosso entrevistado em meio à subida da parte O rio São Francisco era então externa da Gruta, rumo ao topo do morro o traço de união dos empreendimentos de baianos, mineiros e paulistas, os três tipos de brasileiros que quando eu ajudava a Missa. O espírito durante o período colonial mais riquezas revolucionário neles ainda não avançou descobriram e mais terras desbravaram. tanto quanto em outros lugares, embora O santuário de Bom Jesus da Lapa, nas gerações mais novas já se note sua construído às margens do rio São Franação deletéria, como, por exemplo, nas cisco, é exatamente eqüidistante da nasmodas. cente e da foz deste, bem como eqüidisCATOLICISMO - Pode-se dizer tante do Rio, ao sul, e de Recife, ao norte; que em Bom Jesus da Lapa encontra-se de São Paulo, ao sul, e de Fortaleza, ao mais autêntico espírito religioso do que norte. em Aparecida? CATOLICISMO - Qual o espírito Pe. Olavo - Sem dúvida. Apesar de que predomina entre os romeiros? Pareo Santuário de Aparecida ser um santuáceu a V Revma. haver verdadeira piedario nacional, centro religioso de todo o de e devoção mariana nas pessoas que Brasil e dos mais concorridos do mundo, visitam o Santuário? para lá confluem algumas romarias ferPe. Olavo - Em nenhum outro san- vorosas, que percorrem centenas de quituário ou igreja vi tantos fiéis pedindo lômetros a pé. No entanto, em Bom para se confessar. Quando surgiu um saJesus da Lapa nota-se muito mais fercerdote que desejava atendê-los, formouvor e devoção. Os devotos rezam lonse uma fila enorme. gamente, sem pressa. Fazem sacrificios Também, em nenhum outro local obenormes, como, por exemplo, a subida servei que um sacerdote, com batina traao alto da gruta, situada a uma distância dicional, inspirasse tanta confiança. Pade 60 metros do solo, até o Cruzeiro, rece que os romeiros o tinham conhecido edificado no cimo da gruta. desde sempre. Eles são simples, rudes, De uma certa altura em diante, nessa mas também alegres, joviais. Falam sem ascensão, tem-se que pisar em pedras embaraço. Sua simplicidade na devoção, irregulares, redondas, sendo algumas desua preservação de espírito e de costumes las azuis, muito bonitas, assemelhandocausou-me a impressão de ainda estar na se a ágatas. Ao longo dessa subida, aldécada de 1950, no interior do Paraná, guns mendigos pedem esmolas, por amor ao "Bom Jesus", mediante versos cantados. Recolhida a esmola, eles cantam em agradecimento, implorando graças e bênçãos para o doador. Vi senhoras bem idosas, doentes, mães com filhos nos braços -e arrastando outros pela mão, subindo, com muita dificuldade, mas com bastante dispo-

Osacerdote atinge um ponto elevado do morro que abriga a Gruta

sição, animavam-se umas às outras para chegarem até o Cruzeiro, ao lado do qual existe um conjunto de grandes imagens de cimento, formando um Calvário. O espírito que predomina entre os romeiros é de grande fervor e de uma devoção abnegada. Eles rezam alto, em comum, e cantam, como se não percebessem mais nada a seu redor, a não ser o Bom Jesus. Muitos percorrem longas distâncias, em caminhões, arrostando três ou quatro dias de penosa viagem. Há ainda algumas romarias de pedestres. Dir-se-:ia que eles não se dão conta dos sacrificios que fazem, como se fossem coisas de rotina. Estão sempre alegres, satisfeitos! Permanecem horas rezando. Ouvi uma moça dizer: "Cheguei às sete e saí às onze. Por mim ficaria mais!" Os peregrinos rezam o terço, intercalado com cantos religiosos sertanejos, bem diferentes dos entoados no sul do País. Eles cantam a plenos pulmões e com os olhos incendiados. Sobretudo os romeiros usam uma espécie de uniforme: vestido todo branco, bem comprido, além de chapéu branco, acima do qual figura uma fita azul. Perguntei a uma senhora se aquele era um uniforme de alguma irmandade; respondeu-me que era uma veste em honra do Bom Jesus. Diretamente indaguei se não entrava naquilo algo de superstição, à semelhança do candomblé. A pergunta era supérflua, devido ao bom espírito que ali reinava em tudo. Meu intuito, porém, era observar a reação que a pergunta causaria. A romeira ergueu os braços para cima e exclamou chocada: "Meu Deus!" CATOLICISMO- No santuário há ex-votos e lembranças que indicam a ocorrência de milagres e graças obtidas por intercessão do Bom Jesus da Lapa? Pe. Olavo - Infelizmente não pude visitar a chamada Sala dos Milagres, separada da Gruta principal onde se encontra o Santuário por um pequeno corredor. Contudo, meu companheiro de viagem, Sr. Hailton Ferreira da Silva, cooperador da TFP residente em Bom Jesus do Itabapoana (RJ), pôde observar, através das grades que delimitam a mencionada sala, grande número de objetos que os devotos lá depositam. Mons. Turíbio Vilanova Segura, em sua já mencionada obra, afirma que naquele recinto podem ver-se "esculturas rústicas, populares, de quase todos os membros humanos, caixões funerários e mortalhas inúmeras", acrescentando a isso uma citação do livro Os Romeiros de Diocleciano Martins Oli-


veira: "fotografias de devotos agradecidos ... muletas de paralíticos que andaram, olhos de vidro lembrando cegos que enxergaram, balas ... armas ... quépis 01;1 putras peças de equipamento militar de venturosos que voltaram dos campo de batalha, sapatinhos, camisolinhas de crianças batizadas e salvas de moléstias infantis".

Colhi também mais uma informação: é tão grande e ininterrupto o número desses exvotos e de lembranças, que tornase necessário recolhê-los em outro recinto, depois de algum tempo, a fim de permitir que outros, mais recentes, sejam expostos na Sala dos Milagres. Não me consta que haja qualquer

tipo de análise científica desses casos extraordinários e de graças recebidas. Como, porém, seria desejável que houvesse em Bom Jesus da Lapa, como também em outros santuários, um bureau médico, a exemplo do que analisa as curas prodigiosas ocorridas em Lourdes!

Brasil Real Brasil Brasileiro

Ai do rebanho sein pastor, ai do povo sein guia!

A

Num patamar existente na subida do morro, foi construída, entre 1940 e 1950, por iniciativa de Mons. Turíbio Vilanova Segura, uma torre de 40 m de altura, de forma cilíndrica, edificada com grandes blocos de pedras lavradas, Inspirada em castelos medievais espanhóis

OSacerdote diante da porta gótica da torre construída por Mons. Turíbio Vilanova Segura

Junto à torre, o conjunto de imagens do penúltimo dos Passos da Paixão: Jesus despojado de suas vestes antes da crucifixão

Nosso entrevistado junto ao Cruzeiro de 12 m de altura, de cimento armado, construído em 1935, bem no cimo do morro.

Caravana de propagandistas da ção entre o gado e o povo. E pensei: é por encontrarmos os valentes boiadeiros da TFP, da qual participo, fazia isto que nós somos comparados a um caatinga, metidos em suas "armaduras" campanha no centro da cidade rebanho, e Cristo é chamado 'O Bom de couro, chapéus lembrando capacetes: de Serrinha, no sertão baiano. A curta Pastor', ai do gado sem vaqueiro, ai do em suas tradicionais montarias arqueadistância, um caatingueiro típico, todo povo sem guia! Vosmecê não vai ficar das mas robustas; com fisionomias sérias vestido de couro, segurando pela rédeas vexado comigo, mas temos a mesma pro- e sofridas pelo rude oficio, bigode ralo e seu cavalo, observava pensativo a movifissão: vosmecês são guias do povo, olhar profundo, inseparáveis de suas peimentação, os cânticos, as músicas, os como eu sou vaqueiro do gado. O Bom xeiras e carabinas. Era impressionante brados, o esvoaçar dos estandartes e a Jesus seja louvado! considerar a seriedade com que aquela louçania dos jovens caravanistas. "Eu já começava a pensar que Deus gente ouvia nossas explicações sobre o O homem era um perigo do comunismo verdadeiro "couraçaque não morreu e o do": suas botas eram desfazimento moral do de couro, com polainas mundo. Tivemos aí o altas, calça e jaqueta de contato mais vivo com couro, chapéu de couaquele misticismo que ro, segurando luvas de evola do sofrimento, couro. Também seu cada vida dura do autênvalo era revestido de tico sertanejo, e que couro. faz com que ele sinta à Assim são os vadistância, por uma esqueiros da caatinga, pécie de faro, aquilo onde o trançado dos que provém do Deus espinheiros exige tais único e verdadeiro. "couraças", sob pena Sem compreender, rade não se vaquejar sem cionalmente, todo o ficar dilacerado. emaranhado dos proA certa altura, ao ser blemas atuais, o sertaabordado por um caranejo distingue, com imvanista, o "couraçado" pressionante perspicádeixou transbordar suas cia, o bem do mal, a verreflexões: "Sou vaqueidade do erro e admira o ro, como o senhor vé belo. Seu "faro" chega Não fique vexado comiaté a distinguir a "piego se eu lhe disser que dade falsa da sincera". Vaqueiros da caatinga, verdadeiros "couraçados": temos a mesma profisPara ele os chamados chapéu, jaqueta, luvas, calça, botas e polainas altas, tudo de couro são! Só que eu sou guia "católicos de esquertivesse abandonado cada um à sua pró- da" são agentes do diabo. de gado e os senhores são guias de gente. pria sorte. Mas agora, vendo esse trabaÀs vezes fico observando o gado. "Quando estou presente ele pasta lho bonito dos senhores, e matutando O sertanejo e o sobre o significado dele, entendi que o professor polonês tranqüilo, despreocupado, sem agitação. Quando eu dou sinal de partida e canto Bom Jesus é mesmo o Bom Pastor e minha canção de boiadeiro, todo o reba- nunca nos abandona; nós é que muitas A fina obsérvação do caatingueiro nho se põe em movimento, na direção vezes abandonamos a Ele". faz jus ao elogio do brasiteiro que ouvi que eu indico. Apenas um ou outro anide um jovem e culto polonês, professor mal mais indisciplinado tenho que pôr no Na tromba do elefante universitário em São Paulo: "Trabalhei caminho certo, com a vara ou o ferrão. numa empresa multinacional de alumíMas é só eu me ausentar que o rebanho Embrenhando sertão adentro, nossa nio e visitei muitos países. Dos muitos se agita, dispersa-se pela caatinga, inva- caravana foi até o Rio Grande do Norte. povos que conheci, o brasileiro é o que de as propriedades alheias; alguns mais Quem tiver a curiosidade de oihar um tem o mais alto coeficiente de inteligênfracos são apanhados pelas onças, outros mapa notará que este Estado tem, pitores- cia. Repito: o povo brasileiro é muito caem nas grotas ou são levados por qual- camente, a forma de um elefante, cuja inteligente, pena é que não seja igualquer aventureiro. tromba nos atraiu especialmente a atenmente diligente!" "Enquanto via a movimentação dos ção. Pois aí a velha modernidade não senhores, eu estava fazendo a compara- produziu suas devastações. Era freqüente RAFAEL MENEZES CATOLICISMO, FEVEREIRO 1994

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HISTÓRIA

A -1lrimeira página da História do Brasil Nosso Senhor Jesus Cristo aparece a Dom Afonso Henriques em 1139, instaura o Reino de Portugal e prevê uma grande missão para seus descendentes em "terras muito remotas", que se realizará no Brasil

E

xiste uma opinião difusa de que o Brasil ainda terá um papel muito importante a desempenhar no concerto das nações, uma esperança que se mantém desde o Descobrimento. Devemos aprofundar as razões dessa conjectura, fundamentando-a com vistas a fazer dela uma certeza a respeito de nosso futuro.

Castelo de Guimarães, berço da nação portuguesa. Dom Afonso Henriques cresceu e foi educado entre suas legendárias muralhas e torres

De fato, pesquisando os anais da História, podemos verificar que a predileção da Divina Providência pelo Brasil foi anunciada pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, muito antes que as naus de Pedro Álvares Cabral aportassem nas terras de Vera Cruz no ano de 1500.

O nascimento de Portugal Foi na Batalha de Ourique, a 25 de julho de 1139, que os portugueses tiveram que enfrentar os infiéis maometanos, achando-se então os lusos em grande in-

ferioridade numérica: cem mouros para cada lusitano, segundo muitos cronistas idôneos. Narram os historiadores que nessa batalha o grande rei português, com onze mil soldados, desfez o exército dos cinco reis mouros. Os inimigos dos portugueses eram a flor dos maometanos espanhóis e africanos, belicosos, exercitados na guerra e confiados pelas vitórias de sua gente, com as quais sujeitaram a seu império grande parte do mundo daquele tempo. Mas valeu aos portugueses seu grande esforço, a ventura de seu príncipe, e sobretudo o particular e extraordinário auxílio dos Céus. De acordo com antiga tradição, Nosso Senhor Jesus Cristo veio em auxílio dos católicos portugueses, prometeu a Dom Afonso Henriques a vitória e ordenou-lhe que se tomasse rei. Surgiu assim o reino luso, batizado por seu primeiro monarca como Terra de Santa Maria.

clarificando, cada hora se fazia maior, e pondo de propósito os olhos para aquela parte vi de repente no próprio raio o sinal da Cruz, mais resplandescente que o sol, e Jesus Cristo crucificado nela. "Vendo pois esta visão, pondo à parte o escudo e espada, lancei-me de bruços, e desfeito em lágrimas comecei a rogar pela consolação de meus vassalos, e disse sem nenhum temor: a que fim me apareceis, Senhor? Quereis, por ventura, acrescentar fé em quem tem tanta? Melhor é por certo que Vos vejam os inimigos e creiam em Vós, que eu, ·que desde a fonte do batismo V os conheci por Deus verdadeiro, Filho da Virgem e do Padre Eterno, e assim Vos conheço agora. "O Senhor, com um tom de voz suave, que minhas orelhas indignas Óuviram, me disse: 'Não te apareci deste modo para acrescentar tua fé, mas para

Episódios cantados nos "Lusíadas"

Nosso Senhor aparece a Dom Afonso Henriques Na noite anterior à Batalha de Ourique, Nosso Senhor Jesus Cristo apareceu a Dom Afonso Henriques, conforme relato do próprio rei: "Eu estava com meu exército nas terras de Alentejo, no Campo de Ourique, para dar batalha a Ismael e outros reis mouros que tinham consigo infinitos milhares de homens. "Armado com espada e rodela saí fora dos reais, e subitamente vi à parte direita contra o nascente um raio resplandescente e indo-se pouco a pouco

grande misericórdia? Ponde pois vossos benignos olhos nos sucessores que me prometeis, e guardai salva a gente portuguesa. E se acontecer que tenhais contra ela algum castigo aparelhado, executai-o antes em mim e meus descendentes, e livrai este povo que amo como a único filho. "Consentindo nisto, o Senhor disse: 'Não se apartará deles nem de ti nunca Verso e reverso do medalhão comemorativo do minha misericórdia, porque VIII Centenário da morte de Dom Afonso Henriques, que por sua via tenho aparetranscorreu em 1985 lhadas grandes searas e a eles escolhidos por meus segadores em terras muito remotas'. fortalecer teu coração neste conflito, e "Ditas estas palavras desapareceu, e fundar os princípios de teu reino sobre eu cheio de confiança e suavidade me pedra firme. Confia, Afonso, porque não tomei para o real". só vencerás esta batalha, mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos de minha Cruz. Missão Providencial de "'Acharás tua gente alegre e esforçada Portugal e do Brasil para a peleja, e te pedirá que entres na batalha com título de rei. Não ponhas dúDia afortunado aquele em que a Cruz, projetada no firmamento, fez nascer um vida, mas tudo quanto te pedirem lhe concede facilmente. Eu sou o fundador e despovo abençoado, forte e piedoso, por truidor dos reinos e impérios, e quero em ti cujo meio Nosso Senhor veria seu "Nome publicado entre as nações mais e teus descendentes fundar para mim um estranhas", sempre que os portugueses império, por cujo meio seja meu nome publicado entre as nações mais estranhas. plantassem essa mesma cruz "em terras remotas". E comporás o escudo de tuas armas do Por isso pôde um dia Vieira proclapreço com que Eu remi o gênero humano, mar: "Deus deu a Portugal um berço para e daquele por que fui comprado dos judeus, e ser-me-á reino santificado, puro na Fé e nascer e o mundo inteiro para morrer". Seguindo essa trilha de heroísmo, amado por minha piedade'" . "Eu tanto que ouvi estas coisas, prosem 1385 o rei Dom João I expulsava os trado em terra, O adorei, dizendo: Por mouros das terras portuguesas e subia ao trono. que méritos, Senhor, me mostrais tão

Lufs de CamfJes, autor de "Os Lusíadas"

A vitória dos portugueses contra os mouros em Ourique e o aparecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo a Dom Afonso Henriques, de tal maneira marcaram a alma e os destinos de Portugal na época, que o célebre poeta luso Luís de Camões, narra esses acontecimentos em seu famoso "Lusíadas": "Mas já o príncipe Afonso aparelhava/ O lusitano exército ditoso/Contra o Mouro, que as terras habitava/ De além do c laro fejo deleitoso/ Já no campo de Ourique se lssentava/ O arraial soberbo e belicoso/ Defronte do inimigo Sarraceno/ Posto que om força e gente tam pequeno/ Em nenhuma outra coisa confiado/ Senão no sumo Deus, que o céu regia/ que tão pouca era o povo batizado/ Que pera um só cem Mouros haveria/ Julga qualquer juízo sossegado/ Por mais temeridade que ou-

sadia/ Cometer um tamanho ajuntamento/ Que pera um cavaleiro houvesse cento/ Cinco reis mouros eram os inimigos/ Dos quais o principal lsmar se chama/ Todos experimentados nos perigos/ Da guerra, onde se alcança a ilustre fama./ A matutina luz serena e fria/ As estrelas do polo já apartava,/ Quando na cruz o filho de Maria/ Amostrando-se a Afonso o animava./ Ele adorando quem lhe aparecia,/ Na Fé todo inflamado, assim gritava: "Aos infiéis, Senhor, aos infiéis,/ E não a mtm, que creio o que podeis"./ Com tal milagre os ânimos da gente/ Portuguesa inflamados levantaram/ Por seu rei natural este exce lente/ Príncipe, que do peito tanto amavam./ E diante do exército potente/ Dos inimigos, gritando o céu tocavam,/ Dizendo em alta voz: "Real, real,/ Por Afonso, alto rei de Portugal".

A capela românica de São Miguel do Castelo, edificada próximo às muralhas do Castelo de Guimarães, na qual foi batizado Dom Afonso Henriques

Desde então suas vistas se voltaram para mais longe e os portugueses deram início à epopéia que os levaria a" dilatar a Fé e o Império" por todo o orbe. Durante mais de um século e meio, os atos de abnegação e dedicação pela Fé se multiplicaram. Em todos estes feitos estava sempre presente Nossa Senhora, a quem D. Afonso Henriques consagrara este povo nascido sob o signo da Cruz. Era Ela que acompanhava Vasco da Gama à Índia, ou que na linda imagem da Senhora da Esperança, viajava na armada de Cabral ao Brasil. Entre os portugueses não havia quem não sentisse uma força sobrenatural, na convicção de que Deus combatia ao &eu lado, por ser ele um soldadao da Cruz. E sob este signo venciam, apesar de todas !Jt> incoerências e abusos que mancham qualquer empresa humana. Após este longo itinerário de pensamentos e de evocações históricas, chegamos aos tempos atuais, e constatamos que há todo um trabalho de restauração a ser cumprido, mas que a Providência o deseja e o abençoará. Não tem outro sentido o fato de que a Mãe de Deus tenha querido falar em Fátima ao mundo inteiro. Sua Mensagem se dirige a todos os homens, mas de modo imediato ao povo português e aos que lhe são mais próximos pelo sangue e'pela história. Pois Ela, no ano de 1500, estendeu seus braços imensos a uma vastíssima região que denominou Terra de Vera Cruz, depois Santa Cruz e, mais tarde, Brasil. CARLOS SODRÉ LANNA BIBLIOGRAFIA 1. Frei Antonio Brandão, A Batalha de Ourique Crônica de Dom Afonso Henriques - Livraria Civilização Editora, Porto, 1945. 2. João Ameai, História de Portugal, Livraria Tavares Martins, Porto, 1958, 4º edição.

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pre me pareceram atos de tremenda arbitrariedade e esperava ouvir como resposta um arrazoado muito elaborado mas sem consistência alguma sobre a inexistência de uma vida humana até àquela idade. Qualquer coisa como ser o embrião até então um projeto de ser humano apenas. .. Por incrível que pareça, ainda há pessoas com obrigação de possuírem mais cultura que desconhecem, ou fazem por ignorar, os progressos científicos ocorridos nos campos da embriologia e da genética que nos comprovam, sem darem margem a dúvidas, que a vida de toda a pessoa humana se inicia com a fecundação do óvulo. A minha pergunta provocou a agressividade da mesa, e a resposta da senadora surpreendeu-me: A determinação daquele prazo de três meses se prendia única e exclusivamente a questões de segurança para a saúde da mulher. Até àquela fase da gestação o abortamento era considerado simples, não implicando em maiores riscos ... É de se ficar estarrecido. O ser humano [no caso, o nascituro] é totalmente desconsiderado, desprezado, por aquelas senhoras. É como se simplesmente não existisse".

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11frsta llmprrtal

N

a praça, a fonte jorra vinho em lugar de água. Do alto do palácio, lacaios lançam moedas de ouro para a multidão. Bandas de música tocam hinos festivos, o povo dança e se rejubila. Isto que mais pareceria um conto de fadas, na realidade fazia parte das festividades da coroação do Imperador do Sacro Império Romano Alemão, fundado em 962. Nessa ocasião, após a sagração na Catedral de São Bartolomeu, na cidade alemã de Frankfurt-am-Main, Sua Majestade oferecia um grande banquete no célebre palácio Romer, cuja fachada vemos na foto O.

deu o sentido do simbolismo de seus monumentos nem o profundo respeito por seu glorioso passado. Neste mesmo local onde outrora se exibia coroado o mais

poderoso Monarca do Ocidente, hoje ·e apresenta para a adoração dos fiéis, n a *** Extinto o Sacro Império em 1806, nem festa d e Corpus Christi, o Rex regu1n et por isso a alma católica germânica per- Dominus Dominantium (Rei dos rei e Senhor dos Senhores), Nosso cnhor Jesus Cristo@. Para a Fronleichnamsfest, festa <lo ~--~~._-.·l Corpo de Deus, os fiéis afluem aos milhares e lotam o Romerberg, n o centro histórico de Frankfurt. Os estudantes comparecem em trajes típicos da confraria universitária a qu e pertencem@. Todos recebem do lm perador do Céu e da Terra não ouro ou prata, mas um tesouro que não se corrompe: a graça divina!



CATOLICISMO

N11 519

Discernindo, distinguindo, classificando...

Março 1994

De onde saíram estes 32 milhões? Todo brasileiro de bom coração quer diminuir os sofrimentos de seu próximo; mas não com base em estatísticas artificialmente infladas cerca organismos internacionais de es" 32 milhões de pessoas passam querda). E chegaram à conclusão de fome" no Brasil. Esta afirmação bomque, para ingerir as tais càlorias da bástica vem sendo utilizada como uma ONU, uma família tinha que receber espécie de slogan, repetido até à sacie1,9 salário mínimo, em valores de dade, pela "Ação da Cidadania contra 1990. a Miséria e pela Vida", vulgarmente "Campanha contra a fome'.', organizada por Herbert de Sousa (a quem a imprensa chama de Betinho). É preciso confessar que os tais 32 milhões causam estranheza logo à primeira vista, pois chocam o bom senso. Basta olhar em tomo de nós, pelo que cada um conhece do Brasil, mesmo das regiões mais pobres, e não se vê onde poderia estar essa tão formidável legião de famintos. Talvez por isso mesmo a esquerda Em quase todos os barracos de favelas tanto martela esse slogan, procurando brasileiras - cuja população a demagogia suprir pela repetição aquilo que a reaapresenta como genericamente incluída lidade parece contrariar. nos 32 milhões de pessoas que passam "Veja" (29-12-93) traz a esse res- fome - vêem-se antenas de televisão ... peito importantes esclarecimentos:" A campanha liderada por Betinho tem Com esses critérios, classificou-se um número emblemático - 32 milhões como indigente nada menos do que um de miseráveis. Espalhou-se feito buscaquin_to da população brasileira! pé e é repetido à exaustão em escolas, A esse respeito, o técnico em alina mídia, nos comitês e junto a emprementação, Luís Eduardo Carva lho, sários. De onde saíram esses 32 miprofessor de Engenharia de Alimentos lhões?" na Universidade Federa l do Rio de JaE a revista mostra que tal cifra se neiro, argumenta: "Definitivamente baseia fundamentalmente num estudo não temos 32 milhões de pessoas com feito em 1986 pela Comissão Econômifome no Brasil". ca para a América Latina (CEPAL), ao Ele diferencia fome, má nutrição e qual se conjugaram outros dados estasubnutriçãq; e acrescenta com humor: tísticos. O estudo da CEPAL "conside"números, sabidamente, há para todos ra famintos todos aqueles que não ingeos gostos" . rem diariamente a quantidade de calo*** rias (2400), proteínas (53 gramas) e A esta altura, alguém menos avisagorduras (32 gramas)" recomendadas do poderá indagar: mas como pode ser por um organismo da ONU para a Agri- que o Betinho que eu vejo estampado cultura e Alimentação. ·na mídia, tãq simples, tão despretensio" A partir daí, definiu-se como indiso, querendo fazer bem aos pobres, jogente todo aquele cuja renda não pergue com números tão disparatados e mite comprar os alimentos desse receiesteja ligado a organismos intertuário ou que não pode comprar nada nacionais de esquerda? além disso". São esses os 32 milhões Já dizia uma antiga música popular da "Campanha contra a fome" ! que "nem tudo que relJz é ouro, nem Os cálculos continuaram (é provertudo que balança cai" . Herbert de Soubial a avidez de estatísticas, aliada à sa não brotou do chão como cogumelo falta de bom senso, em tudo .quanto depois da chuva. Ele tem todo um pas-

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sado ligado a partidos e movimentos de esquerda, tendo sido inclusive exilado político. Atualmente, é um dos principais cabeças de uma empresa ideológica chamada Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), que iniciou suas atividades 12 anos atrás, num sobrado no Rio de Janeiro cedido pela CNBB . Sempre a esquerda católica metida nesses assuntos ... E embora a mídia tenha sido de .uma generosidade espantosa para com Herbert·de Sousa, ele não descuida da propaganda. Conta com uma assessoria de imprensa que mantém três funcionários e dois estagiários.

Assestando o Foco Revisão Constitucional, levada a cabo pelo Congresso Nacional, desde seus primórdios veio se desenvolvendo sob o signo da confusão, do caos. Logo de início, o problema: faz-se ou não se faz revisão? Após debates acalorados e apesar da oposição de alguns partidos políticos, ficou decidido que ela seria realizada. Em seguida, batalhas judiciárias que suspenderam o começo dos trabalhos, e, por fim, o autorizaram. A essa altura, ao caos da revisão mesclou-se a confusão decorrente da CPI do Orçamento: vergonheiras colocadas em evidência e irregularidades de que essa CPI foi acusada. Tal confusão veio juntar-se aos caos anteriores e fazer com eles uma salada muito pouco ao gosto de gente séria: o caos da aprovação do plano econômico do Governo. No meio disso tudo, a Revisão Cons-

titucional foi para trás, foi para frente, e quando encerramos esta edição ninguém sabe no que ela vai dar. O prazo oficial para seu encerramento é 15 de março, mas já se fala em prorrogá-lo até o final de abril. Os trabalhos parlamentares foram suspensos durante 12 dias(!) para que os congressistas pudessem descansar e não ficar alheios aos folguedos do carnaval... Quando a revista chegar às mãos do leitor, é possível que a revisão esteja em pleno andamento, como não seria de surpreender que estivesse sendo novamente postergada. O mais provável é que ela continue no caos. Essa é a situação diante da qual se vê o brasileiro médio, como alguém que assiste a um filme de que não gosta, embora não tenha meios de interferir no enredo. Nem sequer lhe é dado desligar o botão da televisão, pois o filme lhe é imposto, queira ou não, e dele sairão as leis que todos

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serão obrigados a seguir. Em concreto, esse é o tipo de democracia sui generis em que vivemos ... Ora, tal situação confusa e traumática em que se revolvem nossos legisladores, em boa medida é fruto das novas condições criadas no Brasil pela própria Constituição de 1988, com seus contra-sensos, contradições e pseudo-liberalidades. Tudo isso foi previsto e verberado na ocasião. Um livro verdadeiramente profético do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que Catolicismo, a seu tempo, transcre veu- já em outubro de 1987 denunciava aos brasileiros de todas as latitudes os males a que nos levariam os trabalhos constituintes então em andamento. No estudo sobre o assunto que estamos publicando na presente edição, o ~eitor encontrará matéria para abundante reflexão. 0

Índice

... podendo-se notar também, com certa freqüência, até a presença de carros populares! Hoje o IBASE ocupa três casas, tem 100 funcionários pagos, 40 micros em rede, orçamento de mais de 1 milhão de dólares. Oitenta por cento do dinheiro que recebe vem do Exterior. O IBASE é a ONG (Organização Não-Governamental) mais estruturada da América Latina. E foi desse Instituto que nasceu a "Campanha contra a fome". É claro que é mais romântico imaginar que a. a campanha tenha surgido espontaneamente, sem apoio de capitais internacionais nem cobertura maciça da imprensa, fruto apenas de um idealista que conseguiu galvani zar o povo. Mas o fato de ser mai s romfintico não significa que seja real.

Discernindo De onde safram estes 32 milhões? A realidade concisamente Nada aprendeu, nada esqueceu ... Destaque Elites, sapatos e tênis Revisão constltuclonal O que a Constituição de 1988 nos legou - Acerto de uma previsão TFPs em ação Carta elogiosa do Arcebispo de Aparecida Caderno Especlal Nossa Senhora do Salgueiro Brasil real, Brasil brasileiro Dois milagres, duas cidades Nobreza e elites tradicionais análogas O que são nobreza e elites tradicionais análogas Escrevem os leitores Nobreza Hagiografia São Clemente Maria Hofbauer: "Coluna da Igreja" no século passado - 1 História Gênese da Civilização Cristã no Brasil Em painel Frases e imagens

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Catollclsmo é uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Lida.

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Paulo Corrêa de Brito Filho

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Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob o N'l 13748

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Diretor: Jomallsta Responsável:

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Redação e Gerlncla:

Rua Martim Francisco, 665 01226-001 - São Paulo, SP lei: (011) 824-9411 Diagramação:

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Antonio Carlos F. Cordeiro e Willians Cezar Oliveira

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Microfornias Fotolitos Lida. Rua Javaés, 681 - 01130-010 São Paulo - SP

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Fotolltos:

lmpressilo:

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Noau capa: Em cima: loto do edllfcio do Congresso Nacional Embaixo: foto da mesa que presidiu a Sessao de Abertura do Congresso Revisor. em 13-10-93. Da esquerda para a direita: deputado Inocêncio de Oliveira, presidente da Câmara Federal: senador Maurlcio Corrêa. ministro da Justiça, representando o presidente da República, Itamar Franco; senador Humberto Lucena. presidente do Senado Federal e do Congresso Revisor; ministro Luiz Galotti, presidente do Supremo Tribunal Federal (Foto: Márcia Kalume).

Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. Rua Javaés, 681 - 01130-01 O São Paulo - SP Acorrespondência relativa àassinatura e venda avulsa pode ser enviada ao Setor de Propulsão de Assinaturas. Endereço: Rua Martim Francisco, 665 CEP 01226-001 - São Paulo • SP - Tel.: (011) 824-9411 ISSN - 0008-8528


Nada aprendeu, nada esqueceu ... Tecendo· loas, como de costume, à revolução cubana e ao socialismo em geral, Frei Betto, em sua recente obra "O Paraíso Perdido", reafirma, de modo gratuito, ser aquele "o único país da América Latina onde as .grandes questões sociais foram equacionadas ...."

, mas nele também não há lugar para um partido que queira, legalmente, introduzir a exploração do homem pelo homem .... " Logo ... Noutra passagem, critica a Teologia da Libertação. Em que termos? Esta não soube atéo momento promover na Igreja · o mesmo gênero de mudança - entenda-se, revolução - no campo moral, análoga à político-social. Segundo ele, eis uma tarefa urgente! Em suma: é preciso aprofundar a Revolução esquerdista jamais abandoná-la ou atenuála sequer!

Convulsão das mentes

Em sua recente obra "O Paraíso Perdido", Frei Betto continua empedernido: elogia Cuba e prega aprofundamento da Revo/uçlo esquerdista no campo moral Numa "avant-premiere" sobre o livro, apresentada à "Folha de S. Paulo", declara-se ele favorável ao pluripartidarismo, mas com esta significativa ressalva: "meu modelo de socialismo não é o de partido único,

Os distúrbios psíquicos do homem contemporâneo constituem matéria de especialização de Esdras Guerreiro Vasconcelos, professor de Pós-Graduação do Instituto de Psicologia Social e do Trabalho, da USP. Numa entrevista recente à revista "Exame" , formula ele um diagnóstico a respeito dos brasileiros. Abaixo, alguns extratos frisantes: "O brasileiro vive hoje um stress coletivo, que causa uma neurose permanente. Há alguns anos era raríssimo que mulheres ou jovens com me-

nos de 30 anos fossem fulminados por um enfarte. Pacientes nessas condições hoje são muito comuns em qualquer hospital de cidade grande. A desconfiança de tudo e de todos passou a ser uma característica comum, assim como a agressividade". Sobre o esfacelamento da família, faz notar: "o número de separações e divórcios no País nunca foi tão grande .... Há pais que preferem dar um videogame aos filhos a saber dos seus problemas .... Para a maioria, a vida tornou-se sem essência e por causa disso as relações de afeto estão tão [sic] pobres que não podem mesmo dar certo" . Eis o retrato da crise moral e religiosa do mundo contemporâneo, expresso numa de suas facetas mais características ...

A ''indústria" da fome "Não temos dúvida de que o caos se estabeleceria na agricultura brasileira se, por um milagre, passássemos de um ano para outro de 60 milhões para 100 milhões de toneladas .... Os escândalos de excedentes de alimentos apodrecendo em armazens nas regiões famintas .... mostram bem o exemplo de que o no so grande problema não é produzir .... "

Os comentários acima, reproduzidos de artigo para a imprensa diária, são de Maurício Lima Verde Guimarães, presidente do Sindicato Rural de Bauru, e não constituem arroubos literários ou exageros retóricos. Embora paradoxais, encontram confirmação em fontes oficiais. Auditores do Tribunal de Contas da União (TCU), por exemplo, ao analisarem os Programas de Suplementação Alimentar do Governo, informaram que o Brasil produziu nos últimos sete anos, uma média de 59 milhões de toneladas de grãos (arroz, feijão, trigo, milho e soja), sendo a disponibilidade interna desses produtos, somados aos demais alimentos habitualmente consumidos no País, superior às necessidades diárias de calori.as e proteínas da população glo• balmente considerada. Foram observadas, entretanto, irregularidades e falhas em çada um dos programas coordenados pelo Estado. Se a agricultura brasileira produz satisfatoriamente, fica desmascarada a sanha dos agro-reformistas em subvertêla, "para matar a fome do povo", conforme alardeiam. Não haverá, pois, uma "indústria" da fome, semelhante à das invasões de terras?

União européia: povo ausente

Amor à tradlçlo, à moda e aos costumes se,:u/ares caracteriza os camponeses alemles, como se comprova nesta foto, em que figuram noivos com seus belos trajes típicos, ap6s a cerlm/Jnla de casamento, na regllo da Floresta Negra. Usos e costumes tradicionais: fatores dos mais Importantes para explicar o repúdio da classe agrícola européia - especialmente na França e Alemanha - ao Tratado de Maastricht

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"Apesar dos discursos e das promessas, a integração dessas nações (européias), ainda parece ser uma idéia no papel. Falta-lhe o essencial: a adesão popular. Europa unida é um conceito muito vago e às vezes confuso para os seus 30 milhões de habitantes, que não vêem interesse em trocar de pátria só para satisfação dos tecnocratas de Bruxelas .... A construção da União Européia será, portanto, um longo trabalho em busca da adesão popular" ! Desta forma lapidar, a correspondente do" Jornal do Brasil" em Paris, Any Bourrier, analisa o redobrado empenho com vistas à criação do super-Estado europeu, que intenta dissolver nações soberanas - não raro, de glorioso passado histórico - numa espécie de pasta indefinível. Embora os artífices e propagandistas da desastrosa fusão costumem qualificar-se de democratas sinceros, desinteressam-se por tudo quanto represente as autênticas aspirações populares. Com efeito, é nas parcelas ainda sadias ---0u seja, não massificadas - das populações locais, que a resistência contra o projeto utópico e nivelador se afirma com maior nitidez. Parece oportuno o registro, pouco tempo após a entrada em vigor do infausto Tratado de Maastricht, que estabelece premissns da União Européia.

Oito milhões de jovens com doença mental - No Brasil, oito milhões de crianças e adolescentes, com idade entre quatro e 18 anos, sofrem -d e doenças mentais, e uma das causas é a falta de estrutura familiar. Foi o que afirmou o professor de psquiatria da Universidade de Campinas e consultor da Organização Panamericana de Saúde no Brasíl, Maurício Knobel, no IX Congresso Mundial de Psquiatria, realizado no Rio. A imoralidade desenfreada difundida pela televisão, abalando gravemente a família, é portanto uma das principais responsáveis por essa situação. O semelhante agrada ao semelhante - O socialista Mitten-and, presidente da França, entregou pessoalmente ao Padre Gustavo Gutiérrez a Legião de Honra, uma das maiores condecorações daquele país. Na ocasião, Mitterrand elogiou efusivamente a obra do sacerdote progressista peruano, considerado um dos fundadores da Teologia da Libertação e inegavelmente um dos seus principais líderes. Os socialistas e comunistas são amigos dos progressistas. Diziam os romanos: "Simile similis

gaudet" (o semelhante agrada ao semelhante).

Cal o número de casamentos, sobe o de divórcios - Nos últimos doze anos, o número de casamentos legais registrados no Estado de São Paulo caiu 22%. E no mesmo período, o número de separações cresceu 257% e o de divórcios 550%. A obcenidade propagada pela televisão, no interior dos próprios lares, é certamente uma das maiores responsáveis por essa triste situação. Declaração espantosa - Há poucos meses, o governador da Paraíba disparou seu revólver contra o ex-governador daquele Estado, Tarcísio Buriti. Não conseguiu matá-lo, mas feriu-o gravemente. O filho do agressor, Cássio Cunha Lima, reassumiu o cargo de Superintendente da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e fez esta declaração espantosa: "Eu teria contratado os serviços de um profissional de aluguel". Comenta um matutino paulista: "Em outras palavras, [os serviços] de alguém habilitado a não errar

os disparos, transformando a tentativa de homicídio em assassínio certeiro, frio, causado pela pontaria infalível" ...

Conversão da duquesa de Kent - A duquesa Katherine converteu-se ao Catolicismo. É a primeira integrante da família real inglesa a converter-se para a verdadeira Igreja, nos últimos três séculos. Outra notícia alvissareira: na Holanda, a princesa Cristina, que era calvinista, pediu para ser admitida na Igreja Católica. "Bispo", ministra e milhares de anglicanos também se convertem - A decisão dos anglicanos - contrária à Revelação divina - de admitir mulheres no sacerdócio está causando importantes conversões ao Catolicismo. O "bispo" anglicano, George Leonard, pediu para ser admitido na Igreja Católica, juntamente com "sacerdotes" e milhares de seguidores do anglicanismo. O mesmo fez a ministra da Seguridade Social da Inglaterra, Ann Widdecombe, a qual acusou a igreja anglicana de ter "como doutrina a dúvida, e como credo o compromisso" .

DESTA.0.!J:.}U Elites, sapatos e tênis Coisa curiosa mas incontestável: Com a perda do sentido católico da vida, o mundo moderno vai decaindo não só na moral, mas até antigos padrões de dignidade e compostura vão sendo postos abaixo. E substituídos por outros mais vulgares. O fato se observa em todos os aspectos da existência humana. Às vezes as pessoas chegam a pagar mais caro para se apresentarem menos bem. Tal é a tirania dessa decadência. Exemplo característico é o dos calçados. Ninguém pode negar que o sapato de couro é mais digno e proporciona melhor apresentação do que o tênis. Entretanto, o tênis é hoje muito mais usado no Brasil do que o sapato. Embora, em média, o tênis seja mais caro ... Fm -1993 foram vendidos no Brasil por volta de 25 milhões de pares de sapatos de couro, contra 128 milhões de pares de tênis! Antigos fabricantes abandonaram o sapato de couro para produzir apenas tênis. Na cidade de Franca

Tinis sm lugar ds sapatos ds couro; uso generalizado ds jeans B quase desaparecimento ds palet6 e gravata: sintomas da vulgar/zaçlo de modas , costumes em nossos dias

(SP), por exemplo, tradicional produtora de sapatos, o número de indústrias que produzem tênis saltou de três para 27 em menos de quatro anos. Fatos semelhantes haveria a registar no tocante às roupas: a proliferação de jeans, por exemplo, e o quase desaparecimento do paletó e gravata. Na linguagem, nos modos de ser e de portar-se, e em praticamente todos os setores da atividade humana, o que se nota é decadência. Faltam-nos elites autênticas que elevem o País, dando o tom da dignidade e da compostura. Sobretudo o bom exemplo da virtude, sem a qual nada de reto se mantém. Foi para salvar o que ainda resta dessas elites e suscitar outras, novas e cheias de vitalidade, que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira escreveu seu magnífico livro "Nobreza e Elites Tradicionais Análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana". Grande e mesmo entusiasmada vem sendo a repercussão dessa obra em muitos setores sociais da Europa, Estados Unidos e Hispano-América. Já é hora de o Brasil acordar para esse problema.


REVISÃO CONSTITIJCIONAL

O que cfConstituição de 1988 no~; legou - Acerto de uma previsão "Uma Assembléia como esta não pode deixar de caminhar como um catacego, sobre o terreno resvaladio dos problemas mal impostados, debatidos às carreiras e mal resolvidos" (Plinio Corrêa de Oliveira, a respeito da Constituinte de 1988; "Folha de S. Paulo", 11-4-88 ).

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m meio ao caos e à corrupção moral desenfreada que se abateu sobre o País, iniciou seus trabalhos a Revisão Constitucional, sem que se saiba bem no que ela vai dar.

E tais são esses fatores de decomposição, que muitos brasileiros já questionam abertamente a legitimidade dos atuais políticos para representar o povo. O relator-geral do processo de revisão constitucional, deputado Nelson Jobim (PMDB-RS), contou com o auxílio de quatro parlamentares sub-relatores para filtrar 17 mil propostas de emendas e estabelecer uma agenda mínima com os temas da revisão, cuja data de encerramento está prevista para 15 do corrente. O relator-geral, segundo entrevista concedida à revista VEJA (1), pretende, entre outras coisas, acabar com monopólios do Estado, mudar a Previdência Social, aprovar uma reforma tributária que reduza o número de impostos e aumente o de contribuintes e - o que é muito preocupante - criar o controle externo do Judiciário. Os leitores de Catolicismo puderam comprovar quão desastrosa será a adoção dessa medida para o País, através do concludente artigo "Controle externo do Judiciário: filmando o futuro ... ", de autoria de nosso colaborador Leo Daniele (2).

Um livro profético Nesse sentido, em outubro de 1987,

Em cinco meses de campanha, empreendida em praças e vias públicas de mais de 240 cidades de 18 Unidades da Federação, durante a qual se vendeu a obra do Presidente do CN da TFP, escoaram-se Inteiramente 70 mil exemplares das duas edições de Catolicismo, além de três mil exemplares lançados pela Editora Vera Cruz, em brochura

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Estandartes e capas rubras da TFP, além de faixas .. . no Viaduto do Chá, centro de São Paulo, em ... de venda da edição extra de Catolicismo, com o.. . de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

analisando os trabalhos então em andamento da Assembléia Constituinte, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira publicou Projeto de Constituição angustia o País (3). Catolicismo lançou, na mesma ocasião, uma edição extra contendo a íntegra da obra, a qual foi vendida, em todo o território nacional, mediante vigorosa campanha promovida pela TFP. Livro no qual previa a imagem do Brasil a que nos conduziriam aqueles trabalhos, caso prosseguissem no rumo até aquela data empreendido. A obra também propunha soluções de elevado bom senso que, se tivessem sido adotadas, poderiam ter poupado à Nação o caos em que hoje ela se encontra atirada. O livro revelou-se verdadeiramente profético, pois delineou com grande acerto o contorno moral-psicológico do Brasil pós-Constituinte. Aquilo que na pena do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira era uma previsão entristecida, hoje o constatamos como amarga realidade. O presidente da TFP tomava como base para as considerações de seu estudo o chamado" Substitutivo Cabral 2", cuja discussão estava então cm pauta na Assembléia Constituinte. A 011st ituição posteriormente aprovada adotou largamente os dispositivos desse proje-

.. .e a fanfarra da entidade causaram grande impacto ... outubro de 1987, quando foi lançada a campanha . .. texto da obra Projeto de Constituição angustia o Pafs

to, e as conseqüências não se· fizeram esperar.

O Brasil de 1994 descrito em 1987 Em sua obra, o presidente do Conselho Nacional da TFP perguntava: "Caso prevaleçam na futura Carta Magna certos dispositivos do projeto Cabral, qual a imagem do Brasil p6sConstituinte?" (p. 122). E respondia descrevendo o infeliz Brasil que nessas circunstâncias teríamos (e que na realidade hoje temos). Vejamos, muito resumidamente embora, alguns tópicos do livro, significativamente comprobatórios do acerto com que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira anteviu a presente situação: l) Equiparação entre o casamento e a união livre. É o que está na Constituição, e é também o que vemos por toda parte. O respeito e a própria sacralidade que circundavam o instituto do matrimônio foram se dissolvendo especialmente nestes cinco anos de vigência da Constituição, de modo atorná-lo bastante adelgaçado e mesmo rarefeito. De outro lado, pululam uniões ilícitas de todos os tipos, que se multiplicam e se sucedem ou se atropelam

numa espécie de bacanal continuada, gerando fenômenos criminosos como o abandono da infância e da velhice, cada vez mais considerados estorvos para a contínua mudança de parceiros. 2) Igualdade entre o homem e a mulher. O nobre princípio de autoridade que outrora reinava no lar e se.refletia na autoridade do pai e da mãe sobre os filhos, e do esposo sobre a esposa, praticamente desapareceu. A antiga estabilidade e segurança que daí advinham para a família foram geralmente substituídas por um valetudo, em que cada qual busca apenas seus egoísmos e seus prazeres e não a prática de seus deveres. 3) As novas condições em que foram colocadas as chamadas "entúlades familiares" (como se mencionou acima, equiparadas à família) pela Constituição são de molde a .tomar indesejada a prole e portanto a facilitar o aborto. É o que estamos vendo por toda a parte: assassinatos de crianças inocentes, arrancadas do ventre matemo por iniciativa das próprias mães, muitas vezes -adolescentes. 4) A Carta Magna nada determinou no sentúlo de.tolher a expansão do homossexualismo, embora ele não tenha recebido tratamento especial na Constituição, como queriam alguns. De qualquer modo, o empenho do texto constitucional em combater as discriminações facilitou sobremaneira o aumento da influência dos adeptos desse vício moral. E eis que ele se tornou no Brasil de hoje uma afronta pública e arrogante a reivindicar" direitos". Como se tivesse direitos o pecado que, no dizer do Catecismo tradicional da Igreja, "brada aos Céus e clama a Deus por vingança"! S)A estatização do ensino, uma das características mais salientes dos regimes totalitários, encontrou na Constituição meios fáceis para se expandir. Com toda a seqüela de problemas que traz consigo, como a decadência do ensino, a orientação da mente dos alu-

nos segundo os "padrões oficiais", a má remuneração dos professores etc. As greves de professores no final do último ano bem mostram alguns dos graves danos trazidos pela instituição do Estado-Mestre! 6) A propriedade rural foi das mais atingidas pelos dispositivos constitucionais. Com base neles aprovaram-se depois duas leis (a de desapropriações e a do rito sumário) que deixaram os proprietários rurais numa total instabilidade e à mercê do INCRA. Dessa situação têm-se aproveitado largamente os organizadores de invasões de terras, entre os quais ocupa papel preponderante a esquerda "católica". Está se tornando praxe que, invadida uma terra particular, depois o INCRA a desapropria. E isto num país como o nosso, em que as terras públicas e devolutas são abundantes ... 7) A propriedade empresarial teve na Constituição um tratamento tal que, segundo o velho estilo marxista, o patrão parece ter sido considerado o inimigo do operário. Em tese, são tantos os direitos concedidos aos empregados

Capa da edição especial de Catolicismo, cuja venda alcançou a média-recorde de 1083 exemplares diários durante os dezenove dias de difusão Intensiva da obra na Grande São Paulo, em outubro/novembro de 1987


9) Sobre o tratamene tantas as exigências feito dado aos índios _tas aos patrões, que é neprojeto Cabral, que sercessário ser um grande viu de rascunho para a empresário para poder arConstituição, dizia o car com tais obrigações. Prof. Plinio Corrêa de E o resultado dessa políOliveira em seu livro: tica vem prejudicando "Num projeto rubicuntodo o País, particulardamente antidiscrimimente os trabalhadores, natório, absurda discricom a elevação dos índiminação em favor do ces de desemprego, entre silvícola". Na realidaoutros problemas. Por outro lado, um dide, a Constituição acoreito de greve indiscrimi- ~ lheu os índios como nado tende a convulsio- ~ uma espécie de aristocracia nacional, à qual nar as relações de trabalho. Não fosse o fato de se reconhecem todos os Representantes de tribos Indígenas em visita a uma das comlss/Jes da direitos (e mais alguns ... ) . que no Bras~l a grandíssiConstituinte: os silvícolas tornaram-se, pela Constituição de 1988, uma ma maioria dos operários espécie de aristocracia nacional, à qual se reconhece todos os direitos e da · e da qual não se exige qual não se exige nenhuma contrapartida é muito menos revolucionenhuma contrapartida. nária do que se mostraO País vai sentindo 8) No que se refere à tributação ram os constituihtes de 1988 - e do agudamente as conseqüências dessa que se mostram os sindicatos - e já (instrumento preferido dos socialistas atitude: já começam a surgir eventuais teríamos aqui implantado um comunis- não violentos) a Constituição deixou o ameaças à soberania nacional por parte mo trabalhista. Causando para os traba- Brasil à mercê de impostos e mais im- de organismos internacionais, que se lhadores todas as terríveis conseqüên- postos que se queiram inventar - e que auto-arvoram em defensores dos íncias que lhes foram impostas na Rússia de fato se aplicam - contra os particu- dios; grande parte do território naciolares. nal fica condenado a permanecer inculpelos soviéticos,

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TFP na Revisão Constitucional

PROJETO CORRIGE DESVIOS DA REFORMA AGRÁRIA A grande novidade do projeto do deputado Lael Varella é que procura harmonizar os direitos dos proprietários e dos trabalhadores rurais, deixando de lado as desapropriações que constituem uma injusta punição aos primeiros Fazendeiros desejosos de uma justa política agrária, respeitosa do direito de propriedade, e que pusesse fim à desordem que se vai alastrando pelo ager brasileiro, dirigiram-se à TFP. Pediam que a entidade os colocasse em contato com algl,lm parlamentar autenticamente contrário à Reforma Agrária confiscatória. Para que este, como porta-voz daqueles denodados e operosos brasileiros, apresentasse ao Poder Legislativo, · na Revisão Constitucional, uma emenda igualmente ciosa dos direitos dos proprietários e trabalhadores rurais. A essa nobre inspiração aced13u, de bom grado, o deputado Lael Varella, que apresentou ao Congresso revisor um projeto de emenda ao Capítulo 111 do Título VII da Constituição, intitulado "Da Política Agrícola e fundiária e da Reforma Agrária". Os leitores interessados em conhecer o texto da emenda poderão pedi-lo a "Catolicismo". Damos a seguir os princípios gerais nos quais ela se baseou.

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Para a Constituição de 1988, Reforma Agrária é praticamente sinônimo de desa-

propriação de terras de particulares mediante indenizações em títulos desvalorizados e que, ademais, o Governo nao resgata. Daí ela se prestar à justa acusaçao de confiscatória.

Até mesmo proplledades rurais bem cultivadas podem, pela atual lei de Reforma Agrária, ser desapropriadas, caso nlo atinjam os índices exigidos pelo INCRA

Ora, o que se deveria ter em vista é a colonização das terras, sobretudo as públicas e devolutas, de modo a atender às necessidades do trabalhaçlor rural vocacionado. Não, é claro, de aventureiros, aproveitadores ou agitadores rurais, teleguiados por direções excusas. É ademais uma injustiça tomar Reforma Agrária como instrumento de punição aos fazendeiros, classe à qual o Brasil tanto deve no seu desenvolvimento histórico e inclusive para a manutenção e crescimento do atual PIB (Produto Interno Bruto). Para o bem do Brasil, os interesses de proprietários e trabalhadores rurais devem ser harmonizados e não opostos. O projeto do deputado Lael Varella exclui a desapropriação de terras particulares. Se desejadas pelo Governo para a Reforma Agrária, tais terras deverão ser previamente compradas no mercado. Os beneficiários que adquirirem Imóveis rurais pelo plano de Reforma Agrária receberão título de propriedade . E poderão fazer o pagamento dos mesmos a longo prazo, com o resultado da produção obtida.

to e inaproveitado porque lá existem alguns índios com direitos exageradamente latifundiários sobre aquelas terras etc.

***

Normalmente, os homens de trabalho, de todos os níveis, têm persistentemente sua atenção voltada para a respectiva área de Na origem, o ocupações pessoais. A política fautopismo da Revolução cilmente desinteressa, assim, à Francesa grande maioria deles. E, em conseqüência quase inelutável, nesta Isso tudo, dizia o Prof. Plínio última só atuam os que estão em Corrêa de Oliveira, " .... levanta condições de fazer dela uma proinevitavelmente a pergunta sobre fissão. a fonte de inspiração de tantos No Brasil, "político" tornoudispositivos discrepantes dos se freqüentemente sinônimo de princípios e das tradições da Ci"político-profissional". vilização Cristã. Político-profissional é, pois, "A resposta poderá encon- .; , aquele que dedica à atividade potrar-se no fato de haverem os seus cr . lítica uma parcela muito preponpropositores singrado largamente j derante (quando só isto) de seu pelos mares de um utopismo re- ~LA..:C--• tempo e de suas energias; que no volucionário e sonhador, com êxito da carreira política põe o Votação do texto da Constituição de 1988 pelos vistas a aplicar ao Brasil de hoje, constituintes, em tg-3-88, sete meses antes melhor de s_uas esperanças e amcom as desigualdades inerentes à de sua promulgação bições; e ao qual resta, para outras sua organização social e econôativ idades, uma par~ela pouco mica baseada na propriedade indivi- mentos presentemente necessários à expressiva de sua atuação no exercício dual e na livre iniciativa, a trilogia 'li- Nação. de alguma profissão rendosa. berdade, igualdade, fraternidade' que a Resumimos em seguida o que na Em relação a tais políticos-profisRevolução de 1789 impôs com furiosa obra se encontra às páginas 23-25. sionais, a opinião pública se mostra radicalidade e mão de ferro à França de Luís XVI" . Assim como a Revolução Francesa ''O Amanhã de Nossos Filhos" eliminou todas as desigualdades que pôde, reduziu muitas das que não conseguiu eliminar e tendeu constantemente para a ígualdade completa, assim também a influência do espírito A benemérita associação "O Amanhã ao Congresso uma emenda popular .na do Nossos · Filhos", que tanto tem bataigualitário de 1789 se fez sentir na revisão constitucional. lhado em defesa da família b°rasileira conPara esse fim, ela obteve 17.500 assiConstituição, no sentido de eliminar ou tra os desmandos da televisão, apresentou naturas (eram necessárias apenas 15 mil) reduzir quanto possível certas desientre seus aderentes, esparsos por 2.832 gualdades, essenciais à civilização ocicidades brasileiras, no curto espaço de 15 dental. dias.

EMENDA POPULAR CONTRA OS DESMANDOS DAS TVs

Os políticos-profissionais não entusiasmam Já aludimos de passagem à proposta, baseada em elevado bom senso, que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira fazia em seu livro para evitar ao Brasil as presentes calamidades. Proposta visando -uma solução concreta, serena e equilibrada. Nossos constituintes preferiram escolher outra via. Vejamos, em rápidas palavras, qual seja essa proposta. Ela em muito nos esclarecerá sobre os rumos possíveis, nas circunstâncias de nossos dias, para que o Brasil comece a trilhar a via de seu soerguimento moral, único capaz de levar aos outros tipos de soergui-

A emenda pop,,Jar estabelece a "preservação da Inocência e da mora/Idade das crianças e adolescentes" nos programas de TV atualmente tão nocivos a esses valores

Entre outros pontos abordados na emenda pedida por "O Amanhã", estão os seguintes: 1) Compete à. lei federal, estadual e municipal - cada qual em seu âmbito próprio - regular as diversões e espetáculos públicos para resguardo da moralidade geral, cabendo ao Poder Público informar sobre os inconvenientes deles, determinar as faixas étárias para os quais são desaconselháveis, bem como os locais e horários em que sua apresentação seja vedada. 2) É vedado o incitamento, direto ou indireto, através dos meios de comunicação social, da imoralidade e da viol~ncia sob suas diferentes formas . 3) A produção e a programação das· emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: a) respeito aos valore8' éticos e sociais da pessoa e da famflia; b) preservação da inocência e da moralidade das crianças e adolescentes.


por motivos diversos entusiasmada.

bem pouco

Os políticos idealistas , são raros • O que seria, de outro lado, um político não-profissional, um político idealista? Seria um homem abonado, e ao mesmo tempo lutador desinteressado, que fosse levado à ação política por mero idealismo religioso ou patriótico. Ou então o homem que, embora não abonado, arrisca para si e para sua família a aventura de sacrificar gravemente sua profissão habitual, com o objetivo de se consagrar, com honestidade modela,r, ao serviço da Pátria. Além dos políticos profissionais e dos políticos por mero idealismo, há que considerar ainda um terceiro gênero. Ou seja, o daqueles a quem, sem fazer mero jogo de palavras, se poderia designar como profissionais-políticos.

Profissionais-políticos, um título honroso Trata-se neste caso de profissionais que, tornando-se insignes pela categoria e abundância de seu trabalho profissional; adquirem realce na própria classe ou meio social. Quando alguém se destaca de modo notável em qualquer setor da atividade, na respectiva profissão por exemplo, adquire com isso uma autêntica representatividade daquele setor. Assim, se um Carlos Chagas ou um Oswaldo Cruz estivesse vivo hoje, ele se destacaria certamente como um representante natural da classe médica em todo o País. Porém não só dela. Os habitantes da região onde nasceu, seus companheiros e amigos no campo das relações sociais e do lazer etc., todos os brasileiros inteirados de seus feitos e de seus méritos se sentiriam - a um título ou a outro - representados por ele. Análoga coisa se pode dizer dos representantes de quaisquer outros grupos sociais ou profissionais, desde os mais elevados na escala social até os mais modestos, proprietários rurais tanto como bóias-frias ou colonos, proprietários urbanos tanto quanto locatários, empresários industriais ou comerciais como trabalhadores na indústria ou comércio. Enfim, as pessoas notáveis de todos os ramos de atividades devem ser particularmente viáveis como candidatas

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a um mandato eletivo, especialmente quando este tem missão constituinte. É a esse elevado tipo de profissional que se deve designar honrosamente de profissional-político (4 ).

Harmonioso colóquio entre profissionais-políticos e políticos-profissionais A presença desses profissionais-políticos nas chapas eleitorais conduziria a conseqüências por assim dizer antissépticas. Pois essas notabilidades não aceitariam figurar em chapas partidárias em que estive~sem pessoas desclassificadas para tal, como, por exemplo, homossexuais, histriões ou pessoas do gênero. O resultado de tudo isto consistiria em que a presença das notabilidades exerceria uma ação saneadora e seletiva nos vários ambientes partidários. Se grande número de profissionaispolíticos disputassem e alcançassem cargos eletivos, as Casas Legislativas, tanto federais quanto estaduais, nos apresentariam o espetáculo estimulante de muitos homens autenticamente representativos dos respectivos setores sociais, debatendo ao lado de probos políticos-profissionais, com competência e profundidade, os grandes interesses do País. Esse debate, o qual, visto sob alguns ângulos, melhor se chamaria de harmonioso colóquio, daria matéria abundante para enriquecer inteiectualmente a temática publicitária à disposição dos meios de comunicação social. As correntes de opinião se delineariam nítidas e vigorosas na opinião pública. E a luta eleitoral tomaria conteúdo e elevação. Com esse sistema, seriam de esperar consideráveis melhoras em nossa máquina político-partidária. O que, por sua vez, poderia pôr em ação outros fatores para a tão necessária restauração da vida política do País. O que com a mera presença de políticos-profissionais na cena ptíblica não se.obtém.

A proposta é reapresentada para a Revisão Constitucional Em fins de setembro último, a Comissão de Relações Públicas da TFP, aproveitando a natural ocasião que se lhe oferecia com a Revisão Constitucional, reapresentou ao Congresso revisor a

sábia proposta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, com as poucas adaptações que as novas circunstâncias exigiam. Propunha-se, para efeitos da revisão, a composição de um conselho consultivo de profissionais-políticos. Estes apresentariam as aspirações de suas respectivas classes sociais ou profissionais, que os constituintes revisores transformariam em projetos. Projetos que, por sua vez, seriam amplamente debatidos pelos conselheiros e pelos constituintes. De fato, durante cinco anos se fizera a experiência de aplicação dos dispositivos constitucionais, mostrando à saciedade que eles não representam os autênticos anseios da Nação. Por que, então, não experimentar agora proposta tão razoável? Tanto mais que as previsões feitas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro de 1988 se haviam cumprido com tanto acerto! A reapresentação dessa proposta, em carta entregue aos congressistas, encontrou boa acolhida em numeresos senadores e deputados, que prometeram levá-la em consideração (5). Porém, os constituintes revisores em seu conjunto, talvez excessivamente preocupados eom outros problemas, entre os quais a CPI do Orçamento, preferiram novamente manter os antigos métodos usados em 1988. Procedimento mais fácil, certamente. Mas a que conseqüências nos levará ele? Nada de bom se pode augurar. JACKSON SANTOS

NOTAS 1. Cfr. "Hora da largada", entrevista à VEJA, 121-94. 2. Catolicismo, nº 516, dezembro/1993. 3. Plinio Corrêa de Oliveira, Projeto de Constituiçdo angustia o País, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1987. 4. A necessidade de elites autênticas para o reto desenvolvimento da sociedade é tema magistralmente desenvolvido pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em seu mais recente livro "Nobreza e Elites Tradicionais Análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza Romana", que vem alcançando grande repercussão na Europa, Estados Unidos e América Latina.

5. Além dessa carta-proposta, entregue aos congressistas antes mesmo do início dos trabalhos de revisão constitucional, a TFP desempenhou papel capital para que o deputado Lael Vnrclla apresentasse um projeto de emenda constilucional a respeito da Reforma Agrário [vide quadro] .

TFPsEMAÇÃO

Carta elogiosa do Arcebispo de Aparecida "Nobreza e elites tradicionais análogas", a mais recente obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, foi oferecida pelo autor a D. Geraldo Maria Morais Penido, Arcebispo de Aparecida. Em agradecimento pela oferta, o Prelado dirigiu ao insigne pensador católico encomiástica missiva, cuja íntegra transcrevemos abaixo: Exmo. Sr. e prezado Amigo Prof Dr. Plínio Corrêa de Oliveira Sou muito grato ao Sr. pela gentil oferta de seu importante livro sobre Pio X/I, o nobilíssimo e saudoso, santo e sábio pastor universal da Igreja de Cristo. Peço à querida Padroeira do Brasil, ao serviço da Qual

estou e vivo cada minuto, que abençoe seu esforço e sua altíssima competência, como cristão, como leigo e sobretudo pelo seu conhecido saber teológico. Causa-me muita alegria sua substanciosa homenagem ao grande, enorme Pio, em cujo Pontificado luminoso ordenei-me padre em Roma e Quem me nomeou Bispo da Santa Igreja. Louvo a Deus pela nobreza de sua Pessoa, que reverencio e cuja cultura muita admiração me causa. Vão-lhe minha pobre Bênção e a promessa de minhas orações pelo Senhor, pela vida exemplar e pela sua liderança de verdadeira católico. + Geraldo Mª Morais Penido, Arcebispo

''Galhardia de um herói de Aljubarrota ou de Lepanto'' Em agradecimento à oferta de "Nobreza e elites tradicionais análogas", feita pelo próprio autor da obra, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da TFP, o admirável escritor português, Francisco José Magalhães Monteiro, enviou-lhe expressiva e calorosa carta, datada de 19 de novembro p.p., enaltecendo os méritos incomparáveis do livro. Posteriormente, o referido autor luso, que é também valoroso jornalista, saiu a campo para defender nas páginas de "O Dia" (Lisboa), edição de 30-11-93, a TFP brasileira e a entidade portuguesa coirmã desta, o Centro Cultural Reconquista, bem como o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, injustamente atacados por um reles detrator es_querdista, em órgão de imprensa lisboeta. Apresentamos a seguir excertos do brilhante artigo de Francisco José Magalhães Monteiro, cujo "talento indefectível e galhardia" , o Presidente da TFP brasileira compara aos de "um herói de Aljubarrota ou de Lepanto": " Um grupo de amigos solicitou-me que desse um testemunho da Verdade contra uma série de mentiras infames com que um jornalista sectário, deliberadamente 'desinformado', atacou recentemente uma Obra que só o incomoda por esta ter combatido sempre, com denodo e sem contestação, o Comunismo. Um matutino, que não merece ser citado aqui, por uma questão de assepsia profissional, tenho provas de que não

respeita a deontologia profissional, subordinando-a à sanha com que tenta atingir objetivos sinistros. Um seu redator, Fernando Semedo .... abordou o tema das seitas. O Sr. Fernando Semedo .... em vez de se preocupar com a dramática situação criada em Angola e em Moçambique pela criminosa 'descolonização' que ele aplaudiu e nunca condenou, apontou

para novo alvo a descarga do seu ateísmo .... Com a habitual insídia, aprovada por quem simplesmente sempre mente, o Sr. Semedo .... ataca a 'Tradição, Família e Propriedade', visando um dos seus mais florescentes ramos: o Centro Cultural Reconquista, já tão amplamente credenciado pelos melhores católicos portugueses.

Seguindo a tradição da 'casa', o sr. Semedo mente, afirmando que os diretores do Centro Cultural Reconquista são brasileiros, quando são portugueses e dos melhores que temos. .... Mas o sr. Semedo .... empoleira-se no seu rancor político e atreve-se a falar numa das maiores figuras da intelectualidade brasileira: o Professor Plínio Corrêa de Oliveira. Fundador da 'TFP', catedrático de prestígio internacional, pensador católico acima das perturbadas convulsões cerebrais do público mais reles e inculto, o Professor Plínio ama Portugal como o sr. Semedo jamais amou. Sofreu com a amputação da nossa Pátria, enquanto o sr. Semedo se regozijou com o êxito dessa operação suicida que foi a entrega do Ultramar. Escreve numa Língua correta, a 'últimaflordoLácio', que o sr. Semedo jamais aprenderá. Recebe de Roma, há 60 anos (desde o Santo Padre Pio XII a Cardeais e Bispos acima de qualquer suspeita de se terem infiltrado no Vaticano e das mais altas figuras da intelectualidade européia e americana) constantes provas de respeitoso apreço. Tentar o sr. Semedo incluí-lo e à sua vitoriosa Obra nas seitas que a 'democracia' fez proliferar em Portugal é um insulto inadmissível. É o maior certificado de ignorância e facciosismo que poderia assinar. Mas ... atenção leitores: o sr. Semedo não escreve por ignorância, o que seria perdoável. Mas por má fé! Está muito CATOLICISMO, MARÇO 1994

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bem documentado acerca da situação no Leste da Europa, em Angola e em Moçambique, até no Brasil .... Se o leitor pensar que me afa~tei do assunto com que iniciei esta 'àpinião', engana-se. É que a 'TFP', dirigida pelo

Professor Plinio Corrêa de Oliveira, sempre tentou lutar para que se evitasse este trágico desencanto que igualmente se vive em Angola e em Moçambique, situação que o sr. Semedo sempre ambicionou. O Centro Cultural Recon-

quistanãoéumbraçoarmadodasinistra 'KGB' nem qualquer seita interessada em imbecilizar os portugueses! Aposta, comonós,noressurgimentodePortugal! Que o sr. Fernando Semedo, mesmo sem medo, tanto parece recear!'"

Agradecimento do Presidente da TFP Para manifestar sua gratidão por essa Faltavam apenas duas. Uma vinha de cadas rijas de um grande talento, sempre destemida defesa da TFP brasileira e de Portugal. Outra era de um membro da disposto a 'mais cristãos atrevimentos'. sua pessoa, o Prof. Plinio Corrêa de OliTFP espanhola, que nos relatava a emDepois dessas ovações, tivemos algo veira remeteu ao jornalista Francisco polgante visita feita a um místico espa- do gótico recolhimento do humilde mísJosé Magalhães Monteiro a seguinte mis- nhol que fazia lembrar o grande São tico espanhol, rezamos, e nos dispersasiva: João da Cruz, ou melhor, o bem-aventu- mos, cada qual para sua residência. "Ao ilustre e caríssimo Amigo rado Holzhauser, outro grande místico, Na penumbra do meu automóvel, lá Hoje à noite, como habitualmente o alemão este, do século XVII. Pois tanto ia eu rolando para a minha, relembrando faço às quartas-feiras, presido, no auditó- o primeiro como o segundo se fizeram quanto de generoso, de belo, de afetuoso rio da TFP, a uma reunião plenária dos notar pelas suas belas e precisas previ- sua grande alma encontrara para dizer membros dela residentes em São Paulo, ou sões do que sucederia à Santa Igreja. a meu respeito. Chegando já tarde à ainda em outros Estados do Brasil, mas de Apenas nos pusemos a ouvir a carta minha casa, meu secretário tinha em passagem por nossa cidade. do notável escritor português, e estrugi- mãos para me dar - oh deleitável surEsse auditório, que traz o nome de ram os aplausos, que se fi zeram mais e presa! - outro escrito seu. SofregamenNossa Senhora Auxiliadora, comporta mais entusiastas, até que, terminada a te li-o. E vi que nele, com um brilho todo cerca de 300 lugares para ouvintes sen- leitura, o Príncipe D. Bertrand - que peculiar a seu estilo, o amigo jazia justitados. A lotação dele chega a ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ~ ça, em meu favor, de uma séum total bem maior quando, rie de inverdades e disparates em vésperas do mês de férias em que o Fernando Semedo do fim de ano, temos de rece'empoleira-se no seu rancor ber também membros das polític.tJ e atreve-se a falar TFPs ou bureaux-TFP situanuma das maiores figuras da dos nos cinco continentes. intelectualidade brasileira: o Estava, pois, aquela nossa Professor Plinio Corrêa de casa com excelente lotação. A Oliveira'. Foi com material pauta do dia era constituída desse jaez que o sr. Semedo pela leitura e comentário dos resolvera nutrir o espírito de relatórios provenientes soseus infelizes leitores. bretudo da Europa e das três Infelizes? Penso que devo Américas, os quais nos puretificar o adjetivo, pelo menham ao corrente do andanos para todos os que, tendo mento da campanha de difutido a desdita de ler o que ele são do meu 'último livro. Reiescreveu, tiveram a felicidade navam a alegria e a esperança de ler os corretivos e os castino auditório pelo fato de que, gos que o sr. lhe inflingiu bride todas as partes, nbs vinham Prof. Pllnlo Corrêa de Oliveira lhantemente. notícias alentadoras: até mesNão quero, pois, deixar mo desconcertantemente alentadoras, com seu irmão D. Luiz assistia à reunião passar um minuto sem lhe expressar todo ouso dizer, pois tudo que se narrava nes- - se levantou entusiasmado, pedindo- o meu agradecimento, não só pelas flores ses relatórios manifestava uma comove- me comentários da mesma: mais uma de bondade, de cultura e de talento com dora superabundância de auxílios de vigorosa salva de palmas, que aliás não que ornou tão largamente a sua carta de Nossa Senhora em prol da boa acolhida seria a última. 19 de novembro p.p., como também pela dessa obra nos mais variados pontos. Esse notável escritor português é o abundância de revidar como que à maAssim, de relatório em relatório, che- destinatário da presente: um nobre e de - neira cavalheiresca e implacável com gou-se à leitura das cartas provenientes nodado Amigo, Francisco José Maga- que Roland e Oliveiros fartaram os bárde personalidades de destaque. Essas /hães Monteiro, que não tem duvidado baros da Germânia e os árabes da lbéeram apresentadas in crescendo, segun- em voar em meu auxílio sempre que me ria. Ao mesmo tempo, caro e brilhante do o grau de ilustração dos respectivos vê às voltas com os opositores que nos Amigo, quero expressar toda a minha autores, e do calor de seu entusiasmo, são comuns, e que lhes faz sentir, com admiração e afeto com que me subscrevo bem como da franqueza de suas apreci- talento indefectível e galhardia de um ações. herói de Aljubarrota ou de Lepanto, ln lesu et Maria Já ia alta a sucessão das cartas lidas. quanto é duro ser castigado com as estoPlinio Corrêa de Oliveira"

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aderno Especial Nº 31

Ocalvinista Port-Combat ainda teve tempo de alcançar Nossa Senhora e pedir-Lhe perd5o

Nossa jrn¼nra ~o jalgueirn (25 ue mar~o)


C!Iura oo leproso

Nossa ~rn4ora oo ~alguriro

(Me. 1, 40-45)

(25 de março)

' E foi ter com Ele um leproso, fazendo-Lhe suas :, ,

súplicas, e, pondo-se de joelhos, disse-Lhe: Se queres, podes limpar-me. E Jesus, compadecido dele, estendeu a mão, e, tocando-o disse-lhe: Quero; sê limpo. E, tendo dito estas palavras, imediatamente desapareceu dele a lepra, e ficou limpo. E o ameaçou, e logo o mandou retirar; e disse-lhe: Guarda-te

de o dizer a alguém, mas, vai, mostra-te ao príncipe dos sacerdotes, e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho. Ele, porém, retirando-se, começou a contar e a publicar o sucedido,desortequeJesusjánãopodiaentrardescobertamente numa cidade, mas ficava fora nos lugares desertos; e de todas as partes iam ter com Ele.

C!Iomrnhírios tompilaoos por ~anto QComâs or Aquino na "C!Iahna Aurra" São Beda - É em ver que, assim como se declara no Senhor a autoridade do poder, assim também naquele se afirma a constância da fé. E pondo-se de joelhos, lhe disse: Senhor, se Tu queres podes limparme. Ele se ajoelha, caindo sobre sua face, o que é sinal de humildade e vergonha, para que cada qual se envergonhe das manchas de sua vida; mas esta vergonha não impede sua confissão: mostra a chaga, e pede o remédio, e a própria confissão está cheia de religião e de fé. Se queres, diz, podes: isto é, pôs o poder na vontade do Senhor. Teófilo - Ele não disse: Se pedirdes a Deus, senão: se queres, como crendo que Ele era o próprio Deus. São Beda - Não duvidou da vontade de Deus como um ímpio, mas como o que sabe o indigno que é dela pelas manchas que a enfeiam. Jesus, compadecido dele, estendeu a mão, e tocando-o, lhe disse: "Quero, sê limpo" . São João Crisóstomo -A lei de Moisés dizia: O que tocasse o leproso ficará impuro até a noite; (Ele, porém) queria mostrar que esta impureza era segundo a natureza e como não se havia ditado a lei para Ele,

senão unicamente para os homens, e como era Ele mesmo propriamente o Senhor da lei, e curava como Senhor, e não como servo, tocou com razão o leproso, embora não fosse necessário o tacto para que se ope~ rasse a cura. São Beda (Jesus) lhe tocou também para provar que não podia se contaminar o que livrava aos outros;· e é de admirar, ao mesmo tempo, que o curou do mesmo modo que lhe havia pedido (o leproso). São João Crisóstomo - (E Jesus o despediu logo dizendo-lhe: olha que não o digas a ninguém). Como se dissesse: não é tempo agora de publicar minha obra, nem necessito que tu a publiques. Deste modo nos ensina a não buscar como retribuição por nossas obras a honra entre os homens. ;,Mas vai, prossegue, e apresenta-te ao príncipe dos sacerdotes" . O Salvador o manda ao sacerdote como prova do remédio e para que não estivesse fora do templo e pudesse rezar nele com os demais. Mandou-o também para cumprir o prescrito pela lei, e para fazer calar a maledicência. Assim, pois, completou a obra, mandando-lhes a prova dela.

C!Iomrn±â1ios õo Jaorr 1liufs C!Ilâuoio JJfillion Uma destas curas maravilhosas (operadas por Jesus na Galiléia) pareceu especialmente ressoante, porque sem dúvida era a primeira do gênero que Jesus fazia. Em uma aldeia que não é nomeada, aproximouse de Jesus um homem coberto de lepra, o qual, prostrado a seus pés, Lhe disse: "Senhor, se tu queres, podes limpar-me" . Purificar era o termo usado entre os judeus para designar a cura desta enfermidade hedionda e terrível, que foi sempre um dos mais tristes açoites e pragas da Síria e Egito. A partir da pele, a primeira a ser invadida, penetra pouco a pouco no interior do organismo, tomando na carne viva o sistema nervoso, os músculos, os tendões e os ossos, os quais morde, corrói e decompõe em ,parte, no meio de espantosos sofrimentos. Como contagiosa é a moléstia, transforma suas vítimas em párias ou isolados, a quem se proíbe morar com as pessoas, não lhes restando o mais das vezes outro recurso senão mendigar. Jesus teve compaixão do desventurado que com Fé tão viva Lhe pedia. Estendendo a mão o tocou e lhe disse, empregando as mesmas palavras do infeliz le_proso: Quero, sé limpo, e num instante desapareceu a lepra. E acrescentou Jesus: Cuida de não contá-lo a ninguém, mas vai e apresenta-te ao sacerdote e leva a . oferta por tua cura, segundo o ordenado por Moisés, a fim de que lhes sirva de testemunho. Nesta época de

efervescência popular por sua pregação e seus milagres, Jesus fazia quanto estava em seu poder para evitar tudo o que pudesse aparecer ou ter aspecto de agitação política popular. Quanto ao segundo aviso, estava muito conforme à lei judaica, que reservava aos sacerdotes a constatação ou comprovação autêntica e oficial da cura da lepra. Os leprosos, uma vez declarados limpos, iam ao templo oferecer um sacrifício de ação de graças, que atestava em público a cessação de sua impunidade legal. Apesar da ordem formal dada por Jesus e reiterada em tom tão severo, o leproso começou imediatamente a publicar em todas as partes o milagre de que havia sido objeto. Sua indiscrição produziu um resultado dos mais desagradáveis para o Salvador, que não podia entrar nas cidades abertamente sem suscitar manifestações que prejudicavam gravemente sua ação. Assim, viu-se obrigado a retirar-se a lugares solitários e viver algum tempo longe dos homens, mesmo contra seus desígnios de apostolado. Nem assim conseguiu sempre ficar oculto: tão hábil era o zelo das multidões para descobri-lo, devido ao afeto que lhes havia granjeado. Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestro Seí'íor Jesucristo según los Evangelios, Editorial Difusión, S. A., Tucumán, 1859, pp. 123124. .

Aparições de Nossa Senhora na Província do Baixo-Dauphiné (França)- 1649 a 1656 Havia outrora um camponês do Baixo-Dauphiné chamado Port-Combat, huguenote (herege calvinista francês) inveterado, que vivia deploravelmente na heresia e, segundo parecia, desejando nela morrer. Não se desmobilizava contra a Fé verdadeira e trabalhava ostensivamente em todas as festas de guarda, unicamente para mostrar ao povinho miúdo em que derrisão tinha os mandaméntos da Igreja. No ano de 1649,namanhãdodia 25 de março, festa da Anunciação de Nossa Senhora, Port-Combat, fiel a seus ímpios princípios, decidiu ir ao campo como se fosse um dia qualquer. Querendo podar seus salgueiros, Port-Combat encostou sua escada no maior e mais frondoso deles. Com os pés ligeiros e com a podadeira à mão, sobe e disfere os primeiros golpes. Porém, oh horror, o camponês fica inundado de sangue. Vermelhas estão suas mãos, vermelha sua camisa, vermelho o ferro de seu instrumento! Terá ele, porventura, cortado o punho, o dedo ou uma grande veia? Não. É o salgueiro que sangra! Se pensarmos que ele se apressou em se converter, grande será nosso engano. Os huguenotes da região só levavam as pessoas à morte depois de adverti-las, em conformidade com os procedimentos de civilidade mais formais, de que se abjurassem o protestantismo, eles se veriam na obrigação de matá-las. O fato é que Port-Combat fechou os ouvidos à voz divina. Afinal, tinha bocas para alimentar e a fraqueza de quem goza de boa situação financeira neste vale de lágrimas . Porém, no fundo do seu coração, confessava-se vencido. Sete anos assim se passaram, quando, por volta de março de 1656, Port-Combat, ao trabalhar num pedaço de terra que lhe pertencia, foi protagonista de nova aventura. Com as mãos no cabo de uma charrua e os olhos postos nos sulcos que ia abrindo, percebeu que dele se aproximava ao longe uma Senhora vestida de branco, envolvida por um manto azul e com a cabeça coberta por um crepe preto que lhe ocultava uma parte do rosto. Apesar do véu negro a dissimulá-la um pouco, a majestade e a nobreza de seu porte de rainha impunham-se de tal maneira, que o herege ficou como que sem fôlego. - peus esteja contigo, meu amigo! saúda a Senhora. O que dizem dessa devoção? Para aí se dirigem muitas pessoas? Referia-se ·à árvore ensangüentada à qual provavelmente muitos já iam rezar. - Fazem"se muitos milagres? - Oh, milagres ... Port-Combat não vai mais além, porque não sabe o que dizer. A abordagem desse tema soa mal aos seus ouvidos. Ele empunha o cabo de seu arado, pára seus bois e finge pôr-se de novo a trabalhar. - Pára teus animais! Ordena a Senhora, com voz imperiosa. Onde mora o huguenote que podou o salgueiro? Ele não vai se converter? - Eu ... eu ... balbucia ele. - Ah infeliz, pensas que não sei que tu és este huguenote? - Senhora, tenho que trabalhar. Vamos, meus

bois, vamos! - Pára! -Andai, m·eus bois, andai! - Se não parar teus bois, eu mesma os pararei. - Oh Senhora - responde o pobre coitado, intimidado - eu mesmo os pararei. Todos já percebemos que esta bela Senhora só pode ser a Mãe de Deus. - Fica sabendo - retoma a Senhora - que teu fim está próximo. Se não voltares à verdadeira religião, serás um dos maiores tições que existem no inferno. Mas, se mudares de religião, eu te protegerei diante de Deus. E, dizendo isso, a Senhora afastou-se. Porém, Port-Combat ainda teve tempo de alcançá-La e pedir-lhe perdão, obtendo dela um sorriso misericordioso. Apesar de tudo isto, ele não se dobrou logo em seguida diante das ameaças de Nossa Senhora, de tal maneira temia a cólera dos seus ~orreligionários calvinistas. Durante cinco meses adiou uma retratação, que sabia ser cada vez mais urgente e necessária. Mas, a 14 de agosto de 1656, do modo mais inopinado foi acometido de uma febre galopante e compreendeu que sua hora ia soar, conforme a predição de Nossa Senhora. Só então exprimiu solenemente o desejo de renunciar ao calvinismo e de entrar novamente no seio da verdadeira Igreja, abjurando a falsa religião e confessando-se. A 15 de agosto, dia da Assunção de Nossa Senhora, recebeu a Santa Comunhão e o sacramento da Extrema-unção. A 22 de agosto adormeceu no Senhor. De acordo com um supremo desejo de arrependimento exprimido por ele, foi enterrado ao pé do salgueiro milagroso. . Aqui termina a história, ao mesmo tempo extraordinária e muito verídica, do pobre Port-Combat, que teve a soberba quebrada, a alma esclarecida e a salvação assegurada por Nossa Senhora. Aqui começa a peregrinação, famosa em todo o Dauphiné, de Nossa Senhora do Salgueiro ou de Nossa Senhora do Bom Encontro. Por ocasião do segundo centenário da aparição, em 1856, Pio IX concedeu aos fiéis que assistiam às cerimônias, a graça de um verdadeiro jubileu. Em 1873, o Bispo de Grenoble convidou seus diocesanos para duas solenidades: a consagração de uma basílica, cuja construção havia sido iniciada em 1868, e a coroação da imagem milagrosa de Nossa Senhora do Salgueiro. Apesar dos obstáculos que, a partir de 1903, o Governo francês criou, visando dificultaro culto àquela invocação da Virgem Santíssima, no final da Guerra de 1914-1918 revigorou-se a peregrinação a Nossa Senhora do Salgueiro. Multidões sempre mais numerosas afluem para a Basílica, a qual, através de bula datada de 17-3-1924, foi elevada ao título e à dignidade de Basílica Menor. FONTE DE REFEiillNCIA Pierre Molaine, L'ltinéraire de la Vierge Marie, Éditions Corrêa, Paris, 1953, pp. 86 a 98.


História Sagrada (43)-

Os setenta anciãos - sepulcros da concupiscência Os israelitas, influenciados pelos estrangeiros que tinham vindo com eles, murmuraram contra Moisés, reclamando do maná e exigindo carnes. O Profeta dirigiu-se ao Senhor, perguntando como conseguiria carne para tão grande multidão (aproximadamente três milhões de pessoas). Acrescentou que sozinho não poderia mais suportar todo o povo. E, no auge da provação de alma, chegou até a pedir a Deus que lhe tirasse a vida. Carnes até "saírem pelos narizes" - " E o Senhor disse a Moisés: Juntame setenta homens entre os anciãos de Israel, que tu souberes serem anciãos do povo e mestres; e os conduzirás à porta do tabernáculo da aliança, e ali os fará esperar contigo, para que Eu desça e te fale, e tome do teu Espírito (1), e lho darei a eles, para que sustentem contigo o peso do povo. Dirás· também ao povo: amanhã comereis carnes; porque Eu vos ouvi dizer: Nós estávamos bem no Egito. Assim, o Senhor vos dará carnes para que comais, não um só dia, nem dois, nem cinco ou dez, nem mesmo vinte, mas um mês inteiro, até elas vos saírem pelos narizes, e vos causarem enjôo. Os setenta anciãos - "Foi, pois, Moisés e referiu ao povo as palavras do Senhor, e, juntando setenta homens dos anciãos de Israel, fê-los estar de pé junto do tabernáculo. E o Senhor desceu na nuvem, e falou-lhe, e, tirando do Espírito que havia em Moisés, deu dele aos setenta homens" (Num. 11, 16 a 25). Sinédrio-" Já anteriormente, após a promulgação da Lei, setenta anciãos do povo tinham sido designados para subir

em seu lar

Brasil Real Brasil Brasileiro

noções básicas

entre vós algum é profeta do Senhor, eu ao monte [Sinai] e contemplar mais de lhe aparecerei em visão, ou lhe falarei perto a glória de Deus, mas essa desigem sonhos. Mas não é assim a respeito nação tinha se limitado àquela circunsdo meu servo Moisés, o qual é fidelíssitância particular. Aqui, os setenta, escomo em toda a minha casa; porque a ele lhidos por Moisés na maior parte entre Eu falo face a face. Por que não temestes os magistrados que ele tinha estabelecivós, pois, de trair o meu servo Moisés? do conforme o conselho de Jetro [sogro "E, irado contra eles, retirou-se; e eis de Moisés], são instituídos divinamente que Maria apareceu toda coberta de leseus cooperadores no governo. pra. E Aarão, tendo olhado para ela, e "Este senado dos anciãos subsistiu tendo-a visto coberta de lepra, disse a entre os judeus até a dispersão final da Moisés: Rogo-te, meu Senhor, que não nação. Nos últimos tempos, ele era coponhas sobre nós este pecado, que nesnhecido sob o nome de sinédrio" . Codornas - "Deus tinha cumprido ciamente cometemos. "E Moisés clamou ao Senhor, dizena primeira parte de sua promessa; Ele do: Ó Deus, eu te rogo, sara-a. E o Sealiviara o fardo de Moisés, dando-lhe um nhor respondeu-lhe: Esteja separada fora senado para ajudá-lo no governei. Restados acampamentos durante sete dias e va a segunda parte, a carne para o povo depois será outra vez chamada. Maria, durante um rriês" (2). pois, foi deitada fora dos acampamentos "E um vento mandado pelo Senhor, durante sete dias; e o povo não se moveu trazendo codornizes da outra banda do mar, arrebatou-as consigo e fê-las cair daquele lugar enquanto Maria não foi tornada a chamar" (Num. 12, 2 a 15). sobre os acampamentos. "Levantando-se então o povo, apaNOTAS nhou todo aquele dia e a noite, e outro 1. Observa o Pe. Matos Soares:." Tome do teu dia tantas codornizes, que aquele que Espírito. Sem diminuir os dons do Espírito menos (recolheu), tinha dez coros (3) Santo dados a Moisés, Deus também tornará delas (Num. li, 31 -32). participantes deles os novos escolhidos" Sepulcros da concupiscência (Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo, "Comeram, pois, carne durante um mês. 6ª ed., 1933, p. 167). Depois disso, encontrando-se essa carne 2. Padre Rohrbacher, Histoire U11iverselle de entre .seus dentes e não tendo sido ainda l'Église Catholique, Gaume Freres, Paris, 1842, tomo 1, p. 462. toda consumida, a cólera do Eterno acen3. Um coro equivale a três hectolitros, ou seja, deu contra o povo, e o feriu com uma 300 litros (cfr. Pe. Rohrbacher, op. cit., p. grandíssima praga. Esse lugar foi cha462). mado Sepulcros da Concupiscência, 4. Pe. Rohrbacher, op. cit., p. 463. porque ali foi sepultado o povo que tinha cobiçado carne. Pecado de inveja cometido por Maria e Aarão - " Não bastava a Moisés ter que suportar as murmurações de um povo indócil; sua irmã e seu irmão, Maria e Aarão, puseram sua paciência à prova" (4). E chegaram a dizer: "Porventura o Senhor falou só por Moisés? Não nos falou Ele igualmente a nós? o Senhor, tendo ouvido isto (porque Moisés era o mais manso de todos os homens que havia na Moisés - Detalhe da escultura de Mlchelangelo (1507), terra), disse a Moisés e Basfllca de Slo Pedro in Vinco/is, Roma a Aarão, e a Maria: Se

Foi à sombra da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, erguida pelos descobridores portugueses para a celebração da Primeira Missa, que o Brasil surgiu como nação. Foi também à sombra da Cruz, e sob a proteção da Santíssima Virgem e dos Santos que, ao longo dos séculos, os colonizadores foram fundando vilas que recebiam nomes relacionados com o seu padroeiro ou com algum episódio de cunho religioso nelas acontecido.

Dois milagres, duas cidades

No longínquo ano de 1553, uma embarcação espanhola navegava pelo Atlântico Sul, levando a bordo remanescentes de uma malograda expedição destinada a povoar terras da região do Rio da Prata. De repente nuvens escuras surgiram na linha do horizonte com prenúncios de uma tempestade. Logo depois, ventos fortes e grandes ondas sacudiram o bergantim, rasgando-lhe as velas e causando outros sérios danos. Foi então que, em desespero, os ocupantes da embarcação fizeram uma promessa a Nossa Senhora da Graça, cuja imagem se Broto milagroso encontrava em um pequeno nicho na proa, de A cidade de Miracema, ao norte do construir uma capela na primeira terra que Estado do Rio de Janeiro, está nesse caso. encontrassem, se conseguissem sair ilesos Sua origem remonta a meados do século daquela trágica situação. passado, quando pioneiros procedentes Quando a tempestade passou, o navio Acima: o bras3o da cidade de Mfracema, de Minas Gerais começaram a instalar-se encontrava-se perto da costa da ilha de em seu lado esquerdo, registra o mi/agre na região, naquela época despovoada. São Francisco, sendo a promessa cumprique consistiu no nascimento de um broto Em 1846, uma distinta senhora que se da, com a construção de uma capela em no esteio de baraúna; abaixo: gravura da tornara viúva, Dna. Ermelinda Rodrigues honra de Nossa Senhora da Graça. antiga capela de Miracema, demolida no Pereira, transferiu-se de Barbacena para Em 1660, um Conselho Municipal suInício deste século lá, onde já havia se instalado um de seus geriu a transferência da capela para a locaregistro para a História, com muitas grafilhos. lidade de Laranjeiras, mais resguardada de vuras atestando o acontecido. Ao dar início à construção de sua possíveis ataques de pirataria, para onde, moradia nessas novas terras, Dna. Ermeem procissão, foi levada a imagem. linda recebeu a visita de alguns familiaMilagres no mar e na terra Registra a História que, por três dias res, os quais lhe sugeriram que aproveiconsecutivos, a imagem de Nossa SeTambém a fundação da cidade de São tasse os mesmos esteios de baraúna que nhora da Graça amanheceu virada para o Francisco do Sul, situada na ilha de São já estavam fixados, para construir uma lado do local de origem. Francisco, litoral norte de Santa Cataricapela consagrada a Santo Antonio, moO zelador, que havia desvirado a estána, foi precedida pelo milagre. dificando desse modo seu plano inicial. tua nas duas vezes anteriores, comunicou o Preferindo não recusar aberta- . -- - - - - - - - - - - -- - - ----:io fato às autoridades locais. Organimente aquela proposta, a senhora zou-se nova procissão, sendo Noscondicionou a construção da capesa Senhora da Graça conduzida de la a um fato que teria poucas posvolta à primitiva capela. sibilidades de ocorrer: que um dos Em 1665 foi criada uma paróesteios, já fincados, viesse brotar. quia, iniciando-se a construção de Algum tempo depois, quando os uma igreja de grossas paredes de visitantes já haviam partido, Dna. pedra, em outro local no centro da Ermelinda foi avisada pelos operávila. Também por três vezes seguirios de que um dos esteios surpreendas, quando as paredes chegavam à dentemente havia brotado. metade da altura prevista, apareEm vista disso, a capela foi de ciam rechaduras que as faziam defato construída e consagrada a Santo sabar. Ainda hoje pedaços dessas Antonio dos Brotos. Mais tarde essa paredes se encontram no local. piedosa denominação foi mudada As autoridades e o povo, dianpara Miracema, que em tupi-guarate de tais fatos miraculosos, perceni significa "esteio que brota". Ap6s a tempestade, os tripulantes do bergantfm espanhol, beram que Nossa Senhora desejasalvos do naufrágio pela intercess3o da Imagem de Nossa va permanecer no lugar de origem, A primitiva capela foi demoliSenhora da Graça, desembarcam com ela na Ilha de S3o da no início deste século, em nome onde se encontra até nossos dias. Francisco, em Santa Catarina, tendo então cumprido a de um progresso adversário da trapromessa de construir uma capela em sua honra dição, mas restou este magnífico NUNES PIRES


9\[j;,6rez a e eilt:es t::radicionais análOgas "E próprio à nobreza e às elites tradicionais análogas formarem com o povo um todo orgânico, como cabeça e corpo" l'Õ'

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to larga, por onde se entra com as cautelas da tradição. Uma determinada classe ou profissão, ou mesmo uma pessoa digna, pode entrar na nobreza quando, após ter passado por uma modelagem social, presta um determinado serviço ao bem comum.

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;que sao nobreza e elites tradicionais análogas?(*> Hoje devemos começar o estudo propriamente do texto do livro que escrevi sobre a nobreza e as elites tradicionais análogas(**). Primeiramente o título, em que cada palavra tem sua razão de ser. Como o livro é uma defesa da nobreza e se dirige de modo mais especial-porém não unicamente.:...._ aos que são favoráveis a ela, a palavra" nobreza" figura com destaque no título. Este se refere ainda às elites tradicionais análogas. O que é uma elite, uma elite tradicional, uma elite tradicional análoga? A nobreza constitui uma elite. Como o próprio livro o indica, ela é uma espécie dentro do gênero "elites tradicionais" (cfr. p. 28). Enquanto tal, ela possui as características comuns a todas as elites. A elite é um escol social, um grupo de pessoas que se relacionam entre si a vários títulos e exercem uma atividade comum a todas elas; tal atividade lhes dá, pela própria natureza das coisas, uma participação no mando e na influência sobre certo setor da população. E cabe à nobreza, mais especificamente, manifestar com especial destaque estas duas características das elites: o mando e a influência. Falemos brevemente sobre a origem de cada uma delas.

Assédio de uma cidade exercido por exército feudal (gravura sobre couro do Kriegsbuch executada por Fronsperger, Frankfurt, 1573). Os Senhores feudais dirigiam a guerra, porque s6 eles conheciam a arte militar

Holocausto e influência social para elevar Antes de tudo é preciso deixar bem claro que o que caracteriza a verdadeira e autêntica nobreza é a elevação, o holocausto em benefício do bem comum. No mundo ocidental e cristão, tal nobreza provém dos antigos senhores feudais da Idade Média, guerreiros e agricultores, desbravadores e fundadores, verdadeiros chefes dos lugares ·onde se fixavam. Em caso de ataques e invasões, a eles cabia defender, dentro de seus castelos, os plebeus dos arredores, ameaçados de serem destroçados pelo adversário invasor. A eles cabia também enfrentar mediante a luta armada esse adversário, fosse ele um bárbaro, um maometano ou algum outro senhor cristão. Os nobres representavam assim, para o povo, a proteção de Deus. Era a proteção do senhor feudal concedida a toda a vassalagem, isto é, a todos os que, a algum título, eram seus vassalos. Os senhores feudais dirigiam a guerra porque só eles conheciam a arte militar, aprendida de seus pais e antepassados. O senhor era o general, o pai, o escudeiro de Deus, que devia expor-se aos maiores riscos para defender o povo que a ele se tinha confiado. Em caso de conflito bélico com outro país, o rei tinha o direito de convocar os nobres, mas não os plebeus. Era o nobre que ia para a frente de batalha, arriscar sua vida, sua integridade física, na defesa do bem de todos. Desse devotamento, dessa dedicação completa ao bem comum temporal, provinha a elevação e a consideração em que era tida a pessoa do nobre, e 'a natural posição de mando que da(decorria. Passemos a ver agora como era ex<ircida pelo nobre a ação de influência sobre as demais camadas da sociedade. É comum nizer-se que exerce influência sobre outro, aquele que tem uma ação profunda sobre o pensar, o querer ou a maneira de ser do outro. A nobreza deve influenciar, pois isto

Nobreza veneziana, "nobreza togada", magistério universitário

oOoge (autoridade suprema da República de Veneza).. . Rocco (1725) - Pintura de Cana/eito, Galeria .. . atingiu alto grau de refinamento, é um exemplo de ... atividade comercial

faz parte de sua missão. Ela deve não apenas morrer pelos habitantes do país, mas também exercer influência sobre eles, ensinar-lhes uma dás artes mais nobres que existe: a arte de viver. Ou seja, a arte do bom gosto, da boa ordenação da vida, das boas maneiras, da distinção. A arte, enfim, de ter o tônus humano próprio ao nobre. A tradição ia assim modelando esse tipo humano nas famílias nobres, que passava a ser o tipo humano que todos queriam seguir, porque achavam que se devia ser assim. E a criação de semelhante tipo humano é um dos deveres da nobreza. Uma pessoa não tinha obrigação de modelar-se segundo o nobre. Era apenas uma possibilidade, uma vantagem colocada ao seu alcance. Em nossos dias as pessoas se modelam de acordo com os atores de cinema, de teatro, de televisão etc. Eles é que influenciam as sociedades contemporâneas. Mas não constituem uma nobreza; porque não exercem essa influência no sentido de elevação, mas enquanto deprime, acachapa e desmoraliza. Constituem tais atores, por isso, uma péssima escola, que não pode ser tida como elite e, muito menos, como nobreza.

... e seu séquito visitando a igreja e a escola de São ... Nacional, Londres A nobreza veneziana, que ... elite tradicional análoga nobilitada, oriunda da

Elites tradicionais análogas: conceito e exemplos Passemos agora a ver o que se entende por elites tradicionais análogas à nobreza. Para uma elite ser análoga à nobreza é preciso que ela seja, antes de tudo, uma elite tradicional, ou seja, cuja existência já se estenda por várias gerações. Isto é muito lógico, pois, em geral, o primeiro membro de uma família que se toma muito rico não adquire logo as maneiras necessárias para ser uin nobre. Um homem, embora muito rico, mas ainda tosco, rude, não se encaixa bem num ambiente nobre, belo e elegante por natureza. Seu filho, e depois seu neto, vão recebendo algo de incomparável que aprimora as gerações: é a educação, a virtude, as maneiras e o modo de ser, que fazem com que uma família, com o tempo, se tome tradicional. Ao cabo de algumas gerações a família assimila aquela nota que só a antigüidade confere. Por sua vez, uma elite tradicional que muito faz em proveito do bem comum, é uma elite análoga à nobreza e apta a ser nela incorporada. Pois a nobreza não é uma classe fechada. Nela existe uma porta aberta, mui-

Um exemplo histórico muito característico de elite análoga nobilitada é o da nobreza veneziana. Durante vários séculos, a elite social e econômica de Veneza exerceu uma dupla função: de comerciantes, para adquirir fortuna, e de guerreiros, para defender seus navios mercantes contra os ataques dos maometanos. O comércio e a guerra eram atividades simultâneas. Assim, Veneza conquistou no Mediterrâneo oriental uma supremacia não apenas comercial, mas também política. Ora, sua classe dirigente não era constituída por nobres, mas por homens de comércio. E o comércio era considerado uma atividade plebéia, que o indivíduo exercia em proveito próprio e não em benefício do bem comum. Tais comerciantes, porém, constituíam uma classe de homens riquíssimos que foram, pouco a pouco, aprimorando sua cultura, seu modo de ser e sua maneira de viver. Seus palácios passaram a refletir arte e bom gosto. Ao cabo de duas ou três gerações, seus descendentes, enobrecidos pela cultura, já tinham o trato, a gentileza e o tônus dos nobres. Formavam então uma elite tradicional análoga à nobreza, pois além de exercer o mando e a influência em Veneza,já haviam adquirido o padrão humano próprio i\ nobreza. E, em razão dessa analogia, tais comerciantes cultivados passaram a casar-se com nobres, incorporando assim sua classe à nobre.~a. Em outros países da Europa também houve exemplos de classes ou famílias nobilitadas. Na Fran,ça, a classe dos magistrados - pela importância inerente ao cargo e aos assuntos de que tratavam, bem como pela riqueza que possuíam - passou a constituir uma elite análoga à nobreza, e mesmo uma nobreza de segunda ordem, a chamada "nobreza tcgada". Em outros lugares, além dos juízes, também os professores universitários cuja cultura, erudição e competência redundavam em proveito para a sociedade

PLIN/0 CORRÊA DE OLIVEIRA em geral - tomaram-se uma elite análoga à nobreza, podendo mesmo aceder a esta. Ou uma família que, por duas ou três gerações, contava entre seus membros. ao mesmo tempo, militares de alta patente, professores universitários e bispos, também podia ser nobilitada. Tais exemplos, entre outros, indicam maneiras de entrar na nobreza. O requisito necessário a todas elas era o serviço prestado ao bem comum temporal e a aquisição de um modo de ser e de viver compatível com a qualidade de nobre.

Autoridade de Pio XII: Defesa para a tese central Em sua parte final, o título do livro apresenta ainda, por uma explicável medida de segurança, a fonte da doutrina exposta em suas páginas: " .... nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nol)reza romana" . Ou seja, tudo o que o livro expõe sobre tal assunto está baseado nas palavras desse Sumo Pontífice. Assim, um ataque ao livro significaria um ataque ao próprio Papa. A autoridade papal constitui dessa formir a melhor defesa para a tese central da obra. (*) Excertos da conferência pronunciada pelo Prof.

Plinio Corrêa de Oliveira para ·sócios e cooperadores da TFP, a pedido destes, em 3-11 - 1992, na capital paulista. Sem revisão do orador. (**) Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Editora Civilização, Porto, 1993. Além dessa edição portuguesa, foram lançadas traduções da obra na Espanha, Itália, França e Estados Unidos.

Luiz XV preside, aos cinco anos de Idade, sua primeira sesslo especial do Parlamento de Paris, composto de magistrados, em 1715 {gravura da época). A Magistratura francesa, cognominada "Nobreza togada", é outro exemplo de elite tradicional análoga nobllltada


HAGIOGRAFlA

E.scREVEM OS LEITORES

Parabéns pela luta! ·\ , Nobreza Apreciei muito o artigo sobre o controle externo inserido no último Catolicismo. O ilustre advogado [e autor do artigo, Sr. Leo Daniele) bem apreendeu a realidade da falácia proposta como panacéia para os males da Justiça. Há tempos venho tentando pregar nesse deserto, qual João Batista, a respeito do tema. Sem muita receptividade, é certo, que a Imprensa está mais interessada em divulgar aquilo que a mídia lhe ordenar. Parabéns pela luta!

Acabei de ler com enorme agrado o livro da "Nobreza e elites tradicionais análogas, nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana", do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Obra monumentàl, esplêndida e magnífica. Arma potente contra a revolução gnóstica e igualitária, que mais eficaz seria, se mais difundida o fosse.

José R. Nalini -Juiz do Tribunal de Alçada Criminal São Paulo - SP

Órgão norteador Quero parahenizar a Editora pela publicação da revista Catolicismo, bem como a seus colaboradores e divulgadores, ciente que estou da .importância de tal Obra, como real Órgão norteador e defensor incansável do espírito e do pensamento Católico e da Civilização Cristã, nestes tempos de confusão e da propagação de falsas ideologias que enganam e afastam o gênero humano do verdadeiro caminho.

Zoroastro C. Ribeiro Jr. São Paulo - SP

Carlos A. Asinelli Maringá - PR

Pobreza e distinção Acabo de ler o edificante artigo que o Sr [nosso colaborador, Paulo Francisco Martos] escreveu sobre Santa Bernadete Soubirous. Está excelente e, estou certo, fará grande bem aos leitores. Se lhe for fácil obter, gostaria de saber o nome do Prelado que dobrou os joelhos diante da Santa e lhe pediu a bênção. É um exemplo muito tocante e útil para ser citado em certas ocasiões, inclusive polêmicas. Muito feliz o ângulo que o Sr. escolheu para focaliz,.r o tema: pobreza e distinção.

Celso Pedrosa - Montes Claros- MG

São CleDlente Maria Hofbauer: ''Coluna da Igreja'' no século passado - I Considerado o segundo Fundador da Congregação Redentorista, expandiu: a pelos continentes europeu, americano e australiano

e

!emente Maria Hofbauer nasceu na pequena aldeia de Tasswitz, ao sul da Morávia (região leste do Estado da Tchéquia, recentemente formado, devido ao desmembramento da antiga Tchecoslováquia). Tendo perdido seu pai aos sete anos de idade, ajudou sua mãe no cultivo do vinhedo até os 16 anos, quando, então, deixou a casa paterna, dedicando-se ao ofício de padeiro em Viena, particularmente junto aos religiosos premonstratenses. Após quatro anos de estudos, concluiu o curso ginasial no Colégio desses religiosos. Durante um ano, viveu numa ermida não longe do povoado de Mühfrauen. E só não continuou ali porque um decreto do Imperador José II proibiu na Áustria esse gênero de vida. Então, partiu ele a pé em peregrinação para Roma, e depois para Tívoli, onde havia um eremitério muito conhecido na Europa. Juntamente com um amigo de nome Pedro Kunzm~n, que o acompanhava, falou com o Bispo do fugar, futuro Papa Pio VII, que lhes mudou o nome, a fim de se esquececem completamente do século: João passou a chamar-se Clemente, e Pedro, Manoel.

por ela, e por ela dar até a última gota de seu sangue. Eis por que, mal ingressara na Congregação, já sonhava com sua propagação na região Norte da Europa. Queria levá-la também à sua pátria.

Ordenado sacerdote

Slo Clemente Maria Hofbauer - Desenho do Pe. Rlnn S.J. 400 horas a pé! Ingressaram ambos na

Congregação Redentorista, fundada em 1732 por Santo Afonso Maria de Ligório, cujas obras Clemente Maria havia lido e muito apreciado. A alegria do neo-redentorista foi indescritível: encontrara enfim sua vocação! Tornou-se redentorista de corpo e alma, entregando e consagrando à Congregação o amor robusto de seu coração, tomando por lema de sua vida trabalhar

Após o recebimento do hábito, cinco meses bastaram para que Clemente Maria e Pedro Kunzmann fizessem a profissão religiosa. Dez dias depois, ambos receberam a ordenação sacerdotal, contando Clemente 34 anos de idade. Os dois receberam então ordem de partir, a fim de levarem a cabo a fundação redentorista em seu país natal, dominado pelos iluministas e josefistas (*). O pérfido Imperador José II baixava decretos, uns após outros, suprimindo conventos, perseguindo os religiosos e impedindo o exercício do culto. Não era possível, em tais circunstâncias, pensarse em fundar novos conventos em Viena. De tudo isto São Clemente informou o Superior Geral, em Roma, o qual autorizou os dois neo-redentoristas a trabalhar na Curlândia (Rússia), para fundar casas e aceitar noviços.

Apostolado na Polônia

Faz-se Redentorista

NA SABEDORIA ESTÁ A BELEZA DA VIDA Ouve, filho, e recebe uma sdbia advertência, e não rejeites o meu conselho. [Na Sabedoria} encontrards no fim o teu descanso, e ela se converterd para ti em gosto. E os seus grilhões serão para ti uma forte proteção e um firme apoio, e as suas cadeias um vestido de glória; porque nela est4 a beleza da vida. · Se vires um .homem sensato, madruga para ir ter com ele, e gastem os teus pés os degraus da sua porta: Fixa a tua atenção nos preceitos de Deus SAGRADA ESCRITURA -

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CATOLICISMO, MARÇO 1994

Eclesiástico, cap. VI, 24, 29-32, 36-37.

O Santo cursou Filosofia na Universidade de Viena. Tinha horror aos seminários austríacos. infectados por idéias heréticas oriundas da França, onde o chamado iluminismo dava o tom. Governava então a Áustria o péssimo Imperador José II, amigo de Voltaire, que favorecia a heresia e perseguia a Fé católica, obrigando ademais os aspirantes ao sacerdócio a estudarem em seminários fundados por ele. Clemente, junto com um amigo de nome Tadeu Hübl, foi terminar seus estudos em Roma, depois de caminhar

Casa onde nasceu o Santo, em Tasswltz, sul da Morávia. No local da residência existe hoje uma Igreja dedicada a Slo Clemente Maria Hofbauer

A caminho da Curlândia, passando por Varsóvia, o Núncio Apostólico na Polônia reteve-os na capital polonesa, confiando-lhes a cura de almas dos alemães que ali habitavam. Receberam eles, para tanto, a igreja de São Bénno, construída sobre uma colina, no ponto extremo da cidade. Desejoso de consolidar para sempre seu trabalho, não hesitou São Clemente em fimdar associações para todas as classes de pessoas. Em particular, para a juventude, pois estava convencido de que baldados s~o todos os trabalhos em prol do povo, quando não


se ganha para o bem a mocidade de um modo duradouro. E isso porque os inimigos de Deus não se cansam de proporcionar à mocidade, p,<f todas as formas, meios de perversão. Em São Benno, o San1o viu-se sobrecarregado de trabalhos: era ao mesmo tempo superior redentorista de Varsóvia, mestre-escola, mestre de noviços e pai dos órfãos, tarefas que depois dividiu com outros dois sacerdotes. Em 1791, já existia em São Benno uma respeitável comunidade de cinco padres e dois irmãos leigos, com um noviciado de quatro clérigos. Nos arredores de Roma, junto ao Santuário Depois de terríveis guerras, que mariano de Qulntillolo (foto), o Santo viveu certo tiveram a Polônia por cenário, a potempo num eremitério pulação polonesa compreendeu que os bennonitas - assim eram ali chaO Santo lançou ainda mão do apostomados os redentoristas - procuravam lado de imprensa, para difundir a doutriunicamente a glória de Deus e o bem das na católica e defendê-la contra as teorias almas, sobretudo entre a mocidade. A dos enciclopedistas, iluministas e maigreja de São Benno tornou-se centro de çons, que se espalhavam então por toda edificante piedade. Em 1800, todos os a Europa. De um modo especial, dedimoradores de.Varsóvia e das imediações cou-se em propagar os livros de seu Funa conheciam e estimavam. Ali se pregava dador, Santo Afonso Maria de Ligório. uma missão contínua. De modo todo especial, São ClemenConversões operadas pela te fazia revestirem-se de solenidade e atuação do Santo pompa as procissões do Santíssimo Sacramento, particularmente na festa de Em 1792, um nobre cavalheiro suíço Corpus Christi. "As solenidades públipediu a São Clemente que se dignasse cas - dizia ele - atraem pelo seu esfundar em sua pátria uma casa da Conplendor e, aos poucos, cativam o povo, gregação. As esperanças do Santo maloque ouve mais com os olhos do que com graram: tendo viajado até Lindau, não os ouvidos". co·nseguiu fixar-se na cidade por causa da No púlpito, um dos temas prediletos revolução que acabava de arrebentar ali. de São Clemente era o da sublimidade da Na volta da viagem, São Clemente Fé católica. Com o passar do tempo, as visitou Viena. José II morrera. Gover. pessoas que freqüentavam a igreja de São nava a Áustria Francisco I, católico ferBenno começaram a levar uma vida de voroso, inimigo dos iluministas. Mas o piedade mais intensa, que se diria quase espírito josefista, que tudo perturbara, conventual. Dessa forma, a atividade ali ainda dirigia a burocracia; continuava desenvolvida pelo Santo irradiava-se por proibida toda e qualquer influência dos toda a cidade, e até para mais além, com bons bispos na formação dos teólogos; e grande proveito de inúmeras almas. nas preleções das Universidades, ensinavam-se os princípios falsos e heréticos do josefismo. A Associação dos Oblatas São Clemente procurou fundar para sua Congregação uma associação à qual pudessem pertencer os simples leigos. Algo semelhante à Ordem Terceira de São Francisco, à qual ele pertencera na juventude, em Viena. Fundou os Oblatos, entre os quais se encontravam pessoas virtuosas de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Os objetivos de São Clemente, ao instituir a Associação dos Oblatos, eram promover e secundar o apostolado leigo, a defesa da Igreja, da Fé e da moralidade, bem como a santificação pessoal de seus membros.

Escárnios, calúnias e ameaças contra os redentbristas em Varsóvia A prova mais evidente da conversão radiçal de muitos, e do bom espírito haurido na igreja de São Benno foi o combate, sempre crescente .. movido pelos livrepensadores de Varsóvia contra os redentoristas. Os livre-pensadores se sentiam seriamente ameaçados em seu governo absoluto sobre a cidade. Em 1800, São Clemente escreveu: "Os jacobinos [ou seja, os josefistas]

espalham contra nós toda sorte de invencionices injustas. Somos escarnecidos nos teatros públicos, o próprio Clero está contra nós, exceto o Bispo e alguns cônegos. Somos publicamente ameaçados com a forca" . Os inimigos usaram contra os redentoristas todos os meios vis de combate, de que se costumam servir • contra as ordens religiosas em geral: escárnio, calúnia, ameaça. A igreja de São Benno era apresentada por eles ao público como uma fonte de desordens e abusos, como se os redentoristas disseminassem a discórdia nas famílias, negligenciassem os deveres domésticos, roubassem as alfaias preciosas da igreja. enviassem ladrões para espoliarem os bens da igreja etc., etc. Se uns o veneravam a ponto de lhe beijarem a batina e os pés, outros votavam a São Clemente o mais entranhado ódio, como a um fanático, não poupando paus e pedras nem coisa alguma que o pudesse incomodar. Mais tarde, oihando retrospectivamente para esses acontecimentos de Varsóvia, o Santo dirá: "Uns prostravam-se diante de mim para me beijar os pés, outros me cobriam de lama; aqueles exa_geravam na honra e estes no desprezo" ... Em nossa próxima edição, concluiremos a apresentação dessa admirável biografia, que contém o prodigioso trabalho apostólico de um dos santos mais combativos - e mais combatidos pelos inimigos da Igreja - do século passado.

Luís CARLOS AzEVEDO (*) Josefismo (de José li, Imperador da Áustria) é

um sistema político-religioso que submete a Igreja inteiramente ao Estado em todos os seus interesses não puramente espirituais, e procura influir também na esfera religiosa da Igreja. O intuito do josefismo, de fato, era fundar uma igreja nacional austríaca, separada de Roma. O iluminismo (ou "filosofia das luzes"), no qual se inspirava o josefismo, é o sistema filosófico que preparou a Revolução Francesa de 1789. Colocava a razão corno supremo valor nesta Terra. E em nome dela proclamava a "libertação" em relação a toda Religião e o reino da igualdade absoluta. Serviu de base para as terríveis perseguições religiosas que então se desencadearam na França e depois em toda a Europa. OBRAS DE REFERtNCIA 1. São Pio X, Bula de Canonização do Beato Clemente Maria Hofbauer, 20-5-1909, in Actes de Pie X, Maison de la Bonne Presse. 2. Pe. Oscar Chagas Azeredo, CSSR, São Clemente Maria Hofbauer, Edição da Livraria Nossa Senhora Aparecida, Aparecida do Norte, 1928.

HISTÓRIA

Gênese da civilização cristã no Brasil A grande epopéia dos missionários portugueses na evangelização e colonização de nosso imenso País

F

oi dura a realidade que que deu origem ao atual Sanencontraram os portutuário da Penha. No decurso gueses quando aqui de aproximadamente vinte chegaram há 500 anos, não anos, vão os frades de São Francisco se instalando ·em correspondendo os nativos ao mito do "bom selvagem", vioutras capitanias. Com a criavendo numa América paradição, em 1584, da Custódia do Brasil, a atuação dessa Ordem síaca. O Brasil antes do Descopassaria a ter grande imporbrimento era habitado por um tância. Dedicando-se à cateconjunto heterogêneo de triquese, não tardaram os franciscanos a se expandir por bos indígenas . nômades e semi-nômades, contrárias a todo o território colonial, qualquer organização supeconstruindo igrejas e pacifirior, em permanente estado de cando índios rebeldes. guerra entre si. De norte a sul Os jesuítas chegaram ao da nação predominavam prátiBrasil apenas nove anos após cas de canibalismo, sacrifícios Primeira Missa - Óleo de Victor Melrelles - Museu Nacional, Rio. a criação da Companhia de Jehumanos, infanticídio, eutasus, em 1549, quando desemNossa Pátria nasceu à sombra da Cruz, presente no aliar em que se celebrou a primeira Missa, cujo oficiante foi o franciscano násia e diversas outras violabarcou na Bahia o primeiro Frei Henrique de Coimbra ções da Lei natural, além de pugilo de inacianos com o rituais sinistros com uso de beGovernador Tomé de Souza. Descobrimento: o cruzeiro que presidiu bidas alucinógenas, que terminavam em Era chefiada pelo Padre Manoel da Nóà primeira Missa celebrada por aquele atos de idolatrais e desregramentos mobrega, missionário, administrador e direligioso franciscano. rais. plomata exímio. Até 1585, entretanto, a atuação dos A Igreja Católica, no entanto, não se Ao seu lado, vários jesuítas trabafranciscanos foi esporádica. Em 1558, omitiu nem abandonou estas plagas, ao lharam inteiramente na "empresa do Frei Pedro Palácios construiu em Vitória, tomar conhecimento de tais aberrações. Brasil", a ela se dedicando de corpo e Capitania do Espírito Santo, uma capela, Nem Portugal deixou de lado seus alma, imolando até suas próprias empreendimentos, nos quais ocupavidas, como o Beato Inácio de Azeva especial lugar a propagação da vedo e seus 40 companheiros, marFé. tirizados por corsários calvinistas franceses em 1570; e outros 12, assassinados por ingleses e franceses As primeiras missões em 1571. As primeiras ações missionárias Os jesuítas foram, naqueles no Brasil realizaram-se através da tempos difíceis, desbravadores de Ordem de São Francisco, e, a sesertões, pacificadores de indígenas, guir, da Companhia de Jesus. construtores de fortalezas, colégios Era franciscano Frei Henrique e aldeamentos para os índios, nas de Coimbra, celebrante da primeira missões; criadores de nosso primeiMissa em nosso País, assim como os ro teatro, bem como da medicina e sacerdotes que, no início da coloniarquitetura pátrias; preservadores zação, para cá vieram com o intuito de línguas indígenas; cronistas de de dar cumprimento à grandiosa OBem-aventurado José de Anchieta recebe a bênç3o do tudo quanto ocorria no País nascenobra da difusão da Fé Católica. Pe. Manoel da N6brega em S3o Vicente, antes de partir te, como o Padre Fernão Cardim; para o Rio na esquadra de Estáclo de Sá - Pintura de Pode-se dizer que o Brasil nasceu à primeiros intelectuais da colônia, Benedito Callxto, Palácio S3o Joaquim, Rio de Janeiro como o Padre Antonio Vieira, que sombra da cruz, logo após seu


foi notável orador e diplomata hábil, uma das maiores figuras da língua portuguesa, além de ter exercido intensa atividade entre os nativos~ '

• Altar e trono unidos O insigne historiador jesuíta padre Serafim Leite, em sua História da Companhia de Jesus no Brasil, assim OBem-aventurado José de Anchieta escreve nas descreve esse período: "Se os coloareias de lperoig seu famoso "Poema à Virgem", nos e administradores portugueses enquanto exercia arriscada mlssito pacificadora governavam a terra e a cultura como entre os tamoios- Óleo de Firmino Monteiro, fonte de riqueza e elemento de soMuseu da Aboliçito, Recife - PE berania, os jesuítas da Assistência de Portugal amavam a terra e os seres vista .aliviar o trabalho dos jesuítas nahumanos que essa terra alinrentara no decorquela atividade. rer dos séculos. Os primeiros apoderaram-se Franciscanos, jesuítas, carmelitas, do corpo, nasceu o Brasil. Enquanto os beneditinos, mercedários e membros do Governadores, Capitães e funcionários iam clero regular embrenharam-se pelos mais estabelecendo bases do Estado, o elemento longínquos rincões do imenso território religioso alicerçava o nosso edifício com pátrio, dedicando-se à catequese e ajuformas tão elevadas e nobres, que dariam ao dando valentemente a ingente obra da conjunto a solidez da Eternidade" . colonização. Devemos mencionar, com destaque, a Outras Ordens relígiosas não figurafigura invulgar do Beato José de Anchieta, ram desde o início em nossa História, cognominado o Apóstolo do Brasil, que vindo porém a prestar mais tarde e nos sintetiza o espírito da obra missionária dos dias de hoje valiosos serviços, como os jesuítas e das outras Ordens religiosas que salesianos na catequese e missões junto vieram catequizar nossos silvícolas. aos indígenas, além do meritório trabalho Depois dos jesuítas, foram os Carmelitas de educação junto a nossa juventude. os próximos religiosos regulares a se estabeNão podemos deixar de aludir tamlecerem no Brasil, no ano de 1580. A catebém aos maristas, lazaristas, mínimos quese efetuada por eles teve muita importân(São Francisco de Paula), bem como às cia na Amazônia, no sentido de incorporar Irmãs de Caridade (São Vicente de Pauaquela região à comunidade brasileira. lo), às da Diviria Providência e outras Em 1584 vieram os monges beneditiOrdens desconhecidas nos primeiros nos, que fundaram diversos mosteiros no tempos da História do Brasil e que só território nacional, dedicando-se mais à entraram há pouco em nosso País. educação do que à catequese, tendo em

A Igreja no Brasil

Jovens índias tecem redes e tapetes sob a orientaçito de uma religiosa, em Mlssito Saleslana às margens do rio Maupés, afluente do rio Negro, no Am_azonas. Tanto o ramo mascullno quanto o feminino da Congregaçito Saleslana vieram para o Brasil na segunda metade do século passado, dedicando-se especialmente à formaçlo da juventude e às Missões; naquela regllo amazônica o trabalho missionário salesiano Iniciou-se em 1916

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CATOLICISMO, MARÇO 1994

Nosso mais antigo Bispado foi estabelecido em 1552, com sede em Salvador, sendo seu primeiro titular D. Pero Fernandes Sardinha. A diocese compreendia 'todas as terras do Brasil, situação que durou até 1639, quando se criou a diocese do Rio de Janeiro, que abrangia as capitanias do Sul. Salvador, em 1676, tornou-se sede de Arcebispado, tendo sido criada, naquela ocasião, a diocese de Pernambuco. Seguiram-se depois as instalações do Bispado no Maranhão, em 1677, do Grão Pará, em 1717, de São Paulo e Mariana (MG), em 1745, além da~ Prelazias de Cuiabá e Goiás. Estava assim estabelecido o governo eclesiástico, a estruturação do C:ero e o culto organizado em todas as latitudes. O trabalho exercido pelos missionários encontraria, a partir de 1750, um inimigo implacável: o Marquês de Pombal, ministro de D. José I, rei de Portugal,

que dominou todo o período de governo de 1750 a 1777. Assumindo uma atitude persecutória e anticlerical de funestas conseqüências para a História nacional, e movido pelo ódio à Igreja Católica, veio ele a expulsar a Companhia de Jesus do Brasil em 1760. Daqui saíram mais de 600 jesuítas, fechando-se seus colégios e escolas, ficando ao abandono as aldeias indígenas que administravam. Esse trágico episódio de nossa História é por demais complexo para ser tratado neste artigo. Proclamada a Independência em relação a Portugal, no ano de 1822, ficou estabelecido pela Constituição Imperial de 1824 que o Catolicismo continuaria a ser a Religião oficial da Nação. Proclamada a República, em 1889, adveio a nefasta separação entre a Igreja e o Estado em nosso País.

Leão XIII elogia Descobrimento Contemplando todo esse vasto panorama histórico sucintamente apre.sentado, pode-se compreender por que o Papa Leão XIII, ao transcorrer · o IV Centenário do Descobrimento da América, em 1892, na Encíclica comemorativa Quarto Abeunte Saeculo {Transcorrido o Quarto Século), considerou aquele grande fato histórico como sendo parte dos desígnios de Deus, qualificando-o como a "façanha mais grandiosa que hajam podido ver os tempos". De fato, afastadas as trevas do paganismo, os nativos conheceram o verdadeiro Sol da Justiça que é Nosso Senhor Jesus Cristo, e aprenderam a amar a intercessão de sua Santíssima Mãe, a Virgem Maria, abrindo-se para eles as sendas da Civilização Cristã. Por todas as partes do imenso continente descoberto, nasceram os aldeamentos indígenas, protegidos pelas leis de monarquias católicas. A essa magna epopéia, que uniu o altar e o trono, dedicaram suas vidas descobridores, conquistadores, colonizadores, fundadores de povos e cidades, Prelados, evangelizadores e civilizadores. Derramaram seu sangue, como mártires, religiosos, leigos e índios convertidos. Multiplicaram-se sem fim povoados, vilas e cidades, nos quais floresceram o artesanato, a agricultura, a criação de gado, a pesca no litoral, o comércio e todos os tipos de atividades. Surgiram os Governos Gerais, os Paços Municipais, os tribunais, constituindo uma imensa rede político-administrativa: assim nasceu o Brasil. CARLOS SODRÉ lANNA

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CAlULlClSMO

N9 518 Abril

Discernindo, distinguindo, classificando•..

O DESPRESTÍGIO DA LETRA DE FORMA Cai velozmente a credibilidade da mídia - População nem se lembra de "Betinho"

A

"Betinho" é a figura mais popular de expressão que antigamente se seus critérios e suas preferências ao nossa Pátria. usava "tal coisa é verdade, a público, que acabou por se desacrediEntretanto, a realidade é outra e até tar. prova é que saiu publicada em bem outra. letra de forma", ficou completamente *** O conceituado Instituto Gallup de ultrapassada. A letra de forma da imAinda há pouco, pesquisa constatou prensa, pouco impressiona hoje em dia. indiretamente a pequena força de con- opinião pública fez uma pesquisa por É bem interes- ~ - - -.- - - - - - - - - - - ~ vencimento da mí- todo o Brasil. Os entrevistados, de todia. das as classes sócio-econômicas, devesante o depoimenTodo mundo riam responder à seguinte pergunta: to do Dr. Gilberto que lê jornal no "Quais os homens e mulheres do munGeraldo Garbi, Brasil ou acompado atual que você mais admira?" engenheiro de tenha a televisão já Houve preferidos de todos os tipos, lecomunicações ouviu falar de uma mas entre eles não estava "Betinho" ... pelo Instituto Tecfigura que a mídia nológico da AeroA lista dos onze homens mais admináutica e presirados é encabeçada pelo Papa João Paulo II, o que dente da NEC do evidencia o fundo católico Brasil ("Folha de da alma brasileira, fato tamS. Paulo", 11 - 1-· Os meios de 1994): bém pouco salientado pela comunicação mídia. "Tive muitos social... Entre as mulheres mais desapontamentos admiradas pelos brasileiros, com a grande ima primeira é Margaret Thatprensa .... assuntos aos quais estive ligado não foram tratados à luz da verher, a conhecida dama de ferro, figura bastante conserdade". E o engenheiro cita vários casos cm vadora. Há depois atrizes e ... querendo impor seus critérios e suas preferências que o jornal "Folha de S. Paulo" agiu outras, e cm oitavo lugar a ao público, acabaram por se desacreditar rainha Elizabeth. de modo leviano ou então fugiu "ao reconhecimento do erro que cometera", uriosamente, logo tem feito conhecer como "Bctinho". ou ainda omitiu o que não devia omitir. aba ixo da notícia sobre essa pesquisa, Trata-se de Herbert de Souza, um Acusa ele o jornal de estar "sucumbino jornal "O Estado de S. Paulo" (31-1do ao preconceito e julgando sem apro- dos principais chefes de uma empresa 94) apresenta um verdadeiro coro de ideológica chamada IBASE, organisfundar-se". lamentações: atores e outros não se mo de esquerda que vive pregando ReE, a propósito de uma concorrência conformam com o fato de o povo não havida na Telebrás, acrescenta: "Para forma Agrárià. Foi desse Instituto que se ter lembrado de "Betinho". nasceu a chamada "Campanha contra a ser justo devo declarar minha opinião E o jornal, numa espécie de reparade que 'O Estado de S. Paulo' e o 'Jor- fome", da qual "Betinho" é a principal ção por "Betinho" ter sido esquecido, figura. nal da Tarde' levaram o troféu levianpublica uma fotografia dele, colorida e Pois bem, tomando por base essa muito maior do que as dos personagens dade e preconceito". Imputa ele aos jornalistas o preten- campanha, a mídia não tem poupado mais admirados. elogios a Herbert, a todo momento e a derem "distinguir-se dos mortais coPoucos fatos mostram com tanta todo propósito. É tal a propaganda que clareza que nem sempre os mais desmuns" . E afirma: "armados de veículos poderosos, jornalistas sentem-se acima se faz em torno de seu nome, que o tacados pela mídia são os preferidos Presidente Itamar resolveu lançá-lo ofi- da população. E como é conveniente do bem e do mal e juízes das mais complexas causas, para as quais não cialmente como candidato ao prêmio desconfiar das popularidades forjaNobel da Paz. têm preparo". das. Quem considerasse as coisas no Depoimentos semelhantes já têm Hoje em dia é preciso ser muito Brasil apenas pelo que se vê, ouve e lê crédulo para não desconfia r da mísaído daqui e dali. A mídia tanto .abusou de seu enorme poder, querendo impor na televisão, rádio e imprensa, diria que dia.

2

CATOLICISMO, ABRIL 1994

1994

Assestando o Foco CATOLICISMO, por ocasião da Semana Santa, apresenta a seus leitores, nesta edição, um magnífico texto para reflexão: a VIA SACRA que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu há 51 anos, estampada no "Legionário", órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo, em sua edição de 18-41943 . Dois meses após a publicação da referida matéria, aquele insigne pensador t: escritor católico, então diretor do "Legionário", lançou um livro-bomba - "Em Defesa da Ação Católica" - denunciando, de modo inédito, os erros do progressismo nascente. Desde que vieram a lume tais escritos, transcorreu meio século. Os erros apontados naquela época, com tanta clarividência, ganharam tragicamente proporções descomunais, gerando a profunda crise que assola hoje à Santa Igreja. Esta seção transcreve abaixo excertos de recente artigo do mesmo autor - distribuídos a órgãos de imprensa nacionais - que aprofunda o significado da Paixão de Nosso Senhor e da Igreja, nesta Semana Santa de

1994. Artigo este que, em certo sentido, constitui providencial atualização da VIA SACRA de 1943: "A evidência dos fatos deixa patente que, a partir do Concílio Vaticano li penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a "fumaça de Satanás", de que falou Paulo VI. a qual se foi dilatando dia a dia mais, com a terrível força de expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis almas, o Corpo Mfstico de Nosso Senhor Jesus Cristo entrou no sinistro processo da como que autodemolição, a que aludiu aquele mesmo Pont(fice, em Alocução de 7 de dezembro de 1968. "A atitude normal de um católico vendo a Igreja, sua Mãe, passar por essa crise deve ser antes de tudo de profunda tristeza,[orque é lamentável que isso seja assim. um perigo para incontáveis almas que a Igreja seja afligida por tal crise. E, por essa razão, pode-se ·ter a certeza de que, quando Nosso Senhor, do alto da cruz, viu todos os pecados que haveriam de ser cometidos contra a obra da Redenção, que Ele consumava de modo tão profundamente doloroso, sofreu

Índice

~~,,_.,,.,.1

Discernindo

O desprestigio da letra de forma

2

A Rea/ldade conclsa~te

Violação da ordem natural

enormemente, em vista de tal gênero de pecados, cometidos em nossos dias. "Considerando quanto Nosso Senhor sua SantíssimaMãe sofreram por causa do que agora está se passando, é impossível não se ficar consternado, muito mais do que em qualquer Sexta-Feira Santa anterior, porque, talvez, este seja dos pontos mais agudos da Paixão e que se mostra em toda a sua hediondez. nas atuais circunstâncias da vida da Igreja. "Se nosso Redentor está sofrendo, devo querer padecer aquilo que O atormenta. E sofrerei isso meditando nas dores d Ele. Esse é o meu dever, dada a união que Ele condescendeu misericordiosamente em estabelecer entre Si mesmo e eu. E o que" não for isso não pode deixar de ser qualificado senão de abominável. "Os dias em que vivemos são de gravidade, de tristeza, mas na última fímbria do horizonte aparece uma alegria incomparavelmente maior do que qualquer gáudio terreno: a promessa de um sol que nascerá o Reino de Maria, anunciado, no ano de 1917, por Nossa Senhora, em Fátima".

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Catolicismo é uma

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publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Lida.

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Diretor:

Destaque

Sem-terra matam ex-empregado da fazenda Jangada

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Nobreza e elites tradicionais análogas

Diversidade harmônica das classes sociais

Paulo Corrêa de Brito Filho

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Jornalista Responsável:

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Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob o Nº 13748 Redação e Gerência:

TFPsemação

"Nobreza e elites tradicionais análogas' apresentado ao público napolitano

Rua Martim Francisco, 665 01226-001 - São Paulo, SP Tel: (011) 824-9411

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História

Milag res e prodígios na História do Brasil

Diagramação:

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Antonio Carlos F. Cordeiro e Willians Cezar Oliveira

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Microformas Fotolitos Lida. Rua Javaés, 681 - 01130-010 São Paulo - SP

Brasil real, Brasil brasileiro

Cidade de Goiás, Brasil autêntico que se foi ...

Fotolitos:

Caderno Especlaf.

Semana Santa -- Via Sacra

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Impressão:

História Polftlca .

Previsões do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira confirmadas por Castro

Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. Rua Javaés, 681 - 01130-010 São Paulo - SP

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Hagiografia

São Clemente Maria Hofbauer: 'Coluna da Igreja" no século passado

Acorrespondência relativa à assinatura e venda avulsa pode ser enviada ao Setor de Propulsão de Assinaturas. Endereço: Rua Martim Francisco, 665 CEP 01226-001 - São Paulo SP • Tel.: (011) 824-9411

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Empalnel

Frases e imagens

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Nossa capa: Cristo da Boa Morte, também conhecido como Cristo dos Estudantes -- escultura de Juan de Mesa, séc. XVII, capela da Universi dade, Sevilha (Espanha)

ISSN - 0008-8528

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CATOLICISMO, ABRIL 1994


Violação da ordem natural Resolução do Parlamento Europeu, proposta pela deputada "verde" alemã Cláudia Roth e aprovada por 159 votos contra 96, apóia uniões de homossexuais, inclusive o direito de estes adotarem crianças. "Promover as tendências homossexuais significa violar a ordem natural estabelecida por Deus a partir do momento da Criação" - declarou "L'Osservatore Romano", órgão oficioso do Vaticano, ao comentar o assunto. Dias depois, João Paulo II, durante discurso na Praça de São Pedro, reiterou a condenação: "com essa resolução, o Parlamento Europeu pede que uma desordem moral seja legitimada", acrescentando: "um relacionamento entre dois homens ou duas mulheres não pode constituir uma família verdadeira, e não se pode garantir a tal união o direito de adotar filhos". A abominável iniciativa do Parlamento Europeu - que causa indignação a todos os católicos dignos desse nome e mesmo aos espiritos retos que reconhec.:em a existência

de uma Lei moral natural evoca a lembrança do terrível castigo infligido por Deus a Sodoma e Gomorra, narrado no Antigo Testamento. Essas duas cidades, cujos habitantes praticavam a homossexualidade, foram devoradas por fogo vingador enviado do Céu. E cabe ainda recordar que esse vício contra a natureza é qualificado, no catecismo católico, como pecado que "brada ao Céu e clama a Deus por vingança".

A fome, belo pretexto! Herbert de Souza, o Betinho, deseja promover "uma mudança que leve a uma igualdade social .... A distribuição de comida, na verdade, é apenas um primeiro passo ... O que se pretende é mudar o rurrio do Brasil" ("Jornal do Advogado", SP, nº 193, novembro de 1993). O organizador do chamado "Movimento contra a fome" parece desta forma retomar a surrada cantilena marxista pró-nivelamento social. Tal se faria em três etapas: primeiro, socorrendo os que têm fome; segundo, criando em-

pregos; terceiro, atacando "questões mais estruturais" (idem). Vale lembrar: os países que

Herbert de Souza, o Betlnho, propondo que, de futuro, se ataquem "questões mais estruturais", faz lembrar as fracassadas "reformas estruturais" da ex-URSS e de Cuba ... promoveram as "reformas estruturais" - Cuba e a exUnião Soviética, por exemplo - foram exatamente os que caíram na maior miséria já vista na História. Para o Brasil de nada valerá esta trágica lição?

Descalabros da política A Câmara dos Deputados

aprovou, recentemente, projeto de readmissão integral dos 108 mil servidores públicos, de autarquias e estatais, demitidos no Governo Collor. Houve apenas 45 votos contrários. Segundo analistas políticos, os parlamentares, com a aprovação do projeto, contavam angariar votos dos demitidos e de seus familiares. Não surpreende que, uma vez mais, o Legislativo atue desta forma - é ele, infelizmente, useiro e vezeiro em propor dispêndios colossais sem indicar receita para tal. Assombra, isto sim, que, mergulhado no mais evidente descrédito - a CPI do Orçamento trouxe à baila revelações bem pouco lisonjeiras a respeito ... - , uma das Casas do Congresso intente beneficiar irrestritamente, às custas do contribuinte, exorbitante número de funcionários públicos. Como é obvio, não podendo o Erário arcar com esses custos, certamente os particulares acabariam gravemente onerados, via impostos extorsivos, com a aprovação da medida. Ociosa e perdulária, geradora de inflação e pobreza, a máquina estatal brasileira continua a gozar de sólidos e "generosos" apoios no País!

Rússia: tudo como dantes...

Yegor Galdar (direita) e Boris Fyodorov pediram demissão, em janeiro ú/1/mo, de seus cargos de Primeiro Ministro e de Ministro das Finanças, respectivamente, por discordarem da recente orientação estatizante que o atual Governo russo, liderado por Yeltsln, vem assumindo, devido à Influência crescente de antigos comunistas

Anunciada a "morte do comunismo" faz poucos anos, ingênuos (?) ou desavisados de toda ordem - sempre ilusionistas sôfregos - receberam a notícia com invariável credulidade. Transcorrido pouco tempo, contudo, os fatos começaram por desmentir os prognósticos dos otimistas. Com efeito, se nos circunscrevermos à Rússia, pouco encontraremos, hoje, de alentador no tocante às expectativas geradas com grande alarde publicitário. Bem ao contrário, observadores ocidentais em Moscou fazem notar que as grandes estatais do antigo regime soviético continuam sendo subsidiadas, os monopólios persistem, diretores e gerentes são mantidos em seus postos, as normas propostas pelo FMI para controlar a inflação são simplesmente ignoradas, e a maciça ajuda financeira recebida do Ocidente vem sendo empregada unicamente para a preservação do statu quo. Yegor Gaidar, ex-ministro da Economia, renunciou ao cargo, denunciando, precisamente, que "as grandes empresas [do setor público] impedem aneformas, pois preferem sobreviver apoiadas nos subsídios governamentais .... ou à custa dos contribuintes, como acontecia durante mais de 70 anos".

Na manifestação contra a escola particular ... - Realizou-se em Paris· uma manifestação contra a subvenção concedida às escolas particulares, que na quase totalidade são escolas católicas. Embora a imprensa francesa falasse de 600 mil participantes, a polícia calculou seu número em 260 mil. O dia estava chuvoso e feio e um manifestante disse: "Um clima verdadeiramente de esquerda ... O céu é aristocrata".

*** ... Blasfêmias e ataques à Igreja - Anticlericais usavam trajes de bispo, com mitra e báculo. Um cartaz mostrava um crucifixo proferindo uma blasfêmia. Eis alguns slogans bradados durante a passeata: "Dinheiro para a escola do diabo, pregos para a escola particular!" (eles mesmos se intitulam defensores da escola do diabo!); "Abai-

xo o barrete [chapéu usado antigamente por eclesiásticos], liberem o preservativo"; "Dinheiro para os leigos, leões para os cristãos; "Pedagogia sim, Eucaristia não"; "Deus não está conosco, mas isso nós já sabíamos". Ao lado dos anticlericais havia também - o que representa um escândalo! - "católicos" progressistas da revista "Témoignage Chrétien" [Testemunho cristão]. ***

A esquerda sem máscara - Nos últimos tempos, a esquerda francesa e setores laicos daquele país, como aliás do mundo inteiro, vinham se apresentando, devido ao clima criado por um ecumenismo mal entendido, como tolerantes em relação à Religião católica, quando não simpáticos. A referida manifestação foi, assim, muito elucidativa, pois teve o mérito de

arrancar tal máscara de tolerância: a esquerda, nessa ocasião, ostentou sua verdadeira face religiosa, que 'é virulentamente anti-católica, cínica, amoral e blasfematória.

*** Best seller internacional -

o

livro "Fátima, mensagem de ~sperança ou de tragédia?", de ,autoria do brasileiro Antonio Augu_~to Borelli Machado, sócio da TFP, está sendo amplamente difundido no ex-império soviético. Foram editadas três edições em russo, totalizando 310 mil exemplares, e uma em lituano, de 100 mil. Dessa importante obra, prefaciada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, presidente da TFP, já foram feitas 114 edições, em nove línguas, alcançando o impressionante total de 1.892.000 exemplares.

DESTAO!J!\J Sem-terra matam ex-empregado da Fazenda Jangada Assassinatos levados a cabo por invasores de terras vão constituindo assustadora rotina, neste Brasil onde as invasões gozam de impunidade espantosa. Tendo se iniciado em regiões de fronteira jlgrícola, os assassinatos foram se expandindo para terras densamente exploradas. Foi o caso dos três soldados mortos em emboscada, por chamados sem-terra, próximo a Cascavel (PR), em março/93; ou do faze ndeiro Marco Antonio Stedile, em Santa Catarina, morto quando da invasão da Fazenda Carrapatinho. Agora, o crime se instala também em Getulina, Estado de São Paulo. Nesse município, _a invasão das fazendas Jangada e Ribeirão dos Bugres, em 8 de outubro de 1993, de certo modo foi paradigmática, envolvendo inclusive o Bispo de Lins, D. Danelon (cfr. "Informativo Rural", da TFP, dezembro/93). Com grande arrogância, os sem-terra negaram-se a aceitar todas as intimações para desocupar o local, e só saíram premidos pela força policial. Porém ... continuaram rondando, e promoveram nova invasão da Fazenda Jangada em 7 de fevereiro último, declarando que desta vez não sairiam. Tinham, evidentemente, as costas quentes. E acabaram por

acrescentar, ao crime de invadir a propriedade alheia, outro pior que é o homicídio. De fato, dois dias após a invasão, o ex-empregado da Fazenda Jangada, Rafael Ortelhado, 70 anos, foi morto. Diga-se de passagem, os verdadeiros trabalhadores rurais, como é o caso dos empregados de fazendas, sistematicamente não aderem aos invasores. As circunstâncias do crime são narradas por Antonio F. Ribas, um dos herdeiros da área (cfr. "O Estado de S. Paulo", 11-294). Conta ele que se tratou de uma emboscada. Os invasores bloquearam uma porteii:a da propriedade e, quando a caminhonete onde estava Ortelhado parou, aproximadamente 50 sem-terra cercaram o veículo. Enquanto o motorista acelerava, tentando fugir, dezenas de tiros foram disparados pelos sem-terra e um deles perfurou o vidro traseiro, acertando a nuca da vítima. · O crime ocorreu por volta das 19h15. No mesmo dia, os líderes do Movimento Sem Terra (MST) deix'aram o acampamento ... E, no dia seguinte, às 7 horas da manhã, todos os mil e quinhentos invasores já haviam desmontado suas barracas e começavam também a deixar a área. Eles, que pouco antes blasonavam que resistiriam até à polícia, empreendiam por si sós uma retirada que mais parecia uma fuga ...

Em tempo: no encerramento desta edição, noticiou a imprensa que o perito da Justiça Federal, Mário de Souza Júnior, entregou, em 24 de fevereiro, laudo considerando a fazenda Jangada como produtiva ao juiz Sérgio Lazarini, da Justiça Federal em São Paulo. Isso representa novo revés para os sem-terra e o INCRA, após a morte de Rafael Ortelhado, vítima inocente dos "pacíficos" invasores, tão incensados por órgãos da mídia ...

Vista parcial do acampamento dos sem-terra, que Invadiram as fazendas Jangada e Ribeirão dos Bugres, em 8 de outubro ú/1/mo; os mesmos Invasores desocuparam a fazenda Jangada em 10 de fevereiro passado: a morte ocorrida "do outro ladoH inutilizou o plano de resistir ao despejo que a PM Ida empreender


9\[{Jbreza e eUtes tradicionais anáfogas "É próprio à nobreza e às elites tradicionais análogas formarem com o povo um todo orgânico, como cabeça e corpo" PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Diversidade harmonica d·as cllasses sociais - Direitos de cada uma delas(*) Numa sociedade bem organizada existe a especialização de funções e a instituição do morgadio, que consiste em atribuir ao filho mais velho a maior parte da herança paterna, a fim de preservar o patrimônio familiar

e

OMO os senhores estão vendo, todos os pensamentos, toda a impostação de nosso livro está baseada na orientação de Pio XII. Os textos de Pio XII são a base, são o fundamento do que eu digo. Dentro dessa fidelidade à doutrina ensinada por aquele Pontífice, que é a doutrina tradicional da Igreja, uma das teses mais importantes do livro é a de que, numa sociedade orgânica bem constituída, deve haver uma diversidade hierárquica e harmônica de classes sociais, um intercâmbio de ajuda e de serviço éntre elas. Todas devem

Para nivelar o trabalho Intelectual - de gênero superior-à atividade braçal, a China comunista, na era de Mao-Tse-tung, obrigava pr!J_fessores e funcionários da Universidade de Pequim a exercerem atividade manual no campo

Cada ano, os habitantes da pequena e pitoresca cidade alemã de Oberwesel vestem roupas que usavam seus ancestrais, e revivem, durante um festival, a harmoniosa convivência desfrutada pelas classes sociais na Idade Média ser atendidas em suas necessidades para que possam viver segundo sua posição na escala social. Quem está hipnotizado pelo problema de atender somente aos operários manuais e se torna infenso ao auxílio às outras classes, tem um espírito de luta de classes, um espírito comunista. Para os comunistas deveria haver uma só classe, a proletária. A ditadura comunista seria a ditadura do proletariado. O governo emanado dessa classe única exerceria sobre toda a população não proletária uma autoridade despótica, que reduziria tudo ao proletariado. Ora, quem possui essa visão das coisas não compreende a utilidade deste livro. . É evidente que as TFPs são favoráveis a que se ajude a classe dos operários. Mas . tal ajuda não deve importar em reduzir as outras classes à mera aparência, e obrigálas a ter um papel nulo dentro da sociedade. Isto seria fazer o jogo do comunismo, que deseja a extinção delas. Cada classe tem o direito às condições necessárias para viver como convém a sua posição social. Uma classe de profissionais liberais, de militares, de diplomatas, devé ter os meios suficientes para viver de acordo com a sua condição de profissionais liberais, de militares ou de diplomatas.

Numa sociedade bem organizada, em que há funções diferentes, trabalhos diferentes, responsabilidades diferentes, é preciso que cada um tenha a possibilidade de viver conforme a situação que ocupa. Pelo princípio da especialização das funções, os que podem menos devem fazer o menos, e os que podem mais devem fazer o mais. Para a sociedade não há vantagem alguma em que um cientista de alto valor seja obrigado a lavar diariamente os pratos de sua própria casa. Existem pessoas com menos inteligência, menos capacidade, menos discernimento das coisas, que podem lavar os pratos melhor que ele. Não é verdade que quem pode o mais pode o menos; muitas vezes quem pode o mais é incapaz de fazer o menos. A correta observância desses princípios resulta em proveito para toda a sociedade, pois esta lucra quando seus cientistas aplicam seu tempo e suas preocupações em resolver os problemas que lhes são afins, e não sejam obrigados a realizar funções que prejudicariam sua contribuição para o bem comum e que poderiam ser executadas mais perfeitamente por outros menos dotados que eles. Pois o próprio bem comum supõe uma classe, um padrão, um tratamento, uma situação diversa, conforme a nobreza intrín-

No caso de uma família nobre, apenas seca do trabalho executado. Um grande o primogênito herdava o título, enquanto os cientista, por exemplo, faz parte de um outros filhos eram considerados como ficerto tipo de elite; favorecê-lo é favorecer dalgos (filhos de algo). toda a sociedade e, portanto, também o Assim o patrimônio familiar era preseroperariado. vado, passando praticamente intacto às Um certo número de padres e de bispos contemporâneos concebem a Igreja à ma- . mãos do filho mais velho. A lei da partilha obrigatória, pelo contrário, obriga a dividir neira de um partido trabalhista, ou de um igualmente a herança entre os diversos fisindicato, que deve favorecer apenas os lhos. Ao cabo de algumas gerações, o antitrabalhadores manuais. Entretanto, a Igrego patrimônio fami liar está liquidado; e a ja, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, família, como um todo, decai em sua positem por dever, por missão, favorecer todo ção social e econômica. São poucas as fao conjunto social e não apenas uma classe, mílias que conseguem escapar dessa decaseja ela qual for. dência, em virtude de tal lei. É de se notar que a instituição do morA instituição do morgadio gadio, durante a Idade Média e o "Ancien Régime", existia até mesmo para as famíUma instituição que havia em outras lias da plebe, com modestos recursos finanépocas com a finalidade de manter as famíceiros, os quais, entretanto, deveriam ser lias - e, portanto, as classes - na posição preservados. social e econõmica que lhes competia, era Ao contrário do que parece, a instituio morgadio. ção do morgadio não trazia só vantagens Consistia este em atribuir ao filho mais para o filho mais velho e só prejuízos para velho - o morgado - a maior parte da os outros irmãos. Pois qualquer um destes herança paterna, enquanto os outros filhos Ünha o direito de ser mantido pelo primoherdavam apenas uma parcela diminuta. gênito, em caso de infortúnio pessoal. Os Assim, o primogênito podia continuar no fidalgos, ainda que parentes em grau relastatus social e econômico dos pais, enquantivamente distante, sofrendo algo que os to os outros tentavam ganhar a vida de impedisse de trabalhar e prover ao próprio modos e em lugares diversos.

Patriciado romano e Nobreza romana O Patriciado romano subdividia-se em duas categorias:

A Guarda Nobre Pontlffcla apresenta a Pio XII os seus votos por ocas/lo de passagem do ano, através do Comandante do Corpo, Príncipe Chlgl dei/a Rovere

a) Patrícios romanos, que descendiam daqueles que, na Idade Média, haviam ocupado cargos civis de governo na Cidade Pontifícia; b) Patrícios romanos conscritos, os quais pertenciam a alguma das 60 famílias que o Soberano Pontífice havia reconhecido como tais numa Bula Pontifícia especial, na qual eram citadas nominalmente. Constituíam o creme do Patriciado romano. A Nobreza romana também se subdividia em duas categorias: a) Os nobres que provinham dos feudatários ou seja, das .famílias que tinham recebido um feudo do Soberano Pontífice; b) Os nobres simples, cuja nobreza provinha da atribuição de um cargo na Corte ou então diretamente de uma concessão Pontifícia.

(Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Editora Civilização, Porto, 1992, p. 27, nota 1).

Solar de Mateus, dos Condes de Vila Real (Portugal, Pela instituição do morgadio, solares como esse conservaram-se na mesma família, porque apenas, filho primogênito - o morgado - os herdavam sustento, tinham o direito de morar na casa senhorial da família e de aí receberem todo o necessário para si e para sua família, por tempo indeterminado. O patrimônio do morgado era, assim, uma espécie de instituto de previdência social para todos. O morgadio não era um mar de rosas para o primogênito. Pois a ele competia trabalhar muito para tirar da terra e dos bens que herdara o sustento para todos da família que estivessem em necessidade. Tanto assim que muitas vezes o morgado renunciava ao morgadio e o transferia a um irmão mais moço. Ele preferia ir para a guerra a continuar com o trabalho e a responsabilidade de sustentar os parentes necessitados. O morgadio era, portanto, uma função honrosa mas pesada. Era também uma instituição justa. Injusto é a família desaparecer como unidade sóc'io-econômica após algumas gerações, em conseqüência de várias partilhas obrigatórias. E, como não .podia deixar de ser, era muito melhor ficar dependente do morgado ou de seus descendentes, do que dos modernos institutos de previdência social, esta infeliz excrescência do paternalismo estatal socialista. (*) Excertos da conferência pronunciada pelo Prof.

Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, em 4-11-1992, comentando, a pedido destes, a obra de sua autoria Nobrel.ll e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio Xll ao Patriciado e à Nobrel.ll romana (Editora Civilização, Porto, 1992). Sem revisão do conferencista.

,~ ATOUCISMO, ABRIL 1994

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TFPsEMAÇÃO

Nobreza e elites tradicionais análogas apresenta1do ao público napolitano N ELSON R IBEIRO FRAGELLI

ROMA - Foi num dos mais esplendorosos salões construídos na enseada de Santa Luzia - no prestigioso Hotel Excelsior de Nápoles-, em 26 de janeiro último, na presenca de S.A.R. o Príncipe Carlos de Bourbon Duas-Sicílias, Duque de Calábria, que se reuniram representantes da melhor sociedade napolitana, profissionais liberais, estudantes, com cobertura da imprensa e da televisão, para a apresentação do livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XI/ ao Patriciado e à Nobreza romana. Nápoles .conquista o visistente sobretudo pela afabilidade de seu povo. Que dom tem o napolitano de bem receber! E a afabilidade e a cortesia napolitanas cristalizaram-se no passado em uma instituição. A recordá-las está, por exemplo, o imenso palácio do Pio Monte da Misericórdia, fundado em 1602 pela nobreza da cidade. O espírito de caridade cristã anima os aristocratas. A finalidade da instituição é levar aos necessitados o ensinamento religioso e o bom exemplo, proporcionando-lhes moradia, hospitalização, roupas etc. Os organizadores da apresentação do livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em Nápoles desejaram que ela começasse por uma visita, às l Ih, à sede do Pio Monte da Misericórdia, Os visitantes foram recebidos por um dos sete governadores, pelo Capelão, e pela secretária do Pio Monte. Entre esta visita e a sessão de lançamento da obra, foi oferecido pelo Marquês Luigi Coda Nunziante di San Ferdinando, no prestigioso club Circo/o ltalia, um almoço para membros da aristocracia local. Nas rodas falava-se da missão da nobreza no mundo contemporâneo.

Sessão de lançamento da obra À tarde, a sessão solene teve início com a exposicão do Sr. Juan Miguel Montes, do escritório de representacão na Itália das várias TFPs, a respeito das finalidades do conjunto de

No final da sessão, foi servido um cock-tail ao público presente, estabelecendo-se então animadas conversas que se prolongaram por várias horas

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CATOLICISMO, ABRIL 1994

Aspecto parcial do público que lotou a sala de conferências do prestigioso Hotel Excelsior entidades Tradição, Família e Propriedade, existentes hoje em todos os continentes. O Marquês Luigi Coda Nunziante, presidente da associação Famiglia Domani, após breves palavras de saudação, apresentou os oradores da sessão : o Sr. Giovanni Cantoni, dirigente de Alleanza Cattolica ; o barão Roberto Selvaggi, secretário da Ordem Constantiniana de São Jorge ; o Sr. Nelson Fragelli, da TFP brasileira e enviado especial de Catolicismo ; o jovem Prof. Giovanni Turco, do Instituto Filosófico Santo Tomás de Aquino; e o Barão Prof. Roberto de Mattei, Catedrático de História Moderna na Universidade de Cassino e presidente do Centro Cultural Lepanto. O Sr.Giovanni Cantoni ressaltou as origens pernambucanas da estirpe Corrêa de Oliveira: militantemente católicos na época das invasões holandesas, os pernambucanos foram então ajudados por marinheiros napolitanos para libertar-se do herege invasor. Hoje, alguém daquela estirpe vem recordar aos napolitanos as palavras de um Pontífice para que melhor resi stam aos males da época presente. O Barão Selvaggi apresentou fatos da história militar do Reino de Nápoles, realçando o papel da nobreza de então. O Prof. Giovanni Turco, profundamente impressionado pelo acerto das teses do livro, trouxe a algumas delas o contributo de suas pesquisas, ampliando-as e exemplificandoas. O enviado especial de Catolicismo dissertou sobre a atualidade da missão da nobreza nas alocuções do Papa Pio XII. O Prof. Roberto de Mattei, por sua vez, enalteceu a figura do autor da obra e aplicou seus ensinamentos à atual situação italiana. Entre os presentes destacava-se o conhecido político e editor napolitano Sílvio Vitale, diretor da re vi sta "L' Alfiere", antigo simpatizante da obra intelectual do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, tendo traduzido para o italiano o livro deste Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo, que publicara e difundira amplamente na Península, nos anos 70. Entre os representantes da ari st racia napolitana encon-

travam-se Frà Renato Paterno di Montecupo, conselheiro da Soberana Ordem de Malta ; o Marquês Riccardo Sersale, Superintendente do Pio Monte de Misericórdia ; a Princesa Emilia Acton di Leporano ; o Príncipe di Leporano ; a Princesa Maria Luísa Colonna di Paliano; a Duquesa Marulli d' Asco li; o Duque e a Duquesa Piromallo ; a Duquesa Valiante ; a Princesa di Cassano ; o Duque di Novoli ; o Marquês Capece Minutolo di Bugnano; o Dr. Roberto Garolla di Bard, presidente do "Circolo Italia" e senhora ; a Marquesa Maria Consiglio Caracciolo ; o Barão e a Baronesa Cario d' Andria; a Marquesa Gabriella Coda Nunziante ; o Príncipe dei Colle ; Dna. Anna Sersale ; Dna. Cettina Lanzara; o Marquês Buccino Grimaldi ; o Barão e a Baronesa Giovanni d' Andria ; o Duque Cario Frezza ; Dom Giuseppe e Dna. Francesca Carignani. No total, 240 pessoas provenientes das mais variadas classes sociais, mas principalmente da aristocracia local, lotavam a sala de conferência. Ao fi nal das exposições foi servido um cocktail durante o qual os participantes podiam adquirir a obra - já conhecida como o Livro da Nobreza - e conversar com os conferencistas. Esta reunião prolongou-se por várias horas.

Portugal: em sessão pública, lançada obra do presidente da TFP ANTONIO CARLOS AZEREDO

LISBOA - Em consonância com o , movimento de simpatia à nobreza e à tradição, que está se manifestando em ponderável parcela da opinião pública de vários países, a TFP lusa continua empenhada na ampla divulgação da obra "Nobreza e elites tradicionais análogas, nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana", de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Essa divulgação vem se efetuando, em Portugal, tanto através de livrarias quanto de campanhas de vendas empreen-

Repercussões na mídia italiana O segundo jornal da cidade, ll Giomale di Napoli (26-1-94), dedicou uma página inteira ao lançamento da obra, a seu autor e às TFPs, com um título que ocupava todo o alto da página: '/\ccesa e declino dell'aristocrazia: Professore brasiliano teorizza la controrivoluzione" (Ascensão e queda da nobrez11: Professor brasileiro teoriza a contra-revolução). La Repubblica (271-94), o mais difundido quotidiano da Itália, noticiou o evento na sua crônica de Nápoles sob o tí- Ourante o cock-tail, a exposição das várias tulo: "La Nobilità edições da obra do Prof. Plinlo Corrêa de Oliveira causou vivo Interesse ai Potere: duecento aristocratici riuniti intorno a Cario di Borbone" (A Nobreza ao Poder: duzentos aristocratas congregados em torno de Carlos de Bourbon). Os canais locais de TV dedicaram amplo espaço à cerimônia no Hotel Excelsior, e ntrev i 5 tando prolongadamente o Sr. Juan Miguel Montes,diretor do escritório das TFPs em Roma, e este enviado especial de Catolicismo. •

didas por cooperadores da entidade, especialmente junto a membros do clero, da nobreza e de diversas profissões. A receptividade que o livro está encontrando é das mais auspiciosas. Foi organizada uma sessão de lançamento da obra na cidade de Amarante, ao norte do país, no atraente solar denominado Casa de Pascoaes, pertencente à família Teixeira de Vasconcelos, localizada numa das belas encostas escarpadas junto ao rio Tâmega. O ato reuniu uma centena de personalidades e numerosos jovens, provenientes, em sua maior parte, de várias cidades da região norte de Portugal. O primeiro orador foi o Conde de Rezende, Dom João de Castro de Mendia, definiu com clareza a missão da nobreza em nossos dias, baseando sua exposição na obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. O segundo conferencista, Sr. Artur Lambert da Fonseca, • apresentou um elenco dos pontos mais importantes do livro. Por fim, usou da palavra o Sr. Nelson Ribeiro Fragelli, da TFP brasileira, cuja conferência foi muito aplaudida pelos presentes. No fim da sessão, foi oferecido um jantar aos participantes, estabelecendo-se generalizado clima de cordialidade. A temática do livro, que causou grande interesse, animou as conversas. Todos agradeceram o convite para o lançamento e elogiaram a iniciativa da TFP lusa. • CATOLICISMO, ABRIL 1994

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HISTÓRIA

Milagres e prodígios na História do Brasil Tema silenciado em nossa Historia: intervenções sobrenaturais em p ,

A

Providência Divina protegeu o País desde seu descobrimento, tanto na defesa das fronteiras do oeste, quanto na expulsão dos invasores estrangeiros, manifestando claramente sua predileção por nossos ancestrais luso-brasileiros. Estudando a História do Brasil, chegamos facilmente à conclusão de que a unidade religiosa e política do País foi mais obra de Deus do que dos homens. Nos estreitos limites de um simples artigo, apresentaremos alguns exemplos que ilµstram esse pendor da Providência e de Nossa Senhora para com o povo brasileiro. No Brasil -colônia dos séculos XVI, XVII e XVIII era tão grande a devoção a Nossa Senhora do Carmo, que todos os postos da fronteira oeste a adotaram como Padroeira. Tal devoção já era muito antiga entre os militares portugueses, sendo a Virgem do Carmo considerada protetora dos que iam combater forças mais poderosas.

do morto e nem eles estavam dispostos a se entregar. Do lado inimigo, contudo, já se verifica uma perda de 42 mortos e 164 feridos . Foi quando o comandante Portociµ-rero recorreu à imagem de Nossa Senhora do Carmo, Padroeira do Forte, colocando-a sobre a muralha, o que acarretou a imediata paralisação do exército paraguaio. Isto permitiu aos brasih:iros un:1a retir~da com honra_. Sob a ~rot~çao da noite, subiram eles o no em d1reçao a Cuiabá, _conduzindo a im_agem. . Devido a esse e mmtos outros rrulagres, Nossa Senhora do Canno é venerada como Paclroeira da Fronteira Oeste, tendo direito à guarda de honra do Exército brasileiro correspondente ao posto de General-de-Brigada, representada na imagem do Forte de Coimbra (cfr. "Noticiário do Exército", Brasília, 15-7-92).

Luta contra os hereges holandeses Durante vinte e quatro anos, de I 630 a 1654, os holandeses invadiram e permaneceram em nosso território. Eram eles calvinistas que traziam na alma sentimentos de ódio ao Catolicismo, espalhando por toda parte a morte. Violavam lares, profanavam templos católicos e praticavam os crimes mais hediondos. Deus, entretanto, protegia a Terra de Santa Cruz, suscitando para sua defesa autênticos heróis, além de operar vários milagres, comprovados por documentos históricos, em defesa dos brasileiros. Nos dias 15 de julho e 2 de outubro de 1645, foram barbaramente assassinadas 60 pessoas nas localidades de Cunhaú e Uruaçu, pertencentes hoje aos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante, próximos de Natal, no Rio Grande do Norte.

Na batalha do Monte das Tabocas, Ot:OmJU fulgurante m/lagre: Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, e Santo Antlo dislribufram armas, p6lvora e munições aos combatentes /uso-bras/lelros, ao mesmo tempo que um resplendor, lançado pela Virgem Santfssima e seu Divino Filho, cegava e aterrorizava os holandeses depois, os holandeses fecharam as portas da igreja e realizaram uma matança de todos os presentes, inclusive do sacerdote. Poucos dias após a chacina, a maldição se cumpriu: os índios que haviam desobedecido o padre ficaram com seus braços paralisados e ressequidos; e, tomados de desespero, puseram fim às suas vidas, matando-se uns aos outros. No dia 2 de outubro, o mesmo Jacó Rabe, em companhia de 200 indígenas, invadiu a aldeia de Uruaçu e trucidou toda a população, depois de longas sessões de tortura, não permitindo que os cadáveres fossem sepultados. Passados quinze dias, foram os parentes sepultar o que restara do morticínio. Chegando ao local, encontraram os restos mortais frescos e incorruptos, bem como o sangue a brilhar como se as vítimas acabassem de ser mortas. Pairava no local um odor agradável e intenso que perdurou ainda por muito tempo. À noite, de retomo ao povoado, os parentes dos mártires ouviram uma música celestial, .•. V,

A milagrosa vitória do Monte das Tabocas

Martírios acompanhados de prodígios

Estáclo de Sá foi o grande chefe militar que aniquilou os planos de estabelecimento da França Antártica na Guanabara, mediante as brllhantes vlt6rlas de Uruçumlrlm e Paranapul Um desses episódios milagrosos da História pátria ocorreu em 1864, quando uma flotilha paraguaia atacou o Forte de Coimbra, perto de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, com 13 embarcações e 3.200 homens. Do lado brasileiro, havia apenas 155 homens e 70 mulheres, o que representava uma proporção de trinta para um, a favor dos paraguaios. Após dois dias de cerco e combates, a munição brasileira chegava ao fim. Entretanto, nenhum dos defensores da guarnição havia caí-

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CATOLICISMO, ABRIL 1994

Cunhaú era um grande engenho de açú car, ao redor do qual surgira uma pequena vila. A chegada do delegado holandes Jacó Rabe, em 15 de julho de 1645, acompanhado de índios tapuias e potiguares, quebrou a tranqüilidade do povoado. Toda a população foi convocada a se reunir na igreja, onde seriam transmitidas ordens do governo holandês que dominava o Nordeste. Depois de todos reunidos, Rabe ordenou que o vigário, Padre André de Soreval, celebrasse uma Missa. Prevendo que algo de pior poderia acontecer, o celebrante interrompeu o Santo Sacrifício e fez uma advertência aos índios e holandeses: aquele que tocasse nele, no altar ou nos vasos sagrados ficaria com os braços secos e morreria de modo atroz. Logo

que provinha do local do sepultamento, a qual foi percebida também por muitos holandeses. Há um pedido de exame do processo de canonização desses 60 mártires de Cunhaú e Uruaçu junto à Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, em Roma. E entre os católicós, na região norte do País, é difundida ,1 fama de martírio e santidade dessas vítimas do invasor calvinista. Naquela mesma ocasião, uma menina, filha de Diogo Pinheiro, escondeu-se em seu quarto e chorava em virtude daquelas atrocidades, quando uma formosa Senhora lhe apareceu com o chicote na mão, dizendo-lhe com muita gravidade: "Não chores menina, que, com este chicote, hão de ser castigados os ministros da crueldade, que logo verás". Em seguida desapareceu. Era Nossa Senhora que fazia a previsão, sem demora_ cumprida: foram passados a fio de espada pelos luso-brasileiros todos os agressores, inclusive o pérfido comandante holandês Jacó Rabe.

OPadre Andrl de Soveral advertia os fndlos e os calvinistas holandeses: quem tocasse nele, no altar ou nos vasos sagrados ficaria com os braços secos e morreria de modo atroz

No intervalo entre as duas chacinas acima referidas, a 3 de agosto de 1645, travou-se a famosa Batalha do Monte das Tabocas, aproximadamente a 30 quilômetros de Recife, a cjual resultou na primeira derrota sofrida pelos holandeses : 400 deles foram mortos nos combates, contra 28 do lado luso-brasileiro! Narram os historiadores que, ao final da luta, os holandeses encurralavam os católicos para cima do monte, quando o Padre Manoel de Morais ergueu alto um crucifixo e bradou: "Senhor Deus, Misericórdia. Irmãos, digamos todos uma Salve Regina à Virgem Mãe de Deus" . Enquanto todo o exército rezava com fervor essa oração, os calvinistas holandeses, tomados de indescritível pânico, começaram a fugir, em grande confusão, enquanto os nossos bradavam: "Vitória!" No dia seguinte, muitos holandeses aprisionados contaram que, no auge da batalha,

viram caminhar entre os católicos uma Mulher muito formosa, com um Menino nos braços; e, junto a Ela, um venerando ancião vestido de branco. Eles davam armas, pólvora e munições aos nossos soldados, sendo tal o resplendor lançado pela Mulher e pelo Menino, que lhes cegava os olhos. Essa visão causou-lhes tanto terror, que se retiraram logo em grande confusão. Os historiadores são unânimes em afirmar que se tratava de Nossa Senhora com o Menino Jesus e de Santo Antão - o venerando velho - ao qual estava dedicada, a curta distância dali, uma pequena igreja (cfr. Catolicismo, setembro/86).

Expulsão dos franceses nos séculos XVI e XVII No dia 20 de janeiro de 1567, ocorreram no Rio de Janeiro as célebres vitórias alcançadas pelos luso-brasileiros em Uruçumirim, hoje Outeiro da Glória, e em Paranapuã, atual Ilha do Governador, contra invasores franceses calvinistas. Estácio de Sá, o jovem sobrinho do Governador Geral Mem de Sá, comandou heroicamente nossos compatriotas nessas batalhas, vindo a falecer nos combates em virtude de uma flechada que atingiu seu rosto. Foran1 muitos os milagres e prodígios ocorridos naquela ocasião. Conta a legenda que São Sebastião apareceu, no dia de sua festa, que se comemora a 20 de janeiro, ao lado dos luso-brasileiros em Uruçumirim, comandando-os na investida contra as posições inimigas. As flechas dos indígenas, aliados dos inimigos, atiradas contra os padres jesuítas, não os atingiam, o que deu mais ânimo aos combatentes luso-brasileiros. Os franceses, ao final dos combates, tiveram suas fortificações arrasadas e suas tropas desba~ ratadas. Desannava assim o sonho dos hereges de instalar a França Antártica na Guanabara.

AdastruiçãodaFrançaEquinocial No Maranhão, 47 anos após essa derrota dos calvinistas, houve a tentativa de fundação da França Equinocial, embora, nessa ocasião, os invasores fossem católicos. Seu plano frustrou-se com a vitória de nossos compatriotas na batalha de Guaxenduba. Sob o comando de Daniel de la Touche, os franceses foram vencidos pelas forças comandadas pelo heróico Jerônimo de Albuquerque. Trezentos franceses e dois mil índios, seus aliados, enfrentaram, em 19 de novembro de 1614, 200 brasileiros e 100 indígenas, numa batalha que durou seis horas, em uma praia localizada na Baía de São José, ao lado da capital maranhense, São Luiz. Em artigo publicado em nossa edição de março de 1992,

Em situaçlo de grande Inferioridade bélica, mas auxiliado por milagrosa aparição de Nossa Senhora, Jerônimo de Albuquerque venceu a batalha de Guaxenduba, destruindo assim a tentativa de fundaçlo da França Equinocial esse assunto foi abordado especificamente, com base em sólida documentação histórica. Narram os historiadores que, no fragor dos combates, uma Senhora de aparência radiosa apareceu entre os luso-brasileiros, percorrendo suas fileiras, enquanto os incentivava à luta. Ela apanhava areia da praia e a oferecia já transformada em pólvora, aos soldados, ao mesmo tempo que curava os feridos. Era a Mãe de Deus que, dessa forma, revigorava nossos compatriotas com sua presença, assumindo a posição de verdadeira comandante das tropas luso-brasileiras. Com a vitoriosa batalha de Guaxenduba terminou o domínio francês no Maranhão.

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Em todos esses episódios, a predileção da Providência Divjna e de Nossa Senhora por nossa Pátria, desde os primórdios da colonização, fica patente. Cabe a nós, brasileiros, corresponder, com a autenticidade de um ardente Catolicismo, a tantas e assinaladas graças concedidas à Terra de Santa Cruz. CARLOS SODRÉ lANNA BIBLIOGRAFIA 1. Manoel E. Allenfelder Silva, Brasileiros Heróis da Fé, Livraria Salesiana Editora, São Paulo, 1928. 2. Pedro Calmon, História do Brasil, Livraria José Olfmpio·Editora, Rio de Janeiro, 1959. 3. Mário M. Meirelles, França Equinocial, Civilização Brasileira, São Luís, 1982.


Brasil Rêàl Brasil Brasileiro

S

Cidade de Goiás, Brasil autêntico que se foi ...

dos mais importantes tesouros artísituada no coração deste ticos goianos - que apresenta em imenso País, a 140 quilômesuas linhas arquitetônicas harmonia tros de Goiânia e a 350 de e proporção. Brasília, a primeira capital goiana, O estilo das casas também é o a cidade de Goiás, conta com uma colonial-barroco, com muito coloripopulação de aproximadamente 30 do. Excetuados os belos casarões, a mil habitantes. Sua economia bamaioria-delas são geminadas, com a seia-se na pecuária e no turismo, porta principal dando diretamente bem como em muita história desde para a rua. quando foi fundada pelos bandeiUm rio de águas cristalinas corrantes, no ano de 1725. ta a cidade. Várias pontes pitorescas O Museu das Bandeiras, localiA História da colonização de Goiás é narrada o atravessam. As ruas são calçadas zado na cidade, narra a legendária pormenorizadamente no Museu da Bandeira com pedras em diversos tamanhos colonização de Goiás . .Informa-nos e formas. ele que, em 1682, a região recebia a Goiás volta a ser capital Paira em Goiás uma nota de tradição e expedição do bandeirante Bartolomeu reÍigiosidade, o que a toma quase um museu Todos os anos, no aniversário da cidaBueno da Silva, que encontrou os índios a céu aberto com uma aparência provinciana de, 26 de julho, festa de Santana, sua PaGoyases. Ele procurava ouro e pedras prede mais de dois séculos de existência. droeira, Goiás volta a ser a capital. Os três ciosas, e os indígenas não lhe indicaram onde os havia, o que o levou a queimar poderes vão despachar durante três dias no Semana Santa em aguardente em um prato, ameaçando atear antigo Palácio Conde dos Arcos. Este está relíquia arquitetônica localizado em bela praça com um pitoresco fogo nos rios da região. Isto assustou os Bastante conhecidas são as celebrações silvícolas, que lhe entregaram o mapa das · coreto, onde se situam também duas cateda Semana Santa em Goiás, realizadas desminas e chamaram-no "Anhanguera", que drais, a antiga e a nova. de 1745. Dentre elas destaca-se a chamada A primeira-a Catedral de Nossa Senhosignifica "diabo velho". Procissão' do Fogaréu, que se realiza na No ano de 1722, seu filho, de mesmo ra da Boa· Morte, hoje infelizmente transforQuarta-feira de Cinzas, às 23h30. Sai ela da nome, que o havia acompanhado na primeimada em Museu de Arte Sacra - foi consIgreja da Boa Morte e simboliza a procura ra expedição, voltou à região. Em 1725, ele truída em 1770. É pequena e simples, mas bela e prisão-de Nosso Senhor Jesus Cristo. reencontrou os índios goyases, criando os e imponente, ostentando um sino de som grave As ruas da cidade são iluminadas por primeiros aldeamentos, de onde surgiu o - fundido ali mesmo, em 1785 - , e o poço centenas de tochas de fogo, conduzidas arraial que tomou sucessivamente os node pedras superpostas, da mesma época. pelo povo e por figurantes encapuçados de mes de Ferreiro, Ouro Fino, Barra e SantaOutras igrejas de Goiás foram edificauma Irmandade, que efetuam simbolicana. Este último, em 1739, passou à categodas igualmente em estilo colonial- barroco, mente a prisão de Nosso Senhor no Monte ria de vila, com o nome de Vila Boa de como a de Nossa Senhora da Abadia - um das Oliveiras (igreja de São FrancisGoyaz, em homenagem a Bueno, co), o qual é representado por um seu fundador, e aos goyases, seus estandarte branco do século XVIII, primeiros habitantes. pintado na frente e no verso. Em 1748, o Rei de Portugal criou Realizam-se ainda várias outras as Províncias de Goiás, Minas Gerais celebrações com quadros vivos, e Cuiabá (hoje Mato Grosso), todas como a crucifixão e descida da desmembradas da antiga Capitania de Cruz. Após o Domingo de Páscoa, São Paulo, a qual também passou a começa a Festa do Divino, que terser uma Província. No ano seguinte, mina na terça-feira. Dela participa chegou à capital da Província de toda a população de Goiás. Goiás o Govemardor Dom Marcos de Muitas dessas cidades históriNoronha, Conde dos Arcos. Edificou cas brasileiras constituem verdadeiele a residência oficial, que até hoje ras relíquias, evocando um passado conserva seu nome. que, infelizmente, não chegou a deA primitiva capital, como já foi sabrochar por inteiro. Nessas ·relídito , chamava-se Vila Boa de quias encontra-se a luz que ainda Goyaz. Posteriormente, passou a nos pode indicar o caminho a ser denominar-se Goyaz, cuja ortograretomado, com vistas ao futuro. Luz fia foi atualizada para Goiás. Seus que brilha na constelação do Cruhabitantes ainda são chamados vilazeiro do Sul, símbolo estelar admibonenses, tendo sido ela sede do rável da Cruz de Cristo. Luz que se Procissão do Fogaréu: centenas de tochas de fogo governo estadual até 1933. Nesse são conduzidas pelo povo e por membros chama Civilização Cristã. ano, a sede governamental foi transencapuçados de uma Irmandade RAUL SOEIRO ferida para a atual Goiânia.

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Semana Santa Via Sacra PLINI0 C0RRÊA DE OLIVEIRA

Em sua edição de março de 1970 (nº 231), Catolicismo publicou a admirável VIA SACRA de autoria do Prof Plinio Corrêa de Oliveira, escrita originariamente para o "Legionário" (de 18-4-1943), órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo e valoroso antecessor desta revista. Estamos certos de que os leitores atuais de Catolicismo - muitos dos quais não tomaram conhecimento desta VIA SACRA por nós estampada há 24 anos- poderão tirar, meditando o texto abaixo, grande proveito para sua vida espiritual vitoriosa no Reno, no Danúbio, no Nilo e no Mediterrâneo, afogou-se na bacia de Pilatos. "Christianus alter Christus", o cristão é um outro Cristo. Se Jesus é condenado à morte formos realmente cristãos, isto é, realmente católicos, seremos outros Cristos. E, inevitavelmente, o turbilhão de ódio que contra V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi. Vós se levantou, também contra nós há de soprar furiosamente. R. Quia per sanctam Crucem tuam redemísti mundum. E ele sopra, Senhor! Compadecei-Vos, ó meu Deus, e dai Conspiraram contra Vós, Senhor, os vossos inimigos. Sem forças ao pobre menino de colégio, que sofre o ódio de seus grande esforço, amotinaram o populacho ingrato, que agora ferve companheiros porque professa vosso nome e se recusa a profanar de ódio contra Vós. O ódio. É o que de toda parte Vos circunda, a inocência de seus lábios com palavras de impureza. O ódio, sim. Vos envolve como uma nuvem densa, se atira contra Vós como Talvez não o ódio sob a forma de uma invectiva desabrida e feroz, um escuro e frio vendaval. Ódio gratuito, ódio furioso, ódio mas sob a forma terrível do escárnio, do isolamento, do desprezo. implacável: ele não se sacia em Vos humilhar, em Vos saturar de Dai forças, ó meu Deus, ao estudante que vacila em proclamar opróbrios, em Vos encher de amargura; vossos inimigos Vos vosso nome em plena aula à vista de um professor ímpio e de uma odeiam tanto, que já não suportam vossa presença entre os viventurma de colegas que moteja. Dai forças, ó meu Deus, à moça que tes, e querem a vossa morte. Querem que desapareçais para deve proclamar vosso nome, recusando-se a vestir os trajes que a sempre, que emudeça a linmoda impõe, desde que por guagem de vossos exemplos e sua extravagância ou imoralia sabedoria de vossos ensinadade destoem da dignidade de mentos. Querem-Vos morto, uma verdadeira católica. Dai aniquilado, destruído. Só asforças, ó meu Deus, ao intelecsim terão aplacado o turbilhão tual que vê fecharem-se diante de ódio que em seus corações de si as portas da notoriedade se levanta. e da glória, porque prega a Séculos mesmo antes que vossa doutrina e professa o nascêsseis, já o Profeta previa vosso nome. Dai forças, ó meu esse ódio que suscitaria a luz Deus, ao apóstolo que sofre a das verdades que anunciainvestida inclemente dos adríeis, o brilho divino das virtuversários de vossa Igreja, e a des que teríeis: "Meu povo, hostilidade mil vezes mais peque te fiz Eu, em que porvennosa de muitos que são filhos tura te contristei?" (Miq. 6, 3). da luz, só porque não consente E, interpretando vossos sentinas diluições, nas mutilações, mentos, a Sagrada Liturgia nas unilateralidades com que exclama aos infiéis de então e os" prudentes" compram a tode hoje: "Que mais devia Eu lerância do mundo para seu ter feito por ti, e não fiz? Eu te apostolado. plantei como vinha escolhida .Ah, meu Deus, como são e preciosa: e tu te converteste sábios vossos inimigos! Eles em excessiva amargura para sentem que na linguagem desMim; vinagre Me deste a beses "prudentes", o que se diz berem minha sede, e transpasnas entrelinhas é que Vós não saste com uma lança o lado de odiais o mal, nem o erro, nem teu Salvador" (lmproperia). as trevas. E então aplaudem os ••• prudentes, segundo· a carne, Tão forte foi o ódio que como Vos aplaudiriam em Jecontra Vós se levantou, que a rusalém, em lugar de Vos maprópria autoridade de Roma, tar, se tivésseis dirigido aos do que julgava o mundo inteiro, Sinédrio a mesma linguagem. abateu-se acovardada, recuou Senhor, dai-nos forças: e cedeu ante o ódio dos que Ecce Homo - PIiatos apresenta Jesus Cristo à turba após a flagelação não queremos nem pactuar, sem causa alguma Vos que- Escultura sobre prata de artista anônimo alemão, século XVII nem recuar, nem transigir, Museu Metropofltano de Arte, Nova York (USA) riam matar. A altivez romana. nem diluir, nem permitir que

I Estação

CATOLICISMO, ABRIL 1994 CADERNO EsPECIAL Nº 32 CATOLICIS!li1O Nº520, ABRIL 1994


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pouco dos golpes que Vos dão, contanto que com isto Vos firam um pouco menos, não Vos magoem tanto a carne inocente. Oh Coração de Mãe, o que sofrestes neste lance! Mães de Padres, mães de Missionários, mães de Religiosas, quando sentirdes o pesar de tanta separação cruel, pensai em Maria Santíssima, que deixou seu Divino Filho seguir só, o caminho que Lhe traçara a vontade de Deus. E pedi que Ela console vossa ditosa dor. Mas há, mil e mil vezes infelizes, outras mães abandonadas. Mães de ímpios, mães de libertinos, mães de pecadores, também vós ficais a sós, por vezes, no caminho da dor, enquanto vossos filhos correm pelas vias da perdição. Pedi a Nossa Senhora que vos console, que vos dê alento e perseverança, e que ofereça parte da dor que neste passo sofreu, para que vossos filhos possam algum dia voltar a vós. Pensai em Santa Maria, e jamais desespereis. Para os vossos filhos transviados, Nossa Senhora será a Stella Maris, que cedo ou tarde os reconduzirá ao porto.

III Estação Jesus cai pela primeira vez sob a Cruz V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redem(sti mundum.

OEscarnecimento de Jesus Cristo - Pintura de Fra Angellco (séc. XV), Museu de Slo Marcos, Florença {Itália) se desbotem em nossos lábios a divina integridade de vossa doutrina. E se um dilúvio de impopularidade sobre nós desabar, seja sempre nossa oração a da Sagrada Escritura: "Preferi ser abjeto na casa de meu Deus, a morar na intimidade dos pecadores" (SI. 83, 11).

Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

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II Estação Jesus aceita a Cruz da mão dos carrascos V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redemísti mundum.

Mas para isto, Senhor, é preciso paciência. Paciência pela qual se deixa, de braços cruzados e coração conformado, cair o dilúvio sobre a própria cabeça. Paciência é a virtude pela qual se sofre para um bem maior. Paciência é, pois, a capacidade de sofrer para o bem. Precisa de paciência o doente que, esmagado por um mal incurável, aceita resignado a dor que ele lhe impõe. Precisa de paciência aquele que se debruça sobre as dores alheias, para as consolar como Vós consolastes, Senhor, os que Vos procuravam. Precisa de paciência quem se dedica ao apostolado com invencível caridade, atraindo amorosamente a Vós as almas que vacilam nas sendas da heresia ou no lodaçal da concupiscência. Precisa também de paciência o cruzado que toma a cruz, e vai lutar contra os inimigos da Santa Igreja. É um sofrimento tomar a iniciativa da luta, formar e manter de pé dentro de si sentimentos de pugnacidade, de energia, de combatividade, vencer o indiferentismo, a mediocridade, a preguiça, e atirar-se como um digno discípulo daquEle que é o Leão de Judá, sobre o ímpio insolente que ameaça o redil de Nosso Senhor Jesus Cristo. Oh sublime paciência dos que lutam, combatem, tomam a iniciativa, entram, falam, proclamam, aconselham, admoestam, e desafiam por si sós toda a soberba, toda a empáfia, toda a arrogância do vício insolente, do defeito elegante, do erro simpático e popular! Vós fostes, Senhor, um modelo de paciência. Vossa paciência não consistiu, entretanto, em morrer esmagado ·debaixo da Cruz quando Vo-la deram. Conta uma piedosa revelação que quando recebestes das mãos dos verdugos a vossa Cruz, Vós a beijastes amorosamente, e, tomando-a sobre os ombros, com invencível energia a levastes até o alto do Gólgota. Dai-nos, Senhor, essa capacidade de sofrer. De sofrer muito. De sofrer tudo. De sofrer heroicamente, não apenas suportando o sofrimento, mas indo ao encontro dele, procurando-o, e carregando-o até o dia em que tenhamos a coroa da vitória eterna.

Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

É fácil falar em sofrimento. O difícil é sofrer. Vós o provastes, Senhor. Como é diferente do heroísmo fátuo e artificial de tanto soldado das trevas o vosso divino heroísmo, Senhor. Vós não sorristes em face da dor. Não éreis, Senhor, dos que ensinam que se pas~a a vida sorrindo. Quando vossa hora chegou, tremestes, Vos perturbastes, suastes sangue diante da perspectiva do sofrimento. E neste dilúvio de apreensões, infelizmente por demais fundadas, está a consagração de vosso heroísmo. Vencestes os brados mais imperiosos, as injunções mais fortes, os pânicos mais atrozes. Tudo se dobrou ante vossa vontade humana e divina. Acima de tudo, pairou vossa determinação inflexível de fazer aquilo para que havíeis sido enviado por vosso Pai. E, quando leváveis vossa Cruz pela rua da amargura, mais uma vez as forças naturais fraquejaram. Caístes, porque não tínheis força. Caístes, mas não Vos deixastes cair senão quando de todo não era possível prosseguir no caminho. Caístes, mas não recuastes. Caístes, mas não abandonastes a Cruz. Vós a conservastes convosco, como a expressão visível e tangível de vosso propósito de a levar ao alto do Gólgota. Oh, meu Deus, dai-nos graças para que, na luta contra o pecado, contra os infiéis, possamos quiçá cair debaixo da cruz, mas sem jamais abandonar nem o caminho do dever nem a arena do apostolado. Sem vossa graça, Senhor, nada, absolutamente nada podemos. Mas se correspondermos à vossa graça, tudo poderemos. Senhor, nós queremos corresponder à vossa graça.

Pater Nos ter. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

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IV Estação Maria Santíssima vem ao encontro de Jesus V. Adorámus te Christe et bened(cimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redem(sti mundum.

CADERNO f.sPECIAL Nº 32 CATOLICISMO Nº 520. ABRIL 1994

O Cireneu ajuda Jesus a levar a Cruz V. Adorámus te Christe et bened(cimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redem{sti mundum.

Pater Nos ter. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

Carregar a cruz significa, muitas e muitas vezes, renunciar. Renunciar antes de tudo ao ilícito, ao pecaminoso. Mas renunciar também, e muitas vezes, ao que, sendo lícito e até admirável em si, toma-se mau ou menos perfeito em conseqüência de determinadas circunstâncias. No caminho de vossa Paixão, Senhor, destes um terrível exemplo, um luminoso e admirável exemplo de renúncia ao que é lícito. O que há de mais lícito, Senhor, do que as carícias, do que o desvelo de vossa Mãe Santíssima? Tudo quanto dEla sabemos é que, por mais que dEla saibamos algo, dEla jamais saberemos tudo, tal é o oceano incomensurável de perfeições e de graças que Ela contém. Vossa Mãe, Senhor, está em vosso caminho. Ela quer consolar-Vos. Ela quer consolar-Se convosco. Vede-A. Como é legítimo que Vos detenhais ao longo da via dolorosa, consolandoVos e consolando-A. Entretanto, o momento da separação depois deste rápido colóquio chegou. Oh dilaceração, é preciso que Vos separeis um do outro. Nem Ela nem Vós, Senhor, contemporizais. O sacrifício segue seu curso. E Ela fica à beira do caminho ... É melhor nem dizer como, vendo-Vos, que Vps distanciais aos poucos vertendo sangue, com passo incerto e vacilante, em demanda do último e supremo sacrifício. Maria tem pena de Vós. Ela Vos segue com o olhar, vendo-Vos só, em mãos de verdugos e de inimigos. Quem há de Vos consolar? Oh vontade irresistível, arrebatadora, imensa, de seguir vossos passos, de Vos dizer palavras de meiguice que só Ela sabe dizer-Vos, de amparar vosso Corpo divino, de Se interpor entre os carrascos e Vós, e, prostrada como quem implora uma esmola inestimável, suplicar para Si um

V Estação

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Simão Cireneu vinha de longe. Não sabia qual era a algazarra, o alarido, o vozerio que por vezes o vento lhe trazia. Uma grande festa, provavelmente, tantos eram os risos, os brados, as vozes, que em animada sucessão se faziam ouvir. Aproximou-se. Forte, jovem, cheio de vida, parecia num certo sentido a antítese do pobre Ser de túnica branca - a túnica dos doidos - coroa de espinhos, todo ensangüentado, um leproso cheio de chagas, que paciente e lentamente arrastava a Cruz. O contraste serviu aos algozes de inspiração. Tomaram-no para ajudar Cristo, Senhor nosso, a carregar a Cruz. O Cireneu aceitou. A princípio, talvez por constrangimento. Depois, por piedade. Ficou na História, e, mais do que isto, conquistou para si o Reino do Céu. Como é freqüente esta cena! No caminho de nossa vida, vemos a Igreja que passa, perseguida, açoitada, caluniada, odiada, e, ó meu Deus, por vezes até traída por muitos que se dizem filhos da luz só para melhor poderem propagar as trevas. Vemos isto. Na aparência a Igreja está fraca, vacilante, agonizante talvez. Na realidade, Ela é divinamente forte, como Jesus. Mas nós só vemos a fraqueza com os olhos da carne. E somos tão míopes com os olhos da fé, que discernimos a custo a invencível força divina que a conservará sempre e sempre. A Igreja vai ser derrotada. Vai morrer. Eu, pôr ao serviço dessa perseguida, dessa caluniada, dessa derrotada, a exuberância de minhas forças, de minha mocidade, de meu entusiasmo? Nunca! Distanciemo-nos. Não somos Cireneus. Cuidemos só e só de nossos interesses. Seremos advogados prósperos, comerciantes ricos, engenheiros bem colocados, médicos de boa clientela, jornalistas ilustres ou prestigiosos professores. E só no dia do Juízo é que compreenderemos o que perdemos quando a Santa Igreja passou por nosso caminho, e nós não a ajudamos! Apostolado, apostolado, apostolado! Apostolado saturado de oração, impregnado de sacrifício. É este o meio pelo qual devemos ser Cireneus da Santa Igreja. Meu Senhor, fazei com que sejamos tão fiéis a esta graça quanto o próprio Cireneu. Ó, bem-aventurado Cireneu, rogai por nós.

Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

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VI Estação A Verônica enxuga a face de Jesu.s

V. Adorámus te Christe et benedfcimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redem(sti mundum. Todos se riam de Vós, meu Senhor, todos Vos feriam, Vos ultrajavam. Vossa Face divina, outrora radiante de formosura, está agora desfigurada inteiramente. Ela só exprime a dor, na sua forma mais aguda, mais pungente. Aos olhos dessa turbamulta, que papel faria quem Vos consolasse, quem tomasse vosso partido, quem se declarasse vosso? }\trairia sobre si muito do ódio, do desprezo, da humilhação que sobre Vós se lançava como impetuosa tprrente, do íntimo daqueles corações empedernidos, e, mais, de todas as ruas, praças e vielas da cidade deicida. A Verônica viu isto. Mas ela não teve medo. Aproximou-se de Vós. Consolou-Vos. E, oh divina recompensa, vossa Face divina ficou para sempre estampada na toalha com que ela quis enxugá-la. Meu Deus, queira meu coração consolar-Vos sempre. E especialmente quando todos se envergonharem de Vós, dai-me forças para Vos consolar, proclamando-Vos em alto e bom som o meu Divino Rei. Como recompensa, não quero outra, senão ter vossa Face estampada em meu coração.

Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

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VII Estação Jesus cai pela segunda vez

V. Adorámus te Christe et bened(cimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redem(sti mundum. Caístes mais uma vez, Divino Senhor. Como é duro o caminho da Cruz! Foi duríssimo para Vós. Será também duríssimo para vossos seguidores. Há momentos em que os caminhos parecem todos fechados para nós, o céu se tolda, as esperanças desaparecem, as apreensões povoam de negros fantasmas a nossa imaginação. As forças começam a fraquejar. Não podemos mais. Embora caiamos debaixo da cruz, meu Deus, mais uma vez Vos suplicamos, por vossas entranhas misericordiosas, pelo vosso Coração Sagrado, pelo amor que tínheis à vossa Mãe, pelas dores crudelíssimas que neste passo sofrestes, não permitais que saiamos da estrada do sofrimento e da virtude, e que atiremos para longe de nós a cruz. Socorreinos então, Senhor meu de misericórdia. Porque o que queremos é

Jesus Cristo carregando a Cruz- Pintura de Fra Angel/co (slc. XV), Museu de Slo Marcos, Florença (Itália)

CADERNO FsPECIAL N1' 32 CATOIJC.ISMO NO !l.2R. ÃRRII 1QQ4.


Jesus Cristo é despojado de seus vestidos - Pintura de Fra Angélico (séc. XV), Museu de SUo Marcos, Florença, (Itália) o cumprimento inteiro de nosso dever. Mas ouvi,. Deus benigno, a súplica de nossa fraqueza. Pelo muito que sofrestes, pela superabundância de vossos méritos infinitos, abrandai se possível nosso sofrimento, tornai mais leve nossa cruz, sede Vós mesmo nosso misericordioso Cireneu, em toda a extensão em que o permitam nossa santificação e os supremos interesses de vossa glória. É o que Vos pedimos, Senhor, pela onipotente intercessão de vossa Mãe. Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

VIII Estação · Jesus fala às filhas de Jerusalém V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redemfsti mundum. Vós tivestes a Verônica, Senhor, e o inapreciável, se bem que amaríssimo, consolo de vossa Mãe. E, neste passo, outras mulheres se acercam de Vós. Elas choram, elas gemem, elas se apiedam de Vós! Como se chamariam estas boas mulheres? O Evangelho não o diz. Como as trataram os soldados e o populacho que Vos martirizavam? Também não o diz o Evangelho. É certo que se eles falassem linguagem de nossos dias, teriam exclamado: Oh beatério ... Beatério! Quantas vezes esta palavra se pronuncia com desprezo e dureza, para designar as pessoas que se assinalam e se distinguem pela sua assiduidade aos pés de vossos altares tantas vezes abandonados, na freqüentação das cerimônias religiosas durante as quais, por vezes, sem elas as igrejas teriam ficado quase vazias. Com chuva ou bom tempo, ei-las que se esgueiram pelas sombras da madrugada ou do crepúsculo, com passo apressado. Vão para a igreja. Muitas vão depressa, porque têm de trabalhar, ou em casa, ou fora. Rezam. E sua oração é por vezes tão agradável que, sem aquilo que pejorativa e injustamente se convencionou chamar beatério, seria muito mais infeliz qualquer grande cidade de pecadores de nossos dias. Poderá por vezes haver excesso, abuso, má compreensão de muita coisa. Mas por que generalizar a regra? Por que olhar apenas para as manchas, sem ver a luz dessa piedade perseverante e inextinguível? Quanto ouro nessa ganga! E quando, depois de ter contemplado assim essas almas entre as quais muitas têm tão grande mérito, se ouvem certas declamações doutas contra o beatério, tem-se a vontade de dizer dos declamadores: Senhor, quanta ganga nesse ouro! Esse verdadeiro beatério, esse beatério genuíno e sincero já esteve aos pés da Cruz, chorando e gemendo. E quanta gente que gosta de dizer que Judas não está no inferno mas que para lá vão

certamente as beatas, ficará pasmo no dia do Juízo Final!. Senhor, aceitai e abençoai essas orações que no decurso de vossa Paixão Vos foram dirigidas. Vós destes a estas pias mulheres sua vocação: "Chorai". A vocação de chorar pelos castigos que justos e inocentes sofrem em conseqüência dos pecados coletivos, é a grande vocação delas. Que esse pranto, Senhor, que Vós mesmo incitastes, sirva para que vossas igrejas fiquem regurgitantes de beatos verdadeiros, isto é, de bem-aventurados de todas as idades e condições sociais, nobres, ricos, poderosos, pobres, andrajosos, infelizes. Senhor, conquistai e atraí a Vós todas as afmas, pelas orações, o exemplo e as palavras das almas fiéis, indefectivelmente fiéis. Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

IX Estação Jesus cai pela terceira vez V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redemísti mundum. Há mistérios que o vosso Santo Evangelho não narra. E entre eles eu gostaria de saber se me engano ao supor que essa vossa terceira queda foi feita, meu Senhor, para expiar e salvar as almas dos prudentes. A prudência é a virtude pela qual escolhemos os meios adequados para obter o fim que temos em vista. Assim, os grandes atos de heroísmo podem ser tão prudentes quanto os recuos estratégicos. Se o fim é vencer, em noventa por cento dos casos é mais prudente avançar do que recuar. Não é outra a virtude evangélica da prudência. Entretanto ... entende-se que a prudência é só a arte de recuar. E, assim, o recuo sistemático e metódico passou a ser a única atitude reconhecida como prudente por muitos de vossos amigos, meu Senhor. E por isto se recua muito ... A realização de uma grande obra para vossa glória está muito penosa? Recua-se por prudência. A santificação está muito dura? A escalada na virtude multiplica as lutas em vez de as aquietar? Recua-se para os pântanos da mediocridade, para evitar, por prudência, grandes catástrofes. A saúde periclita? Abandona-se, por prudência, todo ou quase todo apostolado, mediocriza-se a vida interior, e transforma-se o repouso no supremo ideal da vida, porque a vida foi feita, antes de tudo, para ser longa. Viver muito passa a ser o ideal, em vez de viver bem. O elogio já não seria como o da Escritura: "Em uma curta vida percorreu uma longa carreira" (Sab. 4, 13). Seria, pelo contrário, "teve longa vida, para o que teve a sabedoria de renunciar a fazer uma grande carreira nas vias do apostolado e da virtude". Vidas longas, obras pequenas. E vossa prudência como foi , oh modelo divino de todas as virtudes? Quantos amigos tendes, que Vos aconselhariam a renunciar quando caístes da primeira vez? Da segunda vez, seriam legião. E vendo-Vos cair pela terceira, quantos Vos não abandonariam escandalizados, achando que éreis temerário, falto de bom senso, que queríeis violar os manifestos desígnios de Deus! Que esse passo de vossa Paixão nos dê graças, Senhor, para sermos de uma invencível constância no bem, conhecendo perfeitamente o caminho do verdadeiro heroísmo, que pode chegar a seus limites mais extremos e mais sublimes sem jamais se confimdir com uma vil e presunçosa temeridade.

Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

X Estação Jesus é despojado de seus vestidos V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redemísti mundum. Não Vos seria poupada esta suprema afronta, meu Deus. Aquele Corpo divinamente casto que a Virgem Santíssima protegeu sempre com as faixas e túnicas que lhe fazia, aquele Corpo inexprimivelmente puro haveria de ficar exposto a todos os olhares! Meu Deus, como não supor que Vós tenhais expiado particularmente neste passo os pecados contra a castidade? O martírio da nudez é imenso para uma alma pura. Houve tempo em que, em Cartago, as cristãs conduzidas à arena, tendo vencido miraculosamente as feras, foram submetidas a martírio ainda maior pelos magistrados, que as expuseram nuas diante do auditório, alegando saberem que elas prefeririam mil vezes morrer estraçalhadas pelas feras. E tinham razão. Se assim sofriam as mártires, como sofrestes Vós, meu Deus? E se tão grande é vosso divino horror à impureza e à impudicícia, com que ódio não odiais, Senhor, aqueles que abusam de sua riqueza propagando modas indecentes, por meio de representações cinematográficas e teatrais, por meio de revistas e fotografias, por meio do exemplo funesto que as classes altas dão às mais modestas? Como não odiais aqueles que abusam de sua autoridade, forçando as empregadas, as filhas e até as esposas a se vestir de modo indecoroso para seguir as fantasias da época? Deles é que dissestes no Evangelho: "Melhor seria que se lhes atasse uma pedra ao pescoço, e fossem atirados ao fundo do mar" (Mt. 18, 6). Dai, a todos os que tem por incumbência combater a moda imoral, coragem para tanto meu Deus. Aos pais, às mães, aos professores, aos patrões, e aos membros das associações religiosas. Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

XI Estação Jesus é pregado na Cruz V. Adorámus te Christe et benedfcimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redemísti mundum.

Quando Abraão, numa docilidade sublime à vossa vontade, meu Deus, ia vibrar contra Isaac o cutelo sacrificador, Vós detivestes, misericordiosamente, o curso do sacrifício. Com vosso Filho, entretanto, não agistes assim. Pelo contrário, meu Jesus, vosso sacrifício chegou até o fim. Fez-se absolutamente inteiro. Carregastes a Cruz ao alto do monte. E, agora, sois cravado nela. A Cruz está por terra, meu Jesus, e Vós nela deitado. Aumentam cruelmente vossas dores. São tantas que, sem um auxílio sobrenatural, morreríeis. Mas vossa força cresce na medida de vossa divina missão. Tereis tudo quanto for necessário para chegar até a última imolação. Os laxistas, meu Senhor, recuam. Eivados de determinismo, não sabem que Deus multiplica pela graça as forças naturais insignificantes da vontade humana. Por isto recuam diante do dever evidente, admitem inibições invencíveis onde muita vez só há falta de mortificação, e consideram perdidas com honras de guerra muitas batalhas da vida espiritual. Na vida espiritual, não se perde com honras de guerra. As honras de guerra consistem apenas em vencer. E vencer consiste em não deixar a cruz mesmo quando se cai debaixo dela, consiste em perseverar em meio aos fracassos aparentes das obras externas, à adversidade, ao esgotamento de todas as forças . Consiste em levar a cruz ao alto do Gólgota, e, lá, se deixar crucificar.

Vós jazeis sobre vossa Cruz deitado, oh meu Deus. Que fracasso aparente para o Salvador do mundo, atirado à terra como um verme, desfigurado como um leproso, e crucificado como um criminoso! Meu Deus, quanta e que esplêndida vitória na realização de vossos desígnios a despeito de todos estes obstáculos! Mais uma vez, meditando vossa Paixão, se ergue em nós o clamor tumultuário de nossa pequenez. Afastai se possível de nós o cálice, meu Deus, mas, se indispensável, dai-nos forças para chegar até a crucifixão. Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

XII Estação Jesus morre na Cruz V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redemfsti mundum. Já não estais por terra, meu Deus. A Cruz lentamente se levantou. Não para Vos elevar, mas para proclamar bem alto vossa ignomínia, vossa derrota, vosso extermínio. Entretanto, era o momento de se cumprir o que Vós mesmo havíeis anunciado: "Quando for elevado, atrairei a Mim todas as criaturas" (Jo. 12, 32). Em vossa Cruz, humilhado, chagado, agonizante, começastes a reinar sobre esta terra. Numa visão profética, víeis todas as almas piedosas de todos os tempos, que vinham a Vós. Víeis o recato e o pudor das Santas Mulheres, que ali partilhavam de vossa dor e com esse alimento espiritual se santificavam. Víeis as meditações de São Pedro e dos Apóstolos sobre vossa Crucifixão, víeis as meditações de Lino, Cleto, Clemente, Sixto, Cornélio, Cipriano, Inês, Cecília, Anastácia, todos aqueles Santos que vossa Providência quis que fossem diariamente e no mundo inteiro mencionados durante o Sacrifício da Missa, porque a oblação da santidade deles se fez em união com a oblação de vossa Crucifixão. Víeis os missionários beneditinos que, conduzindo vossa Cruz pelas selvas da Europa, conquistavam mais terras que as legiões romanas. Víeis São Francisco que do Monte Alveme Vos adorava, e ouvíeis a pregação de São Domingos. Víeis Santo Inácio ardendo em zêlo pelo Crucifixo, reunindo em tomo de Vós as falanges dos retirantes dos Exercícios Espirituais. Víeis os missionários que percorriam o Novo Mundo para propagar o vosso Crucifixo. Víeis Santa Teresa chorando a vossos pés. Víeis vossa Cruz luzindo na coroa dos Reis. Meu Deus, -na Cruz é que começou vossa glória, e não na Ressurreição. Vossa nudez é um manto real. Vossa coroa de espinhos é um diadema sem preço. Vossas chagas são vossa púrpura. Oh Cristo-Rei, como é verdadeiro considerar-Vos na Cruz como um Rei. Mas como é certo que nenhum símbolo exprime melhor a autenticidade dessa realeza

Jesus Cristo morre na Cruz (detalhe)- Francisco de Zurbarán (1631-1640), Museu Provincial, Sevilha (Espanha)

CADERNO EsPECIAL Nª 32

CADERNO EsPECIAL Nº 32

CATOLICISMO Nª 520, ABRIL 1994

C.ATOT.TrtSMO Nª !.2fl. ARRII . 1994


quanto a realidade histórica de vossa nudez, de vossa miséria, de vossa aparente derrota! Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per:. misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

HISTÓRIA POÚTICA

mo mais do que jamais ousaríamos supor. Nossa Senhora da Piedade! Tanto valeria, ou quase, dizer.Nossa Senhora da Santa Ousadia. Porque o que mais pode estimular a santa ousadia, ousadia humilde, submissa e conformada de um miserável, que a piedade maternal inimaginável de quem tudo tem? Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri. V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.

XIII Estação

Previsões do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira confirIUadas por Castro

Jesus é depositado nos braços de sua Mãe

Vietnamizar a Íbero-América: intenção do comunismo na Guerra das Malvinas

XIV Estação

V. Adorámus te Christe et benedfcimus tibi.

Jesus é depositado no sepulcro

R. Quia per sanctam Crucem tuam redemfsti mundum.

A Redenção se consumou. Vosso Sacrifício se fez inteiro. A V. Adorámus te Christe et benedfcimus tibi. R. Quia per sanctam Crucem tuam redemfsti mundum. Cabeça sofreu quanto tinha de sofrer. Restava aos membros do corpo sofrer também. Junto à Cruz estava Maria. Para que dizer Ao mesmo tempo que as pesadas lajes do sepulcro velam o uma palavra que seja, sobre o qúe Ela sofreu? Parece que o próprio Espírito Santo evitou de descrever a pungência da dor que inunCorpo do Salvador aos olhares de todos, a fé vacila nos poucos dava a Mãe cómo reflexo da dor que superabundou no Filho. Ele que haviam permanecido fiéis a Nosso Senhor. Mas há uma lâmpada que só disse: " vós, que passais não se apaga, nem bruxuleia, pelo caminho, atentai e vede se há dor semelhante à minha e que arde só ela plenament~ dor" (Jer.1, 12).Sóumapalanesta escuridão universal. b Nossa Senhora, em cuja alma vra a pode descrever: não houve igual em todas as puras a fé brilha tão intensamente como sempre. Ela crê. Crê incriaturas de Deus. Nossa Senhora da Piedateiramente, sem reservas nem de! É assim que o povo fiel restrições. Tudo parece ter frainvoca a Nossa Senhora quancassado. Mas Ela sabe que do A contempla sentada, com nada fracassou. Em paz, o cadáver divino do Filho ao aguarda Ela a Ressurreição. colo. Piedade, porque toda Ela Nossa Senhora resumiu e não é senão compaixão. Comcompendiou em Si a Santa paixão do Filho. Compaixão Igreja nesses dias de tão extendos filhos, porque Ela não tem sa deserção. só um filho. Mãe dEle, torNossa Senhora, protetora nou-se Mãe de todos os hoda fé. É este o tema da presente mens. E Ela não tem apenas meditação. Da fé e do espírito compaixão do Filho, tem tamde fé, ou seja, do senso católibém dos filhos. Ela olha para co. Hoje, a muitos olhos, as nossas dores, nossos sofripossibilidades de restauração mentos, nossas lutas. Ela sorri plena de todas as coisas, separa nós no perigo, chora cogundo a lei e doutrina de Nosnosco na dor, alivia nossas so Senhor Jesus Cristo, paretristezas e santifica nossas alecem tão irremediavelmente grias. O próprio do coração de sepultadas quanto aos ApóstoMãe é uma íntima participalos parecia irremediavelmente ção em tudo que faz vibrar o sepultado Nosso Senhor em coração dos filhos. Nossa Seseu sepulcro. Os que tem denhora é nossa Mãe. Ela ama voção a Nossa Senhora recemuito mais a cada um de nós bem dEla, entretanto, o inestiindividualmente, ainda ao mável dom do senso católico. mais miserável e pecador, do E, por isto, eles sabem que que poderia fazê-lo o amor so- Jssus Cristo I dspos/lado nos braços ds sua Mls - Dstalhs ds pintura tudo é possível, e que a apads Fra Angsllco (slc. XV), Mussu ds Slo Marcos, Florsnça (Itália) mado de todas as mães do rente inviabilidade dos mais mundo por um filho único. ousados e extremados soPersuadamo-nos bem disto. É a cada um de nós. É a mim. Sim, é nhos apostólicos não impedirá uma verdadeira ressurreição se a mim, com todas as minhas misérias, minhas infidelidades tão Deus tiver pena do mundo, e o mundo corresponder à graça de asperamente censuráveis, meus indesculpáveis defeitos. É a mim Deus. que Ela ama assim. E ama com intimidade. Não como uma Rainha Nossa Senhora nos ensina a perseverança na fé, no senso que, não tendo tempo para tomar conhecimento da vida de cada católico e na virtude do apostolado destemido - "Fides intéepium dos súditos, acompanha apenas em linhas gerais o que eles da" - mesmo quando parece tudo perdido. A Ressurreição virá fazem. Ela me acompanha a mim, em todos os pormenores de logo. Felizes dos que souberem perseverar como Ela, e com Ela. minha vida. Ela conhece minhas pequenas dores, minhas pequenas Deles serão as alegrias, em certa medida as glórias do dia da alegrias, meus pequenos desejos. Ela não é indiferente a nada. Se Ressurreição. soubéssemos pedir, se compreendêssemos a importunidade evanPater Noster. Ave Maria. Gloria Patri. gélica como uma virtude admirável, como saberíamos ser minuV. Miserére nostri Dómine. 'R. Miserére nostri. ciosamente importunos com Nossa Senhora. E Ela nos daria na V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in ordem da natureza, e principalmente na ordem da graça, muitíssipace. R. Amen.

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urante a guerra das Malvinas, em "Com tudo isto, a esperança animaria e 1982, o Prof. Plinio Corrêa de Oliporia em ação os organismos comunistas e veira considerou seu dever expor, num socialistas que Moscou mantém vivos em telex dirigido ao então Presidente Figueitoda a América Latina, em todo o Brasil, redo - , a título de colaboração para o Sr. presidente. A 'esquerda católica' se bem do Brasil e da América Latina-, as agitaria ainda mais atrevidamente, pregraves conseqüências que a crise anglogando mais ou menos veladamente a luta argentina poderia acarretar para nosso de classes, ao mesmo tempo que difundincontinente (1). do (com ardis todos seus) a inércia entre O eixo em torno do qual girava a expoos não comunistas. E o terrorismo reabrisição do ilustre pensador católico baseava- ria as feridas de outrora, em toda a Amése nas intenções claramente expansionistas rica Latina, por meio de assalros, seqüesdo comunismo na Íbero-América, acentuatros, atentados! das mais especificamente naquele momen"Nos extremos confins desse horizanto pela sintomática presença naval soviétite macabro, a experiência dolorosa mosca nos mares sulinos. tra que quem quisesse resistir a essa Após denunciar o caráter simbólico agressão do superpoder soviético teria da referida presença e assinalar os vaide recorrer ao superpoder norte-amerivéns imprevisíveis de uma guerra como cano. Era a vietnamização do Brasil, da possível ocasião para América espanhola que teuma "episódica" ajuda ria começado" [grifos nosmilitar russa à Argentisos]. na, sob a forma, por exemplo, de um deA confirmação de sembarque, o PresidenFidel Castro te da TFP afirmava: "Depois. .. Depois ... Tais previsões, que na Para o entrever basta ocasião a muitos terão pareolhar para as consecido exageradas, foram reqüências que, em longa centemente confinnadas por esteira de humilhações Fidel Castro, nas seguintes e de dores, se têm desdeclarações estampadas pelo dobrado onde quer que jornal "Ambito Financiero" as tropas soviéticas (26-7-93), de Buenos Aires: Fldel Castro confirmou, em deitem as garras. Para Julho de 1993, as prev/slJss "Fidel Castro declarou que completar a previsão contidas no telex dirigido seu país ofereceu enviar tro[grifo nosso], é só exonze anos antes pslo Prof. pas em apoio à Argentina Pllnlo Corrêa de 01/vs/ra ao durante a guerra das Malvicogitar aqui em que Presidente Flguslrsdo termos essa ameaça nas, em 1982, e sugeriu enpoderia concretizar-se tão que todos os países que dentro do atual panorama íbero-ameriquisessem ajudar, que formassem um bacano, mais especificamente dentro do talhão, 'uma coalizão de latino-ameriatual panorama brasileiro. canos'. Explicou que 'n6s lhes sugeri"As eventuais correrias de tropas mos que não se rendessem, que fizessem russas, argentinas e inglesas ensejariam uma coalizão latino-americana, que incursões em território deste ou daquele mantivessem a guerra ... " país vizinho. As incursões russas, favoE referindo-se a uns ataques que rerecidas, bem entendido, por guerrilhas cebeu do Presidente Menem, prosseguiu: locais de inspiração comunista, se inti"Agora que nos atacam e nos caluniam, tulariam de 'libertadoras'. E no país não fica mal recordar qual foi a atitude invadido, ficaria desfraldado o estan- de Cuba naquele momento tão difícil e darte da subversão. tão complicado" (2).

OPresidente do CN da TFP enviou telex ao Presidente Figueiredo por ocas/lo da Guerra das Malvinas, publlcado na edlç3o de 7-5-82 da "Folha de S. Pau/oH. Tal mensagem foi amplamente difundida mediante campanha públ/ca promovida por sócios s cooperadores daquela entidade

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Que as intenções do comunismo fossem as denunciadas pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, encarregou-se de o confinnar o próprio Fidel Castro ... onze anos depois. Se elas não se concretizaram até agora, caberá aos historiadores imparciais do futuro apontar as causas profundas desse fracasso ... JUAN GONZALO lARRAIN CAMPBELL NOTAS 1. O referido telex foi publicado três dias depois na "Folha de S. Paulo" (7-5-82) e amplamente difundido em campanha pelos sócios e cooperadores da TFP. 2. As afirmações de Castro e as intenções do terrorismo internacional denunciadas pelo Presidente da TFP ficam reforçadas pela ajuda que Kadaffi prestou à Argentina na ocasião, e que foi dada a conhecer posteriormente pelo "Toe Sund.ay Times". O jornal afirma que Kadaffi embarcou secretamente armas num valor superior a 70 milhões de libras esterlinas, incluindo 120 mísseis soviéticos Sam-7, pará a Argentina, durante a guerra das Malvinas. "O coronel Kadaffi oferecéú ajuda incondicional e ilimitada à Argentina", disse o embaixador líbio em Buenos Aires. "Estávamos nos preparando para abastecer com armas enquanto durasse o conflito", acrescentou ("Toe Sunday Times", 13-5-84).

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CATOLICISMO, ABRIL 1994

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HAGIOGRAFlA

SÃO CLEMENTE MARIA HOFBAUER: "COLINA DA IGREJA" NO SÉCULO PASSADO - li Considerado o segundo Fundador da Congregação Redentorista, expandiu-a pelos continentes europeu, americano e australiano Em fins de 1802, São Clemente deixa Varsóvia pela terceira vez, à procura de um lugar onde pudesse estabelecer definitivamente a Congregação na Alemanha. Levando consigo o Pe. Thadeu Hübl, vai a pé de Varsóvia até Jestetten, onde funda um convento sobre as ruínas de um antigo castelo que lhe fora oferecido pelo Príncipe João Schwarzenberg. O Pe. Passerat, nobre e de origem francesa, foi nomeado por São Clemente reitor de Jestetten. Após essa fundação, o Santo retorna a Varsóvia. Imperador austríaco José li - Slo Clemente sofreu várias persegulçíJes em sua vida movidas sob o Influxo do ''ioseflsmo", a ímpia doutrina Iluminista desse soberano

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Vista de Viena a partir do Belvedere à época de Slo Clemente

Pouco tempo depois, o Santo empreende nova viagem à Alemanha, pois a direção de Santuário dedicado a uma milagrosa imagem de Nossa Senhora, na cidade de Triberg, localizada a oito léguas de Jestetten, havia sido ofertada aos redentoristas.

Acusações contra os redentoristas Todos estavam satisfeitos, menos o demônio, que não podia ver com bons olhos o desenvolvimento sempre crescente do Santuário dedicado a Nossa Senhora na cidade de Triberg. Este se havia tornado um oásis abençoado de fé e inocência em meio ao deserto tremendo de indiferentismo e incredulidade daqueles tempos, que prenunciavam os terríveis dias de hoje. Para instrumentos de seu ódio, o demônio tomou sacerdotes idosos que lá residiam, os quais não davam, infelizmente, bom exemplo ao povo. Excitou o ciúme nos seus corações, bem como nos dos sacerdotes circunvizinhos. Começaram a maquinar a expulsão dos padres redentoristas, por meio de calúnias e intrigas. Escreveram à Cúria eclesiástica de Constança, ao vigário-geral da Diocese, Wessemberg, que estava penetrado do espírito do tempo e era inimigo declarado dos santuários, afirmando serem os

redentoristas, em Triberg, uns fanáticos sem prudência e ciência, que alucinavam o povo, enlouquecendo-o. Wessemberg, que, embora vigário-geral, era iluminista e maçon, jurou perder aqueles padres injustamente qualificados como ignorantes, fanáticos e carolas por seus inimigos - , e suspendeu imediatamente o uso de ordens dos dois novos sacerdotes que tinham chegado de Jestetten. São Clemente viu, mais uma vez, ruírem suas esperanças. E teve de deixar aquele excelente povo de Triberg sem pastores, entregue a dois sacerdotes contaminados pelo mau espírito da época. Por outro lado, Jestetten também não estava segura: permanecia, agora, sob domínio protestante!

Napoleão mendigo, Clemente imperador O Santo voltou sua atenção para Augsburgo, na Alemanha, onde o vigário da Diocese desejava um ginásio para a localidade de Babenhausen. São Clemente fez a viagem com o coração cheio de dor: em Varsóvia, a revolução tornava-se sempre mais ameaçadora para o apostolado exercido na igreja de São Benno e no convento a ela anexo; em Jestetten, não encontrava garantia alguma; ·em Triberg, estava condenado à inação.

Quando chegou a Augsburgo, lá se encontrava o ímpio Napoleão Bonaparte. Que contraste entre esses dois personagens! Aquele, orgulhoso, triunfou dez anos percorrendo a Europa, vendo reis e imperadores tremerem diante de si; este, humilde, perseguido, desconhecido, desprezado, viajando de cidade em cidade em demanda não de sua glória, mas da glória de Jesus Cristo! Após alguns anos morrerá São Clemente e terá o enterro de um imperador; um ano depois dele morrerá Napoleão e terá o sepultamento de um mendigo, em seu exílio, na ilha de Santa Helena. Tais são os desígnios da Providência ... Apesar dos esforços empreendidos, São Clemente não pôde conseguir em Babenhausen senão uma habitação provisória. Tão úmida que, dos trinta religiosos que a inauguraram, quase todos adoeceram. Somente alguns meses depois foilhe possível obter uma casa mais espaçosa, porém ainda insuficiente para tanta gente. Razão pela qual alguns hospedaram-se na aldeia vizinha, Weinried.

Beijavam o chão por onde o Santo passava São Clemente estivera apenas meio ano em Babenhausen e a cidade já manifestava um aspecto inteiramente novo, quanto à vida de piedade e a prática das virtudes cristãs. Esse progresso espiritual não era conseqüência de um entusiasmo passageiro, que se extingue como um fogo de palha, mas real e duradouro. Os habitantes de Weinried agrupavam-se em torno do Santo, como os filhos em torno do pai. Votavam-lhe sincero amor, e não poucas vezes, vendo a sua grande pobreza, levavam-lhe o necessário para sua subsistência; respeitavam-no como a um Santo e beijavam o chão por onde ele passava.

Proibido de agir na Baviera Entretanto, o monarca Maximiliano José, rodeado de maus auxiliares à cuja testa se achava o iluminista Montgelas, baixou um decreto que proibia aos redentoristas toda e qualquer atividade no Reino da Baviera. Ao mesmo tempo, São

Clemente recebia da Polônia as mais desoladoras notícias de São Benno, onde ele era gravemente caluniado pelos inimigos da Igreja. Essas circunstâncias faziam o Santo compreender que não se achava seguro, nem em Babenhausen, nem em Varsóvia. Mas, ainda uma vez, para onde ir? Por ordem de Montgelas, os vigários da Baviera receberam proibição expressa de dar acolhida aos redentoristas. Vendo que lhe era impossível fixar-se na Europa, voltou seus olhos para a América: atravessaria os mares em busca do Canadá, de onde mandaria missionários para cristianizar a Europa e o Oriente.

A expulsão de Varsóvia Expulso da Baviera, São Clemente preparava-se para voltar, uma vez mais, a Varsóvia quando arrebentou uma guerra entre a França e a Prússia. Tendo saído vencedor Napoleão, o ódio e a perseguição aos sacerdotes estenderam-se também à Polônia. Os sectários esotéricos e iluministas de Varsóvia exultaram, ecomeçaram a mais encarniçada guerra contra o convento de São Benno, a qual causou terríveis padecimentos ao Santo. Apesar de cruéis escárnios públicos e perseguições, o povo continuou a freqüentar ainda com mais assiduidade a igreja dos redentoristas, onde se operavam magníficas conversões. Os maçons proibiram então os padres de pregar sobre os pecados, os vícios etc., o q1,1e os redentoristas não aceitaram de nenhum modo. Em 1807, os redentoristas receberam ordem de sair do território bávaro. Em meio a tantas desilusões, São Clemente teve uma consolação enorme: nesse ano de perseguições atrozes, nenhum de seus filhos espirituais foi infiel à vocação. A ida ao Canadá tomara-se impossível devido às circunstâncias. Em Varsóvia, as coisas piora~am rapidamente, não, porém, na igreja dps bennonitas, razão pela qual o ódio dos maçons aumentava sempre mais. Certo dia, perguntaram a São Clemente por quem os redentoristas de Varsóvia haviam sido expulsos. Ele respondeu laconicamente: "Pelos falsos irmãos". Isto é, pelos sacerdotes da cidade, que os detestavam ...

A expulsão dos redentoristas e a destruição do convento de São Benno se devem mais diretamente às seitas iluministas e esotéricas de Varsóvia, e, indiretamente, como conseqüência da atividade da Congregação em Babenhausen, na Alemanha. O comandante militar de Varsóvia, ao saber que os redentoristas haviam sido expulsos da Baviera sob a falsa alegação de "terem conspirado contra a paz e a tranqüilidade públicas, fanatizando o povo, indispondo-o com o governo e o clero" etc., utilizou as mesmas acusações contra eles. Para liqüidá-los, logo enviou a Napoleão acusações contra os bennonitas. Napoleão mandou expulsá-los da Polônia, "por serem eles o renascimento dos jesuítas" ... Acusação aliás gloriosa, pois na época os jesuítas ainda eram tidos como exemplo de contra-revolucionários. Os comissários insistiram com os cléImperador Franélsco li, do Sacro Império Romano Alemlo (Francisco Ida Áustria) Esse soberano ameaçou expulsar Slo Clemente de Viena, em 1819; assinou, no ano seguinte, decreto aprovando a Congregaçlo Redentorista na Áustria, n, pr6prlo dia da morte do Santo, tendo-o chamado, nessa ocas/lo, "coluna da Igreja"

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mentos de oração, fazia resplandecer um quê de extra(')fdinário e divino. Essa admiração, que tinha origem na sua santidade incomum, não se apoderara tão-só do povo simples, mas também das pessoas altamente colocadas. Crianças, jovens e adultos de todas as condições procuravam aproximar-se dele, para de seus lábios ouvir falar de Deus e da Religião. Uma das mais notáveis personalidades áa nobreza vienense, a jovem Júlia Zichy, deixou-se vencer pela graça divina e tomou-o por diretor espiritual. Morreu assistida pelo Santo com a idade de 26 anos. São Clemente fez apostolado com os jovens da Universidade de Príncipe de Metternlch, Chanceler da Austrla - Quadro de Viena, o que incomodava enorLawrence. A persegulçlo movida contra Slo Clemente nlo memente os sectários esotéricos, conseguiu ellmlnar sua açlo apost6/lca, devido à proteçlo que queriam ver-se livres daquele sacerdote que exercia um pacífico dispensada ao Santo por Importantes figuras polltlcas da época, especialmente por Joseph von Pifai, secretário da apostolado contra-revolucionário Corte e conselheiro de Estado da Chancelar/a. Penitente e na capital do Império. Recorreram dirigido espiritual de Slo Clemente, PJ/ai fora secretário à polícia, acusando São Clemente pari/cu/ar de Metternlch e era seu grande amigo de virar a cabeça dos estudantes. A Universidade de Viena era o foco poderia crer então que São Clemente seria o médico enviado por Deus para ino- do iluminismo intelectual: catolicizá-la era desfechai o golpe mortal nos hereges. cular nova vida e força à Igreja na ÁusNos meses seguintes, o Santo permatria, que defi nhava ainda sob o jugo do O apóstolo de Viena neceu sob vigilância da polícia. Embora josefismo! São Clemente aguardou em Viena o não se deixasse intimidar, São Clemente Os católicos de Viena edificaram-se desfecho final de tudo, em companhia de logo com o procedimento de São Cle- achou mais prudente pôr-se de soum clérigo e um irmão, ambos austríamente. O povo enaltecia aquele sacerdo- breaviso. Ele era perseguido até pelo cos, da comunidade dissolvida. Quem Clero. te que, no seu porte, sobretudo nos mo-

rigos e estudantes de Varsóvia para que rompessem de vez com os padres, e de lá mesmo voltassem a suas casas; só um foi infie l à vocação; todos os outros preferiram partilhar a sorte dos sacerdotes, indo para o exílio. A comunidade de São Benno contava então quarenta membros, dos quais vinte eram padres e vinte estudantes ou irmãos leigos. No dia 20 de junho, foram levados em carros que se dirigiam para direções diversas; separavam-se; talvez para sempre, sem se despedirem. São Clemente, sentado em seu carro, resignara-se por amor de Deus, enquanto seus dedos desfiavam as contas 'do Rosário! Foi na cidade e na fortaleza de Küstrin, perto de Berlim, que os exilados se reuniram. Ali ficaram durante quatro semanas, depois das quais anunciou-se-lhes a cessação do desterro, indo cada um para sua casa. Tremendo golpe para São Clemente! Abraçou os seus súditos na despedida pela última vez, porque a muitos dentre eles não veria mais em vida.

Friedrich Sch/ege/ (1772-1829)-poeta e erudito alemão, fundador e te6rlco do romantismo alemlo, cognominado "Príncipe dos românticos", convertido ao catolicismo, junto com sua esposa Dorotéia, por São Clemente. Dirigido espiritual e penitente deste, transformou seu lar no "quartel-general" do romantismo cat6/Jco.

O perigo era grande, mas ninguém tinha coragem de agir abertamente contra o Santo, devido à amizade de que gozava j unto ao Arcebispo e da estima em que era tido por homens de peso e valor público como Pilat, secretário do famoso Chanceler Metternich, Adam Müller, Frederico Schlegel, o Arquiduque Maximiliano, o Barão Penkler e outros.

Sábio pregador Na Áustria, São Clemente relacio-

nou-se com muitos sacerdotes, deixando neles uma impressão indelével. Não havi a quem não reconhecesse no Santo um homem superior. Os convertidos davam muito trabalho aos padres. Atraídos pela beleza da música na liturgia realizada na igreja das Ursulinas, onde São Clemente exercia o cargo de capelão e confessor, os protestantes também a freqü entavam, e não poucos se converteram ouvindo os sermões cheios de unção e erudi ção do Santo. Numerosos judeus também se apresentaram pedindo o batismo. Até mesmo libertinos, que para lá se dirigiam com o intuito de debicar, tem1inavam conquistados pelo Santo, a quem pediam os ouvisse em confissão, solicitando, não raro, ingresso na Congregação. São Clemente, longe de professa r uma fa lsa prudência em relação a certos temas que pudessem choca r as suscepti bili dades dos governantes ím pios de então, fa lava com toda liberdade e contundência, na medida em que julgava útil e necessário para o bem das al mas. Não é de espantar, pois, que, tocadas pela graça, bom número de pessoas renunciassem a seus erros e abandonassem seus costumes dissolutos para tomarem o partido de Deus e da virtude. O Santo empolgava e, para empregar um a pa lavra mod ern a, "e letri za va" como nenhum outro pregador. Conhecia o segredo de arrebatar, enchendo as almas de uma unção sobrenatural, de sorte que até os mais eruditos diziam: " Uma

só palavra da sua boca basta-nos para a semana inteira". As pregações do Santo produziam o efeito explosivo das bombas. Sagrada Eucaristia, culto à Virgem e aos Santos, confissão, indulgências, purgatório, inferno, demônio eram assuntos então proibidos pelo josefismo, mas verdades que São Clemente expunha do púlpito com a maior clareza e firmeza. Seu tema predileto, porém, era a Igreja e sua autoridade. Quem o ouvia, não se sentia somente satisfeito: voltava mudado para casa. Clemente Brentano (1778-1829), flterato romântico alemlo, sofreu a Influência de Slo Clemente

CRON OL OGIA O itinerário cheio de vais-e-vens percorrido por São Clemente Maria Hofbauer, ao longo de sua vida, recomenda que se estabeleça um quadro cronológico, relacionando alguns dos principais episódios de uma existência tão movimentada e rep leta de vicissitudes. Assim, em um só golpe de vista, o leitor poderá constatar como a Providência Divina, muito embora sem-. pre escreva certo a História de seus Santos, não raro os submete a uma longa caminhada na qual prevalece o traçado das linhas tortas ... 26 de dezembro de 1751. Nascimento de Clemente Maria Hofbauer, na pequena aldeia de Tasswitz, ao sul da Morávia (leste da

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Boêmia, sul da atual República Tcheca). É batizado no mesmo dia, com o nome de João. · 1758. Clemente fica órfão de pai, aos sete anos de idade. 1767. Clemente deixa sua mãe e a casa paterna e dirige-se a Zuaim, junto a Francisco Dobsch, para exercer, durante três anos, o ofício de padeiro. 1n1 . Exerce o ofício de padeiro em Brucken , no Convento dos Premonstratenses, cujo abade, Gregório Lambeck, fá-lo seu doméstico, permitindo que ele assista às aulas no ginásio do Convento. 1n5. Com a morte do abade Gregório, Clemente faz-se eremita em Mühlfrauen. No mesmo ano, o ímpio

Imperador José 11, da Áustria, proíbe a vida eremitica em seu país. 1n8. Na loja A la paire de ter, em Viena, em companhia do amigo Pedro Kunzmann, Clemente exerce o ofício de padeiro. No mesmo ano, com o amigo Pedro, parte em peregrinação a Roma. 1782. Nas proximidades de Roma, com o mesmo amigo, Clemente resolve novamente levar vida de anacoreta em Tívoli. O Bispo da cidade, Barnabé Chiaramonti (futuro Papa Pio VII) lhes impõe b hábito de eremita e lhes muda os nomes. O nome de batismo do Santo era João (em memória de São João Evangelista) e passa a ser Clemente, e o de Pedro, Manoel.

29 de março de 1785. São Clemente é ordenado sacerdote na Congregação dos Redentoristas, em Alestri. Em seguida parte para a Pomerânia. 1787. Instala-se na célebre igreja de São Benno, em Varsóvia, onde havia muitos alemães. 1795. São Clemente instala religiosos Redentoristas em Mitau, na Curlândia (Rú ssia). 1802. O Santo leva seus religiosos para Lutkov e Radzumin (Rússia) . No mesmo ano, já na Alemanha, estabe lece os Redentoristas nos domínios do Príncipe prussiano João Schwarzenberg . 1804. Retorna a Varsóvia e poucos dias depois dirige-se a Babe-

nhausen (Alemanha). Quando esse Principado foi anexado à Baviera, os Redentoristas são expulsos de lá, e se refugiam na Suíça . Dezembro de 1806. O Santo está novamente em Varsóvia. 1808. O rei da Saxônia recebe ordens de banir da Polônia os bennonitas (Redentoristas) e pouco depois também são fechadas as Casas da Congregação na Rússia. Nesse mesmo ano, D. Sigismundo de Hohenwarth, Arcebispo de Viena, nomeia São Clemente capelão e confessor das Ursulinas. 1819. São Clemente recebe a ameaça de expulsão de Viena, da parte do Imperador Francisco 1. O

velho Arcebispo da capital pede a intervenção da Santa Sé junto ao Imperador. A situação se recompõe. Em outubro do mesmo ano, São Clemente remete ao Imperador austríaco pedido para a introdução da Congregação na Áustria. O que será concedido após a morte do Santo . 15 de março de 1820. Falecimento de São Clemente Maria Hofbauer, durante a recitação do Ângelus. 29 de janeiro de 1888. Beatificado pelo Papa Leão XIII. 20 de maio de 1909. Canonizado pelo Papa São Pio X.

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le; uma verdadeira apoteose em que tomou parte a capital da Áustria em sua quase totalidade. E o mais admirável ainda é que tudo isto foi feito sem convite algum. Ao receber a notícia do passamento de São Clemente, o Imperador exclamou: "Isto é duplamente doloroso para mim e meu povo, bem CO!]lO para toda a Cristiandade, porque ele era a coluna da Igreja."

A pregação de São Clemente tornouse, em breve, um espinho para os josefistas e a polícia austríaca; temiam que os austríacos se tornassem ultr'àmontanos (ou seja, fiéis ao Papado)~ obedecessem mais ao Papa do que ao Imperador. Uma ordem da polícia, em 1816, proibiu então ao Santo de pregar. Mas houve tanta reação por parte do povo, que o governo teve de anular tal proibição.

Sua fé profunda Pe. José Passerat (1722-1858)- Quadro Sua fé era tão inabalável, que ele a óleo de Paul Deschwanden. Esse muitas vezes afirmava não esperar por sacerdote, nobre de origem francesa, foi ela recompensa divina alguma, porque nomeado por São Clemente reitor do nunca teve de combater tentações contra convento redentorista edificado sobre as a fé. "Tirai-me tudo, mas não me priveis ruínas de um antigo castelo do Príncipe do tesouro precioso da fé: é melhor perJoão Schwanenberg, amigo do Santo der a vida que naufragar na fé." Produções literárias e poéticas, hipóteses científicas em qualquer ramo da "Era a coluna da Igreja" ciência, especulações dogmáticas e doutrinas da alta ascese ou mística, ele as A 15 de março de 1820, enquanto os julgava com presteza espantosa e agudepresentes à sua preparação para a morte za de espírito; como a gracejar, dizia ele rezavam o Ângelus, Clemente expirou possuir um "faro católico", afirmação placidamente. No momento da morte, essa que não queria indicar outra coisa um leve sorriso estampou-se em seu rossenão a luz superior que recebia do Céu. . to, antes convulsionado pelo excesso de E que lhe fazia discernir, Jogo à primeira dor. vista, a verdade do erro, o bem do mal. Intervenção da Providência Divina! A conselho do Santo, formou-se uma Nesse mesmo dia, à tarde, o Imperador biblioteca popular em Viena. Para a ÁusFrancisco I assinou o decreto permitindo tria começava uma nova era de renascie aprovando a Congregação para a Áusmento espiritual, devida, em grande partria. Realizou-se com pontualidade esta te, aos esforços de São Clemente. Granprofecia do Santo: "É preciso primeiro des artistas, conhecidos mestres, heróis que eu morra, só depois é que a Congreda pena como Frederico Schlegel, Clegação se expandirá". mente Brentano, Adam Müller, não puFato admirável: ninguém havia conviblicavam suas importantes obras sem andado o povo para o enterro, mas ele comtes receberem a aprovação do Santo. pareceu ao mesmo, empunhando velas Todo esse movimento literário estava, acesas; uma multidão incalculável, no pois, colocado nas mãos de São Clemaior recolhimento, formava a guarda de mente, que obrigava os artistas e os honra do cadáver! Viena jamais vira entersábios à oração, referindo assim a Deus ro tão comovente e magnífico como aguea arte e a ciência. O apostolado que exerceu nesse sentido foi decisivo para a reforma espiritual, a conservação da fé e o soerguimento da vida moral na Áustria de então.

O devoto da Virgem A exemplo de Santo Afonso de Ligório, fundador dos Redentoristas, São Clemente nutria uma devoção toda especial para com a Virgem Santíssima, sob o título do Bom Conselho, de cujas luzes tanto necessitava naqueles tempos turbulentos. E a Virgem diversas vezes deu mostras de que aceitava os louvores e orações do seu devoto servo, guiando-o através dos escolhos da vida tempestuosa do seu século.

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CATOLICISMO, ABRIL 1994

Convento das Ursullnas, em Viena, em cuja Igreja, nos últimos 11 anos de sua vida, São Clemente exerceu extradordlnárlo trabalho apostólico com representantes de todas as classes sociais

CATOLICISMO ASSINATURA ANUAL

pusera, de operar grandes coisas por Deus e de imolar a sua vida pela Religião, transparecia certamente em todas as ações e fases de sua existência. Mas sobretudo, e de modo particular, nos esforços sobre-humanos para a consolidação interna e externa da Congregação. Para tal fim, sacrificou os 34 anos do seu trabalhoso apostolado, passados em Varsóvia, Viena e outros lugares onde procurou estabelecê-la. Embora não tenha tido a consolação de ver, com seus próprios olhos, o fruto abençoado de sua operosa atividade, conseguiu, graças aos seus ingentes esforços, a aprovação de sua Congregação, a formação dos primeiros redentoristas transalpinos e a difusão desta em diversos países da Europa e da América. O sonho dourado de sua vida, de enviar a todas as partes do globo uma legião de operários apostólicos; ele o realizou maravilhosamente. A Congregação Redentorista desenvolveu-se rapidamente, abençoada do Céu por seu segundo fundador, São Clemente Maria Hotbauer, que certamente de lá se regozijava juntamente com Santo Afonso Maria de Ligório.

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CATOLICISMO

Nº 521 Maio

Discernindo, distinguindo, classificando...

1994

A CURIOSA SITUAÇÃO DOS ÍNDIOS MALAÍSIOS O Brasil é muito perseguido pela esquerda internacional, a propósito dos índios aqui existentes. A Malaísia constitui um Cilí.emplo interessante a ser analisado

A

MBIENTALISTAS e outros promoveu recentemente em seu terquerem a todo custo que os ritório um seminário internacional sobre os povos indígenas. Nessa ocasião, índios brasileiros, aliás em número reduzido, não sejam evangeli- um ministro de Estado respondeu às zados nem civilizados. Desejam mancríticas com um discurso firme e inflatê-los em seu atraso cultural, imersos mado: "Na Malaísia, acreditamos que nas superstições pagãs, com seus coso melhor caminho para os povos indítumes bárbaros, levando uma existêngenas é acelerar sua integração à sociédade global". cia que seja o mais possível próxima à dos animais na floresta. Defendem encarniçadamente as chamadas "tradições indígenas". Talvez seja esse o único ponto em que tais esquerdas se revelam tradicionalistas, pois no que se refere as tradições cri's tãs portam-se com'o agentes demolidores. Enfim, se há quem sobretudo saia prejudicado com esse culto do atraso, são os pobres ínFesta religiosa na ilha de Pinang, no litoral dios, a quem deveríada parte sul da península malaia, mos amar como irmãos pertencente à Malaísia mais necessitados, a Ele falou diante de trezentos repreexemplo do que fizeram Anchieta, Nósentantes de governos da Europa, Amébrega e Fantos outros. E assim não pourica, Ásia e África, de organizações par esforços para evangelizá-los e ajuinternacionais como a Unesco, de andá-los a sair da escravidão de seus costropólogos e jornalistas. tumes bárbaros. Mostrou que "na maior parte do *** tempo, os índios coexistiram pacificaA Malaísia, situada no Sudeste asiático, é constituída pela Península mente com a população predominante", numa clara insinuação de que orMalaia, ao Sul da Tailândia (antiga Feganismos internacionais interferem deração da Malásia, depois da Malaísia, e mais os territórios de Sabah e contra a paz social na Malaísia. O plano do governo é facilitar aos Sarawak, ao noroeste da ilha de Boríndios "o acesso aos benefícios do néu). 70% de sua área é coberta por desempenho da economia malaísia", a densa floresta tropical. qual tem registrado os mais elevados O país é vítima da mesma perseguiíndices de crescimento do mundo, atinção sofrida pelo Brasil. Só que os íngindo até 8% ao ano. dios lá existentes são numerosos, e vêm Exemplo característico dessa políse portando corri um bom senso que não tica são os índios Penan. Originalmente agrada seus pseudo-defensores. nômades, esses povos da ilha de BorAnte os protestos que correm a Eunéu estão agora fixados em colônias ropa e os Estados Unidos contra a exconstruídas por estímulo do Governo. tração de madeira e .a política de integração dos índios, o Governo malaísio Dos l O mil representantes dos Penan,

2~

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apenas 400 ainda vivem dispersos na floresta. Sete índios Penan participaram do seminário internacional convocado pelo governo. David Kala, representante dos Penan, está convencido .d e que os membros de seu grupo só têm a ganhar com a adesão aos estímulos do Governo para sua integração. Um folheto do Governo malaísio, que circulou aqui no Brasil durante a ECO-92, dizia espirituosamente: "Já é tempo de os ambientalistas tratarem os Penans como seres humanos e não como parte da biodivérsidade".

Assestando o Foco "

E

fato notório que, hoje em dia, desapareceram os homens com verdadeira capacidade de liderança, em todos os campos, mas especialmente no político. O aludido fenômeno tomou-se tão patente e de tal maneira tem sido realçado, que se transformou num lugar comum. Um autêntico líder raramente aparece da noite para o dia. Não sai "do nada", como o coelho da cartola mágica. Essa é uma das razões pelas quais inspira mais confiança o profissionalpolíti co do que o político-profissional. Gabriel Garcia Moreno, figura paradigmática· analisada em artigo desta edição, foi um profissional-político, em sua época. Compreende-se, pois, que o povo equatoriano, levando em conta essa característica, além de outras suas qualidades insignes de governante, o tenha eleito três vezes à suprema magistratura do país. Para isso pesaram alguns significativos elementos de seu curriculum vitae, os

quais apresentamos abaixo. Aos 22 anos doutorou-se "in utroque jure", isto é, na Ciência Jurídica, tanto a temporal quanto a canônica. Aos poucos Garcia Moreno foi tomando parte crescente na vida pública equatoriana. Aos 24, Conselheiro Municipal de Quito. Logo depois, fundador e diretor do semanário E! Zurriago (O Azorrague). Meses mais tarde, diretor de outra folha patriótica, E! Vengador. Ambas as publicações visaram mobilizar a opinião nacional, durante um período de necessidades críticas. E o conseguiram. Aos 25 anos, sendo já conhecida sua capacidade, o futuro presidente equatoriano foi nomeado Governador da importante província de Guayas. Entretanto, esse líder "em espírito e em verdade" empenhou-se no aperfeiçoamento de sua formação não só intelectual, mas também religiosa. Fê-lo especialmente

na capital da cultura universal, em sua época: Pari~. Assim, pensava bem, poderia futuramente servir melhor seu país. Instruiu-se em assuntos da Terra como do Céu. Para comprová-lo, dois fatos: tornou-se membro da Sociedade Geológica da França. Mas também, nessa mesma época, leu três vezes os vinte e nove vol umes da admirável e renomada" Histoire universelle de l'Église Catholique", do Pe. Rohrbacher. Bem preparado, voltou a seu país. Foi Reitor da Universidade de Quito e, mais tarde, catedrático de química e física no mesmo estabelecimento de ensino. Mas Gabriel Garcia Moreno foi sobretudo líder e homem público católico. Quando um amigo lhe propôs escreve! a História do Equador, respondeu: "E melhor fazê-Ia" . E a fez. Cumpriu seu lema: "Liberdade para tudo e para todos, exceto para o mal e os malfeitores" .

Índice Discernindo

A c uriosa situação dos, índios malaísios

Catolicismo é uma

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publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Lida.

A realidade concisamente

Saciados de vulgaridade

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Destaque

Conversões de ang licanos abala ecumenismo

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho

5

Jornalista Responsável:

Polltica

Carência de verdadeiros líderes: fenômeno universal

Em seu discurso, o ministro denunciou a "dramatização" que se faz da situação dos povos indígenas, em especial dos Penan. E sobre a pretendida destruição das florestas, disse ele que 8,7 milhões de hectares de mata são mais do que suficientes para abrigar 400 Penans! O índio Rashid, representante de uma das tribos locais e professor de antropologia, afirmou estar convencido de que a situação dos índios malalsios é incomparavelmente melhor do que em qualquer outro lugar do Ocidente. A política do gove.rno malaisio de estímulo à integração dos indios cnquu dra-se no plano nacional de errnd icnç1 o da pobreza. De acordo com os dndos oficiais, o número de fiunllin s 11b111xo do limite de pobreza foi r ·<luzido de 49,3% para 17% nus duns úll i11111. décadas.

Takao Takahashi - Registrado na DRT·SP sob o N2 13748

6

Redação e Gerência:

Teologia da História

Rua Martim Francisco, 665 01226-001 • São Paulo, SP Tel: (011) 824-9411

Do crepúsculo ao anoitecer da Cri standade: previsão de um doloroso itinerário 1O TFPsem ação

Nas Fili pinas, lançamento da obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira

Diagramação:

11

Antonio Carlos F. Cordeiro e Willians Cezar Oliveira

13

Fotolitos:

Caderno Especial

Nossa Senhora dos Desamparados

Microformas Fotolitos Lida. Rua Javaés, 681 • 01130-01O São Paulo - SP

Entrevista

lves Gandra: "A carga tributária é absolutamente impossível de ser paga"

17

Impressão:

Brasil real, Brasil brasileiro

O Nordeste inteligente, vivaz e idealista

Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. RuaJavaés, 681 -01130-010 São Paulo • SP

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Escrevem os leitores

Famíli a

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Religiosidade

Senhor Santo Cristo: sec ular devoção dos Açores

Acorrespondência relativa àassinatura e venda avulsa pode ser enviada ao Setor de Propul· são de Assinaturas. Endereço: Rua Martim Francisco, 665 CEP 01226-001 - São Paulo • SP - Tel.: (011) 824-9411

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Em painel

Frases e imagens

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Nossa capa: Gabriel Garcia Moreno, Presidente da República do Equador • Quadro de Rafael Salas Pérez ( 1830 - 1906) exisJente na sede da TFP equatoriana, om Quito

ISSN · 0008-8528

Q,¾.°·, ,

CATOLICISMO, MAIO 1994


füJTfüJP~ Saciados de vulgaridade ...

., · Holanda, uma semana após seu

Trinta monges beneditinos, trajados de negro, entram em fila no balcão do coro do austero mosteiro neoclássico de São Domingos de Silos, ao

O canto gregoriano é favorecido, de modo especial, pela tranqüilidade da vida monástica norte de Madri. Vivendo em isolamento quase total, sem acesso aos jornais, rádio ou televisão, eles nada têm de pop stars. Mas a gravação que fizeram de cantos gregorianos, em CD (disco "laser") relançado na Espanha no final do ano passado, saltou para os primeiros lugares nas paradas de sucesso do país, com índices de venda superiores a 30 mil cópias. Tornou-se o álbum da semana na

lançamento; foi posto à venda recentemente na Inglaterra, e nas próximas semanas estará .no Japão, Malásia, África do Sul, Estados unidos e Austrália. Eis como "The Guardian", célebre jornal britânico, noticia o fato: O diretor - administfa tivo da TV estatal espanhola, Rafael Gil, a propósito, faz notar: "O êxito repentino nada tem a ver com campanha publicitária, que foi muito modesta. É quase espontâneo. Neste ramo, a venda de 400 discos com música medieval é um êxito" . A música atual "não atende às necessidades espirituais da sociedade", daí o êxito do canto gregoriano - salienta o Abade do Mosteiro de São Domingos de Silos, Padre Clemente Sema. Nauseado da banalidade e boçalidade hodiernas, o homem contemporâneo sente saudades dos sublimes acordes sacros de outrora ...

nove. .. A última, que veio a público em 1989, remontava a 1976, isto é, transcorreram treze anos antes de ser emitida a "sentença". Tomaram-se mais escassos os prodígios? Estará havendo um refluxo de graças no célebre santuário? A natureza da" crise" parece bem diversa. Consta que o Bispo de Angers, cuja diocese se localiza na região de Lourdes, manifesta ceticismo quanto aos milagres. O correspondente do "Corriere de lia Sera", de Milão, Ulderico Munzi, que nos revela o fato acima, acrescenta ainda este: enquanto muitos médicos vêm repisando serem certas curas inexplicáveis perante a ciência, a Igreja , de modo estranho, tem exigido sempre mais "provas" para aceitar o milagre. Ao que parece, um milagre ainda maior seria fazer determinados eclesiásticos crerem ...

Não é só loucura Papéis trocados Médicos católicos e Bispos reuniram-se em Paris para debater o tema dos milagres de Lourdes. Entre 1858 e 1958, foram registradas cinqüenta e seis curas oficiais, e de lá para cá, apenas

Em 1969, Charles Manson foi o mentor de um ritual satânico, que culminou com o assassinio de várias pessoas cm meio a drogas e orgias sexuais. Hoje, com 59 anos, condenado à prisão perpétua, ele goza

de popularidade e riqueza nos Estados Unidos. Calcula-se que deva conseguir cerca de 62 mil dólares para cada milhão de reproduções do disco "The Spaghetti Incident", de sua autoria, do qual já foram vendidas milhões de cópias. Também obtém polpudos lucros de várias entrevistas que, periodicamente, concede às emissoras de TV. Ao mesmo tempo, recebe uma média diária de quatro cartas, provenientes de admiradoras em 'todo o país. Existe até mesmo loja especializada na venda de chapéus, meias, jaquetas, camisas, camisetas e até trapos com a efígie ou o nome de Manson, inclusive para crianças. Çomo explicar a celebridade de um satanista assassino? " Newsweek" nos dá a resposta. Segundo a revista, uma repórter da cadeia de televisão ABC N ews perguntou a Manson se ele se considerava louco. Resposta: "Sim, sou louco, doido varrido. Que diferença faz .isto? Sabe, no passado, ser louco significava algo. Hoje, todo mundo é louco". Só louco? Principalmente louco? O demônio odeia a razão e o bom senso, fundamento natural da verdadeira Fé. Manson segue fielmente o "pai da mentira" ...

China vermelha: a face oculta

Camponesa da comarca de Renshau, na província de Sichuan, manifesta seu desagrado diante da penúria reinante na região e da corrupção das autoridades e comunistas locais

Constituem autênticas balelas certas estatísticas recém-divulgadas, segundo as quais o comunismo amarelo estaria a caminho de produzir verdadeiro surto de prosperidade. As cidades das zonas de economia especial - leia-se capitalistas - ostestam, é bem verdade, o que há de moderno- carros importados e telefone celular, por exemplo. Entretanto, no campo, famílias inteiras continuam a puxar arados, como animais. Isto porque não possuem sequer um boi para fazer o serviço. Trator é algo impensável. O Governo monta barreiras nas estradas para impedir a livre movimentação dos camponeses. Só passa quem tiver alguma carga de legumes ou frutas para vender. Estações de trens e ônibus são vigiadas. Negócio feito, o camponês deve voltar para casa - ou melhor, para o cubículo onde se abriga - ou será enxotado pela policia. No interior do país, o transporte é precário. Ademais, falta água, luz, esgotos, escolas, hospitais. Quartéis não faltam . Se as estatísticas róseas do Governo não resistem, assim, a uma breve análise do "hinterland" chinês, por que prosseguir na mistificação oficial?

Fanatismo ecológico - Os casacos de pele, que sempre foram sinal de bom gosto e elegância, provocam atualmente o furor irracional dos radicais do ecologismo. Muitas das modelos, que desfilam nas passarelas dos grandes eventos da alta costura, incluem nos seus contratos a eventual idade de se recusarem a desfilar com trajes que tenham peles. A americana Christy Turlington foi ainda mais longe. Ela, que recebe grandes quantias por sua participação em desfiles, dispôs-se a fazer, gratuitamente, uma publicidade para uma organização de defesa dos animais, na qual figura inteiramente nua, afinnando que prefere andar assim a vestir um casaco de peles. Eis aí o ecologismo radical aliado ao escândalo e à imoralidade.

ração Brasileira de Naturismo", que conta com 2.500 sócios e cobra, como· taxa de inscrição, 150 dólares. O incremento do nudismo não é senão mais um importante fator para a desagregação de nossa combalida sociedade.

Avanço do nudismo - No Brasil já existem cinco praias onde se pratica o nudismo. Localizadas nos Estados do Rio de Janeiro, Paraíba e Santa Catarina, as praias, somadas, atingem a extensão de dez quilômetros. Como se esse clamoroso atentado à moral católica tradicional não bastasse, no interior de São Paulo há dois sítios onde 67 "famílias" costumam encontrar-se nos fins de semana , para churrascos de confraternização, em que todos ficam completamente despidos. Foi fundada a" Fede-

E o efeito estufa?- A propósito desse intenso e contínuo frio nos Estados Unidos, comenta a revista "Time": "Os cientistas tinham lançado advertências apocalípticas, dizendo que os gases de carros, termo-elétricas e fábricas estavam criando um efeito estufa, que faria com que aumentasse perigosamente a temperatura nos próximos 75 anos. Mas, ao contrário, .... pode ser mais apropriado começar a temer pela próxima Era Glacial". Quem acompanha os acontecimentos com olhos de Fé, compreende que

CONVERSÕES DE ANGLICANOS ABALAM ECUMENISMO

Quando meus amigos e eu compreendemos que a reunificação não seria mais possível, então nos decidimos a dar o passo .... com grande sensação de alívio". Suas declarações atingem de frente o ecumenismo: "A igreja da Inglaterra (anglicana) interpreta os sacramentos, a autoridade do Pontífice e o conceito geral da autoridade de modo muito diverso de Roma. Uma reconciliação é portanto impossível" . A respeito da ordenação das mulheres como sacerdotisas, prossegue ele: "Foi apenas um momento final de um dissídio muito longo. A ordenação das mulheres representa uma grande fratura. A Igreja de Roma é á única que se pronuncia de maneira clara sobre as principais questões morais e doutrinárias, e é isto que atrai , é disto que sentimos necessidade" (" Corriere deli a Sera", 25-2-94). Em outros tempos, tais conversões teriam causado grande alegria entre os católicos, e levariam certamente os dirigentes da Igreja a promover manifestações de júbilo, como a narrada no Evangelho por ocasião da conversão do filho pródigo. Infelizment~, porém, um certo vento gélido de ecumenismo, que sopra em meios eclesiásticos, espalhou no ambiente da Igreja uma incompreensível frieza em relação a quaisquer conversões. Aceitam-se os

Desde que a duquesa de Kent, prima da rainha Elizabeth II, converteu-se do anglicanismo para o catolicismo, o número de conversões vem crescendo na Inglaterra. O estopim foi a ordenação de mulheres naquela seita protestante. Mas já há algum tempo que o movimento de conversões ali se esboçava. Foi um golpe duro no ecumenismo, que é refratário a conversões. Sete "bispos" e 712 "padres" e diáconos anglicanos declararam solenemente aceitar a autoridade do Papa no seu papel de "Supremo Pastor da Igreja Universal". Muitas outras conversões são ainda esperadas. É comovedor ler, no documento produzido pelos neoconvertidos, que só "a Santa Igreja Católica Apostólica Romana professa e ensina a verdade revelada". Falando à imprensa européia, Conrad Meyer, ex-bispo anglicano de Dorchester, declara: "Há anos esperei e rezei em silêncio. Sofri muito, mas continuei acreditando firmemente que um dia a igreja anglicana tomaria a ser católica, reconhecendo de novo a autoridade do Papa e voltando a crer que o centro da Cristandade está em Ruma.

Terremoto e frio - Enquanto um terremoto atingia Los Angeles - onde nove vias elevadas partiram-se como varas - , uma enorme massa de ar frio penetrava os Estados Unidos. Em várias cidades a temperatura ultrapassou 30 graus negativos. Pela primeira vez na História, as escolas de Chicago fecharam por causa do frio. Durante dez dias consecutivos, a temperatura naquela importante cidade foi inferior a 23 graus negativos.

a Providência, mediante tais flagelos da natureza, pode estar iniciando uma punição mais séria do mundo por seus graves pecados.

Aborto cm Universidade ... Católica - Criada no século XV por decreto papal, a Universidade Católica de Louvain (Bélgica) depende da Hierarquia eclesiástica. No campus dessa célebre Universidade, funciona um "centro de planificação familiar", que realiza abortos desde 1979. Tal matança de inocentes, efetuada no terreno pertencente a uma das mais famosas universidades católicas do mundo, é um fato aberrante que deve nos causar santa indignação! Infante Dom Henrique - A cidade · do Porto (Portugal) realizará grandes comemorações pelo transcurso do sexto centenário do nascimento . do Infante Dom Henrique, o Príncipe que fundou a célebre Escola de Sagres e deu início ao período das grandes navegações marítimas lusas. Ele foi o propugnador de uma epopéia cheia de Fé e heroísmo, que deu origem ao descobrimento de nosso País. Entre as festividades, destacam-se: concertos de música medieval e renascentista; uma Feira Medieval, no Terreiro da Sé.

convertidos, é certo, mas tem-se a impressão de que muitos Cardeais e Bispos prefeririam que eles tivessem permanecido na heresia e no cisma para não atrapalhar o ecumenismo. A esse ponto chegamos na única Igreja verdadeira do único Deus verdadeiro ...

A conversão ao catolicismo da Duquesa de Kent, prima da rainha Ellzabeth 11, representou um estímulo para "eclesiásticos" e leigos anglicanos que, em grande número, têm seguido seu exemplo

CATOLICISMO, MAIO 1994

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POLiTICA

CARÊNCIA DE VERDADEIROS , LIDERES: FENOMENO UNIVERSAL ~

O que é propriamente uma liderança autêntica? Como hoje ela quase desapareceu em todo o mundo, nada mais indicado, para responder à pergunta, do que exemplos concretos, os mais recentes possíveis~- um líder nato hispano-americano e, entre nós, disseminado por todo o País, certo tipo de homens que exerceram o mando numa esfera mista público-privada 6

CATOLICISMO, MAIO 1994

depoimentos então publicados em edição da revista'' Time". Comenta Michael Mandelbaum, conceituado analista político: "É a reunião dos mais poderosos países mas com os mais débeis líderes do mundo". Outro jornalista, Jean Lacouture, acrescenta: "Na h_istória mundial, não posso lembrar-me de um único período em que houvesse tão poucos grandes lídeCasa situada na praça de São Domingos, em Quito, onde ,, residiu García Moreno até sua morte, em 1875 res . Para Erwin K . Scheuh, professor de sociologia da a ~p_oca horrivelm~nte econoUniversidade de Colônia, "parece que m1c1sta em que vivemos, as somos liderados por medíocres" . Ennações mais importantes são quanto Bo K. Huldt, diretor do Instituto as mais ricas. Ao contrário de outros de Estudos Estratégicos de Londres, tempos mais felizes em que prevalelamenta: "Há uma falta de cabeças oriciam a cultura, as artes, os dotes do ginais na política" . E o jornalista norespírito enfim, e não o peso do ouro. te-americano James Walsh constata: Assim, é da mas alta importância "Por ,, ora, os não-heróis estão no paihoje em dia ser Chefe de Estado de uma co. nação endinheirada. Nessa perspectiComo era esse fenômeno no passava, que se reúnam, por exemplo, os do? A pobreza de personalidade tamlíderes dos sete países mais ricos do bém caracterizava os homens que, a mundo é um acontecimento pinacular. algum título, lideravam a sociedade? São os homens que, de um modo ou de Vejamos. outro, traçam os destinos da Terra. A mais recente assembléia desse porte deu-se em meados do ano pasVigoroso líder sado, em Tóquio: a famosa reunião do hispano-americano "Grupo dos 7". Qual era a qualidade Houve no século passado um Chefe humana desses homens tão importande Estado que, devido a intenso trabates ali presentes? Tomemos alguns

N

lho e pouco repouso, causava preocupação a seus auxiliares, temerosos por sua saúde. Ele, contudo, comentava sorrindo: "Deus pode fazer esperar. Eu não tenho esse direito. Quando Deus quiser que eu repouse, enviar-me-á a doença ou a morte". Certo dia, entretanto, um ministro, querendo proporcionar-lhe algumas horas de lazer, levou-o à sua fazenda. Ofereceu ao Chefe de Estado e a outros ministros suntuoso almoço, excelentes charutos e jogo de cartas. À tarde, ao despedir-se o Presidente da República, suplicou-lhe o anfitrião que ali pernoitasse. "Com gosto aceito ficar respondeu o líder político - mas vós, senhores ministros, sereis capazes de pernoitar aqui e estar a postos amanhã às onze?" Todos assumiram esse compromisso. Na manhã seguinte, o Chefe de Estado chegava pontualmente às onze horas para iniciar seu trabalho. Não encontrando os ministros, mandou chamá-los para se apresentarem imediatamente em seus respectivos gabinetes. Existiu, de fato, um líder político que procedeu assim. O pequeno fato acima narrado - o qual dificilmente ocorreria nos meios políticos de hoje - é simbólico de toda a existência desse chefe nato. Trata-se não de um

Altar ante o qual García Moreno comungou pela última vez, em 6 de agosto de 1875 Chefe de Estado de tempos recuados ou de outros continentes, mas de um governante sul-americano da época contemporânea. Mereceu, entre muitas glórias, um monumento no Colégio Pio Latino-Americano de Roma. O Papa Pio IX concedeu generoso contributo para sua construção. A inscrição que figura no monumento nos dá uma idéia sintética desse líder:

Ao integérrimo guardião da Religião, Ao zeloso promotor das ciênáas, Ao dedicadíssimo servidor da Santa Sé, Ao justiceiro, vingador dos crimes

Gabriel García Moreno, Presidente da República do Equador, Traiçoeiramente assassinado pela mão dos ímpios A 6 de agosto de 1875. Os homens de bem do mundo inteiro Celebram-lhe as heróicas virtudes, Sua gloriosa morte pela Fé, E choraram o crime que espantou o mundo. O Soberano Pontífice Pio IX Por sua munificência E as dádivas de um grande número de católicos Elevou este monumento Ao bravo defensor Da Igreja e da sociedade.

Caracterização da liderança num homem Em sua mais recente obra, "Nobreza e Elites Tradicionais Análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza Romana", o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira explica admiravelmente as características do verdadeiro líder. Analisando-as, vê-se que elas se aplicam inteiramente a García Moreno: 1. "O exercício de .... autoridade exige essencialme,:zte do seu titular

HOMEM PÚBLICO CATÓLICO O Pe. Manuel Proafío SJ foi quem propôs oficialmente, pela primeira vez na História, que um Estado se consagrasse ao Sagrado Coração de Jesus. O Presidente da RepúblicaGarcíaMoreno acolheu a sugestão com entusiasmo e apresentou-a ao Episcopado equatoriano, reunido no III Concílio de Quito, bem como ao Poder Legislativo. A Hierarquia católica e o Parlamento aprovaram a sugesQuadro do Sagrado Coração tão por unanimidade. de Jesus diante do qual foi Assim, a Igreja e o Esrealizada a consagração do tado resolveram fazer a solene consagração Equador do país. Dizia o decreto do Poder Legislativo:" Considerando queoIIIConcíliodeQuito,porumdecre-

to especial consagrou a República ao Sagrado Coração de Jesus, colocando-a sob a defesa e proteção dEle; que esse ato, o ma-iseficazparaconservaraFé,étambém o melhor meio de assegurar o progresso e a prosperidade do Estado; o Congresso decreta que a República, doravante consagrada ao Coração de Jesus, O toma como padroeiro e protetor". No dia 25 de março de 1874, à mesma hora, e no decorrer de grandes solenidades, depois de muitos preparativos, em todas as igrejas do Equador realizou-se a cerimônia da consagração. Na Catedral de Quito, o Arcebispo pronunciou a fórmula do ~to em nome da Igreja. García Moreno, envergando esplêndida farda, repetiu-a em nome do Estado.

•••

Poucas semanas. antes de ser assassinado por ódio à Fé, o admirável Chefe de Estado equatoriano dirigiu ao Papa Pio IX tocante missiva, da qual destacamos o seguinte tópico: "Que fortuna para mim,

Santíssimo Padre, a de ser odiado e caluniado por causa de nosso Divino Reden-

tor! E que felicidade tão imensa seria para mim se vossa bênção me alcançasse do Céu o derramar meu sangue por Aquele . que, sendo Deus, quis derramar o seu, na cruz, por nós!" (*). A Providência Divina permitiu que o extraordinário homem público católico efundisse seu sangue logo depois e exclamasse heroicamente na hora de expirar: "Deus não morre!" (~) Wilfrido Loor, Cartas de García Moreno, t. IV ( 18681875), p. 538.

D. lgnacio Checa y Barba, Arcebispo de Quito, foi quem pronunciou a fórmula da consagração do Equador ao Sagrado Coração de Jesus, em nome da Igreja·. Como García Moreno, foi assassinado por ódio à Fé


uma clara efirme noção de quais sejam fostes no passado, firme sustento da culpas às pessoas que tinha contristado. Um oficial amigo seu, por razões a finalidade e o bem comum do grupo ordem e da paz"(J). 2. Deve haver um "consenso pro- fúteis, deixara de visitá-lo e cumprisobre o qual ela se exerce, e o lúcido conhecimento dos meios e té'cnicas de fundo e estável" (4) entre o líder e os mentá-lo. Encontrando-o certo dia, o ação necessários à consecução desse liderados; e uma" séria confiança" na- Presidente abordou-o sem rodeios: quele. Assim, juntos poderão alcançar Nomeio-o meu ajudante de ordens", bem"(l). disse-lhe. O oficial , estupefato não De que García Moreno teve "lú- o bem comum. O Equador de então preencheu lar- respondia. "Aqui tens - acrescentou cido conhecimento dos meios e técnicas de ação necessários", um fato gamente esses requisitos. Três vezes inclinando-se diante dele - se tu bastante ilustrativo de sua vida o elegeu García Moreno para a suprema queres minha cabeça, ei-la!" Reconciliaram-se e permaneceram comprova. bonsamigos(6). Já aos 25 anos era ele homem público conhecido por coraNo Brasil de outrora, josas intervenções na exemplo de lideranças vida nacional. Numa autênticas das turbulências enTambém em nossa Pátria, altão ocorridas, o gumas décadas atrás, tais lideranGovernador de ças vicejavam não só na atividaGuayaquil notificou de política, mas ainda em outros ao governo central que não estava conseguindo manter a ordem pública. O Presidente Roca chamou o jovem García. Encarregou-o de pacificar aquela cidaFazendeiros que grangearam prestígio de, a segunda do mediante Inovações no cultivo ... país. Estava ela completamente entregue à anarquia. Narra seu biógrafo, o Pe. magistratura, com muiAlphonse Berthe: "Bastou García Moto folgada maioria . reno aparecer entre aqueles subleva- Duas vezes para o Senados furibundos e soldados em delírio do. Além disso, esse para impor a todos o respeito à lei. Frio Presidente submeteu a como o mármore, deu as ordens com plebiscito a Constituium tom que não admitia réplicas, e ção que, sob seu influxo, todos compreenderam que era preciso foi aprovada pelo Parla... ou secagem do café obtinham, com freqüência, obedecer. Em oito dias, a ordem estava mento, tendo recebido o Ululo de coronel da Guarda Nacional restabelecida, a sorte dos prisioneiros praticamente adesão assegurada, a conspiração aniquila- unânime do país. Muitas da" (2). outras comprovações da profunda po- campos. E, com freqüência, numa zona De que o líder equatoriano teve pularidade do líder poderiam ser apre- mista, em que o político se mescla com "clara e firme noção da finalidade e do sentadas, mas extravasam os limites de o social. Discorrendo sobre lideranças aubem comum ", existem muitas provas. um artigo. tênticas, o Prof. Plínio Corrêa de OliApresentemos uma: o profundo reco3. Entre as qualidades da vontade e nhecimento do povo, manifestado atra- da sensibilidade do verdadeiro líder, veira, em recente exposição a sócios e vés de uma significativa medalha. cabe ressaltar "uma riqueza .... sufi- cooperadores da TFP, observou que a As dez Sociedades Populares da ca- ciente para emprestar a quanto ele diz questão não se restringe ao campo popital ofereceram ao ex-presidente (de- o sabor do real, do sincero, do autênti- lítico. Diz respeito também à esfera privada. É uma questão bipolar, em que pois do seu primeiro mandato, 1861- co, do interessante, do atraente, enfim, a vida pública e a particular se entrela1865) uma medalha de ouro com dia- de tudo quanto leva os que lhe devem mantes. Nela estava inscrito: "A Gar- obediência a segui-lo com agrado" (5). çam. Analisou então o fenômeno dos ancia Moreno, modelo de virtude, como Da sua força de vontade, sua atualembrança dos serviços prestad_os à ção em Guayaquil constitui amostra tigos coronéis da Guarda Nacional, que pátria". "Nossas sociedades - disse- concludente. Um pequeno e saboroso tanta influência exerceram no Brasil, ram-lhe na ocasião - compostas de exemplo de como sabia fazer-se "se- desde fins do século passado até o adconsiderável número de operários, ar- guir com agrado": "Várias vezes, em vento da era getuliana, em 1930. O Brasil, nessa fase, podia ser contesãos, proprietários e cidadãos distin- conseqüência de um movimento de visiderado um país eminentemente agrítos esperam que sereis no porvir, como vacidade, humilhou-se até pedir des-

cola, em que a influência dos líderes uma espécie de palpitação que comururais era marcante. nicava conteúdo real à vida política e A Guarda Nacional era uma milí- social da região. Bem ao contrário do cia; fundada em 1831, no início da Reartificialismo vazio das lideranças pogência que antecedeu o II Império. Dulíticas de hoje. rante a República Velha, que terminou A quantidade de líderes desse tipo em 1930, o título de coronel da referida era muito grande no Brasil. O valor Guarda era vendido a quem quisesse deles, evidentemente, era muito desidispor de um uniforme bonito para figual. Alguns eram cultos, tinham chegurar nas festas interioranas. Contudo, gado a ser embaixadores no Exterior, a venda de tal título era efetuada a pessoas que tivessem aquela forma de liderança viva, quente - indispensável a um chefe desse tipo - , sobre os habitantes de uma determinada localidade. Freqüentemente, o fazendeiro mais inteligente, mais rico, e, por exemplo, o que tivesse inovado na cultura do café Predominando na região do Nordeste a cultura da cana-de-açúcar, os coronéis eram cultura então largeralmente "senhores de engenho", gamente preponderante - era o transformados, em épocas mais recentes, em "plantadores de cana" que vendem ... coronel da região. Ele era autor, por vezes, de gestos pio- outros eram apenas neiros, inaugurava formas de cultivo, camponesões um de secagem, de distribuição, de produ- pouco mais salientes. ção mais rápida do café. Isso lhe dava Mas todos eles sabiam liderar, sabiam muito prestígio junto a suas bases. O prestígio dos coronéis lhes advi- lançar uma vista d' onha não de um cargo, mas de sua ação lhos numa situação e pessoal, de sua personalidade marcan- compreender o que te, da manifestação de sua bondade. Os deviam fazer para dar um bom consecorõnéis costumavam designar discre- lho, apontar uma solução que agradastamente os candidatos a vereador, a se o interessado. deputado estadual, e o povo costumava Foi por essa forma que o Brasil se votar neles. E, assim, o corpo político cobriu de líderes autênticos, de projeda região ia se constituindo em torno ção maior ou menor. Mas não foi só o do coronel, numa aliança entre a esfera Brasil. Nos países europeus, nos Estaprivada e a pública. dos Unidos, no Canadá, na América Os coronéis eram os conselheiros Latina, tudo o que realmente progredia, natos de todos, em sua zona. Como enriquecia-se de lideranças naturais e mantinha~elações de amizade e exer- eficazes. ciam influência, tanto na capital do Estado quanto na capital Federal, estavam Surge o técnico impessoal em condições de indicar médicos para os doentes, conseguir remédios raros, Tal processo alcançou êxito até a obter cargos, vantagens, facilitar via- chegada da industrialização, e com ela gens etc. do ritmo industrial de dirigir a sociedaEsse entrelaçamento entre a vida pú- de. A partir de então, começou a lideblica e a vida privada imprimia grande rança fria e anorgânica dos técnicos. vitalidade ao sistema político-social. Era Não é mais'--o coronel que aconselha

seus colonos até em matéria de casamento, que se torna padrinho dos filhos deles, paga o remédio da criança etc. Com o advento da indústria, quem desejar algo deve procurar o técnico, que ensinará o modo mais eficaz e menos caro de produzir. E se não se seguir o técnico, perde-se a concorrência no sistema da produção. No fundo, o técnico acaba sendo o líder e o industrial o liderado. Com isso, aboliram-se muitas desigualdades sãs e hierarquias naturais. Em matéria de ordenação social, passou a existir um escalonamento apenas mecânico de autoridades. Não são autoridades com projeção no país, mas homens que vão executando o que a técnica lhes impõe. Cria-se um vazio de p~rsonali-

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... às usinas sua produção agrícola

dades. Tudo cai no artificialismo, e a Nação muda seu modo de ser. O patrão tende a desaparecer, surgindo em seu lugar o executivo impessoal. JACKSON SANTOS RODRIGO SANCHES NOTAS 1. Plinio Corrêa de 'Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Editora Civilização, 1993, Porto, p. 104. 2. Pe. Alphonse Berthe, C.SS.R., García Moreno, Président de l 'Équateur, vengeur et martyr du droit chrétien, Libraire Téqui, 1926, Paris, tomo 1, p. 157. 3. Richard Patte, Gabriel García Moreno e o Equador de seu tempo, Editora Vozes Ltda., 1956, Petrópolis, p. 328. 4. Plinio Corrêa de Oliveira, op. cit., ibidem. 5. Idem, ibidem. 6. Pe. Alphonse Berthe, op. cit., t. li, p. 250.

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mentos regeneradores pelos quais o mundo teria que passar, profetizados por Nossa Senhora em Fátima, caso este não se convertesse, permanece sempre sua consoladora e maternal promessa: "Por fim meu Imaculado Coração triunfará".

TEOLOGIA DA HISTÓRIA

Do crepúsculo ao anoitecer da Cristandade: previsão de uin doloroso itinerário O esboroamento da civilização rumo à sistematização da sua desordem apontado em 1946 pelo Prof Plinio Corrêa de . Oliveira como o desfecho irreversível do abandono da Civilização Cristã Choque de poderes: Supremo enfrenta governo ... . ; Camelôs tumultuam Copacabana; Três PMs do Rio são presos por assassinato; MP apura morte de bebês em Santa Casa; Custo do dinheiro tem nova disparada; Ex-Juiz vai depor contra Clinton; Polícia acusa IRA de tentar matar rainha; Padre morto pela maffia é enterrado; Motim .... mata 21 presos na África do Sul. Esses são alguns dos títulos de notícias publicadas num só dia, escolhido a esmo, pela " Folha de S. Paulo"(!). Sua simples leitura reflete com intensidade um pouco maior ou menor a realidade que rodeia o homem contemporâneo. Olhando de frente tal realidade - na qual, diga-se de passagem, está quase totalmente ausente na mídia qualquer notícia verdadeiramente esperançosa e apaziguante _:_ aflora em muitos espíritos a pergunta inevitável: o que aconteceu para termos chegado a tal ponto e qual é o futuro que nos espera? A resposta lúcida, varonil e profunda encontramo-la no juízo destemido, transbordante de Fé e objetividade que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira emitiu há quase meio século sobre a situação do mundo de então, através das páginas do "Legionário" (2). "Penso - afirmava ele - que não há, em todo o Antigo Testamento, princípio mais intimamente ligado às concepções do 'legionário' sobre a civilização em geral, e particularmente sobre a civilização cristã, do que o do salmista: 'en-

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quanto o Senhor não edificar a cidade, em vão trabalharão os que a edificam '. Escreveu Pio XI que a única civilização verdadeiramente digna deste nome é a civilização cristã. Para nós, que nascemos na glória e santidade dos últimos fulgores dessa civilização, tal verdade é fundamental. Á medida que a tragédia deste imenso crepúsculo espiritual se vai desenrolando a nossos olhos desolados, lentamente se vai esboroando a civilização. Não para dar lugar a uma outra ordem de coisas, menos boa quiçá, mas enfim a uma ordem qualquer. A so.ciedade de aço e cimento que se vai formando por toda a parte não é ·uma ordem nova. É a metodização e sistematização da suma desordem. A ordem é a disposição das coisas segundo sua natureza e seu fim. Todas as coisas se vão dispondo gradualmente contra sua natureza e seu fim .. .. Durará esta era de aço até que as forças íntimas de desagregação se tornem tão veementes, que nem sequer tolerem mais a organização do mal. Será então o estouro final. Outro desfecho níio hnverá pnru nós, se continuarmos nest11.11111rcha. Porq11e, para nós batizados, os meios termos não são possíveis. Ou voltamos à civilização cristã, ou acabaremos por não ter civilização alguma. Entre a plenitude solar da civilização cristci, e o vácuo absoluto, a destruição total, há etapas passageiras: não há, porém, terrenos onde se possa construir qualquer coisa de durável. "Claro está, que não somos fatalistas. Se, para o suícida, da ponte ao rio há ainda a possibilidade de uma contrição, certamente também existe para a humanidade, no resto de caminho que vai de seu estado atual para sua aniquilação, possibilidade de arrependimento, de emenda e de ressurreição. A Providência nos espreita em todas as curvas desta última e mais profunda espiral. Tratase, para nós, de ouvir com diligência a sua voz salvadora.

Restauração da ordem: fruto da restauração das elites

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira "Esta voz se faz ouvir, para nós, na multíplice e terrível lição dos fatos. Tudo hoje em dia nos fala de desagregação. O castigo divino está fumegando em torno de nós. Estamos no instante providencial em que, aproveitando este pouco de fôlego que a paz nos dá, podemos instruir-nos com o passado, e considerar a advertência deste futuro de que nos aproximamos com terror. "'Se hoje ouvirdes sua voz, nãoendureçais vossos corações'. É este o conselho da Escritura. Abramos, pois, de pqr em par os nossos corações à dura lição dos fatos. Examinar com frieza, com realismo, com objetividade inexorável o mundo atual, sondar uma a uma as suas chagas, abismar o espírito na contemplação de seus desastres e suas dores, é um dever. Porque Deus nos fala pela voz de todas estas provações. Ser totalmente otimista diante delas, é fechar os ouvidos à voz de Deus". (Plínio Corrêa de Oliveira, "Deflação" in "Legionário", São Paulo, 21-7-46) (grifos nossos).

Caos e aflição: sinais precursores do grande castigo? Transcorridos 48 anos após a publicação deste texto, que constitui clarividente previsão da situação atual, cabe perguntar se, uma vez que não se optou pelas vias da Civilização Cristã, conforme apontava o insigne articulista como a única e verdadeira solução, qual é o caminho que os acontecimentos tomarão. Tudo indica que a humanidade cega continue avançando rumo ao castigo divino prognosticado no artigo citado. Entretanto, se é verdade que em quase tudo hoje se reflete o caos e a aflição de espírito - ao que parece, sinais precursores daquela suma desordem, apontados no mesmo artigo - , é preciso mais do que nunca não esquecer que, depois dos sofri-

Em sentido oposto a esses males e provações, um brado luminoso de esperança ecoa pelo mundo: é o rec'ente livro do Presidente da TFP, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana (3), do qual o Cardeal Oddi, em mensagem dirigida aos participantes do lançamento da obra em Washington afirmou, em consonância com o acima exposto: "A oportunidade do livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira .... não podia ser mais providencial. Que melhor caminho há para fazer brilhar de novo a Civilização Cristã senão o de convocar as elites, paladinas do verdadeiro progresso e guardiãs da Tradição, evo-

cando os ensinamentos do Papa Pacelli e as suas alocuções .... as quais o Prof. Corrêa de Oliveira comentou tão magistralmente com sua penetrante erudição? A vossa participação nesse Seminário é histórica. Num sentido muito real, o futuro de vossa nação repousa nas vossas mãos. Porque os princípios expostos em 'Nobreza e elites tradicionais análogas' são perenes e devem servir de farol para qualquer genuína civilização" ("Reconquista", órgão da TFP lusa, nº 69, novembro de 1993 - grifos nossos). Encerramos estas linhas pedindo a Nossa Senhora de Fátima que nos dê toda a lucidez para ouvir e compreender a voz de Deus, através das provações que nos rodeiam, além de nos obter o discernimento necessário para sabermos, nesta hora suprema, lutar com o zelo ardente de um Santo Elias pela restauração das autênticas elites, com vistas à implantação da Civilização Cristã. JUAN GONZALO lARRAIN CAMPBELL NOTAS 1. "Folha de S. Paulo", 22-3-94. 2. Órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo, do qual o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira foi diretor de 1933 a 1947. 3. Ver síntese da obra em Catolicismo, nº 511,julho de 1993, e repercussões das várias edições do livro nos· Estados Unidos, em países europeus e sulamericanos, constantes de diversos números de nossa revista, subseqüentes ao supra enunciado.

TFPsEMAÇÃO

Nas Filipinas, lançamento da obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira Igreja, segundo o exemplo dos Apóstolos". Vivamente aplaudido pelos presentes, o discurso que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira enviou para ser apresentado na sessão foi lido pelo advogado Cícero Sobreira de Sousa, da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. "De que modo o tema tratado no livro Na tribuna, a Professora Helena Benilez profere se relaciona com a sisua conferência, vendo-se a mesa que presidiu a sessão tuação política e soe parte do público pre~ente cial das Filipinas?" MANILA - Em sessão solene que - indaga num de seus·prospectos a Aslotou o amplo auditório do Shangri-lá sociação de Jovens Santo Tomás de Hotel Manila - um dos mais prestigio- Aquino. E acrescenta:." A resposta pode sos desta capital - , a Associação de ser encontrada nas palavras do sociólogo Jovens Santo Tomás de Aquino por uma americano Scott Symons: 'toda nação Civilização Cristã promoveu o lançanecessita de elites, se não quiser se estagmento da obra do Prof. Plínio Corrêa de nar na mediocridade'. Mas também, exaOliveira, "Nobreza e Elites tradicionais análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana". Na solenidade, que foi abrilhantada pela participação do Coral Música Harmônica, diversos oradores discorreram sobre aspectos do .... tema abordado pelo mencionado livro: o educador Frei Ramón Em trajes típicos do país e ostentando o dlstlhtlvo de sua Salinas O.P., o Senador Francisco Tatad e a Rei- entidade, os membros da Associação de Jovens Santo Tomás de Aquino por uma Civilização Cristã atenderam, no stand, a tora universitária, Pronumeroso público. fessora Helena BenitJ;:z. minando detidamente a própria História O principal orador, Senador Tatad, das Filipinas, o papel desempenhado pefalou sobre a relevância política das elilas elites é indubitável". tes na democracia. Manifestou também Após a sessão foi oferecido um cocksua entusiástica admiração em relação ao tail aos presentes, durante o qual o stand Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, asseveque expunha as várias edições da referida rando: "Não tive dificuldade em perceobra atraía sobremaneira a atenção do ber o perfil desse ilustre autor, formado público. no ensinamento dos Papas e Doutores da

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Lançamento do livro em Verona ;~ , ROMA - Após o lançamento da recente obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em Nápoles, análoga iniciativa ocorreu na histórica cidade de Verona, ao norte da Itália. Desta vez, o evento foi patrocinado pela Associação Anti-89 Itália, seção de Verona, entidade tradicionalisU!, a qual, dias antes da sessão de lançamento, afixou em diversos locais da cidade artístico e atraente cartaz alusivo ao fato.

Nelson Ribeiro Fragelli -

enviado especial

O ato realizou-se no auditório do Hotel Academia de Verona e foi presidido pelo Sr. Maurício Ruggiero, responsável pela seção veronesa da mencionada entidade, o qual fez apresentação dos dois conferencistas. Fizeram exposições para uma seleta assistência sobre o livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e o tema nele desenvolvido o Prof. Máximo de Leonardis, da Uni ver-

aderno Especial Nº 33 Aspecto do público que compareceu à sessão realizada no Hotel Academia de Verona

sidade Católica de Milão, e este enviado especial de Catolicismo. •

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TAMBÉM EM

TOLENTINO, EXPOSIÇÃO DA OBRA Juan Miguel Montes correspondente

ROMA - O público católico e conservador vem acolhendo com vivo entusiasmo a recente obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre a Nobreza. Após os lançamentos da mesma realizados em Roma, Milão e Nápoles, de outras cidades menores, mas de grande importância política e social, têm partido convites ao Bureau das TFPs sediado em Roma, para a realização de similares empreendimentos. Foi o caso da bela e histórica cidade de Tolentino, cuja arquitetura é predominantemente medieval, próxima à Santa Casa de Loreto, numa região onde, até o século passado, chegavam os limites dos Estados Pontificios. A zona está localizada entre as montanhas nevadas dos Apeninos e o Mar Adriático. Na bela mansão do Marquês Gianfranco Luzi de Votalarca, a sessão contou com a apresentação de números musicais a cargo de dois cantores acompanhados por violino e cravo, bem como de um coro da cidade, o qual é centenário. A obra foi apresentada aos 200 assistentes por este correspondente, em sua qualidade de diretor do Bureau das TFPs, em Roma. Predominavam dentre os presentes membros do Patriciado romano residentes na região, bem como da alta burguesia local. Foi vivo o interesse do público pelo livro, tendo sido vendidos quase todos os exemplares expostos num stand. •

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Encontro Interestadual de neocooperadores Neocooperadores da TFP, provenientes de vários Estados da Federação, reuniram-se em fevereiro último, na capital paulista. Além da conferência de encerramento - muito aplaudida pelos presentes - proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, constaram do pro-

grama diversas palestras e peças de teatro, como também a apresentação da Fanfarra dos Santos Anjos, da entidade. Na foto, aspecto de apresentação teatral encenada por ocasião do Encontro, durante uma das refeições.

Pela primeira vez: campanha na Ilha de Marajó Breves, Ilha de Marajó (por Alcídio Miranda) - "Pela primeira vez, o estandarte rubro com o leão rompante tremulou na ilha de Marajó, numa campanha em que divulgamos o livre/o de Nossa Senhora de Fátima, de autoria do sócio da TFP, Antonio Augusto Borelli Machado, bem como o opúsculo Rainha do Brasil, cujos autores - Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo - são igualmente sócios da entidade. "Aí chegamos após navegarmos cerca de 24 horas, cruzando uma parte do estuário do rio Amazonas, entre Belém do Pará e a cidade de Breves. A popula-

ção recebeu-nos com simpatia e mesmo admiração, pois nunca havia assistido a uma campanha empreendida por nossa associação. "O Vigário da cidade, a quem oferecemos um exemplar da primeira das mencionadas obras, também manifestou admiração. De nacionalidade espanhola, ele se transferiu há poucos meses de seu país, onde conhecera TFP-Covadonga, através de campanhas por esta promovida nas ruas de Barcelona. E não supunha encontrar uma campanha análoga efetuada nessas imensidões da região amazônica".

Nossa j.en~ora úos 311.esamparaúos (Valência)

(12 de maio)


@ura õo paralitito õe @afarnaum '\ t

(São Lucas, 5, 17-25) E aconteceu um dia que estava [Jesus] sentado ensinando. E eis que uns homens, levando sobre um leito um homem que.estava paralítico, procuravam introduzi-lo dentro ~asa, e pô-lo diante dEle. E, não encontrando por onde o introduzir por causa da multidão, subiram ao telhado, e, levantando as telhas, desceram com o seu leito no meio de todos diante de Jesus. Vendo a fé destes homens disse: Ó homem, são-te perdoados os teus pecados! Então começaram os escribas e os fariseus a pensar e a dizer: Quem é este que diz

blasfêmias? Quem pode perdoar pecados senão Deus? Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, respondendo disse-lhes. Que coisa é mais fácil dizer: São perdoados os pecados ou dizer: Levanta-te e caminha? Pois, para que saibais que ó Filho do homem tem poder sobre a terra de perdoar pecados ( disse ao paralítico), Eu te digo: levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. E levantando-se logo em presença deles, tomou o leito em que jazia, e foi para sua casa glorificando a Deus.

@omenhrrios rompilaõos por janto <lomás úe Aquino na "Qiatena Áurea" São Beda - Qu,ando o Senhor se dispunha a curar o paralítico lhe perdoa primeiro os pecados, dando a conhecer que estava enfermo por suas culpas e que, sem o perdão de seus pecados, não podia recobrar o uso de seus membros. São João Crisóstomo - Quando sofremos corporalmente, procuramos separar de nós o que nos faz mal; e pelo contrário, quando a alma está enferma diferimos o remédio, e por isso não somos curados também das enfermidades do corpo. Sequemos a fonte do mal e cessará a corrente das enfermidades. Não se atreviam os fariseus a dar a conhecer suas intenções (contra Jesus), porque temiam as turbas e assim somente meditavam em seu coração; de onde prossegue o texto: "E os escribas e fariseus começaram a pensar e a dizer: Quem é este que fala blasfêmias?" .... (Jesus) demonstra o perdão dos pecados por meio da cura do corpo. Pelo que prossegue: "Diz ao paralítico: Eu te digo: levanta-te"; mas a cura do corpo a demonstra quando lhe manda que leve sobre os ombros seu próprio leito, para que assim não se acredite ser fantasia o que é uma realidade. E prossegue: "Toma teu leito", como dizendo: Eu queria sanar por meio de tua enfermidade aos

@omen±ário õo

que parecem estar sãos mas que na realidade estão enfermos de alma; mas como não querem, ensina tu aos que vivem contigo. Santo Agostinho - Pode ver-se neste paralítico uma imagem da alma, privada do uso de seus membros, isto é, de suas operações para buscar a Jesus Cristo (isto é', a vontade do Verbo Divino). É impelida pelas turbas, a saber, pelas turbas de seus pensamentos, até que levanta o teto, isto é, o véu das Escrituras, e por isso chegam a conhecer a Cristo, isto é, a descer piedosamente até a humildade da fé. Santo Ambró$iO - Dando a conhecer o Senhor a verdadeira esperança da ressurreição, perdoa os pecados das almas, e faz desaparecer a debilidade dos corpos. Isto é, pois, que todo homem tem sido curado. Embora seja grande perdoar os pecados aos homens é mais divino ressuscitar os corpos, porque Deus é a ressurreição .... O voltar para sua casa significa voltar para o paraíso. Aquela é a verdadeira casa que recebeu em primeiro lugar o homem e que não perdeu por direito, mas por fraude. Com razão, pois se restitui, posto que havia vindo o que aboliria a fraude e reformaria o direito.

lfIaõre 1íluts Qiláuttio ]hllton

Depois da grande pregação da Galiléia voltou Jesus a Cafamaum. A notícia .de sua volta se espalhou por toda a cidade e a sua residência talvez a de Simão Pedro - foi invadida por uma multidão de tal modo considerável, que os umbrais e acessos mesmos da porta de entrada regurgitavam de gente e estavam de todo em todo obstruídos. Seu zelo aproveitou tão excelente ocasião para fazer ouvir a boa nova. Entre os ouvintes se notavam na primeira fila, sentados no interior da casa, fariseus e doutores da lei, chegados de todas as aldeias da Galiléia e da Judéia e mesmo de Jerusalém, com a intenção expressa de fiscalizar seus atos e espionar sua doutrina.

Jesus foi interrompido subitamente por um caso extraordinário. Quatro homens que levavam um paralítico estendido etn seu leito se apresentaram à entrada da casa. Vendo que lhes seria impossível penetrar nela corrí o doente, atravessando as filas apertadas de gente, subiram pela escada exterior que costumam ter as casas na Palestina. Estando no terraço abriram o teto, levantando as telhas, argila e ramos de que e_stava formado. E logo, por meio de cordas foram baixando e dependurando pelo espaço aberto o leito e o enfermo, colocando-o no meio da assembléia frente a Jesus. Só a incredulidade descontentava a Jesus; a fé suplicante não deixou jamais seu

coração insensível e a que se manifestava então não era menos profunda do que comovedora. Assim, sem deixar ao enfermo tempo para expor seu desejo, lhe disse com placidez inefável: "Confia meu filho, teus pecados te são perdoados". Resulta com evidência do emprego desta fórmula que, no caso atual, a enfermidade era conseqüência e castigo de uma vida culpável. Jesus, pois, combateu primeiro a causa do mal antes de livrá-lo dele. (Jesus interroga os fariseus e escribas que se escandalizavam e) os fariseus não souberam o que responder à pergunta do

Salvador, que portanto prosseguiu: Pois, para que saibais que o Filho do homem tem poder na terra de perdoar pecados, (disse ao paralítico): lev.anta-te, eu te ordeno, carrega teu leito e vai para tua casa. A cura foi instantânea. As testemunhas deste prodígio se encheram de assombro e glorificavam ao Senhor, dizendo: "Hoje vfmos coisas maravilhosas". Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestro Senor Jesucristo según los Evangelios, Edtorial Difusión, Tucumán, 1859, pp. 124-125.

Nossa jen~ora úos 3Besamparaúos (12 de maio) Valência, situada a leste da Espanha, às margens do Mar Mediterrâneo, é uma cidade carregada de história. Estando em poder dos maometanos, no fim do século XI foi ela reconquistada pelo grande herói Cid Campeador, o qual foi depois seu soberano e ali faleceu. Em Valência nasceu o extraordinário São Vicente Ferrer, o qual lutou contra a decadência da Idade Média com tal vigor e eloqüência que foi chamado o Anjo do Apocalipse. A padroeira de Valência é Nossa Senhora dos Desamparados (*) cuja belíssima história é, em breves traços, a seguinte: No início do século XV - quando ainda vivia o grande São Vicente Ferrer - foi fundada em Valência a Confraria dos Desamparados, para socorrer os enfermos e dar sepultura aos cadáveres abandonados nos campos. Seu principal inspirador foi o Beato Padre Jofré. Essa Confraria, composta sobretudo de artesãos, chegou a ter entre seus membros duques, marqueses, condes e ricos burgueses. A confraria conseguiu logo uma capela, mas faltava uma imagem de Nossa Senhora que exprimisse o espírito daquela instituição. Em 1414, apareceram na casa de um confrade - cuja esposa era cega e paralítica- três jovens de rara beleza, em traje de peregrinos, os quais, declarando serem escultores, dispuseram-se a fazer uma imagem da Virgem para a Confraria. Pediram apenas um local isolado para trabalharem e que, durante três dias, ninguém os visitasse. Consultado o Beato Jofré, a proposta foi aceita e, ao quarto dia, o mesmo homem · de Deus, àcompanhado de várias pessoas, foi até o local onde se instalaram os três jovens. Bateram e, como ninguém atendia, arrombaram a porta. Oh magnífica surpresa! Os jovens haviam desaparecido, mas deixaram uma belíssima imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus. Todos com·preenderam que os peregrinos escultores eram anjos. A esposa do confrade, que recebera os três anjos, foi conduzida até o local onde estava a

imagem. Chegando diante da bela escultura, imediatamente recobrou a vista e o movimento de seus membros. A partir de então, através da sagrada imagem que recebeu o título de Nossa Senhora dos Desamparados, ocorreram muitíssimos milagres, entre os quais destaca-se a cessação da terrível peste que grassou em Valência e outras partes de Espanha, em meados do século XVII, no reino de Filipe IV. A imagem mede 1,40 me representa Nossa Senhora carregando, no braço esquerdo, o Menino Jesus; o braço direito, cuja mão segura um ramo _da lírios de prata, está estendido em direção ao solo. Apesar dos exames realizados, até hoje não se sabe exatamente de que material foi esculpida a imagem. Sobre a cabeça de Nossa Senhora há uma grande e riquíssima coroa, cravejada de brilhantes, pérolas, rubis e outras pedras preciosas. Atrás da coroa um belo resplendor com doze estrelas. O Menino Jesus segura em seus braços uma cruz. A Virgem e seu divino Filho portam túnicas e mantos primorosamente lavrados. Hoje, tantas pessoas estão no desamparo, sobretudo espiritual. Se Nossa Senhora enviou três anjos para o socorro material dos homens no século XV, com quanto mais razão não enviará Ela legiões de espíritos angélicos para nos proporcionar auxílio sobrenatural contra a degenerescência moral catastrófica em que o mundo se encontra! É preciso pedirmos com fé, perseverança, humildade e confiança: Nossa Senhora dos Desamparados, socorrei-nos a nós abandonados neste mundo neopagão, e que não temos outro auxílio fora de Vós! (•) Nossa Senhora dos Desamparados é também padroeira da Costa Rica. FONTE DE REFERÊNCIA Conde de Fabraquer, Historia, Tradiciones y Leyendas de las imágenes de la Virgen, aparecidas en Espafia, Tomo I, Imprenta y Litografia de D. Juan José Martinez, Madrid, 1861, pp. 147 a 202.


ENrREvlsTA

História Sagrada em seu lar (44) -

noções básicas

dão: A terra que nós percorremos é res mentirosos são fulminados - "E muito boa. Se o Senhor nos for propíassim todos os homens que Moisés cio, introduzir-nos-á nela. Não sejais tinha enviado a reconhecer a terra, e rebeldes contra o Senhor, nem temais que tinham feito murmurar cohtra ele o povo desta terra, porque podemos toda a multidão, morreram, sendo fedevorá-lo como pão; eles acham-se ridos diante do Senhor. Mas Josué e destituídos de toda defesa; o Senhor Caleb ficaram vivos" (Num. 14, 1 a está conosco, não temais. 38). Deus ameaça exterminar os isLição para pais e filhos - "Para raelitas - "E, como toda a multidão educar o povo hebreu, Deus uniu a gritasse e quisesse apedrejá-los [a Jofirmeza à doçura e não hesitou em sué e Caleb], apareceu a glória do Secastigar quando necessário. Assim deExploradores da nhor a todos os filhos de Israel sobre o vem fazer os pais a respeito de seus tabernáculo da aliança. filhos, precisam corrigi-los para desTerra Prometida "E o Senhor disse a Moisés: até truir seus defeitos e os filhos, longe de quando me há de ultrajar esse povo? se lastimarem, devem ser recoOs israelitas, "tendo partido dos Eu, pois, os exterminarei, e a ti far-tenhecidos a seus pais" (2). Sepulcros da Concupiscência, foram a ei príncipe duma grande nação e mais Haserot, e ali ficaram" (Num. 11, 34). NOTAS forte do que esta é. Depois, penetraram no deserto de Fa1. Frei Bruno Heuser OFM, História Sagrada do Mediação de Moisés - "E Moiran e atingiram Cades-Bame, na fronAntigo e do Novo Testamento, Editora Vozes, sés disse ao Senhor: Perdoa, Te supliteira meridional de Canaã (Terra Pro1957, 24ª ed. p. 68. co, o pecado deste povo, segundo a metida). Doze observadores - O Se- Tua grande misericórdia, assi.m como 2. l 'Ancien et le Nouveau Testament disposés sous forme de récits suivis - Il/ustratio11s de lhe foste propício desde que saíram do nhor disse a Moisés: "Envia hoJ. Schnorr - P. Lethielleux, Paris, 1930, p. Egito até este lugar. mens, um dos principais de cada 56. Deus atinge a Moisés mas pune o tribo, que reconheçam a terra de Capovo "E o Senhor naã, que Eu hei de dar aos filhos de disse: Eu perdoei conIsrael" (Num.' 13, 3). forme o teu pedido. "Entre esses se achavam Josué e CaDize-lhes, pois: todos leb. Ao cabo de 40 dias, voltaram os exploradores trc1Zendo consigo magníficos vós que fostes contados frutos do país. Dois homens carregavam, desde 20 anos para cima numa vara posta aos ombros, um cacho de e que murmurastes contra Mim, não entrareis uvas assim como romãs e figos. na terra [prometida], Propagadores do pânico - , exceto Caleb e Josué. "Dez dos exploradores disseram: E Quarenta anos no realmente um país onde corre leite e deserto - "Mas Eu inmel; mas os habitantes são poderosos troduzirei os vossos fie têm grandes cidades, cercadas de lhos, dos quais dissestes fortes muralhas. Vimos lá gigantes, ao que seriam presa dos lado dos quais parecíamos apenas inimigos. Os vossos figafanhotos" (1). lhos andarão errantes Revolta do povo - "Toda a multidão se pôs a gritar e chorou aquela · no deserto durante 40 anos, e pagarão a vossa noite. E murmuraram contra Moisés e infidelidade, até que o Aarão, dizendo: Porventura não nos cadáver de seus pais seseria melhor voltar para o Egito? Disseram uns para os outros: escolhamos jam consumidos no deserto, conforme o·númeum chefe, e voltemos para o Egito" . ro dos 40 dias em que Josué e Caleb enfrentam a mulexplorastes aquela terra; tidão - Vendo essa revolução armacontar-se-á um ano por da, "Josué e Caleb, . que também tiOs observadores voltam da Terra Prometida cada dia. nham explorado a terra, rasgaram as trazendo magníficos frutos Os dez exploradosuas vestes e disseram a toda a multi-

IVES GANDRA: "A carga tributária é absolutamente impossível de ser paga!" No Brasil, "leão" não designa principalmente o rei dos animais. Leão é o símbolo mediante o qual nosso exagerado bom-humor personifica o Estado enquanto cobrador de impostos. Não se quer, com esse apelativo, realçar a nobreza, a majestade, mas a truculência dessa "fera", que muitas vezes reduz a pedaços economias particulares e de empresas. E, bem entendido, depois as devora. A força de ser tão agressivo, o "leão" tornou-se um tanto legendário. No cipoal de mais de cem tributos, de fato ninguém sabe ao certo qual é "a parte do leão". E dá-se então um estrahho fenômeno: quase todos exageram ... para menos! Poucos enxergam qual o vulto total dessa calamidade nacional, que é a elevada carga tributária, sem igual em todo o mundo civilizado. Ora, o exagero para menos é um defeito tão grave quanto o exagero para mais. Diante dessa situação, Catolicismo estampa, na seção "Verdades Esquecidas", desta edição, elucidativo texto da encíclica" Rerum Novarum", do Papa Leão XIII, fixando princípios da doutrina católica sobre tributos. Por outro lado, sob o ângu_lo técnico, publicamos entrevista exclusiva de renomado especialista na

matéria, ao qual foi pedido que explanasse para nossos leitores quais as devastações provocadas pelo excesso de impostos na economia nacional. Trata-se do Prof. Ives Gandra da Silva Martins, jurista consagrado e um dos mais importantes tributaristas de nosso País. Professor emérito da Universidade Mackenzie, Presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado ·ele' São Paulo, especialista em Direito Tributário e em Ciência das Finanças pela Universidade de São Paulo, o ilustre entrevistado já deu a lume 142 obras, das quais 102 em co-autoria, tendo publicado cerca de 800 estudos, em treze países.

do pela imprensa, o Estado brasileiro é o "campeão" mundial em volume de impostos. Não contente com tal façanha, vai ele bater neste ano seus próprios recordes, aumentando ainda mais a carga tributária. O Sr. confirma esses dados?

Ives Gandra - Efetivamente, em nível de carga legal, o Brasil tem a mais alta carga tributária do mundo. Chamo de carga legal a que está nas leis, nas três esferas do Estado federativo. Hoje se calcula que tal carga esteja em torno de 50% do PIB. O Estado, em suas três esferas, arrecada entre 25 e 28%, mas na verdade há um elevado nível de inadimplência fiscal. Uso a expressão inadimplência porque o nível de sonegaCATOLICISMO-De acordo ção é pequeno. O nível de estado de com estudo recentemente divulga- necessidade de não pagar impostos é que é muito grande. Muitas empresas só sobre.vi vem porque não recolhem os tributos, e com isso elas esEm nível tão gerando empregos, de carga estão combatendo arelegal, cessão. Se tivessem de pagar tudo, não haveo Brasil tem ria mercado. a mais alta Por outro lado, se carga considerarmos que, na tributária do formação do PIB, o Estado entra com mais ou mundo: menos 50% - deve em torno de estar em tomo disso 50% do PIB! temos que a carga tributária só sobre o produto privado bruto, isto é, só sobre o segCATOLICISMO, MAIO 1994

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O nível de sonegação é pequeno. A necessidade de não pagar impostos é que é muito grande. Muitas empresas só sobrevivem porque não recolhem os tributos

CATOLICISMO - É um dado que tem o seu alcance... Ives Gandra - Isto de certa forma confirma que a carga legal é absolutamente insuportável pela sociedade. Como ficam com medo de sonegar os tributos federais, deixam de pagar os impostos estaduais. A carga arrecadada está na ordem de 25 a 28% do PIB.

CATOLICIS

ISS, os serviços prestados pelas organizações que auxiliam o supermercado, também foram repassados no custo.

CATOLICISMO- O Sr. afirmou que o Brasil tem nada menos que 58 tributos. Ives Gandra-Falei de 58, elencando de cabeça, tendo em vista artigo que me pediu Otávio Frias. Hoje, examinando com maior cautela, "constato que o Brasil tem mais de uma centena de tributos! É evidente que tudo isto está incorporado nos preços. Aquele quilo de feijão comprado pelo cidadão que ganha o salário mínimo e teoricamente não estaria pagando nenhum tributo, contém toda a carga dessa cadeia de tributos a que me referi. É isso que me parece importante levar em consideração, razão pela qual o cálculo de que um terço da cesta básica é representado pelos tributos deve ser visto mais em nível de tributos indiretos.

MO-Existe uma relação evidente entre o custo da cesta básica e o bem estar das classes mais modestas. Entretanto, segundo estudo do Banco Mundial, um terço de mento privado, estaria na ordem de · seu preço é representado por im100% do produto privado bruto; o postos... CATOLICISMO - Pio XII que significa que a carga legal é abIves Gandra-Pode ser que seja advertia que "o imposto não pode, solutamente impossível de ser paga. até mais. jamais, tornar-se para os poderes Quando o cidadão que ganha salá- públicos um meio cômodo de saldar CATOLICISMO-O Goverrio mínimo, compra um quilo de fei- o déficit provocado por uma admino reconhece esté fato? jão no supermercado, ele não paga nistração imprevidente" (Discurso Ives Gandra - O secretário tributos? Aquele quilo de feijão, mes- de 2-10-56). Apenas no campo esda Receita Federal o reconhece. mo que não tenha imposto direto, ao tritamente dos princípios, e sem imDeclara ele que, se todos pagas- ser ensacado não vai ter o IPI? Ele plicar em juízo político, que comensem, teríamos uma carga tributá- p(?de ter tido toda uma cadeia de tri- tário se podefazer do recente ajuste fiscal, em que o Estado não dimiria superior à . da Escandinávia. butos. Aquele produto veio da terra, de nuiu seus gastos e aumentou os imEvidentemente, sem a contraprestação de serviços que há na- onde foi retirado. O caminhão que o postos? quela região. Não obstante, tem a trouxe para o supermercado foi tribuIves Gandra-Sou contra aquilo função de cobrar. Ele procura co- tado em IPI. Em conseqüência, o probrar sabendo que é uma carga tri- prietário do caminhão deve ter repas- que foi colocado no plano [Fernando butária exagerada, sendo alguns sado, no custo desse serviço, o IPI. Henrique Cardoso], ou seja, o ajuste métodos .de cobrança, na minha De tal maneira que aquele feijão tem financeiro pelo aumento da receita opinião, ilegais, podendo ser con- uma parcela do IPI do caminhão que tributária, e não pelo corte de despeo transportou e cujo preço foi repas- sas. Todos os países da América Latestados em juízo. tina que reduziram a inflação, o fizeOutro dia, li uma entrevista dele. sado. O cidadão que tem sua terra, quan- ram pelo corte de despesas. Esse deÉ um cidadão muito sério, muito honesto e muito sincero, apesar de do pagou o ITR, evidentemente re- veria ser, na minha opinião, o camimuitas vezes arbitrário, mas não es- passou no preço do feijão, o custo do nho normal, o caminho ideal para combater a inflação. conde seu pensamento: não é da- seu tributo. O plano do Fernando Henrique foi O supermercado quando pagou queles que pensam de uma forma e mais debatido e contém menos indizem de outra. Afirma que ao au- IPTU repassou no preço o custo desse constitucionalidades do que outros. mento da arrecadação federal cor- imposto, porque não pode trabalhar Ele reconheceu que a causa da inflarespondeu uma queda do ICMS em com prejuízo. As contribuições soção começa com o déficit público, ciais também já foram colocadas. O todos os Estados.

i:~i,t8

CATOLICISMO, MAIO 1994

pressionando o Banco Central e o Tesouro Nacional. Ele tentou equacionar o problema, mas equacionou pela coluna errada. E equacionando pela coluna errada, é possível que o plano vá fazer água depois da conversão da URV em real, no momento em que de novo o Tesouro for pressionado pelo Estado, que não diminuiu de tamanho. Assim, o plano vai sofrer os impactos dessa estrutura paquidérmica, esclerosada, que o Estado-tem. Do ponto de vista legal, portanto, o Brasil é opaís com a mais alta carga tributária do mundo civilizado. Do ponto de vista da arrecadação, isso não acontece. Mas não acontece porque a capacidade contributiva já está elevada ao máximo. Temos uma Federação que é maior que o PIB, um Estado que é maior do que a sociedade. Enquanto o Estado não couber dentro da sociedade, vamos ter essa injustiça fiscal que caracteriza o Estado brasileiro.

CATOLICISMO -Em nossa ótica de homens desta época, estamos de tal maneira habituados com a esfola/escorcha da tributação, que temos dificuldade de imaginar

relações entre o Estado e as pessoas se processando de modo diverso do que vemos. Historicamente, isto foi sempre assim?

Ives Gandra - Historicamente, sempre temos uma tendência do poder, de utilizar carga tributária elevada. Por exemplo, no fim do Império Romano do Ocidente, havia momentos em que os romanos preferiam os bárbaros para não ter que pagar QS impostos de Roma. É interessante que o historiador francês DanielRops, que escreveu uma História da Igreja, quando analisa os tempos bárbaros, registra que não havia controle monetário, que a inflação era elevada, que o congelamento de preços não funcionava. A carga tributária era excessiva e assim havia sonegação, porque não havia capacidade contributiva. E quem lê esse trecho de DanielRops tem a impressão de que ele está descrevendo a História do Brasil. Isso pouco antes da queda do Império Romano do Ocidente.

CATOLICISMO - Embora de momento não possa citar a fonte, conta-se, er,tretanto, que Maria Teresa, Imperatriz da Áustria, lançou impostos por um motivo que depois desapareceu. Como aquela soma se tornou desnecessária, fez convocar a população e devolveu o quantum arrecadado. É um exemplo fantástico, que infelizmente não tem sido a característica do Brasil. Por exemplo, agora o Ministro da Fazenda fez uma declaração dizendo que o aumento de energia elétrica foi abusivo, e demitiu o funcionário que o autorizou. Mas não reduziu a tarifa! Eu preferiria que ele não demitisse o funcionário, mas que reduzisse a tarifa ... Nesse caso, ele está se beneficiando do aumento que ele mesmo considerou abusivo! Se foi abusivo, por que não reduz? Faça o que fez Maria Teresa. O caminho não é demitir, o caminho é reduzir imediatamente a

_ Ives Gandra -

O Brasil tem mais de uma centena de tributos. Um quilo de feijão contém toda a carga dessa cadeia de tributos

tarifa, porque a demissão está atingindo alguém, mas o efeito daquele ato está atingindo toda a população, e vai continuar atingindo mesmo sem o funcionário.

CATOLICISMO -

O exem-

plo é eloqüente...

Ives Gandra-Na minha tese de doutoramento defendi que o tributo é uma "norma de rejeição social". O Poder sempre cobra mais do que necessita para devolver os tributos em serviços públicos e para sustentar os detentores do poder. E o diferencial para sustentar os detentores do poder é que faz que nós tenhamos uma carga tributária sempre desmedida, superior àquilo de que efetivamente o Estado necessita .. Faço a distinção entre "norma de rejeição social" e a de "aceitação social", a norma primária, que é a norma de comportamento. Por exemplo, o direito à vida: mesmo que não houvesse penalidades para aqueles que assassinassem pessoas, o grosso da população não assassinaria, porque o direito à vida é um direito natural, normalmente respeitado, com a sanção apenas aplicada a casos de desvio. No exemplo que dei, o cidadão que não mata ninguém, se tivesse uma lei que dissesse: "paga tributo quem quiser", ele nunca iria pagar qualquer tributo. De modo geral, em todos os períodos históricos, em todos os espaços g~ográficos, sempre tivemos uma carga tributária desmedida, para sustentar as guerras, os detentores do poder, . e certas estruturas que não representam o Estado prestando serviço à sociedade.

CATOLICISMO - Mas na Idade Média, Balduíno IV levantava impostos (1% sobre o patrimônio e 2% sobre a renda) que era possível não pagar mediante simples juramento. No século passado, o Presidente católico do Equador, Garcia Moreno, pediu ao Parlamento que diminuísse os impostos pois a situação do erário já tinha melhorado. Talvez existam exemplos recentes de atitudes análogas. CATOLICISMO, MAIO 1994

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Ives Gandra - Sim. Por exem- cinco minutos, do que se tiver plo, a grande crise do petróleo, de os olhos abertos durante seis 1979 a 82, gerou inclusive o Setem1 bro Negro. A economia àthericana entrou num processo recessivo, e no comércio internacional voltou o protecionismo, porque o petróleo subiu de 12 para 30 dólares o barril. Naquela ocasião, a inflação do Japão chegou a 25%, a dos Estados Unidos a quase 20%. E qu~ndo Reagan foi eleito, qual foi a linha que adotou? Foi a de reduzir tributps. A redução de tributos foi algo que efetivamente permitiu o controle do déficit e da inflação. No Brasil, em 1987, era secretário substituto da Receita Federal Eivany Silva. Ele reduziu o Imposto de Renda das pessoas físicas de 55% para 25%, e aumentou a arrecadação apesar dessa redução. horas, que seria seu período Muitos achavam que iria haver de trabalho. uma perda de receita fantástica. Mas Então, uma das formas de se eliisso não aconteceu. minar a corrupção é reduzir a carga A forma inteligente de se comba- tributária. ter a inflação não é aumentar a carga tributária, tornando-a confiscatória e CATOLICISMO - O excesso gerando o espírito de sonegação, mas · de impostos contribui para a degraé reduzir, porque assim se aumenta o dação da vida pública, que estatrJOS universo de contribuintes e se conseassistindo presentemente na Braguem resultados positivos.

sil?

CATOLICISMO-Diminui a sonegação? Ives Gandra-Diminui a sonegação porque o estímulo para praticá-la é tanto maior, quanto mais pesada a carga. As pessoas não gostam de correr o risco de sonegar e serem apanhadas, se a carga tributária não é rriuito elevada. Por isso, sonegam menos. Então, há casos concretos de redução da carga tributária, na lei, que terminaram aumentando a arrecadação. E isso aqui no Brasil.

CATOLICISMO - Há relação entre carga tributária alta e corrupção? Ives Gandra - Evidentemente. Quanto mais elevada a carga tributária, mais gera corrupção, entre os agentes fiscais. Há uma tentação para o cidadão de ganhar mais, se fechar os olhos por

Ives Gandra- É evidente, porque a sonegação também vai, de certa forma, reduzindo os valores morais. O Estado passa a ser um algoz. O próprio respeito ao Poder, ao Estado, será menor quando o cidadão perceber que é escorchado por ele. ·Por exemplo, o· secretário da Receita Federal é um homem honestíssimo. Eu o conheço, é meu amigo; tenho respeito por ele. Precisa transformar-se, contudo, em instrumento de um Estado ilícito, um Estado aético. Fica, evidentemente, com a imagem um pouco machucada apesar de ser um brilhante jurista, com um livro sobre entrepostos aduaneiros, que de longe é o melhor que se escreveu no País. Mas ele é o executor dessa carga tributária iníqua. É evidente que isso vai criando uma degradação de valores e na medida em que se vão perdendo os valores, as relações entre sociedade e Estado passam a ser mais deleté-

Em 1987, Eivany Silva reduziu o Imposto de Rendade55% para 25%. Com isso aumentou a arrecadação apesar dessa redução

rias, mais corrosivas e com menor respeito. Todos buscam seu próprio proveito e perde-se um pouco o senso do bem comum.

CATOLICISMO - De onde vem a invulgar facilidade do povo brasileiro para aceitar novos impostos?

Brasil Real Brasil Brasileiro

O

povo nordestino tem a alma aberta ao maravilhoso, à linguagem dos símbolos e ao heroísmo. É bom entendendor e, na conversa com ele, meia palavra basta. Enquanto se articulam as primeiras sílabas de uma frase, já sua vivacidade pegou o pensamento. Há quem critique o nordestino, dizendo que é sonhador e trabalha pouco. E esta crítica ele não responde com palavras, mas com um gesto muito brasileiro: "dá de ombros", querendo significar que a vida não é sobretudo trabalhar, produzir e acumular "bens que as traças corroem", mas ter amigos, saber conviver, sonhar com realidades míticas e fazer poesia. Idealismo, cruzada, fé x televisão Gilles Lapouge, conhecido jornalista francês, narra que de passagem pelo Nordeste, à procura da tão chorada "miséria nordestina", foi interpelado porum habitante da terra: "Doutor, o Sr. que é francês, conta-me em que pé ficou aquela luta entre Ferrabrás e Oliveiros. Conta-nos

I ves Gandra - O brasileiro aceita novos impostos porque não tem condições de não os aceitar.

CATOLICISMO-E/e se vinga de algum modo? Ives Gandra - A inadimplência é uma das formas de vingança. Quanto mais pesada é a carga e mais violenta a repressão, tanto mais sofisticadas passam a ser as formas de fugir dela. Outra forma d'e vingança é aquela que muita gente está adotando: fazer investimentos em países que recebem bem aqueles que levam dinheiro para aplicar, É sempre mais fácil aumentar tributos, do que ser um estadista e criar uma política tributária que gere desenvolvimento, que faça justiça fiscal. InfeHzmente, a maior parte dos governantes prefere a solução mais fácil.

- - ·- ~ . . . : : . . :...==--r-

O Nordeste inteligente, vivaz e idealista alguma coisa sobre Carlos Magno e seus doze pares". De minha parte, interrogando um velho cearense sobre esta legenda, ele respondeu-me em versos improvisados: "Doutor, /Assim foi deveras nossa gente,/ mas depois que a televisão/ invadiu os lares como um tufão, /mostrando tanta cena indecente, /ninguém garante mais nada não!" Assim, é só falar de idealismo, de cruzadas, de Fé e destemor, que o nordestino da legenda, que dorme dentro do "televisionado", acorda e se põe a falar da abundância do seu coração. Ao tocar em praça pública uma canção épica, vi uma senhora de condição modesta pôr-se a proclamar em alta voz: "Cristo vence, Cristo reina, Cristo impera". E em pouco tempo estava formado um coro em torno dela, todos a aclamar a vitória de Cristo, sua realeza e seu império. Dois "reinos" infantis Na região de Quixadá, no Ceará, contou-me um velho sacerdote já falecido,

que a criançada de duas cidades vizinhas organizou dois "reinos". Cada qual com seu" rei"," corte" e" exército", os quais, uma vez por ano, entravam em combate. E o que vencia penetrava triunfalmente em sua cidade, levando o outro cativo, com todos os vencidos. A legenda do cearense não se contenta em ficar circunscrita aos limites do Estado, escaldante de quente, cujo nome deriva de Saara, segundo alguns. Os alemães que vieram para Santa Catarina trouxeram-nos um dos mais apreciados produtos de sua cultura culinária, que é o famoso "café colonial". Esse nome teve sua origem na culta e famosa cidade de Colônia, cuja catedral, mundialmente conhecida, possui duas torres em forma de agulhas, que parecem aríetes, destinados a abrir com delicadeza e força a porta do Céu. Passando pelo litoral sul, fui convidado por um amigo a saborear o apreciado "café colonial", com cardápio constando mais de 40 pratos. Qual não foi a minha surpresa ao ouvir meu amigo falando em alemão com o dono do restaurante, que era um cearense ... "Si non e vero ..." E mais. No diz-que-diz cearense, comenta-se que o perfume parisiense "Rochas", internacionalmente famoso, foi elaborado por um cearense de nome Sr. Rocha, o qual adotou para si o nome francês de "Monsieur Rochas". O que dirão os franceses se isto não for bem assim? Quem o sabe? Os italianos diriam por certo: "Si non e vero, e bene trovato". E o cearense dirá: "Quem tem fama, deita na cama (ou na rede)". Na pequena cidade cearense de Redenção, um senh9T,já idoso, abordou-me para dizer: "Na vida de qualquer pessoa fica qualquer coisa guardada, de algo muito especial dos seus melhores tempos. E quando vi o senhor e seus companheiros cantarem o hino 'Queremos Deus e pronto vamos, Sua lei santa defender ... " eu me lembrei da minha Primeira Comunhão. Foi o dia mais feliz de minha vida. Havia o coro e todos os rapazes cantavam o 'Queremos Deus'". Dizia isto com os olhos marejados em lágrimas. RAFAEL MENEZES


RELIGIOSIDADE

F.scREVEM OS LEITORES

'~, ,, Transcrevemos abaixo excertos da palestra proferida, em 27-2-94, na Catedral de Campinas (SP), pelo assinante de Catolicismo, Dr. Fernando A. F. S. de Camargo Bittencourt Righetti, Vice-Provedor da Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento daquela Catedral: FAMÍLIA

"Existe, em São Paulo, desde 1960, uma nobre e respeitável entidade católica chamada 'Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade ', mais conhecida por sua sigla 'TFP '. Fundada pelo insigne Professor Plinio Corrêa de Oliveira que, por sua atuação constante em prol dos direitos e Tradições da Família Brasileira, conseguiu que ela tivesse repercussão e renome internacionais. De fato, essa venerável instituição tem realizado no Brasil e em vários países estrangeiros obras admiráveis em favor da conservação e aprimoramento do Ser Humano, quer no proferimento de exemplares conferências, magníficas campa-

nhas ou admiráveis publicações que lhe granjearam o apoio e a simpatia de milhares de pessoas. "E, em seu bojo, a Sociedade Brasileira de Defesa da T.F.P. defende aberta e intimoratamente a preservação das mais sólidas e belas tradições de família, como também se esmera continuamente em propagar o direito de cada cidadão ser proprietário legítimo de seu quinhãozinho de terra onde possa nela prosperar sua família. A essa suprema organização, portanto, devemos tecer todo nosso respeito, apoio e admiração ". DIREITO ALTERNATIVO

"Recebi neste instante em meu gabinete o nº 514 de CATOLICISMO .... Vejo de plano que há muita coisa boa para se ler, a começar pelo artigo "Dois vizinhos, dois quintais e dois juízes" que evidencia tratar-se de matéria ética e moral do nosso agrado". Desemba_rgador Dalmo Si lva - Tribunal de Justiça - Rio de Janeiro

" .... -a excelente entrevista do Celso Bastos" . Herbert Levy

. 1

SENHOR SANTO CRISTO: SECULAR DEVOÇÃO NOS AÇORES Há três séculos a população daquele arquipélago cultua com ardor imagem admirável de Cristo padecente - "Ecce Homo" - por intermédio da qual têm-se operado, de modo contínuo, esplêndidos milagres

U

ma das _devoções mais ricas em significado, e que se manifesta com pujança extraordinária em nossos dias, é a do Senhor Santo Cristo dos Milagres. O centro de sua veneração é o Mosteiro da Esperança em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, situado cerca de 1.400 km de Lisboa e 3.800 km de Nova Iorque, em linha reta no Oceano Atlântico. Tive oportunidade, por ocasião de uma viagem que fiz aos Açores, de admirar a beleza da mencionada imagem, presenciar tanto sua ação sobrenatural sobre as almas quanto a profunda e vibrante veneração que os açorianos lhe dedicam. O Senhor Santo Cristo é representado nesta devoção por um busto de tamanho superior ao de um homem, figurando Jesus no Pretório de Pilatos, depois de açoitado, com a face chagada pelos golpes e pelas bofetadas, a , cabeça coroada de espinhos, encimando o seu rosto adorável e o peito aberto pela lança. Como rei de comédia, está sentado, tendo na mão uma cana, em vez de cetro, e um manto de púrpura para irrisão.

Na origem da devoção, uma religiosa clarissa

1

A sobrecarga de impostos obra contra a Justiça e a Humanidade "A propriedade particular não seja esgotada por um excesso de encargos e impostos . Não é das leis humanas, mas da natureza, que emana o direito de propriedade individual; a autoridade pública não o pode pois abolir; o que ela pode é regular~lhe o uso e conciliá~lo com o bem comum. · É por isso que ela obra contra a Justiça e contra a Humanidade quando, sob o nome de impostos, sobrecarrega desmedidamente os bens dos particulares" (Encíclica "Rerum Novarum", n º 67). LEÃO XIII

A guarda da imagem do Senhor Santo Cristo está a cargo das Irmãs Clarissas, que começaram suas atividades apostólicas naquela ilha em 1541 (o arquipélago fora descoberto pelos portugueses em 1427). Desde então, vem essa Congregação se dedicando ininterruptamente às obras religiosas e mais especialmente ao culto do Senhor Santo Cristo, mesmo durante a era pombalina, em que as Ordens Religiosas foram proibidas e perseguidas por força das leis portuguesas. Tal devoção começou a tomar o brilho que ela hoje possui a partir de 1683, quando fez os votos solenes, em 23 de julbo, a Madre Teresa d'Anunciada, conhecida como a freira do Senhor Santo Cristo. Esta. madre, falecida com fama de santi-

dade em 16 de maio de 1738, dedicou sua vida a Nosso Senhor Jesus Cristo, honrando de maneira única Sua imagem de "Ecce Homo", por cujo culto se bateu a vida toda com um amor abrasado e dedicação absoluta. Na sua autobiografia, escrita por ordem de seu confessor, lê-se: "Para Deus, por mais que se faça, não é nada. Para o que Sua Majestade merece, tudo o que Ele quiser, estou pronta". O amor desta alma a Nosso Senhor levou-a a honrar de maneira única a Sua imagem do "Ecce Homo", que encontrou pobre, quase abandonada e escondida havia mais de cem anos numa dependência do Convento. Tal imagem havia sido doada pelo Papa Paulo III a duas religiosas que tinham ido a Roma especialmente com o objetivo de pedir autorização para fundarem um convento em Ponta Delgada, Açores. Dizia Madre Teresa: "Todo o meu cuidado era solicitar coisas muito ricas para adorno do meu Senhor e tratá-Lo com aquele culto e decência que merece Sua Pessoa: Em tudo que necessitava o Senhor, fui sempre impertinente em procurar; e quando alcançava os objetivos, dizia: "Tudo seja para sua maior glória" . Retribuindo tal dedicação, Jesus operava prodígios para atender às suas orações e, como Ele próprio lhe revelou, "tu és o meu nada, e Eu sou o teu tudo". Os milagres, que se obtêm por intermédio de orações ao Senhor Santo Cristo, são numerosíssimos. Na vida de Madre Teresa d' Anunciada eles são contínuos, estando, ainda hoje, na Ermida de Nossa Senhora da Paz, consignados os relatos de esplêndidos feitos miraculosos.

Na procissão, resplandece majestade real O jogo de expressões fisionômicas da Imagem, tocando a todos individualmente, conforme as disposições interiores de cada um, tem todavia uma característica central e predominante: o olhar. Este olhar convida a todos que retribuam àque-

Aface da Imagem do Senhor Santo Cristo alia profundo sofrimento com Majestade le imenso e divino amor com uma total dedicação e entusiasmo na implantação do Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo aqui na Terra. A face marcada pelos dramas da Paixão não tira o aspecto de majestade que se desprende daquele busto. Ele próprio revelou a madre Teresa o desejo de que fosse glorificado como Rei, o soberano Senhor, tanto no convento como fora dele. É por isto que é realizada a procissão do Senhor Santo Cristo pela cidade, no domingo imediatamente anterior à festa da Ascensão, tendo esta devoção começado precisamente no ano de 1700. Nessa procissão e a quantos dela participam, Ele aparece ao povo da ilha, através da imagem, como o "Senhor", o "Rei Absoluto''. As manifestações da população e das Forças Armadas, os tapetes de flores, todo o brilho dado à celebração constituem homenagens a essa realeza. Não é, pois, de admirar o que escreve Madre Teresa em sua autobiografia, sobre o que o Senhor lhe ordenou:" Teresa, manda-Me buscar as insígnias reais: coroa de espinhos, resplendor e cana. Eu quero que ele [o rei D. João V de Portugal] Me mande fazer as três insígnias reais de ouro e diamantes e pedras preciosas, como de rei para rei". .

CATOLICISMO, MAIO 1994

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Compreende-se assim o culto prestado ao Senhor Santo Cristo, ornado de jóias preciosas deslumbrantes e de tal magnitude que ultrapassa a de·eoroas dos maiores potentados. Mas ~ grande e valioso relicário está no peito da imagem, que encerra uma relíquia da verdadeira Cruz de Cristo, o Santo Lenho. É fato digno de nota que a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, a 13 de maio de 1917, se deu no mesmo dia em que se realizava, em Ponta Delgada, a procissão do Senhor Santo Cristo.

Afluência popular, milagres • graças

CATOLICISMO, MAIO 1994

Bebidas nacionais e estrangeiras Queijos e doces tipo eu ropeu. Arenkes e Salmons

Preços durante o mês de MAIO de 1994:

SOBRE

ASSINATURA ANUAL

AS ALTERAÇÕES DO PADRE NOSSO

A

oração mais perfeita que existe é Muito se poderia dizer sobre os milao Padre Nosso, gres que continuamente se operam por intermédio da devoção ao Senhor Santo composta pelo próprio Cristo. Todos os dias os fiéis, em grande Nosso Senhor Jesus Crisnúmero, ajoelham-se junto às grades que to. Há algumas décadas, no Santuário separam a igreja do coro de baixo, onde está a capela do Senhor San- nessa divina prece foram introduzidas alterações, to Cristo, construída pela Madre Teresa, cujo significado progressegundo desenho arquitetônico inspirado sista poucos haviam pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. Ali oram e louvam ao Senhor; ali pedem discernido. Assim, foi com graças, curas de doenças, a solução de problemas difíceis na sua vida; ali fazem . grande satisfação, seus votos, suas promessas; ali agrade- tendo em vista tal significado, que Catolicem ao Senhor as graças obtidas; ali fazem suas ofertas, por vezes muito gene- cismo tomou conhecimento do artigo rosas. É impressionante a afluência de centenas de fiéis às sextas-feiras, durante de renomado escritor todo o ano. Não há uma única sexta-feira espanhol, de orientação católica e conserem que a igreja não esteja repleta, e muitas vezes acontece terem eles de ficar nas vadora, Prof. Rafael dependências, ou mesmo fora delas, no Gambra, publicado na revista Roca Viva adro, por falta de espaço. (Rocha Viva), de MaOportuna devoção numa dri, edição de janeiro sociedade materializada de 1994, o qual tece comentários muito oportuO que não se pode esquecer de acentuar nesta devoção, como prática atualís- nos e clarividentes a ressima, é a reparação às ofensas que se peito daquelàs alterações, chegadas há pouco na Esfazem, quer por atos quer por omissões, ao culto da realeza de Nosso Senhor Je- panha. Transcrevemos, a seguir, excertos principais sus Cristo, hoje vilipendiado, escarda mencionada colaboranecido e desprezado como na imagem do ção, sendo conveniente "Ecce Homo". De fato, nossa sociedade atual coloca ressaltar que as observações de seu autor aplicamno centro de suas aspirações os prazeres ·se inteiramente à língua da vida. Em sua grande maioria, mesmo portuguesa. os que se dizem católicos levam concre"O Padre Nosso é a tamente uma vida agnóstica, de materiaoração que o próprio lismo prático, representada pela indifeCristo nos ensinou. Sua rença não só em relação aos valores eterformulação castelhana 'a nos da Igreja Católica Apostólica Romaqual aprendemos desde na, mas especialmente àqueles que se referem à Civilização Cristã e à majesta- pequenos ' está avalizada pela tradição da Igreja, e de de Deus. seu uso se perde nos séculos e gerações. Talvez ANTONIO AUGUSTO LISBOA MIRANDA

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CATOLICISMO

PROGRFS.SISMO

nada se deve considerar mais intangível. Apesar disso, a Igreja do 'aggiornamento '., que alterou substancialmente o rito da Missa, não podia deixar de pôr sua marca em nossa oração mas íntima e entranhada, nas palavras do mesmo Cristo. Já temos um Padre

Nosso conciliar e 'aggiornato' .... A nova formulação não era usada em nenhum país de língua castelhana, nem existiam - pelo que pude saber - formulações distintas. Por outro lado, se existisse, parece que deveria predominar a utilizada na Espanha, pois foram os espanhóis que ensinaram a rezar os povos da América eOceania. Trata-se, ao que parece, de um texto novo, ideado sob o desígnio da mudança pela mudança, e sabe Deus se com outros desígnios. Vamos ao próprio conteúdo do novo texto.

Substituiu-se nele a petição do perdão de nossas dívidas pelo de 'nossas ofensas'. Mas, dívida e ofensa são o mesmo? Posso ter dívidas com outro (de gratidão, de apoio, de caridade) e não lhe ter ofendido nunca. Inversamente, alguém pode ser nosso devedor e não nos ter ofendi dó jamais. O que ofende (causa dano, injuria) contrai, certamente, uma dívida com o ofendido (a de repará-lo), mas nem toda dívida contém ofensa. A oração do Padre Nosso é de uma tal perfeição, sendo d'e origem divina, que não se pode alterar uma letra sem prejudicá-la. Facilmente se compreende o objetivo progressista se se considera que, com a nova formulação, a Virgem Maria não teria podido rezar a oração que seu Divino Filho ensinou aos homens. Porque a Virgem tinha, certamente, grandes dívidas para com Deus (tê-La criado, tê-La escolhido entre todas as mulheres, tê-La preservado do pecado original etc.), mas jamais cometeu ofensa alguma contra Deus. Ensinemos, pois, a nossos filhos a oração que aprendemos de nossa mãe, e que Ele mesmo nos ensinou".

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Ninguém sabe o que acontecerá amanhã. A angústia do futuro torna-se um sofrimento do presente. O futuro está doente. Mergulhamos em um nevoeiro histórico EDGAR MORIN

O século XX não está extinto, mas está apagado como uma estrela apagada que rola inutilmente pelo céu PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

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LIBERDADE O sol ilumina as fisionomia~ repletas de júbilo. Após dois dias perdidos no mar, seis fugitivos <ila ilha-prisão de Fidel Castro foram encontrados recentemente por um avião da guarda-costeira norteamericana. Cena dramática que se repete desde que o comunismo se instalou em Cuba. Até quando?




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CATOLICISMO 43 anos de luta, na fidelid ade doutrinária Nº 522

Discernindo, distinguindo, classificando.•.

Aviso aos saudosos da ''vidinha'' Charles Manson, assassino e satanista, torna-se "ídolo " de muitos jovens. Que rotação houve nas mentes para que isso fosse possível?

O

infame assassino grupal Charles Manson compôs na prisão uma canção, reproduzida agora num dos mais vendidos álbuns populares dos Estados Unidos, e já conta com uma legião de fãs . Convém recordar para os que não se lembram, ou não viveram aqueles dias, que os crimes cometidos por Charles Manson, em 1969, na Califórnia, horrorizaram o mundo todo. Guru de uma seita diabólica, Mansonmatou numerosas · pessoas em meio a rituais satânicos, inclusive uma artista de cinema então famosa , Sharon Tate. O ritual incluía morte a facadas, inscrevendo depois nas paredes palavras cabalísticas com o sangue das vítimas. E outros horrores do gênero. Na época, o fato estarreceu o mundo no mais alto grau. Condenado à morte, Manson teve sua pena comutada em prisão perpétua. Depois não se falou mais dele: causava um certo pudor a idéia de que um ser h1Jmano pudesse ter descido até tais baixezas. De 1969 a nossos dias, a moralidade pública veio rolando abismo abaixo. Outros crimes de índole satânica se sucederam e o sangue começou a correr abundante sobre os altares .do demônio. Com uma certa regularidade, são noticiadas imolações de crianças a Satanás, diversas delas no Brasil. E os ritos diabólicos crescem em número e sofisticação. Agora, ninguém mais se espanta com eles. Charles Manson foi um precursor da série de crimes tenebrosos que se lhe seguiriam. Hoje, novamente ele se apresenta como precursor de wna era, a do endeusamento desses mesmos crimes. Referindo-se à moda recente inspirada pelo criminoso satanista, comenta a revi sta Newsweek (7 a 14/3/94):

"A tua/mente Charles é chie. Pode-se comprar roupas Charles Manson, chapéus Charles Manson, j aquetas Charles Manson, camisas e 'trapos 'Charles Manson". Manson deve conseguir 62 mil dólares para cada milhão de cópias vendidas do disco que contém sua canção.

Bem diversa da inqualificável posição assumida por nossos contemporâneos em re lação a Charles Manson, a opinião pública, em 1969, repudiou, com horror, o criminoso satanista por ocasião de sua prisão Recebe também l Ocentavos por camiseta com sua cara! Como foi possível que um assassino ligado ao diabolismo e por todos execrado, de repente se transforme numa espécie de herói nacional? Para os leitores desejosos de uma explicação desse enigma, resumo aqui a brilhante exposição feita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre o assunto, em reunião para sócios e cooperadores da TFP.

***

Na época do crime de M anson, a Califórnia exportava para o mundo seu modo de ser e de viver, alegre e fes tivo, a famosa "Californian way ofli fc ". Um "ideal" de vida que se exprimia cm ler uma casinha bonitinha, arranj adinha, comodazinha, na qual se vive numa paz(inha), comendo uma éomidinha e

tendo um automovelzinho. Em suma, uma "vidinha". Não havia recessão, não havia desemplt}go, e muitos, mesmo fora dos Estados Urúdos, viam na "Califorrúan way of life" seu paraíso. E a ele se apega¼IIll ardorosamente. Acontece que, sempre que um homem quer exageradamente e de modo intemperante alguma coisa, depois de algum tempo ele fica saturado daquilo que obteve. Vem-lhe a sensação de que a coisa ou situação que ele tanto desejou, de fato não lhe trouxe a felicidade almejada. Assim como certas frutas deixam na boca o gosto amargo e o hálito desagradável, a "vidinha" deixou no homem contemporâneo uma sensação de vazio. E ele passou a ansiar pelo prazer da aventura, dp risco, de sentir a violência, de o chão tremer debaixo de seus pés, de enredar-se enfim em problemas cm éis. Tomado por essa náusea da "vidinha", o homem se volta contra tudo quanto o cerca e que constituía seu "paraizinho". Ele agora o considera supérfluo, por não lhe ter dado o que almejava. E de homenzinho pacatinho e direitinho, ele passa a gostar de ter um tantinho de criminoso, de aventureiro, para poder enfim desabafar daquela "vidinha" que o satura. Isto pode se dar através das gerações, de modo que um homem trabalha para arranjar sua "vidinha", seu filho goza essa situação e o neto já está farto dela e é um admirador de Charles Manson. Gerações sem fé, ou de uma fé de superfície, adoradoras m ais da "vidinha" do que de Deus, foram modelando o homem deste fim de século. E ei-lo que aí está, freqüentemente sujeito a ser levado às s ituações mais hediondas, com a naturalidade com qu e um louco caminha para o abism . Av iso a s saudosos da "vidinha ": não tenham il usões. O que nos arrastou à situação presente foi a falta de princípios fi rmes e de verdade iro espírito de fé. E somente aqueles que contra ven1 s e marés sabem guardar esses principios e manter essa fé têm condições para restaurar o mundo futuro.

Junho 1994

Assestando o Foco EM JUNHO A PIEDADE CATÓLICA recorre com fervor redobrado à proteção do Sagrado Coração, assim como se detém com maior emoção nos marcos mais importantes dessa devoção, pois é o mês que a Santa Igreja a ela dedicou. Em vista disso, nossa revista consagra ao tema do relacionamento entre as devoções ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora de Fátima o artigo de capa desta edição.

***

Talvez não haja nada mais significativo a tal respeito do que a consagração solene do gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus feita por Leão XIII, acompanhado dos bispos do mundo inteiro, em junho de 1899_ Infelizmente, tal consagração é pouco conhecida do público brasileiro e, menos ainda, certos fatos discretos que a acompanharam. Os caminhos de Deus muitas vezes desconcertam a acanhada sabedoria humana. A Providência poderia ter usado um grande meio pa_ra mover Leão XIII a essa consagração da qual dependia, por desígnio divino,

tantas graças para o mundo. Não fez isto. Valeu-se de um meio modesto, do concurso de uma desconhecida freira alemã, galardoada com dons místicos, a Madre Maria do Divino Coração Droste zu Vischering, ilustre pela santidade de vida, qualidades naturais e nascimento. Pertencia ela à ilustre família católica dos Condes Droste zu Vishering de Münster, que desde 1271 se distinguiu pelos insignes serviços prestados à Igreja e a seu país. Madre Maria do Divino Coração enviou duas cartas a Leão XIII. Na primeira, de 1O de junho de 1898, afirmava que era desejo de Nosso Senhor a referida consagração e explicava sua importância sobrenatural. Leão XIII ficou tocado pela carta. Mas, por razão desconhecida, não deu seguimento ao pedido. A religiosa voltou à carga. Escreveu uma segunda carta, datada de 6 de janeiro de 1899. Na missiva, julgou conveniente fazer alusão em termos delicados a um problema pessoal do Pontífice, que o havia angustiado: "Quando, no último verão - dizia ela - , Vossa Santidade sofreu uma indisposição que, posta vossa idade avançada, encheu de

preocupações os corações de Vossos filhos, Nosso Senhor concedeu-me a doce consolação de que Ele prolongaria os dias de Vossa Santidade para que faça a consagração do mundo inteiro a seu Divino Coração" . Desta vez, Leão XIII agiu prontamente. Numa encíclica, explicou as razões da consagração e convocou a cerimônia. Seis meses depois da carta da religiosa alemã, realizava-se o ato pedido. Um detalhe curioso. A encíclica Annum Sacrum continha no fi nal o seguinte: "Enfim, há um outro motivo, de ordem privada, é verdade, mas legítimo e sério, que Nós não queremos passar sob silêncio, e que Nos estimula a levar a cabo Nosso projeto. Há pouco tempo, Deus, autor de todo bem, salvou-Nos de uma doença perigosa. Para manifestar publicamente Nosso reconhecimento e relembrar um tão grande beneficio, queremos multiplicar as homenagens dedicadas a Nosso Senhor". Quem sabe, lendo estas palavras, tenha aflorado um ligeiro sorriso nos lábios da Madre Maria do Divino Coração ...

lndice Discernindo Aviso aos saudosos da "vid inha" 2 A Realidade concisamente Técnica: desastroso progresso 4 Destaque Abortos matam tam bém as mães 5 Piedade Fátima e Paray-le-Monial: uma visão de conjunto 6 Atualidade Sacerdote promove capanha contra livro pornográfico 9 Nobreza e elites tradicionais análogas Professores universitários, comerciantes e homens da plebe podiam ascender à nobreza 10 Brasil real, Brasil brasileiro Senhor Bom Jesus de Tremembé 12 Caderno Especial A vocação de São Mateus 13 Revisão Constitucional Sob o signo do caos, a Revisão Constitucional chega a um impasse 17 TFPs em ação Vi gorosa campanha contra proselitismo islâmico em Granada 20 Revolução indumentária A rampa inexorável da Revolução indumentária 23 Em painel Frases e imagens 27 Nossa ca pa - Foto superior: imagem do Sagrado Coraçao d e Jesus venerada na Sed e d a TFP colombiana em Cali. Foto interior: multidão diante d a Basllica d e Nossa Senhora de Fátima (Portugal) durante manifestaçao noturna. - Montagem d e C, Sarti

Catolicismo é uma

publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob o N2 13748 Redação e Gerência:

Rua Martim Francisco, 665 01226-001 - São Paulo, SP Tel: (011 ) 824-9411 Diagramação:

Antonio Carlos F. Cordeiro e Willians Cezar Oliveira Fotolitos:

Microformas Fotolitos Ltda. Rua Javaés, 681 - 01130-01 O São Paulo -.SP Impressão: Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. Rua Javaés, 681 - 01130-01 O São Paulo - SP

Acorrespondência relativa à assinatura e venda avulsa pode ser enviada ao Setor de Propulsão de Assinaturas. Endereço: Rua Martim Francisco, 665 CEP 01226-001 - São Paulo SP - Tel.: (011) 824-941 1 ISSN - 0008-8528


CONC~AMENTE- -

Técnica: desastroso ", progresso Reunidos em Davos, cidadezinha suíça, durante o Fórum Econômico Mundial-94, renomados filósofos contemporâneos puseram-se a discorrer sobre as causas da crise hodierna. E concluíram que o progresso técnico-científico causou, em profundidade, mais d_anos do que benefícios ao homem. Edgard Morin fez notar: "O grande problema a ser enfrentado no século XXI é encontrar um antídoto para a velocidade na criação de tecnologia. É preciso regulamentar de alguma forma essa velocidade para que o ser humano possa ser capaz de parar a fim de pensar em uma sociedade acelerada .... " Se continuarmos, simplesmente, a difundir informações, sem propiciar o conhecimento que permit~ interpretá-las, "a informação vira ruído" - ou "lixo cultural, no entender de Neil Postman, professor de Cultura e Comunicação da Universidade de Nova York" .

Conforme Morin, hoje, celebram-se descobertas de inutilidades - ou, no mínimo, engenhocas que, se não inventadas, não fariam a menor diferença para o ser humano. Interessante notar como tais observações, provenientes de comentaristas laicos e agnósticos, estão em perfeita sintonia com as críticas formuladas pela doutrina católica tradicional ao progresso hipertrofiado e unilateral de nossos dias.

Menores: a fraude e uma solução Segundo a presidente do Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência (CBIA), Aida Marco Antônio, verdadeiras quadrilhas - algumas com ramificações internacionai~, sob a forma de organizações não-governamentais (ONGS) - que apóiam o menor carente desviaram o equivalente a 40% do orçamento da instituição, com cumplicidade de servidores. Graças à ajuda do Banco

Meninos de rua dormem na calçada de rua central do Rio: como resolver o problema? Central, Aida constatou qúe a quase totalidade das ONGS de apoio ao Menor não declaram as contribuições externas , como manda a lei. Pior, não se conhece o destino do dinheiro arrecadado. Enquanto essas fraudes se avolumam, há quem atue denodada e eficazmente em prol dos necessitados. Assim, o 28º Batalhão Logístico (28º B Log.), unidade da Força Terrestre sedi ada em

Dourados (MS), instituiu, em junho de 1993, programa de profissionalização para meninos de rua daquela cidade. Desde então, no quartel, as crianças passaram a receber alimentação, treinamento físico, atendimento médico e odontológico, educação moral e cívica e, em especial, preparação nas áreas de mecânica de motores, lanternagem e pintura de automóveis, eletricidade de motores e predial, bem como aulas práticas sobre cultivo de hortaliças. A inesma notícia - extraída da revista Verde Oliva, de Brasília, publicação trimestral do Editorial do Exército Brasileiro, janeiro/março de 1992, faz notar, de forma alentadora: "não é [esta] a primeira, nem será a única [iniciativa do gênero]. É apenas um exem.plo do que várias unidades do Exército, em todas as regiões brasileiras, vêm desenvolvendo, emergencialmente, em prol do meno r, desassistido em nosso País"

Nauseados de sexomania

São Luiz Gonzaga, Patrono da Juventude, aos 17 anos de idade - Quadro a óleo de pintor desconhecido, séc. XVI, capela de São Luiz, Colégio Romano, Roma

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CATOÍ.ÍÔSMÓ; JUNHO 1994

Nos Estados Unidos, milhares de jovens assinaram declaração na qual se comprometem manter-se "sexualmente puros até o dia do casamento". Parcela considerável destes aderiram aos Clubes da virgindade, criados em certas escolas, cuja idéia-mestra consiste em que "o melhor meio de proteção contra a AIDS é abster-se de qualquer atividade sexual". No país-ápice da modernidade, muitos colégios transformaram as aulas de educação sexual ministradas até aqui, em apologia da castidade. "Nunca pensamos que os jovens se interessariam tanto, numa época em que a sociedade estimula a iniciação sexual cada vez mais cedo e quem não segue a onda é considerado esquisito", declarou Chip Alford, coordenadora da campanha The Love Waits ("O verdadeiro amor espera"). O movimento - que é de inspiração protestante, mas obteve a adesão de setores católicos - pretende organizar marcha de jovens ao Capitólio em Washington, no próximo dia 29 de julho, após terem coletado, conforme esperam, 500 mil assinaturas contendo "um compromisso de castidade", por parte dos adolescentes. Importa registrar o fato como um sadio sobressalto de significativos setores da opinião pública norte-americana. Contudo, cairia em grave erro quem desconhecesse que a pureza só é praticável mediante o auxilio da graça divina, a qual se obtém, principalmente, por via da oração e prática dos Sacramentos. São Luiz Gonzaga, instituído pela Igreja Patrono da juventude, é o modelo acabado da virtude angélica, que supõe sempre o concurso da graça divina, conforme se ressaltou acima. Assim, "castidade" baseada exclusivamente em recursos naturais é mera utopia incapaz de resistir, de forma durável, às inclinações más, decorrentes do pecado original, às tentações do demônio e às investidas da corrupção hodierna.

Reunião dos Bispos americanos - A última reunião anual dos bispos norte-americanos realizou-se num grande hotel de Washington. Nesse encontro, os Prelados aprovaram mensagem pastoral para as famílias, na qual insistem de modo nauseante na igualdade entre o marido e a mulher, o que é contrário à doutrina tradicional da Igreja.

- 0 Claude Lorrain - O pintor francês Claude Lorrain (1600-1682) especializou-se em exprimir o belo, através da luz do sol. Seus quadros s.ã o diáfanos, eminentemente aristocráticos; o sol que ele pinta é um sol régio. Pode-se dizer que Lorrain é um dos maiores pintores da História da Arte. Reconhecendo as nobres qualidades desse grande artista, a conceituada revista inglesa " Financial Times" publicou um artigo - também reproduzido pela "Gazeta Mercantil", de São Paulo sob o expressivo título: "Claude Lorrain fai bem à alma ". Essa matéria

visava chamar a atenção para a mostra de quadros de Lorrain naNational Galery, de Londres.

- 0Caça com cães - Contestada injustamente em toda parte, a caça com cães está alcançando na França crescente sucesso. Há atualmente 381 equipes, contra 218 em 1914! De outubro a março, seis mil caçadores a cavalo e 50 mil seguidores, acompanhados por 15 mil cães corredores, participam de longas jornadas de caça, seguindo um rito codificado por são Luís IX - que viveu no século XIII. Essas caçadas têm algo de aristocrático, disseminando em tomo de si benéfica atmosfera, profundamente diversa do ambiente de vulgaridade, característico dos grandes estádios esportivos contemporâneos.

- 0Feira de ciências ocultas Anualmente realiza-se na Espanha a Feira Internacional de Ciências Ocultas, com mais de 100 stands e cerca de 50 mil

participantes. Ali se notam sinistros monges trajados de preto, bruxas com bola de cristal e vassoura, vampiro que chupa sangue, guru com serpente viva enrolada no pescoço, altares preparados para sacrifícios etc. Chegou-se a este extremo: percebe-se que tais manifestações têm por objetivo exaltar o demônio, de modo análogo e caricato aos Congressos Eucarísticos, que visam glorificar Nosso Senhor Jesus Cristo, realmente presente na Sagrada Eucaristia.

- 0 Tubos de esgoto- Órgãos públicos da importante cidade espanhola de Barcelona gastaram 180 mil dólares para substituir os antigos tubos de esgoto, por outros transparentes, a fim de mostrar" o mundo do oculto que corre paralelo ao mundo da ordem e da razão, que hoje é oficial". O intuito, portanto, é nitidamente filosófico: habituar as pessoas a conviverem com o asqueroso, querendo, em última análise, equiparar o belo ad feio, como também a verdade ao erro, o bem ao mal.

DESTAO.!J_JÚ ABORTOS MATAM TAMBÉM AS MÃES

alma que ela vai se apresentar diante de Deus para ser julgada no caso de morrer.

"O aborto é a terceira causa de mortalidade materna no País". Esse fato mostra bem que ele não constitui apenas uma brutal matança de vítimas inocentes, arrancadas ao ventre matemo, mas é ainda um fator muito ativo de morte das próprias mães.

Porém, mesmo sem aludir a questões maiores ligadas à religião, e mesmo sem precisar lembrar às mães que é um crime hediondo matar o próprio filho, restaria ainda, para não praticar o aborto, o simples instinto de conservação pessoal. Ou seja, o medo natural de morrer.

Tal dado foi apresentado no Congresso Internacional de Mulheres, realizado no Hotel Glória, Rio de Janeiro, em 24 de janeiro último, preparatório de uma reunião da ONU, a ser realizada em setembro, no Cairo (Egito). Cerca de duzentas mulheres participaram do Congresso, representando 82 países ("Hoje em Dia", Belo Horizonte, 25-1-94).

Mas nossa época chegou a um tal ponto de degradação, que nem esse argumento detém a febre abortista. Por incrível que possa parecer, as tais mulheres reunidas no Congresso do Hotel Glória optaram por defender a descriminalização do aborto, para que ele possa fazer-se mais livre e em número cada vez maior!

Outro dado impressionante dos malefícios do aborto foi revelado no Congresso do Hotel Glória: das mulheres que ocupam leitos em hospitais públicos, em torno de 60% são vítimas de abortos mal-sucedidos! Em face de constatações tão trágicas, uma alma católica é imediatamente levada a lembrar-se de que a prática do aborto é passível de excomunhão. Ou seja, a mãe que conscientemente pratica o aborto, fica por isso mesmo separada da Igreja, e é nessas condições terríveis patla sua

Desejam ainda que haja acesso a meios contraceptivos, informação sobre esses assuntos e "uma assistência médica decente" para os abortos. Tal postura é do mesmo gênero que a adotada pela generalidade das campanhas anti-Aids. Para estas, não se trata em nenhum caso de evitar o pecado, mas sim de dar condições para que se peque cada vez mais e sem riscos. No caso do aborto, querem tomar bem fácil o assassinato das crianças, au-

Mulheres com punho cerrado em manifestação pró-aborto: gesto de sintomática conotação esquerdista. Pedem liberdade para matar seus filhos nascituros... e para colocar em risco a própria vida! mentando apenas as possibilidades de sobrevivência das mães. Sendo que já há, segundo o referido Congresso, três milhões de abortos anuais no Brasil. O leitor pense um pouco. O que pode esperar do Criador uma civilização que assim age? CATOLICISMO, JUNHO 1994

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mou o embaixador de Nossa Senhora: "Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas" (9) Na segunda, verão de 1916, o Anjo lhes disse: "Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia". Na terceira visita, fim do verão ou outono de 1916, o Anjo ensinou-lhes uma oração, da qual consta: "Pelos méritos infinitos de seu Santíssimo Cora-

PIEDADE

Fátiina e· Paray-le-Monial: uina visão de conjunto As devoções ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Sef!,hora de Fátima apresentam carac_terísticas comuns que, embora pouco ressaltadas, são bastante claras: reparação, consagração e proclamação de triunfo

A

VIDA RELIGIOSA do século XX está marcada profundamente pelas aparições de Nossa Senhora de Fátima. A partir da Cova da Iria desencadeou-se um ativo movimento de piedade, cujas possibilidades de expansão ainda agora são dificilmente imagináveis. Estamos em junho, mês do Sagrado Coração. Esta foi a grande devoção do século XIX, chamado por alguns escritores eclesiásticos de" o século do Sagrado Cora,ção" (1). Colocadas estas duas situações, uma pergunta emerge naturalmente: "Have-

Pelo menos três aparições de Nossa Senhora em Fátima lembram a maneira como Nosso Senhor Se apresentava em Paray-le-Monial, com seu Coração coroado de espinhos . :~ _:· "~.,ÇÂTOLICÍSMO, JUNHO 1994

ria relação próxima entre as duas devoções?"

Multidão diante da Basílica mariana: desde Fátima se difundem, ao mesmo tempo e harmoniosamente, as devoções ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria

A devoção renovada ao Sagrado Coração de Jesus Sempre existiu na Igreja a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. São João Evangelista pode mesmo ser considerado seu iniciador e modelo, pois foi ele quem reclinou a cabeça no peito adorável do Redentor durante a Última Ceia, ouvindo as batidas de seu Coração (2). Essa devoção, praticada por pessoas piedosas ao longo da História da Igreja, tomou características novas e ganhou extraordinária força de expansão a partir das revelações de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria Alacoque ( 1647-1690), freira do convento da Visitação em Paray-le-Monial, pequena e encantadora cidade fincada no centro da França, nas margens do rio Bourbince. A difusão de tal devoção provocou,já nos seus primórdios, reações furibundas de jansenistas, deístas, racionalistas, além de certos setores de eclesiásticos e leigos que, numa espécie de frente comum, procuraram por vários meios, desde o ridículo até a calúnia, erradicá-la da piedade dos fiéis (3). Bem mais tarde, neste século, a devoção a Nossa Senhora de Fátima sofrerá impacto semelhante de um como que conturbémio de livres pensadores, progressistas, co. munistas, socialistas e ateus. É claro que, ao lado da devoção ao Sacratíssimo Coração de Jesus, com características comuns e meio inigualável de conduzir a ela, encontra-se a devoção ao Imaculado Coração de Maria. São João Eudes ( 160 l -1680), grande apóstolo das duas devoções, freqüentemente utilizava a expressão " o Sagrado Coração de Jesus e Maria" para, desta forma, destacar sua perfeita sintonia.

O lábaro dos Tempos Modernos Recordemos agora o papel primordial da devoção ao Sagrado Coração de Jesus nos planos da Providência, fato pouco conhecido, o que acanha nas almas o élan de conhecê-la e praticá-la. Santo Afonso de Ligório, com sua autoridade de Doutor da Igrej a, qualifica a devoção ao Sagrado Coração de "a mais bela e a mais sólida das devoções" (4). Os Pontífices Romanos não sustentam opinião diferente. Pio IX ( 18461878) dela afirmou: "A Igreja e a sociedade não têm outra esperança senão no Sagrado Coração de Jesus: é Ele que curará todos nossos males" (5). Leão XIII ( 1878-1903) exprimiu a mesma convicção, comparando-a com a aparição da Cruz a Constantino em 312 numa situação desesperadora, o que determinou a conversão dele, o fim da era das perseguições e o começo de séculos de esplendor para a Igreja. " Nos tempos mais remotos do Cristianismo - diz Leão XlII - , quando sobre a Igreja pesava o jugo dos Césares, a Cruz, aparecendo no Céu a um jovem Imperador, foi a causa e o indício do triunfo total. A nossos olhos também brilha um sinal divino de vitória - o Coração Santíssimo de Jesus, encimado de uma cruz e cercado de chamas. NEle colocamos todas as

nossas esperanças: dEle é que devemos esperar a salvação" (6). Pio XI e Pio XII fizeram seus estes ensinamentos de Leão XIII, reafirmando assim sua importância para a piedade e, além disso, para a compreensão da História da Igreja nos Tempos Modernos (7).

A devoção aos Sagrados Corações em Fátima Vejamos agora as relações que existem entre Paray-le-Monial e Fátima. E isto em dois planos. No primeiro, o mais imediato, vamos considerar as referências à devoção ao "Sagrado Coração de Jesus e Maria" , como poderia dizer São João Eudes. No segundo, consideraremos características comuns às duas devoções, que as colocam, sob certo prisma, como expressão de um mesmo imenso desígnio providencial (8).

Alusõtts aos Sagrados Coraç~es em Fátima As menções são numerosas e contínuas. Por brevidade, será preciso selecionar. Aparições do Anjo de Portugal. As aparições de Nossa Senhora aos três pastorzinhos (Lúcia, Francisco e Jacinta) foram precedidas por três comunicações do Anjo de Portugal. Na primeira delas, na primavera ou no verão de 1916, afir-

ção {de Jesus} e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos pela conversão dos pobres pecadores". O ciclo das aparições de Fátima começava sob o patrocínio das devoções ao Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria (10). Em 1917, entre maio e outubro, houve seis aparições de Nossa Senhora aos pastorzinhos. Como exemplo das menções feitas nelas às duas devoções, relembremos o que Nossa Senhora afirmou na segunda aparição, 13 de junho, e na terceira, 13 de julho. Segunda aparição. "Jesus quer servir-te de ti [Lúcia} para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração". Estava anunciada a missão de Lúcia. Terceira aparição. "Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria" (parte de uma oração ensinada por Nossa Senhora). Para salvar os pecadores, diz ainda Nossa Senhora, "Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração". Jacinta teve várias visões de Maria Santíssima, após o ciclo principal das aparições, concluído em outubro de 1917, que a levaram a uma forma de maturidade, seriedade de espírito e santidade de vida surpreendentes numa criança. Em conversa com Lúcia, à maneira de

despedida, pois faleceria proximamente - 20 de fevereiro de 1920 - , expôs a missão de sua amiga: "Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. O Coração de Jesus quer que, a seu lado, se venere o Coração de Maria" . Mais uma vez, enunciada a missão de Lúcia.

Características comuns às duas devoções A devoção ao Sagrado Coração de Jesus distingue-se pelo culto de reparação e a prática da consagração. Na encíclica Miserentissimus Redemptor, dedicada ao Coração de Jesus, Pio XI diz a respeito:" Dentro de todas as práticas de culto ao Coração de Jesus convém assinalar o ato de consagração" . A seguir acrescenta: "convém juntar outra", "o dever de desagravo ou reparação" , pois "o espírito de expiação ou desagravo foi sempre parte principal do culto" ( 11 ). Santa Margarida Maria, modelo de devoção ao Sagrado Coração, teve sua vida marcada pelas práticas reparadoras. Por outrc lado, por meio dela, Nosso Senhor deu início à prática da consagração ao Sagrado Coração não apenas das pessoas e das famílias, mas também das instituições de várias naturezas e até dos Estados. O costume da consagração ge-

Nossa Senhora do Sagrado Coração Santuário do mesmo nome, Québec (Canadá). Sõ por Maria podemos locar o Coração do Divino Filho CATOLICISMO, JUNHO 1994


neralizou-se. Milhões de famílias, incontáveis instituições, numerosos Estados foram consagrados ao Coração de Jesus. Em 25 de maio de 1899i~por meio da encíclica Annum Sacrum, Leão XIII anunciou a consagração do gênero humano ao Coração de Jesus, feita no dia 9 de junho. Segundo suas próprias palavras, foi este o "maior ato" do seu pontificado ( 12). Finalmente, como uma espécie de terceiro traço distintivo, poderíamos acrescentar a promessa de vitória. Nosso Senhor afirmou a Santa Margarida Maria: "Não temas !}ada; vencerei apesar de meus inimigos e de todos os que se opuserem a esta devoção". A Santa afirmava: "Este amável Coração reinará, apesar de Satanás e de seus sicários" (13). Pio XII, em encíclica dedicada ao Sagrado Coração, ensina que a luta contra os adversários da Igreja deve ser colocada sob o patrocínio desta devoção. Todos os que "lutam ativamente porestabelecer o reino de Jesus Cristo no mundo considerem a devoção ao Coração de

Cristo do Grande Poder, séc. XVII, Sevilha (Espanha). Por amor dos homens deixou-Se coroar de espinhos. Nossa devoção ao Sagrado Coração de Jesus colocará na fronte do Redentor a coroa da reparação

por inteiro as condições da consagração do gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus, feita por Leão XIII, e que teve como origem uma carta de 1O de junho de 1898, da religiosa alemã Madre Maria do Divino Coração Droste zu Vischering, superiora do convento Bom Pastor da cidade de Porto (Portugal), beatificada por Paulo VI em 1° de novembro de 1975. Nessa missiva a santa religiosa relatou ao Pontífice uma comunicação sobrenatural que recebera de Nosso Senhor, pedindo este ato do Papa. A Irmã Lúcia, a respeito da consagração da Rússia, afirma em carta de 29 de maio de 1930 que Nossa Senhora quer "um solene e público ato de reparação e consagração da Rússia aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria". Mais tarde, numa comunicação íntima, o Divino Redentor se lamentou com a vidente portuguesa: "Não quiseram atender ao meu pedido. Como o Rei da França, arrepender-se-ão, e Já-La-ão, mas será tarde" . Era uma alusão a seu pedido de 1689, feito por intermédio de Santa Mar; garida Maria a Luís XIV e que não fora atendido (15). Triunfo. A promessa do triunfo final, ca-

dos três pastorzinhos sob este prisma, disse-lhes: "De tudo o que puderes, oferecei a Deus um sacrifício em ato de reparação". Quanto a Nossa Senhora, foi sua primeira pergunta na Primeira Aparição, como que dando o diapasão da Mensagem de Fátima: "Quereis oferecer-vos a Deus Bem-aventurada Madre para suportar todos os sofrimenMaria do Divino Coração tos que Ele quiser enviar-vos em Droste zu Vischering. ato de reparação pelos pecados Leão XIII, atendendo ao com que Ele é ofendido?" Obviapedido expresso em carta mente, também este deve de 1Ode junho de 1898, a ser o espírito dos devotos ele enviada por essa Jacinta, vidente de Fátima: santa religiosa, consagrou de Nossa Senhora de Fáti"O Coração de Jesus quer ma. o gênero humano ao que, a seu lado, se venere Pelo menos três apariSagrado Coração de Jesus o Coração de Maria" ções ( 13 de maio de 1917, Jesus como bandeira". Esta devoção, 1Ode dezembro de 1925, 13 de junho de racterística de Paray-le-Monial, também continua o Pontífice, "opõe segura bar1929, estas duas últimas apenas a Lúcia) está presente em Fátima. Na terceira apareira às ímpias maquinações dos inimilembram extraordinariamente a maneira rição, 13 de julho de 1917, Nossa Segos de Deus e da Igreja". Com esta prá- como Nosso Senhor se apresentava em nhora afirmou: "Por fim, o meu Imacutica, "se há de construir o reino de Deus Paray-le-Monial com seu Coração rodealado Coração triunfará" . A Irmã Lúcia nas almas dos indivíduos, na sociedade do de espinhos, numa imagem tocante de prevê ainda que, após um grande castigo, doméstica e nas nações" (14). quem sofre injustamente e tem o direito haverá "uma volta mais completa" do Passemos agora a Fátima. Fátima de exigir reparação. Na última das refemundo para a Igreja. Outro anúncio de também é presidida por estas três caracridas aparições, Nossa Senhora disse à vitória em Fátima é a promessa da conterísticas: reparação, consagração, proIrmã Lúcia: "É chegado o momento em versão da Rússia. Ditas afirmações consclamação do triunfo. que Deus pede para o Santo Padre fazer, tituem estímulo possante para uma forma Reparação. É impressionante a ênfaem união com todos os Bispos do mundo, de esperança, fundada em razões sose na reparação que há em Fátima. Pode- · a consagração da Rússia ao meu Imacubrenaturais, que encontrou eco nas elevase dizer que ela está sob o signo da devolado Coração, prometendo salvá-la por ções sublimes do Trono de São Pedro. ção reparadora. este meio. Venho pedir reparação". Pio XI expressa-a na encíclica sobre o Em Paray-le-Monial, Nosso Senhor Consagração. O pedido acima exSagrado Coração quando fala "do tão pediu a Hora Santa Reparadora das Quinpresso nos leva à segunda característica suspirado _dia em que, de bom grado, o tas-feiras, a Comunhão Reparadora na comum aos dois sucessos providenciais: mundo inteiro virá sujeitar-se ao cetro Sexta-feira após a Oitava do Santíssimo a prática da consagração. No caso de benfazejo, ao poder dulcíssimo de CrisSacramento, e instituiu a prática das nove Fátima, entre outros pedidos, trata-se soto-Rei" ( 16). Primeiras Sextas-feiras, também comubretudo da consagração da Rússia, ou da Chegou o momento de resumir e fimente considerada nesta luz. Em Fátima, consagração do mundo com menção esnalizar. Fátima é um marco, de importânNossa Senhora pediu a Comunhão Repapecial à Rússia. cia incomensurável, do desígnio divino, radora dos cinco Primeiros Sábados. O Detenhamo-nos rapidamente nas feito de misericórdia e advertência, já Anjo de Portugal, pondo a vida espiritual condições do pedido. Elas repetem quase anteriormente manifestado em Paray-le-

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Monial. São graças intensas de oposição eficaz às várias manifestações de um mal poderoso, crescente e que tende a dominar tudo nos Tempos Modernos. Tais graças despertam uma grande dor e inconformidade pela injustiça feita a Deus e à Igreja, e logicamente levam a uma espiritualidade reparadora, desejosa de consagração, marcada pela esperança. Por disposição divina, têm em si potencial para "renovar os efeitos da Redenção", lembrando mais uma vez a Santa Margarida Maria Alacoque, a" discípula bem-amada do Sagrado Coração" (17). PÉRICLES CAPANEMA NOTAS

1) Cfr. Vie et Révélations de Sainte Marguerite-Ma-

rie Alacoque, Bar-le-Duc, França, 1947, p. 180. 2) "Ora um dos discípulos, ao qual Jesus amava, estava recostado sobre o seio de Jesus. A este, pois, fez Simão Pedro sinal, e disse-lhe: De quem fala ele? Aquele, pois, tendo-se reclinado sobre o peito de

constantes deste artigo foram tiradas do livro de Antonio Augusto Borelli Macha-

do,As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia, 35a. edição, Vera Cruz, São Paulo, 1993. 1O) A mais ampla consagração pedida pelo Divino Redentor e Maria Santíssi-

ração de Maria. Convém notar que já antes das aparições de Fátima estava em curso um amplíssimo movimento neste sentido, que via a consagração do mundo (ou do gênero humano) ao Imaculado Coração de Maria como um complemento harmônico do ato de Leão XIII de 9 de junho de 1899. Entre as numerosas e importantes iniciativas, destaco três: a da Arquiconfraria de Nossa Senhora das Vitórias, de Paris, que recolheu entre 1906 e 1909 mais de 700 mil assinaturas nesta intenção; o pedido· feito a São Pio X no 25° Congresso Eucaristico Internacional, reunido em Lourdes em julho de 1914 e

ção ao Sagrado Coração de Jesus, Dom José Torras

deais franceses em 13 de dezembro de

y Bages (1846-1916), Bispo de Vich, na Catalunha,

1914 (cfr. Marquis de la Franquerie, La

cuja heroicidade de virtudes foi há pouco ~eclarada

Vierge Marie dans l 'Histoire de la France, pp. 288-289). A Providência freqüentes vezes se serve de revelações privadas

por João Paulo II, tem declaração muito significa-

acolhido favoravelmente pelo Papa, que infelizmente faleceu pouco depois; finalmente a consagração da França ao Imaculado Coração de Maria, feita pelos car-

ção ao Sagrado Coração de Jesus porque um poderoso instinto a faz conhecer que é a que deve acabar com ela" ("Cristiandad", Barcelona,julhosetembro 1989, p. 24). 4) Apud Pe. Jean-Baptiste Terrien, SJ, La Dévotion au .Sacré-Coeur de Jésus d'aprés les documents authentiques et la Théo/ogie, P. Lethielleux, Paris, 1927, p. V . 5) Apud Pe. Jules Chevalier, Superieur Général des Missionnaires du Sacré-Coeur, Le Sacré-Coeur de Jésus, Retaux-Bray, Paris, 1886, p. 382. 6) Annum Sacrum, 25.5. 1899. 7) Pio XI, Miserentissimus Redemptor, 8.5.1928, § 2; Pio XII, Haurietis Aquas, 15.5.1956, § 81. 8) Não estou afirm ando que as revelações de Paray-

para estimular movimentos de piedade

le-Monial só têm relações expressivas com Fátima.

ção" quer reinar no seu palácio, ser pinta-

Têm-nas com outras revelações também. Basta ver

do nos seus estandartes e gravado em suas armas". Dizia ainda: "quer estabelecer seu império na corte de nosso grande monarca" (cfr. Pe. Bougaud, HjsÍória da Beata Margarida Maria, Livraria Internacional, Porto, 1879, pp. 388-391). 16) Miserentissimus Redemptor, 8.5.1928, § 5. 17) Esta expressão é do Divino Mestre. Cfr. Vie et Révélations de Sainte Marguerite-Marie, op. cit., pp. 57 e 178. •

a Medalha Milagrosa, confiada por Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré nas aparições de 1830 na Rue du Bac. O verso da Medalha Milagrosa tem os dois Corações com a iconografia clássica, como a anunciar sua proteção e seu reino. A questão é outra. As aparições de Paray-le-Monial são uma grande manifestação - tal vez a maior delas - de um desígnio providencial imenso de dar novo rumo à História da Igreja e da soc iedade temporal. 9) Todas as referências às aparições de Fátima

Sacerdote promove campanha contra livro pornográfico

ma em Fátima foi a do mundo, com menção especial à Rússia, ao Imaculado Co-

Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é (i!sse?" (Jo. 13, 23-25). A respeito das origens da devoção ao Sagrado Coração, ver J. Bainvel, Coeur-Sacré de Jésus, Dictionnaire de Théologie Catholique, cols. 303-305. 3) A respeito do ódio revolucionário contra a devo-

tiva: "A Revolução é a inimiga declarada da devo-

A111AUDADE

anteriormente suscitados por Ela. 11) §§ 4, 6, 13. 12) Cfr. J. Bainvel, verbete citado, col. 341.

13) Cfr. Vie et Révélations de Sainte Marguerite-Marie Alacoque, op. cit., p. 139; J. Bainvel, verbete citado, col. 332. 14)HaurietisAqua, 15.5.1956, §§ 82-83. 15) O pedido a Luís XIV começava com as seguintes palavras: "Faça saber ao filho

primogênito de meu Sagrado Coração". Pedia a consagração do Rei e, por meio dele, a dos grandes da Terra. Santa Margarida Maria afirmava que o Sagrado Cora-

A Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro está distribuindo em todas as escolas oficiais um livro "didático" intitulado "O jogo pela vida", apresentado como meio de prevenção contra a AIDS. Trata-se de uma obra pornográfica, na qual são descritos atos sexuais de todas as espécies, numa linguagem vulgar e com figuras as mais indecentes. Embora seja um livro extra-classe, os professores estão obrigados a explaná-lo nas salas de aula. E, em alguns colégios, foi ele distribuído até para a 5ª série, onde há alunos de apenas nove anos de idade!

Padre exemplar Contra essa nefanda obra que, a pretexto de combater a AIDS, na verdade visa corrompér crianças e jovens, um valoroso sacerdote da cidade fluminense de Miracema moveu uma campanha. O Revmo. Pe. José Olavo Pires Trindade mobilizou e orientou os pais para que lutassem em favor da moralidade. Assim, foi elaborado um folheto criticando o livro pornográfico e, ao mesmo tempe, expondo a verdadeira doutrina católica sobre o tema.

Mais de mil assinaturas Vinte e duas duplas de pais e professores percorreram as ruas de Miracema, a fim de coletar assinaturas em protesto contra o livro. Visitaram 875 famílias, o que equivale a mais de 30% do número total de lares da cidade; obtiveram apoio de 695 dessas famílias, o que constitui 79 ,42% do total; receberam maior apoio nos bairros modestos do que nas classes altas, e obtiveram mais de mil assinaturas. Dirigiram-se também à Câmara de Vereadores, onde foram muito bem recebidos: do_s treze edis, onze votaram a favor da campanha empreendida pelo sacerdote, um contra e um se absteve. Os correspondentes da TFP residentes naquela cidade fluminense atuaram de modo denodado e decisivo em toda a campanha de difusão do folheto especialmente o primeiro signatário do mesmo - , bem como no contato com os vereadores e por ocasião do debate na Câmara Municipal. Tanto o folheto criticando o livro obsceno quanto o abaixo-assinado foram depois enviados à Secretaria da Educação.

Bispo também apóia Em entrevista publicada na edição de 19 de março último do jornal "O Dia", do Rio de Janeiro, D. João Corso, Bispo de Campos - sede da diocese a que pertence Miracema - , criticou o livro pornográfico e concedeu todo apoio à campanha promovida pelo Revmo. Pe. Olavo. Se em cada paróquia do Brasil houvesse um Padre Olavo Trindade, que combatesse a imoralidade com a mesma determinação, força e irredutível vontade de frear o passo à ação do mal, o Brasil seria bem outro! PAULO FRANCISCO MARTOS


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rr1:7-diciona is análõgas "E próprio à nobreza e às elites tradicionais análogas formarem com o povo um todo orgânico, como cabeça e corpo" PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Professores universitários, comerciantes e homens da plebe podiam ascender à nobreza'*) Não constitui essa uma classe fechada como as castas hindus, mas sempre aberta a plebeus que transcendam, por suas qualidades e méritos excecionais, sua extração social

e

Na ordem intelectual, a condição de orno já vimos em conferência professor universitário deveria ser - inanterior(**), havia várias razões felizmente nem sempre o é - o suprapelas quais um indivíduo, uma família ou um conjunto de famílias, pela sumo da condição de intelectual. Deveria ser a nobreza e a aristocracia não só do ascensão gradativa na escala social, ao magistério mas de toda a intelectualidade cabo de algumas gerações, podiam ficar de um país. Isto porque a universidade é nobres. Era o que ocorria com as elites a mais alta das escolas e ser professor tradicionais. numa universidade é o mais alto dos maJá vimos também, embora muito de passagem, que uma das elites que podia gistérios. Havia universidades em que os profacilmente ascender à nobreza era a clas. fessores e suas famílias podiam ser nose dos professores universitários. bilitados. Realmente, o fato de ensinar é mais Em Portugal, a condição de intelecdo que simplesmente conhecer. Pois entual já abria as portas para a categoria sinat é ter do assunto não apenas um nobre. Todo aquele que se diplomava em conhecimento excelente, mas também Teologia, Filosofia, Direito, Medicina ou ser capaz de transmiti-lo de forma adeMatemáticas na famosa Universidade de quada e até brilhante, por meio das qualidades de ordem didática que o professor Coimbra, fundada em 1307, era nobre a título pessoal e vitalício, embora não hedeve possuir. E isto é uma excelência do reditário. Mas se, de pai a filho, três espírito humano. gerações de uma mesma família se diplomavam em Coimbra nessas matérias, passavam a ser nobres por via hereditária todos os seus descendentes, ainda que estes não viessem a cursar, por sua vez, a referida Universidade. O que era muito legítimo, muito certo, porque as grandes Universidades formam nos seus professores e alunos uma certa qualidade de espírito que exprime categoria, e pela qual eles se tornam realmente nobilitáveis. Tudo isto, porém, não impede que haja na condição de professor algo que ·não seja nobre. Ele pode ser um intelectual que pensa e ·estuda multo, mas que vive uma vida tranqüila entre seus livros, Praça da Prefeitura de Hildesheim, antiga cidade sem lutas, habituado egoisticamente a alemã da Baixa Saxônia. A gravura, além de várias comodidades, cercado de um presressaltar a beleza do velho edifício gótico da Municipalidade e o pitoresco chafariz existente na tígio que não ·corre r~scos, titular de uma praça, deixa ver uma riqueza de aspectos da vida cátedra vitalícia, ,iuma situação de larpopular, desde os folguedos infantis até os gueza e conforto adequados à sua conditranqüilos lazeres da velhice. Membros de um ção. autêntico povo como esse podem, excecionalmente, Vista desta maneira, a condição de ascender à condição de nobre professor pode não ser digna de ascender

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à nobreza, pois nela há qualquer,coisa de deformante no modo de exercer a profissão, o que a torna eminentemente burguesa. Existe, porém, um outro modo de viver à condição de professor. É ter um espírito muito qualitativo, voltado a perceber nas coisas muito mais o seu significado do que os meros fatos concretos, capaz de compreender um certo suco da realidade que um professor de espírito não qualitativo não compreende. Um professor que ao narrar um acontecimento, ao comentar uma lei, ao descrever uma experiência, ao expor um argumento ou ao resolver um problema saiba dar o sentido mais profundo da qualidade daquilo que foi objeto de sua exposição, este é um homem de espírito superior que pode ser nobilitado.

Ascensão de plebeus à mais alta nobreza Além dessas formas de nobilitação de categorias sociais, havia um fato evidente, que a observação comum da História mostra: das camadas mais obscuras da sociedade podiam surgir, de repente, pessoas dotadas de algumas qualidades que as habilitariam a pertencer à mais alta nobreza(***). Podiam ser pessoas que nascessem, por exemplo, com a capacidade de se tornarem grandes estadistas, chefes de Estado. Ou mesmo de virem a ser excelentes ministros, como de fato os houve. Quando se pesquisa a formação do espírito de tais estadistas, o meio familiar e social em que viveram, nada indica que possa ter originado tal capacidade e tais qualidades. O pai podia ter sido um modesto e digno operário; a mãe, uma pobre esposa que ajudava a família a viver com o escasso ordenado do pai. Nada havia ali que fizesse surgir na cabeça do menino

uma tendência, uma capacidade para ser um grande político ou diplomata, um grande guerreiro, um grande poeta, um grande artista, ou qualquer ou.tra coisa do gênero. A História, entretanto, contém numerosos exemplos de pessoas provenientes das classes mais modestas e que tiveram esse dom, essa capacidade. É freqüente encontrarmos, na história militar da Idade Média, feitos heróicos praticados por pessoas que pertenciam à plebe mas que revelavam, no seu modo de combater, uma tal elevação de sentimentos, um tal desprendimento de .si mesmos que embora pertencendo à plebe mais elementar, mais modesta - podiam ser elevadas à condição de nobres. Pois quem é capaz de ser mártir, de arriscar e dar sua própria vida tendo em vista um bem superior, um bem comum, tem as grandes fortalezas e as grandes elegâncias de alma que são a matéria-prima do nobre, que modelam um tipo humano que faz do nobre um como quê santo da ordem temporal. Assim, quando alguém manifesta uma grandeza de modesta origem, é natural que seja elevado ao que deve, mas sem transformar este fato em regra geral. Pois o que Deus quis dar a um, pode não dar a outro. Deus se reserva a Si mesmo o direito de tomar algué~ da mais humil-

de condição e elevá-lo, simplesmente porque quis. E o homem assim escolhido por Deus, colocado nessa situação, deve saber. aproveitar os dons recebidos de tal modo que, posto no cume das grandezas humanas, sirva a Deus e à Igreja com todo o empenho de sua alma e de seu coração. Caso recuse tal serviço e faça mau uso de seus dons e de suas capacidades, terá que prestar contas a Deus. Esses fatos, essas grandezas, servem para mostrar que Deus é o verdadeiro autor de tudo isso. Ele modela os grandes homens, as grandes famílias, as grandes nações, porque Ele é infinitamente grande, é a própria Grandeza e o autor de todas as grandezas. É isso que se deve reconhecer na análise daquilo que ocorre na história da humanidade. NOTAS

(*) Excertos da conferência pronunciada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sóc ios e cooperadores da TFP, a pedido destes, em 5-11-92, na capital paulista. Sem revisão do orador. (**) Cfr. Catolicismo nº 519, março de 1994. Tal artigo, como o que apresentamos nesta edição, constitui comentários do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira à sua mais recente obra Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao

ASala dos Capelos da Universidade de Coimbra, carregada de tradições - ostentando em suas paredes grandes quadros, apresenta original teto abaulado de madeira trabalhada com seus tornead~ lustres carregados de lâmpadas - provoca no observador verdadeiro "flash": da harmoniosa combinação de elementos diversos resulta uma síntese superior de beleza, seriedade e distinção Patriaciado e à Nobreza romana, Editora Civilização, Porto, 1992. Além dessa edição portuguesa, foram lançadas traduções da obra na Espanha, Itália, França e Estados Unidos. (***) É claro que tal distilação social só é possível numa sociedade com as características de um verdadeiro povo, tal como o descreve Pio XII em sua Radiomensagem de Natal de 1944, conceito este que se opõe ao que o Pontífice qualifica de massa. Numa sociedade massificada e anorgânica, jamais ocorrerá um fenômeno de transcendência social desse gênero.

DA PLEBE ITALIANA À CORTE FRANCESA

Cardeal Júlio Mazarino - Quadro de Philippe de Champaigne, Castelo de Chantilly, Museu Condé

A História aponta casos muito interessantes de pessoas que, embora nascidas na plebe, foram dotadas com capacidade para se tornarem estadistas famosos e dirigentes de nações. Um exemplo característico neste sentido foi Julio Mazarino, de origem modesta e quase desconhecida. Parece que nasceu em Piscina, Abruzos (Itália), em 1602. Era dotado de extraordinária inteligência, muito sutil, excelente político e diplomata, muito digno de trato, o que lhe permitiu figurar com destaque na corte francesa, a mais exigente do mundo naquela época. Naturalizou-se

francês em 1639 e, embora não fosse sacerdote, obteve o título de Cardeal em 1641, pelo qual passou a ser conhecido, e que lhe conferiu status de alta nobreza na linha eclesiástica. Richelieu, o famoso ministro de Luís XIII, ao morrer em 1642, recomendou-o a esse monarca, que o nomeou Primeiro-Ministro. Mazarino ocupou o cargo não só até a morte daquele Rei, ocorrida em 1643, mas taqibém durante toda a Regência de Ana d' Austria - mãe de Luís XIV, então menor - e no início do reinado deste último, morrendo em 1661, ainda como Primeiro-Ministro de França.

CATOLICISMO, JUNHO 1994

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Brasil Real Brasil Brasileiro

A

seis quilômetros de Taubaté, no Vale do Paraíba, situa-se a antiga e pitoresca cidade paulista de Tremembé. Seus trinta e dois mil habitantes, ainda cheios de relig~osidade, cresceram dentro de um cenário rico em tradições que se mantêm vivas, graças ao espírito familiar que os caracteriza e os irmana. Sua história tão encantadora faz jus à cidade e a seus arredores. Tudo remonta ao aparecimento miraculoso da imagem do Senhor Bom Jesus de Tremembé. A fundação da vila deu-se no ano de 1669, quando o capitão-mor Manuel da Costa Cabral obteve permissão para erigir uma capela ao Senhor Bom Jesus, em terras de sua propriedade. Conta-nos a legenda ter, certo dia, aparecido no arraial um velho peregrino de todos desconhecido. Construiu para si uma pequeaa cabana na qual se trancou, pouco saindo e com ninguém mantendo contacto. Ali, permaneceu a sós, longe dos olhares; numa rotina de mistérios, mas nem por isso deixando de chamar enormemente a atenção da circunvizinhança. De repente, desapareceu o velho sem deixar vestígios nem de onde viera nem para onde partira. Curiosos, os vizinhos dirigiram-se à choupana abandonada e encontraram -

Mílagrosa imagem do Senhor Bom Jesus de Tremembé

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SENHOR BOM JESUS DETREMEMBÉ ' e alegria geral - uma imapara surpresa gem do tamanho natural de um homem, de belas linhas anatômicas contrastando com expressiva fisionomia de dor, que caracterizam exatamemte a atual imagem do Senhor Bom Jesus de Tremembé. Havia se operado evidente milagre, levando a crer tratar-se de um enviado de Deus o velho peregrino, que deixou na vila uma dádiva do Céu. Os fiéis, cheios de fervor, para melhor venerarem a imagem, edificaram nas cercanias uma ermida, onde o Senhor Bom Jesus prodigalizava seus favores. Prodígios e milagres que prosseguem até nossos dias, como se pode constatar visitando a sala de milagres existente no próprio edifício da majestosa igreja matriz ou Santuário Menor. Outro milagre deu-se por ocasião do traslado da imagem da cabana até à ermida. No local onde o Senhor Bom Jesus pousava seus pés, brotou uma fonte cristalina que A Basílica Menor do Senhor Bom Jesus de constitui a atual fonte santa, cujas águas Tremembé, que abriga a venerável possuem o dom da cura das enfermidades. imagem, foi edificada no mesmo local onde se construíra a primitiva capela No início deste século, ocorreu outro prodígio por ocasião da "gripe espanhola" que assolou Taubaté, causando contactando pessoas das mais gradas às entre seus habitantes grande número de mais simples daquele bom povo de Deus. vítimas. Tendo os fiéis dessa cidade pe**>ti dido que a imagem venerável do Senhor Se ao deixarmos Tremembé sentimos Bom Jesus viesse em seu socorro, a fim saudades, ganhamos, em contrapartida, de protegê-la da epidemia que ceifava um ornamento para nosso espírito. Não inúmeras vidas, ficou ela exposta à venesão as saudades o ornato da vida? ração pública durante dias seguidos. Não Praza a Deus poss~ o leitor sentir, em tardou, com efeito, o termo da enfermialguma medida, semelhantes saudades dade para alegria e conforto de todos. que gostaríamos de compartilhar com Após esse fato extraordinário, a imagem cada um pessoalmente, evocando esta desapareceu inexplicavelmente para reapequena história. parecer, dias depois, na igreja matriz de Se puder, vá algum dia a Tremembé Tremembé, em seu altar de costume. e recorde-a durante a visita. Reze ao SeO povo acorreu pressuroso ao templo nhor Bom Jesus, pedindo-lhe que proteja para tomar conhecimento do ocorrido. ·sempre o Brasil; e reze sobretudo, para Após uma análise cuidadosa da imagem, que nós brasileiros tenhamos saudades nada de estranho se notou nela, salvo da casa paterna da qual nunca deveríaseus pés cheios de barro e poeira da esmos ter saído. Certamente sentirá saudatrada que ligava as duas cidades. des ao sair de Tremembé. Reconforte-se Soube-se, pouco depois, que moradopois com este ornamento para toda a sua res das margens do caminho tinham visto vida. Afinal, as boas saudades configuo Senhor Bom Jesus caminhando em diram um sentimento próprio do Brasil reção à sua cidade e matriz de origem. real, do Brasil brasileiro. Embora não encontrássemos referências escritas a esse último prodígio, ele CARLOS A. DA COSTA JR. constitui voz corrente, voz do povo dos dois municípios. (*) Vitorino Coelho de Carvalho, Subsídios à hisConhecemos tais pequenas jóias em tória de Tremembé, Gráfica São Dimas, São José viagem por essa aconchegante região e dos Campos (SP), 1957.

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aderno Especial Nº 34

São Mateus - Pintura (1637-1639) de Zurbarán, Museu Provincial de Cádiz (Espanha)

Ahanàonanào imeàintamente seu telônio, o publicano 11:Ieíti seguiu o 3Reàentor e tornou-se o granàe Ãpóstolo e 1fuangelista Jiateus


'ijora~ão à:e jão Jlffat:eus {Lc. 5, 27-32) E, depois disto, saiu Jesus, e viu sentado no telônio wn publicano, chamado Levi, e disse-lhe: Segue-me. E ele, deixando tudo, levantando-se, O seguiu. E Levi deu-lhe wn grande banquete em sua casa, onde concorreu grande número de publicanos e de outros que estavam sentados ~ mesa com eles. E os fariseus

e os escribas murmuravam, dizendo aos discípulo::: de Jesus: Por que comeis e bebeis vós com os publicanos e com os pecadores? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os enfermos. Não vim chamar os justos, mas os pecadores à penitência.

@om:enbhios rompflaàos por janto Dromás à:e í\quino na Qiat:ena Áurea Santo Agostinho - Depois da cura do paralítico, o Evangelista segue falando da conversão do publicano, dizendo: "E depois disto saiu e viu um publicano, chamado Levi que estava sentado no telônio". São Mateus é esse Levi. São Cirilo - Levi era, pois, publicano, homem avarento, desenfreado no que diz respeito às coisas supérfluas, que apetecia o alheio (este é, pois, o oficio dos publicanos); mas dos escritórios da malícia é arrancado pelo chamado de Cristo; de onde segue: "E disse-lhe: Segue-me". Santo Ambrósio - Manda que o siga, não com o movimento do corpo, mas com o afeto da alma. E assim chamado ele por meio da palavra, abandona o que era próprio, aquele que . antes tomava o alheio. De onde prossegue: "E levantando-se, deixou todas as suas coisas e o seguiu". São João Crisóstomo - No que se pode ver o poder daquele que chama e a obediência,do que é chamado. E não resistiu, nem sequer vacilou, mas imediatamente obedeceu; e não quis sequer voltar à sua casa para contar à sua família o que sucedia. · São Basilio - E não só abandonou a arrecadação dos impostos, mas tampouco menosprezou os perigos que podiam vir ao seu encontro, tanto a ele como à sua família, por não prestar em devida forma as contas da arrecadação. São João Crisóstomo - O Senhor honrou o chamado de Levi, aceitando imediatamente o convite que este lhe fez; isto lhe inspirava mais

confiança. Pelo que segue: "E lhe fez Levi um grande banquete em sua casa". E não estava só com Ele, mas havia muitos outros mais. Pelo que segue: E assistiu a ele wn grande número de publicanos e de outros que estavam com eles à mesa". Tinham vindo os publicanos à casa de Levi para ver seu companheiro e a um homem de sua mesma classe, mas Levi, gloriando-se da presença de Jesus Cristo os convidou a todos para comer. Jesus Cristo empregava todo o gênero de meios para obter a salvação dos homens; e assim não só disputava, e curava as enfermidades, mas também repreendia aos que tinham inveja; e mesmo quando estava comendo, corrigia também os erros de alguém; ensinando-nos assim que qualquer ocupação e qualquer tempo pode ser-nos útil. Não evitou a companhia dos publicanos, pela utilidade que se seguiria; como um médico que não curaria a enfermidade se não tocasse a chaga. (Respondendo à acusação dos fariseus) o mesmo Senhor fez voltar o argumento contra eles, manifestando que não era pecado tratar com os pecadores, mas sim conforme a misericórdia, de onde prossegue: "E Jesus lhes respondeu, e lhes disse: Os sãos não necessitam de médico e sim os enfermos". No que lhe adverte que eles também pertencem ao número dos paralíticos; mas que Ele é o verdadeiro médico. E prossegue: "Eu não vim para chamar os justos à penitência e sim os pecadores". Como que dizendo: Não detesto os pecadores, porque só vim para o bem deles; não para que continuem pecando, mas para que se convertam e se tomem bons.

@om:entários ào Jaàr:e 'iuts QIIãuàio 11fillion Depois deste grande milagre (a cura do paralítico de Cafamaurn) dirigiu-se Jesus para a margem do lago. Ali também se aglomerou a multidão de novo, e depois de distribuir-lhe o pão da divina palavra, prosseguiu seu passeio pela margem. Vendo então sentado em seu escritório de cobrador de impostos o publicano Levi, filho de Alfeu, mais conhecido no Evangelho com o nome de Mateus, lhe disse: Segue-me, chamando-o assim para ser seu discípulo. Não era a primeira vez

que se conheciam; a obediência, pois, imediata e generosa de Levi se explica por si mesma. E ainda que sua conversão tivesse sido obra de uni só instante, o fato psicológico estaria de acordo perfeito com o poder admirável de atração que Jesus exercia nos corações. Pouco depois, este publicano, chamado à dig~ nidade de Apóstolo e evangelista, deu em honra de seu novo mestre um banqu_ete solene ao qual convidou seus antigos colegas e amigos. Ocasião

esta que foi bem oportuna para manifestarem os fariseus sua animosidade contra Jesus. Sem ousar dirigir-se a Ele em pessoa, os fariseus, castigados por suas· respostas arrasadoras, perguntaram aos discípulos que estavam presentes ao ·banquete: 'Por que vosso mestre come e bebe com publicanos e pecadores?' Entre os judeus de então, publicanos e pecadores eram sinônimos. O Salvador, que havia ouvido a pergunta insidiosa e pérfida de s,eus adversários, se encarregou de respon-

der-lhes por si mesmo. 'Não são os que estão bem de saúde, e sim os enfermos os que necessitam de médico'. Ide e meditai o que significa esta p.alavra: Quero a misericórdia e não o sacrifício. 'Pois não vim chamar os justos e sim os pecadores'"

Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestl'.o Seõor Jesucristo según los Evangelios, Editorial Difusión, Tucumán, 1859, pp. 125-126.

Nossa j:en~ora à:e Nouillan (Aparições em Montoussé, França, 1848) (2 3 de junho) Era verão, quase meio-dia, na paróquia de Montoussé. Três meninas brincavam nas proximidades das ruínas da capela de Nouillan. Chamavam-se Francisca Vignaux-Miquiou; sua prima, FranciscaVignaux, ambas com doze anos; e Rosa Dasque-Poulouzin, com oito anos de idade. - Oh! diz subitamente uma das crianças, vejam lá! Sob um agreste arbusto com espinhos, a poucos passos de uma fonte natural, viram uma Dama. A Senhora parecia com a imagem milagrosa de Maria que outrora se venerava na capela. Em silêncio olhava para as pequenas. De repente, Ela desapareceu. Naquele ano e no seguinte, testemunhas de idades diferentes, pessoas maduras, tiveram visões da Virgem, todas semelhantes à imagem que então se encontrava na igreja de Montoussé. Ocorriam elas geralmente durante a recitação do Ror,ário, no mesmo lugar. Nossa Senhora permanecia silenciosa. Numa noite, foi vista ladeada por Santa Ágata e Santa Luzia, como tinha estado na capela de Nouillan.

* * *

Qual a razão de tanta bondade no fato de a Rainha do Céu assim se manifestar? É claro que tais aparições visavam alcançar maior afervoramento dos fiéis, bem como de toda sorte de beneficios espirituais e materiais em seu favor. Foi o que sempre sucedeu com as aparições de Nossa Senhora. Além disso, todos entenderam que Ela desejava a reconstrução da capela onde se venerava sua imagem. ,Não era lógico retribuir pelo menos com isso o insigne favor que consistia no fato de Ela aparecer junto às ruínas de sua capela? Assim foi feito, esmagando a Virgem, dessa forma, mais uma vez, a cabeça da serpente: a capela de Nouillan tinha sido pilhada e destruída pela Revolução Francesa. Lá, desde origens e circunstâncias não registradas, que se perdem na noite dos tempos, era _cultuada Nossa Senhora. Sua imagem foi ficando conhecida por muitos milagres alcançados através de sua veneração. A capela começou com um prodígio: caiu neve em pleno verão e só no espaço onde devia assentar-se o santuário! Se certo dia

os cariocas vissem o Pão de Açúcar nevado, a surpresa não seria diferente. A grande Basílica mariana de Roma, Santa Maria Maggiore, teve também seu local demarcado por neve estival. Numerosos documentos atestam os benefícios que ao longo dos séculos Nossa Senhora de Nouillan concedeu. Mas essa história pacífica sofreu a agressão da Revolução da "liberdade" e da "fraternidade". Jean Malaplate valentemente resgatou a imagem quando se deu o assalto demolidor. Algum tempo depois, quando a imagem, sem seu lugar próprio, tinha passado para Mantoussé, roubaram-na. Quem? Os partidários da "liberdade". Para quê? Para queimá-la. Era um ato" fraterno" contra a "superstição". Para isso partiram do . povoado de La Barthe. Mas com risco de vida, · Malaplate novamente resgatou a imagem. Em 1820, outra tentativa revolucionária de roubar a imagem foi impedida. Desta vez por uma · moça de dezesseis anos, Bertrande Correge, que a escondeu quando soube dessa urdidura.: Por aqueles anos de violências contra a Religião (que em nossos dias estão sendo reeditadas, junto com outras formas de agressão mais deletérias ), a natureza mostrou-se também violenta. Saraivadas devastadoras, flagelo desconhecido na paróquia, durante sete anos consecutivos causaram grandes prejuízos. Ocorreram outras perturbações, como enchentes do rio Neste. Mas Aquela que é simbolizada pelo arco-íris e a Arca da Aliança, em 1848, com suas apariçqes fez voltar a bonança a Nouillan-Montoussé. Já no dia da inauguração da capela, reedificada, houve uma cura prodigiosa. Assim, aos poucos, o que a - Revolução fizera perder foi recuperado e depois incrementado. A restauração de Nouillan teve lugar em 1856. Em 1858, na mesma diocese, a de Tarbes, deramse as _grandes aparições de Lourdes. Proximidades no espaço e no tempo misteriosas ,para nós: Mas claras no Sapiencial e Imaculado Coração de Maria, que assim as determinou. FONTE DE REFERÊNCIA: Pierre Molaine, L 'Itinéraire de la Vierge Marie, Éditions Corrêa, Paris, 1953, pp. 185 a 193.


REvlSÃO CONSTITIJCIONAL

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História Sagrada em s!~ lar - noções bas1cas

SOB O SIGNO DO CAOS, A REVISÃO CONSTITUCIONAL CHEGOU A UM IMPASSE

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bem sabeis, Senhor, que nunca os oprimi.

Revolta de Coré Entre as rebeliões que o Profeta Moisés teve de enfrentar, houve uma claramente movida pelo igualitarismo. Foi a revolta de Coré, Datan e Abiron.

"Por que vos elevais sobre o povo?" - "Coré, da tribo de Levi, Datan e Abiron, da tribo de Rubem, revoltaram-se contra Moisés e Aarão. · Duzentos e cinqüenta homens principais dos filhos de Israel tomaram parte nesta revolta, e, levantando-se todos contra Moisés e Aarão, disseram-lhes (1): "Baste-nos que todo o povo seja um povo de santos, e que o Senhor esteja no meio deles; por que vos elevais sobre o povo do Se.nhor?" (Num. 16, 3). " Moisés, ouvindo isto, prostrou-se com o rosto em terra, e disse depois a Coré e aos demais revoltosos: 'Amanhã fará o Senhor conhecer quais são os que lhe pertencem. Elevai-vos muito, filhos de Levi. É acaso pouco para vós que o Deus de Israel vos tenha escolhido para O servirdes no ministério do tabernáculo? Quereis ainda usurpar para vós o sacerdócio, ousais revoltar-vos contra o Senhor? Quem é pois Aarão para assim murmurardes contra ele?' "Queres mandar-nos como senhor?" - "Mandou depois Moisés chamar a Datan e Abiron, os quais não quiseram vir, e lhe disseram: 'Não está ainda contente de nos haveres tirado duma terra fertilíssima para nos fazeres morrer neste deserto, queres também mandar-nos como senhor? Quererás tu tirar-nos também os olhos? Não queremos ir'". Moisés pede a Deus: "não aceiteis seus sacrifícios" - "Irou-se Moisés sobremaneira, e disse ao Senhor: 'Não aceiteis seus sacrifícios;

"E [Moisés] disse a Coré: 'Põe-te amanhã com a tua turma dum lado, diante do tabernáculo, e tome cada um de vós o seu turíbulo. Aarão estará do outro lado também com o seu turíbulo' "Fez-se no dia seguinte como Moisés tinha dito, e, estando toda a turma reunida à entrada do tabernáculo, apareceu a todos a glória do Senhor, e Deus disse a Moisés e a Aarão: 'Apartai-vos desta turma de culpados, para que de improviso os destrua'" (2). Moisés e Aarão "prostraram-se com o rosto em terra, e disseram: Ó Deus fortíssimo, acaso pelo pecado de um só (3) se acenderá tua ira contra todos? E o Senhor disse a Moisés: manda a todo o povo que se separe das tendas de Coré e de Datan e de Abiron.

os revoltosos "desceram vivos ao inferno" - "Logo que ele acabou de falar, fendeu-se a terra debaixo dos seus pés, e, abrindo a sua boca, os tragou com as suas tendas e com tudo o que lhes pertencia. E desceram vivos ao inferno. E todo o Israel que estava em volta deles, ao clamor dos que pereciam, fugiu, dizendo: Não suceda que a terra nos engula também a nós. Ao mesmo tempo, saindo um fogo do Senhor, matou os duzentos e cinqüenta homens, que ofereciam o incenso" (Num. 16, 22-30). "E o Senhor mandou a Moisés que dos turíbulos fizesse lâminas; e as pregasse no altar para memória daquele tremendo castigo" (4). NOTAS

1. Cônego J. I. Roquete, História Sagrada do Antigo e Novo Testamento, Guillard Aillaud, Lisboa, 1896, 9" ed., tomo 1, p. 248. 2. Op. cit. , pp. 248-9. 3. "Pecado de um só" - observaoCôn. Roquete: "Isto é, Coré, que foi a cabeça do motim e o motor principal da sedição". Op. cit. , p. 249. 4. Op. cit., p. 249.

"Afastai-vos destes homens ímpios" - "Levantou-se, pois, Moisés e foi a Datan e Abiron, seguindo-o os anciãos de Israel, e disse ao povo: Afastai-vos das tendas destes homens ímpios, e não toqueis coisa que lhes pertença, para que não sejais envolvidos nos seus pecados. "E, afastando-se o povo das suas tendas, Datan e Abiron, saindo fora, estavam de pé à entrada das suas tendas com suas mulheres e filhos, e com todos os companheiros. E Moisés disse: Nisto conhecereis que o Senhor me enviou a fazer tudo o que vedes, e que eu não o fiz por minha cabeça . Se estes morrerem com a morte ordinária dos homens, o Se. nhor não me enviou; mas se o Senhor fizer por um novo prodígio que a terra, abrindo a sua boca, os engula com tudo o que lhes pertence, e que desçam vivos Terrível castigo de Coré, Datan e Abiron: ao inferno, então sabea terra abriu-se e "os tragou com suas tendas e com reis que eles blasfema- tudo o que lhes pertencia. E desceram vivos ao inferno" (Num. 16, 32-33) ram contra o Senhor. A terra se abriu e

Envolta desde o início numa série de confusões, a Revisão Constitucional foi interrompida devido a um conjunto de fatores, dentre os quais cabe ressaltar a falta de coragem da maioria parlamentar em aprovar alterações necessárias mas polêmicas, em época de campanha eleitoral

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pós cerca de seis medo Governo que trouxe novas ses de funcionamencomplicações para a Revisão. to atabalhoado, a ReMas o ponto central do esvisão Constitucional foi atacatudo que então publicamos da por seu mais recente mal, consistiu em mostrar como que a levou a suspender seus toda essa confusão, que impetrabalhos. No momento em diu o desenvolvimento da Reque escrevemos este artigo, o visão Constitucional - e acaimpasse não se resolveu e já se bou por sustar seu processo fala abertamente em encerrar era em boa medida fruto do os trabalhos devido à ausência ambiente criado pela Constimaciça dos congressistas às tuição aprovada em 1988. sessões. Recordamos então o acerNumerosos fatores se puto verdadeiramente profético seram em ação, no plano polída previsão feita em 1987 pelo tico, para obter que os senadoo.. Prof. Plínio Corrêa de Oliveira res e deputados çompareces~ em seu livro, "Projeto de sem ao Congresso Revisor, a Constituição Angustia o Sessão do Congresso Revisor sob a presidência do senador fim <,ie que houvesse quorum País". Nele o Autor apontava, Humberto Lucena. Muitos congressistas não compareceram, e suficiente para levar à frente a e mesmo descrevia, o caos a assim não houve quorum para que se votasse a agenda preparada Revisão Constitucional. que nos conduziria a aprovapelo relator-geral dessa Assembléia Mas a preocupação de proção - depois efetivamente mover a própria vitória eleitoconcluída - do então projevocou; da confusão decorrente da CPI do ral no pleito que se aproxima foi de tal to de Constituição, conhecido como Orçamento que se mesclou com a Revipeso aos olhos de forte maioria de cansão; da aprovação do plano econômico "SubstitutivoCabral2". didatos, que nada os demoveu da absten"Aquilo que na pena do Prof. Plinio ção ao Congresso Revisor. Cortêa de Oliveira era uma previsão enA Revisão parou com os parlamentares tristecida, hoje o constatamos como acusando-se mutuamente pela suspensão amarga realidade", dizíamos nessa nossa dos trabalhos. O deputado Luís Eduardo edição de março. Magalhães (PFL-BA) chegou a dizer que "a minoria conseguiu impedir a maioria de O que a Revisão exercer sua vontade" . E bem o caso de não fez (quase tudo ... ) dizer que a maioria foi muito pouco ciosa de sua força. Estamos num impasse. Desse modo, a Revisão Constitucional, chamada a corrigir muitos dos Uma previsão acertada desatinos incorporados à Constituição o.. ~ de 1988, chega agora a uma triste soluTratamos da Revisão em nossa edi-'-"u...L----....L..---' ção de continuidade. Até o momento ção de março. Ali falamos das discussões O deputado Nelson Jobim (PMDB-RS), em que se encerra esta edição, só foram relator-geral da Revisão Constitucional, aprovadas cinco emendas, das quais acaloradas - que chegaram até as vias fracassou em sua tarefa, tendo proposto, apenas uma foi promulgada e está em de fato - entre defensores da Revisão e ao final, reformas constitucionais opositores, desejosos que ela não se iniperiódicas de cinco em cinco anos vigor (vide quadro) . Foram rejeitadas ciasse; da batalha judiciária que isso pro11 emendas. ,,. CATOLICISMO, JUNHO 1994 ,

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Emendas da maior imporao leitor - tentando aqui uma tância para O bem do País nem ordenação o quanto possível sequer chegaram a ser debati~ lógica - as várias hipóteses ·~· ' que se abrem para o futuro, e das. Por exemplo, a do deputaque emergem da confusão que do Lael Varella (PFL-MG), atinge o próprio noticiário a apoiada pela TFP, que corrigia respeito: os desvios existentes nos - os parlamentares de esatuais dispositivos sobre a Requerda, de modo geral, optam forma Agrária. Se aprovada, por um encerramento imediata! emenda teria harmonizado to do Congresso Revisor, com os interesses de proprietários a: a cessação dos trabalhos no rurais e trabalhadores ma- t__. =_u:lu.:..l.:...._--"-"-=-==o:......---''---- JC..._-'---------- ~ -- ~ ~ ponto em que estão; - o Executivo e alguns parnual·s, eliºm 1·nando a Juta de Muitos oradores se revezaram na tri-b una classes no campo e as exprodurante as sessões lamentares de centro querem priações confiscatórias. que os trabalhos prossigam até Também não foi sequer discutida a va privada a complementação dos benea data pré-estabelecida para o encerEmenda Popular, patrocinada pela coficios e fixando idade mínima para aporamento (31 de maio), e que nesse pequenhecida associação "o Amanhã de Nossentadoria; no período que resta ainda se aprovem sos Filhos", que reivindi- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , algumas emendas de intecava instrumentos legais para a defesa das famílias contra Os desmando s da televl· sa-o . Se t1·vesse s1·do aprovada, as TVs não teriam podido prosseguir com seu deprimente festivai de imoralidade e violência a penetrar em todos os lares. Vários outros temas de

As cinco emendas aprovadas

d . FSE - O Fundo Social de Emergência retém 20% os impostos I G f d I arrecadados pe o overno e e ra para programas e mergenc iais. É parte do pla no econômico do Governo e foi a única emenda promulgada, portanto já em vi gor. MANDATO PRESIDENC IAL - O mandato do Presidente da República foi reduzido de 5 para 4 anos . A emenda ainda precisa ser aprovada em segundo turno e deverá valer para o sucessor de Itamar Franco.

ressedo Governo; - há parlamentares, especialmente de esquerda, , d que desejam, a 1em o encerramento imediato, que se marque uma nova Revisão a ser levada a cabo na próxima legislatura, portanto com os novos parlamentares que deverão ser eleitos para o Sena-

importância capital ficae CONVOCAÇÃO DE ALTOS FUNC IONÁR IOS PÚBLICOS - Além do e a Câmara; ram de fora das discussões. de ministros, o Congresso também pode convocar diretores e - alguns optam - é úm Por exemplo: presidentes de órgãos públicos para prestar esclarecimentos desdobramento da anterior - o fim dos monopólios sobre a administração federal. posição - por uma el~iestatais, abrindo para a inição voltada especialmente ciativa priv~da a participa• DUPLA NAC IONALI DADE - Permite a dupla naciona lidade para para formar uma Assemção nas áreas de telecomubrasi leiros que moram no Exterior e faci lita a conqu ista da bléia Constituinte; nessa nicações, petróleo e expionacionalidade brasi leira para estrangeiros que moram no Brasil. hipótese, não seriam os deração do subsolo,· putados e senadores elei• INELEG IBILIDADES - Perm ite que, em lei complementar futura, , · 1 ·1 - modificação do siste1 'd tos para a prox1ma eg1s sejam cons iderados inelegíveis políticos e nvo v1 os em corf: . R a. tura os que anam a ev1ma trl.·buta' r1·0, reduz1'ndo o rupção (a regra atua I s ó pune acusa d os d e a b uso d o po d e r número de impostos e a econômico e uso indevido do cargo público). são, mas haveria deputacarga tributária; dos constituintes; - o fim do rombo da - redução do excessivo contingente - há uma posição estriPrevidência, transferindo para a iniciatide funcionários públicos: hoje, oito mi- tamente cox;stitucionalista, e não polítilhões de pessoas pesam sobre ca, adotada por exemplo pelo jurista Cela União, Estados e municíso Bastos, segundo a qual a Revisão inipios; ciada nesta legislatura deveria prosseguir - modificações no sistema até seu fim normal, sem.data para térmieleitoral. no, ocupando para isso o tempo que for necessário da próxima legislatura e, a rigor, se preciso, das seguintes. Segundo O futuro da Revisão essa possibilidade, iriam mudando os seConstitucional nadores e deputados ao fim de cada peNo momento em que es- ríodo legislativo, mas o processo revisionista prosseguiria até seu fim normal; crevemos, o futuro da Revisão - há por fim a proposta do relator da Constitucional apresenta-se bastante incerto. A não ser a Revisão, deputado Nelson Jobim, de realizar reformas periódicas, totais ou par"- obstinada permanência da ciais, da Carta Magna. Talvez seja esta a ~ nota de caos, que acompanha ...__...r::...._ ___..~:&L.._, os trabalhos desde o início, é mais estranha de todas as hipóteses, que Em certos momentos, houve acalorados debates, com a dificil prever qualquer coisa. encontra difícil respaldo no Direito participação de vários aparteantes Apresentamos entretanto Constitucional. Pois, por definição, uma

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Constituição deve servir como da acabou se reduzindo apeponto de referência fixo para nas a duas questões: reforma todas as atividades exercidas tributária e do sistema de Preno País, sejam elas de tipo levidência Social. Entretanto, é gislativo, jurídico, comercial paradoxal o fato de que tal ou do que for, mesmo para a maioria, capaz de aprovar vida privada dos cidadãos. As qualquer matéria no Congresmodificações têm de ser, por so Revisor - apesar dos conconseguinte, raras e muito chavos de suas lideranças que bem pesadas. Uma Constituichegaram àquele mencionado ção em perpétua mudança seconsenso - não conseguiu leria o mesmo que institucionail: var avante as votações no pielizar o caos. Sentindo talvez o '--- - - -- - -- -- - - - - - - - - -- -~~ nário. Na realidade, os parladisparatado dessa "solução", A mesa de presidência do Congresso Revisor segue atentamente no me?ta_res que_ compunham ª o próprio relator introduziu painel eletrônico uma votação; só foi aprovada uma parcela mínima ~a~or~a, d~~mado~ por uma posteriormente uma emenda a da pauta apresentada pelo relator-geral v1sao 1med1at1sta, nao oferecesua própria emenda, pela qual ram quorum para as sessões, RS),nãosolucionou na prática o impas- porque estavam mais preocupados com propõe um período mínimo de cinco anos se entre as lideranças políticas, embora entre uma reforma e outra. Atenua o mal, sua reeleição do que com votações de estas tenham chegado a um aparente mas não soluciona o problema. matérias de capital importância, vinculaQual dessas possibilidades será afinal acordo em tomo da mencionada agenda das ao bem comum, mas de caráter polêmínima. aceita pelos senadores e deputados que aí mico e passíveis de afastar-lhes votos do Com efeito, é muito curioso o fato de eleitorado. Assim, mais uma vez prevaestão? O processo revisor tem sido cona maioria parlamentar, constituída pelos duzido até agora com tanta falta de coeleceram oportunismo e visão rasteira da rência e de bom senso, que é dificil dizer partidos PMDB, PSDB, PP, PTB, aliados política nacional. ao PFL e ao PPR - que chegaram a qualquer coisa sobre o dia de amanhã. Uma coisa, porém, é possível prever: No encerramento desta edição, inírenunciar à sua posição favorável à elia não haver uma modificação profunda minação da monopólio da União na excio de maio, tentou-se uma saída honnas mentalidades de nossos legisladores, ploração do petróleo e das telecomunica- qualquer que seja a hipótese aceita para rosa para se suspender os trabalhos da ções, em nome do consenso - ter aceito, Revisão . A pauta mínima sugerida pelo o prosseguimento (ou não) dos trabalhos, relator-geral da Revisão Constitucio- na reunião realizada em 27 de abril, a o processo será conduzido em meio à pauta mínima do relator-geral. Tal agen- confusão. nal, deputado Nelson Jobim (PMDB-

Como é visto o impasse da Revisão Constitucional • "Estranha tristeza de acertar: é o que sinto com o impasse da Revisão Constituc ional. Em meu livro 'Projeto de Constituição angustia o País', editado em 1987, previ sem desejá-lo, é c laro, o malogro da Constituição vigente. E o malogro veio, tornando indispensável a Revisão Constitucional. Por sua vez, a Revisão veio e encalhou num impasse. Essb .;egundo impasse pode deixar aberta a porta pela qual tudo indica que entrará triunfante o caos. Mas o triunfo do caos não é verdadeiro triunfo. Ele é uma derrota. O triunfo da morte é a catástrofe do morto. "O que aguarda para o Brasil tal triunfo? Prefiro não afundar o olhar no tenebroso desse futuro, mas elevá-lo até o Céu, para pedir o auxílio de Maria Santíssima" {Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Trad ição, Família e Propriedade TFP). • "O que está acontecendo aqui é um verdadeiro haraquiri político"

(Fernando Henrique Cardoso, senador e candidato a Presidente da República). • 'É uma tragédia e uma irresponsabilidade dos parlamentares . Aconselho os eleitores a não votar naqueles que boicotaram algo tão importante para o País" (Luiz Antonio Medeiros, ex-presidente da Força Sindical, cand idato ao governo de São Pau lo) • "É um atestado de incompetência de alguns setores da classe política. E o Palácio do Planalto é o principal responsável, com o seu grupo de políticos enrustidos contra a idéia (da Revisão)" (Guilherme Afif Domingues, presidente da Confederação das Associações Comerciais) . · • "É uma atitude passiva, contemplativa, negativa, que não coaduna com o espírito do leg islativo" (Theófilo de Azeredo Santos, presidente do · Sindicato dos Bancos do Rio). • "O atual Congresso mostrouse totalmente incompetente e indiferente à revisão" (Reinhold Stephanes,

Prof. Plinlo Corrêa de Oliveira

deputado fede ral e ex-ministro da Previdência Social). • "A revisão morreu por incompetência, por inapetência, por inconseqüência" (Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça e ex-consultor geral da República). • 'Qualquer que seja o Presidente e leito, haverá g randes dificu ldades para governar o Pais com base na atual Constituição" (Ruy Martins Silva, diretor-geral do . Instituto Roberto Simonsen) CATOLIClSMO, JUNHO 1994

CATOLICISMO. JUNHO 1994

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cipal já tenha aprovado o projeto de construção da mesquita, a campanha de TFP-Covadonga trouxe o assunto a debate, colocando ao alcance da população um meio fácil de manifestar sua desaprovação a tal projeto. Para isso, a entidade está distribuindo milhares de cartões postais, com

TFPsEMAÇÃO

·v1gorosa campanha contra proselitismo islâmico em Granada

uma vista de Granada na qual foi acrescentado o desenho da projetada mesquita. Esses cartões, em que o signatário manifesta seu protest<' contra a construção, devem ser endereçados através do correio às autoridades municipais, com cópia à TFP-Covadonga. A Academia de Belas Artes, tomou

igualmente firme posição contrária ao projeto, argumentando que o minarete e a mesquita prejudicariam irremediavelmente o panorama do histórico bairro de Albaicín. •

Homossexualismo na TV: entidade australiana reage j\

A campanha promovida pelo Centro Australiano Tradição, Família e Propriedaderece~eu caloroso apolo do público em portas de várias Igrejas de Sidney

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Excclenrísimo Sr. Alcaide D. Jcsús A. Óuero Molina

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cançou grande repercussão a campanha promovida através de mala direta e nas portas das igrejas, pelo Centro

Australiano Tradição, Família e Propriedade contra a ampla publicidade ~mtlfeso P0t Hen..-grat, S.L

ep. legal; M-7668-1994

Milhares de cartões-protesto, como o que se vê acima, estão sendo enviados por granadlnos ao prefeito da cidade

MADRI - Em vista da perseguição doutrina islâmica - um muçulmano templos católicos vêm sendo destruía que se vê submetida a Igreja Católica que se torne católico pode sofrer a pena dos sistematicamente, enquanto na de morte. No Sudão, por exemplo, os Arábia Saudita há apenas três sacerdonos países dominados pelo fundamentalismo muçulmano, a Sociedade tes católicos, proibidos de sair Espanhola de Defesa da Tradido recinto dos campos onde ção, Família e Propriedade trabalham os estrangeiros. TFP-Covadonga assumiu ca"Hoje, nossos irmãos catótegórica posição contrária à licos são martirizados nesses construção de uma mesquita países pelo islamismo fanátide porte internacional, em co. Mas, amanhã, o Sr. o sabe Granada, enquanto não cessar bem, o mesmo fanatismo pode essa perseguição. golpear outras portas, como já Conforme denuncia a menfez em épocas passadas em sagem de TFP-Covadonga dinossa Pátria e como já tentou rigida à população, os países fazê-lo em numerosos países que vêm desfechando violenta por meio do terrorismo", alerperseguição anticatólica são: ta TFP-Covadonga. A administração municipal de Granada aprovou projeto Irã, Arábia Saudita, Egito, Líapesar da oposição da Academia de Belas Artes da cidade e dos protestos de moradores desta - que prevê a construção bia, Sudão, Somália, Nigéria e Apelo à Prefeitura de uma mesquita no terreno ocupado atualmente pelo solar Mauritânia. Segundo a sharia cuja fachada se vê acima - legislação civil baseada na Embora o governo muni-

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CATOLICISMO, JUNHO 1994

concedida pela emissora de televisão ABC (Australian Broadcasting Corporation) ao festival "Gay and Lesbian Mardi Gras", realizado nesta capital em março passado. O público concedeu significativo

apoio a essa iniciativa, protestando mediante telefonemas e cartas ao Diretor da ABC, Sr. David Hill. Segundo a Sra. Ann McKage, uma das diretoras da referida TV, chega-

ram à administração desta mais de cinco mil cartas e dois mil e trezentos telefonemas. Tais protestos, entretanto, não demoveram os diretores da emissora, que alegaram realizar a transmissão" dentro dos padrões de de.... ' ,, cencia . Em seu manifesto, a TFP ressalta que tanto o evento quanto a sua transmissão seriam gravemente nocivos à sociedade australiana. Confirmando tal prognóstico homossexuais fantasiados de freiras e demônios, dirigiram graves insultos à Igreja Católica durante o mencionado festival. O protesto da TFP repercutiu amplamente na imprensa, e contou também com a adesão de 84 membros do Parlamento australiano. •

Em Brasília, reunião de assinantes de Catolicismo No final da tarde do dia 21 de abril passado, em aprazível residência particular gentilmente cedida por um simpatizante da TFP, o Prof. Antonio Dumas Louro proferiu palestra para os assinantes e amigos de Catolicismo porta-voz da TFP - , residentes em Brasília (DF) e cidades-satélites. O tema não poderia ser mais apropriado : a felicidade, segundo Santo

Agostinho, face à grave crise moral e religiosa que aflige o mundo contemporâneo. O conferencista ressaltou que, na raiz dessa crise, situa-se o equivocado conceito freudiano de felicidade, segundo o qual o homem deve buscar cada vez mais prazeres e evitar as dores. Após a palestra, foi servido um lanche no jardim da residência, no qual se

encontra bela imagem de Nossa Senhora das Graças. Os participantes, que eram quase 100, ainda permaneceram bom tempo no local para conversar sobre o tema da conferência e a difusão de Catolicismo. Sem dúvida, o evento marcou a estréia, em Brasília, de um período promissor de contatos entre propagandistas, assinantes e amigos da revista. • CATOLICISMO, JUNHO 1994

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REVOLUÇÃO INDUMENTÁRIA

fsCREVEM OS LEITORES

Amplia-se à reação contra o chamado "direito alternativo"

A rampa inexorável da revolução indumentária

Novas repercussões da entrevista do jurista Celso Bastos e do artigo de Leo Daniele, publicados em Catolicismo, nº 514, de outubro de 1993 Agradeço, sensibilizado, a oferta do exemplar Universidade de Brasília. Constou-me que, posda revista CATOLICISMO nº 514, onde figura teriormente ao relatado [seção "Escrevem os o excelente artigo de Leo Daniele sobre o" direi- leitores", nº 516], a repercussão do assunto cheto alternativo". gou ao clímax, com um debate no Campus da Ministro William Patterson mesma Universidade. Seria possível· confirmar e Presidente do Superior Tribunal de Justiça - Brasília apresentar pormenores do ocorrido? Luiz Antonio de F. Zeymer, Brasília Li, com agrado e proveito, o excelente artigo a respeito do famoso "direito alternativo", uma das últimas calamidades que nos ameaçam. Ben- Nota da Redação: vinda será toda reação que se opuser a essa nova Tal debate realizou-se em 12 de novembro concepção do "direito" que não é p.p., no Departamento de Direito da direito, e de que não há notícia na Universidade de Brasília, e teve a 1 História. Mas receio que o fatal aces- - ;\t() J" J( :.!. ~.1'!,I \: duração de duas horas e quinze miso de tais indivíduos aos tribunais nutos. Três universitários criticaram acabe por impor a anomalia. Não será DIREITO ALTERNATIVO, e três defenderam o "direito alterisso uma razão a mais para o advento PROJETO INCENDIÁRIO nativo": Hélio Seabra Monteiro de do discutido controle externo do PoBarros Júnior, lbsen José Casas der Judiciário? Noronha e Ronald Christian Alves Bicca, contrários; Bistra Stefanova Waldemar Álvaro Pinheiro, São Paulo (SP) Aposto/ova, Mauro Almeida Noleto e Inês daFonseca Porto,favoráveis. O Nota da Redação: moderador foi André Fernando ·)r7 . Sobre essa última matéria, ver Gamma de Azevedo, do Centro Aca"Controle externo do Judiciário dêmico. filmando ofuturo ", deLeoDaniele, Catolicismo, Curiosamente, os alternativistas tomaram o nº 516, dezembro de 1993. partido de se envergonharem da bandeira a eles confiada, negando ser caudatários do "direito Agradeço pela remessa do nº 514 da revista alternativo ". Diziam apenas esposar as idéias do Catolicismo e cumprimento-o pelo excelente tra- movimento brasiliense intitulado "Direito achado balho sobre o "direito alternativo", sobretudo pela na rua". Os anti-alternativistas, citando várias paciente coleta de corpos de delito. Creio, porém, publicações, desfizeram a manobra evasiva, sinnão ser motivo de preocupação a pequena fauna de tomática de falta de convicção .. Demonstraram juízes, que aderiu à excêntrica alternatividade, mes- com facilidade que se trata de duas denominamo depois da queda do muro de Berlim e da União ções para um único e mesmo movimento. Isto, Soviética. Proudhonjá havia tido essas idéias, sem com fundamento nas próprias declarações dos sucesso, embora mais inteligente. líderes alternativistas de expressão nacional. O debate prosseguiu animado, com nítida vanSaulo Ramos, ex-Ministro da Justiça tagem para os anti-alternativistas, ante um público atento e participativo, estimado em cem pessoas. Gostaria imensamente de parabenizá-los pelas No ano letivo em curso - a exemplo do que excelentes matérias publicadas no número 514 de sucede em outros Estados - , o tema continua CATOLICISMO, contra o "direito alternativo". interessando os acadêmicos da UNB, notadaEssas matérias provocaram um grande rebuliço na mente sob a forma de trabalhos de aula.

;·Jff,~/.' J,

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CATOLICISMO, JUNHO 1994

A marcha vitoriosa da corrupção moral até o nudismo denunciada há décadas e confirmada pelos fatos

N

o anterior número de Ca- ao deslizar das idéias, dos costumes e nio Corrêa de Oliveira, Catolicismo, tolicismo, mostramos a das modas. E com isso o caminho agosto de 1956 - grifo nosso). clarividência com que o percorrido doei/mente pela humanidade Quase vinte anos depois, com a coeProf Plínio Corrêa de Oliveira pre- foi imenso". rência própria de seu pensamento, o viu, desde a década de 40, o ,--- - - - - = - - - - - - - - - -- - - - - -~ Presidente da TFP afirmava: esboroamento da civilização " Tinha eu cerca de dez anos rumo à sistematização da dequando assisti ao primeiro sordem contemporânea. Um grande lance da revolução dos aspectos desse esboroaindumentária que agora vai mento, e dos mais importanchegando a seu auge" . E, tes, é a marcha das modas e após resumir, aplicando à da corrupção moral até o nudecadência dos trajes femidismo. ninos o princípio da graduaCom o intuito de fazer lidade, sustentava: "Em macompreender com maior clatéria de trajes de banho, a reza algumas das causas da revolução indumentária foj inundação de imoralidade muito mais sem cerimônias. que encharca o mundo conE numa cadência que cotemporâneo, expomos a senheceu poucas e irguir, em linhas muito gerais, relevantes vacilações, a a gênese da corrupção descrimoda chegou até o biquíni. ta pelo Presidente da TFP, "Terá sido o biquíni o Até o fim da I Guerra Mundial, 1918, as modas femininas no bem como a previsão das inspirador e o precurssor do Ocidente obedeciam, em geral, aos princípios da Moral católica, conseqüências a que esta checomo se pode notar no desenho acima, inspirado em fotos de 1907 e vestido de duas paças? garia. 1912, nas quais figuram pessoas da nobreza alemã da época. A "Seja como for, a partir A "gradualidade", regra ardilosa na escalada da imoralidade

partir de 1918 a moralidade das modas não fez senão decair. As saias foram se encurtando progressivamente. Os decotes aumentaram. As mangas se encolheram até desaparecerem. Numa palavra, as sucessivas modificações do traje feminino foram caminhando até atingir em nossos dias o mais despudorado nudismo

"Desejamos hoje - escrevia ele em 1956 - pôr em evidência um dos pricípios mais essenciais do triste roteiro seguido pelo Ocidente, partindo de suas tradições culturais e sociais cristãs, para o paganismo total do qual já se acha tão próximo. "Trata-se do princípio que chamaríamos de 'gradualidade '. A corrupção, em sua longa marcha vitoriosa, não fez saltos. Pelo contrário soube progredir por etapas tão insensíveis que ninguém, ao longo da trajetória, prestava atenção

Depois de analisar a" evolução" do traje de banho feminino no período de 1830 a 1920, o autor se pergunta: o que diriam as banhistas de 1920 "se pudessem ver como elas próprias ou suas filhas e netas tomariam banhos de mar ou de piscina em 195 6? Provavelmente esta antevisão teria suscitado nelas uma reação salutar. Mas, como ninguém previa tais excessos, a moda continuou seu curso. Em 1956, é-nos lícito perguntar como estarão as coisas em 1986?" (O princípio da gradualidade, regra ardilosa do progresso do mal, Pli-

do biquíni e das duas peças, até onde caminharão as coisas?" (Plínio Corrêa de Oliveira, "Folha de S. Paulo", 7-4-74, !'Para onde?" grifos nossos).

Socialismo, liberdade sexual e nudismo

A esta pergunta, dirigida aos moderados que só olham para o dia de hoje e se recusam sistematicamente a considerar o dia de amanhã, tinha ele já respondido no ano anterior com uma luminosa previsão. Analisando a imoralidade sexual imperante na Suécia, então dominada por um governo socialista, onde um deputado havia apresen-


tado ao Parlamento um projeto para estabelecer o monopólio estatal da ... prostituição e outro proposto o "reconhecimento oficial de casamknlos entre três, quatro, cinco ou seis pessoas, sendo as partes intermutáveis ", o Prof. Plínio concluía: "O interesse essencial do assunto vem do fato de que esses episódios da vida sueca põem em evidência traços de alma inerentes à onda de socialismo e de liberdade sexual que varr~ o mundo inteiro... e cujas águas vão penetrando também no Brasil. "Expressão característica da amplitude desse fef!Ômeno é a medida tomada pelas autoridades .... em Mônaco. Acabam r ias de permitir o nudismo nas prais. .... "Fato estritamente monegasco? "Quem pode pretendê-lo! Se pelo mundo inteiro já se alastrou o biquíni e hoje é até fabricado por mãos de freiras [Sobre esta afirmação, ver quadro anexo}, quem pode fechar os olhos para o fato de que teremos, em prazo maior ou menor, o monoquíni, e depois deste o nu total? ... " (" Bangladesh, Watergate e nudismo", "Folha de S. Paulo", 19-8-73 - grifos nossos) Confirmando de modo muito eloqüente a previsão acima transcrita, a revista " Veja" , de 12 de janeiro deste ano, com o intertítulo "Nas praias e sítios de nudismo milhares de brasileiros tiram a roupa ..." informa:" Na semana passada 400 veranistas se estendiam ao sol nos 500 metros da Praia do Pinho, em Santa Catarina. Todos

sem roupa. A cena se repetia em outras quatro praias brasileiras: Tambaúba, na Paraíba, Praia Brava e Olho de Boi, no Rio de Janeiro e Pedras Altas, também em Santa Catarina. Juntas, as cinco praias somam 1Oquilômetros .... Em dois sítios do interior de São Paulo, 67 famílias costumam encontrar-se nos fins de semana para churrascos de confraternização, igualmente nuas. "O nudismo-ou naturismo como os nudistas preferem chamar - tem uma fiel legião de seguidores no Brasil. Só no ano passado, cerca de 60.000 brasileiros tiraram a roupa em uma das cinco praias em que isso é permitido, segundo cálculos da Federação Brasileira de Naturismo. " .... Nos Estados Unidos o nudismo é um grande negócio", prossegue a notícia, acrescentando que, segundo a revista "Forbes" - "bíblia dos banqueiros e grandes empresários", 20% dos americanos adultos têm o hábito de nadar nus no verão. E acrescenta: "Essa cifra é um terço maior que a de · dez anos atrás. O número, de associações de nudistas aumentou de quarenta para setenta nos EUA em apenas dois anos. A economia do nudismo movimenta cerca de 120 milhões de dólares por ano em hotéis especializados, cruzeiros de navio e publicidade. Agências de turismo especializadas lotam navios fretados com até 1.000 passageiros sem roupa, que pagam até 5.200 dólares por um cruzeiro de uma

semana". (grifos nossos 12-1-94)

;, Veja",

Quem avisa, amigo é Se "quem avisa, amigo é", como afirma o adágio, muitas têm sido as demontrações de amizade que ao longo de sua vida o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira tem manifestado a seus contemporâneos através de seu exemplo, de discursos, conferências, livros, artigos, campanhas públicas por ele inspiradas etc., denunciando e prognosticando com lucidez e energia o charco moral em que haveríamos de cair, caso o mundo não retomasse as vias da Civilização Cristã. Tais prognósticos, que passo a passo a História vem confirmando, o Presidente da TFP sempre os tem feito acompanhados de uma firme esperança sobrenatural no triunfo da Santa Igreja Católica após a borrasca que assola o mundo atual. Que a voz dos fatos aqui expostos sirva como tributo de nosso reconhecimento, admiração e gratidão ao insign~ pensador católico. ·Tais fatos devem também levar-nos a pedir forças a Nossa S<;:nhora, a fim de conservarmos íntegra nossa fé nas horas de provação que se aproximam, em conseqüência da terrível ofensa a Deus que significa o avanço impune da onda de corrupção moral que varre o mundo. . JUAN GONZALO lARRAIN CAMPBELL

Desconcertante atitude de freiras ."aggiornate"

Corpo incorrupto de Santa Clara, cripta da Basílica de Santa Clara, Assis {Itália). Se a Santa Fundadora das Clarissas, falecida no século XIII, ressuscitasse hoje, o que diria a suas filhas do convento de Benavente?

No processo de decadência moral analisado no artigo junto, ocorreu fato doloroso focalizado ainda na década de 70 pelo Presidente da TFP. Tratase de uma inconcebível colaboração que religiosas contemplativas espanholas prestavam à difusão do biquíni. Vamos à notícia. "O jornal 'Pueblo' da Espanha informa 'que a Sociedade Espanhola Acrílica de Fibras (SEAF), desejandofornecer ao público biquínis de esplêndido acabamento, se pôs à procura de mão de obra altamente qualificada, e não conseguindo encontrá-la nos ambientes comuns,

obteve que se encarregassem da tarefa - segure-se o leitor para não cair - uma equipe de freiras de uma das ordens religiosas mais austeras da Igreja '.Trata-se de clarissas .... " Oito clarissas do convento de Benavente, na Espanha, aceitaram pôr seus qualificadíssimos dotes de costureiras a serviço da empresa acima referida. E, mediante 50 mil p esetas, lançaram 92 modelos diferentes de biquínis de cores rutilantes ". (Plínio Corrêa de Oliveira, "Algoz-mór, Princesa e abstrusas clarissas!", "Folha de S. Paulo", 12-8-73).

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Coimbra

trora e sempre

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, Os sinos da velha torre tocan1 pontualmente ~s 10:1 Sh. Alabardeiros trajé)ncl\(1 uniformes de gala e culottes azuis, professores envergétndo austeras batih. as \«i;~A~s guarneddas por 'rapelo e borla cqfupo~m .o solene cortejo da Aula com a qual se inicia o ano letivo da famesa Universidade de Coiml>ra, en'.\ R~rtugal. Mestres e disc(pulos assistem à9uel~ preleção na famosa Sala clps ê~pelos (ver p. 1 O), ambiente soíene e coroo q ·. e sagrado, do qual parecem evolar-st os esple~dores da multissecular cultura lusitaqa. Desde 1307, quando foi fundada, vem a htversidade de Coimbra forman~o mestres ilustres que brilharam nas ciências teológica e uman s.

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O vetusto edifício universj.tário que ocup'1/sobra , çeiro ~ p r, e alta da cidade, pode ser compara<fo a um relicário construído em diferentes fases históricas. 'QIJal a relíquia contida nessa jóiª ar.quitetônica? A ciência teo,lógiça e as ciências humanas, especialmente a Filosofia e o Direito, que vêm florescendo há mais de sete séculos na Terra de Santa Maria. A parte mais velha cio prédio,· denominada Antiga Universidaêle, foi construída no local onde ouJrora havia um pal.ácio real. Qutro setor cto conjunto de,edifídos apresenta características, dos estilos r,enascentista,e bar:roco - cuja construção começou em fins do século XVII -, com areos e frontão triangular, como se nota, por exemplo, na foto que ocupa esta página. Ela focaliza a fachada áoprédio;voltada para a chamada Via Latina, onde está situada a famosa torre acima aludida, edificada a partir de 1728. O estilo barroco, porém, deixou marca ainda mais in~igne neste "relicário": a imponente Biblioteca Joanina construída durante o reinado do brilhante D. João V (foto menor ao lado). A exuberante beleza das colunas e capitéis, das volutas, dos frisos e arcos constitui exemplo eloqüente da rica produção artística no Portugal do século XVIII.



CAT OLICISMO Discernindo, distinguindo, classificando ...

Nº 523

Julho 1994

O ESTRANHO MUNDO DAS ONGS Quando se ouve falar em ONGs, vem à mente a idéia de organizações que, a pretexto de proteger os índios, querem roubar a Amazônia do Brasil e transferi-la para mãos de estrangeiros. Mas o assunto é bem mais complexo

V

ai ganhando cada vez mais es- anos atrás, as ONGs do Hemisfério Sul INPA, de Manaus, e o Museu Goeldi, de paço na mídia internacional a recebem, anualmente, 6,5 bilhões de Belém, criaram ONGs para receber reatuação das chamadas Organi- dólares provenientes de organismos ficursos do Exterior. Pois quando tais rezações Não Governamentais (ONGs). nanceiros internacionais. cursos vinham através dos canais goverElas não dependem dos Governos A mais antiga ONG ambientalista namentais, ficavam enroscados na buropara realizar seus objetivos, que são os do Brasil, a Fundação Brasileira para cracia estatal e não chegavam até eles. mais variados possíveis. Atualmente, há a Conservação da Natureza (F.BCN), É constrangedor para o Governo ONGs para todos os gostos: ecológicas, tem 100 funcionários e orçamento brasileiro ter duas instituições oficiais de defesa dos direitos humanos, de obrigadas a improvisar ONGs deníndole pagã-religiosa, subversivas, tro de sua própria estrutura para esportivas, de caráter econômico melhor gerir seus recursos. etc. A· revista Veja (9-2-94) cita al*** guns casos interessantes. O fato de não dependerem de Ficou conhecida a ONG que, em órgãos governamentais comunica Brnxelas (Bélgica), preocupava-se às ONGs um traço evidentemente com a nossa Amazônia: Chamada simpático. Neste nosso mundo CEIA (Club Ecologique Internatiopesadamente socialista, vivemos nal de l'Amazonie), ela especialisufocados por super-burocracias zou-se em passar o conto da árvore estatais ou de índole estatizante, nos belgas. Vendia árvores localicomo são a ONU, os Mercados zadas na Amazônia por 50 dólares omuns, as mega-empresas nacada uma. O comprador recebia cionais (Petrobrás, por exemplo) um certificado e todo ano tinha de etc. pagar mais 50 dólares pela manuAssim, a expansão de organizatenção do vegetal. ções de iniciativa privada representa A CEIA fornecia inclusive um para nossa sensibilidade uma lufada mapa do lugar onde estava a árvore. de ar fresco. É bom. É saudável. Só que - detalhe importante! Mas as ONGs - ou ao menos essa ONG não possui nenhuma muitas delas - não se reduzem à propriedade no local. A fundadora iniciativa privada. Há algo mais. da CEIA, uma italiana esperta chaPor vezes, a exemplo da famosa mada Livia Gasbarra, garante que ainda vai plantar árvores: ''por isso A enigmática "Árvore da Vida", montada na praia do esfinge do Egito, parecem encerrar Flamengo, no Fórum das ONGs, durante a EC0-92, em si um mistério que nos diz: "ou estamos arrecadando recursos". Rio. Nessa ocasião ficou patente que muitas ONGs me decifras ou eu te devoro". Ela diz ter vendido 240 árvores, 20 combatem o Estado porque parecem estar atreladas De fato, considerando-as em das quais para membros do Parlaao movimento tribalo-comunista conjunto, tem-se a impressão mento Europeu. muito patente no Fórum das anual de seis milhões de dólares. Na sede que a CEIA possui no Pará ONGs, no Rio, dura1:ite a EC0-92 - de Uma das mais fa mosas ONGs eco- muitas ONGs são multinacionais Gasbarra abriga hóspedes em choupa- lógicas, a norte-americana Greenpea- que muitas delas não se limitam a ser não-estatais, para serem de fato anti -esnas, longe de qualquer cidade ou al- ce, chegou a forjar cenas de crueld~de tatais. Ou seja, parecem atreladas ao mocom cangurus, em um documentário deia, para proporcionar-lhes um amvimento tribato-comunista, muito generafilmado na Austrália, para chamar a biente ecológico. Só que a comida é .. . lizado em nossos dias, que vê na dcstn1ição atenção dos militantes verdes. Em enlatada. do Estado e de toda autoridade lc •itima a 199 l, o então presidente da GreenUm dos hóspedes, o francês Benat saída. para os problemas contcmp râncos. peace, David Me Taggart, aplicou um Larronde, aprendeu até a subir em coO assunto ONGs prccisn, pois, ser golpe de três milhões de dólares na queiros. Mas ameaçou: "A Amazônia visto com cuidado e mesmo ·om uma própria sogra. deveria virar um território internacioboa dose de desconfiança . No Brasil, os dois mais importantes nal governado p ela ONU' . C.A. Segundo cálculo da ONU de cinco centros de pesquisas da Amazônia, o

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CATOLICISMO, JULHO 1994

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Assestando o Foco

atoli cismo apresenta nesta edição substancioso artigo sobre a doença que se configura como um dos flagelos mais específicos do final deste sombrio século XX e do segundo mil ênio: a AIDS. Embora a matéria que publicamos analise a estreita vinculação ex istente entre a terrível moléstia e o vício antinatural da homossexualidade, pareceu-nos o1Jortuno ressaltar aqui até que extremos de amoralismo, até que grau de monstruosidade chegaram certos homossexuais contaminados pela AIDS. Entre os traços característicos da mentalidade de grande número de homossexuais - principalmente dos ativistas, que fazem proselitismo de sua condição e perteAcem a grupos de pressão - está uma revolta contra Deus e uma revolta contra os homens. A primeira se mani festa, entre outras maneiras, pelo firme propósito de não viver segundo a lei moral. E a segunda pela decisão de recorrer ao terrori smo, contaminando de diversos modos outras pessoas com AIDS , entre os quais a difusão de sangue infectado.

Dois depoimentos que mostram essa mentalidad.e foram retirados do livro AIDS: what th e Governm ent is n 't telling yo u

(AIDS: o que o Governo não lhe está contando), escrito pela Dra. Lorrainc Day, Chefe do Serviço de Cirurgia Ortopédica no San Francisco Genera l .Hospital (Rockford Press, Palm Desert, Cali fórnia, 199 1). De um livro escrito por dois homossexuais, a autora retirou o seguinte trecho: "Muitos homossexuais rejeitam a moral, apresentando uma série de motivos, racionais e emocionais, para assim agir. Porém existe uma razão mais simples e mais obscura p ela qual muitos homossexuais escolh em viver sem moral: quando as ideo logias desaparecem, a amoralidade torna-se muito conveniente. E o inimigo mortal dessa conveniência é o julgamento segundo va lores morais .... Quanto mais ultraj ante o comportamento, mais era visto como 'celebrando nossa própria sensibilidade e cultura '; quanto menos eticam ente defensável, menos nos sentíamos autorizados a fa lar contra

ele, pois seríam os acusádos de tentar ressuscitar aquele bicho-papão, a 'moralidade tradicional "' (op. cit., p. 106).

A respeito do desejo manifestado por ativi stas homossexuais aidéticos, de contaminar outras pessoas para que também venham a morrer de AIDS , através do chamado "terrorismo do sangue" (blood terrorism), é bem significativo o seguinte depoimento: "Recorrer à violência não é uma idéia nova. Já em 1983, Robert Schwab, ex-presidente da Texas Human Rights Foundation e ativista homossexual atacado p ela AIDS, tinha isto a dizer ao resto do mundo: 'Tivemos a idéia de que se os recursos para as p esquisas (.wbre a AIDS) não chegassem a um certo nível numa certa data, todos os homossexuais masculinos deveriam doar sang ue ... . Qualquer ação que seja necessária para atrair a atenção nacional é válida. Se isto inclui o terrorismo do sang ue, que se faça" (op. cit., pp. 65-6).

·1ndice Catolicismo é uma

publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda.

Discernindo

O estran ho mundo das ONGs A Realidade concisamente

A tirânica "revolução dos di reitos"

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho

Jornalista Responsável:

Destaque

Takao Takahashi - Registrado na DRT-SPsob o N2 13748

Estatais em marcha (à ré)

Redação e Gerência:

AIDS

O verdadeiro significado de um fl agelo universal TFPs em ação

Rua Martim Francisco, 665 01226-001 - São Paulo, SP Tel: (011) 824·9411 Diagramação:

"Análise profética" do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Antonio Carlos F. Cordeiro e Willians Cezar Oliveira

Caderno Especial

Fotolitos:

Nossa Senhora dos Remédios (México) Entrevista

Mãos limpas? Nem sempre, nem tanto Nacional

Fim inglório da Revisão Constitucional Hagiografia

Santo Elias, Profeta eleito Escrevem os leitores

As alterações do Pai-Nosso Em painel

Frases e imagens Nossa capa: Montagem d e C. Sarti

Microformas Fotolitos Ltda. Rua Javaés, 681 · 01130·010 São Paulo - SP Impressão:

Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. Rua Javaés, 681 - 01130-010 São Paulo - SP Acorrespondência relativa à assinatura e venda avulsa pode ser enviada ao Setor de Propulsão ~e Assinaturas. Endereço: Rua Martim Francisco, 665 CEP 01226·001 - São Paulo · SP -Tel.: (011) 824-9411 ISSN - 0008-8528


A tirânica "revolução dos direitos" Em seu primeiro discurso sobre a moralidade e a justiça desde que entrou para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos, há mais de dois anos, o juiz Clarence Thomas disse que a desordem e a criminalidade desenfreada nas cidades americanas re'Sultam em parte da "revolução jurídica dos direitos". Esta vem tratando negros e . pobres como vítimas de sua situação e não a responsabiliza por seus atos, mesmo delituosos. O magistrado acrescentou que nessa medida são tratados como cria_nças "ou, o que é

pior, como animais sem alma". O juiz Clarence Thomas, que é negro, a inda observou, com razão, que " a

longo prazo, uma sociedade que abandona a responsabilidade pessoal perde seu senso moral, e os pobres dos centros urbanos são ·os mais lesados".

Outro blefe cubano

manifestam irritação ou depressão após assistir aos noticiários de TV. Por sua vez, o Centro para Assuntos da Mídia, também dos Estados Unidos, concluiu ser o medo da população conseqüência de tanto ''ftxar (na

Tempos atrás, Cuba vendeu ao Brasil milhões de doses de uma vacina contra meningite que constituíram autêntico logro. Agora, se lançam outros "experimentos": tratamentos para doenças da pele e dos olhos, bem como para o câncer, usando cartilagem de tu1 barão!

"Num país sério, qu em vende esse tipo de ilusão vai para a cadeia", afirma o oncologista paulista Sérgio Simon. Por sua vez, o oftalmologista Newton Kara José, professor da Universidade de São Paulo e da Unicamp, em declaração à revista "Veja" acerca da receita cubana para a cura da retinose pigmentar, denuncia: "é uma picaretagem; nenhuma publicação séria do mundo fala dessa técnica"·. Como é sabido, lá generaliza-se a penúria - resultado do malogro comunista, que há 34 anos tiraniza a ilha. Em contrapartida, Cuba oferece

mente) as imagens fornecidas pela televisão". Em sentido

Para as vítimas do "turismo médico" de Castro: passeio por miseráveis ruas centrais de Havana e, percebida a fraude, decepção "turismo médico" ao custo de milhares de dólares. Aguardemos a próxima "terapia" ou panacéia cubana ...

TV: devastações comprovadas Pesquisa da Children Now (Crianças Agora), organização californiana, demonstra que mais da metade dentre 850 crianças entrevistadas

análogo, o presidente da cadeia televisiva CNN, Ted Turner, declarou, na Subcomissão de Telecomunicações da Câmara dos Deputados, que a carnificina e a violência na TV são diretamente responsáveis pela violência na sociedade norteamericana. A respeito da televisão brasileira, órgão da imprensa carioca comenta: "Os mesmos

executivos que argumentam que acabar com a violência na TV é o mesmo que tapar o sol com a peneira, rendem-se à lógica comercial da violência, sexo e baixo nível para aumentar a audiência". E conclui: "Entre nós, contudo, não há sequer a autocrítica que os dirigentes de televisão norte-americana fazem".

Ditadura e ineficiência das estatais Três empresas estatais no âmbito federal - Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica - anunciaram que deverão dispender, ao longo do ano corrente, um total de 178 milhões de dólares em propaganda. Sobre a Petrobrás escreve à "Folha de S. Paulo" (27-3-94) Marcos Cintra, vereador de São Paulo pelo Partido Liberal, professor-titular da Faculdade de Economia da Fundação Getúlio Vargas, ex-secretário da Prefeitura (atual administração): "A abertura da famosa 'caixa preta' da Petrobrás, recentemente

Sessão do Congresso F,/evisor, que se encerrou melancolicamente em 7 de junho. A alteração constitucional para acabar com a Petrobrás e outras calamitosas estatais nem chegou a ser apresentada em seu decurso. O futuro Congresso ou uma Assembléia Revisora Exclusiva corrigirá tais distorções da economia brasileira?

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divulgada pela imprensa, é de estarrecer. Segundo o estudo, a empresa perpetra verdadeiros crimes contra a economia do País: o monopólio pratica preços abusivos .. .. ; retém mais de 90 milhões de dólares anuais em imposto de importação; super/atura o frete de petróleo importado, explora o povo ao pagar royalties 6,5 vezes mais baixos do que no mercado internacional; é ineficiente .... "Mas os vícios dos organismos estatais não se restringem à Petrobrás. Pagam salários ilegais a seus executivos e se recusam a submeter suas folhas de pagamento ao crivo do Goyerno e de seus órgãos de controle. Sugam do País o que podem, em beneficio de uma casta privilegiada de marajás .... "A revisão con8titucional acha-se emperrada e dificilmente será capaz de corrigir estes desvios. Pelo contrário, as estatais gastam em propaganda nos meios de comunicação, em defesa do statu quo". Ademais, as recentes tentativas fracassadas de venda da companhia de navegação Lloyd Brasileiro e da Cobra Computadores - duas conhecidas estatais - põem a nu a intangibilidade das empresas governamentais brasileiras, embora estas só absorvam recursos e acumulem prejuízos.

Em nmP6 O demônio torna-se moda - Artigo publicado no diário carioca "O Globo" constata: "O demônio agora é moda .... É impossível negar o charme do mal encarado. Ele está em alta na moda, na mídia e até mesmo nos jogos eletrônicos para adolescentes. Das vitrines aos ateliers de costura, passando pelas reportagens e capas das revistas de comportamento, não são poucas as referências ao anjo mau. Nas passarelas, o cabelo longo dos modelos foi torcido em forma de chifres". Blasfêmüts, oficialização de "casamento" entre homossexuais são abominações cada vez mais freqüentes que acabam favorecendo o culto do demônio. Mas quando tais pecados atingirem um grau de insuportabilidade, a taça da ira divina transbordará, como sucedeu com as cidades malditas de Sodoma e Gomorra, consumidas pelo fogo enviado do Céu.

* * * ou "estufas" Prédios envidraçados Estudo de professores da Universidade Federal da Bahia mostra que a temperatura em certas avenidas do Rio de Janeiro e de São Paulo chega a ser sete graus mais alta que a registrada na periferia daquelas cidades. A causa é a mania de se construir prédios envidraçados - para acertar o passo com a arte moderna - que funcionam como verdadeiras estufas. O vidro permite a en-

trada da luz solar, mas não deixa o calor sair. Um edificio com vidros em excesso consome dois terços a mais de energia elétrica com ar condicionado, em relação a um prédio comum. E há gente que ainda acredita na "funcionalidade" da arquitetura moderna ... que criou essas "estufas".

*** Em Congresso Internacional, elogio ao caos - Realizou-se em São Paulo e no Rio a 8ª Semana Internacional da Criação Publicitária, reunindo 2.000 pessoas. O norueguês Stein Leikanger falou durante três horas, e só faltou sair carregado em triunfo. Leikanger apresentou sua agência de propaganda como anárquica, "embora o pessoal do atendimento tente pôr ordem". E aconselhou: "Sempre tente induzir o caos na agência em que você trabalha. É um risco, mas ouse". Eis aí um conselho inteiramente consonante com a onda caótica impressionante que invade o mundo atual. * *...* e criminosos Menores abastados "Desde o início de 1992, temos registrado um crescimento significativo de delitos cometidos por jovens de classe média", declarou a diretora da Divisão de Apoio ao Menor na Comunidade, da Secretaria de Estado da Criança, Família e Bem-Estar Social de São Paulo. Dos quatro mil menores da Grande

São Paulo ali registrados, 800 foram considerados de famílias abastadas. A frase tão propalada "o menor rouba para matar a fome", não passa, portanto, de uma balela.

Mozart aumenta *QI* -* Enquanto o rock prejudica a mente, a música clássica aumenta o quociente de inteligência (QI). Pesquisadores do Centro de Neurologia do Aprendizado e da Memória, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos) fizeram que 36 estudimtes ouvissem uma sonata de Mozart, dnrante dez minutos. Após a audição, detectaram aumento de nove pontos no QI nos universitários.

* * * - Duas escolas O latim está voltando particulares de segundo grau, em Porto Alegre, adotaram o latim entre suas disciplinas . A língua, que foi a oficial da Igreja Católica até recentemente, está interessando vivamente os alunos e até seus progenitores. A diretora de um desses colégios, o "Leonardo da Vinci", declarou: "O interesse é tão grande, que estamos pensando em criar um curso noturno para os pais ". Discorrendo sobre a importância do ensino do idioma de Cícero, um professor de língua latina da PUC daquela capital fez esta curiosa afirmação: "Os olhos dos alunos brilham quando descobrem o significado primeiro das palavras". '

DESTAO.!JJ\J Estatais em marcha (à ré) A passagem pelo Brasil de Margareth Thatcher, em março último, pôs bastante em foco o problema das estatais. E não só o tema permanece bastante atual, mas o descalabro das estatais continuará a ser notícia, enquanto não se aplicar seriamente um programa de privatização. Nós, no Brasil, vivemos atolados numa inflação causada principalmente pelas estatais. E não há meio de nos desfazennos delas. Em vários pronunciamentos que por aqui fez, a ex-primeira ministra britânica defendeu galhardamente a desestatização como princípio econômico dos mais sólidos. Thatcher mostrou-se impressionada com a "enonne vitalidade" do setor privado brasileiro. A esse respeito, afirmou nunca ter visto "um caso tão gritante de informação incorreta sobre um país". Equivale a um recado para o Itamarati, responsável pela imagem do Brasil no Exterior. E la também ficou espantada com a quantidade de estatais que temos. A car-

ga mais pesada que carregamos nesta matéria, talvez seja a Petrobrás, verdadeiro monstro em tennos de empresa governamental. Um dos maiores especialistas mundiais em petróleo, o inglês Daniel Yergin, autor de várias obras sobre o assunto e presidente da Cambridge Energy Research Associa te, a mais conceituada empresa de análise de recursos energéticos do mundo, fez um cálculo interessante. Ele mostrou que, se o governo brasileiro cobrasse impostos da Petrobrás, poderia receber três bilhões de dólares por ano. E, no entanto, é a Petrobrás que vai engolindo o dinheiro público. E a ânsia de estatizar do Governo não só não se extinguiu, mas parec_e ir crescendo. A Reforma Agrária, por exemplo, vai estatizando terras particulares por esse Brasil afora, com resultados muito preocupantes. Só nos últimos seis meses de 1993, o governo autorizou por decreto a desapropriação de 550 .071,5129 hectares de terras particulares no Brasil. O equivalente a quase o dobro da área da Bélgica!

Margareth Tatcher ficou espantada com a quantidade de estatais brasileiras Como bem afinnou a baronesa Thatcher, "não há como negar, o governo

aqui ou em qualquer outro lugar não é um administrador de empresas eficente". Em matéria de Estado-empresário vale o refrão popular: "O bem que o Estado faz é mal feito, e o mal que ele faz é bem feito".

CATOLICISMO, JULHO 1994 CATOLICISMO, JULHO 1994


entre a disseminação da doença e a crescente agressividade de homossexuais, enquanto fonnando grupos de pressão que agem dentro da sociedade e contra ela. O fato de ter a AIDS se alastrado de modo impressionante entre os heterossexuais nos últimos anos foi interpretado por muitos como .um indício de que os homossexuais deixaram de ser o grupo de maior risco e o principal foco de disseminação da doença. Tal interpretação, porém, é equivocada, pois ela não considera alguns dados de capital importância, como se verá a seguir.

AIDS

O verda·deiro significado de unt flagelo universal A visão pouco realista que apresentam da AIDS governos e órgãos de comunicação social, em âmbito mundial, favorece a atitude de indiferença e passividade da maioria de nossos contemporâneos face à terrível doença, muito verossímil castigo divino no fim do segundo milênio

P

ara certas mentalidades positivistas, que a pressão dos fatos vai tornando retrógradas, o "problema" da AIDS deve ser encarado do único modo que consideram adequado, isto é, cientificamente e com otimismo. Trata-se, segundo tais espíritos, "apenas" de uma doença produzida por um

Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), enviou a todos os Ministros da Saúde dos países membros, em 13 de agosto de l 993, uma circular que constitui dramático alerta e na qual afirma: "A pandemia (1) da AIDS é realmente mundial. Poucas áreas do mundo permanecem intocadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e pela AIDS. Ademais, o HIV ainda se espalha mais rápido que os esforços empenhados para contê-lo. A cada dia que passa, cerca de 5.000 pessoas são infectadas. Desde o

Passeata de aidéticos em São Francisco (EUA): pedido de auxílio financeiro, com vistas à descoberta de um remédio contra a moléstia, bem como para dar-lhes assistência

início da pandemia, o HIV infectou 14 milhões de homens, mulheres e crianças; destes, mais de 2,5 milhões já desenvolveram os sintomas da AIDS. Estima-se que ambas as cifras multiplicar-se-ão por várias vezes até o ano 2.000" (2). A visão otimista, própria à mentalidade positivista acima exposta, sendo cega aos desmentidos da natureza, serve de justificação à imensa maioria no mundo ocidental (vítimas potenciais e iminentes dessa pandemia), para permanecerem numa inércia indiferente. Tal atitude re-

Situação atual da AIDS no mundo .

Confronto de aidéticos com a polícia em São Francisco (EUA). Resultado: com freqüência, tumulto e prisões vírus - o HIV - sexualmente transmissível no ser humano. Segundo a mentalidade destes otimistas do progresso, toda e qualquer enfermidade é um "erro" da natureza, que deverá ser corrigido pela ciência moderna dentro de um prazo estatisticamente calculável. Mas quem adota essa maneira de ver as coisas deveria constatar que, se de um lado um novo triunfo da ciência materialista de nosso tempo não se produziu até agora, de outro o Dr. Hiroshi Nakajima,

Até junho de 1993, 718.814 casos acumulados de AIDS em adultos e crianças tinham sido notificados à Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS estima que mais de 2 e meio milhões de casos de AIDS já tenham ocorrido no mundo até aquela data. Tal estimativa é baseada nos dados disponíveis sobre a distribuição, disseminação e introdução do HIV (o vírus causador da AIDS) no mundo, e é consistente com a dificuldade de diagnóstico, a sub-notificação e o atraso na notificação dos casos de AIDS. Nos países em desenvolvimento, dois terços dos casos estimados oc.orreram na África sub-sahariana. Entretanto, a infecção pelo HIV no sul e sudeste da Ásia vem se difundindo rapidamente, estimando-se que tenha ocorrido cerca de l e meio milhão de infecções até junho do ano passado. O número total de indivíduos infectados, desde o início da epidemia [1981], excede, agora, 13 milhões de adultos e l milhão ou mais de crianças.

Fontt>: Excertos do "Weekly Epidemiological Record", nº 27, 2 de julho de 1993, OMS, Genebra.

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Nota da Redação: O número de indivíduos infectados pelo vírus HIV ( 13 milhões de adultos e I milhão ou mais de crianças) ( 1) excede de muito o número de casos estimados de AIDS cm todo o mundo (2 e meio milhões)(2), pelo fato de que a doença leva alguns anos (cm média 4 a 5) para se manifestar, após a contaminação do paciente pelo mencionado vírus. Os números apresentados acima devem estar bastante aquém da realidade. Isto porque, em muitos óbitos de pessoas infectadas pelo HIV, aponta-se apenas a moléstia que foi a causa imediata da morte, como, por exemplo, a pneumonia ou a tuberculose; e não se indico a verdadeira causa mortis, isto é, a AIDS - a imunodeficiência provocada pelo IIIV. NOTAS 1. Cfr. "Weekly Epidemiologicul Recorei", edição supra citada. 2. Idem, ibidem.

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suita evidentemente de um estado de espírito oriundo da existência, no subconsciente, de um certo valor que serve de medida ao homem comum para formar um juízo a respeito das coisas relacionadas com ele. Esse" valor" supremo, que substituiu o temor de Deus, poderia ser assim formulado: "Não me importo com nada; pode acontecer qualquer coisa, por mais grave que seja, contanto que eu não seja privado de algo, de um certo 'quê', o qual adoro como se fosse Deus". No mundo decadente de hoje, onde não há mais sentido de grandeza e de absoluto como em outras épocas, esse "quê" consiste apenas na aspiração de gozar, aqui e agora, pequenos prazeres da vidinha de todos os dias, sem esforço e, sobretudo, sem luta. A partir de um antivalor assim, produz-se um estado de espírito que prefere qualquer entrega a ter que abandonar este "quê" e colocar-se numa atitude de defesa e militância como, por exemplo, em favor da castidade. Tal estado de espírito, embora tenha algo de monstruoso, é um dos fatores que mais pesa na história do mundo atual. Por outro lado, para evitar um choque demasiado violento, os meios de comunicação social não têm divulgado certos aspectos mais atemorizantes da AIDS, como o sofrimento que acarreta e a lenta, dolorosa e angustiante agonia que produz antes do desenlace fatal. Mas é de se presumir que o medo e o horror em relação à enfennidade seriam um fator poderoso para abalar a indiferença geral que se observa face a ela. Um dos aspectos da pandemia da AIDS, que incontáveis pessoas não querem considerar com inteira seriedade e coerência, é a íntima relação existente

De fato, o grupo dos homossexuais ao qual se pode acrescentar o dos bissexuais - pode estar chegando a um limite de saturação quanto à contaminação pelo HIV. Por outro lado, em números absolutos, o grupo homossexual é obviamente muito menor do que o heterossexual. Como o HIV também está atingindo este último, nele os novos portadores do vírus são mais numerosos, em números absolutos, do que os novos portadores no grupo homossexual. Porém, não levando mais em conta os números absolutos de infectados em ambos os grupos, mas sim a proporção de infectados nos mesmos, vê-se que ela continua a ser muito maior entre os homossexuais do que entre os heterossexuais. Assim, os homossexuais continuam a ser o grupo de maior risco e os principais responsáveis pela disseminação da doença devido à promiscuidade que praticam. Tal prática, além de abominável aos olhos de Deus, era abominável também aos olhos do homem comum ocidental até poucos anos atrás. Mas agora vai sendo vista com uma execração cada vez menor, devido principalmente à ação insidiosa dos meios de comunicação social, que vão apresentando os homossexuais, com uma freqüência cada vez maior, como vítimas de uma injusta discriminação. E os meios de cõmunicação social não costumam fracassar quando se empenham a fundo para conseguir algo. Eis aí uma grave constatação. Porém, nada é mais oposto à realidade do que esta imagem de "normalidade" e mesmo de" dignidade" do homossexualismo que desejam impor à sociedade em nossos dias.

Em fins da década de 60, coincidindo sintomaticamente com a eclosão da revolução cultural em escala mundial, cuja manifestação mais protuberante na época foi a revolução libertária e anárquica da Sorbonne em Paris, teve início o movimento de "libertação homossexual". Este movimento tem procurado transformar os homossexuais. em ativistas que pretendem impor-se como uma minoria com plenos direitos na sociedade, embora suas práticas sejam extremamente nocivas - quer do ponto de vista moral, quer do social - à coletividade na qual vivem, independentemente do fafo de se terem tomado o principal agente de difusão da AIDS. Pois quem se aprofunda um pouco no estudo de tais práticas, descobre, horrorizado, um submundo de impureza, egoísmo e violência, radicalmente contrário à imagem do homossexualismo que pretendem incutir. Uma vez que o HIV é um vírus que se transmite com especial facilidade pelo ato sexual antinatural - e que os homossexuais são, em geral, notoriamente promíscuos - é previsível que o meio homossexual acabe ficando saturado pela

Casal de africanos visita com o neto túmulo de seu filho vitimado pela AIDS: 71% dos casos estimados da enfermidàde, no mundo, 'ocorreram na África AIDS. E a única maneira eficaz de evitar esta doença mortal é abandonar o vício. Mas a decadência moral é tão grande que preferem a morte a ter que praticar a castidade. Ao contrário do homem comum - cujo estado de espírito diante da ameaça da AIDS é de indiferença - os homossexuais parecem tomar uma atitude de desafio a Deus, como se dissessem: "Vós, ó Deus, quisestes me morigerar, quisestes que eu fosse vosso. Vós me CATOLICISMO, JULHO 1994

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trar nestas condições, vem contando com uma inexplicável tolerância por parte das autoridades públicas, tanto no Brasil como em outros países. Exemplo característico é a notícia de que o Governador do Ceará, Ciro Gomes, em 21 de julho de 1992, revogou uma decisão do Instituto de Previdência do Estado do Ceará (IPEC) "de exigir dos candidatos concursados o exame antiAIDS para ingressarem no serviço público estadual. A exiPosters de prevenção contra a doença em Kênia (África): gência era feita desestes jamais recomendam o único meio seguro de evitá-la - a castidade de o dia 13 de junho. Assim, em vez de salientar a necessiO governador disse que não vai admitir dade do casamento e a prática da moraliqualquer tipo de discriminação contra dade católica no tocante às relações seaidéticos ou portadores do vírus HIV nas Tolerância e ineficácia xuais, coloca seu esforço em divulgar o repartições públicas estaduais" (3). do Poder Público uso de preservativos e técnicas de "sexo Poucos dias após a mencionada meseguro". Ao invés de favorecer uma verdida, "foi editada pelos Ministros de EsTendo em vista tal situação, era de se dadeira educação moral nas escolas, protado da Saúde e do Trabalho e da Admiesperar que o Poder Público tomasse uma pugna uma "educação" sexual que aprenistração, a Portaria Interministerial nº série de medidas elementares para comsenta a homossexualidade como "alter869, proibindo, no âmbito do Serviço bater a disseminação crescente da AIDS nativa de vida" normal e saudável. Público Federal, a exigência de teste no Brasil. Antes de tudo, controlar a proAté o aparecimento da AIDS, a atitu- para detecção do vírus HIV, tanto nos pagação da doença segundo as técnicas de que os governos e a opinião pública exames pré-admissionais quanto nos próprias de combate às epidemias. O em geral assumiam em relação às epideexames periódicos de saúde" (4). Entre Governo brasileiro porém - tal como mias, que se manifestavam nos respectias alegações apresentadas como fundaacontece com o Poder Público de outros vos territórios, era normalmente de premento para a mencionada Portaria estão países - parece intimidado ante a presvenção e combate declarado às mesmas, as seguintes: são dos grupos homossexuais e da immuito especialmente se fossem doenças - o convívio social e profissional prensa que os apóia mais ou menos velade fácil contágio e incuráveis. com portadores do vírus não configuram damente, preferindo seguir uma política A AIDS, porém, apesar de se enconsituações de risco; de consentimento, confiança e conselho.

oferecestes uma vida normal, uma vida com saúde, se eu simplesmente renunciasse vos ofender. Mas o que eu pratico e vos ofende é para mim uma tal delícia, que eu vos dou como resposta: matai-me se quiserdes, mas eu quero continuar a vos ofender". Diante de tal estado de espírito, é impossível não ver no caráter mortífero e pandêmico da AIDS uma bem clara manifestação de um castigo divino, apesar do que possam pensar ou dizer em contrário os otimistas do progresso científico.

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- as medidas para o controle da infecção são a correta infonnação e os procedimentos preventivos pertinentes; - as pesquisas relativas ao HIV vêm apresentando surpreendentes resultados, em curto espaço de tempo, no sentido de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos infectados e doentes (5). No que diz respeito à primeira das alegações acima mencionadas, uma ponderação se impõe: um funcionário portador do HIV, ao sonegar sua condição de infectado, por desconhecê-la ou por máfé, configura uma situação de risco para os demais, pois ele poderá transmitir o vírus, caso consiga estabelecer relações contagiantes com outros funcionários. A segunda alegação citada revela uma ingenuidade espantosa, para dizer pouco, ao considerar que se poderá controlar a infecção com "a correta informação e os procedimentos preventivos pertinentes". Pois, como foi visto acima, o único meio realmente eficaz de prevenir a doença e contro lar sua difusão é a prática da castidade perfeita para os solteiros e viúvos e, quanto aos casados, a castidade própria ao estado conjugal, bem como, naturalmente, o isolamento compulsório, em instituições adequadas, de todos os portadores da doença. Porém, tais medidas não são desejadas nem pelas autoridades nem pelçis doentes. A terceira alegação exprime bem a atitude assumida pelo Poder Público de não tomar as medidas corretas para combater a epidemia, contentando-se com acenos para o descobrimento hipotético de um produto capaz de prevenir ou debelar a enfennidade. Estes são alguns elementos que comprovam a tolerância de autoridades públicas em relação à AIDS. Tal posição

deixa entrever também quão eficaz tem sido a campanha de favorecimento dos homossexuais, agrupados em lobbies cada vez mais poderosos.

Uma realidade que está corroendo a Fé Até aqui analisamos diversos aspectos da realidade que compõem o fenômeno AIDS. Inicialmente consideramos a atitude passiva e indiferente do homem comum diante da doença; ele tenta justificar tal posição, baseando-se na visão otimista dos círculos oficiais. Depois focalizamos o papel essencial do homossexualismo na propagação da doença. Por fim, assinalamos a atitude tímida e ineficaz do Poder Público diante dessa propagação. Entretanto, existe algo ainda pior do que o exposto até aqui. Neste sentido, é oportuno e elucidativo transcrever excertos de recente entrevista que Jacques Perotti - porta-voz dos padres homossexuais na França concedeu a uma publicação uruguaia: "J.P. - Sou sacerdote e homossexual, e pertenço a uma organização francesa que se chama Davi e Jônatas, a qual existe há 21 anos, reunindo homossexuais homens e mulheres . ... . " - Todos são religiosos? "J.P. - Não, trata-se de um movimento leigo. Integram-no também sacerdotes e religiosas .... . "Conheço muitos sacerdotes, excelentes religiosos - os melhores, em geral - que têm um amigo há anos e vivem muito tranqüilamente. "- O Sr. diz que a Igreja não o aceita, mas lhe permite continuar a ser sacerdote?

"J.P. - Tenho a impressão de que a Igreja por ora não me condena ... . " (6). E a entrevista continua no mesmo sentido de muitas outras divulgadas com o maior empenho pelos meios de comunicação social. Imaginemos um homem comum que leia tal entrevista. Não é católico fervoroso nem hostil à religião. Hoje em dia o homem comum não se encontra em qualquer dessas duas posições. De maneira que a lê com indiferença. E conclui negligentemente que a Igreja está tolerando a homossexualidade até mesmo no clero; e que Ela está mudando. Esta é precisamente a "mensagem" que a matéria transmite. As autoridades da Igreja, em número ponderável, têm assumido a respeito da questão uma posição de modo geral inexpressiva. Por outro lado, alguns radicais, dentro da própria Hierarquia eclesiástica, fazem declarações e tomam atitudes claramente favoráveis à idéia de uma Igreja que aceita o homossexualismo. Um exemplo concreto de favorecimento do homossexualismo por parte de autoridades eclesiásticas foi o apoio que o Arcebispo John Roach, de Saint Paul (Minnesota, EUA), e a Conferência dos Bispos católicos daquele Estado norteamericano concederam à lei votada pelo legislativo estadual, estabelecendo os direitos dos homossexuais. Tal legislação protege a ostentação que eles fazem de seu comportamento antinatural e escandaloso no seio da sociedade. O organismo episcopal supra-citado, do qual aquele prelado é o presidente, não só apoiou mas também auxi liou os parlamentares estaduais na elaboração do texto .da malsinada lei, o que ocasionou manifestações de profundo desagrado entre os fiéis daquela arquidiocese (7).

HomossexualJismo: pecado e castigo

S

São Paulo - Mosaico, séc. XIX, Basílica de São Paulo fora dos muros, Roma

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CATOLICISMO. JULHO 1994

endo o homossexualismo um dos pecados que, segundo o Catecismo de São Pio X, "clamam a Deus por vingança", sempre mereceu da Igreja a mais severa condenação. Na Sagrada Escritura são diversas as passagens referentes à condenação e ao castigo desse pecado, sendo a mais conhecida aquela que narra o episódio da destruição de Sodoma e Gomorra (Gen. 19). Porém, a difusão do homossexualismo numa sociedade ou num povo constitui não só um pecado gravíssimo cometido por tal sociedade ou povo, mas

também um castigo enviado por Deus por se terem afastado previamente de sua lei, ou por não a desejarem conhecer, preferindo continuar na idolatria. Uma das maneiras com que Deus pune os homens é deixá-los que se entreguem à impureza e às perversões. A esse respeito é muito significativo o seguinte texto de São Paulo, em sua Epístola aos Romanos: "Com efeito a ira de Deus manifestase do céu contra toda a impiedade e injustiça daqueles homens que retêm na injustiça a verdade de Deus; porque o que se pode conhecer de Deus lhes é manifesto

porque De~,s lho manifestou .... Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, mas desvaneceram-se nos seus pensamentos e obscureceu-se o seu coração insensato; porque, dizendo ser sábios, tornaram-se estultos e mudaram a glória de Deus incorruptível para a figura dum simulacro de homem corruptível, de aves, de quadrúpedes e de serpentes. "Pelo que Deus os abandonou aos desejos do seu coração, à imund,ície; de modo que desonraram os seus corpos em si mesmos, eles que trocaram a verdade de Deus pela mentira, e que adoraram e

serviram a criatura de preferência ao Criador, que é bendito por todos os séculos. Amém. "Por isso Deus os entregou a paixões de ignomínia. Porque as suas próprias mulheres mudaram o uso natural em outro uso, que é contra a natureza. E, do mesmo modo, também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam nos desejos, mutuamente, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em si mesmos a paga que era devida ao seu desregramento. E, como não procuraram conhecer a Deus, Deus abandonou-os a um sentimento depravado, para

que fizessem o que não convém, cheios de toda a iniqüidade, de malícia, de for~ nicação, de avareza, ·de maldade, cheios de inveja, de homicídio, de contendas, de engano, de malignidade, mexeriqueiros, detratores, inimigos de Deus, injuriadores, soberbos, altivos, inventores de maldades, desobedientes aos pais, insensatos, sem lealdade, sem benevolência, sem lei, sem misericórdia. Os quais, tendo conhecido a justiça de Deus, não compreenderam que os que fazem tais coisas são dignos de morte; e não somente quem as faz, mas também quem aprova aqueles que as fazem" (Rom., l, 18-32).

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Diante de tanta confusão, poder-se-ia objetar que o homem comum não tem maior culpa em concluir que a Igreja está mudando, que a moral evolui e que o homossexualismo pode ser hoje considerado como uma "opção de vida" normal e legítima. Porém, chegar a tal conclusão, embora por ignorância, é manifestar falta de amor de Deus, é ter uma fé vacilante. Porque, no fundo, é aceitar que "as portas do inferno" podem prevalecer contra a Igreja, o que constitui um pecado contra a fé.

Conclusão

Homem com vários netos, na Tanzânia (África). Os pais destes morreram de AIDS

Casos estimados de AIDS em adultos e crianças até 1993: mais de 2.500.000 Distribuição percentual dessa cifra às várias regiões do mundo

Asia 1%

NOTA DA REDAÇÃO O gráfico acima é bastante elucidativo no sentido de indicar que no continente africano - origem e foco da pandemia da AIDS - a moléstia atingiu uma proporção muitíssimo superior à das demais regiões do universo. (Fonte: AIDS - Boletim Epidemiológico, ano VI, nº 12, dezembro/93, Ministério da Saúde, Brasília).

Casos diagnosticados de AIDS no Brasil (de 1984 a fevereiro de 1994) Sexo masculino: 42.328 (Fonte: AIDS -

Sexo feminino: 7.694 -

Total: 50.022

Boletim Epidemiológico, ano VII, nº 3, março/94, Ministério da Saúde, Brasília).

NOTA DA REDAÇÃO Para se compreender o verdadeiro significado dos números acima, ler a Nota da redação do quadro " Situação atual da AIDS no Mundo".

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Diante de tal quadro de confusão e de pecado, de indiferença e de implícita traição, que sentimentos ter, que atitude tomar? A indignação é um sentimento não apenas legítimo, mas também obrigatório diante da injustiça, qualquer que seja esta. E é tanto mais obrigatória neste caso, pois se trata da honra de Deus, de sua Igreja e dos restos de Civilização Cristã ainda existentes no mundo neopaganizado em que vivemos. A indignação não é passiva. Ela tende a manifestar-se. E um dos meios de fazê-lo atualmente é mediante a denúncia do favorecimento da injustiça, do mal, do erro e do pecado. Não é lícito deixar amortecera indignação por um sentimento de impotência e desalento. É necessário mantê-Ia viva, porque ela é por si mesmo militante e eficaz. Diante da oposição e da denúncia indignadas, o mal toma-se muito menos audaz e insolente, e acaba retrocedendo necessariamente, por maior que seja a desproporção de forças.

NOTAS 1. Uma epidemia que se alastra rapidamente pelo mundo inteiro. , 2. AIDS - Boletim Epidemiológico, ano VI, nº 8, setembro/93, Ministério da Saúde, Brasília, p. 3.• 3. Ministério da Saúde, Programa Nacional de Controle de DST/AIDS, Implicações Éticas da Triagem Sorológica do HIV, Brasília, 1993, pp. 17-18. 4. Idem, p. 18. 5. Cfr. idem. p. 19. 6. Cfr. " Brecha" , Montevideo, 4-3-94, contracapa. 7. Cfr. Paul Likoudis, Minnesota Catholic Conference Helps Write end Pass Homosexual Rights Bill, "The Wanderer", Saint Paul (Minnesota, EUA), 1-4-93. MURILLO MARANHÃO GALLIEZ

Secretário da Comissão de Estudos Médicos da TFP

TFPs EM AÇ.\O

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"ANALISE PROFETICA" DO PROF. PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

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omentando declarações prestadas à imprensa pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre a Revisão Constitucional, o deputado Lael Varela (Bloco Parlamentar - MG) assim se exprimiu em discurso pronunciado na Câmara Federal, em 10 de maio último, retransmitido no dia 13 do mesmo mês pela "Voz do Brasil": "Envolta desde o início numa série de confusões, a Revisão Constitucional foi interrompida, devido a um conjunto de fatores, der,ztre os quais cabe ressaltar li falta de coragem da maioria parlamentar em aprovar alterações necessárias mas polêmicas, em época de campanha eleitoral. "Diante desse quadro, queria registrar nos Anais da Câmara, os comentários f eitos à imprensa do grande p ensador brasileiro, de

Prof. Plínio Corrêa de Oliveira

fama nacional e internacional, o Prof Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade TFP: " 'Estranha tristeza de acertar: é o que sinto com o impasse da Revisão Constitucional. Em meu livro 'Projeto de Constituição angustia o País',

editado em 1987, previ sem desejá~lo, é claro, o malogro da Constituição vigente. E o malogro veio, tornando indispensável a Revisão Constitucional. Por sua vez, a Revisão veio e encalhou num impasse. Esse impasse pode deixar aberta a porta pela qual tudo indica que entrará triunfante o caos. Mas o triunfo do caos não é verdadeiro triunfo. Ele é uma derrota. O triunfo da morte é a catástrofe do morto. "'O que aguarda para o Brasil tal triunfo? Prefiro não afundar o olhar no tenebroso desse futuro, mas elevá-lo até o Céu, para pedir o auxílio de Maria Santíssima'. "Senhor Presidente, essa é uma análise profética, a que eu me uno e coloco aos meus nobres colegas parlamentares para reflexão. "Tenho dito".

TERCEIRA EDIÇÃO BRASILEIRA DE ''REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO"

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renomada obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi lançada no nº 100 de Catolicismo (edição de abril de 1959), alcançou recentemente sua terceira edição brasileira. " Revolução e Contra-Revolução" é a obra de cabeceira de sócios e cooperadores da TFP brasileira e inspirou a fundação de outras TFPs e entidades afins em 25 países, nos cinco continentes.

Em primorosa apresentação gráfica, a nova edição do substancioso livro de autoria do insigne pensador católico é precedida por prestigioso parecer do Revmo. Pe. Anastasio Gutiérrez CMF, canonista <;ie renome mundial, co-fundador do Instituto Jurídico Claretiano e consultor de várias congregações vaticanas. Transcrevemos abaixo o parecer do Revmo. Pe. Anastasio Gutiérrez sobre a mencionada obra: "Li com sumo interesse, com sumo prazer e com sumo proveito a

Obra do Prof Plinio Corrêa de Oliveira, no exemplar castelhano a mim dedicado com expressões de grande afeto e simpatia, que agradeço quanto merecem. "Revolução e Contra-Revolução é uma obra magistral, cujos ensinamentos deveriam ser difundidos até fazê-los penetrar na consciência de todos os que se sintam verdadeiramente católicos, eu diria mais, de todos os homens de boa vontade. Nela, estes últimos aprenderiam que a única salvação está em Jesus Cristo CATOLICISMO, JULHO 1994


e na sua Igreja, e os primeiros se sentiriam confirmados e robustecidos em sua Fé, e prevenidos e imunizados psicológica e espiritualmente contra um processo astuto que se serve de muitos deles como inocentes-úteis, companheiros-de-viagem. "A análise que faz do processo revolucionário é impressionante e reveladora por seu realismo e profundo conhecimento da História, a partir do fim da Idade Média em decadência, que prepara o clima ao Renascimento paganizante e à Pseudo-Reforma, e esta para a terrível Revolução Francesa e, pouco depois, ao Comunismo ateu. "Tal análise histórica não é apenas externa, mas é também explicada e revelada em suas ações e reações com os elementos que a psicologia humana proporciona, tanto a psicológica individual como a psicologia coletiva das massas. Contudo, é preciso reconhecer que há alguém adirigir essa descristianização de fundo e sistemática. É verdade, sem dúvida, que o homem tende ao mal - orgulho e sensualidade - ; mas se não houvesse quem tomasse em mãos as rédeas dessas tendências desordenadas e as coordenasse sagazmente, não dariam provavelmente o resultado de uma ação tão constante, hábil e sistemática, mantida tenazmente, aproveitando inclusive os altos e baixos provocados pelas resistências e pela natural 'reação' das/orças contrárias. "A obra prevê também, ainda que com cautela em seus prognósticos e por via de hipóteses, a possível evolução próxima da ação revolucionária, e depois, por sua vez, a da ação contra-revolucionária. "Abundam pensamentos e observações perspicazes de caráter sociológico, político, psicológico, evolutivo .... semeados ao longo de todo o livro, dignos, não poucos, de uma antologia. Muitos deles apontam as 'táticas' inteligentes que favorecem a Revolução, e as que podem ou devem ser utilizadas no âmbito de uma 'estratégia' geral contra-revolucionária. "Em suma , atrever-me-ia a dizer que é uma obra profética no melhor sentido da palavra. Mais

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aderno Especial Nº 35

Capa e contracapa da 3ª edição de "Revolução e Contra-Revolução"

ainda, que seu conteúdo deveria ensinar-se nos centros superiores da Igreja, para que ao menos as classes de elite tomem consciência clara de uma realidade esmagadora, da qual - acredito - não têm clara consciência. Isso, entre outras coisas, contribuiria para revelar e desmascarar os inocentes-úteis companheiros-de-viagem, entre os quais se encontram muitos eclesiásticos quefazem, de um modo suicida, o jogo do inimigo: esse setor de idiotas aliados da Revolução desapareceria em boa medida. "Na segunda Parte se expõe muito bem a natureza da ContraRevolução e a tática corajosa e 'agressiva' que é preciso adotar, evitando excessos e atitudes impróprias ou imprudentes. "Ante tais realidades, fica-se em dúvida se na Igreja há uma verdadeira 'estratégia', como existe na Revolução; encontram-se, sim, muitos elementos, ações, instituições... 'táticas'; mas parece que agem isoladas e às vezes com espírito de campanário e de contra-altar, sem consciência do conjunto. O concei-

toeaconsciência de atuar uma Contra-Revolução poderia unificar e até dar um maior sentido de colaboração na Igreja. "Não me resta senão congratular-me com a Instituição TFP por ter um Fundador da altura ? qualidade do Prof Plínio. Prevejo para a Instituição, e desejo com toda a minha alma um vasto desenvolvimento e um porvir cheio de êxitos contra-revolucionários. "Concluo dizendo que impressiona fortemente o espírito com que a Obra está escrita: um espírito profundamente cristão e amante apaixonado da Igreja. A Obra é um produto autêntico da sapientia christiana. Emociona também ver em um leigo ou pessoa secular uma devoção tão sincera à Mãe de Jesus e nossa: sinal claro de predestinação: "Incertos, como todo o mundo, sobre o dia de amanhã, erguemos em atitude de prece os nossos olhos até o trono excelso de Maria, Rainha do Universo. Aceite a Virgem, pois, esta homenagem filial, tributo de amor e expressão de confiança absoluta em seu triunfo".

Nossa jen~ora bos 3Reméoios (Totolpec - México) -

(1 O de julho)


C1Iura úo parah±iro junto it piscina probática ...

(São João 5, 1-9)

Depois disto, houve uma festa dos judeus e Jesus subiu a Jernsalém. Ora, há em Jerusalém a piscina probática, que em hebreu se chama Betsaida, a qual tem cinco pórticos. Nestes jazia uma grande multidão de enfermos, de cegos, de coxos, de paralíticos, os quais esperavam o movimento da água. E o primeiro que descesse à piscina depois do movimento da água ficava curado de qualquer doença que tivesse. Estava ali um homem que há trinta e oito

anos encontrava-se enfenno. Jesus vendo-o deitado, e sabendo que estava assim há muito, disse-lhe: Queres ficar são? O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho uma pessoa que me lance na piscina quando a água é agitada; enquanto vou, outro desce primeiro do que eu. Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. E, no mesmo instante ficou são aquele homem.

C1Iomenhírios rompilaúos por janto Dromás úe Aquino na "Qiatena Aurea" São João Crisóstomo: (Jesus) não cura imediatamente (o paralítico) quando entra, mas primeiro torna-o amigo, e, por meio de perguntas apresentalhe o caminho da Fé, que haveria de tomar depois. E não prova sua fé, como o fez aos cegos, quando lhes dizia: "Credes que eu posso fazer isto?" Porque estes ainda não O conheciam claramente. Alguns conheciam seu poder por outras pessoas e ouviam isso muito oportunamente; mas outros, como ainda não O conheciam, mas que haveriam de conhecer por meio de sinais, são perguntados acerca da Fé, depois dos milagres. Por isto segue: "E quando Jesus viu que jazia aquele homem e conheceu que estava já há muito tempo" etc. Não lhe pergunta isto para sabê-lo, porque seria supérfluo, mas para dar a conhecer a paciência do homem que há trinta e oito anos ali acorria esperando ficar livre de sua enfermidade, e para que conheçamos também a razão porque, prescindindo dos demais, se fixou nesse. E não diz: "Se queres, te curarei", porque ainda não esperava coisa grande de Jesus Cristo. E não se turbou pela pergunta nem disse: vieste me injuriar, quando me perguntas se quero ser curado, mas lhe responde com mansidão. Por isto segue: "O enfermo lhe respondeu: "Senhor não tenho ...,." Não havia conhecido quem era que lhe perguntava, nem que poderia curá-lo; unicamente acreditasse que Jesus Cristo seria a pessoa quem poderia introduzilo na água; mas o Senhor lhe manifestou que tudo

podia fazer com sua palavra. Por isto segue: "Jesus lhe disse: Levanta-te, toma o teu leito e anda". Veja-se aqui a superabundância da sabedoria divina, que não só cura, mas que lhe manda levar o leito, para que se veja que era verdadeiro o milagre e para que ninguém cresse que era falso o que havia sucedido; porque se os membros não estivessem bem fortes, não teriam podido levar o leito. Mas como ouvisse o enfermo que lhe havia dito com certo poder e como mandando-lhe: Levanta-te, toma teu leito, não zombou dizendo : quando o anjo haixa e move a água é quando unicamente alguém é curado, mas tu que não és senão homem, esperas que com tua ordem terás mais poder que um anjo? Mas quando o ouviu não deixou de crer em quem lhe mandou, e ficou curado. Santo Agostinho - Se considerarmos com um coração mesquinho e puramente humano quem faz este milagre, nos parecerá que quanto a seu poder não fez grande coisa, e que era pouco para mostrar sua benignidade. Tantos estavam estendidos e só um foi curado, sendo que com uma palavra poderia curar a todos, O fato, pois, deve entender-se no sentido de que tal poder e aquela bondade esforçavam-se mais pela saúde eterna da alma do que pela cura material que necessitavam os corpos. Naqueles milagres, pois, tudo o que se curava nos membros corporais, um dia desapareceu; mas a alma que creu passou à vida eterna.

@omentários úri Jabre 1Jluis C1Iláuúio ]fillion Por razão de solenidade religiosa, cujo nome não se indica, assemelhada às vezes com a da Páscoa, e outras com a de Purim, ou das Sortes, Jesus subiu de novo a Jerusalém onde realizou um grande milagre na piscina de Betsaida. Situada esta piscina não longe da porta que chamam das Ovelhas, a nordeste da cidade e do templo, estava rodeada de cinco pórticos ou galerias cobertas, dentro das quais jazia .grande número de enfermos, que "esperavam o movimento da água". Pois que, com efeito, continua o texto sagrado, "um anjo do Senhor descia de

tempos em tempos na piscina e a água se agitava. E que depois de movimentada a água entrava na piscina, ficava curado de qualquer enfermidade que tivesse". Entre todos os enfermos que·se apertavam perto da piscina, havia um paralítico digno de um interesse especial, porque sua doença durava já trinta e oito anos. Jesus, cuja compaixão o atraiu a este conjunto e repositório de misérias, acercou-se do infeliz, perguntando-lhe para excitar sua fé e esperança: "Queres curar-te? Respondeu com pena: Senhor,

0 1 primeiro

não tenho uma pessoa que me lance na piscina, logo que a água torna-se agitada; porque, enquanto eu vou, outro baixa antes". Todo o mais fundo de sua amargura e angústia aparece nestas poucas palavras; era-lhe impossível utilizar da virtude milagrosa da piscina. Mas outra virtude mais divina ainda vai pôr termo a seu longo infortúnio. Jesus disse-lhe com

tom de autoridade: Levanta-te, toma teu leito e anda". De repente, ficou curado o paralítico, tomou nos ombros seu leito e retirou-se dali. Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestro Sefíor Jesucristo según los Evangelios, Editorial Difusión, Tucumán, 1859, pp. 129-130.

Nossa jen~ora úos 3Reméúios {Totolpec - México Cada leitor, é claro, poderá por si tirar as conseqüências ou indagar as causas; mas o fato histórico é que a Divina Providência operava milagres mais assiduament~ nas épocas em que havia clara divisão e até contendas definidas entre a verdade e o erro, ou seja entre o ensino da única Igreja verdadeira a Católica, Apostólica, Romana - de um lado; e de outro, os erros do paganismo ou da heresia. Assim, ocorreram, por exemplo, muitos milagres nas lutas que católicos travaram com muçulmanos ou protestantes. Como também, de modo semelhante, por ocasião da gesta realizada pelos conquistadores na América e do trabalho apostólico dos missionários, quando povos pagãos açulados por seus chefes religiosos, ferozmente os combatiam. Um fato milagroso desse gênero comemora-se no dia IO do presente. E teve lugar onze anos antes das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira Principal da América Latina, instituída oficialmente por São Pio X. AI Ode julho de 1520, João Rodrigues Villaforte e outros conquistadores espanhóis foram escorraçados pelos indígenas para fora da Cidade do México. Encaminharam-se então pela via de Tacuba até chegarem ao morro Totoltepec, localizado nos arredores da capital mexicana. Lá - como está registr.ado no Arquivo de Índias, na Espanha "fizeram grandes clamores e orações. Estando nisso com muita aflição, apareceu a Virgem Mãe de Deus para seu remédio e favor. E de tal maneira Ela os concedeu que dali em diante começaram a remediar-se e a ter boa e próspera vitória e tornaram a ganhar a grande cidade [do México], onde logo se plantou a Santa Fé Católica". Isto sucedeu depois que Fernando Cortez, o principal conquistador, fez erguer um altar a Nossa Senhora no grande templo de Huitzilopochtli , ou deus da guerra, e nele colocou uma imagem (de Nossa Senhora dos Remédios, segundo tudo indica). É certo que uma imagem com tal invocação veio da Espanha com a expedição de Cortez; e pouco depois dessa entronização no templo azteca deu-se a aparição da Virgem Santíssima sob a invocação dos Remédios, como se constata por indícios da narração no mencionado Arquivo de Índias. E, ademais, porque a imagem que João Rodrigues Villaforte levara na referida retirada por Tacuba era de Nossa Senhora dos Remédios.

1 O de Julho de 15 20) O cronista Berna! Dias do Castelo relata, com efeito, que Cortez pedira ao imperador azteca Moctezuma que "se fizesse ali um altar para colocar a imagem de Nossa Senhora e uma cruz, e que com o decurso do tempo veriam quão bons e proveitosos são para suas almas epara lhes dar saúde e boas plantações e prosperidades .... E ao fim de muitas palavras que sobre aquilo houve, pôs-se nosso altar afastado dos malditos ídolos e a imagem de Nossa Senhora e uma cruz e com muita devoção, e todos dando graças a Deus, disseram Missa cantada o Padre da Mercê e ajudava a Missa o clérigo João Dias e muitos de nossos soldados; e ali mandou pôr nosso capitão um soldado velho para que tivesse guarda ... . " Devido aos zigue-zagues ocorridos durante a árdua conquista do México, a imagem teve que ser escondida no morro Totoltepec, encontrando-a o cacique azteca João da Águia. Após venerá-la durante algum tempo em sua casa, o chefe indígena construiu-lhe uma ern1ida em Totoltepec. Anos mais tarde, por instâncias do regedor García de Albornoz perante a Câmara Municipal, foi construído o santuário votado à veneração da imagem, sendo o mesmo dedicado em 1575. Em circunstâncias de grande aflição pública, a imagem de Nossa Senhora dos Remédios era transportada para rogativas solenes à capital mexicana. Como refere o historiador peruano Pe. Vargas Ugarte, "em todas essas ocasiões era grande a aclamação com que a recebia a cidade e inumerável o concurso que a acompanhava no trajetoJormando parte da comitiva as autoridades, tanto eclesiásticas quanto civis, e celebrando em honra delas festas e novenas, nas quais se prodigalizava o esplendor". Um.a das mais notáveis deu-se em 181 O, durante a qual se suplicou a Nossa Senhora que favorecesse as armas espanholas contra o invasor Bonaparte. E a Mãe de Deus atendeu o pedido dos fiéis mexicanos. O culto a Nossa Senhora dos Remédios contribuiu, pois, para o combate à idolatria dos indígenas e aos erros revolucionários que o invasor corso difundiu pela Europa. FONTE DE REFERÊNCIA: Pe. Rubén Vargas Ugarte, Historia dei Culto de Maria en Ibero-américa y de sus lmágenes y Santuários más celebrados, Talleres Gráficos Jura, Madrid, 1956, 3ª ed., t. I, pp. 204-206.

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ENTREVISTA '\ e

História Sagrada c46 )

Aarão: o turíbulo, o incenso e a vara florida Mesmo após o terrível castigo de Coré e seus sequazes, os hebreus não aprenderam a lição. Empedernidos, continuaram a se queixar contra o Profeta Moisés e o Sumo Sacerdote Aarão. Moisés e Aarão refugiam-se no tabernáculo - "No dia seguinte [ao castigo de Coré], toda a multidão dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Aarão, dizendo: Vós matastes o povo do Senhor. E como se formasse sedição, e crescesse o tumulto, Moisés e Aarão fugiram para o tabernáculo da aliança. "E, quando entraram, a nuvem cobriu-o, e apareceu a glória do Senhor. E o Senhor disse a Moisés: Retirai-vos do meio desta multidão; imediatamente a destruirei. O turíbulo e o incenso - "E, tendo-se prostrado por terra, Moisés disse a Aarão: Toma o turíbulo e, pondo-lhe fogo do altar, deita-lhe incenso, e vai depressa ao povo a fim de rogares por ele; porque já saiu a ira do Senhor, e a praga começa. 14.700 homens mortos-- "Aarão, tendo feito isto, e correndo ao meio da multidão, a quem já abrasava o incêndio, ofereceu incenso; e, estando de pé entre os mortos e vivos, rogou pelo povo, e a praga cessou. Ora, os que pereceram foram catorze mil e setecentos homens, afora os que tinham perecido na sedição de Coré" (Num. 16, 41 a 49).

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em seu lar

noções básicas

A vara seca que floriu - "Deus, (4). No Pequeno Oficio da Imaculada para fazer ver ao povo que desejava Conceição, há uma referência a essa que as honras do sacerdócio coubes- vara miraculosa, na primeira linha da sem exclusivamente a Aarão e seus seguinte estrofe (Hino da Hora Tertia): descendentes, disse a Moisés: Manda Vós s0is a vara florida que cada chefe das tribos te traga uma O velo de Gedeão vara, e em cada uma delas escreva o Divino portal fechado próprio nome; a vara de Levi, porém, E favo de Sansão. terá o nome de Aarão. Põe-nas todas juntas no tabernáculo diante da arca; a vara daquele que for eleito por Mim, NOTAS amanhã florescerá. l . São João Bosco, História Sagrada, Livraria "Moisés executou as ordens de Editora Salesiana, São Paulo, 1965, 14" ed., Deus. No dia seguinte, entrando no pp. 84-5. tabernáculo, viu que a vara de Aarão havia brotado e florescido; aparece- 2. Idem, p. 85. 3. Padre Rohrbacher, Histoire Universelle de ram folhas e amêndoas ( 1). 1'Église Catho/ique, Gaume Frcrcs, Paris, Depositada na Arca da Aliança 1842, tomo I, p. 474. -- "E o Senhor disse a Moisés: Toma a levar a vara de Aarão para o taberná- 4. Cfr. Padre Z.C . Jourdain, Somme des Gra11de11rs de Marie - ses mysteres, ses culo do testemunho para se guardar ali excel/ences, son cu/te - Hippolyte Wa lzcr, em memória da rebelião dos filhos de Libraire-Editeur, Paris, 1900, tomo I, p. 209. Israel, e para que cessem as suas queixas diante de mim, e não ...---- ___,= morram" (Num. 17, 10). "A vara milagrosa foi colocada na Arca [da Aliança] e nela foi conservada até a destruição do templo de Salomão"(2). São Paulo Apóstolo afirma que na Arca da Aliança , "coberta de ouro por todas as par- " tes, havia uma urna de ouro, contendo o maná, e a vara de Aarão, que tinha florescido , e as tábuas do testamento" (Hebr. 9, 4). Simbolismo - Aarão com o turíbulo, ofe. recendo a Deus incenso, "estando de pé entre os mortos e vivos", representava, "como sumo sacerdote, Jesus Cristo, mediador entre Deus e os homens" J_ A vara de Aarão, que floriu, simboliza Nossa A vara seca de Aarão floriu milagrosamente. Senhora da qual milaFoi depositada depois na Arca da Aliança e simboliza a Virgem Santíssima

grosamente nasceu Jesus - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

MAOS Lll\tlPAS? NEM SEMPRE NEM TANTO Ao mesmo tempo em que a expressão "mar de lama" ameaçava tornar-se um chavão banal, um espasmo anti-corrupção apoderou-se da opinião pública brasileira e esta passou a exigir a punição dos culpados. A politicagem e a ação de certa mídia embaralharam-se nos acontecimentos, o que fez com que muitos espíritos lúcidos se perguntassem: esse fenômeno teoricamente promissor pode ser desvirtuado? Em que pontos deve-se estar especialmente atento e vigilante? Dada a atualidade do tema, CATOLICISMO procurou ouvir um especialista na matéria, o criminalista Luiz Flávio Borges D'Urso, cujas opiniões sobre a privatização do sistema carcerário os leitores de nossa revista já puderam apreciar ( cfr. nº 503, novembro/92). Professor de Direito Penal na Universidade de São Paulo, o ilustre entrevistado é presidente da Associação dos Advogados Criminais do Estado de São Paulo (ACRIMESP) e da Comissão Estadual de Política Criminal e Penitenciária.

Catolicismo - Que perspectivas se abrem com a chamada "operação mãos limpas"?

Borges D'Urso - O Brasil assiste com entusiasmo à operação desencadeada na Itália com esse nome, a qual visa, conforme ovacionado pela im-

prensa mundial," passar o país a limpo". Na Itália, tal operação provocou a prisão de mais de mil pessoas, acusadas por crime de responsabilidade, corrupção ativa e passiva, dentre outros. Na verdade, a operação italiana deve ser vista com reservas, pois talvez tenha realizado o maior número de mazelas nas proteções individuais que a História já tenha vivenciado, levando ao cárcere pessoas de destaque na sociedade, muitas vezes para garantir a manchete ao invés de se preocupar com a investigação propriamente dita, sem falar dos incontáveis suicídios que por lá ocorreram. Sem entrar no mérito do procedimento italiano, o Brasil também inaugurou sua "operação mãos limpas", que nega sistematicamente os direitos e garantias individuais a acusados ou, antes mesmo de uma acusação formal, a meros suspeitos.

Catolicismo - Quais são os direitos e garantias individuais que estão sendo negados?

Borges D'Urso É todo um elenco. Negando-se um só deles, conseqüentemente, por ressonância, nega-se todos. O fundamental é o direito de ampla defesa. Ele se insere em um direito maior ainda, o direito ao devido processo legal, que inclui também o contraditório e o princípio da presunção de inocência. Catolicismo - Que vem a ser o princípio de presunção de inocência?

Borges D'Urso -Todo homem é considerado inocente até decisão definitiva em sentido contrário. Lamentavelmente, esse princípio é negado, no País, inclusive por alguns veículos da mídia, que distorcem e aniquilam quaisquer desses direiO bandido, o tos e garantias inmalandro, o indivíduo dividuais. Por que vive do crime, se exemplo, se há processado, não uma mera suspeiprocessado, ta contra atguém, a mídia já o concondenado, não condenado, toma isso sidera condenado como contingência da definitivamente e ele já é apresentaatividade que do como tal. escolheu. Mas para O juiz, depois quem é honrado, só a de uma longa inmera suspeita, só ir a vestigação, duuma delegacia depor, rante todo o projá é um gravame, uma cesso criminal, à vergonha. luz de um equilíbrio sem par, examinando os CATOLICISMO, JULHO 1994

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Uma pessoa tem o nome inserido na agenda dos bicheiros: isso significa algo? Não é com a supressão dos direitos Uma coisa é ter o nome na individuais que t~~~mos uma agenda, outra coisa é ter alJustiça mais cé ere, mas com um gum envolvimento. Mas isso conjunto de medidas incluindo a não é considerado. O homem reforma da legislação penal e é execrado, quebra-se seu siprocessual. gilo bancário, começam investigações. Há uma mácula irreparável. E são pessoas que por vezes detêm uma posição de destaque no contexto social. Isso posteriormente não tem como ser corrigido. Quem poderia solicitar a colaboração, num trabalho qualquer, dessas pessoas supostamente envolvidas, fica com receio de fazê-lo. "Amanhã me associam a dados disponíveis, chega à conclusão ele, e eu fico ligado a esta situação." Veja o caso da CPI do Collor, do de que um homem é culpado. Impõe uma pena, essa imposição de pena é "PC". Sem entrar no mérito da responpendente de recurso, o recurso vai sabilidade criminal, nem de um nem de para um tribunal, onde três pessoas outro, registro, sob o aspecto técnico, com serenidade - nós sempre espe- verdadeiras barbaridades processuais. ramos isso dos juízes - examinam Só faltaria as pessoas sofrerem violaaquele problema, e chegam à conclu- ções tisicas, porque moralmente já essão final de que esse homem é real- tavam sendo torh1radas. Já na CPI do orçamento, quem mente culpado. Mesmo assim, podemos ter o risco de estar diante de um colhia o interrogatório dizia ao depoente: "Você está mentindo!" erro judiciário. Mas imagine anular tudo isso, e Mas o que é isso? Nem a autoridade deixar o caso na mão de um jor- policial age assim no momento em nalista, ávido de produzir uma maté- que colhe um depoimento. Mas um membro de uma CPI julga-se no dina ... O jornalista começa com uma con- reito de manter verdadeiro "batedenação, a partir da mera suspeita. E boca" com quem está sendo interassim se atinge a imagem da pessoa. rogado. Na verdade, o objetivo de Desde o início ela já está sendo apon- tudo isso é o "show" , e não a coleta de provas. tada pela mídia como culpada.

Catolicismo - E a opinião pública acredita? Borges D'Urso - Salvo engano, foi Hitler quem afirmou: repita a mentira sistematicamente, ela virá à luz como verdade. É este o risco que corremos. Também há, aqui no Brasil, o dito popular segundo o qual "onde há fumaça, há fogo".

Catolicismo - Imaginemos um processo em tese, em que se prove a improcedência da acusação e o réu fique completamente inocentado por uma sentença definitiva. Essa sentença restitui completamente seu bom conceito anterior? Ele voltará a ser o mesmo homem? Borges D'Urso -

Em hipótese

alguma! Ele pode até ser o mesmo homem, mas nunca será visto como sendo o mesmo homem. A sentença na sua essência preserva sua dignidade, mas ele sai do caso maculado de forma indelével. Lamentavelmente, a opinião pública de modo geral vai condená-lo em sintonia com a mídia, e isso dificilmente será apagado, porque essa parcela da imprensa que é sensacionalista hoje está num trono inatingível. Eu tenho dito que aqui no Brasil o processo é pena. O bandido, o malandro, o indivíduo que vive do crime, se processado, não processado, condenado, não condenado, toma isso como contingência da atividade que escolheu. É uma atividade "profissional". Ele entra na cadeia, sai da cadeia, volta. Até parece que a cadeia tem uma porta giratória! O sujeito vive assim, dificilmente vai sair desse mundo do crime. Mas para quem é honrado, só a mera suspeita, só ir a uma delegacia depor, já é um gravame. Ele se constrange, aquilo para ele é uma vergonha. Posso contar um detalhe da minha experiência: há clientes - gente honesta, gente séria - que depois de dois, três anos de processo criminal nas costas, pergunta: - "Doutor, não dá para abreviar isso? Mesmo que eu seja condenado, não dá pàra resolver isso de uma vez? Eu não agüento mais!" Veja, então, o gravame que representa um processo! Portanto o processo criminal, para o cidadão comum, por si só já é uma pena. Mas se a imprensa explorar o caso, essa pena pode se transformar numa tortura. Mesmo que ele venha a ser absolvido no final.

Catolicismo - Que aperfeiçoamento de nosso sistema penal sugere para o País não cair nos extremos opostos: impunidade para os corruptos, punição para inocentes? Borges D'Urso - Eliminar a burocracia sem tocar nas garantias individuais. É por aí que deve ser atacado o problema. E exatamente aí reside a maior dificuldade em acertar.

É preciso aumentar o número dos juízes e promotores, melhorando cada vez ma is sua técnica. Ao lado disso, é necessário algum reexame da legislação penal, que se mostra arcaica em alguns pontos, não conseguindo alcançar os crimes que envolvem a informática, a clonagem, a fecundação humana etc. As investigações , pela boa técnica, deveriam ser sem alarde e em alguns casos até sigilosas. Talvez pudéssemos até adaptar no sistema brasileiro uma modalidade do direito americano, que é a "probation" (período de prova). Nós temos o sursis, suspensão condicional da pena. "Probation" é a suspensão condicional do processo. Por exemplo, alguém provocou um acidente de trânsito ou um determinado crime brando, de potencial ofensivo diminuto. Se o réu aceitar as condições propostas pelo Estado, o processo fica suspenso por um determinado período, por exemplo três anos. Se ao final desse período não tiver delinqüido, o processo é extinto . Não é com a supressão dos direitos individuais que teremos uma Justiça mais célere, pois embora obtivéssemos nesse caso uma rápida decisão, ela seria viciada, nula e não · poderia valer, mas , ao contrário, se eliminarmos a burocracia que a nada se presta, aumentando o número dos juízes, investindo na modernização, na informática, ' juntamente com o reexame da legislação penal e processual, certamente teremos uma Justiça mais rápida e mais justa.

UM BECO SEM SAÍDA? É uma alternativa típica de nossa época: se não se combate a corrupção, ela destrói o País. Se aparece uma "operação mãos limpas", tais mãos se sujam com a arbitrariedade, a ilegalidade, a perseguição política. Não é desalentador? Um e outro tipo de mãos - mãos "sujas", isto é, a corrupção, e mãos "limpas" - se diferenciam talvez mais pela natureza da sujeira que cada um deles contém. E menos pelo fato de que um tipo de mãos seria limpo e o outro sujo. Entretanto, o Prof. Luiz Flávio Borges D'Urso, em sua interessante entrevista a CATO LI CISMO, mostra bem que existem todas as possibilidades legais e práticas para um combate à corrupção meticuloso e sério. A questão está em utilizá-las com zelo e imparcialidade. Dirá alguém: não é melhor errar para mais do que para menos? Ou seja, diante do descalabro da corrupção que avança, e ameaça aviltar tudo, não é preferível o excesso de severidade a uma brandura que abre as portas para o crime? Deixe prender... A pergunta está mal posta. Uma verdadeira severidade não leva e não pode levar à injustiça. Quem é severo, o é por amor à inocência; quem tem amor à inocência, é ávido de reconhecê-la e proclamá-la onde ela exista. Portanto, quem é autenticamente severo nem pode abrir as portas para o mal, nem enveredar pelos caminhos tortos da arbitrariedade, da capitulação às pressões da mídia, da perseguição pessoal. As mãos que se tingem com sangue inocente certamente não são limpas. O Divino Mestre nos ensinou a ter "fome e sede de Justiça" (Mt. V, 6), o que implica em desejar tanto a punição severa dos maus, quanto a absolvição, a segurança, o louvor dos inocentes. Diria até que poderia haver uma "opção preferencial" pelos inocentes . Pois a Inocência, em seu sentido integral, é a gran-

de raridade nos panoramas do século XX. É então necessário evitar tanto a impunidade dos corruptos, como o enxovalhamento dos inocentes, cumprindo com isenção as leis. Entretanto, não são sobretudo as leis que impedem que o convívio social se transforme num faroeste. Mas sim o resto de convicção, por parte do povo, de que se deve obedecê-las. Essa convicção, geralmente implícita, é o que sustenta o edificio da ordem. Ora, tal convicção está se evaporando juntamente com os últimos restos do senso do Bem e do Mal. E é aí que está o núcleo central do problema da corrupção. Cabe então responder a pergunta do título: estamos num beco sem saída? Em termos. Muita coisa pode ser feita com proveito, como acentua o ilustre presidente da ACRIMESP. Mas as soluçõ~s de fundo só podem defluir do campo moral. E, nesta matéria, o mundo moderno encontra-se profundamente doente. É claro que muito se pode· fazer por um enfermo em seu leito de dor, para que sofra menos, encontre apoio afetivo, se distraia etc. Mas o essencial é curá-lo. Analogamente, esta deve ser nossa principal preocupação no trato dos problemas do milênio cambaleante que se esvai: curá-lo da enfermidade moral que o devora. E infecta toda a vida soc4ll. Em matéria de corrupção, enquanto essa cura de raiz não acontecer, o que parece fundo do poçt> sempre será apenas uma etapa intermediária. Como a moral autêntica necessariamente se fundamenta na verdadeira Religião (nenhuma ordem moral se sustenta sem esta), só há um r·e médio de base para sanar a terrível doença: volta à prática dos preceitos morais da Igreja Católica, Apostólica, Romana. LEO DANIELE


O Previdência social - Não se discutiram as propostas de fixação de idade mínima para a aposentadoria, bem como da transferência para a iniciativa privada da complementação dos benefícios, com vistas a eliminar o rombo atual da Previdência; O Funcionalismo - Por força da Constituição vigente, União, Estados e municípios não podem cortar excessos de pessoal, atingindo, no presente, . o funcionalismo nessas três esferas a

NACIONAL

Fim''inglório da Revisão Constitucional Após oito meses de pouco trabalho, o Congresso Revisor aprovou apenas ·seis emendas, desperdiçando a oportunidade de realizar as urgentes alterações constitucionais que o País necessita O plenário do Congresso Nacional Por que fracassou a apresentava, no dia 7 de junho último, um Revisão? esquálido quórum: 50 parlamentares. A Foram apontadas as causas mais disessão teve a duração de apenas 15 minuversas para explicar esse malogro. Abaitos. Foi nesse clima de velório que o xo enumeramos algumas das que foram Congresso Revisor encerrou os oito me· mais ventiladas: ses de seu funcionamento . - A falência da atual estrutura partiNaqueles poucos minutos, o senador dária, uma vez que os partidos políticos Jonas Pinheiro, improvisado no papel de têm pouca densidade ideológica e mosecretário da Mesa, leu o texto da Consvem-se mais por interesses imediatos; tituição que foi alterado pela revisão. E o - Os líderes partidários, embora inpresidente do Congresso Revisor, senadicassem um rumo a ser seguido por seus dor Humberto Lucena, encerrou os trabaliderados, não eram acompanhados pela lhos com breve discurso. Assim, complemassa dos parlamentares, os quais prefetou-se o sepultamento da Revisão Consriam não contrariar as grandes corporatitucional. ções e os lobbies, numa época de campaÓrgãos da imprensa comentavam, nha eleitoral; com razão, que foi uma promulgação - A falta de decisão dos partidos envergonhada das apenas cinco emendas maiores, favoráveis à Revisão Constituaprovadas. A emenda que instituiu o cional, como o PMDB, o PFL e o PPR, Fundo Social de Emergência já havia em levar avante o processo revisionista sido ratificada anteriormente pelo Confacilitou o trabalho de obstrução dos pargresso Revisor. tidos de esquerda, contrários à medida, Que diferença do clima reinante especialmente o PT e o PDT; na sessão de abertura, em 13 de outu - A tendência centralizadora do rebro do ano passado! A Casa legislatilator-geral, deputado Nelson Jobim. va repleta de parlamentares, contou com a presença do então Ministro da *** A tais causas do fracasso, mais de Justiça, senador Maurício Corrêa, resuperficie do que de fundo, outras do presentando o Presidente da Repúblimesmo gênero poderiam ser acrescidas. ca, bem como do Ministro Luiz GalotHá, porém, um fator mais profundo ti, presidente do Supremo Tribunal que parece estar na raiz das causas acima Federa l e de outras altas au'toridades enunciadas; e, ao mesmo tempo, ele nucivis e militares. tre-se delas à maneira de efeito: o procesNo encerramento, nenhuma autoridaso gradativo do caos. A ele já se referira de presente. Nem sequer compareceu o o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira mediandeputado Nelson Jobim, relator-geral da te a declaração inserida num pronunciaRevisão Constitucional...

ral apresentado pela Revisão Constitucional: DURAÇÃO DA REVISÃO 237 dias (oito meses) PROPOSTAS DE CONGRESSISTAS 29.800 propostas de emendas à Constituição PARECERES DO RELATOR-GERAL O Relator-geral da Revisão Constitucional apresentou 52 pareceres

APROVAÇÃO DO PLENÁRIO O plenário do Congresso Revisor aprovou seis mudanças na Constituição

mento, cuja íntegra constou de discurso do deputado Lael Varela na Câmara Federal, o qual foi retransmitido pela "Voz do Brasil" . Tal discurso está reproduzido na seção "TFPs em ação" da presente edição (p. 11). Eis as palavras do insigne pensador católico tradicionalista: "Por sua vez, a Revisão veio e encalhou num impasse. Esse segundo impasse [o primeiro deles foi a própria Constituição de 1988] pode deixar aberta a porta pela qual tudo indica que entrará triunfante o caos. Mas o triunfo do caos não é verdadeiro triunfo. Ele é uma derrota. O triunfo da morte é a catástrofe do morto".

Emendas aprovadas e temas marginalizados Na edição de junho passado, Catolicismo já havia enunciado as cinco emendas votadas até então, referentes às seguintes matérias: Fundo Social de Emergência, mandato presidencial, convocação de altos funcionários públicos, dupla nacionalidade e inelegibilidade. Até o encerramento dos trabalhos do Congresso Revisor, este votou apenas mais uma emenda: os parlamentares que estiverem sendo processados não poderão mais renunciar ao mandato para evitar punições. Da agenda original apresentada pelo relator-geral da Revisão Constitucional essas seis emendas representam uma ínfima parte. Além de irrisório se confron-

No edifício do Congresso Nacional reunir-se-á um eventual novo Congresso Revisor ou Assemblé ia Revisora Exclusiva. Seu presidente alcançará o êxito que não obteve o senador Humberto Lucena (esquerda), que presidiu o ext into Congresso Revisor?

tado com o número das matérias contidas na mencionada agenda, o conjunto das seis eme ndas aprovadas é quase irrelevante se for considerado sob o prisma de sua importância ou peso no plano constitucional. Os fatores que atuaram contra o trabalho do Congresso Revisor, aludidos acima, conseguiram evitar que fossem votados os temas capitais, que poderiam alterar ponderavelmente os efeitos nefastos da Constituição vigente. Seja-nos lícito indicar, a título exemplificativo, alguns desses temas: O Monopólios - Não chegaram a ser apresentados ao plenário do Congresso Revisor os pareceres do relator-geral que abriam à iniciativa privada a participação nas áreas de telecomunicações, petróleo e exploração do sub-solo, atividades exclusivas da União até o presente; O Sistema tributário - Não foram votadas propostas no sentido de reduzir o número de impostos e a carga tributária. A União Federal continua repassando grande parte dos recursos a Estados e municípios, os quais não têm encargos correspondentes;

cifra astronômica de oito milhões de pessoas; O Sistema eleitoral - A adoção do sistema eleitoral misto não foi discutida pelos parlamentares. Também foi deixado de lado o debate sobre a proporcionalidade das representações estaduais na Câmara Federal, hoje em dia distorcida; O Reforma Agrária - Não entrou em debate a emenda apresentada pelo deputado Lael Varela, por inspiração da TFP, que corrigia os graves desvios existentes nos dispositivos constitucionais sobre a matéria, como, por exemplo, seu caráter nitidamente expropriante; O Regras de vigilância quanto às TVs - Não foi analisada a emenda popular patrocinada pela associação O Amanhã de Nossos Filhos, que estabelecia normas para cqibir o desbragamento de imoralidade e violência a que se entregam as emissoras de televisão.

Balanço e perspectivas futuras É bastante melancólico o balanço ge-

Consumado o malogro da Revisão Constitucional, ganhou corpo uma idéia que já circulava anteriormente: a convocação de uma Assembléia Revisora Exclusiva no próximo ano. Nos círculos políticos, esposou essa tese o senador Espiridião Amin (PPRSC), candidato desse partido à Presidência da República, alegando ser a proposta a melhor forma de realizar as mudanças necessárias e de assegurar a governabi lidade do País. No plano jurídico, posição semelhante assumiu o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, José Roberto Batochio, que propôs a formação de uma Assembléia Revisora Exclusiva composta de 150 integrantes, distribuídos pelos Estados segundo o critério de proporcionalidade. Os candidatos não precisariam estar inscritos em partidos políticos, sendo avulsas suas candidaturas. Em meios empresariais, a convocação de uma Assembléia Revisora Exclusiva também está sendo propugnada. Segundo declaração de Eduardo Capobianco, presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sin:duscon), que reúne 250 empresas, o setor está tentando articular juntamente com outras entidades a convocação do mencionado tipo de Assembléia Revisora. Após o insucesso da Revisão Constitucional dentro dos quadros e normas convencionais da política, a iniciativa acima enunciada parece revelar o ceticismo de setores da sociedade civil quanto à eficácia da classe política brasileira em efetuar uma revisão constitucional que o País necessita. É prematuro conjeturar sobre a viabilidade de tal proposta no atual contexto político brasileiro, sujeito às possíveis alterações decorrentes das eleições que se realizarão dentro de alguns meses.

CATOLICISMO, JULHO


HAGIOGRAAA

Santo Elias, Profeta eleito . O Profeta Elias, que juntamente com Moisés esteve presente na Transfiguração do Divino Mestre no monte Tabor, é, por certo, um dos personagens históricos de proporções gigantescas. Sua festa, a liturgia _ do rito maronita da Igreja a celebra a 20 de julho J!lias, vivendo entre os homens tinha tanto poder junto a Deus, que pela força de sua oração obtinha do Céu que caísse ou não a água para a fertilidade ou esterilidade da Terra. Tal varão, por sua santa indignação, repetidas vezes alcançou que as nuvens lançassem contra os inimigos de Deus coriscos de fogo . Foi o .primeiro homem a ressuscitar outro l}omem! Varão que elevava e depunha reis, ungindo a uns e castigando a outros. Com o toque de sua capa fendeu as correntes do rio Jordão, abrindo-se um caminho e passando a pé enxuto pelo meio de suas águas. Não pagou à morte o tributo que pagam todos os homens e foi levado vivo, num carro de fogo, para o Paraíso. E há de vir, com Enoc, segundo crença geral na Igreja, para combater o Anticristo, converter os judeus e morrer mártir. Varão, enfim, tão portentoso e prodigioso, que dele diz a Sagrada Escritura: "Quem pode pois (ó Elias) gloriar-se como tu?" (l).

***

Pouco se sabe de sua origem, pois a Sagrada Escritura diz tão-só que ele era de Thebis, pequena localidade da região de Galaad e viveu durante os reinados sucessivos de Acab e Ocozias, soberanos de Israel. O contexto histórico em que desempenhou sua atuação, no Antigo Testamento, encontra-se descrito no terceiro e quarto Livros dos Reis. Acab, por exemplo, "fez aquilo que desagrada a Javé e foi pior que todos seus antepassados" (2). Casou-se COJll a péssima Jezabel, princesa fenícia, filha de um sacerdote dos ídolos; ela incitou o marido a · instalar oficialmente em Israel a religião de Baal (3). Essa mulher mandou assassinar muitos dos profetas de Deus e introduziu na corte quatrocentos e cinqüenta profetas baalitas. Samaria, capital do

Reino, tornou-se o centro da abominação idolátrica. E, então, "levantou-se o Projeta Elias, como um fogo, e as suas palavras ardiam como um facho" (4). Os judeus o chamam Eliahu, isto é, Deus forte, ou Deus é minha força. Como um fogo devorador, todo abrasado no amor de Deus, Elias prega, ensina, incendeia os corações conservando-os na Fé, no amor e no culto do verdadeiro Deus, ou convertendo os que tinham apostatado cultuando a Baal e outros ídolos. Entretanto, o zelo fogoso do Santo Profeta se abrasa muito mais pela justiça e pela vingança no extenninar os ímpios idólatras, do que na clemência: matou com suas próprias mãos ou mandou degolar um total de 850 adivinhos, magos e pseudo-profetas e muitíssimos mais ainda com o flagelo da seca que, a pedido seu, durante três anos e meio foi enviado do Céu a fim de castigar o povo que se tinha entregue à idolatria (5). A tocha o simboliza muito adequadamente. Com efeito, escreve Doroteu, Bispo de Tiro, no século IV, em sua Synopsis: "Quando Elias estava para nascer, seu pai, Sabacha, viu-o ser saudado por Anjos alvos e envolvido emfàixas de fogo e ser alimentado pelas chamas. Tendo ido a Jerusalém relatou a visão e foi-lhe dito pelo oráculo que não temesse, pois o nascituro habitaria na luz e o que dissesse seria sentença segura e julgaria Israel com o gládio e pelo fogo ".

O primeiro prodígio do Profeta " Viva o Senhor Deus de Israel em cuja presença estou, que nestes anos não cairá nem orvalho, nem chuva, senão conforme as palavras de minha boca" (6). Assim, por ordem e pela prece do Profeta, para castigo dos ímpios, o céu fechou-se, veio a seca e a fome sobre Israel por mais de três anos. O grande São João Crisóstomo co-

Elias mala os 400 profetas de Baal - Gravura de Guslave Doré, séc. XIX (esq.). O Profeta Elias sobre a cátedra da Verdade, séc. XVIII, igreja do Carmo, Brugges, Bélgica (acima) menta nestes termos o prodígio eliático: "Quando Elias, profeta santíssino, pôs os olhos no povo prevaricador que, desprezando o Senhor, cultuava Baal, movido pelo zelo de Deus, decretou contra a Judéia a sentença da seca e da esterilidade da chuva. Então, subitamente a terra lança vapores, o céu se fecha, os rios secam, as fontes se extinguem, o bronze ferve, a temperatura tortura, a tranqüilidade fica penosa, as noites se tornam secas, os dias áridos, as searas se torram, os arbustos fenecem, os prados desaparecem, os bosques enlanguescem, os campos j ejuam, a terra tornase inculta, suas ervas morrem, a ira de Deus se manifesta sobre todas as criaturas" (7). Foi no decurso desse flagelo, contudo, que o coração de Elias mostra-se também misericordioso. Invocando o poder de Deus, ele obtém a ressurreição do filho único da viúva de Sarepta que o hospedava enquanto a fome castigava Israel (8). A esse propósito, Cornélio a Lapide observa: "Elias é o primeiro homem que, desde a criação do mundo, trouxe um morto para a vida". Só Eliseu, seu seguidor e sucessor, iria depois repetir o milagre na Antiga Lei.

Elias, o ignipotente Esse flagelo Elias só o faz cessar depois de matar os quatrocentos e cinqüenta falsos profetas. Ordena a Acab que esses sicários de Belial sejam reunidos no Monte Carmelo (monte da Palestina, situado entre a Galiléia e a Samaria, a dez quilômetros de Nazaré), onde ele os desafiará a provarem o poder de Baal.

Acab, vendo-o, disse: "Porventura és tu que trazes perturbado Israel? E Elias respondeu: Não sou eu quem perturba Israel, mas sim tu e a casa de teu pai, por terdes deixado os Mandamentos do Senhor, e por terdes seguido Baal. Não obstante, manda agora, e jàzejuntar todo o povo de Israel no Monte Carmelo, e os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal, e os quatrocentos projetas dos bosques que comem da mesa de Jezabel. Mandou, pois, Acab chamar todos os filhos de Israel, e juntou os profetas no Monte Carmelo" (9). E diante de todo o povo, Elias proclama: "Eu sou o único que fiquei dos profetas do Sen/Jor" ( 1O). Os bois para o holocausto são preparados, e para que venha fogo do céu consumi-los os profetas de Baal invocam seu ídolo durante três dias. E o Tesbita ironiza: "Gritai mais alto, porque ele é um deus, e talvez esteja falando, ou se ache em alguma estalagem óu em viagem, ou dorme, e necessita que o acordem" (11). Diante do fracasso dos baalitas, flias invoca o Senhor, é atendido e o seu holocausto é devoradÓ por um fogo vindo do céu! O povo prostrado por terra adora o Deus verdadeiro por meio de seu servo Elias. Este levou os profetas de Baal à torrente de Cjson, e ali os matou. E a maldição de Deus afasta-se do país. Elias, no Carmelo, suplica a Deus que faça chover e é atendido. Essa sua ignipotência (poder sobre o fogo) Elias a manifestará prodigiosamente por três vezes (12). E a esse respeito, Cornélio a Lapide comenta, admirado: "Quem portanto resiste a Elias saiba que tem diante de si um vitorioso e não CATOLICISMO, JULHO 1994

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EsCREVEM OS LEITORES

A missão de Elias perpetua-se no decurso da História a partir da comunidade dos "filhos dos profetas" do Monte Carmelo ( 19), que na era cristã passaram a ser conhecidos como os "eremitas da gruta de Elias". No século XIII· eles deram origem à Or"Tu que sagraste reis dem dos Irmãos da Bem-aventurada para vingar crimes, e Virgem Maria do Monte Carmelo fizeste profetas para teus a Venerável Ordem do Canno. sucessores" (Ecles. 48, 8) No século XVIII, o Papa Benedito XIII concedeu permissão à Ordem A missão que o Senhor Deus dos Carmelitana para colocar na própria Exércitos lhe confia no Monte HoBasílica do Vaticano uma estátua do reb, Elias a consumará numa esplênSanto Profeta Elias, o que se deu a dida vitória: 15 de fevereiro de 172 7. E com a "Vai e torna ao teu caminho pelo aprovação da Sagrada Congregação deserto até Damasco; e, quando lá dos Ritos e de vários Soberanos Pontiveres chegado, ungirás Hazael tífices, tão-só os Carmelitas estão como rei da Síria, e a Jehu, filho de autorizados a cantar na Ladainha de Nansi, ungirás para rei de Israel; e Todos os Santos - Sancte pater a Eliseu, filho de Sa.fat, que é de Elia, Ora pro nobis; precisamente Abelmeula, o ungirás profeta em teu em razão de toda essa profunda vinElias, estando junto a Eliseu, é arrebatado por um lugar. E acontecerá que todo o que culação de ordem histórica e de tracarro de fogo e por tavalos de fogo, subindo ao céu escapará espada de Hazael, Jehu o dição. Gravura de Gustave Doré, séc. XIX matará, e todo o que escapar à espaUnamo-nos, para concluir, ao da de Jehu, Eliseu o matará. E Eu culto que os maronitas prestam ao reservei para Mim em Israel sete mil gia é eloqüente nesse sentido: os ritos Santo Profeta, na missa do dia 20 de homens, que não dobraram os joelhos orientais da Igreja Católica celebram o julho. . diante de Baal e não o adoraram beijanSanto profeta, existindo até a Missa da "Elias se vestiu como a luz e sua do a sua mão" ( 13). A unção dos reis da · Ascensão de Elias (16). palavra foi semelhante á chama. No seu Síria e de Israel não foi feita pessoalmenSão João Crisóstomo dá como causa zelo humilhou os reis e massacrou os te pelo Profeta, mas por Eliseu, herdeiro do celeste rapto de Elias seu zelo exprofetas. Elias, ó Profeta eleito, tu te de sua missão. Acab foi morto em guerra traordinário. Do contrário teria destruímanifestas com zelo de fogo por Deus, contra a Síria, seu sangue foi lambido do a terra. Eis o diálogo que ele figura terrível e aterrorizador para os homens pelos cães, e posteriormente sua casa foi entre Deus e seu Profeta: "Já que não da iniqüidade, desembainhando tua esaniquilada por Jehu; Jezabel foi lançada podes suportar os pecadores pelo expada aguçada. O Jordão não póqe resisde uma janela pelos soldados de Jehu e cesso de teu zelo, suba ao Céu; e eu tirá tua palavra e te obedeceu: Unico na devorada pelos cães (14). serei peregrino na terra. Pois se percoragem, possante na audácia, tu te enmaneces mais tempo acabarás com o tregas sem vacilar ao socorro da verdaA ascensão de Elias gênero humano, continuamente subjude. Ó Santo Elias, adversário dos reis gado por ti .... " ( 17). ímpios, quem como tu?" (20). A elevação de Elias é descrita no E na sua Homilia De Ascensione quarto Livro dos Reis nestas palavras:" E Eliae, aquele Doutor da Igreja comenta: Luls CARLOS AZEVEDO continuando (Elias e Eliseu) o seu cami"Deus, Rei dos reis, quis levar ... . o nho, e caminhando a conversar entre si, seu (profeta) Elias, zeloso de alma e de NOTAS: eis que um carro de .fogo e uns cavalos corpo .... depois dos muitos e penosos 1. Ecl. 48, 4. de fogo os separaram um do outro; e 2. 3 Reis, 16, 30. trabalhos, das gravíssimas fadigas e Elias s ubiu ao céu em meio de um 3. Cfr. 3 Reis, 21, 25. cruéis perseguições, das grandes e ilusredemoinho e Eliseu o via e clamava: 4. Ecles. 48, 1. tres vitórias em tantos combates. Pois 5. Cfr. Tiago, 5, 17. Meu pai, meu pai, carro de Israel e seu convinha que se trasladasse aos reinos 6. 3 Reis, 17, 1. condutor" (15). Segundo os intérpretes celestes .. . o guia do povo transviado, o 7. II Sermo De Elia. da Ecritura, é nesse preciso momento que governador dos sacerdotes, o dominador 8.3Reis, 17,21. Eliseu é confirmado em sua missão de 9. 3 Reis, 18, 17-20. dos contendores voluptuosos, o condutor sucessor do Santo Profeta. Não se sabe 10. Idem. de Israel que reconduziu ao jugo do tecom precisão o local para onde o Espírito 11. 3 Reis 18, 27. mor de Deus os espíritos lascivos e vaga12. Cfr. Ecles. 48, 3. de Deus conduziu o Profeta. Fala-se no bundos .... " 13. 3 Reis 19, 15-1 8. Paraíso terrestre ou em algum outro lugar Elias ainda, representando a Lei e 14. 4 Reis, 9. privilegiado, do qual ele acompanharia os Profetas, juntamente com Moisés, 15.4Reis,2, 11-12. os acontecimentos desta terra, podendo 16. Cfr. Michel Hayek, Élie dans la Tradition Syaparece ao lado de Nosso Senhor Jesus mesmo neles intervir. riaque. Cristo na transfiguração do Tabor, para A crença na vinda de E lias no fim dos 17. I Sermo De Elia, in fine . dar testemunho da filiação divina do tempos, juntamente com Enoch, é uni18. Cfr. Mt., 17. Messias ( 18). 19. Cfr. 4 Reis, 2, 15 ; 4, 25; 6, 32. versal na Igreja já nos primeiros séculos *** 20. Michel Hayek, op. cit.. do Cristianismo. O testemunho da Litur-

um conte11dor, pois seus prélios são os triunfos das chamas - cuja pompa é a luz e cujo aplauso é R, fragor dos incêndios ". Este é Elias, o ígneo, o ignipotente!

AS ALTERAÇÕES DO PAI-NOSSO Sr. Diretor, "Cato licismo" publicou, certamente seduzido - como eu mesmo - pelo brilho da argumentação, um interessante comentário do Prof. Rafael Gambra sobre a nova versão do Pai-Nosso em uso na Espanha (nº 52 1, maio de 1994). Refletindo sobre o tema, dei-me conta de que o referido comentário não tomou em consideração as fontes escriturísticas da oração que Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou. Com efe ito, é sabido que a fórmula do Pai-Nosso foi extraída pela Igreja das versões complementares que dela nos dão os Evange listas São Mateus (6, 9-13) e São Lucas (11, 2-4). Enquanto São Mateus registra "perdoai-nos as nossas dívidas [em latim débita], assim como nós perdoamos aos nossos devedores", São Lucas diz: "perdoai-nos os nossos pecados [em latim peccáta] , pois que também nós perdoamos a todo nosso devedor" (tradução portuguesa do Pe. Matos Soares). O Prof. Gambra, depois de ponderar que a formulação adotada na Espanha, cujo "uso se perde nos séculos e gerações", empregava o vocábulo "dívidas" (como ocorria analogamente em Portugal e no Brasil), afirma que, sendo o Pai-Nosso uma oração de origem divina, não se pode alterar uma letra sequer sem prejudicá-la . O raciocínio é correto . Cumpre ter em vista, porém, que Nosso Senhor falava em aramaico. Qual a palavra por Ele utilizada, nessa língua, que aparece na versão latina de São Mateus como débita (correspondente ao grego opheiiémata), e em São Lucas como peccáta (correspondente ao grego hamartías)? - É difícil saber, pois não ex iste mais o original aramaico de São Mateus, e São Lucas escreveu diretamente em grego. É razoáve l supor que se trata de uma palavra tal que comportava as duas traduções distintas. Es ta inferênc ia é tanto mais razoável quanto, logo a seguir, no s versícu los 14 e 15 , São Mateus acrescenta: "Porqu e se vós perdoardes aos homens os seus pecados (peccáta) , ta mb ém o vosso Pai celeste perdoará os vossos delitos (delícta). Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoarú os vossos pecados (peccáta)". Na versão grega aparece apenas uq1a palavra - paraptómata - que o tradutor latino julgou conveniente exprimir por duas palavras distinta - peccáta e delícta - porém de sent ido muito próximo. A correlaçl1o entre débita e peccáta fica portanto bem definida em ambos os evangelistas. A catequese tradicional se incumbia de explicar o significado de "dívidas" e "devedores" aos meninos de sete anos que se apresentavam ás aulas de Catecismo preparatórias da Primeira Comunhão. Alegando querer resolver in limine essa minúscula dificuldade, a catequc e pós-conciliar preferiu, nos países de língua lu sa e hispânica, substituir a expressão "dívidas" por "ofensas", contra o que julga ter ressalvas a apresentar, movido por legíti mo e elogiável apreço pela tradição, o Prof. Gambra. Cumpre ponderar, entretanto, que se é legítimo discordar da conveniência catequética (e também teológica) dessa medida, não parece que se possa tachú-la, sem mais, de errônea, seja do ponto de vista linguí stico , seja teológico . Pois todo pecado é uma ofensa feita a Deus, como também é uma dívida que contraímos para com a justiça divina. Como observa o Prof. Gambra , a substituição de dívida por ofensa terá

sido, quiçá, um enfraquecimento do conteúdo teológico. ContudQ, em qualquer caso, esse enfraquecimento não importa em erro teológico propriamente dito. Tanto não importa que, desde tempos imemoriais, em francês se usa offenses e em inglês, trespasses, e dessa forma rezaram o Pai-Nosso incontáveis santos que viveram nos séculos passados. Assim, pode-se recear - como argutamente sugere o Prof. Gambra - que a referida alteração tenha sido ditada menos por autênticas conveniências catequéticas do que pelo "desígnio da mudança pela mudança .... " É precisamente nesse aspecto, segundo me parece, que se manifestaria claramente a mentalidade progressista da alteração a que o Prof. Gambra alude na parte final de seu artigo. Não vejo fundamento, contudo, para considerar a nova fórmula adotada, em si, como de inspiração necessariamente progressista. Em português, além das modificações já indicadas, a oração dominical sofreu mais uma alteração, a qual não se introduziu na versão espanhola. A própria denominação da prece e o seu início - Padre-Nosso - que vigoravam há sécu los, foram substituídos por Pai-Nosso. Em castelhano, um mesmo vocábulo - Padre - serve para designar tanto o pai ou o progenitor quanto o sacerdote. Em português, progenitor igualmente corresponde à palavra pai; sacerdote, porém, equivale ao vocábulo padre. Em nossa Pátria, ademais, o tem10 Padre historicamente se vinculava a uma contenda travada entre católicos e protestantes. Durante a grande ofensiva do proselitismo protestante que foi desfechada há cerca de cem anos, ce1tos adeptos desf,a heresia pretenderam impugnar a fórmula Padre-Nosso, alegando que a palavra Padre permanecia na formulação brasileira da oração dominical só para iludir o povo, fazendo-lhe crer que a pessoa a quem se dirigia a invocação era o padre católico - que seria então objeto da adoração idolátrica dos fiéis. A dar crédito a esse abs urdo e grosseiro jogo de palavras, a Igreja Católica seria uma escola de idolatria. "Padre-Nosso que estais no Céu", diz entretanto o texto tradicional. Como poderia ele referir-se ao sacerdote que, como qualquer homem, tem seus pés na Terra? · A designação Padre na oração dominical, em nosso idioma, constitui , segundo a gramática histórica, uma das formas do português antigo, derivada do Pater, original latino, e da qual resultou Pai. Essa mesma fom1a era usada na terminologia teológica para designar a Primeira Pessoa da Santíssima Trindade, Deus Padre ou o Padre Eterno. Compreende-se, pois, que mais essa modificação no texto português do Pai-Nosso - cujo surgimento talvez tenha sido influenciado pelo mencionado "desígnio da mudança pela mudança" - haja decepcionado a muitos fiéis b'rasileiros, entre os quais estaria, por certo, o insigne Prof. Gambra, se ele fosse nosso compatriota. E isso tanto mais quanto a mesma mod ificação despertou largo contentamento nas fil eiras progressistas, talvez por n~zões simétricas e opostas. Perdoe-me, Sr. Diretor, essa digressão acerca da palavra Padre. Foi apenas um esforço para, de passagem, amortecer discussões sobre um tema diverso, mas que tem lá suas analogias com minha digressão. O Prof. Gambra afirma ainda que Nossa Senhora não poderia ter rezado o Pai-Nosso, empregando a palavra "ofensas". O argumento, a meu ver, é um pouco simplificante. Além do fato concreto de que São Lucas usa peccáta - e neste caso Nossa Senhora não poderia usar a versão de São Lucas - há muitas orações da CATOLICISMO, JULHO 1994

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CATOLICISMO, JULHO 1994

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Sagrada Escritura que não se aplicam à Virgem Santíssima, pela excelente razão que Ela está no ápice de todas as meras criaturas e, como Mãe de Deus, numa situação absolutamente singular na ordem da graça. O que se apl~ca,a Ela, muitas vezes não se aplica aos outros, e vice-versa. Assini, Ela se submeteu ao rito da Purificação, não estando, contudo, obrigada a isso enquanto Mãe puríssima, Virgem antes, durante e depois do parto. Agradeceria uma palavra de esclarecimento de "Catolicismo" a respeito desse assunto. Atenciosamente,

José Maria de Aquino - São Paulo - SP Nota da redação O Catec ismo aprovado pelo epi scopado brasileiro em 1903 usava, no Pai-Nosso, a fórl'nu la "perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos de vedores". Na realidade, a fórmula é mais anti ga, e poss ivelmente j á estava cm uso desde os primórdi os da colonização. A nova vcrsiio do Pai-N osso, adotada no fim da década de 60, emprega, em lugar da cx prcssiio "nossas div idas", as palavras "nossas o fensas, ass im como nós perdoamos a q uem nos tem o fendido".

Segundo consta, a mod ificação fo i introduzida com o intuito de tomar mais compreensível pelo comum dos fi éis o texto até então cm curso. Não parece aliás plausível que a nova fónnula resultasse do fato de se considerar heterodoxo o texto antigo, pacificamente em circulação em nosso País durante séculos, e aprovado sem discrcp~ncia, durante esse largo tempo, por todo o Episcopado brasileiro. Nessa ótica, "Catolicismo" deu a lume (nº 52 1, maio/1 994), o artigo do ilustre Prof. Rafael Gambra, renomado escritor espanhol de orientação católica e conservadora. Tendo nos chegado às mãos a m issiva ac im a reproduz ida, env iamos cópi a da mesma ao Prof. Rafae l Gambra . E aguardamos com vivo interesse a resposta que S. Exa. queira dar às pondernções contidas na referida carta. •

CATOLICISMO Preços durante o mês de JULHO de 1994: ASSINATURA ANUAL COMUM: R$ 25,00 COOPERADOR: R$ 35,00 BENFEITOR: R$ 75,00 GRANDEBENFEITOR: R$ 125,00 EXEMPLAR AVULSO: R$ 2,50

A vida inteira de um bom cristão resume-se num santo desejo SANTO AGOSTINHO

Nossa existência quotidiana é um folhetim pelo qual nós nos deixamos prender MICHEL BUTOR

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"Êxito capitalista" com trabalho escravo ... Pris ioneiros sendo conduzidos a uma fábrica-prisão de ferramenta s. n a província de Zhejiang , China comunis ta . A cen a foi extraída d e um vídeo-cassete, sendo a filmagem realizada secret a mente, em abril último , por Ha rry Wu, antigo p risioneiro político. O filme foi apres enta do recentem ente a o Congresso norte-a m ericano. A mídia ociden tal, que vem trombeteando os "su cessos capitalista s" da China vermelha, costuma oculta r, porém, um d a do s inis tro n este qua dro : os bens d e exportação do regime de Pequim são prod uzidos, em boa medida , pelo traba lho escravo, como o dos infelizes que fi gu ram n a foto a o la do .

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CATOLICISMO

Nº 524 Agosto 1994

Discernindo, distinguindo, classificando...

A 0'í>INIÃO CATÓLICA E AS ELEIÇÕES DE 1994 · Os quatro pontos fundamentais para que a CNBB se mantenha eqüidistante dos partidos políticos Sendo o Brasil um país de imensa maioria católica, o mmo que tomará nas próximas eleições dependerá, em medida capital, dos votos do eleitorado católico. Ou seja, da atitude do clero e do laicato decorrerá o resultado das eleições. . A três meses e meio destas, como se comporta a CNBB, a qual seria o fiel da balança da parcela majoritária do eleitorado? Na aparência, dir-se-ia que a unanimidade do Clero brasileiro mantém eqüidistância dos partidos e de seus candidatos. Mas essa irreal eqüidistância traz · considerável vantagem para um dos candidatos - o mais esquerdista - , aquele em favor de quem se volta de preferência o apoio da mídia. Sem uma adequada orientação, de acordo com a doutrina católica, nas próximas Na realidade, para que houvesse aquela eqüidistância sábia e majestosa eleições o voto dos fiéis não refletirá seus autênticos anseios própria da Igreja, a qual paira acima das paixões, seria necessário que a CNBB comunistizantes, propugnad rcs das tivesse emitido uma circular a todos os reformas sociali -tas e confiscatórias membros do Clero, reafirmando a li(agrária, urbana e empresarial), nem berdade de escolherem o candidato de aos favoráveis ao aborto, homossexuasua preferência, desde que preenchesse lidade, divórcio etc. determinadas condições. Quais seriam os pontos exigidos *** Caso isso fosse feito, estamos cerpara se apoiar um candidato? tos de que as verdadeiras aspirações do Quatro seriam os pontos fundamenClero, na sua maior parte, e dos verdatais: deiros fiéis católicos apareceriam em Primeiro - Que o candidato tivestoda a sua brilhante autenticidade. se um programa no qual tomasse posiComo os quatro pontos fundamentais ção definida a respeito dos principais não foram abordados, e nem foi auscultemas da atualidade, relacionados com tada a totalidade do Clero, as tomadas de a doutrina católica; posição dos dirigentes da CNBB que a Segundo - Que tal posição estimídia vem publicando, além de carentes vesse clara e integralmente em conforde representatividade, não têm eqüidismidade com essa doutrina. tância dos partidos políticos. Terceiro - De posse dos dados Ou seja, sem embargo da posição necessários, que a CNBB publicasse, aparentemente extra-partidária da em breve, uma análise doutrinária comCNBB, é ela que vem dando respaldo parativa de todos os programas; aos partidos de esquerda na presente Quarto - Que houvesse ampla dicampanha eleitoral. vulgação das conclusões, a fim de que Que efeito produz o jogo de cena os católicos estivessem aparelhados executado por setores preponderantes para não dar seus votos a candidatos

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CATOLICISMO, AGOSTO 1994

da mídia a respeito dos pronunciamentos emitidos até agora pela CNBB? Ele induz o eleitorado à confusão, criando a idéia de que as manifestações de apoio de alguns Bispos a partidos de esquerda representam uma posição homogênea da Igreja a favor da luta de qlasses marxista no Brasil. Para o homem da rua, a prova de que esse jogo corresponde à realidade consiste no fato de não estar ele encontrando, em nosso vastíssimo País, uma só voz eclesiástica de peso, a tomar decididamente uma posição anticomunista.

***

Sobre o perigo da vitória de alguma candidatura se não propriamente comunista (o que seria de uma inabilidade eleitoral gravíssima, nesta quadra em que os próprios comunistas evitam de se declarar expressamente tais), mas de onotação esquerdista, cabe uma indagação: não é muito mais eficaz para a esquerda propugnar reformas sociais e econômicas que indiscutivelmente empurram o Brasil rumo à implantação, em nosso País, de transformações ditas "moderadas"? Sim, "moderadas" ela o são. Porém, em sentido peculiar. Pois, mediante tais transformações, políticos esquerdistas podem assim obter votos que jamais conseguiriam se adotassem uma rotulação explicitamente comunista. Na verdade, se houvesse no Brasil um punhado de Prelados resolutos, dispostos a se manifestar contra essa onda de demagogia, de esquerdismo e de desordem, temos por certo que milhares de sacerdotes, religiosos e religiosas, bem como milhões de brasileiros, haveriam de proclamar logo todo o desagrado em que se encontram, à vista da presente jogada eleitoral. Desde já questionamos, pois, a autenticidade dos resultados do pleito eleitoral, enquanto expressão da aspiração dos católicos brasileiros. Ou seja do Brasil.

Assestando o Foco nada a muitos de nossos contemporâneos. Algum espírito mais desavisado e desinformado poderia perguntar se os fatos acima aludidos ocorreram de modo súbito, ou se eram previsíveis com alguma antecedência. Para as pessoas imbuídas do espírito de fé, porém, tamanha catástrofe, que se abate sobre a humanidade pecadora, desde há muito tempo ·era não só previsível, mas esperada, como conseqüência teológica da impiedade e do neopaganismo contemporâneo. Os que professam e vivem a verdadeira Fé, conhecendo a epístola de São Paulo aos Romanos, podiam aplicar a nossa época estas causticantes palavras do Apóstolo dos gentios: "Porque, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças, mas desvaneceram-se nos seus pensamentos e obscureceu-se o seu coração insensato ..... Pelo que Deus os abandonou aos desejos do seu coração, à imundície, de modo que desonraram seus corpos em si mesmos, eles que trocaram a verdade de Deus pela mentira .. .. " (Rom. 1, 21, 24, 25). São Paulo, escrevendo a romanos convertidos ao Cristianismo, estigmatizava assim a

Na presente edição, Catolicismo trata de um tema que vem tragicamente assumindo o porte de uma avalanche universal: o homossexualismo. Com a recomendação do Parlamento Europeu a todos seus Estados membros de equipararem, para qualquer efeito, as "uniões" homossexuais aos casamentos legítimos, a crescente agressão homossexual recebeu um apoio, no plano internacional, de proporções insuspeitáveis. E já se fazem sentir, em vários países, os efeitos deletérios da espantosa resolução da assembléia pan-curopéia. Se, de um lado, reconforta o espírito constatar a valorosa reação das TFPs européias contra a resolução do Parlamento Europeu, é motivo de grave preocupação um dado posto em evidência na descrição das campanlias públicas efetuadas por essas entidades em Madri e Lisboa: a indiferença e apatia com que setores da população das duas capitais encaram o homossexualismo. Chegou-se a um grau de amoralidade tão avançado, que o terrível castigo infligido por Deus, segundo atesta a Sagrada Escritura, às cidades de Sodoma e Gomorra chafurdadas naquele vício - já não diz mais

atitude de seus compatriotas pagãos que, recusando o verdadeiro Deus, como castigo foram entregues a "paixões de ignomínia", isto é, ao pecado do homossexualismo. Se o grande Apóstolo vivesse em nossos dias, não fulminaria com seu estilo ardente como o fogo os neopagãos que rejeitam o único Deus verdadeiro e cujo "coração insensato" se obscurece? E o Criador, também a eles, os abandona. E como castigo, esses neopagãos igualmente" desonram seus corpos em si mesmos", entregando-se ao vício impuro antinatural. Tal analogia toma-se flagrante, especialmente quando se toma conhecimento do ignominioso desfile denominado "Orgulho homossexual", realizado a 19 de junho último, em São Francisco (EUA); ou a inqualificável marcha de centenas de milhares de homossexuais pelas ruas de Nova York, no dia 26 do mesmo mês, comemorando o início do movimento sodomita norte-americano, em favor de seus pretensos direitos.

Índice Discernindo A opinião católica e as eleições de 1994 A realidade concisamente Exemplo eloqüente Destaque Livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira repercute na Câmara Federal Europa Parlamento Europeu incita nações a desafiarem a cólera divina América Latina Fracasso imprevisto de pressão castrista: readmissão de Cuba na OEA não é aprovada por nações latino-americanas Caderno Especial Nossa Senhora das Neves e a Basílica de Santa Maria Maior TFPs em ação Mensagem de protesto ao Parlamento Europeu Ameaça muçulmana Vinte milhões de maometanos invadem a ~ro~ Hagiografia Santa Clara de Assis: luz que iluminou o mundo! Em painel Frases e imagens

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Catolicismo é uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda.

4 Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho 5

Jornalista Responsável:

Takao Takahashi - Registrado na DRT-SP sob o N2 13748 6

Redação e Gerência:

Rua Martim Francisco, 665 01226-001 - São Paulo, SP Tel: (011) 824-9411 9

Diagramação:

Antonio Carlos F. Cordeiro e Willians Cezar Oliveira 13

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Fotolitos:

Microformas Fotolitos Ltda. Rua Javaés, 681 - 01130-010 São Paulo - SP Impressão:

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Nossa capa: Foto ·supertor· aspecto da campanha realizada no centro de Madrt . Foto inferior: Idem. no centro de Lisboa

Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. Rua Javaés, 681 - 01130-010 São Paulo - SP Acorrespondência relativa à assinatura e venda avulsa pode ser enviada ao Setor de Propulsão de Assinaturas. Endereço: Rua Martim Francisco, 665 CEP 01226-001 - São Paulo · SP - Tel.: (011) 824-9411 ISSN · 0008-8528


CONCISAMENTE Exemplo eloqüente Que julgariam, no Exterior, do Brasil se uma companhia artística, em visita oficial a outro país, se pusesse ali a fazer compras monumentais de artigos corriqueiros, existentes por exemplo nos supermercados, a ponto de assombrar os anfitriões? Sem dúvida, ter-se-ia nosso povo na conta de famélico, subnutrido, de "Terceiro Mundo", enfim.

Pois tal se deu, há pouco, com os 11 Omúsicos da Orquestra de São Petersburgo, em visita a Salvador. Eis como a colunista social Danuza, do "Jornal do Brasil" (8-4-94), de forma pitoresca e vivaz, relata o 'fato: "[eles] fizeram uma devassa no Pelourinho, onde compraram todo o estoque de medalhas, colares e mais de 100 pares de sandálias de couro. Depois, no supetmercado, adquiriram alimentos em conserva para levar para casa. "Comovido, o patrocinador da turnê da orquestra resolveu presentear cada músico com um kit de shampoo, sabonete e produtos de higiene pessoal não disponíveis nem em quantidade nem em variedade na Rússia" . Pobre país comunista, ou pós-(?) comunista!

Órfão de elites

Lojas do Pelourinho - o secular conjunto de edifícios barrocos, recentemente restaurado (foto) - foram invadidas por russos, que nelas fizeram uma devassa, comprando coisas das mais corriqueiras ...

"O povão não vê nenhum problema em admirar os outros .... Quem .não gosta de heróis e ídolos é a elite brasileira. E entenda-se, as elites econômicas, políticas e intelectuais .... "Há vários tipos de nacionalismo .. .. Mas há um lado do nacionalismo brasileiro que se liga com a cultura e que tem a ver com o orgulho de pertencer a uma sociedade que tem virtu-

des .... [É preciso] acabar com essa idéia de que tudo dá errado no Brasil .... "Patriotismo é ter um verdadeiro orgulho da sua família, apreciar as qualidades da sociedade onde nasceu. E ao mesmo tempo criticar, para que o país que nossos ancestrais nos legaram melhore. A p~triotada é,f que se diz só no discurso .... As pertinentes observações, acima reproduzidas, constam de entrevista do sociólogo Roberto da Matta à revista" Veja", edição recente. Constituem cabal desmentido de certa propaganda esquerdista que timbra em apresentar nosso povo como se fora uma coorte de revoltosos, sedentos de derrubar as elites e abocanhar o Poder. Pelo contrário, o povo simples e patriótico ama sua família e tradições - por mais modestas que sejam - e não se deixa insuflar pela cantilena derrotista e demagógica dos que apregoam caos e desordem . Igualmente, anseia por verdadeiros modelos aos quais possa tributar admiração e respeito, sendo esta ausência de elites autênticas uma das maiores carências sentidas pelo brasileiro comum, em nossos dias, tanto no mundo eclesiástico como no civil.

Saturados de lama Generaliza-se o modismo do escândalo - habitualmente salpicado de horrores, com requintes de sadismo macabro, perversidades hediondas ou escabrosas. Nos Estados Unidos, a TV divulga cerca de quinze programas especializados em " histórias sensacionais" - chamados "tabloid shows" (programas-tablóide), onde pompeia a vulgaridade mais abjeta. Em apenas um mês, foram lançados, naquele país, pelo menos vinte livros com o enredo dos casos mais chocantes. Tudo é lançado a toque de caixa, antes que o assunto morra. Entre nós, a mídia já se especializou no tema, de tal modo que o repugnante acabou incorporado ao noticiário normal. Não estará o público nauseado com tal procedimento? Da Inglaterra provém, neste sentido, uma indicação interessante. A BBC de Londres, tradicional intérprete de certos estados de espírito populares, anunciou recentemente que lancará um programa semanal dedicado exclusivamente às boas notícias - isto é, falará de heróis, grandes invenções, exemplos de dedicação ao próximo etc. Uma sondagem publicitária sobre o assunto seria, certamente, bem acolhida no Brasil.

Reforma Agrária: por quê? O IBGE confirmou seu anterior levantamento no que se refere à safra de grãos deste ano, que deverá ser recorde: 74,83 milhões de toneladas - superior em 8, 21 % à do ano passado e em 4,20% à safra recorde de 1989 ("Folha de Londrina", 26-3-94). Por sua vez, "O Globo" (31-5-94) refere que a safra agrícola brasileira poderá atingir 100 milhões de toneladas nos próximos dois a três anos. O desafio foi lançado pelo presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Murilo Xavier Flores, ao explicar que este aumento da ordem de 30% é possível sem a necessidade de elevados investimentos ou de aumentar a atual área plantada, que é de 38 milhões de hectares . Segundo o especialista, nos últimos dez anos a produtividade das lavouras brasileiras cresceu cerca de 30%, tornando nossa agricultura uma das mais modernas do mundo. Contudo, projeção realizada pela" Agro folha" (Suplemento da" Folha de S. Paulo" , 24-5-94), com base em índices de perdas da Fundação João Pinheiro (MG), avalia em 2,752 bilhões de dólares ·as perdas da safra de verão. O cálculo considera apenas perdas ocorridas durante as fases de colheita, transporte e armazenamento de sete produtos (algodão, amendoim, arroz, feijão , mamona, milho e soja). Se for levado em conta o desperdício de frutas e hortaliças, o valor das perdas agrícolas no A aplicação da Reforma Agrária socialista e País ultrapassa 6,5 bilhões de dólares. confiscatória liquidará com as safras Por fim, segundo a mesma reportagem, estimativa realizada no ano passado pela Coordenarecord_es de grãos, como a deste ano (74,83 doria de Abastecimento da Secretaria de Agricultura de São Paulo avalia em 3,8 bilhões de dólares milhões de toneladas), e extinguirá fazendas as perdas de hortigranjeiros no Brasil, referentes à safra de 92. produtivas como a que se vê acima A vista destes números, causa assombro que se propale o eterno realejo: precisamos de uma reforma agrária socialista e confiscatória para resolver a suposta crise da agricultura nacional. Bem ao contrário, são as invasões e as desapropriações arbitrárias que estão favelizando o

4 ....

CATOLl~ISMO, AGOSTO 199/

Um caso estremecedor - O jornal "EI Colombiano" narra o seguinte fato: um casal estava à espera de seu primogênito, em clínica particular, na cidade de Medellin. O pai exigiu a retirada do quadro da Virgem Maria, que pendia na parte superior da cama da esposa, porque não admitia que " ... nascendo o filho, tivesse a desagradável impressão de ver seu rosto". Seu linguajar blasfemo indignou o médico e a enfermeira. O diagnóstico médico: "O filho nunca poderá ver". Nasceu totalmente cego. Os exames feitos na criança o confirmaram.

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"Nova desordem internacional" - Protestando categoricamente contra a eventual admissão da Cuba castrista na OEA, a associação denominada "Cubanos Desterrados" lançou manifesto no qual se declara: "Fidel Castro ganha tempo à espera de cdnjunturas externas favoráveis; de um aprofundamento da 'nova desordem internacional', previsto por diversos especialistas; do aumento de poder de forças comunistas na Rússia e nos países do Leste; e do agravamento

LIVflO DO PROF. PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA REPERCUTE NA CÂMARA FEDERAL O mais recente livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, que vem repercutindo intensamente nos Estados Unidos e na Europa, encontrou favo rável acolhida também na Câmara Federal, em Brasília. A obra, intitulada Nobreza e elites tra-

dicionais análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, foi elogiada pelo deputado Lael Varella (PFLMG), em discurso naquela Casa Legislativa, em 5 de abril último. O parlamentar mineiro ressalta o aspecto do livro que diz respeito às elites tradicionais brasileiras ligadas ao campo. Para conhecimento dos leitores, segue parte de seu interessante discurso. Os destaques são nossos.

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"Todo mundo diz que o Brasil está em crise, que estamos caminhando para o caos. Os jornais estão cheios de notícias e comentários nesse sentido. "Ora, isso se deve em grandíssima medida ao deperecimento de nossas elites. E

da 'artrite estratégica' de dirigentes ocidentais .... "

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TV pornográfica -Querendo sempre alimentar os vícios - que são sempre insaciáveis - o homem moderno precipita-se nas tenebrosas profundezas da imoralidade. Assim, foi inaugurado em São Paulo o primeiro canal pornográfico de televisão. A TV pornográfica já atinge 34 municípios da Grande São Paulo. Essa desoladora notícia nos inclina a reconhecer quanta razão tem a entidade "O Amanhã de Nossos Filhos" em combater denodadamente, via mala direta, a imoralidade na televisão!

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Legalização de drogas - O ministro do Interior da França, Charles Pasqua, considerado ultra-conservador, defendeu veladamente a descriminalização do uso de maconha e do haxixe. Já o professor da Universidade de Direito de Nanterre, Francis Caballero, Master os Law da Universidade de Harvard (EUA), é um ativista pela legalização das drogas 'leves'. Ele é presidente do "Movimento

dentre essas elites, a elite rural é aquela cujo passado esteve mais profundamente ligado à colonização e ao desenvolvimento do Brasil. "Bandeirantes, desbravadores, fazendeiros, todos eles intimamente ligados ao campo, fiz eram no passado com que este País se tornasse grande e respeitado. A economia nacional lhes deve o que teve de mais pujante. A própria política da Nação foi em grande medida conduzida por eles. A cultura que eles hauriram nos grandes centros europeus, a difundiram largamente por todo o Brasil. "Como é possível que agora nós queiramos, por meio de uma injusta Reforma Agrária, privar o Brasil de uma elite que tanto e tanto contribuiu para sua formação e desenvolvimento? "Tomem por exemplo o recente livro escrito pelo Prof Plinio Corrêa de Oliveira, Fundador e Presidente da TFP, sobre o papel das elites. Esse livro está tendo uma enorme repercussão favorável em países não só da Europa como também nos Estados Unidos. Vários Cardeais de Roma o apoiaram efusivamente. "Pois bem, esse livro tem um apêndice especial sobre a formação das elites brasileiras, em particular as ligadas à agrope-

pela Legalização Controlada", e escreveu um livro sob o título "O direito à droga". Quem cede diante das drogas chamadas "leves", mais cedo ou mais tar~~ cederá diante das drogas "pesadas ...

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Vencendo a seca do Nordeste Nove municípios paraibanos transformaram-se num pólo de desenvolvimento regional, a partir do plantio do abacaxi. A Paraíba é agora o principal produtor nacional da fruta, com 33,76% da produção do País, O plantio mantém empregadas cerca de 50 mil pessoas.

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O maior santuário dos Bálcãs Na Albânia verifica-se um renascimento da Fé católica, depois dos terríveis anos de perseguição comunista. Na presença de milhares de fiéis, o Núncio Apostólico consagrou o quadro da "Mãe do Bom Conselho", que é venerado no santuário de Scútari. O quadro é uma cópia do afresco milagroso, venerado em Genazzano, a 50 quilômetros de Roma.

O deputado Lael Varella (foto) ressaltou na Câmara Federal a importância da mais recente obra do Presidente da TFP cuária. Mostra o papel-chave delas para o Brasil. A obra tem por título 'Nobreza e elites tradicionais análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana '. Quem quiser saber qual é o enorme papel das elites agrárias não só no Brasil Colônia e no Brasil Império, mas também na primeira fase do Brasil República, leia esse livro ". CATOLICISMO, AGOSTO 1994

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como se fossem entidades de interesse social ou cultural (art. 11 ). Para o estrito cumprimento desses dispositivos, o Parlamento Europeu sugeriu a criação de um Instituto pan-europeu, o qual deverá vigiar governos, instituições públicas e privadas, bem como até os indivíduos, no sentido de que todos se submetam às disposições que favorecem os sodomitas. Dita assembléia também agirá contra quem não eliminar as defesas erigidas em oposição à homossexualidade, invocando a moralidade pública e os bons costumes (arts. 3 e 14). Assim, em nome da não-discriminação da prática antinatural execrada em diversas passagens da Sagrada Escritura, o Parlamento Europeu deseja ver estabelecida uma Inquisição. Esta não poderá deixar de ser um órgão persecutório de todos aqueles que, por fidelidade aos Mandamentos da Lei de Deus e à própria Lei moral natural, desejem adotar medidas preventivas em relação aos praticantes dessa grave depravação. A título de exemplo prenunciador dessa política inquisitorial, a resolução do Parlamento Europeu repreende o governo britânico por ter editado normas que visam frear a propagação da homossexualidade (art. 8). A proposta da citada assembléia nem faz menção ao temor natural de contágio da AIDS, da qual os sodomitas constituem foco epidêmico constante.

EUROPA

PARLAMENTO EUROPEU INCITA NAÇÕES A DESAFIAREM A CÓLERA DIVINA A assembléia em epígrafe aprovou, a 8 de fevereiro último, resolução cuja gravidade - no plano moral e da própria sobrevivência dos povos civilizados representa séria ameaça para os países europeus e mesmo para a civilização contemporânea.

O

Parlamento Europeu exortou seus Estados-membros da União Européia-UE a equipararem, para todos os efeitos, as "uniões" estabelecidas entre homossexuais aos casamentos legítimos. Em outros termos, equiparação quanto ao registro civil, aos direitos sucessórios, aos beneficios sociais, aos subsídios familiares, à aposentadoria, pensão por"viuvez" etc. (art. 14). A referida assembléia também incitou os Estados-membros da UE a concederem aos sodomitas a faculdade de adotarem" filhos" e de educá-los num ambiente que causa horror, não só à consciência católica mas até aos próprios pagãos, que respeitam a Lei natural (art. 14). Mais ainda. Vários países europeus exigem para a prática do concubinato antinatural um limite mínimo de idade, abaixo do qual considera-se que o menor

foi seduzido pelo parceiro adulto. A esse propósito, o mencionado Parlamento propôs um nivelamento desses limites em todas as nações-membros. Na prática, isso equivale, na União Européia, a pleitear µm nivelamento por baixo. Em outras palavras, que os adolescentes desde os 15 anos possam ser compelidos a uma união estável contra a natureza (arts. 7 e 14). A mencionada assembléia solicitou também aos integrantes da União Européia que - em estreita parceria com as associações de homossexuais e lésbicas - financiem campanhas públicas, visando perseguir, no plano judicial, todos aqueles que manifestem seu desacordo ou repulsa em relação aos homossexuais, tanto na vida pública e profissional quanto nos costumes sociais (arts. 9 e 10). Tais associações ainda receberão créditos nacionais,

O ato homossexual segundo a moral católica O ato libidinoso praticado com uma pessoa do mesmo sexo constitui séria

Lot foge de Sodoma com as filhas, enquanto sua mulher converte-se numa estátua de sal - Gravura de Gustave Doré, séc. XIX

violação do 6º Mandamento, agravada pela violência contra a natureza que ele envolve. Santo Tomás de Aquino coloca a homossexualidade na mesma faixa de pecados torpíssimos como o de canibalismo (1). O Doutor Angélico ensina que, "como no vício contra a natureza, o homem viola as leis naturais do uso dos venéreos, dito pecado é gravíssimo". E faz sua a ·doutrina de Santo Agostinho, que afirma: "Os delitos cometidos contra a natureza sempre e em todas partes são detestáveis e devem ser castigados como os vícios de Sodoma. Ainda que todos os homens praticassem esse mal, continuaria pesando a mesmo obrigação imposta pela Lei divina, que não dispôs os homens para que assim agissem desordenadamente" (2). A Igreja considera o ato homossexual não só como pecado mortal, mas o inclui entre os crimes que "bradam aos Céus e clamam a Deus por vingança", ou seja, que "parecem provocar a ira de Deus e exigir um castigo exemplar para escarmento dos demais" (3). Tal é a perversão inerente a esse ato que Nosso Senhor Jesus Cristo declarou à grande mística Santa Catarina de Siena: "Esse pecado .... é insuportável aos próprios demônios .... ; devido à sua origem angélica, recusam-se a ver tão hediondo vício. Eles atiram as flechas envenenadas da concupiscência, mas voltam-se no momento em que o pecado é cometido" (4) . São Paulo prometeu a condenação eterna aos que praticam a homossexual idade: "Não vos enganeis: nem os fornicadores, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, .... possuirão o reino de Deus." (1 Cor., 6, 9-10).

O que é o F,arlamento Europeu?

Sessão do Parlamento Europeu, Estrasburgo (França)

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CATOLICISMO, AGOSTO 1994

'

É o órgão legislativo da União Européia-UE, continuadora da Comúnidade Econômica Européia-CEE. Ele é constituído por eurodeputados eleitos por sufrágio universal, direto e proporcional nos doze países signatários do Tratado de Maastricht. Os eurodeputados constituem bancadas, das quais as mais importantes pertencem às seguintes agremiações: Partido Socialista Europeu, Partido Popular Europeu (democrata-cristão), e os grupos conservador, liberal, "Verdes" e "Direitas Européias". Tal assembléia foi eleita pela primeira vez em l979erenovada,porúltimo,emjunhodeste ano. Reúne-se mensalmente em Estrasburgo (França) durante uma semana.

Quem votou a favor e contra a resolução pró-homossexualismo? Estavam presentes 293 eurodeputados, ou seja, mais da metade. Votaram a favor 159, e 98 contra, tendo 18 se abstido. A imensa maioria dos votos favoráveis proveio da bancada socialista, apoiada por ecologistas e comunistas de diversos gêneros. O absenteísmo dos deputados de centro e direita, que formam a maioria do plenário, também foi decisivo ( l ).

Qual o valor da resolução? Ela não vincula os governos nacionais, porém

exerce enorme pressão psicológica. Isto porque existe um consenso nos ambientes da mídia e da classe política, no sentido de que tal Parlamento indica rumos que a Europa e o mundo adotarão inevitavelmente (2). Além disso, o Parlamento Europeu solicitou à cúpula executiva da UE, sediada em Bruxelas, sancion_ar uma "recomendação" com base na resolução aprovada. Se vier a ser sancionada, tal "recomendação" dificilmente será recusada pelos governos, uma vez que Bruxelas detém as chaves do supremo poder econômico da UE (3 ).

A resolução determinará outros efeitos imediatos possíveis? De facto, mas não de iure, qualquer autoridade dos Estados-membros pode tentar ir aplicando a resolução do Parlamento Europeu nos âmbitos do município, da região, do Estado etc., mesmo em oposição às leis vigentes. Pois, caso tal autoridade seja processada, pode ela esperar, com boas probabilidades, urna sentença favorável do "Judiciário" da UE, sediado em Luxemburgo, o qual julga com base na Convenção Européia dos Direitos Humanos. Essa violação jurídica tomou-se praxe há anos, apesar dos contínuos protestos

de juízes e advogados, em nome do Direito nacional conspurcado,e a despeito das queixas populares fundadas em razões econômicas, culturais, sociais etc. NOTAS 1. Cfr. Parlement Européen - Documents de séance

179.620, 8-2-94, "Proces-Verbal - Résultat des votes par appel nominal - 8-2-94". 2. Cfr. As Instituições da Comunidade Européia, gabinentedelmprensaelnformaçãodoParlamento Europeu, Serviço de Publicações Oficiais das ComunidadesEuropéias,Luxemburgo,p. 13. 3. Cfr. art. 12 da resolução; Emile Noel, As Instituições da Comunidade Européia.


É precisamente a esse ato abominável, praticado de maneira estável e apresentado como "normal", que a decisão do Parlamento Europeu visa «9,flf~rir" legitimidade", equiparando-o, para todos os efeitos legais, ao casa ento!

Decisão pan-européia atrai a cólera divina Na Sagrada Escritura, Deus não poupa ameaças aos homossexuais. E algumas vezes Ele próprio enviou as mais terríveis punições contra os sodomitas. Foi assim que Deus disse a Moisés: "Não te aproximarás dum homem como se fosse mulher, porque é uma abominação. Todo aquele que cometer alguma destas abominações, perecerá do meio do seu povo" (Lev. 18, 22 e 29). Ademais, a Sagrada Escritura nos instrui sobre o espantoso e fulminante castigo que Deus lançou sobre Sodoma e Gomorra, cidades que se tinham entregue ao vício abominável, proposto agora pelo Parlamento Europeu: "Fez, pois, o Senhor da parte do Senhor chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo do Céu; e destruiu estas cidades e todo o país em roda, todos os habitantes das cidades e toda a verdura da terra. E a mulher de Lot, tendo olhado para trás, fiGou convertida numa estátua de sal. Ora, Abraão, tendo se levantado de manhã, foi ao lugar onde antes tinha estado com o Senhor. E olhou para Sodoma e Gomorra e para toda a terra daquela região, e viu que se elevavam da terra cinzas infla-

madas, como o fumo de uma fornalha" (Gen. 19, 24-28). Deus puniu dessa maneira duas cidades que, em comparação com as megalópoles modernas, não passavam de pequenas aldeias. Qual será, então, a magnitude da ira de Deus em nossos dias, levando-se em consideração que o Parlamento Europeu representa mais de 340 milhões de homens, que constituem o cerne histórico dos povos que ainda se dizem cristãos? São Pedro deixa claro que o castigo, mediante o qual Sodoma e Gomorra transformaram-se num inferno sobre a Terra, foi uma advertência divina para os séculos futuros. E, portanto, também para o nosso. Eis suas palavras: "E condenou a uma total ruína as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas, pondo-as como exmeplo daqueles que venham a viver impiamente; e livrou o justo Lot, oprimido pelas injúrias e pelo viver luxurioso desses infames" (II Pedro, 2, 6-9). Tal ensinamento adquire pleno e candente significado nos dias presentes, se considerarmos a situação em que ficarão os fiéis católicos quando forem concretizadas as recomendações do Parlamento Europeu. Pois eles serão assediados por campanhas de promoção dos homossexuais e poderão ser conduzidos ante os tribunais, por manifestarem repulsa à sodomia, que a Lei de Deus e a natureza inspiram aos homens retos.

Sinal de ruína da cidade pecadora O profeta Isaías prenunciou a ruína de Jerusalém porque seus habitantes, ao invés .de se envergonharem de seus pecados, ostentavam-nos como o fez Sodoma: "Pois Jerusalém vai-se arruinando, e Judá caindo, porque suas palavras e suas obras são contra o Senhor, para provocarem os olhos de sua majestade. O próprio aspecto do seu semblante depõe contra eles, pois fizeram, como os de Sodoma, pública ostentação do seu pecado e não o encobriram. Ai de sua alma, porque lhes será dado o castigo merecido" (Is. 3, 8-9). À luz dessas palavras, é lícito temer terríveis conseqüências para os países que, seguindo o rumo apontado pelo Parlamento Europeu, admitam em suas leis a legitimação de uniões homossexuais.

O trágico exemplo da queda do Império Romano Até historiadores leigos e anticatólicos sempre julgaram que a aceitação da homossexualidade como algo "normal", constitui um sinal patente e uma causa imediata do desaparecimento de povos e áreas inteiras de civilização. Foi o caso da Grécia antiga e, mais notadamente, o de Roma. Com efeito, o Império Romano, que dominou o mundo de então, acabou sucumbindo ante as hordas bárbaras, não em virtude da carência de meios materiais para enfrentar os invasores, mas devido à corrupção e à insensibilidade moral

0 ALASTRAMENTO DA MALDIÇÃO DIVINA NO MUNDO · Se todos os Estados membros adotarem a resolução do Parlamento Europeu, o reconhecimento do concubinato sodomítico tende a alastrar-se pelo resto do orbe. Eis abaixo alguns exemplos, em âmbito universal, da atual avalanche do vício homossexual, que atrai a maldição divina sobre os povos: O Embora não pertença à União Européia, a Suécia obedeceu ao apelo do Parlamento Europeu. O Legislativo sueco aprovou, por 171 votos contra 141, a legalização do concubinato homossexual, com todos os efeitos civis. O A recomendação daquela assembléia pan-européia foi seguida pela Dinamarca, Ho!anda e Noruega, que reconheceram legalmente a torpíssima união. O Na Espanha, os prefeitos de Vitória (Vascongadas) e Móstoles (Madri) abriram um registro municipal para os casais sodomíticos. Em ambos os casos alegaram a decisão do Parlamento Europeu. O Na Inglaterra, a Câmara dos Lordes baixou para 18 anos o limite de idade 7 com vistas à permissão do concubinato amaldiçoado. A Câmara dos Comuns tenta manter o limite em 21

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anos, mas a dos Lordes se inclinou para a posição assumida pelo Parlamento Europeu. O A famosa emissora BBC de Londres curvou-se ante a resolução do Parlamento Europeu: dará aos homossexuais que nela trabalham direito a uma semana de" lua de mel". O Projeto da ONU, a ser aprovado na reunião do Cairo, em setembro próximo, segue a linha do Parlamento Europeu. O O governo do Estado de Toronto (Canadá) também passou a promover uma lei que equipara a união am.aldiçoada com o matrimônio legítimo. O Até a longínqua Tailândia parece endos~ar a proposta do Parlamento Europeu. Uma empresa construirá uma cidade só para sodomitas, a 160 quilômetros da capital.

Enquanto no Brasil ... O Na Bahia, o Sindicato dos Bancários cedeu seu auditório para a realização da "cerimônia" de concubinato de cinco duplas de sodomitas. O oficiante foi um pastor protestante (1). O Outro simulacro amaldiçoado de casamento ocorreu no Rio, usufruindo os serviços da

loja Mesbla. A paródia de cerimônia foi celebra- ] da por um ex-seminarista (2). O Em 1993, São Paulo superou São Francisco (EUA) em número absoluto de mortes ocasionadas pela AIDS, atingindo o sinistro recorde de cidade com maior número de óbitos causados por AIDS no mundo. O A AIDS mata sete pessoas por dia em São Paulo, segundo o Serviço Funerário do Município (3). O O Ministério da Saúde do Brasil calcula que 500.000 brasileiros são portadores do vírus (HIV) da AIDS, embora se possa falar, sem exagero, em um milhão de portadores do vírus, a saber, um em cada 150 (4). O A Auto/atina registra entre seus empregados 185 casos declarados de AIDS, e gasta 30 mil dólares no tratamento de cada um (5). NOTAS 1. "O Bancário", S:,lvador, 30-5-94. 2 - "O Est ªdo de S. Paulo" , 22-4-94. 3. Idem, 17-6-94. 4 - "Veja", Silo Paulo, 27-4-94. 5- Idem, Ibidem.

AMÉRICA LATINA

Manifestação de homossexuais - homens e mulheres - pertencentes à Sociedade Mattachine diante da Casa Branca, Washington, 1965: um dos primeiros protestos, insignificante e tímido diante do número e da agressividade observados nas concentrações atuais de sodomitas de suas populações, para as quais a prática da sodomia não causava mais horror. Por todas estas razões, e considerando as ameaças de invasão que pairam sobre a Europa, seja por parte de povos maometanos vindos do Maghreb, como de massas eslavas provenientes do Leste, é impossível não se perguntar se o braço de Deus não está prestes a se descarregar sobre o Continente que foi berço da Civilização Cristã, e que agora O está renegando tão acintosamente (5).

A resolução do Parlamento Europeu e Fátima Com a efetivização da proposta daquele Parlamento, parece atingir seu clímax o processo de imoralidade contra o qual Nossa Senhora veio alertar o mundo em Fátima. Tal brado de alerta, porém, infelizmente não foi ouvido. E, em sentido contrário, a decisão pan-européia ergue-se como uma forma de recusa extrema e radical ao misericordioso aviso da Mãe de Deus. Que Nossa Senhora de Fátima tenha compaixão de seus fiéis e os ampare neste transe doloroso, em que pode já estar iminente o castigo prenunciado em 1917.

Luls DUFAUR NOTAS 1 .Cfr. Santo Tomás, Suma Teológica, 11-11, q. 142, a. 4. 2. Apud Santo Tomás, Suma Teológica, íl-IT, q. 154, a 12. 3. C fr. Pe. Royo Marín, Teofogía Moral para segfar es. BAC, Madrid, 1964, 3" ed., pp. 214-2 15. 4. Santa Catarina de Sicna, O dialogo, Edições Paulinas, 2" edição, n" 28.6.3. 5. Na alocução de 20-2-94, dirigida aos fiéis reunidos na praça de São Pedro, João Paulo li censurou a resolução do Parlamento Europeu, como informou Catolicismo, nº 520, abril/94. C fr. igualmente "L'Osservatore Romano", 21 /22-2-94.

Fracasso illlprevisto de pressão castrista: readlllissão de Cuba na OEA não é aprovada por nações latino-americanas Nas reuniões da OEA e da IV Cúpula Ibero-Americana, o regime de Havana, apesar de enfático apoio do Brasil, não conseguiu uma condenação ao embargo norte-americano

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ois eventos de suma importância marcaram o mês de junho último: a Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a IV reunião de Cúpula IberoAmericana, realizadas respectivamente em Belém do Pará e Cartagena (Colômbia). Em ambas ocasiões, o Brasil não fez jus à sua gloriosa história diplomática, da qual o Barão do Rio Branco é o expoente máximo. Entre os diversos temas das reuniões havia um, cuja abordagem se fazia premente: trata-se da nação-mártir, Cuba. Com efeito, há mais de três décadas geme ela sob o implacável jugo do comunismo. Se por um lado a deterioração econômica, social e política inerente a tal regime está atingindo o inimaginável, provocando sofrimentos na população cubana, por outro, a tática do bloqueio comercial - apesar de lacunosa - adotada pelos Estados Unidos ao regime de Fidel Castro começava a produzir efeitos, autorizando esperanças na libertação do valoroso povo cubano. Aguardava-se, pois, que o Brasil em ambas reuniões, apoiasse os anseios de liberdade daquela nação irmã. Não foi o que aconteceu. Em Belém, o secretário-geral em exer-

c1c10 da OEA, embaixador brasileiro João Clemente Baena Soares, perguntou na sessão de abertura se não teria chegado a hora de readmitir Cuba na família latino-americana?', .... sendo aplaudido de pé pela platéia" (" O Estado de S. Paulo" , 7-6-94). O grande argumento do Sr. Baena Soares, que peca por um infantilismo incompreensível num diplomata, é "porque os anos 90 não são os anos 60" ! (id. ib.). Como se - num passe de mágica - os mais de trinta anos de ditadura comunista, de perseguições, de paredón tivessem cessado de existir e seus efeitos desaparecessem. Não há mais, para certos espíritos simpáticos da ilha-prisão, perseguidores nem perseguidos. Entretanto, às vésperas da reunião da OEA, uma patrulha cubana abria fogo contra barco de refugiados ... (ver quadro da p.12 ).

Um apoio multiplicador Tanto em Belém - com a posição assumida pelo Ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim quanto em Cartagena, com a atitude do Presidente Itamar Franco, não se pode negar que a diplomacia de nossa Pátria atuou de modo altamente vantajoso em relação ao governo cubano.

Cuba: a ilha-prisão

/ HAVANA

Mar do Caribe

CATOLICISMO, AGOSTO 199-4°

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Pressionado pelo bloqueio comercial, sem contar com o apoio que recebia da Rússia, Fidel Castro estava sendo forçado a abandonar a utopia socialomarxista que, em pouco mais de 30 anos, reduziu a ex-"Pérola das Antilhas" à mais negra miséria. O poder começava a vacilar sob seus pés. Em Cartagena, o único Chefe de Estado que apoiou Fidel foi o Presidente Itamar Franco. Ora, o Brasil é indiscutivelmente uma potência ibero-americana, apesar das dificuldades presentes, muitas delas dolorosas - que suscitam interrogações e até causam ansiedade. Assim, o parecer do Brasil tem um peso enorme e quem o expressa, oficialmente, é o Presidente Itamar. A minúscula república cubana recebeu, pois, uma sustentação que é a soma do peso dela multiplicado várias vezes pelo apoio concedido pelo governo brasileiro. Segundo nos parece, Fidel Castro não poderia desejar nada de melhor do que esse vigoroso respaldo. Por outro lado, para os opositores de Fidel em Cuba, que anseiam pela libertação de sua pátria - estamos seguramente informados disso, através de fontes cubanas autorizadas, tanto de Miami quanto de outros pontos do território norte-americano - , a atuação pró-castrista do Brasil representou doloroso golpe. De nossa parte, expressamos nosso pesar e nossa solidariedade para com eles. Pois julgamos que têm toda razão ao considerar que o respaldo assegurado pelo Presidente Itamar ao governo cubano constitui um fato político cuja resul-

Na sessão de abertura da OEA, realizada no Teatro da Paz, em Belém, o embaixador brasileiro Baena Soares propôs a readmissão de Cuba naquele organismo internacional

tante tende ao prolongamento da rígida ditadura comunista na ilha do Caribe.

Retrospectiva Após a queda do Muro de Berlim muito se tem falado na "morte" do comunismo. Ora, em vários dos países do Leste europeu, graças a conjunturas especiais, antigos líderes comunistas estão voltando ao poder por vias eleitorais. As vantagens são consideráveis: vêem-se assim "legitimados" e conseguem obter que as muralhas da alta economia, que estavam quase todas fechadas para eles, começassem a se abrir. As políticas de apoio a regimes esquerdistas tiveram sua origem na desastrosa Ostpolitik. Desastrosa, por quê? Quem examinar a política internacional, desde a queda do Muro de Berlim até agora, percebe que essa posição psicológica atual de elementos muito poderosos do Ocidente em relação à Rússia, China, países do Leste europeu, Cuba etc, é apenas a etapa atual de uma evolução que vem caminhando nesse sentido há muito tempo e que continuará no mesmo sentido durante um tempo também indefinido. Qual é o termo de chegada dessa evolução? Até onde isso nos conduzirá para a expansão velada e adocicada, apenas na aparência, do comunismo no mundo?

Decepção Desejaríamos que do governo brasileiro - o qual lavrou no passado tantos tentos de habilidade diplomática - partissem palavras de orientação, de esclarecimento para a opinião pública mundial. Porém, ao invés disso, a posição assumida pelo Presidente Itamar coloca-nos numa situação decepcionante: diante do caos e da confusão contemporâneos, esperávamos que o Brasil se conduzisse de um modo bem distinto do desconcertante engajamento numa jogada de apoio ao regime cubano, quase o único remanescente do stalinismo em nossos dias.Apesar dessa lamentável posição assumida pelo Brasil, o regime de Havana inesperadamente não conseguiu atingir seus objetivos, que pareciam quase já obtidos, no fim da sessão de abertura da OEA, em Belém, após o discurso do embaixador Baena Soares. Assim, convém ressaltar que, ao contrário do que se poderia supor, no documento final da reu-

nião, não figurou nenhuma referência à readmissão de Cuba na OEA. Também convém registrar que a pressão cubana para obter uma condenação do embargo norte-americano fracassou na reunião de Cúpula Ibero-americana, realizada em Cartagena. Na sessão da manhã do dia 15 de junho, Castro desafiou as nações latino-americanas a apresentar suas queixas ao governo dos Estados Unidos pelo mencionado embargo, na próxima reunião Hemisférica de Cúpula. Na reunião da tarde, no dia seguinte, data do encerramento, o chefe cubano interrompeu as discussões para manifestar sua estranheza pelo fato de o documento final não conter o texto que ele esperava. A propósito, comentou Julio Crespo, enviado do diário argentino "La Nación": "Sua voz [de Fidel] parecia alterada e balbuciou várias vezes ao expressar seu desgosto" (edição de 16-6-94). Julgamos oportuno encerrar este artigd com uma pergunta dirigida ao próprio Fidel Castro: se tudo aparentemente mudou em torno de si, é ele ainda o mesmo Fidel - o qual, no dia seguinte à queda do Muro de Berlim, afirmava que não mudaria e permaneceria fiel ao socialismo-, o que, de fato, se alterou: ele, que teria abandonado a sua posição primitiva de ortodoxia stalinista, para equilibrar-se na Ilha, onde se encontra cada vez mais ameaçado de queda; ou o mundo ocidental, que se deixou embeiçar, iludir-se e arrastar por essa ficção da queda das barreiras ideológicas?

R.

MANSUR G UÉRIOS

DENÚNCIA DE C 'BANOS DESTERRADOS

Sérgio F. de Paz, Diretor de Cubanos Desterrados

Subscrito por seus diretores Sr. Sérgio F. de Paz e Dna. Eugenia García Guzmán, foi distribuído aos participantes das reuniões de Belém e de Cartagena, um contundente manifesto da -Associação Cubanos Desterrados, com sede em Miami. Sob o incisivo título "Cortem os tentáculos da 'desinformação' que protegem a ditadura marxista de Fidel Castro", o documento denuncia as" enigmáticas complacências em relação ao regime marxista de Fidel Castro, manifestadas em altas esferas das três Américas". E constata que "Fidel Castro não alterou uma vírgula de sua ideologia revolucionária". Ressalta também que ele" não cessa de dar apoio a movimentos revolucionários latino-americanos. Em junho de 1993 e janeiro de 1994 realizaram-se em Havana reuniões de dirigentes esquerdistas latino-americanos, nas quais se traçaram estratégias revolucionárias para aproveitar as conjunturas favoráveis em diversos países do Continente, incluindo o Brasil e México ".

10 '", CATOUCJSMO,-AGOSTO 1994

O manifesto dos Cubanos Desterrados acrescenta: "O ditador comunista Fidel Castro continua violando sistematicamente os direitos humanos dos cubanos. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos - alto organismo da OEA - em seu último período de sessões afirma que 'o controle repressivo, qlf,e o aparelho estatal exerce através dos organismos de segurança, traduziu-se, como em anos anteriores, em repetidas violações dos direitos humanos ". E prossegue o documento: "O ditador comunista Fidel Castro mantém a população cubana na mais pavorosa miséria, fruto direto do chamado 'socialismo de Estado'. "Fidel Castro ganha tempo à espera de conjunturas externas favoráveis, de um aprofundamento da 'nova desordem internacional' previsto por diversos especialistas .... "Se Castro não mudou um milímetro em suas concepçõDístico da Associação Cubanos es revolucionárias, nem a anatomia e fisiologia de seu Desterrados, no qual figura a Virgem da funesto regime, e é portanto, o mesmo ditador marxista-teCaridade do Cobre, bela imagem da Padroeira de Cuba

ninista da primeira hora, por que certos cenáculos das três Américas disputam entre si, enigmaticamente, concessões utilíssimas e cada vez maiores ao ditador, tais-como sua admissão na OEA, o fim do embargo econômico pelos Estados Unidos, a concessão de empréstimos por parte do FMI, da Banco Interamericano, e outras regalias que colaboram eficazmente para mantê-lo no poder?" E conclui o manifesto: "Tal situação constitui um verdadeiro mistério, talvez o maior da história política continental deste fim de milênio, só explicável por engenhosos mecanismos de uma maquiavélica 'desinformação ' .... " Convém lembrar que esse vigoroso manifesto foi publicado nos dois maiores diários paraenses - "A Província do Pará" e" O Liberal" - , nos dias 8 e 9 de junho respectivamente, no

decurso da reunião da OEA. Sintomaticamente, o regime cubano, tão prestigiado pelos chanceleres presentes na sessão inaugural do encontro, não mereceu sequer uma referência no comunicado final. Fato análogo ocorreu em Cartagena. O documento dos Cubanos Desterrados foi estampado no diário "El Tiempo", de Bogotá, um dos maiores da Colômbia, durante a reunião de Cúpula Ibero-americana. E, como bem acentua o artigo anexo, o documento fihal do encontro não conteve o tópico que Fidel Castro esperava, fato que determinou sua indignada reação. Tanto em Belém quanto Cartagena a única voz de exilados cubanos que se levantou contra o regime de Havana foi o vigoroso documento da Associação dos Cubanos Desterrados.

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CATOLICISMO, AGOSTO 1994

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FUGAS PARA EMBAIXADAS E PARA O MAR ... Nos dias que antecederam as reuniões da Assembléia Geral da Ofganização dos Estados Americanos (OEA), em Belém, e da IV Cúpula nfero-americana, em Cartagena, alguns fatos muito signi-

Em junho último, canhoneira cubana abriu fogo contra embarcação repleta de fugitivos, resultando desse ataque quatro feridos. Essa desdita não ocorreu com as 13 tripulantes do barco da foto acima, resgatados no estreito da Flórida, no Início de março passado

ficativos ocorreram em Cuba, os quais comprovam nada haver mudado na ilhaprisão. Descontentes com o regime castrista invadiram diversas embaixadas e consulados em Havana. Um grupo de 114 pessoas, entre elas 24 crianças, pediu asilo político na embaixada belga. Um caminhão com 21 cubanos derrubou o portão da embaixada da Alemanha. Uma fonte diplomática afirmou que, logo após a ocupação, o grupo pediu asilo político às autoridades alemãs. Segundo "O Globo" de 17-6-94, "um total de 149 homens, mulheres e crianças cubanos permaneciam abrigados nas missões diplomáticas do Chile, Alemanha e Bélgica, em Havana. O porta-voz da chancelaria cubana, Miguel A/fonso, informou que já anunciou a.os embaixadores envolvidos que os invasores não sofrerão represálias se concordarem em abandonar os prédios e voltarem a suas casas. O Governo de Cuba explicou que só permitirá que os invasores deixem a ilha se pedirem e

conseguirem vistos em outros países dentro dos trâmites diplomáticos convencionais". Em outras palavras, não conseguirão sair de seu país-cárcere, a não ser com o beneplácito do governo. Além disso, uma canhoneira cubana disparou contra embarcação repleta de refugiados que tentavam escapar de seu país, deixando um saldo de quatro feridos. "Dispararam contra nós, mostramos as crianças, mas continuaram" atirando, disse Larisa Custa, filha de um dos tripulantes do barco." Isto ocorre no momento em que ogoverno cubano está dando ao governo belga garantias de que nada acontecerá aos cubanos que se refugiaram na residência do embaixador belga", observou Ninoska Perez, da Fundação Nacional Cubano-Norteamericana (" La Nación", Buenos Aires, 5-6-94). Diante desses fatos clamorosos, como acreditar que se desfrute de um mínimo de liberdade no território sob o jugo castrista? E que esteja se operando lá uma abertura política,justificando o término do embargo contra aquela infeliz nação?

aderno Especial Nº 36

CUBANOS DESTERRADOS: ENÉRGICA ATUAÇÃO Fundada em 1987, a entidade Cubanos Desterrados, com sede em Miami (EUA),tem se destacado como uma instituição de estudo da realidade cubana, que orienta a opinião de milhões de cubanos no exílio. Em todas as iniciativas públicas, a referida entidade procura aglutinar as forças das diversas organizações do exílio, em tomo de temas que propiciem uma convergência de esforços anticastristas. O Por ocasião da visita de Gorbachev a Roma, em novembro de 1989, Cubanos Desterrados interpelou o dirigente soviético a respeito da ajuda econômica e militar que a Rússia, na ocasião, concedia ao regime fidelista. O Em maio de 1990, tendo em vista o encontro do Presidente norte-americano Bush com Gorbachev, a entidade publicou em dois dos maiores quotidianos norte-americanos - o "Washington Post" e o" Washington Times" -nova interpelação ao chefe comunista, censurando-o pela ajuda que continuava a oferecer a Fidel Castro. O Em agosto de 1990, a entidade lançou a obra "Até quando as Américas tolerarão o ditador Castro, o impla-

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CATOLICISMO, AGOSTO 1994 _-.~

cável stalinista? Duas décadas de progressiva aproximação comuno-católica na ilha-presídio do Caribe". O livro estuda a política religiosa do regime de Havana nos últimos vinte anos e a qualifica de fraudulenta. A mencionada obra foi largamente difundida em países latino-americanos. O Em outubro de 1992, durante a Assembléia do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) que contou com a participação de João Paulo II - realizada em São Domingos, na comemoração do V Centenário do Descobrimento da América, a entidade marcou, com destemor, sua presença. Cubanos Desterrados lançou um manifesto que causou impacto durante aquela reunião episcopal, e cujo título era: "No V Centenário do Descobrimento, sombras em meio à luz". O documento denuncia a posição dos "teólogos da libertação", que criticam a ação evangelizadora da Igreja Católica na América. E lança um brado de alerta às nações latinoamericanas quanto ao processo de

desagregação sócio-cultural a que estão submetidas. O Em agosto de 1993, a entidade - tendo recebido do movimento francês "Lumiére sur l 'Est", promovido pela TFP francesa, l 0.000 exemplares da obra" Fátima: mensagem de tragédia ou de esperança?" - patrocina a campanha "Recuperação Espiritual de Cuba". Mediante tal iniciativa, os referidos exemplares foram remetidos para o maior número possível de infelizes habitantes da ilha-prisão, necessitados de auxílio não só material, mas sobretudo espiritual. O Em fevereiro último, a entidade publicou vigoroso manifesto intitulado "Na causa da liberdade de Cuba está empenhada a honra do Ocidente". O documento condena o projeto de lei apresentado na Câmara de deputados norte-americana, que levanta o embargo dos EUA à Cuba castrista. E acentua que Fidel Castro em nenhum ·momento renegou sua filosofia marxistaleninista, mas a tem ratificado constantemente, como um protagonista das maiores investidas anti-americanas que a História c\onhece.

Fachada da Basílica de Santa Maria Maior, Roma

Nossa j:en~ora õas N:eír:es e a Wastlica õ:e janta Jiarta Jiator


<tiura no homem com a mão sera ...

(São Marcos, 3, 1-6)

E entrou Jesus em outra ocasião na sinagoga; e encontrava-se lá um homem que tinha uma das mãos secas. E observavam-no a ver se curaria em dia de sábado, para o acusarem. E Jesus disse ao homem, que tinha a mão seca: Vem aqui para o meio. E disse-lhes: É lícito em dia de sábado fazer bem ou mal? Salvar a vida ou tirá-la? Eles, porém, calavam-se. E olhando-os em roda com indignação, contristado da cegueira de seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restabelecida a mão. Mas os fariseus, retirando-se, entraram logo em conselho contra Ele com os herodianos, para ver como o haviam de perder.

<tiomenhirios romptlanos por janto QI:omâs ne Aquino na "Qiatena Aurea" · Teófilo - Depois de haver refutado os judeus que haviam acusado os discípulos [de Jesus] de haver colhido as espigas num sábado, com o exemplo de Davi, faz um milagre no sábado para reduzilos mais à verdade, manifestando que, se é uma obra piedosa fazer milagres no sábado pela saúde dos homens, não é um mau fazer no mesmo dia o que é necessário ao corpo. Diz portanto: "Outra vez no sábado entrou Jesus na sinagoga" etc. São Beda - E prevenindo a calúnia que haviam preparado os judeus, os argüi, porque com sua má interpretação violavam os preceitos da lei. E diz-lhes: "É lícito no sábado fazer bem ou mal?" Interrogando-os desse modo, porque eles julgavam que nem mesmo as boas obras deviam ser feitas no sábado,· uma vez que a lei mandava abster-se das más .... Esta pergunta" fazer bem ou mal" é idêntica à que acrescenta a seguir: "Salvar ou perder sua alma", isto é, curar ou não o homem. Não porque .Deus, sumo Bem, pode ser autor de perdição para nós, mas porque, segundo costume da Sagrada Escritura, o não salvar o homem corresponde a perdêlo. Mas se alguém perguntar porque fala o Senhor da salvação da alma quando vai curar o corpo, tenha presente que a alma, no dizer das Sagradas Escritu-

ras, figura significando o homem; ou que [Jesus] fazia aqueles milagres pela salvação da alma, ou que a mesma cura da mão significava a da alma. São João Crisóstomo - "Mas eles calavam", continua. Porque sabiam que havia de curá-lo inteiramente. "Então Jesus, cravando neles seus olhos cheios de indignação" . O fato de olhá-los com · indigna·ção e entristecer-se em virtude de sua cegueira, convém à humanidade que [Jesus] se dignou assumir por nossa causa. Junta pois, o milagre à palavra, e com ela só, cura o homem. Prossegue: Estendeu-se e ficou ela perfeitamente sã" . São Beda - Este homem é uma figura da linhagem humana, árida porque não produzia obras boas, desde que representada em seu primeiro pai [Adão], que estendeu a mão para colher a maçã. Essa má ação, emendou-a o inocente Filho de Deus; estendendo suas mãos na cruz. A mão da humanidade na sinagoga estava seca; porque, onde se encontra maior abundâncià dos conhecimentos, ali comete maior culpa o que desobedece ao que é mandado. São Cirilo - Ó fariseu, vês que [Jesus] faz coisas prodigiosas, e cura os enfermos em virtude de um poder superior, e tu projetas sua morte por inveja!

<tiomentârios no Jlanre 1iluis Qilâunio 11fillion Também no dia do sábado, entrou Jesus, como tinha o costume de fazê-lo, em uma sinagoga de lugar que não conhecemos. Ali viu um homem que tinha a mão direita atrofiada por uma paralisia local. A ocasião era excelente para os fariseus e escribas da região. Esperavam eles que [Jesus] curaria este enfermo sem preocupar-se com o descanso sagrado, para então recriminá-Lo e censurá-Lo no ato. E ainda quiseram tomar-Lhe a dianteira, propondoLhe esta questão: "É lícito curar nos dias de sábado?" Jesus descobriu essa astúcia deles com sagacidade divina, e disse ao homem: "Levanta-te e põe-te de pé no meio". O enfermo obedeceu, e pode-se vislumbrar com que emoção e esperança. Respondendo então à pergunta de seus inimigos com outra contrária, método familiar nEle, ao que parece o Salvador lhes perguntou, por sua vez: "É

lícito em dia de sábado fazer bem ou mal, salvar a vida ou tirá-la?" A resposta era fácil ; mas os fariseus tomaram o cuidado de não dá-la, porque ter-seiam condenado a si mesmos. Preferiram, pois, outra vez guardar um silêncio humilhante. E para confundir mais e mais seus rivais hipócritas, Jesus lhes disse:" Que homem haverá entre vós que tenha uma ovelha, e se esta cai em algum fosso em dia de sábado, não a levanta e tira fora? Mas, quanto mais vale um homem que uma ovelha! Logo é lícito praticar o bem em dia de sábado: Passeando logo seus olhares sobr~ eles, com sinais de indignação e de tristeza - de indignação pela malícia, e de pena pela cegueira de seus corações - disse ao enfermo: "Estende essa mão" . E ele a estendeu. Ela havia ficado sã de repente, como a outra. Coléricos e furiosos ao verem-se caçados em sua própria

armadilha, saíram da sinagoga os fariseus, e logo reuniram-se em conselho com os herodianos do lugar, a fim de encontrar juntos uma solução para este horrível desígnio: que tramas urdiriam contra Jesus para prendêLo? Desde então, pois, foi decretada sua morte; mas, como o veremos nesta história, o modo de executá-la seguirá até o fim, sendo uma empresa muito dificil. O Salvador conhecia esse projeto sanguinário, que não alterava a paz de sua alma. Mas, conforme

a seu princípio de não exasperar seus inimigos, até que sua" hora", a hora do sacrificio, tivesse chegado, retirou-se com seus discípulos a um lugar recolhido dos que abundavam nas margens do mar de Tiberíades. Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestro Seiior Jesucristo según los Evange lios, Edito ri a l Difus ión, Tucumán, 1859, pp. 132-133.

Nossa jen¼orct Õ:cts Neues e a T@astlitct Õ:e janta J1lllaria J1lllaior (5 de agosto) Sob o pontificado do Papa Libério (352-366), o patrício romano João e sua esposa de igual nobreza, não tendo filhos aos quais pudessem deixar seus bens, prometeram dar sua herança à Santíssima Virgem Mãe de Deus, suplicando-lhe por fervorosas e ardentes preces que indicasse a obra pia preferida por Ela, na qual deveriam empregar esse dinheiro. A Bem-aventurada Virgem Maria, ouvindo com bondade estas orações e pedidos vindos do coração, a eles respondeu através de um milagre. No dia 5 de agosto, época para Roma de maior calor, a neve cobriu durante a noite uma parte da Colina Esquilina. Nessa mesma noite, a Mãe de Deus, em sonho, deu aviso a João e a sua esposa, separadamente, para que mandassem construir no local que vissem coberto de neve uma igreja, a qual seria consagrada sob o nome da Virgem Maria: assim, queria Ela ser nomeada herdeira deles. João, comunicando o fato ao Papa Libério, soube que

também este havia tido a mesma visão. Solenemente acompanhado pelos sacerdotes e pelo povo, veio o Soberano Pontífice, então, à colina coberta de neve, e aí determinou o lugar da igreja, que foi edificada às expensas de João e de sua esposa. Sixto III a restaurou mais tarde. Foi chamada, de início, por diversos nomes, basílica de Libério, Santa Maria do Presépio. Mas, tendo sido construídas na cidade numerosas igrejas sob a invocação da Santíssima Virgem Maria, para que a basílica - que excedia em dignidade às outras do mesmo nome, devido ao brilho de sua miraculosa origem - - fosse também honrada pela excelência de seu título, designaram-na pelo de Santa Maria Maior. Celebra-se a solenidade no aniversário de sua consagração, como lembrança do milagre da neve caída neste dia.

A primitiva igreja do século N, da qual não restam vestígios, foi erigida pelo Papa Libério perto do Mercado de Lívia - construído pelo Imperador Augusto - , segundo uma fonte autorizada como oLiber Pontifica/is. Investigações arqueológicas efetuadas no subsolo da atual basílica, de meados da década de 70, comprovaram a existencia de um edificio, que deve ter sido o mencionado mercado, dedicado por Augusto a sua esposa Lívia. Esse edificio foi soterrado e sobre ele o Papa Sixto Ili construiu, de 432 a 440, a Basílica de Santa Maria Maior. O grandioso templo, basicamente o mesmo que hoje admiramos, é dedicado ao culto de Maria, Mãe de Deus, devido à proclamação, pouco anterior à construção da basílica, do dogma da maternidade divina da Virgem Santíssima, no Concílio de Éfeso (431 ). Até o século IX, o grande templo mariano era comumente chamado Basílica de Libério. Depis, passou a ser denominado Basílica da Beata Virgem das Neves, em virtude do milagre ocorrido no século IV, tendo sido estabelecida urna festa em comemoração daquele evento prodigioso. . O relato do episódio, referente ao patrício João, sua esposa e o Papa Libério, conservado pela Tradição, foi transmitido por escrito por Frei Bartolo-

meu de Trento e representado em mosaico por Filippo Rusuti sobre a parede do pórtico da fachada medieval da basílica, parcialmente conservada. A veneranda igreja também foi chamada Basílica de Santa Maria do Presépio, bem como Belém de Roma . Narra a História que no dia seguinte ao da solene definição do dogma da maternidade divina de Maria, no Concílio de Éfeso (431), Si'xto III promoveu um ato solene na presença do povo para evidenciar a homenagem àquele dogma. Nessa ocasião, o Pontífice mandou construir uma capelinha que, segundo parece, reproduzia ~- Gruta de Belém e continha relíquias da mangedoura .onde nascera o Redentor da humanidade. Quando foi construída posteriormente a Basílica, a pequena capela constituía uma edificação à parte, a qual, no decorrer do tempo, não se conservou. Hoje, as relíquias da Gruta de Belém são veneradas na cripta da Basílica.

Dom ProsperGuéranger, l "Année lit11rgiq11e, /es tempsapres Pentecôte, tome IV, Maison Alfred Mame et fils, 1922, excertos das pp. 368 e 369.

FONTES DE REFERÊNCIA ·1 . P. Gabriel M. Roschini OSM, Mariologia, tomo II, Pars Ili, De singulari cultu BMV, 2" ed., Angelus Belardetti Editor, Roma, 1948. 2. li Vaticano e Roma cristiana. Libreria Editrice Vaticana, Cidade dei Vaticano, 1975.


TFPsEMAÇÃO

História Sagrada em seu lar c47 )

A falta de confiança de Moisés Em virtude do castigo imposto por Deus, os hebreus ficaram vagando pelo deserto durante 40 anos "até que se extinguiu toda a [anterior] geração dos homens combatentes" (Deut. 2, 14). Morte de Maria - "No primeiro mês do quadragésimo ano, os filhos de Israel vieram ao deserto de Sin e acamparam em Cades. Lá, não longe da terra onde ela desejava chegar, Maria, irmã de Moisés e de Aarão, morreu e foi sepultada. Tinha aproximadamente 130 anos" ( 1). Novo motim do povo- Sentindo falta de água, o povo levantou-se contra Moisés e Aarão, dizendo: "Por que nos fizestes partir do Egito, e nos conduzistes a este péssimo lugar, que não produz nem figueiras, nem vinhas, nem romeiras e, além disto, não tem água para beber? Deus ordenou a Moisés que falasse ao rochedo - "E Moisés e Aarão entraram no tabernáculo e, tendose prostrado com o rosto por terra, clamaram ao Senhor e disseram: Senhor Deus, ouve o clamor deste povo. E o Senhor falou a Moisés, dizendo: Toma a vara, e junta o povo, tu e Aarão, teu irmão, e falai ao rochedo diante deles, e ele dará águas. Mas Moisés desferiu duas pancadas na pedra - "Tomou, pois, Moisés, a vara que estava diante do Senhor e, tendo reunido a multidão diante deste rochedo, disse-lhes: Ouvi, rebeldes e incrédulos: Acaso podere-

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noções básicas

mos nós fazer sair água deste rochedo dão para contemplar os lugares santipara vós? E Moisés, tendo levantado a ficados pelos passos de seus ancesmão, ferindo duas vezes com a vara o trais, a montanha onde Abraão tinha rochedo, saíram dele águas copiosíssi- oferecido seu filho, e onde tantos oumas, de sorte que bebeu o povo e os tros mistérios dever-se-iam cumprir. animais" (Num. 20, 5 a 11). Mas o Senhor proibiu-lhe de continuar Punição: não entrareis na terra a falar, querendo assim nos mostrar prometida - Moisés, "ferindo duas quanto, mesmo em seus santos, as falvezes o rochedo [afastou-se] da ordem tas leves são puníveis. do Senhor que tinha mandado falar"Isso simbolizava ainda outro mislhe. O proceder de Moisés deixa transtério· é que nem Moisés nem sua lei parecer um pouco de irritação e de conduziriam à perfeição, mas Josué ou desconfiança" (2). Jesus e seu Evangelho" (4). "E o Senhor disse a Moisés e a Necessidade da confiança - "O Aarão: Porque vós não me crestes para que tem confiança em Mim herdará a me santificardes (3) diante dos filhos terra" (Is. 57, 13). de Israel, não introduzireis estes povos "Tem confiança no Senhor e na terra que eu lhes darei. Esta é a água não te estribes na tua prudência" da contradição, onde os filhos de Israel (Prov. 3, 5). altercaram contra o Senhor, e onde (o "No temor do Senhor há uma Senhor) foi santificado entre eles" confiança cheia de fortaleza" (Prov. · (Num. 20, 12-13). 14, 26). Morte de Aarão - "E, tendo le"Bem-aventurado o homem que vantado os acampamentos de Cades, confia no Senhor, e de quem o Senhor foram ao monte Hor, onde o Senhor é a esperança" (Jer. 17, 7). falou a Moisés, e disse: Vá Aarão juntar-se ao seu povo, porque ele não NOTAS 1. Pe. Rohrbacher, Histoire Universel/e de entrará na terra que eu dei aos filhos de L 'Ég/ise Ca_tho/ique, Gaume Freres, Paris, Israel, porque foi incrédulo às minhas 1842, tomo I, p. 474. palavras nas águas da contradição. Toma Aarão e seu filho com ele, e 2. Pe. Matos Soares, Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo, 1933, 6" ed., p. 176. leva-os ao monte Hor. E, depois de 3. "Não me crestes para me santificardes, isto teres despido o pai do seu vestido, é, com o vosso modo de proceder não fizestes revestirás com ele Eleázaro, seu filho: brilhar a minha santidade diante do povo" . Aarão aí morrerá. Moisés fez como o Pe. Matos Soares, op. cit., p: 176. Senhor lhe mandara. E, morto Aarão no cimo do monte, desceu (Moisés) 4. Rohrbacher, op. cit., p. 475. com Eleázaro. E toda a multidão, vendo que Aarão tinha morrido, chorou por ele durante trinta dias" (Num. 20, 22 a 30). Mesmo as faltas leves são puniveis - "A , .,-o sentença [de Deus] que .,• atingia Moisés foi-lhe muito sensível. Sua falia parecia leve: um instante de hesitação e de desconfiança ..... Mais tarde As setas indicam o caminho feito pelos israelitas, ele suplicou ao Senhor dirigidos pelo Profeta Moisés. Saíram da terra de de lhe relevar a pena, de Gessém e - por castigo - depois de 40 anos ainda lhe permitir passar o Jorestavam em Cades

MENSAGEM DE PROTESTO AO PARLAMENTO EUROPEU O Centro Cultural Reconquista-TFP e a Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Família e Propriedade-TFP Covadonga enviaram mensagem ao Parlamento Europeu, manifestando seu indignado protesto pela recente resolução a favor dos homossexuais na Comunidade Européia, que reivindica para estes todos os direitos e vantagens do casamento. A desconcertante resolução recomenda ainda aos Estados membros "que

adotem medidas para assegurar o acesso aos subsídios nacionais para as organizações sociais e culturais de mulheres e homens homossexuais, nas mesmas condições das outras organizações sociais e culturais".

nos e Parlamentos dos Estados membros para aprovarem uma radical equiparação entre o casamento, no sentido autêntico desta da palavra, e essa torpe e infame união entre pessoas do mesmo sexo. "Evidentemente, se esta resolução for adotada pelos Estados membros da CE, fica aberto o caminho para que o Parlamento Europeu passe a promover e estimular a sua adoção pelos Estados de todo o mundo. O Papa condena a resolução do Parlamento Europeu

"A mencionada resolução foi censurada sem rebuços pelo Papa João Paulo II, na sua alocução aos ''Pecado que brada ao Céu e fiéis reunidos na Praça de São Peclama a Deus por vingança" dro para a oração do Angelus, no 'O protesto das TFPs ibéricas se Imaculada Conceição (1625-1630)- Francisco de dia 23 de fevereiro passado, a qual Zurbarán, Museu do Prado, Madri. O documento baseia no ensinamento da Santa das TFPs ibéricas conclui invocando a intercessão teve repercussão mundial. Igreja, que qualifica a homossexua- da Padroeira e Rainha da Espanha e de Portugal, lidade um pecado gravíssimo, in- a Imaculada Conceição, a qual se manifestou nas Um brado uníssono de históricas aparições de Covadonga e de Fátima. cluído entre os pecados que "braprotesto das TFPs dam ao Céu e clamam a Deus por ibéricas vingança". A seguir apresentamos "Portugal e Espanha têm um largo passado de coopeos principais excertos do documento, que, primeiramente, ração, ora espontânea ora planejada, em obras de enverlembra as razões pelas quais a Igreja Católica condena tão gadura histórica ímpar, que fazem da Península Ibérica, severamente a união homossexual:

"O fim natural do ato sexual consiste no nascimento e na criação de uma prole. Como aquela união se realiza entre pessoas do mesmo sexo, não tem condições de gerar novas vidas; assim, ela é praticada contra a natureza e, por esse motivo, é qualificada como um 'vício contra a natureza que revela a maior perversidade pela sua deformação e indecência '.... "Foi este mesmo pecado que determinou a justiça divina a punir, com fulminante e esmagadora indignação, as cidades de Sodoma e Gomorra,fazendo cair sobre elas o fogo do Céu, de que nos fala a Sagrada Escritura .... "Ora, foi este pecado contra natureza, precisamente este, o que acaba de receber um estímulo incrivelmente audacioso e ao mesmo tempo repugnante, por parte de uma instituição das mais representativas do mundo, isto é, o Parlamento Europeu, o qual pediu a todos os Gover-

vista num olhar de conjunto, uma das maiores alavancas do progresso e da vitória da Cristandade .... "E é por isso mesmo que as TFPs de Portugal e de Espanha se apresentan:i juntas neste momento, perante o Parlamento Europeu, para exprimir numa voz uníssona, os seus sentimentos de inc0nformidade, de protesto e de indignação, que o caráter católico de ambos os povos ressalta ainda mais .... "Imploramos a intercessão da Imaculada Conceição, excelsa Padroeira e Rainha das nossas nações, que nas montanhas de Covadonga começou a gloriosa libertação da Península Ibérica e que em Fátima veio anunciar o triunfo glorioso do seu Imaculado Coração, para que Ela obste a que seja aceita pelos Parlamentos das várias nações do nosso Continente a espantosa sugestão do Parlamento Europeu". •

CATOLICISMO,


os acompanhava a explicação sobre a campanha, e opinou: "Somos favoráveis ao reconhecimento das uniões homossexuais".

UM BRADO VIGOROSO CONTRA OS PECADOS DE SODOMA E GOMORRA

O Uma jovem declarou: "Não creio que seja este assunto que mereça protesto de tal porte".

Incisivo alerta contra escalada homossexual

ANTONIO CARLOS AzEREDO

Especial para CA TOLIC/SMO

PEDRO PAULO DE FIGUEIREDO

Correspondente

MADRI - Na Praça do Sol, um dos pontos centrais marchas de sua fanfarra - evocam, para um ponderável da capital espanhola no último dia 9 de junho p.p. ergue- número de espanhóis, o heroísmo de outrora. Aos transeunram-se os estandartes rubros de TFP-Covadonga, durante tes tais iniciativas soam como uma proclamação: "Para a a campanha promovida pela entidade, de ampla distribui- vossa dúvida, a nossa certeza de que as portas do inferno ção ao público de seu manão prevalecerão contra a Santa Igreja". nifesto contra a proposta do Parlamento Europeu, Essa estranha atonia é recomendando aos países registrada nas próprias membros a adoção do páginas da imprensa. A reconhecimento do "caarticulista Marta Portal, samento" de homossepor exemplo, no importante diário "ABC" (29xuais. Com as costumeiras 4-94), de Madri, afirmou: orações à Santíssima "A Espanha está doente Virgem, seguidas de de atonia, desesperança e brados de slogans e do dúvidas. Ela duvida de si Hino Nacional da Espamesma. A televisão pronha, executa do pela duz indignação e asco. fanfarra composta por Cada manhã os jornais e jovens da entidade, inias rádios nos dão a cociou-se com brilho a nhecer o escândalo do campanha. dia, a corrupção do turno. O objetivo dessa iniMas o pior é que já nos ciativa, anunciado em acostumamos". enormes faixas conduziNa Porta do Sol, no dia 9 de íunho último, das por jovens, causou O público em face ecoam marchas executadas pela Fanfarra de TFP-Covadonga grata surpresa para muida campanha tos, mas também despertou frieza e rejeição em outros. O O conhecido teólogo dominicano Pe. Victorino RoUm dos incisivos slogans, proclamado em coro a ple- dríguez informou que já recebera o manifesto, o qual nos pulmões pelos jovens de TFP-Covadonga, afirmava: mereceu todo o seu apoio. Despediu-se dando uma bênção "Um pecado que Deus fulminou de maneira terrível, em à campanha. Sodoma e Gomorra, hoje querem legalizá-lo, como sinal O Uma senhora de Murcia mostrou-se surpresa e conde progresso! Quem se levantará? Quem se indignará? trária à iniciativa do , Parlamento Europeu, ao mesmo Quem se oporá? É possível que Deus seja esbofeteado tempo que forneceu seu nome para receber os boletins de dessa maneira, ante o olhar indolente e indiferente de TFP-Covadonga. todos os homens, e ninguém se levanta contra isto?" O Um senhor, em altos brados, felicitou a campanha, enquanto outro declarou-se heterossexual, mas favorável Anestesia moral à completa liberdade para os homossexuais. Em nossos dias, nota-se claramente que a opmiao O Logo após um dos brados, certa senhora, manifespública, não apenas da Espanha, mas também dos demais tando-se indiferente à moral católica, expressou bem a países europeus, mostra-se adormecida e apática, como se indiferença simpática ao homossexualismo de uma parte estivesse atingida por uma terrível anestesia moral. do público: "Por que os srs. são contra a homossexualiNesse ambiente de crepúsculo moral, as campanhas de dade? Deus não é tão mau como pintais. Para que essa TFP-Covadonga, - com seus estandartes rubros, as cla- referência a Lot, saindo de Sodoma?" rinadas e os vigorosos slogans bradados, bem como as O Um casal de turistas alemães ouviu do guia que

LISBOA- Dias antes do pleito para eleger os depu- a respeito da resolução adotada pelo Parlamento Europeu; tados portugueses ao Parlamento Europeu, o Centro Cul- muitos julgavam que o documento distribuído consistia tural Reconquista-TFP empreendeu, no centro da capital em mais uma propaganda política, com vistas às eleições lusa, vigorosa que se realizariam campanha contra logo a seguir. E o a recomendação excesso de publidaquela assemcidade eleitoral havia saturado o bléia favorecendo espírito da maior escandalosamenparte das pessoas. te o homossexuaEm sua interesRealizou-se no Entretanto, l ismo, iniciativa Distrito Federa l, na sante conferência, o desde que os tranpan-européia que tarde de domingo, dia Eng 2 Antonio Augusto seuntes se inteirarepresentou im- 19/6, a li Jornada de Lisboa Miranda expôs as impressionantes vam do assunto, portante marco na Estudos de Catolicisrevelações de Nossa. ouviam de modo escalada desse ví- mo, renovando-se o Senhora do Bonsuêxito da palestra antegeral com atenção cio antinatural. rior, a qual noticiamos cesso, em Quito e não raros ficaNas vias públi- em nossa edição de (Equador), a respeito ram chocados cas centrais de Lis- junho p.p. da crise do mundo com a posição asboa, a população moderno. O tema De início o Sr. Nelsumida pelo Parpresenciou o belo son Barreto, diretor do atraiu a especial atenção dos presentes. lamento Europeu. espetáculo dos es- Bureau da TFP em BraParticipantes da jornada, junto à Após o lanche serAdemais, a tandartes vermer- síli a, apresentou suimagem de Nossa Senhora das vido no jard im da resireação do público lhos da entidade cintamente um históriGraças, no jardim da residência, dência, o público perco de nossa revista, o serem desfralda- qual representa 43 por ocasião do lanche servido após maneceu no local era distinta, cona conferência. forme a idade: os dos, enquanto seus anos de luta, na fidelipara formular pergunjovens costumasócios e coopei:a- dade doutrinária . E tas, como também dores, envergando também discorreu sobre os principais para venerar as relíquias de Nossa Se- vam manifestar capas igualmente objetivos que Catolicismo sempre visou nhora do Bonsucesso, especialmente indiferença à campanha, enrubras, entoaram nas quatro décadas de sua existência. trazidas do Equador. slogans com mequanto as pessoas gafones e efeturaram profusa distribuição da Mensagem mais velhas externavam com freqüência simpatia e indignação quanto à iniciativa do Parlamento Europeu. de protesto ao Parlamento Europeu. N atava-se, por parte do público, grande desinformação

Brasília: li Jornada de Estudos de Catolicismo

TFP francesa apela aos candidatos ao Parlamento Europeu A propósito da recomendação do Parlamento Europeu de legimitar a união de homossexuais, a TFP francesa dirigiu aos candidatos àquela assembléia por seu país, oportuna missiva da qual destacamos os seguintes excertos: " ... A resolução adotada a 8 de fevereiro último, em fàvor de homossexuais e lésbicas ..... reclama para estes nem mais nem menos do que 'todos os direitos e vantagens do matrimônio'! "Nossa associação se honra de defender e de promover a instituiçãofamiliar. E os Srs. compreendem sem dificuldade que se uma tal resolução deva tomar força de lei, a faml/ia, o matrimônio, estariam sendo atingidos em sua própria essência.

"Eles querem as vantagens do -matrimônio e negam radicalmente aquilo que o constitui essencialmente, isto é, a união fecunda dos esposos. Seria como se um invejoso ou preguiçoso pleiteasse todas as vantagens da propriedade, rejeitando, porém, os meios que lhe permitem naturalmente de adquiri-la. "Isso dito, além de razões e argumentos, que são superabundantes, a reprovação de uma tal afronta decorre da própria vitalidade do nosso senso moral. E a isso os Srs. certamente são sensíveis, tal como o contingente de nossos aderentes atuais e potenciais".

CATOLICISMO, AGOSTO 1994


quia, Bálcãs, Paquistão, Índia e outros países da Commonwealth. Isto sem contar os muçulmanos da Bósnia. Encontram-se aproximadamente assim divididos: na França são mais de 3 .300.000 com mais de mil mesquitas (3). Na Alemanha somam quase 5.000.000 (4). Na Inglaterra superam os 3.000.000. O condado de Bradford é o primeiro a ter um prefeito muçulmano, 22 mesquitas e 34 organizações islâmicas (5). Na Itália chegam a mais de 2.500.000 e construíram em Roma a maior mesquita da Europa Ocidental! (6).

AMEAÇA MUÇULMANA

VINTE ;M ILHÕES DE MAOMETANOS INVADEM A EUROPA A atual invasão muçulmana da Europa, seu caráter radicalmente religioso e anti-ecumênico - previstos com longa antecedência - são hoje fatos admitidos pelos próprios "teólogos" islâmicos "Ter o futuro no espírito é a grande marca do homem de Estad o " , afirmava Talleyrand, numa época tão distante da nossa em que os estadistas não tinham ainda desaparecido. Onde encontrar hoje um homem público, político ou religioso, que com toda segurança seja capaz de traçar as grandés linhas que indiquem os rumos de seu país ou mesmo de uma ou mais áreas de civilização? Mais dificil ainda seria que ele se apresentasse com a credencial de um imenso cabedal de prognósticos realizados que lhe servissem como garantia da autenticidade de sua missão. Precisamente este é o caso do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que por sua notável previdência tem apontado, desde a década de 30, os rumos que - ao longo das diversas circunstâncias destes 60 anos - tomariam a Igreja, os povos da Cristandade e mesmo os que a ela não pertencem. Por ocasião da guerra do Golfo Pérsico, transcrevemos em Catolicismo ( l) alguns prognósticos feitos pelo Presidente da TFP, com cinqüenta anos de antecedência, sobre o perigo muçulmano. O impressionante crescimento do maometanismo na Europa leva-nos a retomar

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CATOLICISMO, AGOSTO 1994

Caráter religioso da invasão Na ótica do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira o perigo muçulmano foi sempre considerado como fundamentalmente religioso. Assim escrevia em 1947, sob o sugestivo título: "Filhos das trevas e filhos da Luz" .

o tema, provando uma vez mais que, entre outras qualidades, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira possui em alto grau as de grande estadista segundo o conceito inteligente de Talleyrand, acima citado.

"Todas [as potências maometanas] passam por um renascimento nacionalista e religioso verdadeiramente assombroso. O sopro deste renascimento percorre toda a imensa faixa que vai do litoral atlântico do Marrocos até o Paquistão. E, em virtude do renascimento religioso do que poderíamos chamar a "islamidade", o problema palestino passou a interessar todo o mundo maometano . .. ..

O renascimento do Islã Em agosto de 1943 assim descrevia o insigne pensador católico orenascimento do Islã:

"O vento gélido de nacionalismo pagão que soprou sobre a Europa totalitária estendeu-se até o Oriente ... Daí uma revivescência do paganismo em todo o Oriente, um paganismo insolente, opressivo, xenófobo e com ares racistas .. . Esta ordem de coisas se agrava . . . com o projeto cada vez mais próximo de se realizar uma f ederação de Estados Árabes. A desunião do Islã foi uma das grandes causas de sua decadência. A reunião dos Estados Árabes será evidentemente a constituição de um outro vasto bloco político e ideológico oriental anticatólico ... em torno do Islã" (Plinio Corrêa de Oliveira - "Neopaganismo", "Legionário", 8-8-43, grifos nossos) A propósito de fatos ocorridos no Oriente Próximo, no mesmo ano o grande líder católico insistia:

Cartaz de propaganda da Revolução do ayatolla Khomelnl, Iniciada em 1979. - Marco important do intento muçulmano de conquista mundial em nome do fundamentalismo

"Por outro lado, o perigo muçulmano é imenso. O Ocidente parece f echar-lhe os olhos, como os tem ainda semi-cerrados ao imenso perigo amarelo . ... . Nos dias de hoje, com homens, armas e dinheiro, tudo se faz. Dinheiro e homens, o mundo muçulmano os possui à vontade. Adquirir armas, não será dificil... e, com isto, ficará uma potência imensa em todo o Oriente, ativa, aguerrida, cônscia de suas tradições, inimiga do Ocidente, tão armada quanto ele, que dentro de algum tempo poderá ser absolutamente tão influente quanto o mundo amarelo,

e colocada em situação geográfica e econômica incomparavelmente melhor!" (Plínio Corrêa de Oliveira " A Questão Libanesa" , " Legionário" , 5- 12-43 , grifos nossos) Nova invasão muçulmana na Europa A partir da crise do petróleo, e especialm e nte d a revolução de Khomeini, começou uma operação maometana de conquista mundial em nome do fundamentalismo , que vem confirm a ndo de modo irretorquível as previsões do Presidente da TFP. Desde 1970 se instalaram na Europa Ocidental cerca de 20 milhões de maometanos (2), provenientes na sua maioria da África do Norte, Tur-

"A luta está concorrendo por sua vez para estimular ainda mais o

renascimento pan-árabe e panmaometano. E, assim, os acontecimentos vão dando aos muçulmanos do mundo inteiro uma consciência cada vez mais nítida, mais vigorosa, de sua unidade, de seu poder, de seus interesses religiosos e políticos comuns. (Plinio Corrêa de Oliveira "Filhos das trevas e filhos da Luz", "Legionário", l 9_-10-4 7, grifos nossos). "Vós estais na terra de Alá" A confirmação desses prognósticos, coloquemo-la na própria boca dos maometanos :

"Vós não estais mais na Franca, vós estais na terra de Alá! Nós

estamos aqui para coranizar a região" declarou um representante maometano na França, (7) (grifos nossos). O pregador da mesquita de lvry, nas proximidades de Paris, proclamou num sermão: "O Islã começou

vencedor e acabará vencendo. A vitória virá da Europa" (8). "Vós franceses - afirmou no início de 1991, o líder do grupo islâmico Hezbollah - talvez ainda não vereis a

república islâmica na França. Mas vossos filhos e vossos netos a conhecerão .... Nas cidades francesas, alemãs, belgas os soldados de Alá esperam que soe a hora da revanche para passar à ação numa Europa que durante tanto tempo nos humilhou!" (9) (grifos nossos). Guerra "Santa" contra os católicos Os muçulmanos mais radicais confessam que aspiram a estabelecer uma nova ordem islâmica na Espanha. E uma vez que tenham conquistado suficiente apoio, declararão a Guerra Santa ontra os católicos:

"A Guerra Santa tem de ser declarada em condições realistas, condições que são conhecidas, e estão bem definidas (no Corão)", afirmaram (10). "Ecumenismo" sentimental e entreguista na raiz do êxito da nova invasão Os fatos acima expostos jamais seriam possíveis sem o amo lecimento que tomou conta de amplíssimos setores católicos, já na década de 20 e 30 na Europa, e que os levou a um diálogo ecumênico, sentimental e entreguista, que foi conduzindo à deserção milhares de católicos. Tal processo de apostasia foi denunciado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira desde a década de 30. e de modo exaustivo em seu livro "Em Defesa da Ação Católica", editado em 1943. Destas denúncias e de suas conseqüências, trataremos em outra ocasião. Por ora passamos a palavra aos muçulmanos. O reitor da grande mesquita de Paris, Si Hamza Boubakeur, uma das figuras "moderadas" do maometa-


nismo mais consideradas na Euro- peitamos vossa religião ... De vossa Anastasio Gutiérrez CMF, sobre Repa, não deixa dúvidas sobre o que parte, esse respeito à nossa religião volução e Contra-Revolução: esperam do diálogo com os católi- parece uma abdicação: Vós renun"Em suma - afirma ele -, cos, as correntes mais "abçi:tas" do ciais a impor-nos a vossa Fé, mas atrever-me-ia a dizer que é uma Islã. nósjamaisrenunciaremosaexpan- Obra PROFÉTICA NO MEAfirma ele que os •maometanos dir o Islã" (12) (grifos nossos). LHOR SENTIDO DA PALAvêem sinais "positi- ~-----~-~=-....,,..,....,,.,=w-,--,___.-..:=---.----------, VRA; mais ainda, que vos" de "conversão" seu conteúdo deveria entre os católicos e ensinar-se nos centros acrescenta:" Após ter superiores da Igreja, durante séculos exapara que ao menos as gerado, tornado peclasses de elite tomem sado e deformado o consciência clara de culto verdadeiro deuma realidade esmagavido a Deus, os crisdora, da qual- acreditãos se mostram agoto - não se tem clara ra uns entusiasmados consciência. Isso, entre iconoclastas ... Seus outrascoisas,contribuialtares estão mais ria para revelar e des"limpos", mais simmascarar os inocentesples e as paredes das úteis companheiros de Na França há quatro milhões de muçulmanos que fazem, igrejas ficaram livres viagem, entre os quais com freqüência, suas preces coletivas publicamente das imagens". Em encontram-se muitos conseqüência destas eclesiásticos que fazem, transformações, sente-se animado a ''Chame-nos a bancada dos de um modo suicida, o jogo do inium diálogo porque, segundo ele, a míopes mais uma vez de migo: esse setor de idiotas aliados "Igreja cede cada vez mais, pen- visionários" da Revolução desapareceria em sando em falso que se pode imAfirmava o Presidente da TFP, boa medida" .... (Revolução e Conpunemente, e por razões efême- em 1944: "A regra das coisas deste tra-Revolução, 3ª edição, São Pauras, ceder em detalhes sem "vio- mundo é invariavelmente esta: para lo, 1993, grifos nossos). lar" as leis eternas de Deus. Em os míopes, os homens de visão norJUAN GONZALO LARRAIN CAMPBELL verdade, alguns daqueles que a mal passam por visionários. Já nos Igreja chamava outrora "solda- chamaram tantas vezes de visionád.os de Deus", se tornaram uns rios até que a evidência rotunda dos desertores .... Pois bem, nós mu- fatos impusesse silêncio a muitos çulmanos não pretendemos ce- míopes. Chame-nos a bancada dos der em nada em matéria de dog- míopes mais uma vez de visionáma e de práticas religiosas" ( 11) rios: o problema muçulmano vai (grifos nossos). constituir uma das mais graves O espírito de conquista religiosa questões religiosas de nossos dias, dos muçulmanos e a traição dos ca- depois da guerra" (Plinio Corrêa NOTAS: Catolicismo, nº 478, outubro de 1990. tólicos que conduzem um mal com- de Oliveira, 7 dias em revista," Le- 2.1. "Le Figaro", Paris, 24- 11-89. preendido diálogo com eles, ficam gionário", 5-3-1944, grifos nos- 3. Gilles Kepel, Les banlieus de / 'lslam, Seuil, uma vez mais patentes com esta sos). Paris, 1991, 425 pp. 4. "New York Times Magazine", 15-9-91. afirmação de um "teólogo" muçulO acerto das previsões do insigmano: "Se os 'vossos' (os ociden- ne líder católico aqui citadas é fruto 5. "Passages", Paris, novembro de 1990. 6. "Celsi uss''., Bélgica, setembro de 1989. tais) e vós tendes respeito pelo de seu apaixonado amor à Igreja e 7. "Le Figaro", Paris, 25-11-89. nosso modo de pensar e por nossa da concepção da História que, como 8. Chrétiens en ferre d 'Jslam, resister et constnlire religião, é porque ela vos domina, conseqüência desse amor, ele expõe - Bulletin d'information, de combat et de reconstruction chrétienne, Lausanne, Suisse nº 13-14 e porque vós careceis de confian- ·em sua obra magna Revolução e Octobre-Décembre de 1990. ça na vossa ... Pois bem, para nós Contra-Revolução. 9. "l;e Point", Paris, 27-5-91. neste terreno não pode existir nePara concluir o presente artigo, 1O. Para e/ hombre que viene, Ed iciones Ribat, nhuma ambigüidade .... Quando nada nos parece mais adequado do Granada, 1988, p. 134. duas religiões se enfrentam, não é que transcrever, como homenagem 11. Che ik Si Hamza Boubakeur, Traité moderne de téo/ogie islamique, em Augier Pierre, Dialoguer para se compararem e trocarem ao ilustre escritor católico por seu avec / 'Jslam? Centro Montauriol, IV Congresso saudações, senão para combater- discernimento providencial, as Peregrinações a Lourdes, 1922, pp. 27 e ss. se uma à outra. É por isto que palavras recentemente redigidas 12.deBruno Etienne, L 'Is/amisme radical, Hachette, jamais ouvireis dizer que nós res- pelo renomado canonista padre Paris, 1987. pp. 22-23.

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CATOLICISMO, AGOSTO 1994

v

HAGIOGRAflA

SANTA CLARA DE ASSIS, LUZ QUE ILUMINOU O MUNDO! Nas comemorações do VIII Centenário do nascimento de Clara de Assis (11 de agosto de 1993 a 5 de outubro de 1994), alguns traços da vida e da obra de uma Santa que, como São Francisco, marcou sua época. Os que conviveram com ela não acreditavam "que de Nossa Senhora Bem-aventurada Virgem Maria para cá tivesse havido jamais alguma mulher de maior santidade do que ela".

N

um Domingo de Ramos, dia 18 de março de 1212, uma jovem, aos dezoito anos de idade, foge da casa de seus pais e se encaminha para a igrejinha da Porciúncula (na atual basílica de Santa Maria dos Anjos), onde São Francisco de Assis e seus Frades, em oração, aguardavam sua chegada. Com círios acesos, os religiosos saem ao encontro da jovem, então luxuosamente adornada com seus trajes de fidalga, em direção à porta da igrejinha. Conduziram-na diante do altar de Nossa Senhora e a uniram para sempre ao seu Esposo Jesus Cristo. Ali mesmo, em presença de amigas e dos religiosos, São Francisco lhe corta os belos cabelos loiros. Essa tonsura é sinal de que a jovem, Clara de Assis, pertence virginalmente a Nosso Senhor. Após esse ato, os Frades a acompanham até o mosteiro das Beneditinas de Bastia.

Irredutível resistência à família, por amor à vocação Entretanto, os familiares reagem com grande indignação a esta fuga . Mas a Santa não se entrega, permanecendo irredutível. Quando percebe que a violência está por prevalecer, agarra com uma mão a toalha do altar e com a outra tira o véu da cabeça ... Aí seus parentes constatam que ela já é de Nosso Senhor, e as esperanças de demovê-la caem por terra. Depois da Páscoa, Santa Clara sai da cidade de Bastia e vai para o mosteiro das Beneditinas de Sant' Angelo di Ponzo, onde, dezesseis dias depois de sua fuga, no dia 4 de abril, é alcançada pela sua irmã mais nova , Santa Inês, que também fugira de casa, querendo firmemente dedicar-se ao serviço de Deus. A encantadora cidade de Assis fica em polvorosa e se divide: uns estão a

tal, que os doze homens, nem mesmo com o auxílio de alguns lavradores, conseguiram arrastá-la. Mesmo assim continuaram as crueldades. O tio Monaldo alçou o braço direito para descarregar um golpe sobre Inês, que bastaria para dar-lhe a morte, se a houvesse alcançado. No ato de erguer a mão, porém, esta se lhe contraiu, e assim ficou por bastante tempo. Deixaram então Santa Inês na estrada e fugiram.

Santa Clara -Afresco de Simone Martini, séc. XIII, Basílica de São Francisco, igreja inferior, Assis (Itália)

favor da famí lia das Santas; outros, das "fugitivas". Desta vez, porém, o pai está decidido a reaver viva ou morta sua filha mais nova. Doze cavaleiros, parentes das Santas, invadem sacrilegamente o mosteiro de Sant' Angelo. Um deles, chamado Monaldo, enfurecido, lança-se sobre Inês a socos e ponta-pés, arrastando-a pelos longos cabelos, enquanto outros agarram-na pelos braços e pelas vestes. E lhe infligiram tão desapiedados tratos, que pelo chão ficaram pedaços da roupa e punhados de cabelos. E assim conduziam-na montanha abaixo. Santa Inês, contudo, grita pela irmã, a qual se põe a rezar em seu favor. Então, pela graça de Deus, repentinamente Inês caiu estendida no caminho, e tornou-se de um peso

Fundação das Clarissas Alguns dias após esses fatos, São Francisco de Assis faz uma visita ao mosteiro e reveste também Santa Inês do hábito da Ordem Segunda Franciscana, consagrando-a para sempre a Nosso Senhor. E escolhe para ambas as innãs uma casa definitiva: a pobre residência da igreja de São Damião, situada fora dos muros de Assis. Em pouco tempo, com outras jovens da cidade e de Perúsia, Santa Clara e Santa Inês formam a primeira comunidade das Irmãs Pobres de São Damião, que passarão a chamar-se Clarissas, após a morte de Santa Clara de Assis, ocorrida a 11 de agosto de 1253. Refúgio em Perúsia Em 1198, o povo da comuna de Assis elege os cônsules para administrar a cidade, derrubando um a um, todos os castelos dos "Maiores". Os Beneditinos do Monte Subásio acolhem os nobres refugiados ... Mas muitos deles fogem de Assis. Favorino Offreducci, pai de Santa Clara, refugia-se com sua família em Perúsia, onde permanece até 1209. Ao lado de sua mãe, Santa Clara cresce cortês e afável com todos, dedicando-se à oração e às obras de caridade, cri~ndo laços de


amizade com outras meninas também exiladas em Perúsia, algumas das quais haveriam de acompanhá-la em Religião. Em 1209 Clara está novamente em Assis, onde, após ouvir uma pregação do grande São Francisco, decide consagrarse inteiramente a Deus.

Enfrenta os sarracenos Frederico H, Imperador da Alemanha, perjuro, sacrílego e várias vezes excomungado, por ter sucessivas querelas com diversos Romanos Pontífices, fazia guerra à Igreja e sobretudo aos religiosos. Para tanto tinha a soldo um exército de sarracenos com ma is de vinte mil soldados, fixado na Itália, e particularmente no vale de Espoleto, pertencente à Santa Sé, e onde ficava Assis. Certo dia do ano de 1243, estando Santa Clara acamada, ouviu suas religiosas em lágrimas lhe dizer, com grande pavor, que uma tropa de maometanos tinha invadido o claustro externo da igreja de São Damião e já escalavam as muralhas do mosteiro. A Santa, sem se espan. tar, ordenou qu e a lev asse m , doente como estava, à porta do mosteiro bem em face do inimi go. Ali, precedida de uma caixinha d e prata guarneci da de marfim, contendo o Santíssimo Sacramento, ela se prosternou, em lágrimas, dizendo a Nosso Senhor O Coro da capela do Convento de Sacramentado São Damião mantém-se como era a seguinte orano século XIII ção:

"Senhor, guardai Vós estas vossas servas, porque eu não as posso guardar". Ouviu-se então uma voz de maravilhosa suavidade dizendo: "Eu te defenderei para sempre". Santa Clara rezou ainda pela cidade de Assis: "Senhor, que Vos apraza defender também a esta vossa cidade". E a mesma voz disse: "A cidade sofrerá muitos perigos, mas será defendida ". Após o que Santa Clara se voltou para as Irmãs, dizendo: "Não fiqu em com medo, porque eu sou a sua garantia de que não vão passar nenhum mal, nem agora nem no futuro, enquanto se dispuserem a obedecer os Mandam entos de Deus ". Os sarracenos foram embora sem fazer qualquer mal ou causar prejuízo ao mosteiro e às religiosas.

Aparições do Menino Jesus Depondo sob juramento no processo de canonização, a Irmã Francisca de Messer Capitaneo de Col de Mezzo conta que certa vez viu no colo de Santa Clara, bem junto ao seu peito, uma criança belíssima, que só de vê-la sentia indizível suavidade e doçura . E que não tinha a menor dúvida de que se tratava do Menino Jesus. Em outra ocasião ainda, julgando as Innãs que a Santa estava para morrer, chamaram um sacerdote para dar-lhe a Comunhão. A mesma Irmã Francisca viu sobre a cabeça da Santa um esplendor muito grande e a Sagrada Eucaristia tinha o aspecto de uma criança pequena e belíssima. Depois de comungar, Santa Clara disse:" Foi tão grande o beneficio que Deus me fez hoje, que com ele não poderiam ser comparados o céu e a terra".

Milagres operados por Santa Clara em vida Em certa ocasião, como não houvesse mais do que meio pedaço de pão para a refeição das Irmãs, Santa Clara mandou dividir essa metade em porções para dar às religiosas. Aquele pedaço multiplicou-se nas mãos da que o partia de tal

forma que deu para cinqüenta porções, suficientes para as Irmãs que já estavam sentadas à mesa. Mas a Santa, além de operar muitos milagres, exerceu também ação exorcística. Como exemplo, cabe lembrar o caso da mulher de Pisa. Dizia esta que Nosso Senhor, pe los méritos de Santa Clara a havia libertado de cinco demônios que a atonnentavam, e que, por isso, tinha vindo ao locutório das Irmãs para agradecer primeiro a Deus e depois à Santa. Ao serem expulsos, afinnou a mulher que os demônios bradavam : "As orações dessa santa nos queimam".

Milagres após a morte Depois de sua morte multiplicaramse os milagres junto a sua sepultura. Assim, curou um epi léptico que, ademais, tinha uma das pernas atrofiadas. Ali receberam a cura integral pessoas cegas, corcundas, aleij adas em geral, possessas e loucas.

Santa Clara escritora Santa C lara foi excelente escritora. Tendo recebido em casa uma formação muito boa para seu tempo, teve o dom de expressar em seus escritos toda a riqueza de seu pensamento claro, conciso, elegante e principalmente entusiasmado por tudo quanto dizia respeito a Deus. O que se conhece de seus escritos revela uma mulher inteligente e culta, que sabe muito bem o que quer e o exprime de maneira muito fe liz. Dominava

Claustro do Convento de São Damião, onde viveram Santa Clara e as primeiras clarissas

bastante bem o uso do latim, distinguindo-se pela s implicidade, clareza e objetividade.

"Falo com minha própria alma" Três dias antes de sua morte, em presença de algumas de suas Irmãs, Santa C lara encomendou sua própria alma a Deus dizendo: "Vá em paz, porque tens boa escolta; pois aquele que te criou, previu tua santificação. E, depois que te criou, infundiu-te o Espírito Santo. E depois te guardou como uma mãe cuida do seu .filho pequenino". Ind agada a qu em dirigia aque las palavras respondeu: " Falo com a minha alma bendita ".

Visita de Nossa Senhora à hora da morte Às vésperas da morte de Santa C lara tinha-se a impressão de que a corte celesti al se movimentava para preparar suas honras fúnebres. A Irmã Benvinda de dona Diambra de Assis, que a assistia nos últimos momentos, viu de repente com os olhos reais uma grande multidão de virgens, vestidas de bra nco, todas com coroas na cabeça, que entravam pela porta onde jazia Santa C lara. Entre e las havia uma maior, que

excedia tudo quanto se possa imaginar, muito mais bela e com uma coroa maior na cabeça. Em cima de sua coroa havia um pomo dourado do qual irradiava tanto esplendor que parecia iluminar todo o recinto. As virgens aproximaram-se do leito da Santa, e a Virgem maior foi a primeira a cobri-l a com um pano finíssimo, tão fino que por sua transparência Santa Clara podia ser vista mesmo coberta com ele. Então a Virgem das virgens inclinou o seu rosto sobre a Santa e após isso todas desapareceram .. .

Considerações finais Quem ler a Legenda de Santa Clara , escrita por Tomás de Celano, não se surpreenderá vendo-a cantar tantos louvores à Santa. Escrita por ocasião de sua canonização, em 1255, era natural que sua tarefa fosse louvá-la efusivamente. Entretanto, é impressionante que o mesmo Celano, ao escrever a pri1i1eira biografia de São Francisco de Assis, em 1228, quando Clara não tinha mais do que 34 anos de idade (dos sessenta que deveria viver, quarenta e dois dos quais como Abadessa das Irmãs Pobres de São Damião) j á fa le dela como de uma santa canonizada: "Clara .... virgem no co,po e puríssima no coração; jovem em idade mas amadurecida no espírito. Firme na decisão e ardentíssima no amor de Deus. Rica em sabedoria, sobressaiu na humildade. Foi clara de nome, mais clara por sua vida e claríssima em suas virtudes ....

dessa mulher que, para eles, " abaixo da Virgem Maria" , não devia ter igual. Leitor, se em meio às vicissitudes dos dias atuais, necessitas por ventura de alguma ajuda muito especial, pede-a a Santa Clara, quem , no Céu, bem junto ao Imaculado Coração de Maria, rogará também insistentemente por ti!

Luls

CARLOS AZEVEDO

FONTES DE REFERÊNC IA 1. A11alecta Fra11cisca, X

2. J. Cambell, Actus Beati Fra11cisci et sociomm ejus, Edi=io11i Porziuncola, 1988. 3. Bughetti, OFM, legenda de Santa Clara, in rev ista do Archiv11111 Fran cisca,111111 Historic11111. 191 2. 4. Bula de Canoni zação, Clara clari.1· praec/ara (1 255), in rev ista do Archiv11111 Fra11ciscan11111 Historicum, 1920. 5. Frei Ze ferin o Lazzeri , Processo de Canonização, in revi sta do Archivum Fran ciscanum Historic11111, 1920. E o manuscrito nº 25 1, da Co leção Laudau-Finaly, da Biblioteca Naciona l de Florença. 6. M. F. Becker, J.F. Godet, T. Matura, Claire d 'Assise: Écrits, Pari s, Edi ti ons du Ccrf, 1985.

''Clara de verdade pela santidade de seus merec1men os ....

. 1c

"

Mas, quan o o 'Processo de Canonização de Santa Clara foi descoberto, em 1920, é que se fica sabendo da forte impressão que ela exerceu sobre seus contemporâneos, desde criança: tanto as Irmãs como os leigos que depõem ficam sem pal avras para comentar a santidade

Refeitório do Convento de São Damião, em perfeito estado de conservação,tal como era na época de Santa Clara

Trecho da Bula de canonização de Santa Clara, publicada pela P a Alexandre IV, que canonizou a Santa em Anagni a 1~/8/1255 "' Clara, preclara por seus claros méritos, clareia claramente no céu pela e/ai-idade da grande glória, e na terra pelo esplendor dos milagres sublimes. Brilha aqui claramente sua estrita e elevada religião, irradia no alto a grandeza de seu prêmio eterno, e sua virtude resplandece para os mortais com sinais magnificas. "A esta Clara foi dado o título do privilégio da mais alta pobreza; a ela é dada nas alturas como recompensa uma pro.fusão inestimável de

tesouros; e os católicos demonstram para com ela plena devoção e uma honra imensa. Esta Clara foi distinguida aqui por suas obras .fulgidas, esta Clara é clarificada no alto pela plenitude da luz divina. E a maravilha de seus prodígios estupendos declara-a aos povos cristãos. "Ó Clara, dotada de tantos modos pelos títulos da claridade! Foste clara antes da tua conversão, mais clara na

r---~r-rf!'~~~~~w- ~ ~

1

conversão, prec/ara por teu comportamento no claustro, preclara pelos seus Fachada da igreja claros méritos, e brilhante claríssima dede São Damião, pois do curso da presente existência! vendo-se, ao "O mundo recebeu de Clara um clalado, a parede do ro espelho de exemplo: por entre os praconvento anexo. zeres celestiais ela oferece o lírio suave Nele viveu Santa da virgindade. E na terra sentem-se os Clara, falecendo remédios manifestos do seu auxílio. nesse mesmo "Ó admirável clareza da bem-aventulocal em 1253

rada Uara, que quanto mais diligentemente é buscada em pontos particulares mais esplendidam ente é encontrada em tudo. Brilhou no século e resplandesceu na religião. Em casa foi luminosa como um raio, no claustro teve o clarão de um relâmpago! Brilhou na vida, irradia depois da mo,te. Foi clara na terra e reluz no céu! Como é grande a veemência de sua luz e como é veemente a iluminação de sua claridade!"

CATOLICISMO, AGOSTO 1994

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CATOLICISMO

Basílica de Santa Cla ra, cuja construção se iniciou em 1257, tendo sido consagrada em 1265. O corpo incorrupto da Santa conserva-se na cripta dessa igreja

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Quando não se ama demais, não se ama bastante Roger, Conde de Bussy-Rabutin

Mas o que é o amor, senão exagero? Exagerar é ultrapassar a lei; pois bem, o amor deve exagerar! \

São Pedro Julião Eymard ·

O amor é forte como a morte; o zelo do amor é tenaz como o inferno; as suas lâmpadas são lâmpadas de fogo e de chama Cântico dos cânticos, VIII, 6

Ainda que não houvesse Céu, Vos amaria, ainda que não houvesse Inferno, Vos temeria Santa Teresa de Jesus a Nosso Senhor

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CATOLICISMO, AGOSTO 1994

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A única forma de equilíbrio é o extremo do bem Plinio Corrêa de Oliveira

Quando menos se espera, um longo pescoço penetra pela janela durante o almoço. É uma girafa que recebe numa vasilha a ração oferecida por uma das comensais. O leitor poderá pensar que se trata de uma comédia cinematográfica. Engana-se. É a pura realidade existente numa hospedaria mantida por um casal de norte-americanos, localizada no centro do Kênia (África), a meia hora de viagem de sua capital, Nairobi. . Eis aí significativa aplicação da doutrina ecológica, que constitui até atração turístiça: a intimidade do homem com o animal. Fusão aberrante que tende a negar a alma espiritual do ser humano para nivelá-lo com bichos, plantas e minerais!



3 de Setembro: Festa de S. Gregรณrio Magno


uAl ULll,;l~MU 43 anos de luta, na fidelidade doutrinária N11 525 Setembro

Discernindo, distinguindo, classificando...

1994

· ., DA SENHORA DE ' PERSONALIDADE A MODELO DETV

Assestando o Foco A matéria que mereceu ocupar destaque de capa na presente edição é tema abordado várias vezes por esta revista, no decorrer dos últimos anos. Fiel aos princípios perenes da Moral católica, Catolicismo tem denunciado e criticado as principais investidas a favor da contracepção, que vêm se efetuando em nosso País há décadas. Atualmente, a ofensiva antinatalista concentrou-se no Legislativo, máxime com a aprovação pela Câmara Federal, em 21-61994, do Projeto de lei nº 209, de 1991, que prevê uma ampla .distribuição de meios contraceptivos à população. · Diante da grave ameaça que paira sobre a Nação de ser aprovado um projeto tão deletério, a Comissão de Estudos Médicos da TFP, a exemplo de iniciativas suas tomadas em circunstâncias análogas no passado, elaborou substancioso estudo crítico do mencionado projeto e enviou-o aos membros do Senado Federal, os quais deverão em

Antes do artificialismo atual no referente a modas e costumes femininos, impostos pelos técnicos de opinião pública, houve época em que havia organicidade nessa matéria, devido à influência natural de senhoras exponenciais em determinado âmbito social

H

ouve tempo em que ... a moda feminina em cada cidade era em grande parte determinada pelo feitio pessoal das senhoras de mais representatividade, de maior beleza, de maior capacidade de entreter pessoas, ele conduzir uma vida social, de dirig ir uma roda onde se conversava. Elas tinham personalidade. A partir de seu modo de ser, a vida da cidade se modelava. Tal sistema orgânico foi modificado quando os técnicos do cinema - e depois os da televisão - passaram a criar modelos femininos que se tornavam obrigatórios para todas as cidades.

"Eu ainda alcancei em São Paulo - observou o Prof. Plinio CoITêa de Oliveira, em recente palestra feita em auditório da TFP - algumas senhoras

é entretanto de grande profundidade psicológica. E sua cabal comprovação a encontramos na bem nutrida história das decadências deste nosso século, que agora agoniza sem glória nem contrição. Um curiosc artigo que a "Gazeta Mercantil" (19-4-94) reproduziu do "The Wall Street Journal" está dentro do nosso tema . Ao tratar da influência crescente que as modelos de cinema e TV vêm exercendo em nossos dias, o articu I ista, Eben Shapiro, afirma:

de gerações mais antigas, de tallla distinção, tanta beleza, tanta maternalidade, de uma tal consciência de seus deveres de esposas, que o modo Antes eram as de ser delas inspirava o modo de ser senhoras de da classe dominante. Tal classe, por personalidade ... sua vez, inspirava o modo de ser da Capital, a qual inspirava, por fim, o "As modelos modo de ser das cidades do interior: estão preen"Hoje em dia, não. Não se deve chendo as Lacumais ser como tal senhora, que possui 11rna tal liderança social, mas sim como nas deixadas pe las es trelas d e determinada atriz (ou apresentadora Hollywood. de TV), que é modelada por um técnico "As supermode opinião pública. delos ganharam "Então, uma série de modos, de gosu m novo tipo de tos, de mús'icas, de comidas, enfim, de status. Elas aparetudo modifica-se deforma antinatural, cem em cinema:.: e e111 Junção da moda previamente orgaem shows de telenizada". visão. Elas são o Esta observação do Prof. Plínio ponto de converCorrêa de Oliveira. apresentada com gência dos canais uma simplicidade ao alcance de todos,

de TV a cabo e de revistas. Elas endossam produtos que vão de refrigerantes a calçados para ginástica". Elas manipulam "imagens vendáveis amplamente criativas". São poucas as empresas - revela o articulista- que não estão tentando novas fórmulas para 1:1tilização das imagens das modelos. O empresário Anthony Guccione procura levantar 60 milhões de dólares para lançar a FAD-TV, um canal de TV a cabo com 24 horas dedicadas ao mundo da moda! "O futuro da moda é a televisão", diz e le. Ejá tem um concorrente. Thomas E. Palmieri Jr. também está desenvolvendo um canal de televisão a cabo para transmitir programas de moda. Embora reconheça que "com a proliferação dos

canais de televisão a cabo, estamos criando um monstro tecnológico".

Com tal sistema, é a modelo quem vai ditar a moda (na aparência). Na realidade, como ela normalmente não passa de uma funcion ária paga - e, conforme o caso, muito bem paga - , para não perder seu rendoso emprego, ela vai se apresentar exatamente como lhe for indicado pelo técnico em opinião pública. Este sim, na sombra, é o verdadeiro ditador da moda, ao veredicto do qual se dobra o próprio empresário, sempre desejoso de ver cu produto expandir-se e seu 1ucro rescer. orno era mais orgânico, mais ... Hoje são os natural , mais católico e mesmo técnicos de mais humano o tempo em que as públlcldade que damas davam o tom feminino da modelam as modas sociedade! e os costumes C.A femininos

breve votar a matéria. Os leitores poderão tomar conhecimento dos principais excertos desse importante documento, apresentados nesta edição. O referido trabalho faz uma análise crítica sob diversos ângulos, ressaltando em sua parte final, que a disseminação de contraceptivos em larga escala entre a população constitui uma das maneiras mais eficazes de aumentar a promiscuidade sexual. Desde o aparecimento da AIDS - moléstia sexualmente transmissível e para a qual não há cura nem prevenção - , as conseqüências nefastas da promiscuidade sexual tomaram-se ainda mais trágicas. Pois as autoridades sanitárias em todo o mundo têm sido unânimes em declarar que tal promiscuidade é um dos principais meios de difusão daquela terrível epidemia. Conforme foi noticiado pela imprensa diária, realizou-se em Yokohama (Japão), em agosto p.p., a X Conferência Intemacio-

na! sobre AIDS, patrocinada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ao evento compareceram figuras de projeção da OMS e dos meios científicos internacionais especializados na matéria, sendo apresentados dados pessimistas e até desencorajadores a respeito da difusão, prevenção e tratamento daquela doença. A reunião foi a primeira realizada na Ásia, onde se verifica atualmente uma enorme expansão da doeriça. De acordo com dados da OMS, a epidemia se propaga em certas zonas do sul e sudeste asiáticos tão rapidamente como ocorreu na África negra há dez anos, Segundo Michael Merson, responsável pelo programa de AIDS da OMS, a cada dia surgem seis mil casos novos de AIDS no mundo, sendo que no ano 2000 poderá haver 10 milhões de pessoas com a doença declarada, enquanto os infectados pelo vírus HIV estarão entre 30 e 40 milhões.

Índice Discernindo Da senhora de personalidade à modelo de 1V 2 A Realidade concisamente Clamor dos oprimidos 4 Destaque Jeitinho vai salvando o IBGE 5 Contracepção Limitação da natalidade: ameaça a princfpios básicos da Civilização Cristã e à própria nacionalidade brasileira 6 TFPsemação Encontro de Neo-Cooperadores utiliza encenações teatrais 1o Registros para a História Bastidores da aprovação do divórcio no Brasil11 Caderno Especial Nossa Senhora de Covadonga - .Astúrias, Espanha 13 Entrevista Aborto - Agressão covarde - Assassinato , sem eSCL!Sa 17 Recensão "O centro que nos conduziu para a esquerda"21 Hagiografia São Gregório Magno inaugura nova era 23 Escrevem os leitores Sobre as alterações do Pai-Nosso 25 Em painel Frases e imagens 27 -

- Nossa capa: montagem de C. Sarti

Catollclsmo é uma publi-

cação mensal da Editora Pa· dre Belchior de Pontes Lida. Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Takao Takahashi - Registrado na DRT·SP sob o N~ 13748 Redação e Gerência:

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CONCISAMENTE · Clamor dos oprimidos

na Estônia, afirmou existirem ainda três mil funcionários ocupan"Não estamos querendo vindo postos de relevo naquele país. gança. Isso é somente legitima Ao final dos debates, aprovou-se defesa .... Hoje, os criminosos da resolução favorável a uma emenKGB circulam como cidadãos coda no Código Penal estoniano, para muns, como se eles não tivessem que seja incluído artigo sobre cricometido crimes ... " mes de guerra. Apenas desta forEis alguns dos brados ouvidos ma, os suspeitos de genocídio poderão ir a julgamento. Situação análoga a esta impera na quase totalidade das nações outrora cercadas pela Cortina de Ferro. Os carrascos comunistas (mentores ou feiDos estonianos aprisionados pela KGB, cerca de 32.000 tores), na granmorreram em campos de concentração na Sibéria, como de maioria dos caso;, cootinuam o que se vê na fotografia acima inexplicavehnente impunes . durante a conferência intitulada "Crimes contra o Estado e o povo "Vox populi ... " da Estônia", organizada pela Estonian Heritage Society, em Riga. Duas pesquisas, levadas a cabo Relatos dramáticos foram aprepelo lbope, terão causado vivo desentados pelos participantes. sagrado à Comissão Justiça e Paz Durante o período de 1941 a da Arquidiocese de São Paulo. 1949, quase 80 mil estonianos Com efeito, ao longo de dois caíram nas malhas da KGB, senanos, o brasileiro foi consultado do que aproxirnadamente40% dessobre tema eminentemente caro à tes morreram em campos de conesquerda católica e, em particucentração na Sibéria. lar, à referida entidade: defesa O sociólogo Juri Pertmann, que dos assim chamados direitos huleve acesso ao arquivo da KGB manos.

Resultados colhidos: a considerável maioria - em todos os setores sociais - ligou, pura e simplesmente, o assunto à defesa 00s bandidos. Entre as camadas de baixa renda, o testemunho é ainda mais frisante. Consideram eles que o maior desrespeito aos cidadãos reside na falta de segurança (28%). Professores da rede municipal de ensino, mesmo após terem participado de cursos promovidos pela Comissão Justiça e Paz (em convênio com a Secretaria Municipal de Educação durante a administração Erundina), escreveram, à guisa de resposta para os questionários, frases do gênero: "quando se fala em direitos humanos se fala em bandido" e "tem muita entidade que só vê o lado do bandido". Ao comentar o levantamento, Maria Victoria Benevides, integrante da Comissão Justiça e Paz - que foi criada em 1972, justamente para defender presos políticos - , teve este desabafo: "não ficou claro que não estávamos defendendo os bandidos, mas seus direitos" (cfr. "Jornal do Brasil", 6-2-94). "Progressistas" - religiosos ou leigos - bem longe estão de interpretar os anseios populares!

Descalabros e desperdícios O acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado nos anos 70 pelo

füITimPj ex-Presidente Geisel, previa a construção de oito usinas; na realidade, apenas três começaram a ser edificadas. Em 1986, paralisaram-se as obras da ANGRA 2, o que vem acarretando ao País, desde então, um prejuízo diário da ordem de 1 milhão de dólares, em função do acordo estipulado com bancos alemães. Com efeito, segundo avaliações do próprio Ministério de Minas e Energia, mesmo parada, a usina consome anualmente cerca de 500 milhões de dólares, equivalente ao pagamento de juros e manutenção do canteiro de obras. Este o resultado de uma das denominadas "obras faraônicas", de alcance tão discutível... No âmbito estadual, as coisas não são melhores. A título exemplificativo, citemos um dado recente. O deputado gaúcho Guilherme Socias Villela apresentou à imprensa os números do orçamento sul-riograndense. Do total da arrecadação, 85% se destinam ao pagamento de cerca de 320 mil funcionários públicos ativos e inativos, e 8% a juros-de empréstimos contraídos por sucessivos governos ... É bem um aspecto clamoroso do "rombo" provocado pelo funcionalismo estatal nos cofres públicos.

Farsa ecológica A zoeira publicitária que intenta projetar a imagem dos "verdes" como beneméritos da humanidade sofreu rude golpe com as revelações trazidas à tona, recentemente, pelo islandês Magnus Gudmundsson.

Ao ser entrevistado pela revista "Veja", ele pôs nó banco dos réus a maior entidade ecológica do mundo

- Greenpeace. Autor de três filmes sobre o assunto, insurge-se o especialista contra a "manipulação e histeria" ecológicas promovidas pela organização. Segundo Gudmundsson, "já se chegou ao delírio de afirmar que o Brasil destrói por dia, na Floresta Amazônica, uma área igual à da Alemanha. Fiz os cálculos. Se fosse verdade, a floresta inteira estaria no chão em menos de um mês. Também se mente - prossegue o pesquisador - sobre a caça às baleias .... Na década de 80, o Greenpeace, sem nenhuma base científica, inventou de proibir a caça à baleia. De lá para cá, protegeu-se (sic!) tanto as baleias, que meu país, a Islândia, se encontra à beira de um desastre ecológico. Elas são tão numerosas, que comem 1,5 milhão de toneladas de peixe por ano, mais do que 1 todos os pescadores do país conseguiriam pescar nesse período ...." Ao veicular as balelas que se divulgam em nome do meio ambiente, pondera ele: "Os grupos ecológicos usam argumentos emocionais para defender sua causa. E, em geral, são contestados com argumentos técnicos. [Entretanto], os argumentos emocionais pesam mais para a maioria das pessoas ..." Daí se prestarem a um grande blefe, em geral insuflado pela mídia, como é fá cil avaliar.

Histeria ecológica: proibição de caçar focas na Groenlândia, por exemplo, aniquila melo de vida de comunidades Inteiras

Além de frisar que a Greenpeace tem contas secretas, é corrupta e mentirosa, Gudmundsson acrescenta: "O homem tem de viver da natureza, e não a natureza viver à custa do homem .... Proibir a caça da foca na Groenlândia ou a produção de. madeira na Amazônia é um cinismo porque destrói o meio de vida de comunidades inteiras .... A humanidade não está dividida entre os verdes e os monstros .... " A inversão de valores propugnada por tais grupos ecológicos é que constitui - isto sim - , convém frisar, autêntica monstruosidade.

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CATOLICISI\IO. SETEMBRO 19'>4

Lagartos no pescoço - Nos bairros de classe alta de São Paulo, jovens estão se apresentando com espécies de lagartos de 60 centímetros de comprimento, presos ao pescoço. Um dos rapazes, portadores desses asquerosos bichos, cuida dos répteis num aquário, instalado em seu próprio quarto, tendo afirmado que em sua família "todos gostaram dos novos hóspedes". Houve época em que os jovens usavam espada e aspiravam ser heróis. Hoje, usam ... lagartos! E muitos tendem para o satanismo. Não podemos nos esquecer -

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abominável vício do homossexualismo tem recebido desconcertantes apoios de numerosos e importantes setores. Em Washington, a televisão colocou no ar uma campanha publicitária em favor daquele vício . Boa parte das livrarias vendeu cartões para o "Dia dos Pais", com a inscrição "Para o papai e seu namorado" . Durante a última primavera, nos Estados Unidos, os usuários de metrô utilizaram um bilhete que trazia impresso a frase: "Bem-vindo à Marcha de Gays e Lésbicas, em DC".

O prêmio "Oscar" de melhor ator do ano foi outorgado a um indivíduo que interpretou o papel de um advogado homossexual. Existe um cartão de crédito Visa, decorado com um triângulo rosa, indicando assim que o portador é sodomita. Não podemos nos esquecer de que Sodoma e Gomorra foram consumidas pelo fogo exterminador enviado por Deus, devido ao execrando pecado de homossexualidade! Calças esfarrapadas - Na cidade italiana de Temi, um padre polonês, de 29 anos, veste blusa e calças esfarrapadas, e, nas noites de sábado, freqüenta a discoteca local. Perguntado sobre suas atitudes escandalosas, respondeu o sacerdote: "Solicitei na ocasião a devida autorização (do bispo)". Com seu péssimo exemplo, esse padre faz com que a juventude fique empedernida no pecado. Esse eclesiástico ultra-progressista parece ignorar a realidade comprovada de que, para converter os jovens, é preciso imitar os santos, os quais jamais pactuaram com os vícios da época, mas sempre os combateram rijamente.

Notícia esparançosa, de Roma -A nova presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Irene Pivetti, de 31 anos, resolveu mandar celebrar missas diárias na capela do Palácio de Montecitorio, às quais assiste pessoalmente. Ordenou também fossem colocados nos porões do Palácio sete quadros, por serem imorais. Casa das retortas - Quem passa pelo Parque Dom Pedro II, em São Paulo, tem sua atenção chamada para uma construção de tijolos aparentes, diante da qual há uma arcada que lembra um aqueduto romano. Trata-se da "Casa das Retortas", construída em 1889 para ser a sede da primeira usina de carvão da cidade. Hoje, o prédio abriga o Arquivo multimeios do Centro Cultural, e possui cerca de 300 mil negativos de fotografias sobre artes, aberto a consultas. Super-safra também no Ceará Apesar de irregularidades nas chuvas e ocorrência de pragas em diversas culturas agrícolas, o Ceará deverá colher neste ano 1,35 milhão de toneladas de grãos, a maior safra de sua história. Isto representa um acréscimo de 456,06% em relação ao ano anterior!

DESTAO!JJ\.1 Jeitinho vai salvando o IBGE Desde os anos 70 o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estava constituído como fundação, com liberdade de movimentos, autonomia administrativa e possibilidade de pagar salários diferenciados. A Constituição de 1988, porém em meio à euforia dos políticos e jornalistas pela chamada "Nova República" ~ incluiu entre seus dispositivos desastrosos o transformar em funcionários públicos todo o pessoal do IBGE. Receberam eles beneficios de estabilidade, aposentadoria integral, mas ... um brutal achatamento de salário, porque o Governo nunca tem dinheiro, apesar dos fantásticos impostos que cobra. A recente e fracassada Revisão Constitucional, de infeliz memória, perdeu uma ótima oportunidade de reverter essa situação, como aliás tantas outras. Agora, quando há algum aumento para funcionários - declara o presidente do IBGE, Simon Schwartzman - tal aumento "é geralmente para quem

ganha menos. Resultado: muitas vezes sai quem é qualificado, fica quem não é .... Nos últimos 4 ou 5 anos perdemos 25% do pessoal mais qualificado. Como órgão do Governo submetido ao regime único da administração federal, o IBGE está condenado à morte lenta. Vai perder o pessoal que tem e não vai formar outra equipe equivalente" ("Veja", 13-7-94). Mesmo para efeito de adquirir os equipamentos convenientes, o IBGE padece dos males insanáveis que se encontram em todas as empresas estatizadas. E só consegue sobreviver devido ao jeitinho brasileiro. É ainda Schwartzmann quem declara:

"No IBGE, micro -computador é moeda. Se a equipe de pesquisa tem um projeto interessante e faz um contrato com uma agência para executá/o, combina o pagamento mais ou menos assim: 'Vai custar dois micros'. Por quê ? Porque se o contrato for pago em dinheiro, cai no caixa único, não chega ao departam ento que f ez o trabalho, menos ainda até a pessoa que teve a iniciativa de contratá -lo.

No IBGE estatizado, os serviços são pagos em micro-computadores, pois, se fossem em dinheiro, este não chega ao departamento que efetua o trabalho ...

Então, a turma pede micro e, pelo menos, se equipa. "Sem contar o que deve ter no IBGE de gente fazendo serviços para fora, complementando salário com biscate, dando consultoria" (idem, ibidem). É o jeitinho brasileiro salvando o IBGE da morte a curto prazo que lhe causaria o pesado fardo da estatização. , CATOLICISMO, SETEMBRO 1994

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De fato, um país em que os casais não tivessem mais que três filhos veria o número de seus habitantes estacionar e depois decrescer. Sendo de 2, 1 o índice de fecundidade necessário para a reposição das gerações, uma política demográfica que favorecer, mesmo sem a impor, i .:;onstituição de famílias com apenas dois ou três filhos, estará levando a população ao envelhecimento. Pois muitas mulheres en:i idade de procriar, por motivos diversos, não terão filhos. Outras terão apenas um. Se as restantes tiverem apenas dois ou, no máximo, três, isso não será suficiente para equilibrar a balança. Assim é necessário que haja famílias com cinco, seis ou mais filhos para que a população possa realmente crescer. Mas como ter tantos filhos se as pressões sociais e econômicas, do governo e da sociedade, coagem os casais a tê-los poucos?

CONTRACEPÇÃO

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Lilllitação da natalidade: . ,, . allleaça a pr1nc1p1os básicos da Civilização Cristã e à própria nacionalidade brasileira Visando impedir a aprovação de nefasto projeto antinatalista na Câmara Alta, a Comissão de Estudos Médicos da TFP elaborou penetrante estudo, baseado em sólida documentação, o qual foi distribuído a todos os senadores. Abaixo apresentamos seus principais excertos

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endo em vista a aprovação, pela · cívica de inspiração católica, sente-se na obrigação de tecer algumas consideraCâmara Federal, em 21 de junho ções e formular advertências a respeito p.p., do projeto de lei nº 209-A, do mencionado projeto. E uma vez que de 1991, do deputado Eduardo Jorge ele deverá ser apreciado pelos ilustres (PT-SP), que regulamenta o parágrafo 7º membros do Senado Federal e submetido do artigo 226 da Constituição Federal, a à sua votação, é da mais alta conveniênComissão de Estudos Médicos da Sociecia que as ponderações contidas no predade Brasileira de Defesa da Tradição, sente documento sejam levadas ao coFamília- e Propriedade - TFP, entidade nhecimento de V. Exa. De início, cabe ressaltar a razão fundamental que impeliu esta Comissão da TFP a elaborar tal documento como um dever de consciência. Uma eventual aprovação e posterior sanção do projeto de lei nº 209-A implicaria em violar princípios básicos da moral cató li ca e da própria lei natural , devendo acarretar a aplicação da nova norma jurídica, com conseqüências nefastas para o País. Da leitura do projeto depreende-se que o mesmo visa o ofereciA nota dominante de populações envelhecidas não é o arroubo, a mento de métodos conousadia e a criatividade da infância e da juventude traceptivos para todos

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Nação com habitantes envelhecidos tende facilmente à decadência

Famílias com muitos filhos- ... · .. em conseqüência da pressão social antinatalistatornam-se cada vez mais raras, ... ... especialmente nos meios urbanos

os que os desejarem, em instituições públicas ou particulares, sob a supervisão do Serviço Único de Saúde (SUS).

A mentalidade antinatalista favorecida pelo projeto O atual projeto, como se viu, não alega motivos de ordem demográfica ou econômica para o oferecimento dos meios contraceptivos médicos e cirúrgicos. Pelo contrário, até proíbe, no parágrafo único do artigo 2°, que tais meios sejam utilizados para controle demográfico. Entretanto, o fato de não desejar explicitamente uma limitação da natalidade no País não significa que ela não venha a ocorrer como conseqüência da aprovação do projeto. É notória a existência de uma mentalidade antinatalista difusa na sociedade em geral. Essa mentalidade foi induzida, de diversos modos, pelos meios de comunicação social, gerando uma pressão social, poderoso fator de coação moral, que obriga muitos casais a fazeruso de meios contraceptivos, embora contra a sua vontade. Isto pode ser observado nos meios urbanos em todos os níveis sociais, onde muitas mulheres utilizam contraceptivos orais - e recorrem até à esterilização cirúrgica - unicamente para ceder à pressão de parentes, de amigas, ou mesmo de médicos e de funcionários da área da Saúde especializados na orientação sobre os contraceptivos, e na sua distribuição.

O envelhecimento progressivo das populações Poder-se-ia então perguntar: essa queda progressiva e acelerada da natalidade irá trazer algum benefício para o Brasil? Nos países onde ela se verificou de maneira ainda mais radical, quais foram e quais estão sendo suas conseqüências de ordem econômica e social? É sabido que na quase totalidade dos países europeus, bem como nos Estados Unidos e no Canadá, a prática radical e prolongada do controle da natalidade pela população - ou seja, onde há vários anos a taxa de fecundidade está abaixo do índice mínimo necessário (2, 1 filhos por mulher) para a reposição das gerações vem provocando o envelhecimento progressivo das populações: a porcentagem de pessoas idosas vai aumentando, enquanto diminui a de crianças e jovens. A limitação da natalidade em nosso País, favorecida pelo projeto ora aprovado pela Câmara dos Deputados, acabará por levar o Brasil pelas sendas do envelhecimento da população. Realmente, as famílias numetosas em conseqüência da pressão social antinatalista - tomam-se cada vez mais raras entre. nós, muito especialmente nos meios urbanos, onde se localiza a maior parte da população brasileira. Entretanto, são elas indispensáveis para o crescimento e mesmo para a manutenção numérica das populações.

A contracepção do ponto de vista da lei moral objetiva e da lei natural Cabe agora perguntar se, do ponto de vista da lei moral objetiva e da lei natural, o projeto pode ser aceito ou se é francamente rejeitável. Duas questões se impõem: 1ª) Se todo indivíduo tem realmente direito ao exercício do planejamento familiar, utilizando para o mesmo qualquer "método ou técnica de concepção e contracepção cientificamente aceitos", sem levar em conta se tais métodos ou técnicas estão de acordo com a lei moral objetiva e a lei natural. Como bem define Santo Tomás de Aquino, lei natural "nada mais é do que a participação da lei eterna na criatura racional" (Suma Teológica, 13 Ilae, q. 91, a. 2), enquanto a lei eterna consiste na "razão de governo das coisas em Deus, como no principal existente do Universo" (op. cit., q. 91, a. l ). A lei moral objetiva é a parte da lei natural constituída pelas normas formuladas pela razão prática do homem, que é voltada para a ação; 2ª) Se o Estado tem realmente o dever de "promover condições e recursos informativos, educacionais, técnicos e cient{ficos que assegurem o livre exercício do planejamento familiar".

Porém, pior que a diminuição quantitativa da população é a transformação qualitativa que a precede. Uma nação com habitantes envelhecidos, embora ainda não reduzidos em número, tende facilmente à decadência. À medida que pessoas de idade madura e provecta se vão tornando mais numerosas, embora cada faixa etária conserve seus predicados próprios a caracteO pretenso direito à rística psicológica da população muda contracepção por quaisquer em seu conjunto. A nota dominante já meios não é o arroubo, a ousadia e a criatividade A respeito da primeira questão, não da juventude, mas a mentalidade prudennegamos que toda pessoa tenha o direito te, mais securitária, e muitas vezes egoísde regular a própria fertilidade. Porém, ta, que com freqüência se nota na idade madura e na velhice. Uma população envelhecida poderia assim conduzir o País não só à estagnação e à decadência econômica, como ainda a uma futura submissão política a povos mais jovens, dotados de espírito de luta. A seqüência: limitação da natalidade - envelhecimento - decadência - submissão, é comum obser- '--_ _.___,. var-se ao longo A mentalidade do povo com predominância de velhos é mais securitária, e da história dos muitas vezes egoísta, que com freqüência se nota na idade madura povos. CATOLICISMO, SETEMBRO 1994

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ela não tem o direito de utilizar para esse fim métodos e técnicas que sejam contrários à lei natural, como são os métodos contraceptivos artificiais, sejam eles médicos ou cirúrgicos. A regulaçãb da fertilidade por omissão do ato conjugal não atenta contra a lei natural desde que haja ponderáveis e proporcionadas razões para não se aumentar a prole. Mas se tais razões forem eliminadas, também a limitação da natalidade m~diante a omissão do ato conjugal consistirá numa violação da lei natural. Torna-se evidente, por conseguinte que uma ação direta e voluntária, por qualquer meio, visando impedir a conseqüência natural de um ato é a fortiori atentatória à lei moral objetiva e, portanto, à lei natural. E esta norma não vale apenas para os católicos, pois sendo de Direi.to natural e não simplesmente de direito positivo, estende-se a todos os homens. É sabido que a utilização de métodos artificiais para impedir a concepção constitui um mal moral, um pecado. Esta condenação está enunciada bem claramente na moral tradicional da Igreja Católica e não está sujeita a mudanças ou atenuações, de acordo com circunstâncias ou situações.

A lei natural aplica-se a todos os homens Sobre a universalidade da lei natural (cujo conceito foi apresentado acima), ou seja, o fato de que suas normas e preceitos obrigàm a todos os homens e não apenas aos católicos, João Paulo II é bem claro em sua Carta Encíclica Veritatis Splendor: "A lei natural implica a universalidade. Aquela, enquanto inscrita na natureza racional da pessoa, impõe-se a todo ser dotado de razão e presente na história . .... A cisão criada por alguns entre a liberdade dos indiv(duos e a natureza comum a todos, como emerge de certas teorias filosóficas de grande repercussão na cultura contemportinea, obscurece a percepção da universalidade da lei moral por parte da razão. Mas enquanto exprime a dignidade da pessoa humana e põe a base dos seus direitos e deveres fundamentais, a lei natural é universàl nos seus preceitos e sua autoridade estende-se a todos os homens. .... "Os preceitos negativos da lei natural são universalmente válidos: obrigam a todos e a cada um, sempre e em qual·quer circunsttincia. Trata-se, com efeito, de proibições que vetam uma determinada ação semper et pro semper, sem exceções, porque a escolha de um tal comportamento nunca é compat(vel com a bon-

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dade da vontade da pessoa que age, com a sua vocação à vida com Deus e à comunhão com o pr6,ximo" (João Paulo II, Carta Encíclica Veritatis Splendor, nºS 51, 52, Loyola, São Paulo, 1993). Resumindo e reafirmando esta doutrina constante do Magistério eclesiástico, o Catecismo da Igreja Católica, recentemente publicado ( 1992), ensina: "É intrinsecamente má 'qualquer ação que, quer em previsão do ato conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas conseqüências naturais, se proponha como fim ou como meio tomar imposs(vel a procriação' (Humanae Vitae, nº 14)" (op. cit., nº 2370). Portanto, tendo em vista tal ensinamento do Magistério pontificio, é forçoso concluir que um programa ou empreendimento estatal com a finalidade precípua de divulgar e oferecer contraceptivos, e instruir sobre sua utilização, induziria ao pecado tanto os que recebem como os que informam, criando uma questão de consciência de âmbito nacional para todos os envolvidos na realização desse programa.

O Estado não tem o direito e muito menos o dever de ·proporcionar os meios para uma conduta contrária à lei natural No que se refere à segunda questão, podemos afirmar com toda a segurança que o Estado não tem de modo algum o dever de oferecer aos habitantes do País todas as informações e todos os meios desejados para o controle da fertilidade, máx.ime se tais informações e meios levarem a uma conduta contrária à lei natural. A função do Estado é a de zelar pelo bem comum. E, no tema que nos ocupa, sua obrigação é precipuamente a de proteger o livre exercício do direito que cada um tem de controlar a própria fecundidade de acordo com os princípios da lei natural. Nestes dias de contradição e de confusão, o socialismo se encontra numa situação espantosamente paradoxal. No plano político, ele vai recuando como uma velheira, cuja remoção para um depósito de sucata se torna urgente: único modo de evitar a repetição dos graves prejuízos que a aplicação concreta dele vem acarretando em vários países. Mas, sem embargo, o espírito socialista sopra imune .;obre quase todas as câmaras legislativas do mundo, acarretando como conseqüência a aprovação de leis socialistas em diversos campos. Isto posto, não é de espantar que se note, também nos problemas referentes à

natalidade, uma tendência legiferante claramente voltada para a interferência estatal hipertrofiada. Assim, sem negarmos ao Estado o direito de legislar em matéria demográfica, visando o bem comum temporal, e de usar no mesmo sentido os meios de comunicação social, só em cir-· cunstâncias muito específicas é que lhe cabe promulgar leis ou lançar campanhas no sentido de incentivar, promover ou sugerir que as pessoas tenham ou não tenham Se os velhos quantitativa .. .. mais ou menos o tom num determinado pais, ... filhos. Cabeà estagnação econômica ... politica em relação a... lhe precipuamente, isto sim, respeitar e proteger a decisão de casais bem constituídos, observantes da lei natural, de regular sua prole de acordo com as respectivas conveniências.

Prejuízos à população em termos de saúde pública: disseminação da AIDS Se tal projeto do Poder Legislativo é rejeitável dos pontos de vista demográfico, social, econômico e moral, será ele aceitável do ponto de vista médico? Uma ampla distribuição de contraceptivos será benéfica para a saúde da população em geral? Será, pelo menos, inócua? Não vamos entrar em considerações sobre os possíveis maleficios que o uso prolongado de contraceptivos orais pode trazer à saúde de muitas usuárias. Preferimos focalizar o prejuízo que o uso generalizado de con-

tracepti vos pode causar à população, em termos de saúde pµblica. É fato notório que essa utilização em larga escala, ao favoreceruma ampla liberdade sexual, provoca um enorme aumento da promiscuidade sexual. E também é sabido que tal promiscuidade sexual desenfreada nos adolescentes e adultos faz aumentar acentuadamente a incidência de doenças se-

xualmente transmitidas (doenças venéreas), apesar do arsenal terapêutico disponível contra elas. Pois é fato .. . e qualitativamente dão igualmente re... este pode ser conduzido conhecido que .. . e até mesmo à submissão ...outra nação a verdadeira profilaxia de tais doenças é a continência sexual pré e extra-matrimonial. Se ela desaparece por efeito dos contraceptivos, não há meios de deter a maré montante das referidas doenças. Ora, entre elas existe uma que é fatal, contra a qual não existe imunização ou tratamento. Trata-se, como é amplamente conhecido, _d a AIDS · (síndrome de imunodeficiência adquirida), para cuja difusão a promiscuidade sexual é notoriamente um poderoso fator. Observada inicialmente entre os ho-

mossexuais masculinos, atingiu depois os heterossexuais de ambos os sexos e continua a propagar-se rapidamente, constituindo já uma verdadeira pandemia, "que se tomou um dos maiores problemas de saúde pública já enfrentados pela humanidade"( 1). A estimativa é de que existam 425.000pessoas infectadas pelo HIV (vírus causador da AIDS) no País. O Ministério da Saúde projeta a ocorrência de 87.000 novos casos de AIDS, em pessoas já infectadas pelo HIV, no período de 1993-1995. Durante o mesmo tempo deverão morrer 85.000 pessoas em conseqüência da doença. O aspecto contemporâneo mais marcante da epidemia de AIDS no Brasil é sua expansão para novos grupos populacionais, após uma primeira fase de maior concentração entre adultos homossexuais masculinos. Neste contexto, o crescimento do número de casos entre mulheres e o conseqüente incremento na transmissão perinatal do HIV é particularmente importante (2).

O crescimento da AIDS no mundo Segundo dados mais recentes fornecidos pela OMS, o número de casos de AIDS no mundo aumentou em 60% de dezembro a julho deste ano, atingindo mais 1 milhão de pessoas. Já haveria no mundo cerca de 16 milhões de adultos e 1 milhão de crianças contaminados. Segundo a OMS não há sinais do fim da epidemia. Até o ano 2000 a previsão é de que a doença atinja entre 30 e 40 milhões de pessoas no mundo (3). O número de pessoas infectadas pelo vírus HIV é sempre muito maior que o número daq~as em que os sintomas da AIDS já se manifestaram. Isto se deve ao fato de que a doença leva alguns anos para se manifestar, após a contaminação do paciente pelo referido vírus. Porém, todo portador do vírus é também um transmissor do mesmo; pode transmitir a outras pessoas a causa da doença, mesmo que esta ainda não se tenha manifestado no transmissor.

Assim, tendo em vista que a letalidade da AIDS é de praticamente 100%, podeComemoração de vítimas da AIDS durante a se constatar como é IX Conferência Internacional dessa moléstia nefasto para o País realizada em Berlim. A utilização em larga ' um projeto que vai escala de contraceptivos provoca aumento da facilitar e incentivar promiscuidade sexual, causando esta, nos seu maior fator de últimos tempos, crescimento considerável da contágio, ou seja, a AIDS, especialmente na juventude promiscuidade sexual.

Mais um aspecto negativo do projeto: aumento do número de abortos provocados Ainda do ponto de vista da saúde pública podemos notar mais um aspecto negativo do projeto. Pois, ao contrário do q~e afirmam os defensores e propagandistas dos contraceptivos, o uso generalizado destes faz aumentar notavelmente o número de abortos provocados. Uma vez incutida a mentalidade antinatalista e uma disposição de evitar a gravidez a qualquer preço, a falha de um método contraceptivo ou uma eventual suspensão de seu uso induzirá a recorrer ao aborto, o qual passará a ser então um outro método "contraceptivo" para situações "de emergência". ~or sua vez, o aborto provocado, especialmente se praticado repetidamente, pode causar graves malefícios de ordem tisica e psíquica às mulheres que a ele se submetem. Também não entraremos aqui numa análise detalhada do problema do aborto, uma vez que o projeto não trata diretamente do assunto.

O projeto é rejeitável sob todos os pontos de vista: moral, social, econômico, demográfico e sanitário Tudo isso torna evidente como também é rejeitável sob o prisma médico muito especialmente no que diz respeito ao po~to de vista sanitário, de saúde pú~lica - essa ampla difusão de contraceptivos, fundamentada em falsas premissas de ordem moral e doutrinária, e com péssimas repercussões de ordem social, econômica, demográfica e sanitária. Em vista de todas essas fundadas razões de caráter doutrinário, científico e prático - este último .baseado na experiência de outros povos - fazemos um apelo a V. Exa. no sentido de rejeitar totalmente o projeto em questão. Estamos certos de que V. Exa., cônscio da responsabilidade de defender na Câmara Alta os valores básicos da Civilização Cristã em nossa Pátria e da própria nacionalidade, saberá preservá-los dos graves riscos representados pela aprovação desse malsinado projeto de lei. E assim o fazendo, V. Exa. será credor da eterna gratidão de seus compatriotas. NOTAS 1. Ministério da Saúde, Normas Técnicas para prevenção da transmissão do HIV nos Serviços·de Saúde, DN-SDST-AIDS, 1989, p. 9. 2. Idem, ibidem; AIDS-Boletim Epidemiológico nº 7, ano VI, agosto 1993, Ministério da Saúde, PNC DST/AIDS, pp. 2-3; idem, ano VII, nº 3, março 1994. 3. Cfr. "O Estado de S. Paulo", 1-7-94.


TFPsEMAÇÃO

Encontro de Neo-Cooperadores utiliza encenações teatrais altamente elogiosa do renomado canonista Pe. Anastácio Gutierrez, cofundador do Instituto Claretiano de Roma, e consultor de várias congregações romanas.

de 1789, ou a Revolução bolchevista de 191 7. Para ilustrar o .processo de decadência do tipo humano característico da Europa medieval até o ultra-revolucionário de nossos dias, apresentaram-se personagens com trajes próprios às respectivas épocas: um cruzado do século XIII, um aristocrata do Ancien Régime - era que antece-

Nos últimos meses, graças ao concurso de crescente número de jovens cooperadores das Sedes dos bairros da Saúde e , - - - , - - - - - - - - - - - - - - - --

deu a Revolução Francesa-, um burguês da Belle Époque, um agitado administrador contemporâneo, e, finalmente, um punk. Cada um desses personagens surgia no palco ao som de música típica de sua época. Em seguida, ele sentava-se em móvel ou algo do gênero, adequado ao respectivo tempo: majestoso banco da era do apogeu medieval, cadeira aristocrática estilo de Luís XVI, poltrona de couro superconfÓrtável, cadeira giratória de escritório e, por fim, grosseira almofada jogada ao chão, como o mais recente estilo de assento.

Livro traz tudo sobre o Rosário

de Santana, em São Paulo, que se dedicam ao estudo e à pesquisa, esses enconEnquanto muitos só buscam a solução para es de exemplares difundidos em todo o tros têm c.ontado com vá.os problemas de nosso tempo ·em medidas de mundo (sendo mais de 400 mil no antigo rias peças teatrais,.proclacaráter econômico, ou político, ou social, a império comunista), é sócio da Sociedamações em estilo medieTFP propõe mais um enfoque: o religioso e o , de Brasileira de Defesa da Tradição, val, como também apremoral, com repercussão imediata nos campos Família e Propriedade-TFP e membro sentações musicais. Sob a cultural e cívico. titular da Academia Marial de Aparecicoordenação do Sr. J6ão É assim que caravanas de jovens propaganda . Clá Dias, sócio da entidaCenas da História das cruzadas - No // Encontro de distas da vibrante entidade dos estandartes O Arcebispo de Aparecida, D. Geralde, tanto o planejamento Neo-cooperadores da TFP, cavaleiros entram no auditório vermelhos percorrem as cidades do País, dido Maria de Morais Penido, concedeu a conduzindo aos ombros, em maca, o Rei Balduíno IV. Esse quanto a redação de textos vulgando o livro intitulado Rosário, a grande aprovação eclesiástica para a publicasoberano, apesar de atingido pela lepra, não abandonou a e os ensaios ficam a cargo solução para os problemas de nosso tempo. ção da obra. direção do Reino Latino de Jerusalém, no spculo XIII. Dando sublime exemplo de heroísmo cristão, permaneceu ele até o de tais jovens, com exceEm linguagem muito didática e ao alcance Completa o volume uma compilação lentes resultados. fim comandando seus guerreiros, tendo vencido os do grande público, o autor da obra, Engº. Ande textos dos Santos Evangelhos narranmulçumanos em memoráveis batalhas. Uma das apresentaçõ- tonio Augusto Borelli Machado os sucessivos passos es teatrais que mais im- .do, explica a origem, significada vida de Nosso Senhor m julho último, durante as férias pressionou os participantes do En- do e eficácia do Rosário, essa Jesus Cristo e da Santísescolares, realizou-se .em São contro teve lugar em meio ao arvore- devoção tão popular entre nós. sima Virgem, e que Paulo o// Encontro de Neo-coopera- do da Sede de Santana. A peça cons- Com 160 páginas em formato compõem a trama dos dores da TFP, reunindo duas cente- tou de cenas da Paixão de Nosso Se- de bolso, o livro contém 23 gramistérios do Rosário. O nas de jovens procedentes das mais nhor, entre as quais a condenação no vuras que ilustram os princilivro constitui assim um diversas regiões do País. pretório de Pilatos, a flagelação e a pais dogmas da doutrina catómanual completo . para As exposições doutrinárias do En- crucifixão. Nelas, tanto atores quanto lica, ligados às orações que os que quiserem valer-se contro, a visão geral da História, bem assistentes desclocavam-se por vá- compõem o Rosário. Quinze dessa prática de devocomo da crise que adnge o mundo rios prédios e locais do amplo bosque belas iluminuras ajudam o leição. contemporâneo, são baseadas na obra existente na Sede de Santana. tor a rezar e meditar os 15 misAntonio Augusto Borelli MaRevolução e Contra-Revolução, de chado - Rosário - A grande Foi também muito apreciada a térios do mesmo. autoria do Prof. Plinio Corrêa de Olisolução para os problemas O autor, conhecido por seu de nosso tempo, Artpress Inveira. Lançado inicialmente nas pági- teatralização que focalizou a revolulivro sobre Fátima, que já aldústria Gráfica e Editora Ltda. ção nos costumes não explicitada nas de "Catolicismo", em 1959, esse Rua Javaés, 681à 699 cançou a tiragem de aproximaCEP: 01130-010- SãoPaulo-SP magistral estudo alcançou numerosas diretamente em idéias e em escritos d ame n te . .1~Jl~ . ~(r.) pt.n! . Tel: (011 ) 220- 4522 edições no Brasil e no Exterior, sendo - e que antecede e prepara o caminho . .h Capa da obra , . Fax::(011) 220 - 5631 ! :; r (.; .,·1u J:::.r1.,. ,Jr d ois mil õsobre o Rosário Preço: R$ 6,00 objeto, recentemente, de uma carta para as grandes explosões revolucionárias, como a Revolução Francesa

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CATOLICISMO,SETEMBRO 1994

Registros para a História

BASTIDORES DA APROVAÇAO DO DIVORCIO NO BRASIL ~

Num lance da vida nacional: a implantação do divórcio, a responsabilidade de um Episcopado, a argúcia de um leigo, a confissão de um Prelado

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ão é o objetivo r--=-===== ===::T::;--:-::,-;.--, que as leis civis não atentem deste artigo hiscontra o que Jetoriar as lutas pró e sus Cristo insticontra o divórcio que tuiu. marcaram a fundo a vida religiosa do Brasil Para a defesa • nesta segunda metade do século, nem do vínculo, caso venha a ser ameaçado de relatar o papel de destaque incon- por algum truque do sr. Nelson Carneiro, testável que nelas teve a TFP em peço aos srs. bispos tão somente um documento revestido das característitriunfais campanhas. ( 1) A razão do presente artigo é assinalar cas pouco acima enumeradas (isto é, puo acerto do discernimento com que o blicar largamente um pronunciamento Prof. Plinio Corrêa de Oliveira apontou tanto quanto possível conciso e perentóaquela que viria a ser a causa principal da rio contra o divórcio). E a este propósito aprovação do divórcio no País. Em sua lhes dirijo, como católico, ligeiramente opinião - confirmada bastante tempo adaptada, a súplica do Centurião: dizei depois por um ilustre Prelado - o divór- uma só palavra, e nossa pátria estará cio só seria introduzido se a CNBB não salva. Pois aossrs. bispos nã.o é necessário defendesse com a máxima energia e coe- que se movam nem que se esforcem. Bassão a indissolubilidade do vínculo matri- tará que falem, mas falem deveras, monial. para que os leigos façam o resto, e levem Foi movido pela convicção da grande à derrota as hostes divorcistas. influência que então o Episcopado ainda - "Teremos ou não teremos o diexercia sobre a opinião pública brasilei- vórcio? Esta pergunta redunda em oura, que o Presidente da TFP dirigiu aos tra: falarão ou não falarão contra ele senhores Bispos respeitosos e filiais ape- nossos bispos, num pronunciamento los, implorando sua intervenção naquela da CNBB, compacto e sem discrepânemergência. cias? Transcrevemos a seguir trechos mais "Se - como de direito - emitirem a significativos de alguns deles. palavra salvadora, o laicato católico do Brasil sobressaltará. E qualquer iniciativa clara ou veladamente divorcista A súplica do Centurião morrerá 'inovo'. " .... Isto dito, volto-me para a CNBB.

Sabem os srs. Bispos, que a indissolubilidade do casamento foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, e que lei humana alguma tem o direito de a abolir. Sabem também que eles, mais incomparavelmente mais do que à TFP, ou a quem quer que seja, cabe velar por

"Não quero crer que, essa palavra, eles a recusem. Se a recusassem o desa-

lento no laicato católico poderia ser bem grande. Pois em tão surpreendente hipótese se lhes poderia aplicar a frase de Camões: 'um fraco rei faz fraca a forte gente' "Se, em tal caso, o divórcio vencesse o causador capital desta vitória não seCATOLICISMO,


ria o sr. Nelson Carneiro "(2). (Grifos nossos)

A CNBB: Corcovado o~ formiga?

um sério empenho da Hierwquia católica nacional para dissipar; nesta matéria, a fumaça de Satanás, e impedir que o divórcio seja aprovado. "Os Emmos. Srs. Cardeais, os Exmos. Revmos. Srs. Arcebispos e Bispos tomem o ocorrido na OAB como um sinal de alarma. Ergam-se, ensinem, proclamem, se necessário fulminem. Caso o façam desde logo, o divórcio não passará. - Que alegria, que glória para a Igreja, que o façam quanto antes! "O fracasso da ofensiva divorcista depende deles. Inteiramente" (4). (Grifos nossos)

Dois meses depois o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira insistia em afirmar que em matéria de divórcio tudo está nas mãos do clero. "... Em outros termos, tal é a influência moral da religião em nosso País, que tudo está nas mãos do clero. Se ele falar logo, falar claro, falar àlto, falar coeso, e sem cessar, a consciência católica do País - povo e legisladores - despertará do triste e explicável letargo em que está. Será então impossível ao sr. A graf'lde Pastoral Coletiva ... Nelson Carneiro fazer passar o divórcio, que não veio como é impossível a uma formiga derruLogo após a introdução do divórcio na bar o Corcovado ... Constituição, em 1977, assim se exprimiu "Animar; coordenar e levar à luta noso Presidente da TFP: sas tão imensas e tão desditosas multidõ"Naturalmente, a mentalidade dos caes de católicos do Brasil, é obra que só tólicos é levada a confiar na iniciativa dos um grande trabalho poderá levar a cabó. seus pastores, para enfrentar as crises reSe tal trabalho for feito afundo, a vitória ligiosas. E essa iniciativa se mostrou exídesde já é certa. O sr. Nelson Carneiro gua em inteligência, em 'know how' e será a formiga, e a maioria católica o plena vontade de vencer. Através de tais Corcovado. Se, pelo contrário, tal trabalho não tiver a amplitude e o vigor que as · porta-vozes - falo descontando as 'honrosas exceções' de estilo - a voz do Brasil circunstâncias exigem, o divorcismo será antidivorcista ecoou, no recinto do Cono Corcovado e nós, a quase totalidade do gresso, pouco persuasiva, pouco empeBrasil, seremos ... aformiga. nhada .... " "Em suma, tudo depende da CNBB. "O 'know how' m~ndaria que, Desde que ela se atire à luta, vencerá com certeza .... " nesta emergência, o episcopado naSó há par'a a CNBB dois papéis, o de cional publicasse, logo quando dos Corcovado e o de formiga" (3). (Grifos primeiríssimos rumores de perigo nossos) divorcista, uma grande pastoral co-

Pouca energia da Hierarquia na Itália: aviso para o Brasil O pedido de advogados da OAB, em 1974, de implantar o divórcio no País, somado à aprovação do mesmo na Itália com a colaboração de sacerdotes e com a mínima reação da Hierarquia eclesiástica em defesa do matrimônio, levaram o Presidente da TFP a conclamar os Bispos a tomarem uma posição clara e urgente: " .... E chegamos ao ponto final. A tradição antidivorcista ainda é tão viva em nosso povo, que bastará

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letiva, assinada pela totalidade dos srs. cardeais-arcebispos e bispos do Brasil .... " "O Brasil tem ao todo 267 bispos. Destes, apenas I 04 se pronunciaram contra o divórcio .... "De outra parte, a quase totalidade dos que falaram - e alguns falaram muitas vezes - pouco disseram.... "Simples foguetório antidivorcista, em lugar da grande bornbarda doutrinária da pastoral coletiva que fora necessário detonar .... "Como espantar que, nessas condições, certo número de deputados e senadores tivesse vacilado, na dúvida sobre o verdadeiro rumo do pensamento católico de amanhã?" (5) (Grifos nossos).

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aderno Especial Nº 37

O depoimento do Cardeal-Arcebispo do Rio Não haveria algum exagero, na opinião sustentada pelo presidente da TFP quanto à responsabilidade da CNBB na aprovação do divórcio? poderia perguntar algum espírito timorato. Nada melhor para aquietar tal excesso de escrúpulo que transcrever as palavras de um observador eclesiástico altamente colocado para pronunciar-se a respeito do assunto. Com efeito, cinco anos após a aprovação do divórcio, D. Eugênio Salles, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, confirmava o prognóstico que o insigne pensador católico vinha sustentando há tanto tempo. Afirmou o Prelado: "Se a Igreja no Brasil tivesse lufado corno o Cardeal Motta, o divórcio não teria sido aprovado" (6) (Grifos nossos). João Sérgio Guimarães

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NOTAS: (1) Para quem quiser conhecer a atuação da TFP, inclusive em campanhas públicas contra o divórcio, ver:

Um homem, uma obra, uma gesta - Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira,

A omissão da CNBB na defesa da indissolubilidade do vínculo matrimonial tornou possível a aprovação do divórcio pelo Congresso Nacional, em 1977

CATOLICISMO,SETEMBRO 1994

Edições Brasil de Amanhã, São Paulo, 1989, pp. 85 a 88 e 113-114. (2) Plinio Corrêa de Oliveira, Dizei uma só palavra ... , "Folha de S. Paulo", 21/2/71. (3) Idem, Corcovado ou formiga?, "Folha de S. Paulo", 25/4/71. (4) Idem, Inteiramente ... , "Folha de S. Paulo", 25/8/74. (5) Idem, Foguetório e não bombarda, "Folha de S. Paulo", 25/6/77. (6) "O Globo", 21/9/82.

~ 055a ~enqora oe Qioímoonga - J\5iuria5, 'l[5panqa (8 de setembro)


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(São Marcos 3, 13-19)

E, tendo subi o a um monte, chamou a si os que quis; e aproximaram-se dEle. E escolheu doze, para que andassem com Ele e para os enviar a pregar. E deu-lhes poder de curar doenças e de expelir os demô. nios: (Escolheu) Simão, a quem pôs o nome de Pedro,

e Tiago, filho de z;ebedéu, e João, irmão de Tiago aos quais pôs o nome de Boanerges que quer dizer filhos do trovão; e André e Filipe e Bartolomeu e Mateus e Tomé e Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu e Simão Cananeu, e Judas lscariotes, que O entregou.

@ontcntário5 .compilaoo5 por ~auto W:omá:5 oc J\quinn · na "Qlatcna J\urca" São Beda - Depois de haver proibido aos espíritos impuros que tomassem público seu nome, elegeu santos para expulsar os espíritos impuros e pregar o Evangelho. "Supindo depois Jesus a um · monte ... " (São Lucas diz que subiu para rezar). Deste modo, não por eleição ou cálculo deles, mas pela graça divina, eram chamados ao apostolado. O monte em que escolheu o Senhor os apóstolos expressa a elevação da justiça, em que haviam de ser instituídos, e que deviam pregar aos homens. São Teófilo - Diz os nomes dos Apóstolos, para que sejam conhecidos entre os que haviam usurpado este título, e continua: '.'E pôs a Simão ·o nome de Pedro", São Beda - Quis, pois, o Senhor que daí por diante se chamasse de outro modo, para que a mudança mesma de nome significasse a missão que lhe

confiava. Kephas em siríaco significa o mesmo que Pedro em grego e em latim, e em ambas as línguas se deriva de pedra este nome, não podendo caber dúvida em que essa é aquela da qual disse São Paulo (I Cor. 10): "A pedra era Cristo", porque como Cristo era a verdadeira luz (São João 1) e a deu aos apóstolos para que fossem chamados luz do mundo (São Mateus 5), assim se deu o nome de pedra a Simão que cria na pedra de Cristo. São João Crisóstomo - ("Tiago, filho de Zebedeu e João seu irmão"). Chama assim aos filhos de Zebedeu porque deviam difundir por toda a terra os grandes e memoráveis decretos da divindade. São Jerônimo - Ou se·manifesta o mérito dos três por isto que merecem ouvir no monte (Tabor) a voz do Padre semelhante a um trovão, através da nuvem resplandecente (Mat. 15): "Este é meu Filho bem-amado".

Qlomcntário5 oo "a.hrc 1fiui5 Qlláuoio Jffillion A eleição dos doze Apóstolos e o Sermão da Montanha podem ser considerados como os primeiros passos decisivos que Jesus empreendeu para fundar sua Igreja. Com o primeiro escolhia auxiliares e preparava sucessores oficiais, com o segundo promulgava o que se tem chamado justamente a Constituição do reino dos Céus. Pouco depois de curar o homem com a mão atrofiada, o Salvador, como escreve solenemente São Lucas, "subiu ao monte para rezar, e passou a noite rezando a Deus". Havia levado consigo alguns discípulos. Que pediu em tão prolongada oração? O que segue na narração indica-o claramente. Pensava escolher seus apóstolos: conjura, pois, com ·instâncias a seu Pai celestial para abençoar os futuros escolhidos, a fim de que fossem dignos de vocação tão sublime. ,. , Ao amanhecer, chamou a si os discípulos escolhe~do doze entre eles. '½os quais Ele mesmo quis", acrescenta São Marcos. Deu-lhes o nome de apóstolos, ou seja, enviados. Deviam permanecer sempre perto ,dEle para receber as instruções e formar-se com 6 seu exemplo; de quando em quando os envia rá para pregar, como prelúdio de tão grave e dificil ministério, que será o de toda sua vida. Doze apóstolos, como houve doze tribos em Jsrael, com um tríplice par de irmãos: escolhidos

todos e tirados, não das classes superiores da nação judia, mas das do povo, e em geral, das que vivem do trabalho de suas mãos. Todos mais ou menos ignorantes e sem instrução, mas inteligentes e bons; de alma imperfeita ainda, mas cândida e simples: "Mármore-virgem", tem-se dito, que Jesus poderá modelar a seu gosto. Muitos deles tinham dois nomes, ou melhor, o nome próprio e o sobrenome: como Simão Pedro, Tiago e João, aos quais chamou o Salvador de "filhos do trovão" por sua eloqüência e caráter ardente; Mateus, chamado antes Levi, B.artolomeu, que parece não ser outro que Natanael; São Judas, que tinha três nomes, pois era chamado também Lebbeu e Tadeu. A lista que se abre sempre, nas quatro passagens que a mencionam os escritores sacros, por Simão Pedro, o futuro Vigário de Jesus Cristo e Chefe indiscutível do Colégio apostólico, acaba também sempre por um nome odioso, seguido de uma nota infamante: "Judas lscariotes, o traidor". A vocação deste traidor é certamente um mistério profundo; mas Judas encontra-se entre os Apóstolos ,como a serpente no paraíso terrestre; como Caim no seio da primeira família humana; como Caro na Arca, como o mal sempre e em todas as pàrtes com o bem. Além do mais, ele recebeu com abundância, como os outros Apóstolos, as graças e as bênçãos divinas

e conservou sempre sua liberdade inteira e plenamente para subtrair~se ao mal. Além disso, em várias ocasiões procurou Jesus fazê-lo voltar ao grêmio do bom _c aminho, mas chamou em vão na porta deste

coração empedernido. Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestro Seiíor Jesucristo según los Evangelios, Editorial Difusión, Tucumán, 1859; pp. 134-135.

~ll5Sa ~cnqora OC Qlofraonnga (Astúrias -Espanha, 8 de setembro) Três longos .e árduos dias durou a batalha de Guadalete. Afinal, foram derrotados os católicos pelos invasores mouros. Começava o tormento da dominação muçulmana na Espanha, no início do século VIII, que só se encerraria totalmente em fins do século XV. Entretanto, a Divina Providência tinha já disposto que, na própria hora da catástrofe de Guadalete, se destacasse o primeiro herói da Reconquista. Era ele um guerreiro de elevada estatura e cuja espada muitas vezes se molhara no sangue dos inimigos da Igreja. Porta-estandarte do rei Rodrigo e parente desse último monarca da dinastia visigótica, com uma das mãos segura o emblema, no qual figurava a Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, brandindo com a outra o gládio. Depois de caracterizada a derrota, reaglutinou esse proto-herói da Reconquista os sobreviventes, e dirigiram-se rumo à capital do Reino visigótico, Toledo. Esse guerreiro de ânimo inabalável chamava-se Pelayo. Da capital, .calculando que não haveria tempo para montar uma defesa eficaz, saiu Dom Pelayo reunindo o que pôde para organizar a resistência e contra-ofensiva nas estratégicas montanhas das Astúrias, bem ao Norte da Espanha. Muitos, inclusive Sacerdotes, carregados com Relíquias de Santos e vasos sagrados; seguiram Dom Pelayo. Passaram-se sete anos desde o desastre de Guadalete. Enqua:p.to o mouro ia se assenhoreando com facilidade e rapidez do reino visigótico decadente, os heróis católicos, sob as ordens do grande guerreiro, preparavam-se para a epopéia da Reconquista. Chegou o dia, no ano 718, em que o infiel resolveu exterminar o indomável núcleo do Norte. Para isso, o governante mouro Helor enviou seu lugar-tenente Alcámah com um exército de duzentos mil homens. Dom Pelayo e os seus juraram verter até a última gota de sangue pelo restabelecimento, completo e glorioso, do Altar e do Trono na ·península ibérica. Fortificaram-se numa das principais elevações da região: o monte Auseba. Eram apenas mil homens a~ados contra duzentos mjl! Ptovidencialmente, numa gruta do Auseba mo·rava um santo ermitão que Dom Pelayo conhecera no -decurso daqueles anos. O anacoreta discenira a missão desse heróico lutador e lhe cedera, como protetora, uma imagem muito antiga de Nossa Se,nhora. E predisse que a partir daquela gruta começaria, a reconstrução de um reino católico maior e mais 'poderoso que o dos visigodos. · O reduto de resistência foi assim disposto: os homens armados, em tomo da gruta (que ficava a

meia altura da montanha); mais ao alto, os não armados, emboscados e tendo prontos para fazer rolar sobre os invasores grossos troncos e grandes pedras. Oh dor!, que pressagiava com quase treze séculos de antecedência a atual crise na Santa Igreja: um Arcebispo vinha a serviço dos muçulmanos. Prestou-se para ser emissário dos infiéis, com vistas a obter a rendição pacífica e inglória dos heróis católicos. Dom Pelayo, porém, rejeitou indignado tais propostas de capitulação, mesmo adocicadas com promessas de conservação da vida, bens e alguma liberdade de culto. Alcamah, vendo que não conseguiria vergar os . adversários sem efusão de sangue, deu a ordem de ataque. Um milagre em favor dos católicos foi a contra-eficácia das temíveis nuvens de flechas que os muçulmanos costumavam atirar: nesta batalha, incontáveis dessas flechas rebatiam na montanha e voltavam-se contra os atacantes para os .ferir. A essas somavam-se as setas arremessadas pelos guerreiros católicos. Aproveitando o espanto causado nas hostes inimigas pelo prodígio e pelo primeiro morticínio, Dom Pelayo arremeteu de modo terrível sobre a coluna de ataque muçulmano, ferindo e matando com seus valentes tudo quanto estava a seu alcance. Enquanto isso, a partir de pontos estratégicos homens apostados faziam rolar esmagadores .troncos e pedras sobre os muçulmanos aprisionados nos desfiladeiros. Alcamah viu perecer nessa ocasião séu lugar-tenente Suley-Man junto com grande parte do exército mouro, tentando então a retirada. ' A Providência Divina mais uma vez interveio: desabou furiosa tempestade; com a qual, devido à chuva torrencial, transbordou o rio Deba, que corria no sopé da ~ontanha. Muitos muçul!}lanos se afogaram, para o que concorreram a mistura de pedras que desmoronavam, e de lodo. Mas o fator decisivo da vitória foi o incessante ataque dos combatentes católicos. , Aqueles valorosos cavaleiros atribuíraTTtlogicai:nente a primeira vitória da Reconquista a Nossa Senhora, enquanto venerada naquela gruta,.cpamada Covadonga, símbolo do início da Reconquista. .FONTE DE REFERÊNCIA Conde de Fabraquer, Historia de las lmágenes de la Virgem en Espaiía, Madrid, 1861, t. I, pp. 203~232.


ENTREVISTA

História Sagrada em seu lar <48 )

A serpente de bronze 1 1

Após a morte de Aarão, no monte Hor, Deus ordenou que os israelitas continuassem sua viagem rumo à Terra Prometida. "O caminho mais curto para alcançar o país de Canaã fora atravessar a Iduméia [ou país de Edom]. Mas Deus não consentiu nisso, e tiveram que fazer um extenso desvio; por isso, houve outros murmúrios por parte dos israelitas" (1 ). Novas queixas contra o maná "E o povo começou a enfastiar-se do caminho e das fadigas; e, falando contra Deus e contra Moisés, disse: Por que nos tiraste do Egito, para morrermos num deserto? Falta pão, não há água; a nossa alma está enfastiada deste alimento levíssimo [o maná]. Terrível punição - "Por esta causa o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, e, causando estas chagas e mortes em muitos, (os israelitas) foram ter com Moisés, e disseram-lhe: Nós pecamos, porque falamos contra o Senhor e contra ti; roga-lhe que afaste de nós as serpentes. Moisés intercede pelo povo - "E Moisés orou pelo povo, e o Senhor disse-lhe: Faze uma serpente de bronze, e põe-na por sinal; aquele que, sendo ferido, olhar para ela, viverá. Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e pô-la por sinal; e os feridos que olhavam para ela, saravam" (Num. 21, 4-9). Símbolo de Nosso Senhor crucificado - "Era o próprio Cristo que

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noções básicas

Moisés figurou na serpente de bronze, "Os hebreus tornaram-se, assim por ele erigida no deserto. A mordida senhores da margem esquerda do da antiga serpente, que tinha difundido [rio] Jordão até Hermon, de todo o em todo o gênero humano o veneno país chamado mais tarde Peréia" (4). pelo qual todos perecemos, deveria ser curada olhando-O, isto é, crendo nEle, NOTAS como Ele mesmo explica" (2). 1. Mons. Cauly, Curso de Instrução Religiosa "Esta serpente de bronze era o símHistória da Religião e da Igreja, Livraria bolo de Jesus Cristo pregado na cruz. Francisco Alve~, São Paulo, 1913, p. 83. As serpentes abrasadas eram a figura dos demônios que nos feriram mortal- 2. Dom Jacques-Bénigne Bossuet, Discours sur l'Histoire Universel/e, Gamier-Flammarion, mente. Somente Jesus Cristo pode nos Paris, 1966, p. 180. curar. Ele mesmo quis interpretar a 3. Mons. Cauly, op. cit., pp. 83-84. misteriosa imagem levantada no de4. L'Ancien et le Nouveau Testament disposés serto" (3). sous forme de récits suivis - Ilustrações de J. Tendo sido procurado à noite por Schnorr - P. Lethielleux, Paris, 1930, p. 60. Nicodemos, "um dos principais entre 5. São João Bosco, História Sagrada,,Livraria os judeus", Nosso Senhor disse-lhe, Editora Salesiana, São Paulo, 1965, 14ª ed. p. entre outras coisas: 85. "E como Moisés levantou no deserto a serpente, assim também importa que seja levantado o Filho do homem, a fim de que todo o que crê nEle não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo. 3, 14-15). Vitórias sobre Seon e Og - "Moisés enviara uma embaixada pacífica a Seon, rei dos amorreus, para pedir passagem através de seu reino, prometendo não se afastar da rota, nem causar nenhum dano. Longe de conceder o que lhe era pedido, este rei, orgulhoso por certos sucessos obtidos contra seus adversários, marchou con. tra os israelitas. Mas foi completamente vencido. "Após essa vitória, Moisés dirigiu suas forças contra Basan, cujo "A serpente de bronze era figura de Jesus Cristo, que rei Og tinha t0mado armais tarde devia ser levantado na Cruz, no alto do mas para vingar os Calvário, e com a sua morte viria.salvar todos aqueles amorreus. Este foi intei- que nEle tivessem colocado a sua esperança" (São João Bosco) [51 ramente derrotado no combate.

ABORTO ,..., AGRESSAO COVARDE ASSASSINATO SEM ESCUSA Relatório do Ministério das Relações Exteriores endossa o aborto, que é vedado pela Constituição brasileira. O constitucionalista Celso Bastos analisa a grave situação que assim se delineia sente um ser vivo sujeito a processo Nossos leitores puderam avaliar, através da seção de correspondência de reprodução celular. Está presente desta revista, quanto foi intensa a re- o DNA, já está prefigurado o ser. percussão da entrevista sobre o cha- Todas as células daí por diante posmado "direito alternativo" daquele que hoje volta às páginas de Catolicismo, desta vez para examinar a problemática suscitada pela - - -- - -~ - - -- - - - - - - -~ contracepção e pelo aborto.

habilitados e em clínicas especializadas, o aborto representa um risco maior do que o nascimento natural

O Prof. Celso Seixas Ribeiro Bastos, autor de várias obras, entre as quais "Curso de Direito Constitucional" (14 edições) e "Comentários à Constituição do Brasil" (este em coautoria com o Prof. Ives Gandra da Silva Martins), é a justo título considerado um dos maiores constitucionalistas brasileiros da atualidade. Professor de Direito Constitucional na Pontificia Universidade Católica de São Paulo, é também o Diretor Geral do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional (IBDC).

Catolicismo - Há pessoas que ainda exprimem dúvidas de que o aborto seja um assassinato. Vê alguma escusa teórica para essa hesitação?

Celso Bastos - Do ponto de vista científico, a questão deixou de ser polêmica, para tomar-se absolutamente tranqüila. A vida surge com a concepção. A partir daí, já está pre-

Celso Bastos - Isso seria uma desculpa - falsa, na verdade - se, feito em clínicas especializadas e por médicos habilitados, o aborto representasse um risco menor d.o que o nascimento natuMesmo feito ral. Ora, isso não por médicos acontece. Catolicismo O Sr. está dizendo que o nascimento natural é mais seguro para a mãe do que um aborto feito, por hipótese, na mesma clínica e com o mesmo médico?

Celso Bastos

suem a mesma identidade, a mesma origem. O parto é mera etapa nesse processo da vida. Conseqüentemente, é assassinato tanto matar fora, quanto dentro do ventre da mãe.

Catolicismo - Seria então mera escusa o fato de que, não sendo legalizado o aborto. erá ele de ser executado por pessoas não habilitadas, fora de clínicas especializadas, o que faz com que muitas mulheres morram, ao abortar?

- Exatamente. Em termos estatísticos, do ponto de vista da segurança, se uma mãe de qualquer forma desejasse eliminar seu filho, seria mais seguro para ela manter a gravidez até o fim, e depois do nascimento matar a criança, do que arrancar o feto do útero, à força, num aborto. Cientificamente, ficou comprovado que o risco de malogro que a mãe corre é maior na extirpação violenta. Há mais problemas médicos. Assim, a desculpa da segurança não existe. O chamado risco da gravidez é sempre menor que odo aborto. CATOUCISMO, SETEMBRO 1994

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Catolicismo - É uma contradição flagrante !

Não se pode promover a eliminação da pobreza pela eliminação dos pobres

Catolicismo - Portanto, não há escusas teóricas para o aborto. Haveria agravantes? Celso Bastos - O caráter especial- · mente covarde dessa agressão. Se uma pessoa mata alguém pelas costas, esta é uma agravante. Que dizer de matar um feto? Ele é o ser indefeso por excelência. E com uma circunstância de extrema gravidade: é a própria mãe a atentar contra o filho.

Catolicismo - Tudo parece lícito contra um filho que, segundo dizem, não foi desejado.

Celso Bastos - Participei de uma discussão em que um médico, dono de diversas clínicas, defendia o aborto. Dizia ele que, com uma aparelhagem de ultra-som, pode-se saber com 80% de certeza se o feto é mongol ó ide, e que nesse caso, poderia ser abortado . Perguntei se, já que admitia 20% de incerteza, por que não deixar nascer a criança e depois trucidá-la ao vivo? Então haveria 100% de certeza. Ele não teve resposta, e ficou irritado. Catolicismo - Consta do projeto de resolução a ser aprovado na Conferência da ONU a realizar-se neste mês de setembro, no Cairo, a meta de impedir nada menos que 660 milhões de nascimentos até o ano 2015 (item 1.4 ), mediante o aborto e uma indiscriminada limitação da natalidade. Celso Bastos - O relatório parece cifrar-se a critérios estritamente demográficos. E também nesse ponto acho que não procede a argumentação pró-aborto. É apresentá-lo como meio de enfrentar a pobreza. Mas isso não está comprovado.

Celso Bastos - O argumento de que o filho indesejado não deve nascer quer condicionar o nascimento da vida ao desejo dos pais. Aliás, quem Há miseráveis em países que têm defende essa tese deveria ter cuidado o aborto legalizado. E nações que não em fazê-lo . Se essa tese já estivesse permitem o aborto avançaram enorem vigor no tempo em que nasceu, memente no combate à pobreza. Não talvez ele nem estivesse vivo hoje. há estatística que permita fazer esse Como é que sabe se foi realmente · tipo de inferência. querido? Catolicismo - É claro que o Sr. De outro lado, esse argumento tem razão. Mas, só para argumentar, praticamente autoriza o extermínio a admitamos que a limitação da nataposteriori. Se os pais são os donos da lidade fosse uma snlução para a povida do nascituro e têm o direito de breza. matá-lo no útero da ,mãe, poderão fazê-lo a qualquer tempo. Por que Celso Bastos - Mesmo que isso aparece tal direito antes do nascimen- fosse verdadeiro, e não o é, seria semto, e não depois? pre um argumento frágil. Seria pro-

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mover a eliminação da pobreza pela eliminação dos pobres. Se fosse uma saída possível, seria o caso de abrir um processo de extermínio até mais radical do que o próprio aborto, e aniqüilar uma parte enorme da população terrestre. Só para tornar mais claro como não há relação entre o problema dos contingentes populacionais e o problema da pobreza, veja bem o que está acontecendo na Europa: há 20 milhões de desempregados. A aplicar-se esse argumento, deveríamos exterminá-los para resolver o problema do desemprego. Ninguém pensou nessa solução.

Catolicismo - Qual então a verdadeira solução? Celso Bastos - Está em duas atitudes fundamentais: aumentar a produção mundial e melhorar os processos de circulação de tal riqueza. É preciso encontrar um justo equilíbrio, em que haja apoio para os mais modestos, mas não facilidade em demasia, porque isso gera desemprego. A experiência nos EUA e na Inglaterra tem demonstrado que o excesso de beneficios sociais cria uma dependência da população em relação a esses próprios incentivos. As pessoas que recebem seguro-desemprego não têm estímulo para trabalhar, pois mesmo que apareça um emprego, preferem ganhar menos e viver do seguro.

ma tão grave a ponto de justificar a eliminação dos pobres. Os pobres enquanto estão vivendo, preferem viver. Preferem ser pobres a serem fuzilados. Da mesma forma, os nascituros, se pudessem opinar, prefeririam nascer sem dispor do número de calorias estipulado pela ONU, a serem abortados.

crime de responsabilidade. Trata-se do artigo 85, o mesmo pelo qual o Collor foi julgado. O impeachment precisamente, se fundamenta na hipótese de se atentar contra a Constituição. Ora, está se atentando contra a Constituição e contra as leis do País. E se abre a possibilidade do controle jurisdicional.

Catolicismo- Vamos agora a um ponto crucial: a Constituição brasileira proíbe o aborto?

Catolicismo - Cabe, então, alguma medida legal contra os patrocinadores de tão espantosa atitude

Celso Bastos - O direito à vida, por ser um direito individual, é expressamente previsto em seu texto.

Celso Bastos - Sim. Seria bom que as entidades competentes promovessem uma medida judicial para de fato deixar patente que isso não pode ser feito, que está havendo a prática de um ato contrário à Constituição, na medida em que Brasil comparece a um evento internacional dando apoio ao aborto, apoio esse já manifestado através de relatório de sua delegação. Embora ainda não sufrague diretamente, de maneira formal, as teses da reunião preparatória de Nova York, de qualquer modo, ao que parece, o País está de acordo com elas.

Catolicismo - Ela pode ser modificada nesse ponto? Celso Bastos - Não. Esse dispositivo faz parte das cláusulas pétreas, ou seja, não poderíamos modificar isso nem mesmo por emenda à Constituição. Catolicismo - Se o aborto é vedado pela Constituição, como explicar que a delegação brasileira à reunião preparatória da Conferência do Cairo, realizada em Nova York, tenha tomado posição pró-aborto Celso Bastos - É um fato extremamente sério o governo brasileiro estar apoiando uma inconstitucionalidade dessa maneira. Está incurso aí em

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Catolicismo - Parece que no enfoque abortista há uma certa obsessão relativa ao problema da pobreza... noção fundamental do que é o homem, para o que ele existe, o que está fazendo na Terra.

Do ponto de vista filosófico, muitas pessoas sustentam hoje que há mais felicidade entre os pobres que entre os ricos. Não podemos transformar a pobreza num proble-

Cumpre ao Ministério das Relações Exteriores vir a público para explicar ao povo o porquê do seu engajamento, no plano internacional, em uma tese abortista, e com que fundamento invade seara tão delicada.

Catolicismo - Portanto o Itamaraty ofende a Constituição?

Celso Bastos - Sim, um desvio da

O fim da sociedade seria não haver pobreza. Não que se faça uma defesa da pobreza, mas temos de admitir que ela não é uma tara, não é comparável a qualquer tipo de aleijão.

O Brasil hoje patrocina, através do seu Ministério das Relações Exteriores, uma tese contrária à Constituição federal, o que é algo extremamente grave e tem de ser apreciado pelos órgãos judiciais.

Os pobres preferem ser pobres a serem fuzilados. Da mesma forma, os nascituros, se pudessem opinar, prefeririam nascer sem dispor do número de calorias estipylado pela ONU, a serem abortados

Celso Bastos - Já ofende no "caput" do art. 85, porque os diversos incisos são meros reforços. Se se quisesse fazer no Brasil uma lei de aborto ou de patrocínio do casamento homossexual, haveria violência à Constituição: essa lei seria inconstitucional. Catolicismo - Logo, um ato que o Brasil celebre internacionalmente em_defesa de tais teses também é inconstitucional.

Celso Bastos - Isso é tranqüilo. Pode pegar o Rezek, na sua obra sobre os tratados. Qualquer internacionalista postula a hierarquia que existe nos tratados internacionais com relação à Constituição do País. Com relação às leis, podemos até admitir certa supremacia do tratado. Mas o ato que ofende a Constituição não tem forma de ingressar em nossa ordem jurídica. Catolicismo- Mas alguém poderá dizer que por enquanto o governo só assinou um relatório .. Celso Bastos - Um ato que prepara outro ato inconstitucional já é inconstitucional. Esses atos, embora nã!) sejam ainda atos jurídicos, pois são relatórios -,embora não tenham uma força jurídica por si mesmos, pode-se dizer que já são uma preparação. Portanto, cabe o controle jurisdicional preventivo para cortar, bloquear o processo pelo qual, tudo faz crer, o Brasil vai aprovar o aborto nessa reunião do Cairo. Catolicismo - E a contracepção, como é encarada do ponto de vista constitucional Celso Bastos - Na contracepção, geralmente o ser concebido é expelido ou extraído. A diferença entre o aborto e a açã0: dessas substâncias é que estas expelem o feto, o aborto o arranca. Mas tal distinção é de pouca monta, porque o efeito prático é quase sempre o mesmo: uma vida que já existia está sendo truncada. Catolicismo - Há uma corrente no Brasil que deseja a legalização da união homossexual. A título de exemplo, citaria a "Carta de Brasília", endereçada à Conferência do Cairo, que indiscutivelmente caminha nesse rumo (prop. 7 e 1O). Celso Bastos - Positivamente, o mundo está ficando complicado. Já se foi a simplicidade da idéia de que o casamento é um contrato entre homem e mulher. Uma conferência internacional como essa do Cairo é sem dúvida excelente palanque para se trazer da obscuridade, e até da galhofa, uma tese como essa do "casamen-


to" de homem com homem, mulher com mulher, o qual normalmente estarreceria a maioria da população.

a união entre um homem e mulher (226).

Cumpre ao Ministério das Relações Exteriores vir a público para explicar ao povo o porquê do seu engajamento, no plano internacional, em uma tese abortista, e com que fundamento invade seara tão delicada.

Catolicismo - ... a qü~l, aliás, está sendo colocada a margem do debate, por falta de divulgação.

Celso Bastos - Nessa linha, caminhamos tranqüilamente para a consagração, em nível até internacional, do famoso "ménage à trais" (casamento de três). Ironizando, digo que deveríamos defender o casamento "in pluribus", com três, quatro, cinco pessoas, num verdadeiro banquete sexual. Já que é preciso colocar os gostos sensua.is em primeiro lugar, com sacrifício até dos filhos, a conseqüência seria essa. Desde o momento em que se supera a noção natural do que seja o casamento, com uma finalidade óbvia e natural, que é a reprodução humana, pode-se consagrar tranqüilamente qualquer aberração. Todas se apresentarão legitimadas. O passo seguinte é conceder a dois homossexuais o direito de ter filhos adotivos. O indivíduo identificar-seia no mundo como filho de duas mães ou de dois pais. Terá dificuldade para explicar isso aos colegas ...

Catolicismo - Todas essas questões não seriam, como diz o Evangelho, "sinais dos tempos"?

Celso Bastos - Do ponto de vista moral, não podemos dissociar o desatino que é o "casamento" homossexual do específico momento histórico que estamos vivendo. Há uma crise que leva as pessoas ao desatino.

Catolicismo - O volumoso e ousado projeto da Conferência do Cairo parece visar, na prática, uma intervenção mal disfarçada na soberania dos Estados. Além de incursionar desinibidamente no campo moral, como se fosse cátedra da Verdade eterna, investe por outras áreas como por exemplo a econômica, propugnando a alteração dos modelos de produção e consumo dos diversos países (princípio 5, Cap. II); a da liberdade de informação, propondo a propaganda direta e até indireta de seu projeto mediante telenovelas ( 11.23), definindo assuntos de caráter pessoal como o desencorajamento do casamento em idade jovem (6.11). Disporá, para tanto, de nada menos que 1O bilhões de dólares por ano. Que pensar dessa tendência intervencionista à luz do Direito Internacional e do Direito Constitucional brasileiro?

Crimes sempre houve; não podemos achar que nossa época tenha o Celso Bastos - Não conheço nemonopólio da criminalidade. Mas as nhum precedente pelo qual tenha se razões que levavam os homens ao valido do Direito Internacional para crime mudaram: hoje são muito mais · internalizar em países algo tão pertilevianas. Antigamente poder-se-ia nente a uma opção moral e religiosa perguntar por que matar; hoje é quase própria de cada país. Trata-se de uma o inverso: por que não matar? instrumentalização desse conduto, Catolicismo: A Constituição sem dúvida nenhuma, para favorecer proíbe o "casamento" homossexual? interesses subaltemos, o que até hoje não ocorria. Bastos - O "casamento" de hoHá uma interpenetração extremamossexuais ofende artigo da Constituição que estabelece ser o casamento mente suspeita das pessoas que com-

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CATOLICISMO, SETEMBRO 1994

RECENSÃO

põem essa alta cúpula da próxima Conferência do Cairo com as que lideram uma organização internacional de propagação das teses abortistas ("International Planned Parenthood Federation" - IPPF). A tal ponto que se pergunta se não seria melhor considerar a próxima reunião como mera reunião do comitê executivo dessa organização. Isso torna o órgão suspeito. E tal suspeição tem de ser argüida. É preciso que todos se abalancem em denunciá-la. Denunciando a ilegitimidade do fórum, fica de antemão demonstrada a ilegitimidade do produto de seus trabalhos. Muitos espíritos vêem com simpatia o incremento do Direito Internacional para pôr fim aos excessos que por vezes os Estados cometem ao resvalar para certo tipo de autoritarismo. Mas agora as teses autoritárias penetraram na própria ONU! Em conclusão, diria que o autoritarismo não acabou com a eliminação, na sua quase totalidade, dos regimes marxistas, pois há espíritos que querem fazer vingar teses autoritárias, utilizando-se para isso das Nações Unidas.

"O Centro que nos conduziu para a esquerda'' Penetrante obra de professor italiano aponta a responsabilidade da classe dirigente católica no processo de descristianização de seu país berto de Mattei, formado pela Faculdade e Ciência Política da Universidade de Roma, é catedrático de História Contemporânea, jornalista e escritor. Sua mais recente obra, O centro que nos conduziu para a esquerda, avalia a responsabilidade da classe dirigente católica nesse desastroso processo, e analisa a carta enviada por João Paulo II aos Bispos italianos em 6 de janeiro último. Embora o mençionado livro não aborde o tema da recente vitória de forças políticas de centro-direita na Península ocorrida após seu lançamento, o qual teve lugar em fevereiro projeta ele uma luz muito esclarecedora sobre o longo período de predominância demo-cristã, o qual antecedeu o esfacelamento do antigo quadro partidário italiano. Desagregação esta que ensejou o aparecimento de novas forças políticas, como Força Itália do empresário Berlusconi - o grande vencedor no último p'teito eleitoral realizado em março p.p. Convém ressaltar que a referida obra, vinda a lume cerca de um mês antes das eleições, certamente exerceu ponderável influência para o obtenção do êxito político de Berlusconi. Porquanto este anexou à sua mensagem eleitoral dirigida aos párocos, conventos, freiras e algumas Ordens religiosas um exemplar do livro O centro que nos

Prof. Roberto de Mattei

conduziu para a esquerda, evitando, dessa forma, que os vot-0s dos católicos romanos se dividissem. Caso tais votos tivessem se dispersado de modo equilibrado entre o atual primeiro-ministro italiano e Alberto Michelini - o outro político católico, veterano membro do Opus Dei, que concorreu a uma cadeira no Parlamento pela circuuscrição de

Roma- o candidato de esquerda teria vencido. O eleitorado católico, por certo, esclarecido pela obra do Prof. de Mattei, descarregou maciçamente. sua votação em Berlusconi, evitando, assim, a eleição do candidato apoiado pela coalizão esquerdista, o então ministro do Orçamento Luigi Spaventa. Enquanto Berlusconi obteve quase 46% da votação, Spaventa atingiu 40% e Michelini - que havia desdenhosamente se recusado a retirar sua candidatura divisionista do eleitorado católico - não atingiu sequer 13% dos sufrágios ... O Prof. de Mattei, nascido em Roma, fundou em 1982 o Centro Cultural Lepanto, associação de leigos católicos que visa a defesa da Civilização Cristã. O autor de O centro que nos conduziu para a esquerda manifesta inteira solidariedade em relação às obras escritas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, citando em seu livro, dentre elas, especialmente Revolução e Contra-Revolução, Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo, bem como a mais recente Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana. Catolicismo se compraz em apresentar a seus leitores breve recensão do livro do Prof. de Mattei, que contém


abalizada crítica da Democracia Cristã peninsular nos últimos cinqüenta anos. i\

Introdução

las; neutralidade religiosa e moral do Estado; escola única etc.

Conclusão

1

....

O autor afirma dar, com sua obra, um contributo ao "balanço político do pós-guerra até hoje", mencionado por João Paulo II na carta aos Bispos Italianos de 6-194, para assinalar as "responsabilidades dos católicos ante os desafios do atual momento histórico". O catedrático italiano observa: "o Pontífice denuncia a dramática situação atual, e, ao mesmo tempo, parece propor como modelo exatamente a classe dirigente católica que, no último meio século de apósguerra, até há pouco governou a Itália. Classe esta, entretanto, responsável pela situação que João· Paulo II critica." O autor, a respeito dessa impostação do Pontífice, comenta: "Trata-se de um juízo histórico e político sobre o qual é lícito a todo o católico manifestar as próprias reservas, como permite o novo Código de Direito Canônico" (Cfr. Cân .. 212, 3). Ao expor as razões dessa divergência, o Prof. de Mattei afirma que da, baseada numa rigorosa documentação histórica, oferece "um contributo de esclarecimento para o bem da Igre ja e da Civilização Cristã, em espírito de colaboração com a Hierarquia eclesiástica".

Meio século democristão

Na capa do livro do Prof. de Mattei figura um lobo com pele de ovelha ...

experiência do Pe. Roinolo Murri, fundador do "modernismo político", e que foi excomungado por São Pío X. Algumas citações mostram o "entusiasmo juvenil" de De Gasperi pela ação do Pe. Murri e como Arnaldo Forlani, o então secretário político da DC, foi à tumba de Murri, no centenário de seu nascimento, para ''prestar-lhe homenagem", reconhecendo que sua influência "chega até nós nesta mesma Democracia Cristã".

Desde sua primeira Encíclica Summi Pontificatus, Pio XII e~pôs seu projeto de reconstrução da sociedade, que O Prof. De Mattei passa depois a se vinculava ao de São Pio X. Depois historiar algumas das ações empreenda II Guerra Mundial, aquele Pontífice didas pela Democracia Cristã para propiciava a formação de uma classe realizar tal processo de levar seu país dirigente católica tanto na Itália quanto para a esquerda: aliança com os cono mundo. Para isso, desenvolveu um munistas e os socialistas no "Comitê sistemático apelo às elites tradicionais de Libertação Nacional"; também no nas alocuções ao Patriciado e à Nobre- · primeiro Governo "livre" e na Asza romana. Com o plano oposto de De sembléia Constituinte Italiana onde Gasperi e o nascimento da Democracia apesar de ter maioria - fez eleger para Cristã (que este último inspirou e funPresidente da mesma um comunista; dou), o projeto de Pio XII foi desfeito. reforma agrária; falta de oposição ao O livro historia a fundação da DC comunismo; aliança ,partidária e de como "partido leigo", aconfessional e governo com os socialistas; lei do dide "centro", apresentando-se como vórcio; lei do aborto; equiparação dos herdeiro do Partido Popular Italiano do cônjuges e dos filhos legítimos aos Pe. Luigi Sturzo e que se remontava à ilegítimos; educação sexual nas esco-

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CATOLICISMO, SETEMBRO 1994

O balanço político do passado - da época do pós-guerra até hoje - a que se referiu João Paulo II, leva a conclusões amargas. Neste meio século, ocorreram transformações das idéias, das mentalidades e dos costumes, que não encontram precedentes na história do país. Uma genuína "revolução cultural", que se resume em "descristianização", "completa laicização de toda a vida e de todas as relações sociais", segundo o plano do falecido ideólogo comunista italiano Gramsci. Tudo feito "graças às omissões, cumplicidades e traições da classe dirigente católica que ininterruptamente governou a Itália na pós-guerra. " Tal classe elaborou o programa de "pleno laicismo" do Partido Comunista Italiano. Revelou ela assim o significado da definição que De Gasperi davadaDemocraciaCristã: "Um partido de centro que se move em direção à esquerda", significado este que "tinha sido desmascarado pelo Prof Plinio Corrêa de Oliveira no prólogo do livro Frei, o Kerensky Chileno", publicado em 1967. Como dizia Gramsci: "O 'catolicismo democrático ' faz [entre os católicos] o que o comunismo não poderia: reune, ordena, vivifica e ["os"]suicida ... ." Eles "estão para os socialistas como Kerensky para Lenine". A respeito da culpa da Hierarquia eclesiástica quanto a todo o processo de descristianização da Itália, assim se expressou o Cardeal Saldarini, Arcebispo de Turim: "Quanto tem acontecido é culpa dos políticos, mas também Nós, Bispos, temos que bater no peito .... " Ao finalizar sua obra, o Prof. de Mattei faz um comentário muito pertinente: "As responsabilidades às quais nos chama a Divina Providência no atual momento histórico, impõem-nos o dever de nos opormos de imediato à descristianização e de retomar o grande projeto de restauração da sociedade que Pio XII confiava às elites tradicionais".

HAGIOGRAHA

São Gregório Magno • inaugura nova era Confessor da Fé, exímio Doutor da Igreja, por causa de seus gloriosos empreendimentos pela conversão dos Anglos à Fé católica, é chamado o Grande. De todos os Romanos Pontífices que governaram a Igreja, talvez nenhum tenha ultrapassado tanto em fama a São Gregório I Magno (n. 540, 590-604). O Santo nasceu num período de profundas convulsões religiosas, sociais e políticas. Na África, a Igreja era ameaçada pela heresia donatista, na Espanha pelo arianismo, na Inglaterra pela idolatria, na Itália pelos lombardos e, no Oriente, pela arrogância dos Patriarcas de Constantinopla. Filho da mais alta nobreza romana, viveu São Gregório os momentos mais baixos da decadência de Roma e os primeiros de uma nova era ascendente. Assim, pode ele ser considerado como o último romano com o qual se encerra o período dos grandes Padres e literatos da Igreja no Ocidente, ou como o primeiro homem medieval que soube concretizar em suas obras o espírito de uma nova era.

Monge Contava aproximadamente 30 anos de idade quando foi nomeado pretor, ou primeiro magistrado de Roma. Mas nesse cargo permaneceu pouco tempo, pois em 573 transformou em mosteiro sua casa na Cidade Eterna, vestiu o hábito religioso e se entregou com ardor à contemplação e a todos os exercícios da mortificação çristã. Em 578 foi encarregado pelo Papa Benedito Ide dirigirumas da sete regiões em que Roma estava dividida do ponto de vista eclesiástico. Pouco depois, Pelágio II nomeou-o legado papal em Constantinopla. Num debate memorável, de tal modo refutou os erros do Patriarca Eutíquio - o qual

havia escrito contra a ressurreição corporal dos mortos - , que o Imperador lançou no fogo o livro daquele Prelado. O próprio Eutíquio, ao aproximar-se a hora da morte, disse na presença de várias pessoas, levantando a pele da mão: "Confesso que ressuscitaremos todos nesta carne". São Gregório Magno - Pintura de Nicolau Plzzolo

São Gregório voltou para a paz do (aproximadamente 1450), Igreja dos Ermitãos, Pádua (Itália) convento de Santo André, em Roma, por volta de 586. Foi por essa ocasião que se deu o célebre encontro com alGregório, não querendo receber a guns escravos ingleses, expostos no merdignidade, fugiu de Roma e escondeu-se cado de Roma, dos quais admirou a rara numa caverna. Mas uma coluna de fogo beleza: "Non angli, sed angeli" (Não são milagrosamente denunciou seu escondeanglos, mas anjos). E formou o propósito rijo, sendo levado para a igreja de São de trabalhar pela conversão dos anglo-saPedro e sagrado Papa no dia 3 de setemxões. Um de seus primeiros atos pontifibro de 590. cais foi enviar para a Inglaterra Santo Para conjurar a peste convocou, nesse Agostinho de Cantuária e mais 40 monmesmo ano, majestosa procissão da qual ges, que transformaram aquele país na participou o clero, autoridades civis e "Ilha dos Santos", título que mereceu dutodo o povo de Roma. À frente era levado rante séculos. Por esse motivo, São Greum quadro da "gloriosa Virgem", obra gório é tido como um dos grandes apósatribuída ao evangelista São Lucas, contolos da Grã-Bretanha. servado ainda hoje na Basílica de Santa Maria Maior. Ao desfilar do cortejo foi Papa vista espessa nuvem de ar corrompido flutuar na frente da pintura e ouviu-se Além das guerras, destruições e fome distintamente os Anjos cantarem: Regina que abalavam Roma, veio juntar-se~ em _Caeli laetare, Alleluia (Rainha do Céu, fins de 589, terrível epidemia. Os mortos alegrai-vos). No final, foi visto sobre o pela peste contavam-se aos milhares. antigo túmulo de Adriano (chamado enUma das primeiras vítimas foi o Papa tão Moles Adriani), um Anjo embainhanPelágio II. Ante aquele espetáculo, clero, do uma espada tinta de sangue. Estava senado e povo reunidos elegeram Papa, terminada a epidemia... E, desde então, de modo unânime, o antigo pretor, mondeu-se ao local o nome de Castelo Sant' ge, legado papal e agora abade do mosAngelo. teiro de Santo André. No meio de tantas misérias, São Gregório foi o Papa Mesa de mármore que, segundo a tradição, era utilizada por São Gregório para tomar refeiçlles com os pobres - igreja de São Gregório no monte Célia, Roma


da caridade. Um contemuma infração contra a regra, porâneo seu diz que ele que prescrevia o espírito de foi "olho para o cego, pé pobreza, proibiu a comunipara o coxo, pai dos podade de visitá-lo e ir rezar ao bres". Fazia sentar à sua redor dele, como ordinariamesa, diariamente, doze mente se faz. E ordenou que peregrinos, e antes lavava Justo fosse enterrado com as as mãos de cada um. três peças de ouro, sob um monte de esterco. Mas, como Certo dia, antes do morrera arrependido, não jantar, foi pôr água para quis privá-lo das orações da um mendigo, e ao voltar Igreja. Por isso ordenou que notou que este desaparelhe oferecessem o Santo Sacera. Durante a noite viu a l!lii:~ ~61..~ crificio da Missa trinta dias Jesus, que lhe disse: "Orconsecutivos. Após a trigésidinariamente recebes-me ma Missa, Justo apareceu a a Mim nas pessoas dos um irmão no convento, deteus pobres, porém, hoje clarando que acabara de enrecebeste-Me pessoaltrar no Paraíso. mente"! Em seu tempo eram a Em outra ocasião, o igreja e o altar de São GregóSanto encarregou o seu rio, no monte Célio, em esmoler de trazer doze poRoma, lugares dos mais vebres à sua mesa, mas ao nerados da Terra. tomar assento notou que eram treze os convidados. Chamou o esmoler e obNa solene festa do Santo servou-lhe que havia exPontífice, enquanto Santa cedido as suas ordens. Gertrudes a Grande, célebre Este, porém, respondeu mística alemã do século que eram só doze os poXIII, procurava durante a bres ali reunidos . São Missa venerá-lo devotamenGregório discerniu logo te, São Gregório Magno lhe que se ocultava algum apareceu revestido com uma mistério e não perdia de Castelo de Sant'Angelo, Roma glória incomparável, parevista o décimo terceiro Em 589, ao findar uma procissão ordenada por São Gregório Magno, cendo reunir em si os méritos mendigo. Notou que o seu apareceu um anjo embainhando espada tinta de sangue sobre o antigo aspecto mudava constan- túmulo do Imperador Adriano; desde então o local passou a ser denominado de todos os Santos. Santa Gertrudes diz, entemente: ora parecia um __________c_a_st_e_lo_d_e_S_a_n_l'_A_ng_e_l_o_________ tão, a Nosso Senhor: "E que menino, ora um adolesquando ele ditava suas obras, o Espírito recompensa teve [São Gregório Magno] cente, ora um ancião. Santo em forma de pomba. por haver enriquecido e iluminado a IgreTerminada a refeição perguntou ao ja com escritos tão salutares?" E o Senhor mendigo seu nome: "Para que queres coAltar e missas gregorianas responde: "A Minha Divindade se comnhecer o meu nome? Não te posso comupraz maravilhosamente em cada um desNa igreja anexa ao mosteiro de São nicá-lo. Sou um Anjo enviado por Deus ses escritos, e todos os sentidos de Minha Gregório, no monte Célio, é venerado o para te dizer quanto Lhe agradam estas Humanidade neles encontram suaves dealtar no qual o Santo celebrava Missa. obras de caridade" ... lícias. Ele mesmo compartilha comigo Está cumulado de indulgências e priviléSão Gregório I combateu vitoriosatal alegria, toda vez quando na Igreja se gios. O principal consiste em libertar sumente a pretensão do Patriarca de Conslê uma passagem de suas obras e uma bitamente do purgatório a alma do defuntantinopla de equipará-la à Sede de alma é por ela tocada de compunção, to em favor do qual se aplica uma missa Roma, preservando assim a unidade da excitada à devoção ou inflamada de celebrada naquele altar. A origem das Igreja e o primado da Santa Sé. amor, ele recebe por isto, diante de toda Missas gregorianas, ou seja, 30 Missas a corte celeste, glória e honra. Do mesmo em outros tantos dias consecutivos sem Como escritor, o Santo pontífice foi modo como se sente cumulado de honras interrupção, às quais está anexa a indulo mais fecundo dos Papas medievais, e um príncipe ou um simples soldado que gência gregoriana, procede de um fato um dos quatro Doutores da Igreja Ocidental, na Antigüidade Cristã, juntamen- que aconteceu quand<;> São Gregório era recebe a condecoração de seu superior, ou que se senta à mesa de seu rei para abade no mosteiro de Santo André. te com Santo Ambrósio, Santo Agostitomar parte no seu próprio banquete"(*). nho e São Jerônimo. Escreveu obras de Um de seus monges, chamado Justo, caráter fundamentalmente ascético e mohavia ajuntado três moedas de ouro e Luís Carlos Azevedo ral, que fizeram dele o doutor da com- guardara-as cuidadosamente escondidas. punção e da vida contemplativa. Mas revelou a falta quando se viu no leito (*) Santa Gertrude - /e rivelazioni, i classici cristiani, edizioni Cantagalli, Siena, 1979, vol. II, pp. O diácono Pedro atesta ter visto frede morte. O Santo, para puni-lo de ma56 a 58. qüentemente, sobre a cabeça do Santo, neira exemplar, já que havia cometido

, 24"', , CATOLICISMO.SETEMBlW 1994

fsCREVEM OS LEITORES

Sobre as alterações do Pai-Nosso Repercutiu entre nossos prezados leitores o artigo do renomado autor espanhol Prof Rafael Cambra, estampado no nº 522 de Catolicismo, de junho do corrento ano, a respeito da nova versão do Pai-Nosso. Em nossa edição de julho, publicamos nesta seção carta do Sr. José Maria ele Aquino, comentando o mencionado artigo. Cópia da missiva elo Sr. José Maria de Aquino foi enviada pela Redação de Caiolicismo ao ilustre articulista, acompanhada de pedido para que ele apresentasse uma resposta às ponderações ali formuladas. Atendendo amavelmente à nossa solicitação, o Prof Cambra remeteu-nos o texto que temos o prazer de reproduzir abaixo:

Cabe, por fim, mais um argumento. Muitos são os homens religiosos que, após comê ter em sua vida muitos pecados por debilidade (muito especialmente contra o sexto mandamento), chegam a um momento de sua vida, com a velhice, em que já não cometem ofensas propriamente ditas, mas que têm em sua consciência uma larga dívida pela qual pedir perdão. A sua situação se enquadra melhor na antiga fórmula. Agradeço em todo caso ao Sr. Aquino suas precisões, muito oportunas, e a atenção que minhas linhas lhe mereceram.

Rafael Gambra - Madrid (Espanha)

A ANTIGA "PÉROLA DAS ANTILHAS" ...

SOBRE A NOVA FORMULAÇÃO DO PAI-NOSSO Vejo em Catolicismo a lúcida e erudita carta do Sr. José Maria de Aquino, com um comentário crítico a respeito da nota que redigi há certo tempo sobre a alteração imposta por Roma à versão em castelhano do Padre-Nosso. Não discordo no funclamental de tudo quanto aduz o Sr. Aquino: nunca afirmei que a substituição de "dívidas" por "ofensas" supunha uma heresia ou um erro teológico. Admito que existe base escriturística para traduzir por dívida, ofensa ou pecado. Minha reação inicial diante da mudança foi de caráter tradicional e patriótico: para que semelhante mudança para uma coisa que leva séculos de uso? Se nos dissessem que era para unificar a oração nos países de língua espanhola ( duvido agora que a nova versão existisse em algum deles), pareceria mais natural que se adotasse o texto vigente na Espanha, que ensinou todos esses países a rezar. Penso, como o Sr. Aquino, que, se não errônea, a nova versão introduz um enfraquecimento no conteúdo teológico. Ao pedir perdão por nossas dívidas não o fazemos somente pelas ofensas, mas também pela obrigação de reparar a pena que resta mesmo depois de perdoado o pecado. Não se compreende uma modificação que supõe um empobrecimento. Não creio, contudo, que a mudança, mesmo que não introduza erro teológico, fique alheia ao espírito do progressismo. N ão somente (ainda que também) pela mania da "mudança pela mudança" , mas ainda pela fobia ou alergia que tal mentalidade sente diante da profundidade e do mistério. A dívida moral, o sacrifício expiatório, a comunhão ·dos santos, por exemplo, embora não sejam negados, não são temas do discurso progressista, cuja religiosidade é individualista e racionalista, tendente ao pacifismo, à democracia, e ao bem estar-universal. Quanto ao argumento de que a Virgem Santíssima não poderia utilizar a nova versão, é certo que Ela tem uma posição singular na ordem da graça. Submeteu-se à cerimônia da purificação apenas por tratar-se de um rito externo cujo não cumprimento teria produzido escândalo. Mas a oração íntima foi, sem dúvida, a principal ocupação de sua vida e não parece lógico que seu Divino Filho, ao apresentar a oração básica, utilizasse termos que não conviessem à sua Mãe.

Sr. Diretor, Sou cubano católico e vivi na ilha-prisão até o dia em que pude fugir. Era considerado um "gusano" (verme), porque não era partidário do regime castrista. Não queriatomar-me guerrilheiro. Lá, todo rapaz, dos 13 aos 27 anos, era obrigado a tomar-se um esbirro da milícia comunista, podendo ser mandado para agir na Nicarágua, Angola, Etiópia etc. Escrevo-lhe porque imagino que Catolicismo talvez seja o único órgão da imprensa no Brasil que me ouviria. Veja, Sr. Diretor, o que me conta minha mãe de sua mais recente viagem a Cuba (traduzirei apenas os trechos mais interessantes, velando algumas referências pessoais): "Estivemos em Cuba .. . Para te contar com detalhes, levaria um dia inteiro. Tudo o que vi me dá pena e não sei o que poderá acontecer. Foi liberado o uso do dólar, mas só quem tem parentes no Exterior pode adquirir essa moeda. Por isso dizem lá que só pode se salvar quem tem "FE", isto é, "Família no Exterior". "Só come quem planta para seu próprio abastecimento. Os da capital (Havana), só na base do dólar. "Tive de comprar um cavalo para teu tio X ( oficial da milícia comunista) que o queria para puxar uma carrocinha feita por ele mesmo. Custou-m~ 120 dólares. O câmbio de um dólar varia de 120 a 150 pesos cubanos e um salário médio é da ordem de 150 a 200 pesos cubanos. Faça os cálculos: ele nunca poderia comprar um cavalo! "O roubo está na ordem do dia, e as doenças também. Como não existe sabão de nenhuma espécie, as pessoas estão cheias de piolhos. A esposa de teu primo Y, que trabalha num hospital, contou-me horrores. Falta de tudo para o atendimento dos doentes. Só quem tem dólares pode conseguir alguma coisa. Veja só! E o desgraçado do Fidel ainda pensa em sobreviver à custa dos que têm família no Exterior. "Agora que vi 'los toros de la barrera' ( agora que vi como são as coisas), posso dizer que algo vai acontecer, e oxalá seja logo, pois o povo está morrendo de fome. A quantidade de pessoas magérrimas é muito grande, sem contar as que já morreram. "Agora tenho uma tarefa dificil: arranjar dinheiro para trazer teu primo Z (professor da milícia de Cuba na Nicará1


gua, que voltou estropiado por falta de assistência da tão decantada medicina cubana), tua tia A (burocrata padrão do regime, com prêmios por sua dedicação) e teu tio B. Vê: eram todos de "Patria o muerte ve.~c.eremos" (slogan da revolução castrista). E agora viraram a casaca ... Incrível, não é? '1 Sr. Diretor, esta é a situação da que foi a "Pérola das Antilhas"! Se pudesse publicar a presente, inúmeros compatriotas no exílio agradeceriam. Atenciosamente

desaconselhando o uso de preservativos. O que eles queriam? Que a Igreja aprovasse o uso de preservativos e, consequentemente, a infidelidade e a falta de castidade? Esta carta me aliviou um pouco. Fica minha opinião, fica meu desabafo.

Simone Parpinelli Medeiros - São Paulo-SP

Raul Gonzalez - São Paulo - SP CATOLICISMO

ABRIR OS OLHOS

Preços durante o mês de setembro de 1994: ASSINATURA ANUAL

CATOLICISMO traz assuntos cotidianos sob outro prisma, que serve para abrir os olhos dos que são levados, quase que inocentemente, pela mídia. No que diz respeito à matéria publicada em julho sobre AIDS, recordo-me de ter lido na VEJA um ataque direto à Igreja Cató)ica que, segundo a revista, ignora o problema,

COMUM: R$ 25,00 COOPERADOR: R$3i00 BENFEITOR: R$ 75,00 GRANDE BENFEITOR: R$ 125,00 EXEMPLAR AVULSO: R$ 2,50

A sociedade por assim dizer fala com a roupa que veste;com a roupa revela suas secretas aspirações, e dela se serve, ao menos em parte, para construir ou destruir o próprio futuro (Pio XII)

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CATOLICISMO, SETEMBRO l994

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desta

Esta roupa preta que os homens de nosso tempo (1810-1857) vestem é um símbolo terrível: é a razão humana que derrubou todas,as suas ilusões, mas ela mesma veste luto, a fim de ser consolada (Alfred de Musset) Trocamos a liberdade pela aparência da liberdade; por seu fantasma colorido. As pessoas se vestem como querem, mas se vestem todas com as mesmas roupas. Pensam o que querem, mas pensam todas as mesmas coisas (Fernando Pedreira - 1994) A democratização geral dos costumes e dos estilos de vida, levada aos extremos de uma vulgaridade sistemática e crescente, contribuiu para o triunfo do igualitarismo tanto ou mais do que a implantação de certas leis, ou de certas instituições essencialmente políticas (Plinio Corrêa de Oliveira)

Luxuosa "lua de me1" ... para caes

~

---assi~ -

Talvez o hábito não faça o monge mas, se o monge é bom, ele o torna melhor (Vladimir Volkoff)

Na luxuosa banheira, o casal de cães é submetido a uma hidromassagem. Isso já é um luxo absurdo, tratando-se de simples seres irracionais ...

Mas prepare-se o leitor para o aprofundamento do absurdo: a cesta de flores na parte superior da fotografia e o chapéu na cabeça da cadelinha branca indicam um requinte no disparate: o par de caninos está passando a noite de sua "lua de mel" no "hotel" do Dr. Junki Uyama, veterinário da cidade de Fuk:uoka, no Japão.

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Enquanto ricos proprietários de cães e gatos de estimação proporcionam-lhes uma vida de delícias, que chega às raias do delírio, a sociedade contemporânea paganizada, tanto no Japão quanto em outros países, cada vez mais limita sua própria natalidade, e mata, mediante o aborto, com frieza desumana, seus infelizes nascituros!


o pináculo de um rochedo recoberto de abundante vegetação, protegendo, como um guerreiro, a pecidade onde Nossa Senhora quis se manifestar, ergue-se altaneiro o castelo-fortaleza de Lourdes, numa posição de domínio sobre o verdejante vale que se estende a seus pés. Como fundo de quadro, nos confins do horiwnte, parecendo desafiar o castelojortaleza, sobressaem grandiosas montanhas nevadas - contrafortes dos Pirineus. Em estilo românico, com grossas e altas paredes de pedra, poucas e estreitas janelas, possante torre - na qual se localiza o donjon - , o castelo está situado bem próximo da gruta de Massabielle, onde Nossa Senhora apareceu a

Santa Bernardette, e é certamente o símbolo mais expressivo da vitória dos católicos contra os mouros, na França. Aprimitivafortaleza, existente no local do castelo, era dominada por um chefe sarraceno, chamado Mirat, quando, em 778, Carlos Magno, o invencível Imperador cristão, com seus francos a cercou e tentou conquistá-la pela fome. Aconteceu, entretanto, que uma águia, sobrevoando a fortaleza, deixou cair no seu interior uma truta que acabara de pescar no lago vizinho. Mira! mandou levar o peixe a Carlos Magno com uma mensagem, mostrando que uma praça tão abastecida de víveres poderia resistir ainda por muito tempo. Carlos Magno enviou, então, ao comandante mouro um de seus embaixadores, o santo bispo de Puy, para dizer-lhe

que se ele, Mirat, julgava rebaixar-se capitulando nas mãos do mais ilustre dos homens - o chefe dos francos poderia, sem nenhuma vergonha, render-se à Virgem, Nossa Senhora de Puy-en-Velay. Mirat, tendo aceitado a proposta, rendeu-se e pediu o batismo, recebendo o nome de Lorus (de onde o nome de Lourdes), e conduziu seus guerreiros em peregrinação ao rochedo de Puy-en-Velay, para venerar a imagem da Santíssima Virgem. Ainda hoje, as armas da cidade de Lourdes trazem três torres sobre as quais plana uma águia, tendo no bico uma truta. E uma escarpa do rochedo conservou o nome de "Rochedo da Águia".



N 9 526 Outubro

Discernindo, distinguindo, classificando...

1994

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Os Sem-Terra e a Intuição Nacional

Assestando o Foco

O

seu glorioso poder intercessor junto a Deus, faz de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, cuja festa. é celebrada a l O de outubro, das santas mais veneradas em todo o Brasil. São geralmente conhecidos certos aspectos de sua fisionomia moral, que se fazem sentir nas páginas da célebre "História de uma alma", escrita por ela mesma.

O Movimento dos Sem-Terra (MST), ligado à esquerda "católica", apesar das altas proteções de que goza e da propaganda na mídia, não consegue e'fganar a intuição nacional \

A

S AMEAÇAS de socialismo e comunismo. invasões de terras Ele titubeará e nada ditá de claro. Pergunte então a um - como aliás as próprias invasõês - têm se tefepista. Ele lhe respondeintensificado ultimamente, rá com simplicidade, claresob a direção do "Moviza e segurança: "Socialismento dos Sem Terra" mo é a via de acesso ao (MST). comunismo". Paralelamente a elas, Qual a resposta que faz-se ouvir um coro bem mais lhe agrada, leitor? A amestrado de vozes, pedinobscura e atrapalhada? Ou do a Reforma Agrária a que é tão clara, simples e como meio de brecar as inreta, que, ouvindo-a, no vasões. fundo de sua mente algo Milhares de sem-terra levantam os punhos e foices após invadir, com A melodia já é bem co- uma tática·semelhante à de operação bélica, afazenda altamente produtiva responde: 6 mesmo! nhecida do público brasi- Ribeirão dos Bugres, no município de Getulina (SP), em outubro de 1993 As ligações do MST leiro: os invasores seriam com a esquerda "católica" pobres coitados que só · são as mais intimas possíO movimento foi fundado sob os veis. querem um pedaço de terra para plantar auspícios da esquerda dita católica, e assim poder alimentar suas famílias. A opinião pública já se habituou ao para levar a revolução ao campo. Numa Se se fizer a Reforma Agrária, todos fato de que, sempre que se ouve falar primeira etapa, trata-se de levantar os eles terão terra, os problemas sociais se em invasões, há por detrás delas um camponeses contra os fazendeiros, resolverão, e as invasões acabarão. Até padre ou uma freira, quando não um para tentar depois lançar os operários parece o fácil happy end (final feliz), Bispo. E de mod geral a CPT (Comishabitualmente presente nos dramas ci- contra os patrões, inquilinos contra sesão Pastoral da Terra) está em todas. nhorios e assim por diante. É a velha nematográficos das décadas de 50 e 60. Ela é presidida pelo bispo D. Orlando luta de classes em cena. Tudo ~oa falso nessa cantiga. Um Dotti, sendo um órgão diretamente liE o meio mais eficaz para isso é estudo a respeito desse tema vem sendo gado à onfcr ncia Nacional dos Bisdesorganizar a vida do campo, base publicado pelo "Informativo Rural", da pos do Brasil ( NBB). social e econômica do País. A Reforma TFP. Realmente, muito esclarecedor! Agrária é veículo necessário para levar Ad mais, o MST depende da esO leitor certamente gostará de ter diana cabo essa desorganização. É bobaquerda "católica" cm praticamente te dos olhos ao menos uma pincelada. gem achar que ela vai resolver qualquer tud : sedes, doutrina, sustentação fiVamos a ela. coisa. nanceira. Não há espaço aqui para citar a Vejam-se os efeitos da Rcfonna ampla documentação em que o estudo Muito prostigiado pela mldia e conAgrária na ex-União Soviética (hoje u se baseia. Mas a intuição nacional logo tando com altas proteções, o MST só Rússia foge espavorida dos cfcit s dela perceberá quão verdadeiras são as afire abre sua legislação à privatizaçl ). não conseguiu até agora levar seus demações que seguem, mesmo sem co- · Ou na pobre Cuba de Fidcl astro, signios adiante., porque lhe falta apoio nhecer-lhes as fontes. E se quiser o nu opinião pública. onde a Reforma Agrária tanta miséria estudo completo, é só pedir (Rua Dr. produziu. Desde os colonos das fazendas até Martinico Prado, 271 - 01224-010 Os próprios documentos elaboraa população citadina, encontra-se um São Paulo - SP - Tel. (O 11) 825-9977). dos pelo MST são explicitos cm afirdesagrado generalizado com as invamar que o que eles querem mesmo é sões de terras. E muita desconfiança A propaganda, segundo a qual o tomar o Poder, e impor ao Brasil o "Movimento dos Sem-Terra" foi criado em relação ao MST. socialismo. e mantido por pobres famintos, é uma lenda como outra qualquer. Só que de Mas o que é ser socialista? Pergunte É a intuição nacional em cena! mau gosto. a um socialista que diferença há entre C.A.

o Amor encerra todas as vocações, que o Amor é tudo, abraça todos os tempos e todos os lugares .... Numa palavra, é eterno!".

O desejo ardente da salvação das almas, por Amor de Deus, levava Santa Teresinha a anelar todas as vocações. E esse seu élan de alma, ela o exprimia nos seguintes termos: "Ser tua esposa, 6 Jesus, ser carmelita, ser, por minha união con1ígo, a mãe das almas, isto deveria bastarme .... Entretanto, não é assim .... Sinto em mim outras vocações. Sinto-me com a vocação de guerreiro, de Padre, de Apóstolo, de Doutor, de Mártir. Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por Ti, Jesus, todas as obras mais heróicas .... Sinto em minha alma a coragem de um Cruzado, de um Zuavo pontif[cio. Quisera morrer sobre um campo de batalha, pela defesa da Igreja .... "

Assim, desde logo, compreendeu a Santa que "a Caridade deu-me a chave de minha vocação. Se a Igreja tinha um corpo, composto de diferentes membros, não lhe faltava o mais necessário, o mais nobre de todos. Compreendi que a Igreja tinha um coração ardente de Amor. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja e que se o Amor viesse a se extinguir, os Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires recusariam derramar seu sangue .... Compreendi que

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Especialmente estes aspectos da admirável alma da Santa, mais precisamente os seus anelos de empreender "todas as obras mais heróicas" coni "a coragem de Cruzado" que morre no campo de batalha em defesa da verdadeira Fé, são focalizados na presente edição. Ilustram a matéria abundantes fotografias da Santa. O que se deve à providencial circunstância de sua irmã Cetina ter entrado para o Carmelo de Lisieux levando consigo um invento ainda recente: a máquina fotográfica ... (*) Os textos aqui reproduzidos são da própria Santa Teresinha, extraídos de seus "Manuscritos Autobiográficos", traduzidos e publicados pelo Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha, Cotia (SP), pp. 246-7 e 244, respectivamente.-

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Índice

I'

Discernindo Os Sem-terra e a intui1:tão nacional A realidade concisamente Brasil, sem demagogia Destaque Pam~ulha vai a~odrecendo Hagiografia Uma Santa Teresinha ~ouco conhecida Registros para a História "Colaboração" e infiltração: a vigorosa denúncia de manobra comunista anticatólica Documento TFP denuncia "operação publicitária de resgate" ~ara salvar Fidel Castro · Caderno especial Nossa Senhora do Pilar Entrevista Brasil, 1994 A douta ignorância em matéria de tome · TFPs em ação Doação de terreno para mesquita gera ~rotestos Medicina A tolerância suicida em face da AIDS Escrevem os leitores Sobre as altera1:tões do Pai-nosso Empalnel Frases e imagens

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Catollclsmo é uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho

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Nossa capa: Fotografia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Carmelo de Lisieux, julho de 1896.

CATOLICISMO, OUTUBRO 1994

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Brasil, sem demagogia

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"A meu ver; subestima~se muito a renda do brasileiro. U amos referências complicadas, estat(sticas ruins. Testei a distorção do salário mínimo. Fiquei impressionado com o número de pessoas que encontramos, supostamente nessa faixa de renda, vivendo na realidade com cinco ou seis vezes mais. Não estou sugerindo que se multiplique por cinco ou seis o padrão de vida do brasileiro. Mas há um desvio considerável .... Com 60 milhões de subnutridos [conforme ale-

especialidade: pesquisa sobre emprego, violência urbana e estabilização monetária. Um saudável debate sobre tais questões seria elucidativo. Por que não encetá-lo? Contra-modelos Uma professora de Literatura na Universidade da Flórida, Amélia

cadeia nacional de TV, diariamente. Segundo a pesquisadora norteamericana, apresenta-se simultaneamente a animadora como um misto de mãe, filha e prostituta; de adulta e criança, e, desta forma, explorando ao máximo as ambigüidades contidas em tais papéis capta, expressa e estimula

O depoimento acima, do sociólogo fluminense Sérgio Henrique Hudson Abranches, publicado pela revista "Veja", é eloqüente. Ex-secretário de Estado para Políticas Públicas do Rio de Janeiro, ele possui a retaguarda acadêmica do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio. Sua

dade dada por alguns pais acaba gerando fatores que fazem surgir o crime. Começam bebendo, passam para o tóxico, para o assalto e por último ao assassinato". E acrescenta: "Hoje, pelas ocorrências que temos registrado, verifica-se que o jovem não entende mais sexo sem violência e violência sem sexo. Os casos de estupros aumentam".

Em sentido análogo, pronuncia-se o juiz de Menores do Rio, Liborni Siqueira: "Os problemas maiores [relativos principalmente à prostituição infantil] são a

gam expoentes da esquerda brasileira], estaríamos fadados ao insucesso .... "O relatório da ONU [sobre desenvolvimento humano] tem graves falhas . A tabela que compara a qualidade de vida no Brasil e nas ilhas Fiji me parece uma impossibilidade metodológica. Como misturar o Brasil com Botswana, que é quase tribal, com uma organização complexa como a nossa? O que vaza pelas bordas da economia de Botswana? Provavelmente nada. Pelos ralos da economia brasileira passa muita coisa. Nos acampamentos dos sem-terra tem Fusca, por exemplo .... "

Homicídios, que há quinze anos investiga assassínios misteriosos, comenta, no que se refere à criminalidade juvenil: "A liber-

Segundo pesquisadora norte-americana, programas de animadora brasileira de televisão estimulam a malícia Infantil Simpson; resolveu estudar um dos chamados maiores fenômenos de mídia e de comportamento no Brasil contemporâneo. Escreveu a obra Xuxa, o Mega-marketing do sexo, da raça e da modernidade.

Conforme a autora, nos espetáculos promovidos pela referida animadora de televisão, as noções tradicionais de mãe, pai, filho e filha são subvertidas, constituindo-se tais programas em autênticos rituais de iniciação sexual masculina, transferidos dos antros de prostituição para a

a malicia infantil. Algum tempo atrás, pretendeu ela oferecer a seu público uma exibição em que crianças seriam lambidas por uma cabra e tocariam em ratos, sapos e cobras. Em boa hora, o Juizado de Menores do Rio vetou tal iniciativa. Representar papéis grotescos ou libidinosos predispõem a mente infantil a todos os gêneros de horrores e perversões no futuro. Miséria não é a causa ... O delegado Marco Antonio Desgualdo, titular da Divisão de

desagregação familiar e a degradação econômica. A mfdia põe o homossexual em lugar de destaque. Em alguns programas de Tv, travestis são jurados. As crianças acabam vendo tudo isso e passam a ter um comportamento deformado . Nas famílias de hoje, o pai manda, a mãe manda, os filhos mandam e no final, acaba não mandando ninguém".

Bem ao contrário do que faz crer a cantilena esquerdista, não é a miséria que gera violência, corrupção ou delinqüência social. Conforme a antropóloga Alba Zaluar, que escreveu tese sobre a pobreza no Rio, é isso mera falácia, desmentida pelos próprios moradores [das favelas), com estes dizeres: "Eu também sou pobre e sempre traba11,ei duro. Isso af [criminalidade] é/alta de vergonha na cara".

Não sabiam?

Começo da Revolução Cultural chinesa, 1976. Membros da Guarda Vermelha desfilam em Pequim com oretrato de Mao, dando inicio à fase mais sangrenta da História do comunismo amarelo

(~l,4 lf; CATOLICISMO, OUTUBRO 1994

Provas superabundantes, colhidas por estudiosos chineses e ocidentais, bem como investigação levada a cabo pelo jornal "Washington Post", acabam de tornar públicas as atrocidades cometidas sob o comunismo · amarelo. Um volumoso relatório (quase 600 páginas) escrito em l 989 pela Academia de Ciências Sociais chinesa mas só agora divulgado, constitui exemplo do vasto material existente u respeito. As vítimas do comunismo chinês - calcula-se - ascendem a 80 milhões! Em várias comunas, dezenas de vezes, entre 1950 e 1976, sobreviventes comeram cadáveres, chegando, em alguns casos, a matar, retalhar e devorar os próprios filhos. Até hoje, a maior parte da mídia chinesa, controlada pelo Estado, mantém silêncio sobre a fome. Durante décadas, estudiosos ocidentais - que idealizavam a China e estavam convencidos de que não . poderia haver escassez de alimentos sob um regime comunista - duvidaram da existência de fome em grande escala naquele país. Como explicar que, em pleno século XX, essa nova "muralha" chinesa - feita de mistificação e engodo - possa ter enganado a tantos no Ocidente? Qual o papel de nossa mídia, em tal aberração? Silêncio cúmplice e revelador!..

EmnmPE Canal de TV para homossexuais -

Preso por matar arara- Um pedrei-

Em Nova Iorque, foi instalada a primeira emissora de televisão a cabo, destinada a homossexuais, a qual começou a operar com sete milhões de assinantes. O Império Romano, que chegou a dominar a maior parte do globo, ruiu devido em parte ao pecado contra a natureza, como aliás afirma São Paulo em sua Epístola aos Romanos. Enquanto a prática dos Mandamentosa eleva os povos, como sucedeu na Idade Média, o vício arrasta-os para a decadência e, às vezes ao desaparecimento.

ro, de apenas 20 anos de idade, foi trancafiado no Presídio Central de Porto Alegre, por matar uma arara. Segundo a lei, "crimes" desse tipo são punidos com até três anos de detenção, e são inafiançáveis, ou seja, o acusado não pode defender-se em liberdade, mediante depósito de valores em juízo. Aberrante inversão de valores tratar um homem como sendo inferior a uma ave! Que ambiente esse pobre trabalhador encontrará na prisão, convivendo com assassinos e outros delinqüentes? Corre ele sério risco de se transformar em verdadeiro criminoso.

*** Seringas com vírus da AIDS - Em Portugal, assaltantes estão usando seringas com sangue supostamente contaminados pelo vírus HIV, causador da AIDS, para intimidar suas vítimas. O terror provocado por tais armas é tão grande que não se tem registro de alguém ter oferecido resistência a esse tipo de assalto. Essas monstruosidades, impensáveis até há poucos anos, vão se tornando hoje rotineiras ...

*** Maior do que a Bélgica e a Holanda - O presidente Itamar Franco já desapropriou, para fins de Reforma Agrária, 777.325 hectares, equivalente a uma área maior do que a Bélgica e a Holanda reunidas. Muitíssimas vezes, essas terras desapropriadas são entregues pelo governo a colonos inexperientes, que as vendem depois por qualquer ninharia ...

Aerogramas para Itamar - Por iniciativa da TFP, inúmeros fazendeiros enviaram aerogramas ao Presidente da República pedindo que: a) enquanto não for revista a atual legislação agrária, congele as desapropriações; b) publique o cadastro das terras disponíveis nas mãos do Estado - o maior latifundiário da Nação-, para serem distribuídas criteriosamente aos trabalhadores rurais vocacionados e aos proprietários ativos e empreendedores.

*** A casa mais antiga de São Paulo Na rua Roberto Simonsen 136, no centro velho da capital paulista, está instalado o Arquivo Histórico Municipal, numa casa que, segundo os historiadores, é a mais antiga da capital. Em estilo alpino, o prédio reúne documentos que contam a história da cidade, a partir de 1555. Foi nessa época que o português João Ramalho casou-se com a índia Bartira, dando assim origem ao tronco de onde descendem as famílias "quatrocentonas" de São Paulo.

DESTAO.!lJ\J Pampulha vai apodrecendo Nada envelheceu tão rapidamente quanto a chamada "arte moderna". Enquanto o gótico medieval, o barroco e ainda outras formas de arte demonstraram ter um valor perene, a "modernidade" vai literalmente apodrecendo. Poucas realizações "artísticas" foram tão propagandeadas pela mídia nas décadas de 40 e 50 quanto a Pampulha, em Belo Horizonte. A seis quilômetros da Praça Sete de Setembro, no centro da cidade, construiu-se, em 1944, uma barragem que deu origem a um extenso lago, uma igreja de "gosto" moderno, lembrando a foice e o martelo, um cassino e o Iate 'Clube. O conjunto visava ser o "bairro mais belo do mundo" e grande área de lazer e turismo da cidade. O local foi logo ocupado por grandes mansões. Tudo feito sob o impulso do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitscheck, o mesmo que anos depois, na Presidência da República, construiria Brasília, hoje também em processo de degringolada arquitetônica.

O arquiteto escolhido - tanto para a Pampulha, como depois para Brasília foi o amigo do prefeito, o conhecido comunista Oscar Niemeyer. A;ora, após 50 anos, a Pampulha tornou-se "um grande tormento para a população de Belo Horizonte". As águas azuis do lago "transformaram-se num lodaçal, num enorme esgoto a céu aberto, onde se amontoa todo tipo de doença própria de ambientes apodrecidos" . Espalharam aguapés na lagoa "para afugentar os vermes da esquistossomose", mas isso facilitou a vida dos pernilongos que "encontraram na sombra de suas folhas e no calor da água imunda o ambiente perfeito para sua reprodução avassaladora" ("Gazeta Mercantil", 21-8-94). O resultado é que os pernilongos expulsaram os fregueses dos restaurantes e os moradores de suas casas. O preço das residências elegantes do local caiu vertiginosamente: "Uma mansão coberta de mármore é alugada pelo preço de um apartamento de três quartos em bairro de classe média". Um dos últimos prefeitos gastou 2,5 milhões de dólares para tentar resgatar o

Nas décadas de 40 e 50, a então ·moderníssima· (e monstruosa ... ) igreja da Pampul ha era atração turísti ca; hoje é um edifício decré pito, que está apodrecendo com o bairro local. Outro despejou 5 milhões de dólares em dragagens. Tudo inutilmente. Um novo projeto orça em 22 milhões de dólares a canalização e saneamento de um dos 01~e córregos, o Sarandi, que desaguam no lago. O conjunto, construído para ser o "cartão postal da cidade", hoje corre sério risco de extinção. Já se fala em esvaziar a lagoa. E parece que será mesmo a melhor solução.


HAGIOGRAflA

Uma Santa Teresinha pouco conhecida A Santa do sorriso e da chuva de rosas que tinha alma de cruzado

A

l º de outubro, a Liturgia da Igreja celebra a memória de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face, "a maior santa dos tempos modernos", no dizer do Papa São Pio X. Nela, a.doçura, a pequenez e a misericórdia que encantam, embevecem e tanta paz infundem nos espíritos, se harmonizam admiravelmente com os traços de alma de uma autêntica guerreira que "morreria num campo de batalha, de armas na mão!" ( l ), conforme suas próprias expressões. Os desejos de alma da Santa tocam ao infinito. Ela quer ser guerreira, ser sacerdote, ser apóstolo, doutor da Igreja, mártir; sente ela em sua alma a coragem de um cruzado, de um zuavo pontificio, ela quer morrer num campo de batalha em defesa da Igreja. Uma só missão não lhe bastaria. Quereria ao mesmo tempo anunciar o Evangelho nos cinco continentes, e até nas ilhas mais remotas: "Jesus, Jesfls - dizia - se eu quisesse escre-

ver todos os meus desejos, teria que emprestar teu livro da vida; eu .quereria ter realizado todos esses feitos por Ti .... " (2).

Admiradora de Santa Joana d'Arc Esse traço guerreiro da alma de Santa Teresinha é dominante em sua fisionomia moral. Entretanto, talvez tenha sido o mais esquecido pelos que tanto a veneram. "Na minha infância sonhei combater nos campos de batalha. Quando comecei a aprender a história da França, o relato dos feitos de Joana d'Arc me encantava; sentia em meu coração o desejo e a coragem de imitá-los" (3). Santa Teresinha foi adquirindo cada vez maior consciência das profundas semelhanças entre sua vida e a da Virgem de Domrémy. Razão pela qual, em 21 de janeiro de 1894 - l O1° aniversário do martírio do desditoso rei Luís XVI, compôs ela a peça teatral intitulada A

Missão de Joana d'Arc. No ano seguinte, associandose às festas celebradas em todo o país em honra da santa guerreira e mártir, declarada "Venerável" pelo Papa Leão XIII, compôs Joana d'Arc cumpre sua Missão, representada para toda sua Comunidade religiosa. Ali Teresa encarnava o papel de Joana d' Are. ' E sua peça realçava a tomada da cidade de Orleans, a sagração do rei Carlos VII, mas sobretudo a morte na fogueira, que para ela significava o

-a vida estritamente militar de uma, e a vida contemplativa da outra - conservam, contudo, profundas afinidades de alma entre si. Santa Teresinha não viu Joana canonizada. E esteve longe de imaginar que o Papa Pio XI haveria de apresentá-la ao mundo católico como "uma nova Joana d'Arc" (18 de maio de 1925) e que, no decurso da II Guerra Mundial, a exemplo da Pucelle d'Orleans, Pio XII a declararia "patrona secundária de toda a França"!

Santa Tereslnha representando o papel de Santa Joana d'Arc na peça por ela composta sobre a missão da santa guerreira, que foi apresentada à comunidade do Carmelo de Lisieux, errl 1895 ápice da realização da missão de Santa Joana d' Are. "Um soldado francês defensor da Igreja, admirador de Joana d'Arc". Assim a pequena Teresa assinava seu Cântico para obter a canonização da venerável Joana d'Arc. Joana, a Virgem de Orleans, e Teresa, a Virgem de Lisieux, dois modelos do cató1ico militante e combatente contra os inimigos da Santa Igreja e da Civilização Cristã. Duas grandes santas que, embora tendo levado gêneros de vida tão diversos

Alma de cruzado e aparições a combatentes A idéia da luta alimentou constantemente o espírito forte da Santa da chuva de rosas.

"Adormeci por alguns instantes contava ela à Madre Inês - durante a oração. Sonhei que faltavam soldados para uma guerra contra os prussianos. Vós dissestes: É preciso mandar a Irmã Teresa do Menino Jesus. Respondi que estava de acordo, mas que preferiria bem que fosse para uma guerra santa. Afinal, parti assim mesmo. "Oh! não, eu não teria tido medo de ir à guerra. Com que alegria, por exemplo, no tempo das cruzadas, teria partido para combater os hereges. Sim! eu não teria tido medo de Levar um tiro, não teria tido medo do fogo!" (4)

"Quando penso que morro em uma cama! Eu quereria morrer em uma arena!" (5). O mesmo espírito combativo animava-a nos embates da vida espiritual: "A santidade! - é preciso conquistá-La à ponta da espada .. .. é preciso combater! .... " (6). Eis a têmpera de guerreiro dessa alma extremamente ativa e enérgica, no testemunho dos que a conheceram: "Sob um exterior suave e gracioso [ela] revelava a cada instante em seus atos um caráter de têmpera forte e uma alma viril; ela não conhecia abatimentos em seu devotamento aos interesses da Igreja" (7). "É uma alma viril, um grande homem!" - diria mais tarde o Papa Pio XI. Teresinha do Menino Jesus seguia dessa forma o conselho da grande Santa Teresa a suas filhas: "Quero que não sejais mulheres em nada, mas que em tudo vos igualeis aos homens fortes!" (8). Assim escreveu o Cardeal Vico arespeito da Virgem de Lisieux: "A virtude de Teresa impõe-se com incrível majestade: a criança torna-se um herói, a virgem das mãos cheias de flores causa espanto pela sua coragem viril!" (9). O exame grafológico do Bilhete de Profissão de Santa T eresinha nos fornece este testemunho admirável: "Uma decisão de ferro, uma vontade de luta, uma energia indomável aí estão expressas. Há nesses traços, ao mesmo tempo, o pavor de uma criança e uma decisão de guerreiro" ( 10).

A verdadeira santidade é força ~e alma e não moleza sentimental Plínio Corrêa de Oliveira A Igreja ensina que a verdadeira e plena santidade é o heroísmo da virtude. A honra dos altares não é concedida às almas hipersensíveis, fracas, que fogem dos pensamentos profundos, do sofrimento pungente, da luta, da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo enfim. Lembrada da palavra de seu Divino Fundador, "o Reino dos Céus é dos violentos", a Igreja só canoniza os que em vida combateram autenticamente o bom combate, arrancando o próprio olho ou cortando o próprio pé quando causava escândalo, e sacrificando tudo para seguir tão somente a Nosso Senhor Jesus Cristo. Na realidade, a santificação implica no maior dos heroísmos, pois supõe não só a resolução firme e séria de sacrificar a vida se preciso for, para conservar a fidelidade a Jesus Cristo, mas ainda a de viver na Terra uma existência prolongada, se tal aprouver a Deus, renun-

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ciando a todo momento ao que se tem de mais caro, para se apegar tão somente à vontade divina. Certa iconografia infelizmente muito em uso, apresenta os Santos sob aspecto bem diverso: criaturas moles, sentimentais, sem personalidade nem força de caráter, incapazes de idéias sérias, sólidas, coerentes, almas levadas apenas por suas emoções, e, pois, totalmente inadequadas para as grandes lutas que a vida terrena traz sempre consigo.

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A figura de Santa Teresinha do Menino Jesus foi especialmente deformada pela má iconografia. Rosas, sorrisos, sentimentalismo inconsistente, vida suave, despreocupada, ossos de açúcar candi e sangue de mel, eis a idéia que nos dão da grande, da incomparável Santinha.

Como tudo isto difere do espírito vasto e profundo como o firmamento, rutilante e ardente como o sol, e entretanto tão humilde, tão filial, com que se tom~ contato quando se lê a "História de uma aja"! . Nossos dois clichês apresenta por assim dizer duas "Teresinhas" diver as e até opostas uma à outra. A primeira(p. ) nada tem de heróico: é a Teresinha insignificante, superficial, almiscarada, da iconografia romântica e sentimental. A segunda(p.7) é a Teresinha autêntica, fotografada a 7 de junho de 1897, pouco antes de sua morte, que ocorreu a 30 de setembro do mesmo ano. A fisionomia está marcada pela paz profunda das grandes e irrevogáveis renúncias. Os traços têm uma nitidez, uma força, uma harmonia que só as almas de uma lógica de ferro possuem. O olhar fala de dores tremendas, experi-

mentadas no que a alma tem de mais recôndito, mas ao mesmo tempo deixa ver o fogo, o alento de um coração heróico, resolvido a ir por diante custe o que custar. Contemplando esta fisionomia forte e profunda, como só a graça de Deus pode tornar a alma humana, pensa-se em outra Face: a do Santo Sudário de Turim, que nenhum homem poderia imaginar, e talvez nenhum ouse descrever. Entre a Face do Senhor Morto, que é de uma paz, uma força, uma profundidade e uma dor que as palavras humanas não conseguem exprimir, e a face de Santa Teresinha, há uma semelhança imponderável mas imensamente real. E o que há de estranhável em que a Santa Face tenha impresso algo de Si no rosto e na alma daquela que em religião se chamou precisamente Teresa do Menino Jesus e da Santa Face?


Sonhando com o martírio A respeito de Roma, a Cidade Eterna, "não falarei dos lugares por nós [Santa Teresinha, seu pai e sua irmã Celina] visitados .... Será apenas a respeito das principais impressões que tive. "Uma das mais doces foi a qu(! me causou súbita comoção, à vista do Coliseu. Pois, estava afinal a contemplar a arena, onde tantos mártires derramaram seu sangue por Jesus .... "Muito fortes eram as batidas do meu coração, quando meus lábios se achegaram da poeira avermelhada pelo sangue dos primeiros cristãos. Pedi a graça de ser também mártir por amor de Jesus, e sentia no fundo do coração que minha prece fora atendida! ...

Santa Joana d'Arc- Miniatura (1505), Museu Dobrée, Nantes (França) .Em 1914 estoura a I Guerra Mundial. Santa Teresinha aparece umas quarenta vezes nos campos de batalha, tendo às vezes a cruz na mão, às vezes um sabre! Os soldados a vêem, ela lhes fala familiarmente, resolve-lhes as dúvidas, vence-lhes as tentações, acalma seus temores. Ela os protege, consola e converte. Os soldados franceses invocavam-na como "minha irmãzinha das trincheiras", "minha madrinha de guerra", "o escudo dos soldados", "o Anjo das batalhas", "minha cara pequena Capitã". Um so.ldado escrevia: "Na verdade, a amável Santa será a grande heroína desta guerra". "Penso nela quando o canhão troa forte!".- comentava outro. Inúmeras foram as baterias ou aviões batizados Soeur Thérese; regimentos inteiros foram-lhe consagrados. Incontáveis relíquias da Santa que miraculosamente apararam balas de fuzil, quais verdadeiros escudos, salvando a vida dos soldados que os levavam consigo, estão no seu Convento de Lisieux para atestar tamanhos prodígios de quem, de fato, "morreu de armas nas mãos!" (11). Luís Carlos Azevedo (*) Os destaques em negrito nos textos são nossos.

NOTAS 1. Poésies de Sainte Thérese de l'Enfant-Jésus, Mes armes, de 25 de março de 1897, Office Central de Lisieux, 1951. 2. Manuscrits Autobiographiques, dedicado à Madre Maria do Sagrado Coração, Office Central de Lisieux, 1956, folio 4 r".

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"Martírio! eis o sonho de minha juventude! O sonho que cresceu comigo à sombra dos claustros do Carmelo... Af, também, percebo que meu sonho é loucura, pois não conseguiria limitar-me a apetecer um só gênero de martfrio... ".

(*) Os ~extos aqui reproduzidos são da própria Santa Teresinha, extraidos de seus "Manuscritos Autobiográficos", 3. Lettres de Sainte Théretraduzidos e publicados pelo Carmelo do Imaculado Coração se de l' E11fa11t-Jésus, de Maria e de Santa Teresinha, Cotia (SP), 2ª ed., 1979, pp. Ci ta ao Abbé Belliêre, 141 - 142 e 199 - 200, respectivamente. Olfice Central de Lisieux, 1948. 4. Carnet Jaune, 4.8.6 - in Derniers entretiens, Éditions du Centenaire, Desclée de BrouwerÉditions du Cerf, Paris, 1971. 5. Summarium [do Processo de Beatificação e Canonização], depoimento de Celina, 2753. 6. Correspondance Générale, Éditions du CerfDesclée de Brouwer, Paris, 1972, t. I (18771890), Carta (nº 89) a Celina, de 26 de abril de 1889. E Lettres ... , Carta a Leônia, de 20 de maio de 1894. 7. Summarium .. . depoimentos da Madre Inês, 706, e da Madre Teresa de Santo Agostinho, 1072. 8. Citado pela própria Santa em carta ao Pe. Rouland, de 1º de novembro de 1896 - Lettres ... , CLXXVIll. 9. L'Esprit de la Bienheu- Nesta fotografia de Santa Teresinha (julho de 1896), reflereuse Thérese de /' En- tem-se admiravelmente a pureza e a doçura conjugadas com f ant-Jésus d'apres ses uma inabalável determinação de espírito, própria a uma écrits et des témoins oc- autêntica guerreira culaires desavie, Office Central de Lisieux, 11. Cfr. lnterventions de Sr. Thérese de l' En1924, Prefácio, p. VIII. fant-Jésus pendant la guerre, Pluic:;' de Ro10. Pe. François de Sainte-Marie, O .C.D.P., ses, Lisieux, 1920; e Ch. Gabriel Sarrauti;, Manuscrits autobiographiques, Office Un soldatfrançais: Sainte Thérese de l'EnCentral de Lisieux, 1956, vol. II, p. 53. fant-Jésus, Imprimerie Moriêre, 1970.

Registros para a História

"Colaboração" e infiltração: a vigorosa denúncia da manobra comunista anticatólica Líderes comunistas confirmam: é só por vantagem estratégica que se efetua a pseudo-colaboração com os católicos.

Na foto, da esq. para a direita: Mons. Luigi Dadaglio, então Núncio Apostólico na Espanha; Mons. Tarancón, na época Cardeal Arcebispo de Madri e presidente da Conferência Nacional Espanhola ; Adolfo Suárez, antigo primeiro-ministro e o secretáriogeral do PC espanhol, Santiago Carrillo: o sorriso deste último encobria a estratégia de uma "colaboração" que foi ruinosa para os católicos Na edição de agosto último publicamos em Catolicismo um artigo sobre a atual invasão muçulmana na Europa.

Manobra comunista mundial discernida num fato simbólico

Neste mês, com o mesmo intuito isto é, de trazer à memória de muitos leitores e ao conhecimento de outros o imenso cabedal de prognósticos feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e que a História vem confirmando - cuidaremos de outra invasão (quão mais dolorosa!) também prevista com longa antecedência: a penetração comunista na Santa Igreja Católica.

Em pleno pontificado de Pio XII, quando aos olhos dà maioria dos fiéis parecia impossível a infiltração comunista na Igreja, o presidente da TFP lançou um brado de alerta aos católicos, baseado em significativa notícia proveniente da Rússia. Tratava-se da criação em Moscou de uma "Academia de Teologia" cujo reitor, o "arcebispo" cismático Popof, fora colocado pelo soviet geral na

direção da "igreja russa" - , bem como do funcionamento de um seminário eclesiástico para a formação de "padres" cismáticos. Ambas instituições foram inauguradas em fins de 1946, em solene cerimônia realçada pela presença do Presidente e do vice-presidente do Conselho de Ministros da Rússia. Este último exercia também a direção "dos negócios da igreja russa". Discernindo o valor sintomático da notícia, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira CATOLICISMO, OUTUBRO 1994

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denunciou nos seguintes termos, pelas páção de cada igreja .... invocando até o "Sem essa nossa política - continua ginas do "Legionário", o plano de infiltra- auxi1io de Deus .... - como seria compreensível que n6s, ção comunista: "Tudo isso revela bem o "- .... Aparentando a maior bene- comunistas, tenhamos mais de um mivolência, os ativistas de nossa organiza- lhão e meio de inscritos e que tenhamos plano soviético de não atacar: mais, de . frente, religião alguma, proa,;ando proção devem aplicar esta dupla lei: cati.var o chegado, sempre crescendo, a oito e pagar suas doutrinas, de contrabando, inimigo paro suprimir o inimigo" .... meio milhões de eleitores?" (3) (grifos através de aparências religiosas. "- Devem .... infiltrar todas as insnossos) tituições da Igreja, ganhar a simpatia "Em outros termos, o comunismo já não se diz mais - na aparência-ateu. dos fiéis, e desse modo tornar possível Carrillo: conversões não, apostasias sim introduzir-se na própria direção da IgrePor que esta modificação? Por simples Por seu lado, Santiago Carrillo, envantagem estratégica. Esta vantagem ja .... "- Todo camarada que ocupa um quanto secretário-geral do PC espanhol existirá somente no tocante aos cismáticos? Evidentemente não. Daí se deduz posto de direção deve ter compreendido declarava: " .... Levamos a cabo uma política muito audaciosa em relação aos afundo esta verdade: a Igreja Católica que os comunistas procurarão fazer o católicos, partindo .... de nossa convic.... precisa ser abatida e destruída commesmo com outras religiões ..... ção - do ponto de vista estratégico "Quanto a n6s, cat6licos, abramos pletamente ...." (2)(grifos nossos). de que, para chegar ao triunfo .... do os olhos. A infiltracão entre nós não Berlinguer: os católicos socialismo, a colaboração com eles é pode ser feita com a mesma desfaçatez. ficaram condicionados pelos necessária .... Mas os err.os são como água: onde não comunistas "A propósito da colaboração com os podem penetrar torrencialmente, enAs vantagens estratégicas obtidas pecatólicos, alguns camaradas .... perguntram por meio de mil pE.JUenas frestas taram-nos se não irá mudar o conteúdo los comunistas e sua mudança tática, foinsidiosas. Estas frestas - é claro ram publicamente reconhecidas em 1975 de nossa ideología. Respondi-lhes com não existem na estrutura da Santa Igreuma pergunta, que lhe pareceria simplispelo então secretário-geral do Partido ja. Mas infelizmente existem na estrutuComunista Italiano, Enrico Berlinguer: ta: Desde que começamos esta politica, ra débil de nossos corações. .... Do quantos camaradas vocês conhelado comunista, como do lado nacem que se tenham tornado religiozista, como de todos os lados, a sos? Em compensação, quantos capolítica contra a Igreja não se faz t6licos se tornaram comunistas" (4) mais, hoje em dia, por meio de ata(grifos nossos) ques de viseira erguida, mas pela infiltração, pela traição, pela caA previsão se cumpriu, o muflagem. brado não foi ouvido. "De onde se segue que os catóOs documentos acima citados, a licos leigos que realmente queiram título de amostra, deixam claro que ser úteis à Igreja devem brilhar por a mudança política empreendida peuma prudência a toda prova, por los vermelhos teve como conseqüênuma argúcia, para desfazer as tracia a deserção e a apostasia dos catómas do adversário"(l)(grifos noslicos. E tomam evidente quanto tisos). nha razão o Prof. Plínio Corrêa de A infiltração iniciada por Moscou Oliveira ao prever a nova estratégia a que se refere o insigne pensador comunista. Esta previsão continha católico podia operar-se por diferenum brado de alerta. A previsão se tes meios: pessoas, tendências, idéias, cumpriu, o brado não foi ouvido ... colaborações fraudulentas etc., as Deixamos para outra ocasião hisquais não se excluíam e podiam ser toriar a parte mais terrível desta mautilizadas simultaneamente. nobra, isto é, o método traiçoeiro Transcrevemos a seguir, alguns pelo qual líderes católicos baixaram textos de destacados líderes comu- Berlinguer acentuou desinibidamente que "as masas pontes levadiças ao adversário, nistas de diversos rnatizes, que pro- sas populares católicas' estavam, em sua época, permitindo que este penetrasse imvam o acerto da denúncia feita pelo "orientadas e condicionadas' pela política do PCI punemente na Santa Igreja de Deus. Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Juan Gonzalo Larrain Campbell "As massas populares católicas de todos Cativar o inimigo para os tipos estão agora amplamente oriensuprimi-lo tadas e condicionadas .... pela grande NOTAS : A agência noticiosa Fides, da Sagra - política que iniciamos em 1943, e que 1 - Plinio Corrêa de Oliveira, 7 dias em revisdesde então sempre temos aplica<.fo de da Congregação da Propaganda Fidei, ta, "Legionário", 9-2-47. modo coerente. O resultado mais positideu a conhecer em 1958 uma ordem se2 - "O Comunismo 11a China: Infiltrar todas vo dessa política .... é que com ela educreta, datada de 17 de fevereiro de 1957, as instituições da Igreja", Catolicismo nº camos e convencemos uma parcela cada dirigida pelo Partido Comunista chinês 92, agosto de 1958. vez maior de cidadãos católicos a dar um 3 - Enrico Berlinguer, La questione comunisaos seus membros no estrangeiro. Sevoto laico" (no sentido de conduzir os guem algumas das diretrizes mais signita, Editori Ruiniti, Roma, 1975, Vol 1, católicos a uma posição de indeficativas contidas no documento: pp.195-197. pendência e até de desobediência em re4 - Santiago Carrillo, Manana Espana, Colec"- Nossos camaradas devem enconción Ebro, Paris, 1975, pp.25,203,232. lação à doutrina da Igreja). trar meios de penetrar no pr6prio cora-

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Documento

TFP denuncia ''operação publicitária de resgate'' para salvar Fidel Castro Incisivo manifesto da entidade aponta as verdadeiras causas - silenciadas por órgãos da mídia - da desesperadora situação reinante em Cuba e do alarmante êxodo dos "balseros" para os EUA, além de desmascarar a ampla manobra publicitária, em nível internacional, visando salvar da derrocada um regime inteiramente falido(*) Desse modo, sem ceder um milímetro em seu retrógrado e confessado marxismo-leninismo, o chefe comunista poderá continuar oprimindo o povo cubano, fomentando movimentos de esquerda revolucionária em nações democráticas do continente e inclusive liderando uma eventual frente diplomática antinorte-americana nas Américas. Nessa preocupante perspectiva, a Sociedade Brasileira de Defesa da "Balselros"cubanos perdidos no mar são descobertos pala guarda Tradição, Família e Procosteira norte-americana priedade - TFP apresenta ao público alguregime marxista-leninista de mas considerações: Castro atravessa a maior crise 1. A revolução comunista em Cuba, de sua lamentável história. Os desde fins da década de 50, vem contanrecentes episódios em que milhares de do invariavelmente com o decisivo apoio cubanos - os chamados "balseros" - se de "quinta-colunas" atuantes em imporlançam diariamente ao mar, preferindo tantes setores da imprensa internacional. enfrentar o risco de morte a continuar um Alguns especialistas ·chegam a afirmar minuto a mais na asfixiante ilha-cárcere que, sem esse elemento publicitário de do Caribe, são bastante eloqüentes. sustentação, o marxismo jamais teria Sem embargo, vem se delineando no triunfado na ilha do Caribe. horizonte internacional uma sutil "opeCabe mencionar, como um fato pioração publicitária de resgate" com o obneiro, a série de prestigiosas entrevistas jetivo de anestesiar e amortecer as justas feitas com Fidel Ca!i_tro pelo jornalista reações de indignação anticastrista que Herbert Matthews, e publicadas pelo se levantam hoje por todo o mundo civi"The New York Times". É inegável que lizado. Essa "operação" de resgate criatais entrevistas ria clima psicológico favorável a uma tiveram papel Um infeliz residente maciça ajuda econômica de nações ocide Havana tenta decisivo na dentais ao regime cubano e, inclusive, à consolar seu neto, no projeção intersuspensão do bloqueio econômico nornacional do interior de seu te-americano. "mito" de Fidel casebre de madeira

Castro como "idealista" e "amante da liberdade", e para consolidar internamente a então frágil aventura comunista em Cuba (cf. John P. Wallach, "The Selling Fidel Castro - The Media and the Cuban Revolution", Transaction Books, New Jersey, 1987). 2. Ao longo de várias décadas, valendo-se de influentes setores da imprensa, hábeis propagandistas foram esculpindo aos olhos da opinião mundial a imagem do governante cubano como um moderno "Robin Hood", e de seu nefasto regime marxista como um "paraíso" de justiça social (cf. John P. Wallach, Fidel Castro and the United States Press, CANF, Washington, 1987). Gerações inteiras de jovens das três Américas foram influenciadas por essa insidiosa propaganda, que contribuiu para semear à discórdia - quando não a subversão e a guerrilha sangrenta - no seio de seus respectivos países. 3. A tal coro publicitário não faltaram vozes de estadistas, intelectuais, empre-

CATO LI CISMO, OUTUBRO 1994

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Após flutuar sobre as ondas, no teto de um ônibus transformado em balsa, os três fugitivos cubanos recebem a primeira refeição em solo norte-americano sários e até eclesiásticos, que ajudavam - direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente - a consolidar o "mito" da revolução comunista. Nos últimos dias, as agências internacionais têm consignado declarações de intelectuais e políticos norte-americanos, e de figuras de outros países como o presidente da França - o socialista François Mitterrand - , que pleiteiam a suspensão do embargo comercial norteamericano, medida desejada com indisfarçável frenesi pelo chefe cubano. 4. Com a queda do império soviético, o regime de Havana perdeu sua principal sustentação econômica, que entre 1959 e 1991 chegou a oito bilhões de dólares anuais, segundo recentes revelações de Yuri Pavlov, ex-diretor do Departamento para a América Latina da Rússia soviética. Essa fabulosa injeção de dinheiro foi dissipada por Castro em aventuras guerrilheiras na América Latina e na África, bem como na manutenção da "nomenklatura" cubana. Como se sabe, o regime castrista arruinou a outrora florescente economia do país, e, apesar dos subsídios soviéticos, o povo da ilha passou a alimentar-se através do implacável e humilhante sistema de "cartões de racionamento". 5. Mais recentemente, as tão generosas quanto desconcertantes ajudas financeiras de certos governos ocidentais e de alguns mega-empresários pouco escrupulosos não foram suficientes para substituir os rios de dinheiro soviético. Paralelamente, a situação de miséria do povo chegou a extremos sem precedentes. Com o que, confonne a fábula de Ander-

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sen, essa trágica situação clama hoje aos quatro ventos: "O regime comunista cubano está nu!" 6. Em vista disso, Fidel Castro foi sendo reduzido a uma situação insustentável, em nível interno e externo, ao mesmo tempo em que começaram a perceber-se no horizonte claras esperanças de um imediato desmoronamento do regime. Não obstante, enigmaticamente vai se articulando uma gigantesca "operação de resgate" do regime castrista - de cunho fundamentalmente publicitário - , que procura desviar as atenções internacionais dos verdadeiros culpados da atual situação da ilha-presídio: o marxista-leninista Fidel Castro e sua "nomenklatura". 7. Com efeito, passaram a ser veiculadas certas notícias de modo a amortecer a natural e explicável indignação anticas-

trista que a atual situação cubana desperta na opinião pública continental. Assim, segundo essa propaganda insidiosa e sutil, a miséria atroz de Cuba não se deveria ao fracasso inerente a um regime coletivista que nega a propriedade privada, senão a conjunturas internacionais como o embargo comercial norte-americano; a repressão e a absoluta falta de liberdade que sofre o povo cubano - condenada recentemente pela Comissão de Direitos Humanos da ONU - é apresentada como medida para proteger os "êxitos" e a "estabilidade" da·revolução, ameaçados por "inimigos" internos e externos; a arrogância de Fidel Castro é habilmente maquilada de modo a metamorfoseá-lo em vítima inocente do "fascismo internacional" etc. 8. Em uma palavra, está em curso uma "operação publicitária de resgate" que, utilizando técnicas de baldeação ideológica inadvertida (cf. Plínio Corrêa de Oliveira, Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1974), pretende livrar o governante de Havana do banco dos réus, no qual a opinião pública com justiça o colocou. Com isso, procura-se assegurarlhe a qualquer preço uma sobrevivência política no seio das Américas. 9. Nesta hora crucial, a TFP não pode deixar de manifestar publicamente sua categórica denúncia sobre tais manobras.

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aderno Especial Nº 38

r

São Paulo, 9 de setembro de 1994 (*)NOTA No encerramento desta edição, as conversações entre EUA e Cuba sobre o êxodo de "balseros" chegaram à seguinte conclusão: Washington concederá anualmente 27 mil vistos para cubanos ingressarem em território norte-americano; em contrapartida, o regime de Havana impedirá a fuga de "balseros ", acordo este que já ocasionou praticamente o térrnino da referida evasão.

Bas[/ica do Pilar, Saragoça ( 12 de outubro) Milhares de "balseros" recolhidos no mar, pela guarda-costeira norte-americana foram alojados em acampamentos, na base naval de Guantâmano, situada na zona leste d~ Cuba; de futuro, devem ser deslocados para o Panamá


Ji§ermãn oa 4fil{nntanlya

-<5\s hem-a&enturan;as

(São Mateus 5, 1-10) Vendo Jes s aquela multidão, subiu a um monte e, tendo-se sentado, aproximaram-se dEle os seus discípulos. E Ele, abrindo a sua boca, os ensinava dizendo: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bemaventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados QS que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão

misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo disserem todo o mal contra vós por causa de Mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa ríos céus.

©nmentárins .cnmpilaons por Ji§antn Wnmás oe <5\,quinn na "Qlatena <5\urea" São Gregório Magno - Como Jesus haveria de exprimir preceitos sublimes no monte, se diz como que por via de prefácio: "E abrindo a sua boca lhes ensinava", Ele que pouco tempo antes havia aberto a boca dos profetas. São Remígio - Onde se deve ler que Jesus abriu a boca, deve-se entender que é que vai dizer grandes coisas. Santo Agostinho - A presunção do espírito representa o orgulho e a soberba. Quem ignora que os soberbos se chamam inchados, como se estivessem cheios de vento? Pelo que aqui se entendem por pobres de espírito os humildes que temem a Deus, isto é, os que não têm espírito que incha. São João Crisóstomo - Toda obra boa que não fazem os homens, por amor ao mesmo bem, é desagradável diante de Deus: tem fome de justiça o que deseja obrar segundo ajustiça de Deus. Tem sede de justiça o que deseja adquirir sua ciência. Santo Hilário - Oferece a bem-aventurança aos que têm fome e sede de justiça; manifestando que o perfeito conhecimento de De1,1s é o que

©omentárins on

constitui a avidez dos santos, que não pode saciarse até que não habite no céu. E isto é o que se exprime com aquelas palavras: "porque serão saciados". São João Crisóstomo - Uma vez explicada a bem-aventurança dos pacíficos, para que alguém não creia que é bom buscar sempre a paz para si, acrescenta: "Bem-aventurados os que padecem perseguiçii.o pela justiça..." Portanto o que sofre perseguição dos hereges, por não abandonar a verdade, é bem-aventurado posto que padece pela justiça. Além disso, se alguém dos poderosos, mesmo os que parecem .cristãos, te perseguisse quando o repreendesses por seus pecados, se este te persegue, serás bemaventurado como São João Batista; se é verdade que os profetas foram mártires, mesmo quando foram mortos pelos seus, não duvides que todo aquele que padece algo pela causa de Deus, mesmo quando seja pelos seus, obtém o prêmio do martírio. Por isto não especifica a Escritura as pessoas dos perseguidores, mas apenas a causa da perseguição, para que não te fixes em quem é o que te persegue, mas o porquê te persegue.

Jle. . Ifiuís Qlláuoin Jtfillinn

Não esteve Jesus muito tempo no monte só com seus Apóstolos e discípulos. As multidões que o buscavam sem cessar e que pelo visto sabiam muito bem descobrir seus retiros, acorriam também a estes e; em presença de um auditório e multidão considerável, pronunciou aquele discurso grande e majestoso que pelo lugar que serviu de teatro, tem sido chamado o Sermão da Montanha. Seria agradável à nossa piedade o ·s aber com exatidão de que monte se trata. Parece ser certo que não estava muito longe da margem ocidental do mar de Genesaré. No bloco montanhoso tão variado epitoresco que sai perpendicular desta margem, quase em frente de Tiberíades se contempla cabalmente uma altura de formas

originais que os árabes chamam Kurun-Hattin, "os Cornos de Hattin". São vários os autores segundo os quais este lugar foi a testemunha da eleição dos Apóstolos e do grande discurso de Jesus. Diante desta natureza grandiosa, mas agradável, que contrasta singularmente com as rochas nuas e incultas do Sinai, onde foi proclamada a Antiga Lei, vai se nos apresentar Jesus com os caracteres de verdadeiro Rei, Messias e Legisla- . dor da Nova Aliança. Pois o Sermão da Montanha contém, segundo observa Santo Agostinho, um admirável resumo da doutrina cristã e uma síntese de todo o Evangelho. Quando por este tempo de sua vida havia já excitado a expectativa nos espí-

ritos e nos corações, depois de haver falado em termos misteriosos do reino que iria fundar, convinha que o Divino Mestre explicasse com linguagem clara e popular em que consistia o reino dos céus, e quais eram os deveres de todos os que desejavam chegar a ser membros seus. Sentou-se Jesus, diz o texto sagrado, e seus discípulos mais íntimos se aproximaram dEle; a multidão se reuniu apinhada em seu redor. Então, acrescenta solenemente São Mateus, "abrindo sua boca, lhes ensinava" . Por seu lado São Lucas nos informa que o orador divino abraçou com o olhar os seus discípulos, levantando seus olhos para

eles que deviam mais tarde repetir ao mundo inteiro suas palavras memoráveis. As oito bem-aventuranças, tão célebres na Nova Aliança, como foi o Decálogo na Antiga, serviram de exórdio digno a seu discurso. Assinalam as qualidades morais cuja posse se exige rigorosamente a quantos aspiram ao reino dos céus. Em forma, a mais suave, reclama o exercício das virtudes mais sublimes. Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestro Senor Jesucristo según los Evangelios, Editorial Difusión, Tucumán, 1859, pp. 135-136.

~ nssa Ji§enlynra on Jlilar Saragoça, Espanha - 12 de outubro Se bem que Nossa Senhora seja uma só, e em Circundada por diáfanas nuvens, sentada num qualquer de suas extraordinárias manifestações trono de luz, servida por anjos, aproximou-se está Ela sempre disposta, como Mãe, a olhar então do maravilhado vidente e disse-lhe: "Tiago, benevolamente para aqueles que implorem sua servo do Altíssimo, bendito sejais de Sua destra, proteção, as contingências históricas, geográfie Ele vos encha de Sua divina graça. Meu filho cas, psicológicas etc. tomam habitualmente mais . Tiago, este lugar assinalou e destinou o Altíssimo atraente para alguns esta, para outros aquela invotodo- poderoso Deus do Céu, para que na terra lhe cação da Santíssima Virgem. Nossa Senhora do consagreis e dediqueis nele um templo e casa de Pilar, entretanto, atrai-nos a todos porque sua oração, onde sob o título de Meu Nome quer que história é de grande interesse universal. o dEle seja exaltado e engrandecido, e que os tesouros de Sua divina destra se comuniquem, Com efeito, trata-se da primeira aparição da franqueando generosamente Suas antigas miseriSantíssima Virgem em todos os tempos, quando córdias a todos os fiéis que por minha intercessão Ela ainda estava em sua vida terrena; e, por exalcançá-los-ão, se os pedirem com verdadeira Fé pressa vontade dEla, no local do acontecimento e piedosa devoção, e em nome do Todo-Poderoso foi erigido o primeiro templo mariano no mundo. lhes prometo grandes favores e bênçãos de doçuApareceu ao Apóstolo São Tiago Maior, o irmão ra, minha proteção e amparo, porque este há de de São João Evangelista, que recebera, ao pé da ser meu templo e casa, minha própria herança e Cruz, Nossa Senhora como Mãe; o mesmo São possessão. Tiago, que fora dos três mais privilegiados por Nosso Senhor, na Transfiguração do Tabor e na E em testemunho desta verdade e promessa Agonia do Horto. ficará aqui esta coluna, e colocada sobre ela minha própria imagem neste lugar, onde uma e outra E as palavras de Nossa Senhora naquela visita, perseverarão com a Santa Fé até o fim do mundo por encargo do Salvador, contiveram a convoca... . (Os anjos entregaram a São Tiago então o tória para outro privilégio: São Tiago deveria referido pilar ou coluna e a imagem), e, tendo voltar à Terra Santa, e seria o primeiro do Sacro feito este serviço ao Senhor, ireis a. Jerusalém, Colégio Apostólico a receber a palma do martírio. onde Meu Filho Santíssimo quer que Lhe ofereMuitos Pontífices Romanos incentivaram tal çais o sacrificio de vossa vida". devoção. São Jerônimo, um dos grandes Doutores Tudo tendo sido santamente cumprido, o teme polemistas dos primeiros séculos da Igreja, já plo, a imagem e o pilar não têm feito senão atestava a veracidade do prodígio, e o Breviário aumentar em glória, pompa e riqueza recebidas e Romano indica sua festa a 12 de outubro, mesmo em beneficios concedidos. dia em que se comemora, no Brasil, Nossa Senhora Aparecida, Padroeira da Nação. O acontecimento deu-se no ano 40, quando São Tiago rezava à beira do rio Ebro, na cidade de César Augusto, na Hispania (nomes que derivarai;n paulatinamente em Saragoça e Espanha). O Apóstolo tinha já convertido sete pessoas em Saragoça. Era já noite. Poderosos e.alígeros espíritos, ou seja, os santos anjos , conduziram sua Rainha, de Jerusalém à cidade de César-Augusto.

FONTE DE REFERÊNClA 1 . The Catholic Encyclopedia, C:axton Publishing Company, Londres, 1911, t. XII, p: 83. 2. Enciclopedia Universal Ilustrada Europeo-Americana, Espasa -Calpe, S.A. Bilbao, 1921, t. XLIV, pp . . 871-880. 3. Conde de Fabraquer, Historia de las lmágenes de la Virgen en Espaiia, Madri, 1861, t. I, pp. 13-36.


ENTREvlSTA

História Sagrada em seu lar <49 )

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noções básicas

... e prometendo dar-lhe tudo o teu caminho é perverso e contrário a que quisesse - "Balac enviou-lhe ou- mim; e se a jumenta se não tivesse tros (embaixadores), os quais dissedesviado do caminho, eu ter-te-ia maram-lhe: Eis o que diz Balac, não te tado. demores em vir ter comigo; eu estou "Balaão respondeu: Eu pequei, pronto para te honrar, e te darei tudo o mas agora, sé não te apraz que eu vá, que quiseres .. voltarei. Disse-lhe anjo: Vai com "Balaão levantou-se de manhã e, estes, mas vê, não digas senão o que eu aparelhada a sua jumenta, partiu com te mandar. Ele, pois, foi com os príneles. cipes" (Num. 22, 31 a 35). Surge o Anjo dos hebreus com a "Este anjo, diz Orígenes, era o anjo espada desembainhada - "Mas Deus da guarda do povo hebreu" (3). A mula de Balaão irou-se. E o anjo do Senhor pôs-se no A longa e épica marcha dos israecaminho diante de Balaão, que ia monNOTAS: litas pelo deserto - repleta de milagres tado na jumenta, e tinha consigo dois 1. Padre. F. Vigouroux, Manuel Biblique ou e vitórias retumbantes contra seus adcriados. Cours d'Ecriture Sainte - Ancien versários - espalhou o pânico entre os "A jumenta, vendo o anjo que esTestament, A. Roger et F. Chernoviz, povos circunvizinhos. tava no caminho com uma espada deÉditeurs, Paris, 1901, tomo I, pp. 743-744. sembainhada, afastou-se do caminho, Nos bordos da terra prometida - Os 2. Padre Matos Soares, Bíblia Sagrada, e ia pelo campo. E, como Balaão a Edições Paulinas, São Paulo, 6ª ed., 1933, hebreus acamparam nas planícies de fustigasse e quisesse fazer voltar à esp. 179. Moab, próximo de Jericó. "Tinham 3. Cônego J. 1. Roquete, História Sagrada do pois chegado agora; nos bordos da Ter- . trada, a jumenta, vendo o anjo, caiu Antigo e Novo Testamento, Gui ll ard debaixo dos pés do que ia montado, o ra prometida a seus pais; não estavam Aillaud, Lisboa, 1896, 9" ed., tomo I, p. qual irado a fustigava mais fortemente. separados dela senão pelas águas do 254. Palavras da jumenta Jordão, e o solo que pisavam devia formar uma parte das possessões de - "E o Senhor abriu a boca da jumenta, e ela Rubem e de Gad. Era uma hora solene disse: Que te fiz eu? Por de sua história. Deus escolheu este que me feres? Balaão momento para lhes fazer renovar, pela respondeu: Porque tu o boca de um estrangeiro, Balaão, as mereceste" (Num. 22, 4 profecias messiânicas. a 29). Quem era Balaão - "Balaão era um "A cegueira de Baprofeta ou advinho célebre, que Balac, laão era tal que responrei de Moab, chamou para amaldiçoar deu com toda a naturao povo de Deus. Era originário da Melidade, mostrando não sopotâmia [atual Iraque]. Mistura de ter atendido à grande bem e de mal, tinha muitos traços de maravilha que se estava semelhança com Simão Mago" (1). operando" (2). Balac manda chamar Balaão... Balaão vê o Anjo "O rei dos moabitas [Balac] mandou "De repente abriu o Seembaixadores a Balaão, para que lhe nhor os olhos de Badissessem: Eis que saiu do Egito um laão, e ele viu o anjo povo, que cobriu a face da terra, o qual que estava no caminho está acampado contra mim. Vem, pois, -com a espada deseme amaldiçoa este povo. bainhada, e, prostrado por terra, o adorou [isto .. .levando-lhe dinheiro - "[Os emé, inclinou-se profunbaixadores] partiram, levando nas damente]. mãos o preço da adivinhação. E Deus disse a Balaão: Não vás com eles, nem "Eu ter-te-ia mataamaldiçoes o povo, porque é bendito. do" - "E o anjo disseE Balaão disse aos príncipes: tornai lhe: Por que castigas O Anjo dos hebreus, com a espada desembainhada, para a vossa terra, porque o Senhor me tua jumenta? Eu vim aparece a Balaão e lhe diz: "Se a Jumenta se nlo tivesse proibiu ir convosco. opor-me a ti, porque o desviado do caminho, eu ter-te-la matadd' (Num. 22, 33)

o

BRASIL, 1994 A DOUTA,, IGNORÂNCIA EM MATERIA DE FOME N

ossa revista tem como tradição desmitificar a chamada indústria da fome. Vestem a fome com lençóis brancos e luzes especiais, a fim de que, passeando-a pelo ambiente brasileiro como um fantasma, possam obter determinados objetivos ideológicos. Assim,já em 1952 nosso colaborador Cunha Alvarenga desmitificou o então famoso livro "A geografia da fome", de Josué de Castro, no artigo "A douta ignorância em matéria de fome (Catolicismo, nºl8, junho/1952). A "indústria da fome", nos dias de hoje, vive um momento de apogeu. Só que, em vez de grandes nomes, como pretendeu ser em seu tempo o Sr. Josué de Castro, temos hoje apenas tecnocratas, entrincheirados atrás de computadores de última geração. Os tempos mudaram, mas o resultado é o mesmo, ou seja, a produção de estatísticas infladas, para embair o povo brasileiro. Urge reduzi-las às suas verdadeiras proporções. Temos muitos problemas reais para nos darmos ao luxo de perder tempo com os imagiriários ! Para esse fim, Catolicismo está entrevistando hoje o Sr. Carlos dei Campo, engenheiro agrônomo pela Universidade Católica do Chile, Master em Economia Agrária (MS) pela Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA). Radicado no Brasil desde 1972, é co-autor com o Prof.

Carlos dei Campo - Para

Um verdadeiro masoquismo autodemolidor invadiu os meios de comunicação social, apresentando um noticiário composto de fatos e análises, sendo estas, em sua maioria, confusas e contraditórias

Plínio Corrêa de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da TFP, de dois best-sellers que o qualificam amplamente como profundo conhecedor da situação sócio-econômica de nossa Pátria: Sou católico: posso ser contra a Reforma Agrária? e A Reforma Agrária socialista e confiscatória - A propriedade privada e a Livre iniciativa, no tufão agro-reformista.

*** Catolicismo - Não sendo brasileiro, mas morando no Brasil, o Sr. tem condições ideais para dar uma opinião sobre a situação brasileira. O País está tão mal como dizem certas estatísticas?

um observador comum, o Brasil parece estar à beira do abismo. Panoramas de miséria e pobreza são apresentados como generalizados por todo o País. Pareceria que tudo está errado e que nada existe de positivo. Um verdadeiro masoquismo autodemolidor invadiu os meios de comunicação social, apresentando um noticiário composto de uma mistura de fatos e análises, sendo estas, em sua maioria confusas e contra-

ditórias. A expectativa existente depois do lançamento da nova moeda constitui uma exceção nesse quadro, que cria na mente do leitor ou do telespectador desprevenido a idéia de que nada presta, e que em última análise a causa de todos esses males reside na ordem social vigente, em sua classe dirigente, em suas instituições. Nessa verdadeira maré de lama que diariamente se atira nas mentes dos brasileiros, em um triste espetáculo, à vista de todo o mundo, não se fazem distinções, silenciam-se inúmeros fatos positivos, e sobretudo se esquece o Brasil verdadeiro, o Brasil

CATOLICISMO, OUTUBRO 1994

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Fazer uso de uma estimativa próxima ao dobro da realidade, e muitas vezes com c/Q,ros objetivos políticos, representa pelo menos uma falta de seriedade com conotações inegáveis de demagogia

para a América Latina e o Caribe). O valor de tal cesta básica seria, de acordo com esses estudos, dois salários mínimos. Como estimam haver nove milhões de famílias que ganham menos que isso, concluem: há 32 milhões de pessoas passando fome.

produzido parno consumo próprio do agricultor.

Catolicismo - Esse raciocínio parece lógico. C.delCampo

a sua pergunta é necessário fazer uma distinção entre os números fornecidos pelas estatísticas e o uso que deles se faz.

-

Sim, mas não é.

Em primeiro lugar, o custo da cesta básica de alimentos (ou seja, o valor da linha de indigência familiar) não corresponde a dois salários mínimos. Em segundo lugar, a renda familiar foi significativamente subesdas grandes tradições e o Brasil do timada, especificamente no caso da futuro. população rural. Catolicismo - Mas o Brasil Vejamos isto mais de perto. atual não apresenta, realmente, muiO custo da cesta básica está su tos problemas? Por exemplo, Herperestimado por duas razões. As bert de Souza - o Betinho da mídia necessidades nutricionais da popula- afirma que um em cada cinco bação brasileira foram calculadas tendo sileiros, ou seja, 32 milhões de pesem vista uma população ideal e não a soas, passam fome. real. Além disso, houve erros na deC. dei Campo - Parece-me inte- terminação do custo unitário dos aliressante fazer uma rápida análise do mentos componentes da cesta báestudo divulgado pelo IPEA (Institu- sica. to de Pesquisa Econômica Aplicada), Assim, por exemplo, nas regiões de acordo com o qual haveria não metropolitanas o valor da linha 9.174.598 famílias indigentes no de indigência é menor porque os aliBrasil, ou seja, 32 milhões de pesmentos são em média mais baratos soas. que nas áreas metropolitanas. A isso Isto representaria mais de 20% da se soma o fato de as exigências nutripopulação. Desse total, 1.527.879 fa- cionais serem menores do que foi esmílias estariam localizadas nas áreas . timado pela CEPAL. metropolitanas, 3.592.472 nas áreas No caso da população rural, ovaurbanas não metropolitanas e lor dos componentes da cesta básica 4.054.247 na zona rural. é ainda menor. Para calcular esses números, toPor outro lado, o IPEA subestima mou-se como base o valor de uma significativamente a renda familiar cesta básica contendo os requisitos do homem do campo, ao não consialimentícios mínimos recomendados derar em seus cálculos aquilo que é pela CEPAL (Comissão Econômica

Catolicismo - Alguns órgãos de imprensa têm qualificado as estatísticas brasileiras com termos bastante carregados. Encontram-se nos jornais até palavras como, por exemplo, "achismo" ou "chutometria". Parecem-lhe imerecidos esses qualificativos? C. dei Campo - Para responder

Na maioria das vezes, o que ocorre é um mau uso das estatísticas. O caso mais característico de um mau uso dos números é esquecer-se de que eles quase sempre provêem de amostras populacionais. Estão sujeitos, portanto, a uma variabilidade estatística com probabilidade de erros de inferência, quando tais dados são aplicados a toda a população. Donde a "chutometria" etc.

Catolicismo- Qual seria, então, o número presumível de indigentes no Brasil? C. dei Campo - Corrigindo os valores do IPEA de acordo com as observações acima, o número de famílias indigentes seria no máximo 5.007.703, representando em tomo de 15% do total. Desse total, l .222.303 famílias se localizam nas áreas metropolitanas, 2.406.956 nas áreas urbanas não metropolitanas e 1.378.443 na zona rural.

Catolicismo - Bem, cinco milhões de famílias continua sendo um número bastante alto. Seriam então em torno de 18 milhões de pessoas. O próprio Herbert de Souza disse que "se for entre 15 e 30 milhões de pessoas isso não tem muita diferença para mim". Como o Sr. comenta esse modo de ver as coisas? C. dei Campo - Não há dúvida de que é um número alto, o qual mostra a necessidade de se tomar medidas urgentes para resolver o problema. Mas também não resta dúvida de que fazer uso de uma estimativa próxima ao dobro da realidade, e muitas vezes com claros objetivos políticos, representa pelo menos uma falta de serie-

dade com conotações inegáveis de demagogia. Já dizia o brilhanteTalleyrand: "tudo que é exagerado é insignificante".

Catolicismo - O Sr. pode dar outro exemplo de distorção ou manipulação de estatísticas? C. dei Campo -A desnu-

perguntar o que há de positivo com relação ao que se divulga, de que por falta de nutrição as crianças brasileiras apresentam peso inferior ao normal.

trição das crianças brasileiras é outro bom exemplo. De acordo com as informações mais recentes sobre a matéria, a porcentagem de crianççts menores de cinco anos desnutridas ou em risco de desnutrição é de 7, l % do total; ou, visto de uma outra forma, 93% das crianças brasileiras são bem nutridas.

Catolicismo - Não há também fatores hereditários, genéticos para explicar tais diferenças? C. dei Campo - A resposta a essas questões tem levado muitos especialistas a estudar as limitações do uso de padrões internacionais de referência para medir os níveis de desnutrição infantil prevalecentes em determinado país ou região. Como padrão de referência, são internacionalmente propostas as características antropométricas das crianças norte-americanas de nível socio-econômico alto.

Catolicismo - Essa afirmação parece até chocante em função do que todo dia nos é passado pela mídia. C. dei Campo - Pois então vale a pena considerar que, no ano 1975, o porcentual de crianças desnutridas era de 18,4%, equivalente a 2.220.000 crianças. Ou seja, entre as décadas dos anos 70 e 80 a desnutrição infantil teve uma importante queda da ordem de 60%, o que representou uma diminuição de crianças desnutridas em mais de 1.000.000 , sendo que, no período, a população infantil aumentou de 12.000.000 para 16.500.000 de crianças.

Catolicismo - Mas esses dados incluem o Nordeste? C. dei Campo- Esta melhora foi geral em todo o País. Na região Norte, a diminuição foi da ordem de 57%, na região Nordeste de 53%, no Sudeste 69% e no Sul 78%.

Catolicismo- Vários estudiosos desmitificaram completamente a informação, divulgada pela Pastoral da Criança, órgão ligado à CNBB, de que a taxa de mortalidade infantil teria aumentado 15% no País, e quase 30% no Nordeste, no primeiro trimestre deste ano ("Família Cristã", julho de 1994, p. 15). Não vamos perder tempo com essafalácia, que já perdeu sua força. Gostaríamos de

Se 15,4% das crianças medem menos que o padrão e só 2,0% pesam menos em relação à sua altura, então, necessariamente, pelo menos 87% das primeiras pesam o que deviam em relação à sua altura! Mais ainda, é possível que até mesmo parte delas seja mais gorda do que deveria ser em relação à sua idade.

A porcentagem de crianças menores de cinco anos desnutridas ou em risco de desnutrição é de 7,1% do total; ou, visto de uma outra forma, 93% das crianças brasileiras são bem nutridas

C. dei Campo - A razão mais importante pela qual 7, 1% das crianças brasileiras apresentam, para uma mesma idade, um peso inferior ao padrão internacional, é que elas são mais baixas que esse determinado padrão de referência. Aqui se levanta uma pergunta. Se a maior parte das crianças que pesaIJJ. menos em relação à sua idade o são porque elas são baixas e não tanto porque são magras, até que ponto podem ser elas todas catalogadas como realmente desnutridas, tendo em vista especialmente o bem-estar da criança?

Sendo este o padrão de referência, alguns alegam que parte das diferenças encontradas é atríbuída a fatores genéticos e hereditários. Outros contestam tal hipótese pela constatação de que, de modo geral, os índices antropométricos de crianças pertencentes aos níveis socio-econômicos altos de países em desenvolvimento coincidem com os padrões internacionais. Ou seja, que o fator genético ou raça não explicaria as diferenças encontradas. Em todo caso, esta é uma questão reconhecidamente muito controvertida.

Catolicismo - Do ponto de vista da saúde e bem-estar da criança, qual é o real significado, quais são as implicações de se ter uma altura inferior a um padrão de referência? C. dei Campo - Especialistas criticam tais comparações com padrões internacionais no sentido de que o conceito de desnutnçãc !!lfantil como manifestação de carência de alimentação adequada para atingir um nível ótimo de saúde é um conceito relativo e não absoluto. Ou seja,


ele depende das condi-ções ambientais e culturais em que um determinado grupo populacional se desenvolve. Assim, por exemplo, alegam esses especialistas, dentro de rim determinado ambiente as. crianças com maior crescimento não são necessariamente aquelas de melhor saúde. Em um ambiente de carência, uma criança pequena pode ter melhor saúde e atingir mais alto nível de bem-estar que uma criança que iguala ou supera os padrões internacionais de crescimento. Ou seja, do ponto de vista do bem-estar e da saúde de uma criança no meio em que ela vive, uma criança não é necessariamente desnutrida pelo fato de ser mais pequena que sua equivalente norte-americana. Em outras palavras, até certo grau, o fato de que em determinado grupo populacional a altura das crianças seja menor que o padrão internacional não indica necessariamente que elas sejam desnutridas. Ele pode indicar que o ambiente em que elas se desenvolveram tem carências em comparação com aquele no qual as crianças padrão cresceram.

Catolicismo - Que tipo de carências? C. dei Campo - Carências de ordem cultural, que fazem com que no ambiente familiar não se use adequadamente os alimentos disponíveis. Neste sentido, é característica a tendência de amamentar a criança durante um período significativamente menor do que o necessário, de muitas vezes evitar o consumo de leite etc. Problemas de ordem cultural também se refletem na higiene do ambiente familiar, no manuseio dos alimentos, no tratamento de doenças infantis como diarréia etc. Falta de saneamento básico, como água encanada e esgoto, é outra forma de carência ambiental que redunda em maior incidência de doenças e, por essa razão, em menor aproveitamento dos alimentos consumidos pela criança.

20

CATOLICISMO, OUTUBRO 1994

Carência de serviços de saúde como hospitais, prontosocorros, centros de assistência, redunda, obviamente, em maior incidência de doenças com decorrente aumento da mortalidade infantil.

TFPsEMAÇÃO

Doação de terreno para mesquita gera protestos A verdadeira solução para resolver os problemas sociais e especialmente nutricionais da população reside sobretudo na canalização de vultosos recursos para as áreas do saneamento, da saúde eda educação

Todo esse conjunto de aspectos caracteriza o ambiente em que se desenvolve uma criança de baixo nível social e econômico. Catolicismo - A que conclusões gerais o Sr. chega? C. dei Campo - Em primeiro lugar, toda a onda que os mais variados setores da mídia, políticos de esquerda de todos os matizes, da esquerda eclesiástica etc. fazem em relação à situação nutricional e de saúde da criança no Brasil, é exagerada e sem base na realidade. Os diversos indicadores revelam uma substancial melhora na última década, conforme · afirmei em resposta anterior, baseando-me nos dados seguros e recentes, que já indiquei. Assim, em vista de tal melhora pode-se dizer que se está encaminhando para uma solução. Não se trata, pois, de encontrar uma solução nova, através de pesquisas trabalhosas e com resultados incertos. Trata-

Buenos Aires - Tomando enérgica posição contra projeto de lei que faz doação de terreno à embaixada da Arábia Saudita, para construção de uma mesquita e centro cultural islâmico, a Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade lançou uma edição especial de seu boletim "TFP informa". E, mediante a promoção de campanha pública de distribuição do boletim na zona central de Buenos Aires, milhares de argentinos têm se inteirado do tema, associando-se muitos deles à posição defendida pela TFP. Nessa publicação são apontados os graves inconvenientes de tal doação, re-

!acionando também numerosos casos da violenta perseguição a que são submetidos os católicos na própria Arábia Saudita. Por exemplo, apesar da presença de meio milhão de cristãos que vivem e trabalham no reino saudita, Mons. Bernardo Gremoli, Bispo designado pela Santa Sé, não foi autorizado a ingressar no país. Além disso, qualquer cidadão saudita que se converta ao catolicismo é condenado à pena de morte, por decapitação. O boletim da TFP contémainda um cupom para ser assinado, recortado e remetido à Câmara de Deputados, solicitando a pronta rejeição do projeto.

No centro de Buenos Aires, significativa adesão popular à campanha promovida pela TFP argentina

TFP colombiana pede consagração ao Coração de Jesus Bogotá - A Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade publicou manifesto dirigido à Corte Constitucional, solicitando que seja renovada a consagração do país ao Sagrado Coração de Jesus, feita inicialmente em 1902, quando a Colômbia acabava de sair de um sangrento conflito.

se, essencialmente, de acelerar com toda a energia possível os fatores desse progresso já em andamento: o que é normalmente mais simples e menos incerto.

A partir de 1952, com entusiástico apoio da população, majoritariamente

Em segundo lugar, os problemas existentes se concentram nas regiões Norte e Nordeste. Falar portanto de um Brasil doente, de um Brasil faminto, dando a entender que esse problema se espalha por todo o País, não passa de um recurso demagógico barato e irresponsável. Finalmente, a verdadeira solução para resolver os problemas sociais e especialmente nutricionais da população reside sobretudo na canalização de vultosos recursos para as áreas do saneamento, da saúde e da educação. Para isso, é indispensável liberar recursos públicos hoje comprometidos com empresas estatais falidas, com o pagamento de funcionários públicos excedentes etc.

Madri - Inspirados na conhecida peça "Cirano de Bergerac", do escritor francês do século passado Edmond Rostand, Jovens membros da Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP-Covadonga, promoveram nos pátios das principais universidades da Espanha, uma representação teatral, com vistas à divulgação da obra Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio X// ao Patriciado e à Nobreza romana, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP.

católica, tal consagração passou a ser · rios a tal cancelamento, a TFP ressalta renovada anualmente pelo Governo co- que a "gloriosa expansão da Fé católica lombiano. no país foi fruto da adesão espontânea de seus habitantes, sendo natural que esta Recentemente, entretanto, o procura- adesão, unida ao meritório trabalho catódor geral da Nação resolveu não mais lico em favor de seus habitantes, tenha renová-la, alegando o princípio da liber- efeitos na posição do Estado ante a Igredade e igualdade de cultos. ja, sem violar - como até aqui tem sido feit9 - os direitos de consciência do resto Associando-se a vários Bispos co- da população". lombianos que se manifestaram contrá-

Nobreza, tema debatido em Universidades espanholas

Os personagem da peça Cirano de Bergerac, que representa a nobreza atuante, corajosa,

e Valvert, nobre decadente, vaidoso desenvolvem espirituosa discussão, trazendo à tona questões da mais alta atua-

lidade: a nobreza e as elites constituem apenas peças de museu, úteis para insvestigações históricas, ou, são, pelo contrário, a cabeça do corpo social, com uma missão perene?

No hall de entrada da Faculdade de Direito de Saragoça, Girano oe Bergerac (em traje preto com listas brancas) dialoga com Valvert, despertando a cena vivo interesse da parte dos universitários

Um folheto de pesquisa é distribuído aos assistentes no final da peça. E aos que se interessaram peto tema, abre-se a possibilidade de melhor conhecerem o momentoso livro do Presidente do Conselho Nacional da TFP, como também se associarem à corrente de opinião que, cada vez mais, vai se aglutinando em torno do estandarte rubro de TFPCovadonga. Pedro Paulo de Figueiredo

Correspondente

C..\TOLICIS;',10,0UTUHRO 199


Esses são apenas alguns exemplos de como as medidas destinadas a prevenir a difusão do HIV-AIDS não estão sendo concebidas nem executadas, nos termos da medicina sanitária tradicional para o combate às epidemias. Uma vez declarada, a melhor maneira de impedir a difusão de uma epidemia sempre foi localizar seus focos de expansão, isto é, seus transmissores, fo~sem eles homens ou animais (mosqmtos, ratos etc.), vigiá-los no caso de serem homens e destruí-los se fossem animais.

Medicina

A tolerância suicida ein face da AIDS Uma epidemia mortal que goza de inexplicável e absurda proteção em todos os países C:,o mundo, favorecedora de sua alarmante propagação

E

m dois números recentes (cfr. O verdadeiro signifi~ado de ~mflagelo universal, n 523, Julho1994, pp. 6-1 O; Limitação da natalidade: ameaça a princípios básicos da Civilização Cristã e da própria nacionalidade brasileira, nº 525, setembro-) 994, pp. 6-9), Catolicismo publicou notícias e informações a respeito da AIDS e de sua difusão no Brasil e no mundo. Nossa intenção agora é apenas a de fornecer alguns elementos que esclareçam melhor o leitor acerca da natureza e da propagação dessa epidemia. A AIDS, enquanto doença manifesta - apresentando sintomas, sinais etc.- pode demorar muito tempo a se

mostrar, até dez anos ou mais, após a contaminação pelo vírus que a provoca. Ou seja, os já infectados pelo vírus podem passar muitos anos em boa saúde aparente, sem prejuízo de suas funções normais, podendo até desconhecer sua condição de portadores e transmissores do HIV. Esse fato aumenta muito a possibilidade de contágio, pois as pessoas infectadas podem ser tidas pelos outros, e muitas vezes pos si mesmos, como sadias, em relação às quais nenhum cuidado especial precisaria ser tomado em qualquer tipo de contacto. A possibilidade de que um infectado desconheça sua própria condição é acentuada pelo fato de que o teste laboratorial para constatar a contaminação pelo HIV pode resultar falsamente negativo, por um período de até três meses após sua realização, devido a que os anticorpos produzidos pelo HIV e detectáveis pelo teste não aparecem no sangue, logo após a contaminação. Isto leva a pessoa contaminada a uma enganadora sensação de segurança, não tomando os cuidados que seria obrigada a tomar caso o teste resultasse positivo. A difusão da doença também é facilitada porque o teste para a detectação do HIV não pode ser imposto a pessoa alguma para sua admissão a empregos, nem mesmo quando suspeita de um dos chamados "comportamentos · de risco", ou que seja público e notório que o tenha. E o infectado, ciente de sua condição, não é obrigado a declará-la a ninguém. Após longa polêmica entre cientistas franceses e norte-americanos, o Dr. Luc Montaigner (foto à esquerda), do Instituto Pasteur de Pa~is, !oi reconhecido recentemente como o primeiro pesquisador que Isolou o vírus HIV, em 1983

Portador do vírus HIV doando sangue para ..•.. análise celular, em hospital de Los Angeles (EUA)

Pior ainda: nos próprios serviços de saúde que tratam das doenças sexualmente transmissíveis (DST)- e a AIDS é uma delas - o teste sanguíneo para o HIV não pode ser exigido, mas apenas aconselhado e oferecido a um paciente que foi em busca de tratamento para outra DST, mas que é fortemente suspeito de ser portador do HIV. Isto acontece embora as autoridades sanitárias reconheçam ser freqüente a associação entre duas ou mais DST, e que em algumas delas o risco de contaminação pelo HIV fica muito aumentado. Por outro lado, testes laboratoriais para detectar a presença de outras DST, como a sífilis, são realizados rotineira e obrigatoriamente. AIDS: absurdo tratamento especial Esia política de dois pesos e duas medidas pode ser facilmente constatada, em publicações do Ministério da Saúde sobre a epidemiologia das DST. Numa delas, o Manual para Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis (Ministério da Saúde, Secretaria de Assistência à Saúde, Programa Nacional de Controle de DST/AIDS, Brasília, 1993), é reconhecido o "fato já comprovado de que o portador de DST tenha um risco até 18 vezes maior de ser infectado pelo HIV" (p. 7). Tal afirmação é repetida várias vezes ao lon~o da obra, em ca~ítul?s refer~~te~ às diversas DST. Assim, a p. 21 le1se. "As associações entre diferentes DST são freqüentes. Destaca-se, atualmente, a relação entre a presença de úlceras genitais e aumento do risco de infecção pelo HIV". A mesma relação DST-HIV é afirmada às pp. 26, 35, 42, 48 e 49.

Seria de se esperar, então, que em todos os pacientes portadores de DST fosse solicitado rotineiramente o teste sanguíneo para detectar a presença de anticorpos anti-HIV, assim como é solicitado o exame sorológico para a sífilis. Porém não é isto que sucede. Na mesma publicação encontra-se a seguinte orientação: "O teste sorológico para sífilis (VDRL ou RPR) será solicitado para todos os pacientes com suspeita de DST. O teste para detectar anticorpos anti-HIV e o devido aconselhamento serão oferecidos ao paciente" (p. Esta mesma discrepância entre a exigência de um exame e o mero oferecimento de outro está confirmada à p. 21: "O cumprimento de todos os passos da história e do exame físico e a coleta de um VDRL devem fazer parte da rotina. Se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento pré e pós-teste para a detecção de antic?rpos anti-HIV, este deve ser_ oferec!do ao paciente . .... Para que se1a pos~1vel oferecer o teste de detecção de anticorpos anti-HIV é necessário que se estabeleça um clima de confiança e a garantia de confidencialidade". Vemos assim de quantos cuidados é cercado o simples oferecimento de · um exame a um paciente suspeito de ser portador e transmissor do vírus causador de uma doença contagiosa e mortal. De outro lado, a exigência rotineira de um exame para detectar uma doença, como por exemplo, a sífilis - cuj~ prognóstico é desanimador se evolmr sem tratamento - é atualmente passível de ser curada ou controlada por medidas adequadas. Esta mesma orientação vem assinalada às pp. 26, 42 e 48 da referida publicação.

9!.

Em relação ao HIV, porém, as autoridades sanitárias não tomam medidas eficazes para localizar e identificar seus transmissores, exercendo sobre eles uma ação de controle, orientação e vigilância. Isto não seria uma política discriminatória, como alegam demagogicamente os ativistas homossex~~is e seus defensores, mas uma pohttca baseada na razão, na ciência e no bomsenso. Gozando ainda de boas condições de saúde para exercer atividad~s profissionais, o portador do HIV nao necessitaria ser, ipso facto, afastado de qualquer atividade ou convívio. M~s deveria ser identificado como tal, e vigiado no sentido de ser imp~di?o de transmitir o vírus a pessoas nao infectadas. Caso se entregasse a algum dos chamados "comportamentos de risco", deveria então ser alvo de medidas severas de controle epidemiológico.

Ora, se em relação a um sifilítico, a um tuberculoso, a um leproso ou a um colérico se pode agir com medidas adequadas de ordem sanitária, por que o mesmo não pode ser feito em relação a um portador e transmissor do HIV? Será para ceder à pressão dos grupos de ativistas homossexuais? Por que um homossexual portador do HIV tem o "direito humano" de ocultar sua doença e transmiti-la aos sadios, enquanto estes não têm o mesmo direito de conhecer e evitar o agressor? O fato é que o tratamento político, e não médico, conferido ao problema da difusão do HIV-AIDS parece ter uma orientação de âmbito internacional, pois provém da Organização Mundial de Saúde (OMS) e é provavelmente adotado em todos os países. Em próximos artigos, voltaremos ao assunto para tratar de outros aspectos dessa política tendenciosa e unilateral das autoridades sanitárias em relação ao problema HIV-AIDS, bem como de sua expansão numérica e por outros grupos populacionais. E ainda das escassas possibilidades, para os próximos dez anos, de se_r conseg~i~a uma vacina ou uma terapia de eficac1a comprovada. Murillo Galliez Presidente da Comissão de Estudos Médicos daTFP

O direito natural de defender a própria saúde Os não infectados e a sociedade em geral têm o direito humano ~ que consiste prioritariamente num d1re1to natural - de defender sua saúde contra aqueles que podem, intencionalmente ou não, prejudicá-la e até destruí-la. Em todas as épocas, inclusive na atualidade , as doenças contagiosas . graves, . especialmente quando constituem epidemias, sempre foram combatidas com medidas sanitárias adequadas para conhecer e isolar seus transmissores, impedindo ou dificultando assim sua difusão. Fossem elas DST ou não, como a tuberculose, a lepra, a cólera etc. Criança aidética em Uganda, país africano em que a AIDS atingiu um dos índices de incidência mais elevado do mundo; acredita-se que ovírus HIV seja originário dessa nação CATOLICISMO, OUTUBRO 1994

23


Brasil Real Brasil Brasileiro

Festas de Agosto ent Montes Claros (MG)

H

á mais de nhora do Rosário e de um século, São Benedito, foram nos dias 17 aproveitadas por sea 21 de agosto são nhoras católicas de realizadas em MonMontes Claros - assites Claros (MG), fesnantes de Catolicismo tas religiosas em ho- como excelente ocamenagem a Nossa sião para prestar uma Senhora do Rosário, homenagem inédita ao São Benedito e ao padroeiro da Diocese. Divino Espírito SanCom o cordial conto. sentimento dos organiAlém das celezadores das festividabrações genuinades, um conjunto de mente religiosas, crianças desfilou pela como missas, bênprimeira vez, juntaçãos e levantamento mente com os "Reinade mastros, realizamdos", os "Marujos", os se ainda as "Maruja"Caboclinhos" e os das", "Cabocladas" e "Catopês". Além do "Catopês". Nas festas de agosto último, como homenagem a São Pio X, Padroeiro da Papa São Pio X, tais A "Marujada" é a Diocese de Montes Claros, desfilou pela primeira vez um conjunto de figuranrepreteatralização de uma tes representando o cortejo em que o Papa é conduzido na Sedes Gestatoria crianças sentaram a Hierarquia epopéia marítima, por membros da Guarda Nobre Pontíficia da Igreja Católica, bem exaltando os feitos como as Ordens Relidos marinheiros porassistem à Missa e acompanham silengiosas masculinas e fetugueses e os princípios cristãos da Reliciosos os festejos . mininas. Cardeais, Arcebispos, Bispos, gião católica, com características regioSacerdotes, Monges, Freiras e até coroiOs "Catopês" ou "Dançantes" corresnais. A encenação conta com a participanhas participaram do cortejo com seus pondem aos "Zumbis" ou às "Congadas" ção de 18 a 24 "Marujos", com vestimentrajes tradicionais. de outros lugares, mas com adaptações tas enfeitadas com rendas e cetim, metaregionais. Os participantes agrupam-se de em azul e outra em vermelho. Para realçar a figura do Papa, foi conem "temos", contendo cada um deles cerfeccionada uma réplica da Sedes GestaOs "Marujos" saem dançando pelas ca de vinte pessoas, entre adultos e crianruas, entoando canções suaves, que agra- ças, todos homens. Com vestimentas toria - espécie de trono no qual o Papa era conduzido nas grandes solenidades. dam a todos. Em formação de colunas, simples, os "Catopês" nos dias das festas Os portadores deste eram figurantes encom instrumentos musicais, dirigem-se saem pelas ruas cantando ao ritmo de vergando os vistosos uniformes da Guarem cortejo até a igreja de Nossa Senhora tambores, e formam um cortejo com o da Nobre Pontificia, de acordo com a do Rosário, a fim de participar das festirei, a rainha, membros das famílias dos tradição histórica. O figurante do Sumo vidades do mês de agosto. festeiros, o povo da cidade e a banda de Pontífice usava a tiara, que consta de três música, que acompanham o séquito até a coroas sobrepostas, simbolizando o tríAs "Cabocladas" ou "Caboclinhos" igreja de Nossa Senhora do Rosário. constituem um divertimento de origem plice poder que tem o Papa: o de Bispo, indígena. Seus figurantes são dez a quinde Sumo Pontífice e de Rei. São Pio X, fundador e ze pares de crianças entre sete e dez anos, Padroeiro da Diocese de Meninas vestidas de anjos - costume vestidas com saiotes vennelhos, enfeita- Montes Claros tradicional nas coroações de Nossa Sedos com plumas. Usam também capaceEm 1O de dezembro de 191 O, o Papa nhora durante o mês de maio - abriam o tes de penas e carregam arcos e flechas. São Pio X instituiu a Diocese de Montes cortejo. Além desses "Caboclinhos", o grupo Claros, nomeahdo Dom João Antonio Pimenta como seu primeiro Bispo. Canoé completado por uma figura infantil, o Esse conjunto de crianças, que desfinizado pela Igreja, aquele grande Pontí"Caciquinho", por seis figuras adultas, lou em honra do Padroeiro São Pio X, nas fice foi escolhido como Padroeiro da dois porta-bandeiras e os músicos. Os Festas de Agosto, provocou grande imDiocese, encontrando-se sua imagem no adultos envergam roupas enfeitadas de pacto e despertou viva simpatia por parte penas e muitos balangandãs, sem qual- altar-mór da Catedral. do povo em geral. Calorosos aplausos quer semelhança com trajes indígenas. As Festas de Agosto p.p., em honra acolheram o referido grupo, nos três dias Todos os componentes desse conjunto do Divino Espírito Santo, de Nossa Se- em que se apresentou ao público.

J.

Humildade, simplicidade e amor à glória "Meus desejos sobem ao infinito. O que Deus me reserva após a morte, o que pressinto de glória e de amor, ultrapassa de tal modo tudo o que se pode conceber, que sou forçada, por momentos, a deter meu pensamento. Quase fico com vertigem" (Confidência íntima de Santa Teresinha a Soeur Marie ·de la Trinité, Circulaire Nécrologique de Soeur Marie de la Trinité, Carmel de Lisieux, 1944). "Eu pensava que tinha nascido para a glória e procurando o meio de a atingir, o bom Deus me fez compreender .... que ela cõnsistiria em tornar-me uma grande santa" (Manuscrits Autobiographiques, Office Central de Lisieux, 1957. A, 32) . "Quanto à minha missão, como a de Joana d'Arc, a vontade de Deus será cumprida apesar da inveja dos homens" (N ovissima Verba - in Demiers entretiens, volume d' annexes, Editions du Centenaire, Desclée de Brouwer - Editions du Cerf, Paris, 1971). 1

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

ESCREVEM OS LEITORES

Sobre as alterações do Pai-Nosso Sr. Diretor, A respeito da interessante controvérsia sobre as alterações do Pai-Nosso, que Catolicismo publicou na edição de julho p.p. (nº 523), permitam-me contribuir com um comentário do conhecido hagiógrafo Francis Trochu, em seu excelente livro sobre Santa Bernadette Soubirous (Librairie Catholique Emmanuel Vitte, Lyon-Paris, 1953): "A Visão e a vidente desfiam as contas (do Terço) na mesma cadência. Mas se, durante este tempo, a 'jovem' da gruta, na primeira aparição, só move os lábios para sorrir, Bemadette explicará mais tarde que, durante a recitação dos Pai-Nossos e das Ave-Marias, Ela parece ouvir sem mover os lábios, ao passo que, inclinando a cabeça para os Glórias, Ela visivelmente os reza. "Este último detalhe, que a pequena ignorante não teria podido inventar, revela uma teologia exata e profunda: o Glória, louvor à Trindade adorável, cântico do Céu, é, na verdade, a única parte do Terço que convém Àquela cujo nome, por mais de um mês, Bcrnadette ainda não saberá dizer; o Pai-Nosso é a oração dos pobres mortais, tentados e pecadores, em via para a Pátria celeste; quanto à Ave Maria - a saudação do Anjo podia ser utilizada tão-só pela vidente, não tendo a Aparição que saudar-se a si mesma" (pg. 84). Sei bem que não se pode alegar uma revelação privada para sustentar uma tese teológica em discussão. Antes, pelo contrá-

rio, são as verdades da Fé o critério para julgar da autenticidade de uma revelação privada. Em todo caso, tratando-se de revelações tão bem atestadas e autorizadas, como as de Lourdes, o fato narrado por Trochu é digno de ser tomado em linha de conta. E assim, segundo a interpretação que a esse fato dá um escritor eclesiástico do peso de Mons. Trochu, não cabia a Nossa Senhora rezar o Pai-Nosso, por estar ela isenta de todo pecado. Atenciosamente

Waldomiro Gualberto da Silva - São Paulo - SP "Revolução e Contra-Revolução" Sou assinante do Catolicismo há muitos anos. Tenho recebido todos os exemplares. No mês de julho, há referência ao lívro "Revolução e Contra-Revolução" do Dr. Plínio, 3ª edição. Quero receber um exemplar. Peço mandar via Correio e informar quanto devo pagar".

Acildo Tschoeke - Rio Negrinho - se

Direito Alternativo, desacato ao Estado de Direito Dado o acúmulo de encargos profissionais, somente hoje tenho a oportunidade de agradecer-lhe o amável envio da revista Catolicismo, contendo o seu artigo "Dois vizinhos, dois quintais e dois juízes". CATOLICISMO, OtmJBRO 1994

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Cumprimento-o pelo excelente trabalho e pela equilibrada análise daquilo que se convencionou denominar "Direito Alternativo". Em suma, essa "alternatividade" - que não pode nem deve ser confundida com a interpretação 'razoável afinada à consecução do bem comum, tradicional "déia tão conhecida dos juristas - traduz frontal desacato ao Estado de Direito, onde as normas de conduta e respectivas sanções são ditadas pelos entes legiferantes, compostos pela vontade popular através de eleições livres. Nesse sentido, a sua alentada crônica representa contributo, do melhor nível e qualidade, à demonstração dessa farsa, razão pela qual o parabenizo.

Manuel Alceu Afonso Ferreira - São Paulo - SP Ex-Secretário da Justiça do Governo do Estado de São Paulo

Santo Cristo dos Açores "Li, com muito interesse, no nº 521, maio de 1994, a bela reportagem sobre o Senhor Santo Cristo, da Ilha de São Miguel, nos Açores.

O assunto me comoveu porque sou natural dessa ilha e a reportagem é muito fiel. Desejo, porém, acrescentar um fato que consta da tradição oral. Durante a Grande Guerra de 1914-1918, segundo essa tradição, um submarino alemão bombardeou a cidade, atingindo a área onde se encontrava a Imagem, mas esta ficou incólume".

Jonas de Amaral Medeiros Negalha - São Paulo - SP

CATOLICISMO Preços durante o mês de outubro de 1994: ASSINATURA ANUAL COMUM: R$ 25,00 COOPERADOR: R$ 35,00 BENFEITOR: R$ 75,00 GRANDE BENFEITOR: R$ 125,00 EXEMPLAR AVULSO: R$ 2,50

Paul Verlaine Os perfumes, as cores e os sons se respondem .

Charles Baudelaire Deus estabeleceu misteriosas e admiráveis relações entre certas formas, cores, sons, perfumes, sabores e certos estados de alma

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Não, a pintura não é feita para decorar apartamentos. É um instrumento de guerra ofensiva e defensiva contra o inimigo

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E por que as cores não seriam irmãs das dores, já que ambas nos atraem para o eterno? Hugo von Hoffmannsthal

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---------------assin@ura -

Desordem fisica: reflexo da desagregação moral

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A primeira impressão que a fotografia acima causa é a de desordem e sujeira. Lixo abundante, acumulado sobre o leito de uma estrada de ferro desativada.

Mas será só isso? Se o leitor observar mais detidamente as duas pessoas do primeiro plano notará que sua posição corporal é estranha: a mulher da direita inclina-se para a outra, que está sentada. Ela está aplicando uma injeção intravenosa em sua companheira ... E mais ao fundo, à direita, um homem também se inclina sobre outro, numa postura análoga. Sim leitor, o que provavelmente lhe veio à mente constitui a terrível realidade. São toxicômanos que se reúnem para drogar-se, para praticar o vício à luz do sol, sem temer qualquer forma de p li ciamento ou coerção social. A desordem e a sujeira que podem ser observadas nesta estação ferroviária abandonada de Zurique, na Suíça, constituem mero símbolo material do clímax de -degradação moral que pode atingir uma sociedade neopagã, materializada e permissivista!


Diamantina, a tradicional cidade mineira, tomou-se famosa por seus sobradões guarnecidos de sacadas, por suas artísticas igrejas barrocas, pelo pitoresco urbanismo de suas praças e ruas parecendo evolar-se dos séculos passados. De uma época em que o bom gosto, o modo orgânico de vida, a hierarquização social e as boas maneiras tinham a primazia. Comprovou isso o escritor francês Auguste de Saint-Hilaire, em 1818, ao descrever seus costumes: "... os habitantes de Tijuco f antiga denominação de Diamantina] não possuem tais qualidades [costumes delicados, cheios de afabilidade e hos-

pitaleiros] em menor grau e, nas primeiras classes da sociedade elas são ainda acrescidas por uma polidez sem afetação e pelas qualidades de sociabilidade".

harmonioso o urbanismo colonial-apresentado na fotografia que ocupa a contracapa.

tado com o gracioso chafariz de 1787 e com a fachada da Igreja do Rosário (segundo vários indícios, a mais antiga da cidade), que se vêem no ovalado localizado acima, à direita.

Mas Saint-Hilaire não pôde sentir o encantamento que as duas visões noturnas de Diamantina, reproduzidas aqui, causam no observador contemporâneo. Realçados por artística iluminação, chafariz. igreja, sobrados e praça parecem ter ingressado numa esfera mítica, que transcende tempo e espaço.

É certo que el~ conheceu o centro histórico de Diamantina - a praça bordejada de imponentes casarões, símbolo daquele

Fotos: Tomás Belli Especial para Catolicismo

É possível que o conhecido autor francês tenha se encan-



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N2 527 Novembro 1994

Discernindo, distinguindo, classificando ...

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Cuidado com as campanhas "sociais" Estatísticas artificialmente infladas têm servido de pretexto para campanhas ditas ''sociais '' promovidas pela esquerda Pouco tempo atrás, falou-se seriamente que o Governo federal iria decretar estado de calamidade pública no Nordeste brasileiro, devido à impressionante mortalidade infantil que lá ocorria.

um país onde as estatísticas sociais são terrivelmente prec6rias". Mas se ele sabia disso, por que foi repetindo como um dogma que o Brasil tinha 32mi lhões de fa mintos?

Depois se verificou que a coisa não era bem assim. A realidade mostrava uma situação, se não boa, ao menos p erfe itamente controlável, em todo caso muito diferente daquela que haviam pintado para o Governo . Soube-se ainda que as apreensões governamentais estavam baseadas numa pesqu isa "cozinhada" nos arra iais da esquerda "cató lica". Tal esquerda, aliás, tem se mostrado pród iga em inflacionar estatísticas. A cifra de "32 mi lhões de famintos", por exemp lo, utilizada pela Comissão Pastoral da Terra - ligada à CNBB - para justificar seu frenético desejo de Reforma Agrária, já está comp letamente desacreditada.

Essa inchação das estatísticas no Brasil para alimentar campanhas ditas "sociais" vai se tomando um problema sério . Em geral são utilizadas por certa esquerda para fazer pressão política em favor de reformas muitas vezes desnecessárias ou até contraproducentes.

A tal respeito, o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Simon Schwartzman , comentou que, no Brasil , há um "exagero dos números". Com isso, diz ele: "Os problemas parecem ter tal magnitude que, para resolvê-los, seria preciso antes consertar o Brasil inteiro, mudá- lo de alto a baixo, reformar a ordem social, política e econôm ica." "Vivofouvindo a conversa de que o pais tem mais de 30 milhões de pessoas sem condições mínimas de existência, ou seja de Mercado em Manaus. A população brasi leira de baixa re nda mend igos .. .. Os números incha- mes mo em regiões con sideradas po bres como a Amazônia - costuma encontrar a fartura em mercados e fe iras dos alimentam a crença de que os problemas brasileiros não têm populares: desmentid o vivo dos 32 milhões de famintos saída fora de grandes reformas gerais. Isso atende à nostalgia da A revista ainda comenta: "os 32 miA própria Campanha Contra a revo lução. Mas paralisa e desmoraliza o lhões de subnutridos érônicos pertenFome, organizada por Herbert de Souza trabalho cotidiano dos profissionais da - que a mídia tomou conhecido com a cem ao repertório dos exageros. Da saúde, da segurança e da educação alcunha de "Betinho" -estava baseada mesma matriz já surgiram números que "Há 4 ou 5 milhões d1e·favelados no nessa estatística falsa. Na verdade, vá- conferiram aos brasileiros diplomas de rios técnicos já mostraram que não há 32 descalabro como meio milhão de meni- Rio de Janeiro. O que sign ifica ser favenas na prostituição, uma epidemia de lado? Muitas vezes se trata de pessoas milhões de famintos no Brasil! cólera e 4 milhões de aborto por ano·: que moram em situações irregulares, poO mais incrível é que, ao ser posto rém com familia constituída, geladeira, sem rodeios diante da falsidade desse Sobre o mesmo tema, " também o televisão, antena parabólica" (idem). número, Betinho declarou: "Não me es" Jornal da Imprensa" (25-7), de Goiâpanto" ("Veja", 13 -7-94). nia, publicou matéria com o expressivo Com tais estatísticas inflacionadas título: "Descoberta a farsa dos 32 milhõvisa-se, é c laro, criar um clim a propicio Como não se espanta? Então ele proes de famintos". às agitações. ontra elas, é prec iso fazer moveu todo um espalhafato com base

nesse número, movimentou o Banco do Brasil, o próprio Governo federal, governos estaduais, associações várias, só não desencadeou uma revolução social porque o povo de modo geral não foi na onda, e agora confessa que não lhe causa espanto o fato de ler continuamente proclamado e sa fal sidade estallstica? E para exp licar por que " não se espanta", 13etinho a res entou: "Este é

É freqüentemente com base em tais "estatísticas" que se fazem campanhas pró-legalização do aborto, campanhas de anticoncepc ionais (brandindo a fa lsa ameaça de uma "expio ão demo •rútica"), e outras d gên ·ro. 1~ tambc.1111 ·0111 base nelas que e pro ·unim justilic111 invasões il egais d' t •rrns e de cusn~, 1111111 suposta necessidade dL· Rl'liH 111n /\p1 i'1 ria etc.

preva lecer o bom s •nso, uão renunciando a ver a vid 11 ·ia da realidade que nos cerca. l'or ex •mplo, qualquer pessoa de hona Sl' II SO p ·rcebe, por efeito de sua p, úp1 iu ohs •1vaç1lo, que no Brasil não há l/ 111ilh cs de famintos, ou seja um quinto da população ...

Assestando o Foco "Todo o bem que o Estado faz, faz mal feito. Todo o mal que o Estado faz, f az bem feito" . Esse dito de espírito, certamente unilateral e exagerado, entretanto parece receber cruel comprovação quando se analisa a situação da Saúde pública no Brasil. A esse respeito, há unanimidade. E o próprio Governo o reconhece.

"A Saúde brasileira já está na UTI", diz, por exemplo, Carlos Mosconi, Ministro da Previdência Social, ex-presidente do INAMPS (" Jornal do ~rasil", 30-6-93). O ministro da Saúde, Henrique Santillo, não é menos explícito: "As 2500 Santas Casas estão c.ompletamente endi-

vidadas....; os hospitais privados, descapitalizados; e a rede pública totalmente sucateada, em função das crises que o setor atravessou nos últimos anos" ("O Estado de S.Paulo", 29-1-94). E Mario da Costa Cardoso Filho, presidente da Associação Médica Brasileira - AMB, arremata: "Mantidas as devidas proporções, morre-se no Brasil tão desnecessariamente - por falta de assistência digna - quanto se morre em Ruanda em virtude da fome e do cólera"(" Folha de S. Paulo", 16-8-94). Aí está o bem que o Estado faz: faz mal feito. E o mal que o Estado faz, e que faria bem feito?

Consis te ele n uma pouco disfarçada perseguição à iniciativa particular, que se exprime, por exemplo, no "calote" institucionalizado aos hospitais privados e na ameaça aos planos de saúde. Catolicismo não poderia omitir-se e deixar de dar sua colaboração para a solução desse conjunto de problemas, extenso como uma cordilheira. Para isso, nossa redação elaborou o Relatório extra "Grandezas e Misérias da Medicina no Brasil", que vai encartado na presente edição. Para o que nele se expõe pede a atenção de nossos leitores e das autoridades brasileiras em geral.

Índice Discernindo Cuidado com as campanhas "sociais" 2 Internacional A Conferência do Cairo propõe a imoralidade antifamiliartotal 4 Hagiografia Santa Cecíli a, modelo de virgindade e fortaleza 9 Sesquicentenário A mensagem de Dom Vital para nossos dias1O TFPsemação Leão dourado da TFP em Frankfurt 12 Caderno especial Nossa Senhora de Walsingham 13 Verdades Esquecidas O estatismo, essa injustiça 17 Escrevem os leitores Direito Alternativo 17 Em painel Frases e imagens 19 Nossa capa: Foto e montagem-de Carlos Sarti

Catolicismo é uma publica· ção mensal da Ellitora Padre Belchior de Pontes Lida. Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jomallsta Responsável:

Mariza Mazzelli Costa do Lago Registrada na DRT-SP sob o N2 23228 Redação e Gerência: Rua Martint-Francisco, 665 01 226-001 • São Paulo, SP Tel: (011) 824-941 1

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C.A. . (fj~~CATOLICISMO, NOVEMBRO 1994

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INTERNACIONAL

Conffrência do Cairo propõe a iinoralidade antifainiliar total A meta essencial dessa desastrosa reunião foi a tentativa de impedir o nascimento de mais de 300 milhões de crianças, nos próximos vinte anos

N

a mais rotunda negação do mandamento divino "crescei e multiplicai-vos sobre a Terra"Gn. 8, 17), uma assembléia de mortais reunidos .na Conferência Internacional para População e Desenvolvimento aprovou, em setembro último, na cidade do Cairo, Egito, um Programa de Ação, que apresentava uma finalidade estarrecedora: impedir que nasçam-em outros termos, eliminar-mais de 300 milhões de seres humanos! Isto é, o equivalente a duas vezes a população do Brasil! Tal meta, deveria ser alcançada em apenas vinte anos, ou seja, de 1995 até 2015 ( 1). Esse objetivo é um primeiro passo. Deverá ser seguido por uma ofensiva para estancar de vez o crescimento da população mundial. O terceiro passo será ·a redução desse crescimen-

to de tal maneira que, em meados do século XXII, a população do globo seja praticamente igual à de hoje (2). Normalmente, tal fim revelaria uma conjuração de mau gosto de algum filme futurista. Entretanto, este é o desideratum que ficou oficializado no Programa do Cairo. Assim, passou ele a constituir o maior plano já excogitado para impedir o nascimento e extinguir a vida de seres humanos indefesos. Promoção de todos os métodos proibidos pela moral católica

Para atingir a referida meta, que supera, aliás, em número os crimes condenados em Nuremberg, o Pro-

grama aprovado no Cairo preconiza métodos profundamente antinaturais e contrários à moral católica, sob o rótulo de planificação familiar e saúde reprodutiva. A família, que é a única instituição incumbida da multiplicação do gênero humano, ficou posta completamente de lado. Pois o Programa proclamou uns direitos reprodutivos, há muito pleiteados pelo feminismo radical, segund0 os quais o homem decidiria como e quando procriar, de um modo puramente individuai, indiferente ao matrimônio, à família e a qualquer consideração de ordem

A cada dez anos a Organização das Nações Unidas (ONU) convoca uma reunião dos países membros, com a finalidade de fixar as políticas de população no mundo. A primeira realizou-se em Bucarest, no ano de 1974 e a segunda na Cidade do México, em 1984. A Conferência do Cairo foi a terceira, da qual participou a quase totalidade das nações do mundo, representadas por delegações de nível ministerial. Órgão da ONU re~ponsável pela Conferência

as fecundações in vitro (5), e estimula a pesquisa científica para produzir novos instrumenmoral (3). Oqueequiva- tos anticoncepcionais abundantes, fále a equiparar a humani- ceis, baratos, para todas as idades e dade às espécies ani- condições sociais (6). mais, que não requerem O Programa não inclui o aborto vínculo jurídico nem sa- entre os métodos de controle da natacramental para engenlidade, mas pede sua descriminalizadrar e criar a prole. ção em todo o mundo e a generalizaEm perfeita harmo- ção da matança dos inocentes com nia com os mencionamétodos "seguros", em hospitais púdos direitos reproduti- blicos ou privados - as malfadadas vos, o Programa deixa a "clínicas da morte" - sob o pretexto porta aberta para o con- de limitar o número de mortes atribuícubinato homossexual, das aos abortos clandestinos (7). Tal ª que é a prática estável e proposta é tão aberrante quanto legaostensiva de um pecado 1izar o homicídio, praticado em conque brada aos Céus e dições higiênicas e sem riscos para a clama a Deus por vin- · saúde física e psíquica dos assassinos, gança, mas cujo recosob o pretexto de reduzir a taxa de nhecimento se vem gemortalidade! neralizando no mundo, após a recoO Plano do Cairo propõe o lançamendação do Parlamento Europeu mento, em nível mundial, de campa(4). Igualmente o Programa não faz nhas explícitas de planificação faminenhuma restrição às novas técnicas liar e educação sexual para crianças, da genética em matéria de concepção adolescentes e adultos, nas escolas, e gestação, nem sequer às formas nos lares, nos postos de trabalho e até mais aberrantes e antinaturais; aprova nos locais de lazer e de férias, bem Creche na China comunista: controle do Estado para que cada casal não tenha mais de um filho. A Conferência do Cairo impulsionou todas as nações rumo a análoga ditadura antinatalista

O que foi a Con!rência do Cairo?

Fundamentos do Programa

referentes às cifras da população mundial nos séculos futuros; 2) uma série de encontros internacionais, notadamente a ECO-92 e a propaganda ecologista em geral, que defendem a seguinte falsa posição: em breve a Terra não poderia alimentar a população e entraria em colapso. O Escritório de Estatísticas da ONU desmentiu as cifras do FNUAP, · Fred_ Sai, presidente~~ Conferência _do C~i~o, ficando patente o caráter tendencioso da mamfe~tou sua host1lldad~ _q~anto a posrça utilizaçllo de dados por parte desse orga- assumida pela Santa Sé, dmgindo-se a Mon . nismo (3). Martin, representante desta última, em alto brados Além do mais, o exagero ecologista E não aponta a razão de seu empenho em prever catástrofes foi de tal maneira em defender tal posição, talvez para não desmascarado, que o próprio Programa reconhece que hoje a humanidade possui revelar seu apriorismõ antinatural e antios meios para se sustentar num alto nível cristão. de desenvolvimento.

Basicamente, o FNUAP alicerçou sua posição em duas linhas de argumentos: 1) um conjunto de estatísticas e cálculos

O FNUAP, apesar disso, deseja a todo custo reduzir a população mundial, na previsão de seu futuro crescimento.

geral da Conferência, Nafis Sadik, de nacionalidade paquistanesa. Sadik foi militante t;..dirigente do mais tristemente célebre /obby abortista do mundo: a lnternational Planned Parenthood FederationlP PF (Federaç'llo' lntemacional de Planejamento Familiar), com sede principal em Londres e agências em mais de cem países Navarro~Valls, porta-voz da Santa Sé, concede entrevista durante a Conferência do Cairo

planos antinatalistas. Em 1991, promoveu Esse organismo é o Fundo das Nações o controle da natalidade em 136 países e Unidas para a População - FNUAP, recebeu verbas de 96 deles (1). entidade subsidiária da Assembléia Geral · Há vários anos, o FNUAP vem sendo da ONU. infiltrado por militantes feministas e gruO FNUAP distribui verbas para con- pos de pressão abortistas. trolar a natalidade no mundo, e também os meios para efetivar tal controle, como pla- Quem dirigiu a reunião? nos de ação e materiais anticonceptivos. - Os próprios ch'efes do FNUAP, enO FNUAP orienta as políticas demográficas dos países e vigia a execução dos tre os quais cabe mencionar a secretária-

(2).

A própria FNUAP velará pela aplicação em combinação com os governos nacionais e ONGs de feministas, abortistas, homossexuais, ecologistas, além de multinacionais produtoras de instrumentos de controle da natalidade e proprietários de órgãos da mídia.

Que autoridade tem o Programa?

- É um compromisso internacional assumido pelos países que aprovaram o

como em qualquer outro lugar onde os jovens se reúnam! (8). Isto não poderá deixar de criar um clima hostil às famílias que desejem viver de acordo com a doutrina cató1ica. Além do mais, tais campanhas atingirão inevitavelmente os filhos das referidas famílias. E, em não raros casos, especificamente previstos no Programa, tais campanhas fornecerão contraceptivos às crianças e jovens de ambos os sexos e facilitarão a menores de idade abortarem às escondidas dos pais, sob a alegação de respeito da " privacidade" (9). Na mesma linha, o Programa visa promover, através da mídia, tipos humanos e modelos de conduta opostos ao verdadeiro perfil do pai, da mãe e dos filhos, numa família constituída segundo a Lei divina e a Lei natural. Tal propaganda incluirá ainda novelas e programas de entretenimento no rádio, na TV, bem como em teatro popular, que promovam as metas e métodos do Programa. Não foram excluídas as emissões de rádio e TV, especialmente as novelas, que, por seu enredo, incitem as pessoas a uma modificação dos estilos de vida na linha deste Plano antifamiliar e anti-

Programa. Porém, o próprio Plano reconhece que ele próprio não terá validade !e as populações lhe fizerem oposição (4). usto do Programa e uem paga

O Programa custará um mínimo de dezessete bilhões de dólares anuais, que serão aumentados, em valores constantes, até o ano 2015. Dois terços dos custos correrão por conta dos países que sofrerão suas conseqüências, e um terço provirá dos Estados Unidos da Comunidade Européia, do Japão e d~ organismos internacionais (5). NOTAS 1. "FNUAP -Fondo de Población de las Naciones Unidas', FNUAP, New York, 8 pp. 2. EI complot contra la vida y la familia, "Vida Humana Intemaciona!',janeiro-abril 1994, pp. 1-5. 3. La croissance démographique se ralentil dans le monde, "Le Monde", Paris, 28/29-8-94. 4. Programme ofAction, cap. XVI, 16.1 . 5. Programme of Action, cap. XIII, nº 13.15. (a),(b ),( c),(d).


natalista ( 1O). Como se a pornografia1 e os modelos de conduta antifamilia- , res, hoje largamente divulgados pela, TV e outros meios de pro~aganda, já não fossem suficientes para denegrir: · a sacralidade da família, destruir a inocência das crianças e excitar toda espécie de comportamentos sexuais imorais.

"crescei e multiplicai-vos sobre a Terra "(Gn. 8, 17), constituíssem mal-

medidas fiscais, pressões propagandísticas e modas (11 ).

dição para o planeta! O Programa estimula umarevolução cultural na família e na socieda-

Entre as transformações culturais bafejadas pelo Programa para diminuir a natalidade e afrouxar os liames familiares, figuram os costumes que afastem a mãe de sua casa e dos próprios filhos, destronando-a da sua condição de "rainha do lar" (12). O Programa exige sistemas de controle discretos mas eficazes, de maneira que, como declarou a secretáriageral da Conferência, Nafis Sadik, ninguém A secretária -geral da Conferência do Cairo, a paquistanesa Nafis Sadik, nasça fora da planificacriticou a p,osição assumida pelo representante da Santa Sé, Mons. ção: ''Este programa

Na prática, as mencionadas campanhas equivalerão a um estímulo contínuo à sodomia e o amor 1ivre. Mais favorecendo a propagação da AIDS, frustrará psíquica e moralmente as presentes gerações e estabelecerá o reinado da irreligião. Diarmuid M·irtin, e declarou que ninguém deve nascer fora da planificação assegurará que cada Quem ler o menciogravidez seja intencionado Programa ficará de, que corrói o pátrio poder e subnal e todas as crianças sejam desejainevitavelmente com a idéia de que o : verte as relações entre os cônjuges, das "(13). adeptos das famílias numerosas deEm vários países e em certos setovem ser tidos em conta de inimigo : . bem como entre estes e seus filhos. res sociais, apesar do palavreado do públicos número um. Para isso recomenda que se favoPrograma em sentido contrário, a Como se o homem e sua descenreça o igualitarismo dentro do lar, aplicação de tais controles estimulará dência, amplamente aumentada em mediante leis trabalhistas específicas, a esterilização e o infanticídio, como obediência ao mandamento divino

A fúria antica :ólica das ONGs As ONGs(l)...:.... Organizações Não G vernamentais - que participaram na reda-· ção do Programa do Cairo manifest t uma inaudita virulência anticatólica. Na reunião preparatória de Nov l York, realizada em abril último, o representante da Santa Sé, Mons. Diarmui Martin, lamentou a "falta de uma visão moral coerente" do Programa, o que levou as coalizões feministas a o atacarem encarniçadamente. Frances Kissling, presidente da ONG americana Catholics for a Free Choice (Católicos por uma Livre opção), lamentou que a religião influenciasse as decisões morais feminil/las, insultando o Vaticano com fi1ases soezes. Sônia Corrêa, da ONG brasileira IBASE, externou sua reprovação em relação ao fato de, no Brasil, a Igreja Católica ainda influenciar

as decisões sobre a maternidade (2). Para Joan Dunlop, presidente da 'ln-

ternational Women 's Health CoalitionIWHC (União Internacional pela Saúde das Mulheres), a Santa Sé entroü "em colisão direta" com os direitos humanos, e Wemer Fomos ridicularizou João Paulo II, acusando-o de querer transformar a mencionada reunião em refém do "dogma religioso". Representantes de uma coalizão de 130 grupos feministas solicitaram que não se desse atenção ao Vati-

cano, porque seus " líderes fizeram voto

de celil:tito e não têm experiência na r& produção". Fred Sai, presidente da Conferência do Cairo, perdeu o autocontrole e, inclinando-se sobre a mesa da presidência, dirigiu-se ao representante do Vaticano em altos brados, enquanto na galeria grupos feministas, frentes políticas e funcionários da ONU o aplaudiam. A própria secretária-geral da Conferência, Nafis Sadik, abandonou a neutralidade inerente a seu cargo e ériticou Mons. Diarmuid Martin (3). O chefe da delegação da Nicarágua, Humberto Belli, descreveu pormenorizadamente a agressividade manifestada pelos organizadores da Conferência em relação aos rep-

Delegadas de ONGs africanas participam da Conferência paralela promovida por essas organizações, realizada simultaneamente à Conferência do Cairo, a qual reuniu as delegações governamentais; como por ocasião da EC0-92, no Rio de Janeiro, a influência das ONGs foi marcante na reunião oficial

mostra a dramática experiência em curso na China comunista. O corolário do óbvio do vasto leque de medidas antifamiliares e anticristãs é desmantelar leis e disposições que prejudiquem o Programa, porque defendem os bons costumes e a moralidade pública.

dade. Ou seja, estão postas as condições para que uma InquisiA delegação do Brasil incorporou tados, as ONGs nacionai:, haviam pleia si grupos de feministas radicais e foi teado sua participação naidelegação do ção antifamiliar ou uma das que mais defendeu o PrograPaís, o que lhes foi conce:dido. Propuguma ditadura mundial ma aprovado, mereceu por isso agra- naram o "direito inalienável ... a disda imoralidade avasdecimento da secretária-geral da Con- por do própri'o corpo, que inclui ... o sale os lares e desagreferência, por ter ajudado a quebrar a direito ao aborto." Segundo tais gue as famílias. oposição do bloco latino-americano, ONGs, ''os direitos sexz,rais e reproducuja posição era semelhante à do Vativos de .. . [homossexu:ais masculinos Precisamente no ticano (1). e femininos] devem ser integrados à momento em que o agenda internacional dos Direitos comunismo se esforHumanos" (2). Defesa do aborto e da ça, no Leste europeu, homossexualidade em renascer de seus NOTAS Na Carta de Eras í/ia, aprovada no 1. Cai a• barreira entre flamaraty e ONGs, "O escombros, a reunião Estado de S. Paulo", 13-9-94. Encontro Nossos Direitos para Caido Cairo sonha imro '94, realizado na Câmara dos Depu- 2. Carla de Brasllia, Brasília, 1993, 29 pp. plantar, no campo familiar, um totalitariscongêneres, estarão na vanguarda da mo antinatural e anticatólico, em esTotalitarismo mundial revolução sexual propugnada pelo cala universal, análogo ao do fracasantinatalista e anticatólico Programa, propondo estratégias, sado regime soviético. Ademais como o Programa conaplicando as medidas adotadas, cosidera que as campanhas antinatalisbrando dos governos os compromisA ofensiva da imoralidade tas, promovidas através de organissos assumidos e controlando os resul- desafivelou a máscara mos estatais, não foram aplicadas tados concretos sobre a população Pois não se consegue discernir com o rigor desejado, as verbas serão (14). como semelhante Programa não rerepartidas levando em conta a particiLevando em conta o apriorismo dundará numa perseguição moral e pação de ONGs feministas, grupos de anticatólico e antinatural do Prograreligiosa contra os que dele discordem pressão abortistas, de homossexuais, ma e das ONGs investidas da "mispor fidelidade à Fé e aos Mandamentos ecologistas, nas campanhas antinata-são" de pô-lo em prática, não é absurda Lei de Deus. Tal perspectiva de perlistas etc. Em outras palavras, os ati- do prever-se pressões inadmissíveis seguição foi pressagiada pelos ataques vistas homossexuais, feministas e nas campanhas de controle da natalimovidos por grupos de pressão abortis-

A delegação brasileira na Conferência d 0 Cairo

resentantes dos países que não concordavam com o Programa. Belli acusou-os também de deturparem as opiniões dos pafses participantes, elaborando um documento tendencioso e inautêntico. Lamentou especialmente o linguajar pró-abortista da secretáriageral da Conferência, assim como a falta de neutralidade e de eqüidistância manifestada pelos funcionários do FNUAP (4). NOTAS 1. ÓNGs-Organizações Não Governamentaissão entidades privadas, recon hecidas pela ONU, que pretendem representar diversos setores da sociedade civil. Observa-se entre elas uma tendência majoritária no sentido de assumir uma posição contestatária, ora mais, ora menos explicita, quanto ao sistema político-social e econômico em vigorno Ocidente. 2. NGO Women Speak · 0111 for Reproductive Rights, ICPP 94- " Newsletter ofthe lntemational Conference on Population and Development'; abril 1994, nº 14, pp. 7-8. 3. The Plays's the Thing'! life vs Deorh ar the UN ", "Social Justice Rev\ew', julho-agosto 1994, vol. 85, nº 7/8, pp 107-111. 4. The Anti-family Cairo Proposals,"Social Justice Review" ,jul ho-agosto 1994, vol. 85, nº 7/8, pp . 113- 116.

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Loucuras ? Ou meta final inconfessada? A que desequilíbrios habitantes da Terra e conpode conduzir o catastro- · dena as organizações hutismo antinatalista? Consi- manitárias pelo fato de salderando as conclusões da var pessoas que "deveriam Conferência do Cairo, o morrer segundo a lei da jornal italiano "Corriere seleção natural." Comende Roma" entrevistou o tando a reunião do Cairo, escritor ecologista e anti- afirmou, "É necessário natal ista Pentti Linkola. tornar obrigatório o aborEle vive - de acordo com to depois do segundo filho suas idéias-numa choupa- e favorecer uma ~uerra na, em deserto gelado da mundial que destrua boa Finlândia. Mas seus livros parte da humanidade''. Os são best-sel/ers ... escassos sobreviventes de; "A humanidade é veriam se dedicar a ativicomo cem náufragos numa dades mínimas de subsischalupa onde só cabem tência. E acrescentou que dez", sustenta Link°= se deveria acabar com a la."Caso se faça subir to- ajuda alimentar aos países dos na chalupas, todos pobres, bem como frear morrerão. É preciso cor- toda forma de progresso. A tar as mãos dos que tentam indústria, segundo sua esse agarrar a ela". pantosa visão ecologista e Linkola acusa o Papa antinatalista, é responsáde querer centuplicar os vel por contaminar a Terra,

e a liberdade é culpada de permitir o progresso e impedir o controle dos nascimentos,. Nada de remédios nem de direitos humanos, mas sim uma impiedosa "polEcia verde" que aja não influenciada pela "droga da moral", recomendou Linkola.

"II Corriere de Roma",comentando tais declarações desvairadas, indaga se, no fundo das mentes de alguns dos participantes da reunião do Cairo, não -houve algo de loucuras como essas(*). E poder-seia acrescentar: tais loucuras não serão a meta final, hoje inconfessada, da onda antinatalista?

(*)Mozzare le mani ai naufraghi, "Corriere de Roma", 30-9-94, p.

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tas, feministas e homossexuais uma reação à altura, exigida pelas contra a Igreja Católica, sua doupróprias circunstâncias. trina e seu clero, durante as reuniões preparatórias da Conferencia Luís Dufaur (ver quadro anexo). ·~ ' Até a reunião do Otiro, havia a impressão generalizada - aliás, NOTAS bastante superficial - de que as 1. Programme of Action of the United Nadiversas ofensivas contra a moral tions International Conference on Population and Development, 19-9-94, Capítulo l, e a família formavam uma chuva nº 1.4. suja de agressões esparsas da imo2. "Estado de la Población Mundial /994", ralidade. FNUAP, New York, /994, p. 2. 3. Programme ofAction, cap. VII, nº 7 .2 e ss. Após essa conferência, contu4. Programme ofAction, cap. V, nº 5.1 e ss. do, uma nova situação ficou defiA respeito do crescente reconhecimento das nida. Pois todos os fatores de coruniões sodomíticas, cfr.Catolicismo, nº 524. 5. Programme ofAction, cap. VII, nº 7.17. rupção moral articularam-se num 6. Programme ofAction, cap. XII, nºs. 12.10, Programa único, endossado pela 12.11, 12.12, 12.14, 15.13. 7. Programme ofAction, cap. VIII, nº 8.19 e imensa maioria dos governos do ss. mundo, em meio à desinformação 8. Programme of Action, cap. VII, nºs 7.3, do grande público, com vistas ao 7.6, 7.8. 9. Programme of Action, cap. VII, nºs 7.3, estabelecimento de um estado de 7.44.a, 7.45. coisas radicalmente oposto à Civi1O. Programme ofAction, cap. XI, nºs 11, 23 1ização Cristã. Em outros termos, e ss. visando paroxismos de perversão Que Nossa Senhora inspire aos verdadeiros católi- 11. Programme ofAction, cap. IV, nºs 4.12, 4.24 e ss. defendidos por autores modernos cos uma reação proporcional à presente escalada 12. Programme of Action, cap. IV, nºs 4.4, universal da imoralidade 4.12 e ss. dos mais contrários à moral tradi13. Pobres e ricos chegam a consenso no cional católica. sim a unidade de fundo que sempre os Cairo, "O Estado de S. Paulo",/4-9-94. 14. Programme ofAction, cap. VII, nºs 7.9, cap. orientou, peçamos a Nossa Senhora XV, nºs 1. No momento em que a imoralidaque inspire aos verdadeiros católicos de e seus promotores desvendam as-

"Superpopulação": um mito manipulado por ailtinatalistas

Família numerosa: objeto da ira antinatalista

* Cientistas de todo o mundo reunidos em Dublin (Irlanda) por iniciativa doPublic Policy lnstitute afirmaram que, com os métodos modernos de produção, o mundo pode alimentar vários milhões de pessoas além da cifra estipulada pelo Plano do Cairo (0-

* A Academia Africana de Ciências defendeu o aumento da população como um fator sem o qual os recursos naturais

do continente africano permane~erão inexp !orados. * Segundo aAssociação de Produtores de Agroquírnicos da Alemanha, há 3,6 bilhões de hectares de terras cultiváveis no mundo, mas só 1,4 bilhão é explorado. Amesma associação acrescentou que a população do século XXI, estimada em 11,5 bilhões de pessoas, poderia se alimentar adequadamente com a quarta parte das terras atualmente produtivas. Isto sucederá, se forem aplicadas as técnicas modernas já largamente em uso na Europa. * A área ocupada pelos seres humanos não passa de I % da terra firme do planeta. · * Segundo a FAO (Organização de Alimentação e Agricultura, da ONU), se não houvesse guerras nem desordens sociais nos países em desenvólvimento, estes por si sós poderiam alimentar 18 bilhões de pessoas, ou seja o triplo da população do mundo atual, deixando a metade da superfície da terra firme, como área de conservação.

* Segundo o economista Julian Simon, da Universidade de Maryland (EUA), os recursos industriais estão se tomando mais abundantes, havendo gás natural e carvão para satisfazer a demanda durante mil anos, pelo menos. (2). * Trezentos e cinqüenta mil médicos da Federação Mundial de Médicos pela Vida, numa carta dirigida à Conferência do Cairo, qualificaram de "fantasma" o medo de uma "superpopulação do planeta" (3). * Justo Amar, chefe do Departamento de Biopatología do Hospital La Fe, de Valência (Espanha), denunciou a "gigantesca manipulação de dados" montada para a "catastrofista Conferência do Cairo" (4). Notas 1. Boletim "ANDEVI", nº 133, julho 1994. 2. Esco&e la Vida, nº 49, abril 1994, Próvida, Brasllia. 3. "ABC", Madri, 6-8-94. 4. "ABC", Madri, 13-8-94.

HAGIOGRAFIA

Santa Cecília, modelo de virgindade e fortaleza Célebre virgem e mártir, padroeira dos músicos, Santa Cecília, cuja festa se comemora no dia 22. deste mês, é venerada e aclamada há séculos em todo o mundo católico. A ela estão dedicadas inúmeras catedrais e igrejas.

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ANTA CECÍLJA pertencia a uma das famílias mais ilustres de Roma, a dos Caecillius. Numa época-o século III-em que o martírio era o fim provável dos cristãos, converteu-se decididamente ao Cristianismo, consagrando sua virgindade a Nosso Senhor Jesus Cristo. Desde então, seu Anjo da Guarda tornou-se- lhe visível, protegendo-a nas mil vicissitudes da vida palaciana. Sob o vestido de seda e ouro usava o cilício, multiplicando os jejuns e orações para obter aquela coragem interior indispensável à perseverança. Dom Guéranger - notável abade beneditino do século XJX - quis colocar o primeiro mosteiro de Beneditinas da Congregação de Solesmes sob a proteção desta Santa, modelo ideal da virgindade cristã Voto de virgindade

Obrigada a casar-se com um jovem pagão, Valeriano, Cecília suplicava continuamente a Deus a preservação de sua virgindade. Na brilhante festa profana dos esponsais, cantava com os Anjos, interiormente: "Guardai, Senhor, sem mancha meu coração e meu corpo". Assim que esteve a sós com Valeriano, expôs-lhe com firmeza o voto de virgindade, asseverando que um Anjo de Deus a assistia e o mataria se não respeitasse aquele voto. Santamente impressionado com a extraordinária revelação, Valeriano quis que o Anjo se tornasse visível também a ele, par-a que pudesse acreditar. Ao saber que era preciso "ser purificado na fonte que brota para a vida eterna", o jovein não hesitou um instante, cônscio dos riscos que corria: foi logo entrevistar-se com o

Papa Urbano I. Esclarecido sobre as verdades fundamentais da Fé, foi-lhe administrado o Batismo. Regressando a seu palácio, revestido da túnica branca dos neófitos, encontrou sua esposa em oração, e ao lado dela, o Anjo Custódio, tendo nas mãos duas coroas de rosas e lírios. Colocando uma sobre a cabeça de Cecília e outra sobre a de Valeriano, disse-lhes o Anjo: "Dos jardins dos Céus trago-vos estas coroas. Coi,servai-as por vossa pureza; não murcharão e nunca hão de perder o seu perfume. Entretanto, somente serão vistas por aqueles que forem puros como vós. E agora, ó Valeriano, visto que concordaste com o voto de castidade de Cecília, o Filho de Deus, Jesus Cristo, enviou-me para receber todos ·os pedidos que quiseres fazer-lhe" . Valeriano reduziu todos seus pedidos a um só: a conversão de seu irmão Tibúrcio. Conversão de Tibúrcio

No dia seguinte, ao visitar os recémcasados, Tibúrcio percebeu o aroma de rosas e lírios, maravilhando-se com o fato, sobretudo porque não via as flores, raras naquela estação. Valeriano reveloulhe a existênc ia das coroas, e que só lhe seriam visíveis se se tomasse cristão. E começou a instruí-lo, com pouco sucesso. Interveio eritão Cecília. Utilizando a linguagem dos profetas, tantas vezes repetida pelos mártires, demónstrou toda a

Santa Cecília - Gravura baseada em pintura de Cimabue (séc. XIII), Galeria dos Ofícios, Florença (Itália) vergonha da idolatria, e alcançou que Tibúrcio execrasse verdadeiramente os ídolos. Convertido e batizado, passou ele a ver continuamente os Anjos e a conversar com eles! Cecília e Valeriano alegravam-se com estas maravilhas, e todos os três os enchiam a Igreja com o brilho de sua caridade. Os dois irmãos foram em breve denunciados, perseguidos, e depois de uma corajosa profissão de Fé, que converteu grande número de pagãos, foram degolados. Preparando-se para a tormenta inevitável, Cecília distribuiu todos os seus bens aos pobres e doou seu palácio do Trastevere a um nobre personagem chamado Gordia~o, para que fosse salvo do confisco e consagrado depois ao culto católico. Esse palácio tornou-se uma das mais belas igrejas de Roma. Reconstruído no

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Santa Cecília - Estatua de Stefano Maderna. A posição obrporal e os três dedos da mão direita reproduzem exatamente as características do corpo da Santa, descoberto no século IX.


século IX, e reformado no século XVI, constitui a atual Basílica de Santa Cecília, em Roma, em cuja cripta repousam os corpos de,Santa Cecília, São Valeriano e São Tibúrcio. Martírio de Santa Cecília

Depois de ter enfrentado o prefeito de Roma com a altaneria e a majestade de uma filha da Igreja, esposa de Cristo e patrícia romana, refutando com lógica inquebrantável as alegações do magistrado e patenteando aos olhos de todos sua inocência, Cecília foi injustamente condenada à morte aproximadamente no ano de 230, durante o reinado do Imperador Alexandre Severo. O prefeito romano, após infrutífera tentativa de matá-la pela ação de vapores escaldantes, na sala de .banhos do palácio de Santa Cecília, enviou um carrasco com a ordem de . cortar a cabeça da virgem com a espada. Depois de três golpes, não tendo conseguido degolar aquela jovem de Fé inabalável, produzindo apenas a efusão de sangue, o carrasco fugiu, pois havia uma lei que proibia ferir a vítima que não tivesse morrido com três golpes. Durante três dias permaneceu Cecília agonizando, mantida em vida por verdadeiro milagre, falando continuamente à multidão que se concentrava em tomo dela, estimulando uns e convertendo outros. Somente ao terceiro dia, o santo Pontífice Urbano I pôde comparecer ao local: "Pai - disse-lhe a Santa " pedi ao Senhor esta demora para colocar nas vossas mãos os pobres que eu sustentava; deixo-vos também esta casa, a fim de que, consagrada por vós, seja para sempre uma igreja". Após essas palavras entregou sua bela alma .a Deus. Seu corpo foi depositado numa uma de cipreste. Conservaram-lhe a posição cm que estava ao morrer: os braços estendidos, os três dedos simbolicamente dispostos, indicando seu ato de fé na Santíssima Trindade, o rosto voltado para a terra. Precisamente a posição em que foi encontrada nas escavações do século IX e do século XVI.

Lufs Carlos Azevedo

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Ordem para me tornar notável ... Vim procurar a ,glória de Deus e a salvação de minha alma" (3).

mensagem de Dom Vital para nossos dias

Sagrado Bispo de Olinda com apenas 27 anos, seu apostolado - tanto pelo exemplo, quanto pela palavra-revelava intensa sede de almas e equilíbrio católico. Sobre ele diz um autor: "Apesar de

jovem, apresentava-se com acentuado ar de majestade, que impressionava até os grandes, e a todos recebia com simplicidade e fidalguia. A sala do trono era suntuosa, decorada com fino gosto, manifestando o esplendor da dignidade episcopal; mas os aposentos privados do Bispo, a pretexto de higiene, dizia ele, reduziu-os à simp/icidadefranciscana, trocando até o colchão por uma esteird' (4).

O exemplo do admirável Bispo de Olinda é uma perene lição de que 'a luta é um dever, o conflito uma necessidade, a pugnacidade uma virtude '; na defesa dos direitos de Deus e da Igreja. No dia 27 de que a origem novembro comenobre é solo moram os 150 fértil, quando anos do nascinele se semeia a mento de Dom virtude. Frei Vital Maria Dona AntoGonçalves de Olinia, sua mãe , veira, cuja vida foi chamava-o marcada pelos s·i" homem de esnais digitais da panto" , queProvidência Divirendo com isso na, desde sua data dizer " homem de nascimento d e res olução festa de Nossa Sepronta e decidinhora da Medalha da, de coragem Milagrosa - até máscula, de sua morte na idade atitude forte e per fe ita , aos 33 imprevista" anos . A análise de (1). Por seus sua heróica biodotes de espírigrafia, bem como to e, sobretudo, do panorama polípor seus preditico-relig ioso do cados morais, Brasil-Imp é rio , atraía sobre si o campo de suas barespeito e a adDom Vital: "Espírito calmo, eminentemente lógico, talhas, extravasamiração de seus firme nos princípios, rigoroso nas conseqüências, ria de longe os li- sincero indagador da verdade" colegas de Semites do presente minário. Sobre artigo . Focalizemos nossa atenção, entr{}ele escreveu D. Romualdo Maria de Seitanto, em aspectos de sua rica personali- xas Barroso, seu condiscípulo em Saint dade, que nos ajudarão a compreender Sulpice (Paris): " Espírito calmo, emimais a fundo aquilo que se poderia chanentemente lógico, firme nos princípios, mar sua missão póstuma. rigoroso nas conseqüências, sincero indagador da verdade" (2). Aristocrata

Seu pai, Capitão Antônio Gonçalves de Oliveira, era senhor de engenho, condição que distinguia a elite rural da época, e sua mãe, Da. Antonia Albina de Albuquerque, descendia em linha reta de Duarte Coelho de Albuquerque, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco. Era, ademais, parente de importantes figuras do cenário nacional de então, como o Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, confirmando, por esta form a,

Religioso autêntico

Enquanto frade capuchinho, enfrentou com notável valor duras provações materiais e morais. Dentre estas, vale citar as palavras que lhe dirigiu seu mestre de noviços, em meio a conselhos e orientações, no dia de sua solene profissão de votos: "Sabe, irmão, você nunca presta-

rá para nada! Não virá a ser sacerdote e muito terá que sofrer!". Humilde e sincero, respondeu-lhe respeitosamente o jovem religioso : " Não pedi a entrada na

Via Crucis

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Pode-se imaginar a cena. Soprava a brisa morna característica das tardes daquela região . Pelas calçadas semi-desertas passavam raros transeuntes, intrigados cpm aquela pequena turba à porta do Palácio do Bispo. Este desceu, então, até a rua. Apresentava-se revestido de seus magníficos paramentos pontificais, com mitra e báculo, rodeado de seus vigários, secretários e

das multidões, até mesmo dos católicos mais afinados com a modernidade, cuja memória, portanto, nada de útil teria a nos ensinar. Rotundo engano. Por mais que se procure ocultar, Dom Vital é um marco na História da Santa Igreja e do Brasil. É uma coluna de fogo sagrado a iluminar nossas consciências, nesta época de trevas em que nos encontramos. Sobre isso escreveu o insigne pensador e líder católico, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, por ocasião do centenário de seu nascimento :

"Nisto, precisamente nisto, está a meu ver um dos aspectos mais providenciais da missão de Dom Vital. Seu grande exemplo mostra que a alma vale mais que o corpo, e que é forçoso fazer, para a def ender dos adversários, mais do que se faz pelo corpo. Seu grande exemplo mostra que se todo o coração verdadeiramente cristão deve preferir sempre a concórdia à luta, a brandura à pugnacidade, a conciliação ao conflito, há casos em que a luta é um dever, o conflito uma necessidade, a pugnacidade uma virtude sem a qual se cai em pecado mortal. Seu grande exemplo mostra que o dever se deve cumprir sem covardia, nem diminuição, nem vacilação, e que, pelo contrário, se deve caminhar, caminhar com passo de gigante, caminhar até a última e mais áspera culminância no cumprimento do dever" (6).

Os traços do seu caráter passam a refulgir de modo sublime, à medida que sua Via Crucis pessoal se vai delineando . ~ emplo eloqüente disso é o epj sódio de sua detenção . Chegavam ao auge as hostilidades em relação à Igreja Católica, por parte do governo, então chefiado pelo Visconde de Rio Branco, presidente do Conselho de Ministros e grão-mestre da maçonaria. Fiel às orientações do Vaticano, Dom Vital havia interditado as confrarias e irmandades religiosas maçonizadas, não cedendo nem às pressões, nem às ordens expressas do Poder Judiciário em sentido contrário. O desfecho do processo Lamartine de Hollanda aberto contra ele seria inexoráCavalcanti Neto Sobre o túmulo do heróico Bispo de Olinda, sua estátua em vel. NOTAS: No dia 2 de janeiro de 1874, mármore - Basílica de Nossa Senhora da Penha, dos Padres apresentou-se ao Palácio Epis- capuchinhos, Recife 1. Frei Félix de Olívola O. M. C., Um copal um juiz de direito, acomclérigos. Diante de seus algoz~s. pergunGrande Brasileiro, Imprensa Industrial, panhado de um capitão de fragata e de um tou com voz pausada: Recife, 1937, p. 27. escrivão, para apresentar-lhe a ordem de - "Quem quaeritis? "(A quem proprisão. O Prelado, com serena dignidade, 2. Bel. Antônio Manuel dos Reis, O Bispo curais?) declarou que não reconhecia a competênde Olinda perante a História, tomo I, - "O Bispo de Olinda!", respondecia daquele tribunal porque ele, como Imprensa Industrial, Recife, 1940, p. 9. ,Bispo, dependia diretamente do Sumo ram eles, sem perceber que, desse modo, 3. Pe. Fernando Pedreira de Castro S. J., Pontífice. E que dali só sairia se acompa- repetiam a cena de prisão de Nosso SeDom Frei Vital Maria Gonçalves de Olinhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras nhado por força policial, para caracterizar veira o Heróico Bispo de Olinda, Editora (5). "Christianus alter Christus "! a violência de que era vítima. Depois, Vozes, Petrópolis, 1956, p. 20. providenciou alguns documentos e recoMissão póstuma · 4. Idem, ibidem, p. 44. lheu-se em oração diante do Santíssimo Um espírito mesquinho poderia critiSacramento. 5. Idem, ibidem, p. 80. Com a chegada do destacamento mi- car Catolicismo por enaltecer os méritos de um personagem que terá sido, em seus 6. Plínio Corrêa de Oliveira, Dom Vital, litar, o juiz foi bater-lhe à porta do oratódias, uma notabilidade. Mas que hoje "Legionário", São Paulo, nº 626, 6-8rio. Após certCil tempo, saiu Dom Vital. diria ele - estaria inteiramente esquecido 1944.


TFPsEMAÇÃO

Leão doura,do da TFP em Frankfurt

F

Julio Ubbelohde -

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RANKFURT - O leão rompante áureo que figura no rubro estandarte da TFP é hoje conhecido não só no Brasil, mas também nos 25 países onde existem entidades coirmãs daquela associação, bem como bureaux- TFPs. Por isso, em especial para muitos brasileiros e latino-americanos que visitaram a grande Feira do Livro de Frankfurt, aqui na Alemanha, realizada de 5 a 1O de outubro último, constituiu grata surpresa depararse com o stand da TFP, no pavilhão de editoras do Brasil. Outros, porém, como esquerdistas de várias gamas e partidários da Teologia da Libertação, não esconderam seu desagrado em face da presença da TFP. Facilmente identificável pelo estandarte rubro, o stand apresentava ao público todo o acervo das obras já publicadas pelas TFPs, destacando-se o mais recente livro de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Nobreza e Elites Tradicionais Análogas nos Discursos de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana.

correspondente

De longa data, a Alemanha abriga a maior feira de livros, a qual, aliás, desta vez superou as anteriores. Os números são realmente impressionantes: ali encontravam-se expostos nada menos que 321.975 títulos, incluindo 88.891 lançamentos, da parte de 8.628 expositores, provenientes de 105 países, e ocupando 131 mil metros quadrados.

aderno Especial Nº 39

A maior feira de livros do mundo Não obstante, nesse verdadeiro mar de livros, a presença da TFP chamava a atenção do público pelos símbolos aristocráticos, com ·forte nota medieval. Entre os visitantes, os alemães eram os mais admirativos quanto ao simbolismo de nossas insígnias, enquanto os italianos, mais intuitivos, logo à primeira vista entendiam do que se tratava. Conversamos com visitantes dos mais diversos países: Noruega, Hungria, Taiwan, .Bulgária, Polônia, sem deixar de mencionar os latino-americanos.

No stand qa TFP, cooperadores envergando a tradicional capa rubra da entidade atenderam o numeroso público que o visitou.

Diversas pessoas fotografaram nosso stand, como, por exemplo, uma senhora brasileira de Belo Horizonte, dois alunos de jornalismo da Universidade de São Paulo, e também repórteres do Frankfurter Algemeine Zeitung.

Estandarte da TFP tremula em Milão Antonio Carlos Coluço -

M

ILÃO - O castelo Sforza é um dos mais imponentes da Itália, um edificio-símbolo das gloriosas tradições ·da Lombardia. Na parte posterior desse magnífico castelo, sobre um prado verde-esmeralda entrecortado por lagos cristalinos, junto a· árvores várias vezes centenárias, erguiam-se os stands do Bureau das TFPs estabelecido na Itália.

Realizou-se, nesta ocasião, uma exposição do movimento italiano Aliança Nacional, o qual convidou o Bureau, sediado em Roma, a expor as publicações da TFP e de entidades coirmãs e autônomas de todo o mundo. Durante quatro dias, numeroso público visitou com grande interesse os stands, num dos quais sobressaía um

Especial para Catolicismo

mapa mundi assinalando os países onde atuam as TFPs, bem como farta documentação fotográfica sobre suas atividades. O vice-presidente da Câmara dos Deputàdos da Itália foi uma das personalidades que visitou demoradamente os stands, manifestando seu caloroso apoio à atuação desenvolvida pelas TFPs.

Fanfarra nas festividades de Nossa Senhora Aparecida Por ocasião da festa de Nossa Senhora russo Tchaikowsky, Passeio de Trenó, do Ao agradecer o concerto, o Pe. José Aparecida, a 12 de outubro. a Fa,ifarra dos austríaco Leopold Mozart, além de marAntonio Roldan, Vigário da Paróquia, Santos Anjos, composta por jovens coope- chas espanholas. O Hino Nacional brasileielogiou a atuação da TFP, por sua sólida radores da TFP, executou um concerto na ro e o Hino a Nossa Senhora Aparecida devoção à Santíssima Virgem e incansáIgreja consagrada à Padroeira do Brasil, no encerraram a apresentação da Fanfarra. vel atuação em prol da Tradição, da Fabairro industrial da Vila Pauli- ...,-- - - -- - - - - - - -- - -- - ----,----,,-, mília e da Propnedade, valores céia, em São Bernardo do esses especialmente atacados Campo (SP). pelo comunismo e por outros fatores de desagregação em nossos dias . Sob a regência do Prof. Cláudio Stephan, o programa foi abe110 com o Hino Pontificio, de O público aplaudiu calorosamente Gounod. Seguiram-se músicas as execuções da Fanfarra dos Santos Anjos. de diversos países. entre as quais a abertura da Si,!fonia 1812, do

Fotografia da imagem de Nossa Senhora de Walsingham (à esquerda) e do · altar, na capela do mesmo nome, santuário nacional, reconstruída em nossos dias no mesmo lugar do templo original, edificado no século XI e destruído no século XVI pelos anglicanos

~ ossa ~cnqora oc ~alsingqam Inglaterra---- (28 de novembro)


® s.erfto no t.enturião t turano p.elo ~.en.entor :-,, '

(São Mateus 8, 5-10, 13)

E tendo (Jesus) entrado em Cafarnaum, aproximou-se dEle um centurião, fazendo-Lhe uma súplica, e dizendo: Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, e sofre cruelmente. E Jesus disse-lhe: Eu irei e o curarei. Mas o centurião, respondendo, disse: Senhor, eu não sou digno que entres na minha casa;

dize, porém, uma só palavra, e o meu servo ficará curado. Jesus ouvindo (estas palavras) admirou-se, e disse para os que O seguiam: "Em verdade vos digo: Não achei fé tão grande em Israel". Então disse Jesus ao centurião: Vai, e seja-te feito conforme creste. E naquela mesma hora ficou curado o servo.

Olom.entários tompilanos por ~anto Womás n.e J\quino na HOiat.ena J\ur.ea" São João Crisóstomo- Este centurião é o fruto primeiro dos Gentios, em comparação de cuja fé se considera como infidelidade a fé dos judeus. Não havia ouvido a pregação de Jesus Cristo, nem visto a cura do leproso (realizada pouco antes); mas, tendo ouvido a narração dessa cura, creu além do que ouviu, vindo a ser o ~stério ou ~gura que_ re~resen~va .ª futu~ conversao dos Gentios, os quais nao haviam hdo a Lei nem os Profetas em rela~ão a Cristo, m~m haviam ~isto o mesmo Jesus fazer milagres. Aproximou-se, pois, o centurião de Jesus, ~ogando-lhe e dizendo-lhe; _"Senhor, meu servo está pr~strado em casa, parahtico e cruelmente atormentado . Dizem alguns que se expressou assim para excusar-se de não havê-lo levado · consigo; nem era possíve~ t~azer o q~e _sofria, por~ue se enc~ntrava com as ultimas angustias para expirar, e eu digo que este é o sinal de uma grande fé. Pois como sabia que apenas com uma ordem bastava para curar o enfermo, julgava supérfluo conduzi-lo até ali.

Se Ele não tivesse dito - "Eu irei e o curarei", o centurião não teria respondido - "Não sou digno". Além do mais, prometeu ir porque se pedia para um servo, a fim de ensinar-nos que não devemos agradar os ricos e desprezar os pequenos, mas que igualmente devemos comprazer a pobres e ricos. Santo Agostinho - Considerando-se como indigno apareceu como digno não que entrasse o Verbo entre as paredes de s~a casa, mas em seu coração. E não teria dito isto com tanta fé e humildade, se não houvesse levado já em seu coração Aquele de quem temia que entrasse em sua casa, pois não seria uma grande felicidade Jesus entrar em sua casa, caso não penetrasse em seu peito. São Jerônimo - A prudência do centurião se manifesta pelo fato de que vê através do Corpo do Salvador a divindade que nEle se encontrava oculta. E por isso acrescenta: "Mas manda com tua palavra e meu servo será curado".

Olom.entários no 1FJ.e. Ifiuis Olláunio "Concluída toda sua prática ao povo que o ouvia, entrou em Cafarnaum". Tal é a ligação que São Lucas estabelece entre o discurso da Montanha e o estupendo milagre que narra de acordo com São Mateus. Na cidade residia um centurião romano a serviço do tetrarca Herodes Antipas; porque este príncipe havia reorganizado, segundo o sistema de Roma, seu pequeno exército, composto em sua maioria por soldados estrangeiros. Embora pagão, este oficial tinha uma alma nobre e generosa. Sua permanência na Palestina lhe havia permitido estudar de perto o judaísmo, para o qual começou a sentir grande atração. Havia ouvido falar de Jesus e seus milagres, tendo-O em grande consideração. Achando-se um servo seu, a quem queria muito, eni perigo de morte, enviou ao Salvador vários notáveis da cidade para rogar-lhe, em seu nome, que viesse curar o enfermo. Esquecendo suas preocupações judaicas, os delegados advogaram com ardor a causa do centurião. "Merece, disser~m, que lhe faças este favor, porque é simpático à nossa nação e nos edificou uma sinagoga". . Como pagão, era isto um afo extraordinário de benevolência e generosidade. "Eu irei e o curarei", respondeu amavelmente o Salvador, e se dirigiu com os notáveis à morada do centurião. Mas, avisa-

JJfillion

do de que Jesus estava perto, apressou-se a enviar uma segunda embaixada, que se compunha de muitos de seus amigos pessoais, com o encargo de dizer ao Taumaturgo: "Senhor não tomes sobre ti esta moléstia, pois não mereço que tu entres dentro de minha casa, mas dize uma só palavra e o meu servo será curado". Linguagem admirável de fé e humildade, que mereceu, por parte da Igreja, aproveitá~la nas orações litúrgicas que o sacerdote pronuncia antes da Sagrada Comunhão. A estas formosas e ternas palavras acrescentou o centurião um arrazoado ou reflexão militar, extraído dos feitos quotidianos de que ele era ao mesmo tempo ator e testemunha. "Porque eu, que tenho sobre mim outros chefes, tenho soldados sob minhas ordens; e digo a um: Vai, e ele vai, e a outro: Vem, e ele vem. E a meu servo: Faze isto, e ele o faz". Igualmente Jesus não precisaria senão proferir uma palavra, um querer, para que o moribundo ficasse curado. Ao ouvir tais palavras, o Salvador não pode conter sua admiração, embora, segundo muito justa observação, não se admirar de nada é uma regra da perfeição divina. Mas era ao mesmo tempo tanto homem, quahto Deus, experimentando sua alma uma impressão como de assombro. O centurião merecia um elogio público. "Em verdade vos digo, exclamou o Salvador, voltando-se

para a multidão que O rodeava, que nem mesmo em Israel encontrei fé tão grande".

Depois do elogio de fé tão insigne, veio a recompensa, que consistiu na cura imediata do enfermo.

~ossa ~.enlyora n.e ~alsinglyam, (Norfolk, Inglaterra -28 de Novembro) No presente ano, em que se operou a conversão ao catolicismo da Duquesa de Kent e de muitas outras personalidades do Reino Unido - de diversos graus de notoriedade - bem como de grande número de anglicanos comuns, convém rezarmos a Nossa Senhora de Walsingham, pelo crescimento tanto numérico qu~nto em profundidade desse providencial movimento. Que Ela converta a Inglaterra à Igreja verdadeira, restaure o acendrado fervor religioso da época de Santa Agostinho da Cantuária e de seus heróicos companheiros. Com efeito, Walsingham é o principal título com que Nossa Senhora há cerca de mil anos vem aspergindo suas graças naquele reino, a partir do priorado agostiniano situado na região de mesmo nome, fundado em l O16. Localiza-se ele a poucos quilômetros do Mar do Norte, numa das renomadas campinas verdejantes e ajardinadas da Inglaterra, no território de Norfolk, cujos Duques constituíram uma grande estirpe que manteve a fidelidade a Roma, em meio à generalizada apostasia anglicana. Em 1016 já vivia Santo Eduardo o Confessor, e poucos anos antes havia reinado seu tio, Santo Eduardo o Mártir. Desde o início, os insignes favores concedidos por Nossa Senhora naquele santuário tornaram-no o objeto de freqüentes peregrinações, que partiam de toda a Inglaterra e até do Continente europeu. Ainda no século atual é conhecido como Palmers'Way (Via dos Peregrinos) o principal caminho que conduz a Walsingham, através de Newmarket, Brandon e Fakenham. Muitas foram as dádivas de terras, prebendas e igrejas obsequiadas aos cônegos agostinianos de Walsingham, em virtude da grande devoção mariana arraigada na população britânica, e dos muitos m'ilagres alcançados através das súplicas dirijas a Nossa Senhora de Walsingham. O Rei Henrique III para lá peregrinou em 1241; Eduardo I, em 1280 e 1296; Eduardo II, em 1315; e Henrique VI, em 1455. Eduardo I nutria grande devoção a Nossa Senhora de Walsingham. Atribuiu a Ela o fato de se ter salvo de um desastre. Certo dia, num intervalo entre suas ocupações.jogava xadrez, quando subitamente lhe veio a idéia de se levantar do assento, sem explicar por que lhe ocorria tal impulso. Um instante depois, grande pedra desprendeu-se da abóboda da sala onde estava o Rei e caiu sobre o lugar que acabava de deixar. Tal fato fez com que • redobrasse o amor que votava à Virgem. Henrique VIII, em 1513, muito antes de sua apostasia, chegou a peregrinar descalço a Walsing·ham. Em 1511, por exemplo, tal era o prestígio do santuário mariano que o ímpio humanista Erasmo de Rotterdam foi visitá-lo, partindo de Cambridge, em cumprimento de um voto. Terá sido um resíduo de fé nele existente ou uma jogada para prestigiar-se junto aos católicos ingleses? Qualquer que tenha

sido a causa da peregrinação, não impediu que o humanista deixasse como oferenda a Nossa Senhora louvores escritos em versos gregos. Anos depois, num opúsculo, Erasmo comentou a riqueza e a magnificência de Walsingham. De modo trágico (embora coerente com seus pérfidos princípios) a Revolução protestante não poupou o santuário: seus tesouros foram espoliados, destruiu-se o priorado, foi desmantelada a capela. Hoje, felizmente, está ela restaurada, conforme fotografia que apresentamos na capa deste Caderno Especial, atraindo um fluxo considerável de fiéis. Qual a origem dessa admirável devoção? Nossa Senhora apareceu à nobre Lady Richeldis de Sauvraches, mostrando-lhe misticamente a Santa Casa de Nazaré, para que, tomando-lhe as medidas exatas, edificasse uma igual em Walsingham. Como .tem ocorrido em outros países e épocas, a vidente ofereceu certa resistência para acreditar em algo tão extraordinário, como seja uma inesperada incumbência vinda diretamente do Céu. Assim, Nossa Senhora teve que repetir o pedido em três ocasiões diferentes, a fim de que Richeldis pusesse mãos à obra. Seu filho, Geoffrey, e o sucessor deste, Richard de Clare, Duque de Gloucester, solicitaram e obtiveram que a Ordem de Santo Agostinho definitivamente cuidasse do culto da Santíssima Virgem, no lugar por Ela escolhido. Quando Lady Richeldis começou a construção da capela, observou certa manhã, com espanto, olhando para o prado, dois trechos planos do terreno misteriosamente não atingidos pelo orvalho. Aquelas duas partes correspondiam exatamente às dimensões da planta da Santa Casa de Nazaré, que Lady Richeldis havia medido durante sua visão. É digna de nota a semelhança do fato prodigioso presenciado por Lady Richeldis com a demarcação do terreno da Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e mais ainda com o milagre do véu de Gedeão, relatado no Antigo Testamento.

FONTES DE REFEIIBNCIA 1. The Catholic Encyc/opaedia, Londres, 1912, t. XV, p. 543.

2. Calendrier Marial, Constantinopla, 1935, p. 362.

3. Edésia Aducci, Maria e seus gloriosos ·tltulos, Florianópolis, 1958, lª ed., Editora "Lar Católico", pp. 97-99. 4. Chamber's Encyc/opaedia, William & Robert Chambers, Limited, Londres e Edimburgo, 1895, p. 540.

5. Wilhelmine Harrod, Norfolk A. Shell Guide wndres, 1982, 4ª ed., p. 168. 6 . Pe. Luís Cláudio Fillion, N11estro Seilor Jesucristo según los E\'Ongelios. Editorial Difusión, S. A., Tucumán, 1859, pp. 145-147.


em seu lar História Sagrada noções básicas

O estatismo, essa injustiça

(50)

Oráculos de Balaão Após o extraordinário milagre ocorrido com Balaão-em que o Anjo dos israelitas apareceu-lhe com a espada desembainhada, e a mula sobre a qual ia montado falou - o advinho continuou seu caminho para as planícies de Moab. Chamado para amaldiçoar, Balaão abençoa os hebreus "Veio Balac [rei dos moabitas] ao seu encontro e levou-o sucessivamente ao cume de três montes donde se avistavam os arraiais dos israelitas. Esforçou-se Balaão para profe rir maldições; mas Deus só lhe inspirava bênçãos, que malgrado lhe saiam da boca"(/). "Um povo que se porá em pé como um leão" - Depois de ter oferecido holocaustos, Balaão proferiu quatro oráculos a respeito dos hebreus. Por ordem de Deus, disse ele, entre outras coisas: "Deus não é como o homem, capaz 'de mentir, nem como o filho do homem, sujeito a mudanças. Com [o povo hebreu] está o Senhor seu Deus, e nele se ouve o som da vitória do rei. Eis um povo que se porá em pé como um leão; não se deitará até que tenha devorado a presa, e até que tenha bebido o sa~ gue dos mortos. " "Quebrarão os ossos de seus inimigos" - "Que formosos são os teus estandartes, ó Jacó, e as tuas tendas, ó Israel! Deus tirou-o do Egito, e p sua força é semelhante à do rinoceronte. Eles devorarão os povos, seus inimigos, e lhes quebrarão os ossos, e os trespassarão com as flechas. Quem te abençoar, será também bendito; quem

te amaldiçoar, será tido por amaldi- tante) lucro, precipitaram-se no erro çoado." deBalaão" (S.Jud.10-11). Profecias relativas ao Messias "Prosseguindo, pois, a parábola, tornou a dizer: Eu verei, mas não agora; eu o contemplarei, mas não de perto: NOTAS: l. Cônego J. I. Roquete,História Sagrada do nascerá uma estrela de Jacó, e levanAntigo e Novo Testamento, Guillard tar-se-á uma vara de Israel; Israel Aillaud, Lisboa, 1896, 9" ed., tomo 1, p. procederá valorosamente. De Jacó 254. sairá um dominador, que arruinará os 2. Mons . Cauly,Curso de Instrução Religiosa restos da cidade" (Num. 23, 19 a 24 e -História da Religião e da Igreja, Livraria 24, 5 a 19). Francisco Alves, São Paulo, 1913, p. 85 . ''Um dia, quando aparecer a estre3. Padre. F. Vigouroux,Manuel Biblique ou la misteriosa, os magos do Oriente Cours d'Ecriture Sainte -- Ancien lembrar-se-ão da profecia de Balaão" Testament, A. Roger et F. Chernoviz, (2). Éditeurs, Paris, 1901, tomo I, p. 746. Simbolismo - "Esta estrela que 4. Cfr. Padre Z. C. Jourdain, Somme des se levantará sobre Jacó, este cetro que Grandeurs de Marie - Ses mysteres, ses excellences, son cu/te, Hippolyte Walzer, quebrará todos os inimigos de Israel é Editeur, Paris, 1900, tomo I, p. 488. o Messias" (3). A estrela de J acó é -também uma pré-figura de Nossa Senhora (4). São Pedro e São Judas Tadeu condenam os imitadores de Balaão - Em sua segunda epístola, São Pedro fala contra os maus "que, deixando o caminho direito, se extraviaram, seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, o qual amou a recomp ensa da iniqüidade, mas foi repreendido p ela sua loucura; um animal d e carga, mudo, falando com voz humana, refreou a insânia do profeta" {li Pedr. 2, 15-16). E São Judas Tadeu deblatera contra os ímpios que "blasf emam de todas as coisas que ignoram, e p ervertem-se como animais. Ai d eles, porqu~ andaram pelo caminho de Caim, e, Balaão oferece holocaustos para obter a maldição do povo de por (causa dum avil- Israel. Mas, por ordem de Deus, é obrigado a abençoá-lo

Permanece imutável aquele solene princípio da filosofia social: assim como é injusto subtrair aos indivíduos o que eles podem efetuar com a própria iniciativa, para o confiar à coletividade, do mesmo modo passar para uma sociedade maior e mais elevada o que sociedades menores e inferiores poderiam conseguir, é uma injustiça, um grave dano e perturbação da boa ordem social. O fim natural da sociedade e da sua ação é coadjuvar os seus membros, e não destru(,los nem absorvê,los. Deixe, pois, a autoridade pública ao cuidado de associações inferiores aqueles negócios de menor importância, que a absorveriam demasiado; poderá então desempenhar mais livre, enérgica e eficazmente o que a ela compete, porque só ela o pode fazer: dirigir, vigiar, urgir e reprimir, conforme os casos e a necessidade requeiram. Persuadam,se todos os que governam de que quanto mais perfeita ordem hierárquica reinar entre as várias agremiações, segundo este princípio da função "supletiva" dos poderes públicos, tanto maior influência e autoridade terão estes, tanto mais feliz e lisonjeiro será o estado da nação (Encíclica "Quadragesimo Anno", 1931, n º 80).

PIO XI

ESCREVEM OS LEITORES

Direito Alternativo

Estou chegando de meu Tribunal, onde me foi entregue um exemplar do número 18 da "Revista de Direito Jurisprudência e Doutrina" que vem sendo publicada pelo Egrégio Tribunal de Justiça do novo Estado do Rio de Janeiro, desde 1975. Ao começar a examiná-lo, tive enorme prazer em verificar que, antes dos próprios e altos estudos e judiciosos Acórdãos dos Srs. Desembargadores e de outros juristas de renome, a revista se abre com lúcida e percuciente entrevista dada a CATOLICISMO, número 514, de outubro de 1993, pelo eminente constitucionalista Prof. Celso Bastos, sobre o famigerado "Direito Alternativo". É de notar, outrossim, que a Revista do Tribunal se divide, normalmente, em uma primeira parte, de Doutrina (estudos de questões de Direito, em geral longos), a secção de jurisprudência ( decisões cíveis e criminais importantes) e uma terceira e última parte, denominada "Noticiá-:rio", com matéria variada, onde se esperaria encontrar uma entrevista. A em foco, porém, abre o volume e sua parte principal, a de Doutrina, o que bem demonstra a importância que os eminentes Diretores da publicação deram à matéria estampada primeiro em CATOLICIS-

MO, revista esta nominalmente referida pelo entrevistado ( e apenas por ele), em meio a suas doutas ponderações. É com o maior prazer que passo às mãos dos Senhores o exemplar referido e que verifico a providencial coincidência de pensamento entre essa revista, apostólica e benemérita, e a prestigiosa Revista do colendo Tribunal a que me acho subordinado. Impossível deixar de ver, nessa convergência de pensares, uma prova cabal do acerto da orientação que CATOLICISMO vem preservando há mais de quatro décadas e, reciprocamente, da retidão que aquele Colegiado vem dando à Justiça deste Estado. Cabe aqui apenas um lamento por não haver ficado mais patente, nessa reprodução, a muito digna origem da entrevista. Cordiais parabéns! Júlio César Paraguassu Juiz do Tribunal de Alçada Cível do Estado do Rio de Janeiro

CATOLICISMO, NOVEMBRO


Nota da Redação

Recebemos do Prof. Severino Xavier Elói, Professor de História da Filosofia e assinante de CATOLICISMO, artigo de sua autoria intitulado "Con,5iderações sobre o pensamento escolástico", publicado no Volume I - Nº 2 da revista "Perspectiva Filosófica", do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco, onde ele leciona. Impossibilitados de reproduzir aqui a esclarecedora matéria, por absoluta falta de espaço, parece-nos oportuno transcrever o seguinte tópico, extraído da apresentação feita pela revista, e que antecede o artig?: "Lamentavelmente para muitos contemporâneos a referência à Idade Média continua suscitando apenas a visão de gnorância, intolerância e obscurantismo." "O Autor mostra que tais juízos de valor são injustos e

sem fundamento histórico, pois a Idade Média não foi uma noite escura, mas um céu revestido de muitas estrelas." "Muito cio que foi pensado e sistematizado na Idade Média, se fosse assumido adequadamente, poderia iluminar o homem contemporâneo e comunicar-nos a paz e a perfeição espiritual, da qual tanto carecemos."

CATOLICISMO Preços durante o mês de novembro de 1994: ASSINATURA ANUAL COMUM: R$ 25,00 COOPERADOR: R$ 35,00 BENFEITOR: A$ 75,00 GRANDE BENFEITOR: R$125,00 EXEMPLAR AVULSO: R$ 2,50

Política é conversa. O resto é .. . conversa fiada Octávio Mangabeira Conversar é, como as abelhas, fazer mel de qualquer coisa Jean de La Fontaine

Há palavras que sobem como a chama

·veículo limpinho e bem cuidado SILITEX SILITEX SILITEX SILITEX

e outras que descem como a chuva Marie d'Agoult

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CATOLICISMO, NOVEMBRO 1994

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Os homens com quem se fala não são os mesmos com os quais se conversa

Rousseau O melhor prazer da vida é a prosa

Plinio Corrêa de Oliveira Uma hora de conversa vale mais que cinquenta cartas Mme. de Sévigné

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Vandalismo satânico ameaça obras-primas O edificio que se vê abaixo pode parecer ao leitor um tanto estranho à primeira vista. Bem analisado, porém - apesar da ousadia de seus telhados em ângulos fechados, ou em forma de pequenas torres, ou ainda de seus ornamentos terminados em ponta - , o conjunto é harmonioso, embora um tanto rude. Trata-se de uma das trinta stavkirker remanescentes da Idade Média, existentes quase todas na Noruega, isto é, das chamadas "igrejas-mastro" ou "igrejas-mourão" - templos construídos inteiramente em madeira. Foram edificados pelos vikings já convertidos ao Cristianismo e constituem autênticas obras-primas de arquitetura em madeira. O estilo da igreja de Borgund (na Noruega), apresentada na fotografia ao lado, lembra as temíveis drakkars, a saber, as célebres naus dos vikings, sobre as quais estes assolaram quase todo o Continente europeu nos séculos IX e X. Nota-se, aliás, algumas semelhanças entre as proas pontudas daquelas embarcações e o estilo anguloso da stavkirker de Borgund. • Pois bem, leitor, depois de tantos séculos de existência as igrejas de madeira estão ameaçadas de destruição por contemporâneos nossos - piores vândalos do que os antigos vikings antes de sua conversão ... Eles pertencem a uma seita satânica que já incendiou, em junho de 1992, a bela stavkirker de Fantoft, na Noruega. E atualmente as restantes "igrejas-mastro" estão constantemente vigiadas para escaparem do ódio vandálico desses satanistas modernos!

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AfOJLICISMO Nº 527 - Novembro 1994 - ANO XLIV

GRANDEZAS E MISÉRIAS MARCAM MEDICINA NO BRASIL LEIA NESTA EDIÇÃO

GRANDEZAS f TRATAMENTO Alguns dados sobre a sofisticação da O Princípio de Subsidiariedade, da Doutrina Social Católica, aplicado à Medicina brasileira Pag. 2 problemãtica da Saúde no Brasil. Por CRISE E lementos para a· avaliação da cnse Leo Dàniele Pag. 6

Pag.2 SINTOMAS Histórico dos descaminhos da Saúde desde a Constituinte de 87-88. Por An- , - . - - - - - - - - - - - . tônio e. Lara Duca Pag. 3

• • ---• banes soEntrevista de Reinbold Step •

Q

UEM SE PÕE a analisar o quadro da Saúde no Brasil é assaltado por impressões contraditórias. Ora parece caminhar nas avenidas de um eldorado, ora se crê em visita ao Inferno de Dante. Existe realmente uma Biafta ou, em termos mais atuais, uma Ruanda enquistada no sistema de Saúde brasileiro. E em rápida expansão·. É o que ninguém nega. Se isso é assim, não pode nos consolar o fato de que haja também algumas Bélgicas. Tanto mais quanto os problemas existentes seriam solucionáveis, não fossem acentuados continuamente por preconceitos irracionais, teimosamente reiterados apesar do insistente desmentido dos fatos.

O

preconceito estatista, a burocracia, o clientelismo político, a corrupção abateram-se sobre o edifício da Medicina pública no Brasil e o transformaram quase em um monte de ruínas. Em sua queda, o sistema público arrasta para o abismo a medicina privada por ele contratada ou conveniada. O calote é reconhecido oficialmente, alto e bom som, pelo próprio Ministro da Saúde(*). E calote, com inflação alta como a que tivemos, merece outro nome: confisco. As instituíções filantrópicas, já prejudicadas pela retração de seus doadores habituais, entraram em estado de endividamento crônico. Na próxima página encontrá o leitor alguns dep01mentos sobre a situação da Saúde pública no País; Trata-se de destacados elementos do "establishment" médico do Brasil. As expressões que usam repassam para quem as lê uma sensação de angústia.

Dos pilares da medicina no Brasil, apenas permanece inteiramente de pé e em promissor desenvolvimento o setor privado. Uma ameaça, entretanto, paira. sobre este último baluarte: os planos de saúde, que cobrem cerca de 80% do atendimento de qualquer hospital particular, poderão ser objeto de uma legislação que os tornarão, na prática, inviáveis. Com o que, sem dúvida, mais esse pilar rachará.

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bre a Saúde, seus problemas e as solu-

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Entrevista do Prof. José Cretella Jr. sobre os aspectos jurídicos da atual polêmica sobre os planos de saúde Pag. 5

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A cem metros da gloriosa Faculda· de de Medicina da U.S.P. (esquerda) fica o Pronto Socorro do não menos Ilustre Hospital das Clfnlcas de S. Paulo com seus graves problemas (abaixo)

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sboça-se certa reação a todo esse quadro. Mas ela certamente seria muito maior se ele fosse mais inteligível aos olhos do público. Sim. Para reagir, é preciso compreender. Ora, o que acontece é que o panorama da Saúde no Brasil está carregado de particularidades que, para um leitor menos informado, o transformam numa espécie de labirinto de siglas, de decretos e de aspectos. Cansado de apanhar sem entender de onde vêm as pancadas, o brasileiro deixa-se afundar numa espécie de fatalismo. Fica inerte, mas ao mesmo tempo, percebe que assim não pode continuar.

D

onde se conclui que clarear o panorama é um dever urgente. Bem como tornar patentes os princípios gerais através dos quais as soluções poderão ser encontradas. Esse é o primeiro passo. E certamente o mais importante. NOTA "Na verdade, se deu calote em todo mundo, pagando com atraso as dívidas sem reajuste ou reposição da inflação" - Henrique Santillo, O Estado de S.Paulo, 5-8-94).

PRONTO SOCORRO LOTADO COM EXCESSO DE º s 1; PACIENTES ~t;M LEITO

1991

199)


Sistema de Saúde no Brasil - Um ''tripé" de quatro patas + +

+ +

+

Há no Brasil 6.500 hospitais, dos quais 3.000 são privados. Somente no setor estatal, se efetivam por ano 14 milhões de internações. São dadas 320 milhões de consultas anuais. Os médicos constituem um exército de 229.251 homens (1 ,57 por mil habitantes), secundados por 236.936 enfermeiros (1,67 por mil habitantes) Nesse esforço ciclópico, os hospitais partículares são responsáveis por 79% do total de leitos disponíveis(!). Só 55% dos leitos da rede pública estão funcionando(2). 35 milhões de brasileiros (25% da população) estão cobertos por planos de saúde particulares(3). Há 2.500 Santas Casas de Misericórdia, as quais são responsáveis por quase metade da assistência médica prestada à população brasileira(4).

(Santas Casas etc.); e as outras instituições particulares.

NUMERO DE LEITOS

Segu1UÚJ o lip, di! erúútruie

SI.C.U.U (U . U)

+ O bloco estatal, entretanto, "terceiriza" boa parte de sua atuação para hospitais particulares, mediante convênios ou contratos. O que configura um tripé de quatro patas, pois a ação estatal, na prática, se subdivide em dois ramos, dos quais um é privado. NOTAS

1 - "Jornal da Tarde" , 11-6,93. Para "O Globo", seriam 60% (27-7-92).

2 - "Jornal da Tarde",

11-6-

93.

+ Desses

números, emergem as linhas gerais do edificio da Saúde no Brasil. São três blocos, o estatal (União, Estados e Municípios); o particular sem finalidade de lucro

3 - "Relatório do Brasil para a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento", dezembro de 1993, p. 115.

4 - Henrique Santillo, ministro

da Saúde, "O Estado de S. Paulo" , 29-1-94.

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1 - Municipais 2 - Estaduais 3 - Federais 4 - Particulares 5 - Santas Casas 6 - TOTAL

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(*) Título do livro de Glauco Carneiro sobre a Santa Casa de São Paulo. - Nos gráficos acima, a expressão Santa Casa engloba as instituições filantrópicas.

Catolicismo é uma publicação da Editora Pe. Belchior de

Pontes Ltda. (O 11) 824-9411 Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho. Jornalista responsável:

Mariza Mazzelli Costa do Lago (DTR-SP nº 23228). Redação e Gerência:

Rua Martim Francisco, 665 01226-001 - São Paulo - SP Fotolitos:

Microformas Fotolitos Ltda. _Rua Javaés, 681 - São Paulo - SP ·1 mpressão:

Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. Rua Javaés, 681 a 699 - São Paulo - SP

B-2 CATOLICISMO,NOVEMBRO 1994

Algumas grandezas

S

e alguém quiser analisar com imparcialidade a Medicina no Brasil encontrará, por certo, aspectos positivos. Alguns exemplos: O Hospital Alberto Einstein, de São Paulo, atingiu um patamar de excelência compatível com as melhores instituições do primeiro mundo. Seu setor de oncologia, por exemplo, utiliza irradiação local com baixas e altas doses de energia, através de implantes de sementes e agulhas radioativas. O setor de radiocirurgia opera tumores e malformações vasculares cerebrais por irradiação focal com dose única de elevada energia. A implantação exigiu a integração de diferentes sistemas de obtenção de imagens, com aceleradores lineares. O nível de satisfação dos pacientes do Albert Einstein, constante em seu relatório anual, é de 99%.

As misérias (não poucas)

qual viabilizou que o INCOR se transformasse no que é hoje: o hospital de referência na área de cardiologia.

Na rede estatal, o Hospital das Clínicas de São Paulo, com todos os seus problemas, é o maior da América Latina e um dos maiores complexos hospitalares do mundo. Para ele acorrem inclusive pacientes dos países vizinhos. O hospital é dotado de aparelho de ressonância magnética, que detecta anomalias em microrregiões do corpo humano; angiografia digital, para desobstruir obstáculos da circulação sanguínea e renal; quatro tomógrafos ultracomputarizados, aparelhos de ultrassonografia que permitem localizar fístulas artériovenosas. Somente em seu pronto-socorro, há 2 400 leitos e 33 salas de cirurgia.

Pioneiro em transplantes de coração na América Latina, o INCOR já realizou mais de uma centena de cirurgias desse tipo. Neste ano, a instituição está desenvolvendo um tipo inédito de transplante coclear tendo, além disto, colocado em funcionamento dois equipamentos de ressonância magnética, com tecnologia de ponta, os quais representam o que há de mais moderno em termos de diagnóstico por imagem. O projeto contou com a participação finance~ra de empresários brasileiros.

Em 1975 foi inaugurado, no Complexo Hospitalar das Clínicas, o Instituto do Coração (JNCOR). Nãq funcionava ele de acordo com as necessidades, em decorrência da falta de recursos, até que o Prof E. J. Zerbini convocou uma reunião de empresários bem sucedidos.

No Hospital Modelo, também na Capital paulista, foi desenvolvido um método de identificação de recém-nascidos inteiramente inédito. As informações do DNA da mãe e da criança são recolhidos e armazenados por cinco anos, eliminando a possibilidade de dúvidas sobre a troca de bebês.

Foi então organizada uma fundação de direito privado, a

de infantil. Q Dos 5 60 milhões Quem recode consultas em nhece a cahospitais e postos rência é o de saúde mantidos próprio Mipelo governo fede.;;;, Decretos governanistro da Saúde, ral, estadual ou mentais reconheceHenrique Santilmunicipal no ano ram o estado de calalo(4). de 1992, resultamidade pública na .;;;, Em 1991 havia no ram 13,6 milhões rede hospitalar inteRio de Janeiro 3 500 de internações. grada pelo SUS duas 80% das consultas pessoas submetenvezes.em apenas oito e 65% das internado-se a hemodiálise, meses (julho de ções tiveram como para compensar in1993 e março de causa fundamental suficiências renais. 1994). a falta de água poNo ano passado, elas tável e esgotos(9) . .;;;, As doenças infecforam 2 800. O núciosas estão voltanmero teria diminuí- .;;;, De 1980 a 1990 a do. Algumas delas do porque os doenpopulação cresceu eram consideradas tes estão morrendo 24,0 l % . Os leitos sob controle. Por por falta de assistênem estabelecimenexemplo a malária, cia(5). tos públicos de saúque teve mais de .;;;, de só aumentaram A rede pública joga meio milhão de ca1,64%., e os do seno lixo 45% dos mesos, a hanseníase, tor privado 5,7% dicamentos que adcom cerca de 30 mil (Documento "Estaquire, por estocagem casos notificados tística da Saúde precária, falta de fispor ano, a dengue e Assistência Médico calização, compras algumas outras. ReSanitária-1990" do inadequadas etc.(6). tornou o cólera e reIBGE(I0). crudesceram os ca- .;;;, 40% dos leitos do gosos de AIDS( 1). vemo paulista foram .;;;, Em termos de indesativados. No Rio vestimento em Saú.;;;, A Organizaçãq Munde pública, estamos de Janeiro, dez grandial de Saúde advercolocados em pedes hospitais bloqueatiu o Brasil de que núltimo lugar na ram 2 500 dos seus pode ter um surto de América Latina(l l). 4 .000 lugares (7). peste bubônica(2). transferência .;;;, Existem 65 mil fun- .;;;, "A das verbas federais .;;;. O Brasil é o único cionários do Ministépara os municípios, País do mundo em rio da Saúde lotados em 1991 e 1992, que aumentaram os no Rio de Janeiro. Se obedeceram quase casos de lepra, e é o todos resolvessem trasempre a pedidos segundo em número balhar, não haveria rede deputados e se- · de leprosos(3). partição, órgão, hospinadores. Foram 'ratal ou ambulatório, ou ç, Faltam soro reidraras as exceções' em tudo junto, capaz de tante, sulfas e penique prevaleceram acomodar tanta gencilina nos postos de critérios técnite" (8). saúde da rede públicos(l 2). ca, o que pode aumentar a mortalida-

@,'Üt··· .;;;, As filas na Saúde pública em São Paulo são de: D Raios-X convencional: 30 dias.

D Eletrocardiogra ma: 15 dias média;

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D Ultrassonografia: até 4 meses; D To mografia computadorizada: dois meses;

D Cirurgia de hérnia: nunca menos de seis meses, até três anos; D Cirurgia de câncer na mama: três meses;

D Cirurgia no coração: até anos(l3).

dois

NOTAS 1 - "Relatório do Brasil para a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento", dezembro de 1993, p. 162. 2 - " O Estado de 6-94. 3-

S.Paulo",

14-

"O Estado de S.Paulo", 4-794.

4-

"O Estado de S.Paulo", 246-94 .

5 - "Veja", 18-8-93. 6 - "O Globo", 25-1-93 7 - "Veja", 18-8-93. 8 - "Jornal do Brasil", 15-1-94 9 - Pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), mencionada em "Medicina Social" , maio de 1994. "O Estado de S.Paulo", 18-4-

92 10- "Jornal da Tarde", 15-7-93 11 - "Jornal da Tarde", 11--6-93 12 - "Jornal da Tarde", 11--6-93 13 - "O Estado de S.Paulo", 117-94.


O que aconteceu com a Saúde no Brasil após a Constituição de 1988 A

Por ANTONIO 1-OPLANODA ESQUERDA

C

OMO se sabe, os primeiros projetos sobre o capítulo da Saúde na Constituinte de 87/88 caracterizavam-se por uma tendência fortemente esquerdista e estatizante. Tais projetos propunham a expropriação de hospitais particulares e sua incorporação ao sistema público, para constituir o chamado Sistema Único de Saúde, que daria assistência igualitária e universal de Saúde a todos os brasileiros, independentemente de seu poder econômico. Esse sistema previa também uma "racionalização do serviço público", ou seja, a unificação da assistência prestada pela Federação, pelos Estados e pelos Municípios.

2-REAÇÃO A reação foi grande, inclusive com marcante participação da TFP, que através de sua Comissão de Estudos Médicos publicou extenso manifesto sobre o assunto em cerca de 20 jornais do País. A esquerda foi obrigada a recuar, desistindo da expropriação dos hospitais, mas bateu pé firme na unificação do serviço público, que acabou sendo aprovado, com o apoio do chamado "Centrão".

3 - PREOCUPAÇÃO E RECEIO As pessoas de bom senso duvidavam do resultado desta unificação proposta pela esquerda, mesmo quando aplicado apenas ao serviço público (seja pelo gigantismo da máquina burocrática que ia ser criada, seja pela possibilidade de, no Brasil, a Saúde ser transformada num instrumento de poder político dos partidos dominantes). Infelizmente, foi isso que aconteceu.

4 - COMO FUNCIONAVA O SISTEMA PÚBLICO ANTES DE 88 Anteriormente, cada esfera governamental ocupava-se de um tipo de atribuição: a) O Ministério da Saúde estava encarregado de legislar e de combater as epidemias; b) Os Estados encarregavam-se, geralmente, dos hõspitais-escola e da assistêi:1c1a a algumas endemias específicas (tuberculose, lepra, etc.); c) Os Municípios se encarregavam dos pronto socorros, da puericultura, dos asilos etc. Isso constituía a chamada rede pública. Além da rede pública existia a Previdência Social (INPS), que dava assistência aos segurados, ou seja, àqueles que pagavam o Seguro Social. Havia também uma quinta força muito ponderável que eram as Santas

e.

LARA DUCA (*)

Casas. Elas são entidades autônomas que recebiam donativos particulares e algumas vezes públicos (geralmente prefeituras). E se encarregavam da assistência a todos aqueles que não pagavam o Seguro Social, ou seja, o INPS.

=

5-OQUE ACONTECEU COMA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO Pelo Sistema Único, aprovado pela Constituição de 1988 e regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde e pela Lei Orgânica da Previdência Social, todos esses cinco sistemas de atendimento foram unificados sob uma única direção (Ministério da Saúde). Os orçamentos também convergiram para uma única mão, a quem competia distribuí-los de acordo com as "necessidades" de cada região do País. O resultado foi catastrófico, pelos seguintes motivos:

?_oe~tes sendo atendidos no corredor do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas (SP). Esse corredor que Ja foi chamado de "corredor das macas", "avenida Baxter" (por causa de uma marca do soro qu~ fica pendurado nas paredes) e "corredor da morte", é um símbolo dos problemas da Saúde no Brasil (Foto: Folha Imagem /Juan Esteves)

l) Muitas pessoas que davam donativos para as Santas Casas deixaram de fazê-lo; 2) O mesmo aconteceu com os prefeitos que mantinham os pronto socorros e com os Estados que sustentavam os hospitais-escola e outras instituições de Saúde. Todo mundo ficou esperando chegar a verba federal, que acabou tendo que sair dos cofres da Previdência Social. Isto teve como conseqüência a falência da Previdência Social, que aliás teria acontecido por outras causas; 3) As Santas Casas, que antes tinham um orçamento equilibrado e acumulavam até grandes patrimônios, também entraram em situação de extrema penúria, seja porque deixaram de receber seus antigos proventos, seja porque passaram a ser obrigadas a atender a população do INAMPS (atualmente SUS); 4) A máquina burocrática formada pelo SUS foi tão grande que os recursos chegavam atrasados até a ponta final da rede, e em muito menor quantidade do que necessário, levando as Santas Casas e outros hospitais públicos à extrema carência de medicamentos, roupas de cama, alimentação etc. Grande parte das verbas foi consumida para reforma dos gabinetes encarregados de manter essa imensa má-

quina burocrática. Ou em projetos faraônicos próprios a alimentar a vaidade, quando não os bolsos de políticos vaidosos e vorazes (de qualquer forma, sempre com objetivos eleitorais); 5) A distribuição do dinheiro transformou-se numa máquina de acordos políticos, ora entre o Poder Federal e os governadores, ora entre os governadores e os prefeitos, ora entre o Governo Federal e os prefeitos. Comprou-se apoio político e alianças partidárias a partir de uma distribuição mais ou menos generosa da verba da Saúde.

6 - A INICIATIVA PRIVADA TAMBÉM FOI PERSEGUIDA Como se sabe, o INAMPS não dispunha de hospitais para atender senão 20% das suas necessidades. Assim, desde a década de 60, o atendimento do INAMPS era feito por hospitais privados que recebiam "pro labore" (pelo serviço prestado). Praticou-se assim, desde aquela época, uma espécie de "terceirização". Seja por uma crônica perseguição de elementos esquerdistas colocados na cabeça da rede pública contra os hospitais particulares conveniados com o INAMPS, seja pela falta de recursos, esses hospitais conveniados foram estrangulados pela rede pública com tabelas baixíssimas de pagamen-

to, e geralmente atrasadas de vários meses. Isso levou-os a uma situação pré-falimentar. Assim, também parte da rede particular (daqueles hospitais que fizeram converuos com o INAMPS) acabou ficando contaminada pela precariedade da rede pública.

7-

RESULTADO

O resultado de tudo isso é que o Brasil hoje está com um Sistema de Saúde "quebrado", em todos os sentidos da palavra. O uso da rede gratuita não é só um sacrificio, mas constitui um verdadeiro risco de vida. Esse foi o presente que a esquerda ofereceu ao Brasil no momento mesmo em que proclamava, alto e bom som, slogans revolucionários e demagógicos tais como: "a Saúde é um direito de todos e um dever do Estado", "o atendimento será universal e igualitário", etc. Os trabalhadores que pagavam e pagam altas taxas de Seguro Social levaram um imenso calote por parte da esquerda e do Governo: continuaram a pagar altas taxas de seguro, mas tiveram o atendimento prestado pelo INAMPS piorado e feito conjuntamente com os indigentes, em situação filosoficamente "igualitária". (*) Médico do trabalho, perito judicial e membro da Comissão de Estudos Médicos da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP).

CATOLICISMO, NOVEMBRO 1994

B-3


Entrevista de Reinhold Stephanes

A atividade privada na Saúde cresceu, exatamente quando maiores eram as restrições a seu funcionamento

Mais adiante, definiu-se que a assistência médica seria atendida de acordo com a disponibilidade de recursos. Assim, caso não houvesse sobras no sistema de seguro social, a assistência médica não se realizaria. O que na prática era impossível, pois a população já incorporara a assistência médica como um direito. Assim, a assistência médica pouco a pouco deixou de ser pessoal, familiar, para tornarse coletiva, massificada. As pessoas envolvidas nesse processo de mudança pouco se deram conta do fenômeno.

O

Aí começa a crise... R. Stephanes - A mudança de uma sociedade préindustrial e rural para uma sociedade industrial e urbana, sem o devido preparo ou maturação para uma adaptação social mais adequada, somouse aos problemas internos do setor da Saúde. Assim é que afloraram problemas graves de educação, nutrição e saneamento básico, sensivelmente agravados pelo desenrolar da urbanização.

N

O DEBATE sobre o momentoso tenui da Saúde no Brasil, há unui voz que todos desejam ouvir. É a de Reinhold Stephanes, que entretanto não é médico.

Dá-se que os problenuis da Saúde e da Previdência Social encontram-se estreitamente enlaçados no sistema atual, por vínt:ulos estruturais e orçamentários. Ora, em matéria de Previdência ninguém pode apresentar curriculo semelhante ao entrevistado, e em termos de Saúde, considerada ela em seus macro-aspectos, poucos podem ombrear com sua competência. Economista, com curso de especialização em administração pública na Alenuinha, Reinhold Stephanes ocupou diversos cargos públicos. Notadamente, esteve à testa da Previdência Social como presidente do INPS, de 1974 a 1978, e como Ministro do Trabalho e Previdência Social, de janeiro a outubro de 1992. ProJessor da Universidade Católica do Paraná e do Centro Universitário de Brasília, deputado e membro da Comissão de Seguridade Social e Família da Cânuira dos Deputados, Reinhold Stephanes é autor da obra "Previdência Social - unui solução gerencial e estrutural "(Ed. Síntese, Porto Alegre, 1993).

O O Estado sempre teve o papel que hoje desempenha na assistência médica? R. Stephanes - Até o final dos anos 50, predominava o atendimento médico particular. A partir da década de 1960, a Previdência Social passou a assumir gradativamente o compromisso de promover condições de acesso ao atendimento médico ambulatorial e hospitalar para os trabalhadores contribuintes e suas familias. Inicialmente a prestação desse serviço foi possível em função da sobra de recursos gerados pelo sistema previdenciá'.Tio, o qual era jovem e produzia mais entradas que saídas.

O

O Sr. elenca, em seu "Previdência social: unui solução gerencial e estrutural", dez grandes planos para solucionar o problenui da Saúde, nunui impressionante sucessão de siglas, hoje parecidas com fantasnuis sem alma: SUSEMI, PLUS, PIASS, PREV-SAÚDE, CONASP, PAIS etc. Todos, sem exceção, fracassaram. A que se deveu tal insucesso?

atividades do Estado na área da Saúde e, a longo prazo, sua completa estatização. Até aqui, os resultados do SUS foram negativos. Quanto maiores as preocupações e as iniciativas do governo na área da Saúde, menores foram os resultados obtidos. Por outro lado, a atividade privada na Saúde cresceu, exatamente quando maiores eram as restrições a seu funcionamento.

O É um paradoxo! Como se pode explicar unui coisa dessas? R. Stephanes - A atividade do setor privado cresceu pelo aumento da clientela que vai individualmente procurar assistência quando acometida de doença, por encontrar sérias dificuldades em obter atendimento estatal. A Constituição curiosamente diz que "a iniciativa privada deve participar das responsabilidades do Estado apenas de forma complementar". Mas a rede privada de hospitais detém 75% da capacidade de leitos instalada no País! Esse trecho da Constituição é um exemplo do discurso estatizante dos anos 80 ...

O Realmente, de acordo com a doutrina social católica, tal qual é tradicionalmente exposta pelos Papas, o verdadeiro é exatamente o contrário: a atuação do Estado é que deve ser complementar. É o princípio de subsidiariedade, pelo qual o Estado não deve executar o que as entidades menores que ele podem fazer por si. O Sr. é a favor desse princípio? R. Stephanes R. Stephanes - Todos eles representavam - Sou a favor decisões polítidesse princícas, sem compio. No Brasil, promisso com ele se exprime através do lara realidade. As As experiências go papel ocufontes de fiuniversais de estatização pado pela menanciamento demonstram o baixo dicina particunão estavam desenvolvimento da sua lar. Também definidas. O Medicina, em comparação pela necessidaclientelismo com os países onde político desde de descenpredomina a livre viava parte dos tralizar e regioiniciativa. recursos exisnalizar a Saúde tentes. Além pública. O pródisso, a polêmica estatização prio princípio de regionalizaversus privatização não estava ção vai hierarquizando as colocada em termos adequaações. É o que teoricamente dos. deveria fazer o SUS, mas não faz por falta de organicidade na execução. É uma descentraO Agora temos o SUS. lização a qualquer custo, sem Mudou algo? a devida organicidade. Esse é o grande erro. O Estado deve R. Stephanes - Na criaficar com um papel supletivo, ção do SUS (Serviço Único de que seria o principal em alguSaúde) tiveram grande particimas áreas especiais, como por pação os idealizadores da chaexemplo o saneamento básico, mada "Reforma Sanitária" e a prevenção das doenças etc. os promotores da VIII Conferência Nacional de Saúde. ObO Esse preconceito atejetivavam eles aumentar as nuou-se nos últimos anos?

B-4 CATOLICISMO, NOVEMBRO 1994

livro

o

R. Stephanes - Não. Para fortalecer o Estado, adotou-se como diretriz a diminuição da "transferência" de recursos ao setor privado como retribuição aos serviços contratados. Assim, à medidaque aumentavam as transferências de dinheiro para os Estados e Municípios, para que estes ampliassem as suas atenções à Saúde, diminuíam as cotas de prestação de serviço e, em conseqüência, os valores pagos à rede privada. Efetivamente a retribuição aos serviços contratados chegou a níveis muito baixos.

O Existem dados numéricos que o demonstrem? R. Stephanes - A média dos valores pagos pelos procedimentos aos hospitais privados, nos anos 80, equivale a 50% da retribuição feita na década anterior. E note que o custo das internações nos hospitais privados é seis vezes inferior ao dos hospitais públicos.

O É impressionante, e certamente tal fato trouxe trágicas conseqüências. R. Stephanes Esse fato, aliado aos constantes atrasos nos pagamentos, forçou a maioria dos hospitais de bom padrão a deixarem de atender a população previdenciária. Essa defasagem de preços levou muitos hospitais à prática de procedimentos irregulares, alguns até por questões de sobrevivência. O Dr. Jayme Rozembojm, médico de renome e consultor hospitalar, chegou a dizer que "enquanto os hospitais tiverem relacionamento com o Estado, com a Previdência, têm seu atestado de óbito assinado. Falta apenas preencherem a data, e isto é uma questão de morte lenta". Na realidade, nada nos indica que a melhor solução das questões de Saúde reside na sua estatização. As experiências universais de estatização, a exemplo da Rússia e da Inglaterra, demonstram, segundo a análise de seus próprios dirigentes, o alto custo, a precariedade do atendimento e o baixo desenvolvimento da sua Medicina, em comparação com os países de idêntico nível onde predomina a livre iniciativa.

O

Auditoria realizada pelo Ministério da Saúde em mil hospitais públicos e privados encontrou inúmeras fraudes no sus, e não só nos hospitais privados; parece que principalmente nos da rede pública.

R. Stephanes --0 mesmo Dr. Jayme Rozembojm afirmou que "saem todos os dias nos jornais as fraudes que os hospitais fazem contra a Previdência, alguns dentro de um

é a hierarquü a calma se

a ordem se socialista. Em o exercício d Subsidiarieda os entrevistad


~m ruptura, ~tagnação, 1fobação, ourocrac1a, .anificação tras palavras, •rincípio de de que falam desta página

Entrevista de Reinhold Stephanes universo muito grande, mas ninguém fala da fraude que a Previdência comete contra os hospitais, roubando sistematicamente todo dia".

O Dentro do sistema de Saúde brasileiro, qual o papel das Santas Casas de Misericórdia ? R. Stephanes - Historicamente as Santas Casas desempenharam um papel extremamente importante na sociedade. Mais recentemente, elas tendem a se transformar em instituições de Saúde semelhantes a qualquer outra privada. Em certas regiões elas

representam 60% da assistência médica. Hoje, muitas fimcionam como hospitais comuns, inclusive cobrando as consultas dos que podem pagar, para financiar os que não o podem.

devem continuar existindo. Aperfeiçoando-se continuamente, é claro. Nas condições atuais, não é possível pura e simplesmente devolver tais doentes mentais para suas famílias .

O Como o Sr. se posiciona na polêmica pela supressão ou não dos hospitais psiquiátricos ?

O Por onde deveria caminhar, a seu ver, a solução dos problemas da Saúde brasileira?

R. Stephanes-Tentaram a supressão na Itália e deu tudo errado. Embora considere que certo tipo de manicômios quase contribui mais para a produção de doentes mentais do que para sua cura, acho que eles

R. Stephanes - Sabendo-se que o nosso sistema médico-assistencial é pluralista, torna-se fundamental que assim, finalmente, seja entendido e coordenado. Indubitavelmente, a atuação da iniciativa privada tem

· em muito contribuído para evitar uma situação bem mais dificil na Saúde. Não é possível que ainda sejam admitidas restrições político-ideológicas e preconceitos quanto à atuação da livre iniciativa na área da Saúde, considerando-se que sua capacidade instalada é grande e pode ser perfeitamente integrada dentro de um plano de regionalização e hierarquização. Igualmente relevante é a definição de fontes de custeio. Prioridade e qualidade assistencial relacionam-se a questões ~e orçamento.

Entrevista do Prof. José Cretella Jr. Pode o Estado interferir nos planos de saúde particulares, alegando a necessidade de proteger os usuários? É a pergunta que está no ar, desde que o Conselho Federal de Medicina (CFM) baixou a resolução nº 1401, emll de novembro de 1993, de conteúdo intervencionista. A partir de então, trava-se acesa batalha no campo jurídico. As entidades particulares de assistência à Saúde marcaram sua primeira vitória importante com a decisão do j uiz A loísio Palmeira Lima, do 1 º Tribunal Regional Federal de Brasllia, que em 17 de agosto do co"ente suspendeu integralmente a vigência da resolução do CFM. "Os tecnocratas socialistas conseguiram acabar com o serviço público de atendimento hospitalar e, agora, não satisfeitos, querem estatizar, com o objetivo de exterminar, os contratos dos serviços privados de assistência à saúde". Essa apreciação severa é do jurista e ex-ministro da Justiça Saulo Ramos(*). Uma vez que o que está em jogo,nocaso,éoprópriofuncionamento da Medicina particular, CATOUCISMO quis ouvir a respeito a abalizada opinião do Prof. José Cretella Jr., constitucionalista, professor titular de Direito Administrativo da Universidade de São Paulo, e autor de numerosas e conhecidas obras.

O A mídia tem emprestado ampla repercussão à polêmica que se trava presentemente em torno dos chamados planos de saúde. O Governo está tentando obrigar as empresas de assistência médica a conceder a seus clientes total liberdade de escolha de médicos, hospitais e laboratórios.

Os contratos também deveriam incluir, obrigatoriamente, o tratamento de toda e qualquer enfermidade prevista no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde. CretellaJr. - Dito de outra

mamente ameaçado por problemas cardíacos, ou ache que o atendimento estatal nesse campo é satisfatório ( como realmente acontece). Por que obrigá-la a fazer um contrato mais dispendioso, incluindo serviços que não vai utilizar?

forma, a lei proibiria escolhas mais econômicas. O atendimento obrigatoriamente deveria ser do nível dos melhores e mais caros planos de saúde atualmente existentes.

O Como se deve conside-

O Exatamente. A assistência médica mais barata, como conseqüência desses dispositivos legais, desapareceria do mercado.

rar tal questão do ponto de vista da liberdade de contrato e de outros requisitos fundamentais do Estado de Direito consignados na Constituição ? Cretella Jr. A Constituição de 88 é muito clara quando afirma que "a assistência à Saúde é livre à iniciativa privada" (art. 199). Além disso, na pretensão do Estado de intervir arbitrariamente nos planos de saúde há sem dúvida uma afronta à liberdade de contrato. E a liberdade de contrato pode ser considerada coluna mestra do Direito Privado, ao lado do Direito de Propriedade.

Na pretensão do Estado de intervir arbitrariamente nos planos de saúde há sem dúvida uma afronta à liberdade de contrato, coluna mestra do Direito Privado.

Cretella Jr. - Francamente, seria como o Estado obrigar qualquer pessoa que vá a um restaurante a tomar sobremesa, quer deseje, quer não, seja ou não vedado ao seu regime alimentar. Como fica quem só tiver dinheiro ou apetite para o primeiro prato? É quase ridículo. Dou outro exemplo, também hipotético. Alguém se considera sob ameaça de roubos, mas não de incêndios. O Estado baixa uma lei segundo a qual todos os seguros contra roubos também devem passar a cobrir incêndios. Aparentemente, se essa pessoa fizer um seguro, vai ser favorecida pela lei. Mas, de fato, será prejudicada, pois vai ter de pagar por algo que não lhe é necessário. No campo da saúde sucede o mesmo. Vamos imaginar alguém que não se sinta proxi-

A intervenção do Estado no conteúdo dos contratos só é cabível para preservar a ordem pública e os bons costumes. Ou. então para evitar abusos. De modo geral, não parece ser o caso no que toca aos planos de Saúde. Há um equilíbrio entre as partes, mesmo porque 80% desses contratos de saúde são celebrados de empresa a empresa. A figura do coitadinho, indefeso diante da todo poderosa seguradora, não se revela objetiva, em grande número de casos.

O Mas,

e se houver abu-

sos?

Cretella Jr. - "Abusus non tollit usus". Não é por que há abusos que se vai acabar com a liberdade de contrato. Da mesma forma como não se vai cassar a licença de todos os motoristas, devido ao fato de alguns dirigirem embriagados.

O Com isso, o Estado extrapolaria de suas verdadeiras funções? Cretella Jr. - Sem dúvida. Há um princípio da doutrina social católica segundo o qual o Estado e as sociedades maiores não devem se imiscuir no que os particulares e as sociedades menores, por exemplo a família, podem fazer por si. É o princípio da subsidiariedade ou de complementariedade. Ele vale também para os contratos.

O Como brasileiro, o sr. prevê conseqüências negativas caso a intervenção nos planos de saúde se concretize ? Cretella Jr. - Sim, sob dois aspectos. Por um lado, vai-se onerar desnecessariamente tanto as empresas de assistência médica quanto os usuários. Estes terão de pagar mensalidades muito mais altas. Grande número deles terá de desistir. Haverá uma restrição brusca da demanda, o que vai prejudicar toda a Medicina particular. Por outro lado, ficará abalado o instituto da liberdade de contrato, que os esquerdistas consideram característica do "direito burguês", mas que, como já disse, é coluna mestra do Direitt> Privado, ao lado do Direito de Propriedade. (*} "Tecnocratas não· podem mais legislar", "O Estado de S.Paulo", 15-5-94.


FORA DO PRINCÍPIO DE SUBSIDIARIEDADE NÃO HAVERÁ SOLUÇÃO Por LEO DANIELE (*)

F

A Universidade de Harvard possui um centro de altos estudos de administração. Esse centro consagra a volta aó princípio de subsidiariedade como requisito de uma boa administração . Refloresce o bom-senso ... B-6 CATOLICISMO, NOVEMBRO 1994

alta organicidade na Saúde pública do Brasil. Quem o afirma, do alto de sua experiência de duas gestões na Previdência Social, é Reinhold Stephanes, na entrevista ao lado. Essa afirmação é cheia de conteúdo. Com efeito, a organicidade é um divisor de águas em matéria de concepções da sociedade, que se desdobram em princípios de administração e mesmo de bom viver. A alternativa é clara: ou a sociedade será orgânica ou mecânica. Ou suas partes estarão umas para as outras como órgãos vivos dentro de um mesmo corpo, ou como frias engrenagens dentro de uma máquina tocada por um motor central. A parte estatizada da Medicina no Brasil funciona ao modo mecânico. Mesmo seus eventuais pontos positivos ressentem-se dessa fundamental falta de organicidade. Pelo contrário, a Medicina particular geralmente opera de modo orgânico. Ainda que considerada em seus defeitos, ela tem uma virtude essencial, que é a organicidade.

nheiro, e funciona durante anos e anos com agrado geral. Ele morre e a propriedade é dividida entre os filhos. De repente, aparecem complicados problemas de engenharia nas pilastras. O que o proprietário de uma só fazenda imensa podia fazer, os proprietários-mirim, seus herdeiros, não conseguem mais executar. A quem incumbiria, em sã doutrina, reconstruir a ponte? Pode-se imaginar uma quotização entre vizinhos. Se esta falhar, em tese é ao Município, tomado como instância imediatamente superior. Na falta deste, ao Estado. Não podendo este, à União(2). Note-se que, nesse exemplo singelo, não há choque entre o Estado e os particulares. Cada instância repousa sobre a inferior, e a complementa. As mais altas não invadem o campo que pode razoavelmente caber às inferiores. Tudo caminha de modo orgânico, natural. No sistema estatista tudo ocorreria de forma radicalmente diversa, em meio a montanhas de papel e numa dança frenética de siglas.

A ponte em perigo: alguém poderá perguntar, precipitadamente: Então, por que não se privatiza tudo? Uma privatização apriorística e forçada de todo o sistema da Saúde, embora simpática por alguns lados, também não estaria livre da objeção de falta de organicidade. Seria adotar o velho princípio do " Estado gendarme": "laissez faire, laissez passer, le monde va de lui-même"(l). O Estado tem uma razão de ser própria, e negar seu papel seria tender para a anarquia, o tribalismo. Qual seria, então, o critério pelo qual se privatiza ou não se privatiza? Para o responder, é interessante lançar mão de um exemplo. Imagine-se determinada fazenda cortada em duas partes por um rio. O proprietário nela constrói uma ponte magnífica, que lhe custa muito di-

A simplicidade de um princípio de alto nível. O exemplo da ponte recontruída organicamente nada mais é que a filmagem, em c~mara lenta, do funcionamento de um dos elementos fundamentais da Doutrina Social Católica: o princípio de subsidiariedade (3). Esse princípio tão sábio, tão consolidado pela experiência, depois de ter sido arquivado pelo socialismo estatizante vive nos presentes dias uma nova primavera. Está sendo apontado por setores cada vez mais amplos como sohwão para os grandes problemas dos governos. E até firmas de grande porte internacional, como a Shell, a Unilever, e muitas outras, chegaram à conclusão de que aí está a grande solução para seus problemas estruturais(4 ). A palavra "subsidiariedade" deriva do latim subsidium. As tropas romanas se dividiam em dois blocos: as de

ação no front (prima acies) e as de reserva (subsidiarii cohortes)(5). O termo exprime com energia a idéia de ajuda complementar. Pelo princípio de subsidiariedade, o Estado e as sociedades maiores não podem ir além de uma função complementar. Não devem fazer aquilo que as sociedades médias podem fazer, e estas, por sua vez, não devem fazer aquilo que as sociedades pequenas e as famílias podem realizar. Por outro lado, o Estado e as sociedades maiores devem fazer com presteza e exatidão tudo aquilo que escape às possibilidades das menores (cfr. "Verdades Esquecidas", p. Al 7) nesta edição. A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, possui um centro de altos estudos de administração. Na "Harvard Business Review" (6),' esse centro consagra a volta ao princípio de subsidiariedade como requisito de uma boa administração (página o lado). Refloresce o bom-senso ...

"Roubando decisões" Numa estrutura orgânica, em que opere a todo vapor o princípio de subsidiariedade, uma espécie de delito máximo é o que a "Harvard Business Review" chama de" roubo de de. ,, c1soes . Se as sociedades maiores, em vez de deixar as menores resolverem por si aquilo que lhes é proporcional, puserem-se a tomar decisões em lugar delas, no fundo as estarão dilapidando. Pois essa capacidade de decisão, que lhes é subtraída sem causa, vai acabar se atrofiando por falta de uso. E quem perde é toda a sociedade. Teremos então o que o grande Metternich, em saboroso trecho de suas memórias, chama de cascata ascendente: "A burocracia não anda, ela é ·estacionária por natureza; nela as camadas inferiores, em vez de apoiar as superiores, apóiam-se sobre elas; a administração toma o lugar do governo, e o governo desaparece

-


sob o peso dos detalhes que o esmagam. Mas o que acontece com a camada que deveria ser a da administração? Ela se encarrega do governo, ou seja, dõ que não está na proporção de suas forças; e quando ela chega a esse ponto, acaba por se limitar a pedir ordens aos superiores, o que, sob a forma de uma cascata ascendente (esse contra-senso moral e material), acaba por afogar o chefe de Estado num dilúvio de pormenores, e priva o próprio Estado de to'da ação" (7). Infelizmente, é o que estamos vendo todos os dias. Inclusive em matéria de Saúde pública. Como bem observou Reinhold Stephanes, a própria Constituição estabelece que as instituições privadas poderão participar de forma complementar "do sistema de saúde, o que é um exemplo do discurso ·estatizante dos anos 80". Pelo princípio de subsidiariedade, a ação do Estado é que deveria ser complementar. Aqui está um ponto interessante para uma revisão constitucional que porventura aconteça.

Se a descentralização é boa - e ela realmente o é-, por que colocar a União, o Estado e os Municípios como centro, cérebro e motor da Medicina no Brasil? Por que não atribuir ao Estado uma função meramente complementar, como pede o princípio da subsidiariedade? Se é para descentralizar.. . Esse exatamente é o problema da mentalidade de esquerda: mesmo quando seus corifeus dizem querer descentralizar, sempre estão centralizando, tudo em função de um plano apriorístico, rígido, decidido nos círculos internos do Poder. Para os socialistas, no princípio era o plano, o plano é tudo e o plano tem o monopólio da luz .. . Tudo o que está fora do plano são trevas. O "roubo das decisões" é a suprema virtude. Até parece que os socialistas se esquecem de que uma cascata ascendente vai tão contra a natureza quanto uma roda quadrada.. . Depois do fracasso do chamado "socialismo real", era de se esperar outra coisa deles.

A descentralização/centralizada do Sr. Pinotti. Mas, dirá alguém, o SUDS (Sistema

O papel do Estado.

Únjco Descentralizado de Saúde), ho)e chamado de SUS (Sistema Unico de Saúde), é exatamente isso: o que se pretende é a descentralização. Em recente artigo, José Aristodemo Pinotti, pessoa fortemente restritiva à Medicina particular, clamou em altos brados pela descentralização do gerenciamento do sistema de Saúde(8). Essa atitude poderia parecer louvável. Mas não o é senão na casca, pois não prima pela coerência.

Como já se viu, nada disso implica em negar o papel do Estado na assistência médica. Não deve ele intrometer-se naquilo que as sociedades intermediárias e pequenas podem fazer por si, adequadamente. Mas isso tem uma contrapartida: deve ele fazer com presteza, eficácia e inteiramente tudo quanto aquelas não podem executar. E desempenhar-se do papel que lhe é próprio. O exemplo que logo ocorre à mente é o saneamento básico. Com efeito, segundo a Organização Mundial da

~ E

razaável aplicar princípios políticos à direção das grandes empresas? Sim, responde Charles Handy, na prestigiosa "Harvard Business Review"(*). Isto porque "estas estão sendo vistas mais como mini-sociedades do que como sistemas impessoais". Com base nessa convicção, a "Harvard Business Review" oferece a seus seletos leitores uma maneira de solucionar os paradoxos do poder e controle: uma receita de como tornar grandes as coisas mantendo-as pequenas; como encorajar a autonomia, mas dentro de certos limites; de que forma combinar variedade e fina lidade comum, individualidade e associação. "Mudem-se alguns termos" - diz o autor - "e estes problemas políticos poderão ser encontrados nas agendas dos diretores da maioria das grandes empresas mundiais". _ Companhias em todos os países éÍ tão se movendo na mesma direção:

Saúde, em 80% das consultas e 65% das internações realizadas em 1992 a causa fundamental foi a falta de água potável e esgotos . Ainda que não seJa absurdo confiar esse trabalho preventivo à iniciativa particular, é ele de uma índole que o torna mais adequado à ação estatal(9). Como diminuir o tamanho do Estado no que diz respeito à Saúde pública? Não cabe a CATOLICISMO enveredar pelo terreno técnico, que não é o seu. Registre-se, entretanto, a existência em tramitação de projeto do deputado mineiro Genésio Bernardino (PMDB-MG)(l0). Tal projeto prevê a livre opção dos empregadores ou dos empregados pelos serviços do ou da iniciativa privada. Neste último caso, a contribuição social a serrecolhida aos cofres do Estado sofreria uma dedução de apenas 22% . Outra hipótese, em rota de colisão com os mitos da esquerda, é a levantada por Antonio C. Lara Duca. Consistiria em criar um fundo de saúde pessoal semelhante ao FGTS, deixando cada qualescolher seu médico particular, utilizando seu próprio fundo de saúde de maneira inteiramente independente do Poder Públ ico. Ou seja, em vez de a empresa ou o empregado darem seu dinheiro para o gov_e mo administrar, esse dinheiro seria depositado em um fundo a ser usado exclusivamente em tratamento médico. Mas ao arbítrio do próprio interessado. Isso não implicaria na eliminação da rede pública de assistência, a qual

sus

General Electric, Johnson & Johnson, Coca-Cola, British Petroleum, Honda, Shell, Unilever, etc. As idéias básicas são:

E

m princípio, o Estado, dispondo do governo do País, é o maior responsável por seu futuro, pela salvação pública, por seu progresso. Nessas condições, os interesses gerais da Nação são tutelados pelo Estado.

M

as fora das atividades normais do Estado há um mundo de outras que pertencem à esfera dos particulares. O Estado não tem de se intrometer nelas.

D

e acordo com os impulsos das pessoas privadas, com o estado de espírito preponderante no País, com o tipo de cultura nacional, com a religião sobretudo, vai-se formando no conjunto da opinião pública 1:1m certo modo de ver e sentir as coisas. Os particulares devem desenvolver suas ativ idades de acordo com tais propensões. •

O

Estado deveria estar ausente desse processo, e só intervir quando os indivíduos, por uma determinada limitação ou por uma determinada fraqueza, não pudessem resolver por si os seus problemas. Então o Estado interviria, mas de maneira subsidiária".

Plinio Corrêa de Oliveira, 29/7/94

continuaria a funcionar com outras dotações que não a da Previdência Social, para atendimento dos desvalidos. No campo da Previdência Social, soluções análogas às propostas que registramos acima têm dado bons resultados em três países nossos vizinhos: o Chile, o Peru e, mais recentemente, a Argentina. Mas o importante é arejar o ambiente da Saúde no Brasil, tirando de circulação o modelo estatista, pelo qual um Estado que, no caso concreto, nada tem de paterno, faz pose de pai enquanto condena todos os " paternal is,, mos .

(*) Advogado em São Paulo.

dade tal como é expresso pelos Papas, consagra-o como o primeiro e mais importante elemento dentro dessa nova visão das coisas.

"Um or- as pesganismo supesoas preferem rior não deveser lideradas a ria tomar as ser dirigidas ou, responsabilid em autos terades que permos, a influêntencem proPor ROBERTO WASILEWSKI cia é mais efipriamente a ciente do que o um organismo mando. inferior, é como uma encíclica papal - uma autonomia bem entendida de I 941 define esse sistema, uma vez que a subsidiariedade é parte da dougera energia; trina católica há muito tempo. O Es- convém que as pessoas façam taáo não deve fa zer o que a família fa z as coisas a seu modo, desde que seja melhor, é um exemplo do mesmo prinno interesse do bem comum; cípio. 'Roubar as decisões de outros Como se vê, esses princípios é errado', poderia ser outra forma de configuram mais um modo de ·vida enunciar o mesmo ". que uma estrutura política. Todos os que administram são O autor compara tais idéias com tentados a roubar as decisões de seus o federalismo. Mencionando expres- subordinados. A subsidiarieaade resamente o princípio de subsidiarieq.uer, pelo contrário, que eles estimu-

Recado

NOTAS 1 - Deixe fazer, deixe passar, o mundo caminha por si mesmo. 2 - Exemplo apresentado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em conferência pronunciada em 29-7-94, em São Paulo, no auditório da TFP. 3 - O princípio de subsidiariedade foi ensinado por Pio XI e retomado pelos Papas sucessivos, notadamente por João XXIII na encíclica "Mater et Magistra" (nº 50 ss.). Ver seção "Verdades Esquecidas", em outro local desta edição. 4 - "HaíWard Business Review", novembro-dezembro de 1992, p. 59.

5 - Cfr. Cardeal Joseph Hõffner, "Doutrina Social Cristã". Edições Loyola, São Paulo, 1986. P. 35 ss. 6 - Novembro-dezembro de 1992, p. 59. 7 - "Memórias", t. VII, p. 575., citado por G. de Berthier de Sauvigny, "Metternich et son temps", Hachette, Paris, 1959, p. 62. 8 - "O Estado de S.Paulo", 8-7-94 9 - "''Medicina Social", maio de 1994. "O Estado de S.Paulo", 18-4-92. 1O - Projeto de Lei nº 3.931, de 1993.

lem estes subordinados a tomar suas decisões da melhor forma, por meio de treinamento, conselho e apoio. Só se a decisão prejudicasse substancialmente a organização é que o administrador seria autorizado a intervir, da mesma forma como, em aviação, o instrutor permite que o aluno cometa erros, desde que não provoque um desastre. É a única forma de o aluno aprender a voar sozinho. O aspecto unidade também não pode ser esquecido e, nesse sentido, o autor aponta, entre outros elementos, para a necessidade dos símbolos, que exercem um grande papel apresentando uma bandeira comum.

Eis o recado, vindo de Harvard, para os que cuidam de administração pública no Bras'il.

(*) "Balancing Corporate Power - A New Federalist Paper" - Novembro/dezembro 1992.

#

CATOLICISMO, NOVEMBRO 1994

B-7


Uma cidade chamada Santa Casa de São Paulo

O

Belo, o Bom e o Verdadeiro se encontram e se abraçam, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - como aliás em tantas outras Santas Casas do Brasil - .

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo: à direita, fachada principal. À esquerda, do alto a baixo: vista do terraço do primeiro andar, campanário da capela, um dos pavilhões laterais

tidas nesse nome, não constituem pináculos que se contemplam mutuamente? Quem, mas quem, poderá julgar que será viável resolver todos os problemas da Saúde brasileira só com decretos e medidas admirJstativas, sem bondade? Que o digam os 4 mil pacientes que a Santa Casa de São Paulo atende por dia, ou os cem que quotidianamente aí são operados. Ou os doentes das 2. 500 Santas Casas espalhadas por todo o Brasil.

Comecemos pelo Verdadeiro. A Verdade é a adequação da inteligência à Realidade, e a realidade da vida inclui a Dor. Como ensina magnificamente Plínio Corrêa de Oliveira, "não devemos fugir do sofrimento, como de um espantalho ou de um fantasma. Devemos avançar ao longo da vida através da série das ogivas do sofrimento que nos conduzem ao vitral magnífico da morte, que se abre de par em par para que vejamos o Céu".

Quanto ao Belo, o leitor o tem diante dos olhos, realçando a Verdade, inspirando a Bondade, mitigando a dor.

Bondade: quem poderá traduzir adequadamente todo o manancial dessa virtude que o simples nome Santa Casa de Misericórdia já faz entrever de maneira tão poética e expressiva? A Santidade e a Misericórdia, ambas con-

O esplendor da Santa Casa inspira muitas reflexões. Entre elas, a seguinte: por que será que a Santa Casa de Misericórdia não é mais conhecida e admirada, mesmo entre os próprios paulistanos?


ber1él1c____ _

Q A'.\1BIENTE da fotografia que ocupa esta contracapa carav teriza-se por uma encantadora simplicidade. A água da fonte jorra. através de um cano. da coluna de madeira. encimada por pitores o oratório. Sob uma cobertura gótica o santo padroeiro abençoa a minúscula localidade. O reserYatório ou poço. que contém a água proveniente da fonte. não poderia ser mais tosco e caseiro: um grande tonel de , inho . As casas. co m frontões entalhados, são típicas dos camponeses do Tirol: sob as janelas. balcões flo ridos ou singelas jardineiras alegram as fachadas brancas com a co r escarlate de suas flores.

Nas vias públicas do vilarejo, o cascalho faz as vezes de calçamento. E. para completar o quadro, a inocência infantil: duas meninas loiras observam. entretidas. o jato d'água que se precipita no tonel, à maneira de um chafariz popular. Apesar da simplicidade desses elementos presentes na aldeia de Fiz, no Tirol austríaco. é inegável que o conjunto é harmonioso e belo. Uma bênção divina paira no ar desse rincão do antigo Sacro Império Romano Alemão, em que a ordem temporal é osculada

pela espiritual, simbolizada esta última pelo oratório com o pa- . droeiro de Fiz, em sua pracinha central. A fotografia contida no círculo acima, à direita, representa mais um dos numerosos exemplos de bela tradição- tão peculiar da autêntica Civilização Cristã e ainda presente na Áustria de hoje: a interpenetração das esferas espiritual e temporal. Em plena rua, diante de casas camponesas em estilo da Francônia (região da Alemanha), o singelo oratório ostentando suas pequenas ogivas constitui pólo de atração e de piedade para os habitantes da aldeia austríaca de Widen.



CATOLICISMO 43 anos de luta, na fidelidade doutrinária

.,

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Nº 528 Dezembro

Discernindo, distinguindo, classificando...

1994

SENILIDADE DA ESQUERDA ABRE PERSPECTIVAS PARA A DIREITA A derrota de Lula e o tecuo do esquerdismo no Brasil. Aspecto não salientado pela mídia

A

popularidade de Lula veio decrescendo consideravelmente nos últimos tempos. E isto apesar de - especialmente desde a eleição presidencil;ll de 1989 até agora - os acontecimentos políticos brasileiros terem favorecido largamente o PT.

concomitantemente aos fatos que estamos analisando. Referimo-nos à queda da Cortina de Ferro e do Muro de Berlim. Diante desses fatos, a opinião pública mundial começou a abandonar o fatalismo quase hipnótico que a levava

De fato, tudo quanto cer- , cou a renúocia do Presidente Collor foi levar água para o moinho de seu principal opositor político, Lula Também os escândalos que a CPI do Orçamento pôs em foco praticamente não atingiram o PT, que se saiu como um partido impoluto. E, apesar disso, a popularidade da esquerda vem despencando continuamente. Alguém dirá: não é bem assim, pois o candidato eleito, Fernando Henrique Cardoso, também se afirma um homem de esquerda.

Cabe aqui dizer uma palavra de esclarecimento sobre a atuação da TFP dentro desse panorama. A TFP não é uma entidade politicopartidária. Se o fosse, ela teria que se submeter às leis eleitorais e não poderia prc tar ao Brasil todos os serviço que abundantemente prc ta cm seu amplo campo de ação. A atuação da TFP vemse fazendo cntir marcadamente, ao longo de décadas, no sentido de impedi r que o País resvale definitivamente para o abi mo co111uno-socialista. Perigo esse agora camuflado, ma bastante vivo e atua nte. ' uma ação de esclarecimento junto à opinião pública, com enorme aceitação. No sa publicc1ç cs, nossas caravanas que percorrem inintcrmptamcntc o Brasil de Norte a Sul, at6 os rinc cs mais afastados, nossa atuaçflo junto aos operários e trabalhadores a •rlcolas levam a todas as cidades e vi las, a todos os lares, a todos os individuo , a mensagem de esperança para 11111 Bra il cri tão.

Com a queda do Muro de Berlim (foto), em 1989, a opinião pública mundial começou aabandonar o fatalismo quase hipnótico que a levava para aesquerda

Quanto a isso não há dúvida. Mas não estamos analisando aqui a posição ideológica dos candidatos, e sim a da opinião pública. E a campanha de Cardoso foi imaginada pela massa da população como situada muito mais à direita do que a de Lula

para a esquerda, e pôs-se a pensar em outras possibilidades políticas e sóciopolíticas. O que era trombeteado como juvenil, anunciando o futuro - a esquerda - , era portador, na realidade, de uma senilidade que não foi possível disfarçar.

Como político experiente, Cardoso percebeu, logo de irúcio, que lhe era A idéia nova de que a vitória do vantajoso aliar-se a partidos que estivesregime vermelho não era fatal, produziu sem bem mais à direita do que o seu. E em muitos espíritos a tendência a voltar tanto o PFL quanto o PTB, aos quais para trás. Já que o caminho que estavam Cardoso se aliou, são vistos como par· seguindo, rnmo à esquerda, conduzia tidos de centro, ou talvez de centro-diàquele precipício, por que não olhar reita, em todo caso bem à direita do para a direita? Por que não para o pasPSDB. sado? Por que não procurar no passado lições para um presente que se revelava Para se entender corretamente esse fenômeno, que se poderia talvez quali- frustro? ficar como sendo uma " dircitização" da Nesse contexto torna-se mais fácil opinião pública brasileira, é preciso ter entender a fragorosa derrota de Lula nas em vista um outro acontecimento, este de caráter internacional, que ocorreu últimas eleições presidenciais.

2

A posição da TFP

C.\TOJ.I( 'IS\10. DEZE\Úmo l)E 199-t

Ta l atuaç, o, evidentemente, faz sentir cus efeitos cm praticamente todas as atividades da vida nacional, inclusive, e de modo não pequeno, na hora de o elei tor depositar seu voto na urna.

Assestando o Foco A "Cúpula· das Américas" (Miami, 9 a 11 de dezembro) será a maior reunião de Chefes de Estado do hemisfério até hoje realizada São 34 os países representados por seus Presidentes e primeiros-ministros, com a merecida exceção da Cuba castrista e de seu velho governante comunista As TFPs desta parte do globo julgaram oportuna a ocasião para apresentar publicameme aos mencionados mandatários umaAgenda de problemas continentais; sem cuja adequada solução o futuro das nações concernidas fica gravemente comprometido. O documento-:- de autoria do. Professor Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, e subscrito pelos Presidentes das demais TFPs - será divulgado simultaneamente em importantes jornais das três Américas. Nesta edição, Catolicismo tem o prazer de apresentá-lo integralmeme a seus leitores.

O ernineme autor apresenta sintética e profunda radiografia da situação política, social e · religiosa do Continente, destacando tanto as sombras como as luzes do atual horizonte interamericano. Tui mensagem é a de um homem inbuído de profunda Fé católica, e portanto a de quem sabe diagnosticar com acerto os mais graves problemas, sem se deixar levar por abatimentos ou pessimismos. Nos umbrais do terceiro milênio, essa é uma mensagem de profunda esperança na restauração dos princípios da Civiliz;ação Cristã. Recentes resultados eleitorais de cunho conservador, notadamente nos Estados Unidos, mas também na América Latina, tornam muito oportunas as condições para a difusão da Agenda das TFPs. Com efeito, os aludidos resultados afloram à luz do dia com força, mostran-

do inequívoca pujança conservadora. e até tradicionalista. Tal pujança tem desconcertado setores da midia · que, há décadas, tentam nos impingir uma falsa imagem, mediante a qual os inimigos da Civiliz;ação Cristã sempre levam a melhor. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, contudo, assim como não sucumbe a desânimos, tampouco se deixa iludir por otimismos superficiais. Em vista disso, compreende-se que a referida Agenda represente um chamado às forças conservadoras do Continente - desde o Canadá até a Terra do Fogo, na zona mais austral do Cone Sul - a se unirem numa verdadeira cruzada espiritual e moral em tomo dos princípios supra citados. E assim fazer valer diante dos Poderes públicos e dos meios de comunicação social

Índice Discernindo Senilidade da esquerda abre perspectiva para a direita 2

Realidade conslsamente 4

Frangos em abundância

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Destaque XXII Bienal: grande exposição ... do caos contemporâneo

5

Jomsllsta Responsável: Mariza Mazzilli Costa do Lago - Registrada na DRT-SP sob o Nº 13748

6

Redação e Gerência: Rua Martim Francisco, 665 01226-001 • Sãô Paulo, SPTel: (011) 824-9411

TFPsemação As Américas rumo ao 3° milênio: convicções, apreensões e esperanças das TFPs do Continente

Imprensa 9

Você acredita piamente na mfdia? Devagar. ..

Hagiografia Santa Bárbara, protetora contra os raios

11

Caderno especial A "árvore de Cristo": complemento do presépio

13

Brasil Real O despertar do sol na Baia da Guanabara

17

Entrevista Razão. Tradição. requintado Prazer: é a culinária francesa

Cuba e os Progressistas

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Máscara gue cai e a profecia gue se cumpre

{Notas extraídas de palestra do Prof'. l'l inio Corrêa de Oliveira para sócios e coopcrndo, H da TFP. Sem revisão do orador),

Nossa capa: Natividade - Gerard David (1460-1523), escola flamenga . Piracoteca Antiga, Munique. Montagem: C. Salti

TFPs em ação-li

e vigílias diárias: 25 anos

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Escrevem os leitores Livres graças à TFP!

Fotolltoa: Microformas Fotolitos Lida. Rua Javaés, 681 • 01130-010 São Paulo - SP Impressão: Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. Rua Javaés, 681 -01130-010 São Paulo - SP

A correspondência relativa à

18

Assim, qualquer observador lúcido do panorama nacional não pode deixar de levar em conta a influência altan1cntc benéfica que vem sendo exercida pela TFP na batalha que se trava cm torno dos rumos a serem seguidos pelo Brnsil.

Oratório da TFP

Catolicismo é uma publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Lida.

assinatura e venda avulsa pode ser enviada ao Setor

de Propulsão de Assinaturas. Endereço: Rua Martim Francisco, 665 - CEP 01226001 - São Paulo - SP - Tel.: (011) 824-9411

ISSN - 0008-8528

26

Em painel Frases e imagens


Segue-se, durante a década, o que a pesquisadora chama de "loucura das cifras" ...

Frangos em abundância Nos últimos quatro anos, a produção nacional de carne de frango cresceu 45 %, enquanto o aumento da população foi de 8% no mesmo período. Eis aí mais uma comprovação de pujança da produção de carne, em nosso País. E as seguidas super-safras constituem também prova de robustez econômica no plano agrícola. Em face de tais êxitos, cabe perguntar: se a produção agropecuária nacional alcançou esse nível de eficiência, por que se pune o proprietário rural com a aplicação de uma lei de Reforma Agrária socialista e confiscatória, como é a legislação desse setor atualmente vigente no País?

"Lououra das oifras"

Blasfêmias em Portugal

Churchill, com um dito espirituoso, manifestava sua desconfiança em relação às estatísticas, tantas vezes manipuladas

É de uso corrente o dito espirituoso do famoso estadista britânico, Wmston Churcbill: .. Em matéria de estatísticas, crianças e adolescentes pobres, e inadeconfio apenas naquelas que eu próprio quados enquanto balizas para a ação ". falsifico". Justifica sua posição, ao afirmar que Vem ele a propósito quando nos con- · os poucos trabalhos de contagem realizafrontamos com certos mitos que pretendos - astlim também, o que ela própria dem ostentar roupagem científica - isto coordenou em São Paulo, no ano passado é, valer~se da ciência dos números. - encontram resistência até mesmo da É característico nessa linha, o caso dos parte de entidades que atuam na área, por assim chamados "meninos de rua". exemplo da Pastoral do Menor: "É como A professora titular de Psicologia Sose fosse politicamente inadequado não cial da PUC-SP e pesquisadora da Funtrabalhar com cifras astronômicas", dação Carws Chagas, Fúlvia Rosemacentua a professora. berg, elaborou dois trabalhos sobre o A primeira e mais catastrófica estimatema. tiva, veiculada nos Estados Unidos em Sua conclusão é categórica: os núme1981 pelo então assessor da UNICEF, ros catastróficos sobre meninos e meniPeter Tançon, aludia a 100 milhões de nas de rua no Brasil são .. distantes da .. meninos de rua" dispersos pelo mundo. realidade, estigmatizadores de famaias,

Além dos cartazes blasfemos - onde se vêem freiras carmelitas adorando e sensualmente beijando o novo refrigente Royal Crown Cola - , em Portugal outras propagandas sacrílegas se difundem. Assim, a campanha de promoção da cerveja San Miguel, também fabricada nos Estados Unidos, utilizou um cartaz que apresenta Cristo Redentor, semelhante ao do Corcovado, no Rio de Janeiro. A abominável propaganda mostra Cristo com um braço estendido e o outro trazendo aos lábios um caneco de cerveja, com os seguintes dizeres: "Quando a seca é grande: San Miguel". O verdadeiro católico não pode ficar indiferente diante dessas monstruosidades, mas deve pedir a urgente intervenção de Deus para fazer cessar tais blasíemias.

Paleolítioo oomo modelo Na Venezuela, muiU\S empresas estão fechando suas portas e começam a escassear produtos básicos. Face a essa situação, uma socióloga publicou no jornal "Correo dei Caroni", ·de Ciudad Bolivar, artigo no qual afirma que nesses tcmpoo difíceis é necessário voltar para a economia primitiva. E, com toda naturalidade, a socióloga declara que os caçadorcs-colhcdores do paleolítico são um bom exemplo a ser seguido. Assim tcnnina o século XX, em que alguns já apresentam o período da pedra lascada co1no modolo...

ln milhão de católicos encarcerados Os católicos continuam sendo persegui dos na China comunista, onde há 5 milhões de pessoas em campos de concentração. Em Paris, o diretor do Centro de &tudos e Investigações /nternaciona~~ -Jean-Luc Domencch, disse que a perseguição contra os católicos "foi terrível e

OIDf-B~ eh docese wl.atdOlj ra Olra ooruis:a, o itali.m Mm ~fam Rm:n, OF.M, oo gj!' lillftlrll em W, aµ'.s cirro éJm re J)isb as tcrt~ e os:mmrto, ~ess::s emlBJ dtu-, t:ensrrtni;,,ma '\ahrtia iraí\EI" cancµi llTirriltfu re Clit'.liccs res~iranà l:B!lme ~ cttáia oo mmo.mr~o

4

C,\101.1( ' 1,\IO, Ul:/.L\lllltO lll'J-1

desconhecidtl no exterior durante muito tempo". Scgw1do Domenech, mais de um milhão de católicos foram encarcerados, os quais "tiveram uma valentia' incrível, diante do silêncio do mundo ". E acrescentou: "roram os católicos os únicos que resistiram verdadeiramente, tratando~se dos capítulos mais gloriosos do cristianismo mundial". Causa pasmo o fato de altos Prelados e organismos internacionais que s • dizem defensores dos "direitos human<x-i" não tenham solicitado.à ONU que intervenha a favor desses católicos chineses.

Suicídios na Itália -

o

suicídio viola gravemente o 5 Mandamento da Lei de Deus: "Não matar". É triste e desconcertante constatar que na Itália - país que é a sede do Papado e de maioria católica -, a cada ~inato ocorrem cinco suicídios. No ano passado, houve mais de quatro mil suicídios naquela nação. Segundo os especialistas, o número real é pelo menos 30% superior ao oficia~ uma vez que, não raro, o suicídio não é denunciado e nos registros de óbito figura como morte natural. 2

Freira milita no MAB... - Além do Movimento dos Sem-Terra e do Movimento dos Sem-Teto, existe agora o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Este último visa impedir a construção de hidrelétricas, sob a alegação de que prejudicam tanto o meio ambiente quanto as populações que vivem nas áreas de construção das barragens. O MAB promove atos revolucionários e entre seus militantes figura uma ... freira.

XXII Bienal: grande exposição ..• do caos contemporãneo É preciso dar a mão à palmatória, as metas visadas pelos criadores das bienais - em última análise, propugnadores do caos - parecem estar se reali:zando ... Apesar das "bienais estarem em decadência em toda a parte" (Veja, 19-10-94), a atual exposição, inaugurada em 12 de outubro p.p. - que deveria ser chamada de triena~ uma vez que a anterior ocorreu em 1991 - constituiria exceção, segundo alardeiam peritos postos em evidência pela mídia. As 612 obras de 196 artistas de 70 países, em mais de 18 mil metros quadradados no pavilhão da Bienal do Parque do lbirapuera, em São Paulo, confirmam o caráter grandioso que se quer dar ao evento. Analisada superficialmente, em que pese o reconhecimento de que "no mínimo metade das obras em exposição é uma indigência", comparável aos -quadros de feira hippie, objetos apenas esquisitos e invencionices de segunda mão " (id., ib. ), só um cego negaria as influências deletérias sobre a sociedade, causadas por tais exposições extravagantes. As "obras" da exposição vão desde as aparentemente anódinas e "inocentes" como a instalação (ao contrário de uma tela, designa-se com es.5a palavra um ambiente onde se apresentam um ou vários objetos que se quer mostrar), que lembra uma árvore maior, circundada por outras

... e defende a violência -

Um ataque des.5a organização a instalações da Companhia Energética de São Paulo (CESP) afundou uma balsa e incendiou dois motores usados para sondagens no Rio Ribeira do Iguape, próximo a Batatais (SP). A freira, cujo nome não foi revelado, confirmou que o MAB emprega métodos "não convencionais", como ocupar canteiros de obras, afundar balsas, o que já foi feito em São Paulo e em outros pontos do Brasil. Nessa notícia, não se sabe o que é mais absurdo: <> fim e os meios utilizados pelo MAB ou a escandafosa participação de uma religiosa enquanto ta~ Esposa de Cristo - nesse tipo de organização.

Reação contra a Conferência do Cairo - Sessenta e um senadores italianos, pertencentes a vários partidos, subscreveram moção contra o Programa antidemográfico da Conferência do Cairo (Egito), promovido pela ONU. O esboço

menores, com vários tufos de cerdas pendentes dos galhos das mesmas - e depois, passando pelas pornográficas, para chegar até às de caráter blasfemo e satânico. Exemplo de obra desse último tipo blasfemo é a instalação chamada Bloody Mary, onde se vêem três cruzes de tamanho natura~ com fotos de três rostos de uma mulher nos transeptos das mesmas, autoria do boliviano Sol Mateo. As citadas obras, porém, além de blasfemas poderiam ser também qualificadas como "objetos esquisitos". Entretanto, não seria exatamente o caráter de -feira hippie " daquela metade dos trabalhos expostos na XXII Bienal, como observa a revista "Veja", um dos melhores veículos para difundir a extravagância e o caos na sociedade em geral? De fato, a marcha da Revolução, como a descreve o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua renomada obra "Revolução e Contra-Revolução" tem diversas velocidades. Um acontecimento como a Bienal constitui -um estandarte" que -cria um ponto de mira fixo que fascina pelo seu próprjo radicalismo os moderádos, e para o qual estes·se vão lentamente encaminhando "(Revolução e Contra-Revolução, cap. VI, 4, C, ed. Diário das Leis, 2! edição, São Paulo, 1982). Seria de espantar, portanto, que cada vez mais as influências que se evolam de&$eS cenáculos penetrem paulatinamente nos mais diversos ambientes da sociedade atual?

preparatório daquela rewúão, que se realizou em setembro último, já previa a promoção da contracepção, do aborto e da esterelização em âmbito oiundial, como instrumentos de controle.de nascimentos. Tais medidas são contrárias à Lei natural, e condenádas pela doutrina tradicional da Santa Igreja.

Brasil reconquista liderança - O Brasil voltou a ser o maior exportador de café do mundo, aumentando de 21 para 25% sua participação no mercado internacional, de julho/93 a junho/94. Esse resultado, que é um sintoma da pujança da agricultura brasileira, se deve principalmente ao instituto da propriedade particular e ao princípio da livre iniciativa, apesar de os mesmos estarem sendo gra~ vemente violados pela aplicação de uma lei de Reforma Agrária de caráter socia-

-oiS-i~Qy~

Cho Ouck Hyun (Coréia do Sul) - "Uma caixa dos antípodas· (reg ião situada em local diametralmente oposto no globo terrestre). A "escultura· acima foi ·colocada fora do edifício da Biena l: exemplo característico de "objeto esquisito", próprio a difundir a extravagância e o caos·. É verdade que, ao contrário dos círculos da pseudo-arte moderna e órgãos da mídia, o grande público não se entusiasma com tais obras. Mas também não as rejeita. Abestalhado e sonolento, vê sem protesto o avançar do prosaísmo, do grotesco, da imoralidade, da feiúra, do hediondo. do blasfemo e até do satânico. E, com o tempo, vai se acostumando com tudo isso, tomando-se gradualmente conatural com tais aberrações. C ,\'l <ll.ll'IS\I( ),


TFPs EM AÇÃO -1

Aos preclaros participantes das Américas, reunidos em Miami de 9 a 11 de dezembro

As lméricas rumo ao 3° milênio: convicções, apreensões e esperanças das TFPs do Continente A O ensejodarealização da Cúpula das Américas, magno evento que reúne todos os primeiros mandatários do Continente com a merecida exceção cubana - , as So-

ciedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFPs das três Américas julgam oportuno emitir uma declaração conjunta manifestando suas convicções, apreensões e esperanças com relação ao presente e ao futuro do hemisfério. As TFPs constituem

um vasto coajunto de entidades coirmãs e autônomas existentes nos cinco continentes. Baseiam-se elas no ensinamento tradicional da Igreja. O fundador da TFP brasileira (1%0) e inspirador das demais TFPs é o eminente pensador católico e homem de ação brasileiro Professor Plínio Corrêa de Oliveira., o qual, em mais de seis décadas de vida pública ilibada, vem combatendo doutrinariamente as múltiplas manifestações da Revolução anticristã na sociedade atual. Assim, têm essas entidades direcionado sua atuação contra o comunismo, o esquerdismo na Igreja, as reformas de estrutura socialistas e confiscatórias e as novas formas de revolução cultural pós-comunistas, como também contra os "Kerenskys", isto é, os políticos centristas que pavimentam o caminho à Revolução anticristã. A eficácia da luta ideológica das TFPs é reconhecida por apologistas e adversários. Mais de 500 livros

Prof. Plínio Corrêa de Oliveira publicados em todo o mundo -vários deles escritos por scholars de grande prestígio - documentam o papel pioneiro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira no desmascaramento do progressismo dentro da Igreja, desde a década de 30 a nossos dias, bem como o papel decisivo que coube às TFPs para evitar a queda de importantes nações latinoamericanas nas garras do comunismo. As 26 TFPs e Bureaux - TFP têm estado empenhadas, desde 1993, na difusão da mais recente obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira., Nobreza e

elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Putriciado e à Nobre1,11 romana, que conta com cartas laudatórias de três Cardeais da Cúria romana, bem como de teólogos e histo-

riadores de fama mundial. Esta obra, com edições lançadas simultaneamente em português, espanhol, inglês, francês e italiano, constitui um verdadeiro programa positivo que o eminente Autor oferece para enfrentar os numerosos fatores de desagregação e caos da sociedade contemporânea; e contém um apelo às elites tradicionais, a que cumpram o seu papel histórico no reerguimento da civilização cristã. Este autêntico capital de credibilidade autoriza as TFPs a apresentar a Vossas Excelências a seguinte Agenda de problemas continentais, sem cuja solução adequada se corre o risco de frustrar os legítimos anebs de concórdia e prosperidade manifestados em nosso Continente por todos os governantes e governados. Seria como edificar a "casa sobre terra sem fundamentos", de que nos fala o Evangelho, "contra a qual investiu a torrente, e logo caiu, e foi grande a sua ruína" (Lc. 6, 49). A mencionada Ageooa, de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira., Presidente, do CN da TFP brasileira., foi referendada pelas demais TFPs coirmãs e autôrornas existentes nas três Américas.

Paulo Corrêa de Brito Filho Diretor de Imprensa da TFP

Bri lhante lançamento da mais recente obra do Prof. Plinio Corraa de Oliveira Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuçaes de Pio XII ao Patriciado eàNobro1a romana, no salao do Hotol Mayflowor, Washington, , em 28 de sotombro do 199:i

Agenda de problemas continentais As

TFPs

1-exprimem preocupação .:;;;) pela enigmática indiferença, moleza e até cumplicidade de certas esferas políticas, intelectuais, eclesiásticas, publicitárias e econômicas do Continente em relação ao mal sucedido regime comunista vigente na antiga "Pérola das Antilhas" e a seu velho inspirador e chefe Fidel Castro;

da

três

Américas .:;;;) as inconcebíveis pressões de alguns organismos internacionais e setores sociais das várias nações do Continente, em favor do aborto e do controle da natalidade (cfr. Conferência do Cairo); do divórcio, do concubinato, da eutanásia e de outras medidas que conduzem à extinção da familia;

.:;;;) as experiências de .:;;;) pela incongruente manipulação genética política de dois pesos e duas que envolvem embriões medidas de vários organishumanos, desconhecenmos e governos da região do princípios religiosos em relação aos regimes do e éticos elementares; Haiti e de Cuba: agiram com o máximo rigor diplo- Para comemorar o 25Q aniversário do fam igerado festival rock Woodstock Nation, .:;;;) 0 aumento do trámático contra o primeiro, ocorrido em Bethel nos EUA- evento-símbolo de uma geração contestatária-, fico e consumo de droenquanto vêm fazendo, há realizou-se emagosto último, no mesmo local, festival análogo (fotografia acima) gas, e os tentames de décadas, concessões libedespenalização desse · rais e inclusive lisonjeiras consumo; a Santa Igreja Católica., Apostólica., Roem relação ao segundo; mana, com o paralelo avanço de seitas .:;;;) a colaboração ominosa de imporditas "cristãs", de religiões animistas e .:;;;) pela hábil metamorfose operada, tantes meios de comunicação social na até de movimentos satanistas. após a queda do muro de Berlim, por difusão de antivalores que corroem a numerosas figuras da extrema-esquerli - deploram civilização cristã até os seus fundamenda: sem renegar seu passado e suas tos. .:;;;) a arrogância com que movimentos metas igualitárias, e apenas mudando homossexuais reivindicam, em diversos de rótulos e métodos de ação, alcança111 - manifestam países americanos, pseudo- "direitos", ram importantes posições políticas; acentuadas reservas tão radicalmente contrários à Lei de .:;;;) pela utilização do poder político Deus e à ordem natural; .:;;;) diante da precipitação com que que vem sendo feita por essas figuras, no alguns setores políticos desejam levar sentido de promover uma verdadeira reavante processos de integração hemisfévolução cultural que anestesia as rearica., com ritmos e condições que na ções sadias da opinião pública, ao mesprática poderão desgastar, se não abolir, mo tempo que desfere golpes radicais as necessárias fronteiras nacionais, as características peculiares de cada país ·e contra os princípios básicos da civilização cristã; até suas próprias soberanias; .:;;;) pelo potencial destrutivo e detonador de caos sócio-econômico que têm demonstrado na América Latina grupos terroristas e guerrilheiros apoiados em conexões internacionais; .:;;;) pela continuidade da crise que, no plano espiritual - porém com inevitáveis reflexos na ordem temporal - afeta

.:;;;) ante o desconhecimento, por parte desses setores, dos resultados tão discutíveis de experiências similares, como o Tratado de Maastricht, na Europa, contestado por milhões de europeus;

Oflagelo das drogas nas Américas: jovem viciado injeta entorpecente nas próprias veias, em São João, Porto Rico


V -

vêem oom esperança

~

a saudável repulsa contra múltiplas formas de Revolução anticristã que vai despontando - notadamente nas camadas mais populares - em consideráveis parcelas da opinião pública interamericana; ~ as Justificadas e crescentes desconfianças com que essas parcelas da opinião continental vêem a ação de certos meios de comunicação social - em especial a TV - enquanto veículos de agressiva imoralidade, particularmente nociva para a infância e a juventude;

Robôs na produção industrial (fotografia acima) e progresso econômico, ao invés de panacéia, podem transformar-se em fatores despersonalizantes, dissolventes, tanto de indivíduos quanto de coletividades ~ ante as expectativas exageradas e até o verdadeiro fascínio, despertado no espírito das multidões por tantos órgãos da mídia, com referência ao desenvolvi- . mento econômico, apresentado como se fosse wna panacéia para todos os problemas de nosso tempo; enquanto isso, fica relegada a segundo plano a profunda crise espiritual e moral que afeta de forma crescente o tecido social, em toda a América; ~ ante as esperanças frenéticas com que alguns encaram o surgimento de wna pseudo-civilização cibernética, sem avaliar todos os riscos, nem os inconvenientes graves e certos de transformações psicológicas, morais e culturais que ela acarreta; ~ ante a crescente influência, em matéria política, social e econômica, que vão assumindo determinadas organizações não-governamentais (ONGs), muitas das quais possuem programas nitidamente revolucionários (por exemplo, reinvidicações propensas a favorecer um indigenismo retrógrado e contrário à civilização cristã), como ficou patente na EC0-92, realizada no Rio de Janeiro; e diante do volumoso :financiamento internacional que esse tipo de ONGs vem recebendo;

t;;;;;, ante o processo de asfixia econômica e sucateamento de nobres Forças 8 - C. \'J 01.1( '1:-.\IO.

Armadas do hemisfério, com ilusório fundamento em novas realidades nacionais e internacionais; ~

em relação àqueles que acusam algwnas Forças Armadas de terem violado os direitos humanos dos guerrilheiros, enquanto se mostram suspeitamente omissos . em denunciar os crimes que estes cometeram, e continuam cometendo em importantes países como a Colômbia e o Peru, contra populações urbanas e rurais.

IV-apelam -~ aos preclaros participantes da Cúpula de Miami para que abordem em profundidade, sem temor de discrepâncias e debates fecundos , estes e outros temas delicados e urgentes da realidade interamericana; ~ aos líderes da Cúpula de Miami para que apresentem soluções efetivas aos mencionados problemas, em harmonia com as tradições cristãs do Continente, interpretando assim os legítimos anelos da opinião pública das três Américas; ~ aos referidos participantes da Cúpula de Miami para que adotem, com a indispensável urgência, medidas políticas, econômicas e publicitárias próprias a viabilizar a imediata normalização da situação do povo cubano.

t;;;;, o insucesso eleitoral de candidatos presidenciais ostensivamente esquerdistas em países como o Brasil, México, Colômbia, Peru, Uruguai, Argentina e El Salvador;

~ o total descrédito, inclusive nos setores mais modestos da população, da assim chamada "teologia da libertação", e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) nesta inspiradas; ~ o debilitamento da obsessão ideológica igualitária que impregnou durante décadas a mentalidade ocidental, em benefício do socialismo e do comunismo; ~ as excelentes perspectivas de colaboração ila América Latina com os Estados Unidos e o Canadá, em sólidas bases cristãs, que se abrem com os fenômenos descritos neste item.

Conoluindo As TFPs das. três Américas ~ afirmam sua profunda convicção de que, quando os homens resolvem cooperar com a graça de Deus, o desenrolar da História gera maravilhas: é esta a lição que nos foi legada pela Europa pré-medieval e medieval, a qual, a partir ·

de populações latinas decadentes e de hordas de invasores bárb aros , chegou, sob todos os pontos de vista, a um nível religioso, cultural e eco-

"Real idade virtual" - droga técnica para a satisfação de delírios do egoísmo e da sensualidade - é uma recente descoberta da informática: a usuária, utilizando máscara e luvas (fotografia à direita), manipula um computador, o qual gera a ilusão tridimensional de uma cozinha (fotografia acima)

nômico sem precedentes;

Imprensa

~

manifestam portanto a certeza de que, para além das tormentas morais, das dificuldades materiais e das ciladas de toda ordem que vão sendo preparadas no Continente pelos inimigos da Igreja e da civilização cristã, haverá nas Américas um ressurgir da Cristandade, de acordo com o previsto por Nossa Senhora em Fátima, em 1917, quando anunciou: Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!

Você acredita piamente na ~,,- ? Devagar ... m1u1a. A crise de ética que abala os_ meios de comunicação social no Brasil - agravada pelo enorme poder de que eles desfrutam constitui um dos maiores problemas do País

São Paulo, 1° de dezembro de 1994

Plinio Corrêa de Oliveira Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade

NOTA: Este comunicado também é subscrito pelos presidentes das Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFPs das três Américas, existentes na Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Quem não ouviu falar do recente epi- mídia brasileira deixa muito a desejar em sódio da Escola Base de São Paulo? matéria de ética jornalística e de veraciVisados por dade informativa. campanha inEssas carências clemente da vêm custando caro mídia (jornais, aos meios de corádios e TVs), municação: há professores fowna séria crise de ram acusados credibilidade junde terem corto ao público. ''A rompido aluimprensa brasileinos. E as prora vive um movas - ora, as mento dos mais inprovas?! Elas felizes': atravessa não existiam e "uma das suas a Justiça conmaiores crises de cluiu pela inoidentidade", esta cência dos "viciada pela frimestres. Mas o volidade e seviciaterrível dano já da pela arrogânestava consu- Excesso de auto-estima existente em algumas ·reda- eia", afirmou o ções: fator nocivo para a imprensa atual veterano jornalista mado. Alberto Dines, durante recente simpósio sobre O papel "Fomos estampados como monstros, a imprensa e a polícia nos condenaram do jornal, em Brasília (4). sem qualquer investigação", lamentou um dos professores da Escola Base, que A imprensa erra demais confidenciou estar " arrasado"(!}: DanNo seminário A imprensa em queste Mattiussi, diretor da revista "Impren- tão, organizado pela Universidade de sa", desabafou: "O verdadeiro assassiCampinas (Unicamp), a jornalista Junia nato de pessoas promovido pelo compor- Nogueira de Sá, da "Folha de S. Paulo", tamento da imprensa no caso da Escola reconheceu: ''A imprensa está muito Base, em São Paulo, causa indignação, ruim, erra demais, é tendenciosa e mesrevolta e a necessidade de uma profunda mo quando se proclama apartidária tem reflexão sobre o jornalismo praticado tantos problemas-de origem que precisa hoje no Brasil "(2) . "Violentaram-se a ser reformulada". Nelson Blecher, enhonra e a propriedade dos envolvidos", viado especial da "Folha" ao mencionafoi um verdadeiro "linchamento moral", do evento, resume o ambiente predomiacrescentou outro con):lecido jornalista nante entre os numerosos e qualificados (3). participantes: "A febre de publicações de denúncias sem rigorosa apuração jornaFrivolidade e arrogância lística, a arrogância de editores em reO episódio da Escola Base é um lação aos leitores e o facciosismo editoexemplo dramático daquilo que destaca- rial foram apontados como as mazelas que abalam a credibilidade do jornalisdos jornalistas reconhecem, e autorizadas pesquisas de opinião constatam: · a mo brasileiro "(5) .

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Pode então causar extranheza, que se tenha deteriorado a percepção que o público têm da · mídia? Vejamos: "Pesqu,~sq revela que o jornalismo distorce a realidade", constata• a revista "Imprensa", baseada em recente estudo do Instituto Ga/lup na região metropolitana de São Paulo. E acrescenta que "os jornais lideram na suspeita do leitor de que seu noticiário sempre distorce os fatos". O resultado ê que apenas 17, 6% acreditam que os periódicos "publicam os fatos exatamente como aconteceram "(6) ...

Grave_problema

er.

liação ou militância po/itico-partidária do jornalista comprometem uma posição isenta "(9) (aliás, isto toma particular relevância se consideramos o resultado de recente pesquisa do Instituto Gal/up, que constatou a existência de ampla maioria pelista entre os jornalistas brasileiros)(fO).

Aluízio Maranhão, de "O Estado de S. Paulo" , reconheceu que "o poder da imprensa de causar estragos é cada vez mais devastador"(l 1), admitindo ao mesmo tempo que "as redações estão mais arrogantes "(12).

Sooiedade indefesa

Jânio de Freitas, veterano jorcontra abusos nalista e colunista da "Folha de Diante desse quadro, e dos S. Paulo", tem assumido posiabusos cometidos, muitas vozes ções muito críticas em relação à autorizadas sugerem a necessidaatual fase da mídia brasileira. No de de uma legislação que regulaseu prefácio ao recente livro lnmente adequada e efetivamente formação e Poder "(7), o referido garantias constitucionais como o jornalista afirma: "Os meios de direito de resposta, os direitos à comunicação figuram entre os honra e à imagem das pessoas, mais graves problemas brasileido acesso à informação etc. ros, por uma infinidade de motivos. Com esta particularidade Juristas como Celso Bastos notável: nenhum outro problema (13), Miguel Reale Jr. (14), é mais silenciado. Este é quase Evandro Lins e Silva (15) e Maum segredo. Em parte, porque os noel Alceu Affonso Ferreira (16) próprios meios de comunicação têm manifestado a necessidade de selecionam os problemas a serem urna lei de imprensa eficaz (atriexpostos publicamente. Mas tambuto que a legislação existente bém por outro fator não menos não possui). forte e verdadeiro: na politica, No campo jornalístico, figunas chamadas ciências sociais, ras como Barbosa Lima Sobrino jornalismo mesmo, raríssimos nho, Presidente da Associação dispõem-se a abrir fendas no Brasileira de Imprensa (ABI), já tabu". Jânio de Freitas lembra a se pronunciaram claramente pela conhecida expressão de que a míexistência de um estatuto próprio dia é "o quarto poder". Mas acrescenta perspicazmente que Jânio de Freitas:" os meios de comunicação são o'primeiro poder', que defina a responsabilidade em no Brasil, a julgar pelos exem- com sua força capaz de determinar as decisões dos três poderes delitos cometidos através da imprensa (17). Américo Antunes, plos, "o conceito verdadeiro tem institucionais_:_ Executivo, Legislativo eJudiciário" presidente da Federação Nacioque ser outro": 'os meios de codade que o excesso de auto-estima que nal dos Jornalistas (Fena1) observa que municação são o primeiro poder', com há em algumas redações "(B). " a sociedade brasileira não conta com a sua força capaz de determinar as deDurante um encontro organizado em instrumento de defesa contra possíveis cisões dos três poderes institucionais Porto Alegre pela Associação Nacional abusos por parte da imprensa, e que os Executivo, Legislativo e Judiciário". de Jornais (ANJ), representantes das códigos de éticas" são mais declarações maiores empresas de comunicação so- de princípios com praticidade relativa, Poder devastador cial escrita brasileiras, convocados para pois não têm poder de sanção (18). Antonio Britto, jornalista, deputado debater os problemas éticos na imprenfederal e governador eleito do Rio GranPor sua parte, o jornalista Jânio de de do Sul, adverte com conhecimento de sa, acabaram fazendo um mea culpa. Freitas sugere a criação de " mecaniscausa: ''A Imprensa não tem que amar ·a Ricardo Setti, representante da Edi- mos que tornem mais rigoroso o resdenúncia, tem que amar a verdade". E tora Abril, não escondeu seu constrangi- peito à ética de que o Jornalismo tanto acrescenta: "Talvez hoje nada seja mais mento diante do " crescente poder da fala. A imprensa e os meios de comu-rocivo para a Imprensa e para a socie- imprensa fazedora e destruidora de reis ·nicação gostam muito de falar da mo('king makers ')" ; e advertiu que " a firal e de ética. Í!,' preciso criar meca-

nismos que a eles também imponham um comportamento ético" (19).

As barbas de molho Prezado leitor: você conhece pessoas que acreditam em tudo o que a mídia informa, e confia nela de olhos fechados? Então, proponha-lhes colocar as próprias barbas de molho e ficar de olho vivo ... Numa palavra, cuidado com a mfdia, enquanto ela não melhorar.

Hagiografia

Santa Bárbara, • protetora contra os raios Uma das santas mais populares, padroeira de seis municípios brasileiros, cuja vida porém poucos conhecem

G. Guimarães

NOTAS 1 - "Folha de S. Paulo", 23-6-94. 2 - "Imprensa", São Paulo, setembro/94. 3 -"O Estado de S. Paulo", 25-6-94. 4 - "Correio Braziliense ", "O papel do jornal" (suplemento especial), 16-894. 5 - "Folha de S. Paulo" 15-4-94. 6 - "Imprensa", São Paulo, agosto/94. 7 - José Paulo Cavalcanti F' , Editora Record, Rio de Janeiro, 1994. 8 - "Imprensa", São Paulo, fevereiro/94. 9 - "Gazeta Mercantil", São Paulo, 1611-94. 10- Cfr. "Imprensa", São Paulo, setembro/94. 11 - "Jornal do Brasil" , Rio de Janeiro, 13-11-93, 12 - "Gazeta Mercantil", São Paulo, 16-11-93 . 13 - "Imprensa", São Paulo, julho/94. 14 - "O Estado de S. Paulo", 22-6-94 e "Imprensa", São Paulo, maio/91. 15 - Lei de Imprensa - Do Império aos Nossos Dias, Ação e Poder, José Paulo Cavalcanti Filho, org., Editora Record, Rio de Janeiro, 1994. 16 - "Imprensa", São Paulo, maio/91. 17 - Citado por Evandro Lins e Silva, obra supra mencionada, citado também pelo jurista Marcello Lavenere Machado no estudo Anteprojeto de Lei de Imprensa, Ordem dos Advogados do Brasil, Conselho Federal, Brasília, 12-8-91. 18 - "Momento legislativo" São Paulo, fevereiro/94. 19 - "Democracia", !base, Rio de Janeiro, ag./set./94.

A Sagrada Liturgia celebra a 4 de dezembro, juntamente com São João Damasceno, Doutor da Igreja, a festa de Santa Bárbara, padroeira dos artilheiros, mineiros e de todos aqueles que trabalham com pólvora ou talham pedras. Tal foi a popularidade da Santa, que os fatos de sua vida foram envolvidos nas névoas prateadas da legenda, pelos escritores e artistas. O célebre Rafael, por exemplo, imortalizou sua memória em quadro famoso.

Nasceu ela em Nicomédia (atual Turquia), e foi martirizada no ano 245 pelo próprio pai. O nome da virgem-mártir consta no Martirológio Romano. Dióscoro, seu pai, rico nobre da cidade, mandou construir, para uso de sua filha, um quarto de banho com tina de mármore. A primeira vez que Bárbara fez uso dela, marcou-a duma cruz com o dedo, . ficando o sinal indelevelmente impresso na .pedra. Muitos sararam das suas enfermidades beijando essa cruz. Devido aos seus especiais dotes de beleza. e inteligência, o pai - que era pagão e idólatra encerrou-a numa alta torre, para subtraí-la aos olhares dos homens, depositando nela as melhores esperanças em vista de um casamento honroso. Entretanto, permitiu que ela fosse instruída pelo famoso Orígenes. Tomou-se, assim, católica ardorosa, dotada de grande cultura.

"Os inimigos do homem serão as pessoas da própria oasa"••• . . O coração da Santa 1a-se dilacerando cada vez mais entre amores opostos: o do pai, de um lado, e o de Nosso Senhor Jesus Cristo, de outro. Verificou-se nela a palavra do Divino Mestre: "Não julgueis que vim C.\ I OI.IC ·1-.:-,10.


trazer a paz à terra. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, e os inimigos do homem serão as pessoas da própria casa '' (Mt.

Assistindo a todos esses prodígios, seu pai não se deixou comover, mas quis ele mesmo desempenhar o papel de carrasco. Conduziu-a ao alto de uma montanha fora da cidade. Ali, estando a jovem de joelhos em atitude de oração, decepou-lhe · a cabeça. Ao mesmo tempo em que sua cabeça caía separada do tronco, via-se a alma da mártir ser arrebatada ao Céu pelos An-

10, 34-36). A fim de converter seu pai, explicou-lhe as verdades eternas, mas Dióscoro, cego de ódio, tirou sua espada para matá-la. Tendo Bárbara corrido, seu pai a perseguiu com a espada na JOS. mão, até acuá-la junto a um Instantes depois do hedionrochedo. Quando ia desferir o do crime, num céu sem nuvens, golpe mortal, o rochedo abriuum raio fulminou seu pai e o se milagrosamente e a virgem pretor Marciano. conseguiu escapar. Esse terrível castigo parece Informado sobre o local colocar os raios na dependência onde ela se escondera, seu pai de Santa Bárbara, e explica a foi buscá-la. Agarrou-a violendevoção dos fiéis, que sempre tamente, jogou-a por terra, esrecorrem a ela nas grandes tempezinhou-a e, tomando-a pelos pestades. cabelos, arrastou-a até sua casa. A veneração desta santa do Não conseguindo vencê-la, le- Santa Bárbara - Gravura de J. van Meckenem, séc. XV, Oriente passou para o Ocidenvou-a ao tribunal do pretor Gabinete das estampas, Berlim te, sobretudo em Roma, onde Marciano. desde o século VII se multipliBárbara foi, então, flagelada com mo tormento que, poucos anos de- caram as igrejas e oratórios dedicatal violência que seu sangue jorrou pois, sofreu Santa Agueda, padroei- dos a seu nome. de todas as partes do corpo. ra da Sicília). Na iconografia católica Santa Lançada num calabouço, Nosso O pretor excogitou, então, o su- Bárbara é geralmente apresentada Senhor apareceu-lhe, iluminando o plício que mais causaria dor à santa: como uma virgem majestosa e altalocal com um clarão sobrenatural, e seria despida e os carrascos a perse- neira,.ostentando uma palma, simbócurou suas chagas. Mas o iníquo guiriam com chicotadas através das lica de seu martírio, e um cálice pretor ordenou novos suplícios. ruas da cidade . A castíssima donzela como símbolo da proteção que cosSeu corpo foi rasgado com pentes pediu a Deus que protegesse sua pu- tuma manifestar em relação aos mode ferro, e as novas chagas foram reza. Novo milagre: uma luz descida ribundos, e, ao lado, uma espada, queimadas por tochas. do céu envolveu-a, livrando-a desse instrumento de seu martírio. Como ela permanecia inflexível, modo dos olhares impúdicos. o ímpio pretor ordenou que os seios Depois disso o pretor mandou que Luís Carlos Azevedo da santa fossem amputados ( o mes- ela fosse decapitada.

O culto a Santa Bárbara Amais antiga representação dé Santa Bárbara (séc. VIII) consiste numa pintura encontrada na igreja de Santa Maria .Aptiqua, no Foro Romano (fotografia ao lado).

Posteriormente, a Santa foi incluída entre os 14 Santos Auxiliadores e passou a ser invocada de modo especial para se obter a graça de recepção dos Sacramentos na hora da morte.

A partir do século IX os testemunhos relativos ao culto da Santa igrejas, oratórios, altares, mosteiros etc. - tornam-se cada vez mais numerosos, tanto no Ocidente quanto no Oriente.

Os artilheiros e os mineiros escolheram Santa Bárbara como sua patrona, para que ela os proteja de toda a explosão que pudesse causar a morte, como o raio que fulminou o ímpio pai da Mártir ...

Caderno Especial Nº 40

A ''árvore de Cristo'': complemento do presépio .fi'lllm do presépw, outro evocativo simbofo natalino - nascúlo e cuEtivatfo s06 o inf fuzy do cato[icismo, em várias regiões da 'Europa - é afascinante -árvore de 'Jf...ata[ Ainda que Virgíprovenientes da Allio não tivesse forsácia, encantadora mulado o pensamenprovmc1a francesa to, nem por isto deique o Reno separa da xaria de ser verdade Alemanha. Entretanque conhecer as cauto, a árvore natalina sas das coisas traz fesó chegou a Paris e a licidade ao homem. Viena na primeira Mesmo sob esse metade do século aspecto, a festa de XIX, difundindo-se Natal contribui para a partir das respectia felicidade terrena, vas cortes (1). pois quem deseja coAntes mesmo de nhecer e amar nosso conquistar os salões Salvador e Redentor, aristocráticos daqueestá naturalmente las capitais, a marapropenso a considevilhosa árvore foi adrar de modo especial quirindo aos poucos a noite bendita em um lugar nas festivique teve início a predades de outros posença visível de Jesus vos. Compreende-se Cristo Nosso Senhor bem que ela se tenha neste mundo. E, se tornado uma tradição bem que o início não mais viva entre os seja a causa, é o que habitantes das reestá mais próximo . giões da Europa do dela. Norte e do Centro, Catolicismo já pois é nelas que a publicou em outras neve cai em maior ocasiões matérias a abundância na época respeito do símbolo do Natal; e onde ocumais importante do pam maiores extenNatal: o presépio. É sões as florestas de compreensível que elegantes e esguias muitos leitores queiconíferas, que manram conhecer tam- Franz Streussenberger (1806-1879) - Afamília do comerciante Rapolter, em 1840, têm seu verdor apebém algo sobre as com a primeira árvore de Natal, na cidade de Ried, Áustria sar do rigor do inverorigens de outro símno. Destaca-se, ali, o bolo natalino, que tanto embeleza os lares e torna mais contraste entre o branco suavíssimo·, mas dominador, e o alegre e deleitável o aconchego da vida familiar, neste resistente verde. Esse fundo de quadro, que coincidia com período em que se encerra um ano e se inaugura outro. a carência de flores na estação mais fria do ano, favoreceu Símbolo esse que -pelo menos nas localidades ainda não • a implantação do costume, mais rapidamente do que em inteiramente dominadas pelo paganismo contemporâneo, outros lugares, de transformar a sugestiva árvore em o qual tende a comercializar o Natal - aumenta o atrativo ornato comemorativo do Nascimento do Criador. das lojas, dá colorido às praças e até emiquece o ornato Como tantos elementos da cultura, paulatinamente o de palácios e igrejas: a árvore de Natal. hábito de preparar esse belo complemento do presépio foi Conhecida em algumas regiões da Europa Central passando de vizinhança em vizinhança, até alcançar os como a "árvore de Cristo" , tal símbolo só se espraiou países mais cálidos do Sul da Europa. Hoje, mesmo em pelo mundo a partir do século passado. latitudes tropicais de nosso Continente, o imaginoso enOs relatos mais antigos que se conhecem acerca da feite é bastante apreciado. E assim por toda parte onde se árvore de Nat_al datam de meados do século XVII, e são celebra o Santo Natal, ele está presente com algumas


a pessoa sentia-se como debaixo de uma abóbada de guloseimas ... . "A árvore inteira, com seus ramos e frutos, estava coberta com uma rede dourada feita com muita arte, constituida de alarnares, nos quais se alinhavam milhares de avelãs. Guirlandas e fitas a revestiam, ornando-a como um lustre. Em meio a todas essas indescritíveis preciosidades, brilhava uma multidão de incontáveis velinhas, como estrelas no céu. Era uma cena magnífica!" (2). 11

Árvore de Cristo": presente do Menino Jesus Uma amostra de como o costume da árvore natalina foi-se estabelecendo aos poucos, e de que favorecia a elevação do ambiente, encontramo-Ia numa família da católica Áustria. A comovente narração figura numa obra sobre a vida popular na região da Estíria, no século passado. Seu autor, P. Rosegger, assim descreve o episódio: "Era um anseio· que decidira pôr em prática naquela noite, antes que minha mãe chegasse à cozinha para preparar a refeição matutina. Eu ouvira falar muito a respeito da celebração do Natal nas cidades: devia-se colocar sobre a mesa um pinheirinho, verdadeira árvorezinha do bosque; afixar velazinhas em seus ramos e acendê-las; e depositar embaixo dele presentes para as crianças, esclarecendo que havia sido o Menino Jesus que os tinha trazido. "Então pensei em montar uma árvore de Cristo para meu pequeno irmão, Nickerl. Mas tudo em segredo (isso fazia parte do procedimento). "Depois de já ter clareado o dia, saí em meio ao nevoeiro gelado. Este protegeu-me do olhar das pessoas que trabalhavam em tomo da casa, no momento em que voltei do bosque com um pequeno Desenho da árvore de natal, 1900-Museu da arte popular alemã-Berlim cimo de pinheiro e corri para o galpão das carroças. "Logo fez-se noite. A criadagem estava ainda ocupada nos estábulos ou nos quartos da casa, onde, características da influência cultural proveniente da Crissegundo o costume da Noite Santa, lavavam a cabeça e tandade européia. se vestiam com os trajes de festa. Na cozinha, minha mãe fazia os sonhos (tipo de doce) para o dia de Natal. E meu pai, com o pequeno Nickerl, percorria a propriedade Uma árvore de Natal no século XVIII para abençoá-la, levando para isso num recipiente carvões incandescentes; sobre eles espalhava incenso, perAntes de passar à análise de alguns aspectos mais correndo todas as dependências da herdade, a fim de profundos desse tema, e para vincar bem a diferença incensá-las, enquanto rezava em silêncio. Era preciso entre o empuxe inicial do costume e certas repreexpulsar os maus espíritos e atrair as bênçãos angélicas sentações por demais simplificadas - e até mesmo de para a casa. conotação neopagã e materialista - de muitas árvores de Natal de hoje, degustemos uma descrição cheia de cor "Enquanto o pessoal se ocupava em suas tarefas lá e sabor do que ocorreu numa casa comercial, no longínfora, eu preparava na sala grande a árvore de Cristo. quo ano de 1795: a árvore "estava de pé num canto, e Tirei a árvorezinha do meio da lenha e coloquei-a sobre seus ramos se estendiam tanto, que cobriam metade do a mesa. Depois cortei de um maço de cera dez ou doze salão, e ficava-se debaixo dela como sob um caramanvelazinhas e coloquei-as sobre os pequenos galhos. Emchão. baixo, aos pés da árvorezinha, depositei um pão doce. "De todos os galhinhos e ramos pendia toda espécie de deliciosos confeites e balas, em formas de anjos, bonecos, animais etc., o que se harmonizava graciosamente com as florescências da árvore. Além disso, pendiam também frutos dourados, em variegado sortimento e grande quantidade, de maneira que sob a árvore

"Ouvi entã0 passos lentos e suaves na parte de cima da casa. Eram meu pai e meu irmãozinho que já estavam lá e abençoavam o sótão. Logo chegariam ao salão. Acendi as velazinhas e me escondi atrás do forno . A porta se abriu e eles entraram com seu recipiente de incenso. E ficaram parados.

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animal, vegetal e mineral - nas grandes horas da "- O que é isto? perguntou meu pai com voz baixa Providência. Em momentos tremendos como o da mas prolongada. "O pequeno Nickerl fitava emudecido. Nos seus Morte de Nosso Senhor, a natureza vestiu-se do mais olhos grandes, redondos, espelhavam-se como estrelirigoroso luto. Nos dias que precederão o fim do nhas as luzes da árvore de Cristo. mundo, sabe-se que haverá convulsões espantosas de "Meu pai avançou devagar para a porta da cozinha todos os elementos, conforme diz a Sagrada Escritura. e chamou baixinho: "- Mulher, mulher! Venha ver um pouco. Desta forma bem se vê, como atesta São BoavenE quando ela apareceu: tura, que houve prodígios no âm~ito dos três reinos da " - Mulher, foste tu que fizeste? natureza na Noite de Natal. Três séculos antes do "- Maria e José! exclamou minha mãe. O que Doutor franciscano, na Inglaterra do século X, já se deixastes sobre a mesa? ouvia contar o fato de árvores terem florido com o "Logo chegaram também os criados e criadas, Nascimento de Nosso Senhor. Numa canção de gesta vivamente impressionados com a inédita visão. Então francesa, também se louva o mesmo portento (4). um rapaz que viera do vale fez a suposição: Natal, graça divina e maravilhoso " - Poderia ser uma árvore de Cristo! "Seria realmente verdade que os anjos trazem do Entretanto, a raiz mais profunda da "árvore de Céu tal árvorezinha? Eles a contemplavam e se admiCristo" consiste no fato de ser ela um instrumento da ravam. E a fumaça do incenso enchia a sala inteira, de graça sobrenatural. modo que era como um delicado véu que pousava sobre Merecem menção aqui as belas palavras do Prof. a árvorezinha iluminada. Plinio Corrêa de Oliveira a propósito da íntima cone"Minha mãe procurou-me na sala, com o olhar: xão entre Natal, graça divina e maravilhoso: " - Onde está o Pedro? "Cada festa do calendário litúrgico traz consigo uma "Julguei então ser o momento de sair do canto do efusão de graças peculiares. Queiram ou não queiram os forno. Tomei pelas frias mãozinhas o pequeno Nickerl, homens, a graça lhes bate às portas da alma, mais que continuava emudecido e imóvel, e - - - - - - - - - - - - - - - -~ - ~-..,.,.--------, levei-o para junto da mesa. Ele quase resistiu. Mas eu lhe disse, em tom profundamente solene: "- Não temas, irmãozinho! Olha: o querido Menino Jesus te trouxe uma árvore de Cristo. Ela é tua! "O menino estava contentíssimo. E juntou as mãos como fazia na igreja para rezar" (3).

Florescimento prodigioso de árvores no dia de Natal Tentemos aprofundar as raízes dessa extraordinária árvore. Assim como São Boaventura, o Doutor Seráfico, conta terem ocorrido prodígios, como o da floração totalmente extemporânea da vinha de Engadda, na Noite de Natal (cfr. Catolicismo, dezembro de 1987), não é de estranhar que houvesse tradições atestando árvores terem florido prodigiosamente na mesma ocasião. A idéia da concordância entre a imensa alegria que o Nascimento do Divino Infante causara a todo o gênero humano, na perspectiva de sua Redenção, e a imensa alegria que tal Natividade trouxe para o universo inteiro, parece corresponder a uma das raízes mais profundas da árvore de Natal. Com efeito, nada mais lógico nem mais verdadeiro do que a participação da natureza inteira Beyschlag (1838-1903)-Junto os reinos à árvore de Natal

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sublime, mais meiga, mais insistente, nestes dias de Natal". Concomitantemente, há uma "sede de maravilhoso, de doce, de sacrossanto, de que reluz o Natal:' (5). E foi certamente par dessedentar essa bendita sede que a Providência Divina propiciou uma tranqüila e sábia difusão da "árvore de Cristo" por todo o orbe. A existência de tal complemento do presépio pode ser considerada como uma misericórdia não pequena e até tocante concedida pelo Criador aos descendentes de Adão e Eva, ~pós a desobediência de nossos primeiros pais no Paraíso terrestre. Ao comerem.o fruto da árvore proibida, foram os homens expulsos do Éden. Entretanto, Deus nos enviou, no dia de Natal, seu próprio Filho para nos resgatar. E nesse dia, cobriu o mundo de graças e dons, dentre os quais destaca-se uma admirável árvore carregada de frutos: a "árvore de Cristo".

A humildade do pinheiro na fábula natalina A agulha do cimo do pinheiro natalino aponta para um mundo maravilhoso, celestial. Nesse sentido, consideremos a seguír uma encantadora fábula sobre a árvore de Natal, que eleva o espírito para altas paragens, atendendo assim aquela sede de maravilhoso. Conta-se que, quando os pastores foram adorar o Divino Infante, decidiram levar-Lhe frutos e flores produzidos pelas árvores de modo prodigioso. Depois dessa colheita, houve uma conversa entre as plantas, num bosque. Regozijavam-se elas de ter podido oferecer algo a seu Criador recém-nascido: uma, suas tâmaras; outra, suas nozes; uma terKarl Mü Iler - Distribuição de presentes ceira, suas amêndoas; século passado, e·m Hamburgo outras ainda, como a cerejeira e a laranjeira, que haviam ofertado tanto flores quanto frutos . Do pinheiro, porém, ninguém colheu nada. Pontudas folhas, ásperas pinhas, não eram dons apresentáveis. O pinheiro reconheceu sua nulidade. E não se sentindo à altura da conversa, rezou em silêncio: "Meu Deus recém-nascido, o que Vos oferecerei? Minha pobre e nula existência. Esta, alegremente Vo-la dedico, com grande agradecimento por me terdes criado na vossa sabedoria e bondade". Deus se comprouve com a humildade do pinheiro. E, em recompensa, fez descer do céu e se afixarem nele uma

multidão de estrelinhas. Eram de todos os matizes que existem no firmamento : douradas, prateadas, vermelhas, azuis.. . Quando outro grupo de pastores passou, levou não apenas os frutos das demais árvores, mas o pinheiro inteirinho, a árvore de tal forma maravilhosa, da qual nunca se ouvira falar. E lá foi o pinheiro ornar a gruta de Belém, sendo colocado bem junto do Menino Jesus, de Nossa Senhora e de São José. NOTAS(*) 1. Cfr. Hertha Pauli, A história da árvore de Natal, Edições Melhoramentos, São Paulo, 3ª ed., pp. 48, 62. 2. Simp/izianischer Wunderschichtska/ender auf das Jahr 1795, (Calendário de histórias fabulosas do ano· de 1795) apud. Ingeborg Weber-Kellermann, A festa de Natal (uma história cultura/ e social do período natalino), Editora Bucher, Lucerna (Suíça), 1978, pp. 108-109. 3. P. Rosegger, A vida popular na Estíria, apud Ingeborg

de Natal para os meninos órfãos devido à epidemia de cólera, no Weber-Kellermann, op. cit, p. 130. 4. Cfr. Cyril Martindale, The Catho/ic Encyc/opaedia, CaxtonPublishingCompany, Londres, 1908, vol. III, p. 728.

5. Plinio Corrêa de Oliveira, Parai e vede, "Folha de S. Paulo", 27-12-70. (*)A Redação de Catolicismo agradece a valiosa colaboração bibliográfica prestada pelo Instituto Hans Sta~en, situado à rua Senador Milton Campos, 101 , no bamo paulistano do Brooklin.

Brasil Real Brasil Brasileiro

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O despertar do sol na Baia da Guanabara

O Prof. Plinio Corrêa de Oliv~ira ·o.uvi, certa vez, que .. o Rio de Janeiro é o cartão de visita do Brasi~ impresso em alto relevo, nas celestes impressoras de Deus". Quanta propriedade existe nesta observação.

E a "fotografia" do Brasil foi sendo revelada ante meus olhos encantados. Em ruido momento, o sol começou a mostrar seu "rosto", ainda por detrás de umas nuvens muíto discretas, que mais pareciam as "pálpebras da aurora" a se abrirem vagarosamente, como é do agra-

go: uma nuvem de neblina se formou sobre o Pão de Açúcar, e um arco-íris veio pousar sobre sua .. fronte" como se fosse a coroação de um monarca. Aquilo arrancou-me uma exclamação de admiração!

Por volt.a das nove horas, estava enEm algumas ocasiões já hacerrado o "espetáculo" e desci vía contemplado, do alto, este pensando na transfiguração de Río mítico que parece sintetizar Cristo no Tabor, que tudo aquítoda a brasilidade. Certa vez, lo me fazia lembrar. quando o avíão se aproximava O Brasil real há de dessa cidade, só se via a ponta do rochedo chamado Dedo de vencer, custe o que Deus. Tudo o mais estava encustar... volto em nuvens, que formavam Lembrei-me ainda de um verdadeiro "mar de neve", nas discurso do Prof. Plinio Corrêa quais para aterrisar, o aparelho de Oliveira, que vinha dar senteve que mergulhar. tido a todo aquele conjunto de impressões: Em outra, era uma esplendorosa manhã em que o avião .. Não posso me esquecer de levantou vôo em espiral, e pude uma noite em que estava no Rio me maravilhar com um formide Janeiro, noite em que a neblidável jogo de luzes a brincar na, levantada do mar, cercava a com as águas e as penedias, estátua de Crist,o Rederuor, no enquanto as nuvem iam proje- Visão panorâmica da entrada da Baía da Guanabara: espetáculo granCorcovado. Eu tinha os olhos tando manchas sombreadas no dioso fixos naq_uilo que durante aloceano. Sempre uma feeria digum tempo era apenas um foco de luz. no qual nada se disdo da nossa gente. Sobre o mar .. que fícil de descrever e impossível de ser cernia. ainda dormia", começou então a projepintada, tal a variedade que assume a tar-se um imenso foco de luz multicolocada minuto, sem perder aquela unidade .. Em determinados momentos, batia rido, que ia tomando os mais variados fundamental deslumbrante. o vento, fazia-se um pouco de claridade matizes. Em pouco, a Baia da Guanabara e eu percebia um dos braços e uma das Mais recentemente, chego ao Río de estava transformada num imen50 tapete mãos do Cristo Redentor que apareciam. automóvel por umas avenidas poluídas e de luz furta-cor, ora prateado, ora cor de Noutro momento era seu peito, onde barulhentas, entrecortadas por imensas rosa, ora avermelhado, ora contendo to- pulsa seu Sagrado Coração. Mais adianmoles de cimento, chamadas em São das essas cores ao mesmo tempo. te eram os seus pés divinos, que todos Paulo de "minhocões". Que decepção! nós gostar{amos de oscular! Mas eu Às vezes, tudo era apagado por uma Acabaram com o Río mítico, pensei enprestava atenção, prestava atenção, e nuvem, que vinha cobrir, como wn véu, tristecido! a face do astro-rei, para depois recome- por mais densa que fosse · a névoa, em nenhum momento a luz deixava de ençar outro ato desse deslumbrante cerimoMas, assim como por cima das nunial matutino do .. despertar do sol" ! contrar um certo ponto de apoio no vens mais plúmbeas, o sol é sempre o monumento. De maneira que, apenas mesmo, acima da poluíção, a pulcritude A este ponto, até a natureza fez silênsendo luz fua sobre uma silhueta, ou do Río é sempre a mesma. Isto pude cio, pois parecia que tudo se .. conjugava sobre aquela mão que protege e abençoa comprovar no dia seguinte, quando às para prestar um ato de veneração ao o Brasi4 aquele Coração que palpita de quatro da manhã galguei o alto do CorCristo Redentor". amor, ou aquela face que o contempla covado, para contemplar o nascer do sol. cheia de solicitude, em nenhum momento Às tantas, num abrir e fechar de A esta hora, as brumas da noite ainda a neblina conseguiu apagar a figura do olhos, apareceu o sol em toda sua "fisioenvolviam a paisagem. Era como wn Redentor! nomia", radiante como em todos os dias, "slide" mal focalizado. espargindo sua luz sobre o mar de esme"Aquilo é o s{mbolo da fé com que ralda líquida. Aos poucos, lá do pedestal do Cristo nas conjunturas mais dif{ceis e ameaçaRedentor, começou a aparecer aquela E quando pensamos que o espetáculo doras. nós caminhamos para o fuJuro ". fímbria de luz que separa a noite do dia. estava encerrado, faltava ainda o epíloRafael Menezes

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ENTREVISTA COi\l LAllRENT SllAllDEAll

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] J AS r,ão se entende mais nada! Por que i/ JI J CATOLICISMO de repente abre suas páginas para tratar de... culinária? Onde fica a austeridade cristã? Por acaso r,ão é a gula um dos vícios capitais, segundo a doutrina da Igreja? Entre os leitores de nossa revista, é provável que poucos tenham mi dúvida. Há muita base teórica, na doutrina católica, para fazê-la evaporar-se como uma gota de orvalho ao meio-dia. Estamos no mês em que se celebra o Naml. Os Reis Magos presentearam Jesus Menino r,ão apenas com a mirra, símbolo da penitência, mas também com ouro e incenso, símbolos do esplendor. Dele diziam as profecias: "Comerá manteiga e mel, para que saiba reprovar o mal e esco/lher o bem" (Is. 7, 15).

Uma Civilização Crista não se faz apenas de mirra, mas mmbém de incenso e ouro, manteiga e mel. E para a Civilização Cristã, devemos querer o ápice do ápice do ápice! Inclusive em termos de culinária. Nesse sentido, muita coisa interessante tem a nos comunicar o chef Laurent Suaudeau, ilustre discípulo de Paul Bocuse e proprietário do Res"laurante Laurent, em São Paulo. Diga-se de passagem: só há três estabelecimentos franceses que, em todo o Brasil, podem osten"lar a triplice estrela nos catálogos especializados. Laurent é um deles. CATOLICISMO foi ouvi-lo em seu salão, decorado - eis uma primeira surpresa! - com grandes quadros dos heróis da Guerra da Vandéia. Mas. . . não nos antecipemos.

A culinária francesa obedece a certos princípios gerais. O Sr. conhece isso mais do que ninguém. Tais princípios são explícitos ou vão nascendo como que por acaso? Laurent - Sou do vale do Loire, da Vandéia. Entrei nesta profissão por espontânea vontade. Venho de uma familia operária, e desde pequeno eu queria ser cozinheiro. Nada havia que me predestinasse a ser um chef de cozinha, mas sempre gostei muito, e gosto, da profissão. Costuma haver uma parte de acaso na vida de cada um de nós, uma oportunidade que às vezes aparece e não se pode deixar passar. Foi ele justamente o fato de que grandes restaurantes abriram as portas para mim. O Vê a cozinha como uma profissão, uma ocupação, ou que tipo de coisas? Laurent - Encarei constantemente minha profissão não só pelo aspecto comercial, mas com visão artesanal, com essa visão profuooa que ela tem A culinária comporta uma parte intelectual, envolvefilosofia, eéumaformaderespeito. Ado que o respeito à alimentação, ioclusive dentro do contexto da Religião católica, é um importante ensinamento. Mas, infelizmente, poucas pessoas assim o consideram Quaroo uma pessoa senta-se à mesa está fazendo um ato muito maior do que engulir um elemento sólido, do que abastecer-se. O grande problema hoje - eu pessoalmente brigo por isso - é que 90% dos consumidores estão completamente agredidos por determinadas influências, que fazem deles um bípede com a boca aberta. Esquecendo que têm uma cabeça para pensar e raciocinar. Isso é terrível. E aí justamente entra esse lado de liturgia que é o bem comer. Em nosso restaurante, a comida é antes de tudo um prazer, justamente a ligação da cabeça com o seus órgãos. A gastronomia envolve todos os sentidos: paladar, olhos, olfato ... Até a audição: o barulho do vinho, às vezes o som de um alimento crocante. Tudo desperta a sensibilidade da pessoa. Isso é complicado hoje, quando se faz uma cozinha francesa, que justamente procura os detalhes. O Mais do que outras escolas de cozinha? Laurent - Existe aquela discussão, se a cozinha francesa é ou não melhor que outras. Digo que não se trata de saber se é a melhor ou não. Acho que a cozinha francesa é profunda. É certamente muito maís intelectual do que outras cozinhas. E por isso, hoje, talvez ela não seja muito bem entendida. Infelizmente, estamos numa sociedade em que a pessoa que tem dinheiro nem sempre é sensível para poder apreciar um bom prato. Isso é problematico. Por isso, outras comidas mais simples, mais comerciais, têm hoje maior sucesso. Não quer dizer que sejam melhores. De certa forma, vejo isto com um pouco de tristeza, porque as pessoas seguem uma corrente que toma a culinária simplesmente no sentido biológico. Isso é grave. O Falemos um pouco da cozinha .francesa. Por exemplo, que valor o Sr. dá ao contraste, de um lado, e à harmonia, de outro; à criatividade, de um lado, e à tradição, de outro?

Laurent - Hoje um dos grandes temas sobre os quaís se conversa - eu ouvi isso lá na França - é a tendência de volta ao tradicionalismo, à vieille cuisine. O A chamada nouve/le cuisine ficou para trás? Laurent - Sim, ficou vieille (velha). Volta na França a tendência a uma cozinha tradicional e regional. Essa volta está diretamente ligada a determinados valores que também estão voltando. São valores religiosos, histórico-regionaís. As pessoas estão se identificando cada vez maís com a história da sua região, · e esquecendo essa visão globalista, cosmopolita das coisas. Na minha região, a Vandéia, existem grupos de jovens que vão pesquisar como as pessoas se alimentavam no século XVIII, com que se cozinhava, que tipo de música se tocava, com que instrumentos. Há atualmente esse equilíbrio. Vaí-se a determinados restaurantes de nome de minha região, em que os cardápios são apresentados no dialeto local. O Mas a culinária deve ser algo de imutável, petrificado? Lau rent - Ao lado dessa tendência há outra que ainda acompanha a pesquisa, os produtos que vêm de outros países, esse lado do exotismo oriental. Eu diria que hoje o certo para fazer uma comida talvez seja misturar essas duas tendências. Um pouco de equilíbrio entre as duas. Se formos somente ao tradicionalismo pode-se reverter a uma coisa um pouco negativa, estagnada. E se tendermos para o lado oposto, também não é a solução. O Como o Sr. veria uma refeição ideal, segundo essa tendência?. Laureot -A refeição ideal deveria ter no menu quer uma tendência mais moderna, quer uma maís tradicional. Sempre apresento um prato muito de vanguarda, e um prato mais tradicional. Vanguarda é como designo a criatividade absoluta, na mistura de um ingrediente bem brasileiro com ingredientes que vêm de fora, dentro de uma combinação perfeita. Além deste, outro prato na tradição bem francesa. Tudo acompanhado com vinho ou água, nada maís. O Nada de refrigerante. Laureot (com ênfase e rindo) - Nada! O Poderia exemplificar? Laureot-Ontem à noite servimos mousseline de mandioquiríha com caviar. Como sempre digo, é a harmonia do pobre com o rico. Depois filet de tilápia, com cuscuz com molho de cenoura e gengibre, que também é bem de vanguarda. E, por fim, faísão com repolho e escalope de/ois gras, um prato bem tradicional. O A culinária, das artes, é a mais desinteressada, porque a obra de arte desaparece quando é apreciada ... Laurent (rindo) - Infelizmente, infelizmente . . . Esse é o grande problema.

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Mas nesses pratos de vanguarda o Sr. sempre resgata os valores tradicionais .franceses? Laurent - Sem dúvida, sem dúvida. Sempre, sempre. C

\'I Ol.1('1:-.\10. DEI.E\IIIIU> l'J'J-1 -

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vandeano Ontem dei urna entrevista, porque saiu matéria no New York Times, na qual falam do world food. Eles inventam cada nome!

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Parece nome inventado pela ONU/ Laurent - Falam que você vai

a restaurantes ditos franceses, mas

de repente encontra um prato com sotaque tailandês, sotaque vietnarri.ita, italiano etc. Quer dizer, há urna mistura. O chef tem, realmente, por urna questão comercial, de tentar pegar um pouco de tudo, para agradar o público. Eu senti-me feliz de ouvir isso, porque há muito tempo que estou fazendo o mesmo aqui no Brasil. Então, conforme os critérios deles, sou realmente um homem de vanguarda. Mas sempre respeitando minhas tradições. Disso não abro mão de forma nenhuma, e dos valores intelectuais que meu país soube me fornecer. O O Sr. lê as obras de Brillat-Savarin e outros teóricos da gastronomia? Laurent - Sim, tenho a coleção completa dele. Inclusive, na revista Gula está saindo unia matéria sobre o Carême. Fui eu quem emprestou os livros para a redigirem. Para mim, Carême é o ponto de referência, em termos de perfeição. Profissionalmente e como ser humano. Ele foi reconhecido como cozinheiro, confeiteiro, arquiteto, desenhista. Ele legou todos os conceitos com que se trabalha hoje em buffet e arquitetura culinária. O Brillat-Savarin já é mais o teórico. O Como o Sr. vê a culinária tradicional? Laurent - O que destaca a cozinha francesa em si é que ela sempre se baseou em urna escola, num ensinamento. Nunca foi espontânea Ela não pode ser espontânea a não ser na hora em que está sendo traduzida pelo chef, que aí pode ter sua criatividade pessoal. · Nessa.escola há uma hierarquia. Ela foi seguindo determinadas linhas, que são ligadas à física, quimica, a urna explicação matemática, tudo baseado numa teoria. Mas quem fez o esplendor que ela teve sempre foi o serviço das grandes cortes européias. Até a revolução bolchevista, o c/,ef de cozinha do último Czar era um bretão. Tenho um livro dele. A cozinha tradicional tem raízes na tradição do povo, mas também foi levada às elites, passando por urna transformação

C.\'I OI.I< IS\IO, DEI.E\IH

técnica. Nunca vem do coração, mas da razão. É uma cozinha com linhas bem definidas. Tem suas representações regionais, não é a mesma no Norte ou no Sul, no Leste ou Oeste. O grande defeito da cozinha moderna é querer tomar tudo linear. A cozinha tradicional pode ter urna forma mais leve, mais prática, mas nunca será uma cozinha em que a pessoa abre a geladeira e diz: "eu vou fazer". A harmonia tem um grande papel nisso. A cozinha tradicional sempre se preocupou muito com o cheiro, o paladar. A cozinha moderna, com o visual em si. A cozinha do futuro pode representar um ponto de equilíbrio, porque hoje em dia se tem que trabalhar com os olhos. As pessoas vivem no meio do cimento o dia todo, então você tem que trazer um pouco de alegria. Mas sem cair no excesso.

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O Sr. gosta de teorizar? Laurent - Sim, eu adoro. O O Sr. é católico? Laurent - Sou, claro. O Vandeano tem de ser católico. Laurent - E como! O "Royaliste "? (ver quadro, pág. ao lado) Laurent - Aiooa mais. Na Vandéia, vai ser criado um Cansei/ General (Conseloo Geral). Viu-se que alguns grandes chefs que estão na França e ro exterior são vandearos ou bretões. O

vandeano é realmente uma pessoa de caráter, horesto, muito ligado

ao valor religioso, ao valor respeito. Respeito à hierarquia, à nobreza Desejo de um bom relacionamento. Havia o respeito do povo à sua nobreza, e da robreza ao povo.

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Na Revolução Francesa, foi o povinho que pegou em armas. Ele foi buscar os nobres para o comandar, e não o contrário. Laurent - Exatamente. Estão querendo reunir os grandes chefs vandeanos do mundo inteiro. O melhor chef de cuisine da Vandéia quer abrir um restaurante no castelo que pertencia à fanúlia Charrette, onde ele (ver quadro) fazia suas reuniões de Estado-maior. Uma das coisas que eu pessoalmente vou fazer, nas minhas próximas jaquetas de cozinheiro: vou colocar o coração vandeano (:ver quadro acima) ao -peito. O O Sr. tem nosso apoio integral! Gostaríamos de fotogra-

fá-lo com esse coração. Laurent - Sem nenhum problema Outro dia, tive uma mesa de banqueiros franceses, e um parisiense, com aquele sotaque carregado, disse: "Quer dizer que estamos na casa de um vandeano?" - "Claro, sem nenhum remorso. Algum problema?" Ele quis ser um pouco duro comigo. Eu disse: "Não vou ao ponto de meu irmão que, quando saí de minha cidade, Cholet, pára no calvário do La Rochejaquelein (ver quadro na página ao lado), desce do carro, bate continência e deposita rosas brancas". Respondeu o banqueiro: "Então quando seu irmão está em Paris, deve desviar-se da praça da Basti/ha?"Respondi-lhe: "Não há nenhum perigo de acontecer isso,

pois, desde quando um vandeano se interessa em conhecer a capital?" Sempre houve na França urna reserva em relação a Paris, pois a Revolução Francesa nos trouxe a concentração do poder, a queda das cabeças e outras coisas ...

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Nem sempre ser banqueiro e dispor de dinheiro é prova de ter sabedoria... Laurent -Posso dar um exemplo. Quando eu tinha 19 anos, fui com Paul Bocuse de avião

à residência do presidente da Companhia ***. Morava num duplex, em***. Antes do jantar, a dona da casa nos mostrou a galeria de pintura que possuía. Havia tudo o que se podia imaginar de grandes pintores. Depois fomos para a cozinha, e na hora do jantar, chegaram os convidados. Alguns entraram na cozinha, enquanto eu cortava uma cebolinha verde, como se costuma fazer, com a faca, sem cortar os dedos. Houve um grito de surpresa de alguns convidados, impressionados pelo modo como um garoto tão novo cortava cebolinha, sem cortar os dedos! E eu pensei: Laurent, quais são os parâmetros dos valores hoje em dia! Essas pessoas milionárias estão olhando para você boquiabertas cortando cebolinha, enquanto há quadros de grandes pintores no andar de cima.. .

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E o que nos diz da Religião, em sua terra? Laurent - A Religião católica na França está voltando com toda a força. As pessoas estão começando a olhar as coisas de forma diferente. Depois de uma era muito materialista, começam a perceber que não é bem por aí, não. Vão nascer certamente valores novos.

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guerra da Vandéia (Vendée) estourou nesta região do Oeste da França (no mapa, dentro de um círculo) em 1793 e se prolongou àté 1796. Foi o fruto da indignação popular contra a perseguição movida pela Revolução Francesa contra o Trono e o Altar. Os vandeanos intitulavam-se "royalistes" (monarquistas) e constituíam o Exército Católico Real. Eram designados "brancos" em contraposição às tropas centrais ~ ("azuis"), que defendiam a República revolu ci on ária . Tal insurreição foi debelada com muita crueldade a duras penas pelo governo de Paris e marcou profundamente a região. Entre os heróis da Guerra da Vandéia merecem especial destaque, entre outros, La Rochejaquelein, Charrette, Cathelineau. O símbolo dos vandeanos era - ou melhor, é - um coração encarnado - o Coração de Jesus -, encimado por uma Cruz.

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Laurent se entretém com o coração vandeano que, no dia das fotos, CATOLICISMO lhe ofertou. Condecora com ele o <XX/_, g,au/4,;,;,., sfmbolo da França. A França autêntica, @ ~ la doace., ~~ la klle., sem dúvida também é ~ (' \ l OLI< 'IS\1O.


Cuba e os progressistas

Máscara que cai e profecia que se cumpre O silêncio dos progressistas a respeito da recente e dramática fuga

dos "balseros" cubanos: teste altamente comprometedor.

Aproveitando a escuridão da noite, os cinco "balseros" lançam sua precária embarcação nas águas da praia cubana para iniciar uma trágica earriscada fuga em busca da liberdade A ausência absoluta de indignação dos progressistas ante a tragédia que se abateu sobre o povo cubano, patenteada uma vez mais aos olhos do mundo com a fuga ainda recente de dezenas de milhares de "balseros" da ilha-prisão, nos inclinou a transcrever alguns tópicos de um artigo-teste publicado em 1970 pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. A clareza da denúncia então formulada pelo ilustre brasileiro tomou-se hoje uma realidade gritante. Atualizamos aqui os dados apresentados no referido artigo pelo presidente do CN da TFP, aplicando a eles os comentários que o insigne pensador católico tecera na ocasião.

Fugas maoiças da fome, da miséria e da opressão - Em abril de 1980, mais de 10 mil cubanos invadiram a Embaixada do Peru em Havana: eles fugiam da miséria e tentavam obter a liberdade; - Entre abril e novembro do mesmo ano, 125 mil escaparam pelo

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porto de Mariel, rumo aos Estados Unidos (l); - Enfrentando o mau tempo, o mar agitado e repleto de tubarões, mais de 36 mil "balseros" cubanos foram resgatados pela guarda costeira norte-americana, desde janeiro até 13 de setembro de 1994; - Dos evadidos, 26 mil estão acampados na base americana de Guantanamo (2).

Opção preferencial pelos miseráveis? ou... pela miséria? Os fatos acima mencionados, em virtude de sua dramaticidade, estão por.certo presentes na mente dos leitores. Apliquemos a eles o juízo que em 1970, a propósito dos progressistas, emitia o presidente do CN da TFP, baseado em fatos que tinham a mesma raiz, ou seja, a miséria, fruto do socialismo, que já então atormentava o povo cubano.

"Recapitulo aqui tudo isto, [aos leitores] - afirmava ele - não para lhes qjudar a memória ou a analise do ocorrido, mas para os convidar a fazer um teste. "Consiste o teste no seguinte. Ponha meu leitor sob os olhos de um progressista o quadro da realidade cubana, que acabo de traçar. Em seguida pergunte-lhe o que pensa a respeito. Pela resposta, meu leitor ficará sabendo o que deve por sua vez pensar do progressista.

"É fácil conceber o interesse de tal investigação. Com efeito, na figura que todo progressista projeta de si mesmo, a nota tônica é a compaixão pelos pobres, explorados por um sistema e uma classe a quem ele culpa por todas as injustiças possíveis e imagináveis. Em consequência, o progressista quer demolir tanto o sistema quanto a classe, para restabelecer a justiça e obter remédio para a miséria dos pobres''.

E prossegue: "Quem, por pena dos pobres, quer arrasar o atual regime sócio-econômico, deve estar disposto a arrasar qualquer outro regime que crie e multiplique a pobreza. Pois se a existência de pobreza é a razão por que os progressistas odeiam nosso regime, devem odiar todo outro regime que também favoreça a pobreza. "Então, meu leitor ou minha amável leitora, se o progressista a quem for mostrado este artigo, lendo o fracasso de Fidel, se encher de indignação, e propuser contra ele e seu sistema todas as medidas que põe em ação contra nosso atual regime, esse progressista realmente deseja o alívio dos pobres. Se o progressista não se indignar contra Fidel exatamente ·como contra nosso regime, então a conclusão é clara: o alívio dos pobres não é para ele uma meta. É um pretexto". E referindo-se a um apelo público que 300 católicos argentinos fizeram a seus Prelados, pedindolhes que, abandonando omissões e tergiversações inexplicáveis, se pronunciassem sobre o clero terrorista adepto do chamado Terceiro Mundo, o presidente do CN da TFP concluía:

plicação da pobreza em Cuba? Atente o leitor para tantos silêncios untuosos e contrafeitos e conclua. ... "Dom Helder, por exemplo, sempre tão loquaz, por que nada fala?" (3) (grifos nossos). Desde a publicação desse artigodenúncia, muitos religiosos calaram o tema da miséria em Cuba e diversos outros falaram dele de modo escandaloso, apoiando o chefe comunista de Havana e o seu injusto regime, deixando claro aos olhos de todos que a opção preferencial pelos pobres é um mero

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"Por cima das distân-

às agressões externas e o imenso desafio de erradicar a miséria, o analfabetismo e os problemas sociais crônicos" (4) (grifos nossos). b) O Cardeal Roger Etchegaray, Presidente daPontiftcia Comissão Justiça e Paz ao entrevistar-se com Castro em Cuba comentou ter sido "uma entrevista muito cordial, de homem a homem, sem rodeios. Nós compartilhamos a mesma paixão pelo homem, pela sua dignidade, pela sua liberdade"!(5) (grifos nossos). c) Pouco depois de o diretor do Secretariado da Conferência Episcopal Cubana (CEC), D. Carlos Manuel de Céspedes, declarar que admirava "a energia, a tenacidade com que [Castro] se consagra ao ideal (!) revolucionário (6), o Documento final do Encontro Nacional Ecle~\ sial Cubano (ENEC), 1 realizado na capital daquele país, em 1986, afirmava que a Socie1 dade marxista "tem realizado sérios esforços para promover os direitos essenciais" (7) (grifos nossos). d) Segundo Frei Betto, "a Igreja de Cuba vive agora um novo Pentecostes" (8) (grifos nossos).

Frei Betto anunciava anos atrás um novo Pentecostes, que estaria vivendo a cias geográficas, mando ª Igreja em Cuba; agora não profere sequer uma palavra decomiseração pe lo esses corajosos irmãos na drama enfrentado por milhares de fugitivos da ilha-prisão

Fé e no sangue ibérico um conselho. Digam a seus bispos que, se tiverem qualquer dúvida sobre os móveis profundos dos progressistas que se multiplicam em suas sacristias, examinem a posição deles . a respeito de Fidel Castro, esse sinistro fabricante de pobre-za na ilha de Cuba. Os que, lendo a súmula dos maleftcios de Fidel, afiarem as garras contra este, talvez sejam recuperáveis, pois move-os um sentimento de origem cristã Os outros - dói dizê-lo - já passaram o meridiano além do qual a conversão costuma ser apenas um raro milagre da graça.... "Quem até agora, nos meios progressistas, atacou Castro pela multi-

pretexto.

"Queridíssimo Fidel" "oonsagrado ao ideal revolucionário" etc ... Apenas a título de exemplo do que se afirmou acima, é oportuno lembrar alguns fatos: a) Por .ocasião -do trigésimo aniversário da Revolução Cubana, o Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, enviou uma carta a Castro. Tratando-o de "queridíssimo Fidel ", dizia a certa altura: "Todos nós sabemos com quanto heroismo e sacrificio o povo de seu país logrou resistir

Juízo de um infeliz itinerário

Agindo desse modo, os progressistas de hoje vão confirmando o severo e acertado juízo que, desde os anos 30 e 40, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira fai~a a respeito dos precursores diretos deles pelas páginas do "Legionário" é e.m seu profético livro Em Defesa. da Ação Católica. Tais publicações denuciavam, em suas origens, as tendências "ecumênicas" e "sentimentais" - que começavam a se manifestar nos meios ditos reformadores - como contrárias à doutrina católica. Assim, nesse infeliz itinerário, os atuais expoentes do progressismo vão acabando de desafivelar suas máscaras, sobretudo a de defensores dos


pobres. Máscaras estas que tantas vantagens têm trazido para o comunismo em todo o mundo, merecendo destaque dentre elas o desvio da i"\{erdadeira Igreja de Deus de inco táveis católicos.

Juan Gonzalo Larrain Campbell N OTAS:

1. Helga Silva, The Children of Marie/, The Cuban American National Foundation, Washington, 1985. 2. "O Estado de S. Paulo", 13-994. 3. Plínio Corrêa de Oliveira, Para 300 argentinos... e milhões de brasileiros, "Folha de S. Paulo", 9-8-70. 4. "Grànma", Havana, 6-1-89. 5. "La Croix", Paris, 3-1 -89. 6. "O Estado de S. Paulo", 28-185. 7. Encuentro Nacional Eclesial Cubano - Documento final e lnstrucción de los Obispos de Cuba, Tipografia Dom Bosco, Roma, lª ed., p. 60. 8. "Fidel y la Religión ", Editorial la Oveja Negra, Bogotá, 1986.

TFPs em ação - li

Oratório da TFP e vigílias diárias: 25 anos Transcorreu a 18 de novembro último 025° aniversário da inauguração do Oratório de Nossa Senhora da Conceição, Vítima dos Terroristas, situado na Sede da TFP à rua Martim Francisco, 665, em São Paulo

enda dos patrimônios familiares, catástrofe para a sociedade Onde foi permitido a qualquer um vender sem motivo o patrimônio familiar, sucedeu enriquecerem e subirem aos postos mais altos muitos inferiores que deviam obedecer, enquanto decaíram os que deviam dirigir a sociedade. Daí veio a confusão entre as classes sociais.

Esta foi a causa pela qual têm sido escolhidos entre os cidadãos menos dignos para isso os governantes (in "Libras Politicorum Aristotelis Expositio", livro II, lição VII).

Santo <"lomás de .21.quino

ESCREVEM OS LEITORES

N. B. -Aos que desejarem formar uma visão de conjunto a respeito dos desconcertantes apoios prestados por setores católicos ao regime castrista, recomendamos a leitura da documentada obra Hasta cuándo... - Dos décadas de progresivo acercamiento comuno-católico em la is/a-presidio dei Caribe, lançada por Cubanos Desterrados, Miami-Nova York, setembro de 1990.

Livres, graças à TFP!

Ante numeroso público, discursa o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira da janela da Sede da rua Martim Francisco, enaltecendo o significado da devoção popular à imagem, víti ma dos terroristas Desde maio de 1970, faz-se diante desse oratório uma vigília de orações, todas as noites, das 19 às 6 horas da manhã. Revezando-se em turnos de uma hora, uma dupla de sócios e cooperadores ou de correspondentes da TFP, reza o Rosário por diversas intenções, dentre as quais merecem menção: pela Igreja e pela Civilização Cristã, pelo Brasil, pelos amigos e benfeitores da TFP, por todos aqueles que vacilam entre a virtude e o pecado, que sofrem ou agonizam na imensa urbe; e também pelos pecadores, para que Nossa Senhora os preserve do desespero e os reconduza ao bem.

Bomba terrorista A origem do mencionado oratório remonta à madrugada do dia 20 de junho de 1969, quando uma potente bomba terrorista explodiu junto à porta de entrada daquela Sede, danificando

seriamente a fachada, bem como uma sala no térreo e outra no andar de cima. Algum tempo depois, quando se procedeu à restauração da Sede, seu dedicado zelador, de nacionalidade portuguesa, Manuel Salvador, sugeriu ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, fundador e presidente do Conselho Nacional da TFP, que a singela imagem de Nossa Senhora da Conceição, danificada pela explosão, fosse exposta à veneração dos transeuntes, num oratório voltado diretamente para a rua. Atendida a sugestão, foi aquele inaugurado a 18 de novembro de 1969. Nessa ocasião, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira discursou de uma das janelas do andar superior da Sede para o numeroso público que lotou a via pública e as calçadas, nas adjacências da Sede da rua Martim Francisco.

"A maior petição do mundo contém 5.218.250 assinaturas. Ela foi organizada pela Tradição, Família e Propriedade durante o verão de 1990 a favor da independência da Lituânia": eis um pequeno extrato da edição de 1993 do almanaque "Guiness Book", que abarca a história de uma importância considerável para o pequeno povo lituano, e que exprime os calorosos votos de todos os países do planeta que amam a liberdade. Talvez alguns brasileiros não saibam onde se encontra a pequena Lituânia, mas todos os brasileiros conhecem certamente o nome do professor Plinio Corrêa de Oliveira, fundador e dirigente da organização Tradição, Família e Propriedade TFP. Até poucos anos atrás, a maioria dos lituanos, inclusive eu, não conhecíamos tal organização. Gostaria de lembrar e agradecer à mesma pelo que fez por nosso país. Foi no coração do Professor Plinio Corrêa de Oliveira que nasceu uma idéia genial: organizar em todos os países do mundo onde houvesse sedes da referida entidade, uma coleta de ·assinaturas para obter a liberdade da Lituânia e colocar de joelhos o dragão, por vias democráticas. Em dezembro de 1990, os membros da TFP trouxeram a pilha enorme de assinaturas à Lituânia, onde elas são guardadas como ouro. Durante essa visita, rezaram solidariamente conosco, diante da imagem núlagrosa de Nossa Senhora Porta da Aurora, rogando à Santíssima Virgem pela liberdade de nosso país. Em abril de 1993, uma segunda delegação voltou à Lituânia. Ela distribuiu em ambientes da Igreja Católica e entre os resistentes lituanos uma grande quantidade do livro: "Mensagem de Fátima: tragédia ou esperança?"

Foi então que conheci os membros da TFP, a quem mostrei a cidade de Kaunas. Contei-lhes nossa história e ao mesmo tempo conheci mais profundamente tal organização e o Brasil, tão próximo de nós por sua alma, desejosa de liberdade e da viva Fé católica.

Ri ma Berontiene, médica lituana Kaunas - Lituânia

Os Sem-Terra e a Intuição Nacional Acabo de receber o nº 526 - outubro/ l.14, da revista CATOLICISMO. Muito me interessou o artigo da página 2, e por isso desejo receber o estudo completo feito pela TFP sobre o assunto. Assim rogo-lhe seus préstimos no sentido de enviarme a referida documentação.

Luiz Geraldo Leite Recife - PE

43 anos de existência! Li, conforme a sua indicação, 'a entrevista com Celso Bastos. E todas~ outras. 43 anos de existência!? Neste país? ! Nestes tempos!? E admirável !

Hernâni Donato Presidente do Instituto Históri co e Geográfico de São Paulo

Aparições de Fátima Sou assinante da revista CATOLICISMO há dois anos, da qual gosto muito. Apesar de não saber quando essa revista começou, pensava que era nova. Mas lendo um livreto "As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia", vi que, em sua revista (CATOLICISMO nº 197 C\TOLI< 'h\lO, DEZE\IBIW t'J9-t

25


de maio de 1967), tinha sido publicado wn trabalho sobre as aparições, como também em CATOLICISMO nº 295, de julho de 1975. Fiquei interessada, e pediria, se fosse possível, os dois números da revista, pois gosto de ler sobre este assunto (as aparições).

Margarida Pessoa Pereira Recife - PE

CATOLICISMO Preços durante omês de De2&mbro de 1994: ASSINATURA ANUAL COMUM, R$ 25,00 COOPERADOR, R$ 35;00 BENFEITOR: R$ 75,00 GRANDE BENFEITOR: R$125,00 EXEMPLAR AVULSO: R$ 2,50

ESTAMPA DE SANTA TERESINHA A capa de nossa edição de outubro último apresentou uma fotografia de Santa Teresinha do Menino Jesus. Poderemos ofertar uma estampa contendo tal fotografia, com as mesmas dimensões e cores que figuram naquela edição, a todos os que a desejarem. As pessoas interessadas em obter a estampa podem enviar seus pedidos por correio, ou fazêlo por telefone, comunicando seu nome e endereço para: Rua Martim Francisco, 665 - CEP 01226-001, São Paulo, SP - Telefone: (011)

O romance é a história dos homens e a História é o romance dos reis. Alphonse Daudet

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O historiador é um profeta voltado para o passado. Friedrich von Schlegel

As civilizações não morrem à maneira dos homens. A decomposição nelas precede a morte.

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A História tem por esgoto tempos como os nossos. Victor Hugo

Um antigo afinuou: "A História é a mestra da vida". Eu digo: A vida é a mestra da História. Pois entendendo a vida, conhece-se melhor a História. Plinio Corrêa de Oliveira

A História não estuda só os fatos materiais e as instituições, seu verdadeiro objeto de estudo é a alma humana.

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Denis Fustel de Coulanges

Da tatuagem ... ao masoquismo .

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Amsterdã, na Holanda, é célebre pelo "permissivismo" de seus habitantes, pela extravagância e pelos excessos, sobretudo no tocante às drogas, que se praticam ante uma escandalosa indulgência por parte do público. Exemplo sintomático disso encontra-se no velho bairro da Bolsa de Valores: a prática das tatuagens e de outros "jogos" ... O cliente pode escolher nwn catálogo os mais variados tipos de tatuagens, desde as "clássicas", como as plumagens dos índios norte-americanos Siou.x, até as mais monstruosas. Não pense o leitor que nessas paragens sinistras as coisas fiquem só em marcar a pele com desenhos. Seus freqüentadores passam depois para o "piercing ", isto é, a perfuração das mais variadas partes do corpo com anéis prateados, maiores ou menores, bem como a inserção na

pele (e até nos dentes!) de bolinha{> da mesma cor. A fotografia abaixo focaliza um desses espécimes, com boné, colete e bolsa de couro preto, tatuagens, argolas e bolinhas espalhadas pelo corpo. Mas como o vício e a degradação têm um dinamismo intrínseco e não conhecem "ponto morto" , é natural que essa vanguarda da contra-cultura - fruto maduro do paganismo contemporâneo, " chegasse ao "stripping ", a saber, descarnar o próprio corpo mediante brasas ou ferro ardente! E isso •' é considerado como um "jogo" por seus praticantes .. . Sim, prezado leitor, de degenerescência em degenerescência chegouse ao masoquismo - um clímax de degradação. Pois, haverá algo mais antinatural e mórbido do que comprazer-se com a própria dor? E provocá-la em si mesmo? . .. .•



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